Espaçotempos e horizontes na educação de infâncias e ju
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EDIÇÃO 06 • FEV/2013<br />
<strong>Espaçotempos</strong><br />
e <strong>horizontes</strong><br />
<strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>infâncias</strong><br />
e <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s<br />
Edição Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do 4º Congresso<br />
Marista <strong>de</strong> Educação permite o diálogo<br />
e propõe políticas e práticas para<br />
promover o direito à <strong>educação</strong><br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
Direitos<br />
das crianças<br />
norbErto liwski<br />
Tecnologias<br />
emergentes<br />
José manuEl moran<br />
Contribuições<br />
da neurociência<br />
miguEl nicolElis<br />
Acenos da<br />
ciência, política<br />
e espiritualida<strong>de</strong><br />
FrEi bEtto<br />
Cultura como<br />
princípio educativo<br />
ariano suassu<strong>na</strong><br />
E ainda:<br />
PainEl dE ExPEriências intEr<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is Em Educação • Fóruns tEmáticos • sEminários tEmáticos<br />
Fóruns dE ExPEriência • momEntos dE EsPiritualidadE • Programação cultural<br />
Com participação <strong>de</strong> Leo<strong>na</strong>rdo Boff, A<strong>na</strong> Maria Machado, Mari<strong>na</strong> Silva,<br />
Marcelo Gleiser, entre outros gran<strong>de</strong>s nomes<br />
brasil marista | 1
2 | brasil marista
asil marista | 3
ÍNDiCE<br />
EDITORIAL .................................................................................................................................... 6<br />
NOssA CARA, NOssO CORAçãO ......................................................................................... 7<br />
A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual do 4º Congresso Marista <strong>de</strong> Educação – Edição Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
DEbATEs E CONTRIbuIçõEs pARA A EDuCAçãO ........................................................ 8<br />
Evento discute os <strong>de</strong>safios e as oportunida<strong>de</strong>s da <strong>educação</strong> <strong>na</strong> atualida<strong>de</strong><br />
grandEs conFErências<br />
CIêNCIA E pROTAgONIsmO DO EDuCANDO .............................................................. 10<br />
Educação das Infâncias e Juventu<strong>de</strong>s – Contribuições da Neurociência, com Miguel Nicolelis<br />
O pROTAgONIsmO COmO ELEmENTO DE muDANçA<br />
NA gARANTIA DOs DIREITOs DAs CRIANçAs E DOs jOvENs ............................ 14<br />
Direitos da Criança e Educação, com Norberto Liwski<br />
NãO AO CONsumIsmO; sIm à EspIRITuALIDADE ................................................... 17<br />
Acenos das Ciência, Política e Espiritualida<strong>de</strong> para a Educação <strong>na</strong> Contemporaneida<strong>de</strong>, com Frei Betto<br />
Os DEsAfIOs DAs NAçõEs pARA umA EDuCAçãO DE quALIDADE ............... 20<br />
Painel <strong>de</strong> Experiências Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is em Educação<br />
A INTEgRAçãO ENTRE AmbIENTEs físICOs E DIgITAIs NA EsCOLA .............. 23<br />
Tecnologias Emergentes e Educação: Concepções e Impactos, com José Manuel Moran<br />
Os CAmINhOs pARA A vALORIzAçãO DA CuLTuRA NA EDuCAçãO .............. 26<br />
Cultura como Princípio Educativo, com Ariano Suassu<strong>na</strong><br />
Fóruns tEmáticos<br />
O CuRRíCuLO COmO fERRAmENTA<br />
pARA REDEmOCRATIzAçãO DA EsCOLA ...................................................................... 29<br />
Currículo, Escola e Socieda<strong>de</strong><br />
A busCA pELA ExCELêNCIA EDuCACIONAL ................................................................ 32<br />
Gestão em Educação<br />
A INfâNCIA NA CENTRALIDADE DAs pOLíTICAs DE EDuCAçãO ..................... 35<br />
Políticas Públicas, Direitos e Educação<br />
A mísTICA DO CuIDADO E O DEsENvOLvImENTO DAs pEssOAs ..................... 38<br />
Espiritualida<strong>de</strong> e Educação<br />
4 | brasil marista
sEminários tEmáticos<br />
CIêNCIA E fé A sERvIçO DA EvOLuçãO ....................................................................... 41<br />
O EspAçO, O LETRAmENTO E A INfâNCIA: um DIáLOgO pOssívEL ................ 43<br />
O DEsAfIO DO EsTímuLO à LEITuRA ............................................................................. 45<br />
A busCA pELA fORmAçãO pLENA DOs jOvENs ........................................................ 47<br />
LEITuRA, EmOçãO E mEmóRIA: INgREDIENTEs<br />
pARA um bOm ApRENDIzADO ........................................................................................... 49<br />
EDuCAçãO pLuRAL ................................................................................................................ 51<br />
A TêNuE RELAçãO ENTRE fAmíLIA E EsCOLA ............................................................ 54<br />
EDuCAR pARA A susTENTAbILIDADE ............................................................................ 56<br />
Fóruns dE ExPEriência<br />
gRupO mARIsTA ...................................................................................................................... 58<br />
pROvíNCIA mARIsTA bRAsIL CENTRO-NORTE ........................................................... 60<br />
pROvíNCIA mARIsTA DO RIO gRANDE DO suL ......................................................... 62<br />
INsTITuIçõEs CONvIDADAs ............................................................................................. 64<br />
A DImENsãO DA EspIRITuALIDADE NO CONTExTO EDuCACIONAL ............... 66<br />
A REpREsENTAçãO DA ARTE E DA CuLTuRA .............................................................. 68<br />
CARTA AbERTA: sIsTEmATIzAçãO DE REIvINDICAçõEs E OLhAREs ............. 70<br />
umA gRANDE vITRINE – EspAçO DOs ExpOsITOREs ............................................. 72<br />
REpERCussãO pOsITIvA ...................................................................................................... 76<br />
ExpEDIENTE ................................................................................................................................ 78<br />
brasil marista | 5
EDitOrial<br />
6 | brasil marista<br />
Ir. José <strong>de</strong> Assis Elias <strong>de</strong> Brito<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor geral do 4º Congresso Marista <strong>de</strong> Educação – Edição<br />
Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor da Área <strong>de</strong> Missão da UMBRASIL<br />
Caro leitor,<br />
É com gran<strong>de</strong> satisfação que a União Marista do Brasil (UMBRASIL)<br />
dirige-se a você neste tempo <strong>de</strong> pós-congresso, no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />
possibilitar que seu coração e sua mente revivam as experiências e<br />
os sentimentos compartilhados durante a edição inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do<br />
4ª Congresso Marista <strong>de</strong> Educação em 2012.<br />
Com o tema <strong>Espaçotempos</strong> e <strong>horizontes</strong> <strong>na</strong> <strong>educação</strong> <strong>de</strong> <strong>infâncias</strong><br />
e <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s, o nosso congresso teve por objetivo “possibilitar<br />
aos educadores e gestores educacio<strong>na</strong>is o diálogo, bem como a<br />
apropriação <strong>de</strong> conceitos sobre a <strong>educação</strong> das <strong>infâncias</strong> e das<br />
<strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong>”, a fim <strong>de</strong> propor políticas<br />
e práticas que promovam o direito à <strong>educação</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, o<br />
respeito mútuo às diferentes culturas e tradições fundamentadas<br />
<strong>na</strong> dignida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong> e igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos.<br />
Em sua realização contamos com a participação <strong>de</strong> 2.500 pessoas:<br />
educadores, gestores <strong>de</strong> <strong>educação</strong>, estudantes universitários,<br />
membros <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s representativas e parceiros <strong>de</strong> outros<br />
sistemas e diversas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino públicas e particulares<br />
interessados em discutir a <strong>educação</strong> <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong>.<br />
Com esta edição celebrativa, fazemos a chegar a você que participou<br />
do nosso congresso e também a muitos que, por diversos motivos,<br />
não pu<strong>de</strong>ram fazer-se fisicamente presentes, uma efeméri<strong>de</strong> dos<br />
temas discorridos em nossa programação por meio das gran<strong>de</strong>s<br />
conferências, painel <strong>de</strong> experiências inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, fóruns<br />
temáticos e <strong>de</strong> experiências e, ainda, seminários temáticos.<br />
Atentos às vozes e aos direitos das crianças, adolescentes e jovens,<br />
esperamos que a leitura <strong>de</strong>stes artigos favoreça a nossa atenção<br />
aos si<strong>na</strong>is e mudanças dos tempos, <strong>de</strong> modo que consigamos<br />
respon<strong>de</strong>r a<strong>de</strong>quada e generosamente ‘‘às <strong>de</strong>mandas necessárias<br />
à formação <strong>de</strong> bons cristãos e virtuosos cidadãos’’, como o <strong>de</strong>sejou<br />
São Marcelino Champag<strong>na</strong>t, nosso pai fundador.<br />
Nossa gratidão a todos que contribuíram <strong>na</strong> realização <strong>de</strong>sse<br />
congresso e que Champag<strong>na</strong>t e a Boa Mãe nos animem sempre<br />
e favoreçam a nossa unida<strong>de</strong> pela missão <strong>de</strong> educar <strong>na</strong> <strong>de</strong>fesa,<br />
promoção e garantia dos diretos das <strong>infâncias</strong>, adolescências e<br />
<strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s.<br />
Boa leitura!
iDENtiDaDE VisUal<br />
Nossa cara,<br />
nosso coração<br />
A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual para o 4º Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />
– Edição Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l foi criada pela agência Caselato<br />
Comunicação, sob a orientação da Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção <strong>de</strong> Comunicação<br />
e Marketing da UMBRASIL e a partir da avaliação<br />
e da contribuição dos setores <strong>de</strong> Comunicação e Marketing<br />
das Províncias Maristas.<br />
A proposta foi baseada em um con<strong>ju</strong>nto <strong>de</strong> elementos e<br />
cores relacio<strong>na</strong>dos à <strong>educação</strong> e ao universo marista e teve,<br />
como referência, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual do Projeto Educativo<br />
do Brasil Marista, produção coletiva político-pedagógicopastoral<br />
cujo propósito é dar unida<strong>de</strong> ao processo educativo<br />
das escolas maristas, com respeito às experiências,<br />
trajetórias e diversida<strong>de</strong>s.<br />
O boneco serve <strong>de</strong> referência ao estudante marista<br />
<strong>de</strong> forma lúdica, revelando também um corpo<br />
múltiplo e integrado, <strong>de</strong> vários em um só, ressaltado<br />
pelas cores.<br />
Os traços que saem do corpo estilizado remetem à<br />
i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> movimento, di<strong>na</strong>mismo e abertura, próprios<br />
da <strong>educação</strong>. Partem do coração, expressando<br />
graficamente que estão relacio<strong>na</strong>dos à<br />
dimensão da emoção, que se liga à razão<br />
como aporte da sensibilida<strong>de</strong> marista no<br />
processo educativo, <strong>de</strong>stacando o caráter<br />
missionário do carisma marista: “Para<br />
bem educar é necessário amar”, já dizia<br />
Marcelino Champag<strong>na</strong>t, fundador do<br />
Instituto.<br />
Para o lettering foi escolhida a família<br />
<strong>de</strong> fontes Ubuntu, garantindo a unida<strong>de</strong><br />
entre as diferentes peças <strong>de</strong> comunicação.<br />
A tipologia apresenta características<br />
relacio<strong>na</strong>das à logomarca, tais como<br />
suavida<strong>de</strong>, sobrieda<strong>de</strong> e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />
Suas formas curvilíneas fazem referência<br />
direta às formas da logo.<br />
Essa <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> elementos criou uma marca orgânica, que<br />
será adaptada a cada nova edição do Congresso, promovendo<br />
ligação e continuida<strong>de</strong> entre os eventos.<br />
brasil marista | 7
abErtUra<br />
dEbatEs E contribuiçõEs Para a<br />
<strong>educação</strong><br />
Durante<br />
quatro dias, os<br />
participantes do 4º<br />
Congresso Marista<br />
<strong>de</strong> Educação<br />
estiveram ligados<br />
a um objetivo<br />
comum: promover<br />
o <strong>de</strong>bate sobre<br />
os <strong>de</strong>safios e as<br />
oportunida<strong>de</strong>s<br />
da <strong>educação</strong> <strong>na</strong><br />
atualida<strong>de</strong>.<br />
8 | brasil marista<br />
A edição inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do 4º<br />
Congresso Marista <strong>de</strong> Educação,<br />
promovido pela União Marista<br />
do Brasil (UMBRASIL), foi<br />
realizada <strong>de</strong> 17 a 20 <strong>de</strong> <strong>ju</strong>lho <strong>de</strong><br />
2012, no Palácio <strong>de</strong> Convenções<br />
do Anhembi, em São Paulo,<br />
com a presença <strong>de</strong> duas mil e<br />
quinhentas pessoas, entre educadores<br />
e gestores educacio<strong>na</strong>is<br />
dos sistemas público e privado<br />
<strong>de</strong> ensino, estudantes universitários,<br />
representantes maristas<br />
<strong>de</strong> todo País e do exterior, e entida<strong>de</strong>s<br />
ligadas à <strong>educação</strong>. Mais<br />
<strong>de</strong> 50 renomados palestrantes<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, entre<br />
os quais: a escritora A<strong>na</strong><br />
Maria Machado; o poeta Ariano<br />
Suassu<strong>na</strong>; o ex-ministro da<br />
Educação, Fer<strong>na</strong>ndo Haddad;<br />
o teólogo Frei Betto, o doutor<br />
em teologia Leo<strong>na</strong>rdo Boff, a<br />
ex-ministra Mari<strong>na</strong> Silva, e o<br />
neurocientista Miguel Nicolelis,<br />
falaram aos congressistas.<br />
Por meio <strong>de</strong> conferências, seminários,<br />
fóruns temáticos e<br />
<strong>de</strong> experiência, o Congresso<br />
<strong>de</strong>u voz para representantes <strong>de</strong><br />
diversos segmentos da socieda<strong>de</strong>:<br />
educadores, gestores públicos,<br />
representantes católicos,<br />
escritores, filósofos, cientistas,<br />
pesquisadores e educandos. O<br />
tema do evento foi <strong>Espaçotempos</strong><br />
e Horizontes <strong>na</strong> Educação <strong>de</strong><br />
Infâncias e Juventu<strong>de</strong>s. O objetivo<br />
do encontro foi <strong>de</strong>bater a<br />
escola como um espaçotempo<br />
<strong>de</strong> <strong>educação</strong>, <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />
sujeitos pautados por valores<br />
cristãos, <strong>de</strong> produção e circulação<br />
<strong>de</strong> culturas, <strong>de</strong> elaboração<br />
e reelaboração <strong>de</strong> saberes, <strong>de</strong><br />
protagonismo. Enfim, os parti
cipantes estiveram ligados, durante quatro dias, a um<br />
objetivo comum: promover o <strong>de</strong>bate sobre os <strong>de</strong>safios<br />
e as oportunida<strong>de</strong>s da <strong>educação</strong> <strong>na</strong> atualida<strong>de</strong>.<br />
“A construção metodológica do Congresso, <strong>de</strong>senvolvida<br />
para aten<strong>de</strong>r os mais diversos interesses <strong>de</strong><br />
gestores e educadores, bem como a escolha criteriosa<br />
<strong>de</strong> temas e <strong>de</strong> conferencistas <strong>de</strong> renome <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
foram fatores <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ntes para o sucesso<br />
do 4º Congresso”, comemorou Mércia Maria Silva<br />
Procópio, assessora da Área <strong>de</strong> Missão da UMBRASIL<br />
e coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora técnico-científica do 4º Congresso Marista<br />
<strong>de</strong> Educação – Edição Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />
Durante o encontro, foram colocadas em pauta questões<br />
fundamentais, como o direito das crianças a uma<br />
formação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, em especial nos seus primeiros<br />
anos <strong>de</strong> vida; os <strong>de</strong>safios da <strong>educação</strong> diante das novas<br />
tecnologias; a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que sejam respeitados<br />
os direitos das crianças e jovens como protagonistas<br />
no processo educacio<strong>na</strong>l; as dificulda<strong>de</strong>s e carências<br />
encontradas em torno da questão da formação do professor;<br />
os <strong>de</strong>safios da elaboração <strong>de</strong> um currículo e um<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> avaliação a<strong>ju</strong>stados às realida<strong>de</strong>s dos educandos;<br />
a problemática da evasão escolar, especialmente<br />
no Ensino Médio; entre muitos outros temas. Com o<br />
objetivo <strong>de</strong> envolver o maior número <strong>de</strong> espectadores,<br />
durante os quatro dias, os <strong>de</strong>bates tiveram transmissão<br />
online simultânea.<br />
Para Isabel Cristi<strong>na</strong> Michelan <strong>de</strong> Azevedo, da ABEC/<br />
UCE (Associação Brasileira <strong>de</strong> Educação e Cultura/<br />
União Catarinense <strong>de</strong> Educação), diretora educacio<strong>na</strong>l<br />
do Grupo Marista e membro da Comissão Organizadora<br />
do evento, “a programação qualificada do 4º Congresso<br />
Marista <strong>de</strong> Educação permitiu aos participantes<br />
acompanhar as principais discussões presentes <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong><br />
brasileira nos últimos tempos”. Segundo Isabel,<br />
as ativida<strong>de</strong>s evi<strong>de</strong>nciaram que a <strong>educação</strong> é uma<br />
área complexa, multifacetada e rica em oportunida<strong>de</strong>s,<br />
e, por isso, é tão importante reunir pessoas interessadas<br />
em estabelecer um diálogo aberto e profundo que<br />
favoreça pensar e repensar o cotidiano das escolas.<br />
Já a coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora da Câmara <strong>de</strong> Educação da ANEC<br />
(Associação Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação Católica do Brasil),<br />
Ja<strong>na</strong>í<strong>na</strong> Paim, entida<strong>de</strong> apoiadora do Congresso, ressaltou<br />
a importância do encontro como uma oportunida<strong>de</strong><br />
ímpar para imprimir avanços à <strong>educação</strong> católica<br />
no País. “Adiamos nosso Congresso para trazer pessoas<br />
para esse evento, que apoiamos integralmente. Um<br />
evento que está fortalecendo a <strong>educação</strong> católica no<br />
Brasil”, salientou.<br />
Ir. valdícer<br />
Civa fachi<br />
Secretário executivo<br />
da UMBRASIL<br />
Encontro <strong>de</strong> seres e saberes<br />
O Instituto dos Irmãos Maristas reúne<br />
atualmente 50 mil pessoas, espalhadas<br />
por 79 países, entre eles o Brasil, que<br />
aten<strong>de</strong>m 500 mil crianças e jovens. Em<br />
território brasileiro, o trabalho é realizado<br />
em 24 estados e no Distrito Fe<strong>de</strong>ral. São<br />
103 cida<strong>de</strong>s brasileiras, mais <strong>de</strong> 30 mil<br />
irmãos e leigos <strong>de</strong>dicados que trabalham<br />
pela <strong>educação</strong> solidarieda<strong>de</strong>, saú<strong>de</strong> e<br />
comunicação. Essas frentes beneficiam,<br />
em nosso País, cerca <strong>de</strong> 350 mil pessoas.<br />
São 86 colégios, 51 unida<strong>de</strong>s sociais, três<br />
veículos <strong>de</strong> comunicação, três editoras,<br />
quatro instituições <strong>de</strong> ensino superior e<br />
sete hospitais.<br />
O Congresso, que está em sua quarta<br />
edição, faz parte <strong>de</strong>sses esforços, que<br />
são permeados por valores humanos e<br />
cristãos. Para Irmão Valdícer Civa Fachi,<br />
secretário-executivo da UMBRASIL, “o<br />
Congresso foi um encontro <strong>de</strong> seres e<br />
saberes que se conectaram em torno da reflexão<br />
<strong>de</strong> uma <strong>educação</strong> contemporânea”.<br />
Alinhado a essa perspectiva, Irmão Délcio<br />
Balestrin, presi<strong>de</strong>nte da Editora FTD, parceira<br />
<strong>na</strong> realização do evento, e membro<br />
da diretoria da UMBRASIL, salientou<br />
que “o 4º Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />
representou um momento celebrativo<br />
<strong>de</strong> profunda reflexão e relevância para a<br />
<strong>educação</strong> marista”. Ele também <strong>de</strong>stacou<br />
a qualida<strong>de</strong> dos conferencistas, o gran<strong>de</strong><br />
número <strong>de</strong> participantes e a <strong>de</strong>dicação da<br />
equipe organizadora. Ressaltou, por fim, a<br />
importância dos apoiadores para o sucesso<br />
do evento, e comemorou: “Realizamos<br />
um evento inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, com a participação<br />
<strong>de</strong> ilustres e renomados conferencistas,<br />
que reforçam, além da diversida<strong>de</strong><br />
cultural, a credibilida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> da<br />
<strong>educação</strong> marista no mundo”.<br />
brasil marista | 9
graNDEs CONfErêNCias<br />
Educação das inFâncias E das JuvEntudEs: contribuiçõEs da nEurociência<br />
“Temos <strong>de</strong> dar voz<br />
às nossas crianças.<br />
Temos <strong>de</strong> ouvi-las.<br />
Criar um ambiente<br />
<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> em que<br />
elas se sintam seguras<br />
para se expressar, sem<br />
medo do professor<br />
e da prova.“<br />
Miguel Ângelo Nicolellis<br />
10 | brasil marista<br />
Ciência e prota<br />
A Conferência <strong>de</strong> abertura do 4º. Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />
foi realizada por Miguel Ângelo Nicolelis, neurocientista<br />
brasileiro, reconhecido inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmente, e eleito um dos 20<br />
maiores cientistas da atualida<strong>de</strong> pela revista Scientific American.<br />
Nicolelis possui graduação em Medici<strong>na</strong> pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
São Paulo e doutorado em Ciências (Fisiologia Geral) pela mesma<br />
instituição. Atualmente, é professor titular do Departamento<br />
<strong>de</strong> Neurobiologia e codiretor do Centro <strong>de</strong> Neuroengenharia<br />
da Duke University (EUA), consultor do Instituto Cérebro e<br />
Mente da Escola Politécnica Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lausanne (Suíça) e diretor<br />
científico do Instituto Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Neurociências <strong>de</strong>
gonismo do educando<br />
Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS).<br />
O palestrante compartilhou com a plateia sua<br />
experiência, em especial no Instituto Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
<strong>de</strong> Neurociências <strong>de</strong> Natal Edmond e Lily<br />
Safra (IINN-ELS). A Associação Alberto Santos<br />
Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP), uma<br />
Organização <strong>de</strong> Socieda<strong>de</strong> Civil <strong>de</strong> Interesse<br />
Público (OSCIP), é responsável pela gestão do<br />
Instituto, captando e administrando recursos<br />
públicos e privados <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>dos a patroci<strong>na</strong>r<br />
Ir. benê Oliveira, miguel ângelo Nicolelis e Rômulo frança severino<br />
pesquisas científicas e projetos sociais no Brasil.<br />
A principal missão do trabalho ali realizado é<br />
promover o crescimento da pesquisa científica<br />
<strong>de</strong> ponta e, assim, contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
educacio<strong>na</strong>l, social e econômico do Rio<br />
Gran<strong>de</strong> do Norte, em especial das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Natal, Macaíba e circunvizinhanças.<br />
Em ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005, o Instituto agrega<br />
pesquisa científica com uma missão social,<br />
usando a ciência como agente <strong>de</strong> transformação,<br />
brasil marista | 11
“É <strong>de</strong>ver do educador encontrar<br />
um novo caminho, <strong>de</strong> modo que<br />
traga a felicida<strong>de</strong> para todos,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> quem ministra as aulas até<br />
as crianças que estão conosco.<br />
Temos <strong>de</strong> promover um ambiente<br />
rico em muitas experiências.<br />
Temos <strong>de</strong> reapren<strong>de</strong>r a ensi<strong>na</strong>r<br />
para fazer isso.“<br />
Mônica Jandira <strong>de</strong> Macedo<br />
promovendo a produção e a dissemi<strong>na</strong>ção do<br />
conhecimento, e tor<strong>na</strong>ndo a <strong>educação</strong> científica<br />
qualificada acessível às crianças e aos jovens do<br />
ensino público da região. Todos os programas<br />
<strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>senvolvidos no Instituto concentram-se,<br />
principalmente, no <strong>de</strong>senvolvimento e<br />
<strong>na</strong> <strong>educação</strong> da criança, mas com foco também<br />
<strong>na</strong> saú<strong>de</strong> da mulher gestante. “Os maiores investimentos<br />
públicos são aqueles feitos <strong>na</strong> primeira<br />
infância”, ressaltou o palestrante. “Para cada um<br />
real <strong>de</strong> investimento em um programa <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />
infantil, economiza-se <strong>de</strong>z reais ao longo da<br />
vida do cidadão brasileiro”, reforçou. Um retorno<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>z vezes sobre o investimento.<br />
Dentro da perspectiva apresentada por Nicolelis,<br />
o ensino começa no pré-<strong>na</strong>tal das mães dos<br />
futuros estudantes. Segundo o cientista, se o<br />
pré-<strong>na</strong>tal não for bem feito, po<strong>de</strong>rá haver um<br />
comprometimento no potencial daquele ser humano,<br />
afi<strong>na</strong>l, é nessa fase que o cérebro está sendo<br />
formado. Nesse sentido, o projeto conta com<br />
o Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Anita Garibaldi, um núcleo<br />
assistencial peri<strong>na</strong>tal, <strong>de</strong> caráter multidiscipli<strong>na</strong>r,<br />
voltado à gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> alto risco gestacio<strong>na</strong>l,<br />
com patologias que repercutam <strong>na</strong> saú<strong>de</strong> fetal, e<br />
às crianças portadoras <strong>de</strong> complicações neurológicas.<br />
O Centro está inserido no SUS (Sistema<br />
Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>) e <strong>de</strong>staca-se também, entre suas<br />
proposições, a <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar o papel <strong>de</strong> Centro<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Escola, on<strong>de</strong> são proporcio<strong>na</strong>das<br />
ativida<strong>de</strong>s acadêmicas e estágio curricular obrigatório<br />
aos estudantes do curso <strong>de</strong> Medici<strong>na</strong> da<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte<br />
(UFRN).<br />
12 | brasil marista<br />
Agentes <strong>de</strong>cisivos<br />
Além do Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, o trabalho do Instituto<br />
contempla uma ação com estudantes <strong>de</strong><br />
escolas públicas. Quando o projeto foi estabelecido<br />
como piloto, a região tinha o título <strong>de</strong> pior<br />
distrito escolar do Brasil. “Queríamos provar<br />
que essas crianças podiam atingir seu potencial<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento intelectual”, afirmou Nicolelis.<br />
Foi criado então, no turno oposto ao da<br />
escola pública convencio<strong>na</strong>l, para estudantes <strong>de</strong><br />
11 a 17 anos, um espaço para apren<strong>de</strong>r a fazer<br />
ciência. Tudo é realizado <strong>de</strong>ntro da perspectiva<br />
da inclusão social dos educandos. A proposta<br />
integra conteúdos <strong>de</strong> diferentes discipli<strong>na</strong>s<br />
(Ciência e Tecnologia, Ciência e Arte, Robótica,<br />
História, Química, Biologia e Física), que não se<br />
apartam da vida dos estudantes, pois, segundo<br />
o palestrante, os projetos científicos precisam<br />
servir à cultura e à coletivida<strong>de</strong>, favorecendo<br />
a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> olhar a realida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> melhor<br />
compreendê-la para transformá-la sempre em<br />
patamares mais humanos.<br />
Dentro do escopo do trabalho do Instituto, há<br />
ainda um programa <strong>de</strong> <strong>educação</strong> continuada<br />
para os professores da re<strong>de</strong> pública. A i<strong>de</strong>ia é<br />
dissemi<strong>na</strong>r nesses professores a consciência <strong>de</strong><br />
que é possível apren<strong>de</strong>r se divertindo. Afi<strong>na</strong>l, o<br />
pesquisador acredita que as crianças são “agentes<br />
<strong>de</strong>cisivos e participantes da própria <strong>educação</strong>”,<br />
e somente por meio da conscientização dos<br />
educandos po<strong>de</strong>-se estabelecer uma dinâmica<br />
educacio<strong>na</strong>l satisfatória. Segundo o olhar do<br />
conferencista, o objetivo é estimular <strong>na</strong>s crianças<br />
a “ousadia <strong>de</strong> Santos Dumont aliada ao humanismo<br />
<strong>de</strong> Paulo Freire”.<br />
Novos tempos<br />
Nicolelis ressaltou que os cérebros <strong>de</strong> nossos<br />
filhos e netos não são como os nossos e que precisamos<br />
estar atentos a essa realida<strong>de</strong>. “O que<br />
funcionou para nós, não funcio<strong>na</strong> mais”, observou.<br />
Para ele, “educar é fazer com que a criança<br />
atinja o i<strong>de</strong>al humano <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>”. Ele lembra<br />
que a escola tem <strong>de</strong> se adaptar aos estudantes <strong>de</strong><br />
hoje, os chamados “<strong>na</strong>tivos digitais”. Compartilhando<br />
da mesma percepção, Mônica Jandira <strong>de</strong><br />
Macedo, educadora do Ensino Fundamental do
“As crianças são ‘agentes<br />
<strong>de</strong>cisivos e participantes da<br />
própria <strong>educação</strong>’, e somente<br />
por meio da conscientização dos<br />
educandos po<strong>de</strong>-se estabelecer<br />
uma dinâmica educacio<strong>na</strong>l<br />
satisfatória.“<br />
Miguel Ângelo Nicolellis<br />
Colégio Marista João Paulo II, em Brasília (DF),<br />
Província Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, afirmou:<br />
“É <strong>de</strong>ver do educador encontrar um novo<br />
caminho, <strong>de</strong> modo que traga a felicida<strong>de</strong> para<br />
todos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quem ministra as aulas até as crianças<br />
que estão conosco. Temos <strong>de</strong> promover um<br />
ambiente rico em muitas experiências. Temos <strong>de</strong><br />
reapren<strong>de</strong>r a ensi<strong>na</strong>r, para fazer isso”.<br />
O papel do educador foi ponto sublinhado em<br />
muitos momentos do 4º. Congresso Marista <strong>de</strong><br />
Educação. Nicolelis, por exemplo, lembrou que<br />
“professor tem <strong>de</strong> ser um facilitador”. E reforçou:<br />
“Temos <strong>de</strong> ver e dar voz às nossas crianças.<br />
Temos <strong>de</strong> ouvi-las. Criar um ambiente <strong>de</strong><br />
liberda<strong>de</strong> em que elas se sintam seguras para se<br />
expressar, sem medo do professor e da prova. Se<br />
você tem prazer em fazer alguma coisa, você vai<br />
e faz”. Fica claro, assim, que o diálogo entre a ciência<br />
e a <strong>educação</strong> é possível. Contudo, o papel<br />
do educador <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado. Afi<strong>na</strong>l, não<br />
há tecnologia que substitua o professor, não há<br />
máqui<strong>na</strong> que substitua o elemento humano.<br />
Segundo o palestrante, as crianças <strong>de</strong> hoje não<br />
conseguem estar por 50 minutos numa sala <strong>de</strong><br />
aula <strong>de</strong>ntro dos parâmetros convencio<strong>na</strong>is, em<br />
que o professor fala, como autorida<strong>de</strong> máxima,<br />
e os educandos ouvem. “Hoje, elas querem ser<br />
agentes protagonistas”, explicou. Essa opinião<br />
é partilhada pela congressista Agda Oliveira,<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora Pedagógica do Colégio Marista<br />
<strong>de</strong> Goiânia (GO), do Grupo Marista, que assistiu<br />
atenta às expla<strong>na</strong>ções do cientista. “Dentro<br />
da perspectiva <strong>de</strong> que o estudante <strong>de</strong>ve ser<br />
protagonista, a neurociência é uma maneira <strong>de</strong><br />
o educador se aproximar do educando, manter<br />
um diálogo, contribuindo para que ele <strong>de</strong>scubra<br />
potencialida<strong>de</strong>s, aumente sua autoestima, acre-<br />
dite em si mesmo e, futuramente, possa ser um<br />
agente transformador da socieda<strong>de</strong>”, concluiu.<br />
No Brasil, <strong>de</strong> acordo com Nicolelis, temos uma<br />
média <strong>de</strong> 56% <strong>de</strong> evasão <strong>de</strong> estudantes <strong>na</strong> transição<br />
do Ensino Fundamental para o Ensino Médio.<br />
No Nor<strong>de</strong>ste, esse número é maior, fica em<br />
torno <strong>de</strong> 80%. Entretanto, após a implantação<br />
do projeto, a região <strong>de</strong> abrangência do trabalho<br />
apresenta uma taxa <strong>de</strong> evasão <strong>de</strong> ape<strong>na</strong>s 2%.<br />
“As crianças adquiriram a obsessão <strong>de</strong> continuar<br />
apren<strong>de</strong>ndo pelo resto da vida. Entram<br />
<strong>na</strong> Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral sem cursinho”, comemorou.<br />
Ele espera que, no futuro, o IINN-ELS<br />
seja um catalisador para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
iniciativas econômicas baseadas no conhecimento,<br />
que favoreçam um crescimento sustentável e<br />
ecologicamente equilibrado <strong>na</strong> região Nor<strong>de</strong>ste<br />
do Brasil.<br />
Para Irmão Claudiano Tiecher, Diretor do Colégio<br />
Marista João Paulo II , Província Marista do Rio<br />
