Nova Cartografia Social da Amazônia - Mearim, vol 2
Nova Cartografia Social da Amazônia - Mearim, vol 2
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COORDENAÇÃO DO MIQCB<br />
Coordenação Executiva<br />
Coordenadora Geral<br />
Maria Adelina de Sousa Chagas (Regional <strong>Mearim</strong>)<br />
Vice-Coordenadora<br />
Maria Querubina <strong>da</strong> Silva Neta (Regional Imperatriz)<br />
Coordenadora Financeira<br />
Cledeneuza Maria Bezerra Oliveira (Regional Pará)<br />
Secretária Geral<br />
Domingas de Fátima Freitas (Regional Piauí)<br />
Secretária de Formação<br />
Zulmira de Jesus Santos Mendonça (Regional Baixa<strong>da</strong>)<br />
Secretária de Comunicação<br />
Emília Alves <strong>da</strong> Silva Rodrigues (Regional Tocantins)<br />
Conselho Fiscal<br />
Luzia Domingas dos Santos (Regional Pará)<br />
Maria Eulália Mendes Nunes (Regional Baixa<strong>da</strong>)<br />
Eunice <strong>da</strong> Conceição Costa (Regional Imperatriz)<br />
Claudisdean de Melo Silva de Oliveira (Regional Tocantins)<br />
Antonia Gomes de Sousa (Regional <strong>Mearim</strong>)<br />
Helena Gomes <strong>da</strong> Silva (Regional Piauí)<br />
Projeto <strong>Nova</strong> <strong>Cartografia</strong> <strong>Social</strong> <strong>da</strong> Amazônia<br />
Série: Movimentos sociais, identi<strong>da</strong>de coletiva e conflitos<br />
FASCÍCULO 2<br />
Quebradeiras de coco babaçu do <strong>Mearim</strong><br />
São Luís, 2005<br />
Projeto editorial<br />
Alfredo Wagner Berno de Almei<strong>da</strong><br />
Equipe <strong>da</strong> pesquisa Guerra Ecológica nos Babaçuais<br />
Alfredo Wagner Berno de Almei<strong>da</strong> (PPGSCA-UFAM)<br />
Joaquim Shiraishi Neto (PPGDA-UEA)<br />
Cynthia Carvalho Martins (PPGA-UFF)<br />
Edição<br />
Cynthia Carvalho Martins (PPGA-UFF)<br />
Ana Carolina Magalhães Mendes<br />
(Coordenadora Técnica do MIQCB)<br />
Comissão Temática<br />
Infra-estrutura<br />
Maria Martins de Sousa (Regional Pará)<br />
Geração de Ren<strong>da</strong><br />
Maria Clarin<strong>da</strong> Maximiano de Oliveira (Regional Pará)<br />
Reforma Agrária<br />
Domingas Célia Machado Aires (Regional Baixa<strong>da</strong>)<br />
Tecnologia para o Aproveitamento Sustentável do Babaçu<br />
Maria do Rosário Soares Costa Ferreira (Regional Baixa<strong>da</strong>)<br />
Organização e Processo Gerencial<br />
Ely Querubina <strong>da</strong> Silva Santos (Regional Imperatriz)<br />
Sustentabili<strong>da</strong>de Política e Financeira<br />
Maria <strong>da</strong> Consolação do Nascimento Oliveira<br />
(Regional Imperatriz)<br />
Gênero e Etnia<br />
Francisca Pereira Vieira (Regional Tocantins)<br />
Formação e Capacitação<br />
Beliza Costa Sousa (Regional Tocantins)<br />
Lei do Babaçu Livre<br />
Sebastiana Ferreira Costa e Silva (Regional <strong>Mearim</strong>)<br />
Trabalho Infantil em Áreas do Babaçu<br />
Diana Maria Sousa (Regional Piauí)<br />
Comunicação e Informação<br />
Francisca Rodrigues dos Santos (Regional Piauí)<br />
Políticas Públicas<br />
Maria Geralcina Costa Sousa (Regional <strong>Mearim</strong>)<br />
Assessorias que acompanham a regional <strong>Mearim</strong><br />
Coordenadora Técnica do MIQCB<br />
Ana Carolina Magalhães Mendes<br />
Assessora Regional <strong>Mearim</strong><br />
Valderlene Rocha Silva<br />
Assessora de Comunicação do MIQCB<br />
Lucimara Correa<br />
