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Espaçotempos e horizontes na educação de infâncias e ju

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EDIÇÃO 06 • FEV/2013<br />

<strong>Espaçotempos</strong><br />

e <strong>horizontes</strong><br />

<strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>infâncias</strong><br />

e <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s<br />

Edição Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do 4º Congresso<br />

Marista <strong>de</strong> Educação permite o diálogo<br />

e propõe políticas e práticas para<br />

promover o direito à <strong>educação</strong><br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

Direitos<br />

das crianças<br />

norbErto liwski<br />

Tecnologias<br />

emergentes<br />

José manuEl moran<br />

Contribuições<br />

da neurociência<br />

miguEl nicolElis<br />

Acenos da<br />

ciência, política<br />

e espiritualida<strong>de</strong><br />

FrEi bEtto<br />

Cultura como<br />

princípio educativo<br />

ariano suassu<strong>na</strong><br />

E ainda:<br />

PainEl dE ExPEriências intEr<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is Em Educação • Fóruns tEmáticos • sEminários tEmáticos<br />

Fóruns dE ExPEriência • momEntos dE EsPiritualidadE • Programação cultural<br />

Com participação <strong>de</strong> Leo<strong>na</strong>rdo Boff, A<strong>na</strong> Maria Machado, Mari<strong>na</strong> Silva,<br />

Marcelo Gleiser, entre outros gran<strong>de</strong>s nomes<br />

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2 | brasil marista


asil marista | 3


ÍNDiCE<br />

EDITORIAL .................................................................................................................................... 6<br />

NOssA CARA, NOssO CORAçãO ......................................................................................... 7<br />

A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual do 4º Congresso Marista <strong>de</strong> Educação – Edição Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

DEbATEs E CONTRIbuIçõEs pARA A EDuCAçãO ........................................................ 8<br />

Evento discute os <strong>de</strong>safios e as oportunida<strong>de</strong>s da <strong>educação</strong> <strong>na</strong> atualida<strong>de</strong><br />

grandEs conFErências<br />

CIêNCIA E pROTAgONIsmO DO EDuCANDO .............................................................. 10<br />

Educação das Infâncias e Juventu<strong>de</strong>s – Contribuições da Neurociência, com Miguel Nicolelis<br />

O pROTAgONIsmO COmO ELEmENTO DE muDANçA<br />

NA gARANTIA DOs DIREITOs DAs CRIANçAs E DOs jOvENs ............................ 14<br />

Direitos da Criança e Educação, com Norberto Liwski<br />

NãO AO CONsumIsmO; sIm à EspIRITuALIDADE ................................................... 17<br />

Acenos das Ciência, Política e Espiritualida<strong>de</strong> para a Educação <strong>na</strong> Contemporaneida<strong>de</strong>, com Frei Betto<br />

Os DEsAfIOs DAs NAçõEs pARA umA EDuCAçãO DE quALIDADE ............... 20<br />

Painel <strong>de</strong> Experiências Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is em Educação<br />

A INTEgRAçãO ENTRE AmbIENTEs físICOs E DIgITAIs NA EsCOLA .............. 23<br />

Tecnologias Emergentes e Educação: Concepções e Impactos, com José Manuel Moran<br />

Os CAmINhOs pARA A vALORIzAçãO DA CuLTuRA NA EDuCAçãO .............. 26<br />

Cultura como Princípio Educativo, com Ariano Suassu<strong>na</strong><br />

Fóruns tEmáticos<br />

O CuRRíCuLO COmO fERRAmENTA<br />

pARA REDEmOCRATIzAçãO DA EsCOLA ...................................................................... 29<br />

Currículo, Escola e Socieda<strong>de</strong><br />

A busCA pELA ExCELêNCIA EDuCACIONAL ................................................................ 32<br />

Gestão em Educação<br />

A INfâNCIA NA CENTRALIDADE DAs pOLíTICAs DE EDuCAçãO ..................... 35<br />

Políticas Públicas, Direitos e Educação<br />

A mísTICA DO CuIDADO E O DEsENvOLvImENTO DAs pEssOAs ..................... 38<br />

Espiritualida<strong>de</strong> e Educação<br />

4 | brasil marista


sEminários tEmáticos<br />

CIêNCIA E fé A sERvIçO DA EvOLuçãO ....................................................................... 41<br />

O EspAçO, O LETRAmENTO E A INfâNCIA: um DIáLOgO pOssívEL ................ 43<br />

O DEsAfIO DO EsTímuLO à LEITuRA ............................................................................. 45<br />

A busCA pELA fORmAçãO pLENA DOs jOvENs ........................................................ 47<br />

LEITuRA, EmOçãO E mEmóRIA: INgREDIENTEs<br />

pARA um bOm ApRENDIzADO ........................................................................................... 49<br />

EDuCAçãO pLuRAL ................................................................................................................ 51<br />

A TêNuE RELAçãO ENTRE fAmíLIA E EsCOLA ............................................................ 54<br />

EDuCAR pARA A susTENTAbILIDADE ............................................................................ 56<br />

Fóruns dE ExPEriência<br />

gRupO mARIsTA ...................................................................................................................... 58<br />

pROvíNCIA mARIsTA bRAsIL CENTRO-NORTE ........................................................... 60<br />

pROvíNCIA mARIsTA DO RIO gRANDE DO suL ......................................................... 62<br />

INsTITuIçõEs CONvIDADAs ............................................................................................. 64<br />

A DImENsãO DA EspIRITuALIDADE NO CONTExTO EDuCACIONAL ............... 66<br />

A REpREsENTAçãO DA ARTE E DA CuLTuRA .............................................................. 68<br />

CARTA AbERTA: sIsTEmATIzAçãO DE REIvINDICAçõEs E OLhAREs ............. 70<br />

umA gRANDE vITRINE – EspAçO DOs ExpOsITOREs ............................................. 72<br />

REpERCussãO pOsITIvA ...................................................................................................... 76<br />

ExpEDIENTE ................................................................................................................................ 78<br />

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EDitOrial<br />

6 | brasil marista<br />

Ir. José <strong>de</strong> Assis Elias <strong>de</strong> Brito<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor geral do 4º Congresso Marista <strong>de</strong> Educação – Edição<br />

Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor da Área <strong>de</strong> Missão da UMBRASIL<br />

Caro leitor,<br />

É com gran<strong>de</strong> satisfação que a União Marista do Brasil (UMBRASIL)<br />

dirige-se a você neste tempo <strong>de</strong> pós-congresso, no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

possibilitar que seu coração e sua mente revivam as experiências e<br />

os sentimentos compartilhados durante a edição inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do<br />

4ª Congresso Marista <strong>de</strong> Educação em 2012.<br />

Com o tema <strong>Espaçotempos</strong> e <strong>horizontes</strong> <strong>na</strong> <strong>educação</strong> <strong>de</strong> <strong>infâncias</strong><br />

e <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s, o nosso congresso teve por objetivo “possibilitar<br />

aos educadores e gestores educacio<strong>na</strong>is o diálogo, bem como a<br />

apropriação <strong>de</strong> conceitos sobre a <strong>educação</strong> das <strong>infâncias</strong> e das<br />

<strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong>”, a fim <strong>de</strong> propor políticas<br />

e práticas que promovam o direito à <strong>educação</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, o<br />

respeito mútuo às diferentes culturas e tradições fundamentadas<br />

<strong>na</strong> dignida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong> e igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos.<br />

Em sua realização contamos com a participação <strong>de</strong> 2.500 pessoas:<br />

educadores, gestores <strong>de</strong> <strong>educação</strong>, estudantes universitários,<br />

membros <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s representativas e parceiros <strong>de</strong> outros<br />

sistemas e diversas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino públicas e particulares<br />

interessados em discutir a <strong>educação</strong> <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

Com esta edição celebrativa, fazemos a chegar a você que participou<br />

do nosso congresso e também a muitos que, por diversos motivos,<br />

não pu<strong>de</strong>ram fazer-se fisicamente presentes, uma efeméri<strong>de</strong> dos<br />

temas discorridos em nossa programação por meio das gran<strong>de</strong>s<br />

conferências, painel <strong>de</strong> experiências inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, fóruns<br />

temáticos e <strong>de</strong> experiências e, ainda, seminários temáticos.<br />

Atentos às vozes e aos direitos das crianças, adolescentes e jovens,<br />

esperamos que a leitura <strong>de</strong>stes artigos favoreça a nossa atenção<br />

aos si<strong>na</strong>is e mudanças dos tempos, <strong>de</strong> modo que consigamos<br />

respon<strong>de</strong>r a<strong>de</strong>quada e generosamente ‘‘às <strong>de</strong>mandas necessárias<br />

à formação <strong>de</strong> bons cristãos e virtuosos cidadãos’’, como o <strong>de</strong>sejou<br />

São Marcelino Champag<strong>na</strong>t, nosso pai fundador.<br />

Nossa gratidão a todos que contribuíram <strong>na</strong> realização <strong>de</strong>sse<br />

congresso e que Champag<strong>na</strong>t e a Boa Mãe nos animem sempre<br />

e favoreçam a nossa unida<strong>de</strong> pela missão <strong>de</strong> educar <strong>na</strong> <strong>de</strong>fesa,<br />

promoção e garantia dos diretos das <strong>infâncias</strong>, adolescências e<br />

<strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s.<br />

Boa leitura!


iDENtiDaDE VisUal<br />

Nossa cara,<br />

nosso coração<br />

A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual para o 4º Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />

– Edição Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l foi criada pela agência Caselato<br />

Comunicação, sob a orientação da Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção <strong>de</strong> Comunicação<br />

e Marketing da UMBRASIL e a partir da avaliação<br />

e da contribuição dos setores <strong>de</strong> Comunicação e Marketing<br />

das Províncias Maristas.<br />

A proposta foi baseada em um con<strong>ju</strong>nto <strong>de</strong> elementos e<br />

cores relacio<strong>na</strong>dos à <strong>educação</strong> e ao universo marista e teve,<br />

como referência, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual do Projeto Educativo<br />

do Brasil Marista, produção coletiva político-pedagógicopastoral<br />

cujo propósito é dar unida<strong>de</strong> ao processo educativo<br />

das escolas maristas, com respeito às experiências,<br />

trajetórias e diversida<strong>de</strong>s.<br />

O boneco serve <strong>de</strong> referência ao estudante marista<br />

<strong>de</strong> forma lúdica, revelando também um corpo<br />

múltiplo e integrado, <strong>de</strong> vários em um só, ressaltado<br />

pelas cores.<br />

Os traços que saem do corpo estilizado remetem à<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> movimento, di<strong>na</strong>mismo e abertura, próprios<br />

da <strong>educação</strong>. Partem do coração, expressando<br />

graficamente que estão relacio<strong>na</strong>dos à<br />

dimensão da emoção, que se liga à razão<br />

como aporte da sensibilida<strong>de</strong> marista no<br />

processo educativo, <strong>de</strong>stacando o caráter<br />

missionário do carisma marista: “Para<br />

bem educar é necessário amar”, já dizia<br />

Marcelino Champag<strong>na</strong>t, fundador do<br />

Instituto.<br />

Para o lettering foi escolhida a família<br />

<strong>de</strong> fontes Ubuntu, garantindo a unida<strong>de</strong><br />

entre as diferentes peças <strong>de</strong> comunicação.<br />

A tipologia apresenta características<br />

relacio<strong>na</strong>das à logomarca, tais como<br />

suavida<strong>de</strong>, sobrieda<strong>de</strong> e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Suas formas curvilíneas fazem referência<br />

direta às formas da logo.<br />

Essa <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> elementos criou uma marca orgânica, que<br />

será adaptada a cada nova edição do Congresso, promovendo<br />

ligação e continuida<strong>de</strong> entre os eventos.<br />

brasil marista | 7


abErtUra<br />

dEbatEs E contribuiçõEs Para a<br />

<strong>educação</strong><br />

Durante<br />

quatro dias, os<br />

participantes do 4º<br />

Congresso Marista<br />

<strong>de</strong> Educação<br />

estiveram ligados<br />

a um objetivo<br />

comum: promover<br />

o <strong>de</strong>bate sobre<br />

os <strong>de</strong>safios e as<br />

oportunida<strong>de</strong>s<br />

da <strong>educação</strong> <strong>na</strong><br />

atualida<strong>de</strong>.<br />

8 | brasil marista<br />

A edição inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do 4º<br />

Congresso Marista <strong>de</strong> Educação,<br />

promovido pela União Marista<br />

do Brasil (UMBRASIL), foi<br />

realizada <strong>de</strong> 17 a 20 <strong>de</strong> <strong>ju</strong>lho <strong>de</strong><br />

2012, no Palácio <strong>de</strong> Convenções<br />

do Anhembi, em São Paulo,<br />

com a presença <strong>de</strong> duas mil e<br />

quinhentas pessoas, entre educadores<br />

e gestores educacio<strong>na</strong>is<br />

dos sistemas público e privado<br />

<strong>de</strong> ensino, estudantes universitários,<br />

representantes maristas<br />

<strong>de</strong> todo País e do exterior, e entida<strong>de</strong>s<br />

ligadas à <strong>educação</strong>. Mais<br />

<strong>de</strong> 50 renomados palestrantes<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, entre<br />

os quais: a escritora A<strong>na</strong><br />

Maria Machado; o poeta Ariano<br />

Suassu<strong>na</strong>; o ex-ministro da<br />

Educação, Fer<strong>na</strong>ndo Haddad;<br />

o teólogo Frei Betto, o doutor<br />

em teologia Leo<strong>na</strong>rdo Boff, a<br />

ex-ministra Mari<strong>na</strong> Silva, e o<br />

neurocientista Miguel Nicolelis,<br />

falaram aos congressistas.<br />

Por meio <strong>de</strong> conferências, seminários,<br />

fóruns temáticos e<br />

<strong>de</strong> experiência, o Congresso<br />

<strong>de</strong>u voz para representantes <strong>de</strong><br />

diversos segmentos da socieda<strong>de</strong>:<br />

educadores, gestores públicos,<br />

representantes católicos,<br />

escritores, filósofos, cientistas,<br />

pesquisadores e educandos. O<br />

tema do evento foi <strong>Espaçotempos</strong><br />

e Horizontes <strong>na</strong> Educação <strong>de</strong><br />

Infâncias e Juventu<strong>de</strong>s. O objetivo<br />

do encontro foi <strong>de</strong>bater a<br />

escola como um espaçotempo<br />

<strong>de</strong> <strong>educação</strong>, <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

sujeitos pautados por valores<br />

cristãos, <strong>de</strong> produção e circulação<br />

<strong>de</strong> culturas, <strong>de</strong> elaboração<br />

e reelaboração <strong>de</strong> saberes, <strong>de</strong><br />

protagonismo. Enfim, os parti


cipantes estiveram ligados, durante quatro dias, a um<br />

objetivo comum: promover o <strong>de</strong>bate sobre os <strong>de</strong>safios<br />

e as oportunida<strong>de</strong>s da <strong>educação</strong> <strong>na</strong> atualida<strong>de</strong>.<br />

“A construção metodológica do Congresso, <strong>de</strong>senvolvida<br />

para aten<strong>de</strong>r os mais diversos interesses <strong>de</strong><br />

gestores e educadores, bem como a escolha criteriosa<br />

<strong>de</strong> temas e <strong>de</strong> conferencistas <strong>de</strong> renome <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

foram fatores <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ntes para o sucesso<br />

do 4º Congresso”, comemorou Mércia Maria Silva<br />

Procópio, assessora da Área <strong>de</strong> Missão da UMBRASIL<br />

e coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora técnico-científica do 4º Congresso Marista<br />

<strong>de</strong> Educação – Edição Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

Durante o encontro, foram colocadas em pauta questões<br />

fundamentais, como o direito das crianças a uma<br />

formação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, em especial nos seus primeiros<br />

anos <strong>de</strong> vida; os <strong>de</strong>safios da <strong>educação</strong> diante das novas<br />

tecnologias; a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que sejam respeitados<br />

os direitos das crianças e jovens como protagonistas<br />

no processo educacio<strong>na</strong>l; as dificulda<strong>de</strong>s e carências<br />

encontradas em torno da questão da formação do professor;<br />

os <strong>de</strong>safios da elaboração <strong>de</strong> um currículo e um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> avaliação a<strong>ju</strong>stados às realida<strong>de</strong>s dos educandos;<br />

a problemática da evasão escolar, especialmente<br />

no Ensino Médio; entre muitos outros temas. Com o<br />

objetivo <strong>de</strong> envolver o maior número <strong>de</strong> espectadores,<br />

durante os quatro dias, os <strong>de</strong>bates tiveram transmissão<br />

online simultânea.<br />

Para Isabel Cristi<strong>na</strong> Michelan <strong>de</strong> Azevedo, da ABEC/<br />

UCE (Associação Brasileira <strong>de</strong> Educação e Cultura/<br />

União Catarinense <strong>de</strong> Educação), diretora educacio<strong>na</strong>l<br />

do Grupo Marista e membro da Comissão Organizadora<br />

do evento, “a programação qualificada do 4º Congresso<br />

Marista <strong>de</strong> Educação permitiu aos participantes<br />

acompanhar as principais discussões presentes <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong><br />

brasileira nos últimos tempos”. Segundo Isabel,<br />

as ativida<strong>de</strong>s evi<strong>de</strong>nciaram que a <strong>educação</strong> é uma<br />

área complexa, multifacetada e rica em oportunida<strong>de</strong>s,<br />

e, por isso, é tão importante reunir pessoas interessadas<br />

em estabelecer um diálogo aberto e profundo que<br />

favoreça pensar e repensar o cotidiano das escolas.<br />

Já a coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora da Câmara <strong>de</strong> Educação da ANEC<br />

(Associação Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação Católica do Brasil),<br />

Ja<strong>na</strong>í<strong>na</strong> Paim, entida<strong>de</strong> apoiadora do Congresso, ressaltou<br />

a importância do encontro como uma oportunida<strong>de</strong><br />

ímpar para imprimir avanços à <strong>educação</strong> católica<br />

no País. “Adiamos nosso Congresso para trazer pessoas<br />

para esse evento, que apoiamos integralmente. Um<br />

evento que está fortalecendo a <strong>educação</strong> católica no<br />

Brasil”, salientou.<br />

Ir. valdícer<br />

Civa fachi<br />

Secretário executivo<br />

da UMBRASIL<br />

Encontro <strong>de</strong> seres e saberes<br />

O Instituto dos Irmãos Maristas reúne<br />

atualmente 50 mil pessoas, espalhadas<br />

por 79 países, entre eles o Brasil, que<br />

aten<strong>de</strong>m 500 mil crianças e jovens. Em<br />

território brasileiro, o trabalho é realizado<br />

em 24 estados e no Distrito Fe<strong>de</strong>ral. São<br />

103 cida<strong>de</strong>s brasileiras, mais <strong>de</strong> 30 mil<br />

irmãos e leigos <strong>de</strong>dicados que trabalham<br />

pela <strong>educação</strong> solidarieda<strong>de</strong>, saú<strong>de</strong> e<br />

comunicação. Essas frentes beneficiam,<br />

em nosso País, cerca <strong>de</strong> 350 mil pessoas.<br />

São 86 colégios, 51 unida<strong>de</strong>s sociais, três<br />

veículos <strong>de</strong> comunicação, três editoras,<br />

quatro instituições <strong>de</strong> ensino superior e<br />

sete hospitais.<br />

O Congresso, que está em sua quarta<br />

edição, faz parte <strong>de</strong>sses esforços, que<br />

são permeados por valores humanos e<br />

cristãos. Para Irmão Valdícer Civa Fachi,<br />

secretário-executivo da UMBRASIL, “o<br />

Congresso foi um encontro <strong>de</strong> seres e<br />

saberes que se conectaram em torno da reflexão<br />

<strong>de</strong> uma <strong>educação</strong> contemporânea”.<br />

Alinhado a essa perspectiva, Irmão Délcio<br />

Balestrin, presi<strong>de</strong>nte da Editora FTD, parceira<br />

<strong>na</strong> realização do evento, e membro<br />

da diretoria da UMBRASIL, salientou<br />

que “o 4º Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />

representou um momento celebrativo<br />

<strong>de</strong> profunda reflexão e relevância para a<br />

<strong>educação</strong> marista”. Ele também <strong>de</strong>stacou<br />

a qualida<strong>de</strong> dos conferencistas, o gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> participantes e a <strong>de</strong>dicação da<br />

equipe organizadora. Ressaltou, por fim, a<br />

importância dos apoiadores para o sucesso<br />

do evento, e comemorou: “Realizamos<br />

um evento inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, com a participação<br />

<strong>de</strong> ilustres e renomados conferencistas,<br />

que reforçam, além da diversida<strong>de</strong><br />

cultural, a credibilida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> da<br />

<strong>educação</strong> marista no mundo”.<br />

brasil marista | 9


graNDEs CONfErêNCias<br />

Educação das inFâncias E das JuvEntudEs: contribuiçõEs da nEurociência<br />

“Temos <strong>de</strong> dar voz<br />

às nossas crianças.<br />

Temos <strong>de</strong> ouvi-las.<br />

Criar um ambiente<br />

<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> em que<br />

elas se sintam seguras<br />

para se expressar, sem<br />

medo do professor<br />

e da prova.“<br />

Miguel Ângelo Nicolellis<br />

10 | brasil marista<br />

Ciência e prota<br />

A Conferência <strong>de</strong> abertura do 4º. Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />

foi realizada por Miguel Ângelo Nicolelis, neurocientista<br />

brasileiro, reconhecido inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmente, e eleito um dos 20<br />

maiores cientistas da atualida<strong>de</strong> pela revista Scientific American.<br />

Nicolelis possui graduação em Medici<strong>na</strong> pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo e doutorado em Ciências (Fisiologia Geral) pela mesma<br />

instituição. Atualmente, é professor titular do Departamento<br />

<strong>de</strong> Neurobiologia e codiretor do Centro <strong>de</strong> Neuroengenharia<br />

da Duke University (EUA), consultor do Instituto Cérebro e<br />

Mente da Escola Politécnica Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lausanne (Suíça) e diretor<br />

científico do Instituto Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Neurociências <strong>de</strong>


gonismo do educando<br />

Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS).<br />

O palestrante compartilhou com a plateia sua<br />

experiência, em especial no Instituto Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

<strong>de</strong> Neurociências <strong>de</strong> Natal Edmond e Lily<br />

Safra (IINN-ELS). A Associação Alberto Santos<br />

Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP), uma<br />

Organização <strong>de</strong> Socieda<strong>de</strong> Civil <strong>de</strong> Interesse<br />

Público (OSCIP), é responsável pela gestão do<br />

Instituto, captando e administrando recursos<br />

públicos e privados <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>dos a patroci<strong>na</strong>r<br />

Ir. benê Oliveira, miguel ângelo Nicolelis e Rômulo frança severino<br />

pesquisas científicas e projetos sociais no Brasil.<br />

A principal missão do trabalho ali realizado é<br />

promover o crescimento da pesquisa científica<br />

<strong>de</strong> ponta e, assim, contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

educacio<strong>na</strong>l, social e econômico do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Norte, em especial das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Natal, Macaíba e circunvizinhanças.<br />

Em ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005, o Instituto agrega<br />

pesquisa científica com uma missão social,<br />

usando a ciência como agente <strong>de</strong> transformação,<br />

brasil marista | 11


“É <strong>de</strong>ver do educador encontrar<br />

um novo caminho, <strong>de</strong> modo que<br />

traga a felicida<strong>de</strong> para todos,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> quem ministra as aulas até<br />

as crianças que estão conosco.<br />

Temos <strong>de</strong> promover um ambiente<br />

rico em muitas experiências.<br />

Temos <strong>de</strong> reapren<strong>de</strong>r a ensi<strong>na</strong>r<br />

para fazer isso.“<br />

Mônica Jandira <strong>de</strong> Macedo<br />

promovendo a produção e a dissemi<strong>na</strong>ção do<br />

conhecimento, e tor<strong>na</strong>ndo a <strong>educação</strong> científica<br />

qualificada acessível às crianças e aos jovens do<br />

ensino público da região. Todos os programas<br />

<strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>senvolvidos no Instituto concentram-se,<br />

principalmente, no <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

<strong>na</strong> <strong>educação</strong> da criança, mas com foco também<br />

<strong>na</strong> saú<strong>de</strong> da mulher gestante. “Os maiores investimentos<br />

públicos são aqueles feitos <strong>na</strong> primeira<br />

infância”, ressaltou o palestrante. “Para cada um<br />

real <strong>de</strong> investimento em um programa <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />

infantil, economiza-se <strong>de</strong>z reais ao longo da<br />

vida do cidadão brasileiro”, reforçou. Um retorno<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>z vezes sobre o investimento.<br />

Dentro da perspectiva apresentada por Nicolelis,<br />

o ensino começa no pré-<strong>na</strong>tal das mães dos<br />

futuros estudantes. Segundo o cientista, se o<br />

pré-<strong>na</strong>tal não for bem feito, po<strong>de</strong>rá haver um<br />

comprometimento no potencial daquele ser humano,<br />

afi<strong>na</strong>l, é nessa fase que o cérebro está sendo<br />

formado. Nesse sentido, o projeto conta com<br />

o Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Anita Garibaldi, um núcleo<br />

assistencial peri<strong>na</strong>tal, <strong>de</strong> caráter multidiscipli<strong>na</strong>r,<br />

voltado à gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> alto risco gestacio<strong>na</strong>l,<br />

com patologias que repercutam <strong>na</strong> saú<strong>de</strong> fetal, e<br />

às crianças portadoras <strong>de</strong> complicações neurológicas.<br />

O Centro está inserido no SUS (Sistema<br />

Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>) e <strong>de</strong>staca-se também, entre suas<br />

proposições, a <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar o papel <strong>de</strong> Centro<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Escola, on<strong>de</strong> são proporcio<strong>na</strong>das<br />

ativida<strong>de</strong>s acadêmicas e estágio curricular obrigatório<br />

aos estudantes do curso <strong>de</strong> Medici<strong>na</strong> da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte<br />

(UFRN).<br />

12 | brasil marista<br />

Agentes <strong>de</strong>cisivos<br />

Além do Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, o trabalho do Instituto<br />

contempla uma ação com estudantes <strong>de</strong><br />

escolas públicas. Quando o projeto foi estabelecido<br />

como piloto, a região tinha o título <strong>de</strong> pior<br />

distrito escolar do Brasil. “Queríamos provar<br />

que essas crianças podiam atingir seu potencial<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento intelectual”, afirmou Nicolelis.<br />

Foi criado então, no turno oposto ao da<br />

escola pública convencio<strong>na</strong>l, para estudantes <strong>de</strong><br />

11 a 17 anos, um espaço para apren<strong>de</strong>r a fazer<br />

ciência. Tudo é realizado <strong>de</strong>ntro da perspectiva<br />

da inclusão social dos educandos. A proposta<br />

integra conteúdos <strong>de</strong> diferentes discipli<strong>na</strong>s<br />

(Ciência e Tecnologia, Ciência e Arte, Robótica,<br />

História, Química, Biologia e Física), que não se<br />

apartam da vida dos estudantes, pois, segundo<br />

o palestrante, os projetos científicos precisam<br />

servir à cultura e à coletivida<strong>de</strong>, favorecendo<br />

a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> olhar a realida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> melhor<br />

compreendê-la para transformá-la sempre em<br />

patamares mais humanos.<br />

Dentro do escopo do trabalho do Instituto, há<br />

ainda um programa <strong>de</strong> <strong>educação</strong> continuada<br />

para os professores da re<strong>de</strong> pública. A i<strong>de</strong>ia é<br />

dissemi<strong>na</strong>r nesses professores a consciência <strong>de</strong><br />

que é possível apren<strong>de</strong>r se divertindo. Afi<strong>na</strong>l, o<br />

pesquisador acredita que as crianças são “agentes<br />

<strong>de</strong>cisivos e participantes da própria <strong>educação</strong>”,<br />

e somente por meio da conscientização dos<br />

educandos po<strong>de</strong>-se estabelecer uma dinâmica<br />

educacio<strong>na</strong>l satisfatória. Segundo o olhar do<br />

conferencista, o objetivo é estimular <strong>na</strong>s crianças<br />

a “ousadia <strong>de</strong> Santos Dumont aliada ao humanismo<br />

<strong>de</strong> Paulo Freire”.<br />

Novos tempos<br />

Nicolelis ressaltou que os cérebros <strong>de</strong> nossos<br />

filhos e netos não são como os nossos e que precisamos<br />

estar atentos a essa realida<strong>de</strong>. “O que<br />

funcionou para nós, não funcio<strong>na</strong> mais”, observou.<br />

Para ele, “educar é fazer com que a criança<br />

atinja o i<strong>de</strong>al humano <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>”. Ele lembra<br />

que a escola tem <strong>de</strong> se adaptar aos estudantes <strong>de</strong><br />

hoje, os chamados “<strong>na</strong>tivos digitais”. Compartilhando<br />

da mesma percepção, Mônica Jandira <strong>de</strong><br />

Macedo, educadora do Ensino Fundamental do


“As crianças são ‘agentes<br />

<strong>de</strong>cisivos e participantes da<br />

própria <strong>educação</strong>’, e somente<br />

por meio da conscientização dos<br />

educandos po<strong>de</strong>-se estabelecer<br />

uma dinâmica educacio<strong>na</strong>l<br />

satisfatória.“<br />

Miguel Ângelo Nicolellis<br />

Colégio Marista João Paulo II, em Brasília (DF),<br />

Província Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, afirmou:<br />

“É <strong>de</strong>ver do educador encontrar um novo<br />

caminho, <strong>de</strong> modo que traga a felicida<strong>de</strong> para<br />

todos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quem ministra as aulas até as crianças<br />

que estão conosco. Temos <strong>de</strong> promover um<br />

ambiente rico em muitas experiências. Temos <strong>de</strong><br />

reapren<strong>de</strong>r a ensi<strong>na</strong>r, para fazer isso”.<br />

O papel do educador foi ponto sublinhado em<br />

muitos momentos do 4º. Congresso Marista <strong>de</strong><br />

Educação. Nicolelis, por exemplo, lembrou que<br />

“professor tem <strong>de</strong> ser um facilitador”. E reforçou:<br />

“Temos <strong>de</strong> ver e dar voz às nossas crianças.<br />

Temos <strong>de</strong> ouvi-las. Criar um ambiente <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong> em que elas se sintam seguras para se<br />

expressar, sem medo do professor e da prova. Se<br />

você tem prazer em fazer alguma coisa, você vai<br />

e faz”. Fica claro, assim, que o diálogo entre a ciência<br />

e a <strong>educação</strong> é possível. Contudo, o papel<br />

do educador <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado. Afi<strong>na</strong>l, não<br />

há tecnologia que substitua o professor, não há<br />

máqui<strong>na</strong> que substitua o elemento humano.<br />

Segundo o palestrante, as crianças <strong>de</strong> hoje não<br />

conseguem estar por 50 minutos numa sala <strong>de</strong><br />

aula <strong>de</strong>ntro dos parâmetros convencio<strong>na</strong>is, em<br />

que o professor fala, como autorida<strong>de</strong> máxima,<br />

e os educandos ouvem. “Hoje, elas querem ser<br />

agentes protagonistas”, explicou. Essa opinião<br />

é partilhada pela congressista Agda Oliveira,<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora Pedagógica do Colégio Marista<br />

<strong>de</strong> Goiânia (GO), do Grupo Marista, que assistiu<br />

atenta às expla<strong>na</strong>ções do cientista. “Dentro<br />

da perspectiva <strong>de</strong> que o estudante <strong>de</strong>ve ser<br />

protagonista, a neurociência é uma maneira <strong>de</strong><br />

o educador se aproximar do educando, manter<br />

um diálogo, contribuindo para que ele <strong>de</strong>scubra<br />

potencialida<strong>de</strong>s, aumente sua autoestima, acre-<br />

dite em si mesmo e, futuramente, possa ser um<br />

agente transformador da socieda<strong>de</strong>”, concluiu.<br />

No Brasil, <strong>de</strong> acordo com Nicolelis, temos uma<br />

média <strong>de</strong> 56% <strong>de</strong> evasão <strong>de</strong> estudantes <strong>na</strong> transição<br />

do Ensino Fundamental para o Ensino Médio.<br />

No Nor<strong>de</strong>ste, esse número é maior, fica em<br />

torno <strong>de</strong> 80%. Entretanto, após a implantação<br />

do projeto, a região <strong>de</strong> abrangência do trabalho<br />

apresenta uma taxa <strong>de</strong> evasão <strong>de</strong> ape<strong>na</strong>s 2%.<br />

