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ID: 43248732 12-08-2012 | 2<br />

POR QUE É QUE<br />

ACREDITAMOS<br />

EM FANTASMAS?<br />

LUÍS FRANCISCO E PATRÍCIA CARVALHO<br />

Refl exo <strong>de</strong> medos ancestrais ou manifestações<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, os fantasmas são um<br />

dos assuntos tabu <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna. Há,<br />

ou não, uma fronteira entre crença e ciência?<br />

E, a existir, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> traçá-la? Testemunhas<br />

e investigadores, cépticos e crentes, todos<br />

têm algo para contar. E ninguém resiste a<br />

uma boa história <strong>de</strong> casas assombra<strong>da</strong>s<br />

Tiragem: 46144<br />

País: Portugal<br />

Period.: Semanal<br />

Âmbito: Informação Geral<br />

Pág: 12<br />

Cores: Cor<br />

Área: 28,03 x 32,19 cm²<br />

Corte: 1 <strong>de</strong> 8


ID: 43248732 12-08-2012 | 2<br />

Tiragem: 46144<br />

País: Portugal<br />

Period.: Semanal<br />

Âmbito: Informação Geral<br />

Pág: 13<br />

Cores: Cor<br />

Área: 27,65 x 32,11 cm²<br />

Corte: 2 <strong>de</strong> 8<br />

RUI GAUDÊNCIO E NUNO SOUSA


ID: 43248732 12-08-2012 | 2<br />

São duas <strong>da</strong> manhã quando Joaquim<br />

Coelho, Jessika Smith, David Sousa,<br />

Hugo Barbosa e Sónia Tavares<br />

chegam ao Monte do Coteiro, em<br />

Mozelos, Santa Maria <strong>de</strong> Lamas. O<br />

luar é sufi cientemente fraco para<br />

<strong>de</strong>ixar ver um céu carregado <strong>de</strong> estrelas.<br />

O frio quase faz esquecer que<br />

estamos em pleno Verão. Joaquim<br />

Coelho está <strong>de</strong> T-shirt, esqueceu-se<br />

do casaco negro, com a inscrição “Team Anormal”<br />

em letras brancas, que aju<strong>da</strong> a i<strong>de</strong>ntifi car<br />

os outros elementos do grupo. É ele o fun<strong>da</strong>dor<br />

<strong>da</strong> equipa que, há pouco mais <strong>de</strong> dois anos, e<br />

<strong>de</strong> forma absolutamente amadora, começou<br />

a percorrer casarões abandonados, castros ou<br />

parques associados a len<strong>da</strong>s encanta<strong>da</strong>s, como<br />

o Monte do Coteiro, à procura <strong>de</strong> alguma forma<br />

<strong>de</strong> contacto com o que <strong>de</strong>signam <strong>de</strong> “enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s”.<br />

Fantasmas, enten<strong>da</strong>-se.<br />

Nesta madruga<strong>da</strong> <strong>de</strong> sábado, falsos alarmes,<br />

arrepios, pica<strong>de</strong>las e dores <strong>de</strong> estômago <strong>de</strong>ixam<br />

alguns elementos do grupo com a certeza que,<br />

ali, há algo. Os outros não sentem na<strong>da</strong>, não vêem<br />

na<strong>da</strong>, não experienciam na<strong>da</strong>. Em que é que<br />

fi camos? Quantas respostas são possíveis quando<br />

falamos <strong>de</strong> casas ou locais assombrados?<br />

Muitas, talvez tantas quantas as cabeças que<br />

se põem a pensar nisso. Este é o tipo <strong>de</strong> assunto<br />

que até po<strong>de</strong> ser abor<strong>da</strong>do num círculo restrito<br />

<strong>de</strong> amigos ou família, mas continua a ser tabu<br />

em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate público. O velho adágio<br />

popular permite a ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong> nós dizer: “Não<br />

acredito em bruxas, mas que as há, há”; e, provavelmente,<br />

muita gente se sentirá tentado a<br />

a<strong>da</strong>ptar isso à presença <strong>de</strong> espíritos <strong>de</strong> outro<br />

mundo em <strong>de</strong>terminados locais.<br />

As len<strong>da</strong>s e histórias são abun<strong>da</strong>ntes. “Apesar<br />

dos progressos <strong>da</strong> ciência nos séculos mais<br />

recentes, a crença nas casas assombra<strong>da</strong>s não<br />

diminuiu”, salienta à revista 2 Jean-Martin Rabot,<br />

sociólogo e professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

Minho. “Em Sociologia, a crença não se me<strong>de</strong><br />

em ser ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira ou falsa. Ela existirá sempre.”<br />

E existe porque dá forma a um medo<br />

ancestral, o <strong>da</strong> concha <strong>de</strong> protecção (a casa)<br />

se virar contra nós. É uma insegurança inata<br />

no ser humano.<br />

E não é por se encontrar explicação para os<br />

fenómenos, ditos paranormais, que a crença<br />

per<strong>de</strong> terreno. O psicólogo Sérgio Razente, coautor<br />

do livro Parapsicologia, Entre a Crença e a<br />

Ciência e antigo investigador do entretanto extinto<br />

Observatório <strong>de</strong> Fenómenos Paranormais<br />

<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Minho, estima em apenas<br />

5% os casos em que uma abor<strong>da</strong>gem científi ca<br />

<strong>de</strong>volve dúvi<strong>da</strong>s.<br />

Sérgio Razente investigou <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> locais<br />

consi<strong>de</strong>rados assombrados em Portugal e garante<br />

que só um mereceria uma investigação<br />

mais aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>. Faz parte do fascínio irreprimível<br />

do tema que o foco <strong>da</strong> conversa se vire<br />

<strong>de</strong> imediato para esta excepção... “Era uma<br />

casa abandona<strong>da</strong>, no alto <strong>de</strong> um morro numa<br />

freguesia <strong>de</strong> Valongo, perto do Porto. Contase<br />

que os animais enlouqueciam, os equipamentos<br />

electrónicos (até os dos automóveis)<br />

estragavam-se, as pessoas sentiam-se mal e ao<br />

fi m <strong>de</strong> algum tempo, dois/três meses, iam-se<br />

embora. Depois <strong>de</strong> vários casos semelhantes, o<br />

sítio ganhou fama e o proprietário nunca mais<br />

conseguiu ven<strong>de</strong>r ou alugar a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>...”,<br />

conta-nos.<br />

Para lá <strong>da</strong> questão imobiliária, que Sérgio<br />

Razente consi<strong>de</strong>ra ser um campo fulcral <strong>da</strong> investigação<br />

