Escritores brasileiros na Suíça e no Brasil. - Varal do Brasil
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<strong>Escritores</strong> <strong>brasileiros</strong><br />
<strong>na</strong> <strong>Suíça</strong> e <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
LITERÁRIO, SEM FRESCURAS!<br />
ANO 2 - EDIÇÃO NO. 3
VARAL DO BRASIL<br />
Literário, sem frescuras<br />
Genebra, primavera /verão de 2010<br />
A<strong>no</strong> 2—No. 3<br />
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3
Jacqueline Aisenman<br />
EXPEDIENTE<br />
Revista Literária VARAL DO BRASIL<br />
No. 3 — Genebra — CH<br />
Copyright © Vários autores<br />
O <strong>Varal</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> é promovi<strong>do</strong>,<br />
organiza<strong>do</strong> e divulga<strong>do</strong> pelo site:<br />
www.coracio<strong>na</strong>l.com<br />
Site <strong>do</strong> <strong>Varal</strong>: www.vara<strong>do</strong>brasil.ch<br />
Textos: Vários Autores<br />
Ilustrações: Vários Autores<br />
Revisão parcial de cada autor.<br />
Revisão Geral: <strong>Varal</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong><br />
Composição e diagramação:<br />
Jacqueline Aisenman<br />
A distribuição ecológica, por email, é<br />
gratuita.<br />
Se você deseja participar <strong>do</strong> <strong>Varal</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Brasil</strong> <strong>no</strong>. 04, envie seus textos até<br />
05 de julho de 2010 para<br />
varal<strong>do</strong>brasil@bluewin.ch<br />
A participação é gratuita. Participe!<br />
Genebra<br />
Desde <strong>no</strong>vembro <strong>do</strong> a<strong>no</strong> passa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong><br />
iniciamos o projeto de realizar o VARAL,<br />
ficou claro que esta não seria uma revista<br />
literária como as outras. Por que?<br />
Porque fica difícil falar de literatura, apresentar<br />
<strong>no</strong>vos e consagra<strong>do</strong>s escritores,<br />
sem falar de outros assuntos, sem trazer<br />
os aspectos culturais <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is países envolvi<strong>do</strong>s<br />
neste projeto.<br />
Literária, sem frescuras. Assim definiu-se<br />
a revista e assim está crescen<strong>do</strong>. Neste<br />
número são 40 escritores selecio<strong>na</strong><strong>do</strong>s e<br />
mais diversos artigos. Um grande passo<br />
diante <strong>do</strong> tími<strong>do</strong> número zero de <strong>no</strong>vembro.<br />
E o caminho que estamos trilhan<strong>do</strong> de forma<br />
vitoriosa tem nele plantadas as flores<br />
<strong>do</strong>s poetas, as sementes <strong>do</strong>s cronistas e<br />
contistas que aqui co<strong>no</strong>sco vem fazen<strong>do</strong> a<br />
caminhada.<br />
Verso e prosa, prosa e verso, somos to<strong>do</strong>s<br />
escritores. Escrevemos a vida a cada dia,<br />
cada um da sua forma. E é o que faz a riqueza<br />
<strong>do</strong> VARAL DO BRASIL: o encontro<br />
<strong>na</strong>s diferenças.<br />
Obrigada escritores, obrigada leitores.<br />
Com vocês e por vocês aqui estamos com<br />
mais um número e com certeza futuramente<br />
com muitos outros!<br />
4<br />
Até!<br />
Jacqueline Aisenman
Alessa B. - Versos Perturba<strong>do</strong>s<br />
Amarilis Pazini Aires - Amar como a primeira vez<br />
Angela Costa - Poema Etílico<br />
A<strong>na</strong> A<strong>na</strong>issi - As velhinhas caroneiras<br />
Andre Luis Aqui<strong>no</strong> - Os amantes <strong>do</strong> círculo polar<br />
Antonio Vendramini Neto - Os sapatos <strong>do</strong> Valdemar<br />
Carlos Eduar<strong>do</strong> Marcos Bonfá - Silêncio<br />
Chajafreidafelkstein - Passarinhos<br />
Clarice Villac - Calendário<br />
Cristiane Stankovick - Roti<strong>na</strong><br />
Dimmytrius - Meu <strong>Brasil</strong> <strong>Brasil</strong>eiro<br />
Eurico de Andrade. Bembem padece de amor<br />
Fabrício Couto Martins - Alma escura<br />
Gilberto Nogueira de Oliveira - Esperança<br />
Gustavo H. Bella - Aceito a <strong>no</strong>ite longa<br />
Infeto - Simples assim<br />
Jaci Santa<strong>na</strong> - Sig<strong>no</strong>s<br />
Jacqueline Aisenman - Gosto<br />
Jania de Souza - Falan<strong>do</strong> de Amor<br />
José Carlos P. Bru<strong>no</strong> - Contubérnio<br />
José Genário Macha<strong>do</strong> - A fuga <strong>do</strong> caranguejo<br />
Ju Virginia<strong>na</strong> - E o amor acontece<br />
Lariel Frota - Rosas azuis<br />
Maíra Cortez Galhar<strong>do</strong> - Chão<br />
Marcelo de Oliveira Souza - Escrito <strong>na</strong>s estrelas<br />
5
Márcio José Rodrigues - Os companheiros<br />
Marília Kosby - A terra prometida<br />
Matheus Paz - Greve sustentável<br />
Oswal<strong>do</strong> Begiato - Mun<strong>do</strong> da lua<br />
Re<strong>na</strong>ta Iacovi<strong>no</strong> - Poesia falada<br />
Re<strong>na</strong>ta Gomes de Farias - Metrópole<br />
Rosane Magaly Martins - Risco Iminente<br />
Sonia Alcalde - As mães sem <strong>no</strong>me<br />
Suziley Silva- O pai das telecomunicações<br />
Thiago Maerki - Desafogue a si mesmo<br />
Valdeck Almeida de Jesus - Sou louco<br />
Valquíria Gesqui Malagoli - Regresso<br />
Varenka de Fátima - Dulce Schwabacher<br />
Vicência Jaguaribe - A lua sobre as árvores<br />
Vó Fia - Desejos<br />
Walnélia Corrêa Pederneiras - Paulo Freire<br />
LEIA TAMBÉM NESTE NÙMERO:<br />
O Sistema educacio<strong>na</strong>l suíço<br />
Culinária suíça e brasiliera<br />
Festas juni<strong>na</strong>s<br />
A língua portuguesa e o regio<strong>na</strong>lismo<br />
Cantões suíços<br />
Vocabulário gaúcho e<br />
6<br />
… mais ainda!
PARTICIPAÇÃO NO VARAL<br />
NO. 4<br />
Envie seus textos para o e-mail<br />
varal<strong>do</strong>brasil@bluewin.ch em formato<br />
Word (não serão aceitos textos cola<strong>do</strong>s<br />
aos emails) .<br />
Envie uma biografia breve acompanhada<br />
de uma ou duas fotos e da<strong>do</strong>s para contato<br />
(email, blog, site, etc.). Se usar pseudônimo<br />
e não desejar que seu <strong>no</strong>me verdadeiro<br />
seja coloca<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Varal</strong> ou <strong>no</strong> site,<br />
envie uma biografia <strong>do</strong> seu pseudônimo.<br />
Não serão aceitas biografias e fotos Incorporadas<br />
aos emails, ape<strong>na</strong>s em anexo.<br />
Será escolhi<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s um texto de cada<br />
autor sen<strong>do</strong>:<br />
- poemas de <strong>no</strong> máximo duas pági<strong>na</strong>s<br />
conten<strong>do</strong> 20 linhas;<br />
- contos e crônicas com um máximo de<br />
três pági<strong>na</strong>s de 25 linhas;<br />
- os envios deverão ser feitos até o dia 05<br />
de JULHO (to<strong>do</strong> texto que chegar após<br />
esta data será observa<strong>do</strong> automaticamente<br />
para o <strong>Varal</strong> <strong>no</strong>. 5).<br />
- será dada a prioridade aos que enviarem<br />
com maior antecedência.<br />
"O que importa <strong>na</strong> vida não<br />
é o ponto de partida, mas a<br />
caminhada.<br />
Caminhan<strong>do</strong> e semean<strong>do</strong>,<br />
<strong>no</strong> fim terás o que colher!"<br />
Cora Corali<strong>na</strong><br />
7<br />
NOSSOS CONVIDADOS<br />
ESPECIAIS:<br />
Cora Corali<strong>na</strong><br />
Francisca Júlia<br />
Manuel Bandeira<br />
Nélida Piñon<br />
Oswald de Andrade<br />
Vinícius de Moraes<br />
“Como poucos, eu conheci<br />
as lutas e as tempestades.<br />
Como poucos, eu amei a<br />
palavra liberdade e por ela<br />
briguei.”<br />
Oswald de Andrade
HOSPITAL DE LAGUNA<br />
Faça <strong>do</strong> Hospital de Lagu<strong>na</strong> a sua causa,<br />
colabore! www.hospitallagu<strong>na</strong>.com<br />
PROJETO LUZ<br />
Ilumine esta idéia! Como você deseja que<br />
o Hospital de Lagu<strong>na</strong> seja? Bom? Muito<br />
bom? Ótimo? Qual o seu desejo? Com<br />
quanto você pode contribuir, <strong>na</strong> sua conta<br />
de luz, para o Hospital ser assim, <strong>do</strong> jeito<br />
que você quer? Você pode!<br />
O prêmio maior é a vida. Com certeza o<br />
seu maior desejo!<br />
CARTÃO DE BENEFÍCIOS<br />
O Cartão de Benefícios proporcio<strong>na</strong> a usuários<br />
e dependentes descontos <strong>no</strong>s serviços<br />
de inter<strong>na</strong>ção e de urgência/<br />
emergência ofereci<strong>do</strong>s pelo Hospital de<br />
Lagu<strong>na</strong> e pela rede de estabelecimentos e<br />
profissio<strong>na</strong>is credencia<strong>do</strong>s (visite <strong>no</strong> site o<br />
link <strong>do</strong> Cartão de Benefícios). Os descontos<br />
variam de 10 a 50%, poden<strong>do</strong> chegar a<br />
90% <strong>na</strong>s farmácias. procure o representante<br />
<strong>do</strong> hospital <strong>no</strong> horário comercial.<br />
TORNE-SE UM ASSOCIADO<br />
Para tor<strong>na</strong>r-se um associa<strong>do</strong> <strong>do</strong> hospital,<br />
basta preencher o formulário que se encontra<br />
<strong>no</strong> site e encaminhá-lo à direção <strong>do</strong><br />
hospital. O valor da mensalidade e de ape<strong>na</strong>s<br />
R$ 10,00.<br />
To<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> poderá usufruir das vantagens<br />
<strong>do</strong> cartão de benefícios sem pagamento<br />
adicio<strong>na</strong>l.<br />
8<br />
POEMINHA AMOROSO<br />
Cora Corali<strong>na</strong><br />
Este é um poema de amor<br />
tão meigo, tão ter<strong>no</strong>, tão teu...<br />
É uma oferenda aos teus momentos<br />
de luta e de brisa e de céu...<br />
E eu,<br />
quero te servir a poesia<br />
numa concha azul <strong>do</strong> mar<br />
ou numa cesta de flores <strong>do</strong> campo.<br />
Talvez tu possas entender o meu amor.<br />
Mas se isso não acontecer,<br />
não importa.<br />
Já está declara<strong>do</strong> e estampa<strong>do</strong><br />
<strong>na</strong>s linhas e entrelinhas<br />
deste peque<strong>no</strong> poema,<br />
o verso;<br />
o tão famoso e inespera<strong>do</strong> verso que<br />
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...<br />
eu te amo, per<strong>do</strong>a-me, eu te amo...
PAULO FREIRE<br />
Por Walnélia Corrêa Pederneiras<br />
Lá fora,algumas lindas pessoas<br />
plantam árvores em terre<strong>no</strong>s<br />
até então, sujos e aban<strong>do</strong><strong>na</strong><strong>do</strong>s...<br />
Nas Escolas resgatam mensagens<br />
transmitidas por sábios educa<strong>do</strong>res<br />
Nas livraria, jor<strong>na</strong>is,revistas e TV<br />
alerta e orientação,louvor à Educação<br />
Toda palavra conscientizada<br />
Paz profunda elaborada<br />
tem eco,tem so<strong>no</strong>ridade.<br />
Paulo Freire agora,<br />
abecedário em rosário...<br />
W alnélia Corrêa Pederneiras – catarinense, reside em Florianópolis/SC.<br />
Formada em Letras pela Universidade Federal de Santa Catari<strong>na</strong>. Professora<br />
de Yoga e Meditação. Escreve desde meni<strong>na</strong>.<br />
Participou das Antologias: "Poesia <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>" Bento Gonçalves RS (volumes<br />
4,6,7,8,9,10), "Poeta mostra a tua cara" (volume 5), Poetas <strong>do</strong> Café (volume 3), Poemas<br />
à Flor da Pele (volumes 1 e 2), Poetas del Mun<strong>do</strong> em Poesia (volume 1), Antologia<br />
<strong>Escritores</strong> <strong>Brasil</strong>eiros...e autores em Língua Portuguesa -Vitória da Conquista-<br />
Bahia (volumes 6 e 7), Poetas En/Ce<strong>na</strong> -Belô Poético (volumes 1, 2 e 3). É Cônsul<br />
de "Poetas del Mun<strong>do</strong>" em Florianópolis-SC.<br />
Membro da Academia Poçoense de Letras,ocupante da Cadeira número 43-Poções-<br />
Bahia-<strong>Brasil</strong><br />
Escreve <strong>no</strong>s sites: Recanto das Letras:http://<br />
recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=28134<br />
Usi<strong>na</strong> de Letras:http://www.usi<strong>na</strong>deletras.com.br/<br />
exibelotextoautor.php?user=walnelia<br />
Apolo – Academia Poçoense de Letras: http://<br />
www.apoloacademiadeletras.com.br/<br />
<strong>Varal</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> – Literário, sem frescuras – http://<br />
www.varal<strong>do</strong>brasil.ch<br />
9
A ESTRELA<br />
Vi uma estrela tão alta,<br />
Vi uma estrela tão fria!<br />
Vi uma estrela luzin<strong>do</strong><br />
Na minha vida vazia.<br />
Era uma estrela tão alta!<br />
Era uma estrela tão fria!<br />
Era uma estrela sozinha<br />
Luzin<strong>do</strong> <strong>no</strong> fim <strong>do</strong> dia.<br />
Por que da sua distância<br />
Para a minha companhia<br />
Não baixava aquela estrela?<br />
Por que tão alta luzia?<br />
E ouvi-a <strong>na</strong> sombra funda<br />
Responder que assim fazia<br />
Para dar uma esperança<br />
Mais triste ao fim <strong>do</strong> meu dia.<br />
O IMPOSSÍVEL CARINHO<br />
Escuta, eu não quero contar-te o meu<br />
desejo<br />
Quero ape<strong>na</strong>s contar-te a minha ternura<br />
Ah se em troca de tanta felicidade que<br />
me dás<br />
Eu te pudesse repor<br />
- Eu soubesse repor -<br />
No coração despedaça<strong>do</strong><br />
As mais puras alegrias de tua infância!<br />
10
Por Vó Fia<br />
DESEJOS<br />
Antigamente acreditava-se que as mulheres grávidas tinham que serem<br />
atendidas em to<strong>do</strong>s os seus desejos, por mais estranhos que pudessem<br />
parecer e as senhoras usavam e abusavam desse suposto direito, os<br />
coita<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s mari<strong>do</strong>s se viravam em <strong>do</strong>is para atender a to<strong>do</strong>s os pedi<strong>do</strong>s<br />
indiferentes ao horário ou ao esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> tempo; era uma loucura, e<br />
ninguém se queixava por me<strong>do</strong> das línguas das fofoqueiras de plantão e<br />
as exigências cresciam <strong>na</strong> mesma medida das barrigas. Era um horror.<br />
Todas as mulheres daquele tempo ao engravidar, passavam a infernizar<br />
a vida de seus mari<strong>do</strong>s com seus pedi<strong>do</strong>s absur<strong>do</strong>s. Algumas se contentavam<br />
com comidas, <strong>do</strong>ces e frutas diferentes, mas outras descontentes<br />
com as agruras da gravidez abusavam e exageravam ao extremo com<br />
seus pedi<strong>do</strong>s, era uma forma de vingança disfarçada contra os mari<strong>do</strong>s<br />
que levavam sempre a melhor parte da procriação. E para agravar o problema,<br />
ainda havia as sogras, sempre prontas a dar mão forte as filhas<br />
se os genros se negassem a atendê-las.<br />
E as historias mais absurdas aconteciam por causa dessa crendice, mas<br />
<strong>do</strong><strong>na</strong> Hermínia era a campeã desses desejos difíceis e estranhos e seu<br />
mari<strong>do</strong>, o pacifico e bem intencio<strong>na</strong><strong>do</strong> seu Lucas, jamais se queixava e<br />
atendia prontamente a to<strong>do</strong>s eles; certa vez caiu uma chuva violenta em<br />
toda a região, e a enchente tomou conta <strong>do</strong>s cursos de água daqueles<br />
la<strong>do</strong>s, mas <strong>do</strong><strong>na</strong> Hermínia resolveu se desesperar de desejo de comer<br />
uma goiaba que estava <strong>no</strong> alto de uma goiabeira, mas estar <strong>no</strong> alto era o<br />
me<strong>no</strong>r <strong>do</strong>s problemas.<br />
O pior era que a casa estava de um la<strong>do</strong> e a goiabeira <strong>do</strong> outro de um<br />
ribeirão, que <strong>no</strong> momento se transformara em caudaloso rio por causa<br />
da enchente, mas ela não podia esperar que as águas baixassem e seu<br />
Luas foi obriga<strong>do</strong> a se arriscar <strong>na</strong>dan<strong>do</strong> até a tal goiabeira. Quan<strong>do</strong> voltou,<br />
exausto e triunfante com a cobiçada goiaba <strong>na</strong>s mãos, ela estava se<br />
sentin<strong>do</strong> mal e se recusou a comê-la. Mas pior foram alguns dias depois<br />
quan<strong>do</strong> a <strong>do</strong><strong>na</strong> teve um <strong>no</strong>vo desejo e disse ao paciente mari<strong>do</strong>: Lucas<br />
eu estou com um desejo e<strong>no</strong>rme de comer um pedaço da barriga de sua<br />
per<strong>na</strong>, só um pedacinho, bem.<br />
Pela primeira vez seu Lucas se zangou e gritou: essa historia de desejo<br />
já foi longe demais, você não vai comer pedacinho nenhum de minha<br />
per<strong>na</strong> sua canibal, e de hoje em diante vou <strong>do</strong>rmir <strong>no</strong> quarto de hóspedes<br />
para não ser mordi<strong>do</strong> durante a <strong>no</strong>ite. E por minha conta você nunca<br />
mais fica grávida, contente-se com os filhos que já tem sua maluca. Os<br />
meses se passaram, a esperada criança <strong>na</strong>sceu e seu Luas continuava<br />
ocupan<strong>do</strong> o quarto de hóspedes. Mas o tempo é um santo remédio para<br />
tu<strong>do</strong>, ele voltou para o quarto de casal e ainda tiveram mais quatro filhos.<br />
Dizem as más línguas que <strong>na</strong> per<strong>na</strong> dele faltam quatro pedacinhos.<br />
11
Foto de Vicência Jaguarribe<br />
Vicência (Maria Freitas) Jaguari-<br />
be é cearense. Nasceu em Jaguarua<strong>na</strong>,<br />
em 07/08/1948. Formada em Letras,<br />
com Mestra<strong>do</strong> em Literatura <strong>Brasil</strong>eira,<br />
é professora da Universidade<br />
Estadual <strong>do</strong> Ceará, onde, por muitos<br />
a<strong>no</strong>s, ensi<strong>no</strong>u Literatura Infanto-<br />
Juvenil. Escreve para criança e adultos<br />
– crônicas, contos e poemas. Publica<br />
seus textos <strong>no</strong>s seguintes endereços<br />
eletrônicos:<br />
http://palavraengenhosa.blogspot.com<br />
(Blog por ela administra<strong>do</strong>.)<br />
www.republica<strong>do</strong>sautores.com.br<br />
http://singran<strong>do</strong>horizontes.blogspot.co<br />
http://www.conexaomaringa.com<br />
www.varal<strong>do</strong>brasil.ch<br />
A LUA SOBRE AS ÀRVORES<br />
Por Vicência Jaguaribe<br />
A lua pairan<strong>do</strong><br />
Sobre as árvores.<br />
A lua pairan<strong>do</strong><br />
Sobre os prédios.<br />
A lua mais alta <strong>do</strong> que<br />
Meu amor e meus desejos<br />
Meus me<strong>do</strong>s e minhas frustrações<br />
Minha ansiedade e minha angústia<br />
Minha solidão e minhas decepções.<br />
A lua em sua distância, bela e i<strong>na</strong>cessível.<br />
12<br />
E eu a chamá-la, a esperá-la.<br />
- Ela virá?<br />
- Não.<br />
A distância é grande<br />
E o único ônibus da linha<br />
Acaba de sofrer uma avaria.<br />
E pensar que, um dia,<br />
Eu já a tive quase à mão<br />
E perdi-a,<br />
Num cochilo fora de hora!
DULCE SCHWABACHER<br />
Por Varenka de Fátima<br />
A escola de teatro em tempos i<strong>do</strong>s,gloriosa! Continua com a mesma fama, não mudara<br />
quase <strong>na</strong>da,a escola está situada <strong>no</strong> bairro <strong>do</strong> Canela <strong>no</strong> centro de Salva<strong>do</strong>r.<br />
Ape<strong>na</strong>s uma modificação <strong>na</strong> estrutura dentro <strong>do</strong> teatro e aumentaram com a construção<br />
<strong>do</strong> pavilhão de aulas ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> teatro.<br />
A tarde estava agradável e mor<strong>na</strong>. Eu sentei num banco <strong>do</strong> pátio da escola,olhei<br />
para as árvores e comecei a meditar <strong>no</strong> rumo inespera<strong>do</strong> que minha vida tinha toma<strong>do</strong>.<br />
Depois de dezoito a<strong>no</strong>s afastada, trabalhei em belas artes e <strong>na</strong> escola de dança e<br />
agora estava <strong>na</strong> minha escola de teatro,onde estudei, lembrei <strong>do</strong>s colegas e professores<br />
e das aulas de improvisações. Mas,jamais esquecerei das aulas da professora<br />
Dulce Schwbacher. Uma mulher de pequeníssima estatura, respeitada e reconhecida<br />
pelo seu talento <strong>na</strong> sua convicção de que tu<strong>do</strong> é possível e viável. Quan<strong>do</strong><br />
estava passan<strong>do</strong> seus ensi<strong>na</strong>mentos, to<strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s atentos para aprendermos,pois<br />
suas técnicas eram transmitidas artesa<strong>na</strong>lmente.Como professora de maquiagem,sabia<br />
fazer as tintas para transformar os alu<strong>no</strong>s em vários perso<strong>na</strong>gens.<br />
Fiquei de imediato encantada pelas aulas e sentava <strong>na</strong> frente <strong>do</strong> espelho e desabafei.<br />
- Professora Dulce, tenho pavor de ficar velha.<br />
A professora lentamente aproximou e perguntou.<br />
- Quantos a<strong>no</strong>s você tem?<br />
- Tenho 25 a<strong>no</strong>s.<br />
A professora não conteve o sorriso.<br />
- Então vou fazer uma maquiagem e vai ficar com 80<br />
a<strong>no</strong>s.<br />
- Primeiro franzir a sua testa, para que eu possa passar<br />
o lápis preto <strong>na</strong>s rugas feita <strong>na</strong> testa e <strong>no</strong> canto<br />
<strong>do</strong>s olhos.<br />
- Agora dê um leve sorriso, para passar o lápis preto<br />
<strong>na</strong>s rugas <strong>do</strong> canto da boca,em seguida passou uma base mais clara <strong>do</strong> que a minha<br />
pele e esfumaçou.<br />
A professora Dulce orde<strong>no</strong>u em seguida:<br />
- Olhe para baixo,vou passar uma tinta branca <strong>no</strong>s cílios e <strong>no</strong> seus cabelos, ok.<br />
Vamos levante os olhos<br />
- Oh! Estou com 80 a<strong>no</strong>s.<br />
13<br />
Foto S.A.
Depois das aulas conversávamos e ficamos amigas.<br />
Quan<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>rável Dulce se aposentou disse:<br />
- Estou passan<strong>do</strong> minhas ferramentas para a minha alu<strong>na</strong> predileta.<br />
- Mas, professora, fico feliz, obrigada.<br />
Durante a<strong>no</strong>s, fomos aos <strong>do</strong>mingos para a missa <strong>na</strong> igreja da Vitória,foram tardes<br />
inesquecíveis.Os a<strong>no</strong>s passaram com o tempo as marcas irreversíveis.<br />
De súbito, Dulce foi acometida de um infarto e silenciou eter<strong>na</strong>mente.<br />
Para acalentar o meu coração, passo os ensi<strong>na</strong>mentos que minha <strong>do</strong>ce Dulce me<br />
ensi<strong>no</strong>u, como forma de gratidão. Na certeza que vivemos <strong>na</strong> fronteira e que podemos<br />
partir a qualquer momento.<br />
V arenka de Fátima Araújo reside em Salva<strong>do</strong>r-Bahia. Formada em Direção<br />
teatral pela Universidade Federal da Bahia, cursou licenciatura em Desenho <strong>na</strong> Escola<br />
de Belas Artes da UFBA É figurinista da Escola de Teatro da UFBA. Professora<br />
de teatro aqui e em 1984 <strong>no</strong> Pa<strong>na</strong>má. Atriz, maquia<strong>do</strong>ra e figurinista de varias peças<br />
de teatro. Participou <strong>do</strong> livro Ecos Machadia<strong>no</strong>s, coletânea verso e prosa, teve<br />
participação com a poesia Salva<strong>do</strong>r <strong>no</strong> Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus.<br />
Teve duas poesias <strong>na</strong> Antologia Delicatta IV prosa e verso, Poeta, Mostra Tua Cara<br />
e Coletânea El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> é colabora<strong>do</strong>ra da revista Artpoesia e Minirevista Contan<strong>do</strong> e<br />
Poetizan<strong>do</strong> de Marcos Tole<strong>do</strong> é membro <strong>do</strong> grupo Poetas Del Mun<strong>do</strong> e Luso Poemas.<br />
Na antologia Mãos que falam, ficou <strong>na</strong> <strong>no</strong><strong>na</strong> colocação com a poesia Tempo<br />
de Espera. Teve três poemas <strong>no</strong> livro GACBA.<br />
Celeiro <strong>do</strong>s <strong>Escritores</strong>:<br />
http://galerialiteraria.celeirodeescritores.org/perfil.asp?at=varenka<br />
Poetas Del Mun<strong>do</strong>:<br />
http://www.poetasdelmun<strong>do</strong>.com/verInfo_america.asp?<br />
ID=6036<br />
Luso Poemas: http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/<br />
index.php?uid=9120<br />
Contato: venkadefatima@hotmail.com<br />
14
REGRESSO<br />
Por Valquíria Gesqui Malagoli<br />
Perguntaste a mim,<br />
que meus pés molhava<br />
neste mar sem fim,<br />
para o que eu olhava...<br />
Eu, ah, olhava ao longe<br />
sem pensar em <strong>na</strong>da,<br />
imitan<strong>do</strong> um monge<br />
de vista ilibada.<br />
(– Que descanso imenso<br />
mora onde eu não penso!)<br />
Só fui retor<strong>na</strong>r<br />
porque me chamaste,<br />
e ao que perguntaste,<br />
respondi: “pro mar!”<br />
15
V alquíria<br />
Gesqui Malagoli , Jundiaiense, Presidente da Academia Femini<strong>na</strong><br />
de Letras e Artes de Jundiaí (2010-2012) e membro de diversas entidades<br />
culturais.<br />
Articulista <strong>do</strong> Jor<strong>na</strong>l de Jundiaí Regio<strong>na</strong>l, colabora também com outros veículos.<br />
Autora de: Versos versus Versos (2005) e Testamento (2008) – poesias; O presente<br />
de grego (2009) – romance infanto-juvenil.<br />
Em coautoria com Re<strong>na</strong>ta Iacovi<strong>no</strong>, lançou Missivas (2006 – parceria poética), e<br />
OLHAR DIverso – haicaimagético (2009), além <strong>do</strong>s infantis uniVerso enCanta<strong>do</strong><br />
(2007 – livro/CD) e De grão em grão (2008 – CD).<br />
Juntas, realizam ofici<strong>na</strong>s, saraus e atividades afins; desenvolveram e mantêm desde<br />
2009 a CircuitoTeca, biblioteca itinerante sem fins lucrativos. Com Josyanne Rita<br />
de Arruda Franco, criaram o jor<strong>na</strong>l literário de distribuição gratuita CAJU.<br />
www.valquiriamalagoli.com.br<br />
vmalagoli.blog.uol.com.br<br />
reval.<strong>na</strong>foto.net<br />
vmalagoli@uol.com.br<br />
caju.valquiriamalagoli.com.br<br />
16
SOU LOUCO<br />
Por Valdeck de Almeida Jesus<br />
Quero transformar:<br />
A mentira e a traição em confiança;<br />
Louco para fazer da fome, mesa farta;<br />
Da indiferença, atenção;<br />
Sou louco para fazer da roubalheira,<br />
Divisão igualitária de riquezas;<br />
Da corrupção, compaixão;<br />
Sou louco para fazer da violência,<br />
Equilíbrio social;<br />
Sonho em fazer <strong>do</strong> frio, abrigo;<br />
Do aborto, um abraço afetivo;<br />
Sou louco para fazer <strong>do</strong> desamor,<br />
Carícia;<br />
E da ganância, solidariedade.<br />
Só assim teremos paz!<br />
17<br />
V aldeck Almeida de Jesus,<br />
43, jor<strong>na</strong>lista, funcionário público, editor<br />
de livros e palestrante. Membro<br />
correspondente da Academia de Letras<br />
de Jequié e efetivo da União <strong>Brasil</strong>eira<br />
de <strong>Escritores</strong>. Embaixa<strong>do</strong>r Universal<br />
da Paz..<br />
Publicou os livros Memorial <strong>do</strong> Infer<strong>no</strong>:<br />
a saga da família Almeida <strong>no</strong> Jardim<br />
<strong>do</strong> Éden, Feitiço contra o feiticeiro, Valdeck<br />
é Prosa e Vanise é Poesia, 30<br />
A<strong>no</strong>s de Poesia, Heartache Poems,<br />
dentre outros, e participa de mais de<br />
60 antologias.<br />
Organiza e patroci<strong>na</strong> o Prêmio Literário<br />
Valdeck Almeida de Jesus de Poesia,<br />
desde 2005, o qual já lançou mais de<br />
600 poetas.<br />
Site: www.galinhapulan<strong>do</strong>.com<br />
E-mail: valdeck2007@gmail.com
DESAFOGUE A SI MESMO<br />
Por Thiago Maerki<br />
Marquei um encontro<br />
Em um café qualquer<br />
Sentei a frente de mim mesmo<br />
E comecei a questio<strong>na</strong>r-me<br />
Tentei disfarçar<br />
Mas o outro eu<br />
Sabia tu<strong>do</strong> sobre mim<br />
Coisas que nem mesmo eu conhecia<br />
Ou conhecia<br />
E não estava claro<br />
Percebi então que muitas vezes não somos<br />
nós<br />
E <strong>no</strong>s escondemos de nós mesmos<br />
É sempre bom encontrar-se<br />
Consigo mesmo<br />
E perguntar:<br />
Quem sou eu?<br />
A resposta virá de você mesmo<br />
Não procure exter<strong>na</strong>mente<br />
Respostas para suas questões interiores<br />
Cave seu ser<br />
Achegue-se às águas profundas<br />
Sinta o ma<strong>na</strong>ncial<br />
E desafogue a si mesmo<br />
18
CRÔNICA, CONTO, ROMANCE, NOVELA...<br />
Um artigo de Airo Zamoner<br />
Transcrito <strong>do</strong> site http://www.protexto.com.br/<br />
To<strong>do</strong>s nós, autores <strong>no</strong>vos e não tão <strong>no</strong>vos, vez por outra, sentimos imensas dúvidas<br />
para enquadrar em um desses gêneros e sub-gêneros, <strong>no</strong>ssa criação literária.<br />
É bom não esquecer o interminável debate que remonta à República de Platão e<br />
que deságua hoje num certo consenso sobre a existência de <strong>do</strong>is gêneros, poesia e<br />
prosa, segui<strong>do</strong> de subdivisões, como poesia lírica, épica por um la<strong>do</strong>, e conto, <strong>no</strong>vela<br />
e romance por outro.<br />
Os especialistas <strong>no</strong> assunto, e é bom esclarecer que não sou um deles, tentam explicar<br />
tu<strong>do</strong> isso. A gente lê, relê e acaba fican<strong>do</strong> com as mesmas interrogações.<br />
Nesse artigo posso perturbar o academicismo <strong>do</strong>s especialistas, mas preten<strong>do</strong> dar<br />
minha visão como escritor, de forma objetiva, prática e principalmente didática, arriscan<strong>do</strong><br />
sofrer a crítica que me mostrará as imensas teses, trata<strong>do</strong>s, ensaios sobre<br />
cada um desses gêneros. Provavelmente dirão: "Que pretensioso esse escritorzinho,<br />
hein?". Assim mesmo, revolvi correr o risco e me antecipar à crítica. Meu endereço<br />
está disponível e prometo responder educadamente a to<strong>do</strong>s.<br />
Se consultarmos algum dicionário de termos literários, teremos algo assim:<br />
Crônica, vem <strong>do</strong> Grego, kró<strong>no</strong>s, que significa "tempo" e <strong>do</strong> Latim, annum, a<strong>no</strong>, ou<br />
ânua, significan<strong>do</strong>, "a<strong>na</strong>is".<br />
Poesia também <strong>do</strong> Grego, poíesis, que quer dizer, "ação de criar alguma coisa".<br />
Conto, <strong>do</strong> Latim computum, ou seja, "cálculo, conta", ou <strong>do</strong> Grego kóntos,<br />
"extremidade da lança", ou commentum, "invenção, ficção".<br />
Romance, <strong>do</strong> Latim romanice, que quer dizer, "em língua românica".<br />
Poema, <strong>do</strong> Grego, poiema, significan<strong>do</strong> "o que se faz".<br />
Novela, <strong>do</strong> Latim, <strong>no</strong>vellam, ou seja:, "<strong>no</strong>va<br />
É... por aí, não vamos poder ter grandes esclarecimentos...<br />
Vamos agluti<strong>na</strong>r alguns termos para simplificar a variedade em três:<br />
1. Poesia, poema<br />
2. Crônica<br />
3. Conto, <strong>no</strong>vela, romance, poesia, poema<br />
Poesia, poema<br />
Se consultarmos Octavio Paz, El Arco y la Lira, 1956 p.14, encontramos sobre Poema:<br />
a afirmação, "um organismo verbal que contém, suscita ou segrega poesia"<br />
Massaud Moises em seu fabuloso Dicionário de Termos Literários, afirma:<br />
"Assumida orto<strong>do</strong>xalmente, a conexão entre poema e poesia implicaria um juízo de<br />
valor, ainda que de primeiro grau: to<strong>do</strong> poema encerraria poesia, e vice-versa." E<br />
mais adiante: "...existem poemas sem poesia, e a poesia pode surgir <strong>no</strong> âmbito de<br />
um romance ou de um conto". Acho mais esclarece<strong>do</strong>r o que Jean Cohen em sua<br />
Structure du language poétique, 1966, p.207, afirma: "...precisamente uma técnica<br />
linguística de produção dum tipo de consciência que o espetáculo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> não<br />
produz ordi<strong>na</strong>riamente".<br />
Claro que essas citações ajudam muito pouco. Vamos tentar mais praticidade e ser<br />
me<strong>no</strong>s acadêmicos.<br />
19
Em primeiro lugar devemos compreender<br />
que a questão formal não caracteriza a<br />
poesia. Fazer versos não é fazer poesia.<br />
Aristóteles já alertava que o uso <strong>do</strong> verso<br />
não tor<strong>na</strong> ninguém um poeta.<br />
Em segun<strong>do</strong> lugar, poemas e poesias serão<br />
reconheci<strong>do</strong>s pelos seguintes fatores:<br />
1. Um poema ou poesia é carente de lógica,<br />
pois seu conteú<strong>do</strong> tem que ser intrinsecamente,<br />
as emoções <strong>do</strong> "eu"<br />
2. Não existe relação passa<strong>do</strong>, presente,<br />
futuro. Existe unicamente um presente<br />
eter<strong>no</strong>. Daí ser possível reconhecer um<br />
poema, poesia pelo turbilhão de metáforas.<br />
Metáforas intercaladas num círculo<br />
vicioso, onde a palavra <strong>do</strong> fi<strong>na</strong>l volta para<br />
a palavra inicial.<br />
3. Não existe <strong>na</strong>rração num poema ou poesia.<br />
Numa poesia não há fatos, e sim esta<strong>do</strong>s.<br />
Não há enre<strong>do</strong>. Deve conter as situações<br />
que povoam o "eu" <strong>do</strong> poeta, um<br />
ser solitário e conflituoso.<br />
Resumin<strong>do</strong>: vamos reconhecer uma poesia,<br />
ou um poema, não pela presença de<br />
versificação mas sim se:<br />
1. Não obedecer à lógica formal<br />
2. Contiver as emoções <strong>do</strong> "eu" <strong>do</strong> autor<br />
3. Não for cro<strong>no</strong>lógico<br />
4. Não contiver <strong>na</strong>rrativa<br />
Conto, <strong>no</strong>vela, romance<br />
Acho que a primeira coisa que devemos<br />
tirar da cabeça é aquela história de que a<br />
diferença entre esses três gêneros é a<br />
quantidade, ou seja, o conto é curto, a <strong>no</strong>vela,<br />
mais ou me<strong>no</strong>s, e o romance é longo.<br />
Nada disso é verdadeiro. Existem <strong>no</strong>velas<br />
maiores que romances e contos<br />
maiores que <strong>no</strong>velas.<br />
Onde está a diferença?<br />
Gosto muito <strong>do</strong> conceito de unidade dramática,<br />
ensi<strong>na</strong><strong>do</strong> pelo eminente <strong>do</strong>utor<br />
em literatura, Professor Vicente Ataíde,<br />
que de<strong>no</strong>mi<strong>na</strong>mos de "Célula Dramática"<br />
e que passo a utilizar para uma boa<br />
compreensão <strong>do</strong> assunto.<br />
20<br />
O Conto contém ape<strong>na</strong>s um único drama,<br />
um só conflito. Esse drama único<br />
pode ser chama<strong>do</strong> de "célula dramática".<br />
Uma célula dramática contém uma<br />
só ação, uma só história. Um conto é<br />
um relâmpago <strong>na</strong> vida <strong>do</strong>s perso<strong>na</strong>gens.<br />
Não importa muito seu passa<strong>do</strong>,<br />
nem seu futuro, pois isso é irrelevante<br />
para o contexto <strong>do</strong> drama, objeto <strong>do</strong><br />
conto. O espaço da ação é restrito. A<br />
ação não muda de lugar e quan<strong>do</strong> eventualmente<br />
muda, perde dramaticidade.<br />
O objetivo <strong>do</strong> conto é proporcio<strong>na</strong>r<br />
uma impressão única <strong>no</strong> leitor.<br />
Podemos, pois, resumir em quatro os<br />
ingredientes que caracterizam o conto:<br />
Uma ação<br />
Um lugar<br />
Um tempo<br />
Um tom.<br />
Em outras palavras, um conto contém<br />
uma única Célula Dramática.<br />
Cabe aqui ressaltar alguns tipos específicos<br />
de contos como a fábula, o apólogo<br />
e a parábola.<br />
Fábula - Protagonizada geralmente<br />
por animais, pretende encerrar em sua<br />
estrutura dramática alguma "moral" implícita<br />
ou explícita.<br />
Apólogo - Protagoniza<strong>do</strong> geralmente<br />
por objetos que falam, também como a<br />
fábula, pretende conter uma "moral",<br />
implícita ou explícita.<br />
Parábola - Narrativa curta, pretenden<strong>do</strong><br />
conter alguma lição ética, moral,<br />
implícita ou explícita, diferencian<strong>do</strong>-se<br />
da fábula e <strong>do</strong> apólogo, por ser protagonizada<br />
por pessoas.<br />
Voltan<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong>, ao Conto em geral,<br />
e entendi<strong>do</strong> esse conceito de Célula<br />
Dramática, podemos mais facilmente<br />
compreender o que é uma <strong>no</strong>vela. Uma<br />
<strong>no</strong>vela <strong>na</strong>da mais é que uma sucessão<br />
de Células Dramáticas, como<br />
se fossem arrumadas em uma linha<br />
reta infinita. Face a essa estrutura é<br />
sempre possível, acrescentar mais uma<br />
Célula Dramática, mesmo depois<br />
de termi<strong>na</strong>da a <strong>no</strong>vela.
