15.04.2013 Views

Carlos Martins Nabeto - Firmat Fides

Carlos Martins Nabeto - Firmat Fides

Carlos Martins Nabeto - Firmat Fides

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

- 1 -


- 2 -


A FÉ CRISTÃ<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

A FÉ CRISTÃ<br />

- Coletânea de Sentenças Patrísticas -<br />

1ª Edição<br />

2007<br />

- 3 -<br />

Volume 3<br />

Maria, os Santos e os<br />

Anjos


Direitos Autorais do Autor<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

NABETO, <strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong>. 1969-<br />

A Fé Cristã: Coletânea de Sentenças Patrísticas. Volume 3.<br />

São Vicente: 2007.<br />

(1ª edição, 96 páginas)<br />

Bibliografia.<br />

Registrado na Fundação Biblioteca Nacional sob o nº<br />

361.898, Livro 669, fls. 58.<br />

1. Catolicismo; 2. Patrística; 3. Patrologia; 4. Literatura<br />

cristã primitiva I. Título<br />

CDD – 281.1<br />

Índices para Catálogo Sistemático:<br />

1. Literatura cristã primitiva 281.1<br />

2. Padres da Igreja: literatura cristã primitiva 281.1<br />

3. Escritores eclesiásticos: literatura cristã primitiva 281.1<br />

4. Patrística 281.1<br />

5. Patrologia 281.1<br />

Capa: Sílvio L. Medeiros – smedeiros@veritatis.com.br<br />

+NIHIL OBSTAT<br />

pe. Caetano Rizzi - Vigário Judicial<br />

Santos, 21/12/04 – na festa de São Pedro Canízio<br />

+IMPRIMATUR<br />

Conforme o cânon 827, §3, do Código de Direito<br />

Canônico, autorizo a publicação desta obra.<br />

+d. Jacyr F. Braido<br />

Bispo Diocesano de Santos<br />

01 de janeiro de 2005<br />

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por<br />

qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos,<br />

microfilmáticos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos,<br />

Internet e e-books ou outros, sem prévia autorização, por escrito, da editora.<br />

Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial em qualquer sistema<br />

de processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra em<br />

qualquer programa juscibernético. Essas proibições aplicam-se também às<br />

características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos<br />

autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei<br />

nº 6.895, de 17.12.1980), com pena de prisão e multa, conjuntamente com<br />

busca e apreensão e indenizações diversas (artigos 102, 103 parágrafo único,<br />

104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3, da Lei nº 9.610, de 19.06,1998 [Lei dos<br />

Direitos Autorais]). O autor concede licença especial para este e-book ser<br />

armazenado e distribuído pela Internet, apenas pelos sites<br />

http://www.veritatis.com.br e http://cocp.veritatis.com.br.<br />

- 4 -


A FÉ CRISTÃ<br />

“Todo aquele que der testemunho de Mim diante<br />

dos homens, também Eu darei testemunho dele<br />

diante de meu Pai que está nos céus”<br />

(Mat. 10,32).<br />

- 5 -


Série “Citações Patrísticas”<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Volume 1<br />

- A Palavra de Deus / A Profissão de Fé<br />

Volume 2<br />

- Deus Pai, Filho e Espírito Santo<br />

Volume 3<br />

- Maria, os Santos e os Anjos<br />

Volume 4<br />

- A Igreja de Cristo<br />

Volume 5<br />

- Os 7 Sacramentos / A Criação<br />

Volume 6<br />

- Escatologia e Questões Diversas<br />

- 6 -


A FÉ CRISTÃ<br />

DEDICATÓRIA<br />

À minha esposa, Ana Paula,<br />

e filhos, Lucas e Victor.<br />

Aos meus pais,<br />

Modesto e Joaquina.<br />

Aos irmãos de Apostolado<br />

e a todos os meus leitores em geral.<br />

- 7 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

SOBRE O AUTOR<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong>, casado e pai de dois filhos, nasceu em<br />

São Vicente-SP, vindo de uma família de classe média: o pai<br />

comerciante e a mãe dona de casa.<br />

Formado e pós-graduado em Ciência da Computação pela<br />

Universidade Santa Cecília dos Bandeirantes (Uniceb); formado<br />

em Direito pela Universidade Católica de Santos (UniSantos) e<br />

pós-graduado em Direito Processual Matrimonial Canônico pela<br />

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).<br />

Trabalha como Analista de Sistemas, Professor Universitário e<br />

Advogado.<br />

Desde 1988 dedica-se ao estudo da Fé Cristã, tendo retornado<br />

conscientemente ao seio da Igreja Católica em 1991. Fundador,<br />

em 1997, do premiado site Agnus Dei, pioneiro na defesa da fé<br />

católica na Internet. Em 2002, juntamente com Alessandro<br />

Ricardo Lima, fundou o apostolado católico Veritatis Splendor<br />

(http://www.veritatis.com.br) - considerado hoje um dos<br />

maiores sites católicos em língua portuguesa – onde desde<br />

então, além de suas atribuições familiares e seculares, dedicase<br />

à publicação e tradução de artigos referentes ao Cristianismo<br />

Primitivo e à defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis.<br />

Em 2007, fundou ainda o site COCP-Central de Obras do<br />

Cristianismo Primitivo (http://cocp.veritatis.com.br),<br />

visando centralizar e disponibilizar ao grande público a íntegra<br />

de escritos do Período Patrístico.<br />

- 8 -


A FÉ CRISTÃ<br />

ÍNDICE<br />

INTRODUÇÃO GERAL 17<br />

DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL 17<br />

O PERÍODO PATRÍSTICO 19<br />

OCASIÃO DA PRESENTE OBRA 19<br />

MARIA, OS SANTOS E OS ANJOS 21<br />

1. MARIA 22<br />

A) DESCENDENTE DE DAVI 22<br />

B) NOVA EVA 23<br />

C) IMACULADA CONCEIÇÃO 25<br />

D) VIRGEM ANTES DO PARTO DE JESUS 28<br />

E) VIRGEM DURANTE O PARTO 30<br />

F) VIRGEM APÓS O PARTO 31<br />

G) A SEMPRE VIRGEM MARIA 33<br />

H) ASSUNÇÃO AOS CÉUS 36<br />

I) MÃE DE DEUS 41<br />

J) MARIA E A IGREJA 47<br />

K) A MAIS BEM-AVENTURADA PORQUE CREU 48<br />

2. SANTOS 50<br />

A) EXISTÊNCIA 50<br />

B) A PREDESTINAÇÃO DE ALGUNS 51<br />

C) O MARTÍRIO 54<br />

D) A EXPANSÃO DA IGREJA MEDIANTE A PERSEGUIÇÃO E O MARTÍRIO 58<br />

E) INTERCESSÃO DOS SANTOS 60<br />

F) POSSIBILIDADE DAS APARIÇÕES 62<br />

3. ANJOS 64<br />

A) SUA EXISTÊNCIA 64<br />

B) ENCONTRAM-SE HIERARQUICAMENTE ORGANIZADOS 68<br />

C) TODO HOMEM POSSUI UM ANJO DA GUARDA 70<br />

4. IMAGENS X IDOLATRIA 72<br />

A) VENERAÇÃO NÃO É ADORAÇÃO 72<br />

B) CULTO MARIANO 74<br />

C) POSSIBILIDADE DO USO DAS IMAGENS SAGRADAS 76<br />

D) O SIMBOLISMO DAS VELAS 79<br />

ANEXO - RELAÇÃO DE PADRES E ESCRITORES DO PERÍODO<br />

PATRÍSTICO 81<br />

ÍNDICE ONOMÁSTICO 86<br />

- 9 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

BIBLIOGRAFIA E SITES CONSULTADOS 89<br />

LIVROS (FONTES DE CITAÇÕES) 89<br />

SITES CONSULTADOS 93<br />

PARA SABER MAIS... 94<br />

- 10 -


A FÉ CRISTÃ<br />

OBSERVAÇÃO<br />

Esta compilação, devidamente registrada perante as autoridades<br />

civis e eclesiásticas, é o resultado de mais de cinco anos de<br />

pesquisas e muitas horas de trabalho para sua organização e<br />

editoração final.<br />

Não obstante a isto, o Autor disponibiliza GRATUITAMENTE a<br />

presente obra na Internet, favorecendo a edificação da fé e o<br />

fomento da literatura cristã primitiva.<br />

Por esse motivo, se este livro foi de alguma forma útil para<br />

você, considere contribuir com QUALQUER VALOR que o seu<br />

coração ordenar, efetivando depósito bancário na seguinte<br />

conta-corrente:<br />

Banco 033 – Santander/Banespa<br />

Agência 0123 – Conta nº 01.029678-5<br />

Sua doação favorecerá novas pesquisas para a ampliação deste<br />

volume, bem como incentivará novos projetos do Autor.<br />

IMPORTANTE! ATENÇÃO!<br />

Esta obra (e futuras atualizações) somente poderá ser<br />

encontrada e distribuída pelos seguintes sites:<br />

APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR<br />

(http://www.veritatis.com.br)<br />

COCP-CENTRAL DE OBRAS DO CRISTIANISMO PRIMITIVO<br />

(http://cocp.veritatis.com.br)<br />

É terminantemente proibida a distribuição desta obra por outros<br />

sites e comunidades da Internet, ou por outros meios, inclusive<br />

impressos, ainda que gratuitamente ou sob qualquer alegação,<br />

nos termos legais (cf. notícia de copyright à pág. 4). Somente<br />

os sites acima indicados garantem a integridade e o conteúdo<br />

da presente obra. Em caso de dúvida, acesse um desses sites<br />

para obter gratuitamente uma cópia original desta obra.<br />

- 11 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

- 12 -


A FÉ CRISTÃ<br />

PREFÁCIO<br />

Com imensa satisfação, vejo nascer mais um e-book da Coleção<br />

“Citações Patrísticas”, de autoria de <strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong>.<br />

Muito maior é minha alegria ao saber que o tema envolve toda a<br />

doutrina da Igreja sobre os anjos, os santos e, principalmente,<br />

Nossa Senhora. Ela, que esmaga a cabeça da serpente, também<br />

esmaga todas as heresias!<br />

A promessa de Deus feita à serpente foi cumprida, com efeito,<br />

na Santíssima Virgem: “Porei ódio entre ti e a mulher...” (Gen.<br />

3,15). De fato, Satanás não odeia a Mãe de Deus como também<br />

induz a muitos homens, que andam perdidos nas trevas, a odiála<br />

também. E não amar Maria como ela merece é uma espécie<br />

de ódio!<br />

Nesse sentido, a obra de <strong>Carlos</strong> <strong>Nabeto</strong> vem prestar o tributo<br />

devido a Nossa Senhora, demonstrando que seu culto tem<br />

origem nos primórdios do Cristianismo. Mais do que isso: tem<br />

origem na Encarnação do Verbo, quando o Arcanjo São Gabriel<br />

a saúda: “Ave, cheia de graça!” (Luc. 1,28) O anjo é o primeiro<br />

a louvá-la e nada mais fazemos do que seguir seu exemplo,<br />

como também fez Nosso Senhor Jesus Cristo e o discípulo<br />

amado, que em sua casa a recolheu após a Crucificação (Jo.<br />

19,27).<br />

Os tempos que hoje vivemos são cruciais para a Igreja. Muitos<br />

dos seus filhos, incorporados a ela e a Cristo pelo Batismo,<br />

andam afastados da verdadeira fé, professando os mais<br />

variados erros. Não escapa nem mesmo a Virgem, cujos<br />

altíssimos privilégios são rechaçados por um sem número de<br />

seitas protestantes.<br />

<strong>Nabeto</strong>, em seu mais recente e-book, oferece uma maravilhosa<br />

contribuição para esses que odeiam, na prática, a Mãe de Jesus,<br />

passem a amá-la. E amá-la com todas as veras de sua alma, de<br />

sua inteligência, de seu coração: reconhecendo que ela é a Mãe<br />

de Deus, a Bem-Aventurada e Sempre Virgem Maria, concebida<br />

sem pecado original, assumpta ao céu para lá reinar com seu<br />

Filho.<br />

Diz de Nossa Senhora o fundador dos Legionários de Cristo e do<br />

Movimento Regnum Christi, o pe. Marcial Maciel, LC:<br />

- 13 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

“A Maria devo tanto! Tudo nela, relacionado com a minha vida,<br />

está exposto por sua generosa entrega, por seu cuidado, por<br />

seu sacrifício, por sua fidelidade, em uma palavra, por seu amor<br />

de Mãe. Este amor me levou constantemente até Deus e apoiou<br />

minha entrega a Ele e à humanidade, e me ensinou também,<br />

desde o Cenáculo, o amor e a fidelidade à Igreja, sacramento de<br />

salvação.<br />

Maria é a minha guia em minha entrega absoluta a Deus, ao<br />

aceitar incondicionalmente sua vontade; por Ela faço uma<br />

aceitação e uma entrega sem indecisões nem reservas, alegre e<br />

confiada, generosa e desinteressada, absoluta e fiel. Foi me<br />

dada como Mãe ao pé da Cruz, e neste dom vindo do alto e<br />

saído do próprio coração de Jesus Cristo contém os segredos de<br />

minha fidelidade e gozo eterno” (Carta de 29 de Maio de 1988).<br />

Se para com a Santíssima Virgem nutrimos, os católicos,<br />

membros da única Igreja fundada por Cristo, sentimentos<br />

altíssimos de louvor e gratidão, por causa das obras que Deus<br />

nela fez, nem por isso descuidamos de prestar o devido culto de<br />

honra aos demais homens e mulheres que foram fiéis ao<br />

chamado do Espírito Santo. A esses bem-aventurados, que no<br />

céu gozam da visão beatífica, somos devedores de suas orações<br />

por nós, de toda a sua vida tornada exemplo, e de sua resposta<br />

generosa a Deus que os presenteou com as riqueza de sua<br />

graça.<br />

Também sobre os demais santos, por isso, discorre o Autor.<br />

Corrijo-me: não discorre... Deixa que os Pais da Igreja<br />

discorram, com faz com a Virgem. É a voz desses escritores<br />

eclesiásticos, primeiras testemunhas da Igreja nascente, muitos<br />

deles contemporâneos dos Apóstolos, e todos eles, sem dúvida,<br />

herdeiros dos mesmos na fé ensinada por Jeus, que se fez<br />

presente nas linhas deste e-book.<br />

Lendo-o, percebemos que a fé dos Padres, a fé da Igreja<br />

Primitiva, a fé dos primeiros cristãos, acerca da Virgem e seus<br />

privilégios, dos santos e dos anjos, de sua intercessão por nós,<br />

e do nosso culto de veneração a ele, é a fé da Igreja de hoje.<br />

Notamos claramente, pelas citações de tantos heróis da Igreja<br />

dos primórdios, que a doutrina é a mesma, e a própria Igreja é<br />

a mesma. Jesus fundou de fato uma Igreja: una, santa, católica<br />

e apostólica, e esta é aquela unida ao Sucessor de Pedro!<br />

- 14 -


A FÉ CRISTÃ<br />

Que a leitura de mais essa pérola do meu amigo <strong>Carlos</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

eleve nossa alma a Deus, confirmando-nos na fé de nossos Pais<br />

“Agostinho, Basílio, Efrém, Atanásio, Crisóstomo, Ambrósio,<br />

Leão, Gregório etc.”, e sirva de instrumento para a conversão<br />

de tantos irmãos separados, para que, de volta à Igreja<br />

Católica, louvem Maria e os santos, para a perfeita adoração de<br />

Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Rei do Universo.<br />

Rafael Vitola Brodbeck<br />

Pelotas-RS, 13 de agosto de 2007.<br />

Memória de São Ponciano, Papa e<br />

Santo Hipólito, Presbítero, Mártires.<br />

- 15 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

- 16 -


A FÉ CRISTÃ<br />

INTRODUÇÃO GERAL<br />

“Os melhores intérpretes das<br />

Sagradas Escrituras são os<br />

Padres da Igreja”<br />

(João Paulo II)<br />

Ingressamos, há alguns anos, no Terceiro Milênio da Era Cristã<br />

mas, desde que o Senhor Jesus ascendeu aos céus (Mc. 16,19),<br />

centenas de milhões de pessoas têm se sensibilizado por sua<br />

palavra, por sua atitude, por seu amor... É fato que após a sua<br />

ressurreição, coube sempre à Igreja o múnus de proclamar o<br />

Evangelho por todo o mundo (Mt. 28,19), contando, para isso,<br />

com o infalível auxílio do Espírito Santo (Jo. 15,26; 16,13; At.<br />

2).<br />

Peregrina neste mundo, a Igreja não raras vezes tem se<br />

defrontado com obstáculos que tentam minar a fé e a unidade<br />

dos fiéis. Um dos ataques mais comuns contra a Igreja é aquele<br />

que a acusa de "deturpar a Palavra de Deus", visto que a Bíblia<br />

seria "silente" em tal ou qual ponto da doutrina ou disciplina...<br />

Surge daí, então, a dúvida: será que a Igreja Católica atual<br />

pode ser identificada com aquela Igreja à qual Cristo empregou<br />

o pronome possessivo "minha" (cf. Mt. 16,18)?<br />

A resposta encontra-se claramente no Depósito da Fé confiado à<br />

Igreja...<br />

DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL<br />

Sabe-se, inquestionavelmente, que Jesus passou todo o seu<br />

ministério público ensinando as coisas de Deus Pai por viva voz,<br />

mediante a pregação oral, com exceção de uma única vez,<br />

quando escreveu, com o dedo, na terra (cf. Jo. 8,6);<br />

infelizmente, nessa oportunidade única, nenhum dos<br />

evangelistas documentou o que ele teria escrito no chão.<br />

Igualmente, constata-se na Bíblia que Jesus jamais ordenou aos<br />

seus discípulos para que colocassem por escrito os seus<br />

ensinamentos, mas os convocou para que, assim como ele,<br />

pregassem o Evangelho a toda criatura (cf. Mc. 16,15),<br />

afirmando, ainda, que aqueles que ouvissem seus discípulos<br />

estariam ouvindo a Ele mesmo (cf. Lc. 10,16). Por isso, os<br />

primeiros escritos do Novo Testamento - as epístolas de São<br />

- 17 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Paulo - começaram a surgir 20 anos após a ressurreição do<br />

Senhor (os primeiros evangelhos, no entanto, somente<br />

passaram a aparecer depois de 40 anos!). Percebe-se, assim,<br />

que os discípulos de Jesus obedeceram fielmente a sua ordem,<br />

primeiramente pregando e formando as primeiras comunidades,<br />

para só depois escrever e, mesmo assim, apenas quando<br />

necessário.<br />

Com efeito, o próprio São Paulo deduz a existência de duas<br />

formas de Tradição: a oral (formada pela pregação de viva voz)<br />

e a escrita (composta pelo Antigo Testamento e os novos<br />

documentos cristãos produzidos segundo a necessidade), como<br />

lemos em 2Tes. 2,15. Em momento algum a Tradição escrita,<br />

consignada na Bíblia, rejeita a Tradição oral (cf. 2Tim. 1,13,<br />

2Tes. 3,6), até porque reconhece-se explicitamente que nem<br />

todos os ensinamentos e feitos de Jesus poderiam caber dentro<br />

dos limites de qualquer livro (cf. Jo. 20,30; 21,25) e que<br />

somente a Igreja é "a coluna e o fundamento da Verdade"<br />

(1Tim. 3,15), já que ela obviamente detém, por Pedro, as<br />

chaves do Reino (cf. Mt. 16,19), podendo ligar e desligar as<br />

coisas no céu (Mt. 18,18), bem como conta com a assistência<br />

do Espírito Santo (cf. At. 2,4).<br />

Daí a autoridade da Igreja para proclamar o Reino de Deus<br />

(v.tb. Mt. 18,17) e, inclusive, para estabelecer o verdadeiro<br />

cânon bíblico. Com efeito, quem estabeleceu o cânon do Antigo<br />

(com 46 livros) e do Novo Testamento (com 27 livros) para os<br />

cristãos foi a Igreja, no séc. IV, baseando-se na Tradição Oral<br />

dos primeiros cristãos. Por isso, quem nega o valor da Tradição<br />

Oral não pode nem acatar os livros da Bíblia, vez que esta, por<br />

si só, não relaciona os livros que devem ser aceitos como<br />

legítimos.<br />

Por outro lado, boa parte daquilo que recebemos pela Tradição<br />

oral foi coletada e citada por muitos cristãos primitivos, cuja fé<br />

cristã autêntica não lhes pode ser negada ou reduzida, em seus<br />

respectivos escritos, que demonstram posições não contrárias à<br />

Bíblia ou complementares a esta. A autoridade de cada escritor,<br />

porém, está firmada sobre a sua erudição, santidade e ordem<br />

hierárquica.<br />

Daí ser inegável a importância do período Patrístico para a<br />

Igreja cristã, pois foi durante os primeiros séculos da Era Cristã<br />

que não apenas a Igreja como a própria doutrina cristã se<br />

"desenvolveram", ou seja, foram melhor explicadas,<br />

compreendidas e aceitas por toda a Cristandade.<br />

- 18 -


O PERÍODO PATRÍSTICO<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

Geralmente compreende-se o Período Patrístico entre o final do<br />

século I (com a morte do último Apóstolo, isto é, São João) e o<br />

século VIII, inclusive. Durante todo esse período, muitas<br />

perseguições e heresias surgiram e ameaçaram os fundamentos<br />

do Cristianismo, mas graças aos esforços empreendidos por<br />

diversos cristãos - de homens e mulheres rudes e figuras<br />

anônimas a grandes bispos e teólogos, versados nas Sagradas<br />

Letras (tradição escrita) e nas Tradições Apostólicas (tradição<br />

oral) -, a fé cristã não apenas triunfou sobre os seus<br />

perseguidores e detratores como também afastou de vez o<br />

perigo de se ver contaminada pelo veneno mortal das heresias.<br />

Podemos, pois, classificar esses ilustres cristãos da seguinte<br />

maneira:<br />

a) Padres da Igreja: São aqueles homens e mulheres de Deus<br />

que, segundo os estudiosos da Patrística, reúnem as seguintes<br />

características:<br />

1) Doutrina Ortodoxa: não significa isenção total de erros,<br />

mas a fiel comunhão de doutrina com a Igreja universal;<br />

2) Santidade de Vida: na forma como se cultuavam os<br />

santos na Antigüidade cristã;<br />

3) Aprovação Eclesiástica: deduzida das deliberações e<br />

declarações eclesiásticas; e<br />

4) Antigüidade: dentro do período acima considerado (séc.<br />

I-VIII d.C.)<br />

b) Escritores Eclesiásticos: Cabe a todos os demais<br />

escritores-teólogos da Antigüidade Cristã, mesmo os que não<br />

refletem "doutrina ortodoxa" e "santidade de vida".<br />

Isto posto, nota-se que o ensino unânime dos Padres é<br />

considerado pela Igreja como regra infalível de uma verdade de<br />

fé, já que, isoladamente, nenhum Padre da Igreja pode ser tido<br />

por infalível, exceto quando foi Papa ensinando ex cathedra, ou<br />

quando certa passagem de seu escrito foi aprovado por um<br />

Concílio Ecumênico.<br />

OCASIÃO DA PRESENTE OBRA<br />

Conhecer os textos produzidos pelos primeiros cristãos além de<br />

nos ajudar a compreender melhor a nossa fé, também nos<br />

mostra que, hoje, muitas seitas voltam a pregar doutrinas já<br />

condenadas nos primórdios do Cristianismo. E se foram<br />

- 19 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

reprovadas é porque não refletiam - e não refletem! - a<br />

verdadeira fé transmitida por Cristo à sua Igreja. Exatamente<br />

por isso, não é de se estranhar que muitas pessoas tenham<br />

retornado à Igreja de Cristo após estudar seriamente os textos<br />

produzidos no Período Patrístico.<br />

Porém, embora já fosse possível encontrar em língua<br />

portuguesa algumas obras retratando personagens e ensinos ou<br />

até mesmo reproduzindo na íntegra escritos desse Período (v.<br />

Bibliografia, no final da presente obra), inexistia - até então -<br />

em nosso mercado editorial, uma obra que reproduzisse<br />

somente as passagens mais importantes de toda essa vasta<br />

produção literária, segundo uma abrangente ordem de matérias<br />

e submatérias afins. É justamente esse espaço que<br />

pretendemos preencher, "facilitando a vida", em especial, dos<br />

estudantes de Teologia, seminaristas, clérigos e catequistas...<br />

Visando também demonstrar que a doutrina da Igreja<br />

permaneceu inalterada nestes dois mil anos de Cristianismo,<br />

apresentamos cada matéria e/ou submatéria citando ainda o(s)<br />

versículo(s) bíblico(s) correspondente(s), ainda que não<br />

exaustivamente, bem como reproduzimos o ensino oficial da<br />

Igreja, quer citando o Catecismo da Igreja Católica, quer -<br />

quando isto não for possível - reproduzindo um texto retirado de<br />

alguma obra de prestígio em nosso mercado editorial.<br />

Apresentando, pois, mais de 1.600 citações dos primeiros<br />

padres e escritores da Igreja primitiva, pretendemos, por fim,<br />

tornar realidade, da forma mais simples possível, o desejo<br />

explicitamente manifestado pelos padres do Concílio Vaticano II<br />

(p.ex., decr. Presbyterorum Ordinis, nº 19). "Retornando" às<br />

fontes patrísticas, certamente estaremos adequando o nosso<br />

pensamento sobre as coisas de Deus com o ensinamento da<br />

Igreja dos primeiros tempos, solidificando a nossa fé de hoje e<br />

de sempre, já que o consenso unânime dos Padres da Igreja<br />

continua sendo considerado argumento decisivo em qualquer<br />

controvérsia teológica.<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Aos 13 dias de Janeiro de 2005,<br />

