25.08.2015 Views

O Contributo da Comunidade de Portugueses no Brasil para a ...

O Contributo da Comunidade de Portugueses no Brasil para a ...

O Contributo da Comunidade de Portugueses no Brasil para a ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Luísa Maria Gonçalves Teixeira BarbosaMestre em História e Cultura do <strong>Brasil</strong>O <strong>Contributo</strong> <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugueses</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>para</strong> aConsoli<strong>da</strong>ção do Republicanismo em Portugal (1890-1910FAFESeminário Internacional: Memórias e Migrações6 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2007INTRODUÇÃO“Dentro <strong>de</strong> alguns a<strong>no</strong>s – <strong>de</strong> muitopouco, espero-o – não haverá em todo o<strong>Brasil</strong> um único português fiel, não digo jáao Estado monárquico, mas à suatradição” [1]Neste trabalho preten<strong>de</strong>-se perceber as relações <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>Portugueses</strong> com o movimento republica<strong>no</strong> português e o contributo <strong>de</strong>sta <strong>para</strong> aconsoli<strong>da</strong>ção do republicanismo que permitiu a implantação <strong>da</strong> República emPortugal. Estabeleceu-se a <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 1890 como aquela a partir <strong>da</strong> qual osrepublica<strong>no</strong>s portugueses <strong>de</strong>ram atenção especial à propagan<strong>da</strong> republicana <strong>no</strong><strong>Brasil</strong> e 1910 como o culminar <strong>de</strong>ssa acção com o sucesso <strong>da</strong> implantação <strong>da</strong>República Portuguesa, <strong>no</strong> dia 5 <strong>de</strong> Outubro.Conhecendo o enriquecimento e prestígio do <strong>Portugueses</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, <strong>no</strong> final doséculo XIX e o seu auxílio <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento dos lugares on<strong>de</strong> nasceramem Portugal, perscrutámos qual teria sido o seu contributo <strong>para</strong> a consoli<strong>da</strong>çãodo republicanismo em Portugal, <strong>no</strong>s vinte a<strong>no</strong>s anteriores à implantação <strong>da</strong>República Portuguesa.Para alcançar este objectivo, dividiu-se o trabalho em três partes, tentandorespon<strong>de</strong>r às questões:1 – Que relações se estabeleceram entre os republica<strong>no</strong>s portugueses e osportugueses <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>?2 – Como contribuíram estes <strong>para</strong> a consoli<strong>da</strong>ção e sucesso dorepublicanismo português?3 – Que resultados produziu a propagan<strong>da</strong> junto <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>portugueses <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>?Utilizaram-se como fontes a imprensa republicana portuguesa <strong>da</strong> época, arevista <strong>Brasil</strong>-Portugal [2] , entre 1899 e 1910 e, ain<strong>da</strong>, os <strong>de</strong>poimentos coevos


dos republica<strong>no</strong>s portugueses, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente, João Chagas, José <strong>de</strong> Sampaio(Bru<strong>no</strong>) e Carvalho Neves.1 – Que relações se estabeleceram entre os republica<strong>no</strong>s portugueses e osportugueses <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>?Depois <strong>da</strong> Revolução Republicana <strong>Brasil</strong>eira – em 15 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1889 – osjornais portugueses <strong>de</strong> tendência republicana sugeriam uma preocupação com aopinião <strong>da</strong> <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> “Colónia Portuguesa”, aproveitando sempre <strong>para</strong> atacara monarquia portuguesa.Tal aconteceu relativamente à falta <strong>de</strong> reconhecimento <strong>da</strong> República<strong>Brasil</strong>eira por parte <strong>de</strong> Portugal. Os jornais <strong>de</strong> opinião republicana, por queirmanaram na i<strong>de</strong>ia com o <strong>Brasil</strong> republica<strong>no</strong>, afirmavam o seu reconhecimento<strong>para</strong> com os seus compatriotas portugueses que, do <strong>Brasil</strong>, aju<strong>da</strong>vam Portugal aequilibrar o “horroroso déficit” <strong>da</strong> sua eco<strong>no</strong>mia e insurgiam-se com a relutância dogover<strong>no</strong> <strong>da</strong> monarquia em reconhecer a República <strong>Brasil</strong>eira: “Rio <strong>de</strong> Janeiro 20 –Os america<strong>no</strong>s reconheceram a república, que encontrou a<strong>de</strong>são completa <strong>no</strong> país.A <strong>no</strong>ssa colónia <strong>de</strong>seja igual reconhecimento por parte do gover<strong>no</strong> <strong>de</strong> Portugal” [3] .E confirmava Alves Correia, <strong>no</strong> jornal que dirigia: “Nós porém temos ligadosàquela República ao maiores interesses; temos ali irmãos <strong>no</strong>ssos dos maisprestimosos, a trabalhar <strong>para</strong> com o produto do seu trabalho cobrirem o horroroso<strong>de</strong>ficit <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa vi<strong>da</strong> económica, nós não reconhecemos a República <strong>Brasil</strong>eira [...]o gover<strong>no</strong> do rei está divorciado <strong>da</strong> opinião do país” [4] .Aconteceu, o mesmo, perante a “gran<strong>de</strong> naturalização”, <strong>de</strong>libera<strong>da</strong> pelogover<strong>no</strong> provisório <strong>da</strong> República do <strong>Brasil</strong>. Os jornais monárquicos atacavam amedi<strong>da</strong> do gover<strong>no</strong> do <strong>Brasil</strong>, dizendo que naturalizando os portugueses que aíestavam <strong>de</strong>ixavam <strong>de</strong> se receber as suas remessas, ao que os republica<strong>no</strong>srespondiam que a culpa era do gover<strong>no</strong> português por não negociar com o <strong>Brasil</strong>,tal como tinha feito a França [5] ou, ain<strong>da</strong>, que essa “pérfi<strong>da</strong> exclamação não po<strong>de</strong>ter outra intenção que não seja a <strong>de</strong> indispor [...] a colónia portuguesa do <strong>Brasil</strong> eparentes <strong>de</strong> cá contra a revolução” e, confiantes <strong>no</strong> patriotismo <strong>de</strong>sses retrucavam:“...sendo a República uma forma <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> essencialmente progressiva eimpulsiva [...] <strong>de</strong>vendo a Colónia Portuguesa continuar a representar um papelimportante em to<strong>da</strong>s as empresas; e, pelo que diz respeito a Portugal verá crescero rio cau<strong>da</strong>loso do ouro, que correndo do <strong>Brasil</strong>, vem <strong>da</strong>r alento a Bancos, animar aconstrução <strong>de</strong> bairros e <strong>da</strong>r vi<strong>da</strong> às explorações agrícolas” [6] .


