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Com a experiência<br />
de quem já foi prefeito<br />
de Porto Alegre em dois<br />
mandatos e ministro em quatro<br />
diferentes pastas, incluindo<br />
a da Justiça, o governador<br />
gaúcho Tarso Genro defende,<br />
em entrevista exclusiva à<br />
DIÁLOGO, que a diminuição<br />
da carga tributária é<br />
fundamental para combater<br />
a evasão fiscal e equilibrar<br />
as contas públicas<br />
Fórmula<br />
contra o<br />
comércio ilegal<br />
Nº <strong>61</strong> 2011 Ano VII www.souzacruz.com.br<br />
LEGISLAÇÃO<br />
Projeto do senador<br />
Romero Jucá torna<br />
crime a falsificação,<br />
adulteração ou<br />
fabricação de cigarros<br />
em desacordo com<br />
a legislação sanitária
2<br />
Editorial<br />
O direito de escolha<br />
O LIVRO O ESTADO BABÁ – COMO RADICAIS, BONS<br />
samaritanos, moralistas e outros burocratas cabeçasduras<br />
tentam infantilizar a sociedade, que foi objeto<br />
de grande discussão nos Estados Unidos, acaba de ser<br />
lançado no Brasil. No livro, o autor David Harsanyi critica<br />
o Estado intervencionista e os ativistas oficiais que<br />
negam a autodeterminação do indivíduo.<br />
Harsanyi esteve no Brasil no mês passado, quando<br />
participou de um concorrido seminário sobre liberdade de expressão,<br />
e concedeu entrevista exclusiva à DIÁLOGO. Nela, discorreu<br />
sobre sua tese a respeito das regras excessivas e<br />
intromissões nocivas patrocinadas pelo Estado, que estaria ditando<br />
padrões e normas de comportamento, tolhendo o direito<br />
de escolha do cidadão.<br />
Assim como Harsanyi, a <strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong> entende que, somente<br />
por meio de uma regulamentação equilibrada e sem excessos,<br />
é possível garantir ao cidadão o direito de escolha, sem intervencionismos<br />
e imposições.<br />
Por falar em livre arbítrio e autonomia, DIÁLOGO publica<br />
artigo do diplomata Leonardo Shinohara sobre Christiania, um<br />
bairro localizado no subúrbio de Copenhague, capital da Dinamarca,<br />
que celebra a liberdade individual e vive um cotidiano<br />
que rejeita a presença de um Estado paternalista<br />
Também nesta edição, o governador do Rio Grande do Sul,<br />
Tarso Genro, em entrevista exclusiva, anuncia boas novidades<br />
para quem vive da agroindústria. Após sanear as finanças, ele<br />
pretende potencializar a vocação agrícola do Estado, fomentando<br />
o crescimento da atividade e levando inovação e tecnologia<br />
ao meio rural. A <strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong>, que tem investido e apostado<br />
no setor agrícola em toda a sua história centenária, reitera a disposição<br />
de contribuir cada vez mais para o desenvolvimento<br />
do Rio Grande do Sul.<br />
C rtas ao editor<br />
Gostei muito da entrevista<br />
com o presidente da Câmara<br />
dos Deputados, Marco<br />
Maia, que indica a firme disposição<br />
para o diálogo com<br />
toda a sociedade. Parabéns!<br />
Paulo Heinz<br />
Porto Alegre (RS)<br />
Gostaria de parabenizar a<br />
equipe de DIÁLOGO pelas contínuas<br />
ótimas edições da revista.<br />
Sem dúvida, a publicação é<br />
exemplo de excelência em comunicação<br />
corporativa.<br />
Argemiro Garcia<br />
Jornalista - Curitiba (PR)<br />
NESTA EDIÇÃO<br />
3 Liberdade de Expressão: artigo<br />
do diplomata Leonardo Shinohara<br />
4 Seminário discute a liberdade<br />
de escolha e é palco do lançamento<br />
do livro “O Estado Babá”,<br />
de David Harsanyi<br />
8 Entrevista: Tarso Genro,<br />
governador do Rio Grande do Sul<br />
10 Em Pauta: projeto criminaliza<br />
fraudes na fabricação de cigarros<br />
12 Cidade: Rio Pardo (RS), um<br />
recanto cheio de história<br />
13 Campo Aberto: o sucesso do<br />
projeto Música em Movimento<br />
14 Deputados César Halum e<br />
José Otávio Germano debatem<br />
o instituto da reeleição<br />
16 Campanha da <strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong> arrecada<br />
donativos para vítimas das chuvas<br />
na Região Serrana do Rio<br />
E mais...<br />
<strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong> na mídia<br />
<strong>Diálogo</strong> recomenda<br />
DIÁLOGO É UMA PUBLICAÇÃO DA SOUZA CRUZ<br />
Diretoria de Assuntos Corporativos<br />
Rua da Candelária, 66 - 7º andar<br />
CEP 20.091-900 - Rio de Janeiro - RJ<br />
(21) 3849-9079 - www.souzacruz.com.br<br />
Jornalista Responsável:<br />
Juliana Barreto I MtB JP 26974 RJ<br />
(juliana.barreto@souzacruz.com.br)<br />
Reportagem e revisão:<br />
Marcelo de Andrade<br />
(marcelo.de.andrade@souzacruz.com.br)<br />
Projeto gráfico e produção editorial:<br />
Via Corporativa Comunicação<br />
(www.viacorporativa.com.br)<br />
Participaram desta edição a gerência de<br />
Assuntos Corporativos - RJ, o escritório de Brasília<br />
e a unidade de Santa <strong>Cruz</strong> do Sul (RS).<br />
Foto de capa:<br />
Divulgação Palácio Piratini<br />
juliana.barreto@souzacruz.com.br
de expressão<br />
Em Copenhague, na capital<br />
dinamarquesa, há uma<br />
comunidade chamada<br />
Christiania que celebra a<br />
liberdade individual e defende<br />
uma dinâmica social livre<br />
do autoritarismo e das<br />
políticas controladoras<br />
Exercício<br />
da autonomia<br />
DURANTE O PERÍODO EM QUE TRAbalhei<br />
no Departamento de Estado,<br />
em Washington, e no Instituto de Análises<br />
Políticas Internacionais, em Nova<br />
Iorque, visitei muitos países e cheguei<br />
a morar em diversas cidades pelo<br />
mundo. Conheci democracias estáveis<br />
e instáveis, ditaduras abertas e disfarçadas,<br />
modos de vida exóticos. Um<br />
dos locais que mais me chamaram a<br />
atenção foi um pequeno bairro instalado<br />
nos subúrbios de Copenhague, a<br />
bela e gelada capital dinamarquesa.<br />
Trata-se de Christiania, uma comunidade<br />
