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Gerência de Saúde - CEAD - Unimontes
Gerência de Saúde - CEAD - Unimontes
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3 - Navegando<br />
Ao efetuar login o coordenador terá acesso à seguinte tela:<br />
Figura 4 – Tela Inicial<br />
Nesta tela (Figura 3), o coordenador poderá visualizar os protocolos em andamento e<br />
encerrados e pesquisar.<br />
Obs: Os coordenadores de polo conseguirão visualizar todas as solicitaçãos dos cursos do seu<br />
pólo. Já os coordenadores de curso poderão vizualizar as solicitaçãos do seu curso<br />
independente do pólo.<br />
3.1 – Protocolos em Andamento<br />
Ao clicar em Protocolos em Andamento (Figura 5), poderá visualizar: a Data de Abertura, o<br />
Número e a Categoria do protocolo. Além disso, através do botão exibir o coordenador terá<br />
acesso a todos os dados relacionados ao requerimento.<br />
4<br />
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro - Vila Mauricéia - Montes Claros - Minas Gerais – Brasil<br />
Caixa Postal 126 - CEP 39401-089 - Fone: +55(38)3229-8000 - Fax:+55(38)3229-8002
Aula 1 | Estatística descritiva<br />
Meta da aula<br />
• Apresentar os conceitos básicos de Estatística e algumas medidas<br />
descritivas que podem ser utilizadas na análise de dados na<br />
área da saúde.<br />
Objetivos da aula<br />
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:<br />
1. distinguir os tipos de dados estatísticos existentes (quantitativos,<br />
qualitativos);<br />
2. aplicar medidas descritivas como a média, a mediana, a amplitude,<br />
a variância e o desvio padrão aos dados.<br />
Pré-requisitos<br />
Para que você tenha um bom aproveitamento desta aula, é importante<br />
ter à mão uma calculadora para a realização e o acompanhamento<br />
de alguns cálculos.<br />
Estatística! Para quê?<br />
Você já parou para pensar por que você vai estudar Estatística neste curso de<br />
Gerência da Saúde? Você achou estranho quando viu que iria estudar esta<br />
disciplina? Quando você escuta essa palavra, quais são as primeiras coisas<br />
que vêm à sua cabeça? Escreva no espaço a seguir:<br />
Adam Ciesielski<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/264245<br />
Aula 1 | Estatística descritiva 5<br />
e-Tec Brasil
Vamos ver como podemos diferenciá-los?<br />
a) Dados quantitativos: os valores são expressos por meio de números e<br />
podem ser classificados em duas categorias:<br />
– discretos;<br />
– contínuos.<br />
Vejamos a diferença entre essas categorias.<br />
Os dados discretos assumem valores discretos (números inteiros), podendo<br />
apresentar valores repetidos. Ex.: O total de pacientes internados com pneumonia,<br />
em um hospital, pode assumir qualquer valor: 2, 3, 5, 7, 7, 11, etc.;<br />
mas não pode ser igual a 7,5 por exemplo.<br />
Fonte: matematica.seed.pr.gov.br/modules/noticias/pr<br />
Figura 1.3: Os dados discretos podem ser representados por qualquer número inteiro.<br />
Os dados contínuos podem assumir todos os valores numéricos, inteiros ou<br />
não, em uma escala ou intervalo de valores. Ex.: A altura média dos pacientes<br />
com pneumonia num determinado hospital pode assumir qualquer valor<br />
entre 1,55m e 1,85m.<br />
e-Tec Brasil 8<br />
Gerência de Saúde
Fonte: www.ipem.sp.gov.br/.../legenda.asp?ate=12&vnum=9<br />
Figura 1.4: Os dados contínuos podem assumir qualquer valor numa escala.<br />
b) Dados qualitativos: nos dados qualitativos, os valores não podem ser medidos<br />
em números. Eles são expressos por meio de categorias, atributos,<br />
características ou alguma outra qualidade.<br />
Os dados qualitativos podem ser:<br />
– ordinais;<br />
– nominais.<br />
Os dados qualitativos ordinais podem ser colocados em ordem. Ex.: Tamanho<br />
das bolas para prática de exercícios físicos (pequenas, médias, grandes).<br />
Paulo Correa<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1049520<br />
Figura 1.5: O tamanho das bolas é um dado qualitativo ordinal. Ele pode ser ordenado<br />
em pequeno, médio e grande.<br />
Aula 1 | Estatística descritiva 9<br />
e-Tec Brasil
Os dados qualitativos nominais não podem ser ordenados ou hierarquizados.<br />
Eles consistem em nomes, categorias. Ex.: Cor dos olhos (pretos, castanhos,<br />
azuis, verdes) das gestantes de uma localidade.<br />
Helmut Gevert<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1022517<br />
Figura 1.6: A cor dos olhos é um dado qualitativo nominal.<br />
Atividade 1<br />
Atende ao Objetivo 1<br />
Com base no quadro abaixo, marque com um (x) o tipo de dado correspondente<br />
a cada variável. Ex.: A cor da pele é um dado qualitativo nominal, pois<br />
pode assumir as categorias branca, preta, parda, amarela.<br />
Tabela 1.1: Tipos de dados segundo variáveis específicas<br />
Variáveis Dado quantitativo Dado qualitativo<br />
Discreto Contínuo Nominal Ordinal<br />
Cor da pele<br />
Idade<br />
Grau de desnutrição<br />
Peso de recém-nascidos<br />
Número leitos: hospital<br />
Classe de renda: A,B,C...<br />
Sexo: masculino/feminino<br />
x<br />
Descrevendo a Estatística<br />
A Estatística Descritiva é a parte mais conhecida da Estatística. Constantemente,<br />
livros, jornais, revistas e sites apresentam dados, dispostos em gráficos<br />
e tabelas, relacionados a uma determinada variável.<br />
e-Tec Brasil 10<br />
Gerência de Saúde
Qual a finalidade dessas medidas? Elas sintetizam, em um único número, o<br />
conjunto de dados observados. Além disso, elas mostram o grau de afastamento<br />
dos valores observados em relação ao valor representativo, ou seja,<br />
aquele que aparece com mais frequência.<br />
Entre estas medidas, há duas que são bastante utilizadas em estatística:<br />
• média aritmética simples;<br />
• mediana.<br />
Média aritmética simples: é a principal medida de tendência central. É frequente<br />
ouvir falar sobre a renda média de uma população, a idade média de<br />
um grupo de pessoas, a altura e o peso médio de um conjunto de crianças.<br />
Glossário<br />
Σ<br />
Na matemática, a letra Σ é<br />
usada como símbolo de um<br />
somatório. Na fórmula, está<br />
representando o somatório<br />
de todos os dados<br />
observados na amostra.<br />
Como calcular a média aritmética de um conjunto de dados? É bastante simples:<br />
basta somar os valores de todos os dados observados e dividir o total<br />
obtido pelo número de observações.<br />
Fórmula:<br />
x = ∑ xi<br />
n<br />
Onde:<br />
x = valor médio da amostra;<br />
x i<br />
= valor de cada observação na amostra;<br />
Glossário<br />
n = número de observações da amostra.<br />
Esperança de vida<br />
ao nascer<br />
Corresponde ao tempo<br />
médio de vida que se espera<br />
que tenha um recémnascido,<br />
supondo os riscos<br />
de mortalidade do tempo<br />
presente.<br />
Ex.: Os dados a seguir referem-se à esperança de vida ao nascer, no Brasil,<br />
para os anos de 2000 a 2005. Note que a idade é um dado quantitativo<br />
contínuo.<br />
e-Tec Brasil 12<br />
Gerência de Saúde
Atividade 2<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
Imagine que você está trabalhando em um hospital infantil de uma pequena<br />
comunidade. No final do inverno, você recebe uma tabela com os números<br />
de crises alérgicas que sete crianças tiveram no mês de julho de 2008 e julho<br />
de 2009.<br />
Tabela 1.3: Total de crises alérgicas registradas por crianças.<br />
Hospital Infantil, julho 2008 e julho 2009<br />
Crianças Nº de crises alérgicas, julho 2008 Nº de crises alérgicas, julho 2009<br />
João 4 2<br />
Carla 1 0<br />
Ana 2 2<br />
Ricardo 2 3<br />
Cláudio 3 4<br />
Roberta 2 4<br />
Luís 1 3<br />
Fonte: Dados fictícios.<br />
O chefe do setor que você trabalha quer saber se a média de casos de crise<br />
alérgica aumentou ou diminuiu em 2009. Para isso, você deve calcular a média<br />
dos casos de cada ano e compará-las. Calcule também a mediana para<br />
cada ano e faça a comparação.<br />
http://www.es.gov.br/site/files/arquivos/imagem/nebulizaromero.jpg<br />
e-Tec Brasil 14<br />
Gerência de Saúde
Site destaque<br />
http://www.ence.ibge.gov.br/concurso2008/img/ibge_marca.png<br />
Você já ouviu falar no IBGE? É o Instituto Brasileiro de Geografia<br />
e Estatística. Lá você irá encontrar diversos dados da população<br />
brasileira, inclusive da área de saúde.<br />
Visite o site e confira você mesmo!<br />
b) Medidas de dispersão<br />
Em geral, a dispersão dos dados é chamada variabilidade. As principais medidas<br />
de dispersão são:<br />
• amplitude total;<br />
• variância;<br />
• desvio padrão.<br />
Amplitude total (AT)<br />
Para um conjunto de observações x 1<br />
, x 2<br />
,..., x n<br />
, a amplitude total (AT) corresponde<br />
à diferença entre o maior e o menor valor observado.<br />
AT = x max<br />
− x min<br />
Ex.: Vamos supor que um estudante tenha coletado os seguintes dados sobre<br />
a idade de 10 idosos com dependência para realização de algumas atividades<br />
da vida diária (AVD): 66; 69; 71; 70; 82; 88; 85; 83; 74; 76.<br />
Cálculo: AT = 88 – 66 = 22.<br />
Aula 1 | Estatística descritiva 15<br />
e-Tec Brasil
Concluímos que a diferença de idade dos idosos analisados corresponde a<br />
22 anos. Mas fique atento! Esta medida não considera os valores intermediários,<br />
apenas o maior e o menor valor.<br />
Para calcular a amplitude total, os dados devem estar ordenados!<br />
Variância (σ 2 )<br />
Ao analisar um conjunto de dados: x 1<br />
, x 2<br />
,..., x n,<br />
é possível verificar que eles<br />
se distribuem em torno da média, estando abaixo ou acima dessa média.<br />
A variância é um valor que mede o grau de dispersão ou desvios dos dados<br />
em relação ao valor médio. Ela é calculada dividindo-se a soma dos quadrados<br />
dos desvios pelo total de elementos ou indivíduos analisados.<br />
Desvio padrão (σ)<br />
O desvio padrão também é uma medida de dispersão dos dados em torno<br />
da média, ou seja, ele indica em quanto os dados diferem da média. É uma<br />
medida relacionada à variância, correspondendo à sua raiz quadrada.<br />
Você conhece o σ? Este é o sigma, uma letra grega que nos ajuda<br />
a representar as medidas de dispersão na hora de calculá-las!<br />
Antes de aprender como calcular a variância e o desvio padrão, precisamos<br />
definir dois importantes termos:<br />
• população – é o conjunto de elementos que apresentam uma determinada<br />
característica em comum. Ex.: Todas as crianças com Síndrome de<br />
Down, matriculadas na APAE (Associação de Pais de Alunos Excepcionais)<br />
de um município.<br />
• amostra – é um subconjunto representativo da população. Ex.: Parte das<br />
crianças com Síndrome de Down, matriculadas na APAE de um município.<br />
e-Tec Brasil 16<br />
Gerência de Saúde
Agora sim, vamos aos cálculos. Para que você entenda melhor, considere<br />
os dados sobre a altura (em centímetros) de cinco idosos de um asilo: 155;<br />
160; 158; 142; 165. Vamos supor que esse asilo é recém-inaugurado e esses<br />
idosos compõem a população dessa instituição.<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/477986<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1166359<br />
mokra<br />
craig toron<br />
mokra<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/940609<br />
Horton Group<br />
Anissa Thompson<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/695102<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1194225<br />
Figura 1.8: População de um asilo recém-inaugurado.<br />
Vamos calcular a variância desses dados? Inicialmente, é preciso saber em<br />
quanto a altura de cada idoso se afasta da altura média. Fazendo os cálculos,<br />
verificamos que a altura média dos idosos equivale a 156 cm.<br />
x = ∑ xi<br />
n<br />
=<br />
155 + 160 + 158 + 142 + 165<br />
= 156<br />
5<br />
Aula 1 | Estatística descritiva 17<br />
e-Tec Brasil
Antes de calcularmos a variância e o desvio padrão, é necessário calcular o<br />
desvio em relação à média. Este valor corresponde à diferença entre cada<br />