“As crianças adquiriram a obsessão <strong>de</strong> continuar<br />

apren<strong>de</strong>ndo pelo resto da vida. Entram<br />

<strong>na</strong> Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral sem cursinho”, comemorou.<br />

Ele espera que, no futuro, o IINN-ELS<br />

seja um catalisador para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

iniciativas econômicas baseadas no conhecimento,<br />

que favoreçam um crescimento sustentável e<br />

ecologicamente equilibrado <strong>na</strong> região Nor<strong>de</strong>ste<br />

do Brasil.<br />

Para Irmão Claudiano Tiecher, Diretor do Colégio<br />

Marista João Paulo II , Província Marista do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul, a palestra abordou um elemento<br />

essencial: “O <strong>de</strong>spertar quanto à necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se investir em pesquisa <strong>na</strong> área <strong>de</strong> <strong>educação</strong>.<br />

Como pu<strong>de</strong>mos assistir, quando se investe em<br />

ações <strong>na</strong> área educacio<strong>na</strong>l se tem resultados. Os<br />

professores po<strong>de</strong>m tentar <strong>de</strong>senvolver projetos,<br />

seja qual for o campo, para melhorar o seu dia a<br />

dia e trazer algo que realmente contribua para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e formação dos educandos <strong>de</strong><br />

uma forma diferenciada e eficaz.”<br />

miguel ângelo Nicolelis<br />

brasil marista | 13


graNDEs CONfErêNCias<br />

dirEitos da criança E Educação<br />

14 | brasil marista<br />

o Protagonismo como<br />

ElEmEnto dE mudança <strong>na</strong><br />

garantia dos dirEitos<br />

das crianças<br />

e dos jovens<br />

Norberto Liwski


É importante que as escolas<br />

trabalhem o fortalecimento<br />

da pedagogia participativa,<br />

que <strong>de</strong>ve abrir espaço para<br />

que crianças e adolescentes<br />

se envolvam no processo<br />

educativo.<br />

Na socieda<strong>de</strong> contemporânea, muito se tem<br />

<strong>de</strong>batido sobre os direitos da criança no âmbito<br />

da <strong>educação</strong>. No Brasil, a criação do ECA (Estatuto<br />

da Criança e do Adolescente) foi um marco<br />

fundamental para que o País iniciasse uma nova<br />

era no sentido <strong>de</strong> garantir à população infanto<strong>ju</strong>venil<br />

uma vida mais dig<strong>na</strong> e o direito a uma<br />

formação educacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. O conteúdo<br />

do ECA serviu, inclusive, como fonte inspiradora<br />

para que outras <strong>na</strong>ções latino-america<strong>na</strong>s<br />

avançassem também nessa área, visando assegurar<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento integral e pleno <strong>de</strong><br />

suas crianças e adolescentes.<br />

Trata-se, portanto, <strong>de</strong> um tema <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância<br />

e complexida<strong>de</strong>, que exige reflexão para se<br />

propor as mudanças necessárias e oferecer uma<br />

nova realida<strong>de</strong> para as crianças e os jovens. Para<br />

abordar o assunto, foi convidado um expoente<br />

nesta área, que apresentou dados atuais e a<strong>na</strong>lisou<br />

essa questão <strong>na</strong> região latino-america<strong>na</strong>.<br />

Com auditório lotado, Noberto Liwski, médico<br />

pediatra social, pesquisador associado <strong>na</strong><br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Buenos Aires (Argenti<strong>na</strong>), <strong>na</strong><br />

cátedra Cultura para a Paz e Direitos Humanos,<br />

além <strong>de</strong> membro do Conselho Bureau Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l<br />

Catholique <strong>de</strong> I’Enfance – Bice, foi responsável<br />

pela condução da Gran<strong>de</strong> Conferência<br />

sobre Direitos da Criança e Educação, realizada<br />

no segundo dia do Congresso.<br />

Durante sua apresentação, ele ressaltou que<br />

assegurar os direitos da criança e do jovem não<br />

significa garantir somente <strong>educação</strong>, mas também<br />

habitação, moradia, alimentação, saú<strong>de</strong>,<br />

lazer etc. “Os direitos são indivisíveis. Ou seja,<br />

temos <strong>de</strong> pensar <strong>na</strong> integralida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa questão.<br />

A escola não po<strong>de</strong> se eximir <strong>de</strong>ssa reflexão”, comentou<br />

o conferencista.<br />

Segundo ele, os educadores <strong>de</strong>vem estimular o<br />

protagonismo dos jovens, criando oportunida<strong>de</strong>s<br />

para que eles possam conhecer seus direitos<br />

e comecem a ser ouvidos em assuntos que os envolvam.<br />

“A Declaração Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l dos Direitos<br />

da Criança e Adolescente da ONU (Organização<br />

das Nações Unidas), bem como o próprio<br />

ECA, no Brasil, possuem textos que reafirmam a<br />

importância do protagonismo <strong>ju</strong>venil, orientando<br />

para caminhos que po<strong>de</strong>m ser trilhados nesta<br />

direção. As transformações do sistema educacio<strong>na</strong>l<br />

com base nesses princípios, certamente, trazem<br />

novas perspectivas para uma atuação mais<br />

comprometida das <strong>na</strong>ções nesse campo. Mas <strong>de</strong><br />

<strong>na</strong>da vale esse discurso se não forem colocadas<br />

em prática ações pedagógicas que contribuam<br />

para a garantia dos direitos“, complementou.<br />

Pedagogia participativa<br />

Liwski ressaltou que as escolas <strong>de</strong>vem trabalhar<br />

o fortalecimento da pedagogia participativa,<br />

focando os direitos humanos e abrindo espaço<br />

para que crianças e adolescentes se envolvam no<br />

processo educativo. Na visão do conferencista,<br />

o protagonismo é uma cultura que traz novos<br />

cenários <strong>de</strong> esperança para a <strong>educação</strong>. “Temos<br />

tido avanços, mas a prática <strong>de</strong>sses princípios<br />

exige uma quebra <strong>de</strong> paradigmas, ou seja, mudanças<br />

<strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong> psicologia, pedagogia e em<br />

outros campos, a fim <strong>de</strong> transformar estilos e<br />

formas <strong>de</strong> nos relacio<strong>na</strong>rmos com as famílias,<br />

socieda<strong>de</strong> e escola”, acrescentou.<br />

Na opinião <strong>de</strong> Acádio João Heck, diretor-geral<br />

do Colégio Marista <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong> (PR), Grupo<br />

Marista, que assistiu à palestra, com o protagonismo,<br />

iniciamos um caminho para uma nova<br />

dinâmica no contexto escolar. Entretanto, tratase<br />

<strong>de</strong> uma mudança cultural, tanto no âmbito da<br />

gestão escolar quanto das famílias.<br />

“Hoje, a <strong>educação</strong> <strong>na</strong> família ten<strong>de</strong> a privar as<br />

crianças e jovens <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> frustração.<br />

Ou seja, tudo é permitido e não há limites. Quando<br />

isso acontece <strong>na</strong> escola, gestores e educadores<br />

não sabem como lidar com isso. Portanto, o <strong>de</strong>safio<br />

é como ter um protagonismo <strong>ju</strong>venil sem se<br />

criar uma ditadura em que a premissa é poupar<br />

os jovens <strong>de</strong> qualquer dificulda<strong>de</strong>. Precisamos<br />

brasil marista | 15


tomar cuidado com o protagonismo individualizado<br />

em que o educando não se preocupa com<br />

o coletivo e só visa benefícios para si próprio”,<br />

avaliou Heck.<br />

A congressista Jaqueline <strong>de</strong> Souza, professora <strong>de</strong><br />

Educação Infantil do Colégio Marista <strong>de</strong> Palmas<br />

(TO), Província Marista Brasil Centro-Norte,<br />

acredita ser prepon<strong>de</strong>rante os educadores refletirem<br />

sobre essa questão, verificando o que<br />

po<strong>de</strong> ser aplicado no dia a dia em seu contexto<br />

<strong>de</strong> trabalho. “Sem dúvida, estamos caminhando<br />

para uma nova era em que a criança começa a ter<br />

uma participação mais ativa no âmbito escolar.<br />

Portanto, cabe aos educadores encabeçarem esse<br />

movimento em busca <strong>de</strong> mudanças. Devemos<br />

voltar nosso olhar para uma nova <strong>educação</strong> e<br />

abando<strong>na</strong>r a utopia das palavras, aplicando, <strong>de</strong><br />

fato, esses princípios, que são a gran<strong>de</strong> tendência<br />

<strong>na</strong> <strong>educação</strong> mundial”, lembrou a professora.<br />

Educação x pobreza<br />

A relação entre <strong>educação</strong> e a pobreza <strong>na</strong> região<br />

latino-america<strong>na</strong> foi outro ponto abordado <strong>na</strong><br />

palestra. De acordo com Liwski, em 2010, a Cepal<br />

(Comissão Econômica para América Lati<strong>na</strong><br />

e o Caribe da ONU), que tem como objetivo o<br />

estudo e a promoção <strong>de</strong> políticas para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da região, já si<strong>na</strong>lizava um aumento<br />

dos jovens que não trabalham e não estudam <strong>na</strong><br />

América Lati<strong>na</strong>.<br />

Dados do ano passado apontam que, dos jovens<br />

entre 25 a 29 anos, ape<strong>na</strong>s 8,3% concluíram o<br />

terceiro grau. Na comparação entre jovens ricos<br />

e pobres, para cada 27 jovens <strong>de</strong> melhor po<strong>de</strong>r<br />

aquisitivo que termi<strong>na</strong>m o 3º grau, ape<strong>na</strong>s um<br />

jovem pobre consegue essa façanha. No sexo<br />

feminino, a situação é ainda mais complexa:<br />

enquanto 80% das mulheres latino-america<strong>na</strong>s<br />

<strong>de</strong> 15 a 29 anos, com maior renda participam<br />

do mercado <strong>de</strong> trabalho formal no continente,<br />

menos <strong>de</strong> 50% das jovens pobres conseguem<br />

estabelecer vínculos formais.<br />

“São indivíduos abando<strong>na</strong>dos pelos Estados,<br />

que acabam vivendo à margem da socieda<strong>de</strong> e<br />

sendo vítimas <strong>de</strong> grupos inescrupulosos, que<br />

os levam para a vida do crime. Isso incita outra<br />

discussão a respeito da redução da maiorida<strong>de</strong><br />

pe<strong>na</strong>l. Ora, os Estados não oferecem a <strong>educação</strong><br />

16 | brasil marista<br />

Ir. benê Oliveira e Norberto Liwski<br />

básica aos jovens e querem mudar a maiorida<strong>de</strong><br />

pe<strong>na</strong>l?”, questionou.<br />

Para o conferencista, sob essa ótica, os educadores<br />

também têm um papel insubstituível <strong>na</strong><br />

transição dos novos tempos. “Não queremos<br />

substituir o educador e eleger a ditadura da<br />

criança, mas criar um novo espaço para nos relacio<strong>na</strong>rmos,<br />

em que os campos <strong>de</strong> aprendizagem<br />

<strong>de</strong>senvolvam <strong>na</strong> criança todas as suas possibilida<strong>de</strong>s”,<br />

<strong>de</strong>stacou.<br />

O congressista Cristiano Prado Ribeiro, professor<br />

da Escola Marista <strong>de</strong> Maringá (PR), Grupo<br />

Marista, concorda com o conferencista. “Temos o<br />

<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> criar essa cultura, pois o protagonismo<br />

se tor<strong>na</strong> cada dia mais relevante. Por exemplo,<br />

hoje não se po<strong>de</strong> mais trabalhar aulas padronizadas.<br />

O educador tem <strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar à classe e<br />

à realida<strong>de</strong> dos alunos. A<strong>de</strong>quar-se à realida<strong>de</strong><br />

é, <strong>de</strong> certa forma, reconhecer o protagonismo do<br />

educando”, explicou.<br />

Outra congressista, Maria Lúcia Almeida, diretora<br />

da Escola Marista Champag<strong>na</strong>t <strong>de</strong> Contagem<br />

(MG), Província Marista Brasil Centro-Norte,<br />

comentou que os educadores se apropriaram<br />

<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> que precisa ser<br />

aprimorado. “Rever esse mo<strong>de</strong>lo para fortalecer<br />

uma <strong>educação</strong> com foco em direitos humanos, é<br />

fundamental”, expôs.<br />

Irmão Marcelo Allbrandt, da Pastoral do Colégio<br />

Marista <strong>de</strong> Ribeirão Preto (SP), Grupo Marista,<br />

lembrou que em muitas pastorais o protagonismo<br />

já é uma realida<strong>de</strong>. “Toda nossa ação procura<br />

evi<strong>de</strong>nciar que o jovem tem algo a dizer. Colocar<br />

o jovem no papel <strong>de</strong> protagonista resgata o indivíduo”,<br />

<strong>de</strong>clarou o congressista.


graNDEs CONfErêNCias<br />

acEnos da ciência, Política E EsPiritualidadE Para a Educação<br />

não ao consumismo; sim à<br />

Somente pela valorização da<br />

espiritualida<strong>de</strong> <strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />

po<strong>de</strong>mos abrir os olhos das<br />

nossas crianças contra o<br />

modismo consumista <strong>de</strong><br />

nosso tempo.<br />

Ricardo Tescarolo e frei betto<br />

espiritualida<strong>de</strong><br />

Frei Betto dispensa apresentações. Fra<strong>de</strong> Dominicano,<br />

teólogo, filósofo, jor<strong>na</strong>lista e escritor,<br />

é militante ativo <strong>de</strong> movimentos pastorais e<br />

sociais. Ocupou a função <strong>de</strong> assessor especial <strong>de</strong><br />

Luiz Inácio Lula da Silva, Presi<strong>de</strong>nte da República,<br />

entre 2003 e 2010, quando foi coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor<br />

<strong>de</strong> Mobilização Social do Programa Fome Zero.<br />

Tem uma história político-pastoral intensa, é<br />

autor <strong>de</strong> <strong>de</strong>ze<strong>na</strong>s <strong>de</strong> livros <strong>de</strong> sucesso e recebeu<br />

vários prêmios por sua atuação em prol dos<br />

direitos humanos e em <strong>de</strong>fesa dos movimentos<br />

populares.<br />

brasil marista | 17


Já no início <strong>de</strong> sua palestra, que teve como tema<br />

Acenos da Ciência, Política e Espiritualida<strong>de</strong> para a<br />

Educação, o palestrante lançou uma frase impactante:<br />

“O sonho da garotada <strong>de</strong> hoje é mudar o<br />

professor <strong>de</strong> ca<strong>na</strong>l”. A razão <strong>de</strong> tal afirmação?<br />

Estamos diante <strong>de</strong> um jovem que é acostumado<br />

a escolher o que quer escutar e ver e, assim, não<br />

seria fácil entrar numa sala <strong>de</strong> aula, em que os<br />

parâmetros <strong>de</strong> ensino ainda são muito arcaicos.<br />

Com essas palavras, ele chamou os educadores<br />

presentes a uma reflexão sobre a época em<br />

que estamos vivendo. “Vivemos uma mudança<br />

<strong>de</strong> época”, ressaltou. Ele reforçou que estamos<br />

passando da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> para a chamada<br />

pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, um momento <strong>de</strong> ruptura e<br />

<strong>de</strong>safios. E completou: “Só os artistas e os loucos<br />

conseguem ser contemporâneos a uma mudança<br />

<strong>de</strong> época”.<br />

Ele admitiu a importância da TV e da Internet<br />

<strong>na</strong> vida das crianças e dos jovens da contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

“A família, a igreja e a escola<br />

querem formar cidadãos. Temos a TV como<br />

adversária e <strong>de</strong>veríamos tê-la como aliada”,<br />

pontuou. Acreditando no po<strong>de</strong>r dos meios <strong>de</strong><br />

comunicação como agentes transformadores,<br />

mas também <strong>na</strong> influência nefasta que po<strong>de</strong>m<br />

ter sobre crianças e jovens, ele fez duras críticas<br />

à programação apresentada pela TV. Segundo<br />

Frei Betto, os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa<br />

“querem formar consumistas e não cidadãos”.<br />

Haveria, nessa perspectiva, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

discipli<strong>na</strong>rmos o acesso das crianças e dos jovens<br />

à TV e à Internet. Em tom <strong>de</strong> crítica, lembrou<br />

uma piada em que uma criança pergunta<br />

para o avô: “Vovô, hoje temos iPad, iPhone, o<br />

que vocês usavam?”. E o avô, sem titubear, respon<strong>de</strong>:<br />

“o cérebro”.<br />

A criança, <strong>na</strong> visão do palestrante, é influenciada<br />

o dia todo por mecanismos que propagam que o<br />

cidadão só será feliz se consumir. Lembrou que<br />

estamos vivendo <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> do “consumo,<br />

logo existo”. Referindo-se ao Natal, ele salientou<br />

que o mercado se esquece da figura <strong>de</strong> Jesus<br />

Cristo e introduz a figura consumista do Papai<br />

Noel. Os anúncios da TV reforçam o tempo todo<br />

a visão equivocada <strong>de</strong> que uma pessoa é menos<br />

importante ou aceita socialmente porque não<br />

tem esse ou aquele carro; não usa uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da<br />

marca <strong>de</strong> roupa; ou não frequenta dado<br />

local.<br />

18 | brasil marista<br />

Motivando os educadores presentes a se contrapor<br />

a essa realida<strong>de</strong>, lembrando-os <strong>de</strong> que<br />

os professores e a família têm um papel fundamental<br />

<strong>na</strong> formação dos valores dos educandos,<br />

reforçou a importância <strong>de</strong> que promovam a<br />

valorização da espiritualida<strong>de</strong> e a religiosida<strong>de</strong><br />

<strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>. E, para tanto, propôs que os educadores,<br />

sejam professores ou pais, tornem-se<br />

agentes <strong>de</strong> transformação da realida<strong>de</strong> social<br />

por meio <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s concretas. Frei Betto frisou<br />

que “a criança grava o que fazemos e não o que<br />

falamos”. Para ele, o gesto ensi<strong>na</strong> mais do que<br />

mil palavras.<br />

Alinhado ao pensamento do palestrante, Flávio<br />

Correia, diretor-ad<strong>ju</strong>nto da escola particular<br />

Padre Butinha, do Rio <strong>de</strong> Janeiro, afirmou: “A<br />

geração atual é extremamente consumista. Só<br />

vamos conseguir quebrar os paradigmas se<br />

mostrarmos para esses jovens como mudar e<br />

por que mudar. O professor tem papel fundamental<br />

nessa busca”. Ro<strong>na</strong>ldo Campos Diogo,<br />

pastoralista do Centro Marista <strong>de</strong> Curitiba (PR),<br />

Grupo Marista, também compartilha do mesmo<br />

pensamento: “Não se tem protagonismo com<br />

pessoas individualistas e consumistas. A escola<br />

po<strong>de</strong> a<strong>ju</strong>dar a <strong>de</strong>senvolver os projetos <strong>de</strong> vida<br />

<strong>de</strong> cada educando, reforçando a espiritualida<strong>de</strong><br />

e o crescimento pessoal”, comentou ao fi<strong>na</strong>l da<br />

palestra <strong>de</strong> Frei Betto.<br />

Os números da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

Reforçando que estamos nos distanciando <strong>de</strong><br />

valores fundamentais à dignida<strong>de</strong> do cidadão,<br />

Frei Betto ainda apontou alguns números resultantes<br />

do caminho que estamos trilhando. O<br />

balanço <strong>de</strong> nossa época, segundo o palestrante,<br />

é que das cerca <strong>de</strong> sete bilhões <strong>de</strong> pessoas do<br />

mundo, quatro bilhões vivem abaixo da linha da<br />

pobreza, apesar dos avanços conquistados pela<br />

ciência. Frei Betto pontuou também que há hoje<br />

no mundo um bilhão <strong>de</strong> famintos crônicos e que<br />

cinco milhões <strong>de</strong> crianças, com menos <strong>de</strong> cinco<br />

anos, morrem ainda <strong>de</strong> doenças curáveis. “Houve<br />

avanços <strong>na</strong> ciência, mas esses avanços foram<br />

acompanhados <strong>de</strong> uma brutal <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>”,<br />

ressaltou.<br />

Na <strong>educação</strong>, tema dos <strong>de</strong>bates do Congresso, o<br />

quadro não seria menos preocupante. Ele refor-


çou que, embora lutemos para chegar a 10% do<br />

PIB para a <strong>educação</strong>, atualmente, só dispomos<br />

<strong>de</strong> 5%, sendo que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sse montante<br />

é usado em infraestrutura. “No Japão, 12% do<br />

PIB é voltado à <strong>educação</strong>. Professor lá é rei”,<br />

lembrou. Enquanto isso, ele salientou que, no<br />

Brasil, “nós queremos que nossos filhos tenham<br />

bons professores, mas não queremos que sejam<br />

bons professores”. Há uma visão equivocada da<br />

socieda<strong>de</strong> em relação à importância do professor<br />

como agente <strong>de</strong> transformação social. Para ele, a<br />

cultura traz discernimento crítico, e os educadores<br />

precisam levar essa perspectiva à <strong>educação</strong><br />

das crianças e dos jovens.<br />

Mas, se o palestrante fez críticas ao consumismo<br />

propagado pelos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong><br />

massa, não menos contun<strong>de</strong>ntes foram suas observações<br />

em relação ao papel da Igreja diante<br />

das mudanças <strong>de</strong> nosso tempo, a chamada “pósmo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>”.<br />

“A Igreja mal chegou a entrar <strong>na</strong><br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e nós já estamos <strong>na</strong> pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>”,<br />

salientou Frei Betto. Nesse sentido, tanto<br />

a escola quanto a Igreja estariam em <strong>de</strong>salinhamento<br />

com os novos tempos. Ele criticou, por<br />

exemplo, a divisão territorial estabelecida pela<br />

Igreja. “Hoje, a pessoa não têm noção <strong>de</strong> quem é<br />

seu vizinho <strong>de</strong> porta, e seu melhor amigo mora<br />

no Japão. Enquanto que a Igreja ainda organiza as<br />

pessoas por paróquias, por território”, observa.<br />

Política <strong>na</strong> escola<br />

Outro ponto ressaltado pelo conferencista foi a<br />

importância do diálogo ecumênico. Ele lembrou:<br />

“Deus não tem religião”. Para ele, os católicos<br />

ainda têm dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximação com<br />

os evangélicos por preconceitos. Nesse sentido,<br />

precisaríamos vencer competições entre as<br />

igrejas a partir do diálogo inter-religioso. “A<br />

espiritualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser a base da religião, a<br />

abertura do coração ao outro e ao transcen<strong>de</strong>nte”,<br />

reforçou. Segundo o conferencista, somente<br />

pela valorização da espiritualida<strong>de</strong> <strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />

po<strong>de</strong>mos nos precaver e abrir os olhos das<br />

nossas crianças e dos jovens contra o modismo<br />

consumista <strong>de</strong> nosso tempo.<br />

Por fim, pensando em política e <strong>na</strong> dissociação<br />

que algumas pessoas impõem entre a prática<br />

política e a religiosa, ele afirmou: “Tudo <strong>na</strong> nossa<br />

vida tem a ver com a política”. E foi incisivo:<br />

“Quem tem medo da política é gover<strong>na</strong>do por<br />

quem não tem”. Com essas palavras, ele convocou<br />

os educadores a levarem a política para as<br />

escolas, lembrando a bem-sucedida militância<br />

política dos movimentos pastorais e sociais da<br />

própria Igreja Católica.<br />

frei betto<br />

brasil marista | 19


graNDEs CONfErêNCias<br />

ExPEriências intEr<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is Em Educação<br />

os dEsaFios das<br />

<strong>na</strong>çõEs Para uma<br />

20 | brasil marista<br />

Ceciliany Alves, maria figueiredo-Cowen, jason beech e fer<strong>na</strong>ndo haddad<br />

<strong>educação</strong> <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong><br />

Educar respeitando<br />

a formação huma<strong>na</strong>,<br />

as individualida<strong>de</strong>s e<br />

as realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada<br />

região foi o convite<br />

<strong>de</strong>ixado à plateia.


A troca <strong>de</strong> experiências sobre a realida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l<br />

<strong>de</strong> diferentes países foi um dos pontos<br />

fortes <strong>de</strong>sse encontro entre Maria Figueiredo<br />

Cowen, gran<strong>de</strong> conhecedora da <strong>educação</strong> universitária<br />

nos países ibero-americanos, PhD em<br />

Educação pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Londres; Jason<br />

Beech, PhD em Educação pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Londres e diretor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> San Andres, <strong>na</strong> Colômbia;<br />

e Fer<strong>na</strong>ndo Haddad, ex-ministro da Educação<br />

do Brasil e candidato eleito à prefeitura <strong>de</strong> São<br />

Paulo pelo PT. Os palestrantes ressaltaram as<br />

mudanças pelas quais passa a nossa socieda<strong>de</strong>,<br />

lembrando que é nesse novo contexto que temos<br />

<strong>de</strong> nos movimentar e realizar os programas educacio<strong>na</strong>is,<br />

sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado as peculiarida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> cada <strong>na</strong>ção. Educar diante <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>safios,<br />

respeitando a formação huma<strong>na</strong>, as individualida<strong>de</strong>s<br />

e as realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada região foi o convite<br />

realizado à plateia.<br />

Diante <strong>de</strong> um cenário <strong>de</strong> mudanças, os palestrantes<br />

propuseram que os educadores saiam<br />

da teoria para ações <strong>de</strong> sucesso que permitam<br />

aos educandos um aprendizado efetivo.<br />

Maria Figueiredo trouxe alguns resultados<br />

levantados no último PISA (Programa Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

<strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Alunos), realizado<br />

em 2009, e que avaliou sistemas educacio<strong>na</strong>is<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 65 países. A prova, aplicada a cada<br />

três anos pela Organização para Cooperação e<br />

Desenvolvimento Econômico (OCDE), avalia<br />

o conhecimento <strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> em Matemática, Leitura e Ciências. Na<br />

última edição, o Brasil ficou <strong>na</strong> <strong>na</strong>da expressiva<br />

54ª posição.<br />

A palestrante lembrou que em <strong>na</strong>ções que tiveram<br />

excelente pontuação, como Chi<strong>na</strong> e Finlândia,<br />

há razões concretas para que se tenha<br />

chegado a resultados satisfatórios. No caso da<br />

Chi<strong>na</strong>, a boa classificação resultaria das formas<br />

educacio<strong>na</strong>is implementadas <strong>na</strong>quele país: professores<br />

bem trei<strong>na</strong>dos e com melhores salários.<br />

Na Finlândia, as razões também passam pela<br />

qualificação do professor, que conta com excelente<br />

preparo acadêmico, motivação e status social.<br />

Surpreen<strong>de</strong>ntemente, não há, segundo ela,<br />

uma correlação direta entre investimentos em<br />

<strong>educação</strong> e bons resultados no exame. O exemplo<br />

<strong>de</strong>monstrado foi o dos Estados Unidos, que,<br />

embora tenham investimentos significativos em<br />

<strong>educação</strong>, não tiveram resultados tão positivos<br />

no exame quanto a República Tcheca, que conta<br />

com ape<strong>na</strong>s 1/3 dos investimentos por estudante<br />

feitos <strong>na</strong>quele país.<br />

Houve um certo tom <strong>de</strong> crítica a esse tipo <strong>de</strong><br />

avaliação, que levaria a uma <strong>educação</strong> reducionista,<br />

focada <strong>na</strong> estrutura curricular. Tais exames<br />

po<strong>de</strong>m induzir, <strong>na</strong> concepção dos palestrantes,<br />

a uma busca por resultados a qualquer preço.<br />

A preocupação levantada é: até que ponto esse<br />

tipo <strong>de</strong> avaliação, essa padronização, nos leva<br />

a uma efetiva <strong>educação</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>? Dentro<br />

da mesma perspectiva que Cowen, Jason Beech<br />

lembrou que as re<strong>de</strong>s globais, como a Unesco<br />

(Organização das Nações Unidas para a Educação,<br />

a Ciência e a Cultura), <strong>de</strong>finem o que é uma<br />

boa <strong>educação</strong>, mas não existe muito espaço para<br />

que essas i<strong>de</strong>ias sejam contextualizadas. “Tem<br />

<strong>de</strong> haver maleabilida<strong>de</strong>. Temos <strong>de</strong> contextualizar<br />

o discurso global à lógica <strong>de</strong> cada território”,<br />

reforçou.<br />

O congressista Adriel Rizzo, educador do Grupo<br />

Marista, que atua no Centro Social Irmão<br />

Lourenço, em Itaquera, <strong>na</strong> Zo<strong>na</strong> Leste da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo, concorda com Beech. “O Brasil é<br />

um país muito amplo”. Segundo ele, <strong>na</strong> própria<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo já há diversida<strong>de</strong> regio<strong>na</strong>l.<br />

Falando sobre sua atuação <strong>na</strong> Zo<strong>na</strong> Leste, ele<br />

pon<strong>de</strong>rou: “Quando partimos para a Zo<strong>na</strong> Leste,<br />

que é um território <strong>de</strong> migrantes nor<strong>de</strong>stinos, <strong>de</strong><br />

grupos margi<strong>na</strong>lizados, nos <strong>de</strong>paramos com a<br />

questão do empobrecimento, diferenças <strong>de</strong> linguagem,<br />

<strong>de</strong> cultura etc.”, pon<strong>de</strong>rou.<br />

Beech ainda enfatizou o papel dos professores<br />

nesse processo, ressaltando que os educadores<br />

<strong>de</strong>vem conferir significado específico aos<br />

discursos globais, interpretando-os para dar<br />

sentido, coerência e sustentabilida<strong>de</strong> a suas<br />

práticas. Abordou também as mudanças rápidas<br />

do mundo que são impulsio<strong>na</strong>das pelos<br />

avanços tecnológicos e pontuou a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> adaptação da <strong>educação</strong> a esse futuro. Mas<br />

fez críticas e <strong>de</strong>monstrou preocupação em relação<br />

ao fato <strong>de</strong>, muitas vezes, estarmos usando<br />

“as mudanças tecnológicas como motor das<br />

mudanças educativas”. E alertou: “A mudança<br />

tecnológica não é boa por si mesmo. Po<strong>de</strong> ser<br />

positiva ou não”.<br />

brasil marista | 21


A <strong>educação</strong> para formação<br />

<strong>de</strong> cidadãos<br />

Já o ex-ministro da Educação, Fer<strong>na</strong>ndo Haddad,<br />

iniciou sua exposição lembrando que “o objetivo<br />

fi<strong>na</strong>l da <strong>educação</strong> é a formação <strong>de</strong> indivíduos<br />

autônomos, com capacida<strong>de</strong> crítica”. Para tanto,<br />

<strong>na</strong> sua visão, é necessário que sejam oferecidas<br />

amplas condições para o <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

educando, a fim <strong>de</strong> que ele possa se socializar e<br />

adquirir capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se colocar frente à socieda<strong>de</strong>.<br />