Com esse conceito de "arrumação", podemos<br />
compreender a diferença entre<br />
uma <strong>no</strong>vela e um romance. Essa diferença<br />
está <strong>na</strong> forma como as células estão<br />
dispostas. Num romance, elas estão concate<strong>na</strong>das,<br />
forman<strong>do</strong> um círculo. Uma<br />
estrutura fechada. Uma sucessão lógica<br />
com um encerramento definitivo. Seria<br />
impossível acrescentar mais uma Célula<br />
Dramática, depois de termi<strong>na</strong><strong>do</strong> um romance.<br />
Consolidan<strong>do</strong> as idéias:<br />
Um Conto é uma <strong>na</strong>rrativa ficcio<strong>na</strong>l conten<strong>do</strong><br />
uma única Célula Dramática.<br />
Uma Novela é uma <strong>na</strong>rrativa ficcio<strong>na</strong>l conten<strong>do</strong><br />
uma sucessão linear de Células<br />
Dramáticas.<br />
Um Romance é uma <strong>na</strong>rrativa ficcio<strong>na</strong>l<br />
conten<strong>do</strong> uma sucessão circular fechada<br />
de Células Dramáticas.<br />
Espero ter contribuí<strong>do</strong> para trazer mais<br />
objetividade e lógica <strong>no</strong> enquadramento<br />
de <strong>no</strong>ssas criações, <strong>na</strong>s diversas famílias<br />
<strong>do</strong>s gêneros literários .<br />
(Artigo de Airo Zamoner, transcrito <strong>do</strong> site<br />
http://www.protexto.com.br/t)<br />
21<br />
Genebra<br />
« Quem já passou por essa vida e<br />
não viveu, pode ser mais, mas sabe<br />
me<strong>no</strong>s <strong>do</strong> que eu... »<br />
« ...Por céus e mares eu andei,<br />
Vi um poeta e vi um rei<br />
Na esperança de saber<br />
O que é o amor. »<br />
Vinícius de Moraes<br />
Jacqueline Aisenman
Procura-se um amigo<br />
Não precisa ser homem, basta ser huma<strong>no</strong>, basta ter sentimentos, basta ter coração.<br />
Precisa saber falar e calar, sobretu<strong>do</strong> saber ouvir. Tem que gostar de poesia,<br />
de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, <strong>do</strong> canto, <strong>do</strong>s ventos e das canções da<br />
brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter<br />
esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a <strong>do</strong>r que os passantes levam consigo.<br />
Deve guardar segre<strong>do</strong> sem se sacrificar.<br />
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda<br />
mão. Pode já ter si<strong>do</strong> enga<strong>na</strong><strong>do</strong>, pois to<strong>do</strong>s os amigos são enga<strong>na</strong><strong>do</strong>s. Não é preciso<br />
que seja puro, nem que seja to<strong>do</strong> impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um<br />
ideal e me<strong>do</strong> de perdê-lo e, <strong>no</strong> caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo<br />
que isso deixa. Tem que ter ressonâncias huma<strong>na</strong>s, seu principal objetivo deve ser<br />
o de amigo. Deve sentir pe<strong>na</strong> das pessoa tristes e compreender o imenso vazio <strong>do</strong>s<br />
solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam <strong>na</strong>scer.<br />
Procura-se um amigo para gostar <strong>do</strong>s mesmos gostos, que se comova, quan<strong>do</strong> chama<strong>do</strong><br />
de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes<br />
chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer,<br />
para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, <strong>do</strong>s anseios e das<br />
realizações, <strong>do</strong>s sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de<br />
água e de caminhos molha<strong>do</strong>s, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se<br />
deitar <strong>no</strong> capim.<br />
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pe<strong>na</strong> viver, não porque a vida é bela,<br />
mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.<br />
Para não se viver debruça<strong>do</strong> <strong>no</strong> passa<strong>do</strong> em busca de memórias perdidas. Que <strong>no</strong>s<br />
bata <strong>no</strong>s ombros sorrin<strong>do</strong> ou choran<strong>do</strong>, mas que <strong>no</strong>s chame de amigo, para ter-se a<br />
consciência de que ainda se vive.<br />
22
A VIDA DE VINÍCIUS DE MORAES<br />
Nasceu <strong>no</strong> Rio de Janeiro em uma família amante das letras e da música, e seguiu as duas<br />
vocações. Ainda <strong>no</strong> colégio, começou a compor com os amigos Paulo e Harol<strong>do</strong> Tapajós, e<br />
juntos tocavam em festinhas. Nos a<strong>no</strong>s 30 formou-se em Direito e fez letra para dez músicas<br />
que foram gravadas, <strong>no</strong>ve delas parcerias com os irmãos Tapajós. Em 1933 publicou<br />
seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância". Amigo de Oswald de Andrade,<br />
Manuel Bandeira e Mário de Andrade, publicou outros livros de poemas nessa década.<br />
Passou algum tempo estudan<strong>do</strong> inglês <strong>na</strong> Universidade de Oxford e, de volta ao <strong>Brasil</strong> em<br />
1941, foi crítico cinematográfico <strong>do</strong> jor<strong>na</strong>l "A Manhã". Dois a<strong>no</strong>s depois foi aprova<strong>do</strong> para o<br />
Itamaraty e seguiu a carreira diplomática. Como diplomata morou <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />
França, Uruguai. Em 1954 inicia-se como teatrólogo, escreven<strong>do</strong> a peça "Orfeu da Conceição",<br />
que mais tarde virou o filme "Orfeu <strong>do</strong> Car<strong>na</strong>val", dirigi<strong>do</strong> pelo francês Marcel Camus.<br />
Sua carreira como músico é impulsio<strong>na</strong>da a partir das décadas de 50 e 60, quan<strong>do</strong> conhece<br />
alguns de seus parceiros, como Tom Jobim, Antônio Maria, Edu Lobo, Carlos Lyra, Baden<br />
Powell. Em 1958 Elizeth Car<strong>do</strong>so lança "Canção <strong>do</strong> Amor Demais", com diversas parcerias<br />
Tom/ Vinicius: "Lucia<strong>na</strong>", "Estrada Branca", "Chega de Saudade". O primeiro grande<br />
show em que se apresenta, <strong>na</strong> boate Au Bon Gourmet, em 1962, ao la<strong>do</strong> Tom Jobim e João<br />
Gilberto, o liga permanentemente ao mun<strong>do</strong> da música popular e aos palcos. Seu elo<br />
com a bossa <strong>no</strong>va é muito importante. Fez letras para algumas das músicas mais importantes<br />
<strong>do</strong> movimento, como "Garota de Ipanema", "Chega de Saudade", "Eu Sei que Vou Te<br />
Amar", "Amor em Paz", "Insensatez", "Se To<strong>do</strong>s Fosse Iguais a Você" (todas com Tom Jobim),<br />
"Minha Namorada", "Coisa Mais Linda", "Você e Eu" (com Carlos Lyra). É também em<br />
1962 que conhece Baden Powell, com quem comporia músicas de temática afastada da<br />
bossa <strong>no</strong>va, como os afro-sambas ("Canto de Ossanha", "Canto de Xangô", "Samba de<br />
Oxóssi") e outros sambas ("Samba em Prelúdio", "Samba da Bênção", "Formosa", "Apelo",<br />
"Berimbau"). Em 1965, num show <strong>na</strong> boate Zum Zum, lançou o Quarteto em Cy, de quem<br />
se tor<strong>no</strong>u padrinho. No mesmo a<strong>no</strong>, "Arrastão", sua parceria com Edu Lobo, defendida por<br />
Elis Regi<strong>na</strong>, é a vence<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Festival de Música Popular <strong>Brasil</strong>eira da TV Excelsior, em<br />
São Paulo. O segun<strong>do</strong> lugar também é de Vinicius: ""Valsa <strong>do</strong> Amor que Não Vem", parceria<br />
com Baden interpretada por Elizeth. Após a promulgação <strong>do</strong> AI-5, em 1968, Vinicius é<br />
aposenta<strong>do</strong> compulsoriamente da carreira diplomática. A partir de então passa a se dedicar<br />
à vida artística. Faz shows em Portugal, Argenti<strong>na</strong>, Uruguai, acompanha<strong>do</strong> de Nara Leão,<br />
Maria Creuza, Toquinho, Oscar Castro Neves, Quarteto em Cy, Baden Powell, Chico Buarque.<br />
Nos a<strong>no</strong>s 70 incrementa a parceria com Toquinho: "Tarde em Itapuã", "Regra Três",<br />
"Maria Vai com as Outras", "A Tonga da Mironga <strong>do</strong> Kabuletê" são algumas músicas da<br />
dupla. Muitos discos foram lança<strong>do</strong>s <strong>na</strong> década de 70 com composições ou interpretações<br />
suas. Um <strong>do</strong>s mais importantes é "Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha", grava<strong>do</strong> ao vivo <strong>no</strong><br />
Canecão (Rio), em um espetáculo que ficou quase um a<strong>no</strong> em cartaz <strong>no</strong> Rio e seguiu para<br />
outras cidades da América <strong>do</strong> Sul e Europa. Apesar <strong>do</strong> sucesso com a música popular, Vinicius<br />
não aban<strong>do</strong><strong>no</strong>u a poesia, ten<strong>do</strong> inclusive grava<strong>do</strong> discos em que recita<br />
suas obras. Depois de sua morte, em 1980, diversos shows-tributo foram apresenta<strong>do</strong>s,<br />
ao longo <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s, assim como coletâneas e biografias.<br />
Fonte: http://cliquemusic.uol.com.br/<br />
23
Por Suziley Silva<br />
O PAI DAS TELECOMUNICAÇÕES<br />
É este o título e a home<strong>na</strong>gem que deve merecer o ilustre padre inventor e cientista<br />
<strong>na</strong>sci<strong>do</strong> <strong>na</strong> segunda metade <strong>do</strong> século XIX aos 21 de janeiro de 1861 nesta cidade<br />
de Porto Alegre. No a<strong>no</strong> de 2011 completará 150 a<strong>no</strong>s <strong>do</strong> <strong>na</strong>scimento daquele sacer<strong>do</strong>te<br />
que foi o quarto filho de uma família de quatorze irmãos cujos pais, Inácio<br />
José Ferreira de Moura e Sara Maria<strong>na</strong> Landell de Moura, possuiam ascendência<br />
inglesa. Pe. Roberto Landell de Moura era antes de mais <strong>na</strong>da um livre pensa<strong>do</strong>r;<br />
um profícuo inventor; um cientista <strong>na</strong>to. E as provas estão, aí, para que to<strong>do</strong>s vejam<br />
e constatem. Foram inúmeras contribuições e i<strong>no</strong>vações. Basta citar algumas<br />
ape<strong>na</strong>s: foi o pioneiro <strong>na</strong> radioemissão e telefonia por rádio (por isso é o patro<strong>no</strong><br />
<strong>do</strong>s radioama<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>); precussor <strong>na</strong> transmissão de imagens (a televisão)<br />
teletipo à distância e tantos outros trabalhos, pesquisas e estu<strong>do</strong>s.<br />
Aliás, o padre em questão era detentor de um baliza<strong>do</strong> arcabouço teórico alia<strong>do</strong> a<br />
um espantoso la<strong>do</strong> pragmático que o orientava <strong>na</strong> construção<br />
e <strong>na</strong> operacio<strong>na</strong>lização de suas úteis invenções. Landell<br />
fazia acontecer a necessá- ria união entre teoria e prática.<br />
Pois o sacer<strong>do</strong>te gaúcho “teorizava a vida e vivenciava<br />
a teoria”. Além disso, por vo- cação ministerial e mística<br />
era um ar<strong>do</strong>roso pastor que a- mava os seus fiéis com estimada<br />
e pater<strong>na</strong>l atenção. Toda- via, os grandes homens,<br />
geralmente, não são compreen- di<strong>do</strong>s por seus pares. Não<br />
são compreendi<strong>do</strong>s nem apoia- <strong>do</strong>s pelas autoridades que<br />
pouco caso dispensam aqueles que pelo espírito, pela mente,<br />
pelas idéias i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ras, en- contram-se muito à frente<br />
<strong>do</strong> seu tempo e lugar. E com o Pe. Landell de Moura não foi diferente.<br />
O peregri<strong>no</strong> das ciências físicas e metafísicas não recebeu nenhum suporte e aos<br />
67 a<strong>no</strong>s, em 30 de junho de 1928, faleceu, a<strong>no</strong>nimamente, <strong>no</strong> Hospital da Beneficiência<br />
Portuguesa de Porto Alegre, acometi<strong>do</strong> por uma tuberculose. Pelo pouco que<br />
li a respeito da figura carismática <strong>do</strong> Pe. Landell, ainda que houvessem os que o<br />
consideravam um “louco e desvaira<strong>do</strong>”, (julgamento próprio das mentes peque<strong>na</strong>s<br />
que não enxergam um palmo à frente <strong>do</strong> próprio <strong>na</strong>riz, que dirá erguerem as cabeças<br />
enterradas <strong>na</strong> areia <strong>do</strong> próprio chão das suas ig<strong>no</strong>râncias para longe avistarem<br />
o horizonte da genuí<strong>na</strong> sabe<strong>do</strong>ria...), ele foi um homem, um sacer<strong>do</strong>te, um pastor,<br />
um ser huma<strong>no</strong>, também, muito queri<strong>do</strong> pelas pessoas que com ele conviveram ou<br />
de alguma forma se encontraram com aquele “apóstolo <strong>do</strong> Cristo”.<br />
E é por estas razões, por sua inteligência inventiva provada e comprovada em suas<br />
descobertas e invenções de muita utilidade para a humanidade, pela perso<strong>na</strong>lidade<br />
carismática e cari<strong>do</strong>sa, por to<strong>do</strong> seu esforço, estu<strong>do</strong>, pesquisa e ciências, é<br />
que com muita alegria anunciamos o início desde, ontem, <strong>do</strong> acontecimento de eventos<br />
alusivos a comemoração <strong>no</strong> a<strong>no</strong> que vem <strong>do</strong> sesquicentenário <strong>do</strong> seu <strong>na</strong>scimento.<br />
Convocamos, ainda, a população de Porto Alegre, <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, de<br />
to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, a aderirem a um abaixo-assi<strong>na</strong><strong>do</strong> elabora<strong>do</strong> pelo<br />
24
Movimento Landell de Moura (MLM), composta por radioama<strong>do</strong>res, preenchen<strong>do</strong> o<br />
formulário <strong>na</strong> http://www.mlm.landelldemoura.qsl.br/abaixo_assi<strong>na</strong><strong>do</strong>.html e claman<strong>do</strong><br />
bem alto SIM façamos justiça à memória daquele brilhante brasileiro com o reconhecimento<br />
pelas autoridades <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is da mais que merecida, ainda<br />
que póstuma, atribuição da <strong>no</strong>ta que de fato ele, magistralmente, o foi, a saber: o<br />
Pai das Telecomunicações!! Façamos a <strong>no</strong>ssa parte. Sintonizemos as ondas <strong>do</strong> <strong>no</strong>sso<br />
“rádio” interior e lhe prestemos esta justa home<strong>na</strong>gem.<br />
BRISA<br />
Vamos viver <strong>no</strong> Nordeste, A<strong>na</strong>ri<strong>na</strong>.<br />
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.<br />
Deixaras aqui tua filha, tua avó teu mari<strong>do</strong>, teu amante.<br />
Aqui faz muito calor.<br />
No Nordeste faz calor tambem.<br />
Mas lá tem brisa:<br />
Vamos viver de brisa, A<strong>na</strong>ri<strong>na</strong>.<br />
Visite o site ANJOS CAÍDOS e, entre muitos poetas talentosos, conheça Aníbal<br />
Beça poeta que partiu <strong>no</strong> a<strong>no</strong> passa<strong>do</strong> deixan<strong>do</strong> saudades.<br />
Conheça mais dele : http://www.anjoscai<strong>do</strong>s.jor.br/a_beca/a_beca.html<br />
Abro o armário e vejo<br />
<strong>no</strong>s<br />
sapatos meus caminhos.<br />
Qual virá comigo ?<br />
(Editora <strong>do</strong> site: Clarice Villac)<br />
25
O SISTEMA EDUCACIONAL NA<br />
SUÍÇA<br />
Uma característica marcante <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> suíço<br />
é a diversidade. A diversidade linguística <strong>do</strong><br />
país é ape<strong>na</strong>s uma das muitas<br />
particularidades de seus Cantões, diferenças<br />
que se estendem também ao sistema<br />
educacio<strong>na</strong>l.<br />
Estruturalmente, o Cantão assume a<br />
responsabilidade pelas escolas, enquanto a<br />
Comu<strong>na</strong> (município) cuida da administração<br />
destas. Isso ocasio<strong>na</strong> diferenças curriculares<br />
e administrativas entre as escolas de to<strong>do</strong> o<br />
país. Todas essas diferenças são, entretanto,<br />
regidas com muita maestria pelo gover<strong>no</strong><br />
geral, o que proporcio<strong>na</strong> ao estudante boa<br />
aceitação e possibilidade de intercâmbio<br />
dentro e fora <strong>do</strong> país. Veja a seguir como<br />
funcio<strong>na</strong> o famoso sistema de educação<br />
suíço.<br />
Educação Infantil e Ensi<strong>no</strong> Fundamental<br />
(obrigatório)<br />
A maioria <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s suíços (cerca de 95% )<br />
freqüenta uma instituição pública <strong>na</strong> comu<strong>na</strong><br />
onde reside e somente 5% da<br />
população paga uma escola privada.<br />
A escola pública cumpre um<br />
importante papel <strong>na</strong> integração<br />
social: crianças com diversas<br />
origens sociais, culturais e<br />
linguísticas frequentam a mesma<br />
escola, promoven<strong>do</strong> o convívio com<br />
as diferenças e a integração já<br />
desde o início de sua formação.<br />
To<strong>do</strong>s os Cantões oferecem uma<br />
Educação Infantil que é gratuita e<br />
dura em média, de um a <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s<br />
(Jardim de Infância). Uma exceção é o Cantão<br />
Tici<strong>no</strong>, onde a Educação Infantil dura três<br />
a<strong>no</strong>s.<br />
26<br />
O Ensi<strong>no</strong> obrigatório, assim como <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong>, inicia-se aos seis a<strong>no</strong>s de<br />
idade e dura <strong>no</strong>ve a<strong>no</strong>s, entre Ensi<strong>no</strong><br />
Fundamental I (seis a<strong>no</strong>s de duração,<br />
em média) e II (três a<strong>no</strong>s de<br />
duração). Uma particularidade <strong>do</strong><br />
ensi<strong>no</strong> suíço em alguns<br />
Cantões, é a divisão das turmas por<br />
rendimento. Há também a<br />
possibilidade de, já nesse estágio<br />
inicial, focar os estu<strong>do</strong>s numa área <strong>do</strong><br />
conhecimento que mais interesse ao<br />
alu<strong>no</strong>, como por exemplo línguas,<br />
matemática, ciências biológicas.<br />
Um outro ponto forte das escolas<br />
suíças é o ensi<strong>no</strong> de idiomas. Com a<br />
diversidade linguística que abrange o<br />
alemão, o francês, o italia<strong>no</strong> e o<br />
romanche como línguas mater<strong>na</strong>s, o<br />
idioma em que são ministradas as<br />
aulas, difere conforme a região<br />
linguística <strong>do</strong> país. Ainda durante o<br />
ensi<strong>no</strong> Fundamental, os alu<strong>no</strong>s<br />
aprendem <strong>no</strong> mínimo <strong>do</strong>is outros<br />
idiomas além da língua mater<strong>na</strong>:<br />
<strong>no</strong>rmalmente uma segunda língua<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e o inglês.<br />
Foto Tribune de Genève
A organização descentralizada e<br />
federativa <strong>na</strong> área da Educação Infantil e<br />
<strong>do</strong> Ensi<strong>no</strong> Fundamental, possibilita o<br />
respeito às diferenças culturais e<br />
regio<strong>na</strong>is. Existem, entretanto, diretrizes<br />
superiores da Confederação para as<br />
regras mais importantes, como a idade<br />
de ingresso <strong>na</strong> escola obrigatória ou a<br />
duração da mesma.<br />
Formação pós-obrigatória<br />
A formação pós-obrigatória (Ensi<strong>no</strong><br />
Médio e Faculdade) <strong>no</strong>rmalmente é<br />
baseada em decretos federais ou intercanto<strong>na</strong>is.<br />
Os Cantões são responsáveis<br />
pela execução e direção das escolas. A<br />
única exceção é a ETH (Instituto Federal<br />
Suíço de Tec<strong>no</strong>logia) em Zurique, que é<br />
dirigida pela Confederação.<br />
Cerca de 90% <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes da<br />
<strong>Suíça</strong> termi<strong>na</strong>m a escola <strong>no</strong> nível <strong>do</strong><br />
Ensi<strong>no</strong> Médio com 18/19 a<strong>no</strong>s. Isto lhes<br />
permite o acesso direto à uma formação<br />
técnica profissio<strong>na</strong>l, uma escola superior<br />
ou universidade.<br />
O sistema educacio<strong>na</strong>l da <strong>Suíça</strong> se<br />
destaca <strong>no</strong>s seguintes pontos:<br />
Flexibilidade: existem várias<br />
possibilidades de se iniciar ou retomar<br />
uma formação ou os estu<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rmais.<br />
Grande variedade de opções de<br />
formação: quem tem as qualificações<br />
necessárias, pode, em princípio, realizar<br />
a formação desejada, <strong>no</strong> lugar deseja<strong>do</strong>,<br />
sem a necessidade de exames<br />
admissio<strong>na</strong>is.<br />
Somente o curso de medici<strong>na</strong> apresenta<br />
vagas limitadas. Para esse curso os<br />
candidatos devem passar por um<br />
processo seletivo (Numerus Clausus),<br />
sen<strong>do</strong> que ape<strong>na</strong>s os melhores<br />
coloca<strong>do</strong>s obtém a vaga.<br />
27<br />
Escola de Engenheiros em Genebra<br />
Bolsas de estu<strong>do</strong>s para estrangeiros<br />
<strong>na</strong> <strong>Suíça</strong><br />
As bolsas <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> Suíço são<br />
desti<strong>na</strong>das a estu<strong>do</strong>s de pós-graduação.<br />
É importante lembrar que alguns cursos<br />
não são contempla<strong>do</strong>s pelo programa de<br />
bolsas. Esses são: artes, hotelaria e<br />
cursos de idiomas (estu<strong>do</strong> não científico<br />
de um idioma).<br />
Caso tenha interesse em candidatar-se<br />
à uma bolsa de estu<strong>do</strong>s oferecida pelo<br />
gover<strong>no</strong> suíço, pedimos que leia<br />
atentamente as informações <strong>no</strong> site da<br />
Embaixada da <strong>Suíça</strong><br />
Queira observar que o processo seletivo<br />
para o a<strong>no</strong> letivo 2009/2010 já foi<br />
encerra<strong>do</strong>.<br />
Para mais informações, contate os<br />
reponsáveis <strong>no</strong> Consula<strong>do</strong> de sua<br />
jurisdição.<br />
Bolsas de estu<strong>do</strong>s para jovens<br />
Suíços <strong>no</strong> exterior<br />
O Cantão de origem tem a<br />
responsabilidade por uma possível ajuda<br />
fi<strong>na</strong>nceira aos jovens Suíços <strong>no</strong> exterior<br />
(porta<strong>do</strong>res de passaporte suíço, de<br />
idade entre 15 e 25 a<strong>no</strong>s, cujos pais<br />
estão <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s <strong>no</strong> exterior). Os<br />
regulamentos diferem de Cantão para<br />
Cantão.
Para ter o direito à candidatura a uma<br />
bolsa de estu<strong>do</strong>s é imprescindível estar<br />
regularmente matricula<strong>do</strong> numa<br />
instituição de ensi<strong>no</strong> superior ou<br />
técnico. Geralmente candidatos com<br />
diplomas e títulos reconheci<strong>do</strong>s pela<br />
Confederação e provenientes de<br />
instituições públicas, têm maior chance<br />
de serem subsidia<strong>do</strong>s.<br />
A AJAS (Associação para o<br />
encorajamento à formação de jovens<br />
Suíços <strong>no</strong> exterior) também pode<br />
ajudar fi<strong>na</strong>ncieramente os jovens<br />
Suíços <strong>no</strong> exterior. Geralmente, por<br />
dispor de recursos fi<strong>na</strong>nceiros muito<br />
limita<strong>do</strong>s, a AJAS só concede<br />
complementos de bolsas para a<br />
primeira formação <strong>na</strong> <strong>Suíça</strong>.<br />
Mais informações podem ser obtidas<br />
<strong>no</strong> site (veja <strong>no</strong> fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> artigo).<br />
Jacqueline Aisenman<br />
Reconhecimento de diplomas<br />
estrangeiros <strong>na</strong> <strong>Suíça</strong><br />
O Centro de Informação sobre questões<br />
de reconhecimento/SWISS ENIC é<br />
responsável pelo reconhecimento de<br />
diplomas universitários extrangeiros <strong>na</strong><br />
<strong>Suíça</strong>.<br />
As pessoas interessadas <strong>no</strong><br />
reconhecimento <strong>do</strong> seu diploma devem,<br />
preferencialmente, fazer um contato por<br />
telefone com esse serviço, para verificar<br />
se há algum outro Ofício Federal em<br />
Ber<strong>na</strong> com competência para tratar <strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>ssiê em questão.<br />
Mais informações sobre o reconhecimento<br />
de diplomas e as autoridades<br />
competentes <strong>no</strong> site <strong>do</strong>s Diretores das<br />
universidades suíças CRUS.<br />
Contato por telefone com:<br />
Swiss ENIC, Rektorenkonferenz der Schweizer<br />
Universitäten / Conférence des<br />
Recteurs des Universités Suisses CRUS /<br />
Rectors' Conference of the Swiss Universities,<br />
Postfach 607, CH-3000 Bern 9<br />
Tel. +41 (0)31 306 60 32<br />
Fax +41 (0)31 302 68 11<br />
Site: www.crus.ch<br />
Reconhecimento de diplomas suíços <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
O órgão responsável pelo reconhecimento de diplomas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> é o MEC ou a<br />
Assessoria Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Ministério da Educação <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> Federal.<br />
Este texto sobre o sistema educacio<strong>na</strong>l suíço e maiores informações você encontra em<br />
http://www.eda.admin.ch/eda/fr/home.html<br />
28
As quatro gares<br />
infância<br />
O camisolão<br />
O jarro<br />
O passarinho<br />
O ocea<strong>no</strong><br />
A visita <strong>na</strong> casa que a gente sentava <strong>no</strong> sofá<br />
a<strong>do</strong>lescência<br />
Aquele amor<br />
nem me fale<br />
maturidade<br />
O Sr. e a Sr. Amadeu<br />
Participam a V. Exa.<br />
O feliz <strong>na</strong>scimento<br />
De sua filha<br />
Gilberta<br />
velhice<br />
O meni<strong>no</strong> jogou os óculos<br />
Na latri<strong>na</strong><br />
29<br />
PRONOMINAIS<br />
Dê-me um cigarro<br />
Diz a gramática<br />
Do professor e <strong>do</strong> alu<strong>no</strong><br />
E <strong>do</strong> mulato sabi<strong>do</strong><br />
Mas o bom negro e o bom<br />
branco<br />
Da Nação <strong>Brasil</strong>eira<br />
Dizem to<strong>do</strong>s os dias<br />
Deixa disso camarada<br />
Me dá um cigarro.
