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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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14 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

o qual foi mantido em estoque para ser apresentado no devido tempo<br />

e no lugar certo. É certo que, se alguém, num período anterior, o houvera<br />

cumulado com petiscos caríssimos, ele não o teria tolerado. Ele<br />

afirma, porém, que Maria não fez isso como algo costumeiro, mas a<br />

fim de cumprir seu último dever para com ele. Além disso, a unção de<br />

corpos não era naquele tempo uma cerimônia vazia, mas, ao contrário,<br />

um símbolo espiritual, com o intuito de pôr diante de seus olhos<br />

a esperança da ressurreição. As promessas eram ainda obscuras;<br />

Cristo ainda não ressuscitara, o qual é com razão designado como as<br />

primícias dos que dormem [1Co 15.20]. Os crentes, pois, necessitam<br />

de tais auxílios que os conduzam a Cristo, que ainda se acha ausente;<br />

e, consequentemente, a unção de Cristo não era, naquele momento,<br />

supérflua, porquanto logo foi sepultado e foi então ungido como se já<br />

estivesse deitado no túmulo. Os discípulos não estavam ainda cônscios<br />

desse fato, e Maria inquestionavelmente foi de súbito movida a<br />

fazer, sob a direção do Espírito de Deus, o que previamente não tencionava<br />

fazer. Cristo, porém, aplica à esperança de sua ressurreição<br />

o que tão seriamente reprovava, a fim de que a utilidade que ele lhes<br />

ressaltou nessa ação 4 os levasse a renunciar a opinião precipitada<br />

e ímpia que haviam formado a seu respeito. Uma vez que a vontade<br />

de Deus era que a infância de seu antigo povo fosse guiada por tais<br />

exercícios, nos dias atuais seria tolice tentar a mesma coisa; tampouco<br />

isso se faria sem dirigir um insulto a Cristo que tem dissipado tais<br />

sombras pelo esplendor de sua vinda. Mas como sua ressurreição<br />

não havia introduzido ainda o cumprimento das sombras da lei, era<br />

oportuno que sua ressurreição fosse adornada com uma cerimônia<br />

externa. O perfume de sua ressurreição agora tem suficiente eficácia,<br />

sem o nardo e os unguentos de preço tão elevado, para vivificar o<br />

mundo inteiro. Lembremo-nos, porém, que ao julgar as ações dos<br />

homens fiquemos com a decisão exclusiva de Cristo, diante de cujo<br />

tribunal um dia estaremos.<br />

4 “A fin que l’utilité laquelle il leur monstre en ce faict les retire du jugement chagrin et<br />

pervers qu’ils en faisoyent.”

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