“Essa tarefa é das mais complexas. Tratase<br />

<strong>de</strong> um processo social, e não da tarefa <strong>de</strong><br />

um estabelecimento só. Envolve a socieda<strong>de</strong> e,<br />

especialmente, a família”, completou. Reforçou<br />

ainda a relevância da formação <strong>de</strong> quem está em<br />

contato direto com o educando. “A escolarida<strong>de</strong><br />

e o <strong>de</strong>sempenho dos estudantes estão ligados<br />

à escolarida<strong>de</strong> dos professores e das mães dos<br />

educandos”, alertou.<br />

Haddad também propôs que não existe diferença<br />

entre investir no Ensino Básico ou em<br />

qualquer outra etapa do processo educacio<strong>na</strong>l.<br />

“Você não segmenta a <strong>educação</strong>. Ou você faz<br />

com que a socieda<strong>de</strong> tenha uma imersão no<br />

processo educacio<strong>na</strong>l no seu con<strong>ju</strong>nto, ou não<br />

consegue os efeitos imagi<strong>na</strong>dos”, pon<strong>de</strong>rou. O<br />

conferencista lembrou que houve avanços nos<br />

investimentos brasileiros em <strong>educação</strong>, e disse<br />

que o Brasil, no século passado, investia 2,5% do<br />

PIB em <strong>educação</strong>. Hoje, são investidos 5%. Res-<br />

Ceciliany Alves, maria figueiredo-Cowen,<br />

jason beech e fer<strong>na</strong>ndo haddad<br />

22 | brasil marista<br />

saltou que <strong>de</strong>mos passos positivos nos últimos<br />

anos no sentido <strong>de</strong> levar <strong>educação</strong> ao campo e<br />

a regiões remotas, e nos centros urbanos houve<br />

diminuição das distâncias entre as escolas, com<br />

a abertura <strong>de</strong> um maior número <strong>de</strong> estabelecimentos.<br />

A eficácia dos testes<br />

<strong>de</strong> avaliação<br />

Um dos temas mais polêmicos da realida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l<br />

brasileira – os testes padronizados <strong>de</strong><br />

avaliação <strong>de</strong> estudantes – também mereceu <strong>de</strong>staque.<br />

Segundo Haddad, a implantação <strong>de</strong>ssa<br />

metodologia foi uma forma <strong>de</strong> trazer o aprendizado<br />

para o centro da atenção das escolas, pois os<br />

estabelecimentos <strong>de</strong> ensino estavam estag<strong>na</strong>dos<br />

e sendo percebidos como espaços assistenciais<br />

e não <strong>de</strong> aprendizagem. “Isso estava ganhando<br />

muito corpo”, afirmou. Entretanto, Haddad reconhece<br />

que po<strong>de</strong>mos formar uma pessoa com<br />

<strong>de</strong>streza em Matemática e Língua Portuguesa e<br />

que seja um péssimo cidadão. Nesse sentido, ele<br />

pontuou que, ainda que consi<strong>de</strong>re a importância<br />

dos testes, uma escola <strong>de</strong>ve ir muito além <strong>de</strong>ssas<br />

habilida<strong>de</strong>s em matérias específicas.<br />

Para a congressista Simone Valéria da Cruz,<br />

diretora da Escola <strong>de</strong> Ensino Fundamental<br />

Municipal Oswaldo Pires, em Riversul (SP), os<br />

testes educacio<strong>na</strong>is, como o Enem, são pertinentes.<br />

“Acredito que os testes são válidos, pois<br />

mostram para a comunida<strong>de</strong> a qualida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l<br />

da escola e para os gestores o que po<strong>de</strong><br />

ser melhorado. Mas não <strong>de</strong>vem ser a ferramenta<br />

principal para se medir a excelência educacio<strong>na</strong>l<br />

da instituição”, afirmou.<br />

Ao fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> sua exposição, Haddad admitiu que<br />

temos ainda muito a avançar <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong><br />

em termos <strong>de</strong> <strong>educação</strong>. Mas ele acredita que já<br />

<strong>de</strong>mos os primeiros passos e estamos, inclusive,<br />

mais próximos <strong>de</strong> outros países da região nessa<br />

luta. Para ele, o século XXI não vai ser <strong>na</strong>da<br />

parecido com o século XX: “Há um <strong>de</strong>spertar<br />

muito marcante não só com o compromisso orçamentário,<br />

mas como compromisso com a <strong>educação</strong>.<br />

Não consigo ver a classe política brasileira<br />

voltando as costas para a <strong>educação</strong> como fez no<br />

século passado”, fi<strong>na</strong>lizou.


graNDEs CONfErêNCias<br />

tEcnologias EmErgEntEs E Educação: concEPçõEs E imPactos<br />

a intEgração EntrE ambiEntEs<br />

físicos e digitais<br />

<strong>na</strong> Escola<br />

“O educador precisa ir ao encontro dos estudantes. Conhecer o que<br />

é importante para eles, <strong>de</strong>senvolvendo planos <strong>de</strong> aulas que façam<br />

sentido para os educandos e que estejam ligados<br />

a projetos <strong>de</strong> vida.” José Manuel Moran<br />

brasil marista | 23


Em tempos <strong>de</strong> Internet e tecnologias móveis,<br />

vivemos conectados o tempo todo. É impossível<br />

imagi<strong>na</strong>rmos nossas vidas sem esses recursos<br />

que, <strong>de</strong> fato, facilitam as tarefas cotidia<strong>na</strong>s, mas,<br />

ao mesmo tempo, vêm provocando mudanças<br />

profundas <strong>na</strong> forma como nos relacio<strong>na</strong>mos e<br />

nos comunicamos com as pessoas e com o mundo.<br />

Essa nova era também chegou às escolas<br />

e tem sido um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para gestores,<br />

educadores, pais e estudantes, no sentido <strong>de</strong><br />

transformar essas soluções <strong>na</strong>s melhores práticas<br />

pedagógicas.<br />

Para discutir os impactos das novas tecnologias<br />

em sala <strong>de</strong> aula, o 4º Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />

contou com uma presença ilustre: Dr. José<br />

Manuel Moran, diretor <strong>de</strong> Educação a Distância<br />

da Universida<strong>de</strong> Anhanguera-Uni<strong>de</strong>rp, doutor<br />

em Ciências da Comunicação pela Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo e professor aposentado <strong>de</strong> Novas<br />

Tecnologias <strong>na</strong> Escola <strong>de</strong> Comunicações e Artes<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Moran iniciou sua palestra explicando que os<br />

estudantes <strong>de</strong> hoje são os chamados <strong>na</strong>tivos<br />

digitais, ou seja, <strong>na</strong>sceram em uma época em<br />

que a tecnologia já faz parte do dia a dia dos<br />

jovens <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância. O conferencista lembrou<br />

que o crescimento da Internet aconteceu<br />

no fi<strong>na</strong>l da década <strong>de</strong> 1990. Nesse período,<br />

já se começava a pensar como seria a escola<br />

do futuro <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa nova realida<strong>de</strong> que<br />

surgia.<br />

“O que percebemos é que muitas soluções, como<br />

os robôs, tablets, smartphones, iPhones etc., que<br />

vislumbrávamos <strong>na</strong>quela época como tendência,<br />

se consolidaram nos dias <strong>de</strong> hoje. Por outro<br />

lado, as escolas e universida<strong>de</strong>s ainda enfrentam<br />

dificulda<strong>de</strong>s para introduzir as novas tecnologias<br />

<strong>na</strong> prática educacio<strong>na</strong>l. O educador tem um<br />

<strong>de</strong>safio enorme, pois precisa, cada vez mais, se<br />

preparar para atuar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse contexto complexo”,<br />

avaliou.<br />

Mas esse processo, segundo o conferencista,<br />

<strong>de</strong>ve ocorrer <strong>de</strong>vagar, a fim <strong>de</strong> se evitar impactos<br />

negativos no aprendizado escolar. “Não é possível<br />

simplesmente abando<strong>na</strong>r um mo<strong>de</strong>lo arraigado<br />

há anos para se adotar uma nova prática<br />

repenti<strong>na</strong>mente. Apesar dos avanços, a escola<br />

ainda não tem condições <strong>de</strong> absorver esse novo<br />

mo<strong>de</strong>lo rapidamente”, enfatizou.<br />

24 | brasil marista<br />

Educação humanista<br />

Na visão do conferencista, em tempos <strong>de</strong> Internet,<br />

é necessário se <strong>de</strong>senvolver uma <strong>educação</strong><br />

humanista inovadora, que contemple a utilização<br />

cada vez maior <strong>de</strong> tecnologias, mas sem<br />

nunca abando<strong>na</strong>r a figura do professor. “O ato<br />

<strong>de</strong> ensi<strong>na</strong>r jamais será realizado por robôs. É um<br />

processo humano em que a fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> é a<strong>ju</strong>dar<br />

os indivíduos a se <strong>de</strong>senvolver em todas as dimensões:<br />

ética, política, emocio<strong>na</strong>l etc.”, ressaltou<br />

o palestrante.<br />

Por outro lado, Moran lembrou que com a Internet<br />

e outros meios <strong>de</strong> atualização digitais, o<br />

professor <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o único informante do<br />

conteúdo programado para a sala <strong>de</strong> aula. E isso<br />

impacta a relação <strong>de</strong> educadores e educandos.<br />

Para a participante Magali Covatti, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora<br />

pedagógica do Colégio Marista Conceição<br />

<strong>de</strong> Passo Fundo (RS), Província Marista do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul, também é certo que a tecnologia<br />

nunca ocupará o espaço do professor como<br />

educador: “Mas ela é necessária e indispensável<br />

hoje <strong>na</strong> sala <strong>de</strong> aula. O aluno hoje já <strong>na</strong>sce convivendo<br />

com essa tecnologia. E indispensável que<br />

tenha o suporte da escola para usufruir <strong>de</strong>ssa<br />

habilida<strong>de</strong> tecnológica. Mas, o professor, muitas<br />

vezes, acaba repelindo isso por não domi<strong>na</strong>r a<br />

tecnologia”.<br />

Essa também é a opinião da congressista Heliane<br />

Concesso, vice-diretora da Escola Marista <strong>de</strong><br />

Palmas, Província Marista Brasil Centro-Norte.<br />

Para ela, o professor jamais per<strong>de</strong>rá sua função.<br />

“A tecnologia veio para ficar. O segredo é começar<br />

passo a passo, i<strong>de</strong>ntificando possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> se introduzir esses recursos <strong>na</strong> escola. O professor<br />

precisa se apropriar <strong>de</strong>sse conhecimento,<br />

que, sem dúvida, será um gran<strong>de</strong> aliado em sua<br />

prática diária”, a<strong>na</strong>lisou.<br />

Alinhado a esse pensamento, Moran acredita<br />

que o mundo digital é um ambiente que amplia<br />

as possibilida<strong>de</strong>s <strong>na</strong> <strong>educação</strong>. Entretanto, muitas<br />

instituições confi<strong>na</strong>m essas tecnologias em<br />

alguns espaços, como laboratórios, biblioteca<br />

etc., criando locais formais <strong>de</strong> aprendizagem.<br />

Outras, em contrapartida, utilizam os ambientes<br />

virtuais para complementar o que se dá em sala<br />

<strong>de</strong> aula.


“Os próprios estudantes já<br />

portam tablets, smartphones<br />

etc. A pressão está em estabelecer<br />

formas <strong>de</strong> acesso para<br />

que os educandos possam interagir<br />

com essas tecnologias.<br />

E o professor, muitas vezes,<br />

acaba per<strong>de</strong>ndo o controle do<br />

conteúdo. Portanto, fica claro<br />

que não po<strong>de</strong>mos continuar<br />

ensi<strong>na</strong>ndo e apren<strong>de</strong>ndo<br />

em um só espaço, em tempos<br />

pre<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos e da forma<br />

convencio<strong>na</strong>l. A gran<strong>de</strong><br />

trincheira é como integrar as<br />

ativida<strong>de</strong>s nos espaços e tempos formais, aliando<br />

os recursos presenciais aos virtuais”, avaliou<br />

ele.<br />

josé manuel moran<br />

De acordo com Moran, existem escolas que estão<br />

bem à frente e são inovadoras no uso <strong>de</strong> tecnologias.<br />

Nesse aspecto, ele citou a adoção das aulas<br />

invertidas, ou seja, uma tendência em algumas<br />

instituições, que consiste em habituar o estudante<br />

a utilizar os meios digitais para se informar<br />

antes da aula sobre o conteúdo que será tratado.<br />

Dessa forma, o professor discute em sala as dúvidas<br />

e consegue se aprofundar em outros pontos<br />

importantes, fomentando o <strong>de</strong>bate.<br />

“Essa metodologia <strong>na</strong>da mais é do que criar<br />

interligação entre ambientes físicos e digitais. O<br />

educador precisa ir ao encontro dos estudantes.<br />

Conhecer o que é importante para eles, <strong>de</strong>senvolvendo<br />

planos <strong>de</strong> aulas que façam sentido para<br />

os educandos e que estejam ligados a projetos<br />

<strong>de</strong> vida. É preciso usar metodologias em sala <strong>de</strong><br />

aula que estimulem a pesquisa. Por que não, por<br />

exemplo, criar uma ativida<strong>de</strong> com os estudantes<br />

usando o Facebook?”, questionou Moran.<br />

César Augusto Ribeiro, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor <strong>de</strong> Pastoral<br />

do Colégio Marista <strong>de</strong> Maringá (PR), Grupo<br />

Marista, e um dos presentes à palestra, faz uso<br />

das tecnologias nos projetos com os estudantes.<br />

“Já adotamos, por exemplo, o Facebook para algumas<br />

ativida<strong>de</strong>s com resultados muito bons. O<br />

fato é que, mesmo com os avanços tecnológicos,<br />

gestores e educadores não <strong>de</strong>vem abando<strong>na</strong>r a<br />

proposta <strong>de</strong> uma <strong>educação</strong> mais humanista, que<br />

vise o <strong>de</strong>senvolvimento integral do ser humano”,<br />

ressaltou.<br />

A escola do futuro<br />

Para o conferencista, o futuro si<strong>na</strong>liza<br />

para o uso intensivo das tecnologias<br />

<strong>na</strong>s escolas. As instituições terão <strong>de</strong><br />

organizar seus mo<strong>de</strong>los pedagógicos,<br />

incluindo os recursos tecnológicos. Ele<br />

também vislumbra a utilização cada<br />

vez mais forte <strong>de</strong> jogos e aplicativos,<br />

principalmente <strong>na</strong> <strong>educação</strong> infantil.<br />

“Não é preciso temer esses novos tempos.<br />

Mesmo que o estudante já venha<br />

para a sala <strong>de</strong> aula com conhecimento<br />

a respeito <strong>de</strong> vários assuntos <strong>de</strong>vido ao<br />

acesso ao ambiente digital, o diferencial estará<br />

sempre no professor. Daí a importância <strong>de</strong> termos<br />

educadores mais abertos, humanos e dispostos<br />

a <strong>de</strong>sbravar esse novo campo”, <strong>de</strong>stacou<br />

o palestrante.<br />

Na visão da congressista Tania Regi<strong>na</strong> Damásio,<br />

professora do Colégio Marista São José da Barra,<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Província Marista Brasil Centro-Norte,<br />

a palestra foi um convite à reflexão.<br />

“Estou repensando as minhas práticas pedagógicas.<br />

Vejo que o principal <strong>de</strong>safio é trabalhar<br />

com essas tecnologias <strong>de</strong> uma maneira integrada<br />

à roti<strong>na</strong> da sala <strong>de</strong> aula”, relatou.<br />

Já para Eveline Morelli Lima, diretora do Colégio<br />

Marista Nossa Senhora da Penha, <strong>de</strong> Vila Velha<br />

(ES), Província Marista Brasil Centro-Norte, a<br />

palestra abordou um assunto que envolve todos<br />

os educadores. “Precisamos estar atualizados e<br />

nos <strong>de</strong>spir <strong>de</strong> toda e qualquer forma <strong>de</strong> temor.<br />

E como disse o próprio professor Moran, os estudantes<br />

vão nos ensi<strong>na</strong>r isso, eles serão nossos<br />

mestres”, <strong>de</strong>clarou.<br />

O que mais chamou atenção <strong>de</strong> Iva<strong>na</strong> Suski<br />

Vicentin, orientadora educacio<strong>na</strong>l do Colégio<br />

Nossa Senhora Medianeira – Congregação dos<br />

Jesuítas, <strong>de</strong> Curitiba (PR), Grupo Marista, é que<br />

a escola não precisa <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> trabalhar os aspectos<br />

formais, mas po<strong>de</strong> ampliar esses espaços da<br />

sala <strong>de</strong> aula, procurando integrar os ambientes<br />

físicos aos virtuais. “Para que isso ocorra, o professor<br />

precisa se apropriar das novas tecnologias.<br />

As próprias instituições <strong>de</strong>vem pensar em<br />

espaços e momentos para preparar o professor”,<br />

sugeriu.<br />

brasil marista | 25


graNDEs CONfErêNCias<br />

cultura como PrincíPio Educativo<br />

os caminhos Para a<br />

valorização dacultura<br />

<strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />

Os brasileiros conhecem os gran<strong>de</strong>s filósofos<br />

estrangeiros, bem como a música <strong>de</strong> outros países,<br />

mas <strong>de</strong>sconhecem o que existe <strong>de</strong> melhor no Brasil.<br />

26 | brasil marista<br />

Ariano suassu<strong>na</strong>


Uma das mais esperadas palestras do Congresso<br />

foi protagonizada pelo escritor, dramaturgo e<br />

poeta paraibano Ariano Suassu<strong>na</strong>, e reservada<br />

para o último dia do evento. Ferrenho <strong>de</strong>fensor<br />

da cultura genui<strong>na</strong>mente brasileira, Suassu<strong>na</strong><br />

brindou a todos com sua irreverência e espontaneida<strong>de</strong>.<br />

Em muitas ocasiões, aplaudido <strong>de</strong><br />

pé pelo púbico, arrancou risos da plateia com<br />

comentários bem-humorados e performances<br />

inusitadas – em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do momento, numa<br />

análise singular das manifestações culturais<br />

estrangeiras, o escritor chegou a se levantar da<br />

ca<strong>de</strong>ira e se arriscou, com muita maestria, numa<br />

imitação <strong>de</strong> um toureiro.<br />

Com 85 anos, completados recentemente, e uma<br />

memória extraordinária, Suassu<strong>na</strong> iniciou sua<br />

aula-espetáculo encantando o público com a<br />

<strong>de</strong>clamação <strong>de</strong> uma poesia <strong>de</strong> Camões, <strong>de</strong> quem<br />

confessou ser fã. O escritor, que já foi secretário<br />

<strong>de</strong> Cultura do Estado <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco, tem uma<br />

vida intensa. Membro das Aca<strong>de</strong>mias Brasileira,<br />

Per<strong>na</strong>mbuca<strong>na</strong> e Paraiba<strong>na</strong> <strong>de</strong> Letras, foi indicado<br />

ao Prêmio Nobel <strong>de</strong> Literatura 2012, para<br />

apreciação da Aca<strong>de</strong>mia Sueca como candidato<br />

do Brasil.<br />

Hoje, empenha-se em buscar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da<br />

cultura brasileira, com suas matrizes indíge<strong>na</strong>,<br />

portuguesa e africa<strong>na</strong>, por meio da música e da<br />

dança. Para isso, o autor <strong>de</strong> obras célebres, como<br />

o Auto da Compa<strong>de</strong>cida e o romance A pedra do Reino,<br />

<strong>de</strong>dica-se, entre outras ativida<strong>de</strong>s, a divulgar<br />

o projeto <strong>de</strong> sua autoria, batizado <strong>de</strong> A Onça<br />

Malhada, a Favela e o Arraial, uma iniciativa que<br />

visa levar para todo o Estado <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco as<br />

palestras que fasci<strong>na</strong>m os brasileiros. A proposta<br />

é convidar o povo a assistir, embaixo <strong>de</strong> uma<br />

lo<strong>na</strong> <strong>de</strong> circo, apresentações com bailarinos e<br />

músicos.<br />

Durante a sua conferência, intitulada Raízes Populares<br />

da Cultura Brasileira, o escritor explicou<br />

que a Onça Malhada é uma “metáfora da <strong>na</strong>ção,<br />

tão mesclada <strong>de</strong> cores e etnias, que representa a<br />

força e a diversida<strong>de</strong> da cultura brasileira”.<br />

Suassu<strong>na</strong>, que é um dos principais incentivadores<br />

do Movimento Armorial, iniciativa artística<br />

com objetivo <strong>de</strong> criar arte erudita a partir <strong>de</strong><br />

elementos da cultura popular nor<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>, fez<br />

críticas ao que chama <strong>de</strong> “uma arte <strong>de</strong> baixa<br />

qualida<strong>de</strong>”. “É um absurdo que um músico <strong>de</strong><br />

primeira linha, como Antonio Madureira [referindo-se<br />

ao violinista e compositor nor<strong>de</strong>stino,<br />

que há décadas vem atuando para dissemi<strong>na</strong>ção<br />

do Movimento Armorial <strong>na</strong> região], não seja valorizado,<br />

enquanto que os brasileiros admiram<br />

e consomem canções como as da cantora norteamerica<strong>na</strong><br />

Lady Gaga e da Banda Calypso”,<br />

reclamou.<br />

O escritor, que se orgulha <strong>de</strong> não usar o computador<br />

e fazer tudo à mão, também criticou a<br />

Internet. “Nunca <strong>na</strong>veguei pela Internet. Não<br />

há como chegar à boa arte pelo computador.<br />

A boa arte exige <strong>de</strong>dicação e olhar exclusivo”,<br />

alfinetou.<br />

Para mostrar o preconceito que existe com a arte<br />

indíge<strong>na</strong>, o conferencista apresentou um sli<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um cartaz <strong>de</strong> uma exposição <strong>de</strong> 1979, realizada<br />

no Museu <strong>de</strong> Arte <strong>de</strong> São Paulo, em que estava<br />

escrito Arte no Brasil - Uma História <strong>de</strong> Cinco<br />

Séculos. “Como po<strong>de</strong>mos mostrar cinco séculos<br />

<strong>de</strong> arte no Brasil sem contemplar a cultura indíge<strong>na</strong>,<br />

com seu rico conteúdo artístico?”, questionou<br />

o palestrante, referindo-se à ausência <strong>de</strong><br />

manifestações artísticas indíge<strong>na</strong>s <strong>na</strong> exposição<br />

mencio<strong>na</strong>da.<br />

De acordo com ele, os brasileiros conhecem<br />

os gran<strong>de</strong>s filósofos estrangeiros, bem como a<br />

música <strong>de</strong> outras <strong>na</strong>ções, mas <strong>de</strong>sconhecem o<br />

que existe <strong>de</strong> melhor no País. “Não sou hostil a<br />

outras culturas, mas só não posso admitir apresentarmos<br />

ao povo brasileiro uma arte <strong>de</strong> baixa<br />

qualida<strong>de</strong>, com toda a riqueza que temos por<br />

aqui”, proclamou o escritor.<br />

Suassu<strong>na</strong> ainda exibiu um ví<strong>de</strong>o aos congressistas,<br />

chamado Toré, que mostrou um balé<br />

inspirado em um ritual indíge<strong>na</strong> e fascinou os<br />

presentes pela beleza da performance e riqueza<br />

<strong>de</strong> conteúdo. “Viram como é possível apresentar<br />

alter<strong>na</strong>tivas para essa música americanizada e<br />

<strong>de</strong> quinta categoria que faz sucesso hoje no País?<br />

A boa arte nunca envelhece. Já o sucesso é efêmero”,<br />

<strong>de</strong>clarou.<br />

Professor tem <strong>de</strong> ser criativo<br />

Ao discorrer sobre a cultura como princípio<br />

educativo, Suassu<strong>na</strong>, que também foi professor,<br />

disse que todo educador precisa ter um pouco<br />

brasil marista | 27


Ariano suassu<strong>na</strong><br />

<strong>de</strong> ator. Para ele, não existe arte voltada à sala <strong>de</strong><br />

aula. “Arte que é arte procura a beleza, ensi<strong>na</strong> e<br />

educa por si só”, explicou.<br />

Por outro lado, <strong>na</strong> opinião <strong>de</strong> Suassua<strong>na</strong>, o educador<br />

precisa ser criativo, utilizando elementos<br />

que possam facilitar o aprendizado e atrair o<br />

interesse dos estudantes. O conferencista ainda<br />

ressaltou a importância da leitura para a formação<br />

dos jovens.<br />

“Aprendi a ler antes dos sete anos. Quando<br />

menino, o que me interessava eram o circo e a<br />

leitura. Mas vejo que os jovens <strong>de</strong> hoje afirmam,<br />

sem qualquer constrangimento, que não gostam<br />

<strong>de</strong> ler. Tenho pe<strong>na</strong> da <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong> que está abando<strong>na</strong>ndo<br />

os livros. A pessoa que gosta <strong>de</strong> ler não<br />

morre sozinha, porque o livro é um companheiro<br />

para o resto da vida”, <strong>de</strong>stacou.<br />

Mesmo em meio a toda <strong>de</strong>fesa que faz da cultura<br />

brasileira, Suassu<strong>na</strong> acredita que a arte não <strong>de</strong>ve<br />

ser imposta. “Infelizmente, a mídia só divulga o<br />

que está <strong>na</strong> moda, e não apresenta alter<strong>na</strong>tivas<br />

para as pessoas escolherem o que mais gostam.<br />

O povo <strong>de</strong>ve ter liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha. E digo<br />

mais: que <strong>de</strong>mocracia é essa em que as coisas são<br />

impostas pelo gosto médio, que é o mais puro<br />

exemplo <strong>de</strong> mau gosto?”, questionou.<br />

Terminou sua palestra aplaudido <strong>de</strong> pé. Sem<br />

dúvida, um momento único que <strong>de</strong>spertou nos<br />

gestores e educadores o interesse em ampliar o<br />

28 | brasil marista<br />

olhar sobre o rico patrimônio cultural brasileiro<br />

e buscar novas maneiras para se utilizar a arte <strong>na</strong><br />

sala <strong>de</strong> aula.<br />

“A arte <strong>na</strong> <strong>educação</strong> é fundamental. O que o<br />

Ariano está nos propondo é que haja uma valorização<br />

da nossa cultura. E vejo isso <strong>de</strong> forma<br />

<strong>na</strong>tural. Algumas vezes, faço interpretações em<br />

sala <strong>de</strong> aula e crio vozes <strong>de</strong> perso<strong>na</strong>gens para<br />

certas fórmulas, por exemplo. Além disso, tenho<br />

um amigo imaginário, o Joe, que <strong>de</strong>senho <strong>na</strong><br />

lousa, e ele conversa com os estudantes. Acredito<br />

que algo mais lúdico, em meio a tanta teoria,<br />

é muito importante, já que aumenta a atenção<br />

e melhora o rendimento <strong>de</strong> cada um”, revelou<br />

André Macul, professor <strong>de</strong> Ciências do Colégio<br />

Marista da Glória, <strong>de</strong> São Paulo, do Grupo Marista.<br />

Ligia Ca<strong>de</strong>matori, doutora em Teoria da Literatura,<br />

além <strong>de</strong> autora e tradutora <strong>de</strong> clássicos pela<br />

Editora FTD, acredita que <strong>educação</strong> é inseparável<br />

do conceito <strong>de</strong> cultura. “Entendo a <strong>educação</strong><br />

como uma apropriação da cultura. Portanto, não<br />

é uma questão <strong>de</strong> influência, é mais uma questão<br />

<strong>de</strong> acesso à cultura, afi<strong>na</strong>l, é ela que norteia, ou<br />

<strong>de</strong>veria nortear, a <strong>educação</strong>. Eu me entusiasmei<br />

muito com a palestra <strong>de</strong> Ariano, mas tenho uma<br />

concepção distinta da <strong>de</strong>le. Acredito que as culturas<br />

se entrecruzam. Por isso, não há a nossa<br />

cultura. Penso que as culturas dos diferentes<br />

países se incluem, e não se excluem. No entanto,<br />

a figura <strong>de</strong>le, brilhantemente ‘Quixotesca’,<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a nossa arte periférica, sempre me<br />

emocio<strong>na</strong>”, complementou.<br />

Outra congressista, Maria Betania Leal, professora<br />

do Colégio Marista Pio XII, <strong>de</strong> Serubim (PE),<br />

Província Marista Brasil Centro-Norte, também<br />

é da opinião <strong>de</strong> que a arte <strong>de</strong>ve fazer parte do<br />

contexto escolar. “A arte a<strong>ju</strong>da <strong>na</strong> formação do<br />

cidadão e <strong>na</strong> construção do senso crítico. Os<br />

educadores precisam encontrar uma maneira <strong>de</strong><br />

inserir essa cultura brasileira <strong>de</strong> uma forma que<br />

os estudantes se interessem e se aprofun<strong>de</strong>m<br />

no assunto. Para isso, às vezes, peque<strong>na</strong>s ações<br />

são suficientes. O diferencial é factível. Ou seja,<br />

po<strong>de</strong>mos contribuir para a transformação da <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong><br />

e da socieda<strong>de</strong>. Nesse aspecto, concordo<br />

que o professor precisa usar <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong><br />

para utilizar a arte conforme a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />

estudante”, avaliou.


fórUNs tEmátiCOs<br />

currículo, Escola E sociEdadE<br />

o c u r r í c u l o c o m o<br />

FErramEnta Para<br />

re<strong>de</strong>mocratização<br />

da escola<br />

A escola hoje enfrenta novos <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>correntes dos<br />

progressos científicos e tecnológicos e da emergência<br />

<strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> comunicação e produção, por isso<br />

precisa promover uma construção participada com<br />

compromisso <strong>de</strong> todos os atores envolvidos.<br />

brasil marista | 29


Promover o <strong>de</strong>bate em torno do currículo escolar<br />

como ferramenta <strong>de</strong> composição dos processos<br />

educativos frente aos <strong>de</strong>safios da multidiscipli<strong>na</strong>rida<strong>de</strong>,<br />

dos mecanismos necessários<br />

à construção do sujeito e dos conhecimentos<br />

científicos, econômicos, tecnológicos e políticos<br />

da socieda<strong>de</strong> contemporânea. Esse foi o objetivo<br />

dos fóruns da edição inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do 4º Congresso<br />

Marista <strong>de</strong> Educação, que abordaram o<br />

tema Currículo, Escola e Socieda<strong>de</strong>.<br />

A escola hoje enfrenta novos <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>correntes<br />

dos progressos científicos e tecnológicos e da<br />

emergência <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> comunicação e<br />

produção, por isso precisa promover uma construção<br />

participada com compromisso <strong>de</strong> todos<br />

os atores envolvidos. Durante as palestras, os<br />

painelistas ressaltaram a urgência da participação<br />

intensa dos educadores nesse âmbito, a<br />

fim <strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r as propostas das políticas<br />

educacio<strong>na</strong>is que chegam às escolas por meio do<br />

currículo escolar.<br />

José Carlos Morgado, doutor em Educação, especialista<br />

em Desenvolvimento Curricular pela<br />

Universida<strong>de</strong> do Minho, <strong>de</strong> Portugal, além <strong>de</strong><br />

docente no Departamento <strong>de</strong> Estudos Curriculares<br />

e Tecnologia Educativa do Instituto <strong>de</strong><br />

Educação da Universida<strong>de</strong> do Minho, membro<br />

do Conselho Científico e Diretor-Ad<strong>ju</strong>nto dos<br />

Cursos <strong>de</strong> Doutoramento em Ciências da Educação<br />

do mesmo Instituto, foi um dos palestrantes,<br />

cuja apresentação versou sobre o tema Democratizar<br />

a Escola através do Currículo, em que expôs a<br />

realida<strong>de</strong> portuguesa nessa área.<br />

“Embora minha palestra esteja focada <strong>na</strong> experiência<br />

lusita<strong>na</strong>, acredito que os professores do<br />

Brasil também enfrentam dificulda<strong>de</strong>s semelhantes<br />

em relação à criação <strong>de</strong> um currículo<br />

<strong>de</strong>mocrático, que garanta uma escola para todos.<br />

Re<strong>de</strong>mocratizar o currículo remete-nos à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> repensar a instituição <strong>de</strong> ensino,<br />

a<strong>na</strong>lisando os processos <strong>de</strong> mudanças e i<strong>de</strong>alizando<br />

alter<strong>na</strong>tivas para se criar sistemas educativos<br />

que estejam alinhados às necessida<strong>de</strong>s do<br />

jovem <strong>de</strong> hoje. E isso se reflete no trabalho dos<br />

educadores”, comentou ele.<br />

Para Morgado, a escola vive um dilema. De um<br />

lado, continua sendo o “centro das atenções”<br />

por ser um espaço para a formação <strong>de</strong> cidadãos.<br />

Por outro, recebe críticas por ser incapaz<br />

30 | brasil marista<br />

<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as mudanças que foi sofrendo<br />

ao longo dos anos. “A escola não é mais aquela<br />

instituição <strong>de</strong> referência, como era qualificada<br />

antigamente. A escola se massificou, mas não se<br />

<strong>de</strong>mocratizou.”, comentou.<br />

O estudo como escolha<br />

Outra dificulda<strong>de</strong> do atual mo<strong>de</strong>lo educacio<strong>na</strong>l,<br />

segundo o painelista, é fazer os jovens perceberem<br />

o porquê da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> frequentar a<br />

escola. Diante disso, <strong>na</strong> opinião do especialista,<br />

a <strong>de</strong>mocratização do currículo <strong>de</strong>ve ocorrer no<br />

sentido <strong>de</strong> garantir que a opção pelo estudo seja<br />

realmente uma escolha e não um <strong>de</strong>stino para os<br />

educandos.<br />

“A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratizar a escola<br />

implica permitir que o estudante <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> reproduzir<br />

meramente o que ouve para ter um aprendizado<br />

pautado no saber”, ressaltou. Segundo o<br />

palestrante, um currículo é <strong>de</strong>mocrático quando<br />

o ensino está focado <strong>na</strong> condição huma<strong>na</strong> e o<br />

estudante passa a ser centro <strong>de</strong> toda ação educativa.<br />

Angela Naves, gestora em pedagogia do Colégio<br />

Marista <strong>de</strong> Goiânia (GO), do Grupo Marista,<br />

concorda com tal afirmação. Para ela, a palestra<br />

trouxe um panorama do cenário educacio<strong>na</strong>l<br />

português que cabe muito bem à realida<strong>de</strong> brasileira.<br />

josé Carlos morgado


“Ao mesmo tempo em que sabemos que precisamos<br />

contribuir para a construção <strong>de</strong> um ser<br />

humanizado, temos uma dificulda<strong>de</strong> cultural,<br />

porque a excelência ainda é medida por vestibulares<br />

e testes, como o Enem (Exame Nacio<strong>na</strong>l<br />

do Ensino Médio), que não são amplos em suas<br />

métricas. O <strong>de</strong>safio é <strong>ju</strong>stamente encontrar uma<br />

forma <strong>de</strong> criar seres humanos melhores, mas<br />

sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado a excelência acadêmica. Para<br />

isso, são necessárias a construção <strong>de</strong>mocrática<br />

do currículo e a participação <strong>de</strong> todos os envolvidos,<br />

sejam eles estudantes, professores, gestores,<br />

pais e socieda<strong>de</strong>”, a<strong>na</strong>lisou Angela.<br />

Em outro momento do Fórum, Jacqueline Gysling,<br />

investigadora da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Los<br />

lagos e docente do Departamento <strong>de</strong> Estudos<br />

Pedagógicos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chile, falou<br />

sobre os <strong>de</strong>safios <strong>na</strong> implementação do currículo<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l chileno. A apresentação problematizou<br />

o <strong>de</strong>senho curricular <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l a partir da experiência<br />