Gran<strong>de</strong> do Sul, a palestra abordou um elemento<br />
essencial: “O <strong>de</strong>spertar quanto à necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se investir em pesquisa <strong>na</strong> área <strong>de</strong> <strong>educação</strong>.<br />
Como pu<strong>de</strong>mos assistir, quando se investe em<br />
ações <strong>na</strong> área educacio<strong>na</strong>l se tem resultados. Os<br />
professores po<strong>de</strong>m tentar <strong>de</strong>senvolver projetos,<br />
seja qual for o campo, para melhorar o seu dia a<br />
dia e trazer algo que realmente contribua para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento e formação dos educandos <strong>de</strong><br />
uma forma diferenciada e eficaz.”<br />
miguel ângelo Nicolelis<br />
brasil marista | 13
graNDEs CONfErêNCias<br />
dirEitos da criança E Educação<br />
14 | brasil marista<br />
o Protagonismo como<br />
ElEmEnto dE mudança <strong>na</strong><br />
garantia dos dirEitos<br />
das crianças<br />
e dos jovens<br />
Norberto Liwski
É importante que as escolas<br />
trabalhem o fortalecimento<br />
da pedagogia participativa,<br />
que <strong>de</strong>ve abrir espaço para<br />
que crianças e adolescentes<br />
se envolvam no processo<br />
educativo.<br />
Na socieda<strong>de</strong> contemporânea, muito se tem<br />
<strong>de</strong>batido sobre os direitos da criança no âmbito<br />
da <strong>educação</strong>. No Brasil, a criação do ECA (Estatuto<br />
da Criança e do Adolescente) foi um marco<br />
fundamental para que o País iniciasse uma nova<br />
era no sentido <strong>de</strong> garantir à população infanto<strong>ju</strong>venil<br />
uma vida mais dig<strong>na</strong> e o direito a uma<br />
formação educacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. O conteúdo<br />
do ECA serviu, inclusive, como fonte inspiradora<br />
para que outras <strong>na</strong>ções latino-america<strong>na</strong>s<br />
avançassem também nessa área, visando assegurar<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento integral e pleno <strong>de</strong><br />
suas crianças e adolescentes.<br />
Trata-se, portanto, <strong>de</strong> um tema <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância<br />
e complexida<strong>de</strong>, que exige reflexão para se<br />
propor as mudanças necessárias e oferecer uma<br />
nova realida<strong>de</strong> para as crianças e os jovens. Para<br />
abordar o assunto, foi convidado um expoente<br />
nesta área, que apresentou dados atuais e a<strong>na</strong>lisou<br />
essa questão <strong>na</strong> região latino-america<strong>na</strong>.<br />
Com auditório lotado, Noberto Liwski, médico<br />
pediatra social, pesquisador associado <strong>na</strong><br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Buenos Aires (Argenti<strong>na</strong>), <strong>na</strong><br />
cátedra Cultura para a Paz e Direitos Humanos,<br />
além <strong>de</strong> membro do Conselho Bureau Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l<br />
Catholique <strong>de</strong> I’Enfance – Bice, foi responsável<br />
pela condução da Gran<strong>de</strong> Conferência<br />
sobre Direitos da Criança e Educação, realizada<br />
no segundo dia do Congresso.<br />
Durante sua apresentação, ele ressaltou que<br />
assegurar os direitos da criança e do jovem não<br />
significa garantir somente <strong>educação</strong>, mas também<br />
habitação, moradia, alimentação, saú<strong>de</strong>,<br />
lazer etc. “Os direitos são indivisíveis. Ou seja,<br />
temos <strong>de</strong> pensar <strong>na</strong> integralida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa questão.<br />
A escola não po<strong>de</strong> se eximir <strong>de</strong>ssa reflexão”, comentou<br />
o conferencista.<br />
Segundo ele, os educadores <strong>de</strong>vem estimular o<br />
protagonismo dos jovens, criando oportunida<strong>de</strong>s<br />
para que eles possam conhecer seus direitos<br />
e comecem a ser ouvidos em assuntos que os envolvam.<br />
“A Declaração Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l dos Direitos<br />
da Criança e Adolescente da ONU (Organização<br />
das Nações Unidas), bem como o próprio<br />
ECA, no Brasil, possuem textos que reafirmam a<br />
importância do protagonismo <strong>ju</strong>venil, orientando<br />
para caminhos que po<strong>de</strong>m ser trilhados nesta<br />
direção. As transformações do sistema educacio<strong>na</strong>l<br />
com base nesses princípios, certamente, trazem<br />
novas perspectivas para uma atuação mais<br />
comprometida das <strong>na</strong>ções nesse campo. Mas <strong>de</strong><br />
<strong>na</strong>da vale esse discurso se não forem colocadas<br />
em prática ações pedagógicas que contribuam<br />
para a garantia dos direitos“, complementou.<br />
Pedagogia participativa<br />
Liwski ressaltou que as escolas <strong>de</strong>vem trabalhar<br />
o fortalecimento da pedagogia participativa,<br />
focando os direitos humanos e abrindo espaço<br />
para que crianças e adolescentes se envolvam no<br />
processo educativo. Na visão do conferencista,<br />
o protagonismo é uma cultura que traz novos<br />
cenários <strong>de</strong> esperança para a <strong>educação</strong>. “Temos<br />
tido avanços, mas a prática <strong>de</strong>sses princípios<br />
exige uma quebra <strong>de</strong> paradigmas, ou seja, mudanças<br />
<strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong> psicologia, pedagogia e em<br />
outros campos, a fim <strong>de</strong> transformar estilos e<br />
formas <strong>de</strong> nos relacio<strong>na</strong>rmos com as famílias,<br />
socieda<strong>de</strong> e escola”, acrescentou.<br />
Na opinião <strong>de</strong> Acádio João Heck, diretor-geral<br />
do Colégio Marista <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong> (PR), Grupo<br />
Marista, que assistiu à palestra, com o protagonismo,<br />
iniciamos um caminho para uma nova<br />
dinâmica no contexto escolar. Entretanto, tratase<br />
<strong>de</strong> uma mudança cultural, tanto no âmbito da<br />
gestão escolar quanto das famílias.<br />
“Hoje, a <strong>educação</strong> <strong>na</strong> família ten<strong>de</strong> a privar as<br />
crianças e jovens <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> frustração.<br />
Ou seja, tudo é permitido e não há limites. Quando<br />
isso acontece <strong>na</strong> escola, gestores e educadores<br />
não sabem como lidar com isso. Portanto, o <strong>de</strong>safio<br />
é como ter um protagonismo <strong>ju</strong>venil sem se<br />
criar uma ditadura em que a premissa é poupar<br />
os jovens <strong>de</strong> qualquer dificulda<strong>de</strong>. Precisamos<br />
brasil marista | 15
tomar cuidado com o protagonismo individualizado<br />
em que o educando não se preocupa com<br />
o coletivo e só visa benefícios para si próprio”,<br />
avaliou Heck.<br />
A congressista Jaqueline <strong>de</strong> Souza, professora <strong>de</strong><br />
Educação Infantil do Colégio Marista <strong>de</strong> Palmas<br />
(TO), Província Marista Brasil Centro-Norte,<br />
acredita ser prepon<strong>de</strong>rante os educadores refletirem<br />
sobre essa questão, verificando o que<br />
po<strong>de</strong> ser aplicado no dia a dia em seu contexto<br />
<strong>de</strong> trabalho. “Sem dúvida, estamos caminhando<br />
para uma nova era em que a criança começa a ter<br />
uma participação mais ativa no âmbito escolar.<br />
Portanto, cabe aos educadores encabeçarem esse<br />
movimento em busca <strong>de</strong> mudanças. Devemos<br />
voltar nosso olhar para uma nova <strong>educação</strong> e<br />
abando<strong>na</strong>r a utopia das palavras, aplicando, <strong>de</strong><br />
fato, esses princípios, que são a gran<strong>de</strong> tendência<br />
<strong>na</strong> <strong>educação</strong> mundial”, lembrou a professora.<br />
Educação x pobreza<br />
A relação entre <strong>educação</strong> e a pobreza <strong>na</strong> região<br />
latino-america<strong>na</strong> foi outro ponto abordado <strong>na</strong><br />
palestra. De acordo com Liwski, em 2010, a Cepal<br />
(Comissão Econômica para América Lati<strong>na</strong><br />
e o Caribe da ONU), que tem como objetivo o<br />
estudo e a promoção <strong>de</strong> políticas para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da região, já si<strong>na</strong>lizava um aumento<br />
dos jovens que não trabalham e não estudam <strong>na</strong><br />
América Lati<strong>na</strong>.<br />
Dados do ano passado apontam que, dos jovens<br />
entre 25 a 29 anos, ape<strong>na</strong>s 8,3% concluíram o<br />
terceiro grau. Na comparação entre jovens ricos<br />
e pobres, para cada 27 jovens <strong>de</strong> melhor po<strong>de</strong>r<br />
aquisitivo que termi<strong>na</strong>m o 3º grau, ape<strong>na</strong>s um<br />
jovem pobre consegue essa façanha. No sexo<br />
feminino, a situação é ainda mais complexa:<br />
enquanto 80% das mulheres latino-america<strong>na</strong>s<br />
<strong>de</strong> 15 a 29 anos, com maior renda participam<br />
do mercado <strong>de</strong> trabalho formal no continente,<br />
menos <strong>de</strong> 50% das jovens pobres conseguem<br />
estabelecer vínculos formais.<br />
“São indivíduos abando<strong>na</strong>dos pelos Estados,<br />
que acabam vivendo à margem da socieda<strong>de</strong> e<br />
sendo vítimas <strong>de</strong> grupos inescrupulosos, que<br />
os levam para a vida do crime. Isso incita outra<br />
discussão a respeito da redução da maiorida<strong>de</strong><br />
pe<strong>na</strong>l. Ora, os Estados não oferecem a <strong>educação</strong><br />
16 | brasil marista<br />
Ir. benê Oliveira e Norberto Liwski<br />
básica aos jovens e querem mudar a maiorida<strong>de</strong><br />
pe<strong>na</strong>l?”, questionou.<br />
Para o conferencista, sob essa ótica, os educadores<br />
também têm um papel insubstituível <strong>na</strong><br />
transição dos novos tempos. “Não queremos<br />
substituir o educador e eleger a ditadura da<br />
criança, mas criar um novo espaço para nos relacio<strong>na</strong>rmos,<br />
em que os campos <strong>de</strong> aprendizagem<br />
<strong>de</strong>senvolvam <strong>na</strong> criança todas as suas possibilida<strong>de</strong>s”,<br />
<strong>de</strong>stacou.<br />
O congressista Cristiano Prado Ribeiro, professor<br />
da Escola Marista <strong>de</strong> Maringá (PR), Grupo<br />
Marista, concorda com o conferencista. “Temos o<br />
<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> criar essa cultura, pois o protagonismo<br />
se tor<strong>na</strong> cada dia mais relevante. Por exemplo,<br />
hoje não se po<strong>de</strong> mais trabalhar aulas padronizadas.<br />
O educador tem <strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar à classe e<br />
à realida<strong>de</strong> dos alunos. A<strong>de</strong>quar-se à realida<strong>de</strong><br />
é, <strong>de</strong> certa forma, reconhecer o protagonismo do<br />
educando”, explicou.<br />
Outra congressista, Maria Lúcia Almeida, diretora<br />
da Escola Marista Champag<strong>na</strong>t <strong>de</strong> Contagem<br />
(MG), Província Marista Brasil Centro-Norte,<br />
comentou que os educadores se apropriaram<br />
<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> que precisa ser<br />
aprimorado. “Rever esse mo<strong>de</strong>lo para fortalecer<br />
uma <strong>educação</strong> com foco em direitos humanos, é<br />
fundamental”, expôs.<br />
Irmão Marcelo Allbrandt, da Pastoral do Colégio<br />
Marista <strong>de</strong> Ribeirão Preto (SP), Grupo Marista,<br />
lembrou que em muitas pastorais o protagonismo<br />
já é uma realida<strong>de</strong>. “Toda nossa ação procura<br />
evi<strong>de</strong>nciar que o jovem tem algo a dizer. Colocar<br />
o jovem no papel <strong>de</strong> protagonista resgata o indivíduo”,<br />
<strong>de</strong>clarou o congressista.
graNDEs CONfErêNCias<br />
acEnos da ciência, Política E EsPiritualidadE Para a Educação<br />
não ao consumismo; sim à<br />
Somente pela valorização da<br />
espiritualida<strong>de</strong> <strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />
po<strong>de</strong>mos abrir os olhos das<br />
nossas crianças contra o<br />
modismo consumista <strong>de</strong><br />
nosso tempo.<br />
Ricardo Tescarolo e frei betto<br />
espiritualida<strong>de</strong><br />
Frei Betto dispensa apresentações. Fra<strong>de</strong> Dominicano,<br />
teólogo, filósofo, jor<strong>na</strong>lista e escritor,<br />
é militante ativo <strong>de</strong> movimentos pastorais e<br />
sociais. Ocupou a função <strong>de</strong> assessor especial <strong>de</strong><br />
Luiz Inácio Lula da Silva, Presi<strong>de</strong>nte da República,<br />
entre 2003 e 2010, quando foi coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor<br />
<strong>de</strong> Mobilização Social do Programa Fome Zero.<br />
Tem uma história político-pastoral intensa, é<br />
autor <strong>de</strong> <strong>de</strong>ze<strong>na</strong>s <strong>de</strong> livros <strong>de</strong> sucesso e recebeu<br />
vários prêmios por sua atuação em prol dos<br />
direitos humanos e em <strong>de</strong>fesa dos movimentos<br />
populares.<br />
brasil marista | 17
Já no início <strong>de</strong> sua palestra, que teve como tema<br />
Acenos da Ciência, Política e Espiritualida<strong>de</strong> para a<br />
Educação, o palestrante lançou uma frase impactante:<br />
“O sonho da garotada <strong>de</strong> hoje é mudar o<br />
professor <strong>de</strong> ca<strong>na</strong>l”. A razão <strong>de</strong> tal afirmação?<br />
Estamos diante <strong>de</strong> um jovem que é acostumado<br />
a escolher o que quer escutar e ver e, assim, não<br />
seria fácil entrar numa sala <strong>de</strong> aula, em que os<br />
parâmetros <strong>de</strong> ensino ainda são muito arcaicos.<br />
Com essas palavras, ele chamou os educadores<br />
presentes a uma reflexão sobre a época em<br />
que estamos vivendo. “Vivemos uma mudança<br />
<strong>de</strong> época”, ressaltou. Ele reforçou que estamos<br />
passando da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> para a chamada<br />
pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, um momento <strong>de</strong> ruptura e<br />
<strong>de</strong>safios. E completou: “Só os artistas e os loucos<br />
conseguem ser contemporâneos a uma mudança<br />
<strong>de</strong> época”.<br />
Ele admitiu a importância da TV e da Internet<br />
<strong>na</strong> vida das crianças e dos jovens da contemporaneida<strong>de</strong>.<br />
“A família, a igreja e a escola<br />
querem formar cidadãos. Temos a TV como<br />
adversária e <strong>de</strong>veríamos tê-la como aliada”,<br />
pontuou. Acreditando no po<strong>de</strong>r dos meios <strong>de</strong><br />
comunicação como agentes transformadores,<br />
mas também <strong>na</strong> influência nefasta que po<strong>de</strong>m<br />
ter sobre crianças e jovens, ele fez duras críticas<br />
à programação apresentada pela TV. Segundo<br />
Frei Betto, os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa<br />
“querem formar consumistas e não cidadãos”.<br />
Haveria, nessa perspectiva, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
discipli<strong>na</strong>rmos o acesso das crianças e dos jovens<br />
à TV e à Internet. Em tom <strong>de</strong> crítica, lembrou<br />
uma piada em que uma criança pergunta<br />
para o avô: “Vovô, hoje temos iPad, iPhone, o<br />
que vocês usavam?”. E o avô, sem titubear, respon<strong>de</strong>:<br />
“o cérebro”.<br />
A criança, <strong>na</strong> visão do palestrante, é influenciada<br />
o dia todo por mecanismos que propagam que o<br />
cidadão só será feliz se consumir. Lembrou que<br />
estamos vivendo <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> do “consumo,<br />
logo existo”. Referindo-se ao Natal, ele salientou<br />
que o mercado se esquece da figura <strong>de</strong> Jesus<br />
Cristo e introduz a figura consumista do Papai<br />
Noel. Os anúncios da TV reforçam o tempo todo<br />
a visão equivocada <strong>de</strong> que uma pessoa é menos<br />
importante ou aceita socialmente porque não<br />
tem esse ou aquele carro; não usa uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da<br />
marca <strong>de</strong> roupa; ou não frequenta dado<br />
local.<br />
18 | brasil marista<br />
Motivando os educadores presentes a se contrapor<br />
a essa realida<strong>de</strong>, lembrando-os <strong>de</strong> que<br />
os professores e a família têm um papel fundamental<br />
<strong>na</strong> formação dos valores dos educandos,<br />
reforçou a importância <strong>de</strong> que promovam a<br />
valorização da espiritualida<strong>de</strong> e a religiosida<strong>de</strong><br />
<strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>. E, para tanto, propôs que os educadores,<br />
sejam professores ou pais, tornem-se<br />
agentes <strong>de</strong> transformação da realida<strong>de</strong> social<br />
por meio <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s concretas. Frei Betto frisou<br />
que “a criança grava o que fazemos e não o que<br />
falamos”. Para ele, o gesto ensi<strong>na</strong> mais do que<br />
mil palavras.<br />
Alinhado ao pensamento do palestrante, Flávio<br />
Correia, diretor-ad<strong>ju</strong>nto da escola particular<br />
Padre Butinha, do Rio <strong>de</strong> Janeiro, afirmou: “A<br />
geração atual é extremamente consumista. Só<br />
vamos conseguir quebrar os paradigmas se<br />
mostrarmos para esses jovens como mudar e<br />
por que mudar. O professor tem papel fundamental<br />
nessa busca”. Ro<strong>na</strong>ldo Campos Diogo,<br />
pastoralista do Centro Marista <strong>de</strong> Curitiba (PR),<br />
Grupo Marista, também compartilha do mesmo<br />
pensamento: “Não se tem protagonismo com<br />
pessoas individualistas e consumistas. A escola<br />
po<strong>de</strong> a<strong>ju</strong>dar a <strong>de</strong>senvolver os projetos <strong>de</strong> vida<br />
<strong>de</strong> cada educando, reforçando a espiritualida<strong>de</strong><br />
e o crescimento pessoal”, comentou ao fi<strong>na</strong>l da<br />
palestra <strong>de</strong> Frei Betto.<br />
Os números da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />
Reforçando que estamos nos distanciando <strong>de</strong><br />
valores fundamentais à dignida<strong>de</strong> do cidadão,<br />
Frei Betto ainda apontou alguns números resultantes<br />
do caminho que estamos trilhando. O<br />
balanço <strong>de</strong> nossa época, segundo o palestrante,<br />
é que das cerca <strong>de</strong> sete bilhões <strong>de</strong> pessoas do<br />
mundo, quatro bilhões vivem abaixo da linha da<br />
pobreza, apesar dos avanços conquistados pela<br />
ciência. Frei Betto pontuou também que há hoje<br />
no mundo um bilhão <strong>de</strong> famintos crônicos e que<br />
cinco milhões <strong>de</strong> crianças, com menos <strong>de</strong> cinco<br />
anos, morrem ainda <strong>de</strong> doenças curáveis. “Houve<br />
avanços <strong>na</strong> ciência, mas esses avanços foram<br />
acompanhados <strong>de</strong> uma brutal <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>”,<br />
ressaltou.<br />
Na <strong>educação</strong>, tema dos <strong>de</strong>bates do Congresso, o<br />
quadro não seria menos preocupante. Ele refor-
çou que, embora lutemos para chegar a 10% do<br />
PIB para a <strong>educação</strong>, atualmente, só dispomos<br />
<strong>de</strong> 5%, sendo que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sse montante<br />
é usado em infraestrutura. “No Japão, 12% do<br />
PIB é voltado à <strong>educação</strong>. Professor lá é rei”,<br />
lembrou. Enquanto isso, ele salientou que, no<br />
Brasil, “nós queremos que nossos filhos tenham<br />
bons professores, mas não queremos que sejam<br />
bons professores”. Há uma visão equivocada da<br />
socieda<strong>de</strong> em relação à importância do professor<br />
como agente <strong>de</strong> transformação social. Para ele, a<br />
cultura traz discernimento crítico, e os educadores<br />
precisam levar essa perspectiva à <strong>educação</strong><br />
das crianças e dos jovens.<br />
Mas, se o palestrante fez críticas ao consumismo<br />
propagado pelos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong><br />
massa, não menos contun<strong>de</strong>ntes foram suas observações<br />
em relação ao papel da Igreja diante<br />
das mudanças <strong>de</strong> nosso tempo, a chamada “pósmo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>”.<br />
“A Igreja mal chegou a entrar <strong>na</strong><br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e nós já estamos <strong>na</strong> pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>”,<br />
salientou Frei Betto. Nesse sentido, tanto<br />
a escola quanto a Igreja estariam em <strong>de</strong>salinhamento<br />
com os novos tempos. Ele criticou, por<br />
exemplo, a divisão territorial estabelecida pela<br />
Igreja. “Hoje, a pessoa não têm noção <strong>de</strong> quem é<br />
seu vizinho <strong>de</strong> porta, e seu melhor amigo mora<br />
no Japão. Enquanto que a Igreja ainda organiza as<br />
pessoas por paróquias, por território”, observa.<br />
Política <strong>na</strong> escola<br />
Outro ponto ressaltado pelo conferencista foi a<br />
importância do diálogo ecumênico. Ele lembrou:<br />
“Deus não tem religião”. Para ele, os católicos<br />
ainda têm dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximação com<br />
os evangélicos por preconceitos. Nesse sentido,<br />
precisaríamos vencer competições entre as<br />
igrejas a partir do diálogo inter-religioso. “A<br />
espiritualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser a base da religião, a<br />
abertura do coração ao outro e ao transcen<strong>de</strong>nte”,<br />
reforçou. Segundo o conferencista, somente<br />
pela valorização da espiritualida<strong>de</strong> <strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />
po<strong>de</strong>mos nos precaver e abrir os olhos das<br />
nossas crianças e dos jovens contra o modismo<br />
consumista <strong>de</strong> nosso tempo.<br />
Por fim, pensando em política e <strong>na</strong> dissociação<br />
que algumas pessoas impõem entre a prática<br />
política e a religiosa, ele afirmou: “Tudo <strong>na</strong> nossa<br />
vida tem a ver com a política”. E foi incisivo:<br />
“Quem tem medo da política é gover<strong>na</strong>do por<br />
quem não tem”. Com essas palavras, ele convocou<br />
os educadores a levarem a política para as<br />
escolas, lembrando a bem-sucedida militância<br />
política dos movimentos pastorais e sociais da<br />
própria Igreja Católica.<br />
frei betto<br />
brasil marista | 19
graNDEs CONfErêNCias<br />
ExPEriências intEr<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is Em Educação<br />
os dEsaFios das<br />
<strong>na</strong>çõEs Para uma<br />
20 | brasil marista<br />
Ceciliany Alves, maria figueiredo-Cowen, jason beech e fer<strong>na</strong>ndo haddad<br />
<strong>educação</strong> <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong><br />
Educar respeitando<br />
a formação huma<strong>na</strong>,<br />
as individualida<strong>de</strong>s e<br />
as realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada<br />
região foi o convite<br />
<strong>de</strong>ixado à plateia.
A troca <strong>de</strong> experiências sobre a realida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l<br />
<strong>de</strong> diferentes países foi um dos pontos<br />
fortes <strong>de</strong>sse encontro entre Maria Figueiredo<br />
Cowen, gran<strong>de</strong> conhecedora da <strong>educação</strong> universitária<br />
nos países ibero-americanos, PhD em<br />
Educação pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Londres; Jason<br />
Beech, PhD em Educação pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Londres e diretor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> San Andres, <strong>na</strong> Colômbia;<br />
e Fer<strong>na</strong>ndo Haddad, ex-ministro da Educação<br />
do Brasil e candidato eleito à prefeitura <strong>de</strong> São<br />
Paulo pelo PT. Os palestrantes ressaltaram as<br />
mudanças pelas quais passa a nossa socieda<strong>de</strong>,<br />
lembrando que é nesse novo contexto que temos<br />
<strong>de</strong> nos movimentar e realizar os programas educacio<strong>na</strong>is,<br />
sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado as peculiarida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> cada <strong>na</strong>ção. Educar diante <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>safios,<br />
respeitando a formação huma<strong>na</strong>, as individualida<strong>de</strong>s<br />
e as realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada região foi o convite<br />
realizado à plateia.<br />
Diante <strong>de</strong> um cenário <strong>de</strong> mudanças, os palestrantes<br />
propuseram que os educadores saiam<br />
da teoria para ações <strong>de</strong> sucesso que permitam<br />
aos educandos um aprendizado efetivo.<br />
Maria Figueiredo trouxe alguns resultados<br />
levantados no último PISA (Programa Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
<strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Alunos), realizado<br />
em 2009, e que avaliou sistemas educacio<strong>na</strong>is<br />
<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 65 países. A prova, aplicada a cada<br />
três anos pela Organização para Cooperação e<br />
Desenvolvimento Econômico (OCDE), avalia<br />
o conhecimento <strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong><br />
ida<strong>de</strong> em Matemática, Leitura e Ciências. Na<br />
última edição, o Brasil ficou <strong>na</strong> <strong>na</strong>da expressiva<br />
54ª posição.<br />
A palestrante lembrou que em <strong>na</strong>ções que tiveram<br />
excelente pontuação, como Chi<strong>na</strong> e Finlândia,<br />
há razões concretas para que se tenha<br />
chegado a resultados satisfatórios. No caso da<br />
Chi<strong>na</strong>, a boa classificação resultaria das formas<br />
educacio<strong>na</strong>is implementadas <strong>na</strong>quele país: professores<br />
bem trei<strong>na</strong>dos e com melhores salários.<br />
Na Finlândia, as razões também passam pela<br />
qualificação do professor, que conta com excelente<br />
preparo acadêmico, motivação e status social.<br />
Surpreen<strong>de</strong>ntemente, não há, segundo ela,<br />
uma correlação direta entre investimentos em<br />
<strong>educação</strong> e bons resultados no exame. O exemplo<br />
<strong>de</strong>monstrado foi o dos Estados Unidos, que,<br />
embora tenham investimentos significativos em<br />
<strong>educação</strong>, não tiveram resultados tão positivos<br />
no exame quanto a República Tcheca, que conta<br />
com ape<strong>na</strong>s 1/3 dos investimentos por estudante<br />
feitos <strong>na</strong>quele país.<br />
Houve um certo tom <strong>de</strong> crítica a esse tipo <strong>de</strong><br />
avaliação, que levaria a uma <strong>educação</strong> reducionista,<br />
focada <strong>na</strong> estrutura curricular. Tais exames<br />
po<strong>de</strong>m induzir, <strong>na</strong> concepção dos palestrantes,<br />
a uma busca por resultados a qualquer preço.<br />
A preocupação levantada é: até que ponto esse<br />
tipo <strong>de</strong> avaliação, essa padronização, nos leva<br />
a uma efetiva <strong>educação</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>? Dentro<br />
da mesma perspectiva que Cowen, Jason Beech<br />
lembrou que as re<strong>de</strong>s globais, como a Unesco<br />
(Organização das Nações Unidas para a Educação,<br />
a Ciência e a Cultura), <strong>de</strong>finem o que é uma<br />
boa <strong>educação</strong>, mas não existe muito espaço para<br />
que essas i<strong>de</strong>ias sejam contextualizadas. “Tem<br />
<strong>de</strong> haver maleabilida<strong>de</strong>. Temos <strong>de</strong> contextualizar<br />
o discurso global à lógica <strong>de</strong> cada território”,<br />
reforçou.<br />
O congressista Adriel Rizzo, educador do Grupo<br />
Marista, que atua no Centro Social Irmão<br />
Lourenço, em Itaquera, <strong>na</strong> Zo<strong>na</strong> Leste da cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo, concorda com Beech. “O Brasil é<br />
um país muito amplo”. Segundo ele, <strong>na</strong> própria<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo já há diversida<strong>de</strong> regio<strong>na</strong>l.<br />
Falando sobre sua atuação <strong>na</strong> Zo<strong>na</strong> Leste, ele<br />
pon<strong>de</strong>rou: “Quando partimos para a Zo<strong>na</strong> Leste,<br />
que é um território <strong>de</strong> migrantes nor<strong>de</strong>stinos, <strong>de</strong><br />
grupos margi<strong>na</strong>lizados, nos <strong>de</strong>paramos com a<br />
questão do empobrecimento, diferenças <strong>de</strong> linguagem,<br />
<strong>de</strong> cultura etc.”, pon<strong>de</strong>rou.<br />
Beech ainda enfatizou o papel dos professores<br />
nesse processo, ressaltando que os educadores<br />
<strong>de</strong>vem conferir significado específico aos<br />
discursos globais, interpretando-os para dar<br />
sentido, coerência e sustentabilida<strong>de</strong> a suas<br />
práticas. Abordou também as mudanças rápidas<br />
do mundo que são impulsio<strong>na</strong>das pelos<br />
avanços tecnológicos e pontuou a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> adaptação da <strong>educação</strong> a esse futuro. Mas<br />
fez críticas e <strong>de</strong>monstrou preocupação em relação<br />
ao fato <strong>de</strong>, muitas vezes, estarmos usando<br />
“as mudanças tecnológicas como motor das<br />
mudanças educativas”. E alertou: “A mudança<br />
tecnológica não é boa por si mesmo. Po<strong>de</strong> ser<br />
positiva ou não”.<br />
brasil marista | 21
A <strong>educação</strong> para formação<br />
<strong>de</strong> cidadãos<br />
Já o ex-ministro da Educação, Fer<strong>na</strong>ndo Haddad,<br />
iniciou sua exposição lembrando que “o objetivo<br />
fi<strong>na</strong>l da <strong>educação</strong> é a formação <strong>de</strong> indivíduos<br />
autônomos, com capacida<strong>de</strong> crítica”. Para tanto,<br />
<strong>na</strong> sua visão, é necessário que sejam oferecidas<br />
amplas condições para o <strong>de</strong>senvolvimento do<br />
educando, a fim <strong>de</strong> que ele possa se socializar e<br />
adquirir capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se colocar frente à socieda<strong>de</strong>.<br />
“Essa tarefa é das mais complexas. Tratase<br />
<strong>de</strong> um processo social, e não da tarefa <strong>de</strong><br />
um estabelecimento só. Envolve a socieda<strong>de</strong> e,<br />
especialmente, a família”, completou. Reforçou<br />
ainda a relevância da formação <strong>de</strong> quem está em<br />
contato direto com o educando. “A escolarida<strong>de</strong><br />
e o <strong>de</strong>sempenho dos estudantes estão ligados<br />
à escolarida<strong>de</strong> dos professores e das mães dos<br />
educandos”, alertou.<br />
Haddad também propôs que não existe diferença<br />
entre investir no Ensino Básico ou em<br />
qualquer outra etapa do processo educacio<strong>na</strong>l.<br />
“Você não segmenta a <strong>educação</strong>. Ou você faz<br />
com que a socieda<strong>de</strong> tenha uma imersão no<br />
processo educacio<strong>na</strong>l no seu con<strong>ju</strong>nto, ou não<br />
consegue os efeitos imagi<strong>na</strong>dos”, pon<strong>de</strong>rou. O<br />
conferencista lembrou que houve avanços nos<br />
investimentos brasileiros em <strong>educação</strong>, e disse<br />
que o Brasil, no século passado, investia 2,5% do<br />
PIB em <strong>educação</strong>. Hoje, são investidos 5%. Res-<br />
Ceciliany Alves, maria figueiredo-Cowen,<br />
jason beech e fer<strong>na</strong>ndo haddad<br />
22 | brasil marista<br />
saltou que <strong>de</strong>mos passos positivos nos últimos<br />
anos no sentido <strong>de</strong> levar <strong>educação</strong> ao campo e<br />
a regiões remotas, e nos centros urbanos houve<br />
diminuição das distâncias entre as escolas, com<br />
a abertura <strong>de</strong> um maior número <strong>de</strong> estabelecimentos.<br />
A eficácia dos testes<br />
<strong>de</strong> avaliação<br />
Um dos temas mais polêmicos da realida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l<br />
brasileira – os testes padronizados <strong>de</strong><br />
avaliação <strong>de</strong> estudantes – também mereceu <strong>de</strong>staque.<br />
Segundo Haddad, a implantação <strong>de</strong>ssa<br />
metodologia foi uma forma <strong>de</strong> trazer o aprendizado<br />
para o centro da atenção das escolas, pois os<br />
estabelecimentos <strong>de</strong> ensino estavam estag<strong>na</strong>dos<br />
e sendo percebidos como espaços assistenciais<br />
e não <strong>de</strong> aprendizagem. “Isso estava ganhando<br />
muito corpo”, afirmou. Entretanto, Haddad reconhece<br />
que po<strong>de</strong>mos formar uma pessoa com<br />
<strong>de</strong>streza em Matemática e Língua Portuguesa e<br />
que seja um péssimo cidadão. Nesse sentido, ele<br />
pontuou que, ainda que consi<strong>de</strong>re a importância<br />
dos testes, uma escola <strong>de</strong>ve ir muito além <strong>de</strong>ssas<br />
habilida<strong>de</strong>s em matérias específicas.<br />
Para a congressista Simone Valéria da Cruz,<br />
diretora da Escola <strong>de</strong> Ensino Fundamental<br />
Municipal Oswaldo Pires, em Riversul (SP), os<br />
testes educacio<strong>na</strong>is, como o Enem, são pertinentes.<br />
“Acredito que os testes são válidos, pois<br />
mostram para a comunida<strong>de</strong> a qualida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l<br />
da escola e para os gestores o que po<strong>de</strong><br />
ser melhorado. Mas não <strong>de</strong>vem ser a ferramenta<br />
principal para se medir a excelência educacio<strong>na</strong>l<br />
da instituição”, afirmou.<br />
Ao fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> sua exposição, Haddad admitiu que<br />
temos ainda muito a avançar <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong><br />
em termos <strong>de</strong> <strong>educação</strong>. Mas ele acredita que já<br />
<strong>de</strong>mos os primeiros passos e estamos, inclusive,<br />
mais próximos <strong>de</strong> outros países da região nessa<br />
luta. Para ele, o século XXI não vai ser <strong>na</strong>da<br />
parecido com o século XX: “Há um <strong>de</strong>spertar<br />
muito marcante não só com o compromisso orçamentário,<br />
mas como compromisso com a <strong>educação</strong>.<br />
Não consigo ver a classe política brasileira<br />
voltando as costas para a <strong>educação</strong> como fez no<br />
século passado”, fi<strong>na</strong>lizou.
