caracterização ambiental e hidrológa da bacia do córrego ... - Index of
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO<br />
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNLOGIA<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE<br />
EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL<br />
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL E HIDROLÓGICA<br />
DA BACIA DO CÓRREGO BARBADO EM CUIABÁ-MT<br />
ROSANGELA MARIA GUARIENTI VENTURA<br />
Pr<strong>of</strong>ª. Drª. Eliana Beatriz Nunes Ron<strong>do</strong>n Lima<br />
Orienta<strong>do</strong>ra<br />
Cuiabá, MT<br />
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO<br />
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNLOGIA<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE<br />
EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL<br />
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL E HIDROLÓGA DA<br />
BACIA DO CÓRREGO BARBADO EM CUIABÁ-MT<br />
ROSANGELA MARIA GUARIENTI VENTURA<br />
Dissertação apresenta<strong>da</strong> junto ao<br />
Programa de Pós-Graduação em<br />
Engenharia de Edificações e Ambiental<br />
<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de Mato Grosso,<br />
como requisito para obtenção <strong>do</strong> título de<br />
Mestre.<br />
Pr<strong>of</strong>ª. Drª. Eliana Beatriz Nunes Ron<strong>do</strong>n Lima<br />
Orienta<strong>do</strong>ra<br />
Cuiabá, MT<br />
2011
C331c<br />
Ventura, Rosângela Maria Guarienti.<br />
Caracterização Ambiental e Hidróloga <strong>da</strong> Bacia <strong>do</strong> Córrego<br />
Barba<strong>do</strong> em Cuiabá-MT./ Rosângela Maria Guarienti Ventura.<br />
Cuiabá: UFMT, 2011.<br />
112 fls.<br />
Dissertação – Mestra<strong>do</strong> em Engenharia de Edificações e<br />
Ambiental - UFMT.<br />
Orienta<strong>do</strong>ra: Pr<strong>of</strong>a. Dra. Eliana Beatriz Nunes Ron<strong>do</strong>n Lima<br />
Internacionais de Catalogação na Fonte. Da<strong>do</strong>s Internacionais de Catalogação na Fonte. Da<strong>do</strong>s Internacionais de Catalogação na Fonte. Da<strong>do</strong>s Internacionais de Catalogação na Fonte. Da<strong>do</strong>s<br />
1.Hidrologia Urbana. 2.Determinação de Vazão. 3.Córrego<br />
<strong>do</strong> Barba<strong>do</strong>. I.Título.<br />
CDU 62 : 504<br />
catalográfica elabora<strong>da</strong> pelo Bibliotecário Douglas de Faria Rios. CRB1/1610. Permiti<strong>da</strong> a reprodução parcial ou total desde que cita<strong>da</strong> a fonte. Permiti<strong>da</strong> a reprodução parcial ou total desde que cita<strong>da</strong> a fonte. Permiti<strong>da</strong> a reprodução parcial ou total desde que cita<strong>da</strong> a fonte. Permiti<strong>da</strong> a reprodução parcial ou total desde que cita<strong>da</strong> a fonte. Ficha
Se um dia eu pudesse ver<br />
Meu passa<strong>do</strong> inteiro<br />
E fizesse parar de chover<br />
Nos primeiros erros<br />
Meu corpo viraria sol<br />
Minha mente viraria sol<br />
Mas só chove, chove<br />
Chove, chove.<br />
(Kiko Zambianchi)
AGRADECIMENTOS<br />
Aprendi com a Ciência que para entender sobre algo era preciso observar e<br />
depois concluir. Durante minha vi<strong>da</strong> fui abençoa<strong>da</strong> pelas graças <strong>do</strong> grande<br />
Arquiteto <strong>do</strong> Universo com oportuni<strong>da</strong>des, o ven<strong>do</strong> atuar sobre meu caminho me<br />
guian<strong>do</strong> sempre para o meu melhor. Assim não poderia ser diferente, agradeço<br />
primeiramente a Deus que sempre esteve no coman<strong>do</strong> de ca<strong>da</strong> passo meu.<br />
Agradeço a Ele pelo amor de minha família e meu esposo, meu bem maior, por<br />
minha paz, minha saúde, meu lar, meus amigos e meu trabalho.<br />
Agradeço à Deus por ter nasci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s melhores pais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, onde pude<br />
estar juntamente com meu irmão desfrutan<strong>do</strong> <strong>do</strong> amor, compreensão e sabe<strong>do</strong>ria<br />
divina. Impossível não ressaltar o agradecimento ao meu pai Osmar e minha mãe<br />
Maria, que sei que abdicaram <strong>da</strong> tranquili<strong>da</strong>de de morar no interior para<br />
proporcionar aos filhos um estu<strong>do</strong> de quali<strong>da</strong>de. Passarei a vi<strong>da</strong> tentan<strong>do</strong><br />
recompensá-los e sei que tenho o dever e a obrigação de ser uma excelente<br />
pr<strong>of</strong>issional, porque vocês fizeram de tu<strong>do</strong> para que isso fosse possível.<br />
Ao meu mari<strong>do</strong> Thiago, meu grande amor, eu sei que tu<strong>do</strong>, absolutamente<br />
tu<strong>do</strong> fica mais fácil estan<strong>do</strong> ao seu la<strong>do</strong>, obriga<strong>da</strong> por to<strong>da</strong> sua participação e<br />
exemplo em minha vi<strong>da</strong>. Desculpe e obriga<strong>da</strong> por colaborar nos dias que<br />
atrapalhei seu sono, me ausentei em eventos sociais e deixei o jantar por sua<br />
conta. Seu apoio ao meu crescimento fortalece essa união e fortifica nosso amor.<br />
Ao meu irmão César que me explicou com duras e sábias palavras que<br />
meu dever era ter sempre boas notas e entrar na UFMT. Agora que somos frutos<br />
dessa facul<strong>da</strong>de sabemos como ela faz a diferença em nossa vi<strong>da</strong>. Podemos ain<strong>da</strong><br />
provar a nós e ao mun<strong>do</strong> que o ensino é capaz de mu<strong>da</strong>r qualquer destino<br />
supostamente traça<strong>do</strong>.<br />
Aos meus amigos que entenderam minha ausência e animaram minha<br />
presença durante essa etapa. Especialmente aos amigos João Victor e Vanessa que<br />
insistiam em me levar para a Chapa<strong>da</strong> <strong>do</strong>s Guimarães entre outros momentos<br />
inesquecíveis, “Good morning!”.<br />
A Nilma Faria que compartilhou comigo a mesma área de estu<strong>do</strong>, as<br />
inúmeras chuvas, problemas e prejuízos durante o campo <strong>da</strong> nossa pesquisa . Foi<br />
muito bom rir de tu<strong>do</strong> aquilo e superar as dificul<strong>da</strong>des com você.<br />
Ao tio Mário e tia Beth que sempre incentivaram os meus estu<strong>do</strong>s e me<br />
aconselharam a seguir o caminho <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong>. Obriga<strong>da</strong> por acreditarem e por me<br />
fazerem acreditar.<br />
i
Ao pr<strong>of</strong>essor Alexandre Silveira, por contribuir com minha formação e<br />
com esse trabalho com tanta compreensão, estímulo e paciência. Agradeço<br />
principalmente por ser um exemplo de <strong>do</strong>cente, que prioriza os interesses <strong>do</strong><br />
aluno.<br />
Agradeço a minha orienta<strong>do</strong>ra Eliana Beatriz por aceitar, na reta final, a<br />
orientação deste trabalho e por contribuir com tanto primor para o bom an<strong>da</strong>mento<br />
desse processo. Agradeço por se dedicar atenden<strong>do</strong> minhas dúvi<strong>da</strong>s e correções<br />
inclusive em finais de semana e feria<strong>do</strong>s.<br />
Ao Pe. João e Irmã Aurizena pelas orações e apoio amigo em to<strong>da</strong> a<br />
jorna<strong>da</strong>. Este apoio é explica<strong>do</strong> assim como a minha Fé: não vejo, mas sinto, e por<br />
isso não há dúvi<strong>da</strong>s.<br />
Aos colegas de pr<strong>of</strong>issão <strong>do</strong> Laboratório SEMA, pelo apoio e incentivo<br />
ímpar durante a etapa final. Em especial aos amigos Elisângela, Fabiane, Flávia e<br />
Salvino que além de contribuírem para o trabalho, foram aqueles com quem eu<br />
pude contar e me espelhar. Agradeço também a Naira, para que eu possa cobrar o<br />
agradecimento prometi<strong>do</strong> em sua monografia, dissertação e tese de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>.<br />
Agradeço a to<strong>da</strong> Coordenação e pr<strong>of</strong>essores <strong>do</strong> Programa de Pós-<br />
Graduação de Engenharia de Edificações e Ambiental e a Universi<strong>da</strong>de Federal de<br />
Mato Grosso (UFMT). À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível<br />
Superior (Capes) e à to<strong>do</strong>s que contribuíram de alguma maneira para a conclusão<br />
desse trabalho.<br />
ii
SUMÁRIO<br />
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1<br />
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 5<br />
2.1. O EFEITO DA URBANIZAÇÃO NO MEIO AMBIENTE ......................... 5<br />
2.1.1. Medi<strong>da</strong>s de Controle ...................................................................................... 9<br />
2.2. LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO AOS CORPOS D’ÁGUA ...................... 12<br />
2.3. ELEMENTOS HIDROLÓGICOS ............................................................. 15<br />
2.4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS............................ 16<br />
2.4.1. Área <strong>da</strong> Bacia ............................................................................................ 16<br />
2.4.2. Tempo de Concentração ............................................................................. 17<br />
2.4.3. Coeficiente de Compaci<strong>da</strong>de (Kc) .............................................................. 19<br />
2.4.4. Fator de Forma (Kf) ................................................................................... 19<br />
2.4.5. Densi<strong>da</strong>de de Drenagem (Dd) .................................................................... 20<br />
2.4.6. Sinuosi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s Cursos d’Água (Sin) ......................................................... 20<br />
2.4.7. Declivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Bacia ................................................................................. 21<br />
2.4.8. Declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Canal ................................................................................. 21<br />
2.5. ESCOAMENTO SUPERFICIAL .............................................................. 22<br />
2.5.1. Hidrograma Unitário (HU) ......................................................................... 22<br />
2.5.2. Snyder ....................................................................................................... 24<br />
2.5.3. Deflúvio .................................................................................................... 24<br />
2.5.4. Curva-chave ............................................................................................... 25<br />
2.5.5. Determinação de vazão .............................................................................. 25<br />
2.5.6. Medição de veloci<strong>da</strong>de por flutua<strong>do</strong>res ...................................................... 26<br />
3. ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................. 29<br />
3.1. CÓRREGO BARBADO – CARACTERÍSTICAS ........................................... 29<br />
3.1.1. Área <strong>da</strong> Bacia ............................................................................................ 29<br />
3.1.2. Clima ......................................................................................................... 30<br />
3.1.3. Solo ........................................................................................................... 30<br />
3.1.4. Relevo ....................................................................................................... 31<br />
3.2. IMPACTOS - CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL ................................. 31<br />
3.2.1. Processo de Ocupação ................................................................................ 33<br />
3.2.2. Impacto Socio<strong>ambiental</strong> ............................................................................. 35<br />
3.2.3. Vegetação .................................................................................................. 37<br />
3.2.4. Impacto nas Nascentes e no Curso d’Água ................................................. 43<br />
3.2.5. Impactos na drenagem ............................................................................... 48<br />
3.2.5.1. Coeficiente de escoamento ................................................................. 51<br />
iii
4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 53<br />
4.1. LEVANTAMENTO DE DADOS SECUNDÁRIOS ................................... 54<br />
4.1.1. Registros Pluviométricos ........................................................................... 55<br />
4.2. LEVANTAMENTO DE DADOS PRIMÁRIOS......................................... 56<br />
4.2.1. Definição <strong>da</strong> área de estu<strong>do</strong> ........................................................................ 56<br />
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................... 68<br />
5.1. DADOS DE CHUVA ................................................................................ 68<br />
5.1.1. Histórico de Chuva .................................................................................... 68<br />
5.2. DADOS FISIOGRAFICOS ....................................................................... 71<br />
5.3. IMPERMEABILIZAÇÃO DA BACIA ..................................................... 72<br />
5.3.1. Uso e Ocupação <strong>da</strong> Bacia ........................................................................... 72<br />
5.4. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E SANEAMENTO. ......................... 75<br />
5.4.1. Habitação ................................................................................................... 76<br />
5.4.2. Ren<strong>da</strong> e Escolari<strong>da</strong>de ................................................................................. 77<br />
5.4.3. Saneamento - Água .................................................................................... 79<br />
5.4.4. Saneamento – Esgotamento Sanitário ......................................................... 80<br />
5.4.5. Saneamento Resíduos Sóli<strong>do</strong>s .................................................................... 83<br />
5.5. VAZÃO OBSERVADA E VAZÃO CALCULADA .................................. 84<br />
5.6. CURVA CHAVE ...................................................................................... 86<br />
5.7. HIDROGRAMAS ..................................................................................... 87<br />
5.8. SUGESTÕES DE INTERFERÊNCIAS TÉCNICAS ............................... 100<br />
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 102<br />
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 104<br />
7.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CITADAS .................................... 104<br />
7.2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS ........................ 108<br />
iv
LISTA DE FIGURAS<br />
Figura 1 - População, residente por <strong>do</strong>micílio – BRASIL 1940/2010 ............................... 5<br />
Figura 2 - Evolução Populacional de Cuiabá e Várzea Grande – MT - 1872-2000. ........... 6<br />
Figura 3 - Parâmetros <strong>do</strong> Hidrograma unitário triangular ............................................... 23<br />
Figura 4 - Hidrograma de Snyder .................................................................................. 24<br />
Figura 5 - Veloci<strong>da</strong>de distribuí<strong>da</strong> em uma seção ............................................................ 26<br />
Figura 6 – Layout de uma seção de levantamento .......................................................... 27<br />
Figura 7 - Veloci<strong>da</strong>de distribuí<strong>da</strong> em uma seção ............................................................ 28<br />
Figura 8 - Localização <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Cuiabá ................................................................... 29<br />
Figura 9 – Ciclo de Impactos ......................................................................................... 33<br />
Figura 10- Uso e ocupação <strong>do</strong> solo com destaque a <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>. .............. 34<br />
Figura 11 – Concentração de casas nas margens <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> ............................. 35<br />
Figura 12 - Residência a 5 metros <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> (2009). .................................................... 36<br />
Figura 13 - Imagem de satélite Spot, 2009. .................................................................... 38<br />
Figura 14 - Nascente, médio e baixo curso <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> ..................................... 39<br />
Figura 15- Con<strong>do</strong>mínios verticais, próximos a área de proteção ..................................... 39<br />
Figura 16 - placa de “entra<strong>da</strong> proibi<strong>da</strong>” e ao fun<strong>do</strong> construção próxima a APP. ............. 40<br />
Figura 17 - Trecho degra<strong>da</strong><strong>do</strong>, com mata de galeria ....................................................... 40<br />
Figura 18 - Margens ocupa<strong>da</strong>s por braquiaria, (2009) .................................................... 41<br />
Figura 19 - Ponte improvisa<strong>da</strong> no bairro Bela Vista (2009) ............................................ 42<br />
Figura 20 - Margem degra<strong>da</strong><strong>da</strong> (2009) .......................................................................... 43<br />
Figura 21 - Área de nascente, parque Massairo Okamura ............................................... 43<br />
Figura 22 - Resíduos na área <strong>da</strong> nascente ....................................................................... 44<br />
Figura 23 - Resíduos carrea<strong>do</strong>s em evento de chuva (2010) ........................................... 45<br />
Figura 24 - Foz <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> .............................................................................. 47<br />
Figura 25 - Trecho <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> anastomosa<strong>do</strong> (2009). .................................................... 48<br />
Figura 26 – Composição <strong>do</strong> leito <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> .................................................... 49<br />
Figura 27 – Fluxograma <strong>da</strong>s etapas meto<strong>do</strong>lógicas <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. ........................................ 53<br />
Figura 28 - Ocupação <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> e cursos d’água ..................................................... 54<br />
Figura 29 - Carta gráfica com leituras sobrepostas ......................................................... 55<br />
Figura 30 - Carta gráfica com pena trava<strong>da</strong> ................................................................... 55<br />
Figura 31- Área de estu<strong>do</strong> ............................................................................................. 57<br />
Figura 32 - Seção de estu<strong>do</strong> (2010) ............................................................................... 59<br />
Figura 33 – Molinete com lastro (2010) ......................................................................... 61<br />
Figura 34– ADCP na seção de estu<strong>do</strong> (2011) ................................................................. 62<br />
Figura 35 – Medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> seção de estu<strong>do</strong> ........................................................................ 63<br />
Figura 36 – Layout <strong>da</strong> área de lançamento <strong>do</strong>s flutua<strong>do</strong>res ............................................ 63<br />
Figura 37 – Precipitações mínimas, médias e máximas registra<strong>da</strong>s entre 1989 e 2011. ... 68<br />
Figura 38 - Figura (a) Foto aérea (2006); (b) Área não construí<strong>da</strong>; (c) Área construí<strong>da</strong>. . 73<br />
Figura 39 - Uso e ocupação <strong>do</strong> solo ............................................................................... 74<br />
Figura 40 - Tempo de estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> população <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> ...................................................... 79<br />
Figura 41 - Cobertura de abastecimento de água ............................................................ 80<br />
Figura 42 - Destino <strong>do</strong> esgotamento sanitário ................................................................ 81<br />
Figura 43 – Sistemas de Tratamento de Efluentes .......................................................... 82<br />
Figura 44 - Destino <strong>do</strong>s resíduos produzi<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong> .................................................... 84<br />
Figura 45 – Cota-vazão <strong>da</strong>s quatro chuvas observa<strong>da</strong>s ................................................... 86<br />
Figura 46 – Cota por vazão Observa<strong>da</strong> e Vazão calcula<strong>da</strong>.............................................. 87<br />
Figura 47 - Hidrograma de chuva Observa<strong>da</strong> 11-12-2010 .............................................. 88<br />
Figura 48- Hidrograma de chuva 06-02-2011 ................................................................ 89<br />
v
Figura 49 - Hidrograma de chuva 27-03-2011 ............................................................... 90<br />
Figura 50 - Hidrograma de chuva 16-04-2011 ............................................................... 91<br />
Figura 51 - Hidrograma de chuva 30-12-2010 ............................................................... 92<br />
Figura 52 - Hidrograma de chuva 01-01-2011 ............................................................... 92<br />
Figura 53 - Hidrograma de chuva 03-01-2011 ............................................................... 93<br />
Figura 54 - Hidrograma de chuva 10-01-2011 ............................................................... 94<br />
Figura 55 - Hidrograma de chuva 18-01-2011 ............................................................... 95<br />
Figura 56- Hidrograma de chuva 19-01-2011 ................................................................ 96<br />
Figura 57 – Hidrograma <strong>da</strong> chuva de 22-03-2011 .......................................................... 97<br />
Figura 58- Hidrograma <strong>da</strong> chuva de 26-03-2011 ............................................................ 98<br />
Figura 59 – Hidrograma de chuva de 31-03-2011 .......................................................... 98<br />
vi
LISTA DE TABELAS<br />
Tabela 1 - Causas e efeitos <strong>da</strong> urbanização sobre as inun<strong>da</strong>ções urbanas. ......................... 7<br />
Tabela 2 - Comparação <strong>do</strong>s aspectos <strong>da</strong> água no meio urbano .......................................... 8<br />
Tabela 3 - Dispositivos de infiltração e percolação ........................................................ 11<br />
Tabela 4 - Vantagens e Desvantagens <strong>do</strong>s dispositivos. ................................................. 11<br />
Tabela 5 - Causas e efeitos <strong>da</strong> urbanização e a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> ................ 32<br />
Tabela 6 - Quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água - Rio Cuiabá. ................................................................... 46<br />
Tabela 7 - Superfícies e seus valores de C ..................................................................... 51<br />
Tabela 8 – Natureza <strong>da</strong>s superfícies e seus valores de C. ................................................ 52<br />
Tabela 9 - Correção <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de. ................................................................................ 64<br />
Tabela 10 – Coeficientes de escoamento considera<strong>do</strong>. ................................................... 67<br />
Tabela 11 - Histórico de precipitação mensal. ................................................................ 69<br />
Tabela 12 - Da<strong>do</strong>s de chuva de 2010 a 2011. ................................................................. 70<br />
Tabela 13 - Histórico de precipitação anual e média mensal........................................... 70<br />
Tabela 14 - Da<strong>do</strong>s fisiográficos e tc <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> ......................... 71<br />
Tabela 15 - Formas de habitação por bairros .................................................................. 76<br />
Tabela 16 - Formas de habitação por bairros .................................................................. 77<br />
Tabela 17 - Ren<strong>da</strong> e Escolari<strong>da</strong>de por bairros ................................................................ 78<br />
Tabela 18 - Saneamento – água, por bairros. .................................................................. 79<br />
Tabela 19 - Saneamento, esgotamento sanitário por bairros. .......................................... 81<br />
Tabela 20 - Destinação <strong>do</strong>s resíduos sóli<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s, por bairro na <strong>bacia</strong>.................. 83<br />
Tabela 21 – Da<strong>do</strong>s de Cota e Vazão Observa<strong>da</strong> nos trechos <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> no<br />
perío<strong>do</strong> de Dezembro de 2010 a abril 2011 .................................................................... 85<br />
Tabela 22 – Relação entre a vazão de pico atingi<strong>da</strong> no hidrograma e a vazão de pico<br />
calcula<strong>da</strong>. ...................................................................................................................... 99<br />
vii
∆H - Diferença de nível<br />
A - Área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong><br />
LISTA DE SÍMBOLOS<br />
Dd - Densi<strong>da</strong>de de drenagem<br />
E - Comprimento Efetivo<br />
I - Declivi<strong>da</strong>de média <strong>da</strong> <strong>bacia</strong><br />
Kc - Coeficiente de Compaci<strong>da</strong>de<br />
Kf - Fator de forma<br />
L - Comprimento<br />
Li - Comprimento <strong>do</strong> talvegue principal<br />
N - Número de Rotações por segun<strong>do</strong><br />
Q - Vazão<br />
Qp - Vazão de pico<br />
Sin - Sinuosi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> curso d’água<br />
So - Declivi<strong>da</strong>de média <strong>do</strong> Talvegue<br />
T - Tempo<br />
tb - Tempo de base<br />
tc - Tempo de concentração<br />
tp - Tempo de Pico<br />
tr - Tempo recessão/duração <strong>da</strong> chuva efetiva<br />
V - Veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> escoamento<br />
Vi - Veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> escoamento no trecho<br />
viii
RESUMO<br />
VENTURA, R. M. G. Caracterização <strong>ambiental</strong> e hidrológica <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> em Cuiabá-MT. Cuiabá - MT 2011. 112f. Dissertação<br />
(Mestra<strong>do</strong>) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e<br />
Ambiental, Universi<strong>da</strong>de Federal de Mato Grosso.<br />
A crescente urbanização sem o devi<strong>do</strong> planejamento <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des propicia<br />
um processo de ocupação desordena<strong>da</strong> que resulta, em geral, em invasões de áreas<br />
de proteção <strong>ambiental</strong> e de risco, com: soterramento de nascentes,<br />
impermeabilização de áreas verdes, degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s margens e <strong>do</strong>s corpos d’água<br />
através <strong>do</strong> lançamento de efluentes líqui<strong>do</strong>s e resíduos sóli<strong>do</strong>s. Cujas<br />
consequências provocam alterações no regime hídrico natural <strong>da</strong>s <strong>bacia</strong>s e<br />
deterioração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s águas. Esses aspectos tem se torna<strong>do</strong> relevante nos<br />
estu<strong>do</strong>s de <strong>bacia</strong>s urbanas, como é o caso, <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> que está<br />
inseri<strong>da</strong> no perímetro urbano de Cuiabá, MT. As medi<strong>da</strong>s estruturais executa<strong>da</strong>s<br />
na <strong>bacia</strong> apenas transferiram o problema de escoamento para a foz, crian<strong>do</strong><br />
trechos de pontos críticos que transbor<strong>da</strong>m em chuvas intensas. Com o objetivo de<br />
caracterizar <strong>ambiental</strong>mente e analisar os elementos hidrológicos <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, foram<br />
considera<strong>da</strong>s hipóteses como: se a fisiografia é propensa a enchente; se a dinâmica<br />
de ocupação é adequa<strong>da</strong>; se o perfil <strong>do</strong>s ocupantes contribui para a degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong><br />
corpo hídrico; se existe viabili<strong>da</strong>de técnica para aplicação de medi<strong>da</strong>s de controle<br />
na <strong>bacia</strong>; se é possível trabalhar com monitoramento de cota e estimação de vazão<br />
para a cota verifica<strong>da</strong>; e se há como relacionar a intensi<strong>da</strong>de de chuva com a<br />
vazão. Para testar essas hipóteses, uma seção <strong>do</strong> curso d’água foi monitora<strong>da</strong>,<br />
imagens digitais trata<strong>da</strong>s e registros de <strong>da</strong><strong>do</strong>s sócio-econômico e <strong>ambiental</strong> foram<br />
analisa<strong>do</strong>s. O estu<strong>do</strong> resultou na: definição de uma curva chave <strong>da</strong> seção,<br />
elaboração de hidrogramas e hietogramas, e ain<strong>da</strong> na análise de alguns aspectos<br />
fisiográficos <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> elaboração <strong>do</strong> mapa de uso e ocupação <strong>do</strong> solo, estimativa<br />
<strong>da</strong> cobertura de saneamento e perfil <strong>do</strong>s ocupantes. A curva chave permitiu<br />
relacionar as cotas registra<strong>da</strong>s em linígrafo com a vazão calcula<strong>da</strong>, produzin<strong>do</strong><br />
hidrogramas que ilustram respostas hidrológicas na seção de estu<strong>do</strong> para um<br />
evento de chuva. A fisiografia não apresenta características de <strong>bacia</strong>s propensas a<br />
enchente, no entanto, o formato estreito e alonga<strong>do</strong> proporciona um escoamento<br />
rápi<strong>do</strong> que alia<strong>do</strong> a uma área impermeável de 57,4% potencializa picos de cheia.<br />
Na classificação <strong>da</strong> imagem de satélite <strong>do</strong> ano de 2009, estimou-se que 16,64% <strong>da</strong><br />
área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> é composta por alvenaria, 14,6% concreto e 26,16% pavimento,<br />
sen<strong>do</strong> áreas que contribuem para o escoamento superficial. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
socioeconômicos e ambientais <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> apresentam a desigual<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ocupação e<br />
deficiência significativa na cobertura <strong>do</strong> saneamento. Este estu<strong>do</strong> mostra que os<br />
impactos <strong>do</strong> quadro atual podem ser minimiza<strong>do</strong>s, e alguns reversíveis, através <strong>da</strong><br />
recuperação <strong>da</strong>s áreas verdes, melhorias na cobertura de saneamento, intervenções<br />
estruturais e trabalho de educação <strong>ambiental</strong> com os mora<strong>do</strong>res. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
levantamento hidrológico podem auxiliar em projetos de obras locais que possam<br />
amenizar o impacto <strong>da</strong>s cheias e estimar a interferência de medi<strong>da</strong>s mitiga<strong>do</strong>ras<br />
no corpo hídrico.<br />
Palavras-chave: Hidrologia urbana, determinação de vazão, <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>.<br />
ix
ABSTRACT<br />
VENTURA, R. M. G. Environmental characterization and hydrological <strong>of</strong> the<br />
basian Stream Barba<strong>do</strong> in Cuiaba-MT. Cuiabá - MT 2010. 112f. Dissertação<br />
(Mestra<strong>do</strong> em Engenharia de Edificações e Ambiental) – Programa de Pós-<br />
Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental, UFMT.<br />
The increasing urbanization without the had planning <strong>of</strong> the cities propitiates a<br />
process <strong>of</strong> disordered occupation that results, in general, in invasions <strong>of</strong> areas <strong>of</strong><br />
ambient protection and risk, with: burial <strong>of</strong> springs, waterpro<strong>of</strong>ing <strong>of</strong> green areas,<br />
solid degra<strong>da</strong>tion <strong>of</strong> the edges and the bodies <strong>of</strong> water through the launching <strong>of</strong><br />
effluent liquids and residues. Whose consequence provoke alterations in the<br />
natural water regimen <strong>of</strong> the basins and deterioration <strong>of</strong> the quality <strong>of</strong> waters.<br />
These aspects if have become excellent in the studies <strong>of</strong> urban basins, as it is the<br />
case, <strong>of</strong> the basin <strong>of</strong> the Bearded stream that is inserted in the urban perimeter <strong>of</strong><br />
Cuiabá, MT. Structural solutions that exist just transfer the problem <strong>of</strong> disposing<br />
to the mouth, creating pieces <strong>of</strong> critical points that come to overflow in heavy<br />
rains. With the objective to characterize ambiently and to analyze the hydrological<br />
elements <strong>of</strong> the basin, hypotheses had been considered as: if the physiography is<br />
inclined the flood; if the occupation dynamics is adjusted; if the pr<strong>of</strong>ile <strong>of</strong> the<br />
occupants contributes for the degra<strong>da</strong>tion <strong>of</strong> the basian stream; if viability exists<br />
technique for application <strong>of</strong> measures <strong>of</strong> control in the basin; if it is possible to<br />
work with monitoring <strong>of</strong> quota and esteem <strong>of</strong> outflow for the verified quota; e if<br />
has as to relate the rain intensity with the outflow. To test these hypotheses, a<br />
section <strong>of</strong> the course <strong>of</strong> water was monitored, treated digital images and registers<br />
<strong>of</strong> socioeconomic and ambient had been analyzed. The study it resulted in: the<br />
stage discharge curve section, and hydrographs, hietograms, physiographic<br />
features, use map and occupation <strong>of</strong> land, estimate <strong>of</strong> sanitation coverage and<br />