<strong>de</strong>senvolvida pelo Ministério da Educação<br />

do Chile <strong>na</strong>s últimas duas décadas, começando<br />

por refletir sobre as razões que <strong>ju</strong>stificaram a<br />

existência <strong>de</strong> um currículo centralizado e sobre<br />

as características que <strong>de</strong>veriam ter para respon<strong>de</strong>r<br />

à diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s escolares<br />

existentes.<br />

No segundo dia do Fórum “Currículo, Escola e<br />

Socieda<strong>de</strong>”, Julio Groppa Aquino, mestre e doutor<br />

em Psicologia Escolar pelo Instituto <strong>de</strong> Psico-<br />

Isabel Azevedo e josé Carlos morgado<br />

logia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, pós-doutor<br />

pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barcelo<strong>na</strong> e pesquisador<br />

do CNPq, ministrou a palestra “A crise da Educação<br />

Formal versus o fulgor dos processos <strong>de</strong><br />

gover<strong>na</strong>mentalização educacio<strong>na</strong>l”.<br />

Dando prosseguimento ao fórum, Marlucy Alves<br />

Paraíso – professora da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mi<strong>na</strong>s Gerais<br />

e do Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Educação<br />

da mesma universida<strong>de</strong> – falou sobre o currículo<br />

escolar <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong> e suas funções <strong>de</strong><br />

ensino e aprendizagem.<br />

De acordo com Marlucy, há o <strong>de</strong>safio e objetivo<br />

<strong>de</strong> pensar possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um currículo<br />

que apren<strong>de</strong> e ensi<strong>na</strong>. Para ela, o currículo,<br />

atualmente, está em seu ápice e é um objeto <strong>de</strong><br />

disputa. Para se viver e apren<strong>de</strong>r, a estratégia é<br />

<strong>de</strong>sapren<strong>de</strong>r, fugindo <strong>de</strong> práticas que regulam e<br />

da ânsia por ensi<strong>na</strong>r tudo a todos. Essas possibilida<strong>de</strong>s<br />

po<strong>de</strong>m ser mobilizadas ao nos <strong>de</strong>sfazermos<br />

<strong>de</strong> um raciocínio que separa e hierarquiza<br />

crianças.<br />

“O currículo transmite culturas, valores, modos<br />

<strong>de</strong> ser, estar e viver e é território no qual se po<strong>de</strong><br />

apren<strong>de</strong>r. Para isto, é necessário se abrir à experiência<br />

com o outro, e com qualquer coisa que<br />

<strong>de</strong>sperte o <strong>de</strong>sejo. Quando você <strong>de</strong>seja, você estabelece<br />

conexões que lhe permitirão apren<strong>de</strong>r”,<br />

enfatiza Marlucy.<br />

brasil marista | 31


fórUNs tEmátiCOs<br />

gEstão Em Educação<br />

a busca PEla ExcElência<br />

educacio<strong>na</strong>l<br />

“Sabemos que a<br />

boa classificação<br />

no Enem traz<br />

reconhecimento<br />

perante a socieda<strong>de</strong>,<br />

mas a escola é<br />

muito mais do<br />

que um resultado<br />

acadêmico.” Maria<br />

Elisa Pen<strong>na</strong> Firme<br />

32 | brasil marista<br />

jaqueline <strong>de</strong> jesus, Re<strong>na</strong>to <strong>ju</strong>dice e maria Elisa pen<strong>na</strong> firme<br />

Como garantir excelência educacio<strong>na</strong>l e uma gestão com foco em<br />

resultados mediante os novos cenários educacio<strong>na</strong>is? Essa foi a<br />

problemática central discutida no Fórum <strong>de</strong> Gestão em Educação<br />

pelos palestrantes convidados.<br />

Com a palestra “As características das Escolas Eficazes, conforme<br />

Pesquisas Nacio<strong>na</strong>is e Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is sobre o Efeito Escola”, Re<strong>na</strong>to<br />

Judice, doutor em Educação e representante da Avalia Educacio<strong>na</strong>l<br />

e da Associação Brasileira <strong>de</strong> Avaliação Educacio<strong>na</strong>l (ABAVE),<br />

abordou três gran<strong>de</strong>s temas: o papel das avaliações exter<strong>na</strong>s para a<br />

produção <strong>de</strong> resultados padronizados; uma noção <strong>de</strong> efeito escola<br />

e características <strong>de</strong> escolas eficazes.<br />

Sobre o papel das avaliações exter<strong>na</strong>s, Judice enfatiza que a métrica<br />

única estabelece uma escala <strong>de</strong> proficiência. No entanto, reforça<br />

que a regularida<strong>de</strong> <strong>na</strong> avaliação oportuniza não ape<strong>na</strong>s compa-


ações numéricas, mas principalmente esforços<br />

pedagógicos para estratégias <strong>de</strong> melhoria.<br />

Em relação ao efeito escola, Judice reforça que<br />

escola efetiva é aquela <strong>na</strong> qual os estudantes<br />

progri<strong>de</strong>m além do estimado para o seu grupo.<br />

Isso significa enten<strong>de</strong>r as escolas nos seus respectivos<br />

contextos e <strong>na</strong> sua série histórica.<br />

Judice elencou, ainda, algumas características <strong>de</strong><br />

Escolas Eficazes. Essa teoria afirma, entre outras<br />

premissas, que escolas eficazes possuem uma<br />

direção legitimada em seu saber educacio<strong>na</strong>l,<br />

clareza <strong>de</strong> objetivos, programas bem elaborados,<br />

foco nos ambientes <strong>de</strong> aprendizagem e boa gestão<br />

do tempo. Além disso, investem em recursos<br />

e infraestrutura a<strong>de</strong>quados, organização e gestão<br />

da instituição, clima acadêmico, proporcio<strong>na</strong>ndo<br />

“ambiente <strong>de</strong> aprendizado”, formação e<br />

bons salários e ênfase pedagógica.<br />

Silvio Meira, PHD em computação, professor<br />

titular <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Software da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco (UFPE) e chief<br />

scientist do www.cesar.org.br, discutiu os cenários<br />

educacio<strong>na</strong>is por meio das tecnologias e do<br />

conhecimento, abordando a mudança <strong>de</strong> cultura<br />

escolar (o apren<strong>de</strong>r e o ensi<strong>na</strong>r) ocasio<strong>na</strong>da por<br />

tecnologias muito avançadas. Silvio aponta que<br />

o processo <strong>de</strong> ensino e aprendizagem passa<br />

pela tecnologia. Já a aprendizagem passa por<br />

fases <strong>de</strong> adquirir, <strong>de</strong>senvolver e modificar os<br />

conhecimentos, comportamentos e habilida<strong>de</strong>s.<br />

“É necessário passar pelo processo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<strong>de</strong>sapren<strong>de</strong>r<br />

para novamente reapren<strong>de</strong>r”. O<br />

que fica claro é que não po<strong>de</strong>mos fugir das tecnologias,<br />

pois elas no futuro domi<strong>na</strong>rão todas<br />

as facetas da vida. Usá-las da melhor maneira<br />

garantirá a subsistência harmônica da vida.<br />

Realizar uma gestão com foco em resultados<br />

pressupõe agregar valor ao serviço oferecido,<br />

ampliando a satisfação dos clientes – no caso,<br />

os pais e os estudantes. Essa foi a abordagem<br />

realizada pelo professor Paulo Emílio Carreiro,<br />

professor e consultor da Fundação Dom Cabral.<br />

Segundo ele, quem <strong>de</strong>fine o valor <strong>de</strong> um produto<br />

ou serviço é o próprio cliente, com base<br />

<strong>na</strong>s próprias experiências e nos benefícios esperados.<br />

As empresas precisam estar atentas às<br />

circunstâncias que afetam o consumo. Carreiro<br />

enfatiza que a maioria das pessoas consomem<br />

movidas pelo <strong>de</strong>sejo e não pela necessida<strong>de</strong> e<br />

valéria<br />

Arcari<br />

muhi<br />

que, <strong>na</strong> área <strong>de</strong> Educação, é importante estar<br />

atendo às circunstâncias que fazem os pais e<br />

alunos optarem por uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da escola,<br />

<strong>de</strong>ntre elas: formação curricular, formação integral<br />

e cidadã. Ele cita que a maior dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

planejamento das empresas é fazê-la com base<br />

<strong>na</strong> experiência do passado e não <strong>na</strong> percepção <strong>de</strong><br />

futuro. “O equilíbrio do planejamento está em<br />

pensar-se à frente, adaptando-se ao futuro. Hoje<br />

há muita similarida<strong>de</strong> entre diferentes empresas<br />

e a diferenciação está diretamente relacio<strong>na</strong>da<br />

ao sucesso do negócio”.<br />

É preciso haver um planejamento para que os<br />

resultados fi<strong>na</strong>nceiros obtidos retroalimentem<br />

a qualida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l da escola; isso ocorre<br />

por meio do investimento em recursos materiais<br />

(em especial os tecnológicos), bem como <strong>na</strong> formação<br />

dos profissio<strong>na</strong>is: empresas <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />

trabalham com prestação <strong>de</strong> serviços, portanto,<br />

o investimento em pessoal é fundamental para o<br />

sucesso da escola. Um amplo <strong>de</strong>bate envolvendo<br />

os participantes se <strong>de</strong>u a partir das palestras<br />

proferidas: empresas educacio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> sucesso<br />

implementam políticas salariais que atraem e<br />

fi<strong>de</strong>lizam os melhores educadores. Como uma<br />

boa gestão fi<strong>na</strong>nceira administrativa favorecerá<br />

a existência <strong>de</strong>ssa política? Os novos cenários<br />

educacio<strong>na</strong>is pressupõem mudanças quanto<br />

à forma do estudante apren<strong>de</strong>r e do professor<br />

ensi<strong>na</strong>r, isso tudo ocasio<strong>na</strong>do pela incidência <strong>de</strong><br />

tecnologias cada vez mais interativas. O que significa<br />

investir em tecnologias, consi<strong>de</strong>rando que<br />

sua <strong>de</strong>preciação é muito rápida? Na socieda<strong>de</strong><br />

do conhecimento qual valor terá a Educação, em<br />

comparação a outros bens e serviços?<br />

Para favorecer a discussão do tema foram apresentados<br />

dois cases <strong>de</strong> sucesso envolvendo o<br />

tema gestão em <strong>educação</strong>. Um <strong>de</strong>les tratou da<br />

brasil marista | 33


maria Elisa<br />

pen<strong>na</strong> firme<br />

Formação <strong>de</strong> Gestores – trabalho realizado pela<br />

Secretaria <strong>de</strong> Educação do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

O relato foi apresentado pela senhora Valéria<br />

Arcari Muhi- assistente técnica do CGEB (Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>doria<br />

<strong>de</strong> Gestão da Educação Básica).<br />

O outro case foi a apresentação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

gestão curricular do Colégio <strong>de</strong> São Bento, do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, pela professora Maria Elisa Pen<strong>na</strong><br />

Firme, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora educacio<strong>na</strong>l do Colégio.<br />

O case da Escola <strong>de</strong> São<br />

Bento, Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Fundado em 1858, o Colégio São Bento é um estabelecimento<br />

católico, <strong>de</strong> Ensino Fundamental<br />

e Médio, voltado exclusivamente para meninos,<br />

que estudam em período integral. Nos últimos<br />

cinco anos, a escola vem apresentando excelente<br />

classificação no Enem (Exame Nacio<strong>na</strong>l do Ensino<br />

Médio) entre as instituições do País: quarto<br />

lugar em 2006; primeiro lugar em 2007; primeiro<br />

lugar em 2008; quarto lugar em 2009; e primeiro<br />

lugar em 2010.<br />

A escola mantém um currículo<br />

abrangente, que exige do estudante<br />

um crescimento contínuo <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong><br />

cognitiva. Na implementação<br />

<strong>de</strong> sua proposta político-pedagógica,<br />

o colégio conta com professores<br />

<strong>de</strong> qualificada formação acadêmica,<br />

que possuem remuneração acima da<br />

média e são estimulados ao estudo<br />

continuado. Para se ter i<strong>de</strong>ia, mais<br />

da meta<strong>de</strong> do corpo docente concluiu<br />

uma pós-graduação.<br />

Além das discipli<strong>na</strong>s tradicio<strong>na</strong>is, os<br />

estudantes participam <strong>de</strong> várias ou-<br />

34 | brasil marista<br />

tras ativida<strong>de</strong>s pedagógicas, que também fazem<br />

parte do currículo regular, como, por exemplo,<br />

as feiras <strong>de</strong> ciências, aulas <strong>de</strong> informática, <strong>de</strong><br />

artes e <strong>de</strong> música, eventos sociais, olimpíada<br />

esportiva, entre outras, que visam a formação<br />

moral e cultural dos seus 1.124 estudantes.<br />

“Sabemos que a boa classificação no Enem traz<br />

reconhecimento perante a socieda<strong>de</strong>, mas a escola<br />

é muito mais do que um resultado acadêmico.<br />

Existem muitas instituições excelentes que não<br />

estão no ranking do Enem. Por isso, enten<strong>de</strong>mos<br />

serem necessários outros tipos <strong>de</strong> métricas para<br />

classificação da qualida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l. Ou seja,<br />

<strong>de</strong>vemos ampliar o olhar <strong>de</strong> avaliação <strong>na</strong>s instituições,<br />

a fim <strong>de</strong> reconhecer e <strong>de</strong>stacar outras<br />

práticas <strong>de</strong> sucesso que possam ser compartilhadas<br />

<strong>na</strong> busca pela excelência da <strong>educação</strong>”,<br />

revelou a professora Maria Elisa.<br />

O Prof. Re<strong>na</strong>to Judice <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, diretorfi<strong>na</strong>nceiro<br />

da Abave, acrescentou que “para<br />

termos escolas eficazes precisamos trabalhar características<br />

que as tornem mais dinâmicas e que<br />

a<strong>ju</strong><strong>de</strong>m os gestores <strong>na</strong> difícil tarefa <strong>de</strong> motivar os<br />

estudantes a se <strong>de</strong>dicarem o maior tempo possível<br />

ao aprendizado, utilizando as ferramentas<br />

que lhes são oferecidas em sala <strong>de</strong> aula”. Ele<br />

enfatizou a importância <strong>de</strong> pensar-se a avaliação<br />

exter<strong>na</strong> para o processo educativo, com o rompimento<br />

da endogenia, quando ten<strong>de</strong>mos a nos<br />

avaliar sobre os critérios estabelecidos por nós<br />

mesmos. O processo <strong>de</strong> avaliação, tanto interno,<br />

quanto externo, funcio<strong>na</strong> como parâmetro para<br />

tomarmos <strong>de</strong>cisões estratégicas que viabilizem<br />

melhorias contínuas.


fórUNs tEmátiCOs<br />

Políticas Públicas, dirEitos E Educação<br />

a inFância <strong>na</strong> cEntralidadE das<br />

“A escola precisa ser<br />

compreendida como um lugar<br />

<strong>de</strong> encontros: encontros da<br />

cultura, da diversida<strong>de</strong>, enfim,<br />

<strong>de</strong> pessoas que trazem consigo<br />

conhecimentos e aprendizagens<br />

acumulados criticamente ao<br />

longo da vida.“<br />

Francisca Pini<br />

Cláudia Laureth, francisca pini e jorge freire<br />

políticas <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />

Muitos têm sido os avanços em todo o mundo<br />

em relação ao reconhecimento da criança e do<br />

adolescente como sujeitos <strong>de</strong> direitos. O Brasil,<br />

por exemplo, foi o primeiro da América do Sul,<br />

após ter assi<strong>na</strong>do a Convenção Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

sobre os Direitos da Criança, adotada pela ONU<br />

(Organização das Nações Unidas), a promulgar<br />

o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).<br />

Entretanto, o País não consegue efetivamente<br />

assegurar esses direitos, especialmente quando<br />

o assunto é <strong>educação</strong>.<br />

Esse foi um dos temas abordados por Francisca<br />

Pini, assistente social, mestre e doutora em Políticas<br />

Sociais e Movimentos Sociais pela PUCSP<br />

brasil marista | 35


francisca pini<br />

e diretora pedagógica do Instituto Paulo Freire,<br />

que proferiu a palestra Direito à Educação e Participação<br />

Infantil, no fórum sobre Políticas Públicas,<br />

Direitos e Educação.<br />

“O ECA foi reconhecido do ponto <strong>de</strong> vista legal,<br />

mas ainda existem muitos <strong>de</strong>safios para<br />

traduzirmos os princípios do estatuto <strong>na</strong> prática.<br />

Para isso, é necessário o envolvimento da<br />

socieda<strong>de</strong>. No entanto, embora o cidadão tenha<br />

direito a essa participação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a promulgação<br />

da Constituição, vivemos uma política pública<br />

hierarquizada, centralizada <strong>na</strong> gestão do órgão<br />

público e com pouco envolvimento das pessoas.<br />

Se possuímos esse perfil político, os conselhos<br />

<strong>de</strong> infância não conseguem avanços no sentido<br />

<strong>de</strong> a<strong>ju</strong>dar a implementar os princípios do ECA<br />

<strong>ju</strong>nto à socieda<strong>de</strong>”, a<strong>na</strong>lisou Francisca.<br />

Segundo a painelista, <strong>de</strong>vemos buscar uma<br />

<strong>de</strong>mocracia participativa ativa em que contribuímos<br />

com i<strong>de</strong>ias. Nesse aspecto, Francisca acredita<br />

que a escola tem um papel prepon<strong>de</strong>rante.<br />

“A escola precisa ser compreendida como um<br />

lugar <strong>de</strong> encontros: encontros da cultura, da diversida<strong>de</strong>,<br />

enfim, <strong>de</strong> pessoas que trazem consigo<br />

conhecimentos e aprendizagens acumulados<br />

criticamente ao longo da vida. A escola não é<br />

uma mera reprodutora <strong>de</strong> conhecimentos. A<br />

participação <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, a interdiscipli<strong>na</strong>rida<strong>de</strong>,<br />

o diálogo e o conhecimento<br />

precisam ter conexão, para que a criança entenda<br />

o mundo <strong>de</strong> forma integral”, ressaltou.<br />

36 | brasil marista<br />

Cenários latino-americanos<br />

Após a apresentação <strong>de</strong> Francisca Pini, foi a vez<br />

do painelista uruguaio Jorge Freire abordar os<br />

cenários latino-americanos pelo direito à <strong>educação</strong>.<br />

O palestrante ratificou que a América Lati<strong>na</strong><br />

é uma região que vem avançando muito forte <strong>na</strong><br />

garantia dos direitos da criança e do adolescente.<br />

Para ele, os adultos precisam atuar para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

os princípios da Convenção Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

da ONU, mas a criança também <strong>de</strong>ve conhecer<br />

seus direitos e ser protagonista nesse processo.<br />

“Nesse sentido, o educador é um agente fundamental.<br />

Como professores, temos <strong>de</strong> agir para<br />

que as políticas públicas garantam esses direitos<br />

<strong>de</strong> forma integral”, frisou.<br />

Segundo o painelista, os países da América Lati<strong>na</strong><br />

vêm aumentando os investimentos públicos<br />

em políticas sociais que impactam positivamente<br />

a <strong>educação</strong>, mas esses esforços não têm diminuído<br />

os índices <strong>de</strong> pobreza.<br />

De acordo com dados apresentados por Freire,<br />

a América Lati<strong>na</strong> possui 524 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />

em condição <strong>de</strong> pobreza, das quais 80 milhões<br />

são crianças e adolescentes. Para se ter i<strong>de</strong>ia, dos<br />

14 países com maior taxa <strong>de</strong> homicídio no mundo,<br />

mais da meta<strong>de</strong> é da América Lati<strong>na</strong>.<br />

Outra gran<strong>de</strong> preocupação da região é com a<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens, entre 15 e 24 anos,<br />

que não trabalham e não estudam, e se concentram<br />

<strong>na</strong>s famílias mais pobres. Um em cada três<br />

jovens da região está fora do sistema <strong>de</strong> <strong>educação</strong>.<br />

“Não estamos criando condições para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das pessoas. Precisamos revisar os<br />

sistemas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> proteção e promoção <strong>de</strong><br />

direitos, visando enten<strong>de</strong>r o problema da violência,<br />

que gera discrimi<strong>na</strong>ção e segregação. Devemos<br />

trabalhar para termos um gasto público social<br />

equitável <strong>na</strong> região, a fim <strong>de</strong> assegurarmos<br />

o acesso à <strong>educação</strong> e <strong>de</strong>mais direitos para toda<br />

essa população”, observou o painelista.<br />

O Fórum teve ainda a presença <strong>de</strong> Miguel Arroyo,<br />

doutor em <strong>educação</strong>, com experiência<br />

em Política Educacio<strong>na</strong>l e Administração <strong>de</strong><br />

Sistemas Educacio<strong>na</strong>is, que explanou sobre a<br />

“Formação <strong>de</strong> Educadores com Enfoque em<br />

Direitos”. Com ênfase nos direitos das <strong>infâncias</strong>


e <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s, a palestra <strong>de</strong> Miguel Arroyo foi<br />

dividida em quatro partes: Direito, Educação,<br />

Sujeitos <strong>de</strong> Direitos e Políticas Públicas. Segundo<br />

Arroyo é necessário uma consciência social<br />

<strong>de</strong> que a <strong>educação</strong> é um direito. “Enquanto a<br />

<strong>educação</strong> for um privilegio e vista como mercadoria<br />

e não vista como direito <strong>de</strong> todos, não será<br />

possível um avanço”, <strong>de</strong>clara.<br />

A temática Políticas Públicas, Direitos e Educação,<br />

contou também com participação <strong>de</strong> Iolete<br />

Ribeiro, mestre e doutora em Psicologia pela<br />

UNB, que ministrou a palestra “O papel da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>na</strong> Formação <strong>de</strong> Educadores com<br />

Enfoque em Direitos”. Gesui<strong>na</strong> Leclerc, representante<br />

do Ministério da Educação e consultora<br />

da Organização dos Estados Ibero-americanos<br />

para a Educação, a Ciência e a Cultura, trouxe<br />

contribuições sobre a ampliação e reinvenção<br />

dos tempos e espaços educativos, com a ampliação<br />

do olhar e do repertório sobre a meta<br />

<strong>de</strong> ampliação da Educação em Tempo Integral<br />

prevista no Plano Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação. Maria<br />

Amabile Mansutti, Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora Técnica no<br />

miguel Arroyo<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas em Educação,<br />

Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), apresentou<br />

os <strong>de</strong>senhos curriculares do Tempo Integral<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento no país.<br />

Acompanhamento<br />

da socieda<strong>de</strong> civil<br />

Foi lançada no Fórum a publicação CADE?<br />

Crianças e Adolescentes em Dados Estatísticos, obra<br />

que trata a situação das <strong>infâncias</strong> e <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s<br />

no país em números, contribuindo para que o<br />

educador possa a<strong>na</strong>lisar o cenário local baseado<br />

em dados para seu posicio<strong>na</strong>mento e articulação.<br />

Organizado pelo Fórum Nacio<strong>na</strong>l dos Direitos<br />

da Criança e do Adolescente (FNDCA), o documento<br />

conta com o apoio da Re<strong>de</strong> Marista <strong>de</strong><br />

Solidarieda<strong>de</strong> e traz um registro e compilação<br />

<strong>de</strong> dados para si<strong>na</strong>lizar situações que mereçam<br />

atenção, além <strong>de</strong> trazer um retrato do estado dos<br />

direitos da criança e do adolescente.<br />

jorge freire<br />

brasil marista | 37


fórUNs tEmátiCOs<br />

EsPiritualidadE E Educação<br />

a mística do cuidado<br />

E o dEsEnvolvimEnto<br />

pessoas<br />

das<br />

“É importante criar<br />

espaços <strong>de</strong> experiências<br />

místicas e gerar<br />

oportunida<strong>de</strong>s para que<br />

jovens e crianças tenham<br />

condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

autonomia para vencer<br />

seus problemas.”<br />

Padre Vilson Groh<br />

38 | brasil marista<br />

Ir. Afonso Ta<strong>de</strong>u murad e Lama padma samten<br />

A vivência e o cultivo da espiritualida<strong>de</strong> são princípios<br />

fundamentais <strong>na</strong> <strong>educação</strong> marista. No 4º Congresso este<br />

foi um dos assuntos abordados nos fóruns temáticos, cujo<br />

objetivo foi discutir a espiritualida<strong>de</strong> no contexto educacio<strong>na</strong>l,<br />

visando tor<strong>na</strong>r os espaços educativos ambientes <strong>de</strong><br />

fraternida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> diálogo e <strong>de</strong> dissemi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> princípios<br />

cristãos para a formação integral do ser humano.<br />

A espiritualida<strong>de</strong> <strong>na</strong> <strong>educação</strong> integral foi o tema da palestra<br />

do espanhol Rafael Yus, doutor em Ciências pela<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gra<strong>na</strong>da. Autor <strong>de</strong> diversos artigos e<br />

livros científicos e <strong>de</strong> pedagogia, é especialista <strong>na</strong> formação<br />

permanente <strong>de</strong> professores, didática e ciência, <strong>educação</strong><br />

integral e integração curricular.


