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Compreensão de Texto prof. Daniel Lima - Caminho das Pedras

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

<strong>Compreensão</strong> <strong>de</strong> <strong>Texto</strong><br />

Assistimos à dissolução dos discursos homogeneizantes e totalizantes da ciência e da<br />

cultura. Não existe narração ou gênero do discurso capaz <strong>de</strong> dar um traçado único, um horizonte <strong>de</strong><br />

sentido unitário da experiência da vida, da cultura, da ciência ou da subjetivida<strong>de</strong>. Há histórias, no<br />

plural; o mundo tornou-se intensamente complexo e as respostas não são diretas nem estáveis.<br />

Mesmo que não possamos olhar <strong>de</strong> um curso único para a história, os projetos humanos têm um<br />

assentamento inicial que já permite abrir o presente para a construção <strong>de</strong> futuros possíveis. Tornarse<br />

um ser humano consiste em participar <strong>de</strong> processos sociais compartilhados, nos quais emergem<br />

significados, sentidos, coor<strong>de</strong>nações e conflitos.<br />

A complexida<strong>de</strong> dos problemas <strong>de</strong>sarticula-se e, precisamente por essa razão, torna-se<br />

necessária uma reor<strong>de</strong>nação intelectual que nos habilite a pensar a complexida<strong>de</strong>.<br />

1.(ABIN/ OFICIAL DE INTELIG/12/10/2008) Subenten<strong>de</strong>-se da argumentação do texto que a<br />

1<br />

sistematização dos gêneros do discurso ainda é insuficiente para explicar satisfatoriamente o complexo<br />

sentido da cultura e da ciência na formação dos sujeitos.<br />

―Assistimos à dissolução dos discursos homogeneizantes e totalizantes da ciência e da<br />

cultura. Não existe narração ou gênero do discurso capaz <strong>de</strong> dar um traçado único, um horizonte <strong>de</strong><br />

sentido unitário da experiência da vida, da cultura, da ciência ou da subjetivida<strong>de</strong>. Assistimos à<br />

dissolução dos discursos homogeneizantes e totalizantes da ciência e da cultura.‖<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

Um homem do século XVI ou XVII ficaria espantado com as exigências <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> civil<br />

a que nós nos submetemos com naturalida<strong>de</strong>. Assim que nossas crianças começam a falar,<br />

ensinamos-lhes seu nome, o nome <strong>de</strong> seus pais e sua ida<strong>de</strong>. Quando arranjarem seu primeiro<br />

emprego, junto com sua carteira <strong>de</strong> trabalho, receberão um número <strong>de</strong> inscrição que passará a<br />

acompanhar seu nome. Um dia chegará em que todos os cidadãos terão seu número <strong>de</strong> registro:<br />

esta é a meta dos serviços <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Nossa personalida<strong>de</strong> civil já se exprime com maior<br />

precisão mediante nossas coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> <strong>de</strong> nascimento do que mediante nosso sobrenome. Este,<br />

com o tempo, po<strong>de</strong>ria muito bem não <strong>de</strong>saparecer, mas ficar reservado à vida particular, enquanto<br />

um número <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, em que a data <strong>de</strong> nascimento seria um dos elementos, o substituiria<br />

para uso civil. O nome pertence ao mundo da fantasia, enquanto o sobrenome pertence ao mundo<br />

da tradição. A ida<strong>de</strong>, quantida<strong>de</strong> legalmente mensurável com uma precisão quase <strong>de</strong> horas, é<br />

produto <strong>de</strong> um outro mundo, o da exatidão e do número. Hoje, nossos hábitos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> civil<br />

estão ligados, ao mesmo tempo, a esses três mundos. Philippe Ariès. História social da criança e da família.<br />

Dora Flaksman (Trad.), p. 1-2 (com adaptações).<br />

2.(ABIN/ OFICIAL DE INTELIG/12/10/2008) A argumentação do texto se organiza em torno da idéia <strong>de</strong><br />

que o cidadão do tempo atual recebe diferentes i<strong>de</strong>ntificações nos mundos da fantasia, da tradição e da<br />

personalida<strong>de</strong> civil.<br />

―Um homem do século XVI ou XVII ficaria espantado com as exigências <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> civil a que nós<br />

nos submetemos com naturalida<strong>de</strong>.‖<br />

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12<br />

Nas interrelações pessoais, é inconteste que cada um dá sua própria versão dos fatos e da<br />

vida, segundo suas particulares experiências e com base na formação que tenha acumulado ao<br />

longo <strong>de</strong> sua existência. Cada indivíduo, assim, é um ser único, que vislumbra as ocorrências à sua<br />

volta e dá tratamento específico às informações e ao conhecimento que tenha condições <strong>de</strong><br />

absorver.<br />

Da mesma forma, mesmo os registros históricos oficiais, como se sabe há muito, são<br />

somente a versão dos que venceram e portanto, invariavelmente omitem ou distorcem as razões, os<br />

motivos e as realizações dos que foram vencidos.<br />

Não menos temeroso é o conhecimento que se transmite por gerações por meio da arte.<br />

Partindo da premissa <strong>de</strong> que a arte imita a vida e, por consequência, reinventa a realida<strong>de</strong>, na<br />

medida em que a vida também imita a arte, por certo que perpetuar visões e conceitos mal<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 1


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

fundamentados (a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> eventuais boas intenções) também representa que o artista acaba<br />

sendo, igualmente, um difusor <strong>de</strong> informações e i<strong>de</strong>ias cuja confiabilida<strong>de</strong> é relativa.<br />

Em suma, toda e qualquer avaliação da realida<strong>de</strong> passa, necessariamente, pelas<br />

impressões pessoais <strong>de</strong> quem a avalia.<br />

Obed <strong>de</strong> Faria Junior. A verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um.<br />

Internet: (com adaptações).<br />

3.(A.U.E.G./AUDITOR INTERNO/08/02/2008) De acordo com a argumentação do texto, nas<br />

interrelações pessoais, cada indivíduo tem ―sua própria versão dos fatos‖ (linha 1), porque<br />

A) avalia a realida<strong>de</strong> em consonância com a própria experiência <strong>de</strong> ser único.<br />

―Nas interrelações pessoais, é inconteste que cada um dá sua própria versão dos fatos e da vida,<br />

segundo suas particulares experiências e com base na formação que tenha acumulado ao longo <strong>de</strong> sua<br />

existência. Cada indivíduo, assim, é um ser único, que vislumbra as ocorrências à sua volta e dá<br />

tratamento específico às informações e ao conhecimento que tenha condições <strong>de</strong> absorver.‖<br />

B) tenciona registrar um conhecimento confiável para as próximas gerações.<br />

―Nas interrelações pessoais, é inconteste que cada um dá sua própria versão dos fatos e da vida,<br />

segundo suas particulares experiências e com base na formação que tenha acumulado ao longo <strong>de</strong> sua<br />

existência. Cada indivíduo, assim, é um ser único, que vislumbra as ocorrências à sua volta e dá<br />

tratamento específico às informações e ao conhecimento que tenha condições <strong>de</strong> absorver.‖<br />

C) tem a ilusão <strong>de</strong> exercer sua posição <strong>de</strong> vencedor nos fatos históricos.<br />

―Nas interrelações pessoais, é inconteste que cada um dá sua própria versão dos fatos e da vida,<br />

segundo suas particulares experiências e com base na formação que tenha acumulado ao longo <strong>de</strong> sua<br />

existência. Cada indivíduo, assim, é um ser único, que vislumbra as ocorrências à sua volta e dá<br />

tratamento específico às informações e ao conhecimento que tenha condições <strong>de</strong> absorver.‖<br />

D) visa perpetuar conceitos acumulados ao longo <strong>de</strong> sua existência.<br />

―Nas interrelações pessoais, é inconteste que cada um dá sua própria versão dos fatos e da vida,<br />

segundo suas particulares experiências e com base na formação que tenha acumulado ao longo <strong>de</strong> sua<br />

existência. Cada indivíduo, assim, é um ser único, que vislumbra as ocorrências à sua volta e dá<br />

tratamento específico às informações e ao conhecimento que tenha condições <strong>de</strong> absorver.‖<br />

E) objetiva imitar a arte ao reinventar a realida<strong>de</strong>.<br />

―...Não menos temeroso é o conhecimento que se transmite por gerações por meio da arte.<br />

Partindo da premissa <strong>de</strong> que a arte imita a vida e, por consequência, reinventa a realida<strong>de</strong>, na medida<br />

em que a vida também imita a arte, por certo que perpetuar visões e conceitos mal fundamentados (a<br />

<strong>de</strong>speito <strong>de</strong> eventuais boas intenções) também representa que o artista acaba sendo, igualmente, um<br />

difusor <strong>de</strong> informações e i<strong>de</strong>ias cuja confiabilida<strong>de</strong> é relativa. ―<br />

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<strong>Texto</strong> para a questão 4.<br />

1<br />

4<br />

7<br />

Para Vygotsky, a base do funcionamento psicológico tipicamente humano é cultural,<br />

portanto, histórica. Os elementos mediadores na relação entre o homem e o mundo — instrumentos,<br />

signos e todos os elementos do ambiente humano carregados <strong>de</strong> significado cultural — são<br />

construídos nas relações entre os homens. Os sistemas simbólicos e, particularmente, a língua<br />

exercem um papel fundamental na comunicação entre os sujeitos e no estabelecimento <strong>de</strong><br />

significados compartilhados que permitem interpretações dos objetos, eventos e situações do<br />

mundo real. O surgimento da ativida<strong>de</strong> verbal e da língua como sistema <strong>de</strong> signos é crucial no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da espécie humana, momento mesmo em que o biológico se transforma no<br />

histórico e em que emerge a centralida<strong>de</strong> da mediação simbólica na constituição do psiquismo<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

humano. É o trabalho que, pela ação transformadora do homem sobre a natureza, une homem e<br />

natureza e cria a cultura e a história humanas.<br />

Marta Kohl <strong>de</strong> Oliveira. História, consciência e educação. Coleção Memória da Pedagogia,<br />

n.º 2. 2005. Viver mente&cérebro – especial Vygotsky, p. 9-10 (com adaptações).<br />

4.(A.U.E.G./AUDITOR INTERNO/08/02/2008) A partir da leitura do texto, julgue as inferências<br />

apresenta<strong>das</strong> nos seguintes itens.<br />

I A espécie humana adota características históricas e culturais quando <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> privilegiar o aspecto<br />

biológico.<br />

II Os diversos sistemas simbólicos são constituídos na relação entre o homem e o mundo.<br />

III A língua é o único sistema simbólico que permite a construção <strong>de</strong> significados compartilhados.<br />

IV A cultura resulta da ação transformadora do homem sobre a natureza.<br />

Estão certos apenas os itens<br />

A I e II.<br />

B I e III.<br />

C II e III.<br />

D II e IV.<br />

E III e IV.<br />

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<strong>Texto</strong> para a questão 5.<br />

1<br />

4<br />

7<br />

9<br />

A cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens <strong>de</strong> culturas<br />

diferentes usam lentes diversas, portanto, têm visões <strong>de</strong>sencontra<strong>das</strong> <strong>das</strong> coisas. Por exemplo, a<br />

floresta amazônica não passa para o antropólogo — <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> um razoável conhecimento <strong>de</strong><br />

botânica — <strong>de</strong> um amontoado confuso <strong>de</strong> árvores e arbustos dos mais variados tamanhos e com<br />

uma imensa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong>s ver<strong>de</strong>s. A visão que um índio tupi tem <strong>de</strong>sse mesmo cenário<br />

é totalmente diversa: cada um <strong>de</strong>sses vegetais tem um significado qualitativo e uma referência<br />

espacial. A nossa herança cultural, <strong>de</strong>senvolvida através <strong>de</strong> inúmeras gerações, sempre nos<br />

condicionou a reagir <strong>de</strong>preciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos<br />

padrões aceitos pela maioria da comunida<strong>de</strong>.<br />

Roque <strong>de</strong> Barros Laraia, Cultura: um conceito antropológico,<br />

RJ: Jorge Zahar, 2003, p. 67 (com adaptações).<br />

5. (A.U.E.G./AUDITOR INTERNO/08/02/2008) Assinale a opção que apresenta a tese <strong>de</strong>fendida pela<br />

argumentação do texto.<br />

A A floresta amazônica é plural.<br />

―Por exemplo, a floresta amazônica não passa para o antropólogo — <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> um razoável<br />

conhecimento <strong>de</strong> botânica — <strong>de</strong> um amontoado confuso <strong>de</strong> árvores e arbustos dos mais variados<br />

tamanhos e com uma imensa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong>s ver<strong>de</strong>s.‖<br />

B O olhar nativo é mais exato e preciso que o olhar <strong>de</strong> um estrangeiro.<br />

―A visão que um índio tupi tem <strong>de</strong>sse mesmo cenário é totalmente diversa: cada um <strong>de</strong>sses vegetais<br />

tem um significado qualitativo e uma referência espacial. A nossa herança cultural, <strong>de</strong>senvolvida<br />

através <strong>de</strong> inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir <strong>de</strong>preciativamente em relação ao<br />

comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunida<strong>de</strong>.‖<br />

C Os padrões <strong>de</strong> comportamento fazem a cultura.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

―. A nossa herança cultural, <strong>de</strong>senvolvida através <strong>de</strong> inúmeras gerações, sempre nos condicionou a<br />

reagir <strong>de</strong>preciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos<br />

pela maioria da comunida<strong>de</strong>.‖<br />

D A cultura condiciona as maneiras <strong>de</strong> ver o mundo.<br />

―. A nossa herança cultural, <strong>de</strong>senvolvida através <strong>de</strong> inúmeras gerações, sempre nos condicionou a<br />

reagir <strong>de</strong>preciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos<br />

pela maioria da comunida<strong>de</strong>.‖<br />

E A comunida<strong>de</strong> exclui comportamentos diferentes.<br />

―A cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens <strong>de</strong> culturas diferentes usam<br />

lentes diversas, portanto, têm visões <strong>de</strong>sencontra<strong>das</strong> <strong>das</strong> coisas. Por exemplo, a floresta amazônica não<br />

passa para o antropólogo — <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> um razoável conhecimento <strong>de</strong> botânica —―<br />

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Os prece<strong>de</strong>ntes têm forte influência sobre nosso pensamento. Mesmo o trem mais mo<strong>de</strong>rno<br />

e mais tecnológico corre sobre trilhos <strong>de</strong> bitola convencional. As ferrovias britânicas adotaram essa<br />

bitola porque as antigas máquinas <strong>de</strong> fabricar eixos e ro<strong>das</strong> para carruagens só podiam fazer eixos<br />

<strong>de</strong>sse tamanho. As carruagens tinham eixos <strong>de</strong>sse tamanho para caber nos sulcos escavados ao<br />

longo do tempo nas estra<strong>das</strong> da Grã-Bretanha. As estra<strong>das</strong> da Grã-Bretanha tinham sido construí<strong>das</strong><br />

pelos romanos, e os sulcos foram escavados por carruagens romanas. Os eixos <strong>das</strong> carruagens<br />

romanas tinham o tamanho a<strong>de</strong>quado para carruagens puxa<strong>das</strong> por dois cavalos romanos. Assim<br />

como o mo<strong>de</strong>rno sistema <strong>de</strong> transporte é submetido a um critério que valia para os cavalos da época<br />

romana, também os seus pensamentos são moldados por gerações e gerações <strong>de</strong> pensamentos<br />

antigos. Nós continuamos a seguir os mesmos sulcos cavados há milênios, sem perceber que a razão<br />

original <strong>das</strong> regras já <strong>de</strong>sapareceu há muito tempo.<br />

Planeta, jan./2004 (com adaptações).<br />

6. (DFTRANS/ANAL. TRANSPORTE/06/04/2008) O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>das</strong> idéias do texto mostra que a<br />

tese ―o mo<strong>de</strong>rno sistema <strong>de</strong> transporte é submetido a um critério que valia para os cavalos da época<br />

romana‖ (linha 8-9) é comprovada por argumentos baseados na história <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> transporte.<br />

―Nós continuamos a seguir os mesmos sulcos cavados há milênios, sem perceber que a razão original<br />

<strong>das</strong> regras já <strong>de</strong>sapareceu há muito tempo.‖<br />

7. (DFTRANS/ANAL. TRANSPORTE/06/04/2008) A expressão <strong>de</strong> sentido figurado ―os mesmos sulcos<br />

cavados há milênios‖ (linha 10) retoma as idéias dos argumentos iniciais do texto para significar a<br />

influência do passado sobre o pensamento.<br />

―Nós continuamos a seguir os mesmos sulcos cavados há milênios, sem perceber que a razão original<br />

<strong>das</strong> regras já <strong>de</strong>sapareceu há muito tempo.‖<br />

6<br />

10<br />

Diminui o status da linguagem como meio <strong>de</strong> representar as crenças e os <strong>de</strong>sejos, e as<br />

idéias em geral, como se a linguagem fosse mero recurso/meio <strong>de</strong> tradução <strong>de</strong>ssas idéias. Seja<br />

qual for a função ou a combinatória <strong>de</strong> funções dominantes em um <strong>de</strong>terminado momento <strong>de</strong><br />

comunicação, postula-se que preexiste a to<strong>das</strong> elas a função pragmática <strong>de</strong> ferramenta <strong>de</strong> atuação<br />

sobre o outro, <strong>de</strong> recurso para fazer o outro ver/conceber o mundo como o emissor/locutor o vê e o<br />

concebe, ou para fazer o <strong>de</strong>stinatário tomar atitu<strong>de</strong>s, assumir crenças e eventualmente <strong>de</strong>sejos do<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

locutor. Ao se criticar a concepção da linguagem como representação do outro e para o outro, não<br />

se a <strong>de</strong>sautoriza nem sequer a refuta, mas, em um certo sentido, trabalha-se na sua <strong>de</strong>sconstrução,<br />

construindo-se argumentos em favor da hipótese segundo a qual a linguagem se manifesta<br />

sobretudo como ferramenta <strong>de</strong> coação e <strong>de</strong> atuação no outro. Quando alguém percebe que um<br />

vocabulário/discurso está interferindo em outro e inventa um novo, para substituir os dois, está<br />

contribuindo para as conquistas revolucionárias em qualquer campo da produção humana: nas<br />

artes, na ciência, no pensamento moral e político. Novos instrumentos vêm ocupar o lugar dos<br />

instrumentos velhos e passam a ser utilizados para fazer algo que nunca tinha sido imaginado<br />

antes.<br />

Sebastião J. Votre. Linguagem, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

representação e imaginação, p. 99 (com adaptações)<br />

Julgue os itens <strong>de</strong> , a respeito da organização e <strong>das</strong> idéias do texto acima.<br />

8.(DFTRANS/ANAL. TRANSPORTE/06/04/2008) Os argumentos do texto servem <strong>de</strong> comprovação para<br />

a tese <strong>de</strong> que a mudança lingüística é um instrumento <strong>de</strong> coação sobre o pensamento moral e político.<br />

―Seja qual for a função ou a combinatória <strong>de</strong> funções dominantes em um <strong>de</strong>terminado momento <strong>de</strong><br />

comunicação, postula-se que preexiste a to<strong>das</strong> elas a função pragmática <strong>de</strong> ferramenta <strong>de</strong> atuação<br />

sobre o outro, <strong>de</strong> recurso para fazer o outro ver/conceber o mundo como o emissor/locutor o vê e o<br />

concebe, ou para fazer o 10 <strong>de</strong>stinatário tomar atitu<strong>de</strong>s, assumir crenças e eventualmente <strong>de</strong>sejos do<br />

locutor.‖<br />

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------------------<br />

linguagem. S.f. 1. o uso da palavra articulada ou escrita como meio <strong>de</strong> expressão e <strong>de</strong><br />

comunicação entre as pessoas.<br />

Aurélio Buarque <strong>de</strong> Holanda Ferreira. Novo dicionário<br />

da língua portuguesa, p. 1.035 (com adaptações).<br />

1<br />

5<br />

8<br />

Acho que se compreen<strong>de</strong>ria melhor o funcionamento da linguagem supondo que o<br />

sentido é um efeito do que dizemos, e não algo que existe em si, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da enunciação,<br />

e que envelopamos em um código também pronto. Po<strong>de</strong>riam mudar muitas perspectivas: se o sentido<br />

nunca é prévio, empregar ou não um estrangeirismo teria menos a ver com a existência ou não <strong>de</strong><br />

uma palavra equivalente na língua do falante. O que importa é o efeito que palavras estrangeiras<br />

produzem. Po<strong>de</strong>-se dar a enten<strong>de</strong>r que se viajou, que se conhecem línguas. Uma palavra estrangeira<br />

em uma placa ou em uma propaganda po<strong>de</strong> indicar <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ver-se associado a outra cultura e a<br />

outro país, por seu prestígio.<br />

Sírio Possenti. A cor da língua. Mercado <strong>de</strong> Letras, 2002, p.37-8 (com adaptações).<br />

A partir da leitura dos dois textos acima, julgue os itens<br />

9. (DFTRANS/ANAL. TRANSPORTE/06/04/2008) A comparação entre os dois textos mostra que, no<br />

segundo, a abrangência do conceito <strong>de</strong> linguagem é maior do que no primeiro, pois incorpora<br />

representações sociais <strong>de</strong> quem usa a linguagem.<br />

10. (DFTRANS/ANAL. TRANSPORTE/06/04/2008) O <strong>de</strong>senvolvimento da argumentação do segundo<br />

texto evi<strong>de</strong>ncia que o uso <strong>de</strong> uma palavra estrangeira está associado a prestígio.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------<br />

1<br />

13<br />

Fazer ciência implica <strong>de</strong>scobrir, inventar e produzir coisas novas. Antes <strong>de</strong> o capitalismo<br />

se estabelecer como sistema socioeconômico dominante, fazer ciência era uma ativida<strong>de</strong> individual e<br />

privada. Hoje, trata-se <strong>de</strong> um trabalho público, coletivo, realizado em locais oficialmente reconhecidos<br />

como produtores <strong>de</strong> ciência — as instituições científicas.<br />

A institucionalização da ciência ocorreu com a mudança da ativida<strong>de</strong> científica individual<br />

para a coletiva, do espaço privado para o público, e, aliado ao fato <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> financiamentos <strong>de</strong><br />

governos, pessoas, instituições priva<strong>das</strong>, esse processo passou a <strong>de</strong>terminar as rotas <strong>de</strong> pesquisa.<br />

Existem dúvi<strong>das</strong> se é possível, <strong>de</strong>mocraticamente, um controle social e ético sobre os<br />

conhecimentos científicos e os avanços tecnológicos em geral. Discute-se também se, do ponto <strong>de</strong><br />

vista do direito, as questões éticas <strong>de</strong>vem ser objeto <strong>de</strong> leis ou <strong>de</strong> normas, ou <strong>de</strong> ambas. Assim como<br />

se indaga muito se a socieda<strong>de</strong> não estaria exercendo um controle social e ético sobre as<br />

tecnociências mediante normas (códigos <strong>de</strong> ética) em <strong>de</strong>trimento dos po<strong>de</strong>res legalmente constituídos<br />

nos estados <strong>de</strong>mocráticos, menosprezando as leis e superestimando os códigos <strong>de</strong> ética.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Fátima Oliveira. Bioética — uma face da cidadania, p. 116 (com adaptações).<br />

Julgue os seguintes itens, a respeito da organização e <strong>das</strong> idéias do texto acima.<br />

11.(HEMOBRAS/Superior/2008) A argumentação do texto é favorável a um controle social sobre as<br />

<strong>de</strong>scobertas e invenções porque estas resultam <strong>de</strong> institucionalização no sistema capitalista dominante.<br />

―...Fazer ciência implica <strong>de</strong>scobrir, inventar e produzir coisas novas. Antes <strong>de</strong> o capitalismo se<br />

estabelecer como sistema socioeconômico dominante, fazer ciência era uma ativida<strong>de</strong> individual e<br />

privada.‖<br />

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

Reparação duas déca<strong>das</strong> <strong>de</strong>pois<br />

1<br />

Francisco Alves Men<strong>de</strong>s Filho ainda não era um mito da luta contra a <strong>de</strong>vastação da<br />

Amazônia quando foi preso, em 1981, acusado <strong>de</strong> subversão e incitamento à luta <strong>de</strong> classes no<br />

Acre, em plena ditadura militar. Chico Men<strong>de</strong>s se tornaria mundialmente conhecido, dali para a<br />

frente, por comandar uma campanha contra a ação <strong>de</strong> grileiros e latifundiários, responsáveis pela<br />

5 <strong>de</strong>struição da floresta e pela escravização do caboclo amazônico. Por isso mesmo foi assassinado,<br />

em 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1988, na porta <strong>de</strong> casa, em Xapuri. O crime, cometido por uma dupla <strong>de</strong><br />

fazen<strong>de</strong>iros, foi punido com uma sentença <strong>de</strong> 19 anos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia para cada um. Faltava reparar a<br />

injustiça cometida pelos militares.<br />

9<br />

E ela veio na quarta-feira 10, no palco do Teatro Plácido <strong>de</strong> Castro, em Rio Branco,<br />

na forma <strong>de</strong> uma portaria assinada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. Antes, porém, realizou-se<br />

uma sessão <strong>de</strong> julgamento da Comissão <strong>de</strong> Anistia, cujo resultado foi o reconhecimento, por<br />

12 unanimida<strong>de</strong>, da perseguição política sofrida por Chico Men<strong>de</strong>s no início dos anos 80 do século<br />

passado. A viúva do lí<strong>de</strong>r seringueiro, Izalmar Ga<strong>de</strong>lha Men<strong>de</strong>s, vai receber uma pensão vitalícia <strong>de</strong><br />

3 mil reais mensais, além <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização <strong>de</strong> 337,8 mil reais.<br />

Após assinar a portaria <strong>de</strong> anistia, Tarso Genro <strong>de</strong>clarou que o assassinato <strong>de</strong> Chico<br />

16 Men<strong>de</strong>s está diretamente associado à perseguição sofrida pelo seringueiro durante a ditadura. ―O<br />

Estado brasileiro não soube compreen<strong>de</strong>r o que ele (Men<strong>de</strong>s) representava naquele momento‖,<br />

disse o ministro. ―O Brasil pe<strong>de</strong> perdão a Chico Men<strong>de</strong>s‖, afirmou, ao assinar o documento.<br />

Acompanhada <strong>de</strong> dois filhos, Izalmar Men<strong>de</strong>s mostrou-se satisfeita com o resultado do julgamento.<br />

20 ―Era a hora <strong>de</strong> limpar o nome do meu marido. Mais importante do que a in<strong>de</strong>nização foi o pedido <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sculpas feito pelo Estado‖, disse a viúva.<br />

O caso <strong>de</strong> Chico Men<strong>de</strong>s foi relatado pela conselheira Sueli Bellato. Emocionada, ela<br />

23 disse ter lido muito sobre o seringueiro morto para, então, enca<strong>de</strong>ar os argumentos que a fizeram<br />

acatar o pedido <strong>de</strong> reconhecimento e in<strong>de</strong>nização interposto por Izalmar Men<strong>de</strong>s. Chico Men<strong>de</strong>s foi<br />

vereador em Xapuri, on<strong>de</strong> nasceu, e se firmou como crítico <strong>de</strong> projetos governamentais <strong>de</strong> graves<br />

consequências ambientais, como a construção <strong>de</strong> estra<strong>das</strong> na região amazônica.<br />

27<br />

No relatório, aprovado por unanimida<strong>de</strong>, a conselheira contou <strong>de</strong>talhes da vida <strong>de</strong><br />

Chico Men<strong>de</strong>s, da infância pobre nos seringais ao dia em que foi assassinado. Segundo Sueli<br />

Bellato, a atuação <strong>de</strong> Men<strong>de</strong>s contra grileiros e latifundiários ren<strong>de</strong>u, durante a ditadura, um arquivo<br />

30 <strong>de</strong> 71 páginas redigi<strong>das</strong> por agentes do antigo Serviço Nacional <strong>de</strong> Informações (SNI). Foi por<br />

participar <strong>de</strong> um ato público, em 1980, que Chico Men<strong>de</strong>s passou a ser fichado e perseguido pelos<br />

militares. Em Rio Branco, o seringueiro fez um discurso exaltado contra a violência no campo<br />

provocada pelos fazen<strong>de</strong>iros.<br />

34<br />

Na época, Chico Men<strong>de</strong>s foi enquadrado na Lei <strong>de</strong> Segurança Nacional, acusado <strong>de</strong><br />

―atentado contra a paz, a prosperida<strong>de</strong> e a harmonia entre as classes sociais‖. Preso em diversas<br />

ocasiões, só foi <strong>de</strong>finitivamente absolvido em 1.º <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1984, quatro anos <strong>de</strong>pois, portanto,<br />

<strong>de</strong> inicia<strong>das</strong> as perseguições. De acordo com a conselheira Sueli Bellato, embora o relatório não<br />

tenha se a<strong>prof</strong>undado na questão, foi possível constatar que Chico Men<strong>de</strong>s também foi torturado<br />

enquanto estava sob custódia <strong>de</strong> policiais fe<strong>de</strong>rais..<br />

Leandro Fortes. Internet: (com adaptações).<br />

A partir da leitura do texto acima, julgue os itens a seguir<br />

12. (IBAMA/ANAL.AMBIENTAL/25/01/2009) De acordo com o texto, é correto afirmar que a família <strong>de</strong><br />

Chico Men<strong>de</strong>s será in<strong>de</strong>nizada porque o seringueiro não sofreu perseguição política.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

13. (IBAMA/ANAL.AMBIENTAL/25/01/2009) Conforme se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> do texto, o ministro da Justiça<br />

não constata nenhuma relação entre a perseguição política sofrida por Chico Men<strong>de</strong>s durante a<br />

ditadura e o seu assassinato por fazen<strong>de</strong>iros em 1988.<br />

14. (IBAMA/ANAL.AMBIENTAL/25/01/2009) A in<strong>de</strong>nização à família <strong>de</strong> Chico Men<strong>de</strong>s foi aprovada em<br />

votação cujo resultado não evi<strong>de</strong>nciou discordâncias entre os membros da Comissão <strong>de</strong> Anistia.<br />

15. (IBAMA/ANAL.AMBIENTAL/25/01/2009) Segundo o texto, a relatora construiu seu parecer citando<br />

fatos ocorridos unicamente no período em que Chico Men<strong>de</strong>s foi perseguido pela ditadura militar.<br />

16. (IBAMA/ANAL.AMBIENTAL/25/01/2009) O enquadramento <strong>de</strong> Chico Men<strong>de</strong>s na Lei <strong>de</strong> Segurança<br />

Nacional, citado pelo texto, evi<strong>de</strong>ncia a preocupação do governo militar com a militância política do lí<strong>de</strong>r<br />

dos seringueiros.<br />

Consi<strong>de</strong>rando aspectos linguísticos do texto Reparação duas déca<strong>das</strong> <strong>de</strong>pois, julgue os itens a<br />

seguir.<br />

17. (IBAMA/ANAL.AMBIENTAL/25/01/2009) O texto caracteriza-se como essencialmente informativo.<br />

Ainda com base no texto <strong>de</strong> Leandro Fortes e consi<strong>de</strong>rando aspectos textuais e gramaticais,<br />

julgue os próximos itens.<br />

18. (IBAMA/ANAL.AMBIENTAL/25/01/2009) Pelas opiniões apresenta<strong>das</strong> no texto, verifica-se que o<br />

ministro da Justiça e a conselheira possuem posições opostas no que se refere à atuação política <strong>de</strong><br />

Chico Men<strong>de</strong>s.<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ --------<br />

Uma investigação sobre as causas <strong>das</strong> enchentes<br />

em Santa Catarina — e suas lições para o Brasil<br />

1<br />

5<br />

9<br />

13<br />

17<br />

21<br />

24<br />

28<br />

Uma <strong>das</strong> piores calamida<strong>de</strong>s dos últimos anos alagou Santa Catarina e comoveu o país.<br />

O que fazer para que nossas cida<strong>de</strong>s não fiquem tão vulneráveis? Ninguém questiona a força dos<br />

<strong>de</strong>sastres naturais.<br />

Mas o Brasil tem capacida<strong>de</strong> técnica e experiência suficientes para, no mínimo, reduzir o<br />

impacto <strong>de</strong> chuvas como essa. Em Blumenau, há uma estação telemétrica que monitora a vazão do<br />

rio Itajaí e tem condições <strong>de</strong> emitir sinais <strong>de</strong> alerta para inundações. Há também um programa <strong>de</strong><br />

monitoramento do clima — que previu até a gravida<strong>de</strong> do furacão Catarina, em 2004. O dilúvio<br />

ninguém previu, mas já chovia no estado quase a primavera toda, e estudos sobre as áreas <strong>de</strong> risco<br />

<strong>de</strong> enchentes e <strong>de</strong>slizamentos apontavam o que podia acontecer se chovesse <strong>de</strong>mais.<br />

Agora que o <strong>de</strong>sastre aconteceu, é importante enten<strong>de</strong>r por que ele foi tão grave — afinal,<br />

há muitas regiões com o mesmo tipo <strong>de</strong> risco no país. De to<strong>das</strong> as medi<strong>das</strong> já toma<strong>das</strong> e dos<br />

estudos em curso, algumas conclusões po<strong>de</strong>m ser tira<strong>das</strong> sobre o que é preciso fazer:<br />

1) Conter o <strong>de</strong>smatamento nas cabeceiras dos rios — Em um terreno com vegetação<br />

nativa, a água <strong>das</strong> chuvas leva mais tempo para chegar ao curso d‘água. As próprias folhas <strong>das</strong><br />

árvores absorvem parte da chuva e reduzem o impacto <strong>das</strong> gotas no solo. Além disso, troncos e<br />

folhas no chão ajudam a reter a água. O solo, menos compactado,absorve mais água.<br />

2) Regularizar a ocupação dos morros — O que aumentou as per<strong>das</strong> <strong>de</strong> vi<strong>das</strong> e os danos<br />

materiais foram construções <strong>de</strong> casas em áreas <strong>de</strong> encostas perigosas, as chama<strong>das</strong> áreas <strong>de</strong><br />

preservação permanente.<br />

3) Aumentar o escoamento dos rios — Foi com obras <strong>de</strong> retificação, alargamento e<br />

canalização da calha dos rios que cida<strong>de</strong>s como Belo Horizonte e São Paulo conseguiram reduzir o<br />

impacto <strong>das</strong> enchentes.<br />

4) Monitorar as populações <strong>de</strong> risco — Obras <strong>de</strong> contenção <strong>de</strong> encosta, treinamento <strong>de</strong><br />

voluntários, monitoramento da aproximação <strong>das</strong> chuvas, medição do índice pluviométrico por área<br />

<strong>das</strong> cida<strong>de</strong>s, cálculo do grau <strong>de</strong> saturação do solo encharcado (prevendo-se o risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slizamento) estão entre as medi<strong>das</strong> que reduziram o número <strong>de</strong> mortes e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabrigados em<br />

Belo Horizonte e no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Época. 1.º/12/2008, p. 47-50 (com adaptações).<br />

Consi<strong>de</strong>rando as i<strong>de</strong>ias, a estrutura e a organização gramatical do texto acima, julgue os itens.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

19. (ICMBIO/ ANAL.AMBIENTAL/2/2/2008) Por ―estação telemétrica‖ (linha 5) enten<strong>de</strong>-se um local<br />

on<strong>de</strong> se encontram equipamentos capazes <strong>de</strong> medir on<strong>das</strong> emiti<strong>das</strong> por aparelhos <strong>de</strong> telecomunicação.<br />

―Mas o Brasil tem capacida<strong>de</strong> técnica e experiência suficientes para, no mínimo, reduzir o impacto <strong>de</strong><br />

chuvas como essa. Em Blumenau, há uma estação telemétrica que monitora a vazão do rio Itajaí e tem<br />

condições <strong>de</strong> emitir sinais <strong>de</strong> alerta para inundações.‖<br />

20. (ICMBIO/ ANAL.AMBIENTAL/2/2/2008) Como síntese <strong>das</strong> i<strong>de</strong>ias conti<strong>das</strong> no texto, apresenta-se<br />

o fato <strong>de</strong> que as quatro medi<strong>das</strong> aponta<strong>das</strong>, se adota<strong>das</strong> conjuntamente, po<strong>de</strong>m eliminar <strong>de</strong> vez os<br />

impactos <strong>das</strong> enchentes no Brasil.<br />

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004, foi editado o Decreto n.º 5.296, que regulamenta a Lei n.º<br />

10.048/2000 — que dispõe sobre a priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento às pessoas portadoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência,<br />

idosos, gestantes, lactantes e pessoas acompanha<strong>das</strong> por crianças <strong>de</strong> colo — e a Lei n.º<br />

10.098/2000 — que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilida<strong>de</strong><br />

<strong>das</strong> pessoas portadoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência ou com mobilida<strong>de</strong> reduzida.<br />

Para dar efetivida<strong>de</strong> a essas leis, foi criado um programa para a promoção da<br />

acessibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas pessoas. Devido à dimensão territorial do Brasil, às suas peculiarida<strong>de</strong>s<br />

regionais, geográficas, econômicas, culturais e infra-estruturais, o programa não leva em conta<br />

somente o veículo ou embarcação a ser utilizado, mas tudo o que compõe o sistema <strong>de</strong> transporte,<br />

seja ele rodoviário (urbano, municipal ou interestadual), seja aquaviário (mar e interior), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

embarque até o <strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> passageiros, garantindo o direito do cidadão <strong>de</strong> ir e vir com<br />

segurança e autonomia.<br />

Para isso, elaborar normas e <strong>de</strong>senvolver programas <strong>de</strong> avaliação da conformida<strong>de</strong><br />

para acessibilida<strong>de</strong> nos transportes coletivos — rodoviário e aquaviário — em veículos e<br />

equipamentos novos e adaptados foram ativida<strong>de</strong>s estabeleci<strong>das</strong> para o INMETRO.<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m (com adaptações).<br />

Com base no texto, julgue os itens que se seguem.<br />

21. (INMETRO/ PESQUISADOR/23/09/2007) Depreen<strong>de</strong>-se <strong>das</strong> informações do texto que a iniciativa<br />

<strong>de</strong> garantir segurança e autonomia às pessoas portadoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência ou com mobilida<strong>de</strong> reduzida<br />

leva em consi<strong>de</strong>ração o sistema <strong>de</strong> transporte, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o embarque até o <strong>de</strong>sembarque.<br />

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------------------<br />

1<br />

5<br />

9<br />

1<br />

4<br />

7<br />

10<br />

13<br />

15<br />

Creio que há evidência contun<strong>de</strong>nte em favor do argumento <strong>de</strong> que os investimentos<br />

públicos em pesquisa científica têm tido um retorno bastante compensador em termos da utilização<br />

para o bem-estar social dos progressos científicos obtidos. Por outro lado, creio também que se<br />

po<strong>de</strong> questionar, não somente quanto à aplicação <strong>de</strong> conhecimentos científicos com finalida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>strutivas ou nocivas à humanida<strong>de</strong> e à natureza, mas também quanto à distribuição <strong>de</strong>sses<br />

benefícios entre diferentes setores da socieda<strong>de</strong>.<br />

É claro que se <strong>de</strong>ve esperar que os benefícios <strong>de</strong>rivados do progresso tecnológico sejam<br />

principalmente canalizados para os países mais <strong>de</strong>senvolvidos, que, com 13 maior capacida<strong>de</strong><br />

técnica e econômica, mais investem na pesquisa científica e, consequentemente, se mantêm na<br />

li<strong>de</strong>rança do progresso tecnológico <strong>de</strong> fronteira.<br />

Entretanto, po<strong>de</strong>-se constatar que, até <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma nação, os benefícios do processo não<br />

são distribuídos <strong>de</strong> maneira mais ou menos equitativa. Em certos casos, essa distribuição torna-se<br />

mesmo bastante injusta, com uma gran<strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> benefícios para pequenos setores sociais,<br />

em <strong>de</strong>trimento da gran<strong>de</strong> maioria da população.<br />

Samuel Macdowell. Responsabilida<strong>de</strong> social dos cientistas.<br />

In: Estudos Avançados, vol. 2, n.º 3, São Paulo, set.-<strong>de</strong>z./1988 (com adaptações).<br />

Julgue os itens <strong>de</strong> , a respeito da organização <strong>das</strong> i<strong>de</strong>ias e <strong>das</strong> estruturas linguísticas do texto<br />

acima.<br />

22. (INPE/TECNOLOGISTA/25/01/200808) Depreen<strong>de</strong>-se da argumentação do texto que as razões<br />

para ―os benefícios <strong>de</strong>rivados do progresso tecnológico‖ (linha 7) não chegarem aos países menos<br />

<strong>de</strong>senvolvidos, nem à maioria pobre da população, não são científicas, mas políticas, pois não há<br />

interesse em diminuir as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

―É claro que se <strong>de</strong>ve esperar que os benefícios <strong>de</strong>rivados do progresso tecnológico sejam<br />

principalmente canalizados para os países mais <strong>de</strong>senvolvidos, que, com maior capacida<strong>de</strong> técnica e<br />

econômica, mais investem na pesquisa científica e, consequentemente, se mantêm na li<strong>de</strong>rança do<br />

progresso tecnológico <strong>de</strong> fronteira. ―<br />

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1<br />

5<br />

9<br />

13<br />

17<br />

Enquanto outros países em <strong>de</strong>senvolvimento, como China, Índia e Coréia, investem na<br />

formação <strong>de</strong> pesquisadores e se transformam em produtores <strong>de</strong> conhecimentos que dinamizam<br />

suas economias, o Brasil não consegue eliminar o fosso que separa as instituições <strong>de</strong> pesquisa <strong>das</strong><br />

empresas priva<strong>das</strong>, nem aumentar o volume <strong>de</strong> investimentos em pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento. Vai<br />

ficando para trás em uma corrida <strong>de</strong>cisiva para sua inserção em um mundo cada vez mais<br />

competitivo, sobretudo nos segmentos mais dinâmicos da indústria, como o da microeletrônica.<br />

Estudo do consultor do Banco Mundial Alberto Rodríguez, publicado pela Confe<strong>de</strong>ração<br />

Nacional da Indústria, confirma que, apesar do conhecido diagnóstico sobre o atraso do país na<br />