Festa de Santo Hilário de Poitiers (+367),<br />

bispo e doutor da Igreja.<br />

- 20 -


A FÉ CRISTÃ<br />

MARIA, OS SANTOS E OS ANJOS<br />

A Igreja, que desde o início modela a sua caminhada terrena<br />

pela caminhada da Mãe de Deus, repete constantemente, em<br />

continuidade com ela, as palavras do “Magnificat”. Nas<br />

profundidades da fé da Virgem Maria na Anunciação e na<br />

Visitação, a Igreja vai haurir a verdade acerca do Deus da<br />

Aliança; acerca de Deus que é Todo-poderoso e faz “grandes<br />

coisas” no homem: “santo é o seu nome”. No Magnificat, ela vê<br />

debelado nas suas raízes o pecado do princípio da história<br />

terrena do homem e da mulher: o pecado da incredulidade e da<br />

“pouca fé” em Deus. Contra a “suspeita” que o “pai da mentira”<br />

fez nascer no coração de Eva, a primeira mulher, Maria, a quem<br />

a tradição costuma chamar “nova Eva” e verdadeira “mãe dos<br />

vivos”, proclama com vigor a não ofuscada verdade acerca de<br />

Deus: o Deus santo e onipotente, que desde o princípio é a<br />

fonte de todas as dádivas, Aquele que “fez grandes coisas” nela,<br />

Maria, assim como em todo o universo. Deus, ao criar, dá a<br />

existência a todas as realidades; e ao criar o homem, dá-lhe a<br />

dignidade da imagem e da semelhança consigo, de modo<br />

singular em relação a todas as demais criaturas terrestres. E<br />

não se detendo na sua vontade de doação, não obstante o<br />

pecado do homem, Deus dá-se no Filho: “Amou tanto o mundo<br />

que lhe deu o seu Filho unigênito” (Jo. 3,16). Maria é a primeira<br />

testemunha desta verdade maravilhosa, que se atuará<br />

plenamente mediante “as obras e os ensinamentos” (cf. At 1,1)<br />

do seu Filho e, definitivamente, mediante a sua Cruz e<br />

Ressurreição.<br />

A Igreja, que, embora entre “tentações e tribulações”, não<br />

cessa de repetir com Maria as palavras do “Magnificat”, “escorase”<br />

na força da verdade sobre Deus, proclamada então com tão<br />

extraordinária simplicidade; e, ao mesmo tempo, deseja<br />

iluminar com esta mesma verdade acerca de Deus os difíceis e<br />

por vezes intrincados caminhos da existência terrena dos<br />

homens. A caminhada da Igreja, portanto, já quase no final do<br />

segundo milênio cristão, implica um empenhamento renovado<br />

na própria missão. Segundo Aquele que disse de si: “(Deus)<br />

mandou-me a anunciar aos pobres a boa nova” (cf. Lc 4,18), a<br />

Igreja tem procurado, de geração em geração, e procura ainda<br />

hoje, cumprir esta mesma missão.<br />

(Carta Encíclica Redemptoris Mater nº 37)<br />

- 21 -


1. Maria<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela crê<br />

acerca de Cristo; mas o que a fé ensina sobre Maria, ilumina,<br />

por sua vez, a sua fé em Cristo (CIC 487).<br />

a) Descendente de Davi<br />

“José foi também da Galiléia, da cidade de Nazaré, à<br />

Judéia, à cidade de Davi, que se chamava Belém,<br />

porque era da casa e família de Davi, para se recensear<br />

juntamente com Maria, sua esposa, que estava<br />

grávida” (Luc. 2,4-5).<br />

“Deus enviou seu Filho” (Gal. 4,4), mas para formar-lhe um<br />

corpo, quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde<br />

toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho,<br />

uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galiléia,<br />

“uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa<br />

de Davi, e o nome da Virgem era Maria” (Luc. 1,26-27) (CIC<br />

488).<br />

Agostinho de Hipona<br />

"Mateus, ao estabelecer a genealogia de Cristo segundo a<br />

carne desde Abraão, o pai do povo fiel, e a continuar na<br />

linha descendente até Davi (Mt. 1,1-17) (...), teve em vista<br />

mostrar a função e dignidade real de Cristo (...) Lucas,<br />

querendo também fornecer a genealogia do Senhor segundo<br />

a carne, mas na linha sacerdotal, narra os graus de origem<br />

de seus antepassados (Lc. 3,23-38). Todavia, não menciona<br />

os mesmos nomes de Mateus, isso porque a linhagem<br />

sacerdotal não era a mesma que a linhagem de sangue<br />

real; esta teve como origem Davi. Ora, um de seus filhos<br />

(José), conforme o costume de então, desposara uma<br />

mulher da tribo sacerdotal, o que fazia Maria pertencer a<br />

uma e outra tribo, isto é, às tribos real e sacerdotal. Assim,<br />

quando José e Maria foram recenseados, está escrito serem<br />

eles da casa, isto é, da estirpe de Davi (Lc. 2,4), mas ocorre<br />

ainda que Isabel, de quem está dito ser parenta de Maria,<br />

pertencia à tribo sacerdotal (Lc 1,5.36)" (De diversis<br />

quaestionibus 83).<br />

- 22 -


) Nova Eva<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

* * *<br />

“Porei inimizades entre a serpente e a mulher e entre a<br />

sua posterioridade e a posterioridade dela” (Gen.<br />

3,15).<br />

A Virgem Maria cooperou para a salvação humana com livre fé e<br />

obediência. Pronunciou o seu “faça-se” em representação de<br />

toda a natureza humana. Pela sua obediência, tornou-se a nova<br />

Eva, Mãe dos viventes (CIC 511).<br />

Justino Mártir<br />

"Entendemos que [Jesus] se fez homem, por meio da<br />

Virgem, a fim de que o caminho que deu origem à<br />

desobediência instigada pela serpente fosse também o<br />

caminho que destruísse a desobediência. Eva era virgem e<br />

incorrupta; concebendo a palavra da serpente, gerou a<br />

desobediência e a morte. A Virgem Maria, porém, concebeu<br />

fé e alegria quando o anjo Gabriel lhe anunciou a boa nova<br />

de que o Espírito do Senhor viria sobre ela; a força do<br />

Altíssimo a cobriria com sua sombra, de modo que o Santo<br />

que dela nasceria seria o Filho de Deus. Então respondeu<br />

ela: 'Faça-se em mim segundo a tua palavra'. Da Virgem,<br />

portanto, nasceu Jesus, de quem falam as Escrituras (...)<br />

aquele por quem Deus destrói a serpente" (Diálogo com<br />

Trifão 100,4-5).<br />

Ireneu de Lião<br />

"Por conseguinte (...) encontra-se Maria, Virgem obediente<br />

(...) Eva, ainda virgem, fez-se desobediente e tornou-se<br />

para si e para todo o gênero causa de morte. Maria, Virgem<br />

obediente, tornou-se para si e para todo o gênero humano<br />

causa de salvação (...) A partir de Maria até Eva retoma-se<br />

o mesmo círculo. Não existe outro modo de desatar o nó a<br />

não ser fazendo com que os fios da corda onde se deu o nó<br />

percorram o sentido contrário (...) Eis porque Lucas inicia a<br />

genealogia de Jesus começando pelo Senhor indo até Adão<br />

(Lc. 3,23-38), evidenciando que o verdadeiro movimento da<br />

geração não procede dos antepassados até Cristo, mas vai<br />

de Cristo a eles segundo o Evangelho da Vida. Assim é que<br />

a desobediência de Eva foi resgatada pela obediência de<br />

Maria. Com efeito, o nó que a virgem Eva atou com a<br />

- 23 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

incredulidade, Maria o desatou com a fé" (Contra as<br />

Heresias 3,22,4).<br />

"Da mesma forma que aquela (Eva) foi seduzida para<br />

desobedecer a Deus, esta (Maria) foi persuadida a obedecer<br />

a Deus, por ser ela, a Virgem Maria, a advogada de Eva.<br />

Assim, o gênero humano, submetido à morte por uma<br />

virgem, foi dela libertado por uma Virgem, tornando-se<br />

contrabalanceada a desobediência de uma virgem pela<br />

obediência de outra" (Contra as Heresias 5,19).<br />

"Foi por meio de uma virgem (=Eva) desobediente que o<br />

homem foi golpeado, caiu e morreu. Da mesma forma, é<br />

pela Virgem [Maria], obediente à Palavra de Deus, que o<br />

homem (...) encontrou de novo a vida (...) Era justo e<br />

necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, a fim de<br />

que o mortal fosse absorvido e tragado pela imortalidade e<br />

Eva fosse reconstruída em Maria. Deste modo, uma Virgem<br />

feita advogada de uma virgem, cancelou e anulou a<br />

desobediência de uma virgem com a sua obediência de<br />

virgem" (Demonstração da Pregação Apostólica 33).<br />

Efrém da Síria<br />

"O anjo Gabriel foi enviado a Maria para preparar uma<br />

morada para o seu Senhor. Nela, a raça dos homens vis e<br />

insignificantes se uniu com a raça divina que está acima de<br />

todas as paixões (...) Pela prole de Maria, tem sido<br />

abençoada aquela mãe que foi amaldiçoada em seus filhos<br />

(Gen 3,16), trazendo bênçãos, as mais profundas, a esta<br />

mulher cuja prole destruiu a morte e a Satanás. E no seio<br />

de Maria se fez criança Aquele que é igual a seu Pai desde a<br />

eternidade; comunicou-nos sua grandeza e assumiu nossa<br />

pequenez; conosco se fez mortal e nos infundiu sua vida a<br />

fim de livrar-nos da morte (...) Maria é o jardim ao qual<br />

desceu do Pai a chuva da bênção. Esta aspersão chegou até<br />

o rosto de Adão e, assim, Este recobrou a vida e se<br />

levantou do sepulcro, já que por seus inimigos tinha sido<br />

sepultado no Xeol" (Carmina Soguita 1).<br />

Epifânio de Salamina<br />

"Numa consideração exterior e aparente, dir-se-ia que de<br />

Eva derivou a vida (...) Na verdade, é de Maria que deriva a<br />

verdadeira Vida para o mundo; é ela que dá à luz o Vivente;<br />

é ela a Mãe dos viventes".<br />

"Eva trouxe ao gênero humano uma causa de morte: por<br />

- 24 -


A FÉ CRISTÃ<br />

ela, a morte entrou no orbe da terra; Maria trouxe uma<br />

causa de vida e por ela a vida se estendeu a nós. Foi por<br />

isso que o Filho de Deus veio a este mundo: para que, onde<br />

abundou o delito, superabundasse a graça; onde a morte<br />

havia chegado, aí chegou a vida, para tomar seu lugar; e<br />

aquele mesmo que nasceu da mulher para ser nossa vida,<br />

haveria de expulsar a morte, introduzida pela mulher.<br />

Quando ainda virgem no paraíso, Eva desagradou a Deus<br />

por sua desobediência. Por isto mesmo emanou da Virgem<br />

[Maria] a obediência própria da graça, depois que se<br />

anunciou o advento do Verbo revestido de corpo, o advento<br />

da eterna Vida do céu" (Panárion 78,18,1-3).<br />

Agostinho de Hipona<br />

Pelo sexo feminino caiu o homem e pelo sexo feminino<br />

encontrou o homem a sua reparação, pois uma Virgem deu<br />

à luz ao Cristo; e uma mulher anunciou a ressurreição! Pela<br />

mulher veio a morte; pela mulher chegou a vida!" (Sermão<br />

232,2).<br />

"Nossa primeira queda teve lugar quando a mulher de quem<br />

herdamos a morte concebeu, em seu coração, o veneno da<br />

serpente. A serpente, com efeito, a persuadiu a pecar e este<br />

mau conselho encontrou guarida em seus ouvidos. Se nossa<br />

primeira queda teve lugar quando a mulher concebeu em<br />

seu coração o veneno da serpente, não há de estranhar-nos<br />

que nossa saúde tenha sido restaurada quando outra<br />

mulher concebeu em seu seio a carne do Todo-Poderoso.<br />

Um e outro sexo tinham caído; um e outro tinham que ser<br />

restaurados. Por uma mulher fomos entregues à morte; por<br />

uma mulher nos foi devolvida a saúde" (Sermão 289,2).<br />

c) Imaculada conceição<br />

* * *<br />

“Deus te salve, cheia de graça; o Senhor é contigo”<br />

(Luc. 28b).<br />

Esta santidade inteiramente singular da qual Maria é enriquecida<br />

desde o primeiro instante da sua conceição, lhe vem<br />

inteiramente de Cristo: em vista dos méritos de seu Filho, foi<br />

redimida de um modo mais sublime. Mais do que qualquer outra<br />

pessoa criada, o Pai a “abençoou com toda sorte de bênçãos<br />

espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef. 1,3). Ele a escolheu n’Ele,<br />

desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada<br />

na sua presença, no amor (CIC 492).<br />

- 25 -


Hipólito de Roma<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

"Ele (=Jesus) era a arca composta por madeira<br />

incorruptível. Com efeito, o seu tabernáculo (=Maria) era<br />

isento da podridão e corrupção" (Orat. Inillud).<br />

Orígenes de Alexandria<br />

"Esta Virgem Mãe do Unigênito de Deus chama-se Maria,<br />

digna de Deus, imaculada das imaculadas, sem par"<br />

(Homilia 1).<br />

Efrém da Síria<br />

"Que a mulher entoe louvor, à pura Maria" (Hinos da<br />

Natividade 15,23).<br />

"Somente Vós (=Cristo) e vossa Mãe sois mais belos do que<br />

qualquer outro ser. Em ti, Senhor, não há mancha alguma;<br />

na tua Mãe nada de feio existe" (Carmina Nisibena 27,8).<br />

Cirilo de Jerusalém<br />

"Que arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria<br />

que seu inimigo a possuísse inteiramente e habitasse?".<br />

Ambrósio de Milão<br />

"Maria, uma virgem não profanada, Virgem tornada<br />

inviolável pela graça, livre de toda mancha do pecado"<br />

(Sermão 22,30).<br />

João Crisóstomo<br />

"Se de nada teria servido a Maria ter dado à luz o Cristo, se<br />

não fosse plenamente rica em virtude, muito menos [a<br />

vinda de Cristo] nos ajudará" (Comentário sobre o<br />

Evangelho de João 21,3).<br />

Agostinho de Hipona<br />

"Nem se deve tocar na palavra 'pecado' em se tratando de<br />

Maria; e isto em respeito Àquele de quem mereceu ser a<br />

Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça"<br />

(Sermão 215,3).<br />

"Não entregamos Maria ao diabo por condição original pois<br />

afirmamos que sua própria condição original se anula pela<br />

graça da redenção." (Contra Juliano 4). "Exceto a Santa<br />

Virgem Maria, da qual não quero, por honra do que é devido<br />

ao Senhor, suscitar qualquer questão ao se tratar de<br />

pecados, pois sabemos que lhe foi concedida a graça para<br />

- 26 -


A FÉ CRISTÃ<br />

vencer por todos os flancos o pecado, porque mereceu ela<br />

conceber e dar à luz a quem não teve pecado algum.<br />

Exceto, digo a esta Virgem, se tivéssemos podido congregar<br />

todos os santos e santas que aqui viviam e perguntássemos<br />

se jamais tinham pecado, o que teriam respondido? (...)<br />

Não é verdade que teriam unanimemente exclamado: 'Se<br />

dissermos que não pecamos, enganamo-nos, e a verdade<br />

não está em nós'?" (De Natura et Gratia 36,42).<br />

Teotecnos de Lívias<br />

"Nasce como os querubins aquela (=Maria) que é de um<br />

barro puro e imaculado".<br />

Concílio Regional de Latrão<br />

"Maria, a Santa Mãe de Deus e imaculada Virgem (...)<br />

concebeu do Espírito Santo, sem semente viril, o próprio<br />

Deus Verbo; deu-O à luz sem perder a sua integridade e,<br />

também depois do parto, conservou inalterada a sua<br />

virgindade".<br />

João Damasceno<br />

"Posto que a Virgem Mãe de Deus nasceria de Ana, a<br />

natureza não se atreveu a se antecipar ao germe da graça,<br />

mas permaneceu sem fruto até que a graça produzisse o<br />

seu. Era conveniente, pois, que nascesse como primogênita<br />

aquela da qual haveria de nascer o Primogênito de toda a<br />

criatura, em quem subsistem todas as coisas (Col. 1,15-17).<br />

Ó venturosa companheira: a vós está sujeita toda a criação!<br />

Por meio de vós, com efeito, ofereceu o Criador o melhor de<br />

todos os dons, ou seja, aquela augusta Mãe, a única que foi<br />

digna do Criador! Ó felizes entranhas de Joaquim, da qual<br />

saiu uma descendência absolutamente sem mancha! Ó seio<br />

glorioso de Ana, no qual pouco a pouco foi crescendo e se<br />

desenvolvendo uma criança completamente pura e, depois<br />

de formada, foi dada à luz!" (Homilia I da Natividade de<br />

Maria 2).<br />

André de Creta<br />

"O corpo de Virgem é uma terra que Deus trabalhou, as<br />

primícias da massa adamítica divinizada em Cristo, a<br />

imagem verdadeiramente semelhante à beleza primitiva, o<br />

barro amassado pelas mãos do Artista divino" (Sermão da<br />

Dormição de Maria 1).<br />

"Hoje a humanidade, em todo fulgor da sua nobreza<br />

- 27 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

imaculada recebe a beleza antiga. As vergonhas do pecado<br />

tinham obscurecido o esplendor e o fascínio da natureza<br />

humana. Mas quando nasce a Mãe do Belo por excelência<br />

(=Jesus), esta natureza recupera, na sua pessoa, os antigos<br />

privilégios e é plasmada segundo um modelo perfeito e<br />

verdadeiramente digno de Deus (...) Hoje a reforma da<br />

nossa natureza começa e o mundo envelhecido, submetido<br />

a uma transformação totalmente divina, recebe as primícias<br />

da segunda criação" (Sermão da Natividade de Maria 1).<br />

Concílio Ecumênico de Nicéia II<br />

"Definimos, com todo rigor e cuidado, que, à semelhança da<br />

representação da cruz preciosa e vivificante, assim como as<br />

veneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,<br />

quer em qualquer outro material adaptado, devem ser<br />

expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,<br />

nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas<br />

casas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e<br />

Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa e<br />

Santa Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos<br />

justos".<br />

* * *<br />

d) Virgem antes do parto de Jesus<br />

“Foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da<br />

Galiléia, chamada Nazaré, a uma Virgem desposada<br />

com um varão. O nome da Virgem era Maria” (Luc.<br />

1,26b.27b).<br />

Desde as primeiras formulações da fé, a Igreja confessou que<br />

Jesus foi concebido exclusivamente pelo poder do Espírito Santo<br />

no seio da Virgem Maria, afirmando também o aspecto corporal<br />

deste evento: Jesus foi concebido “do Espírito Santo, sem<br />

sêmen” (Concílio Regional de Latrão). Os Padres vêem na<br />

conceição virginal o sinal de que foi verdadeiramente o Filho de<br />

Deus que veio a uma humanidade como a nossa (CIC 496).<br />

Inácio de Antioquia<br />

"O Filho de Deus (...) verdadeiramente nasceu de uma<br />

virgem" (Epístola aos Esmirnenses 1,1).<br />

Justino Mártir<br />

"'A Virgem há de conceber' (Is. 7,14), não do varão (...) A<br />

- 28 -


A FÉ CRISTÃ<br />

força de Deus, sobrevindo a ela, recobriu-a e fez que,<br />

embora virgem, se tornasse grávida" (Apologia 1,33).<br />

Ireneu de Lião<br />

“Que haveria de grande ou que sinal se produziria se uma<br />

jovem desse à luz após ter concebido de varão? É<br />

justamente isto o que acontece com todas as mulheres que<br />

dão à luz" (Contra as Heresias 3,21,6).<br />

Ambrósio de Milão<br />

Iria escolher Nosso Senhor Jesus para ser sua Mãe a quem<br />

se atrevesse a profanar o seio celeste com a intervenção de<br />

um varão ou uma mulher incapaz de guardar intacto o<br />

pudor virginal? Aquela com cujo exemplo estimula as<br />

demais virgens ao amor da integridade" (Da formação da<br />

Virgem 44-45).<br />

"Dissemos que José era um varão justo, dando-nos o<br />

evangelista a entender que ele não se atreveria a profanar o<br />

templo do Espírito Santo: o ventre do mistério, o corpo da<br />

Mãe de Deus" (Comentário ao Evangelho de Lucas).<br />

Agostinho de Hipona<br />

"Causa-te estranheza (ó Porfírio), porventura, o inusitado<br />

parto de uma Virgem? Nem sequer isto deve constrangerte.<br />

Digo mais: isto deve conduzir-te a aceitar a ter piedade<br />

porque Aquele que é admirável nasce admiravelmente" (A<br />

Cidade de Deus 10,29,1.2).<br />

"Entre todas as mulheres, Maria é a única a ser ao mesmo<br />

tempo Virgem e Mãe, não somente segundo o espírito, mas<br />

também pelo corpo".<br />

"Maria deu à luz corporalmente a Cabeça deste corpo. A<br />

Igreja dá à luz espiritualmente os membros dessa Cabeça.<br />

Nem em Maria, nem na Igreja, a virgindade impede a<br />

fecundidade. E nem em uma, nem em outra, a fecundidade<br />

destrói a virgindade" (Da Virgindade Consagrada 2,2).<br />

"[Maria] dedicou a sua virgindade a Deus, quando ainda não<br />

sabia a quem devia conceber, a fim de que a imitação da<br />

vida celeste no corpo terreno e mortal se fizesse por voto,<br />

não por preceito; por opção de amor, não por necessidade<br />

de serviço" (Da Virgindade Consagrada 4,4).<br />

"Está dito: 'Jesus Cristo foi formado 'da estirpe de Davi<br />

segundo a carne', conforme o Apóstolo (Rom 1,3). Isso<br />

significa que foi modelado do limo da terra (Gen 2,7) E<br />

- 29 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

nesse mesmo livro do Gênesis está posto: '(Não havia ainda<br />

nenhum arbusto sobre a terra) porque não havia homem<br />

para cultivar o solo' (Gen 2,5). Isto é, nenhum varão tocara<br />

a Virgem da qual nasceria Cristo. 'E uma fonte brotava da<br />

terra e regava toda a sua superfície' (Gen 2,6). A 'superfície<br />

da terra' significa, muito justamente, a Mãe do Senhor, a<br />

Virgem Maria, a quem o Espírito Santo irrigou. Com efeito,<br />

ao Espírito Santo, o evangelho denomina 'fonte' e 'água' (Jo<br />

4,14; 7,38-39), para que do 'limo' fosse formado aquele<br />

homem (Jesus). Foi Ele colocado no paraíso com a<br />

finalidade de trabalhá-lo e guardá-lo, isto é, cumprir e<br />

observar a vontade do Pai" (De genesi ad manichaeos<br />

2,24,37).<br />

e) Virgem durante o parto<br />

* * *<br />

“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e o<br />

reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar<br />

para eles na estalagem” (Luc. 2,7).<br />

O aprofundamento da sua fé na maternidade virginal levou a<br />

Igreja a confessar a virgindade real (...) de Maria, mesmo no<br />

parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento<br />

de Cristo não lhe violou, mas sagrou a integridade virginal da<br />

Sua Mãe (CIC 499).<br />

Inácio de Antioquia<br />

"O príncipe deste mundo ignorou a virgindade de Maria e o<br />

seu parto, da mesma forma que a morte do Senhor: três<br />

mistérios proeminentes que se realizaram no silêncio de<br />

Deus" (Epístola aos Efésios 19,10).<br />

Protoevangelho Apócrifo de Tiago<br />

"A gruta estava coberta por uma nuvem luminosa (...) De<br />

repente, a nuvem começou a se retirar da gruta e, lá<br />

dentro, brilhou uma luz tão forte que nossos olhos não<br />

podiam resistir a ela. Por um momento, ela começou a<br />

diminuir até o ponto em que apareceu um menino e veio<br />

tomar o peito de sua Mãe. A parteira então deu um grito,<br />

dizendo: 'Grande é para mim o dia de hoje, pois me foi<br />

possível ver, com meus próprios olhos, um novo milagre'"<br />

(17,3.20).<br />

- 30 -


Agostinho de Hipona<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

"Nossa fé não é ficção. Nunca vimos o rosto da Virgem<br />

Maria da qual, sem contato de varão e sem detrimento de<br />

sua virgindade no parto, nasceu o Senhor Jesus Cristo<br />

milagrosamente" (A Trindade 8,5,7).<br />

"Cremos no Filho de Deus, que nasceu pelo Espírito Santo<br />

da Virgem Maria. De fato, o Dom de Deus, isto é, o Espírito<br />

Santo, é que nos valeu tão grande humildade por parte de<br />

um Deus tão magnífico, a ponto de se dignar tomar nossa<br />

natureza toda inteira no seio de uma Virgem. Veio ele<br />

habitar num seio materno, deixando-o intacto" (Da Fé e do<br />

Símbolo 4,8).<br />

"Causa-nos admiração o parto de uma Virgem (...) Sua<br />

integridade virginal permaneceu inviolada na concepção e<br />

no parto" (Sermão 192,1).<br />

Papa Gregório I Magno de Roma<br />

"Virgem que deu à luz e, enquanto dava à luz, duplicava a<br />

virgindade".<br />

"O corpo do Senhor, após a ressurreição, entrou onde se<br />

achavam os discípulos, passando por portas fechadas; esse<br />

mesmo corpo que, ao nascer, saiu do seio fechado,<br />

manifestando-se aos olhos dos homens. Não é para se<br />

admirar que o Senhor, ressuscitado para viver eternamente,<br />

tenha atravessado portas fechadas, visto que, para morrer,<br />

Ele veio a nós através do seio fechado da Virgem" (Homilia<br />

26,1).<br />

f) Virgem após o parto<br />

* * *<br />

“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e o<br />

reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar<br />

para eles na estalagem” (Luc. 2,7).<br />

[Tal aprofundamento na fé da maternidade virginal leva a Igreja<br />

a professar] a virgindade real e perpétua de Maria (cf. CIC 499).<br />

Orígenes de Alexandria<br />

"Isto soa como algo de sagrado, pois para se falar<br />

propriamente, aplica-se apenas ao caso de Jesus. Ele é o<br />

único menino que abre o seio de sua Mãe. Nas outras mães,<br />

- 31 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

o seio está aberto desde antes... Só o de Maria, sagrado e<br />

digno de toda veneração, permanece intacto" (Homilia 14<br />

sobre o Evangelho de Lucas).<br />

Efrém da Síria<br />

"Virgem gerou a Luz, sem ficar com nenhum sinal, como a<br />

sarça que ardia ao fogo sem se consumir".<br />

Agostinho de Hipona<br />

“Veio Ele (=Cristo) habitar num seio materno, deixando-o<br />

intacto".<br />

"Mas os católicos (...), ao contrário, sempre creram na<br />

virgindade de santa Maria, no parto. Ele tomou de Maria um<br />

corpo real e autêntico, tendo sua Mãe permanecido virgem<br />

no parto, assim como depois do parto" (Contra Juliano<br />

1,2,4).<br />

"Na verdade, era digno e de todo conveniente, que o parto<br />

daquela que havia procriado ao Senhor do céu e da terra, e<br />

que permaneceu virgem após ter dado à luz, fosse<br />

celebrado não somente com festejos humanos, mas com<br />

cânticos sublimes de louvor pelos anjos" (Sermão 193,1).<br />

"Nosso Senhor entrou por sua livre vontade no seio da<br />

Virgem (...) Engravidou sua Mãe, todavia sem privá-la da<br />

sua virgindade. Tendo-se formado a si mesmo, saiu e<br />

manteve íntegras as entranhas da mãe. Desta maneira,<br />

revestiu aquela de quem se dignou nascer, com a honra de<br />

Mãe e com a santidade de Virgem. Que significa isso? Quem<br />

pode dizê-lo? Quem o pode calar? Coisa admirável! Mas não<br />

nos é permitido calar aquilo de que somos incapazes de<br />

esclarecer (...) Não obstante, sentimo-nos constrangidos a<br />

louvar, para que o nosso silêncio não seja sinal de<br />

ingratidão. Graças sejam dadas a Deus! Aquilo que não se<br />

pode exprimir dignamente, pode-se crer firmemente"<br />

(Sermão 215,3).<br />

"Maria: Jesus ao ser concebido em ti, encontrou-te virgem<br />

e, uma vez nascido, deixa-te virgem. Concede-te a<br />

fecundidade sem te privar da integridade! De onde te vem<br />

tudo isso? (...) Dize-me, ó Anjo, de onde veio tal glória a<br />

Maria? E o Anjo diz: 'Eu já o declarei ao saudá-la - Ave,<br />

cheia de graça!'" (Sermão 291,6).<br />

Papa Leão I Magno de Roma<br />

"O Filho de Deus foi concebido do Espírito Santo no seio da<br />

- 32 -


A FÉ CRISTÃ<br />

Virgem Maria, que O deu à luz, conservando a sua<br />

virgindade, como o concebeu conservando a sua virgindade"<br />

(Epístola a Flaviano 2).<br />

Concílio Regional de Latrão<br />

"Maria, a Santa Mãe de Deus e imaculada Virgem (...)<br />

concebeu do Espírito Santo, sem semente viril, o próprio<br />

Deus Verbo; deu-O à luz sem perder a sua integridade e,<br />

também depois do parto, conservou inalterada a sua<br />

virgindade" (DZ 503).<br />

g) A sempre Virgem Maria<br />

* * *<br />

“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e o<br />

reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar<br />

para eles na estalagem” (Luc. 2,7).<br />

[Por tudo,] a Liturgia da Igreja celebra Maria como a<br />

Aeiparthenos, isto é, a “Sempre Virgem” (CIC 499 in fine).<br />

Efrém da Síria<br />

"Virgem, ela (=Maria) O deu à luz e fica incólume em sua<br />

virgindade / Inclinou-se e partiu-O e, assim Virgem, ela o<br />

levantou e o alimentou com seu leite / Ela é Virgem e assim<br />

morre, sem que sejam violados os selos da sua virgindade"<br />

(Hino 15,2).<br />

Ambrósio de Milão<br />

"Que porta é esta senão Maria, que permanece fechada por<br />

ser virgem? Portanto, esta porta foi Maria, através da qual<br />

Cristo veio a este mundo graças a um parto virginal, sem<br />

romper os claustros fecundos da pureza. Permaneceu<br />

íntegro em seu pudor e se conservaram intactos os selos da<br />

virgindade, enquanto nascia Cristo de uma Virgem cuja<br />

grandeza não podia sustentar o mundo inteiro. Esta porta -<br />

disse o Senhor - há de permanecer fechada e não se abrirá.<br />

Bela porta: Maria, que sempre se manteve fechada e não a<br />

abriu! Passou Cristo através dela, mas não abriu" (Da<br />

formação da Virgem 52-53).<br />

Epifânio de Salamina<br />

"Dela, na verdade, o Senhor nascera, quanto ao corpo; sua<br />

encarnação não fora aparente, mas real. E se ela não fosse<br />

- 33 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

verdadeiramente sua Mãe, aquela de quem recebera a<br />

carne e que o dera à luz, não se preocuparia tanto em<br />

recomendá-la como a sempre Virgem. Sendo sua Mãe, não<br />

admitia mancha alguma na sua honra e no admirável vaso<br />

do seu corpo".<br />

"[O Filho de Deus] encarnou-se, isto é, foi gerado de modo<br />

perfeito por santa Maria, a sempre Virgem, por obra do<br />

Espírito Santo" (Ancoratus 119,5).<br />

João Crisóstomo<br />

"Virgem que permaneceu virgem, sendo verdadeiramente<br />

mãe".<br />

Agostinho de Hipona<br />

"Cristo nasceu, com efeito, da Mãe que, embora sem<br />

contato com varão, concebeu intacta e sempre intacta<br />

permaneceu. Concebeu virgem, dando à luz virgem, virgem<br />

morrendo, embora fosse desposada com um carpinteiro,<br />

extinguindo todo orgulho da nobreza carnal. Uma virgem<br />

concebe, virgem leva o fruto; uma virgem dá à luz e<br />

permanece perpetuamente virgem".<br />

"Quanto ao que cremos a respeito de sua sepultura, essa fé<br />

evoca a recordação daquele sepulcro novo que viria<br />

testemunhar a ressurreição de Cristo para uma vida nova,<br />

tal como aconteceu com o seio virginal em relação ao seu<br />

nascimento. Com efeito, assim como nesse sepulcro<br />

nenhum morto foi sepultado (Jo. 19,41), nem antes, nem<br />

depois, também no seio virginal de Maria, nem antes, nem<br />

depois, ser mortal algum foi concebido" (Da Fé e do Símbolo<br />

5,11).<br />

"Virgem concebeu, Virgem deu à luz, Virgem viveu até a<br />

morte, ainda que estivesse desposada com um operário"<br />

(Da Instrução dos Catecúmenos 22,40).<br />

"Maria permaneceu virgem, concebendo o seu Filho. Virgem<br />

ao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo<br />

do seu seio, Virgem sempre" (Sermão 186,1).<br />

Cirilo de Alexandria<br />

"Ela é Mãe e virgem! Que coisa admirável! Esse milagre me<br />

deixa extasiado. Quem jamais ouviu dizer que o construtor<br />

fosse impedido de habitar no templo que ele próprio<br />

construiu? Quem se humilhou tanto a ponto de escolher<br />

uma escrava para ser a sua própria mãe? Eis que tudo<br />

- 34 -


A FÉ CRISTÃ<br />

exulta de alegria! Reverenciemos e adoremos a divina<br />

Unidade; com santo temor veneremos a indivisível Trindade<br />

ao celebrar com louvores a sempre Virgem Maria! Ela é o<br />

templo santo de Deus, que é seu Filho e esposo imaculado.<br />

A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém" (Homilia no<br />

Concílio de Éfeso).<br />

Concílio Ecumênico de Constantinopla II<br />

"[O Verbo de Deus,] tendo-se encarnado da santa gloriosa<br />

Mãe de Deus e sempre virgem Maria, nasceu dela" (DS<br />

422).<br />

Ildelfonso de Toledo<br />

"(Maria) Tua pureza fica salva no anúncio angélico sobre tua<br />

prole; tua virgindade encontra segurança no nome de teu<br />

Filho e, assim, permaneces honesta e íntegra após o parto.<br />

Não quero ver-te (=Joviano) questionando sobre o pudor de<br />

nossa Virgem no parto; não quero ver-te corromper a sua<br />

integridade na geração; não quero saber violada sua<br />

virgindade no momento em que deu à luz. Não lhe negues a<br />

maternidade porque foi virgem; não a prives da plena glória<br />

da virgindade porque foi mãe. Se confundes uma dessas<br />

coisas, erras em tudo. Desconhecer a harmonia que as une<br />

é ignorar por completo a verdade que encerram. Se não<br />

pensas assim, estás errado e pecas contra a justiça. Se<br />

negas à Virgem sua maternidade ou sua virgindade, injurias<br />

grandemente a Deus: negas que Ele possa fazer a Sua<br />

vontade, que Ele possa manter virgem a quem encontrou<br />

virgem. Mas, então, a divindade do Onipotente antes trouxe<br />

detrimento do que benefício a Maria: enfeiou-a Aquele que<br />

a enchera de beleza ao criá-la. Cesse o pensamento que<br />

assim julga; cale-se a boca que assim fala; não ressoe tal<br />

voz! Eis que Maria é Virgem por graça de Deus. Virgem de<br />

homem, virgem por testemunho do anjo, virgem por<br />

declaração do Esposo, virgem sem sombra de dúvida,<br />

virgem antes da vinda de seu Filho, virgem após concebêlo,<br />

virgem no parto, virgem após o parto. Fecundada pelo<br />

Verbo e por Ele repleta, dignamente deu-O à luz, em<br />

nascimento humano sim, conforme a condição e a verdade<br />

das coisas humanas, mas de modo intacto, incorrupto e<br />

totalmente íntegro. Isto ela deve a um dom divino, a uma<br />

divina graça, a uma divina concessão, mediante uma obra<br />

totalmente nova, de eficácia nova, de realização inédita,<br />

mantendo-se virgem pela concepção e depois da concepção,<br />

- 35 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

pelo parto, com o parte e depois do parto, virgem com o<br />

que havia de nascer, com o que nascia, virgem depois do<br />

seu nascimento. Dita, pois, esposa e virgem, escolhida para<br />

esposa e virgem, criada como esposa e virgem. Sempre<br />

virgem, apesar do Filho e do Esposo, alheia a toda união e<br />

contato conjugal. Verdadeiramente virgem e santa, virgem<br />

gloriosa, virgem honrada. E após o nascimento do Verbo<br />

encarnado, após a natividade do homem assumido em<br />

Deus, do homem unido a Deus, mais santa virgem ainda,<br />

santíssima, mais bem-aventurada, mais gloriosa, mais<br />

nobre, mais honrada, mais augusta" (Da Virgindade<br />

Perpétua de Maria).<br />

João Damasceno<br />

"Bem-aventurados sejam as entranhas e o ventre de onde<br />

saíste; bem-aventurados os braços que te sustentaram e os<br />

lábios que se alegraram dando-te castos beijos, isto é, os de<br />

teus pais unicamente, de modo que sempre guardarás a<br />

perfeita virgindade!" (Homilia 1 da Natividade de Maria 6).<br />

h) Assunção aos céus<br />

* * *<br />

“Foram dadas à mulher duas asas de uma grande<br />

águia, a fim de voar para o deserto (...) fora da<br />

presença da serpente” (Apoc. 12,14).<br />

Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda<br />

mancha e culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi<br />

assunta em corpo e alma à glória celeste. E, para que mais<br />

plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos<br />

senhores e Vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo<br />

Senhor como Rainha do universo. A assunção da Virgem é uma<br />

participação singular na ressurreição de seu Filho e uma<br />

antecipação da ressurreição dos outros cristãos (CIC 966).<br />

Efrém da Síria<br />

"Disse Maria: o Menino que gerei me tomou consigo / E me<br />

abrigou entre suas poderosas asas / Elevando-me às alturas<br />

e explicando: / Os céus e as profundezas pertencem a teu<br />

Filho" (Hino do Natividade do Senhor 17).<br />

Ambrósio de Milão<br />

"Se ela (=Maria) morria com seu Filho, sabia que havia de<br />

- 36 -


A FÉ CRISTÃ<br />

ressuscitar com Ele, pois ela não ignorava o fato misterioso<br />

de que havia gerado Aquele que havia de ressuscitar" (De<br />

Institutione Virginis 7,49).<br />

Timóteo de Jerusalém<br />

"'Uma espada transpassará a tua alma!' (...) Destas<br />

palavras, muitos concluíram que a Mãe do Senhor, morta<br />

pela espada, obteve o fim glorioso que é o martírio. Mas<br />

não foi assim. A espada metálica divide o corpo e não a<br />

alma. Nem era possível que tal acontecesse, porque a<br />

Virgem, imortal até hoje, foi transladada a partir do lugar de<br />

sua assunção por Aquele que nela fez a sua morada"<br />

(Homilia sobre Simeão e Ana).<br />

Epifânio de Salamina<br />

"Se alguém julgar que estamos laborando em erro, pode<br />

consultar a Sagrada Escritura, onde não achará a morte de<br />

Maria, nem se foi morta ou não, se foi sepultada ou não. E<br />

quando João partiu para a Ásia, em parte alguma está dito<br />

que tenha levado consigo a santa Virgem. Sobre isto, a<br />

Escritura silencia totalmente, o que penso ocorrer por causa<br />

da grandeza transcendente do prodígio, a fim de não causar<br />

maior assombro às mentes. Temo falar nisso e procuro<br />

impor-me silêncio a esse respeito, porque não sei,<br />

realmente, se se podem achar indicações, ainda que<br />

obscuras, sobre a incerta morte da santíssima e bemaventurada<br />

Virgem. De um lado, temos a palavra proferida<br />

sobre ela: 'Uma espada traspassará tua alma, para que<br />

sejam revelados os pensamentos de muitos corações'. De<br />

outro, todavia, lemos no Apocalipse de João, que o dragão<br />

avançou contra a mulher, quando dera à luz um varão, e<br />

que lhe foram dadas asas de águia para ser transportada ao<br />

deserto, onde o dragão não a alcançasse. Isso pode ter-se<br />

realizado em Maria. Nem digo que tenha permanecido<br />

imortal, nem posso afirmar que tenha morrido. A Sagrada<br />

Escritura, transcendendo aqui a capacidade da mente<br />

humana, deixa a coisa na incerteza, em atenção ao Vaso<br />

insigne e excelente, para que ninguém lhe atribua alguma<br />

sordidez própria da carne" (Panarion 78,10-12).<br />

Pseudo-Melitão<br />

"[Disseram os Apóstolos a Jesus:] 'Senhor, escolhestes esta<br />

tua serva (=Maria) a fim de que se tornasse para Ti uma<br />

residência imaculada (...) Portanto, pareceu-nos justo, a<br />

nós, teus servos, que assim como Tu reinas na glória,<br />

- 37 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

depois de teres vencido a morte, Tu ressuscitas o corpo de<br />

tua Mãe e conduze-a jubilosa contigo ao céu" (Do Trânsito<br />

da Virgem Maria).<br />

Sacramentário de Bóbbio<br />

"8 de janeiro: Festa da Assunção de Maria"<br />

Germano de Constantinopla<br />

"Era necessário que a Mãe da Vida compartilhasse a<br />

habitação da Vida" (Homilia da Dormição de Maria).<br />

"Assim como uma criança procura e deseja a presença de<br />

sua mãe, e como uma mãe ama viver em companhia de seu<br />

filho, assim também para ti (=Maria), cujo amor materno<br />

pelo seu Filho e Deus não deixa dúvidas, era conveniente<br />

que tu voltasses para Ele. E, em todo caso, não era por<br />

ventura conveniente que este Deus, que provara por ti um<br />

amor deveras filial, te tomasse em sua companhia?"<br />

(Homilia da Dormição de Maria 1).<br />

"[Diz Jesus:] 'É preciso que onde Eu estou, tu também<br />

estejas, Mãe, inseparável de teu Filho'" (Homilia da<br />

Dormição de Maria 3).<br />

João Damasceno<br />

"Maria não conheceu os tenebrosos caminhos que levam ao<br />

inferno, mas disposto para ela um caminho reto, plano e<br />

seguro em direção ao céu. Com efeito, se Cristo, que é a<br />

verdade e a vida, disse: 'Onde eu estou, ali estará também<br />

meu servidor' (Jo 12,26), com muito mais razão não devia<br />

morar com Ele sua própria Mãe? Assim como ela Lhe deu à<br />

luz sem dor, assim também sua morte esteve isenta de<br />

dores. Funesta é a morte dos pecadores (Sl 34,22);<br />

daquela, ao contrário, em quem foi vencido o pecado, que é<br />

o aguilhão da morte, não teremos de dizer que a morte é o<br />

princípio de uma vida superior e indefectível? Se em<br />

verdade é preciosa a morte dos santos do Senhor Deus dos<br />

exércitos, muito mais é o gloriosa translado da Mãe de<br />

Deus" (Homilia 1 da Natividade de Maria 3).<br />

"Era necessário que aquela que vira o seu Filho sobre a cruz<br />

e recebera em pleno coração a espada da dor (...)<br />

contemplasse este Filho sentado à direita de Deus" (Homilia<br />

2 da Natividade de Maria).<br />

"É aqui que o Criador de todas as coisas recebe em suas<br />

mãos a alma sacrossanta que emigra daquele corpo, que é<br />

- 38 -


A FÉ CRISTÃ<br />

o receptáculo em que habitou o Senhor! Com razão quis Ele<br />

prestar esta honra àquela que, embora por natureza fosse<br />

sua escrava, por uma altíssima e inefável decisão de sua<br />

bondade, ao assumir verdadeiramente nossa carne, a fez<br />

sua Mãe (...) Os coros dos anjos, segundo cremos,<br />

contemplaram - ó Virgem - tua saída deste mundo, por eles<br />

ansiada (...) Os anjos e arcanjos te transladaram. Ante teu<br />

translado, os espírito imundos que voam pelos ares se<br />

estremeceram de espanto. Com tua passagem o ar ficou<br />

abençoado e tudo foi santificado. O céu, com gozo, recebeu<br />

tua alma. As potestades celestiais saíram ao teu encontro,<br />

cantando hinos sagrados, com festiva alegria e<br />

expressando-se com estas ou parecidas palavras: 'Quem é<br />

esta que sobe toda pura, surgindo como a aurora, formosa<br />

como a lua e brilhante como o sol? Ó, que formosa és e<br />

toda cheia de suavidade! O Rei te introduziu em sua<br />

câmara, onde as potestades te escoltam, os principados te<br />

abençoam, os tronos entoam cânticos em tua honra, os<br />

querubins se maravilham e os serafins proclamam teus<br />

louvores, já que, por divina disposição, foste constituída<br />

verdadeira Mãe do Senhor'" (Homilia 1 da Assunção de<br />

Maria 1,1).<br />

"Quem ama ardentemente alguma coisa costuma trazer seu<br />

nome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não me censure,<br />

pois, se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meu<br />

Deus, como oferenda em honra de sua partida. Isto não<br />

será favor para ela, mas servirá a mim mesmo e a vós, aqui<br />

presentes (...) Não é Maria que precisa de elogios; nós é<br />

que precisamos de sua glória. Um ser glorificado, que glória<br />

pode receber ainda? A fonte da luz, como será iluminada<br />

ainda? Ela (Maria) cativou o meu espírito; ela reina sobre a<br />

minha palavra; dia e noite sua imagem me é presente. Mãe<br />

do Verbo, dá-me de que falar! (...) Eis aquela cuja festa<br />

celebramos hoje em sua santa e divina assunção. Aquele<br />

que (...) desceu ao seio virgíneo para ser concebido e se<br />

encarnar, sem deixar o seio do Pai; Aquele que através da<br />

Paixão marchou voluntariamente para a morte,<br />

conquistando pela morte a imortalidade e voltando ao Pai;<br />

como não poderia Ele atrair ao Pai sua Mãe segundo a<br />

carne? Como não elevaria da terra ao céu aquela que fora<br />

um verdadeiro céu na terra? Hoje, da Jerusalém terrestre, a<br />

Cidade viva de Deus foi conduzida à Jerusalém do alto:<br />

aquela que concebera como seu primogênito e unigênito o<br />

- 39 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Primogênito de toda a criatura e o Unigênito do Pai, vem<br />

habitar na Igreja das primícias! A arca do Senhor, viva e<br />

racional, é transportada ao repouso de seu Filho! As portas<br />

do paraíso se abrem para acolher a terra portadora de<br />

Deus, onde germinou a árvore da vida eterna, redentora da<br />

desobediência de Eva e da morte infligida a Adão! Aquela<br />

que foi o leito nupcial onde se deu a divina encarnação do<br />

Verbo veio repousar em túmulo glorioso, como em tálamo<br />

nupcial, para de lá se elevar até a câmara das núpcias<br />

celestes, onde reina em plena luz com seu Filho e seu Deus,<br />

deixando-nos também como lugar de núpcias seu túmulo<br />

sobre a terra (...) Mas então? Morreu a fonte da vida, a Mãe<br />

de meu Senhor? Sim, era preciso que o ser formado da<br />

terra à terra voltasse, para dali subir ao céu, recebendo o<br />

dom da vida perfeita e pura a partir da terra, após ter-lhe<br />

entregue o seu corpo. Era preciso que, como o ouro no<br />

crisol, a carne rejeitasse o peso da imortalidade e se<br />

tornasse, pela morte, incorruptível, pura e, assim,<br />

ressuscitasse do túmulo (...) Erguei vossos olhos, Povo de<br />

Deus! Alçai vosso olhar! Eis em Sião a Arca do Senhor, Deus<br />

dos exércitos, à qual vieram pessoalmente prestar<br />

assistência os Apóstolos, tributando seu derradeiro culto ao<br />

corpo que foi princípio de vida e receptáculo de Deus! Eis a<br />

Virgem, filha de Adão e Mãe de Deus! Por causa de Adão,<br />

entrega o seu corpo à terra; mas por causa de seu Filho,<br />

eleva a alma aos tabernáculos celestes! Que toda a criação<br />

celebre a subida da Mãe de Deus: os grupos de jovens, em<br />

sua alegria; a boca dos oradores, em seus panegíricos; o<br />

coração dos sábios, em suas dissertações sobre essa<br />

maravilha; os anciãos de veneráveis clãs, em suas<br />

contemplações. Que todas as criaturas se associem nesta<br />

homenagem que, ainda assim, não seria suficiente. Todos,<br />

pois, deixemos em espírito este mundo com aquela que dele<br />

parte. Cantemos hinos sacros e nossas melodias se inspirem<br />

nas palavras: 'Ave, cheia de graça: o Senhor é contigo'"<br />

(Homilia sobre a Dormição de Nossa Senhora).<br />

"Como é possível que aquela que no parto ultrapassou todos<br />

os limites da natureza, agora se submeta às leis desta e seu<br />

corpo imaculado se sujeite à morte? (...) Certamente era<br />

necessário que a parte mortal fosse deposta para se revestir<br />

de imortalidade, porque nem o Senhor da natureza rejeito a<br />

experiência da morte. Com efeito, Ele morre segundo a<br />

carne e com a morte destrói a morte; à corrupção concede<br />

- 40 -


A FÉ CRISTÃ<br />

a incorruptibilidade e o morrer faz d'Ele nascente da<br />

ressusrreição" (Panegírico sobre a Dormição da Mãe de<br />

Deus 10).<br />

Sacramentário Gregoriano<br />

"[Este é o] Dia em que a Santa Mãe de Deus sofreu a morte<br />

terrena, mas não permaneceu nas amarras da morte".<br />

i) Mãe de Deus<br />

* * *<br />

“Donde me vem que a Mãe do meu Senhor venha ter<br />

comigo?” (Luc. 1,43).<br />

Denominada nos Evangelhos “a Mãe de Jesus” (Jo. 2,1; 19,25),<br />

Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito, desde antes do<br />

nascimento do seu Filho, como “a Mãe do meu Senhor” (Luc.<br />

1,43). Com efeito, Aquele que ela concebeu do Espírito Santo<br />

como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho<br />

segundo a carne, não é outro que o Filho eterno do Pai, a<br />

Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que<br />

Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos) (CIC 495).<br />

Anônimo (séc. II)<br />

"Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe de<br />

Deus: não desprezeis as nossas súplicas, pois estamos<br />

sendo provados, mas livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem<br />