valor e a média.<br />
Os desvios do valor de cada altura em relação à média são apresentados na<br />
segunda coluna da tabela seguinte (x i<br />
- x ). De acordo com essa coluna, a<br />
soma dos desvios de cada valor em relação à média é igual a zero, pois os<br />
valores positivos e negativos se anulam. Assim, a dispersão dos dados em<br />
torno da média é calculada pela soma dos quadrados dos desvios (3ª coluna<br />
da tabela). Dividindo-se o valor obtido pelo tamanho da população, temos<br />
a variância.<br />
Tabela 1.4: Cálculos relacionados à variância e desvio padrão<br />
(do exemplo)<br />
Estaturas Estatura – Média (μ) (Estatura – Média) 2<br />
155 155-156 = -1 (-1) 2 = 1<br />
160 160-156 = 4 (4) 2 = 16<br />
158 158-156 = 2 (2) 2 = 4<br />
142 142-156 = -14 (-14) 2 = 196<br />
165 165-156 = 9 (9) 2 = 81<br />
x = 156 ∑(x i<br />
- x ) = 0 ∑(x i<br />
- x ) 2 = 298<br />
Fonte: Dados fictícios.<br />
Variância populacional (σ 2 ) =<br />
Onde:<br />
∑<br />
( x − µ )<br />
N<br />
2<br />
= 298<br />
5<br />
= 59,6.<br />
x = valor de cada observação na população;<br />
μ = média dos valores na população;<br />
N = número de observações da população.<br />
O desvio padrão (σ) é obtido extraindo-se a raiz quadrada da variância.<br />
Desvio padrão populacional (σ) =<br />
∑<br />
( x − µ )<br />
N<br />
2<br />
= 59,6 = 7,72<br />
Os dados utilizados nesse exemplo referem-se a dados populacionais. E se<br />
tivéssemos trabalhando com dados amostrais?<br />
e-Tec Brasil 18<br />
Gerência de Saúde
Quem será que vai ganhar?<br />
Em ano eleitoral sempre vemos as pesquisas de intenção de voto<br />
para ver quais são os candidatos que têm mais chance de ganhar.<br />
Para este tipo de pesquisa, é usada uma amostra da população,<br />
pois não seria nada prático perguntar para toda a população do<br />
Brasil.<br />
O IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística – é<br />
uma das principais empresas de pesquisa de mercado do Brasil.<br />
Os estudos que realiza estão relacionados com a opinião pública,<br />
intenção de voto, consumo, marca, comportamento e mercado.<br />
Os valores de uma variável numa amostra são mais próximos do valor médio<br />
dessa amostra do que os valores de uma variável na população em relação à<br />
média populacional. Por quê? Isso ocorre porque a dispersão dos dados em<br />
uma amostra é menor que a dispersão dos dados na população. Na população,<br />
há uma maior possibilidade de surgimento de valores extremos para<br />
uma variável, ou seja, valores muito altos ou muito baixos para a variável.<br />
No exemplo anterior, calculamos a variância e o desvio padrão para os dados<br />
de alturas da população de idosos de um asilo, ou seja, calculamos dados<br />
populacionais.<br />
Agora, vamos ver como fazemos este cálculo para dados amostrais? É importante<br />
saber que o desvio padrão da amostra é um estimador do desviopadrão<br />
da população.<br />
Em uma amostra, para que se tenha um valor mais adequado do desviopadrão<br />
e da variância, é preciso fazer um ajuste matemático na fórmula<br />
σ 2 =<br />
∑<br />
( x − µ )<br />
N<br />
2<br />
Glossário<br />
Estimador<br />
É uma função da amostra<br />
que é utilizada para<br />
estimar um parâmetro<br />
populacional. E parâmetro é<br />
uma medida numérica que<br />
é utilizada para descrever,<br />
resumidamente, uma<br />
característica da população.<br />
Mas como fazer isso? Basta corrigir o desvio padrão para que ele se torne o<br />
mais próximo do seu valor real na população. Essa correção é feita subtraindo-se<br />
1 do denominador da fórmula anterior. Então, teremos:<br />
Variância amostral (σˆ 2<br />
) =<br />
∑<br />
( x − x)<br />
n − 1<br />
2<br />
Aula 1 | Estatística descritiva 19<br />
e-Tec Brasil
Desvio padrão amostral (σˆ ) =<br />
∑<br />
( x − x)<br />
n − 1<br />
2<br />
onde:<br />
x = valor de cada observação na amostra;<br />
x = valor médio da amostra;<br />
n = número de observações da amostra.<br />
Note que nas duas últimas fórmulas em vez de utilizarmos σ 2 e σ utilizamos<br />
σˆ 2<br />
e σˆ . Isso foi feito para diferenciar o estimador (σˆ 2<br />
,σˆ ) do parâmetro<br />
(σ 2 ,σ).<br />
Atividade 3<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
Suponha que você está desenvolvendo uma pesquisa sobre a gripe e quer<br />
investigar o tempo de incubação do vírus em pessoas jovens. Você vai a um<br />
hospital e faz o levantamento de dados de todos os pacientes jovens que<br />
receberam o diagnóstico da doença em agosto de 2008.<br />
Evah Smit<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/894326<br />
Olhando a ficha de cada paciente, você constata que foi registrado o seguinte<br />
tempo de incubação do vírus.<br />
e-Tec Brasil 20<br />
Gerência de Saúde
Tabela 1.5: Tempo de incubação do vírus da gripe, segundo pacientes atendidos<br />
no Hospital Vida Nova, agosto de 2008.<br />
Paciente<br />
Dias de incubação<br />
Fonte: Dados fictícios.<br />
Antônio Gonçalves 2<br />
Maria Ana 6<br />
Luis Alberto 15<br />
Rosa Maria 22<br />
Lucia Vieira 11<br />
Para fazer uma análise mais precisa desses dados, no seu relatório, você precisará<br />
calcular a amplitude total, a variância e o desvio padrão.<br />
Conclusão<br />
Nesta aula estudamos, inicialmente, os tipos de dados existentes. Essa é<br />
uma questão importante, pois a aplicação de muitos métodos estatísticos<br />
depende do tipo de dados disponíveis. Posteriormente, vimos como aplicar<br />
algumas medidas estatísticas (média, mediana, amplitude, variância e desvio<br />
padrão) a um conjunto de dados. Essa é outra questão relevante, uma vez<br />
que em todo estudo realizado é essencial uma análise descritiva dos dados.<br />
Resumo<br />
• Os dados estatísticos podem ser quantitativos ou qualitativos.<br />
• Os dados quantitativos são expressos por meio de números, podendo ser<br />
discretos ou contínuos.<br />
• Os dados discretos assumem um número finito ou infinito enumerável de<br />
valores distintos e os contínuos podem assumir todos os valores numéricos,<br />
numa escala contínua para um intervalo de valores.<br />
Aula 1 | Estatística descritiva 21<br />
e-Tec Brasil
• Os dados qualitativos são expressos por meio de atributos ou categorias.<br />
Eles podem ser ordinais ou nominais, conforme possam ser colocados em<br />
ordem ou não, respectivamente.<br />
• Na análise descritiva dos dados, diversas medidas estatísticas podem ser<br />
utilizadas. Entre elas, as medidas de tendência central e as de dispersão.<br />
• As medidas de tendência central mostram o valor representativo em torno<br />
do qual há uma tendência de agrupamento dos dados.<br />
• A média aritmética simples e a mediana são exemplos de medidas de<br />
tendência central. A média aritmética simples é obtida somando-se os<br />
valores de um conjunto de dados e dividindo-os pelo total de observações;<br />
a mediana corresponde ao valor central desse conjunto de dados.<br />
• A dispersão dos dados é chamada de variabilidade.<br />
• Entre as medidas de dispersão temos a amplitude, que corresponde à<br />
diferença entre o maior e o menor valor observado de um conjunto de<br />
dados; a variância e o desvio padrão, que medem o grau de dispersão dos<br />
dados em relação à média populacional ou em relação à media amostral.<br />
Informações sobre a próxima aula<br />
Na próxima aula, estudaremos alguns conceitos básicos de outra grande<br />
área da Estatística: a amostragem. Até lá!<br />
e-Tec Brasil 22<br />
Gerência de Saúde
Respostas das atividades<br />
Atividade 1<br />
Tabela 1.1: Tipos de dados segundo variáveis específicas<br />
Variáveis Dado quantitativo Dado qualitativo<br />
Cor da pele<br />
Total casos câncer mama<br />
Idade<br />
Grau de desnutrição<br />
Peso de recém-nascidos<br />
Número leitos: hospital<br />
Classe de renda: A,B,C...<br />
Sexo: masculino/feminino<br />
Discreto Contínuo Nominal Ordinal<br />
x<br />
x<br />
x<br />
x<br />
x<br />
x<br />
x<br />
x<br />
Atividade 2<br />
Média das crises alérgicas julho 2008, x = ∑ xi<br />
n<br />
Mediana das crises alérgicas julho 2008 = 1,1,2,2,2,3,4 = 2<br />
= 4+ 1+ 2+ 2+ 3+ 2+ 1 = 2,14<br />
7<br />
Média das crises alérgicas julho 2009, x = ∑ x<br />
i<br />
n = 2+ 0+ 2+ 3+ 4+ 4+ 3 = 2,57<br />
7<br />
Mediana das crises alérgicas julho 2009 = 0,2,2,3,3,4,4 = 3<br />
Portanto: Houve um aumento no número médio de crises alérgicas em julho<br />
de 2009, em relação a julho de 2008 (a média passou de 2,14 para 2,57<br />
crises). Da mesma forma, houve um aumento na mediana, que passou de<br />
duas para três crises.<br />
Atividade 3<br />
Primeiro, é preciso ordenar os dados, para o cálculo da amplitude total.<br />
Dados ordenados: 2; 6, 11, 15, 22<br />
Aula 1 | Estatística descritiva 23<br />
e-Tec Brasil
AT = x max<br />
− x min<br />
AT = 22 – 2 AT = 20<br />
Tabela 1.5: Cálculos relacionados à variância e desvio padrão<br />
Dias Incubação (xi)<br />
(xi – x ) (xi – x )2<br />
2 2 – 11,2 = -9,2 (-9,2) 2 = 84,64<br />
6 6 – 11,2 = -5,2 (5,2) 2 = 27,04<br />
11 11 – 11,2 = -0,2 (0,2) 2 = 0,04<br />
15 15 – 11,2 = 3,8 (3,8) 2 = 14,44<br />
22 22 – 11,2 = 10,8 (10,8) 2 = 116,64<br />
x = 11,2 ∑(xi - x ) = 0 ∑(xi - x ) 2 = 242,8<br />
Fonte: Dados fictícios.<br />
Variância populacional (σ 2 ) =<br />
∑<br />
( x − µ )<br />
N<br />
2<br />
= 242,8<br />
5<br />
= 48,56<br />
Desvio padrão populacional (σ) =<br />
∑<br />
( x − µ )<br />
N<br />
2<br />
= 48,56 = 6,97<br />
No seu relatório você poderá dizer que o tempo de incubação do vírus entre<br />
os pacientes diferiu em até 20 dias. Poderá afirmar ainda que o tempo de<br />
incubação do vírus para cada paciente difere do tempo médio de incubação<br />
num valor equivalente a 6,97 dias.<br />
Referências bibliográficas<br />
DORIA FILHO, U. Introdução à bioestatística: para simples mortais. 3. ed. São Paulo:<br />
Negócio Editora, 1999. 158p.<br />
SOARES, J. F; FARIAS, A. A; CESAR, C.C. Introdução à Estatística. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC,<br />
2003. 192p.<br />
VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1980. 196p.<br />
e-Tec Brasil 24<br />
Gerência de Saúde
Aula 2 | Amostragem - Parte 1<br />
Metas da aula<br />
• Apresentar alguns conceitos e elementos relacionados à amostragem.<br />
Objetivos da aula<br />
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:<br />
1. diferenciar população e amostra;<br />
2. definir os termos relacionados à amostragem;<br />
3. identificar se uma amostra é (ou não) representativa da população.<br />
Você já ganhou alguma amostra grátis?<br />
Lançar um produto novo no mercado não é uma tarefa simples. As empresas<br />
investem muito em publicidade para que os clientes se interessem e decidam<br />
comprar seu produto. As pessoas, normalmente, já têm uma marca preferida<br />
e, muitas vezes, não estão abertas a mudanças. Diante desta dificuldade,<br />
uma das formas de divulgação que as empresas usam é a distribuição de<br />
amostras grátis.<br />
Fonte: www.poupatempo.sp.gov.br/marketing/index.jpg<br />
Figura 2.1: Distribuição de amostras grátis.<br />
Aula 2 | Amostragem - Parte 1 25<br />
e-Tec Brasil
A amostra grátis nada mais é do que um pouquinho do produto que está<br />
sendo lançado. Pode ser um xampu, um sabonete, uma bebida, alguma<br />
comida, um medicamento. E, como o próprio nome diz, é de graça! Claro<br />
que as empresas não fazem amostras para distribuir a todas as pessoas. Mas<br />
aquelas poucas pessoas que experimentarem e gostarem, além de comprarem<br />
o produto, o recomendarão aos seus conhecidos.<br />
Nesta aula vamos estudar alguns importantes conceitos referentes à outra<br />
grande área da estatística: a amostragem. Aqui veremos como as amostras<br />
são importantes em estudos e pesquisas. A amostra em estatística, assim<br />
como a amostra grátis, é uma pequena parte do total. Mas vamos ver que<br />
em estatística a amostra é diferente e fundamental para representar diversos<br />
tipos de dados. Vamos dar início ao nosso estudo?<br />