Yus afirma que a consolidação da escola laica<br />

trouxe como consequência o esquecimento da<br />

dimensão espiritual <strong>na</strong> <strong>educação</strong>, ao i<strong>de</strong>ntificar<br />

erroneamente o espiritual com o dogma religioso.<br />

Ao mesmo tempo, a ênfase das socieda<strong>de</strong>s<br />

mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>s no crescimento econômico e <strong>na</strong> competitivida<strong>de</strong><br />

supervaloriza essas características,<br />

<strong>de</strong>scuidando <strong>de</strong> um dos princípios básicos <strong>de</strong><br />

toda a <strong>educação</strong>: o cultivo <strong>de</strong> todas as dimensões<br />

da pessoa.<br />

Segundo ele, para alcançar a segurança e abertura<br />

necessárias para uma exploração significativa<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento espiritual, os estudantes e o<br />

professor <strong>de</strong>vem criar ‘regras do jogo’: “Seriam<br />

condições que os estudantes consi<strong>de</strong>rem essenciais<br />

para falar sobre o que mais importa a eles.<br />

Os jogos a<strong>ju</strong>dam a garantir que os alunos se concentrem,<br />

relaxem e tornem-se uma equipe, por<br />

meio <strong>de</strong> risadas e cooperação”.<br />

A palestra seguinte foi do mestre budista Lama<br />

Padma Samten, físico, com bacharelado e mestrado<br />

pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul (UFRGS) que, em 1996 foi or<strong>de</strong><strong>na</strong>do lama<br />

– título que significa lí<strong>de</strong>r, sacerdote e professor.<br />

No Fórum Temático “Espiritualida<strong>de</strong> e Educação”,<br />

Lama Padma Samtem abordou o tema<br />

“A Dimensão Espiritual <strong>na</strong> Educação: Diálogo<br />

Inter-Religioso e Ecumenismo”. Houve uma<br />

reflexão sobre a dimensão espiritual da <strong>educação</strong>,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a tradição budista. Foi <strong>de</strong>stacada a<br />

perspectiva sapiencial do Budismo que permite<br />

reconhecermo-nos nela. A reflexão convergiu<br />

com o tema apresentado por Rafael Yus quanto à<br />

<strong>educação</strong> para a conexão que a dimensão espiritual<br />

po<strong>de</strong> acrescentar.<br />

Dentre os pontos <strong>de</strong> convergência entre o Cristianismo<br />

e o Budismo, o <strong>de</strong>batedor e irmão marista<br />

Afonso Murad <strong>de</strong>stacou o tema da alegria.<br />

Ambas as tradições exigem um olhar positivo<br />

sobre o mundo e a inclusão do outro no conceito<br />

<strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>.<br />

Ir. Murad também ministrou palestra, falando<br />

dos <strong>de</strong>safios contemporâneso da Espiritualida<strong>de</strong><br />

<strong>na</strong> Educação. Algumas das diretrizes fundamentais<br />

para uma atual vivência da fé apontadas foram<br />

mística, autoconhecimento, autodiscipli<strong>na</strong>,<br />

engajamento e via <strong>de</strong> sabedoria. “Precisamos<br />

cultivar a intimida<strong>de</strong> com Deus, apren<strong>de</strong>r a lidar<br />

Rafael Yus<br />

com o lado luminoso e tenebroso do ser humano,<br />

saber o momento <strong>de</strong> agir, engajar-se pelo<br />

bem dos outros. Quem o faz toca o mistério <strong>de</strong><br />

Deus e <strong>de</strong>senvolve a intuição”, explica Murad.<br />

Na palestra A mística do Cuidado <strong>na</strong> Formação dos<br />

Sujeitos da Educação, padre Vilson Groh tratou<br />

com proprieda<strong>de</strong> o tema. Groh é formado em teologia<br />

pelo Instituto Teológico <strong>de</strong> Santa Catari<strong>na</strong><br />

e mestre em Educação pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Santa Catari<strong>na</strong>. Atualmente, mora e atua<br />

<strong>na</strong>s comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> periferia <strong>de</strong> Santa Catari<strong>na</strong>.<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong> o trabalho do Instituto Vilson Groh<br />

(IVG), que é constituído por sete organizações<br />

que aten<strong>de</strong>m mais <strong>de</strong> cinco mil crianças, jovens<br />

e adultos da Gran<strong>de</strong> Florianópolis e dos municípios<br />

<strong>de</strong> Lages e Joinville.<br />

Monitora ainda o trabalho da gran<strong>de</strong> re<strong>de</strong> que<br />

constitui o Fórum <strong>de</strong> Entida<strong>de</strong>s do Maciço do<br />

Morro da Cruz em Florianópolis, com forte influência<br />

<strong>na</strong>s políticas públicas municipais e estaduais,<br />

<strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong> segurança, meio ambiente,<br />

geração <strong>de</strong> trabalho e renda, saú<strong>de</strong> e <strong>educação</strong>.<br />

Como revelou o palestrante, mística é um processo<br />

<strong>de</strong> querer bem e <strong>de</strong> proporcio<strong>na</strong>r o bem, ou<br />

brasil marista | 39


seja, é a força que nos motiva a criar espaços que<br />

contribuam para a edificação e a recuperação <strong>de</strong><br />

pessoas mais fragilizadas.<br />

Durante a palestra, padre Groh <strong>de</strong>screveu alguns<br />

projetos realizados pelo IVG, que conta<br />

com a contribuição <strong>de</strong> empresários, educadores,<br />

autorida<strong>de</strong>s gover<strong>na</strong>mentais, voluntários, entre<br />

outros, fomentando uma gran<strong>de</strong> re<strong>de</strong> exter<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />

participação.<br />

Um dos projetos bem-sucedidos <strong>de</strong> Groh é o<br />

Centro <strong>de</strong> Educação e Evangelização Popular<br />

(Ce<strong>de</strong>p), criado em 1987. Inicialmente, o propósito<br />

foi apoiar e fortalecer iniciativas dos movimentos<br />

populares que emergiram, principalmente,<br />

da leva migratória origi<strong>na</strong>da do campo<br />

<strong>na</strong>quele período e que se estabeleceu <strong>na</strong> capital<br />

do Estado em condições <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> pobreza.<br />

Em 1991, começou o trabalho educativo com<br />

crianças e adolescentes, <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do Projeto<br />

Ofici<strong>na</strong>s do Saber, instalado em casas comunitárias<br />

localizadas em quatro áreas. Devido às<br />

restrições físicas e administrativas das unida<strong>de</strong>s<br />

para um atendimento <strong>de</strong> maior abrangência,<br />

padre vilson groh<br />

40 | brasil marista<br />

concentrou-se o atendimento em uma se<strong>de</strong><br />

maior: um prédio <strong>de</strong> 1.100m², localizado no<br />

bairro Monte Cristo e viabilizado com recursos<br />

das iniciativas privada e gover<strong>na</strong>mental. Atualmente,<br />

são atendidas 320 crianças e adolescentes<br />

nessa unida<strong>de</strong>.<br />

Espaços teologais<br />

Para Groh, quando a socieda<strong>de</strong> se envolve em<br />

projetos <strong>na</strong> área da <strong>educação</strong>, bons resultados<br />

surgem mais facilmente. “Nosso objetivo é fomentar<br />

uma re<strong>de</strong> exter<strong>na</strong> que traga a dimensão<br />

da compaixão pelo outro <strong>de</strong> forma apaixo<strong>na</strong>da.<br />

Nossos projetos têm sucesso porque <strong>ju</strong>stamente<br />

o jovem sabe o que está por trás <strong>de</strong> cada iniciativa<br />

e quem realmente se preocupa com ele”,<br />

complementou.<br />

Na visão do painelista, a escola é um espaço propício<br />

para se praticar a mística do cuidado, ou<br />

seja, um ambiente para o pensamento solidário e<br />

a preocupação com o outro. “A mística recupera<br />

esse processo <strong>de</strong> que o outro é ‘parte <strong>de</strong> mim e<br />

vice-versa’. Por isso, é importante criar espaços<br />

<strong>de</strong> experiências místicas e gerar oportunida<strong>de</strong>s<br />

para que jovens e crianças tenham condições <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver autonomia para vencer seus problemas”,<br />

explicou.<br />

Para a congressista Heloísa Afonso <strong>de</strong> Almeida<br />

Souza, diretora do Centro <strong>de</strong> Estudos Marista <strong>de</strong><br />

Belo Horizonte (MG), Província Marista Brasil<br />

Centro-Norte, a espiritualida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>ve ser exclu<strong>de</strong>nte<br />

e não po<strong>de</strong> estar ligada essencialmente<br />

à religiosida<strong>de</strong> ou à catequese . “A espiritualida<strong>de</strong><br />

é a abertura para a vida e para se cultivar<br />

valores voltados para o bem”, lembrou.<br />

Nesse aspecto, Groh assegurou que nos espaços<br />

teologais a espiritualida<strong>de</strong> não é trabalhada do<br />

ponto <strong>de</strong> vista da religiosida<strong>de</strong>. “Nós atuamos<br />

propondo ativida<strong>de</strong>s em que as crianças possam<br />

se <strong>de</strong>senvolver e reconstruir a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

pessoal a partir <strong>de</strong> fundamentos consistentes.<br />

As crianças só apren<strong>de</strong>m o que vivem. A espiritualida<strong>de</strong><br />

é colocada como uma ferramenta para<br />

mudanças. A solidarieda<strong>de</strong> <strong>na</strong>sce com a pessoa<br />

e se manifesta com a reciprocida<strong>de</strong>”, garantiu<br />

Groh.


sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />

ciência E Fé<br />

marcelo gleiser<br />

Ciência e fé<br />

a sErviço da Evolução<br />

frei betto<br />

Como duas vertentes<br />

tão distintas po<strong>de</strong>m ser<br />

complementares em<br />

dias atuais? O físico<br />

Marcelo Gleiser e Frei<br />

Betto respon<strong>de</strong>ram<br />

essa questão durante o<br />

seminário Ciência e Fé.<br />

brasil marista | 41


Partindo <strong>de</strong> duas máximas antigas “A Fé<br />

procura a razão” e “A razão procura a fé”, é<br />

que aconteceu o seminário Ciência e Fé, mediado<br />

pelo lrmão EvilázioTeixeira, vice-reitor<br />

da Pontifícia Universida<strong>de</strong> do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul (PUCRS), e apresentado pelo físico e astrônomo<br />

<strong>de</strong> formação, Marcelo Gleiser, e por Frei<br />

Betto. O encontro mostrou que o diálogo entre<br />

fé e ciência, antes um enorme <strong>de</strong>safio, hoje<br />

se apresenta <strong>de</strong> forma mais tangível, numa<br />

re<strong>de</strong>scoberta da dimensão do conhecimento e<br />

da ciência.<br />

A palestra foi aberta por Frei Betto, um ex-aluno<br />

marista que se <strong>de</strong>bruça, por meio <strong>de</strong> seus<br />

mais diversos títulos já publicados, em reparar<br />

o divórcio entre fé e ciência. “A ciência é o<br />

reino da dúvida, e tudo o que é científico tem<br />

<strong>de</strong> ser verificado”, falou aos quase mil espectadores<br />

presentes no auditório. Ele prosseguiu<br />

afirmando que a religião, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre, teve<br />

a pretensão <strong>de</strong> explicar tudo, sobrepondo-se à<br />

ciência, em questões como “o que Deus fazia<br />

antes <strong>de</strong> criar o Universo”.<br />

Ainda nessa linha <strong>de</strong> pensamento, Frei Betto<br />

afirmou que a Bíblia não foi feita para explicar<br />

a <strong>na</strong>tureza, simplesmente porque não tem<br />

uma pági<strong>na</strong> sequer <strong>de</strong> teologia. “É um alma<strong>na</strong>que,<br />

um relato a<strong>na</strong>lógico e metafórico, e que<br />

<strong>de</strong>ve ser lido sob a ótica da fé, ao contrário do<br />

Livro da Natureza, <strong>de</strong> Santo Agostinho, que<br />

precisa ser enxergado pelo viés da dúvida”,<br />

ressaltou. Segundo ele, ambos os livros são<br />

complementares, e a fé, sendo a união <strong>de</strong>sses<br />

dois conceitos, é um dom da inteligência. E,<br />

lembrando São Thomás <strong>de</strong> Aquino, pontuou<br />

que a razão é a imperfeição da inteligência. “A<br />

fé é um dom da inteligência que, por usa vez,<br />

é irmã da intuição”, <strong>de</strong>clarou.<br />

Mas on<strong>de</strong> é que entra a fé num contexto<br />

científico e <strong>de</strong>terminista? Segundo o filósofo,<br />

mesmo que a hipótese do Big Bang venha a<br />

ser comprovada, a crença criacionista, ainda<br />

assim, não é unânime, já que não é dada à<br />

ciência a comprovação da existência ou da<br />

inexistência <strong>de</strong> Deus.<br />

Transportando esses conceitos para a atualida<strong>de</strong>,<br />

Frei Betto sustenta que as escolas<br />

precisam dar uma <strong>educação</strong> científica mais<br />

experimental possível. “A fé não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen-<br />

42 | brasil marista<br />

<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma <strong>educação</strong> racio<strong>na</strong>lista, portanto, as<br />

escolas precisam fazer com que a experiência<br />

da fé seja vivenciada”, observou.<br />

Ele ressaltou que mesmo num mundo cheio<br />

<strong>de</strong> tecnologias, a fé ainda fica exatamente<br />

no meio do coração do ser humano que,<br />

buscando o transcen<strong>de</strong>nte, encontra <strong>na</strong> religião<br />

um sentido para a vida. Mas é a ciência<br />

que facilita tudo, porém, sem imprimir<br />

à vida o sentido. “Em outras palavras, jamais<br />

teremos um computador que escreva<br />

um romance, como o Gran<strong>de</strong> Sertão Veredas,<br />

por mais avançado que seja”, fi<strong>na</strong>lizou.<br />

Somos criaturas solares<br />

A segunda parte do seminário foi apresentada<br />

pelo físico e astrônomo Marcelo Gleiser, que<br />

ressaltou a importância <strong>de</strong> se abrir diálogos e<br />

não <strong>de</strong>ixar o fundamentalismo, seja religioso<br />

ou científico, vir à to<strong>na</strong>. “O primeiro passo<br />

para a <strong>educação</strong> é contextualizar o jovem no<br />

mundo em que ele vive”, afirmou.<br />

Marcelo abriu sua linha <strong>de</strong> raciocínio explicando<br />

que os seres humanos evoluíram num<br />

planeta próximo ao Sol, o que nos tor<strong>na</strong> criaturas<br />

solares e, principalmente, suscetíveis às<br />

transformações ao longo dos tempos. “O papel<br />

da ciência é <strong>ju</strong>stamente mostrar que o mundo<br />

e a percepção da informação mudaram no <strong>de</strong>correr<br />

<strong>de</strong> nossa evolução”, explica Gleiser.<br />

Por meio <strong>de</strong> fotos tiradas pelo Telescópio Hubble,<br />

Marcelo foi contando a origem do Sistema<br />

Solar. “Quando olhamos para tudo isso, percebemos<br />

como somos solitários. Daí surgem perguntas<br />

que fazem parte do discurso científico,<br />

como ‘quem somos nós?’, ou ‘como surgimos?’,<br />

ou ainda ‘por que morremos?’”, apontou o físico.<br />

Para ele, o papel da ciência não é tirar Deus da<br />

criação, mas, sim, “<strong>de</strong>screver como funcio<strong>na</strong> o<br />

mundo para vivermos melhor”.<br />

Na visão do painelista, esse tipo <strong>de</strong> paixão<br />

pela busca <strong>de</strong> respostas para mistérios é o<br />

que move a ciência. “A mola propulsora da<br />

curiosida<strong>de</strong> faz com que procuremos Deus. E<br />

quanto mais avançamos, mais evoluímos. É<br />

papel dos educadores incitar isso nos jovens,<br />

promovendo assim novas ciências”, fi<strong>na</strong>lizou.


sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />

lEtramEntos E Educação das inFâncias<br />

um diálogo possível<br />

vera melis<br />

o E s P a ç o , o l E t r a m E n t o<br />

E a inFância:<br />

A Educação Infantil é<br />

um lugar <strong>de</strong> encontro,<br />

uma gran<strong>de</strong> biblioteca <strong>de</strong><br />

estímulos para a ação, um<br />

ecossistema especialmente<br />

preparado para que as<br />

crianças se sintam bem e<br />

seguras.<br />

Esse seminário temático foi conduzido<br />

por duaspesquisadoras <strong>de</strong> temas voltados<br />

à <strong>educação</strong> e infância: professoras<br />

Vera Melis e Vitória Faria. Com o tema<br />

Letramentos e Educação das Infâncias,<br />

as palestrantes abordaram como se dá<br />

o letramento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Educação Infantil<br />

e ressaltaram a importância da mediação<br />

e do espaçotempo <strong>na</strong> escola nesse<br />

processo.<br />

Vera Melis, pedagoga, mestre em Educação<br />

com ênfase <strong>na</strong> formação <strong>de</strong> professores<br />

e espaços para Educação Infantil,<br />

enfocou a relevância no fato <strong>de</strong> que<br />

oportunizar às crianças um espaço físico<br />

brasil marista | 43


on<strong>de</strong> possam ficar boa parte do tempo para seu<br />

aprendizado e convivência é item primordial<br />

para sua formação. “Quando organizamos espaços<br />

institucio<strong>na</strong>is estamos, quase sempre,<br />

diminuindo a poesia do cotidiano infantil”, explicou.<br />

Vera acredita que a criação <strong>de</strong> espaços alter<strong>na</strong>tivos<br />

é um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio dos programas<br />

educacio<strong>na</strong>is, visto que é necessário se manter a<br />

singeleza da infância, levando-se em conta como<br />

será este tempo <strong>de</strong> vida <strong>na</strong> escola e não o que<br />

será <strong>de</strong>ste tempo. “O espaço ao qual me refiro<br />

não se restringe às pare<strong>de</strong>s da sala <strong>de</strong> aula, mas<br />

a todo o prédio, inclusive as áreas exter<strong>na</strong>s, com<br />

sua beleza, luz <strong>na</strong>tural e presença <strong>de</strong> recursos<br />

que amplificam a experiência pedagógica”, pon<strong>de</strong>rou.<br />

Esta organização <strong>de</strong> espaço revela as maneiras<br />

como os educadores se relacio<strong>na</strong>m com as crianças<br />

e com o tempo para aproximá-las do universo<br />

mágico das histórias, músicas e fantasias<br />

inerentes à infância.<br />

Segundo a professora, todo espaço educa, assim<br />

como a linguagem ou as relações interpessoais.<br />

Portanto, po<strong>de</strong> facilitar ou limitar tudo o que<br />

se aplica à Educação Infantil. Um exemplo <strong>de</strong><br />

limitação seriam os espaços que não favorecem<br />

o atendimento dos interesses das crianças e a realização<br />

das ativida<strong>de</strong>s educativas. A <strong>de</strong>coração,<br />

neste sentido, po<strong>de</strong> ser significativa, ou pobre<br />

e sem expressão, condições que interferem no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Segundo Vera, sob a ótica dos educadores, esses<br />

espaços são fontes <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, já que a<br />

condição exter<strong>na</strong> favorecerá ou dificultará o processo<br />

<strong>de</strong> crescimento pessoal, condicio<strong>na</strong>ndo o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s educativas que<br />

se <strong>de</strong>seja realizar. A Educação Infantil é, portanto,<br />

um lugar <strong>de</strong> encontro, uma gran<strong>de</strong> biblioteca<br />

<strong>de</strong> estímulos para a ação, um ecossistema<br />

especialmente preparado para que as crianças<br />

se sintam bem e seguras. Por isso, a escola <strong>de</strong><br />

Educação Infantil <strong>de</strong>ve ser acolhedora, uma<br />

espécie <strong>de</strong> “oásis”, on<strong>de</strong> as crianças se sintam<br />

encorajadas a assumir riscos motores, sociais e<br />

intelectuais. “O que mais precisamos nesta faixa<br />

etária é que os pequenos falem e ouçam novas<br />

palavras, a fim <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem ampliar seu universo<br />

linguístico e a comunicação com o mundo ao<br />

44 | brasil marista<br />

seu redor, o que possibilitará o seu crescimento e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>na</strong>turais”, fi<strong>na</strong>lizou.<br />

Do espaço ao letramento<br />

Vitória Faria, mestre em Educação, <strong>de</strong>dicou a<br />

maior parte <strong>de</strong> sua trajetória docente à Educação<br />

da Infância, tanto como professora quanto<br />

formadora <strong>de</strong> professores em programas <strong>de</strong> formação<br />

continuada.<br />

A professora observou que as profundas mudanças<br />

<strong>de</strong> paradigmas, geradas pelos rápidos<br />

avanços científicos e tecnológicos das últimas<br />

décadas, afetaram significativamente as concepções<br />

acerca da infância, criando a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reformulação <strong>de</strong> conceitos, objetivos<br />

e metodologias <strong>de</strong> ensino. A partir daí, surge<br />

o termo “letramento”. “O conhecimento das<br />

letras é ape<strong>na</strong>s um meio para o letramento, que<br />

é o uso social da leitura e da escrita”, explicou.<br />

Segundo a conferencista, o letramento é mais do<br />

que a própria alfabetização, uma vez que não<br />

ocorre ape<strong>na</strong>s durante <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do tempo da<br />

vida do indivíduo, mas, sim, antes e durante a<br />

alfabetização, e continua para todo o sempre. A<br />

professora também ressaltou a importância do<br />

papel do outro nesse processo, sejam adultos ou<br />

crianças mais experientes, pois é nessa mediação<br />

que a linguagem oral e escrita e o seu uso social<br />

ganham sentido.<br />

Para Claudia Osório <strong>de</strong> Campos, educadora do<br />

Colégio Marista Rosário <strong>de</strong> Porto Alegre (RS),<br />

Província Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, uma<br />

frase proferida pela palestrante Vera Mellis resumiu<br />

a importância do seminário: “Todo ser humano<br />

é competente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>na</strong>sce. Temos <strong>de</strong><br />

dar oportunida<strong>de</strong>s”. Claudia <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que “acreditar<br />

no potencial <strong>de</strong> cada estudante, respeitando<br />

seu ritmo, tempo, sua bagagem <strong>de</strong> vida,<br />

motivando-os, encorajando-os, mostrando-lhes<br />

o quão capazes são, acreditar <strong>na</strong> <strong>educação</strong> e<br />

<strong>na</strong> transformação é fundamental, e é isso que<br />

me motiva e me encanta em ser professora”. E<br />

conclui: “Amo muito apren<strong>de</strong>r e ensi<strong>na</strong>r a cada<br />

dia, olhar os olhinhos brilhantes <strong>de</strong> cada um dos<br />

meus pequenos a cada nova <strong>de</strong>scoberta é algo<br />

maravilhoso e incrível!”.


sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />

litEratura E Formação do lEitor<br />

o dEsaFio do<br />

“O acesso ao livro<br />

<strong>na</strong>s escolas não é<br />

mais um problema,<br />

nem <strong>na</strong>s escolas mais<br />

longínquas.” A<strong>na</strong><br />

Maria Machado<br />

estímulo<br />

à leitura<br />

Ceciliany Alves, marisa Lajolo, Elizabeth serra e A<strong>na</strong> maria machado<br />

brasil marista | 45


Estimular o gosto pela leitura.<br />

Esse foi um dos principais<br />

pontos abordados durante o<br />

seminário temático Literatura<br />

e Formação do Leitor, ministrado<br />

por três expoentes da<br />

cultura <strong>de</strong> nosso País: Marisa<br />

Lajolo, professora da Universida<strong>de</strong><br />

Mackenzie, escritora<br />

e crítica literária, ganhadora,<br />

em 2009, do Prêmio Jabuti<br />

<strong>na</strong>s categorias Teoria /Crítica<br />

Literária e Livro do Ano Não<br />

Ficção; A<strong>na</strong> Maria Machado,<br />

presi<strong>de</strong>nte da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira<br />

<strong>de</strong> Letras e autora <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> 100 livros; e Elizabeth<br />

Serra, pedagoga e secretária geral da FNLIJ<br />

(Fundação Nacio<strong>na</strong>l do Livro Infantil e Juvenil).<br />

As palestrantes lembraram que a literatura é o<br />

caminho para a formação humanista e para o<br />

entendimento. Si<strong>na</strong>lizaram que, no Brasil, não<br />

faltam pesquisas e projetos voltados à leitura. As<br />

pesquisas apontam para o baixo <strong>de</strong>sempenho<br />

dos leitores e baixos índices <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> uma<br />

forma geral. Entretanto, os projetos apresentados,<br />

quer para governos ou outras organizações,<br />

a fim <strong>de</strong> minimizar essas questões, têm<br />

ainda um caráter bastante instrumental. Estão<br />

voltados à oferta <strong>de</strong> livros e premiações, numa<br />

visão equivocada que supõe que essas medidas<br />

estimulariam os leitores e tor<strong>na</strong>riam a leitura<br />

gratificante.<br />

A<strong>na</strong> Maria Machado lembrou que “o acesso ao<br />

livro <strong>na</strong>s escolas não é mais um problema, nem<br />

<strong>na</strong>s escolas mais longínquas”. Na verda<strong>de</strong>, o<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio seria <strong>de</strong>scobrir do que se tece,<br />

como se constrói o prazer da leitura. Elizabeth<br />

Serra ressaltou que “o prazer da leitura está<br />

no envolvimento que o ato proporcio<strong>na</strong>”. Segundo<br />

ela, o que se lê no livro <strong>de</strong> literatura é<br />

sempre invenção, ficção e, por ser imagi<strong>na</strong>ção,<br />

nos envolve. Depois <strong>de</strong> ler, voltamos a nossa<br />

vida, mas “voltamos a ela diferentes do que<br />

éramos quando começamos a leitura”, afirmou.<br />

A contribuição do educador<br />

Estimular o prazer pela leitura em nossos jovens,<br />

um prazer que é aprendido e construído,<br />

46 | brasil marista<br />

é o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio da contemporaneida<strong>de</strong><br />

e um papel<br />

a ser <strong>de</strong>sempenhado por um<br />

adulto competente em leitura<br />

que seria significativo<br />

para o aprendiz. “Menos<br />

teoria e mais prática”, propôs<br />

A<strong>na</strong> Maria Machado,<br />

sugerindo que os educadores,<br />

pais e professores, contem<br />

mais histórias, conversem<br />

sobre livros, a<strong>ju</strong><strong>de</strong>m<br />

as crianças a imagi<strong>na</strong>r outras<br />

histórias. A presi<strong>de</strong>nte<br />

da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong><br />

A<strong>na</strong> maria machado<br />

Letras relatou que fez uma<br />

experiência com crianças<br />

<strong>de</strong> sua família. “Desliguei a energia, simulando<br />

falta <strong>de</strong> luz. Acendi velas e propus ler histórias”,<br />

relatou. No dia seguinte, o resultado do estímulo<br />

foi recompensado, quando as crianças, mesmo<br />

com a energia normalizada, pediram que a autora<br />

voltasse a ler histórias. Ao contar esse episódio,<br />

A<strong>na</strong> Maria Machado arrancou aplausos<br />

efusivos da plateia, que parece ter concordado<br />

que a motivação seria a base da relação com os<br />

jovens leitores.<br />

As palestrantes ressaltaram a importância da reciclagem<br />

e formação dos professores no processo<br />

<strong>de</strong> estímulo à leitura. Na visão <strong>de</strong> Marisa Lajolo,<br />

há uma <strong>de</strong>ficiência dos próprios educadores enquanto<br />

leitores. Para ela, no Ensino Fundamental,<br />

que é o período em que se forma o leitor, as<br />

condições dos professores “<strong>de</strong>ixam ainda muito<br />

a <strong>de</strong>sejar”. Em tom <strong>de</strong> alerta, se dirigiu à plateia:<br />

“Nós, professores, temos a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o mal<br />

está nos outros. A gente repete um certo discurso<br />

catastrófico em relação à leitura”.<br />

Segundo o que foi proposto durante o <strong>de</strong>bate,<br />

a leitura compreensiva se constitui em uma das<br />

mais importantes competências a serem <strong>de</strong>senvolvidas<br />

no âmbito escolar. Dela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> boa<br />

parte das <strong>de</strong>mais aprendizagens, sendo conhecida,<br />

<strong>de</strong> longa data, a importante contribuição da<br />

literatura não só para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa<br />

competência tão essencial, mas também para<br />

gerar e ampliar em crianças e jovens as capacida<strong>de</strong>s<br />

do autoconhecimento, da criativida<strong>de</strong>, do<br />

senso crítico, da apreciação estética, entre tantas<br />

outras.


sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />

Ensino médio – novas PErsPEctivas E dEsaFios<br />

A busca pela formação<br />

ple<strong>na</strong> dos jovens<br />

A<br />

contemporaneida<strong>de</strong><br />

exige uma<br />

escola em que<br />

se substitua a<br />

participação<br />

passiva pela<br />

ativa. Isso traz<br />

transformações<br />

tanto <strong>de</strong> conteúdos<br />

e objetivos,<br />

quanto <strong>de</strong><br />

métodos e práticas<br />

educacio<strong>na</strong>is.<br />

O seminário temático Ensino Médio – Novas Perspectivas e Desafios<br />

trouxe a discussão da importância da <strong>educação</strong> humanista <strong>na</strong> busca<br />

pela excelência da formação dos indivíduos. Quem expôs o tema foi<br />

o professor Luis Carlos <strong>de</strong> Menezes, colaborador sênior do Instituto<br />

<strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, orientador <strong>de</strong> doutoramentos<br />

e mestrados em Ensino <strong>de</strong> Ciências e em Educação e professor <strong>de</strong><br />

discipli<strong>na</strong>s do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ensino <strong>de</strong> Ciências e<br />

<strong>de</strong> Licenciatura em Física da USP.<br />

O palestrante apontou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os educadores contribuírem<br />

para a construção <strong>de</strong> escolas com foco <strong>na</strong> excelência acadêmica,<br />

visando não somente a boa colocação em testes <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho,<br />

mas comprometidas em <strong>de</strong>senvolver pessoas com senso<br />

crítico e mais questio<strong>na</strong>doras. “Nas últimas décadas, a <strong>educação</strong><br />

tem sido <strong>de</strong>safiada pelos novos paradigmas sociais e do mundo do<br />

trabalho, em que máqui<strong>na</strong>s e sistemas assumiram funções laborais.<br />

Com isso, a formação <strong>de</strong>mandada é cada vez mais voltada à promoção<br />

<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s críticas, a<strong>na</strong>líticas e propositivas”, explicou.<br />

Segundo ele, essa <strong>educação</strong> se promove <strong>de</strong>senvolvendo conhecimentos<br />

di<strong>na</strong>micamente relacio<strong>na</strong>dos a valores reais, habilida<strong>de</strong>s e<br />

competências, e não somente por meio <strong>de</strong> saberes estáticos.<br />

“Outro fator que impacta profundamente a cultura <strong>ju</strong>venil é a interconectivida<strong>de</strong><br />

sem fronteiras, um contexto em que cada indivíduo é<br />

polo receptor e gerador <strong>de</strong> informações. Diante <strong>de</strong>sse cenário, passa-se<br />

a exigir uma escola em que se substitua a participação passiva<br />

pela ativa. Isso traz transformações tanto <strong>de</strong> conteúdos e objetivos,<br />

Luis Carlos <strong>de</strong> menezes sandra Regi<strong>na</strong> garcia<br />

brasil marista | 47


quanto <strong>de</strong> métodos e práticas educacio<strong>na</strong>is”, disse<br />

o palestrante, referindo-se aos currículos obsoletos<br />

que muitas instituições ainda mantêm.<br />

O direito ao acolhimento<br />

O painelista apontou que, paralelamente, entre<br />

os elementos que passaram a pautar a <strong>educação</strong><br />

básica no Brasil, particularmente no Ensino<br />

Médio, há uma nova cultura <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenhos estudantil e escolar. Ele enten<strong>de</strong><br />

que exames <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, como o Enem (Exame<br />

Nacio<strong>na</strong>l do Ensino Médio), elaborados a partir<br />

<strong>de</strong> expectativas educacio<strong>na</strong>is gerais, já são referências<br />

que não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas.<br />

Por outro lado, e lamentavelmente, <strong>na</strong> corrida<br />

por melhor classificação, tem havido uma competição<br />

entre instituições e re<strong>de</strong>s escolares, que<br />

visa, às vezes, objetivos mercadológicos em vez<br />

da busca pela qualida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l. “Numa<br />

escola marista, por exemplo, a busca pelo bom<br />

<strong>de</strong>sempenho não <strong>de</strong>ve implicar a seleção prévia<br />

<strong>de</strong> estudantes em pre<strong>ju</strong>ízo ao direito <strong>de</strong> todos ao<br />

acolhimento, ao cuidado e ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

não discrimi<strong>na</strong>tório”, exemplificou.<br />

Nesse sentido, comentou que no Ensino Médio<br />

da escola marista, a <strong>educação</strong> que será colocada<br />

em prática <strong>de</strong>ve preservar a vocação da instituição<br />

para uma formação humanista, capacitando<br />

os jovens para a cidadania ple<strong>na</strong>. Isso implica,<br />

<strong>na</strong> visão do painelista, preparar seres humanos<br />

que possam superar os diferentes obstáculos que<br />

uma socieda<strong>de</strong> em permanente transição impõe,<br />

tanto para garantir ingresso no ensino superior<br />

<strong>de</strong>sejado, quanto igualmente para uma participação<br />

significativa e solidária <strong>na</strong> vida social e<br />

Luis Carlos <strong>de</strong> menezes, paulo <strong>de</strong> Tarso e sandra Regi<strong>na</strong> garcia<br />

48 | brasil marista<br />

produtiva. “Para enfrentar esses <strong>de</strong>safios, essa<br />

escola <strong>de</strong>verá ser um ambiente <strong>de</strong> produção<br />

cultural intensa, <strong>de</strong> protagonismo <strong>ju</strong>venil permanente”,<br />

afirmou.<br />

Segundo o professor, tais escolas <strong>de</strong>vem ter<br />

características próprias, incorporadas a um projeto<br />

pedagógico que atenda os aspectos sociais,<br />

culturais ou econômicos da comunida<strong>de</strong>, assim<br />

como às especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus estudantes.<br />

Entre as especificida<strong>de</strong>s listadas por Luis Carlos<br />

estão a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicitação <strong>de</strong> princípios,<br />

objetivos, métodos, práticas e regras <strong>de</strong> convívio<br />

escolares, que assegurem maior comprometimento<br />

<strong>de</strong> gestores, professores, funcionários,<br />

estudantes e suas famílias; aulas e ativida<strong>de</strong>s<br />

participativas; vivência e contextualização dos<br />

conhecimentos discipli<strong>na</strong>res; avaliações do<br />

aprendizado que não fiquem restritas a situações<br />

<strong>de</strong> prova; utilização <strong>de</strong> novos recursos <strong>de</strong><br />

comunicação com os educandos, como as re<strong>de</strong>s<br />

sociais virtuais; discussão <strong>de</strong> questões sociais,<br />

econômicas, culturais, tecnológicas e ambientais;<br />

mobilização <strong>de</strong> voluntários da comunida<strong>de</strong><br />

escolar para atuação solidária; e intercâmbio<br />

entre as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolas maristas, partilhando<br />

experiências e questio<strong>na</strong>mentos <strong>de</strong> forma<br />

contínua. Sandra Regi<strong>na</strong> <strong>de</strong> Oliveira Garcia,<br />

doutora em Educação e Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora Geral <strong>de</strong><br />

Ensino Médio no Ministério da Educação, também<br />

participou como palestrante do evento. Ela<br />

abordou os dados estatísticos do MEC a respeito<br />

do perfil dos estudantes brasileiros por faixa etária<br />

e grau <strong>de</strong> formação, a<strong>na</strong>lisando o movimento<br />

<strong>de</strong> permanência e evasão durante o histórico<br />

estudantil ao longo da Educação Básica.


sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />

nEurociência E Educação<br />

l E i t u r a , E m o ç ã o E m E m ó r i a :<br />

ingredientes para<br />

um bom aprendizado<br />

“Os educadores já receberam uma <strong>educação</strong> em que a leitura é<br />

colocada como escolarizada, em que o estudante lê para respon<strong>de</strong>r<br />

perguntas. Assim, como po<strong>de</strong>rão formar seres pensantes?”<br />

Elvira Lima<br />

O seminário temático Neurociência e Educação<br />

foi conduzido por Elvira Lima e pelo Dr. Ivan<br />

Izquierdo, que apresentaram uma relevante<br />

exposição sobre a formação da memória e a importância<br />

<strong>de</strong>ste processo no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das aprendizagens. Quem abriu os <strong>de</strong>bates foi<br />