que hippies, anarquistas, artistas<br />
e intelectuais fundaram no início da<br />
década de 1970 dentro de uma desativada<br />
base militar.<br />
Era uma turma que protestava<br />
contra a política habitacional do governo<br />
da Dinamarca e rejeitava certos<br />
valores morais e convenções sociais.<br />
Foi ali que, pela primeira vez, alguns<br />
cidadãos se preocuparam com ecologia<br />
e sustentabilidade, hoje conceitos<br />
difundidos e cultuados. Nas poucas<br />
vezes em que passei por Copenhague<br />
eu dava um jeito de visitar Christiania.<br />
Sentia uma atmosfera diferente naquele<br />
lugar. Seus moradores viviam na<br />
contramão daquilo que a Justiça dinamarquesa<br />
e inimigos históricos entendiam<br />
como desordem e perturbação<br />
da paz. É incrível a facilidade com que<br />
governos impõem leis castradoras,<br />
passam por cima das liberdades individuais<br />
e se intrometem na maneira<br />
como cada um deseja viver.<br />
BOM SENSO<br />
Que importa se alguém quer se vestir<br />
com trajes que não correspondem à<br />
estética burguesa, como os hippies?<br />
Há algum problema se um músico<br />
quer apenas levantar alguns trocados<br />
para sobreviver de sua arte e não pretende<br />
se sujeitar às draconianas regras<br />
da indústria fonográfica? Christiania<br />
traduzia uma experiência social. Bastava<br />
conversar com seus moradores<br />
para notar que eles se sentiam em<br />
uma cidade livre, em pleno exercício<br />
de uma autonomia responsável. Eles<br />
recolhiam o próprio lixo e limpavam<br />
suas ruas, não havia contratos de aluguéis<br />
e ninguém era proprietário de<br />
um imóvel. Cada membro aprendia a<br />
respeitar o próximo e resolver os conflitos<br />
de forma democrática. As decisões<br />
sobre o orçamento local eram<br />
EM CHRISTIANIA,<br />
BOM SENSO E DIÁLOGO<br />
SUBSTITUEM A INTERVENÇÃO<br />
CONSTANTE DO<br />
PODER PÚBLICO<br />
sempre tomadas em comunhão. Bom<br />
senso e diálogo substituíam as leis.<br />
Talvez seja um estilo de vida alternativo,<br />
de afirmação da individualidade,<br />
que incomode aqueles que<br />
precisam de um estado paternalista,<br />
do pai que dá o peixe e nunca ensina<br />
a pescar. Não sei se ainda existe por lá<br />
uma placa, onde se lia uma frase de<br />
um de seus fundadores, que dizia<br />
mais ou menos o seguinte:<br />
“A nossa sociedade<br />
é economicamente<br />
autossustentável e<br />
continuaremos firmemente<br />
convictos de que é<br />
possível evitar a miséria<br />
física e psicológica”<br />
Existia até uma bandeira, de fundo<br />
vermelho e três discos amarelos representando<br />
os pontos nas letras “i” de<br />
Christiania. Não sei como está aquele<br />
lugar hoje, mas ficou a lembrança de<br />
que é possível viver com liberdade no<br />
mundo atual.<br />
LEONARDO SHINOHARA, DIPLOMATA<br />
3<br />
Fotos: divulgação
4<br />
Invasão<br />
de privacidade<br />
ARTICULISTA DO JORNAL THE DENVER POST,<br />
com coluna publicada em outros 34 jornais dos<br />
Estados Unidos, o americano David Harsanyi,<br />
41 anos, lançou no Brasil a versão traduzida do<br />
ensaio O Estado Babá – Como radicais, bons samaritanos,<br />
moralistas e outros burocratas cabeças-duras<br />
tentam infantilizar a sociedade. Em<br />
linguagem satírica e provocadora, ele critica as<br />
políticas intervencionistas que ameaçam sequestrar<br />
as liberdades individuais.<br />
Harsanyi foi a principal atração do Seminário<br />
Liberdade em Debate – Democracia e Liberdade<br />
de Expressão, realizado no dia 16 de março, no<br />
Hotel Windsor Atlântica, no Rio de Janeiro (RJ).<br />
Promovido pelo Instituto Millenium, com apoio<br />
da <strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong>, o evento reuniu mais de 230 jornalistas,<br />
advogados, acadêmicos e outros formadores<br />
de opinião. Três painéis, com participações,<br />
entre outros, dos jornalistas Marcelo Tas e Mônica<br />
Waldvogel, discutiram detalhadamente vários<br />
aspectos das liberdades individuais.<br />
Em seminário<br />
que discutiu o<br />
intervencionismo do<br />
Estado na vida do cidadão,<br />
jornalista americano critica<br />
a política de se ditar<br />
padrões e normas de<br />
comportamento<br />
“Diversos governos no mundo, incluindo os<br />
Estados Unidos e o Brasil, restringem a liberdade<br />
de escolha e prestam um desserviço à cidadania”,<br />
afirmou ele, durante o lançamento<br />
da edição brasileira da obra (Litteris Editora,<br />
280 páginas). Para o autor, o Estado é tão demasiadamente<br />
protetor e paternalista que<br />
transforma adultos em crianças mimadas, sem<br />
capacidade de discernimento.<br />
“Em um ano, Nova York proibiu as gorduras<br />
trans, o foie gras, a competição entre os postos<br />
de gasolina, além de regulamentar shows de<br />
striptease, por exemplo. Em São Francisco, leis<br />
disciplinam o uso do quintal. No Colorado, o<br />
jogo de esconde-esconde das crianças foi banido.<br />
Em Chicago, o uso de microchips nos animais se<br />
tornou obrigatório”, enumera.<br />
MÔNICA WALDVOGEL MEDIOU O DEBATE<br />
ENTRE HARSANYI E A PLATEIA
“Alguns rótulos de advertência<br />
são ridículos e ineficientes.<br />
Em um escorregador para a neve para<br />
crianças: ‘Cuidado, o escorregador<br />
pode atingir altas velocidades em<br />
determinadas condições de neve’.<br />
Em um rack de 30 centímetros para<br />
armazenar CDs: ‘Não use como escada’.”<br />
“Na Flórida, a venda de lagostas vivas ainda<br />
é legal, mas a exportação de tomates feios<br />
foi proibida. Por que alguém gostaria de<br />
comprar tomates de má aparência?”<br />
“Acredite ou não, a proibição de dançar<br />
agora é prevista por lei. Em Nova York, em<br />
2006, um pequeno exército de policiais,<br />
bombeiros e inspetores fez uma incursão em<br />