Com o Ultimato Inglês tentou-se aproveitar o seu <strong>de</strong>scontentamento produzidoem todos os quadrantes <strong>da</strong> população <strong>para</strong> pressionar as a<strong>de</strong>sões à causarepublicana, tal como aconteceu em Portugal. Todos sabemos como a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> portugueses <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> patrocinaram não só a compra <strong>da</strong> canhoeira Pátria,através <strong>de</strong> subscrição, como também organizaram o “Batalhão Patriótico” que<strong>de</strong>sembarcou em Lisboa <strong>para</strong> lutar pela pátria contra a Grã-Bretanha.“Os <strong>Portugueses</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> – Em to<strong>da</strong> a colónia portuguesa, resi<strong>de</strong>nte naflorescente República dos Estados Unidos do <strong>Brasil</strong>, reboou unísso<strong>no</strong> o brado <strong>de</strong>ódio e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sforra à vilã Inglaterra. Os <strong>no</strong>ssos irmãos, que lá nessa ubérrima regiãolabutam e mourejam, não se esquecem felizmente <strong>da</strong> pátria, antes se lembramsempre com sau<strong>da</strong><strong>de</strong>s e entusiasmo” [7] .Entusiasmados com a evolução <strong>da</strong> nação brasileira, os republica<strong>no</strong>sportugueses, expressando um ar<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sejo que não se repercutia nareali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> época, chegaram mesmo a afirmar que os portugueses aíexistentes, com quem mantinham constante ligação, eram todosrepublica<strong>no</strong>s: “No <strong>Brasil</strong> há uma colónia portuguesa muito rica [...]. Oraesta colónia é exclusivamente republicana” [8] .Confirmando essa i<strong>de</strong>ia, acusa<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> portugueses <strong>no</strong><strong>Brasil</strong> <strong>de</strong> estarem envolvidos, “com o seu dinheiro e propagan<strong>da</strong>”, narevolta restauracionista <strong>de</strong> 1893, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, que valeu a Portugal ocorte <strong>de</strong> relações diplomáticas com o país irmão, Carrilho Vi<strong>de</strong>ira [9]um dos representantes dos portugueses <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, por sinalrepublica<strong>no</strong>, afirmara que “isso era falso!” e, levando logo a prova aoexagero, assegurou que “não havia um só português <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> quenão fosse republica<strong>no</strong> pronto a <strong>da</strong>r a vi<strong>da</strong> pelo seu i<strong>de</strong>al” [10] .Outros republica<strong>no</strong>s acreditaram que a republicanização <strong>de</strong>ssacomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> se faria pelo simples contacto com as instituiçõesrepublica<strong>no</strong>s do <strong>Brasil</strong>: “...O <strong>Brasil</strong>, <strong>no</strong>sso filho, muito bem po<strong>de</strong>, mercê dos 300000 portugueses que lá temos, ser <strong>no</strong> futuro político, o <strong>no</strong>sso sugestor” [11] . Ereafirmava-o João Chagas: “O <strong>Brasil</strong> é um estado republica<strong>no</strong> e diríamos que ainfluência <strong>da</strong>s suas instituições tão benéficas como elas têm sido <strong>para</strong> essaflorescente nação, <strong>de</strong>veria exercer-se não só sobre os nacionais, como sobre osestrangeiros” [12] .


2 – Como contribuíram <strong>para</strong> a consoli<strong>da</strong>ção e sucesso do republicanismoportuguês?Os portugueses <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> enriqueceram, principalmente, <strong>no</strong> Comércio, <strong>no</strong> entantoalguns distinguiram-se, igualmente, nas Finanças e na Indústria. E, po<strong>de</strong>mosexemplificar com alguns dos <strong>no</strong>mes que se referiram na revista <strong>Brasil</strong>-Portugal,entre 1899 e 1910.- Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sucena, nascido na Borralha, distinguiu-se <strong>no</strong> Comércio, <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro [13] .- João José <strong>da</strong> Silva Lima, nascido em Ponte <strong>de</strong> Lima e gerente <strong>da</strong> Casa ComercialSilva Lima e Cª, <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro [14] .- Comen<strong>da</strong>dor José Francisco Monteiro, natural do Porto, foi seringueiro <strong>no</strong>Amazonas [15] .- José Augusto Prestes, engenheiro nas obras do Palácio do Gover<strong>no</strong> doAmazonas [16] .- José Men<strong>de</strong>s Leite estabeleceu <strong>no</strong> Pará a casa comercial Men<strong>de</strong>s Leite [17] .- Comen<strong>da</strong>dor Manuel António <strong>da</strong> Costa Pereira, natural <strong>de</strong> Macedo <strong>de</strong> Cavaleiros,fundou, <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, a casa comercial Costa e Pereira e Cª, em 1889 foi eleitodirector do Banco Comercial do Rio <strong>de</strong> Janeiro [18] .- Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, natural <strong>de</strong> Guimarães, ligado ao comércio, emPernambuco [19] .- Viriato Correia <strong>da</strong> Costa, natural <strong>da</strong> vila <strong>de</strong> Poiares, foi “chefe” <strong>de</strong> uma casacomercial, em São Paulo [20] .Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> portugueses não contribuiu, em na<strong>da</strong>,<strong>para</strong> o movimento <strong>de</strong>mocrático em Portugal era, essencialmente,conservadora – assim o dizia João Chagas. E reforçou: “A colónia portuguesa [...]não dá a sua soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> à <strong>de</strong>mocracia portuguesa e dá-a ao Estadomonárquico” [21] . Ain<strong>da</strong> <strong>no</strong>utra obra queixava-se: “ Assim, o velho portuguêsembezerrou num ferrenho conservantismo, que o advento <strong>da</strong> República, com assuas convulsões, não fez senão radicar” [22] .Todos os autores coevos analisados concor<strong>da</strong>vam com a situação difícil domovimento <strong>de</strong>mocrático português <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e todos se referem àsdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s do progresso <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ia republicana. Observando com mais atenção