área tecnológica, pouco se faz <strong>de</strong> prático para superar o problema.<br />

Os pesquisadores brasileiros publicam seus trabalhos em um volume aceitável — eles<br />

respon<strong>de</strong>m por cerca <strong>de</strong> 2% dos artigos científicos <strong>das</strong> principais publicações internacionais —, mas<br />

os resultados práticos <strong>das</strong> pesquisas são mo<strong>de</strong>stos. O Brasil respon<strong>de</strong> por apenas 0,18% do total<br />

<strong>de</strong> patentes registra<strong>das</strong> no mundo.<br />

Há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a pesquisa feita na universida<strong>de</strong> e nos laboratórios seja menos<br />

teórica e mais voltada para aplicações práticas‖, diz Rodríguez. ―E o setor privado precisa investir<br />

mais em pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento.‖<br />

O Estado <strong>de</strong> S. Paulo, Editorial, 1.º/10/2008 (com adaptações).<br />

Em relação ao texto acima, julgue os itens que se seguem.<br />

23. (IPEA/2008CARGO N.SUPERIOR 14/12/2008) Depreen<strong>de</strong>-se <strong>das</strong> idéias do texto que a<br />

aproximação entre as instituições <strong>de</strong> pesquisa e as empresas priva<strong>das</strong> seria prejudicial ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico do país, pois restringiria o campo <strong>de</strong> pesquisa aos interesses econômicos<br />

e comerciais.<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

3<br />

6<br />

9<br />

No Brasil, apenas 19% dos estudantes <strong>das</strong> faculda<strong>de</strong>s estão matriculados nas áreas <strong>de</strong><br />

ciências e engenharia. No Chile, são 33% e na China, 53%.<br />

Não surpreen<strong>de</strong> que, como mostraram o físico Roberto Nicolsky e o engenheiro André<br />

Korottchenko <strong>de</strong> Oliveira, em artigo publicado recentemente, o Brasil venha caindo na classificação<br />

dos países que mais registram patentes no escritório norte-americano que cuida do assunto, o<br />

USPTO (sigla do nome em inglês). Há anos, o Brasil vem sendo superado pelos países asiáticos,<br />

que centraram as políticas <strong>de</strong> apoio à inovação em áreas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impacto sobre diferentes<br />

ca<strong>de</strong>ias produtivas, como a microeletrônica. Trata-se, como dizem os autores, <strong>de</strong> um ―setor<br />

transversal que agrega valor à tecnologia <strong>de</strong> outras indústrias‖. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo, Editorial, 1.º/10/2008.<br />

Com base no texto acima, julgue os itens a seguir.<br />

24. (IPEA/2008CARGO N.SUPERIOR 14/12/2008) A expressão ―Não surpreen<strong>de</strong>‖ (linha 3) introduz<br />

um fato que funciona como argumento <strong>de</strong> oposição às informações apresenta<strong>das</strong> no parágrafo anterior.<br />

―Não surpreen<strong>de</strong> que, como mostraram o físico Roberto Nicolsky e o engenheiro André Korottchenko <strong>de</strong><br />

Oliveira, em artigo publicado recentemente, o Brasil venha caindo na classificação dos países que mais<br />

registram patentes no escritório norte-americano que cuida do assunto, o USPTO (sigla do nome em<br />

inglês).‖<br />

25. (IPEA/2008CARGO N.SUPERIOR 14/12/2008) Pelas informações do texto, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que o<br />

setor <strong>de</strong> microeletrônica contribui para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> diversas indústrias e, portanto,<br />

o investimento e o apoio à inovação nessa área estimulam o crescimento econômico.<br />

1<br />

4<br />

7<br />

A capacida<strong>de</strong> dos homens para a vida em conjunto e a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> esforços,<br />

evitando conflitos ruinosos, é <strong>de</strong>terminada, em gran<strong>de</strong> parte, por suas aptidões para a comunicação<br />

correta. O circuito da comunicação humana — esta composta por quatro elementos básicos: o<br />

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10<br />

14<br />

18<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

transmissor, o receptor, a mensagem e o meio, cuja dinâmica coerente permite o intercâmbio <strong>de</strong><br />

idéias — vem sofrendo alterações, nos últimos tempos, <strong>de</strong>vido ao acelerado <strong>de</strong>senvolvimento <strong>das</strong><br />

tecnologias <strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> comunicação (TICs).<br />

Segundo Peruzzolo, os conteúdos <strong>das</strong> mensagens troca<strong>das</strong> pelos homens importam<br />

menos que os veículos usados para esses intercâmbios, ou seja, os meios são a base 13 dos<br />

processos <strong>de</strong> comunicação. Por isso, se um transmissor possuir uma mensagem e <strong>de</strong>sejar<br />

transmiti-la para um receptor, <strong>de</strong>verá encontrar um meio <strong>de</strong> fazê-lo. Sem o meio, a mensagem ficará<br />

retida com o transmissor e invalidará todo o processo. Dessa forma, nem a fonte, nem o <strong>de</strong>stino,<br />

nem sequer a própria mensagem tem sentido por si só. Somente em coexistência com o meio é que<br />

se tornam efetivos.<br />

Atualmente, o correio eletrônico — ou e-mail — é o meio <strong>de</strong> maior a<strong>de</strong>são utilizado pelos<br />

jovens estudantes. Todavia, como não é universal, e ainda está inacessível para muitos, esse canal<br />

ocasiona a possível perda do acesso a informações importantes. Também po<strong>de</strong> gerar um<br />

empobrecimento <strong>das</strong> relações sociais, além <strong>de</strong> provocar dúvi<strong>das</strong> ou divergências <strong>de</strong>vi<strong>das</strong> a<br />

informações conflitantes.<br />

Synergismus Scyentifica. UTFPR, Pato Branco, 01 (1,2,3,4) : 1-778.<br />

2006. Internet: (com adaptações).<br />

26. (M.C./CARGO N.SUPERIOR/29/11/2008) No primeiro período do texto, o autor refere-se,<br />

principalmente, às habilida<strong>de</strong>s humanas necessárias à obtenção <strong>de</strong> êxito nas comunicações.<br />

―A capacida<strong>de</strong> dos homens para a vida em conjunto e a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> esforços, evitando conflitos<br />

ruinosos, é <strong>de</strong>terminada, em gran<strong>de</strong> parte, por suas aptidões para a comunicação correta. O circuito da<br />

comunicação humana — esta composta por quatro elementos básicos: o transmissor, o receptor, a<br />

mensagem e o meio, cuja dinâmica coerente permite o intercâmbio <strong>de</strong> idéias — vem sofrendo<br />

alterações, nos últimos tempos, <strong>de</strong>vido ao acelerado <strong>de</strong>senvolvimento <strong>das</strong> tecnologias <strong>de</strong> informação e<br />

<strong>de</strong> comunicação (TICs).‖<br />

27. (M.C./CARGO N.SUPERIOR/29/11/2008) As TICs são o tópico frasal, o pólo em torno do qual<br />

gravitam as idéias apresenta<strong>das</strong> no primeiro parágrafo.<br />

―A capacida<strong>de</strong> dos homens para a vida em conjunto e a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> esforços, evitando conflitos<br />

ruinosos, é <strong>de</strong>terminada, em gran<strong>de</strong> parte, por suas aptidões para a comunicação correta. O circuito da<br />

comunicação humana — esta composta por quatro elementos básicos: o transmissor, o receptor, a<br />

mensagem e o meio, cuja dinâmica coerente permite o intercâmbio <strong>de</strong> idéias — vem sofrendo<br />

alterações, nos últimos tempos, <strong>de</strong>vido ao acelerado <strong>de</strong>senvolvimento <strong>das</strong> tecnologias <strong>de</strong> informação e<br />

<strong>de</strong> comunicação (TICs).‖<br />

28. (M.C./CARGO N.SUPERIOR/29/11/2008) Segundo Peruzzolo, o elemento mais importante do<br />

circuito <strong>de</strong> comunicação é, mo<strong>de</strong>rnamente, o meio, o canal por on<strong>de</strong> circulam as mensagens.<br />

29. (M.C./CARGO N.SUPERIOR/29/11/2008) No texto, aparecem relacionados os seguintes<br />

elementos: circuito da comunicação humana / intercâmbio <strong>de</strong> idéias; transmissor / fonte; mensagens /<br />

informações; meios / veículos e receptor / <strong>de</strong>stino.<br />

30. (M.C./CARGO N.SUPERIOR/29/11/2008) As <strong>de</strong>svantagens dos correios eletrônicos, utilizados em<br />

maioria <strong>das</strong> vezes entre os jovens, superam as vantagens, lista<strong>das</strong> no texto.<br />

―Atualmente, o correio eletrônico — ou e-mail — é o meio <strong>de</strong> maior a<strong>de</strong>são utilizado pelos jovens<br />

estudantes. Todavia, como não é universal, e ainda está inacessível para muitos, esse canal ocasiona a<br />

possível perda do acesso a informações importantes.‖<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 10


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

I A comunicação é uma característica inerente ao ser humano.<br />

II As pessoas estão mergulha<strong>das</strong> em processos comunicativos o tempo todo.<br />

III Do sucesso no circuito comunicacional <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m a existência e a felicida<strong>de</strong> pessoal.<br />

IV Entre os diferentes tipos <strong>de</strong> comunicação, o mais importante é a comunicação interpessoal, que<br />

diz respeito à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dialogar, à troca <strong>de</strong> informações, seja por meio do contato físico<br />

direto, seja por intermédio <strong>de</strong> dispositivos técnicos criados pelo homem com o fim <strong>de</strong> transmissão<br />

<strong>de</strong> mensagens.<br />

V Nas socieda<strong>de</strong>s orais, aquelas que não dispunham <strong>de</strong> nenhum sistema <strong>de</strong> escrita, as<br />

mensagens eram recebi<strong>das</strong> no tempo e no lugar em que eram emiti<strong>das</strong>.<br />

31. (M.C./CARGO N.SUPERIOR/29/11/2008) Os três quadros <strong>de</strong> Iman Maleki ilustram a comunicação<br />

humana verbal, porque neles estão representados o emissor, o recebedor e a mensagem.<br />

32. (M.C./CARGO N.SUPERIOR/29/11/2008) A imagem B relaciona-se apenas à assertiva II porque<br />

comporta uma função subjetiva.<br />

33. (M.C./CARGO N.SUPERIOR/29/11/2008) A imagem C relaciona-se com a assertiva III pelo sentido,<br />

uma vez que, em ambas, a sintaxe e a tipologia textual são distintas.<br />

34. (M.C./CARGO N.SUPERIOR/29/11/2008) Por tratarem do mesmo assunto, um único parágrafo<br />

po<strong>de</strong>, coerentemente, abrigar o conjunto <strong>de</strong> assertivas <strong>de</strong> I a V em qualquer or<strong>de</strong>m em que elas se<br />

encontrem.<br />

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

6<br />

11<br />

Está em curso uma mudança importante na postura do governo em relação à autorização<br />

para o funcionamento <strong>de</strong> hidrelétricas que merece ser analisada em toda a sua abrangência e suas<br />

implicações a curto, médio e longo prazos.<br />

É preciso que vozes <strong>de</strong> todos os matizes e interesses se manifestem para que a transição<br />

<strong>de</strong> uma política para outra ocorra sem prejuízos para as gerações futuras.<br />

Tem havido estudos e <strong>de</strong>bates no governo sobre como agilizar o licenciamento ambiental<br />

<strong>de</strong> usinas hidrelétricas. A Agência Nacional <strong>de</strong> Energia Elétrica (ANEEL) e a Empresa <strong>de</strong> Pesquisa<br />

Energética <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que a análise dos estudos <strong>de</strong> inventário <strong>de</strong> um rio — o primeiro passo na<br />

i<strong>de</strong>ntificação dos potenciais hidrelétricos <strong>de</strong> uma bacia hidrográfica e o momento em que se<br />

estabelece a melhor divisão <strong>das</strong> que<strong>das</strong> d‘água — seja feita paralelamente por todos os órgãos<br />

envolvidos nos trâmites do licenciamento.<br />

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15<br />

18<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Pelo mo<strong>de</strong>lo em vigor, apenas a ANEEL faz o inventário <strong>de</strong> um rio. Só <strong>de</strong>pois da sua<br />

aprovação, são conduzidos estudos <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> técnica e <strong>de</strong> impacto ambiental, que<br />

consubstanciam o relatório EIA-RIMA, necessário para se obter licença prévia.<br />

À mudança se contrapõem as entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do meio ambiente, que alegam que os<br />

estudos para aprovação <strong>de</strong> obras como uma usina hidrelétrica são mesmo <strong>de</strong>morados e <strong>de</strong>vem ser<br />

feitos com muito cuidado, com a análise <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong> todos os impactos sobre a natureza.<br />

É importante, portanto, que haja um <strong>de</strong>bate sobre as mudanças em curso, para que a<br />

redução nos prazos <strong>de</strong> autorização <strong>de</strong> projetos tão necessários não seja acompanhada pelo<br />

<strong>de</strong>sprezo às questões ambientais.<br />

Valor Econômico, Editorial, 9/10/2008 (com adaptações).<br />

Em relação às estruturas lingüísticas e às idéias do texto acima, julgue os itens.<br />

35. (MCT/CTI/CARGO N.SUPERIOR/16/11/2008) Depreen<strong>de</strong>-se <strong>das</strong> informações do texto que o<br />

objetivo <strong>das</strong> mudanças nos trâmites <strong>de</strong> licenciamento para construção e funcionamento <strong>de</strong> hidrelétricas<br />

é agilizar o processo.<br />

36. (MCT/CTI/CARGO N.SUPERIOR/16/11/20088) Subenten<strong>de</strong>-se <strong>das</strong> informações do texto que as<br />

entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do meio ambiente se opõem às mudanças propostas argumentando que estas<br />

po<strong>de</strong>riam ser acompanha<strong>das</strong> pela diminuição da importância <strong>de</strong> serem leva<strong>das</strong> em conta,<br />

cuidadosa e <strong>de</strong>talhadamente, as questões ambientais.<br />

37. (MCT/CTI/CARGO N.SUPERIOR/16/11/2008) Estruturas como ―É preciso‖ (linha 4) e ―É importante‖<br />

(linha 18) conferem ao texto, <strong>de</strong> forma explícita, um tom subjetivo e pessoal, visto que sempre<br />

expressam uma opinião.<br />

―É preciso que vozes <strong>de</strong> todos os matizes e interesses se manifestem para que a transição <strong>de</strong> uma<br />

política para outra ocorra sem prejuízos para as gerações futuras.<br />

(...)<br />

―É importante, portanto, que haja um <strong>de</strong>bate sobre as mudanças em curso, para que a redução nos<br />

prazos <strong>de</strong> autorização <strong>de</strong> projetos tão necessários não seja acompanhada pelo <strong>de</strong>sprezo às questões<br />

ambientais.‖<br />

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1<br />

4<br />

7<br />

11<br />

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24<br />

27<br />

Os garotos alexandrinos não trataram os dois sábios com o escárnio dos garotos<br />

cipriotas. A terra era grave como a íbis pousada numa só pata, pensativa como a esfinge,<br />

circunspecta como as múmias, dura como as pirâmi<strong>de</strong>s; não tinha tempo nem maneira <strong>de</strong> rir.<br />

Cida<strong>de</strong> e corte, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito tinham notícias dos nossos dois amigos, fizeram-lhes um<br />

recebimento régio, mostraram conhecer seus escritos, discutiram as suas idéias, mandaram-lhes<br />

muitos presentes, papiros, crocodilos, zebras, púrpuras. Eles, porém, recusaram tudo, com<br />

simplicida<strong>de</strong>, dizendo que a filosofia bastava ao filósofo, e que o supérfluo era um dissolvente. Tão<br />

nobre resposta encheu <strong>de</strong> admiração tanto aos sábios como aos principais e à mesma plebe. E<br />

aliás, diziam os mais sagazes, que outra coisa se podia esperar <strong>de</strong> dois homens tão sublimes, que<br />

em seus magníficos tratados...<br />

— Temos coisa melhor do que esses tratados, interrompia Stroibus. Trago uma doutrina,<br />

que, em pouco, vai dominar o universo; cuido nada menos que em reconstituir os homens e os<br />

Estados, distribuindo os talentos e as virtu<strong>de</strong>s.<br />

— Não é esse o ofício dos <strong>de</strong>uses? Objetava um.<br />

— Eu violei o segredo dos <strong>de</strong>uses, acudia Stroibus. O homem é a sintaxe da natureza, eu<br />

<strong>de</strong>scobri as leis da gramática divina...<br />

— Explica-te.<br />

— Mais tar<strong>de</strong>; <strong>de</strong>ixa-me experimentar primeiro.<br />

Quando a minha doutrina estiver completa, divulgá-la-ei como a maior riqueza que os<br />

homens jamais po<strong>de</strong>rão receber <strong>de</strong> um homem.<br />

Imaginem a expectação pública e a curiosida<strong>de</strong> dos outros filósofos, embora incrédulos<br />

<strong>de</strong> que a verda<strong>de</strong> recente viesse aposentar as que eles mesmos possuíam. Entretanto, esperavam<br />

todos. Os dois hóspe<strong>de</strong>s eram apontados na rua até pelas crianças. Um filho meditava trocar a<br />

avareza do pai, um pai a prodigalida<strong>de</strong> do filho, uma dama a frieza <strong>de</strong> um varão, um varão os<br />

<strong>de</strong>svarios <strong>de</strong> uma dama, porque o Egito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os Faraós até aos Lági<strong>de</strong>s, era a terra <strong>de</strong> Putifar, da<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

mulher <strong>de</strong> Putifar, da capa <strong>de</strong> José, e do resto. Stroibus tornou-se a esperança da cida<strong>de</strong> e do<br />

mundo.<br />

Machado <strong>de</strong> Assis. Conto Alexandrino. In: John Gledson. 50 Contos<br />

<strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis. São Paulo: Companhia <strong>das</strong> Letras, 2007, p. 193.<br />

Com relação às idéias e às estruturas lingüísticas do texto acima, julgue os itens<br />

38. (MCT/CARGO N.SUPERIOR/30/11/2008) No trecho ―não tinha tempo nem maneira <strong>de</strong> rir‖ (linha<br />

3), o narrador se refere à maneira inóspita dos egípcios.<br />

―Os garotos alexandrinos não trataram os dois sábios com o escárnio dos garotos cipriotas. A terra era<br />

grave como a íbis pousada numa só pata, pensativa como a esfinge, circunspecta como as múmias,<br />

dura como as pirâmi<strong>de</strong>s; não tinha tempo nem maneira <strong>de</strong> rir.‖<br />

39. (MCT/CARGO N.SUPERIOR/30/11/2008) No trecho ―Não é esse o ofício dos <strong>de</strong>uses?‖ (linha 14), o<br />

pronome <strong>de</strong>monstrativo refere-se ao objeto da doutrina <strong>de</strong> Stroibus.<br />

―— Temos coisa melhor do que esses tratados, interrompia Stroibus. Trago uma doutrina, que, em<br />

pouco, vai dominar o universo; cuido nada menos que em reconstituir os homens e os Estados,<br />

distribuindo os talentos e as virtu<strong>de</strong>s.<br />

— Não é esse o ofício dos <strong>de</strong>uses? Objetava um. ―<br />

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1<br />

6<br />

10<br />

14<br />

18<br />

21<br />

23<br />

As condições do ambiente são <strong>de</strong>terminantes para a história genética dos indivíduos,<br />

mesmo quando ainda estão <strong>de</strong>ntro do útero materno. Mais uma prova disso vem <strong>de</strong> um estudo feito<br />

com o material genético <strong>de</strong> pessoas que nasceram na Holanda, no fim da Segunda Guerra Mundial,<br />

quando o país passava por um embargo <strong>de</strong> comida imposto pelos alemães entre <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1944<br />

e junho <strong>de</strong> 1945.<br />

Cientistas dos EUA e da Holanda avaliaram o DNA <strong>de</strong> 122 pessoas. Meta<strong>de</strong> do grupo<br />

estava no início da fase uterina quando o embargo começou (as crianças nasceram durante o<br />

embargo ou logo <strong>de</strong>pois). Os dados <strong>de</strong>las foram comparados com os <strong>de</strong> seus irmãos, que não<br />

foram gerados nem nasceram no período <strong>de</strong> racionamento.<br />

O resultado obtido no estudo, publicado na revista PNAS, mostra que a falta <strong>de</strong> comida,<br />

nos primeiros meses <strong>de</strong> gestação, altera o material genético dos filhos. Nenhum <strong>de</strong>les, porém,<br />

nasceu abaixo do peso ou com algum problema evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

As análises mostraram que o gene IGF2 (fator <strong>de</strong> crescimento semelhante à insulina 2)<br />

dos holan<strong>de</strong>ses que tiveram, nos anos 40, suas mães expostas à privação <strong>de</strong> alimentos passou por<br />

um processo chamado pelos cientistas <strong>de</strong> alteração epigenética, que é diferente <strong>de</strong> uma mutação<br />

tradicional. O gene IGF2 dos fetos sofreu a perda <strong>de</strong> radicais <strong>de</strong> metila (CH3). A metilação é<br />

importante porque ajuda a silenciar genes que po<strong>de</strong>m ser in<strong>de</strong>sejáveis. No caso do IGF2, quando<br />

ele <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser silenciado, o potente fator <strong>de</strong> crescimento que ele sintetiza po<strong>de</strong> ficar mais<br />

disponível no organismo. A conseqüência imediata <strong>de</strong>sse processo é que o produto do IGF2 po<strong>de</strong><br />

servir <strong>de</strong> combustível para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tumores no futuro.<br />

O pesquisador Lambert Lumey, principal autor do estudo, afirmou que o resultado <strong>de</strong>ssa<br />

pesquisa ―é a prova, mais uma vez, <strong>de</strong> que o ambiente tem um po<strong>de</strong>r muito gran<strong>de</strong> sobre os nossos<br />

genes‖.<br />

Folha <strong>de</strong> S.Paulo, 28'10'2008, A-16 (com adaptações).<br />

Quanto às idéias e aos aspectos lingüístico-gramaticais do texto, julgue os itens a seguir.<br />

40. (MCT/CARGO N.SUPERIOR/30/11/2008) Depreen<strong>de</strong>-se do texto que o ser humano, <strong>de</strong>vido a<br />

efeitos <strong>de</strong> variáveis do ambiente no qual foi gerado, ainda que não aparentes, po<strong>de</strong> ter sido modificado<br />

geneticamente.<br />

41. (MCT/CARGO N.SUPERIOR/30/11/2008) No texto, predomina o relato do autor, do ponto <strong>de</strong> vista<br />

<strong>de</strong> cientistas norte-americanos e holan<strong>de</strong>ses, acerca <strong>de</strong> um acontecimento do fim da Segunda Guerra<br />

Mundial, em que os fatos se enca<strong>de</strong>iam <strong>de</strong> maneira conseqüente e lógica, em tempo e ambiente<br />

circunscritos.<br />

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A executiva norte-americana Nancy Tennant, responsável pela transformação da<br />

Whirlpool — o maior fabricante <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>s domésticas dos EUA — em um pólo <strong>de</strong> inovação<br />

permanente, esteve no Brasil e falou sobre os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> incorporar a inovação ao dia-a-dia dos<br />

negócios.<br />

Reportagem: Fala-se muito em inovação hoje. O que é exatamente inovação?<br />

Nancy: Na Whirlpool, adotamos uma <strong>de</strong>finição muito específica. Para um produto ser<br />

inovador, ele tem <strong>de</strong> ser inédito no mercado, ter uma vantagem competitiva e ser único. Também<br />

tem <strong>de</strong> oferecer valor para o consumidor e a empresa, po<strong>de</strong>r ser vendido.<br />

Reportagem: Nos últimos tempos, a inovação virou moda. Ela não foi sempre<br />

importante?<br />

Nancy: É verda<strong>de</strong>. Há um artigo da <strong>prof</strong>essora Rosabeth Moss Kanter, publicado na<br />

Harvard Business Review, em que ela fala sobre as gran<strong>de</strong>s on<strong>das</strong> <strong>de</strong> inovação que ocorreram na<br />

indústria. Nos anos 70, a inovação se <strong>de</strong>u em cima da qualida<strong>de</strong>; nos 80, ocorreu em torno da<br />

produtivida<strong>de</strong>; e nos 90, esteve relacionada com o mundo digital. Agora, a onda são os produtos<br />

com novas funcionalida<strong>de</strong>s para aten<strong>de</strong>r a novas necessida<strong>de</strong>s do consumidor.<br />

Reportagem: Como uma empresa po<strong>de</strong> incorporar a inovação no dia-a-dia?<br />

Nancy: Há cinco anos, eu diria que seria preciso fazer uma gran<strong>de</strong> mudança, inflamar<br />

as pessoas, treiná-las e <strong>de</strong>senvolver métricas claras para medir os resultados. Achava que você<br />

tinha <strong>de</strong> ficar isolado com um pequeno grupo <strong>de</strong> pessoas, pensando em uma solução inovadora.<br />

Depois, percebi que a inovação está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós. De repente, me <strong>de</strong>i conta <strong>de</strong> que a<br />

forma certa <strong>de</strong> a inovação acontecer é <strong>de</strong>ixar a coisa fluir. Quando todo mundo está impregnado do<br />

espírito da inovação, ela vem até você, todos os dias. Se eu abrir espaço para você dar vazão a sua<br />

paixão, a mudança acontece.<br />

Reportagem: Qual o maior inimigo da inovação e como po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>rrubá-lo?<br />

Nancy: A mesmice. Fazer sempre tudo igual e esperar que as pessoas concor<strong>de</strong>m<br />

com isso. E acho que, para <strong>de</strong>rrubá-la, é preciso mostrar exemplos <strong>de</strong> como a diversida<strong>de</strong>, a<br />

diferença e a originalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m trazer 43 resultados excepcionais.<br />

Época, n.º 533, 4/8/2008, p. 72-4 (com adaptações).<br />

Com relação às idéias e aos aspectos lingüísticos do texto acima, julgue os itens<br />

42. (MCT/ASSISTENTE EM C&T/30/11/2008) É possível <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r da primeira resposta da senhora<br />

Nancy à reportagem que o conceito <strong>de</strong> inovação é único, para qualquer empresa que queira inovar.<br />

―Nancy: Na Whirlpool, adotamos uma <strong>de</strong>finição muito específica. Para um produto ser inovador, ele tem<br />

<strong>de</strong> ser inédito no mercado, ter uma vantagem competitiva e ser único. Também tem <strong>de</strong> oferecer valor<br />

para o consumidor e a empresa, po<strong>de</strong>r ser vendido.‖<br />

43. (MCT/ASSISTENTE EM C&T/30/11/2008) Depreen<strong>de</strong>-se da leitura da entrevista que a opinião <strong>de</strong><br />

Nancy Tennant sobre o modo como uma empresa po<strong>de</strong> incorporar a inovação foi sempre a mesma.<br />

1<br />

4<br />

7<br />

11<br />

15<br />

S. Paulo, 25-III-35.<br />

Portinari meu amigo,<br />

Já estava assustado com o seu silêncio. Aqui tudo na mesma. Depois <strong>de</strong> amanhã dou<br />

uma reunião aos amigos e uns <strong>prof</strong>essores franceses, pra que venham ver o meu retrato que todos<br />

anseiam por velinha Escreverei <strong>de</strong>pois contando os gritos <strong>de</strong> entusiasmo do pessoal. Todos que<br />

aparecem por aqui se assombram com o retrato. Às vezes me paro em frente do seu quadro e fico,<br />

fico, fico, não só perdido na beleza da pintura, mas me refortalecendo a mim mesmo.<br />

O carnaval aqui esteve bem divertido, apesar da frieza paulista. Eu pelo menos me diverti<br />

à larga e os bailes estiveram colossais, todos dizem. Vejo pela sua carta que a coisa não foi tão<br />

divertida assim e lastimo por vocês. Agora aqui está fazendo uma <strong>de</strong>lícia <strong>de</strong> dias claros, mornos,<br />

sem chuva e noites quase frias, gostosas da gente dormir. Vai chegar a gran<strong>de</strong> época <strong>de</strong> S. Paulo,<br />

abril, maio, com tar<strong>de</strong>s que a gente chega a pensar que vai arrebentar <strong>de</strong> tanta gostosura. É o<br />

tempo aliás em que levo um pouco flauteadamente a vida porque não há meio, para um gozador<br />

que nem eu, <strong>de</strong> ficar encerrado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, com um tempo assim lá fora. Viro passarinho, viro<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

flor, não sei o que viro, sei é que me esqueço <strong>de</strong> ser Mário, nestas tar<strong>de</strong>s sublimes. Venha com<br />

Maria apreciar a coisa.<br />

No resto, continuo na minha vidinha, sempre com sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vocês dois e dos nossos<br />

momentos <strong>de</strong> convívio, infelizmente tão pequenos. Um gran<strong>de</strong> abraço pra você e outro pra Maria.<br />

Mário.<br />

Internet: (com adaptações).<br />

No que se refere à organização <strong>das</strong> idéias, a aspectos gramaticais e à tipologia do texto, julgue<br />

os próximos itens.<br />

44. (MCT/ASSISTENTE EM C&T/30/11/2008) Depreen<strong>de</strong>-se do texto que a carta <strong>de</strong> Mário a Portinari<br />

foi escrita durante o carnaval.<br />

45.(MCT/ASSISTENTE EM C&T/30/11/2008) No segmento ―levo um pouco flauteadamente a vida‖<br />

(linha 12), o autor da carta <strong>de</strong>clara que tem momentos <strong>de</strong> ociosida<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>ixa os compromissos um<br />

pouco <strong>de</strong> lado.<br />

―. É o tempo aliás em que levo um pouco flauteadamente a vida porque não há meio, para um gozador<br />

que nem eu, <strong>de</strong> ficar encerrado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, com um tempo assim lá fora.‖<br />

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1<br />

3<br />

6<br />

18<br />

A política <strong>de</strong> comércio exterior do Brasil envolveu historicamente um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>bate<br />

nacional. Governo e li<strong>de</strong>ranças sociais a ela vincularam as possibilida<strong>de</strong>s do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as suas origens, na primeira meta<strong>de</strong> do século XIX. Em três períodos, ela foi<br />

atrelada a diferentes paradigmas <strong>de</strong> inserção internacional: o conservador do século XIX, que se<br />

esten<strong>de</strong>u até os anos 30 do século seguinte; o do Estado <strong>de</strong>senvolvimentista, que vigorou <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então até 1989; e o novo paradigma <strong>de</strong> inserção liberal em formação nos anos noventa.<br />

Amado Luiz Cervo. Internet: (com adaptações).<br />

Em relação ao texto acima, julgue os itens subseqüentes.<br />

46. (MDIC/ANAL.COMÉRC. EXT./21/09/2008) Conforme informa o texto, a política <strong>de</strong> comércio<br />

exterior começou a se estabelecer na primeira meta<strong>de</strong> do século XIX.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -<br />

5<br />

9<br />

13<br />

17<br />

Os anos noventa presenciaram uma radical transformação do pensamento<br />

diplomático brasileiro aplicado às relações econômicas internacionais do Brasil. Essa mudança não<br />

produziu, todavia, um consenso linear ao longo da década. Alguns traços caracterizam o novo<br />

período em seu conjunto, mas a evolução não se fez sem repercussões sobre a socieda<strong>de</strong> e sem<br />

que suas forças acabassem por reagir. Três tempos curtos marcam o período. Durante o governo<br />

<strong>de</strong> Fernando Collor <strong>de</strong> Mello, entre 1990 e 1992, proce<strong>de</strong>u-se à <strong>de</strong>molição instantânea dos<br />

conceitos que haviam alimentado durante déca<strong>das</strong> os impulsos da diplomacia: o nacional<strong>de</strong>senvolvimentismo<br />

e sua carga política e i<strong>de</strong>ológica ce<strong>de</strong>ram à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> abrir a economia e o<br />

mercado, <strong>de</strong> forma irracional e reativa, à onda <strong>de</strong> globalização e <strong>de</strong> neoliberalismo que penetrava o<br />

país vinda <strong>de</strong> fora. Ao substituí-lo na presidência, Itamar Franco recuou momentaneamente aos<br />

parâmetros anteriores do Estado <strong>de</strong>senvolvimentista, sem, contudo, bloquear a consciência da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se prosseguir com as adaptações aos novos tempos. A ascensão à Presidência da<br />

República <strong>de</strong> Fernando Henrique Cardoso, em 1995, levou à reposição <strong>das</strong> disposições i<strong>de</strong>ológicas<br />

e políticas do governo <strong>de</strong> Fernando Collor, vale dizer, ao <strong>de</strong>sprezo pelo projeto nacional <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e à resignação diante da nova divisão do trabalho inerente à forma globalizante do<br />

capitalismo, mas seu estilo <strong>de</strong> diplomacia <strong>de</strong>mocrática <strong>de</strong>u alento a pressões que vinham <strong>de</strong><br />

segmentos sociais e que acabaram por condicionar o pensamento e o processo <strong>de</strong>cisório.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Amado Luiz Cervo. Internet: (com adaptações).<br />

Com referência às idéias e às estruturas lingüísticas do texto acima, julgue os itens seguintes<br />

47.(MDIC/ANAL.COMÉRC. EXT./21/09/2008) Na década <strong>de</strong> noventa do século passado, a<br />

transformação sofrida pelo pensamento diplomático brasileiro no que se refere às relações econômicas<br />

internacionais apresentou características homogêneas e consensuais, mediante a adoção <strong>de</strong> uma<br />

posição nacional-<strong>de</strong>senvolvimentista contínua.<br />

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1<br />

4<br />

7<br />

11<br />

15<br />

19<br />

22<br />

26<br />

29<br />

33<br />

É <strong>de</strong> extrema importância possuir dados estatísticos sobre a oferta e a qualida<strong>de</strong> dos<br />

serviços públicos e sobre a capacida<strong>de</strong> dos governos municipais em aten<strong>de</strong>r suas populações. O<br />

conhecimento e a aprendizagem sobre a escala local proporcionados pelas informações estatísticas<br />

vêm respon<strong>de</strong>r às exigências imediatas <strong>de</strong> compreensão da heterogeneida<strong>de</strong> estrutural no Brasil, a<br />

fim <strong>de</strong> tornar efetiva a participação da imensa riqueza, diversida<strong>de</strong> e criativida<strong>de</strong> brasileira no<br />

contexto dos avanços social, político e econômico.<br />

As diversida<strong>de</strong>s produtivas, sociais, culturais, espaciais (regionais, urbanas e rurais), por<br />

muito tempo, foram trata<strong>das</strong> como <strong>de</strong>sequilíbrios e assimetrias. Obstáculos colocados ao <strong>de</strong>safio<br />

que é promover o <strong>de</strong>senvolvimento em um país continental e periférico como o nosso. O Brasil é um<br />

país extremamente <strong>de</strong>ssemelhante em muitos aspectos, tanto no que se refere ao ponto <strong>de</strong> vista<br />

político quanto ao administrativo; daí a qualida<strong>de</strong> dos registros administrativos ser diversa no nível<br />

fe<strong>de</strong>ral (entre os ministérios, por exemplo), no nível estadual e no nível municipal. Atualmente,<br />

contudo, as escalas nacional, regional e local mostram-se crescentemente articula<strong>das</strong>, o que<br />

<strong>de</strong>monstra a urgência que têm em engendrar ações mais ágeis, potentes e sistemáticas, sendo<br />

<strong>de</strong>mandada, necessariamente, uma oferta <strong>de</strong> informações municipais <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, como<br />

instrumento efetivo <strong>de</strong> planejamento, diagnóstico e monitoramento <strong>das</strong> condições locais.<br />

A informação atualizada é ferramenta essencial para a formulação e a implementação <strong>de</strong><br />

políticas públicas, especialmente em áreas em que a prestação <strong>de</strong> serviços é <strong>de</strong>scentralizada, como<br />

é o caso da assistência social. É necessário conhecer a real capacida<strong>de</strong> instalada e a efetiva oferta<br />

<strong>de</strong> serviços por parte <strong>de</strong> estados, municípios e organizações não-governamentais, a fim <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar necessida<strong>de</strong>s, planejar investimentos, avaliar o <strong>de</strong>sempenho <strong>das</strong> estruturas estabeleci<strong>das</strong><br />

e regular os serviços prestados.<br />

Atualmente, a informação sobre a oferta <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> assistência social no Brasil é<br />

escassa e dispersa. Não há levantamentos ou pesquisas regulares que i<strong>de</strong>ntifiquem as instituições<br />

que prestam esses serviços e investiguem <strong>de</strong> que forma o fazem. A maioria <strong>das</strong> pesquisas<br />

concentra-se em aspectos relacionados a indicadores sociais <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados grupos populacionais<br />

ou áreas geográficas, fornecendo, <strong>de</strong>sse modo, um perfil da <strong>de</strong>manda potencial pelos serviços <strong>de</strong><br />

assistência social, a partir <strong>de</strong> indicadores relacionados à vulnerabilida<strong>de</strong> dos grupos pesquisados.<br />

Assim, faz-se necessária a realização <strong>de</strong> um estudo sobre a re<strong>de</strong> da assistência social no<br />

Brasil, com informações sobre os serviços prestados, <strong>de</strong> modo a orientar investimentos estratégicos<br />

— inclusive no que se refere à capacitação <strong>de</strong> recursos humanos<br />

— bem como subsidiar mecanismos <strong>de</strong> regulação da qualida<strong>de</strong> dos serviços, partilha e<br />

repasses <strong>de</strong> recursos.<br />

Perfil dos municípios brasileiros: assistência social 2005/IBGE. Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong><br />

População e Indicadores Sociais. Rio <strong>de</strong> Janeiro: IBGE, 2006, p. 217 (com adaptações).<br />

Acerca <strong>das</strong> idéias expressas no texto e consi<strong>de</strong>rando aspectos relativos a tipologia textual,<br />

julgue os itens a seguir.<br />

48.(MDS/ TÉC. DE SUPORTE/11/10/2008) Segundo o texto, no Brasil, apesar <strong>de</strong> a obtenção <strong>de</strong><br />

informações sobre a oferta e a qualida<strong>de</strong> dos serviços públicos auxiliar os municípios no atendimento a<br />

sua população, a diversida<strong>de</strong> no registro <strong>de</strong>ssas informações, que são gera<strong>das</strong> nos níveis fe<strong>de</strong>ral,<br />

estadual e municipal, constitui um obstáculo ao <strong>de</strong>senvolvimento do país.<br />

49.(MDS/ TÉC. DE SUPORTE/11/10/2008) O planejamento, a implementação e a avaliação <strong>de</strong> políticas<br />

públicas requerem informações atualiza<strong>das</strong> sobre os serviços oferecidos pelos estados, pelos<br />

municípios e pelas organizações não-governamentais.<br />

50.(MDS/ TÉC. DE SUPORTE/11/10/2008) A escassez <strong>de</strong> informação sobre a oferta dos serviços <strong>de</strong><br />

assistência social <strong>de</strong>corre da falta <strong>de</strong> pesquisas que focalizem indicadores sociais <strong>de</strong> alguns grupos<br />

populacionais e <strong>de</strong> algumas áreas geográficas.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

51.(MDS/ TÉC. DE SUPORTE/11/10/2008) Investimentos estratégicos na área social e controle <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> dos serviços prestados são ações necessárias, no contexto atual, para a realização <strong>de</strong> um<br />

estudo sobre a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência social no Brasil.<br />

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11<br />

Super-Phelps<br />

O que o talento, a <strong>de</strong>terminação e as conquistas<br />

do maior atleta olímpico <strong>de</strong> todos os tempos<br />

ensinam sobre os limites do ser humano<br />

―Seu filho nunca vai se focar em nada‖, vaticinou a <strong>prof</strong>essora <strong>de</strong> uma escola primária <strong>de</strong><br />

Baltimore, nos EUA, à mãe do menino, Debbie Phelps. Michael Phelps era um menino orelhudo que<br />

sofria <strong>de</strong> transtorno <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficit <strong>de</strong> atenção com hiperativida<strong>de</strong>. Não parava quieto nas aulas.Passava<br />

o tempo provocando os coleguinhas. Só se interessava por lacrosse — um exótico esporte praticado<br />

nos EUA e no Canadá, uma espécie <strong>de</strong> basquete com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caçar borboletas — e pela página<br />

<strong>de</strong> esportes do Baltimore 10 Sun, o jornal local. Aos 7 anos, Michael trocou o lacrosse pela natação,<br />

inspirado pelas irmãs mais velhas, Hilary e Whitney, ambas nadadoras <strong>de</strong> competição. No início,<br />

Michael não gostava <strong>de</strong> treinar, mas aos poucos as coisas começaram a mudar. Aos 11 anos, ele<br />

resolveu parar <strong>de</strong> tomar pílulas para controlar a hiperativida<strong>de</strong>. Ele disse à mãe que queria superar<br />

o problema sem a ajuda <strong>de</strong> remédios. Nessa época, já era um dos melhores nadadores dos EUA<br />

em sua faixa <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Seu técnico, Bob Bowman, previu que ele bateria recor<strong>de</strong>s mundiais dali a<br />

12 anos, nos Jogos Olímpicos <strong>de</strong> 2008.<br />

Bowman, até hoje o treinador <strong>de</strong> Phelps, errou feio a previsão — para baixo. Já em 2000,<br />

aos 15 anos, o adolescente disputava as Olimpía<strong>das</strong> pela primeira vez (ficou em quinto lugar nos<br />

200 metros borboleta). Em 2004, ganhou seis medalhas <strong>de</strong> ouro e duas <strong>de</strong> bronze nos Jogos <strong>de</strong><br />

Atenas. Quatro anos <strong>de</strong>pois, em Pequim, tornou-se o maior campeão da história <strong>das</strong> Olimpía<strong>das</strong>.<br />

O sucesso <strong>de</strong> Phelps se <strong>de</strong>ve em gran<strong>de</strong> parte, claro, à genética, como evi<strong>de</strong>ncia o dom<br />

que ele e as irmãs sempre tiveram para a piscina. Seu físico é aturalmente perfeito para a natação.<br />

O corpo lembra a forma <strong>de</strong> um peixe. Tem articulações flexíveis e enormes mãos que parecem pás.<br />