uma boate. Eles não procuravam prostitutas<br />
ou traficantes. Estavam procurando<br />
pessoas comuns que dançavam.<br />
Quando a polícia chegou, a boate se<br />
transformou de uma orgia de dança ilícita<br />
em um grupo de pessoas imóveis.”<br />
JORNALISTAS, ADVOGADOS,<br />
ACADÊMICOS E OUTROS FORMADORES<br />
DE OPINIÃO: QUESTIONAMENTO<br />
AO PAPEL DO ESTADO<br />
Trecho de O Estado Babá<br />
“A lei confunde ‘dirigir sob<br />
efeito do álcool’ com ‘beber qualquer<br />
quantidade de álcool e dirigir’.<br />
Na realidade, dirigir nunca é um ato<br />
absolutamente seguro.<br />
Você não está livre de riscos se fala<br />
no celular enquanto dirige, conversa<br />
com um amigo, passa batom,<br />
come um sanduíche, toma um café,<br />
liga o rádio, canta alto,<br />
repreende as crianças no banco traseiro.<br />
Não me surpreenderá se logo<br />
surgirem leis proibindo tudo isso.”<br />
“É natural se ofender<br />
com determinadas coisas.<br />
Não gosto de loção pós-barba,<br />
adultos que andam de patins,<br />
crianças que falam francês ou de<br />
pessoas que são excessivamente<br />
bronzeadas. No entanto,<br />
não saio promulgando leis<br />
e levantando bandeiras”<br />
(crítica e ensaísta Fran Lebowitz)<br />
5
6<br />
Desserviço à cidadania<br />
Harsanyi afirma que, vistas isoladamente, as restrições<br />
não soam ruins. Observadas em conjunto,<br />
porém, configuram miniataques à liberdade individual.<br />
No lugar da coerção, ele defende a política do<br />
convencimento e da transparência total para os consumidores.<br />
“Há uma distinção entre proibir e explicar<br />
para alguém porque não se deve fazer isso ou<br />
aquilo”, diz ele, avesso, por exemplo, à proibição de<br />
fumar em restaurantes. “Os não fumantes poderiam<br />
optar por um estabelecimento em que o cigarro não<br />
fosse autorizado”, explica.<br />
Nos Estados Unidos, tais restrições têm sido inócuas,<br />
na avaliação do autor. Ele conta ter observado<br />
que as pessoas, quando deixam de fumar,<br />
tomam a atitude em razão de uma decisão pessoal<br />
e não como resultado de políticas repressivas.<br />
“O custo da proibição do fumo<br />
para a sociedade é muito maior do que o<br />
próprio fumo”, compara.<br />
“Eu também defendo a liberdade de<br />
se escolher o que comer, seja saudável ou<br />
não, quero ter responsabilidade sobre<br />
minhas escolhas”, emenda. Em sua opinião,<br />
o mundo é conduzido por elites<br />
que decidem o que é certo e errado.<br />
“Governos que impõem leis de tolerância<br />
zero, que desrespeitam direitos, prestam<br />
um desserviço à cidadania”, finaliza.<br />
O JORNALISTA E<br />
ESCRITOR AMERICANO<br />
AUTOGRAFOU<br />
“O ESTADO BABÁ”,<br />
LANÇADO AGORA<br />
NO BRASIL<br />
Direto no ponto<br />
O articulista e escritor americano<br />
David Harsanyi não tem dúvidas de<br />
que o governo, na ânsia de querer<br />
educar os adultos, comete o equívoco<br />
da coerção. Em sua opinião, se<br />
alguns cidadãos querem babás, eles<br />
deveriam procurar babás e não<br />
apontar babás para o restante da sociedade.<br />
Nesta entrevista, Harsanyi<br />
passeia pelo tema do aviltamento do<br />
livre arbítrio.
O Estado-babá é um<br />
movimento orquestrado?<br />
Prefiro dizer que é uma forma de pensar<br />
que contamina os governos em todos os<br />
níveis. Eles coagem os cidadãos, limitam<br />
os direitos à propriedade e os importunam<br />
até a morte.<br />
Qualquer tipo de intromissão<br />
sobre o que comemos, bebemos<br />
e fumamos, de como educamos<br />
nossos filhos e nossa<br />
moralidade é sempre nociva?<br />
O governo não foi criado para “educar”<br />
os adultos. Mas o Estado-babá adota<br />
uma política coercitiva, não educativa.<br />
O fato de parte dos políticos,<br />
burocratas e ativistas quererem<br />
bancar nossos pais é um processo<br />
cada vez mais disseminado?<br />
Nunca antes os governos estiveram tão<br />
interessados nas atividades do cotidiano<br />
dos cidadãos. Até tempos atrás seria inconcebível<br />
nos Estados Unidos que um<br />
governo se envolvesse tanto quanto faz<br />
hoje ao determinar o que damos de<br />
comer a nossos filhos e a que devemos<br />
assistir ou ouvir.<br />
O livro deixa claro que o excesso de<br />
regulamentações está roubando o<br />
cidadão de seu livre arbítrio, mas há<br />
setores da população que desejam<br />
mais intervenção do governo...<br />
Todas as regulamentações começam com<br />
boas intenções, mas isso não muda o significado<br />
coercitivo. Se os cidadãos querem<br />
babás, eles deveriam procurar<br />
babás e não apontar babás<br />
para o restante da sociedade.<br />
Acredita que as pessoas se<br />
incomodam em perder as suas<br />
liberdades individuais?<br />
Eu não acredito que a maioria dos cidadãos<br />
fique realmente muito irritada com<br />
as leis que por acaso afetem suas vidas.<br />
Eu gostaria que eles se incomodassem. Estamos<br />
perdendo a pouca liberdade que<br />
temos em nosso cotidiano para os benfeitores<br />
moralizadores. Tais supostos benfeitores<br />
acreditam que esse é o seu trabalho<br />
e, conforme os poderes a eles atribuídos,<br />
dizem aos demais o que o vizinho deve<br />
fazer com sua vida ou suas vidas. Essas<br />
pessoas vão desde simples burocratas até<br />
os fanáticos ambientalistas.<br />
O ser humano, por ser<br />
eminentemente social, vive<br />
interferindo na vida dos outros,<br />
daí a necessidade de se criar<br />
algumas regras e normas de<br />
comportamento. Nesse caso,<br />
o Estado-babá não faz sentido?<br />
A humanidade tem sido livre apenas em<br />
algumas regiões e por um curto espaço<br />
de tempo. Portanto, sim, faz sentido que<br />
os poderosos sempre tentem dominar o<br />
restante da população.<br />
No exercício de seu livre arbítrio,<br />
o cidadão desenvolve um<br />