a situação <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, apercebemo-<strong>no</strong>s <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> um ambiente hostilreservado aos republica<strong>no</strong>s portugueses.Sampaio Bru<strong>no</strong> e Carvalho Neves oferecem-<strong>no</strong>s a mesma opinião sobreestas divergências e sobre a falta <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos portugueses do <strong>Brasil</strong>.Acusados os republica<strong>no</strong>s portugueses <strong>de</strong> jacobinistas, Sampaio Bru<strong>no</strong> contrapunhan´O <strong>Brasil</strong> Mental: “o jacobinismo brasileiro, porém, é outra coisa. É a reflexão e aexpressão do ódio ao português” e, <strong>de</strong> segui<strong>da</strong>, acusava alguns jornalistasportugueses, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, <strong>de</strong> prosseguirem a mesma campanha difamatória: “Em suapropagan<strong>da</strong> feroz, encontra-se mesmo, <strong>de</strong>ploravelmente servido por portuguesesexpatriados, fazendo interesseira causa comum com os nativistas, à laia dojornalista lisbonense Eduardo <strong>de</strong> Salamon<strong>de</strong>, secretário <strong>de</strong> periódico em obediênciafiel às inspirações do ex-romancista Quinti<strong>no</strong> Bocayuva” [23] .Afinal, após a implantação <strong>da</strong> República <strong>Brasil</strong>eira, apesar <strong>da</strong>s relaçõesamistosas e fraternais entre alguns importantes intelectuais portugueses ebrasileiros como José Veríssimo ou Magalhães <strong>de</strong> Azevedo, <strong>de</strong>senvolveu-se umacorrente nativista <strong>da</strong> qual Sílvio Romero era representante (que, posteriormente– 1900- viria a alterar as suas posições) logo segui<strong>da</strong> por Quinti<strong>no</strong> Bocayuva, umrepublica<strong>no</strong> histórico brasileiro.“A situação portuguesa era absolutamente <strong>de</strong>turpa<strong>da</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Os republica<strong>no</strong>sportugueses, que lutavam em Portugal por uma Pátria <strong>no</strong>va, eram geralmenteconsi<strong>de</strong>rados uns bandidos [...]. E ninguém aparecia a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a República nem os<strong>no</strong>ssos correligionários” [24] , reflectia Carvalho Neves.No entanto, admitia-se a existência <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va emigração, <strong>de</strong> gentemais culta, que se supunha vir a mu<strong>da</strong>r a i<strong>de</strong>ia que os brasileiros têm doportuguês, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente do português republica<strong>no</strong>. Os republica<strong>no</strong>s, interessadosna alteração do regime português, acreditavam que a propagan<strong>da</strong> os levaria acontribuir <strong>para</strong> o crescimento <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>mocrática em Portugal.João Chagas reconhecia que a época era já outra e que a classe queemigrava po<strong>de</strong>ria tomar “aspecto differente”: “O movimento <strong>de</strong> classes que se temoperado <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso país, produziu uma emigração <strong>no</strong>va, mais inteligente e me<strong>no</strong>sabastardável...” [25] .E Bru<strong>no</strong> exemplificava com o “<strong>de</strong>spegar <strong>de</strong> Portugal” <strong>de</strong> alguns <strong>no</strong>táveiscomo: “Bettencourt Rodrigues, Chrispinia<strong>no</strong> Fonseca, José Barbosa, RodrigoSoares, Ricardo Severo, Julião Machado, Celso Hermínio, Pinto Coelho, HenriqueBravo, Joaquim Leitão, Cunha e Costa, Eugénio <strong>da</strong> Silveira” [26] .Repare-se bem nestes <strong>no</strong>mes, um a um:


Bettencourt Rodrigues [27] (1854-1933) – Médico <strong>de</strong> doenças mentais,doutorado por Paris, republica<strong>no</strong>, estabeleceu-se <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em 1892, ao ter sidopreterido, <strong>de</strong>vido às suas opiniões políticas, <strong>no</strong> concurso <strong>para</strong> preenchimento <strong>da</strong>vaga <strong>de</strong> director do Manicómio <strong>de</strong> Lisboa. Foi o autor do livro Uma Confe<strong>de</strong>raçãoLuso-<strong>Brasil</strong>eira: Factos, Opiniões e Alvitres, publicado em 1923, pela LivrariaClássica, entre outras obras.Chrispinia<strong>no</strong> <strong>da</strong> Fonseca [28] – Foi fun<strong>da</strong>dor do jornal a RepúblicaPortuguesa, <strong>no</strong> Porto, com João Chagas, em 1890. O escritório <strong>da</strong> sua re<strong>da</strong>cção foilugar <strong>de</strong> conspiração do 31 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1891, na qual Chrispinia<strong>no</strong> Fonseca foium dos implicados. Na época era alu<strong>no</strong> do curso <strong>de</strong> engenharia civil.José Barbosa [29] ,(1869-1923) – Foi fun<strong>da</strong>dor e re<strong>da</strong>ctor do jornal A Pátria,[em Portugal]. Con<strong>de</strong>nado a prisão por artigos muito violentos contra o regime, foi<strong>para</strong> Espanha e <strong>de</strong>pois <strong>para</strong> Paris, como correspon<strong>de</strong>nte dos jornais brasileiros.Cerca <strong>de</strong> 1894 seguiu <strong>para</strong> São Paulo, on<strong>de</strong> foi secretário <strong>da</strong> re<strong>da</strong>cção do jornalEstado <strong>de</strong> S. Paulo e <strong>de</strong>pois <strong>para</strong> o Rio <strong>de</strong> Janeiro, como secretário do País.Regressou a Portugal em 1908, antes <strong>da</strong>, tendo sido um dos organizadores <strong>da</strong>Revolução Republicana Portuguesa, foi <strong>de</strong>putado na Assembleia Constituinte <strong>de</strong>1911.Julião Machado, (1863-1930) [30] - Chegou ao <strong>Brasil</strong> em 1894, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>uma estadia em França. Foi consi<strong>de</strong>rado um “pai <strong>da</strong> caricatura” do <strong>Brasil</strong>. Entreoutras publicações, colaborou com o Jornal do <strong>Brasil</strong> e Gazeta <strong>de</strong> Notícias, tendovindo a tornar-se num dos mais influentes ilustradores na viragem do século.Celso Hermínio (1871-1904) [31] – Celso Hermínio <strong>de</strong> Freitas Carneiro. Foium dos caricaturistas republica<strong>no</strong>s a expressar a sua i<strong>de</strong>ia através dos seus<strong>de</strong>senhos. No final do séc. XIX, mudou-se <strong>para</strong> o <strong>Brasil</strong>. Voltou a Portugal em 1900.Joaquim Leitão [32] – Esteve <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em <strong>da</strong>ta <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>, mas em 1899era, em Lisboa, correspon<strong>de</strong>nte do jornal O País, do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Escreveu DoCivismo e <strong>da</strong> Arte <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Eugénio <strong>da</strong> Silveira [33] - Re<strong>da</strong>ctor do Século em 1890,fun<strong>da</strong>dor <strong>de</strong> República Latina, Lisboa, 1890, representante do PRP e<strong>da</strong> Maçonaria Portuguesa, <strong>no</strong> 1ºaniversário <strong>da</strong> República do <strong>Brasil</strong>.Cunha e Costa,(1868-1928) [34] - De <strong>no</strong>me completo: José Soares <strong>da</strong> Cunhae Costa. Licenciado em Direito pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, foi viver <strong>para</strong> o