pr<strong>of</strong>ile <strong>of</strong> the occupants. The discharge curve allowed to relate the quotas<br />
registered in linigraph with the calculated outflow, producing hydrographs that<br />
illustrate water answers in the section <strong>of</strong> study for a rain event. The physiographic<br />
not adds characteristics <strong>of</strong> basins prone to flooding, however the format narrow<br />
and elongated provides a fast flow which combined with an impermeable area <strong>of</strong><br />
57.4% maximizes flood peaks. In classification <strong>of</strong> satellite pictures <strong>of</strong> the year<br />
2009, it was estimated that 16.64% <strong>of</strong> basin area is composed <strong>of</strong> masonry, 26.16%<br />
concrete and 14.6% floor, areas that contribute to run<strong>of</strong>f. This study sample that<br />
the impacts <strong>of</strong> the current picture can be minimized, and some reversible ones,<br />
through the recovery <strong>of</strong> the green areas, structural improvements in the sanitation<br />
covering, interventions and work <strong>of</strong> ambient education with the inhabitants. The<br />
results <strong>of</strong> the hydrology survey can assist in projects <strong>of</strong> local workmanships that<br />
can brighten up the impact <strong>of</strong> the full ones and esteem the interference <strong>of</strong><br />
mitigation measures in the water body.<br />
Key words: Urban Hydrology, determination <strong>of</strong> flow, stream Barba<strong>do</strong>.<br />
x
1. INTRODUÇÃO<br />
Com a crescente ocupação de áreas urbanas, o ciclo hidrológico s<strong>of</strong>re<br />
interferência no regime natural, principalmente o escoamento superficial que é<br />
diretamente altera<strong>do</strong> pela impermeabilização <strong>da</strong>s áreas ocupa<strong>da</strong>s pela urbanização. A<br />
área impermeabiliza<strong>da</strong> deixa de permitir a infiltração de uma parcela de água e<br />
torna-se uma área de contribuição <strong>do</strong> escoamento superficial , intensifican<strong>do</strong> assim<br />
os picos de cheia. É natural que eventos de chuva promovam o escoamento<br />
superficial, no entanto em áreas urbaniza<strong>da</strong>s as consequências são alarmantes: os<br />
corpos d’água não suportam o aumento <strong>do</strong> escoamento e passam a transbor<strong>da</strong>r,<br />
<strong>da</strong>nifican<strong>do</strong> a rede de drenagem, causan<strong>do</strong> enchentes e invadin<strong>do</strong> imóveis e vias.<br />
O estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> hidrologia urbana visa identificar os efeitos e o potencial <strong>da</strong>s<br />
respostas hidrológicas no processo de impermeabilização e alteração <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo.<br />
Dentre os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> processo de ocupação desordena<strong>do</strong> estão as enchentes que<br />
causam <strong>da</strong>nos ambientais, materiais e sociais. Há ain<strong>da</strong> a per<strong>da</strong> <strong>do</strong> bem maior que é a<br />
vi<strong>da</strong> haven<strong>do</strong> mortes imediatas em deslizamento, afogamento, moléstias transmiti<strong>da</strong>s<br />
pelo contato com a água contamina<strong>da</strong> ou pela exposição ao ambiente insalubre nos<br />
dias após o evento.<br />
A dinâmica econômica <strong>do</strong> país estimula a migração <strong>da</strong> população para<br />
grandes centros urbanos. Para Souza Junior (2004), a política de inserção capitalista,<br />
a despeito de ter guin<strong>da</strong><strong>do</strong> o país a um crescimento econômico incomum em<br />
determina<strong>do</strong>s momentos, tem relega<strong>do</strong> a questão <strong>ambiental</strong> a um plano secundário,<br />
internalizan<strong>do</strong> o paradigma, estabeleci<strong>do</strong> pela Revolução Industrial, de crescimento a<br />
qualquer custo. E o custo foi imputa<strong>do</strong> ao meio ambiente e aos recursos hídricos, em<br />
particular. Lima (2001) alertou que municípios <strong>da</strong> Baixa<strong>da</strong> Cuiabana não se<br />
estruturaram para acompanhar esse intenso processo de urbanização, que se<br />
caracterizou por uma ocupação desordena<strong>da</strong> e heterogênea, principalmente nas áreas<br />
periféricas <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des de Cuiabá e Várzea Grande.<br />
Problemas relaciona<strong>do</strong>s à drenagem urbana são comuns nas grandes ci<strong>da</strong>des.<br />
São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte são atingi<strong>da</strong>s constantemente por<br />
enchentes, algumas capitais a frente <strong>do</strong> problema já tomaram medi<strong>da</strong>s estruturais e<br />
1
não estruturais na prevenção, como é o caso de Curitiba e Porto Alegre. A ci<strong>da</strong>de de<br />
Cuiabá tem si<strong>do</strong> atingi<strong>da</strong>, anualmente, por pequenas enchentes que ao longo <strong>do</strong>s<br />
anos, vem aumentan<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> comum em dias de chuva a paralisação <strong>do</strong> trânsito<br />
e,nos eventos mais intensos os <strong>da</strong>nos materiais <strong>da</strong> população ribeirinha.<br />
A <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> reflete o resulta<strong>do</strong> de causa e consequência <strong>da</strong><br />
urbanização sem planejamento. Agressões ambientais como retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> mata ciliar,<br />
despejo de resíduos e esgoto e construções próximas <strong>da</strong>s margens são ações<br />
antrópicas que degra<strong>da</strong>m e alteram o regime natural, produzem uma estética<br />
desagradável, o<strong>do</strong>r, eutr<strong>of</strong>ização, per<strong>da</strong> <strong>da</strong> fauna aquática e erosão <strong>da</strong>s margens.<br />
Os estu<strong>do</strong>s de <strong>caracterização</strong> <strong>ambiental</strong> e analises de <strong>da</strong><strong>do</strong>s hidrológicos<br />
durante os eventos de chuva, na <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong>, abrangem a temática<br />
<strong>da</strong> drenagem urbana integra<strong>da</strong> com os problemas ambientais provoca<strong>do</strong>s pelo<br />
processo de uso e ocupação <strong>do</strong> solo.<br />
Este estu<strong>do</strong> pretende conhecer o comportamento hidrológico desta <strong>bacia</strong>, que<br />
permanece <strong>da</strong> nascente até a foz dentro <strong>do</strong> perímetro urbano <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Cuiabá.<br />
Durante o percurso já foram implanta<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de controle, estruturais e não<br />
estruturais, para conter o transbor<strong>do</strong> e preservar suas funções hídricas, como<br />
retificação, recomposição <strong>da</strong> mata ciliar, criação <strong>do</strong> parque Massairo Okamura na<br />
nascente, retira<strong>da</strong> de famílias <strong>da</strong>s margens, entre outras ações. No entanto, com a<br />
crescente especulação imobiliária local, suas áreas de proteção estão sen<strong>do</strong> ocupa<strong>da</strong>s<br />
e o aumento <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de populacional acaba contribuin<strong>do</strong> com a degra<strong>da</strong>ção.<br />
Conhecer o comportamento hidrológico é essencial para subsidiar estu<strong>do</strong>s<br />
que possibilitem a gestão integra<strong>da</strong> <strong>do</strong>s recursos hídricos, e assim a<strong>do</strong>tar medi<strong>da</strong>s<br />
preventivas para comportar a crescente urbanização <strong>da</strong> capital matogrossensse,<br />
Cuiabá.<br />
Para que a drenagem nas ci<strong>da</strong>des se torne mais sustentável <strong>do</strong> ponto de vista<br />
<strong>ambiental</strong> é necessário implementar o conceito de coleta, armazenamento, utilização<br />
e infiltração de águas pluviais, assunto que tem si<strong>do</strong> muito discuti<strong>do</strong> em nível<br />
nacional e internacional. Na <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> existem estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> meio<br />
acadêmico-científico que discutem projetos de intervenção, no entanto, não há<br />
intervenções técnicas para armazenamento de água de chuva implanta<strong>da</strong>s na <strong>bacia</strong>.<br />
O plano diretor <strong>do</strong> município trata o tema de maneira superficial não sen<strong>do</strong> previsto<br />
2
para o cenário futuro intervenções estruturais específicas como <strong>bacia</strong>s de retenção,<br />
trincheiras de infiltração e coleta para aproveitamento <strong>da</strong> água de chuva. A legislação<br />
municipal determina porcentagem máxima de área construí<strong>da</strong> de até 70% <strong>da</strong> área <strong>do</strong><br />
lote, exigin<strong>do</strong> uma quanti<strong>da</strong>de mínima de 30% de área <strong>do</strong> terreno permeável, porém<br />
a restrição é negligencia<strong>da</strong> em grande número <strong>do</strong>s lotes.<br />
Em grandes centros urbanos, como Cuiabá, as consequências <strong>da</strong> falta de<br />
planejamento agridem o meio ambiente, principalmente os recursos hídricos. O<br />
<strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> é alveja<strong>do</strong> com a falta de planejamento urbano. A destruição de<br />
suas margens por ocupações irregulares e o lançamento de esgoto sem tratamento<br />
prévio, são ações que refletem mais rapi<strong>da</strong>mente a consequência negativa.<br />
Em países mais desenvolvi<strong>do</strong>s a ênfase nas questões de drenagem urbana se<br />
concentra nos aspectos referentes a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água coleta<strong>da</strong>, algo imprescindível<br />
para combater a escassez e para conservação <strong>do</strong>s recursos hídricos e sua<br />
complexi<strong>da</strong>de de funções. O princípio de sustentabili<strong>da</strong>de também está inteiramente<br />
envolvi<strong>do</strong> na modernização <strong>do</strong>s conceitos de drenagem, visto que a água é finita, tem<br />
valor econômico agrega<strong>do</strong> e é um recurso de primeira necessi<strong>da</strong>de para maioria <strong>do</strong>s<br />
seres bióticos. O valor econômico <strong>da</strong> água potável tem aumenta<strong>do</strong>, devi<strong>do</strong> à<br />
crescente escassez, consequentemente em um futuro próximo os benefícios de<br />
armazenar água de chuva serão múltiplos. No Brasil o controle quantitativo <strong>da</strong>s<br />
enchentes ain<strong>da</strong> é o foco <strong>da</strong>s ações. Este trabalho irá analisar apenas o quesito<br />
quantitativo <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, é um passo que é preciso ser <strong>da</strong><strong>do</strong> para que futuramente o<br />
aspecto qualitativo possa ser abor<strong>da</strong><strong>do</strong>.<br />
A drenagem urbana em Cuiabá requer intervenções técnicas para minimizar<br />
ou evitar inun<strong>da</strong>ções. A fim de contribuir com <strong>da</strong><strong>do</strong>s que possibilitem conhecer o<br />
regime hidrológico de uma <strong>da</strong>s sub-<strong>bacia</strong>s <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, foram levanta<strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s como<br />
registro de chuvas no perío<strong>do</strong> de dezembro de 2010 a abril de 2011, medição de<br />
vazão na seção de estu<strong>do</strong>, curva chave, hidrograma de cheia, estu<strong>do</strong> social<br />
econômico e <strong>ambiental</strong> entre outros.<br />
O objetivo geral desse estu<strong>do</strong> é caracterizar <strong>ambiental</strong>mente e analisar os<br />
elementos hidrológicos <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>, Cuiabá-MT. Os objetivos<br />
específicos definiram-se a partir <strong>do</strong> estabelecimento de algumas hipóteses referentes<br />
às características sócio-econômica-<strong>ambiental</strong> e hidrológica <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong><br />
3
Barba<strong>do</strong>. As hipóteses traça<strong>da</strong>s foram: se a fisiografia é propensa a enchente. Se a<br />
dinâmica de ocupação <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res é adequa<strong>da</strong>, ou seja, em áreas apropria<strong>da</strong>s para<br />
construção de moradias e respeitan<strong>do</strong> o limite de área construí<strong>da</strong> por lote. Se o perfil<br />
<strong>do</strong>s ocupantes contribui para a degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> corpo hídrico por conta de hábitos<br />
como destinação de seus resíduos e lançamento de seus efluentes no <strong>córrego</strong> ou em<br />
local inadequa<strong>do</strong>. Se existe viabili<strong>da</strong>de técnica para aplicação de medi<strong>da</strong>s de controle<br />
na <strong>bacia</strong> que possam mitigar os impactos causa<strong>do</strong>s pelas ações antrópicas. Se é<br />
possível trabalhar com monitoramento de cota e estimar vazão para a cota atingi<strong>da</strong><br />
através <strong>do</strong> levantamento de curva chave, obten<strong>do</strong>-se assim a vazão calcula<strong>da</strong>. E se<br />
poderia relacionar a intensi<strong>da</strong>de de chuva com a vazão gera<strong>da</strong> na seção. Dentre os<br />
objetivos específicos que permitiram testar as hipóteses está a determinação <strong>da</strong> curva<br />
chave, conhecer a dinâmica de ocupação <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> bem como o perfil social<br />
econômico <strong>do</strong>s ocupantes e divulgar os resulta<strong>do</strong>s para a comuni<strong>da</strong>de científica e<br />
socie<strong>da</strong>de interessa<strong>da</strong>.<br />
Espera-se que o trabalho contribua com as pesquisas em desenvolvimento na<br />
área e, também, com a modernização <strong>do</strong>s projetos de drenagem para o Esta<strong>do</strong> de<br />
Mato Grosso.<br />
4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
A urbanização gera alterações ao meio ambiente provoca<strong>da</strong> pelas ações<br />
antrópicas, e ain<strong>da</strong> que planeja<strong>da</strong> resultam em reações ções adversas ao meio natural. SSem<br />
planejamento esses impactos alteram regimes hídricos de maneira qualitativa e<br />
quantitativa. Legislações na esfera federal, estadual e municipal visam a ordenação<br />
<strong>da</strong> ocupação cupação urbana, proteção e preservação <strong>do</strong>s corpos d’água d’água.<br />
Estu<strong>do</strong>s hidrológicos idrológicos permitem conhecer as interações ambientais na <strong>bacia</strong> e<br />
as respostas hídricas em precipitações intensas intensas. Da<strong>do</strong>s fisiográficos juntamente com<br />
os <strong>da</strong><strong>do</strong>s de vazão,<br />
socioeconômico <strong>do</strong>s ocupantes podem ser utiliza<strong>do</strong>s para o planejamento urbano e<br />
gestão integra<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>.<br />
2.1. O EFEITO DA URBANIZA<br />
URBANIZAÇÃO ÇÃO NO MEIO AMBIENTE<br />
A dificul<strong>da</strong>de de se planejar a urbanização de uma ci<strong>da</strong>de é acentua<strong>da</strong> pela<br />
aceleração <strong>do</strong> processo processo. O Brasil se tornou uma nação urbana somente ao final <strong>do</strong><br />
século XX e em 2010 a população urbana já ultrapassou 4/5 <strong>da</strong> população total<br />
atingin<strong>do</strong> a marca <strong>do</strong>s 190 milhões de pessoas, como demonstra a Figura 1.<br />
milhões de habitantes<br />
180<br />
160<br />
140<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
1940<br />
hidrogramas, uso e ocupação <strong>do</strong> solo, saneamento e perfil<br />
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010<br />
Figura 1 - População, residente por <strong>do</strong>micílio – BRASIL 1940/2010<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>,Tendências Demográficas, 2010. 0. IBGE 20 2010<br />
Urbana<br />
Rural<br />
De acor<strong>do</strong> com o relatório <strong>do</strong> IBGE, Estatísticas <strong>do</strong> Século XX, a urbanização<br />
é o resulta<strong>do</strong> de um processo inicia<strong>do</strong> na déca<strong>da</strong> de 50 na região Sudeste com a<br />
5
industrialização e a troca de áreas de emprego, que antes eram na zona rural,<br />
passan<strong>do</strong> a ser em grandes centros urbanos. A partir de então, este contraste se<br />
acentuou e se generalizou pelas cinco grandes regiões <strong>do</strong> país.<br />
No Brasil com uma população de 190.732.624 de habitantes, 84,35% é<br />
urbana. Mato Grosso com uma população de 3.033.991 de habitantes, 81,90%<br />
residem na área urbana. Dos 551.350 habitantes <strong>do</strong> município de Cuiabá, 98,12%<br />
dessa população residem na área urbana e <strong>do</strong>s 60.000 habitantes <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong><br />
<strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> 100% habitam na área urbana (IBGE 2010; IPDU 2009).<br />
O estu<strong>do</strong> abor<strong>da</strong><strong>do</strong> por Lima (2001), mostra ao longo <strong>do</strong>s anos a população<br />
de Cuiabá e Várzea Grande e aglomera<strong>do</strong> (Figura 2).<br />
Figura 2 - Evolução Populacional de Cuiabá e Várzea Grande – MT - 1872-2000.<br />
Fonte: Lima (2001)<br />
A autora afirma que as curvas de crescimento desse aglomera<strong>do</strong> resultam <strong>do</strong><br />
processo de urbanização desencadea<strong>do</strong> ao longo desses anos, caracteriza<strong>do</strong>,<br />
basicamente, por um crescimento desordena<strong>do</strong> e uma ocupação heterogênea <strong>da</strong>s<br />
áreas periféricas. Sem um planejamento urbano, esses municípios não puderam<br />
atender à deman<strong>da</strong>, proliferan<strong>do</strong> as invasões que resultaram em ocupações de áreas<br />
de risco, degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> solo e <strong>do</strong>s recursos hídricos. De acor<strong>do</strong> com o censo de<br />
2010, a capital Cuiabá possui 551.098 habitantes e o município de Várzea Grande<br />
252.596 habitantes, o aglomera<strong>do</strong> totaliza 803.694 habitantes.<br />
Como a deman<strong>da</strong> de moradias é bem maior <strong>do</strong> que a <strong>of</strong>erta de casas em<br />
bairros com infraestrutura, o problema <strong>da</strong> urbanização sem planejamento acontece<br />
em to<strong>da</strong>s as grandes ci<strong>da</strong>des brasileiras. Com o déficit habitacional, imóveis em<br />
6
airros planeja<strong>do</strong>s e com infraestrutura são inacessíveis a população carente, que na<br />
falta de alternativa muitas vezes se sujeitam a invadir terrenos desprepara<strong>do</strong>s para<br />
loteamento, sem água, esgoto, nem mesmo rede elétrica. Quase sempre as áreas<br />
invadi<strong>da</strong>s são: vales, encostas, morros e margens de corpos d’água. Dessa maneira as<br />
invasão agridem áreas de proteção <strong>ambiental</strong> e são áreas de risco. O resulta<strong>do</strong> tem<br />
si<strong>do</strong> o aumento de pessoas viven<strong>do</strong> em condições insalubres, sem cobertura<br />
adequa<strong>da</strong> de serviços básicos essenciais como água, esgoto e coleta de lixo e<br />
aumentan<strong>do</strong> o problema <strong>da</strong> drenagem urbana. Quan<strong>do</strong> há o saturamento de água no<br />
solo e quan<strong>do</strong> o leito <strong>do</strong> rio transbor<strong>da</strong> essas famílias são as primeiras a serem<br />
atingi<strong>da</strong>s, por deslizamentos ou inun<strong>da</strong>ções.<br />
A urbanização causa impactos no meio ambiente, mas é impossível construir<br />
sem alterar. No entanto, ao se planejar a urbanização de uma ci<strong>da</strong>de, impactos podem<br />
ser mitiga<strong>do</strong>s e até mesmo evita<strong>do</strong>s. A drenagem urbana é um <strong>do</strong>s setores mais<br />
impacta<strong>do</strong>s com o crescimento <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des. A drenagem natural de uma <strong>bacia</strong> é<br />
altamente comprometi<strong>da</strong> e o impacto é proporcional ao seu nível de urbanização.<br />
Tucci (2004) alerta que em casos extremos o pico de cheia em uma <strong>bacia</strong> urbaniza<strong>da</strong><br />
pode chegar a ser 6 vezes maior <strong>do</strong> que o pico desta mesma <strong>bacia</strong> em condições<br />
naturais. Na Tabela 1 podem ser observa<strong>da</strong>s as causas e efeitos <strong>da</strong>s intervenções<br />
antrópicas no regime hídrico:<br />
Tabela 1 - Causas e efeitos <strong>da</strong> urbanização sobre as inun<strong>da</strong>ções urbanas.<br />
CAUSAS EFEITOS<br />
Impermeabilização Maiores picos e vazões<br />
Redes de drenagem Maiores picos a jusante<br />
Degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água;<br />
Lixo<br />
Entupimento de bueiros e galerias.<br />
Degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água;<br />
Redes de esgotos deficientes<br />
Moléstia de veiculação hídrica;<br />
Inun<strong>da</strong>ções: consequências mais sérias.<br />
Desmatamento e<br />
Maiores picos e volumes;<br />
desenvolvimento<br />
Mais erosão;<br />
indisciplina<strong>do</strong><br />
Assoreamento em canais e galerias.<br />
Maiores prejuízos;<br />
Ocupação <strong>da</strong>s Várzeas<br />
Maiores picos;<br />
Maiores custos de utili<strong>da</strong>de pública.<br />
Fonte: TUCCI (2004)<br />
A urbanização eleva os preços <strong>do</strong>s loteamentos regulares e as habitações de<br />
interesses sociais são construí<strong>da</strong>s em áreas periféricas muito distantes <strong>do</strong>s grandes<br />
centros de emprego. Como consequência desse processo, na maioria <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des<br />
7
asileiras, as margens <strong>do</strong>s rios, áreas estas considera<strong>da</strong>s de preservação permanente<br />
(APP), são ocupa<strong>da</strong>s por populações de baixa ren<strong>da</strong> representa<strong>da</strong>s por assentamentos<br />
informais em função de sua exclusão de áreas planeja<strong>da</strong>s. Isto ocorre não por falta de<br />
normas ou critérios que disciplinem o meio ambiente ecologicamente equilibra<strong>do</strong>,<br />
pois a Legislação Ambiental brasileira é bastante rigorosa em suas normas, e abor<strong>da</strong><br />
claramente a proibição de construções em margens de corpos d’água. Entretanto, na<br />
maioria <strong>do</strong>s casos permanece inaplicável, pela capaci<strong>da</strong>de precária de fiscalização<br />
<strong>do</strong>s agentes públicos, pela omissão desses agentes, às vezes por atitudes corruptíveis,<br />
e pela inviabili<strong>da</strong>de de ações diante de situações sociais incontroláveis (OLIVEIRA,<br />
2006).<br />
O papel <strong>da</strong> drenagem urbana é minimizar os riscos a que a população está<br />
sujeita, diminuir os prejuízos causa<strong>do</strong>s por inun<strong>da</strong>ções e possibilitar o<br />
desenvolvimento urbano de forma harmônica, articula<strong>da</strong> e sustentável. Na Tabela 2 é<br />
demonstra<strong>do</strong> o avanço de países desenvolvi<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> possível observar que no<br />
Brasil ain<strong>da</strong> há muito a ser feito.<br />
Tabela 2 - Comparação <strong>do</strong>s aspectos <strong>da</strong> água no meio urbano<br />
Infraestrutura<br />
Países<br />
Brasil<br />
urbana<br />
desenvolvi<strong>do</strong>s<br />
Abastecimento de água Resolvi<strong>do</strong>, cobertura Grande parte atendi<strong>da</strong>, tendência de redução<br />
total<br />
de disponibili<strong>da</strong>de devi<strong>do</strong> a contaminação,<br />
grande quanti<strong>da</strong>de de per<strong>da</strong>s na rede.<br />
Saneamento Cobertura quase total. Falta de rede e estações de tratamento; as<br />
que existem não conseguem coletar esgoto<br />
como projeta<strong>do</strong>.<br />
Drenagem urbana Controla<strong>do</strong> os aspectos Grandes inun<strong>da</strong>ções devi<strong>do</strong> a ampliação de<br />
quantitativos;<br />
inun<strong>da</strong>ções; controle que agrava as<br />
Desenvolvimento para inun<strong>da</strong>ções através de canalizações;<br />
investimento de Aspectos de quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água nem mesmo<br />
aspectos de controle de<br />
quali<strong>da</strong>de de água.<br />
foram identifica<strong>do</strong>s<br />
Inun<strong>da</strong>ções ribeirinhas Medi<strong>da</strong>s de controle Grandes prejuízos por falta de política de<br />
não-estruturais como<br />
seguro e zoneamento<br />
de inun<strong>da</strong>ção.<br />
controle.<br />
Fonte: TUCCI (2002)<br />
8
2.1.1. Medi<strong>da</strong>s de Controle<br />
Existem diversas maneiras de interferir para mitigar os <strong>da</strong>nos ambientais e até<br />
mesmo impedir e prevenir para que estes não aconteçam. Na drenagem urbana essas<br />
medi<strong>da</strong>s são classifica<strong>da</strong>s em medi<strong>da</strong>s estruturais e não estruturais, sen<strong>do</strong><br />
imprescindível que as duas sejam a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s de maneira integral e contínua, sen<strong>do</strong> que<br />
o sucesso de uma por vezes depende <strong>da</strong> eficácia <strong>da</strong> outra.<br />
2.1.1.1. Medi<strong>da</strong>s Não Estruturais<br />
Medi<strong>da</strong>s não-estruturais são as que não envolvem precisamente uma obra ou<br />
intervenção física-estrutural. Canholi (2005) citou algumas <strong>da</strong>s ações mais a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s<br />
como sen<strong>do</strong>: a de regulamentação <strong>do</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo, educação <strong>ambiental</strong><br />
volta<strong>da</strong> ao controle <strong>da</strong> poluição difusa, erosão e lixo, seguro-enchente e sistema de<br />
alerta e previsão de inun<strong>da</strong>ções. São ações de baixo custo e com horizontes longos de<br />
atuação.<br />
A importância <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> não estrutural como previsão e alerta, está em<br />
integrar o poder público e a socie<strong>da</strong>de em ações para amenizar as consequências <strong>da</strong>s<br />
enchentes. Seria a aquisição de <strong>da</strong><strong>do</strong>s em tempo real, transmissão de informação para<br />
um centro de análise, previsão em tempo atual com modelo matemático, e plano de<br />
defesa civil que envolve to<strong>da</strong>s as ações individuais ou de comuni<strong>da</strong>de para reduzir as<br />
per<strong>da</strong>s durante as enchentes (TUCCI, 2002).<br />
Existem diversas medi<strong>da</strong>s não estruturais como, por exemplo, a legislação em<br />
vigor nas esferas: Federal, Estadual e Municipal que objetivam proteger os recursos<br />
hídricos e suas funções naturais. Infelizmente ao longo <strong>da</strong>s <strong>bacia</strong>s urbanas é comum<br />
encontrar o desrespeito tanto por ocupações irregulares como por ocupações<br />
regulares.<br />
2.1.1.2. Medi<strong>da</strong>s Estruturais<br />
Intervenções estruturais são obras de engenharia de micro ou macro<br />
drenagem que possibilitam a alteração <strong>do</strong> regime de drenagem com o objetivo de<br />
reduzir os <strong>da</strong>nos ou consequências <strong>da</strong>s inun<strong>da</strong>ções. Elas podem ser intensivas e<br />
extensivas que visem a correção e/ou prevenção <strong>do</strong>s problemas decorrentes de<br />
enchentes. Tucci (2002) classifica que medi<strong>da</strong>s extensivas são as que agem na <strong>bacia</strong>,<br />
9
procuran<strong>do</strong> modificar as relações entre precipitação e vazão e as medi<strong>da</strong>s intensivas<br />
são aquelas que agem no rio.<br />
tipos:<br />
De acor<strong>do</strong> com Canholi (2005) as medi<strong>da</strong>s intensivas podem ser de quatro<br />
1 De aceleração <strong>do</strong> escoamento: canalização e obras correlatas;<br />
2 Retar<strong>da</strong>mento <strong>do</strong> Fluxo: Bacia de detenção/retenção;<br />
3 Restauração de calhas naturais;<br />
4 Desvio <strong>do</strong> escoamento: túneis de derivação e canais de desvio. Há ain<strong>da</strong><br />
as que englobam ações individuais que visem tornar as edificações a<br />
prova de enchentes.<br />
Como medi<strong>da</strong>s estruturais extensivas, o autor descreve como sen<strong>do</strong> os<br />
pequenos armazenamentos dissemina<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong>, à recomposição de cobertura<br />
vegetal e controle de erosão <strong>do</strong> solo ao longo <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> de drenagem.<br />
Não se pode intervir de maneira estrutural em pontos atingi<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong> sem<br />
considerá-la como um sistema fecha<strong>do</strong>, pois ain<strong>da</strong> que haja o benefício no ponto<br />
implanta<strong>do</strong> pode ocorrer <strong>da</strong> obra vir a prejudicar outros pontos. Muitas vezes uma<br />
obra de retificação soluciona o problema no trecho retifica<strong>do</strong>, porém transfere o<br />
problema de inun<strong>da</strong>ção para jusante. Interferências de maneira estrutural no leito <strong>do</strong><br />
<strong>córrego</strong> fazem com que possam surgir novas áreas de risco, áreas que anterior a obra<br />
não eram afeta<strong>da</strong>s em eventos de cheia. Tucci (1995) alertou também que a medi<strong>da</strong><br />
estrutural pode criar uma falsa sensação de segurança, permitin<strong>do</strong> a ampliação <strong>da</strong><br />
ocupação <strong>da</strong>s áreas inundáveis que futuramente podem resultar em <strong>da</strong>nos<br />
significativos.<br />
No município de Cuiabá, entre os 17 <strong>córrego</strong>s presentes no perímetro urbano,<br />
apenas 4 não apresentam nenhuma obra de drenagem urbana ou intervenção física<br />
em seu curso. Os demais possuem canalizações abertas ou fecha<strong>da</strong>s em varia<strong>do</strong>s<br />
trechos, to<strong>do</strong>s situa<strong>do</strong>s em áreas de ocupação urbana consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>, de grande<br />
densi<strong>da</strong>de demográfica e impermeabilização intensa <strong>do</strong> solo (GALDINO &<br />
ANDRADE, 2008).<br />
Na Tabela 3 e Tabela 4 são cita<strong>do</strong>s alguns dispositivos que podem ser<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s para minimizar o escoamento superficial <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, são dispositivos<br />
10
sugeri<strong>do</strong>s e aplica<strong>do</strong>s na ci<strong>da</strong>de de Porto Alegre/RS, retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Manual de<br />
Drenagem Urbana <strong>do</strong> município.<br />
Tabela 3 - Dispositivos de infiltração e percolação<br />
DISPOSITIVO CARACTERÍSTICA CONDICIONANTES FÍSICOS PARA A<br />
UTILIZAÇÃO DA ESTRUTURA<br />
Planos e Valos de Grama<strong>do</strong>s, áreas com Pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> lençol freático no perío<strong>do</strong> chuvoso<br />
Infiltração eixos ou outro material maior que 1,20 m. A cama<strong>da</strong> impermeável deve<br />
com drenagem que permita a estar a mais de 1,20 m de pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de. A taxa de<br />
infiltração natural infiltração <strong>do</strong> solo quan<strong>do</strong> satura<strong>do</strong> não deve ser<br />
menor que 7,6 mm/h.<br />
Planos e Valos de Grama<strong>do</strong>s, áreas com Pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> lençol freático no perío<strong>do</strong> chuvoso<br />
Infiltração sem eixos ou outro material maior que 1,20 m. A cama<strong>da</strong> impermeável deve<br />
drenagem que permita a estar a mais de 1,20 m de pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de. A taxa de<br />
infiltração natural infiltração <strong>do</strong> solo quan<strong>do</strong> satura<strong>do</strong> não deve ser<br />
menor que 7,6 mm/h.<br />
Pavimentos Superfícies construí<strong>da</strong>s Pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> lençol freático no perío<strong>do</strong> chuvoso<br />
permeáveis de concreto, asfalto ou maior que 1,20 m. A cama<strong>da</strong> impermeável deve<br />
concreto vaza<strong>do</strong> com estar a mais de 1,20 m de pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de. A taxa de<br />
alta capaci<strong>da</strong>de de infiltração <strong>do</strong> solo quan<strong>do</strong> satura<strong>do</strong> não deve ser<br />
infiltração<br />
menor que 7,6 mm/h.<br />
Poços de Volume gera<strong>do</strong> no Pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> lençol freático no perío<strong>do</strong> chuvoso<br />
Infiltração, interior <strong>do</strong> solo que maior que 1,20 m. A cama<strong>da</strong> impermeável deve<br />
trincheiras de permite armazenar a estar a mais de 1,20 m de pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de. A taxa de<br />
infiltração e água e infiltrar infiltração <strong>do</strong> solo quan<strong>do</strong> satura<strong>do</strong> não deve ser<br />
<strong>bacia</strong>s de<br />
menor que 7,6 mm/h. Para o caso de <strong>bacia</strong>s de<br />
percolação<br />
percolação a condutivi<strong>da</strong>de hidráulica satura<strong>da</strong> não<br />
deve ser menos que 2.10<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> Manual de drenagem urbana de Porto Alegre (2005)<br />
-5 m/s.<br />
Tabela 4 - Vantagens e Desvantagens <strong>do</strong>s dispositivos.<br />
DISPOSITIVO VANTAGENS DESVANTAGENS<br />
Planos e Valos de<br />
Infiltração<br />
com drenagem<br />
Planos e Valos de<br />
Infiltração sem<br />
drenagem<br />
Pavimentos<br />
permeáveis<br />
Poços e trincheiras<br />
de infiltração, e<br />
<strong>bacia</strong>s de<br />
percolação<br />
Permite infiltração de parte <strong>da</strong><br />
água para o sub-solo. O decreto<br />
permite reduzir a área<br />
impermeável <strong>do</strong> escoamento<br />
que drena para o plano em 40%.<br />
Permite infiltração <strong>da</strong> água para<br />
o sub-solo. O decreto permite<br />
reduzir a área impermeável <strong>do</strong><br />
escoamento que drena para o<br />
plano em 80%.<br />
Permite infiltração <strong>da</strong> água. O<br />
decreto permite reduzir a área<br />
impermeável <strong>do</strong> escoamento<br />
que drena para o plano em 80%.<br />
Redução <strong>do</strong> escoamento<br />
superficial e amortecimento em<br />
função <strong>do</strong> armazenamento<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> Manual de drenagem urbana de Porto Alegre (2005)<br />
11<br />
Para planos c/ declivi<strong>da</strong>de > 0,1% q<br />
quanti<strong>da</strong>de de água infiltra<strong>da</strong> é pequena e<br />
não pode ser utiliza<strong>do</strong> para reduzir a área<br />
impermeável; o transporte de material<br />