Izquierdo, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor do Centro da Memória<br />

da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul (PUCRS) e responsável pela <strong>de</strong>scoberta<br />

dos principais mecanismos moleculares<br />

da formação, evocação, persistência e extinção<br />

das memórias.<br />

Durante sua palestra, ele explicou como é armaze<strong>na</strong>da<br />

a memória, dando ênfase <strong>na</strong> importância<br />

da leitura nesse processo. “Memória tem<br />

a ver com emoção, e só guardamos aquilo que<br />

realmente nos marca, nos toca, tais como livros,<br />

filmes, peças <strong>de</strong> teatro, momentos etc.”, afirmou.<br />

Essa regra também vale para o aprendizado <strong>na</strong><br />

escola, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da faixa etária da<br />

criança, uma vez que o cérebro é moldável aos<br />

estímulos do ambiente. Graças a esses estímulos,<br />

são formadas novas si<strong>na</strong>pses – uma forma <strong>de</strong> comunicação<br />

entre neurônios – que, ao se tor<strong>na</strong>rem<br />

mais intensas, processam as informações com<br />

capacida<strong>de</strong> molecular. “Nas crianças, as si<strong>na</strong>pses<br />

aumentam <strong>de</strong> tamanho e, para aproveitar todo<br />

esse potencial <strong>de</strong> armaze<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> informações,<br />

ainda em tenra ida<strong>de</strong>, os educadores têm<br />

que dar a motivação necessária para que haja o<br />

aprendizado”, explicou o médico.<br />

Outro exemplo em que o armaze<strong>na</strong>mento <strong>de</strong><br />

informações e o aprendizado precisam ser complementares,<br />

segundo Izquierdo, são os cursos<br />

pré-vestibulares. Geralmente, com salas repletas<br />

<strong>de</strong> estudantes, oriundos dos mais diversos tipos<br />

<strong>de</strong> <strong>educação</strong> no Ensino Médio, os professores<br />

precisam criar mecanismos, como músicas e perso<strong>na</strong>gens,<br />

para atrair a atenção dos estudantes e<br />

tentar proporcio<strong>na</strong>r um aprendizado pleno.<br />

Ele, durante sua expla<strong>na</strong>ção, pontuou que nem<br />

todos os jovens que ouvem e escrevem a mesma<br />

coisa, participando da mesma aula, vão apreen<strong>de</strong>r<br />

aquele conhecimento para o resto da vida.<br />

“Alguns guardam <strong>na</strong> memória aquele conteúdo<br />

somente para a prova; já outros jamais se esquecerão<br />

daquela aula”, exemplificou. Isso acontece<br />

porque, segundo ele, a memória e as emoções<br />

ficam interligadas quando ativadas pelo processo<br />

<strong>de</strong> aprendizagem, e os estudantes precisam<br />

sentir-se “seduzidos” por ativida<strong>de</strong>s e temas<br />

que são relevantes para suas vidas para absorverem<br />

o conhecimento.<br />

brasil marista | 49


Seres <strong>de</strong> emoção<br />

e seres <strong>de</strong> cultura<br />

A segunda parte do seminário foi apresentada<br />

pela professora Elvira Lima, pesquisadora em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento humano, com formação em<br />

Neurociências, Psicologia, Antropologia e Música.<br />

Ela <strong>de</strong>stacou a relevância do conhecimento<br />

da Neurociência <strong>na</strong> <strong>educação</strong>, frisando a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> repensar o currículo escolar, e privilegiar<br />

as linguagens artístico-culturais.<br />

Segundo a palestrante, uma das importantes<br />

contribuições da Neurociência é compreen<strong>de</strong>r<br />

e conhecer o adulto que ensi<strong>na</strong>, do ponto <strong>de</strong><br />

vista dos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong><br />

como isso po<strong>de</strong> ampliar a perspectiva pedagógica.<br />

Justamente por isso, ela se <strong>de</strong>bruça sobre<br />

a questão curricular, começando pela formação<br />

do professor, tanto a pedagógica, quanto a cultural.<br />

A palestrante reforçou a importância da<br />

formação dos educadores como reflexo para um<br />

bom aprendizado dos educandos. “Essa formação<br />

está absolutamente fragmentada”, afirmou.<br />

“Os educadores já receberam uma <strong>educação</strong> em<br />

que a leitura é colocada como escolarizada, em<br />

que o estudante lê para respon<strong>de</strong>r perguntas.<br />

Assim, como po<strong>de</strong>rão formar seres pensantes?”,<br />

indagou.<br />

Para ela, outra gran<strong>de</strong> conquista proveniente da<br />

50 | brasil marista<br />

Neurociência foi ter esclarecido que somos seres<br />

<strong>de</strong> emoção e seres <strong>de</strong> cultura. Assim como Izquierdo,<br />

ela pontuou a importância do impacto<br />

emocio<strong>na</strong>l no aprendizado: “Não formaremos<br />

leitores <strong>de</strong>ssa maneira que estamos fazendo no<br />

País, já que esse processo se dá pelo encantamento<br />

da <strong>na</strong>rrativa e pela emoção”, alertou. Nesse<br />

sentido, manifestou sua crítica à forma instrumental<br />

como é feita a formação <strong>de</strong> leitores <strong>na</strong>s<br />

instituições <strong>de</strong> ensino <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

Por fim, valendo-se da importância da formação<br />

da memória baseada em emoções, Elvira sustentou<br />

a necessida<strong>de</strong> da leitura como experiência<br />

estética, a fim <strong>de</strong> criar o conteúdo cultural e<br />

pedagógico, tanto dos professores, quanto dos<br />

estudantes. “A utilização da memória dos docentes,<br />

do ponto <strong>de</strong> vista cultural, é fundamental<br />

para o ensino, caso contrário a aplicação pedagógica<br />

não será ple<strong>na</strong>”, concluiu.<br />

Para a auxiliar A<strong>na</strong> Claudia Silva, do Colégio<br />

Marista Santo Angelo (RS), Província Marista<br />

do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, o seminário tratou da<br />

importância <strong>de</strong> conhecer um pouco mais sobre o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento humano: “Enten<strong>de</strong>r o funcio<strong>na</strong>mento<br />

do cérebro, da memória e suas estratégias<br />

<strong>de</strong> aprendizagem possibilita aos professores<br />

um conhecimento riquíssimo, além <strong>de</strong> trazer<br />

sugestões para trabalhar com a neurociência em<br />

sala <strong>de</strong> aula. Portanto, como Izquierdo nos disse:<br />

“Nós somos o que a nossa memória guarda”.<br />

Elvira Lima, Aloirmar josé da silva e Ivan Izquierdo


sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />

EsPaços Educativos EmErgEntEs, mEdiação E múltiPlas linguagEns<br />

Aureliano hernán<strong>de</strong>z, Tião Rocha, francisco Iêdo e Diógenes philippsen<br />

Educação<br />

Plural<br />

“Educação po<strong>de</strong> ser o que quisermos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que aconteça<br />

no plural. Nela eu troco o que tenho pelo que não tenho.”<br />

Tião Rocha<br />

brasil marista | 51


Respeitar a cultura<br />

das comunida<strong>de</strong>s,<br />

“apren<strong>de</strong>r fazendo e<br />

convivendo”, promover<br />

o protagonismo<br />

dos sujeitos, utilizar<br />

<strong>de</strong> múltiplos recursos,<br />

mediações e linguagens<br />

que levem<br />

ao aprendizado, integrar<br />

a comunida<strong>de</strong> no<br />

processo <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />

foram algumas das<br />

propostas levantadas<br />

no seminário temático<br />

intitulado Espaços<br />

Educativos Emergentes,<br />

Mediação e Múltiplas<br />

Linguagens. A<br />

mesa foi coor<strong>de</strong><strong>na</strong>da<br />

pelo professor Dyógenes Philippsen Araújo, filósofo,<br />

assessor do Grupo Marista. Entre os <strong>de</strong>batedores<br />

estavam o antropólogo Tião Rocha, educador<br />

popular e fundador do Centro Popular <strong>de</strong><br />

Cultura e Desenvolvimento (CPCD); Aureliano<br />

Juárez Hernán<strong>de</strong>z, educador social e parceiro <strong>na</strong><br />

Missão Marista <strong>de</strong> Guadalupe (Província Marista<br />

do México Central), que atua <strong>ju</strong>nto às comunida<strong>de</strong>s<br />

indíge<strong>na</strong>s tradicio<strong>na</strong>is <strong>na</strong>s montanhas <strong>de</strong><br />

Chiapas, no México; e Francisco Iêdo Lopes da<br />

Silva Filho, educando e gerente do Memorial do<br />

Homem Kariri, <strong>na</strong> Fundação Casa Gran<strong>de</strong>.<br />

Inicialmente, o jovem Francisco compartilhou a<br />

experiência vivenciada por ele e outros colegas <strong>na</strong><br />

Fundação Casa Gran<strong>de</strong>. Trata-se <strong>de</strong> uma organização<br />

não gover<strong>na</strong>mental, cultural e filantrópica,<br />

concebida em 1992 por Alemberg Quindins, com<br />

se<strong>de</strong> em Nova Olinda, Ceará, Brasil. De acordo<br />

com Iêdo, a Fundação Casa Gran<strong>de</strong> <strong>na</strong>sceu com<br />

a missão <strong>de</strong> promover a formação <strong>de</strong> crianças e<br />

jovens protagonistas. Na verda<strong>de</strong>, a gestão da organização<br />

sempre foi feita, quase <strong>na</strong> totalida<strong>de</strong>,<br />

por crianças e jovens voluntários. A organização<br />

oferta programas lúdico-educacio<strong>na</strong>is que enfatizam<br />

a memória regio<strong>na</strong>l (histórica, arqueológica,<br />

cultural), as competências da comunicação, as<br />

artes clássicas e regio<strong>na</strong>is, a pesquisa e o turismo<br />

<strong>de</strong> conteúdo. Os projetos pedagógicos são <strong>de</strong>senvolvidos<br />

através dos laboratórios <strong>de</strong> conteúdo e<br />

produção (apren<strong>de</strong>r fazendo <strong>ju</strong>ntos), nos quais as<br />

crianças envolvidas têm total participação <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

52 | brasil marista<br />

francisco Iêdo<br />

a concepção, o planejamento e a execução dos<br />

projetos. Ou seja, “apren<strong>de</strong>r fazendo e convivendo”<br />

é um princípio fundamental que permeia<br />

todas as ativida<strong>de</strong>s.<br />

Há programas <strong>de</strong> rádio (programas infantis<br />

feitos <strong>de</strong> criança para criança); turismo comunitário<br />

(foram criadas pousadas domiciliares <strong>na</strong>s<br />

residências dos pais dos estudantes, e há formação<br />

<strong>de</strong> meninos e meni<strong>na</strong>s para o receptivo turístico);<br />

ativida<strong>de</strong>s esportivas (foi construído um<br />

Parque Ambiental), ativida<strong>de</strong>s artísticas (teatro<br />

e música), escavações arqueológicas (cujo objetivo<br />

é mostrar para as crianças como viveram os<br />

Kariris, primeiros habitantes da região com sua<br />

cultura neolítica).<br />

Hoje, a Fundação Casa Gran<strong>de</strong>-Memorial do<br />

Homem Kariri é uma organização <strong>de</strong> referência<br />

em tecnologia social, sobretudo no que se refere<br />

ao protagonismo e participação <strong>ju</strong>venil nos processos<br />

<strong>de</strong> gestão e <strong>educação</strong> para a cidadania.<br />

Não menos ousado e <strong>de</strong>safiador é o trabalho exposto<br />

por Aureliano Her<strong>na</strong>zez, realizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1995 com comunida<strong>de</strong>s indíge<strong>na</strong>s. Apoiado pelos<br />

irmãos maristas mexicanos e Igreja Católica,<br />

o projeto busca levar a <strong>educação</strong> para as crianças<br />

e jovens das comunida<strong>de</strong>s mais retiradas – visto<br />

que essas, <strong>na</strong> gran<strong>de</strong> maioria, encontram-se<br />

<strong>de</strong>samparadas pelo po<strong>de</strong>r público – bem como<br />

formar li<strong>de</strong>ranças locais para continuida<strong>de</strong> dos


Tião Rocha<br />

projetos, para a reivindicação dos seus direitos<br />

e preservação da cultura dos povos indíge<strong>na</strong>s.<br />

“Levamos uma nova proposta <strong>de</strong> <strong>educação</strong>, que<br />

<strong>na</strong>sceu <strong>de</strong> nossos povos. Uma <strong>educação</strong> que nos<br />

a<strong>ju</strong>da a viver com dignida<strong>de</strong> e a manter nossa<br />

vocação <strong>de</strong> camponeses”. São formados comitês<br />

<strong>de</strong> <strong>educação</strong> e todos apren<strong>de</strong>m <strong>ju</strong>ntos, inclusive<br />

os pais, que fazem parte da proposta educacio<strong>na</strong>l.<br />

“O objetivo é a<strong>ju</strong>dar as crianças a ver por si<br />

mesmas, <strong>de</strong> uma forma crítica e construtiva”,<br />

concluiu Aureliano.<br />

Apren<strong>de</strong>r brincando<br />

Tião Rocha, por sua vez, reforçou a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ampliarmos o conceito <strong>de</strong> <strong>educação</strong> e daquilo<br />

que comumente compreen<strong>de</strong>mos por espaços<br />

educacio<strong>na</strong>is. Tião <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a <strong>de</strong>mocratização social<br />

da <strong>educação</strong>. O que não <strong>de</strong>ve ser confundido<br />

com “escola <strong>de</strong> massa”, ou seja, imposição <strong>de</strong><br />

políticas educacio<strong>na</strong>is homogeneizantes, pasteurizadas,<br />

que <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ram o protagonismo das<br />

crianças e jovens, que não envolvem a comunida<strong>de</strong>,<br />

que subestimam as tecnologias sociais do<br />

aprendizado e da convivência. A lógica “professor<br />

ensi<strong>na</strong> e o estudante apren<strong>de</strong>” é a receita da<br />

escola que não funcio<strong>na</strong>. Tião Rocha enfatiza que<br />

há diferenças substanciais <strong>na</strong>s funções <strong>de</strong> professor<br />

e educador: “professor é aquele que ensi<strong>na</strong>.<br />

Educador é aquele que ensi<strong>na</strong> e apren<strong>de</strong>.”<br />

Movido por essa indig<strong>na</strong>ção<br />

– que <strong>na</strong>sceu da convivência<br />

com o mestre<br />

Paulo Freire – Tião funda<br />

em1984 o Centro Popular<br />

<strong>de</strong> Cultura e Desenvolvimento<br />

visando a formação<br />

<strong>de</strong> educadores e produção<br />

<strong>de</strong> tecnologias sociais<br />

<strong>de</strong> <strong>educação</strong>. O CPCD é<br />

uma organização nãogover<strong>na</strong>mental,<br />

sem fins<br />

lucrativos e <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong><br />

pública fe<strong>de</strong>ral, estadual e<br />

municipal, vinculada ao 3º<br />

Setor (<strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza privada<br />

e função social pública),<br />

com se<strong>de</strong> em Belo Horizonte<br />

(MG), para atuar <strong>na</strong>s<br />

áreas <strong>de</strong> Educação Popular<br />

<strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> e Desenvolvimento Comunitário<br />

Sustentável, tendo a cultura como matéria<br />

prima e instrumento <strong>de</strong> trabalho, pedagógico<br />

e institucio<strong>na</strong>l. As tecnologias <strong>de</strong>senvolvidas<br />

pelo CPCD já estão espalhadas pelo Brasil e por<br />

vários países.<br />

O palestrante reforçou a importância <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<br />

brincando e <strong>de</strong> uma escola que respeite o<br />

ritmo e o tempo do educando. “Apren<strong>de</strong>r não<br />

precisa ser um castigo. Educação po<strong>de</strong> ser o que<br />

quisermos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que aconteça no plural. Nela,<br />

eu troco o que tenho pelo que não tenho”, afirmou.<br />

E foi mais longe dizendo que “precisamos<br />

criar maneiras inovadoras <strong>de</strong> produzir aprendizado,<br />

<strong>de</strong> acordo com as múltiplas culturas e<br />

valores do Brasil”.<br />

Dyógenes concluiu enfatizando que aquilo que<br />

hoje consi<strong>de</strong>ramos critério <strong>de</strong> inovação no cenário<br />

educacio<strong>na</strong>l não po<strong>de</strong> restringir-se ape<strong>na</strong>s à<br />

imagem tecno-científica da escola, emoldurada<br />

<strong>de</strong> recursos tecnológicos digitais (os tablets, lousas<br />

eletrônicas, ebooks, hardwares e softwares).<br />

Na verda<strong>de</strong>, temos a emergência <strong>de</strong> novos cenários<br />

e tecnologias sociais, complementares às<br />

estruturas tradicio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> <strong>educação</strong>, que são os<br />

espaços e tempos múltiplos e possíveis da <strong>educação</strong>,<br />

capazes <strong>de</strong> integrar diferentes sujeitos,<br />

experiências, saberes curriculares e culturais,<br />

formando (ou resgatando) tecnologias <strong>de</strong> aprendizado<br />

e da convivência que nos dignificam.<br />

brasil marista | 53


sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />

rElação Família-Escola<br />

a tênuE rElação EntrE<br />

família e escola<br />

Mostrando a importância da parceria escola-família, Patrícia<br />

Quaresma falou sobre como pais e instituições po<strong>de</strong>m atuar <strong>de</strong><br />

forma integrada, contribuindo para a formação <strong>de</strong> cidadãos.<br />

On<strong>de</strong> termi<strong>na</strong> a responsabilida<strong>de</strong> da família<br />

e começa a responsabilida<strong>de</strong> da escola? Para<br />

respon<strong>de</strong>r essa e outras perguntas, a pedagoga,<br />

psicóloga e especialista em Terapia Cognitiva,<br />

Patrícia Quaresma, apresentou o seminário<br />

temático Relação Família-Escola. Em sua apresentação,<br />

traçou um panorama das mudanças<br />

que nossa socieda<strong>de</strong> vem enfrentando em quase<br />

todos os setores, mostrando que as alterações<br />

<strong>de</strong>las <strong>de</strong>correntes afetam os padrões <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mento<br />

<strong>de</strong> maneira nem sempre positiva. “Em<br />

muitas áreas da socieda<strong>de</strong>, percebe-se uma <strong>de</strong>sorientação<br />

em relação à forma como se comportar,<br />

54 | brasil marista<br />

como se relacio<strong>na</strong>r e aos valores que se <strong>de</strong>vem<br />

utilizar”, a<strong>na</strong>lisou.<br />

Para ela, tanto família quanto escola não conseguiram<br />

blindar-se diante das mudanças da<br />

contemporaneida<strong>de</strong>. Adaptar-se às <strong>de</strong>mandas<br />

cotidia<strong>na</strong>s, num trabalho con<strong>ju</strong>nto entre pais e<br />

escola, seria, nesse sentido, fundamental para<br />

uma formação saudável e funcio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> filhos e<br />

estudantes. “A maneira como se educa um filho<br />

ou estudante reflete no modo como ele se comportará<br />

e nos aspectos que valorizará em sua<br />

vida”, apontou.


Dados científicos <strong>de</strong>monstram<br />

que as práticas educativas usadas<br />

por pais e professores po<strong>de</strong>m<br />

tanto estimular quanto inibir o<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> realização, bem como<br />

afetar a construção do autoconceito<br />

acadêmico.<br />

“É inegável o forte impacto <strong>de</strong><br />

pais e professores <strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />

<strong>de</strong> filhos e estudantes, no sentido<br />

<strong>de</strong> ampliar os <strong>horizontes</strong> da <strong>educação</strong>.<br />

É necessário utilizar essa<br />

influência a favor da constituição<br />

dos verda<strong>de</strong>iros pilares do autoconceito<br />

pessoal e acadêmico”,<br />

pon<strong>de</strong>rou.<br />

Segundo a especialista, são os exemplos, falas<br />

e atitu<strong>de</strong>s que levarão crianças e adolescentes<br />

a se tor<strong>na</strong>rem pessoas com mais capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

enfrentamento e protagonistas da <strong>educação</strong>,<br />

lidando com as adversida<strong>de</strong>s da vida <strong>de</strong> maneira<br />

positiva em situações como: ter sucesso nos<br />

campos afetivo e profissio<strong>na</strong>l; cuidar da família,<br />

da saú<strong>de</strong> e da vida social; e buscar uma postura<br />

mais efetiva diante dos obstáculos.<br />

A professora Mariel Neto Dias, do Colégio Marista<br />

Santo Angelo (RS), Província Marista do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, <strong>de</strong>stacou uma frase da palestrante:<br />

“Um estilo competente <strong>de</strong> atuação requer<br />

atribuir significado e sentido ao processo <strong>de</strong><br />

ensi<strong>na</strong>r, pois é um exercício <strong>de</strong> imortalida<strong>de</strong> e,<br />

<strong>de</strong> alguma forma continuaremos a viver <strong>na</strong>queles<br />

cujos olhos apren<strong>de</strong>ram a ver o mundo pela<br />

magia <strong>de</strong> nossa palavra. Isso me fez repensar e<br />

refletir muito sobre nosso papel”.<br />

Atuação integrada<br />

<strong>de</strong> pais e mestres<br />

Como a maioria das pessoas passa uma parte<br />

significativa <strong>de</strong> sua vida <strong>na</strong> escola, em ativida<strong>de</strong>s<br />

relacio<strong>na</strong>das a este espaço, convivendo<br />

diariamente com professores, funcionários e<br />

colegas, a instituição <strong>de</strong> ensino tor<strong>na</strong>-se a principal<br />

parceira dos pais <strong>na</strong> criação dos filhos. Neste<br />

contexto, a boa formação do indivíduo estaria<br />

diretamente ligada a uma atuação equivalente<br />

entre pais e mestres.<br />

patrícia quaresma<br />

Entretanto, a painelista pontuou<br />

que se percebe com frequência<br />

que muitos pais não se<br />

envolvem com a roti<strong>na</strong> escolar<br />

dos filhos, até que apareçam<br />

as notas baixas, a reprovação e<br />

as advertências. Filhos <strong>de</strong> pais<br />

que <strong>de</strong>legam a responsabilida<strong>de</strong><br />

integral da escolarização às<br />

instituições <strong>de</strong> ensino apresentam<br />

níveis <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> mais<br />

baixos. Por outro lado, a participação<br />

excessiva e controladora<br />

dos pais <strong>na</strong> formação escolar<br />

também vai <strong>na</strong> contramão <strong>de</strong>sse<br />

processo.<br />

Segundo a pedagoga, é importante que os pais<br />

se questionem sobre qual é o seu lugar, o que se<br />

fala sobre a escola e ainda sobre a roti<strong>na</strong> escolar.<br />

Para isso, é fundamental que a<strong>na</strong>lisem o estilo<br />

<strong>de</strong> <strong>educação</strong> que transmitem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, ainda<br />

mais com a presença crescente <strong>de</strong> estímulos,<br />

como a Internet e a televisão. “Muitos pais não<br />

têm a real dimensão do impacto <strong>de</strong> suas opiniões<br />

e comportamentos <strong>na</strong> formação dos filhos. É<br />

fundamental que reconheçam sua influência <strong>na</strong><br />

vida <strong>de</strong>ssas crianças”, afirmou.<br />

Por fim, a palestrante ressaltou que a escolha da<br />

escola é uma <strong>de</strong>cisão muito importante. “Os pais<br />

precisam ter uma linha <strong>de</strong> coerência entre a <strong>educação</strong><br />

e valores praticados em casa e a proposta<br />

da instituição <strong>de</strong> ensino”, explicou. Dessa forma,<br />

ainda <strong>de</strong> acordo com Patrícia, os filhos passarão<br />

a ser estudantes numa con<strong>ju</strong>ntura em que o contrato<br />

entre escola e família não se encerre ape<strong>na</strong>s<br />

em acertos práticos e econômicos, mas que se<br />

transforme numa verda<strong>de</strong>ira parceria e compromisso<br />

mútuo, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver cidadãos <strong>de</strong><br />

direito e <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres em nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

Para Cristi<strong>na</strong> Pergher Kunz, professora do<br />

Colégio Marista Rosário <strong>de</strong> Porto Alegre (RS),<br />

Província Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, o seminário<br />

mostrou <strong>na</strong> prática a importância das relações<br />

positivas e do afeto no dia a dia da escola<br />

e da vida: “Foi um seminário para cada um dos<br />

participantes utilizarem também <strong>na</strong>s suas vidas<br />

fora da escola”.<br />

Maria Guadalupe López também participou<br />

como palestrante do Seminário, compartilhando<br />

a Experiência Miravalles México.<br />

brasil marista | 55


sEmiNáriOs tEmátiCOs<br />

cultura dE vida E sustEntabilidadE<br />

Educar Para a<br />

sustentabilida<strong>de</strong><br />

“Todos tem <strong>de</strong> ser<br />

mobilizados: o teólogo,<br />

o político, o educador,<br />

o cidadão comum. É<br />

preciso que saiamos<br />

do confortável lugar<br />

<strong>de</strong> espectadores para<br />

protagonistas.”<br />

mari<strong>na</strong> silva<br />

56 | brasil marista<br />

Mari<strong>na</strong> Silva<br />

Cipriano Luchesi, teólogo, filósofo, psicoterapeuta em Biossíntese<br />

e doutor em Educação: Filosofia e História da Educação,<br />

pela Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> São Paulo (PUCSP);<br />

Mari<strong>na</strong> Silva, ex-ministra do Meio Ambiente; e Leo<strong>na</strong>rdo Boff,<br />

doutor em Teologia e Filosofia pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Munique<br />

e um dos principais expoentes da Teologia da Libertação,<br />

foram os responsáveis pela condução do seminário temático<br />

Cultura <strong>de</strong> Vida e Sustentabilida<strong>de</strong>. Com status <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Conferência,<br />

auditório lotado, os palestrantes falaram sobre os<br />

<strong>de</strong>safios que enfrentamos no tocante à sustentabilida<strong>de</strong> nos<br />

dias atuais.<br />

Mari<strong>na</strong> Silva iniciou sua exposição dizendo que “estamos vivendo<br />

uma crise que se constitui <strong>de</strong> múltiplas crises”. Lembrou<br />

a crise econômica europeia; e a crise <strong>na</strong> <strong>educação</strong>, ressaltando<br />

que, no Brasil, temos ainda hoje <strong>de</strong>z milhões <strong>de</strong> a<strong>na</strong>lfabetos;<br />

a crise ambiental, com perda da biodiversida<strong>de</strong> do Planeta,<br />

mudanças climáticas, elevação <strong>de</strong> temperaturas; e, por fim,<br />

a crise <strong>de</strong> valores. Sobre a situação ambiental, afirmou: “Cinquenta<br />

por cento do Planeta já está comprometido. Se tivermos<br />

um aumento <strong>de</strong> mais 2ºC, vamos <strong>de</strong>struir o equilíbrio do que<br />

sustenta a vida”.<br />

Ao comentar os problemas no campo dos valores, lembrou<br />

que as pessoas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m interesses que não são legítimos, ou<br />

seja, fazem prevalecer interesses próprios em malefício dos<br />

outros. Como exemplo, citou a redução <strong>de</strong> áreas indíge<strong>na</strong>s, em<br />

benefício do lucro. “Um mo<strong>de</strong>lo que elimi<strong>na</strong> culturas não é<br />

sustentável”, ressaltou.<br />

Nesse sentido, seria necessário, para avançarmos e revertermos<br />

esse processo, levar às pessoas uma cultura <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong><br />

sustentabilida<strong>de</strong>. “Todos tem <strong>de</strong> ser mobilizados: o teólogo, o<br />

político, o educador, o cidadão comum. É preciso que saiamos<br />

do confortável lugar <strong>de</strong> espectadores para protagonistas ”,<br />

afirmou.