neste sector, há muitos pontos <strong>de</strong><br />

contacto entre esta história e tantas outras —<br />

neste caso, o espírito é do antigo proprietário,<br />

que não quer que a casa vá para outra pessoa.<br />

Então o que leva este local, especifi camente, a<br />

ser tão especial? “É que lá, para além <strong>da</strong> crença,<br />

aconteciam mesmo coisas físicas”, salienta o<br />

psicólogo, agora a exercer em Londres. “Uma<br />

vez levei lá um jornalista e a máquina fotográfi<br />

ca não funcionou; os carros avariavam; outra<br />

jornalista que foi lá comigo suicidou-se pouco<br />

<strong>de</strong>pois... os que ouviam falar disto já não queriam<br />

lá ir. A certa altura, o meu relatório parecia<br />

um fi lme <strong>de</strong> Hollywood e acabei por encerrar o<br />

caso.” Sem nunca conseguir explicá-lo.<br />

Um em mais <strong>de</strong> quarenta. Todos os outros<br />

po<strong>de</strong>m ser explicados cientifi camente ou analisados<br />

sob o prisma <strong>da</strong> percepção erra<strong>da</strong> por<br />

parte <strong>da</strong>s testemunhas. E, no entanto, é nesta<br />

história que nos fi xamos. Porquê? Porque estamos<br />

“numa civilização racional e científi ca,<br />

mas não somos apenas razão pura...”, analisa<br />

o padre Carreira <strong>da</strong>s Neves. “As pessoas têm<br />

pânicos, objectivamente não se passa na<strong>da</strong>,<br />

mas nós não somos apenas objectivos. Somos<br />

mais do que física, química, biologia...”<br />

Mal chega ao parque público <strong>de</strong><br />

Mozelos, <strong>de</strong>serto à noite mas<br />

on<strong>de</strong> famílias inteiras se divertem<br />

durante o dia, Joaquim distribui<br />

o equipamento em que<br />

investiu, praticamente sozinho,<br />

nos últimos anos. Uma câmara<br />

<strong>de</strong> fi lmar <strong>de</strong> infravermelhos.<br />

Uma máquina fotográfi ca. Dois<br />

medidores Gauss (para a frequência<br />

electromagnética). Um gravador <strong>de</strong><br />

EVP — acrónimo <strong>de</strong> Electronic Voice Phenomena<br />

(Fenómeno <strong>de</strong> Voz Electrónico). Depois, o<br />

lí<strong>de</strong>r do grupo embrenha-se nas árvores. É ele<br />

quem geralmente aponta o caminho a seguir,<br />

o local para fazer as gravações, o sítio perfeito<br />

para questionar, em voz alta: “Há alguma<br />

enti<strong>da</strong><strong>de</strong> aqui presente?” Mas não será ele o<br />

primeiro a <strong>de</strong>parar-se com algo <strong>de</strong> estranho,<br />

esta madruga<strong>da</strong>.<br />

Sónia, uma professora <strong>de</strong> 35 anos, estava<br />

num caminho <strong>de</strong> terra, a céu aberto, quando<br />

o medidor Gauss que leva na mão dispara como<br />

louco. A luz vermelha pisca sem parar, acompanha<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> um ruído metálico. David, 53 anos, e<br />

o mais céptico do grupo, pe<strong>de</strong>-lhe que <strong>de</strong>sligue<br />

o aparelho e o volte a ligar. Ela fá-lo, mas o piscar<br />

e o ruído não param, como se fossem um<br />

alerta histérico <strong>de</strong> perigo. David pe<strong>de</strong> a Jessika,<br />

23 anos, que lhe entregue o outro medidor.<br />

Coloca-se à frente <strong>de</strong> Sónia e o aparelho imita<br />

o comportamento do outro. Joaquim e Hugo já<br />

se aproximam, para perceber o porquê <strong>de</strong> tanta<br />

agitação, quando este último aponta para um<br />

poste <strong>de</strong> electrici<strong>da</strong><strong>de</strong> a uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> metros.<br />

As lanternas apontam para o céu e revelam, a<br />

poucos metros <strong>da</strong>s cabeças <strong>de</strong> Sónia e David, os<br />

fi os transportadores <strong>de</strong> corrente eléctrica que<br />

estiveram na origem do aparatoso <strong>de</strong>scontrolo<br />

dos aparelhos.<br />

Foi um falso alarme e David continua a acreditar<br />

que muito do que tem presenciado com<br />

o Team Anormal pouco tem <strong>de</strong> paranormal.<br />

“Eu acho sempre que há outra explicação qualquer”,<br />

revela. Por isso, ao longo <strong>da</strong> noite, vai<br />

refreando os ímpetos <strong>de</strong> Jessika que, <strong>de</strong> todos,<br />

é a que mais parece predisposta a sentir, ver e<br />

ouvir algo que os restantes elementos do grupo<br />

não experienciam. Com excepção <strong>de</strong> Joaquim.<br />

Ele acompanha-a nessas sensações, embora<br />

não se manifeste <strong>de</strong> forma tão efusiva como a<br />

jovem <strong>de</strong> Braga.<br />

Mas é Joaquim quem, minutos <strong>de</strong>pois do primeiro<br />

falso alarme, se entusiasma. “Venham cá.<br />

Vêem ali uma luz a tremer? Não vêem? Olhem,<br />

ali.” Joaquim aponta para o meio <strong>da</strong>s árvores<br />

em que se embrenhara mal chegara ao monte.<br />

Ao princípio, ninguém vê na<strong>da</strong>, mas quando<br />

uma e outra voz começam a dizer que, sim,<br />

há algo que está a piscar no meio <strong>da</strong>s árvores,<br />

uns passos em frente revelam que, afi nal, há<br />

uma fi ta plástica <strong>de</strong> riscas brancas e vermelhas<br />

amarra<strong>da</strong> a várias árvores, e que é o refl exo<br />

nessa fi ta que faz piscar a luz.<br />

Como disse<br />

Max Webber,<br />

“a ciência<br />

<strong>de</strong>sencanta<br />

o mundo.<br />

As len<strong>da</strong>s,<br />

os mitos, as<br />

religiões é que<br />

encantam...”,<br />

diz o sociólogo<br />

Jean-Martin<br />

Rabot<br />

Efeitos <strong>de</strong> luz<br />

criados pelo<br />

fotógrafo no<br />

Palácio do Beau<br />

Séjour, um dos<br />

edifícios públicos<br />

em Lisboa<br />

<strong>da</strong>dos como<br />

assombrados<br />

cuja facha<strong>da</strong><br />

se po<strong>de</strong> ver no<br />

plano anterior,<br />

com a sombra do<br />

fotógrafo<br />

Tiragem: 46144<br />

País: Portugal<br />

Period.: Semanal<br />

Âmbito: Informação Geral<br />

Pág: 14<br />

Cores: Cor<br />

Área: 28,18 x 32,26 cm²<br />

Corte: 3 <strong>de</strong> 8<br />

Há quase sempre uma explicação<br />

racional, se <strong>de</strong>dicarmos tempo<br />

e meios a investigar os acontecimentos<br />

<strong>da</strong> esfera do paranormal.<br />

Mas não é isso, ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente,<br />

que queremos. “Tal como disse<br />

Max Webber, a ciência <strong>de</strong>sencanta<br />

o mundo”, lembra Jean-Martin<br />

Rabot. “As len<strong>da</strong>s, os mitos, as religiões<br />

é que encantam... A confi<br />

rmação recente <strong>da</strong> existência do Bosão <strong>de</strong><br />

Higgs po<strong>de</strong> explicar a formação do Universo.<br />

É um avanço científi co ao nível <strong>da</strong> formulação<br />

<strong>da</strong> Teoria <strong>da</strong> Relativi<strong>da</strong><strong>de</strong>! Mas alguém se sente<br />