Entendendo amostragem<br />
A partir de agora, iremos utilizar o termo amostra para descrever o termo<br />
conjunto de dados, que foi bastante utilizado na aula anterior.<br />
Amostragem é o processo de seleção da amostra. A amostra é utilizada para<br />
a coleta dos dados a serem estudados. Essa é a fase inicial de qualquer pesquisa.<br />
E essa é a sua importância.<br />
População e amostra<br />
No processo de amostragem, dois conceitos são fundamentais: população e<br />
amostra. Esses termos já foram introduzidos na Aula 1, mas serão vistos com<br />
mais detalhes nesta aula.<br />
Em geral, o termo população é tido como sinônimo de conjunto de pessoas.<br />
Na estatística, o sentido da palavra é mais amplo. Ele pode envolver conjuntos<br />
de pessoas, animais, objetos, acontecimentos etc. A amostra é um<br />
subconjunto que representa a população (nesse caso, um subconjunto de<br />
pessoas, animais, objetos, acontecimentos etc.).<br />
Para que estes conceitos fiquem mais claros, vamos ver um exemplo.<br />
Em uma cidade do Norte de Minas foi feito um estudo do tempo médio<br />
de incubação do vírus da raiva em cães e gatos. Para essa pesquisa, foram<br />
selecionados alguns animais que apresentavam os sintomas da doença.<br />
e-Tec Brasil 26<br />
Gerência de Saúde
Os animais selecionados constituem a amostra, sendo que a totalidade dos<br />
cães e gatos da cidade, com suspeita da doença, constitui a população.<br />
Assim...<br />
• População (N): é o conjunto de elementos que apresentam, em comum,<br />
uma determinada característica (Exemplo: todos os cães e gatos com<br />
sintomas de raiva).<br />
Fonte: www.ariquemes.ro.gov.br/default.asp?secao=sec_noticias.asp&idsec=20&<br />
codnot=2805&tit=Titulo<br />
Figura 2.2: A população, nesse processo de amostragem, constituiu-se de todos os<br />
gatos e cachorros da cidade, com suspeita de raiva.<br />
• Amostra (n): é um subconjunto da população (Exemplo: parte dos gatos<br />
e cachorros com os sintomas de raiva).<br />
Fonte: www2.prefeitura.sp.gov.br/.../ccz/0009<br />
Figura 2.3: A amostra é parte da população de gatos e cachorros que está com os sintomas<br />
de raiva, que fazem parte do estudo do tempo de incubação do vírus da raiva.<br />
Aula 2 | Amostragem - Parte 1 27<br />
e-Tec Brasil
O uso de dados amostrais<br />
Você já percebeu que, na maioria das pesquisas, os dados coletados referem-se<br />
à amostra, e não à população? Por que será que é assim? Em geral,<br />
quando precisamos coletar informações sobre uma população, enfrentamos<br />
dificuldades relacionadas:<br />
• ao tempo (as informações precisam ser obtidas com rapidez);<br />
• à precisão (as informações precisam estar corretas);<br />
• ao custo (o custo relacionado ao processo de coleta, sistematização, análise<br />
e interpretação dos dados deve ser o menor possível).<br />
Imagine se tivéssemos que fazer uma pesquisa com toda a população! Por<br />
exemplo, antes de introduzir um novo medicamento no mercado, vários<br />
testes são feitos. Em geral, os testes são realizados usando-se alguns ratos<br />
como cobaia. Em alguns casos, são realizados em algumas pessoas portadoras<br />
da doença que o remédio se destina a tratar. Já pensou se esses testes<br />
fossem feitos em todos os ratos existentes ou em todas as pessoas com a<br />
doença? Seria muito difícil, não é mesmo? Para reduzir a influência dessas<br />
dificuldades, é feito uso da amostra.<br />
Alessandro Paiva<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/942757<br />
Figura 2.4: Antes de se introduzir um novo medicamento no mercado, testes são<br />
feitos em amostras de ratos ou de pessoas com a doença.<br />
e-Tec Brasil 28<br />
Gerência de Saúde
Atividade 1<br />
Atende ao Objetivo 1<br />
Um cientista quer estudar o efeito de um novo antibiótico para curar uma<br />
determinada enfermidade. São selecionados 20 doentes e o novo medicamento<br />
é administrado a 10 deles, que são escolhidos ao acaso. O medicamento<br />
habitual é administrado aos 10 restantes. Defina a população e a<br />
amostra.<br />
Outros conceitos relacionados à amostragem<br />
Quando estudamos o processo de amostragem, nos deparamos com muitos<br />
termos estatísticos. Vamos ver o que significam alguns deles?<br />
Quando estamos interessados em um determinado parâmetro da população<br />
utilizamos os dados de uma amostra extraída dessa população. Estudamos<br />
seus elementos e procuramos estimar o parâmetro populacional. Esse parâmetro<br />
é uma medida numérica utilizada para descrever resumidamente uma<br />
característica da população.<br />
Agora considere o seguinte exemplo: um candidato a prefeito quer avaliar a<br />
proporção de eleitores do seu município que votaria nele. Ele contrata uma<br />
agência que seleciona uma amostra de 100 eleitores. A proporção de eleitores<br />
da amostra favoráveis ao prefeito servirá como estimativa da proporção<br />
populacional. A proporção populacional favorável ao candidato só será conhecida<br />
após as eleições.<br />
Aula 2 | Amostragem - Parte 1 29<br />
e-Tec Brasil
Kristen Price<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/235199<br />
Figura 2.5: Na amostra, a proporção de eleitores favoráveis ao prefeito serve como<br />
uma estimativa da proporção populacional.<br />
Temos dois conceitos relacionados à estimativa:<br />
Estimativa pontual é o valor que a estatística ou o estimador assume em uma<br />
amostra. Intervalo de Confiança (IC) é um intervalo centrado na estimativa<br />
pontual. A probabilidade de o verdadeiro valor do parâmetro estar contido<br />
nesse intervalo é igual ao nível de confiança.<br />
O nível de confiança (1 – ) mede a probabilidade do intervalo de confiança<br />
conter o verdadeiro valor do parâmetro. O valor (1 – ) mais usual equivale<br />
a 95%. Esse valor nos dá 95% de confiança de que o intervalo estimado irá<br />
conter o parâmetro populacional.<br />
O termo ( ) corresponde à probabilidade de erro na estimação por intervalo.<br />
Para um nível de confiança igual a 95%, o valor de corresponde a 5%.<br />
Quando utilizamos esse valor, a probabilidade de erro numa estimação é<br />
igual a 5%.<br />
e-Tec Brasil 30<br />
Gerência de Saúde
Um conceito que também deve ser esclarecido é o de Distribuição Normal (Z).<br />
Faremos referência a ela quando formos calcular o tamanho de uma amostra.<br />
A Distribuição normal é a distribuição mais utilizada na estatística para descrever<br />
uma variável aleatória. Ela é determinada por dois parâmetros: a média<br />
( ) e o desvio-padrão ( ) da população. A seguir está o seu formato.<br />
Fonte: www.obid.senad.gov.br/.../Curva+Normal<br />
Figura 2.6: A Distribuição Normal é a distribuição mais utilizada na estatística.<br />
Vamos supor uma variável aleatória X: sua média está no centro da curva<br />
( =0). Os valores dessa variável se concentram simetricamente em torno<br />
da média. Ou seja, metade à direita e metade à esquerda da média. Esses<br />
valores podem estar entre 1 e 3 desvios-padrão da média. A área total da<br />
curva é igual a 1 ou 100%. Na área central estão localizados os valores de<br />
maior frequência.<br />
Agora vamos definir o que é variável aleatória. Esse termo foi mencionado<br />
na descrição da Distribuição Normal. Vamos usar o tradicional exemplo da<br />
estatística, do lançamento de duas moedas. Quando lançamos uma moeda<br />
temos dois resultados possíveis: cara (K) ou coroa (C).<br />
No lançamento das duas moedas, temos um conjunto (S) com os seguintes<br />
resultados: S = (KK, KC, CK, CC).<br />
Aula 2 | Amostragem - Parte 1 31<br />
e-Tec Brasil
Afonso Lima<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/668544<br />
Figura 2.7: No lançamento de uma moeda há dois resultados possíveis: cara ou coroa.<br />
Vamos chamar de X o número de caras (K). A cada resultado do conjunto S<br />
podemos associar um número. Temos:<br />
Evento KK KC CK CC<br />
X 2 1 1 0<br />
Como são quatro resultados, temos as seguintes probabilidades:<br />
P (X=2) = P(KK) = 1 4 P (X=1) = P(KC ou CK) = 2 4 P (X=0) = P(CC) = 1 4<br />
Nesse exemplo, X é chamado de variável aleatória (v.a.). A v.a é uma função<br />
que associa a cada elemento do conjunto (S) uma probabilidade. Ela está<br />
associada a uma distribuição de probabilidades. Essa distribuição descreve a<br />
chance ou a probabilidade de uma variável aleatória assumir um determinado<br />
valor dentro de um conjunto de valores.<br />
e-Tec Brasil 32<br />
Gerência de Saúde
Você pode estar pensando: O que uma variável aleatória<br />
tem a ver com amostra?<br />
Yamamoto Ortiz<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1159639<br />
A resposta é “tem tudo a ver”! A amostra é formada por um conjunto<br />
de variáveis aleatórias. Por exemplo, se você vai coletar informações<br />
sobre a idade de 50 pessoas que procuram atendimento<br />
médico em um dia você não sabe qual valor será informado<br />
por cada pessoa. Pode ser qualquer valor. É isso que caracteriza<br />
uma variável aleatória: a presença da incerteza. Você se lembra<br />
do exemplo da moeda? O lançamento é feito, mas não se sabe se<br />
sairá cara ou coroa!<br />
Atividade 2<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
No curso que você está fazendo, a estatística é utilizada o tempo todo. Você<br />
precisa conhecer os principais conceitos dessa área de estudo. Para fixar alguns<br />
desses conceitos, resolva o exercício seguinte.<br />
Marque a alternativa incorreta:<br />
Aula 2 | Amostragem - Parte 1 33<br />
e-Tec Brasil
( ) A amostra é composta por variáveis aleatórias. Os valores dessas<br />
variáveis geralmente se concentram em torno do valor médio, em<br />
uma Distribuição Normal.<br />
( ) Em uma amostra, a proporção de indivíduos com uma doença pode<br />
ser utilizada como uma estimativa da proporção populacional com a<br />
doença.<br />
( ) O nível de confiança corresponde à probabilidade de o intervalo de confiança<br />
conter o verdadeiro valor do parâmetro. Geralmente, utilizamos<br />
o valor de 5%.<br />
( ) O parâmetro populacional é uma medida numérica que descreve de<br />
forma resumida uma característica da população.<br />
( ) O termo corresponde à probabilidade de erro na estimação do intervalo<br />
de confiança.<br />
Inferências estatísticas<br />
Os levantamentos de dados por amostragem podem gerar resultados muito<br />
importantes. A amostragem possibilita que sejam feitas inferências sobre uma<br />
população com base no estudo de uma amostra. Que inferências são estas?<br />
Vamos considerar a seguinte situação: Mariana, uma aluna do curso técnico<br />
em Gerência de Saúde, está fazendo um estudo para analisar o efeito do<br />
cigarro sobre o organismo das mulheres. Ela selecionou uma amostra de 100<br />
mulheres e constatou que 5% delas tinham enfisema pulmonar. Ou seja,<br />
para cada 100 mulheres da amostra, cinco eram portadoras desse mal.<br />
e-Tec Brasil 34<br />
Gerência de Saúde
Mateusz Stachowski<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1212898<br />
Figura 2.8: Na amostra, 5% das mulheres fumantes tinham enfisema pulmonar. É<br />
possível inferir que essa porcentagem é a mesma na população?<br />
Mariana pode inferir que na sua cidade a proporção de mulheres com enfisema<br />
pulmonar equivale a 5%? Essa é uma questão de inferência estatística.<br />
Para fazer inferências, ou seja, para aplicar as conclusões tiradas com base<br />
na amostra para toda a população é preciso trabalhar com amostras aleatórias.<br />
Nesse tipo de amostra, todos os elementos da população têm a mesma<br />
chance de serem selecionados.<br />
No caso de Mariana, ela poderia generalizar os resultados obtidos para a<br />
população se a escolha das mulheres tivesse sido aleatória. Mas, atenção!<br />
Essa generalização depende também do tamanho e da representatividade<br />
da amostra.<br />
Agora vamos ver com mais detalhes os elementos do processo de amostragem<br />
que permitem a realização da inferência.<br />
Elementos do processo de amostragem<br />