<strong>Cartografia</strong> temática e geoprocessamento<br />
Fabiano Saraiva<br />
Claudia I. S. dos Santos<br />
Projeto gráfico e editoração<br />
Design Casa 8<br />
www.designcasa8.com.br<br />
2 Projeto <strong>Nova</strong> <strong>Cartografia</strong> <strong>Social</strong> <strong>da</strong> Amazônia Série: Movimentos sociais, identi<strong>da</strong>de coletiva e conflitos
“A nossa luta é para preservação do meio ambiente e melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de<br />
de vi<strong>da</strong> pela organização, ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e reprodução do nosso trabalho<br />
e <strong>da</strong> nossa cultura”. “Achamos que a campanha é um avanço, uma<br />
melhoria para nós, para termos mais comunicação com as companheiras<br />
e aumentar mais a participação <strong>da</strong>s companheiras para ver esses problemas<br />
que estão ocorrendo com o babaçu. A pesquisa é um grande avanço<br />
para o trabalho do regional, se não fica só no papel a pesquisa aju<strong>da</strong>,<br />
precisamos repassar as informações umas para as outras.”<br />
Maria Adelina de Souza Chagas, Antônia Gomes de Sousa, Sebastiana Ferreira Costa e Silva,<br />
Maria Geralcina Costa Sousa, Coordenadoras do MIQCB, regional <strong>Mearim</strong>.<br />
D. Maria Adelina (Da<strong>da</strong>), d. Sebastiana (Moça) e d. Maria Geralcina,<br />
coordenadoras do MIQCB, <strong>Mearim</strong><br />
LUCIMARA CORREA<br />
“Nosso movimento foi como um pé de planta que se planta em canteiro<br />
maltratado, hoje o canteiro está frondoso, adubado, foi uma semente<br />
que nasceu, botou fruto bom, já teve fruto que amadureceu, nasceu, deu<br />
semente que caiu e deu outras árvores.”<br />
Dona Maria Santana, quebradeira de coco de Lima Campos<br />
Quebradeiras de coco babaçu do <strong>Mearim</strong><br />
3
Apresentação<br />
O Movimento Interestadual <strong>da</strong>s Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) se constituiu<br />
a partir de um trabalho conjunto que en<strong>vol</strong>ve uma rede de organizações <strong>vol</strong>untárias<br />
tais como: associações, clubes, comissões, grupos de mulheres e cooperativas que lutam<br />
pela preservação dos babaçuais, pela garantia <strong>da</strong>s quebradeiras de coco à terra,<br />
por políticas governamentais <strong>vol</strong>ta<strong>da</strong>s para o extrativismo pelo livre acesso aos babaçuais<br />
e pela eqüi<strong>da</strong>de de gênero. A partir do I Encontro, realizado em setembro de<br />
1991, iniciou-se uma articulação <strong>da</strong>s quebradeiras de coco do <strong>Mearim</strong>, e <strong>da</strong> Baixa<strong>da</strong><br />
Ocidental (MA), do Norte do Piauí e <strong>da</strong> região conheci<strong>da</strong> como Bico do Papagaio que<br />
engloba parte dos estados do Maranhão, Tocantins e sudeste do Pará. A articulação<br />
se consolidou e já foram realizados 5 encontros, reunindo centenas de quebradeiras<br />
que a ca<strong>da</strong> dia fortalecem a luta com uma consciência ambiental agu<strong>da</strong> e com uma<br />
percepção de seus direitos mais aprimora<strong>da</strong>. O último encontro ocorreu em dezembro<br />
de 2004 e face à gravi<strong>da</strong>de dos problemas ambientais decorrentes dos desmatamentos<br />
de babaçuais as quebradeiras de coco decidiram realizar uma campanha contra as<br />
