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Escritores brasileiros na Suíça e no Brasil. - Varal do Brasil

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<strong>Escritores</strong> <strong>brasileiros</strong><br />

<strong>na</strong> <strong>Suíça</strong> e <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

LITERÁRIO, SEM FRESCURAS!<br />

ANO 2 - EDIÇÃO NO. 3


VARAL DO BRASIL<br />

Literário, sem frescuras<br />

Genebra, primavera /verão de 2010<br />

A<strong>no</strong> 2—No. 3<br />

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3


Jacqueline Aisenman<br />

EXPEDIENTE<br />

Revista Literária VARAL DO BRASIL<br />

No. 3 — Genebra — CH<br />

Copyright © Vários autores<br />

O <strong>Varal</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> é promovi<strong>do</strong>,<br />

organiza<strong>do</strong> e divulga<strong>do</strong> pelo site:<br />

www.coracio<strong>na</strong>l.com<br />

Site <strong>do</strong> <strong>Varal</strong>: www.vara<strong>do</strong>brasil.ch<br />

Textos: Vários Autores<br />

Ilustrações: Vários Autores<br />

Revisão parcial de cada autor.<br />

Revisão Geral: <strong>Varal</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong><br />

Composição e diagramação:<br />

Jacqueline Aisenman<br />

A distribuição ecológica, por email, é<br />

gratuita.<br />

Se você deseja participar <strong>do</strong> <strong>Varal</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Brasil</strong> <strong>no</strong>. 04, envie seus textos até<br />

05 de julho de 2010 para<br />

varal<strong>do</strong>brasil@bluewin.ch<br />

A participação é gratuita. Participe!<br />

Genebra<br />

Desde <strong>no</strong>vembro <strong>do</strong> a<strong>no</strong> passa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong><br />

iniciamos o projeto de realizar o VARAL,<br />

ficou claro que esta não seria uma revista<br />

literária como as outras. Por que?<br />

Porque fica difícil falar de literatura, apresentar<br />

<strong>no</strong>vos e consagra<strong>do</strong>s escritores,<br />

sem falar de outros assuntos, sem trazer<br />

os aspectos culturais <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is países envolvi<strong>do</strong>s<br />

neste projeto.<br />

Literária, sem frescuras. Assim definiu-se<br />

a revista e assim está crescen<strong>do</strong>. Neste<br />

número são 40 escritores selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s e<br />

mais diversos artigos. Um grande passo<br />

diante <strong>do</strong> tími<strong>do</strong> número zero de <strong>no</strong>vembro.<br />

E o caminho que estamos trilhan<strong>do</strong> de forma<br />

vitoriosa tem nele plantadas as flores<br />

<strong>do</strong>s poetas, as sementes <strong>do</strong>s cronistas e<br />

contistas que aqui co<strong>no</strong>sco vem fazen<strong>do</strong> a<br />

caminhada.<br />

Verso e prosa, prosa e verso, somos to<strong>do</strong>s<br />

escritores. Escrevemos a vida a cada dia,<br />

cada um da sua forma. E é o que faz a riqueza<br />

<strong>do</strong> VARAL DO BRASIL: o encontro<br />

<strong>na</strong>s diferenças.<br />

Obrigada escritores, obrigada leitores.<br />

Com vocês e por vocês aqui estamos com<br />

mais um número e com certeza futuramente<br />

com muitos outros!<br />

4<br />

Até!<br />

Jacqueline Aisenman


Alessa B. - Versos Perturba<strong>do</strong>s<br />

Amarilis Pazini Aires - Amar como a primeira vez<br />

Angela Costa - Poema Etílico<br />

A<strong>na</strong> A<strong>na</strong>issi - As velhinhas caroneiras<br />

Andre Luis Aqui<strong>no</strong> - Os amantes <strong>do</strong> círculo polar<br />

Antonio Vendramini Neto - Os sapatos <strong>do</strong> Valdemar<br />

Carlos Eduar<strong>do</strong> Marcos Bonfá - Silêncio<br />

Chajafreidafelkstein - Passarinhos<br />

Clarice Villac - Calendário<br />

Cristiane Stankovick - Roti<strong>na</strong><br />

Dimmytrius - Meu <strong>Brasil</strong> <strong>Brasil</strong>eiro<br />

Eurico de Andrade. Bembem padece de amor<br />

Fabrício Couto Martins - Alma escura<br />

Gilberto Nogueira de Oliveira - Esperança<br />

Gustavo H. Bella - Aceito a <strong>no</strong>ite longa<br />

Infeto - Simples assim<br />

Jaci Santa<strong>na</strong> - Sig<strong>no</strong>s<br />

Jacqueline Aisenman - Gosto<br />

Jania de Souza - Falan<strong>do</strong> de Amor<br />

José Carlos P. Bru<strong>no</strong> - Contubérnio<br />

José Genário Macha<strong>do</strong> - A fuga <strong>do</strong> caranguejo<br />

Ju Virginia<strong>na</strong> - E o amor acontece<br />

Lariel Frota - Rosas azuis<br />

Maíra Cortez Galhar<strong>do</strong> - Chão<br />

Marcelo de Oliveira Souza - Escrito <strong>na</strong>s estrelas<br />

5


Márcio José Rodrigues - Os companheiros<br />

Marília Kosby - A terra prometida<br />

Matheus Paz - Greve sustentável<br />

Oswal<strong>do</strong> Begiato - Mun<strong>do</strong> da lua<br />

Re<strong>na</strong>ta Iacovi<strong>no</strong> - Poesia falada<br />

Re<strong>na</strong>ta Gomes de Farias - Metrópole<br />

Rosane Magaly Martins - Risco Iminente<br />

Sonia Alcalde - As mães sem <strong>no</strong>me<br />

Suziley Silva- O pai das telecomunicações<br />

Thiago Maerki - Desafogue a si mesmo<br />

Valdeck Almeida de Jesus - Sou louco<br />

Valquíria Gesqui Malagoli - Regresso<br />

Varenka de Fátima - Dulce Schwabacher<br />

Vicência Jaguaribe - A lua sobre as árvores<br />

Vó Fia - Desejos<br />

Walnélia Corrêa Pederneiras - Paulo Freire<br />

LEIA TAMBÉM NESTE NÙMERO:<br />

O Sistema educacio<strong>na</strong>l suíço<br />

Culinária suíça e brasiliera<br />

Festas juni<strong>na</strong>s<br />

A língua portuguesa e o regio<strong>na</strong>lismo<br />

Cantões suíços<br />

Vocabulário gaúcho e<br />

6<br />

… mais ainda!


PARTICIPAÇÃO NO VARAL<br />

NO. 4<br />

Envie seus textos para o e-mail<br />

varal<strong>do</strong>brasil@bluewin.ch em formato<br />

Word (não serão aceitos textos cola<strong>do</strong>s<br />

aos emails) .<br />

Envie uma biografia breve acompanhada<br />

de uma ou duas fotos e da<strong>do</strong>s para contato<br />

(email, blog, site, etc.). Se usar pseudônimo<br />

e não desejar que seu <strong>no</strong>me verdadeiro<br />

seja coloca<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Varal</strong> ou <strong>no</strong> site,<br />

envie uma biografia <strong>do</strong> seu pseudônimo.<br />

Não serão aceitas biografias e fotos Incorporadas<br />

aos emails, ape<strong>na</strong>s em anexo.<br />

Será escolhi<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s um texto de cada<br />

autor sen<strong>do</strong>:<br />

- poemas de <strong>no</strong> máximo duas pági<strong>na</strong>s<br />

conten<strong>do</strong> 20 linhas;<br />

- contos e crônicas com um máximo de<br />

três pági<strong>na</strong>s de 25 linhas;<br />

- os envios deverão ser feitos até o dia 05<br />

de JULHO (to<strong>do</strong> texto que chegar após<br />

esta data será observa<strong>do</strong> automaticamente<br />

para o <strong>Varal</strong> <strong>no</strong>. 5).<br />

- será dada a prioridade aos que enviarem<br />

com maior antecedência.<br />

"O que importa <strong>na</strong> vida não<br />

é o ponto de partida, mas a<br />

caminhada.<br />

Caminhan<strong>do</strong> e semean<strong>do</strong>,<br />

<strong>no</strong> fim terás o que colher!"<br />

Cora Corali<strong>na</strong><br />

7<br />

NOSSOS CONVIDADOS<br />

ESPECIAIS:<br />

Cora Corali<strong>na</strong><br />

Francisca Júlia<br />

Manuel Bandeira<br />

Nélida Piñon<br />

Oswald de Andrade<br />

Vinícius de Moraes<br />

“Como poucos, eu conheci<br />

as lutas e as tempestades.<br />

Como poucos, eu amei a<br />

palavra liberdade e por ela<br />

briguei.”<br />

Oswald de Andrade


HOSPITAL DE LAGUNA<br />

Faça <strong>do</strong> Hospital de Lagu<strong>na</strong> a sua causa,<br />

colabore! www.hospitallagu<strong>na</strong>.com<br />

PROJETO LUZ<br />

Ilumine esta idéia! Como você deseja que<br />

o Hospital de Lagu<strong>na</strong> seja? Bom? Muito<br />

bom? Ótimo? Qual o seu desejo? Com<br />

quanto você pode contribuir, <strong>na</strong> sua conta<br />

de luz, para o Hospital ser assim, <strong>do</strong> jeito<br />

que você quer? Você pode!<br />

O prêmio maior é a vida. Com certeza o<br />

seu maior desejo!<br />

CARTÃO DE BENEFÍCIOS<br />

O Cartão de Benefícios proporcio<strong>na</strong> a usuários<br />

e dependentes descontos <strong>no</strong>s serviços<br />

de inter<strong>na</strong>ção e de urgência/<br />

emergência ofereci<strong>do</strong>s pelo Hospital de<br />

Lagu<strong>na</strong> e pela rede de estabelecimentos e<br />

profissio<strong>na</strong>is credencia<strong>do</strong>s (visite <strong>no</strong> site o<br />

link <strong>do</strong> Cartão de Benefícios). Os descontos<br />

variam de 10 a 50%, poden<strong>do</strong> chegar a<br />

90% <strong>na</strong>s farmácias. procure o representante<br />

<strong>do</strong> hospital <strong>no</strong> horário comercial.<br />

TORNE-SE UM ASSOCIADO<br />

Para tor<strong>na</strong>r-se um associa<strong>do</strong> <strong>do</strong> hospital,<br />

basta preencher o formulário que se encontra<br />

<strong>no</strong> site e encaminhá-lo à direção <strong>do</strong><br />

hospital. O valor da mensalidade e de ape<strong>na</strong>s<br />

R$ 10,00.<br />

To<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> poderá usufruir das vantagens<br />

<strong>do</strong> cartão de benefícios sem pagamento<br />

adicio<strong>na</strong>l.<br />

8<br />

POEMINHA AMOROSO<br />

Cora Corali<strong>na</strong><br />

Este é um poema de amor<br />

tão meigo, tão ter<strong>no</strong>, tão teu...<br />

É uma oferenda aos teus momentos<br />

de luta e de brisa e de céu...<br />

E eu,<br />

quero te servir a poesia<br />

numa concha azul <strong>do</strong> mar<br />

ou numa cesta de flores <strong>do</strong> campo.<br />

Talvez tu possas entender o meu amor.<br />

Mas se isso não acontecer,<br />

não importa.<br />

Já está declara<strong>do</strong> e estampa<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong>s linhas e entrelinhas<br />

deste peque<strong>no</strong> poema,<br />

o verso;<br />

o tão famoso e inespera<strong>do</strong> verso que<br />

te deixará pasmo, surpreso, perplexo...<br />

eu te amo, per<strong>do</strong>a-me, eu te amo...


PAULO FREIRE<br />

Por Walnélia Corrêa Pederneiras<br />

Lá fora,algumas lindas pessoas<br />

plantam árvores em terre<strong>no</strong>s<br />

até então, sujos e aban<strong>do</strong><strong>na</strong><strong>do</strong>s...<br />

Nas Escolas resgatam mensagens<br />

transmitidas por sábios educa<strong>do</strong>res<br />

Nas livraria, jor<strong>na</strong>is,revistas e TV<br />

alerta e orientação,louvor à Educação<br />

Toda palavra conscientizada<br />

Paz profunda elaborada<br />

tem eco,tem so<strong>no</strong>ridade.<br />

Paulo Freire agora,<br />

abecedário em rosário...<br />

W alnélia Corrêa Pederneiras – catarinense, reside em Florianópolis/SC.<br />

Formada em Letras pela Universidade Federal de Santa Catari<strong>na</strong>. Professora<br />

de Yoga e Meditação. Escreve desde meni<strong>na</strong>.<br />

Participou das Antologias: "Poesia <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>" Bento Gonçalves RS (volumes<br />

4,6,7,8,9,10), "Poeta mostra a tua cara" (volume 5), Poetas <strong>do</strong> Café (volume 3), Poemas<br />

à Flor da Pele (volumes 1 e 2), Poetas del Mun<strong>do</strong> em Poesia (volume 1), Antologia<br />

<strong>Escritores</strong> <strong>Brasil</strong>eiros...e autores em Língua Portuguesa -Vitória da Conquista-<br />

Bahia (volumes 6 e 7), Poetas En/Ce<strong>na</strong> -Belô Poético (volumes 1, 2 e 3). É Cônsul<br />

de "Poetas del Mun<strong>do</strong>" em Florianópolis-SC.<br />

Membro da Academia Poçoense de Letras,ocupante da Cadeira número 43-Poções-<br />

Bahia-<strong>Brasil</strong><br />

Escreve <strong>no</strong>s sites: Recanto das Letras:http://<br />

recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=28134<br />

Usi<strong>na</strong> de Letras:http://www.usi<strong>na</strong>deletras.com.br/<br />

exibelotextoautor.php?user=walnelia<br />

Apolo – Academia Poçoense de Letras: http://<br />

www.apoloacademiadeletras.com.br/<br />

<strong>Varal</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> – Literário, sem frescuras – http://<br />

www.varal<strong>do</strong>brasil.ch<br />

9


A ESTRELA<br />

Vi uma estrela tão alta,<br />

Vi uma estrela tão fria!<br />

Vi uma estrela luzin<strong>do</strong><br />

Na minha vida vazia.<br />

Era uma estrela tão alta!<br />

Era uma estrela tão fria!<br />

Era uma estrela sozinha<br />

Luzin<strong>do</strong> <strong>no</strong> fim <strong>do</strong> dia.<br />

Por que da sua distância<br />

Para a minha companhia<br />

Não baixava aquela estrela?<br />

Por que tão alta luzia?<br />

E ouvi-a <strong>na</strong> sombra funda<br />

Responder que assim fazia<br />

Para dar uma esperança<br />

Mais triste ao fim <strong>do</strong> meu dia.<br />

O IMPOSSÍVEL CARINHO<br />

Escuta, eu não quero contar-te o meu<br />

desejo<br />

Quero ape<strong>na</strong>s contar-te a minha ternura<br />

Ah se em troca de tanta felicidade que<br />

me dás<br />

Eu te pudesse repor<br />

- Eu soubesse repor -<br />

No coração despedaça<strong>do</strong><br />

As mais puras alegrias de tua infância!<br />

10


Por Vó Fia<br />

DESEJOS<br />

Antigamente acreditava-se que as mulheres grávidas tinham que serem<br />

atendidas em to<strong>do</strong>s os seus desejos, por mais estranhos que pudessem<br />

parecer e as senhoras usavam e abusavam desse suposto direito, os<br />

coita<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s mari<strong>do</strong>s se viravam em <strong>do</strong>is para atender a to<strong>do</strong>s os pedi<strong>do</strong>s<br />

indiferentes ao horário ou ao esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> tempo; era uma loucura, e<br />

ninguém se queixava por me<strong>do</strong> das línguas das fofoqueiras de plantão e<br />

as exigências cresciam <strong>na</strong> mesma medida das barrigas. Era um horror.<br />

Todas as mulheres daquele tempo ao engravidar, passavam a infernizar<br />

a vida de seus mari<strong>do</strong>s com seus pedi<strong>do</strong>s absur<strong>do</strong>s. Algumas se contentavam<br />

com comidas, <strong>do</strong>ces e frutas diferentes, mas outras descontentes<br />

com as agruras da gravidez abusavam e exageravam ao extremo com<br />

seus pedi<strong>do</strong>s, era uma forma de vingança disfarçada contra os mari<strong>do</strong>s<br />

que levavam sempre a melhor parte da procriação. E para agravar o problema,<br />

ainda havia as sogras, sempre prontas a dar mão forte as filhas<br />

se os genros se negassem a atendê-las.<br />

E as historias mais absurdas aconteciam por causa dessa crendice, mas<br />

<strong>do</strong><strong>na</strong> Hermínia era a campeã desses desejos difíceis e estranhos e seu<br />

mari<strong>do</strong>, o pacifico e bem intencio<strong>na</strong><strong>do</strong> seu Lucas, jamais se queixava e<br />

atendia prontamente a to<strong>do</strong>s eles; certa vez caiu uma chuva violenta em<br />

toda a região, e a enchente tomou conta <strong>do</strong>s cursos de água daqueles<br />

la<strong>do</strong>s, mas <strong>do</strong><strong>na</strong> Hermínia resolveu se desesperar de desejo de comer<br />

uma goiaba que estava <strong>no</strong> alto de uma goiabeira, mas estar <strong>no</strong> alto era o<br />

me<strong>no</strong>r <strong>do</strong>s problemas.<br />

O pior era que a casa estava de um la<strong>do</strong> e a goiabeira <strong>do</strong> outro de um<br />

ribeirão, que <strong>no</strong> momento se transformara em caudaloso rio por causa<br />

da enchente, mas ela não podia esperar que as águas baixassem e seu<br />

Luas foi obriga<strong>do</strong> a se arriscar <strong>na</strong>dan<strong>do</strong> até a tal goiabeira. Quan<strong>do</strong> voltou,<br />

exausto e triunfante com a cobiçada goiaba <strong>na</strong>s mãos, ela estava se<br />

sentin<strong>do</strong> mal e se recusou a comê-la. Mas pior foram alguns dias depois<br />

quan<strong>do</strong> a <strong>do</strong><strong>na</strong> teve um <strong>no</strong>vo desejo e disse ao paciente mari<strong>do</strong>: Lucas<br />

eu estou com um desejo e<strong>no</strong>rme de comer um pedaço da barriga de sua<br />

per<strong>na</strong>, só um pedacinho, bem.<br />

Pela primeira vez seu Lucas se zangou e gritou: essa historia de desejo<br />

já foi longe demais, você não vai comer pedacinho nenhum de minha<br />

per<strong>na</strong> sua canibal, e de hoje em diante vou <strong>do</strong>rmir <strong>no</strong> quarto de hóspedes<br />

para não ser mordi<strong>do</strong> durante a <strong>no</strong>ite. E por minha conta você nunca<br />

mais fica grávida, contente-se com os filhos que já tem sua maluca. Os<br />

meses se passaram, a esperada criança <strong>na</strong>sceu e seu Luas continuava<br />

ocupan<strong>do</strong> o quarto de hóspedes. Mas o tempo é um santo remédio para<br />

tu<strong>do</strong>, ele voltou para o quarto de casal e ainda tiveram mais quatro filhos.<br />

Dizem as más línguas que <strong>na</strong> per<strong>na</strong> dele faltam quatro pedacinhos.<br />

11


Foto de Vicência Jaguarribe<br />

Vicência (Maria Freitas) Jaguari-<br />

be é cearense. Nasceu em Jaguarua<strong>na</strong>,<br />

em 07/08/1948. Formada em Letras,<br />

com Mestra<strong>do</strong> em Literatura <strong>Brasil</strong>eira,<br />

é professora da Universidade<br />

Estadual <strong>do</strong> Ceará, onde, por muitos<br />

a<strong>no</strong>s, ensi<strong>no</strong>u Literatura Infanto-<br />

Juvenil. Escreve para criança e adultos<br />

– crônicas, contos e poemas. Publica<br />

seus textos <strong>no</strong>s seguintes endereços<br />

eletrônicos:<br />

http://palavraengenhosa.blogspot.com<br />

(Blog por ela administra<strong>do</strong>.)<br />

www.republica<strong>do</strong>sautores.com.br<br />

http://singran<strong>do</strong>horizontes.blogspot.co<br />

http://www.conexaomaringa.com<br />

www.varal<strong>do</strong>brasil.ch<br />

A LUA SOBRE AS ÀRVORES<br />

Por Vicência Jaguaribe<br />

A lua pairan<strong>do</strong><br />

Sobre as árvores.<br />

A lua pairan<strong>do</strong><br />

Sobre os prédios.<br />

A lua mais alta <strong>do</strong> que<br />

Meu amor e meus desejos<br />

Meus me<strong>do</strong>s e minhas frustrações<br />

Minha ansiedade e minha angústia<br />

Minha solidão e minhas decepções.<br />

A lua em sua distância, bela e i<strong>na</strong>cessível.<br />

12<br />

E eu a chamá-la, a esperá-la.<br />

- Ela virá?<br />

- Não.<br />

A distância é grande<br />

E o único ônibus da linha<br />

Acaba de sofrer uma avaria.<br />

E pensar que, um dia,<br />

Eu já a tive quase à mão<br />

E perdi-a,<br />

Num cochilo fora de hora!


DULCE SCHWABACHER<br />

Por Varenka de Fátima<br />

A escola de teatro em tempos i<strong>do</strong>s,gloriosa! Continua com a mesma fama, não mudara<br />

quase <strong>na</strong>da,a escola está situada <strong>no</strong> bairro <strong>do</strong> Canela <strong>no</strong> centro de Salva<strong>do</strong>r.<br />

Ape<strong>na</strong>s uma modificação <strong>na</strong> estrutura dentro <strong>do</strong> teatro e aumentaram com a construção<br />

<strong>do</strong> pavilhão de aulas ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> teatro.<br />

A tarde estava agradável e mor<strong>na</strong>. Eu sentei num banco <strong>do</strong> pátio da escola,olhei<br />

para as árvores e comecei a meditar <strong>no</strong> rumo inespera<strong>do</strong> que minha vida tinha toma<strong>do</strong>.<br />

Depois de dezoito a<strong>no</strong>s afastada, trabalhei em belas artes e <strong>na</strong> escola de dança e<br />

agora estava <strong>na</strong> minha escola de teatro,onde estudei, lembrei <strong>do</strong>s colegas e professores<br />

e das aulas de improvisações. Mas,jamais esquecerei das aulas da professora<br />

Dulce Schwbacher. Uma mulher de pequeníssima estatura, respeitada e reconhecida<br />

pelo seu talento <strong>na</strong> sua convicção de que tu<strong>do</strong> é possível e viável. Quan<strong>do</strong><br />

estava passan<strong>do</strong> seus ensi<strong>na</strong>mentos, to<strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s atentos para aprendermos,pois<br />

suas técnicas eram transmitidas artesa<strong>na</strong>lmente.Como professora de maquiagem,sabia<br />

fazer as tintas para transformar os alu<strong>no</strong>s em vários perso<strong>na</strong>gens.<br />

Fiquei de imediato encantada pelas aulas e sentava <strong>na</strong> frente <strong>do</strong> espelho e desabafei.<br />

- Professora Dulce, tenho pavor de ficar velha.<br />

A professora lentamente aproximou e perguntou.<br />

- Quantos a<strong>no</strong>s você tem?<br />

- Tenho 25 a<strong>no</strong>s.<br />

A professora não conteve o sorriso.<br />

- Então vou fazer uma maquiagem e vai ficar com 80<br />

a<strong>no</strong>s.<br />

- Primeiro franzir a sua testa, para que eu possa passar<br />

o lápis preto <strong>na</strong>s rugas feita <strong>na</strong> testa e <strong>no</strong> canto<br />

<strong>do</strong>s olhos.<br />

- Agora dê um leve sorriso, para passar o lápis preto<br />

<strong>na</strong>s rugas <strong>do</strong> canto da boca,em seguida passou uma base mais clara <strong>do</strong> que a minha<br />

pele e esfumaçou.<br />

A professora Dulce orde<strong>no</strong>u em seguida:<br />

- Olhe para baixo,vou passar uma tinta branca <strong>no</strong>s cílios e <strong>no</strong> seus cabelos, ok.<br />

Vamos levante os olhos<br />

- Oh! Estou com 80 a<strong>no</strong>s.<br />

13<br />

Foto S.A.


Depois das aulas conversávamos e ficamos amigas.<br />

Quan<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>rável Dulce se aposentou disse:<br />

- Estou passan<strong>do</strong> minhas ferramentas para a minha alu<strong>na</strong> predileta.<br />

- Mas, professora, fico feliz, obrigada.<br />

Durante a<strong>no</strong>s, fomos aos <strong>do</strong>mingos para a missa <strong>na</strong> igreja da Vitória,foram tardes<br />

inesquecíveis.Os a<strong>no</strong>s passaram com o tempo as marcas irreversíveis.<br />

De súbito, Dulce foi acometida de um infarto e silenciou eter<strong>na</strong>mente.<br />

Para acalentar o meu coração, passo os ensi<strong>na</strong>mentos que minha <strong>do</strong>ce Dulce me<br />

ensi<strong>no</strong>u, como forma de gratidão. Na certeza que vivemos <strong>na</strong> fronteira e que podemos<br />

partir a qualquer momento.<br />

V arenka de Fátima Araújo reside em Salva<strong>do</strong>r-Bahia. Formada em Direção<br />

teatral pela Universidade Federal da Bahia, cursou licenciatura em Desenho <strong>na</strong> Escola<br />

de Belas Artes da UFBA É figurinista da Escola de Teatro da UFBA. Professora<br />

de teatro aqui e em 1984 <strong>no</strong> Pa<strong>na</strong>má. Atriz, maquia<strong>do</strong>ra e figurinista de varias peças<br />

de teatro. Participou <strong>do</strong> livro Ecos Machadia<strong>no</strong>s, coletânea verso e prosa, teve<br />

participação com a poesia Salva<strong>do</strong>r <strong>no</strong> Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus.<br />

Teve duas poesias <strong>na</strong> Antologia Delicatta IV prosa e verso, Poeta, Mostra Tua Cara<br />

e Coletânea El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> é colabora<strong>do</strong>ra da revista Artpoesia e Minirevista Contan<strong>do</strong> e<br />

Poetizan<strong>do</strong> de Marcos Tole<strong>do</strong> é membro <strong>do</strong> grupo Poetas Del Mun<strong>do</strong> e Luso Poemas.<br />

Na antologia Mãos que falam, ficou <strong>na</strong> <strong>no</strong><strong>na</strong> colocação com a poesia Tempo<br />

de Espera. Teve três poemas <strong>no</strong> livro GACBA.<br />

Celeiro <strong>do</strong>s <strong>Escritores</strong>:<br />

http://galerialiteraria.celeirodeescritores.org/perfil.asp?at=varenka<br />

Poetas Del Mun<strong>do</strong>:<br />

http://www.poetasdelmun<strong>do</strong>.com/verInfo_america.asp?<br />

ID=6036<br />

Luso Poemas: http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/<br />

index.php?uid=9120<br />

Contato: venkadefatima@hotmail.com<br />

14


REGRESSO<br />

Por Valquíria Gesqui Malagoli<br />

Perguntaste a mim,<br />

que meus pés molhava<br />

neste mar sem fim,<br />

para o que eu olhava...<br />

Eu, ah, olhava ao longe<br />

sem pensar em <strong>na</strong>da,<br />

imitan<strong>do</strong> um monge<br />

de vista ilibada.<br />

(– Que descanso imenso<br />

mora onde eu não penso!)<br />

Só fui retor<strong>na</strong>r<br />

porque me chamaste,<br />

e ao que perguntaste,<br />

respondi: “pro mar!”<br />

15


V alquíria<br />

Gesqui Malagoli , Jundiaiense, Presidente da Academia Femini<strong>na</strong><br />

de Letras e Artes de Jundiaí (2010-2012) e membro de diversas entidades<br />

culturais.<br />

Articulista <strong>do</strong> Jor<strong>na</strong>l de Jundiaí Regio<strong>na</strong>l, colabora também com outros veículos.<br />

Autora de: Versos versus Versos (2005) e Testamento (2008) – poesias; O presente<br />

de grego (2009) – romance infanto-juvenil.<br />

Em coautoria com Re<strong>na</strong>ta Iacovi<strong>no</strong>, lançou Missivas (2006 – parceria poética), e<br />

OLHAR DIverso – haicaimagético (2009), além <strong>do</strong>s infantis uniVerso enCanta<strong>do</strong><br />

(2007 – livro/CD) e De grão em grão (2008 – CD).<br />

Juntas, realizam ofici<strong>na</strong>s, saraus e atividades afins; desenvolveram e mantêm desde<br />

2009 a CircuitoTeca, biblioteca itinerante sem fins lucrativos. Com Josyanne Rita<br />

de Arruda Franco, criaram o jor<strong>na</strong>l literário de distribuição gratuita CAJU.<br />

www.valquiriamalagoli.com.br<br />

vmalagoli.blog.uol.com.br<br />

reval.<strong>na</strong>foto.net<br />

vmalagoli@uol.com.br<br />

caju.valquiriamalagoli.com.br<br />

16


SOU LOUCO<br />

Por Valdeck de Almeida Jesus<br />

Quero transformar:<br />

A mentira e a traição em confiança;<br />

Louco para fazer da fome, mesa farta;<br />

Da indiferença, atenção;<br />

Sou louco para fazer da roubalheira,<br />

Divisão igualitária de riquezas;<br />

Da corrupção, compaixão;<br />

Sou louco para fazer da violência,<br />

Equilíbrio social;<br />

Sonho em fazer <strong>do</strong> frio, abrigo;<br />

Do aborto, um abraço afetivo;<br />

Sou louco para fazer <strong>do</strong> desamor,<br />

Carícia;<br />

E da ganância, solidariedade.<br />

Só assim teremos paz!<br />

17<br />

V aldeck Almeida de Jesus,<br />

43, jor<strong>na</strong>lista, funcionário público, editor<br />

de livros e palestrante. Membro<br />

correspondente da Academia de Letras<br />

de Jequié e efetivo da União <strong>Brasil</strong>eira<br />

de <strong>Escritores</strong>. Embaixa<strong>do</strong>r Universal<br />

da Paz..<br />

Publicou os livros Memorial <strong>do</strong> Infer<strong>no</strong>:<br />

a saga da família Almeida <strong>no</strong> Jardim<br />

<strong>do</strong> Éden, Feitiço contra o feiticeiro, Valdeck<br />

é Prosa e Vanise é Poesia, 30<br />

A<strong>no</strong>s de Poesia, Heartache Poems,<br />

dentre outros, e participa de mais de<br />

60 antologias.<br />

Organiza e patroci<strong>na</strong> o Prêmio Literário<br />

Valdeck Almeida de Jesus de Poesia,<br />

desde 2005, o qual já lançou mais de<br />

600 poetas.<br />

Site: www.galinhapulan<strong>do</strong>.com<br />

E-mail: valdeck2007@gmail.com


DESAFOGUE A SI MESMO<br />

Por Thiago Maerki<br />

Marquei um encontro<br />

Em um café qualquer<br />

Sentei a frente de mim mesmo<br />

E comecei a questio<strong>na</strong>r-me<br />

Tentei disfarçar<br />

Mas o outro eu<br />

Sabia tu<strong>do</strong> sobre mim<br />

Coisas que nem mesmo eu conhecia<br />

Ou conhecia<br />

E não estava claro<br />

Percebi então que muitas vezes não somos<br />

nós<br />

E <strong>no</strong>s escondemos de nós mesmos<br />

É sempre bom encontrar-se<br />

Consigo mesmo<br />

E perguntar:<br />

Quem sou eu?<br />

A resposta virá de você mesmo<br />

Não procure exter<strong>na</strong>mente<br />

Respostas para suas questões interiores<br />

Cave seu ser<br />

Achegue-se às águas profundas<br />

Sinta o ma<strong>na</strong>ncial<br />

E desafogue a si mesmo<br />

18


CRÔNICA, CONTO, ROMANCE, NOVELA...<br />

Um artigo de Airo Zamoner<br />

Transcrito <strong>do</strong> site http://www.protexto.com.br/<br />

To<strong>do</strong>s nós, autores <strong>no</strong>vos e não tão <strong>no</strong>vos, vez por outra, sentimos imensas dúvidas<br />

para enquadrar em um desses gêneros e sub-gêneros, <strong>no</strong>ssa criação literária.<br />

É bom não esquecer o interminável debate que remonta à República de Platão e<br />

que deságua hoje num certo consenso sobre a existência de <strong>do</strong>is gêneros, poesia e<br />

prosa, segui<strong>do</strong> de subdivisões, como poesia lírica, épica por um la<strong>do</strong>, e conto, <strong>no</strong>vela<br />

e romance por outro.<br />

Os especialistas <strong>no</strong> assunto, e é bom esclarecer que não sou um deles, tentam explicar<br />

tu<strong>do</strong> isso. A gente lê, relê e acaba fican<strong>do</strong> com as mesmas interrogações.<br />

Nesse artigo posso perturbar o academicismo <strong>do</strong>s especialistas, mas preten<strong>do</strong> dar<br />

minha visão como escritor, de forma objetiva, prática e principalmente didática, arriscan<strong>do</strong><br />

sofrer a crítica que me mostrará as imensas teses, trata<strong>do</strong>s, ensaios sobre<br />

cada um desses gêneros. Provavelmente dirão: "Que pretensioso esse escritorzinho,<br />

hein?". Assim mesmo, revolvi correr o risco e me antecipar à crítica. Meu endereço<br />

está disponível e prometo responder educadamente a to<strong>do</strong>s.<br />

Se consultarmos algum dicionário de termos literários, teremos algo assim:<br />

Crônica, vem <strong>do</strong> Grego, kró<strong>no</strong>s, que significa "tempo" e <strong>do</strong> Latim, annum, a<strong>no</strong>, ou<br />

ânua, significan<strong>do</strong>, "a<strong>na</strong>is".<br />

Poesia também <strong>do</strong> Grego, poíesis, que quer dizer, "ação de criar alguma coisa".<br />

Conto, <strong>do</strong> Latim computum, ou seja, "cálculo, conta", ou <strong>do</strong> Grego kóntos,<br />