A importância da<br />

<strong>educação</strong> familiar<br />

Alinhado à perspectiva <strong>de</strong> que sustentabilida<strong>de</strong><br />

tem a ver com a relação entre o ser humano e<br />

meio em que vive, seja ele <strong>na</strong>tural ou cultural,<br />

Luchesi fez suas pon<strong>de</strong>rações sob um foco psicossociológico,<br />

com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar<br />

o que tem dificultado a sustentabilida<strong>de</strong> e o<br />

que po<strong>de</strong> a<strong>ju</strong>dá-la, individual e coletivamente.<br />

Durante sua exposição, ele citou Lawrence<br />

Kholberg, um psicólogo norte-americano, que<br />

nos anos 1960 <strong>de</strong>dicou-se a compreen<strong>de</strong>r os estágios<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento ético do ser humano,<br />

articulados com o <strong>de</strong>senvolvimento psicológico<br />

emocio<strong>na</strong>l. Ele <strong>de</strong>finiu esses estágios em préconvencio<strong>na</strong>l<br />

(ética infantil = “tudo para mim”),<br />

convencio<strong>na</strong>l (ética adulta = “eu cumpro os pactos”)<br />

e pós-convencio<strong>na</strong>l (ética do amor universal<br />

= “estou a serviço da vida”).<br />

Segundo Luchesi, como socieda<strong>de</strong>, 92% da humanida<strong>de</strong><br />

estaria no primeiro estágio da ética,<br />

a infantil, pois focamos nossa atenção em nós<br />

mesmos, nos nossos pares e <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> em<br />

que vivemos. Para investir numa cultura <strong>de</strong><br />

vida e garantir a sustentabilida<strong>de</strong>, o caminho<br />

seria, segundo o palestrante, a <strong>educação</strong> familiar.<br />

“O caminho é a <strong>educação</strong> familiar, escolar<br />

e social,<strong>de</strong> tal forma que possamos sustentar<br />

relações interpessoais e com o meio com características<br />

adultas, aquelas que garantem a nossa<br />

sobrevivência”, acrescentou.<br />

Leo<strong>na</strong>rdo Boff também reforçou o papel da<br />

<strong>educação</strong> <strong>na</strong> composição <strong>de</strong> mudanças e <strong>de</strong> um<br />

cenário futuro mais promissor. Ele lembrou que<br />

educar significa levar o educando a “apren<strong>de</strong>r a<br />

pensar, apren<strong>de</strong>r a fazer, a ser”. Educar, <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>ssa perspectiva, seria levar o indivíduo ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento como pessoa huma<strong>na</strong>, que<br />

sabe conviver com o próximo e cuidar do meio<br />

ambiente. Numa visão otimista, ele afirmou:<br />

“O legado da crise <strong>de</strong> hoje é uma esperança: a<br />

<strong>de</strong>scoberta do capital humano, espiritual. Até<br />

agora nos concentramos no capital material”.<br />

Ao fi<strong>na</strong>l alertou: “O progresso tocou nos limites<br />

da Terra. O <strong>de</strong>stino nos conclama para um novo<br />

começo, uma maneira nova <strong>de</strong> ver a Terra. Esse é<br />

o nosso <strong>de</strong>safio”. Com essas palavras encerrou a<br />

palestra, convocando a plateia a optar pela vida,<br />

o maior dom <strong>de</strong> Deus, para que não <strong>de</strong>sapareça<br />

da face da Terra.<br />

Cipriano Luckesi, mari<strong>na</strong> silva e Leo<strong>na</strong>rdo boff<br />

brasil marista | 57


fórUNs DE ExpEriêNCia<br />

gruPo marista<br />

Advocacy<br />

PElo dirEito à Educação inFantil<br />

Esse fórum teve por objetivo discutir a experiência<br />

da Re<strong>de</strong> Marista <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong> no Advocacy<br />

pelo direito à <strong>educação</strong> infantil. Viviane<br />

Aparecida da Silva apresentou o trabalho <strong>de</strong><br />

articulação, que busca atuar em três frentes: promoção,<br />

<strong>de</strong>fesa e <strong>educação</strong> para a solidarieda<strong>de</strong>.<br />

A primeira diretriz, promoção, diz respeito ao<br />

atendimento, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, às crianças e jovens,<br />

por meio das unida<strong>de</strong>s sociais e educacio<strong>na</strong>is da<br />

Re<strong>de</strong> Marista <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong> (RMS). A segunda,<br />

<strong>de</strong>fesa, refere-se ao anúncio dos direitos e <strong>de</strong><br />

sua violação em ações educativas, <strong>de</strong> comunicação,<br />

assessoria e incidência política. Por fim, no<br />

que tange à <strong>educação</strong> para a solidarieda<strong>de</strong>, a terceira<br />

frente <strong>de</strong> atuação, o objetivo é a contribuição<br />

para a formação <strong>de</strong> atores<br />

críticos, dispostos e capazes<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r interesses coletivos<br />

e abordar os mecanismos<br />

que geram a violência, a pobreza<br />

e a exclusão.<br />

O resultado do trabalho realizado<br />

em nove unida<strong>de</strong>s<br />

da Re<strong>de</strong> Marista <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong>,<br />

e que aten<strong>de</strong> 1.200<br />

crianças, é uma proposta socioeducativa<br />

com enfoque<br />

nos direitos da criança, utilizando<br />

uma metodologia<br />

<strong>de</strong> autoavaliação construída<br />

coletivamente. Além disso,<br />

já foram realizados, por meio<br />

da iniciativa, itinerários formativos<br />

(nove seminários e<br />

sete congressos maristas para<br />

as <strong>infâncias</strong> com a participação<br />

<strong>de</strong> 3.220 educadores da<br />

re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> Curitiba, no<br />

58 | brasil marista<br />

Paraná, Santos e São Paulo).<br />

A mobilização e os esforços <strong>de</strong>ram ainda importantes<br />

contribuições para o Grupo <strong>de</strong> Trabalho<br />

Ensino Fundamental <strong>de</strong> nove anos; para o capítulo<br />

<strong>de</strong> <strong>educação</strong> infantil do Plano Nacio<strong>na</strong>l<br />

Primeira Infância; para o Exame Periódico Universal<br />

(EPU); e ainda resultaram <strong>na</strong> implantação<br />

do curso <strong>de</strong> extensão e pós-graduação em<br />

Educação Infantil, em parceria com a Pontifícia<br />

Universida<strong>de</strong> Católica do Paraná (PUCPR), que<br />

aten<strong>de</strong>rá, <strong>na</strong> primeira turma, 300 professores <strong>de</strong><br />

Recife (PE), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR)<br />

e São Paulo.


gruPo marista<br />

rEFlExõEs Em torno dE um<br />

processo avaliativo<br />

com nota qualificada<br />

A mudança no sistema <strong>de</strong> avaliação proposto<br />

pelas palestrantes da Província Marista Brasil<br />

Centro-Sul, agora <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>da Grupo Marista,<br />

<strong>de</strong>senvolvido em todas as unida<strong>de</strong>s daquela<br />

região, visou romper com posturas centradas<br />

<strong>na</strong> autorida<strong>de</strong> do professor e num currículo<br />

fechado. Para a execução das mudanças, os<br />

i<strong>de</strong>alizadores do projeto contaram com recursos<br />

da mantenedora marista e com o empenho <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong><strong>na</strong>doras pedagógicas e consultores externos.<br />

A avaliação foi <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da por níveis<br />

<strong>de</strong> aprendizagem: nível 4, aprendizagem ple<strong>na</strong>;<br />

nível 3, aprendizagem suficiente; nível 2, aprendizagem<br />

parcial e suficiente; e nível 1, aprendizagem<br />

insuficiente.<br />

Para chegar à nova metodologia <strong>de</strong> avaliação,<br />

foram estabelecidos objetivos a serem alcançados<br />

pelos estudantes. Tais objetivos foram<br />

trimestrais no Ensino Fundamental e semestrais<br />

no Ensino Infantil. Foram <strong>de</strong>finidos indicadores<br />

(critérios para a observação da aprendizagem),<br />

que permitiram ao professor observar em que<br />

momento da aprendizagem o estudante se encontrava.<br />

O objetivo das mudanças implementadas no<br />

processo avaliativo, segundo as conferencistas,<br />

foi transformar os estudantes em “sujeitos<br />

reais”. Por outro lado, segundo o exposto, as<br />

transformações resultaram num professor mais<br />

atento, que passou a observar e registrar os<br />

resultados da aprendizagem e a respeitar os<br />

diferentes contextos sociais dos educandos. Na<br />

verda<strong>de</strong>, passou-se a adotar um currículo construído<br />

<strong>ju</strong>nto, e não construído para o estudante.<br />

De acordo com as conferencistas Claudia Princhak<br />

T. Pinto, Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s R. Remenche<br />

e Marize Mazzoli Rufino, a nova metodologia<br />

trouxe para os educandos a tomada <strong>de</strong> consciência<br />

das próprias dificulda<strong>de</strong>s. Os estudantes<br />

passaram a ter consciência exata do que eles<br />

precisavam buscar para se apropriar do conhecimento.<br />

Houve a substituição do “<strong>de</strong>vo fazer”<br />

pelo “por que fazer”.<br />

brasil marista | 59


fórUNs DE ExpEriêNCia<br />

Província marista brasil cEntro-nortE<br />

Sistemas <strong>de</strong> Avaliação<br />

d a c o m P E t ê n c i a l E i t o r a E E s c r i t a d o s<br />

Educandos do 1º ano do Ensino FundamEntal<br />

O segundo fórum <strong>de</strong> experiência, exposto no<br />

Congresso, trouxe exemplos da Província Marista<br />

Brasil Centro-Norte. A primeira situação<br />

foi apresentada por Elaine Sampaio, a<strong>na</strong>lista <strong>de</strong><br />

Educação Infantil e Fundamental, que abordou<br />

os sistemas <strong>de</strong> avaliação da competência leitora<br />

e escrita dos educandos do 1º ano do Ensino<br />

Fundamental.<br />

O case trouxe o tipo <strong>de</strong> avaliação implementado<br />

em março <strong>de</strong> 2011 e aplicado duas vezes por ano<br />

aos estudantes daquela região. Batizado <strong>de</strong> ‘Provinha’,<br />

tem a função <strong>de</strong> regular as aprendizagens<br />

no âmbito do domínio do sistema <strong>de</strong> escrita<br />

alfabética sob a perspectiva do letramento. Visa<br />

também monitorar as práticas pedagógicas, com<br />

vistas ao fortalecimento da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e dos padrões<br />

maristas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l, além<br />

<strong>de</strong> alcançar melhores índices <strong>de</strong> alfabetização.<br />

Na primeira fase <strong>de</strong><br />

aplicação, em 2012,<br />

foram avaliados 1.884<br />

estudantes, dos 1.945<br />

matriculados no 1º<br />

ano do Ensino Fundamental<br />

da Província<br />

Marista Brasil Centro-<br />

Norte. Como base referencial<br />

foram utilizados<br />

os documentos<br />

Diretrizes Curriculares<br />

para Educação Infantil<br />

e Avaliação <strong>na</strong> Educação<br />

Infantil e no 1º ano<br />

do Ensino Fundamental.<br />

A Provinha é um mo<strong>de</strong>lo<br />

clássico <strong>de</strong> testes<br />

com itens <strong>de</strong> múlti-<br />

60 | brasil marista<br />

plaescolha e <strong>de</strong> escrita, padronizada com índices<br />

<strong>de</strong> correção que vão <strong>de</strong> 0 a 10. “A contribuição<br />

<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> avaliação está no diagnóstico individual,<br />

e <strong>de</strong>pois coletivo, da situação da aprendizagem,<br />

em tempo hábil para a intervenção<br />

via ensino diferenciado. Além disso, objetiva<br />

a promoção das práticas <strong>de</strong> alfabetização sem<br />

<strong>de</strong>scompasso entre o domínio das tecnologias e<br />

das funções sociais da escrita alfabética”, explica<br />

Elaine.<br />

Após o diagnóstico inicial é feita uma análise<br />

<strong>de</strong> resultados entre as unida<strong>de</strong>s da província,<br />

via vi<strong>de</strong>oconferência, com discussões e <strong>de</strong>cisões<br />

para possíveis intervenções. Com o diagnóstico<br />

fi<strong>na</strong>l já <strong>de</strong>senhado, é realizado o planejamento<br />

do ano letivo consecutivo, levando às escolas<br />

práticas mais arrojadas e aos estudantes um ensino<br />

<strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>.


Província marista brasil cEntro-nortE<br />

Formação<br />

Encontros dE<br />

A proposta da exposição foi mostrar a importância<br />

dos Encontros <strong>de</strong> Formação entre estudantes,<br />

professores e coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dores. Criados em 2008,<br />

pela Comissão <strong>de</strong> Evangelização da Província,<br />

tinham inicialmente como fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> unificar<br />

processos pedagógico-pastorais, a partir <strong>de</strong> uma<br />

orientação comum que respon<strong>de</strong>sse às exigências<br />

<strong>de</strong> uma ação evangelizadora orgânica, processual<br />

e dinâmica.<br />

Atualmente, os Encontros <strong>de</strong> Formação são<br />

articulações pedagógico-pastorais, <strong>de</strong> experiências<br />

cotidia<strong>na</strong>s entre estudantes, professores,<br />

coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dores e pastoralistas, em que<br />

todos são convidados a sair da roti<strong>na</strong> <strong>de</strong> sala<br />

<strong>de</strong> aula para se envolver em vivências, discussões,<br />

<strong>de</strong>bates, dinâmicas e experiências<br />

sobre necessida<strong>de</strong>s valorativas, atitudi<strong>na</strong>is e<br />

comportamentais, com foco <strong>na</strong> formação do<br />

protagonismo e <strong>na</strong> cidadania.<br />

A metodologia empregada abrange o planejamento<br />

transdiscipli<strong>na</strong>r até o encontro em si, com<br />

toda a sua estrutura <strong>de</strong> duração, organização,<br />

roteiro básico, recursos etc. A continuida<strong>de</strong> se<br />

dá por meio do pós-encontro, que verifica a experiência<br />

<strong>de</strong> culminância atingida por todos os<br />

envolvidos.<br />

“Educar para a participação é criar espaços para<br />

que o estudante possa empreen<strong>de</strong>r, ele próprio,<br />

a construção <strong>de</strong> seu ser”, explica Jorge Santos,<br />

a<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> Pastoral em 34 unida<strong>de</strong>s da Província<br />

Marista Brasil Centro-Norte. Segundo ele, as<br />

práticas e vivências são os melhores caminhos,<br />

já que a docência dificilmente dará conta das<br />

múltiplas dimensões envolvidas no ato <strong>de</strong> participar.<br />

Elaine sampaio, Ir. Luíz André pereira e jorge santos<br />

brasil marista | 61


fórUNs DE ExpEriêNCia<br />

Província marista do rio grandE do sul<br />

r o b ó t i c a E d u c a c i o n a l :<br />

<strong>educação</strong> tecnológica e<br />

construção <strong>de</strong> protótipo<br />

Neste fórum, a Província Marista Brasil Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul apresentou um case sobre Robótica<br />

Educacio<strong>na</strong>l, (discipli<strong>na</strong>) projeto implantado<br />

em 18 colégios da região, contemplando<br />

cinco mil estudantes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Educação Infantil<br />

ao Ensino Médio. A experiência, aplicada por 35<br />

educadores com formação <strong>na</strong> área <strong>de</strong> robótica,<br />

integra ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dois centros sociais, unindo<br />

ex-alunos e comunida<strong>de</strong>.<br />

“A metodologia para esse projeto baseia-se no<br />

uso da tecnologia como ferramenta (serviço da)<br />

<strong>de</strong> aprendizagem, por meio <strong>de</strong> propostas inovadoras<br />

e que estimulem o raciocínio lógico, a<br />

construção do saber e a autonomia, sempre <strong>de</strong><br />

forma lúdica e atraente. Utiliza-se <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong><br />

e conceitos multidiscipli<strong>na</strong>res, que envolvem<br />

diversas áreas do conhecimento (Física e Matemática),<br />

por exemplo”, contou Francisco Meneghette<br />

Júnior, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor <strong>de</strong> Robótica Livre.<br />

O primeiro contato do educando acontece com<br />

o robô Roamer, utilizado pelos colégios maristas<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995 (2001), quando se <strong>de</strong>senvolvem<br />

as primeiras noções <strong>de</strong> Robótica Educacio<strong>na</strong>l.<br />

O trabalho é voltado à Educação Infantil e aos<br />

primeiros anos do Ensino Fundamental, e visa<br />

<strong>de</strong>senvolver a reflexão, a translação e a rotação,<br />

permitindo diversas (O robô, com uma estrutura<br />

esférica, faz movimentos para qualquer direção<br />

e efetua giros <strong>de</strong> até 360º, também) montagens<br />

(animais, perso<strong>na</strong>gens, meios <strong>de</strong> transporte etc.)<br />

criando várias possibilida<strong>de</strong>s para os estudantes<br />

em suas aulas <strong>de</strong> Português, Matemática,<br />

Ciências, Geografia e História.<br />

Além do Robô Roamer, também são utilizados<br />

outros protótipos <strong>de</strong> Robótica como o Lego,<br />

o VEX e a Robótica livre. Trata-se <strong>de</strong> projetos<br />

62 | brasil marista<br />

que trabalham funções específicas <strong>de</strong> organizar,<br />

construir e programar, é também aplicado <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a Educação Infantil ao Ensino Médio, por meio<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s curriculares e extraclasse curricular.<br />

“Com a robótica, os limites passam a ser intransponíveis.<br />

Crianças, jovens e adolescentes<br />

<strong>de</strong>senvolvem habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma forma extremamente<br />

criativa e inovadora, construindo um<br />

novo jeito <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r”, <strong>de</strong>screve o supervisor<br />

<strong>de</strong> Tecnologias Educacio<strong>na</strong>is da PMRS, Maurício<br />

Anony.


Província marista do rio grandE do sul<br />

Projeto <strong>de</strong> Inclusão Digital:<br />

cidadania, inclusão E rEciclagEm dE lixo ElEtrônico<br />

Este trabalho teve início em 2006, a partir do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um telecentro. No local, são<br />

realizadas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> computadores<br />

com jovens. A experiência é feita no<br />

contraturno escolar, com foco no aprendizado<br />

em tecnologia.<br />

As qualificações oferecidas são: hardware e<br />

software, montagem e manutenção <strong>de</strong> micros,<br />

robótica básica e avançada, meta-arte e informática<br />

básica para crianças, jovens e adultos. Ao<br />

todo, já foram qualificados 775 jovens, e 3.875<br />

computadores foram recondicio<strong>na</strong>dos e doados<br />

para escolas e instituições.<br />

Os estudantes envolvidos apren<strong>de</strong>m que os<br />

materiais chamados <strong>de</strong> resíduos eletrônicos, tais<br />

como computadores, máqui<strong>na</strong>s caça-níqueis,<br />

placares eletrônicos, entre outros, são matériaprima<br />

para todo o trabalho <strong>de</strong>senvolvido por<br />

eles. A partir <strong>de</strong>sses componentes, equipamen-<br />

tos são recondicio<strong>na</strong>dos pelos educandos e<br />

doados para várias instituições sociais do nosso<br />

País. (atendidas pela Província Marista Brasil<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.)<br />

O que não é utilizado no recondicio<strong>na</strong>mento vai<br />

para as aulas <strong>de</strong> Robótica Básica e Avançada, e<br />

também para a Robótica Livre, em que os jovens<br />

são instigados a <strong>de</strong>senvolver novos robôs ou<br />

novas soluções para objetos que, aparentemente,<br />

iriam para o lixo. Por fim, o que realmente não<br />

serve mais, ou o que não tem mais conserto, vira<br />

arte, com direito à exposição e venda das peças.<br />

“A tecnologia nos serve <strong>de</strong> ferramenta para a<br />

inclusão digital. Por meio <strong>de</strong> um projeto multiplicador,<br />

que é ‘educando hoje se transforma em<br />

educador amanhã’, tiramos os jovens <strong>de</strong> uma<br />

situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social”, explicou<br />

Fabiano Flores, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor do Polo Marista <strong>de</strong><br />

Formação Tecnológica.<br />

brasil marista | 63


fórUNs DE ExpEriêNCia<br />

instituiçõEs convidadas – instituto aliança<br />

Com.Domínio Digital<br />

Educação ProFissio<strong>na</strong>l com Foco Em<br />

tEcnologias dE inFormação E comunicação<br />

O último fórum <strong>de</strong> experiência do Congresso<br />

Marista <strong>de</strong>u voz a instituições convidadas que<br />

promovem processos para a melhoria contínua<br />

da <strong>educação</strong>. O primeiro case apresentado foi<br />

o projeto Com.Domínio Digital, do Instituto<br />

Aliança, uma associação sem fins lucrativos, <strong>de</strong><br />

atuação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, criada em janeiro <strong>de</strong> 2002.<br />

O trabalho, com foco em informática, exposto<br />

por Ilma Oliveira, diretora do Instituto, foi implementado<br />

em 2005. Já aten<strong>de</strong>u mais <strong>de</strong> 20 mil<br />

jovens em todo o País. A proposta é a formação<br />

profissio<strong>na</strong>l e a inserção social e econômica <strong>de</strong><br />

jovens <strong>de</strong> escolas públicas, que não têm oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> ingresso no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />

O princípio básico é a <strong>educação</strong><br />

integral com o foco no jovem, estimulando<br />

assim a <strong>de</strong>scoberta e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do potencial <strong>de</strong><br />

cada um.<br />

Com um mo<strong>de</strong>lo transdiscipli<strong>na</strong>r<br />

<strong>de</strong> formação, o projeto tem carga<br />

horária total <strong>de</strong> 500 horas, divididas<br />

em módulos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

social e pessoal, tecnologia<br />

da informação e comunicação e<br />

contexto <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> trabalho.<br />

Além disso, há mais 100 horas voltadas<br />

à vivência prática <strong>de</strong> todo o<br />

aprendizado.<br />

Após essa etapa, há a inserção do<br />

jovem no mercado <strong>de</strong> trabalho por<br />

meio do envolvimento <strong>de</strong> uma<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> parceiros gover<strong>na</strong>mentais,<br />

da iniciativa privada e do Terceiro<br />

Setor. As vagas contam com benefícios<br />

trabalhistas assegurados,<br />

64 | brasil marista<br />

permanência após seis meses e salário mínimo,<br />

numa ação coerente aos <strong>de</strong>graus do projeto <strong>de</strong><br />

vida e carreira <strong>de</strong> cada um. O Instituto Aliança<br />

acompanha esses jovens com visitas regulares às<br />

empresas e encontros <strong>de</strong> grupo nos núcleos.<br />

A professora Marilei Kovatli, do Colégio Marista<br />

Santo Ângelo (RS), Província Marista do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, valorizou a troca <strong>de</strong> experiências:<br />

“O case <strong>de</strong>ixou claro como é possível<br />

ter um melhor aproveitamento das tecnologias<br />

para potencializar o aprendizado e o <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

principalmente <strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong> português<br />

e matemática, gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />

básica dos jovens”.


instituiçõEs convidadas – unEsco<br />

custo aluno-QualidadE inicial<br />

da Educação dE tEmPo intEgral:<br />

o Brasil merece uma<br />

escola por inteiro<br />

Esse case é <strong>de</strong>corrente da experiência da Campanha<br />

Nacio<strong>na</strong>l pelo Direito à Educação, <strong>na</strong>scida<br />

em 1999, e que articula mais <strong>de</strong> 200 organizações,<br />

movimentos e re<strong>de</strong>s brasileiras. A proposta<br />

é atuar pela efetivação dos direitos educacio<strong>na</strong>is<br />

estabelecidos em lei, colaborando para uma melhor<br />

<strong>educação</strong> pública para todos.<br />

“O Custo Aluno-Qualida<strong>de</strong> é o gasto anual por<br />

estudante necessário para se alcançar um patamar<br />

inicial <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, sintonizado com o<br />

que estabelece o Plano Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação”,<br />

explicou Iracema Nascimento, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>doraexecutiva<br />

da Campanha. Seu conceito está ligado<br />

à <strong>educação</strong> entendida como aquela que leva<br />

pessoas a serem sujeitos <strong>de</strong> direitos, <strong>de</strong> aprendizagem<br />

e <strong>de</strong> conhecimento. Vincula-se também à<br />

valorização da diversida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>, superando<br />

preconceitos e discrimi<strong>na</strong>ções. Além disso, reconhece<br />

as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais presentes <strong>na</strong><br />

própria <strong>educação</strong> e consi<strong>de</strong>ra as necessida<strong>de</strong>s, as<br />

potencialida<strong>de</strong>s e os <strong>de</strong>safios locais.<br />

Para tanto, há a exigência <strong>de</strong> um investimento<br />

fi<strong>na</strong>nceiro em longo prazo e <strong>de</strong> políticas<br />

consistentes <strong>de</strong> avaliação, que<br />

não po<strong>de</strong>m se limitar à medição do<br />

<strong>de</strong>sempenho dos estudantes em testes<br />

padronizados. Infelizmente, ainda são<br />

poucos os municípios que empregam<br />

esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão.<br />

“O Custo Aluno-Qualida<strong>de</strong> propõe verificar<br />

quantas crianças, adolescentes,<br />

jovens e adultos estão matriculados;<br />

quantos ainda precisam ser matriculados;<br />

e calcula o investimento necessário<br />

para oferecer <strong>educação</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

a todos, a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos<br />

insumos”, apontou Iracema. Segundo<br />

ela, os recursos gastos <strong>na</strong> <strong>educação</strong> e<br />

em outras políticas sociais não são suficientes<br />

para que a lei seja cumprida,<br />

uma vez que, ao <strong>de</strong>finir o orçamento<br />

para os projetos sociais, os governos<br />

partem do dinheiro disponível <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> já terem investido a verba em outras<br />

áreas.<br />

brasil marista | 65


EspiritUaliDaDE<br />

a dimEnsão da<br />

espiritualida<strong>de</strong><br />

no contExto Educacio<strong>na</strong>l<br />

“Uma preocupação foi fazer com<br />

que as acolhidas e orações não<br />

tivessem conotação religiosa,<br />

mas reforçassem que a <strong>educação</strong><br />

marista luta para garantir uma<br />

vida mais dig<strong>na</strong> para quem não<br />

tem voz e não tem vez.“<br />

Pe. Vilson Groh<br />

66 | brasil marista<br />

Com base <strong>na</strong> visão <strong>de</strong> que uma <strong>educação</strong> <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve contemplar necessariamente o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento espiritual e pleno do ser humano,<br />

a programação do 4º. Congresso Marista<br />

contou com ativida<strong>de</strong>s que reforçaram esse princípio<br />

e mostraram aos educadores a importância<br />

da evangelização no contexto educacio<strong>na</strong>l.<br />

As acolhidas e orações foram alguns <strong>de</strong>sses<br />

momentos. Com o objetivo <strong>de</strong> criar um espaço<br />

que contemplasse a dimensão da espiritualida<strong>de</strong>,<br />

dissemi<strong>na</strong>ndo entre o público a importância


<strong>de</strong> celebrar, cantar e atuar para a construção <strong>de</strong><br />

um mundo melhor, tais ativida<strong>de</strong>s aconteceram<br />

durante todos os dias do evento, prece<strong>de</strong>ndo as<br />

primeiras gran<strong>de</strong>s conferências.<br />

“Procuramos envolver todas as Províncias nesse<br />

trabalho, que foi realizado pelas pastorais <strong>de</strong><br />

cada região. Uma preocupação foi fazer com que<br />

as acolhidas e orações estivessem alinhadas com<br />

os temas que seriam tratados em cada dia do<br />

Congresso e não apresentassem conotação religiosa,<br />

mas reforçassem que a <strong>educação</strong> marista<br />

valoriza o diálogo, a participação e a cooperação.<br />

Ou seja, todo mundo lutando pelos mesmos<br />

i<strong>de</strong>ais no sentido <strong>de</strong> transformar o planeta e garantir<br />

uma vida mais dig<strong>na</strong> para quem não tem<br />

voz e não tem vez”, explicou João Carlos <strong>de</strong> Paula,<br />

assessor da Área <strong>de</strong> Missão da UMBRASIL.<br />

Transformação<br />

à luz do evangelho<br />

Segundo João Carlos, a espiritualida<strong>de</strong> permite<br />

o autoconhecimento e possibilita <strong>de</strong>senvolvermos<br />

uma <strong>educação</strong> que coloca a vida<br />

como valor universal. “A programação visou<br />

ressaltar a importância <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rmos a<br />

dignida<strong>de</strong> do ser humano, motivando cada<br />

pessoa a respeitar o outro com suas diferenças<br />

e limitações”, complementou.<br />

Para reforçar esse princípio, as Províncias buscaram<br />

criar maior interação com o público presente<br />

<strong>na</strong>s palestras. “O objetivo foi passar uma mensagem<br />

<strong>na</strong> qual todos se sentissem responsáveis por<br />

evangelizar, mostrando que os maristas têm um<br />

coração sem fronteiras e possuem os mesmos<br />

i<strong>de</strong>ais, <strong>de</strong> modo a transformar a socieda<strong>de</strong> à luz<br />

do evangelho”, acrescentou o assessor.<br />

Nesse sentido, Padma Samten, lama budista,<br />

acredita que não só as acolhidas, mas o Congresso<br />

como um todo, cumpriram seus objetivos. Na<br />

opinião do lí<strong>de</strong>r, foi possível perceber durante o<br />

evento uma convergência religiosa <strong>na</strong> busca pelo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento espiritual do ser humano. “Fiquei<br />

muito satisfeito em participar do Congresso<br />

e encontrar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propósitos, que<br />

é fundamental para a construção <strong>de</strong> um mundo<br />

mais <strong>ju</strong>sto”, opinou o lí<strong>de</strong>r budista.<br />

Segundo ele, é importante enten<strong>de</strong>r a experiência<br />

<strong>de</strong> <strong>educação</strong> marista no contexto da espiritualida<strong>de</strong>,<br />

assim como conhecer outros mo<strong>de</strong>los,<br />

que po<strong>de</strong>m atuar conectados, contribuindo para<br />

tor<strong>na</strong>r os seres humanos mais felizes.<br />

João Carlos complementou, dizendo que a espiritualida<strong>de</strong><br />

para o Brasil Marista não se limita às<br />

orações. “Queremos a<strong>ju</strong>dar as pessoas a terem<br />

projetos <strong>de</strong> vida,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> sua confissão<br />

<strong>de</strong> fé. E nossa<br />

maior satisfação<br />

é saber que temos<br />

conseguido gran<strong>de</strong>s<br />

avanços nesse<br />

sentido, aliando a<br />

fé, a <strong>educação</strong> e a<br />

solidarieda<strong>de</strong>. Na<br />

verda<strong>de</strong>, como<br />

dizia Marcelino<br />

Champag<strong>na</strong>t:<br />

‘quando fazemos<br />

os outros felizes,<br />

encontramos noss<br />

a f e l i c i d a d e ’ .<br />

O Brasil Marista<br />

acredita e pratica<br />

esse princípio”,<br />

concluiu.<br />

brasil marista | 67


CUltUra<br />

a rEPrEsEntação da<br />

arte<br />

cultura<br />

E da<br />

As diversas<br />

apresentações<br />

culturais, realizadas<br />

durante todos os<br />

dias do Congresso,<br />

abrilhantaram o<br />

evento e mostraram<br />

como a arte po<strong>de</strong> ser<br />

gran<strong>de</strong> aliada <strong>na</strong><br />

prática escolar.<br />

68 | brasil marista<br />

grupo Armorial Ariano suassu<strong>na</strong><br />

A arte permite <strong>de</strong>senvolver o raciocínio e a inteligência. Por isso,<br />

envolver esse elemento <strong>na</strong> <strong>educação</strong> é contribuir para a transformação<br />

e o crescimento integral dos indivíduos. Foi partindo<br />

<strong>de</strong>ssa premissa que a programação do 4º Congresso Marista <strong>de</strong><br />

Educação trouxe a diversida<strong>de</strong> cultural em vários momentos,<br />

reforçando a arte como um importante princípio educativo.<br />

As diversas apresentações culturais, realizadas durante todos<br />

os dias do Congresso, enriqueceram o evento e mostraram<br />

como a arte po<strong>de</strong> ser gran<strong>de</strong> aliada <strong>na</strong> prática escolar, à medida<br />

que é discipli<strong>na</strong>dora e forma para a vida. “As escolas estão<br />

preocupadas com a excelência acadêmica. Entretanto, a criação<br />

<strong>de</strong> um clima lúdico no ambiente escolar, que gere bem-estar aos<br />

estudantes <strong>na</strong> realização das várias ativida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong> contribuir<br />

para se atingir essa qualificação. Ao mesmo tempo, garante-se<br />

maior retenção e maior envolvimento dos educandos, que sen


tem prazer em frequentar a escola. A arte facilita<br />

o aprendizado e estimula a criativida<strong>de</strong>”, ressaltou<br />

Irmão Eduardo D´ Amorim, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor<br />

<strong>de</strong> Arte e Esporte da Província Marista Brasil<br />

Centro-Norte e membro da Comissão Organizadora<br />

do evento.<br />

Segundo ele, a programação cultural do Congresso<br />

foi elaborada com o envolvimento das<br />

Províncias Maristas. As atrações, algumas protagonizadas<br />

por estudantes e professores, foram<br />

bastante elogiadas pelos congressistas. Quem<br />

participou das performances também avaliou<br />

positivamente a experiência. “Faço ginástica<br />

olímpica <strong>na</strong> escola e entramos com o nosso corpo<br />

<strong>de</strong> baile para uma apresentação em que mesclamos<br />

dança e ginástica. É emocio<strong>na</strong>nte mostrar<br />

nossas ativida<strong>de</strong>s culturais em um evento como<br />

esse, on<strong>de</strong> estão reunidas pessoas do mundo<br />

inteiro”, <strong>de</strong>clarou Pedro Zancan, estudante do 3ª<br />

ano do Ensino Médio do Colégio Arquidiocesano,<br />

<strong>de</strong> São Paulo (SP), que fez parte <strong>de</strong> uma das<br />

coreografias <strong>de</strong> dança exibidas no Congresso.<br />

Gran<strong>de</strong>s talentos<br />

As manifestações aconteceram no palco do auditório,<br />

on<strong>de</strong> foram realizadas as gran<strong>de</strong>s conferências,<br />

e também nos corredores do Pavilhão <strong>de</strong><br />

Exposições, durante os intervalos das palestras<br />

e horário do almoço. O público foi contemplado<br />

com apresentações brilhantes, como a da Orquestra<br />

<strong>de</strong> Câmara e Coral da Pontifícia Universida<strong>de</strong><br />