devastações e contra a ven<strong>da</strong> do coco inteiro.<br />
As estratégias dessa campanha foram defini<strong>da</strong>s de acordo com a pesquisa que originou<br />
o livro “Guerra Ecológica dos Babaçuais”, levantando as principais problemáticas<br />
de ca<strong>da</strong> regional. Um dos resultados deste trabalho consistiu num mapa <strong>da</strong> região<br />
ecológica dos babaçuais que identifica as principais situações de devastação, as territoriali<strong>da</strong>des<br />
específicas correspondentes, as formas organizativas, a ocorrência de atos<br />
LUCIMARA CORREA<br />
Lançamento <strong>da</strong> campanha interestadual contra as devastações e a ven<strong>da</strong> do coco inteiro no Piauí<br />
4 Projeto <strong>Nova</strong> <strong>Cartografia</strong> <strong>Social</strong> <strong>da</strong> Amazônia Série: Movimentos sociais, identi<strong>da</strong>de coletiva e conflitos
delituosos contra as quebradeiras, as uni<strong>da</strong>des oficiais de conservação, as indústrias<br />
en<strong>vol</strong>vi<strong>da</strong>s nos desmatamentos e as grandes plantações de grãos (soja), as pastagens<br />
e outros cultivos homogêneos para fins industriais (dendê, eucalipto, mamona, cana<br />
de açúcar) , cuja expansão sobre a área de ocorrência de babaçuais é preocupante.<br />
Dentro <strong>da</strong> área ecológica de ocorrência dos babaçuais, que inclui 18 milhões de<br />
hectares, há ain<strong>da</strong> territoriali<strong>da</strong>des específicas como as denomina<strong>da</strong>s terras de quilombo,<br />
terras de santo, e terras de índio, terras indígenas, o território étnico impactado<br />
pela Base de Lançamento de Foguetes de Alcântara e 04 reservas extrativistas. Há<br />
ain<strong>da</strong> as mulheres que moram nas periferias urbanas e nas chama<strong>da</strong>s “pontas de ruas”,<br />
as sem terras, as que estão em áreas de conflitos agrários, as que moram em terras de<br />
Projetos de Assentamento e as que são pequenas proprietárias.<br />
Esse segundo fascículo apresenta os <strong>da</strong>dos recolhidos pela pesquisa na área classifica<strong>da</strong><br />
pelo MIQCB como regional do <strong>Mearim</strong>. Os municípios percorridos durante a<br />
pesquisa foram os seguintes: Capinzal do Norte, Pedreiras, Trizidela do Vale, São Luís<br />
Gonzaga do Maranhão, Lago dos Rodrigues, Peritoró, Lago do Junco, Igarapé Grande,<br />
Bernardo do <strong>Mearim</strong> e Esperantinópolis.<br />
Por que os fascículos regionais?<br />
A iniciativa do Movimento Interestadual <strong>da</strong>s Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB)<br />
em articulação com o Projeto <strong>Nova</strong> <strong>Cartografia</strong> <strong>Social</strong> <strong>da</strong> Amazônia de produzir esse<br />
fascículo deu-se a partir <strong>da</strong> constatação de que nos últimos três anos assiste-se a novas<br />
formas de devastação dos babaçuais e de exploração <strong>da</strong>s quebradeiras de coco.<br />
Essas explorações são vivencia<strong>da</strong>s de forma diferente por ca<strong>da</strong> regional, <strong>da</strong>í a idéia dos<br />
fascículos regionais.<br />
Nesta região, conheci<strong>da</strong> como <strong>Mearim</strong> foi possível observar, em relação ao processo<br />
de devastação dos babaçuais, as seguintes situações: derruba<strong>da</strong>s de palmeirais,<br />