<strong>Brasil</strong>, tendo-se tornado Cônsul <strong>de</strong> Portugal em Santos. Regressado a Portugal,publicou em 1904 e 1905, <strong>no</strong> jornal diário O Século, um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> artigos.Afinal, a <strong>no</strong>va plêia<strong>de</strong> <strong>de</strong> emigrantes <strong>de</strong> que falavam, era constituí<strong>da</strong> porrepublica<strong>no</strong>s, uns fugidos à justiça <strong>da</strong> monarquia portuguesa outros,eventualmente, em busca <strong>de</strong> fortuna e meios <strong>de</strong> subsistência, quase todos, se nãotodos mesmo, publicistas ou caricaturistas.A “emigração <strong>no</strong>va”, do final do século XIX e princípio do século XX, foii<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> pelos <strong>no</strong>vos estudos, on<strong>de</strong> se concluiu que a emigração portuguesa, apartir <strong>de</strong> 1899, era constituí<strong>da</strong> essencialmente por homens instruídos e oriundos <strong>da</strong>burguesia.Para o movimento republica<strong>no</strong> português era importante “republicanizar” osportugueses <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e canalizar a sua riqueza <strong>para</strong> a sua causa.Por isso, os republica<strong>no</strong>s portugueses fomentaram a propagan<strong>da</strong>,principalmente, a partir <strong>de</strong> 1890 e, consagraram algum esforço propagandista <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>, nesse ambiente que se consi<strong>de</strong>rava hostil e agressivo <strong>para</strong> os portugueses,<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente, <strong>para</strong> os republica<strong>no</strong>s.A acção <strong>de</strong> Carvalho Neves fornece-<strong>no</strong>s o exemplo <strong>da</strong> atenção que se <strong>de</strong>u àpropagan<strong>da</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Este partidário <strong>da</strong> República recolheu-se <strong>no</strong> país irmão cerca<strong>de</strong> 1890, fugido à justiça <strong>da</strong> Monarquia Portuguesa e aí, <strong>no</strong>s vinte a<strong>no</strong>s seguintes,<strong>de</strong>dicou-se à publici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ia republicana [35] .Em <strong>no</strong>ssa opinião, o <strong>Brasil</strong> foi estrategicamente escolhido por CarvalhoNeves, certamente com o apoio do Partido Republica<strong>no</strong> Português, o que se po<strong>de</strong><strong>de</strong>monstrar pela sua participação <strong>no</strong> 5 <strong>de</strong> Outubro e pelas suas relações próximascom os mais <strong>no</strong>táveis republica<strong>no</strong>s, como José Relvas ou Bernardi<strong>no</strong> Machado.No seu livro No <strong>Brasil</strong>, confessou como se processou a propagan<strong>da</strong> <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro, que era afinal a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> maior número <strong>de</strong> portugueses se estabeleceu:“Senti então o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> sair <strong>da</strong> minha obscuri<strong>da</strong><strong>de</strong> [...] e com todo o ardor <strong>da</strong>minha alma <strong>de</strong> republica<strong>no</strong>, vim em socorro do <strong>no</strong>sso i<strong>de</strong>al e dos <strong>no</strong>ssoscorreligionários [...]. Sustentei uma campanha tenaz e enérgica [...] Não po<strong>de</strong>ndofazê-la à minha custa somente, fi-la como ela se fez em Portugal durante todo operíodo <strong>de</strong> propagan<strong>da</strong> e como se faz em to<strong>da</strong> a parte: - por subscrição entre os<strong>no</strong>ssos correligionários mais abastados”.A sua atitu<strong>de</strong> mereceu aplausos e, assim, <strong>de</strong>scobriu “ que os republica<strong>no</strong>s <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro não eram tão poucos como se supunha”. Referia-se à existência <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong>


Janeiro, do Grupo Pró-Pátria [36] , fun<strong>da</strong>do pelo Dr. António Luís Gomes [37] e maisalguns correligionários, em “número limitadíssimo”, o qual tinha por fim enviaremdinheiro ao Directório do Partido Republica<strong>no</strong>.Carvalho Neves promoveu, segui<strong>da</strong>mente, a transformação <strong>de</strong>ste Gruponuma associação <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> Grémio Republica<strong>no</strong> Português on<strong>de</strong> se pu<strong>de</strong>ssem filiare organizar os republica<strong>no</strong>s dispersos do Rio <strong>de</strong> Janeiro.Aqui se apresentam os <strong>no</strong>mes <strong>de</strong> alguns dos mais importantes “portugueses<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>” que, do Rio <strong>de</strong> Janeiro, sustentaram a propagan<strong>da</strong> e o Directório doPartido Republica<strong>no</strong>, <strong>no</strong>s vinte a<strong>no</strong>s anteriores ao 5 <strong>de</strong> Outubro: Adrião Bebia<strong>no</strong>,Oliveira Fonseca, Joaquim Sequeira, Rodrigues <strong>de</strong> Sousa, JoaquimCarvalheira(o?) [38] , Francisco Carlos <strong>da</strong> Fonseca, Pedro Miran<strong>da</strong>... referindo-se aoutros republica<strong>no</strong>s, <strong>no</strong>meou ain<strong>da</strong>: “Bernardi<strong>no</strong> L. P. Prista, Vítor Faria Gonçalves,Luís <strong>da</strong> Fonseca Oliveira Seixas, Carlos Plácido, Manuel Viegas <strong>de</strong> Carvalho, ManuelJosé Lanção, Félix Guimarães, José Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Vasconcelos, João <strong>da</strong> Costa Macedoe Jaime Pinto Ferreira”.A um a<strong>no</strong> <strong>da</strong> revolução, 1909, João Chagas teceu os mais largos elogios,dirigindo-se, certamente, a pessoas como Carvalho Neves, pois melhor do queninguém ele sabia que se aproximava a hora <strong>da</strong> Revolução RepublicanaPortuguesa: “Nesse ambiente hostil, a corajosa afirmação <strong>de</strong> princípios que osportugueses republica<strong>no</strong>s estão fazendo tem direito a to<strong>da</strong> a simpatia dosrepublica<strong>no</strong>s d´aquém-mar. Esses <strong>de</strong>mocratas são ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros precursores. Dentro<strong>de</strong> alguns a<strong>no</strong>s – <strong>de</strong> muito pouco, espero-o – não haverá em todo o <strong>Brasil</strong> um únicoportuguês fiel, não digo já ao Estado monárquico, mas à sua tradição” [39] .E foi o que aconteceu. Após o 5 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1910, o Grémio Republica<strong>no</strong>Português do Rio <strong>de</strong> Janeiro, que contava com pouco mais <strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong>sócios, passou <strong>de</strong> imediato a dois mil e, apesar <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as suas contradições, aRepública Portuguesa ficou estabeleci<strong>da</strong>, até aos <strong>no</strong>ssos dias.3 – Que resultados produziu a propagan<strong>da</strong> junto <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>portugueses?Encontraram-se alguns indícios <strong>de</strong> resultados positivos operados pelapropagan<strong>da</strong> a favor <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ia republicana, junto dos portugueses, com vista à<strong>de</strong>molição <strong>da</strong> Monarquia.Apesar <strong>de</strong> tudo, o que se afirmou anteriormente, existiram semprerepublica<strong>no</strong>s entre os portugueses do <strong>Brasil</strong>. O seu número pareceu-<strong>no</strong>s diminuto,