encantado por isto? A ciência não respon<strong>de</strong> às<br />

questões fun<strong>da</strong>mentais: ‘Quem sou?’, ‘De on<strong>de</strong><br />

venho?’, ‘Para on<strong>de</strong> vou?’”<br />

Existirá, então, uma base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos colectiva<br />

on<strong>de</strong> vamos buscar estes medos que precisamos<br />

<strong>de</strong> sentir? A análise dos sonhos diz-nos que<br />

sim, coleccionar histórias <strong>de</strong> casas assombra<strong>da</strong>s<br />

também aponta nessa direcção.<br />

Que o diga a jornalista Vanessa Fi<strong>da</strong>lgo, que,<br />

após uma reportagem para a revista <strong>de</strong> domingo<br />

do Correio <strong>da</strong> Manhã, foi <strong>de</strong>safi a<strong>da</strong> pela editora<br />

A Esfera dos Livros a <strong>de</strong>senvolver a pesquisa<br />

e escrever um livro. Chama-se Histórias <strong>de</strong><br />

um Portugal Assombrado. “O livro acaba por ser<br />

uma pequena amostra <strong>da</strong>s muitas histórias que<br />

se encontram”, confessa a autora, <strong>de</strong> 34 anos.<br />

“Tentei seleccionar as mais ricas em termos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes, aquelas em que po<strong>de</strong>mos contar<br />

a história do fantasma.”<br />

Para ela, a questão não foi procurar uma<br />

eventual sustentação científi ca dos relatos. O<br />

que lhe interessava era a dimensão comunitária<br />

<strong>de</strong>stas histórias, a forma como elas se entreteciam<br />

no tecido social <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminado<br />

local ou região. Ao longo <strong>da</strong> sua pesquisa <strong>de</strong><br />

meses — basea<strong>da</strong> em fontes mais tradicionais<br />

como a Torre do Tombo ou o Arquivo Nacional<br />

<strong>de</strong> Len<strong>da</strong>s e meios mo<strong>de</strong>rnos, comos os fóruns<br />

na Internet —, Vanessa Fi<strong>da</strong>lgo apercebeu-se <strong>de</strong><br />

algumas linhas directrizes.<br />

Não só não há diferença entre mitos urbanos<br />

e rurais como o perfi l <strong>da</strong> assombração tem tendência<br />

a enquadrar-se em <strong>de</strong>terminados tipos<br />

bem formatados: “Amores proibidos; a mulher<br />

que morreu sozinha à espera do seu amor... e<br />

que é normalmente a <strong>da</strong>ma <strong>de</strong> branco. As histórias<br />

acabam por ser pareci<strong>da</strong>s, ter um fundo<br />

comum.” Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, “são as mesmas <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

há 10 mil anos”, reforça Jean-Martin Rabot. E<br />

manifestam-se <strong>da</strong>s mesmas maneiras: sons,<br />

espectros, objectos que se movem inexplicavelmente.<br />

Mas há excepções. Algumas particularmente<br />

simpáticas, como o Rei Chiquito, <strong>da</strong> Casa <strong>da</strong><br />

Torre, na Quinta <strong>da</strong> Alagoa, Sernancelhe, que<br />

se diverte a pregar parti<strong>da</strong>s e ri alto para quem<br />

o quiser ouvir. “É um espírito bem-disposto”,<br />

comenta Vanessa, muito em contraciclo do que<br />

é tradicional: as enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s paranormais oscilam<br />

normalmente entre a melancolia e a ira. Infl acionados<br />

pelas fi cções literárias e cinematográfi<br />

cas, estas últimas são as personagens centrais<br />

dos nossos medos irracionais. Mas nem por isso<br />

são maioritárias.<br />

Os “fantasmas” acabam, até, por se tornar <strong>de</strong><br />

tal maneira omnipresentes na rotina <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

casa que a família os adopta. Muitas<br />

vezes porque, segundo a crença <strong>de</strong> quem relata<br />

os acontecimentos, se trata realmente <strong>de</strong> um<br />

membro <strong>da</strong> família, entretanto falecido, mas<br />

que se vai mantendo presente. Ao contrário <strong>de</strong><br />

muitas outras pessoas, a escritora Ana Maria<br />

Magalhães sempre assumiu publicamente os<br />

episódios paranormais em que se viu envolvi<strong>da</strong><br />

ao longo <strong>de</strong> uma existência reparti<strong>da</strong> por três<br />

casas, to<strong>da</strong>s assombra<strong>da</strong>s.<br />

Em Trás-os-Montes, no Algarve, no “casarão”<br />

<strong>de</strong> Salvaterra <strong>de</strong> Magos. On<strong>de</strong> o “avô Gaspar”<br />

se fazia sentir. Muitos relataram ouvir passos,


ID: 43248732 12-08-2012 | 2<br />

Tiragem: 46144<br />

País: Portugal<br />

Period.: Semanal<br />

Âmbito: Informação Geral<br />

RUI GAUDÊNCIO E NUNO SOUSA<br />

Pág: 15<br />

Cores: Cor<br />

Área: 27,36 x 31,90 cm²<br />

Corte: 4 <strong>de</strong> 8<br />

sentir uma respiração. Mas eram sempre experiências<br />

individuais, talvez <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s à sugestão.<br />

A história que Ana Maria Magalhães recor<strong>da</strong><br />

como mais impressionante foi presencia<strong>da</strong><br />

por muita gente. Em simultâneo. “Uma vez<br />

<strong>de</strong>mos uma festa e, lá para o fi nal, um grupo<br />

<strong>de</strong> umas 20 pessoas fi cou a conversar na sala.<br />

O avô Gaspar não gostou e a luz apagou-se.<br />

Alguém a acen<strong>de</strong>u. E ela apagou-se <strong>de</strong> novo.<br />

Como era um interruptor <strong>da</strong>queles antigos,<br />

com uma piruleta bem evi<strong>de</strong>nte, viu-se bem<br />

quando voltou a mexer-se sem ninguém lhe<br />

tocar e a luz se apagou. A cena repetiu-se várias<br />

vezes e a certa altura houve gente que <strong>de</strong>satou<br />

a fugir esca<strong>da</strong> abaixo (a sala era no primeiro<br />

an<strong>da</strong>r) e até quem fi zesse tenção <strong>de</strong> se atirar<br />