Ter nascido no país com a melhor estrutura para <strong>de</strong>tecção e lapidação <strong>de</strong> talentos esportivos<br />

também ajudou — uma vez bem-sucedido em competições escolares, Phelps seguiu naturalmente o<br />

caminho que o levou à equipe olímpica norte americana.<br />

―Talento só não basta‖, disse Phelps na entrevista coletiva após a sexta medalha <strong>de</strong> ouro.<br />

―Muito trabalho,muita <strong>de</strong>dicação, é uma combinação <strong>de</strong> tudo... Tentar dormir e se recuperar, armar<br />

cada sessão <strong>de</strong> treino da melhor forma possível e acumular muito treino.‖<br />

Época, 18/8/2008, n.º 535, p. 92 (com adaptações).<br />

Acerca <strong>das</strong> idéias e <strong>das</strong> estruturas lingüísticas do texto acima, julgue os itens.<br />

52.(MIN. ESPORTES/CARGOS N. SUPERIOR/23/11/2008) A afirmação da <strong>prof</strong>essora primária <strong>de</strong><br />

Phelps, no início do texto, se justifica pelo fato <strong>de</strong> que o menino ―sofria <strong>de</strong> transtorno <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficit <strong>de</strong><br />

atenção com hiperativida<strong>de</strong>‖ (linha 3).<br />

―Seu filho nunca vai se focar em nada‖, vaticinou a <strong>prof</strong>essora <strong>de</strong> uma escola primária <strong>de</strong> Baltimore, nos<br />

EUA, à mãe do menino, Debbie Phelps. Michael Phelps era um menino orelhudo que sofria <strong>de</strong><br />

transtorno <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficit <strong>de</strong> atenção com hiperativida<strong>de</strong>. Não parava quieto nas aulas.Passava o tempo<br />

provocando os coleguinhas.‖<br />

53. (MIN. ESPORTES/CARGOS N. SUPERIOR/23/11/2008) De acordo com o texto, o sucesso <strong>de</strong><br />

Phelps po<strong>de</strong> ser explicado exclusivamente por fatores genéticos.<br />

―Bowman, até hoje o treinador <strong>de</strong> Phelps, errou feio a previsão — para baixo. Já em 2000, aos 15 anos,<br />

o adolescente disputava as Olimpía<strong>das</strong> pela primeira vez (ficou em quinto lugar nos 200 metros<br />

borboleta).‖<br />

54.(MIN. ESPORTES/CARGOS N. SUPERIOR/23/11/2008) O texto se inicia com uma narrativa<br />

<strong>de</strong>talhada a respeito da infância e da adolescência <strong>de</strong> Phelps. Os dois últimos parágrafos, entretanto,<br />

apresentam uma argumentação voltada para o que estava anunciado no subtítulo do texto.<br />

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1<br />

4<br />

7<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Os oceanos ocupam 70% da superfície da Terra, mas até hoje se sabe muito pouco sobre<br />

a vida em suas regiões mais recônditas. Segundo estimativas <strong>de</strong> oceanógrafos, há ainda 2 milhões<br />

<strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>sconheci<strong>das</strong> nas <strong>prof</strong>un<strong>de</strong>zas dos mares. Por ironia, as notícias mais freqüentes<br />

produzi<strong>das</strong> pelas pesquisas científicas relatam não a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> novos seres ou fronteiras<br />

marinhas, mas a alarmante escalada <strong>das</strong> agressões impingi<strong>das</strong> aos oceanos pela ação humana.<br />

Um estudo recente do Greenpeace mostra que a concentração <strong>de</strong> material plástico nas águas<br />

atingiu níveis inéditos na história. Segundo o Programa Ambiental <strong>das</strong> Nações Uni<strong>das</strong>, existem<br />

46.000 fragmentos <strong>de</strong> plástico em cada 2,5 quilômetros quadrados da superfície dos oceanos. Isso<br />

significa que a substância já respon<strong>de</strong> por 70% da poluição marinha por resíduos sólidos.<br />

9<br />

Veja, 5/3/2008, p. 93 (com adaptações).<br />

Tendo o texto acima como referência inicial e consi<strong>de</strong>rando a amplitu<strong>de</strong> do tema por ele<br />

abordado, julgue os itens.<br />

55. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) Ao citar o Greenpeace, o texto faz menção a uma <strong>das</strong> mais<br />

conheci<strong>das</strong> organizações não-governamentais cuja atuação, em escala mundial, está concentrada na<br />

melhoria <strong>das</strong> condições <strong>de</strong> vida <strong>das</strong> populações mais pobres do planeta, abrindo-lhes frentes <strong>de</strong><br />

trabalho no setor secundário da economia.<br />

56. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) Por se <strong>de</strong>compor muito lentamente, o plástico passa a ser<br />

visto como um dos principais responsáveis pela <strong>de</strong>gradação ambiental, razão pela qual cresce o<br />

movimento <strong>de</strong> conscientização <strong>das</strong> pessoas para que reduzam o consumo <strong>de</strong>sse material.<br />

57. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) Consi<strong>de</strong>rando o extraordinário <strong>de</strong>senvolvimento científico<br />

que caracteriza a civilização contemporânea, é correto afirmar que, na atualida<strong>de</strong>, pouco ou quase nada<br />

da natureza resta para ser <strong>de</strong>svendado.<br />

58. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) A exploração científica da Antártida, que enfrenta enormes<br />

dificulda<strong>de</strong>s naturais próprias da região, envolve a participação cooperativa <strong>de</strong> vários países, mas os<br />

elevados custos do empreendimento impe<strong>de</strong>m que representantes sul-americanos atuem no projeto.<br />

59. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) Infere-se do texto que a Organização <strong>das</strong> Nações Uni<strong>das</strong><br />

(ONU) amplia consi<strong>de</strong>ravelmente seu campo <strong>de</strong> atuação e, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado as questões cruciais da<br />

paz e da segurança internacional, também se volta para temas que envolvem o cotidiano <strong>das</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s, como o meio ambiente.<br />

1<br />

3<br />

5<br />

7<br />

O alívio dos que, tendo a intenção <strong>de</strong> viver irregularmente na Espanha, conseguem<br />

passar pelo controle <strong>de</strong> imigração do Aeroporto Internacional <strong>de</strong> Barajas não dura muito tempo. A<br />

polícia está pelas ruas, uniformizada ou à paisana, e constantemente faz bati<strong>das</strong> em lugares que os<br />

imigrantes freqüentam ou on<strong>de</strong> trabalham. Foram expedi<strong>das</strong> cerca <strong>de</strong> 7 mil cartas <strong>de</strong> expulsão <strong>de</strong><br />

brasileiros no ano passado. O medo faz parte da rotina <strong>de</strong> boa parte dos cerca <strong>de</strong> 60 mil brasileiros<br />

sem papéis, que vivem <strong>de</strong> casa para o trabalho e do trabalho para casa, receosos <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>tidos<br />

e repatriados.<br />

O Globo, 16/3/2008, p. 12 (com adaptações).<br />

Tendo o texto acima como referência inicial e consi<strong>de</strong>rando as múltiplas implicações do tema<br />

nele tratado, julgue os próximos itens.<br />

60. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) O Brasil mantém, neste início do século XXI, a histórica<br />

posição <strong>de</strong> país tradicionalmente aberto à recepção <strong>de</strong> imigrantes e continua sendo área preferencial <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> estrangeiros que buscam reconstruir suas vi<strong>das</strong> longe da terra natal.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

61. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) De maneira geral, a União Européia vem impondo<br />

obstáculos às correntes migratórias que, provenientes <strong>de</strong> regiões mais pobres, como é o conhecido<br />

caso da África, buscam nas antigas áreas metropolitanas as condições <strong>de</strong> vida que não encontram em<br />

seus países <strong>de</strong> origem.<br />

62. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) Devido ao fenômeno da globalização, as facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

circulação <strong>de</strong> mercadorias, <strong>de</strong> capitais e <strong>de</strong> informação, hoje, ten<strong>de</strong>m a não se repetir quando se trata<br />

da circulação <strong>de</strong> pessoas em busca <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> horizontes <strong>de</strong> vida mais promissores.<br />

63. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) De acordo com o texto, no caso <strong>de</strong> imigrantes brasileiros<br />

ilegais na Espanha, o problema consiste em vencer a fiscalização <strong>das</strong> autorida<strong>de</strong>s policiais em<br />

aeroportos; superada essa barreira, os problemas praticamente <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> Existir.<br />

64. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) Nos recentes episódios envolvendo brasileiros barrados<br />

em aeroporto espanhol, o princípio da reciprocida<strong>de</strong> chegou a ser mencionado por autorida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras e alguns turistas espanhóis tiveram negada a permissão <strong>de</strong> entrada no território brasileiro.<br />

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

5<br />

8<br />

11<br />

Quando, há cerca <strong>de</strong> cinco anos, chegou ao mercado brasileiro o primeiro mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

carro bicombustível, que po<strong>de</strong> utilizar gasolina e álcool em qualquer proporção, ninguém apostava<br />

no seu êxito imediato e muito menos na sua permanência no mercado por muito tempo. Entretanto,<br />

a indústria automobilística brasileira atingiu a marca <strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> carros bicombustíveis —<br />

flexfuel ou simplesmente flex — vendidos. Esses veículos já respon<strong>de</strong>m por 88% <strong>das</strong> ven<strong>das</strong><br />

nacionais.<br />

O bom momento que vive a economia nacional estimula suas ven<strong>das</strong>, mas a indiscutível<br />

preferência do consumidor pelo mo<strong>de</strong>lo flex tem outras razões. O álcool 13 continua sendo mais<br />

barato do que a gasolina. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> outro combustível, conforme<br />

sua necessida<strong>de</strong> e seu <strong>de</strong>sejo, dá ao consumidor uma liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha com que ele não<br />

contava em experiências anteriores <strong>de</strong> uso do álcool como combustível automotivo.<br />

O Estado <strong>de</strong> S.Paulo, 16/3/2008 (com adaptações).<br />

Com relação às idéias e às estruturas lingüísticas do texto acima, julgue os itens a seguir.<br />

65. (MMA/ANAL. AMBIENTAL/27/04/2008) A escolha <strong>das</strong> palavras e sua organização em ―ninguém<br />

apostava no seu êxito imediato e muito menos na sua permanência no mercado por muito tempo‖ (linha<br />

2-3) conferem um traço <strong>de</strong> informalida<strong>de</strong> a esse trecho.<br />

―Quando, há cerca <strong>de</strong> cinco anos, chegou ao mercado brasileiro o primeiro mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> carro<br />

bicombustível, que po<strong>de</strong> utilizar gasolina e álcool em qualquer proporção, ninguém apostava no seu<br />

êxito imediato e muito menos na sua permanência no mercado por muito tempo.‖<br />

5<br />

9<br />

13<br />

17<br />

As chama<strong>das</strong> cida<strong>de</strong>s globais fornecem a infra-estrutura <strong>de</strong> que a economia mundial<br />

necessita para as suas transações. Fazem parte <strong>de</strong>ssa infra-estrutura, entre outros, o sistema<br />

bancário, hoteleiro, <strong>de</strong> telecomunicação, bem como aeroportos, segurança. Precisa haver um<br />

número significativo <strong>de</strong> pessoas qualifica<strong>das</strong> e competentes para dar conta <strong>de</strong> todos os serviços<br />

<strong>de</strong>mandados para a realização <strong>das</strong> gran<strong>de</strong>s transações econômicas, manipulações <strong>das</strong> bolsas <strong>de</strong><br />

valores, transferências bancárias, entre outras. Não é o tamanho, em termos <strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

habitantes ou da área espacial ocupada, que conta; conta sua funcionalida<strong>de</strong> em termos <strong>das</strong><br />

manipulações financeiras, que caracterizam a era da globalização.<br />

Nessas cida<strong>de</strong>s, não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cidadãos que cumpram <strong>de</strong>veres e tenham<br />

direitos civis, políticos e sociais. Nelas, os indivíduos são classificados <strong>de</strong> acordo com sua utilida<strong>de</strong><br />

para agilizar transferências financeiras, repassar informações, facilitar o ganho e a estabilização dos<br />

lucros. Não cabe, nesse mo<strong>de</strong>lo, a visão do indivíduo com sua dignida<strong>de</strong>, sua qualida<strong>de</strong> como ser<br />

livre, ser humano, cidadão. Em lugar <strong>de</strong> cidadãos, são valorizados os prestadores <strong>de</strong> serviços.<br />

As megacida<strong>de</strong>s ou megalópoles são cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>fini<strong>das</strong> pelo número exagerado <strong>de</strong><br />

moradores, via <strong>de</strong> regra, acima <strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong> habitantes. Elas resultaram <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico insustentável, que trouxe para as periferias urbanas gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 19


22<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

contingentes populacionais <strong>de</strong> áreas rurais e <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s, via <strong>de</strong> regra, gerando conflitos<br />

imprevisíveis nas últimas duas ou três déca<strong>das</strong>.<br />

As metrópoles são cida<strong>de</strong>s que têm longa história e uma tradição <strong>de</strong> cidadania. Elas até<br />

agora <strong>de</strong>monstraram a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se adaptar às novas condições da economia globalizada sem<br />

per<strong>de</strong>r sua especificida<strong>de</strong> histórica, política, econômica. Essas cida<strong>de</strong>s têm longa tradição <strong>de</strong><br />

cidadania, <strong>de</strong> luta e <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos.<br />

Barbara Freitag. Cida<strong>de</strong> dos homens. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Tempo Brasileiro, 2002, p. 216-8 (com adaptações).<br />

Acerca <strong>de</strong> aspectos gramaticais do texto Cida<strong>de</strong> dos Homens e <strong>das</strong> idéias nele presentes, julgue<br />

os itens subseqüentes.<br />

66.(MPOG/ANAL. INFRA-ESTRU./20/04/2008) As <strong>de</strong>finições apresenta<strong>das</strong> no texto são insuficientes<br />

para se concluir que, ao contrário <strong>das</strong> megacida<strong>de</strong>s, to<strong>das</strong> as cida<strong>de</strong>s globais e to<strong>das</strong> as metrópoles<br />

tiveram <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />

67.(MPOG/ANAL. INFRA-ESTRU./20/04/2008) O emprego do termo ―até agora‖ (linha 20) po<strong>de</strong> ser<br />

interpretado como ceticismo da autora do texto em relação à continuida<strong>de</strong> da resistência <strong>das</strong> metrópoles<br />

à força do processo <strong>de</strong> globalização da economia.<br />

―...Elas até agora <strong>de</strong>monstraram a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se adaptar às novas condições da economia<br />

globalizada sem per<strong>de</strong>r sua especificida<strong>de</strong> histórica, política, econômica.‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------<br />

1<br />

As empresas se transformaram <strong>prof</strong>undamente. Mo<strong>de</strong>rnizaram sua tecnologia e seus<br />

métodos <strong>de</strong> gestão para tornarem-se competitivas e ajustarem-se às exigências da globalização.<br />

Mexeram em seus horários em razão dos interesses da produção, mas mantiveram-se, em sua<br />

esmagadora maioria, cegas e alheias à existência da vida privada <strong>de</strong> seus empregados. Parques<br />

5 industriais <strong>de</strong> última geração não rimam com o impressionante atraso no tratamento do que<br />

chamam <strong>de</strong> capital humano.<br />

Se, atualmente, em raras empresas, já é aceitável que uma mulher reivindique tempo<br />

8 parcial <strong>de</strong> trabalho para <strong>de</strong>dicar-se à família, sem que isso a <strong>de</strong>squalifique aos olhos do<br />

empregador, o mesmo não acontece com um homem. No caso improvável <strong>de</strong> uma reivindicação<br />

<strong>de</strong>sse tipo, ele seria certamente percebido como portador <strong>de</strong> alguma característica pelo menos<br />

insólita, o que é uma dupla injustiça, porque con<strong>de</strong>na os homens à imobilida<strong>de</strong> e à impossibilida<strong>de</strong><br />

12 <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> vida e as mulheres a assumir sozinhas a vida familiar.<br />

Os po<strong>de</strong>res públicos, tão indiferentes quanto as empresas, continuam a encarar as<br />

instituições <strong>de</strong> acolhida a crianças e idosos como se fossem não a obrigação <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna e civilizada, mas como um favor feito às mulheres.<br />

16<br />

Os argumentos do custo exagerado <strong>de</strong>ssas instituições e do seu peso insuportável em<br />

orçamentos precários fazem que a obrigatorieda<strong>de</strong> do Estado <strong>de</strong> oferecer as melhores condições <strong>de</strong><br />

instrução e educação <strong>de</strong>sapareça como priorida<strong>de</strong>.<br />

19<br />

Em relação à vida privada, não mudaram as mentalida<strong>de</strong>s e, conseqüentemente, as<br />

responsabilida<strong>de</strong>s não são compartilha<strong>das</strong>. Se fossem, forçariam a reorganização do mundo do<br />

trabalho.<br />

21<br />

Rosiska Darcy <strong>de</strong> Oliveira. Reengenharia do tempo.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rocco, 2003, p. 67-8 (com adaptações).<br />

Acerca <strong>das</strong> idéias <strong>de</strong>senvolvi<strong>das</strong> no texto acima e <strong>das</strong> estruturas lingüísticas nele utiliza<strong>das</strong>,<br />

julgue os próximos itens.<br />

68.(MPOG/ANAL. INFRA-ESTRU./20/04/2008) No primeiro parágrafo do texto, a autora aponta a<br />

dicotomia entre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>das</strong> empresas que efetivaram o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e o<br />

atraso verificado no regime <strong>de</strong> trabalho dos empregados <strong>de</strong>ssas empresas.<br />

―As empresas se transformaram <strong>prof</strong>undamente. Mo<strong>de</strong>rnizaram sua tecnologia e seus métodos <strong>de</strong><br />

gestão para tornarem-se competitivas e ajustarem-se às exigências da globalização. Mexeram em seus<br />

horários em razão dos interesses da produção, mas mantiveram-se, em sua esmagadora maioria, cegas<br />

e alheias à existência da vida privada <strong>de</strong> seus empregados. Parques industriais <strong>de</strong> última geração não<br />

rimam com o impressionante atraso no tratamento do que chamam <strong>de</strong> capital humano. ―<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

69.(MPOG/ANAL. INFRA-ESTRU./20/04/2008) Na visão da autora do texto, a priorização <strong>de</strong> serviços<br />

<strong>de</strong> creches e <strong>de</strong> atendimento a idosos pelo Estado, bem como a mudança na organização do tempo no<br />

trabalho realizada pelas empresas, por si sós, acarretariam transformação no compartilhamento <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong>s na vida privada.<br />

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1<br />

4<br />

7<br />

10<br />

Penetra surdamente no reino <strong>das</strong> palavras.<br />

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.<br />

Estão paralisados, mas não há <strong>de</strong>sespero, há calma e frescura na superfície intata.<br />

Ei-los sós e mudos, em estado <strong>de</strong> dicionário.<br />

Convive com teus poemas, antes <strong>de</strong> escrevê-los.<br />

Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.<br />

Espera que cada um se realize e consume com seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> palavra o seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> silêncio.<br />

Não forces o poema a <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r-se do limbo.<br />

Não colhas no chão o poema que se per<strong>de</strong>u.<br />

Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma <strong>de</strong>finitiva e concentrada no espaço.<br />

Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. Poesia completa e prosa. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Companhia José Aguilar Editora, 1973, p. 139.<br />

Julgue o item que se seguem, que tratam da significação <strong>das</strong> palavras do poema e do emprego<br />

<strong>das</strong> classes gramaticais.<br />

70.(MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) No primeiro verso, penetrar ―surdamente no reino <strong>das</strong><br />

palavras‖ significa penetrar <strong>de</strong> ouvidos tapados, como uma pessoa surda.<br />

―Penetra surdamente no reino <strong>das</strong> palavras.<br />

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.<br />

Estão paralisados, mas não há <strong>de</strong>sespero, há calma e frescura na superfície intata.‖<br />

Encarregado da redação e da a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> divulgação científica para o público em<br />

geral, um técnico tem em mãos o gráfico a seguir, que <strong>de</strong>ve ser interpretado para integrar um<br />

texto informativo sobre a evolução do estado nutricional <strong>de</strong> crianças e adolescentes <strong>das</strong> regiões<br />

Nor<strong>de</strong>ste e Su<strong>de</strong>ste do Brasil.<br />

Gráfico 1 – Estado nutricional – crianças e adolescentes<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Julgue os itens subseqüentes, relativos à linguagem e à apresentação <strong>de</strong>sse texto informativo.<br />

71. (MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) Como as informações do gráfico terão como alvo preferencial<br />

o gran<strong>de</strong> público, a linguagem a ser usada em sua interpretação <strong>de</strong>ve ser bem coloquial, sem<br />

compromisso com as regras da escrita padrão.<br />

72.(MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) Com base nas informações conti<strong>das</strong> no gráfico, conclui-se<br />

que seu título está incompleto, tecnicamente ina<strong>de</strong>quado, pois não cobre todo o conteúdo.<br />

Julgue os itens que se seguem, relativos à interpretação dos dados apresentados.<br />

73.(MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) Os dados mostram que, em ambas as regiões, a obesida<strong>de</strong><br />

aumentou no período estudado, e a <strong>de</strong>snutrição se reduziu.<br />

74.(MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) Em 1997, entre as duas regiões, o Nor<strong>de</strong>ste apresentou a<br />

maior porcentagem <strong>de</strong> crianças e adolescentes com os problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pesquisados.<br />

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1<br />

5<br />

9<br />

No célebre Sermão da Sexagésima, pronunciado em 1655 na capela real, em Lisboa,<br />

lembra Antônio Vieira que o pregar é em tudo comparável ao semear, ―porque o semear he hua arte<br />

que tem mays <strong>de</strong> natureza que <strong>de</strong> arte; caya on<strong>de</strong> cahir.‖ Pensamento cujas raízes parecem<br />

mergulhar no velho naturalismo português. A comparação entre o pregar e o semear, Vieira a teria<br />

tomado diretamente às Escrituras, elaborando-a conforme seu argumento. O mesmo já não cabe<br />

dizer <strong>de</strong> sua imagem do céu estrelado, que se ajusta a concepções correntes da época e não<br />

apenas em Portugal.<br />

Segundo a observação <strong>de</strong> H. von Stein, ao ouvir a palavra ―natureza‖, o homem dos<br />

séculos XVII e XVIII pensa imediatamente no firmamento; o do século XIX pensa em uma paisagem.<br />

Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia da<br />

Letras, 1995, p. 137.<br />

Julgue os itens a seguir, referentes à tipologia, às idéias e à linguagem usada no texto.<br />

75. (MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) O trecho ―o pregar é em tudo comparável ao semear, ‗porque<br />

o semear he hua arte que tem mays <strong>de</strong> natureza que <strong>de</strong> arte; caya on<strong>de</strong> cahir‘‖ (linha 2-3) constitui-se<br />

como dissertativo.<br />

―No célebre Sermão da Sexagésima, pronunciado em 1655 na capela real, em Lisboa, lembra Antônio<br />

Vieira que o pregar é em tudo comparável ao semear, ―porque o semear he hua arte que tem mays <strong>de</strong><br />

natureza que <strong>de</strong> arte; caya on<strong>de</strong> cahir.‖<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

76. (MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) A argumentação <strong>de</strong>senvolvida pelo autor ratifica a idéia <strong>de</strong><br />

que o que se fala ou se escreve traz marcas <strong>de</strong> outros textos produzidos por outras pessoas. No texto<br />

acima, o autor do sermão teria sofrido a influência da bíblia, ao comparar o ato <strong>de</strong> semear ao <strong>de</strong> pregar.<br />

77. (MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) De acordo com o último parágrafo do texto <strong>de</strong> Sérgio<br />

Buarque, os ouvintes do Sermão da Sexagésima, ou quem o lia naquela época, entendiam a palavra<br />

―natureza‖ da mesma forma que ela é entendida hoje.<br />

―Segundo a observação <strong>de</strong> H. von Stein, ao ouvir a palavra ―natureza‖, o homem dos séculos XVII e<br />

XVIII pensa imediatamente no firmamento; o do século XIX pensa em uma paisagem.‖<br />

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1<br />

5<br />

9<br />

13<br />

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20<br />

24<br />

No meio <strong>das</strong> massas, as mais supersticiosas idéias relaciona<strong>das</strong> com doenças —<br />

prevenção e tratamento — prevaleciam. Um observador estrangeiro <strong>de</strong>põe a esse respeito: ―Antigas<br />

curas — dignas <strong>de</strong> Plínio — estão ainda em voga.‖ E refere-se — em exemplo — a ―minhocas fritas<br />

vivas no azeite doce e aplica<strong>das</strong> quentes como cataplasma‖, que eram utiliza<strong>das</strong> no tratamento <strong>de</strong><br />

males ―comuns a brancos e pretos‖. Figas <strong>de</strong> osso e pedaços <strong>de</strong> ―pedra santa‖ eram também<br />

usados contra ―mau-olhado‖ e doenças.<br />

As superstições rompiam, por vezes, as pare<strong>de</strong>s dos próprios hospitais e matavam ali<br />

inermes internados. Tanto Eubank como Radiguet contam a história <strong>de</strong> um doente do Hospital dos<br />

Lázaros — instituição no Rio <strong>de</strong> Janeiro para tratamento da lepra — que se submeteu à experiência<br />

terapêutica da mordida <strong>de</strong> cobra venenosa. A cobra foi trazida, mas tão repelentes eram as partes<br />

gangrena<strong>das</strong> do homem que o réptil encolheu-se para não tocá-las. Então, o homem apertou a<br />

cobra, e por ela foi mordido, morrendo em vinte e quatro horas.<br />

É <strong>de</strong> abismar a condição miserável <strong>de</strong> imundície em que os brasileiros toleravam viver nas<br />

cida<strong>de</strong>s, na década <strong>de</strong> 50 do século XIX. Era terrível, em algumas ruas, a fe<strong>de</strong>ntina. Em to<strong>das</strong> as<br />

cida<strong>de</strong>s do Império, a remoção do lixo, <strong>das</strong> coisas podres, dos excrementos humanos fazia-se <strong>de</strong><br />

maneira, ao mesmo tempo, mais primitiva e mais pitoresca. Essas imundícies eram coloca<strong>das</strong> em<br />

pipas ou barris, chamados tigres, e carrega<strong>das</strong> às cabeças dos escravos, que as <strong>de</strong>spejavam nos<br />

rios, nas praias e nos becos (matos). Essa remoção geralmente era feita <strong>de</strong>pois que os sinos da<br />

igreja tocavam ―<strong>de</strong>z horas‖. Em Pernambuco, os tigres eram <strong>de</strong>rramados, pelos escravos, <strong>das</strong><br />

pontes, nos rios Capiberibe e Beberibe.<br />

Dada a inexistência <strong>de</strong> encanamento para fazer a drenagem, tornava-se impossível a<br />

distribuição <strong>de</strong> água nas casas. O sistema <strong>de</strong> suprimento <strong>de</strong> água às populações urbanas era o do<br />

chafariz. A velha e, na Europa, já arcaica fonte pública. Os brasileiros faziam livre uso da água,<br />

realizando em limpeza pessoal o que tão dolorosamente faltava em higiene pública.<br />

Gilberto Freyre. Vida social no Brasil nos meados do século XIX. Trad. do orig. inglês:<br />

Wal<strong>de</strong>mar Valente. 2.ª ed. rev. e pref. pelo autor. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Artenova S. A.; Recife:<br />

Instituto Joaquim Nabuco <strong>de</strong> Pesquisas Sociais, 1977, p. 106; 108-9 (com adaptações).<br />

Consi<strong>de</strong>rando as idéias e as estruturas lingüísticas do texto ao lado, julgue os itens seguintes.<br />

78.(MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) Depreen<strong>de</strong>-se do <strong>de</strong>poimento citado no segundo período do<br />

texto que muitas práticas para a cura <strong>de</strong> doenças, embora remontassem à antiguida<strong>de</strong> clássica, em vez<br />

<strong>de</strong> serem consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> obsoletas, estavam em pleno uso no século XIX.<br />

―No meio <strong>das</strong> massas, as mais supersticiosas idéias relaciona<strong>das</strong> com doenças — prevenção e<br />

tratamento — prevaleciam. Um observador estrangeiro <strong>de</strong>põe a esse respeito: ―Antigas curas — dignas<br />

<strong>de</strong> Plínio — estão ainda em voga.‖ E refere-se — em exemplo — a ―minhocas fritas vivas no azeite doce<br />

e aplica<strong>das</strong> quentes como cataplasma‖, que eram utiliza<strong>das</strong> no tratamento <strong>de</strong> males ―comuns a brancos<br />

e pretos‖. Figas <strong>de</strong> osso e pedaços <strong>de</strong> ―pedra santa‖ eram também usados contra ―mau-olhado‖ e<br />

doenças.‖<br />

79. (MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) No Brasil patriarcal, as crendices eram comuns tanto entre o<br />

povo quanto entre os médicos <strong>de</strong>ntro dos hospitais.<br />

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14<br />

17<br />

21<br />

24<br />

28<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

O ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> jornais é o tipo mais <strong>de</strong>spreocupado e alegre do mundo.<br />

Tem uma alma <strong>de</strong> pássaro.<br />

Claro está que não nos referimos ao carrancudo português, que, em meio <strong>de</strong> uma chusma<br />

<strong>de</strong> folhas metodicamente dispostas, passa os dias sentado, com as pernas cruza<strong>das</strong> no ponto <strong>de</strong><br />

reunião da Rua do Ouvidor com o Largo <strong>de</strong> S. Francisco, na Brahma, nas portas dos cafés da<br />

Avenida, em toda parte.<br />

Queremos falar do pequenino garoto <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, o brasileirito trêfego, ativo, tagarela<br />

como uma pega, travesso como um tico-tico. Por aqui, por ali, vai, vem, corre, galopa, atravessa as<br />

ruas com uma rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> raio, persegue os veículos, <strong>de</strong>sliza entre automóveis como uma sombra.<br />

Parece invulnerável.<br />

Torna-se importuno às vezes, quando, a correr pelas plataformas dos bon<strong>de</strong>s, fazendo<br />

reviravoltas <strong>de</strong> símio para escapar à sanha <strong>de</strong> algum condutor rabugento, nos atordoa os ouvidos<br />

com estupendos gritos estri<strong>de</strong>ntes.<br />

Nada lhe empana a luci<strong>de</strong>z do espírito, nada. Tem gestos próprios e expressões<br />

peculiares. Para ele, um assassínio ou um suicídio é simplesmente uma ―encrenca‖.<br />

Um conflito é um ―robo‖.<br />

Parece que <strong>de</strong>sconhece hierarquias e vaida<strong>de</strong>s tolas, porque não empresta títulos a<br />

nenhum nome. Diz: ―O partido do Pinheiro, discursos do Ruy Barbosa, o governo do Nilo Peçanha‖,<br />

como se todos os cabecilhas da República fossem apenas ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> jornais.<br />

Detesta a monotonia dos tempos <strong>de</strong> paz. Gosta <strong>das</strong> revoluções, dos motins, <strong>das</strong> grossas<br />

―mixórdias‖ que lhe proporcionam ocasiões <strong>de</strong> ver to<strong>das</strong> as folhas arrebata<strong>das</strong>, sem que haja<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ele gritar como nos dias ordinários. Parece que tem o dom <strong>de</strong> pôr um gran<strong>de</strong> vidro<br />

<strong>de</strong> aumentar em cima dos acontecimentos.<br />

É astucioso, impostor, velhaco. Com finura <strong>de</strong> comerciante velho, emprega artimanhas <strong>de</strong><br />

mestre, complicados ardis, artifícios que são uma obra-prima <strong>de</strong> sutileza, tudo para embair os<br />

transeuntes. Mente apregoando sedutoras notícias fantásticas.<br />

Enfim, sob certos pontos <strong>de</strong> vista, o pequeno garoto ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> jornais é uma espécie<br />

<strong>de</strong> jornalista em miniatura...<br />

Graciliano Ramos. In: Linhas tortas. Obra póstuma. 7.ª ed.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Record, 1979, p. 29-31 (com adaptações).<br />

Com relação à organização <strong>das</strong> idéias e a aspectos gramaticais do texto acima, julgue os itens<br />

80. (MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) O objetivo do autor do texto é <strong>de</strong>screver um ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong><br />

jornais específico, pequeno garoto <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, cujos hábitos e gostos pessoais o autor<br />

conhece bem.<br />

81. (MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) No sétimo parágrafo do texto, o conhecimento <strong>de</strong> mundo<br />

evocado pelas citações feitas, a suposição e o contraste expressos no trecho ―como se todos os<br />

cabecilhas da República fossem apenas ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> jornais‖ (linha 19) favorecem a interpretação do<br />

sentido do vocábulo ―cabecilha‖, embora este não seja mais usual.<br />

―Parece que <strong>de</strong>sconhece hierarquias e vaida<strong>de</strong>s tolas, porque não empresta títulos a nenhum nome.<br />

Diz: ―O partido do Pinheiro, discursos do Ruy Barbosa, o governo do Nilo Peçanha‖, como se todos os<br />

cabecilhas da República fossem apenas ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> jornais.‖<br />

82. (MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) No sétimo parágrafo do texto, ao <strong>de</strong>screver o modo como o<br />

ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> jornais se refere aos ―cabecilhas da República‖ (linha 19), o autor revela seu ponto <strong>de</strong> vista<br />

acerca da forma <strong>de</strong> tratamento comumente utilizada na referência a pessoas que ocupam lugar <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>staque na socieda<strong>de</strong>.<br />

―Parece que <strong>de</strong>sconhece hierarquias e vaida<strong>de</strong>s tolas, porque não empresta títulos a nenhum nome.<br />

Diz: ―O partido do Pinheiro, discursos do Ruy Barbosa, o governo do Nilo Peçanha‖, como se todos os<br />

cabecilhas da República fossem apenas ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> jornais.‖<br />

83. (MS/REDAÇÃO OFICIAL/15/11/2008) Estabelecida no último parágrafo, a comparação do garoto<br />

ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> jornais com o jornalista é corroborada pelo fato <strong>de</strong> o menino inventar ―sedutoras notícias<br />

fantásticas‖ (linha 26), entre outros apresentados no texto.<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 24


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

―É astucioso, impostor, velhaco. Com finura <strong>de</strong> comerciante velho, emprega artimanhas <strong>de</strong> mestre,<br />

complicados ardis, artifícios que são uma obra-prima <strong>de</strong> sutileza, tudo para embair os transeuntes.<br />

Mente apregoando sedutoras notícias fantásticas.<br />

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

5<br />

8<br />

12<br />

15<br />

Trabalho escravo:<br />

longe <strong>de</strong> casa há muito mais <strong>de</strong> uma semana<br />

O resgate <strong>de</strong> trabalhadores encontrados em situação <strong>de</strong>gradante é uma rotina nas ações<br />

do Grupo Especial Móvel <strong>de</strong> Combate ao Trabalho Escravo, do MTE. Des<strong>de</strong> que iniciou suas<br />

operações, em 1995, já são mais <strong>de</strong> 30 mil libertações <strong>de</strong> trabalhadores submetidos a condições<br />

<strong>de</strong>sumanas <strong>de</strong> trabalho. ―Chamou-me a atenção o caso <strong>de</strong> um trabalhador que há 30 anos não via<br />

a família‖, lembra Cláudio Secchin, um dos oito coor<strong>de</strong>nadores <strong>das</strong> operações do Grupo Móvel.<br />

Natural <strong>de</strong> Currais Novos, no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, José Galdino da Silva — Copaíba, como gosta<br />

<strong>de</strong> ser chamado — saiu <strong>de</strong> casa com 10 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para trabalhar no Norte. Nunca estudou.<br />

Durante 40 anos, veio passando <strong>de</strong> fazenda em fazenda, <strong>de</strong> pensão em pensão, trabalhando com<br />

<strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong> mata e roça <strong>de</strong> pasto. Nunca teve a carteira <strong>de</strong> trabalho assinada e per<strong>de</strong>u a conta <strong>de</strong><br />

quantas vezes não recebeu pelo trabalho que fez. Copaíba nunca se casou nem teve filhos. ―Não<br />

conseguia dormir direito por não conseguir juntar dinheiro sequer para retornar à minha cida<strong>de</strong> e<br />

rever a família‖, relatou. Quando uma fazenda no município paraense <strong>de</strong> Piçarras foi fiscalizada em<br />

junho <strong>de</strong>ste ano, Copaíba foi localizado pelo Grupo Móvel, resgatado e recebeu <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização<br />

trabalhista mais <strong>de</strong> R$ 5 mil.<br />

Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 40-2 (com adaptações).<br />

Acerca dos aspectos estruturais e lingüísticos e dos sentidos do texto acima, julgue os itens a<br />

seguir.<br />

84.(M.T.E./ADMINISTRADOR/21/12/2008) Empregam-se, no texto, alguns elementos estruturais da<br />

narrativa que, nesse caso, são fundamentais para a consolidação <strong>de</strong> sua natureza informativa e<br />

jornalística.<br />

85.(M.T.E./ADMINISTRADOR/21/12/2008) De acordo com as informações apresenta<strong>das</strong> no texto,<br />

Copaíba foi vítima do crime <strong>de</strong> trabalho infantil e não apenas do trabalho escravo.<br />

86.(M.T.E./ADMINISTRADOR/21/12/2008) A relação entre o título do texto e o seu conteúdo está<br />

baseada em referências espaciais e temporais que ligam o trabalho escravo à história <strong>de</strong> vida <strong>de</strong><br />

Copaíba.<br />

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

10<br />

13<br />

17<br />

No Brasil, apesar da pressão do <strong>de</strong>semprego, que tem atingido níveis altíssimos, a<br />

fiscalização do trabalho e a justiça do trabalho estão empenha<strong>das</strong> em uma luta para preservar o<br />

direito do trabalhador ao emprego com registro, tratando <strong>de</strong> coibir as formas atípicas <strong>de</strong> emprego,<br />

especialmente a do trabalho cooperativado. As cooperativas <strong>de</strong> trabalho são <strong>de</strong>nuncia<strong>das</strong> como<br />

falsas, como pretensas cooperativas, cria<strong>das</strong> unicamente para privar os trabalhadores dos seus<br />

direitos legais. Apesar da ação vigorosa <strong>de</strong> fiscais, procuradores e juízes do trabalho, o número dos<br />

que gozam do direito ao emprego com registro não cessa <strong>de</strong> diminuir Na realida<strong>de</strong>, nem to<strong>das</strong> as<br />

cooperativas <strong>de</strong> trabalho contrata<strong>das</strong> por firmas são falsas. Um bom número <strong>de</strong>las são forma<strong>das</strong> por<br />

trabalhadores <strong>de</strong>sempregados, que disputam os seus antigos empregos contra intermediadoras <strong>de</strong><br />

mão-<strong>de</strong>-obra. Para eles, a perda dos direitos já é um fato consumado e, se forem obrigados a se<br />

empregar nas terceiriza<strong>das</strong>, possivelmente sofrerão, além disso, acentuada perda <strong>de</strong> salário direto.<br />

Outras cooperativas <strong>de</strong> trabalho são forma<strong>das</strong> por trabalhadores que estavam assalariados por<br />

empresas intermediadoras e que preferiram se organizar em cooperativa para se apo<strong>de</strong>rar <strong>de</strong> parte<br />

do ganho que aquelas empresas auferem a suas custas. Essas consi<strong>de</strong>rações não preten<strong>de</strong>m<br />

indicar que a luta contra a precarização é inútil, mas que ela carece <strong>de</strong> bases legais para realmente<br />

coibir a perda incessante <strong>de</strong> direitos por cada vez mais trabalhadores. O fulcro da questão é que ou<br />

garantimos os direitos sociais a todos os trabalhadores, em to<strong>das</strong> as posições na ocupação —<br />

assalariados, estatutários, cooperantes, avulsos, terceirizados etc. — ou será cada vez mais difícil<br />

garanti-los para uma minoria cada vez menor <strong>de</strong> trabalhadores que hoje têm o status <strong>de</strong><br />

empregados regulares.<br />

Paul Singer. Em <strong>de</strong>fesa dos direitos dos trabalhadores. Brasília:<br />

MTE, Secretaria <strong>de</strong> Economia Solidária, 2004, p. 4 (com adaptações).<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Com relação aos sentidos e às estruturas lingüísticas do texto acima, julgue os itens.<br />

87.(M.T.E./ADMINISTRADOR/21/12/2008) De acordo com o texto, existem formas diversas <strong>de</strong> trabalho<br />

cooperativado no Brasil atual: as cooperativas falsas — cria<strong>das</strong> para privar os trabalhadores <strong>de</strong> seus<br />

direitos legais —, as que são cria<strong>das</strong> por trabalhadores <strong>de</strong>sempregados e as forma<strong>das</strong> por<br />

trabalhadores que optaram pela forma do trabalho cooperativado.<br />

―No Brasil, apesar da pressão do <strong>de</strong>semprego, que tem atingido níveis altíssimos, a fiscalização do<br />

trabalho e a justiça do trabalho estão empenha<strong>das</strong> em uma luta para 4 preservar o direito do trabalhador<br />

ao emprego com registro, tratando <strong>de</strong> coibir as formas atípicas <strong>de</strong> emprego, especialmente a do<br />

trabalho cooperativado.‖<br />

88.(M.T.E./ADMINISTRADOR/21/12/2008) A luta da fiscalização e da justiça do trabalho ―para<br />

preservar o direito do trabalhador ao emprego com registro‖ (linha 2-3) é inócua, uma vez que as formas<br />

atípicas <strong>de</strong> trabalho não cessam <strong>de</strong> crescer.<br />

―No Brasil, apesar da pressão do <strong>de</strong>semprego, que tem atingido níveis altíssimos, a fiscalização do<br />

trabalho e a justiça do trabalho estão empenha<strong>das</strong> em uma luta para preservar o direito do trabalhador<br />

ao emprego com registro, tratando <strong>de</strong> coibir as formas atípicas <strong>de</strong> emprego, especialmente a do<br />

trabalho cooperativado.‖<br />

89.(M.T.E./ADMINISTRADOR/21/12/2008) O trecho ―Um bom número <strong>de</strong>las são forma<strong>das</strong> por<br />

trabalhadores <strong>de</strong>sempregados‖ (linha 8-9) expressa a idéia <strong>de</strong> que cada cooperativa falsa é formada por<br />

um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> trabalhadores sem emprego.<br />