graNDEs CONfErêNCias<br />
tEcnologias EmErgEntEs E Educação: concEPçõEs E imPactos<br />
a intEgração EntrE ambiEntEs<br />
físicos e digitais<br />
<strong>na</strong> Escola<br />
“O educador precisa ir ao encontro dos estudantes. Conhecer o que<br />
é importante para eles, <strong>de</strong>senvolvendo planos <strong>de</strong> aulas que façam<br />
sentido para os educandos e que estejam ligados<br />
a projetos <strong>de</strong> vida.” José Manuel Moran<br />
brasil marista | 23
Em tempos <strong>de</strong> Internet e tecnologias móveis,<br />
vivemos conectados o tempo todo. É impossível<br />
imagi<strong>na</strong>rmos nossas vidas sem esses recursos<br />
que, <strong>de</strong> fato, facilitam as tarefas cotidia<strong>na</strong>s, mas,<br />
ao mesmo tempo, vêm provocando mudanças<br />
profundas <strong>na</strong> forma como nos relacio<strong>na</strong>mos e<br />
nos comunicamos com as pessoas e com o mundo.<br />
Essa nova era também chegou às escolas<br />
e tem sido um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para gestores,<br />
educadores, pais e estudantes, no sentido <strong>de</strong><br />
transformar essas soluções <strong>na</strong>s melhores práticas<br />
pedagógicas.<br />
Para discutir os impactos das novas tecnologias<br />
em sala <strong>de</strong> aula, o 4º Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />
contou com uma presença ilustre: Dr. José<br />
Manuel Moran, diretor <strong>de</strong> Educação a Distância<br />
da Universida<strong>de</strong> Anhanguera-Uni<strong>de</strong>rp, doutor<br />
em Ciências da Comunicação pela Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo e professor aposentado <strong>de</strong> Novas<br />
Tecnologias <strong>na</strong> Escola <strong>de</strong> Comunicações e Artes<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Moran iniciou sua palestra explicando que os<br />
estudantes <strong>de</strong> hoje são os chamados <strong>na</strong>tivos<br />
digitais, ou seja, <strong>na</strong>sceram em uma época em<br />
que a tecnologia já faz parte do dia a dia dos<br />
jovens <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância. O conferencista lembrou<br />
que o crescimento da Internet aconteceu<br />
no fi<strong>na</strong>l da década <strong>de</strong> 1990. Nesse período,<br />
já se começava a pensar como seria a escola<br />
do futuro <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa nova realida<strong>de</strong> que<br />
surgia.<br />
“O que percebemos é que muitas soluções, como<br />
os robôs, tablets, smartphones, iPhones etc., que<br />
vislumbrávamos <strong>na</strong>quela época como tendência,<br />
se consolidaram nos dias <strong>de</strong> hoje. Por outro<br />
lado, as escolas e universida<strong>de</strong>s ainda enfrentam<br />
dificulda<strong>de</strong>s para introduzir as novas tecnologias<br />
<strong>na</strong> prática educacio<strong>na</strong>l. O educador tem um<br />
<strong>de</strong>safio enorme, pois precisa, cada vez mais, se<br />
preparar para atuar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse contexto complexo”,<br />
avaliou.<br />
Mas esse processo, segundo o conferencista,<br />
<strong>de</strong>ve ocorrer <strong>de</strong>vagar, a fim <strong>de</strong> se evitar impactos<br />
negativos no aprendizado escolar. “Não é possível<br />
simplesmente abando<strong>na</strong>r um mo<strong>de</strong>lo arraigado<br />
há anos para se adotar uma nova prática<br />
repenti<strong>na</strong>mente. Apesar dos avanços, a escola<br />
ainda não tem condições <strong>de</strong> absorver esse novo<br />
mo<strong>de</strong>lo rapidamente”, enfatizou.<br />
24 | brasil marista<br />
Educação humanista<br />
Na visão do conferencista, em tempos <strong>de</strong> Internet,<br />
é necessário se <strong>de</strong>senvolver uma <strong>educação</strong><br />
humanista inovadora, que contemple a utilização<br />
cada vez maior <strong>de</strong> tecnologias, mas sem<br />
nunca abando<strong>na</strong>r a figura do professor. “O ato<br />
<strong>de</strong> ensi<strong>na</strong>r jamais será realizado por robôs. É um<br />
processo humano em que a fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> é a<strong>ju</strong>dar<br />
os indivíduos a se <strong>de</strong>senvolver em todas as dimensões:<br />
ética, política, emocio<strong>na</strong>l etc.”, ressaltou<br />
o palestrante.<br />
Por outro lado, Moran lembrou que com a Internet<br />
e outros meios <strong>de</strong> atualização digitais, o<br />
professor <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o único informante do<br />
conteúdo programado para a sala <strong>de</strong> aula. E isso<br />
impacta a relação <strong>de</strong> educadores e educandos.<br />
Para a participante Magali Covatti, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora<br />
pedagógica do Colégio Marista Conceição<br />
<strong>de</strong> Passo Fundo (RS), Província Marista do Rio<br />
Gran<strong>de</strong> do Sul, também é certo que a tecnologia<br />
nunca ocupará o espaço do professor como<br />
educador: “Mas ela é necessária e indispensável<br />
hoje <strong>na</strong> sala <strong>de</strong> aula. O aluno hoje já <strong>na</strong>sce convivendo<br />
com essa tecnologia. E indispensável que<br />
tenha o suporte da escola para usufruir <strong>de</strong>ssa<br />
habilida<strong>de</strong> tecnológica. Mas, o professor, muitas<br />
vezes, acaba repelindo isso por não domi<strong>na</strong>r a<br />
tecnologia”.<br />
Essa também é a opinião da congressista Heliane<br />
Concesso, vice-diretora da Escola Marista <strong>de</strong><br />
Palmas, Província Marista Brasil Centro-Norte.<br />
Para ela, o professor jamais per<strong>de</strong>rá sua função.<br />
“A tecnologia veio para ficar. O segredo é começar<br />
passo a passo, i<strong>de</strong>ntificando possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> se introduzir esses recursos <strong>na</strong> escola. O professor<br />
precisa se apropriar <strong>de</strong>sse conhecimento,<br />
que, sem dúvida, será um gran<strong>de</strong> aliado em sua<br />
prática diária”, a<strong>na</strong>lisou.<br />
Alinhado a esse pensamento, Moran acredita<br />
que o mundo digital é um ambiente que amplia<br />
as possibilida<strong>de</strong>s <strong>na</strong> <strong>educação</strong>. Entretanto, muitas<br />
instituições confi<strong>na</strong>m essas tecnologias em<br />
alguns espaços, como laboratórios, biblioteca<br />
etc., criando locais formais <strong>de</strong> aprendizagem.<br />
Outras, em contrapartida, utilizam os ambientes<br />
virtuais para complementar o que se dá em sala<br />
<strong>de</strong> aula.
“Os próprios estudantes já<br />
portam tablets, smartphones<br />
etc. A pressão está em estabelecer<br />
formas <strong>de</strong> acesso para<br />
que os educandos possam interagir<br />
com essas tecnologias.<br />
E o professor, muitas vezes,<br />
acaba per<strong>de</strong>ndo o controle do<br />
conteúdo. Portanto, fica claro<br />
que não po<strong>de</strong>mos continuar<br />
ensi<strong>na</strong>ndo e apren<strong>de</strong>ndo<br />
em um só espaço, em tempos<br />
pre<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos e da forma<br />
convencio<strong>na</strong>l. A gran<strong>de</strong><br />
trincheira é como integrar as<br />
ativida<strong>de</strong>s nos espaços e tempos formais, aliando<br />
os recursos presenciais aos virtuais”, avaliou<br />
ele.<br />
josé manuel moran<br />
De acordo com Moran, existem escolas que estão<br />
bem à frente e são inovadoras no uso <strong>de</strong> tecnologias.<br />
Nesse aspecto, ele citou a adoção das aulas<br />
invertidas, ou seja, uma tendência em algumas<br />
instituições, que consiste em habituar o estudante<br />
a utilizar os meios digitais para se informar<br />
antes da aula sobre o conteúdo que será tratado.<br />
Dessa forma, o professor discute em sala as dúvidas<br />
e consegue se aprofundar em outros pontos<br />
importantes, fomentando o <strong>de</strong>bate.<br />
“Essa metodologia <strong>na</strong>da mais é do que criar<br />
interligação entre ambientes físicos e digitais. O<br />
educador precisa ir ao encontro dos estudantes.<br />
Conhecer o que é importante para eles, <strong>de</strong>senvolvendo<br />
planos <strong>de</strong> aulas que façam sentido para<br />
os educandos e que estejam ligados a projetos<br />
<strong>de</strong> vida. É preciso usar metodologias em sala <strong>de</strong><br />
aula que estimulem a pesquisa. Por que não, por<br />
exemplo, criar uma ativida<strong>de</strong> com os estudantes<br />
usando o Facebook?”, questionou Moran.<br />
César Augusto Ribeiro, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor <strong>de</strong> Pastoral<br />
do Colégio Marista <strong>de</strong> Maringá (PR), Grupo<br />
Marista, e um dos presentes à palestra, faz uso<br />
das tecnologias nos projetos com os estudantes.<br />
“Já adotamos, por exemplo, o Facebook para algumas<br />
ativida<strong>de</strong>s com resultados muito bons. O<br />
fato é que, mesmo com os avanços tecnológicos,<br />
gestores e educadores não <strong>de</strong>vem abando<strong>na</strong>r a<br />
proposta <strong>de</strong> uma <strong>educação</strong> mais humanista, que<br />
vise o <strong>de</strong>senvolvimento integral do ser humano”,<br />
ressaltou.<br />
A escola do futuro<br />
Para o conferencista, o futuro si<strong>na</strong>liza<br />
para o uso intensivo das tecnologias<br />
<strong>na</strong>s escolas. As instituições terão <strong>de</strong><br />
organizar seus mo<strong>de</strong>los pedagógicos,<br />
incluindo os recursos tecnológicos. Ele<br />
também vislumbra a utilização cada<br />
vez mais forte <strong>de</strong> jogos e aplicativos,<br />
principalmente <strong>na</strong> <strong>educação</strong> infantil.<br />
“Não é preciso temer esses novos tempos.<br />
Mesmo que o estudante já venha<br />
para a sala <strong>de</strong> aula com conhecimento<br />
a respeito <strong>de</strong> vários assuntos <strong>de</strong>vido ao<br />
acesso ao ambiente digital, o diferencial estará<br />
sempre no professor. Daí a importância <strong>de</strong> termos<br />
educadores mais abertos, humanos e dispostos<br />
a <strong>de</strong>sbravar esse novo campo”, <strong>de</strong>stacou<br />
o palestrante.<br />
Na visão da congressista Tania Regi<strong>na</strong> Damásio,<br />
professora do Colégio Marista São José da Barra,<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Província Marista Brasil Centro-Norte,<br />
a palestra foi um convite à reflexão.<br />
“Estou repensando as minhas práticas pedagógicas.<br />
Vejo que o principal <strong>de</strong>safio é trabalhar<br />
com essas tecnologias <strong>de</strong> uma maneira integrada<br />
à roti<strong>na</strong> da sala <strong>de</strong> aula”, relatou.<br />
Já para Eveline Morelli Lima, diretora do Colégio<br />
Marista Nossa Senhora da Penha, <strong>de</strong> Vila Velha<br />
(ES), Província Marista Brasil Centro-Norte, a<br />
palestra abordou um assunto que envolve todos<br />
os educadores. “Precisamos estar atualizados e<br />
nos <strong>de</strong>spir <strong>de</strong> toda e qualquer forma <strong>de</strong> temor.<br />
E como disse o próprio professor Moran, os estudantes<br />
vão nos ensi<strong>na</strong>r isso, eles serão nossos<br />
mestres”, <strong>de</strong>clarou.<br />
O que mais chamou atenção <strong>de</strong> Iva<strong>na</strong> Suski<br />
Vicentin, orientadora educacio<strong>na</strong>l do Colégio<br />
Nossa Senhora Medianeira – Congregação dos<br />
Jesuítas, <strong>de</strong> Curitiba (PR), Grupo Marista, é que<br />
a escola não precisa <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> trabalhar os aspectos<br />
formais, mas po<strong>de</strong> ampliar esses espaços da<br />
sala <strong>de</strong> aula, procurando integrar os ambientes<br />
físicos aos virtuais. “Para que isso ocorra, o professor<br />
precisa se apropriar das novas tecnologias.<br />
As próprias instituições <strong>de</strong>vem pensar em<br />
espaços e momentos para preparar o professor”,<br />
sugeriu.<br />
brasil marista | 25
graNDEs CONfErêNCias<br />
cultura como PrincíPio Educativo<br />
os caminhos Para a<br />
valorização dacultura<br />
<strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />
Os brasileiros conhecem os gran<strong>de</strong>s filósofos<br />
estrangeiros, bem como a música <strong>de</strong> outros países,<br />
mas <strong>de</strong>sconhecem o que existe <strong>de</strong> melhor no Brasil.<br />
26 | brasil marista<br />
Ariano suassu<strong>na</strong>
Uma das mais esperadas palestras do Congresso<br />
foi protagonizada pelo escritor, dramaturgo e<br />
poeta paraibano Ariano Suassu<strong>na</strong>, e reservada<br />
para o último dia do evento. Ferrenho <strong>de</strong>fensor<br />
da cultura genui<strong>na</strong>mente brasileira, Suassu<strong>na</strong><br />
brindou a todos com sua irreverência e espontaneida<strong>de</strong>.<br />
Em muitas ocasiões, aplaudido <strong>de</strong><br />
pé pelo púbico, arrancou risos da plateia com<br />
comentários bem-humorados e performances<br />
inusitadas – em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do momento, numa<br />
análise singular das manifestações culturais<br />
estrangeiras, o escritor chegou a se levantar da<br />
ca<strong>de</strong>ira e se arriscou, com muita maestria, numa<br />
imitação <strong>de</strong> um toureiro.<br />
Com 85 anos, completados recentemente, e uma<br />
memória extraordinária, Suassu<strong>na</strong> iniciou sua<br />
aula-espetáculo encantando o público com a<br />
<strong>de</strong>clamação <strong>de</strong> uma poesia <strong>de</strong> Camões, <strong>de</strong> quem<br />
confessou ser fã. O escritor, que já foi secretário<br />
<strong>de</strong> Cultura do Estado <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco, tem uma<br />
vida intensa. Membro das Aca<strong>de</strong>mias Brasileira,<br />
Per<strong>na</strong>mbuca<strong>na</strong> e Paraiba<strong>na</strong> <strong>de</strong> Letras, foi indicado<br />
ao Prêmio Nobel <strong>de</strong> Literatura 2012, para<br />
apreciação da Aca<strong>de</strong>mia Sueca como candidato<br />
do Brasil.<br />
Hoje, empenha-se em buscar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da<br />
cultura brasileira, com suas matrizes indíge<strong>na</strong>,<br />
portuguesa e africa<strong>na</strong>, por meio da música e da<br />
dança. Para isso, o autor <strong>de</strong> obras célebres, como<br />
o Auto da Compa<strong>de</strong>cida e o romance A pedra do Reino,<br />
<strong>de</strong>dica-se, entre outras ativida<strong>de</strong>s, a divulgar<br />
o projeto <strong>de</strong> sua autoria, batizado <strong>de</strong> A Onça<br />
Malhada, a Favela e o Arraial, uma iniciativa que<br />
visa levar para todo o Estado <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco as<br />
palestras que fasci<strong>na</strong>m os brasileiros. A proposta<br />
é convidar o povo a assistir, embaixo <strong>de</strong> uma<br />
lo<strong>na</strong> <strong>de</strong> circo, apresentações com bailarinos e<br />
músicos.<br />
Durante a sua conferência, intitulada Raízes Populares<br />
da Cultura Brasileira, o escritor explicou<br />
que a Onça Malhada é uma “metáfora da <strong>na</strong>ção,<br />
tão mesclada <strong>de</strong> cores e etnias, que representa a<br />
força e a diversida<strong>de</strong> da cultura brasileira”.<br />
Suassu<strong>na</strong>, que é um dos principais incentivadores<br />
do Movimento Armorial, iniciativa artística<br />
com objetivo <strong>de</strong> criar arte erudita a partir <strong>de</strong><br />
elementos da cultura popular nor<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>, fez<br />
críticas ao que chama <strong>de</strong> “uma arte <strong>de</strong> baixa<br />
qualida<strong>de</strong>”. “É um absurdo que um músico <strong>de</strong><br />
primeira linha, como Antonio Madureira [referindo-se<br />
ao violinista e compositor nor<strong>de</strong>stino,<br />
que há décadas vem atuando para dissemi<strong>na</strong>ção<br />
do Movimento Armorial <strong>na</strong> região], não seja valorizado,<br />
enquanto que os brasileiros admiram<br />
e consomem canções como as da cantora norteamerica<strong>na</strong><br />
Lady Gaga e da Banda Calypso”,<br />
reclamou.<br />
O escritor, que se orgulha <strong>de</strong> não usar o computador<br />
e fazer tudo à mão, também criticou a<br />
Internet. “Nunca <strong>na</strong>veguei pela Internet. Não<br />
há como chegar à boa arte pelo computador.<br />
A boa arte exige <strong>de</strong>dicação e olhar exclusivo”,<br />
alfinetou.<br />
Para mostrar o preconceito que existe com a arte<br />
indíge<strong>na</strong>, o conferencista apresentou um sli<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
um cartaz <strong>de</strong> uma exposição <strong>de</strong> 1979, realizada<br />
no Museu <strong>de</strong> Arte <strong>de</strong> São Paulo, em que estava<br />
escrito Arte no Brasil - Uma História <strong>de</strong> Cinco<br />
Séculos. “Como po<strong>de</strong>mos mostrar cinco séculos<br />
<strong>de</strong> arte no Brasil sem contemplar a cultura indíge<strong>na</strong>,<br />
com seu rico conteúdo artístico?”, questionou<br />
o palestrante, referindo-se à ausência <strong>de</strong><br />
manifestações artísticas indíge<strong>na</strong>s <strong>na</strong> exposição<br />
mencio<strong>na</strong>da.<br />
De acordo com ele, os brasileiros conhecem<br />
os gran<strong>de</strong>s filósofos estrangeiros, bem como a<br />
música <strong>de</strong> outras <strong>na</strong>ções, mas <strong>de</strong>sconhecem o<br />
que existe <strong>de</strong> melhor no País. “Não sou hostil a<br />
outras culturas, mas só não posso admitir apresentarmos<br />
ao povo brasileiro uma arte <strong>de</strong> baixa<br />
qualida<strong>de</strong>, com toda a riqueza que temos por<br />
aqui”, proclamou o escritor.<br />
Suassu<strong>na</strong> ainda exibiu um ví<strong>de</strong>o aos congressistas,<br />
chamado Toré, que mostrou um balé<br />
inspirado em um ritual indíge<strong>na</strong> e fascinou os<br />
presentes pela beleza da performance e riqueza<br />
<strong>de</strong> conteúdo. “Viram como é possível apresentar<br />
alter<strong>na</strong>tivas para essa música americanizada e<br />
<strong>de</strong> quinta categoria que faz sucesso hoje no País?<br />
A boa arte nunca envelhece. Já o sucesso é efêmero”,<br />
<strong>de</strong>clarou.<br />
Professor tem <strong>de</strong> ser criativo<br />
Ao discorrer sobre a cultura como princípio<br />
educativo, Suassu<strong>na</strong>, que também foi professor,<br />
disse que todo educador precisa ter um pouco<br />
brasil marista | 27
Ariano suassu<strong>na</strong><br />
<strong>de</strong> ator. Para ele, não existe arte voltada à sala <strong>de</strong><br />
aula. “Arte que é arte procura a beleza, ensi<strong>na</strong> e<br />
educa por si só”, explicou.<br />
Por outro lado, <strong>na</strong> opinião <strong>de</strong> Suassua<strong>na</strong>, o educador<br />
precisa ser criativo, utilizando elementos<br />
que possam facilitar o aprendizado e atrair o<br />
interesse dos estudantes. O conferencista ainda<br />
ressaltou a importância da leitura para a formação<br />
dos jovens.<br />
“Aprendi a ler antes dos sete anos. Quando<br />
menino, o que me interessava eram o circo e a<br />
leitura. Mas vejo que os jovens <strong>de</strong> hoje afirmam,<br />
sem qualquer constrangimento, que não gostam<br />
<strong>de</strong> ler. Tenho pe<strong>na</strong> da <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong> que está abando<strong>na</strong>ndo<br />
os livros. A pessoa que gosta <strong>de</strong> ler não<br />
morre sozinha, porque o livro é um companheiro<br />
para o resto da vida”, <strong>de</strong>stacou.<br />
Mesmo em meio a toda <strong>de</strong>fesa que faz da cultura<br />
brasileira, Suassu<strong>na</strong> acredita que a arte não <strong>de</strong>ve<br />
ser imposta. “Infelizmente, a mídia só divulga o<br />
que está <strong>na</strong> moda, e não apresenta alter<strong>na</strong>tivas<br />
para as pessoas escolherem o que mais gostam.<br />
O povo <strong>de</strong>ve ter liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha. E digo<br />
mais: que <strong>de</strong>mocracia é essa em que as coisas são<br />
impostas pelo gosto médio, que é o mais puro<br />
exemplo <strong>de</strong> mau gosto?”, questionou.<br />
Terminou sua palestra aplaudido <strong>de</strong> pé. Sem<br />
dúvida, um momento único que <strong>de</strong>spertou nos<br />
gestores e educadores o interesse em ampliar o<br />
28 | brasil marista<br />
olhar sobre o rico patrimônio cultural brasileiro<br />
e buscar novas maneiras para se utilizar a arte <strong>na</strong><br />
sala <strong>de</strong> aula.<br />
“A arte <strong>na</strong> <strong>educação</strong> é fundamental. O que o<br />
Ariano está nos propondo é que haja uma valorização<br />
da nossa cultura. E vejo isso <strong>de</strong> forma<br />
<strong>na</strong>tural. Algumas vezes, faço interpretações em<br />
sala <strong>de</strong> aula e crio vozes <strong>de</strong> perso<strong>na</strong>gens para<br />
certas fórmulas, por exemplo. Além disso, tenho<br />
um amigo imaginário, o Joe, que <strong>de</strong>senho <strong>na</strong><br />
lousa, e ele conversa com os estudantes. Acredito<br />
que algo mais lúdico, em meio a tanta teoria,<br />
é muito importante, já que aumenta a atenção<br />
e melhora o rendimento <strong>de</strong> cada um”, revelou<br />
André Macul, professor <strong>de</strong> Ciências do Colégio<br />
Marista da Glória, <strong>de</strong> São Paulo, do Grupo Marista.<br />
Ligia Ca<strong>de</strong>matori, doutora em Teoria da Literatura,<br />
além <strong>de</strong> autora e tradutora <strong>de</strong> clássicos pela<br />
Editora FTD, acredita que <strong>educação</strong> é inseparável<br />
do conceito <strong>de</strong> cultura. “Entendo a <strong>educação</strong><br />
como uma apropriação da cultura. Portanto, não<br />
é uma questão <strong>de</strong> influência, é mais uma questão<br />
<strong>de</strong> acesso à cultura, afi<strong>na</strong>l, é ela que norteia, ou<br />
<strong>de</strong>veria nortear, a <strong>educação</strong>. Eu me entusiasmei<br />
muito com a palestra <strong>de</strong> Ariano, mas tenho uma<br />
concepção distinta da <strong>de</strong>le. Acredito que as culturas<br />
se entrecruzam. Por isso, não há a nossa<br />
cultura. Penso que as culturas dos diferentes<br />
países se incluem, e não se excluem. No entanto,<br />
a figura <strong>de</strong>le, brilhantemente ‘Quixotesca’,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a nossa arte periférica, sempre me<br />
emocio<strong>na</strong>”, complementou.<br />
Outra congressista, Maria Betania Leal, professora<br />
do Colégio Marista Pio XII, <strong>de</strong> Serubim (PE),<br />
Província Marista Brasil Centro-Norte, também<br />
é da opinião <strong>de</strong> que a arte <strong>de</strong>ve fazer parte do<br />
contexto escolar. “A arte a<strong>ju</strong>da <strong>na</strong> formação do<br />
cidadão e <strong>na</strong> construção do senso crítico. Os<br />
educadores precisam encontrar uma maneira <strong>de</strong><br />
inserir essa cultura brasileira <strong>de</strong> uma forma que<br />
os estudantes se interessem e se aprofun<strong>de</strong>m<br />
no assunto. Para isso, às vezes, peque<strong>na</strong>s ações<br />
são suficientes. O diferencial é factível. Ou seja,<br />
po<strong>de</strong>mos contribuir para a transformação da <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong><br />
e da socieda<strong>de</strong>. Nesse aspecto, concordo<br />
que o professor precisa usar <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong><br />
para utilizar a arte conforme a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />
estudante”, avaliou.