<strong>da</strong> janela...”, conta à revista 2.<br />

Mesmo habitua<strong>da</strong> a esta e outras experiências,<br />

a escritora <strong>de</strong> livros infanto-juvenis (em<br />

parceria com Isabel Alça<strong>da</strong>) garante que nunca<br />

dormiria naquela casa sozinha. Sim, aproveitou<br />

alguns dos episódios <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> pessoal<br />

para o enredo do livro Uma Aventura na Casa<br />

Assombra<strong>da</strong>, não surpreen<strong>de</strong>ntemente o maior<br />

dos sucessos <strong>da</strong> dupla. Mas há limites que não<br />

atravessou. O seu fi lho dormiu na casa sozinho<br />

durante uma tempora<strong>da</strong> e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ouvir ruídos<br />

estranhos, suspiros, uma noite viu “uma<br />

senhora vesti<strong>da</strong> <strong>de</strong> branco, como um holograma,<br />

a pairar num corredor” e fez as malas <strong>de</strong><br />

imediato.<br />

Ana Maria Magalhães não procura uma explicação<br />

racional para os episódios que lhe aconteceram.<br />

Usa-os para estimular ain<strong>da</strong> mais a<br />

sua veia criativa. “Congratulo-me por ter vivido<br />

alguns momentos <strong>de</strong> arrepio. Há horas em<br />

que é difícil acreditar, outras em que é difícil<br />

não acreditar. Há gente que acredita sempre,<br />

gente que nunca acredita. E, <strong>de</strong>pois, a maioria<br />

é como eu...”<br />

Na expedição do Team Anormal também<br />

há diferentes sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Depois dos dois <strong>de</strong>sapontamentos<br />

iniciais, o grupo divi<strong>de</strong>-se. Joaquim<br />

e Jessika continuam, irredutíveis, a<br />

mergulhar entre as árvores. Hugo,<br />

que se apo<strong>de</strong>rou <strong>de</strong> um dos monitores<br />

Gauss, fá-lo <strong>de</strong>slizar à sua<br />

frente, muito <strong>de</strong>vagar, ao longo dos<br />

caminhos, seguido <strong>de</strong> perto por<br />

Sónia. David fi ca para trás, insistindo que, se<br />

forem <strong>de</strong>scobrir algo <strong>de</strong> anormal ali, será nos<br />

locais associados à len<strong>da</strong> do local. O motivo,<br />

afi nal, pelo qual ali estão.<br />

E a len<strong>da</strong> está grava<strong>da</strong> numa pedra mesmo<br />

ao início do parque. Conta que há muitos, muitos<br />

séculos, uma princesa moura se apaixonou<br />

por um sol<strong>da</strong>do romano. A família <strong>de</strong>la, como<br />

é normal nestas histórias, não gostou <strong>da</strong>quele<br />

amor entre pessoas tão diferentes, mas <strong>de</strong>sta<br />

vez não houve mortes nem encarceramentos<br />

ou exílios forçados. A moura e o seu sol<strong>da</strong>do,<br />

simplesmente, construíram um palácio subterrâneo,<br />

ali mesmo, naquele monte, on<strong>de</strong> “viveram<br />

felizes para sempre”. O que se diz também<br />

é que em noites “<strong>de</strong> muito luar” é possível ver<br />

os dois apaixonados a passear pelos seus domínios,<br />

<strong>de</strong> mãos <strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />

David quer que os esforços <strong>de</strong> contacto se<br />

centrem junto à pedra on<strong>de</strong> está escrita a len<strong>da</strong><br />

ou perto do portão que simula a entra<strong>da</strong> do<br />

palácio, mas que não vai <strong>da</strong>r a lado nenhum.<br />

Joaquim há-<strong>de</strong> regressar ali, mas, para já, an<strong>da</strong><br />

perdido no meio <strong>da</strong>s árvores.<br />

Actualmente, Joaquim trabalha como DJ num<br />

bar <strong>de</strong> Santa Maria <strong>de</strong> Lamas. Foi ele que, com<br />

um amigo, criou o Team Anormal, há cerca<br />

<strong>de</strong> dois anos. A curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a tentativa <strong>de</strong><br />

perceber o que lhe aconteceu quando tinha<br />

cerca <strong>de</strong> 12 anos levam-no a não <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong>stas<br />

buscas nocturnas que o <strong>de</strong>ixam carregado<br />

<strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>s.


ID: 43248732 12-08-2012 | 2<br />

Na adolescência, conta, passou “meses aterrorizado”<br />

sempre que a noite caía e as luzes do<br />

seu quarto se apagavam. “Tinha um quadro<br />

que se iluminava e apareciam umas mulheres a<br />

<strong>da</strong>nçar à volta <strong>de</strong> uma fogueira”, conta. Gritava<br />

pela avó, que fazia <strong>de</strong>saparecer a visão, acen<strong>de</strong>ndo<br />

a luz do quarto. Mas, mal ela saía, voltava<br />

tudo ao mesmo. “Depois, já via um homem<br />

sentado numa ca<strong>de</strong>ira.” A avó acabou por leválo<br />

a uma mulher que se dizia “médium” e que<br />

explicou que o miúdo tinha “a mora<strong>da</strong> aberta”.<br />

Traduzindo: “Era uma ligação entre o mundo<br />

dos vivos e dos mortos”, diz ele. Fizeram rezas<br />

ou mezinhas, Joaquim já não se recor<strong>da</strong> bem,<br />

mas sabe que lhe “fecharam a mora<strong>da</strong>” e que<br />

nunca mais teve visões. Ficou a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir exactamente o que<br />

lhe aconteceu em miúdo.<br />

A curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> também foi o que levou até<br />

ao grupo Hugo, um engenheiro informático<br />

<strong>de</strong> 33 anos. É amigo <strong>de</strong> Sónia e foi ela quem o<br />

convenceu a acompanhá-la. No caso <strong>da</strong> professora,<br />

não é só curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> sem motivo. Diz<br />

que sempre se interessou pelo paranormal,<br />

<strong>de</strong>vora programas televisivos relacionados com<br />

o assunto, prefere não explorar <strong>de</strong>masiado o<br />

tema, mas confessa que por várias vezes teve<br />

“premonições” — previu situações que acabariam<br />

mesmo por acontecer com pessoas que<br />

conhece e com fi guras públicas. Mas, se fosse<br />

só isso, talvez ela não tivesse procurado o Team<br />

Anormal. A ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é que com a sua chega<strong>da</strong><br />

aos 30 anos e o facto <strong>de</strong> a mãe ter adoecido<br />

e morrido com um cancro, lhe criaram uma<br />

urgência em <strong>de</strong>scobrir respostas. “O que an<strong>da</strong>mos<br />