Por Sonia Alcalde<br />
Às mães sem <strong>no</strong>me<br />
Mãe, três vezes santa: <strong>na</strong> <strong>do</strong>r, <strong>na</strong> renúncia e <strong>no</strong> sacrifício. Frase ressaltada<br />
numa escultura em Rio Grande. Não sei se ainda existe por lá, mas ficou eternizada<br />
em minha memória.<br />
Era o a<strong>no</strong> de 1970. A visão dessa escultura instigou-me rever a responsabilidade<br />
de ter filhos. Quanto de mim daria para que eles crescessem protegi<strong>do</strong>s,<br />
nutri<strong>do</strong>s em amor e <strong>no</strong>rmas que os tor<strong>na</strong>ssem independentes? Não tinha <strong>no</strong>ção, a<br />
referência era a dedicação de minha mãe, com a figura <strong>do</strong> pai sempre presente,<br />
<strong>do</strong> seu jeito: prove<strong>do</strong>r, parceiro <strong>no</strong>s trabalhos <strong>do</strong>mésticos, de jogar dama, <strong>do</strong>minó<br />
e banco imobiliário. Conta<strong>do</strong>r de histórias, de causos da família, com inserções da<br />
mãe. A<strong>do</strong>rávamos ouvi-los, enquanto ela servia a sopa. À <strong>no</strong>ite, só de legumes,<br />
mais apropriada, dizia. Vez por outra, quan<strong>do</strong> corria um ar frio a la carioca, era sopa<br />
“levanta defunto”, de feijão-manteiga, com risos e prosas. Hoje, ela se refere a<br />
esta sopa como “levanta forças”, para não apressar sua hora.<br />
Mãe que fazia meus vesti<strong>do</strong>s, colocava-me sobre a mesa para acertar a<br />
barra da saia godê. Mãe que tomava tabuada <strong>na</strong> mesa da cozinha, ensi<strong>na</strong>va a fazer<br />
bolo português, raba<strong>na</strong>da, carne assada, bolo de batata... Mãe que <strong>na</strong>s férias<br />
aceitava encomenda de viandas para ter mais dinheiro e confeccio<strong>na</strong>r fantasia de<br />
nega maluca, borboleta, escrava, colombi<strong>na</strong>, bate-bola... Mãe que cuidava de tias<br />
<strong>do</strong>entes, sobrinhos, vizinho dementa<strong>do</strong>... Mãe que lutava por crianças carentes,<br />
abrigan<strong>do</strong>-as, dan<strong>do</strong>-lhes o melhor de si. Mãe que se revelou compositora cantan<strong>do</strong><br />
a <strong>do</strong>r da saudade quan<strong>do</strong> o amor partiu. Minha mãe.<br />
O tempo passou, meus filhos <strong>na</strong>sceram, cresceram, já se multiplicaram. Acho<br />
que alguma coisa acertei, não com tanta <strong>do</strong>r e sacrifício. Certa renúncia, sim,<br />
a começar pelo so<strong>no</strong> interrompi<strong>do</strong>. Foi o que me chamou mais atenção, ainda que<br />
ameniza<strong>do</strong> pelo cuida<strong>do</strong> pater<strong>no</strong>. Quan<strong>do</strong> casaram, parecia ter encerra<strong>do</strong> esse<br />
capítulo até minha mãe vir morar co<strong>no</strong>sco. O ciclo está fechan<strong>do</strong>. Num desses dias,<br />
de madrugada, levantou-se e caiu. O estron<strong>do</strong> ecoou pela casa, corremos para<br />
socorrê-la... Ainda bem que foi mais o susto. Emocio<strong>na</strong>da, envolvi-a em meus braços,<br />
beijei seus cabelos brancos. Lembrei de outras mães, desprotegidas.<br />
Vejo-me <strong>no</strong> espelho/ lembro aquelas que me antecederam/ a que surgiu de<br />
mim/ as que me ajudam com amizade./ Ouso ir mais longe/ sinto gemi<strong>do</strong>s/ daquelas<br />
que não conseguem/ ver seus filhos crescer./ Queria meu peito estender-lhes/<br />
um pouco de seiva/ aos peque<strong>no</strong>s brotos/ para não secarem ao <strong>na</strong>scer...<br />
30
S onia Alcalde é carioca, mora em Bagé/ RS desde 1975. Recebeu<br />
o título de Cidadã Bageense em 1990. Membro <strong>do</strong><br />
www.culturasulbage.com.br . Cronista <strong>do</strong> CooJor<strong>na</strong>l, edita<strong>do</strong><br />
por www.riototal.com.br. Patro<strong>na</strong> da 12ª Feira <strong>do</strong> Livro de Bagé/<br />
2009.<br />
Entre as obras publicadas: Papos e Pontos, 1995, Poa (c/ Sarita Barros); Coleção<br />
Conte Mais- 4 vol., 2003, Poa (Org. c/ Eloí<strong>na</strong> Lopes); Estações <strong>do</strong> Eu, 2007, Poa<br />
alcaldede@alternet.com.br<br />
POEMA x POESIA<br />
É bom ressaltar a diferença entre poema e poesia. Apesar de<br />
serem tratadas por muitos como sinônimos, o uso <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is termos<br />
entre os estudiosos apresenta diferenças:<br />
Poesia: Caráter <strong>do</strong> que emocio<strong>na</strong>, toca a sensibilidade. Sugerir<br />
emoções por meio de uma linguagem. 1<br />
Poema: obra em verso em que há poesia<br />
"Se o poema é um objeto empírico e se a poesia é uma substância<br />
imaterial, é que o primeiro tem uma existência concreta e a segunda<br />
não. Ou seja: o poema, depois de cria<strong>do</strong>, existe per si, em si<br />
mesmo, ao alcance de qualquer leitor, mas a poesia só existe em<br />
outro ser: primariamente, <strong>na</strong>queles onde ela se encrava e se manifesta<br />
de mo<strong>do</strong> originário, oferecen<strong>do</strong>-se à percepção objetiva de<br />
qualquer indivíduo; secundariamente, <strong>no</strong> espírito <strong>do</strong> indivíduo que<br />
a capta desses seres e tenta (ou não) objetivá-la num poema; terciariamente,<br />
<strong>no</strong> próprio poema resultante desse trabalho objetiva<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong> indivíduo-poeta." 2<br />
O poema destaca-se imediatamente pelo mo<strong>do</strong> como se dispõe<br />
<strong>na</strong> pági<strong>na</strong>. Cada verso tem um ritmo específico e ocupa uma<br />
linha. O conjunto de versos forma uma estrofe e a rima pode surgir<br />
<strong>no</strong> interior dessa estrofe. A organização <strong>do</strong> poema em versos<br />
pode ser considerada o traço distintivo mais claro entre<br />
o poema e a prosa (que é escrita em linhas contínuas,<br />
ininterruptas).<br />
1 - Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. RJ: Nova Fronteira,<br />
1993.<br />
2 - LYRA, Pedro. Conceito de Poesia. São Paulo: Ática, 1986.<br />
Informações recolhidas <strong>no</strong> site: http://www.sitedeliteratura.com/<br />
31
Por Rosane Magaly Martins<br />
RISCO IMINENTE<br />
Há cada vez mais dentro, introspecta<br />
Há alguns espaços i<strong>no</strong>cupa<strong>do</strong>s<br />
Cantos escuros com imagens riscadas<br />
Embaixo de tu<strong>do</strong> há tapetes úmi<strong>do</strong>s<br />
No centro da sala sombra <strong>do</strong> espectro de pia<strong>no</strong><br />
E os silêncios que circundam o passa<strong>do</strong><br />
Esferas descem as escadas imóveis<br />
O pó encobre o olhar pela janela<br />
A chuva é mais longa que o tempo de sol<br />
Enquanto as palavras não ditas espreitam-<strong>na</strong><br />
seus chinelos gastos ficam por ali<br />
ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> gato embalsama<strong>do</strong><br />
Há um risco em viver dentro de si<br />
com tempo de higienizar as vísceras<br />
como se pérolas fossem traumas <strong>do</strong>ces<br />
Ar rarefeito, <strong>na</strong>ri<strong>na</strong>s ferozes anseiam ventos<br />
pele seca, rugosa e fria aguarda trancafiadas carícias<br />
sob olhares <strong>do</strong> escuro que oculta o corpo inerte<br />
Busca o pulso, o relógio quebra<strong>do</strong> e queda-se<br />
Nuances restritas e confi<strong>na</strong>das <strong>do</strong> que não fora<br />
E a certeza da nenhuma possibilidade de reproduzir-se.<br />
32
R osane Magaly Martins, escritora, advogada com abordagem holística e psicoterapeuta<br />
somática, especializada em Gerontologia (Furb-Blume<strong>na</strong>u) e em Gerenci-<br />
a de Saúde para I<strong>do</strong>sos (OPAS-México), é mestranda em Serviço Social <strong>na</strong> UFSC.<br />
Funda<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> movimento Poetas Independentes <strong>na</strong> década de 80, presidiu o Con-<br />
selho Municipal de Cultura de Blume<strong>na</strong>u por duas gestões (2006/07). É autora de<br />
diversas obras, entre elas “Martins ao Cubo: altura, largura e profundidade da exis-<br />
tência” (O<strong>do</strong>rizzi, 2008); “Diário de uma aborrecente” (Estudio Criação, 2007) e “Clio<br />
<strong>no</strong> Cio: escritos livres sobre o corpo” (Casa Aberta, 2010). Ocupa a cadeira 19 da<br />
Academia Catarinense de Letras e Artes. É idealiza<strong>do</strong>ra e presidente <strong>do</strong> INSTITU-<br />
TO AME SUAS RUGAS que atua com projetos sociais em prol <strong>do</strong> envelhecimento<br />
ativo, qualidade de vida e longevidade. Organiza e é co-autora <strong>do</strong>s livros “Ame suas<br />
rugas: viver e envelhecer com qualidade” (2006) e “Ame suas rugas: aproveite o dia”<br />
(2007) e “Ame suas rugas: pois há muito por viver” (2008), os <strong>do</strong>is últimos lança<strong>do</strong>s<br />
e edita<strong>do</strong>s também em Portugal.<br />
Consula<strong>do</strong>s da <strong>Suíça</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
Se você precisa ir a um Consula<strong>do</strong> da <strong>Suíça</strong> <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong> entre neste site e verifique os endereços:<br />
http://www.consula<strong>do</strong>s.com.br/suica/<br />
33
METRÓPOLE<br />
Por Re<strong>na</strong>ta Gomes de Farias<br />
Em algum lugar que não esta em destaque <strong>no</strong> mapa e mesmo que estivesse quem<br />
iria se preocupar em saber <strong>do</strong> <strong>no</strong>me de todas as pessoas que ali residem. Inúmeros<br />
rostos e passos deixa<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s ruas lamacentas <strong>no</strong>s dias de chuva ou fazen<strong>do</strong> poeira<br />
<strong>no</strong>s dias de sol forte. Em cada janela uma sombra um vulto <strong>na</strong>s <strong>no</strong>ites escuras com<br />
gatos boêmios a cantar <strong>no</strong>s muros. Cada venezia<strong>na</strong> um segre<strong>do</strong>, cada corti<strong>na</strong> uma<br />
sedução e em cada janela suada um choro. Nas ruas entre uma e outra esqui<strong>na</strong><br />
passava alguém e seus passos ecoavam em um silêncio sepulcral, um cheiro de<br />
me<strong>do</strong> vinha trazi<strong>do</strong> com vento e nele olor de perfume barato. Ao amanhecer tu<strong>do</strong> ia<br />
crian<strong>do</strong> volume e movimento, crianças a caminho da escola, homens e mulheres apressa<strong>do</strong>s<br />
como se estivessem sempre atrasa<strong>do</strong>s, carros para<strong>do</strong>s e o salseiro estabeleci<strong>do</strong>,<br />
buzi<strong>na</strong>s, motos, fumaça, desordem, caos...<br />
Este lugar morre e re<strong>na</strong>sce to<strong>do</strong> o dia a cada amanhecer, transborda vida a cidade,<br />
a metrópole, e tu<strong>do</strong> vai depois para os jor<strong>na</strong>is, onde muitas vezes as <strong>no</strong>ticias não<br />
são boas, quase nunca. Trancar-se e ig<strong>no</strong>rar o que se chama realidade nem sempre<br />
é inteligente, mesmo que sua realidade seja outra, seu lugar é também o de outros.<br />
Entre tantas coisas sempre existe uma praça e nela crianças que chegaram para espalhar<br />
sorrisos para quem os quer ver, pássaros a construir ninhos, mães dan<strong>do</strong> a<br />
luz, o mar quebran<strong>do</strong> <strong>na</strong> areia e alguém caminhan<strong>do</strong> sobre a espuma da praia. Para<strong>do</strong><br />
<strong>no</strong> si<strong>na</strong>l vermelho ergue os olhos e vê uma pipa lá ao alto, colorida dançan<strong>do</strong><br />
ao bel-prazer <strong>do</strong> seu <strong>do</strong><strong>no</strong> o vento, <strong>na</strong> calçada uma mãe de mãos dadas conversa<br />
animada com sua pequeni<strong>na</strong> filha que leva <strong>na</strong> guia um lin<strong>do</strong> cachorrinho. São estes<br />
os verdadeiros <strong>no</strong>mes de cada um seu esta<strong>do</strong> de espírito e como ele encaminha seu<br />
dia, escondi<strong>do</strong> atrás de uma janela ou caminhan<strong>do</strong> despretensiosamente <strong>no</strong> lugar<br />
que mais gosta ir e sem se importar o que irá enfrentar para chegar lá.<br />
Re<strong>na</strong>ta Gomes de Farias<br />
Nascida em três de agosto de 1965, mineira, artista<br />
plástica. Descobriu aos 15 a<strong>no</strong>s paixão por contar<br />
histórias. Atualmente exerce esta atividade <strong>no</strong> Blog<br />
Por Toda Minha Vida – Alegria Joei Joy.<br />
34
Por Re<strong>na</strong>ta Iacovi<strong>no</strong><br />
POESIA FALADA<br />
Len<strong>do</strong> uma entrevista de Tavinho Paes, letrista e poeta, ele comenta sobre<br />
algo que tem si<strong>do</strong> a prática em saraus da atualidade: a poesia falada.<br />
Sim, poesia falada, pois muito pouco se diz, hoje em dia, nestas rodas literárias,<br />
que determi<strong>na</strong>da poesia será declamada. É falada ou dita.<br />
A declamação caiu em desuso? Creio que não, <strong>no</strong> entanto, <strong>no</strong>vas formas<br />
de manifestar a oralidade poética <strong>na</strong>sceram <strong>na</strong>turalmente. Parece-me que o valor<br />
da transmissão da mensagem está vincula<strong>do</strong> à interpretação e não à capacidade<br />
de decorar aliada à interpretação. Aquele que optar por falar o poema e<br />
não declamá-lo, poderá fazê-lo até melhor, caso se utilize <strong>do</strong> papel à sua frente.<br />
Mesmo que este papel funcione ape<strong>na</strong>s como um instrumento que compõe a<br />
ce<strong>na</strong>.<br />
O que dará vida ao texto é a respiração, ento<strong>na</strong>ção e pontuação <strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>r.<br />
Se a poesia escolhida for de sua própria autoria, os ouvintes poderão<br />
se deleitar com a intenção fiel de quem a concebeu; ao contrário, se a obra selecio<strong>na</strong>da<br />
é de outro escritor, provavelmente a interpretação dará um <strong>no</strong>vo entendimento<br />
àquilo proposto por seu primeiro autor – sim, pois sempre que <strong>no</strong>s<br />
apossamos de algum texto para lê-lo em público, tor<strong>na</strong>mo-<strong>no</strong>s de certa forma<br />
co-autores. Processo semelhante ao que se dá com uma música, em que o intérprete<br />
emprestará sua leitura àquilo que o compositor tencio<strong>no</strong>u dizer.<br />
Os saraus <strong>no</strong>s trazem momentos lúdicos,<br />
interativos e, portanto, a <strong>na</strong>turalidade, o improviso<br />
e o imprevisto recheiam o clima que<br />
deve buscar o não engessamento <strong>do</strong> script.<br />
Outra modalidade que vem sen<strong>do</strong> bastante<br />
praticada <strong>no</strong>s meios culturais são os<br />
chama<strong>do</strong>s recitais. A pessoa fala ou lê determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />
poemas a partir de algum tema<br />
escolhi<strong>do</strong> para aquele evento e é acompanhada<br />
por uma música de fun<strong>do</strong> executada<br />
ao vivo.<br />
O sarau e o recital <strong>no</strong>s chamam atenção para<br />
um elemento importante: a poesia lida em<br />
voz alta. É um exercício que podemos praticar<br />
mesmo não estan<strong>do</strong> em público, mas<br />
co<strong>no</strong>sco. Desta forma, é possível descobrir<br />
uma outra poesia que se escondia por detrás<br />
daquela que estava <strong>no</strong> papel. É, é uma<br />
outra poesia. Ao fazermos a leitura em voz<br />
alta, deparamo-<strong>no</strong>s com uma <strong>no</strong>va mensagem,<br />
aquela que só conseguimos captar<br />
quan<strong>do</strong> <strong>no</strong>ssos ouvi<strong>do</strong>s tiveram acesso<br />
35
àquilo que, até então, somente <strong>no</strong>ssos olhos podiam tocar.<br />
E as palavras, desta outra forma, <strong>no</strong>s tocam de maneira diversa, soan<strong>do</strong> tal<br />
qual uma música, com seus meandros intercala<strong>do</strong>s entre a melodia, a harmonia e o<br />
ritmo.<br />
E como poesia e música caminham – <strong>na</strong> minha cabeça – como duas linguagens<br />
irmãs, ilustro o assunto aqui escolhi<strong>do</strong> com um fato curioso ocorri<strong>do</strong> em 2003, <strong>no</strong> Rio<br />
de Janeiro, quan<strong>do</strong> de um encontro cultural. A filha da cantora Beth Carvalho subiu<br />
ao palco, que abrigara até aquele momento tão somente pessoas que escreviam poemas<br />
– o que não era seu caso. A moça de 17 a<strong>no</strong>s iniciou sua récita com um poema<br />
longo, estrutura<strong>do</strong>, produzin<strong>do</strong> um efeito desconcertante <strong>na</strong> platéia. Na seqüência,<br />
outros <strong>do</strong>is poemas de impacto. No terceiro, desconfiou-se que eram letras de<br />
sambas, pois os versos de Nelson Cavaquinho repercutiam <strong>na</strong> memória <strong>do</strong>s ouvintes,<br />
arrepian<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s. Os anteriores, descobriu-se, eram pérolas desconhecidas,<br />
colhidas <strong>na</strong> discoteca da mãe, assi<strong>na</strong>das por Luís Carlos da Vila e Candeia, <strong>do</strong>is<br />
grandes sambistas.<br />
Sem pretensão alguma, ela deu à chamada “letra de música” qualidades típicas<br />
de <strong>no</strong>bres poemas, recitan<strong>do</strong> os versos daqueles sambas com outra respiração, outro<br />
ritmo e outra harmonia.<br />
E como dizer, por exemplo, que Shakespeare, quan<strong>do</strong> escreveu suas peças teatrais,<br />
não foi um poeta?<br />
Para os amantes da poesia, da palavra, <strong>do</strong> ritmo e das possibilidades de significa<strong>do</strong>,<br />
fica então uma dica: pratiquem a leitura em voz alta e um mágico e <strong>no</strong>vo universo<br />
descorti<strong>na</strong>r-se-á diante de seus ouvi<strong>do</strong>s.<br />
36<br />
O QUE SÃO SARAUS?<br />
Sarau: é toda aquela reunião festiva<br />
entre amigos. Ouve-se música, assiste-se<br />
filme, filosofa, lê-se trechos de<br />
livros, faz-se poesia! Sarau é onde a<br />
gente reúne os amigos liga<strong>do</strong>s a arte<br />
e cultura. Onde a gente soma conhecimentos<br />
e delícias, onde a gente<br />
descobre junto e vivencia! Sarau é,<br />
segun<strong>do</strong> os dicionários consulta<strong>do</strong>s,<br />
reunião festiva, dentro de casa, de<br />
clube ou de teatro, em que se passa<br />
a <strong>no</strong>ite a dançar, a jogar, a tocar, etc.<br />
Também pode ser concerto musical<br />
de <strong>no</strong>ite, assim como reunião de pessoas<br />
para recitação e audição de trabalhos<br />
em prosa ou verso.<br />
(Definição <strong>do</strong> Sarau Benedito)<br />
http://saraubenedito.wordpress.com/
R e<strong>na</strong>ta Iacovi<strong>no</strong>. Natural de Jundiaí/SP, escritora, poetisa e cantora. Cinco livros<br />
de poesias edita<strong>do</strong>s: Ilusões Amanhecidas (Literarte Editora), 1996; Poemas<br />
de Entressafra, 2003; e Missivas (Editora In House), 2006, com Valquíria Gesqui Malagoli,<br />
com quem também lançou em 2007 o livro/CD infantil uniVerso enCanta<strong>do</strong>; e Ouvin<strong>do</strong><br />
o silêncio, 2009; ainda em 2009, com Valquíria, lançou o CD infantil De grão em grão<br />
e o livrObjeto OLHAR DIverso (haicais e fotos). Participa de Antologias e é jurada de<br />
concursos literários. Integra: Academia Jundiaiense de Letras, Academia Femini<strong>na</strong> de<br />
Letras e Artes de Jundiaí (é atual Primeira Secretária), Academia Infantil de Letras e Artes<br />
de Jundiaí, Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística, Grêmio Cultural Prof. Pedro<br />
Fávaro e Grupo Arte em Ação. Autora <strong>do</strong> Hi<strong>no</strong> da Academia Jundiaiense de Letras. Organizou<br />
o livro 1ª Olimpíada de Redação – A<strong>no</strong> 2005/Os 35 a<strong>no</strong>s da Biblioteca Pública<br />
Municipal Prof. Nelson Foot Jundiaí-SP (Editora In House). Em 2009 organizou a Antologia<br />
– Encontros de Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo – 25 a<strong>no</strong>s, lança<strong>do</strong><br />
pela Fundação Procon/SP. Articulista <strong>do</strong> Jor<strong>na</strong>l de Jundiaí Regio<strong>na</strong>l. Ministra ofici<strong>na</strong>s lítero-musicais<br />
e realiza Saraus para públicos diversos. Premiada em concursos literários.<br />
reiacovi<strong>no</strong>.blog.uol.com.br<br />
reval.<strong>na</strong>foto.net<br />
caju.valquiriamalagoli.com.br<br />
reiacovi<strong>no</strong>@uol.com.br<br />
Consulat Général du Brésil<br />
54, rue de Lausanne<br />
1202 Genève<br />
Horário de atendimento ao público: de segunda a<br />
sexta-feira das 09:00 às 14:00<br />
Telefones<br />
Tel. : 022 906 9420<br />
Fax : 022 906 94 35<br />
Horário de atendimento telefônico: de segunda a<br />
sexta-feira das 13:00 às 16:00<br />
Consula<strong>do</strong>-Geral <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> em Zurique<br />
Stampfenbachstrasse, 138 8006 Zürich<br />
Telefone: 044 206-9020 Fax:01 206-9021<br />
geral @ consula<strong>do</strong>brasil . ch<br />
37
MUNDO DA LUA<br />
Por Oswal<strong>do</strong> Begiato<br />
Eu vivo <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> da lua;<br />
Sou amigo particular <strong>do</strong> dragão<br />
E tomo cerveja com São Jorge<br />
Nas <strong>no</strong>ites em que, cheia,<br />
A lua imita o uivar <strong>do</strong>s lobos.<br />
Sou <strong>no</strong>ivo da estrela cadente.<br />
Ouço to<strong>do</strong>s os pedi<strong>do</strong>s secretos<br />
Dos jovens com sonhos em rebuliço<br />
E quan<strong>do</strong> brincamos <strong>na</strong> Via Láctea<br />
Peço a ela que uma os corações sensatos<br />
Com a <strong>do</strong>bradiça das paixões dementes.<br />
- Ela me obedece e eu amo ainda mais.<br />
E quan<strong>do</strong> estou absorto <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> da lua<br />
Morro de paixão por ela,<br />
Minha pequeni<strong>na</strong> estrela meni<strong>na</strong>,<br />
Que achei cadente <strong>no</strong> meio <strong>do</strong> meu olhar,<br />
No meio <strong>do</strong> meu olhar triste e solitário.<br />
38<br />
OSW@LDO BEGI@TO<br />
“SEM SOMBRAS<br />
Ao meio dia<br />
De um <strong>do</strong>mingo<br />
Prenhe de sol<br />
E e<strong>na</strong>mora<strong>do</strong> de outubro<br />
Rompi espontâneo<br />
Como um botão de rosa fêmea<br />
Que <strong>na</strong>sce sem ser espera<strong>do</strong>.”<br />
Nasci, sob o sig<strong>no</strong> de escorpião,<br />
em 26 de outubro <strong>do</strong> a<strong>no</strong> de 1.953,<br />
<strong>na</strong> cidade de Mombuca,<br />
um peque<strong>no</strong> encanto<br />
<strong>no</strong> canto interior<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo.<br />
Me<strong>no</strong>r que a cidade só eu mesmo.<br />
Ainda peque<strong>no</strong> vim para Jundiaí,<br />
também São Paulo, Terra da Uva,<br />
da qual experimentei o sabor <strong>do</strong> fruto<br />
e jamais a deixei.<br />
Nela me fiz advoga<strong>do</strong> sem banca,<br />
aposenta<strong>do</strong> sem queixas<br />
e onde perambulo até hoje,<br />
buscan<strong>do</strong>, perdidas <strong>na</strong>s sarjetas,<br />
as palavras que me usam<br />
para escrever poesias.<br />
EMAIL<br />
oabegiato@yahoo.com.br<br />
BLOG<br />
http://oabegiato-poesias.blogspot.com
M atheus Paz. Entre contos e poemas, um homem comum, ao mesmo<br />
tempo raro, <strong>na</strong> singularidade <strong>do</strong> que faz, a cada dia: expressão <strong>do</strong> trabalho, <strong>do</strong><br />
amor, enfim, da vida...<br />
Professor de Geografia, casa<strong>do</strong> com Marcilei, atualmente reside em Taquara-<br />
RS, <strong>Brasil</strong>.<br />
Colabora <strong>no</strong> Cader<strong>no</strong> Literário Pragmatha (Porto Alegre-RS) e tem poemas <strong>no</strong><br />
Jor<strong>na</strong>l de Poesia de Soares Feitosa.<br />
Email: o_paz@pop.com.br<br />
GREVE SUSTENTÁVEL<br />
Por Matheus Paz<br />
Quan<strong>do</strong> ele se virou,<br />
o papel não estava<br />
mais lá.<br />
39
FAÇA SUA ESTA CAUSA!<br />
ADOTAR É ANIMAL<br />
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40
Origem da Festa Juni<strong>na</strong><br />
Existem duas explicações para o termo festa juni<strong>na</strong>. A primeira explica que surgiu em<br />
função das festividades que ocorrem durante o mês de junho. Outra versão diz que<br />
está festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seriam em home<strong>na</strong>gem<br />
a São João. No princípio, a festa era chamada de Joani<strong>na</strong>.<br />
De acor<strong>do</strong> com historia<strong>do</strong>res, esta festividade foi trazida para o <strong>Brasil</strong> pelos portugueses,<br />
ainda durante o perío<strong>do</strong> colonial (época em que o <strong>Brasil</strong> foi coloniza<strong>do</strong> e gover<strong>na</strong><strong>do</strong><br />
por Portugal).<br />
Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses,<br />
espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica<br />
das danças <strong>no</strong>bres e que, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição<br />
de soltar fogos de artifício veio da Chi<strong>na</strong>, região de onde teria surgi<strong>do</strong> a manipulação<br />
da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vin<strong>do</strong> a<br />
dança de fitas, muito comum em Portugal e <strong>na</strong> Espanha.<br />
To<strong>do</strong>s estes elementos culturais foram com o passar <strong>do</strong> tempo, misturan<strong>do</strong>-se aos<br />
aspectos culturais <strong>do</strong>s <strong>brasileiros</strong> (indíge<strong>na</strong>s, afro-<strong>brasileiros</strong> e imigrantes europeus)<br />
<strong>na</strong>s diversas regiões <strong>do</strong> país, toman<strong>do</strong> características particulares em cada uma delas.<br />
Comidas típicas<br />
Como o mês de junho é a época da colheita <strong>do</strong> milho, grande parte <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ces, bolos<br />
e salga<strong>do</strong>s, relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s às festividades, são feitas deste alimento. Pamonha, cural,<br />
milho cozi<strong>do</strong>, canjica, cuscuz, pipoca, bolo de milho são ape<strong>na</strong>s alguns exemplos.<br />
Além das receitas com milho, também fazem parte <strong>do</strong> cardápio desta época: arroz<br />
<strong>do</strong>ce, bolo de amen<strong>do</strong>im, bolo de pinhão, bomboca<strong>do</strong>,<br />
broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho<br />
quente, batata <strong>do</strong>ce e muito mais.<br />
Tradições<br />
As tradições fazem parte das comemorações. O mês<br />
de junho é marca<strong>do</strong> pelas fogueiras, que servem como<br />
centro para a famosa dança de quadrilhas. Os balões<br />
também compõem este cenário, embora cada<br />
vez mais raros em função das leis que proíbem esta<br />
prática, em função <strong>do</strong>s riscos de incêndio que representam.<br />
41<br />
Carlos Mag<strong>no</strong> de Almeida
No Nordeste, ainda é muito comum a formação <strong>do</strong>s grupos festeiros. Estes grupos<br />
ficam andan<strong>do</strong> e cantan<strong>do</strong> pelas ruas das cidades. Vão passan<strong>do</strong> pelas casas, onde<br />
os mora<strong>do</strong>res deixam <strong>na</strong>s janelas e portas uma grande quantidade de comidas e bebidas<br />
para serem degustadas pelos festeiros.<br />
Já <strong>na</strong> região Sudeste são tradicio<strong>na</strong>is a realização de quermesses. Estas festas populares<br />