sóli<strong>do</strong> para a área de infiltração pode<br />
reduzir sua capaci<strong>da</strong>de de infiltração<br />
O acúmulo de água no plano durante o<br />
perío<strong>do</strong> chuvoso não permite trânsito<br />
sobre a área. Planos com declivi<strong>da</strong>de que<br />
permita o escoamento para fora <strong>do</strong><br />
mesmo.<br />
Não deve ser utiliza<strong>do</strong> para ruas com<br />
tráfego intenso e/ou de carga pesa<strong>da</strong>,<br />
pois a sua eficiência pode diminuir.<br />
Pode reduzir a eficiência ao longo <strong>do</strong><br />
tempo dependen<strong>do</strong> <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de<br />
material sóli<strong>do</strong> que drena para a área
2.2. LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO AOS CORPOS D’ÁGUA<br />
Os instrumentos de legali<strong>da</strong>de são fun<strong>da</strong>mentais para a preservação <strong>do</strong>s<br />
recursos hídricos. Para tanto o poder público com seus órgãos competentes utilizam a<br />
Constituição Federal, leis, decretos, portarias, resoluções e códigos com propósitos<br />
consultivos e deliberativos.<br />
No Brasil o Código de Águas de 1934 é considera<strong>do</strong> o marco legal <strong>do</strong><br />
gerenciamento de recursos hídricos. De acor<strong>do</strong> com Pompeu (2006) o código<br />
brasileiro é considera<strong>do</strong> mundialmente como <strong>da</strong>s mais completas entre as leis <strong>da</strong>s<br />
águas já produzi<strong>da</strong>s.<br />
Desde a Constituição Federal Brasileira (1988) em seu Artigo 225 fica<br />
estabeleci<strong>do</strong> que “To<strong>do</strong>s têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra<strong>do</strong>,<br />
bem de uso comum <strong>do</strong> povo e essencial à sadia quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, impon<strong>do</strong>-se ao<br />
poder público e à coletivi<strong>da</strong>de o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e<br />
futuras gerações”. No mesmo intuito de garantir o equilíbrio <strong>ambiental</strong> de corpos<br />
d’água existem leis como a 9.433/1997 e a Resolução 357 de 2005.<br />
A legislação brasileira que rege a preservação de <strong>bacia</strong>s hidrográficas em<br />
áreas urbanas está conti<strong>da</strong> na Lei 9.433/1997, que estabelece princípios, diretrizes e<br />
instrumentos para a gestão <strong>da</strong>s águas. Nas resoluções de controle <strong>do</strong> CONAMA e<br />
<strong>do</strong>s poderes ambientais estas são consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
Sousa Junior (2004) avaliou que apesar <strong>do</strong> país ter uma legislação avança<strong>da</strong>,<br />
como é a Constituição de 1988, no tocante aos recursos hídricos, o poder público tem<br />
si<strong>do</strong> conivente com a degra<strong>da</strong>ção a que têm si<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong>, seja por passivi<strong>da</strong>de na<br />
fiscalização, seja por omissão.<br />
Os impactos nos recursos hídricos causam consequências de âmbito local e<br />
tem uma magnitude que desrespeita fronteiras visto que o próprio curso d’água é o<br />
veículo de disseminação. Para proteger a integri<strong>da</strong>de de corpos d’água, como o<br />
<strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>, existem leis que repassam diretrizes, restringem, limitam e<br />
ponderam os usos <strong>do</strong>s mesmos. A finali<strong>da</strong>de geral de to<strong>da</strong>s essas regras é integrar o<br />
uso <strong>do</strong>s recursos hídricos de maneira consciente e sustentável. Na sequência serão<br />
apresenta<strong>da</strong>s algumas <strong>da</strong>s leis e resoluções que visam proteger mananciais como o<br />
<strong>córrego</strong> estu<strong>da</strong><strong>do</strong>.<br />
12
O Conselho Nacional de Meio Ambiente apresenta na Resolução 357 de 2005<br />
que substituiu a Resolução CONAMA 20/86, as classificações para os Corpos d’água<br />
e mediante essas classificações quais seriam seus usos preponderantes. O<br />
enquadramento é defini<strong>do</strong> pelos usos preponderantes mais restritivos <strong>da</strong> água, atuais<br />
ou pretendi<strong>do</strong>s.<br />
Para <strong>córrego</strong>s enquadra<strong>do</strong>s na Classe 2 as águas podem ser destina<strong>da</strong>s a: a)<br />
abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; b) proteção <strong>da</strong>s<br />
comuni<strong>da</strong>des aquáticas; c) recreação de contato primário, tais como natação, esqui<br />
aquático e mergulho; d) irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques,<br />
jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato<br />
direto; e e) à aquicultura e à ativi<strong>da</strong>de de pesca.<br />
A Resolução 357/2005 prevê que órgãos ambientais criem condições<br />
específicas para proteger casos peculiares. O órgão <strong>ambiental</strong> competente poderá, a<br />
qualquer momento: acrescentar outras condições e padrões, ou torná-los mais<br />
restritivos, ten<strong>do</strong> em vista as condições locais, mediante fun<strong>da</strong>mentação técnica; e<br />
ain<strong>da</strong> exigir a melhor tecnologia disponível para o tratamento <strong>do</strong>s efluentes,<br />
compatível com as condições <strong>do</strong> respectivo curso de água superficial, mediante<br />
fun<strong>da</strong>mentação técnica.<br />
A Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei 9.433 de 1997, apresenta<br />
fun<strong>da</strong>mentos de preservação de cursos d’água como o <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>, visto que<br />
fica estabeleci<strong>do</strong> em seu Art. 1º que: I - a água é um bem de <strong>do</strong>mínio público; II - a<br />
água é um recurso natural limita<strong>do</strong>,(...) IV - a gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos deve<br />
sempre proporcionar o uso múltiplo <strong>da</strong>s águas. São fun<strong>da</strong>mentos que precisam ser<br />
trabalha<strong>do</strong>s com a população inseri<strong>da</strong> nas <strong>bacia</strong>s urbanas brasileiras de mo<strong>do</strong> a<br />
democratizar a conscientização <strong>ambiental</strong> e consoli<strong>da</strong>r a fiscalização e punição <strong>da</strong>s<br />
infrações cometi<strong>da</strong>s.<br />
Na Política Nacional de Recursos Hídricos há objetivos descritos no Art. 2º<br />
que descrevem a necessi<strong>da</strong>de de preservar as condições naturais de um corpo hídrico<br />
e pressupor seu comportamento em eventos hidrológicos. No item I - assegurar à<br />
atual e às futuras gerações a necessária disponibili<strong>da</strong>de de água, em padrões de<br />
quali<strong>da</strong>de adequa<strong>do</strong>s aos respectivos usos. O outro objetivo: III - a prevenção e a<br />
13
defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes <strong>do</strong> uso<br />
inadequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s recursos naturais.<br />
Uni<strong>da</strong>des de conservação bem como áreas de proteção são fun<strong>da</strong>mentais para<br />
que haja preservação <strong>da</strong> área verde em centros urbanos. Elas compõem a paisagem,<br />
preservam a fauna local principalmente as aves, criam micro-climas agradáveis,<br />
funcionam como área de infiltração entre outros benefícios. Os critérios e normas<br />
para a criação, implantação e gestão de Uni<strong>da</strong>des de Conservação estão descritos na<br />
Lei 9.985/2000.<br />
O Código Florestal (1965) rege algumas diretrizes na busca de um ambiente<br />
mais equilibra<strong>do</strong>. O código descreve Área de Preservação Permanente (APP), como<br />
área essencial a conservação de sistemas frágeis (cursos d’água, nascentes, alaga<strong>do</strong>s,<br />
lagoas e encostas), localiza<strong>do</strong>s em área urbanas e rurais. Sen<strong>do</strong> que a Resolução<br />
CONAMA 369 (2006) apresenta as seguintes possibili<strong>da</strong>des de uso <strong>da</strong>s APPs:<br />
utili<strong>da</strong>de pública, interesse social ou baixo impacto <strong>ambiental</strong>. Ain<strong>da</strong> com o<br />
propósito de recuperar APPs, há a Resolução CONAMA 429/2011 que dispõe sobre<br />
a meto<strong>do</strong>logia de recuperação <strong>da</strong>s Áreas de Preservação Permanente – APP’s.<br />
De acor<strong>do</strong> com o Código Florestal (Lei nº 4.771/65), Área de Preservação<br />
Permanente pode ser defini<strong>da</strong> como uma área protegi<strong>da</strong> coberta ou não por vegetação<br />
nativa, com função <strong>ambiental</strong> de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a<br />
estabili<strong>da</strong>de geológica, a biodiversi<strong>da</strong>de, o fluxo gênico <strong>da</strong> fauna e <strong>da</strong> flora, proteger<br />
o solo e assegurar o bem estar <strong>da</strong>s populações humanas. A Resolução CONAMA nº<br />
303/2002 nos artigos 2º e 3º, define quantitativamente quais seriam os espaços a<br />
serem conserva<strong>do</strong>s para faixas de proteção ao longo <strong>do</strong>s cursos d’água. Está previsto<br />
o mínimo de 30 metros para aqueles até 10 metros de largura e o máximo de 500<br />
metros para aqueles com mais de 600 metros de largura. Ao re<strong>do</strong>r <strong>da</strong>s nascentes ou<br />
olho d’água, ain<strong>da</strong> que intermitente, a lei prevê um raio mínimo de 50 metros de<br />
limite para a ocupação com a finali<strong>da</strong>de de proteger a <strong>bacia</strong> hidrográfica contribuinte<br />
e para o bom manejo <strong>do</strong> impacto <strong>da</strong> urbanização.<br />
Muitas vezes as leis apresentam falhas, uma contradiz a outra ou mesmo<br />
deixam margens para dupla interpretação ou ain<strong>da</strong> não definem de maneira numérica<br />
restrições. Na esfera municipal há a lei <strong>do</strong> Gerenciamento Urbano <strong>do</strong> Município de<br />
Cuiabá, Lei Complementar nº 004/92; o Parcelamento <strong>do</strong> Solo Urbano – Lei nº<br />
14
6.766/79. Em seu artigo 30 é relata<strong>do</strong> que to<strong>do</strong> prédio destina<strong>do</strong> a habitação, ao<br />
comércio ou a indústria, deverá ser interliga<strong>do</strong> às redes públicas de abastecimento de<br />
água e esgoto e em locais onde não existir rede pública de abastecimento de água e<br />
coleta de esgoto, competirá à Prefeitura Municipal indicar as medi<strong>da</strong>s a serem<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s e executa<strong>da</strong>s. Os artigos 43 e 44 <strong>da</strong> mesma lei regem que é ve<strong>da</strong><strong>do</strong>, em<br />
qualquer situação, o lançamento de água pluvial sobre o passeio e o despejo de água<br />
servi<strong>da</strong> e esgoto sanitário, a céu aberto ou na rede de galerias de águas pluviais.<br />
A legislação municipal ordena que nas áreas não servi<strong>da</strong>s por redes de esgoto,<br />
é obrigatória a construção de fossa séptica, filtro anaeróbio ou sistema equivalente de<br />
tratamento de esgoto. No entanto, essa regra é descumpri<strong>da</strong>, ao longo <strong>do</strong> curso<br />
d’água é comum ver o lançamento de esgoto <strong>do</strong>méstico liga<strong>do</strong> no <strong>córrego</strong> ou liga<strong>do</strong> a<br />
rede de drenagem. O aspecto poluí<strong>do</strong>, de cor negra e o<strong>do</strong>r característico não deixa<br />
dúvi<strong>da</strong>s de que há o lançamento de esgoto sem tratamento no <strong>córrego</strong>.<br />
2.3. ELEMENTOS HIDROLÓGICOS<br />
Hidrogramas, históricos de precipitação, curva-chave entre outros<br />
levantamentos hidrológicos são informações que auxiliam na compreensão <strong>do</strong>s<br />
eventos pluviais e suas consequências. Além disso, são utiliza<strong>do</strong>s como base de<br />
cálculo para dimensionar projetos de intervenções estruturais, para prever enchentes,<br />
áreas alaga<strong>da</strong>s entre outros impactos em uma <strong>bacia</strong> hidrográfica. Conhecer<br />
hidrologicamente uma <strong>bacia</strong> é fun<strong>da</strong>mental para se antecipar aos eventos, visto que<br />
as <strong>bacia</strong>s urbanas s<strong>of</strong>rem constantes mu<strong>da</strong>nças que impactam e modificam sua<br />
dinâmica de escoamento. Para determinação <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s hidrológicos é necessário<br />
ain<strong>da</strong> o levantamento de <strong>da</strong><strong>do</strong>s de campo. Quanto menores as disponibili<strong>da</strong>des de<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s, maiores as incertezas encontra<strong>da</strong>s.<br />
Bravo et al. (2006) descreveram que a modelagem hidrológica utiliza<br />
modelos para estu<strong>da</strong>r os complexos processos que englobam o ciclo hidrológico,<br />
sen<strong>do</strong> os mais utiliza<strong>do</strong>s, os modelos que simulam o processo de transformação <strong>da</strong><br />
chuva em vazão. Esses modelos são basea<strong>do</strong>s em equações matemáticas que<br />
descrevem, de forma simplifica<strong>da</strong>, o comportamento hidrológico <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>.<br />
As simulações hidrológicas podem ser utiliza<strong>da</strong>s em diversas aplicações<br />
como na estimativa <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de de recursos hídricos, previsão de vazão de<br />
curto e médio prazo, análise <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de hidrológica, <strong>da</strong>s consequências <strong>da</strong><br />
15
mu<strong>da</strong>nças <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo, entre outros. Estes estu<strong>do</strong>s podem ser realiza<strong>do</strong>s em<br />
pequenas <strong>bacia</strong>s, de apenas alguns hectares, onde os problemas se relacionam com a<br />
agricultura e drenagem urbana; em <strong>bacia</strong>s intermediárias, que, geralmente, envolvem<br />
áreas <strong>da</strong> ordem de até 300 km²; em <strong>bacia</strong>s médias, de até 2.000 km² e em grandes<br />
<strong>bacia</strong>s, cuja área é superior a este último limite, e, tipicamente, superior a 10.000<br />
km². (COLLISCHONN, 2001).<br />
As mu<strong>da</strong>nças climáticas, as alterações de uso <strong>do</strong> solo e o desenvolvimento<br />
<strong>da</strong>s técnicas de previsão <strong>do</strong> tempo e clima motivam o desenvolvimento <strong>da</strong> hidrologia<br />
de <strong>bacia</strong>s. Ao mesmo tempo, novos recursos computacionais e novas técnicas de<br />
medição e obtenção de <strong>da</strong><strong>do</strong>s permitiram o desenvolvimento de modelos<br />
hidrológicos distribuí<strong>do</strong>s, de forte base física (COLLISCHONN, 2001).<br />
2.4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS<br />
As características fisiográficas <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> são decisivas para a propensão a<br />
enchentes. Lima (2008) descreve que a <strong>bacia</strong> hidrográfica compreende to<strong>da</strong> a área de<br />
captação natural <strong>da</strong> água <strong>da</strong> chuva que proporciona escoamento superficial para o<br />
canal principal e seus tributários. O limite superior de uma <strong>bacia</strong> hidrográfica é o<br />
divisor de águas, e a delimitação inferior é a saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>. O comportamento<br />
hidrológico de uma <strong>bacia</strong> hidrográfica é função de suas características morfológicas<br />
como: área, forma, topografia, geologia, solo, cobertura vegetal, entre outros.<br />
Lança & Costa (2001) classificam como drenagem enxorreica, <strong>córrego</strong>s que<br />
tem como desagua<strong>do</strong>uro um rio grande ou mar. A drenagem de micro<strong>bacia</strong>s que se<br />
assemelham a uma árvore são classifica<strong>da</strong>s em dendrítica ou dendróide.<br />
2.4.1. Área <strong>da</strong> Bacia<br />
A área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> é to<strong>do</strong> o ambiente geográfico demarca<strong>do</strong> pelas águas<br />
drena<strong>da</strong>s para um mesmo exutório em comum. Lima (2008) definiu micro<strong>bacia</strong><br />
como sen<strong>do</strong> aquela cuja área é tão pequena que a sensibili<strong>da</strong>de a chuvas de alta<br />
intensi<strong>da</strong>de e às diferenças de uso <strong>do</strong> solo não seja suprimi<strong>da</strong> pelas características <strong>da</strong><br />
rede de drenagem. De acor<strong>do</strong> com tal definição, a área de uma micro<strong>bacia</strong> pode<br />
variar de pouco menos de 1 ha a até 40 ou mais hectares, poden<strong>do</strong> mesmo atingir, em<br />
algumas situações, até 100 ha ou mais.<br />
Os corpos d’água podem ser classifica<strong>do</strong>s em perenes, intermitentes e<br />
16
efêmeros. Lança & Costa (2001) classificam como: i) Perenes: a existência de um<br />
lençol subterrâneo que mantém um cau<strong>da</strong>l contínuo e o nível <strong>da</strong> água nunca desce<br />
abaixo <strong>do</strong> respectivo leito. ii) Intermitentes: só apresentam cau<strong>da</strong>l durante a<br />
ocorrência de chuvas, perío<strong>do</strong> no qual o lençol subterrâneo de água mantém-se acima<br />
<strong>do</strong> leito fluvial o que não ocorre na época <strong>da</strong> estiagem. iii) Efêmeros: só transportam<br />
escoamento superficial. A superfície freática destes cursos d’água encontra-se<br />
sempre a um nível inferior ao leito fluvial não haven<strong>do</strong> possibili<strong>da</strong>de de escoamento<br />
<strong>do</strong> fluxo subterrâneo. Os rios efêmeros são normalmente muito pequenos.<br />
2.4.2. Tempo de Concentração<br />
O tempo de concentração é fun<strong>da</strong>mental para se conhecer a dinâmica <strong>da</strong> <strong>bacia</strong><br />
em eventos de chuva. Diversas características <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> influenciam no tempo de<br />
concentração, como: água e forma <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>; declivi<strong>da</strong>de média <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>; tipo de<br />
cobertura vegetal; comprimento e declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> curso principal; comprimento e<br />
declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s afluentes, distância horizontal entre o ponto mais afasta<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> e<br />
a sua saí<strong>da</strong> e coeficiente de rugosi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> canal de escoamento.<br />
Em <strong>bacia</strong>s pequenas de até 25 Km² há uma grande influência <strong>da</strong>s condições<br />
<strong>do</strong> solo em que ela se encontra no início <strong>da</strong> chuva, isto é, o teor de água antecedente<br />
no solo. Influência também as pequenas <strong>bacia</strong>s o nível de água no canal de<br />
escoamento <strong>do</strong> corpo hídrico e a altura e distribuição espacial <strong>da</strong> chuva.<br />
Para uma mesma área de contribuição as variações dependem <strong>da</strong>s chuvas de<br />
grande intensi<strong>da</strong>de quanto: maior for a declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> terreno; menores forem as<br />
depressões retentoras de água; mais retilíneo for o traça<strong>do</strong> e maior a declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
curso de água; menor for a quanti<strong>da</strong>de de água infiltra<strong>da</strong>; menor for a área coberta<br />
por vegetação.<br />
Quanto menor a capaci<strong>da</strong>de de infiltração, os volumes de água intercepta<strong>do</strong>s<br />
pela vegetação e obstáculos ou reti<strong>do</strong>s nas depressões <strong>do</strong> terreno, maior será o<br />
deflúvio.<br />
Existem diversas fórmulas para estimar o Tempo de Concentração, tc. Para<br />
determiná-las foram estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>bacia</strong>s rurais e urbanas nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e em<br />
países europeus, algumas estão descritas abaixo:<br />
• Fórmula de Kirpich:<br />
17
t c<br />
2<br />
0, 39 ⎟ ⎛ L ⎞<br />
= ⎜<br />
⎝ S ⎠<br />
Sen<strong>do</strong>:<br />
0,<br />
385<br />
tc: tempo de concentração [min]<br />
L: comprimento total <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, medi<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> talvegue principal até o divisor<br />
de águas [km]<br />
S: declivi<strong>da</strong>de media <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>. Da<strong>da</strong> pela diferença de nível entre o ponto mais a<br />
montante <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> e seu exutório, dividi<strong>do</strong> pelo comprimento <strong>do</strong> talvegue principal<br />
em [m].<br />
t c<br />
• Fórmula de Vem Te Chow<br />
52, 64 ⎟ ⎛ L ⎞<br />
= ⎜<br />
⎝ So ⎠<br />
Sen<strong>do</strong>:<br />
1/<br />
3<br />
tc: tempo de concentração (min)<br />
L = Comprimento <strong>do</strong> Talvegue (km)<br />
So = declivi<strong>da</strong>de média <strong>do</strong> talvegue, m km-¹<br />
t c<br />
• Fórmula de Ventura:<br />
= 76,<br />
3<br />
Sen<strong>do</strong>:<br />
A<br />
I<br />
A: área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> hidrográfica [km 2 ]<br />
I: declivi<strong>da</strong>de média <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> hidrográfica [%].<br />
I<br />
t c<br />
= 100.<br />
∆H<br />
L<br />
• Fórmula de Passini:<br />
= 64.<br />
8<br />
L A<br />
3 .<br />
I<br />
• Méto<strong>do</strong> Cinemático <strong>do</strong> Soil Conservation Service (SCS):<br />
18
t<br />
c<br />
=<br />
Sen<strong>do</strong>:<br />
L<br />
n<br />
i<br />
∑<br />
i= 1 Vi<br />
tc: tempo de concentração [s]<br />
Li: comprimento de um trecho i <strong>do</strong> talvegue principal [m]<br />
Vi: veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> escoamento no trecho i de comprimento Li [m/s].<br />
O Tempo de Concentração de uma <strong>bacia</strong> hidrográfica, tc, é defini<strong>do</strong> como o<br />
tempo gasto pela gota <strong>da</strong> chuva leva para deslocar-se <strong>do</strong> ponto mais afasta<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>bacia</strong> até seu exutório.<br />
2.4.3. Coeficiente de Compaci<strong>da</strong>de (Kc)<br />
A relação entre o perímetro <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> e a circunferência <strong>do</strong> círculo de área<br />
igual à <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> constitui o índice de compaci<strong>da</strong>de (GARCEZ & ALVAREZ, 1988).<br />
Quanto mais próxima <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de, mais circular será a <strong>bacia</strong>, assim se os outros<br />
fatores forem iguais, a tendência a enchentes será maior, pois maior será a<br />
possibili<strong>da</strong>de de to<strong>da</strong> a área estar contribuin<strong>do</strong> de uma só vez. Ou seja, quanto mais<br />
pareci<strong>da</strong> com um círculo for a <strong>bacia</strong>, mais próximo <strong>do</strong> valor Kc = 1 ela será e mais<br />
propensa a enchentes.<br />
2.4.4. Fator de Forma (Kf)<br />
Fator de forma Kf é descrito por Lança & Costa (2001) com sen<strong>do</strong> a relação<br />
entre a largura média e o comprimento axial <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>. Mede-se o comprimento mais<br />
longo L desde a secção considera<strong>da</strong> até a cabeceira mais distante <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>. A largura<br />
média L obtém-se dividin<strong>do</strong> a área A pelo comprimento <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> L.<br />
L = A / L<br />
K f =A/ L²<br />
K f = L/L<br />
Sen<strong>do</strong>:<br />
L - m ou km<br />
L - m ou km<br />
A – m² ou km²<br />
Kf – adimensional<br />
19
O Kf é um índice importante para interpretar a propensão <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> para<br />
eventos de enchentes. Uma <strong>bacia</strong> com um fator de forma baixo é menos sujeita a<br />
enchentes que outra de mesmo tamanho, porém com maior fator de forma. Uma<br />
<strong>bacia</strong> estreita e longa, com fator de forma baixo, apresenta menor possibili<strong>da</strong>de de<br />
ocorrência de chuvas intensas cobrin<strong>do</strong> simultaneamente to<strong>da</strong> a sua extensão. Além<br />
disso, a contribuição <strong>do</strong>s afluentes atinge o rio principal em vários pontos ao longo<br />
<strong>do</strong> mesmo, ao contrário <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> circular em que a concentração de to<strong>do</strong> o deflúvio<br />
<strong>da</strong> <strong>bacia</strong> se dá num ponto só.<br />
2.4.5. Densi<strong>da</strong>de de Drenagem (Dd)<br />
É um índice importante, pois reflete a influência <strong>da</strong> geologia, topografia, <strong>do</strong><br />
solo e <strong>da</strong> vegetação <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> hidrográfica, e está relaciona<strong>do</strong> com o tempo necessário<br />
para o início <strong>do</strong> escoamento superficial <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>. É <strong>da</strong><strong>do</strong> por:<br />
Dd=L/A<br />
Dd = densi<strong>da</strong>de de drenagem (km/km²)<br />
L = comprimento total de to<strong>do</strong>s os canais (km)<br />
A = área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> hidrográfica (km²)<br />
São considera<strong>da</strong>s: áreas de baixa densi<strong>da</strong>de de drenagem < 5 km/km²; áreas<br />
de baixa a média densi<strong>da</strong>de de drenagem de 5 a 13 km/km²; áreas de alta densi<strong>da</strong>de<br />
de drenagem 13 a 155 km/km² e muito alta densi<strong>da</strong>de de drenagem > 155 km/km²<br />
(VILLELA & MATTOS, 1975).<br />
A densi<strong>da</strong>de de drenagem varia inversamente com a extensão <strong>do</strong> escoamento<br />
superficial, pois uma baixa densi<strong>da</strong>de de drenagem significa uma maior superfície de<br />
contribuição, fazen<strong>do</strong> com que o deflúvio demore mais para atingir os corpos d’água.<br />
De acor<strong>do</strong> com GARCEZ & ALVAREZ (1998), se existir um número bastante<br />
grande de cursos de água numa <strong>bacia</strong>, o deflúvio atinge rapi<strong>da</strong>mente os rios, e, assim<br />
sen<strong>do</strong>, haverá provavelmente picos de enchentes altos e deflúvios de estiagem<br />
baixos.<br />
2.4.6. Sinuosi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s Cursos d’Água (Sin)<br />
A sinuosi<strong>da</strong>de é uma característica que controla a veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> rio. É<br />
importante para amenizar a veloci<strong>da</strong>de de escoamento, diminuin<strong>do</strong> os picos de cheias<br />
20
e evitan<strong>do</strong> o carreamento e erosão <strong>da</strong>s margens. De acor<strong>do</strong> com Lança & Costa<br />
(2001) Sin é a relação entre o comprimento <strong>do</strong> rio principal E e o comprimento <strong>da</strong><br />
diretriz L. É um fator controla<strong>do</strong>r <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de de fluxo, pois quanto maior a<br />
sinuosi<strong>da</strong>de, maior resistência será encontra<strong>da</strong> pelo canal no seu caminho à foz,<br />
portanto menor a veloci<strong>da</strong>de.<br />
Sin = E / L<br />
Sen<strong>do</strong>:<br />
E - estirão, comprimento efetivo, ou desenvolvimento <strong>do</strong> rio<br />
L - comprimento <strong>do</strong> rio segun<strong>do</strong> uma diretriz (m)<br />
Uma sinuosi<strong>da</strong>de igual à uni<strong>da</strong>de 1, significa que o rio tem um traça<strong>do</strong> retilíneo.<br />
Portanto quanto mais próximo de Sin=1, maior será a veloci<strong>da</strong>de de escoamento <strong>do</strong><br />
<strong>córrego</strong>.<br />
2.4.7. Declivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Bacia<br />
Declivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> é um parâmetro de grande interesse hidrológico,<br />
especialmente para as pequenas <strong>bacia</strong>s onde o escoamento superficial será<br />
determinante na forma <strong>do</strong> hidrograma. A declivi<strong>da</strong>de é um <strong>do</strong>s fatores principais que<br />
regulam a veloci<strong>da</strong>de desse escoamento e tem grande influência nos processos de<br />
erosão e infiltração.<br />
De acor<strong>do</strong> com Lima (2008) a declivi<strong>da</strong>de média de uma <strong>bacia</strong> hidrográfica é<br />
característica importante no que diz respeito à taxa ou à veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> fluxo de água<br />
ao longo <strong>do</strong> canal, bem como ao tempo de residência <strong>da</strong> água na <strong>bacia</strong>.<br />
2.4.8. Declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Canal<br />
A declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> canal é a relação entre a diferença máxima de altitude, entre<br />
o ponto de origem e o ponto de término, com o comprimento <strong>do</strong> respectivo trecho<br />
fluvial. A declivi<strong>da</strong>de afeta a veloci<strong>da</strong>de de escoamento de um rio, quanto maior a<br />
declivi<strong>da</strong>de, maior a veloci<strong>da</strong>de de fluxo e mais estreitos e pronuncia<strong>do</strong>s serão os<br />
hidrogramas de enchente.<br />
Pode-se obter a declivi<strong>da</strong>de de um canal, em qualquer ponto, fazen<strong>do</strong> a<br />
tangente <strong>do</strong> seu perfil longitudinal no referi<strong>do</strong> ponto. O perfil longitudinal é a<br />
representação visual <strong>da</strong> relação entre a altimetria e o comprimento de determina<strong>do</strong><br />
curso d’água, entre a nascente e a foz. Canais típicos apresentam um perfil<br />
21
longitudinal côncavo para o céu, com os valores de declivi<strong>da</strong>de aumentan<strong>do</strong> em<br />
direção à nascente <strong>do</strong> rio.<br />
Uma maneira de se determinar a declivi<strong>da</strong>de de um canal é dividin<strong>do</strong>-se a<br />
diferença de elevação entre a nascente e a foz <strong>do</strong> rio pela sua extensão horizontal.<br />
Dessa forma observa-se que é um valor pouco representativo para canais com grande<br />
variação de declivi<strong>da</strong>de.<br />
2.5. ESCOAMENTO SUPERFICIAL<br />
Existem várias bibliografias que contém expressões e técnicas para se<br />
conhecer, simular e aproximar <strong>da</strong><strong>do</strong>s hidrológicos de regiões como uma <strong>bacia</strong><br />
hidrográfica. Hidrogramas unitários, hidrograma de Snyder, deflúvio e determinação<br />
de vazão são informações que podem ser calcula<strong>da</strong>s a partir de <strong>da</strong><strong>do</strong>s de acesso<br />
relativamente fácil, auxilian<strong>do</strong> assim estimar comportamentos hidrológicos.<br />
2.5.1. Hidrograma Unitário (HU)<br />
O hidrograma é uma representação gráfica <strong>da</strong> vazão pelo tempo, ao longo de<br />
uma ocorrência chuvosa isola<strong>da</strong>. O conhecimento <strong>do</strong> hidrograma <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> é<br />
fun<strong>da</strong>mental para obras hidráulicas e estu<strong>do</strong>s hidrológicos. O hidrograma pode ser<br />
entendi<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> a resposta <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> hidrográfica, em função de suas<br />
características fisiográficas que regem as relações entre chuva e escoamento de uma<br />
<strong>bacia</strong> hidrográfica a uma <strong>da</strong><strong>da</strong> precipitação e a contribuição de um aquífero.<br />
Um hidrograma típico de uma chuva intensa apresenta um pico único, no<br />
entanto, um hidrograma pode apresentar picos múltiplos se houver variações<br />
abruptas na intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> chuva, uma sequência de chuvas intensas ou uma recessão<br />
anormal <strong>do</strong> escoamento subterrâneo.<br />
Hidrograma Unitário é o hidrograma <strong>do</strong> escoamento direto, causa<strong>do</strong> por uma<br />
chuva efetiva unitária, por exemplo, uma chuva de 1mm ou 1 cm. A teoria <strong>do</strong><br />
hidrograma unitário considera que a precipitação efetiva e unitária tem intensi<strong>da</strong>de<br />
constante ao longo de sua duração e distribui-se uniformemente sobre to<strong>da</strong> a área de<br />
drenagem. Chuva efetiva é aquela que não fica reti<strong>da</strong> superficialmente, nem infiltra,<br />
ou seja, é aquela que se transforma em escoamento superficial ou direto.<br />
22
Tucci, (2003) fala sobre as limitações <strong>do</strong> HU para estimativa <strong>do</strong> escoamento<br />
superficial, entre elas: i) representação linear <strong>do</strong> escoamento superficial que tem um<br />
comportamento não-linear; ii) distribuição uniforme <strong>da</strong> precipitação dentro <strong>do</strong><br />
intervalo de tempo; iii) distribuição espacial uniforme <strong>da</strong> precipitação; iv) erros <strong>do</strong>s<br />
méto<strong>do</strong>s de separação <strong>do</strong> escoamento superficial e subterrâneo, que permitem gerar<br />
os <strong>da</strong><strong>do</strong>s hidrológicos para a determinação <strong>do</strong> HU. To<strong>da</strong>s estas limitações se<br />
traduzem em HU diferentes, de acor<strong>do</strong> com ca<strong>da</strong> evento.<br />
A Figura 3 apresenta o HU triangular, onde Qp é a vazão de pico <strong>do</strong> HU<br />
(m³/s), tp é o tempo de pico a partir <strong>da</strong> origem (minutos). Usualmente o tp é defini<strong>do</strong><br />
como o tempo a partir <strong>do</strong> centro <strong>da</strong> precipitação, denomina<strong>do</strong> aqui de tpr; d é a<br />
duração <strong>da</strong> precipitação (minutos) e tc é o tempo de concentração (minutos); tr é o<br />
tempo de recessão <strong>do</strong> hidrograma unitário.<br />
Figura 3 - Parâmetros <strong>do</strong> Hidrograma unitário triangular<br />
A forma <strong>do</strong> hidrograma unitário depende <strong>da</strong> duração <strong>da</strong> chuva. Para<br />
determinar o HU em uma <strong>bacia</strong> hidrográfica, é necessário dispor de registros de<br />
vazão e precipitação simultâneos. Essa simultanei<strong>da</strong>de pode ser obti<strong>da</strong> medin<strong>do</strong> a<br />
vazão e o exato momento <strong>da</strong> medição para correlacionar com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
pluviógrafo instala<strong>do</strong> na <strong>bacia</strong>. Recomen<strong>da</strong>-se identificar eventos causa<strong>do</strong>s por<br />
chuvas que tenham uma duração entre 1/3 a 1/5 <strong>do</strong> tempo de concentração. De<br />
preferência são utiliza<strong>do</strong>s eventos simples, com chuvas de curta duração e mais ou<br />
menos constantes.<br />
23
2.5.2. Snyder<br />
Os estu<strong>do</strong>s de Snyder <strong>da</strong>tam de 1938 e baseiam-se em observações de rios na<br />