aqui a fazer? Existe algo para além disto?<br />

Tenho muitas perguntas, mas não acredito em<br />

qualquer coisa. Só quando vir mesmo”, diz.<br />

No Palácio do Beau<br />

Séjour funciona<br />

actualmente o<br />

Gabinete <strong>de</strong> Estudos<br />

Olisiponenses. Numa<br />

<strong>da</strong>s salas, o fotógrafo<br />

criou a situação que se<br />

po<strong>de</strong> ver na imagem<br />

acima. Conta-se que o<br />

antigo proprietário, o<br />

barão <strong>da</strong> Glória, ain<strong>da</strong><br />

por ali an<strong>da</strong> muitos anos<br />

após a sua morte, bemdisposto<br />

e brincalhão.<br />

A jornalista Vanessa<br />

Fi<strong>da</strong>lgo (à direita)<br />

escreveu Histórias<br />

<strong>de</strong> um Portugal<br />

Assombrado<br />

Tiragem: 46144<br />

País: Portugal<br />

Period.: Semanal<br />

Âmbito: Informação Geral<br />

Pág: 16<br />

Cores: Cor<br />

Área: 27,81 x 32,19 cm²<br />

Corte: 5 <strong>de</strong> 8<br />

E<br />

estas são questões a que ca<strong>da</strong> um po<strong>de</strong><br />

respon<strong>de</strong>r à sua maneira. Mesmo<br />

que a reboque <strong>de</strong> outros... O escritor<br />

Valter Hugo Mãe lembra-se <strong>de</strong>,<br />

em miúdo, infl uenciado pelo irmão<br />

mais velho e pelo facto <strong>de</strong> viver numa<br />

“casa gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais para a família,<br />

com quartos fechados, sótão<br />

fechado”, ouvir ruídos estranhos.<br />

Mais na<strong>da</strong>. E, afi nal, tudo explicável<br />

pela próprias características do local: “Era só<br />

sugestão”, recor<strong>da</strong> à revista 2.<br />

E quantas vezes não se percebe claramente<br />

que a “aura” — outra expressão muito utiliza<strong>da</strong><br />

quando se fala em fenómenos paranormais —<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado local ou construção advém,<br />

fun<strong>da</strong>mentalmente, do seu visual, <strong>da</strong> localização<br />

ou, em alguns casos, <strong>da</strong> excentrici<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

seus ocupantes? Há exemplos por todo o país,


ID: 43248732 12-08-2012 | 2<br />

RUI GAUDÊNCIO E NUNO SOUSA<br />

mas é ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que há zonas mais susceptíveis<br />

<strong>de</strong> gerar atmosferas místicas. Como Sintra, por<br />

exemplo. Mas o que dizer quando se analisa a<br />

concentração <strong>de</strong> supostas casas assombra<strong>da</strong>s<br />

numa zona ilumina<strong>da</strong> e <strong>de</strong> horizontes abertos<br />

como a marginal <strong>de</strong> Cascais?<br />

Voltamos à i<strong>de</strong>ia forte <strong>de</strong> Sérgio Razente: a<br />

vertente imobiliária. O alto valor <strong>de</strong>stas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

po<strong>de</strong>rá induzir rivali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e vinganças<br />

que, num passado mais ou menos remoto, estariam<br />

na origem <strong>da</strong>s histórias que se contam?<br />

“É uma questão pouco explora<strong>da</strong>. E acho que é<br />

por aí que se <strong>de</strong>via apostar na investigação.”<br />

Não será tarefa fácil. Contacta<strong>da</strong>s pela revista<br />

2, as agências imobiliárias Era e Remax<br />

prometem inquirir o seu pessoal sobre relatos<br />

<strong>de</strong> casas assombra<strong>da</strong>s e a sua implicação no negócio,<br />

mas as semanas passam sem que chegue<br />

qualquer resposta... Vanessa Fi<strong>da</strong>lgo lembra-<br />

se mesmo <strong>da</strong> reacção “<strong>de</strong>sagradável” <strong>de</strong> uma<br />

famosa casa <strong>de</strong> leilões quando a abordou em<br />

busca <strong>de</strong> elementos para o seu livro.<br />

O chamado Castelinho <strong>de</strong> S. Pedro do Estoril<br />

po<strong>de</strong> ser um <strong>de</strong>stes casos em que o mais oculto<br />

se cruza com o mais material, o dinheiro. Trata-se<br />

<strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong>bruça<strong>da</strong> sobre a falésia e<br />

on<strong>de</strong>, segundo relatos populares reproduzidos<br />

em vários artigos jornalísticos, o fantasma <strong>de</strong><br />

uma menina parece atrair as pessoas para um<br />

mergulho fatal. Muito bem localiza<strong>da</strong>, <strong>de</strong>veria<br />

ser o tipo <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> que alguém agarra e<br />

nunca mais larga. Mas não. Com a campainha<br />

<strong>da</strong> porta completamente arruina<strong>da</strong>, resta tocar<br />

ao portão <strong>da</strong> garagem, abaixo do nível <strong>da</strong> rua.<br />

E na<strong>da</strong>. To<strong>da</strong>s as porta<strong>da</strong>s estão fecha<strong>da</strong>s, não<br />

há luzes à noite.<br />

Mas diz-se que às vezes há lá gente. Alugueres<br />

que duram pouco tempo. Diz-se que as pessoas<br />

fi cam assusta<strong>da</strong>s. O socialite José Castel-Branco<br />

já confessou à imprensa que esteve em vias <strong>de</strong><br />

fi car na casa, mas a visão do fantasma e a vertigem<br />

que sentiu levaram-no para longe <strong>da</strong>li. Dizse,<br />

conta-se. De on<strong>de</strong> vieram estas histórias?<br />

José Lazana, um dos arquitectos responsáveis<br />

pelo projecto <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação do Castelinho,<br />

em 1969, lembra-se, quando inquirido pela revista<br />

2, <strong>de</strong> ouvir contar como as on<strong>da</strong>s, “numa<br />

certa fase <strong>da</strong>s marés”, faziam “um ruído arrastado,<br />

um eco”.<br />

Construí<strong>da</strong> directamente sobre as rochas <strong>da</strong><br />

costa, po<strong>de</strong>rá esta casa <strong>de</strong>ver a sua má fama a<br />

estes gemidos <strong>da</strong> Natureza? É que há outros sinais<br />

estranhos neste mito: o fantasma que aparecerá<br />

às pessoas será o <strong>da</strong> menina, cega, que<br />

ali caiu ao mar... Mas os pais moravam numa<br />

casa ali perto, não no Castelinho. E por que é<br />

que a tradição local contou a algumas pessoas,<br />

como Manuela Duarte, presi<strong>de</strong>nte do Núcleo<br />

<strong>de</strong> Amigos <strong>de</strong> S. Pedro do Estoril, uma versão<br />

bem diferente: que o espírito que assombra a<br />

casa é o <strong>de</strong> uma mulher eternamente à espera<br />

<strong>de</strong> uma promessa que nunca foi cumpri<strong>da</strong>? “O<br />