são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas. Possuem barraquinhas<br />
com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. A dança da quadrilha,<br />
geralmente ocorre durante toda a quermesse.<br />
Como Santo Antônio é considera<strong>do</strong> o santo casamenteiro, é comum as simpatias para<br />
mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas<br />
distribuem o "pãozinho de Santo Antônio". Diz à tradição que o pão bento deve ser<br />
coloca<strong>do</strong> junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As<br />
mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.<br />
Simpatias <strong>na</strong> Festa Juni<strong>na</strong><br />
Proteção e Alegria: Encha uma bacia com água e adicione cravo, alecrim e manjericão.<br />
Deixe descansar. No dia de São João jogue a mistura <strong>do</strong> pescoço para baixo e<br />
peça proteção e alegria. Enxugue levemente.<br />
Conhecer seu amor: No dia de São Pedro, junte um pouco da comida servida <strong>no</strong> almoço<br />
e <strong>no</strong> jantar. Antes de <strong>do</strong>rmir, prepare a mesa com uma toalha branca, o prato<br />
com a comida e os talheres e vá <strong>do</strong>rmir. Em sonhos você conhecerá seu amor.<br />
Arranjar <strong>na</strong>mora<strong>do</strong>: Pegue uma fita branca e uma vermelha e amarre em Santo Antônio.<br />
Enquanto dá os nós faça o pedi<strong>do</strong>. Reze um pai <strong>no</strong>sso e coloque o santo de<br />
cabeça para baixo pendura<strong>do</strong> sob a cama. Só retire o santo quan<strong>do</strong> alcançar a graça.<br />
Decidir com quem <strong>na</strong>morar: Na <strong>no</strong>ite de São João, escreva o <strong>no</strong>me <strong>do</strong>s pretendentes<br />
em peque<strong>no</strong>s pedaços de papel e enrole. Jogue dentro de uma bacia com água.<br />
O que primeiro desenrolar será seu futuro <strong>na</strong>mora<strong>do</strong>.<br />
http://www.portalvaledesconto.com.br/<br />
42
ARROZ DOCE<br />
Ingredientes<br />
1 litro e meio de leite<br />
2 xícaras de arroz (já lava<strong>do</strong>)<br />
3 xícaras de açúcar<br />
Canela (quantidade a gosto)<br />
1 lata de leite condensa<strong>do</strong><br />
Uma panela bem grande para que o leite ferva e não derrame<br />
Mo<strong>do</strong> de Fazer:<br />
Cozinhar o arroz <strong>no</strong> leite, juntamente com a canela<br />
20 minutos depois, mexer de tempos em tempos, acrescentar o açúcar, deixar<br />
mais 20 minutos e logo em seguida acrescente o leite condensa<strong>do</strong> e deixar<br />
mais 20 minutos<br />
Colocar em uma linda travessa<br />
Essa receita é de família<br />
Uma delícia, esse é o verdadeiro arroz <strong>do</strong>ce<br />
QUENTÃO<br />
1 1/2 xícaras de açúcar refi<strong>na</strong><strong>do</strong><br />
1 1/2 xícara de água<br />
50 g de gengibre corta<strong>do</strong> em fatias fi<strong>na</strong>s (1/4 de xícara)<br />
3 limões corta<strong>do</strong>s em rodelas<br />
4 xícaras de pinga (aguardente de ca<strong>na</strong>)<br />
3 cravos da índia<br />
2 pedaços peque<strong>no</strong>s de canela em pau<br />
Mo<strong>do</strong> de Fazer:<br />
Aqueça o açúcar refi<strong>na</strong><strong>do</strong> em fogo alto, mexen<strong>do</strong> de vez em quan<strong>do</strong> até caramelizar.<br />
Junte to<strong>do</strong>s os ingredientes me<strong>no</strong>s a pinga e ferva mexen<strong>do</strong> até dissolver o<br />
açúcar.<br />
Junte a pinga, com cuida<strong>do</strong>, de preferência fora <strong>do</strong> fogo para não incendiar,<br />
misture e deixe ferver em fogo baixo por 3 minutos.<br />
Sirva em caneca de barro ou louça, pois as de metal tiram um pouco o sabor<br />
<strong>do</strong> quentão.<br />
43
A TERRA PROMETIDA<br />
Por Marília Kosby<br />
Salvem a pátria dessas estrelas<br />
Pois minha terra <strong>na</strong>tal acabou de ruir<br />
Sem cortejo ou cerimônia<br />
Meus mortos trouxeram-me<br />
Os pa<strong>no</strong>s sujos de limpar memórias<br />
Vieram até minha casa<br />
Não comeram<br />
Nem sorriram<br />
Verde<br />
Como sorriem as serpentes<br />
De tristeza<br />
Os mortos rastejaram até a janela<br />
Viram que o céu não cabia mais <strong>no</strong> mun<strong>do</strong><br />
E cantaram seu choro cósmico de <strong>no</strong>tas repetidas<br />
Esquecer é da vida o único milagre<br />
M arília Floôr Kosby <strong>na</strong>sceu em 1984, <strong>na</strong> cidade de Arroio Grande, sul<br />
<strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul. Há cerca de dez a<strong>no</strong>s mora em Pelotas /<br />
RS, onde realiza a maior parte de seus trabalhos como antropóloga, poeta e<br />
letrista. Além <strong>do</strong>s escritos et<strong>no</strong>gráficos sobre a presença africa<strong>na</strong> e afrodescendente<br />
<strong>no</strong> continente america<strong>no</strong> - publica<strong>do</strong>s em diferentes revistas científicas,<br />
veicula <strong>no</strong>s blogs Salamancas Supersônicas e A Sanga das Patavi<strong>na</strong>s,<br />
bem como em outros sites da internet e publicações impressas <strong>no</strong> sul <strong>do</strong> sul país,<br />
sua produção literária de poemas, contos e letras musicais, iniciada em<br />
2008.<br />
44
Por Márcio José Rodrigues<br />
OS COMPANHEIROS<br />
O tempo passou em minha porta.<br />
Não cumprimentou nem sorriu, nem tampouco deixou transparecer qualquer<br />
tipo de expressão <strong>na</strong> face petrificada.<br />
Sem sequer pedir permissão, arrastou-me, agarran<strong>do</strong>-me tão fortemente pelo<br />
punho, que nem pude reagir.<br />
Implorei que me deixasse.<br />
Ele respondeu com a voz mais fria que eu já ouvira, sem nenhuma modulação<br />
de qualquer sentimento:<br />
- Não podes permanecer <strong>no</strong>s lugares por onde passas!<br />
- Como não? - respondi incrédulo. Estamos agora mesmo em minha casa!<br />
- A casa de que falas ficou <strong>no</strong> passa<strong>do</strong>. O vento que entrou pelas janelas mu<strong>do</strong>u<br />
a posição das corti<strong>na</strong>s, o pó se deposita sobre os móveis, as pessoas estão<br />
mais velhas; algumas já se foram para sempre, assim como teu canário e teu cachorro.<br />
- Mas, este rio em que sempre me banhei, está bem aqui. Ainda o conheço.<br />
Ainda é o mesmo...<br />
- Não te enganes. Um rio é sempre outro rio a cada instante. As águas em<br />
que te banhaste já foram para o mar. Estas que vês, são <strong>no</strong>vas águas de um <strong>no</strong>vo<br />
rio.<br />
- Misericórdia! - roguei. Dá-me uma oportunidade de abraçar meu irmão, dizer<br />
algo que tenho trava<strong>do</strong> aqui dentro <strong>do</strong> peito para aquele amigo que magoei, ter de<br />
<strong>no</strong>vo um só beijo de minha mãe...<br />
- Não tenho esta permissão!<br />
- Mas, isso é muito cruel!<br />
- Não há crueldade! - ape<strong>na</strong>s cumpro minha desti<strong>na</strong>ção. Posso, porém revelar<br />
-te um segre<strong>do</strong>:<br />
- Será permiti<strong>do</strong> que olhes para trás e assim possas ver o que fizeste e o que<br />
deixaste. Também terás <strong>do</strong>is companheiros de jor<strong>na</strong>da. Eles estarão sempre ao teu<br />
la<strong>do</strong> e te acompanharão como a tua sombra. Aparecerão quan<strong>do</strong> me<strong>no</strong>s esperares,<br />
mesmo que não os tenhas invoca<strong>do</strong>.<br />
- Posso saber quem são?<br />
- Eles são o remorso e a saudade!<br />
45
M árcio José Rodrigues é um escritor ocasio<strong>na</strong>l<br />
de contos, crônicas e poesias.<br />
Nasci<strong>do</strong> em Gravatal, SC, em 1941, viveu uma grande<br />
parte <strong>do</strong> seu tempo em Lagu<strong>na</strong>, uma bela e mágica cidade<br />
<strong>no</strong> Atlântico Sul <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, repleta de sol e sortilégios,<br />
onde as pessoas são incrivelmente pitorescas, simpáticas<br />
e <strong>no</strong>bres.<br />
Inundada de maresia, luz, ventanias, história e peripécias, a cidade incita, desafia<br />
e abastece a fantasia, com repleto material para se escrever, pintar, compor e cantar.<br />
O autor publicou, "A CONFRARIA"( história local), "ANTÔNIO DOS BO-<br />
TOS" (contos) , "RECORTE" ( contos e crônicas, com outros autores), artigos para<br />
imprensa, conferências e palestras. Considera o fato de ter si<strong>do</strong> professor por mais<br />
de 30 a<strong>no</strong>s, um <strong>do</strong>s maiores orgulhos de sua vida profissio<strong>na</strong>l.<br />
O VARAL DO BRASIL é uma revista<br />
digital gratuita proposta por e-mail<br />
e através de <strong>do</strong>wnload <strong>no</strong> site<br />
www.varal<strong>do</strong>brasil.ch<br />
Capa <strong>do</strong> livro Antônio <strong>do</strong>s Botos<br />
Marcio autografa o livro <strong>no</strong> dia <strong>do</strong> lançamento.<br />
Foto: http://www.farolimagem.com.br<br />
46
A UM ARTISTA<br />
Mergulha o teu olhar de fi<strong>no</strong> colarista<br />
No azul: medita um pouco, e escreve; um <strong>na</strong>da quase:<br />
Um trecho só de prosa, uma estrofe, uma frase<br />
Que patenteie a mão de um requinta<strong>do</strong> artista.<br />
Escreve! Molha a pe<strong>na</strong>, o leve estilo enrista!<br />
Pinta um canto <strong>do</strong> céu, uma nuvem de gaze<br />
Solta, brilhante ao sol; e que a alma se te vaze<br />
Na cópia dessa luz que <strong>no</strong>s deslumbra a vista.<br />
Escreve!... Um céu ostenta o matiz da celagem<br />
Onde erra o sol, moroso, entre vapores brancos,<br />
Irisan<strong>do</strong>, ao de leve, o verde da paisagem...<br />
Uma ave banha ao sol o esplêndi<strong>do</strong> plumacho...<br />
Num recanto de bosque, a lamber os barrancos,<br />
Espumeja em cachões uma cachoeira embaixo...<br />
47
ESCRITO NAS ESTRELAS<br />
Por Marcelo de Oliveira Souza<br />
To<strong>do</strong>s sabemos como é difícil educar um filho, principalmente <strong>no</strong>s tempos de hoje,<br />
com a televisão, o advento da internet, redes de relacio<strong>na</strong>mentos, comunica<strong>do</strong>res<br />
e tu<strong>do</strong> que possa vir para deseducar e afastar os membros da família de uma<br />
boa conduta.<br />
Muitos pais se perdem em meio à obrigação de cuidar <strong>do</strong>s seus rebentos contemporizan<strong>do</strong><br />
com uma vida social e produtiva.<br />
Nessa difícil relação ainda tempos que abordar a briga entre casais que poderá<br />
até culmi<strong>na</strong>r em uma separação; alcoolismo e outros vícios piores; traumas e outros<br />
tantos fatores que são aborda<strong>do</strong>s rotineiramente em alguns programas de tv.<br />
Da mesma forma que a televisão deseduca, tem muitas outras programações que<br />
podemos utilizar em <strong>no</strong>sso crescimento próprio e até como forma de <strong>no</strong>rtear os<br />
<strong>no</strong>ssos entes queri<strong>do</strong>s, absorven<strong>do</strong> o que há de melhor <strong>na</strong> grade televisiva.<br />
Um grande exemplo é “A grande Família”, to<strong>do</strong>s têm problemas de relacio<strong>na</strong>mento,<br />
contu<strong>do</strong> percebemos uma interação muito bonita, o filho “Tuco” com todas as<br />
suas imperfeições de um desemprega<strong>do</strong>, vida mansa, ainda clama atenção ao<br />
pai, queren<strong>do</strong> que o seu genitor ainda se orgulhe de to<strong>do</strong>s os seus defeitos, uma<br />
relação difícil mas que é suplantada com muita confusão e amor.<br />
A <strong>no</strong>va <strong>no</strong>vela das seis horas <strong>na</strong> Rede Globo, “Escrito <strong>na</strong> Estrelas” é mais um<br />
grande exemplo de relacio<strong>na</strong>mento entre pai e filho, onde um promissor médico<br />
tinha um relacio<strong>na</strong>mento muito difícil com o seu viúvo pai, eles possuíam idéias<br />
díspares e diante disso o filho resolveu sair de casa a fim de que possa seguir o<br />
que achava correto.<br />
Independente de quem está certo ou não, o importante é que percebamos que o<br />
relacio<strong>na</strong>mento entre as pessoas está cada vez mais difícil, principalmente entre<br />
pais e filhos, muitos deles pensam que irão morrer primeiro que os seus antigos<br />
pimpolhos, seguin<strong>do</strong> a lei da <strong>na</strong>tureza, contu<strong>do</strong> não é bem assim, Deus têm muitos<br />
pla<strong>no</strong>s e muitas lições a <strong>no</strong>s ensi<strong>na</strong>r, não é à toa que estamos aqui e que não<br />
escolhemos os <strong>no</strong>ssos parentes, há muita coisa além disso e a maior lição é a <strong>do</strong><br />
amor incondicio<strong>na</strong>l, entre pais e filhos, a relação mais singela.<br />
Esse aprendiza<strong>do</strong> é muito difícil, a cada dia temos uma <strong>no</strong>va lição, contu<strong>do</strong> a maior<br />
dela é não <strong>no</strong>s esquecermos de amar os “<strong>no</strong>ssos”, valorizan<strong>do</strong>-os, auxilian<strong>do</strong>os,<br />
independentemente de tu<strong>do</strong>, pois as convenções muitas vezes servem para<br />
afastar e um afago não utiliza<strong>do</strong> <strong>na</strong> hora certa, pode gerar muito arrependimento<br />
<strong>no</strong> futuro e não haverá insemi<strong>na</strong>ção artificial, espiritismo nem <strong>na</strong>da nesse mun<strong>do</strong><br />
que possa dirimir o sentimento de perda e de culpa que poderemos carregar.<br />
48
CHÃO<br />
Por Maíra Cortez Galhar<strong>do</strong><br />
O pão da vida<br />
Tempera<strong>do</strong> com o sal da terra<br />
O que será <strong>do</strong> <strong>no</strong>sso amanhã?<br />
Se já não conseguimos mais colher <strong>no</strong>ssos frutos<br />
Nao há mais raízes, princípios, vontades, virtudes...<br />
Estamos sem chão<br />
Para que a vida cresça em nós<br />
Para que vejamos Deus em tu<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s<br />
Nos <strong>no</strong>ssos pensamentos, palavras e atitudes<br />
49
ROSAS AZUIS<br />
Por Lariel Frota<br />
Elas existem, é preciso acreditar<br />
Por mais estranho que pareça<br />
Elas estão lá, <strong>no</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar....<br />
São azuis da cor <strong>do</strong> infinito<br />
Suaves qual <strong>no</strong>ites de primaveras<br />
Embora frágeis, indestrutíveis<br />
Embora submersas, são belas....<br />
Elas existem, embaladas <strong>do</strong>cemente<br />
Pelo eter<strong>no</strong> bailar <strong>do</strong> ocea<strong>no</strong>.<br />
Se um dia as encontrar por acaso,<br />
Não pense que é um enga<strong>no</strong>.<br />
Elas existem esplen<strong>do</strong>rosas.<br />
Você tem que aceitar<br />
Azuis da cor <strong>do</strong> infinito<br />
Há rosas <strong>no</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar!!!!!<br />
50<br />
M eu <strong>no</strong>me é Marli Ribeiro de Freitas<br />
e <strong>na</strong>s minhas criações utilizo o pseudônimo<br />
de LARIEL FROTA. Sou professora,<br />
educa<strong>do</strong>ra <strong>na</strong> área de Educação para o<br />
Trânsito, palestrante, escritora e poeta.<br />
Fui responsável por duas colu<strong>na</strong>s numa<br />
revista voltada ao público <strong>do</strong>s motociclistas,<br />
a REVISTA MOTOBOY, daí <strong>na</strong>sceu<br />
a necessidade <strong>do</strong> pseudônimo. Como<br />
assi<strong>na</strong>va uma colu<strong>na</strong> sobre Legislação<br />
de Trânsito e Primeiros Socorros, o editor<br />
julgou que a outra colu<strong>na</strong> com contos<br />
e crônicas sobre o quotidia<strong>no</strong> desse<br />
profissio<strong>na</strong>l sobre duas rodas, deveria<br />
ser assi<strong>na</strong>da por outra pessoa, daí, pari<br />
Lariel.<br />
E-mail: marlidifreitas@msn.com
J u Virginia<strong>na</strong>. Professora, licenciada<br />
em Letras Português e Espanhol,<br />
especialista em Leitura e Produção<br />
Textual.<br />
É associada à AGES - Associação Gaúcha<br />
de <strong>Escritores</strong>, filiada à UBT - União<br />
<strong>Brasil</strong>eira de Trova<strong>do</strong>res de Caxias <strong>do</strong><br />
Sul,<br />
Membro Efetivo da Academia Virtual Sala<br />
de Poetas e <strong>Escritores</strong> - AVSPE, Cônsul<br />
<strong>do</strong> Movimento Poetas del Mun<strong>do</strong> de Caxias<br />
<strong>do</strong> Sul<br />
Participa em inúmeros sites, blogs, jor<strong>na</strong>is.<br />
Já integrou várias comissões julga<strong>do</strong>ras<br />
em concursos literários<br />
Participa em mais de cinquenta Antologias<br />
Poéticas. Conta com várias classificações<br />
e premiações em Concursos Literários<br />
E-MAIL: Jussara.c.godinho@gmail.com<br />
51<br />
E O AMOR ACONTECE<br />
Por Ju Virginia<strong>na</strong><br />
Quan<strong>do</strong> respiro teu ar<br />
Não sei o que acontece<br />
Minh’alma passa a cantar<br />
E de tu<strong>do</strong> se esquece<br />
Meus olhos encontram teu olhar<br />
Mais bela a vida parece<br />
Sinto meu corpo arrepiar<br />
Meu chão quase desaparece<br />
A tua voz a soar<br />
Em mim como uma prece<br />
Ecoa linda a cantar<br />
Num maleável sobe e desce<br />
Nosso olhar ao se cruzar<br />
Meu corpo to<strong>do</strong> estremece<br />
Palavras fican<strong>do</strong> <strong>no</strong> ar<br />
Minha face enrubesce<br />
Pensamentos a rodar<br />
Ilusão que floresce<br />
Silêncios a sufocar<br />
Alma que padece<br />
Se pudesse te falar<br />
Mas meu ser to<strong>do</strong> emudece<br />
Como é bom te amar<br />
Melhor se tu soubesse
60% de sua <strong>do</strong>ação será desti<strong>na</strong>da ao atendimento emergencial aos animais de rua em<br />
situação de emergência, <strong>no</strong> pagamento de despesas médico-veterinárias e de medicamentos,<br />
os 40% restantes serão utiliza<strong>do</strong>s para outras despesas, como para a confecção de<br />
material educativo, despesas administrativas, bancárias (inclusive as tarifas de emissão <strong>do</strong>s<br />
boletos) etc. Caso você queira contribuir com valores me<strong>no</strong>res, sua ajuda será bem vinda,<br />
mas devi<strong>do</strong> ao valor da tarifa de emissão de boletos cobrada pelo banco, pedimos que faça<br />
isso através de depósito direto em <strong>no</strong>ssa conta.<br />
Instituto É O BICHO!<br />
Banco Itaú (Nº 341)<br />
Agência - 0289<br />
Conta Corrente - 61018-0<br />
CNPJ <strong>do</strong> Instituto: 06.006.434/0001-85 (solicita<strong>do</strong> <strong>no</strong> caso de transferências entre<br />
contas)<br />
Obriga<strong>do</strong> por colaborar fi<strong>na</strong>nceiramente com o trabalho <strong>do</strong> Instituto É O BICHO!<br />
Projeto “Balaio da Saúde Literária” é lança<strong>do</strong><br />
em Bento Gonçalves<br />
O projeto “Balaio da Saúde Literária (para combater<br />
o óbito mental)”, realiza<strong>do</strong> pela Biblioteca<br />
Pública Castro Alves em parceria com a Secretaria<br />
Municipal de Saúde, foi recebi<strong>do</strong> com muito<br />
carinho por representantes das 22 Unidades<br />
Básicas de Saúde (UBS), além de outros cinco<br />
Centros de Referência da cidade, <strong>no</strong> Salão Nobre<br />
da prefeitura, <strong>na</strong> sexta-feira, dia 23, Dia <strong>do</strong><br />
Livro. A iniciativa tem como objetivo criar um<br />
espaço de acesso ao livro, e despertar o gosto<br />
e o hábito pela leitura <strong>na</strong> população que frequenta<br />
os postos de saúde <strong>do</strong> município. Inicialmente,<br />
os balaios foram entregues a 27<br />
centros, porém a iniciativa visa contemplar 40<br />
postos, em diversos bairros.<br />
As antologias “Poesia <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>”, “Poeta, Mostra<br />
a Tua Cara” e “Poemas á Flor da Pele”,<br />
<strong>do</strong>adas pelo Congresso <strong>Brasil</strong>eiro de Poesia<br />
fazem parte <strong>do</strong>s balaios.<br />
52
Por J. Macha<strong>do</strong><br />
A FUGA DO CARANGUEJO<br />
Ajoelhou-se e rezou! Rezava com fé, enquanto chorava. Não havia mais<br />
lágrimas, ape<strong>na</strong>s o soluço que lhe cortava as palavras. Só as palavras, não a<br />
intenção. Sabia o que queria!<br />
- Julieta não pode ficar sozinha! O senhor pode ajudar! Não pode?<br />
Julieta sabe que pode. - E assim prosseguia com seus clamores em terceira<br />
pessoa, acreditan<strong>do</strong> estar sen<strong>do</strong> ouvida. E continuou: -<br />
Julieta não quer ficar sem o caranguejo!<br />
- Era assim que chamava seu companheiro, o qual ameaçava<br />
em deixá-la. Não era a primeira vez, mas Edgar agora<br />
estava decidi<strong>do</strong> e ela sabia que não era como das outras<br />
vezes.<br />
Sentin<strong>do</strong> que sua fé estava um tanto desgastada e<br />
com o vai e vem <strong>do</strong> caranguejo, enquanto arrumava as<br />
coisas dele, Julieta entrou em desespero. Alguém tinha<br />
que impedir este aban<strong>do</strong><strong>no</strong>!<br />
Então passou a rogar a Buda, mas ele <strong>na</strong>da lhe falava,<br />
pediu a Che Guevara, que passava em sua frente<br />
por várias vezes, estampa<strong>do</strong> <strong>na</strong> camisa de Edgar. Que <strong>na</strong>da! Nem Buda, Nem<br />
Che Guevara, nem Iemanjá que há a<strong>no</strong>s habitava aquele cantinho. Nem mesmo<br />
Santo Antonio que já estava de cabeça pra baixo há dias.<br />
Por fim numa tentativa ainda desesperada, passou a rogar pelos í<strong>do</strong>los<br />
mais próximos, Barak Obama, Silvio Santos, Ag<strong>na</strong>l<strong>do</strong> Timóteo, Galvão Bue<strong>no</strong>,<br />
A<strong>na</strong> Maria Braga, o próprio Loro José...<br />
Nada! Ninguém fez <strong>na</strong>da para impedir e Edgar se foi.<br />
J .Macha<strong>do</strong>, 50 a<strong>no</strong>s. Já viajou pelo mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>. Foi<br />
à Londres da Rainha mãe, em Jerusalém sentiu a presença<br />
<strong>do</strong> Cristo, aquele, o filho <strong>do</strong> homem. Conheceu Ma<strong>no</strong>el<br />
Bandeira, <strong>no</strong> Jardim da Luz, claro, de volta ao <strong>Brasil</strong>, aqui<br />
mesmo em São Paulo. Encantou-se com Clarice Lispector,<br />
numa biblioteca, bem pertinho de casa, aqui em Lagu<strong>na</strong>. De<br />
onde faz suas viagens através da leitura.<br />
53
A LÍNGUA PORTUGUESA<br />
Lucia<strong>no</strong> Maia<br />
É comum aceitar-se que ao fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong><br />
século VIII a língua portuguesa (ou galego-portuguesa)<br />
já estava constituída,<br />
diferente <strong>do</strong> latim vulgar, que a engendrou<br />
e <strong>do</strong>s demais romances peninsulares<br />
ibéricos. Esse é o protoportuguês,<br />
que se pode observar <strong>na</strong>s <strong>do</strong>cumentações<br />
em latim bárbaro, ou seja, após a<br />
queda <strong>do</strong> Império Roma<strong>no</strong> <strong>do</strong> Ocidente.<br />
Num <strong>do</strong>cumento em latim bárbaro,<br />
data<strong>do</strong> de 1161, o escrivão introduziu<br />
uma frase inteira cujos componentes<br />
são já galego-portugueses: deslo rivoll<br />
até <strong>no</strong> rego que vai porla vila.<br />
As invasões germânicas (século V) e<br />
a invasão moura (século VIII) marcaram<br />
profundamente a futura feição da<br />
língua galego-portuguesa.<br />
A língua portuguesa teve seu berço<br />
<strong>na</strong> Galiza, território ao <strong>no</strong>rte de Portugal,<br />
a partir da Reconquista, ou seja,<br />
com a emancipação das terras que se<br />
encontravam em poder <strong>do</strong>s árabes, que<br />
invadiram a península <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 711 e<br />
dali só foram definitivamente expulsos<br />
em 1492, com a queda <strong>do</strong> califa<strong>do</strong> de<br />
Gra<strong>na</strong>da, <strong>na</strong> Andaluzia.<br />
É comum, portanto, o emprego de<br />
galego-português para desig<strong>na</strong>r esta<br />
língua, mesmo porque, tratan<strong>do</strong>-se de<br />
textos antigos, não há como separar os<br />
<strong>do</strong>is idiomas. Na realidade, foi em galego-português<br />
que se redigiram os primeiros<br />
<strong>do</strong>cumentos e os primeiros textos<br />
literários <strong>no</strong> oeste da península ibérica,<br />
inclusive <strong>na</strong> corte de Madrid, o que<br />
atesta o e<strong>no</strong>rme prestígio de que desfrutava<br />
a <strong>no</strong>ssa língua <strong>na</strong> Idade Média.<br />
Dom Afonso X, o Sábio, rei de Castela,<br />
usou a língua galego-portuguesa para<br />
os seus escritos, poemas líricos, profa<strong>no</strong>s<br />
e religiosos de grande beleza.<br />
Ademais, foi em galego português que<br />
poetaram muitos outros escritores medievais<br />
da Espanha e mesmo de outras<br />
<strong>na</strong>ções, como a Itália!<br />
54<br />
Com a independência de Portugal,<br />
por Dom Afonso Henriques, em<br />
1147, o português se propagou a<br />
partir <strong>do</strong> <strong>no</strong>rte e se mesclou com os<br />
falares neolati<strong>no</strong>s <strong>do</strong> sul da Lusitânia,<br />
os chama<strong>do</strong>s romanços moçarábicos,<br />
passan<strong>do</strong>, aos poucos, a<br />
formar o idioma português propriamente<br />
dito (cerca de 1350), que difere<br />
algo <strong>do</strong> galego origi<strong>na</strong>l, que,<br />
por assim dizer, fossilizou velhas<br />
formas arcaicas e regio<strong>na</strong>lismos da<br />
língua, ainda hoje em uso pelos escritores<br />
galegos.<br />
A Língua Portuguesa, <strong>no</strong> auge<br />
das conquistas marítimas, se propagou<br />
pelos cinco continentes. Até<br />
mesmo <strong>na</strong> longínqua Oceania, <strong>na</strong><br />
Ilha de Timor, até recentemente sob<br />
<strong>do</strong>mínio da In<strong>do</strong>nésia, a língua de<br />
Camões é escrita e falada. (...)<br />
Atualmente o idioma português<br />
desfruta de grande prestígio inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l,<br />
ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> recentemente<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela Organização das Nações<br />
Unidas como língua de trabalho,<br />
a par <strong>do</strong> chinês, inglês, russo,<br />
francês, árabe e espanhol.<br />
O <strong>Brasil</strong> é o maior país de língua<br />
portuguesa, responsável por mais<br />
de 3/4 <strong>do</strong>s falantes da <strong>no</strong>ssa língua.<br />
Some-se a isso o fato de não contarmos<br />
com dialetos em <strong>no</strong>sso vasto<br />
território, sen<strong>do</strong> perfeitamente<br />
inteligível a fala de um cearense <strong>do</strong><br />
Vale <strong>do</strong> Jaguaribe a um gaúcho de<br />
Bajé ou a um carioca de Ipanema, e<br />
vice-versa.<br />
O português <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> é, isto sim,<br />
um idioma extremamente enriqueci<strong>do</strong><br />
com os aportes indíge<strong>na</strong>s e africa<strong>no</strong>s,<br />
que modelaram, deram um<br />
retoque fi<strong>na</strong>l à <strong>no</strong>ssa língua, enchen<strong>do</strong>-a<br />
de graça e suavidade.<br />
Vários dialetos subsistem, porém,<br />
<strong>no</strong> português continental, ou seja,<br />
europeu. Em Portugal, cumpre citar<br />
os dialetos <strong>do</strong> Minho, de Trás-os-<br />
Montes, da Beira, da Extremadura,<br />
<strong>do</strong> Alentejo e <strong>do</strong> Algarve.