No processo de amostragem, quatro elementos devem ser levados em consideração:<br />
• a definição da população;<br />
• o tamanho da amostra;<br />
Aula 2 | Amostragem - Parte 1 35<br />
e-Tec Brasil
• a representatividade da amostra;<br />
• a técnica de amostragem.<br />
Vejamos esses elementos.<br />
*<br />
Definição da população: é preciso definir os elementos da pesquisa, a<br />
unidade amostral, a área de cobertura e o período.<br />
Exemplo: População de médicos que atendem em clínicas particulares no<br />
município de Montes Claros, em 2008. Nesse exemplo, podemos listar:<br />
• Elementos da pesquisa: médicos atendentes em clínicas particulares.<br />
• Unidade amostral: clínicas médicas.<br />
• Área de cobertura: município de Montes Claros.<br />
• Período: 2008.<br />
*<br />
Tamanho da amostra: os resultados obtidos com base em uma amostra<br />
estão sujeitos à incerteza, isto é, a erros. Isso ocorre porque apenas parte<br />
da população é estudada e nem sempre os dados são coletados e registrados<br />
com precisão. Essa incerteza pode ser diminuída aumentando-se o<br />
tamanho da amostra. Contudo, esse tamanho não pode ser muito grande,<br />
para evitar desperdício de recursos, nem muito pequeno, pois pode<br />
gerar resultados não-confiáveis, ou seja, que não refletem a realidade.<br />
Mas... como determinar o tamanho da amostra? Existem fórmulas para a<br />
determinação desse tamanho. Aqui será apresentada uma fórmula bastante<br />
utilizada na área da saúde.<br />
Tamanho da amostra com base na estimativa da proporção populacional<br />
(para população finita, não superior a 100.000)<br />
n =<br />
Sendo:<br />
e-Tec Brasil 36<br />
Gerência de Saúde
n = o tamanho da amostra;<br />
N = o tamanho da população;<br />
Z = é o valor da distribuição normal, onde se acumula 1 – de probabilidade<br />
de conter o parâmetro populacional. Para = 5%, Z=1,96. Esse valor de Z<br />
pode ser consultado na tabela de Distribuição Normal;<br />
1 – : nível de confiança desejado. Geralmente = 95%;<br />
: probabilidade de erro na estimação. Geralmente = 5%;<br />
Glossário<br />
= um estimador da proporção de pessoas na população com o atributo<br />
que se deseja estudar. Exemplo: proporção de pessoas com uma doença;<br />
Estimador ( p )<br />
É utilizado para se estimar o<br />
parâmetro populacional (p).<br />
q = um estimador da proporção de pessoas sem o atributo que se deseja<br />
estudar q =1- p . Exemplo: proporção de pessoas sem a doença e;<br />
( )<br />
E = margem de erro: diferença entre o valor da proporção na população (p)<br />
e o valor da proporção da amostra ( ).<br />
Vamos falar um pouco sobre os componentes da fórmula. Em geral, conhecemos<br />
a população (N). Mas... e os valores de e q? Quando conhecemos os<br />
valores de p e q, ou seja, os valores dos parâmetros populacionais, podemos<br />
utilizá-los para os estimadores e q. Mas nem sempre sabemos quais são<br />
esses valores. O que fazer nesse caso?<br />
Ivan Petrov<br />
Fonte: www.sxc.hu/1009935<br />
Figura 2.9: Quando não há estudos similares que indiquem os valores p e q, usamos<br />
0,5 para p e q .<br />
Aula 2 | Amostragem - Parte 1 37<br />
e-Tec Brasil
Quando não temos um estudo anterior que nos indique o valor dos parâmetros<br />
da população (p e q), utilizamos o valor 0,5 para e 0,5 para q. Fazendo<br />
isso, estamos supondo que a proporção de ocorrência e de não ocorrência do<br />
evento estudado é a mesma. Ou seja, supomos que a chance de ocorrência<br />
do evento é igual a 50%; e a chance de não ocorrência também corresponde<br />
a 50%.<br />
Você deve estar se perguntando: Como determinar o erro amostral? Em geral,<br />
usa-se uma margem de erro entre 3% e 5%. Quanto menor a margem<br />
de erro, maior a amostra e maior a confiabilidade dos resultados. Por quê?<br />
Porque com uma amostra maior, os resultados tendem a corresponder mais<br />
fielmente aos resultados que teríamos caso estudássemos toda a população.<br />
A escolha de qual valor utilizar para a margem de erro vai depender da precisão<br />
desejada dos resultados. Mas muitas vezes abre-se mão de uma maior<br />
precisão devido ao alto custo de ter uma amostra maior.<br />
*<br />
Representatividade da amostra: a representatividade da amostra está relacionada<br />
à forma como os seus elementos são selecionados. Suponha<br />
que, com base em uma amostra, você queira estimar a probabilidade<br />
de ocorrência de hipertensão arterial em uma população constituída de<br />
70% de homens e 30% de mulheres. Para que a amostra seja representativa,<br />
a sua distribuição e a da respectiva população devem ser iguais.<br />
Ou seja, essa proporção 70% e 30% para homens e mulheres, respectivamente,<br />
deve ser mantida.<br />
Para se obter uma amostra representativa da população, com resultados precisos<br />
e confiáveis, é preciso também que a seleção dos elementos amostrais<br />
ocorra de forma aleatória. Precisamos escolher adequadamente a técnica de<br />
amostragem.<br />
*<br />
Técnica de amostragem: critério a ser adotado para a seleção da amostra.<br />
As técnicas de amostragem podem ser divididas em:<br />
• amostragem não probabilística (ou determinística);<br />
• amostragem probabilística (ou aleatória).<br />
Esses tipos de amostragem serão discutidos na próxima aula.<br />
e-Tec Brasil 38<br />
Gerência de Saúde
Atividade 3<br />
Atende ao Objetivo 3<br />
Você se lembra do caso de Mariana? Do estudo que ela está fazendo? Volte<br />
no texto (Inferências estatísticas) e leia novamente.<br />
Com base no que você aprendeu, ela pode generalizar os resultados do estudo<br />
feito com base na amostra para a população? Ou seja, ela pode inferir<br />
que na sua cidade 5% das mulheres que fumam têm enfisema pulmonar?<br />
Conclusão<br />
Nesta aula estudamos alguns conceitos importantes relacionados à amostragem.<br />
Estudamos também os elementos que precisam ser considerados no<br />
processo de amostragem. O conhecimento desses elementos é fundamental<br />
para se ter uma amostra que represente com fidelidade a população.<br />
Resumo<br />
• Amostragem é o processo de seleção de amostras, a partir de dados<br />
populacionais;<br />
• População é o conjunto de elementos que apresentam uma determinada<br />
característica em comum, sendo a amostra um subconjunto da população;<br />
• Em geral, os estudos utilizam dados amostrais e não populacionais devido<br />
a fatores como tempo, precisão dos dados e custos;<br />
• No processo de seleção da amostra, é preciso definir a população de<br />
interesse (definição dos elementos da pesquisa, da unidade amostral,<br />
da área de cobertura e do período), o tamanho, a representatividade da<br />
Aula 2 | Amostragem - Parte 1 39<br />
e-Tec Brasil
amostra e as técnicas de amostragem (amostragem probabilística ou não<br />
probabilística);<br />
• A definição adequada desses elementos é que permite fazer inferências,<br />
ou seja, aplicar as conclusões tiradas com base na amostra para toda a<br />
população.<br />
Informações sobre a próxima aula<br />
Na próxima aula veremos as técnicas de amostragem probabilística e não<br />
probabilística. Até lá!<br />
Respostas das atividades<br />
Atividade 1<br />
População: todos os doentes com a enfermidade que o medicamento pretende<br />
tratar.<br />
Amostra: os 20 enfermos selecionados.<br />
Atividade 2<br />
(x) O nível de confiança corresponde à probabilidade de o intervalo de confiança<br />
conter o verdadeiro valor do parâmetro. Geralmente, utilizamos o<br />
valor de 5%.<br />
Nesta alternativa, a primeira afirmação está certa e a segunda, não. Geralmente,<br />
utilizamos o valor de 95% para o nível de confiança.<br />
Atividade 3<br />
Mariana não pode fazer inferências dos efeitos do cigarro sobre o organismo<br />
das mulheres fumantes da sua cidade, com base nos resultados do seu estudo.<br />
Mesmo que ela tenha selecionado a amostra de forma aleatória, essa<br />
amostra não é representativa da população. Pense em toda a população<br />
feminina de uma cidade: uma amostra de 100 mulheres é muito pequena!<br />
Para fazer essas inferências, Mariana precisa de uma amostra maior, e as<br />
mulheres devem ser selecionadas aleatoriamente.<br />
e-Tec Brasil 40<br />
Gerência de Saúde
Referências bibliográficas<br />
BERQUÓ, E. S.; SOUZA, J. M. P.; GOTLIEB, S. L. D. Bioestatística. São Paulo: E.P.U., 1981. 350p.<br />
LAPPONI, J. C. Estatística usando Excel 5 e 7. São Paulo: Lapponi Treinamento e Editora,<br />
1997. 420p.<br />
NILZA, N. S. Amostragem probabilística. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São<br />
Paulo, 2004. 120p.<br />
VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1980. 196p.<br />
Aula 2 | Amostragem - Parte 1 41<br />
e-Tec Brasil
Aula 3 | Amostragem - Parte 2<br />
Meta da aula<br />
• Apresentar as principais técnicas utilizadas para a seleção aleatória<br />
de amostras.<br />
Objetivos da aula<br />
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:<br />
1. distinguir amostra aleatória e amostra não-aleatória;<br />
2. aplicar as técnicas de amostragem;<br />
3. definir o tipo de amostragem mais indicado para a realização de<br />
um determinado estudo.<br />
Pré-requisitos<br />
Para que você tenha um bom aproveitamento desta aula, é importante<br />
que reveja a definição de inferência estatística e a fórmula do<br />
cálculo do tamanho da amostra, assuntos da Aula 2.<br />
Amostragem: como as pessoas são selecionadas?<br />
Você já parou para pensar nas manchetes sobre algumas pesquisas? Não falo<br />
da notícia em si, mas na forma como ela foi gerada. Na TV, nas revistas, nos<br />
jornais ou na internet nos deparamos o tempo todo com manchetes sobre<br />
os resultados de alguma pesquisa realizada. São pesquisas sobre educação,<br />
trabalho, saúde, relacionamentos, opiniões, comportamentos etc.<br />
Vamos ver algumas dessas manchetes?<br />
• Pesquisa mostra que 11,2% das mulheres na Região Sul relataram já ter<br />
tido DST.<br />
• Pesquisa aponta TV como possível causa do aumento dos casos de autismo.<br />
Aula 3 | Amostragem - Parte 2 43<br />
e-Tec Brasil
• Pesquisa revela que casar engorda.<br />
• Pesquisa revela que DSTs atingem 10,3 milhões de brasileiros.<br />
• Pesquisa revela que “sexo” é o 4º termo mais procurado por crianças na<br />
internet.<br />
Dragan Sasic<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/321344<br />
Figura 3.1: Com frequência nos deparamos com manchetes sobre os resultados de<br />
alguma pesquisa.<br />
Essas manchetes podem levar a algumas perguntas:<br />
• Quantas pessoas foram entrevistadas?<br />
• Como elas foram escolhidas?<br />
• Pode-se confiar nos resultados divulgados?<br />
• Essas pesquisas retratam mesmo todas as pessoas de uma região? Ou os<br />
resultados só podem ser aplicados às pessoas da amostra?<br />
Apenas lendo as manchetes não conseguimos responder a essas perguntas.<br />
Mas uma coisa é certa: todos esses estudos foram baseados em amostras!<br />
Em todos os casos, não seria possível estudar toda a população. Isso teria<br />
um custo muito alto.<br />
e-Tec Brasil 44<br />
Gerência de Saúde
Todas as vezes que vamos fazer um estudo com base em amostras, precisamos<br />
pensar nessas questões. Devemos escolher bem o processo de amostragem,<br />
para que os resultados obtidos com a amostra sejam válidos também<br />
para a população como um todo.<br />
Nesta aula você vai aprender a selecionar, entre as técnicas de amostragem,<br />
a mais indicada para algumas situações.<br />
As técnicas de amostragem<br />
Podemos dividir as técnicas de amostragem em amostragem não probabilística<br />
e amostragem probabilística. Vamos ver a diferença entre elas?<br />
Amostragem não probabilística (ou determinística)<br />
Os elementos da amostra são selecionados de forma não aleatória, com<br />
base no julgamento ou na experiência do pesquisador. Não é possível fazer<br />
inferências estatísticas sobre a população com base nos resultados amostrais<br />
quando se usa esse tipo de amostragem.<br />