pensamento crítico e está ciente<br />
de suas responsabilidades?<br />
Claro que não. Para começar, o Estadobabá<br />
não faz distinção entre os inteligentes<br />
e os burros. Em segundo lugar,<br />
simplesmente por não estar adotando<br />
uma visão crítica não significa dizer que<br />
você está abrindo mão de seu direito de<br />
escolha. A Constituição dos Estados Unidos<br />
não diz: “Todos os americanos são livres,<br />
exceto os burros”.<br />
EM PAINEL, CONVIDADOS DISCUTEM RESTRIÇÕES<br />
À LIBERDADE DE ESCOLHA EACRESCENTE<br />
IMPOSIÇÃO DE POLÍTICAS INTERVENCIONISTAS<br />
7
8<br />
Entrevista:Tarso Genro Governador do Rio Grande do Sul<br />
De olho na<br />
carga tributária<br />
ELEITO GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO SUL NO PRIMEIRO<br />
turno, em 2010, o governador Tarso Genro iniciou o mandato com<br />
a preocupação de equilibrar as finanças para, a partir daí, retomar<br />
os investimentos, potencializando a vocação agrícola do Estado.<br />
Aos 64 anos, advogado especialista em Direito do Trabalho,<br />
Tarso Genro já ocupou diversas importantes funções públicas,<br />
tendo sido vice-prefeito e prefeito de Porto Alegre em duas gestões<br />
e ministro, durante o Governo Lula, em quatro diferentes<br />
pastas: Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico<br />
e Social, Educação, Articulação Política e Justiça — que<br />
comanda institucionalmente a Polícia Federal. Com a longa experiência<br />
acumulada, Tarso não tem dúvidas quando o assunto é<br />
o equilíbrio das contas públicas e deixa claro, nesta entrevista exclusiva<br />
à DIÁLOGO, o que pretende fazer para combater o comércio<br />
ilegal, maior fonte de evasão fiscal: “A melhoria do sistema<br />
de segurança pública e a manutenção, em alguns casos até a diminuição,<br />
da carga tributária”.<br />
“DUAS AÇÕES ESTRATÉGICAS<br />
DO NOSSO GOVERNO SERÃO<br />
FUNDAMENTAIS PARA REDUZIR A<br />
OCORRÊNCIA DO COMÉRCIO ILEGAL:<br />
A MELHORIA DO SISTEMA DE<br />
SEGURANÇA PÚBLICA E A MANUTENÇÃO,<br />
EM ALGUNS CASOS ATÉ A DIMINUIÇÃO,<br />
DA CARGA TRIBUTÁRIA”<br />
Quais são os setores que mais lhe<br />
preocupam e têm merecido<br />
prioridade nesse início de mandato<br />
no Rio Grande do Sul?<br />
A área financeira, certamente, é a que<br />
mais preocupa. É preciso deixar bem claro<br />
que os problemas estruturais do Estado<br />
não foram solucionados pela administração<br />
anterior. Atualmente, precisamos<br />
fazer uma verdadeira ginástica para conseguir<br />
cobrir os compromissos. Temos<br />
que focar no crescimento ordenado e na<br />
ampliação da fiscalização para que possamos<br />
ampliar a arrecadação, que é um<br />
pilar importante.<br />
O Estado tem forte vocação agrícola,<br />
mas com realidades regionais bem<br />
distintas quanto ao padrão de<br />
produção agrícola. Como pretende<br />
apoiar o setor, em especial o<br />
pequeno produtor, baseado no<br />
modelo de agricultura familiar?<br />
Para promover a retomada do crescimento<br />
do Rio Grande do Sul, estamos partindo<br />
do fortalecimento da nossa base produtiva<br />
histórica: agricultura familiar, agronegócio,<br />
vitivinicultura, pólo coureiro-calçadista,<br />
rede moveleira, metal-mecânica, entre outros.<br />
O conjunto de atividades econômicas
tem que ser estimulado, no seu financiamento<br />
e na agregação de novas tecnologias,<br />
além de qualificar a mão de obra. Já<br />
estamos fazendo isso através de estímulos<br />
tributários, que estavam sendo usados de<br />
maneira concentrada e perversa, esquecendo-se<br />
da base produtiva histórica. Nossas<br />
estruturas de assistência técnica,<br />
extensão rural e de qualificação de mão de<br />
obra também já estão sendo recuperadas<br />
para fomentar o crescimento da agroindústria<br />
familiar, com o intuito de agregar<br />
valor ao que se produz em solo gaúcho.<br />
Outra questão fundamental ligada<br />
à pequena propriedade é a<br />
capacitação dos jovens rurais para<br />
que eles possam permanecer no<br />
campo com condições dignas e<br />
empreender a partir do espaço rural.<br />
Como o seu governo vai agir<br />
para otimizar essa realidade?<br />
Precisamos levar a tecnologia e a inovação<br />
para o campo. Aquela história de<br />
mandar os filhos para estudar na cidade,<br />
que persiste em algumas localidades, precisa<br />
ser melhor equacionada. O jovem do<br />
campo tem de ter acesso às transformações<br />
culturais e de participação do século<br />
XXI. O Governo Federal levou a energia<br />
elétrica para as áreas mais distantes e<br />
agora está fazendo o mesmo com a<br />
banda larga. O Estado precisa ser cúmplice<br />
nesse processo.<br />
Setores importantes da economia<br />
gaúcha, como avicultura,<br />
suinocultura e fumicultura, utilizam<br />
o sistema de produção integrada.<br />
Qual a sua avaliação a respeito dessa<br />
forma de organização?<br />
É um sistema muito importante porque<br />
permite a participação no mercado dos<br />
pequenos e médios produtores. O Rio<br />
Grande do Sul é cooperativista e estamos<br />
fortalecendo essa característica para promover<br />
o desenvolvimento em rede das<br />
mais diversas cadeias produtivas do Estado.<br />
Os produtores, em igualdade de<br />
condições, conseguem se articular para<br />
buscar melhores condições para a comercialização<br />
de seus produtos. Já estamos<br />
incentivando ações desse tipo.<br />
Um país com o perfil do Brasil<br />
ainda depende muito da<br />
capacidade de investimento do<br />
Poder Público e um dos grandes<br />
limitadores dessa expansão é a<br />
evasão fiscal decorrente do comércio<br />
ilegal de produtos. O Estado tem<br />
condições de combater o<br />
contrabando, a pirataria e outros<br />
crimes desse tipo?<br />
Duas ações estratégicas do nosso governo<br />
serão fundamentais para reduzir a<br />