A língua portuguesa é ainda utilizada<br />
por núcleos de imigrantes, principalmente<br />
<strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, onde possuem<br />
um jor<strong>na</strong>l (há também jor<strong>na</strong>is dirigi<strong>do</strong>s<br />
a <strong>brasileiros</strong>), <strong>no</strong> Ca<strong>na</strong>dá, <strong>na</strong> Venezuela,<br />
além de aproximadamente 1<br />
milhão de portugueses hoje residentes<br />
<strong>na</strong> França, principalmente em Paris.<br />
Por fim, lembremos que o papiamento<br />
(<strong>do</strong> português papear), provavelmente<br />
uma das mais <strong>no</strong>vas línguas literárias<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, tem um fun<strong>do</strong> lexical português-espanhol,<br />
com cerca de 45%, contra<br />
cerca de 25% holandês e o restante<br />
de línguas africa<strong>na</strong>s, <strong>do</strong> francês e <strong>do</strong><br />
inglês. Sua estrutura gramatical é, entretanto,<br />
pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente africa<strong>na</strong>.<br />
Até hoje, <strong>na</strong>s Antilhas Holandesas<br />
(Curaçao, Bo<strong>na</strong>ire e Aruba)um movimento<br />
visan<strong>do</strong> à <strong>no</strong>rmatização <strong>do</strong> papiamento,<br />
por intermédio <strong>do</strong> Instituto Lingwistiko<br />
Antia<strong>no</strong>, com sede em Willemstad,<br />
capital das Antilhas Holandesas.<br />
Ressalte-se ainda que, ao contrário<br />
<strong>do</strong> que ocorre com outros falares crioulos<br />
<strong>do</strong> Caribe, o papiamento conta com<br />
uma expressiva literatura já desde o<br />
século XIX.<br />
A figura canônica da literatura em língua<br />
portuguesa é Luís Vaz de Camões<br />
e a obra "Os Lusíadas", mas os <strong>no</strong>mes<br />
que dignificam uma e outra (a língua e<br />
a literatura) são incontáveis. Citemos<br />
um <strong>no</strong>me ape<strong>na</strong>s: José Saramago, Prêmio<br />
Nobel de Literatura de 1998.<br />
FONTE: Maia, Lucia<strong>no</strong>. ALMANA-<br />
QUE NEOLATINO. Fortaleza: UFC /<br />
Casa de José de Alencar, 2002, p. 33-<br />
35.<br />
http://www.viegasdacosta.hpg.ig.com.br/<br />
amigos/lucia<strong>no</strong>maia.htm<br />
55<br />
Regio<strong>na</strong>lismos<br />
São registros de língua próprios da<br />
população de diferentes povoações<br />
ou regiões. Distinguem-se pela pronúncia,<br />
pelos diferentes significa<strong>do</strong>s<br />
e diferente construção de palavras e<br />
frases.<br />
TANGERINA<br />
fruto da tangerineira; bergamota,<br />
laranja-cravo, laranja-mimosa,<br />
mandari<strong>na</strong>, mexerica, mimosa,<br />
tangeri<strong>na</strong>-cravo, tangeri<strong>na</strong>-<strong>do</strong>-rio,<br />
vergamota.<br />
MOUSSE DE TANGERINA<br />
250 ml de suco de tangeri<strong>na</strong> concentra<strong>do</strong><br />
<strong>na</strong>tural<br />
1 lata de leite condensa<strong>do</strong><br />
1 lata de creme de leite<br />
Mo<strong>do</strong> de fazer:<br />
No liquidificar coloque o suco, o leite<br />
condensa<strong>do</strong> e o creme de leite<br />
Bata por cinco minutos<br />
Disponha em taças e leve à geladeira<br />
por 2 horas
PENSANDO COM NÉLIDA PIÑON<br />
A alma murcha é como uma passa de Corinto.<br />
A vida de um homem termi<strong>na</strong> nele. Só alguns artistas<br />
prorrogam a existência.<br />
O ser huma<strong>no</strong> é um peregri<strong>no</strong>. É só <strong>na</strong> aparência que ele tem uma geografia<br />
"Se a memória simula esquecer os mortos, o amor, alberga<strong>do</strong> <strong>no</strong> coração<br />
e sempre à espreita, a qualquer si<strong>na</strong>l açoita quem sobrevive às<br />
lembranças."<br />
Se ao ler você não entende o que alguém está dizen<strong>do</strong> e se não exerce<br />
a crítica diante <strong>do</strong> que lhe está sen<strong>do</strong> da<strong>do</strong>, não apreende e passa<br />
a ser ape<strong>na</strong>s um escravo da informação<br />
56
Por José Carlos Paiva Bru<strong>no</strong><br />
CONTUBÉRNIO<br />
Perfeita acoplagem: homem e mulher. Presente <strong>do</strong> Cria<strong>do</strong>r; este acoplar, espiritual,<br />
car<strong>na</strong>l, a<strong>na</strong>tômico, convoluto... Entrópico! Êxtase que revela vida...<br />
Completam-se em sedução, franqueza, sexo, <strong>no</strong>stalgia; solidariedade, simbiose, caminhar,<br />
completar... Benção e necessidade mútua, que espanta qualquer melancolia:<br />
sacripanta, desânimo, tristeza, fracasso e covardia...<br />
Revelação da verdade, surpresa em afinidade...<br />
Gancho <strong>na</strong> espírita poesia:<br />
Alma gêmea da minha alma,<br />
Flor de Luz da minha vida...<br />
Sublime estrela caída,<br />
Das belezas da amplidão...<br />
Sazão primavera, sempre candura eter<strong>na</strong>, residente poesia... Alma que contagia!<br />
Energia vital, aura que tu<strong>do</strong> faz valer à pe<strong>na</strong>. Especiaria <strong>do</strong> Divi<strong>no</strong>...<br />
Mulher, alquimia da felicidade, sagra<strong>do</strong> manto da verdade. Caprichosa em existir,<br />
valente em dar a luz, acompanhante que conduz; felicidade manifesta <strong>do</strong> encontro<br />
<strong>do</strong> Gênesis.<br />
Dia<strong>na</strong> ou Afrodite, Eva ou Brigite, universo hálito, recomenda<strong>do</strong> pelo Paráclito...<br />
Cândida luz que guia; expoente da ternura, revelação da bravura...<br />
Mulher lanter<strong>na</strong> <strong>do</strong> Homem, candelabro de magia, farol estrela-guia...<br />
Bendita Virgem Maria!<br />
J osé carlos Paiva Bru<strong>no</strong> é a quarta geração<br />
origi<strong>na</strong>da de Domenico Bru<strong>no</strong>, quan<strong>do</strong> de<br />
sua imigração da Itália para o <strong>Brasil</strong>... Iniciou-se como<br />
me<strong>no</strong>r-aprendiz <strong>no</strong> Banco <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> em 1979,<br />
técnico em eletrônica, advoga<strong>do</strong>, integra<strong>do</strong>r INTEL<br />
602597, especialista MBA pela FGV em Direito da<br />
Tec<strong>no</strong>logia e especialista pela FOA em Docência<br />
Superior, sempre aprendiz-escritor e poeta…<br />
http://cid-bab27cce4ad326da.spaces.live.com/blog/<br />
57
FALANDO DE AMOR<br />
Por Jania Souza<br />
És sensível ao sentimento, Amor!<br />
És o próprio vôo de pétalas <strong>na</strong> carne<br />
Confetes de felicidade <strong>no</strong> céu de boca nua salivada.<br />
És beijo <strong>do</strong>ce de mãe<br />
Mão estendida ao desampara<strong>do</strong><br />
Água fresca <strong>na</strong> fervura da ira<br />
Lençol branco da paz.<br />
És meu suspiro de esperança<br />
Meu abraço de caridade<br />
Meu clamor por liberdade<br />
Meu mar sensual <strong>no</strong> espaço.<br />
És meu <strong>no</strong>rte e meu ocidente<br />
Bússola permanente em meu coração<br />
Guia de minhas sensações perenes.<br />
És paradigma <strong>no</strong> caos da violência<br />
Consciência necessária à preservação huma<strong>na</strong>.<br />
És o Jardim da Bo<strong>na</strong>nça, Amor!<br />
Pronto a ofertar teus saborosos frutos<br />
A cada filho <strong>do</strong> homem.<br />
És as delícias conjugais <strong>do</strong>s <strong>no</strong>vos amantes<br />
Em colchões de sonhos e plumas de avestruzes<br />
Pássaros <strong>no</strong> nirva<strong>na</strong> da procriação.<br />
Em todas as horas és meu incansável companheiro.<br />
Sempre alerta, relembras-me os prazeres da vida.<br />
Jamais permites que eu abdique <strong>do</strong> teu corpo puro.<br />
58
J ania Souza, potiguar de Natal/RN, <strong>Brasil</strong>, artista plástica,<br />
poeta, escritora, sócia funda<strong>do</strong>ra da SPVA/RN - Sociedade<br />
<strong>do</strong>s Poetas Vivos e Afins <strong>do</strong> RN. Pertence a AJEB/RN e a UBE/<br />
RN. APPERJ. Clube <strong>do</strong>s <strong>Escritores</strong> de Piracicaba. Participação em<br />
coletâneas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is. Publicou em 2007, Rua<br />
Descalça (poemas) pelas Edições Bagaço/PE; em 2009, Fórum<br />
Íntimo (poemas) e Magnólia, a besourinha perfumada (infantil) pela Editora Alcance/<br />
RS. Contato: www.janiasouzaspvarncultural.blogspot.com; janiasouza@uol.com.br<br />
COMO VOCÊ VÊ @ VID@?<br />
To<strong>do</strong>s as pessoas possuem uma maneira diferente de ver a vida e de expressar es-<br />
ta visão.<br />
Algumas escrevem, outras pintam, fotografam, desenham, cantam, tocam um instrumento,<br />
esculpem, fazem artesa<strong>na</strong>to… Dentro de cada um de nós existe um artista.<br />
Algumas vezes escondemos tanto que nem mesmo os familiares sabem que temos<br />
aquele jeitinho especial!<br />
Que tal mostrar pra gente? Que tal enviar para o site <strong>do</strong> VARAL DO BRASIL o que<br />
você faz e dar uma chance para que possamos conhecer melhor você?<br />
Leia as instruções <strong>na</strong>s seções « ELES » <strong>no</strong> www.varal<strong>do</strong>brasil.ch<br />
E-mail: varal<strong>do</strong>brasil@bluewin.ch<br />
E mãos à obra: a vida é agora!<br />
59
Antologia Literária Cidade Volume V<br />
Se você deseja ajudar os animais que<br />
to<strong>do</strong>s os dias são aban<strong>do</strong><strong>na</strong><strong>do</strong>s, atropela<strong>do</strong>s,<br />
maltrata<strong>do</strong>s e não sabe como,<br />
vai aqui uma dica:<br />
Procure uma associação de proteção<br />
aos animais, um refúgio, uma organização<br />
ou mesmo uma pessoa responsável<br />
em sua cidade ou esta<strong>do</strong>. As colaborações<br />
podem ser feitas através de<br />
tempo, dedicação, ajudas fi<strong>na</strong>nceiras,<br />
divulgação.<br />
Há pessoas por to<strong>do</strong>s os cantos ajudan<strong>do</strong><br />
aqueles que não sabem como ajudar<br />
a si mesmos. Seja mais um, faça destes<br />
bichinhos a sua causa!!<br />
AJUDE A AJUDAR, SEJA<br />
HUMANO!<br />
A Antologia Literária Cidade foi criada com a fi<strong>na</strong>lidade de centralizar<br />
autores numa publicação fora <strong>do</strong> eixo, de oportunizar espaço<br />
para <strong>no</strong>vos autores, que ainda não tiveram seus textos publica<strong>do</strong>s<br />
em livros, e oferecer um diferencial em relação a outras publicações<br />
<strong>do</strong> tipo. Lançamos os três primeiros volumes com a participação<br />
de mais de 100 autores: de alu<strong>no</strong>s de Ensi<strong>no</strong> Médio a<br />
professores com <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, de autores nunca publica<strong>do</strong>s a autores<br />
com mais de uma dúzia de publicações, com a participação de<br />
autores de várias cidades <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> e também com três autores<br />
residentes em outros países (Áustria, Austrália e <strong>Suíça</strong>).Dan<strong>do</strong><br />
continuidade ao <strong>no</strong>sso trabalho estamos fechan<strong>do</strong> o Volume V da<br />
publicação com a perspectiva de levar o livro para a gráfica ainda<br />
em dezembro, posto que até o momento metade das pági<strong>na</strong>s já<br />
estão fechadas. Além disso, contamos com a sua participação como<br />
mais um habitante/mora<strong>do</strong>r desta <strong>no</strong>ssa Cidade Literária.<br />
Contatos: antologiacidade@bol.com.br<br />
60
GOSTO<br />
Por Jacqueline Aisenman<br />
Alguns sabores são indeléveis<br />
como certos si<strong>na</strong>is que trazemos<br />
de <strong>na</strong>scimento...<br />
O sabor <strong>do</strong> primeiro amor.<br />
O sabor das boas lembranças.<br />
O sabor de uma torta de chocolate.<br />
O sabor de uma vitória dita intangível.<br />
O bom <strong>do</strong>s sabores assim<br />
é que eles não causam enjôo,<br />
não fogem da memória<br />
e não percutem os sentimentos.<br />
São sublimes<br />
e somam-se aos prazeres eter<strong>no</strong>s<br />
e às alegrias etéreas.<br />
J acqueline é quem edita o VA-<br />
RAL. E quem tem o coração povoa<strong>do</strong><br />
de letras que vivem sain<strong>do</strong> pela caneta<br />
ou pelas teclas <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r. Palavras<br />
escritas, muitas vezes nem ditas.<br />
Tem em seu site Coracio<strong>na</strong>l e em seu<br />
Blog Certas Linhas um meio de expressão<br />
constante.<br />
61<br />
E-mail: coracio<strong>na</strong>l@bluewin.ch
SIGNOS<br />
Por Jaci Santa<strong>na</strong><br />
Este homem, cujo rosto e corpo,<br />
Esculpi em pensamento.<br />
Que vi <strong>na</strong>scer em minhas fantasias mais<br />
i<strong>no</strong>centes.<br />
Tem a beleza de Narciso,<br />
Revelan<strong>do</strong>-se, brandamente,<br />
A caminhar sobre os meandros de minha<br />
consciência.<br />
Neste sonho delirante,<br />
Delineei este rosto, este corpo,<br />
Que tanto admiro e amo,<br />
Deixan<strong>do</strong>-lhe minha marca, meu brasão de<br />
múltiplos sig<strong>no</strong>s.<br />
Enquanto vou inserin<strong>do</strong>-me nestes traça<strong>do</strong>s,<br />
Uma indescritível onda de prazer brotou-me,<br />
subitamente.<br />
Tamanho o regozijo de vê-lo materializan<strong>do</strong>-se<br />
Em formosura Osiria<strong>na</strong>... Altivo! Imponente!...<br />
Um mito a acorrentar-me os pensamentos.<br />
Ah! Que sabor de glória tem o amor que sinto,<br />
Por este ser mitológico,<br />
Que se veste de anjo, e aborda-me <strong>na</strong> cama,<br />
Arrastan<strong>do</strong>-me em suas armadilhas de <strong>do</strong>ces<br />
encantos.<br />
62<br />
J aci Santa<strong>na</strong>- Nasceu em<br />
Aracaju. Mora <strong>no</strong> Rio de<br />
Janeiro. Cursou Direito<br />
e,atualmente, dedica-se a poesia.<br />
Participa de Concursos Literários.<br />
Recebeu vários convites para participar<br />
de Antologias. Recebeu<br />
Menção Honrosa <strong>no</strong> I Concurso de<br />
Poemas Delfos com o 5º lugar, e a<br />
divulgação <strong>do</strong> mesmo <strong>no</strong> Jor<strong>na</strong>l Le<br />
Ville com a poesia “Oásis Tropical”.<br />
Em 2007 teve seu primeiro<br />
Livro de Poesia “Amor, Sexo e Poesia”<br />
edita<strong>do</strong> pela Litteris Editora e<br />
participação <strong>no</strong> Diário <strong>do</strong> Escritor<br />
de 2006 a 2010, também pela Litteris<br />
Editora.<br />
Nome: Jaci Leal Santa<strong>na</strong><br />
E-mail:<br />
grendaphi<strong>no</strong>chio@yahoo.com.br<br />
jacilealsanta<strong>na</strong>@yahoo.com.br
B@RRE@DO<br />
Receita origi<strong>na</strong>l: Pesquisa realizada por Mara Salles referente a autêntica receita <strong>do</strong><br />
Barrea<strong>do</strong> Morretes -PR. Data <strong>do</strong> registro: 1997<br />
Rendimento: 20 pessoas<br />
Precisa: 1 caldeirão grande de barro<br />
Ingredientes: 3k de coxão duro corta<strong>do</strong>s em cubos de 6cm, 200g de bacon em tiras<br />
fi<strong>na</strong>s, 3 cebolas médias, 1 copo america<strong>no</strong> de vi<strong>na</strong>gre de vinho tinto, 1 copo america<strong>no</strong><br />
de óleo de soja, 8 dentes de alho corta<strong>do</strong>s ao meio, 8 tomates sem sementes,<br />
1 maço de cebolinha e um maço de salsinha picadas, cominho em pó, 2 colheres<br />
de sopa rasa de sal, 4 copos america<strong>no</strong>s de água, 3 folhas de louro.<br />
Atenção: Copo america<strong>no</strong>: 160ml.<br />
Faz Assim: Forre o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> caldeirão de barro com o bacon. Coloque uma camada<br />
da carne em cubos, um punha<strong>do</strong> de cebola, um de salsinha e um de cebolinha. Polvilhe<br />
o cominho e um pouco de alho. Vá fazen<strong>do</strong> as camadas, carne, cebola, cebolinha,<br />
salsinha, cominho e alho. Dá umas 3 a 4 camadas de cada dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
diâmetro da panela. Bata <strong>no</strong> liquidifica<strong>do</strong>r o tomate com a água e coe. Misture o vi<strong>na</strong>gre,<br />
o óleo e o sal e jogue por cima das camadas <strong>no</strong> caldeirão. coloque por cima<br />
as folhas de louro e tampe a panela. Faça uma pasta grossa com farinha de mandioca<br />
e água e vá vedan<strong>do</strong> a tampa com cuida<strong>do</strong>. Vá alisan<strong>do</strong> bem com a mão úmida<br />
para que fique bem vedada a tampa para garantir que não saia vapor. Cozinhe em<br />
cima de uma chapa ou em fogão a lenha (nunca <strong>na</strong> chama direta), por, <strong>no</strong> mínimo,<br />
12 horas em fogo baixo. Após cozi<strong>do</strong>, use uma faca de ponta fi<strong>na</strong> para ir abrin<strong>do</strong> a<br />
massa que veda a tampa e tente não destruir a crosta de farinha. Se durante o cozimento<br />
houver escape de ar, vá vedan<strong>do</strong> os buraquinhos com a pasta de farinha<br />
que sobrou.<br />
Montagem <strong>do</strong> prato: Coloque num prato fun<strong>do</strong> farinha de mandioca de boa qualidade,<br />
o barrea<strong>do</strong> por cima e uma fatia de ba<strong>na</strong><strong>na</strong> da terra grelhada em manteiga de<br />
garrafa por cima de tu<strong>do</strong>. É MARAVILHOSO!!! Vale a pe<strong>na</strong>!!<br />
http://pt.petitchef.com/<br />
63
Perguntas e respostas sobre o Barrea<strong>do</strong>?<br />
O que é Barrea<strong>do</strong>? Onde posso comer?<br />
Um prato típico da culinária brasileira de<br />
sabor indescritível e altamente revigorante.<br />
Foi cria<strong>do</strong> há mais de 200 a<strong>no</strong>s por caboclos<br />
<strong>do</strong> litoral para<strong>na</strong>ense. Começou a ser<br />
servi<strong>do</strong> por ocasião da festa <strong>do</strong> "entru<strong>do</strong>",<br />
que hoje em dia conhecemos pelo <strong>no</strong>me de<br />
"Car<strong>na</strong>val". Depois, foi incorpora<strong>do</strong> às<br />
festas religiosas de Morretes e Antoni<strong>na</strong> e<br />
hoje é considera<strong>do</strong> o prático típico oficial<br />
<strong>do</strong> Paraná.<br />
Você encontra o Barrea<strong>do</strong> em qualquer<br />
restaurante das cidades de Morretes e Antoni<strong>na</strong><br />
(PR), onde anualmente acontece a<br />
Festa <strong>do</strong> Barrea<strong>do</strong>. Também pode ser encontra<strong>do</strong><br />
<strong>na</strong>s boas casas <strong>do</strong> ramo de Curitiba<br />
e grandes cidades <strong>do</strong> País. Sabe-se que<br />
até <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s já existem restaurantes<br />
especializa<strong>do</strong>s em comida típica<br />
brasileira servin<strong>do</strong> o Barrea<strong>do</strong>. Mas tenha<br />
cuida<strong>do</strong>, poucos restaurantes oferecem o<br />
autêntico Barrea<strong>do</strong>.<br />
Como é feito? Qual a composição <strong>do</strong> prato?<br />
É um cozi<strong>do</strong> à base de carne bovi<strong>na</strong> fibrosa,<br />
sem osso e sem gordura, temperada<br />
com condimentos tropicais. O autêntico<br />
Barrea<strong>do</strong> é feito em panela de barro, onde<br />
os ingredientes são coloca<strong>do</strong>s em camadas<br />
e cobertos com folhas de ba<strong>na</strong>neira. Depois,<br />
a panela é lacrada com uma argamassa<br />
de farinha de mandioca para evitar a<br />
saída de vapor. O cozimento se dá em fogo<br />
de lenha bran<strong>do</strong> e dura até 18 horas para<br />
ficar <strong>no</strong> ponto.<br />
Tradicio<strong>na</strong>lmente, o Barrea<strong>do</strong> é servi<strong>do</strong> em<br />
peque<strong>na</strong>s panelas de barro com porções<br />
individuais acompanhadas e arroz branco<br />
solto, farinha de mandioca fi<strong>na</strong>, pimenta e<br />
ba<strong>na</strong><strong>na</strong>-caturra. Pode-se incrementar o<br />
prato com salada de couve refogada, farofa,<br />
porções de torresmo, azeite de oliva,<br />
ba<strong>na</strong><strong>na</strong> à milanesa e laranja. É recomendável<br />
colocar as panelas sobre um fogareiro<br />
de mesa para manter o conteú<strong>do</strong> sempre<br />
quente. Opcio<strong>na</strong>lmente pode-se levar à<br />
mesa a panela principal sobre fogareiro.<br />
Que bebida devo tomar? Por que autêntico Barrea<strong>do</strong>?<br />
Uma <strong>do</strong>se de cachaça pura e da boa é indispensável<br />
como aperitivo. Se não tiver,<br />
substitua pela caipirinha, steinhäger ou<br />
mesmo conhaque. Sem dúvida, isto ajuda a<br />
aguçar o paladar. Durante a degustação vai<br />
bem o chope gela<strong>do</strong>, a cerveja ou mesmo o<br />
vinho. Não se preocupe com a <strong>do</strong>se, porque<br />
a bebida alcoólica faz pouco ou nenhum<br />
efeito quan<strong>do</strong> se come Barrea<strong>do</strong>.<br />
Primeiro e mais importante é o sabor. O<br />
autêntico Barrea<strong>do</strong> tem sabor inconfundível<br />
e um cheiro inesquecível para aqueles<br />
que já o provaram. Pode-se sentir o aroma<br />
a cem metros de distância <strong>do</strong> fogão. Ele se<br />
apresenta <strong>na</strong> forma de um cal<strong>do</strong> encorpa<strong>do</strong><br />
de coloração avermelhada.<br />
Como se come o Barrea<strong>do</strong>? Existe uma receita simples?<br />
Não existe um ritual para se comer o Barrea<strong>do</strong>.<br />
Basta uma mesa grande, uma roda<br />
de amigos e muita descontração. Os utensílios<br />
são: prato raso, garfo, faca e uma colher<br />
de madeira ou concha para servir. Coloque<br />
<strong>no</strong> prato <strong>do</strong>is quartos de Barrea<strong>do</strong>,<br />
um de arroz e o outro de farinha. O sabor<br />
fatal está esta <strong>na</strong> mistura destas três partes<br />
temperada com pimenta malagueta ao gosto<br />
de cada um. Algumas rodelas de ba<strong>na</strong><strong>na</strong><br />
-caturra fazem o contraponto, já que seu<br />
a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong> dá um contraste ótimo com o<br />
Barrea<strong>do</strong> picante.<br />
http://www.torque.com.br/barrea<strong>do</strong>/faq.htm<br />
64<br />
Sim, existem variações da receita origi<strong>na</strong>l<br />
que permitem a qualquer pessoa preparar<br />
uma versão simplificada <strong>do</strong> Barrea<strong>do</strong> em<br />
fogão a gás e panela de pressão. Certamente,<br />
isto demanda bem me<strong>no</strong>s tempo de cozimento,<br />
algo em tor<strong>no</strong> de 4 horas. Todavia,<br />
alertamos que o sabor fi<strong>na</strong>l pode ficar<br />
muito aquém <strong>do</strong> verdadeiro Barrea<strong>do</strong>. Lamentamos<br />
que o uso indiscrimi<strong>na</strong><strong>do</strong> de<br />
receitas improvisadas, inclusive por comerciantes<br />
de Antoni<strong>na</strong> e Morretes, tem<br />
desvirtua<strong>do</strong> a origi<strong>na</strong>lidade <strong>do</strong> prato.
SIMPLES ASSIM<br />
Por Infeto<br />
Ossos <strong>do</strong> ofício.<br />
Ossos precipício.<br />
Vida descontínua.<br />
Vida que termi<strong>na</strong>.<br />
Sebo <strong>na</strong>s canelas.<br />
Sebo de vela.<br />
Doença infer<strong>na</strong>l.<br />
Infer<strong>no</strong> Car<strong>na</strong>l<br />
Desejo reprimi<strong>do</strong>.<br />
Represo estampi<strong>do</strong>.<br />
Vozes <strong>no</strong> ouvi<strong>do</strong>.<br />
Orelha <strong>no</strong> testículo.<br />
Razão bem rasa.<br />
Proporção imediata.<br />
Desti<strong>no</strong> cria vínculo.<br />
Link tem vírus.<br />
Assim vou viven<strong>do</strong> até quase parar!<br />
Assim vou paran<strong>do</strong> até me acabar!<br />
Paran<strong>do</strong> viven<strong>do</strong>.<br />
Viven<strong>do</strong> paran<strong>do</strong>.<br />
Pensan<strong>do</strong>!<br />
65<br />
INFETO<br />
Soteropolita<strong>no</strong>, conheci<strong>do</strong> como<br />
INFETO. Diploma<strong>do</strong> em<br />
ansiedade, insônia, frustração<br />
e com tendências artísticas e<br />
ao pensar desde os 14 a<strong>no</strong>s.<br />
Julga-se, autodidata e ig<strong>no</strong>rante<br />
por <strong>na</strong>tureza perante a arte.<br />
Possui projetos engaveta<strong>do</strong>s e<br />
alguns realiza<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s áreas<br />
literárias (contos, resenhas,<br />
críticas, artigos, mo<strong>no</strong>grafias,<br />
poemas, crônicas, livros etc.), e<br />
também <strong>na</strong>s áreas de teatro e<br />
cinema (roteiros de curtas e<br />
peças), música, e artes visuais<br />
em geral. "Sou o espírito <strong>do</strong> Dr.<br />
Fritz incorpora<strong>do</strong> num corpo de<br />
um tetraplégico."
ACEITO A NOITE LENTA<br />
Por Gustavo Henrique Bella<br />
Aceito a <strong>no</strong>ite lenta de horas vagas<br />
Grisalhos cabelos surgem com a névoa branca<br />
Lembranças cintilantes <strong>no</strong> céu passa<strong>do</strong><br />
E aquela mão roga por um toque<br />
Recebe uma face em meio a <strong>no</strong>ite<br />
O tempo que sofre entre as horas negras<br />
Grita pelo <strong>no</strong>me de alguém que passa<br />
Ape<strong>na</strong>s um eco <strong>na</strong> escuridão faminta<br />
Levan<strong>do</strong> beijos que serpenteiam o coração<br />
Cravan<strong>do</strong> presas de vene<strong>no</strong> amargo<br />
Derruban<strong>do</strong> os fortes e consumin<strong>do</strong> os fracos<br />
Irônica vida de encantos tolos<br />
Fortes palavras ditas a esmos<br />
Sem salvação ou redenção<br />
São ape<strong>na</strong>s as presas encontram o tempo<br />
E a <strong>no</strong>ite longa ganha força ante as horas<br />
Consumin<strong>do</strong> o corpo e diluin<strong>do</strong> a alma.<br />
66
ESPERANÇA<br />
Por Gilberto Nogueira de Oliveira<br />
Transpus um arco argenti<strong>no</strong><br />
E caí num <strong>na</strong>da<br />
Um <strong>na</strong>da abstrato<br />
Um <strong>na</strong>da incomum<br />
Acontece tantas com o homem...<br />
Hesse aceitou o desafio <strong>do</strong> lobo<br />
Vencen<strong>do</strong> a si próprio<br />
Kardek venceu as religiões<br />
Esquivan<strong>do</strong>-se de todas<br />
Titov venceu o desafio <strong>do</strong> Vostok<br />
Dan<strong>do</strong> dezessete voltas em órbita da<br />
terra<br />
Gagárin venceu o desafio das<br />
religiões:<br />
“Fui ao céu e não vi Deus”<br />
Os japoneses venceram o desafio da<br />
bomba A<br />
Provaram que os EUA não ganharam<br />
a guerra<br />
Quem consertaria o mun<strong>do</strong>?<br />
Eu? Você? Nós? Eles?<br />
Talvez a educação<br />
Talvez os filósofos...<br />
Talvez ninguém.<br />
E se o tempo consertar?<br />
Mas o tempo não existe.<br />
Vamos tentar?<br />
É uma esperança...<br />
E se esperarmos e <strong>na</strong>da vier?<br />
Que fazer?<br />
Vamos lutar?<br />
67<br />
Gilberto Nogueira de Oliveira<br />
1953 - Nasce a 26 de agosto em Nazaré-<br />
Ba 1968 – Ingressa <strong>no</strong> PC<strong>do</strong>B, <strong>na</strong> ilegalidade<br />
e começa sua carreira literária com<br />
várias poesias e um romance: A VIN-<br />
GANÇA DOS IRRACIONAIS<br />
1971 – Escreve REVOLTA e algumas<br />
poesias<br />
1972 – Perde seu irmão mais velho (21<br />
a<strong>no</strong>s) em Salva<strong>do</strong>r-Ba <strong>na</strong> militância política.<br />
1974 – Escreve o SANTO DEMONIO e<br />
poesias<br />
1976 – Muda-se para Belo Horizonte a<br />
trabalho e escreve poesias<br />
1977 – Escreve ESSES HEROIS CAM-<br />
PONESES, OS DOIS POLOS ANTA-<br />
GÔNICOS e algumas poesias<br />
1979 /1994 Escreve poesias<br />
1995 – Escreve O SISTEMA e poesias<br />
1998 – Escreve NEOLIBERALISMO NO<br />
CÉU e poesias<br />
1999 – Escreve IMPÉRIO e mais <strong>do</strong>is<br />
livros que continuam sem títulos.<br />
2000 -10 – Escreve ORGIAS CAPITAIS,<br />
FERRO, O HOMEM PARTIDO<br />
2001 – Escreve TEATRO IMPRODUTI-<br />
VO, ZÉ, e conclui o livro FERRO. São<br />
organizadas todas as suas poesias em<br />
<strong>do</strong>is livros com os títulos LÁ FORA e EM<br />
MINHA TERRA.<br />
Contato:gilbertosombra@hotmail.com
ALMA ESCURA<br />
Por Fabricio Couto Martins<br />
Tantas <strong>no</strong>ites para desvendar<br />
Os mistérios dessa alma escura,<br />
Nos anseios dessa louca procura<br />
E eu pobre de mim <strong>na</strong>da consegui<br />
entender ,então hoje minha alma<br />
Eu quero entregar a qualquer aventura<br />
possível,dentro desse sonho estranho que<br />
Se chama vida,dentro desta <strong>no</strong>ite comum,<br />
Onde estrelas brilham como sempre <strong>no</strong> céu<br />
Eu procuro um senti<strong>do</strong>,um senti<strong>do</strong> para alem desse véu.<br />
F abrício Couto Martins. Moro em Fronteira, Mi<strong>na</strong>s Gerais, onde sempre vivi,escrevo<br />
desde a<strong>do</strong>lescente, e já publiquei alguns poemas numa antologia da editora<br />
Scortecci que foi lançada <strong>na</strong> XVIII bie<strong>na</strong>l inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> livro de São Paulo,<br />
porém minha obra é bem vasta e diversificada e inclui poesias, crônicas, contos,<br />
textos e até letras para canções, a maioria de minha obra ainda não foi publicada.<br />
Mantenho alguns endereços <strong>na</strong> internet onde coloco quase que diariamente obras<br />
de minha autoria, a saber, os <strong>do</strong>is mais acessa<strong>do</strong>s são:<br />
http://blog<strong>do</strong>sblogs.spaceblog.com.br<br />
http://artespontaneaart.blogspot.com<br />
68
MUSA IMPASSÍVEL I<br />
Musa! um gesto sequer de <strong>do</strong>r ou de sincero<br />
Luto jamais te afeie o cândi<strong>do</strong> semblante!<br />
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho,<br />
e diante<br />
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.<br />
Em teus olhos não quero a lágrima; não quero<br />
Em tua boca o suave o idílico descante.<br />
Celebra ora um fantasma angüiforme de Dante;<br />
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.<br />
Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;<br />
A rima cujo som, de uma harmonia crebra,<br />
Cante aos ouvi<strong>do</strong>s d'alma; a estrofe limpa e viva;<br />
Versos que lembrem, com seus bárbaros ruí<strong>do</strong>s,<br />
Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,<br />
Ora o sur<strong>do</strong> rumor de mármores parti<strong>do</strong>s.<br />
69<br />
Mármores (1895)
Abaguala<strong>do</strong>* - O que ainda é muito<br />
arisco e espantadiço, como se fora<br />
bagual. É semelhante a bagual.<br />
Abichor<strong>na</strong><strong>do</strong> - Aborreci<strong>do</strong>, triste, desanima<strong>do</strong>.<br />
Aboletar-se* - Instalar-se. Ocupar<br />
indevidamente determi<strong>na</strong><strong>do</strong> lugar. Receber<br />
ou ganhar qualquer coisa. Apoderar-se<br />
de algo ou ocupar determinda<strong>do</strong><br />
lugar por esperteza.<br />
Abrir cancha - Abrir espaço para alguém<br />
passar.<br />
Achego - Amparo, encosto, proteção.<br />
Acolherar* - Unir <strong>do</strong>is animais por<br />
meio de uma peque<strong>na</strong> guasca amarrada<br />
ao pescoço. Atrelar ou ajoujar<br />
animais por meio de coleira. Unir, juntar<br />
com relação a pessoas.<br />
Acolhera<strong>do</strong>* - Andar acolhera<strong>do</strong>s,<br />
sempre junto de duas pessoas.<br />
Açoiteira* - Parte <strong>do</strong> relho ou rebenque,<br />
constituída de tira ou tiras de<br />
couro, trançadas ou justapostas, com<br />
qual se castiga o animal de montaria<br />
ou de tração.<br />
Afeitar - Cortar a barba.<br />
Agrega<strong>do</strong> - Pessoa pobre que se estabelece<br />
em terras alheias.<br />
http://www.sougaucho.com.br/<br />
70<br />
Bolicheiro - Do<strong>no</strong> de bolicho.<br />
Bolicho - Casa de negócio.<br />
Bugio - Pelego curti<strong>do</strong> e pinta<strong>do</strong>, em<br />
Bue<strong>na</strong>cho - Muito bom, excelente,<br />
Chile<strong>na</strong>* - Espora grande de papagaio<br />
vira<strong>do</strong> e grandes rosetas, muito usada<br />
pelos campeiros e <strong>do</strong>ma<strong>do</strong>res.<br />
Chimango - Alcunha dada <strong>no</strong> Rio<br />
Grande <strong>do</strong> Sul aos partidários <strong>do</strong> gover<strong>no</strong><br />
<strong>na</strong> Revolução de 1929.<br />
Chi<strong>na</strong> - Descendente ou mulher de<br />
índio, ou pessoa <strong>do</strong> sexo femini<strong>no</strong> que<br />
apresenta algumas das características<br />
étnicas das mulheres indíge<strong>na</strong>s. Mulher<br />
de vida fácil.<br />
Chineiro - Grande número de chi<strong>na</strong>s,<br />
Gaudério - Pessoa que não tem ocupação<br />
séria e vive à custa <strong>do</strong>s outros,<br />
andan<strong>do</strong> de casa em casa. Parasita,<br />
amigo de viver à custa alheia.<br />
Gauderiar* - Viver vida de gaudério,<br />
viver à custa de outrem, vagabundar<br />
viven<strong>do</strong> às expensas de outrem. O<br />
mesmo que gandular ou fila.<br />
Ma<strong>no</strong>taço - Pancada que o cavalo dá<br />
com uma das patas dianteiras, ou com<br />
ambas, bofetada, pancada com a mão<br />
dada por pessoa.<br />
Minua<strong>no</strong> - Vento frio e seco que sopra<br />
<strong>do</strong> sudeste, <strong>no</strong> inver<strong>no</strong>, vem <strong>do</strong>s Andes.