"extremidade da lança", ou commentum, "invenção, ficção".<br />

Romance, <strong>do</strong> Latim romanice, que quer dizer, "em língua românica".<br />

Poema, <strong>do</strong> Grego, poiema, significan<strong>do</strong> "o que se faz".<br />

Novela, <strong>do</strong> Latim, <strong>no</strong>vellam, ou seja:, "<strong>no</strong>va<br />

É... por aí, não vamos poder ter grandes esclarecimentos...<br />

Vamos agluti<strong>na</strong>r alguns termos para simplificar a variedade em três:<br />

1. Poesia, poema<br />

2. Crônica<br />

3. Conto, <strong>no</strong>vela, romance, poesia, poema<br />

Poesia, poema<br />

Se consultarmos Octavio Paz, El Arco y la Lira, 1956 p.14, encontramos sobre Poema:<br />

a afirmação, "um organismo verbal que contém, suscita ou segrega poesia"<br />

Massaud Moises em seu fabuloso Dicionário de Termos Literários, afirma:<br />

"Assumida orto<strong>do</strong>xalmente, a conexão entre poema e poesia implicaria um juízo de<br />

valor, ainda que de primeiro grau: to<strong>do</strong> poema encerraria poesia, e vice-versa." E<br />

mais adiante: "...existem poemas sem poesia, e a poesia pode surgir <strong>no</strong> âmbito de<br />

um romance ou de um conto". Acho mais esclarece<strong>do</strong>r o que Jean Cohen em sua<br />

Structure du language poétique, 1966, p.207, afirma: "...precisamente uma técnica<br />

linguística de produção dum tipo de consciência que o espetáculo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> não<br />

produz ordi<strong>na</strong>riamente".<br />

Claro que essas citações ajudam muito pouco. Vamos tentar mais praticidade e ser<br />

me<strong>no</strong>s acadêmicos.<br />

19


Em primeiro lugar devemos compreender<br />

que a questão formal não caracteriza a<br />

poesia. Fazer versos não é fazer poesia.<br />

Aristóteles já alertava que o uso <strong>do</strong> verso<br />

não tor<strong>na</strong> ninguém um poeta.<br />

Em segun<strong>do</strong> lugar, poemas e poesias serão<br />

reconheci<strong>do</strong>s pelos seguintes fatores:<br />

1. Um poema ou poesia é carente de lógica,<br />

pois seu conteú<strong>do</strong> tem que ser intrinsecamente,<br />

as emoções <strong>do</strong> "eu"<br />

2. Não existe relação passa<strong>do</strong>, presente,<br />

futuro. Existe unicamente um presente<br />

eter<strong>no</strong>. Daí ser possível reconhecer um<br />

poema, poesia pelo turbilhão de metáforas.<br />

Metáforas intercaladas num círculo<br />

vicioso, onde a palavra <strong>do</strong> fi<strong>na</strong>l volta para<br />

a palavra inicial.<br />

3. Não existe <strong>na</strong>rração num poema ou poesia.<br />

Numa poesia não há fatos, e sim esta<strong>do</strong>s.<br />

Não há enre<strong>do</strong>. Deve conter as situações<br />

que povoam o "eu" <strong>do</strong> poeta, um<br />

ser solitário e conflituoso.<br />

Resumin<strong>do</strong>: vamos reconhecer uma poesia,<br />

ou um poema, não pela presença de<br />

versificação mas sim se:<br />

1. Não obedecer à lógica formal<br />

2. Contiver as emoções <strong>do</strong> "eu" <strong>do</strong> autor<br />

3. Não for cro<strong>no</strong>lógico<br />

4. Não contiver <strong>na</strong>rrativa<br />

Conto, <strong>no</strong>vela, romance<br />

Acho que a primeira coisa que devemos<br />

tirar da cabeça é aquela história de que a<br />

diferença entre esses três gêneros é a<br />

quantidade, ou seja, o conto é curto, a <strong>no</strong>vela,<br />

mais ou me<strong>no</strong>s, e o romance é longo.<br />

Nada disso é verdadeiro. Existem <strong>no</strong>velas<br />

maiores que romances e contos<br />

maiores que <strong>no</strong>velas.<br />

Onde está a diferença?<br />

Gosto muito <strong>do</strong> conceito de unidade dramática,<br />

ensi<strong>na</strong><strong>do</strong> pelo eminente <strong>do</strong>utor<br />

em literatura, Professor Vicente Ataíde,<br />

que de<strong>no</strong>mi<strong>na</strong>mos de "Célula Dramática"<br />

e que passo a utilizar para uma boa<br />

compreensão <strong>do</strong> assunto.<br />

20<br />

O Conto contém ape<strong>na</strong>s um único drama,<br />

um só conflito. Esse drama único<br />

pode ser chama<strong>do</strong> de "célula dramática".<br />

Uma célula dramática contém uma<br />

só ação, uma só história. Um conto é<br />

um relâmpago <strong>na</strong> vida <strong>do</strong>s perso<strong>na</strong>gens.<br />

Não importa muito seu passa<strong>do</strong>,<br />

nem seu futuro, pois isso é irrelevante<br />

para o contexto <strong>do</strong> drama, objeto <strong>do</strong><br />

conto. O espaço da ação é restrito. A<br />

ação não muda de lugar e quan<strong>do</strong> eventualmente<br />

muda, perde dramaticidade.<br />

O objetivo <strong>do</strong> conto é proporcio<strong>na</strong>r<br />

uma impressão única <strong>no</strong> leitor.<br />

Podemos, pois, resumir em quatro os<br />

ingredientes que caracterizam o conto:<br />

Uma ação<br />

Um lugar<br />

Um tempo<br />

Um tom.<br />

Em outras palavras, um conto contém<br />

uma única Célula Dramática.<br />

Cabe aqui ressaltar alguns tipos específicos<br />

de contos como a fábula, o apólogo<br />

e a parábola.<br />

Fábula - Protagonizada geralmente<br />

por animais, pretende encerrar em sua<br />

estrutura dramática alguma "moral" implícita<br />

ou explícita.<br />

Apólogo - Protagoniza<strong>do</strong> geralmente<br />

por objetos que falam, também como a<br />

fábula, pretende conter uma "moral",<br />

implícita ou explícita.<br />

Parábola - Narrativa curta, pretenden<strong>do</strong><br />

conter alguma lição ética, moral,<br />

implícita ou explícita, diferencian<strong>do</strong>-se<br />

da fábula e <strong>do</strong> apólogo, por ser protagonizada<br />

por pessoas.<br />

Voltan<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong>, ao Conto em geral,<br />

e entendi<strong>do</strong> esse conceito de Célula<br />

Dramática, podemos mais facilmente<br />

compreender o que é uma <strong>no</strong>vela. Uma<br />

<strong>no</strong>vela <strong>na</strong>da mais é que uma sucessão<br />

de Células Dramáticas, como<br />

se fossem arrumadas em uma linha<br />

reta infinita. Face a essa estrutura é<br />

sempre possível, acrescentar mais uma<br />

Célula Dramática, mesmo depois<br />

de termi<strong>na</strong>da a <strong>no</strong>vela.


Com esse conceito de "arrumação", podemos<br />

compreender a diferença entre<br />

uma <strong>no</strong>vela e um romance. Essa diferença<br />

está <strong>na</strong> forma como as células estão<br />

dispostas. Num romance, elas estão concate<strong>na</strong>das,<br />

forman<strong>do</strong> um círculo. Uma<br />

estrutura fechada. Uma sucessão lógica<br />

com um encerramento definitivo. Seria<br />

impossível acrescentar mais uma Célula<br />

Dramática, depois de termi<strong>na</strong><strong>do</strong> um romance.<br />

Consolidan<strong>do</strong> as idéias:<br />

Um Conto é uma <strong>na</strong>rrativa ficcio<strong>na</strong>l conten<strong>do</strong><br />

uma única Célula Dramática.<br />

Uma Novela é uma <strong>na</strong>rrativa ficcio<strong>na</strong>l conten<strong>do</strong><br />

uma sucessão linear de Células<br />

Dramáticas.<br />

Um Romance é uma <strong>na</strong>rrativa ficcio<strong>na</strong>l<br />

conten<strong>do</strong> uma sucessão circular fechada<br />

de Células Dramáticas.<br />

Espero ter contribuí<strong>do</strong> para trazer mais<br />

objetividade e lógica <strong>no</strong> enquadramento<br />

de <strong>no</strong>ssas criações, <strong>na</strong>s diversas famílias<br />

<strong>do</strong>s gêneros literários .<br />

(Artigo de Airo Zamoner, transcrito <strong>do</strong> site<br />

http://www.protexto.com.br/t)<br />

21<br />

Genebra<br />

« Quem já passou por essa vida e<br />

não viveu, pode ser mais, mas sabe<br />

me<strong>no</strong>s <strong>do</strong> que eu... »<br />

« ...Por céus e mares eu andei,<br />

Vi um poeta e vi um rei<br />

Na esperança de saber<br />

O que é o amor. »<br />

Vinícius de Moraes<br />

Jacqueline Aisenman


Procura-se um amigo<br />

Não precisa ser homem, basta ser huma<strong>no</strong>, basta ter sentimentos, basta ter coração.<br />

Precisa saber falar e calar, sobretu<strong>do</strong> saber ouvir. Tem que gostar de poesia,<br />

de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, <strong>do</strong> canto, <strong>do</strong>s ventos e das canções da<br />

brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter<br />

esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a <strong>do</strong>r que os passantes levam consigo.<br />

Deve guardar segre<strong>do</strong> sem se sacrificar.<br />

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda<br />

mão. Pode já ter si<strong>do</strong> enga<strong>na</strong><strong>do</strong>, pois to<strong>do</strong>s os amigos são enga<strong>na</strong><strong>do</strong>s. Não é preciso<br />

que seja puro, nem que seja to<strong>do</strong> impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um<br />

ideal e me<strong>do</strong> de perdê-lo e, <strong>no</strong> caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo<br />

que isso deixa. Tem que ter ressonâncias huma<strong>na</strong>s, seu principal objetivo deve ser<br />

o de amigo. Deve sentir pe<strong>na</strong> das pessoa tristes e compreender o imenso vazio <strong>do</strong>s<br />

solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam <strong>na</strong>scer.<br />

Procura-se um amigo para gostar <strong>do</strong>s mesmos gostos, que se comova, quan<strong>do</strong> chama<strong>do</strong><br />

de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes<br />

chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer,<br />

para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, <strong>do</strong>s anseios e das<br />

realizações, <strong>do</strong>s sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de<br />

água e de caminhos molha<strong>do</strong>s, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se<br />

deitar <strong>no</strong> capim.<br />

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pe<strong>na</strong> viver, não porque a vida é bela,<br />

mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.<br />

Para não se viver debruça<strong>do</strong> <strong>no</strong> passa<strong>do</strong> em busca de memórias perdidas. Que <strong>no</strong>s<br />

bata <strong>no</strong>s ombros sorrin<strong>do</strong> ou choran<strong>do</strong>, mas que <strong>no</strong>s chame de amigo, para ter-se a<br />

consciência de que ainda se vive.<br />

22


A VIDA DE VINÍCIUS DE MORAES<br />

Nasceu <strong>no</strong> Rio de Janeiro em uma família amante das letras e da música, e seguiu as duas<br />

vocações. Ainda <strong>no</strong> colégio, começou a compor com os amigos Paulo e Harol<strong>do</strong> Tapajós, e<br />

juntos tocavam em festinhas. Nos a<strong>no</strong>s 30 formou-se em Direito e fez letra para dez músicas<br />

que foram gravadas, <strong>no</strong>ve delas parcerias com os irmãos Tapajós. Em 1933 publicou<br />

seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância". Amigo de Oswald de Andrade,<br />

Manuel Bandeira e Mário de Andrade, publicou outros livros de poemas nessa década.<br />

Passou algum tempo estudan<strong>do</strong> inglês <strong>na</strong> Universidade de Oxford e, de volta ao <strong>Brasil</strong> em<br />

1941, foi crítico cinematográfico <strong>do</strong> jor<strong>na</strong>l "A Manhã". Dois a<strong>no</strong>s depois foi aprova<strong>do</strong> para o<br />

Itamaraty e seguiu a carreira diplomática. Como diplomata morou <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

França, Uruguai. Em 1954 inicia-se como teatrólogo, escreven<strong>do</strong> a peça "Orfeu da Conceição",<br />

que mais tarde virou o filme "Orfeu <strong>do</strong> Car<strong>na</strong>val", dirigi<strong>do</strong> pelo francês Marcel Camus.<br />

Sua carreira como músico é impulsio<strong>na</strong>da a partir das décadas de 50 e 60, quan<strong>do</strong> conhece<br />

alguns de seus parceiros, como Tom Jobim, Antônio Maria, Edu Lobo, Carlos Lyra, Baden<br />

Powell. Em 1958 Elizeth Car<strong>do</strong>so lança "Canção <strong>do</strong> Amor Demais", com diversas parcerias<br />

Tom/ Vinicius: "Lucia<strong>na</strong>", "Estrada Branca", "Chega de Saudade". O primeiro grande<br />

show em que se apresenta, <strong>na</strong> boate Au Bon Gourmet, em 1962, ao la<strong>do</strong> Tom Jobim e João<br />

Gilberto, o liga permanentemente ao mun<strong>do</strong> da música popular e aos palcos. Seu elo<br />

com a bossa <strong>no</strong>va é muito importante. Fez letras para algumas das músicas mais importantes<br />

<strong>do</strong> movimento, como "Garota de Ipanema", "Chega de Saudade", "Eu Sei que Vou Te<br />

Amar", "Amor em Paz", "Insensatez", "Se To<strong>do</strong>s Fosse Iguais a Você" (todas com Tom Jobim),<br />

"Minha Namorada", "Coisa Mais Linda", "Você e Eu" (com Carlos Lyra). É também em<br />

1962 que conhece Baden Powell, com quem comporia músicas de temática afastada da<br />

bossa <strong>no</strong>va, como os afro-sambas ("Canto de Ossanha", "Canto de Xangô", "Samba de<br />

Oxóssi") e outros sambas ("Samba em Prelúdio", "Samba da Bênção", "Formosa", "Apelo",<br />

"Berimbau"). Em 1965, num show <strong>na</strong> boate Zum Zum, lançou o Quarteto em Cy, de quem<br />

se tor<strong>no</strong>u padrinho. No mesmo a<strong>no</strong>, "Arrastão", sua parceria com Edu Lobo, defendida por<br />

Elis Regi<strong>na</strong>, é a vence<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Festival de Música Popular <strong>Brasil</strong>eira da TV Excelsior, em<br />

São Paulo. O segun<strong>do</strong> lugar também é de Vinicius: ""Valsa <strong>do</strong> Amor que Não Vem", parceria<br />

com Baden interpretada por Elizeth. Após a promulgação <strong>do</strong> AI-5, em 1968, Vinicius é<br />

aposenta<strong>do</strong> compulsoriamente da carreira diplomática. A partir de então passa a se dedicar<br />

à vida artística. Faz shows em Portugal, Argenti<strong>na</strong>, Uruguai, acompanha<strong>do</strong> de Nara Leão,<br />

Maria Creuza, Toquinho, Oscar Castro Neves, Quarteto em Cy, Baden Powell, Chico Buarque.<br />

Nos a<strong>no</strong>s 70 incrementa a parceria com Toquinho: "Tarde em Itapuã", "Regra Três",<br />

"Maria Vai com as Outras", "A Tonga da Mironga <strong>do</strong> Kabuletê" são algumas músicas da<br />

dupla. Muitos discos foram lança<strong>do</strong>s <strong>na</strong> década de 70 com composições ou interpretações<br />

suas. Um <strong>do</strong>s mais importantes é "Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha", grava<strong>do</strong> ao vivo <strong>no</strong><br />

Canecão (Rio), em um espetáculo que ficou quase um a<strong>no</strong> em cartaz <strong>no</strong> Rio e seguiu para<br />

outras cidades da América <strong>do</strong> Sul e Europa. Apesar <strong>do</strong> sucesso com a música popular, Vinicius<br />

não aban<strong>do</strong><strong>no</strong>u a poesia, ten<strong>do</strong> inclusive grava<strong>do</strong> discos em que recita<br />

suas obras. Depois de sua morte, em 1980, diversos shows-tributo foram apresenta<strong>do</strong>s,<br />

ao longo <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s, assim como coletâneas e biografias.<br />

Fonte: http://cliquemusic.uol.com.br/<br />

23


Por Suziley Silva<br />

O PAI DAS TELECOMUNICAÇÕES<br />

É este o título e a home<strong>na</strong>gem que deve merecer o ilustre padre inventor e cientista<br />

<strong>na</strong>sci<strong>do</strong> <strong>na</strong> segunda metade <strong>do</strong> século XIX aos 21 de janeiro de 1861 nesta cidade<br />

de Porto Alegre. No a<strong>no</strong> de 2011 completará 150 a<strong>no</strong>s <strong>do</strong> <strong>na</strong>scimento daquele sacer<strong>do</strong>te<br />

que foi o quarto filho de uma família de quatorze irmãos cujos pais, Inácio<br />

José Ferreira de Moura e Sara Maria<strong>na</strong> Landell de Moura, possuiam ascendência<br />

inglesa. Pe. Roberto Landell de Moura era antes de mais <strong>na</strong>da um livre pensa<strong>do</strong>r;<br />

um profícuo inventor; um cientista <strong>na</strong>to. E as provas estão, aí, para que to<strong>do</strong>s vejam<br />

e constatem. Foram inúmeras contribuições e i<strong>no</strong>vações. Basta citar algumas<br />

ape<strong>na</strong>s: foi o pioneiro <strong>na</strong> radioemissão e telefonia por rádio (por isso é o patro<strong>no</strong><br />

<strong>do</strong>s radioama<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>); precussor <strong>na</strong> transmissão de imagens (a televisão)<br />

teletipo à distância e tantos outros trabalhos, pesquisas e estu<strong>do</strong>s.<br />

Aliás, o padre em questão era detentor de um baliza<strong>do</strong> arcabouço teórico alia<strong>do</strong> a<br />

um espantoso la<strong>do</strong> pragmático que o orientava <strong>na</strong> construção<br />

e <strong>na</strong> operacio<strong>na</strong>lização de suas úteis invenções. Landell<br />

fazia acontecer a necessá- ria união entre teoria e prática.<br />

Pois o sacer<strong>do</strong>te gaúcho “teorizava a vida e vivenciava<br />

a teoria”. Além disso, por vo- cação ministerial e mística<br />

era um ar<strong>do</strong>roso pastor que a- mava os seus fiéis com estimada<br />

e pater<strong>na</strong>l atenção. Toda- via, os grandes homens,<br />

geralmente, não são compreen- di<strong>do</strong>s por seus pares. Não<br />

são compreendi<strong>do</strong>s nem apoia- <strong>do</strong>s pelas autoridades que<br />

pouco caso dispensam aqueles que pelo espírito, pela mente,<br />

pelas idéias i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras, en- contram-se muito à frente<br />

<strong>do</strong> seu tempo e lugar. E com o Pe. Landell de Moura não foi diferente.<br />

O peregri<strong>no</strong> das ciências físicas e metafísicas não recebeu nenhum suporte e aos<br />

67 a<strong>no</strong>s, em 30 de junho de 1928, faleceu, a<strong>no</strong>nimamente, <strong>no</strong> Hospital da Beneficiência<br />

Portuguesa de Porto Alegre, acometi<strong>do</strong> por uma tuberculose. Pelo pouco que<br />

li a respeito da figura carismática <strong>do</strong> Pe. Landell, ainda que houvessem os que o<br />

consideravam um “louco e desvaira<strong>do</strong>”, (julgamento próprio das mentes peque<strong>na</strong>s<br />

que não enxergam um palmo à frente <strong>do</strong> próprio <strong>na</strong>riz, que dirá erguerem as cabeças<br />

enterradas <strong>na</strong> areia <strong>do</strong> próprio chão das suas ig<strong>no</strong>râncias para longe avistarem<br />

o horizonte da genuí<strong>na</strong> sabe<strong>do</strong>ria...), ele foi um homem, um sacer<strong>do</strong>te, um pastor,<br />

um ser huma<strong>no</strong>, também, muito queri<strong>do</strong> pelas pessoas que com ele conviveram ou<br />

de alguma forma se encontraram com aquele “apóstolo <strong>do</strong> Cristo”.<br />

E é por estas razões, por sua inteligência inventiva provada e comprovada em suas<br />

descobertas e invenções de muita utilidade para a humanidade, pela perso<strong>na</strong>lidade<br />

carismática e cari<strong>do</strong>sa, por to<strong>do</strong> seu esforço, estu<strong>do</strong>, pesquisa e ciências, é<br />

que com muita alegria anunciamos o início desde, ontem, <strong>do</strong> acontecimento de eventos<br />

alusivos a comemoração <strong>no</strong> a<strong>no</strong> que vem <strong>do</strong> sesquicentenário <strong>do</strong> seu <strong>na</strong>scimento.<br />

Convocamos, ainda, a população de Porto Alegre, <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, de<br />

to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, a aderirem a um abaixo-assi<strong>na</strong><strong>do</strong> elabora<strong>do</strong> pelo<br />

24


Movimento Landell de Moura (MLM), composta por radioama<strong>do</strong>res, preenchen<strong>do</strong> o<br />

formulário <strong>na</strong> http://www.mlm.landelldemoura.qsl.br/abaixo_assi<strong>na</strong><strong>do</strong>.html e claman<strong>do</strong><br />

bem alto SIM façamos justiça à memória daquele brilhante brasileiro com o reconhecimento<br />

pelas autoridades <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is da mais que merecida, ainda<br />

que póstuma, atribuição da <strong>no</strong>ta que de fato ele, magistralmente, o foi, a saber: o<br />

Pai das Telecomunicações!! Façamos a <strong>no</strong>ssa parte. Sintonizemos as ondas <strong>do</strong> <strong>no</strong>sso<br />

“rádio” interior e lhe prestemos esta justa home<strong>na</strong>gem.<br />

BRISA<br />

Vamos viver <strong>no</strong> Nordeste, A<strong>na</strong>ri<strong>na</strong>.<br />

Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.<br />

Deixaras aqui tua filha, tua avó teu mari<strong>do</strong>, teu amante.<br />

Aqui faz muito calor.<br />

No Nordeste faz calor tambem.<br />

Mas lá tem brisa:<br />

Vamos viver de brisa, A<strong>na</strong>ri<strong>na</strong>.<br />

Visite o site ANJOS CAÍDOS e, entre muitos poetas talentosos, conheça Aníbal<br />

Beça poeta que partiu <strong>no</strong> a<strong>no</strong> passa<strong>do</strong> deixan<strong>do</strong> saudades.<br />

Conheça mais dele : http://www.anjoscai<strong>do</strong>s.jor.br/a_beca/a_beca.html<br />

Abro o armário e vejo<br />

<strong>no</strong>s<br />

sapatos meus caminhos.<br />

Qual virá comigo ?<br />

(Editora <strong>do</strong> site: Clarice Villac)<br />

25


O SISTEMA EDUCACIONAL NA<br />

SUÍÇA<br />

Uma característica marcante <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> suíço<br />

é a diversidade. A diversidade linguística <strong>do</strong><br />

país é ape<strong>na</strong>s uma das muitas<br />

particularidades de seus Cantões, diferenças<br />

que se estendem também ao sistema<br />

educacio<strong>na</strong>l.<br />

Estruturalmente, o Cantão assume a<br />

responsabilidade pelas escolas, enquanto a<br />

Comu<strong>na</strong> (município) cuida da administração<br />

destas. Isso ocasio<strong>na</strong> diferenças curriculares<br />

e administrativas entre as escolas de to<strong>do</strong> o<br />

país. Todas essas diferenças são, entretanto,<br />

regidas com muita maestria pelo gover<strong>no</strong><br />

geral, o que proporcio<strong>na</strong> ao estudante boa<br />

aceitação e possibilidade de intercâmbio<br />

dentro e fora <strong>do</strong> país. Veja a seguir como<br />

funcio<strong>na</strong> o famoso sistema de educação<br />

suíço.<br />

Educação Infantil e Ensi<strong>no</strong> Fundamental<br />

(obrigatório)<br />

A maioria <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s suíços (cerca de 95% )<br />

freqüenta uma instituição pública <strong>na</strong> comu<strong>na</strong><br />

onde reside e somente 5% da<br />

população paga uma escola privada.<br />

A escola pública cumpre um<br />

importante papel <strong>na</strong> integração<br />

social: crianças com diversas<br />

origens sociais, culturais e<br />

linguísticas frequentam a mesma<br />

escola, promoven<strong>do</strong> o convívio com<br />

as diferenças e a integração já<br />

desde o início de sua formação.<br />

To<strong>do</strong>s os Cantões oferecem uma<br />

Educação Infantil que é gratuita e<br />

dura em média, de um a <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s<br />

(Jardim de Infância). Uma exceção é o Cantão<br />

Tici<strong>no</strong>, onde a Educação Infantil dura três<br />

a<strong>no</strong>s.<br />

26<br />

O Ensi<strong>no</strong> obrigatório, assim como <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong>, inicia-se aos seis a<strong>no</strong>s de<br />

idade e dura <strong>no</strong>ve a<strong>no</strong>s, entre Ensi<strong>no</strong><br />

Fundamental I (seis a<strong>no</strong>s de duração,<br />

em média) e II (três a<strong>no</strong>s de<br />

duração). Uma particularidade <strong>do</strong><br />

ensi<strong>no</strong> suíço em alguns<br />

Cantões, é a divisão das turmas por<br />

rendimento. Há também a<br />

possibilidade de, já nesse estágio<br />

inicial, focar os estu<strong>do</strong>s numa área <strong>do</strong><br />

conhecimento que mais interesse ao<br />

alu<strong>no</strong>, como por exemplo línguas,<br />

matemática, ciências biológicas.<br />

Um outro ponto forte das escolas<br />

suíças é o ensi<strong>no</strong> de idiomas. Com a<br />

diversidade linguística que abrange o<br />

alemão, o francês, o italia<strong>no</strong> e o<br />

romanche como línguas mater<strong>na</strong>s, o<br />

idioma em que são ministradas as<br />

aulas, difere conforme a região<br />

linguística <strong>do</strong> país. Ainda durante o<br />

ensi<strong>no</strong> Fundamental, os alu<strong>no</strong>s<br />

aprendem <strong>no</strong> mínimo <strong>do</strong>is outros<br />

idiomas além da língua mater<strong>na</strong>:<br />

<strong>no</strong>rmalmente uma segunda língua<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e o inglês.<br />

Foto Tribune de Genève


A organização descentralizada e<br />

federativa <strong>na</strong> área da Educação Infantil e<br />

<strong>do</strong> Ensi<strong>no</strong> Fundamental, possibilita o<br />

respeito às diferenças culturais e<br />

regio<strong>na</strong>is. Existem, entretanto, diretrizes<br />

superiores da Confederação para as<br />

regras mais importantes, como a idade<br />

de ingresso <strong>na</strong> escola obrigatória ou a<br />

duração da mesma.<br />

Formação pós-obrigatória<br />

A formação pós-obrigatória (Ensi<strong>no</strong><br />

Médio e Faculdade) <strong>no</strong>rmalmente é<br />

baseada em decretos federais ou intercanto<strong>na</strong>is.<br />

Os Cantões são responsáveis<br />

pela execução e direção das escolas. A<br />

única exceção é a ETH (Instituto Federal<br />

Suíço de Tec<strong>no</strong>logia) em Zurique, que é<br />

dirigida pela Confederação.<br />

Cerca de 90% <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes da<br />

<strong>Suíça</strong> termi<strong>na</strong>m a escola <strong>no</strong> nível <strong>do</strong><br />

Ensi<strong>no</strong> Médio com 18/19 a<strong>no</strong>s. Isto lhes<br />

permite o acesso direto à uma formação<br />

técnica profissio<strong>na</strong>l, uma escola superior<br />

ou universidade.<br />

O sistema educacio<strong>na</strong>l da <strong>Suíça</strong> se<br />

destaca <strong>no</strong>s seguintes pontos:<br />

Flexibilidade: existem várias<br />

possibilidades de se iniciar ou retomar<br />

uma formação ou os estu<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rmais.<br />

Grande variedade de opções de<br />

formação: quem tem as qualificações<br />

necessárias, pode, em princípio, realizar<br />

a formação desejada, <strong>no</strong> lugar deseja<strong>do</strong>,<br />

sem a necessidade de exames<br />

admissio<strong>na</strong>is.<br />

Somente o curso de medici<strong>na</strong> apresenta<br />

vagas limitadas. Para esse curso os<br />

candidatos devem passar por um<br />

processo seletivo (Numerus Clausus),<br />

sen<strong>do</strong> que ape<strong>na</strong>s os melhores<br />

coloca<strong>do</strong>s obtém a vaga.<br />

27<br />

Escola de Engenheiros em Genebra<br />

Bolsas de estu<strong>do</strong>s para estrangeiros<br />

<strong>na</strong> <strong>Suíça</strong><br />

As bolsas <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> Suíço são<br />

desti<strong>na</strong>das a estu<strong>do</strong>s de pós-graduação.<br />

É importante lembrar que alguns cursos<br />

não são contempla<strong>do</strong>s pelo programa de<br />

bolsas. Esses são: artes, hotelaria e<br />

cursos de idiomas (estu<strong>do</strong> não científico<br />

de um idioma).<br />

Caso tenha interesse em candidatar-se<br />

à uma bolsa de estu<strong>do</strong>s oferecida pelo<br />

gover<strong>no</strong> suíço, pedimos que leia<br />

atentamente as informações <strong>no</strong> site da<br />

Embaixada da <strong>Suíça</strong><br />

Queira observar que o processo seletivo<br />

para o a<strong>no</strong> letivo 2009/2010 já foi<br />

encerra<strong>do</strong>.<br />

Para mais informações, contate os<br />

reponsáveis <strong>no</strong> Consula<strong>do</strong> de sua<br />

jurisdição.<br />

Bolsas de estu<strong>do</strong>s para jovens<br />

Suíços <strong>no</strong> exterior<br />

O Cantão de origem tem a<br />

responsabilidade por uma possível ajuda<br />

fi<strong>na</strong>nceira aos jovens Suíços <strong>no</strong> exterior<br />

(porta<strong>do</strong>res de passaporte suíço, de<br />

idade entre 15 e 25 a<strong>no</strong>s, cujos pais<br />

estão <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s <strong>no</strong> exterior). Os<br />

regulamentos diferem de Cantão para<br />

Cantão.


Para ter o direito à candidatura a uma<br />

bolsa de estu<strong>do</strong>s é imprescindível estar<br />

regularmente matricula<strong>do</strong> numa<br />

instituição de ensi<strong>no</strong> superior ou<br />

técnico. Geralmente candidatos com<br />

diplomas e títulos reconheci<strong>do</strong>s pela<br />

Confederação e provenientes de<br />

instituições públicas, têm maior chance<br />

de serem subsidia<strong>do</strong>s.<br />

A AJAS (Associação para o<br />

encorajamento à formação de jovens<br />

Suíços <strong>no</strong> exterior) também pode<br />

ajudar fi<strong>na</strong>ncieramente os jovens<br />

Suíços <strong>no</strong> exterior. Geralmente, por<br />

dispor de recursos fi<strong>na</strong>nceiros muito<br />

limita<strong>do</strong>s, a AJAS só concede<br />

complementos de bolsas para a<br />

primeira formação <strong>na</strong> <strong>Suíça</strong>.<br />

Mais informações podem ser obtidas<br />

<strong>no</strong> site (veja <strong>no</strong> fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> artigo).<br />

Jacqueline Aisenman<br />

Reconhecimento de diplomas<br />

estrangeiros <strong>na</strong> <strong>Suíça</strong><br />

O Centro de Informação sobre questões<br />

de reconhecimento/SWISS ENIC é<br />

responsável pelo reconhecimento de<br />

diplomas universitários extrangeiros <strong>na</strong><br />

<strong>Suíça</strong>.<br />

As pessoas interessadas <strong>no</strong><br />

reconhecimento <strong>do</strong> seu diploma devem,<br />

preferencialmente, fazer um contato por<br />

telefone com esse serviço, para verificar<br />

se há algum outro Ofício Federal em<br />

Ber<strong>na</strong> com competência para tratar <strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>ssiê em questão.<br />

Mais informações sobre o reconhecimento<br />

de diplomas e as autoridades<br />

competentes <strong>no</strong> site <strong>do</strong>s Diretores das<br />

universidades suíças CRUS.<br />

Contato por telefone com:<br />

Swiss ENIC, Rektorenkonferenz der Schweizer<br />

Universitäten / Conférence des<br />

Recteurs des Universités Suisses CRUS /<br />

Rectors' Conference of the Swiss Universities,<br />

Postfach 607, CH-3000 Bern 9<br />

Tel. +41 (0)31 306 60 32<br />

Fax +41 (0)31 302 68 11<br />

Site: www.crus.ch<br />

Reconhecimento de diplomas suíços <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

O órgão responsável pelo reconhecimento de diplomas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> é o MEC ou a<br />

Assessoria Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Ministério da Educação <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> Federal.<br />

Este texto sobre o sistema educacio<strong>na</strong>l suíço e maiores informações você encontra em<br />

http://www.eda.admin.ch/eda/fr/home.html<br />

28


As quatro gares<br />

infância<br />

O camisolão<br />

O jarro<br />

O passarinho<br />

O ocea<strong>no</strong><br />

A visita <strong>na</strong> casa que a gente sentava <strong>no</strong> sofá<br />

a<strong>do</strong>lescência<br />

Aquele amor<br />

nem me fale<br />

maturidade<br />

O Sr. e a Sr. Amadeu<br />

Participam a V. Exa.<br />

O feliz <strong>na</strong>scimento<br />

De sua filha<br />

Gilberta<br />

velhice<br />

O meni<strong>no</strong> jogou os óculos<br />

Na latri<strong>na</strong><br />

29<br />

PRONOMINAIS<br />

Dê-me um cigarro<br />

Diz a gramática<br />

Do professor e <strong>do</strong> alu<strong>no</strong><br />

E <strong>do</strong> mulato sabi<strong>do</strong><br />

Mas o bom negro e o bom<br />

branco<br />

Da Nação <strong>Brasil</strong>eira<br />

Dizem to<strong>do</strong>s os dias<br />

Deixa disso camarada<br />

Me dá um cigarro.