―Um bom número <strong>de</strong>las são forma<strong>das</strong> por trabalhadores <strong>de</strong>sempregados, que disputam os seus antigos<br />

empregos contra intermediadoras <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra.‖<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 26


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Quanto aos sentidos e aos aspectos estruturais e lingüísticos do texto acima, julgue o item.<br />

90.(M.T.E./ADMINISTRADOR/21/12/2008) Os autores do texto consi<strong>de</strong>ram que o problema do<br />

<strong>de</strong>semprego é um <strong>de</strong>safio para o MERCOSUL porque eles partem do pressuposto <strong>de</strong> que as relações<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 27


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

<strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>senvolver sem que sejam promovi<strong>das</strong> estratégias <strong>de</strong> inclusão<br />

social relevantes.<br />

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

6<br />

9<br />

Os ganhos <strong>de</strong> eficiência da indústria brasileira têm uma característica nova: seus<br />

benefícios estão sendo partilhados entre as empresas e os trabalhadores, cujos aumentos salariais,<br />

portanto, não pressionam os preços.<br />

A produtivida<strong>de</strong> industrial, que se me<strong>de</strong> dividindo o volume da produção pelo número <strong>de</strong><br />

trabalhadores, vem crescendo há bastante tempo, mas, até recentemente, o crescimento era fruto<br />

da redução do nível <strong>de</strong> emprego. Des<strong>de</strong> 2004, porém, crescem simultaneamente a produção e o<br />

número <strong>de</strong> empregados e, mesmo assim, a produtivida<strong>de</strong> cresce. E, no ano passado, cresceu a um<br />

ritmo mais intenso do que nos anos anteriores, com ganhos salariais para os trabalhadores. Dados<br />

recentes indicam que essa tendência <strong>de</strong>ve se manter.<br />

O Estado <strong>de</strong> S.Paulo, Editorial, 12/4/2008.<br />

Em relação às idéias e às estruturas do texto acima, julgue os itens seguintes.<br />

91.(PREF.MUNIC.TERES./AGENTE FISCAL/18/05/2008) De acordo com as informações do texto, o<br />

número <strong>de</strong> empregados vem crescendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- --------<br />

1<br />

Uma <strong>de</strong>cisão singular <strong>de</strong> um juiz da Vara <strong>de</strong> Execuções Criminais <strong>de</strong> Tupã, pequena<br />

cida<strong>de</strong> a 534 km da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, impondo critérios bastante e rígidos para que os<br />

estabelecimentos penais da região possam receber novos presos, confirma a dramática dimensão<br />

da crise do sistema prisional. A sentença <strong>de</strong>termina, entre outras medi<strong>das</strong>, que as penitenciárias<br />

5 somente acolham presos que residam em um raio <strong>de</strong> 200 km.<br />

Segundo o juiz, as medi<strong>das</strong> que tomou são previstas pela Lei <strong>de</strong> Execução Penal e<br />

objetivam acabar com a violação dos direitos humanos da população carcerária e ―abrir o <strong>de</strong>bate a<br />

respeito da regionalização dos presídios‖. Ele alega que muitos presos <strong>das</strong> penitenciárias da região<br />

9 são <strong>de</strong> famílias pobres da Gran<strong>de</strong> São Paulo, que não dispõem <strong>de</strong> condições financeiras para visitálos<br />

semanalmente, o que prejudica o trabalho <strong>de</strong> reeducação e <strong>de</strong> ressocialização.<br />

Sua sentença foi muito elogiada. Contudo, o governo estadual anunciou que irá recorrer<br />

ao Tribunal <strong>de</strong> Justiça, sob a alegação <strong>de</strong> que, se os estabelecimentos penais não pu<strong>de</strong>rem receber<br />

13 mais presos, os juízes <strong>das</strong> varas <strong>de</strong> execuções não po<strong>de</strong>rão julgar réus acusados <strong>de</strong> crimes<br />

violentos, como homicídio, latrocínio, seqüestro ou estupro. Além disso, as autorida<strong>de</strong>s carcerárias<br />

alegam que a <strong>de</strong>cisão impe<strong>de</strong> a distribuição <strong>de</strong> integrantes <strong>de</strong> uma quadrilha por diversos<br />

estabelecimentos penais, seja para evitar que continuem comandando seus ―negócios‖, seja para<br />

17 coibir a formação <strong>de</strong> facções criminosas.<br />

Com um <strong>de</strong>ficit <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 40 mil vagas e várias unida<strong>de</strong>s comportando o triplo <strong>de</strong> sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lotação, a já dramática crise do sistema prisional <strong>de</strong> São Paulo se agrava todos os<br />

dias. O mérito da sentença do juiz <strong>de</strong> Tupã, que dificilmente será confirmada em instância superior,<br />

21<br />

é o <strong>de</strong> refrescar a memória do governo sobre a urgência <strong>de</strong> uma solução para o problema.<br />

In: Estado <strong>de</strong> S. Paulo, 13/1/2008, p. A3 (com adaptações).<br />

Com referência às idéias do texto, julgue os itens.<br />

92.(P.M. VILA VELHA-ES/TÉC ADMINISTRAÇÃO/24/02/2008) De acordo com o texto, não ocorrem<br />

crimes violentos, como homicídio, latrocínio, seqüestro e estupro, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tupã.<br />

93.(P.M. VILA VELHA-ES/TÉC ADMINISTRAÇÃO/24/02/2008) Depreen<strong>de</strong>-se do texto que a crise do<br />

sistema prisional <strong>de</strong> São Paulo po<strong>de</strong> ser resolvida com a adoção <strong>de</strong> medi<strong>das</strong> que restrinjam o<br />

<strong>de</strong>slocamento dos presos e dos seus familiares.<br />

94.(P.M. VILA VELHA-ES/TÉC ADMINISTRAÇÃO/24/02/2008) Subenten<strong>de</strong>-se da leitura do terceiro<br />

parágrafo que o governo <strong>de</strong> São Paulo consi<strong>de</strong>ra inviável cumprir a sentença e recorrerá à instância<br />

superior.<br />

95.(P.M. VILA VELHA-ES/TÉC ADMINISTRAÇÃO/24/02/2008) De acordo com o terceiro parágrafo do<br />

texto, o encarceramento <strong>de</strong> criminosos em diferentes penitenciárias possibilita a <strong>de</strong>smobilização <strong>de</strong><br />

quadrilhas.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

―Sua sentença foi muito elogiada. Contudo, o governo estadual anunciou que irá recorrer ao Tribunal <strong>de</strong><br />

Justiça, sob a alegação <strong>de</strong> que, se os estabelecimentos penais não pu<strong>de</strong>rem receber mais presos, os<br />

juízes <strong>das</strong> varas <strong>de</strong> execuções não po<strong>de</strong>rão julgar réus acusados <strong>de</strong> crimes violentos, como homicídio,<br />

latrocínio, seqüestro ou estupro. Além disso, as autorida<strong>de</strong>s carcerárias alegam que a <strong>de</strong>cisão impe<strong>de</strong> a<br />

distribuição <strong>de</strong> integrantes <strong>de</strong> uma quadrilha por diversos estabelecimentos penais, seja para evitar que<br />

continuem comandando seus ―negócios‖, seja para coibir a formação <strong>de</strong> facções criminosas.‖<br />

96.(P.M. VILA VELHA-ES/TÉC ADMINISTRAÇÃO/24/02/2008) Segundo o autor do texto, a sentença<br />

salienta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma solução para a grave situação do sistema prisional <strong>de</strong> São Paulo.<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

10<br />

13<br />

17<br />

22<br />

O nosso planeta azul vive um paradoxo dramático: embora dois terços da superfície da<br />

Terra sejam cobertos <strong>de</strong> água, uma em cada três pessoas não dispõe <strong>de</strong>sse líquido em quantida<strong>de</strong><br />

suficiente para aten<strong>de</strong>r às suas necessida<strong>de</strong>s básicas. Se o padrão atual <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> consumo<br />

for mantido, calcula-se que essa proporção subirá para dois terços da população mundial em 2050.<br />

A explicação para o paradoxo é a seguinte: a água é um recurso renovável pelo ciclo natural da<br />

evaporação-chuva e distribuído com fartura na maior parte da superfície do planeta, mas a ação<br />

humana afeta, <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva, a renovação natural dos recursos hídricos. Em certas regiões do<br />

mundo, como o norte da China, o oeste dos Estados Unidos da América e o Lago Cha<strong>de</strong>, na África,<br />

a água está sendo consumida em ritmo mais rápido do que po<strong>de</strong> ser renovada. Estima-se que 50%<br />

dos rios do mundo estejam poluídos por esgotos, <strong>de</strong>jetos industriais e agrotóxicos. Calcula-se,<br />

ainda, que 30% <strong>das</strong> maiores bacias hidrográficas per<strong>de</strong>ram mais da meta<strong>de</strong> da cobertura vegetal<br />

original, o que levou à redução da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água.<br />

Nos últimos 100 anos, a população do planeta quadruplicou, enquanto a <strong>de</strong>manda por<br />

água se multiplicou por oito. Estima-se que a humanida<strong>de</strong> use atualmente meta<strong>de</strong> <strong>das</strong> fontes <strong>de</strong><br />

água doce do planeta. Em quarenta anos, utilizará perto <strong>de</strong> 80%. Apenas 1% <strong>de</strong> toda a água<br />

existente no planeta é apropriado para beber ou ser usado na agricultura. O restante correspon<strong>de</strong> à<br />

água salgada dos mares (97%) e ao gelo nos pólos e no alto <strong>das</strong> montanhas. Administrar essa cota<br />

<strong>de</strong> água doce já <strong>de</strong>sperta preocupação. Os especialistas costumam alinhar duas soluções principais<br />

para evitar a escassez <strong>de</strong> água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, própria para o consumo humano: cobrar mais pelo<br />

uso do recurso e investir no tratamento dos esgotos. O objetivo <strong>de</strong> cobrar mais é evitar o<br />

<strong>de</strong>sperdício, enquanto o tratamento do esgoto possibilita a <strong>de</strong>volução da água à natureza e sua<br />

reutilização. Fica a esperança <strong>de</strong> que não faltará água, se soubermos usá-la.<br />

Veja, jan./2008, p. 87-90 (com adaptações).<br />

Com relação às idéias e características do texto acima, julgue os itens a seguir.<br />

97. (P.M. VILA VELHA-ES/GESTÃO PÚBLICA/24/02/2008) De acordo com o texto, 98% da superfície<br />

da Terra correspon<strong>de</strong>m a recursos hídricos renováveis, consi<strong>de</strong>rando-se, nessa porcentagem, as bacias<br />

hidrográficas.<br />

98. (P.M. VILA VELHA-ES/GESTÃO PÚBLICA/24/02/2008) Em 2050, <strong>de</strong> acordo com o texto, se não<br />

houver alteração no padrão <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> água, o número <strong>de</strong> pessoas sem acesso a água para<br />

aten<strong>de</strong>r as suas necessida<strong>de</strong>s básicas será duplicado.<br />

99. (P.M. VILA VELHA-ES/GESTÃO PÚBLICA/24/02/2008) O emprego <strong>de</strong> dados estatísticos e<br />

exemplos, com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar a curiosida<strong>de</strong> do leitor e favorecer a argumentação, caracteriza o<br />

texto como narrativo.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------<br />

1<br />

9<br />

Lembrei-me <strong>de</strong> uma entrevista que tive com uma jornalista.<br />

―Qual o seu sonho <strong>de</strong> consumo?‖, ela perguntou.<br />

―Acreditar em Deus‖, eu disse.<br />

―Isto mudaria alguma coisa?‖<br />

―Talvez mu<strong>das</strong>se o meu estilo. Minha linguagem é assindética, cheia <strong>de</strong> elipses <strong>de</strong><br />

conjunção. A fé tornaria meu estilo hiperbólico, polissindético.‖ Etc. Na época, pensei que estava<br />

brincando. (...)<br />

Meu sonho <strong>de</strong> consumo, eu sabia agora, era a liberda<strong>de</strong>. O ser humano se caracteriza, na<br />

verda<strong>de</strong>, por uma estupi<strong>de</strong>z. Ele só <strong>de</strong>scobre que um bem é fundamental quando <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> possuílo.<br />

Preso naquele porão, eu <strong>de</strong>scobria que a liberda<strong>de</strong> mais importante que existia era a liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ir e vir, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento. Eu tinha to<strong>das</strong> as outras liberda<strong>de</strong>s, preso no porão — <strong>de</strong><br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

pensar, <strong>de</strong> xingar meus captores, <strong>de</strong> ter uma religião (caso quisesse uma), <strong>de</strong> escolher minhas<br />

convicções políticas. Tinha liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sonhar. Contudo, <strong>de</strong> que me adiantava isso, se estava<br />

preso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um porão?<br />

Rubem Fonseca. Vastas emoções e pensamentos imperfeitos.<br />

São Paulo: Schwarcz, 2003, p. 227 (com adaptações).<br />

Acerca <strong>das</strong> idéias e dos aspectos lingüísticos do texto, julgue os itens a seguir.<br />

100. (P.M. VILA VELHA-ES/GESTÃO PÚBLICA/24/02/2008) O autor do texto <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a idéia <strong>de</strong> que a<br />

crença em Deus torna o ser humano capaz <strong>de</strong> avaliar a importância dos bens que possui.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

9<br />

As vivências do tempo e do espaço constituem dimensões fundamentais <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as<br />

experiências humanas. O ser, <strong>de</strong> modo geral, só é possível nas dimensões reais e objetivas do<br />

espaço e do tempo. Portanto, o tempo e o espaço são, ao mesmo tempo, condicionantes<br />

fundamentais do universo e estruturantes básicos da experiência humana. Para o físico Newton e<br />

para o filósofo Leibnitz, o espaço e o tempo se produzem exclusivamente fora do homem e têm uma<br />

realida<strong>de</strong> objetiva plena. São realida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do ser humano. Em contraposição a essa<br />

noção, Kant <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o espaço e o tempo são dimensões básicas que possibilitam todo e<br />

qualquer conhecimento, intrínsecas ao ser humano enquanto ser cognoscente. Em sua opinião, não<br />

se po<strong>de</strong> conhecer realmente nada que exista fora do tempo e do espaço.<br />

Paulo Dalgalarrondo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos<br />

mentais. Porto Alegre: ARTMED, 2000, p. 77 (com adaptações)<br />

A relação entre as estruturas linguísticas e as i<strong>de</strong>ias do texto mostra que<br />

101. (SEAD/CEHAP/PB/CARGOS N. SUPERIOR/15/02/2009)B o tempo é o condicionante fundamental<br />

do universo; o espaço é o estruturante básico da experiência humana.<br />

102. (SEAD/CEHAP/PB/CARGOS N. SUPERIOR/15/02/2009)C o tempo ter ―realida<strong>de</strong> objetiva plena‖<br />

(linha 6) significa possibilitar ―todo e qualquer conhecimento‖ (linha 7-8).<br />

―Para o físico Newton e para o filósofo Leibnitz, o espaço e o tempo se produzem exclusivamente fora<br />

do homem e têm uma realida<strong>de</strong> objetiva plena. São realida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do ser humano. Em<br />

contraposição a essa noção, Kant <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o espaço e o tempo são dimensões básicas que<br />

possibilitam todo e qualquer conhecimento, intrínsecas ao ser humano enquanto ser cognoscente.‖<br />

103. (SEAD/CEHAP/PB/CARGOS N. SUPERIOR/15/02/2009)D a expressão ―Em sua opinião‖ (linha 8)<br />

remete às opiniões <strong>de</strong> Newton, Leibnitz e Kant.<br />

―Para o físico Newton e para o filósofo Leibnitz, o espaço e o tempo se produzem exclusivamente fora<br />

do homem e têm uma realida<strong>de</strong> objetiva plena. São realida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do ser humano. Em<br />

contraposição a essa noção, Kant <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o espaço e o tempo são dimensões básicas que<br />

possibilitam todo e qualquer conhecimento, intrínsecas ao ser humano enquanto ser cognoscente. Em<br />

sua opinião, não se po<strong>de</strong> conhecer realmente nada que exista fora do tempo e do espaço.‖<br />

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

3<br />

6<br />

10<br />

13<br />

Em nosso continente, a colonização espanhola caracterizou-se largamente pelo que faltou<br />

à portuguesa: por uma aplicação insistente em assegurar o predomínio militar, econômico e político<br />

da metrópole sobre as terras conquista<strong>das</strong>, mediante a criação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s núcleos <strong>de</strong> povoação<br />

estáveis e bem or<strong>de</strong>nados. Um zelo minucioso e previ<strong>de</strong>nte dirigiu a fundação <strong>das</strong> cida<strong>de</strong>s<br />

espanholas na América.<br />

Já à primeira vista o próprio traçado dos centros urbanos <strong>de</strong>nuncia o esforço <strong>de</strong>terminado<br />

<strong>de</strong> vencer e retificar a fantasia caprichosa da paisagem agreste: é um ato <strong>de</strong>finido da vonta<strong>de</strong><br />

humana. As ruas não se <strong>de</strong>ixam mo<strong>de</strong>lar pela sinuosida<strong>de</strong> e pelas asperezas do solo: impõem-lhes<br />

antes o acento voluntário da linha reta. O plano regular não nasce, aqui, nem ao menos <strong>de</strong> uma<br />

i<strong>de</strong>ia religiosa, como a que inspirou a construção <strong>das</strong> cida<strong>de</strong>s do Lácio e mais tar<strong>de</strong> a <strong>das</strong><br />

colônias romanas <strong>de</strong> acordo com o rito etrusco; foi simplesmente um triunfo da aspiração<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>nar e dominar o mundo conquistado. O traço retilíneo, em que se exprime a direção da<br />

vonta<strong>de</strong> a um fim previsto e eleito, manifesta bem essa <strong>de</strong>liberação.<br />

Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda. Raízes do Brasil. São Paulo:<br />

Companhia <strong>das</strong> Letras, 2000, p. 95-6 (com adaptações).<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 30


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

104. (SEAD/CEHAP/PB/CARGOS N. SUPERIOR/15/02/2009) Com referência às i<strong>de</strong>ias do texto, julgue<br />

os seguintes itens.<br />

I Os estáveis núcleos <strong>de</strong> povoação criados pela colonização portuguesa tinham por objetivo assegurar o<br />

domínio da metrópole sobre a colônia.<br />

II Nos casos em que a vonta<strong>de</strong> humana vence a força da natureza, o traçado dos centros urbanos é<br />

retilíneo e regular.<br />

III A organização <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s estáveis e bem or<strong>de</strong>na<strong>das</strong> teve inspiração religiosa, com a aspiração <strong>de</strong><br />

dominar a natureza.<br />

Assinale a opção correta.<br />

A Apenas o item I está certo.<br />

B Apenas o item II está certo.<br />

C Apenas os itens I e III estão certos.<br />

D Apenas os itens II e III estão certos.<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

11<br />

A Bolsa <strong>de</strong> Londres estava batendo todos os recor<strong>de</strong>s. As ações subiam tanto, que um<br />

dos investidores <strong>de</strong>sconfiou: aquilo po<strong>de</strong>ria ser uma bolha, ou seja, um período <strong>de</strong> otimismo<br />

exagerado e insustentável. Mas ele não resistiu e colocou seu dinheiro no mercado. Até que o pior<br />

aconteceu: a bolha estourou e nosso amigo per<strong>de</strong>u todo o dinheiro. O ano era 1720 e o investidor<br />

ninguém menos que o físico Isaac Newton.<br />

Falido e perplexo, o homem que <strong>de</strong>scobriu a lei da gravida<strong>de</strong>, conjecturou: ―consigo<br />

calcular os movimentos dos corpos celestes, mas não a loucura dos homens‖. Po<strong>de</strong> ser discurso <strong>de</strong><br />

mau per<strong>de</strong>dor, mas na verda<strong>de</strong> foi uma gran<strong>de</strong> sacada. Sem saber, Newton estava prevendo a<br />

criação <strong>de</strong> uma nova ciência, cujas <strong>de</strong>scobertas po<strong>de</strong>m ajudar a enten<strong>de</strong>r a crise atual: a<br />

neuroeconomia, que vasculha a mente humana em busca <strong>de</strong> explicações para o comportamento do<br />

mercado. Superinteressante, nov./2008, p. 93 (com adaptações).<br />

O texto acima constitui matéria <strong>de</strong> revista publicada em novembro <strong>de</strong> 2008. A partir da leitura<br />

interpretativa <strong>de</strong>sse texto e dos conhecimentos <strong>de</strong> tipologia textual, julgue os itens a seguir.<br />

105. (SEBRAE-BA/CARGOS N. SUPERIOR/30/11/2008) O texto trata dos recentes acontecimentos<br />

que geraram a atual crise <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> econômica mundial.<br />

106. (SEBRAE-BA/CARGOS N. SUPERIOR/30/11/2008) Porque vem após um verbo <strong>de</strong> elocução,<br />

seguido por dois pontos, a passagem ―consigo calcular os movimentos dos corpos celestes, mas não a<br />

loucura dos homens‖ é afirmativa <strong>de</strong>scritiva.<br />

―Falido e perplexo, o homem que <strong>de</strong>scobriu a lei da gravida<strong>de</strong>, conjecturou: ―consigo calcular os<br />

movimentos dos corpos celestes, mas não a loucura dos homens‖.<br />

107. (SEBRAE-BA/CARGOS N. SUPERIOR/30/11/2008) Segundo o texto, a <strong>de</strong>scoberta da<br />

neuroeconomia <strong>de</strong>ve-se à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observação e <strong>de</strong> experimentação do gran<strong>de</strong> físico inglês Isaac<br />

Newton.<br />

108. (SEBRAE-BA/CARGOS N. SUPERIOR/30/11/2008) Deduz-se que a neuroeconomia é uma<br />

ciência recente, cujo objetivo é explicar o comportamento do mercado, a partir da observação funcional<br />

da mente humana.<br />

1<br />

4<br />

6<br />

Com as últimas experiências em laboratórios e técnicas <strong>de</strong> mapeamento do cérebro, já é<br />

possível prever as atitu<strong>de</strong>s <strong>das</strong> pessoas ao lidar com dinheiro. Um exemplo disso é o ―ultimatum<br />

game‖, um jogo que foi criado por psiquiatras para enten<strong>de</strong>r a dinâmica dos mercados. Pelas<br />

reações <strong>das</strong> pessoas jogando, nega-se a hipótese <strong>de</strong> que ganhar algum dinheiro é melhor do que<br />

nada. As pessoas costumam rejeitar ofertas muito baixas e ficar sem dinheiro, mas fazem questão<br />

<strong>de</strong> prejudicar o adversário ganancioso.<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 31


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

A partir <strong>de</strong>sse conjunto <strong>de</strong> informações, julgue os itens quanto ao sentido e quanto ao emprego<br />

da norma-padrão da língua portuguesa.<br />

109. (SEBRAE-BA/CARGOS N. SUPERIOR/30/11/2008) No primeiro período do texto, informa-se que<br />

são previsíveis as atitu<strong>de</strong>s <strong>das</strong> pessoas ao lidar com dinheiro.<br />

―Com as últimas experiências em laboratórios e técnicas <strong>de</strong> mapeamento do cérebro, já é possível<br />

prever as atitu<strong>de</strong>s <strong>das</strong> pessoas ao lidar com dinheiro.‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------<br />

1<br />

5<br />

9<br />

Consciência empresarial<br />

As ações cidadãs conquistam espaço entre os empresários do Distrito Fe<strong>de</strong>ral. Segundo<br />

pesquisa da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, cerca <strong>de</strong> 82% <strong>das</strong> micro e pequenas empresas locais atuam<br />

com responsabilida<strong>de</strong> social. ―A prática constitui uma ética empresarial, voltada para o público<br />

interno e externo, e trata-se <strong>de</strong> uma cartilha moral‖, conceitua o diretor-executivo do portal<br />

www.responsabilida<strong>de</strong>social.com. O empresário R. M. a<strong>de</strong>riu à idéia. Implantou na sua mercearia a<br />

opção <strong>de</strong> sacola <strong>de</strong> algodão como alternativa ao saco <strong>de</strong> plástico. Na gráfica XYZ, as idéias viraram<br />

projeto <strong>de</strong> logomarca: ―Por um mundo melhor‖. Pequenas mudanças foram reverti<strong>das</strong> em economia.<br />

A gráfica recicla todo o papel não usado, o dinheiro vai para uma conta que reúne donativos para<br />

instituições diversas encarrega<strong>das</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r pessoas <strong>de</strong> baixa renda.<br />

A partir do texto acima, julgue os itens que se seguem.<br />

Correio Braziliense, 3/2/2008 (com adaptações).<br />

110. (SEBRAE/TRAINEE/09/03/2008) Depreen<strong>de</strong>-se do <strong>de</strong>senvolvimento do texto que ―idéia‖ (linha 5)<br />

remete à prática <strong>de</strong> ―responsabilida<strong>de</strong> social‖ (linha 3), que, por sua vez, é caracterizada como ação<br />

cidadã.<br />

―Segundo pesquisa da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, cerca <strong>de</strong> 82% <strong>das</strong> micro e pequenas empresas locais<br />

atuam com responsabilida<strong>de</strong> social. ―A prática constitui uma ética empresarial, voltada para o público<br />

interno e externo, e trata-se <strong>de</strong> uma cartilha moral‖, conceitua o diretor-executivo do portal<br />

www.responsabilida<strong>de</strong>social.com. O empresário R. M. a<strong>de</strong>riu à idéia.‖<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

3<br />

6<br />

8<br />

Quando surgiu a preocupação ética no homem? Em que momento da sua história sentiu o<br />

ser humano a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer regras <strong>de</strong>finindo o certo e o errado? O que o levou a<br />

reconhecer a importância e indispensabilida<strong>de</strong> da fixação <strong>de</strong> normas e padrões valorativos a serem<br />

seguidos por todos? Estas indagações, possivelmente existentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o homem começou a<br />

pensar, têm ocupado o tempo e o esforço <strong>de</strong> elaboração dos filósofos ao longo dos séculos. O fato<br />

é que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os seus primórdios, as coletivida<strong>de</strong>s humanas não apenas pactuaram normas <strong>de</strong><br />

convivência social, mas também foram corporificando um conjunto <strong>de</strong> conceitos e princípios<br />

orientadores da conduta no que tange ao campo ético-moral.<br />

Ivan <strong>de</strong> Araújo Moura Fé. Desafios éticos. Brasília: Conselho<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medicina, 1993, p. 9 (com adaptações).<br />

Consi<strong>de</strong>rando o <strong>de</strong>senvolvimento da argumentação e aspectos lingüísticos do texto acima,<br />

julgue os itens a seguir.<br />

111. (SEBRAE/TRAINEE/09/03/2008) Constitui resposta coerente e gramaticalmente correta para as<br />

perguntas iniciais do texto: A preocupação ética, que, possivelmente, surgiu assim que o homem<br />

começou a pensar, correspon<strong>de</strong> à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estabelecerem normas coletivas <strong>de</strong><br />

comportamento, que <strong>de</strong>finem o certo e o errado.<br />

―Quando surgiu a preocupação ética no homem? Em que momento da sua história sentiu o ser humano<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer regras <strong>de</strong>finindo o certo e o errado? O que o levou a reconhecer a<br />

importância e indispensabilida<strong>de</strong> da fixação <strong>de</strong> normas e padrões valorativos a serem seguidos por<br />

todos?‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 32


1<br />

4<br />

8<br />

11<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

O que é razoável, para os indivíduos e a socieda<strong>de</strong>, brota <strong>de</strong> um consenso resultante da<br />

comunicação dialógica. O conceito <strong>de</strong> razão só faz sentido como razão dialógica. A razão resulta<br />

daquilo que, em um contexto social vivido e compartilhado por atores lingüisticamente competentes,<br />

po<strong>de</strong> ser elaborado como querido e aceito por todos. Nessa acepção, razão e verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong><br />

ser valores absolutos para se transformarem em valores temporariamente válidos, <strong>de</strong> acordo com o<br />

veredicto dos atores envolvidos na situação, os quais estabelecem consensualmente o processo<br />

pelo qual a verda<strong>de</strong> e a razão po<strong>de</strong>m ser conquista<strong>das</strong> em um contexto dado.<br />

A razão comunicativa e a nova concepção <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> que <strong>de</strong>la <strong>de</strong>corre não são, por isso<br />

mesmo, encara<strong>das</strong> como uma utopia que aguar<strong>de</strong> in<strong>de</strong>finidamente sua concretização social, mas<br />

como realida<strong>de</strong>s sociais que, apesar <strong>de</strong> ainda esparsamente institucionaliza<strong>das</strong>, já fazem parte do<br />

nosso cotidiano nos mais diferentes níveis.<br />

Bárbara Freitag. A teoria crítica ontem e hoje. São<br />

Paulo: Brasiliense, 1988, p. 112-3 (com adaptações).<br />

Em relação aos sentidos e aspectos lingüísticos do texto acima, julgue os próximos itens.<br />

112. (SEBRAE/TRAINEE/09/03/2008) De acordo com a argumentação do texto, razão e verda<strong>de</strong> são<br />

valores temporariamente válidos, porque são dialógicas e resultam <strong>de</strong> uma aceitação consensual em<br />

realida<strong>de</strong>s sociais permea<strong>das</strong> pela comunicação dialógica.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -----<br />

Planeta Favela — novo livro <strong>de</strong> Mike Davis<br />

1<br />

A imagem da metrópole no século XX é a dos arranha-céus e <strong>das</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

emprego, mas Planeta Favela leva o leitor para uma viagem ao redor do mundo pela realida<strong>de</strong> dos<br />

cenários <strong>de</strong> pobreza on<strong>de</strong> vive a maioria dos habitantes <strong>das</strong> megacida<strong>de</strong>s do século XXI.<br />

O urbanista norte-americano Mike Davis investiga as origens do crescimento vertiginoso<br />

5 da população em moradias precárias a partir dos anos 80 na América Latina, na África, na Ásia e no<br />

antigo bloco soviético. Combinando erudição acadêmica e conhecimento in loco <strong>das</strong> áreas pobres<br />

<strong>das</strong> gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, Davis traz a história da expansão <strong>das</strong> metrópoles do Terceiro Mundo,<br />

analisando os paralelos entre as políticas econômicas e urbanas <strong>de</strong>fendi<strong>das</strong> pelo FMI e pelo Banco<br />

9 Mundial e suas consequências <strong>de</strong>sastrosas nas gecekondus <strong>de</strong> Istambul (Turquia), nas <strong>de</strong>sakotas<br />

<strong>de</strong> Accra (Gana) ou nos barrios <strong>de</strong> Caracas (Venezuela), alguns dos nomes locais para as<br />

aproximadamente 200 mil favelas existentes no planeta.<br />

Além <strong>das</strong> estatísticas, o autor revela as histórias trágicas que os dados frios não mostram,<br />

13 como as crianças abandona<strong>das</strong> pelas famílias nas ruas <strong>de</strong> Kinshasa (Congo), por serem<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> ―feiticeiras‖, ou a nuvem <strong>de</strong> gás letal expelida pela fábrica da Union Carbi<strong>de</strong> na Índia,<br />

que causou a morte <strong>de</strong> aproximadamente 22 mil habitantes <strong>de</strong> barracos nos arredores da unida<strong>de</strong><br />

da empresa, que não tinham informação sobre os riscos ou opção <strong>de</strong> morar em outro local.<br />

17 O livro traça um retrato da nova geografia humana <strong>das</strong> metrópoles, em que algumas ―ilhas<br />

<strong>de</strong> riqueza‖ florescem em torres <strong>de</strong> escritório ou condomínios fortificados que imitam os bairros do<br />

subúrbio norte-americano, separados da crescente população favelada por muros e exércitos<br />

privados, mas conectados entre si por autoestra<strong>das</strong>, aeroportos, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação e pelo<br />

21 consumo <strong>das</strong> marcas globais. Como coloca o autor, citando, entre outros, o Alphaville, são enclaves<br />

constituídos como ―parques temáticos‖ <strong>de</strong>slocados da sua realida<strong>de</strong> social, mas integrados na<br />

globalização, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser cidadão do seu próprio país para ser um ―patriota da riqueza,<br />

24 nacionalista <strong>de</strong> um afluente e dourado lugar-nenhum‖, como os classifica o urbanista Jeremy<br />

Seabrook, citado no livro.<br />

Davis explora a natureza <strong>de</strong>sse novo contexto do conflito <strong>de</strong> classes, entre os que vivem<br />

27 <strong>de</strong>ntro dos muros, como em uma ―cida<strong>de</strong> medieval‖, e a ―humanida<strong>de</strong> exce<strong>de</strong>nte‖, que vive fora<br />

<strong>de</strong>la. Um ―proletariado informal‖, ainda não compreendido pelo marxismo clássico e tampouco pelo<br />

neoliberalismo.<br />

Se a globalização da riqueza é constantemente celebrada pelos seus entusiastas, em<br />

31 Planeta Favela Mike Davis mostra o outro — e imenso — lado da história: as sincronias e<br />

semelhanças nada aci<strong>de</strong>ntais no crescimento da pobreza no mundo.<br />

A edição brasileira traz ainda um posfácio da urbanista Erminia Maricato que dialoga com<br />

34<br />

a obra <strong>de</strong> Davis e um ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> fotografias <strong>de</strong> favelas brasileiras <strong>de</strong> André Cypriano.<br />

Internet: (com adaptações).<br />

Com base no texto, julgue os itens a seguir.<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 33


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

113. (SEFAZ-ES/CONS. EXECUTIVO/08/02/2008) O texto informa que o livro Planeta Favela parte do<br />

pressuposto <strong>de</strong> que a favelização do mundo é um fenômeno que remonta ao século XIX.<br />

114. (SEFAZ-ES/CONS. EXECUTIVO/08/02/2008) O livro Planeta Favela mostra que há um outro lado<br />

da globalização, que é a contraface do espetáculo da riqueza mundializada.<br />

115. (SEFAZ-ES/CONS. EXECUTIVO/08/02/2008) O texto é predominantemente informativo, com<br />

alguns trechos <strong>de</strong> avaliação sutil do valor da obra e do trabalho <strong>de</strong> Mike Davis.<br />

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

10<br />

14<br />

19<br />

Procuram-se novos especialistas<br />

Analistas <strong>de</strong> palavra-chave, arquitetos da informação e cientistas do exercício são alguns<br />

dos novos <strong>prof</strong>issionais que, ainda raros no Brasil, começam a ser bastante requisitados por certas<br />

empresas.<br />

Muitas <strong>de</strong>ssas ocupações estão liga<strong>das</strong> à área <strong>de</strong> tecnologia, cujo avanço permanente<br />

cria novas <strong>de</strong>man<strong>das</strong> por gente mais especializada. Um analista <strong>de</strong> palavra-chave, por exemplo,<br />

tem a única missão <strong>de</strong> combinar as palavras <strong>de</strong> um sítio <strong>de</strong> modo que as ferramentas <strong>de</strong> busca o<br />

situem, sempre, entre os primeiros da lista. Em uma outra frente, surgiram funções relativas a<br />

assuntos ambientais, como a do consultor <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, <strong>prof</strong>issional que, entre outras coisas,<br />

faz estudos <strong>de</strong> impacto sobre o ambiente. É algo básico para muitos negócios.<br />

Entre os novos tipos <strong>de</strong> <strong>prof</strong>issional que hoje mais <strong>de</strong>spertam interesse nas empresas<br />

estão também: o arquiteto da informação, responsável por organizar o conteúdo dos sítios para que<br />

as pessoas encontrem as informações com facilida<strong>de</strong> e façam suas compras na re<strong>de</strong> sem que esse<br />

seja um processo <strong>de</strong>morado <strong>de</strong>mais; o cientista do exercício, que elabora um plano completo <strong>de</strong><br />

prevenção <strong>de</strong> doenças, no qual se incluem programas <strong>de</strong> condicionamento físico, para clientes <strong>de</strong><br />

planos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e para empregados <strong>de</strong> empresas; o gerente <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>, que, em um setor <strong>de</strong><br />

recursos humanos, é quem tem uma visão mais panorâmica do quadro <strong>de</strong> empregados,<br />

diagnosticando <strong>prof</strong>issionais que faltam às empresas; e o farmacoeconomista, cuja função é<br />

analisar a viabilida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong> um remédio, incluindo-se a <strong>de</strong>manda existente e a relação<br />

custo-benefício.<br />

Veja, 26/11/2008, p. 122-3 (com adaptações).<br />

Consi<strong>de</strong>rando as i<strong>de</strong>ias e aspectos linguísticos do texto acima, julgue os itens<br />

116. (SEGER-ES/CIÊNCIAS CONTÁBEIS/1/2/2008 ) Depreen<strong>de</strong>-se da leitura do texto que as<br />

ocupações <strong>prof</strong>issionais nele cita<strong>das</strong> já existem há muito tempo, mas só agora começam a ser<br />

reconheci<strong>das</strong> por empresas <strong>de</strong> tecnologia e <strong>de</strong> gestão ambiental.<br />

117. (SEGER-ES/CIÊNCIAS CONTÁBEIS/1/2/2008) Da leitura da última frase do texto <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se<br />

que ―a <strong>de</strong>manda existente e a relação custo-benefício‖ (linha 18-19) são parte do que o<br />

farmacoeconomista precisa analisar para chegar a uma conclusão sobre a ―viabilida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong><br />

um remédio‖ (linha 18).<br />

―o gerente <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>, que, em um setor <strong>de</strong> recursos humanos, é quem tem uma visão mais<br />

panorâmica do quadro <strong>de</strong> empregados, diagnosticando <strong>prof</strong>issionais que faltam às empresas; e o<br />

farmacoeconomista, cuja função é analisar a viabilida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong> um remédio, incluindo-se a<br />

<strong>de</strong>manda existente e a relação custo-benefício.‖<br />

1<br />

Este é o momento a<strong>de</strong>quado do resgate do <strong>prof</strong>essor como sujeito histórico <strong>de</strong><br />

transformação, porque se está atravessando uma conjuntura paradoxal: nunca se precisou e pediu<br />

tanto do <strong>prof</strong>essor e nunca se <strong>de</strong>u tão pouco a ele, do ponto <strong>de</strong> vista tanto da formação quanto da<br />

remuneração e <strong>das</strong> condições <strong>de</strong> trabalho. Todavia, há uma série <strong>de</strong> sugestões ao <strong>prof</strong>issional do<br />

magistério, para que mantenha uma conduta pedagógica transformadora, entre as quais se<br />

6<br />

encontram as abaixo lista<strong>das</strong>:<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 34


10<br />

14<br />

17<br />

22<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

I Abordar o conteúdo <strong>de</strong> forma diferenciada<br />

II Aten<strong>de</strong>r o aluno durante ativida<strong>de</strong>s em sala<br />

III Combater a competição entre os pares<br />

IV Consi<strong>de</strong>rar o conhecimento prévio dos estudantes<br />

V Dar liberda<strong>de</strong> ao aluno para escolher o momento para ser avaliado<br />

VI Desenvolver em aula a responsabilida<strong>de</strong> coletiva pela aprendizagem e disciplina<br />

VII Dialogar sobre dificulda<strong>de</strong>s (investigação) apresenta<strong>das</strong><br />

VIII Escolher bem o material didático<br />

IX Fazer contrato <strong>de</strong> trabalho com os alunos<br />

X Garantir clima <strong>de</strong> respeito em sala <strong>de</strong> aula<br />

XI Retomar os assuntos já apresentados<br />

XII Solicitar a colaboração dos aprendizes na elaboração <strong>de</strong> questões<br />

XIII Sugerir a leitura <strong>de</strong> livros, sem valer nota<br />

XIV Sugerir roteiros <strong>de</strong> orientação <strong>de</strong> estudo<br />

XV Trabalhar com metodologia interativa: grupos, seminários, jogos, estudo do meio,<br />

experimentação, problematização, temas geradores, projetos e monitoria.<br />

A partir <strong>das</strong> idéias e da estrutura <strong>de</strong>sse texto, julgue os itens<br />

Celso dos S. Vasconcellos. Para on<strong>de</strong> vai o <strong>prof</strong>essor —<br />

Resgate do <strong>prof</strong>essor como sujeito <strong>de</strong> transformação.<br />

São Paulo: Libertad, 2005 (com adaptações).<br />

118. (SEPLAG-DF/PROFESSOR/17/11/2008) De acordo com o autor do texto, apesar <strong>das</strong> condições<br />

adversas <strong>de</strong> trabalho, os <strong>prof</strong>essores mantêm conduta pedagógica transformadora, como <strong>de</strong>monstram<br />

as sugestões por eles apresenta<strong>das</strong>.<br />

119. (SEPLAG-DF/PROFESSOR/17/11/2008) O autor do texto expressa a idéia <strong>de</strong> que a baixa<br />

remuneração dos <strong>prof</strong>essores <strong>de</strong>ve-se principalmente à formação <strong>prof</strong>issional precária.<br />

120. (SEPLAG-DF/PROFESSOR/17/11/2008) No trecho ―Este é o momento a<strong>de</strong>quado‖ (linha 1), o autor<br />

está se referindo a um momento pré-eleitoral, como evi<strong>de</strong>nciam as <strong>de</strong>mais informações conti<strong>das</strong> no<br />

parágrafo.<br />

―Este é o momento a<strong>de</strong>quado do resgate do <strong>prof</strong>essor como sujeito histórico <strong>de</strong> transformação, porque<br />

se está atravessando uma conjuntura paradoxal: nunca se precisou e pediu tanto do <strong>prof</strong>essor e nunca<br />

se <strong>de</strong>u tão pouco a ele, do ponto <strong>de</strong> vista tanto da formação quanto da remuneração e <strong>das</strong> condições <strong>de</strong><br />

trabalho.‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -----<br />

1<br />

Na esteira da leitura do mundo pela palavra, vemos emergir uma tecnologia <strong>de</strong> linguagem<br />

cujo espaço <strong>de</strong> apreensão <strong>de</strong> sentido não é apenas composto por palavras, mas, junto com elas,<br />

encontramos sons, gráficos e diagramas, todos lançados sobre uma mesma superfície perceptual,<br />

4 amalgamados uns com os outros, formando um todo significativo e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> sentidos são<br />

complexamente disponibilizados aos navegantes do oceano digital. É assim o hipertexto. Com ele,<br />

ler o mundo tornou-se virtualmente 10 possível, haja vista que sua natureza imaterial o faz ubíquo por<br />