gloriosa e bendita" (Oração Egípcia).<br />

Alexandre de Alexandria<br />

"[Jesus] não teve apenas a aparência, mas tinha carne de<br />

verdade recebida de Maria, Mãe de Deus" (Epístola a<br />

Alexandre de Constantinopla 12).<br />

Atanásio de Alexandria<br />

"A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem<br />

por finalidade e característica afirmar de Cristo Salvador<br />

estas duas coisas: que Ele é Deus e nunca deixou de o ser,<br />

visto que é a Palavra do Pai, seu esplendor e sabedoria; e<br />

também que nestes últimos tempos, por causa de nós, se<br />

fez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe de<br />

Deus" (Da Trindade).<br />

"Houve muitos que já nasceram santos e livres do pecado:<br />

Jeremias foi santificado desde o seio materno; também<br />

- 41 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria ao ouvir a<br />

voz de Maria, Mãe de Deus" (Da Trindade).<br />

Ambrósio de Milão<br />

"Dissemos que José era um varão justo, dando-nos o<br />

evangelista a entender que ele não se atreveria a profanar o<br />

templo do Espírito Santo: o ventre do mistério, o corpo da<br />

Mãe de Deus" (Comentário sobre o Evangelho de Lucas).<br />

"Que há de mais excelente do que a Mãe de Deus?" (De<br />

Virginibus 2,2,7).<br />

João Crisóstomo<br />

"Ó Filho único e Verbo de Deus: sendo imortal, vos<br />

dignaste, pela nossa salvação, encarnar-vos da Santa Mãe<br />

de Deus e sempre virgem Maria, vós que sem mudança vos<br />

tornaste homem e foste crucificado, ó Cristo Deus, que pela<br />

vossa morte esmagaste a morte; sois Um na Trindade,<br />

glorificado com o Pai e o Espírito Santo. Salvai-nos!" (O<br />

Monoghenis).<br />

João de Antioquia<br />

"[O título] 'Mãe de Deus' foi concebido, dito e escrito por<br />

muitos Padres (...) Não há perigo algum em dizer e pensar<br />

as mesmas coisas daqueles doutores que na Igreja gozaram<br />

de boa reputação" (Epístola a Nestório 4).<br />

Concílio da União entre Orientais e Ocidentais<br />

"Confessamos (...) Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho único<br />

de Deus, Deus perfeito e homem perfeito (...), gerado antes<br />

dos séculos por seu Pai, segundo a divindade, e nos últimos<br />

dias, o mesmo, por causa de nós e para nossa salvação,<br />

gerado da Virgem Maria, segundo a humanidade. O mesmo<br />

consubstancial ao Pai por sua divindade e consubstancial a<br />

nós por sua humanidade, porque a união das duas<br />

naturezas se realizou. E é porque confessamos um só<br />

Cristo, um só Filho, um só Senhor que, neste mesmo<br />

pensamento da união sem mistura, confessamos a Santa<br />

Virgem Mãe de Deus, porque o Deus-Logos se encarnou"<br />

(Símbolo da União).<br />

Cirilo de Alexandria<br />

"Causa-me profunda admiração haver alguns que duvidam<br />

em dar à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus.<br />

realmente, se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que<br />

motivo não pode ser chamada de Mãe de Deus a Virgem<br />

- 42 -


A FÉ CRISTÃ<br />

Santíssima que o gerou? Essa verdade nos foi transmitida<br />

pelos discípulos do Senhor, embora não usassem esta<br />

expressão. Assim fomos também instruídos pelos santos<br />

Padres. Em particular Santo Atanásio, nosso pai na fé, de<br />

ilustre memória, na terceira parte do livro que escreveu<br />

sobre a santa e consubstancial Trindade, dá freqüentemente<br />

à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus (...) Essas<br />

palavras são de um homem inteiramente digno de lhe<br />

darmos crédito, sem receio, e a quem podemos seguir com<br />

toda segurança. Com efeito, ele jamais pronunciou uma só<br />

palavra que fosse contrária às Sagradas Escrituras" (Maria,<br />

Mãe de Deus).<br />

"Contemplo esta assembléia de homens santos, alegres e<br />

exultantes que, convidados pela santa e sempre Virgem<br />

Maria e Mãe de Deus, prontamente acorreram para cá.<br />

Embora oprimido por uma grande tristeza, a vista dos<br />

santos padres aqui reunidos encheu-me de júbilo. Neste<br />

momento vão realizar-se entre nós aquelas doces palavras<br />

do salmista: 'Vede como é bom, como é suave os irmãos<br />

viverem juntos, bem unidos' (Sl. 132,1). Salve, ó mística e<br />

santa Trindade, que nos reunistes a todos nós nesta igreja<br />

de Santa Maria, Mãe de Deus. Salve, ó Maria, Mãe de Deus,<br />

venerável tesouro do mundo inteiro, lâmpada inextinguível,<br />

coroa da virgindade, cetro da verdadeira doutrina, templo<br />

indestrutível, morada daquele que lugar algum pode conter,<br />

virgem e mãe, por meio de quem é proclamado bendito nos<br />

santos evangelhos 'o que vem em nome do Senhor' (Mt<br />

21,9). Salve, ó Maria, tu que trouxeste em teu sagrado seio<br />

virginal o Imenso e Incompreensível; por ti é glorificada e<br />

adorada a Santíssima Trindade; por ti se festeja e é<br />

venerada no universo a cruz preciosa; por ti exultam os<br />

céus; por ti se alegram os anjos e os arcanjos; por ti são<br />

postos em fuga os demônios; por ti cai do céu o diabo<br />

tentador; por ti é elevada ao céu a criatura decaída; por ti<br />

todo o gênero humano, sujeito à insensatez dos ídolos,<br />

chega ao conhecimento da verdade; por ti o santo batismo<br />

purifica os que crêem; por ti recebemos o óleo da alegria;<br />

por ti são fundadas igrejas em toda a terra; por ti as nações<br />

são conduzidas à conversão. E que mais direi? Por Maria, o<br />

Filho unigênito de Deus veio 'iluminar os que jazem nas<br />

trevas e nas sombras da morte' (Lc. 1,77); por ela os<br />

profetas anunciaram as coisas futuras; por ela os Apóstolos<br />

proclamaram aos povos a salvação; por ela os mortos<br />

- 43 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

ressuscitam; por ela reinam os reis em nome da Santíssima<br />

Trindade. Quem dentre os homens é capaz de celebrar<br />

dignamente a Maria, merecedora de todo louvor? Ela é Mãe<br />

e virgem! Que coisa admirável! Esse milagre me deixa<br />

extasiado. Quem jamais ouviu dizer que o construtor fosse<br />

impedido de habitar no templo que ele próprio construiu?<br />

Quem se humilhou tanto a ponto de escolher uma escrava<br />

para ser a sua própria mãe? Eis que tudo exulta de alegria!<br />

Reverenciemos e adoremos a divina Unidade; com santo<br />

temor veneremos a indivisível Trindade ao celebrar com<br />

louvores a sempre Virgem Maria! Ela é o templo santo de<br />

Deus, que é seu Filho e esposo imaculado. A ele a glória<br />

pelos séculos dos séculos. Amém" (Homilia no Concílio de<br />

Éfeso).<br />

Vicente de Lérins<br />

"Theotokos [=Mãe de Deus], mas não no sentido imaginado<br />

por certa heresia ímpia que sustenta que ela deva ser<br />

chamada a Mãe de Deus não por outro motivo, mas apenas<br />

porque deu à luz àquele homem que posteriormente se<br />

tornou Deus, exatamente como falamos de uma mulher<br />

como mãe de um sacerdote, ou mãe de um bispo, querendo<br />

dizer que ela era tal não por ter dado à luz a alguém já<br />

sacerdote ou bispo, mas dado à luz a alguém que<br />

posteriormente se tornou sacerdote ou bispo. Não dessa<br />

forma, afirmo, foi a santa Maria Theotokos - a Mãe de Deus<br />

- mas, pelo contrário, como disse anteriormente, porque em<br />

seu sagrado ventre se operou o mais sagrado dos mistérios<br />

pelo qual, por singular e única unidade de Pessoa, como a<br />

Palavra na carne é carne, assim o Homem em Deus é Deus"<br />

(Comentários 15).<br />

Concílio Ecumênico de Calcedônia<br />

"O sábio e salutar símbolo de Nicéia-Constantinopla era<br />

suficiente, pela graça de Deus, para fazer conhecer de<br />

maneira perfeita e para consolidar a verdadeira fé (...) Mas,<br />

uma vez que aqueles que procuram destruir o ensinamento<br />

da verdade difundiram, por suas heresias particulares,<br />

doutrinas vãs, alguns ousando desfigurar o mistério da<br />

Encarnação do Senhor diante de nós - recusando à Virgem o<br />

nome de 'Mãe de Deus' - os outros introduzindo miscelânea<br />

e confusão, imaginando loucamente que a carne e a<br />

divindade não são mais que única natureza, e supondo<br />

monstruosamente que, em função dessa mistura, a<br />

- 44 -


A FÉ CRISTÃ<br />

natureza divina do Filho único seja capaz de sofrer; por<br />

causa disso, desejando fechar a porta a todas as suas<br />

maquinações contra a verdade, o santo e grande Concílio<br />

ecumênico aqui presente, que ensina a inabalável doutrina<br />

pregada desde o começo, decidiu, antes de tudo, que a fé<br />

dos 318 padres [de Nicéia] deve permanecer ao abrigo de<br />

qualquer ataque. E ele confirma também o ensinamento<br />

acerca da essência do Espírito dado mais tarde pelos 150<br />

padres reunidos na cidade imperial [de Constantinopla] por<br />

causa dos pneumatômacos: eles levavam ao conhecimento<br />

de todos que não desejavam acrescentar nada ao<br />

ensinamento de seus predecessores, como se este fosse<br />

incompleto, mas expunham claramente seu pensamento<br />

sobre o Espírito Santo, mediante o testemunho das<br />

Escrituras, contra aqueles que tentavam rejeitar sua<br />

Soberania (...) Seguindo, por conseguinte, os santos<br />

padres, proclamamos todos a uma só voz um único e<br />

mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito<br />

em divindade, o mesmo perfeito em humanidade, o mesmo<br />

Deus verdadeiro e homem verdadeiro, feito de uma alma<br />

racional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a<br />

divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade,<br />

semelhante a nós em tudo, exceto no pecado, gerado pelo<br />

Pai antes de todos os séculos quanto à sua divindade, mas,<br />

nos últimos dias, para nós e para a nossa salvação, gerado<br />

por Maria, a Virgem, a Mãe de Deus, quanto à sua<br />

humanidade, um único e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Filho<br />

unigênito, que reconhecemos possuir duas naturezas, sem<br />

confusão nem mudança, sem divisão nem separação; a<br />

diferença das naturezas não é absolutamente suprimida<br />

pela união, mas, ao contrário, as propriedades de cada uma<br />

das duas naturezas permanecem intactas e se unem numa<br />

única Pessoa ou hipostase" (Definição Dogmática).<br />

Lecionário Jerusalemitano<br />

"[15 de agosto:] O dia de Maria, Mãe de Deus".<br />

Anônimo (séc. V/VI)<br />

"Proclamamos-te bem-aventurada, nós, gerações de todas<br />

as estirpes, ó Virgem, Mãe de Deus. Em ti, Aquele que está<br />

acima de tudo, Cristo, nosso Deus, dignou-se habitar.<br />

Felizes de nós, que temos a ti como nossa defensora,<br />

porque tu intercedes noite e dia por nós (...) Por isso te<br />

louvamos, gritando: 'Salve, ó cheia de graça! O Senhor é<br />

- 45 -


contigo" (Hino).<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Concílio Ecumênico de Constantinopla III<br />