fórUNs tEmátiCOs<br />
currículo, Escola E sociEdadE<br />
o c u r r í c u l o c o m o<br />
FErramEnta Para<br />
re<strong>de</strong>mocratização<br />
da escola<br />
A escola hoje enfrenta novos <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>correntes dos<br />
progressos científicos e tecnológicos e da emergência<br />
<strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> comunicação e produção, por isso<br />
precisa promover uma construção participada com<br />
compromisso <strong>de</strong> todos os atores envolvidos.<br />
brasil marista | 29
Promover o <strong>de</strong>bate em torno do currículo escolar<br />
como ferramenta <strong>de</strong> composição dos processos<br />
educativos frente aos <strong>de</strong>safios da multidiscipli<strong>na</strong>rida<strong>de</strong>,<br />
dos mecanismos necessários<br />
à construção do sujeito e dos conhecimentos<br />
científicos, econômicos, tecnológicos e políticos<br />
da socieda<strong>de</strong> contemporânea. Esse foi o objetivo<br />
dos fóruns da edição inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do 4º Congresso<br />
Marista <strong>de</strong> Educação, que abordaram o<br />
tema Currículo, Escola e Socieda<strong>de</strong>.<br />
A escola hoje enfrenta novos <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>correntes<br />
dos progressos científicos e tecnológicos e da<br />
emergência <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> comunicação e<br />
produção, por isso precisa promover uma construção<br />
participada com compromisso <strong>de</strong> todos<br />
os atores envolvidos. Durante as palestras, os<br />
painelistas ressaltaram a urgência da participação<br />
intensa dos educadores nesse âmbito, a<br />
fim <strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r as propostas das políticas<br />
educacio<strong>na</strong>is que chegam às escolas por meio do<br />
currículo escolar.<br />
José Carlos Morgado, doutor em Educação, especialista<br />
em Desenvolvimento Curricular pela<br />
Universida<strong>de</strong> do Minho, <strong>de</strong> Portugal, além <strong>de</strong><br />
docente no Departamento <strong>de</strong> Estudos Curriculares<br />
e Tecnologia Educativa do Instituto <strong>de</strong><br />
Educação da Universida<strong>de</strong> do Minho, membro<br />
do Conselho Científico e Diretor-Ad<strong>ju</strong>nto dos<br />
Cursos <strong>de</strong> Doutoramento em Ciências da Educação<br />
do mesmo Instituto, foi um dos palestrantes,<br />
cuja apresentação versou sobre o tema Democratizar<br />
a Escola através do Currículo, em que expôs a<br />
realida<strong>de</strong> portuguesa nessa área.<br />
“Embora minha palestra esteja focada <strong>na</strong> experiência<br />
lusita<strong>na</strong>, acredito que os professores do<br />
Brasil também enfrentam dificulda<strong>de</strong>s semelhantes<br />
em relação à criação <strong>de</strong> um currículo<br />
<strong>de</strong>mocrático, que garanta uma escola para todos.<br />
Re<strong>de</strong>mocratizar o currículo remete-nos à<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> repensar a instituição <strong>de</strong> ensino,<br />
a<strong>na</strong>lisando os processos <strong>de</strong> mudanças e i<strong>de</strong>alizando<br />
alter<strong>na</strong>tivas para se criar sistemas educativos<br />
que estejam alinhados às necessida<strong>de</strong>s do<br />
jovem <strong>de</strong> hoje. E isso se reflete no trabalho dos<br />
educadores”, comentou ele.<br />
Para Morgado, a escola vive um dilema. De um<br />
lado, continua sendo o “centro das atenções”<br />
por ser um espaço para a formação <strong>de</strong> cidadãos.<br />
Por outro, recebe críticas por ser incapaz<br />
30 | brasil marista<br />
<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as mudanças que foi sofrendo<br />
ao longo dos anos. “A escola não é mais aquela<br />
instituição <strong>de</strong> referência, como era qualificada<br />
antigamente. A escola se massificou, mas não se<br />
<strong>de</strong>mocratizou.”, comentou.<br />
O estudo como escolha<br />
Outra dificulda<strong>de</strong> do atual mo<strong>de</strong>lo educacio<strong>na</strong>l,<br />
segundo o painelista, é fazer os jovens perceberem<br />
o porquê da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> frequentar a<br />
escola. Diante disso, <strong>na</strong> opinião do especialista,<br />
a <strong>de</strong>mocratização do currículo <strong>de</strong>ve ocorrer no<br />
sentido <strong>de</strong> garantir que a opção pelo estudo seja<br />
realmente uma escolha e não um <strong>de</strong>stino para os<br />
educandos.<br />
“A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratizar a escola<br />
implica permitir que o estudante <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> reproduzir<br />
meramente o que ouve para ter um aprendizado<br />
pautado no saber”, ressaltou. Segundo o<br />
palestrante, um currículo é <strong>de</strong>mocrático quando<br />
o ensino está focado <strong>na</strong> condição huma<strong>na</strong> e o<br />
estudante passa a ser centro <strong>de</strong> toda ação educativa.<br />
Angela Naves, gestora em pedagogia do Colégio<br />
Marista <strong>de</strong> Goiânia (GO), do Grupo Marista,<br />
concorda com tal afirmação. Para ela, a palestra<br />
trouxe um panorama do cenário educacio<strong>na</strong>l<br />
português que cabe muito bem à realida<strong>de</strong> brasileira.<br />
josé Carlos morgado
“Ao mesmo tempo em que sabemos que precisamos<br />
contribuir para a construção <strong>de</strong> um ser<br />
humanizado, temos uma dificulda<strong>de</strong> cultural,<br />
porque a excelência ainda é medida por vestibulares<br />
e testes, como o Enem (Exame Nacio<strong>na</strong>l<br />
do Ensino Médio), que não são amplos em suas<br />
métricas. O <strong>de</strong>safio é <strong>ju</strong>stamente encontrar uma<br />
forma <strong>de</strong> criar seres humanos melhores, mas<br />
sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado a excelência acadêmica. Para<br />
isso, são necessárias a construção <strong>de</strong>mocrática<br />
do currículo e a participação <strong>de</strong> todos os envolvidos,<br />
sejam eles estudantes, professores, gestores,<br />
pais e socieda<strong>de</strong>”, a<strong>na</strong>lisou Angela.<br />
Em outro momento do Fórum, Jacqueline Gysling,<br />
investigadora da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Los<br />
lagos e docente do Departamento <strong>de</strong> Estudos<br />
Pedagógicos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chile, falou<br />
sobre os <strong>de</strong>safios <strong>na</strong> implementação do currículo<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l chileno. A apresentação problematizou<br />
o <strong>de</strong>senho curricular <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l a partir da experiência<br />
<strong>de</strong>senvolvida pelo Ministério da Educação<br />
do Chile <strong>na</strong>s últimas duas décadas, começando<br />
por refletir sobre as razões que <strong>ju</strong>stificaram a<br />
existência <strong>de</strong> um currículo centralizado e sobre<br />
as características que <strong>de</strong>veriam ter para respon<strong>de</strong>r<br />
à diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s escolares<br />
existentes.<br />
No segundo dia do Fórum “Currículo, Escola e<br />
Socieda<strong>de</strong>”, Julio Groppa Aquino, mestre e doutor<br />
em Psicologia Escolar pelo Instituto <strong>de</strong> Psico-<br />
Isabel Azevedo e josé Carlos morgado<br />
logia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, pós-doutor<br />
pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barcelo<strong>na</strong> e pesquisador<br />
do CNPq, ministrou a palestra “A crise da Educação<br />
Formal versus o fulgor dos processos <strong>de</strong><br />
gover<strong>na</strong>mentalização educacio<strong>na</strong>l”.<br />
Dando prosseguimento ao fórum, Marlucy Alves<br />
Paraíso – professora da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação<br />
da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mi<strong>na</strong>s Gerais<br />
e do Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Educação<br />
da mesma universida<strong>de</strong> – falou sobre o currículo<br />
escolar <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong> e suas funções <strong>de</strong><br />
ensino e aprendizagem.<br />
De acordo com Marlucy, há o <strong>de</strong>safio e objetivo<br />
<strong>de</strong> pensar possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um currículo<br />
que apren<strong>de</strong> e ensi<strong>na</strong>. Para ela, o currículo,<br />
atualmente, está em seu ápice e é um objeto <strong>de</strong><br />
disputa. Para se viver e apren<strong>de</strong>r, a estratégia é<br />
<strong>de</strong>sapren<strong>de</strong>r, fugindo <strong>de</strong> práticas que regulam e<br />
da ânsia por ensi<strong>na</strong>r tudo a todos. Essas possibilida<strong>de</strong>s<br />
po<strong>de</strong>m ser mobilizadas ao nos <strong>de</strong>sfazermos<br />
<strong>de</strong> um raciocínio que separa e hierarquiza<br />
crianças.<br />
“O currículo transmite culturas, valores, modos<br />
<strong>de</strong> ser, estar e viver e é território no qual se po<strong>de</strong><br />
apren<strong>de</strong>r. Para isto, é necessário se abrir à experiência<br />
com o outro, e com qualquer coisa que<br />
<strong>de</strong>sperte o <strong>de</strong>sejo. Quando você <strong>de</strong>seja, você estabelece<br />
conexões que lhe permitirão apren<strong>de</strong>r”,<br />
enfatiza Marlucy.<br />
brasil marista | 31
fórUNs tEmátiCOs<br />
gEstão Em Educação<br />
a busca PEla ExcElência<br />
educacio<strong>na</strong>l<br />
“Sabemos que a<br />
boa classificação<br />
no Enem traz<br />
reconhecimento<br />
perante a socieda<strong>de</strong>,<br />
mas a escola é<br />
muito mais do<br />
que um resultado<br />
acadêmico.” Maria<br />
Elisa Pen<strong>na</strong> Firme<br />
32 | brasil marista<br />
jaqueline <strong>de</strong> jesus, Re<strong>na</strong>to <strong>ju</strong>dice e maria Elisa pen<strong>na</strong> firme<br />
Como garantir excelência educacio<strong>na</strong>l e uma gestão com foco em<br />
resultados mediante os novos cenários educacio<strong>na</strong>is? Essa foi a<br />
problemática central discutida no Fórum <strong>de</strong> Gestão em Educação<br />
pelos palestrantes convidados.<br />
Com a palestra “As características das Escolas Eficazes, conforme<br />
Pesquisas Nacio<strong>na</strong>is e Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is sobre o Efeito Escola”, Re<strong>na</strong>to<br />
Judice, doutor em Educação e representante da Avalia Educacio<strong>na</strong>l<br />
e da Associação Brasileira <strong>de</strong> Avaliação Educacio<strong>na</strong>l (ABAVE),<br />
abordou três gran<strong>de</strong>s temas: o papel das avaliações exter<strong>na</strong>s para a<br />
produção <strong>de</strong> resultados padronizados; uma noção <strong>de</strong> efeito escola<br />
e características <strong>de</strong> escolas eficazes.<br />
Sobre o papel das avaliações exter<strong>na</strong>s, Judice enfatiza que a métrica<br />
única estabelece uma escala <strong>de</strong> proficiência. No entanto, reforça<br />
que a regularida<strong>de</strong> <strong>na</strong> avaliação oportuniza não ape<strong>na</strong>s compa-
ações numéricas, mas principalmente esforços<br />
pedagógicos para estratégias <strong>de</strong> melhoria.<br />
Em relação ao efeito escola, Judice reforça que<br />
escola efetiva é aquela <strong>na</strong> qual os estudantes<br />
progri<strong>de</strong>m além do estimado para o seu grupo.<br />
Isso significa enten<strong>de</strong>r as escolas nos seus respectivos<br />
contextos e <strong>na</strong> sua série histórica.<br />
Judice elencou, ainda, algumas características <strong>de</strong><br />
Escolas Eficazes. Essa teoria afirma, entre outras<br />
premissas, que escolas eficazes possuem uma<br />
direção legitimada em seu saber educacio<strong>na</strong>l,<br />
clareza <strong>de</strong> objetivos, programas bem elaborados,<br />
foco nos ambientes <strong>de</strong> aprendizagem e boa gestão<br />
do tempo. Além disso, investem em recursos<br />
e infraestrutura a<strong>de</strong>quados, organização e gestão<br />
da instituição, clima acadêmico, proporcio<strong>na</strong>ndo<br />
“ambiente <strong>de</strong> aprendizado”, formação e<br />
bons salários e ênfase pedagógica.<br />
Silvio Meira, PHD em computação, professor<br />
titular <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Software da Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco (UFPE) e chief<br />
scientist do www.cesar.org.br, discutiu os cenários<br />
educacio<strong>na</strong>is por meio das tecnologias e do<br />
conhecimento, abordando a mudança <strong>de</strong> cultura<br />
escolar (o apren<strong>de</strong>r e o ensi<strong>na</strong>r) ocasio<strong>na</strong>da por<br />
tecnologias muito avançadas. Silvio aponta que<br />
o processo <strong>de</strong> ensino e aprendizagem passa<br />
pela tecnologia. Já a aprendizagem passa por<br />
fases <strong>de</strong> adquirir, <strong>de</strong>senvolver e modificar os<br />
conhecimentos, comportamentos e habilida<strong>de</strong>s.<br />
“É necessário passar pelo processo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<strong>de</strong>sapren<strong>de</strong>r<br />
para novamente reapren<strong>de</strong>r”. O<br />
que fica claro é que não po<strong>de</strong>mos fugir das tecnologias,<br />
pois elas no futuro domi<strong>na</strong>rão todas<br />
as facetas da vida. Usá-las da melhor maneira<br />
garantirá a subsistência harmônica da vida.<br />
Realizar uma gestão com foco em resultados<br />
pressupõe agregar valor ao serviço oferecido,<br />
ampliando a satisfação dos clientes – no caso,<br />
os pais e os estudantes. Essa foi a abordagem<br />
realizada pelo professor Paulo Emílio Carreiro,<br />
professor e consultor da Fundação Dom Cabral.<br />
Segundo ele, quem <strong>de</strong>fine o valor <strong>de</strong> um produto<br />
ou serviço é o próprio cliente, com base<br />
<strong>na</strong>s próprias experiências e nos benefícios esperados.<br />
As empresas precisam estar atentas às<br />
circunstâncias que afetam o consumo. Carreiro<br />
enfatiza que a maioria das pessoas consomem<br />
movidas pelo <strong>de</strong>sejo e não pela necessida<strong>de</strong> e<br />
valéria<br />
Arcari<br />
muhi<br />
que, <strong>na</strong> área <strong>de</strong> Educação, é importante estar<br />
atendo às circunstâncias que fazem os pais e<br />
alunos optarem por uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da escola,<br />
<strong>de</strong>ntre elas: formação curricular, formação integral<br />
e cidadã. Ele cita que a maior dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
planejamento das empresas é fazê-la com base<br />
<strong>na</strong> experiência do passado e não <strong>na</strong> percepção <strong>de</strong><br />
futuro. “O equilíbrio do planejamento está em<br />
pensar-se à frente, adaptando-se ao futuro. Hoje<br />
há muita similarida<strong>de</strong> entre diferentes empresas<br />
e a diferenciação está diretamente relacio<strong>na</strong>da<br />
ao sucesso do negócio”.<br />
É preciso haver um planejamento para que os<br />
resultados fi<strong>na</strong>nceiros obtidos retroalimentem<br />
a qualida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l da escola; isso ocorre<br />
por meio do investimento em recursos materiais<br />
(em especial os tecnológicos), bem como <strong>na</strong> formação<br />
dos profissio<strong>na</strong>is: empresas <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />
trabalham com prestação <strong>de</strong> serviços, portanto,<br />
o investimento em pessoal é fundamental para o<br />
sucesso da escola. Um amplo <strong>de</strong>bate envolvendo<br />
os participantes se <strong>de</strong>u a partir das palestras<br />
proferidas: empresas educacio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> sucesso<br />
implementam políticas salariais que atraem e<br />
fi<strong>de</strong>lizam os melhores educadores. Como uma<br />
boa gestão fi<strong>na</strong>nceira administrativa favorecerá<br />
a existência <strong>de</strong>ssa política? Os novos cenários<br />
educacio<strong>na</strong>is pressupõem mudanças quanto<br />
à forma do estudante apren<strong>de</strong>r e do professor<br />
ensi<strong>na</strong>r, isso tudo ocasio<strong>na</strong>do pela incidência <strong>de</strong><br />
tecnologias cada vez mais interativas. O que significa<br />
investir em tecnologias, consi<strong>de</strong>rando que<br />
sua <strong>de</strong>preciação é muito rápida? Na socieda<strong>de</strong><br />
do conhecimento qual valor terá a Educação, em<br />
comparação a outros bens e serviços?<br />
Para favorecer a discussão do tema foram apresentados<br />
dois cases <strong>de</strong> sucesso envolvendo o<br />
tema gestão em <strong>educação</strong>. Um <strong>de</strong>les tratou da<br />
brasil marista | 33
maria Elisa<br />
pen<strong>na</strong> firme<br />
Formação <strong>de</strong> Gestores – trabalho realizado pela<br />
Secretaria <strong>de</strong> Educação do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
O relato foi apresentado pela senhora Valéria<br />
Arcari Muhi- assistente técnica do CGEB (Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>doria<br />
<strong>de</strong> Gestão da Educação Básica).<br />
O outro case foi a apresentação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
gestão curricular do Colégio <strong>de</strong> São Bento, do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, pela professora Maria Elisa Pen<strong>na</strong><br />
Firme, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora educacio<strong>na</strong>l do Colégio.<br />
O case da Escola <strong>de</strong> São<br />
Bento, Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Fundado em 1858, o Colégio São Bento é um estabelecimento<br />
católico, <strong>de</strong> Ensino Fundamental<br />
e Médio, voltado exclusivamente para meninos,<br />
que estudam em período integral. Nos últimos<br />
cinco anos, a escola vem apresentando excelente<br />
classificação no Enem (Exame Nacio<strong>na</strong>l do Ensino<br />
Médio) entre as instituições do País: quarto<br />
lugar em 2006; primeiro lugar em 2007; primeiro<br />
lugar em 2008; quarto lugar em 2009; e primeiro<br />
lugar em 2010.<br />
A escola mantém um currículo<br />
abrangente, que exige do estudante<br />
um crescimento contínuo <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong><br />
cognitiva. Na implementação<br />
<strong>de</strong> sua proposta político-pedagógica,<br />
o colégio conta com professores<br />
<strong>de</strong> qualificada formação acadêmica,<br />
que possuem remuneração acima da<br />
média e são estimulados ao estudo<br />
continuado. Para se ter i<strong>de</strong>ia, mais<br />
da meta<strong>de</strong> do corpo docente concluiu<br />
uma pós-graduação.<br />
Além das discipli<strong>na</strong>s tradicio<strong>na</strong>is, os<br />
estudantes participam <strong>de</strong> várias ou-<br />
34 | brasil marista<br />
tras ativida<strong>de</strong>s pedagógicas, que também fazem<br />
parte do currículo regular, como, por exemplo,<br />
as feiras <strong>de</strong> ciências, aulas <strong>de</strong> informática, <strong>de</strong><br />
artes e <strong>de</strong> música, eventos sociais, olimpíada<br />
esportiva, entre outras, que visam a formação<br />
moral e cultural dos seus 1.124 estudantes.<br />
“Sabemos que a boa classificação no Enem traz<br />
reconhecimento perante a socieda<strong>de</strong>, mas a escola<br />
é muito mais do que um resultado acadêmico.<br />
Existem muitas instituições excelentes que não<br />
estão no ranking do Enem. Por isso, enten<strong>de</strong>mos<br />
serem necessários outros tipos <strong>de</strong> métricas para<br />
classificação da qualida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l. Ou seja,<br />
<strong>de</strong>vemos ampliar o olhar <strong>de</strong> avaliação <strong>na</strong>s instituições,<br />
a fim <strong>de</strong> reconhecer e <strong>de</strong>stacar outras<br />
práticas <strong>de</strong> sucesso que possam ser compartilhadas<br />
<strong>na</strong> busca pela excelência da <strong>educação</strong>”,<br />
revelou a professora Maria Elisa.<br />
O Prof. Re<strong>na</strong>to Judice <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, diretorfi<strong>na</strong>nceiro<br />
da Abave, acrescentou que “para<br />
termos escolas eficazes precisamos trabalhar características<br />
que as tornem mais dinâmicas e que<br />
a<strong>ju</strong><strong>de</strong>m os gestores <strong>na</strong> difícil tarefa <strong>de</strong> motivar os<br />
estudantes a se <strong>de</strong>dicarem o maior tempo possível<br />
ao aprendizado, utilizando as ferramentas<br />
que lhes são oferecidas em sala <strong>de</strong> aula”. Ele<br />
enfatizou a importância <strong>de</strong> pensar-se a avaliação<br />
exter<strong>na</strong> para o processo educativo, com o rompimento<br />
da endogenia, quando ten<strong>de</strong>mos a nos<br />
avaliar sobre os critérios estabelecidos por nós<br />
mesmos. O processo <strong>de</strong> avaliação, tanto interno,<br />
quanto externo, funcio<strong>na</strong> como parâmetro para<br />
tomarmos <strong>de</strong>cisões estratégicas que viabilizem<br />
melhorias contínuas.
fórUNs tEmátiCOs<br />
Políticas Públicas, dirEitos E Educação<br />
a inFância <strong>na</strong> cEntralidadE das<br />
“A escola precisa ser<br />
compreendida como um lugar<br />
<strong>de</strong> encontros: encontros da<br />
cultura, da diversida<strong>de</strong>, enfim,<br />
<strong>de</strong> pessoas que trazem consigo<br />
conhecimentos e aprendizagens<br />
acumulados criticamente ao<br />
longo da vida.“<br />
Francisca Pini<br />
Cláudia Laureth, francisca pini e jorge freire<br />
políticas <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />
Muitos têm sido os avanços em todo o mundo<br />
em relação ao reconhecimento da criança e do<br />
adolescente como sujeitos <strong>de</strong> direitos. O Brasil,<br />
por exemplo, foi o primeiro da América do Sul,<br />
após ter assi<strong>na</strong>do a Convenção Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
sobre os Direitos da Criança, adotada pela ONU<br />
(Organização das Nações Unidas), a promulgar<br />
o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).<br />
Entretanto, o País não consegue efetivamente<br />
assegurar esses direitos, especialmente quando<br />
o assunto é <strong>educação</strong>.<br />
Esse foi um dos temas abordados por Francisca<br />
Pini, assistente social, mestre e doutora em Políticas<br />
Sociais e Movimentos Sociais pela PUCSP<br />
brasil marista | 35
francisca pini<br />
e diretora pedagógica do Instituto Paulo Freire,<br />
que proferiu a palestra Direito à Educação e Participação<br />
Infantil, no fórum sobre Políticas Públicas,<br />
Direitos e Educação.<br />
“O ECA foi reconhecido do ponto <strong>de</strong> vista legal,<br />
mas ainda existem muitos <strong>de</strong>safios para<br />
traduzirmos os princípios do estatuto <strong>na</strong> prática.<br />
Para isso, é necessário o envolvimento da<br />
socieda<strong>de</strong>. No entanto, embora o cidadão tenha<br />
direito a essa participação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a promulgação<br />
da Constituição, vivemos uma política pública<br />
hierarquizada, centralizada <strong>na</strong> gestão do órgão<br />
público e com pouco envolvimento das pessoas.<br />
Se possuímos esse perfil político, os conselhos<br />
<strong>de</strong> infância não conseguem avanços no sentido<br />
<strong>de</strong> a<strong>ju</strong>dar a implementar os princípios do ECA<br />
<strong>ju</strong>nto à socieda<strong>de</strong>”, a<strong>na</strong>lisou Francisca.<br />
Segundo a painelista, <strong>de</strong>vemos buscar uma<br />
<strong>de</strong>mocracia participativa ativa em que contribuímos<br />
com i<strong>de</strong>ias. Nesse aspecto, Francisca acredita<br />
que a escola tem um papel prepon<strong>de</strong>rante.<br />
“A escola precisa ser compreendida como um<br />
lugar <strong>de</strong> encontros: encontros da cultura, da diversida<strong>de</strong>,<br />
enfim, <strong>de</strong> pessoas que trazem consigo<br />
conhecimentos e aprendizagens acumulados<br />
criticamente ao longo da vida. A escola não é<br />
uma mera reprodutora <strong>de</strong> conhecimentos. A<br />
participação <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, a interdiscipli<strong>na</strong>rida<strong>de</strong>,<br />
o diálogo e o conhecimento<br />
precisam ter conexão, para que a criança entenda<br />
o mundo <strong>de</strong> forma integral”, ressaltou.<br />
36 | brasil marista<br />
Cenários latino-americanos<br />
Após a apresentação <strong>de</strong> Francisca Pini, foi a vez<br />
do painelista uruguaio Jorge Freire abordar os<br />
cenários latino-americanos pelo direito à <strong>educação</strong>.<br />
O palestrante ratificou que a América Lati<strong>na</strong><br />
é uma região que vem avançando muito forte <strong>na</strong><br />
garantia dos direitos da criança e do adolescente.<br />
Para ele, os adultos precisam atuar para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
os princípios da Convenção Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
da ONU, mas a criança também <strong>de</strong>ve conhecer<br />
seus direitos e ser protagonista nesse processo.<br />
“Nesse sentido, o educador é um agente fundamental.<br />
Como professores, temos <strong>de</strong> agir para<br />
que as políticas públicas garantam esses direitos<br />
<strong>de</strong> forma integral”, frisou.<br />
Segundo o painelista, os países da América Lati<strong>na</strong><br />
vêm aumentando os investimentos públicos<br />
em políticas sociais que impactam positivamente<br />
a <strong>educação</strong>, mas esses esforços não têm diminuído<br />
os índices <strong>de</strong> pobreza.<br />
De acordo com dados apresentados por Freire,<br />
a América Lati<strong>na</strong> possui 524 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />
em condição <strong>de</strong> pobreza, das quais 80 milhões<br />
são crianças e adolescentes. Para se ter i<strong>de</strong>ia, dos<br />
14 países com maior taxa <strong>de</strong> homicídio no mundo,<br />
mais da meta<strong>de</strong> é da América Lati<strong>na</strong>.<br />
Outra gran<strong>de</strong> preocupação da região é com a<br />
gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens, entre 15 e 24 anos,<br />
que não trabalham e não estudam, e se concentram<br />
<strong>na</strong>s famílias mais pobres. Um em cada três<br />
jovens da região está fora do sistema <strong>de</strong> <strong>educação</strong>.<br />
“Não estamos criando condições para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das pessoas. Precisamos revisar os<br />
sistemas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> proteção e promoção <strong>de</strong><br />
direitos, visando enten<strong>de</strong>r o problema da violência,<br />
que gera discrimi<strong>na</strong>ção e segregação. Devemos<br />
trabalhar para termos um gasto público social<br />
equitável <strong>na</strong> região, a fim <strong>de</strong> assegurarmos<br />
o acesso à <strong>educação</strong> e <strong>de</strong>mais direitos para toda<br />
essa população”, observou o painelista.<br />
O Fórum teve ainda a presença <strong>de</strong> Miguel Arroyo,<br />
doutor em <strong>educação</strong>, com experiência<br />
em Política Educacio<strong>na</strong>l e Administração <strong>de</strong><br />
Sistemas Educacio<strong>na</strong>is, que explanou sobre a<br />
“Formação <strong>de</strong> Educadores com Enfoque em<br />
Direitos”. Com ênfase nos direitos das <strong>infâncias</strong>
e <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s, a palestra <strong>de</strong> Miguel Arroyo foi<br />
dividida em quatro partes: Direito, Educação,<br />
Sujeitos <strong>de</strong> Direitos e Políticas Públicas. Segundo<br />
Arroyo é necessário uma consciência social<br />
<strong>de</strong> que a <strong>educação</strong> é um direito. “Enquanto a<br />
<strong>educação</strong> for um privilegio e vista como mercadoria<br />
e não vista como direito <strong>de</strong> todos, não será<br />
possível um avanço”, <strong>de</strong>clara.<br />
A temática Políticas Públicas, Direitos e Educação,<br />
contou também com participação <strong>de</strong> Iolete<br />
Ribeiro, mestre e doutora em Psicologia pela<br />
UNB, que ministrou a palestra “O papel da<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>na</strong> Formação <strong>de</strong> Educadores com<br />
Enfoque em Direitos”. Gesui<strong>na</strong> Leclerc, representante<br />
do Ministério da Educação e consultora<br />
da Organização dos Estados Ibero-americanos<br />
para a Educação, a Ciência e a Cultura, trouxe<br />
contribuições sobre a ampliação e reinvenção<br />
dos tempos e espaços educativos, com a ampliação<br />
do olhar e do repertório sobre a meta<br />
<strong>de</strong> ampliação da Educação em Tempo Integral<br />
prevista no Plano Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação. Maria<br />
Amabile Mansutti, Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora Técnica no<br />
miguel Arroyo<br />
Centro <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas em Educação,<br />
Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), apresentou<br />
os <strong>de</strong>senhos curriculares do Tempo Integral<br />
em <strong>de</strong>senvolvimento no país.<br />
Acompanhamento<br />
da socieda<strong>de</strong> civil<br />
Foi lançada no Fórum a publicação CADE?<br />
Crianças e Adolescentes em Dados Estatísticos, obra<br />
que trata a situação das <strong>infâncias</strong> e <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s<br />
no país em números, contribuindo para que o<br />
educador possa a<strong>na</strong>lisar o cenário local baseado<br />
em dados para seu posicio<strong>na</strong>mento e articulação.<br />
Organizado pelo Fórum Nacio<strong>na</strong>l dos Direitos<br />
da Criança e do Adolescente (FNDCA), o documento<br />
conta com o apoio da Re<strong>de</strong> Marista <strong>de</strong><br />
Solidarieda<strong>de</strong> e traz um registro e compilação<br />
<strong>de</strong> dados para si<strong>na</strong>lizar situações que mereçam<br />
atenção, além <strong>de</strong> trazer um retrato do estado dos<br />
direitos da criança e do adolescente.<br />
jorge freire<br />
brasil marista | 37
fórUNs tEmátiCOs<br />
EsPiritualidadE E Educação<br />
a mística do cuidado<br />
E o dEsEnvolvimEnto<br />
pessoas<br />
das<br />
“É importante criar<br />
espaços <strong>de</strong> experiências<br />
místicas e gerar<br />
oportunida<strong>de</strong>s para que<br />
jovens e crianças tenham<br />
condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />
autonomia para vencer<br />
seus problemas.”<br />
Padre Vilson Groh<br />
38 | brasil marista<br />
Ir. Afonso Ta<strong>de</strong>u murad e Lama padma samten<br />
A vivência e o cultivo da espiritualida<strong>de</strong> são princípios<br />
fundamentais <strong>na</strong> <strong>educação</strong> marista. No 4º Congresso este<br />
foi um dos assuntos abordados nos fóruns temáticos, cujo<br />
objetivo foi discutir a espiritualida<strong>de</strong> no contexto educacio<strong>na</strong>l,<br />
visando tor<strong>na</strong>r os espaços educativos ambientes <strong>de</strong><br />
fraternida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> diálogo e <strong>de</strong> dissemi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> princípios<br />
cristãos para a formação integral do ser humano.<br />
A espiritualida<strong>de</strong> <strong>na</strong> <strong>educação</strong> integral foi o tema da palestra<br />
do espanhol Rafael Yus, doutor em Ciências pela<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gra<strong>na</strong>da. Autor <strong>de</strong> diversos artigos e<br />
livros científicos e <strong>de</strong> pedagogia, é especialista <strong>na</strong> formação<br />
permanente <strong>de</strong> professores, didática e ciência, <strong>educação</strong><br />
integral e integração curricular.