Vamos supor que um pesquisador fale com pessoas em uma clínica de fisioterapia<br />
e solicite suas opiniões sobre a eficácia da fisioterapia. É possível que<br />
as pessoas entrevistadas estejam fazendo o tratamento e ainda não tenham<br />
sentido seus efeitos benéficos. Essas pessoas poderão responder que o método<br />
de tratamento não é eficaz.<br />
E as pessoas que se recuperaram bem com o tratamento e não estavam<br />
presentes na clínica? Estas não foram entrevistadas! Assim, com base nas<br />
respostas obtidas por esse tipo de amostragem não é possível fazer inferências<br />
sobre a eficácia do método para a população.<br />
Aula 3 | Amostragem - Parte 2 45<br />
e-Tec Brasil
Fonte: http://www.hgg.rj.gov.br/imagens/fisioterapia07.jpg<br />
Figura 3.2: A fisioterapia ajuda na reabilitação das pessoas que buscam esse tratamento?<br />
Este é um exemplo de amostragem por conveniência. O pesquisador seleciona<br />
os membros da população que são mais acessíveis, segundo a sua conveniência.<br />
É uma técnica que permite a obtenção de informações de forma<br />
rápida e barata, porém não permite que os resultados obtidos na amostra<br />
sejam generalizados a toda população. Isto é, não é possível tirar conclusões<br />
sobre a população com base nos resultados da amostra.<br />
Amostragem probabilística (ou aleatória)<br />
É composta por elementos que são retirados aleatoriamente da população, ou<br />
seja, são retirados ao acaso. Esse tipo de amostragem permite que sejam feitas<br />
inferências sobre a população a partir dos resultados obtidos na amostra.<br />
A amostragem probabilística ou aleatória é muito importante para diversos<br />
tipos de estudos. Os principais tipos são:<br />
A – amostragem casual simples;<br />
B – amostragem estratificada;<br />
C – amostragem sistemática;<br />
D – amostragem por conglomerados.<br />
e-Tec Brasil 46<br />
Gerência de Saúde
A – Amostragem casual simples<br />
Nesse tipo de amostragem, cada elemento da população tem a mesma probabilidade<br />
de ser selecionado para compor a amostra. É uma técnica bastante<br />
utilizada pelos pesquisadores.<br />
Exemplo:<br />
Imagine que queremos avaliar se a prática de esportes influencia o desempenho<br />
cognitivo dos alunos que cursam o Ensino Fundamental em uma escola.<br />
Para realizar este estudo, precisamos começar selecionando os alunos,<br />
certo? Esta seleção é feita independentemente de quaisquer atributos, como<br />
sexo, raça, nível socioeconômico etc.<br />
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/jornaldoprofessor/midias//imagem/edicao16/grande/<br />
ft_55773954536981504.jpg<br />
Figura 3.3: Estudo da influência da prática de esportes sobre o desempenho cognitivo<br />
dos alunos.<br />
Teremos que utilizar meios que permitam que todos os alunos do Ensino<br />
Fundamental da escola tenham a mesma chance de serem selecionados. E<br />
agora? Como podemos fazer a seleção aleatória dos alunos? Você consegue<br />
pensar em alguma possibilidade? Escreva a seguir.<br />
Aula 3 | Amostragem - Parte 2 47<br />
e-Tec Brasil
Adam Ciesielski<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/264245<br />
Uma forma muito simples de se fazer esta escolha é por meio de um sorteio.<br />
Foi nisso que você pensou? Mas há outras maneiras também! Podemos<br />
utilizar números aleatórios. Esses números podem ser obtidos em tabelas<br />
disponíveis em livros e/ou softwares estatísticos ou por meio de planilhas<br />
eletrônicas, geradas no Excel. Vamos ver como usamos essas tabelas!<br />
Tabela 3.1: Tabela de números aleatórios<br />
03 16 27 91 67 19 20 75 98 02<br />
85 68 54 96 40 53 43 49 86 91<br />
46 63 67 20 00 95 18 24 97 63<br />
11 34 27 18 53 33 37 06 36 51<br />
33 04 53 93 40 46 00 21 62 41<br />
46 70 83 59 27 05 77 45 12 25<br />
12 41 16 01 97 26 58 88 80 66<br />
95 02 62 52 22 32 58 02 62 05<br />
16 95 30 19 26 77 28 33 03 68<br />
16 05 01 51 28 61 08 73 11 76<br />
18 54 11 21 45 02 48 47 75 83<br />
79 97 28 32 51 15 09 53 42 15<br />
14 05 66 81 73 70 02 39 97 82<br />
70 75 49 59 67 32 33 06 62 14<br />
05 45 83 18 73 53 02 34 93 33<br />
32 54 07 70 21 51 41 83 47 53<br />
Continua<br />
e-Tec Brasil 48<br />
Gerência de Saúde
Tabela 3.1: Tabela de números aleatórios<br />
continuação<br />
21 33 92 30 28 45 06 34 71 67<br />
67 85 14 85 58 60 32 29 98 35<br />
10 73 16 37 46 71 23 15 33 03<br />
59 23 34 25 14 90 57 04 79 38<br />
49 67 47 57 80 99 36 90 70 43<br />
38 13 46 87 09 53 18 35 66 94<br />
35 50 39 85 03 80 42 71 61 99<br />
57 29 02 39 86 37 06 70 06 27<br />
92 80 46 39 03 22 41 24 69 87<br />
45 56 12 92 65 93 61 37 10 32<br />
Fonte: Elaboração própria (Excel).<br />
No exemplo dado, vamos supor que haja 85 alunos na escola que cursam<br />
o Ensino Fundamental. Por uma questão de economia de tempo, vamos<br />
realizar o estudo com base em uma amostra. Vamos supor, ainda, que um<br />
estudo anterior tenha mostrado que 70% dos alunos de outra escola tenham<br />
melhorado o seu desempenho escolar com a prática de esportes. Com<br />
base nesse estudo, os valores de ˆp e ˆq serão, respectivamente, 0,7 e 0,3.<br />
Quantos alunos selecionar na nossa amostra? Utilizando a fórmula vista anteriormente<br />
(Aula 2), chegamos ao seguinte resultado:<br />
2 2<br />
N´ pˆ´ q ˆ´ (Z) 85´ 0,7´ 0,3 ´ (1,96)<br />
n = = = 67,44<br />
2 2 2 2<br />
pˆ´ q ˆ´ (Z) + (N - 1) ´ E 0,7´ 0,3 ´ (1,96) + (85 - 1) ´ (0,05)<br />
Assim, o estudo será realizado considerando uma amostra de 67 alunos.<br />
Note que o tamanho da amostra ficou grande. Isso acontece porque a nossa<br />
população só tem 85 pessoas. À medida que aumentamos a população, o<br />
tamanho da amostra vai ficando relativamente menor. Depois de calcular o<br />
tamanho da amostra, como selecionar os alunos? Na secretaria, coletaremos<br />
os nomes dos 85 alunos da escola (Ana, Bernardo,..., Lucas). O primeiro<br />
passo é numerar cada nome, de 1 a 85 (Ana = 1, Bernardo = 2;...; Lucas =<br />
85). O próximo passo é a utilização da tabela de números aleatórios para a<br />
seleção dos 67 alunos. Mas como fazer isso?<br />
Aula 3 | Amostragem - Parte 2 49<br />
e-Tec Brasil
Com a tabela em mãos, selecionaremos números aleatórios de dois dígitos,<br />
pois a numeração dos alunos varia de 01 a 85. Podemos selecionar o valor<br />
inicial escolhendo uma linha. Por exemplo: vamos escolher a 10ª linha e coletar<br />
os dois primeiros números, da esquerda para a direita. Ao chegarmos ao<br />
fim da linha, recomeçamos pelo início da 11ª linha, e assim sucessivamente.<br />
Assim a amostra será composta pelos seguintes números:<br />
16 05 01 51 28 61 08 73 11 76<br />
18 54 21 45 02 48 47 75 83 79<br />
32 15 09 53 42 14 66 81 70 39<br />
82 49 59 67 33 06 62 34 07 41<br />
30 71 85 58 60 29 35 10 37 46<br />
23 03 25 04 38 57 80 36 43 13<br />
50 27 22 24 69 56 12<br />
Os alunos relacionados a esses números comporão a amostra.<br />
No processo de seleção dos números, alguns valores se repetiram. O que fazer<br />
nesse caso? Quando isso acontece, coleta-se o próximo valor que aparecer<br />
na tabela, de acordo com a sequência estabelecida. Como os alunos foram<br />
numerados de 1 a 85, os valores superiores a 85 também foram excluídos.<br />
No uso da tabela de números aleatórios, a escolha da linha ou<br />
coluna é arbitrária. Na prática, pode-se escolher começar por qualquer<br />
linha, por qualquer coluna, de baixo para cima, de cima para<br />
baixo etc.<br />
Entendeu? Agora, vamos praticar um pouco mais. Imagine que você tenha<br />
uma população de 50 elementos. Neste exercício, a amostra a ser selecionada<br />
será de n = 30. Esse tamanho de amostra, quando a população é relativamente<br />
pequena, gera um resultado confiável. Usando a mesma tabela, escolha<br />
a 5ª coluna. A ordem é selecionar os números de cima para baixo. Quando<br />
chegar na última linha referente à coluna, selecione os elementos de baixo<br />
para cima. Verifique quais seriam esses números e escreva-os a seguir. Mas<br />
atenção: não selecione o zero (0) nem valores repetidos ou maiores que 50.<br />
e-Tec Brasil 50<br />
Gerência de Saúde
Fotocromo<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1065252<br />
E então? Conseguiu? Se a população é de 50 elementos, os números aleatórios<br />
devem ser entre 01 e 50. Como nosso n = 30, temos que escolher 30<br />
elementos. Então, nossa amostra será:<br />
40 27 22 26 28 45 21 46 14 09<br />
03 37 32 15 02 05 33 19 20 43<br />
18 08 48 41 06 23 36 42 24 35<br />
Veja, na tabela, que o primeiro valor da 5ª coluna é 67. Como é maior que<br />
50 e nossa população foi numerada de 1 a 50, esse valor foi eliminado. Então,<br />
o primeiro elemento selecionado corresponde ao número 40. Observe<br />
que os valores zero (0) também foram excluídos.<br />
Vamos fazer uma tabela de números aleatórios?<br />
O software Excel disponibiliza a função matemática ALEATÓRIO.<br />
Para usar essa função em uma planilha do Excel, digite numa célula<br />
a fórmula = ALEATORIO() e tecle Enter. Você terá um número<br />
aleatório entre 0 e 1. Caso queira números entre 0 e 100, digite<br />
=100*ALEATÓRIO() e tecle Enter. Tendo esse número, é só arrastar<br />
a célula para a direita e para baixo e aparecerá uma série de números<br />
aleatórios. Tente fazer!<br />
Aula 3 | Amostragem - Parte 2 51<br />
e-Tec Brasil
Atividade 1<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
Imagine que você vai realizar um estudo com o objetivo de verificar a dificuldade<br />
para a realização das atividades da vida diária (AVDs) entre as mulheres<br />
idosas de um asilo. Nesse asilo há 200 idosas e, se você for acompanhar todas<br />
elas na realização dessas atividades (comer, tomar banho, vestir e calçar),<br />
isso vai demandar muito tempo e dinheiro. É importante que você selecione<br />
uma amostra! Determine o tamanho da amostra. Considere que não há<br />
nenhuma informação anterior sobre a proporção de idosas com dificuldade<br />
para realizar as AVDs (isto é, ˆp = 0,5 e ˆq = 0,5). Considere também que o<br />
erro amostral = 5% (0,05) e o nível de confiança = 95%, ou seja, Z = 1,96.<br />
Em seguida, descreva duas formas de como selecionar as idosas.<br />
Glossário<br />
B - Amostragem estratificada<br />
Estrato<br />
Subconjunto da população<br />
que é caracterizado por um<br />
ou mais atributos<br />
(Exs.: atributo: sexo,<br />
idade, estado civil, etc.).<br />
Esse tipo de amostragem consiste em subdividir a população em estratos,<br />
utilizando informações específicas (Exs.: sexo, idade, nível socioeconômico<br />
etc.). Após essa divisão são selecionadas amostras aleatórias simples dentro<br />
de cada estrato. Depois, forma-se uma única amostra a partir das amostras<br />
obtidas em cada estrato ou subgrupo.<br />
Exemplo:<br />
João, um estudante do Curso Técnico de Gerência de Saúde, quer avaliar<br />
as principais causas de queda (tombo) entre as pessoas em determinados<br />
ambientes. Ele supõe que as causas variam de acordo com a idade e que<br />
a proporção de quedas é maior em determinadas idades. Para realizar seu<br />
e-Tec Brasil 52<br />
Gerência de Saúde
estudo, ele pode estratificar essa população nos seguintes subgrupos: crianças,<br />
jovens, adultos e idosos.<br />
Após ter a população estratificada, João deverá fazer a seleção aleatória dos<br />
indivíduos em cada subgrupo. Como fazer isso? Inicialmente ele terá que<br />
definir o tamanho da amostra para cada estrato. Ele pode utilizar a fórmula<br />
apresentada anteriormente. O tamanho irá variar de acordo com o tamanho<br />
do subgrupo. Um subgrupo grande deve ter mais elementos selecionados<br />
que um pequeno. Depois de calcular o tamanho da amostra para cada subgrupo,<br />
João deverá aplicar a amostragem casual simples para selecionar os<br />
indivíduos de cada subgrupo. Em seguida, ele poderá realizar seu estudo.<br />
Figura 3.4: Causas de quedas entre crianças e idosos.<br />
C - Amostragem sistemática<br />
Esse tipo de amostragem é composto por elementos que são selecionados<br />