ocorrência dessas práticas ilegais: a me-<br />
lhoria do sistema de segurança pública e<br />
a manutenção, em alguns casos até a diminuição,<br />
da carga tributária. O Pronasci<br />
Fronteiras, que implementamos ainda na<br />
condição de ministro da Justiça, obteve<br />
resultados importantes no que se refere<br />
ao combate ao contrabando, roubo de<br />
gados e cavalos, pirataria e outros crimes.<br />
A ilegalidade vai diminuir?<br />
Estamos batalhando para ampliar a luta.<br />
Equipes do nosso governo e do Ministério<br />
da Justiça estão atuando para a celebração<br />
de um pacto contra o crime<br />
organizado. No caso pontual do contrabando,<br />
através dessa integração com o<br />
Governo Federal, será instalada uma<br />
base de controle de fronteiras, em cidade<br />
ainda a ser definida. Com grupo qualificado<br />
e tecnologia, poderá ser feito, inclusive,<br />
o rastreamento aéreo da região,<br />
além do uso de radares e sensores que<br />
dotarão de informações os responsáveis<br />
por essa fiscalização.<br />
“O SISTEMA<br />
INTEGRADO<br />
É MUITO<br />
IMPORTANTE<br />
PORQUE PERMITE<br />
A PARTICIPAÇÃO<br />
NO MERCADO<br />
DOS PEQUENOS<br />
E MÉDIOS<br />
PRODUTORES”<br />
9
Em pauta<br />
10<br />
NO CONGRESSO<br />
Projeto de Lei 6.126/09<br />
Autor:<br />
Senador<br />
Romero Jucá<br />
NÚMEROS DO SETOR:<br />
R$ 2 bilhões/ano<br />
de evasão fiscal<br />
com a venda de<br />
cigarros ilegais<br />
31 bilhões<br />
de cigarros ilegais<br />
são vendidos por<br />
ano no Brasil<br />
O que propõe:<br />
Altera o Código Penal, para tornar crime a falsificação, adulteração<br />
ou fabricação de cigarros em desacordo com a legislação sanitária.<br />
Entenda melhor:<br />
O COMÉRCIO ILEGAL DE CIGARros<br />
já domina 27% do mercado<br />
brasileiro e causa prejuízos de<br />
cerca de R$ 2 bilhões aos cofres<br />
públicos em razão dos impostos<br />
que deixam de ser arrecadados. O<br />
projeto de lei do líder do governo<br />
no Senado visa diminuir a venda<br />
de produtos que não respeitam as<br />
normas sanitárias, ao tornar crime<br />
R$ 7,4 bilhões/ano<br />
em tributos<br />
recolhidos pela<br />
<strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong><br />
a falsificação, adulteração ou fabricação<br />
de cigarros em desacordo<br />
com o que propõe a<br />
vigilância sanitária.<br />
Além de expor o consumidor a<br />
produtos com conteúdo desconhecido<br />
e que não respeitam as<br />
normas de higiene, Romero Jucá<br />
argumenta, ao defender o projeto,<br />
que “o dinheiro movimentado<br />
US$ 2,7 bilhões/ano<br />
em divisas<br />
para o Brasil com<br />
exportações
pela máfia do cigarro serve também<br />
para financiar o tráfico de<br />
drogas, armas e o contrabando de<br />
outros produtos”. Para o senador,<br />
o negócio é muito lucrativo e<br />
torna-se maior a cada dia: “Hoje o<br />
mercado clandestino de cigarros<br />
do Brasil é o segundo maior da<br />
América Latina, perdendo apenas<br />
para o mercado legal do próprio<br />
Brasil”.<br />
O projeto de lei altera a redação<br />
dos artigos 274 e 275 do Código<br />
Penal e insere nos dois<br />
artigos referência direta ao cigarro.<br />
A legislação atual criminaliza tanto<br />
a deturpação de produtos destinados<br />
a consumo como a prestação<br />
de informações falsas sobre<br />
alimentos, produtos terapêuticos<br />
e medicamentos, mas não menciona<br />
os cigarros. Jucá acredita<br />
que, ao incluir o cigarro no rol dos<br />
itens protegidos, a legislação ajudará<br />
a proteger consumidores de<br />
produtos sem os mínimos padrões<br />
de higiene e cujo conteúdo<br />
não é conhecido e garantido.<br />
Opiniões<br />
“Estamos criminalizando uma<br />
prática que tem cada vez mais se<br />
provado danosa ao consumidor por<br />
não obedecer às exigências legais e<br />
sanitárias. O tipo penal que vigorava<br />
até então dava margem às diversas<br />
interpretações e dificultava a<br />
apuração célere das denúncias.”<br />
PRODUÇÃO ILEGAL NO BRASIL<br />
DEPUTADO FEDERAL EFRAIM<br />
FILHO (DEM-PB), RELATOR<br />
DO PROJETO NA COMISSÃO<br />
DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA<br />
DEPUTADO FEDERAL ÊNIO<br />
BACCI (PDT-RS), RELATOR<br />
DO PROJETO NA COMISSÃO<br />
DE SEGURANÇA PÚBLICA<br />
Apesar de a maior parte dos cigarros ilegais virem do Paraguai, o Brasil<br />
também abriga fábricas que produzem cigarros ilegais. “A gente fala de<br />
cigarros contrabandeados do Paraguai, mas existem fábricas de fundo de<br />
quintal dentro do Brasil alheias às regulamentações sanitárias”, lembra<br />
Efraim Filho. Além de exporem consumidores a produtos com conteúdo<br />
duvidoso e que não obedecem normas de higiene, o parlamentar alerta<br />
para outros danos à sociedade: “As fábricas clandestinas também infrin-<br />
COLABORADOR DA SOUZA CRUZ: NORMAS<br />
RÍGIDAS DE HIGIENE NA PRODUÇÃO<br />
E DIREITOS TRABALHISTAS GARANTIDOS<br />
“O cigarro produzido legalmente<br />
no Brasil tem acompanhamento da<br />
fiscalização sanitária e a garantia<br />
do governo. Os que são fabricados<br />
sem essa chancela são produtos que<br />
contém substâncias não autorizadas.<br />
Daí a importância dessa nova<br />
legislação no sentido de proteger<br />
o cidadão e as indústrias que pagam<br />
seus impostos. É uma medida<br />
oportuna que vem num momento<br />
em que esse tipo de crime<br />
organizado cresce.”<br />
Gilberto Nascimento<br />
gem leis trabalhistas, o que é uma segunda<br />
questão que a aprovação do<br />
projeto poderá atacar”.<br />
11
12<br />
Cidade<br />
História viva<br />
Uma das quatro cidades<br />
mais antigas do<br />
Rio Grande do Sul,<br />
Rio Pardo encanta os<br />
visitantes com belos<br />
prédios históricos<br />
e igrejas centenárias<br />
IGREJA MATRIZ<br />
NOSSA SENHORA<br />