Por Eurico de Andrade<br />
BEMBEM PADECE DE AMOR<br />
O Raimun<strong>do</strong> barbeiro estava quase in<strong>do</strong> à falência. A machaiada de Tabuí fizera da sua<br />
barbearia ponto de encontro predileto, onde se ficava saben<strong>do</strong> de tu<strong>do</strong>. Quem tava fican<strong>do</strong><br />
rico ou pobre, quem gostava de quem, quem apanhou de quem, quem tava sain<strong>do</strong> com<br />
quem... E o Raimun<strong>do</strong> brabo com a falta da freguesia que refugava de tanto falatório. Freguês<br />
que se aventurasse ali, mal saía, a ficha tava completa e era assunto por uma sema<strong>na</strong>.<br />
Até que um dia o barbeiro resolve espantar o azar. Zequinha Bembem, o açougueiro simplório,<br />
o mais conversa<strong>do</strong>r de to<strong>do</strong>s, conta<strong>do</strong>r de papo, inventor de histórias, meti<strong>do</strong> a brabo e a<br />
paquera<strong>do</strong>r, era quem mais divertia a turma da barbearia. Raimun<strong>do</strong> acha de aprontar com o<br />
Bembem para ver se espalhava aquela homaiada da sua barbearia e a freguesia voltava. Escreveu<br />
bilhete com letrinha delicada, caprichan<strong>do</strong> <strong>na</strong> língua pátria. "Zequinha, tô pacho<strong>na</strong>da<br />
por ocê. Sou sua fãn ocurta. Quero marcá incontro. Guarda segre<strong>do</strong>." E colocou o bilhete<br />
debaixo da porta <strong>do</strong> açougue, já tarde da <strong>no</strong>ite, para não correr o risco de ser visto.<br />
No dia seguinte, mal o Raimun<strong>do</strong> abre a barbearia,<br />
lá vem o Zequinha Bembem corren<strong>do</strong>, eufórico.<br />
- Remun<strong>do</strong>, óia só! Ela tá paixo<strong>na</strong>da por mim, sô!<br />
E Raimun<strong>do</strong> leu o bilhete que ele mesmo escrevera,<br />
mostran<strong>do</strong> espanto.<br />
- Mas ocê não tá guarda<strong>no</strong> o segre<strong>do</strong> que ela<br />
pediu, ô Bembem!<br />
- Só tô conta<strong>no</strong> procê, Remun<strong>do</strong>!<br />
- Óia, é bom ocê não contá para mais ninguém<br />
não, sô! Cê num conhece aquele dita<strong>do</strong> que diz<br />
que quem tiver segre<strong>do</strong>, não conte pra mulher casada,<br />
pois ela conta pro mari<strong>do</strong> e ele pro seu camarada? Segre<strong>do</strong><br />
tem per<strong>na</strong> curta, home! Ainda bem, Bembem,<br />
que sou homem de pouca fala! E quem será ela?<br />
- Sei não... Pode sê a...<br />
E Bembem teceu uma longa lista das possíveis pretendentes. De solteiras <strong>do</strong>nzelas a casadas<br />
que jogavam água fora da bacia, até beatas convictas e juramentadas.<br />
- Ah, Remun<strong>do</strong>! É dessa vez que eu disincravo, sô! Vai s'imbora, solidão!...<br />
Bembem passou o dia inquieto, rin<strong>do</strong> a toa, <strong>do</strong>i<strong>do</strong> para enfronhar conversa de amor. Como<br />
ninguém deu trela, ele se calou. E Raimun<strong>do</strong>, só de butuca, queren<strong>do</strong> ver até quan<strong>do</strong> o<br />
homem guardava segre<strong>do</strong>. Antes de ir para casa, comecinho da <strong>no</strong>ite, escreve outro bilhete,<br />
<strong>no</strong>vamente com letrinha delicada "Beimbeim, meu amor. Quero mim revelá procê amanhã<br />
de <strong>no</strong>ite ao beco <strong>do</strong> Mijo 9 in ponto. Se eu demorá um poco, mim espera. Vái sozinho. De<br />
camisa branca pra mode eu vê ocê <strong>no</strong> iscuro. Nem paletó, nem blusa e nem xapéu. Oia o<br />
segre<strong>do</strong> viu? Sua amada". Deixa-o debaixo da porta <strong>do</strong> açougue e vai pra casa esconder-se<br />
<strong>do</strong> frio entre as colchas e coxas da patroa.<br />
De manhãzinha, lá vem o Bembem corren<strong>do</strong> de <strong>no</strong>vo, emocio<strong>na</strong><strong>do</strong> e sem fala, esconden<strong>do</strong><br />
papelzinho rosa <strong>no</strong> bolso.<br />
- Remun<strong>do</strong>, ela me escreveu de <strong>no</strong>vo, sô!<br />
- Ih, é? Dexovê!<br />
- Na-<strong>na</strong>-ni-<strong>na</strong>-não! Desta veiz não! Vô guardá segre<strong>do</strong>. É pedi<strong>do</strong> dela.<br />
- Deixa de sê bobo, sô! Cumpoco cê tá pensan<strong>do</strong> que eu quero passá ocê pra trás?<br />
- Né isso não, Remun<strong>do</strong>! Amanhã eu conto procê, tu<strong>do</strong>, <strong>no</strong> seu tintim, viu? Ah!...<br />
Esta <strong>no</strong>ite vai acontecê coisas!... - suspirou ele, reviran<strong>do</strong> o zoinho.<br />
71
Raimun<strong>do</strong> viu o amigo pra lá de emocio<strong>na</strong><strong>do</strong>. Os olhos brilhan<strong>do</strong>, a respiração ofegante e<br />
ele não parava um instante sequer, saltitante feito tiziu.<br />
Bembem, <strong>na</strong>quele dia, não abriu o açougue e nem matou vaca. Ficou zanzan<strong>do</strong> pela rua,<br />
rumi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> seu segre<strong>do</strong>, ven<strong>do</strong> passarinho verde, <strong>do</strong>i<strong>do</strong> pra contar para alguém, mas se seguran<strong>do</strong><br />
<strong>no</strong>s trancos, em respeito ao pedi<strong>do</strong> da amada desconhecida.<br />
À <strong>no</strong>ite, a barbearia funcio<strong>no</strong>u até bem mais tarde. O Raimun<strong>do</strong>, pedin<strong>do</strong> boca de siri, contou<br />
pra mais de uns quinze a história <strong>do</strong> Bembem. E to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ficou saben<strong>do</strong> o que iria acontecer.<br />
Um pouquinho antes das <strong>no</strong>ve, tá a turma toda abafada, dentro da barbearia, tiritan<strong>do</strong> de<br />
frio, cada um mais encapota<strong>do</strong> que o outro, esperan<strong>do</strong> Bembem passar. Para chegar ao beco<br />
<strong>do</strong> Mijo, aquele era o único caminho. Cinco pras <strong>no</strong>ve, um avisa lá vem o home! Bembem<br />
vem, em manga de camisa branca, banho toma<strong>do</strong>, perfuma<strong>do</strong> e barba feita, olhan<strong>do</strong> desconfia<strong>do</strong><br />
para a porta da barbearia, de onde saia luz e bafo de macho. Assim que vai passan<strong>do</strong>, encolhi<strong>do</strong><br />
pelo frio e para não ser visto, alguém grita lá de dentro ô Bembem, ondé cocê vai, sô?<br />
Vamo chegá, home! O açougueiro, pego de surpresa, treme <strong>na</strong>s bases, sente batedeira, perde o<br />
tesão inconti<strong>do</strong> e começa a suar frio.<br />
- Tá com frio não, Bembem?<br />
- Vô ali! Tô não! - responde o moço às duas perguntas de uma vez.<br />
- Vem cá, Bembem! Vamo tomá uma pra esquentar o peito, home! - insiste o outro.<br />
- Depois em venho, tá? Larga deu! Dexeu em paz!<br />
E isala <strong>no</strong> mun<strong>do</strong>, ganhan<strong>do</strong> a escuridão <strong>do</strong> beco <strong>do</strong> Mijo. Nessa hora, o Raimun<strong>do</strong> barbeiro<br />
entra em ação. Pega sua bicicleta velha, de <strong>no</strong>me magricela, bastante escangalhada, e sai<br />
também em direção ao beco <strong>do</strong> Mijo. Passa pelo Bembem e finge não conhecê-lo. Dá uns cinco<br />
minutos de prazo e volta. Repete a ida e a vinda mais umas duas vezes, enquanto o Bembem<br />
se espreme entre um muro e um poste de luz sem luz, imagi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> que não seria visto e<br />
nem reconheci<strong>do</strong> pelo barbeiro. Praguejava pros seus botões, queren<strong>do</strong> saber o que o Raimun<strong>do</strong><br />
fazia por ali, àquela hora da <strong>no</strong>ite. E, emocio<strong>na</strong><strong>do</strong>, espera, espera, espera... Tremen<strong>do</strong> de<br />
frio. Até que, da emoção, após mais de uma hora, passa<br />
à raiva e resolve ir embora. O povo, estranhamente, -<br />
Bembem achou -, <strong>na</strong>quele frio, continuava <strong>na</strong> barbearia.<br />
Puto da vida, resolve pular <strong>do</strong>is muros <strong>do</strong> quintal <strong>do</strong> Alfredão,<br />
corren<strong>do</strong> risco de mordida de cachorro, para não<br />
ser mais visto por aquele ban<strong>do</strong> de vagabun<strong>do</strong>s. Passa<br />
<strong>no</strong> seu açougue, já quase 11 da <strong>no</strong>ite para procurar si<strong>na</strong>l<br />
da amada. E acha. Papelzinho cheiroso, cor de rosa,<br />
com letrinha delicada, dizia:<br />
"Meu bem. Me per<strong>do</strong>a gostozão. Num deu pra mim<br />
falá cocê. Si ocê num sabe, sou muié casada e o tara<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> Remun<strong>do</strong> barbero tá disconfia<strong>do</strong> e aresorveu dá em<br />
riba deu e a siguieu faze<strong>no</strong> preposta obisse<strong>na</strong> de sequisso. Como num quero ficá malafamada,<br />
adeus".<br />
Bembem não esperou pelo dia seguinte. Saiu de si e deixou, <strong>no</strong> coração, lugar para homem<br />
brabo. Pegou faca de sangrar vaca e foi pra barbearia. A turma, incentivada pelo Raimun<strong>do</strong>,<br />
esperava.<br />
- Cadê aquele disgraça<strong>do</strong> <strong>do</strong> Remun<strong>do</strong>? Remun<strong>do</strong>!... Traidô! Vem cá fora procê vê o<br />
quequié bão pa tosse! Cê tá da<strong>no</strong> inriba dela, né, fedaputa?!...<br />
Entrou em campo a turma <strong>do</strong> deixa disso e foram segurar o Zequinha Bembem. Começaram<br />
os empurra-empurras e os sopapos. E uns passaram a descontar <strong>no</strong>s outros as mágoas de<br />
antigamente, as fofocas mal ditas e as falas bem ditas, dan<strong>do</strong> e levan<strong>do</strong><br />
72
or<strong>do</strong>ada. Cada um por si e Deus por to<strong>do</strong>s. O fuzuê foi feio, em ple<strong>na</strong> rua, beiran<strong>do</strong> a<br />
meia-<strong>no</strong>ite. Na refrega, alguém sumiu com a faca <strong>do</strong> açougueiro, desapareceram a peruca <strong>do</strong><br />
alfaiate Cirilo e a dentadura <strong>do</strong> Laerte. Quan<strong>do</strong> chegou o Divi<strong>no</strong> solda<strong>do</strong>, o Toim Zaroio procurava,<br />
tatean<strong>do</strong> o chão, os seus óculos fun<strong>do</strong> de garrafa e ninguém entendeu porque o Mané<br />
Falafi<strong>na</strong>, o qualira da cidade, mais conheci<strong>do</strong> como arame liso, perdeu a calça e tava senta<strong>do</strong><br />
<strong>no</strong> colo <strong>do</strong> Xinco Mangüara num cantinho mais escuro. Com o Divi<strong>no</strong>, tu<strong>do</strong> acalmou quan<strong>do</strong>,<br />
franzi<strong>no</strong> e baixinho, ele teve que gritar, dan<strong>do</strong> pulinhos e tiros pro alto para impor sua vontade.<br />
- Cês num tão ve<strong>no</strong> a otoridade aqui não, ô? Pára cuisso, cambada de fedaputa!<br />
Ao ouvir os tiros e sentir cheiro de autoridade, cada um foi sain<strong>do</strong> de fininho pra caçar seu<br />
canto, fugin<strong>do</strong> de ver o sol <strong>na</strong>scer quadra<strong>do</strong>. E Raimun<strong>do</strong>, o único que não tomou parte da<br />
confusão <strong>no</strong> meio da rua, fechou sua barbearia em paz, enquanto os da turma, alguns de olho<br />
incha<strong>do</strong>, boca sangran<strong>do</strong> e cuspin<strong>do</strong> dente, ficaram de <strong>na</strong>riz torci<strong>do</strong> e de mal uns com os outros.<br />
Era o que queria Raimun<strong>do</strong>, para atrair de <strong>no</strong>vo a freguesia.<br />
Eurico Andrade.<br />
Um meni<strong>no</strong> que <strong>na</strong>sceu e começou a crescer lá <strong>no</strong> interior <strong>do</strong><br />
interior pescan<strong>do</strong> piabas, traíras e chorões <strong>no</strong> anzol e <strong>no</strong> puçá...<br />
Pegan<strong>do</strong> juritis e saracuras <strong>na</strong> arapuca... Chupan<strong>do</strong> ingá, gabiroba,<br />
pei<strong>do</strong>rreira, baco-pari, araçá, mangaba e cagaita... Montan<strong>do</strong><br />
cavalo em pêlo... Beben<strong>do</strong> leite direto <strong>do</strong>s peitos de vacas,<br />
éguas, cabras e ovelhas... Comen<strong>do</strong> pururuca, angu com<br />
couve e torresmo... Morren<strong>do</strong> de me<strong>do</strong> de assombração, evitan<strong>do</strong><br />
mato para não virar comida de onça... Fazen<strong>do</strong> promessas<br />
pra São Sebastião, São Jorge e Santa Bárbara... Garran<strong>do</strong> com<br />
o chefe de tu<strong>do</strong> quanto é santo para não deixar nenhum insatisfeito...<br />
Acreditan<strong>do</strong> <strong>no</strong> coisa ruim, em mal-olha<strong>do</strong>, em assombração e <strong>no</strong> saci pererê...<br />
Curan<strong>do</strong> cobreiro e inflamação de aroeira com a Maria Geroma, à custa de muita<br />
Ave-Maria e fio frio da faca afiada... Educa<strong>do</strong> sob a batuta <strong>do</strong> chicote e ameaças<br />
de castigo de Deus, <strong>no</strong>sso Senhor... Trabalhan<strong>do</strong> como candieiro guian<strong>do</strong> carro de<br />
boi... Trabalhan<strong>do</strong> como meeiro e tarefeiro <strong>no</strong> cabo da enxada... Ajudan<strong>do</strong> vaca <strong>na</strong><br />
hora <strong>do</strong> parto... Ven<strong>do</strong> a Joaninha apanhan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Zé da Ponte <strong>do</strong> Bode enquanto ele<br />
cobria de mimos e beijos a mocinha Julieta... Beben<strong>do</strong> chá de mané turé, carqueja,<br />
fedegoso, chapéu de couro, congonha... Comen<strong>do</strong> beldroega, broto de aboboreira,<br />
miolo de gueroba, frango com pequi, angu com quiabo, quibebe, inhame com leite...<br />
Assistin<strong>do</strong> a boiada passar... Ven<strong>do</strong> o trem de ferro apontar <strong>na</strong> boca de um corte e<br />
sumir <strong>na</strong> outra carregan<strong>do</strong> boi, muquiça e gente... Ven<strong>do</strong> a enchente destruir as roças<br />
de arroz e milho <strong>do</strong> pai... Arrancan<strong>do</strong> mandioca <strong>no</strong> muque pra farinha e o polvilho<br />
<strong>do</strong> a<strong>no</strong>... Fazen<strong>do</strong> paçoca de carne seca e socan<strong>do</strong> arroz e café <strong>no</strong> monjolo de<br />
pé... In<strong>do</strong> pra escola a uma légua de distância <strong>no</strong> cavalinho da orelha murcha... Conviven<strong>do</strong><br />
e conversan<strong>do</strong> com João Pelota, Zé Rosa, João Garrote, João Geada, Zé<br />
Ficia<strong>no</strong>, Zé Pelotin ha, João Garrotinho, João <strong>do</strong> Zé Ficia<strong>no</strong>, Zeca <strong>do</strong> Zé Ficia<strong>no</strong>, Zé<br />
Albi<strong>no</strong>, João Miguel, Zé <strong>do</strong> Orico, Zé Tavia<strong>no</strong>, João Vergi<strong>na</strong>, Zé Cota, Zé Ramo, João<br />
<strong>do</strong> João Vergi<strong>na</strong>, Severo... Só podia dar <strong>no</strong> que deu, <strong>no</strong> meio de tantos zés e joães<br />
: um escreve<strong>do</strong>r de coisas da roça.<br />
Email: eurico2005c@gmail.com)<br />
73
CANTÕES PEQUENOS E<br />
AUTÔNOMOS<br />
http://www.swissinfo.ch<br />
Se a <strong>Suíça</strong> como Esta<strong>do</strong> surgiu em 1848,<br />
a maioria <strong>do</strong>s cantões tem uma história<br />
bem antiga.<br />
Quan<strong>do</strong> se fala em origem da <strong>Suíça</strong>,<br />
evoca-se freqüentemente a data de 1291.<br />
Isto não é nem totalmente erra<strong>do</strong>, nem<br />
realmente certo. É verdade, <strong>no</strong> entanto,<br />
que <strong>no</strong> fim <strong>do</strong> século XIII, os três cantões<br />
da de<strong>no</strong>mi<strong>na</strong>da ‘<strong>Suíça</strong> primitiva’ – os<br />
Waldstäten Uri, Schwyz e Unterwald –<br />
formalizaram uma aliança de ajuda<br />
mútua.<br />
Lançaram assim os alicerces de uma<br />
confederação de Esta<strong>do</strong>s que perdurou<br />
até 1798. Os outros cantões aderiram a<br />
esse pacto, paulati<strong>na</strong>mente, embora<br />
permanecen<strong>do</strong> entidades quase<br />
independentes.<br />
Uma expansão progressiva<br />
Entre 1353 e 1481, a antiga<br />
Confederação cresceria ao ponto de,<br />
fi<strong>na</strong>lmente reunir oito cantões. Nesse<br />
espaço de tempo, os cantões de Zurique,<br />
Ber<strong>na</strong>, Lucer<strong>na</strong>, Glarus e Zug decidiram,<br />
de fato, unir-se a Uri, Schwyz e<br />
Unterwald. A <strong>Suíça</strong> foi, então, toman<strong>do</strong><br />
forma <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong> Sacro Império<br />
Roma<strong>no</strong>-Germânico.<br />
A etapa seguinte ocorreu após o<br />
Convênio de Stans que permitiu aos<br />
diferentes membros da antiga<br />
Confederação acertar um <strong>no</strong>vo<br />
compromisso. A adesão de Solothurn e<br />
Friburgo como membros de ple<strong>no</strong>s<br />
direitos será seguida em 1513 por<br />
Basiléia, Schaffhausen e Appenzell. A<br />
Confederação <strong>do</strong>s 13 antigos cantões<br />
estava formada.<br />
A conclusão desta confederação terá<br />
74<br />
desfecho em 1798 com a “Revolução<br />
Helvética”, baseada <strong>na</strong> Revolução<br />
Francesa, que vai dar <strong>na</strong> criação da<br />
República Helvética. No seio desta,<br />
os cantões não passarão de simples<br />
circunscrições administrativas. A<br />
ocupação <strong>do</strong> território suíço pelas<br />
tropas <strong>na</strong>poleônicas acabava<br />
definitivamente com o Antigo Regime.<br />
Após a queda de Napoleão e o<br />
Congresso de Vie<strong>na</strong>, a <strong>Suíça</strong> retoma<br />
o modelo de Confederação cujo<br />
símbolo é a assi<strong>na</strong>tura <strong>do</strong> Pacto<br />
Federal de 1815.<br />
Entre 1803 e 1815, os <strong>no</strong>vos cantões<br />
– St.Gallen, Grisões (Graubünden),<br />
Aarau, Thurgóvia, Tici<strong>no</strong>, Vaud,<br />
Valais, Neuchâtel e Genebra –<br />
aderem à <strong>Suíça</strong>, preservan<strong>do</strong>, porém,<br />
parcialmente, a própria<br />
independência. Assim, vários cantões<br />
da <strong>Suíça</strong> Romanda (de expressão<br />
francesa) – Genebra, Neuchâtel, Jura<br />
– conservam o <strong>no</strong>me de república e<br />
<strong>do</strong> cantão. Genebra, por exemplo,<br />
de<strong>no</strong>mi<strong>na</strong>m-se “República e Cantão<br />
de Genebra”.<br />
Isto surpreendeu a to<strong>do</strong>s, porque<br />
desde a fundação da <strong>Suíça</strong> como<br />
Esta<strong>do</strong> Federal, os cantões não<br />
gozavam de soberania como esta<strong>do</strong>.<br />
As leis e os regulamentos canto<strong>na</strong>is<br />
estão subordi<strong>na</strong><strong>do</strong>s ao direito federal.
Vastas competências<br />
Em sua estrutura política, os cantões<br />
assemelham-se, porém, à Confederação.<br />
Eles baseiam-se numa constituição que,<br />
em numerosos casos, remonta ao século<br />
XIX. Como o Gover<strong>no</strong> (chama<strong>do</strong> de<br />
Conselho Federal), os executivos<br />
canto<strong>na</strong>is são regi<strong>do</strong>s pelo princípio da<br />
colegialidade e contam com cinco ou sete<br />
membros.<br />
Nos cantões, diferentemente da<br />
Confederação, o gover<strong>no</strong> é eleito pelo<br />
povo e não pelo Parlamento. Os<br />
parlamentos canto<strong>na</strong>is, chama<strong>do</strong>s de<br />
Grande Conselho (Grand Conseil em<br />
francês, e Grosser Rat, Landrat ou<br />
Kantonsrat, <strong>na</strong> <strong>Suíça</strong> Alemã), são<br />
unicamerais, ou seja, dispõem de uma<br />
única câmara legislativa.<br />
Os cantões são credencia<strong>do</strong>s a<br />
promulgar uma constituição e as leis que<br />
os gover<strong>na</strong>m. O poder judiciário é<br />
também da competência deles.<br />
Territórios idênticos<br />
De acor<strong>do</strong> com a Constituição Federal, a<br />
<strong>Suíça</strong> é formada por 26 cantões, sen<strong>do</strong><br />
seis<br />
semi-cantões’: Obwald / Nidwald, Basiléia<br />
-Cidade / Basiléia-Campo, Appenzell<br />
Rhodes Exteriores / Appenzell Rhodes<br />
Interiores. Esse estatuto não afeta a<br />
auto<strong>no</strong>mia inter<strong>na</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> membro. A<br />
diferença está <strong>na</strong> sua representação em<br />
Ber<strong>na</strong>: o ‘semi-cantão’ dispõe ape<strong>na</strong>s de<br />
uma cadeira <strong>no</strong> Se<strong>na</strong><strong>do</strong> (chama<strong>do</strong> de<br />
Conselho <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s ).<br />
Quan<strong>do</strong> de votações populares, em que a<br />
maioria <strong>do</strong>s cantões deve aprovar a<br />
questão submetida a sufrágio, o resulta<strong>do</strong><br />
de um ‘semi-cantão’ conta somente como<br />
metade.<br />
75<br />
Genebra<br />
Foto: Harshil-Shahb<br />
Genebra<br />
Jacqueline Aisenman
A maioria <strong>do</strong>s cantões está enraizada <strong>na</strong><br />
antiga Confederação. Durante séculos,<br />
seus territórios permaneceram<br />
i<strong>na</strong>ltera<strong>do</strong>s. As últimas modificações de<br />
fronteira aconteceram em 1979, quan<strong>do</strong><br />
foi cria<strong>do</strong> o cantão <strong>do</strong> Jura, resulta<strong>do</strong> da<br />
separação de três distritos berneses. E,<br />
em 1993, a região de Laufental deixou o<br />
cantão de Ber<strong>na</strong> para unir-se ao Cantão<br />
de Basiléia-Campo.<br />
Com 37 km2, Basiléia-Cidade é o me<strong>no</strong>r<br />
cantão em superfície. Já os Grisões<br />
(Graubünden) com 7.105 km2 é o maior<br />
<strong>do</strong> país. Zurique é o mais populoso<br />
(quase 1.3 milhão de habitantes, segun<strong>do</strong><br />
da<strong>do</strong>s de 2005). Appenzell Rhodes<br />
Interiores é o cantão com me<strong>no</strong>r<br />
densidade demográfica, pois conta com<br />
somente 15.171 habitantes, de acor<strong>do</strong><br />
com estatísticas de 2004.<br />
http://www.swissinfo.ch<br />
Foto de Michel Bobillier<br />
76<br />
FONDUE SUISSE<br />
Ingredientes (para 4 pessoas):<br />
- 200 g de queijo gruyère suíço meio<br />
salga<strong>do</strong><br />
- 300 g de queijo Swiss Vacherin leve<br />
(a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong>)<br />
- 2,25 dl de vinho branco (Valais)<br />
- 3 colheres de chá de maise<strong>na</strong><br />
- 2 dentes de alho<br />
- Noz-moscada<br />
- Pimenta <strong>do</strong> rei<strong>no</strong><br />
- 1 pitada de bicarbo<strong>na</strong>to de sódio<br />
- 1 / 3 de uma colher de kirsch<br />
- 500 g de pão branco<br />
Preparação:<br />
Corte o queijo em pedaços peque<strong>no</strong>s<br />
e reserve.<br />
Cortar o pão em fatias.<br />
Em uma panela coloque os dentes de<br />
alho e esfregue até esmagá-los, adicione<br />
o vinho branco e milho. Coloque<br />
para aquecer.<br />
Adicione o queijo e deixe derreter,<br />
mexen<strong>do</strong> sempre com uma espátula<br />
de madeira. Quan<strong>do</strong> a mistura estiver<br />
homogênea adicio<strong>na</strong>r o kirsch mistura<strong>do</strong><br />
com bicarbo<strong>na</strong>to de sódio.<br />
Adicione a pimenta, <strong>no</strong>z-moscada e<br />
sirva imediatamente.<br />
http://www.marmiton.org
MEU BRASIL BRASILEIRO<br />
Por Dimythryus<br />
Eu brasileiro, pouco mais <strong>do</strong>s trinta<br />
CPF, regular<br />
Título em dia<br />
Um verdadeiro patriota.<br />
Eu, montoeiras de declarações<br />
Recadastramentos<br />
Retificações<br />
E vão-se os últimos sol<strong>do</strong>s em autenticações e<br />
xérox.<br />
<strong>Brasil</strong>eiro, da contribuição sindical<br />
PIS, FGTS, Confins, IRPF, CPMF, IOF<br />
Malha fi<strong>na</strong>, Carne Leão<br />
E o tão bravo e guerreiro SALÁRIO mínimo.<br />
Sem contar o ICMS, IPTU, licenciamento, taxa de luz<br />
E extensas filas de centopéias enlouquecidas<br />
Protocolos queda de pressão, indeferimento<br />
E vão-se os dígitos <strong>do</strong> impostômetro.<br />
Quarta feira campeo<strong>na</strong>to brasileiro<br />
Sambinha<br />
Uma loira geladíssima, espetinho<br />
E mais um lote da restituição é libera<strong>do</strong>.<br />
D imythius. Heterônimo <strong>do</strong> poeta Darlan Alberto T. A. Padilha, Licencia<strong>do</strong><br />
em Letras pela Faculdade UNIESP-SP, Embaixa<strong>do</strong>r da Paz, título<br />
que lhe fora atribuí<strong>do</strong> pelo “CERCLE UNIVERSEL DES AMBASSADEURS<br />
DE LA PAIX – SUISSE – FRANCE (Genebra – <strong>Suíça</strong>). Entre suas 71 premiações<br />
destaca-se o “Prix Francophonie” a Menção Honrosa (Diplôme<br />
d’honneur) <strong>no</strong> 10éme Concours Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l de Litterature Regards 2009<br />
(Nevers – France). Contatos:<br />
Caixa Postal : 1573 – São Paulo / SP – <strong>Brasil</strong>, 01009-972<br />
Dimythryus@hotmail.com<br />
eucaliptos.jequitibas@gmail.com<br />
Cel.: (11) 7377-3630 - Tel. Com: (11) 3106 – 0078<br />
77
Salve, salve os santos padroeiros<br />
(Resumo de matéria da revista Bons Fluí<strong>do</strong>s)<br />
Na tradição brasileira, junho é mês de festa, quentão, quadrilha e de comemorar os<br />
dias de padroeiros queri<strong>do</strong>s: são João, são Pedro e santo Antônio. Conheça a história<br />
<strong>do</strong>s santos juni<strong>no</strong>s, reze e – por que não? – capriche <strong>no</strong>s pedi<strong>do</strong>s e <strong>na</strong>s simpatias.<br />
Chapéu de palha, fantasia de caipira, rojão, busca-pé, balão, bombinha. É assim<br />
que a gente gosta de reverenciar <strong>no</strong>ssos queri<strong>do</strong>s santos <strong>do</strong> mês de junho. Viramos<br />
crianças ao pé da fogueira, soltan<strong>do</strong> biriba, comen<strong>do</strong> pipoca e pé-de-moleque<br />
– e fazen<strong>do</strong> simpatias para conseguir amor, felicidade e fartura. Afi<strong>na</strong>l, os santos<br />
estão aí para isso mesmo.<br />
Essas festas tão brasileiras têm <strong>na</strong> verdade uma origem remota. Antes <strong>do</strong> <strong>na</strong>scimento<br />
de Jesus Cristo, os povos pagãos <strong>do</strong> Hemisfério Norte celebravam o solstício<br />
de verão, o dia mais longo e a <strong>no</strong>ite mais curta <strong>do</strong> a<strong>no</strong>, que lá acontece em junho<br />
e marca o início da estação quente. Nessas festas, a fim de promover a fertilidade<br />
da terra e garantir boas colheitas futuras, havia danças e fogueiras (acesas<br />
para afugentar os espíritos maus).<br />
Com o avanço <strong>do</strong> cristianismo, a Igreja preservou e<br />
incorporou essas tradições também como forma de<br />
conseguir mais popularidade. No século 6, os ritos<br />
da festa <strong>do</strong> dia <strong>do</strong> solstício de verão, em 21 de junho,<br />
passaram para o dia <strong>do</strong> <strong>na</strong>scimento de são<br />
João Batista, dia 24 de junho. Mais tarde, <strong>no</strong> século<br />
13, foram incluídas <strong>no</strong> calendário litúrgico as datas<br />
comemorativas de santo Antônio (dia 13) e são Pedro<br />
(dia 29).<br />
Os coloniza<strong>do</strong>res portugueses trouxeram as festividades<br />
para o <strong>Brasil</strong> e aqui elas ganharam cores e<br />
sabores influencia<strong>do</strong>s pelos índios e negros escravos,<br />
responsáveis pela mão-de-obra <strong>na</strong>s cozinhas<br />
coloniais. “É por isso que até hoje reverenciamos<br />
os santos juni<strong>no</strong>s provan<strong>do</strong> quitutes de milho, amen<strong>do</strong>im<br />
e mandioca, ingredientes básicos <strong>na</strong> mesa<br />
popular para bolos, tapioca, paçoca, pé-demoleque,<br />
milho cozi<strong>do</strong>”, diz a especialista em folclore<br />
e cultura popular Lourdes Mace<strong>na</strong>, coorde<strong>na</strong><strong>do</strong>ra<br />
de pós-graduação <strong>do</strong> Centro Federal de Educação<br />
Tec<strong>no</strong>lógica <strong>do</strong> Ceará, em Fortaleza. Nos esta<strong>do</strong>s<br />
<strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s, as festas juni<strong>na</strong>s hoje são tão populares<br />
quanto o Car<strong>na</strong>val. “Para os sertanejos, elas<br />
têm um significa<strong>do</strong> muito importante, reforçan<strong>do</strong> o<br />
senti<strong>do</strong> de união da comunidade”, explica Lourdes.<br />
Revista Bons Fluí<strong>do</strong>s de junho<br />
de 2004 com texto de<br />
Wilson F. D. Weigl.<br />
78
Roti<strong>na</strong><br />
Por Cristiane Stancovik<br />
Na roti<strong>na</strong> de fechar meus olhos<br />
venho aqui to<strong>do</strong>s os dias<br />
neste mun<strong>do</strong> impudico<br />
tênue <strong>na</strong> consciência<br />
<strong>do</strong> reles mortal que sou<br />
tele transporto-te comigo<br />
para um mun<strong>do</strong> nubente<br />
de compromisso com nós <strong>do</strong>is<br />
confirman<strong>do</strong> que a felicidade<br />
o bem estar de um coração apaixo<strong>na</strong><strong>do</strong><br />
sustenta o depois<br />
que o simples toque <strong>do</strong> perfeito<br />
desvenda mistérios<br />
desmistifica o impossível<br />
concretiza o desejo<br />
da sensação <strong>do</strong>lente<br />
de um sentimento indescritível<br />
envolven<strong>do</strong>-te <strong>na</strong> dimensão exata<br />
que é exatamente permanecer comigo <strong>no</strong><br />
além<br />
ten<strong>do</strong> a certeza de que quan<strong>do</strong> fechas<br />
teus olhos<br />
sentes o mesmo prazer<br />
que eu estou sentin<strong>do</strong> também.<br />
79<br />
N elci Cristiane Stancovik<br />
<strong>na</strong>sceu em Novo Hamburgo,<br />
Rio Grande <strong>do</strong> Sul <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de<br />
1980, mas vive em Capivari de<br />
Baixo, Santa Catari<strong>na</strong> desde os<br />
<strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s de idade. É filha de<br />
Nelson Stancovik (artista circense)<br />
e Clair Salete Pan<strong>do</strong>lfi<br />
(descendente de imigrantes italia<strong>no</strong>s).<br />
Estudante de letras <strong>na</strong> Universidade<br />
<strong>do</strong> Sul de Santa Catari<strong>na</strong>,<br />
lugar o qual foi incentivada por<br />
sua professora de literatura<br />
"Jussara Bittencout de<br />
Sá" (escritora) a escrever e inscrever-se<br />
para um concurso <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
literário <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2008,<br />
conquistan<strong>do</strong> o primeiro lugar <strong>na</strong><br />
categoria crônica.