não por acaso, mas a partir de uma regra estabelecida. Para entendermos<br />
como funciona esta técnica, começaremos com um exemplo.<br />
Suponhamos que um hospital tenha 80 crianças diagnosticadas com câncer<br />
e queremos uma amostra de tamanho 10, para traçar o perfil dessas crianças.<br />
Este tamanho de amostra não foi determinado de forma a assegurar<br />
a confiabilidade dos resultados. Assim, não é possível a generalização dos<br />
resultados obtidos na amostra para a população. Esse tamanho (n = 10) foi<br />
escolhido apenas para ilustrar a técnica de forma mais simples.<br />
Para a aplicação da técnica, os elementos da população devem estar ordenados<br />
segundo algum critério. Podemos ordenar as crianças colocando os<br />
Aula 3 | Amostragem - Parte 2 53<br />
e-Tec Brasil
nomes em ordem alfabética. Após essa ordenação, podemos determinar a<br />
amostra selecionando uma criança a cada 8. Teríamos, por exemplo:<br />
1 9 17 25 33 41 49 57 65 73<br />
Agora podemos apresentar dois conceitos:<br />
Intervalo de amplitude (k): é o intervalo entre o primeiro elemento selecionado<br />
e o próximo. No exemplo dado, k = 8.<br />
Início casual (i): é o primeiro elemento selecionado na amostra. No exemplo,<br />
i = 1 (mas poderia ser 2, 3,...,8).<br />
Agora que já conhecemos estes novos conceitos, vamos ver como fazemos<br />
esta seleção?<br />
Considere a quantidade N k<br />
n = , sendo:<br />
N = total de elementos da população<br />
n = tamanho desejado da amostra<br />
k = intervalo de amplitude (que é um número inteiro)<br />
Essa relação nos dá o intervalo entre um elemento selecionado na amostra e<br />
o próximo. Vamos entender melhor esse procedimento.<br />
Com base na relação N k<br />
n = , devemos inicialmente definir o tamanho da<br />
população (N) e da amostra (n). Depois, precisamos ordenar os elementos da<br />
população segundo algum critério (Ex.: ordem alfabética). Quando dividimos<br />
o tamanho da população pelo tamanho da amostra, temos o intervalo de<br />
amplitude (k), ou seja, o intervalo entre um elemento selecionado e o próximo.<br />
Em seguida, determina-se o início casual (i), isto é, o primeiro elemento<br />
a ser selecionado na amostra. Como fazer isso? Por meio de um sorteio entre<br />
os números 1 a k. Ou seja, entre o primeiro elemento da amostra e o valor<br />
equivalente ao intervalo de amplitude k.<br />
Vamos aplicar isso ao exemplo que acabamos de ver?<br />
e-Tec Brasil 54<br />
Gerência de Saúde
N 80<br />
= kÞ = kÞ k=<br />
8<br />
n 10<br />
Sorteamos um número entre 1 e 8 para determinar o início casual (i). No<br />
exemplo sorteamos 1. Mas e se o início casual fosse 3? Quais seriam os<br />
números da nossa amostra? É bem simples, basta somar 8 (k) ao início casual<br />
e assim sucessivamente. Esta amostra seria composta pelos seguintes<br />
números:<br />
3 11 19 27 35 43 51 59 67 75<br />
Uma vez que conhecemos i e k, podemos calcular a amostra que será composta<br />
pelos elementos da população que tenham recebido os números i; i+k;<br />
i+2k;...; i + (n-1)k.<br />
Lembre- se!!! Quando sabemos o início casual (i) e o intervalo de<br />
amplitude (k) fica muito fácil selecionar a amostra! O primeiro número<br />
é o início casual; depois é só somar o intervalo casual (k) para<br />
determinar a amostra.<br />
Vamos ver outro exemplo:<br />
São várias as causas da insônia, dentre elas o estresse mental. Vamos supor<br />
que queiramos identificar as principais causas desse mal entre os homens<br />
que trabalham em uma clínica. Esta população é composta por 24 pessoas<br />
(N = 24), em que cada indivíduo é numerado de 1 a 24. Observe que o tamanho<br />
da população é pequeno. Nesse caso, o ideal seria realizar o estudo<br />
com toda a população. Mas, para ilustrar a técnica, vamos considerar uma<br />
amostra de seis indivíduos (n = 6). Como no exemplo anterior, não podemos<br />
fazer inferências sobre o evento na população com base nos resultados obtidos<br />
em uma amostra tão pequena. Escolhemos o valor 6 porque o resultado<br />
da divisão do tamanho da população pelo tamanho da amostra (N/n) tem<br />
que ser um número inteiro. Esse número inteiro (k) é que indicará o próximo<br />
elemento a ser selecionado. Por exemplo, não dá para escolher um indivíduo<br />
a cada 4,5 indivíduos. Então:<br />
N 24<br />
k = Þ k = = 4.<br />
n 6<br />
Aula 3 | Amostragem - Parte 2 55<br />
e-Tec Brasil
Figura 3.5: O estresse mental é um fator que determina a ocorrência de insônia nos<br />
indivíduos.<br />
O início casual (i) da amostra deverá ser sorteado entre 1 a 4. Isso porque ele<br />
é determinado entre o primeiro elemento da amostra e o valor do intervalo<br />
k, que, nesse exemplo, é igual a 4. Vamos supor que i = 3. Teremos:<br />
i = 3 i + 3k = 3 + 3 x 4 = 15<br />
i + k = 3 + 4 = 7 i + 4k = 3 + 4 x 4 = 19<br />
i + 2k = 3 + 2 x 4 = 11 i + 5k = 3 + 5 x 4 = 23.<br />
Nossa amostra será formada pelos indivíduos de número: 3; 7; 11; 15; 19 e<br />
23. Note que a cada número selecionado é somado o valor do intervalo para<br />
se obter o próximo número. Se i fosse =1 teríamos uma amostra diferente<br />
(1; 5; 9; 13; 17; 21). Esses valores foram obtidos a partir das equações acima.<br />
Substituímos o valor 3 por 1 e fazemos as contas.<br />
Da mesma forma, i = 2 e i = 4 geram diferentes amostras. Determine essas<br />
amostras. Anote o resultado no espaço a seguir.<br />
Fotocromo<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1065252<br />
e-Tec Brasil 56<br />
Gerência de Saúde
Se você encontrou amostras formadas pelos elementos a seguir, acertou!<br />
i = 2 (2; 6; 10; 14; 18; 22)<br />
i = 4 (4; 8; 12; 16; 20; 24)<br />
Atividade 2<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
Imagine que no hospital que você trabalha haja oito pacientes diagnosticados<br />
com depressão bipolar e que você queira acompanhar o comportamento<br />
desses pacientes durante os períodos de crise. Embora essa população<br />
seja bem pequena, para facilitar o seu trabalho de acompanhamento<br />
você selecionará duas amostras com quatro indivíduos cada (pela técnica de<br />
amostragem sistemática). O primeiro passo é numerar cada indivíduo: 1, 2,<br />
3, 4, 5, 6, 7 e 8. Depois, determinar o início casual para cada amostra. Como<br />
ficou a composição de cada amostra?<br />
D - Amostragem por conglomerados<br />
Esse tipo de amostragem é utilizado quando é possível dividir a população<br />
em subpopulações ou conglomerados heterogêneos, representativos da população<br />
total. Essa técnica é bastante aplicada quando a área a ser pesquisada<br />
pode ser dividida em bairros, quarteirões e domicílios, sendo que algumas<br />
dessas unidades são sorteadas aleatoriamente.<br />
A técnica pode ser decomposta em dois estágios: no primeiro, é feita a seleção<br />
aleatória dos conglomerados; no segundo, é feita a seleção aleatória dos<br />
elementos de cada conglomerado (amostragem casual simples).<br />
Aula 3 | Amostragem - Parte 2 57<br />
e-Tec Brasil
Fonte: http://www.blumenau.sc.gov.br/downloads/seplan/Mapas/<br />
MAPA_DE_BAIRROS_marco_2006.jpg<br />
Figura 3.6: Mapa Urbano de Blumenau com as divisões dos bairros.<br />
Exemplo:<br />
Um pesquisador quer identificar os principais fatores causadores dos danos<br />
na coluna entre as mulheres da cidade de Blumenau. Ele pode sortear alguns<br />
bairros da cidade e fazer o seu estudo selecionando aleatoriamente algumas<br />
moradoras desses bairros na composição da amostra.<br />
Atividade 3<br />
Atende aos Objetivos 1 e 3<br />
Suponha que na sua cidade serão implementadas algumas políticas públicas<br />
na área da saúde. Como técnico em gerência de saúde você foi solicitado a<br />
identificar se há alguma relação entre o nível socioeconômico da população<br />
e a probabilidade de contração de algumas doenças. Essa informação é mui-<br />
e-Tec Brasil 58<br />
Gerência de Saúde
to importante para a tomada de decisão sobre quais medidas serão adotadas.<br />
Como os custos para entrevistar toda a população são muito grandes,<br />
você deverá selecionar uma amostra. Questões: Você deve usar a técnica de<br />
amostragem aleatória ou a não aleatória? Qual o tipo de amostragem mais<br />
adequado? Explique sua resposta.<br />
Conclusão<br />
Nessa aula, estudamos as técnicas de amostragem existentes e os tipos de<br />
amostragem probabilística mais utilizados. Basicamente, a totalidade dos estudos<br />
se inicia a partir da seleção de amostras. Daí a importância de conhecer<br />
os diferentes tipos de amostragem e saber definir qual o mais adequado<br />
à proposta da pesquisa a ser realizada.<br />
Resumo<br />
• Na amostragem não probabilística os elementos da amostra são selecionados<br />
de forma não aleatória. Não podemos fazer inferências sobre a<br />
população com base nos resultados amostrais quando usamos esse tipo<br />
de amostragem.<br />
• A amostragem probabilística ou aleatória é composta por elementos que<br />
são retirados aleatoriamente da população. Esse tipo de amostragem<br />
permite que sejam feitas inferências sobre a população a partir dos resultados<br />
obtidos na amostra.<br />
• Entre os tipos de amostragem probabilística ou aleatória destacam-se: a<br />
amostragem casual simples, a amostragem estratificada, a amostragem<br />
sistemática e a amostragem por conglomerados.<br />
• Na amostragem casual simples cada elemento da população tem a mesma<br />
probabilidade de ser selecionado para compor a amostra.<br />
Aula 3 | Amostragem - Parte 2 59<br />
e-Tec Brasil
• Na amostragem estratificada a população é subdividida em estratos, por<br />
meio de informações específicas (Exs.: sexo, idade, nível socioeconômico<br />
etc.). Após essa divisão, são selecionadas amostras aleatórias simples<br />
dentro de cada estrato, formando-se uma única amostra a partir das<br />
amostras de cada estrato ou subgrupo.<br />
• A amostragem sistemática é composta por elementos que são selecionados<br />
a partir de uma regra estabelecida.<br />
• Na amostragem por conglomerados a área a ser pesquisada é dividida<br />
em bairros, quarteirões e domicílios. Algumas dessas unidades são sorteadas<br />
aleatoriamente para compor a amostra, e posteriormente é feita<br />
a seleção aleatória dos indivíduos das unidades selecionadas para a realização<br />
da pesquisa.<br />
Respostas das atividades<br />
´ ´ ´<br />
Atividade 1<br />
2<br />
200 0,5 0,5 (1,96) 192,08<br />
2 2<br />
5´ 0,5 ´ (1,96) + (200 - 1) ´ (0,05) 1,4579<br />
´ ˆ´ ˆ´ ´ ´ ´<br />
n = = = = 131,75<br />
2 2<br />
N p q (Z) 200 0,5 0,5 (1,96) 192,08<br />
2 2 2 2<br />
pˆ´ q ˆ´ (Z) + (N - 1) ´ E 0,5´ 0,5 ´ (1,96) + (200 - 1) ´ (0,05) 1,4579<br />
= = 131,75<br />
A amostra terá 132 idosas. Antes de selecionar a amostra, é preciso numerar<br />
o nome das 200 idosas. A seleção pode ser feita por sorteio ou por meio de<br />
uma tabela com números aleatórios. No caso da tabela de números aleatórios,<br />
serão pesquisados números aleatórios de três dígitos, pois a numeração<br />
das idosas varia de 01 a 200. Pode ser escolhida uma linha ou uma coluna<br />
para a seleção do primeiro número. As idosas relacionadas aos números selecionados<br />
comporão a amostra.<br />
Atividade 2<br />
Após numerar os elementos, devemos calcular k.<br />
N 8<br />
k= Þ k= = 2<br />
n 4<br />
Em seguida, temos que definir o início casual (i), para selecionar o primeiro<br />
elemento da amostra. Lembre-se de que i é um valor entre 1 e k. Nesse caso,<br />
e-Tec Brasil 60<br />
Gerência de Saúde
entre 1 e 2. Assim, o primeiro elemento a ser selecionado é 1 ou 2.<br />
Se i = 1, a amostra será formada da seguinte forma:<br />
i = 1 i + k = 1 + 2 = 3 i + 2k = 1 + 2 x 2 = 5 i + 3k = 1 + 3 x 2 = 7<br />
Teremos a primeira amostra formada pelos elementos de número 1, 3, 5 e 7.<br />
Se i=2, a amostra será formada da seguinte forma:<br />
i = 2 i + k = 2 + 2 = 4 i + 2k = 2 + 2 x 2 = 6 i + 3k = 2 + 3 x 2 = 8<br />
Teremos a segunda amostra formada pelos elementos de número 2, 4, 6 e 8.<br />