região montanhosa <strong>do</strong>s Apalaches, nos EUA. Para definir o hidrograma unitário,<br />
estabeleceram-se as equações que fornecem o tempo de retar<strong>da</strong>mento, a vazão de<br />
pico e a duração total <strong>do</strong> escoamento, ou seja, a base <strong>do</strong> hidrograma. O hidrograma<br />
sintético de Snyder foi desenvolvi<strong>do</strong> para <strong>bacia</strong>s com área entre 10 e 10.000 milhas<br />
quadra<strong>da</strong>s e é construí<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> os parâmetros mostra<strong>do</strong>s na Figura 4.<br />
Em que:<br />
qp: vazão de pico;<br />
tp: tempo de pico;<br />
tr: duração <strong>da</strong> chuva efetiva;<br />
Figura 4 - Hidrograma de Snyder<br />
L75: largura <strong>do</strong> hidrograma a uma vazão 0,75q;<br />
L50: largura <strong>do</strong> hidrograma a uma vazão 0,50q;<br />
Tb: tempo de base.<br />
2.5.3. Deflúvio<br />
Lima (2008) define deflúvio como sen<strong>do</strong> o volume total de água que passa,<br />
em determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, pela secção transversal de um curso d’água. Ex. deflúvio<br />
24
anual, mensal, semanal, diário, etc. O deflúvio é expresso em mm de altura de água<br />
sobre a <strong>bacia</strong> correspondente. O deflúvio anual define, desta forma, a expressão<br />
"produção de água" ou "rendimento hídrico" de uma <strong>bacia</strong> hidrográfica.<br />
Nem to<strong>da</strong> a precipitação que cai em uma micro<strong>bacia</strong> é transforma<strong>da</strong><br />
imediatamente em deflúvio. Parte escoa rapi<strong>da</strong>mente, parte permanece armazena<strong>da</strong><br />
na <strong>bacia</strong> por algum tempo, poden<strong>do</strong> percolar em direção ao aquífero. Parte, ain<strong>da</strong>,<br />
nunca chega a escoar, voltan<strong>do</strong> à atmosfera por evaporação.<br />
Sen<strong>do</strong> assim o deflúvio de uma <strong>bacia</strong> hidrográfica pode ser considera<strong>do</strong> como<br />
o produto residual <strong>do</strong> ciclo hidrológico, o qual é influencia<strong>do</strong> por três grandes grupos<br />
de fatores: clima, fisiografia e uso <strong>do</strong> solo.<br />
2.5.4. Curva-chave<br />
A curva-chave é utiliza<strong>da</strong> como parâmetro de entra<strong>da</strong> para programas<br />
hidrológicos e muito necessário para projeto hidráulicos. Segun<strong>do</strong> Lança & Costa<br />
(2001) para se obter a curva chave é preciso relacionar a altura de água <strong>do</strong> rio com a<br />
veloci<strong>da</strong>de de escoamento. Para isso, escolhe-se uma secção de controle favorável,<br />
isto é, um trecho <strong>do</strong> rio que seja retilíneo e de fácil acesso. Faz-se um perfil<br />
topográfico e batimétrico detalha<strong>do</strong>. Depois a veloci<strong>da</strong>de de escoamento é medi<strong>da</strong><br />
utilizan<strong>do</strong> molinete para várias alturas de água <strong>do</strong> rio. Com o perfil <strong>da</strong> seção e as<br />
várias veloci<strong>da</strong>des relaciona<strong>da</strong>s com a altura pode-se elaborar a curva chave e a<br />
respectiva fórmula através de regressões lineares.<br />
De acor<strong>do</strong> com Porto et al. (2003) a relação cota-vazão de um rio se mantém<br />
ao longo <strong>do</strong> tempo desde que as características geométricas <strong>do</strong> mesmo não s<strong>of</strong>ram<br />
variação. A curva-chave está intimamente liga<strong>da</strong> às características hidráulicas <strong>da</strong><br />
seção de controle, isso implica na variação <strong>da</strong> expressão matemática quan<strong>do</strong> há uma<br />
variação nestas constantes. Alterações na geometria <strong>da</strong> seção ou na declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
rio gera<strong>da</strong>s por erosões ou assoreamento ao longo <strong>do</strong> tempo causam mu<strong>da</strong>nças na<br />
veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> escoamento e nas relações entre área, raio hidráulico e pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de,<br />
afetan<strong>do</strong> a relação cota-descarga.<br />
2.5.5. Determinação de vazão<br />
A medição de vazão em cursos d’água é realiza<strong>da</strong>, normalmente, de forma<br />
indireta, a partir <strong>da</strong> medição de veloci<strong>da</strong>de ou de nível. Os instrumentos mais comuns<br />
25
para medição <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água em rios são os molinetes, há também a<br />
utilização de aparelhos que determinam a veloci<strong>da</strong>de com medi<strong>do</strong>res de efeito<br />
<strong>do</strong>ppler ou com flutua<strong>do</strong>res.<br />
De acor<strong>do</strong> com Pinto (1976) a veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água é, normalmente, maior no<br />
centro de um rio <strong>do</strong> que junto às margens. Da mesma forma, a veloci<strong>da</strong>de é mais<br />
baixa junto ao fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio <strong>do</strong> que junto à superfície graças ao atrito com a calha <strong>do</strong><br />
corpo hídrico. Em função desta variação <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de nos diferentes pontos <strong>da</strong><br />
seção transversal, utilizar apenas uma medição de veloci<strong>da</strong>de pode resultar em uma<br />
estimativa erra<strong>da</strong> <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de média. Uma simulação <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de<br />
na seção transversal pode ser observa<strong>da</strong> na Figura 5.<br />
Figura 5 - Veloci<strong>da</strong>de distribuí<strong>da</strong> em uma seção<br />
Fonte: PINTO, 1976.<br />
A medição <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de é feita em pontos de diferentes pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>des para<br />
que seja efetua<strong>do</strong> o cálculo <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de média na vertical. O número de pontos<br />
varia de acor<strong>do</strong> com a pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de média <strong>do</strong> rio, utilizan<strong>do</strong> o chama<strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />
detalha<strong>do</strong>, ou ain<strong>da</strong> o méto<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is pontos. Segun<strong>do</strong> Pinto, (1976) quan<strong>do</strong> a<br />
medição é feita por flutua<strong>do</strong>res a veloci<strong>da</strong>de superficial pode ser ajusta<strong>da</strong> por um<br />
fator de correção que varia de 0,8 a 0,9 de acor<strong>do</strong> com a rugosi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> calha.<br />
2.5.6. Medição de veloci<strong>da</strong>de por flutua<strong>do</strong>res<br />
O méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s flutua<strong>do</strong>res consiste em determinar a veloci<strong>da</strong>de de<br />
deslocamento de um objeto flutuante, medin<strong>do</strong> o tempo necessário para que o mesmo<br />
se desloque num trecho de rio de comprimento conheci<strong>do</strong> (SANTOS et al. 2001). A<br />
Figura 6 ilustra o layout de uma seção de estu<strong>do</strong>, deve ser demarca<strong>da</strong> a seção<br />
superior, a seção inferior e a distância entre estas.<br />
26
Figura 6 – Layout de uma seção de levantamento<br />
Fonte: EPA (1997)<br />
O méto<strong>do</strong> de determinação de veloci<strong>da</strong>de preferencialmente deve ser<br />
trabalha<strong>do</strong> com o molinete, méto<strong>do</strong> mais consagra<strong>do</strong>, no entanto, os flutua<strong>do</strong>res são<br />
uma alternativa em locais onde a medição com molinete é inviável. Santos et al.<br />
(2001), ressalta que este méto<strong>do</strong> é utiliza<strong>do</strong> geralmente quan<strong>do</strong> a vazão <strong>do</strong> rio é<br />
muito alta e coloca em risco a vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s hidrometristas.<br />
Por meio de flutua<strong>do</strong>res, que s<strong>of</strong>ram pouca influência de ventos, determina-se<br />
a veloci<strong>da</strong>de superficial <strong>do</strong> escoamento. Essa veloci<strong>da</strong>de superficial é, na maior parte<br />
<strong>da</strong>s vezes, superior à veloci<strong>da</strong>de média de escoamento. A veloci<strong>da</strong>de média<br />
corresponde de 80 a 90% <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de superficial. Multiplican<strong>do</strong>-se a veloci<strong>da</strong>de<br />
média pela área molha<strong>da</strong>, obtém se a vazão. Para utilizar a medição com flutua<strong>do</strong>res,<br />
deve-se escolher um trecho retilíneo, com margens paralelas, com comprimento<br />
mínimo de duas vezes a sua largura, com boa visibili<strong>da</strong>de em to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s, com<br />
declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> leito constante e com pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de uniforme no senti<strong>do</strong> longitudinal.<br />
(FINOTTI et al. 2009 (P.135).)<br />
De acor<strong>do</strong> com Azeve<strong>do</strong> Neto (1979) a medição de vazão por flutua<strong>do</strong>res<br />
consiste em soltar material flutuante no leito e quantificar o tempo gasto para<br />
percorrer o percurso de distancia conheci<strong>da</strong>. Conhecen<strong>do</strong>-se a veloci<strong>da</strong>de,<br />
multiplica-se pela área e chega-se a vazão. O esquema de lançamento pode ser<br />
observa<strong>do</strong> na Figura 7.<br />
27
Sen<strong>do</strong>:<br />
Q = A1v1 + A2v2 + A3v3 + .... + v(n-1).A(n-1) + vn.An<br />
Figura 7 - Veloci<strong>da</strong>de distribuí<strong>da</strong> em uma seção<br />
Fonte: Azeve<strong>do</strong> Neto, 1979.<br />
Na medi<strong>da</strong> de veloci<strong>da</strong>des superficiais tanto podem ser usa<strong>do</strong>s corpos<br />
flutuantes naturais como flutua<strong>do</strong>res artificiais. E segun<strong>do</strong> Azeve<strong>do</strong> Neto (1998) os<br />
flutua<strong>do</strong>res podem ser de três tipos: a) Simples ou de superfície: que são aqueles que<br />
ficam na superfície <strong>da</strong>s águas e medem a veloci<strong>da</strong>de superficial <strong>da</strong> corrente.<br />
Vmed = 0,80 a 0,90 de Vsup<br />
b) duplos ou subsuperfíciais que são pequenos flutua<strong>do</strong>res de superfície, liga<strong>do</strong>s por<br />
um cordel a corpos submersos, à pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de deseja<strong>da</strong>. c) Bastões flutuantes ou<br />
flutua<strong>do</strong>res lastra<strong>do</strong>s. São tubos metálicos ocos ou de madeira, ten<strong>do</strong> na parte inferior<br />
um lastro de chumbo, de mo<strong>do</strong> a flutuar em posição próxima a vertical.<br />
28
3. ÁREA DE ESTUDO<br />
3.1. CÓRREGO BARBADO – CARACTERÍSTICAS<br />
O <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> está inseri<strong>do</strong> no perímetro urbano de Cuiabá, MT. O<br />
município de Cuiabá encontra-se na parte centro-sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Mato Grosso,<br />
localiza<strong>do</strong> na região centro-oeste <strong>do</strong> Brasil. Situa-se entre os paralelos 15°33’ e<br />
15°39’ de latitude sul e entre os meridianos de 50°05’ e 50°03’ a oeste de<br />
Greenwich, estan<strong>do</strong> conti<strong>do</strong> na Zona Intertropical, próxima ao Equa<strong>do</strong>r (Figura 8).<br />
Figura 8 - Localização <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Cuiabá<br />
Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />
SEPLAN-MT - Secretaria de Esta<strong>do</strong> de Planejamento e Coordenação Geral<br />
A área de estu<strong>do</strong> envolve a Micro<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong>, localiza<strong>da</strong><br />
estritamente na área urbana de Cuiabá-MT, na porção centro-leste <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, e tem<br />
como principal curso d’água o Córrego Barba<strong>do</strong>. Este é afluente <strong>do</strong> Rio Cuiabá,<br />
constituin<strong>do</strong> com outras sub-<strong>bacia</strong>s a grande <strong>bacia</strong> hidrográfica <strong>do</strong> Cuiabá. O<br />
Barba<strong>do</strong> percorre aproxima<strong>da</strong>mente 8.95 km de extensão, desde sua nascente no<br />
Parque Massairo Okamura, até sua foz, no Rio Cuiabá.<br />
3.1.1. Área <strong>da</strong> Bacia<br />
Os limites <strong>da</strong> área que compreendem a <strong>bacia</strong> hidrográfica são defini<strong>do</strong>s<br />
topograficamente como os pontos que limitam as vertentes que convergem para uma<br />
mesma <strong>bacia</strong> ou exutório. A delimitação <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> hidrográfica é feita em uma carta<br />
topográfica, seguin<strong>do</strong> as linhas <strong>da</strong>s cristas <strong>da</strong>s elevações circun<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> seção <strong>do</strong><br />
29
curso d’água em estu<strong>do</strong>. Porém a área de estu<strong>do</strong> é uma <strong>bacia</strong> hidrográfica<br />
urbaniza<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong> assim para o traça<strong>do</strong> foram considera<strong>do</strong>s os divisores de água<br />
naturais, os traça<strong>do</strong>s de drenagem local e o nivelamento de terrenos.<br />
A área total <strong>do</strong> <strong>da</strong> sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> é de 13,89 km². Fazen<strong>do</strong><br />
divisa geográfica com a sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Rio Coxipó, <strong>do</strong> Ribeirão <strong>do</strong> Lipa, <strong>do</strong> <strong>córrego</strong><br />
Prainha e com a sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Gambá. A extensão <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> de<br />
sua nascente até sua foz é de 8,95km. A micro<strong>bacia</strong> tem um formato elíptico com<br />
uma largura de 1.4 km.<br />
A sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> está localiza<strong>da</strong> entre as sub-<strong>bacia</strong>s <strong>do</strong> Ribeirão <strong>do</strong><br />
Lipa e <strong>do</strong> Rio Coxipó, ambas conecta<strong>da</strong>s a APP <strong>do</strong> Rio Cuiabá e apresentam APPs<br />
bem conserva<strong>da</strong>s por estarem em um trecho mais periférico. A sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Ribeirão<br />
<strong>do</strong> Lipa possui em seu território o Parque Mãe Bonifácia – maior fragmento verde<br />
dentro <strong>do</strong> perímetro urbano. E a sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Coxipó possui uma APP bem<br />
conserva<strong>da</strong> ao longo <strong>do</strong> Rio Coxipó e na porção superior abriga o Parque Tia Nair –<br />
parque em APP em torno de uma lagoa natural. (Galdino & Andrade, 2008)<br />
3.1.2. Clima<br />
O clima <strong>da</strong> região é tropical-quente-subúmi<strong>do</strong>. A temperatura média anual é<br />
de 27ºC, porém a principal característica é a pre<strong>do</strong>minância de temperaturas altas,<br />
principalmente na primavera e verão quan<strong>do</strong> as temperaturas máximas diárias de<br />
38ºC, muitas vezes alcançan<strong>do</strong> temperaturas superiores a 40ªC.<br />
Bordest (2003) descreve que a região apresenta uma estação chuvosa-quente<br />
que vai <strong>do</strong> mês de outubro a março e outra de estiagem e temperatura amena que vai<br />
<strong>do</strong>s meses de abril a setembro. Sen<strong>do</strong> que o perío<strong>do</strong> mais chuvoso ocorre entre<br />
dezembro e fevereiro, e a estiagem mais acentua<strong>da</strong> acontece em junho e julho, meses<br />
que registram-se as temperaturas mais baixas.<br />
3.1.3. Solo<br />
A ci<strong>da</strong>de de Cuiabá está localiza<strong>da</strong> sobre rochas pré-cambrianas <strong>da</strong>ta<strong>da</strong>s <strong>do</strong><br />
Proterozóico médio, pertencentes ao grupo Cuiabá, constituí<strong>da</strong>s principalmente por<br />
filitos intrudi<strong>do</strong>s por filões de quartzo leitoso. A micro<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> está<br />
na subuni<strong>da</strong>de pEc6 – filitos conglometáticos-cinza esverdea<strong>do</strong>s com matriz<br />
arenoargilosas e clastros de quartzo, filitos e quartizitos. Com intercalações<br />
30
subordina<strong>da</strong>s a metarenitos <strong>do</strong> Grupo Cuiabá – subuni<strong>da</strong>de pEc5 – filitos sericiticos<br />
cinza prata com intarcalações e lentes de metaconglomera<strong>do</strong>s, metarenitos finos a<br />
conglomeráticos e metarcozios (BORDEST, 2003).<br />
Segun<strong>do</strong> MIGLIORINI (1999) regionalmente, o cinturão de <strong>do</strong>bramentos<br />
Paraguai-Araguaia evolui no Proterozóico Superior / Cambriano (Ciclo Brasiliano,<br />
de 800 a 560 milhões de anos), às margens <strong>do</strong> Cráton Amazônico, enti<strong>da</strong>de<br />
geotectônica estabiliza<strong>da</strong> no Proterozóico Médio, ao término <strong>do</strong> Ciclo Sunsas /<br />
Aguapeí (em torno de 900 milhões de anos).<br />
3.1.4. Relevo<br />
Segun<strong>do</strong> Bordest (2003) o relevo <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong><br />
apresenta topografia levemente inclina<strong>da</strong>, é constituí<strong>do</strong> de baixos espigões e vales<br />
estreitos que obedecem a direção <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s de filitos, intrudi<strong>do</strong>s de quartzo.<br />
A autora descreveu que os <strong>córrego</strong>s que integram a micro<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong><br />
são estreitos com cerca de 2 a 3 metros de largura e bem encaixa<strong>do</strong>s de 1 a 2 metros<br />
de pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de em media. Os afluentes <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong>, geralmente são curtos, pouco<br />
ramifica<strong>do</strong>s e estão sen<strong>do</strong> sucumbi<strong>do</strong>s pela ação antrópica.<br />
3.2. IMPACTOS - CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL<br />
Para analisar o impacto <strong>ambiental</strong> que atinge o <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> é preciso<br />
a<strong>do</strong>tar a <strong>bacia</strong> hidrográfica como uni<strong>da</strong>de geográfica. O conceito de <strong>bacia</strong><br />
hidrográfica como uni<strong>da</strong>de de planejamento e gestão <strong>ambiental</strong> é resultante <strong>do</strong><br />
conhecimento <strong>da</strong>s relações entre as características físicas de uma <strong>bacia</strong> de drenagem,<br />
quanti<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s águas que chegam ao corpo hídrico; além de ser uma<br />
exigência legal <strong>da</strong> Lei 9433/97.<br />
A ocupação antrópica <strong>do</strong>s terrenos para diversas finali<strong>da</strong>des dificultam<br />
conciliar os usos múltiplos <strong>da</strong> água <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> e reflete em uma complexi<strong>da</strong>de na<br />
elaboração de propostas para a gestão territorial, tanto em nível local como regional.<br />
Em uma área urbana essa coexistência de interesses dificulta a priorização <strong>da</strong>s<br />
questões ambientais por inferir na elevação de custos imobiliários. Para ocupar<br />
corretamente uma <strong>bacia</strong> é imprescindível manter as áreas de preservação, não se deve<br />
impermeabilizar to<strong>do</strong> o terreno, fazer um sistema adequa<strong>do</strong> de tratamento de<br />
31
efluente, entre outras obras que minimizem o impacto causa<strong>do</strong> pela mu<strong>da</strong>nça de uso<br />
e ocupação <strong>do</strong> solo.<br />
Na <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> podem ser observa<strong>do</strong>s impactos causa<strong>do</strong>s pela<br />
urbanização nos diversos componentes <strong>do</strong> ambiente como apresenta<strong>do</strong>s pela Tabela<br />
5. A Tabela 5 também relaciona as causas e efeitos <strong>da</strong> urbanização em uma <strong>bacia</strong><br />
hidrográfica, descritas por Tucci (2002), e a situação <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>.<br />
Tabela 5 - Causas e efeitos <strong>da</strong> urbanização e a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong><br />
CAUSAS E EFEITOS<br />
IMPERMEABILIZAÇÃO<br />
Maiores picos e vazões.<br />
REDES DE DRENAGEM:<br />
Maiores picos a jusante.<br />
RESÍDUOS<br />
Degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
água; Entupimento de bueiros e<br />
galerias.<br />
REDES DE ESGOTOS<br />
DEFICIENTES: Degra<strong>da</strong>ção<br />
<strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água; Moléstia<br />
de veiculação hídrica;<br />
Inun<strong>da</strong>ções: consequências<br />
mais sérias.<br />
DESMATAMENTO E<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
INDISCIPLINADO: Maiores<br />
picos e volumes; Mais erosão;<br />
Assoreamento em canais e<br />
galerias.<br />
OCUPAÇÃO DAS<br />
VÁRZEAS: Maiores prejuízos;<br />
Maiores picos; Maiores custos<br />
de utili<strong>da</strong>de pública.<br />
SITUAÇÃO DA BACIA DO CÓRREGO<br />
BARBADO<br />
Em classificação de imagem de satélite: 16,64% <strong>da</strong><br />
área são de alvenaria; 14,6% concreto; 26,16%<br />
pavimento.<br />
Sistema de drenagem implanta<strong>do</strong> é o convencional,<br />
com retificação, com transferência de impacto para a<br />
jusante.<br />
80% coleta<strong>do</strong> por serviço de limpeza; 12,9% coleta<strong>do</strong><br />
por caçamba; 3,1% queima<strong>do</strong>; 0,1% enterra<strong>do</strong>s; 2,2%<br />
terreno baldio ou logra<strong>do</strong>uro; 0,6% joga<strong>do</strong> em rio ou<br />
lago e 0,9% outro destino (IPDU, 2009).<br />
O esgotamento sanitário é destina<strong>do</strong>: 63,5% a rede<br />
geral ou rede pluvial; 19,5% a fossas sépticas; 13,5%<br />
a fossas rudimentares; 0,2% a escoamento a vala;<br />
2,1% rio ou lago; 1,2% a outro escoa<strong>do</strong>uro (IPDU,<br />
2009).<br />
Ain<strong>da</strong> existem 39,98% de área de vegetação na <strong>bacia</strong>,<br />
no entanto, pouco resta de vegetação original.<br />
Dos 22 bairros <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> 10 tiveram sua formação de<br />
maneira irregular, proveniente de invasões (Oliveira,<br />
2006).<br />
Só no ano de 2011, 83 famílias foram removi<strong>da</strong>s de<br />
área de risco em apenas um bairro <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> (Jordão,<br />
2011).<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> TUCCI (2002); IPDU(2010); Oliveira (2006); Jordão, (2011).<br />
A deficiência na fiscalização para frear ações antrópicas inadequa<strong>da</strong>s ao meio<br />
ambiente juntamente com o fator socioeconômico podem ter influencia<strong>do</strong> os<br />
impactos verifica<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong> como: ocupação inadequa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s terras, compactação<br />
<strong>do</strong> solo, impermeabilização, contaminação <strong>do</strong> corpo hídrico, retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s matas<br />
ciliares, queima<strong>da</strong>s, erosão, per<strong>da</strong> <strong>da</strong> fauna e <strong>da</strong> flora entre outros que resultam numa<br />
des<strong>caracterização</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> região e alterações no seu regime hidrológico.<br />
32
Os impactos na <strong>bacia</strong> estão interliga<strong>do</strong>s. A Figura 9 ilustra o ciclo de impactos<br />
inicia<strong>do</strong> com o processo de ocupação sem planejamento, este submete famílias a<br />
áreas de risco ocupan<strong>do</strong> margens e várzeas. A supressão <strong>da</strong> cobertura vegetal para<br />
<strong>da</strong>r lugar a moradias altera a morfologia de proteção <strong>do</strong> curso d’água interferin<strong>do</strong> em<br />
sua quanti<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de hídrica. Sem a proteção de suas margens o leito fica<br />
assorea<strong>do</strong> e sujeito a transbor<strong>da</strong>mento em eventos intensos. O transbor<strong>da</strong>mento<br />
atinge famílias que por sua vez procuram uma nova área de ocupação ou retornam<br />
para o mesmo ponto.<br />
3.2.1. Processo de Ocupação<br />
Figura 9 – Ciclo de Impactos<br />
O processo de urbanização influência diretamente na drenagem <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>.<br />
Ca<strong>da</strong> loteamento impacta com o aumento <strong>do</strong> escoamento superficial, resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />
áreas construí<strong>da</strong>s que são impermeáveis. Em estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Tucci em 2000<br />
resultou que para ca<strong>da</strong> 10% de área impermeável ocorre cerca de 100% de aumento<br />
no coeficiente de escoamento de cheia e no volume de escoamento superficial. Tucci<br />
(1997) alerta que a medi<strong>da</strong> que a ci<strong>da</strong>de se urbaniza, em geral, ocorrem os seguintes<br />
impactos: aumento <strong>da</strong>s vazões máximas em até 7 vezes, devi<strong>do</strong> ao aumento <strong>da</strong><br />
capaci<strong>da</strong>de de escoamento através de condutos e canais e impermeabilização <strong>da</strong>s<br />
superfícies; aumento <strong>da</strong> produção de sedimentos devi<strong>do</strong> a desproteção <strong>da</strong>s<br />
superfícies, produção de resíduos sóli<strong>do</strong>s e a deterioração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água,<br />
33
devi<strong>do</strong> a lavagem <strong>da</strong>s ruas; transporte de material sóli<strong>do</strong> e as ligações clandestinas de<br />
esgoto cloacal e pluvial.<br />
No trabalho desenvolvi<strong>do</strong> por Lima (2001) a classificação <strong>do</strong> uso e ocupação<br />
<strong>do</strong> solo por imagem Landsat–5TM de Abril de 1999, ilustra<strong>do</strong> na Figura 10, estimou<br />
que já houvesse 74,25% <strong>da</strong> área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> composta por urbanização; 19,36% por<br />
campo e apenas 5,99% de área preserva<strong>da</strong>, representa<strong>da</strong> pelos vestígios de mata<br />
ciliar e cerra<strong>do</strong>. A autora observou ain<strong>da</strong> que a <strong>bacia</strong> era uma <strong>da</strong>s mais densamente<br />
ocupa<strong>da</strong> e que contava com um percentual reduzi<strong>do</strong> de área preserva<strong>da</strong>.<br />
Figura 10- Uso e ocupação <strong>do</strong> solo com destaque a <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>.<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>, LIMA (2001)<br />
A ocupação <strong>da</strong> sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> ocorreu principalmente a partir <strong>da</strong><br />
construção <strong>do</strong> Centro Político Administrativo (CPA), na porção nordeste <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de,<br />
na região <strong>da</strong>s cabeceiras <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> em 1970; e a instalação <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal<br />
de Mato Grosso (UFMT) na porção sudeste <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, na área central <strong>da</strong> sub-<strong>bacia</strong>,<br />
em 1972 (BORDEST, 2003).<br />
Galdino & Andrade (2008) relataram a fragili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> poder público e a<br />
ineficiência de programas de habitações populares. Na micro<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> <strong>do</strong><br />
Barba<strong>do</strong>, muitos tiveram sua origem em ocupações irregulares. Os bairros Bela<br />
Vista, São Roque, Dom Bosco, Carumbé, Canjica, Campo Verde, Pedregal, Jardim<br />
Leblon, Campo Velho, Jardim Paulista, Grande Terceiro, Praeiro e Praeirinho<br />
34
surgiram a partir <strong>da</strong> invasão de vazios urbanos e APPs ao longo <strong>da</strong> sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong><br />
Barba<strong>do</strong>. O bairro regular Jardim Itália, teve parte de seu território invadi<strong>do</strong> para a<br />
implantação <strong>do</strong>s Loteamentos Renascer e 21 de Abril.<br />
A Figura 11 mostra a concentração de casas nas margens <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong><br />
e inúmeros terrenos vazios nas proximi<strong>da</strong>des (Bairro Canjica e Dom Bosco).<br />
Figura 11 – Concentração de casas nas margens <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong><br />
Fonte: Fotoaérea (2006)- Secretaria de Infraestrutura de Cuiabá<br />
Essa dinâmica de ocupação contribui para a degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> corpo hídrico.<br />
Segun<strong>do</strong> Tundisi (2011), a ocupação desordena<strong>da</strong> e irregular de mananciais nas áreas<br />
periurbanas é uma <strong>da</strong>s principais causas <strong>da</strong> deterioração de recursos hídricos em<br />
grandes metrópoles brasileiras, assim como em municípios de médio porte.<br />
3.2.2. Impacto Socio<strong>ambiental</strong><br />
A micro<strong>bacia</strong> urbana apresenta um contraste social e desfaz o mito de que<br />
apenas construções de pessoas menos favoreci<strong>da</strong>s chegam as margens <strong>do</strong>s <strong>córrego</strong>s.<br />
Ao longo de seu curso, o Barba<strong>do</strong> passa por regiões nobres <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de como o<br />
con<strong>do</strong>mínio Alphaville, os bairros Jardim <strong>da</strong>s Américas e Jardim Aclimação e<br />
também por bairros muito carentes como Renascer e Praeirinho, provenientes de<br />
35
invasão. Tanto nos bairros mais favoreci<strong>do</strong>s quanto nos menos favoreci<strong>do</strong>s há<br />
construções que desrespeitam a faixa de trinta metros de distância <strong>do</strong> manancial.<br />
De acor<strong>do</strong> com Galdino e Andrade (2008) as ocupações irregulares nas APPs<br />
ao longo <strong>do</strong> <strong>córrego</strong>, nascentes, e várzeas, ocorreram sem que houvesse cumprimento<br />
<strong>da</strong>s legislações ambientais e urbanísticas locais. A sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> é um espaço<br />
heterogêneo, marca<strong>do</strong> por fortes contradições sociais, onde tanto os bairros formais<br />
quanto os informais, têm em comum o fato de não serem 100% servi<strong>do</strong>s de rede de<br />
coleta e tratamento de esgoto, sen<strong>do</strong> que o percentual que não é atendi<strong>do</strong> pela<br />
cobertura de esgotamento sanitário usa o Barba<strong>do</strong> como receptor de seu esgoto<br />
<strong>do</strong>méstico.<br />
Nas margens <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> existem várias ocupações irregulares (Figura 12).<br />
Constantemente o poder público retira famílias <strong>da</strong> área de risco, e o local acaba<br />
sen<strong>do</strong> novamente ocupa<strong>do</strong> por outras famílias ou mesmo pelo retorno <strong>do</strong>s<br />
desabriga<strong>do</strong>s.<br />
Figura 12 - Residência a 5 metros <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> (2009).<br />
Na sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> vivem cerca de 60.021 pessoas<br />
distribuí<strong>da</strong>s em 22 bairros, onde 11 bairros são regulares e 11 são oriun<strong>do</strong>s de<br />
invasões (IPDU, 2009).<br />
Há um grande contraste social <strong>do</strong> curso médio <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong>. De um la<strong>do</strong> um<br />
processo de urbanização improvisa<strong>do</strong> pela população e com um enorme déficit de<br />
infraestrutura básica, e de outro, grandes loteamentos destina<strong>do</strong>s a classe “A”.<br />
OLIVEIRA (2006) constatou que após a Aveni<strong>da</strong> Arquimedes Pereira Lima,<br />
o Barba<strong>do</strong> entra no Jardim Leblon. O bairro, que também não apresenta sistema de<br />
coleta de esgoto sanitário, lança também seus efluentes no Barba<strong>do</strong>. Associa<strong>do</strong> a isto,<br />
36
este trecho é caracteriza<strong>do</strong> por apresentar assoreamento no leito <strong>do</strong> <strong>córrego</strong>. Próximo<br />
ao Jardim <strong>da</strong>s Américas, o assoreamento e a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> vegetação vão causan<strong>do</strong> o<br />
alargamento <strong>do</strong> leito <strong>do</strong> rio, enchen<strong>do</strong>-o de areia, lixo e entulhos.<br />
3.2.3. Vegetação<br />
Segun<strong>do</strong> GALDINO e ANDRADE (2008) a sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> possui<br />
como principais fragmentos vegeta<strong>do</strong>s o Parque Massairo Okamura no alto curso, o<br />
campus e zoológico <strong>da</strong> UFMT no médio curso e a APP <strong>do</strong> Rio Cuiabá na foz.<br />
Martins (2007) ressaltou a importância <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong>s matas ciliares que funcionam<br />
como corre<strong>do</strong>res ecológicos, ligan<strong>do</strong> fragmentos florestais e, portanto facilitan<strong>do</strong> o<br />
deslocamento <strong>da</strong> fauna e o fluxo gênico entre as populações de espécies animais e<br />
vegetais.<br />
A única uni<strong>da</strong>de de conservação na <strong>bacia</strong> é a reserva ecológica Massairo<br />
Okamura, cria<strong>da</strong> pela Prefeitura Municipal de Cuiabá (Lei n. 2681, de 06 de junho de<br />
1989), regulamenta<strong>da</strong> pelo decreto 2.811, de setembro de 1993. A nascente <strong>do</strong><br />
<strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> está localiza<strong>da</strong> no parque e sua manutenção tem grande importância<br />
já que a especulação imobiliária <strong>da</strong> área fez com que diversas nascentes no local<br />
fossem aterra<strong>da</strong>s para <strong>da</strong>r lugar a construções. O Parque é cerca<strong>do</strong> por prédios<br />
públicos administrativos, prédios comerciais, con<strong>do</strong>mínios verticais e residências.<br />
Apesar de to<strong>do</strong> processo de degra<strong>da</strong>ção devi<strong>do</strong> à urbanização, a região <strong>da</strong><br />
cabeceira ain<strong>da</strong> é um <strong>do</strong>s trechos em que o <strong>córrego</strong> está mais protegi<strong>do</strong>,<br />
principalmente com relação à mata ciliar, especialmente pela presença <strong>da</strong> Reserva <strong>do</strong><br />
Parque Massairo Okamura, no Centro Político Administrativo. É o trecho <strong>do</strong> <strong>córrego</strong><br />
que apesar de algumas contribuições de esgotos ain<strong>da</strong> preserva características<br />
naturais <strong>do</strong> leito.<br />
O <strong>córrego</strong> deveria exercer a função de corre<strong>do</strong>r ecológico ligan<strong>do</strong> estes<br />