produção de carvão do coco babaçu, baterias de fornos de babaçu, compra do coco<br />
inteiro, fornos móveis, compra <strong>da</strong> casca, envenenamento <strong>da</strong> pindova e arren<strong>da</strong>mento<br />
do coco. Em relação à ocorrência de Atos Delituosos Contra as quebradeiras registramos,<br />
dentre outras: ameaças de morte, ameaças de violência sexual, obrigação de fornecer<br />
a casca do coco, aliciamento para trabalhar sem observância dos direitos trabalhistas,<br />
impedimento e restrições ao livre deslocamento nos babaçuais com violação<br />
do direito de ir e vir.<br />
Quebradeiras de coco babaçu do <strong>Mearim</strong> 5
45°<br />
5°<br />
4°<br />
Guerra Ecológica nos Babaçuais<br />
CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS<br />
45°
44°<br />
44°<br />
4°<br />
5°
JOAQUIM SHIRAISHI NETO<br />
O Processo de Devastação dos Babaçuais na regional do <strong>Mearim</strong><br />
Caminhão com cascas de coco<br />
babaçu na estra<strong>da</strong> de Peritoró<br />
A região do <strong>Mearim</strong> é classifica<strong>da</strong> pelo IBGE como<br />
“região dos cocais”, em virtude de se constituir na<br />
maior área de babaçuais do Estado do Maranhão.<br />
Sua extensão corresponde a 2.970.000 hectares,<br />
sendo a área efetivamente coberta com babaçu<br />
correspondente a 1.841.450 ha.<br />
Esta região encontra-se impacta<strong>da</strong>, considerando<br />
o avanço do processo de devastação promovido<br />
por pecuaristas e por indústrias de ferro gusa, de<br />
óleo vegetal, sabão e cerâmicas.<br />
É comum, ao percorrer essa região, observar um<br />
amontoado de coco babaçu na porta <strong>da</strong>s casas. Poderíamos pensar em abundância<br />
do recurso, mas ocorre que esse processo tem se <strong>da</strong>do em função <strong>da</strong> valorização <strong>da</strong><br />
casca do coco e do coco inteiro na produção do carvão destinado às siderúrgicas, as<br />
indústrias de sabão e óleo e as cerâmicas <strong>da</strong> região.<br />
O uso indiscriminado <strong>da</strong> casca do coco e do coco para a produção de carvão se<br />
deve a sua utilização em larga escala para abastecer as siderúrgicas Pacífico de Paula<br />
e Companhia Siderúrgica do Maranhão (COSIMA), com sede em Bacabal e Santa<br />
Inês, respectivamente. A COSIMA, por exemplo, é abasteci<strong>da</strong> com cascas do babaçu<br />
dos municípios de Lago dos Rodrigues, Igarapé Grande, Cariri e Bernardo do <strong>Mearim</strong>.<br />
No <strong>Mearim</strong> há baterias de fornos terceiriza<strong>da</strong>s pela COSIMA nos municípios de Lago<br />
<strong>da</strong> Pedra, Governador Archer, Presidente Dutra, Coroatá, Chapadinha e Monção. Em<br />
função do aumento do preço do ferro gusa a previsão é que sejam abertos mais 20<br />
baterias de fornos no Estado do Maranhão. Os fornos possuem capaci<strong>da</strong>de de produzir<br />
em média 13 sacos de carvão por forna<strong>da</strong> e necessitam de poucos trabalhadores<br />
para operá-los. Os operadores dos fornos não possuem contratos formais de trabalho,<br />
trabalham em péssimas condições de higiene e segurança, sem equipamentos de proteção<br />
e submetidos a altas temperaturas dos fornos. Vale ressaltar que as cerâmicas <strong>da</strong><br />
região também utilizam o babaçu como carvão.<br />
Antes todo mundo tinha carvão,<br />
hoje falta para fazer o mingau <strong>da</strong>s crianças...<br />