Por Sonia Alcalde<br />

Às mães sem <strong>no</strong>me<br />

Mãe, três vezes santa: <strong>na</strong> <strong>do</strong>r, <strong>na</strong> renúncia e <strong>no</strong> sacrifício. Frase ressaltada<br />

numa escultura em Rio Grande. Não sei se ainda existe por lá, mas ficou eternizada<br />

em minha memória.<br />

Era o a<strong>no</strong> de 1970. A visão dessa escultura instigou-me rever a responsabilidade<br />

de ter filhos. Quanto de mim daria para que eles crescessem protegi<strong>do</strong>s,<br />

nutri<strong>do</strong>s em amor e <strong>no</strong>rmas que os tor<strong>na</strong>ssem independentes? Não tinha <strong>no</strong>ção, a<br />

referência era a dedicação de minha mãe, com a figura <strong>do</strong> pai sempre presente,<br />

<strong>do</strong> seu jeito: prove<strong>do</strong>r, parceiro <strong>no</strong>s trabalhos <strong>do</strong>mésticos, de jogar dama, <strong>do</strong>minó<br />

e banco imobiliário. Conta<strong>do</strong>r de histórias, de causos da família, com inserções da<br />

mãe. A<strong>do</strong>rávamos ouvi-los, enquanto ela servia a sopa. À <strong>no</strong>ite, só de legumes,<br />

mais apropriada, dizia. Vez por outra, quan<strong>do</strong> corria um ar frio a la carioca, era sopa<br />

“levanta defunto”, de feijão-manteiga, com risos e prosas. Hoje, ela se refere a<br />

esta sopa como “levanta forças”, para não apressar sua hora.<br />

Mãe que fazia meus vesti<strong>do</strong>s, colocava-me sobre a mesa para acertar a<br />

barra da saia godê. Mãe que tomava tabuada <strong>na</strong> mesa da cozinha, ensi<strong>na</strong>va a fazer<br />

bolo português, raba<strong>na</strong>da, carne assada, bolo de batata... Mãe que <strong>na</strong>s férias<br />

aceitava encomenda de viandas para ter mais dinheiro e confeccio<strong>na</strong>r fantasia de<br />

nega maluca, borboleta, escrava, colombi<strong>na</strong>, bate-bola... Mãe que cuidava de tias<br />

<strong>do</strong>entes, sobrinhos, vizinho dementa<strong>do</strong>... Mãe que lutava por crianças carentes,<br />

abrigan<strong>do</strong>-as, dan<strong>do</strong>-lhes o melhor de si. Mãe que se revelou compositora cantan<strong>do</strong><br />

a <strong>do</strong>r da saudade quan<strong>do</strong> o amor partiu. Minha mãe.<br />

O tempo passou, meus filhos <strong>na</strong>sceram, cresceram, já se multiplicaram. Acho<br />

que alguma coisa acertei, não com tanta <strong>do</strong>r e sacrifício. Certa renúncia, sim,<br />

a começar pelo so<strong>no</strong> interrompi<strong>do</strong>. Foi o que me chamou mais atenção, ainda que<br />

ameniza<strong>do</strong> pelo cuida<strong>do</strong> pater<strong>no</strong>. Quan<strong>do</strong> casaram, parecia ter encerra<strong>do</strong> esse<br />

capítulo até minha mãe vir morar co<strong>no</strong>sco. O ciclo está fechan<strong>do</strong>. Num desses dias,<br />

de madrugada, levantou-se e caiu. O estron<strong>do</strong> ecoou pela casa, corremos para<br />

socorrê-la... Ainda bem que foi mais o susto. Emocio<strong>na</strong>da, envolvi-a em meus braços,<br />

beijei seus cabelos brancos. Lembrei de outras mães, desprotegidas.<br />

Vejo-me <strong>no</strong> espelho/ lembro aquelas que me antecederam/ a que surgiu de<br />

mim/ as que me ajudam com amizade./ Ouso ir mais longe/ sinto gemi<strong>do</strong>s/ daquelas<br />

que não conseguem/ ver seus filhos crescer./ Queria meu peito estender-lhes/<br />

um pouco de seiva/ aos peque<strong>no</strong>s brotos/ para não secarem ao <strong>na</strong>scer...<br />

30


S onia Alcalde é carioca, mora em Bagé/ RS desde 1975. Recebeu<br />

o título de Cidadã Bageense em 1990. Membro <strong>do</strong><br />

www.culturasulbage.com.br . Cronista <strong>do</strong> CooJor<strong>na</strong>l, edita<strong>do</strong><br />

por www.riototal.com.br. Patro<strong>na</strong> da 12ª Feira <strong>do</strong> Livro de Bagé/<br />

2009.<br />

Entre as obras publicadas: Papos e Pontos, 1995, Poa (c/ Sarita Barros); Coleção<br />

Conte Mais- 4 vol., 2003, Poa (Org. c/ Eloí<strong>na</strong> Lopes); Estações <strong>do</strong> Eu, 2007, Poa<br />

alcaldede@alternet.com.br<br />

POEMA x POESIA<br />

É bom ressaltar a diferença entre poema e poesia. Apesar de<br />

serem tratadas por muitos como sinônimos, o uso <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is termos<br />

entre os estudiosos apresenta diferenças:<br />

Poesia: Caráter <strong>do</strong> que emocio<strong>na</strong>, toca a sensibilidade. Sugerir<br />

emoções por meio de uma linguagem. 1<br />

Poema: obra em verso em que há poesia<br />

"Se o poema é um objeto empírico e se a poesia é uma substância<br />

imaterial, é que o primeiro tem uma existência concreta e a segunda<br />

não. Ou seja: o poema, depois de cria<strong>do</strong>, existe per si, em si<br />

mesmo, ao alcance de qualquer leitor, mas a poesia só existe em<br />

outro ser: primariamente, <strong>na</strong>queles onde ela se encrava e se manifesta<br />

de mo<strong>do</strong> originário, oferecen<strong>do</strong>-se à percepção objetiva de<br />

qualquer indivíduo; secundariamente, <strong>no</strong> espírito <strong>do</strong> indivíduo que<br />

a capta desses seres e tenta (ou não) objetivá-la num poema; terciariamente,<br />

<strong>no</strong> próprio poema resultante desse trabalho objetiva<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> indivíduo-poeta." 2<br />

O poema destaca-se imediatamente pelo mo<strong>do</strong> como se dispõe<br />

<strong>na</strong> pági<strong>na</strong>. Cada verso tem um ritmo específico e ocupa uma<br />

linha. O conjunto de versos forma uma estrofe e a rima pode surgir<br />

<strong>no</strong> interior dessa estrofe. A organização <strong>do</strong> poema em versos<br />

pode ser considerada o traço distintivo mais claro entre<br />

o poema e a prosa (que é escrita em linhas contínuas,<br />

ininterruptas).<br />

1 - Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. RJ: Nova Fronteira,<br />

1993.<br />

2 - LYRA, Pedro. Conceito de Poesia. São Paulo: Ática, 1986.<br />

Informações recolhidas <strong>no</strong> site: http://www.sitedeliteratura.com/<br />

31


Por Rosane Magaly Martins<br />

RISCO IMINENTE<br />

Há cada vez mais dentro, introspecta<br />

Há alguns espaços i<strong>no</strong>cupa<strong>do</strong>s<br />

Cantos escuros com imagens riscadas<br />

Embaixo de tu<strong>do</strong> há tapetes úmi<strong>do</strong>s<br />

No centro da sala sombra <strong>do</strong> espectro de pia<strong>no</strong><br />

E os silêncios que circundam o passa<strong>do</strong><br />

Esferas descem as escadas imóveis<br />

O pó encobre o olhar pela janela<br />

A chuva é mais longa que o tempo de sol<br />

Enquanto as palavras não ditas espreitam-<strong>na</strong><br />

seus chinelos gastos ficam por ali<br />

ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> gato embalsama<strong>do</strong><br />

Há um risco em viver dentro de si<br />

com tempo de higienizar as vísceras<br />

como se pérolas fossem traumas <strong>do</strong>ces<br />

Ar rarefeito, <strong>na</strong>ri<strong>na</strong>s ferozes anseiam ventos<br />

pele seca, rugosa e fria aguarda trancafiadas carícias<br />

sob olhares <strong>do</strong> escuro que oculta o corpo inerte<br />

Busca o pulso, o relógio quebra<strong>do</strong> e queda-se<br />

Nuances restritas e confi<strong>na</strong>das <strong>do</strong> que não fora<br />

E a certeza da nenhuma possibilidade de reproduzir-se.<br />

32


R osane Magaly Martins, escritora, advogada com abordagem holística e psicoterapeuta<br />

somática, especializada em Gerontologia (Furb-Blume<strong>na</strong>u) e em Gerenci-<br />

a de Saúde para I<strong>do</strong>sos (OPAS-México), é mestranda em Serviço Social <strong>na</strong> UFSC.<br />

Funda<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> movimento Poetas Independentes <strong>na</strong> década de 80, presidiu o Con-<br />

selho Municipal de Cultura de Blume<strong>na</strong>u por duas gestões (2006/07). É autora de<br />

diversas obras, entre elas “Martins ao Cubo: altura, largura e profundidade da exis-<br />

tência” (O<strong>do</strong>rizzi, 2008); “Diário de uma aborrecente” (Estudio Criação, 2007) e “Clio<br />

<strong>no</strong> Cio: escritos livres sobre o corpo” (Casa Aberta, 2010). Ocupa a cadeira 19 da<br />

Academia Catarinense de Letras e Artes. É idealiza<strong>do</strong>ra e presidente <strong>do</strong> INSTITU-<br />

TO AME SUAS RUGAS que atua com projetos sociais em prol <strong>do</strong> envelhecimento<br />

ativo, qualidade de vida e longevidade. Organiza e é co-autora <strong>do</strong>s livros “Ame suas<br />

rugas: viver e envelhecer com qualidade” (2006) e “Ame suas rugas: aproveite o dia”<br />

(2007) e “Ame suas rugas: pois há muito por viver” (2008), os <strong>do</strong>is últimos lança<strong>do</strong>s<br />

e edita<strong>do</strong>s também em Portugal.<br />

Consula<strong>do</strong>s da <strong>Suíça</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

Se você precisa ir a um Consula<strong>do</strong> da <strong>Suíça</strong> <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong> entre neste site e verifique os endereços:<br />

http://www.consula<strong>do</strong>s.com.br/suica/<br />

33


METRÓPOLE<br />

Por Re<strong>na</strong>ta Gomes de Farias<br />

Em algum lugar que não esta em destaque <strong>no</strong> mapa e mesmo que estivesse quem<br />

iria se preocupar em saber <strong>do</strong> <strong>no</strong>me de todas as pessoas que ali residem. Inúmeros<br />

rostos e passos deixa<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s ruas lamacentas <strong>no</strong>s dias de chuva ou fazen<strong>do</strong> poeira<br />

<strong>no</strong>s dias de sol forte. Em cada janela uma sombra um vulto <strong>na</strong>s <strong>no</strong>ites escuras com<br />

gatos boêmios a cantar <strong>no</strong>s muros. Cada venezia<strong>na</strong> um segre<strong>do</strong>, cada corti<strong>na</strong> uma<br />

sedução e em cada janela suada um choro. Nas ruas entre uma e outra esqui<strong>na</strong><br />

passava alguém e seus passos ecoavam em um silêncio sepulcral, um cheiro de<br />

me<strong>do</strong> vinha trazi<strong>do</strong> com vento e nele olor de perfume barato. Ao amanhecer tu<strong>do</strong> ia<br />

crian<strong>do</strong> volume e movimento, crianças a caminho da escola, homens e mulheres apressa<strong>do</strong>s<br />

como se estivessem sempre atrasa<strong>do</strong>s, carros para<strong>do</strong>s e o salseiro estabeleci<strong>do</strong>,<br />

buzi<strong>na</strong>s, motos, fumaça, desordem, caos...<br />

Este lugar morre e re<strong>na</strong>sce to<strong>do</strong> o dia a cada amanhecer, transborda vida a cidade,<br />

a metrópole, e tu<strong>do</strong> vai depois para os jor<strong>na</strong>is, onde muitas vezes as <strong>no</strong>ticias não<br />

são boas, quase nunca. Trancar-se e ig<strong>no</strong>rar o que se chama realidade nem sempre<br />

é inteligente, mesmo que sua realidade seja outra, seu lugar é também o de outros.<br />

Entre tantas coisas sempre existe uma praça e nela crianças que chegaram para espalhar<br />

sorrisos para quem os quer ver, pássaros a construir ninhos, mães dan<strong>do</strong> a<br />

luz, o mar quebran<strong>do</strong> <strong>na</strong> areia e alguém caminhan<strong>do</strong> sobre a espuma da praia. Para<strong>do</strong><br />

<strong>no</strong> si<strong>na</strong>l vermelho ergue os olhos e vê uma pipa lá ao alto, colorida dançan<strong>do</strong><br />

ao bel-prazer <strong>do</strong> seu <strong>do</strong><strong>no</strong> o vento, <strong>na</strong> calçada uma mãe de mãos dadas conversa<br />

animada com sua pequeni<strong>na</strong> filha que leva <strong>na</strong> guia um lin<strong>do</strong> cachorrinho. São estes<br />

os verdadeiros <strong>no</strong>mes de cada um seu esta<strong>do</strong> de espírito e como ele encaminha seu<br />

dia, escondi<strong>do</strong> atrás de uma janela ou caminhan<strong>do</strong> despretensiosamente <strong>no</strong> lugar<br />

que mais gosta ir e sem se importar o que irá enfrentar para chegar lá.<br />

Re<strong>na</strong>ta Gomes de Farias<br />

Nascida em três de agosto de 1965, mineira, artista<br />

plástica. Descobriu aos 15 a<strong>no</strong>s paixão por contar<br />

histórias. Atualmente exerce esta atividade <strong>no</strong> Blog<br />

Por Toda Minha Vida – Alegria Joei Joy.<br />

34


Por Re<strong>na</strong>ta Iacovi<strong>no</strong><br />

POESIA FALADA<br />

Len<strong>do</strong> uma entrevista de Tavinho Paes, letrista e poeta, ele comenta sobre<br />

algo que tem si<strong>do</strong> a prática em saraus da atualidade: a poesia falada.<br />

Sim, poesia falada, pois muito pouco se diz, hoje em dia, nestas rodas literárias,<br />

que determi<strong>na</strong>da poesia será declamada. É falada ou dita.<br />

A declamação caiu em desuso? Creio que não, <strong>no</strong> entanto, <strong>no</strong>vas formas<br />

de manifestar a oralidade poética <strong>na</strong>sceram <strong>na</strong>turalmente. Parece-me que o valor<br />

da transmissão da mensagem está vincula<strong>do</strong> à interpretação e não à capacidade<br />

de decorar aliada à interpretação. Aquele que optar por falar o poema e<br />

não declamá-lo, poderá fazê-lo até melhor, caso se utilize <strong>do</strong> papel à sua frente.<br />

Mesmo que este papel funcione ape<strong>na</strong>s como um instrumento que compõe a<br />

ce<strong>na</strong>.<br />

O que dará vida ao texto é a respiração, ento<strong>na</strong>ção e pontuação <strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>r.<br />

Se a poesia escolhida for de sua própria autoria, os ouvintes poderão<br />

se deleitar com a intenção fiel de quem a concebeu; ao contrário, se a obra selecio<strong>na</strong>da<br />

é de outro escritor, provavelmente a interpretação dará um <strong>no</strong>vo entendimento<br />

àquilo proposto por seu primeiro autor – sim, pois sempre que <strong>no</strong>s<br />

apossamos de algum texto para lê-lo em público, tor<strong>na</strong>mo-<strong>no</strong>s de certa forma<br />

co-autores. Processo semelhante ao que se dá com uma música, em que o intérprete<br />

emprestará sua leitura àquilo que o compositor tencio<strong>no</strong>u dizer.<br />

Os saraus <strong>no</strong>s trazem momentos lúdicos,<br />

interativos e, portanto, a <strong>na</strong>turalidade, o improviso<br />

e o imprevisto recheiam o clima que<br />

deve buscar o não engessamento <strong>do</strong> script.<br />

Outra modalidade que vem sen<strong>do</strong> bastante<br />

praticada <strong>no</strong>s meios culturais são os<br />

chama<strong>do</strong>s recitais. A pessoa fala ou lê determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />

poemas a partir de algum tema<br />

escolhi<strong>do</strong> para aquele evento e é acompanhada<br />

por uma música de fun<strong>do</strong> executada<br />

ao vivo.<br />

O sarau e o recital <strong>no</strong>s chamam atenção para<br />

um elemento importante: a poesia lida em<br />

voz alta. É um exercício que podemos praticar<br />

mesmo não estan<strong>do</strong> em público, mas<br />

co<strong>no</strong>sco. Desta forma, é possível descobrir<br />

uma outra poesia que se escondia por detrás<br />

daquela que estava <strong>no</strong> papel. É, é uma<br />

outra poesia. Ao fazermos a leitura em voz<br />

alta, deparamo-<strong>no</strong>s com uma <strong>no</strong>va mensagem,<br />

aquela que só conseguimos captar<br />

quan<strong>do</strong> <strong>no</strong>ssos ouvi<strong>do</strong>s tiveram acesso<br />

35


àquilo que, até então, somente <strong>no</strong>ssos olhos podiam tocar.<br />

E as palavras, desta outra forma, <strong>no</strong>s tocam de maneira diversa, soan<strong>do</strong> tal<br />

qual uma música, com seus meandros intercala<strong>do</strong>s entre a melodia, a harmonia e o<br />

ritmo.<br />

E como poesia e música caminham – <strong>na</strong> minha cabeça – como duas linguagens<br />

irmãs, ilustro o assunto aqui escolhi<strong>do</strong> com um fato curioso ocorri<strong>do</strong> em 2003, <strong>no</strong> Rio<br />

de Janeiro, quan<strong>do</strong> de um encontro cultural. A filha da cantora Beth Carvalho subiu<br />

ao palco, que abrigara até aquele momento tão somente pessoas que escreviam poemas<br />

– o que não era seu caso. A moça de 17 a<strong>no</strong>s iniciou sua récita com um poema<br />

longo, estrutura<strong>do</strong>, produzin<strong>do</strong> um efeito desconcertante <strong>na</strong> platéia. Na seqüência,<br />

outros <strong>do</strong>is poemas de impacto. No terceiro, desconfiou-se que eram letras de<br />

sambas, pois os versos de Nelson Cavaquinho repercutiam <strong>na</strong> memória <strong>do</strong>s ouvintes,<br />

arrepian<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s. Os anteriores, descobriu-se, eram pérolas desconhecidas,<br />

colhidas <strong>na</strong> discoteca da mãe, assi<strong>na</strong>das por Luís Carlos da Vila e Candeia, <strong>do</strong>is<br />

grandes sambistas.<br />

Sem pretensão alguma, ela deu à chamada “letra de música” qualidades típicas<br />

de <strong>no</strong>bres poemas, recitan<strong>do</strong> os versos daqueles sambas com outra respiração, outro<br />

ritmo e outra harmonia.<br />

E como dizer, por exemplo, que Shakespeare, quan<strong>do</strong> escreveu suas peças teatrais,<br />

não foi um poeta?<br />

Para os amantes da poesia, da palavra, <strong>do</strong> ritmo e das possibilidades de significa<strong>do</strong>,<br />

fica então uma dica: pratiquem a leitura em voz alta e um mágico e <strong>no</strong>vo universo<br />

descorti<strong>na</strong>r-se-á diante de seus ouvi<strong>do</strong>s.<br />

36<br />

O QUE SÃO SARAUS?<br />

Sarau: é toda aquela reunião festiva<br />

entre amigos. Ouve-se música, assiste-se<br />

filme, filosofa, lê-se trechos de<br />

livros, faz-se poesia! Sarau é onde a<br />

gente reúne os amigos liga<strong>do</strong>s a arte<br />

e cultura. Onde a gente soma conhecimentos<br />

e delícias, onde a gente<br />

descobre junto e vivencia! Sarau é,<br />

segun<strong>do</strong> os dicionários consulta<strong>do</strong>s,<br />

reunião festiva, dentro de casa, de<br />

clube ou de teatro, em que se passa<br />

a <strong>no</strong>ite a dançar, a jogar, a tocar, etc.<br />

Também pode ser concerto musical<br />

de <strong>no</strong>ite, assim como reunião de pessoas<br />

para recitação e audição de trabalhos<br />

em prosa ou verso.<br />

(Definição <strong>do</strong> Sarau Benedito)<br />

http://saraubenedito.wordpress.com/


R e<strong>na</strong>ta Iacovi<strong>no</strong>. Natural de Jundiaí/SP, escritora, poetisa e cantora. Cinco livros<br />

de poesias edita<strong>do</strong>s: Ilusões Amanhecidas (Literarte Editora), 1996; Poemas<br />

de Entressafra, 2003; e Missivas (Editora In House), 2006, com Valquíria Gesqui Malagoli,<br />

com quem também lançou em 2007 o livro/CD infantil uniVerso enCanta<strong>do</strong>; e Ouvin<strong>do</strong><br />

o silêncio, 2009; ainda em 2009, com Valquíria, lançou o CD infantil De grão em grão<br />

e o livrObjeto OLHAR DIverso (haicais e fotos). Participa de Antologias e é jurada de<br />

concursos literários. Integra: Academia Jundiaiense de Letras, Academia Femini<strong>na</strong> de<br />

Letras e Artes de Jundiaí (é atual Primeira Secretária), Academia Infantil de Letras e Artes<br />

de Jundiaí, Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística, Grêmio Cultural Prof. Pedro<br />

Fávaro e Grupo Arte em Ação. Autora <strong>do</strong> Hi<strong>no</strong> da Academia Jundiaiense de Letras. Organizou<br />

o livro 1ª Olimpíada de Redação – A<strong>no</strong> 2005/Os 35 a<strong>no</strong>s da Biblioteca Pública<br />

Municipal Prof. Nelson Foot Jundiaí-SP (Editora In House). Em 2009 organizou a Antologia<br />

– Encontros de Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo – 25 a<strong>no</strong>s, lança<strong>do</strong><br />

pela Fundação Procon/SP. Articulista <strong>do</strong> Jor<strong>na</strong>l de Jundiaí Regio<strong>na</strong>l. Ministra ofici<strong>na</strong>s lítero-musicais<br />

e realiza Saraus para públicos diversos. Premiada em concursos literários.<br />

reiacovi<strong>no</strong>.blog.uol.com.br<br />

reval.<strong>na</strong>foto.net<br />

caju.valquiriamalagoli.com.br<br />

reiacovi<strong>no</strong>@uol.com.br<br />

Consulat Général du Brésil<br />

54, rue de Lausanne<br />

1202 Genève<br />

Horário de atendimento ao público: de segunda a<br />

sexta-feira das 09:00 às 14:00<br />

Telefones<br />

Tel. : 022 906 9420<br />

Fax : 022 906 94 35<br />

Horário de atendimento telefônico: de segunda a<br />

sexta-feira das 13:00 às 16:00<br />

Consula<strong>do</strong>-Geral <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> em Zurique<br />

Stampfenbachstrasse, 138 8006 Zürich<br />

Telefone: 044 206-9020 Fax:01 206-9021<br />

geral @ consula<strong>do</strong>brasil . ch<br />

37


MUNDO DA LUA<br />

Por Oswal<strong>do</strong> Begiato<br />

Eu vivo <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> da lua;<br />

Sou amigo particular <strong>do</strong> dragão<br />

E tomo cerveja com São Jorge<br />

Nas <strong>no</strong>ites em que, cheia,<br />

A lua imita o uivar <strong>do</strong>s lobos.<br />

Sou <strong>no</strong>ivo da estrela cadente.<br />

Ouço to<strong>do</strong>s os pedi<strong>do</strong>s secretos<br />

Dos jovens com sonhos em rebuliço<br />

E quan<strong>do</strong> brincamos <strong>na</strong> Via Láctea<br />

Peço a ela que uma os corações sensatos<br />

Com a <strong>do</strong>bradiça das paixões dementes.<br />

- Ela me obedece e eu amo ainda mais.<br />

E quan<strong>do</strong> estou absorto <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> da lua<br />

Morro de paixão por ela,<br />

Minha pequeni<strong>na</strong> estrela meni<strong>na</strong>,<br />

Que achei cadente <strong>no</strong> meio <strong>do</strong> meu olhar,<br />

No meio <strong>do</strong> meu olhar triste e solitário.<br />

38<br />

OSW@LDO BEGI@TO<br />

“SEM SOMBRAS<br />

Ao meio dia<br />

De um <strong>do</strong>mingo<br />

Prenhe de sol<br />

E e<strong>na</strong>mora<strong>do</strong> de outubro<br />

Rompi espontâneo<br />

Como um botão de rosa fêmea<br />

Que <strong>na</strong>sce sem ser espera<strong>do</strong>.”<br />

Nasci, sob o sig<strong>no</strong> de escorpião,<br />

em 26 de outubro <strong>do</strong> a<strong>no</strong> de 1.953,<br />

<strong>na</strong> cidade de Mombuca,<br />

um peque<strong>no</strong> encanto<br />

<strong>no</strong> canto interior<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo.<br />

Me<strong>no</strong>r que a cidade só eu mesmo.<br />

Ainda peque<strong>no</strong> vim para Jundiaí,<br />

também São Paulo, Terra da Uva,<br />

da qual experimentei o sabor <strong>do</strong> fruto<br />

e jamais a deixei.<br />

Nela me fiz advoga<strong>do</strong> sem banca,<br />

aposenta<strong>do</strong> sem queixas<br />

e onde perambulo até hoje,<br />

buscan<strong>do</strong>, perdidas <strong>na</strong>s sarjetas,<br />

as palavras que me usam<br />

para escrever poesias.<br />

EMAIL<br />

oabegiato@yahoo.com.br<br />

BLOG<br />

http://oabegiato-poesias.blogspot.com


M atheus Paz. Entre contos e poemas, um homem comum, ao mesmo<br />

tempo raro, <strong>na</strong> singularidade <strong>do</strong> que faz, a cada dia: expressão <strong>do</strong> trabalho, <strong>do</strong><br />

amor, enfim, da vida...<br />

Professor de Geografia, casa<strong>do</strong> com Marcilei, atualmente reside em Taquara-<br />

RS, <strong>Brasil</strong>.<br />

Colabora <strong>no</strong> Cader<strong>no</strong> Literário Pragmatha (Porto Alegre-RS) e tem poemas <strong>no</strong><br />

Jor<strong>na</strong>l de Poesia de Soares Feitosa.<br />

Email: o_paz@pop.com.br<br />

GREVE SUSTENTÁVEL<br />

Por Matheus Paz<br />

Quan<strong>do</strong> ele se virou,<br />

o papel não estava<br />

mais lá.<br />

39


FAÇA SUA ESTA CAUSA!<br />

ADOTAR É ANIMAL<br />

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AOS ANIMAIS DO ABC<br />

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40


Origem da Festa Juni<strong>na</strong><br />

Existem duas explicações para o termo festa juni<strong>na</strong>. A primeira explica que surgiu em<br />

função das festividades que ocorrem durante o mês de junho. Outra versão diz que<br />

está festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seriam em home<strong>na</strong>gem<br />

a São João. No princípio, a festa era chamada de Joani<strong>na</strong>.<br />

De acor<strong>do</strong> com historia<strong>do</strong>res, esta festividade foi trazida para o <strong>Brasil</strong> pelos portugueses,<br />

ainda durante o perío<strong>do</strong> colonial (época em que o <strong>Brasil</strong> foi coloniza<strong>do</strong> e gover<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

por Portugal).<br />

Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses,<br />

espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica<br />

das danças <strong>no</strong>bres e que, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição<br />

de soltar fogos de artifício veio da Chi<strong>na</strong>, região de onde teria surgi<strong>do</strong> a manipulação<br />

da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vin<strong>do</strong> a<br />

dança de fitas, muito comum em Portugal e <strong>na</strong> Espanha.<br />

To<strong>do</strong>s estes elementos culturais foram com o passar <strong>do</strong> tempo, misturan<strong>do</strong>-se aos<br />

aspectos culturais <strong>do</strong>s <strong>brasileiros</strong> (indíge<strong>na</strong>s, afro-<strong>brasileiros</strong> e imigrantes europeus)<br />

<strong>na</strong>s diversas regiões <strong>do</strong> país, toman<strong>do</strong> características particulares em cada uma delas.<br />

Comidas típicas<br />

Como o mês de junho é a época da colheita <strong>do</strong> milho, grande parte <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ces, bolos<br />

e salga<strong>do</strong>s, relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s às festividades, são feitas deste alimento. Pamonha, cural,<br />

milho cozi<strong>do</strong>, canjica, cuscuz, pipoca, bolo de milho são ape<strong>na</strong>s alguns exemplos.<br />

Além das receitas com milho, também fazem parte <strong>do</strong> cardápio desta época: arroz<br />

<strong>do</strong>ce, bolo de amen<strong>do</strong>im, bolo de pinhão, bomboca<strong>do</strong>,<br />

broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho<br />

quente, batata <strong>do</strong>ce e muito mais.<br />

Tradições<br />

As tradições fazem parte das comemorações. O mês<br />

de junho é marca<strong>do</strong> pelas fogueiras, que servem como<br />

centro para a famosa dança de quadrilhas. Os balões<br />

também compõem este cenário, embora cada<br />

vez mais raros em função das leis que proíbem esta<br />

prática, em função <strong>do</strong>s riscos de incêndio que representam.<br />

41<br />

Carlos Mag<strong>no</strong> de Almeida


No Nordeste, ainda é muito comum a formação <strong>do</strong>s grupos festeiros. Estes grupos<br />

ficam andan<strong>do</strong> e cantan<strong>do</strong> pelas ruas das cidades. Vão passan<strong>do</strong> pelas casas, onde<br />

os mora<strong>do</strong>res deixam <strong>na</strong>s janelas e portas uma grande quantidade de comidas e bebidas<br />

para serem degustadas pelos festeiros.<br />

Já <strong>na</strong> região Sudeste são tradicio<strong>na</strong>is a realização de quermesses. Estas festas populares<br />

são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas. Possuem barraquinhas<br />

com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. A dança da quadrilha,<br />

geralmente ocorre durante toda a quermesse.<br />

Como Santo Antônio é considera<strong>do</strong> o santo casamenteiro, é comum as simpatias para<br />

mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas<br />

distribuem o "pãozinho de Santo Antônio". Diz à tradição que o pão bento deve ser<br />

coloca<strong>do</strong> junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As<br />

mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.<br />

Simpatias <strong>na</strong> Festa Juni<strong>na</strong><br />

Proteção e Alegria: Encha uma bacia com água e adicione cravo, alecrim e manjericão.<br />

Deixe descansar. No dia de São João jogue a mistura <strong>do</strong> pescoço para baixo e<br />

peça proteção e alegria. Enxugue levemente.<br />

Conhecer seu amor: No dia de São Pedro, junte um pouco da comida servida <strong>no</strong> almoço<br />

e <strong>no</strong> jantar. Antes de <strong>do</strong>rmir, prepare a mesa com uma toalha branca, o prato<br />

com a comida e os talheres e vá <strong>do</strong>rmir. Em sonhos você conhecerá seu amor.<br />

Arranjar <strong>na</strong>mora<strong>do</strong>: Pegue uma fita branca e uma vermelha e amarre em Santo Antônio.<br />

Enquanto dá os nós faça o pedi<strong>do</strong>. Reze um pai <strong>no</strong>sso e coloque o santo de<br />

cabeça para baixo pendura<strong>do</strong> sob a cama. Só retire o santo quan<strong>do</strong> alcançar a graça.<br />

Decidir com quem <strong>na</strong>morar: Na <strong>no</strong>ite de São João, escreva o <strong>no</strong>me <strong>do</strong>s pretendentes<br />

em peque<strong>no</strong>s pedaços de papel e enrole. Jogue dentro de uma bacia com água.<br />

O que primeiro desenrolar será seu futuro <strong>na</strong>mora<strong>do</strong>.<br />

http://www.portalvaledesconto.com.br/<br />

42


ARROZ DOCE<br />

Ingredientes<br />

1 litro e meio de leite<br />

2 xícaras de arroz (já lava<strong>do</strong>)<br />

3 xícaras de açúcar<br />

Canela (quantidade a gosto)<br />

1 lata de leite condensa<strong>do</strong><br />

Uma panela bem grande para que o leite ferva e não derrame<br />

Mo<strong>do</strong> de Fazer:<br />

Cozinhar o arroz <strong>no</strong> leite, juntamente com a canela<br />

20 minutos depois, mexer de tempos em tempos, acrescentar o açúcar, deixar<br />

mais 20 minutos e logo em seguida acrescente o leite condensa<strong>do</strong> e deixar<br />

mais 20 minutos<br />

Colocar em uma linda travessa<br />

Essa receita é de família<br />

Uma delícia, esse é o verdadeiro arroz <strong>do</strong>ce<br />

QUENTÃO<br />

1 1/2 xícaras de açúcar refi<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

1 1/2 xícara de água<br />

50 g de gengibre corta<strong>do</strong> em fatias fi<strong>na</strong>s (1/4 de xícara)<br />

3 limões corta<strong>do</strong>s em rodelas<br />

4 xícaras de pinga (aguardente de ca<strong>na</strong>)<br />

3 cravos da índia<br />

2 pedaços peque<strong>no</strong>s de canela em pau<br />

Mo<strong>do</strong> de Fazer:<br />

Aqueça o açúcar refi<strong>na</strong><strong>do</strong> em fogo alto, mexen<strong>do</strong> de vez em quan<strong>do</strong> até caramelizar.<br />