fragmentos presentes na sub-<strong>bacia</strong>, e conectan<strong>do</strong>-os às sub-<strong>bacia</strong>s adjacentes, que se<br />
encontram melhor conserva<strong>da</strong>s, por estarem em áreas mais periféricas <strong>do</strong> perímetro<br />
urbano. No entanto, os fragmentos encontram-se isola<strong>do</strong>s sem conexão, como pode<br />
ser observa<strong>do</strong> em imagem de satélite de 2009, Figura 13. Com a imagem nota-se que<br />
existem apenas vestígios de mata ciliar, e em alguns trechos não há conexão,<br />
isolan<strong>do</strong> a fauna que só trafega em vegetação.<br />
37
Figura 13 - Imagem de satélite Spot, 2009.<br />
Em ROCHA, et. al. (2009) está descrito que a paisagem <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> em seu<br />
alto curso é inicia<strong>da</strong> por vegetação típica <strong>da</strong> região e outras formas de vi<strong>da</strong> como<br />
peixes de pequeno porte. Quan<strong>do</strong> em transição <strong>do</strong> alto e médio curso já se percebe a<br />
38
mu<strong>da</strong>nça na cor <strong>da</strong> água e ain<strong>da</strong> é encontra<strong>da</strong> a vegetação natural, mas a<br />
pre<strong>do</strong>minância é de residências.<br />
Quan<strong>do</strong> inicia o baixo curso o <strong>córrego</strong> passa ser canaliza<strong>do</strong>, a vegetação<br />
natural dá lugar a vegetação exóticas e a quanti<strong>da</strong>de de residências pre<strong>do</strong>mina,<br />
<strong>of</strong>uscan<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong> <strong>córrego</strong>. A Figura 14 mostra parte <strong>do</strong>s diferentes cenários, a<br />
nascente preserva<strong>da</strong>, trecho <strong>do</strong> médio curso já com margens descaracteriza<strong>da</strong>s e o<br />
baixo curso com leito e margens completamente modifica<strong>do</strong>.<br />
Figura 14 - Nascente, médio e baixo curso <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong><br />
O bairro onde está localiza<strong>da</strong> a nascente é um bairro em crescente<br />
urbanização e valorização imobiliária, por estar próximo ao Centro Político<br />
Administrativo (local onde se concentra as Secretarias Estaduais) e ao maior<br />
shopping <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />
Na Figura 15 é mostra<strong>da</strong> a construção de con<strong>do</strong>mínios verticais próximos à<br />
uni<strong>da</strong>de de conservação.<br />
Figura 15- Con<strong>do</strong>mínios verticais, próximos a área de proteção<br />
A conservação <strong>da</strong> vegetação <strong>do</strong> Parque encontra-se praticamente íntegra,<br />
principalmente com relação à nascente que está preserva<strong>da</strong>, embora o local seja<br />
39
vítima de queima<strong>da</strong>s. Parte <strong>da</strong> reserva recebe visitantes diariamente para usufruir <strong>da</strong><br />
pista de caminha<strong>da</strong> e <strong>da</strong> infraestrutura para a prática de exercícios físicos. A Figura<br />
16 mostra a proximi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s construções <strong>da</strong> área de preservação, ao fun<strong>do</strong> <strong>da</strong> placa<br />
observa-se um <strong>do</strong>s 7 prédios residenciais construí<strong>do</strong>s na proximi<strong>da</strong>de.<br />
Figura 16 - placa de “entra<strong>da</strong> proibi<strong>da</strong>” e ao fun<strong>do</strong> construção próxima a APP.<br />
Ain<strong>da</strong> é possível encontrar trechos onde a mata ciliar está preserva<strong>da</strong>,<br />
inclusive trechos com mata de galeria. De acor<strong>do</strong> com Martins (2007) mata de<br />
galeria é a vegetação ciliar que margeia riachos, <strong>córrego</strong>s e rios estreitos em que as<br />
copas <strong>da</strong>s árvores se encontram forman<strong>do</strong> uma galeria no curso d’água. A Figura 17<br />
mostra fotografia de trecho com a formação de galeria embora a mata ciliar esteja<br />
composta por vegetação remanescente e espécies <strong>da</strong>ninhas.<br />
Figura 17 - Trecho degra<strong>da</strong><strong>do</strong>, com mata de galeria.<br />
A mata ciliar possui papel fun<strong>da</strong>mental na estabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> curso hídrico,<br />
protege as margens, produz alimento para fauna aquática e terrestre, as raízes <strong>da</strong>s<br />
plantas proporcionam estabili<strong>da</strong>de ao solo e aumenta a quanti<strong>da</strong>de de água de chuva<br />
40
infiltra<strong>da</strong>, dentre outros papéis. Nas regiões com topografia acidenta<strong>da</strong>, exerce a<br />
proteção <strong>do</strong> solo e impede o carreamento e desprendimento <strong>do</strong> solo evitan<strong>do</strong>, assim,<br />
processos erosivos que podem assorear o leito <strong>do</strong> curso d’água.<br />
A cobertura vegetal funciona como filtro, reten<strong>do</strong> agrotóxicos, poluentes e<br />
sedimentos que posam ser transporta<strong>do</strong>s para o curso d'água afetan<strong>do</strong> diretamente a<br />
quanti<strong>da</strong>de, a quali<strong>da</strong>de e consequentemente a fauna aquática e a saúde humana.<br />
Existe ain<strong>da</strong> uma associação direta <strong>da</strong> retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s matas ciliares com a contribuição<br />
para eventos de inun<strong>da</strong>ção.<br />
A vegetação é responsável pelo abran<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> temperatura em até 4ºC.<br />
Cria micro climas e ameniza altas temperaturas como as registra<strong>da</strong>s na capital mato-<br />
grossense.<br />
As condições de escoamento podem retornar às condições anteriores ao<br />
desmatamento após vários anos, se houver crescimento <strong>da</strong> vegetação. Em outras<br />
palavras, o sistema natural pode retornar ao esta<strong>do</strong> inicial.<br />
A mata ciliar <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> é altamente impacta<strong>da</strong>, boa parte está<br />
completamente descaracteriza<strong>da</strong> com pre<strong>do</strong>minância de braquiaria ou pelo <strong>do</strong>mínio<br />
de construções. Na Figura 18 é mostra<strong>do</strong> um trecho onde as margens são compostas<br />
pre<strong>do</strong>minantemente por braquiaria.<br />
Figura 18 - Margens ocupa<strong>da</strong>s por braquiaria, (2009)<br />
Existem <strong>do</strong>is trechos onde as margens estão preserva<strong>da</strong>s: na nascente por ser<br />
uma uni<strong>da</strong>de de conservação e no trecho <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de Mato Grosso,<br />
UFMT, que por ser uma enti<strong>da</strong>de pública acabou preservan<strong>do</strong> parte <strong>da</strong>s margens. A<br />
UFMT preserva parcialmente as margens <strong>do</strong> <strong>córrego</strong>, onde contem algumas árvores<br />
41
emanescentes, no entanto, para conter o avanço <strong>da</strong>s águas em eventos intensos de<br />
chuva construiu um muro com distância de cerca de cinco metros <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> apenas.<br />
As margens <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> são considera<strong>da</strong>s APP’s, mas tem si<strong>do</strong><br />
descaracteriza<strong>da</strong>s com ocupações irregulares, construção de muros e desmatamento<br />
para “limpeza <strong>da</strong> área” por mora<strong>do</strong>res. Há ain<strong>da</strong> a per<strong>da</strong> de área de preservação para<br />
interesse público como construções de pontes e aveni<strong>da</strong>s. Sobre o <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong><br />
passam no mínimo 15 acessos entre as pontes regulares e pequenas pontes<br />
improvisa<strong>da</strong>s pela população, como a ilustra<strong>da</strong> na Figura 19, situa<strong>da</strong> no bairro Bela<br />
Vista, e evidencia a pequena distância <strong>da</strong>s casas até o <strong>córrego</strong>.<br />
Figura 19 - Ponte improvisa<strong>da</strong> no bairro Bela Vista (2009)<br />
As margens são constantemente alvos de queima<strong>da</strong>s criminosas. O problema<br />
é agrava<strong>do</strong> porque queima<strong>da</strong> em terreno baldio e margens de <strong>córrego</strong>s que estão<br />
degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s é culturalmente pratica<strong>do</strong> por parte <strong>da</strong> população como uma prática de<br />
limpeza. A população comete o ato criminoso e arrisca<strong>do</strong> para eliminar os vetores<br />
advin<strong>do</strong>s <strong>da</strong> mata como mosquitos, roe<strong>do</strong>res, entre outros. A margem <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> em<br />
boa parte <strong>do</strong>s trechos onde não está ocupa<strong>da</strong> por construções aparecem algumas<br />
árvores remanescentes e a pre<strong>do</strong>minância de capins altos (Figura 20).<br />
42
Figura 20 - Margem degra<strong>da</strong><strong>da</strong> (2009)<br />
De acor<strong>do</strong> com a legislação, ao longo <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> deveria estar<br />
sen<strong>do</strong> respeita<strong>do</strong> 30 metros de área de preservação para margem esquer<strong>da</strong> e direita,<br />
além <strong>do</strong> raio de 50 metros em suas nascentes.<br />
3.2.4. Impacto nas Nascentes e no Curso d’Água<br />
O <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> originalmente era alimenta<strong>do</strong> por várias pequenas<br />
nascentes. Atualmente sobrevivem 3 nascentes localiza<strong>da</strong>s: na Reserva Ecológica<br />
Massairo Okamura, nas proximi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> Centro Político Administrativo e no bairro<br />
Canjica. Estes afloramentos naturais drenam pela sub-<strong>bacia</strong> nas áreas de baixa<strong>da</strong>, ao<br />
longo de locais densamente urbaniza<strong>do</strong>s e povoa<strong>do</strong>s (GALDINO E ANDRADE,<br />
2008). A Figura 21 mostra a água cristalina pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> na cabeceira.<br />
Figura 21 - Área de nascente, parque Massairo Okamura<br />
Fonte: AQUINO, 2009<br />
43
As três nascentes cita<strong>da</strong>s acima são as que mais se destacam, no entanto,<br />
existem vários olhos d’água que contribuem para o <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>, principalmente<br />
em épocas de chuva onde o nível <strong>do</strong> lençol freático está mais alto. A maioria <strong>do</strong>s<br />
olhos d’água foram destruí<strong>do</strong>s por construções que a aterraram. Nos locais onde os<br />
olhos d’água foram preserva<strong>do</strong>s, os mesmos deixaram de contribuir, pois a<br />
impermeabilização <strong>da</strong>s áreas vizinhas contribuíram para o rebaixamento <strong>do</strong> nível <strong>do</strong><br />
lençol freático.<br />
Há duas nascentes perenes atualmente: a <strong>do</strong> parque Massairo Okamura e <strong>do</strong><br />
bairro Canjica. As outras nascentes que surgem no perío<strong>do</strong> chuvosopassaram a ser<br />
intermitente. Mesmo estan<strong>do</strong> em uma uni<strong>da</strong>de de conservação a nascente <strong>do</strong> parque<br />
também recebe interferências antrópicas negativas, na Figura 22 pode ser observa<strong>do</strong><br />
resíduos como garrafa pet, copo descartável e outros plásticos acumula<strong>do</strong>s na área.<br />
Figura 22 - Resíduos na área <strong>da</strong> nascente<br />
Fonte: AQUINO, 2009<br />
A degra<strong>da</strong>ção continua ao longo <strong>do</strong> manancial, principalmente pelo despejo<br />
de esgoto <strong>do</strong>méstico e resíduos no leito e em suas margens. Durante eventos de<br />
chuva os resíduos são carrea<strong>do</strong>s para o <strong>córrego</strong>. Nas figuras a seguir são ilustra<strong>da</strong>s a<br />
diversi<strong>da</strong>de de resíduos que são leva<strong>do</strong>s até o rio Cuiabá nas chuvas intensas (Figura<br />
23). Na primeira imagem um cachorro morto, na segun<strong>da</strong> a grade de um berço e<br />
garrafa Pet, na terceira galhos de árvores.<br />
44
Figura 23 - Resíduos carrea<strong>do</strong>s em evento de chuva (2010)<br />
Alguns corpos d'água acabam sen<strong>do</strong> o destino final <strong>do</strong> esgoto <strong>do</strong>méstico sem<br />
tratamento <strong>da</strong>s áreas urbanas urbanas. O <strong>córrego</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> é um desses receptores receptores. A falta<br />
de fiscalização e punição <strong>do</strong>s órgãos competentes tamb também ém contribui para a<br />
degra<strong>da</strong>ção, visto que o <strong>córrego</strong> recebe contribuições tanto <strong>da</strong>s oc ocupações irregulares<br />
quanto <strong>do</strong>s bairros regulares <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />
Collishonn & Tucci (1998) relataram que o desenvolvimento urbano<br />
brasileiro tem produzi<strong>do</strong> aumento significativo na frequência ência <strong>da</strong>s inun<strong>da</strong>ções, na<br />
produção de sedimentos e na deterioração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água. À medi<strong>da</strong> que a<br />
ci<strong>da</strong>de se urbaniza, em geral, ocorrem os seguintes impactos: (i) aumento <strong>da</strong>s vazões<br />
máximas (em até 7 vezes) devi<strong>do</strong> ao aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de escoamento através<br />
de condutos e canais e impermeabilização <strong>da</strong>s superfícies; (ii) aumento <strong>da</strong> produção<br />
de sedimentos devi<strong>do</strong> a desproteção <strong>da</strong>s superfícies e a produção de resíduos sól sóli<strong>do</strong>s;<br />
(iii) deterioração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água, devi<strong>do</strong> a lavagem <strong>da</strong>s ruas, transporte de<br />
material sóli<strong>do</strong> e as ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial.<br />
O <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> não tem enquadramento aprova<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> assim ele<br />
é considera<strong>do</strong> Classe 2. Os usos destina<strong>do</strong>s a corpos d’água de Classe 2 estão<br />
comprometi<strong>do</strong>s, conforme se distancia <strong>da</strong> nascente, mais precário se torna a<br />
quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> devi<strong>do</strong> ao lançamento de efluentes. A resolução 357/2005 rege<br />
em seu artigo 24 que os efl efluentes uentes de qualquer fonte polui<strong>do</strong>ra somente poderão ser<br />
lança<strong>do</strong>s, direta ou indiretamen indiretamente, te, nos corpos de água, após o devi<strong>do</strong> tratamento e<br />
desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e<br />
em outras aplicáveis. Como no <strong>córrego</strong> há um grande número de lançamento de<br />
esgoto <strong>do</strong>méstico sem tratamento tratamento, a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água fica comprometi<strong>da</strong> e<br />
conforme o curso d’água vai se afastan<strong>do</strong> <strong>da</strong> nascente torna-se inviável a utilização<br />
<strong>da</strong> água para abastecimento humano, proteção <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des aquáticas, recreação,<br />
irrigação e aquicultura.<br />
45
Na Tabela 6 pode ser observa<strong>do</strong> o quanto o rio Cuiabá s<strong>of</strong>re com o<br />
lançamento de esgoto <strong>do</strong>méstico em seu leito. No monitoramento <strong>do</strong> ano de 2010<br />
realiza<strong>do</strong> pela Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> meio Ambiente de Mato Grosso – SEMA<br />
mostra que a jusante <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Mané Pinto e Barba<strong>do</strong> alguns parâmetros de<br />
quali<strong>da</strong>de são afeta<strong>do</strong>s.<br />
Tabela 6 - Quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água - Rio Cuiabá.<br />
PARÂMETROS<br />
MESES<br />
Fev/10 Abr/10 Out/10<br />
Corpo d’água J.C.M.P J.C.B J.C.M.P J.C.B J.C.M.P J.C.B<br />
Chuva 24 horas Não Não Não Não Não Não<br />
Classificação IQA Média Média Boa Média Média Média<br />
JCMP: Rio Cuiabá - Jusante <strong>córrego</strong> Mané Pinto<br />
JCB: Rio Cuiabá - Jusante <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong><br />
Fonte: Coordena<strong>do</strong>ria de Monitoramento de Indica<strong>do</strong>res Ambientais- Laboratório SEMA-MT<br />
46<br />
LIMITES<br />
CONAMA<br />
Cor (U.C.) 60 50 64 38 10 13 ≤ 75<br />
Condutivi<strong>da</strong>de(µS/cm) 88 155 67 80 71 71<br />
DQO (mg/L O2)
LIMA (2001) alertou que o rio Cuiabá tem si<strong>do</strong> largamente utiliza<strong>do</strong> para a<br />
diluição <strong>do</strong>s efluentes <strong>do</strong>mésticos gera<strong>do</strong>s nas sub-<strong>bacia</strong>s urbanas, principalmente<br />
nas <strong>bacia</strong>s que apresentam maiores concentrações populacionais. Nelas são<br />
diretamente lança<strong>do</strong>s esgotos <strong>do</strong>mésticos, resíduos sóli<strong>do</strong>s in natura, além <strong>da</strong> parcela<br />
proveniente <strong>do</strong>s efluentes industriais.<br />
Atualmente não é possível desfrutar <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> para pesca, balneabili<strong>da</strong>de,<br />
recreação e abastecimento devi<strong>do</strong> ao grau de poluição <strong>da</strong> água. Na Figura 24 é<br />
possível visualizar o aspecto escuro que a água <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> chega ao rio<br />
Cuiabá.<br />
Figura 24 - Foz <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong><br />
Fonte: Aquino, 2009<br />
Em estu<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> nas sub-<strong>bacia</strong>s <strong>do</strong> rio Cuiabá, Lima (2001) concluiu<br />
que tributários <strong>do</strong> rio Cuiabá tornaram-se canais preferenciais para conduzir cargas<br />
orgânicas de esgoto <strong>do</strong>méstico até o rio.<br />
Há <strong>do</strong>is objetivos descritos no Art. 2º <strong>da</strong> PNRH, que estão sen<strong>do</strong><br />
desrespeita<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong> estu<strong>da</strong><strong>da</strong>: I - assegurar à atual e às futuras gerações a<br />
necessária disponibili<strong>da</strong>de de água, em padrões de quali<strong>da</strong>de adequa<strong>do</strong>s aos<br />
respectivos usos. Para a geração atual, já não é possível usufruir <strong>do</strong>s usos múltiplos<br />
<strong>do</strong> <strong>córrego</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> e os usos consuntivos não são constata<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong>, assim<br />
como os usos não consuntivos estão comprometi<strong>do</strong>s, o <strong>córrego</strong> é utiliza<strong>do</strong> apenas<br />
para drenagem e descarga de efluentes. O outro objetivo: III - a prevenção e a defesa<br />
contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes <strong>do</strong> uso<br />
inadequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s recursos naturais – tem si<strong>do</strong> parcialmente cumpri<strong>do</strong> na <strong>bacia</strong>, no<br />
entanto, a prevenção e defesa contra eventos hidrológicos devem ser aprimora<strong>da</strong>s de<br />
47
maneira responsável e eficiente, evitan<strong>do</strong> assim, que problemas de drenagens<br />
comuns a grandes ci<strong>da</strong>des se tornem parte <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de cuiabana.<br />
3.2.5. Impactos na drenagem<br />
Ao longo <strong>do</strong> curso d’água há diversas composições de seu leito: natural,<br />
canalização fecha<strong>da</strong>, canalização aberta revesti<strong>da</strong>s de concreto e revesti<strong>da</strong> de gabião.<br />
A água proveniente <strong>da</strong> drenagem urbana atinge o curso d’água forman<strong>do</strong> grandes<br />
volumes com alta veloci<strong>da</strong>de em eventos de chuvas intensas o que atinge as margens<br />
desprotegi<strong>da</strong>s de vegetação causan<strong>do</strong> erosão.<br />
No <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> podem ser encontra<strong>do</strong>s trechos de margens com solo<br />
descoberto, desprotegi<strong>do</strong>s, bem como erosões. Para evitar a erosão hídrica seria<br />
apropria<strong>do</strong> apoiar práticas de manejo, conservação <strong>da</strong>s águas de superfície, reposição<br />
<strong>da</strong>s matas ciliares e proteção <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de solo superficial. Com isso, as condições<br />
naturais <strong>do</strong> manancial poderiam ser recupera<strong>da</strong>s. Na Figura 25 é mostra<strong>do</strong> uma <strong>da</strong>s<br />
margens protegi<strong>da</strong>s e íntegra e a outra margem com pouca vegetação, nenhuma mata<br />
original, começan<strong>do</strong> a erodir.<br />
Figura 25 - Trecho <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> anastomosa<strong>do</strong> (2009).<br />
A urbanização descontrola<strong>da</strong> tem provoca<strong>do</strong> a ampliação <strong>do</strong>s picos e a<br />
frequência <strong>da</strong>s inun<strong>da</strong>ções, além de criar novos pontos de alagamento localiza<strong>do</strong>s.<br />
Isto se deve à crescente impermeabilização <strong>do</strong> solo com aumento <strong>do</strong> volume pluvial<br />
escoa<strong>do</strong> e redução de amortecimento. O controle por trechos isola<strong>do</strong>s com<br />
canalização, prática frequente no Brasil, apenas tem transferi<strong>do</strong> a inun<strong>da</strong>ção de um<br />
48
ponto para outro dentro <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> hidrográfica, com custos muitas vezes<br />
insustentáveis para os municípios. (TUCCI, 2002).<br />
No <strong>córrego</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> existem trechos retifica<strong>do</strong>s revesti<strong>do</strong>s com gabião que<br />
controlaram o avanço <strong>da</strong> erosão, haven<strong>do</strong> também projetos de recuperação <strong>da</strong> mata<br />
ciliar. O <strong>córrego</strong> possui trechos retifica<strong>do</strong>s com canalizações abertas de concreto e<br />
gabião e fecha<strong>da</strong>s de concreto como mostra a Figura 26. Sen<strong>do</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 2<br />
km de revestimento de concreto que vai <strong>do</strong> cruzamento com a Av. Fernan<strong>do</strong> Correa<br />
até a Av. Beira Rio. A retificação com gabião tem 1,20 km.<br />
Figura 26 – Composição <strong>do</strong> leito <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong><br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>, IPDU, (2009)<br />
Em trabalho desenvolvi<strong>do</strong> por Silveira, et al. (2009) foi indica<strong>do</strong> a retificação<br />
em trechos <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, a medi<strong>da</strong> seria eficiente para conter a erosão <strong>da</strong>s margens, no<br />
relatório foi recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> que o revestimento fosse de gabião.<br />
49
Tucci (1999) citou que as principais dificul<strong>da</strong>des existente na drenagem<br />
urbana são: (i) falta de um plano de drenagem urbana mestre, (ii) a invasão<br />
descontrola<strong>da</strong> de áreas verdes públicas pela polulação carente, (iii) a evolução urbana<br />
ilegal perto <strong>do</strong>s limites <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e (iv) falta de planejamento na drenagem de obras<br />
públicas. Estas ações criaram um eleva<strong>do</strong> custo de investimento para a população e<br />
principalmente para o município.<br />
São Paulo é um exemplo de ci<strong>da</strong>de que s<strong>of</strong>re com as enchentes e inun<strong>da</strong>ções<br />
causa<strong>da</strong>s principalmente pelo Rio Tietê. O vale <strong>do</strong> rio foi ocupa<strong>do</strong> desde o início <strong>do</strong><br />
século XX e a primeira medi<strong>da</strong> que o governo a<strong>do</strong>tou foi aumentar a capaci<strong>da</strong>de de<br />
vazão <strong>do</strong> rio. Houve primeiramente uma redução <strong>do</strong>s picos de cheia, porém a<br />
população continuou a ocupar as planícies fazen<strong>do</strong> com que os picos de cheias e sua<br />
frequência aumentassem novamente após a urbanização. No ano de 1999 durante a<br />
estação <strong>da</strong>s chuvas houve mais de cinco eventos que provocavam <strong>da</strong>nos de grandes<br />
dimensões (tanto para o poder público como para proprie<strong>da</strong>des priva<strong>da</strong>s), além <strong>do</strong><br />
prejuízo e incovenientes causa<strong>do</strong>s pelos engarrafamentos que dificultam a<br />
mobili<strong>da</strong>de. O custo real para melhorar a capaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> canal principal <strong>do</strong> rio Tietê<br />
seria maior que $ 1 bilhão de dólares. (TUCCI, 1999)<br />
A urbanização sem planejamento costuma ser a vilã <strong>da</strong> história, sen<strong>do</strong> um mal<br />
necessário aos novos tempos, contu<strong>do</strong> a veloci<strong>da</strong>de com que o processo vem<br />
acontecen<strong>do</strong> tem si<strong>do</strong> impactante e o custo para a reversão de impactos ambientais é<br />
bastante alto. Para Tucci (2002) à medi<strong>da</strong> que a ci<strong>da</strong>de se urbaniza, são verifica<strong>do</strong>s<br />
os seguintes impactos quanto à drenagem: i) aumento <strong>da</strong>s vazões máximas, devi<strong>do</strong> à<br />
impermeabilização <strong>da</strong>s superfícies e <strong>da</strong> rede de condutos; ii) alteração <strong>do</strong> escoamento<br />
total, em função <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> volume de escoamento superficial; iii) o aumento <strong>da</strong><br />
produção de sedimentos, e por consequência o seu acúmulo no sistema; iv) e<br />
deterioração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água, devi<strong>do</strong> à lavagem <strong>da</strong>s ruas, ao transporte de<br />
material sóli<strong>do</strong> e às ligações clandestinas de esgoto local. To<strong>do</strong>s esses fatores<br />
ampliam a ocorrência <strong>da</strong>s inun<strong>da</strong>ções nas áreas urbaniza<strong>da</strong>s, com o agravante desta<br />
água muitas vezes estar contamina<strong>da</strong> pelo esgoto lança<strong>do</strong> nos corpos d’ água,<br />
aumentan<strong>do</strong> o risco de transmissão de <strong>do</strong>enças para a população que entra em<br />
contato com a mesma.<br />
50
A questão de saúde pública deve ser ressalta<strong>da</strong> visto que a água é um veículo<br />
de transmissão de <strong>do</strong>enças. A água <strong>da</strong> enchente é contamina<strong>da</strong> pelo despejo de<br />
esgoto e pode transmitir <strong>do</strong>enças como leptospirose, a febre tifóide e a hepatite. Após<br />
a enchente as áreas atingi<strong>da</strong>s se tornam insalubres devi<strong>do</strong> ao ambiente úmi<strong>do</strong> e sujo.<br />
3.2.5.1.Coeficiente de escoamento<br />
O C é a relação entre o volume de escoamento livre superficial e o total<br />
precipita<strong>do</strong>. É por definição a grandeza, no méto<strong>do</strong> racional, que requer maior<br />
detenção, tornan<strong>do</strong> necessariamente, uma a<strong>do</strong>ção empírica <strong>do</strong> valor adequa<strong>do</strong>. A<br />
Tabela 7 relaciona diversos tipos de superfícies de áreas urbanas de escoamento com<br />
valores de C.<br />
Tabela 7 - Superfícies e seus valores de C<br />
Área<br />
Comercial<br />
Área<br />
Residencial<br />
Área<br />
Industrial<br />
DESCRIÇÃO C<br />
Central 0,70 - 0,90<br />
Bairros 0,50 - 0,70<br />
Residências Isola<strong>da</strong>s 0,35 - 0,50<br />
Uni<strong>da</strong>des Múltiplas (separa<strong>da</strong>s) 0,40 - 0,60<br />
Uni<strong>da</strong>des Múltiplas (conjuga<strong>da</strong>s) 0,60 - 0,65<br />
Lotes com mais de 2.000m² 0,30 - 045<br />
Áreas com apartamentos 0,50 - 0,70<br />
Indústrias Leves 0,50 - 0,80<br />
Indústrias Pesa<strong>da</strong>s 0,60 - 0,90<br />
Parques, Cemitérios 0,10 - 0,25<br />
Playgrounds 0,20 - 0,35<br />
Pátios Ferroviários 0,20 - 0,40<br />
Áreas sem melhoramentos 0,10 - 0,30<br />
Fonte: Tucci (1995)<br />
Segun<strong>do</strong> Tucci (2000), na prática frequentemente a área contribuinte é<br />
composta de várias "naturezas" de superfície, resultan<strong>do</strong> assim um coeficiente<br />
pondera<strong>do</strong> em função <strong>do</strong> percentual correspondente a ca<strong>da</strong> tipo de revestimento. A<br />
Tabela 8 relaciona valores de C com a natureza de superfície.<br />
51
Tabela 8 – Natureza <strong>da</strong>s superfícies e seus valores de C.<br />
Natureza <strong>da</strong> Superfície Valores de C<br />
Telha<strong>do</strong>s perfeitos, sem fuga 0,70 a 0,95<br />
Superfícies asfalta<strong>da</strong>s e em bom esta<strong>do</strong> 0,85 a 0,90<br />
Pavimentações de paralelepípe<strong>do</strong>s, ladrilhos ou blocos de madeira com 0,75 a 0,85<br />
juntas bem toma<strong>da</strong>s<br />
Para as superfícies anteriores sem as juntas toma<strong>da</strong>s 0,50 a 0,70<br />
Pavimentações de blocos inferiores sem as juntas toma<strong>da</strong>s 0,40 a 0,50<br />
Estra<strong>da</strong>s maca<strong>da</strong>miza<strong>da</strong>s 0,25 a 0,60<br />
Estra<strong>da</strong>s e passeios de pedregulho 0,15 a 0,30<br />
Superfícies não revesti<strong>da</strong>s, pátios de estra<strong>da</strong> de ferro e terrenos<br />
descampa<strong>do</strong>s<br />
0,10 a 0,30<br />
Parques, jardins, grama<strong>do</strong>s e campinas, dependen<strong>do</strong> <strong>da</strong> declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
solo e natureza <strong>do</strong> subsolo<br />
0,01 a 0,20<br />
Fonte: Tucci (1997)<br />
É importante ressaltar que muitas vezes as tabelas não irão contemplar to<strong>da</strong>s<br />
naturezas de solos existente, principalmente as diversi<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s, com isso<br />
deve-se a<strong>do</strong>tar a superfície que correspon<strong>da</strong> mais próxima a reali<strong>da</strong>de.<br />
52
4. MATERIAIS E MÉTODOS<br />
O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> envolveu o levantamento <strong>do</strong>s aspectos<br />
fisiograficos, sócio econômicos, saneamento e hidrológicos com objetivo de avaliar<br />
os impactos causa<strong>do</strong>s pelo processo de uso e ocupação no escoamento superficial <strong>da</strong><br />
<strong>bacia</strong>. Dessa forma, para alcançar os objetivos propostos nesta dissertação foram<br />
defini<strong>da</strong>s etapas meto<strong>do</strong>lógicas apresenta<strong>da</strong>s na Figura 27. Foram utiliza<strong>do</strong>s<br />
resulta<strong>do</strong>s de análises de imagem <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> em conjunto com levantamento de <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
primários e secundários referente as variáveis físicas e ain<strong>da</strong> a identificação de<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s hidrológicos no perío<strong>do</strong> chuvoso, de maneira a identificar o comportamento<br />
<strong>do</strong>s eventos chuvosos na <strong>bacia</strong>.<br />
Figura 27 – Fluxograma <strong>da</strong>s etapas meto<strong>do</strong>lógicas <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />
53
A área de estu<strong>do</strong> é a <strong>bacia</strong> hidrográfica <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>. Situa<strong>da</strong> na área<br />
urbana de Cuiabá, capital mato-grossense, localiza<strong>da</strong> na região Centro-oeste <strong>do</strong><br />
Brasil. A micro<strong>bacia</strong> encontra-se com um grau de urbanização eleva<strong>do</strong>, com taxas de<br />
impermeabilização de cerca de 57,4% de sua área e com tendência de expansão. Na<br />
Figura 28 mostra o quão avança<strong>do</strong> está o processo de urbanização na <strong>bacia</strong>.<br />
Figura 28 - Ocupação <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> e cursos d’água<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>, Secretaria de infraestrutura de Cuiabá.<br />
Neste item será apresenta<strong>da</strong> a meto<strong>do</strong>logia de pesquisa aplica<strong>da</strong> para o<br />
desenvolvimento <strong>da</strong> dissertação. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s necessários para concluir os objetivos<br />
deste trabalho são de fontes secundárias e primárias.<br />
4.1. LEVANTAMENTO DE DADOS SECUNDÁRIOS<br />
O levantamento histórico <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> bem como <strong>da</strong><strong>do</strong>s geográficos foram<br />
obti<strong>do</strong>s junto aos órgãos competentes municipal e estadual. Pesquisa<strong>do</strong>res também<br />
54
contribuíram com seus estu<strong>do</strong>s. As informações são relevantes para análises e<br />
complemento <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s primários.<br />
4.1.1. Registros Pluviométricos<br />
Para o levantamento <strong>do</strong> registro pluviométrico foi utiliza<strong>do</strong> o banco de <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> único pluviômetro instala<strong>do</strong> na <strong>bacia</strong>, o <strong>da</strong> Estação climatológica Mestre Bombled<br />
campus UFMT.<br />
4.1.2. Registros Pluviográficos<br />
Foram registra<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> pluviógrafo de dezembro de 2010 a abril de<br />
2011. No perío<strong>do</strong> houve leituras que foram descarta<strong>da</strong>s, pois apresentaram falhas,<br />
devi<strong>do</strong> ao travamento <strong>da</strong> pena <strong>do</strong> aparelho, ou dificul<strong>da</strong>de na leitura <strong>da</strong> carta<br />
pluviométrica devi<strong>do</strong> a rasura ou falha no traça<strong>do</strong> <strong>da</strong> pena, como na Figura 29 e 30.<br />
Figura 29 - Carta gráfica com leituras sobrepostas<br />
Figura 30 - Carta gráfica com pena trava<strong>da</strong><br />
4.1.3. Da<strong>do</strong>s Sócio-econômico-<strong>ambiental</strong><br />
O IPDU realizou um levantamento em 2009 <strong>do</strong> Perfil Socioeconômico de<br />
to<strong>do</strong>s os bairros <strong>do</strong> município de Cuiabá. Como o interesse desta análise são os<br />
bairros inseri<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong> com impacto significativo na drenagem e a interação <strong>do</strong>s<br />
55
ocupantes com o <strong>córrego</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong>, foram seleciona<strong>do</strong>s 22 bairros (<strong>do</strong> total de 28)<br />
que possuem mais de 50% de seu território localiza<strong>do</strong>s dentro <strong>da</strong> delimitação <strong>da</strong><br />
<strong>bacia</strong>. Com essa meto<strong>do</strong>logia alguns bairros como Boa Esperança e Carumbé não<br />