O que precisamos exigir?<br />
• Que haja um controle por parte do poder público na comercialização<br />
de agrotóxicos.<br />
• Criação de uma legislação específica para a queima do coco inteiro.<br />
• Que a Autorização para Transporte de Produtos Florestais, exigi<strong>da</strong> nos postos<br />
de controle rodoviário, inclua a fiscalização <strong>da</strong> casca do coco e do coco inteiro.<br />
8 Projeto <strong>Nova</strong> <strong>Cartografia</strong> <strong>Social</strong> <strong>da</strong> Amazônia Série: Movimentos sociais, identi<strong>da</strong>de coletiva e conflitos
Situações identifica<strong>da</strong>s<br />
Produção de carvão nos fornos móveis – São fornos improvisados, feitos de tonéis<br />
de óleo, desses utilizados para armazenar água, com o fundo retirado de forma a permitir<br />
a queima do coco inteiro e <strong>da</strong>s cascas. Esses fornos são deslocados periodicamente,<br />
ou seja, quando o coco de uma área esgota o fornecedor arren<strong>da</strong> outra área<br />
de coleta.<br />
Baterias de produção de carvão – localizados em lugares ermos esses núcleos aglutinam<br />
to<strong>da</strong> a produção recolhi<strong>da</strong> pelos fornecedores e trazi<strong>da</strong> por caminhões. Os núcleos<br />
são áreas terceiriza<strong>da</strong>s pela COSIMA e se localizam, no <strong>Mearim</strong>, nos municípios<br />
de Lago <strong>da</strong> Pedra, e Coroatá.<br />
Os barracões – O fornecedor arren<strong>da</strong> uma área de fazen<strong>da</strong>, contrata mulheres para<br />
quebrar coco, as coloca em um barracão construído em ponto estratégico para que<br />
possam trabalhar de forma intensiva e depois compra as amêndoas por preço abaixo<br />
do mercado. As mulheres são obriga<strong>da</strong>s a <strong>da</strong>r to<strong>da</strong> a casca ao fornecedor e o quilo <strong>da</strong><br />
amêndoa está sendo vendido por R$ 0,40. Identificamos os chamados “barracões de<br />
coco” em Olho D’água <strong>da</strong>s Cunhãs e Igarapé Grande.<br />
As áreas arren<strong>da</strong><strong>da</strong>s – O fornecedor arren<strong>da</strong> uma área de fazen<strong>da</strong> e contrata homens,<br />
mulheres e crianças para catar coco que posteriormente é transportado para os<br />
“barracões” ou segue diretamente para as uni<strong>da</strong>des de produção de ferro gusa.<br />
O “roço” <strong>da</strong>s soltas – Nesse caso a família se responsabiliza por roçar to<strong>da</strong> a área<br />
onde será plantado o capim para a formação de pastagem para gado bovino. Tal família<br />
tem o direito de retirar o coco que, por sua vez, é repassado ao fornecedor que o<br />
transporta para a empresa de ferro gusa. A família pode optar por não vender o coco<br />
ou por vender somente uma parte.<br />
Área de babaçual<br />
cerca<strong>da</strong> para pecuária<br />
MAY WADDINGTON<br />
Quebradeiras de coco babaçu do Piauí 9
Lutamos pelo Babaçu livre é nossa arma<br />
contra a devastação e as explorações<br />
As organizações que atuam no <strong>Mearim</strong>, dentre elas a AMTR, iniciaram a discussão sobre<br />
a lei de livre acesso aos babaçuais e as quebradeiras de coco já aprovaram essa lei nos<br />
seguintes municípios: São Luís Gonzaga do Maranhão, Lago do Junco, Lago dos Rodrigues<br />
e Esperantinópolis. É necessário ampliar ain<strong>da</strong> mais a luta pelo livre acesso e acabar<br />