Católica do Paraná (PUCPR), que emocionou a<br />

todos.<br />

Outro momento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> riqueza cultural foi o<br />

show <strong>de</strong> poesia e música, conduzido pelo Grupo<br />

Três por Quatro. Durante 30 minutos, a plateia foi<br />

convidada a cantar, dançar e recitar. O repertório<br />

foi baseado em cantigas <strong>de</strong> roda, poesias, adivinhas,<br />

trocadilhos e trovas populares.<br />

A figura do palhaço e suas diversas interpretações<br />

fazem parte do imaginário <strong>de</strong> qualquer<br />

adulto. Quem quando criança não se encantou<br />

ao assistir à atuação <strong>de</strong> um palhaço? Essa magia<br />

do circo esteve presente no evento, por meio da<br />

participação da Trupe Zé Bediee e os Tripas. O grupo<br />

focou o entretenimento por meio <strong>de</strong> palhaços,<br />

que interagiram com as pessoas, <strong>de</strong> forma<br />

<strong>de</strong>scontraída e divertida.<br />

Irmão<br />

Eduardo<br />

D’Amorim<br />

Orquestra <strong>de</strong> Câmara e Coral da puCpR<br />

O público também foi contemplado com a belíssima<br />

apresentação da Banda Paralela, formada<br />

por cinco sopros e duas percussões, que buscou<br />

resgatar a tradição das bandas brasileiras,<br />

usando humor, <strong>de</strong>scontração e interação com o<br />

público.<br />

Abrilhantando ainda mais a programação cultural<br />

do Congresso, o Grupo Armorial Ariano Suassu<strong>na</strong><br />

(Colégio Marista Pio X, <strong>de</strong> João Pessoa), da<br />

Paraíba, encerrou as ativida<strong>de</strong>s, no último dia<br />

do encontro, com uma performance brilhante. O<br />

grupo trabalha a arte erudita a partir da cultura<br />

popular do Nor<strong>de</strong>ste brasileiro e, ao mesmo<br />

tempo, resgata o movimento armorial entre os<br />

educados. É formado por jovens <strong>de</strong> diversas<br />

ida<strong>de</strong>s, que têm aulas especializadas e utilizam<br />

instrumentos musicais eruditos e populares,<br />

como violino, violoncelo, oboé, flauta, violão,<br />

acor<strong>de</strong>on, piano etc. Atualmente, é regido pelo<br />

educador Yuri Ribeiro.<br />

Durante o evento, diversas escolas mostraram o<br />

talento <strong>de</strong> seus estudantes, em coreografias <strong>de</strong><br />

dança e performances artísticas, completando<br />

um trabalho <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> consistência cultural.<br />

brasil marista | 69


Carta abErta<br />

Carta Aberta:<br />

s i s t E m a t i z a ç ã o d E<br />

rEivindicaçõEs E olharEs<br />

O propósito maior<br />

da Carta Aberta<br />

é envolver os<br />

cidadãos, muito<br />

além dos espaços<br />

maristas, chamando<br />

a atenção,<br />

das entida<strong>de</strong>s<br />

representativas que<br />

protagonizam as<br />

<strong>de</strong>cisões acerca da<br />

política educacio<strong>na</strong>l<br />

no Brasil.<br />

70 | brasil marista<br />

Katiuscia sotomayor


Além do conteúdo compartilhado com todos os<br />

participantes, o 4º. Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />

teve como resultado a produção da Carta<br />

Aberta, importante contribuição para os avanços<br />

da <strong>educação</strong> no País. O documento, uma<br />

gran<strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias associadas às práticas<br />

e políticas que promovam o direito à <strong>educação</strong><br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, foi concebido durante o evento e<br />

está à disposição no en<strong>de</strong>reço http://congressomarista.com.br/?page_id=1022<br />

para leitura e<br />

novas a<strong>de</strong>sões dos cidadãos que compartilhem<br />

das reivindicações e olhares ali propostos.<br />

O objetivo da Carta Aberta foi a <strong>de</strong>finição clara<br />

das proposições que emergiram das reflexões e<br />

dos <strong>de</strong>bates do Congresso, a fim <strong>de</strong> promover<br />

um diálogo com a socieda<strong>de</strong>. O propósito maior<br />

do documento é envolver os cidadãos, muito<br />

além dos espaços maristas, chamando a atenção,<br />

especialmente, das entida<strong>de</strong>s representativas<br />

que protagonizam as <strong>de</strong>cisões acerca da política<br />

educacio<strong>na</strong>l no Brasil. Para Maria Waleska Cruz,<br />

coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora educacio<strong>na</strong>l da Província Marista<br />

Brasil Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, e uma das responsáveis<br />

por acompanhar a elaboração do documento,<br />

contribuir com essa iniciativa foi uma imensa<br />

responsabilida<strong>de</strong>. “Sinto-me feliz por po<strong>de</strong>r<br />

fazer valer minha cidadania, participando <strong>de</strong><br />

um movimento intencio<strong>na</strong>l, que se quer <strong>ju</strong>sto,<br />

necessário e solidário em favor dos jovens e das<br />

crianças brasileiras”, ressaltou.<br />

Um dos objetivos específicos do 4º Congresso<br />

Marista <strong>de</strong> Educação era reconhecer os educandos<br />

como sujeitos <strong>de</strong> direitos, protagonistas em<br />

diferentes espaçotempos da <strong>educação</strong>. “A intencio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong><br />

da produção da Carta no evento foi<br />

<strong>de</strong> propagar e sensibilizar a socieda<strong>de</strong> sobre esses<br />

direitos”, explicou. Segundo Waleska, trata-se <strong>de</strong><br />

um documento <strong>de</strong> alerta à população e às autorida<strong>de</strong>s<br />

gover<strong>na</strong>mentais. “Esperamos que traga<br />

ecos positivos <strong>de</strong> sensibilização e ação em prol dos<br />

direitos das crianças e adolescentes”, concluiu.<br />

Direito consagrado<br />

A Carta reconhece que a <strong>educação</strong> das <strong>infâncias</strong><br />

e das <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s é um direito consagrado nos<br />

tratados inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e uma obrigação do Estado.<br />

Deve ser garantida em sua totalida<strong>de</strong>, a<br />

partir <strong>de</strong> critérios que permitam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das potencialida<strong>de</strong>s do educando e, em<br />

particular, promovam a autonomia progressiva<br />

e a participação ativa <strong>na</strong> construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />

<strong>ju</strong>sta, frater<strong>na</strong>, igualitária e solidária.<br />

O documento preten<strong>de</strong> também ser um apoio<br />

aos esforços, por meio do Projeto <strong>de</strong> Lei do Plano<br />

Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação 2010-2020, no sentido<br />

<strong>de</strong> garantir que 10% do PIB sejam <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>dos à<br />

<strong>educação</strong>, ante os 5% que são disponibilizados<br />

atualmente. Manifesta a insatisfação frente à<br />

falta <strong>de</strong> uma lei que garanta, com orçamento público<br />

suficiente, <strong>educação</strong> para todas as etapas<br />

da vida <strong>de</strong> crianças, adolescentes e jovens, sobretudo,<br />

aqueles que têm sido, reiteradamente,<br />

excluídos e submetidos a discrimi<strong>na</strong>ções.<br />

Busca ainda a efetivida<strong>de</strong> da <strong>educação</strong> disponível,<br />

e que seja acessível, aceitável e adaptável<br />

a todos, o que se encontra em risco no Brasil.<br />

Segundo o Relatório Crianças e Adolescentes em<br />

Dados Estatísticos (CADE Brasil 2011), somente<br />

8% da população <strong>de</strong> 0 a 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e 40%<br />

dos que possuem <strong>de</strong> 4 a 6 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> estão<br />

matriculados em escolas <strong>de</strong> nosso País. Somado<br />

a esse quadro preocupante, 1,3 milhão <strong>de</strong> estudantes<br />

ingressam no 1º ano do Ensino Médio<br />

com ida<strong>de</strong> i<strong>na</strong><strong>de</strong>quada e a taxa <strong>de</strong> abandono<br />

nessa fase da formação escolar é <strong>de</strong> 11,5%.<br />

Além disso, o manifesto objetiva a inclusão dos<br />

educandos, educadores e gestores <strong>de</strong> <strong>educação</strong><br />

no processo <strong>de</strong> elaboração e avaliação das políticas<br />

públicas <strong>de</strong> <strong>educação</strong>, ampliando assim as<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que as escolas sejam centros<br />

<strong>de</strong> promoção dos direitos humanos e <strong>de</strong> agentes<br />

<strong>de</strong> transformação social.<br />

A situação dos educadores brasileiros é outra relevante<br />

questão levantada pelo documento, que<br />

conclama as autorida<strong>de</strong>s para que sejam priorizadas<br />

condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> trabalho aos<br />

professores, oferecidas infraestruturas físicas<br />

dig<strong>na</strong>s e estabelecidas metodologias, currículos<br />

e itinerários formativos que consi<strong>de</strong>rem os espaçotempos<br />

nos quais as crianças, adolescentes e<br />

jovens estão inseridos.<br />

Nesse contexto, espera-se que esse documento,<br />

consolidado por meios das discussões estabelecidas<br />

no Congresso e sistematizado mediante<br />

o <strong>de</strong>bate e os anseios <strong>de</strong> diferentes setores da<br />

socieda<strong>de</strong>, dê voz à <strong>ju</strong>sta causa da melhoria das<br />

condições da <strong>educação</strong> brasileira, tão fundamental<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma <strong>na</strong>ção.<br />

brasil marista | 71


EspaçO DOs ExpOsitOrEs<br />

u m a<br />

vitrine<br />

grandE<br />

Cerca <strong>de</strong> 30 expositores<br />

<strong>de</strong> diversas áreas<br />

participaram do<br />

Congresso e apresentaram<br />

serviços e produtos para<br />

um público altamente<br />

qualificado.<br />

72 | brasil marista<br />

Além da vasta programação técnica-científica, o Congresso<br />

Marista <strong>de</strong> Educação contou com cerca <strong>de</strong> 30 expositores<br />

das mais diversas áreas, apresentando serviços (seguros,<br />

fi<strong>na</strong>nciamentos educacio<strong>na</strong>is e soluções em tecnologia) e<br />

produtos (livros, revistas, materiais didáticos e paradidáticos,<br />

entre outros), voltados às escolas, aos educadores<br />

e educandos. Os congressistas também conheceram <strong>de</strong><br />

perto os itens confeccio<strong>na</strong>dos pelos participantes do projeto<br />

<strong>de</strong> Comercialização Solidária do Instituto Marista <strong>de</strong><br />

Solidarieda<strong>de</strong>, oriundos <strong>de</strong> várias regiões do País.<br />

Alguns expositores participaram do evento pela primeira<br />

vez, como a Universia Brasil, Editora Segmento e Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l<br />

Paper. Confira a seguir a opinião <strong>de</strong> alguns participantes.


Universia Brasil<br />

A Universia Brasil, marca do Grupo Santan<strong>de</strong>r,<br />

teve como foco captar clientes universitários<br />

interessados em seus produtos. “Pu<strong>de</strong>mos apresentar<br />

ao qualificado público presente soluções<br />

que se encaixam <strong>na</strong> <strong>educação</strong> como um todo.<br />

Somos uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cooperação universitária<br />

presente em 23 países <strong>na</strong> Ibero-América. Atuamosno<br />

Brasil com 270 instituições parceiras”,<br />

explicou Francine Daniel, a<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> relações<br />

com Universida<strong>de</strong>s.<br />

Editora Segmento<br />

A Editora Segmento levou revistas voltadas a<br />

professores, gestores e administradores. “Aproveitamos<br />

o público do Congresso para lançar<br />

a Revista Educação Infantil, uma publicação<br />

trimestral com ênfase <strong>na</strong> primeira infância, com<br />

artigos e reportagens sobre o tema”, contou<br />

Everton Roberto da Cruz, representante comercial<br />

da Editora.<br />

Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Paper<br />

A Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Paper apostou <strong>na</strong> aproximação<br />

com professores e gestores, expondo produtos<br />

específicos para a sala <strong>de</strong> aula. “Estamos aqui<br />

graças à parceria com a FTD, pois fornecemos<br />

papéis para a impressão dos livros da editora”,<br />

explicou Fabia<strong>na</strong> Andra<strong>de</strong>, a<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> Marketing<br />

da Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Paper.<br />

FTD<br />

A participação da FTD teve como foco estreitar<br />

ainda mais o relacio<strong>na</strong>mento com os clientes.<br />

Segundo Daniela Silveira Lima, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora<br />

<strong>de</strong> Marketing, o Congresso foi uma ótima oportunida<strong>de</strong><br />

para comemorar os 110 anos da editora<br />

e lançar produtos didáticos e paradidáticos.<br />

Âncora Seguros<br />

Marcando presença no Congresso pelo terceiro<br />

ano, a Âncora Seguros é uma empresa lí<strong>de</strong>r no<br />

segmento <strong>de</strong> seguros educacio<strong>na</strong>is, com mais<br />

<strong>de</strong> 500 mil estudantes segurados e presença em<br />

21 estados do país. O objetivo da participação<br />

foi a divulgação da marca <strong>ju</strong>nto aos visitantes.<br />

“Temos parcerias com os maristas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000 e,<br />

atualmente, aten<strong>de</strong>mos 50 unida<strong>de</strong>s da re<strong>de</strong> em<br />

todo o Brasil”, afirmou A<strong>na</strong> Fontes, gerente <strong>de</strong><br />

relacio<strong>na</strong>mento da marca.<br />

brasil marista | 73


Lego Education<br />

Marca consagrada, a Lego Education está presente<br />

em muitas escolas maristas, que já utilizam<br />

os kits e os projetos pedagógicos da Lego Education,<br />

sobretudo em robótica, como complementação<br />

da gra<strong>de</strong> curricular. Para Nilton Joaquim,<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte da Associação Brasileira das<br />

Franquias Premium Lego Education, o Congresso<br />

é uma excelente oportunida<strong>de</strong> para mostrar a<br />

proposta educacio<strong>na</strong>l diferenciada da empresa,<br />

<strong>ju</strong>stamente por ser uma ferramenta que agrega<br />

valor às aulas e auxilia no aprendizado.<br />

Instituto Marista <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong><br />

O Instituto levou seis expositores, vindos <strong>de</strong><br />

diversas regiões do Brasil, para apresentarem o<br />

resultado do Projeto <strong>de</strong> Comercialização Solidária.<br />

A experiência <strong>de</strong>les foi relatada num livro,<br />

intitulado Comercialização Solidária no Brasil:<br />

uma estratégia em Re<strong>de</strong>, lançado durante o Congresso.<br />

“O livro é um retrato das experiências <strong>de</strong><br />

comercialização solidária que foram articuladas<br />

e comercializadas em re<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma coletiva<br />

e autogestionária. Foi uma ação bem-sucedida<br />

que gerou receita para os participantes”, explicou<br />

Rizonei<strong>de</strong> Souza Amorim, a<strong>na</strong>lista social do<br />

Instituto Marista <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong>.<br />

CriativeEcoArte<br />

Durante o evento, a carioca Regi<strong>na</strong> Fontes fez o<br />

lançamento da marca CriativeEcoArte. A linha<br />

<strong>de</strong> produtos é composta por objetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração,<br />

bi<strong>ju</strong>terias e acessórios confeccio<strong>na</strong>dos com<br />

palha <strong>de</strong> milho e outros materiais recicláveis. “A<br />

aceitação foi tão gran<strong>de</strong>, que vendi tudo o que<br />

trouxe”, revelou a artesã.<br />

Buriti da Amazônia<br />

A Buriti da Amazônia, do Acre, comemorou a<br />

boa receptivida<strong>de</strong> do público em relação a seus<br />

produtos – biojoias feitas a partir <strong>de</strong> sementes<br />

da biodiversida<strong>de</strong> brasileira, principalmente<br />

74 | brasil marista<br />

da região Norte do País. “Graças ao projeto<br />

<strong>de</strong> comercialização solidária, nossos produtos<br />

são vendidos por todo o Brasil e, mais recentemente,<br />

no exterior, em feiras e eventos, como<br />

o Congresso”, afirmou Marcia Silvia <strong>de</strong> Lima,<br />

proprietária.


GRIF – Grupo Inspiração Femini<strong>na</strong><br />

Vindo <strong>de</strong> Alagoinhas, interior da Bahia, o GRIF<br />

(Grupo Inspiração Femini<strong>na</strong>) é fruto da criativida<strong>de</strong><br />

da artesã Nei<strong>de</strong> Alves. Produz cartões,<br />

ímãs <strong>de</strong> gela<strong>de</strong>ira e quadros utilizando uma mistura<br />

<strong>de</strong> areia, casca <strong>de</strong> cebola, palha e peque<strong>na</strong>s<br />

folhagens. Segundo Nei<strong>de</strong>, muitos professores<br />

revelaram a intenção <strong>de</strong> incorporar a i<strong>de</strong>ia dos<br />

materiais <strong>na</strong>s salas <strong>de</strong> aula. “É possível aliar a<br />

consciência ecológica à <strong>educação</strong> em várias ativida<strong>de</strong>s<br />

escolares”, observou a artesã.<br />

Justa Trama<br />

No espaço para os artesãos, a Justa Trama representou<br />

por completo os princípios <strong>de</strong> economia<br />

solidária, uma forma <strong>de</strong> produção centrada <strong>na</strong><br />

valorização do ser humano e não do capital.<br />

“Na Justa Trama, o algodão é produzido por<br />

pequenos agricultores no interior do Ceará; o<br />

tecido é fabricado em Mi<strong>na</strong>s Gerais; e as roupas<br />

são confeccio<strong>na</strong>das no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e Santa<br />

Catari<strong>na</strong> e customizadas com sementes do Norte<br />

do País”, contou Terezinha da Silva Maciel, representante<br />

da marca.<br />

brasil marista | 75


DEpOimENtOs<br />

rEPErcussão<br />

positiva<br />

O 4º Congresso <strong>de</strong> Educação Marista registrou repercussão<br />

positiva, superando as expectativas <strong>de</strong> palestrantes, congressistas<br />

e convidados. Confira alguns <strong>de</strong>poimentos sobre o evento.<br />

“O 4º Congresso Marista apresentou temas <strong>de</strong><br />

fundamental importância para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> nosso trabalho. Tivemos a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> representar a Secretaria da Educação<br />

do Estado <strong>de</strong> São Paulo e apresentar o trabalho<br />

<strong>de</strong> Formação Continuada <strong>de</strong> Gestores, conduzido<br />

pelo Centro <strong>de</strong> Planejamento e Gestão do<br />

Quadro do Magistério. As gran<strong>de</strong>s conferências,<br />

painéis e seminários foram <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor para<br />

professores, gestores e outros profissio<strong>na</strong>is refletirem<br />

sobre suas atitu<strong>de</strong>s, tendo em vista que,<br />

muitas vezes, são tidos como exemplos perante<br />

seus pares, sejam estudantes, colegas <strong>de</strong> trabalho<br />

ou outros públicos. Agra<strong>de</strong>cemos a oportunida<strong>de</strong><br />

e o aprendizado.”<br />

Solange Gue<strong>de</strong>s<br />

Secretaria Estadual da Educação <strong>de</strong> SP<br />

“Esse foi o evento mais significativo que<br />

acompanhei no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> toda a minha vida<br />

acadêmica. O nível dos palestrantes foi muito<br />

bom, o conteúdo rico e <strong>de</strong> acordo com o que<br />

a gente vive <strong>na</strong> contemporaneida<strong>de</strong> <strong>na</strong>s escolas.”<br />

Vanessa P. Souza<br />

Professora <strong>de</strong> Educação Infantil do Colégio Marista São<br />

Luís, em Jaraguá do Sul (SC), Grupo Marista<br />

76 | brasil marista<br />

“O Congresso é uma oportunida<strong>de</strong> única <strong>de</strong> rever<br />

conceitos, <strong>de</strong> se renovar e aprimorar conhecimentos.<br />

Um momento <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> experiências<br />

e <strong>de</strong> refletir sobre nossas ações, para melhor<br />

estar a serviço das pessoas.”<br />

Maria das Dores Menezes<br />

Educadora da Pastoral do Colégio Marista<br />

Arquidiocesano (SP), Grupo Marista<br />

“Esse 4º Congresso confirmou convicções, promoveu<br />

reflexões além <strong>de</strong> possibilitar muitas<br />

trocas <strong>de</strong> experiências. O ambiente estava rico<br />

em <strong>de</strong>safios intelectuais e humanos.”<br />

Viviane Truda, Supervisora Educacio<strong>na</strong>l da Província<br />

Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

“Tivemos palestras voltadas a várias áreas. Os<br />

momentos que mais me marcaram foram as<br />

exposições <strong>de</strong> Ariano Suassu<strong>na</strong>, que foi voltada<br />

à cultura, e <strong>de</strong> Miguel Ângelo, que tratou da<br />

Neurociência.”<br />

Claudânia Santos<br />

Educadora do SEAC (Serviço <strong>de</strong> Arte e Cultura), da<br />

Escola Marista Champag<strong>na</strong>t, em Teresi<strong>na</strong> (PI), Província<br />

Marista Brasil Centro-Norte


“O Congresso é um importante<br />

espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates que assegura<br />

a discussão da <strong>educação</strong><br />

para a sustentabilida<strong>de</strong>. É o<br />

esforço que a <strong>educação</strong> precisa<br />

fazer para conscientizar os cidadãos<br />

<strong>de</strong> que os recursos do<br />

planeta não são infinitos.”<br />

Mari<strong>na</strong> Silva, Ex-ministra do Meio Ambiente<br />

“A nossa Província esteve<br />

muito bem representada pelos<br />

educadores e gestores, que<br />

tinham alegria, vibração e brilho<br />

nos olhos.”<br />

Ir. Wellington Mousinho <strong>de</strong><br />

Me<strong>de</strong>iros, Presi<strong>de</strong>nte das<br />

Mantenedoras UBEE/UNBEC<br />

(União Brasileira <strong>de</strong> Educação e Ensino e União<br />

Norte-Brasileira <strong>de</strong> Educação e Cultura)<br />

“O 4º Congresso Marista <strong>de</strong><br />

Educação superou expectativas<br />

pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<br />

programação científica, pela<br />

di<strong>na</strong>micida<strong>de</strong> metodológica<br />

com que aten<strong>de</strong>u as necessida<strong>de</strong>s<br />

e expectativas dos congressistas<br />

e pelo brilhantismo<br />

cultural apresentado.”<br />

Maria Waleska Cruz, Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora Educacio<strong>na</strong>l da<br />

Província Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e membro da<br />

Comissão Organizadora do 4º Congresso<br />

“Este Congresso certamente<br />

marcou a agenda <strong>de</strong> eventos<br />

paulista<strong>na</strong> no campo da Educação.<br />

Foi um encontro da<br />

Educação com a cidadania e a<br />

solidarieda<strong>de</strong>, por um conhecimento<br />

que se constrói em favor<br />

<strong>de</strong> uma vida dig<strong>na</strong> para todos e<br />

todas, com humanismo. Foi também uma oportunida<strong>de</strong><br />

para rever conceitos, se aprimorar e<br />

agregar valores aos saberes constituídos.”<br />

Monica Kondziolková, Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora da Área <strong>de</strong><br />

Representação Institucio<strong>na</strong>l da UMBRASIL e membro<br />

da Comissão Organizadora do 4º Congresso<br />

“Além <strong>de</strong> ser um espaço <strong>de</strong><br />

formação e <strong>de</strong> partilhas <strong>de</strong><br />

experiências, é também uma<br />

oportunida<strong>de</strong> ímpar <strong>de</strong> celebração<br />

da <strong>educação</strong> marista<br />

no Brasil. Os olhares da nossa<br />

Província estiveram voltados<br />

ao Congresso. Essa con<strong>ju</strong>gação<br />

<strong>de</strong> intencio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>s e saberes, com certeza,<br />

agregará vitalida<strong>de</strong> à caminhada social e educacio<strong>na</strong>l<br />

da PMBCN.”<br />

Dilma Alves, Superinten<strong>de</strong>nte Socioeducacio<strong>na</strong>l da<br />

Província Marista Brasil Centro-Norte<br />

“Penso que o Congresso foi<br />

um gran<strong>de</strong> encontro. Não só<br />

da diversida<strong>de</strong> educacio<strong>na</strong>l<br />

marista, mas com o que há <strong>de</strong><br />

mais mo<strong>de</strong>rno no pensamento<br />

educacio<strong>na</strong>l. Todas as discussões<br />

tentaram respon<strong>de</strong>r<br />

a pergunta: Como melhorar a<br />

<strong>educação</strong> para as <strong>ju</strong>ventu<strong>de</strong>s e <strong>infâncias</strong>?”<br />

Jaqueline <strong>de</strong> Jesus, Gerente educacio<strong>na</strong>l da Província<br />

Marista Brasil Centro-Norte e membro da Comissão<br />

Organizadora do 4º Congresso<br />

“A edição inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do 4º<br />

Congresso Marista <strong>de</strong> Educação<br />

possibilitou o enriquecimento<br />

pessoal e profissio<strong>na</strong>l dos educadores<br />

presentes, por ser um espaço<br />

<strong>de</strong> aprendizagens educacio<strong>na</strong>is<br />

significativas com vistas a<br />

uma <strong>educação</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.”<br />

Adria<strong>na</strong> Castiglia Filipetto, Supervisora Pedagógica da<br />

Província Marista do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e membro da<br />

Comissão Organizadora do 4º Congresso<br />

“O Congresso reforçou minha percepção <strong>de</strong> que<br />

é preciso trabalhar mais o ser; parar <strong>de</strong> pensar<br />

no eu e pensar <strong>na</strong> totalida<strong>de</strong>. É preciso formar<br />

crianças para serem felizes, embasadas em outros<br />

valores, que não só o ter, mas a tolerância e<br />

o respeito mútuo.”<br />

Fer<strong>na</strong>nda Golmic, Formação Continuada <strong>de</strong><br />

Educadores da Educação Infantil, da Secretaria<br />

Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Lins (SP)<br />

brasil marista | 77


ExpEDiENtE<br />

uNIãO mARIsTA DO bRAsIL (umbRAsIL)<br />

DIRETORIA DA UMBRASIL<br />

Diretor-Presi<strong>de</strong>nte<br />

Ir. Arlindo Corrent<br />

Diretor-Tesoureiro<br />

Ir. Délcio Afonso Balestrin<br />

Diretor-Secretário<br />

Ir. José Wagner<br />

Rodrigues da Cruz<br />

SECRETARIADO<br />

DA UMBRASIL<br />

secretário Executivo<br />

Ir. Valdícer Civa Fachi<br />

área <strong>de</strong> gestão<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor<br />

Ir. Rosmar Rissi<br />

Assessor<br />

José Messias <strong>de</strong><br />

Almeida Pi<strong>na</strong><br />

A<strong>na</strong>lista<br />

Sonia <strong>de</strong> Sousa Vidal<br />

área <strong>de</strong> missão<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor<br />

Ir. José <strong>de</strong> Assis Elias <strong>de</strong> Brito<br />

Assessores<br />

Mércia Maria Silva Procópio<br />

Leila Regi<strong>na</strong> Paiva <strong>de</strong> Souza<br />

João Carlos <strong>de</strong> Paula<br />

A<strong>na</strong>lista<br />

Deysiane Farias Pontes<br />

área <strong>de</strong> vida<br />

Consagrada e Laicato<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor<br />

Ir. Antonio Quintiliano da Silva<br />

Assessor<br />

Joaquim Alberto Andra<strong>de</strong> Silva<br />

área <strong>de</strong> Representação<br />

Institucio<strong>na</strong>l<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora<br />

Monica Kondziolková<br />

Assistente Administrativa<br />

A<strong>na</strong> Maria da Silva Peixoto<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora <strong>de</strong><br />

Comunicação e Marketing<br />

Katiuscia Sotomayor<br />

A<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> Comunicação<br />

e Marketing<br />

Marjoire <strong>de</strong> Carvalho Castilho<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora<br />

Administrativo-Fi<strong>na</strong>nceira<br />

Cristiane Cardoso Costa<br />

A<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> Suporte <strong>de</strong> TI<br />

João Luiz da Costa e Costa<br />

78 | brasil marista<br />

A<strong>na</strong>lista <strong>de</strong> Inteligência<br />

Competitiva<br />

Gustavo Lima Ferreira<br />

Secretária Geral<br />

Núbia Azevedo dos Santos<br />

Arquivista<br />

A<strong>na</strong> Paula Sales<br />

Auxiliar Administrativo<br />

An<strong>de</strong>rson Cabral<br />

Auxiliar <strong>de</strong> Serviços Gerais<br />

Eliane Almeida<br />

Apoio<br />

Alan Paes Can<strong>de</strong>ia<br />

Alexandre Cardoso<br />

Amanda Ribeiro<br />

Bruno Bo<strong>na</strong>migo<br />

Caroline Miranda<br />

Danilo Roquete<br />

Gustavo Caselato<br />

Irene Simões<br />

Letícia <strong>de</strong> Castilhos<br />

Lidiane Amorim<br />

Marcos André Scussel<br />

Miriam Aguiar<br />

Patricia do Amaral<br />

Paulo <strong>de</strong> Tarso<br />

Pollya<strong>na</strong> Nabarro<br />

Raquel Pulita<br />

Cobertura Jor<strong>na</strong>lística<br />

Amara<strong>de</strong>i Comunicação<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção<br />

Anelisa Mara<strong>de</strong>i<br />

Textos<br />

Anelisa Mara<strong>de</strong>i, Madale<strong>na</strong><br />

Almeida a Andréa Diniz<br />

Edição e Revisão Fi<strong>na</strong>l<br />

Katiuscia Sotomayor<br />

Fotos<br />

School Picture<br />

I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Visual<br />

Caselato Comunicação<br />

Diagramação<br />

PUCRS – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Comunicação Social/Famecos<br />

Reitor da PUCRS<br />

Ir. Joaquim Clotet<br />

Diretora da Famecos<br />

Profª Mágda Cunha<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor do<br />

Espaço Experiência<br />

Prof. Fábian Chelkanoff<br />

Núcleo Design Editorial<br />

Prof. Rogério Fraga,<br />

Giovan<strong>na</strong> Maia e Lúcia Vieira<br />

Comissão Organizadora do Congresso<br />

Adria<strong>na</strong><br />

Filipetto<br />

Bárbara<br />

Pimpão<br />

Dyogenes P.<br />

Araújo<br />

Isabel<br />

Azevedo<br />

Ir. José <strong>de</strong> A.<br />

E. <strong>de</strong> Brito<br />

Mª Waleska<br />

Cruz<br />

Núbia<br />

Azevedo<br />

Aloirmar<br />

Silva<br />

Ceciliany<br />

Alves<br />

Ir. Eduardo<br />

D’Amorim<br />

Jaqueline<br />

<strong>de</strong> Jesus<br />

José Messias<br />

Pi<strong>na</strong><br />

Marjoire<br />

Castilho<br />

Ricardo<br />

Tescarolo<br />

Sonia Vidal Ir. Valdícer<br />

Civa Fachi<br />

Ir. Antonio<br />

Quintiliano<br />

Cristiane<br />

Cardoso<br />

Gustavo<br />

Lima<br />

João Carlos<br />

<strong>de</strong> Paula<br />

Katiuscia<br />

Sotomayor<br />

Mércia<br />

Procópio<br />

Ir. Rosmar<br />

Rissi<br />

Ir. Valter<br />

Zanca<strong>na</strong>ro<br />

Ascânio João<br />

Sedrez<br />

Décio<br />

Andrasy<br />

Ir. Iranilson<br />

Lima<br />

Joaquim A.<br />

Andra<strong>de</strong> S.<br />

Leila Regi<strong>na</strong><br />

Paiva<br />

Monica<br />

Kondziolková<br />

Simone<br />

Engler Hahn


Crescer com Alegria e Fé:<br />

plantando a semente da<br />

igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo.<br />

Histórias<br />

bíblicas ricamente<br />

ilustradas e texto<br />

com linguagem <strong>de</strong> fácil<br />

compreensão ao aluno, Manual<br />

do professor com orientações,<br />

sugestões e ativida<strong>de</strong>s extras,<br />

informações adicio<strong>na</strong>is sobre<br />

aspectos históricos e<br />

teológicos.<br />

A partir das <strong>na</strong>rrações da Bíblia, as crianças inter<strong>na</strong>lizam conceitos<br />

que as nortearão a ser mais éticas, frater<strong>na</strong>is, solidárias e tolerantes.<br />

Temas como Eu e Deus, Família, Vivendo em grupo, Amigos <strong>de</strong> Deus e<br />

Transformação estão presentes em cada volume.<br />

O material complementar é tão rico que parece até principal:<br />

Orações e o ci<strong>na</strong>s, A<strong>de</strong>sivos, CD <strong>de</strong> músicas e DVD para o professor.<br />

ENSINO RELIGIOSO<br />

Ensino Fundamental I<br />

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PEDAGÓGICO<br />

DIGITAL<br />

brasil marista | 79


80 | brasil marista<br />

JULHO DE 2013<br />

Marcelino Champag<strong>na</strong>t, durante toda a sua vida, colocou-se a serviço<br />

da evangelização <strong>de</strong> crianças e jovens. Continuador <strong>de</strong>ssa missão há<br />

quase 200 anos, o Instituto Marista favorece espaços <strong>de</strong> encontro,<br />

partilha, celebração e formação <strong>ju</strong>venil. Persistindo no sonho <strong>de</strong><br />

Marcelino, o Instituto criou o Encontro Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Jovens<br />

Maristas (EIJM), que acontece <strong>na</strong> sema<strong>na</strong> que antece<strong>de</strong> a Jor<strong>na</strong>da<br />

Mundial da Juventu<strong>de</strong> e, em 2013, será promovido <strong>de</strong> 17 a 22 <strong>de</strong> <strong>ju</strong>lho<br />

<strong>na</strong> cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

SAIBA MAIS:<br />

Instituto dos<br />

Irmãos Maristas

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