Um <strong>do</strong>s festivais de verão mais conheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, o<br />
Festival de Jazz de Montreux reúne a cada a<strong>no</strong> uma diversidade<br />
de artistas que chegam <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>.<br />
Ao contrário <strong>do</strong> título, o festival não se resume ao jazz,<br />
mas traz muitos tipos de música.<br />
Há o programa pago e o programa livre. Neste segun<strong>do</strong>,<br />
artistas das mais variadas localidades e com performances<br />
que <strong>no</strong>s levam a passeios por vários ritmos, fazem o<br />
show em diversos locais exter<strong>no</strong>s (parques e palcos) <strong>do</strong><br />
festival e também <strong>no</strong> já famoso Montreux Jazz Café.<br />
Uma experiência musical única, o Festival traz <strong>no</strong>mes<br />
consagra<strong>do</strong>s e revela talentos a cada a<strong>no</strong>.<br />
Este a<strong>no</strong> o cartaz foi realiza<strong>do</strong> por um artista brasileiro,<br />
Romero Britto<br />
De 02 a 17 de julho de 2010<br />
Para conhecer a programação visite o site:<br />
http://www.montreuxjazz.com/2010/<br />
Romero Britto é um artista, pintor e escultor <strong>na</strong>sci<strong>do</strong> em Recife <strong>no</strong> dia 06 de outubro<br />
de 1963. Sua obra tem elementos da arte pop, o cubismo e o grafite.<br />
Ele fez sua primeira exposição com 14 a<strong>no</strong>s. Em sua juventude, visitou muitos<br />
países da Europa. Sedia<strong>do</strong> em Miami, ele montou seu estúdio<br />
<strong>no</strong> bairro de Coconut Grove, onde expôs suas obras <strong>na</strong>s ruas.<br />
Surgiu <strong>na</strong> ce<strong>na</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, em 1989, ao receber o pedi<strong>do</strong><br />
da marca de vodka Absolut de rótulo <strong>no</strong>vo para uma campanha<br />
publicitária. Seu estilo de desenho diferente começou a<br />
ter uma grande demanda proveniente de grandes empresas,<br />
tanto para os murais e esculturas como para produtos de identificação<br />
das sociedades. Recentemente, por exemplo, ele trabalhou<br />
para a Disney e Evian.<br />
Britto foi <strong>no</strong>mea<strong>do</strong> embaixa<strong>do</strong>r das Artes pela Flórida. Em 2007, ele fez uma<br />
escultura para o quadragésimo aniversário <strong>do</strong> Festival de Jazz de Montreux e<br />
figuri<strong>no</strong>s para o quadragésimo primeiro Super Bowl.<br />
http://www.britto.com/<br />
http://www.britto.com.br/<br />
80<br />
Fotos e biografia: Wikipédia
CALENDÁRIO<br />
Por Clarice Villac<br />
Finzinho de abril –<br />
conhece<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> tempo<br />
as flores-de-maio<br />
penduradas <strong>na</strong> varanda<br />
formam seus botões.<br />
Apren<strong>do</strong> com elas.<br />
C larice Villac. Paulista<strong>na</strong>, reside em Campi<strong>na</strong>s, SP.<br />
Revisora editorial e professora, encantada por bichos & plantas. Sítio:<br />
http://www.villac.pro.br/<br />
81
Ingredientes<br />
600 g de isca de vitela<br />
1 colher (sopa) de manteiga<br />
1 cebola picada fi<strong>na</strong><br />
250 g de cogumelos varia<strong>do</strong>s<br />
1 colher (sopa) de farinha de trigo<br />
200 ml de vinho branco seco<br />
200 ml de creme de leite fresco<br />
Sal e pimenta <strong>do</strong> rei<strong>no</strong> à gosto<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo:<br />
Numa frigideira refogue rapidamente a carne<br />
<strong>na</strong> manteiga.<br />
Reserve.<br />
Na mesma frigideira, <strong>do</strong>ure a cebola, acrescente<br />
os cogumelos e refogue, polvilhan<strong>do</strong> com a farinha de<br />
trigo e misturan<strong>do</strong> com uma colher.<br />
Adicione o vinho branco e o creme de leite, sem<br />
deixar ferver.<br />
Tempere com sal e pimenta.<br />
Junte a carne, aqueça e sirva em seguida.<br />
Quem não conhece? De Anchorage a Tóquio, o picadinho de vitela cortada à<br />
moda de Zurique, coberto com um molho de creme delicioso, é um prato servi<strong>do</strong><br />
em to<strong>do</strong>s os menus. Embora não haja dúvida de que ele é um <strong>na</strong>tivo de Zurique,<br />
é mencio<strong>na</strong><strong>do</strong> pela primeira vez em 1941 em um livro de receitas. Pensa-se,<br />
contu<strong>do</strong>, que ele já era consumi<strong>do</strong> <strong>no</strong> século XVIII, <strong>na</strong> época com prepara<strong>do</strong><br />
com os rins. Muitos restaurantes em Zurique têm esse clássico em seus cartões<br />
e são acompanha<strong>do</strong>s por batatas fritas crocantes.<br />
Dica: http://www.myswitzerland.com/<br />
82
Por CHAJAFREIDAFINKELSZTAIN<br />
É tempo de voar! Dar asas à imagi<strong>na</strong>ção! Tempo de se voltar voan<strong>do</strong><br />
num tapete mágico... sintonizar o botão e regredir... voltar numa temporada de verão.<br />
Os meni<strong>no</strong>s peque<strong>no</strong>s, passan<strong>do</strong> as férias <strong>no</strong> con<strong>do</strong>mínio da casa serra<strong>na</strong>. Fugin<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> calor da cidade, passavam quase <strong>do</strong>is meses integralmente, curtin<strong>do</strong> a casa, o<br />
clima, os espaço e os amigos. Tempo bom... bom tempo... elástico e preguiçoso,<br />
sem compromisso com a vida, tempo de curtir a infância, deixan<strong>do</strong> fluir a i<strong>no</strong>cência,<br />
semean<strong>do</strong> a alegria, deitan<strong>do</strong> <strong>no</strong> embalo da rede e balançan<strong>do</strong>... só balançan<strong>do</strong>.<br />
Antes de saírem da cidade, o vô oferecera aos netos um passarinho<br />
alegre e cantor, que o despertava todas as manhãs. A filha alerta recusou-o, saben<strong>do</strong><br />
o quanto ele havia se apega<strong>do</strong> ao pássaro, mas mais que tu<strong>do</strong> era o amor por aqueles<br />
meni<strong>no</strong>s, seus netos. Aliás, o vô, sempre estava bolan<strong>do</strong> um meio de agradar<br />
àquelas crianças. Então, para não deixá-lo mais triste, levaram o bichinho <strong>na</strong> gaiola,<br />
frisan<strong>do</strong> que os meni<strong>no</strong>s teriam uma e<strong>no</strong>rme responsabilidade <strong>no</strong> seu cuida<strong>do</strong>, que<br />
não esquecessem esse detalhe!<br />
E, lá se foram, com as inúmeras tralhas, a felicidade despontan<strong>do</strong> pela<br />
estrada, pelo caminho. Cantarolaram a viagem inteira. Na chegada, precisavam acomodar<br />
as coisas, mas esta era tarefa exclusiva da mãe, aliás, ela sempre sobrecarregada,<br />
e sempre dan<strong>do</strong> conta <strong>do</strong> reca<strong>do</strong>. O mais velho <strong>do</strong>s meni<strong>no</strong>s, estava preocupadíssimo<br />
onde colocariam a avezinha cantora, amarelinho-amarelinho?! E o restante,<br />
seria como aproveitar melhor os momentos de lazer, as brincadeiras <strong>na</strong> pisci<strong>na</strong>,<br />
as corridas de bicicleta, os jogos de futebol, alter<strong>na</strong><strong>do</strong>s com "voleibol”, o passeio a<br />
cavalo to<strong>do</strong>s os dias depois <strong>do</strong> almoço, os piques da vida onde corriam e se escondiam<br />
por todas as áreas <strong>do</strong> con<strong>do</strong>mínio. Abençoadas férias, te curtiram de montão!<br />
Decidiram que durante o dia, a gaiola ficaria pendurada <strong>na</strong> área e à <strong>no</strong>ite<br />
<strong>do</strong>rmiria dentro da cozinha. Ali havia bastante luz <strong>do</strong> sol, um ventinho ame<strong>no</strong>, com<br />
bastante movimento de vozes. O bichinho teria de sentir-se protegi<strong>do</strong>, precisava de<br />
gente, para aprimorar as cordas vocais. Todas as manhãs, às vezes ce<strong>do</strong> demais, lá<br />
estava ele desempenhan<strong>do</strong> suas funções. Impossível ig<strong>no</strong>rar a sua existência, sempre<br />
se fazia ouvir.<br />
Os irmãos iam lá conferir com assiduidade, se estava se alimentan<strong>do</strong>,<br />
afi<strong>na</strong>l passara-lhes a idéia de como "ter de cuidar <strong>do</strong> bicho" seria mais ou me<strong>no</strong>s isso,<br />
fiscalizar se a mãe, ou se a empregada estavam desempenhan<strong>do</strong> as tarefas como<br />
deveriam. Assim, começa a formação <strong>do</strong>s líderes, "<strong>do</strong>s mandões-zinhos" desde<br />
peque<strong>no</strong>s, já testan<strong>do</strong> o alcance de uma ordem, orde<strong>na</strong>n<strong>do</strong> e verifican<strong>do</strong> a eficiência<br />
<strong>do</strong> cumprimento da mesma. Certo?<br />
Durante o mês de janeiro, sempre chovia mais <strong>do</strong> que desejavam, mas,<br />
<strong>na</strong>quela manhã, um vento forte antecedera a chuva, e antes que dessem conta, o<br />
vento derrubara a gaiola. Um pressentimento terrível, ao levantarem a gaiola <strong>do</strong><br />
chão. Os meni<strong>no</strong>s fecharam os olhos e não queriam ser testemunhas <strong>do</strong> que se passara,<br />
então pela voz da mãe, toda nervosa, verificou-se que o ca<strong>na</strong>rinho quebrara a<br />
perninha <strong>na</strong> queda, deita<strong>do</strong> acuadíssimo <strong>no</strong> canto preso à grade, tremia assustadís-<br />
83
Jele<strong>na</strong> Jovović<br />
Só houve tempo de pegar as chaves <strong>do</strong> carro <strong>na</strong> gaveta, a gaiola e<br />
os meni<strong>no</strong>s e sair à procura de um veterinário para socorrer o pobre <strong>do</strong> bichinho.<br />
Orientan<strong>do</strong> ao mais velho que segurasse firme enquanto ela dirigia. Que surpresa<br />
ao parar o fusquinha sobre a calçada em busca <strong>do</strong> socorro, lá de dentro saíram<br />
todas as crianças <strong>do</strong> con<strong>do</strong>mínio, ela poderia jurar que não os vira entrar. Eram<br />
<strong>na</strong>da mais, que sete, os três da última casa, uma da casa ao la<strong>do</strong>, outros três da<br />
casa da frente, e com os seus <strong>do</strong>is, somavam <strong>no</strong>ve... <strong>no</strong>ve crianças... sentaram um<br />
<strong>no</strong> colo <strong>do</strong> outro, não proferiram uma palavra, vieram caladíssimos e torciam que o<br />
passarinho sobrevivesse. Com certeza, entraram com assentimento <strong>do</strong> filho mais<br />
velho! O general e sua tropa a acompanhá-lo!<br />
O veterinário ficara mais sensibiliza<strong>do</strong> com a platéia, <strong>do</strong> que com a<br />
vítima ou acidente em si. Prometera então a to<strong>do</strong>s, que faria o que seria possível,<br />
e pegou um fósforo prendeu-o a perninha <strong>do</strong> passarinho com um esparadrapo. Fizera<br />
uma tala, mas não prometia milagres, se a perninha aderisse, o bichinho estaria<br />
salvo, caso contrário ele não resistiria.<br />
Não faltaram rezas, e <strong>na</strong>quela tarde nem se lembraram de brincar,<br />
ficaram senta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> jardim, só olhan<strong>do</strong> o passarinho. Uma espécie de roda intuitiva<br />
de pensamento positivo. Até a <strong>no</strong>itinha nenhum efeito se fazia <strong>no</strong>tar. Foram to<strong>do</strong>s<br />
para cama preocupa<strong>do</strong>s. A mãe tinha além dessa, outra preocupação, como<br />
contar ao vô o que acontecera? Decidiu que <strong>na</strong>da contaria pelo telefone e orientou<br />
as crianças para fazerem o mesmo. Nenhum comentário seria feito sobre o aconteci<strong>do</strong>,<br />
segre<strong>do</strong> de Esta<strong>do</strong>! To<strong>do</strong>s só chegavam ao fi<strong>na</strong>l de sema<strong>na</strong>, e até lá, quem<br />
sabe algo já estaria modifica<strong>do</strong>!<br />
No dia seguinte, o bichinho cantor, amanhecera em cima <strong>do</strong> poleiro,<br />
saltara para lá sozinho, o fizera com seu próprio esforço, si<strong>na</strong>l que estaria se restabelecen<strong>do</strong>.<br />
Não emitia um só pio, silencioso como a madrugada. A <strong>no</strong>tícia propagou-se<br />
num segun<strong>do</strong>. Precisavam aguardar com paciência a evolução <strong>do</strong> quadro.<br />
Os avós chegaram ao fi<strong>na</strong>l de sema<strong>na</strong>, e a primeira observação fora<br />
quanto ao silêncio <strong>do</strong> ca<strong>na</strong>rinho, porque não estaria cantan<strong>do</strong>? Sempre que havia<br />
agitação, ele cantava mais alto e <strong>na</strong>quela tarde, <strong>na</strong>da acontecia...<br />
Os netos, não sabiam como disfarçar, mas ao cruzarem com o olhar<br />
da mãe, desviavam e procuravam por outro assunto. Foi muito difícil omitir o fato<br />
<strong>na</strong>quele fi<strong>na</strong>l de sema<strong>na</strong>. E a cada vez, que o vô, ia à área o coração <strong>do</strong>s meni<strong>no</strong>s<br />
ia ao chão, loucos para contar o sucedi<strong>do</strong>.<br />
84
Voltaram das férias com o ca<strong>na</strong>rinho vivo, mas sem cantar, o vô nunca<br />
se conformara com o sucedi<strong>do</strong>, achava que o clima da montanha fora incompatível<br />
com a ave, jamais lhe contaram sobre a queda. Devolveram o bichinho ao <strong>do</strong><strong>no</strong>,<br />
com um peso e<strong>no</strong>rme <strong>na</strong> alma.<br />
Meses depois... o vô que morava <strong>no</strong> apartamento ao la<strong>do</strong>, entrara de<br />
manhãzinha bem ce<strong>do</strong>, antes de ir para o trabalho, <strong>no</strong> quarto <strong>do</strong>s meni<strong>no</strong>s e os avisara<br />
que antes de se prepararem para irem à escola, dessem uma olhadinha <strong>na</strong> casa<br />
dele: o passarinho amanhecera cantan<strong>do</strong> e parecia não querer parar<br />
maisssssssssssssssss!<br />
ChajaFreidaFinkelsztain<br />
Professora, Pedagoga, Escritora, Poetisa, Contista e Cronista, Chaja <strong>na</strong>sceu <strong>na</strong> Alemanha<br />
em 1947. Seus pais foram sobreviventes de campos de concentração. Atualmente somente<br />
sua mãe (Eva) está viva. A família chegou ao <strong>Brasil</strong> em 1950, puxa<strong>do</strong>s por um tio mater<strong>no</strong><br />
que aqui vivia. O início de vida foi muito difícil e trabalharam arduamente pela manutenção<br />
dig<strong>na</strong> de uma família. Aos dezoito a<strong>no</strong>s <strong>na</strong>turalizou-se brasileira.<br />
Casada com Isaac Ma<strong>no</strong>el, médico pediatra, mãe de <strong>do</strong>is filhos: Cláudio e Gilson, ambos<br />
casa<strong>do</strong>s, têm <strong>do</strong>is netinhos lin<strong>do</strong>s – Marcel e Maria<strong>na</strong> e um a caminho (<strong>do</strong> Gilson).<br />
Chaja graduou-se inicialmente, em 1968 em Filosofia pela UERJ, ten<strong>do</strong> registro MEC em<br />
História, Filosofia e Psicologia. Lecio<strong>no</strong>u por dez a<strong>no</strong>s História, Moral e Cívica e OSPB <strong>no</strong><br />
Colégio A. Liessin, (particular). Paralelamente fez concursos e foi aprovada para o Município.<br />
Começou como profa. de Estu<strong>do</strong>s Sociais <strong>na</strong> Escola Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Em 1980 foi convidada<br />
a ingressar para equipe <strong>do</strong> 5º DEC, STAE, onde chegou a coorde<strong>na</strong>r a equipe de Supervisão<br />
Escolar.<br />
Fez complementação <strong>na</strong> área de Pedagogia com registros <strong>do</strong> MEC em Supervisão, Orientação<br />
e Administração. Em 1982 termi<strong>no</strong>u seu curso de Pós-graduação em Educação pela U-<br />
FRJ.<br />
Árcade efetiva da ABRACE–Arcádia Brasílica de Artes e Ciências Estéticas, desde setembro<br />
de 2000, onde atualmente ocupa a função de Secretária Geral.<br />
Escritora correspondente da Academia Cachoeirense de Letras foi convidada<br />
através de participação e premiação em concurso literário.<br />
Laureada com diplomas, títulos, troféus<br />
e medalhas de “ouro”, “prata” e” bronze”<br />
– Tem obras publicadas em Antologias,<br />
Jor<strong>na</strong>is e Revistas.<br />
Uma peque<strong>na</strong> obs.: Chaja têm material<br />
suficiente para impressão de um livro<br />
solo, mas ainda não conseguiu tempo<br />
para organizá-lo .<br />
85
SILÊNCIO<br />
Por Carlos Eduar<strong>do</strong> Marcos Bonfá<br />
Cilicia<br />
O silêncio<br />
Que silencia<br />
A música<br />
Que necessita<br />
Encontrar<br />
Para ritmar<br />
O mun<strong>do</strong>.<br />
Mas<br />
O silêncio<br />
É o<br />
Cio<br />
Do som.<br />
C arlos Eduar<strong>do</strong> Marcos Bonfá <strong>na</strong>sceu em Socorro (SP), em 1984. É<br />
mestre em Estu<strong>do</strong>s Literários (Letras) pela Universidade Estadual Paulista "Júlio<br />
de Mesquita Filho" (UNESP), sen<strong>do</strong> gradua<strong>do</strong> em Letras <strong>na</strong> mesma instituição a-<br />
cadêmica. Publicou um livro: Ossos e ervas (2002).<br />
Publicou poemas e artigos acadêmicos em jor<strong>na</strong>is,<br />
sites, blogs, blogs coletivos, revistas eletrônicas, aca-<br />
dêmicas e especializadas e participou de antologias.<br />
Mantém um blog <strong>no</strong> seguinte endereço:<br />
www.carloseduar<strong>do</strong>bonfa.blogspot.com<br />
86
Por Antonio Vendramini Neto<br />
OS SAPATOS DO VALDEMAR<br />
Valdemar era um paulista<strong>no</strong> da gema, uma pessoa muito educada e bem vivida, se<br />
trajava muito bem, mantinha sempre a barba e cabelos apara<strong>do</strong>s e unhas cortadas,<br />
calça<strong>do</strong>s engraxa<strong>do</strong>s e lustrosos. Nas suas viagens como caixeiro-viajante, antes de<br />
visitar um cliente, utilizava uma loção, manten<strong>do</strong> uma postura de uma pessoa bem asseada.<br />
Muito gentil, utilizava um vocabulário impecável, devi<strong>do</strong> ao seu bom grau de<br />
escolaridade.<br />
Sabia como ninguém demonstrar os produtos que representava, colocan<strong>do</strong> argumentos<br />
convincentes, que resultavam em um belo pedi<strong>do</strong> para a empresa que trabalhava.<br />
Tinha uma ótima clientela que se espalhava pelo interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e uma boa parte<br />
<strong>do</strong> sul de Mi<strong>na</strong>s Gerais.<br />
Em uma segunda-feira veio almoçar em sua casa, e falou para a esposa que lhe aguardava<br />
sempre com um sorriso <strong>no</strong>s lábios e uma palavra de conforto pelo seu árduo<br />
trabalho de viajar a serviço.<br />
- Olha, hoje à <strong>no</strong>ite, tenho que viajar para o sul de Mi<strong>na</strong>s, para fazer toda aquela região<br />
e volto <strong>na</strong> quinta-feira, prepare um bom jantar, que vou sentir falta de sua comidinha<br />
gostosa. La pelas vinte horas chegou apressa<strong>do</strong>, queren<strong>do</strong> jantar logo, pois logo<br />
mais tinha jogo que seria transmiti<strong>do</strong> pela televisão <strong>do</strong> Corinthians, e não queria perder,<br />
porque o Ro<strong>na</strong>ldão jogaria aquele jogo.<br />
Termi<strong>no</strong>u o jantar, beijou Alzira e começou arrumar a mala de viagem, nesse momento,<br />
lembrou <strong>do</strong> jogo, ligou a TV que ficava em sua bela sala, toda cercada de corti<strong>na</strong>s,<br />
e a tela abriu com o timão entran<strong>do</strong> em campo, foi uma alegria, quan<strong>do</strong> ouviu o repórter<br />
entrevistan<strong>do</strong> o Ro<strong>na</strong>ldão, que prometeu marcar <strong>do</strong>is gols.<br />
Deu um sorriso e falou para Alzira:<br />
- Quero ver se ele vai fazer mesmo, está muito mascara<strong>do</strong>!<br />
Enquanto o jogo se desenrolava, <strong>no</strong>s momentos de marasmo, corria para o quarto,<br />
apanhava as roupas e ia arruman<strong>do</strong> <strong>na</strong> mala, <strong>na</strong> sala, para não perder as jogadas. No<br />
momento em que estava <strong>no</strong> quarto, Ro<strong>na</strong>ldão marcou um gol, ele veio corren<strong>do</strong> para<br />
a sala e soltou um palavrão.<br />
- Filha da mãe, perdi o gol, mas acho que vão repetir a jogada!<br />
Na repetição, se deleitou com o gol e falou para Alzira.<br />
- Não é que o gor<strong>do</strong> está cumprin<strong>do</strong> com a palavra! Só falta mais um.<br />
Num daqueles momentos de mo<strong>no</strong>tonia <strong>do</strong> jogo, pensou: “vou buscar o meu par de<br />
sapatos sobressalentes”<br />
Abriu a sapateira e apanhou um par, quan<strong>do</strong> ouviu a voz <strong>do</strong> locutor se encher de emoção,<br />
porque Ro<strong>na</strong>ldão fez mais um. Veio corren<strong>do</strong> para a sala, com o par de sapatos<br />
<strong>na</strong> mão e ficou pulan<strong>do</strong> que nem um moleque <strong>na</strong> sala. Abraçou Alzira, deu uma tapa<br />
<strong>na</strong> bunda e disse:<br />
-Sempre que faço isso da sorte, êta bunda boa!<br />
Foi então colocar os sapatos <strong>na</strong> mala e começou a embrulhá-los com um pa<strong>no</strong>, para<br />
não sujar a roupa. Percebeu então que estavam sujos, teve a iniciativa de ir trocá-los,<br />
mas a jogo estava bom e ficou com aquele par <strong>na</strong> mão. Pensou então: “Vou deixá-los<br />
aqui perto da corti<strong>na</strong>, pego outro e depois eu limpo esse aqui e deixo <strong>na</strong> sapateira”.<br />
Só que o jogo estava emocio<strong>na</strong>nte e ele colocou <strong>na</strong> mala o calça<strong>do</strong> limpo, e esqueceu<br />
-se de guardar aquele sujo, que ficou junto à parede com a biqueira voltada para a sala,<br />
com a corti<strong>na</strong> sobre o mesmo.<br />
87
Valdemar exclamou! Vou embora, me dá aqui um beijo, vou assistir o restante <strong>do</strong> jogo<br />
<strong>no</strong> radio <strong>do</strong> carro, o Ro<strong>na</strong>ldão já fez <strong>do</strong>is e agora é só alegria. Foi embora para<br />
chegar logo pela manhã <strong>no</strong> local de desti<strong>no</strong>.<br />
Alzira que já estava meio so<strong>no</strong>lenta foi deitar em seu quarto, sem desligar a televisão.<br />
Acor<strong>do</strong>u <strong>no</strong> meio da <strong>no</strong>ite e ouviu vozes... O que seria? Será algum ladrão? Então<br />
foi <strong>na</strong> ponta <strong>do</strong>s pés para a sala, de onde vinham as vozes. “Então pensou”, Aquele<br />
maluco foi embora e não desligou a televisão. Foi mais perto para desligar,<br />
quan<strong>do</strong> viu de baixo da corti<strong>na</strong>, aqueles calça<strong>do</strong>s esqueci<strong>do</strong>s por Valdemar. Pensou<br />
rapidamente: “É um ladrão, e está escondi<strong>do</strong> atrás da corti<strong>na</strong>, se ele avançar para<br />
cima de mim? É melhor chamar a policia”.<br />
Ligou para o 190 e pediu urgência, fornecen<strong>do</strong> o endereço e tu<strong>do</strong> o mais. Depois de<br />
uns quinze minutos, bateram a porta. Foi corren<strong>do</strong> abrir e deu de cara com um homem<br />
corpulento que logo se identificou como o sargento Nepomuce<strong>no</strong>.<br />
- Pois não minha senhora, o bandi<strong>do</strong> está ainda aí?<br />
- É eu desliguei a TV e vi que aqueles sapatos ainda estão lá em baixo da corti<strong>na</strong>, vá<br />
logo para prender o ladrão.<br />
Nepomuce<strong>no</strong> sacou de seu revólver trinta e oito e foi em direção a corti<strong>na</strong> <strong>na</strong> ponta<br />
<strong>do</strong>s pés, removeu-a com um golpe rapidíssimo, e o que estava lá atrás? Ninguém!<br />
Foi tu<strong>do</strong> uma ilusão de ótica da so<strong>no</strong>lenta e medrosa Alzira.<br />
Ela parou de tremer, ficou calma e começou a agradecer ao sargento que não<br />
“tirava” os olhos de seu corpo, uma vez que estava com roupas intimas e nem tinha<br />
se apercebi<strong>do</strong>. Começou uma conversa mole <strong>do</strong> sargento etc., pedin<strong>do</strong> um copo de<br />
água, que ela foi buscar, quan<strong>do</strong> ele viu aquele corpo bonito, coberto ape<strong>na</strong>s por uma<br />
roupa transparente, de onde via to<strong>do</strong> o contor<strong>no</strong> de uma peque<strong>na</strong> calcinha branca,<br />
contrastan<strong>do</strong> com o pa<strong>no</strong> preto da capa rendada.<br />
Percebeu então a burrada que tinha feito em atender a um estranho com aqueles trajes.<br />
Quan<strong>do</strong> voltou, o sargento pediu se tinha café e estava prolongan<strong>do</strong> a conversa<br />
que ela não respondia, fican<strong>do</strong> um monólogo.<br />
Ela então agradeceu e pediu que retirasse porque já era tarde e estava com so<strong>no</strong>.<br />
Voltou para a cama e <strong>do</strong>rmiu profundamente até à tarde <strong>do</strong> dia seguinte. Passa<strong>do</strong><br />
mais um dia, escutou batidas <strong>na</strong> porta da sala. Ficou temerosa e olhou para o corpo<br />
para ver se estava trajada decentemente.<br />
Perguntou então:<br />
- Quem é?<br />
- Do outro la<strong>do</strong> respondeu:<br />
- É o sargento Nepomuce<strong>no</strong>, vim trazer os sapatos de seu mari<strong>do</strong>, posso entrar? Ela<br />
então percebeu que ele tinha leva<strong>do</strong> os sapatos <strong>na</strong>quela <strong>no</strong>ite, com o objetivo de retor<strong>na</strong>r<br />
para ver se conseguia algum sucesso em conquistá-la.<br />
Foi quan<strong>do</strong> Alzira falou:<br />
- Pode deixar aí fora que depois eu pego.<br />
- Mas eu limpei e engraxei os sapatos, estão brilhan<strong>do</strong>, abra a porta e a senhora vai<br />
ver que beleza que ficou.<br />
Apavorada, foi ao telefone, ligou para a Delegacia e denunciou o sargentão conquista<strong>do</strong>r.<br />
Quan<strong>do</strong> voltou para falar com ele sem abrir a porta, percebeu que não havia<br />
resposta. Virou a chave da porta com cuida<strong>do</strong> abriu a porta e <strong>no</strong>tou que os sapatos<br />
estavam <strong>na</strong> soleira.<br />
88
A ntonio Vendramini Neto. Sou aposenta<strong>do</strong>,<br />
casa<strong>do</strong>, <strong>do</strong>is filhos e <strong>do</strong>is netos. Vivi minha vida<br />
profissio<strong>na</strong>l intensamente <strong>na</strong>s áreas de Recursos<br />
Huma<strong>no</strong>s e Gestão da Qualidade, (Normas ISO<br />
9001), como Auditor <strong>do</strong> Sistema.<br />
Comecei a escrever recentemente, de forma despretensiosa,<br />
mas com muito respeito aos leitores.<br />
Não tenho formação literária, julgo-me um autodidata,<br />
colocan<strong>do</strong> <strong>no</strong>s textos, à emoção e o coração, caminhan<strong>do</strong> nesse mun<strong>do</strong> mágico e<br />
esplen<strong>do</strong>roso de tantos intelectuais. Espero que o tempo permita aprender os segre<strong>do</strong>s<br />
e a magia das palavras.<br />
Meus temas favoritos são as crônicas e os contos, onde solto a minha imagi<strong>na</strong>ção,<br />
descreven<strong>do</strong> situações acontecidas e virtuais. Dou minhas pinceladas <strong>no</strong>s poemas,<br />
poesias, poetrix e prosas.<br />
Estou escreven<strong>do</strong> um livro, sobre a saga de meu avô Italia<strong>no</strong> em terras <strong>Brasil</strong>eiras,<br />
que um dia espero termi<strong>na</strong>r e publicar. A internet com os maravilhosos portais para<br />
quais escrevo, estão deixan<strong>do</strong>-me quase que sem tempo, e o projeto está momentaneamente<br />
<strong>na</strong> gaveta.<br />
Email: toninhovendramini@gmail.com Site: www.favascontadas.com.br<br />
Jacqueline Aisenman<br />
Montreux<br />
89
Por André Luis Aqui<strong>no</strong><br />
OS AMANTES DO CÍRCULO-POLAR<br />
Deve ser a parte tóxica <strong>do</strong> meu sangue que faz isso comigo, o meu louco gosto<br />
pelas segundas intenções. Amorardente, sempre buscan<strong>do</strong> sangrar pelo<br />
umbigo.Nos conhecemos <strong>na</strong> escola, ainda <strong>na</strong> infância.E os a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>s juntam e<br />
<strong>no</strong>s separam com tanta freqüência, como se tu<strong>do</strong> isso estivesse acontecen<strong>do</strong><br />
ao sabor <strong>do</strong> vento.<br />
Amor<strong>do</strong>rmente. Deve ser a parte <strong>do</strong>ce <strong>do</strong> meu sangue que faz isso com a<br />
gente. Naquela época mal <strong>no</strong>s falávamos; ape<strong>na</strong>s <strong>no</strong>s olhávamos, e<strong>na</strong>mora<strong>do</strong>s,<br />
mas sem coragem de se aproximar. Duas crianças que se apaixo<strong>na</strong>ram<br />
uma pela outra, sem que um saiba <strong>do</strong> sentimento <strong>do</strong> outro.<br />
Amorlouco, deve ser a parte vene<strong>no</strong>sa <strong>do</strong> meu sangue que faz isso comigo.Quan<strong>do</strong><br />
alguém mente não <strong>no</strong>s olha <strong>no</strong>s olhos, pra te confundir eu faço<br />
exatamente ao contrário.Uma história de amor que atravessa duas décadas<br />
repletas de altos e baixos, cheias de idas e vindas.<br />
Amorencontra<strong>do</strong>, deve ser a parte suave <strong>do</strong> meu sangue que faz isso com a<br />
gente.Me<strong>do</strong>s, amores, ciúmes, tu<strong>do</strong> isso vai e vem, regi<strong>do</strong> pelo desti<strong>no</strong>, por<br />
uma lei aleatória de encontros e desencontros.<br />
Amorperdi<strong>do</strong> pela parte <strong>do</strong> meu sangue malva<strong>do</strong>. “Eu poderia contar toda a<br />
minha vida como um trem de coincidências”. Direção é o meu sexto senti<strong>do</strong>.<br />
Amoreter<strong>no</strong> é a parte sólida <strong>do</strong> meu sangue carinhoso.“A vida tem muitos ciclos”.<br />
Há coisas que nunca acabam e o amor é uma delas.<br />
http://ww2.ccebrasil.org.br/system/project_images/35/fi<strong>na</strong>l/los-amantes-del-circulo-polar.jpg<br />
90
-Pra onde as senhoras vão?<br />
-Para a próxima cidade,<br />
A moto caiu com a gente<br />
Na maior velocidade.<br />
-Quer dizer que aquela moto<br />
Destruída lá <strong>na</strong> estrada...<br />
-Era <strong>no</strong>ssa sim senhor<br />
Só que deu uma derrapada.<br />
-Dá pra levar <strong>no</strong>ssa moto<br />
Nessa sua caminhonete?<br />
É pesada e está quebrada,<br />
Mas não dá pra pagar frete.<br />
-Mas que coisa surpreendente!<br />
Quantos a<strong>no</strong>s vocês tem?<br />
-Eu só tenho oitenta e sete,<br />
Emília tem mais de cem!<br />
-Ai , mas é tão mentirosa!<br />
Não liga não, ela inventa.<br />
Eu nem sou tão velha assim,<br />
Esse a<strong>no</strong> eu fiz <strong>no</strong>venta.<br />
91<br />
Por A<strong>na</strong> A<strong>na</strong>issi<br />
Aurora fala mentiras,<br />
Eu acho que é compulsão.<br />
E ela tem oitenta e oito,<br />
Fez <strong>no</strong> último verão!<br />
-Ei, Emília, quem man<strong>do</strong>u?<br />
Mas é muito fofoqueira...<br />
Se eu não tivesse sentada,<br />
Te passava uma rasteira.<br />
-As senhoras vão brigar?<br />
Nessa idade e desse jeito?<br />
-Viu só, Aurora, o rapaz<br />
Já cheio de preconceitos?<br />
-Filho, você não viu <strong>na</strong>da<br />
Tá ven<strong>do</strong> esta contusão?<br />
Não foi da queda da moto,<br />
Emília que deu um tostão!<br />
-Devia ter da<strong>do</strong> mais!<br />
Pra aprender a dirigir.<br />
Porque foi ultrapassada,<br />
Começou a se exibir.
Quis fazer pega com o carro<br />
Mas eu disse: Agora não!<br />
Pisou <strong>no</strong> acelera<strong>do</strong>r<br />
E saiu comen<strong>do</strong> chão.<br />
E eu pensan<strong>do</strong>, <strong>na</strong> garupa:<br />
Isso aqui não vai dar certo.<br />
Aurora já está caduca<br />
E o carro tá muito perto.<br />
E eu acabei de pensar,<br />
O burro pisou <strong>no</strong> freio,<br />
Aurora desconcentrou,<br />
A estrada virou um rodeio.<br />
Pois a moto deu um pi<strong>no</strong>te,<br />
Rapaz, eu subi tão alto<br />
Que pude ver lá de cima<br />
Aurora beijan<strong>do</strong> o asfalto.<br />
Foi só essa a hora boa,<br />
Depois veio a minha vez;<br />
Meu único dente bom<br />
Gastou, <strong>na</strong> trilha que fez.<br />
Porque eu ralei uns dez metros,<br />
Ou melhor, eu capinei.<br />
Abri caminho <strong>no</strong> mato<br />
E, amigo, eu não parei.<br />
Talvez o Ibama me prenda<br />
No fi<strong>na</strong>l dessa viagem.<br />
Pois arranquei tanta folha<br />
Que até mudei a paisagem.<br />
Tentava me segurar<br />
Pra que, quan<strong>do</strong> viesse o fim,<br />
Sobrasse um número grande<br />
De ossos mais perto de mim.<br />
92<br />
Nesse ponto até dei sorte,<br />
Só fiquei sem meu dentinho.<br />
Talvez tenha si<strong>do</strong> bom,<br />
Ele era mesmo sozinho.<br />
Na hora me revoltei,<br />
Fui desprenden<strong>do</strong> <strong>do</strong> chão,<br />
Disparei atrás da Aurora<br />
Pra tomar satisfação.<br />
Ela ainda estava deitada.<br />
Que ce<strong>na</strong> desagradável!<br />
Todinha desconjuntada,<br />
Essa <strong>do</strong>ida irresponsável!<br />
Aí fui me aproximan<strong>do</strong><br />
Do jeito que ainda podia,<br />
Dei-lhe um chute <strong>na</strong>s costelas<br />
Pra ver se ela se mexia.<br />
No primeiro chute, <strong>na</strong>da.<br />
Resolvi bater mais forte.<br />
Tentei a boca <strong>do</strong> estômago<br />
Só pra ver se dava sorte.<br />
E não é que consegui?<br />
Houve um leve murmurar,<br />
Mas ele era tão baixinho<br />
Que eu resolvi confirmar.<br />
-Deixa que eu conto essa parte.<br />
Eu, meio desacordada,<br />
Já ven<strong>do</strong> a famosa luz<br />
E só senti a boti<strong>na</strong>da.<br />
Da luz eu voltei pro escuro,<br />
Ou melhor, eu vi Emília;<br />
Tive uma vaga lembrança<br />
Que ela era da família.