mas importante: esses apoiaram a propagan<strong>da</strong> a favor <strong>da</strong> implantação <strong>da</strong>República em Portugal e fizeram-<strong>no</strong>, principalmente, através dos jornais brasileirose <strong>de</strong>ram, também, o seu contributo financeiro.Po<strong>de</strong>mos aqui exemplificar com alguns dos <strong>no</strong>mes que po<strong>de</strong>rão melhor verificar, napágina <strong>de</strong> Internet do Museu dos Emigrantes e <strong>da</strong>s Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Portuguesas,numa pesquisa feita por Miguel Monteiro [40] :JOSÉ JOAQUIM DE OLIVEIRA FONSECA – Fez parte <strong>da</strong> Directoria doGrémio Republica<strong>no</strong> Português, <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e parece ser o mesmo referidopor Carvalho Neves e que irmanava com Adrião Bebia<strong>no</strong>. Além <strong>de</strong> ter sido um“benemérito <strong>da</strong> pátria que ele ajudou a redimir”, foi um “benemérito <strong>da</strong>instrução na sua terra natal” – Felgueiras.ANTÓNIO JOSÉ DA FONSECA MOREIRA – Saiu <strong>de</strong> Portugal <strong>para</strong> o Rio <strong>de</strong>Janeiro em 1862, on<strong>de</strong> foi caixeiro. Aí conseguiu fazer fortuna como comerciante.Era um benemérito em Portugal e <strong>Brasil</strong> e sócio do Grémio Republica<strong>no</strong> Português,entre outras associações. Em Felgueiras mandou construir o Teatro.ANTÓNIO JOSÉ DE CASTRO – Um Fafense que viveu em Manaus, “umgran<strong>de</strong> patriota, um <strong>de</strong>votado republica<strong>no</strong> que, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> viver longe <strong>da</strong> suapátria, a acompanha em pensamento em todos os seus actos, animando-se com assuas glórias, entristecendo-se com suas <strong>de</strong>sventuras”.ANTÓNIO MENDES DE OLIVEIRA RAMALHO, FRANCISCO PEREIRAFERRAZ E JOSÉ BASTO – Estes fafenses pertenceram ao “alto comérciofluminense”, foram “três gran<strong>de</strong>s republica<strong>no</strong>s [...]. As suas bolsas nunca sefecharam <strong>para</strong> as acções beneméritas, espalhando o bem por muitos”.E, na revista <strong>Brasil</strong> –Portugal encontraram-se outros exemplos:Manuel Cotta - Nasceu em Penafiel e estabeleceu-se <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Foicoronel <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> Nacional do <strong>Brasil</strong>, jornalista, um dos fun<strong>da</strong>dores do País, do Rio<strong>de</strong> Janeiro. Aí morreu em Julho <strong>de</strong> 1900 [41] .José Maria Lisboa – “Ilustre jornalista Paulista” [...] nasceu em Portugal efoi <strong>para</strong> o <strong>Brasil</strong> muito <strong>no</strong>vo. Publicou as suas crónicas humorísticas – “Cousas eLousas”. Fundou a Gazeta, em Campinas, escrevia <strong>para</strong> Correio Mercantil e editava,anualmente, o Almanaque Literário <strong>de</strong> São Paulo. Em 1874, assume a gerência dodiário A Província, <strong>de</strong> São Paulo, fun<strong>da</strong>do pelo Partido Republica<strong>no</strong> e dirigidopoliticamente pelos Drs. Francisco Rangel Pestana e Américo Campos. Candi<strong>da</strong>touse,<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, ao Congresso Constituinte <strong>de</strong> 1891 [42] .


Joaquim Vieira <strong>de</strong> Miran<strong>da</strong> – Foi <strong>para</strong> o Estado do Pará, cerca <strong>de</strong> 1870,como sócio e chefe <strong>de</strong> casas comerciais. Por Decreto-Lei <strong>de</strong> 25-7-1904, oPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República do <strong>Brasil</strong> conce<strong>de</strong>u-lhe o título <strong>de</strong> tenente-coronel.Naturalizou-se ci<strong>da</strong>dão brasileiro em 1895 e, por isso, foi eleito <strong>para</strong> cargospúblicos. Natural <strong>de</strong> Marco <strong>de</strong> Canavezes, tomou a iniciativa <strong>de</strong> muitosmelhoramentos <strong>para</strong> a sua terra [43] ”.Concor<strong>da</strong>mos com Miguel Monteiro, <strong>no</strong> seu livro Migrantes, Emigrantes e<strong>Brasil</strong>eiros, os “<strong>Brasil</strong>eiros” que regressaram <strong>no</strong>s vinte a<strong>no</strong>s anteriores à RepúblicaPortuguesa, na sua ascensão social conquista<strong>da</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, vieram a participar napre<strong>para</strong>ção do ambiente social <strong>da</strong> Revolução Portuguesa [44] e, após o 5 <strong>de</strong> Outubro,vieram a ocupar cargos públicos quer na administração local quer na administraçãocentral: tal se po<strong>de</strong> verificar, ain<strong>da</strong>, através dos que tomaram assento naAssembleia Constituinte <strong>de</strong> 1911, on<strong>de</strong> se encontraram quatro “brasileiros” ou luso<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.O primeiro, <strong>de</strong> quem já se falou, foi José Barbosa [45] .Outros se seguem como:Adria<strong>no</strong> Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Vasconcelos - Fez parte do movimento revolucionário<strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1908, embarcou <strong>para</strong> o Rio <strong>de</strong> Janeiro e aí colaborou <strong>no</strong> Jornaldo Comércio, Correio <strong>da</strong> Noite e País, fazendo propagan<strong>da</strong> republicana [46] .José Bessa <strong>de</strong> Carvalho, nasceu na Baía, era filho “do <strong>no</strong>tável caudilhorepublica<strong>no</strong>” Joaquim Bessa <strong>de</strong> Carvalho, já falecido, “a quem o Porto muitoficou a <strong>de</strong>ver, não só em <strong>de</strong>dicação partidária, mas também em serviços estranhosà causa, visto que com os recursos <strong>da</strong> sua bolsa foi um coração aberto a to<strong>da</strong>s as<strong>de</strong>sgraças, tendo sido, também, auxiliar valioso <strong>de</strong> várias empresas jornalísticas”.O seu filho era bacharel em Direito pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra e a sua fortuna“proporcio<strong>no</strong>u-lhe o meio <strong>de</strong> ser útil ao Partido Republica<strong>no</strong>, em que há muitomilita” [47] .Manuel Rodrigues <strong>da</strong> Silva - Deputado pelo Círculo <strong>de</strong> Viana do Castelo.Farmacêutico diplomado pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto, estabeleceu-se emViana do Castelo em 1878 e aí iniciou a propagan<strong>da</strong> republicana. Em 1883 partiu<strong>para</strong> o <strong>Brasil</strong> [...], na Baía tirou <strong>no</strong>vo curso <strong>de</strong> Medicina, seguiu <strong>para</strong> Rio Gran<strong>de</strong> doSul on<strong>de</strong> trabalhou até 1895. Neste a<strong>no</strong> regressou a Viana do Castelo [48] .Em conclusão: po<strong>de</strong>-se afirmar que a maior parte <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>Portugueses</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> era conservadora ou indiferente aos ataques <strong>de</strong>sferidos ài<strong>de</strong>ia republicana, pelo que se consi<strong>de</strong>rava existir um ambiente adverso ao<strong>de</strong>senvolvimento do republicanismo português.