foram considera<strong>do</strong>s por representarem menos de 50% <strong>da</strong> área drena<strong>da</strong> para o <strong>córrego</strong><br />
Barba<strong>do</strong>.<br />
Os bairros seleciona<strong>do</strong>s foram: Centro Político Administrativo (CPA),<br />
Mora<strong>da</strong> <strong>do</strong> Ouro, Jardim Aclimação, Terra Nova, Bela Vista, Dom Bosco, Canjica,<br />
Campo Verde, Bosque <strong>da</strong> Saúde, Pedregal, Jardim Leblon, Jardim Itália, Jardim <strong>da</strong>s<br />
Américas, Campus UFMT, Jardim Petrópolis, Pico <strong>do</strong> amor, Jardim tropical, Campo<br />
velho, Grande terceiro, Jardim Califórnia, Praeiro e Praeirinho.<br />
Foram seleciona<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> IPDU de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s 22 bairros e reuni<strong>do</strong>s<br />
em tabelas com informações <strong>da</strong>: Seção III - Aspectos demográficos: Capitulo 7:<br />
População, Capitulo 8: Rendimentos. Seção VI - de Aspectos Sociais: Capitulo 18:<br />
habitação e Capitulo 20: Educação . Na seção VII sobre Infraestrutura e Serviços:<br />
Capitulo 27 – Saneamento: a)Água, b)esgoto, c) limpeza urbana.<br />
4.2. LEVANTAMENTO DE DADOS PRIMÁRIOS<br />
Para alcançar os objetivos propostos foram realiza<strong>do</strong>s levantamentos em<br />
campo que posteriormente foram trabalha<strong>do</strong>s juntamente com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s secundários.<br />
Estas etapas possibilitaram a análise final <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong><br />
Barba<strong>do</strong> em absorver os processos de urbanização juntamente com o sistema de<br />
drenagem.<br />
4.2.1. Definição <strong>da</strong> área de estu<strong>do</strong><br />
O objeto de estu<strong>do</strong> é o <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> e sen<strong>do</strong> assim a uni<strong>da</strong>de geográfica<br />
aplica<strong>da</strong> para delimitar a área de estu<strong>do</strong> é a <strong>bacia</strong> hidrográfica. To<strong>da</strong> a micro<strong>bacia</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> está inteiramente situa<strong>da</strong> em perímetro urbano, com isso esta s<strong>of</strong>re<br />
interferência em seu regime natural de drenagem.<br />
Como a micro<strong>bacia</strong> estu<strong>da</strong><strong>da</strong> é urbaniza<strong>da</strong>, as construções e rede de drenagem<br />
alteram o regime de escoamento. Em alguns trechos áreas que seriam contribuintes<br />
naturalmente para a micro<strong>bacia</strong> são drena<strong>da</strong>s para <strong>bacia</strong>s vizinhas como a <strong>do</strong> rio<br />
Coxipó, <strong>córrego</strong> Gambá, Prainha e Ribeirão <strong>do</strong> Lipa, por conveniência construtiva.<br />
56
Como o estu<strong>do</strong> objetiva quantificar a precipitação-vazão que atinge o <strong>córrego</strong><br />
Barba<strong>do</strong>, para delimitar a área estu<strong>da</strong><strong>da</strong> levou-se em conta as cotas topográficas e a<br />
rede de drenagem local, consideran<strong>do</strong> assim apenas as áreas contribuintes para o<br />
sistema de drenagem (Figura 31).<br />
4.2.2. Fisiografia <strong>da</strong> Micro<strong>bacia</strong><br />
Figura 31- Área de estu<strong>do</strong><br />
Fonte: Faria & Ventura, 2010<br />
Para avaliar os impactos <strong>da</strong> urbanização na <strong>bacia</strong> foi levanta<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s de<br />
impermeabilização, fisiografia, sistema de drenagem, destinação <strong>do</strong>s resíduos<br />
sóli<strong>do</strong>s, sistema de esgotamento sanitário, vegetação, disciplina de ocupação e <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
socioeconômicos <strong>do</strong>s ocupantes.<br />
Para conhecer o grau de impermeabilização <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> estu<strong>do</strong>u-se a composição<br />
<strong>do</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo levanta<strong>do</strong> por meio de imagens de satélite, obten<strong>do</strong> a área<br />
composta por: alvenaria, concreto, lamina d’água, pavimento, solo exposto,<br />
vegetação aberta e vegetação densa. A plataforma escolhi<strong>da</strong> foi a SPOT, por <strong>of</strong>erecer<br />
57
imagens recentes e com resoluções espaciais que variam de 2,5m a 20m. O satélite<br />
utiliza<strong>do</strong> foi o SPOT 5, com imagem de 23 de julho de 2009. Para o tratamento foi<br />
extraí<strong>da</strong> uma máscara <strong>da</strong> imagem através <strong>do</strong> polígono base que é a área de estu<strong>do</strong>.<br />
Utilizou-se as ban<strong>da</strong>s B1, B2 e B3, to<strong>da</strong>s com resolução espacial de 10 metros, a<br />
resolução temporal de 26 dias e a área imagia<strong>da</strong> de 60/60 metros. (EMBRAPA,<br />
2011)<br />
A foto aérea de 2006 ilustra a área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> já urbaniza<strong>da</strong>. Com a imagem <strong>da</strong><br />
<strong>bacia</strong> delimita<strong>da</strong>, no programa ArcGIS 9.3 foi traça<strong>do</strong> polígonos em áreas<br />
construí<strong>da</strong>s, estabelecen<strong>do</strong> assim a porcentagem de área já ocupa<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> até o<br />
ano de 2006 e o avanço <strong>da</strong> urbanização.<br />
A fisiografia de uma <strong>bacia</strong> descreve seu formato e suas características, <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
que permitem conhecer o potencial natural de risco de enchente de um corpo hídrico.<br />
Para conhecer a fisiografia <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> o mapa digital em formato<br />
DWG foi utiliza<strong>do</strong> na delimitação <strong>da</strong> área de estu<strong>do</strong>, na área, no perímetro, na<br />
altitude máxima, na altitude <strong>da</strong> nascente e no exutório e extensão <strong>do</strong> <strong>córrego</strong>. Já o<br />
comprimento total <strong>do</strong>s canais, bem como comprimento <strong>do</strong>s afluentes a margem<br />
direita e esquer<strong>da</strong>, foram obti<strong>do</strong>s no programa ArcGIS 9.3.<br />
O restante <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s fisiográficos foram determina<strong>do</strong>s aplican<strong>do</strong> fórmulas<br />
consagra<strong>da</strong>s, inseri<strong>do</strong>s os valores levanta<strong>do</strong>s anteriormente. O tempo de<br />
concentração foi obti<strong>do</strong> pela fórmula de Kirpch. E como variáveis: o comprimento<br />
<strong>do</strong> canal principal e a declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> talvegue principal:<br />
t c<br />
2<br />
0, 39 ⎟ ⎛ L ⎞<br />
= ⎜<br />
⎝ S ⎠<br />
0,<br />
385<br />
Para o coeficiente de compaci<strong>da</strong>de: perímetro e área:<br />
Kc = 0,<br />
28<br />
P<br />
A<br />
O Fator de Forma Kf foi obti<strong>do</strong> pelo cálculo a seguir, utilizan<strong>do</strong> a área <strong>da</strong><br />
<strong>bacia</strong> e o comprimento <strong>do</strong> canal principal:<br />
A<br />
Kf = 2<br />
L<br />
A sinuosi<strong>da</strong>de é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela razão entre o comprimento efetivo <strong>da</strong> nascente ao<br />
exutório e o comprimento <strong>do</strong> curso d’água:<br />
58
E<br />
Sin =<br />
L<br />
E, por fim, a densi<strong>da</strong>de de drenagem <strong>da</strong><strong>da</strong> pela razão entre o comprimento<br />
total <strong>do</strong>s cursos <strong>do</strong>s canais e a área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>:<br />
Lt<br />
Dd =<br />
A<br />
São considera<strong>da</strong>s: áreas de baixa densi<strong>da</strong>de de drenagem < 5 km/km²; áreas<br />
de baixa média drenagem de 5 a 13 km / km²; áreas de alta densi<strong>da</strong>de de drenagem<br />
de 13 a 155 km/km² e muito alta densi<strong>da</strong>de de drenagem > 155 km/km.<br />
4.2.3. Escolha <strong>da</strong> Seção de Estu<strong>do</strong><br />
Ao longo <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> era necessário escolher uma área que atingisse uma<br />
vazão máxima representativa o mais próximo <strong>da</strong> foz possível, porém a mesma seção<br />
deveria ser livre de remanso, e ter uma trajetória o mais reto possível e que houvesse<br />
estrutura de apoio para as medições durante o evento de chuva.<br />
A área encontra<strong>da</strong> foi a cerca de 2 km <strong>da</strong> Foz, na Aveni<strong>da</strong> Tancre<strong>do</strong> de<br />
Almei<strong>da</strong> Neves, nº635. No local o <strong>córrego</strong> encontra-se retifica<strong>do</strong>, portanto com sua<br />
seção bem defini<strong>da</strong>, existe uma passarela para pedestre que serviu como estrutura de<br />
apoio para as coletas de <strong>da</strong><strong>do</strong>s nas chuvas.<br />
A seção de estu<strong>do</strong> (Figura 32) tem a área conheci<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong> 8,30 m de largura,<br />
e 2,60 de altura.<br />
Figura 32 - Seção de estu<strong>do</strong> (2010)<br />
59
No local, a área <strong>da</strong> seção foi quantifica<strong>da</strong>. Durante alguns eventos de chuva<br />
foram realiza<strong>do</strong>s medições <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de de escoamento que juntamente com os<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s pluviométricos e fisiográficos possibilitaram a geração <strong>da</strong> curva chave e<br />
hidrogramas.<br />
4.2.4. Levantamento de Da<strong>do</strong>s de Chuva<br />
A série histórica de chuvas na micro<strong>bacia</strong> foi forneci<strong>da</strong> pela estação<br />
climatológica Mestre Bombled, campus UFMT. Na estação está instala<strong>do</strong> o único<br />
pluviógrafo e pluviômetro <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong>. O laboratório de hidráulica e hidrologia, <strong>do</strong><br />
departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, fornece os <strong>da</strong><strong>do</strong>s desde 1989 até<br />
os dias atuais.<br />
Foi sincroniza<strong>do</strong> o relógio <strong>do</strong> pluviógrafo com os relógios <strong>da</strong> equipe de<br />
medição de vazão e <strong>do</strong> linígrafo, assim quan<strong>do</strong> na seção de estu<strong>do</strong> eram verifica<strong>do</strong>s a<br />
altura <strong>da</strong> lâmina d’água e a veloci<strong>da</strong>de de escoamento, a hora era registra<strong>da</strong> para<br />
posteriormente buscar no laboratório a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> precipitação no instante. No<br />
entanto, o aparelho é manual e tem a mecânica sensível, como em alguns eventos não<br />
houve registro pelo pluviômetro ou havia uma grande divergência de horário,<br />
buscou-se assim conciliar apenas o perío<strong>do</strong> de tempo <strong>do</strong> hietograma com o<br />
hidrograma.<br />
4.2.5. Levantamento de Veloci<strong>da</strong>de de Escoamento<br />
Para obter os <strong>da</strong><strong>do</strong>s de entra<strong>da</strong> de chuva-vazão para a curva chave foram<br />
realiza<strong>da</strong>s medições in loco em um ponto <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> em eventos de chuvas ocorri<strong>do</strong>s<br />
de Outubro de 2010 a Abril de 2011.<br />
Durante o perío<strong>do</strong> foram realiza<strong>da</strong>s tentativas de medições com aparelho<br />
molinete, por ser o méto<strong>do</strong> mais recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> na bibliografia, no entanto, tanto a<br />
tentativa de medição com haste de aço quanto a tentativa utilizan<strong>do</strong> tubulação<br />
conduite, não conseguiram fornecer sustentação e segurança ao aparelho, pois<br />
trepi<strong>da</strong>vam e envergava a haste. A veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água juntamente com o material<br />
carrea<strong>do</strong> tornava a sustentação <strong>da</strong> haste com o molinete perigosa. Além disso os<br />
60
<strong>da</strong><strong>do</strong>s poderiam ser comprometi<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong> o atrito com material flutuante que<br />
poderiam ain<strong>da</strong> <strong>da</strong>nificar o aparelho e interromper a rotação.<br />
Ain<strong>da</strong> assim, foi realiza<strong>da</strong> uma tentativa utilizan<strong>do</strong> o molinete com o guincho<br />
acopla<strong>do</strong> a um lastro de 15 kg, pois um lastro mais pesa<strong>do</strong> colocaria em risco os<br />
opera<strong>do</strong>res, contu<strong>do</strong> também não houve sucesso, pois o aparelho não mantinha<br />
estabili<strong>da</strong>de, rotacionava na água e teve a cau<strong>da</strong> <strong>da</strong>nifica<strong>da</strong>, Figura 33. A tentativa de<br />
medição foi feita em uma lamina d’água de 40cm, na margem esquer<strong>da</strong> e ain<strong>da</strong> assim<br />
não foi possível conseguir operar o aparelho.<br />
Figura 33 – Molinete com lastro (2010)<br />
Houve a tentativa de medição com o aparelho Acoustic Doppler Current<br />
Pr<strong>of</strong>iler, ADCP. O aparelho foi empresta<strong>do</strong> pela Universi<strong>da</strong>de Federal de São Carlos<br />
para a pesquisa, <strong>do</strong> dia 21 de Janeiro ao dia 28 de Março de 2011. Com o aparelho só<br />
é possível fazer medição com uma lamina d’água mínima de 1 metro. Durante o<br />
perío<strong>do</strong> apenas um evento alcançou essa medi<strong>da</strong>. A medição apresentou <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
incoerentes como pr<strong>of</strong>undi<strong>da</strong>de de 3 metros, enquanto a régua instala<strong>da</strong> na água de<br />
estu<strong>do</strong> marcava nível de 1,20m. O comportamento <strong>do</strong> aparelho sobre a água era<br />
instável. A turbulência fazia com que o aparelho saltitasse impedin<strong>do</strong> o seu contato<br />
por inteiro com a água, Figura 34. Após notificar o ocorri<strong>do</strong> ao fabricante o mesmo<br />
sugeriu que fosse a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> um peso a proa <strong>do</strong> aparelho para sanar o problema, no<br />
entanto, após a sugestão não houve evento de chuva que alcançasse a lamina d’água<br />
necessária para utilização <strong>do</strong> aparelho.<br />
61
Depois de tentar alternativas de medição de veloci<strong>da</strong>de por méto<strong>do</strong>s<br />
consagra<strong>do</strong>s optou-se se pelo flutua<strong>do</strong>r. O material escolhi<strong>do</strong> foi madeira por ser<br />
biodegradável e flutuante flutuante. Foram utiliza<strong>da</strong>s peças com medi<strong>da</strong>s padrões de<br />
4cmx4cmx1cm, , nessas medi<strong>da</strong>s o flutua<strong>do</strong>r obteve peso adequa<strong>do</strong> para não afun<strong>da</strong>r e<br />
suficiente para não s<strong>of</strong>rer interferência <strong>do</strong> vento.<br />
No local foram feitas as medi<strong>da</strong>s de veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> escoamento em três pontos<br />
<strong>da</strong> seção escolhi<strong>da</strong>, espaça<strong>do</strong>s a 2,07m <strong>da</strong> margem e entre si. Fora instala<strong>do</strong> uma<br />
régua de auxílio na seção <strong>do</strong> canal estu<strong>da</strong><strong>do</strong>.<br />
Para medir a velo veloci<strong>da</strong>de de escoamento é necessário essário definir um ponto exato<br />
com características propí propícias para medição. Como a veloci<strong>da</strong>de de escoamento<br />
quanto mais próximo <strong>da</strong> superfície é mais veloz e quanto mais próximo <strong>da</strong>s margens<br />
é mais lento, foram escolhi<strong>do</strong>s pontos representat representativos.<br />
A veloci<strong>da</strong>de foi medi<strong>da</strong> com flutua<strong>do</strong>res em quatro eventos. No ponto de<br />
medição há 8,3 metros de largura e o lançamento <strong>do</strong>s flutua<strong>do</strong>res buscavam atingir as<br />
distancias de 2,07m, m, 4,15m e 6,23m. Foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s 3 pontos de lançamento para<br />
flutua<strong>do</strong>r, pois se torna inviável em um evento climático a<strong>do</strong>tar mais lançamentos<br />
devi<strong>do</strong> a rápi<strong>da</strong> alteração <strong>da</strong> cota <strong>do</strong> nível d’água.<br />
Por questões de segurança e visibili<strong>da</strong>de em eventos de precipitação noturno<br />
não foram feitas as<br />
Figura 34– ADCP na seção de estu<strong>do</strong> (2011)<br />
medições. Ain<strong>da</strong>, visan<strong>do</strong> a segurança <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res, em<br />
eventos com ventos extremos e raios, por medi<strong>da</strong> de segurança aas<br />
s medições também<br />
foram suspensas. . E ain<strong>da</strong> foi estabeleci<strong>do</strong> que ao atingir altura de nível d’água de<br />
2,60m 0m <strong>do</strong> total de 3,00m a coleta deveria ser aban<strong>do</strong>na<strong>da</strong>, , pois a água começa a<br />
transpor a passarela, tornan<strong>do</strong> a permanência no local arrisca<strong>da</strong> arrisca<strong>da</strong>.<br />
A seção tem o leito retifica<strong>do</strong>, com isso a área passa a ter a largura fixa de<br />
8,30m multiplica<strong>da</strong> pela altura <strong>do</strong> nível d’água. Os limites para altu altura <strong>do</strong> nível d’água<br />
62
na área são de 2,60 m de altura necessária para atingir a ponte de apoio e 2,73m para<br />
o transbor<strong>da</strong>mento <strong>do</strong> <strong>córrego</strong>. As dimensões <strong>da</strong> seção de estu<strong>do</strong> são dimensiona<strong>da</strong>s<br />
na Figura 35.<br />
Figura 35 – Medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> seção de estu<strong>do</strong><br />
O flutua<strong>do</strong>r foi lança<strong>do</strong> 5m antes <strong>do</strong> ponto “A” para eliminar as interferências<br />
<strong>do</strong> impacto na água. A seção foi dividi<strong>da</strong> em 3 áreas na qual os flutua<strong>do</strong>res eram<br />
lança<strong>do</strong>s no meio de ca<strong>da</strong> área, atingin<strong>do</strong> assim a veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> centro e <strong>da</strong>s laterais.<br />
Procurou-se lançar 1 flutua<strong>do</strong>r em ca<strong>da</strong> área para ca<strong>da</strong> cota, para calcular a<br />
veloci<strong>da</strong>de média <strong>da</strong> cota determina<strong>da</strong>, no entanto, em alguns momentos a oscilação<br />
<strong>da</strong>s cotas não permitiu lançar flutua<strong>do</strong>res em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s 3 áreas. Para obtenção <strong>da</strong><br />
vazão, cronometrou-se o tempo que o flutua<strong>do</strong>r levava para percorrer a distância <strong>do</strong><br />
ponto A ao ponto B em medi<strong>da</strong>s de segun<strong>do</strong>s (Figura 36).<br />
Figura 36 – Layout <strong>da</strong> área de lançamento <strong>do</strong>s flutua<strong>do</strong>res<br />
Logo a veloci<strong>da</strong>de era <strong>da</strong><strong>da</strong> com a distância percorri<strong>da</strong> pelo tempo gasto pelo<br />
flutua<strong>do</strong>r para percorrer o percurso. As veloci<strong>da</strong>des obti<strong>da</strong>s eram ajusta<strong>da</strong>s de acor<strong>do</strong><br />
63
com as regras expostas na Tabela 9. O fator de correção foi <strong>da</strong><strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com as<br />
áreas em que foi possível contabilizar o tempo <strong>do</strong> flutua<strong>do</strong>r em uma mesma cota. A<br />
correção foi modifica<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> não era possível obter a veloci<strong>da</strong>de nas duas<br />
margens e no meio.<br />
Tabela 9 - Correção <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de.<br />
Flutua<strong>do</strong>r Fator de correção Vazão total<br />
A1, A2 e A3 V1*0,8; V2*0,9; V3*0,8 Q= (A1*V1*0,8)+(A2*V2*0,9)+(A3*V3*0,8)<br />
A2 V2*0,85 Q= (A1+A2+A3)*(V2*0,85)<br />
A1 V1*0,83 Q= (A1+A2+A3)*(V1*0,83)<br />
A3 V3*0,83 Q= (A1+A2+A3)*(V3*0,83)<br />
A1 e A2 V1*0,8; V2*0,9 Q=((A1+A3)*(V1*0,8))+(A2*V2*0,9)<br />
A2 e A3 V3*0,8; V2*0,9 Q=((A1+A3)*(V3*0,8))+(A2*V2*0,9)<br />
Com a veloci<strong>da</strong>de ajusta<strong>da</strong> multiplica<strong>da</strong> pela área obteve-se a vazão total na<br />
cota especifica<strong>da</strong>.<br />
4.2.6. Curva Chave<br />
O méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> foi o <strong>do</strong>s mínimos quadra<strong>do</strong>s onde os <strong>da</strong><strong>do</strong>s de cota vazão<br />
foram ordena<strong>do</strong>s e utilizou-se a ferramenta solver <strong>do</strong> Excel para obter a fórmula <strong>da</strong><br />
curva chave determinan<strong>do</strong> que a subtração <strong>da</strong> vazão calcula<strong>da</strong> pela vazão observa<strong>da</strong>,<br />
eleva<strong>da</strong> ao quadra<strong>do</strong> fosse igual a zero (Qcal-Qobs=0) e a restrição de que o valor de<br />
H0 fosse maior que a menor cota observa<strong>da</strong>.<br />
Nas opções <strong>do</strong> Solver fora determina<strong>do</strong>: tempo: 100 segun<strong>do</strong>s;<br />
interações;100, precisão; 0,00001; tolerância: 5%; convergência: 0,0001; estimativas:<br />
tangente; deriva<strong>da</strong>s:adiante e pesquisar: Newton.<br />
Com a vazão calcula<strong>da</strong> foi desenvolvi<strong>do</strong> o gráfico com a vazão obti<strong>da</strong> e a<br />
vazão calcula<strong>da</strong> para as cotas.<br />
4.2.7. Levantamento <strong>da</strong> Área Construí<strong>da</strong><br />
A área construí<strong>da</strong> é obti<strong>da</strong> pela análise de foto aérea disponibiliza<strong>da</strong> pela<br />
secretaria municipal de finanças de Cuiabá. O mosaico foi monta<strong>do</strong> e a micro<strong>bacia</strong><br />
teve sua delimitação traça<strong>da</strong> pelo georeferenciamento <strong>do</strong> traça<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> em<br />
Autocad, respeitan<strong>do</strong> a malha urbana.<br />
64
Com geoprocessamento, envolven<strong>do</strong> digitalização, edição e outras operações<br />
com uso <strong>do</strong> s<strong>of</strong>tware ArcGis 9.2, Arc View e Arc Info, foram trabalha<strong>do</strong>s mapas de<br />
área construí<strong>da</strong> e não construí<strong>da</strong> para o ano de 2006. Os cálculos <strong>da</strong> área foram<br />
realiza<strong>do</strong>s através de somatória de polígonos.<br />
O levantamento não reproduz a atual taxa de urbanização, pois a imagem de<br />
2006 não apresenta a atual impermeabilização <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong>. O con<strong>do</strong>mínio<br />
Alphaville, por exemplo, em 2006 era uma área permeável e atualmente está<br />
densamente construí<strong>do</strong>. No Google Earth podem ser encontra<strong>da</strong>s imagens recentes <strong>da</strong><br />
ocupação <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong>, no entanto, trabalhar com imagens aéreas no ArcGis é mais<br />
produtivo pois a resolução <strong>da</strong> foto aérea permite perfeitamente o discernimento de<br />
área construí<strong>da</strong> e áreas não construí<strong>da</strong>s.<br />
4.2.8. Uso <strong>do</strong> Solo<br />
Para conhecer o grau de impermeabilização <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, a mesma foi dividi<strong>da</strong><br />
em classes. A composição <strong>do</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo foi obti<strong>do</strong> por meio de imagens<br />
de satélite sen<strong>do</strong> a área composta por: alvenaria, concreto, lâmina d’água, pavimento,<br />
solo exposto, vegetação aberta e vegetação densa. A plataforma escolhi<strong>da</strong> foi a<br />
SPOT, por <strong>of</strong>erecer imagens recentes e com resoluções espaciais que variam de 2,5m<br />
a 20m. O satélite utiliza<strong>do</strong> foi o SPOT 5, com imagem de 23 de julho de 2009. Para o<br />
tratamento foi extraí<strong>da</strong> uma máscara <strong>da</strong> imagem através <strong>do</strong> polígono base que é a<br />
área de estu<strong>do</strong>. Utilizou-se as ban<strong>da</strong>s B1, B2 e B3, to<strong>da</strong>s com resolução espacial de<br />
10 metros, a resolução temporal de 26 dias e a área delimita<strong>da</strong> de 60/60 metros.<br />
(EMBRAPA, 2011).<br />
Para desenvolver o processo de classificação foi a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> a classificação<br />
supervisiona<strong>da</strong> <strong>do</strong> tipo Maxver, com liminar de aceitação de 99,9%, que consiste no<br />
conhecimento <strong>do</strong> analista a partir <strong>do</strong> conhecimento <strong>da</strong> área de estu<strong>do</strong>, ou por<br />
inferências relaciona as imagens com as classes de cobertura <strong>da</strong> terra que deseja<br />
classificar (RUGGLES,1998). Este tipo de classificação visa enquadrar ca<strong>da</strong> pixel<br />
em uma classe, e esses conjuntos de pixels de uma determina<strong>da</strong> classe constituem um<br />
conjunto de treinamento para a classe determina<strong>da</strong>.<br />
65
4.2.9. Vazão de Pico<br />
É a vazão que se deseja conhecer, é aquela que é resulta<strong>do</strong> de uma chuva<br />
intensa capaz de produzir enchente no curso d’água. Pode-se também desejar<br />
conhecer a vazão de uma chuva qualquer.<br />
O méto<strong>do</strong> racional é um <strong>do</strong>s mais conheci<strong>do</strong>s e antigos modelos para o<br />
cálculo <strong>da</strong> vazão de pico na saí<strong>da</strong> de uma <strong>bacia</strong> hidrográfica. Aplica-se a pequenas<br />
<strong>bacia</strong>s hidrográficas, ou seja, as que atendem aos seguintes critérios: pode-se assumir<br />
a distribuição uniforme <strong>da</strong> precipitação, no tempo e no espaço; a duração <strong>da</strong><br />
precipitação usualmente excede o tempo de concentração <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>; há pre<strong>do</strong>mínio de<br />
escoamento superficial, como é o caso em áreas urbaniza<strong>da</strong>s; efeitos de<br />
armazenamento superficial, durante o escoamento, são desprezíveis.<br />
�� = �, ���. �. ��. �<br />
Onde:<br />
Qp –Vazão de Pico em m³/s.<br />
im – intensi<strong>da</strong>de média de precipitação em mm/h.<br />
A – área de drenagem, em km².<br />
C - coeficiente de escoamento pondera<strong>do</strong>.<br />
TUCCI (2000) descreve que o coeficiente de escoamento de uma <strong>bacia</strong> de<br />
superfícies variáveis pode ser estima<strong>do</strong> pela ponderação <strong>do</strong> coeficiente de diferentes<br />
superfícies. Sen<strong>do</strong> assim deve-se a<strong>do</strong>tar a formula abaixo para ponderar o C <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>:<br />
� =<br />
� ∑��� ����<br />
∑� ��<br />
���<br />
Com a somatória de ca<strong>da</strong> área de classe levanta<strong>da</strong>, multiplica-se pelo C<br />
considera<strong>do</strong> e divide-se pela área total, obten<strong>do</strong> assim o C que representa a <strong>bacia</strong>.<br />
Como a drenagem é heterogenia buscou-se classificar o Coeficiente de<br />
escoamento consideran<strong>do</strong> as diferentes ocupações <strong>do</strong> solo conforme Tabela 10. Os<br />
coeficientes foram pondera<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com os coeficientes indica<strong>do</strong>s na<br />
bibliografia.<br />
66
Tabela 10 – Coeficientes de escoamento considera<strong>do</strong>.<br />
Classificação Área(km²) C considera<strong>do</strong><br />
Alvenaria 2,23 0,70<br />
Concreto 1,96 0,70<br />
Pavimento 3,51 0,85<br />
Solo exposto 0,27 0,30<br />
Vegetação aberta 3,79 0,05<br />
Vegetação densa 1,57 0,01<br />
Para os coeficientes que não contem a classificação de cobertura exata<br />
buscou-se a<strong>do</strong>tar o mais próximo <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de local.<br />
67
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS<br />
Os resulta<strong>do</strong>s e as análises obti<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> abor<strong>da</strong>rão como os aspectos<br />
fisiograficos, de saneamento, disposição de resíduos e a impermeabilização <strong>da</strong>s áreas<br />
tem contribuí<strong>do</strong> no comportamento <strong>do</strong> escoamento superficial <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, propician<strong>do</strong><br />
durante os eventos de chuva intensa inun<strong>da</strong>ções na <strong>bacia</strong> e acarretan<strong>do</strong> riscos a<br />
população, principalmente aquelas que se encontram nas áreas de APP. O<br />
comportamento <strong>da</strong>s chuvas na <strong>bacia</strong>, a curva chave e hidrogramas gera<strong>do</strong>s<br />
possibilitaram caracterizar os efeitos de algumas precipitações sobre a <strong>bacia</strong>, tais<br />
como a vazão de pico, a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> precipitação, o volume de água na <strong>bacia</strong> e o<br />
tempo que uma chuva alterava o nível d’água na seção de estu<strong>do</strong>.<br />
5.1. DADOS DE CHUVA<br />
5.1.1. Histórico de Chuva<br />
O histórico <strong>do</strong> pluviograma <strong>da</strong>s precipitações <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> confirma o estu<strong>do</strong><br />
realiza<strong>do</strong> por Lima (2001), onde a <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> rio Cuiabá apresentou uma sazonali<strong>da</strong>de<br />
marca<strong>da</strong> por <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s bem distintos: estiagem, maio a outubro, e cheia,<br />
novembro a abril. Na Figura 37 estão dispostas as mínimas, médias e máximas<br />
acumula<strong>da</strong>s mensais registra<strong>da</strong>s no histórico <strong>da</strong> estação de 1989 a 2011. No gráfico<br />
observa-se os meses de estiagem de acor<strong>do</strong> com a média <strong>do</strong> histórico <strong>da</strong> estação, que<br />
é de 116 mm de precipitação por mês, sen<strong>do</strong> assim a estiagem acontece de maio a<br />
setembro e a cheia de outubro a abril.<br />
Precipitações (mm)<br />
450<br />
400<br />
350<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
Pluviograma<br />
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.<br />
Méd.<br />
Figura 37 – Precipitações mínimas, médias e máximas registra<strong>da</strong>s entre 1989 e 2011.<br />
Mín.<br />
Máx.<br />
Média <strong>da</strong> estação<br />
68
A série mensal de chuvas foi descrita por FARIA (2008), apresentan<strong>do</strong> a<br />
Tabela 11 a seguir a quantificação em milímetros mensal <strong>do</strong> ano de 1989 a 2005 e os<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s de 2006 a 2011 foram divulga<strong>do</strong>s pela Equipe Técnica <strong>do</strong> Laboratório de<br />
Hidráulica e Climatologia.<br />
Tabela 11 - Histórico de precipitação mensal.<br />
Ano Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.<br />
1989 425,2 243,1 167,2 241,1 36,6 32 74,2 195,6 18,6 126,4 202,8 169,1<br />
1990 169,3 207 175,3 72,2 111,2 5,7 32 35,6 113,8 113,6 51 119<br />
1991 118 122,8 177 117,6 23,2 48,7 0 0,4 29 73,8 152,8 114,9<br />
1992 182 148 184,7 83,5 50,3 0 0 11,3 183,2 199,7 189,3 37,7<br />
1993 178,6 261,1 136,6 29 55,2 72,5 1,2 11,8 70,5 83,3 155 142,5<br />
1994 145,9 186,6 109,5 173,6 38,8 33 12,7 3,5 130 133,9 153,6 213,8<br />
1995 243,2 220 204 68,9 139,2 43,1 0 13 63,8 95,5 186,1 270,1<br />
1996 194,4 305,4 292,7 88,3 24,5 25,8 0 54,4 22,9 160,3 129,3 193,4<br />
1997 227,7 249,2 183,1 81,8 34,3 69,7 0 0,7 37,4 99,4 160,9 229,7<br />
1998 190,7 126,2 266,9 215,3 38,5 1,5 1,8 39,1 95,5 112,4 118,2 260,2<br />
1999 83,2 150,3 237,4 100,7 10 40,5 1,6 0 17,8 106,3 270 163,8<br />
2000 132,4 181,7 261,9 133,5 8,4 0,4 4,5 14,6 38,1 145,1 135,6 124,2<br />
2001 179,3 57,4 268,4 218,6 63,8 23,3 7,3 45,8 30 143,1 229,8 254,2<br />
2002 211,4 260,2 165,4 84,6 64,6 0,6 28 11,2 20,5 170,9 53,2 201,4<br />
2003 167,8 102,6 186,5 130,3 6,7 0 0 2,9 103,2 152,1 171,5 118,7<br />
2004 224,6 271,5 142,3 148,3 83,1 0,7 68,1 0,4 0 155,8 163,6 190,1<br />
2005 193 153 242 63,6 14,4 21,8 0,1 0,8 77,3 126,7 76,8 149,3<br />
2006 219,2 359 305 198,3 15 13,4 20,3 13,8 140,2 152,2 127,6 162,2<br />
2007 288,4 205,6 160,6 250,7 31,6 0,3 18,3 0 9,9 191,3 266,2 204,9<br />
2008 178,8 87,4 196 188,8 75,2 0 0 10,4 10,2 68,8 79,1 183,2<br />
2009 152,5 203,7 267,5 100,2 121,4 35,8 27,3 78,1 47,8 135,3 133,3 194,8<br />
2010 423,4 302 296,6 56,2 14,5 5,5 17,1 0 2,5 90,9 115,7 129<br />
2011 316,7 363,5 247 163,7 2,9 16,3 0,9 9,2 5,6 75,4 115,2 154,2<br />
Fonte: Precipitação de 1989 a 2005 FARIA (2008)/ Precipitação de 2006 a 2011:<br />
Laboratório de Hidráulica e Climatologia<br />
Na Tabela 12 são mostra<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s de chuvas de 2010 e 2011. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
são <strong>do</strong> pluviógrafo <strong>da</strong> estação climatológica localiza<strong>da</strong> no campus <strong>da</strong> UFMT em<br />
Cuiabá.<br />
69
Tabela 12 - Da<strong>do</strong>s de chuva de 2010 a 2011.<br />
2010 Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.<br />
Total 423,4 302,0 296,6 56,2 14,5 5,5 17,1 0,0 2,5 90,9 115,7 129,0<br />
Acum. 423,4 725,4 1022,0 1078,2 1092,7 1098,2 1115,3 1115,3 1117,8 1222,4 1338,1 1467,1<br />
NºDia 22 13 16 06 05 01 03 00 02 08 10 14<br />
Acum. 22 35 51 57 63 64 67 67 69 76 86 100<br />
Máx. 94,0 73,7 62,0 41,2 7,0 5,5 15,2 0,0 1,9 37,6 51,7 36,2<br />
2011 Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.<br />
Total 316,7 363,7 247,0 163,7 2,9 16,3 0,9 9,2 5,6 75,4 115,2 154,2<br />
Acum. 316,7 680,4 927,4 1091,1 1094 1110,3 1111,2 1120,4 1126 1201,4 1316,6 1470,8<br />
NºDia 21 20 19 10 02 02 01 01 02 12 06 11<br />
Acum. 21 41 60 70 72 74 75 76 78 90 96 107<br />
Máx. 49,0 102,4 48,8 46,6 1,5 15,7 09 9,2 3,0 29,6 48,4 41,2<br />
70<br />
Fonte: Laboratório de Hidráulica e Climatologia<br />
A Tabela 13 mostra o histórico <strong>do</strong> total acumula<strong>do</strong> registra<strong>do</strong> pelo<br />
pluviômetro anualmente e a média mensal de 1989 a 2011.<br />
Tabela 13 - Histórico de precipitação anual e média mensal.<br />
Ano Total Média Ano Total Média<br />
1989 1931,9 161,0 2001 1521 126,8<br />
1990 1205,7 100,5 2002 1272 106,0<br />
1991 978,2 81,5 2003 1142,3 95,2<br />
1992 1269,7 105,8 2004 1448,5 120,7<br />
1993 1197,3 99,8 2005 1118,8 93,2<br />
1994 1334,9 111,2 2006 1726,2 143,9<br />
1995 1546,9 128,9 2007 1627,8 135,7<br />
1996 1491,4 124,3 2008 1077,9 89,8<br />
1997 1373,9 114,5 2009 1497,7 124,8<br />
1998 1466,3 122,2 2010 1453,4 121,1<br />
1999 1181,6 98,5 2011 1470,8 122,6<br />
2000 1180,4 98,4<br />
Fonte: Precipitação de 1989 a 2005 FARIA (2008) / Precipitação de 2006 a 2011:<br />
Laboratório de Hidráulica e Climatologia<br />
Levan<strong>do</strong>-se em conta as precipitações anuais de 1989 a 2011, a média <strong>do</strong><br />
posto pluviométrico é de 1353,68mm por ano.