com as arbitrarie<strong>da</strong>des como as que ain<strong>da</strong> existem no <strong>Mearim</strong>, lista<strong>da</strong>s a seguir:<br />
Carteirinha – Em Capinzal do Norte há uma área onde o fazendeiro providenciou<br />
carteirinhas e credenciou as mulheres que poderiam fazer a coleta do coco, restringiu<br />
a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s quebradeiras que não possuem a carteirinha.<br />
Quebra de meia – Consiste na obrigatorie<strong>da</strong>de em deixar metade <strong>da</strong>s amêndoas quebra<strong>da</strong>s<br />
nas mãos do pretenso proprietário <strong>da</strong>s áreas de coleta. Identificamos a quebra<br />
de meia em Peritoró e Lago dos Rodrigues, certamente há outras locali<strong>da</strong>des onde<br />
esse tipo de exploração ocorre.<br />
Cerca elétrica – A colocação de cercas elétricas para impedir a entra<strong>da</strong> de quebradeiras<br />
de coco é mais comum na região <strong>da</strong> Baixa<strong>da</strong> Ocidental maranhense. No <strong>Mearim</strong> identificamos<br />
essa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de impedimento no município de Capinzal do Norte.<br />
Colocação de pregos nas porteiras – Para dificultar a passagem <strong>da</strong>s quebradeiras<br />
de coco.<br />
Quebradeiras de coco do <strong>Mearim</strong><br />
LUCIMARA CORREA<br />
10 Projeto <strong>Nova</strong> <strong>Cartografia</strong> <strong>Social</strong> <strong>da</strong> Amazônia Série: Movimentos sociais, identi<strong>da</strong>de coletiva e conflitos
Formas organizativas<br />
Nosso movimento é<br />
como um pé de planta<br />
LUCIMARA CORREA<br />
Grupo de Estudos em Capinzal do Norte<br />
Dentre as organizações que atuam nessa região ecológica destacamos a Associação<br />
em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão (ASSEMA) que articula movimentos,<br />
cooperativas e associações. Nessa rede de organizações destaca-se a Associação<br />
de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Lago do Junco e Lago dos Rodrigues (AMTR); a<br />
Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Lago do Junco (COPPALJ),<br />
a Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Esperantinópolis (COO-<br />
PAESP), a Comissão de Mulheres de São Luís Gonzaga. Há ain<strong>da</strong> grupos de mulheres,<br />
clubes de mães, grupos de estudos, associações e sindicatos que têm se destacado<br />
pela luta em defesa dos babaçuais. O MIQCB faz parte dessa rede e to<strong>da</strong>s essas organizações<br />
são suas parceiras.<br />
CONTATOS<br />
Escritório Central do MIQCB<br />
Rua Nascimento de Moraes 437 São Francisco 65076-320 São Luís MA<br />
telefone 98. 3268-3357 www.miqcb.org.br miqcb@miqcb.org.br<br />
Escritório MIQCB – <strong>Mearim</strong> (funciona na sede <strong>da</strong> ASSEMA)<br />
Rua Ciro Rego 218 Centro 65075-000 Pedreiras MA<br />
telefone 99. 3642-0995 regionalmearim@miqcb.org.br<br />
ASSEMA<br />
Rua Ciro Rego 218 Centro 65075-000 Pedreiras MA<br />
telefones 99. 3642.2061 99. 3642.2152 assemacomercio@assema.org.br<br />
Embaixa<strong>da</strong> Babaçu Livre<br />
Rua do Giz 175 Centro Histórico 65010-680 São Luís MA<br />
telefone 98. 3221-0462 embaixa<strong>da</strong>@assema.org.br<br />
Quebradeiras de coco babaçu do <strong>Mearim</strong> 11
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