Admite-se, ain<strong>da</strong>, que a <strong>no</strong>va emigração culta <strong>para</strong> o <strong>Brasil</strong> foi constituí<strong>da</strong>,essencialmente, por publicistas republica<strong>no</strong>s, ou seja, portugueses instruídos, unsperseguidos pela monarquia procuravam <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> o país <strong>de</strong> exílio, outros,simplesmente, procuravam meios <strong>de</strong> fortuna, o que veio a favorecer a consoli<strong>da</strong>çãodo movimento republica<strong>no</strong> português através <strong>da</strong> propagan<strong>da</strong>.Por fim, somos levados a afirmar que os bens dos portugueses <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,mesmo em número diminuto, patrocinaram o movimento republica<strong>no</strong> português eque o seu contributo financeiro <strong>para</strong> o Partido Republica<strong>no</strong> Português ajudou aorganizar o movimento revolucionário que veio a implantar a República Portuguesa,<strong>no</strong> dia 5 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1910.[1] Chagas, João, Cartas Politicas, vol. II, Lisboa, Edição <strong>de</strong> JoãoChagas, Officina Bayard, 1909, p. 130.[2] <strong>Brasil</strong>-Portugal, direcção <strong>de</strong> Augusto <strong>de</strong> Castilho, Lisboa, 1899 a1910.[3] Os Debates, Lisboa, 12 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1890, p. 1.[4] Os Debates, Lisboa, 12 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1890, p. 1.[5] O Século, Lisboa, 4 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1890, p. 1.[6] Os Debates, Lisboa, 21 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1889, p. 1.[7] O Século, Lisboa, 24 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1890, p. 2.[8] A República Portuguesa, Porto, 22 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1890, p. 2.[9] “Fomos ali arrastados pelo culto que sempre guardámos ámemória <strong>de</strong> Carrilho Vi<strong>de</strong>ira que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1892 e 1894, por lá passou avi<strong>da</strong>, trocando, por necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o convívio amoroso dos livros pelalabuta estrepitosa e movimenta<strong>da</strong> <strong>de</strong> um fabrica a vapor <strong>de</strong> calçado,fun<strong>da</strong><strong>da</strong> sob os auspícios do Conselheiro Jacobina”. On<strong>de</strong> morreu. Cf.Claro, António, <strong>Brasil</strong> Político, Porto, Livraria Civilização, 1921, p. 9.[10] Missão Diplomática do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paço d´ Arcos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, 1891 a1893, pref. <strong>de</strong> Henrique Corrêa <strong>da</strong> Silva, Lisboa, 1974, pp. 192-193.[11] A República Latina, Lisboa, 2 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1890, p. 3.[12] Chagas, João, Cartas Políticas, p. (130).


[13] N.A. O Comen<strong>da</strong>dor José Pereira <strong>de</strong> Sousa, <strong>de</strong> Fafe era sócio <strong>da</strong>casa Sucena. Cf. <strong>Brasil</strong>-Portugal, p. ...[14] Cf. <strong>Brasil</strong>-Portugal, p. ...[15] Cf. <strong>Brasil</strong>-Portugal, p. ...[16] Sócio <strong>da</strong> Empresa Fabril Augusto Prestes e Cª, em Portugal. Cf.<strong>Brasil</strong>-Portugal, p. ...[17] Cf. <strong>Brasil</strong>-Portugal, p. ...[18] Cf. <strong>Brasil</strong>-Portugal, p. ...[19] Cf. <strong>Brasil</strong>-Portugal, p. ...[20] Cf. <strong>Brasil</strong>-Portugal, p. ...[21] Chagas, João, Cartas Políticas, p. (130).[22] Chagas, João, Trabalhos Forçados, Lisboa, Folha do Povo, 1900,p. 231.[23] Bru<strong>no</strong>, [José Pereira Sampaio], <strong>Brasil</strong> Mental, Porto, Chardron,1898, p. 423.[24] Neves, Carvalho, No <strong>Brasil</strong>, p. 4.[25] Chagas, João, Trabalhos Forçados, Vol. I, Lisboa, Administração<strong>da</strong> “Folha do Povo”, 1900, p. 231.[26] Bru<strong>no</strong>, Op. cit., p. 411.[27] (n.1854- m.1933) Médico <strong>de</strong> doenças mentais, doutorado por Paris,republica<strong>no</strong>, estabeleceu-se <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em 1892, ao ter sido preterido, <strong>de</strong>vido àssuas opiniões políticas, <strong>no</strong> concurso <strong>para</strong> preenchimento <strong>da</strong> vaga <strong>de</strong> director doManicómio <strong>de</strong> Lisboa. Regressado em 1913, foi <strong>no</strong>meado embaixador em Paris,tendo sido <strong>de</strong>mitido <strong>de</strong>vido à revolução <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1915. Amigo <strong>de</strong> SidónioPais, a<strong>de</strong>riu ao golpe <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1917, tendo sido reinvestido na sua missãoem Paris. Com a morte <strong>de</strong> Sidónio regressou a Portugal, após uma curtapermanência na <strong>de</strong>legação portuguesa à Conferência <strong>de</strong> Paz <strong>de</strong> Paris. José Relvas,Memórias Políticas, 1, Lisboa, Terra Livre «Portugal Ontem, Portugal Hoje»,1977, pp.170 – 177. Autor do livro a Confe<strong>de</strong>ração Luso-<strong>Brasil</strong>eira [N.A.].[28] Re<strong>da</strong>ctor <strong>da</strong> Republica, Porto, 1890-1891 e <strong>da</strong> RepublicaPortuguesa, Porto, em 1890 -1891. “jovem..., alu<strong>no</strong> do curso <strong>de</strong>engenharia civil, Chrispinia<strong>no</strong> Fonseca, que mais tar<strong>de</strong> veio a morrer