homem que mandou construir a casa passaria<br />

a visitá-la para viverem o seu romance junto ao<br />

mar.” Nunca aconteceu.<br />

Fica o perfi l inconfundível do Castelinho e<br />

o eterno retorno <strong>da</strong>s marés. Serão explicação<br />

sufi ciente? Para Sérgio Razente, que se afastou<br />

<strong>da</strong> pesquisa paranormal por consi<strong>de</strong>rar que<br />

em Portugal “há um clima <strong>de</strong> medo à volta do<br />

assunto”, não há na<strong>da</strong> nestes fenómenos que<br />

não tenha explicação. “O que acontece é as<br />

pessoas não terem explicação. Há 300 anos<br />

não havia explicação para os meteoritos, por<br />

exemplo... No futuro haverá como investigar<br />

cientifi camente alguns fenómenos do paranormal.”<br />

Falamos <strong>de</strong> coisas como a telequinese<br />

(capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para mover objectos com a mente),<br />

a pré-cognição, a clarividência, a percepção<br />

extra-sensorial, a telepatia.<br />

E, como pano <strong>de</strong> fundo, a natureza humana.<br />

Sempre cheia <strong>de</strong> aparentes incongruências,<br />

como recor<strong>da</strong> à revista 2 o padre Carreira <strong>da</strong>s<br />

Neves: “Tive um caso engraçado. Era um casal,<br />

muito científi co, mas a mãe continuava agarra<strong>da</strong><br />

às crendices. Contaram-me que o fi lho, à<br />

noite, gritava, gritava, sempre às 23h00 — a mãe<br />

ter-lhe-á passado esses medos, será uma coisa<br />

genética, do cordão umbilical, a energia <strong>da</strong> mãe<br />

passa para um fi lho sem explicação científi ca. A<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é que fui lá dormir uma noite e acabouse<br />

tudo. Nunca mais houve gritos.”<br />

Não foi um exorcismo, foi só uma força moral.<br />

O padre visitou a casa e as angústias acalmaram-se.<br />

Acontece o mesmo por esse país fora.<br />

A Igreja Católica não tem posição ofi cial sobre<br />

o fenómeno <strong>da</strong>s casas assombra<strong>da</strong>s, mas é comum<br />

tropeçarmos em relatos <strong>de</strong> pessoas que<br />

solicitaram ao padre que lhes benzesse o lar.<br />

“É uma questão cultural, não é uma doença.<br />

Não é o psicólogo que vai resolver...”, comenta<br />

Carreira <strong>da</strong>s Neves.<br />

Tiragem: 46144<br />

País: Portugal<br />

Period.: Semanal<br />

Eu estava a<br />

<strong>de</strong>scer umas<br />

esca<strong>da</strong>s e tive<br />

a sensação<br />

que alguém<br />

me seguia.<br />

Espreitei só<br />

um bocadinho<br />

por baixo do<br />

ombro e vi um<br />

vestido branco<br />

e uns pés<br />

calçados com<br />

uns chinelos<br />

brancos.<br />

Não estava<br />

<strong>de</strong>scalça, tinha<br />

uns chinelos”,<br />

conta Jessika<br />

Smith sobre<br />

uma i<strong>da</strong> ao<br />

Palácio Dona<br />

Chica, em<br />

Braga<br />

Âmbito: Informação Geral<br />

RUI GAUDÊNCIO<br />

Pág: 17<br />

Cores: Cor<br />

Área: 27,43 x 31,68 cm²<br />

Corte: 6 <strong>de</strong> 8<br />

Até agora, na surti<strong>da</strong> nocturna <strong>de</strong><br />

Monte do Cabedo, Sónia não viu<br />

na<strong>da</strong> que a tenha <strong>de</strong>ixado mais<br />

perto <strong>de</strong> uma resposta. Mas, numa<br />

visita a um castro, ouviu um ruído<br />

que não consegue explicar, e que<br />

lhe <strong>de</strong>ixa a porta aberta para mais<br />

perguntas. “Ouvi por duas vezes<br />

um rugido, algo que nunca tinha<br />

ouvido antes”, diz. Hugo também<br />

ouviu e ele, que se diz mesmo muito céptico,<br />

<strong>de</strong>screve a mesma sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto.<br />

“Não consigo contextualizar aquele ruído, naquele<br />

contexto.”<br />

O céptico e, segundo palavras do próprio,<br />

“insensível” David também não está convencido<br />

<strong>de</strong> na<strong>da</strong>. Mas diz já ter assistido a uma<br />

ou duas situações que o <strong>de</strong>ixaram na dúvi<strong>da</strong>.<br />

Como as pedras que rolaram junto <strong>da</strong>s Minas<br />

<strong>de</strong> S. Pedro <strong>da</strong> Cova, em Gondomar, quando<br />

Joaquim pediu, como <strong>de</strong> costume, que a enti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

presente se manifestasse <strong>de</strong> alguma maneira.<br />

“É certo que à segun<strong>da</strong> vez que ele fez<br />

o pedido na<strong>da</strong> aconteceu, mas à primeira, foi<br />

mesmo muita coincidência.” Ou a noite em<br />

que as portas <strong>de</strong> uma casa abandona<strong>da</strong>, em<br />

Rio Tinto, também em Gondomar, pareciam<br />

obe<strong>de</strong>cer ao convite <strong>de</strong> Joaquim para se abrirem<br />

ou fecharem. “Era uma noite <strong>de</strong> chuva e<br />

havia correntes <strong>de</strong> ar. Continuo a achar que foi<br />

o vento, mas...”<br />

A ca<strong>da</strong> explicação que encontra para os “fenómenos”<br />

que a equipa vai registando, David<br />

gosta <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar pendurado um “mas”. Como<br />

o som extraído do EVP, após tratamento informático,<br />

que parece mesmo uma voz metálica a<br />

pedir aos membros <strong>da</strong> equipa que saiam <strong>da</strong>li,<br />

numa <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> conheci<strong>da</strong> por vários aci<strong>de</strong>ntes<br />

mortais, em S. João <strong>de</strong> Ver. Aliás, <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vez<br />

que Joaquim acredita ter encontrado uma correspondência<br />

vocal nos EVP gravados, o tom<br />

é sempre o mesmo. A “enti<strong>da</strong><strong>de</strong>” questiona<strong>da</strong><br />

diz que eles estão a incomo<strong>da</strong>r. Pe<strong>de</strong>-lhes que<br />

se vão embora.<br />

Por que continuam então? A curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> é<br />

mais forte. E, <strong>de</strong> todos, a que parece ter menos<br />

dúvi<strong>da</strong>s é Jessika. Tal como Sónia, diz que<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito nova que tem “premonições” e<br />

tudo o que é relacionado com o paranormal<br />

lhe interessa. Conta, anima<strong>da</strong>, como apanhou<br />

um valente susto durante a incursão <strong>da</strong> equipa<br />

no abandonado Palácio Dona Chica, em Braga<br />

(actualmente em processo <strong>de</strong> classifi cação pelo<br />

Igespar). “Eu estava a <strong>de</strong>scer umas esca<strong>da</strong>s que<br />

lá existem e tive a sensação que alguém me<br />

seguia. Espreitei só um bocadinho por baixo<br />

do ombro e vi um vestido branco e uns pés<br />

calçados com uns chinelos brancos. Não estava<br />

<strong>de</strong>scalça, tinha uns chinelos. E <strong>de</strong>pois soube<br />

que era naquele esca<strong>da</strong> que as pessoas dizem<br />

que aparece, às vezes, uma senhora vesti<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> branco.”<br />