Junte to<strong>do</strong>s os ingredientes me<strong>no</strong>s a pinga e ferva mexen<strong>do</strong> até dissolver o<br />

açúcar.<br />

Junte a pinga, com cuida<strong>do</strong>, de preferência fora <strong>do</strong> fogo para não incendiar,<br />

misture e deixe ferver em fogo baixo por 3 minutos.<br />

Sirva em caneca de barro ou louça, pois as de metal tiram um pouco o sabor<br />

<strong>do</strong> quentão.<br />

43


A TERRA PROMETIDA<br />

Por Marília Kosby<br />

Salvem a pátria dessas estrelas<br />

Pois minha terra <strong>na</strong>tal acabou de ruir<br />

Sem cortejo ou cerimônia<br />

Meus mortos trouxeram-me<br />

Os pa<strong>no</strong>s sujos de limpar memórias<br />

Vieram até minha casa<br />

Não comeram<br />

Nem sorriram<br />

Verde<br />

Como sorriem as serpentes<br />

De tristeza<br />

Os mortos rastejaram até a janela<br />

Viram que o céu não cabia mais <strong>no</strong> mun<strong>do</strong><br />

E cantaram seu choro cósmico de <strong>no</strong>tas repetidas<br />

Esquecer é da vida o único milagre<br />

M arília Floôr Kosby <strong>na</strong>sceu em 1984, <strong>na</strong> cidade de Arroio Grande, sul<br />

<strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul. Há cerca de dez a<strong>no</strong>s mora em Pelotas /<br />

RS, onde realiza a maior parte de seus trabalhos como antropóloga, poeta e<br />

letrista. Além <strong>do</strong>s escritos et<strong>no</strong>gráficos sobre a presença africa<strong>na</strong> e afrodescendente<br />

<strong>no</strong> continente america<strong>no</strong> - publica<strong>do</strong>s em diferentes revistas científicas,<br />

veicula <strong>no</strong>s blogs Salamancas Supersônicas e A Sanga das Patavi<strong>na</strong>s,<br />

bem como em outros sites da internet e publicações impressas <strong>no</strong> sul <strong>do</strong> sul país,<br />

sua produção literária de poemas, contos e letras musicais, iniciada em<br />

2008.<br />

44


Por Márcio José Rodrigues<br />

OS COMPANHEIROS<br />

O tempo passou em minha porta.<br />

Não cumprimentou nem sorriu, nem tampouco deixou transparecer qualquer<br />

tipo de expressão <strong>na</strong> face petrificada.<br />

Sem sequer pedir permissão, arrastou-me, agarran<strong>do</strong>-me tão fortemente pelo<br />

punho, que nem pude reagir.<br />

Implorei que me deixasse.<br />

Ele respondeu com a voz mais fria que eu já ouvira, sem nenhuma modulação<br />

de qualquer sentimento:<br />

- Não podes permanecer <strong>no</strong>s lugares por onde passas!<br />

- Como não? - respondi incrédulo. Estamos agora mesmo em minha casa!<br />

- A casa de que falas ficou <strong>no</strong> passa<strong>do</strong>. O vento que entrou pelas janelas mu<strong>do</strong>u<br />

a posição das corti<strong>na</strong>s, o pó se deposita sobre os móveis, as pessoas estão<br />

mais velhas; algumas já se foram para sempre, assim como teu canário e teu cachorro.<br />

- Mas, este rio em que sempre me banhei, está bem aqui. Ainda o conheço.<br />

Ainda é o mesmo...<br />

- Não te enganes. Um rio é sempre outro rio a cada instante. As águas em<br />

que te banhaste já foram para o mar. Estas que vês, são <strong>no</strong>vas águas de um <strong>no</strong>vo<br />

rio.<br />

- Misericórdia! - roguei. Dá-me uma oportunidade de abraçar meu irmão, dizer<br />

algo que tenho trava<strong>do</strong> aqui dentro <strong>do</strong> peito para aquele amigo que magoei, ter de<br />

<strong>no</strong>vo um só beijo de minha mãe...<br />

- Não tenho esta permissão!<br />

- Mas, isso é muito cruel!<br />

- Não há crueldade! - ape<strong>na</strong>s cumpro minha desti<strong>na</strong>ção. Posso, porém revelar<br />

-te um segre<strong>do</strong>:<br />

- Será permiti<strong>do</strong> que olhes para trás e assim possas ver o que fizeste e o que<br />

deixaste. Também terás <strong>do</strong>is companheiros de jor<strong>na</strong>da. Eles estarão sempre ao teu<br />

la<strong>do</strong> e te acompanharão como a tua sombra. Aparecerão quan<strong>do</strong> me<strong>no</strong>s esperares,<br />

mesmo que não os tenhas invoca<strong>do</strong>.<br />

- Posso saber quem são?<br />

- Eles são o remorso e a saudade!<br />

45


M árcio José Rodrigues é um escritor ocasio<strong>na</strong>l<br />

de contos, crônicas e poesias.<br />

Nasci<strong>do</strong> em Gravatal, SC, em 1941, viveu uma grande<br />

parte <strong>do</strong> seu tempo em Lagu<strong>na</strong>, uma bela e mágica cidade<br />

<strong>no</strong> Atlântico Sul <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, repleta de sol e sortilégios,<br />

onde as pessoas são incrivelmente pitorescas, simpáticas<br />

e <strong>no</strong>bres.<br />

Inundada de maresia, luz, ventanias, história e peripécias, a cidade incita, desafia<br />

e abastece a fantasia, com repleto material para se escrever, pintar, compor e cantar.<br />

O autor publicou, "A CONFRARIA"( história local), "ANTÔNIO DOS BO-<br />

TOS" (contos) , "RECORTE" ( contos e crônicas, com outros autores), artigos para<br />

imprensa, conferências e palestras. Considera o fato de ter si<strong>do</strong> professor por mais<br />

de 30 a<strong>no</strong>s, um <strong>do</strong>s maiores orgulhos de sua vida profissio<strong>na</strong>l.<br />

O VARAL DO BRASIL é uma revista<br />

digital gratuita proposta por e-mail<br />

e através de <strong>do</strong>wnload <strong>no</strong> site<br />

www.varal<strong>do</strong>brasil.ch<br />

Capa <strong>do</strong> livro Antônio <strong>do</strong>s Botos<br />

Marcio autografa o livro <strong>no</strong> dia <strong>do</strong> lançamento.<br />

Foto: http://www.farolimagem.com.br<br />

46


A UM ARTISTA<br />

Mergulha o teu olhar de fi<strong>no</strong> colarista<br />

No azul: medita um pouco, e escreve; um <strong>na</strong>da quase:<br />

Um trecho só de prosa, uma estrofe, uma frase<br />

Que patenteie a mão de um requinta<strong>do</strong> artista.<br />

Escreve! Molha a pe<strong>na</strong>, o leve estilo enrista!<br />

Pinta um canto <strong>do</strong> céu, uma nuvem de gaze<br />

Solta, brilhante ao sol; e que a alma se te vaze<br />

Na cópia dessa luz que <strong>no</strong>s deslumbra a vista.<br />

Escreve!... Um céu ostenta o matiz da celagem<br />

Onde erra o sol, moroso, entre vapores brancos,<br />

Irisan<strong>do</strong>, ao de leve, o verde da paisagem...<br />

Uma ave banha ao sol o esplêndi<strong>do</strong> plumacho...<br />

Num recanto de bosque, a lamber os barrancos,<br />

Espumeja em cachões uma cachoeira embaixo...<br />

47


ESCRITO NAS ESTRELAS<br />

Por Marcelo de Oliveira Souza<br />

To<strong>do</strong>s sabemos como é difícil educar um filho, principalmente <strong>no</strong>s tempos de hoje,<br />

com a televisão, o advento da internet, redes de relacio<strong>na</strong>mentos, comunica<strong>do</strong>res<br />

e tu<strong>do</strong> que possa vir para deseducar e afastar os membros da família de uma<br />

boa conduta.<br />

Muitos pais se perdem em meio à obrigação de cuidar <strong>do</strong>s seus rebentos contemporizan<strong>do</strong><br />

com uma vida social e produtiva.<br />

Nessa difícil relação ainda tempos que abordar a briga entre casais que poderá<br />

até culmi<strong>na</strong>r em uma separação; alcoolismo e outros vícios piores; traumas e outros<br />

tantos fatores que são aborda<strong>do</strong>s rotineiramente em alguns programas de tv.<br />

Da mesma forma que a televisão deseduca, tem muitas outras programações que<br />

podemos utilizar em <strong>no</strong>sso crescimento próprio e até como forma de <strong>no</strong>rtear os<br />

<strong>no</strong>ssos entes queri<strong>do</strong>s, absorven<strong>do</strong> o que há de melhor <strong>na</strong> grade televisiva.<br />

Um grande exemplo é “A grande Família”, to<strong>do</strong>s têm problemas de relacio<strong>na</strong>mento,<br />

contu<strong>do</strong> percebemos uma interação muito bonita, o filho “Tuco” com todas as<br />

suas imperfeições de um desemprega<strong>do</strong>, vida mansa, ainda clama atenção ao<br />

pai, queren<strong>do</strong> que o seu genitor ainda se orgulhe de to<strong>do</strong>s os seus defeitos, uma<br />

relação difícil mas que é suplantada com muita confusão e amor.<br />

A <strong>no</strong>va <strong>no</strong>vela das seis horas <strong>na</strong> Rede Globo, “Escrito <strong>na</strong> Estrelas” é mais um<br />

grande exemplo de relacio<strong>na</strong>mento entre pai e filho, onde um promissor médico<br />

tinha um relacio<strong>na</strong>mento muito difícil com o seu viúvo pai, eles possuíam idéias<br />

díspares e diante disso o filho resolveu sair de casa a fim de que possa seguir o<br />

que achava correto.<br />

Independente de quem está certo ou não, o importante é que percebamos que o<br />

relacio<strong>na</strong>mento entre as pessoas está cada vez mais difícil, principalmente entre<br />

pais e filhos, muitos deles pensam que irão morrer primeiro que os seus antigos<br />

pimpolhos, seguin<strong>do</strong> a lei da <strong>na</strong>tureza, contu<strong>do</strong> não é bem assim, Deus têm muitos<br />

pla<strong>no</strong>s e muitas lições a <strong>no</strong>s ensi<strong>na</strong>r, não é à toa que estamos aqui e que não<br />

escolhemos os <strong>no</strong>ssos parentes, há muita coisa além disso e a maior lição é a <strong>do</strong><br />

amor incondicio<strong>na</strong>l, entre pais e filhos, a relação mais singela.<br />

Esse aprendiza<strong>do</strong> é muito difícil, a cada dia temos uma <strong>no</strong>va lição, contu<strong>do</strong> a maior<br />

dela é não <strong>no</strong>s esquecermos de amar os “<strong>no</strong>ssos”, valorizan<strong>do</strong>-os, auxilian<strong>do</strong>os,<br />

independentemente de tu<strong>do</strong>, pois as convenções muitas vezes servem para<br />

afastar e um afago não utiliza<strong>do</strong> <strong>na</strong> hora certa, pode gerar muito arrependimento<br />

<strong>no</strong> futuro e não haverá insemi<strong>na</strong>ção artificial, espiritismo nem <strong>na</strong>da nesse mun<strong>do</strong><br />

que possa dirimir o sentimento de perda e de culpa que poderemos carregar.<br />

48


CHÃO<br />

Por Maíra Cortez Galhar<strong>do</strong><br />

O pão da vida<br />

Tempera<strong>do</strong> com o sal da terra<br />

O que será <strong>do</strong> <strong>no</strong>sso amanhã?<br />

Se já não conseguimos mais colher <strong>no</strong>ssos frutos<br />

Nao há mais raízes, princípios, vontades, virtudes...<br />

Estamos sem chão<br />

Para que a vida cresça em nós<br />

Para que vejamos Deus em tu<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s<br />

Nos <strong>no</strong>ssos pensamentos, palavras e atitudes<br />

49


ROSAS AZUIS<br />

Por Lariel Frota<br />

Elas existem, é preciso acreditar<br />

Por mais estranho que pareça<br />

Elas estão lá, <strong>no</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar....<br />

São azuis da cor <strong>do</strong> infinito<br />

Suaves qual <strong>no</strong>ites de primaveras<br />

Embora frágeis, indestrutíveis<br />

Embora submersas, são belas....<br />

Elas existem, embaladas <strong>do</strong>cemente<br />

Pelo eter<strong>no</strong> bailar <strong>do</strong> ocea<strong>no</strong>.<br />

Se um dia as encontrar por acaso,<br />

Não pense que é um enga<strong>no</strong>.<br />

Elas existem esplen<strong>do</strong>rosas.<br />

Você tem que aceitar<br />

Azuis da cor <strong>do</strong> infinito<br />

Há rosas <strong>no</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar!!!!!<br />

50<br />

M eu <strong>no</strong>me é Marli Ribeiro de Freitas<br />

e <strong>na</strong>s minhas criações utilizo o pseudônimo<br />

de LARIEL FROTA. Sou professora,<br />

educa<strong>do</strong>ra <strong>na</strong> área de Educação para o<br />

Trânsito, palestrante, escritora e poeta.<br />

Fui responsável por duas colu<strong>na</strong>s numa<br />

revista voltada ao público <strong>do</strong>s motociclistas,<br />

a REVISTA MOTOBOY, daí <strong>na</strong>sceu<br />

a necessidade <strong>do</strong> pseudônimo. Como<br />

assi<strong>na</strong>va uma colu<strong>na</strong> sobre Legislação<br />

de Trânsito e Primeiros Socorros, o editor<br />

julgou que a outra colu<strong>na</strong> com contos<br />

e crônicas sobre o quotidia<strong>no</strong> desse<br />

profissio<strong>na</strong>l sobre duas rodas, deveria<br />

ser assi<strong>na</strong>da por outra pessoa, daí, pari<br />

Lariel.<br />

E-mail: marlidifreitas@msn.com


J u Virginia<strong>na</strong>. Professora, licenciada<br />

em Letras Português e Espanhol,<br />

especialista em Leitura e Produção<br />

Textual.<br />

É associada à AGES - Associação Gaúcha<br />

de <strong>Escritores</strong>, filiada à UBT - União<br />

<strong>Brasil</strong>eira de Trova<strong>do</strong>res de Caxias <strong>do</strong><br />

Sul,<br />

Membro Efetivo da Academia Virtual Sala<br />

de Poetas e <strong>Escritores</strong> - AVSPE, Cônsul<br />

<strong>do</strong> Movimento Poetas del Mun<strong>do</strong> de Caxias<br />

<strong>do</strong> Sul<br />

Participa em inúmeros sites, blogs, jor<strong>na</strong>is.<br />

Já integrou várias comissões julga<strong>do</strong>ras<br />

em concursos literários<br />

Participa em mais de cinquenta Antologias<br />

Poéticas. Conta com várias classificações<br />

e premiações em Concursos Literários<br />

E-MAIL: Jussara.c.godinho@gmail.com<br />

51<br />

E O AMOR ACONTECE<br />

Por Ju Virginia<strong>na</strong><br />

Quan<strong>do</strong> respiro teu ar<br />

Não sei o que acontece<br />

Minh’alma passa a cantar<br />

E de tu<strong>do</strong> se esquece<br />

Meus olhos encontram teu olhar<br />

Mais bela a vida parece<br />

Sinto meu corpo arrepiar<br />

Meu chão quase desaparece<br />

A tua voz a soar<br />

Em mim como uma prece<br />

Ecoa linda a cantar<br />

Num maleável sobe e desce<br />

Nosso olhar ao se cruzar<br />

Meu corpo to<strong>do</strong> estremece<br />

Palavras fican<strong>do</strong> <strong>no</strong> ar<br />

Minha face enrubesce<br />

Pensamentos a rodar<br />

Ilusão que floresce<br />

Silêncios a sufocar<br />

Alma que padece<br />

Se pudesse te falar<br />

Mas meu ser to<strong>do</strong> emudece<br />

Como é bom te amar<br />

Melhor se tu soubesse


60% de sua <strong>do</strong>ação será desti<strong>na</strong>da ao atendimento emergencial aos animais de rua em<br />

situação de emergência, <strong>no</strong> pagamento de despesas médico-veterinárias e de medicamentos,<br />

os 40% restantes serão utiliza<strong>do</strong>s para outras despesas, como para a confecção de<br />

material educativo, despesas administrativas, bancárias (inclusive as tarifas de emissão <strong>do</strong>s<br />

boletos) etc. Caso você queira contribuir com valores me<strong>no</strong>res, sua ajuda será bem vinda,<br />

mas devi<strong>do</strong> ao valor da tarifa de emissão de boletos cobrada pelo banco, pedimos que faça<br />

isso através de depósito direto em <strong>no</strong>ssa conta.<br />

Instituto É O BICHO!<br />

Banco Itaú (Nº 341)<br />

Agência - 0289<br />

Conta Corrente - 61018-0<br />

CNPJ <strong>do</strong> Instituto: 06.006.434/0001-85 (solicita<strong>do</strong> <strong>no</strong> caso de transferências entre<br />

contas)<br />

Obriga<strong>do</strong> por colaborar fi<strong>na</strong>nceiramente com o trabalho <strong>do</strong> Instituto É O BICHO!<br />

Projeto “Balaio da Saúde Literária” é lança<strong>do</strong><br />

em Bento Gonçalves<br />

O projeto “Balaio da Saúde Literária (para combater<br />

o óbito mental)”, realiza<strong>do</strong> pela Biblioteca<br />

Pública Castro Alves em parceria com a Secretaria<br />

Municipal de Saúde, foi recebi<strong>do</strong> com muito<br />

carinho por representantes das 22 Unidades<br />

Básicas de Saúde (UBS), além de outros cinco<br />

Centros de Referência da cidade, <strong>no</strong> Salão Nobre<br />

da prefeitura, <strong>na</strong> sexta-feira, dia 23, Dia <strong>do</strong><br />

Livro. A iniciativa tem como objetivo criar um<br />

espaço de acesso ao livro, e despertar o gosto<br />

e o hábito pela leitura <strong>na</strong> população que frequenta<br />

os postos de saúde <strong>do</strong> município. Inicialmente,<br />

os balaios foram entregues a 27<br />

centros, porém a iniciativa visa contemplar 40<br />

postos, em diversos bairros.<br />

As antologias “Poesia <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>”, “Poeta, Mostra<br />

a Tua Cara” e “Poemas á Flor da Pele”,<br />

<strong>do</strong>adas pelo Congresso <strong>Brasil</strong>eiro de Poesia<br />

fazem parte <strong>do</strong>s balaios.<br />

52


Por J. Macha<strong>do</strong><br />

A FUGA DO CARANGUEJO<br />

Ajoelhou-se e rezou! Rezava com fé, enquanto chorava. Não havia mais<br />

lágrimas, ape<strong>na</strong>s o soluço que lhe cortava as palavras. Só as palavras, não a<br />

intenção. Sabia o que queria!<br />

- Julieta não pode ficar sozinha! O senhor pode ajudar! Não pode?<br />

Julieta sabe que pode. - E assim prosseguia com seus clamores em terceira<br />

pessoa, acreditan<strong>do</strong> estar sen<strong>do</strong> ouvida. E continuou: -<br />

Julieta não quer ficar sem o caranguejo!<br />

- Era assim que chamava seu companheiro, o qual ameaçava<br />

em deixá-la. Não era a primeira vez, mas Edgar agora<br />

estava decidi<strong>do</strong> e ela sabia que não era como das outras<br />

vezes.<br />

Sentin<strong>do</strong> que sua fé estava um tanto desgastada e<br />

com o vai e vem <strong>do</strong> caranguejo, enquanto arrumava as<br />

coisas dele, Julieta entrou em desespero. Alguém tinha<br />

que impedir este aban<strong>do</strong><strong>no</strong>!<br />

Então passou a rogar a Buda, mas ele <strong>na</strong>da lhe falava,<br />

pediu a Che Guevara, que passava em sua frente<br />

por várias vezes, estampa<strong>do</strong> <strong>na</strong> camisa de Edgar. Que <strong>na</strong>da! Nem Buda, Nem<br />

Che Guevara, nem Iemanjá que há a<strong>no</strong>s habitava aquele cantinho. Nem mesmo<br />

Santo Antonio que já estava de cabeça pra baixo há dias.<br />

Por fim numa tentativa ainda desesperada, passou a rogar pelos í<strong>do</strong>los<br />

mais próximos, Barak Obama, Silvio Santos, Ag<strong>na</strong>l<strong>do</strong> Timóteo, Galvão Bue<strong>no</strong>,<br />

A<strong>na</strong> Maria Braga, o próprio Loro José...<br />

Nada! Ninguém fez <strong>na</strong>da para impedir e Edgar se foi.<br />

J .Macha<strong>do</strong>, 50 a<strong>no</strong>s. Já viajou pelo mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>. Foi<br />

à Londres da Rainha mãe, em Jerusalém sentiu a presença<br />

<strong>do</strong> Cristo, aquele, o filho <strong>do</strong> homem. Conheceu Ma<strong>no</strong>el<br />

Bandeira, <strong>no</strong> Jardim da Luz, claro, de volta ao <strong>Brasil</strong>, aqui<br />

mesmo em São Paulo. Encantou-se com Clarice Lispector,<br />

numa biblioteca, bem pertinho de casa, aqui em Lagu<strong>na</strong>. De<br />

onde faz suas viagens através da leitura.<br />

53


A LÍNGUA PORTUGUESA<br />

Lucia<strong>no</strong> Maia<br />

É comum aceitar-se que ao fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong><br />

século VIII a língua portuguesa (ou galego-portuguesa)<br />

já estava constituída,<br />

diferente <strong>do</strong> latim vulgar, que a engendrou<br />

e <strong>do</strong>s demais romances peninsulares<br />

ibéricos. Esse é o protoportuguês,<br />

que se pode observar <strong>na</strong>s <strong>do</strong>cumentações<br />

em latim bárbaro, ou seja, após a<br />

queda <strong>do</strong> Império Roma<strong>no</strong> <strong>do</strong> Ocidente.<br />

Num <strong>do</strong>cumento em latim bárbaro,<br />

data<strong>do</strong> de 1161, o escrivão introduziu<br />

uma frase inteira cujos componentes<br />

são já galego-portugueses: deslo rivoll<br />

até <strong>no</strong> rego que vai porla vila.<br />

As invasões germânicas (século V) e<br />

a invasão moura (século VIII) marcaram<br />

profundamente a futura feição da<br />

língua galego-portuguesa.<br />

A língua portuguesa teve seu berço<br />

<strong>na</strong> Galiza, território ao <strong>no</strong>rte de Portugal,<br />

a partir da Reconquista, ou seja,<br />

com a emancipação das terras que se<br />

encontravam em poder <strong>do</strong>s árabes, que<br />

invadiram a península <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 711 e<br />

dali só foram definitivamente expulsos<br />

em 1492, com a queda <strong>do</strong> califa<strong>do</strong> de<br />

Gra<strong>na</strong>da, <strong>na</strong> Andaluzia.<br />

É comum, portanto, o emprego de<br />

galego-português para desig<strong>na</strong>r esta<br />

língua, mesmo porque, tratan<strong>do</strong>-se de<br />

textos antigos, não há como separar os<br />

<strong>do</strong>is idiomas. Na realidade, foi em galego-português<br />

que se redigiram os primeiros<br />

<strong>do</strong>cumentos e os primeiros textos<br />

literários <strong>no</strong> oeste da península ibérica,<br />

inclusive <strong>na</strong> corte de Madrid, o que<br />

atesta o e<strong>no</strong>rme prestígio de que desfrutava<br />

a <strong>no</strong>ssa língua <strong>na</strong> Idade Média.<br />

Dom Afonso X, o Sábio, rei de Castela,<br />

usou a língua galego-portuguesa para<br />

os seus escritos, poemas líricos, profa<strong>no</strong>s<br />

e religiosos de grande beleza.<br />

Ademais, foi em galego português que<br />

poetaram muitos outros escritores medievais<br />

da Espanha e mesmo de outras<br />

<strong>na</strong>ções, como a Itália!<br />

54<br />

Com a independência de Portugal,<br />

por Dom Afonso Henriques, em<br />

1147, o português se propagou a<br />

partir <strong>do</strong> <strong>no</strong>rte e se mesclou com os<br />

falares neolati<strong>no</strong>s <strong>do</strong> sul da Lusitânia,<br />

os chama<strong>do</strong>s romanços moçarábicos,<br />

passan<strong>do</strong>, aos poucos, a<br />

formar o idioma português propriamente<br />

dito (cerca de 1350), que difere<br />

algo <strong>do</strong> galego origi<strong>na</strong>l, que,<br />

por assim dizer, fossilizou velhas<br />

formas arcaicas e regio<strong>na</strong>lismos da<br />

língua, ainda hoje em uso pelos escritores<br />

galegos.<br />

A Língua Portuguesa, <strong>no</strong> auge<br />

das conquistas marítimas, se propagou<br />

pelos cinco continentes. Até<br />

mesmo <strong>na</strong> longínqua Oceania, <strong>na</strong><br />

Ilha de Timor, até recentemente sob<br />

<strong>do</strong>mínio da In<strong>do</strong>nésia, a língua de<br />

Camões é escrita e falada. (...)<br />

Atualmente o idioma português<br />

desfruta de grande prestígio inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> recentemente<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela Organização das Nações<br />

Unidas como língua de trabalho,<br />

a par <strong>do</strong> chinês, inglês, russo,<br />

francês, árabe e espanhol.<br />

O <strong>Brasil</strong> é o maior país de língua<br />

portuguesa, responsável por mais<br />

de 3/4 <strong>do</strong>s falantes da <strong>no</strong>ssa língua.<br />

Some-se a isso o fato de não contarmos<br />

com dialetos em <strong>no</strong>sso vasto<br />

território, sen<strong>do</strong> perfeitamente<br />

inteligível a fala de um cearense <strong>do</strong><br />

Vale <strong>do</strong> Jaguaribe a um gaúcho de<br />

Bajé ou a um carioca de Ipanema, e<br />

vice-versa.<br />

O português <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> é, isto sim,<br />

um idioma extremamente enriqueci<strong>do</strong><br />

com os aportes indíge<strong>na</strong>s e africa<strong>no</strong>s,<br />

que modelaram, deram um<br />

retoque fi<strong>na</strong>l à <strong>no</strong>ssa língua, enchen<strong>do</strong>-a<br />

de graça e suavidade.<br />

Vários dialetos subsistem, porém,<br />

<strong>no</strong> português continental, ou seja,<br />

europeu. Em Portugal, cumpre citar<br />

os dialetos <strong>do</strong> Minho, de Trás-os-<br />

Montes, da Beira, da Extremadura,<br />

<strong>do</strong> Alentejo e <strong>do</strong> Algarve.


A língua portuguesa é ainda utilizada<br />

por núcleos de imigrantes, principalmente<br />

<strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, onde possuem<br />

um jor<strong>na</strong>l (há também jor<strong>na</strong>is dirigi<strong>do</strong>s<br />

a <strong>brasileiros</strong>), <strong>no</strong> Ca<strong>na</strong>dá, <strong>na</strong> Venezuela,<br />

além de aproximadamente 1<br />

milhão de portugueses hoje residentes<br />

<strong>na</strong> França, principalmente em Paris.<br />

Por fim, lembremos que o papiamento<br />

(<strong>do</strong> português papear), provavelmente<br />

uma das mais <strong>no</strong>vas línguas literárias<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, tem um fun<strong>do</strong> lexical português-espanhol,<br />

com cerca de 45%, contra<br />

cerca de 25% holandês e o restante<br />

de línguas africa<strong>na</strong>s, <strong>do</strong> francês e <strong>do</strong><br />

inglês. Sua estrutura gramatical é, entretanto,<br />

pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente africa<strong>na</strong>.<br />

Até hoje, <strong>na</strong>s Antilhas Holandesas<br />

(Curaçao, Bo<strong>na</strong>ire e Aruba)um movimento<br />

visan<strong>do</strong> à <strong>no</strong>rmatização <strong>do</strong> papiamento,<br />

por intermédio <strong>do</strong> Instituto Lingwistiko<br />

Antia<strong>no</strong>, com sede em Willemstad,<br />

capital das Antilhas Holandesas.<br />

Ressalte-se ainda que, ao contrário<br />

<strong>do</strong> que ocorre com outros falares crioulos<br />

<strong>do</strong> Caribe, o papiamento conta com<br />

uma expressiva literatura já desde o<br />

século XIX.<br />

A figura canônica da literatura em língua<br />

portuguesa é Luís Vaz de Camões<br />

e a obra "Os Lusíadas", mas os <strong>no</strong>mes<br />

que dignificam uma e outra (a língua e<br />

a literatura) são incontáveis. Citemos<br />

um <strong>no</strong>me ape<strong>na</strong>s: José Saramago, Prêmio<br />

Nobel de Literatura de 1998.<br />

FONTE: Maia, Lucia<strong>no</strong>. ALMANA-<br />

QUE NEOLATINO. Fortaleza: UFC /<br />

Casa de José de Alencar, 2002, p. 33-<br />

35.<br />

http://www.viegasdacosta.hpg.ig.com.br/<br />

amigos/lucia<strong>no</strong>maia.htm<br />

55<br />

Regio<strong>na</strong>lismos<br />

São registros de língua próprios da<br />

população de diferentes povoações<br />

ou regiões. Distinguem-se pela pronúncia,<br />

pelos diferentes significa<strong>do</strong>s<br />

e diferente construção de palavras e<br />

frases.<br />

TANGERINA<br />

fruto da tangerineira; bergamota,<br />

laranja-cravo, laranja-mimosa,<br />

mandari<strong>na</strong>, mexerica, mimosa,<br />

tangeri<strong>na</strong>-cravo, tangeri<strong>na</strong>-<strong>do</strong>-rio,<br />

vergamota.<br />

MOUSSE DE TANGERINA<br />

250 ml de suco de tangeri<strong>na</strong> concentra<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong>tural<br />

1 lata de leite condensa<strong>do</strong><br />

1 lata de creme de leite<br />

Mo<strong>do</strong> de fazer:<br />

No liquidificar coloque o suco, o leite<br />

condensa<strong>do</strong> e o creme de leite<br />

Bata por cinco minutos<br />

Disponha em taças e leve à geladeira<br />

por 2 horas


PENSANDO COM NÉLIDA PIÑON<br />

A alma murcha é como uma passa de Corinto.<br />

A vida de um homem termi<strong>na</strong> nele. Só alguns artistas<br />

prorrogam a existência.<br />

O ser huma<strong>no</strong> é um peregri<strong>no</strong>. É só <strong>na</strong> aparência que ele tem uma geografia<br />

"Se a memória simula esquecer os mortos, o amor, alberga<strong>do</strong> <strong>no</strong> coração<br />

e sempre à espreita, a qualquer si<strong>na</strong>l açoita quem sobrevive às<br />

lembranças."<br />

Se ao ler você não entende o que alguém está dizen<strong>do</strong> e se não exerce<br />

a crítica diante <strong>do</strong> que lhe está sen<strong>do</strong> da<strong>do</strong>, não apreende e passa<br />

a ser ape<strong>na</strong>s um escravo da informação<br />

56


Por José Carlos Paiva Bru<strong>no</strong><br />

CONTUBÉRNIO<br />

Perfeita acoplagem: homem e mulher. Presente <strong>do</strong> Cria<strong>do</strong>r; este acoplar, espiritual,<br />

car<strong>na</strong>l, a<strong>na</strong>tômico, convoluto... Entrópico! Êxtase que revela vida...<br />

Completam-se em sedução, franqueza, sexo, <strong>no</strong>stalgia; solidariedade, simbiose, caminhar,<br />

completar... Benção e necessidade mútua, que espanta qualquer melancolia:<br />

sacripanta, desânimo, tristeza, fracasso e covardia...<br />

Revelação da verdade, surpresa em afinidade...<br />

Gancho <strong>na</strong> espírita poesia:<br />

Alma gêmea da minha alma,<br />

Flor de Luz da minha vida...<br />

Sublime estrela caída,<br />

Das belezas da amplidão...<br />

Sazão primavera, sempre candura eter<strong>na</strong>, residente poesia... Alma que contagia!<br />

Energia vital, aura que tu<strong>do</strong> faz valer à pe<strong>na</strong>. Especiaria <strong>do</strong> Divi<strong>no</strong>...<br />

Mulher, alquimia da felicidade, sagra<strong>do</strong> manto da verdade. Caprichosa em existir,<br />

valente em dar a luz, acompanhante que conduz; felicidade manifesta <strong>do</strong> encontro<br />

<strong>do</strong> Gênesis.<br />

Dia<strong>na</strong> ou Afrodite, Eva ou Brigite, universo hálito, recomenda<strong>do</strong> pelo Paráclito...<br />

Cândida luz que guia; expoente da ternura, revelação da bravura...<br />

Mulher lanter<strong>na</strong> <strong>do</strong> Homem, candelabro de magia, farol estrela-guia...<br />

Bendita Virgem Maria!<br />

J osé carlos Paiva Bru<strong>no</strong> é a quarta geração<br />

origi<strong>na</strong>da de Domenico Bru<strong>no</strong>, quan<strong>do</strong> de<br />

sua imigração da Itália para o <strong>Brasil</strong>... Iniciou-se como<br />

me<strong>no</strong>r-aprendiz <strong>no</strong> Banco <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> em 1979,<br />

técnico em eletrônica, advoga<strong>do</strong>, integra<strong>do</strong>r INTEL<br />

602597, especialista MBA pela FGV em Direito da<br />

Tec<strong>no</strong>logia e especialista pela FOA em Docência<br />

Superior, sempre aprendiz-escritor e poeta…<br />

http://cid-bab27cce4ad326da.spaces.live.com/blog/<br />

57


FALANDO DE AMOR<br />

Por Jania Souza<br />

És sensível ao sentimento, Amor!<br />

És o próprio vôo de pétalas <strong>na</strong> carne<br />

Confetes de felicidade <strong>no</strong> céu de boca nua salivada.<br />

És beijo <strong>do</strong>ce de mãe<br />

Mão estendida ao desampara<strong>do</strong><br />

Água fresca <strong>na</strong> fervura da ira<br />

Lençol branco da paz.<br />

És meu suspiro de esperança<br />

Meu abraço de caridade<br />

Meu clamor por liberdade<br />

Meu mar sensual <strong>no</strong> espaço.<br />

És meu <strong>no</strong>rte e meu ocidente<br />

Bússola permanente em meu coração<br />

Guia de minhas sensações perenes.<br />

És paradigma <strong>no</strong> caos da violência<br />

Consciência necessária à preservação huma<strong>na</strong>.<br />

És o Jardim da Bo<strong>na</strong>nça, Amor!<br />

Pronto a ofertar teus saborosos frutos<br />

A cada filho <strong>do</strong> homem.<br />

És as delícias conjugais <strong>do</strong>s <strong>no</strong>vos amantes<br />