E tentei fazer um si<strong>na</strong>l<br />
Que já estava tu<strong>do</strong> bem,<br />
Tive me<strong>do</strong> que essa <strong>do</strong>ida<br />
Chutasse meus rins também.<br />
Debilmente abri meus olhos<br />
E dei de cara com ela.<br />
Se eu não tivesse acabada,<br />
Eu matava essa banguela.<br />
Minha queda foi horrível,<br />
Eu fiquei toda quebrada,<br />
Mas o que traumatizou<br />
Foi aquela boti<strong>na</strong>da.<br />
-Ah, Aurora que exagero!<br />
Eu salvei você, querida.<br />
Mas um dia vai entender<br />
E vai ficar comovida.<br />
Quan<strong>do</strong> dei a tal boti<strong>na</strong>da,<br />
Minha única intenção,<br />
Era de abrir um ca<strong>na</strong>l<br />
Pra sua respiração.<br />
-Essa dúvida eu vou ter<br />
Pro resto da minha vida.<br />
Se queria me salvar<br />
Ou me deixar estendida.<br />
-Mas dá pra ver direitinho<br />
Que estão se recuperan<strong>do</strong>.<br />
Vamos esquecer o tombo<br />
Que a cidade está chegan<strong>do</strong>.<br />
E por falar em cidade,<br />
Têm algum parente aqui?<br />
-Não meu filho, só torcida,<br />
Somos lá de Muriqui.<br />
93<br />
-Só torcida, como assim?<br />
-Você não viu <strong>no</strong>ssas fotos?<br />
Somos famosas <strong>no</strong> mun<strong>do</strong><br />
Pilotan<strong>do</strong> <strong>no</strong>ssas motos.<br />
-Ô Emília, não exagera.<br />
Temos fãs só <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
E <strong>na</strong> próxima cidade<br />
Com certeza mais de mil!<br />
-Peraí minhas senhoras,<br />
Eu não posso acreditar!<br />
As duas correm de moto?<br />
-Vai precisar desenhar?<br />
-Caramba, não pode ser!<br />
-Só porque somos velhinhas?<br />
Já demos alguns troféus<br />
Pra <strong>no</strong>ssa cidadezinha.<br />
-Mas vocês dirigem bem?<br />
-Você viu que Aurora não.<br />
Mas eu, sou super veloz<br />
Quan<strong>do</strong> pego a direção.<br />
-Hum Emília, vai pensan<strong>do</strong>,<br />
Quem tem mais troféus sou eu.<br />
-Mas <strong>na</strong> última corrida<br />
Acabou rouban<strong>do</strong> o meu.<br />
Jogou tão sujo comigo<br />
Moço, ela quer que eu desista!<br />
Deu um jeito <strong>no</strong> meu freio<br />
E jogou óleo <strong>na</strong> pista.
Pode arregalar o olho,<br />
O juiz arregalou.<br />
Tu<strong>do</strong> isso é tão <strong>no</strong>jento<br />
Que até ele duvi<strong>do</strong>u.<br />
-Porque inventou tu<strong>do</strong> isso!<br />
Uma história sem senti<strong>do</strong>.<br />
-Sem senti<strong>do</strong>s fiquei eu.<br />
Meu pescoço foi parti<strong>do</strong>!<br />
-Tá ven<strong>do</strong> essa exagerada?<br />
Aquilo foi só torção.<br />
-Só que eu fiquei cinco meses<br />
Deitada em observação.<br />
Bom, vamos deixar pra lá,<br />
Que o importante é a corrida.<br />
Vai, acelera meu filho,<br />
Aproveita essa descida.<br />
Amanhã vai ser o trei<strong>no</strong><br />
Pra ver quem larga <strong>na</strong> frente,<br />
Vou ganhar, eu estou mais leve<br />
Porque perdi mais um dente!<br />
-Nossa Mãe, mas que loucura,<br />
Ninguém vai acreditar!<br />
Eu posso assistir ao trei<strong>no</strong>?<br />
-Só se você me pagar!<br />
-Opa, opa, <strong>na</strong>da disso!<br />
Tem que me pagar também.<br />
Eu arranjo um lugarzinho<br />
Pra você ver super bem.<br />
-Mas olha que explora<strong>do</strong>ras,<br />
Dei caro<strong>na</strong> pras senhoras!<br />
-Tá, meu filho, então vai ver<br />
Tu<strong>do</strong> <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora.<br />
94<br />
-Está bem vocês ganharam.<br />
Quanto é que eu pago pra ver?<br />
-Nada assim tão extravagante,<br />
Algo que dê pra comer.<br />
Com aquele tombo tremen<strong>do</strong>,<br />
A comida se espalhou.<br />
Só <strong>do</strong>is pães com mortadela<br />
Foi que a gente aproveitou.<br />
-Então vamos combi<strong>na</strong>r:<br />
Eu lhes <strong>do</strong>u toda a comida,<br />
Amanhã eu vejo o trei<strong>no</strong><br />
E depois vejo a corrida.<br />
-Negócio fecha<strong>do</strong>, filho.<br />
Pisa <strong>no</strong> acelera<strong>do</strong>r!<br />
Um ventinho <strong>na</strong>s orelhas<br />
Cá pra nós, é inspira<strong>do</strong>r.<br />
-Vira, vira, vira, vira!<br />
Nesse posto tem comida!<br />
Vou começar por aqui<br />
A ficar abastecida.<br />
-As senhoras vão comer<br />
Essas comidas tão fortes?<br />
-Claro! Porque essa corrida<br />
Não depende só de sorte.<br />
Temos que estar preparadas<br />
Alguns truques são os piores;<br />
As pessoas <strong>no</strong>s sabotam<br />
Porque somos as melhores.<br />
-Então tá, vamos parar.<br />
Do<strong>na</strong> Aurora também quer?<br />
-Sim, mas minha dentadura<br />
Só aguenta comer filé!
Ainda mais depois <strong>do</strong> tombo,<br />
Que ela ficou deslocada.<br />
Até mesmo pra falar<br />
Tenho que ficar ligada.<br />
Já pensou se ela despenca<br />
E a gente não acha mais?<br />
Se ganharmos a corrida<br />
Eu vou fugir <strong>do</strong>s jor<strong>na</strong>is!<br />
-Tu<strong>do</strong> bem, filé mig<strong>no</strong>n<br />
Pras simpáticas velhinhas!<br />
-Arroz, farofa e feijão<br />
Pra carne não vir sozinha!<br />
-E depois a sobremesa:<br />
Queijo e muita goiabada!<br />
-Por causa da glicemia,<br />
Tem que estar equilibrada.<br />
-E você não vai comer?<br />
-Quan<strong>do</strong> chegar <strong>na</strong> cidade;<br />
Uma comida caseira<br />
É o melhor pra minha idade.<br />
Já tenho trinta e três a<strong>no</strong>s<br />
E prefiro não abusar.<br />
-Tá ven<strong>do</strong>, Emília, esse moço<br />
Que nunca vai “esclerosar”?<br />
Não vai ser que nem você,<br />
Que a gordura tomou conta,<br />
Quan<strong>do</strong> não fala besteira,<br />
Fica com cara de tonta.<br />
Aurora, eu estou esclerosada?<br />
Se estou, é só <strong>no</strong> começo.<br />
Eu que saio to<strong>do</strong> dia<br />
Com a roupa toda <strong>do</strong> avesso?<br />
95<br />
-Chega, está quase <strong>na</strong> hora,<br />
A corrida é <strong>na</strong> outra ponta.<br />
Nós vamos in<strong>do</strong> pro carro,<br />
Você vai pagan<strong>do</strong> a conta.<br />
-Ei, psiu, você, aí <strong>do</strong> posto...<br />
Bota essa moto <strong>no</strong> chão?<br />
Segura essa chave dela<br />
E coloca <strong>na</strong> ignição.<br />
-Vem aqui Aurora, entra logo!<br />
Temos que deixar o moço.<br />
Ele vai <strong>no</strong>s atrasar.<br />
-Mas e amanhã, <strong>no</strong>sso almoço?<br />
-Põe o cinto e se segura.<br />
O tempo está muito curto.<br />
-Isso que estamos fazen<strong>do</strong><br />
Será que é um assalto ou um furto?<br />
Nunca sei a diferença...<br />
-Porque não faz diferença.<br />
Talvez não, <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso caso,<br />
Porque pedimos licença.<br />
-Pedimos licença como?<br />
-Uai, deixei <strong>no</strong>ssa moto!<br />
-Mas não faz muito senti<strong>do</strong>,<br />
O rapaz não teve voto.<br />
E além <strong>do</strong> mais <strong>no</strong>ssa moto...<br />
Só tem peça com defeito<br />
E nem o gênio da lâmpada<br />
Conseguiria dar jeito.<br />
-Ai, Aurora, facilita!<br />
Você quer ou não correr?<br />
Se viéssemos com ele,<br />
Não ia dar nem pra ver!<br />
Chegaríamos <strong>no</strong> fim<br />
E a raiva então subiria<br />
Quan<strong>do</strong> víssemos <strong>no</strong> pódio<br />
A besta da <strong>no</strong>ssa tia!<br />
-Tia Marga vai correr?<br />
-Vai! Ela estava <strong>na</strong> lista.<br />
Ela arranjou um patrocínio<br />
De um velho contrabandista.
Ainda alterou a idade dela,<br />
De cem pra <strong>no</strong>venta e sete,<br />
E vai chamar a torcida<br />
Do tempo que era vedete.<br />
-Coitada, com essa torcida,<br />
Melhor ela nem ganhar...<br />
Se os velhinhos se empolgarem,<br />
Vão to<strong>do</strong>s ficar sem ar.<br />
-É mas, com ar ou sem ar,<br />
Ela é <strong>no</strong>ssa concorrente.<br />
Seria muito humilhante<br />
Perder pra tia da gente.<br />
-Você então tá devagar!<br />
Acelera aí esse trem!<br />
Nós ainda precisamos<br />
Roubar a moto de alguém!<br />
-Só precisa de uma moto.<br />
Vai ser de dupla a corrida.<br />
-Então eu vou pilotar,<br />
Pois você está proibida!<br />
Depois <strong>do</strong> que você fez<br />
Vai quietinha <strong>na</strong> garupa.<br />
Vou te ensi<strong>na</strong>r a correr.<br />
-É isso que me preocupa.<br />
-Olha lá, não é uma moto?<br />
-Por que tá parada ali?<br />
-Ah, pra pararem <strong>na</strong> estrada,<br />
Ou é cocô ou é xixi.<br />
-Então freia. Mais pra perto.<br />
Tá com a chave aqui também!<br />
Vamos montar bem depressa<br />
Enquanto não vem ninguém!<br />
-Será que fizemos certo<br />
Deixan<strong>do</strong> a caminhonete?<br />
-Eu obstruí a ignição<br />
Com um pedaço de chiclete.<br />
Ainda falta meia hora<br />
Pra corrida começar.<br />
-Ótimo, estamos <strong>no</strong> prazo,<br />
Acabamos de chegar!<br />
96<br />
Vou lá inscrever <strong>no</strong>ssa moto,<br />
Colocar <strong>na</strong> posição.<br />
-E eu vou sabotan<strong>do</strong> algumas<br />
Pra fazer uma seleção.<br />
-E aí, como é que foi lá?<br />
-Uns quatro nem vão sair,<br />
Três vão poder arrancar,<br />
Pra logo depois cair.<br />
Mas tem uma coisa bem chata,<br />
A da titia não deu...<br />
Eu ia chegan<strong>do</strong> pertinho<br />
E ela me reconheceu.<br />
Man<strong>do</strong>u logo uns <strong>do</strong>is capangas<br />
Tomarem conta da moto.<br />
-Deixa, vem se preparar,<br />
Se der, depois eu saboto.<br />
- Mas eu tenho uma fofoca...<br />
Descobri quem vai com ela<br />
O tal <strong>do</strong> contrabandista!<br />
-Que festival de banguelas!<br />
Anda, bota o capacete<br />
Que eles vão dar o si<strong>na</strong>l.<br />
-Espero ficar com ele<br />
Até chegar ao fi<strong>na</strong>l.<br />
Me lembrei de uma corrida<br />
Que era de dupla também.<br />
Ganhamos, só que passamos<br />
Pela faixa a mais de cem.<br />
Seguimos reto <strong>na</strong> curva,<br />
Atravessamos o muro,<br />
Na hora pensei num filme:<br />
“De volta para o futuro”<br />
Enquanto se segurava,<br />
Seu capacete soltou,<br />
Veio parar <strong>no</strong>s meus dentes,<br />
Minha arcada se espalhou.<br />
Por isso, precocemente,<br />
Eu tenho essa dentadura.<br />
Foi feita por um pedreiro<br />
Que deixou uma abertura.
Ainda falei, mas seu Zé,<br />
É dentadura e não casa<br />
Por que é que deixou essa porta?<br />
Agora o que eu como, vaza!<br />
-Chega, Aurora, cala a boca!<br />
Nós não temos o dia inteiro!<br />
Presta atenção <strong>na</strong> titia<br />
E <strong>na</strong>quele muambeiro.<br />
Agora é concentração...<br />
Vamos! Foi dada a largada!<br />
Ai, garota, o que que é isso?<br />
Aurora, que presepada!<br />
Burra, você sabotou<br />
A moto da <strong>no</strong>ssa frente.<br />
Atropelei a mocinha!<br />
-Ela que foi displicente.<br />
Cair com a per<strong>na</strong> esticada<br />
Numa pista de corrida<br />
Cujo prêmio é andar de carro<br />
De bombeiro <strong>na</strong> avenida?<br />
-Que garota sem <strong>no</strong>ção!<br />
E eu não pude fazer <strong>na</strong>da.<br />
Depois que eu ganhar o prêmio,<br />
Vou processar a da<strong>na</strong>da!<br />
-“Nós” ganharmos o tal prêmio!<br />
Não se esqueça, se eu quiser<br />
Jogo o corpo pro outro la<strong>do</strong>.<br />
-Você não é besta, mulher!<br />
Se jogar, caímos juntas<br />
E o <strong>no</strong>sso prêmio já era.<br />
Você, gorda, vai rolar<br />
Mas eu vou pra estratosfera.<br />
Estou magrinha, top model<br />
E a única desvantagem<br />
É que um impulso pequeni<strong>no</strong><br />
Se transforma em uma viagem.<br />
O meu corpo é tão levinho...<br />
O vento ainda empurra mais.<br />
Vou parar um pouco longe,<br />
Sei lá, sou frágil demais.<br />
97<br />
-Você, Emília, top model?<br />
Ten<strong>do</strong> essa cara de ameixa?<br />
Você só não come mais<br />
Porque a prótese não deixa.<br />
-Vixe, olha lá a <strong>no</strong>ssa tia!<br />
Acabou de ultrapassar!<br />
Olha só, o contrabandista,<br />
Queren<strong>do</strong> comemorar.<br />
-Encosta neles Emília!<br />
Me empresta a sua boti<strong>na</strong>.<br />
Vou dar um cacete nele<br />
Pra subir a adre<strong>na</strong>li<strong>na</strong>.<br />
-Tem que bater <strong>na</strong> titia.<br />
Ela que está dirigin<strong>do</strong>!<br />
-A mamãe não vai gostar.<br />
-Mas ela não tá assistin<strong>do</strong>!<br />
“-Não desrespeitem os mais velhos.”<br />
-Nunca cansa de falar.<br />
-Mais velhinhos que nós duas<br />
Tem poucos pra respeitar.<br />
Cá pra nós, com a <strong>no</strong>ssa idade,<br />
Mais velha, tem só a titia;<br />
E só um desrespeitozinho<br />
A gente bem que podia...<br />
-Então chega de falar,<br />
Pé <strong>na</strong> tábua minha filha!<br />
A gente vence a titia<br />
E desmancha uma quadrilha!<br />
Porque <strong>do</strong> contrabandista,<br />
Não precisamos ter pe<strong>na</strong>.<br />
Vai ser tanta humilhação<br />
Que ele vai sair de ce<strong>na</strong>.<br />
“Bora”, “bora”, tá encostan<strong>do</strong>...<br />
Estamos quase <strong>no</strong> fim...<br />
Já que essa é a última volta.<br />
Vai com tu<strong>do</strong>, manequim...<br />
-Ao invés de debochar,<br />
Por que não presta atenção?<br />
Você não me ajuda em <strong>na</strong>da,<br />
Me tira a concentração!
-Você viu o que você fez?<br />
A moça ainda estava lá;<br />
Passou <strong>no</strong>s dedinhos dela;<br />
Não ouviu ela gritar?<br />
-Pensei que fosse você<br />
Gritan<strong>do</strong> um viva por nós.<br />
Ultrapassamos titia,<br />
Nossa moto é mais veloz!<br />
- Eu nem precisei bater?<br />
Ufa, assim mamãe não briga.<br />
E, não sei, bater em tia...<br />
Sei lá se Deus me castiga.<br />
-Por falar em <strong>no</strong>ssa moto,<br />
Você desacelerou,<br />
Pude ver <strong>na</strong> arquibancada<br />
Os <strong>do</strong>is que a gente roubou.<br />
Estavam lá, os <strong>do</strong>is juntinhos.<br />
-Tavam torcen<strong>do</strong> pra gente?<br />
-Pra gente se espatifar,<br />
Vieram ver pessoalmente!<br />
-Se ganharmos a corrida,<br />
Corre logo pros bombeiros.<br />
Assim temos proteção<br />
Contra esses <strong>do</strong>is pistoleiros!<br />
Não estou ven<strong>do</strong> mais titia<br />
Pelo meu retrovisor.<br />
-Porque <strong>no</strong>s ultrapassaram,<br />
Deram um jeito <strong>no</strong> motor!<br />
Também vou usar o meu truque<br />
Que faz você correr mais.<br />
-Aurora, não estou gostan<strong>do</strong>,<br />
Não faz besteira aí atrás!<br />
Uau, estou pegan<strong>do</strong> fogo!<br />
-Então acelera abestada!<br />
Quan<strong>do</strong> cruzarmos a faixa,<br />
A tocha vai ser tirada.<br />
-Aurora, vou te matar!<br />
Ui, socorro, eu estou arden<strong>do</strong>!<br />
-Olha pra frente, dramática!<br />
Estamos quase vencen<strong>do</strong>!<br />
98<br />
Viva, viva, conseguimos!<br />
Nós ganhamos a corrida!<br />
Corre, corre que os bombeiros<br />
Vão salvar a <strong>no</strong>ssa vida!<br />
-Vão salvar <strong>no</strong>s <strong>do</strong>is senti<strong>do</strong>s.<br />
Queimei metade da bunda!<br />
-Capitão, aqui tem ti<strong>na</strong>?<br />
E rasa? Que Emília afunda!<br />
Viva, vitória, vitória!<br />
Esse carro não é lin<strong>do</strong>?<br />
-Se eu não tivesse <strong>na</strong> ti<strong>na</strong><br />
Também estaria curtin<strong>do</strong>.<br />
-Não vai reclamar agora.<br />
Nós ganhamos a corrida!<br />
-Mas titia vem aí,<br />
Se juntou com os homicidas!<br />
-Também não são tão homicidas...<br />
Roubamos eles <strong>na</strong> estrada!<br />
-Mas tão vin<strong>do</strong> <strong>no</strong>s matar,<br />
Vai ver deram uma surtada.<br />
E vão <strong>no</strong>s denunciar,<br />
Confiscar <strong>no</strong>sso troféu.<br />
-Se chegarem muito perto,<br />
Nós fazemos um escarcéu.<br />
-Bombeiros, vamos mais rápi<strong>do</strong>,<br />
Ela está passan<strong>do</strong> mal!<br />
Dá pra ligar a sirene<br />
Pra afastar o pessoal?<br />
-Vamos sair da cidade,<br />
Precisamos respirar.<br />
Esses fãs são sufocantes,<br />
Sei lá se vão <strong>no</strong>s rasgar.
Estão ven<strong>do</strong> aquela moto<br />
Que está caída <strong>no</strong> posto?<br />
Podem pegá-la pra nós?<br />
Nos dariam tanto gosto...<br />
Isso, coloca aqui em cima.<br />
Vamos virar pra direita?<br />
-Muito obrigada, meni<strong>no</strong>s.<br />
E daqui a gente se ajeita.<br />
Podem voltar pra cidade,<br />
Deixa a moto aqui caída.<br />
Já vamos <strong>no</strong>s preparar<br />
Para a próxima corrida.<br />
Emília, mais um troféu!<br />
Nós não somos geniais?<br />
Sempre somos vence<strong>do</strong>ras<br />
E nem moto temos mais!<br />
-Ah Aurora, que peca<strong>do</strong>!<br />
Nossa moto é uma carcaça<br />
Mas faz parte <strong>do</strong> cenário<br />
Pra termos tu<strong>do</strong> de graça.<br />
-Vem Emília, estica o braço,<br />
Lá vem uma caminhonete.<br />
Faz cara de quem caiu.<br />
Vamos ganhar mais um frete!<br />
-Pra onde as senhoras tão in<strong>do</strong>?<br />
-Para a próxima cidade.<br />
A moto caiu com a gente<br />
Na maior velocidade.<br />
-Quer dizer que aquela moto<br />
Destruída lá <strong>na</strong> estrada...<br />
-Era <strong>no</strong>ssa sim senhor<br />
Só que deu uma derrapada...<br />
99<br />
CONHECENDO ANA ANAISSI<br />
A<strong>na</strong> A<strong>na</strong>issi, carioca,<br />
viven<strong>do</strong><br />
em Brasília desde<br />
1970, é artista<br />
plástica, compositora,ilustra<strong>do</strong>ra<br />
e escritora.<br />
Tem um site<br />
chama<strong>do</strong> Alma<br />
Totem histórias<br />
a granel, que foi i<strong>na</strong>ugura<strong>do</strong> recentemente,<br />
onde divulga seus trabalhos.<br />
Pintura de Jelly Watson
Po_m[ Etíli]o<br />
Por Angela Costa<br />
Sobre o álcool, sei que é uma alquímica mistura de carbo<strong>no</strong>, água e símbolos.<br />
Sei que é algo quimicamente transmutável em comportamento.<br />
Causa e consequência de <strong>na</strong>scimentos e mortes.<br />
Sobre a <strong>do</strong>r, sei que não cabe em copos de licor.<br />
Corre talvez pelas mesmas veias da embriaguez, ue alimentam o la<strong>do</strong> cerebral<br />
da paixão.<br />
Sobre a paixão, sei que é uma questão de detalhes,<br />
um mistério a princípio, um copo de <strong>do</strong>r <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong>.<br />
Sobre os detalhes <strong>do</strong> cotidia<strong>no</strong>, talvez o álcool ajude às vezes...<br />
A ngela Costa: Vivo entre a ciência e a<br />
arte - não consegui aceitar os limites<br />
entre ambas. Prefiro pensar que integram a<br />
"Magia".<br />
http://www.angelacosta.recantodasletras.com.br/<br />
100
AMAR COMO A PRIMEIRA VEZ<br />
Por Amarilis Pazini Aires<br />
Quero a minha alegria de volta<br />
Correr solta pelos campos<br />
Esperar a lua <strong>na</strong>scer<br />
E o dia amanhecer.<br />
Ler as palavras suaves de amor<br />
Deixadas <strong>no</strong> pedaço de papel<br />
Larga<strong>do</strong> <strong>no</strong> canto especial<br />
Onde só eu sei encontrar.<br />
Quero o olhar <strong>do</strong>ce<br />
Refletin<strong>do</strong> o brilho<br />
Da paixão desperta<br />
Do toque de mãos suaves.<br />
Quero olhar as estrelas<br />
E chorar de emoção<br />
Esperan<strong>do</strong> o momento<br />
Ao som de uma apaixo<strong>na</strong>nte canção.<br />
Quero viver de <strong>no</strong>vo<br />
A emoção de amar<br />
Tremer o corpo to<strong>do</strong><br />
Na ansia <strong>do</strong> encontro.<br />
Eu quero amar<br />
Como a primeira vez<br />
Na descoberta i<strong>no</strong>cente<br />
Que ele dure eter<strong>na</strong>mente.<br />
101
VERSOS PERTURBADOS<br />
Por Alessa B<br />
Passa em tropel febril a cavalgada<br />
Das paixões e loucuras triunfantes!<br />
Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!<br />
(Florbela Espanca)<br />
Qual vela acesa num altar sagra<strong>do</strong><br />
Ar<strong>do</strong> <strong>na</strong> penumbra oca <strong>do</strong> teu sonho,<br />
Sou o teu desejo casto e malogra<strong>do</strong>,<br />
Teu me<strong>do</strong> tacitur<strong>no</strong> e mais me<strong>do</strong>nho.<br />
Comigo teu eu demente e perturba<strong>do</strong>,<br />
Perpassa cada verso que componho…<br />
Sou teu chama<strong>do</strong> quente e desastra<strong>do</strong>,<br />
Na esfera <strong>do</strong> teu so<strong>no</strong> mais bisonho!<br />
És o meu canto louco em pensamento,<br />
O soluço delirante em meu ouvi<strong>do</strong>,<br />
Um mosaico agasta<strong>do</strong> e marulhento,<br />
Vagan<strong>do</strong> <strong>no</strong> limite <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s.<br />
Sou das ânsias tuas o sacramento,<br />
És da <strong>do</strong>ce angústia minha o aldeí<strong>do</strong>.<br />
102
CONHECENDO: ALESSA B.<br />
Apaixo<strong>na</strong>da pela Literatura desde sempre, descobriu a Poesia aos 14 a<strong>no</strong>s, quan<strong>do</strong><br />
então passou a exercitar a arte <strong>do</strong>s versos por conta própria. Tem como seus<br />
ícones e espelhos <strong>na</strong> poesia mundial, poetas como: Camões, Vinicius de Moraes,<br />
Álvares de Azeve<strong>do</strong>, Bocage, Gonçalves Dias, entre outros. Vem acumulan<strong>do</strong><br />
menções honrosas e posições de destaque em concursos literários pelo país. Pode<br />
ser encontrada <strong>no</strong>s seguintes endereços:<br />
E-mail:<br />
ale-bertazzo@hotmail.com<br />
Alquimia, Arte & Poesia<br />
http://transversu.blogspot.com/<br />
Recanto das Letras<br />
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=63043<br />
Lançada <strong>no</strong> mês de maio em Lagu<strong>na</strong>, S.C., a<br />
antologia TÃO LONGE, TÃO PERTO, organizada<br />
pelo escritor lagunense J. Macha<strong>do</strong>, com a<br />
participação de escritores de diversas regiões<br />
<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>,.<br />
A capa é de Maria de Fátima Barreto Michels, a<br />
Fátima de Lagu<strong>na</strong>, poeta das lentes e da pe<strong>na</strong>.<br />
Mais um sucesso literário a ser aprecia<strong>do</strong>!<br />
103
4 copos(america<strong>no</strong>s)de polvilho<br />
<strong>do</strong>ce (500g)<br />
1 colher de (sopa) fon<strong>do</strong>r maggi<br />
ou sal a gosto<br />
2 copos de (america<strong>no</strong>)de leite<br />
(300ml)<br />
1 copo (america<strong>no</strong>) de óleo (150<br />
ml)<br />
2 ovos grandes ou 3 peque<strong>no</strong>s<br />
4 copos (america<strong>no</strong>) de queijo mi<strong>na</strong>s<br />
meia cura rala<strong>do</strong><br />
óleo para untar<br />
Mo<strong>do</strong> de Preparo:<br />
1. ar o polvilho em uma tigela grande<br />
2. à parte, aquecer o fon<strong>do</strong>r, o leite<br />
e o óleo<br />
3. Quan<strong>do</strong> ferver escaldar o polvilho<br />
com essa mistura, mexer muito<br />
bem para desfazer pelotinhas<br />
4. Deixe esfriar<br />
5. Acrescentar os ovos um a um,<br />
alter<strong>na</strong>n<strong>do</strong> com o queijo e sovan<strong>do</strong><br />
bem após cada adição<br />
6. Untar as mãos com óleo, se necessário<br />
7. Enrolar bolinhos de 2 (cm) de diâmetro<br />
e colocá-los em uma assadeira<br />
untada<br />
8. Levar ao for<strong>no</strong> médio (180º), préqueci<strong>do</strong><br />
Assar até ficarem <strong>do</strong>uradinhos<br />
http://tu<strong>do</strong>gostoso.uol.com.br<br />
A origem da iguaria é incerta. Especula-se que<br />
surgiu, <strong>no</strong> século 18, <strong>na</strong>s fazendas de Mi<strong>na</strong>s<br />
Gerais e Goiás, quan<strong>do</strong> as cozinheiras a preparavam<br />
para servir aos senhores, mas se tor<strong>no</strong>u<br />
popular <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> a partir da década de 50.<br />
Naquela época, não se imagi<strong>na</strong>va que o pão<br />
de queijo fosse ultrapassar as fronteiras “das<br />
Mi<strong>na</strong>s Gerais”, muito me<strong>no</strong>s que ganharia o<br />
mun<strong>do</strong>, tor<strong>na</strong>m-se marca de empresas famosas.<br />
Feito em casa, em quitandarias ou em escala<br />
industrial, não importa. A receita tradicio<strong>na</strong>l é<br />
única. Leva leite, óleo, ovos, sal, queijo-demi<strong>na</strong>s<br />
rala<strong>do</strong> e polvilho. Mas cada um tem lá o<br />
seu segredinho de sucesso.<br />
Combi<strong>na</strong>ção cai bem com diversas bebidas<br />
e acompanhamentos<br />
Se mineiro come quieto, pão de queijo comese<br />
quente porque é impossível deixá-lo esfriar<br />
e parar <strong>no</strong> primeiro. Eles vão bem <strong>no</strong> inver<strong>no</strong> e<br />
<strong>no</strong> verão, com café preto, como manda a tradição<br />
mineira, com chocolate quente, refrigerantes,<br />
sucos, chá e para alguns até com cerveja.<br />
Qualquer bebida é boa companhia e qualquer<br />
lugar é lugar para saborear um bom pão de<br />
queijo simples ou com recheio.<br />
Entre pães de queijo clássicos, <strong>no</strong>s quais a<br />
massa é escaldada, amassada com as mãos e<br />
moldada em forma de bolinhas, existem outras<br />
opções para quem deseja variar o sabor. Lêda<br />
sugere os tempera<strong>do</strong>s com salsinha, cebolinha<br />
e até mesmo presunto picadinho. “Esses com<br />
sabores diferentes têm grande aceitação”, (...)<br />
Eles também vêm rechea<strong>do</strong>s com requeijão,<br />
frango, cheddar e viram sobremesa quan<strong>do</strong><br />
acompanha<strong>do</strong>s de <strong>do</strong>ce de leite. (...)<br />
Texto: http://www.correiodeuberlandia.com.br<br />
104
To<strong>do</strong>s os textos publica<strong>do</strong>s <strong>no</strong><br />
<strong>Varal</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> receberam a aprovação<br />
<strong>do</strong>s autores.<br />
É proibida qualquer reprodução<br />
<strong>do</strong>s mesmos sem os devi<strong>do</strong>s<br />
créditos autorais, assim o como a<br />
citação da fonte.<br />
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Se você é o autor de uma das<br />
imagens que encontramos <strong>na</strong> internet<br />
sem créditos, faça-<strong>no</strong>s saber<br />
para que divulguemos o seu<br />
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Os textos <strong>do</strong>s escritores<br />
<strong>brasileiros</strong> e/ou portugueses que<br />
aqui estão como convida<strong>do</strong>s especiais<br />
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números anteriores,<br />
peça através <strong>do</strong> <strong>no</strong>sso<br />
e-mail ou faça <strong>do</strong>wnload<br />
<strong>na</strong> pági<strong>na</strong> <strong>do</strong> VA-<br />
RAL. É gratuito!<br />
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Editar um livro depende muito da forma que você deseja que ele seja edita<strong>do</strong>. Se<br />
deseja que seja feito por uma Editora já conhecida ou mesmo peque<strong>na</strong> ou por conta<br />
própria.<br />
Procurar uma editora nem sempre é uma tarefa simples. Você deverá verificar, primeiramente,<br />
o tipo de editora que poderia se encaixar melhor <strong>no</strong> seu estilo. Depois,<br />
vem o envio de manuscritos ou arquivos para que sejam exami<strong>na</strong><strong>do</strong>s pelos<br />
responsáveis das mesmas e que decidirão se você é um candidato que eles vão<br />
“bancar” ou não. No caso de resposta afirmativa prepare-se para ceder boa parte<br />
<strong>do</strong>s seus direitos autorais, decisão quanto à impressão, capa e etc..<br />
Há muitas editoras <strong>na</strong> internet que não demandam os direitos autorais, cobran<strong>do</strong><br />
ape<strong>na</strong>s pela impressão ou colocação online <strong>no</strong> caso<br />
<strong>do</strong> livro ser digital. Neste caso você terá que enviar<br />
seu arquivo ten<strong>do</strong> em vista o tipo de impressão,<br />
a quantidade de exemplares, formato <strong>do</strong> livro,<br />
formatação <strong>do</strong> arquivo para tal, tipo de papel para<br />
capa e interior, capa (colorida ou não, brilhante ou<br />
não), número de exemplares, etc.<br />
Há artigos especializa<strong>do</strong>s que mostram as regras<br />
básicas para a diagramação de um livro para que<br />
ele seja feito dentro das <strong>no</strong>rmas. Este é um serviço que também é ofereci<strong>do</strong> por algumas<br />
empresas, assim como a confecção da ficha catalográfica.<br />
É muito importante, seja qual for a forma que você decidir editar, de registrar o seu<br />
livro (ISBN). Este registro pode ser feito <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> através da Biblioteca Nacio<strong>na</strong>l<br />
(http://www.bn.br) e <strong>na</strong> <strong>Suíça</strong> <strong>na</strong>s Agências ISBN vinculadas à Biblioteca Nacio<strong>na</strong>l<br />
<strong>Suíça</strong> (http://www.nb.admin.ch/nb_professionnel/issn/00660/index.html?lang=fr) .<br />
Este registro é o que lhe garante os direitos autorais.<br />
Procure conversar com que já editou, discuta com pessoas que desejam editar, troque<br />
idéias. A melhor maneira para um nem sempre é para o outro mas o a experiência<br />
com certeza será o que há de mais valioso <strong>no</strong> caminho de sua edição ou auto<br />
-edição.<br />
Boa sorte!<br />
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