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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Introdução • 15<br />

gama <strong>de</strong> interpretações a que é evi<strong>de</strong>ntemente a única verda<strong>de</strong>ira ou<br />

que parece ser a mais provável. Às vezes ele renuncia certa interpretação<br />

por ser pobre e insatisfatória. Em outras vezes, ele simplesmente<br />

<strong>de</strong>clara sua preferência por uma ou outra interpretação, quando, após<br />

criterioso exame, pareceu-lhe ter o balanço dos argumentos em seu<br />

favor; sem, contudo, expressar alguma oposição final a algum ponto <strong>de</strong><br />

vista, quando o que preferiu era apoiado por apenas uma leve prepon<strong>de</strong>rância<br />

<strong>de</strong> evidência. Em outras vezes, ele não <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> entre diferentes<br />

interpretações, <strong>de</strong>monstrando que, com respeito a certas palavras e expressões,<br />

ele não chega a uma opinião fixa. Em todos esses exemplos, 3<br />

ele revela muita perspicácia e bom senso. Indubitavelmente, ele às vezes<br />

se equivoca em sua interpretação <strong>de</strong> passagens particulares. Mas<br />

quando se consi<strong>de</strong>ra que as Escrituras há muito se fizeram um livro selado,<br />

e que os auxílios <strong>de</strong> que se dispunha eram poucos e imperfeitos,<br />

comparados com aqueles que ora possuímos, é ainda admirável que<br />

ele tenha tido pleno êxito em trazer a lume seu genuíno significado.<br />

Isso se <strong>de</strong>veu principalmente ao vigor e acuida<strong>de</strong> do intelecto, combinados<br />

com um raciocínio sadio e discriminativo. Tais, <strong>de</strong>veras, eram<br />

as qualida<strong>de</strong>s mentais por meio das quais ele peculiarmente se distinguia.<br />

Não nos <strong>de</strong>paramos com nenhum lampejo <strong>de</strong> poesia, nenhuma<br />

chispa <strong>de</strong> fantasia, dando evidência <strong>de</strong> uma po<strong>de</strong>rosa imaginação. As<br />

passagens eloqüentes que ocorrem são a eloqüência da razão, não as<br />

eclosões da imaginação. Sua força <strong>de</strong> pensamento, porém, o vigor e<br />

perspicácia <strong>de</strong> seu intelecto, o extraordinário po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> seu raciocínio,<br />

atrai nossa espontânea admiração.<br />

3 No <strong>Comentário</strong> <strong>de</strong> Calvino, e das quais temos ainda mui numerosos exemplos em Poole’s<br />

Synopsis Criticorum, <strong>de</strong> forma alguma <strong>de</strong>ve supor-se que o significado da linguagem da Escritura<br />

é vago, impreciso e duvidoso. Houvessem os professos intérpretes da Escritura sempre efetuado<br />

sua tarefa com critério, bem como com ciência e talento, <strong>de</strong>ixando-se guiar pelas regras da sã<br />

hermenêutica, e os leitores não haveriam se emaranhado em tantas diferentes e contraditórias<br />

interpretações. Entretanto, ainda há palavras e orações, cuja exata significação é mais ou menos<br />

duvidosa e incerta, <strong>de</strong> modo que se torna difícil <strong>de</strong>terminar entre diferentes sentidos que lhes<br />

foram impostos. As razões disso são bem <strong>de</strong>lineadas por Cresswell, em seu prefácio a The Book<br />

of Psalms With Nots (pp. 14-16), e a passagem tem assim servido <strong>de</strong> apoio a uma série <strong>de</strong> variadas<br />

interpretações, das quais Calvino trata neste <strong>Comentário</strong>, e que citaremos por inteiro, não<br />

obstante serem longas.

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