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Letra Viva: práticas de leitura e escrita - TV Brasil

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Observando o interesse <strong>de</strong> Aurora e <strong>de</strong> outras crianças pela <strong>escrita</strong>, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>mos que elas<br />

<strong>de</strong>senvolvem e usam uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> modos e recursos para interpretar e fazer sentido.<br />

Que <strong>escrita</strong> é essa que Aurora e todas as crianças querem apren<strong>de</strong>r na escola? Muito<br />

certamente a <strong>escrita</strong> como constituição do sentido, com as marcas do discurso social – para<br />

quem eu escrevo o que eu escrevo, como e por quê. Portanto, a <strong>escrita</strong> pressupõe sempre um<br />

interlocutor. Escrevemos para o outro, inclusive o “outro eu” (Smolka, 1989, p. 71).<br />

Voltando às experiências <strong>de</strong> Aurora como leitora-ouvinte, estas se davam também quando lhe<br />

contavam histórias. Uma <strong>de</strong>ssas histórias – Pele <strong>de</strong> asno 4 – a marcou profundamente,<br />

enchendo a cabeça da menina <strong>de</strong> coisas que antes não estavam lá <strong>de</strong>ntro... Sentia uma febre<br />

nas idéias... (p. 58). Esta “febre nas idéias” e estas “coisas que antes não estavam <strong>de</strong>ntro” da<br />

cabeça <strong>de</strong> Aurora po<strong>de</strong>m ser interpretadas como disposições afetivas e atitudinais até a<br />

compreensão e a produção <strong>de</strong> sentido para o texto lido/ouvido, abrangendo capacida<strong>de</strong>s que<br />

habilitam a menina à participação ativa nas <strong>práticas</strong> sociais letradas e contribuem para o seu<br />

letramento. O que falta então a essa criança? Alfabetizar-se no sentido estrito da palavra:<br />

apreen<strong>de</strong>r o código, apren<strong>de</strong>r o sistema <strong>de</strong> <strong>escrita</strong>.<br />

Além disso, na experiência <strong>de</strong> formação do leitor, a literatura infantil se <strong>de</strong>staca porque, como<br />

discurso escrito, revela, registra e trabalha formas e normas do discurso social, conforme nos<br />

ensina Smolka. Se o discurso estético é privilegiado, a literatura também proporcionará ao<br />

leitor, além do conhecimento e do autoconhecimento, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jogo, <strong>de</strong> recreação,<br />

<strong>de</strong> recriação, <strong>de</strong> fruição e, ainda, o <strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir múltiplos<br />

sentidos (Mattos, 2002, p. 21).<br />

Como a menina Aurora não podia ler ela mesma, dada a sua condição <strong>de</strong> não alfabetizada,<br />

suas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> viver a experiência <strong>de</strong> ser leitora estavam condicionadas a situações em<br />

que outras crianças, ou mesmo os adultos, lessem para ela. E eram essas situações que<br />

alimentavam, mais e mais, seu <strong>de</strong>sejo intenso e crescente <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a ler e escrever.<br />

LETRA VIVA: PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA 49 .

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