5.2. DADOS FISIOGRAFICOS<br />
Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s fisiográficos de uma <strong>bacia</strong> quantificam suas características com<br />
relação à forma. Estes <strong>da</strong><strong>do</strong>s produzem informações úteis para projetos e análises<br />
como, por exemplo, a propensão <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> para enchentes. As características físicas e<br />
a ocupação interferem no ciclo hidrológico, influencian<strong>do</strong>, dentre outros, a<br />
infiltração, a evapotranspiração e o escoamento superficial e subsuperficial.<br />
Na Tabela 14 são apresenta<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s fisiográficos <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong>. A<br />
base de cálculo é descrita logo abaixo.<br />
Tabela 14 - Da<strong>do</strong>s fisiográficos e tc <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong><br />
Características<br />
Geométricas<br />
Relevo<br />
Drenagem<br />
(*) adimensional<br />
Área/Área de drenagem 13,89 km²<br />
Perímetro <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> 19,6 km<br />
Coeficiente de compaci<strong>da</strong>de 1,42 (*)<br />
Fator de forma 0,173(*)<br />
Largura <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> 1,55 km<br />
Altitude máxima na micro<strong>bacia</strong> 243 m<br />
Altitude <strong>da</strong> nascente <strong>do</strong> curso d’água principal 224 m<br />
Altitude no exutório 149 m<br />
Desnível <strong>da</strong> nascente ao exutório 75 m<br />
Declivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> talvegue principal 8,37 m/km<br />
Comprimento <strong>do</strong>s afluentes <strong>da</strong> margem direita 14,652 km<br />
Comprimento <strong>do</strong>s afluentes <strong>da</strong> margem esquer<strong>da</strong> 15,816 km<br />
Densi<strong>da</strong>de de drenagem 2,85 km/km²<br />
Sinuosi<strong>da</strong>de 0,72 (*)<br />
Tempo de concentração 56 minutos<br />
Comprimento <strong>do</strong> canal principal 8,95 km<br />
Comprimento total <strong>do</strong>s canais 39,63 km<br />
A área total <strong>da</strong> sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> é de 13,89 km². A<br />
micro<strong>bacia</strong> possui divisa geográfica com a sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> rio Coxipó, <strong>córrego</strong> Prainha,<br />
<strong>córrego</strong> Gambá e com a sub-<strong>bacia</strong> <strong>do</strong> Ribeirão <strong>do</strong> Lipa. A extensão <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong><br />
Barba<strong>do</strong> de sua nascente até sua foz é de 8,95km. A micro<strong>bacia</strong> tem um formato<br />
elíptico com uma largura média de 1,55 km. O formato estreito <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong><br />
ameniza os efeitos de picos de cheia.<br />
71
Fisiograficamente a micro<strong>bacia</strong> não apresenta tendências para enchentes,<br />
porém as ações antrópicas impactaram as suas condições naturais e fazem com que<br />
os eventos de inun<strong>da</strong>ção aconteçam na micro<strong>bacia</strong>.<br />
5.3. IMPERMEABILIZAÇÃO DA BACIA<br />
A micro<strong>bacia</strong> está localiza<strong>da</strong> em área urbana de grande especulação<br />
imobiliária, tornan<strong>do</strong> crescente o número de imóveis e con<strong>do</strong>mínios horizontais e<br />
verticais ao longo <strong>do</strong> <strong>córrego</strong>. A base de <strong>da</strong><strong>do</strong>s utiliza<strong>da</strong> nos mapas a seguir foram:<br />
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Empresa Brasileira de<br />
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e Secretaria de Esta<strong>do</strong> e Planejamento e<br />
Coordenação geral (SEPLAN-MT).<br />
5.3.1. Uso e Ocupação <strong>da</strong> Bacia<br />
Na Figura 38 é ilustra<strong>da</strong> a dinâmica de ocupação <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> urbaniza<strong>da</strong>,<br />
com poucas áreas verdes e alta densi<strong>da</strong>de de ocupação no baixo curso <strong>do</strong> <strong>córrego</strong><br />
Barba<strong>do</strong>, fotoaérea <strong>do</strong> ano de 2006.<br />
A área construí<strong>da</strong> corresponde a aproxima<strong>da</strong>mente 45% <strong>da</strong> área total,<br />
consequentemente a área não construí<strong>da</strong> corresponde a aproxima<strong>da</strong>mente 55% <strong>da</strong><br />
área total <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, referentes as imagens <strong>do</strong> ano de 2006.<br />
Na fotoaérea de 2006 (Figura 38-a), é notório que há diferentes densi<strong>da</strong>des de<br />
construção ao longo <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>. Alguns bairros, principalmente próximo a foz, estão<br />
densamente construí<strong>do</strong>s. Na cabeceira encontra-se a maior parcela de área verde, por<br />
se tratar de uma uni<strong>da</strong>de de conservação, o Parque Massairo Okamura. Como a<br />
fotoaérea é de 2006, muitas áreas não ocupa<strong>da</strong>s no mapa, atualmente comportam<br />
construções, motiva<strong>da</strong>s pela valorização imobiliária e programas que facilitaram o<br />
acesso a imóveis. Atualmente existe uma expansão vertical na <strong>bacia</strong>, com crescente<br />
número de edifícios comerciais e principalmente residenciais.<br />
72
Figura 38 - Figura (a) Foto aérea (2006); (b) Área não construí<strong>da</strong>; (c) Área construí<strong>da</strong>.<br />
Fonte: IBGE, EMBRAPA e SEPLAN-MT<br />
Essa ocupação aumenta a área impermeável <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, contribuin<strong>do</strong> para um<br />
aumento <strong>do</strong> escoamento superficial. Para conhecer o uso e ocupação <strong>do</strong> solo a Figura<br />
39 apresenta a classificação de imagem Spot <strong>do</strong> ano de 2009 para a <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong><br />
Barba<strong>do</strong>.<br />
73
Figura 39 - Uso e ocupação <strong>do</strong> solo<br />
Fonte: EMBRAPA, SEMA-MT, Imagem SPOT (2009)<br />
A classificação de imagem de satélite de Julho de 2009 resultou em 2,23km²<br />
de alvenaria; 1,96 km² de concreto; 0,08 Km² de lâmina d’água; 3,51 km² de<br />
74
pavimento, 0,27 km² de solo exposto, 3,79Km² de vegetação aberta e 1,57km² de<br />
vegetação densa. O tratamento <strong>da</strong> imagem possibilitou conhecer o percentual de área<br />
permeável <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, que é de 41,99% de área com alguma permeabili<strong>da</strong>de<br />
representa<strong>da</strong> pelo solo exposto, vegetação aberta e vegetação densa. Esse percentual<br />
representa a alíquota de superfície de solo capaz de atenuar o volume de escoamento<br />
superficial em eventos de chuvas, seja pela infiltração e/ou interceptação <strong>da</strong><br />
vegetação. A área impermeável corresponde a 57,4% <strong>da</strong> área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, ocupa<strong>da</strong> por<br />
materiais como alvenaria, concreto e pavimento. Este grau de impermeabilização é<br />
preocupante visto que a tendência é o aumento desse percentual, devi<strong>do</strong>, entre outros<br />
à valorização <strong>do</strong> metro quadra<strong>do</strong> nesta região <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e à ineficiência na<br />
fiscalização <strong>do</strong> cumprimento de área máxima construí<strong>da</strong> por lote.<br />
5.3.2. Coeficiente de escoamento<br />
O coeficiente de escoamento gera<strong>do</strong> pela composição <strong>da</strong> cobertura<br />
heterogenia foi de 0,46.<br />
� =<br />
� ∑��� ����<br />
∑� ��<br />
���<br />
Este coeficiente é a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para calcular posteriormente a vazão de pico <strong>da</strong>s<br />
chuvas registra<strong>da</strong>s.<br />
5.4. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E SANEAMENTO.<br />
A micro<strong>bacia</strong> possui 28 bairros, há alguns bairros que possuem menos de<br />
50% de sua área localiza<strong>da</strong> na <strong>bacia</strong>, estes não foram considera<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong>. Para o<br />
estu<strong>do</strong> foram considera<strong>do</strong>s 22 bairros. Uma <strong>da</strong>s hipóteses a ser respondi<strong>da</strong> nesse<br />
estu<strong>do</strong> é se o perfil <strong>do</strong>s ocupantes contribui para a degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> corpo hídrico. Para<br />
responder a esta pergunta foram levanta<strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s de densi<strong>da</strong>de habitacional, forma<br />
de moradias, ren<strong>da</strong> e escolari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população e destino final de resíduos e efluente<br />
<strong>do</strong>méstico.<br />
A forma de habitação <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> mostra que o bairro com maior<br />
densi<strong>da</strong>de populacional é o Bela Vista com 132,24 hab/ha, segui<strong>do</strong> pelo bairro Terra<br />
Nova com 107,30 hab/ha (Tabela 15).<br />
75
Tabela 15 - Formas de habitação por bairros<br />
Código Bairros População Área (ha) hab/ha<br />
01 Bela Vista 3835 29 132,24<br />
02 Bosque <strong>da</strong> Saúde 3325 66,35 50,11<br />
03 Campo Velho 2692 27 99,70<br />
04 Campo Verde 1878 27,13 69,22<br />
05 Canjica 2860 34 84,12<br />
06 Centro Político Administrativo 1479 731,67 2,02<br />
07 Dom Bosco 2028 70,57 28,74<br />
08 Grande Terceiro 4881 87,53 55,76<br />
09 Jardim Aclimação 1492 71,8 20,78<br />
10 Jardim Califórnia 1466 73,05 20,07<br />
11 Jardim <strong>da</strong>s Américas 2963 110,7 26,77<br />
12 Jardim Itália 3219 260 12,38<br />
13 Jardim Leblon 4199 71,94 58,37<br />
14 Jardim Petrópolis 1432 52 27,54<br />
15 Jardim Tropical 1685 33,05 50,98<br />
16 Mora<strong>da</strong> <strong>do</strong> ouro 4931 231 21,35<br />
17 Pedregal 7117 61,41 115,89<br />
18 Pico <strong>do</strong> Amor 2081 46,67 44,59<br />
19 Praeirinho 2102 41,14 51,09<br />
20 Praeiro 1516 17,28 87,73<br />
21 Terra Nova 2778 25,89 107,30<br />
22 UFMT 62 87,5 0,71<br />
100 Total <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> 60021 2256,68 26,6<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> IPDU (2009)<br />
A <strong>bacia</strong> acompanha o processo de urbanização que vem ocorren<strong>do</strong> no país, o<br />
Brasil possui 190.732.624 de habitantes, 84,35% dessa população vive em área<br />
urbana. O esta<strong>do</strong> de Mato Grosso com 3.033.991 habitantes possui 81,90% <strong>da</strong><br />
população urbana. A capital Cuiabá com 551.350 habitantes possui 98,12% de<br />
população urbana e a <strong>bacia</strong> <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> <strong>do</strong> Barba<strong>do</strong> possui cerca de 60.021 habitantes<br />
sen<strong>do</strong> 100% urbana (IPDU 2009 e IBGE 2010).<br />
5.4.1. Habitação<br />
Na Tabela 16 estão relaciona<strong>da</strong>s as residências próprias ou quita<strong>da</strong>s, em<br />
aquisição, aluga<strong>da</strong>s, cedi<strong>da</strong>s e outras.<br />
76
Tabela 16 - Formas de habitação por bairros<br />
Bairros<br />
Próprios<br />
ou já<br />
quita<strong>do</strong>s<br />
Em<br />
aquisição<br />
Aluga<strong>do</strong>s Cedi<strong>do</strong>s Outro Total<br />
01 719 7 101 75 0 902<br />
02 531 206 251 36 1 1025<br />
03 439 5 176 77 1 698<br />
04 391 1 40 16 0 448<br />
05 500 28 154 60 4 746<br />
06 345 3 11 30 1 390<br />
07 362 59 51 28 8 508<br />
08 911 38 199 59 4 1211<br />
09 165 142 106 4 6 423<br />
10 218 67 62 8 1 356<br />
11 485 134 166 13 0 798<br />
12 414 67 81 253 86 901<br />
13 758 6 204 103 2 1073<br />
14 239 31 134 16 0 420<br />
15 230 146 93 16 2 487<br />
16 763 304 203 44 1 1315<br />
17 1325 5 254 126 3 1713<br />
18 329 51 276 22 5 683<br />
19 406 1 50 35 0 492<br />
20 248 3 91 15 0 357<br />
21 120 632 236 24 30 1042<br />
22 13 0 1 1 0 15<br />
100 9911 1936 2940 1061 155 16003<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> IPDU (2009)<br />
Para verificar o perfil de habitação na <strong>bacia</strong> foram segrega<strong>do</strong>s em: habitações<br />
próprias ou já quita<strong>da</strong>s, em aquisição, aluga<strong>da</strong>s, cedi<strong>da</strong>s e outras. Ten<strong>do</strong> em vista que<br />
61,9% <strong>da</strong>s moradias são próprias ou já quita<strong>da</strong>s, 18,4% aluga<strong>da</strong>s e 6,6% cedi<strong>da</strong>s<br />
pode-se concluir que investimentos estruturais podem ser feitos por parcela dessa<br />
população em seus <strong>do</strong>micílios para amenizar os efeitos <strong>da</strong>s enchentes.<br />
5.4.2. Ren<strong>da</strong> e Escolari<strong>da</strong>de<br />
Os bairros que compõem a <strong>bacia</strong> possuem uma grande discrepância com<br />
relação à ren<strong>da</strong> e escolari<strong>da</strong>de. Ao longo <strong>da</strong> micro<strong>bacia</strong> nota-se bairros de classe alta<br />
e bairros de classe baixa. Na micro<strong>bacia</strong> existe o bairro Jardim <strong>da</strong>s Américas com<br />
ren<strong>da</strong> média de 31,96 salários mínimos e o bairro Praeirinho com 2,72 salários<br />
mínimos, conforme constata<strong>do</strong> observa-se uma grande diferença econômica. A<br />
Tabela 17 apresenta os <strong>da</strong><strong>do</strong>s de ren<strong>da</strong> média, na qual pode-se observar a relação de<br />
proporcionali<strong>da</strong>de entre ren<strong>da</strong> e tempo de estu<strong>do</strong>.<br />
77
Tabela 17 - Ren<strong>da</strong> e Escolari<strong>da</strong>de por bairros<br />
Escolari<strong>da</strong>de<br />
Ren<strong>da</strong> média sem 1 a 3 4 a 7 8 a 10 11 a 14 15 anos ou<br />
Bairros (sal. Mín.) instrução anos anos anos anos mais<br />
01 2,81 14,63% 16,30% 35,92% 16,85% 13,08% 2,66%<br />
02 18,21 2,44% 4,78% 14,34% 12,10% 29,37% 36,78%<br />
03 3,94 9,46% 12,46% 34,38% 17,19% 21,92% 4,44%<br />
04 3,11 19,42% 13,39% 38,84% 15,04% 11,38% 1,56%<br />
05 4,92 13,67% 15,15% 26,68% 15,01% 21,85% 7,64%<br />
06 2,72 13,85% 13,08% 43,08% 14,87% 13,33% 1,79%<br />
07 4,54 12,40% 17,52% 25,79% 13,98% 21,06% 9,25%<br />
08 5,37 8,34% 12,96% 25,68% 18,25% 28,32% 5,86%<br />
09 25,84 1,42% 0,71% 4,02% 4,96% 31,91% 56,97%<br />
10 23,18 0,56% 4,21% 12,08% 6,46% 28,65% 48,03%<br />
11 31,96 0,75% 0,88% 3,76% 7,52% 29,82% 55,89%<br />
12 13,24 4,55% 8,88% 29,08% 15,54% 20,98% 20,98%<br />
13 3,5 11,09% 16,59% 33,64% 15,75% 20,32% 2,61%<br />
14 20,29 0,24% 1,90% 10,24% 8,57% 34,29% 43,10%<br />
15 18,73 0,62% 3,29% 7,39% 7,80% 39,43% 41,48%<br />
16 11,69 3,04% 4,56% 13,00% 10,72% 36,12% 32,02%<br />
17 3,27 15,53% 19,21% 35,43% 14,42% 13,43% 1,87%<br />
18 11,88 3,07% 4,10% 12,15% 9,96% 38,80% 31,92%<br />
19 2,72 14,84% 15,45% 42,48% 17,28% 9,35% 0,61%<br />
20 3,62 13,17% 17,09% 33,05% 16,81% 14,01% 5,60%<br />
21 11,87 0,29% 0,77% 5,28% 7,10% 45,87% 40,87%<br />
22 20,98 0,00% 6,67% 13,33% 6,67% 26,67% 46,67%<br />
100 11,29 7,4% 9,6% 22,7% 12,4% 25,1% 22,8%<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> IPDU (2009)<br />
A Figura 40 apresenta as porcentagens por ano de estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> população<br />
residente na <strong>bacia</strong>.<br />
A escolari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> apresenta índices sociais preocupantes,<br />
17% <strong>da</strong> população não tem instrução ou tem pouca instrução e apenas 22,8%<br />
possuem 15 anos ou mais anos de estu<strong>do</strong>, porcentagem em que se encontram os<br />
habitantes com nível superior.<br />
78
Tabela 18.<br />
Figura 40 - Tempo de estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> população <strong>da</strong> <strong>bacia</strong><br />
5.4.3. Saneamento - Água<br />
A forma de abastecimento de água na micro<strong>bacia</strong> pode ser observa<strong>da</strong> na<br />
Tabela 18 - Saneamento – água, por bairros.<br />
Saneamento - água<br />
Rede<br />
Outra<br />
Bairros População Geral Poço ou nascente forma<br />
Bela Vista 3.835 889 11 2<br />
Bosque <strong>da</strong> Saúde 3.325 993 3 1<br />
Campo Velho 2.692 693 3 2<br />
Campo Verde 1.878 445 0 3<br />
Canjica 2.860 644 99 3<br />
CPA 1.479 144 37 209<br />
Dom Bosco 2.028 499 8 1<br />
Grande Terceiro 4.881 1.206 5 0<br />
Jardim Aclimação 1.492 423 0 0<br />
Jardim Califórnia 1.466 335 21 0<br />
Jardim <strong>da</strong>s Américas 2.963 638 159 1<br />
Jardim Itália 3.219 586 58 257<br />
Jardim Leblon 4.199 1.067 2 4<br />
Jardim Petrópolis 1.432 386 34 0<br />
Jardim Tropical 1.685 363 123 1<br />
Mora<strong>da</strong> <strong>do</strong> Ouro 4.931 1.303 8 4<br />
Pedregal 7.117 1.693 18 2<br />
Pico <strong>do</strong> Amor 2.081 647 35 1<br />
Praeirinho 2.102 466 20 6<br />
Praeiro 1.516 357 0 0<br />
Terra Nova 2.778 441 601 0<br />
UFMT 62 15 0 0<br />
Total <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> 60.021 14.233 1.245 497<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> IPDU (2009)<br />
79
A Figura 41 mostra que 89,1% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios são abasteci<strong>do</strong>s pela rede geral,<br />
7,8% por poços ou nascentes, sen<strong>do</strong> que nesta porcentagem os que utilizam nascente<br />
como fonte de abastecimento, usam nascentes <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>. De acor<strong>do</strong> com a<br />
Companhia a de Saneamento SANECAP apenas os bairros Jardim Califórnia,<br />
Pedregal, Pico <strong>do</strong> Amor, Campo Velho e Mora<strong>da</strong> <strong>do</strong> Ouro possuem abastecimento<br />
intermitente, os outros bairros <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> contam com abastecimento contínuo.<br />
7,8%<br />
3,1%<br />
Figura 41 - Cobertura de abastecimento de água<br />
5.4.4. Saneamento – Esgotamento Sanitário<br />
O esgotamento sanitário é um <strong>do</strong>s maiores problemas <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, o <strong>córrego</strong> é<br />
altamente atingi<strong>do</strong> por descarga de efluentes in natura em seu leito. Existem bairros<br />
com cobertura de coleta coleta, sen<strong>do</strong> que alguns possuem inclusive dispositivos de<br />
tratamento, no entanto entanto, na <strong>bacia</strong> existem ligações clandestinas que transformam o<br />
sistema separa<strong>do</strong>r absoluto em misto misto. Esse fato fica sustenta<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s<br />
realiza<strong>do</strong>s na micro<strong>bacia</strong> que constatam que o <strong>córrego</strong> recebe uma carga muito maior<br />
<strong>do</strong> que sua capaci<strong>da</strong>de natural de autodepuração.<br />
A Tabela 19 indica que 331 pessoas a<strong>do</strong>tam rios ou lagos e 10.002 <strong>do</strong>micílios<br />
utilizam a rede geral ou pluvial como destino final <strong>da</strong>s águas residuárias residuárias. Como não<br />
há separação paração <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s não é possível contabilizar corretamente o número de<br />
infratores que despejam inadequa<strong>da</strong>mente efluentes <strong>do</strong>mésticos na rede de drenagem<br />
que deságua no <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong>.<br />
Saneamento- Água<br />
89,1%<br />
Rede Geral<br />
Poço ou nascente<br />
Outra forma<br />
80
Tabela 19 - Saneamento, esgotamento sanitário por bairros.<br />
Rede Geral ou<br />
Bairros<br />
Rede pluvial<br />
01 689<br />
02 620<br />
03 602<br />
04 156<br />
05 520<br />
06 6<br />
07 171<br />
08 1.150<br />
09 322<br />
10 274<br />
11 535<br />
12 102<br />
13 547<br />
14 390<br />
15 345<br />
16 1.122<br />
17 1.264<br />
18 187<br />
19 223<br />
20 266<br />
21 500<br />
22 11<br />
100 10.002<br />
A Figura 42<br />
pluvial como destino final.<br />
0,2%<br />
19,5%<br />
Fossas Fossas Escoamento Rio ou Outro<br />
sépticas rudimentares a vala lago escoa<strong>do</strong>uro<br />
102 64 11 14 1<br />
209 188 0 0 1<br />
59 35 1 0 0<br />
113 36 0 138 3<br />
91 95 0 32 2<br />
20 296 2 1 1<br />
70 94 6 0 158<br />
51 2 0 2 0<br />
8 86 0 5 1<br />
42 37 0 0 0<br />
242 21 0 0 0<br />
278 412 5 14 10<br />
248 264 0 0 1<br />
24 6 0 0 0<br />
142 0 0 0 0<br />
178 9 2 0 0<br />
208 191 3 22 13<br />
483 10 1 1 0<br />
71 76 4 101 0<br />
73 17 0 1 0<br />
361 181 0 0 0<br />
4 0 0 0 0<br />
3.077 2.120 35 331 191<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> IPDU (2009)<br />
ilustra que 63,5% <strong>da</strong> população a<strong>do</strong>tam a rede geral ou rede<br />
1,2% Saneamento - Esgotamento Sanitário<br />
2,1%<br />
Rede Geral ou Rede pluvial<br />
13,5%<br />
63,5%<br />
Fossas sépticas<br />
Fossas rudimentares<br />
Escoamento a vala<br />
Rio ou lago<br />
Outro escoa<strong>do</strong>uro<br />
Figura 42 - Destino <strong>do</strong> esgotamento sanitário<br />
A Figura 43 ilustra a infraestrutura existente na <strong>bacia</strong> com relação ao<br />
esgotamento sanitário, é vali<strong>do</strong> ressaltar que mesmo em bairros que possuem sistema<br />
81
de coleta apresentam <strong>da</strong><strong>do</strong>s de fossas rudimentares e podem estar contribuin<strong>do</strong> com<br />
ligações diretas na rede pluvial.<br />
Figura 43 – Sistemas de Tratamento de Efluentes<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> IPDU (2009)<br />
Lima (2001) evidencia que 30% <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> é atendi<strong>da</strong> com rede coletora de<br />
esgoto que é interliga<strong>da</strong> em um coletor tronco de extensão e então direciona<strong>da</strong> a ETE<br />
- Dom Aquino. Esta estação é <strong>do</strong> tipo lo<strong>do</strong>s ativa<strong>do</strong>s e constitui o maior sistema de<br />
tratamento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. A autora revela ain<strong>da</strong> que a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água <strong>do</strong> <strong>córrego</strong><br />
apresenta comprometimento <strong>da</strong>s características físico-químicas e bacteriológicas de<br />
suas águas apresentan<strong>do</strong> concentrações médias medi<strong>da</strong> através <strong>da</strong> DBO e DQO, com<br />
valores médios de 74,00 a 263,00 mg/l; coliformes totais e fecais de 1,25 x 107 a<br />
3,85 x 106; nutrientes, fósforo e NTK, com valores médios de 1,50 a 3,72 mg/l e<br />
teores de oxigênio bastante críticos, caracterizan<strong>do</strong>-se, assim, como um esgoto de<br />
fraca intensi<strong>da</strong>de.<br />
82
5.4.5. Saneamento - Resíduos Sóli<strong>do</strong>s<br />
A destinação <strong>do</strong>s resíduos sóli<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong> não é o ideal, destinos<br />
inadequa<strong>do</strong>s podem ser evidencia<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na Tabela 20, onde<br />
se verifica que em 104 <strong>do</strong>micílios o destino final <strong>do</strong>s resíduos são rios ou lagos.<br />
Tabela 20 - Destinação <strong>do</strong>s resíduos sóli<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s, por bairro na <strong>bacia</strong>.<br />
Bairros<br />
Coleta<strong>do</strong> p/<br />
serviço de<br />
limpeza<br />
Coleta<strong>do</strong> p/<br />
caçamba<br />
de serviço<br />
de limpeza Queima<strong>do</strong> Enterra<strong>do</strong><br />
Joga<strong>do</strong> em<br />
terreno<br />
baldio ou<br />
logra<strong>do</strong>uro<br />
Joga<strong>do</strong><br />
em rio<br />
ou lago<br />
Outro<br />
destino<br />
01 799 5 42 0 39 7 10<br />
02 872 111 11 1 30 0 0<br />
03 696 2 0 0 0 0 0<br />
04 435 1 7 0 5 0 0<br />
05 572 112 35 1 18 8 0<br />
06 309 1 26 1 47 0 6<br />
07 253 73 69 0 45 5 63<br />
08 1208 1 1 0 0 0 1<br />
09 92 323 4 0 2 2 0<br />
10 351 5 0 0 0 0 0<br />
11 630 162 0 0 2 0 4<br />
12 393 10 264 14 124 47 49<br />
13 1055 0 4 1 11 0 2<br />
14 410 9 1 0 0 0 0<br />
15 361 124 1 0 0 0 1<br />
16 1230 56 17 1 11 0 0<br />
17 1684 3 8 0 18 0 0<br />
18 643 39 0 0 0 0 1<br />
19 446 0 9 0 2 35 0<br />
20 357 0 0 0 0 0 0<br />
21 19 1023 0 0 0 0 0<br />
22 15 0 0 0 0 0 0<br />
100 12830 2060 499 19 354 104 137<br />
Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> IPDU (2009)<br />
Com relação à destinação <strong>do</strong>s resíduos sóli<strong>do</strong>s, constatou-se que somente<br />
80,2% é coleta<strong>do</strong> pelo serviço de limpeza (Figura 44), já o restante <strong>da</strong> população<br />
descarta em terrenos baldios, enterram, queimam entre outras destinações<br />
inadequa<strong>da</strong>s. O ideal seria que to<strong>do</strong> o resíduo produzi<strong>do</strong> fosse segrega<strong>do</strong> na fonte<br />
gera<strong>do</strong>ra, nos <strong>do</strong>micílios, e que cooperativas de serviços especializa<strong>do</strong>s de<br />
reciclagem ou reaproveitamento tivessem acesso a esse material. Com isso somente<br />
os resíduos não seleciona<strong>do</strong>s seriam conduzi<strong>do</strong>s para o aterro sanitário municipal,<br />
83
evitan<strong>do</strong> vitan<strong>do</strong> assim a contaminação <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> e a proliferação de vetores e<br />
ain<strong>da</strong> diminuin<strong>do</strong> os gastos municipais com disposição final de resíduos resíduos.<br />
3,1% 0,1%<br />
12,9%<br />
Figura 44 - Destino <strong>do</strong>s resíduos produzi<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong><br />
É necessário investir em educação <strong>ambiental</strong>, para conscientizar a população<br />
para evitar descartes em áreas prejudiciais ao corpo hídrico e também promover a<br />
reciclagem, reuso, , compostagem para reduzir o volume final de resíduos produzi<strong>do</strong>s.<br />
5.5. VAZÃO OBSERVADA E VAZÃO CALCULADA<br />
A vazão observa<strong>da</strong> é a vazão determina<strong>da</strong> através <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s<br />
flutua<strong>do</strong>res medi<strong>da</strong> em campo. Para se construir uma curva chave que possibilite<br />
chegar a vazão calcula<strong>da</strong> seria necessário levantar em campo diversas veloci<strong>da</strong>des<br />
em diversas cotas. Como em eventos de chuva houve a vantagem a cota na seção<br />
aumenta e diminui com tempo suficiente de fazer o levantamento <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de.<br />
Com quatro chuvas foi possível reunir uma série de cotas e suas respectivas vazões<br />
na seção de estu<strong>do</strong>.<br />
A Tabela 21<br />
2,2% 0,6% 0,9%<br />
80,2%<br />
apresenta as cotas observa<strong>da</strong>s de quatro chuvas na seção de<br />
estu<strong>do</strong> com as vazões determina<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s flutua<strong>do</strong>res medi<strong>da</strong>s<br />
em campo pondera<strong>da</strong>s pelo fator de correção correção.<br />
Saneamento - Resíduos Sóli<strong>do</strong>s<br />
Coleta<strong>do</strong> por serviço de<br />
limpeza<br />
Coleta<strong>do</strong> por caçamba de<br />
serviço de limpeza<br />
Queima<strong>do</strong><br />
Enterra<strong>do</strong><br />
Joga<strong>do</strong> em terreno baldio ou<br />
logra<strong>do</strong>uro<br />
Joga<strong>do</strong> em rio ou lago<br />
Outro destino<br />
84
Tabela 21 – Da<strong>do</strong>s de Cota e Vazão Observa<strong>da</strong> nos trechos <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> Barba<strong>do</strong> no<br />
perío<strong>do</strong> de Dezembro de 2010 a abril 2011<br />
Chuva<br />
Chuva<br />
Chuva<br />
Chuva<br />
11-12-2010 06-02-2011 27-03-2011 16-04-2011<br />
Cota Vazão Cota Vazão Cota Vazão Cota Vazão<br />
(cm) (m³/s) (cm) (m³/s) (cm) (m³/s) (cm) (m³/s)<br />
8 1,522221 8 1,239071 32 7,619972 80 28,48709<br />
8 1,9332 8 1,274626 32 10,72715 80 27,37502<br />
8 1,620163 10 1,537514 30 9,503119 70 23,65819<br />
10 2,026314 12 2,230227 28 8,263111 70 22,51057<br />
12 2,8998 14 2,556723 26 6,552759 60 19,4268<br />
12 3,066031 16 3,330448 24 6,524976 60 19,95389<br />
14 3,743964 18 3,825719 22 4,631805 60 18,97249<br />
37 11,35834 22 5,433759 20 3,712688 50 14,89569<br />
37 10,9502 24 5,966517 18 4,744305 40 11,82299<br />
40 12,55569 26 6,735603 18 4,376789 35 9,667955<br />
40 13,35159 30 8,345434 16 3,634526 30 8,227687<br />
47 15,22263 30 8,09378 14 2,504622 30 8,124911<br />
47 14,75567 30 8,789273 14 3,040201 30 8,18017<br />
46 14,48043 30 9,066323 12 1,963678 28 7,239333<br />
40 14,07505 28 7,947828 10 1,591152 25 6,454278<br />
40 13,71415 26 6,876586 10 1,621033 25 6,303762<br />
38 11,99352 22 5,789127 8 1,737258 20 5,046839<br />
36 11,04794 20 5,415109 6 1,31119 18 4,257189<br />
35 10,43556 18 4,655637 4 0,742538 18 4,227317<br />
38 11,08414 18 4,498028 4 0,670447 14 3,140327<br />
35 10,01346 14 3,274966 2 0,34528 12 2,620381<br />
30 8,845644 12 2,817399 10 2,087772<br />
10 2,313443 10 2,037023<br />
10 2,101727 10 1,970002<br />
10 2,154735 10 1,966372<br />
12 2,620009<br />
10 2,150331<br />
10 2,125239<br />
10 1,960799<br />
8 1,560642<br />
6 1,218851<br />
6 1,249251<br />
4 0,717443<br />
2 0,351081<br />
0,1 0,017969<br />
0,1 0,01909<br />
85
A Figura 45 mostra o comportamento <strong>da</strong> cota vazão de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s quatro<br />
chuvas utiliza<strong>da</strong>s. Os pontos <strong>da</strong>s quatro chuvas geraram um bom coeficiente de<br />
determinação: R² = 0,989.<br />
COTA (cm)<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
5.6. CURVA CHAVE<br />
Cota-vazão<br />
0 5 10 15 20 25 30<br />
Vazão m³/s<br />
Figura 45 – Cota-vazão <strong>da</strong>s quatro chuvas observa<strong>da</strong>s<br />
Após relacionar os valores <strong>da</strong>s cotas e vazão observa<strong>da</strong> foram obti<strong>do</strong>s os<br />
valores para geração <strong>da</strong> curva chave. A expressão gera<strong>da</strong> foi testa<strong>da</strong> com valores de<br />