Atividade 3<br />
Para a realização desse trabalho, você deve utilizar a técnica de amostragem<br />
aleatória. Essa técnica permite que sejam feitas inferências sobre a população<br />
a partir dos resultados obtidos com base na amostra. Assim, os formuladores<br />
de políticas públicas terão em mãos informações mais precisas para a tomada<br />
de decisão. É mais adequado utilizar a amostragem por conglomerados.<br />
De acordo com esse tipo de amostragem, a área da cidade pode ser dividida<br />
em bairros, quarteirões e domicílios. Selecionam-se algumas dessas unidades<br />
aleatoriamente e, depois, algumas pessoas desses conglomerados, também<br />
aleatoriamente. Aplicando-se esse tipo de amostragem, há uma redução nos<br />
custos. E, pelo fato dos conglomerados serem heterogêneos, a amostra será<br />
bem representativa da população.<br />
Referências bibliográficas<br />
BERQUÓ, E. S., SOUZA, J. M. P., GOTLIEB, S. L. D. Bioestatística. São Paulo: E.P.U., 1981.<br />
350p.<br />
LAPPONI, J. C. Estatística usando Excel 5 e 7. São Paulo: Lapponi Treinamento e Editora,<br />
1997. 420p.<br />
NILZA, N. S. Amostragem probabilística. 2. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo,<br />
2004. 120p.<br />
VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1980. 196p.<br />
Aula 3 | Amostragem - Parte 2 61<br />
e-Tec Brasil
Aula 4 | Organização e apresentação de<br />
dados em gráficos e tabelas<br />
Meta da aula<br />
• Apresentar como os dados estatísticos podem ser organizados<br />
e dispostos em tabelas e gráficos, de acordo com as normas e<br />
os tipos de dados.<br />
Objetivos da aula<br />
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:<br />
1. calcular a frequência de uma variável;<br />
2. elaborar tabelas de acordo com as normas estabelecidas;<br />
3. construir gráficos adequados ao tipo de dados da amostra.<br />
Pré-requisitos<br />
Para que você tenha um bom aproveitamento desta aula, é importante<br />
que você reveja o conceito de tipos de dados, assunto<br />
da Aula 1, e o que são amostragem e técnicas de amostragem,<br />
assuntos das Aulas 2 e 3.<br />
Dados amostrais: por que precisamos<br />
organizá-los?<br />
Na Aula 3, vimos como realizar o processo de coleta de dados através das<br />
técnicas de amostragem. Vamos supor a seguinte situação: você aplicou<br />
a técnica de amostragem aleatória simples e coletou alguns dados (idade,<br />
sexo, escolaridade, antecedentes clínicos) sobre algumas pessoas infectadas<br />
pelo vírus da gripe Influenza A (H1N1). Você pode estar se perguntando: e<br />
agora, o que faço com essas informações? Após a coleta dos dados, o passo<br />
seguinte é a sua organização.<br />
Aula 4 | Organização e apresentação de dados em gráficos e tabelas 63<br />
e-Tec Brasil
Guillermo Ossa<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1182265<br />
Figura 4.1: As férias escolares de julho de 2009 foram prolongadas para evitar a disseminação<br />
da gripe A (H1N1).<br />
Uma vez que os dados estão organizados em tabelas e/ou gráficos fica mais<br />
fácil analisá-los e interpretá-los. Assim, podemos verificar quais são as pessoas<br />
que estão sendo mais afetadas pela enfermidade e, que decisões importantes<br />
podem ser tomadas. No caso da Influenza A (H1N1), uma análise de<br />
dados como essa fez com que o governo decidisse que seria melhor adiar a<br />
volta às aulas nas escolas, para evitar a disseminação do vírus.<br />
Nesta aula, você vai aprender como organizar os dados coletados e como<br />
apresentá-los em gráficos e tabelas. Esses dois instrumentos facilitam a compreensão<br />
e a interpretação dos dados.<br />
Organização dos dados<br />
Organizar os dados é muito importante na realização de um estudo. A organização<br />
dos dados evidencia diversos aspectos do assunto ou fenômeno<br />
que está sendo estudado, permitindo tirar importantes conclusões sobre o<br />
assunto pesquisado.<br />
e-Tec Brasil 64<br />
Gerência de Saúde
Elvis Santana<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/571790<br />
Figura 4.2: A organização dos dados é fundamental para que o processo de análise e<br />
interpretação seja realizado com sucesso.<br />
Na etapa de organização dos dados, alguns conceitos são importantes,<br />
como:<br />
• dados brutos;<br />
• rol;<br />
• frequência;<br />
• frequência relativa.<br />
Vejamos o significado de cada um desses termos:<br />
Dados brutos: são dados que não tiveram qualquer tratamento, ou seja,<br />
não foram organizados após a coleta. Esses dados praticamente não trazem<br />
informações sobre a variável que está sendo analisada.<br />
Aula 4 | Organização e apresentação de dados em gráficos e tabelas 65<br />
e-Tec Brasil
Rol: é a ordenação dos dados coletados na amostra, em ordem crescente ou<br />
decrescente.<br />
Ilker<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1024819<br />
Figura 4.3: Devemos fazer um rol para organizar os dados, ou seja, ordená-los em<br />
ordem crescente ou decrescente.<br />
Frequência: após a ordenação dos dados, calcula-se a sua frequência.<br />
A frequência é o total de vezes que um acontecimento se repete. Ela pode<br />
ser chamada de simples ou absoluta. Em matemática, esse tipo de frequência<br />
é representado pela sigla f i<br />
.O subscrito i indica cada observação individual.<br />
Frequência relativa: a frequência relativa é obtida dividindo-se a frequência<br />
simples ou absoluta de cada acontecimento pelo número total dos acontecimentos.<br />
Em matemática, sua sigla é fr i<br />
.<br />
Como a frequência relativa é uma medida bastante utilizada nos estudos, veremos<br />
em um exemplo como calculá-la. A seguir, temos o total de pacientes<br />
com diabetes no estado de Minas Gerais, organizados segundo o sexo, no<br />
primeiro semestre de 2009.<br />
e-Tec Brasil 66<br />
Gerência de Saúde
Tabela 4.1: Pacientes com diabetes em Minas Gerais, segundo o sexo, no<br />
período de janeiro a junho de 2009<br />
Sexo Frequência absoluta Frequência relativa Frequência relativa (%)<br />
Masculino 2.878 2.878/7.848= 0,3667 36,67<br />
Feminino 4.970 4.970/7.848=0,6333 63,33<br />
Total 7.848 1,0 100%<br />
Fonte: http://hiperdia.datasus.gov.br/<br />
A frequência relativa em porcentagem (%) é obtida multiplicandose<br />
a frequência relativa por 100.<br />
No exemplo, a frequência absoluta está sendo representada pelo número<br />
de pessoas. Ela está mostrando o número de pessoas que têm diabetes no<br />
estado de Minas Gerais, no primeiro semestre de 2009, e a divisão dessas<br />
pessoas de acordo com o sexo.<br />
Em termos conceituais, vimos que a frequência relativa é a frequência absoluta<br />
de cada acontecimento dividida pelo total dos acontecimentos. Nesse<br />
caso, o acontecimento pode ser considerado como o fato de ser do sexo<br />
masculino ou feminino. Na tabela, a frequência relativa é obtida dividindo<br />
o total de pessoas com diabetes de cada sexo pela população total com a<br />
doença. Vamos ver esses cálculos?<br />
fr<br />
M<br />
pessoas com diabetes, sexo masculino<br />
=<br />
população total com diabetes<br />
fr M<br />
= 2.878 0,3667<br />
7.848 =<br />
fr F<br />
=<br />
pessoas com diabetes, sexo feminino<br />
população total com diabetes<br />
fr F<br />
= 4.970 0,6333<br />
7.848 =<br />
Após calcular a frequência relativa, fica mais fácil interpretar os resultados<br />
se essa frequência for expressa em percentuais. Veja a última coluna da<br />
tabela.<br />
Aula 4 | Organização e apresentação de dados em gráficos e tabelas 67<br />
e-Tec Brasil
Glossário<br />
De acordo com os resultados da coluna, quase 37% dos pacientes com<br />
diabetes em Minas Gerais, no primeiro semestre de 2009, eram homens.<br />
A maioria das pessoas com diabetes era composta de mulheres (cerca de<br />
63%). Como chegar a esses percentuais? Muito simples. Basta multiplicar o<br />
resultado da frequência relativa por 100.<br />
Softwares estatísticos<br />
Programas de computador<br />
que permitem<br />
operacionalizar dados<br />
estatísticos.<br />
Atualmente, os softwares estatísticos têm uma ferramenta para o cálculo<br />
da frequência dos acontecimentos referentes a uma variável, e isso facilita<br />
muito a nossa vida. Os resultados são apresentados em tabelas de frequência.<br />
Nosso próximo passo é verificar como elaborar tabelas e gráficos e como<br />
apresentar neles as frequências calculadas.<br />
Atividade 1<br />
Atende ao Objetivo 1<br />
No primeiro trimestre de 2009, o município de Joinville registrou o total de<br />
óbitos listados a seguir, distribuídos segundo o sexo. Com base nesses dados,<br />
calcule as frequências relativas (em %), para cada coluna, e complete<br />
a tabela.<br />
Total de óbitos em Joinville, segundo o sexo, de janeiro a março de 2009<br />
mês sexo freq. relativa freq. relativa (%)<br />
masc. fem. masc. fem. masc. fem.<br />
Janeiro 151 105<br />
Fevereiro 119 89<br />
Março 157 116<br />
Total 427 310 1,0 1,0 100 100<br />
Fonte: Central Funerária/Jlle.<br />
e-Tec Brasil 68<br />
Gerência de Saúde
Apresentação dos dados em tabelas<br />
Nas tabelas, os dados são dispostos em colunas verticais e em linhas horizontais.<br />
Elas contêm elementos essenciais e complementares.<br />
Os elementos essenciais são:<br />
• título;<br />
• cabeçalho;<br />
• coluna indicadora;<br />
• corpo.<br />
Os elementos complementares são:<br />
• fonte;<br />
• notas;<br />
• chamadas.<br />
Precisamos observar algumas normas técnicas de cada um destes elementos<br />
para fazer uma tabela. Vamos ver quais são?<br />
Elementos essenciais<br />
• Título: o título é colocado na parte superior da tabela. Ele deve ser pre-<br />
ciso, indicando a natureza do fato sob estudo, as variáveis analisadas, o<br />
local e o período relacionado ao fato.<br />
Kriss Szkurlatowski<br />
Lembre-se de que para não esquecer<br />
qualquer informação do título, você<br />
deve fazer as seguintes perguntas: O<br />
quê? Onde? Quando?<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1102204<br />
Aula 4 | Organização e apresentação de dados em gráficos e tabelas 69<br />
e-Tec Brasil
• Cabeçalho: no cabeçalho é especificada a natureza do conteúdo de cada<br />
coluna. Ele fica logo abaixo do título, centralizado na coluna.<br />
• Coluna indicadora: divisão da tabela em sentido vertical. Especifica a natureza<br />
do conteúdo de cada linha.<br />
• Corpo: conjunto de linhas e colunas com os dados.<br />
Glossário<br />
Rodapé<br />
Espaço na parte inferior<br />
da tabela que é utilizado<br />
para colocar informações<br />
relacionadas aos dados.<br />
Elementos complementares<br />
• Fonte: indicativo da instituição, pesquisador ou pesquisadores responsá-<br />
veis pela publicação ou fornecimento dos dados. Ela deve ficar no rodapé<br />
da tabela e ter o tamanho da letra inferior ao tamanho da letra do texto.<br />
Serve como indicativo para consultas posteriores.<br />
• Notas: utilizadas para algum esclarecimento sobre as informações que<br />
constam na tabela. São colocadas no rodapé da tabela, logo após a fonte.<br />
São numeradas ou expressas por meio de símbolos gráficos (ex.: asterisco<br />
*).<br />
• Chamadas: utilizadas para esclarecer detalhes sobre as colunas ou linhas.<br />
Geralmente são numeradas em algarismos arábicos. Enquanto as notas<br />
têm caráter geral, ou seja, referem-se à tabela toda, as chamadas têm<br />
caráter específico, pois elas se referem a um item específico da tabela.<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/997219<br />
Sigurd Decroo<br />
As tabelas devem ser abertas nas<br />
laterais, sendo fechadas por linhas<br />
horizontais nas partes superior e<br />
inferior. Elas devem ser simples e<br />
auto-explicativas, ou seja, ao olhar<br />
uma tabela você deve ser capaz de<br />
entender toda informação sem ler<br />
o texto.<br />
e-Tec Brasil 70<br />
Gerência de Saúde
Vamos agora localizar todos esses elementos?<br />
Veja a seguir, em uma tabela, os elementos essenciais e complementares que<br />