Em colchões de sonhos e plumas de avestruzes<br />

Pássaros <strong>no</strong> nirva<strong>na</strong> da procriação.<br />

Em todas as horas és meu incansável companheiro.<br />

Sempre alerta, relembras-me os prazeres da vida.<br />

Jamais permites que eu abdique <strong>do</strong> teu corpo puro.<br />

58


J ania Souza, potiguar de Natal/RN, <strong>Brasil</strong>, artista plástica,<br />

poeta, escritora, sócia funda<strong>do</strong>ra da SPVA/RN - Sociedade<br />

<strong>do</strong>s Poetas Vivos e Afins <strong>do</strong> RN. Pertence a AJEB/RN e a UBE/<br />

RN. APPERJ. Clube <strong>do</strong>s <strong>Escritores</strong> de Piracicaba. Participação em<br />

coletâneas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is. Publicou em 2007, Rua<br />

Descalça (poemas) pelas Edições Bagaço/PE; em 2009, Fórum<br />

Íntimo (poemas) e Magnólia, a besourinha perfumada (infantil) pela Editora Alcance/<br />

RS. Contato: www.janiasouzaspvarncultural.blogspot.com; janiasouza@uol.com.br<br />

COMO VOCÊ VÊ @ VID@?<br />

To<strong>do</strong>s as pessoas possuem uma maneira diferente de ver a vida e de expressar es-<br />

ta visão.<br />

Algumas escrevem, outras pintam, fotografam, desenham, cantam, tocam um instrumento,<br />

esculpem, fazem artesa<strong>na</strong>to… Dentro de cada um de nós existe um artista.<br />

Algumas vezes escondemos tanto que nem mesmo os familiares sabem que temos<br />

aquele jeitinho especial!<br />

Que tal mostrar pra gente? Que tal enviar para o site <strong>do</strong> VARAL DO BRASIL o que<br />

você faz e dar uma chance para que possamos conhecer melhor você?<br />

Leia as instruções <strong>na</strong>s seções « ELES » <strong>no</strong> www.varal<strong>do</strong>brasil.ch<br />

E-mail: varal<strong>do</strong>brasil@bluewin.ch<br />

E mãos à obra: a vida é agora!<br />

59


Antologia Literária Cidade Volume V<br />

Se você deseja ajudar os animais que<br />

to<strong>do</strong>s os dias são aban<strong>do</strong><strong>na</strong><strong>do</strong>s, atropela<strong>do</strong>s,<br />

maltrata<strong>do</strong>s e não sabe como,<br />

vai aqui uma dica:<br />

Procure uma associação de proteção<br />

aos animais, um refúgio, uma organização<br />

ou mesmo uma pessoa responsável<br />

em sua cidade ou esta<strong>do</strong>. As colaborações<br />

podem ser feitas através de<br />

tempo, dedicação, ajudas fi<strong>na</strong>nceiras,<br />

divulgação.<br />

Há pessoas por to<strong>do</strong>s os cantos ajudan<strong>do</strong><br />

aqueles que não sabem como ajudar<br />

a si mesmos. Seja mais um, faça destes<br />

bichinhos a sua causa!!<br />

AJUDE A AJUDAR, SEJA<br />

HUMANO!<br />

A Antologia Literária Cidade foi criada com a fi<strong>na</strong>lidade de centralizar<br />

autores numa publicação fora <strong>do</strong> eixo, de oportunizar espaço<br />

para <strong>no</strong>vos autores, que ainda não tiveram seus textos publica<strong>do</strong>s<br />

em livros, e oferecer um diferencial em relação a outras publicações<br />

<strong>do</strong> tipo. Lançamos os três primeiros volumes com a participação<br />

de mais de 100 autores: de alu<strong>no</strong>s de Ensi<strong>no</strong> Médio a<br />

professores com <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, de autores nunca publica<strong>do</strong>s a autores<br />

com mais de uma dúzia de publicações, com a participação de<br />

autores de várias cidades <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> e também com três autores<br />

residentes em outros países (Áustria, Austrália e <strong>Suíça</strong>).Dan<strong>do</strong><br />

continuidade ao <strong>no</strong>sso trabalho estamos fechan<strong>do</strong> o Volume V da<br />

publicação com a perspectiva de levar o livro para a gráfica ainda<br />

em dezembro, posto que até o momento metade das pági<strong>na</strong>s já<br />

estão fechadas. Além disso, contamos com a sua participação como<br />

mais um habitante/mora<strong>do</strong>r desta <strong>no</strong>ssa Cidade Literária.<br />

Contatos: antologiacidade@bol.com.br<br />

60


GOSTO<br />

Por Jacqueline Aisenman<br />

Alguns sabores são indeléveis<br />

como certos si<strong>na</strong>is que trazemos<br />

de <strong>na</strong>scimento...<br />

O sabor <strong>do</strong> primeiro amor.<br />

O sabor das boas lembranças.<br />

O sabor de uma torta de chocolate.<br />

O sabor de uma vitória dita intangível.<br />

O bom <strong>do</strong>s sabores assim<br />

é que eles não causam enjôo,<br />

não fogem da memória<br />

e não percutem os sentimentos.<br />

São sublimes<br />

e somam-se aos prazeres eter<strong>no</strong>s<br />

e às alegrias etéreas.<br />

J acqueline é quem edita o VA-<br />

RAL. E quem tem o coração povoa<strong>do</strong><br />

de letras que vivem sain<strong>do</strong> pela caneta<br />

ou pelas teclas <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r. Palavras<br />

escritas, muitas vezes nem ditas.<br />

Tem em seu site Coracio<strong>na</strong>l e em seu<br />

Blog Certas Linhas um meio de expressão<br />

constante.<br />

61<br />

E-mail: coracio<strong>na</strong>l@bluewin.ch


SIGNOS<br />

Por Jaci Santa<strong>na</strong><br />

Este homem, cujo rosto e corpo,<br />

Esculpi em pensamento.<br />

Que vi <strong>na</strong>scer em minhas fantasias mais<br />

i<strong>no</strong>centes.<br />

Tem a beleza de Narciso,<br />

Revelan<strong>do</strong>-se, brandamente,<br />

A caminhar sobre os meandros de minha<br />

consciência.<br />

Neste sonho delirante,<br />

Delineei este rosto, este corpo,<br />

Que tanto admiro e amo,<br />

Deixan<strong>do</strong>-lhe minha marca, meu brasão de<br />

múltiplos sig<strong>no</strong>s.<br />

Enquanto vou inserin<strong>do</strong>-me nestes traça<strong>do</strong>s,<br />

Uma indescritível onda de prazer brotou-me,<br />

subitamente.<br />

Tamanho o regozijo de vê-lo materializan<strong>do</strong>-se<br />

Em formosura Osiria<strong>na</strong>... Altivo! Imponente!...<br />

Um mito a acorrentar-me os pensamentos.<br />

Ah! Que sabor de glória tem o amor que sinto,<br />

Por este ser mitológico,<br />

Que se veste de anjo, e aborda-me <strong>na</strong> cama,<br />

Arrastan<strong>do</strong>-me em suas armadilhas de <strong>do</strong>ces<br />

encantos.<br />

62<br />

J aci Santa<strong>na</strong>- Nasceu em<br />

Aracaju. Mora <strong>no</strong> Rio de<br />

Janeiro. Cursou Direito<br />

e,atualmente, dedica-se a poesia.<br />

Participa de Concursos Literários.<br />

Recebeu vários convites para participar<br />

de Antologias. Recebeu<br />

Menção Honrosa <strong>no</strong> I Concurso de<br />

Poemas Delfos com o 5º lugar, e a<br />

divulgação <strong>do</strong> mesmo <strong>no</strong> Jor<strong>na</strong>l Le<br />

Ville com a poesia “Oásis Tropical”.<br />

Em 2007 teve seu primeiro<br />

Livro de Poesia “Amor, Sexo e Poesia”<br />

edita<strong>do</strong> pela Litteris Editora e<br />

participação <strong>no</strong> Diário <strong>do</strong> Escritor<br />

de 2006 a 2010, também pela Litteris<br />

Editora.<br />

Nome: Jaci Leal Santa<strong>na</strong><br />

E-mail:<br />

grendaphi<strong>no</strong>chio@yahoo.com.br<br />

jacilealsanta<strong>na</strong>@yahoo.com.br


B@RRE@DO<br />

Receita origi<strong>na</strong>l: Pesquisa realizada por Mara Salles referente a autêntica receita <strong>do</strong><br />

Barrea<strong>do</strong> Morretes -PR. Data <strong>do</strong> registro: 1997<br />

Rendimento: 20 pessoas<br />

Precisa: 1 caldeirão grande de barro<br />

Ingredientes: 3k de coxão duro corta<strong>do</strong>s em cubos de 6cm, 200g de bacon em tiras<br />

fi<strong>na</strong>s, 3 cebolas médias, 1 copo america<strong>no</strong> de vi<strong>na</strong>gre de vinho tinto, 1 copo america<strong>no</strong><br />

de óleo de soja, 8 dentes de alho corta<strong>do</strong>s ao meio, 8 tomates sem sementes,<br />

1 maço de cebolinha e um maço de salsinha picadas, cominho em pó, 2 colheres<br />

de sopa rasa de sal, 4 copos america<strong>no</strong>s de água, 3 folhas de louro.<br />

Atenção: Copo america<strong>no</strong>: 160ml.<br />

Faz Assim: Forre o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> caldeirão de barro com o bacon. Coloque uma camada<br />

da carne em cubos, um punha<strong>do</strong> de cebola, um de salsinha e um de cebolinha. Polvilhe<br />

o cominho e um pouco de alho. Vá fazen<strong>do</strong> as camadas, carne, cebola, cebolinha,<br />

salsinha, cominho e alho. Dá umas 3 a 4 camadas de cada dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

diâmetro da panela. Bata <strong>no</strong> liquidifica<strong>do</strong>r o tomate com a água e coe. Misture o vi<strong>na</strong>gre,<br />

o óleo e o sal e jogue por cima das camadas <strong>no</strong> caldeirão. coloque por cima<br />

as folhas de louro e tampe a panela. Faça uma pasta grossa com farinha de mandioca<br />

e água e vá vedan<strong>do</strong> a tampa com cuida<strong>do</strong>. Vá alisan<strong>do</strong> bem com a mão úmida<br />

para que fique bem vedada a tampa para garantir que não saia vapor. Cozinhe em<br />

cima de uma chapa ou em fogão a lenha (nunca <strong>na</strong> chama direta), por, <strong>no</strong> mínimo,<br />

12 horas em fogo baixo. Após cozi<strong>do</strong>, use uma faca de ponta fi<strong>na</strong> para ir abrin<strong>do</strong> a<br />

massa que veda a tampa e tente não destruir a crosta de farinha. Se durante o cozimento<br />

houver escape de ar, vá vedan<strong>do</strong> os buraquinhos com a pasta de farinha<br />

que sobrou.<br />

Montagem <strong>do</strong> prato: Coloque num prato fun<strong>do</strong> farinha de mandioca de boa qualidade,<br />

o barrea<strong>do</strong> por cima e uma fatia de ba<strong>na</strong><strong>na</strong> da terra grelhada em manteiga de<br />

garrafa por cima de tu<strong>do</strong>. É MARAVILHOSO!!! Vale a pe<strong>na</strong>!!<br />

http://pt.petitchef.com/<br />

63


Perguntas e respostas sobre o Barrea<strong>do</strong>?<br />

O que é Barrea<strong>do</strong>? Onde posso comer?<br />

Um prato típico da culinária brasileira de<br />

sabor indescritível e altamente revigorante.<br />

Foi cria<strong>do</strong> há mais de 200 a<strong>no</strong>s por caboclos<br />

<strong>do</strong> litoral para<strong>na</strong>ense. Começou a ser<br />

servi<strong>do</strong> por ocasião da festa <strong>do</strong> "entru<strong>do</strong>",<br />

que hoje em dia conhecemos pelo <strong>no</strong>me de<br />

"Car<strong>na</strong>val". Depois, foi incorpora<strong>do</strong> às<br />

festas religiosas de Morretes e Antoni<strong>na</strong> e<br />

hoje é considera<strong>do</strong> o prático típico oficial<br />

<strong>do</strong> Paraná.<br />

Você encontra o Barrea<strong>do</strong> em qualquer<br />

restaurante das cidades de Morretes e Antoni<strong>na</strong><br />

(PR), onde anualmente acontece a<br />

Festa <strong>do</strong> Barrea<strong>do</strong>. Também pode ser encontra<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong>s boas casas <strong>do</strong> ramo de Curitiba<br />

e grandes cidades <strong>do</strong> País. Sabe-se que<br />

até <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s já existem restaurantes<br />

especializa<strong>do</strong>s em comida típica<br />

brasileira servin<strong>do</strong> o Barrea<strong>do</strong>. Mas tenha<br />

cuida<strong>do</strong>, poucos restaurantes oferecem o<br />

autêntico Barrea<strong>do</strong>.<br />

Como é feito? Qual a composição <strong>do</strong> prato?<br />

É um cozi<strong>do</strong> à base de carne bovi<strong>na</strong> fibrosa,<br />

sem osso e sem gordura, temperada<br />

com condimentos tropicais. O autêntico<br />

Barrea<strong>do</strong> é feito em panela de barro, onde<br />

os ingredientes são coloca<strong>do</strong>s em camadas<br />

e cobertos com folhas de ba<strong>na</strong>neira. Depois,<br />

a panela é lacrada com uma argamassa<br />

de farinha de mandioca para evitar a<br />

saída de vapor. O cozimento se dá em fogo<br />

de lenha bran<strong>do</strong> e dura até 18 horas para<br />

ficar <strong>no</strong> ponto.<br />

Tradicio<strong>na</strong>lmente, o Barrea<strong>do</strong> é servi<strong>do</strong> em<br />

peque<strong>na</strong>s panelas de barro com porções<br />

individuais acompanhadas e arroz branco<br />

solto, farinha de mandioca fi<strong>na</strong>, pimenta e<br />

ba<strong>na</strong><strong>na</strong>-caturra. Pode-se incrementar o<br />

prato com salada de couve refogada, farofa,<br />

porções de torresmo, azeite de oliva,<br />

ba<strong>na</strong><strong>na</strong> à milanesa e laranja. É recomendável<br />

colocar as panelas sobre um fogareiro<br />

de mesa para manter o conteú<strong>do</strong> sempre<br />

quente. Opcio<strong>na</strong>lmente pode-se levar à<br />

mesa a panela principal sobre fogareiro.<br />

Que bebida devo tomar? Por que autêntico Barrea<strong>do</strong>?<br />

Uma <strong>do</strong>se de cachaça pura e da boa é indispensável<br />

como aperitivo. Se não tiver,<br />

substitua pela caipirinha, steinhäger ou<br />

mesmo conhaque. Sem dúvida, isto ajuda a<br />

aguçar o paladar. Durante a degustação vai<br />

bem o chope gela<strong>do</strong>, a cerveja ou mesmo o<br />

vinho. Não se preocupe com a <strong>do</strong>se, porque<br />

a bebida alcoólica faz pouco ou nenhum<br />

efeito quan<strong>do</strong> se come Barrea<strong>do</strong>.<br />

Primeiro e mais importante é o sabor. O<br />

autêntico Barrea<strong>do</strong> tem sabor inconfundível<br />

e um cheiro inesquecível para aqueles<br />

que já o provaram. Pode-se sentir o aroma<br />

a cem metros de distância <strong>do</strong> fogão. Ele se<br />

apresenta <strong>na</strong> forma de um cal<strong>do</strong> encorpa<strong>do</strong><br />

de coloração avermelhada.<br />

Como se come o Barrea<strong>do</strong>? Existe uma receita simples?<br />

Não existe um ritual para se comer o Barrea<strong>do</strong>.<br />

Basta uma mesa grande, uma roda<br />

de amigos e muita descontração. Os utensílios<br />

são: prato raso, garfo, faca e uma colher<br />

de madeira ou concha para servir. Coloque<br />

<strong>no</strong> prato <strong>do</strong>is quartos de Barrea<strong>do</strong>,<br />

um de arroz e o outro de farinha. O sabor<br />

fatal está esta <strong>na</strong> mistura destas três partes<br />

temperada com pimenta malagueta ao gosto<br />

de cada um. Algumas rodelas de ba<strong>na</strong><strong>na</strong><br />

-caturra fazem o contraponto, já que seu<br />

a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong> dá um contraste ótimo com o<br />

Barrea<strong>do</strong> picante.<br />

http://www.torque.com.br/barrea<strong>do</strong>/faq.htm<br />

64<br />

Sim, existem variações da receita origi<strong>na</strong>l<br />

que permitem a qualquer pessoa preparar<br />

uma versão simplificada <strong>do</strong> Barrea<strong>do</strong> em<br />

fogão a gás e panela de pressão. Certamente,<br />

isto demanda bem me<strong>no</strong>s tempo de cozimento,<br />

algo em tor<strong>no</strong> de 4 horas. Todavia,<br />

alertamos que o sabor fi<strong>na</strong>l pode ficar<br />

muito aquém <strong>do</strong> verdadeiro Barrea<strong>do</strong>. Lamentamos<br />

que o uso indiscrimi<strong>na</strong><strong>do</strong> de<br />

receitas improvisadas, inclusive por comerciantes<br />

de Antoni<strong>na</strong> e Morretes, tem<br />

desvirtua<strong>do</strong> a origi<strong>na</strong>lidade <strong>do</strong> prato.


SIMPLES ASSIM<br />

Por Infeto<br />

Ossos <strong>do</strong> ofício.<br />

Ossos precipício.<br />

Vida descontínua.<br />

Vida que termi<strong>na</strong>.<br />

Sebo <strong>na</strong>s canelas.<br />

Sebo de vela.<br />

Doença infer<strong>na</strong>l.<br />

Infer<strong>no</strong> Car<strong>na</strong>l<br />

Desejo reprimi<strong>do</strong>.<br />

Represo estampi<strong>do</strong>.<br />

Vozes <strong>no</strong> ouvi<strong>do</strong>.<br />

Orelha <strong>no</strong> testículo.<br />

Razão bem rasa.<br />

Proporção imediata.<br />

Desti<strong>no</strong> cria vínculo.<br />

Link tem vírus.<br />

Assim vou viven<strong>do</strong> até quase parar!<br />

Assim vou paran<strong>do</strong> até me acabar!<br />

Paran<strong>do</strong> viven<strong>do</strong>.<br />

Viven<strong>do</strong> paran<strong>do</strong>.<br />

Pensan<strong>do</strong>!<br />

65<br />

INFETO<br />

Soteropolita<strong>no</strong>, conheci<strong>do</strong> como<br />

INFETO. Diploma<strong>do</strong> em<br />

ansiedade, insônia, frustração<br />

e com tendências artísticas e<br />

ao pensar desde os 14 a<strong>no</strong>s.<br />

Julga-se, autodidata e ig<strong>no</strong>rante<br />

por <strong>na</strong>tureza perante a arte.<br />

Possui projetos engaveta<strong>do</strong>s e<br />

alguns realiza<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s áreas<br />

literárias (contos, resenhas,<br />

críticas, artigos, mo<strong>no</strong>grafias,<br />

poemas, crônicas, livros etc.), e<br />

também <strong>na</strong>s áreas de teatro e<br />

cinema (roteiros de curtas e<br />

peças), música, e artes visuais<br />

em geral. "Sou o espírito <strong>do</strong> Dr.<br />

Fritz incorpora<strong>do</strong> num corpo de<br />

um tetraplégico."


ACEITO A NOITE LENTA<br />

Por Gustavo Henrique Bella<br />

Aceito a <strong>no</strong>ite lenta de horas vagas<br />

Grisalhos cabelos surgem com a névoa branca<br />

Lembranças cintilantes <strong>no</strong> céu passa<strong>do</strong><br />

E aquela mão roga por um toque<br />

Recebe uma face em meio a <strong>no</strong>ite<br />

O tempo que sofre entre as horas negras<br />

Grita pelo <strong>no</strong>me de alguém que passa<br />

Ape<strong>na</strong>s um eco <strong>na</strong> escuridão faminta<br />

Levan<strong>do</strong> beijos que serpenteiam o coração<br />

Cravan<strong>do</strong> presas de vene<strong>no</strong> amargo<br />

Derruban<strong>do</strong> os fortes e consumin<strong>do</strong> os fracos<br />

Irônica vida de encantos tolos<br />

Fortes palavras ditas a esmos<br />

Sem salvação ou redenção<br />

São ape<strong>na</strong>s as presas encontram o tempo<br />

E a <strong>no</strong>ite longa ganha força ante as horas<br />

Consumin<strong>do</strong> o corpo e diluin<strong>do</strong> a alma.<br />

66


ESPERANÇA<br />

Por Gilberto Nogueira de Oliveira<br />

Transpus um arco argenti<strong>no</strong><br />

E caí num <strong>na</strong>da<br />

Um <strong>na</strong>da abstrato<br />

Um <strong>na</strong>da incomum<br />

Acontece tantas com o homem...<br />

Hesse aceitou o desafio <strong>do</strong> lobo<br />

Vencen<strong>do</strong> a si próprio<br />

Kardek venceu as religiões<br />

Esquivan<strong>do</strong>-se de todas<br />

Titov venceu o desafio <strong>do</strong> Vostok<br />

Dan<strong>do</strong> dezessete voltas em órbita da<br />

terra<br />

Gagárin venceu o desafio das<br />

religiões:<br />

“Fui ao céu e não vi Deus”<br />

Os japoneses venceram o desafio da<br />

bomba A<br />

Provaram que os EUA não ganharam<br />

a guerra<br />

Quem consertaria o mun<strong>do</strong>?<br />

Eu? Você? Nós? Eles?<br />

Talvez a educação<br />

Talvez os filósofos...<br />

Talvez ninguém.<br />

E se o tempo consertar?<br />

Mas o tempo não existe.<br />

Vamos tentar?<br />

É uma esperança...<br />

E se esperarmos e <strong>na</strong>da vier?<br />

Que fazer?<br />

Vamos lutar?<br />

67<br />

Gilberto Nogueira de Oliveira<br />

1953 - Nasce a 26 de agosto em Nazaré-<br />

Ba 1968 – Ingressa <strong>no</strong> PC<strong>do</strong>B, <strong>na</strong> ilegalidade<br />

e começa sua carreira literária com<br />

várias poesias e um romance: A VIN-<br />

GANÇA DOS IRRACIONAIS<br />

1971 – Escreve REVOLTA e algumas<br />

poesias<br />

1972 – Perde seu irmão mais velho (21<br />

a<strong>no</strong>s) em Salva<strong>do</strong>r-Ba <strong>na</strong> militância política.<br />

1974 – Escreve o SANTO DEMONIO e<br />

poesias<br />

1976 – Muda-se para Belo Horizonte a<br />

trabalho e escreve poesias<br />

1977 – Escreve ESSES HEROIS CAM-<br />

PONESES, OS DOIS POLOS ANTA-<br />

GÔNICOS e algumas poesias<br />

1979 /1994 Escreve poesias<br />

1995 – Escreve O SISTEMA e poesias<br />

1998 – Escreve NEOLIBERALISMO NO<br />

CÉU e poesias<br />

1999 – Escreve IMPÉRIO e mais <strong>do</strong>is<br />

livros que continuam sem títulos.<br />

2000 -10 – Escreve ORGIAS CAPITAIS,<br />

FERRO, O HOMEM PARTIDO<br />

2001 – Escreve TEATRO IMPRODUTI-<br />

VO, ZÉ, e conclui o livro FERRO. São<br />

organizadas todas as suas poesias em<br />

<strong>do</strong>is livros com os títulos LÁ FORA e EM<br />

MINHA TERRA.<br />

Contato:gilbertosombra@hotmail.com


ALMA ESCURA<br />

Por Fabricio Couto Martins<br />

Tantas <strong>no</strong>ites para desvendar<br />

Os mistérios dessa alma escura,<br />

Nos anseios dessa louca procura<br />

E eu pobre de mim <strong>na</strong>da consegui<br />

entender ,então hoje minha alma<br />

Eu quero entregar a qualquer aventura<br />

possível,dentro desse sonho estranho que<br />

Se chama vida,dentro desta <strong>no</strong>ite comum,<br />

Onde estrelas brilham como sempre <strong>no</strong> céu<br />

Eu procuro um senti<strong>do</strong>,um senti<strong>do</strong> para alem desse véu.<br />

F abrício Couto Martins. Moro em Fronteira, Mi<strong>na</strong>s Gerais, onde sempre vivi,escrevo<br />

desde a<strong>do</strong>lescente, e já publiquei alguns poemas numa antologia da editora<br />

Scortecci que foi lançada <strong>na</strong> XVIII bie<strong>na</strong>l inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> livro de São Paulo,<br />

porém minha obra é bem vasta e diversificada e inclui poesias, crônicas, contos,<br />

textos e até letras para canções, a maioria de minha obra ainda não foi publicada.<br />

Mantenho alguns endereços <strong>na</strong> internet onde coloco quase que diariamente obras<br />

de minha autoria, a saber, os <strong>do</strong>is mais acessa<strong>do</strong>s são:<br />

http://blog<strong>do</strong>sblogs.spaceblog.com.br<br />

http://artespontaneaart.blogspot.com<br />

68


MUSA IMPASSÍVEL I<br />

Musa! um gesto sequer de <strong>do</strong>r ou de sincero<br />

Luto jamais te afeie o cândi<strong>do</strong> semblante!<br />

Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho,<br />

e diante<br />

De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.<br />

Em teus olhos não quero a lágrima; não quero<br />

Em tua boca o suave o idílico descante.<br />

Celebra ora um fantasma angüiforme de Dante;<br />

Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.<br />

Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;<br />

A rima cujo som, de uma harmonia crebra,<br />

Cante aos ouvi<strong>do</strong>s d'alma; a estrofe limpa e viva;<br />

Versos que lembrem, com seus bárbaros ruí<strong>do</strong>s,<br />

Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,<br />

Ora o sur<strong>do</strong> rumor de mármores parti<strong>do</strong>s.<br />

69<br />

Mármores (1895)


Abaguala<strong>do</strong>* - O que ainda é muito<br />

arisco e espantadiço, como se fora<br />

bagual. É semelhante a bagual.<br />

Abichor<strong>na</strong><strong>do</strong> - Aborreci<strong>do</strong>, triste, desanima<strong>do</strong>.<br />

Aboletar-se* - Instalar-se. Ocupar<br />

indevidamente determi<strong>na</strong><strong>do</strong> lugar. Receber<br />

ou ganhar qualquer coisa. Apoderar-se<br />

de algo ou ocupar determinda<strong>do</strong><br />

lugar por esperteza.<br />

Abrir cancha - Abrir espaço para alguém<br />

passar.<br />

Achego - Amparo, encosto, proteção.<br />

Acolherar* - Unir <strong>do</strong>is animais por<br />

meio de uma peque<strong>na</strong> guasca amarrada<br />

ao pescoço. Atrelar ou ajoujar<br />

animais por meio de coleira. Unir, juntar<br />

com relação a pessoas.<br />

Acolhera<strong>do</strong>* - Andar acolhera<strong>do</strong>s,<br />

sempre junto de duas pessoas.<br />

Açoiteira* - Parte <strong>do</strong> relho ou rebenque,<br />

constituída de tira ou tiras de<br />

couro, trançadas ou justapostas, com<br />

qual se castiga o animal de montaria<br />

ou de tração.<br />

Afeitar - Cortar a barba.<br />

Agrega<strong>do</strong> - Pessoa pobre que se estabelece<br />

em terras alheias.<br />

http://www.sougaucho.com.br/<br />

70<br />

Bolicheiro - Do<strong>no</strong> de bolicho.<br />

Bolicho - Casa de negócio.<br />

Bugio - Pelego curti<strong>do</strong> e pinta<strong>do</strong>, em<br />

Bue<strong>na</strong>cho - Muito bom, excelente,<br />

Chile<strong>na</strong>* - Espora grande de papagaio<br />

vira<strong>do</strong> e grandes rosetas, muito usada<br />

pelos campeiros e <strong>do</strong>ma<strong>do</strong>res.<br />

Chimango - Alcunha dada <strong>no</strong> Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul aos partidários <strong>do</strong> gover<strong>no</strong><br />

<strong>na</strong> Revolução de 1929.<br />

Chi<strong>na</strong> - Descendente ou mulher de<br />

índio, ou pessoa <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong> que<br />

apresenta algumas das características<br />

étnicas das mulheres indíge<strong>na</strong>s. Mulher<br />

de vida fácil.<br />

Chineiro - Grande número de chi<strong>na</strong>s,<br />

Gaudério - Pessoa que não tem ocupação<br />

séria e vive à custa <strong>do</strong>s outros,<br />

andan<strong>do</strong> de casa em casa. Parasita,<br />

amigo de viver à custa alheia.<br />

Gauderiar* - Viver vida de gaudério,<br />

viver à custa de outrem, vagabundar<br />

viven<strong>do</strong> às expensas de outrem. O<br />

mesmo que gandular ou fila.<br />

Ma<strong>no</strong>taço - Pancada que o cavalo dá<br />

com uma das patas dianteiras, ou com<br />

ambas, bofetada, pancada com a mão<br />

dada por pessoa.<br />

Minua<strong>no</strong> - Vento frio e seco que sopra<br />

<strong>do</strong> sudeste, <strong>no</strong> inver<strong>no</strong>, vem <strong>do</strong>s Andes.