DO ROSÁRIO,<br />
INAUGURADA EM<br />
1801, E, ACIMA,<br />
O CENTRO REGIONAL<br />
DE CULTURA, ONDE<br />
ESTUDOU O EX-PRESIDENTE<br />
GETÚLIO VARGAS<br />
PONTE DE ARCOS<br />
ROMANOS E, À DIR.,<br />
O MUSEU BARÃO DE<br />
SANTO ÂNGELO:<br />
RIQUEZAS HISTÓRICAS<br />
DA CIDADE<br />
Entrevista<br />
Joni Lisboa da Rocha,<br />
prefeito de Rio Pardo<br />
Rio Pardo (RS)<br />
Emancipação: 07/10/1809<br />
Atividades Econômicas: Pecuária, agricultura e comércio<br />
População: 37.602 habitantes<br />
Colonização: Portuguesa, alemã e espanhola<br />
Localização: 140 km de Porto Alegre<br />
Área: 2051 km²<br />
Altitude: 47m<br />
CRIADA PARA ABRIGAR UM DEPÓSITO MIlitar<br />
e, por muito tempo, considerada<br />
ponto estratégico nas batalhas que aconteceram<br />
no Rio Grande do Sul, a bicentenária<br />
Rio Pardo esbanja charme, com suas ruas<br />
estreitas e prédios históricos. Cidade natal<br />
de figuras ilustres, como o escritor Manuel<br />
José de Araújo Porto Alegre, foi marcada<br />
por sua valorosa história de luta e emancipação<br />
– em 1846 foi elevada à categoria de<br />
cidade, em decorrência de seu progresso e<br />
da visita do Imperador D. Pedro II. Por jamais<br />
ter tombado diante dos inimigos na<br />
Guerra do Paraguai e na Revolução Farroupilha,<br />
o município ganhou a curiosa alcunha<br />
de Tranqueira Invicta.<br />
Quais atividades econômicas<br />
sustentam Rio Pardo?<br />
Além da agricultura e da pecuária, nossas<br />
indústrias, principalmente as do setor<br />
alimentício, têm um papel importante na<br />
economia local. E não posso esquecer do<br />
comércio, também uma fonte importante<br />
de renda para a cidade.<br />
O cultivo de fumo traz benefícios para o município?<br />
Atualmente, cerca de três mil famílias tiram<br />
o seu sustento do cultivo de fumo. É uma atividade
A agricultura, a pecuária e o pólo industrial<br />
formam a base da economia da cidade,<br />
que está localizada à margem<br />
esquerda do rio Jacuí e abriga mais de 37<br />
mil habitantes. Entre os principais pontos<br />
de visitação da região, estão as belas igrejas<br />
erguidas entre os séculos XVIII e XIX,<br />
como a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário.<br />
Os museus Barão de Santo Ângelo<br />
(Solar do Almirante de Alexandrino) e de<br />
Arte Sacra (onde está a imagem do santo<br />
do pau oco Santo Estevão), a Estação Ferroviária,<br />
a <strong>Cruz</strong> do Barro Vermelho, o Centro<br />
Regional de Cultura, onde estudou<br />
Getúlio Vargas, e a Ponte de Arcos Arroio<br />
do Couto completam o roteiro turístico.<br />
Rio Pardo se formou em torno da Fortaleza<br />
Jesus Maria José, construída em 1754,<br />
que ajudou a definir as novas fronteiras<br />
entre os domínios portugueses e espanhóis<br />
no Rio Grande do Sul. Ali se respira história<br />
e se valoriza a tradição. A Rua da Ladeira,<br />
por exemplo, foi a primeira rua calçada do<br />
Estado. Segue o modelo da Via Appia Romana<br />
e, por ter conservado o estilo original,<br />
foi tombada pelo Patrimônio Histórico<br />
e Artístico Nacional em 1954.<br />
que contribui para movimentar o comércio<br />
e a economia da cidade.<br />
Quais os principais desafios que a<br />
cidade tem enfrentado?<br />
Uma de nossas maiores dificuldades é o<br />
combate ao uso de drogas. Também temos<br />
investido na recuperação de estradas e<br />
procurado soluções para questões ambientais,<br />
como evitar a contaminação de rios<br />
e dar o destino adequado ao lixo urbano<br />
que produzimos.<br />
A CRUZ DO<br />
BARRO VERMELHO<br />
SIMBOLIZA UM<br />
DOS LOCAIS DE<br />
COMBATE DA<br />
REVOLUÇÃO<br />
FARROUPILHA<br />
CAMPO ABERTO<br />
Fotos: Cassiano Melo<br />
ENTRE AS ATRAÇÕES,<br />
A DUPLA ROGÉRIO MELO<br />
E CÉSAR OLIVEIRA, QUE<br />
MESCLOU CANÇÕES ANTIGAS E ATUAIS<br />
Cultura<br />
em destaque<br />
Projeto Música em Movimento, promovido<br />
pela <strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong>, reúne mais de<br />
1,5 mil pessoas em Cachoeira do Sul (RS)<br />
DEPOIS DE PERCORRER DIVERSOS MUNICÍPIOS GAÚCHOS<br />
e atrair público de aproximadamente 12 mil pessoas, o projeto<br />
Música em Movimento repetiu em Cachoeira do Sul<br />
(RS) o sucesso alcançado nas edições anteriores.<br />
O show de Cesar Oliveira & Rogério Melo e da Orquestra<br />
Camerata de Porto Alegre empolgou os 1,5 mil espectadores,<br />
que, mesmo debaixo de fortes chuvas,<br />
compareceram ao Parque da Fenarroz no encerramento da<br />
primeira fase do projeto, no último domingo de março. A<br />
dupla mesclou sucessos antigos com canções de seu mais<br />
recente trabalho, Cantiga para o meu chão.<br />
O público presente também participou de atividades<br />
culturais no Centro Cultural Sesi e conheceu, na Escola de<br />
Chimarrão, a história, curiosidades e as diferentes formas<br />
de preparo da bebida símbolo dos gaúchos.<br />
Pedro Campos, gerente regional de Produção da <strong>Souza</strong><br />
<strong>Cruz</strong>, comemorou o sucesso do projeto: “Estamos muito<br />
satisfeitos com a receptividade das comunidades pelas<br />
quais passamos, o que demonstra<br />
“ESTA UNIÃO FOI<br />
VÁLIDA E NECESSÁRIA PARA<br />
ROMPER PRECONCEITOS, AO MESMO<br />
TEMPO EM QUE PRESERVOU A ESSÊNCIA<br />
DE CADA UM”,<br />
DESTACOU ROGÉRIO MELO.<br />
“VIVENCIAMOS MOMENTOS ÚNICOS,<br />
MÁGICOS, PORQUE OS ARRANJOS PARA<br />
NOSSAS COMPOSIÇÕES FORAM FEITOS COM<br />
MUITO CARINHO PELA ORQUESTRA”,<br />
COMPLETOU CÉSAR OLIVEIRA.<br />
que eventos culturais com esse<br />
perfil merecem o nosso incentivo<br />
e investimento”.<br />
Depois do sucesso<br />
no Rio Grande do Sul, a<br />
<strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong> vai levar o<br />
projeto, no segundo se-<br />
mestre, para outros municípios<br />
de Santa Catarina<br />
e do Paraná.