Yus afirma que a consolidação da escola laica<br />
trouxe como consequência o esquecimento da<br />
dimensão espiritual <strong>na</strong> <strong>educação</strong>, ao i<strong>de</strong>ntificar<br />
erroneamente o espiritual com o dogma religioso.<br />
Ao mesmo tempo, a ênfase das socieda<strong>de</strong>s<br />
mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>s no crescimento econômico e <strong>na</strong> competitivida<strong>de</strong><br />
supervaloriza essas características,<br />
<strong>de</strong>scuidando <strong>de</strong> um dos princípios básicos <strong>de</strong><br />
toda a <strong>educação</strong>: o cultivo <strong>de</strong> todas as dimensões<br />
da pessoa.<br />
Segundo ele, para alcançar a segurança e abertura<br />
necessárias para uma exploração significativa<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento espiritual, os estudantes e o<br />
professor <strong>de</strong>vem criar ‘regras do jogo’: “Seriam<br />
condições que os estudantes consi<strong>de</strong>rem essenciais<br />
para falar sobre o que mais importa a eles.<br />
Os jogos a<strong>ju</strong>dam a garantir que os alunos se concentrem,<br />
relaxem e tornem-se uma equipe, por<br />
meio <strong>de</strong> risadas e cooperação”.<br />
A palestra seguinte foi do mestre budista Lama<br />
Padma Samten, físico, com bacharelado e mestrado<br />
pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong><br />
do Sul (UFRGS) que, em 1996 foi or<strong>de</strong><strong>na</strong>do lama<br />
– título que significa lí<strong>de</strong>r, sacerdote e professor.<br />
No Fórum Temático “Espiritualida<strong>de</strong> e Educação”,<br />
Lama Padma Samtem abordou o tema<br />
“A Dimensão Espiritual <strong>na</strong> Educação: Diálogo<br />
Inter-Religioso e Ecumenismo”. Houve uma<br />
reflexão sobre a dimensão espiritual da <strong>educação</strong>,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a tradição budista. Foi <strong>de</strong>stacada a<br />
perspectiva sapiencial do Budismo que permite<br />
reconhecermo-nos nela. A reflexão convergiu<br />
com o tema apresentado por Rafael Yus quanto à<br />
<strong>educação</strong> para a conexão que a dimensão espiritual<br />
po<strong>de</strong> acrescentar.<br />
Dentre os pontos <strong>de</strong> convergência entre o Cristianismo<br />
e o Budismo, o <strong>de</strong>batedor e irmão marista<br />
Afonso Murad <strong>de</strong>stacou o tema da alegria.<br />
Ambas as tradições exigem um olhar positivo<br />
sobre o mundo e a inclusão do outro no conceito<br />
<strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>.<br />
Ir. Murad também ministrou palestra, falando<br />
dos <strong>de</strong>safios contemporâneso da Espiritualida<strong>de</strong><br />
<strong>na</strong> Educação. Algumas das diretrizes fundamentais<br />
para uma atual vivência da fé apontadas foram<br />
mística, autoconhecimento, autodiscipli<strong>na</strong>,<br />
engajamento e via <strong>de</strong> sabedoria. “Precisamos<br />
cultivar a intimida<strong>de</strong> com Deus, apren<strong>de</strong>r a lidar<br />
Rafael Yus<br />
com o lado luminoso e tenebroso do ser humano,<br />
saber o momento <strong>de</strong> agir, engajar-se pelo<br />
bem dos outros. Quem o faz toca o mistério <strong>de</strong><br />
Deus e <strong>de</strong>senvolve a intuição”, explica Murad.<br />
Na palestra A mística do Cuidado <strong>na</strong> Formação dos<br />
Sujeitos da Educação, padre Vilson Groh tratou<br />
com proprieda<strong>de</strong> o tema. Groh é formado em teologia<br />
pelo Instituto Teológico <strong>de</strong> Santa Catari<strong>na</strong><br />
e mestre em Educação pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> Santa Catari<strong>na</strong>. Atualmente, mora e atua<br />
<strong>na</strong>s comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> periferia <strong>de</strong> Santa Catari<strong>na</strong>.<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong> o trabalho do Instituto Vilson Groh<br />
(IVG), que é constituído por sete organizações<br />
que aten<strong>de</strong>m mais <strong>de</strong> cinco mil crianças, jovens<br />
e adultos da Gran<strong>de</strong> Florianópolis e dos municípios<br />
<strong>de</strong> Lages e Joinville.<br />
Monitora ainda o trabalho da gran<strong>de</strong> re<strong>de</strong> que<br />
constitui o Fórum <strong>de</strong> Entida<strong>de</strong>s do Maciço do<br />
Morro da Cruz em Florianópolis, com forte influência<br />
<strong>na</strong>s políticas públicas municipais e estaduais,<br />
<strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong> segurança, meio ambiente,<br />
geração <strong>de</strong> trabalho e renda, saú<strong>de</strong> e <strong>educação</strong>.<br />
Como revelou o palestrante, mística é um processo<br />
<strong>de</strong> querer bem e <strong>de</strong> proporcio<strong>na</strong>r o bem, ou<br />
brasil marista | 39
seja, é a força que nos motiva a criar espaços que<br />
contribuam para a edificação e a recuperação <strong>de</strong><br />
pessoas mais fragilizadas.<br />
Durante a palestra, padre Groh <strong>de</strong>screveu alguns<br />
projetos realizados pelo IVG, que conta<br />
com a contribuição <strong>de</strong> empresários, educadores,<br />
autorida<strong>de</strong>s gover<strong>na</strong>mentais, voluntários, entre<br />
outros, fomentando uma gran<strong>de</strong> re<strong>de</strong> exter<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />
participação.<br />
Um dos projetos bem-sucedidos <strong>de</strong> Groh é o<br />
Centro <strong>de</strong> Educação e Evangelização Popular<br />
(Ce<strong>de</strong>p), criado em 1987. Inicialmente, o propósito<br />
foi apoiar e fortalecer iniciativas dos movimentos<br />
populares que emergiram, principalmente,<br />
da leva migratória origi<strong>na</strong>da do campo<br />
<strong>na</strong>quele período e que se estabeleceu <strong>na</strong> capital<br />
do Estado em condições <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> pobreza.<br />
Em 1991, começou o trabalho educativo com<br />
crianças e adolescentes, <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do Projeto<br />
Ofici<strong>na</strong>s do Saber, instalado em casas comunitárias<br />
localizadas em quatro áreas. Devido às<br />
restrições físicas e administrativas das unida<strong>de</strong>s<br />
para um atendimento <strong>de</strong> maior abrangência,<br />
padre vilson groh<br />
40 | brasil marista<br />
concentrou-se o atendimento em uma se<strong>de</strong><br />
maior: um prédio <strong>de</strong> 1.100m², localizado no<br />
bairro Monte Cristo e viabilizado com recursos<br />
das iniciativas privada e gover<strong>na</strong>mental. Atualmente,<br />
são atendidas 320 crianças e adolescentes<br />
nessa unida<strong>de</strong>.<br />
Espaços teologais<br />
Para Groh, quando a socieda<strong>de</strong> se envolve em<br />
projetos <strong>na</strong> área da <strong>educação</strong>, bons resultados<br />
surgem mais facilmente. “Nosso objetivo é fomentar<br />
uma re<strong>de</strong> exter<strong>na</strong> que traga a dimensão<br />
da compaixão pelo outro <strong>de</strong> forma apaixo<strong>na</strong>da.<br />
Nossos projetos têm sucesso porque <strong>ju</strong>stamente<br />
o jovem sabe o que está por trás <strong>de</strong> cada iniciativa<br />
e quem realmente se preocupa com ele”,<br />
complementou.<br />
Na visão do painelista, a escola é um espaço propício<br />
para se praticar a mística do cuidado, ou<br />
seja, um ambiente para o pensamento solidário e<br />
a preocupação com o outro. “A mística recupera<br />
esse processo <strong>de</strong> que o outro é ‘parte <strong>de</strong> mim e<br />
vice-versa’. Por isso, é importante criar espaços<br />
<strong>de</strong> experiências místicas e gerar oportunida<strong>de</strong>s<br />
para que jovens e crianças tenham condições <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolver autonomia para vencer seus problemas”,<br />
explicou.<br />
Para a congressista Heloísa Afonso <strong>de</strong> Almeida<br />
Souza, diretora do Centro <strong>de</strong> Estudos Marista <strong>de</strong><br />
Belo Horizonte (MG), Província Marista Brasil<br />
Centro-Norte, a espiritualida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>ve ser exclu<strong>de</strong>nte<br />
e não po<strong>de</strong> estar ligada essencialmente<br />
à religiosida<strong>de</strong> ou à catequese . “A espiritualida<strong>de</strong><br />
é a abertura para a vida e para se cultivar<br />
valores voltados para o bem”, lembrou.<br />
Nesse aspecto, Groh assegurou que nos espaços<br />
teologais a espiritualida<strong>de</strong> não é trabalhada do<br />
ponto <strong>de</strong> vista da religiosida<strong>de</strong>. “Nós atuamos<br />
propondo ativida<strong>de</strong>s em que as crianças possam<br />
se <strong>de</strong>senvolver e reconstruir a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
pessoal a partir <strong>de</strong> fundamentos consistentes.<br />
As crianças só apren<strong>de</strong>m o que vivem. A espiritualida<strong>de</strong><br />
é colocada como uma ferramenta para<br />
mudanças. A solidarieda<strong>de</strong> <strong>na</strong>sce com a pessoa<br />
e se manifesta com a reciprocida<strong>de</strong>”, garantiu<br />
Groh.
sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />
ciência E Fé<br />
marcelo gleiser<br />
Ciência e fé<br />
a sErviço da Evolução<br />
frei betto<br />
Como duas vertentes<br />
tão distintas po<strong>de</strong>m ser<br />
complementares em<br />
dias atuais? O físico<br />
Marcelo Gleiser e Frei<br />
Betto respon<strong>de</strong>ram<br />
essa questão durante o<br />
seminário Ciência e Fé.<br />
brasil marista | 41
Partindo <strong>de</strong> duas máximas antigas “A Fé<br />
procura a razão” e “A razão procura a fé”, é<br />
que aconteceu o seminário Ciência e Fé, mediado<br />
pelo lrmão EvilázioTeixeira, vice-reitor<br />
da Pontifícia Universida<strong>de</strong> do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />
Sul (PUCRS), e apresentado pelo físico e astrônomo<br />
<strong>de</strong> formação, Marcelo Gleiser, e por Frei<br />
Betto. O encontro mostrou que o diálogo entre<br />
fé e ciência, antes um enorme <strong>de</strong>safio, hoje<br />
se apresenta <strong>de</strong> forma mais tangível, numa<br />
re<strong>de</strong>scoberta da dimensão do conhecimento e<br />
da ciência.<br />
A palestra foi aberta por Frei Betto, um ex-aluno<br />
marista que se <strong>de</strong>bruça, por meio <strong>de</strong> seus<br />
mais diversos títulos já publicados, em reparar<br />
o divórcio entre fé e ciência. “A ciência é o<br />
reino da dúvida, e tudo o que é científico tem<br />
<strong>de</strong> ser verificado”, falou aos quase mil espectadores<br />
presentes no auditório. Ele prosseguiu<br />
afirmando que a religião, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre, teve<br />
a pretensão <strong>de</strong> explicar tudo, sobrepondo-se à<br />
ciência, em questões como “o que Deus fazia<br />
antes <strong>de</strong> criar o Universo”.<br />
Ainda nessa linha <strong>de</strong> pensamento, Frei Betto<br />
afirmou que a Bíblia não foi feita para explicar<br />
a <strong>na</strong>tureza, simplesmente porque não tem<br />
uma pági<strong>na</strong> sequer <strong>de</strong> teologia. “É um alma<strong>na</strong>que,<br />
um relato a<strong>na</strong>lógico e metafórico, e que<br />
<strong>de</strong>ve ser lido sob a ótica da fé, ao contrário do<br />
Livro da Natureza, <strong>de</strong> Santo Agostinho, que<br />
precisa ser enxergado pelo viés da dúvida”,<br />
ressaltou. Segundo ele, ambos os livros são<br />
complementares, e a fé, sendo a união <strong>de</strong>sses<br />
dois conceitos, é um dom da inteligência. E,<br />
lembrando São Thomás <strong>de</strong> Aquino, pontuou<br />
que a razão é a imperfeição da inteligência. “A<br />
fé é um dom da inteligência que, por usa vez,<br />
é irmã da intuição”, <strong>de</strong>clarou.<br />
Mas on<strong>de</strong> é que entra a fé num contexto<br />
científico e <strong>de</strong>terminista? Segundo o filósofo,<br />
mesmo que a hipótese do Big Bang venha a<br />
ser comprovada, a crença criacionista, ainda<br />
assim, não é unânime, já que não é dada à<br />
ciência a comprovação da existência ou da<br />
inexistência <strong>de</strong> Deus.<br />
Transportando esses conceitos para a atualida<strong>de</strong>,<br />
Frei Betto sustenta que as escolas<br />
precisam dar uma <strong>educação</strong> científica mais<br />
experimental possível. “A fé não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen-<br />
42 | brasil marista<br />
<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma <strong>educação</strong> racio<strong>na</strong>lista, portanto, as<br />
escolas precisam fazer com que a experiência<br />
da fé seja vivenciada”, observou.<br />
Ele ressaltou que mesmo num mundo cheio<br />
<strong>de</strong> tecnologias, a fé ainda fica exatamente<br />
no meio do coração do ser humano que,<br />
buscando o transcen<strong>de</strong>nte, encontra <strong>na</strong> religião<br />
um sentido para a vida. Mas é a ciência<br />
que facilita tudo, porém, sem imprimir<br />
à vida o sentido. “Em outras palavras, jamais<br />
teremos um computador que escreva<br />
um romance, como o Gran<strong>de</strong> Sertão Veredas,<br />
por mais avançado que seja”, fi<strong>na</strong>lizou.<br />
Somos criaturas solares<br />
A segunda parte do seminário foi apresentada<br />
pelo físico e astrônomo Marcelo Gleiser, que<br />
ressaltou a importância <strong>de</strong> se abrir diálogos e<br />
não <strong>de</strong>ixar o fundamentalismo, seja religioso<br />
ou científico, vir à to<strong>na</strong>. “O primeiro passo<br />
para a <strong>educação</strong> é contextualizar o jovem no<br />
mundo em que ele vive”, afirmou.<br />
Marcelo abriu sua linha <strong>de</strong> raciocínio explicando<br />
que os seres humanos evoluíram num<br />
planeta próximo ao Sol, o que nos tor<strong>na</strong> criaturas<br />
solares e, principalmente, suscetíveis às<br />
transformações ao longo dos tempos. “O papel<br />
da ciência é <strong>ju</strong>stamente mostrar que o mundo<br />
e a percepção da informação mudaram no <strong>de</strong>correr<br />
<strong>de</strong> nossa evolução”, explica Gleiser.<br />
Por meio <strong>de</strong> fotos tiradas pelo Telescópio Hubble,<br />
Marcelo foi contando a origem do Sistema<br />
Solar. “Quando olhamos para tudo isso, percebemos<br />
como somos solitários. Daí surgem perguntas<br />
que fazem parte do discurso científico,<br />
como ‘quem somos nós?’, ou ‘como surgimos?’,<br />
ou ainda ‘por que morremos?’”, apontou o físico.<br />
Para ele, o papel da ciência não é tirar Deus da<br />
criação, mas, sim, “<strong>de</strong>screver como funcio<strong>na</strong> o<br />
mundo para vivermos melhor”.<br />
Na visão do painelista, esse tipo <strong>de</strong> paixão<br />
pela busca <strong>de</strong> respostas para mistérios é o<br />
que move a ciência. “A mola propulsora da<br />
curiosida<strong>de</strong> faz com que procuremos Deus. E<br />
quanto mais avançamos, mais evoluímos. É<br />
papel dos educadores incitar isso nos jovens,<br />
promovendo assim novas ciências”, fi<strong>na</strong>lizou.
sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />
lEtramEntos E Educação das inFâncias<br />
um diálogo possível<br />
vera melis<br />
o E s P a ç o , o l E t r a m E n t o<br />
E a inFância:<br />
A Educação Infantil é<br />
um lugar <strong>de</strong> encontro,<br />
uma gran<strong>de</strong> biblioteca <strong>de</strong><br />
estímulos para a ação, um<br />
ecossistema especialmente<br />
preparado para que as<br />
crianças se sintam bem e<br />
seguras.<br />
Esse seminário temático foi conduzido<br />
por duaspesquisadoras <strong>de</strong> temas voltados<br />
à <strong>educação</strong> e infância: professoras<br />
Vera Melis e Vitória Faria. Com o tema<br />
Letramentos e Educação das Infâncias,<br />
as palestrantes abordaram como se dá<br />
o letramento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Educação Infantil<br />
e ressaltaram a importância da mediação<br />
e do espaçotempo <strong>na</strong> escola nesse<br />
processo.<br />
Vera Melis, pedagoga, mestre em Educação<br />
com ênfase <strong>na</strong> formação <strong>de</strong> professores<br />
e espaços para Educação Infantil,<br />
enfocou a relevância no fato <strong>de</strong> que<br />
oportunizar às crianças um espaço físico<br />
brasil marista | 43
on<strong>de</strong> possam ficar boa parte do tempo para seu<br />
aprendizado e convivência é item primordial<br />
para sua formação. “Quando organizamos espaços<br />
institucio<strong>na</strong>is estamos, quase sempre,<br />
diminuindo a poesia do cotidiano infantil”, explicou.<br />
Vera acredita que a criação <strong>de</strong> espaços alter<strong>na</strong>tivos<br />
é um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio dos programas<br />
educacio<strong>na</strong>is, visto que é necessário se manter a<br />
singeleza da infância, levando-se em conta como<br />
será este tempo <strong>de</strong> vida <strong>na</strong> escola e não o que<br />
será <strong>de</strong>ste tempo. “O espaço ao qual me refiro<br />
não se restringe às pare<strong>de</strong>s da sala <strong>de</strong> aula, mas<br />
a todo o prédio, inclusive as áreas exter<strong>na</strong>s, com<br />
sua beleza, luz <strong>na</strong>tural e presença <strong>de</strong> recursos<br />
que amplificam a experiência pedagógica”, pon<strong>de</strong>rou.<br />
Esta organização <strong>de</strong> espaço revela as maneiras<br />
como os educadores se relacio<strong>na</strong>m com as crianças<br />
e com o tempo para aproximá-las do universo<br />
mágico das histórias, músicas e fantasias<br />
inerentes à infância.<br />
Segundo a professora, todo espaço educa, assim<br />
como a linguagem ou as relações interpessoais.<br />
Portanto, po<strong>de</strong> facilitar ou limitar tudo o que<br />
se aplica à Educação Infantil. Um exemplo <strong>de</strong><br />
limitação seriam os espaços que não favorecem<br />
o atendimento dos interesses das crianças e a realização<br />
das ativida<strong>de</strong>s educativas. A <strong>de</strong>coração,<br />
neste sentido, po<strong>de</strong> ser significativa, ou pobre<br />
e sem expressão, condições que interferem no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Segundo Vera, sob a ótica dos educadores, esses<br />
espaços são fontes <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, já que a<br />
condição exter<strong>na</strong> favorecerá ou dificultará o processo<br />
<strong>de</strong> crescimento pessoal, condicio<strong>na</strong>ndo o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s educativas que<br />
se <strong>de</strong>seja realizar. A Educação Infantil é, portanto,<br />
um lugar <strong>de</strong> encontro, uma gran<strong>de</strong> biblioteca<br />
<strong>de</strong> estímulos para a ação, um ecossistema<br />
especialmente preparado para que as crianças<br />
se sintam bem e seguras. Por isso, a escola <strong>de</strong><br />
Educação Infantil <strong>de</strong>ve ser acolhedora, uma<br />
espécie <strong>de</strong> “oásis”, on<strong>de</strong> as crianças se sintam<br />
encorajadas a assumir riscos motores, sociais e<br />
intelectuais. “O que mais precisamos nesta faixa<br />
etária é que os pequenos falem e ouçam novas<br />
palavras, a fim <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem ampliar seu universo<br />
linguístico e a comunicação com o mundo ao<br />
44 | brasil marista<br />
seu redor, o que possibilitará o seu crescimento e<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>na</strong>turais”, fi<strong>na</strong>lizou.<br />
Do espaço ao letramento<br />
Vitória Faria, mestre em Educação, <strong>de</strong>dicou a<br />
maior parte <strong>de</strong> sua trajetória docente à Educação<br />
da Infância, tanto como professora quanto<br />
formadora <strong>de</strong> professores em programas <strong>de</strong> formação<br />
continuada.<br />
A professora observou que as profundas mudanças<br />
<strong>de</strong> paradigmas, geradas pelos rápidos<br />
avanços científicos e tecnológicos das últimas<br />
décadas, afetaram significativamente as concepções<br />
acerca da infância, criando a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> reformulação <strong>de</strong> conceitos, objetivos<br />
e metodologias <strong>de</strong> ensino. A partir daí, surge<br />
o termo “letramento”. “O conhecimento das<br />
letras é ape<strong>na</strong>s um meio para o letramento, que<br />
é o uso social da leitura e da escrita”, explicou.<br />
Segundo a conferencista, o letramento é mais do<br />
que a própria alfabetização, uma vez que não<br />
ocorre ape<strong>na</strong>s durante <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do tempo da<br />
vida do indivíduo, mas, sim, antes e durante a<br />
alfabetização, e continua para todo o sempre. A<br />
professora também ressaltou a importância do<br />
papel do outro nesse processo, sejam adultos ou<br />
crianças mais experientes, pois é nessa mediação<br />
que a linguagem oral e escrita e o seu uso social<br />
ganham sentido.<br />
Para Claudia Osório <strong>de</strong> Campos, educadora do<br />
Colégio Marista Rosário <strong>de</strong> Porto Alegre (RS),<br />
Província Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, uma<br />
frase proferida pela palestrante Vera Mellis resumiu<br />
a importância do seminário: “Todo ser humano<br />
é competente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>na</strong>sce. Temos <strong>de</strong><br />
dar oportunida<strong>de</strong>s”. Claudia <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que “acreditar<br />
no potencial <strong>de</strong> cada estudante, respeitando<br />
seu ritmo, tempo, sua bagagem <strong>de</strong> vida,<br />
motivando-os, encorajando-os, mostrando-lhes<br />
o quão capazes são, acreditar <strong>na</strong> <strong>educação</strong> e<br />
<strong>na</strong> transformação é fundamental, e é isso que<br />
me motiva e me encanta em ser professora”. E<br />
conclui: “Amo muito apren<strong>de</strong>r e ensi<strong>na</strong>r a cada<br />
dia, olhar os olhinhos brilhantes <strong>de</strong> cada um dos<br />
meus pequenos a cada nova <strong>de</strong>scoberta é algo<br />
maravilhoso e incrível!”.
sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />
litEratura E Formação do lEitor<br />
o dEsaFio do<br />
“O acesso ao livro<br />
<strong>na</strong>s escolas não é<br />
mais um problema,<br />
nem <strong>na</strong>s escolas mais<br />
longínquas.” A<strong>na</strong><br />
Maria Machado<br />
estímulo<br />
à leitura<br />
Ceciliany Alves, marisa Lajolo, Elizabeth serra e A<strong>na</strong> maria machado<br />
brasil marista | 45
Estimular o gosto pela leitura.<br />
Esse foi um dos principais<br />
pontos abordados durante o<br />
seminário temático Literatura<br />
e Formação do Leitor, ministrado<br />
por três expoentes da<br />
cultura <strong>de</strong> nosso País: Marisa<br />
Lajolo, professora da Universida<strong>de</strong><br />
Mackenzie, escritora<br />
e crítica literária, ganhadora,<br />
em 2009, do Prêmio Jabuti<br />
<strong>na</strong>s categorias Teoria /Crítica<br />
Literária e Livro do Ano Não<br />
Ficção; A<strong>na</strong> Maria Machado,<br />
presi<strong>de</strong>nte da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira<br />
<strong>de</strong> Letras e autora <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> 100 livros; e Elizabeth<br />
Serra, pedagoga e secretária geral da FNLIJ<br />
(Fundação Nacio<strong>na</strong>l do Livro Infantil e Juvenil).<br />
As palestrantes lembraram que a literatura é o<br />
caminho para a formação humanista e para o<br />
entendimento. Si<strong>na</strong>lizaram que, no Brasil, não<br />
faltam pesquisas e projetos voltados à leitura. As<br />
pesquisas apontam para o baixo <strong>de</strong>sempenho<br />
dos leitores e baixos índices <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> uma<br />
forma geral. Entretanto, os projetos apresentados,<br />
quer para governos ou outras organizações,<br />
a fim <strong>de</strong> minimizar essas questões, têm<br />
ainda um caráter bastante instrumental. Estão<br />
voltados à oferta <strong>de</strong> livros e premiações, numa<br />
visão equivocada que supõe que essas medidas<br />
estimulariam os leitores e tor<strong>na</strong>riam a leitura<br />
gratificante.<br />
A<strong>na</strong> Maria Machado lembrou que “o acesso ao<br />
livro <strong>na</strong>s escolas não é mais um problema, nem<br />
<strong>na</strong>s escolas mais longínquas”. Na verda<strong>de</strong>, o<br />
gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio seria <strong>de</strong>scobrir do que se tece,<br />
como se constrói o prazer da leitura. Elizabeth<br />
Serra ressaltou que “o prazer da leitura está<br />
no envolvimento que o ato proporcio<strong>na</strong>”. Segundo<br />
ela, o que se lê no livro <strong>de</strong> literatura é<br />
sempre invenção, ficção e, por ser imagi<strong>na</strong>ção,<br />
nos envolve. Depois <strong>de</strong> ler, voltamos a nossa<br />
vida, mas “voltamos a ela diferentes do que<br />
éramos quando começamos a leitura”, afirmou.<br />
A contribuição do educador<br />
Estimular o prazer pela leitura em nossos jovens,<br />
um prazer que é aprendido e construído,<br />
46 | brasil marista<br />
é o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio da contemporaneida<strong>de</strong><br />
e um papel<br />
a ser <strong>de</strong>sempenhado por um<br />
adulto competente em leitura<br />
que seria significativo<br />
para o aprendiz. “Menos<br />
teoria e mais prática”, propôs<br />
A<strong>na</strong> Maria Machado,<br />
sugerindo que os educadores,<br />
pais e professores, contem<br />
mais histórias, conversem<br />
sobre livros, a<strong>ju</strong><strong>de</strong>m<br />
as crianças a imagi<strong>na</strong>r outras<br />
histórias. A presi<strong>de</strong>nte<br />
da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong><br />
A<strong>na</strong> maria machado<br />
Letras relatou que fez uma<br />
experiência com crianças<br />
<strong>de</strong> sua família. “Desliguei a energia, simulando<br />
falta <strong>de</strong> luz. Acendi velas e propus ler histórias”,<br />
relatou. No dia seguinte, o resultado do estímulo<br />
foi recompensado, quando as crianças, mesmo<br />
com a energia normalizada, pediram que a autora<br />
voltasse a ler histórias. Ao contar esse episódio,<br />
A<strong>na</strong> Maria Machado arrancou aplausos<br />
efusivos da plateia, que parece ter concordado<br />
que a motivação seria a base da relação com os<br />
jovens leitores.<br />
As palestrantes ressaltaram a importância da reciclagem<br />
e formação dos professores no processo<br />
<strong>de</strong> estímulo à leitura. Na visão <strong>de</strong> Marisa Lajolo,<br />
há uma <strong>de</strong>ficiência dos próprios educadores enquanto<br />
leitores. Para ela, no Ensino Fundamental,<br />
que é o período em que se forma o leitor, as<br />
condições dos professores “<strong>de</strong>ixam ainda muito<br />
a <strong>de</strong>sejar”. Em tom <strong>de</strong> alerta, se dirigiu à plateia:<br />
“Nós, professores, temos a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o mal<br />
está nos outros. A gente repete um certo discurso<br />
catastrófico em relação à leitura”.<br />
Segundo o que foi proposto durante o <strong>de</strong>bate,<br />
a leitura compreensiva se constitui em uma das<br />
mais importantes competências a serem <strong>de</strong>senvolvidas<br />
no âmbito escolar. Dela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> boa<br />
parte das <strong>de</strong>mais aprendizagens, sendo conhecida,<br />
<strong>de</strong> longa data, a importante contribuição da<br />
literatura não só para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa<br />
competência tão essencial, mas também para<br />
gerar e ampliar em crianças e jovens as capacida<strong>de</strong>s<br />
do autoconhecimento, da criativida<strong>de</strong>, do<br />
senso crítico, da apreciação estética, entre tantas<br />
outras.
sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />
Ensino médio – novas PErsPEctivas E dEsaFios<br />
A busca pela formação<br />
ple<strong>na</strong> dos jovens<br />
A<br />
contemporaneida<strong>de</strong><br />
exige uma<br />
escola em que<br />
se substitua a<br />
participação<br />
passiva pela<br />
ativa. Isso traz<br />
transformações<br />
tanto <strong>de</strong> conteúdos<br />
e objetivos,<br />
quanto <strong>de</strong><br />
métodos e práticas<br />
educacio<strong>na</strong>is.<br />
O seminário temático Ensino Médio – Novas Perspectivas e Desafios<br />
trouxe a discussão da importância da <strong>educação</strong> humanista <strong>na</strong> busca<br />
pela excelência da formação dos indivíduos. Quem expôs o tema foi<br />
o professor Luis Carlos <strong>de</strong> Menezes, colaborador sênior do Instituto<br />
<strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, orientador <strong>de</strong> doutoramentos<br />
e mestrados em Ensino <strong>de</strong> Ciências e em Educação e professor <strong>de</strong><br />
discipli<strong>na</strong>s do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ensino <strong>de</strong> Ciências e<br />
<strong>de</strong> Licenciatura em Física da USP.<br />
O palestrante apontou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os educadores contribuírem<br />
para a construção <strong>de</strong> escolas com foco <strong>na</strong> excelência acadêmica,<br />
visando não somente a boa colocação em testes <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho,<br />
mas comprometidas em <strong>de</strong>senvolver pessoas com senso<br />
crítico e mais questio<strong>na</strong>doras. “Nas últimas décadas, a <strong>educação</strong><br />
tem sido <strong>de</strong>safiada pelos novos paradigmas sociais e do mundo do<br />
trabalho, em que máqui<strong>na</strong>s e sistemas assumiram funções laborais.<br />
Com isso, a formação <strong>de</strong>mandada é cada vez mais voltada à promoção<br />
<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s críticas, a<strong>na</strong>líticas e propositivas”, explicou.<br />
Segundo ele, essa <strong>educação</strong> se promove <strong>de</strong>senvolvendo conhecimentos<br />
di<strong>na</strong>micamente relacio<strong>na</strong>dos a valores reais, habilida<strong>de</strong>s e<br />
competências, e não somente por meio <strong>de</strong> saberes estáticos.<br />
“Outro fator que impacta profundamente a cultura <strong>ju</strong>venil é a interconectivida<strong>de</strong><br />
sem fronteiras, um contexto em que cada indivíduo é<br />
polo receptor e gerador <strong>de</strong> informações. Diante <strong>de</strong>sse cenário, passa-se<br />
a exigir uma escola em que se substitua a participação passiva<br />
pela ativa. Isso traz transformações tanto <strong>de</strong> conteúdos e objetivos,<br />
Luis Carlos <strong>de</strong> menezes sandra Regi<strong>na</strong> garcia<br />
brasil marista | 47
quanto <strong>de</strong> métodos e práticas educacio<strong>na</strong>is”, disse<br />
o palestrante, referindo-se aos currículos obsoletos<br />
que muitas instituições ainda mantêm.<br />
O direito ao acolhimento<br />
O painelista apontou que, paralelamente, entre<br />
os elementos que passaram a pautar a <strong>educação</strong><br />
básica no Brasil, particularmente no Ensino<br />
Médio, há uma nova cultura <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sempenhos estudantil e escolar. Ele enten<strong>de</strong><br />
que exames <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, como o Enem (Exame<br />
Nacio<strong>na</strong>l do Ensino Médio), elaborados a partir<br />
<strong>de</strong> expectativas educacio<strong>na</strong>is gerais, já são referências<br />
que não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas.<br />
Por outro lado, e lamentavelmente, <strong>na</strong> corrida<br />
por melhor classificação, tem havido uma competição<br />
entre instituições e re<strong>de</strong>s escolares, que<br />
visa, às vezes, objetivos mercadológicos em vez<br />
da busca pela qualida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l. “Numa<br />
escola marista, por exemplo, a busca pelo bom<br />
<strong>de</strong>sempenho não <strong>de</strong>ve implicar a seleção prévia<br />
<strong>de</strong> estudantes em pre<strong>ju</strong>ízo ao direito <strong>de</strong> todos ao<br />
acolhimento, ao cuidado e ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />
não discrimi<strong>na</strong>tório”, exemplificou.<br />
Nesse sentido, comentou que no Ensino Médio<br />
da escola marista, a <strong>educação</strong> que será colocada<br />
em prática <strong>de</strong>ve preservar a vocação da instituição<br />
para uma formação humanista, capacitando<br />
os jovens para a cidadania ple<strong>na</strong>. Isso implica,<br />
<strong>na</strong> visão do painelista, preparar seres humanos<br />
que possam superar os diferentes obstáculos que<br />
uma socieda<strong>de</strong> em permanente transição impõe,<br />
tanto para garantir ingresso no ensino superior<br />
<strong>de</strong>sejado, quanto igualmente para uma participação<br />
significativa e solidária <strong>na</strong> vida social e<br />
Luis Carlos <strong>de</strong> menezes, paulo <strong>de</strong> Tarso e sandra Regi<strong>na</strong> garcia<br />
48 | brasil marista<br />
produtiva. “Para enfrentar esses <strong>de</strong>safios, essa<br />
escola <strong>de</strong>verá ser um ambiente <strong>de</strong> produção<br />
cultural intensa, <strong>de</strong> protagonismo <strong>ju</strong>venil permanente”,<br />
afirmou.<br />
Segundo o professor, tais escolas <strong>de</strong>vem ter<br />
características próprias, incorporadas a um projeto<br />
pedagógico que atenda os aspectos sociais,<br />
culturais ou econômicos da comunida<strong>de</strong>, assim<br />
como às especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus estudantes.<br />
Entre as especificida<strong>de</strong>s listadas por Luis Carlos<br />
estão a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicitação <strong>de</strong> princípios,<br />
objetivos, métodos, práticas e regras <strong>de</strong> convívio<br />
escolares, que assegurem maior comprometimento<br />
<strong>de</strong> gestores, professores, funcionários,<br />
estudantes e suas famílias; aulas e ativida<strong>de</strong>s<br />
participativas; vivência e contextualização dos<br />
conhecimentos discipli<strong>na</strong>res; avaliações do<br />
aprendizado que não fiquem restritas a situações<br />
<strong>de</strong> prova; utilização <strong>de</strong> novos recursos <strong>de</strong><br />
comunicação com os educandos, como as re<strong>de</strong>s<br />
sociais virtuais; discussão <strong>de</strong> questões sociais,<br />
econômicas, culturais, tecnológicas e ambientais;<br />
mobilização <strong>de</strong> voluntários da comunida<strong>de</strong><br />
escolar para atuação solidária; e intercâmbio<br />
entre as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolas maristas, partilhando<br />
experiências e questio<strong>na</strong>mentos <strong>de</strong> forma<br />
contínua. Sandra Regi<strong>na</strong> <strong>de</strong> Oliveira Garcia,<br />
doutora em Educação e Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora Geral <strong>de</strong><br />
Ensino Médio no Ministério da Educação, também<br />
participou como palestrante do evento. Ela<br />
abordou os dados estatísticos do MEC a respeito<br />
do perfil dos estudantes brasileiros por faixa etária<br />
e grau <strong>de</strong> formação, a<strong>na</strong>lisando o movimento<br />
<strong>de</strong> permanência e evasão durante o histórico<br />
estudantil ao longo da Educação Básica.
sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />
nEurociência E Educação<br />
l E i t u r a , E m o ç ã o E m E m ó r i a :<br />
ingredientes para<br />
um bom aprendizado<br />
“Os educadores já receberam uma <strong>educação</strong> em que a leitura é<br />
colocada como escolarizada, em que o estudante lê para respon<strong>de</strong>r<br />
perguntas. Assim, como po<strong>de</strong>rão formar seres pensantes?”<br />
Elvira Lima<br />
O seminário temático Neurociência e Educação<br />
foi conduzido por Elvira Lima e pelo Dr. Ivan<br />
Izquierdo, que apresentaram uma relevante<br />
exposição sobre a formação da memória e a importância<br />
<strong>de</strong>ste processo no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das aprendizagens. Quem abriu os <strong>de</strong>bates foi<br />
Izquierdo, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor do Centro da Memória<br />
da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica do Rio<br />
Gran<strong>de</strong> do Sul (PUCRS) e responsável pela <strong>de</strong>scoberta<br />
dos principais mecanismos moleculares<br />
da formação, evocação, persistência e extinção<br />
das memórias.<br />
Durante sua palestra, ele explicou como é armaze<strong>na</strong>da<br />
a memória, dando ênfase <strong>na</strong> importância<br />
da leitura nesse processo. “Memória tem<br />
a ver com emoção, e só guardamos aquilo que<br />
realmente nos marca, nos toca, tais como livros,<br />
filmes, peças <strong>de</strong> teatro, momentos etc.”, afirmou.<br />
Essa regra também vale para o aprendizado <strong>na</strong><br />
escola, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da faixa etária da<br />
criança, uma vez que o cérebro é moldável aos<br />
estímulos do ambiente. Graças a esses estímulos,<br />
são formadas novas si<strong>na</strong>pses – uma forma <strong>de</strong> comunicação<br />
entre neurônios – que, ao se tor<strong>na</strong>rem<br />
mais intensas, processam as informações com<br />
capacida<strong>de</strong> molecular. “Nas crianças, as si<strong>na</strong>pses<br />
aumentam <strong>de</strong> tamanho e, para aproveitar todo<br />
esse potencial <strong>de</strong> armaze<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> informações,<br />
ainda em tenra ida<strong>de</strong>, os educadores têm<br />
que dar a motivação necessária para que haja o<br />
aprendizado”, explicou o médico.<br />
Outro exemplo em que o armaze<strong>na</strong>mento <strong>de</strong><br />
informações e o aprendizado precisam ser complementares,<br />
segundo Izquierdo, são os cursos<br />
pré-vestibulares. Geralmente, com salas repletas<br />
<strong>de</strong> estudantes, oriundos dos mais diversos tipos<br />
<strong>de</strong> <strong>educação</strong> no Ensino Médio, os professores<br />
precisam criar mecanismos, como músicas e perso<strong>na</strong>gens,<br />
para atrair a atenção dos estudantes e<br />
tentar proporcio<strong>na</strong>r um aprendizado pleno.<br />
Ele, durante sua expla<strong>na</strong>ção, pontuou que nem<br />
todos os jovens que ouvem e escrevem a mesma<br />
coisa, participando da mesma aula, vão apreen<strong>de</strong>r<br />
aquele conhecimento para o resto da vida.<br />
“Alguns guardam <strong>na</strong> memória aquele conteúdo<br />
somente para a prova; já outros jamais se esquecerão<br />
daquela aula”, exemplificou. Isso acontece<br />
porque, segundo ele, a memória e as emoções<br />
ficam interligadas quando ativadas pelo processo<br />
<strong>de</strong> aprendizagem, e os estudantes precisam<br />
sentir-se “seduzidos” por ativida<strong>de</strong>s e temas<br />
que são relevantes para suas vidas para absorverem<br />
o conhecimento.<br />
brasil marista | 49
Seres <strong>de</strong> emoção<br />
e seres <strong>de</strong> cultura<br />
A segunda parte do seminário foi apresentada<br />
pela professora Elvira Lima, pesquisadora em<br />
<strong>de</strong>senvolvimento humano, com formação em<br />
Neurociências, Psicologia, Antropologia e Música.<br />
Ela <strong>de</strong>stacou a relevância do conhecimento<br />
da Neurociência <strong>na</strong> <strong>educação</strong>, frisando a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> repensar o currículo escolar, e privilegiar<br />
as linguagens artístico-culturais.<br />
Segundo a palestrante, uma das importantes<br />
contribuições da Neurociência é compreen<strong>de</strong>r<br />
e conhecer o adulto que ensi<strong>na</strong>, do ponto <strong>de</strong><br />
vista dos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong><br />
como isso po<strong>de</strong> ampliar a perspectiva pedagógica.<br />
Justamente por isso, ela se <strong>de</strong>bruça sobre<br />
a questão curricular, começando pela formação<br />
do professor, tanto a pedagógica, quanto a cultural.<br />
A palestrante reforçou a importância da<br />
formação dos educadores como reflexo para um<br />
bom aprendizado dos educandos. “Essa formação<br />
está absolutamente fragmentada”, afirmou.<br />
“Os educadores já receberam uma <strong>educação</strong> em<br />
que a leitura é colocada como escolarizada, em<br />
que o estudante lê para respon<strong>de</strong>r perguntas.<br />
Assim, como po<strong>de</strong>rão formar seres pensantes?”,<br />
indagou.<br />
Para ela, outra gran<strong>de</strong> conquista proveniente da<br />
50 | brasil marista<br />
Neurociência foi ter esclarecido que somos seres<br />
<strong>de</strong> emoção e seres <strong>de</strong> cultura. Assim como Izquierdo,<br />
ela pontuou a importância do impacto<br />
emocio<strong>na</strong>l no aprendizado: “Não formaremos<br />
leitores <strong>de</strong>ssa maneira que estamos fazendo no<br />
País, já que esse processo se dá pelo encantamento<br />
da <strong>na</strong>rrativa e pela emoção”, alertou. Nesse<br />
sentido, manifestou sua crítica à forma instrumental<br />
como é feita a formação <strong>de</strong> leitores <strong>na</strong>s<br />
instituições <strong>de</strong> ensino <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong>.<br />
Por fim, valendo-se da importância da formação<br />
da memória baseada em emoções, Elvira sustentou<br />
a necessida<strong>de</strong> da leitura como experiência<br />
estética, a fim <strong>de</strong> criar o conteúdo cultural e<br />
pedagógico, tanto dos professores, quanto dos<br />
estudantes. “A utilização da memória dos docentes,<br />
do ponto <strong>de</strong> vista cultural, é fundamental<br />
para o ensino, caso contrário a aplicação pedagógica<br />
não será ple<strong>na</strong>”, concluiu.<br />
Para a auxiliar A<strong>na</strong> Claudia Silva, do Colégio<br />
Marista Santo Angelo (RS), Província Marista<br />
do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, o seminário tratou da<br />
importância <strong>de</strong> conhecer um pouco mais sobre o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento humano: “Enten<strong>de</strong>r o funcio<strong>na</strong>mento<br />
do cérebro, da memória e suas estratégias<br />
<strong>de</strong> aprendizagem possibilita aos professores<br />
um conhecimento riquíssimo, além <strong>de</strong> trazer<br />
sugestões para trabalhar com a neurociência em<br />
sala <strong>de</strong> aula. Portanto, como Izquierdo nos disse:<br />
“Nós somos o que a nossa memória guarda”.<br />
Elvira Lima, Aloirmar josé da silva e Ivan Izquierdo
sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />
EsPaços Educativos EmErgEntEs, mEdiação E múltiPlas linguagEns<br />
Aureliano hernán<strong>de</strong>z, Tião Rocha, francisco Iêdo e Diógenes philippsen<br />
Educação<br />
Plural<br />
“Educação po<strong>de</strong> ser o que quisermos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que aconteça<br />
no plural. Nela eu troco o que tenho pelo que não tenho.”<br />
Tião Rocha<br />
brasil marista | 51
Respeitar a cultura<br />
das comunida<strong>de</strong>s,<br />
“apren<strong>de</strong>r fazendo e<br />
convivendo”, promover<br />
o protagonismo<br />
dos sujeitos, utilizar<br />
<strong>de</strong> múltiplos recursos,<br />
mediações e linguagens<br />
que levem<br />
ao aprendizado, integrar<br />
a comunida<strong>de</strong> no<br />
processo <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />
foram algumas das<br />
propostas levantadas<br />
no seminário temático<br />
intitulado Espaços<br />
Educativos Emergentes,<br />
Mediação e Múltiplas<br />
Linguagens. A<br />
mesa foi coor<strong>de</strong><strong>na</strong>da<br />
pelo professor Dyógenes Philippsen Araújo, filósofo,<br />
assessor do Grupo Marista. Entre os <strong>de</strong>batedores<br />
estavam o antropólogo Tião Rocha, educador<br />
popular e fundador do Centro Popular <strong>de</strong><br />
Cultura e Desenvolvimento (CPCD); Aureliano<br />
Juárez Hernán<strong>de</strong>z, educador social e parceiro <strong>na</strong><br />
Missão Marista <strong>de</strong> Guadalupe (Província Marista<br />
do México Central), que atua <strong>ju</strong>nto às comunida<strong>de</strong>s<br />
indíge<strong>na</strong>s tradicio<strong>na</strong>is <strong>na</strong>s montanhas <strong>de</strong><br />
Chiapas, no México; e Francisco Iêdo Lopes da<br />
Silva Filho, educando e gerente do Memorial do<br />
Homem Kariri, <strong>na</strong> Fundação Casa Gran<strong>de</strong>.<br />
Inicialmente, o jovem Francisco compartilhou a<br />
experiência vivenciada por ele e outros colegas <strong>na</strong><br />
Fundação Casa Gran<strong>de</strong>. Trata-se <strong>de</strong> uma organização<br />
não gover<strong>na</strong>mental, cultural e filantrópica,<br />
concebida em 1992 por Alemberg Quindins, com<br />
se<strong>de</strong> em Nova Olinda, Ceará, Brasil. De acordo<br />
com Iêdo, a Fundação Casa Gran<strong>de</strong> <strong>na</strong>sceu com<br />
a missão <strong>de</strong> promover a formação <strong>de</strong> crianças e<br />
jovens protagonistas. Na verda<strong>de</strong>, a gestão da organização<br />
sempre foi feita, quase <strong>na</strong> totalida<strong>de</strong>,<br />
por crianças e jovens voluntários. A organização<br />
oferta programas lúdico-educacio<strong>na</strong>is que enfatizam<br />
a memória regio<strong>na</strong>l (histórica, arqueológica,<br />
cultural), as competências da comunicação, as<br />
artes clássicas e regio<strong>na</strong>is, a pesquisa e o turismo<br />
<strong>de</strong> conteúdo. Os projetos pedagógicos são <strong>de</strong>senvolvidos<br />
através dos laboratórios <strong>de</strong> conteúdo e<br />
produção (apren<strong>de</strong>r fazendo <strong>ju</strong>ntos), nos quais as<br />
crianças envolvidas têm total participação <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
52 | brasil marista<br />
francisco Iêdo<br />
a concepção, o planejamento e a execução dos<br />
projetos. Ou seja, “apren<strong>de</strong>r fazendo e convivendo”<br />
é um princípio fundamental que permeia<br />
todas as ativida<strong>de</strong>s.<br />
Há programas <strong>de</strong> rádio (programas infantis<br />
feitos <strong>de</strong> criança para criança); turismo comunitário<br />
(foram criadas pousadas domiciliares <strong>na</strong>s<br />
residências dos pais dos estudantes, e há formação<br />
<strong>de</strong> meninos e meni<strong>na</strong>s para o receptivo turístico);<br />
ativida<strong>de</strong>s esportivas (foi construído um<br />
Parque Ambiental), ativida<strong>de</strong>s artísticas (teatro<br />
e música), escavações arqueológicas (cujo objetivo<br />
é mostrar para as crianças como viveram os<br />
Kariris, primeiros habitantes da região com sua<br />
cultura neolítica).<br />
Hoje, a Fundação Casa Gran<strong>de</strong>-Memorial do<br />
Homem Kariri é uma organização <strong>de</strong> referência<br />
em tecnologia social, sobretudo no que se refere<br />
ao protagonismo e participação <strong>ju</strong>venil nos processos<br />
<strong>de</strong> gestão e <strong>educação</strong> para a cidadania.<br />
Não menos ousado e <strong>de</strong>safiador é o trabalho exposto<br />
por Aureliano Her<strong>na</strong>zez, realizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
1995 com comunida<strong>de</strong>s indíge<strong>na</strong>s. Apoiado pelos<br />
irmãos maristas mexicanos e Igreja Católica,<br />
o projeto busca levar a <strong>educação</strong> para as crianças<br />
e jovens das comunida<strong>de</strong>s mais retiradas – visto<br />
que essas, <strong>na</strong> gran<strong>de</strong> maioria, encontram-se<br />
<strong>de</strong>samparadas pelo po<strong>de</strong>r público – bem como<br />
formar li<strong>de</strong>ranças locais para continuida<strong>de</strong> dos
Tião Rocha<br />
projetos, para a reivindicação dos seus direitos<br />
e preservação da cultura dos povos indíge<strong>na</strong>s.<br />
“Levamos uma nova proposta <strong>de</strong> <strong>educação</strong>, que<br />
<strong>na</strong>sceu <strong>de</strong> nossos povos. Uma <strong>educação</strong> que nos<br />
a<strong>ju</strong>da a viver com dignida<strong>de</strong> e a manter nossa<br />
vocação <strong>de</strong> camponeses”. São formados comitês<br />
<strong>de</strong> <strong>educação</strong> e todos apren<strong>de</strong>m <strong>ju</strong>ntos, inclusive<br />
os pais, que fazem parte da proposta educacio<strong>na</strong>l.<br />
“O objetivo é a<strong>ju</strong>dar as crianças a ver por si<br />
mesmas, <strong>de</strong> uma forma crítica e construtiva”,<br />
concluiu Aureliano.<br />
Apren<strong>de</strong>r brincando<br />
Tião Rocha, por sua vez, reforçou a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ampliarmos o conceito <strong>de</strong> <strong>educação</strong> e daquilo<br />
que comumente compreen<strong>de</strong>mos por espaços<br />
educacio<strong>na</strong>is. Tião <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a <strong>de</strong>mocratização social<br />
da <strong>educação</strong>. O que não <strong>de</strong>ve ser confundido<br />
com “escola <strong>de</strong> massa”, ou seja, imposição <strong>de</strong><br />
políticas educacio<strong>na</strong>is homogeneizantes, pasteurizadas,<br />
que <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ram o protagonismo das<br />
crianças e jovens, que não envolvem a comunida<strong>de</strong>,<br />
que subestimam as tecnologias sociais do<br />
aprendizado e da convivência. A lógica “professor<br />
ensi<strong>na</strong> e o estudante apren<strong>de</strong>” é a receita da<br />
escola que não funcio<strong>na</strong>. Tião Rocha enfatiza que<br />
há diferenças substanciais <strong>na</strong>s funções <strong>de</strong> professor<br />
e educador: “professor é aquele que ensi<strong>na</strong>.<br />
Educador é aquele que ensi<strong>na</strong> e apren<strong>de</strong>.”<br />
Movido por essa indig<strong>na</strong>ção<br />
– que <strong>na</strong>sceu da convivência<br />
com o mestre<br />
Paulo Freire – Tião funda<br />
em1984 o Centro Popular<br />
<strong>de</strong> Cultura e Desenvolvimento<br />
visando a formação<br />
<strong>de</strong> educadores e produção<br />
<strong>de</strong> tecnologias sociais<br />
<strong>de</strong> <strong>educação</strong>. O CPCD é<br />
uma organização nãogover<strong>na</strong>mental,<br />
sem fins<br />
lucrativos e <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong><br />
pública fe<strong>de</strong>ral, estadual e<br />
municipal, vinculada ao 3º<br />
Setor (<strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza privada<br />
e função social pública),<br />
com se<strong>de</strong> em Belo Horizonte<br />
(MG), para atuar <strong>na</strong>s<br />
áreas <strong>de</strong> Educação Popular<br />
<strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> e Desenvolvimento Comunitário<br />
Sustentável, tendo a cultura como matéria<br />
prima e instrumento <strong>de</strong> trabalho, pedagógico<br />
e institucio<strong>na</strong>l. As tecnologias <strong>de</strong>senvolvidas<br />
pelo CPCD já estão espalhadas pelo Brasil e por<br />
vários países.<br />
O palestrante reforçou a importância <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<br />
brincando e <strong>de</strong> uma escola que respeite o<br />
ritmo e o tempo do educando. “Apren<strong>de</strong>r não<br />
precisa ser um castigo. Educação po<strong>de</strong> ser o que<br />
quisermos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que aconteça no plural. Nela,<br />
eu troco o que tenho pelo que não tenho”, afirmou.<br />
E foi mais longe dizendo que “precisamos<br />
criar maneiras inovadoras <strong>de</strong> produzir aprendizado,<br />
<strong>de</strong> acordo com as múltiplas culturas e<br />
valores do Brasil”.<br />
Dyógenes concluiu enfatizando que aquilo que<br />
hoje consi<strong>de</strong>ramos critério <strong>de</strong> inovação no cenário<br />
educacio<strong>na</strong>l não po<strong>de</strong> restringir-se ape<strong>na</strong>s à<br />
imagem tecno-científica da escola, emoldurada<br />
<strong>de</strong> recursos tecnológicos digitais (os tablets, lousas<br />
eletrônicas, ebooks, hardwares e softwares).<br />
Na verda<strong>de</strong>, temos a emergência <strong>de</strong> novos cenários<br />
e tecnologias sociais, complementares às<br />
estruturas tradicio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> <strong>educação</strong>, que são os<br />
espaços e tempos múltiplos e possíveis da <strong>educação</strong>,<br />
capazes <strong>de</strong> integrar diferentes sujeitos,<br />
experiências, saberes curriculares e culturais,<br />
formando (ou resgatando) tecnologias <strong>de</strong> aprendizado<br />
e da convivência que nos dignificam.<br />
brasil marista | 53
sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />
rElação Família-Escola<br />
a tênuE rElação EntrE<br />
família e escola<br />
Mostrando a importância da parceria escola-família, Patrícia<br />
Quaresma falou sobre como pais e instituições po<strong>de</strong>m atuar <strong>de</strong><br />
forma integrada, contribuindo para a formação <strong>de</strong> cidadãos.<br />
On<strong>de</strong> termi<strong>na</strong> a responsabilida<strong>de</strong> da família<br />
e começa a responsabilida<strong>de</strong> da escola? Para<br />
respon<strong>de</strong>r essa e outras perguntas, a pedagoga,<br />
psicóloga e especialista em Terapia Cognitiva,<br />
Patrícia Quaresma, apresentou o seminário<br />
temático Relação Família-Escola. Em sua apresentação,<br />
traçou um panorama das mudanças<br />
que nossa socieda<strong>de</strong> vem enfrentando em quase<br />
todos os setores, mostrando que as alterações<br />
<strong>de</strong>las <strong>de</strong>correntes afetam os padrões <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mento<br />
<strong>de</strong> maneira nem sempre positiva. “Em<br />
muitas áreas da socieda<strong>de</strong>, percebe-se uma <strong>de</strong>sorientação<br />
em relação à forma como se comportar,<br />
54 | brasil marista<br />
como se relacio<strong>na</strong>r e aos valores que se <strong>de</strong>vem<br />
utilizar”, a<strong>na</strong>lisou.<br />
Para ela, tanto família quanto escola não conseguiram<br />
blindar-se diante das mudanças da<br />
contemporaneida<strong>de</strong>. Adaptar-se às <strong>de</strong>mandas<br />
cotidia<strong>na</strong>s, num trabalho con<strong>ju</strong>nto entre pais e<br />
escola, seria, nesse sentido, fundamental para<br />
uma formação saudável e funcio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> filhos e<br />
estudantes. “A maneira como se educa um filho<br />
ou estudante reflete no modo como ele se comportará<br />
e nos aspectos que valorizará em sua<br />
vida”, apontou.
Dados científicos <strong>de</strong>monstram<br />
que as práticas educativas usadas<br />
por pais e professores po<strong>de</strong>m<br />
tanto estimular quanto inibir o<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> realização, bem como<br />
afetar a construção do autoconceito<br />
acadêmico.<br />
“É inegável o forte impacto <strong>de</strong><br />
pais e professores <strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />
<strong>de</strong> filhos e estudantes, no sentido<br />
<strong>de</strong> ampliar os <strong>horizontes</strong> da <strong>educação</strong>.<br />
É necessário utilizar essa<br />
influência a favor da constituição<br />
dos verda<strong>de</strong>iros pilares do autoconceito<br />
pessoal e acadêmico”,<br />
pon<strong>de</strong>rou.<br />
Segundo a especialista, são os exemplos, falas<br />
e atitu<strong>de</strong>s que levarão crianças e adolescentes<br />
a se tor<strong>na</strong>rem pessoas com mais capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
enfrentamento e protagonistas da <strong>educação</strong>,<br />
lidando com as adversida<strong>de</strong>s da vida <strong>de</strong> maneira<br />
positiva em situações como: ter sucesso nos<br />
campos afetivo e profissio<strong>na</strong>l; cuidar da família,<br />
da saú<strong>de</strong> e da vida social; e buscar uma postura<br />
mais efetiva diante dos obstáculos.<br />
A professora Mariel Neto Dias, do Colégio Marista<br />
Santo Angelo (RS), Província Marista do<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, <strong>de</strong>stacou uma frase da palestrante:<br />
“Um estilo competente <strong>de</strong> atuação requer<br />
atribuir significado e sentido ao processo <strong>de</strong><br />
ensi<strong>na</strong>r, pois é um exercício <strong>de</strong> imortalida<strong>de</strong> e,<br />
<strong>de</strong> alguma forma continuaremos a viver <strong>na</strong>queles<br />
cujos olhos apren<strong>de</strong>ram a ver o mundo pela<br />
magia <strong>de</strong> nossa palavra. Isso me fez repensar e<br />
refletir muito sobre nosso papel”.<br />
Atuação integrada<br />
<strong>de</strong> pais e mestres<br />
Como a maioria das pessoas passa uma parte<br />
significativa <strong>de</strong> sua vida <strong>na</strong> escola, em ativida<strong>de</strong>s<br />
relacio<strong>na</strong>das a este espaço, convivendo<br />
diariamente com professores, funcionários e<br />
colegas, a instituição <strong>de</strong> ensino tor<strong>na</strong>-se a principal<br />
parceira dos pais <strong>na</strong> criação dos filhos. Neste<br />
contexto, a boa formação do indivíduo estaria<br />
diretamente ligada a uma atuação equivalente<br />
entre pais e mestres.<br />
patrícia quaresma<br />
Entretanto, a painelista pontuou<br />
que se percebe com frequência<br />
que muitos pais não se<br />
envolvem com a roti<strong>na</strong> escolar<br />
dos filhos, até que apareçam<br />
as notas baixas, a reprovação e<br />
as advertências. Filhos <strong>de</strong> pais<br />
que <strong>de</strong>legam a responsabilida<strong>de</strong><br />
integral da escolarização às<br />
instituições <strong>de</strong> ensino apresentam<br />
níveis <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> mais<br />
baixos. Por outro lado, a participação<br />
excessiva e controladora<br />
dos pais <strong>na</strong> formação escolar<br />
também vai <strong>na</strong> contramão <strong>de</strong>sse<br />
processo.<br />
Segundo a pedagoga, é importante que os pais<br />
se questionem sobre qual é o seu lugar, o que se<br />
fala sobre a escola e ainda sobre a roti<strong>na</strong> escolar.<br />
Para isso, é fundamental que a<strong>na</strong>lisem o estilo<br />
<strong>de</strong> <strong>educação</strong> que transmitem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, ainda<br />
mais com a presença crescente <strong>de</strong> estímulos,<br />
como a Internet e a televisão. “Muitos pais não<br />
têm a real dimensão do impacto <strong>de</strong> suas opiniões<br />
e comportamentos <strong>na</strong> formação dos filhos. É<br />
fundamental que reconheçam sua influência <strong>na</strong><br />
vida <strong>de</strong>ssas crianças”, afirmou.<br />
Por fim, a palestrante ressaltou que a escolha da<br />
escola é uma <strong>de</strong>cisão muito importante. “Os pais<br />
precisam ter uma linha <strong>de</strong> coerência entre a <strong>educação</strong><br />
e valores praticados em casa e a proposta<br />
da instituição <strong>de</strong> ensino”, explicou. Dessa forma,<br />
ainda <strong>de</strong> acordo com Patrícia, os filhos passarão<br />
a ser estudantes numa con<strong>ju</strong>ntura em que o contrato<br />
entre escola e família não se encerre ape<strong>na</strong>s<br />
em acertos práticos e econômicos, mas que se<br />
transforme numa verda<strong>de</strong>ira parceria e compromisso<br />
mútuo, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver cidadãos <strong>de</strong><br />
direito e <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres em nossa socieda<strong>de</strong>.<br />
Para Cristi<strong>na</strong> Pergher Kunz, professora do<br />
Colégio Marista Rosário <strong>de</strong> Porto Alegre (RS),<br />
Província Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, o seminário<br />
mostrou <strong>na</strong> prática a importância das relações<br />
positivas e do afeto no dia a dia da escola<br />
e da vida: “Foi um seminário para cada um dos<br />
participantes utilizarem também <strong>na</strong>s suas vidas<br />
fora da escola”.<br />
Maria Guadalupe López também participou<br />
como palestrante do Seminário, compartilhando<br />
a Experiência Miravalles México.<br />
brasil marista | 55
sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />
cultura dE vida E sustEntabilidadE<br />
Educar Para a<br />
sustentabilida<strong>de</strong><br />
“Todos tem <strong>de</strong> ser<br />
mobilizados: o teólogo,<br />
o político, o educador,<br />
o cidadão comum. É<br />
preciso que saiamos<br />
do confortável lugar<br />
<strong>de</strong> espectadores para<br />
protagonistas.”<br />
mari<strong>na</strong> silva<br />
56 | brasil marista<br />
Mari<strong>na</strong> Silva<br />
Cipriano Luchesi, teólogo, filósofo, psicoterapeuta em Biossíntese<br />
e doutor em Educação: Filosofia e História da Educação,<br />
pela Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> São Paulo (PUCSP);<br />
Mari<strong>na</strong> Silva, ex-ministra do Meio Ambiente; e Leo<strong>na</strong>rdo Boff,<br />
doutor em Teologia e Filosofia pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Munique<br />
e um dos principais expoentes da Teologia da Libertação,<br />
foram os responsáveis pela condução do seminário temático<br />
Cultura <strong>de</strong> Vida e Sustentabilida<strong>de</strong>. Com status <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Conferência,<br />
auditório lotado, os palestrantes falaram sobre os<br />
<strong>de</strong>safios que enfrentamos no tocante à sustentabilida<strong>de</strong> nos<br />
dias atuais.<br />
Mari<strong>na</strong> Silva iniciou sua exposição dizendo que “estamos vivendo<br />
uma crise que se constitui <strong>de</strong> múltiplas crises”. Lembrou<br />
a crise econômica europeia; e a crise <strong>na</strong> <strong>educação</strong>, ressaltando<br />
que, no Brasil, temos ainda hoje <strong>de</strong>z milhões <strong>de</strong> a<strong>na</strong>lfabetos;<br />
a crise ambiental, com perda da biodiversida<strong>de</strong> do Planeta,<br />
mudanças climáticas, elevação <strong>de</strong> temperaturas; e, por fim,<br />
a crise <strong>de</strong> valores. Sobre a situação ambiental, afirmou: “Cinquenta<br />
por cento do Planeta já está comprometido. Se tivermos<br />
um aumento <strong>de</strong> mais 2ºC, vamos <strong>de</strong>struir o equilíbrio do que<br />
sustenta a vida”.<br />
Ao comentar os problemas no campo dos valores, lembrou<br />
que as pessoas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m interesses que não são legítimos, ou<br />
seja, fazem prevalecer interesses próprios em malefício dos<br />
outros. Como exemplo, citou a redução <strong>de</strong> áreas indíge<strong>na</strong>s, em<br />
benefício do lucro. “Um mo<strong>de</strong>lo que elimi<strong>na</strong> culturas não é<br />
sustentável”, ressaltou.<br />
Nesse sentido, seria necessário, para avançarmos e revertermos<br />
esse processo, levar às pessoas uma cultura <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong><br />
sustentabilida<strong>de</strong>. “Todos tem <strong>de</strong> ser mobilizados: o teólogo, o<br />
político, o educador, o cidadão comum. É preciso que saiamos<br />
do confortável lugar <strong>de</strong> espectadores para protagonistas ”,<br />
afirmou.