7 permitir que seja acessado em qualquer parte do planeta, a qualquer hora do dia e por mais <strong>de</strong> um<br />

leitor simultaneamente. O hipertexto concretiza a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tornar seu usuário um leitor<br />

inserido nas principais discussões em curso no mundo ou, se preferir, fazê-lo adquirir apenas uma<br />

10<br />

visão geral <strong>das</strong> gran<strong>de</strong>s questões do ser humano na atualida<strong>de</strong>. Certamente, o hipertexto exige do<br />

seu usuário muito mais que a mera <strong>de</strong>codificação <strong>das</strong> palavras que flutuam sobre a realida<strong>de</strong><br />

12 imediata.<br />

Antonio Carlos Xavier. Leitura, texto e hipertexto. In: L. A. Marcuschi e A. C. Xavier (Orgs.). Hipertexto e<br />

gêneros digitais, p. 171-2 (com adaptações).<br />

A partir do texto acima, julgue os itens<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 35


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

121. (SERPRO/ANALISTA/07/12/2008) Depreen<strong>de</strong>-se da argumentação do texto que a razão <strong>de</strong> a<br />

leitura do hipertexto ir além da ―mera <strong>de</strong>codificação <strong>das</strong> palavras‖ (linha 11) é ser ele composto também<br />

por um amálgama <strong>de</strong> ―sons, gráficos e diagramas‖ (linha 3).<br />

―Na esteira da leitura do mundo pela palavra, vemos emergir uma tecnologia <strong>de</strong> linguagem cujo espaço<br />

<strong>de</strong> apreensão <strong>de</strong> sentido não é apenas composto por palavras, mas, junto com elas, encontramos sons,<br />

gráficos e diagramas, todos lançados sobre uma mesma superfície perceptual, amalgamados uns com<br />

os outros, formando um todo significativo e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> sentidos são complexamente disponibilizados aos<br />

navegantes do oceano digital.<br />

(...)<br />

Certamente, o hipertexto exige do seu usuário muito mais que a mera <strong>de</strong>codificação <strong>das</strong> palavras que<br />

flutuam sobre a realida<strong>de</strong> imediata.‖<br />

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---<br />

4<br />

8<br />

No século XVIII, o Parlamento Inglês ofereceu uma pequena fortuna a quem inventasse<br />

uma forma que permitisse aos marinheiros calcular a longitu<strong>de</strong> em alto-mar. Quem levou o prêmio<br />

foi John Harrison, um <strong>de</strong>sconhecido relojoeiro do interior da Inglaterra. Ele criou o primeiro<br />

cronômetro marítimo, instrumento que revolucionou a navegação. Hoje, uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> sítios na<br />

Internet usa o mesmo princípio em benefício da inovação no mundo dos negócios. Na maioria<br />

<strong>de</strong>sses sítios, as empresas <strong>de</strong>screvem anonimamente um problema que não conseguem resolver e<br />

recebem propostas <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> cientistas, técnicos e outros interessados, muitos sem nenhuma<br />

formação acadêmica.<br />

Veja, 20/8/2008 (com adaptações<br />

Julgue os seguintes itens, a respeito <strong>das</strong> estruturas lingüísticas do texto acima.<br />

122. (SERPRO/ANALISTA/07/12/2008) A argumentação do texto mostra que a expressão ―o mesmo<br />

princípio‖ (linha 5) refere-se ao princípio científico <strong>de</strong> funcionamento do cronômetro marítimo.<br />

― Hoje, uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> sítios na Internet usa o mesmo princípio em benefício da inovação no mundo dos<br />

negócios.‖<br />

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

10<br />

12<br />

Se você é médico, ponha <strong>de</strong> lado aquele seu livrinho com o juramento <strong>de</strong> Hipócrates e<br />

aprenda a traduzir hieróglifos. Egiptólogos ingleses querem <strong>de</strong>stronar o grego conhecido como o pai<br />

da medicina e esperam coroar os sábios do Nilo, que o prece<strong>de</strong>ram em 1.000 anos. Para tanto,<br />

baseiam-se no conteúdo dos papiros em que são dita<strong>das</strong> substâncias e fórmulas usa<strong>das</strong> até hoje<br />

pela medicina. Na lista datada do meio do século XIX a.C., encontram-se produtos farmacêuticos<br />

como mel, resinas e alguns metais conhecidos como antibióticos para o tratamento <strong>de</strong> feri<strong>das</strong>. O<br />

importante é que isso indica que os egípcios tinham conhecimento da relação <strong>de</strong> causa e efeito <strong>de</strong><br />

cada produto e aplicavam a ciência da farmacêutica, que visa à cura pela mudança interna do corpo<br />

ativada por meio <strong>de</strong> substâncias terapêuticas. Em outras palavras, quase mil e quinhentos anos<br />

antes do esforço <strong>de</strong> racionalização e sistematização ocorrido na Grécia, a civilização egípcia já se<br />

aproximava <strong>de</strong> uma relação quase científica com o corpo humano, mesmo sob uma prática bastante<br />

ritualizada.<br />

Leituras da história. Ciência&Vida. Ano I –<br />

n.º 2. Editora Escala, p. 14 (com adaptações).<br />

Julgue os itens <strong>de</strong> , relativos à organização <strong>das</strong> idéias do texto acima.<br />

123. (SESA-ES/MÉDICO/10/08/2008) Pela direção argumentativa do texto, conclui-se que a instrução<br />

inicial, ―ponha <strong>de</strong> lado aquele seu livrinho‖ (linha1), constitui uma provocação para anunciar uma<br />

<strong>de</strong>scoberta que substituiria a reconhecida importância <strong>de</strong> Hipócrates como ―pai da medicina‖ (linha 2-3).<br />

―Se você é médico, ponha <strong>de</strong> lado aquele seu livrinho com o juramento <strong>de</strong> Hipócrates e aprenda a<br />

traduzir hieróglifos. Egiptólogos ingleses querem <strong>de</strong>stronar o grego conhecido como o pai da medicina e<br />

esperam coroar os sábios do Nilo, que o prece<strong>de</strong>ram em 1.000 anos.‖<br />

124. (SESA-ES/MÉDICO/10/08/2008) Os termos ―<strong>de</strong>stronar‖ (linha 2) e ―coroar‖ (linha 3) mostram que,<br />

na argumentação do texto, aquele que é visto como o ―pai da medicina‖ recebe consi<strong>de</strong>rações dignas <strong>de</strong><br />

um rei.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

―Se você é médico, ponha <strong>de</strong> lado aquele seu livrinho com o juramento <strong>de</strong> Hipócrates e aprenda a<br />

traduzir hieróglifos. Egiptólogos ingleses querem <strong>de</strong>stronar o grego conhecido como o pai da medicina e<br />

esperam coroar os sábios do Nilo, que o prece<strong>de</strong>ram em 1.000 anos.‖<br />

125. (SESA-ES/MÉDICO/10/08/2008) A argumentação do texto tece um paralelo entre as práticas <strong>de</strong><br />

medicina dos gregos e dos egípcios, como uma relação com o corpo humano que já apresenta traços<br />

<strong>de</strong> ciência.<br />

Julgue os seguintes itens quanto à correção gramatical e à coerência com as informações<br />

presta<strong>das</strong> acima.<br />

126. (SESA-ES/MÉDICO/10/08/2008) São características da cefaléia tensional: dor leve a mo<strong>de</strong>rada,<br />

que po<strong>de</strong> durar meia hora ou sete dias seguidos, e ausência <strong>de</strong> náuseas ou vômitos.<br />

127. (SESA-ES/MÉDICO/10/08/2008) A incidência da dor <strong>de</strong> cabeça, no Brasil é seis porcento mais<br />

branda <strong>de</strong> que no restante da população mundial.<br />

128. (SESA-ES/MÉDICO/10/08/2008) O Brasil é, na escala mundial, o quarto país a apresentar a<br />

cefaléia como comum entre a população; antes <strong>de</strong> nós aparecem a Dinamarca, com mais do dobro <strong>de</strong><br />

incidência, <strong>de</strong>pois vem os Estados Unidos e logo a seguir Alemanha e Brasil.<br />

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

Até hoje respondíamos à questão QUANDO COMEÇA A VIDA? <strong>das</strong> mais diversas<br />

maneiras, com a <strong>de</strong>spreocupação dos inconseqüentes. Isso mudou. As pesquisas com célulastronco<br />

embrionárias, que apontam para imensos recursos terapêuticos, exigem um mínimo acordo<br />

sobre o momento inicial da vida humana. Vida humana, disse, e não só vida, pois, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que uma<br />

célula esteja em movimento, em modificação <strong>de</strong> seu estado, há vida. Mas a vida humana, como<br />

precisar o seu primeiro momento? As varia<strong>das</strong> respostas indicam suas <strong>de</strong>pendências dos pontos<br />

<strong>de</strong> vista adotados. Não há consenso. Jorge Forbes. Welcome Congonhas, maio/2007, ano I, n.o 2 (com adaptações).<br />

Julgue os seguintes itens, a respeito da organização <strong>das</strong> idéias no texto acima.<br />

129. (SESA-ES/MÉDICO/10/08/2008) Depreen<strong>de</strong>-se da argumentação do texto que, apesar <strong>de</strong> não<br />

haver consenso a respeito do momento inicial da vida humana, o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>fendido pelo autor é o<br />

<strong>de</strong> que uma célula em movimento já caracteriza vida humana.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

A <strong>de</strong>gradação dos oceanos, provocada pela ação humana, alcançou níveis<br />

estarrecedores nas últimas déca<strong>das</strong>. O alerta foi publicado recentemente pela revista Science, a<br />

partir do estudo realizado por especialistas da Associação Americana para o Progresso da Ciência,<br />

chefiados pelo <strong>prof</strong>essor Ben Halpern, da Universida<strong>de</strong> da Califórnia. O trabalho resultou em um<br />

atlas dos oceanos, que reflete o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração causado pelo homem naquele habitat. Para se<br />

ter uma idéia da extensão dos estragos, apenas 4% dos mares da Terra ainda estão intactos.<br />

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11<br />

15<br />

18<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Entre as áreas mais afeta<strong>das</strong>, estão o Mar do Norte, o litoral chinês e a Costa Leste dos<br />

Estados Unidos da América (EUA). Mares interiores, como o Mediterrâneo, o Vermelho e o Golfo<br />

Pérsico, também estão em perigo. A conclusão a que indiretamente po<strong>de</strong>-se chegar é que, quanto<br />

maior a presença humana junto a uma região marítima, maior é sua <strong>de</strong>gradação ambiental.<br />

É importante sublinhar que três quartos do planeta são <strong>de</strong> oceanos e mares e que esses<br />

imensos reservatórios <strong>de</strong> água são responsáveis pela regulação da umida<strong>de</strong> atmosférica e do ciclo<br />

<strong>das</strong> chuvas, pela formação <strong>de</strong> nuvens e por abrigar mais <strong>de</strong> 250 mil espécies animais e vegetais. A<br />

<strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> um nicho ecológico tão complexo, portanto, representa risco para a própria<br />

sobrevivência da espécie humana. A pesca predatória (que reduz cardumes a números mínimos) e<br />

os cada vez mais freqüentes aci<strong>de</strong>ntes ecológicos (com enormes petroleiros <strong>de</strong>rramando óleo) são<br />

apontados pela Science como os maiores vilões dos sete mares. Cabe à humanida<strong>de</strong> refletir e agir<br />

em seu próprio bem.<br />

Jornal do Brasil, Editorial, 5/3/2008 (com adaptações).<br />

130. (SESI-SP/ANAL.PEDAGÓGICO/11/05/2008) Assinale a opção que está <strong>de</strong> acordo com as idéias<br />

do texto.<br />

A Mares interiores, como o Mediterrâneo, são menos afetados pela <strong>de</strong>gradação.<br />

B Oceanos e mares ocupam meta<strong>de</strong> do planeta.<br />

C A presença humana intensifica a <strong>de</strong>gradação dos oceanos e mares.<br />

D A pesca predatória não prejudica significativamente os mares e oceanos.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----<br />

1<br />

Os mais recentes estudos mostram que as células-tronco possuem potencial terapêutico<br />

para o combate a doenças cardiovasculares, neuro<strong>de</strong>generativas (mal <strong>de</strong> Alzheimer e doença <strong>de</strong><br />

Parkinson, por exemplo), diabetes, aci<strong>de</strong>ntes vasculares cerebrais, doenças hematológicas, traumas<br />

da medula espinhal e nefropatias.<br />

5<br />

Por um processo conhecido como diferenciação celular, tais células têm capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

se transformar em outros tecidos do corpo, entre os quais ossos, nervos, músculos e sangue. Não<br />

por outra razão, os cientistas as classificam <strong>de</strong> pluripotentes, uma vez que po<strong>de</strong>m ter emprego<br />

universalizante. No Brasil, a Lei <strong>de</strong> Biossegurança legalizou apenas a utilização <strong>de</strong> embriões<br />

9 inviáveis para o <strong>de</strong>senvolvimento em útero e os <strong>de</strong>scartados e congelados.Não está fora <strong>de</strong><br />

cogitação a utilização <strong>de</strong> outras células estaminais, como as adultas. São as encontra<strong>das</strong> em<br />

medula óssea, sangue, fígado, cordão umbilical e outros tecidos.O problema é que semelhantes<br />

variáveis possuem capacida<strong>de</strong> reprodutiva limitada. Servem para o tratamento <strong>de</strong> escasso número<br />

13 <strong>de</strong> disfunções físicas.<br />

Correio Braziliense, Editorial, 5/3/2008.<br />

131. (SESI-SP/ANAL.PEDAGÓGICO/11/05/2008) Assinale a opção que está <strong>de</strong> acordo com as idéias<br />

do texto.<br />

A As células estaminais possuem menor capacida<strong>de</strong> reprodutiva que as células-tronco.<br />

B Os embriões inviáveis para o <strong>de</strong>senvolvimento em útero não fornecem células-tronco.<br />

C O cordão umbilical é uma fonte <strong>de</strong> células-tronco pluripotentes e universalizantes.<br />

D As células-tronco são consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> pluripotentes porque têm capacida<strong>de</strong> reprodutiva limitada.<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

5<br />

8<br />

Foi divulgado um novo ranque <strong>de</strong> países segundo seu <strong>de</strong>sempenho na inovação<br />

científica. Mais uma vez, o Brasil permanece entalado no que parece ser uma incapacida<strong>de</strong> crônica<br />

<strong>de</strong> converter sua produção acadêmica em invenções que gerem patentes.<br />

Analisando-se isoladamente os dados relativos a pedidos <strong>de</strong> patentes internacionais, até<br />

que o país não se saiu muito mal. Em 2007, apresentamos 384 requisições, um aumento <strong>de</strong> 15,4%<br />

em relação ao ano anterior. Com isso, galgamos quatro posições e passamos a ocupar o 24.º lugar<br />

na lista dos 138 signatários do Tratado <strong>de</strong> Cooperação <strong>de</strong> Patentes.<br />

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12<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

O problema é que a colocação é incompatível seja com a produção científica nacional,<br />

seja com o tamanho da economia brasileira. O país é o 15.º do mundo na publicação <strong>de</strong> artigos<br />

científicos em periódicos <strong>de</strong> primeira linha e o 10.º na soma <strong>de</strong> todos os bens e serviços produzidos.<br />

O diagnóstico <strong>de</strong> que temos dificulda<strong>de</strong>s para levar a pesquisa acadêmica ao setor<br />

industrial não é novo. É preciso i<strong>de</strong>ntificar as falhas no sistema e eliminá-las. O Brasil não po<strong>de</strong><br />

conformar-se ao papel <strong>de</strong> exportador <strong>de</strong> commodities.<br />

Folha <strong>de</strong> S.Paulo, Editorial, 24/2/2008.<br />

132. (SESI-SP/ANAL.PEDAGÓGICO/11/05/2008) Assinale a opção em que a informação está <strong>de</strong><br />

acordo com as idéias do texto.<br />

A O fato <strong>de</strong> o Brasil não converter suas pesquisas em invenções que gerem patentes é um fato novo.<br />

B O número <strong>de</strong> requisições <strong>de</strong> patente permanece inalterado há vários anos.<br />

C A produção científica e a economia brasileira oferecem condições para que o país possa estar mais<br />

bem colocado no ranque da inovação científica.<br />

D O fato <strong>de</strong> o Brasil ser um exportador <strong>de</strong> commodities é que impe<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas<br />

patentes.<br />

133. (SESI-SP/ANAL.PEDAGÓGICO/11/05/2008) O texto apresenta um fato, e não uma opinião, no<br />

trecho<br />

A ―parece ser uma incapacida<strong>de</strong> crônica <strong>de</strong> converter sua produção acadêmica em invenções‖ (linha 2-<br />

3).<br />

―...Brasil permanece entalado no que parece ser uma incapacida<strong>de</strong> crônica <strong>de</strong> converter sua produção<br />

acadêmica em invenções que gerem patentes.‖<br />

B ―até que o país não se saiu muito mal‖ (linha 4-5).<br />

―Analisando-se isoladamente os dados relativos a pedidos <strong>de</strong> patentes internacionais, até que o país<br />

não se saiu muito mal.‖<br />

C ―O país é o 15.º do mundo na publicação <strong>de</strong> artigos científicos em periódicos <strong>de</strong> primeira linha‖ (linha<br />

9-10).<br />

―O país é o 15.º do mundo na publicação <strong>de</strong> artigos científicos em periódicos <strong>de</strong> primeira linha e o 10.º<br />

na soma <strong>de</strong> todos os bens e serviços produzidos.‖<br />

D ―O Brasil não po<strong>de</strong> conformar-se ao papel <strong>de</strong> exportador <strong>de</strong> commodities‖ (linha 12-13).<br />

―O Brasil não po<strong>de</strong> conformar-se ao papel <strong>de</strong> exportador <strong>de</strong> commodities.‖<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ --------------------<br />

<strong>Texto</strong> para as questões<br />

1<br />

6<br />

10<br />

14<br />

16<br />

Passar da condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>vedor à <strong>de</strong> credor internacional é fato inédito, mas não<br />

surpreen<strong>de</strong>nte. O anúncio feito pelo Banco Central representa o coroamento <strong>de</strong> longo esforço do<br />

governo para acabar com as sucessivas crises <strong>de</strong>correntes da dívida externa. Como qualquer<br />

gran<strong>de</strong> negócio, o assunto não se resolve <strong>de</strong> uma hora para outra nem com i<strong>das</strong> e vin<strong>das</strong>. Implica<br />

obe<strong>de</strong>cer a planejamento estratégico <strong>de</strong> longo prazo.<br />

No início da década passada, o Brasil <strong>de</strong>u o primeiro passo no sentido <strong>de</strong> encarar<br />

seriamente o endividamento externo. Deixando para trás medi<strong>das</strong> heterodoxas ou populistas, tão a<br />

gosto <strong>de</strong> políticos inexperientes ou se<strong>de</strong>ntos <strong>de</strong> popularida<strong>de</strong> fácil, a equipe econômica traçou<br />

medi<strong>das</strong> capazes <strong>de</strong> administrar o problema. Começou por tomar conhecimento do perfil da dívida.<br />

Em seguida, organizou-a. Finalmente, partiu para a renegociação. Paralelamente, flexibilizou o<br />

câmbio e zerou a dívida interna atrelada ao dólar.<br />

Estava, pois, adubado o terreno para a recomposição <strong>das</strong> reservas. O atual governo<br />

soube aproveitar o ciclo excepcional <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> mundial. Serviu-se do crédito farto, do<br />

crescimento do produto e do comércio planetários e do preço <strong>das</strong> exportações nacionais. Com<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

credibilida<strong>de</strong>, o país tornou-se mais atraente para os investimentos produtivos e obteve recursos<br />

para o mercado <strong>de</strong> capitais. Resultado: em 2006, o débito externo estava sob controle.<br />

Correio Braziliense, Editorial, 24/2/2008.<br />

134. (SESI-SP/ANAL.PEDAGÓGICO/11/05/2008) Com base nas idéias do texto, assinale a opção<br />

correta.<br />

A É surpreen<strong>de</strong>nte o fato <strong>de</strong> o Brasil passar da condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>vedor internacional para credor.<br />

B No Brasil, o controle do débito externo é resultado <strong>de</strong> um planejamento estratégico <strong>de</strong> longo prazo.<br />

C A administração do problema da dívida externa exigiu medi<strong>das</strong> heterodoxas e populistas do governo<br />

brasileiro.<br />

D O Brasil, porque se tornou credor, já não é mais atrativo para os investidores estrangeiros.<br />

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

10<br />

Sei que os jornais não são o lugar i<strong>de</strong>al para <strong>de</strong>nsas discussões teóricas. O que a maioria<br />

dos leitores quer encontrar na imprensa é a informação fresca, o comentário malicioso, a crônica, a<br />

reportagem.<br />

O mundo se tornou muito complicado. Precisamos <strong>de</strong> todos os meios para conhecê-lo um<br />

pouco menos precariamente. As pessoas recorrem à nossa frágil ciência, às nossas artes — tão<br />

ambíguas! — ou às religiões. E recorrem também aos jornais, às revistas, aos filmes, à televisão.<br />

No início do século 19, o filósofo Hegel chegou a dizer que a leitura dos jornais era ―a<br />

oração matinal do homem mo<strong>de</strong>rno‖. Hegel escrevia seus livros em uma linguagem difícil <strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>cifrada. Quando dirigiu um jornal, porém, na época <strong>de</strong> Napoleão, pediu aos seus colaboradores<br />

que se expressassem com simplicida<strong>de</strong>, para serem lidos pelo homem comum.<br />

Leandro Kon<strong>de</strong>r. Jornal do Brasil, Idéias, 23/2/2008 (com adaptações).<br />

135. (SESI-SP/ANAL.PEDAGÓGICO/11/05/2008) Com base no texto acima, assinale certo ou errado.<br />

O emprego <strong>de</strong> primeira pessoa em ―Sei‖ (linha 1) confere ao texto um tom <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>.<br />

―Sei que os jornais não são o lugar i<strong>de</strong>al para <strong>de</strong>nsas discussões teóricas.‖<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

Nenhum conhecimento esgota a realida<strong>de</strong>. As pessoas, contudo, precisam estar atentas<br />

para aproveitar o que suas experiências lhes revelam, <strong>de</strong> maneira imediata ou mediante<br />

elaborações teóricas complexas. Para <strong>de</strong>senvolverem essa atenção ao que <strong>de</strong>safia seus<br />

4<br />

conhecimentos, os indivíduos necessitam <strong>de</strong> informações.<br />

Para isso, po<strong>de</strong>mos dizer que alguns espíritos mais inquietos vão dando os passos iniciais<br />

em direção à leitura crítica dos clássicos. Não é um programa ambicioso, mas é um bom começo.<br />

A leitura dos jornais também é parte <strong>de</strong>ssa trajetória que po<strong>de</strong> conservar os joguinhos<br />

8 eletrônicos, porém vai além <strong>de</strong>les. No recebimento <strong>das</strong> informações, o leitor po<strong>de</strong> assumir uma<br />

atitu<strong>de</strong> passiva, <strong>de</strong> concordância prévia com o texto, ou po<strong>de</strong> fortalecer seu espírito crítico. E é<br />

apostando nessa segunda opção que os verda<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>mocratas insistem em proporcionar<br />

11 informações a to<strong>das</strong> as pessoas.<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />

136. (SESI-SP/ANAL.PEDAGÓGICO/11/05/2008) Assinale a opção que está <strong>de</strong> acordo com as idéias<br />

do texto.<br />

A Os <strong>de</strong>mocratas procuram difundir as informações esperando que as pessoas fortaleçam seu espírito<br />

crítico.<br />

B As informações impe<strong>de</strong>m o <strong>de</strong>senvolvimento da atenção às experiências da realida<strong>de</strong>.<br />

C O leitor é sempre passivo em relação às informações que recebe dos jornais e da leitura dos<br />

clássicos.<br />

D A leitura crítica dos clássicos não contribui para um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da atenção sobre<br />

as experiências.<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

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1<br />

6<br />

10<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Hoje o sistema isola, atomiza o indivíduo. Por isso seria importante pensar as novas<br />

formas <strong>de</strong> comunicação. Mas o sistema também nega o indivíduo. Na economia, por exemplo,<br />

mudam-se os valores <strong>de</strong> uso concreto e qualitativo para os valores <strong>de</strong> troca geral e quantitativa. Na<br />

filosofia aparece o sujeito geral, não o indivíduo. Então, a diferença é uma forma <strong>de</strong> crítica. Afirmar o<br />

indivíduo, não no sentido neoliberal e egoísta, mas no sentido <strong>de</strong>ssa idéia da diferença é um<br />

argumento crítico. Em virtu<strong>de</strong> disso, <strong>de</strong>ssa discussão sobre a filosofia e o social surgem dois<br />

momentos importantes: o primeiro é pensar uma comunida<strong>de</strong> autoreflexiva e confrontar-se, assim,<br />

com as novas formas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia. Mas, por outro lado, a filosofia precisa da sensibilida<strong>de</strong> para o<br />

diferente, senão repetirá apenas as formas do idêntico e, assim, fechará as possibilida<strong>de</strong>s do novo,<br />

do espontâneo e do autêntico na história. Espero que seja possível um diálogo entre as duas<br />

posições em que ninguém tem a última palavra.<br />

Miroslav Milovic. Comunida<strong>de</strong> da diferença. Relume Dumará, p. 131-2 (com adaptações).<br />

Com referência às idéias e às estruturas lingüísticas do texto acima, julgue os itens a seguir.<br />

137. (STF/ANALISTA ADM./06/07/2008) Depreen<strong>de</strong>-se do texto que ―pensar as novas formas <strong>de</strong><br />

comunicação‖ (linha 1-2) significa isolar ou atomizar o indivíduo.<br />

―Hoje o sistema isola, atomiza o indivíduo. Por isso seria importante pensar as novas formas <strong>de</strong><br />

comunicação.‖<br />

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

3<br />

6<br />

9<br />

12<br />

O agente ético é pensado como sujeito ético, isto é, como um ser racional e consciente<br />

que sabe o que faz, como um ser livre que escolhe o que faz e como um ser responsável que<br />

respon<strong>de</strong> pelo que faz. A ação ética é balizada pelas idéias <strong>de</strong> bem e <strong>de</strong> mal, justo e injusto, virtu<strong>de</strong><br />

e vício. Assim, uma ação só será ética se consciente, livre e responsável e será virtuosa se<br />

realizada em conformida<strong>de</strong> com o bom e o justo. A ação ética só é virtuosa se for livre e só o será<br />

se for autônoma, isto é, se resultar <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão interior do próprio agente e não <strong>de</strong> uma pressão<br />

externa. Evi<strong>de</strong>ntemente, isso leva a perceber que há um conflito entre a autonomia da vonta<strong>de</strong> do<br />

agente ético (a <strong>de</strong>cisão emana apenas do interior do sujeito) e a heteronomia dos valores morais <strong>de</strong><br />

sua socieda<strong>de</strong> (os valores são dados externos ao sujeito). Esse conflito só po<strong>de</strong> ser resolvido se o<br />

agente reconhecer os valores <strong>de</strong> sua socieda<strong>de</strong> como se tivessem sido instituídos por ele, como se<br />

ele pu<strong>de</strong>sse ser o autor <strong>de</strong>sses valores ou <strong>das</strong> normas morais, pois, nesse caso, ele será<br />

autônomo, agindo como se tivesse dado a si mesmo sua própria lei <strong>de</strong> ação.<br />

Marilena Chaui. Uma i<strong>de</strong>ologia perversa. In: Folhaonline, 14/3/1999 (com adaptações).<br />

Julgue os seguintes itens, a respeito da organização <strong>das</strong> estruturas lingüísticas e <strong>das</strong> idéias do<br />

texto acima.<br />

138. (STF/ANALISTA ADM./06/07/2008) De acordo com as relações argumentativas do texto, se uma<br />

ação não for ―virtuosa‖ (linha 5), ela não resulta <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão interior; se não for ―ética‖ (linha 4), ela não<br />

será consciente, livre e responsável.<br />

―Assim, uma ação só será ética se consciente, livre e responsável e será virtuosa se realizada em<br />

conformida<strong>de</strong> com o bom e o justo. A ação ética só é virtuosa se for livre e só o será se for autônoma,<br />

isto é, se resultar <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão interior do próprio agente e não <strong>de</strong> uma pressão externa.‖<br />

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

5<br />

9<br />

13<br />

Aceitar que somos in<strong>de</strong>terminados naturalmente, que seremos lapidados pela educação e<br />

pela cultura, que disso <strong>de</strong>correm diferenças relevantes e irredutíveis aos genes é muito difícil.<br />

Significa aceitarmos que há algo muito precário na condição humana. Parte pelo menos <strong>de</strong>ssa<br />

precarieda<strong>de</strong> ou in<strong>de</strong>terminação alguns chamarão liberda<strong>de</strong>. Porém nem mesmo a liberda<strong>de</strong> é tão<br />

valorizada quanto se imagina. Ela implica responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

Parece que se busca conforto na condição <strong>de</strong> coisa. Se eu for objeto, isto é, se eu for<br />

natureza, meus males in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> minha vonta<strong>de</strong>. Aliás, o que está em discussão não é tanto o<br />

que os causou, mas como resolvê-los: se eu pu<strong>de</strong>r solucioná-los com um remédio ou uma cirurgia,<br />

não preciso responsabilizar-me, a fundo, por eles. Tratarei a mim mesmo como um objeto.<br />

A postura <strong>das</strong> ciências humanas e da psicanálise é outra, porém. Muito da experiência<br />

humana vem justamente <strong>de</strong> nos constituirmos como sujeitos. Esse papel é pesado. Por isso,<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

quando entra ele em crise — quando minha liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolher amorosa ou política ou<br />

<strong>prof</strong>issionalmente resulta em sofrimento —, posso aliviar-me procurando uma solução que substitua<br />

meu papel <strong>de</strong> sujeito pelo <strong>de</strong> objeto.<br />

Roberto Janine Ribeiro. A cultura ameaçada pela natureza. Pesquisa Fapesp Especial, p. 40 (com adaptações).<br />

Consi<strong>de</strong>rando o texto acima, julgue os itens subseqüentes.<br />

139. (STF/ANALISTA ADM./06/07/2008) O emprego <strong>de</strong> verbos e pronomes como ―somos‖ (linha 1),<br />

―se busca‖ (linha 5), ―eu‖ (linha 5) e ―minha‖ (linha 6) mostra que os argumentos se opõem pela ligação<br />

<strong>de</strong> alguns a um sujeito coletivo e, <strong>de</strong> outros, a um sujeito individual, associando o<br />

coletivo a sujeito social e o individual a objeto, coisa.<br />

―Aceitar que somos in<strong>de</strong>terminados naturalmente, que seremos lapidados pela educação e pela cultura,<br />

que disso <strong>de</strong>correm diferenças relevantes e irredutíveis aos genes é muito difícil.<br />

(....)<br />

Parece que se busca conforto na condição <strong>de</strong> coisa. Se eu for objeto, isto é, se eu for natureza, meus<br />

males in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> minha vonta<strong>de</strong>.‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------<br />

1<br />

Se a perspectiva do político é a perspectiva <strong>de</strong> como o po<strong>de</strong>r se constitui e se exerce em<br />

uma socieda<strong>de</strong>, como se distribui, se difun<strong>de</strong>, se dissemina, mas também se oculta, se dissimula<br />

em seus diferentes modos <strong>de</strong> operar, então é fundamental uma análise do discurso que nos permita<br />

4 rastreá-lo. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discussão da questão política e do exercício do po<strong>de</strong>r está em que, em<br />

última análise, todos os grupos, classes, etnias visam, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra, o controle do<br />

po<strong>de</strong>r político. Porém, costumamos ver o po<strong>de</strong>r como algo negativo, perverso, no sentido da<br />

dominação, da submissão. Não há, entretanto, socieda<strong>de</strong> organizada sem formas <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong><br />

8 po<strong>de</strong>r. A questão, portanto, <strong>de</strong>ve ser: como e em nome <strong>de</strong> quem este po<strong>de</strong>r se exerce?<br />

Danilo Marcon<strong>de</strong>s. Filosofia, linguagem e comunicação. São Paulo: Cortez, 2000, p. 147-8 (com adaptações).<br />

Em relação às idéias e às estruturas lingüísticas do texto acima, julgue os itens a seguir.<br />

140. (STJ/ANALISTA ADM./28/09/2008) Segundo o texto, é inútil discutir o po<strong>de</strong>r, pois seu aspecto<br />

negativo, <strong>de</strong> submissão, é inevitável e aparece em to<strong>das</strong> as relações <strong>de</strong> dominação, seja <strong>de</strong> classe, seja<br />

<strong>de</strong> etnia.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------<br />

1<br />

5<br />

8<br />

11<br />

15<br />

18<br />

23<br />

Meu pai era um homem bonito com muitas namora<strong>das</strong>, jogava tênis, nadava, nunca<br />

pegara uma gripe — até ter um <strong>de</strong>rrame cerebral. Vivia envolvido com ―sirigaitas‖, como minha mãe<br />

as chamava, e com fracassos comerciais crônicos.<br />

Tivera uma peleteria numa cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> fazia um calor dos infernos quase o ano inteiro.<br />

Claro que foi à falência, mas suas freguesas nunca foram tão bonitas, embora tão poucas. Antes<br />

tivera uma chapelaria, e as mulheres haviam <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> usar chapéus. No fim, tinha um pequeno<br />

armarinho — sempre tivera lojas que fossem frequenta<strong>das</strong> principalmente por mulheres — na rua<br />

Senhor dos Passos. Minha mãe costumava aparecer na loja, para ver se alguma sirigaita andava<br />

por lá. Às vezes, eles discutiam na hora do jantar; na verda<strong>de</strong>, minha mãe brigava com ele, que<br />

ficava calado; se ela não parava <strong>de</strong> brigar, ele se levantava da mesa e saía para a rua. Minha mãe<br />

ia para o quarto chorar, nesses dias. Eu ia para a janela, cuspir na cabeça <strong>das</strong> pessoas que<br />

passavam e olhar para o letreiro luminoso <strong>de</strong> néon da loja em frente. Essa é uma luz que até hoje<br />

me atrai e que não foi ainda captada nem pelo cinema nem pela televisão. Quando meu pai voltava,<br />

bem mais tar<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>sespero da minha mãe havia passado e eu a via ir à cozinha preparar um copo<br />

<strong>de</strong> leite quente para ele. Um dia ele me disse que era uma pena que os homens tivessem <strong>de</strong> ser<br />

julgados como cavalos <strong>de</strong> corrida, pelo seu retrospecto. ―O problema do seu pai‖, minha mãe me<br />

disse certa ocasião, ―é que ele é muito bonito‖. Ela não o viu ficar paralítico, nem teve <strong>de</strong> suportar a<br />

tristeza incomensurável do olhar <strong>de</strong>le pensando nas sirigaitas. Sim, meu pai ainda era um homem<br />

bonito quando minha mãe morreu.<br />

A impiedosa luci<strong>de</strong>z com que eu agora pensava em meu pai encheu-me <strong>de</strong> horror — não<br />

po<strong>de</strong>mos ver as pessoas que amamos como elas realmente são, impunemente. Pela primeira vez<br />

eu vira o pungente rosto <strong>de</strong>le, naquele espelho, o rosto <strong>de</strong>le que era o meu. Como podia eu estar<br />

ficando igual a meu pai, aquele, o doente?<br />

Rubem Fonseca. Vastas emoções e pensamentos imperfeitos.<br />

São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p. 12-3 (com adaptações).<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 42


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

141.( TCE-TO/CARGOS N. SUPERIOR/08/02/2008) Com base no texto, no tocante a suas i<strong>de</strong>ias e<br />

estruturas linguísticas, marque certo ou errado. De acordo com o último parágrafo do texto, o narrador<br />

estava lembrando da morte <strong>de</strong> seus pais e tinha alucinações com a imagem <strong>de</strong>les refletida no espelho.<br />

―A impiedosa luci<strong>de</strong>z com que eu agora pensava em meu pai encheu-me <strong>de</strong> horror — não po<strong>de</strong>mos ver<br />

as pessoas que amamos como elas realmente são, impunemente. Pela primeira vez eu vira o pungente<br />

rosto <strong>de</strong>le, naquele espelho, o rosto <strong>de</strong>le que era o meu. Como podia eu estar ficando igual a meu pai,<br />

aquele, o doente?‖<br />

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

8<br />

11<br />

14<br />

17<br />

21<br />

24<br />

28<br />

31<br />

A internacionalização da economia é um fenômeno constitutivo do capitalismo, o que não<br />

significa que haja uma única maneira <strong>de</strong> lidarmos com os processos que a constituem. É fácil, hoje<br />

em dia, confundir as limitações crescentes impostas ao Estado-nação com a construção <strong>de</strong> um<br />

espaço <strong>de</strong> livre circulação dos indivíduos, promovido pelo movimento <strong>de</strong>sembaraçado <strong>de</strong><br />

mercadorias e capitais. Os entusiastas da globalização asseguram que a liberda<strong>de</strong> humana <strong>de</strong>corre<br />

do impulso natural do homem à troca, ao intercâmbio, à aproximação por meio do comércio. Adam<br />

Smith corretamente chamou a atenção para o caráter libertador da economia mercantil capitalista e<br />

para as suas potencialida<strong>de</strong>s. Marx, her<strong>de</strong>iro e <strong>de</strong>fensor <strong>das</strong> postulações do Iluminismo, indagou se<br />

as relações <strong>de</strong> produção e as forças produtivas do capitalismo permitiriam, <strong>de</strong> fato, a realização da<br />

Liberda<strong>de</strong>, da Igualda<strong>de</strong> e da Fraternida<strong>de</strong>.<br />

O capitalismo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como a coexistência entre a enorme capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar,<br />

transformar e dominar a natureza, suscitando <strong>de</strong>sejos, ambições e esperanças, e as limitações<br />

intrínsecas à sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entregar o que prometeu. Não se trata <strong>de</strong> perversida<strong>de</strong>, mas do<br />

seu modo <strong>de</strong> funcionamento.<br />

Na visão <strong>de</strong> Elizabeth Roudinesco, o sujeito mo<strong>de</strong>rno, aquele ―consciente <strong>de</strong> sua<br />

liberda<strong>de</strong>, mas atormentado pelo sexo, pela morte, pela proibição‖, é substituído pela concepção<br />

―mais psicológica <strong>de</strong> um indivíduo <strong>de</strong>pressivo que foge <strong>de</strong> seu inconsciente e está preocupado em<br />

retirar <strong>de</strong> si a essência <strong>de</strong> todo o conflito‖.<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição da subjetivida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna são realizados por uma socieda<strong>de</strong><br />

que precisa exaltar o sucesso econômico e abolir o conflito. As ciências humanas e sociais<br />

contemporâneas exprimem essas necessida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> capitalista, ou seja, <strong>de</strong>sse sujeito<br />

abstrato, mediante duas visões: a universalida<strong>de</strong> naturalista, <strong>de</strong>duzida <strong>de</strong> disciplinas como a<br />

neurociência ou a genética, e a diversida<strong>de</strong> do culturalismo empírico.<br />

Para os primeiros, os males do mundo po<strong>de</strong>m ser solucionados com doses maciças <strong>de</strong><br />

Prozac ou <strong>de</strong> qualquer substância química capaz <strong>de</strong> aliviar o sofrimento dos ―aparelhos biológicos‖.<br />

Para os outros, os do culturalismo, o melhor é abandonar as dores que acompanham a<br />

constituição <strong>de</strong> um saber universal e eternamente acabado, refugiando-se na completu<strong>de</strong> do mundo<br />

mítico e mágico <strong>das</strong> verda<strong>de</strong>s particulares e supostamente originárias. As duas visões do sujeito,<br />

aparentemente antitéticas, têm em comum o horror à diversida<strong>de</strong> concreta e irredutível do mundo da<br />

vida. Esse horror não po<strong>de</strong> ser aplacado pela sociabilida<strong>de</strong> do mercado que transforma o outro em<br />

inimigo-competidor. Luiz Gonzaga Belluzo. O insaciável moloch. In: Carta Capital, 22/10/2008, p. 37-8 (com adaptações).<br />

142.( TCE-TO/CARGOS N. SUPERIOR/08/02/2008) De acordo com as i<strong>de</strong>ias e os aspectos gramaticais<br />

do texto, assinale a opção correta. Infere-se do texto que o indivíduo com i<strong>de</strong>al libertário e consciente <strong>de</strong><br />

sua existência se aproveita do mundo globalizado para ampliar sua capacida<strong>de</strong> racional e <strong>de</strong>senvolver<br />

meios <strong>de</strong> produção que gerem riquezas e realimentem o sistema capitalista.<br />

De acordo com o texto, assinale certo ou errado.<br />

143.( TCE-TO/CARGOS N. SUPERIOR/08/02/2008)D De acordo com o último parágrafo do texto, as<br />

ciências humanas e sociais contemporâneas criaram um sujeito abstrato que tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> extinguir<br />

os males do mundo por meio <strong>de</strong> medicamentos.<br />

―Para os outros, os do culturalismo, o melhor é abandonar as dores que acompanham a constituição <strong>de</strong><br />

um saber universal e eternamente acabado, refugiando-se na completu<strong>de</strong> do mundo mítico e mágico<br />

<strong>das</strong> verda<strong>de</strong>s particulares e supostamente originárias. As duas visões do sujeito, aparentemente<br />

antitéticas, têm em comum o horror à diversida<strong>de</strong> concreta e irredutível do mundo da vida. Esse horror<br />

não po<strong>de</strong> ser aplacado pela sociabilida<strong>de</strong> do mercado que transforma o outro em inimigo-competidor.‖<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

144.( TCE-TO/CARGOS N. SUPERIOR/08/02/2008)E No texto, predomina a narração <strong>de</strong> fatos, <strong>de</strong><br />

maneira sequencial e lógica, que culmina com a apresentação <strong>de</strong> um conceito contemporâneo do<br />

sistema capitalista.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------<br />

1<br />

4<br />

8<br />

12<br />

16<br />

19<br />

Há umas ocasiões oportunas e fugitivas, em que o acaso nos inflige duas ou três primas<br />