14<br />
DEBATE: Fim da reeleição<br />
Deputado federal<br />
CÉSAR HALUM<br />
(PPS-TO)<br />
Com 57 anos, médico<br />
veterinário, exerce seu<br />
primeiro mandato como<br />
deputado federal. Já foi vereador<br />
e prefeito de Araguaína (TO),<br />
deputado estadual por<br />
dois mandatos e presidente da<br />
União Nacional dos Legislativos<br />
e Legisladores Estaduais (2008).<br />
Atualmente é vice-presidente<br />
da Comissão de Defesa<br />
do Consumidor e suplente<br />
na Comissão de Agricultura,<br />
Pecuária, Abastecimento e<br />
Desenvolvimento Rural<br />
da Câmara dos Deputados.<br />
Por que acabar com o instituto<br />
da reeleição?<br />
Porque os exemplos práticos de<br />
reeleição não são bons. Cerca de<br />
80% dos prefeitos e governadores<br />
reeleitos fazem uma segunda<br />
administração desastrosa. É fácil<br />
entender: eles gastam os recursos<br />
públicos para se reelegerem e<br />
começam o segundo mandato<br />
endividados. O uso da máquina<br />
faz com que eles passem mais<br />
quatro anos tapando os buracos.<br />
Mas a reeleição já não faz parte<br />
da tradição política brasileira?<br />
Não. Foi um desejo do presidente<br />
Fernando Henrique Cardoso, que<br />
mudou a Constituição Federal para<br />
isso. O fim da reeleição irá abrir<br />
oportunidade para novos líderes<br />
que se destacam, mas não podem<br />
mostrar capacidade de trabalho.<br />
Além disso, a alternância do<br />
poder é saudável porque um vigia<br />
o outro. Hoje o instituto da<br />
reeleição se banalizou.<br />
Um governante bem avaliado não<br />
seria prejudicado se não pudesse<br />
mais se recandidatar em seguida?<br />
Mas ele pode retornar depois.<br />
O Lula, por exemplo, que foi bem<br />
avaliado, pode voltar em 2014.<br />
O que não deve é penalizar o povo<br />
com governos reeleitos que<br />
simplesmente não funcionam no<br />
segundo mandato. Se o prefeito<br />
ou governador fez uma boa gestão,<br />
ele acaba elegendo seu sucessor.<br />
O adversário precisa ser bem melhor<br />
para sucedê-lo. Temos de acabar<br />
com os oportunistas. A maioria<br />
dos eleitores desaprova o segundo<br />
mandato, ainda que tenha achado<br />
a primeira gestão boa.<br />
Muita gente diz que a reeleição<br />
acaba beneficiando o mandatário<br />
porque ele usaria a máquina<br />
pública ao seu favor...<br />
Só o Ministério Público e os Tribunais<br />
Regionais Eleitorais (TREs) acham<br />
que eles não usam. Eles se valem<br />
dos cargos comissionados<br />
para fazerem barganha política,<br />
locam veículos para ficar à sua<br />
disposição, compram combustíveis<br />
para os cabos eleitorais, usam<br />
a gráfica para benefício próprio,<br />
superfaturam obras.<br />
A proposta de fim da reeleição<br />
está vinculada a um aumento de<br />
mandato para cinco anos. É possível<br />
fazer uma boa administração<br />
dentro desse período?<br />
É tempo mais que suficiente.<br />
Em seis meses é possível arrumar a<br />
casa. Ainda que ele fique um ano<br />
consertando eventuais besteiras do<br />
antecessor, ele terá mais quatro anos<br />
para acertar a administração.<br />
Se não der um jeito, ou ele é mau<br />
gestor ou desonesto e ambos os casos<br />
não servem. Se ele acha pouco tempo,<br />
é porque tem paixão pelo poder.<br />
Que outras medidas deveriam<br />
ser adotadas na esteira desse<br />
projeto do fim da reeleição?<br />
A unificação das eleições,<br />
a coincidência de mandatos, votar<br />
de vereador a presidente numa única<br />
vez. Nós economizaríamos bastante.<br />
Em 2008, o Brasil gastou<br />
R$ 704 milhões com despesas<br />
e isenções de impostos concedidos<br />
às emissoras de rádio e tevê durante<br />
o horário eleitoral. Quem não gosta<br />
dessa proposta, do fim da reeleição,<br />
são as gráficas, os produtores<br />
de televisão e os cabos eleitorais.