Esta madruga<strong>da</strong>, é Jessika quem não pára <strong>de</strong><br />

revelar sensações, como se algo <strong>de</strong> anormal<br />

efectivamente se passasse. De tal maneira, que<br />

Joaquim até lhe pe<strong>de</strong> que seja ela a fazer as habituais<br />

perguntas para o escuro, mas a jovem<br />

recusa. Começa por dizer que não consegue<br />

parar <strong>de</strong> arrotar. Depois, diz que quase não<br />

ouve o que Joaquim lhe está a dizer, apesar<br />

<strong>de</strong> ele estar apenas a um par <strong>de</strong> metros <strong>de</strong> distância.<br />

Quando percorre o chão atapetado <strong>de</strong><br />

pequenos paus e folhas, garante que algo lhe<br />

roçou na perna e tem uma marca <strong>de</strong> pó junto<br />

ao joelho a prová-lo. Quando sai do meio <strong>da</strong>s<br />

árvores mostra o braço arrepiado, garantindo<br />

que em dois passos que <strong>de</strong>u, a temperatura<br />

<strong>de</strong>sceu abruptamente.<br />

Ao seu lado, Hugo, Sónia e David não sentem<br />

na<strong>da</strong> <strong>da</strong>quilo. “Isso do frio é porque aqui<br />

não há árvores e é menos abrigado”, lá lhe vai<br />

dizendo David. Joaquim an<strong>da</strong> calado. Está incomo<strong>da</strong>do.<br />

Partilha algumas <strong>da</strong>s sensações


ID: 43248732 12-08-2012 | 2<br />

<strong>de</strong> Sónia. Na<strong>da</strong> que se compare à experiência<br />

mais vívi<strong>da</strong> do grupo, há algum tempo, numa<br />

casa abandona<strong>da</strong> em Paços <strong>de</strong> Ferreira. No ví<strong>de</strong>o<br />

disponibilizado na página <strong>da</strong> Internet do<br />

grupo, vêem-se manchas brancas a passar na<br />

imagem. “Mal chegámos lá sentimos muitos<br />

vultos à nossa volta. Duas pessoas saíram logo<br />

a correr”, relembra Joaquim.<br />

Hoje é mais uma questão <strong>de</strong> sensação. E,<br />

para David, tudo o que experimentam nestas<br />

saí<strong>da</strong>s nocturnas é, basicamente, uma questão<br />

<strong>de</strong> sensação. “As pessoas reagem <strong>de</strong> maneira<br />

diferente, umas estão mais predispostas do<br />

que outras ou interpretam as coisas <strong>de</strong> modo<br />

diferente”, explica.<br />

Mas como explicar fenómenos<br />

presenciados por várias pessoas<br />

ao mesmo tempo ou em<br />

sucessão? Sugestão colectiva?<br />

“Nos locais públicos, as pessoas<br />

falam mais à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas<br />

coisas, porque ca<strong>da</strong> relato<br />

é normalmente corroborado<br />

por outros”, comenta Vanessa<br />

Fi<strong>da</strong>lgo. No seu livro, são vários<br />

os exemplos <strong>de</strong> edifícios públicos que são<br />

<strong>da</strong>dos como assombrados. Enquanto fala nos<br />

jardins do Palácio do Beau Séjour, em Lisboa,<br />

exactamente um <strong>de</strong>sses locais, analisa as causas<br />

<strong>da</strong> relutância em li<strong>da</strong>r com estas histórias: “Há<br />

dois motivos principais. O primeiro é admitir<br />

que se teve medo. O segundo é aceitar que há<br />

vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> morte.”<br />

No Beau Séjour, que abriga actualmente o<br />

Gabinete <strong>de</strong> Estudos Olisiponenses, <strong>da</strong> Câmara<br />

Municipal <strong>de</strong> Lisboa, o antigo proprietário, o barão<br />

<strong>da</strong> Glória, ain<strong>da</strong> por ali an<strong>da</strong>rá, muitos anos<br />

após a sua morte, bem disposto e brincalhão.<br />

No livro Histórias <strong>de</strong> um Portugal Assombrado,<br />

fala-se <strong>de</strong> campainhas que tilintam, mesas que<br />

abanam, documentos que <strong>de</strong>saparecem para<br />

voltarem a aparecer noutro local...<br />

Às vezes os rumores <strong>de</strong> má-fama não encontram<br />

confi rmação. Segundo a tradição popular,<br />

o Teatro D. Maria II estará construído num<br />

local amaldiçoado, como o são normalmente<br />

as confl uências <strong>de</strong> ribeiras (e elas estão lá, por<br />

baixo do asfalto e do betão, uma vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> Av.<br />

<strong>da</strong> Liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, outra proveniente <strong>da</strong> Av. Almirante<br />

Reis). Sabe-se que há factos históricos<br />

incontornáveis: aqui funcionou a Inquisição,<br />

no então Palácio dos Estaus, que ar<strong>de</strong>u completamente<br />

em 1836; aqui se registou um segundo<br />

incêndio catastrófi co, em 1964. Mas, lá<br />

<strong>de</strong>ntro, não há quem recor<strong>de</strong> algum episódio<br />

paranormal.<br />

O fogo, essa força <strong>de</strong>strutiva por excelência,<br />

também <strong>de</strong>ixou perplexos os ocupantes <strong>de</strong> um<br />

edifício no Porto, obrigados a fugir sem que<br />

Tiragem: 46144<br />

País: Portugal<br />

Period.: Semanal<br />

Âmbito: Informação Geral<br />

NÉLSON GARRIDO<br />

alguém alguma vez tenha <strong>de</strong>scortinado as causas<br />

do sinistro. Já fl agelados pelas contínuas<br />

avarias do elevador, foi então que começaram<br />

a associar estes acontecimentos ao mito que<br />

corria: duas irmãs que habitavam o palacete ali<br />

existente antes <strong>de</strong> ser construí<strong>da</strong> a torre <strong>de</strong> escritórios<br />

terão <strong>de</strong>scoberto, um dia, que ambas<br />

tinham um amante secreto — e que era o mesmo<br />

homem. Uma noite, convi<strong>da</strong>ram-no lá para<br />

casa, mataram-no e enterraram-no <strong>de</strong>baixo <strong>da</strong><br />

palmeira que ain<strong>da</strong> hoje está no terreno.<br />

NÉLSON GARRIDO<br />

Em cima e<br />

à esquer<strong>da</strong>,<br />

elementos do<br />

Team Anormal<br />

durante a saí<strong>da</strong><br />

ao Monte do<br />

Coteiro, em<br />

Mozelos<br />

Pág: 18<br />

Cores: Cor<br />

Área: 27,96 x 32,04 cm²<br />

Corte: 7 <strong>de</strong> 8<br />

O mito <strong>da</strong> história <strong>da</strong> Casa <strong>da</strong> Palmeira, na<br />