Por Eurico de Andrade<br />

BEMBEM PADECE DE AMOR<br />

O Raimun<strong>do</strong> barbeiro estava quase in<strong>do</strong> à falência. A machaiada de Tabuí fizera da sua<br />

barbearia ponto de encontro predileto, onde se ficava saben<strong>do</strong> de tu<strong>do</strong>. Quem tava fican<strong>do</strong><br />

rico ou pobre, quem gostava de quem, quem apanhou de quem, quem tava sain<strong>do</strong> com<br />

quem... E o Raimun<strong>do</strong> brabo com a falta da freguesia que refugava de tanto falatório. Freguês<br />

que se aventurasse ali, mal saía, a ficha tava completa e era assunto por uma sema<strong>na</strong>.<br />

Até que um dia o barbeiro resolve espantar o azar. Zequinha Bembem, o açougueiro simplório,<br />

o mais conversa<strong>do</strong>r de to<strong>do</strong>s, conta<strong>do</strong>r de papo, inventor de histórias, meti<strong>do</strong> a brabo e a<br />

paquera<strong>do</strong>r, era quem mais divertia a turma da barbearia. Raimun<strong>do</strong> acha de aprontar com o<br />

Bembem para ver se espalhava aquela homaiada da sua barbearia e a freguesia voltava. Escreveu<br />

bilhete com letrinha delicada, caprichan<strong>do</strong> <strong>na</strong> língua pátria. "Zequinha, tô pacho<strong>na</strong>da<br />

por ocê. Sou sua fãn ocurta. Quero marcá incontro. Guarda segre<strong>do</strong>." E colocou o bilhete<br />

debaixo da porta <strong>do</strong> açougue, já tarde da <strong>no</strong>ite, para não correr o risco de ser visto.<br />

No dia seguinte, mal o Raimun<strong>do</strong> abre a barbearia,<br />

lá vem o Zequinha Bembem corren<strong>do</strong>, eufórico.<br />

- Remun<strong>do</strong>, óia só! Ela tá paixo<strong>na</strong>da por mim, sô!<br />

E Raimun<strong>do</strong> leu o bilhete que ele mesmo escrevera,<br />

mostran<strong>do</strong> espanto.<br />

- Mas ocê não tá guarda<strong>no</strong> o segre<strong>do</strong> que ela<br />

pediu, ô Bembem!<br />

- Só tô conta<strong>no</strong> procê, Remun<strong>do</strong>!<br />

- Óia, é bom ocê não contá para mais ninguém<br />

não, sô! Cê num conhece aquele dita<strong>do</strong> que diz<br />

que quem tiver segre<strong>do</strong>, não conte pra mulher casada,<br />

pois ela conta pro mari<strong>do</strong> e ele pro seu camarada? Segre<strong>do</strong><br />

tem per<strong>na</strong> curta, home! Ainda bem, Bembem,<br />

que sou homem de pouca fala! E quem será ela?<br />

- Sei não... Pode sê a...<br />

E Bembem teceu uma longa lista das possíveis pretendentes. De solteiras <strong>do</strong>nzelas a casadas<br />

que jogavam água fora da bacia, até beatas convictas e juramentadas.<br />

- Ah, Remun<strong>do</strong>! É dessa vez que eu disincravo, sô! Vai s'imbora, solidão!...<br />

Bembem passou o dia inquieto, rin<strong>do</strong> a toa, <strong>do</strong>i<strong>do</strong> para enfronhar conversa de amor. Como<br />

ninguém deu trela, ele se calou. E Raimun<strong>do</strong>, só de butuca, queren<strong>do</strong> ver até quan<strong>do</strong> o<br />

homem guardava segre<strong>do</strong>. Antes de ir para casa, comecinho da <strong>no</strong>ite, escreve outro bilhete,<br />

<strong>no</strong>vamente com letrinha delicada "Beimbeim, meu amor. Quero mim revelá procê amanhã<br />

de <strong>no</strong>ite ao beco <strong>do</strong> Mijo 9 in ponto. Se eu demorá um poco, mim espera. Vái sozinho. De<br />

camisa branca pra mode eu vê ocê <strong>no</strong> iscuro. Nem paletó, nem blusa e nem xapéu. Oia o<br />

segre<strong>do</strong> viu? Sua amada". Deixa-o debaixo da porta <strong>do</strong> açougue e vai pra casa esconder-se<br />

<strong>do</strong> frio entre as colchas e coxas da patroa.<br />

De manhãzinha, lá vem o Bembem corren<strong>do</strong> de <strong>no</strong>vo, emocio<strong>na</strong><strong>do</strong> e sem fala, esconden<strong>do</strong><br />

papelzinho rosa <strong>no</strong> bolso.<br />

- Remun<strong>do</strong>, ela me escreveu de <strong>no</strong>vo, sô!<br />

- Ih, é? Dexovê!<br />

- Na-<strong>na</strong>-ni-<strong>na</strong>-não! Desta veiz não! Vô guardá segre<strong>do</strong>. É pedi<strong>do</strong> dela.<br />

- Deixa de sê bobo, sô! Cumpoco cê tá pensan<strong>do</strong> que eu quero passá ocê pra trás?<br />

- Né isso não, Remun<strong>do</strong>! Amanhã eu conto procê, tu<strong>do</strong>, <strong>no</strong> seu tintim, viu? Ah!...<br />

Esta <strong>no</strong>ite vai acontecê coisas!... - suspirou ele, reviran<strong>do</strong> o zoinho.<br />

71


Raimun<strong>do</strong> viu o amigo pra lá de emocio<strong>na</strong><strong>do</strong>. Os olhos brilhan<strong>do</strong>, a respiração ofegante e<br />

ele não parava um instante sequer, saltitante feito tiziu.<br />

Bembem, <strong>na</strong>quele dia, não abriu o açougue e nem matou vaca. Ficou zanzan<strong>do</strong> pela rua,<br />

rumi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> seu segre<strong>do</strong>, ven<strong>do</strong> passarinho verde, <strong>do</strong>i<strong>do</strong> pra contar para alguém, mas se seguran<strong>do</strong><br />

<strong>no</strong>s trancos, em respeito ao pedi<strong>do</strong> da amada desconhecida.<br />

À <strong>no</strong>ite, a barbearia funcio<strong>no</strong>u até bem mais tarde. O Raimun<strong>do</strong>, pedin<strong>do</strong> boca de siri, contou<br />

pra mais de uns quinze a história <strong>do</strong> Bembem. E to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ficou saben<strong>do</strong> o que iria acontecer.<br />

Um pouquinho antes das <strong>no</strong>ve, tá a turma toda abafada, dentro da barbearia, tiritan<strong>do</strong> de<br />

frio, cada um mais encapota<strong>do</strong> que o outro, esperan<strong>do</strong> Bembem passar. Para chegar ao beco<br />

<strong>do</strong> Mijo, aquele era o único caminho. Cinco pras <strong>no</strong>ve, um avisa lá vem o home! Bembem<br />

vem, em manga de camisa branca, banho toma<strong>do</strong>, perfuma<strong>do</strong> e barba feita, olhan<strong>do</strong> desconfia<strong>do</strong><br />

para a porta da barbearia, de onde saia luz e bafo de macho. Assim que vai passan<strong>do</strong>, encolhi<strong>do</strong><br />

pelo frio e para não ser visto, alguém grita lá de dentro ô Bembem, ondé cocê vai, sô?<br />

Vamo chegá, home! O açougueiro, pego de surpresa, treme <strong>na</strong>s bases, sente batedeira, perde o<br />

tesão inconti<strong>do</strong> e começa a suar frio.<br />

- Tá com frio não, Bembem?<br />

- Vô ali! Tô não! - responde o moço às duas perguntas de uma vez.<br />

- Vem cá, Bembem! Vamo tomá uma pra esquentar o peito, home! - insiste o outro.<br />

- Depois em venho, tá? Larga deu! Dexeu em paz!<br />

E isala <strong>no</strong> mun<strong>do</strong>, ganhan<strong>do</strong> a escuridão <strong>do</strong> beco <strong>do</strong> Mijo. Nessa hora, o Raimun<strong>do</strong> barbeiro<br />

entra em ação. Pega sua bicicleta velha, de <strong>no</strong>me magricela, bastante escangalhada, e sai<br />

também em direção ao beco <strong>do</strong> Mijo. Passa pelo Bembem e finge não conhecê-lo. Dá uns cinco<br />

minutos de prazo e volta. Repete a ida e a vinda mais umas duas vezes, enquanto o Bembem<br />

se espreme entre um muro e um poste de luz sem luz, imagi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> que não seria visto e<br />

nem reconheci<strong>do</strong> pelo barbeiro. Praguejava pros seus botões, queren<strong>do</strong> saber o que o Raimun<strong>do</strong><br />

fazia por ali, àquela hora da <strong>no</strong>ite. E, emocio<strong>na</strong><strong>do</strong>, espera, espera, espera... Tremen<strong>do</strong> de<br />

frio. Até que, da emoção, após mais de uma hora, passa<br />

à raiva e resolve ir embora. O povo, estranhamente, -<br />

Bembem achou -, <strong>na</strong>quele frio, continuava <strong>na</strong> barbearia.<br />

Puto da vida, resolve pular <strong>do</strong>is muros <strong>do</strong> quintal <strong>do</strong> Alfredão,<br />

corren<strong>do</strong> risco de mordida de cachorro, para não<br />

ser mais visto por aquele ban<strong>do</strong> de vagabun<strong>do</strong>s. Passa<br />

<strong>no</strong> seu açougue, já quase 11 da <strong>no</strong>ite para procurar si<strong>na</strong>l<br />

da amada. E acha. Papelzinho cheiroso, cor de rosa,<br />

com letrinha delicada, dizia:<br />

"Meu bem. Me per<strong>do</strong>a gostozão. Num deu pra mim<br />

falá cocê. Si ocê num sabe, sou muié casada e o tara<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Remun<strong>do</strong> barbero tá disconfia<strong>do</strong> e aresorveu dá em<br />

riba deu e a siguieu faze<strong>no</strong> preposta obisse<strong>na</strong> de sequisso. Como num quero ficá malafamada,<br />

adeus".<br />

Bembem não esperou pelo dia seguinte. Saiu de si e deixou, <strong>no</strong> coração, lugar para homem<br />

brabo. Pegou faca de sangrar vaca e foi pra barbearia. A turma, incentivada pelo Raimun<strong>do</strong>,<br />

esperava.<br />

- Cadê aquele disgraça<strong>do</strong> <strong>do</strong> Remun<strong>do</strong>? Remun<strong>do</strong>!... Traidô! Vem cá fora procê vê o<br />

quequié bão pa tosse! Cê tá da<strong>no</strong> inriba dela, né, fedaputa?!...<br />

Entrou em campo a turma <strong>do</strong> deixa disso e foram segurar o Zequinha Bembem. Começaram<br />

os empurra-empurras e os sopapos. E uns passaram a descontar <strong>no</strong>s outros as mágoas de<br />

antigamente, as fofocas mal ditas e as falas bem ditas, dan<strong>do</strong> e levan<strong>do</strong><br />

72


or<strong>do</strong>ada. Cada um por si e Deus por to<strong>do</strong>s. O fuzuê foi feio, em ple<strong>na</strong> rua, beiran<strong>do</strong> a<br />

meia-<strong>no</strong>ite. Na refrega, alguém sumiu com a faca <strong>do</strong> açougueiro, desapareceram a peruca <strong>do</strong><br />

alfaiate Cirilo e a dentadura <strong>do</strong> Laerte. Quan<strong>do</strong> chegou o Divi<strong>no</strong> solda<strong>do</strong>, o Toim Zaroio procurava,<br />

tatean<strong>do</strong> o chão, os seus óculos fun<strong>do</strong> de garrafa e ninguém entendeu porque o Mané<br />

Falafi<strong>na</strong>, o qualira da cidade, mais conheci<strong>do</strong> como arame liso, perdeu a calça e tava senta<strong>do</strong><br />

<strong>no</strong> colo <strong>do</strong> Xinco Mangüara num cantinho mais escuro. Com o Divi<strong>no</strong>, tu<strong>do</strong> acalmou quan<strong>do</strong>,<br />

franzi<strong>no</strong> e baixinho, ele teve que gritar, dan<strong>do</strong> pulinhos e tiros pro alto para impor sua vontade.<br />

- Cês num tão ve<strong>no</strong> a otoridade aqui não, ô? Pára cuisso, cambada de fedaputa!<br />

Ao ouvir os tiros e sentir cheiro de autoridade, cada um foi sain<strong>do</strong> de fininho pra caçar seu<br />

canto, fugin<strong>do</strong> de ver o sol <strong>na</strong>scer quadra<strong>do</strong>. E Raimun<strong>do</strong>, o único que não tomou parte da<br />

confusão <strong>no</strong> meio da rua, fechou sua barbearia em paz, enquanto os da turma, alguns de olho<br />

incha<strong>do</strong>, boca sangran<strong>do</strong> e cuspin<strong>do</strong> dente, ficaram de <strong>na</strong>riz torci<strong>do</strong> e de mal uns com os outros.<br />

Era o que queria Raimun<strong>do</strong>, para atrair de <strong>no</strong>vo a freguesia.<br />

Eurico Andrade.<br />

Um meni<strong>no</strong> que <strong>na</strong>sceu e começou a crescer lá <strong>no</strong> interior <strong>do</strong><br />

interior pescan<strong>do</strong> piabas, traíras e chorões <strong>no</strong> anzol e <strong>no</strong> puçá...<br />

Pegan<strong>do</strong> juritis e saracuras <strong>na</strong> arapuca... Chupan<strong>do</strong> ingá, gabiroba,<br />

pei<strong>do</strong>rreira, baco-pari, araçá, mangaba e cagaita... Montan<strong>do</strong><br />

cavalo em pêlo... Beben<strong>do</strong> leite direto <strong>do</strong>s peitos de vacas,<br />

éguas, cabras e ovelhas... Comen<strong>do</strong> pururuca, angu com<br />

couve e torresmo... Morren<strong>do</strong> de me<strong>do</strong> de assombração, evitan<strong>do</strong><br />

mato para não virar comida de onça... Fazen<strong>do</strong> promessas<br />

pra São Sebastião, São Jorge e Santa Bárbara... Garran<strong>do</strong> com<br />

o chefe de tu<strong>do</strong> quanto é santo para não deixar nenhum insatisfeito...<br />

Acreditan<strong>do</strong> <strong>no</strong> coisa ruim, em mal-olha<strong>do</strong>, em assombração e <strong>no</strong> saci pererê...<br />

Curan<strong>do</strong> cobreiro e inflamação de aroeira com a Maria Geroma, à custa de muita<br />

Ave-Maria e fio frio da faca afiada... Educa<strong>do</strong> sob a batuta <strong>do</strong> chicote e ameaças<br />

de castigo de Deus, <strong>no</strong>sso Senhor... Trabalhan<strong>do</strong> como candieiro guian<strong>do</strong> carro de<br />

boi... Trabalhan<strong>do</strong> como meeiro e tarefeiro <strong>no</strong> cabo da enxada... Ajudan<strong>do</strong> vaca <strong>na</strong><br />

hora <strong>do</strong> parto... Ven<strong>do</strong> a Joaninha apanhan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Zé da Ponte <strong>do</strong> Bode enquanto ele<br />

cobria de mimos e beijos a mocinha Julieta... Beben<strong>do</strong> chá de mané turé, carqueja,<br />

fedegoso, chapéu de couro, congonha... Comen<strong>do</strong> beldroega, broto de aboboreira,<br />

miolo de gueroba, frango com pequi, angu com quiabo, quibebe, inhame com leite...<br />

Assistin<strong>do</strong> a boiada passar... Ven<strong>do</strong> o trem de ferro apontar <strong>na</strong> boca de um corte e<br />

sumir <strong>na</strong> outra carregan<strong>do</strong> boi, muquiça e gente... Ven<strong>do</strong> a enchente destruir as roças<br />

de arroz e milho <strong>do</strong> pai... Arrancan<strong>do</strong> mandioca <strong>no</strong> muque pra farinha e o polvilho<br />

<strong>do</strong> a<strong>no</strong>... Fazen<strong>do</strong> paçoca de carne seca e socan<strong>do</strong> arroz e café <strong>no</strong> monjolo de<br />

pé... In<strong>do</strong> pra escola a uma légua de distância <strong>no</strong> cavalinho da orelha murcha... Conviven<strong>do</strong><br />

e conversan<strong>do</strong> com João Pelota, Zé Rosa, João Garrote, João Geada, Zé<br />

Ficia<strong>no</strong>, Zé Pelotin ha, João Garrotinho, João <strong>do</strong> Zé Ficia<strong>no</strong>, Zeca <strong>do</strong> Zé Ficia<strong>no</strong>, Zé<br />

Albi<strong>no</strong>, João Miguel, Zé <strong>do</strong> Orico, Zé Tavia<strong>no</strong>, João Vergi<strong>na</strong>, Zé Cota, Zé Ramo, João<br />

<strong>do</strong> João Vergi<strong>na</strong>, Severo... Só podia dar <strong>no</strong> que deu, <strong>no</strong> meio de tantos zés e joães<br />

: um escreve<strong>do</strong>r de coisas da roça.<br />

Email: eurico2005c@gmail.com)<br />

73


CANTÕES PEQUENOS E<br />

AUTÔNOMOS<br />

http://www.swissinfo.ch<br />

Se a <strong>Suíça</strong> como Esta<strong>do</strong> surgiu em 1848,<br />

a maioria <strong>do</strong>s cantões tem uma história<br />

bem antiga.<br />

Quan<strong>do</strong> se fala em origem da <strong>Suíça</strong>,<br />

evoca-se freqüentemente a data de 1291.<br />

Isto não é nem totalmente erra<strong>do</strong>, nem<br />

realmente certo. É verdade, <strong>no</strong> entanto,<br />

que <strong>no</strong> fim <strong>do</strong> século XIII, os três cantões<br />

da de<strong>no</strong>mi<strong>na</strong>da ‘<strong>Suíça</strong> primitiva’ – os<br />

Waldstäten Uri, Schwyz e Unterwald –<br />

formalizaram uma aliança de ajuda<br />

mútua.<br />

Lançaram assim os alicerces de uma<br />

confederação de Esta<strong>do</strong>s que perdurou<br />

até 1798. Os outros cantões aderiram a<br />

esse pacto, paulati<strong>na</strong>mente, embora<br />

permanecen<strong>do</strong> entidades quase<br />

independentes.<br />

Uma expansão progressiva<br />

Entre 1353 e 1481, a antiga<br />

Confederação cresceria ao ponto de,<br />

fi<strong>na</strong>lmente reunir oito cantões. Nesse<br />

espaço de tempo, os cantões de Zurique,<br />

Ber<strong>na</strong>, Lucer<strong>na</strong>, Glarus e Zug decidiram,<br />

de fato, unir-se a Uri, Schwyz e<br />

Unterwald. A <strong>Suíça</strong> foi, então, toman<strong>do</strong><br />

forma <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> Sacro Império<br />

Roma<strong>no</strong>-Germânico.<br />

A etapa seguinte ocorreu após o<br />

Convênio de Stans que permitiu aos<br />

diferentes membros da antiga<br />

Confederação acertar um <strong>no</strong>vo<br />

compromisso. A adesão de Solothurn e<br />

Friburgo como membros de ple<strong>no</strong>s<br />

direitos será seguida em 1513 por<br />

Basiléia, Schaffhausen e Appenzell. A<br />

Confederação <strong>do</strong>s 13 antigos cantões<br />

estava formada.<br />

A conclusão desta confederação terá<br />

74<br />

desfecho em 1798 com a “Revolução<br />

Helvética”, baseada <strong>na</strong> Revolução<br />

Francesa, que vai dar <strong>na</strong> criação da<br />

República Helvética. No seio desta,<br />

os cantões não passarão de simples<br />

circunscrições administrativas. A<br />

ocupação <strong>do</strong> território suíço pelas<br />

tropas <strong>na</strong>poleônicas acabava<br />

definitivamente com o Antigo Regime.<br />

Após a queda de Napoleão e o<br />

Congresso de Vie<strong>na</strong>, a <strong>Suíça</strong> retoma<br />

o modelo de Confederação cujo<br />

símbolo é a assi<strong>na</strong>tura <strong>do</strong> Pacto<br />

Federal de 1815.<br />

Entre 1803 e 1815, os <strong>no</strong>vos cantões<br />

– St.Gallen, Grisões (Graubünden),<br />

Aarau, Thurgóvia, Tici<strong>no</strong>, Vaud,<br />

Valais, Neuchâtel e Genebra –<br />

aderem à <strong>Suíça</strong>, preservan<strong>do</strong>, porém,<br />

parcialmente, a própria<br />

independência. Assim, vários cantões<br />

da <strong>Suíça</strong> Romanda (de expressão<br />

francesa) – Genebra, Neuchâtel, Jura<br />

– conservam o <strong>no</strong>me de república e<br />

<strong>do</strong> cantão. Genebra, por exemplo,<br />

de<strong>no</strong>mi<strong>na</strong>m-se “República e Cantão<br />

de Genebra”.<br />

Isto surpreendeu a to<strong>do</strong>s, porque<br />

desde a fundação da <strong>Suíça</strong> como<br />

Esta<strong>do</strong> Federal, os cantões não<br />

gozavam de soberania como esta<strong>do</strong>.<br />

As leis e os regulamentos canto<strong>na</strong>is<br />

estão subordi<strong>na</strong><strong>do</strong>s ao direito federal.


Vastas competências<br />

Em sua estrutura política, os cantões<br />

assemelham-se, porém, à Confederação.<br />

Eles baseiam-se numa constituição que,<br />

em numerosos casos, remonta ao século<br />

XIX. Como o Gover<strong>no</strong> (chama<strong>do</strong> de<br />

Conselho Federal), os executivos<br />

canto<strong>na</strong>is são regi<strong>do</strong>s pelo princípio da<br />

colegialidade e contam com cinco ou sete<br />

membros.<br />

Nos cantões, diferentemente da<br />

Confederação, o gover<strong>no</strong> é eleito pelo<br />

povo e não pelo Parlamento. Os<br />

parlamentos canto<strong>na</strong>is, chama<strong>do</strong>s de<br />

Grande Conselho (Grand Conseil em<br />

francês, e Grosser Rat, Landrat ou<br />

Kantonsrat, <strong>na</strong> <strong>Suíça</strong> Alemã), são<br />

unicamerais, ou seja, dispõem de uma<br />

única câmara legislativa.<br />

Os cantões são credencia<strong>do</strong>s a<br />

promulgar uma constituição e as leis que<br />

os gover<strong>na</strong>m. O poder judiciário é<br />

também da competência deles.<br />

Territórios idênticos<br />

De acor<strong>do</strong> com a Constituição Federal, a<br />

<strong>Suíça</strong> é formada por 26 cantões, sen<strong>do</strong><br />

seis<br />

semi-cantões’: Obwald / Nidwald, Basiléia<br />

-Cidade / Basiléia-Campo, Appenzell<br />

Rhodes Exteriores / Appenzell Rhodes<br />

Interiores. Esse estatuto não afeta a<br />

auto<strong>no</strong>mia inter<strong>na</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> membro. A<br />

diferença está <strong>na</strong> sua representação em<br />

Ber<strong>na</strong>: o ‘semi-cantão’ dispõe ape<strong>na</strong>s de<br />

uma cadeira <strong>no</strong> Se<strong>na</strong><strong>do</strong> (chama<strong>do</strong> de<br />

Conselho <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s ).<br />

Quan<strong>do</strong> de votações populares, em que a<br />

maioria <strong>do</strong>s cantões deve aprovar a<br />

questão submetida a sufrágio, o resulta<strong>do</strong><br />

de um ‘semi-cantão’ conta somente como<br />

metade.<br />

75<br />

Genebra<br />

Foto: Harshil-Shahb<br />

Genebra<br />

Jacqueline Aisenman


A maioria <strong>do</strong>s cantões está enraizada <strong>na</strong><br />

antiga Confederação. Durante séculos,<br />

seus territórios permaneceram<br />

i<strong>na</strong>ltera<strong>do</strong>s. As últimas modificações de<br />

fronteira aconteceram em 1979, quan<strong>do</strong><br />

foi cria<strong>do</strong> o cantão <strong>do</strong> Jura, resulta<strong>do</strong> da<br />

separação de três distritos berneses. E,<br />

em 1993, a região de Laufental deixou o<br />

cantão de Ber<strong>na</strong> para unir-se ao Cantão<br />

de Basiléia-Campo.<br />

Com 37 km2, Basiléia-Cidade é o me<strong>no</strong>r<br />

cantão em superfície. Já os Grisões<br />

(Graubünden) com 7.105 km2 é o maior<br />

<strong>do</strong> país. Zurique é o mais populoso<br />

(quase 1.3 milhão de habitantes, segun<strong>do</strong><br />

da<strong>do</strong>s de 2005). Appenzell Rhodes<br />

Interiores é o cantão com me<strong>no</strong>r<br />

densidade demográfica, pois conta com<br />

somente 15.171 habitantes, de acor<strong>do</strong><br />

com estatísticas de 2004.<br />

http://www.swissinfo.ch<br />

Foto de Michel Bobillier<br />

76<br />

FONDUE SUISSE<br />

Ingredientes (para 4 pessoas):<br />

- 200 g de queijo gruyère suíço meio<br />

salga<strong>do</strong><br />

- 300 g de queijo Swiss Vacherin leve<br />

(a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong>)<br />

- 2,25 dl de vinho branco (Valais)<br />

- 3 colheres de chá de maise<strong>na</strong><br />

- 2 dentes de alho<br />

- Noz-moscada<br />

- Pimenta <strong>do</strong> rei<strong>no</strong><br />

- 1 pitada de bicarbo<strong>na</strong>to de sódio<br />

- 1 / 3 de uma colher de kirsch<br />

- 500 g de pão branco<br />

Preparação:<br />

Corte o queijo em pedaços peque<strong>no</strong>s<br />

e reserve.<br />

Cortar o pão em fatias.<br />

Em uma panela coloque os dentes de<br />

alho e esfregue até esmagá-los, adicione<br />

o vinho branco e milho. Coloque<br />

para aquecer.<br />

Adicione o queijo e deixe derreter,<br />

mexen<strong>do</strong> sempre com uma espátula<br />

de madeira. Quan<strong>do</strong> a mistura estiver<br />

homogênea adicio<strong>na</strong>r o kirsch mistura<strong>do</strong><br />

com bicarbo<strong>na</strong>to de sódio.<br />

Adicione a pimenta, <strong>no</strong>z-moscada e<br />

sirva imediatamente.<br />

http://www.marmiton.org


MEU BRASIL BRASILEIRO<br />

Por Dimythryus<br />

Eu brasileiro, pouco mais <strong>do</strong>s trinta<br />

CPF, regular<br />

Título em dia<br />

Um verdadeiro patriota.<br />

Eu, montoeiras de declarações<br />

Recadastramentos<br />

Retificações<br />

E vão-se os últimos sol<strong>do</strong>s em autenticações e<br />

xérox.<br />

<strong>Brasil</strong>eiro, da contribuição sindical<br />

PIS, FGTS, Confins, IRPF, CPMF, IOF<br />

Malha fi<strong>na</strong>, Carne Leão<br />

E o tão bravo e guerreiro SALÁRIO mínimo.<br />

Sem contar o ICMS, IPTU, licenciamento, taxa de luz<br />

E extensas filas de centopéias enlouquecidas<br />

Protocolos queda de pressão, indeferimento<br />

E vão-se os dígitos <strong>do</strong> impostômetro.<br />

Quarta feira campeo<strong>na</strong>to brasileiro<br />

Sambinha<br />

Uma loira geladíssima, espetinho<br />

E mais um lote da restituição é libera<strong>do</strong>.<br />

D imythius. Heterônimo <strong>do</strong> poeta Darlan Alberto T. A. Padilha, Licencia<strong>do</strong><br />

em Letras pela Faculdade UNIESP-SP, Embaixa<strong>do</strong>r da Paz, título<br />

que lhe fora atribuí<strong>do</strong> pelo “CERCLE UNIVERSEL DES AMBASSADEURS<br />

DE LA PAIX – SUISSE – FRANCE (Genebra – <strong>Suíça</strong>). Entre suas 71 premiações<br />

destaca-se o “Prix Francophonie” a Menção Honrosa (Diplôme<br />

d’honneur) <strong>no</strong> 10éme Concours Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l de Litterature Regards 2009<br />

(Nevers – France). Contatos:<br />

Caixa Postal : 1573 – São Paulo / SP – <strong>Brasil</strong>, 01009-972<br />

Dimythryus@hotmail.com<br />

eucaliptos.jequitibas@gmail.com<br />

Cel.: (11) 7377-3630 - Tel. Com: (11) 3106 – 0078<br />

77


Salve, salve os santos padroeiros<br />

(Resumo de matéria da revista Bons Fluí<strong>do</strong>s)<br />

Na tradição brasileira, junho é mês de festa, quentão, quadrilha e de comemorar os<br />

dias de padroeiros queri<strong>do</strong>s: são João, são Pedro e santo Antônio. Conheça a história<br />

<strong>do</strong>s santos juni<strong>no</strong>s, reze e – por que não? – capriche <strong>no</strong>s pedi<strong>do</strong>s e <strong>na</strong>s simpatias.<br />

Chapéu de palha, fantasia de caipira, rojão, busca-pé, balão, bombinha. É assim<br />

que a gente gosta de reverenciar <strong>no</strong>ssos queri<strong>do</strong>s santos <strong>do</strong> mês de junho. Viramos<br />

crianças ao pé da fogueira, soltan<strong>do</strong> biriba, comen<strong>do</strong> pipoca e pé-de-moleque<br />

– e fazen<strong>do</strong> simpatias para conseguir amor, felicidade e fartura. Afi<strong>na</strong>l, os santos<br />

estão aí para isso mesmo.<br />

Essas festas tão brasileiras têm <strong>na</strong> verdade uma origem remota. Antes <strong>do</strong> <strong>na</strong>scimento<br />

de Jesus Cristo, os povos pagãos <strong>do</strong> Hemisfério Norte celebravam o solstício<br />

de verão, o dia mais longo e a <strong>no</strong>ite mais curta <strong>do</strong> a<strong>no</strong>, que lá acontece em junho<br />

e marca o início da estação quente. Nessas festas, a fim de promover a fertilidade<br />

da terra e garantir boas colheitas futuras, havia danças e fogueiras (acesas<br />

para afugentar os espíritos maus).<br />

Com o avanço <strong>do</strong> cristianismo, a Igreja preservou e<br />

incorporou essas tradições também como forma de<br />

conseguir mais popularidade. No século 6, os ritos<br />

da festa <strong>do</strong> dia <strong>do</strong> solstício de verão, em 21 de junho,<br />

passaram para o dia <strong>do</strong> <strong>na</strong>scimento de são<br />

João Batista, dia 24 de junho. Mais tarde, <strong>no</strong> século<br />

13, foram incluídas <strong>no</strong> calendário litúrgico as datas<br />

comemorativas de santo Antônio (dia 13) e são Pedro<br />

(dia 29).<br />

Os coloniza<strong>do</strong>res portugueses trouxeram as festividades<br />

para o <strong>Brasil</strong> e aqui elas ganharam cores e<br />

sabores influencia<strong>do</strong>s pelos índios e negros escravos,<br />

responsáveis pela mão-de-obra <strong>na</strong>s cozinhas<br />

coloniais. “É por isso que até hoje reverenciamos<br />

os santos juni<strong>no</strong>s provan<strong>do</strong> quitutes de milho, amen<strong>do</strong>im<br />

e mandioca, ingredientes básicos <strong>na</strong> mesa<br />

popular para bolos, tapioca, paçoca, pé-demoleque,<br />

milho cozi<strong>do</strong>”, diz a especialista em folclore<br />

e cultura popular Lourdes Mace<strong>na</strong>, coorde<strong>na</strong><strong>do</strong>ra<br />

de pós-graduação <strong>do</strong> Centro Federal de Educação<br />

Tec<strong>no</strong>lógica <strong>do</strong> Ceará, em Fortaleza. Nos esta<strong>do</strong>s<br />

<strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s, as festas juni<strong>na</strong>s hoje são tão populares<br />

quanto o Car<strong>na</strong>val. “Para os sertanejos, elas<br />

têm um significa<strong>do</strong> muito importante, reforçan<strong>do</strong> o<br />

senti<strong>do</strong> de união da comunidade”, explica Lourdes.<br />

Revista Bons Fluí<strong>do</strong>s de junho<br />

de 2004 com texto de<br />

Wilson F. D. Weigl.<br />

78


Roti<strong>na</strong><br />

Por Cristiane Stancovik<br />

Na roti<strong>na</strong> de fechar meus olhos<br />

venho aqui to<strong>do</strong>s os dias<br />

neste mun<strong>do</strong> impudico<br />

tênue <strong>na</strong> consciência<br />

<strong>do</strong> reles mortal que sou<br />

tele transporto-te comigo<br />

para um mun<strong>do</strong> nubente<br />

de compromisso com nós <strong>do</strong>is<br />

confirman<strong>do</strong> que a felicidade<br />

o bem estar de um coração apaixo<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

sustenta o depois<br />

que o simples toque <strong>do</strong> perfeito<br />

desvenda mistérios<br />

desmistifica o impossível<br />

concretiza o desejo<br />

da sensação <strong>do</strong>lente<br />

de um sentimento indescritível<br />

envolven<strong>do</strong>-te <strong>na</strong> dimensão exata<br />

que é exatamente permanecer comigo <strong>no</strong><br />

além<br />

ten<strong>do</strong> a certeza de que quan<strong>do</strong> fechas<br />

teus olhos<br />

sentes o mesmo prazer<br />

que eu estou sentin<strong>do</strong> também.<br />

79<br />

N elci Cristiane Stancovik<br />

<strong>na</strong>sceu em Novo Hamburgo,<br />

Rio Grande <strong>do</strong> Sul <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de<br />

1980, mas vive em Capivari de<br />

Baixo, Santa Catari<strong>na</strong> desde os<br />

<strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s de idade. É filha de<br />

Nelson Stancovik (artista circense)<br />

e Clair Salete Pan<strong>do</strong>lfi<br />

(descendente de imigrantes italia<strong>no</strong>s).<br />

Estudante de letras <strong>na</strong> Universidade<br />

<strong>do</strong> Sul de Santa Catari<strong>na</strong>,<br />

lugar o qual foi incentivada por<br />

sua professora de literatura<br />

"Jussara Bittencout de<br />

Sá" (escritora) a escrever e inscrever-se<br />

para um concurso <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

literário <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2008,<br />

conquistan<strong>do</strong> o primeiro lugar <strong>na</strong><br />

categoria crônica.