Se aprovado, o fim da<br />
reeleição não arranharia uma<br />
vontade popular?<br />
Trata-se de uma decisão política,<br />
aprovada na Comissão da Reforma<br />
Política do Senado Federal.<br />
O instituto da reeleição, na verdade,<br />
não faz parte da tradição política.<br />
Foi um instrumento de nossa<br />
Constituição Federal, instituído<br />
em 1997 por meio de Emenda<br />
Constitucional. Não acredito que<br />
conspire contra a população.<br />
O assunto foi bastante debatido<br />
e de forma transparente.<br />
Acha justo um governante<br />
bem avaliado não poder<br />
se candidatar novamente<br />
ao mesmo cargo?<br />
Bem, entre aqueles que defendem<br />
a reeleição, esse é um receio, posto<br />
que, sem ela, um mau sucessor<br />
poderia não dar continuidade<br />
às ações de uma administração<br />
positiva. Mas cabe a quem<br />
está sucedendo avaliar essas iniciativas.<br />
Nesse caso, ele não<br />
pode descontinuar projetos<br />
bem-sucedidos?<br />
Ele vai aproveitar ou não os<br />
programas, projetos e ações<br />
existentes, de acordo com o<br />
interesse da população que<br />
o elegeu. Ele também tem um plano<br />
de trabalho, que apresentou<br />
durante a campanha eleitoral.<br />
Essa é a beleza da democracia,<br />
que dá oportunidade<br />
para o governo eleito administrar<br />
com o respaldo da população que<br />
confiou nele ao lhe dar o seu voto.<br />
Na hora de disputar a<br />
reeleição, o atual mandatário<br />
tende a usar a máquina pública<br />
em benefício próprio?<br />
Não acredito que a reeleição em<br />
si beneficie o mandatário de maneira<br />
ilícita. Existem leis dentro da nossa<br />
Constituição Federal que disciplinam<br />
a disputa eleitoral e impedem os governos<br />
de utilizarem desonestamente<br />
a máquina pública. Além disso, todas<br />
as atenções estão voltadas a quem<br />
já tem um mandato. Com certeza,<br />
o risco de ele ser flagrado em atitude<br />
não condizente é muito maior.<br />
Então, não concordo com aqueles<br />
que apontam ser inevitável o<br />
aproveitamento da máquina pública.<br />
Seria um comportamento<br />
que iria ferir o princípio da<br />
moralidade pública.<br />
Dá para um governo mostrar<br />
serviço em apenas cinco anos?<br />
Creio que sim, mas há quem defenda<br />
um mandato de seis anos.<br />
O importante é que ele consiga<br />
implementar todas as suas ideias,<br />
qualificando a sua gestão e<br />
deixando uma boa marca.<br />
Há outros temas importantes<br />
que deveriam ser discutidos junto<br />
com o do fim da reeleição?<br />
A coincidência de eleições,<br />
o que significaria uma economia<br />
aos cofres públicos. Poderíamos<br />
também adotar o voto majoritário<br />
para deputados e vereadores,<br />
além de elegermos os próximos<br />
prefeitos por seis anos.<br />
Assim, teríamos eleições gerais em<br />
2018 para todos os cargos.<br />
Fotos: Luiz Alves<br />
Deputado federal<br />
JOSÉ OTÁVIO GERMANO<br />
(PP-RS)<br />
Advogado e professor universitário,<br />
49 anos, Germano cumpre o<br />
terceiro mandato de deputado<br />
federal. Atuou como vereador<br />
de Cachoeira do Sul, deputado<br />
estadual em dois mandatos e<br />
secretário de Transportes e<br />
da Justiça e Segurança do Estado<br />
do Rio Grande do Sul, além de<br />
ministro-adjunto do Ministério<br />
do Esporte e Turismo durante<br />
o governo Fernando Henrique<br />
Cardoso. Na Câmara Federal,<br />
atualmente é titular das Comissões<br />
de Minas e Energia e Reforma<br />
Política e suplente na de<br />
Finanças e Tributação.<br />
15
Campanha da<br />
<strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong> mobiliza<br />
varejistas e colaboradores<br />
da Empresa na arrecadação<br />
de donativos para as vítimas<br />
das chuvas que castigaram<br />
a Região Serrana do<br />
Rio de Janeiro<br />
Ação<br />
conjunta<br />
COLABORADORES E VAREJISTAS PARceiros<br />
da <strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong> não mediram esforços<br />
para ajudar as vítimas das chuvas<br />
na Região Serrana do Estado do Rio de<br />
Janeiro, ocorridas no início do ano e<br />
que resultaram em mais de 900 mortos<br />
e 30 mil desabrigados. Durante um<br />
mês, duas campanhas apoiadas pela<br />
<strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong> recolheram donativos e<br />
contribuições para socorrer os flagelados<br />
da tragédia.<br />
A campanha “S.O.S. às Vítimas da<br />
Região Serrana”, coordenada pelo Comitê<br />
de Voluntários da Empresa, arrecadou<br />
doações para os moradores de<br />
Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis,<br />
Itaipava e São José. Com o engajamento<br />
dos colaboradores da <strong>Souza</strong><br />
<strong>Cruz</strong>, o Comitê recolheu mais de cinco<br />
toneladas de alimentos e água e quase<br />
7 mil peças de roupa e cobertores,<br />
além de centenas de brinquedos e<br />
mais de 13 mil itens de materiais de higiene<br />
e limpeza. Também houve doações<br />
em dinheiro que foram direcionadas<br />
especialmente para a aquisição de<br />
alimentos para os desabrigados.<br />
A área de Marketing promoveu<br />
uma ação humanitária direcionada à<br />
coleta de donativos junto a varejistas<br />
parceiros da Empresa e seus clientes,<br />
com mais de 100 pontos de recebimento.<br />
A empresa BIC também contribuiu<br />
com a campanha, doando<br />
materiais escolares, como lápis, caneta,<br />
cola, corretivo e barbeadores,<br />
entre outros itens.<br />
www.sindicom.com.br<br />
www.abip.org.br<br />
Os jornais O Globo, O Estado de S.<br />
Paulo, Folha de S. Paulo, Jornal do<br />
Brasil, Zero Hora (RS), DCI (SP) e<br />
Propaganda e Marketing (SP), entre<br />
outros, noticiaram com grande destaque<br />
a realização do seminário Democracia<br />
& Liberdade, que teve<br />
apoio da <strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong> e contou com a<br />
presença do jornalista e escritor americano<br />
David Harsanyi. Na oportunidade,<br />
Harsanyi lançou no Brasil o<br />
livro “O Estado babá – Como radicais,<br />
bons samaritanos, moralistas e<br />
outros burocratas cabeças-duras tentam<br />
infantilizar a sociedade”, editado<br />
pela Litteris.<br />
A coluna Radar, de Lauro Jardim, na<br />
revista Veja, registrou estimativas que<br />
apontam que 27% do mercado de cigarros<br />
é dominado por produtos de<br />
origem ilegal.<br />
A Folha de São Paulo (SP) apontou<br />
a <strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong> como uma das empresas<br />
preocupadas em oferecer<br />
oportunidades no mercado de trabalho<br />
para jovens, por meio de programas<br />
de trainee.<br />
A revista IstoÉ Dinheiro (SP) listou a<br />
<strong>Souza</strong> <strong>Cruz</strong> entre as “50 Empresas do<br />
Bem” que desenvolvem projetos de<br />
gestão de resíduos. A matéria especial<br />
destacou os resultados da unidade<br />
de Uberlândia que, em 2010,<br />
chegou a reaproveitar 99,6% dos resíduos<br />
e recebeu o Prêmio Benchmarking<br />
Ambiental.