<strong>de</strong> Sapucaia; outras vezes, ao contrário, as primas <strong>de</strong> Sapucaia são antes um benefício do que um<br />

infortúnio.<br />

Era à porta <strong>de</strong> uma igreja. Eu esperava que as minhas primas Claudina e Rosa<br />

tomassem água benta, para conduzi-las à nossa casa, on<strong>de</strong> estavam hospeda<strong>das</strong>. Tinham vindo <strong>de</strong><br />

Sapucaia, pelo Carnaval, e <strong>de</strong>moraram-se dois meses na corte. Era eu que as acompanhava a toda<br />

a parte, missas, teatros, rua do Ouvidor, porque minha mãe, com o seu reumático, mal podia moverse<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, e elas não sabiam andar sós. Sapucaia era a nossa pátria comum. Embora todos<br />

os parentes estivessem dispersos, ali nasceu o tronco da família. Meu tio José Ribeiro, pai <strong>de</strong>stas<br />

primas, foi o único, <strong>de</strong> cinco irmãos, que lá ficou lavrando a terra e figurando na política do lugar. Eu<br />

vim cedo para a corte, don<strong>de</strong> segui a estudar e bacharelarme em São Paulo. Voltei uma só vez a<br />

Sapucaia, para pleitear uma eleição, que perdi.<br />

Rigorosamente, to<strong>das</strong> estas notícias são <strong>de</strong>snecessárias para a compreensão da minha<br />

aventura; mas é um modo <strong>de</strong> ir dizendo alguma coisa, antes <strong>de</strong> entrar em matéria, para a qual não<br />

acho porta gran<strong>de</strong> nem pequena; o melhor é afrouxar a ré<strong>de</strong>a à pena, e ela que vá andando, até<br />

achar entrada. Há <strong>de</strong> haver alguma; tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>das</strong> circunstâncias, regra que tanto serve para o<br />

estilo como para a vida; palavra puxa palavra, uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um<br />

governo, ou uma revolução; alguns dizem mesmo que assim é que a natureza compôs as suas<br />

espécies. (...)<br />

Machado <strong>de</strong> Assis. Primas <strong>de</strong> Sapucaia. In: 50 contos <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis.<br />

São Paulo: Companhia <strong>das</strong> Letras, 2007, p. 250-1<br />

145. (TCE-AC/A.CONTR..EXTERNO/25/05/2008) Em relação às idéias e às estruturas lingüísticas do<br />

texto, marque certo ou errado. No primeiro parágrafo do texto, o autor apresenta um paradoxo, cuja<br />

compreensão é favorecida, no parágrafo seguinte, por argumentos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o elo afetivo entre o<br />

autor e Sapucaia, ou seja, sua família.<br />

―Há umas ocasiões oportunas e fugitivas, em que o acaso nos inflige duas ou três primas <strong>de</strong> Sapucaia;<br />

outras vezes, ao contrário, as primas <strong>de</strong> Sapucaia são antes um benefício do que um infortúnio.<br />

Era à porta <strong>de</strong> uma igreja. Eu esperava que as minhas primas Claudina e Rosa tomassem água benta,<br />

para conduzi-las à nossa casa, on<strong>de</strong> estavam hospeda<strong>das</strong>. Tinham vindo <strong>de</strong> Sapucaia, pelo Carnaval, e<br />

<strong>de</strong>moraram-se dois meses na corte. Era eu que as acompanhava a toda a parte, missas, teatros, rua do<br />

Ouvidor, porque minha mãe, com o seu reumático, mal podia mover-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, e elas não<br />

sabiam andar sós. Sapucaia era a nossa pátria comum. Embora todos os parentes estivessem<br />

dispersos, ali nasceu o tronco da família. Meu tio José Ribeiro, pai <strong>de</strong>stas primas, foi o único, <strong>de</strong> cinco<br />

irmãos, que lá ficou lavrando a terra e figurando na política do lugar. Eu vim cedo para a corte, don<strong>de</strong><br />

segui a estudar e bacharelarme em São Paulo. Voltei uma só vez a Sapucaia, para pleitear uma eleição,<br />

que perdi. ―<br />

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

14<br />

As cenas <strong>de</strong> violência e <strong>de</strong>sespero que tomaram conta do mundo na semana passada<br />

mostram que a nova crise respon<strong>de</strong> por um nome: comida. Egito, Filipinas, Indonésia e Costa do<br />

Marfim sofreram on<strong>das</strong> <strong>de</strong> saques em busca <strong>de</strong> alimentos. Na Tailândia, tropas foram mobiliza<strong>das</strong><br />

para conter a invasão aos campos <strong>de</strong> arroz. O governo haitiano chegou a ser <strong>de</strong>posto, <strong>de</strong>vido à<br />

fúria da população que não consegue comer. O quadro ganhou rápida resposta, com o envio <strong>de</strong><br />

mantimentos aos países afetados e muita retórica.<br />

Em meio ao caos, o relator especial da Organização <strong>das</strong> Nações Uni<strong>das</strong> (ONU) para o<br />

Direito à Alimentação, Jean Ziegler, elegeu um culpado. ―Uma política <strong>de</strong> biocombustíveis que<br />

drena alimentos é a base <strong>de</strong> um crime contra a humanida<strong>de</strong>‖, disse o suíço. A mesma cantilena foi<br />

repetida por outros órgãos multilaterais.<br />

Em geral, cinco fatores estão atuando, em escala mundial, nessa crise: o aumento da<br />

produção subsidiada <strong>de</strong> biocombustíveis; o incremento dos custos com a alta do petróleo, que<br />

chega a US$ 114 o barril, e dos fertilizantes; o aumento do consumo em países como China, Índia e<br />

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18<br />

22<br />

25<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Brasil; a seca e a quebra <strong>de</strong> safras em vários países; e a crise norte-americana, que levou<br />

investidores a apostar no aumento dos preços <strong>de</strong> alimentos em fundos <strong>de</strong> hedge.<br />

Foi <strong>de</strong> olho nessa situação que o diretor-geral do FMI rompeu o silêncio constrangedor<br />

que pairava sobre os escritórios <strong>de</strong> Washington. ―Se os países <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m adotar programas <strong>de</strong><br />

biocombustíveis, quer o façam por segurança energética, quer o façam por outros motivos, precisam<br />

olhar com atenção quando temos chamados <strong>de</strong> emergência‖, disse. O recado veio mais explícito da<br />

boca do presi<strong>de</strong>nte do Banco Mundial: ―Há uma incongruência em manter programas <strong>de</strong> subsídio ao<br />

mesmo tempo em que se têm tarifas, como é o caso norte-americano‖.<br />

Na quarta-feira, 16, a União Européia anunciou que a inflação dos alimentos em março<br />

ficou em 6,2%. No Brasil, a FIPE divulgou que a inflação <strong>de</strong> alimentos chegou a 11,24% em São<br />

Paulo. A redução nos estoques mundiais já chega a 400 milhões <strong>de</strong> tonela<strong>das</strong>, o menor nível em 30<br />

anos. Esse quadro, certamente, agravará disputas políticas e econômicas nos próximos meses.<br />

O mundo em guerra pelo pão. In: Istoé Dinheiro. 23'4'2008, p. 30-2 (com adaptações).<br />

Em relação às idéias e aos aspectos morfossintáticos e semânticos do texto, marque certo ou errado.<br />

146. (TCE-AC/A.CONTR..EXTERNO/25/05/2008)A De acordo com o texto, nos países pobres, a crise<br />

mundial <strong>de</strong> alimentos contraria os interesses econômicos dos investidores, que aplicam dinheiro em<br />

monoculturas agrícolas e em fundos <strong>de</strong> capitais.<br />

147. (TCE-AC/A.CONTR..EXTERNO/25/05/2008)E No último parágrafo do texto, o autor <strong>de</strong>monstra<br />

que, na União Européia e no Brasil, não há crise relacionada a alimentos.<br />

― Na quarta-feira, 16, a União Européia anunciou que a inflação dos alimentos em março ficou em 6,2%.<br />

No Brasil, a FIPE divulgou que a inflação <strong>de</strong> alimentos chegou a 11,24% em São Paulo. A redução nos<br />

estoques mundiais já chega a 400 milhões <strong>de</strong> tonela<strong>das</strong>, o menor nível em 30 anos. Esse quadro,<br />

certamente, agravará disputas políticas e econômicas nos próximos meses.‖<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------------------------<br />

1<br />

4<br />

8<br />

11<br />

14<br />

17<br />

21<br />

Ao apresentar a perspectiva local como inferior à perspectiva global, como incapaz <strong>de</strong><br />

enten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> explicar e, em última análise, <strong>de</strong> tirar proveito da complexida<strong>de</strong> do mundo<br />

contemporâneo, a concepção global atualmente dominante tem como objetivo fortalecer a<br />

instauração <strong>de</strong> um único código unificador <strong>de</strong> comportamento humano, e abre o caminho para a<br />

realização do sonho <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> economias globais <strong>de</strong> escala. Como resultado <strong>de</strong>ste processo, o<br />

―mo<strong>de</strong>lo econômico‖ alcança sua perfeição, que não é somente <strong>de</strong>screver o mundo, mas<br />

efetivamente governá-lo. E esta é a essência mesma do paradigma mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

<strong>de</strong> progresso, cujo estágio supremo <strong>de</strong> perfeição a globalização representa.<br />

Fica claro que a escala não po<strong>de</strong>ria ser melhor ou maior do que sendo global e é somente<br />

neste nível que a sua primazia e universalida<strong>de</strong> são finalmente afirma<strong>das</strong>, junto com a certeza <strong>de</strong><br />

que jamais po<strong>de</strong>ria surgir alguma alternativa viável ao sistema i<strong>de</strong>ologicamente dominante fundado<br />

no livre mercado, dada a ausência <strong>de</strong> qualquer cultura ou sistema <strong>de</strong> pensamento alternativo.<br />

Se virmos o fenômeno da globalização sob esta luz, creio que não po<strong>de</strong>remos escapar<br />

da conclusão <strong>de</strong> que o processo é totalmente coerente com as premissas da i<strong>de</strong>ologia econômica<br />

que têm se afirmado como a forma dominante <strong>de</strong> representação do mundo ao longo dos últimos 100<br />

anos, aproximadamente.<br />

A globalização não é, portanto, um acontecimento aci<strong>de</strong>ntal ou um excesso extravagante,<br />

mas uma extensão simples e lógica <strong>de</strong> um ―argumento‖. Parece realmente muito difícil conceber um<br />

resultado final que fizesse mais sentido e fosse mais coerente com as bases i<strong>de</strong>ológicas sobre as<br />

quais está fundado. Em suma, a globalização representa a realização acabada e a perfeição do<br />

projeto <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> seu paradigma <strong>de</strong> progresso.<br />

G. Muzio. A globalização como o estágio <strong>de</strong> perfeição do paradigma mo<strong>de</strong>rno: uma estratégia possível para sobreviver à<br />

coerência do processo. Trad. Luís Cláudio Amarante. In: Francisco <strong>de</strong> Oliveira e Maria Célia Paoli (Org.). Os sentidos da<br />

<strong>de</strong>mocracia. Políticas do dissenso e hegemonia global. 2.a ed. Petrópolis – RJ: Vozes; Brasília: NEDIC, 1999, p. 138-9 (com<br />

adaptações).<br />

Com relação aos sentidos e a aspectos lingüísticos do texto, julgue os itens seguintes.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

148. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) A direção argumentativa do texto evi<strong>de</strong>ncia a intenção<br />

do autor em fazer uma apologia do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> progresso que a globalização<br />

representa.<br />

149. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) O ‗argumento‘ mencionado à linha 18 po<strong>de</strong> ser assim<br />

entendido: mo<strong>de</strong>lo econômico embasado no livre mercado é a alternativa mais viável para o progresso e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento mundial.<br />

―A globalização não é, portanto, um acontecimento aci<strong>de</strong>ntal ou um excesso extravagante, mas uma<br />

extensão simples e lógica <strong>de</strong> um ―argumento‖.‖<br />

Tendo o texto apresentado como referência inicial e consi<strong>de</strong>rando aspectos marcantes da<br />

realida<strong>de</strong> econômica e política mundial contemporânea, julgue os itens que se seguem.<br />

150. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) Sob o ponto <strong>de</strong> vista econômico, a globalização dos<br />

dias atuais é <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> um longo processo histórico, impulsionado, a partir da Revolução Industrial,<br />

pela expansão imperialista e neocolonialista iniciada em meados do século XIX.<br />

151. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) O expressivo <strong>de</strong>senvolvimento científico-tecnológico<br />

verificado na segunda meta<strong>de</strong> do século XX foi <strong>de</strong>cisivo para a ampliação da capacida<strong>de</strong> produtiva e<br />

para a circulação <strong>de</strong> mercadorias e <strong>de</strong> capitais, características essenciais da economia global do tempo<br />

presente.<br />

152. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) A eliminação do espaço <strong>de</strong> manobra dos Estados<br />

nacionais, acompanhada da dissolução dos organismos multilaterais, é a mais evi<strong>de</strong>nte característica<br />

política da atualida<strong>de</strong>, razão pela qual as gran<strong>de</strong>s corporações econômicas ditam as regras e<br />

monopolizam o po<strong>de</strong>r mundial.<br />

153. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) A ―complexida<strong>de</strong> do mundo contemporâneo‖,<br />

mencionada no texto, po<strong>de</strong> ser comprovada, entre outras situações, pelo paradoxo <strong>de</strong> um discurso<br />

vigorosamente favorável ao livre comércio em meio a práticas tipicamente protecionistas,<br />

particularmente as conduzi<strong>das</strong> pelos países economicamente mais po<strong>de</strong>rosos.<br />

154. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) A crise <strong>prof</strong>unda que vitimou o mo<strong>de</strong>lo soviético,<br />

arrastando consigo a experiência do socialismo real do Leste europeu, conseguiu retardar ao máximo o<br />

avanço do que o texto classifica como ―sistema i<strong>de</strong>ologicamente dominante fundado no livre mercado‖.<br />

155. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) Os êxitos econômicos obtidos pela China, nos últimos<br />

anos, <strong>de</strong>vem ser explicados por diversos fatores, entre os quais se <strong>de</strong>stacam o enrijecimento <strong>de</strong> sua<br />

opção pelo socialismo e a recusa em promover reformas que abrissem sua economia aos capitais<br />

privados, nacionais ou internacionais.<br />

156. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) A força avassaladora da globalização <strong>de</strong>struiu as<br />

manifestações nacionalistas que sempre caracterizaram a história contemporânea. Assim, movimentos<br />

separatistas ou <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência nacional <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> existir, e os próprios governos nacionais se<br />

vêem impelidos a acatar <strong>de</strong>cisões vin<strong>das</strong> do exterior.<br />

157. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) Surgida no pós-Segunda Guerra Mundial para agir no<br />

contexto da guerra fria, a Organização <strong>das</strong> Nações Uni<strong>das</strong> (ONU) parece estar, na atualida<strong>de</strong>, em<br />

situação <strong>de</strong> crise, não sendo raras as oportunida<strong>de</strong>s em que suas sugestões e <strong>de</strong>cisões são<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong>, tal como ocorreu na última invasão do Iraque.<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

Dentro <strong>de</strong> um mês tinha comigo vinte aranhas; no mês seguinte cinqüenta e cinco; em<br />

março <strong>de</strong> 1877 contava quatrocentas e noventa. Duas forças serviram principalmente à empresa <strong>de</strong><br />

as congregar: o emprego da língua <strong>de</strong>las, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que pu<strong>de</strong> discerni-la um pouco, e o sentimento <strong>de</strong><br />

terror que lhes infundi. A minha estatura, as vestes talares, o uso do mesmo idioma fizeram-lhes<br />

crer que eu era o <strong>de</strong>us <strong>das</strong> aranhas, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então adoraram-me. E ve<strong>de</strong> o benefício <strong>de</strong>sta ilusão.<br />

6<br />

Como as acompanhasse com muita atenção e miu<strong>de</strong>za, lançando em um livro as observações que<br />

fazia, cuidaram que o livro era o registro dos seus pecados, e fortaleceram-se ainda mais nas<br />

práticas <strong>das</strong> virtu<strong>de</strong>s. (...)<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 46


10<br />

20<br />

23<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Não bastava associá-las; era preciso dar-lhes um governo idôneo. Hesitei na escolha;<br />

muitos dos atuais pareciam-me bons, alguns excelentes, mas todos tinham contra si o existirem.<br />

Explico-me. Uma forma vigente <strong>de</strong> governo ficava exposta a comparações que po<strong>de</strong>riam<br />

amesquinhá-la. Era-me preciso ou achar uma forma nova ou restaurar alguma outra abandonada.<br />

Naturalmente adotei o segundo alvitre, e nada me pareceu mais acertado do que uma república, à<br />

maneira <strong>de</strong> Veneza, o mesmo mol<strong>de</strong>, e até o mesmo epíteto. Obsoleto, sem nenhuma analogia, em<br />

suas feições gerais, com qualquer outro governo vivo, cabia-lhe ainda a vantagem <strong>de</strong> um<br />

mecanismo complicado, o que era meter à prova as aptidões políticas da jovem socieda<strong>de</strong>.<br />

A proposta foi aceita. Sereníssima República pareceu-lhes um título magnífico, roçagante,<br />

expansivo, próprio a engran<strong>de</strong>cer a obra popular.<br />

Não direi, senhores, que a obra chegou à perfeição, nem que lá chegue tão cedo. Os<br />

meus pupilos não são os solários <strong>de</strong> Campanela ou os utopistas <strong>de</strong> Morus; formam um povo<br />

recente, que não po<strong>de</strong> trepar <strong>de</strong> um salto ao cume <strong>das</strong> nações seculares. Nem o tempo é operário<br />

que ceda a outro a lima ou o alvião; ele fará mais e melhor do que as teorias do papel, váli<strong>das</strong> no<br />

papel e mancas na prática.<br />

Machado <strong>de</strong> Assis. A Sereníssima República (conferência do cônego Vargas). In: Obra completa. Vol. II. Contos. Papéis avulsos.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Aguilar, 1959, p. 337-8.<br />

No que se refere aos sentidos, à organização <strong>das</strong> idéias do texto e à tipologia textual, julgue os<br />

itens.<br />

158. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) Para o criador da socieda<strong>de</strong> <strong>das</strong> aranhas, a prática <strong>das</strong><br />

virtu<strong>de</strong>s é condição natural dos que crêem em Deus.<br />

159. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) Na frase ―E ve<strong>de</strong> o benefício <strong>de</strong>sta ilusão‖ (linha 5), o<br />

narrador dirige-se diretamente às aranhas.<br />

―E ve<strong>de</strong> o benefício <strong>de</strong>sta ilusão. Como as acompanhasse com muita atenção e miu<strong>de</strong>za, lançando em<br />

um livro as observações que fazia, cuidaram que o livro era o registro dos seus pecados, e fortaleceramse<br />

ainda mais nas práticas <strong>das</strong> virtu<strong>de</strong>s. (...)‖<br />

160. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) No texto, uma característica da república escolhida<br />

para ser instaurada na socieda<strong>de</strong> <strong>das</strong> aranhas é explicitada na expressão ―sem nenhuma analogia, em<br />

suas feições gerais, com qualquer outro governo vivo‖ (linha 14-15).<br />

―Obsoleto, sem nenhuma analogia, em suas feições gerais, com qualquer outro governo vivo, cabia-lhe<br />

ainda a vantagem <strong>de</strong> um mecanismo complicado, o que era meter à prova as aptidões políticas da<br />

jovem socieda<strong>de</strong>.‖<br />

161. (TCU/A.CONTR..EXTERNO/02/08/2008) No texto, a comparação estabelecida entre o tempo e<br />

um trabalhador que faz questão <strong>de</strong> cumprir, ele mesmo, o seu ofício serve <strong>de</strong> crítica aos governos<br />

vigentes, que o autor do texto consi<strong>de</strong>ra mesquinhos.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

5<br />

8<br />

12<br />

As diferenças <strong>das</strong> legislações penais dos países, ou mesmo a ausência <strong>de</strong> mecanismos<br />

comuns para a extradição <strong>de</strong> criminosos ou a recuperação <strong>de</strong> ativos financeiros e bens que<br />

organizações criminosas transferem <strong>de</strong> um país para outro, são os principais <strong>de</strong>safios que <strong>de</strong>vem<br />

ser enfrentados para que se verifiquem avanços efetivos na cooperação jurídica internacional. Entre<br />

as dificulda<strong>de</strong>s na implementação da cooperação jurídica, está a tramitação da carta rogatória,<br />

documento expedido pelo juiz a outra autorida<strong>de</strong> judiciária estrangeira para o cumprimento <strong>de</strong> atos<br />

processuais no território estrangeiro. O processo é restritivo e lento. O problema é que não são<br />

―algumas‖ cartas, mas milhares, em razão da expansão do crime transnacional.<br />

As solicitações dos países são, muitas vezes, incompletas, <strong>de</strong>sorganiza<strong>das</strong> e refletem<br />

a falta <strong>de</strong> conhecimento em relação à legislação e à jurisprudência do país para o qual está sendo<br />

feita a requisição. É ina<strong>de</strong>quado que requerimentos <strong>de</strong> atos processuais urgentes tramitem pela via<br />

diplomática, em ambiente não-familiarizado com a legislação penal. Os países têm importante papel<br />

a <strong>de</strong>sempenhar na cooperação jurídica internacional para que não se transformem em locais<br />

seguros <strong>de</strong> guarda <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong> bens ilegais e <strong>de</strong> refúgio para criminosos.<br />

A confiança, e não a competição, é a base da cooperação jurídica entre os países. As<br />

relações entre os países, para a adoção <strong>de</strong> mecanismos que permitam a efetiva cooperação<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 47


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

jurídica, <strong>de</strong>vem fundamentar-se na igualda<strong>de</strong>, e não na <strong>de</strong>sconfiança mútua <strong>de</strong> violação da<br />

soberania. Mais do que uma questão jurídica, trata-se <strong>de</strong> um processo político.<br />

Em relação ao texto, marque certo ou errado.<br />

Internet: (com adaptações).<br />

162. (T.J.ACRE/JUIZ/09/09/2007)A Os principais <strong>de</strong>safios à cooperação jurídica internacional são a<br />

extradição <strong>de</strong> criminosos e a recuperação <strong>de</strong> ativos financeiros.<br />

163. (T.J.ACRE/JUIZ/09/09/2007)B A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cartas rogatórias não constitui empecilho ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da cooperação jurídica internacional.<br />

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

11<br />

Tudo parece ter começado a mudar nos últimos anos e as revisões <strong>prof</strong>un<strong>das</strong> por que<br />

estão passando os discursos e as práticas i<strong>de</strong>ntitárias <strong>de</strong>ixam no ar a dúvida sobre se a concepção<br />

hegemônica da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> se equivocou na i<strong>de</strong>ntificação <strong>das</strong> tendências dos processos sociais,<br />

ou se tais tendências se inverteram totalmente em tempos recentes, ou, ainda, sobre se se está<br />

perante uma inversão <strong>de</strong> tendências ou, antes, perante cruzamentos múltiplos <strong>de</strong> tendências<br />

opostas sem que seja possível i<strong>de</strong>ntificar os vetores mais potentes. Como se calcula, as dúvi<strong>das</strong><br />

são acima <strong>de</strong> tudo sobre se o que presenciamos é realmente novo ou se é apenas novo o olhar com<br />

que o presenciamos. Estamos em uma época em que é muito difícil ser-se linear. Porque estamos<br />

em uma fase <strong>de</strong> revisão radical do paradigma epistemológico da ciência mo<strong>de</strong>rna, é bem possível<br />

que seja sobretudo o olhar que esteja mudando. Mas, por outro lado, não parece crível que essa<br />

mudança tivesse ocorrido sem nada ter mudado no objeto do olhar que o olha.<br />

Boaventura Souza Santos. Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e a cultura <strong>de</strong> fronteira.<br />

Tempo Social, USP, 1993, p. 39 (com adaptações).<br />

Acerca <strong>das</strong> idéias do texto acima e <strong>de</strong> suas estruturas lingüísticas, julgue os itens.<br />

164. (T.J.CEARÁ/ANAL.JUDICIÁRIA/ 12/10/2008) Segundo o texto, enquanto houver a confusão e a<br />

in<strong>de</strong>finição do ―paradigma epistemológico da ciência mo<strong>de</strong>rna‖ (linha 9), as práticas i<strong>de</strong>ntitárias estarão<br />

basea<strong>das</strong> em dúvi<strong>das</strong>.<br />

―Estamos em uma época em que é muito difícil ser-se linealinha Porque estamos em uma fase <strong>de</strong><br />

revisão radical do paradigma epistemológico da ciência mo<strong>de</strong>rna, é bem possível que seja sobretudo o<br />

olhar que esteja mudando.‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------<br />

1<br />

5<br />

10<br />

Para se fazer uma revista <strong>de</strong> divulgação científica hoje, três diretrizes <strong>de</strong>vem ser<br />

observa<strong>das</strong>. A primeira é o que queremos dizer e o que temos para dizer em uma revista. A<br />

segunda, se temos os meios humanos e financeiros para realizar o projeto. A terceira se refere à<br />

necessida<strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> ampliar a ―infra-estrutura‖ <strong>de</strong> conhecimentos necessários para que a<br />

educação encontre raízes <strong>prof</strong>un<strong>das</strong> em nossa socieda<strong>de</strong>, nos laboratórios <strong>de</strong> pesquisa, na<br />

natureza e na história que vivemos.<br />

A divulgação científica, as informações e os conhecimentos que po<strong>de</strong>mos oferecer à<br />

educação são elementos que contribuem para formar a opinião, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crítica e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão dos diferentes setores da socieda<strong>de</strong>. Oferecer, por exemplo, dados e análises da história da<br />

educação superior no Brasil é importante para equacionar os conflitos que a universida<strong>de</strong> vive hoje.<br />

Ciência Hoje, jul./2002, p. 19 (com adaptações).<br />

165. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008) De acordo com as idéias do texto, fazer<br />

uma revista <strong>de</strong> divulgação científica hoje exige<br />

A muito empenho, <strong>de</strong>vido às dificulda<strong>de</strong>s a serem enfrenta<strong>das</strong>.<br />

B suporte financeiro previsto e recursos humanos preparados para a realização do projeto.<br />

C infra-estrutura <strong>de</strong> máquinas mo<strong>de</strong>rnas e material <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 48


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

D a ampliação <strong>das</strong> estratégias <strong>de</strong> marketing, <strong>de</strong> forma a garantir um público fiel.<br />

E o conhecimento <strong>das</strong> raízes <strong>prof</strong>un<strong>das</strong> da educação nacional.<br />

166. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008) Julgue os itens a seguir, referentes ao<br />

papel <strong>de</strong> uma revista <strong>de</strong> divulgação científica conforme apresentado no texto.<br />

I Os conhecimentos veiculados têm como público-alvo a comunida<strong>de</strong> científica.<br />

II As informações e os conhecimentos que compõem uma revista <strong>de</strong> divulgação científica são<br />

formadores <strong>de</strong> opinião da socieda<strong>de</strong> em geral.<br />

III As informações veicula<strong>das</strong> por uma revista <strong>de</strong> tal natureza, como, por exemplo, dados sobre a história<br />

da educação superior no Brasil, <strong>de</strong> caráter objetivo e informativo, influem na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crítica e<br />

<strong>de</strong>cisão dos leitores.<br />

Assinale a opção correta.<br />

A Apenas um item está certo.<br />

B Apenas os itens I e II estão certos.<br />

C Apenas os itens I e III estão certos.<br />

D Apenas os itens II e III estão certos.<br />

E Todos os itens estão certos.<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

5<br />

10<br />

13<br />

16<br />

19<br />

Há <strong>de</strong>ssas reminiscências que não <strong>de</strong>scansam antes que a pena ou língua as publique.<br />

Um antigo dizia arrenegar <strong>de</strong> conviva que tem memória. A vida é cheia <strong>de</strong> tais convivas, e eu sou<br />

acaso um <strong>de</strong>les, conquanto a prova <strong>de</strong> ter a memória fraca seja exatamente não me acudir agora o<br />

nome <strong>de</strong> tal antigo; mas era um antigo, e basta.<br />

Não, não, a minha memória não é boa. Ao contrário, é comparável a alguém que tivesse<br />

vivido por hospedarias, sem guardar <strong>de</strong>las nem caras nem nomes; e somente raras circunstâncias.<br />

A quem passe a vida na mesma casa <strong>de</strong> família, com os seus eternos móveis e costumes, pessoas<br />

e afeições, é que se lhe grava tudo pela continuida<strong>de</strong> e repetição. Como eu invejo os que não<br />

esqueceram a cor <strong>das</strong> primeiras calças que vestiram! Eu não atino com a <strong>das</strong> que enfiei ontem. Juro<br />

só que não eram amarelas porque execro essa cor; mas isso mesmo po<strong>de</strong> ser olvido e confusão.<br />

E antes seja olvido que confusão; explico-me. Nada se emenda bem nos livros confusos,<br />

mas tudo se po<strong>de</strong> meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum <strong>de</strong>sta outra casta, não me aflijo<br />

nunca. O que faço, em chegando ao fim, é cerrar os olhos e evocar to<strong>das</strong> as coisas que não achei<br />

nele. Quantas idéias finas me aco<strong>de</strong>m, então! Que <strong>de</strong> reflexões <strong>prof</strong>un<strong>das</strong>! Os rios, as montanhas,<br />

as igrejas que não vi nas folhas li<strong>das</strong>, todos me aparecem agora com as suas águas, as suas<br />

árvores, os seus altares; e os generais sacam <strong>das</strong> espa<strong>das</strong> que tinham ficado na bainha, e os<br />

clarins soltam as notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.<br />

É que tudo se acha fora <strong>de</strong> um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas<br />

alheias; assim po<strong>de</strong>s também preencher as minhas.<br />

Machado <strong>de</strong> Assis. Dom Casmurro. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ediouro, 1996, p. 79.<br />

167. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008).No terceiro parágrafo do texto, o autor<br />

explica por que escreveu ―antes seja olvido que confusão‖ (linha 11). De acordo com sua argumentação,<br />

―E antes seja olvido que confusão; explico-me. Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se<br />

po<strong>de</strong> meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum <strong>de</strong>sta outra casta, não me aflijo nunca. O que<br />

faço, em chegando ao fim, é cerrar os olhos e evocar to<strong>das</strong> as coisas que não achei nele. Quantas<br />

idéias finas me aco<strong>de</strong>m, então! Que <strong>de</strong> reflexões <strong>prof</strong>un<strong>das</strong>! Os rios, as montanhas, as igrejas que não<br />

vi nas folhas li<strong>das</strong>, todos me aparecem agora com as suas águas, as suas árvores, os seus altares; e os<br />

generais sacam <strong>das</strong> espa<strong>das</strong> que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que dormiam no<br />

metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.‖<br />

A livros confusos são mais fáceis <strong>de</strong> interpretar que os omissos.<br />

B livros confusos <strong>de</strong>spertam nele ―idéias finas‖.<br />

C livros omissos <strong>de</strong>spertam a imaginação <strong>de</strong>le.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

D livros confusos po<strong>de</strong>m ser melhorados com reflexões <strong>prof</strong>un<strong>das</strong>.<br />

E livros omissos são piores porque não é possível<br />

168. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008).Assinale a opção que apresenta uma frase<br />

narrativa do texto.<br />

A ―Há <strong>de</strong>ssas reminiscências‖ (linha1)<br />

―Há <strong>de</strong>ssas reminiscências que não <strong>de</strong>scansam antes que a pena ou língua as publique. Um antigo dizia<br />

arrenegar <strong>de</strong> conviva que tem memória.‖<br />

B ―Um antigo dizia arrenegar <strong>de</strong> conviva que tem memória‖ (linha2)<br />

―Um antigo dizia arrenegar <strong>de</strong> conviva que tem memória. A vida é cheia <strong>de</strong> tais convivas, e eu sou acaso<br />

um <strong>de</strong>les, conquanto a prova <strong>de</strong> ter a memória fraca seja exatamente não me acudir agora o nome <strong>de</strong><br />

tal antigo; mas era um antigo, e basta.‖<br />

C ―A vida é cheia <strong>de</strong> tais convivas‖ (linha 2)<br />

―A vida é cheia <strong>de</strong> tais convivas, e eu sou acaso um <strong>de</strong>les, conquanto a prova <strong>de</strong> ter a memória fraca<br />

seja exatamente não me acudir agora o nome <strong>de</strong> tal antigo; mas era um antigo, e basta.‖<br />

D ―Não, não, a minha memória não é boa‖ (linha 5)<br />

―Não, não, a minha memória não é boa. Ao contrário, é comparável a alguém que tivesse vivido por<br />

hospedarias, sem guardar <strong>de</strong>las nem caras nem nomes; e somente raras circunstâncias.‖<br />

E ―Quantas idéias finas me aco<strong>de</strong>m, então‖ (linha 14)<br />

―Quantas idéias finas me aco<strong>de</strong>m, então! Que <strong>de</strong> reflexões <strong>prof</strong>un<strong>das</strong>! Os rios, as montanhas, as igrejas<br />

que não vi nas folhas li<strong>das</strong>, todos me aparecem agora com as suas águas, as suas árvores, os seus<br />

altares; e os generais sacam <strong>das</strong> espa<strong>das</strong> que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que<br />

dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.‖<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

Miss Dollar<br />

1<br />

4<br />

7<br />

11<br />

14<br />

18<br />

21<br />

25<br />

Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss<br />

Dollar. Mas, por outro lado, sem a apresentação <strong>de</strong> Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas<br />

digressões, que encheriam o papel sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou<br />

apresentar-lhes Miss Dollar.<br />

Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina que Miss Dollar é uma inglesa<br />

pálida e <strong>de</strong>lgada, escassa <strong>de</strong> carnes e <strong>de</strong> sangue, abrindo à flor do rosto dois gran<strong>de</strong>s olhos azuis e<br />

sacudindo ao vento umas longas tranças louras. A moça em questão <strong>de</strong>ve ser vaporosa e i<strong>de</strong>al<br />

como uma criação <strong>de</strong> Shakespeare; <strong>de</strong>ve ser o contraste do roastbeef britânico, com que se<br />

alimenta a liberda<strong>de</strong> do Reino Unido. (...) O chá e o leite <strong>de</strong>vem ser a alimentação <strong>de</strong> semelhante<br />

criatura, adicionando-se-lhe alguns confeitos e biscoitos para acudir às urgências do estômago. A<br />

sua fala <strong>de</strong>ve ser um murmúrio <strong>de</strong> harpa eólia; o seu amor um <strong>de</strong>smaio, a sua vida uma<br />

contemplação, a sua morte um suspiro. (...). A figura é poética, mas não é a da heroína do romance.<br />

(...)<br />

A Miss Dollar do romance não é a menina romântica. (...) Miss Dollar é uma ca<strong>de</strong>linha<br />

galga. Para algumas pessoas a qualida<strong>de</strong> da heroína fará per<strong>de</strong>r o interesse do romance. Erro<br />

manifesto. Miss Dollar, apesar <strong>de</strong> não ser mais que uma ca<strong>de</strong>linha galga, teve as honras <strong>de</strong> ver o<br />

seu nome nos papéis públicos, antes <strong>de</strong> entrar para este livro. O Jornal do Comércio e o Correio<br />

Mercantil publicaram nas colunas dos anúncios as seguintes linhas reverberantes <strong>de</strong> promessa:<br />

―Desencaminhou-se uma ca<strong>de</strong>linha galga, na noite <strong>de</strong> ontem, 30. Aco<strong>de</strong> ao nome <strong>de</strong> Miss<br />

Dollar. Quem a achou e quiser levar à rua <strong>de</strong> Matacavalos no. ... , receberá 31 duzentos mil-réis <strong>de</strong><br />

recompensa. Miss Dollar tem uma coleira ao pescoço fechada por um ca<strong>de</strong>ado em que se lêem as<br />

seguintes palavras: De tout mon coeur.‖<br />

To<strong>das</strong> as pessoas que sentiam necessida<strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> duzentos mil-réis, e tiveram a<br />

felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler aquele anúncio, andaram nesse dia com extremo cuidado nas ruas do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, a ver se davam com a fugitiva Miss Dollar.<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 50


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Machado <strong>de</strong> Assis. Contos: uma antologia, v. I, São<br />

Paulo: Companhia <strong>das</strong> Letras, 1998, p. 123-5.<br />

169. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008).Consi<strong>de</strong>re que parte dos quatro primeiros<br />

parágrafos do fragmento <strong>de</strong>sse conto (linha1- 18) seja retirada, <strong>de</strong>saparecendo, portanto, as idéias ali<br />

expressas e permanecendo <strong>de</strong>sse trecho apenas o período final do quarto parágrafo — ―O Jornal do<br />

Comércio e o Correio Mercantil publicaram nas colunas dos anúncios as seguintes linhas reverberantes<br />

<strong>de</strong> promessa:‖. Nesse caso, é correto afirmar que o restante do texto ficará<br />

A incompreensível.<br />

B muito prejudicado por perda <strong>de</strong> informações sobre o perfil da heroína.<br />

C sem a apresentação <strong>de</strong> outras personagens que participam da história.<br />

D sem a informação <strong>de</strong> que a ca<strong>de</strong>linha galga era a heroína da história.<br />

E mais curto apenas, sem perda <strong>de</strong> qualquer informação importante para a história.<br />

170. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008). O primeiro parágrafo do texto mostra que<br />

o autor preten<strong>de</strong><br />

―Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar. Mas,<br />

por outro lado, sem a apresentação <strong>de</strong> Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas digressões, que<br />

encheriam o papel sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou apresentar-lhes Miss Dollar.‖<br />

A não apresentar a heroína, para criar mistério.<br />

B fazer longas digressões, para criar suspense.<br />

C encher o papel <strong>de</strong> idéias inúteis para a história.<br />

D apresentar logo a heroína e iniciar a ação.<br />

E hesitar todo o tempo que for possível.<br />

171. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008). O segundo parágrafo do texto consiste<br />

principalmente em uma <strong>de</strong>scrição<br />

―Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina que Miss Dollar é uma inglesa pálida e<br />

<strong>de</strong>lgada, escassa <strong>de</strong> carnes e <strong>de</strong> sangue, abrindo à flor do rosto dois gran<strong>de</strong>s olhos azuis e sacudindo<br />

ao vento umas longas tranças louras. A moça em questão <strong>de</strong>ve ser vaporosa e i<strong>de</strong>al como uma criação<br />

<strong>de</strong> Shakespeare; <strong>de</strong>ve ser o contraste do roastbeef britânico, com que se alimenta a liberda<strong>de</strong> do Reino<br />

Unido. (...) O chá e o leite <strong>de</strong>vem ser a alimentação <strong>de</strong> semelhante criatura, adicionando-se-lhe alguns<br />

confeitos e biscoitos para acudir às urgências do estômago. A sua fala <strong>de</strong>ve ser um murmúrio <strong>de</strong> harpa<br />

eólia; o seu amor um <strong>de</strong>smaio, a sua vida uma contemplação, a sua morte um suspiro. (...). A figura é<br />

poética, mas não é a da heroína do romance. (...) ―<br />

A <strong>de</strong> personagem secundária.<br />

B <strong>de</strong> personagem principal.<br />

C <strong>de</strong> alguém que não é a heroína.<br />

D do local on<strong>de</strong> vive a heroína.<br />

E da vilã da história.<br />

172. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008).O autor do texto manifesta opinião pessoal<br />

no(s) trecho(s)<br />

I ―Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber‖ (linha1).<br />

―Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar. Mas,<br />

por outro lado, sem a apresentação <strong>de</strong> Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas digressões, que<br />

encheriam o papel sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou apresentar-lhes Miss Dollar.‖<br />

II ―publicaram nas colunas dos anúncios as seguintes linhas reverberantes <strong>de</strong> promessa‖ (linha 18).<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 51


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

―O Jornal do Comércio e o Correio Mercantil publicaram nas colunas dos anúncios as seguintes linhas<br />

reverberantes <strong>de</strong> promessa: ―<br />

III ‗Miss Dollar tem uma coleira ao pescoço fechada por um ca<strong>de</strong>ado‘ (linha 21).<br />

―Miss Dollar tem uma coleira ao pescoço fechada por um ca<strong>de</strong>ado em que se lêem as seguintes<br />

palavras: De tout mon coeur.‖‖<br />

Assinale a opção correta.<br />

A Apenas um dos itens está certo.<br />

B Apenas os itens I e II estão certos.<br />

C Apenas os itens I e III estão certos.<br />

D Apenas os itens II e III estão certos.<br />

E Todos os itens estão certos.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------<br />

1<br />

4<br />

8<br />

11<br />

―É preciso ressaltar que, através dos tempos, as pessoas reduziram Machado <strong>de</strong> Assis ao<br />

classificá-lo com um rótulo <strong>de</strong> irônico muito restrito. Sua ironia é algo maior, não se trata apenas <strong>de</strong><br />

um jogo <strong>de</strong> palavras, <strong>de</strong> uma troca inteligente <strong>de</strong> colocações em um diálogo, por exemplo. Sua<br />

ironia está na atmosfera na qual seus personagens e o próprio autor se movem. (...)<br />

Machado po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado, no contexto histórico em que surgiu, um espanto e um<br />

milagre, mas o que me encanta <strong>de</strong> forma mais particular é o fato <strong>de</strong> que ele estava, o tempo todo,<br />

pregando peças nos leitores e nele mesmo.‖<br />

Foi assim que o mais importante crítico literário do mundo, o norte-americano Harold<br />

Bloom, 77, classificou Machado <strong>de</strong> Assis quando elencou, em Gênio — Os 100 Autores Mais<br />

Criativos da História da Literatura (Ed.Objetiva, 2002), os melhores escritores do mundo segundo<br />

seus critérios e gosto particular.<br />

Sylvia Colombo. In: Folha <strong>de</strong> S.Paulo, ca<strong>de</strong>rno Mais!, 27/1/2008 (com adaptações).<br />

<strong>Texto</strong> II — para as questões <strong>de</strong> 174 a 178<br />

1<br />

5<br />

9<br />

13<br />

16<br />

19<br />

Às vésperas do centenário <strong>de</strong> sua morte (29 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1908), Machado <strong>de</strong> Assis<br />

continua a ser uma presença inquietante. Embora ocupe lugar central e mais ou menos indisputado<br />

na história da literatura produzida no Brasil, o escritor e sua obra ainda hoje guardam algo do<br />

caráter excêntrico, inclassificável e surpreen<strong>de</strong>nte que assombrou seus primeiros críticos.<br />