A importância da<br />
<strong>educação</strong> familiar<br />
Alinhado à perspectiva <strong>de</strong> que sustentabilida<strong>de</strong><br />
tem a ver com a relação entre o ser humano e<br />
meio em que vive, seja ele <strong>na</strong>tural ou cultural,<br />
Luchesi fez suas pon<strong>de</strong>rações sob um foco psicossociológico,<br />
com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar<br />
o que tem dificultado a sustentabilida<strong>de</strong> e o<br />
que po<strong>de</strong> a<strong>ju</strong>dá-la, individual e coletivamente.<br />
Durante sua exposição, ele citou Lawrence<br />
Kholberg, um psicólogo norte-americano, que<br />
nos anos 1960 <strong>de</strong>dicou-se a compreen<strong>de</strong>r os estágios<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento ético do ser humano,<br />
articulados com o <strong>de</strong>senvolvimento psicológico<br />
emocio<strong>na</strong>l. Ele <strong>de</strong>finiu esses estágios em préconvencio<strong>na</strong>l<br />
(ética infantil = “tudo para mim”),<br />
convencio<strong>na</strong>l (ética adulta = “eu cumpro os pactos”)<br />
e pós-convencio<strong>na</strong>l (ética do amor universal<br />
= “estou a serviço da vida”).<br />
Segundo Luchesi, como socieda<strong>de</strong>, 92% da humanida<strong>de</strong><br />
estaria no primeiro estágio da ética,<br />
a infantil, pois focamos nossa atenção em nós<br />
mesmos, nos nossos pares e <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> em<br />
que vivemos. Para investir numa cultura <strong>de</strong><br />
vida e garantir a sustentabilida<strong>de</strong>, o caminho<br />
seria, segundo o palestrante, a <strong>educação</strong> familiar.<br />
“O caminho é a <strong>educação</strong> familiar, escolar<br />
e social,<strong>de</strong> tal forma que possamos sustentar<br />
relações interpessoais e com o meio com características<br />
adultas, aquelas que garantem a nossa<br />
sobrevivência”, acrescentou.<br />
Leo<strong>na</strong>rdo Boff também reforçou o papel da<br />
<strong>educação</strong> <strong>na</strong> composição <strong>de</strong> mudanças e <strong>de</strong> um<br />
cenário futuro mais promissor. Ele lembrou que<br />
educar significa levar o educando a “apren<strong>de</strong>r a<br />
pensar, apren<strong>de</strong>r a fazer, a ser”. Educar, <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong>ssa perspectiva, seria levar o indivíduo ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento como pessoa huma<strong>na</strong>, que<br />
sabe conviver com o próximo e cuidar do meio<br />
ambiente. Numa visão otimista, ele afirmou:<br />
“O legado da crise <strong>de</strong> hoje é uma esperança: a<br />
<strong>de</strong>scoberta do capital humano, espiritual. Até<br />
agora nos concentramos no capital material”.<br />
Ao fi<strong>na</strong>l alertou: “O progresso tocou nos limites<br />
da Terra. O <strong>de</strong>stino nos conclama para um novo<br />
começo, uma maneira nova <strong>de</strong> ver a Terra. Esse é<br />
o nosso <strong>de</strong>safio”. Com essas palavras encerrou a<br />
palestra, convocando a plateia a optar pela vida,<br />
o maior dom <strong>de</strong> Deus, para que não <strong>de</strong>sapareça<br />
da face da Terra.<br />
Cipriano Luckesi, mari<strong>na</strong> silva e Leo<strong>na</strong>rdo boff<br />
brasil marista | 57
fórUNs DE ExpEriêNCia<br />
gruPo marista<br />
Advocacy<br />
PElo dirEito à Educação inFantil<br />
Esse fórum teve por objetivo discutir a experiência<br />
da Re<strong>de</strong> Marista <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong> no Advocacy<br />
pelo direito à <strong>educação</strong> infantil. Viviane<br />
Aparecida da Silva apresentou o trabalho <strong>de</strong><br />
articulação, que busca atuar em três frentes: promoção,<br />
<strong>de</strong>fesa e <strong>educação</strong> para a solidarieda<strong>de</strong>.<br />
A primeira diretriz, promoção, diz respeito ao<br />
atendimento, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, às crianças e jovens,<br />
por meio das unida<strong>de</strong>s sociais e educacio<strong>na</strong>is da<br />
Re<strong>de</strong> Marista <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong> (RMS). A segunda,<br />
<strong>de</strong>fesa, refere-se ao anúncio dos direitos e <strong>de</strong><br />
sua violação em ações educativas, <strong>de</strong> comunicação,<br />
assessoria e incidência política. Por fim, no<br />
que tange à <strong>educação</strong> para a solidarieda<strong>de</strong>, a terceira<br />
frente <strong>de</strong> atuação, o objetivo é a contribuição<br />
para a formação <strong>de</strong> atores<br />
críticos, dispostos e capazes<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r interesses coletivos<br />
e abordar os mecanismos<br />
que geram a violência, a pobreza<br />
e a exclusão.<br />
O resultado do trabalho realizado<br />
em nove unida<strong>de</strong>s<br />
da Re<strong>de</strong> Marista <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong>,<br />
e que aten<strong>de</strong> 1.200<br />
crianças, é uma proposta socioeducativa<br />
com enfoque<br />
nos direitos da criança, utilizando<br />
uma metodologia<br />
<strong>de</strong> autoavaliação construída<br />
coletivamente. Além disso,<br />
já foram realizados, por meio<br />
da iniciativa, itinerários formativos<br />
(nove seminários e<br />
sete congressos maristas para<br />
as <strong>infâncias</strong> com a participação<br />
<strong>de</strong> 3.220 educadores da<br />
re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> Curitiba, no<br />
58 | brasil marista<br />
Paraná, Santos e São Paulo).<br />
A mobilização e os esforços <strong>de</strong>ram ainda importantes<br />
contribuições para o Grupo <strong>de</strong> Trabalho<br />
Ensino Fundamental <strong>de</strong> nove anos; para o capítulo<br />
<strong>de</strong> <strong>educação</strong> infantil do Plano Nacio<strong>na</strong>l<br />
Primeira Infância; para o Exame Periódico Universal<br />
(EPU); e ainda resultaram <strong>na</strong> implantação<br />
do curso <strong>de</strong> extensão e pós-graduação em<br />
Educação Infantil, em parceria com a Pontifícia<br />
Universida<strong>de</strong> Católica do Paraná (PUCPR), que<br />
aten<strong>de</strong>rá, <strong>na</strong> primeira turma, 300 professores <strong>de</strong><br />
Recife (PE), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR)<br />
e São Paulo.
gruPo marista<br />
rEFlExõEs Em torno dE um<br />
processo avaliativo<br />
com nota qualificada<br />
A mudança no sistema <strong>de</strong> avaliação proposto<br />
pelas palestrantes da Província Marista Brasil<br />
Centro-Sul, agora <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>da Grupo Marista,<br />
<strong>de</strong>senvolvido em todas as unida<strong>de</strong>s daquela<br />
região, visou romper com posturas centradas<br />
<strong>na</strong> autorida<strong>de</strong> do professor e num currículo<br />
fechado. Para a execução das mudanças, os<br />
i<strong>de</strong>alizadores do projeto contaram com recursos<br />
da mantenedora marista e com o empenho <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong><strong>na</strong>doras pedagógicas e consultores externos.<br />
A avaliação foi <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da por níveis<br />
<strong>de</strong> aprendizagem: nível 4, aprendizagem ple<strong>na</strong>;<br />
nível 3, aprendizagem suficiente; nível 2, aprendizagem<br />
parcial e suficiente; e nível 1, aprendizagem<br />
insuficiente.<br />
Para chegar à nova metodologia <strong>de</strong> avaliação,<br />
foram estabelecidos objetivos a serem alcançados<br />
pelos estudantes. Tais objetivos foram<br />
trimestrais no Ensino Fundamental e semestrais<br />
no Ensino Infantil. Foram <strong>de</strong>finidos indicadores<br />
(critérios para a observação da aprendizagem),<br />
que permitiram ao professor observar em que<br />
momento da aprendizagem o estudante se encontrava.<br />
O objetivo das mudanças implementadas no<br />
processo avaliativo, segundo as conferencistas,<br />
foi transformar os estudantes em “sujeitos<br />
reais”. Por outro lado, segundo o exposto, as<br />
transformações resultaram num professor mais<br />
atento, que passou a observar e registrar os<br />
resultados da aprendizagem e a respeitar os<br />
diferentes contextos sociais dos educandos. Na<br />
verda<strong>de</strong>, passou-se a adotar um currículo construído<br />
<strong>ju</strong>nto, e não construído para o estudante.<br />
De acordo com as conferencistas Claudia Princhak<br />
T. Pinto, Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s R. Remenche<br />
e Marize Mazzoli Rufino, a nova metodologia<br />
trouxe para os educandos a tomada <strong>de</strong> consciência<br />
das próprias dificulda<strong>de</strong>s. Os estudantes<br />
passaram a ter consciência exata do que eles<br />
precisavam buscar para se apropriar do conhecimento.<br />
Houve a substituição do “<strong>de</strong>vo fazer”<br />
pelo “por que fazer”.<br />
brasil marista | 59
fórUNs DE ExpEriêNCia<br />
Província marista brasil cEntro-nortE<br />
Sistemas <strong>de</strong> Avaliação<br />
d a c o m P E t ê n c i a l E i t o r a E E s c r i t a d o s<br />
Educandos do 1º ano do Ensino FundamEntal<br />
O segundo fórum <strong>de</strong> experiência, exposto no<br />
Congresso, trouxe exemplos da Província Marista<br />
Brasil Centro-Norte. A primeira situação<br />
foi apresentada por Elaine Sampaio, a<strong>na</strong>lista <strong>de</strong><br />
Educação Infantil e Fundamental, que abordou<br />
os sistemas <strong>de</strong> avaliação da competência leitora<br />
e escrita dos educandos do 1º ano do Ensino<br />
Fundamental.<br />
O case trouxe o tipo <strong>de</strong> avaliação implementado<br />
em março <strong>de</strong> 2011 e aplicado duas vezes por ano<br />
aos estudantes daquela região. Batizado <strong>de</strong> ‘Provinha’,<br />
tem a função <strong>de</strong> regular as aprendizagens<br />
no âmbito do domínio do sistema <strong>de</strong> escrita<br />
alfabética sob a perspectiva do letramento. Visa<br />
também monitorar as práticas pedagógicas, com<br />
vistas ao fortalecimento da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e dos padrões<br />
maristas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l, além<br />
<strong>de</strong> alcançar melhores índices <strong>de</strong> alfabetização.<br />
Na primeira fase <strong>de</strong><br />
aplicação, em 2012,<br />
foram avaliados 1.884<br />
estudantes, dos 1.945<br />
matriculados no 1º<br />
ano do Ensino Fundamental<br />
da Província<br />
Marista Brasil Centro-<br />
Norte. Como base referencial<br />
foram utilizados<br />
os documentos<br />
Diretrizes Curriculares<br />
para Educação Infantil<br />
e Avaliação <strong>na</strong> Educação<br />
Infantil e no 1º ano<br />
do Ensino Fundamental.<br />
A Provinha é um mo<strong>de</strong>lo<br />
clássico <strong>de</strong> testes<br />
com itens <strong>de</strong> múlti-<br />
60 | brasil marista<br />
plaescolha e <strong>de</strong> escrita, padronizada com índices<br />
<strong>de</strong> correção que vão <strong>de</strong> 0 a 10. “A contribuição<br />
<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> avaliação está no diagnóstico individual,<br />
e <strong>de</strong>pois coletivo, da situação da aprendizagem,<br />
em tempo hábil para a intervenção<br />
via ensino diferenciado. Além disso, objetiva<br />
a promoção das práticas <strong>de</strong> alfabetização sem<br />
<strong>de</strong>scompasso entre o domínio das tecnologias e<br />
das funções sociais da escrita alfabética”, explica<br />
Elaine.<br />
Após o diagnóstico inicial é feita uma análise<br />
<strong>de</strong> resultados entre as unida<strong>de</strong>s da província,<br />
via vi<strong>de</strong>oconferência, com discussões e <strong>de</strong>cisões<br />
para possíveis intervenções. Com o diagnóstico<br />
fi<strong>na</strong>l já <strong>de</strong>senhado, é realizado o planejamento<br />
do ano letivo consecutivo, levando às escolas<br />
práticas mais arrojadas e aos estudantes um ensino<br />
<strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>.
Província marista brasil cEntro-nortE<br />
Formação<br />
Encontros dE<br />
A proposta da exposição foi mostrar a importância<br />
dos Encontros <strong>de</strong> Formação entre estudantes,<br />
professores e coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dores. Criados em 2008,<br />
pela Comissão <strong>de</strong> Evangelização da Província,<br />
tinham inicialmente como fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> unificar<br />
processos pedagógico-pastorais, a partir <strong>de</strong> uma<br />
orientação comum que respon<strong>de</strong>sse às exigências<br />
<strong>de</strong> uma ação evangelizadora orgânica, processual<br />
e dinâmica.<br />
Atualmente, os Encontros <strong>de</strong> Formação são<br />
articulações pedagógico-pastorais, <strong>de</strong> experiências<br />
cotidia<strong>na</strong>s entre estudantes, professores,<br />
coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dores e pastoralistas, em que<br />
todos são convidados a sair da roti<strong>na</strong> <strong>de</strong> sala<br />
<strong>de</strong> aula para se envolver em vivências, discussões,<br />
<strong>de</strong>bates, dinâmicas e experiências<br />
sobre necessida<strong>de</strong>s valorativas, atitudi<strong>na</strong>is e<br />
comportamentais, com foco <strong>na</strong> formação do<br />
protagonismo e <strong>na</strong> cidadania.<br />
A metodologia empregada abrange o planejamento<br />
transdiscipli<strong>na</strong>r até o encontro em si, com<br />
toda a sua estrutura <strong>de</strong> duração, organização,<br />
roteiro básico, recursos etc. A continuida<strong>de</strong> se<br />
dá por meio do pós-encontro, que verifica a experiência<br />
<strong>de</strong> culminância atingida por todos os<br />
envolvidos.<br />
“Educar para a participação é criar espaços para<br />
que o estudante possa empreen<strong>de</strong>r, ele próprio,<br />
a construção <strong>de</strong> seu ser”, explica Jorge Santos,<br />
a<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> Pastoral em 34 unida<strong>de</strong>s da Província<br />
Marista Brasil Centro-Norte. Segundo ele, as<br />
práticas e vivências são os melhores caminhos,<br />
já que a docência dificilmente dará conta das<br />
múltiplas dimensões envolvidas no ato <strong>de</strong> participar.<br />
Elaine sampaio, Ir. Luíz André pereira e jorge santos<br />
brasil marista | 61
fórUNs DE ExpEriêNCia<br />
Província marista do rio grandE do sul<br />
r o b ó t i c a E d u c a c i o n a l :<br />
<strong>educação</strong> tecnológica e<br />
construção <strong>de</strong> protótipo<br />
Neste fórum, a Província Marista Brasil Rio<br />
Gran<strong>de</strong> do Sul apresentou um case sobre Robótica<br />
Educacio<strong>na</strong>l, (discipli<strong>na</strong>) projeto implantado<br />
em 18 colégios da região, contemplando<br />
cinco mil estudantes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Educação Infantil<br />
ao Ensino Médio. A experiência, aplicada por 35<br />
educadores com formação <strong>na</strong> área <strong>de</strong> robótica,<br />
integra ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dois centros sociais, unindo<br />
ex-alunos e comunida<strong>de</strong>.<br />
“A metodologia para esse projeto baseia-se no<br />
uso da tecnologia como ferramenta (serviço da)<br />
<strong>de</strong> aprendizagem, por meio <strong>de</strong> propostas inovadoras<br />
e que estimulem o raciocínio lógico, a<br />
construção do saber e a autonomia, sempre <strong>de</strong><br />
forma lúdica e atraente. Utiliza-se <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong><br />
e conceitos multidiscipli<strong>na</strong>res, que envolvem<br />
diversas áreas do conhecimento (Física e Matemática),<br />
por exemplo”, contou Francisco Meneghette<br />
Júnior, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor <strong>de</strong> Robótica Livre.<br />
O primeiro contato do educando acontece com<br />
o robô Roamer, utilizado pelos colégios maristas<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995 (2001), quando se <strong>de</strong>senvolvem<br />
as primeiras noções <strong>de</strong> Robótica Educacio<strong>na</strong>l.<br />
O trabalho é voltado à Educação Infantil e aos<br />
primeiros anos do Ensino Fundamental, e visa<br />
<strong>de</strong>senvolver a reflexão, a translação e a rotação,<br />
permitindo diversas (O robô, com uma estrutura<br />
esférica, faz movimentos para qualquer direção<br />
e efetua giros <strong>de</strong> até 360º, também) montagens<br />
(animais, perso<strong>na</strong>gens, meios <strong>de</strong> transporte etc.)<br />
criando várias possibilida<strong>de</strong>s para os estudantes<br />
em suas aulas <strong>de</strong> Português, Matemática,<br />
Ciências, Geografia e História.<br />
Além do Robô Roamer, também são utilizados<br />
outros protótipos <strong>de</strong> Robótica como o Lego,<br />
o VEX e a Robótica livre. Trata-se <strong>de</strong> projetos<br />
62 | brasil marista<br />
que trabalham funções específicas <strong>de</strong> organizar,<br />
construir e programar, é também aplicado <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a Educação Infantil ao Ensino Médio, por meio<br />
<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s curriculares e extraclasse curricular.<br />
“Com a robótica, os limites passam a ser intransponíveis.<br />
Crianças, jovens e adolescentes<br />
<strong>de</strong>senvolvem habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma forma extremamente<br />
criativa e inovadora, construindo um<br />
novo jeito <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r”, <strong>de</strong>screve o supervisor<br />
<strong>de</strong> Tecnologias Educacio<strong>na</strong>is da PMRS, Maurício<br />
Anony.
Província marista do rio grandE do sul<br />
Projeto <strong>de</strong> Inclusão Digital:<br />
cidadania, inclusão E rEciclagEm dE lixo ElEtrônico<br />
Este trabalho teve início em 2006, a partir do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um telecentro. No local, são<br />
realizadas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> computadores<br />
com jovens. A experiência é feita no<br />
contraturno escolar, com foco no aprendizado<br />
em tecnologia.<br />
As qualificações oferecidas são: hardware e<br />
software, montagem e manutenção <strong>de</strong> micros,<br />
robótica básica e avançada, meta-arte e informática<br />
básica para crianças, jovens e adultos. Ao<br />
todo, já foram qualificados 775 jovens, e 3.875<br />
computadores foram recondicio<strong>na</strong>dos e doados<br />
para escolas e instituições.<br />
Os estudantes envolvidos apren<strong>de</strong>m que os<br />
materiais chamados <strong>de</strong> resíduos eletrônicos, tais<br />
como computadores, máqui<strong>na</strong>s caça-níqueis,<br />
placares eletrônicos, entre outros, são matériaprima<br />
para todo o trabalho <strong>de</strong>senvolvido por<br />
eles. A partir <strong>de</strong>sses componentes, equipamen-<br />
tos são recondicio<strong>na</strong>dos pelos educandos e<br />
doados para várias instituições sociais do nosso<br />
País. (atendidas pela Província Marista Brasil<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.)<br />
O que não é utilizado no recondicio<strong>na</strong>mento vai<br />
para as aulas <strong>de</strong> Robótica Básica e Avançada, e<br />
também para a Robótica Livre, em que os jovens<br />
são instigados a <strong>de</strong>senvolver novos robôs ou<br />
novas soluções para objetos que, aparentemente,<br />
iriam para o lixo. Por fim, o que realmente não<br />
serve mais, ou o que não tem mais conserto, vira<br />
arte, com direito à exposição e venda das peças.<br />
“A tecnologia nos serve <strong>de</strong> ferramenta para a<br />
inclusão digital. Por meio <strong>de</strong> um projeto multiplicador,<br />
que é ‘educando hoje se transforma em<br />
educador amanhã’, tiramos os jovens <strong>de</strong> uma<br />
situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social”, explicou<br />
Fabiano Flores, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor do Polo Marista <strong>de</strong><br />
Formação Tecnológica.<br />
brasil marista | 63
fórUNs DE ExpEriêNCia<br />
instituiçõEs convidadas – instituto aliança<br />
Com.Domínio Digital<br />
Educação ProFissio<strong>na</strong>l com Foco Em<br />
tEcnologias dE inFormação E comunicação<br />
O último fórum <strong>de</strong> experiência do Congresso<br />
Marista <strong>de</strong>u voz a instituições convidadas que<br />
promovem processos para a melhoria contínua<br />
da <strong>educação</strong>. O primeiro case apresentado foi<br />
o projeto Com.Domínio Digital, do Instituto<br />
Aliança, uma associação sem fins lucrativos, <strong>de</strong><br />
atuação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, criada em janeiro <strong>de</strong> 2002.<br />
O trabalho, com foco em informática, exposto<br />
por Ilma Oliveira, diretora do Instituto, foi implementado<br />
em 2005. Já aten<strong>de</strong>u mais <strong>de</strong> 20 mil<br />
jovens em todo o País. A proposta é a formação<br />
profissio<strong>na</strong>l e a inserção social e econômica <strong>de</strong><br />
jovens <strong>de</strong> escolas públicas, que não têm oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> ingresso no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />
O princípio básico é a <strong>educação</strong><br />
integral com o foco no jovem, estimulando<br />
assim a <strong>de</strong>scoberta e o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do potencial <strong>de</strong><br />
cada um.<br />
Com um mo<strong>de</strong>lo transdiscipli<strong>na</strong>r<br />
<strong>de</strong> formação, o projeto tem carga<br />
horária total <strong>de</strong> 500 horas, divididas<br />
em módulos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
social e pessoal, tecnologia<br />
da informação e comunicação e<br />
contexto <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> trabalho.<br />
Além disso, há mais 100 horas voltadas<br />
à vivência prática <strong>de</strong> todo o<br />
aprendizado.<br />
Após essa etapa, há a inserção do<br />
jovem no mercado <strong>de</strong> trabalho por<br />
meio do envolvimento <strong>de</strong> uma<br />
re<strong>de</strong> <strong>de</strong> parceiros gover<strong>na</strong>mentais,<br />
da iniciativa privada e do Terceiro<br />
Setor. As vagas contam com benefícios<br />
trabalhistas assegurados,<br />
64 | brasil marista<br />
permanência após seis meses e salário mínimo,<br />
numa ação coerente aos <strong>de</strong>graus do projeto <strong>de</strong><br />
vida e carreira <strong>de</strong> cada um. O Instituto Aliança<br />
acompanha esses jovens com visitas regulares às<br />
empresas e encontros <strong>de</strong> grupo nos núcleos.<br />
A professora Marilei Kovatli, do Colégio Marista<br />
Santo Ângelo (RS), Província Marista do<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, valorizou a troca <strong>de</strong> experiências:<br />
“O case <strong>de</strong>ixou claro como é possível<br />
ter um melhor aproveitamento das tecnologias<br />
para potencializar o aprendizado e o <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
principalmente <strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong> português<br />
e matemática, gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />
básica dos jovens”.
instituiçõEs convidadas – unEsco<br />
custo aluno-QualidadE inicial<br />
da Educação dE tEmPo intEgral:<br />
o Brasil merece uma<br />
escola por inteiro<br />
Esse case é <strong>de</strong>corrente da experiência da Campanha<br />
Nacio<strong>na</strong>l pelo Direito à Educação, <strong>na</strong>scida<br />
em 1999, e que articula mais <strong>de</strong> 200 organizações,<br />
movimentos e re<strong>de</strong>s brasileiras. A proposta<br />
é atuar pela efetivação dos direitos educacio<strong>na</strong>is<br />
estabelecidos em lei, colaborando para uma melhor<br />
<strong>educação</strong> pública para todos.<br />
“O Custo Aluno-Qualida<strong>de</strong> é o gasto anual por<br />
estudante necessário para se alcançar um patamar<br />
inicial <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, sintonizado com o<br />
que estabelece o Plano Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação”,<br />
explicou Iracema Nascimento, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>doraexecutiva<br />
da Campanha. Seu conceito está ligado<br />
à <strong>educação</strong> entendida como aquela que leva<br />
pessoas a serem sujeitos <strong>de</strong> direitos, <strong>de</strong> aprendizagem<br />
e <strong>de</strong> conhecimento. Vincula-se também à<br />
valorização da diversida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>, superando<br />
preconceitos e discrimi<strong>na</strong>ções. Além disso, reconhece<br />
as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais presentes <strong>na</strong><br />
própria <strong>educação</strong> e consi<strong>de</strong>ra as necessida<strong>de</strong>s, as<br />
potencialida<strong>de</strong>s e os <strong>de</strong>safios locais.<br />
Para tanto, há a exigência <strong>de</strong> um investimento<br />
fi<strong>na</strong>nceiro em longo prazo e <strong>de</strong> políticas<br />
consistentes <strong>de</strong> avaliação, que<br />
não po<strong>de</strong>m se limitar à medição do<br />
<strong>de</strong>sempenho dos estudantes em testes<br />
padronizados. Infelizmente, ainda são<br />
poucos os municípios que empregam<br />
esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão.<br />
“O Custo Aluno-Qualida<strong>de</strong> propõe verificar<br />
quantas crianças, adolescentes,<br />
jovens e adultos estão matriculados;<br />
quantos ainda precisam ser matriculados;<br />
e calcula o investimento necessário<br />
para oferecer <strong>educação</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
a todos, a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos<br />
insumos”, apontou Iracema. Segundo<br />
ela, os recursos gastos <strong>na</strong> <strong>educação</strong> e<br />
em outras políticas sociais não são suficientes<br />
para que a lei seja cumprida,<br />
uma vez que, ao <strong>de</strong>finir o orçamento<br />
para os projetos sociais, os governos<br />
partem do dinheiro disponível <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> já terem investido a verba em outras<br />
áreas.<br />
brasil marista | 65
EspiritUaliDaDE<br />
a dimEnsão da<br />
espiritualida<strong>de</strong><br />
no contExto Educacio<strong>na</strong>l<br />
“Uma preocupação foi fazer com<br />
que as acolhidas e orações não<br />
tivessem conotação religiosa,<br />
mas reforçassem que a <strong>educação</strong><br />
marista luta para garantir uma<br />
vida mais dig<strong>na</strong> para quem não<br />
tem voz e não tem vez.“<br />
Pe. Vilson Groh<br />
66 | brasil marista<br />
Com base <strong>na</strong> visão <strong>de</strong> que uma <strong>educação</strong> <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve contemplar necessariamente o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento espiritual e pleno do ser humano,<br />
a programação do 4º. Congresso Marista<br />
contou com ativida<strong>de</strong>s que reforçaram esse princípio<br />
e mostraram aos educadores a importância<br />
da evangelização no contexto educacio<strong>na</strong>l.<br />
As acolhidas e orações foram alguns <strong>de</strong>sses<br />
momentos. Com o objetivo <strong>de</strong> criar um espaço<br />
que contemplasse a dimensão da espiritualida<strong>de</strong>,<br />
dissemi<strong>na</strong>ndo entre o público a importância
<strong>de</strong> celebrar, cantar e atuar para a construção <strong>de</strong><br />
um mundo melhor, tais ativida<strong>de</strong>s aconteceram<br />
durante todos os dias do evento, prece<strong>de</strong>ndo as<br />
primeiras gran<strong>de</strong>s conferências.<br />
“Procuramos envolver todas as Províncias nesse<br />
trabalho, que foi realizado pelas pastorais <strong>de</strong><br />
cada região. Uma preocupação foi fazer com que<br />
as acolhidas e orações estivessem alinhadas com<br />
os temas que seriam tratados em cada dia do<br />
Congresso e não apresentassem conotação religiosa,<br />
mas reforçassem que a <strong>educação</strong> marista<br />
valoriza o diálogo, a participação e a cooperação.<br />
Ou seja, todo mundo lutando pelos mesmos<br />
i<strong>de</strong>ais no sentido <strong>de</strong> transformar o planeta e garantir<br />
uma vida mais dig<strong>na</strong> para quem não tem<br />
voz e não tem vez”, explicou João Carlos <strong>de</strong> Paula,<br />
assessor da Área <strong>de</strong> Missão da UMBRASIL.<br />
Transformação<br />
à luz do evangelho<br />
Segundo João Carlos, a espiritualida<strong>de</strong> permite<br />
o autoconhecimento e possibilita <strong>de</strong>senvolvermos<br />
uma <strong>educação</strong> que coloca a vida<br />
como valor universal. “A programação visou<br />
ressaltar a importância <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rmos a<br />
dignida<strong>de</strong> do ser humano, motivando cada<br />
pessoa a respeitar o outro com suas diferenças<br />
e limitações”, complementou.<br />
Para reforçar esse princípio, as Províncias buscaram<br />
criar maior interação com o público presente<br />
<strong>na</strong>s palestras. “O objetivo foi passar uma mensagem<br />
<strong>na</strong> qual todos se sentissem responsáveis por<br />
evangelizar, mostrando que os maristas têm um<br />
coração sem fronteiras e possuem os mesmos<br />
i<strong>de</strong>ais, <strong>de</strong> modo a transformar a socieda<strong>de</strong> à luz<br />
do evangelho”, acrescentou o assessor.<br />
Nesse sentido, Padma Samten, lama budista,<br />
acredita que não só as acolhidas, mas o Congresso<br />
como um todo, cumpriram seus objetivos. Na<br />
opinião do lí<strong>de</strong>r, foi possível perceber durante o<br />
evento uma convergência religiosa <strong>na</strong> busca pelo<br />
<strong>de</strong>senvolvimento espiritual do ser humano. “Fiquei<br />
muito satisfeito em participar do Congresso<br />
e encontrar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propósitos, que<br />
é fundamental para a construção <strong>de</strong> um mundo<br />
mais <strong>ju</strong>sto”, opinou o lí<strong>de</strong>r budista.<br />
Segundo ele, é importante enten<strong>de</strong>r a experiência<br />
<strong>de</strong> <strong>educação</strong> marista no contexto da espiritualida<strong>de</strong>,<br />
assim como conhecer outros mo<strong>de</strong>los,<br />
que po<strong>de</strong>m atuar conectados, contribuindo para<br />
tor<strong>na</strong>r os seres humanos mais felizes.<br />
João Carlos complementou, dizendo que a espiritualida<strong>de</strong><br />
para o Brasil Marista não se limita às<br />
orações. “Queremos a<strong>ju</strong>dar as pessoas a terem<br />
projetos <strong>de</strong> vida,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
<strong>de</strong> sua confissão<br />
<strong>de</strong> fé. E nossa<br />
maior satisfação<br />
é saber que temos<br />
conseguido gran<strong>de</strong>s<br />
avanços nesse<br />
sentido, aliando a<br />
fé, a <strong>educação</strong> e a<br />
solidarieda<strong>de</strong>. Na<br />
verda<strong>de</strong>, como<br />
dizia Marcelino<br />
Champag<strong>na</strong>t:<br />
‘quando fazemos<br />
os outros felizes,<br />
encontramos noss<br />
a f e l i c i d a d e ’ .<br />
O Brasil Marista<br />
acredita e pratica<br />
esse princípio”,<br />
concluiu.<br />
brasil marista | 67
CUltUra<br />
a rEPrEsEntação da<br />
arte<br />
cultura<br />
E da<br />
As diversas<br />
apresentações<br />
culturais, realizadas<br />
durante todos os<br />
dias do Congresso,<br />
abrilhantaram o<br />
evento e mostraram<br />
como a arte po<strong>de</strong> ser<br />
gran<strong>de</strong> aliada <strong>na</strong><br />
prática escolar.<br />
68 | brasil marista<br />
grupo Armorial Ariano suassu<strong>na</strong><br />
A arte permite <strong>de</strong>senvolver o raciocínio e a inteligência. Por isso,<br />
envolver esse elemento <strong>na</strong> <strong>educação</strong> é contribuir para a transformação<br />
e o crescimento integral dos indivíduos. Foi partindo<br />
<strong>de</strong>ssa premissa que a programação do 4º Congresso Marista <strong>de</strong><br />
Educação trouxe a diversida<strong>de</strong> cultural em vários momentos,<br />
reforçando a arte como um importante princípio educativo.<br />
As diversas apresentações culturais, realizadas durante todos<br />
os dias do Congresso, enriqueceram o evento e mostraram<br />
como a arte po<strong>de</strong> ser gran<strong>de</strong> aliada <strong>na</strong> prática escolar, à medida<br />
que é discipli<strong>na</strong>dora e forma para a vida. “As escolas estão<br />
preocupadas com a excelência acadêmica. Entretanto, a criação<br />
<strong>de</strong> um clima lúdico no ambiente escolar, que gere bem-estar aos<br />
estudantes <strong>na</strong> realização das várias ativida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong> contribuir<br />
para se atingir essa qualificação. Ao mesmo tempo, garante-se<br />
maior retenção e maior envolvimento dos educandos, que sen
tem prazer em frequentar a escola. A arte facilita<br />
o aprendizado e estimula a criativida<strong>de</strong>”, ressaltou<br />
Irmão Eduardo D´ Amorim, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor<br />
<strong>de</strong> Arte e Esporte da Província Marista Brasil<br />
Centro-Norte e membro da Comissão Organizadora<br />
do evento.<br />
Segundo ele, a programação cultural do Congresso<br />
foi elaborada com o envolvimento das<br />
Províncias Maristas. As atrações, algumas protagonizadas<br />
por estudantes e professores, foram<br />
bastante elogiadas pelos congressistas. Quem<br />
participou das performances também avaliou<br />
positivamente a experiência. “Faço ginástica<br />
olímpica <strong>na</strong> escola e entramos com o nosso corpo<br />
<strong>de</strong> baile para uma apresentação em que mesclamos<br />
dança e ginástica. É emocio<strong>na</strong>nte mostrar<br />
nossas ativida<strong>de</strong>s culturais em um evento como<br />
esse, on<strong>de</strong> estão reunidas pessoas do mundo<br />
inteiro”, <strong>de</strong>clarou Pedro Zancan, estudante do 3ª<br />
ano do Ensino Médio do Colégio Arquidiocesano,<br />
<strong>de</strong> São Paulo (SP), que fez parte <strong>de</strong> uma das<br />
coreografias <strong>de</strong> dança exibidas no Congresso.<br />
Gran<strong>de</strong>s talentos<br />
As manifestações aconteceram no palco do auditório,<br />
on<strong>de</strong> foram realizadas as gran<strong>de</strong>s conferências,<br />
e também nos corredores do Pavilhão <strong>de</strong><br />
Exposições, durante os intervalos das palestras<br />
e horário do almoço. O público foi contemplado<br />
com apresentações brilhantes, como a da Orquestra<br />
<strong>de</strong> Câmara e Coral da Pontifícia Universida<strong>de</strong><br />
Católica do Paraná (PUCPR), que emocionou a<br />
todos.<br />
Outro momento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> riqueza cultural foi o<br />
show <strong>de</strong> poesia e música, conduzido pelo Grupo<br />
Três por Quatro. Durante 30 minutos, a plateia foi<br />
convidada a cantar, dançar e recitar. O repertório<br />
foi baseado em cantigas <strong>de</strong> roda, poesias, adivinhas,<br />
trocadilhos e trovas populares.<br />
A figura do palhaço e suas diversas interpretações<br />
fazem parte do imaginário <strong>de</strong> qualquer<br />
adulto. Quem quando criança não se encantou<br />
ao assistir à atuação <strong>de</strong> um palhaço? Essa magia<br />
do circo esteve presente no evento, por meio da<br />
participação da Trupe Zé Bediee e os Tripas. O grupo<br />
focou o entretenimento por meio <strong>de</strong> palhaços,<br />
que interagiram com as pessoas, <strong>de</strong> forma<br />
<strong>de</strong>scontraída e divertida.<br />
Irmão<br />
Eduardo<br />
D’Amorim<br />
Orquestra <strong>de</strong> Câmara e Coral da puCpR<br />
O público também foi contemplado com a belíssima<br />
apresentação da Banda Paralela, formada<br />
por cinco sopros e duas percussões, que buscou<br />
resgatar a tradição das bandas brasileiras,<br />
usando humor, <strong>de</strong>scontração e interação com o<br />
público.<br />
Abrilhantando ainda mais a programação cultural<br />
do Congresso, o Grupo Armorial Ariano Suassu<strong>na</strong><br />
(Colégio Marista Pio X, <strong>de</strong> João Pessoa), da<br />
Paraíba, encerrou as ativida<strong>de</strong>s, no último dia<br />
do encontro, com uma performance brilhante. O<br />
grupo trabalha a arte erudita a partir da cultura<br />
popular do Nor<strong>de</strong>ste brasileiro e, ao mesmo<br />
tempo, resgata o movimento armorial entre os<br />
educados. É formado por jovens <strong>de</strong> diversas<br />
ida<strong>de</strong>s, que têm aulas especializadas e utilizam<br />
instrumentos musicais eruditos e populares,<br />
como violino, violoncelo, oboé, flauta, violão,<br />
acor<strong>de</strong>on, piano etc. Atualmente, é regido pelo<br />
educador Yuri Ribeiro.<br />
Durante o evento, diversas escolas mostraram o<br />
talento <strong>de</strong> seus estudantes, em coreografias <strong>de</strong><br />
dança e performances artísticas, completando<br />
um trabalho <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> consistência cultural.<br />
brasil marista | 69
Carta abErta<br />
Carta Aberta:<br />
s i s t E m a t i z a ç ã o d E<br />
rEivindicaçõEs E olharEs<br />
O propósito maior<br />
da Carta Aberta<br />
é envolver os<br />
cidadãos, muito<br />
além dos espaços<br />
maristas, chamando<br />
a atenção,<br />
das entida<strong>de</strong>s<br />
representativas que<br />
protagonizam as<br />
<strong>de</strong>cisões acerca da<br />
política educacio<strong>na</strong>l<br />
no Brasil.<br />
70 | brasil marista<br />
Katiuscia sotomayor
Além do conteúdo compartilhado com todos os<br />
participantes, o 4º. Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />
teve como resultado a produção da Carta<br />
Aberta, importante contribuição para os avanços<br />
da <strong>educação</strong> no País. O documento, uma<br />
gran<strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias associadas às práticas<br />
e políticas que promovam o direito à <strong>educação</strong><br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, foi concebido durante o evento e<br />
está à disposição no en<strong>de</strong>reço http://congressomarista.com.br/?page_id=1022<br />
para leitura e<br />
novas a<strong>de</strong>sões dos cidadãos que compartilhem<br />
das reivindicações e olhares ali propostos.<br />
O objetivo da Carta Aberta foi a <strong>de</strong>finição clara<br />
das proposições que emergiram das reflexões e<br />
dos <strong>de</strong>bates do Congresso, a fim <strong>de</strong> promover<br />
um diálogo com a socieda<strong>de</strong>. O propósito maior<br />
do documento é envolver os cidadãos, muito<br />
além dos espaços maristas, chamando a atenção,<br />
especialmente, das entida<strong>de</strong>s representativas<br />
que protagonizam as <strong>de</strong>cisões acerca da política<br />
educacio<strong>na</strong>l no Brasil. Para Maria Waleska Cruz,<br />
coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora educacio<strong>na</strong>l da Província Marista<br />
Brasil Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, e uma das responsáveis<br />
por acompanhar a elaboração do documento,<br />
contribuir com essa iniciativa foi uma imensa<br />
responsabilida<strong>de</strong>. “Sinto-me feliz por po<strong>de</strong>r<br />
fazer valer minha cidadania, participando <strong>de</strong><br />
um movimento intencio<strong>na</strong>l, que se quer <strong>ju</strong>sto,<br />
necessário e solidário em favor dos jovens e das<br />
crianças brasileiras”, ressaltou.<br />
Um dos objetivos específicos do 4º Congresso<br />
Marista <strong>de</strong> Educação era reconhecer os educandos<br />
como sujeitos <strong>de</strong> direitos, protagonistas em<br />
diferentes espaçotempos da <strong>educação</strong>. “A intencio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong><br />
da produção da Carta no evento foi<br />
<strong>de</strong> propagar e sensibilizar a socieda<strong>de</strong> sobre esses<br />
direitos”, explicou. Segundo Waleska, trata-se <strong>de</strong><br />
um documento <strong>de</strong> alerta à população e às autorida<strong>de</strong>s<br />
gover<strong>na</strong>mentais. “Esperamos que traga<br />
ecos positivos <strong>de</strong> sensibilização e ação em prol dos<br />
direitos das crianças e adolescentes”, concluiu.<br />
Direito consagrado<br />
A Carta reconhece que a <strong>educação</strong> das <strong>infâncias</strong><br />
e das <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s é um direito consagrado nos<br />
tratados inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e uma obrigação do Estado.<br />
Deve ser garantida em sua totalida<strong>de</strong>, a<br />
partir <strong>de</strong> critérios que permitam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das potencialida<strong>de</strong>s do educando e, em<br />
particular, promovam a autonomia progressiva<br />
e a participação ativa <strong>na</strong> construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />
<strong>ju</strong>sta, frater<strong>na</strong>, igualitária e solidária.<br />
O documento preten<strong>de</strong> também ser um apoio<br />
aos esforços, por meio do Projeto <strong>de</strong> Lei do Plano<br />
Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação 2010-2020, no sentido<br />
<strong>de</strong> garantir que 10% do PIB sejam <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>dos à<br />
<strong>educação</strong>, ante os 5% que são disponibilizados<br />
atualmente. Manifesta a insatisfação frente à<br />
falta <strong>de</strong> uma lei que garanta, com orçamento público<br />
suficiente, <strong>educação</strong> para todas as etapas<br />
da vida <strong>de</strong> crianças, adolescentes e jovens, sobretudo,<br />
aqueles que têm sido, reiteradamente,<br />
excluídos e submetidos a discrimi<strong>na</strong>ções.<br />
Busca ainda a efetivida<strong>de</strong> da <strong>educação</strong> disponível,<br />
e que seja acessível, aceitável e adaptável<br />
a todos, o que se encontra em risco no Brasil.<br />
Segundo o Relatório Crianças e Adolescentes em<br />
Dados Estatísticos (CADE Brasil 2011), somente<br />
8% da população <strong>de</strong> 0 a 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e 40%<br />
dos que possuem <strong>de</strong> 4 a 6 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> estão<br />
matriculados em escolas <strong>de</strong> nosso País. Somado<br />
a esse quadro preocupante, 1,3 milhão <strong>de</strong> estudantes<br />
ingressam no 1º ano do Ensino Médio<br />
com ida<strong>de</strong> i<strong>na</strong><strong>de</strong>quada e a taxa <strong>de</strong> abandono<br />
nessa fase da formação escolar é <strong>de</strong> 11,5%.<br />
Além disso, o manifesto objetiva a inclusão dos<br />
educandos, educadores e gestores <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />
no processo <strong>de</strong> elaboração e avaliação das políticas<br />
públicas <strong>de</strong> <strong>educação</strong>, ampliando assim as<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que as escolas sejam centros<br />
<strong>de</strong> promoção dos direitos humanos e <strong>de</strong> agentes<br />
<strong>de</strong> transformação social.<br />
A situação dos educadores brasileiros é outra relevante<br />
questão levantada pelo documento, que<br />
conclama as autorida<strong>de</strong>s para que sejam priorizadas<br />
condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> trabalho aos<br />
professores, oferecidas infraestruturas físicas<br />
dig<strong>na</strong>s e estabelecidas metodologias, currículos<br />
e itinerários formativos que consi<strong>de</strong>rem os espaçotempos<br />
nos quais as crianças, adolescentes e<br />
jovens estão inseridos.<br />
Nesse contexto, espera-se que esse documento,<br />
consolidado por meios das discussões estabelecidas<br />
no Congresso e sistematizado mediante<br />
o <strong>de</strong>bate e os anseios <strong>de</strong> diferentes setores da<br />
socieda<strong>de</strong>, dê voz à <strong>ju</strong>sta causa da melhoria das<br />
condições da <strong>educação</strong> brasileira, tão fundamental<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma <strong>na</strong>ção.<br />
brasil marista | 71
EspaçO DOs ExpOsitOrEs<br />
u m a<br />
vitrine<br />
grandE<br />
Cerca <strong>de</strong> 30 expositores<br />
<strong>de</strong> diversas áreas<br />
participaram do<br />
Congresso e apresentaram<br />
serviços e produtos para<br />
um público altamente<br />
qualificado.<br />
72 | brasil marista<br />
Além da vasta programação técnica-científica, o Congresso<br />
Marista <strong>de</strong> Educação contou com cerca <strong>de</strong> 30 expositores<br />
das mais diversas áreas, apresentando serviços (seguros,<br />
fi<strong>na</strong>nciamentos educacio<strong>na</strong>is e soluções em tecnologia) e<br />
produtos (livros, revistas, materiais didáticos e paradidáticos,<br />
entre outros), voltados às escolas, aos educadores<br />
e educandos. Os congressistas também conheceram <strong>de</strong><br />
perto os itens confeccio<strong>na</strong>dos pelos participantes do projeto<br />
<strong>de</strong> Comercialização Solidária do Instituto Marista <strong>de</strong><br />
Solidarieda<strong>de</strong>, oriundos <strong>de</strong> várias regiões do País.<br />
Alguns expositores participaram do evento pela primeira<br />
vez, como a Universia Brasil, Editora Segmento e Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l<br />
Paper. Confira a seguir a opinião <strong>de</strong> alguns participantes.