Rua Nossa Senhora <strong>de</strong> Fátima, faz parte do folclore<br />

local. E também escreveu uma pequena<br />

página na história do jornal diário que ali teve a<br />

sua primeira re<strong>da</strong>cção no Porto: o PÚBLICO.<br />

Estudos e son<strong>da</strong>gens <strong>de</strong>volvem <strong>da</strong>dos<br />

esclarecedores: mais <strong>de</strong> um terço<br />

<strong>da</strong>s pessoas acreditam em casas assombra<strong>da</strong>s.<br />

Jean-Martin Rabot especifi<br />

ca: “40% dos britânicos, 37%<br />

nos EUA, 28% dos canadianos...”<br />

Em Portugal, o estudo <strong>de</strong> Sérgio Razente,<br />

efectuado em 2004 e patrocinado<br />

pela Fun<strong>da</strong>ção Bial, mostrou<br />

que 39% dos inquiridos acreditavam<br />

na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> morte e 35% consi<strong>de</strong>ravam<br />

mesmo possível contactar com os espíritos dos<br />

falecidos.<br />

Ain<strong>da</strong> assim, o assunto continua tabu. “Não<br />

se assume porque tudo o que tem a ver com o<br />

oculto, o paranormal, assusta as pessoas. Mas<br />

a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é que os fenómenos manifestam-se,<br />

pelo menos para quem os quer ver”, analisa<br />

Jean-Martin Rabot.<br />

O professor auxiliar do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />

Sociologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Minho fala <strong>da</strong><br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> “exorcisar os medos”, mas uma<br />

nova questão obriga-o a abandonar o tom mais<br />

formal. A ele nunca aconteceu na<strong>da</strong> <strong>de</strong> estranho,<br />

inexplicável? “Não. Mas claro que há coisas<br />

bizarras que nos sucitam questões. Já tive<br />

várias vezes a sensação <strong>de</strong> déjà vu [quando temos<br />

a impressão <strong>de</strong> estar a viver algo por que<br />

já passámos]. É confuso. O limite entre o real<br />

e o imaginário é difuso...”<br />

Mas para Sérgio Razente não há dúvi<strong>da</strong>s:<br />

“Comecei a investigar porque queria encontrar<br />

explicações. E já as encontrei. Já não há<br />

na<strong>da</strong> para a qual não encontre explicação. Ao<br />

longo dos anos, a minha experiência pessoal<br />

foi profi ssional.”<br />

No monte do Coteiro, enquanto Sónia vai<br />

comendo uma bolacha <strong>de</strong> chocolate para escon<strong>de</strong>r<br />

a fome e o único som estranho que se<br />

escuta é a barriga <strong>de</strong> David a <strong>da</strong>r horas, Joaquim<br />

e Jessika embrenham-se <strong>de</strong> novo nas árvores<br />

e regressam com mais histórias para contar,<br />

<strong>de</strong>pois do lí<strong>de</strong>r <strong>da</strong> equipa ter questionado, <strong>de</strong><br />

novo, o espaço em volta. “Há alguma enti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

aqui presente que queira comunicar comigo ou<br />

com algum <strong>de</strong> nós? Estamos aqui em paz. Não<br />

te consigo ver. Se me consegues ver a mim, por<br />

favor, aproxima-te. Desejas <strong>da</strong>r-me um sinal<br />

<strong>da</strong> tua presença? Po<strong>de</strong>s fazer algum barulho?<br />

Mexer alguma coisa?”. Entre ca<strong>da</strong> frase há uma<br />

pausa, para explorar, <strong>de</strong>pois, no computador,<br />

se aquele silêncio escon<strong>de</strong> algum ruído <strong>de</strong> baixa<br />

frequência que se assemelhe à voz humana.<br />

Perto <strong>de</strong> Joaquim e <strong>de</strong> Jessika, os restantes<br />

membros do grupo não vêem nem sentem na<strong>da</strong>,<br />

mas ele garante que a máquina <strong>de</strong> fi lmar<br />

se mexeu sozinha. Ambos <strong>de</strong>screvem terem<br />

sentido pica<strong>da</strong>s no pescoço. E um peso no estômago.<br />

Jessica diz que ouviu passa<strong>da</strong>s, um rastejar,<br />

sentiu enjoos, um ambiente mais pesado.<br />

“Sente-se na leveza do ar”, diz, sem conseguir<br />

ser mais concreta.<br />

Antes <strong>de</strong> partir, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fumar um cigarro<br />

e abraçar algumas árvores, Jessika diz que<br />

sentiu o perfume <strong>de</strong> uma mulher, um cheiro<br />

a fl ores. Joaquim também. Sónia, Hugo e David<br />

partem carregados <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>s, mas <strong>de</strong>vem<br />

voltar no próximo mês, para mais uma<br />

exploração em espaços abertos ou em casas<br />

abandona<strong>da</strong>s, on<strong>de</strong> o grupo entra, quase sempre,<br />

à socapa, por falta <strong>de</strong> informação sobre<br />

os proprietários ou por não conseguir a sua<br />

colaboração. Joaquim vai calado, preparado<br />

para analisar sons e imagens <strong>da</strong> madruga<strong>da</strong><br />

que <strong>da</strong>li poucas horas já será manhã. Só Jessika<br />

parece continuar cheia <strong>de</strong> energia. “Já vi que<br />

chegue por hoje”, garante.


ID: 43248732 12-08-2012 | 2<br />

12<br />

Quantas respostas<br />

são possíveis quando<br />

falamos <strong>de</strong> casas ou<br />

locais assombrados?<br />

“Apesar dos progressos <strong>da</strong><br />

ciência, a crença nas casas<br />

assombra<strong>da</strong>s não diminuiu”,<br />

salienta o sociólogo<br />

Jean-Martin Rabot<br />

Tiragem: 46144<br />

País: Portugal<br />

Period.: Semanal<br />

Âmbito: Informação Geral<br />

Pág: 3<br />

Cores: Cor<br />

Área: 19,78 x 17,23 cm²<br />

Corte: 8 <strong>de</strong> 8<br />

NÉLSON GARRIDO

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