Um <strong>do</strong>s festivais de verão mais conheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, o<br />

Festival de Jazz de Montreux reúne a cada a<strong>no</strong> uma diversidade<br />

de artistas que chegam <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>.<br />

Ao contrário <strong>do</strong> título, o festival não se resume ao jazz,<br />

mas traz muitos tipos de música.<br />

Há o programa pago e o programa livre. Neste segun<strong>do</strong>,<br />

artistas das mais variadas localidades e com performances<br />

que <strong>no</strong>s levam a passeios por vários ritmos, fazem o<br />

show em diversos locais exter<strong>no</strong>s (parques e palcos) <strong>do</strong><br />

festival e também <strong>no</strong> já famoso Montreux Jazz Café.<br />

Uma experiência musical única, o Festival traz <strong>no</strong>mes<br />

consagra<strong>do</strong>s e revela talentos a cada a<strong>no</strong>.<br />

Este a<strong>no</strong> o cartaz foi realiza<strong>do</strong> por um artista brasileiro,<br />

Romero Britto<br />

De 02 a 17 de julho de 2010<br />

Para conhecer a programação visite o site:<br />

http://www.montreuxjazz.com/2010/<br />

Romero Britto é um artista, pintor e escultor <strong>na</strong>sci<strong>do</strong> em Recife <strong>no</strong> dia 06 de outubro<br />

de 1963. Sua obra tem elementos da arte pop, o cubismo e o grafite.<br />

Ele fez sua primeira exposição com 14 a<strong>no</strong>s. Em sua juventude, visitou muitos<br />

países da Europa. Sedia<strong>do</strong> em Miami, ele montou seu estúdio<br />

<strong>no</strong> bairro de Coconut Grove, onde expôs suas obras <strong>na</strong>s ruas.<br />

Surgiu <strong>na</strong> ce<strong>na</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, em 1989, ao receber o pedi<strong>do</strong><br />

da marca de vodka Absolut de rótulo <strong>no</strong>vo para uma campanha<br />

publicitária. Seu estilo de desenho diferente começou a<br />

ter uma grande demanda proveniente de grandes empresas,<br />

tanto para os murais e esculturas como para produtos de identificação<br />

das sociedades. Recentemente, por exemplo, ele trabalhou<br />

para a Disney e Evian.<br />

Britto foi <strong>no</strong>mea<strong>do</strong> embaixa<strong>do</strong>r das Artes pela Flórida. Em 2007, ele fez uma<br />

escultura para o quadragésimo aniversário <strong>do</strong> Festival de Jazz de Montreux e<br />

figuri<strong>no</strong>s para o quadragésimo primeiro Super Bowl.<br />

http://www.britto.com/<br />

http://www.britto.com.br/<br />

80<br />

Fotos e biografia: Wikipédia


CALENDÁRIO<br />

Por Clarice Villac<br />

Finzinho de abril –<br />

conhece<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> tempo<br />

as flores-de-maio<br />

penduradas <strong>na</strong> varanda<br />

formam seus botões.<br />

Apren<strong>do</strong> com elas.<br />

C larice Villac. Paulista<strong>na</strong>, reside em Campi<strong>na</strong>s, SP.<br />

Revisora editorial e professora, encantada por bichos & plantas. Sítio:<br />

http://www.villac.pro.br/<br />

81


Ingredientes<br />

600 g de isca de vitela<br />

1 colher (sopa) de manteiga<br />

1 cebola picada fi<strong>na</strong><br />

250 g de cogumelos varia<strong>do</strong>s<br />

1 colher (sopa) de farinha de trigo<br />

200 ml de vinho branco seco<br />

200 ml de creme de leite fresco<br />

Sal e pimenta <strong>do</strong> rei<strong>no</strong> à gosto<br />

Mo<strong>do</strong> de preparo:<br />

Numa frigideira refogue rapidamente a carne<br />

<strong>na</strong> manteiga.<br />

Reserve.<br />

Na mesma frigideira, <strong>do</strong>ure a cebola, acrescente<br />

os cogumelos e refogue, polvilhan<strong>do</strong> com a farinha de<br />

trigo e misturan<strong>do</strong> com uma colher.<br />

Adicione o vinho branco e o creme de leite, sem<br />

deixar ferver.<br />

Tempere com sal e pimenta.<br />

Junte a carne, aqueça e sirva em seguida.<br />

Quem não conhece? De Anchorage a Tóquio, o picadinho de vitela cortada à<br />

moda de Zurique, coberto com um molho de creme delicioso, é um prato servi<strong>do</strong><br />

em to<strong>do</strong>s os menus. Embora não haja dúvida de que ele é um <strong>na</strong>tivo de Zurique,<br />

é mencio<strong>na</strong><strong>do</strong> pela primeira vez em 1941 em um livro de receitas. Pensa-se,<br />

contu<strong>do</strong>, que ele já era consumi<strong>do</strong> <strong>no</strong> século XVIII, <strong>na</strong> época com prepara<strong>do</strong><br />

com os rins. Muitos restaurantes em Zurique têm esse clássico em seus cartões<br />

e são acompanha<strong>do</strong>s por batatas fritas crocantes.<br />

Dica: http://www.myswitzerland.com/<br />

82


Por CHAJAFREIDAFINKELSZTAIN<br />

É tempo de voar! Dar asas à imagi<strong>na</strong>ção! Tempo de se voltar voan<strong>do</strong><br />

num tapete mágico... sintonizar o botão e regredir... voltar numa temporada de verão.<br />

Os meni<strong>no</strong>s peque<strong>no</strong>s, passan<strong>do</strong> as férias <strong>no</strong> con<strong>do</strong>mínio da casa serra<strong>na</strong>. Fugin<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> calor da cidade, passavam quase <strong>do</strong>is meses integralmente, curtin<strong>do</strong> a casa, o<br />

clima, os espaço e os amigos. Tempo bom... bom tempo... elástico e preguiçoso,<br />

sem compromisso com a vida, tempo de curtir a infância, deixan<strong>do</strong> fluir a i<strong>no</strong>cência,<br />

semean<strong>do</strong> a alegria, deitan<strong>do</strong> <strong>no</strong> embalo da rede e balançan<strong>do</strong>... só balançan<strong>do</strong>.<br />

Antes de saírem da cidade, o vô oferecera aos netos um passarinho<br />

alegre e cantor, que o despertava todas as manhãs. A filha alerta recusou-o, saben<strong>do</strong><br />

o quanto ele havia se apega<strong>do</strong> ao pássaro, mas mais que tu<strong>do</strong> era o amor por aqueles<br />

meni<strong>no</strong>s, seus netos. Aliás, o vô, sempre estava bolan<strong>do</strong> um meio de agradar<br />

àquelas crianças. Então, para não deixá-lo mais triste, levaram o bichinho <strong>na</strong> gaiola,<br />

frisan<strong>do</strong> que os meni<strong>no</strong>s teriam uma e<strong>no</strong>rme responsabilidade <strong>no</strong> seu cuida<strong>do</strong>, que<br />

não esquecessem esse detalhe!<br />

E, lá se foram, com as inúmeras tralhas, a felicidade despontan<strong>do</strong> pela<br />

estrada, pelo caminho. Cantarolaram a viagem inteira. Na chegada, precisavam acomodar<br />

as coisas, mas esta era tarefa exclusiva da mãe, aliás, ela sempre sobrecarregada,<br />

e sempre dan<strong>do</strong> conta <strong>do</strong> reca<strong>do</strong>. O mais velho <strong>do</strong>s meni<strong>no</strong>s, estava preocupadíssimo<br />

onde colocariam a avezinha cantora, amarelinho-amarelinho?! E o restante,<br />

seria como aproveitar melhor os momentos de lazer, as brincadeiras <strong>na</strong> pisci<strong>na</strong>,<br />

as corridas de bicicleta, os jogos de futebol, alter<strong>na</strong><strong>do</strong>s com "voleibol”, o passeio a<br />

cavalo to<strong>do</strong>s os dias depois <strong>do</strong> almoço, os piques da vida onde corriam e se escondiam<br />

por todas as áreas <strong>do</strong> con<strong>do</strong>mínio. Abençoadas férias, te curtiram de montão!<br />

Decidiram que durante o dia, a gaiola ficaria pendurada <strong>na</strong> área e à <strong>no</strong>ite<br />

<strong>do</strong>rmiria dentro da cozinha. Ali havia bastante luz <strong>do</strong> sol, um ventinho ame<strong>no</strong>, com<br />

bastante movimento de vozes. O bichinho teria de sentir-se protegi<strong>do</strong>, precisava de<br />

gente, para aprimorar as cordas vocais. Todas as manhãs, às vezes ce<strong>do</strong> demais, lá<br />

estava ele desempenhan<strong>do</strong> suas funções. Impossível ig<strong>no</strong>rar a sua existência, sempre<br />

se fazia ouvir.<br />

Os irmãos iam lá conferir com assiduidade, se estava se alimentan<strong>do</strong>,<br />

afi<strong>na</strong>l passara-lhes a idéia de como "ter de cuidar <strong>do</strong> bicho" seria mais ou me<strong>no</strong>s isso,<br />

fiscalizar se a mãe, ou se a empregada estavam desempenhan<strong>do</strong> as tarefas como<br />

deveriam. Assim, começa a formação <strong>do</strong>s líderes, "<strong>do</strong>s mandões-zinhos" desde<br />

peque<strong>no</strong>s, já testan<strong>do</strong> o alcance de uma ordem, orde<strong>na</strong>n<strong>do</strong> e verifican<strong>do</strong> a eficiência<br />

<strong>do</strong> cumprimento da mesma. Certo?<br />

Durante o mês de janeiro, sempre chovia mais <strong>do</strong> que desejavam, mas,<br />

<strong>na</strong>quela manhã, um vento forte antecedera a chuva, e antes que dessem conta, o<br />

vento derrubara a gaiola. Um pressentimento terrível, ao levantarem a gaiola <strong>do</strong><br />

chão. Os meni<strong>no</strong>s fecharam os olhos e não queriam ser testemunhas <strong>do</strong> que se passara,<br />

então pela voz da mãe, toda nervosa, verificou-se que o ca<strong>na</strong>rinho quebrara a<br />

perninha <strong>na</strong> queda, deita<strong>do</strong> acuadíssimo <strong>no</strong> canto preso à grade, tremia assustadís-<br />

83


Jele<strong>na</strong> Jovović<br />

Só houve tempo de pegar as chaves <strong>do</strong> carro <strong>na</strong> gaveta, a gaiola e<br />

os meni<strong>no</strong>s e sair à procura de um veterinário para socorrer o pobre <strong>do</strong> bichinho.<br />

Orientan<strong>do</strong> ao mais velho que segurasse firme enquanto ela dirigia. Que surpresa<br />

ao parar o fusquinha sobre a calçada em busca <strong>do</strong> socorro, lá de dentro saíram<br />

todas as crianças <strong>do</strong> con<strong>do</strong>mínio, ela poderia jurar que não os vira entrar. Eram<br />

<strong>na</strong>da mais, que sete, os três da última casa, uma da casa ao la<strong>do</strong>, outros três da<br />

casa da frente, e com os seus <strong>do</strong>is, somavam <strong>no</strong>ve... <strong>no</strong>ve crianças... sentaram um<br />

<strong>no</strong> colo <strong>do</strong> outro, não proferiram uma palavra, vieram caladíssimos e torciam que o<br />

passarinho sobrevivesse. Com certeza, entraram com assentimento <strong>do</strong> filho mais<br />

velho! O general e sua tropa a acompanhá-lo!<br />

O veterinário ficara mais sensibiliza<strong>do</strong> com a platéia, <strong>do</strong> que com a<br />

vítima ou acidente em si. Prometera então a to<strong>do</strong>s, que faria o que seria possível,<br />

e pegou um fósforo prendeu-o a perninha <strong>do</strong> passarinho com um esparadrapo. Fizera<br />

uma tala, mas não prometia milagres, se a perninha aderisse, o bichinho estaria<br />

salvo, caso contrário ele não resistiria.<br />

Não faltaram rezas, e <strong>na</strong>quela tarde nem se lembraram de brincar,<br />

ficaram senta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> jardim, só olhan<strong>do</strong> o passarinho. Uma espécie de roda intuitiva<br />

de pensamento positivo. Até a <strong>no</strong>itinha nenhum efeito se fazia <strong>no</strong>tar. Foram to<strong>do</strong>s<br />

para cama preocupa<strong>do</strong>s. A mãe tinha além dessa, outra preocupação, como<br />

contar ao vô o que acontecera? Decidiu que <strong>na</strong>da contaria pelo telefone e orientou<br />

as crianças para fazerem o mesmo. Nenhum comentário seria feito sobre o aconteci<strong>do</strong>,<br />

segre<strong>do</strong> de Esta<strong>do</strong>! To<strong>do</strong>s só chegavam ao fi<strong>na</strong>l de sema<strong>na</strong>, e até lá, quem<br />

sabe algo já estaria modifica<strong>do</strong>!<br />

No dia seguinte, o bichinho cantor, amanhecera em cima <strong>do</strong> poleiro,<br />

saltara para lá sozinho, o fizera com seu próprio esforço, si<strong>na</strong>l que estaria se restabelecen<strong>do</strong>.<br />

Não emitia um só pio, silencioso como a madrugada. A <strong>no</strong>tícia propagou-se<br />

num segun<strong>do</strong>. Precisavam aguardar com paciência a evolução <strong>do</strong> quadro.<br />

Os avós chegaram ao fi<strong>na</strong>l de sema<strong>na</strong>, e a primeira observação fora<br />

quanto ao silêncio <strong>do</strong> ca<strong>na</strong>rinho, porque não estaria cantan<strong>do</strong>? Sempre que havia<br />

agitação, ele cantava mais alto e <strong>na</strong>quela tarde, <strong>na</strong>da acontecia...<br />

Os netos, não sabiam como disfarçar, mas ao cruzarem com o olhar<br />

da mãe, desviavam e procuravam por outro assunto. Foi muito difícil omitir o fato<br />

<strong>na</strong>quele fi<strong>na</strong>l de sema<strong>na</strong>. E a cada vez, que o vô, ia à área o coração <strong>do</strong>s meni<strong>no</strong>s<br />

ia ao chão, loucos para contar o sucedi<strong>do</strong>.<br />

84


Voltaram das férias com o ca<strong>na</strong>rinho vivo, mas sem cantar, o vô nunca<br />

se conformara com o sucedi<strong>do</strong>, achava que o clima da montanha fora incompatível<br />

com a ave, jamais lhe contaram sobre a queda. Devolveram o bichinho ao <strong>do</strong><strong>no</strong>,<br />

com um peso e<strong>no</strong>rme <strong>na</strong> alma.<br />

Meses depois... o vô que morava <strong>no</strong> apartamento ao la<strong>do</strong>, entrara de<br />

manhãzinha bem ce<strong>do</strong>, antes de ir para o trabalho, <strong>no</strong> quarto <strong>do</strong>s meni<strong>no</strong>s e os avisara<br />

que antes de se prepararem para irem à escola, dessem uma olhadinha <strong>na</strong> casa<br />

dele: o passarinho amanhecera cantan<strong>do</strong> e parecia não querer parar<br />

maisssssssssssssssss!<br />

ChajaFreidaFinkelsztain<br />

Professora, Pedagoga, Escritora, Poetisa, Contista e Cronista, Chaja <strong>na</strong>sceu <strong>na</strong> Alemanha<br />

em 1947. Seus pais foram sobreviventes de campos de concentração. Atualmente somente<br />

sua mãe (Eva) está viva. A família chegou ao <strong>Brasil</strong> em 1950, puxa<strong>do</strong>s por um tio mater<strong>no</strong><br />

que aqui vivia. O início de vida foi muito difícil e trabalharam arduamente pela manutenção<br />

dig<strong>na</strong> de uma família. Aos dezoito a<strong>no</strong>s <strong>na</strong>turalizou-se brasileira.<br />

Casada com Isaac Ma<strong>no</strong>el, médico pediatra, mãe de <strong>do</strong>is filhos: Cláudio e Gilson, ambos<br />

casa<strong>do</strong>s, têm <strong>do</strong>is netinhos lin<strong>do</strong>s – Marcel e Maria<strong>na</strong> e um a caminho (<strong>do</strong> Gilson).<br />

Chaja graduou-se inicialmente, em 1968 em Filosofia pela UERJ, ten<strong>do</strong> registro MEC em<br />

História, Filosofia e Psicologia. Lecio<strong>no</strong>u por dez a<strong>no</strong>s História, Moral e Cívica e OSPB <strong>no</strong><br />

Colégio A. Liessin, (particular). Paralelamente fez concursos e foi aprovada para o Município.<br />

Começou como profa. de Estu<strong>do</strong>s Sociais <strong>na</strong> Escola Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Em 1980 foi convidada<br />

a ingressar para equipe <strong>do</strong> 5º DEC, STAE, onde chegou a coorde<strong>na</strong>r a equipe de Supervisão<br />

Escolar.<br />

Fez complementação <strong>na</strong> área de Pedagogia com registros <strong>do</strong> MEC em Supervisão, Orientação<br />

e Administração. Em 1982 termi<strong>no</strong>u seu curso de Pós-graduação em Educação pela U-<br />

FRJ.<br />

Árcade efetiva da ABRACE–Arcádia Brasílica de Artes e Ciências Estéticas, desde setembro<br />

de 2000, onde atualmente ocupa a função de Secretária Geral.<br />

Escritora correspondente da Academia Cachoeirense de Letras foi convidada<br />

através de participação e premiação em concurso literário.<br />

Laureada com diplomas, títulos, troféus<br />

e medalhas de “ouro”, “prata” e” bronze”<br />

– Tem obras publicadas em Antologias,<br />

Jor<strong>na</strong>is e Revistas.<br />

Uma peque<strong>na</strong> obs.: Chaja têm material<br />

suficiente para impressão de um livro<br />

solo, mas ainda não conseguiu tempo<br />

para organizá-lo .<br />

85


SILÊNCIO<br />

Por Carlos Eduar<strong>do</strong> Marcos Bonfá<br />

Cilicia<br />

O silêncio<br />

Que silencia<br />

A música<br />

Que necessita<br />

Encontrar<br />

Para ritmar<br />

O mun<strong>do</strong>.<br />

Mas<br />

O silêncio<br />

É o<br />

Cio<br />

Do som.<br />

C arlos Eduar<strong>do</strong> Marcos Bonfá <strong>na</strong>sceu em Socorro (SP), em 1984. É<br />

mestre em Estu<strong>do</strong>s Literários (Letras) pela Universidade Estadual Paulista "Júlio<br />

de Mesquita Filho" (UNESP), sen<strong>do</strong> gradua<strong>do</strong> em Letras <strong>na</strong> mesma instituição a-<br />

cadêmica. Publicou um livro: Ossos e ervas (2002).<br />

Publicou poemas e artigos acadêmicos em jor<strong>na</strong>is,<br />

sites, blogs, blogs coletivos, revistas eletrônicas, aca-<br />

dêmicas e especializadas e participou de antologias.<br />

Mantém um blog <strong>no</strong> seguinte endereço:<br />

www.carloseduar<strong>do</strong>bonfa.blogspot.com<br />

86


Por Antonio Vendramini Neto<br />

OS SAPATOS DO VALDEMAR<br />

Valdemar era um paulista<strong>no</strong> da gema, uma pessoa muito educada e bem vivida, se<br />

trajava muito bem, mantinha sempre a barba e cabelos apara<strong>do</strong>s e unhas cortadas,<br />

calça<strong>do</strong>s engraxa<strong>do</strong>s e lustrosos. Nas suas viagens como caixeiro-viajante, antes de<br />

visitar um cliente, utilizava uma loção, manten<strong>do</strong> uma postura de uma pessoa bem asseada.<br />

Muito gentil, utilizava um vocabulário impecável, devi<strong>do</strong> ao seu bom grau de<br />

escolaridade.<br />

Sabia como ninguém demonstrar os produtos que representava, colocan<strong>do</strong> argumentos<br />

convincentes, que resultavam em um belo pedi<strong>do</strong> para a empresa que trabalhava.<br />

Tinha uma ótima clientela que se espalhava pelo interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e uma boa parte<br />

<strong>do</strong> sul de Mi<strong>na</strong>s Gerais.<br />

Em uma segunda-feira veio almoçar em sua casa, e falou para a esposa que lhe aguardava<br />

sempre com um sorriso <strong>no</strong>s lábios e uma palavra de conforto pelo seu árduo<br />

trabalho de viajar a serviço.<br />

- Olha, hoje à <strong>no</strong>ite, tenho que viajar para o sul de Mi<strong>na</strong>s, para fazer toda aquela região<br />

e volto <strong>na</strong> quinta-feira, prepare um bom jantar, que vou sentir falta de sua comidinha<br />

gostosa. La pelas vinte horas chegou apressa<strong>do</strong>, queren<strong>do</strong> jantar logo, pois logo<br />

mais tinha jogo que seria transmiti<strong>do</strong> pela televisão <strong>do</strong> Corinthians, e não queria perder,<br />

porque o Ro<strong>na</strong>ldão jogaria aquele jogo.<br />

Termi<strong>no</strong>u o jantar, beijou Alzira e começou arrumar a mala de viagem, nesse momento,<br />

lembrou <strong>do</strong> jogo, ligou a TV que ficava em sua bela sala, toda cercada de corti<strong>na</strong>s,<br />

e a tela abriu com o timão entran<strong>do</strong> em campo, foi uma alegria, quan<strong>do</strong> ouviu o repórter<br />

entrevistan<strong>do</strong> o Ro<strong>na</strong>ldão, que prometeu marcar <strong>do</strong>is gols.<br />

Deu um sorriso e falou para Alzira:<br />

- Quero ver se ele vai fazer mesmo, está muito mascara<strong>do</strong>!<br />

Enquanto o jogo se desenrolava, <strong>no</strong>s momentos de marasmo, corria para o quarto,<br />

apanhava as roupas e ia arruman<strong>do</strong> <strong>na</strong> mala, <strong>na</strong> sala, para não perder as jogadas. No<br />

momento em que estava <strong>no</strong> quarto, Ro<strong>na</strong>ldão marcou um gol, ele veio corren<strong>do</strong> para<br />

a sala e soltou um palavrão.<br />

- Filha da mãe, perdi o gol, mas acho que vão repetir a jogada!<br />

Na repetição, se deleitou com o gol e falou para Alzira.<br />

- Não é que o gor<strong>do</strong> está cumprin<strong>do</strong> com a palavra! Só falta mais um.<br />

Num daqueles momentos de mo<strong>no</strong>tonia <strong>do</strong> jogo, pensou: “vou buscar o meu par de<br />

sapatos sobressalentes”<br />

Abriu a sapateira e apanhou um par, quan<strong>do</strong> ouviu a voz <strong>do</strong> locutor se encher de emoção,<br />

porque Ro<strong>na</strong>ldão fez mais um. Veio corren<strong>do</strong> para a sala, com o par de sapatos<br />

<strong>na</strong> mão e ficou pulan<strong>do</strong> que nem um moleque <strong>na</strong> sala. Abraçou Alzira, deu uma tapa<br />

<strong>na</strong> bunda e disse:<br />

-Sempre que faço isso da sorte, êta bunda boa!<br />

Foi então colocar os sapatos <strong>na</strong> mala e começou a embrulhá-los com um pa<strong>no</strong>, para<br />

não sujar a roupa. Percebeu então que estavam sujos, teve a iniciativa de ir trocá-los,<br />

mas a jogo estava bom e ficou com aquele par <strong>na</strong> mão. Pensou então: “Vou deixá-los<br />

aqui perto da corti<strong>na</strong>, pego outro e depois eu limpo esse aqui e deixo <strong>na</strong> sapateira”.<br />

Só que o jogo estava emocio<strong>na</strong>nte e ele colocou <strong>na</strong> mala o calça<strong>do</strong> limpo, e esqueceu<br />

-se de guardar aquele sujo, que ficou junto à parede com a biqueira voltada para a sala,<br />

com a corti<strong>na</strong> sobre o mesmo.<br />

87


Valdemar exclamou! Vou embora, me dá aqui um beijo, vou assistir o restante <strong>do</strong> jogo<br />

<strong>no</strong> radio <strong>do</strong> carro, o Ro<strong>na</strong>ldão já fez <strong>do</strong>is e agora é só alegria. Foi embora para<br />

chegar logo pela manhã <strong>no</strong> local de desti<strong>no</strong>.<br />

Alzira que já estava meio so<strong>no</strong>lenta foi deitar em seu quarto, sem desligar a televisão.<br />

Acor<strong>do</strong>u <strong>no</strong> meio da <strong>no</strong>ite e ouviu vozes... O que seria? Será algum ladrão? Então<br />

foi <strong>na</strong> ponta <strong>do</strong>s pés para a sala, de onde vinham as vozes. “Então pensou”, Aquele<br />

maluco foi embora e não desligou a televisão. Foi mais perto para desligar,<br />

quan<strong>do</strong> viu de baixo da corti<strong>na</strong>, aqueles calça<strong>do</strong>s esqueci<strong>do</strong>s por Valdemar. Pensou<br />

rapidamente: “É um ladrão, e está escondi<strong>do</strong> atrás da corti<strong>na</strong>, se ele avançar para<br />

cima de mim? É melhor chamar a policia”.<br />

Ligou para o 190 e pediu urgência, fornecen<strong>do</strong> o endereço e tu<strong>do</strong> o mais. Depois de<br />

uns quinze minutos, bateram a porta. Foi corren<strong>do</strong> abrir e deu de cara com um homem<br />

corpulento que logo se identificou como o sargento Nepomuce<strong>no</strong>.<br />

- Pois não minha senhora, o bandi<strong>do</strong> está ainda aí?<br />

- É eu desliguei a TV e vi que aqueles sapatos ainda estão lá em baixo da corti<strong>na</strong>, vá<br />

logo para prender o ladrão.<br />

Nepomuce<strong>no</strong> sacou de seu revólver trinta e oito e foi em direção a corti<strong>na</strong> <strong>na</strong> ponta<br />

<strong>do</strong>s pés, removeu-a com um golpe rapidíssimo, e o que estava lá atrás? Ninguém!<br />

Foi tu<strong>do</strong> uma ilusão de ótica da so<strong>no</strong>lenta e medrosa Alzira.<br />

Ela parou de tremer, ficou calma e começou a agradecer ao sargento que não<br />

“tirava” os olhos de seu corpo, uma vez que estava com roupas intimas e nem tinha<br />

se apercebi<strong>do</strong>. Começou uma conversa mole <strong>do</strong> sargento etc., pedin<strong>do</strong> um copo de<br />

água, que ela foi buscar, quan<strong>do</strong> ele viu aquele corpo bonito, coberto ape<strong>na</strong>s por uma<br />

roupa transparente, de onde via to<strong>do</strong> o contor<strong>no</strong> de uma peque<strong>na</strong> calcinha branca,<br />

contrastan<strong>do</strong> com o pa<strong>no</strong> preto da capa rendada.<br />

Percebeu então a burrada que tinha feito em atender a um estranho com aqueles trajes.<br />

Quan<strong>do</strong> voltou, o sargento pediu se tinha café e estava prolongan<strong>do</strong> a conversa<br />

que ela não respondia, fican<strong>do</strong> um monólogo.<br />

Ela então agradeceu e pediu que retirasse porque já era tarde e estava com so<strong>no</strong>.<br />

Voltou para a cama e <strong>do</strong>rmiu profundamente até à tarde <strong>do</strong> dia seguinte. Passa<strong>do</strong><br />

mais um dia, escutou batidas <strong>na</strong> porta da sala. Ficou temerosa e olhou para o corpo<br />

para ver se estava trajada decentemente.<br />

Perguntou então:<br />

- Quem é?<br />

- Do outro la<strong>do</strong> respondeu:<br />

- É o sargento Nepomuce<strong>no</strong>, vim trazer os sapatos de seu mari<strong>do</strong>, posso entrar? Ela<br />

então percebeu que ele tinha leva<strong>do</strong> os sapatos <strong>na</strong>quela <strong>no</strong>ite, com o objetivo de retor<strong>na</strong>r<br />

para ver se conseguia algum sucesso em conquistá-la.<br />

Foi quan<strong>do</strong> Alzira falou:<br />

- Pode deixar aí fora que depois eu pego.<br />

- Mas eu limpei e engraxei os sapatos, estão brilhan<strong>do</strong>, abra a porta e a senhora vai<br />

ver que beleza que ficou.<br />

Apavorada, foi ao telefone, ligou para a Delegacia e denunciou o sargentão conquista<strong>do</strong>r.<br />

Quan<strong>do</strong> voltou para falar com ele sem abrir a porta, percebeu que não havia<br />

resposta. Virou a chave da porta com cuida<strong>do</strong> abriu a porta e <strong>no</strong>tou que os sapatos<br />

estavam <strong>na</strong> soleira.<br />

88


A ntonio Vendramini Neto. Sou aposenta<strong>do</strong>,<br />

casa<strong>do</strong>, <strong>do</strong>is filhos e <strong>do</strong>is netos. Vivi minha vida<br />

profissio<strong>na</strong>l intensamente <strong>na</strong>s áreas de Recursos<br />

Huma<strong>no</strong>s e Gestão da Qualidade, (Normas ISO<br />

9001), como Auditor <strong>do</strong> Sistema.<br />

Comecei a escrever recentemente, de forma despretensiosa,<br />

mas com muito respeito aos leitores.<br />

Não tenho formação literária, julgo-me um autodidata,<br />

colocan<strong>do</strong> <strong>no</strong>s textos, à emoção e o coração, caminhan<strong>do</strong> nesse mun<strong>do</strong> mágico e<br />

esplen<strong>do</strong>roso de tantos intelectuais. Espero que o tempo permita aprender os segre<strong>do</strong>s<br />

e a magia das palavras.<br />

Meus temas favoritos são as crônicas e os contos, onde solto a minha imagi<strong>na</strong>ção,<br />

descreven<strong>do</strong> situações acontecidas e virtuais. Dou minhas pinceladas <strong>no</strong>s poemas,<br />

poesias, poetrix e prosas.<br />

Estou escreven<strong>do</strong> um livro, sobre a saga de meu avô Italia<strong>no</strong> em terras <strong>Brasil</strong>eiras,<br />

que um dia espero termi<strong>na</strong>r e publicar. A internet com os maravilhosos portais para<br />

quais escrevo, estão deixan<strong>do</strong>-me quase que sem tempo, e o projeto está momentaneamente<br />

<strong>na</strong> gaveta.<br />

Email: toninhovendramini@gmail.com Site: www.favascontadas.com.br<br />

Jacqueline Aisenman<br />

Montreux<br />

89


Por André Luis Aqui<strong>no</strong><br />

OS AMANTES DO CÍRCULO-POLAR<br />

Deve ser a parte tóxica <strong>do</strong> meu sangue que faz isso comigo, o meu louco gosto<br />

pelas segundas intenções. Amorardente, sempre buscan<strong>do</strong> sangrar pelo<br />

umbigo.Nos conhecemos <strong>na</strong> escola, ainda <strong>na</strong> infância.E os a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>s juntam e<br />

<strong>no</strong>s separam com tanta freqüência, como se tu<strong>do</strong> isso estivesse acontecen<strong>do</strong><br />

ao sabor <strong>do</strong> vento.<br />

Amor<strong>do</strong>rmente. Deve ser a parte <strong>do</strong>ce <strong>do</strong> meu sangue que faz isso com a<br />

gente. Naquela época mal <strong>no</strong>s falávamos; ape<strong>na</strong>s <strong>no</strong>s olhávamos, e<strong>na</strong>mora<strong>do</strong>s,<br />

mas sem coragem de se aproximar. Duas crianças que se apaixo<strong>na</strong>ram<br />

uma pela outra, sem que um saiba <strong>do</strong> sentimento <strong>do</strong> outro.<br />

Amorlouco, deve ser a parte vene<strong>no</strong>sa <strong>do</strong> meu sangue que faz isso comigo.Quan<strong>do</strong><br />

alguém mente não <strong>no</strong>s olha <strong>no</strong>s olhos, pra te confundir eu faço<br />

exatamente ao contrário.Uma história de amor que atravessa duas décadas<br />

repletas de altos e baixos, cheias de idas e vindas.<br />

Amorencontra<strong>do</strong>, deve ser a parte suave <strong>do</strong> meu sangue que faz isso com a<br />

gente.Me<strong>do</strong>s, amores, ciúmes, tu<strong>do</strong> isso vai e vem, regi<strong>do</strong> pelo desti<strong>no</strong>, por<br />

uma lei aleatória de encontros e desencontros.<br />

Amorperdi<strong>do</strong> pela parte <strong>do</strong> meu sangue malva<strong>do</strong>. “Eu poderia contar toda a<br />

minha vida como um trem de coincidências”. Direção é o meu sexto senti<strong>do</strong>.<br />

Amoreter<strong>no</strong> é a parte sólida <strong>do</strong> meu sangue carinhoso.“A vida tem muitos ciclos”.<br />

Há coisas que nunca acabam e o amor é uma delas.<br />

http://ww2.ccebrasil.org.br/system/project_images/35/fi<strong>na</strong>l/los-amantes-del-circulo-polar.jpg<br />

90


-Pra onde as senhoras vão?<br />

-Para a próxima cidade,<br />

A moto caiu com a gente<br />

Na maior velocidade.<br />

-Quer dizer que aquela moto<br />

Destruída lá <strong>na</strong> estrada...<br />

-Era <strong>no</strong>ssa sim senhor<br />

Só que deu uma derrapada.<br />

-Dá pra levar <strong>no</strong>ssa moto<br />

Nessa sua caminhonete?<br />

É pesada e está quebrada,<br />

Mas não dá pra pagar frete.<br />

-Mas que coisa surpreendente!<br />

Quantos a<strong>no</strong>s vocês tem?<br />

-Eu só tenho oitenta e sete,<br />

Emília tem mais de cem!<br />

-Ai , mas é tão mentirosa!<br />

Não liga não, ela inventa.<br />

Eu nem sou tão velha assim,<br />

Esse a<strong>no</strong> eu fiz <strong>no</strong>venta.<br />

91<br />

Por A<strong>na</strong> A<strong>na</strong>issi<br />

Aurora fala mentiras,<br />

Eu acho que é compulsão.<br />

E ela tem oitenta e oito,<br />

Fez <strong>no</strong> último verão!<br />

-Ei, Emília, quem man<strong>do</strong>u?<br />

Mas é muito fofoqueira...<br />

Se eu não tivesse sentada,<br />

Te passava uma rasteira.<br />

-As senhoras vão brigar?<br />

Nessa idade e desse jeito?<br />

-Viu só, Aurora, o rapaz<br />

Já cheio de preconceitos?<br />

-Filho, você não viu <strong>na</strong>da<br />

Tá ven<strong>do</strong> esta contusão?<br />

Não foi da queda da moto,<br />

Emília que deu um tostão!<br />

-Devia ter da<strong>do</strong> mais!<br />

Pra aprender a dirigir.<br />

Porque foi ultrapassada,<br />

Começou a se exibir.


Quis fazer pega com o carro<br />

Mas eu disse: Agora não!<br />

Pisou <strong>no</strong> acelera<strong>do</strong>r<br />

E saiu comen<strong>do</strong> chão.<br />

E eu pensan<strong>do</strong>, <strong>na</strong> garupa:<br />

Isso aqui não vai dar certo.<br />

Aurora já está caduca<br />

E o carro tá muito perto.<br />

E eu acabei de pensar,<br />

O burro pisou <strong>no</strong> freio,<br />

Aurora desconcentrou,<br />

A estrada virou um rodeio.<br />

Pois a moto deu um pi<strong>no</strong>te,<br />

Rapaz, eu subi tão alto<br />

Que pude ver lá de cima<br />

Aurora beijan<strong>do</strong> o asfalto.<br />

Foi só essa a hora boa,<br />

Depois veio a minha vez;<br />

Meu único dente bom<br />

Gastou, <strong>na</strong> trilha que fez.<br />

Porque eu ralei uns dez metros,<br />

Ou melhor, eu capinei.<br />

Abri caminho <strong>no</strong> mato<br />

E, amigo, eu não parei.<br />

Talvez o Ibama me prenda<br />

No fi<strong>na</strong>l dessa viagem.<br />

Pois arranquei tanta folha<br />

Que até mudei a paisagem.<br />

Tentava me segurar<br />

Pra que, quan<strong>do</strong> viesse o fim,<br />

Sobrasse um número grande<br />

De ossos mais perto de mim.<br />

92<br />

Nesse ponto até dei sorte,<br />

Só fiquei sem meu dentinho.<br />

Talvez tenha si<strong>do</strong> bom,<br />

Ele era mesmo sozinho.<br />

Na hora me revoltei,<br />

Fui desprenden<strong>do</strong> <strong>do</strong> chão,<br />

Disparei atrás da Aurora<br />

Pra tomar satisfação.<br />

Ela ainda estava deitada.<br />

Que ce<strong>na</strong> desagradável!<br />

Todinha desconjuntada,<br />

Essa <strong>do</strong>ida irresponsável!<br />

Aí fui me aproximan<strong>do</strong><br />

Do jeito que ainda podia,<br />

Dei-lhe um chute <strong>na</strong>s costelas<br />

Pra ver se ela se mexia.<br />

No primeiro chute, <strong>na</strong>da.<br />

Resolvi bater mais forte.<br />

Tentei a boca <strong>do</strong> estômago<br />

Só pra ver se dava sorte.<br />

E não é que consegui?<br />

Houve um leve murmurar,<br />

Mas ele era tão baixinho<br />

Que eu resolvi confirmar.<br />

-Deixa que eu conto essa parte.<br />

Eu, meio desacordada,<br />

Já ven<strong>do</strong> a famosa luz<br />

E só senti a boti<strong>na</strong>da.<br />

Da luz eu voltei pro escuro,<br />

Ou melhor, eu vi Emília;<br />

Tive uma vaga lembrança<br />

Que ela era da família.