<strong>de</strong> febre amarela, sob a República <strong>de</strong> Floria<strong>no</strong> Peixoto...”, fundou aRepública Portuguesa, <strong>no</strong> Porto, com João Chagas, antes do 31 <strong>de</strong>Janeiro <strong>de</strong> 1891, por isso foi também um dos implicados naorganização <strong>de</strong>sta revolta frustra<strong>da</strong>. Cf. Chagas, João e ex-tenenteCoelho, História <strong>da</strong> Revolta do Porto..., Lisboa, Empresa Democrática<strong>de</strong> Portugal, 1901, p. 36.[29] Emigrante <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e voltou um a<strong>no</strong> antes <strong>para</strong> pre<strong>para</strong> a RevoluçãoRepublicana Portuguesa, tendo sido um dos seus organizadores e interventores, foi<strong>de</strong>putado à Assembleia Constituinte <strong>de</strong> 1911. Foi acusado por Carvalho Neves <strong>de</strong>não <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os republica<strong>no</strong>s portugueses nas páginas do jornal O País, do qual eradirector Quinti<strong>no</strong> Bocayuva, que vem comprovar a acusação feita por Bru<strong>no</strong> a estebrasileiro <strong>de</strong> pertencer ao partido nativista do <strong>Brasil</strong>, após a Revolução Republicanado <strong>Brasil</strong>, pondo em causa os restantes emigrantes europeus, entre os quais osportugueses e do qual era re<strong>da</strong>ctor Eduardo Salamon<strong>de</strong> sobre o qual recai idênticaacusação quer por parte <strong>de</strong> carvalho Neves quer <strong>da</strong> parte <strong>de</strong> Bru<strong>no</strong>. Deputado naAssembleia Constituinte <strong>de</strong> 1911. “Funcionário público, 42 a<strong>no</strong>s. Natural <strong>da</strong> ilha doFogo, cabo Ver<strong>de</strong>. Filho <strong>de</strong> António José Barbosa e <strong>de</strong> d. Luísa Rodrigues Barbosa.Tem o curso geral dos liceus e algumas ca<strong>de</strong>iras <strong>da</strong> Escola Politécnica, que seachava frequentando quando, por motivos políticos teve <strong>de</strong> emigrar. Foi fun<strong>da</strong>dor ere<strong>da</strong>ctor do jornal A Pátria. Con<strong>de</strong>nado a prisão por artigos muito violentos contra oregime, foi <strong>para</strong> Espanha e <strong>de</strong>pois <strong>para</strong> Paris, como correspon<strong>de</strong>nte dos jornaisbrasileiros. Muito activo e trabalhador, há cerca <strong>de</strong> 16 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>guiu <strong>para</strong> São Paulo,Estados Unidos do <strong>Brasil</strong>, on<strong>de</strong> foi secretário <strong>da</strong> re<strong>da</strong>cção do Esatdo <strong>de</strong> s. Paulo e<strong>de</strong>pois <strong>para</strong> o Rio <strong>de</strong> Janeiro, também como secretário do País. Regressando aPortugal, era há dois a<strong>no</strong>s, correspon<strong>de</strong>nte dos jornais brasileiros. Faz parte dodirectório do Partido republica<strong>no</strong> on<strong>de</strong> tem gran<strong>de</strong> prepon<strong>de</strong>rância, tendo sido o seu<strong>no</strong>me indigitado <strong>para</strong> ministro. Tomou parte <strong>de</strong> quase todos os trabalhospre<strong>para</strong>tórios <strong>da</strong> revolução <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> Outubro e outras anteriores e, proclama<strong>da</strong> aRepública, foi <strong>no</strong>meado director e secretário-geral do Ministério do Interior, [...],Criado o Conselho <strong>de</strong> Administração Financeira do Estado, que tem funçõesidênticas ao Tribunal <strong>de</strong> Contas, foi <strong>no</strong>meado seu vice-presi<strong>de</strong>nte”. Cf. AsConstituintes <strong>de</strong> 1911 e os seus Deputados, Lisboa, Livraria Ferreira, 1911,p. 232. José Barbosa (1869-1923), jornalista fun<strong>da</strong>dor do jornal republica<strong>no</strong> Pátriaviveu <strong>no</strong> exílio <strong>de</strong> 1894 a 1908, sucessivamente em Espanha, França e <strong>Brasil</strong>. Em1910, o regime republica<strong>no</strong> <strong>no</strong>meou-o director e secretário-geral do Ministério doInterior, sendo eleito <strong>de</strong>putado nas Eleições Constituintes <strong>de</strong> 1911. A<strong>de</strong>riu ao


Partido Evolucionista <strong>de</strong> António José <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, tendo feito parte do gabinete <strong>de</strong>Álvaro <strong>de</strong> Castro como ministro <strong>da</strong>s Colónias. José Relvas, Memórias Políticas, 1,Lisboa, Terra Livre «Portugal Ontem, Portugal Hoje», 1977, pp.170 - 177.[30] Publicista e caricaturista, foi emigrado <strong>para</strong> o <strong>Brasil</strong> em 1894. “Durante o últimoquartel do século XIX, dois caricaturistas e ilustradores portugueses disfrutaram <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> sucesso <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> - Rafael Bor<strong>da</strong>lo Pinheiro (1846-1905) e Julião Machado(1863-1930). Bor<strong>da</strong>lo Pinheiro viveu e trabalhou <strong>no</strong> país entre 1875 e 1879, tendocolaborado em O Mosquito, que dirigiu a partir <strong>de</strong> 1876 e fun<strong>da</strong>do Psit!!! e OBesouro. Julião Machado chegou ao <strong>Brasil</strong> em 1894, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma estadia emFrança. Entre outras publicações, colaborou com o Jornal do <strong>Brasil</strong> e Gazeta <strong>de</strong>Notícias, tendo-se tornado num dos mais influentes ilustradores na viragem doséculo. Embora Bor<strong>da</strong>lo Pinheiro tenha, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre, congregado outroscolaboradores nas suas "folhas humorísticas", particularmente <strong>no</strong> que diz respeitoaos textos, o agravamento do seu estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> levou a que, essencialmente apartir <strong>de</strong> A Parodia, seu filho Manuel Gustavo assumisse maior responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong>s<strong>de</strong>senhos e caricaturas <strong>da</strong> publicação. Manuel Gustavo alargou, ain<strong>da</strong> mais, oespaço <strong>de</strong>dicado a <strong>no</strong>vos colaboradores, como foi o caso <strong>de</strong> Celso Hermínio (1871-1904), autor <strong>de</strong> inúmeras primeiras páginas, <strong>de</strong>senhos e caricaturas, incluindo a <strong>de</strong>Sa<strong>da</strong> Yacco (1902), abaixo reproduzi<strong>da</strong>, e do me<strong>no</strong>s conhecido Pedro Cid”. In(http://blog<strong>da</strong>rua<strong>no</strong>ve.blogs.sapo.pt/37011.html).[31] Publicista e caricaturista, foi emigrado <strong>para</strong> o <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> final doséculo XIX, on<strong>de</strong> esteve pelo me<strong>no</strong>s até 1903,em 1896. CelsoHermínio, ilustrador e caricaturista português em activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>colaborador do jornal Popularíssimo (hoje Jornal do <strong>Brasil</strong>) o segundoperiódico diário a publicar regularmente uma caricatura sobre o<strong>de</strong>staque do dia na primeira página. fonte: pesquisa GibIn<strong>de</strong>x.comGran<strong>de</strong>s <strong>no</strong>mes <strong>da</strong> caricatura, como Celso Hermínio (1871-1904) [...] ficaramindissoluvelmente ligados ao postal ilustrado, porque nele encontraram uma formaeficaz <strong>de</strong> divulgação <strong>da</strong>s suas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> imaginação e criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Correspon<strong>de</strong>nte artístico do Jornal do <strong>Brasil</strong>, do R. J., esteve <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong> Janeirocomo director do Jornal. <strong>Brasil</strong>-Portugal, 16 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1899, p. 9. Cf.www.lambiek.net[32] Esteve <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em <strong>da</strong>ta <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>, mas em 1899 era, emLisboa, correspon<strong>de</strong>nte do jornal O País, do Rio <strong>de</strong> Janeiro.. “trai oseu amor pela pátria brasileira, escreveu Do Civismo e <strong>da</strong> Arte <strong>no</strong>