Quem era Machado <strong>de</strong> Assis no século XIX? Um gran<strong>de</strong> poeta, homem <strong>de</strong> teatro e crítico,<br />

que também se <strong>de</strong>dicou à crônica, ao conto e ao romance, mantendo em seus escritos uma postura<br />

indiferente às gran<strong>de</strong>s questões do seu tempo. Fino ironista que, do alto <strong>de</strong> sua torre <strong>de</strong> marfim,<br />

expedia escritos em linguagem levemente arcaizante e estrangeirada, mais condizente com a<br />

literatura <strong>de</strong> outros séculos do que com o que então se produzia nas capitais literárias do mundo.<br />

Quem é Machado <strong>de</strong> Assis hoje? O maior contista e romancista brasileiro do século XIX,<br />

não só <strong>prof</strong>undamente interessado pelas questões <strong>de</strong> seu tempo e lugar, mas talvez o mais agudo e<br />

radical crítico <strong>das</strong> instituições sociais e políticas do Brasil do Segundo Reinado. Um escritor que<br />

nunca se furtou ao corpo-a-corpo com seus leitores, colaborando com jornais e revistas,<br />

participando ativamente dos círculos literários, e que teria antecipado na sua escrita procedimentos<br />

<strong>das</strong> vanguar<strong>das</strong> do século XX, se é que não foi um pós-mo<strong>de</strong>rno avant la lettre.<br />

Entre aquele escritor alienado e retrógrado do século XIX e o escritor engajado e quase<br />

―vanguardista‖ <strong>de</strong> algumas leituras <strong>de</strong> hoje, uma pequena multidão <strong>de</strong> críticos procurou enten<strong>de</strong>r<br />

esse fenômeno improvável no acanhado ambiente literário e cultural do Brasil — tão improvável que<br />

até os mais materialistas falaram em milagre.<br />

Hélio <strong>de</strong> Seixas Guimarães. Presença inquietante.<br />

In: Folha <strong>de</strong> S.Paulo, 27/1/2008 (com adaptações).<br />

173. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008).Com referência às idéias do texto I,<br />

assinale a opção correta.<br />

A Depreen<strong>de</strong>-se do texto que, só recentemente, leitores e críticos conseguiram i<strong>de</strong>ntificar a ironia na<br />

obra <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis.<br />

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B De acordo com Harold Bloom, predominam, na caracterização da ironia <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis,<br />

aspectos psicológicos que envolvem elementos constitutivos da narrativa além <strong>de</strong> formas criativas <strong>de</strong><br />

linguagem.<br />

C Infere-se do texto que sua autora consi<strong>de</strong>ra fascinante a forma como Machado <strong>de</strong> Assis se divertia<br />

consigo mesmo e com os leitores.<br />

D Segundo informações apresenta<strong>das</strong> no texto, os melhores escritores do mundo elegeram Machado <strong>de</strong><br />

Assis como um gênio da literatura.<br />

E De acordo com o texto, o gosto particular e os critérios <strong>de</strong> reconhecidos críticos literários no mundo<br />

foram <strong>de</strong>cisivos para a inclusão <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis na obra Gênio — Os 100 Autores Mais Criativos<br />

da História da Literatura.<br />

174. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008). Cada uma <strong>das</strong> opções abaixo reproduz<br />

trechos dos textos I e II, respectivamente. Assinale a opção em que os trechos apresentados<br />

evi<strong>de</strong>nciam que um texto é, explicitamente, o intertexto do outro.<br />

A ‗É preciso ressaltar que, através dos tempos, as pessoas reduziram Machado <strong>de</strong> Assis ao classificá-lo<br />

com um rótulo <strong>de</strong> irônico muito restrito‘ (linha1- 2) ―Um escritor que nunca se furtou ao corpo-a-corpo<br />

com seus leitores, colaborando com jornais e revistas, participando ativamente dos círculos literários‖<br />

(linha 12-14)<br />

B ‗Sua ironia é algo maior, não se trata apenas <strong>de</strong> um jogo <strong>de</strong> palavras, <strong>de</strong> uma troca inteligente <strong>de</strong><br />

colocações em um diálogo, por exemplo‘ (linha 2-3) ―Fino ironista que, do alto <strong>de</strong> sua torre <strong>de</strong> marfim,<br />

expedia escritos em linguagem levemente arcaizante e estrangeirada‖ (linha 7-8)<br />

C ‗Sua ironia está na atmosfera na qual seus personagens e o próprio autor se movem‘ (linha 3-4) ―Um<br />

gran<strong>de</strong> poeta, homem <strong>de</strong> teatro e crítico, que também se <strong>de</strong>dicou à crônica, ao conto e ao romance,<br />

mantendo em seus escritos uma postura indiferente às gran<strong>de</strong>s questões do seu tempo‖ (linha 5-7)<br />

D ‗Machado po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado, no contexto histórico em que surgiu, um espanto e um milagre‘ (linha<br />

5-6) ―uma pequena multidão <strong>de</strong> críticos procurou enten<strong>de</strong>r esse fenômeno improvável no acanhado<br />

ambiente literário e cultural do Brasil — tão improvável que até os mais materialistas falaram em<br />

milagre‖ (linha 17-19)<br />

E ―Foi assim que o mais importante crítico literário do mundo, o norte-americano Harold Bloom, 77,<br />

classificou Machado <strong>de</strong> Assis quando elencou, em Gênio — Os 100 Autores Mais Criativos da História<br />

da Literatura (Ed. Objetiva, 2002), os melhores escritores do mundo segundo seus critérios e<br />

gosto particular‖ (linha 8-11) ―Embora ocupe lugar central e mais ou menos indisputado na história da<br />

literatura produzida no Brasil‖ (linha 2-4)<br />

175. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008).Com referência às idéias do texto II,<br />

assinale a opção correta.<br />

A Atualmente, após inúmeros estudos críticos da literatura brasileira, Machado <strong>de</strong> Assis é um autor<br />

totalmente conhecido pelo público leitor e suas obras <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser provocativas.<br />

B No século XIX, as obras produzi<strong>das</strong> nas capitais literárias do mundo apresentavam linguagem<br />

condizente com a literatura <strong>de</strong> séculos passados.<br />

C De acordo com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>das</strong> idéias do texto, o sentido do trecho ―postura indiferente às<br />

gran<strong>de</strong>s questões <strong>de</strong> seu tempo‖ (linha 6-7) é ratificado em ―do alto <strong>de</strong> sua torre <strong>de</strong> marfim, expedia<br />

escritos‖ (linha 7-8).CERTA<br />

―Quem era Machado <strong>de</strong> Assis no século XIX? Um gran<strong>de</strong> poeta, homem <strong>de</strong> teatro e crítico, que também<br />

se <strong>de</strong>dicou à crônica, ao conto e ao romance, mantendo em seus escritos uma postura indiferente às<br />

gran<strong>de</strong>s questões do seu tempo. Fino ironista que, do alto <strong>de</strong> sua torre <strong>de</strong> marfim, expedia escritos em<br />

linguagem levemente arcaizante e estrangeirada, mais condizente com a literatura <strong>de</strong> outros séculos do<br />

que com o que então se produzia nas capitais literárias do mundo.‖<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

D O fato <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis ter sido consi<strong>de</strong>rado, no século XIX, um dos maiores críticos da<br />

socieda<strong>de</strong> brasileira <strong>de</strong> sua época resultou da interpretação <strong>de</strong> sua obra pela crítica literária.<br />

E Depreen<strong>de</strong>-se do texto que a situação cultural brasileira, na época do Segundo Reinado, favorecia o<br />

surgimento <strong>de</strong> escritores vanguardistas.<br />

176. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008) Acerca <strong>de</strong> aspectos da estrutura<br />

argumentativa do texto II, assinale a opção correta.<br />

A A principal estratégia utilizada pelo autor para fortalecer a argumentação é a da construção <strong>de</strong><br />

parágrafos que apresentam a mesma idéia, reescrita <strong>de</strong> diferentes formas.<br />

B Na argumentação do autor, predomina o recurso a opiniões do senso comum a respeito <strong>de</strong> Machado<br />

<strong>de</strong> Assis, em contraste com pontos <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> críticos literários.<br />

C As perguntas apresenta<strong>das</strong> nas linhas 5 e 10 foram feitas para que o leitor, no <strong>de</strong>correr da leitura do<br />

texto, construa as próprias respostas a respeito <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis.<br />

D No trecho ―Entre aquele escritor alienado e retrógrado do século XIX e o escritor engajado e quase<br />

‗vanguardista‘ <strong>de</strong> algumas leituras <strong>de</strong> hoje‖ (linha 16-17), os qualificativos referentes a Machado <strong>de</strong><br />

Assis resumem as principais características <strong>de</strong>sse escritor apresenta<strong>das</strong> no segundo e no terceiros<br />

parágrafos.<br />

―Entre aquele escritor alienado e retrógrado do século XIX e o escritor engajado e quase ―vanguardista‖<br />

<strong>de</strong> algumas leituras <strong>de</strong> hoje, uma pequena multidão <strong>de</strong> críticos procurou enten<strong>de</strong>r esse fenômeno<br />

improvável no acanhado ambiente literário e cultural do Brasil — tão improvável que até os mais<br />

materialistas falaram em milagre.‖<br />

E Um dos objetivos principais do texto é informar a data do centenário da morte <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, já<br />

que ele é um dos maiores escritores brasileiros.<br />

177. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008).No texto II, em ―nunca se furtou ao corpoa-corpo<br />

com seus leitores‖ (linha 13), o termo grifado está empregado na mesma acepção que em<br />

― Um escritor que nunca se furtou ao corpo-a-corpo com seus leitores, colaborando com jornais e<br />

revistas, participando ativamente dos círculos literários, e que teria antecipado na sua escrita<br />

procedimentos <strong>das</strong> vanguar<strong>das</strong> do século XX, se é que não foi um pós-mo<strong>de</strong>rno avant la lettre.‖<br />

A Os meninos não se negaram ao corpo-a-corpo com seus adversários, mas saíram arranhados e com<br />

as roupas rasga<strong>das</strong>.<br />

B Os advogados negaram-se ao corpo-a-corpo sobre o caso antes que o julgamento se iniciasse.<br />

C Só no corpo-a-corpo com o animal, o caçador percebeu que estava sem sua arma.<br />

D A maioria dos lutadores aplica o corpo-a-corpo com freqüência nos ringues.<br />

E Os passageiros do ônibus chegaram ao corpo-a-corpo <strong>de</strong>pois da disputa pelo melhor assento.<br />

178. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008).Assinale a opção em que o fragmento <strong>de</strong><br />

texto não apresenta ambigüida<strong>de</strong>.<br />

A Ao realizar o casamento civil coletivo <strong>de</strong> casais, um programa social do governo visa concretizar o<br />

anseio daqueles que não tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> legitimar sua vida conjugal e efetivar, <strong>de</strong> certa<br />

forma, a inclusão social, resgatando, entre outros aspectos, a auto-estima.<br />

B O principal intuito da futura lei é estabelecer, <strong>de</strong> forma inequívoca, que o valor probante dos<br />

documentos eletrônicos não é menor que o dos impressos.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

C Os casos previstos em leis que exijam intimação ou vista pessoal não po<strong>de</strong>m ser supridos por meio<br />

virtual.<br />

D O advogado informou à empresa requerente que sua <strong>de</strong>cisão havia sido consi<strong>de</strong>rada pelo juiz.<br />

E Um juiz que recebe carta precatória a respeito <strong>de</strong> um caso conhece menos a causa que o juiz titular<br />

do caso, portanto somente esse juiz tem competência para <strong>de</strong>cidir a questão.<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -----------<br />

1<br />

7<br />

4<br />

10<br />

Domício da Gama<br />

Rio, 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1907.<br />

Não sei se já aí chegaram notícias da Reforma Orthográphica... (Aí <strong>de</strong>ixo, nestes<br />

maiúsculos e nestes h h, o meu espanto e a minha intransigência etimológica!). Realmente,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tantos anos <strong>de</strong> alarmante silêncio, a Aca<strong>de</strong>mia fez uma coisa assombrosa: trabalhou!<br />

Trabalhou <strong>de</strong>veras durante umas três dúzias <strong>de</strong> quintas-feiras agita<strong>das</strong> — e, ao cabo, expeliu a<br />

sua obra estranhamente mutilada, e penso que abortícia. Há ali coisas inviáveis: a exclusão<br />

sistemática do y, tão expressivo na sua forma <strong>de</strong> âncora a ligar-nos com a civilização antiga, e a<br />

eliminação completa do k, o hierático k.<br />

Como po<strong>de</strong>rei eu, ru<strong>de</strong> engenheiro, enten<strong>de</strong>r o quilômetro sem ok, o empertigado k, com<br />

as suas duas pernas <strong>de</strong> infatigável caminhante, a dominar distâncias? Mas <strong>de</strong>cretou a<br />

enormida<strong>de</strong>; e terei, doravante, <strong>de</strong> submeter-me aos ditames dos mestres.<br />

Trecho <strong>de</strong> carta <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s da Cunha para Domício da Gama. In: Renato<br />

Lemos (Org.). Bem traça<strong>das</strong> linhas: a história do Brasil em cartas<br />

pessoais. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Bom <strong>Texto</strong>, 2004, p. 223.<br />

179. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008).Depreen<strong>de</strong>-se do texto que, na época em<br />

que foi escrita a carta,<br />

A a variação lingüística era consi<strong>de</strong>rada como um fenômeno inerente às línguas em geral, como<br />

manifesta o remetente da carta no emprego da expressão ―a minha intransigência etimológica‖ (linha 2).<br />

―Não sei se já aí chegaram notícias da Reforma Orthográphica... (Aí <strong>de</strong>ixo, nestes maiúsculos e nestes h<br />

h, o meu espanto e a minha intransigência etimológica!).‖<br />

B havia um padrão lingüístico estabelecido, tal como ocorre atualmente, a ser seguido pelos usuários da<br />

língua, como evi<strong>de</strong>ncia o trecho ―submeter-me aos ditames dos mestres‖ (linha 10).<br />

―Mas <strong>de</strong>cretou a enormida<strong>de</strong>; e terei, doravante, <strong>de</strong> submeter-me aos ditames dos mestres.‖<br />

C a variação lingüística era um conceito <strong>de</strong> língua especificamente relacionado à escrita, em especial,<br />

às mudanças <strong>de</strong> grafia <strong>das</strong> palavras, tal como se concebe atualmente.<br />

D a ―Aca<strong>de</strong>mia‖ estava atenta às mudanças da língua escrita e da fala, mas procrastinava as <strong>de</strong>cisões,<br />

que acabavam por não aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s do momento em que eram divulga<strong>das</strong>.<br />

E já era refutada a crença <strong>de</strong> que existe uma única língua, tal como ocorre atualmente, após a<br />

introdução, nos estudos lingüísticos, do conceito <strong>de</strong> variação lingüística.<br />

180. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008).Os itens a seguir, na or<strong>de</strong>m em que são<br />

apresentados, são partes contíguas e sucessivas <strong>de</strong> um texto adaptado <strong>de</strong> David linha Olson (O Mundo<br />

do Papel — As Implicações Conceituais e Cognitivas da Leitura e da Escrita. Coleção Múltiplas Escritas.<br />

1.a ed. São Paulo:Ática, 1997, p. 17). Julgue-os quanto à coerência e à correção gramatical.<br />

I Não po<strong>de</strong>m haver dúvi<strong>das</strong> <strong>de</strong> que uma característica importante <strong>das</strong> socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas é a<br />

ubiqüida<strong>de</strong> da escrita.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

II Quase nenhum evento significativo, <strong>das</strong> <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> guerra aos simples cumprimentos <strong>de</strong><br />

aniversário, prescin<strong>de</strong>m <strong>de</strong> documentação escrita apropriada.<br />

III Os contratos são selados por meio <strong>de</strong> uma assinatura escrita: as mercadorias nos mercados, os<br />

nomes <strong>das</strong> ruas, as sepulturas — tudo tem inscrições.<br />

IV As ativida<strong>de</strong>s complexas são to<strong>das</strong> registra<strong>das</strong>, sejam em livros <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> crochê, sejam em<br />

manuais <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> computador ou livros <strong>de</strong> receitas culinárias.<br />

V O crédito <strong>de</strong> uma invenção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do registro <strong>de</strong> uma patente escrita, bem como o <strong>de</strong> uma<br />

realização científica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua publicação.<br />

VI E dizem que o lugar que vão ocupar no céu ou no inferno <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do que está escrito no Livro da<br />

Vida.<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> itens certos é igual a<br />

A 1. B 2. C 3. D 4. E 5.<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

Mesmo que o presi<strong>de</strong>nte Luiz Inácio Lula da Silva sancione o projeto <strong>de</strong> lei que torna<br />

obrigatória a realização, no curso do processo penal, <strong>de</strong> interrogatórios <strong>de</strong> réus presos por meio <strong>de</strong><br />

vi<strong>de</strong>oconferências, vai acabar no STF a discussão sobre a constitucionalida<strong>de</strong> da medida — já em<br />

prática em alguns estados e no DF.<br />

Os ministros têm opiniões conheci<strong>das</strong> divergentes sobre a questão. Quatro integrantes da<br />

2.a Turma enten<strong>de</strong>ram, no julgamento <strong>de</strong> um habeas corpus, que esse tipo <strong>de</strong> interrogatório viola os<br />

princípios da ampla <strong>de</strong>fesa e do <strong>de</strong>vido processo legal.<br />

Jornal do Brasil, 4/11/2007.<br />

181. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008) Assinale a opção que apresenta proposta<br />

<strong>de</strong> redação que, imprimindo clareza e correção gramatical ao texto, <strong>de</strong>sfaz a ambigüida<strong>de</strong> do segmento<br />

―o projeto <strong>de</strong> lei que torna obrigatória a realização, no curso do processo penal, <strong>de</strong> interrogatórios <strong>de</strong><br />

réus presos por meio <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>oconferências‖.<br />

A o projeto <strong>de</strong> lei que torna obrigatória, no curso do processo penal, a realização <strong>de</strong> interrogatórios por<br />

meio <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>oconferências <strong>de</strong> réus presos<br />

B o projeto <strong>de</strong> lei que torna a vi<strong>de</strong>oconferência obrigatória nos interrogatórios <strong>de</strong> réus presos no curso<br />

do processo penal<br />

C o projeto <strong>de</strong> lei, que no curso do processo penal, torna obrigatória a realização <strong>de</strong> interrogatórios por<br />

meio <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>oconferências<br />

D o projeto <strong>de</strong> lei que torna obrigatória, no curso do processo penal <strong>de</strong> réus presos, a realização <strong>de</strong><br />

interrogatório por meio <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>oconferências<br />

E o projeto <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>oconferência, que torna obrigatório no curso do processo penal, o<br />

interrogatório, por meio da mesma, <strong>de</strong> réus presos<br />

182. (T.J.RIO DE JANEIRO/ANAL.JUDICIÁRIO/27/04/2008) Assinale a opção que apresenta<br />

argumento que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado favorável à sanção do projeto <strong>de</strong> lei mencionado no texto.<br />

A Caso o <strong>de</strong>fensor público ou advogado do réu fique no estabelecimento prisional, ao lado do acusado,<br />

ele estará impossibilitado <strong>de</strong> realizar a necessária fiscalização do ato processual.<br />

B Caso o <strong>de</strong>fensor público ou advogado do réu permaneça na se<strong>de</strong> do juízo, ao lado dos <strong>de</strong>mais<br />

sujeitos processuais, será inviável que ele obtenha <strong>de</strong> pronto as informações necessárias ao exercício<br />

do contraditório e da ampla <strong>de</strong>fesa.<br />

C Os tratados internacionais que <strong>de</strong>terminam a apresentação do preso, em prazo razoável, diante do<br />

juiz, para ser ouvido, com as <strong>de</strong>vi<strong>das</strong> garantias, foram ratificados pelo Brasil.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

D O Conselho Nacional <strong>de</strong> Política Criminal e Penitenciária (órgão fe<strong>de</strong>ral) repudia o projeto <strong>de</strong> lei que<br />

propõe que réus presos sejam interrogados por meio <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>oconferência.<br />

E Estima-se que atinja a cifra <strong>de</strong> R$ 250 mil o gasto público com i<strong>das</strong> e vin<strong>das</strong> do traficante Fernandinho<br />

Beira-Mar ao Rio <strong>de</strong> Janeiro, para comparecer a interrogatórios.<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

5<br />

9<br />

12<br />

15<br />

19<br />

O conceito <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> tem sido abordado e compreendido <strong>de</strong> diferentes formas por<br />

diversos pensadores e por diversas escolas filosóficas. Os filósofos gregos começaram a buscar a<br />

verda<strong>de</strong> em relação ou oposição à falsida<strong>de</strong>, ilusão, aparência. De acordo com essa concepção,a<br />

verda<strong>de</strong> estaria inscrita na essência, sendo idêntica à realida<strong>de</strong> e acessível apenas ao pensamento,<br />

e vedada aos sentidos. Assim, um elemento necessário à verda<strong>de</strong> era a ―visão inteligível‖; em<br />

outras palavras, o ato <strong>de</strong> revelar, o próprio <strong>de</strong>svelamento.<br />

Já para os romanos, a verda<strong>de</strong> era Veritas, a veracida<strong>de</strong>. O conceito era sempre aplicado,<br />

isto é, remetia a uma história vivida que pu<strong>de</strong>sse ou não ser comprovada. Essa concepção <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong> subordinava-a, portanto, à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma verificação. A formulação do problema do<br />

―critério <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>‖ ocupou os a<strong>de</strong>ptos da gnosiologia, aqueles que se <strong>de</strong>dicavam ao estudo <strong>das</strong><br />

relações do pensamento, e <strong>de</strong> seu enunciado, sua forma <strong>de</strong> tradução na comunicação humana com<br />

o objeto ou fato real, em que se buscava uma relação <strong>de</strong> correspondência. Para a lógica, o<br />

interesse circunscrevia-se na correção e(ou) coerência semântica do discurso, da enunciação,<br />

<strong>de</strong>scartando a reflexão sobre o mundo objetivo.<br />

Para o filósofo Hei<strong>de</strong>gger, as verda<strong>de</strong>s são respostas que o homem dá ao mundo.<br />

Ressalte-se a utilização do termo no plural, quando o conceito <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> per<strong>de</strong> o critério do<br />

absoluto e(ou) do indivisível. Portanto, não haveria mais uma verda<strong>de</strong> filosófica, mas várias<br />

verda<strong>de</strong>s. Esse sentido mais pluralista também é <strong>de</strong>fendido por Foucault, para quem o significado<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> seria o <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada época, cada qual com sua verda<strong>de</strong> e seu discurso.<br />

Iluska Coutinho. O conceito <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> e sua utilização no jornalismo.<br />

Internet: (com adaptações).<br />

183. (T.R.E.-GO/ANALISTA ADM./01/02/2008) Assinale a opção correspon<strong>de</strong>nte à frase do texto que<br />

representa a síntese <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ias.<br />

A ―O conceito <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> tem sido abordado e compreendido <strong>de</strong> diferentes formas por diversos<br />

pensadores e por diversas escolas filosóficas.‖ (linha 1-2)<br />

B ―Os filósofos gregos começaram a buscar a verda<strong>de</strong> em relação ou oposição à falsida<strong>de</strong>, ilusão,<br />

aparência.‖ (linha 2-3)<br />

C ―Assim, um elemento necessário à verda<strong>de</strong> era a ‗visão inteligível‘; em outras palavras, o ato <strong>de</strong><br />

revelar, o próprio <strong>de</strong>svelamento.‖ (linha 5-6)<br />

D ―A formulação do problema do ‗critério <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>‘ ocupou os a<strong>de</strong>ptos da gnosiologia‖ (linha 9-10)<br />

184. (T.R.E.-GO/ANALISTA ADM./01/02/2008) No texto, um fato ou estado consi<strong>de</strong>rado em sua<br />

realida<strong>de</strong> está expresso pelo verbo sublinhado em<br />

A ―a verda<strong>de</strong> estaria inscrita‖ (linha 3-4).<br />

―De acordo com essa concepção,a verda<strong>de</strong> estaria inscrita na essência, sendo idêntica à realida<strong>de</strong> e<br />

acessível apenas ao pensamento, e vedada aos sentidos.‖<br />

B ―o interesse circunscrevia-se‖ (linha 12-13).<br />

―Para a lógica, o interesse circunscrevia-se na correção e(ou) coerência semântica do discurso, da<br />

enunciação, <strong>de</strong>scartando a reflexão sobre o mundo objetivo.‖<br />

C ―não haveria mais uma verda<strong>de</strong> filosófica‖ (linha 17-18).<br />

―Portanto, não haveria mais uma verda<strong>de</strong> filosófica, mas várias verda<strong>de</strong>s.‖<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

D ―o significado <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> seria o <strong>de</strong> expressão‖ (linha 18-19).<br />

―Esse sentido mais pluralista também é <strong>de</strong>fendido por Foucault, para quem o significado <strong>de</strong> verda<strong>de</strong><br />

seria o <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada época, cada qual com sua verda<strong>de</strong> e seu discurso.‖<br />

185. (T.R.E.-GO/ANALISTA ADM./01/02/2008) A respeito do texto, julgue os itens seguintes.<br />

I Tanto para os gregos como para os lógicos, a verda<strong>de</strong> constituía uma reflexão, acessível aos sentidos,<br />

não ilusória sobre o mundo.<br />

II Em latim, o conceito <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> estava associado à experiência e <strong>de</strong>pendia <strong>de</strong> verificação.<br />

III Para filósofos mais mo<strong>de</strong>rnos, a verda<strong>de</strong> relaciona homem e mundo e varia nas diferentes épocas e<br />

discursos.<br />

Assinale a opção correta.<br />

A Apenas o item I está certo.<br />

B Apenas o item III está certo.<br />

C Apenas os itens I e II estão certos.<br />

D Apenas os itens II e III estão certos.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----<br />

1<br />

4<br />

8<br />

12<br />

15<br />

19<br />

23<br />

26<br />

Formalida<strong>de</strong> bate recor<strong>de</strong><br />

Dados do Ca<strong>das</strong>tro Geral <strong>de</strong> Empregados e Desempregados (CAGED) divulgados ontem<br />

pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam para a criação <strong>de</strong> 554 mil postos <strong>de</strong> trabalho<br />

com carteira assinada no primeiro trimestre <strong>de</strong>ste ano, o que representa recor<strong>de</strong> histórico para esse<br />

período. A série <strong>de</strong> dados do CAGED tem início em 1992. Contra os três primeiros meses <strong>de</strong> 2007,<br />

quando foram cria<strong>das</strong> 399 mil vagas (recor<strong>de</strong> anterior), segundo informações do MTE, o<br />

crescimento no número <strong>de</strong> empregos formais criados foi <strong>de</strong> 38,7%. ―Esse primeiro trimestre, como<br />

dizem meus filhos, bombou‖, afirmou o ministro do Trabalho a jornalistas. Para o ano <strong>de</strong> 2008<br />

fechado, o ministro manteve a previsão <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> 1,8 milhão <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho com carteira<br />

assinada. ―Vai ser novo recor<strong>de</strong>, apesar da taxa <strong>de</strong> juros‖, disse ele em referência à <strong>de</strong>cisão do<br />

Comitê <strong>de</strong> Política Monetária (COPOM) do Banco Central <strong>de</strong> elevar os juros <strong>de</strong> 11,25% para<br />

11,75% ao ano. Em 2007, recor<strong>de</strong> para um ano fechado, foram criados 1,61 milhão <strong>de</strong> empregos<br />

formais.<br />

Segundo o ministro, a <strong>de</strong>manda interna permanece ―muito aquecida‖. ―Esse aumento <strong>de</strong><br />

0,5 ponto percentual na taxa <strong>de</strong> juros, até chegar ao consumidor, <strong>de</strong>mora. Quem compra fogão,<br />

gela<strong>de</strong>ira e carro a prazo vai perceber um aumento real <strong>de</strong> juros maior do que 0,5 ponto percentual.<br />

Po<strong>de</strong> haver uma diminuição na escalada <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> bens duráveis‖, disse ele. Para o ministro do<br />

Trabalho, a <strong>de</strong>cisão do COPOM <strong>de</strong> subir os juros neste mês, e nos subseqüentes, conforme<br />

projeção do mercado financeiro, po<strong>de</strong> impactar um pouco a criação <strong>de</strong> empregos formais mais para<br />

o final <strong>de</strong> 2008. ―Esses próximos três meses vão continuar sendo muito fortes na criação <strong>de</strong><br />

empregos com carteira assinada‖, avaliou ele.<br />

O ministro do Trabalho classificou a <strong>de</strong>cisão do COPOM <strong>de</strong> subir os juros <strong>de</strong> ―precipitada‖.<br />

―É um erro imaginar que há inflação no Brasil. Temos alguns produtos subindo <strong>de</strong> preços, como o<br />

trigo e outros produtos, por causa <strong>das</strong> chuvas, ou falta <strong>de</strong> chuvas. Os preços dos bens duráveis<br />

(fogões, gela<strong>de</strong>iras e carros, por exemplo, que são impactados pela <strong>de</strong>cisão dos juros) não estão<br />

aumentando‖, disse ele a jornalistas. O ministro avaliou, entretanto, que o impacto maior se dará<br />

nas operações <strong>de</strong> comércio exterior. Isso porque a <strong>de</strong>cisão sobre juros ten<strong>de</strong> a trazer mais recursos<br />

para o Brasil e, com isso, pressionar para baixo o dólar. Dólar baixo, por sua vez, estimula<br />

importações e torna as ven<strong>das</strong> ao exterior mais caras. Por conta principalmente do dólar baixo, a<br />

balança comercial teve queda <strong>de</strong> 67% no superávit (exportações menos importações) no primeiro<br />

trimestre <strong>de</strong>ste ano. A criação <strong>de</strong> empregos formais no primeiro trimestre <strong>de</strong>ste ano cresceu em<br />

quase todos os setores da economia. No caso da indústria <strong>de</strong> transformação, por exemplo, foram<br />

cria<strong>das</strong> 146 mil vagas nos três primeiros meses <strong>de</strong>ste ano, contra 110 mil em igual período <strong>de</strong> 2007.<br />

Tribuna do Brasil, 11/4/2008. Internet: (com adaptações).<br />

186. (T.R.T. 1°REGIÃO/ANAL.JUDICIÁRIO/08/06/2008) De acordo com o texto,<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

A já foram criados 1,8 milhão <strong>de</strong> empregos com carteira assinada no primeiro trimestre <strong>de</strong> 2008.<br />

B a elevação da taxa <strong>de</strong> juros po<strong>de</strong>rá influenciar negativamente a criação <strong>de</strong> novos empregos, segundo<br />

o ministro do Trabalho.<br />

C os preços dos eletrodomésticos e dos automóveis vão ter um aumento real <strong>de</strong> 0,5 por cento em 2008.<br />

D a <strong>de</strong>manda interna aquecida provocará uma diminuição <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> bens duráveis pelos<br />

consumidores.<br />

E a indústria <strong>de</strong> transformação foi o setor da economia que mais cresceu em 2007.<br />

187. (T.R.T. 1°REGIÃO/ANAL.JUDICIÁRIO/08/06/2008) Assinale a opção que contém uma<br />

informação correta a respeito da estrutura do texto.<br />

A O texto representa a transcrição completa da entrevista feita por jornalistas ao ministro do Trabalho.<br />

B Observam-se, claramente, no texto, argumentos em favor do aumento da criação <strong>de</strong> postos <strong>de</strong><br />

trabalho nas indústrias <strong>de</strong> bens duráveis.<br />

C A intercalação entre os dados a respeito do crescimento da oferta <strong>de</strong> empregos e as opiniões do<br />

ministro do Trabalho sobre esse tema caracteriza a estrutura do texto.<br />

D O texto é introduzido por meio <strong>de</strong> uma narração, em que são apresentados o personagem (ministro) e<br />

o tempo da narrativa (o primeiro trimestre <strong>de</strong> 2008).<br />

E No segundo parágrafo, é <strong>de</strong>senvolvido o seguinte tópico frasal: ―Dados do Ca<strong>das</strong>tro Geral <strong>de</strong><br />

Empregados e Desempregados (...) recor<strong>de</strong> histórico para esse período‖ (linha1-4).<br />

188. (T.R.T. 1°REGIÃO/ANAL.JUDICIÁRIO/08/06/2008)Com referência às idéias e às estruturas do<br />

texto, assinale certo ou errado. De acordo com a argumentação textual, verifica-se que os dados do<br />

CAGED são produzidos pelo COPOM.<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

Bancos projetam alta <strong>de</strong> 2,59 % do PIB em 2009<br />

1<br />

4<br />

7<br />

11<br />

14<br />

Em 2009, a economia brasileira <strong>de</strong>verá crescer 2,59%, resultado bem abaixo do esperado<br />

para a alta do PIB em 2008, <strong>de</strong> 5,6%. Esta é a projeção da mais recente pesquisa <strong>de</strong> projeções<br />

macroeconômicas e expectativas <strong>de</strong> mercado, feita mensalmente pela Fe<strong>de</strong>ração Brasileira <strong>de</strong><br />

Bancos (FEBRABAN) junto a analistas <strong>de</strong> 33 instituições.<br />

O levantamento, realizado nos últimos dias 18 e 19, mostrou que os bancos foram<br />

surpreendidos com o <strong>de</strong>sempenho da economia no terceiro trimestre e elevaram as expectativas <strong>de</strong><br />

expansão da economia para 2008.<br />

Em novembro, a pesquisa apontava para crescimento <strong>de</strong> 5,23% neste ano. No entanto, o<br />

cenário para 2009 piorou em relação ao mês passado, quando analistas esperavam crescimento <strong>de</strong><br />

3,13%, e este ficou bem abaixo da projeção <strong>de</strong> setembro, que era <strong>de</strong> alta <strong>de</strong> 3,75% no próximo ano.<br />

Para o economista chefe da FEBRABAN, Rubens Sar<strong>de</strong>nberg, o resultado da nova<br />

pesquisa consolida a previsão <strong>de</strong> que o país crescerá menos em 2009, mas, mesmo assim, <strong>de</strong>verá<br />

ter <strong>de</strong>sempenho superior ao <strong>de</strong> outras economias.<br />

Por enquanto, os números são ainda muito positivos, se colocarmos em perspectiva um<br />

cenário global bastante pessimista. A economia brasileira vai crescer em cima <strong>de</strong> uma base<br />

importante, com a forte expansão dos últimos anos<br />

— disse.<br />

Jornal do Commércio, 24/12/2008 (com adaptações).<br />

No que se refere à organização <strong>das</strong> i<strong>de</strong>ias, aos aspectos gramaticais e à tipologia do texto acima,<br />

julgue os itens <strong>de</strong><br />

189. (SEFAZ-ES/AUDITOR FISCAL/08/02/2008) O texto é predominantemente opinativo, sendo<br />

empregados pelo autor diversos dados estatísticos que sustentam sua argumentação central.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

190. (SEFAZ-ES/AUDITOR FISCAL/08/02/2008) O resultado da pesquisa citada mostra que a<br />

economia do país, neste ano, apresentará menor <strong>de</strong>sempenho, embora o seu crescimento ainda possa<br />

ser significativo se comparado com o <strong>de</strong> outras nações, consi<strong>de</strong>rando-se o cenário da economia<br />

mundial.<br />

191. (SEFAZ-ES/AUDITOR FISCAL/08/02/2008) Não são oficiais os números relativos ao prognóstico<br />

<strong>de</strong> crescimento da economia do país apresentados no texto, mas apoiam-se em ilações <strong>de</strong> especialistas<br />

no assunto.<br />

192. (SEFAZ-ES/AUDITOR FISCAL/08/02/2008) As projeções apresenta<strong>das</strong> no texto evi<strong>de</strong>nciam que<br />

a expectativa dos analistas nos últimos meses, com relação à expansão da economia, diminuiu<br />

especialmente <strong>de</strong>vido aos efeitos oriundos <strong>das</strong> oscilações no mercado internacional.<br />

193. (SEFAZ-ES/AUDITOR FISCAL/08/02/2008) ―os números‖ (linha 14) citados pelo economista<br />

Rubens Sar<strong>de</strong>nberg não se referem aos prognósticos feitos pelos analistas ouvidos na pesquisa da<br />

FEBRABAN.<br />

―Por enquanto, os números são ainda muito positivos, se colocarmos em perspectiva um cenário global<br />

bastante pessimista. A economia brasileira vai crescer em cima <strong>de</strong> uma base importante, com a forte<br />

expansão dos últimos anos .‖<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ ---------<br />

1<br />

5<br />

9<br />

13<br />

Agora olhavam as lojas, as tol<strong>das</strong>, a mesa do leilão. E conferenciavam pasmados. Tinham<br />

percebido que havia muitas pessoas no mundo. Ocupavam-se em <strong>de</strong>scobrir uma enorme<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> objetos. Comunicaram baixinho um ao outro as surpresas que os enchiam.<br />

Impossível imaginar tantas maravilhas juntas. O menino mais novo teve uma dúvida e apresentou-a<br />

timidamente ao irmão. Seria que aquilo tinha sido feito por gente? O menino mais velho hesitou,<br />

espiou as lojas, as tol<strong>das</strong> ilumina<strong>das</strong>, as moças bem vesti<strong>das</strong>. Encolheu os ombros. Talvez aquilo<br />

tivesse sido feito por gente. Nova dificulda<strong>de</strong> chegou-lhe ao espírito, soprou-a no ouvido do irmão.<br />

Provavelmente aquelas coisas tinham nomes. O menino mais novo interrogou-o com os olhos. Sim,<br />

com certeza as preciosida<strong>de</strong>s que se exibiam nos altares da igreja e nas prateleiras <strong>das</strong> lojas tinham<br />

nomes. Puseram-se a discutir a questão intrincada. Como podiam os homens guardar tantas<br />

palavras? Era impossível, ninguém conservaria tão gran<strong>de</strong> soma <strong>de</strong> conhecimentos. Livres dos<br />

nomes, as coisas ficavam distantes, misteriosas. Não tinham sido feitas por gente. E os indivíduos<br />

que mexiam nelas cometiam imprudência. Vistas <strong>de</strong> longe, eram bonitas. Admirados e medrosos,<br />

falavam baixo para não <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar as forças estranhas que elas porventura encerrassem.<br />

Graciliano Ramos. Vi<strong>das</strong> secas. São Paulo: Martins, 1972, p.125.<br />

No texto apresentado acima, dois personagens do romance Vi<strong>das</strong> Secas, o menino mais velho e<br />

o menino mais novo, <strong>de</strong>ixam a fazenda em que seu pai trabalhava como vaqueiro, para irem à<br />

festa <strong>de</strong> Natal em uma pequena cida<strong>de</strong>. Com base nessas informações e no fragmento do texto<br />

<strong>de</strong> Graciliano Ramos, julgue os itens subseqüentes.<br />

194. (T.J.D.F.T./ANALISTA ADM./ 02/03/2008) O emprego da linguagem figurada, como em ―soprou-a<br />

no ouvido do irmão‖ (LINHA 7), e a ausência do discurso direto confirmam o que está evi<strong>de</strong>nte no trecho<br />

―O menino mais novo interrogou-o com os olhos‖ (LINHA 8), isto é, que em ambos os momentos a<br />

comunicação entre os dois personagens prescin<strong>de</strong> da linguagem verbal.<br />

―. Nova dificulda<strong>de</strong> chegou-lhe ao espírito, soprou-a no ouvido do irmão. Provavelmente aquelas coisas<br />

tinham nomes. O menino mais novo interrogou-o com os olhos.‖<br />

195. (T.J.D.F.T./ANALISTA ADM./ 02/03/2008) No trecho ―as preciosida<strong>de</strong>s que se exibiam nos altares<br />

da igreja e nas prateleiras <strong>das</strong> lojas tinham nomes‖ (LINHA7 9-10), os objetos religiosos e as<br />

mercadorias estão reunidos sob a <strong>de</strong>signação comum <strong>de</strong> ―nomes‖, o que está <strong>de</strong> acordo com a<br />

associação feita pelos meninos entre as coisas espirituais e as coisas ―feitas por gente‖ (LINHA 12).<br />

―O menino mais novo interrogou-o com os olhos. Sim, com certeza as preciosida<strong>de</strong>s que se exibiam nos<br />

altares da igreja e nas prateleiras <strong>das</strong> lojas tinham nomes. Puseram-se a discutir a questão intrincada.<br />

Como podiam os homens guardar tantas palavras? Era impossível, ninguém conservaria tão gran<strong>de</strong><br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 60


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

soma <strong>de</strong> conhecimentos. Livres dos nomes, as coisas ficavam distantes, misteriosas. Não tinham sido<br />

feitas por gente.‖<br />

196. (T.J.D.F.T./ANALISTA ADM./ 02/03/2008) Consi<strong>de</strong>rando-se a linguagem usada pelo escritor para<br />

narrar a experiência dos meninos na cida<strong>de</strong>, é correto afirmar que a questão abordada no texto po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada ―intrincada‖ (LINHA 10) não apenas para os personagens, mas também para o autor e o<br />

leitor.<br />

―O menino mais novo interrogou-o com os olhos. Sim, com certeza as preciosida<strong>de</strong>s que se exibiam nos<br />

altares da igreja e nas prateleiras <strong>das</strong> lojas tinham nomes. Puseram-se a discutir a questão intrincada.‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

11<br />

15<br />

Consultado por um discípulo sobre as forças dominantes dos <strong>de</strong>stinos dos homens, o<br />

gran<strong>de</strong> sábio Pitágoras respon<strong>de</strong>u: ―Os números governam o mundo!‖. Realmente. O pensamento<br />

mais simples não po<strong>de</strong> ser formulado sem nele se envolver, sob múltiplos aspectos, o conceito<br />

fundamental do número.<br />

Do número, que é a base da razão e do entendimento, surge outra noção <strong>de</strong> indiscutível<br />

importância: é a noção <strong>de</strong> medida. Medir é comparar. Só são, entretanto, suscetíveis <strong>de</strong> medida as<br />

gran<strong>de</strong>zas que admitem um elemento como base <strong>de</strong> comparação. Será possível medir-se a<br />

extensão do espaço? De modo nenhum. O espaço é infinito e, sendo assim, não admite termo <strong>de</strong><br />

comparação. Será possível avaliar a eternida<strong>de</strong>? De modo nenhum. Dentro <strong>das</strong> possibilida<strong>de</strong>s<br />

humanas, o tempo é sempre infinito e, no cálculo da eternida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong> o efêmero servir <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong> a avaliações.<br />