"[Cristo foi] gerado (...) segundo a humanidade, pelo<br />

Espírito Santo e por Maria Virgem, aquela que é<br />

propriamente e com toda a verdade Mãe de Deus" (DS<br />

555).<br />

João Damasceno<br />

"Ó casto casal, Joaquim e Ana: vós, observando a castidade<br />

que prescreve a lei natural, fostes agraciados com dons que<br />

estão muito acima da natureza, já que colocastes no mundo<br />

aquela que, sem obra de varão, foi a Mãe de Deus. Vós,<br />

levando uma vida humana, piedosa e santa, tivestes uma<br />

filha superior aos anjos e que é agora Senhora dos anjos. Ó<br />

criança preciosa e cheia de doçura! Ó lírio entre espinhos,<br />

gerado da nobre e régia estirpe de Davi! Por meio de ti a<br />

dignidade real se uniu à do sacerdócio. Por ti a lei foi<br />

transformada e se manifestou o Espírito que antes estava<br />

oculto debaixo da letra, passando a dignidade sacerdotal da<br />

tribo de Levi para a de Davi (...) Bem-aventurados sejam as<br />

entranhas e o ventre de onde saíste; bem-aventurados os<br />

braços que te sustentaram e os lábios que se alegraram<br />

dando-te castos beijos, isto é, os de teus pais unicamente,<br />

de modo que sempre guardarás a perfeita virgindade! Hoje<br />

se iniciou a salvação do mundo: enaltece o Senhor toda a<br />

terra! Cantando, alegrai-vos e entoai salmos! Levantai<br />

vossa voz! Levantai vossa voz, exultai de júbilo, não temais,<br />

porque hoje nos nasceu, na santa Probática (=lar de<br />

Joaquim), a Mãe de Deus, da qual quis nascer o Cordeiro de<br />

Deus que tira o pecado do mundo" (Homilia 1 da Natividade<br />

de Maria 6).<br />

"Quem ama ardentemente alguma coisa costuma trazer seu<br />

nome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não me censure,<br />

pois, se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meu<br />

Deus, como oferenda em honra de sua partida. (...) As<br />

portas do paraíso se abrem para acolher a terra portadora<br />

de Deus, onde germinou a árvore da vida eterna, redentora<br />

da desobediência de Eva e da morte infligida a Adão! (...)<br />

Erguei vossos olhos, Povo de Deus! Alçai vosso olhar! Eis<br />

em Sião a Arca do Senhor, Deus dos exércitos, à qual<br />

vieram pessoalmente prestar assistência os Apóstolos,<br />

tributando seu derradeiro culto ao corpo que foi princípio de<br />

vida e receptáculo de Deus! Eis a Virgem, filha de Adão e<br />

- 46 -


A FÉ CRISTÃ<br />

Mãe de Deus! (...) Cantemos hinos sacros e nossas<br />

melodias se inspirem nas palavras: 'Ave, cheia de graça: o<br />

Senhor é contigo'" (Homilia sobre a Dormição de Maria).<br />

Concílio Ecumênico de Nicéia II<br />

"Definimos, com todo rigor e cuidado, que, à semelhança da<br />

representação da cruz preciosa e vivificante, assim como as<br />

veneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,<br />

quer em qualquer outro material adaptado, devem ser<br />

expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,<br />

nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas<br />

casas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e<br />

Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa e<br />

Santa Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos<br />

justos" (DS 600-601).<br />

j) Maria e a Igreja<br />

* * *<br />

“Todos os Apóstolos perseveraram unanimemente em<br />

oração, com as mulheres, com Maria, Mãe de Jesus, e<br />

seus irmãos” (At. 1,14).<br />

Volte-se o olhar para Maria, a fim de contemplar nela o que é a<br />

Igreja no seu mistério, na sua peregrinação na fé, e o que ela<br />

será na pátria ao termo final da sua caminhada, onde a espera,<br />

na glória da Santíssima e indivisível Trindade, na comunhão de<br />

todos os santos, aquela que a Igreja venera como a Mãe do seu<br />

Senhor e como que a sua própria Mãe: assim como no céu,<br />

onde já está glorificada em corpo e alma, a Mãe de Deus<br />

representa e inaugura a Igreja na sua consumação no século<br />

futuro, da mesma forma nesta terra, enquanto aguardamos a<br />

vinda do Dia do Senhor, ela brilha como sinal da esperança<br />

segura e consolação diante do Povo de Deus em peregrinação<br />

(CIC 972).<br />

Clemente de Alexandria<br />

"Que estupendo mistério! Há um único Pai do universo; um<br />

único Logos do universo e também um único Espírito Santo,<br />

idêntico em todo lugar. Há também uma única virgem que<br />

se tornou Mãe e me agrada chamá-la de Igreja" (Paed.<br />

1,6).<br />

- 47 -


Efrém da Síria<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

"Maria é a terra na qual foi semeada a Igreja".<br />

Ambrósio de Milão<br />

"Sim, ela (=Maria) é noiva, mas Virgem, porque é tipo da<br />

Igreja, que é imaculada, mas é esposa: virgem concebeunos<br />

por obra do Espírito, Virgem deu-nos à luz sem dor"<br />

(Sobre o Evangelho de Lucas 2,7).<br />

Agostinho de Hipona<br />

"Com efeito, a Virgem Maria (...) é reconhecida e honrada<br />

como a verdadeira Mãe de Deus e do Redentor (...) Ela é<br />

também verdadeiramente Mãe dos membros [de Cristo]<br />

(...) porque cooperou pela caridade para que na Igreja<br />

nascessem os fiéis que são os membros desta Cabeça" (Da<br />

Virgindade Consagrada 6).<br />

"A Igreja imita Maria" 9Enchiridion 34).<br />

"Maria é parte da Igreja, um membro santo, um membro<br />

excelente, um membro supereminente, mas um membro da<br />

totalidade do Corpo" (Sermão 25).<br />

“Se Cristo é a Cabeça da Igreja, Maria é o membro mais<br />

santo, a mais eminente da Igreja" (Sermão 25,7).<br />

"A Igreja é semelhante a Maria" (Sermão 213).<br />

* * *<br />

k) A mais bem-aventurada porque creu<br />

“Bem-aventurada a que acreditou, porque se hão de<br />

cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram<br />

ditas” (Luc. 1,45).<br />

Ao anúncio de que conceberia “o Filho do Altíssimo” sem<br />

conhecer homem algum pela virtude do Espírito Santo, Maria<br />

respondeu com a “obediência da fé” (Rom. 1,5), certa de que<br />

nada é impossível para Deus: “Eu sou a serva do Senhor; façase<br />

em mim segundo a tua palavra” (Luc. 1,37). Assim, dando à<br />

Palavra de Deus o seu consentimento, Maria se tornou Mãe de<br />

Jesus e, abraçando de todo o coração sem que nenhum pecado<br />

a retivesse a vontade divina de salvação, entregou-se ela<br />

mesma totalmente à pessoa e à obra de seu Filho, para servir,<br />

na dependência d’Ele e com Ele, pela graça de Deus, ao<br />

ministério da Redenção (CIC 494).<br />

- 48 -


Ireneu de Lião<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

"[Maria tornou-se] para si e para todo o mundo causa de<br />

salvação" (Contra as Heresias 3,22,4).<br />

Agostinho de Hipona<br />

"[Maria] cooperou com sua caridade a fim de que os fiéis<br />

nascessem na Igreja" (Da Virgindade Consagrada 6).<br />

"Maria é mais bem-aventurada recebendo a fé de Cristo do<br />

que concebendo a carne de Cristo" (Irvig. 3).<br />

"Maria é bem-aventurada porque enviou a Palavra de Deus<br />

e a pôs em prática; porque conservou mais a verdade no<br />

espírito do que a carne no seio" (Sermão sobre Mateus<br />

12,49).<br />

"O anjo anuncia; a Virgem escuta, crê e concebe" (Sermão<br />

13).<br />

"De nada teria servido a Maria a intimidade da maternidade<br />

corporal se não tivesse, primeiro, concebido a Cristo de<br />

maneira mais feliz: em seu coração; e só depois em seu<br />

corpo" (Sermão 215).<br />

"Cristo é acreditado e concebido mediante a fé. Em primeiro<br />

lugar verifica-se a vinda da fé ao coração da Virgem e, em<br />

seguida, vem a fecundidade ao seio da Mãe" (Sermão 293).<br />

- 49 -


2. Os Santos<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de<br />

renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja.<br />

Com efeito, a santidade é a fonte secreta e a medida infalível da<br />

sua atividade apostólica e do seu ela missionário (CIC 828 in<br />

fine)<br />

a) Existência<br />

“Sede, pois, perfeitos como também vosso Pai celestial<br />

é perfeito” (Mat. 5,48).<br />

Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente que<br />

esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na<br />

fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do<br />

Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dos<br />

fiéis dando-lhes como modelos e intercessores (CIC 828).<br />

Gregório de Nissa<br />

"Aquele que vai subindo jamais cessa de ir progredindo de<br />

começo em começo por começos que não têm fim. Aquele<br />

que sobe jamais cessa de desejar aquilo que já conhece"<br />

(Hom. Cant. 8).<br />

"A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada" (V.<br />

Mos.).<br />

Ambrósio de Milão<br />

"As vítimas triunfantes sejam postas no lugar em que Jesus<br />

é a vítima. Mas Jesus, que sofreu a paixão por todos, seja<br />

colocado sobre o altar. Os mártires, que foram redimidos<br />

pela paixão de Jesus, debaixo do altar. Reservara eu esse<br />

lugar para mim, pois é justo que o sacerdote repouse onde<br />

costumava oferecer a população, mas eu cedo às santas<br />

vítimas a parte da direita, pois é esse o lugar que cabe aos<br />

mártires" (Epístola 22,13).<br />

João Crisóstomo<br />

“De fato, não é pelos milagres que estamos acostumados a<br />

admirar os santos (...) mas porque deram prova de vida<br />

angélica" (Da Verdadeira Conversão 8).<br />

- 50 -


Agostinho de Hipona<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

"Na assembléia dos santos, vós sois glorificados e, coroando<br />

seus méritos, exaltais os vossos próprios dons" (Comentário<br />

sobre o Salmo 102,7).<br />

Martinho de Tours<br />

"É conveniente que se ponha, em virtude do bem comum, a<br />

sepultura dos mártires lá onde se celebra a morte de Jesus<br />

todos os dias (...) Em virtude da identidade de destino,<br />

erigiu-se o túmulo do mártir lá onde se depositaram os<br />

membros do Senhor imolado, de modo que os que<br />

estiveram unidos em uma mesma paixão estejam agora<br />

reunidos em um mesmo lugar sagrado" (Sermão 78).<br />

b) A predestinação de alguns<br />

* * *<br />

“Conforme está escrito no profeta Isaías, ‘eis que envio<br />

o meu anjo ante a tua presença o qual preparará o teu<br />

caminho diante de ti’. Apareceu João Batista no deserto<br />

pregando o batismo de penitência, para remissão dos<br />

pecados” (Mc. 1,2.4).<br />

[No caso de Maria, por exemplo,] ao longo de toda a Antiga<br />

Aliança, a missão de Maria foi preparada pela missão das santas<br />

mulheres. No princípio está Eva: a despeito da sua<br />

desobediência, ela recebe a promessa de uma descendência que<br />

será vitoriosa sobre o Maligno, e a de ser a mãe de todos os<br />

viventes. Em virtude dessa promessa, Sara concebe um filho<br />

apesar da sua idade avançada. Contra toda expectativa<br />

humana, Deus escolheu o que era tido como impotente e fraco<br />

para mostrar sua fidelidade à sua promessa: Ana, a mãe de<br />

Samuel, Débora, Rute, Judite e Éster, e muitas outras mulheres.<br />

Maria sobressai entre esses humildes e pobres do Senhor que<br />

d’Ele esperam e recebem com confiança a salvação. Com ela,<br />

finalmente, excelsa filha de Sião, depois de uma demorada<br />

espera da promessa, completam-se os tempos e se instaura a<br />

nova economia (CIC 489).<br />

Atanásio de Alexandria<br />

"Houve muitos que já nasceram santos e livres do pecado:<br />

Jeremias foi santificado desde o seio materno; também<br />

João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria ao ouvir a<br />

voz de Maria, Mãe de Deus" (Da Trindade).<br />

- 51 -


Agostinho de Hipona<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

"Entre a graça e a predestinação existe unicamente esta<br />

diferença: que a predestinação é uma preparação para a<br />

graça, e a graça é já a doação efetiva da predestinação. E<br />

assim, o que diz o Apóstolo: "[a salvação] não provém das<br />

obras, para que ninguém se vanglorie; pois somos todos<br />

obra de Deus, criados no Cristo Jesus para realizar boas<br />

obras" [Ef. 2,9s] significa a graça; mas o que segue: "as<br />

quais Deus de antemão dispôs para caminharmos nelas",<br />

significa a predestinação, que não se pode dar sem a<br />

presciência, por mais que a presciência possa existir sem a<br />

predestinação. Pela predestinação, Deus teve presciência<br />

das coisas que haveria de realizar; por isto; foi dito: "Ele fez<br />

o que ia ser" [Is 45-LXX]. Mas a presciência pode versar<br />

também sobre as coisas que Deus não faz, como o pecado -<br />

de qualquer espécie que seja. Embora haja pecados que são<br />

castigos de outros pecados, conforme foi dito: "entregou-os<br />

Deus a uma mentalidade depravada, para que fizessem o<br />

que não convinha" [Rm. 1,28], não há nisto pecado por<br />

parte de Deus, mas justo juízo. Portanto, a predestinação<br />

divina, que versa sobre o que é bom, é uma preparação<br />

para a graça, como já disse, sendo que a graça é efeito da<br />

predestinação. Por isto, quando Deus prometeu a Abraão a<br />

fé de muitos povos, dentro de sua descendência, disse: "Eu<br />

te fiz pai de muitas nações" [Gn. 17,4s], e o Apóstolo<br />

comenta: "Assim, é em virtude da fé, para que, por graça,<br />

seja a promessa estendida a toda a descendência" [Rm.<br />

4,16]: a promessa não se baseia na nossa vontade mas na<br />

predestinação. Deus prometeu, não o que os homens<br />

realizam, mas o que Ele mesmo havia de realizar. Se os<br />

homens praticam boas obras no que se refere ao culto<br />

divino, provém de Deus cumprirem eles o que lhes mandou,<br />

não provém deles que Deus cumpra o que prometeu; de<br />

outro modo, teria provindo da capacidade humana, e não do<br />

poder divino, que se cumprissem as divinas promessas; em<br />

tal caso os homens teriam dado a Abraão o que Deus lhe<br />

prometera! Não foi assim que Abraão creu; ele "creu, dando<br />

glória a Deus e convencido de que Deus era poderoso para<br />

realizar sua promessa" [Rm. 4,21]. O Apóstolo não emprega<br />

o verbo "predizer" ou "pré conhecer" (na verdade Deus é<br />

poderoso para predizer e pré-conhecer as coisas), mas ele<br />

diz: "poderoso para realizar", e portanto, não obras alheias,<br />

mas suas. Pois bem; porventura prometeu Deus a Abraão<br />

- 52 -


A FÉ CRISTÃ<br />

que em sua descendência haveria as boas obras dos povos,<br />

como coisa que Ele realiza, sem prometer também a fé -<br />

como se esta fosse obra dos homens? E então Ele teria tido,<br />

quanto a essa fé, apenas "presciência"? Não é certamente o<br />

que diz o Apóstolo, mas sim que Deus prometeu a Abraão<br />

filhos, os quais seguiriam suas pisadas no caminho da fé:<br />

isto o afirma clarissimamente (...) O mais ilustre exemplar<br />

da predestinação e da graça é o próprio Salvador do mundo,<br />

mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo. Pois para<br />

chegar a ser tudo isto, com que méritos anteriores - seja de<br />

obras, seja de fé - pôde contar a natureza humana que nele<br />

reside? Peço que me responda: aquele homem que foi<br />

assumido, em unidade de pessoa, pelo Verbo eterno com o<br />

Pai, para ser Filho Unigênito de Deus, de onde mereceu<br />

isto? Houve algum mérito que tivesse ocorrido antes? Que<br />

fez ele, que creu, que pediu previamente para chegar a tal<br />

inefável excelência? Não foi acaso pela virtude e assunção<br />

do mesmo Verbo que aquele homem, desde que, começou a<br />

existir, começou a ser Filho único de Deus? Não foi acaso o<br />

Filho único de Deus aquele que a mulher, cheia de graça,<br />

concebeu? Não foi o único Filho de Deus quem nasceu da<br />

Virgem Maria, por obra do Espírito Santo, sem a<br />

concupiscência da carne e por graça singular de Deus?<br />

Acaso se pôde temer que aquele homem chegasse a pecar,<br />

quando crescesse na idade e usasse o livre arbítrio? Acaso<br />

carecia de vontade livre ou não era esta tanto mais livre,<br />

nele, quanto mais impossível que estivesse sujeita ao<br />

pecado? Todos estes dons, singularmente admiráveis, e<br />

outros ainda, que se possam dizer, em plena verdade,<br />

serem dele, recebeu-os de maneira singular, nele, a nossa<br />

natureza humana sem que houvesse quaisquer<br />

merecimentos precedentes. Interpele então alguém a Deus<br />

e diga-lhe: "por que também não sou assim?" E se, ouvindo<br />

a repreensão: "ó homem, quem és tu para pedires contas a<br />

Deus" [Rm. 9,20], ainda persistir interpelando, com maior<br />

imprudência: "Por que ouço isto: ó homem, quem és tu?<br />

pois se sou o que estou escutando, isto é, homem - como o<br />

é aquele de quem estou falando - por que não hei de ser o<br />

mesmo que ele?" Pela graça de Deus ele é tão grande e tão<br />

perfeito! E por que é tão diferente a graça, se a natureza é<br />

igual? Certamente, não existe em Deus acepção de pessoas<br />

[Col. 3,25]: quem seria o louco, já nem digo o cristão, que<br />

o pensasse? Fique manifesta, portanto, para nós, naquele<br />

que é nossa cabeça, a própria fonte da graça que se difunde<br />

- 53 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

por todos os seus membros, conforme a medida de cada<br />

um. Tal é a graça, pela qual se faz cristão um homem desde<br />

o momento em que principia a crer; e pela qual o homem<br />

unido ao Verbo, desde o primeiro momento seu, foi feito<br />

Jesus Cristo. Fique manifesto que essa graça é do mesmo<br />

Espírito Santo, por obra de quem Cristo nasceu e por obra<br />

de quem cada homem renasce; do mesmo Espírito Santo,<br />

por quem se verificou a isenção de pecado naquele homem<br />

e por quem se verifica em nós a remissão dos pecados.<br />

Deus, sem dúvida, teve a presciência de que realizaria tais<br />

coisas. É esta a predestinação dos santos, que se manifesta<br />

de modo mais eminente no Santo dos santos; quem poderia<br />

negá-lo, dentre os que entendem retamente os<br />

ensinamentos da verdade? Pois sabemos que também o<br />

Senhor da glória foi predestinado, enquanto homem tornado<br />

Filho de Deus. Proclama-o o Doutor das Gentes no começo<br />

de suas epístolas: "Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado<br />

para ser apóstolo, escolhido para o Evangelho de Deus, que<br />

Ele de antemão havia prometido por meio dos profetas, nas<br />

santas Escrituras, acerca de seu Filho o que nasceu da<br />

estirpe de Davi segundo a carne e foi constituído Filho de<br />

Deus, poderoso segundo O Espírito de santidade desde sua<br />

ressurreição entre os mortos" [Rm. 1,1-4]. Jesus foi,<br />

portanto, predestinado: aquele que segundo a carne haveria<br />

de ser filho de Davi seria também Filho de Deus poderoso,<br />

segundo o Espírito da santificação pois nasceu do Espírito<br />

Santo e da Virgem" (Agostinho de Hipona, +430; Da<br />

Predestinação dos Santos 10).<br />

"[A predestinação é] a pré-ciência e a preparação dos<br />

benefícios divinos quanto aos que serão certamente salvos"<br />

(Do Dom da Perseverança 14,35).<br />

"Desde o início do gênero humano, os que creram em<br />

Cristo, os que de algum modo o conheceram ou viveram<br />

piedosamente segundo os preceitos que são seus, foram,<br />

sem dúvida alguma, salvos por Ele, onde quer que<br />

estivessem" (Epístola 102,12).<br />

c) O martírio<br />

* * *<br />

“Cheios de confiança, temos mais vontade de nos<br />

ausentarmos do corpo e estar presentes ao Senhor”<br />

(2Cor. 5,8).<br />

- 54 -


A FÉ CRISTÃ<br />

O martírio é o supremo testemunho prestado à verdade da fé;<br />

designa um testemunho que vai até a morte. O mártir dá<br />

testemunho de Cristo morto e ressuscitado, ao qual está unido<br />

pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina<br />

cristã. Enfrenta a morte num ato de fortaleza (CIC 2473).<br />

Papa Clemente I de Roma<br />

"Deixemos de lado os exemplos dos antigos e falemos dos<br />

nossos atletas mais recentes. Apresentemos os generosos<br />

do nosso tempo, vítimas do fanatismo e da inveja, sofreram<br />

perseguição e lutaram até à morte. Tenhamos diante dos<br />

olhos os bons Apóstolos: por causa de um fanatismo iníquo,<br />

Pedro teve de suportar duros tormentos, não uma ou duas<br />

vezes, mas muitas; e depois de sofrer o martírio, passou<br />

para o lugar que merecia na glória. Por invejas e<br />

rivalidades, Paulo obteve o prêmio da paciência: sete vezes<br />

foi lançado na prisão, foi exilado e apedrejado, tornou-se<br />

pregador da Palavra no Oriente e no Ocidente, alcançando,<br />

assim, uma notável reputação por causa da sua fé. Depois<br />

de ensinar o mundo inteiro o caminho da justiça e de chegar<br />

até os confins do Ocidente, sofreu o martírio que lhe<br />

infligiram as autoridades. Partiu, pois, deste mundo para o<br />

lugar santo, deixando-nos um perfeito exemplo de<br />

paciência. A estes homens, mestres de vida santa, juntouse<br />

uma grande multidão de eleitos que, vítimas de um ódio<br />

iníquo, sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se,<br />

desta forma, para nós, um magnífico exemplo de fidelidade.<br />

Vítimas do mesmo ódio, mulheres foram perseguidas, como<br />

Danaides e Dircéia. Suportando graves e terríveis torturas,<br />

correram até o fim a difícil corrida da fé e mesmo sendo<br />

fracas de corpo, receberam o nobre prêmio da vitória. O<br />

fanatismo dos perseguidores separou as esposas dos<br />

maridos, alterando o que disse nosso pai Adão: 'É osso dos<br />

meus ossos e carne de minha carne' (Gn. 2,23). Rivalidades<br />

e rixas destruíram grandes cidades e fizeram desaparecer<br />

povos numerosos. Escrevemos isto não apenas para vos<br />

recordar os deveres que tendes, mas também para nos<br />

alertarmos a nós próprios, pois nos encontramos na mesma<br />

arena e combatemos o mesmo combate. Deixemos as<br />

preocupações inúteis e os vãos cuidados e voltemo-nos para<br />

a gloriosa e venerável regra da nossa Tradição.<br />

Consideramos o que é belo, o que é bom, o que é agradável<br />

ao nosso Criador. Fixemos atentamente o olhar no Sangue<br />

- 55 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos de<br />

Deus, seu Pai, esse sangue que, derramado para a nossa<br />

salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência"<br />

(1ª Epístola aos Coríntios).<br />

Inácio de Antioquia<br />

"Somente quando o mundo não vir mais nada de meu corpo<br />

é que serei verdadeiramente discípulo de Cristo (...) Busco<br />

Aquele que morreu por nós; quero Aquele que por nós<br />

ressuscitou" (Epístola aos Esmirnenses 3).<br />

“Sou vossa vítima [ó Deus] e me ofereço em sacrifício por<br />

vossa Igreja" (Epístola aos Efésios 21).<br />

"De viagem da Síria para Roma, estou lutando com feras,<br />

por terra e por mar, de noite e de dia. Acorrentado a dez<br />

leopardos, os milicianos da minha escolta militar (...) Espero<br />

poder enfrentar com alegria as feras que estão preparando<br />

para mim e peço a Deus que eu possa encontrá-las prontas<br />

a lançarem-se sobre mim. Se não quiserem, em mesmo as<br />

instigarei para que me devorem num instante (...) Tenham<br />

compaixão de mim. Sei muito bem o que é útil para mim.<br />

Somente agora começo a ser discípulo, não me deixo<br />

impressionar por coisa alguma, visível ou invisível, para<br />

poder unir-me a Cristo. Fogo, cruzes, feras, lacerações,<br />

desconjuntura dos ossos, o corpo reduzido a pedaços, as<br />

piores torturas caiam sobre mim: importante é unir-me a<br />

Jesus Cristo. Que proveito poderão dar-me os prazeres do<br />

mundo ou os reinos da terra? Nenhum! Para mim é melhor<br />

morrer por Jesus Cristo do que reinar sobre toda a terra. A<br />

minha vida é busca contínua daquele que morreu por nós;<br />

quero Aquele que por nós ressuscitou. Vejam: meu<br />

nascimento se aproxima! Nada melhor podeis fazer por mim<br />

do que deixar que eu seja sacrificado a Deus (...) Rogo-vos:<br />

não tenhais para comigo uma benevolência inoportuna!<br />

Deixem-me ser pasto das feras, pelas quais chegarei a<br />

Deus. Sou o trigo de Deus, moído pelos dentes das feras<br />

para tornar-me o pão duro de Cristo (...) Quando o mundo<br />

não puder mais ver o meu corpo, serei verdadeiramente<br />

discípulo de Cristo" (Epístola aos Romanos 6,1-2).<br />

"O meu Amor está crucificado e não há mais em mim fogo<br />

terreno, mas uma água viva que brota em mim e me diz por<br />

dentro: 'Vai até o Pai'" (Epístola aos Romanos 7).<br />

"Meu desejo terrestre (=Cristo) foi crucificado (...) Há em<br />

mim uma água viva que murmura e que diz dentro de mim:<br />

- 56 -


A FÉ CRISTÃ<br />

'Vem para o Pai'" (Epístola aos Romanos 7,2).<br />

Policarpo de Esmirna<br />

"O chefe o constrangia, dizendo: 'Jura e te ponho em<br />

liberdade. Amaldiçoa a Cristo!' Ele (=Policarpo) respondeu:<br />

'Há oitenta e seis anos o sirvo e não me fez mal algum.<br />

Como posso blasfemar contra meu Rei e Salvador?'"<br />

(Martírio de Policarpo 9).<br />

"Eu te bendigo, Senhor, por me terdes julgado digno deste<br />

dia e desta hora, digno de ser contado no número dos<br />

vossos mártires (...) Guardastes vossa promessa, Deus da<br />

felicidade e da verdade! Por essa graça e por todas as<br />

coisas, eu vos louvo, vos bendigo e vos glorifico pelo eterno<br />

e celeste sacerdote, Jesus Cristo, vosso Filho bem amado.<br />

Por Ele, que está conosco e com o Espírito, vos seja dada a<br />

glória agora e por todos os séculos dos séculos. Amém"<br />

(Martírio de Policarpo 14,2.3).<br />

Justino Mártir<br />

"Tendo os santos sido conduzidos diante do tribunal, disse o<br />

prefeito Rústico: 'Antes de tudo, submete-se aos deuses e<br />

obedece aos imperadores'. Justino disse: 'Nada há de<br />

censurável nem de condenável em nos submetermos aos<br />

preceitos de nosso Salvador Jesus Cristo'. O prefeito Rústico<br />

disse: 'Que doutrinas professas?' Disse Justino: 'Tentei<br />

aprender todas as doutrinas, mas aderi às doutrinas<br />

verdadeiras dos cristãos, embora não agradem aos que<br />

pensam erradamente'. O prefeito Rústico disse: 'Essas<br />

doutrinas te agradam, infeliz?' Justino disse: 'Sim, pois é<br />

uma crença justa que me faz segui-las'. O prefeito Rústico<br />

disse: 'Que crença é essa?' Disse Justino: 'A piedade que<br />

professamos para com o Deus dos cristãos. Acreditamos<br />

que Ele é único, criador e artífice, desde o princípio, de toda<br />

a criação visível e invisível; e adoramos o Senhor Jesus<br />

Cristo, servo de Deus, cuja vinda para a raça humana foi<br />

anunciada antecipadamente pelos profetas; devia vir como<br />

mensageiro da salvação e mestre de belos ensinamentos. E<br />

eu, que sou apenas um homem, creio poder dizer apenas<br />

pouca coisa sobre sua divindade infinita, confessando ao<br />

mesmo tempo o poder profético que anunciou<br />

antecipadamente, como eu disse, que Ele é o Filho de Deus<br />

(...)'. Disse o prefeito Rústico: 'Então, afinal, tu és cristão!"<br />

Justino disse: 'Sim. Sou cristão!" (Atas do Martírio).<br />

- 57 -


Tertuliano de Cartago<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

"Os olhos erguidos, as mãos estendidas (porque são puras),<br />

a cabeça descoberta (porque não temos do que nos<br />

envergonhar). Não nos ditam palavras, oramos de coração<br />

(...) Enquanto oramos, com as mãos erguidas para Deus,<br />

quantas unhas de ferro nos rasgam (...) Só esta atitude do<br />

cristão que ora, mostra-o pronto para todos os suplícios.<br />

Vamos, excelentes governadores! Arrancai uma alma que<br />

ora pelo Imperador! O crime estará aí, onde está o<br />

verdadeiro Deus e seu culto" (Apologia 30,4.7).<br />

Cipriano de Cartago<br />

“Aquele que venceu a morte uma vez pode vencê-la em<br />

cada um de nós" (Epístola 10,3).<br />

"Se os mártires cristãos são em número tão grande, como<br />

se vê, ninguém deve considerar árduo e difícil ser mártir"<br />

(Epístola a Fortunato 11).<br />

Orígenes de Alexandria<br />

"Para os nossos perseguidores que ainda não fizeram<br />

derramar o nosso sangue, não queremos ser ocasião de<br />

pecarem e de se tornarem ainda mais ímpios. Por isso os<br />

evitamos, quando nos é possível. Do contrário, eles ficariam<br />

com uma culpa ainda maior e teriam um castigo ainda mais<br />

duro toda vez que nós, em nosso egoísmo, pensássemos<br />

somente em nosso benefício e nos deixássemos matar,<br />

mesmo quando isso não fosse estritamente necessário"<br />

(Comentário sobre o Evangelho de João 28,18).<br />

Ósio de Córdoba<br />

"Confessei Jesus Cristo na perseguição que Maximiano,<br />

vosso avô, provocou contra a Igreja. Se quiserdes repeti-la,<br />

encontrar-me-eis disposto a tudo sofrer, antes que trair a<br />

verdade e derramar o sangue do inocente (...) Não me<br />

abalam nem vossas cartas, nem vossas ameaças; é inútil<br />

prossegui-las. Será mais vantajoso para vós renunciar às<br />

opiniões de Ário e não escutar os orientais (...)" (Epístola a<br />

Constantino).<br />

* * *<br />

d) A expansão da Igreja mediante a perseguição e o martírio<br />

“Quem se prender à sua vida, irá perdê-la;quem perder<br />

sua vida por causa de Meu amor, irá encontrá-la” (At.<br />

- 58 -


A FÉ CRISTÃ<br />

1,14).<br />

Com o maior cuidado, a Igreja recolheu as lembranças daqueles<br />

que foram até o fim para testemunhar a fé. São as “Atas dos<br />

Mártires”. Constituem os arquivos da verdade escritos em<br />

“letras de sangue”. (CIC 2474).<br />

Justino Mártir<br />

"Eu mesmo, quando me comprazia nos ensinamentos de<br />

Platão, ouvia acusar os cristãos. Vendo-os, porém, sem<br />

medo diante da morte e de tudo o que se teme, compreendi<br />

que era impossível que vivessem na malícia e devassidão<br />

(...) Desprezei essas mentiras, a calúnia e o julgamento da<br />

multidão; quero ser visto como cristão e luto de toda forma<br />

para isso, confesso" (Apologia 2,13).<br />

"É manifesto que nos cortam em pedaços, que nos colocam<br />

na cruz, que nos lançam nas cadeias, que nos entregam aos<br />

animais e às chamas, mas nada nos impede de confessar<br />

Jesus Cristo. Ao contrário, quanto mais nos maltratam, mais<br />

aumenta o número dos que se tornam fiéis e abraçam a<br />

piedade verdadeira. Acontece conosco o que vemos ocorrer<br />

com a videira: quando se lhe cortam alguns ramos, ela<br />

cresce de novo, de maneira mais fecunda e mais vigorosa"<br />

(Diálogo com Trifão 110).<br />

Tertuliano de Cartago<br />

"Mais poderosos nos tornamos todas as vezes que somos<br />

por vós (=o imperador) ceifados. O sangue dos mártires é a<br />

semente de novos cristãos" (Apologia 50).<br />

Cipriano de Cartago<br />

"Para que se patenteie a fortaleza de ânimo e a firmeza da<br />

fé que devemos considerar e louvar com simplicidade de<br />

coração, quando naquele tempo o intrépido [papa] Cornélio<br />

se assentou na cátedra de Roma, o tirano (=imperador<br />

Décio) atacou os sacerdotes de Deus com palavras que se<br />

proferem e que não se dizem, afirmando que mais preferiria<br />

e toleraria um rival do que um sacerdote de Deus em<br />

Roma".<br />

Lactâncio<br />

"Cresce a religião de Deus quanto mais é premida"<br />

(Instituições 5,19,9).<br />

- 59 -


Agostinho de Hipona<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

"A Igreja avança em sua peregrinação através das<br />

perseguições do mundo e das consolações de Deus" (A<br />

Cidade de Deus 18,51).<br />

e) Intercessão dos santos<br />

* * *<br />

“Disse Onias: ‘Este é o amigo de seus irmãos e do povo<br />

de Israel: é Jeremias, profeta de Deus que ora muito<br />

pelo povo e por toda a cidade santa” (2Mac. 15,14).<br />

Pelo fato de os habitantes do céu estarem unidos mais<br />

intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na<br />

santidade da Igreja. Eles não deixam de interceder por nós<br />

junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra<br />

pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por<br />

conseguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza<br />

recebe o mais valioso auxílio (CIC 956).<br />

Inácio de Antioquia<br />

"Meus irmãos: transbordo de amor por vós e é com alegria<br />

que procuro vos fortalecer - não eu, mas Jesus Cristo;<br />

estando acorrentado por causa d'Ele, temo ainda mais, ao<br />

pensar que continuo imperfeito. Vossa oração, contudo, me<br />

tornará perfeito diante de Deus, para que eu obtenha a<br />

herança cuja misericórdia recebi, refugiando-me no<br />

Evangelho como na carne de Cristo e nos Apóstolos como<br />

no presbitério da Igreja" (Epístola aos Filadelfos 5).<br />

Frutuoso Mártir<br />

"Sim, eu devo ter em mente toda a Igreja espalhada pelo<br />

mundo, do Oriente ao Ocidente [quando estiver junto de<br />

Deus]" (Ata de Frutuoso 1,7).<br />

Cipriano de Cartago<br />

"Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem as<br />

nossas orações pelos irmãos" (Epístola 57).<br />

Orígenes de Alexandria<br />

"O pontífice não é o único a se unir aos orantes. Os anjos e<br />

as almas dos justos também se unem a eles na oração" (Da<br />

Oração).<br />

"Eles (os santos) conhecem os que são dignos da amizade<br />

- 60 -


A FÉ CRISTÃ<br />

de Deus e auxiliam os que querem honrá-Lo" (Contra<br />

Celso).<br />

Hilário de Poitiers<br />

"Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para<br />

permanecer fiéis, não lhes faltará nem a guarda dos anjos,<br />

nem a proteção dos santos".<br />

Cirilo de Jerusalém<br />

"Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de<br />

nós: patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires, para que<br />

Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as<br />

nossas".<br />

"Em seguida (=na Oração Eucarística), mencionamos os que<br />

já partiram: primeiro os patriarcas, profetas, apóstolos e<br />

mártires, para que Deus, em virtude de suas preces e<br />

intercessões, receba nossa oração" (Catequeses<br />

Mistagógicas).<br />

Jerônimo<br />

"Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua<br />

carne mortal e ainda necessitados de cuidar de si, ainda<br />

podiam orar pelos outros, muito mais agora que já<br />

receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um<br />

só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil<br />

homens armados e Estevão, para seus perseguidores. Serão<br />

menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo<br />

diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens,<br />

que seguiam com ele no navio (=naufrágio na ilha de<br />

Malta). E depois de sua morte? Cessará sua boca e não<br />

pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no<br />

mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?" (Adv.<br />

Vigil. 6).<br />

Agostinho de Hipona<br />

"Portanto, como bem sabem os fiéis, a disciplina eclesiástica<br />

prescreve que, quando se mencionam os mártires nesse<br />

lugar durante a celebração eucarística, não se reza por eles,<br />

mas pelos outros defuntos que também aí se comemoram.<br />

Não é conveniente orar por um mártir, pois somos nós que<br />

nos devemos encomendar a suas orações" (Sermão 159,1).<br />

“Não deixemos parecer para nós pouca coisa; que sejamos<br />

membros do mesmo corpo que elas (=Santa Perpétua e<br />

Santa Felicidade) (...) Nós nos maravilhamos com elas, elas<br />

- 61 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

sentem compaixão de nós. Nós nos alegramos por elas, elas<br />

oram por nós (...) Contudo, nós todos servimos um só<br />

Senhor, seguimos um só Mestre, atendemos um só Rei.<br />

Estamos unidos a uma Cabeça; nos dirigimos a uma<br />

Jerusalém; seguimos após um amor, envolvemos uma<br />

unidade" (Sermão 280,6).<br />

João Cassiano<br />

"Por vezes, é a intercessão dos santos que alcança o perdão<br />

das nossas faltas (1Jo 5,16; Tg 5,14-15) ou ainda a<br />

misericórdia e a fé" (Conferência 20).<br />

Inscrições e grafitos dos três primeiros séculos<br />

encontrados em cemitérios, catacumbas e túmulos<br />

cristãos:<br />

“Santos mártires: lembrai-vos de Maria" (Cemitério de<br />

Aquiléia).<br />

"Sebaio, doce alma: pede e roga por teus irmãos e<br />

companheiros" (Cemitério de Gordiano).<br />

"Anatólio (...) Que teu espírito descanse em Deus. Pede por<br />

tua mãe" (Cemitério de Santa Priscila).<br />

"Vicência: pede a Cristo por Febe e seu esposo" (Cemitério<br />

de São Calixto).<br />

"Mártires santos, bons e benditos: ajudai a Ciríaco"<br />

(Cemitério de São Pânfilo).<br />

"Pedro: pede a Cristo Jesus pelas almas dos santos cristãos<br />

sepultados junto do teu corpo." (Grafito encontrado no<br />

túmulo de São Pedro).<br />

"Genciano, fiel em paz (...) Que em tuas orações rogues por<br />

nós pois sabemos que estás em Cristo" (Túmulo na Via<br />

Salária).<br />

f) Possibilidade das aparições<br />

* * *<br />

“Eis que lhes apareceram Moisés e Elias falando com<br />

Jesus” (Mat. 17,3).<br />

Depois dos Apóstolos, o Senhor Deus pode permitir que os<br />

santos – como Nossa Senhora – apareçam aos homens a fim de<br />

nos exortar a uma vida santa e ao apostolado. Essas aparições,<br />

porém, mesmo quando autênticas, nada acrescentam ao<br />

- 62 -


patrimônio da fé 1 .<br />

Gregório de Nissa<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

"Então o outro (ancião) estendeu a mão como para mostrar<br />

algo que de improviso havia aparecido. Gregório voltou a<br />

vista na direção indicada, viu uma figura que era de uma<br />

mulher muito mais linda que qualquer pessoa humana.<br />

Novamente, perturbado, desviou o olhar e se sentiu cheio<br />

de perplexidade; não sabia o que pensar acerca daquela<br />

visão em que não conseguia olhar. O mais extraordinário<br />

era que, apesar de ser noite escura, brilhava diante dele<br />

uma luz ao lado da figura aparecida, como se tivesse sido<br />

acendida uma luz muito brilhante (...) Diz-se que Gregório<br />

escutou a mulher que exortava ao evangelista João para<br />

explicar ao jovem (Gregório) o mistério da verdadeira fé.<br />

São João, por sua vez, se declarou totalmente disposto a<br />

obedecer a Mãe do Senhor e disse o que desejava de todo o<br />

coração" (Vida de Gregório Taumaturgo).<br />

Agostinho de Hipona<br />

“Pois nós sabemos, com efeito, não por vagos rumores, mas<br />

por testemunhas dignas de fé, que o confessor Félix, cujo<br />

túmulo tu (=Paulino de Nola) veneras piedosamente como<br />

santo asilo, deu não somente marcas de seus benefícios,<br />

mas até de sua presença, tendo aparecido aos olhos dos<br />

homens por ocasião do cerco da cidade de Nola pelos<br />

bárbaros. Esses fatos escepcionais acontecem graças à<br />

permissão divina e estão longe de entrar na ordem<br />

normalmente estabelecida para cada espécie de criatura”<br />

(Do Cuidado devido aos Mortos 16).<br />

1 Cf. BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Católicos Perguntam. São Paulo: O Mensageiro de Santo Antonio,<br />

1ª ed., 1997, pp. 111-115.<br />

- 63 -


3. Anjos<br />

a) Sua Existência<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

“Depois veio outro anjo e parou diante do altar, tendo<br />

um turíbulo de ouro. Foram-lhe dados muitos<br />

perfumes, a fim de que oferecesse as orações de todos<br />

os santos sobre o altar de ouro que está diante do<br />

trono de Deus” (Apoc. 8,3).<br />

A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada<br />

Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé.<br />

O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a<br />

unanimidade da Tradição. Enquanto criaturas puramente<br />

espirituais, são dotados de inteligência e de vontade. São<br />

criaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição todas as<br />

criaturas visíveis. Disto dá testemunho o fulgor de sua glória<br />

(CIC 328, 330).<br />

Atenágoras de Atenas<br />

“Não somos ateus. Cremos em Deus Pai, Filho e Espírito<br />

santo, mas ensinamos também que existe uma multidão de<br />

anjos servidores, ministros de Deus Criador e ordenador do<br />

mundo nas coisas que aí se encontram e na sua ordem”<br />

Justino Mártir<br />

“Nós adoramos a Deus e a seu Filho por Ele gerado e ao<br />

Espírito profético que nos ensinou, bem como aos anjos que<br />

lhe são obedientes e semelhantes” (Apologia).<br />

Ireneu de Lião<br />

“Deus é o criador do céu e da terra e de todo o universo, e<br />

formador dos anjos e dos homens. Só Ele é Pai, Deus<br />

criador, formador e moldador. Ele criou e formou ambas as<br />

coisas, tudo: o visível e o invisível, neste mundo e no céu”.<br />

“Por conseguinte, criou também os seres espirituais. O<br />

universo não foi criado nem formado pelos anjos. Deus não<br />

necessitava deles para esse fim”<br />

“Os anjos são espirituais, não possuem carne”.<br />

Clemente de Alexandria<br />

“Aquele que crê, reza com os anjos, mesmo que reze<br />

- 64 -


A FÉ CRISTÃ<br />

sozinho, porque com ele se reúne o côro dos santos que<br />

ficam em sua companhia”<br />

Orígenes de Alexandria<br />

“Onde quer que exista uma Igreja de homens, ali haverá<br />

também uma Igreja de anjos”<br />

“O culto que se deve aos anjos é o de veneração e não de<br />

adoração”.<br />

“Cada diocese é dirigida por dois bispos: um secular e um<br />

anjo”.<br />

“Cada assembléia eclesiástica compreende também uma<br />

parte celestial formada por anjos, mensageiros de Deus que<br />

habitam entre nós, que rezam com os homens e levam suas<br />

orações aos céus. Apesar disso, os anjos nunca abandona, a<br />

presença de Deus. Sua amizade conosco é um sinal de<br />

nosso bom relacionamento com Deus”.<br />

“Os anjos são diferentes uns dos outros”.<br />

“[Os anjos] estão em toda parte; vigiam e governam a<br />

natureza”.<br />

“Se somos merecedorres da presença dos anjos bons, estes<br />

nos assistem e nos inspiram bons pensamentos e se<br />

comunicam com nossa alma durante o sono”.<br />

Atanásio de Alexandria<br />

“Os anjos vêem a face do Pai por uma participação no<br />

Logos, por uma graça do Espírito Santo”.<br />

“Os anjos foram criados antes do cosmos” (Carta a<br />

Serapião 111,4).<br />

Basílio Magno de Cesaréia<br />

“Os anjos não foram criados como crianças imperfeitas que,<br />

aos poucos, foram se aperfeiçoando pelo exercício, de tal<br />

forma que se fizeram dignos de receber o Espírito santo. Ao<br />

contrário, desde o primeiro instante de sua existência,<br />

juntamente e em conjunto com a sua substância,<br />

receberam a santidade, isto é, a graça santificante” (In<br />

Psalm. Hom. 32,4).<br />

Ambrósio de Milão<br />

“No batismo, o sacerdote atua na missão de um anjo” (De<br />

Mysteriis 11,6).<br />

“Deus não tinha a necessidade de anjos, porém, o homem<br />

- 65 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

deles tem necessidade. Enquanto os homens foram criados<br />

à imagem de Deus, os anjos o foram segundo o ministério<br />

de Deus” (Expos.Ps.108)<br />

“Todos aqueles que seguem a Cristo têm acesso aos anjos”<br />

(De Sacramentis 1,6).<br />

“Os anjos foram criados antes do mundo material” (In<br />

Exodum 27,185).<br />

Cirilo de Jerusalém<br />

“Todos os côros celestiais tomam parte em cada batismo e<br />

cantam sobre o povo cristão” (Protocatechesis).<br />

“Os anjos podem, entretanto, serem chamados de<br />

‘espíritos’ se a palavra designar algo que não é formado por<br />

matéria bruta”.<br />

Jerônimo<br />

“Os anjos cuidam e velam até pelos pormenores do<br />

cosmos” (Comm. In Eccles. 10,20).<br />

Agostinho de Hipona<br />

“Deus criou os anjos dando-lhes a natureza e infundindolhes,<br />

ao mesmo tempo, a graça” (A Cidade de Deus<br />

4,12,9,9).<br />

“Encontramos nas Escrituras que os anjos apareceram a<br />

muitas pessoas e achamos, portanto, que não é racional<br />

duvidar de sua existência” (In Psal. 103).<br />

"A palavra anjo é designação de um encargo, não de<br />

natureza. Se perguntarres pela designação da natureza, a<br />

resposta será: é um espírito; se perguntares pelo enviado:<br />

é um anjo. É espírito por aquilo que é; é anjo por aquilo<br />

que faz" (In Psal. 103,1,5).<br />

“Aos anjos não se oferece sacrifício; somente os veneramos<br />

como amor” (A Cidade de Deus 10,7).<br />

“Aos anjos celestes, que possuem a Deus na humildade e o<br />

servem na bem-aventurança, está submetida toda a<br />

natureza corporal e toda a vida irracional” (A Cidade de<br />

Deus 8,24).<br />

“Juntamente com os anjos, formamos uma só e mesma<br />

cidade de Deus” (A Cidade de Deus 10,7).<br />

"Os santos anjos não alcançam o conhecimento de Deus<br />

mediante palavras soantes, mas pela própria presença da<br />

- 66 -


A FÉ CRISTÃ<br />

verdade imutável, isto é, do Verbo Unigênito, e conhecem o<br />

Verbo, o Pai e o Espírito Santo; sabem que Eles formam a<br />

Trindade inseparável, na qual as Pessoas em si mesmas são<br />

uma única substância e, no então, não são três deuses,<br />

mas um só Deus. Eles conhecem esta verdades melhor do<br />

que nós conhecemos a nós mesmos. Também conhecem as<br />

criaturas na sabedoria de Deus (...) e nela conhecem<br />

igualmente a si mesmos" (A Cidade de Deus 11,29).<br />

"Só conheceremos a natureza dos anjos de modo<br />

perfeitamente claro quando estivermos para sempre unidos<br />

a eles na posse da bem-aventurança eterna” (Enchiridion<br />

58).<br />

Cirilo de Alexandria<br />

“Os anjos foram criados também à imagem de Deus,<br />

inclusive, incomparavelmente mais do que nós, em razão<br />

de sua espiritualidade superior à nossa” (Resposta a Tibério<br />

Sociosqua 14).<br />

João Crisóstomo<br />

“O ar que nos rodeia está cheio de anjos”.<br />

“Que há de melhor, diga-me? Falar do vizinho e da vida<br />

alheia, bisbilhotar tudo, ou se entregar com os anjos e com<br />

as coisas feitas para nos enriquecer?” (Hom. In Io. 18).<br />

Papa Gregório I Magno de Roma<br />

“Os anjos são incomparavelmente mais íntimos de Deus<br />

que os homens (...) São espíritos e somente espíritos,<br />

enquanto o homem é espírito e carne” (Moralia in Job<br />

4,3,8).<br />

“[Os anjos] contemplam a Deus face a face”<br />

“Comparados com os nossos corpos materiais, [os anjos]<br />

são espíritos; mas comparados com Deus, que é Espírito<br />

ilimitado, são de certa forma materiais”.<br />

João Damasceno<br />

“Os anjos foram criados do nada; são incorpóreos quando<br />

comparados com os homens, porém, não possuem o<br />

mesmo grau de espiritualidade de Deus - puro espírito. Sua<br />

exata naturreza só pode ser conhecida por Deus”<br />

"Por serem espíritos (...) os anjos não são fisicamente<br />

circunscritos. De fato, eles não possuem corpo, nem três<br />

dimensões, mas estão presentes e operam espiritualmente<br />

- 67 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

para onde quer que vão. Por outro lado, não podem atuar<br />

simultaneamente em dois lugares distintos (...) Eficientes e<br />

solícitos no cumprimento da vontade de Deus, são velozes a<br />

ponto de comparecer instantaneamente onde a vontade de<br />

Deus os chama. Alguns defendem as várias partes do<br />

mundo, presidem às nações e regiões, conforme a ordem<br />

do Sumo Criador, governam as nossas coisas e prestam-nos<br />

ajuda" (Exposição da Fé Ortodoxa).<br />

“[Os anjos] estão em um lugar determinado, embora não<br />

no espaço: como não são como os homens tridimensionais,<br />

a bilocação é para eles um fenômeno de ordem espiritual”.<br />

“Os anjos estão onde atuam, isto é, onde exercem seu<br />

poder”.<br />

“[Os anjos] são imortais pela graça. Contemplam a Deus<br />

pela iluminação própria que Deus lhes concede”.<br />

“A obra dos anjos no céu consiste em louvar a Deus; na<br />

terra, servem o Senhor e revelam seus mistérios”.<br />

“O conhecimento do futuro lhes advém unicamente da<br />

revelação de Deus”.<br />

“Os anjos foram criados antes dos homens e antes mesmo<br />

do cosmos”.<br />

* * *<br />

b) Encontram-se Hierarquicamente Organizados<br />

"Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as<br />

criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações,<br />

principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele" (Col.<br />

1,16).<br />

Na literatura e no cinema existem muitas histórias sobre<br />

habitantes de outros planetas, geralmente representados como<br />

mais inteligentes e poderosos que nós, pobres mortais ligados à<br />

terra. Mas nem o mais engenhoso dos escritores de ficção<br />

científica poderá fazer justiça à beleza deslumbrante, à<br />

inteligência poderosa e ao formidável poder de um anjo. Se isto<br />

é assim na ordem inferior das hostes celestiais - na ordem dos<br />

anjos propriamente chamados assim -, que não dizer das<br />

ordens ascendentes de espíritos puros que se encontram acima<br />

dos anjos? Na Sagrada Escritura enumeram-se os arcanjos, os<br />

principados, as potestades, as virtudes, as dominações, os<br />

tronos, os querubins e os serafins. É muito possível que um<br />

arcanjo esteja a tanta distância de um anjo, em perfeição, como<br />

- 68 -


A FÉ CRISTÃ<br />

este de um homem (A Fé Explicada, p. 32).<br />

Orígenes de Alexandria<br />

“Conforme o grau de iluminação que receberam, os anjos<br />

possuem funções diversas na administração do universo. As<br />

dominações, virtudes e potestades são destinadas a dirigir<br />

os outros anjos. Os anjos têm, portanto, uma certa<br />

subordinação entre si”.<br />

“Um homem iluminado com a luz do conhecimento<br />

sobrenatural percebe a presença dos anjos: vê os anjos e a<br />

seu chefe, Miguel. O mesmo com relação aos arcanjos,<br />

tronos, dominações, potestades e virtudes celestiais”.<br />

Atanásio de Alexandria<br />

“As hierarquias celestes encerram muitos mistérios” (Carta<br />

a Serapião 1,13).<br />

Basílio Magno de Cesaréia<br />

"Também os anjos, os arcanjos e todas as potências<br />

celestiais recebem do Espírito [Santo] a santidade" (Epístola<br />

159,2).<br />

Papa Gregório I Magno de Roma<br />

“Sabemos pela autoridade da Escritura que existem nove<br />

ordens de anjos: anjos, arcanjos, virtudes, potestades,<br />

principados, dominações, tronos, querubins e serafins.<br />

Existem anjos e arcanjos em quase todas as páginas da<br />

Bíblia e os livros dos profetas falam de querubins e serafins.<br />

São Paulo também, escrevendo aos efésios, enumera<br />

quatro ordens de anjos, quando disse: ‘sobre todo<br />

principado, potestade, virtude e dominação’ e, em outra<br />

ocasião, escrevendo aos colossenses, disse: ‘nem tronos,<br />

dominações, principados ou potestades’. Se unirmos estas<br />

duas listas, temos cinco ordens; e agregando os anjos e<br />

arcanjos, querubins e serafins, temos nove ordens de<br />

anjos”<br />

Eusébio de Cesaréia<br />

“Anjos, arcanjos, espíritos, forças divinas, exércitos<br />

celestiais, virtudes, tronos, dominações são orientados pelo<br />

Espírito Santo. Eles cantam o ‘Laudate Dominum de coelis’<br />

para exaltação da glória de Deus. A fé reconhece estas<br />

potestades divinas para o serviço e a liturgia de Deus todo-<br />

- 69 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

poderoso” (Praeparatio Evang. 7).<br />

João Crisóstomo<br />

“Os serafins louvam a Trindade, rodeiam o altar celestial do<br />

qual a Igreja é o modelo neste mundo”<br />

“Na capital celeste, Jerusalém, nossa mãe comum, estão os<br />

serafins, querubins, muitos milhares de arcanjos e<br />

inumeráveis anjos” (Hom. In Seraphin 1).<br />

“Saber que o lugar dos serafins é junto a Deus é mais<br />

importante que o conhecimento de sua natureza” (Hom. In<br />

Seraphin 2).<br />

Cirilo de Jerusalém<br />

“Não podemos sondar a natureza dos querubins, nem<br />

sequer conhecemos a diferença entre tronos, dominações,<br />

virtudes, podestades, poderes e anjos. Só sabemos que a<br />

diferença implica em graus diversos do conhecimento<br />

anjélico de Deus”.<br />

Cirilo de Alexandria<br />

“Anjos e arcanjos servem a Deus e o adoram em hinos<br />

sempiternos” (Contra Juliano 3).<br />

Gregório de Nanzianzo<br />

“Os anjos contemplam a face do Pai, mas a íntima<br />

profundidade do mistério lhes está oculto. Os anjos e<br />

arcanjos vêem apenas a glória de Deus, não sua própria<br />

natureza, que está oculta por trás dos querubins”<br />

João Damasceno<br />

“Não apenas anjos e arcanjos, potestades e virtudes, mas<br />

também os tronos, querubins e serafins, os supremos da<br />

hierarquia angélica, rodeiam o corpo de Maria e, cheios de<br />

alegria, cantam seus louvores” (Hom. 1 In Dormit.).<br />

* * *<br />

c) Todo Homem possui um Anjo da Guarda<br />

“Viva o Senhor, cujo anjo foi o meu guardião” (Jdt 13,20).<br />

Desde a infância até a morte, a vida humana é cercada pela<br />

proteção e pela intercessão dos anjos. Cada fiel é ladeado por<br />

um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida. Ainda<br />

aqui na terra, a vida cristã participa, na fé da sociedade bemaventurada<br />

dos anjos e dos homens, unidos em Deus (CIC<br />

- 70 -


336).<br />

Orígenes de Alexandria<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

“Não é apenas o sumo-sacerdote que ora com aqueles cuja<br />

oração é sincera, mas há também os anjos que rejubilam<br />

no céu. É de crer-se que lá [onde os fiéis se reúnem], as<br />

potência angélicas participam das assembléias dos fiéis. É<br />

de fato lá que desce a força de nosso Senhor Salvador e se<br />

reúnem os espíritos dos santos (...) Se temos o direito de<br />

nos referirmos aos anjos graças ao adágio: ‘O anjo de<br />

Iahveh acampa entre os seus fiéis e os assiste’ [Sal. 34,8] e<br />

se Jacó ao mencionar que ‘o anjo o salvou de todo o mal’<br />

[Gên. 48,16] referia-se não apenas a si próprio mas a todas<br />

as pessoas devotas, é então verdade que quando várias<br />

pessoas se encontram reunidas para louvar a Cristo, o anjo<br />

encarregado de proteger e conduzir cada um rodeia aqueles<br />

que crêem em Deus. Assim, quando pessoas santas se<br />

acham reunidas, acham-se na presença uma da outra duas<br />

Igrejas: a dos homens e a dos anjos. Se Rafael afirma a<br />

Tobias que havia oferecido sua súplica diante da glória do<br />

Senhor [Tob. 12,12], bem como as de Sara, que se tornaria<br />

esposa do jovem Tobias, o que não se passará quando um<br />

número grande se reúne em um mesmo local animado pela<br />

mesma intenção e formando um só corpo com Cristo?” (De<br />

Orat.).<br />

“Junto a cada homem existe sempre um anjo do Senhor<br />

que o ilumina, o guarda e o protege de todo mal” (Coment.<br />

Mat. 18,10).<br />

Gregório Taumaturgo<br />

“Santos anjos de Deus, que desde a minha juventude me<br />

tem protegido...” (Orat. Ad Orig. 4).<br />

Basílio Magno de Cesaréia<br />

“Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor,<br />

para conduzi-lo à Vida” (Adv. Eunonium 3,1).<br />

Ambrósio de Milão<br />

“Devemos rezar aos anjos que nos são dados como<br />

guardiães” (De Viduis 9,55).<br />

Jerônimo<br />

“A dignidade de uma alma é tão grande que cada pessoa<br />

tem um anjo guardião desde seu nascimento”.<br />

- 71 -


4. Imagens x Idolatria<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Adorar a Deus é, no respeito e na submissão absoluta,<br />