<strong>Brasil</strong>”. [será o mesmo Joaquim Leitão, português]. <strong>Brasil</strong>-Portugal,16 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1899, p. 3.[33]Re<strong>da</strong>ctor do Século em 1890, fun<strong>da</strong>dor <strong>de</strong> República Latina,Lisboa, 1890, representante do PRP e <strong>da</strong> Maçonaria Portuguesa, <strong>no</strong>1ºaniversário <strong>da</strong> República do <strong>Brasil</strong>.[34] Jovem estu<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Coimbra, em 1890. José Soares<strong>da</strong> Cunha e Costa (1868-1928). Licenciado em Direito pelaUniversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, foi viver <strong>para</strong> o <strong>Brasil</strong>, tendo-se tornadoCônsul <strong>de</strong> Portugal em Santos. Regressado a Portugal, publicou em1904 e 1905 <strong>no</strong> jornal diário republica<strong>no</strong> Século um gran<strong>de</strong> número<strong>de</strong> artigos sobre a questão dos tabacos. Vereador <strong>da</strong> câmara <strong>de</strong>Lisboa com a República, abando<strong>no</strong>u o Partido Republica<strong>no</strong> em 1911,e a<strong>de</strong>riu à causa monárquica, colaborando em periódicos católicos.José Relvas, Memórias Políticas, 1, Lisboa, Terra Livre «PortugalOntem, Portugal Hoje», 1977, pp.170 - 177.[35] P. 49.[36] Talvez aquele que se constituiu após o Ultimato <strong>para</strong> a compra donavio Pátria.[37] Talvez aquele que veio a ser o primeiro Ministro Plenipotenciário<strong>da</strong> República Portuguesa, em 1911.[38] Um velho, inteligente e <strong>de</strong>dicado republica<strong>no</strong> que é sócio <strong>da</strong>importantíssima firma Costa Pereira e C.ª[39] Chagas, João, Cartas Políticas, vol. II, Lisboa, Edição <strong>de</strong> JoãoChagas, Oficina Bayard, 1909, p. 130.[40] Cf. www.museu-emigrantes.org[41] Cf. <strong>Brasil</strong> –Portugal, 16 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1900, p. 217. Foi citado por Bru<strong>no</strong> em O<strong>Brasil</strong> Mental, 1898.[42] “Cousas e Lousas” é um compêndio <strong>da</strong>s suas crónicas humorísticas. Fundou aGazeta, em Campinas, escrevia <strong>para</strong> Correio Mercantil e editava, anualmente, oAlmanaque Literário <strong>de</strong> São Paulo. Em 1874, assume a gerência do diário AProvíncia, <strong>de</strong> São Paulo, fun<strong>da</strong>do pelo Partido Republica<strong>no</strong> e dirigido politicamentepelos Drs. Francisco Rangel Pestana e Américo Campos. Fundou o Diário Popularque reflecte os sentimentos <strong>de</strong>mocráticos, sendo seu director. Dessa admiração e


estima é exemplo a gran<strong>de</strong> votação que o seu <strong>no</strong>me obteve em 1891 <strong>para</strong> oCongresso Constituinte do Estado. Cf. <strong>Brasil</strong> –Portugal, 1 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1901, p.300[43] Homenagem a este homem <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque do Estado do Pará, <strong>para</strong>on<strong>de</strong> foi há pouco mais <strong>de</strong> trinta a<strong>no</strong>s, sócio <strong>da</strong> casa comercialGonçalves <strong>de</strong> Brito e Companhia, passou a chefe <strong>da</strong> firma Miran<strong>da</strong>,Silva e C.ª, por Decreto-Lei <strong>da</strong> 25-7-1904, o Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> repúblicaconce<strong>de</strong>u-lhe o título <strong>de</strong> tenente-coronel. Naturalizou-se ci<strong>da</strong>dãobrasileiro há 15 a<strong>no</strong>s e, por isso, foi eleito <strong>para</strong> cargos públicos: comovogal do Conselho Municipal <strong>de</strong> Belém. Foi <strong>de</strong>putado à JuntaComercial do Pará, vice-cônsul <strong>da</strong> república <strong>da</strong> Argentina <strong>no</strong>Pará/Maranhão. “Natural <strong>de</strong> Marco <strong>de</strong> Canavezes, tendo tomado ainiciativa <strong>de</strong> muitos melhoramentos <strong>para</strong> a sua terraCf. <strong>Brasil</strong> –Portugal, 16 Outubro 1910 p. 288.[44] “À falta <strong>de</strong> uma burguesia portuguesa <strong>no</strong> século XIX, os «<strong>Brasil</strong>eiros», vêmprefigurá-la, realçando ou exagerando alguns aspectos tipificadores [...]. Por outrolado adquire o estatuto <strong>de</strong> burguês porque se permite usufruir, como recompensa,do uso e <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do tempo <strong>para</strong> o ócio e na ocupação <strong>de</strong> cargos públicosna administração e napolítica local. Monteiro, Miguel, Migrantes, Emigrantes e<strong>Brasil</strong>eiros (1834-1926), Fafe, Edição do Autor, 2000, p. 267 e 255.[45] As Constituintes <strong>de</strong> 1911 e os seus Deputados, Lisboa, LivrariaFerreira, 1911, p. 232.[46] As Constituintes <strong>de</strong> 1911 e os seus Deputados, Lisboa, LivrariaFerreira, 1911, p. 10.[47] As Constituintes <strong>de</strong> 1911 e os seus Deputados, Lisboa, LivrariaFerreira, 1911, p. 207-208.[48] Entrando em 1896 <strong>para</strong> director do Banco Mercantil <strong>de</strong> Vianacargo que exerceu até 1899. Nestes três a<strong>no</strong>s, fez sempre parte <strong>da</strong>Comissão Municipal republicana <strong>da</strong> qual foi, por muitas vezespresi<strong>de</strong>nte. Colaborou <strong>no</strong> antigo jornal republica<strong>no</strong> <strong>de</strong> Viana, OIntransigente <strong>de</strong> Viana e, foi duas vezes candi<strong>da</strong>to a <strong>de</strong>putado


epublica<strong>no</strong>. Foi proclamador <strong>da</strong> república em Viana <strong>no</strong> dia 8 <strong>de</strong>Outubro <strong>de</strong> 1910. Vive do rendimento dos seus capitais.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!