Em muitos casos, entretanto, ser-nos-á possível representar uma gran<strong>de</strong>za que não se<br />

adapta aos sistemas <strong>de</strong> medi<strong>das</strong> por outra que po<strong>de</strong> ser avaliada com segurança e vigor. Essa<br />

permuta <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, que visa simplificar os processos <strong>de</strong> medida, constitui o objeto principal <strong>de</strong><br />

uma ciência que os homens <strong>de</strong>nominam Matemática.<br />

Malba Tahan. O homem que calculava, cap. XI, p. 53 (com adaptações).<br />

A respeito <strong>das</strong> i<strong>de</strong>ias e estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens a seguir.<br />

197. (INMETRO/CARGOS N.SUPERIOR/ 05/07/2009) O traço comum que impossibilita a aplicação <strong>de</strong><br />

sistemas <strong>de</strong> medi<strong>das</strong> para se medir a extensão do espaço e avaliar a eternida<strong>de</strong> é a infinitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse<br />

espaço e da eternida<strong>de</strong>.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------<br />

1<br />

5<br />

9<br />

13<br />

A expressão sustentabilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento não significa um ajustamento<br />

suplementar à racionalida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento mo<strong>de</strong>rno. O âmago do conceito — o princípio ético<br />

da solidarieda<strong>de</strong> — guarda o imenso <strong>de</strong>safio contemporâneo <strong>de</strong> assegurar a sustentabilida<strong>de</strong> da<br />

humanida<strong>de</strong> no planeta, no interior <strong>de</strong> uma crise <strong>de</strong> civilização <strong>de</strong> múltiplas dimensões<br />

inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e interpenetrantes: ecológica, social, política, humana, étnica, ética, moral,<br />

religiosa, afetiva, mitológica...<br />

A sustentabilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento é um problema complexo, porque a sua essência<br />

está imbricada em um tecido <strong>de</strong> problemas inseparáveis, exigindo uma reforma epistemológica da<br />

própria noção <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. A mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> tramou-se no virtuosismo da civilização<br />

europeia. As luzes da razão e do saber alimentaram o i<strong>de</strong>al civilizatório, em oposição a tudo que<br />

representasse barbárie. Aos olhos do colonialismo, a dignida<strong>de</strong> da existência do bárbaro do novo<br />

mundo foi reconhecida, apenas, na sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporar-se às luzes da moral cristã, da<br />

mentalida<strong>de</strong> capitalista e do racionalismo progressivo do mundo industrial, em sua voracida<strong>de</strong><br />

insaciável por recursos naturais, cada vez mais distantes.<br />

Paula Yone Stroh. Introdução. In: Edgard Morin. Saberes globais e saberes locais:<br />

o olhar transdisciplinar. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Garamond, 2000, p. 9-10 (com adaptações).<br />

Julgue os itens subsequentes, a respeito da organização <strong>das</strong> idéias no texto acima.<br />

198.(MIN. INTEGRAÇÃO/ANAL. TÉC. ADM./28/06/2009) De acordo com o texto, a ―sustentabilida<strong>de</strong> do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento‖ (LINHA 1) não significa um mero ajustamento, pois o princípio da solidarieda<strong>de</strong> é<br />

incompatível com o modo <strong>de</strong> vida capitalista mo<strong>de</strong>rno.<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

―A expressão sustentabilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento não significa um ajustamento suplementar à<br />

racionalida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento mo<strong>de</strong>rno. O âmago do conceito...‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -----<br />

1<br />

4<br />

8<br />

11<br />

Diante <strong>das</strong> notícias atuais, po<strong>de</strong> até parecer natural que cada um <strong>de</strong> nós vista algum tipo<br />

<strong>de</strong> couraça para se proteger <strong>de</strong> tudo isso. E, assim, encouraçados e amedrontados, vamos nos<br />

escon<strong>de</strong>ndo, nos encolhendo, antes mesmo <strong>de</strong> enxergar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fazer o que temos <strong>de</strong><br />

fazer em conjunto, em comunida<strong>de</strong>, em companhia. A <strong>de</strong>sconfiança é um tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição<br />

mental. Falo da atitu<strong>de</strong>, crescente no cotidiano, que faz da <strong>de</strong>sconfiança a própria ambiência nas<br />

relações. Po<strong>de</strong> parecer natural, mas não é aceitável. E, no fim, não serve <strong>de</strong> nada. O medo não<br />

elimina perigo algum. Se o mundo é arriscado, esse fato não será mudado por nosso medo ou<br />

<strong>de</strong>sconfiança. E, muito importante, não faria sentido vivermos, estudarmos e trabalharmos em<br />

conjunto se não pudéssemos estabelecer alguma — ou muita — confiança nas pessoas que estão<br />

conosco nessa jornada.<br />

Caco <strong>de</strong> Paula. Nutrição mental. In: Vida Simples.<br />

Ed. 74, <strong>de</strong>z./2008, p. 78 (com adaptações).<br />

Julgue os próximos itens, acerca <strong>das</strong> i<strong>de</strong>ias e <strong>das</strong> estruturas linguísticas do texto acima.<br />

199.(MIN. INTEGRAÇÃO/ANAL. TÉC. ADM./28/06/2009) De acordo com a argumentação do texto, o<br />

que faz a violência <strong>das</strong> notícias atuais parecer natural, mas não aceitável, é ter medo <strong>de</strong> aceitar que o<br />

mundo é arriscado.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -----<br />

Brinkmanship<br />

1<br />

4<br />

7<br />

10<br />

13<br />

17<br />

21<br />

24<br />

28<br />

31<br />

34<br />

37<br />

Em 1964, o cineasta Stanley Kubrick lançava o filme Dr. Strangelove. Nele, um oficial<br />

norte-americano or<strong>de</strong>na um bombar<strong>de</strong>io nuclear à União Soviética e comete suicídio em seguida,<br />

levando consigo o código para cancelar o bombar<strong>de</strong>io. O presi<strong>de</strong>nte norte-americano busca o<br />

governo soviético na esperança <strong>de</strong> convencê-lo <strong>de</strong> que o evento foi um aci<strong>de</strong>nte e, por isso, não<br />

<strong>de</strong>veria haver retaliação. É, então, informado <strong>de</strong> que os soviéticos implementaram uma arma <strong>de</strong> fim<br />

do mundo (uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> bombas nucleares subterrâneas), que funcionaria automaticamente quando<br />

o país fosse atacado ou quando alguém tentasse <strong>de</strong>sacioná-la. O Dr. Strangelove, estrategista do<br />

presi<strong>de</strong>nte, aponta uma falha: se os soviéticos dispunham <strong>de</strong> tal arma, por que a guardavam em<br />

segredo? Por que não contar ao mundo? A resposta do inimigo: a máquina seria anunciada na<br />

reunião do partido na segunda-feira seguinte.<br />

Po<strong>de</strong>-se analisar a situação criada no filme sob a ótica da Teoria dos Jogos: uma bomba<br />

nuclear é lançada pelo país A ao país B. A política <strong>de</strong> B consiste em revidar qualquer ataque com<br />

todo o seu arsenal, o qual po<strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a vida no planeta, caso o país seja atacado. O raciocínio<br />

que leva B a adotar tal política é bastante simples: até o país mais fraco do mundo está seguro se<br />

criar uma máquina <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição do mundo, ou seja, ao ter sua sobrevivência seriamente<br />

ameaçada, o país <strong>de</strong>strói o mundo inteiro (ou, em seu modo menos drástico, apenas os invasores).<br />

Ao elevar os custos para o país invasor, o <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong>ssa arma garante sua segurança. O problema<br />

é que <strong>de</strong> nada adianta um país possuir tal arma em segredo. Seus inimigos <strong>de</strong>vem saber <strong>de</strong> sua<br />

existência e acreditar na sua disposição <strong>de</strong> usá-la. O po<strong>de</strong>r da máquina do fim do mundo está mais<br />

na intimidação do que em seu uso.<br />

O conflito nuclear fornece um exemplo <strong>de</strong> uma <strong>das</strong> conclusões mais surpreen<strong>de</strong>ntes a<br />

que se chega com a Teoria dos Jogos. O economista Thomas Schelling percebeu que, apesar <strong>de</strong> o<br />

sucesso geralmente ser atribuído a maior inteligência, planejamento, racionalida<strong>de</strong>, entre outras<br />

características que retratam o vencedor como superior ao vencido, o que ocorre, muitas vezes, é<br />

justamente o oposto. Até mesmo o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um jogador, consi<strong>de</strong>rado, no senso comum, como uma<br />

vantagem, po<strong>de</strong> atuar contra seu <strong>de</strong>tentor.<br />

Schelling <strong>de</strong>nominou brinkmanship (<strong>de</strong> brink, extremo) a estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>liberadamente<br />

levar uma situação às suas consequências extremas.<br />

Um exemplo usado por Schelling é o bem conhecido jogo do frango, que consiste em dois<br />

indivíduos acelerarem seus carros na direção um do outro em rota <strong>de</strong> colisão; o primeiro a virar o<br />

volante e sair da pista é o per<strong>de</strong>dor.<br />

Se ambos forem reto, os dois jogadores pagam o preço mais alto com sua vida. No caso<br />

<strong>de</strong> os dois <strong>de</strong>sviarem, o jogo termina em empate. Se um <strong>de</strong>sviar e o outro for reto, o primeiro será o<br />

frango, e o segundo, o vencedor. Schelling propôs que um participante <strong>de</strong>sse jogo retire o volante<br />

<strong>de</strong> seu carro e o atire para fora, fazendo questão <strong>de</strong> mostrá-lo a to<strong>das</strong> as pessoas presentes. Ao<br />

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Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

outro jogador caberia a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir ou causar uma catástrofe. Um jogador racional optaria<br />

pelo que lhe causasse menos per<strong>das</strong>, sempre per<strong>de</strong>ndo o jogo.<br />

Fabio Zugman.Teoria dos jogos. Internet: (com adaptações).<br />

200.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009)Marque certo ou errado com relação às i<strong>de</strong>ias do texto e às<br />

palavras e expressões nele emprega<strong>das</strong>. O período ―É então (...) <strong>de</strong>sacioná-la‖ (LINHA 5-7) esclarece<br />

que a informação dada ao presi<strong>de</strong>nte norte-americano era falsa.<br />

―É, então, informado <strong>de</strong> que os soviéticos implementaram uma arma <strong>de</strong> fim do mundo (uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

bombas nucleares subterrâneas), que funcionaria automaticamente quando o país fosse atacado ou<br />

quando alguém tentasse <strong>de</strong>sacioná-la‖<br />

201.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009) Com relação às i<strong>de</strong>ias e às estruturas linguísticas do texto,<br />

marque certo ou errado. Os ―custos‖ a que o narrador se refere na linha 17 são os <strong>de</strong> se construir ―uma<br />

arma <strong>de</strong> fim do mundo‖ (LINHA 5).<br />

―O presi<strong>de</strong>nte norte-americano busca o governo soviético na esperança <strong>de</strong> convencê-lo <strong>de</strong> que o evento<br />

foi um aci<strong>de</strong>nte e, por isso, não <strong>de</strong>veria haver retaliação. É, então, informado <strong>de</strong> que os soviéticos<br />

implementaram uma arma <strong>de</strong> fim do mundo (uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> bombas nucleares subterrâneas), que<br />

funcionaria automaticamente quando o país fosse atacado ou quando alguém tentasse <strong>de</strong>sacioná-la.‖<br />

(...)<br />

―Ao elevar os custos para o país invasor, o <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong>ssa arma garante sua segurança.‖<br />

Com base no texto, marque certo ou errado.<br />

202.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009)B As expressões o primeiro a virar o volante e sair da pista<br />

per<strong>de</strong> e quem virar o volante e sair da pista per<strong>de</strong> estabeleceriam a mesma regra <strong>de</strong>scrita no penúltimo<br />

parágrafo do texto para <strong>de</strong>terminar o resultado do jogo do frango.<br />

―Um exemplo usado por Schelling é o bem conhecido jogo do frango, que consiste em dois indivíduos<br />

acelerarem seus carros na direção um do outro em rota <strong>de</strong> colisão; o primeiro a virar o volante e sair da<br />

pista é o per<strong>de</strong>dor.‖<br />

203.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009)C Conclui-se da leitura do texto que, em 1964, a capacida<strong>de</strong><br />

nuclear da União Soviética era menor do que a norte-americana.<br />

204.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009)D De acordo com a teoria <strong>de</strong> Schelling, a situação narrada no<br />

filme terminaria com a <strong>de</strong>rrota soviética, se o governo daquele país se comportasse como um ser<br />

racional.<br />

205.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009)E Segundo o texto, um oficial norte-americano propôs o<br />

emprego da estratégia <strong>de</strong>nominada brinkmanship para <strong>de</strong>smoralizar politicamente o governo da União<br />

Soviética<br />

Com base no texto, marque certa ou errada.<br />

206.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009) O ―falso informado‖ (LINHA 20) é um subtipo ou uma variação<br />

do ―Falso Entendido‖ (LINHA1).<br />

―Faz-se aquele silêncio que prece<strong>de</strong> as gran<strong>de</strong>s revelações, mas o falso informado não diz nada. Fica<br />

subentendido que ele está protegendo as suas fontes em Brasília.‖<br />

Marque certo ou errado com base no texto.<br />

207.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009) Com base no período ―Fica subentendido que ele está<br />

protegendo as suas fontes em Brasília‖ (LINHA 21), conclui-se que o ―falso informado‖ (LINHA 20) em<br />

questão foi instado a emitir uma opinião sobre a política brasiliense.<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 63


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

―Faz-se aquele silêncio que prece<strong>de</strong> as gran<strong>de</strong>s revelações, mas o falso informado não diz nada. Fica<br />

subentendido que ele está protegendo as suas fontes em Brasília.‖<br />

208.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009) Não há elementos no texto, para além daqueles apresentados<br />

pelo ―Falso que interpreta‖ (LINHA 22), que corroborem a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o socialismo avança na Europa.<br />

―E há o Falso que interpreta. Para ele, tudo o que acontece <strong>de</strong>ve ser posto na perspectiva <strong>de</strong> vastas<br />

transformações históricas que só ele está sacando.―<br />

209.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009)Segundo o que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o ―Falso que interpreta‖ (LINHA 22), se<br />

o uso <strong>de</strong> gordura animal nos países do Mercado Comum Europeu diminui, o socialismo avança na<br />

Europa.<br />

―E há o Falso que interpreta. Para ele, tudo o que acontece <strong>de</strong>ve ser posto na perspectiva <strong>de</strong> vastas<br />

transformações históricas que só ele está sacando.<br />

— O avanço do socialismo na Europa ocorre em proporção direta ao <strong>de</strong>clínio no uso <strong>de</strong> gordura animal<br />

nos países do Mercado Comum. Só não vê quem não quer.‖<br />

210.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009) A pergunta expressa na linha 29 pressupõe que o narrador do<br />

texto acredita que toda a Reforma se explica a partir da prisão <strong>de</strong> ventre <strong>de</strong> Lutero.<br />

―E, se alguém quer mais <strong>de</strong>talhes sobre a sua insólita teoria, ele vê a pergunta como manifestação <strong>de</strong><br />

uma hostilida<strong>de</strong> bastante significativa a interpretações não ortodoxas, e passa a interpretar os motivos<br />

<strong>de</strong> quem o questiona, invocando a Igreja medieval, os gran<strong>de</strong>s hereges da história, e vocês sabiam que<br />

toda a Reforma se explica a partir da prisão <strong>de</strong> ventre <strong>de</strong> Lutero?‖<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

10<br />

O poema nasce do espanto, e o espanto <strong>de</strong>corre do incompreensível. Vou contar uma<br />

história: um dia, estava vendo televisão e o telefone tocou. Mal me ergui para atendê-lo, o fêmur <strong>de</strong><br />

uma <strong>das</strong> minhas pernas roçou o osso da bacia. Algo do tipo já acontecera antes? Com certeza.<br />

Entretanto, naquela ocasião, o atrito dos ossos me espantou. Uma ocorrência explicável, <strong>de</strong> súbito,<br />

ganhou contornos inexplicáveis. Quer dizer que sou osso? — refleti, surpreso. Eu sou osso? Osso<br />

pergunta? A parte que em mim pergunta é igualmente osso? Na tentativa <strong>de</strong> elucidar os<br />

questionamentos <strong>de</strong>spertados pelo espanto, eclo<strong>de</strong> um poema. Enten<strong>de</strong> agora por que <strong>de</strong>moro 10,<br />

12 anos para lançar um novo livro <strong>de</strong> poesia? Porque preciso do espanto. Não <strong>de</strong>termino o instante<br />

<strong>de</strong> escrever: hoje vou sentar e redigir um poema. A poesia está além <strong>de</strong> minha vonta<strong>de</strong>. Por isso,<br />

quando me indagam se sou Ferreira Gullar, respondo: às vezes.<br />

Ferreira Gullar. Bravo, mar./2009 (com adaptações).<br />

211.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009) Assinale a opção correta a respeito do texto.<br />

A Pelo <strong>de</strong>senvolvimento do texto, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que, segundo Ferreira Gullar, o poema tem origem no<br />

<strong>de</strong>sconhecido.<br />

B Infere-se do texto que um atrito <strong>de</strong> ossos como o <strong>de</strong>scrito nas linhas <strong>de</strong> 3 a 7 já havia causado<br />

espanto a Ferreira Gullar antes.<br />

C Infere-se do texto que, para Ferreira Gullar, aquilo que, usualmente, é <strong>de</strong>nominado espiritual se reduz<br />

ao plano material.<br />

D Segundo o texto, Ferreira Gullar só experimenta o espanto poético a cada 10 ou 12 anos.<br />

E Está explícito no texto que Ferreira Gullar é um nome fictício.<br />

Com relação às estruturas linguísticas e às i<strong>de</strong>ias do texto, marque certo ou errado.<br />

212.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009) .A No trecho ―Mal me ergui para atendê-lo,‖ (LINHA 2), o autor<br />

informa que se ergueu incorretamente.<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 64


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

―. Mal me ergui para atendê-lo, o fêmur <strong>de</strong> uma <strong>das</strong> minhas pernas roçou o osso da bacia. Algo do tipo<br />

já acontecera antes? Com certeza.‖<br />

213.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009) .C De acordo com o texto, são afirmativas as respostas para<br />

to<strong>das</strong> as perguntas conti<strong>das</strong> em ―Quer dizer que sou osso? (...). Eu sou osso? Osso pergunta? A parte<br />

que em mim pergunta é igualmente osso?‖ (LINHA 5-6)<br />

―Quer dizer que sou osso? — refleti, surpreso. Eu sou osso? Osso pergunta? A parte que em mim<br />

pergunta é igualmente osso?‖<br />

214.(P.C.R.N./DELEGADO/26/04/2009) . Assinale a opção que apresenta um título que melhor resume<br />

o tópico <strong>de</strong>senvolvido no texto.<br />

A Como extrair do cotidiano um episódio surpreen<strong>de</strong>nte<br />

B O óbvio nunca é óbvio<br />

C O indivíduo são indivíduos<br />

D Poesia não é inspiração<br />

E A poesia surge do espanto<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

1<br />

4<br />

7<br />

10<br />

12<br />

Alguns só conseguem enxergar o lado feio do mundo. E, como só notícias ruins dão<br />

manchete, <strong>de</strong>leitam-se em ver confirmados seus piores enredos. Mas, no que se po<strong>de</strong> medir ou<br />

confirmar, a história é outra. O mundo hoje está pior? Vamos compará-lo com o <strong>de</strong> um século atrás.<br />

Jamais houve tanta liberda<strong>de</strong> e o crescimento <strong>das</strong> <strong>de</strong>mocracias foi extraordinário. Entre elas já não<br />

há guerras. Nos conflitos recentes, pelo menos um lado é ditatorial. Antes da Revolução Industrial,<br />

um operário só possuía a roupa do corpo. Sua maior riqueza eram os pregos <strong>de</strong> sua casa.<br />

Educação, cultura e lazer chegaram também aos pobres. Acabou-se a fome causada por<br />

calamida<strong>de</strong>s naturais, como a que matou meta<strong>de</strong> da população da Irlanda, no século XIX. Luis XIV<br />

não tinha a varieda<strong>de</strong> nem a quantida<strong>de</strong> do cardápio <strong>de</strong> um reles membro da classe média hoje.<br />

Os pessimistas que fiquem com seus resmungos, pois os avanços em praticamente to<strong>das</strong><br />

as direções estão bem medidos. Os fatos não lhes dão razão. Porém não po<strong>de</strong>mos festejar a<br />

situação presente, pois para o progresso futuro precisamos ser 19 obstinadamente inconformistas.<br />

Claudio <strong>de</strong> Moura Castro. Vamos <strong>de</strong> mal a pior?In: Veja, 18/2/2009 (com adaptações).<br />

215. (P.M.D.F./SOLDADO/12/06/2009). De acordo com a argumentação do texto, estão certos os que<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que o ―mundo hoje está pior‖ (LINHA 3), pois o ―progresso futuro‖ (LINHA 12) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>les.<br />

―...O mundo hoje está pior? Vamos compará-lo com o <strong>de</strong> um século atrás. Jamais houve tanta liberda<strong>de</strong><br />

e o crescimento <strong>das</strong> <strong>de</strong>mocracias foi extraordinário. Entre elas já não há guerras. Nos conflitos recentes,<br />

pelo menos um lado é ditatorial. Antes da Revolução Industrial, um operário só possuía a roupa do<br />

corpo. Sua maior riqueza eram os pregos <strong>de</strong> sua casa. Educação, cultura e lazer chegaram também aos<br />

pobres. Acabou-se a fome causada por calamida<strong>de</strong>s naturais, como a que matou meta<strong>de</strong> da população<br />

da Irlanda, no século XIX. Luis XIV não tinha a varieda<strong>de</strong> nem a quantida<strong>de</strong> do cardápio <strong>de</strong> um reles<br />

membro da classe média hoje.<br />

Os pessimistas que fiquem com seus resmungos, pois os avanços em praticamente to<strong>das</strong> as direções<br />

estão bem medidos. Os fatos não lhes dão razão. Porém não po<strong>de</strong>mos festejar a situação presente,<br />

pois para o progresso futuro precisamos ser 19 obstinadamente inconformistas.‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------<br />

A arte da comunicação interpessoal<br />

1<br />

5<br />

9<br />

13<br />

Além <strong>das</strong> palavras, existe um mundo infinito <strong>de</strong> nuanças e prismas diferentes que geram<br />

energias ou estímulos que são percebidos e recebidos pelo outro, mediante os quais a comunicação<br />

se processa. Um olhar, um tom <strong>de</strong> voz um pouco diferente, um franzir <strong>de</strong> cenho, um levantar <strong>de</strong><br />

sobrancelhas po<strong>de</strong>m comunicar muito mais do que está contido em uma mensagem manifestada<br />

por meio <strong>das</strong> palavras. Tenho observado algumas curiosida<strong>de</strong>s que creio interessantes para que<br />

cada um possa refletir e tirar algum proveito.<br />

Uma <strong>de</strong>ssas constatações é que os problemas são relativamente simples e <strong>de</strong> fácil<br />

solução até para pessoas que se dizem com gran<strong>de</strong>s problemas <strong>de</strong> comunicação. Uma pessoa<br />

po<strong>de</strong> ter boa cultura, ser extrovertida e <strong>de</strong>sinibida, saber usar bem as mãos, possuir um rico<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 65


16<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

vocabulário e dominar uma boa fluência verbal, mas se falar <strong>de</strong> forma linear, com voz monótona, irá<br />

provocar <strong>de</strong>sinteresse e sonolência nos ouvintes e, conseqüentemente, a comunicação ficará<br />

limitada.<br />

O somatório <strong>de</strong>sses pequenos problemas impe<strong>de</strong> que uma pessoa se comunique com<br />

flui<strong>de</strong>z e naturalida<strong>de</strong>. É o princípio <strong>de</strong> ―A união faz a força‖, ou seja, o conjunto <strong>de</strong>ssas dificulda<strong>de</strong>s<br />

neutraliza o efeito que a comunicação po<strong>de</strong>ria provocar, impedindo a pessoa <strong>de</strong> mostrar o seu<br />

potencial e a sua competência, gerando frustrações na vida pessoal e <strong>prof</strong>issional.<br />

Internet: (com adaptações).<br />

Com referência ao texto acima, julgue os itens <strong>de</strong> 1 a 5.<br />

216. (FUB/ADMINISTRADOR/13/04/2008) O primeiro período do texto faz saber que há uma varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sutilezas <strong>das</strong> quais se originam impulsos que levam à comunicabilida<strong>de</strong>.<br />

―Além <strong>das</strong> palavras, existe um mundo infinito <strong>de</strong> nuanças e prismas diferentes que geram energias ou<br />

estímulos que são percebidos e recebidos pelo outro, mediante os quais a comunicação se processa.<br />

Um olhar, um tom <strong>de</strong> voz um pouco diferente, um franzir <strong>de</strong> cenho, um levantar <strong>de</strong> sobrancelhas po<strong>de</strong>m<br />

comunicar muito mais do que está contido em uma mensagem manifestada por meio <strong>das</strong> palavras.<br />

Tenho observado algumas curiosida<strong>de</strong>s que creio interessantes para que cada um possa refletir e tirar<br />

algum proveito.―<br />

217. (FUB/ADMINISTRADOR/13/04/2008) No terceiro parágrafo, o autor apresenta alguns dos<br />

pequenos problemas que, quando reunidos, dificultam a força comunicacional. São eles: boa cultura,<br />

<strong>de</strong>sinibição, habilida<strong>de</strong> gestual, vocabulário rico e fluência verbal.<br />

―O somatório <strong>de</strong>sses pequenos problemas impe<strong>de</strong> que uma pessoa se comunique com flui<strong>de</strong>z e<br />

naturalida<strong>de</strong>. É o princípio <strong>de</strong> ―A união faz a força‖, ou seja, o conjunto <strong>de</strong>ssas dificulda<strong>de</strong>s neutraliza o<br />

efeito que a comunicação po<strong>de</strong>ria provocar, impedindo a pessoa <strong>de</strong> mostrar o seu potencial e a sua<br />

competência, gerando frustrações na vida pessoal e <strong>prof</strong>issional.‖<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- --------<br />

<strong>Texto</strong> para as questões <strong>de</strong> 218 a 219<br />

As harpas da manhã vibram suaves e róseas.<br />

O poeta abre seu arquivo — o mundo —<br />

E vai retirando <strong>de</strong>le alegria e sofrimento<br />

Para que to<strong>das</strong> as coisas passando pelo seu coração<br />

Sejam reajusta<strong>das</strong> na unida<strong>de</strong>.<br />

É preciso reunir o dia e a noite,<br />

Sentar-se à mesa da terra com o homem divino e o criminoso,<br />

É preciso <strong>de</strong>sdobrar a poesia em planos múltiplos<br />

E casar a branca flauta da ternura aos vermelhos clarins do sangue.<br />

Murilo Men<strong>de</strong>s. Ofício humano. In: Poesia completa e prosa.<br />

218. (SEMEC-PI/PROFESSOR/28/6.2009) De acordo com o poema, <strong>de</strong> modo geral, a finalida<strong>de</strong> do<br />

ofício do poeta consiste em<br />

A retirar a alegria do sofrimento.<br />

B reajustar to<strong>das</strong> as coisas na unida<strong>de</strong> do ser.<br />

C reunir o dia e a noite.<br />

D sentar-se à mesa da terra com o homem divino e o criminoso.<br />

219. (SEMEC-PI/PROFESSOR/28/6.2009) De acordo com o poema, dos versos: ―É preciso reunir o dia<br />

e a noite,/Sentar-se à mesa da terra com o homem divino e o criminoso,‖ <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que é preciso<br />

A contar os dias no calendário.<br />

B saber conviver com os opostos.<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 66


C procurar parcerias <strong>de</strong> vida.<br />

Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

D nutrir-se junto com homens bons e outros ruins.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------<br />

1<br />

5<br />

9<br />

13<br />

19<br />

Cult — O que significa exatamente ―capitalismo do <strong>de</strong>sastre‖?<br />

Naomi Klein — Veja o que aconteceu após o furacão Katrina, exemplo clássico do capitalismo do<br />

<strong>de</strong>sastre. Não consi<strong>de</strong>ro o Katrina um <strong>de</strong>sastre ―natural‖ porque envolveu uma clara omissão do<br />

Estado — no sentido <strong>de</strong> que as barragens estavam <strong>de</strong>teriora<strong>das</strong>. Imediatamente <strong>de</strong>pois do ocorrido,<br />

um político republicano, Richard Baker, disse ―não pu<strong>de</strong>mos limpar os projetos <strong>de</strong> conjuntos<br />

habitacionais, mas Deus fez isso por nós‖. Isso é o capitalismo do <strong>de</strong>sastre! É uma i<strong>de</strong>ia muito<br />

velha, que já existia na mentalida<strong>de</strong> colonial. Na América do Norte, os colonos que ocuparam a<br />

Nova Inglaterra tinham uma teoria religiosa sobre a varíola, pois a causa principal <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong><br />

dos índios era a doença. Nos diários da época, falava-se da moléstia como uma dádiva <strong>de</strong> Deus. De<br />

diversas maneiras, estavam usando a mesma formulação que o político republicano. Quando a<br />

varíola acabou com diversas comunida<strong>de</strong>s dos iroquois e a terra <strong>de</strong>les foi invadida pelos colonos,<br />

Deus foi invocado, e o <strong>de</strong>sastre foi visto como um ato divino. Então, sim, isso não é novida<strong>de</strong>. Mas,<br />

o que há <strong>de</strong> novo aqui, e que vimos em Nova Orleans, é que não apenas o <strong>de</strong>sastre foi utilizado<br />

para a privatização do sistema educacional e habitacional, mas a resposta ao próprio <strong>de</strong>sastre foi<br />

vista como oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mercado. E essa é realmente a última fronteira para o neoliberalismo.<br />

To<strong>das</strong> as partes do estado foram privatiza<strong>das</strong>: estra<strong>das</strong>, eletricida<strong>de</strong>, telefone, água. Haviam<br />

sobrado apenas as funções fundamentais: os militares, a polícia, os bombeiros. Mas agora estamos<br />

assistindo ao surgimento <strong>de</strong> um complexo do capitalismo do <strong>de</strong>sastre: negócios que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

diretamente <strong>de</strong>sse conjunto <strong>de</strong> crises e <strong>de</strong>sastres.<br />

Naomi Klein. Resistindo ao choque. In: Cult – Revista Brasileira <strong>de</strong><br />

Cultura. São Paulo: Bregantini, n./125, jun./2008, p. 10 (com adaptações).<br />

Com relação aos sentidos e às estruturas do texto acima, que é parte <strong>de</strong> uma entrevista <strong>de</strong> Naomi<br />

Klein à revista Cult, julgue os itens a seguir.<br />

220.(T.R.T.17° - ES/ANAL.JUDICIÁRIO/19/04/1900) A entrevistada consi<strong>de</strong>ra o furacão Katrina um<br />

exemplo clássico do capitalismo do <strong>de</strong>sastre, porque sua ocorrência está relacionada à omissão do<br />

Estado.<br />

221.(T.R.T.17° - ES/ANAL.JUDICIÁRIO/19/04/1900) Para a entrevistada, o capitalismo do <strong>de</strong>sastre<br />

promove, além da privatização <strong>de</strong> bens públicos, a criação <strong>de</strong> um mercado que se alimenta dos<br />

<strong>de</strong>sastres e <strong>das</strong> crises do próprio sistema.<br />

222.(T.R.T.17° - ES/ANAL.JUDICIÁRIO/19/04/1900) O trecho ―Veja o que aconteceu‖ (LINHA 3) é<br />

exemplo <strong>de</strong> um dos elementos característicos <strong>de</strong> entrevistas: o recurso <strong>de</strong> o interlocutor dirigir a<br />

mensagem diretamente ao seu receptor.<br />

―Naomi Klein — Veja o que aconteceu após o furacão Katrina, exemplo clássico do capitalismo do<br />

<strong>de</strong>sastre. Não consi<strong>de</strong>ro o Katrina um <strong>de</strong>sastre ―natural‖ porque envolveu uma clara omissão do Estado<br />

— no sentido <strong>de</strong> que as barragens estavam <strong>de</strong>teriora<strong>das</strong>.‖<br />

223.(T.R.T.17° - ES/ANAL.JUDICIÁRIO/19/04/1900) A grafia diferenciada <strong>de</strong> ―Estado‖ (LINHA 3) e<br />

―estado‖ (LINHA 15) indica a diferença <strong>de</strong> sentido entre as palavras no texto, as quais remetem,<br />

respectivamente, ao ente que governa e à concreta unida<strong>de</strong> da fe<strong>de</strong>ração: Nova Orleans.<br />

―Não consi<strong>de</strong>ro o Katrina um <strong>de</strong>sastre ―natural‖ porque envolveu uma clara omissão do Estado — no<br />

sentido <strong>de</strong> que as barragens estavam <strong>de</strong>teriora<strong>das</strong>.‖<br />

―To<strong>das</strong> as partes do estado foram privatiza<strong>das</strong>: estra<strong>das</strong>, eletricida<strong>de</strong>, telefone, água.‖<br />

224.(T.R.T.17° - ES/ANAL.JUDICIÁRIO/19/04/1900) Segundo a entrevistada, a fala do político<br />

republicano — trecho entre aspas nas linhas <strong>de</strong> 5 a 6 — e o discurso dos diários da colonização norte-<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 67


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

americana, em nome <strong>de</strong> interesses econômicos, naturalizam e justificam <strong>de</strong>sastres como o furacão e a<br />

dizimação da população provocada pela varíola, ao consi<strong>de</strong>rá-los obras divinas.<br />

―Imediatamente <strong>de</strong>pois do ocorrido, um político republicano, Richard Baker, disse ―não pu<strong>de</strong>mos limpar<br />

os projetos <strong>de</strong> conjuntos habitacionais, mas Deus fez isso por nós‖.‖<br />

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -----------------------<br />

1<br />

5<br />

8<br />

12<br />

16<br />

No novo mundo e em especial no Brasil, on<strong>de</strong> a escravidão foi particularmente cruenta e<br />

predatória, o senhor podia tomar qualquer <strong>de</strong>cisão quanto à vida <strong>de</strong> seu escravo, conforme seu<br />

arbítrio. Se consi<strong>de</strong>rasse que um escravo o ameaçava, podia mandar cortar seus pés, cegá-lo,<br />

supliciá-lo com chibata<strong>das</strong> ou matá-lo. A relação senhor/escravo não era um pacto: o senhor não<br />

estava obrigado a preservar a vida <strong>de</strong> seu escravo individual; muito ao contrário, sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tirar a vida daquele que coisificara <strong>de</strong>finia sua posição <strong>de</strong> 10 senhor, tanto mais quanto o fluxo <strong>de</strong><br />

escravos no mercado lhe permitia repor o plantel sem maiores restrições. A escravidão longeva<br />

acabou por abstrair o rosto do escravo, <strong>de</strong>spersonalizando-o e coisificando-o <strong>de</strong> maneira reiterada e<br />

permanente. Ao final, restava apenas a sua cor, <strong>de</strong>finitivamente associada ao trabalho pesado e<br />

<strong>de</strong>gradante. A imagem do trabalho e do trabalhador consolidada ao longo da escravidão fez-se,<br />

portanto, da sobreposição <strong>de</strong> hierarquias sociais <strong>de</strong> cor, <strong>de</strong> status social associado à proprieda<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong> dominação material e simbólica, em uma mescla <strong>de</strong> sentidos que convergiram para a percepção<br />

do trabalho manual como algo <strong>de</strong>gradado. Dizendo-o <strong>de</strong> modo mais enfático, a ética do trabalho<br />

oriunda da escravidão foi uma ética <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização do trabalho, e seu resgate do ressaibo da<br />

impureza e da <strong>de</strong>gradação levaria ainda muitas déca<strong>das</strong>. Esse quadro <strong>de</strong> inércia estrutural<br />

configurou o ambiente em que se teceu a sociabilida<strong>de</strong> capitalista no país.<br />

Adalberto Cardoso. Escravidão e sociabilida<strong>de</strong> capitalista:<br />

um ensaio sobre inércia social. In: Novos estudos – CEBRAP.<br />

São Paulo: UNESP, n./80, mar./ 2008, p. 25 (com adaptações).<br />

Acerca dos sentidos e <strong>das</strong> estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens que se seguem.<br />

225. (T.R.T.17° - ES/ANAL.JUDICIÁRIO/19/04/1900) De acordo com o texto, a dominação imposta<br />

pela escravidão foi simbólica, pois, <strong>de</strong>svinculada <strong>das</strong> condições materiais da produção escravista,<br />

atribuiu um sentido <strong>de</strong>gradante ao trabalho escravo.<br />

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---<br />

1<br />

7<br />

14<br />

21<br />

Samba do avião<br />

Samba do avião<br />

Minha alma canta<br />

Vejo o Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Estou morrendo <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong><br />

Rio, teu mar, praias sem fim<br />

Rio, você foi feito pra mim<br />

Cristo Re<strong>de</strong>ntor<br />

Braços abertos sobre a Guanabara<br />

Este samba é só porque,<br />

Rio, eu gosto <strong>de</strong> você<br />

A morena vai sambar<br />

Seu corpo todo balançar<br />

Rio <strong>de</strong> sol, <strong>de</strong> céu, <strong>de</strong> mar<br />

Dentro <strong>de</strong> mais um minuto estaremos no<br />

Galeão<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Cristo Re<strong>de</strong>ntor<br />

Braços abertos sobre a Guanabara<br />

Este samba é só porque,<br />

Rio, eu gosto <strong>de</strong> você<br />

28<br />

A morena vai sambar<br />

Seu corpo todo balançar<br />

Aperte o cinto, vamos chegar<br />

Água brilhando, olha a pista chegando<br />

E vamos nós<br />

Aterrar.<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 68


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

Antônio Carlos Jobim. Samba do avião. Internet: .<br />

Julgue os itens a seguir, acerca dos sentidos e da estrutura do texto acima.<br />

226.(ANAC/PILOTO/19/07/2009) O texto alu<strong>de</strong> a momentos que fazem parte do processo <strong>de</strong><br />

aterrissagem <strong>de</strong> uma aeronave.<br />

227.(ANAC/PILOTO/19/07/2009) A visão panorâmica da cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro é construída pela<br />

referência a elementos que representam essa cida<strong>de</strong>: o mar, as praias, o Cristo Re<strong>de</strong>ntor e a<br />

Guanabara.<br />

228.(ANAC/PILOTO/19/07/2009) A visão do Rio <strong>de</strong> Janeiro apresentada no texto é objetiva e<br />

marcada por estereótipos, visto que o Samba do avião foi composto para promover a visita <strong>de</strong><br />

turistas à famosa cida<strong>de</strong> turística.<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 69


Prof. <strong>Daniel</strong> <strong>Lima</strong><br />

<strong>Compreensão</strong> <strong>de</strong> <strong>Texto</strong><br />

1 C 47 E 93 E 139 E 185 D<br />

2 C 48 E 94 C 140 C 186 B<br />

3 A 49 C 95 C 141 E 187 C<br />

4 D 50 E 96 C 142 E 188 E<br />

5 D 51 E 97 E 143 E 189 C<br />

6 C 52 C 98 E 144 E 190 C<br />

7 C 53 E 99 E 145 E 191 C<br />

8 E 54 C 100 E 146 E 192 C<br />

9 C 55 E 101 E 147 E 193 E<br />

10 C 56 C 102 E 148 E 194 E<br />

11 E 57 E 103 E 149 C 195 C<br />

12 E 58 E 104 B 150 C 196 C<br />

13 E 59 C 105 E 151 C 197 E<br />

14 C 60 E 106 E 152 E 198 E<br />

15 E 61 C 107 E 153 C 199 E<br />

16 C 62 C 108 C 154 E 200 E<br />

17 C 63 E 109 C 155 E 201 E<br />

18 E 64 C 110 C 156 E 202 E<br />

19 E 65 C 111 C 157 C 203 E<br />

20 E 66 C 112 E 158 E 204 C<br />

21 C 67 C 113 E 159 E 205 E<br />

22 E 68 C 114 C 160 C 206 ????<br />

23 E 69 E 115 C 161 E 207 ?????<br />

24 E 70 E 116 E 162 E 208 ?????<br />

25 C 71 E 117 C 163 E 209 ?????<br />

26 E 72 C 118 E 164 E 210 ?????<br />

27 E 73 C 119 E 165 B 211 A<br />

28 C 74 E 120 E 166 D 212 E<br />

29 C 75 C 121 C 167 C 213 E<br />

30 C 76 C 122 E 168 C 214 E<br />

31 E 77 E 123 C 169 D 215 E<br />

32 E 78 C 124 C 170 D 216 C<br />

33 C 79 E 125 C 171 C 217 E<br />

34 E 80 E 126 C 172 B 218 D<br />

35 C 81 C 127 E 173 B 219 ?????<br />

36 C 82 C 128 E 174 D 220 E<br />

37 E 83 C 129 E 175 C 221 C<br />

38 E 84 C 130 C 176 D 222 C<br />

39 C 85 C 131 XXXX 177 B 223 E<br />

40 C 86 C 132 C 178 C 224 C<br />

41 E 87 C 133 C 179 B 225 E<br />

42 E 88 E 134 B 180 A 226 C<br />

43 E 89 E 135 C 181 C 227 C<br />

44 E 90 E 136 A 182 E 228 E<br />

45 C 91 C 137 E 183 A<br />

46 C 92 E 138 E 184 B<br />

Gabarito <strong>das</strong> Provas do CESPE <strong>de</strong> Nível Superior 2008-2009<br />

<strong>prof</strong>essordaniellima@gmail.com Página 70

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