reconhecer o “nada da criatura”, que não existe a não ser por<br />

Deus. Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat, louvá-Lo,<br />

exaltá-Lo e humilhar-se a si mesmo, confessando com gratidão<br />

que Ele fez grandes coisas e que seu Nome é santo. A adoração<br />

do Deus único liberta o homem de se fechar em si mesmo, da<br />

escravidão do pecado e da idolatria do mundo. A idolatria não<br />

diz respeito somente aos falsos cultos do paganismo. Ela é uma<br />

tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é<br />

Deus. Existe idolatria quando o homem presta honra e<br />

veneração a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de<br />

deuses ou de demônios (por exemplo, o satanismo), do poder,<br />

do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro<br />

etc. (...) A idolatria nega o Senhorio exclusivo de Deus; é,<br />

portanto, incompatível com a comunhão divina (CIC 2097,<br />

2113).<br />

a) Veneração não é adoração<br />

“Moisés, saindo ao encontro de seu sogro, prostrou-se<br />

diante dele e o beijou” (Ex. 18,7).<br />

O culto cristão de imagens não é contrário ao primeiro<br />

mandamento, que proíbe os ídolos. De fato, a honra prestada a<br />

uma imagem se dirige ao modelo original e quem venera uma<br />

imagem, venera nela a pessoa que nela está pintada. A honra<br />

prestada às santas imagens é uma veneração respeitosa e não<br />

uma adoração, que só compete a Deus (CIC 2132).<br />

Policarpo de Esmirna<br />

"Eles não sabem que nós não poderíamos esquecer o Cristo<br />

que sofreu para salvar aqueles que estão salvos no mundo<br />

inteiro, nem adorar ninguém mais. Nós o adoramos porque<br />

Ele é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nos os amamos<br />

como discípulos e imitadores do Senhor e dignamente<br />

devido à sua afeição sem par por seu Rei e Mestre.<br />

Possamos também nós nos tornar seus seguidores e<br />

discípulos companheiros" (Martírio de Policarpo 17,2-3).<br />

- 72 -


Orígenes de Alexandria<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

"[O idólatra é aquele que] refere a qualquer coisa que não<br />

seja Deus a sua indestrutível noção de Deus" (Contra Celso<br />

2,40).<br />

Agostinho de Hipona<br />

"Nós, os cristãos, não cremos em Pedro, mas n'Aquele em<br />

quem Pedro acreditou; sendo deste modo que somos<br />

edificados pelas palavras de Pedro anunciadoras do Cristo"<br />

(A Cidade de Deus 8,54).<br />

"Acontece, porém, que a cidade terrena teve certos sábios<br />

condenados pela doutrina de Deus; sábios que, por<br />

conjecturas ou artifícios dos demônios, disseram que<br />

deviam amistar muitos deuses com as coisas humanas (...)<br />

A cidade celeste, ao contrário, conhece um só Deus, único a<br />

quem se deve o culto e a servidão, em grego chamada<br />

'latréia' (adoração), e pensa com piedade fiel não ser devido<br />

senão a Deus. Tais diferenças deram motivo a que essa<br />

cidade e a cidade terrena não possam ter em comum as leis<br />

religiosas" (A Cidade de Deus 19,17).<br />

"Oferece-se o sacrifício a Deus e não aos mártires, ainda<br />

que seja celebrado em suas memórias ou capelas; e porque<br />

quem celebra é sacerdote de Deus e não dos mártires. O<br />

sacrifício que é o Corpo de Cristo, não se oferece aos<br />

mártires, porque eles mesmos são o corpo de Cristo" (A<br />

Cidade de Deus 22,10).<br />

"Honremo-los (=os anjos) com espírito de amor, não de<br />

servidão (=adoração)".<br />

"O diabo se alegra muito com os pecados de luxúria e<br />

idolatria".<br />

Papa Gregório I Magno de Roma<br />

"Era preciso não as quebrar, pois as imagens não foram<br />

colocadas na igreja para ser adoradas, mas para instruir as<br />

mentes dos ignorantes" (Epístola 9,105).<br />

"Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas, não<br />

para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado.<br />

Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender,<br />

mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces.<br />

O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem<br />

o é para os ignorantes: mediante essas imagens, aprendem<br />

o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não<br />

- 73 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

sabem ler" (Epístola 11,13 a Sereno).<br />

João Damasceno<br />

"Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria (...)<br />

Quando se trata de imagens, é preciso considerar a<br />

intenção daqueles que a fazem. Se a intenção é justa e<br />

reta, e se o fazem para a glória de Deus e de seus santos,<br />

por desejo da virtude, de fuga dos vícios e para a salvação<br />

das almas, é preciso recebê-las como imagens (...), é<br />

preciso venerá-las, beijá-las, saudá-las com os olhos, os<br />

lábios, o coração. Tratam-se da representação do Deus<br />

encarnado, ou de sua Mãe, ou de seus santos,<br />

companheiros de sofrimentos e da glória de Cristo" (Das<br />

Imagens 1,8; 2,5.10).<br />

b) Culto mariano<br />

* * *<br />

“Portanto, eis que de hoje em diante, todas as<br />

gerações me chamarão ‘bem-aventurada’” (Luc.<br />

1,48b).<br />

A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca<br />

ao culto cristão. A Santíssima Virgem é legitimamente honrada<br />

com um culto especial pela Igreja. (...) Este culto, embora seja<br />

inteiramente singular, difere essencialmente do culto de<br />

adoração, que se presta ao Verbo encarnado e igualmente ao<br />

Pai e ao Espírito Santo, mas o favorece poderosamente; este<br />

culto encontra a sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à<br />

Mãe de Deus e na oração Mariana, tal como o Santo Rosário,<br />

“resumo de todo o Evangelho” (CIC 971).<br />

Melitão de Sardes<br />

"Ele (=Jesus) nasceu de Maria, a ovelha formosa" (Homilia<br />

da Páscoa).<br />

Orígenes de Alexandria<br />

"[Disse Isabel a Maria:] 'Eu é que deveria vir a ti, porque és<br />

bendita acima de todas as mulheres; tu, a Mãe do meu<br />

Senhor; tu, minha Senhora" (Fragmenta PG 13, 1902D).<br />

Epifânio de Salamina<br />

"Ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo se adora (...) Maria<br />

seja honrada (=venerada), o Senhor seja adorado" (Haer.<br />

- 74 -


79).<br />

Agostinho de Hipona<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

"Ela (=Maria) fez a vontade do Pai e a fez totalmente; e,<br />

por isso, vale mais para Maria ter sido discípula de Cristo do<br />

que sua Mãe" (Sermão 72,A,7).<br />

"Na verdade, era digno e de todo conveniente, que o parto<br />

daquela que havia procriado ao Senhor do céu e da terra, e<br />

que permaneceu virgem após ter dado à luz, fosse<br />

celebrado não somente com festejos humanos, mas com<br />

cânticos sublimes de louvor pelos anjos" (Sermão 193,1).<br />

Beda Venerável<br />

"Introduziu-se na Igreja o belo e salutar costume de cantar<br />

diariamente esse cântico de Maria (=Magnificat) na<br />

salmodia do louvor vespertino (...) e precisamente na hora<br />

das vésperas, para que nossa mente, fatigada e tensa pelos<br />

trabalhos e pelas muitas preocupações do dia, ao chegar o<br />

tempo do repouso, volte a encontrar o recolhimento e a paz<br />

de espírito" (1,4).<br />

Germano de Constantinopla<br />

"[Cristo quis] ter, por assim dizer, a proximidade dos teus<br />

lábios e do teu coração (=Maria). Desta maneira, Ele atende<br />

a todos os desejos que lhe exprimes, quando sofres pelos<br />

teus filhos, e Ele realiza, com o seu poder divino, tudo o que<br />

lhe pedes" (Homilia 1).<br />

“Tu (=Maria) habitas espiritualmente conosco e a grandeza<br />

da tua vigilância sobre nós faz ressaltar a tua comunidade<br />

de vida conosco" (Homilia 1).<br />

João Damasceno<br />

"Quando se tornou Mãe do Criador, tornou-se<br />

verdadeiramente a soberana de todas as criaturas" (Da Fé<br />

Ortodoxa 4,14).<br />

"O céu, com gozo, recebeu tua alma. As potestades<br />

celestiais saíram ao teu encontro, cantando hinos sagrados,<br />

com festiva alegria e expressando-se com estas ou<br />

parecidas palavras: 'Quem é esta que sobe toda pura,<br />

surgindo como a aurora, formosa como a lua e brilhante<br />

como o sol? Ó, que formosa és e toda cheia de suavidade! O<br />

Rei te introduziu em sua câmara, onde as potestades te<br />

escoltam, os principados te abençoam, os tronos entoam<br />

cânticos em tua honra, os querubins se maravilham e os<br />

- 75 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

serafins proclamam teus louvores, já que, por divina<br />

disposição, foste constituída verdadeira Mãe do Senhor'"<br />

(Homilia 1 da Assunção de Maria 1,1).<br />

Concílio Ecumênico de Nicéia II<br />

"Maria é representada como trono de Deus, que carrega o<br />

Senhor e o entrega aos homens, como caminho que leva a<br />

Cristo, mostrando-O, como suplicante, em atitude de<br />

intercessão e sinal da presença divina no caminho dos fiéis<br />

até o dia do Senhor, como protetora que estende seu manto<br />

sobre os povos ou como Virgem misericordiosa de ternura.<br />

A Virgem é habitualmente representada com seu filho, o<br />

Menino Jesus, que carrega nos braços: é a relação com o<br />

filho que glorifica a Mãe. Às vezes ela O abraça com<br />

ternura; outras vezes, hierática, parece absorta na<br />

contemplação daquele que é o Senhor da história (Ap 5,9-<br />

14)".<br />

* * *<br />

c) Possibilidade do uso das imagens sagradas<br />

“Pôs no Santuário dois querubins feitos de madeira de<br />

oliveira, de dez côvados de altura” (1Reis 6,23).<br />

No entanto, [ainda que proibido pelo primeiro mandamento,]<br />

desde o Antigo Testamento Deus ordenou ou permitiu a<br />

instituição de imagens que conduziriam simbolicamente à<br />

salvação através do Verbo encarnado, como são a serpente de<br />

bronze (Num. 21,4-9), a arca da Aliança e os querubins (Ex.<br />

25,10-22; 1Rs 6,23-28; 7,23-26). Foi fundamentando-se no<br />

mistério do Verbo encarnado que o Sétimo Concílio Ecumênico,<br />

em Nicéia, em 787, justificou contra os iconoclastas, o culto dos<br />

ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos<br />

e de todos os santos. Ao se encarnar, o Filho de Deus inaugurou<br />

uma nova “economia” de imagens (CIC 2130, 2131).<br />

Orígenes de Alexandria<br />

"Assim sendo, portanto, cada justo que imita o melhor que<br />

possa o Salvador, ergue uma estátua à imagem do Criador.<br />

Realiza isto contemplando a Deus com um coração puro,<br />

tornando-se uma réplica de Deus (...) Deste modo, o<br />

Espírito de Cristo habita, se assim posso dizer, em suas<br />

imagens".<br />

- 76 -


Basílio Magno de Cesaréia<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

"A honra prestada a uma imagem venera nela a pessoa<br />

que nela está representada" (Spir. 18,45).<br />

Gregório de Nissa<br />

"O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e<br />

ajuda grandemente" (Penegírico de São Teodoro).<br />

Teodoreto de Ciro<br />

"Os pintores, ao representar na tela ou na parede as<br />

histórias passadas, não apenas alegram os olhos de quem<br />

as contemplam, mas também conservam vivas por muito<br />

tempo as memórias dos eventos que já se foram" (História<br />

Eclesiástica 1,1).<br />

Papa Gregório I Magno de Roma<br />

"Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas, não<br />

para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado.<br />

Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender,<br />

mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces.<br />

O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem<br />

o é para os ignorantes: mediante essas imagens, aprendem<br />

o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não<br />

sabem ler" (Epístola a Sereno 9,13).<br />

"Ao contemplar [as imagens], possam [os analfabetos] ler,<br />

pelo menos nas paredes, aquilo que não são capazes de ler<br />

nos Livros" (Epístola a Sereno).<br />

João Damasceno<br />

"Como fazer a imagem do Invisível? Na medida em que<br />

Deus é invisível, não o represento por imagens, mas desde<br />

que viste o Incorpóreo feito homem, fazes a imagem da<br />

forma humana, já que o Invisível se tornou visível na carne<br />

e, assim, pintas a semelhança do Invisível (...) Antigamente<br />

Deus, que não tem corpo nem face, não poderia ser<br />

absolutamente representado através de uma imagem. Mas<br />

agora que Ele se fez ver na carne e que Ele viveu entre os<br />

homens, tornou-se possível para mim fazer uma imagem do<br />

Deus que vi. Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria<br />

(...) Estaríamos realmente no erro se fizéssemos uma<br />

imagem do Deus invisível, que não tem traços nem linhas<br />

sensíveis (...) Mas depois que Deus, em sua bondade<br />

inefável, se encarnou e foi visto em carne na terra (...),<br />

depois que Ele viveu com os homens, tendo assumido a<br />

- 77 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

natureza, a densidade, a figura, a cor da carne, nós não nos<br />

enganamos ao fazer a sua imagem (...) Represento Deus, o<br />

Invisível, não na medida em que é invisível, mas na medida<br />

em que se tornou visível em nosso favor, participando da<br />

carne e do sangue" (Das Imagens 1,6.8.16).<br />

"O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para<br />

os analfabetos" (Das imagens 1,17).<br />

"A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É<br />

uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo<br />

dos campos estimula o meu coração para dar glória a<br />

Deus".<br />

Concílio Ecumênico de Nicéia II<br />

"Para proferir sucintamente a nossa profissão de fé,<br />

conservamos todas as tradições da Igreja, escritas ou não<br />

escritas, que nos têm sido transmitidas sem alteração. Uma<br />

delas é a representação pictória das imagens, que concorda<br />

com a pregação da história evangélica, crendo que, de<br />

verdade e não de aparência, o Verbo de Deus se fez<br />

homem, o que é também útil e proveitoso, pois as coisas<br />

que se iluminam mutuamente têm, sem dúvida, um<br />

significado recíproco".<br />

"Na trilha da doutrina divinamente inspirada dos nossos<br />

santos padres e da tradição da Igreja Católica, que sabemos<br />

ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos,<br />

com todo rigor e cuidado, que, à semelhança da<br />

representação da cruz preciosa e vivificante, assim como as<br />

veneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,<br />

quer em qualquer outro material adaptado, devem ser<br />

expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,<br />

nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas<br />

casas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e<br />

Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa e<br />

Santa Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos<br />

justos".<br />

"Quem venera uma imagem, venera nela a pessoa que está<br />

pintada".<br />

"Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações,<br />

mais serão levados a se recordar dos modelos originais e<br />

importantes da fé".<br />

"Aquele que se prostra diante do ícone, prostra-se diante da<br />

pessoa (a hipóstase) daquele que na figuração é<br />

- 78 -


epresentado".<br />

Teodoro Studita<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

"Aquilo que por um lado é manifestado pela tinta e pelo<br />

papel, por outro, no ícone, é manifestado pelas várias cores<br />

e pelos outros materiais" (Antirrheticus 1,10).<br />

Papa Adriano I de Roma<br />

"Aquele falso sínodo que se reuniu sem a Sé Apostólica (...),<br />

indo contra a Tradição dos Padres mais venerados, para<br />

condenar as sagradas imagens, seja anatematizado na<br />

presença de nossos apocrisiários (...) e cumpra-se a palavra<br />

de nosso Senhor Jesus Cristo: 'As portas do inferno não<br />

prevalecerão contra ela', e também: 'Tu és Pedro...'. A Sé<br />

de Pedro brilhou com primazia sobre toda a terra e ela é a<br />

cabeça de todas as Igrejas de Deus" (Epístola ao Patriarca<br />

Tarásio).<br />

"Graças a um rosto visível, o nosso espírito será<br />

transportado, por um atrativo espiritual, até à majestade<br />

invisível da Divindade, através da contemplação da imagem<br />

em que está representada a carne, que o Filho de Deus se<br />

dignou assumir para a nossa salvação. E, sendo assim, nós<br />

adoramos e conjuntamente louvamos, glorificando-O em<br />

espírito, este mesmo Redentor, porque, como está escrito:<br />

'Deus é Espírito' e é por isso que nós adoramos<br />

espiritualmente a sua Divindade" (Carta aos Imperadores).<br />

d) O simbolismo das velas<br />

* * *<br />

“Sobre o candelabro de ouro puro conservará em<br />

ordem as lâmpadas perante o Senhor continuamente”<br />

(Lev. 24,4).<br />

Uma celebração sacramental é tecida de sinais e de símbolos.<br />

Segundo a pedagogia divina da salvação, o significado dos<br />

sinais e símbolos deita raízes na obra da criação e na cultura<br />

humana, adquire precisão nos eventos da Antiga Aliança e se<br />

revela plenamente na pessoa e na obra de Cristo (CIC 1145).<br />

Hipólito de Roma<br />

"Com a presença do bispo, ao cair da noite, o diácono trará<br />

a lucerna e aquele, de pé, no meio de todos os fiéis<br />

presentes, dará graças (...): 'Graças te damos, Senhor, pelo<br />

- 79 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, pelo qual nos<br />

iluminaste, revelando-nos a luz incorruptível. Atingindo,<br />

portanto, o fim do dia e chegando ao início da noite, tendonos<br />

beneficiado da luz do dia, que criaste para a nossa<br />

sociedade, e não carecendo agora da luz da tarde, pela tua<br />

graça, te louvamos e te glorificamos, pelo teu Filho Jesus<br />

Cristo, nosso Senhor, pelo qual a ti seja a glória e o poder e<br />

a honra com o Espírito Santo, agora e sempre, e pelos<br />

séculos dos séculos. Amém'" (Tradição Apostólica 64).<br />

- 80 -


A FÉ CRISTÃ<br />

ANEXO - Relação de Padres e Escritores do Período Patrístico<br />

Padre/Escritor Falecimento<br />

Abércio de Hierápolis . . . . 215<br />

Adriano I de Roma (papa). . . . 795<br />

Afrate da Pérsia . . . . . ~375<br />

Agostinho de Hipona . . . . 430<br />

Alexandre de Alexandria . . . 325<br />

Ambrósio de Milão . . . . 397<br />

Anastácio I de Roma (papa) . . 402<br />

Anastácio II de Roma (papa) . . 498<br />

Anastácio do Sinai. . . . . ~700<br />

André de Creta . . . . . ~750<br />

Aristides de Atenas . . . . 130<br />

Atanásio de Alexandria . . . 373<br />

Atenágoras de Atenas . . . 181<br />

Basílio de Ancira . . . . 364<br />

Basílio de Selêucia . . . . 469<br />

Basílio Magno de Cesaréia . . . 379<br />

Beda Venerável . . . . . 735<br />

Bento de Núrsia . . . . . 547<br />

Bonifácio I de Roma (papa) . . 422<br />

Caio (ou Gaio) . . . . . 217<br />

Calisto I de Roma (papa). . . . 222<br />

Capreólogo . . . . . ~440<br />

Cassiodoro . . . . . ~575<br />

Celestino I de Roma (papa) . . 432<br />

Cesário de Arles . . . . . 543<br />

Cipriano de Cartago . . . . 258<br />

Cirilo de Alexandria . . . . 444<br />

Cirilo de Jerusalém . . . . 386<br />

Clemente I de Roma (papa) . . 101<br />

Clemente de Alexandria . . . 215<br />

Columbano . . . . . 615<br />

Cornélio I de Roma (papa) . . . 253<br />

Cromácio de Aquiléia . . . . 407<br />

Dâmaso I de Roma (papa) . . . 384<br />

Dionísio de Alexandria . . . 265<br />

Dionísio de Corinto . . . . 166<br />

Dionísio I de Roma (papa) . . . 268<br />

Efrém da Síria . . . . . 373<br />

Egéria . . . . . . ~420<br />

- 81 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Enéias de Gaza . . . . . 518<br />

Epifânio de Salamina . . . . 403<br />

Estevão I de Roma (papa) . . . 257<br />

Eudóxio de Constantinopla . . . 369<br />

Eusébio de Alexandria . . . ~450<br />

Eusébio de Cesaréia . . . . 340<br />

Eustáquio de Antioquia . . . ~350<br />

Eutíquio . . . . . . ~582<br />

Filoxeno da Síria . . . . 523<br />

Firmiliano da Capadócia . . . 268<br />

Frutuoso Mártir . . . . . 259<br />

Fulgêncio de Ruspe . . . . 533<br />

Gelásio I de Roma (papa) . . . 496<br />

Germano de Constantinopla . . ~730<br />

Gregório de Nanzianzo . . . 379<br />

Gregório de Nicéia . . . . ~séc. V<br />

Gregório de Nissa . . . . 394<br />

Gregório I Magno de Roma (papa) . 604<br />

Gregório II de Roma (papa) . . 731<br />

Gregório III de Roma (papa) . . 741<br />

Hegésipo . . . . . . 117<br />

Hermas de Roma . . . . 140<br />

Hilário de Poitiers . . . . 367<br />

Hipólito de Roma . . . . 235<br />

Hormisdas de Roma (papa) . . 523<br />

Ildelfonso de Toledo . . . . 667<br />

Inácio de Antioquia . . . . 107<br />

Inocêncio I de Roma (papa) . . 417<br />

Ireneu de Lião . . . . . 202<br />

Isidoro de Pelúsio . . . 435<br />

Isidoro de Sevilha. . . . . 636<br />

Jerônimo . . . . . . 420<br />

João Cassiano . . . . . 435<br />

João Crisóstomo . . . . 403<br />

João Damasceno . . . . 749<br />

João de Antioquia . . . . ~420<br />

João II de Roma (papa) . . . 535<br />

João IV de Roma (papa) . . . 642<br />

João Mosco . . . . . 619<br />

Júlio I de Roma (papa) . . . 352<br />

Justino Mártir . . . . . 165<br />

Lactâncio . . . . . . 317<br />

Leão I Magno de Roma . . . 461<br />

Libério I de Roma . . . . 366<br />

- 82 -


A FÉ CRISTÃ<br />

Marcelo de Ancira . . . . ~340<br />

Martinho de Braga . . . . 579<br />

Martinho de Tours . . . . 397<br />

Máximo Confessor . . . . 662<br />

Máximo de Turim . . . . 466<br />

Melitão de Sardes . . . . ~170<br />

Metódio de Olimpo . . . . 311<br />

Minúcio Félix . . . . . ~200<br />

Nestório . . . . . . 451<br />

Nicetas de Remesiana . . . ~420<br />

Nilo Magno de Ancira . . . . 430<br />

Optato de Milevi . . . . ~400<br />

Orígenes de Alexandria. . . . 253<br />

Ósio de Córdoba . . . . ~400<br />

Pacômio . . . . . . 346<br />

Panciano . . . . . . 392<br />

Papias de Hierápolis . . . . 130<br />

Paulino de Nola . . . . . 431<br />

Pedro Crisólogo . . . . . 450<br />

Pedro de Alexandria . . . . 311<br />

Pelágio I de Roma (papa) . . . 561<br />

Pelágio II de Roma (papa) . . . 590<br />

Policarpo de Esmirna . . . . 156<br />

Prudêncio de Espanha. . . . 405<br />

Rufino de Aquiléia . . . . 410<br />

Serapião de Thmuis . . . . 362<br />

Severiano de Gábala . . . . 431<br />

Silvestre I de Roma (papa) . . 335<br />

Simeão de Tessalônica . . . ~séc. V<br />

Simplício de Roma (papa) . . . 483<br />

Sirício de Roma (papa) . . . 399<br />

Sisto III de Roma (papa) . . . 440<br />

Sócrates de Constantinopla . . 440<br />

Sozómeno . . . . . . ~450<br />

Sulpício Severo . . . . . 420<br />

Teodoreto de Ciro . . . . 460<br />

Teodoro Studita . . . . . séc. VIII<br />

Teófilo de Antioquia . . . . 182<br />

Teotecnos de Lívias . . . . ~600<br />

Tertuliano de Cartago . . . 220<br />

Vicente de Lérins . . . . 450<br />

Vigílio de Roma (papa) . . . 555<br />

Zacarias de Roma (papa) . . . 752<br />

Zeferino de Roma (papa) . . . 217<br />

- 83 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Zenão de Verona . . . . 371<br />

Escritos Anônimos Ano de Composição<br />

Atas dos Mártires . . . . ~165<br />

Constituições Apostólicas . . . ~400<br />

Constituições Egípcias . . . ~450<br />

Didaqué . . . . . . ~90<br />

Decreto Gelasiano . . . . 495<br />

Epístola a Diogneto . . . . ~200<br />

Epístola de Barnabé . . . . ~74<br />

Lecionário Jerusalemitano . . . ~450<br />

Mártires de Lião . . . . . ~175<br />

Pseudo-Agostinho . . . . ~séc. VI<br />

Pseudo-Clemente . . . . ~séc. IV<br />

Pseudo-Dionísio . . . . . ~séc. IV<br />

Pseudo-Hipólito . . . . . ~séc. V<br />

Pseudo-Justino . . . . . ~séc. III<br />

Pseudo-Melitão . . . . . ~séc. III<br />

Sacramentário de Bobbio . . . ~650<br />

Sacramentário Gregoriano . . . ~750<br />

Concílios Ecumênicos Ano de Realização<br />

Concílio Ecumênico de Calcedônia . 451<br />

Concílio Ecumênico de Constantinopla I 381<br />

Concílio Ecumênico de Constantinopla II 553<br />

Concílio Ecumênico de Constantinopla III 681<br />

Concílio Ecumênico de Éfeso . . 431<br />

Concílio Ecumênico de Nicéia I . . 325<br />

Concílio Ecumênico de Nicéia II . . 787<br />

Concílios Regionais Ano de Realização<br />

Concílio da União Oriental/Ocidental . 433<br />

Concílio Regional de Antioquia . . 324<br />

Concílio Regional de Arles I . . 314<br />

Concílio Regional de Arles II . . ~475<br />

Concílio Regional de Braga . . . 561<br />

Concílio Regional de Cartago III . . 397<br />

Concílio Regional de Cartago IV . . 418<br />

Concílio Regional de Elvira . . . 306<br />

Concílio Regional de Frankfurt . . 794<br />

Concílio Regional de Friul . . . 796<br />

Concílio Regional de Hipona . . 393<br />

Concílio Regional de Laodicéia . . 367<br />

Concílio Regional de Latrão . . 649<br />

- 84 -


A FÉ CRISTÃ<br />

Concílio Regional de Milevi . . . 416<br />

Concílio Regional de Orange II . . 529<br />

Concílio Regional de Palmari . . 501<br />

Concílio Regional de Pávia . . . 850<br />

Concílio Regional de Quiersy . . 853<br />

Concílio Regional de Roma I . . 382<br />

Concílio Regional de Roma II . . 680<br />

Concílio Regional de Sárdica . . 343<br />

Concílio Regional de Toledo IV . . 633<br />

Concílio Regional de Toledo VI . . 638<br />

Concílio Regional de Toledo XI . . 675<br />

Concílio Regional de Toledo XV . . 688<br />

Concílio Regional de Toledo XVI . . 693<br />

Sínodo de Ambrósio . . . . 389<br />

Sínodo Permanente de Constantinopla ~545<br />

Escritos Apócrifos/Não-Cristãos Ano de Composição<br />

Apócrifo Odes de Salomão . . . séc. II d.C.<br />

Apócrifo Vida de Adão e Eva . . séc. II d.C.<br />

Atos Apócrifos de João . . . séc. III d.C.<br />

Evangelho Apócrifo de Pedro . . séc. II d.C.<br />

Protoevangelho Apócrifo de Tiago . séc. I d.C.<br />

Talmud Babilônico . . . . séc. V d.C.<br />

- 85 -


Abércio de Hierápolis, 81<br />

Afrate da Pérsia, 81<br />

Agostinho de Hipona, 22, 25,<br />

26, 29, 31, 32, 34, 48, 49, 51, 52, 54,<br />

60, 61, 63, 66, 73, 75, 81<br />

Alexandre de Alexandria,<br />

41, 81<br />

Ambrósio de Milão, 26, 29, 33,<br />

36, 42, 48, 50, 65, 71, 81<br />

Anastácio do Sinai, 81<br />

André de Creta, 27, 81<br />

Anônimo, 41, 45<br />

Aristides de Atenas, 81<br />

Atanásio de Alexandria, 41,<br />

51, 65, 69, 81<br />

Atas dos Mártires, 59, 84<br />

Atenágoras de Atenas, 64,<br />

81<br />

Atos Apócrifos de João, 85<br />

Basílio de Ancira, 81<br />

Basílio de Selêucia, 81<br />

Basílio Magno de Cesaréia,<br />

65, 69, 71, 77, 81<br />

Beda Venerável, 75, 81<br />

Caio, 81<br />

Cassiodoro, 81<br />

Cesário de Arles, 81<br />

Cipriano de Cartago, 58, 59,<br />

60, 81<br />

Cirilo de Alexandria, 34, 42,<br />

67, 70, 81<br />

Cirilo de Jerusalém, 26, 61,<br />

66, 70, 81<br />

Clemente de Alexandria,<br />

47, 64, 81<br />

Columbano, 81<br />

Concílio da União entre<br />

Orientais e Ocidentais, 42<br />

Concílio Ecumênico de<br />

Calcedônia, 44, 84<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Índice onomástico<br />