cotas que tiveram determinação <strong>da</strong> vazão observa<strong>da</strong> e os valores corresponderam aos<br />
valores de campo. Com estes valores foi gera<strong>da</strong> a curva chave, Figura 46.<br />
Expressão <strong>da</strong> curva chave<br />
Q = a.(H -H0) b<br />
Q = 36,93669.(H -0,001 ) 1,226557<br />
Hmín = 0,01<br />
h0 = 0,001<br />
a = 36,93669<br />
b= 1,226557<br />
Vazão 1<br />
vazão 2<br />
Vazão 3<br />
Vazão 4<br />
86
Cota (m)<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Figura 46 – Cota por vazão Observa<strong>da</strong> e Vazão calcula<strong>da</strong>.<br />
5.7. HIDROGRAMAS<br />
5.7.1. Hietogramas e Hidrogramas de Vazão Observa<strong>da</strong><br />
Os Hidrogramas foram traça<strong>do</strong>s estabelecen<strong>do</strong> como eixo X o tempo e no<br />
eixo Y a cota atingi<strong>da</strong> e a vazão, sen<strong>do</strong> a vazão observa<strong>da</strong> obti<strong>da</strong> em campo e vazão<br />
calcula<strong>da</strong> são estima<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> curva chave. As cotas e horários foram obti<strong>do</strong>s<br />
manualmente nas chuvas de observação de campo, já as outras chuvas foram<br />
registra<strong>da</strong>s pelo linígrafo instala<strong>do</strong> na seção.<br />
Relaciona<strong>do</strong> aos hidrogramas está seu respectivo Hietograma com a<br />
distribuição <strong>da</strong> chuva retira<strong>da</strong> <strong>do</strong> pluviógrafo. Também há registra<strong>do</strong> a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong><br />
precipitação e o registro <strong>do</strong> pluviômetro. É váli<strong>do</strong> ressaltar que os horários<br />
registra<strong>do</strong>s no linígrafo e <strong>do</strong> pluviógrafo não estavam sincroniza<strong>do</strong>s, no entanto,<br />
possibilitam contabilizar o tempo de duração <strong>da</strong> precipitação e o tempo de resposta<br />
desta na seção de estu<strong>do</strong>, verifican<strong>do</strong> o tempo de subi<strong>da</strong> e o de desci<strong>da</strong>. O tempo de<br />
subi<strong>da</strong> é o tempo que levou <strong>do</strong> primeiro momento registra<strong>do</strong> de subi<strong>da</strong> até atingir a<br />
maior cota e vazão, o tempo de desci<strong>da</strong> é o tempo que leva para o leito voltar a sua<br />
cota anterior a ocorrência <strong>da</strong> precipitação.<br />
Curva chave<br />
0 5 10 15 20 25 30<br />
Vazão (m³/s)<br />
Vazão<br />
Q calc<br />
Com o tempo de duração <strong>da</strong> chuva e a precipitação calcula-se a intensi<strong>da</strong>de.<br />
Com a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> chuva, a área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> e seu coeficiente de escoamento chega-<br />
87
se à vazão de pico. Com a área de drenagem e o registro em milímetros <strong>da</strong> chuva é<br />
obti<strong>do</strong> o volume de água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong>.<br />
A Figura 47 representa graficamente as cotas observa<strong>da</strong>s em campo<br />
relaciona<strong>da</strong> com a vazão observa<strong>da</strong>. O registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição<br />
registra<strong>da</strong> no pluviógrafo <strong>da</strong> chuva são <strong>do</strong> dia 11 de dezembro de 2010. O<br />
pluviógrafo registrou uma chuva com duração de 35 minutos com intensi<strong>da</strong>de de 40<br />
mm/h. Na seção de estu<strong>do</strong>, a maior cota e vazão foram obti<strong>do</strong>s em 23 minutos para o<br />
tempo de subi<strong>da</strong>. O tempo de desci<strong>da</strong> foi de 1 hora, tempo leva<strong>do</strong> para escoar o<br />
volume <strong>da</strong> precipitação que chegou até o curso d’água. A maior vazão atingi<strong>da</strong> na<br />
área de estu<strong>do</strong> foi de 14,76m³/s na cota de 0,48m. O volume de água recebi<strong>do</strong> pela<br />
<strong>bacia</strong> durante esta precipitação foi de 413.922m³. A vazão de pico calcula<strong>da</strong> seria<br />
igual a 59,04m³/s, bem superior a registra<strong>da</strong> que foi de 14,76m³/s. Das 18:36 até as<br />
19:12 não foi registra<strong>da</strong> a veloci<strong>da</strong>de de escoamento por problemas de logística, no<br />
entanto, as cotas continuaram a ser registra<strong>da</strong>s até que o nível <strong>da</strong> régua <strong>da</strong> área de<br />
estu<strong>do</strong> registra-se o valor zero.<br />
Figura 47 - Hidrograma de chuva Observa<strong>da</strong> 11-12-2010<br />
88
A Figura 48 representa graficamente as cotas e horário observa<strong>do</strong>s em campo<br />
juntamente com a respectiva vazão observa<strong>da</strong> e o registro <strong>do</strong> pluviômetro <strong>da</strong> chuva<br />
<strong>do</strong> dia 06 de fevereiro de 2011. O volume de água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de<br />
311.136m³. A maior vazão atingi<strong>da</strong> na seção foi de 9,07m³/s e a maior cota de 0,3m.<br />
Na <strong>da</strong>ta houve falha no pluviógrafo e no levantamento <strong>do</strong> horário <strong>da</strong>s cotas atingi<strong>da</strong>s,<br />
portanto não é possível calcular a vazão de pico, tão pouco a intensi<strong>da</strong>de desta<br />
precipitação.<br />
Figura 48- Hidrograma de chuva 06-02-2011<br />
A Figura 49 representa graficamente as cotas observa<strong>da</strong>s em campo com a<br />
vazão observa<strong>da</strong>, o registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição registra<strong>da</strong> no pluviógrafo<br />
<strong>da</strong> chuva <strong>do</strong> dia 27 de março de 2011. A chuva teve duração de 35 minutos com<br />
intensi<strong>da</strong>de de 29,21 mm/h. O volume de água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de 237.519m³.<br />
A vazão de pico registra<strong>da</strong> no hidrograma de campo foi de 11m³/s e a calcula<strong>da</strong><br />
43,12m³/s.<br />
89
Figura 49 - Hidrograma de chuva 27-03-2011<br />
A Figura 50 representa graficamente as cotas observa<strong>da</strong>s em campo com a<br />
vazão observa<strong>da</strong>, o registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição registra<strong>da</strong> no pluviógrafo<br />
<strong>da</strong> chuva <strong>do</strong> dia 27 de março de 2011. A chuva teve duração de 35 minutos com<br />
intensi<strong>da</strong>de de 38,74 mm/h. O volume de água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de 313.914m³.<br />
A vazão de pico calcula<strong>da</strong> foi de 57,18m³/s, duas vezes maior que a observa<strong>da</strong> que<br />
foi de 27m³/s.<br />
90
Figura 50 - Hidrograma de chuva 16-04-2011<br />
5.7.2. Hietogramas e Hidrogramas de Vazão Calcula<strong>da</strong><br />
Os hietogramas e Hidrogramas gera<strong>do</strong>s pela vazão calcula<strong>da</strong> exibem também<br />
os <strong>da</strong><strong>do</strong>s registra<strong>do</strong>s pelo linígrafo, Pluviógrafo e Pluviômetro e a curva-chave<br />
gera<strong>da</strong>.<br />
A Figura 51 representa graficamente as cotas registra<strong>da</strong>s pelo linígrafo e a<br />
vazão calcula<strong>da</strong> <strong>do</strong> dia 30 de dezembro de 2010. A chuva teve duração de 1:10 horas<br />
com intensi<strong>da</strong>de de 11,31 mm/h. O volume de água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de<br />
183.348m³. A vazão de pico no hidrograma foi de 1,8m³/s e a calcula<strong>da</strong> de<br />
16,69m³/s.<br />
A Figura 52 representa graficamente as cotas registra<strong>da</strong>s pelo linígrafo, a<br />
vazão calcula<strong>da</strong>, o registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição registra<strong>da</strong> no pluviógrafo.<br />
A chuva teve duração de 25 minutos com intensi<strong>da</strong>de de 48,48 mm/h. O volume de<br />
91
água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de 280.578m³. A a vazão de pico de <strong>do</strong> hidrograma foi<br />
de 10,3m³/s e a vazão de pico calcula<strong>da</strong> chegou a 71,56m³/s.<br />
Figura 51 - Hidrograma de chuva 30-12-2010<br />
Figura 52 - Hidrograma de chuva 01-01-2011<br />
92
A Figura 53 representa graficamente as cotas registra<strong>da</strong>s pelo linígrafo, a<br />
vazão calcula<strong>da</strong>, o registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição registra<strong>da</strong> no pluviógrafo<br />
<strong>da</strong> precipitação <strong>do</strong> dia 3 de Janeiro de 2011. A chuva teve duração de 2:40 horas,<br />
bem distribuí<strong>da</strong>, com intensi<strong>da</strong>de de 12,75 mm/h. A maior vazão alcança<strong>da</strong> na seção<br />
foi de 5,41m³/s respectivo a maior cota que foi de 0,21m. O volume de água recebi<strong>do</strong><br />
pela <strong>bacia</strong> foi de 472.260m³. A vazão de pico <strong>do</strong> hidrograma atingiu 6m³/s, três<br />
vezes menos que a calcula<strong>da</strong> de 18,82m³/s.<br />
Figura 53 - Hidrograma de chuva 03-01-2011<br />
A Figura 54 representa graficamente as cotas registra<strong>da</strong>s pelo linígrafo, a<br />
vazão calcula<strong>da</strong>, o registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição registra<strong>da</strong> no pluviógrafo.<br />
A chuva teve duração de 45 minutos com intensi<strong>da</strong>de de 25,87 mm/h. O volume de<br />
água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de 297.246m³. A vazão de pico <strong>do</strong> hidrograma atingiu<br />
4m³/s, valor quase dez vezes inferior a vazão de pico calcula<strong>da</strong> de 38,19m³/s.<br />
93
Figura 54 - Hidrograma de chuva 10-01-2011<br />
A Figura 55 representa graficamente as cotas registra<strong>da</strong>s pelo linígrafo, a<br />
vazão calcula<strong>da</strong>, o registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição registra<strong>da</strong> no pluviógrafo.<br />
A chuva teve duração de 50 minutos com intensi<strong>da</strong>de de 38,88 mm/h. O volume de<br />
água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de 452.814m³. A vazão de pico atingi<strong>da</strong> no hidrograma<br />
foi de 4,5m³/s sen<strong>do</strong> que a calcula<strong>da</strong> foi muito superior, 57,39m³/s.<br />
94
Figura 55 - Hidrograma de chuva 18-01-2011<br />
A Figura 56 representa graficamente as cotas registra<strong>da</strong>s pelo linígrafo, a<br />
vazão calcula<strong>da</strong>, o registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição registra<strong>da</strong> no pluviógrafo.<br />
A chuva teve duração de 02:25 horas com intensi<strong>da</strong>de de 7,75 mm/h. O volume de<br />
água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de 368.085m³. A vazão de pico no hidrograma foi de<br />
8,5m³/s e a calcula<strong>da</strong> 11,44m³/s, sen<strong>do</strong> uma <strong>da</strong>s vazões de pico que mais se<br />
aproximou entre a registra<strong>da</strong> na área de estu<strong>do</strong> e a calcula<strong>da</strong>, no entanto a calcula<strong>da</strong><br />
está cerca de 30% maior que a registra<strong>da</strong> pelo hidrograma.<br />
95
Figura 56- Hidrograma de chuva 19-01-2011<br />
A Figura 57 representa graficamente as cotas registra<strong>da</strong>s pelo linígrafo, a<br />
vazão calcula<strong>da</strong>, o registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição registra<strong>da</strong> no pluviógrafo.<br />
A chuva teve duração de 01:00 hora, aproxima<strong>da</strong>mente o tc <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>, com<br />
intensi<strong>da</strong>de de 49,8 mm/h, sen<strong>do</strong> que 30mm <strong>da</strong> chuva total precipitou em apenas 10<br />
minutos e apresentou <strong>do</strong>is momentos de subi<strong>da</strong> e desci<strong>da</strong>. O volume de água<br />
recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de 691.722m³. A vazão de pico no hidrograma foi de 6,5m³/s<br />
e a calcula<strong>da</strong> foi de 73,51m³/s.<br />
96
Figura 57 – Hidrograma <strong>da</strong> chuva de 22-03-2011<br />
A Figura 58 representa graficamente as cotas registra<strong>da</strong>s pelo linígrafo, a<br />
vazão calcula<strong>da</strong>, o registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição registra<strong>da</strong> no pluviógrafo.<br />
A chuva teve duração de 03:35 horas com intensi<strong>da</strong>de de 5,55 mm/h. O volume de<br />
água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de 277.800m³. A vazão de pico no hidrograma foi de<br />
7,2m³/s, próxima <strong>do</strong> valor calcula<strong>do</strong> que foi 8,19m³/s<br />
A Figura 59 representa graficamente as cotas registra<strong>da</strong>s pelo linígrafo, a<br />
vazão calcula<strong>da</strong>, o registro <strong>do</strong> pluviômetro e a distribuição registra<strong>da</strong> no pluviógrafo.<br />
A chuva teve duração de 01:10 horas com intensi<strong>da</strong>de de 25,71 mm/h, mas de<br />
alteração de escoamento na <strong>bacia</strong> teve alteração durante 5 horas atingin<strong>do</strong> sua cota e<br />
vazão máxima depois de 12 minutos quan<strong>do</strong> a <strong>bacia</strong> começou a receber sua primeira<br />
alteração de cota. O volume de água recebi<strong>do</strong> pela <strong>bacia</strong> foi de 452.814m³. A vazão<br />
de pico no hidrograma foi de 5,5 m³/s enquanto a calcula<strong>da</strong> foi 37,95m³/s.<br />
97
Figura 58- Hidrograma <strong>da</strong> chuva de 26-03-2011<br />
Figura 59 – Hidrograma de chuva de 31-03-2011<br />
98
Os hidrogramas demonstraram a grande diferença que pode haver ente uma<br />
vazão de pico calcula<strong>da</strong> e a observa<strong>da</strong> em campo, isso se deve principalmente a<br />
variável de intensi<strong>da</strong>de, que ao ser a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> estima-se que a distribuição <strong>da</strong> chuva seja<br />
uniforme por to<strong>da</strong> a área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>. Como na reali<strong>da</strong>de a distribuição de chuva pela<br />
área <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> é irregular, o cenário de cálculo pode ser superestima<strong>do</strong> ou<br />
subestima<strong>do</strong> dependen<strong>do</strong> <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de registra<strong>da</strong> e a distribuição de chuva<br />
ocorri<strong>da</strong>.<br />
5.7.3. Relação entre Intensi<strong>da</strong>de de Chuva e Vazão Calcula<strong>da</strong><br />
De acor<strong>do</strong> com os hidrogramas gera<strong>do</strong>s nas chuvas observa<strong>da</strong>s e nas vazões<br />
de pico encontra<strong>da</strong>s, foi calcula<strong>do</strong> o coeficiente “C” para as chuvas levanta<strong>da</strong>s. Para<br />
verificar se este coincidia com o “C” estima<strong>do</strong> pela composição de uso e ocupação<br />
<strong>do</strong> solo, fez se ain<strong>da</strong> uma relação entre a vazão de pico atingi<strong>da</strong> no hidrograma e a<br />
vazão de pico calcula<strong>da</strong> através <strong>do</strong> coeficiente “C”. Os resulta<strong>do</strong>s estão descritos na<br />
Tabela 22.<br />
Tabela 22 – Relação entre a vazão de pico atingi<strong>da</strong> no hidrograma e a vazão de pico<br />
calcula<strong>da</strong>.<br />
Figuras<br />
Qp <strong>do</strong><br />
hidrograma Intensi<strong>da</strong>de C Duração Qp calc Qp Calcula<strong>do</strong>/<br />
Qp hidrograma<br />
47 14,76 40 0,12 00:35 59,04 4,0<br />
49 11 29,21 0,11 00:35 43,12 3,9<br />
50 27 38,74 0,23 00:35 57,18 2,1<br />
51 1,8 11,31 0,05 01:10 16,69 9,3<br />
52 10,3 48,48 0,06 00:25 71,56 6,9<br />
53 6 12,75 0,14 02:40 18,82 3,1<br />
54 4 25,87 0,05 00:45 38,19 9,5<br />
55 4,5 38,88 0,04 00:50 57,39 12,8<br />
56 8,5 7,75 0,33 02:25 11,44 1,3<br />
57 6,5 49,8 0,04 01:00 73,51 11,3<br />
58 7,2 5,55 0,38 03:35 8,19 1,1<br />
59 5,5 25,71 0,06 01:10 37,95 6,9<br />
99
Conforme pode ser observa<strong>do</strong>, não se pode confirmar o valor de coeficiente<br />
de escoamento estima<strong>do</strong> pelo uso e ocupação <strong>do</strong> solo que foi de 0,46. Os coeficientes<br />
calcula<strong>do</strong>s a partir <strong>da</strong> vazão de pico atingi<strong>da</strong> no hidrograma variaram entre 0,04 e<br />
0,38. No entanto, isso se deve a distribuição <strong>da</strong> chuva na <strong>bacia</strong> não ser uniforme, com<br />
isso a intensi<strong>da</strong>de de chuva calcula<strong>da</strong> utilizan<strong>do</strong> apenas um posto pluviométrico não<br />
representou a real distribuição.<br />
Magalhães et al. (2010) estu<strong>da</strong>ram uma micro <strong>bacia</strong> de 296 ha com cobertura<br />
de solo de 83% ocupa<strong>do</strong> por floresta; 3,4% de formações rochosas; 1,75% de área<br />
utiliza<strong>da</strong> por linha de transmissão; 9,8% de pastagem; e 1,64% de área sede <strong>do</strong><br />
parque obteve um coeficiente de escoamento superficial igual a 0,58.<br />
No estu<strong>do</strong> foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> flutua<strong>do</strong>r, que não é o mais recomen<strong>da</strong><strong>do</strong>,<br />
com isso as vazões encontra<strong>da</strong>s não correspondem exatamente as vazões reais e não<br />
reproduz uma curva chave adequa<strong>da</strong>, o que resulta em hidrogramas que também não<br />
são confiáveis para determinar a vazão de pico e assim encontrar o “C” <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>.<br />
Sen<strong>do</strong> assim, neste estu<strong>do</strong>, apenas com as chuvas levanta<strong>da</strong>s não foi possível<br />
relacionar a intensi<strong>da</strong>de de chuva com a vazão atingi<strong>da</strong> na área de estu<strong>do</strong>. O que<br />
pode-se obter com as chuvas observa<strong>da</strong>s é que a vazão de pico calcula<strong>da</strong> se encontra<br />
superior a vazão de pico observa<strong>da</strong>.<br />
Recomen<strong>da</strong>-se que para futuros estu<strong>do</strong>s de estimativa de coeficiente “C” ou<br />
curva chave na <strong>bacia</strong>, utilize-se o méto<strong>do</strong> flutua<strong>do</strong>r, por suportar as adversi<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />
seção de estu<strong>do</strong>. No entanto, deverá ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> apenas um fator de correção e este<br />
deverá ser estu<strong>da</strong><strong>do</strong> criteriosamente. É necessário também que seja levanta<strong>do</strong> um<br />
maior número de precipitações e que se leve em conta o nível de saturação <strong>do</strong> solo.<br />
5.8. SUGESTÕES DE INTERFERÊNCIAS TÉCNICAS<br />
Os impactos identifica<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong> podem ser atenua<strong>do</strong>s, e alguns reversíveis,<br />
através de intervenções técnicas que visem: a recuperação <strong>da</strong>s áreas verdes, a<br />
melhoria na cobertura de saneamento, a amenização <strong>do</strong> regime de escoamento<br />
superficial e principalmente a promoção <strong>da</strong> educação <strong>ambiental</strong> e <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res.<br />
Estu<strong>do</strong>s desenvolvi<strong>do</strong>s na micro<strong>bacia</strong> por Silveira et al. (2009) foram<br />
sugeri<strong>da</strong>s interferências para amortizar o escoamento superficial e minimizar o riscos<br />
de cheias.<br />
100
Dentre as sugestões há medi<strong>da</strong>s não estruturais como: 1) Remover as<br />
ocupações irregulares <strong>da</strong>s margens <strong>do</strong> <strong>córrego</strong>; 2) Cumprimento de leis que<br />
coordenam a ocupação <strong>do</strong> solo urbano; 3) Fazer cumprir a a<strong>do</strong>ção <strong>da</strong> porcentagem<br />
mínima de área permeável nos lotes <strong>do</strong>s bairros contribuintes, o que pode ser<br />
consegui<strong>do</strong> com jardins ou pavimentos permeáveis; 4) Fiscalização para evitar que<br />
novas áreas próximas às margens <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> sejam ocupa<strong>da</strong>s; 5) Trabalho de<br />
educação <strong>ambiental</strong> com a população vizinha ao <strong>córrego</strong>. São sugestões que<br />
deman<strong>da</strong>m tempo, recursos humanos e financeiros, porém já deveriam estar sen<strong>do</strong><br />
implanta<strong>da</strong>s, já que a maioria dessas soluções seriam desnecessárias caso o<br />
cumprimento de leis que coordenam a ocupação <strong>do</strong> solo urbano fosse implementa<strong>do</strong>.<br />
O estu<strong>do</strong> também recomen<strong>do</strong>u a a<strong>do</strong>ção <strong>da</strong>s seguintes medi<strong>da</strong>s estruturais: 1)<br />
A<strong>do</strong>ção de pavimentos permeáveis nas vias locais e em calça<strong>da</strong>s de bairros que não<br />
tiveram suas vias asfalta<strong>da</strong>s; 2) Melhorias no sistema de esgotamento sanitário nos<br />
bairros que o apresentam com deficiências, e implantação deste sistema em locais<br />
ain<strong>da</strong> desprovi<strong>do</strong>s, visan<strong>do</strong> a eliminação <strong>da</strong> contribuição de esgoto <strong>do</strong>méstico no<br />
<strong>córrego</strong>; 3) Verificar áreas que comportem a implantação de <strong>bacia</strong>s de retenção que<br />
proporcionem um rearranjo temporal <strong>da</strong>s vazões; 4) Adequação <strong>da</strong>s estruturas de<br />
drenagem, como bocas de lobo e bueiros, para que permitam o fluxo adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
escoamento superficial e <strong>da</strong>s vazões de pico <strong>do</strong> <strong>córrego</strong>. Isso evitaria problemas<br />
pontuais de inun<strong>da</strong>ção, como o que ocorre na Av. Fernan<strong>do</strong> Corrêa <strong>da</strong> Costa; 5)<br />
Recuperar a margem ao longo <strong>do</strong> <strong>córrego</strong> com vegetação nativa, contribuin<strong>do</strong> para<br />
infiltração de águas pluviais e preservação <strong>da</strong>s margens. A retificação de trechos que<br />
apresentam maiores riscos de desmoronamento deve ser prioriza<strong>da</strong>.<br />
A a<strong>do</strong>ção de IPTU ecológico pode fomentar a implantação de estruturas de<br />
pavimentos porosos, trincheiras de infiltração e sistemas de aproveitamento de água<br />
de chuva. O incentivo financeiro pode estimular a a<strong>do</strong>ção de medi<strong>da</strong>s pontuais em<br />
<strong>do</strong>micílios que podem vir a reverter sua atual taxa de contribuição.<br />
101
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A dinâmica de uso e ocupação tem resulta<strong>do</strong> um processo de degra<strong>da</strong>ção<br />
ocasiona<strong>da</strong> pela ação antrópica na <strong>bacia</strong> origina<strong>da</strong> principalmente na maneira<br />
construtiva indiscrimina<strong>da</strong>, no lançamento de efluente <strong>do</strong>méstico na rede pluvial que<br />
deságua no <strong>córrego</strong>, no descarte de resíduos nas margens e no próprio leito, entre<br />
outros desrespeitos ambientais. Essa situação tem resulta<strong>do</strong> em um corpo hídrico sem<br />
vi<strong>da</strong> com aspecto pútri<strong>do</strong>, margens descaracteriza<strong>da</strong>s, e principalmente um <strong>córrego</strong><br />
suscetível a enchentes, colocan<strong>do</strong> em risco a população localiza<strong>da</strong> em suas margens<br />
ao entrar em contato com essas águas.<br />
Apesar <strong>do</strong>s aspectos fisiográficos mostrarem a partir <strong>da</strong> análise <strong>do</strong>s<br />
parâmetros físicos como: taxa de sinuosi<strong>da</strong>de, declivi<strong>da</strong>de e formato que a <strong>bacia</strong> não<br />
agrega características propensas a enchente, o formato estreito e alonga<strong>do</strong><br />
proporciona um escoamento rápi<strong>do</strong> que alia<strong>do</strong> a uma área impermeável de 57,4%<br />
potencializa picos de cheia principalmente a jusante.<br />
A dinâmica de ocupação <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> demonstrou ser inadequa<strong>da</strong>, a mesma<br />
desrespeita margens bem como áreas de proteção <strong>ambiental</strong>. Vê se também que em<br />
alguns bairros as residências se concentram nas margens <strong>do</strong> <strong>córrego</strong>, enquanto há<br />
grande número de terrenos baldios nas proximi<strong>da</strong>des.<br />
O perfil <strong>do</strong>s ocupantes <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> contribui para a degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> corpo hídrico,<br />
uma vez que seria possível atenuar impactos no leito apenas com a mu<strong>da</strong>nça de<br />
habito <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res, como por exemplo, o descarte de resíduos em locais<br />
apropria<strong>do</strong>s e não mais no <strong>córrego</strong> e logra<strong>do</strong>uros. Para que os <strong>da</strong>nos estruturais e<br />
ambientais cessem é necessário que haja intervenções técnicas por ações públicas e<br />
em estruturas particulares. A educação <strong>ambiental</strong> também deve ser uma ferramenta<br />
utiliza<strong>da</strong> na mitigação <strong>do</strong>s impactos.<br />
Preservar e restaurar margens que ain<strong>da</strong> estão sem habitação é imprescindível<br />
para conservar as áreas de recarga de aquífero e preservar a estrutura natural <strong>do</strong> leito<br />
<strong>do</strong> <strong>córrego</strong>. Compensan<strong>do</strong> assim a restauração <strong>da</strong>s margens em áreas construí<strong>da</strong>s é<br />
inviável devi<strong>do</strong> aos gastos financeiros e impacto social envolvi<strong>do</strong>. Deste mo<strong>do</strong>, para<br />
que os eventos de cheias não aumentem e se tornem catastróficos é necessário<br />
investir em ações pontuais como a<strong>do</strong>tar pavimentos porosos, disseminar a instalação<br />
de trincheiras e aproveitamento de águas de chuvas em <strong>do</strong>micílios, entre outras.<br />
102
É preciso ain<strong>da</strong> haver uma responsabilização pública por parte <strong>do</strong>s órgãos<br />
competentes, que ao deixarem de fiscalizar e punir o descumprimento de leis que<br />
protegem o manancial são coniventes com a degra<strong>da</strong>ção. Pode-se a<strong>do</strong>tar medi<strong>da</strong>s de<br />
bonificação aos que contribuem com área permeável, e o valor arreca<strong>da</strong><strong>do</strong> em multas<br />
aos que desrespeitam poderia ser aplica<strong>do</strong> na recuperação <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>. Em geral a <strong>bacia</strong><br />
apresenta boa parte de seu território edifica<strong>da</strong>, e com pouca área preserva<strong>da</strong> com<br />
vegetação. A vegetação além de cumprir seu papel hidrológico de proteção ao<br />
manancial pode amenizar temperaturas em até 4ºC. A preservação <strong>da</strong>s áreas verdes<br />
remanescentes e programas de incentivo de plantio de árvores pode contribuir com a<br />
diminuição <strong>do</strong> volume de escoamento superficial.<br />
Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s socioeconômicos e de saneamento <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> apresentam a<br />
desigual<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ocupação e seus mora<strong>do</strong>res. O estu<strong>do</strong> aponta um eleva<strong>do</strong> percentual<br />
de famílias sem acesso adequa<strong>do</strong> ao saneamento, sen<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s os bairros <strong>da</strong> <strong>bacia</strong><br />
apresentam algum índice de inconformi<strong>da</strong>de seja com relação ao abastecimento de<br />
água potável, seja na destinação <strong>do</strong>s resíduos ou ain<strong>da</strong> na destinação de efluente<br />
<strong>do</strong>méstico. Soma-se a isso o panorama escolar e de ren<strong>da</strong> <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res que se<br />
apresenta de forma muita heterogênea na <strong>bacia</strong>.<br />
Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s fisiográficos e hidrológicos <strong>da</strong> <strong>bacia</strong> como curva chave e<br />
hidrogramas podem vir a subsidiar estu<strong>do</strong>s na <strong>bacia</strong> para projetos de intervenções<br />
técnicas que minimizem eventos de inun<strong>da</strong>ção e que modernizem o sistema de<br />
drenagem urbana local. O histórico de chuva <strong>of</strong>erece <strong>da</strong><strong>do</strong>s que permitem<br />
investimentos em projetos de aproveitamento de água de chuva, medi<strong>da</strong>s assim<br />
mitigariam os efeitos <strong>da</strong>s cheias na <strong>bacia</strong> e contribuiriam para evitar o desperdício de<br />
água potável para usos menos exigentes de quali<strong>da</strong>de. É possível ain<strong>da</strong> monitorar as<br />
cotas atingi<strong>da</strong>s na <strong>bacia</strong> para ca<strong>da</strong> precipitação e estimar a vazão através <strong>da</strong> curva<br />
chave e relacionar a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> chuva com a vazão de pico <strong>da</strong> <strong>bacia</strong>.<br />
Portanto, embora exista viabili<strong>da</strong>de técnica para reverter as alterações<br />
ocasiona<strong>da</strong>s na <strong>bacia</strong>, apenas com a integração de medi<strong>da</strong>s sociais, estruturais e<br />
econômicas é possível que o curso hídrico volte a exercer com eficiência sua função<br />
hidráulica de drenagem e <strong>ambiental</strong> como balneabili<strong>da</strong>de, recreação, abastecimento,<br />
navegação, pesca e berço de vi<strong>da</strong> para espécies aquáticas.<br />
103
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
7.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CITADAS<br />
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