E tentei fazer um si<strong>na</strong>l<br />

Que já estava tu<strong>do</strong> bem,<br />

Tive me<strong>do</strong> que essa <strong>do</strong>ida<br />

Chutasse meus rins também.<br />

Debilmente abri meus olhos<br />

E dei de cara com ela.<br />

Se eu não tivesse acabada,<br />

Eu matava essa banguela.<br />

Minha queda foi horrível,<br />

Eu fiquei toda quebrada,<br />

Mas o que traumatizou<br />

Foi aquela boti<strong>na</strong>da.<br />

-Ah, Aurora que exagero!<br />

Eu salvei você, querida.<br />

Mas um dia vai entender<br />

E vai ficar comovida.<br />

Quan<strong>do</strong> dei a tal boti<strong>na</strong>da,<br />

Minha única intenção,<br />

Era de abrir um ca<strong>na</strong>l<br />

Pra sua respiração.<br />

-Essa dúvida eu vou ter<br />

Pro resto da minha vida.<br />

Se queria me salvar<br />

Ou me deixar estendida.<br />

-Mas dá pra ver direitinho<br />

Que estão se recuperan<strong>do</strong>.<br />

Vamos esquecer o tombo<br />

Que a cidade está chegan<strong>do</strong>.<br />

E por falar em cidade,<br />

Têm algum parente aqui?<br />

-Não meu filho, só torcida,<br />

Somos lá de Muriqui.<br />

93<br />

-Só torcida, como assim?<br />

-Você não viu <strong>no</strong>ssas fotos?<br />

Somos famosas <strong>no</strong> mun<strong>do</strong><br />

Pilotan<strong>do</strong> <strong>no</strong>ssas motos.<br />

-Ô Emília, não exagera.<br />

Temos fãs só <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

E <strong>na</strong> próxima cidade<br />

Com certeza mais de mil!<br />

-Peraí minhas senhoras,<br />

Eu não posso acreditar!<br />

As duas correm de moto?<br />

-Vai precisar desenhar?<br />

-Caramba, não pode ser!<br />

-Só porque somos velhinhas?<br />

Já demos alguns troféus<br />

Pra <strong>no</strong>ssa cidadezinha.<br />

-Mas vocês dirigem bem?<br />

-Você viu que Aurora não.<br />

Mas eu, sou super veloz<br />

Quan<strong>do</strong> pego a direção.<br />

-Hum Emília, vai pensan<strong>do</strong>,<br />

Quem tem mais troféus sou eu.<br />

-Mas <strong>na</strong> última corrida<br />

Acabou rouban<strong>do</strong> o meu.<br />

Jogou tão sujo comigo<br />

Moço, ela quer que eu desista!<br />

Deu um jeito <strong>no</strong> meu freio<br />

E jogou óleo <strong>na</strong> pista.


Pode arregalar o olho,<br />

O juiz arregalou.<br />

Tu<strong>do</strong> isso é tão <strong>no</strong>jento<br />

Que até ele duvi<strong>do</strong>u.<br />

-Porque inventou tu<strong>do</strong> isso!<br />

Uma história sem senti<strong>do</strong>.<br />

-Sem senti<strong>do</strong>s fiquei eu.<br />

Meu pescoço foi parti<strong>do</strong>!<br />

-Tá ven<strong>do</strong> essa exagerada?<br />

Aquilo foi só torção.<br />

-Só que eu fiquei cinco meses<br />

Deitada em observação.<br />

Bom, vamos deixar pra lá,<br />

Que o importante é a corrida.<br />

Vai, acelera meu filho,<br />

Aproveita essa descida.<br />

Amanhã vai ser o trei<strong>no</strong><br />

Pra ver quem larga <strong>na</strong> frente,<br />

Vou ganhar, eu estou mais leve<br />

Porque perdi mais um dente!<br />

-Nossa Mãe, mas que loucura,<br />

Ninguém vai acreditar!<br />

Eu posso assistir ao trei<strong>no</strong>?<br />

-Só se você me pagar!<br />

-Opa, opa, <strong>na</strong>da disso!<br />

Tem que me pagar também.<br />

Eu arranjo um lugarzinho<br />

Pra você ver super bem.<br />

-Mas olha que explora<strong>do</strong>ras,<br />

Dei caro<strong>na</strong> pras senhoras!<br />

-Tá, meu filho, então vai ver<br />

Tu<strong>do</strong> <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora.<br />

94<br />

-Está bem vocês ganharam.<br />

Quanto é que eu pago pra ver?<br />

-Nada assim tão extravagante,<br />

Algo que dê pra comer.<br />

Com aquele tombo tremen<strong>do</strong>,<br />

A comida se espalhou.<br />

Só <strong>do</strong>is pães com mortadela<br />

Foi que a gente aproveitou.<br />

-Então vamos combi<strong>na</strong>r:<br />

Eu lhes <strong>do</strong>u toda a comida,<br />

Amanhã eu vejo o trei<strong>no</strong><br />

E depois vejo a corrida.<br />

-Negócio fecha<strong>do</strong>, filho.<br />

Pisa <strong>no</strong> acelera<strong>do</strong>r!<br />

Um ventinho <strong>na</strong>s orelhas<br />

Cá pra nós, é inspira<strong>do</strong>r.<br />

-Vira, vira, vira, vira!<br />

Nesse posto tem comida!<br />

Vou começar por aqui<br />

A ficar abastecida.<br />

-As senhoras vão comer<br />

Essas comidas tão fortes?<br />

-Claro! Porque essa corrida<br />

Não depende só de sorte.<br />

Temos que estar preparadas<br />

Alguns truques são os piores;<br />

As pessoas <strong>no</strong>s sabotam<br />

Porque somos as melhores.<br />

-Então tá, vamos parar.<br />

Do<strong>na</strong> Aurora também quer?<br />

-Sim, mas minha dentadura<br />

Só aguenta comer filé!


Ainda mais depois <strong>do</strong> tombo,<br />

Que ela ficou deslocada.<br />

Até mesmo pra falar<br />

Tenho que ficar ligada.<br />

Já pensou se ela despenca<br />

E a gente não acha mais?<br />

Se ganharmos a corrida<br />

Eu vou fugir <strong>do</strong>s jor<strong>na</strong>is!<br />

-Tu<strong>do</strong> bem, filé mig<strong>no</strong>n<br />

Pras simpáticas velhinhas!<br />

-Arroz, farofa e feijão<br />

Pra carne não vir sozinha!<br />

-E depois a sobremesa:<br />

Queijo e muita goiabada!<br />

-Por causa da glicemia,<br />

Tem que estar equilibrada.<br />

-E você não vai comer?<br />

-Quan<strong>do</strong> chegar <strong>na</strong> cidade;<br />

Uma comida caseira<br />

É o melhor pra minha idade.<br />

Já tenho trinta e três a<strong>no</strong>s<br />

E prefiro não abusar.<br />

-Tá ven<strong>do</strong>, Emília, esse moço<br />

Que nunca vai “esclerosar”?<br />

Não vai ser que nem você,<br />

Que a gordura tomou conta,<br />

Quan<strong>do</strong> não fala besteira,<br />

Fica com cara de tonta.<br />

Aurora, eu estou esclerosada?<br />

Se estou, é só <strong>no</strong> começo.<br />

Eu que saio to<strong>do</strong> dia<br />

Com a roupa toda <strong>do</strong> avesso?<br />

95<br />

-Chega, está quase <strong>na</strong> hora,<br />

A corrida é <strong>na</strong> outra ponta.<br />

Nós vamos in<strong>do</strong> pro carro,<br />

Você vai pagan<strong>do</strong> a conta.<br />

-Ei, psiu, você, aí <strong>do</strong> posto...<br />

Bota essa moto <strong>no</strong> chão?<br />

Segura essa chave dela<br />

E coloca <strong>na</strong> ignição.<br />

-Vem aqui Aurora, entra logo!<br />

Temos que deixar o moço.<br />

Ele vai <strong>no</strong>s atrasar.<br />

-Mas e amanhã, <strong>no</strong>sso almoço?<br />

-Põe o cinto e se segura.<br />

O tempo está muito curto.<br />

-Isso que estamos fazen<strong>do</strong><br />

Será que é um assalto ou um furto?<br />

Nunca sei a diferença...<br />

-Porque não faz diferença.<br />

Talvez não, <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso caso,<br />

Porque pedimos licença.<br />

-Pedimos licença como?<br />

-Uai, deixei <strong>no</strong>ssa moto!<br />

-Mas não faz muito senti<strong>do</strong>,<br />

O rapaz não teve voto.<br />

E além <strong>do</strong> mais <strong>no</strong>ssa moto...<br />

Só tem peça com defeito<br />

E nem o gênio da lâmpada<br />

Conseguiria dar jeito.<br />

-Ai, Aurora, facilita!<br />

Você quer ou não correr?<br />

Se viéssemos com ele,<br />

Não ia dar nem pra ver!<br />

Chegaríamos <strong>no</strong> fim<br />

E a raiva então subiria<br />

Quan<strong>do</strong> víssemos <strong>no</strong> pódio<br />

A besta da <strong>no</strong>ssa tia!<br />

-Tia Marga vai correr?<br />

-Vai! Ela estava <strong>na</strong> lista.<br />

Ela arranjou um patrocínio<br />

De um velho contrabandista.


Ainda alterou a idade dela,<br />

De cem pra <strong>no</strong>venta e sete,<br />

E vai chamar a torcida<br />

Do tempo que era vedete.<br />

-Coitada, com essa torcida,<br />

Melhor ela nem ganhar...<br />

Se os velhinhos se empolgarem,<br />

Vão to<strong>do</strong>s ficar sem ar.<br />

-É mas, com ar ou sem ar,<br />

Ela é <strong>no</strong>ssa concorrente.<br />

Seria muito humilhante<br />

Perder pra tia da gente.<br />

-Você então tá devagar!<br />

Acelera aí esse trem!<br />

Nós ainda precisamos<br />

Roubar a moto de alguém!<br />

-Só precisa de uma moto.<br />

Vai ser de dupla a corrida.<br />

-Então eu vou pilotar,<br />

Pois você está proibida!<br />

Depois <strong>do</strong> que você fez<br />

Vai quietinha <strong>na</strong> garupa.<br />

Vou te ensi<strong>na</strong>r a correr.<br />

-É isso que me preocupa.<br />

-Olha lá, não é uma moto?<br />

-Por que tá parada ali?<br />

-Ah, pra pararem <strong>na</strong> estrada,<br />

Ou é cocô ou é xixi.<br />

-Então freia. Mais pra perto.<br />

Tá com a chave aqui também!<br />

Vamos montar bem depressa<br />

Enquanto não vem ninguém!<br />

-Será que fizemos certo<br />

Deixan<strong>do</strong> a caminhonete?<br />

-Eu obstruí a ignição<br />

Com um pedaço de chiclete.<br />

Ainda falta meia hora<br />

Pra corrida começar.<br />

-Ótimo, estamos <strong>no</strong> prazo,<br />

Acabamos de chegar!<br />

96<br />

Vou lá inscrever <strong>no</strong>ssa moto,<br />

Colocar <strong>na</strong> posição.<br />

-E eu vou sabotan<strong>do</strong> algumas<br />

Pra fazer uma seleção.<br />

-E aí, como é que foi lá?<br />

-Uns quatro nem vão sair,<br />

Três vão poder arrancar,<br />

Pra logo depois cair.<br />

Mas tem uma coisa bem chata,<br />

A da titia não deu...<br />

Eu ia chegan<strong>do</strong> pertinho<br />

E ela me reconheceu.<br />

Man<strong>do</strong>u logo uns <strong>do</strong>is capangas<br />

Tomarem conta da moto.<br />

-Deixa, vem se preparar,<br />

Se der, depois eu saboto.<br />

- Mas eu tenho uma fofoca...<br />

Descobri quem vai com ela<br />

O tal <strong>do</strong> contrabandista!<br />

-Que festival de banguelas!<br />

Anda, bota o capacete<br />

Que eles vão dar o si<strong>na</strong>l.<br />

-Espero ficar com ele<br />

Até chegar ao fi<strong>na</strong>l.<br />

Me lembrei de uma corrida<br />

Que era de dupla também.<br />

Ganhamos, só que passamos<br />

Pela faixa a mais de cem.<br />

Seguimos reto <strong>na</strong> curva,<br />

Atravessamos o muro,<br />

Na hora pensei num filme:<br />

“De volta para o futuro”<br />

Enquanto se segurava,<br />

Seu capacete soltou,<br />

Veio parar <strong>no</strong>s meus dentes,<br />

Minha arcada se espalhou.<br />

Por isso, precocemente,<br />

Eu tenho essa dentadura.<br />

Foi feita por um pedreiro<br />

Que deixou uma abertura.


Ainda falei, mas seu Zé,<br />

É dentadura e não casa<br />

Por que é que deixou essa porta?<br />

Agora o que eu como, vaza!<br />

-Chega, Aurora, cala a boca!<br />

Nós não temos o dia inteiro!<br />

Presta atenção <strong>na</strong> titia<br />

E <strong>na</strong>quele muambeiro.<br />

Agora é concentração...<br />

Vamos! Foi dada a largada!<br />

Ai, garota, o que que é isso?<br />

Aurora, que presepada!<br />

Burra, você sabotou<br />

A moto da <strong>no</strong>ssa frente.<br />

Atropelei a mocinha!<br />

-Ela que foi displicente.<br />

Cair com a per<strong>na</strong> esticada<br />

Numa pista de corrida<br />

Cujo prêmio é andar de carro<br />

De bombeiro <strong>na</strong> avenida?<br />

-Que garota sem <strong>no</strong>ção!<br />

E eu não pude fazer <strong>na</strong>da.<br />

Depois que eu ganhar o prêmio,<br />

Vou processar a da<strong>na</strong>da!<br />

-“Nós” ganharmos o tal prêmio!<br />

Não se esqueça, se eu quiser<br />

Jogo o corpo pro outro la<strong>do</strong>.<br />

-Você não é besta, mulher!<br />

Se jogar, caímos juntas<br />

E o <strong>no</strong>sso prêmio já era.<br />

Você, gorda, vai rolar<br />

Mas eu vou pra estratosfera.<br />

Estou magrinha, top model<br />

E a única desvantagem<br />

É que um impulso pequeni<strong>no</strong><br />

Se transforma em uma viagem.<br />

O meu corpo é tão levinho...<br />

O vento ainda empurra mais.<br />

Vou parar um pouco longe,<br />

Sei lá, sou frágil demais.<br />

97<br />

-Você, Emília, top model?<br />

Ten<strong>do</strong> essa cara de ameixa?<br />

Você só não come mais<br />

Porque a prótese não deixa.<br />

-Vixe, olha lá a <strong>no</strong>ssa tia!<br />

Acabou de ultrapassar!<br />

Olha só, o contrabandista,<br />

Queren<strong>do</strong> comemorar.<br />

-Encosta neles Emília!<br />

Me empresta a sua boti<strong>na</strong>.<br />

Vou dar um cacete nele<br />

Pra subir a adre<strong>na</strong>li<strong>na</strong>.<br />

-Tem que bater <strong>na</strong> titia.<br />

Ela que está dirigin<strong>do</strong>!<br />

-A mamãe não vai gostar.<br />

-Mas ela não tá assistin<strong>do</strong>!<br />

“-Não desrespeitem os mais velhos.”<br />

-Nunca cansa de falar.<br />

-Mais velhinhos que nós duas<br />

Tem poucos pra respeitar.<br />

Cá pra nós, com a <strong>no</strong>ssa idade,<br />

Mais velha, tem só a titia;<br />

E só um desrespeitozinho<br />

A gente bem que podia...<br />

-Então chega de falar,<br />

Pé <strong>na</strong> tábua minha filha!<br />

A gente vence a titia<br />

E desmancha uma quadrilha!<br />

Porque <strong>do</strong> contrabandista,<br />

Não precisamos ter pe<strong>na</strong>.<br />

Vai ser tanta humilhação<br />

Que ele vai sair de ce<strong>na</strong>.<br />

“Bora”, “bora”, tá encostan<strong>do</strong>...<br />

Estamos quase <strong>no</strong> fim...<br />

Já que essa é a última volta.<br />

Vai com tu<strong>do</strong>, manequim...<br />

-Ao invés de debochar,<br />

Por que não presta atenção?<br />

Você não me ajuda em <strong>na</strong>da,<br />

Me tira a concentração!


-Você viu o que você fez?<br />

A moça ainda estava lá;<br />

Passou <strong>no</strong>s dedinhos dela;<br />

Não ouviu ela gritar?<br />

-Pensei que fosse você<br />

Gritan<strong>do</strong> um viva por nós.<br />

Ultrapassamos titia,<br />

Nossa moto é mais veloz!<br />

- Eu nem precisei bater?<br />

Ufa, assim mamãe não briga.<br />

E, não sei, bater em tia...<br />

Sei lá se Deus me castiga.<br />

-Por falar em <strong>no</strong>ssa moto,<br />

Você desacelerou,<br />

Pude ver <strong>na</strong> arquibancada<br />

Os <strong>do</strong>is que a gente roubou.<br />

Estavam lá, os <strong>do</strong>is juntinhos.<br />

-Tavam torcen<strong>do</strong> pra gente?<br />

-Pra gente se espatifar,<br />

Vieram ver pessoalmente!<br />

-Se ganharmos a corrida,<br />

Corre logo pros bombeiros.<br />

Assim temos proteção<br />

Contra esses <strong>do</strong>is pistoleiros!<br />

Não estou ven<strong>do</strong> mais titia<br />

Pelo meu retrovisor.<br />

-Porque <strong>no</strong>s ultrapassaram,<br />

Deram um jeito <strong>no</strong> motor!<br />

Também vou usar o meu truque<br />

Que faz você correr mais.<br />

-Aurora, não estou gostan<strong>do</strong>,<br />

Não faz besteira aí atrás!<br />

Uau, estou pegan<strong>do</strong> fogo!<br />

-Então acelera abestada!<br />

Quan<strong>do</strong> cruzarmos a faixa,<br />

A tocha vai ser tirada.<br />

-Aurora, vou te matar!<br />

Ui, socorro, eu estou arden<strong>do</strong>!<br />

-Olha pra frente, dramática!<br />

Estamos quase vencen<strong>do</strong>!<br />

98<br />

Viva, viva, conseguimos!<br />

Nós ganhamos a corrida!<br />

Corre, corre que os bombeiros<br />

Vão salvar a <strong>no</strong>ssa vida!<br />

-Vão salvar <strong>no</strong>s <strong>do</strong>is senti<strong>do</strong>s.<br />

Queimei metade da bunda!<br />

-Capitão, aqui tem ti<strong>na</strong>?<br />

E rasa? Que Emília afunda!<br />

Viva, vitória, vitória!<br />

Esse carro não é lin<strong>do</strong>?<br />

-Se eu não tivesse <strong>na</strong> ti<strong>na</strong><br />

Também estaria curtin<strong>do</strong>.<br />

-Não vai reclamar agora.<br />

Nós ganhamos a corrida!<br />

-Mas titia vem aí,<br />

Se juntou com os homicidas!<br />

-Também não são tão homicidas...<br />

Roubamos eles <strong>na</strong> estrada!<br />

-Mas tão vin<strong>do</strong> <strong>no</strong>s matar,<br />

Vai ver deram uma surtada.<br />

E vão <strong>no</strong>s denunciar,<br />

Confiscar <strong>no</strong>sso troféu.<br />

-Se chegarem muito perto,<br />

Nós fazemos um escarcéu.<br />

-Bombeiros, vamos mais rápi<strong>do</strong>,<br />

Ela está passan<strong>do</strong> mal!<br />

Dá pra ligar a sirene<br />

Pra afastar o pessoal?<br />

-Vamos sair da cidade,<br />

Precisamos respirar.<br />

Esses fãs são sufocantes,<br />

Sei lá se vão <strong>no</strong>s rasgar.


Estão ven<strong>do</strong> aquela moto<br />

Que está caída <strong>no</strong> posto?<br />

Podem pegá-la pra nós?<br />

Nos dariam tanto gosto...<br />

Isso, coloca aqui em cima.<br />

Vamos virar pra direita?<br />

-Muito obrigada, meni<strong>no</strong>s.<br />

E daqui a gente se ajeita.<br />

Podem voltar pra cidade,<br />

Deixa a moto aqui caída.<br />

Já vamos <strong>no</strong>s preparar<br />

Para a próxima corrida.<br />

Emília, mais um troféu!<br />

Nós não somos geniais?<br />

Sempre somos vence<strong>do</strong>ras<br />

E nem moto temos mais!<br />

-Ah Aurora, que peca<strong>do</strong>!<br />

Nossa moto é uma carcaça<br />

Mas faz parte <strong>do</strong> cenário<br />

Pra termos tu<strong>do</strong> de graça.<br />

-Vem Emília, estica o braço,<br />

Lá vem uma caminhonete.<br />

Faz cara de quem caiu.<br />

Vamos ganhar mais um frete!<br />

-Pra onde as senhoras tão in<strong>do</strong>?<br />

-Para a próxima cidade.<br />

A moto caiu com a gente<br />

Na maior velocidade.<br />

-Quer dizer que aquela moto<br />

Destruída lá <strong>na</strong> estrada...<br />

-Era <strong>no</strong>ssa sim senhor<br />

Só que deu uma derrapada...<br />

99<br />

CONHECENDO ANA ANAISSI<br />

A<strong>na</strong> A<strong>na</strong>issi, carioca,<br />

viven<strong>do</strong><br />

em Brasília desde<br />

1970, é artista<br />

plástica, compositora,ilustra<strong>do</strong>ra<br />

e escritora.<br />

Tem um site<br />

chama<strong>do</strong> Alma<br />

Totem histórias<br />

a granel, que foi i<strong>na</strong>ugura<strong>do</strong> recentemente,<br />

onde divulga seus trabalhos.<br />

Pintura de Jelly Watson


Po_m[ Etíli]o<br />

Por Angela Costa<br />

Sobre o álcool, sei que é uma alquímica mistura de carbo<strong>no</strong>, água e símbolos.<br />

Sei que é algo quimicamente transmutável em comportamento.<br />

Causa e consequência de <strong>na</strong>scimentos e mortes.<br />

Sobre a <strong>do</strong>r, sei que não cabe em copos de licor.<br />

Corre talvez pelas mesmas veias da embriaguez, ue alimentam o la<strong>do</strong> cerebral<br />

da paixão.<br />

Sobre a paixão, sei que é uma questão de detalhes,<br />

um mistério a princípio, um copo de <strong>do</strong>r <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong>.<br />

Sobre os detalhes <strong>do</strong> cotidia<strong>no</strong>, talvez o álcool ajude às vezes...<br />

A ngela Costa: Vivo entre a ciência e a<br />

arte - não consegui aceitar os limites<br />

entre ambas. Prefiro pensar que integram a<br />

"Magia".<br />

http://www.angelacosta.recantodasletras.com.br/<br />

100


AMAR COMO A PRIMEIRA VEZ<br />

Por Amarilis Pazini Aires<br />

Quero a minha alegria de volta<br />

Correr solta pelos campos<br />

Esperar a lua <strong>na</strong>scer<br />

E o dia amanhecer.<br />

Ler as palavras suaves de amor<br />

Deixadas <strong>no</strong> pedaço de papel<br />

Larga<strong>do</strong> <strong>no</strong> canto especial<br />

Onde só eu sei encontrar.<br />

Quero o olhar <strong>do</strong>ce<br />

Refletin<strong>do</strong> o brilho<br />

Da paixão desperta<br />

Do toque de mãos suaves.<br />

Quero olhar as estrelas<br />

E chorar de emoção<br />

Esperan<strong>do</strong> o momento<br />

Ao som de uma apaixo<strong>na</strong>nte canção.<br />

Quero viver de <strong>no</strong>vo<br />

A emoção de amar<br />

Tremer o corpo to<strong>do</strong><br />

Na ansia <strong>do</strong> encontro.<br />

Eu quero amar<br />

Como a primeira vez<br />

Na descoberta i<strong>no</strong>cente<br />

Que ele dure eter<strong>na</strong>mente.<br />

101


VERSOS PERTURBADOS<br />

Por Alessa B<br />

Passa em tropel febril a cavalgada<br />

Das paixões e loucuras triunfantes!<br />

Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!<br />

(Florbela Espanca)<br />

Qual vela acesa num altar sagra<strong>do</strong><br />

Ar<strong>do</strong> <strong>na</strong> penumbra oca <strong>do</strong> teu sonho,<br />

Sou o teu desejo casto e malogra<strong>do</strong>,<br />

Teu me<strong>do</strong> tacitur<strong>no</strong> e mais me<strong>do</strong>nho.<br />

Comigo teu eu demente e perturba<strong>do</strong>,<br />

Perpassa cada verso que componho…<br />

Sou teu chama<strong>do</strong> quente e desastra<strong>do</strong>,<br />

Na esfera <strong>do</strong> teu so<strong>no</strong> mais bisonho!<br />

És o meu canto louco em pensamento,<br />

O soluço delirante em meu ouvi<strong>do</strong>,<br />

Um mosaico agasta<strong>do</strong> e marulhento,<br />

Vagan<strong>do</strong> <strong>no</strong> limite <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s.<br />

Sou das ânsias tuas o sacramento,<br />

És da <strong>do</strong>ce angústia minha o aldeí<strong>do</strong>.<br />

102


CONHECENDO: ALESSA B.<br />

Apaixo<strong>na</strong>da pela Literatura desde sempre, descobriu a Poesia aos 14 a<strong>no</strong>s, quan<strong>do</strong><br />

então passou a exercitar a arte <strong>do</strong>s versos por conta própria. Tem como seus<br />

ícones e espelhos <strong>na</strong> poesia mundial, poetas como: Camões, Vinicius de Moraes,<br />

Álvares de Azeve<strong>do</strong>, Bocage, Gonçalves Dias, entre outros. Vem acumulan<strong>do</strong><br />

menções honrosas e posições de destaque em concursos literários pelo país. Pode<br />

ser encontrada <strong>no</strong>s seguintes endereços:<br />

E-mail:<br />

ale-bertazzo@hotmail.com<br />

Alquimia, Arte & Poesia<br />

http://transversu.blogspot.com/<br />

Recanto das Letras<br />

http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=63043<br />

Lançada <strong>no</strong> mês de maio em Lagu<strong>na</strong>, S.C., a<br />

antologia TÃO LONGE, TÃO PERTO, organizada<br />

pelo escritor lagunense J. Macha<strong>do</strong>, com a<br />

participação de escritores de diversas regiões<br />

<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>,.<br />

A capa é de Maria de Fátima Barreto Michels, a<br />

Fátima de Lagu<strong>na</strong>, poeta das lentes e da pe<strong>na</strong>.<br />

Mais um sucesso literário a ser aprecia<strong>do</strong>!<br />

103


4 copos(america<strong>no</strong>s)de polvilho<br />

<strong>do</strong>ce (500g)<br />

1 colher de (sopa) fon<strong>do</strong>r maggi<br />

ou sal a gosto<br />

2 copos de (america<strong>no</strong>)de leite<br />

(300ml)<br />

1 copo (america<strong>no</strong>) de óleo (150<br />

ml)<br />

2 ovos grandes ou 3 peque<strong>no</strong>s<br />

4 copos (america<strong>no</strong>) de queijo mi<strong>na</strong>s<br />

meia cura rala<strong>do</strong><br />

óleo para untar<br />

Mo<strong>do</strong> de Preparo:<br />

1. ar o polvilho em uma tigela grande<br />

2. à parte, aquecer o fon<strong>do</strong>r, o leite<br />

e o óleo<br />

3. Quan<strong>do</strong> ferver escaldar o polvilho<br />

com essa mistura, mexer muito<br />

bem para desfazer pelotinhas<br />

4. Deixe esfriar<br />

5. Acrescentar os ovos um a um,<br />

alter<strong>na</strong>n<strong>do</strong> com o queijo e sovan<strong>do</strong><br />

bem após cada adição<br />

6. Untar as mãos com óleo, se necessário<br />

7. Enrolar bolinhos de 2 (cm) de diâmetro<br />

e colocá-los em uma assadeira<br />

untada<br />

8. Levar ao for<strong>no</strong> médio (180º), préqueci<strong>do</strong><br />

Assar até ficarem <strong>do</strong>uradinhos<br />

http://tu<strong>do</strong>gostoso.uol.com.br<br />

A origem da iguaria é incerta. Especula-se que<br />

surgiu, <strong>no</strong> século 18, <strong>na</strong>s fazendas de Mi<strong>na</strong>s<br />

Gerais e Goiás, quan<strong>do</strong> as cozinheiras a preparavam<br />

para servir aos senhores, mas se tor<strong>no</strong>u<br />

popular <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> a partir da década de 50.<br />

Naquela época, não se imagi<strong>na</strong>va que o pão<br />

de queijo fosse ultrapassar as fronteiras “das<br />

Mi<strong>na</strong>s Gerais”, muito me<strong>no</strong>s que ganharia o<br />

mun<strong>do</strong>, tor<strong>na</strong>m-se marca de empresas famosas.<br />

Feito em casa, em quitandarias ou em escala<br />

industrial, não importa. A receita tradicio<strong>na</strong>l é<br />

única. Leva leite, óleo, ovos, sal, queijo-demi<strong>na</strong>s<br />

rala<strong>do</strong> e polvilho. Mas cada um tem lá o<br />

seu segredinho de sucesso.<br />

Combi<strong>na</strong>ção cai bem com diversas bebidas<br />

e acompanhamentos<br />

Se mineiro come quieto, pão de queijo comese<br />

quente porque é impossível deixá-lo esfriar<br />

e parar <strong>no</strong> primeiro. Eles vão bem <strong>no</strong> inver<strong>no</strong> e<br />

<strong>no</strong> verão, com café preto, como manda a tradição<br />

mineira, com chocolate quente, refrigerantes,<br />

sucos, chá e para alguns até com cerveja.<br />

Qualquer bebida é boa companhia e qualquer<br />

lugar é lugar para saborear um bom pão de<br />

queijo simples ou com recheio.<br />

Entre pães de queijo clássicos, <strong>no</strong>s quais a<br />

massa é escaldada, amassada com as mãos e<br />

moldada em forma de bolinhas, existem outras<br />

opções para quem deseja variar o sabor. Lêda<br />

sugere os tempera<strong>do</strong>s com salsinha, cebolinha<br />

e até mesmo presunto picadinho. “Esses com<br />

sabores diferentes têm grande aceitação”, (...)<br />

Eles também vêm rechea<strong>do</strong>s com requeijão,<br />

frango, cheddar e viram sobremesa quan<strong>do</strong><br />

acompanha<strong>do</strong>s de <strong>do</strong>ce de leite. (...)<br />

Texto: http://www.correiodeuberlandia.com.br<br />

104


To<strong>do</strong>s os textos publica<strong>do</strong>s <strong>no</strong><br />

<strong>Varal</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> receberam a aprovação<br />

<strong>do</strong>s autores.<br />

É proibida qualquer reprodução<br />

<strong>do</strong>s mesmos sem os devi<strong>do</strong>s<br />

créditos autorais, assim o como a<br />

citação da fonte.<br />

Se desejar receber quaisquer<br />

autorizações para reprodução<br />

das obras, por favor entre em<br />

contato com o <strong>Varal</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> por<br />

email ou pelos sites para obter os<br />

da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s autores.<br />

Se você é o autor de uma das<br />

imagens que encontramos <strong>na</strong> internet<br />

sem créditos, faça-<strong>no</strong>s saber<br />

para que divulguemos o seu<br />

talento!<br />

Os textos <strong>do</strong>s escritores<br />

<strong>brasileiros</strong> e/ou portugueses que<br />

aqui estão como convida<strong>do</strong>s especiais<br />

foram retira<strong>do</strong>s da internet.<br />

Para conhecer melhor os autores<br />

<strong>do</strong> VARAL DO BRASIL visite<br />

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números anteriores,<br />

peça através <strong>do</strong> <strong>no</strong>sso<br />

e-mail ou faça <strong>do</strong>wnload<br />

<strong>na</strong> pági<strong>na</strong> <strong>do</strong> VA-<br />

RAL. É gratuito!<br />

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Editar um livro depende muito da forma que você deseja que ele seja edita<strong>do</strong>. Se<br />

deseja que seja feito por uma Editora já conhecida ou mesmo peque<strong>na</strong> ou por conta<br />

própria.<br />

Procurar uma editora nem sempre é uma tarefa simples. Você deverá verificar, primeiramente,<br />

o tipo de editora que poderia se encaixar melhor <strong>no</strong> seu estilo. Depois,<br />

vem o envio de manuscritos ou arquivos para que sejam exami<strong>na</strong><strong>do</strong>s pelos<br />

responsáveis das mesmas e que decidirão se você é um candidato que eles vão<br />

“bancar” ou não. No caso de resposta afirmativa prepare-se para ceder boa parte<br />

<strong>do</strong>s seus direitos autorais, decisão quanto à impressão, capa e etc..<br />

Há muitas editoras <strong>na</strong> internet que não demandam os direitos autorais, cobran<strong>do</strong><br />

ape<strong>na</strong>s pela impressão ou colocação online <strong>no</strong> caso<br />

<strong>do</strong> livro ser digital. Neste caso você terá que enviar<br />

seu arquivo ten<strong>do</strong> em vista o tipo de impressão,<br />

a quantidade de exemplares, formato <strong>do</strong> livro,<br />

formatação <strong>do</strong> arquivo para tal, tipo de papel para<br />

capa e interior, capa (colorida ou não, brilhante ou<br />

não), número de exemplares, etc.<br />

Há artigos especializa<strong>do</strong>s que mostram as regras<br />

básicas para a diagramação de um livro para que<br />

ele seja feito dentro das <strong>no</strong>rmas. Este é um serviço que também é ofereci<strong>do</strong> por algumas<br />

empresas, assim como a confecção da ficha catalográfica.<br />

É muito importante, seja qual for a forma que você decidir editar, de registrar o seu<br />

livro (ISBN). Este registro pode ser feito <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> através da Biblioteca Nacio<strong>na</strong>l<br />

(http://www.bn.br) e <strong>na</strong> <strong>Suíça</strong> <strong>na</strong>s Agências ISBN vinculadas à Biblioteca Nacio<strong>na</strong>l<br />

<strong>Suíça</strong> (http://www.nb.admin.ch/nb_professionnel/issn/00660/index.html?lang=fr) .<br />

Este registro é o que lhe garante os direitos autorais.<br />

Procure conversar com que já editou, discuta com pessoas que desejam editar, troque<br />

idéias. A melhor maneira para um nem sempre é para o outro mas o a experiência<br />

com certeza será o que há de mais valioso <strong>no</strong> caminho de sua edição ou auto<br />

-edição.<br />

Boa sorte!<br />

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