- 86 -<br />

Concílio Ecumênico de<br />

Constantinopla, 35, 46, 84<br />

Concílio Ecumênico de<br />

Éfeso, 84<br />

Concílio Ecumênico de<br />

Nicéia, 28, 47, 76, 78, 84<br />

Concílio Regional de<br />

Antioquia, 84<br />

Concílio Regional de Arles,<br />

84<br />

Concílio Regional de<br />

Cartago, 84<br />

Concílio Regional de<br />

Elvira, 84<br />

Concílio Regional de Friul,<br />

84<br />

Concílio Regional de<br />

Hipona, 84<br />

Concílio Regional de<br />

Laodicéia, 84<br />

Concílio Regional de<br />

Latrão, 27, 28, 33, 84<br />

Concílio Regional de<br />

Orange, 85<br />

Concílio Regional de<br />

Palmari, 85<br />

Concílio Regional de<br />

Pávia, 85<br />

Concílio Regional de<br />

Quiersy, 85<br />

Concílio Regional de<br />

Roma, 85<br />

Concílio Regional de<br />

Sárdica, 85<br />

Concílio Regional de<br />

Toledo, 85<br />

Constituições Apostólicas,<br />

84<br />

Constituições Egípcias, 84<br />

Cromácio de Aquiléia, 81


Decreto Gelasiano, 84<br />

Didaqué, 84<br />

Dionísio de Corinto, 81<br />

Efrém da Síria, 24, 26, 32, 33,<br />

36, 48, 81<br />

Egéria, 81<br />

Enéias de Gaza, 82<br />

Epifânio de Salamina, 24, 33,<br />

37, 74, 82<br />

Epístola a Diogneto, 84<br />

Epístola de Barnabé, 84<br />

Eusébio de Alexandria, 82<br />

Eusébio de Cesaréia, 69, 82<br />

Eustáquio de Antioquia, 82<br />

Eutíquio, 82<br />

Evangelho Apócrifo de<br />

Pedro, 85<br />

Filoxeno da Síria, 82<br />

Firmiliano da Capadócia, 82<br />

Frutuoso Mártir, 60, 82<br />

Fulgêncio de Ruspe, 82<br />

Germano de<br />

Constantinopla, 38, 75, 82<br />

Gregório de Nanzianzo, 70,<br />

82<br />

Gregório de Nicéia, 82<br />

Gregório de Nissa, 50, 63, 77,<br />

82<br />

Gregório Taumaturgo, 63, 71<br />

Hegésipo, 82<br />

Hermas de Roma, 82<br />

Hilário de Poitiers, 20, 61, 82<br />

Hipólito de Roma, 26, 79, 82<br />

Ildelfonso de Toledo, 35, 82<br />

Inácio de Antioquia, 28, 30,<br />

56, 60, 82<br />

Inscrições e grafitos, 62<br />

Ireneu de Lião, 23, 29, 49, 64,<br />

82<br />

Isidoro de Pelúsio, 82<br />

Isidoro de Sevilha, 82<br />

Jerônimo, 61, 66, 71, 82<br />

João Cassiano, 62, 82<br />

João Crisóstomo, 26, 34, 42,<br />

50, 67, 70, 82<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

- 87 -<br />

João Damasceno, 27, 36, 38,<br />

46, 67, 70, 74, 75, 77, 82<br />

João de Antioquia, 42, 82<br />

João Mosco, 82<br />

Justino Mártir, 23, 28, 57, 59, 64,<br />

82<br />

Lactâncio, 59, 82<br />

Lecionário<br />

Jerusalemitano, 45, 84<br />

Martinho de Tours, 51, 83<br />

Mártires de Lião, 84<br />

Máximo Confessor, 83<br />

Máximo de Turim, 83<br />

Melitão de Sardes, 74, 83<br />

Metódio de Olimpo, 83<br />

Minúcio Félix, 83<br />

Nestório, 42, 83<br />

Nicetas de Remesiana, 83<br />

Nilo Magno, 83<br />

Optato de Milevi, 83<br />

Orígenes de Alexandria, 26,<br />

31, 58, 60, 65, 69, 71, 73, 74, 76, 83<br />

Ósio de Córdoba, 58, 83<br />

Panciano, 83<br />

Papa Adriano I de Roma,<br />

79<br />

Papa Clemente I de Roma,<br />

55<br />

Papa Gregório I Magno de<br />

Roma, 31, 67, 69, 73, 77<br />

Papa Leão I Magno de<br />

Roma, 32<br />

Papias de Hierápolis, 83<br />

Pedro Crisólogo, 83<br />

Pedro de Alexandria, 83<br />

Policarpo de Esmirna, 57, 72,<br />

83<br />

Protoevangelho Apócrifo<br />

de Tiago, 30, 85<br />

Pseudo-Agostinho, 84<br />

Pseudo-Clemente, 84<br />

Pseudo-Dionísio, 84<br />

Pseudo-Hipólito, 84<br />

Pseudo-Justino, 84<br />

Pseudo-Melitão, 37, 84


Rufino de Aquiléia, 83<br />

Sacramentário de Bóbbio,<br />

38<br />

Sacramentário<br />

Gregoriano, 41, 84<br />

Serapião de Thmuis, 83<br />

Severiano de Gábala, 83<br />

Simeão de Tessalônica, 83<br />

Sínodo de Ambrósio, 85<br />

Sínodo Permanente de<br />

Constantinopla, 85<br />

Sócrates de<br />

Constantinopla, 83<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

- 88 -<br />

Sulpício Severo, 83<br />

Talmud Babilônico, 85<br />

Teodoreto de Ciro, 77, 83<br />

Teodoro Studita, 79, 83<br />

Teófilo de Antioquia, 83<br />

Teotecnos de Lívias, 27, 83<br />

Tertuliano de Cartago, 58,<br />

59, 83<br />

Timóteo de Jerusalém, 37<br />

Vicente de Lérins, 44, 83<br />

Zenão de Verona, 84


Livros (fontes de citações)<br />

A FÉ CRISTÃ<br />

Bibliografia e Sites Consultados<br />

1. ADAM, Adolf. "O Ano Litúrgico". São Paulo: Paulinas, 1ª<br />

ed., 1982. Trad. Mateus Ramalho Rocha.<br />

2. AGOSTINHO, Santo. "A Verdadeira Religião". São Paulo:<br />

Paulinas, 1ª ed., 1987. Trad. Nair de Assis Oliveira.<br />

3. __________. "O Cuidado Devido aos Mortos". São Paulo:<br />

Paulinas, 1ª ed., 1990. Trad. Nair de Assis Oliveira.<br />

4. ALFARO, Juan Ignacio. "O Apocalipse em Perguntas e<br />

Respostas". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1996. Trad. Maria<br />

Stela Gonçalves e Adail Ubirajara Sobral.<br />

5. AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. "A Minha Igreja".<br />

Lorena: Cléofas, 2ª ed., 1999.<br />

6. __________. "Escola da Fé I: Sagrada Tradição". Lorena:<br />

Cléofas, 1ª ed., 2000.<br />

7. ARAÚJO, Francisco Almeida. "Em Defesa da Fé". Anápolis:<br />

CMIC. 3ª ed., 1993.<br />

8. ASIAÍN, Justo. "Maria Hoje?". São Paulo: Loyola, 1ª ed.,<br />

1979. Trad. Francisco da Rocha Guimarães.<br />

9. BATTISTINI, Frei. "A Igreja do Deus Vivo". Petrópolis:<br />

Vozes, 18ª ed., 1992.<br />

10. BETTENCOURT, Estêvão Tavares. "Católicos<br />

Perguntam". São Paulo: Mensageiro de Santo Antonio, 1ª<br />

ed., 1997.<br />

11. __________. “Curso de Eclesiologia”. Rio de Janeiro:<br />

Mater Ecclesiae, s/ano.<br />

12. __________. “Curso de História da Igreja”. Rio de<br />

Janeiro: Mater Ecclesiae, s/ano.<br />

13. __________. "Curso de Iniciação Teológica". Rio de<br />

Janeiro: Mater Ecclesiae, s/ano.<br />

14. __________. "Curso de Mariologia". Rio de Janeiro:<br />

Mater Ecclesiae, s/ano.<br />

15. __________. "Diálogo Ecumênico: Temas<br />

Controvertidos". Rio de Janeiro: Lumen Christi, 3ª ed.<br />

1989.<br />

16. __________. "Quinze Questões de Fé". Aparecida:<br />

Santuário, 6ª ed., 1989.<br />

17. BETTI, Artur. "O que o Povo Pergunta?". Petrópolis:<br />

Vozes, 3ª ed. 1994.<br />

18. BOROBIO, Dionisio (org.). "A Celebração na Igreja 1:<br />

- 89 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Liturgia e Sacramentologia Fundamental". São Paulo:<br />

Loyola, 1ª ed., 1990. Trad. Adail U. Sobral.<br />

19. __________. "A Celebração na Igreja 2:<br />

Sacramentos". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1993. Trad. Luiz<br />

João Gaio.<br />

20. __________. "A Celebração na Igreja 3: Ritmos e<br />

Tempos da Celebração". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2000.<br />

Trad. João Rezende Costa.<br />

21. BOURGERIE, Denis. "Vinte Razões Porque Eu sou<br />

Católico". Campinas: Logos, 5ª ed., 1998.<br />

22. CARVAJAL, Luis González. "Nossa Fé: Teologia para<br />

Universitários". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1992. Trad.<br />

José A. Ceschin.<br />

23. CHAPPIN, Marcel. "Introdução à História da Igreja".<br />

São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Píer Luigi Cabra.<br />

24. COMBY, Jean. "Para Ler a História da Igreja: das<br />

Origens ao Século XV". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1993.<br />

Trad. Maria Stela Gonçalves.<br />

25. COSTA BRITO, Ênio José da; TENÓRIO, Waldecy<br />

(orgs.). "Milenarismos e Messianismos Ontem e Hoje". São<br />

Paulo: Loyola, 1ª ed., 2001.<br />

26. COUTINHO, Joaquim Ximenes. "Profissão de Fé<br />

Católica". Santos: s/edit., 1ª ed., 1996.<br />

27. CUNHA, Egionor. "A Cruz e as Cruzes". São Paulo:<br />

Ave Maria, 1ª ed., 1993.<br />

28. __________. "A Santíssima Trindade". São Paulo:<br />

Ave Maria, 1ª ed., 1993.<br />

29. __________. "A Senhora Contestada". São Paulo:<br />

Ave Maria, 1ª ed., 1993.<br />

30. __________. "Bíblia, Sangue e Medicina". São Paulo:<br />

Ave Maria, 1ª ed., 1993.<br />

31. __________. "Imagens e Santos". São Paulo: Ave<br />

Maria, 1ª ed., 1993.<br />

32. DELUMEAU, Jean. "As Razões de Minha Fé". São<br />

Paulo: Loyola, 1ª ed., 1991. Trad. Eunice Gruman.<br />

33. DENZINGER, Enrique. "El Magisterio de la Iglesia".<br />

Barcelona: Herder, 3ª ed., 1963.<br />

34. DOMERGUE, Benoit. "Notas sobre Reecarnação". São<br />

Paulo: Loyola, 1ª ed., 1997. Trad. Yvone Maria de Campos<br />

Teixeira da Silva.<br />

35. DREYFUS, François. "Jesus Sabia que era Deus?".<br />

São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1997. Trad. José Nogueira<br />

Machado.<br />

36. DUPUIS, Jacques. "Introdução à Cristologia". São<br />

- 90 -


A FÉ CRISTÃ<br />

Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Aldo Vannucchi.<br />

37. ESCRIVÁ, Josemaria. "Para que Todos se Salvem".<br />

São Paulo: Quadrante, 1ª ed., s/ano.<br />

38. FIORENZA, Francis S.; GALVIN, John P. (org.).<br />

"Teologia Sistemática: Perspectivas Católico-Romanas" (2<br />

volumes). São Paulo: Paulus, 1ª ed., 1997. Trad. Paulo<br />

Siepierski.<br />

39. FISICHELLA, Rino. "Introdução à Teologia<br />

Fundamental". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2000. Trad. João<br />

Paixão Netto.<br />

40. FORTE, Bruno. "Introdução à Fé". São Paulo: Paulus,<br />

1ª ed., 1994. Trad. Artur Diniz Neto.<br />

41. __________. "Introdução aos Sacramentos". São<br />

Paulo: Paulus, 1ª ed., 1996. Trad. Georges I. Maissiat.<br />

42. FRANGIOTTI, Roque. "História da Teologia: Período<br />

Patrístico". São Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1992.<br />

43. __________. "História das Heresias - Séculos I -<br />

VII". São Paulo: Paulus, 1ª ed., 1995.<br />

44. FUITEM, Diogo Luís. "A Fé Católica em Perguntas e<br />

Respostas". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2000.<br />

45. GAMBARINI, Luiz Alberto. "Perguntas e Respostas<br />

sobre a Fé" (2 volumes). Campo Limpo: Vida Nova/Ágape,<br />

5ª ed., 1990.<br />

46. GARCÍA PAREDES, José C.R.. "A Verdadeira História<br />

de Maria". São Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1988. Trad. Suely<br />

Mendes Brazão.<br />

47. GILBERT, Paul. "Introdução à Teologia Medieval". São<br />

Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Dion Davi Macedo.<br />

48. GOEDERT, Valter Maurício. "Culto Eucarístico Fora da<br />

Missa". São Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1987.<br />

49. __________. "Teologia do Batismo". São Paulo:<br />

Paulinas, 2ª ed., 1988.<br />

50. GOMES, Cirilo Folch. "Riquezas da Mensagem Cristã".<br />

Rio de Janeiro: Lumen Christi, 2ª ed., 1989.<br />

51. HAMMAN, A. "Os Padres da Igreja". São Paulo:<br />

Paulinas, 3ª ed., 1980. Trad. Isabel Fontes Leal Ferreira.<br />

52. JOÃO PAULO II. "A Virgem Maria: 58 Catequeses do<br />

Papa sobre Nossa Senhora". Lorena: Cléofas, 1ª ed., 2000.<br />

53. __________. "Carta Apostólica Duodecim Saeculum".<br />

Petrópolis: Vozes, 1ª ed., 1988.<br />

54. JORNET, Charles. "O Matrimônio Indissolúvel". São<br />

Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1996. Trad. José Joaquim Sobral.<br />

55. KEHL, Medard. "A Igreja: uma Eclesiologia Católica".<br />

São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1997. Trad. João Rezende<br />

- 91 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

Costa.<br />

56. KLOPPENBURG, Boaventura. "A Minha Igreja".<br />

Petrópolis: Vozes, 1ª ed. 2000.<br />

57. KNAUER, Peter. "Para Compreender nossa Fé". São<br />

Paulo: Loyola, 1ª ed., 1989. Trad. Attilio Cancian.<br />

58. LACARRIÈRE, Jacques. "Padres do Deserto: Homens<br />

Embriagados de Deus". São Paulo: Loyola. 1ª ed., 1996.<br />

Trad. Marcos Bagno.<br />

59. LE MOUËL, Gilbert. "Astrologia e Fé Cristã". São<br />

Paulo: Loyola, 1ª ed., 1994. Trad. Marcos Marcionilo.<br />

60. LIÉBAERT, Jacques. "Os Padres da Igreja: Séculos I-<br />

IV". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2000. Trad. Nadyr de Salles<br />

Penteado.<br />

61. LIMA, Maurílio César de. “Introdução à História do<br />

Direito Canônico”. São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999.<br />

62. MANZANARES, Cesar Vidal. "As Seitas Perante a<br />

Bíblia". Lisboa: São Paulo. 1ª ed., 1994. Tad. Armando<br />

Baptista Silva.<br />

63. MELO, Fernando dos Reis de. "Religião & Religiões:<br />

Perguntas que Muita Gente Faz". Aparecida: Santuário, 1ª<br />

ed., 1997.<br />

64. MONDONI, Danilo. "História da Igreja na<br />

Antigüidade". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2001.<br />

65. MORALDI, Luigi. "O Início da Era Cristã: uma Riqueza<br />

Perdida". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2001. Trad. João<br />

Rezende Costa.<br />

66. MOURA, Jaime Francisco de. "As Diferenças entre<br />

Igreja Católica e Igrejas Evangélicas". São José dos<br />

Campos: Com Deus, 1ª ed., 2000.<br />

67. O'DONNELL, John. "Introdução à Teologia<br />

Dogmática". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad.<br />

Roberto Leal Ferreira.<br />

68. PADOVESE, Luigi. "Introdução à Teologia Patrística".<br />

São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Orlando Soares<br />

Moreira.<br />

69. PEREIRA, Ernesto do Nascimento. "A Formação Cristã<br />

de Adultos". Petrópolis: Vozes, 1ª ed., 1994.<br />

70. PIÉ-NINOT, Salvador. "Introdução à Eclesiologia".<br />

São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1998. Trad. João Paixão Netto.<br />

71. RIBOLLA, José. "Coisas da Fé". Aparecida: Santuário,<br />

4ª ed., 1995.<br />

72. ROCCHETTA, Carlo. "Os Sacramentos da Fé". São<br />

Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1991. Trad. Álvaro A. Cunha.<br />

73. ROSATO, Philip J.. "Introdução à Teologia dos<br />

- 92 -


A FÉ CRISTÃ<br />

Sacramentos". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad.<br />

Orlando Soares Moreira.<br />

74. ROSSI, Marcelo Mendonça. "Eu sou feliz por ser<br />

católico". São Paulo: Maxi, 1ª ed., 2000.<br />

75. RYAN, Vincent. "O Domingo: HIstória, Espiritualidade,<br />

Celebração". São Paulo: Paulus, 1ª ed., 1997. Trad.<br />

Thereza Christina F. Stummer.<br />

76. SALOTO, Luiz Rômulo Fernandes. "Religião Também<br />

se Aprende" (vol. 4). Aparecida: Santuário, 1ª ed., 2000.<br />

77. SCHEPER, Wenceslau. "Purgatório: Sim ou Não?".<br />

São Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1993.<br />

78. SIMÕES, Adelino F.. "Os Cristãos Perguntam".<br />

Campinas: Raboni, 1ª ed., 1996.<br />

79. TONUCCI, Paulo Maria. "História do Cristianismo<br />

Primitivo". Petrópolis: Vozes, 1ª ed., 1987.<br />

80. TURCHENSKI JR., Nicolau. "A Caminho do Pai: o<br />

Purgatório". Curitiba: s/edit., 1ª ed., 1985.<br />

81. VV.AA.. "Catecismo da Igreja Católica". Petrópolis:<br />

Vozes etal, 3ª ed., 1993.<br />

82. __________. "Manual do Católico de Hoje".<br />

Aparecida: Santuário, 19ª ed., 1990.<br />

83. __________. "O Caminho: Síntese da Doutrina Cristã<br />

para Adultos". Salvador: Nossa Senhora de Loreto, 2ª ed.,<br />

1981.<br />

84. __________. "Os Sacramentais e as Bênçãos". São<br />

Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1993. Trad. I. F. L. Ferreira<br />

85. WICKS, Jared. "Introdução ao Método Teológico". São<br />

Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Nadyr de Salles<br />

Penteado.<br />

Sites Consultados<br />

1. AGNUS DEI (http://www.agnusdei.cjb.net)<br />

2. CATHOLIC ANSWERS (http://www.catholic.com)<br />

3. CENTRAL DE OBRAS DO CRISTIANISMO PRIMITIVO<br />

(http://cocp.veritatis.com.br)<br />

4. CORUNUM CATHOLIC APOLOGETICS<br />

(http://www.cin.org/users/jgallegos/contents.htm)<br />

5. ICTIS (http://www.ictis.cjb.net)<br />

6. NEW ADVENT (http://www.newadvent.org)<br />

7. SOU CATÓLICO, SOU IGREJA<br />

(http://www.na.com.br/users/toni/)<br />

8. VERITATIS SPLENDOR (http://www.veritatis.com.br)<br />

- 93 -


Para Saber Mais...<br />

<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

1. ALTANER, Berthold; STUIBER, Alfred. Patrologia: Vida,<br />

Obras e Doutrina dos Padres da Igreja. São Paulo:<br />

Paulinas.<br />

2. AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. Escola da Fé I:<br />

Sagrada Tradição. Lorena:Cléofas<br />

3. GOMES, Cirilo Folch. Antologia dos Santos Padres. São<br />

Paulo:Paulinas.<br />

4. HAMMAN, A.. Os Padres da Igreja. São Paulo:Paulinas.<br />

5. LACARRIÈRE, Jacques. Padres do Deserto: Homens<br />

Embriagados de Deus. São Paulo: Loyola.<br />

6. LIÉBAERT, Jacques. Os Padres da Igreja: Séculos I-IV. São<br />

Paulo: Loyola.<br />

7. MANZANARES, Cesar Vidal. Dicionário de Patrística.<br />

Aparecida:Santuário.<br />

8. MORESCHINI, Cláudio; NORELLI, Enrico. História da<br />

Literatura Cristã Antiga Grega e Latina. 3 volumes. São<br />

Paulo: Loyola.<br />

9. PADOVESE, Luigi. Introdução à Teologia Patrística. São<br />

Paulo:Loyola.<br />

10. TRESE, LEO J.. A Fé Explicada. São Paulo:<br />

Quadrante.<br />

11. VV.AA.. Catecismo da Igreja Católica.<br />

Petrópolis:Vozes etal.<br />

Para ulteriores pesquisas, sobre este ou outros temas<br />

relacionados ao Catolicismo, acesse a ferramenta de busca<br />

existente no topo da página do site Veritatis Splendor –<br />

Memória e Ortodoxia Cristã<br />

http://www.veritatis.com.br<br />

Para ler obras patrísticas na íntegra, acesse<br />

COCP – Central de Obras do Cristianismo Primitivo<br />

http://cocp.veritatis.com.br<br />

- 94 -


A FÉ CRISTÃ<br />

- 95 -


<strong>Carlos</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Nabeto</strong><br />

“Com efeito, a Virgem Maria é<br />

reconhecida e honrada como a<br />

verdadeira Mãe de Deus e do<br />

Redentor. Ela é também<br />

verdadeiramente Mãe dos membros<br />

de Cristo porque cooperou pela<br />

caridade para que na Igreja<br />

nascessem os fiéis que são os<br />

membros desta Cabeça” (Agostinho<br />

de Hipona).<br />

“Aos que fizeram tudo o que tiveram<br />

ao seu alcance para permanecer fiéis,<br />

não lhes faltará nem a guarda dos<br />

anjos, nem a proteção dos santos”<br />

(Hilário de Poitiers).<br />

Você quer conhecer melhor o Catolicismo?<br />

Quer estar por dentro da Doutrina Oficial da Santa Igreja?<br />

Visite na Internet: http://www.veritatis.com.br<br />

Um Apostolado fiel ao Magistério da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.<br />

- 96 -

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!