Universia Brasil<br />
A Universia Brasil, marca do Grupo Santan<strong>de</strong>r,<br />
teve como foco captar clientes universitários<br />
interessados em seus produtos. “Pu<strong>de</strong>mos apresentar<br />
ao qualificado público presente soluções<br />
que se encaixam <strong>na</strong> <strong>educação</strong> como um todo.<br />
Somos uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cooperação universitária<br />
presente em 23 países <strong>na</strong> Ibero-América. Atuamosno<br />
Brasil com 270 instituições parceiras”,<br />
explicou Francine Daniel, a<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> relações<br />
com Universida<strong>de</strong>s.<br />
Editora Segmento<br />
A Editora Segmento levou revistas voltadas a<br />
professores, gestores e administradores. “Aproveitamos<br />
o público do Congresso para lançar<br />
a Revista Educação Infantil, uma publicação<br />
trimestral com ênfase <strong>na</strong> primeira infância, com<br />
artigos e reportagens sobre o tema”, contou<br />
Everton Roberto da Cruz, representante comercial<br />
da Editora.<br />
Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Paper<br />
A Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Paper apostou <strong>na</strong> aproximação<br />
com professores e gestores, expondo produtos<br />
específicos para a sala <strong>de</strong> aula. “Estamos aqui<br />
graças à parceria com a FTD, pois fornecemos<br />
papéis para a impressão dos livros da editora”,<br />
explicou Fabia<strong>na</strong> Andra<strong>de</strong>, a<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> Marketing<br />
da Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Paper.<br />
FTD<br />
A participação da FTD teve como foco estreitar<br />
ainda mais o relacio<strong>na</strong>mento com os clientes.<br />
Segundo Daniela Silveira Lima, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora<br />
<strong>de</strong> Marketing, o Congresso foi uma ótima oportunida<strong>de</strong><br />
para comemorar os 110 anos da editora<br />
e lançar produtos didáticos e paradidáticos.<br />
Âncora Seguros<br />
Marcando presença no Congresso pelo terceiro<br />
ano, a Âncora Seguros é uma empresa lí<strong>de</strong>r no<br />
segmento <strong>de</strong> seguros educacio<strong>na</strong>is, com mais<br />
<strong>de</strong> 500 mil estudantes segurados e presença em<br />
21 estados do país. O objetivo da participação<br />
foi a divulgação da marca <strong>ju</strong>nto aos visitantes.<br />
“Temos parcerias com os maristas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000 e,<br />
atualmente, aten<strong>de</strong>mos 50 unida<strong>de</strong>s da re<strong>de</strong> em<br />
todo o Brasil”, afirmou A<strong>na</strong> Fontes, gerente <strong>de</strong><br />
relacio<strong>na</strong>mento da marca.<br />
brasil marista | 73
Lego Education<br />
Marca consagrada, a Lego Education está presente<br />
em muitas escolas maristas, que já utilizam<br />
os kits e os projetos pedagógicos da Lego Education,<br />
sobretudo em robótica, como complementação<br />
da gra<strong>de</strong> curricular. Para Nilton Joaquim,<br />
vice-presi<strong>de</strong>nte da Associação Brasileira das<br />
Franquias Premium Lego Education, o Congresso<br />
é uma excelente oportunida<strong>de</strong> para mostrar a<br />
proposta educacio<strong>na</strong>l diferenciada da empresa,<br />
<strong>ju</strong>stamente por ser uma ferramenta que agrega<br />
valor às aulas e auxilia no aprendizado.<br />
Instituto Marista <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong><br />
O Instituto levou seis expositores, vindos <strong>de</strong><br />
diversas regiões do Brasil, para apresentarem o<br />
resultado do Projeto <strong>de</strong> Comercialização Solidária.<br />
A experiência <strong>de</strong>les foi relatada num livro,<br />
intitulado Comercialização Solidária no Brasil:<br />
uma estratégia em Re<strong>de</strong>, lançado durante o Congresso.<br />
“O livro é um retrato das experiências <strong>de</strong><br />
comercialização solidária que foram articuladas<br />
e comercializadas em re<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma coletiva<br />
e autogestionária. Foi uma ação bem-sucedida<br />
que gerou receita para os participantes”, explicou<br />
Rizonei<strong>de</strong> Souza Amorim, a<strong>na</strong>lista social do<br />
Instituto Marista <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong>.<br />
CriativeEcoArte<br />
Durante o evento, a carioca Regi<strong>na</strong> Fontes fez o<br />
lançamento da marca CriativeEcoArte. A linha<br />
<strong>de</strong> produtos é composta por objetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração,<br />
bi<strong>ju</strong>terias e acessórios confeccio<strong>na</strong>dos com<br />
palha <strong>de</strong> milho e outros materiais recicláveis. “A<br />
aceitação foi tão gran<strong>de</strong>, que vendi tudo o que<br />
trouxe”, revelou a artesã.<br />
Buriti da Amazônia<br />
A Buriti da Amazônia, do Acre, comemorou a<br />
boa receptivida<strong>de</strong> do público em relação a seus<br />
produtos – biojoias feitas a partir <strong>de</strong> sementes<br />
da biodiversida<strong>de</strong> brasileira, principalmente<br />
74 | brasil marista<br />
da região Norte do País. “Graças ao projeto<br />
<strong>de</strong> comercialização solidária, nossos produtos<br />
são vendidos por todo o Brasil e, mais recentemente,<br />
no exterior, em feiras e eventos, como<br />
o Congresso”, afirmou Marcia Silvia <strong>de</strong> Lima,<br />
proprietária.
GRIF – Grupo Inspiração Femini<strong>na</strong><br />
Vindo <strong>de</strong> Alagoinhas, interior da Bahia, o GRIF<br />
(Grupo Inspiração Femini<strong>na</strong>) é fruto da criativida<strong>de</strong><br />
da artesã Nei<strong>de</strong> Alves. Produz cartões,<br />
ímãs <strong>de</strong> gela<strong>de</strong>ira e quadros utilizando uma mistura<br />
<strong>de</strong> areia, casca <strong>de</strong> cebola, palha e peque<strong>na</strong>s<br />
folhagens. Segundo Nei<strong>de</strong>, muitos professores<br />
revelaram a intenção <strong>de</strong> incorporar a i<strong>de</strong>ia dos<br />
materiais <strong>na</strong>s salas <strong>de</strong> aula. “É possível aliar a<br />
consciência ecológica à <strong>educação</strong> em várias ativida<strong>de</strong>s<br />
escolares”, observou a artesã.<br />
Justa Trama<br />
No espaço para os artesãos, a Justa Trama representou<br />
por completo os princípios <strong>de</strong> economia<br />
solidária, uma forma <strong>de</strong> produção centrada <strong>na</strong><br />
valorização do ser humano e não do capital.<br />
“Na Justa Trama, o algodão é produzido por<br />
pequenos agricultores no interior do Ceará; o<br />
tecido é fabricado em Mi<strong>na</strong>s Gerais; e as roupas<br />
são confeccio<strong>na</strong>das no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e Santa<br />
Catari<strong>na</strong> e customizadas com sementes do Norte<br />
do País”, contou Terezinha da Silva Maciel, representante<br />
da marca.<br />
brasil marista | 75
DEpOimENtOs<br />
rEPErcussão<br />
positiva<br />
O 4º Congresso <strong>de</strong> Educação Marista registrou repercussão<br />
positiva, superando as expectativas <strong>de</strong> palestrantes, congressistas<br />
e convidados. Confira alguns <strong>de</strong>poimentos sobre o evento.<br />
“O 4º Congresso Marista apresentou temas <strong>de</strong><br />
fundamental importância para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> nosso trabalho. Tivemos a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> representar a Secretaria da Educação<br />
do Estado <strong>de</strong> São Paulo e apresentar o trabalho<br />
<strong>de</strong> Formação Continuada <strong>de</strong> Gestores, conduzido<br />
pelo Centro <strong>de</strong> Planejamento e Gestão do<br />
Quadro do Magistério. As gran<strong>de</strong>s conferências,<br />
painéis e seminários foram <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor para<br />
professores, gestores e outros profissio<strong>na</strong>is refletirem<br />
sobre suas atitu<strong>de</strong>s, tendo em vista que,<br />
muitas vezes, são tidos como exemplos perante<br />
seus pares, sejam estudantes, colegas <strong>de</strong> trabalho<br />
ou outros públicos. Agra<strong>de</strong>cemos a oportunida<strong>de</strong><br />
e o aprendizado.”<br />
Solange Gue<strong>de</strong>s<br />
Secretaria Estadual da Educação <strong>de</strong> SP<br />
“Esse foi o evento mais significativo que<br />
acompanhei no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> toda a minha vida<br />
acadêmica. O nível dos palestrantes foi muito<br />
bom, o conteúdo rico e <strong>de</strong> acordo com o que<br />
a gente vive <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong> <strong>na</strong>s escolas.”<br />
Vanessa P. Souza<br />
Professora <strong>de</strong> Educação Infantil do Colégio Marista São<br />
Luís, em Jaraguá do Sul (SC), Grupo Marista<br />
76 | brasil marista<br />
“O Congresso é uma oportunida<strong>de</strong> única <strong>de</strong> rever<br />
conceitos, <strong>de</strong> se renovar e aprimorar conhecimentos.<br />
Um momento <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> experiências<br />
e <strong>de</strong> refletir sobre nossas ações, para melhor<br />
estar a serviço das pessoas.”<br />
Maria das Dores Menezes<br />
Educadora da Pastoral do Colégio Marista<br />
Arquidiocesano (SP), Grupo Marista<br />
“Esse 4º Congresso confirmou convicções, promoveu<br />
reflexões além <strong>de</strong> possibilitar muitas<br />
trocas <strong>de</strong> experiências. O ambiente estava rico<br />
em <strong>de</strong>safios intelectuais e humanos.”<br />
Viviane Truda, Supervisora Educacio<strong>na</strong>l da Província<br />
Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />
“Tivemos palestras voltadas a várias áreas. Os<br />
momentos que mais me marcaram foram as<br />
exposições <strong>de</strong> Ariano Suassu<strong>na</strong>, que foi voltada<br />
à cultura, e <strong>de</strong> Miguel Ângelo, que tratou da<br />
Neurociência.”<br />
Claudânia Santos<br />
Educadora do SEAC (Serviço <strong>de</strong> Arte e Cultura), da<br />
Escola Marista Champag<strong>na</strong>t, em Teresi<strong>na</strong> (PI), Província<br />
Marista Brasil Centro-Norte
“O Congresso é um importante<br />
espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates que assegura<br />
a discussão da <strong>educação</strong><br />
para a sustentabilida<strong>de</strong>. É o<br />
esforço que a <strong>educação</strong> precisa<br />
fazer para conscientizar os cidadãos<br />
<strong>de</strong> que os recursos do<br />
planeta não são infinitos.”<br />
Mari<strong>na</strong> Silva, Ex-ministra do Meio Ambiente<br />
“A nossa Província esteve<br />
muito bem representada pelos<br />
educadores e gestores, que<br />
tinham alegria, vibração e brilho<br />
nos olhos.”<br />
Ir. Wellington Mousinho <strong>de</strong><br />
Me<strong>de</strong>iros, Presi<strong>de</strong>nte das<br />
Mantenedoras UBEE/UNBEC<br />
(União Brasileira <strong>de</strong> Educação e Ensino e União<br />
Norte-Brasileira <strong>de</strong> Educação e Cultura)<br />
“O 4º Congresso Marista <strong>de</strong><br />
Educação superou expectativas<br />
pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<br />
programação científica, pela<br />
di<strong>na</strong>micida<strong>de</strong> metodológica<br />
com que aten<strong>de</strong>u as necessida<strong>de</strong>s<br />
e expectativas dos congressistas<br />
e pelo brilhantismo<br />
cultural apresentado.”<br />
Maria Waleska Cruz, Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora Educacio<strong>na</strong>l da<br />
Província Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e membro da<br />
Comissão Organizadora do 4º Congresso<br />
“Este Congresso certamente<br />
marcou a agenda <strong>de</strong> eventos<br />
paulista<strong>na</strong> no campo da Educação.<br />
Foi um encontro da<br />
Educação com a cidadania e a<br />
solidarieda<strong>de</strong>, por um conhecimento<br />
que se constrói em favor<br />
<strong>de</strong> uma vida dig<strong>na</strong> para todos e<br />
todas, com humanismo. Foi também uma oportunida<strong>de</strong><br />
para rever conceitos, se aprimorar e<br />
agregar valores aos saberes constituídos.”<br />
Monica Kondziolková, Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora da Área <strong>de</strong><br />
Representação Institucio<strong>na</strong>l da UMBRASIL e membro<br />
da Comissão Organizadora do 4º Congresso<br />
“Além <strong>de</strong> ser um espaço <strong>de</strong><br />
formação e <strong>de</strong> partilhas <strong>de</strong><br />
experiências, é também uma<br />
oportunida<strong>de</strong> ímpar <strong>de</strong> celebração<br />
da <strong>educação</strong> marista<br />
no Brasil. Os olhares da nossa<br />
Província estiveram voltados<br />
ao Congresso. Essa con<strong>ju</strong>gação<br />
<strong>de</strong> intencio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>s e saberes, com certeza,<br />
agregará vitalida<strong>de</strong> à caminhada social e educacio<strong>na</strong>l<br />
da PMBCN.”<br />
Dilma Alves, Superinten<strong>de</strong>nte Socioeducacio<strong>na</strong>l da<br />
Província Marista Brasil Centro-Norte<br />
“Penso que o Congresso foi<br />
um gran<strong>de</strong> encontro. Não só<br />
da diversida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l<br />
marista, mas com o que há <strong>de</strong><br />
mais mo<strong>de</strong>rno no pensamento<br />
educacio<strong>na</strong>l. Todas as discussões<br />
tentaram respon<strong>de</strong>r<br />
a pergunta: Como melhorar a<br />
<strong>educação</strong> para as <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s e <strong>infâncias</strong>?”<br />
Jaqueline <strong>de</strong> Jesus, Gerente educacio<strong>na</strong>l da Província<br />
Marista Brasil Centro-Norte e membro da Comissão<br />
Organizadora do 4º Congresso<br />
“A edição inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do 4º<br />
Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />
possibilitou o enriquecimento<br />
pessoal e profissio<strong>na</strong>l dos educadores<br />
presentes, por ser um espaço<br />
<strong>de</strong> aprendizagens educacio<strong>na</strong>is<br />
significativas com vistas a<br />
uma <strong>educação</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.”<br />
Adria<strong>na</strong> Castiglia Filipetto, Supervisora Pedagógica da<br />
Província Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e membro da<br />
Comissão Organizadora do 4º Congresso<br />
“O Congresso reforçou minha percepção <strong>de</strong> que<br />
é preciso trabalhar mais o ser; parar <strong>de</strong> pensar<br />
no eu e pensar <strong>na</strong> totalida<strong>de</strong>. É preciso formar<br />
crianças para serem felizes, embasadas em outros<br />
valores, que não só o ter, mas a tolerância e<br />
o respeito mútuo.”<br />
Fer<strong>na</strong>nda Golmic, Formação Continuada <strong>de</strong><br />
Educadores da Educação Infantil, da Secretaria<br />
Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Lins (SP)<br />
brasil marista | 77
ExpEDiENtE<br />
uNIãO mARIsTA DO bRAsIL (umbRAsIL)<br />
DIRETORIA DA UMBRASIL<br />
Diretor-Presi<strong>de</strong>nte<br />
Ir. Arlindo Corrent<br />
Diretor-Tesoureiro<br />
Ir. Délcio Afonso Balestrin<br />
Diretor-Secretário<br />
Ir. José Wagner<br />
Rodrigues da Cruz<br />
SECRETARIADO<br />
DA UMBRASIL<br />
secretário Executivo<br />
Ir. Valdícer Civa Fachi<br />
área <strong>de</strong> gestão<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor<br />
Ir. Rosmar Rissi<br />
Assessor<br />
José Messias <strong>de</strong><br />
Almeida Pi<strong>na</strong><br />
A<strong>na</strong>lista<br />
Sonia <strong>de</strong> Sousa Vidal<br />
área <strong>de</strong> missão<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor<br />
Ir. José <strong>de</strong> Assis Elias <strong>de</strong> Brito<br />
Assessores<br />
Mércia Maria Silva Procópio<br />
Leila Regi<strong>na</strong> Paiva <strong>de</strong> Souza<br />
João Carlos <strong>de</strong> Paula<br />
A<strong>na</strong>lista<br />
Deysiane Farias Pontes<br />
área <strong>de</strong> vida<br />
Consagrada e Laicato<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor<br />
Ir. Antonio Quintiliano da Silva<br />
Assessor<br />
Joaquim Alberto Andra<strong>de</strong> Silva<br />
área <strong>de</strong> Representação<br />
Institucio<strong>na</strong>l<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora<br />
Monica Kondziolková<br />
Assistente Administrativa<br />
A<strong>na</strong> Maria da Silva Peixoto<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora <strong>de</strong><br />
Comunicação e Marketing<br />
Katiuscia Sotomayor<br />
A<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> Comunicação<br />
e Marketing<br />
Marjoire <strong>de</strong> Carvalho Castilho<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora<br />
Administrativo-Fi<strong>na</strong>nceira<br />
Cristiane Cardoso Costa<br />
A<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> Suporte <strong>de</strong> TI<br />
João Luiz da Costa e Costa<br />
78 | brasil marista<br />
A<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> Inteligência<br />
Competitiva<br />
Gustavo Lima Ferreira<br />
Secretária Geral<br />
Núbia Azevedo dos Santos<br />
Arquivista<br />
A<strong>na</strong> Paula Sales<br />
Auxiliar Administrativo<br />
An<strong>de</strong>rson Cabral<br />
Auxiliar <strong>de</strong> Serviços Gerais<br />
Eliane Almeida<br />
Apoio<br />
Alan Paes Can<strong>de</strong>ia<br />
Alexandre Cardoso<br />
Amanda Ribeiro<br />
Bruno Bo<strong>na</strong>migo<br />
Caroline Miranda<br />
Danilo Roquete<br />
Gustavo Caselato<br />
Irene Simões<br />
Letícia <strong>de</strong> Castilhos<br />
Lidiane Amorim<br />
Marcos André Scussel<br />
Miriam Aguiar<br />
Patricia do Amaral<br />
Paulo <strong>de</strong> Tarso<br />
Pollya<strong>na</strong> Nabarro<br />
Raquel Pulita<br />
Cobertura Jor<strong>na</strong>lística<br />
Amara<strong>de</strong>i Comunicação<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção<br />
Anelisa Mara<strong>de</strong>i<br />
Textos<br />
Anelisa Mara<strong>de</strong>i, Madale<strong>na</strong><br />
Almeida a Andréa Diniz<br />
Edição e Revisão Fi<strong>na</strong>l<br />
Katiuscia Sotomayor<br />
Fotos<br />
School Picture<br />
I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Visual<br />
Caselato Comunicação<br />
Diagramação<br />
PUCRS – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Comunicação Social/Famecos<br />
Reitor da PUCRS<br />
Ir. Joaquim Clotet<br />
Diretora da Famecos<br />
Profª Mágda Cunha<br />
Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor do<br />
Espaço Experiência<br />
Prof. Fábian Chelkanoff<br />
Núcleo Design Editorial<br />
Prof. Rogério Fraga,<br />
Giovan<strong>na</strong> Maia e Lúcia Vieira<br />
Comissão Organizadora do Congresso<br />
Adria<strong>na</strong><br />
Filipetto<br />
Bárbara<br />
Pimpão<br />
Dyogenes P.<br />
Araújo<br />
Isabel<br />
Azevedo<br />
Ir. José <strong>de</strong> A.<br />
E. <strong>de</strong> Brito<br />
Mª Waleska<br />
Cruz<br />
Núbia<br />
Azevedo<br />
Aloirmar<br />
Silva<br />
Ceciliany<br />
Alves<br />
Ir. Eduardo<br />
D’Amorim<br />
Jaqueline<br />
<strong>de</strong> Jesus<br />
José Messias<br />
Pi<strong>na</strong><br />
Marjoire<br />
Castilho<br />
Ricardo<br />
Tescarolo<br />
Sonia Vidal Ir. Valdícer<br />
Civa Fachi<br />
Ir. Antonio<br />
Quintiliano<br />
Cristiane<br />
Cardoso<br />
Gustavo<br />
Lima<br />
João Carlos<br />
<strong>de</strong> Paula<br />
Katiuscia<br />
Sotomayor<br />
Mércia<br />
Procópio<br />
Ir. Rosmar<br />
Rissi<br />
Ir. Valter<br />
Zanca<strong>na</strong>ro<br />
Ascânio João<br />
Sedrez<br />
Décio<br />
Andrasy<br />
Ir. Iranilson<br />
Lima<br />
Joaquim A.<br />
Andra<strong>de</strong> S.<br />
Leila Regi<strong>na</strong><br />
Paiva<br />
Monica<br />
Kondziolková<br />
Simone<br />
Engler Hahn
Crescer com Alegria e Fé:<br />
plantando a semente da<br />
igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo.<br />
Histórias<br />
bíblicas ricamente<br />
ilustradas e texto<br />
com linguagem <strong>de</strong> fácil<br />
compreensão ao aluno, Manual<br />
do professor com orientações,<br />
sugestões e ativida<strong>de</strong>s extras,<br />
informações adicio<strong>na</strong>is sobre<br />
aspectos históricos e<br />
teológicos.<br />
A partir das <strong>na</strong>rrações da Bíblia, as crianças inter<strong>na</strong>lizam conceitos<br />
que as nortearão a ser mais éticas, frater<strong>na</strong>is, solidárias e tolerantes.<br />
Temas como Eu e Deus, Família, Vivendo em grupo, Amigos <strong>de</strong> Deus e<br />
Transformação estão presentes em cada volume.<br />
O material complementar é tão rico que parece até principal:<br />
Orações e o ci<strong>na</strong>s, A<strong>de</strong>sivos, CD <strong>de</strong> músicas e DVD para o professor.<br />
ENSINO RELIGIOSO<br />
Ensino Fundamental I<br />
0800 772 2300 www.ftd.com.br<br />
Adotando nossos<br />
livros, você terá<br />
acesso ao<br />
SUPORTE<br />
PEDAGÓGICO<br />
DIGITAL<br />
brasil marista | 79
80 | brasil marista<br />
JULHO DE 2013<br />
Marcelino Champag<strong>na</strong>t, durante toda a sua vida, colocou-se a serviço<br />
da evangelização <strong>de</strong> crianças e jovens. Continuador <strong>de</strong>ssa missão há<br />
quase 200 anos, o Instituto Marista favorece espaços <strong>de</strong> encontro,<br />
partilha, celebração e formação <strong>ju</strong>venil. Persistindo no sonho <strong>de</strong><br />
Marcelino, o Instituto criou o Encontro Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Jovens<br />
Maristas (EIJM), que acontece <strong>na</strong> sema<strong>na</strong> que antece<strong>de</strong> a Jor<strong>na</strong>da<br />
Mundial da Juventu<strong>de</strong> e, em 2013, será promovido <strong>de</strong> 17 a 22 <strong>de</strong> <strong>ju</strong>lho<br />
<strong>na</strong> cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
SAIBA MAIS:<br />
Instituto dos<br />
Irmãos Maristas