foram apresentados:<br />
Tabela 4.2: Nascidos vivos por ano de nascimento, Brasil, 2005-2007*.<br />
Ano do registro<br />
Frequência<br />
2005 20.066<br />
2006 29.863<br />
2007 51.599 (1)<br />
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estatísticas do Registro Civil 2007.<br />
Nota: (*) Exclusive ignorado.<br />
(1) Valor aproximado.<br />
Na tabela, verifica-se que o título “Nascidos vivos por ano de nascimento,<br />
Brasil, 2005-2007” responde às perguntas o quê, onde e quando.<br />
O cabeçalho é constituído pelas palavras:<br />
Ano do registro Frequência<br />
A coluna indicadora é constituída pelos números:<br />
2005<br />
2006<br />
2007<br />
O corpo da tabela é composto pelos valores:<br />
20.066<br />
29.863<br />
51.599<br />
Note que a coluna indicadora faz parte do corpo da tabela. Ela é um espaço<br />
vertical, localizado na parte esquerda da tabela, que indica o conteúdo das<br />
linhas. A separação foi feita para mostrar melhor a sua função.<br />
Finalmente, temos os elementos complementares. A Fonte: IBGE, Diretoria<br />
de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estatísticas<br />
do Registro Civil 2007 indica a Instituição onde os dados foram coletados.<br />
Aula 4 | Organização e apresentação de dados em gráficos e tabelas 71<br />
e-Tec Brasil
A nota (1) Exclusive ignorado está representada pelo asterisco (*). Ela está<br />
esclarecendo que a frequência de nascidos vivos para todos os anos (2005 a<br />
2007) exclui os casos ignorados, ou seja, casos sem informação.<br />
A chamada está numerada (1). Ela está indicando que o total de nascimentos<br />
para 2007 é um valor aproximado, isso é, não corresponde ao valor real.<br />
Glossário<br />
Estimativas populacionais<br />
Total suposto da população,<br />
sem realizar sua contagem.<br />
Para calcular a estimativa,<br />
o IBGE utiliza o tamanho<br />
da população em anos<br />
anteriores, além de dados<br />
sobre nascimentos, mortes<br />
e migração.<br />
Após apresentar mais claramente esses elementos, é importante fazer mais<br />
uma observação. Atualmente, utilizamos muito a internet para consultar<br />
textos e dados. Você se lembra de que na primeira aula falamos que uma importante<br />
fonte de dados é o IBGE? Essa Instituição disponibilizou estimativas<br />
populacionais recentes para todos os municípios brasileiros no seu site. Vamos<br />
supor que no dia 27 de agosto de 2009 acessamos o site e coletamos<br />
dados sobre o total da população nos municípios de Minas Gerais. Depois,<br />
elaboramos uma tabela com os valores coletados. Vamos ver como fazer a<br />
citação da fonte da tabela?<br />
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estimativas das<br />
populações residentes, em 1º de julho de 2009. Disponível em: http://www.<br />
ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2009/POP2009_DOU.pdf.<br />
Acesso em: 27 ago. 2009.<br />
Além do nome da instituição, veja que na fonte deve constar o título, o endereço<br />
eletrônico e a data de acesso ao site.<br />
Jeff Williamson<br />
Note que quando um texto tem mais de uma tabela,<br />
elas são numeradas de forma sequencial.<br />
Fonte: www.sxc.hu/<br />
photo/693029<br />
e-Tec Brasil 72<br />
Gerência de Saúde
Atividade 2<br />
Atende aos Objetivos 1 e 2<br />
Veja essa reportagem: “(...) Entre maio de 2007 e maio de 2008, a frota registrada<br />
em Bauru aumentou 8%. Subiu de 157.099 para 170.791 veículos,<br />
com destaque para as motocicletas. E é exatamente o veículo de duas rodas<br />
o que mais causa morte no trânsito da cidade. Das 11 pessoas que perderam<br />
a vida em acidentes neste ano, seis eram motociclistas. Três eram pedestres<br />
e duas ciclistas”.<br />
Fonte: Souza, Marcelo. Jornal da cidade de Bauru. Acidente com vítima grave<br />
sobre 39%. Disponível em: http://abrambrasil.org.br/not_08.06.07_acidente.html.<br />
Acesso em: 27 ago. 2009.<br />
A partir dos dados sublinhados, construa uma tabela usando os elementos<br />
essenciais e complementares que aprendeu. Apresente também a frequência<br />
absoluta, a frequência relativa e a frequência relativa em porcentagem.<br />
Apresentação de dados em gráficos<br />
Como no caso das tabelas, existem normas também para a construção de<br />
gráficos. Eles devem ter:<br />
• título;<br />
• escala;<br />
• fonte.<br />
O título pode estar acima ou abaixo do gráfico e também deve responder<br />
às questões: O quê? Onde? Quando? A escala é um método de ordenar<br />
grandezas permitindo comparar seus valores. Grandeza é tudo aquilo que<br />
Aula 4 | Organização e apresentação de dados em gráficos e tabelas 73<br />
e-Tec Brasil
pode ser contado, medido ou relacionado (ex.: altura, peso, tempo etc.).<br />
Ela deve ser crescente, da esquerda para a direita. A fonte deve estar logo<br />
abaixo do gráfico.<br />
Ilker<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1198416<br />
Figura 4.4: Os gráficos nos ajudam a organizar os dados. Todo gráfico deve ter título,<br />
escala e fonte.<br />
Os principais tipos de gráficos são:<br />
• histograma;<br />
• em barras ou em colunas;<br />
• em linhas;<br />
• em setores.<br />
Glossário<br />
Distribuição<br />
de frequências<br />
Método de agrupamento<br />
dos dados em intervalos de<br />
classes, com o objetivo de<br />
fornecer a quantidade e/ou<br />
a porcentagem de dados em<br />
cada intervalo. Os intervalos<br />
de classe são intervalos de<br />
variação dos valores de uma<br />
variável.<br />
Não vamos ensiná-lo como construir cada tipo de gráfico, pois atualmente<br />
os diversos softwares (ex.: Excel, SPSS) têm ferramentas disponíveis para essa<br />
construção. No entanto, serão dadas dicas sobre qual gráfico é mais indicado<br />
para certos tipos de dados.<br />
Histograma<br />
O histograma é mais utilizado para a representação dos dados que são apresentados<br />
em tabelas de distribuição de frequências. É formado por um conjunto<br />
de retângulos paralelos, em que a base representa o intervalo de classe,<br />
e a altura de cada retângulo corresponde à frequência.<br />
e-Tec Brasil 74<br />
Gerência de Saúde
Gráfico 4.1: Valor mensal gasto com medicamentos,<br />
famílias do bairro de Santa Mônica, 2008<br />
140000<br />
120000<br />
10000<br />
8000<br />
6000<br />
4000<br />
2000<br />
0<br />
Fonte: crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.asp?...<br />
360<br />
340<br />
320<br />
300<br />
280<br />
260<br />
240<br />
220<br />
200<br />
180<br />
160<br />
140<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
No histograma, o eixo Y (cujos valores variam de 0 a 140.000) corresponde à<br />
frequência relacionada aos gastos com medicamentos das famílias do bairro<br />
de Santa Mônica, em 2008. O eixo X mostra a distribuição dos gastos, que<br />
variaram entre R$ 20,00 e R$ 360,00 no mês. É como se uma tabela de frequência<br />
fosse representada graficamente, sendo que as famílias foram agrupadas<br />
de acordo com os gastos com medicamentos. Dá para perceber que a<br />
maior parte das famílias gastou em torno de 180 a 220 reais por mês.<br />
Gráfico em barras (ou em colunas)<br />
O gráfico em barras (ou em colunas) possibilita uma comparação rápida dos<br />
valores apresentados, sendo bastante apropriado para dados discretos ou<br />
que consistem em contagens (ex.: total de pessoas com uma determinada<br />
doença).<br />
Aula 4 | Organização e apresentação de dados em gráficos e tabelas 75<br />
e-Tec Brasil
Gráfico 4.2: Número de portadores de Diabetes<br />
mellitus, estimativa por sexo e faixa etária, Brasil<br />
Vigitel 2007<br />
2500.000<br />
2.000.000<br />
1.500.000<br />
1.000.000<br />
500.000<br />
0<br />
geral<br />
masculino<br />
feminino<br />
18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65 e +<br />
125.260 544.535 751.432 1.542.531 1.981.274 2.345.716<br />
50.366 189.919 338.594 854.605 890.805 969.094<br />
74.764 340.302 414.499 698.613 1.088.848 1.371.297<br />
Fonte: Brasil Vigitel, Ministério da Saúde<br />
Gráfico em linhas<br />
Este tipo de gráfico é indicado para dados de séries temporais, ou seja, um<br />
conjunto de dados para uma determinada variável, ao longo do tempo.<br />
Gráfico 4.3: Hanseníase – Taxas anuais<br />
de detecção e prevalência. Brasil, 1986 a 1999<br />
20<br />
Coeficiente/10.000 hab.<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
Prevalência<br />
Detecção<br />
86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99<br />
17, 17 18 18, 18, 17, 15, 13 10, 8,8 6,7 5,5 4,8 5,07<br />
1,3 1,4 1,8 1,8 1,8 2,0 2,3 2,1 2,1 2,3 2,5 2,7 2,6 2,51<br />
Fonte: www.campinas.sp.gov.br/saude/doencas/hansenia<br />
Gráfico em setores (em pizza)<br />
Esse tipo de gráfico é muito utilizado para representar a contagem do total<br />
de ocorrências dos valores de uma variável qualitativa. Ele é construído a<br />
partir de um círculo de 360 graus, que é dividido em setores com áreas proporcionais<br />
às frequências das categorias da variável.<br />
e-Tec Brasil 76<br />
Gerência de Saúde
Gráfico 4.4: Percentual dos trabalhadores de Visa<br />
(Vigilância Sanitária), segundo a esfera do vínculo<br />
de contrato de trabalho, Brasil, 2004<br />
59%<br />
6% 1%1% 16%<br />
17%<br />
Federal<br />
Estadual<br />
Municipal<br />
Outros<br />
Mais de um tipol<br />
Sem info<br />
Fonte: Censo Nacional dos Trabalhadores de igilância V Sanitária, Anvisa, 2004<br />
Fonte: www.anvisa.gov.br/.../composicao_quadro.htm<br />
Verificamos que o gráfico mostra a participação de cada área em relação às<br />
demais áreas. Cada uma das áreas se destaca em relação ao conjunto de<br />
todos os valores da variável analisada.<br />
Atividade 3<br />
Atende ao Objetivo 3<br />
Para a tabela abaixo, determine o gráfico mais indicado:<br />
a)<br />
Barras<br />
b)<br />
Histograma<br />
c)<br />
Linhas<br />
Total de ouvintes, segundo a preferência por programa de rádio, cidade<br />
X, 2008<br />
Preferência por programa de rádio<br />
Número de ouvintes<br />
Fonte: Dados fictícios.<br />
Noticiário 15<br />
Esportivo 25<br />
Musical 30<br />
Outros 05<br />
Aula 4 | Organização e apresentação de dados em gráficos e tabelas 77<br />
e-Tec Brasil
Conclusão<br />
Esta aula nos mostrou como organizar e apresentar os dados amostrais em<br />
tabelas e gráficos. Vimos ainda qual o tipo de gráfico mais adequado aos<br />
dados coletados. São questões importantes, pois a escolha adequada de<br />
um gráfico e a elaboração correta de uma tabela nos permitem uma melhor<br />
compreensão dos resultados obtidos no estudo.<br />
Resumo<br />
• Os dados coletados em uma amostra podem ser organizados e dispostos<br />
por meio de tabelas e/ou gráficos.<br />
• Na organização dos dados, alguns conceitos são importantes: dados brutos,<br />
rol, frequência, frequência relativa.<br />
• Os dados brutos são dados que não foram submetidos a tratamento. O<br />
rol é a ordenação dos dados em ordem crescente ou decrescente. A frequência<br />
(simples ou absoluta) é o total de vezes que um acontecimento<br />
se repete. A frequência relativa é obtida dividindo-se a frequência simples<br />
ou absoluta de cada acontecimento pelo número total dos acontecimentos.<br />
• Ao apresentar os dados em tabelas, algumas normas devem ser observadas.<br />
Elas devem ser abertas nas laterais e precisam conter alguns elementos<br />
essenciais e complementares.<br />
• Os elementos essenciais são o título, o cabeçalho, o corpo e a coluna<br />
indicadora.<br />
• O título deve indicar a natureza do fato sob estudo, as variáveis analisadas,<br />
o local e o período relacionados ao fato. No cabeçalho é feita a especificação<br />
da natureza do conteúdo de cada coluna. A coluna indicadora<br />
especifica a natureza do conteúdo de cada linha. O corpo corresponde<br />
ao conjunto de linhas e colunas com os dados.<br />
• Os elementos complementares da tabela são a fonte, as notas e as chamadas.<br />
Esses elementos devem ficar no rodapé da tabela, na sequência<br />
apresentada.<br />
e-Tec Brasil 78<br />
Gerência de Saúde
• A fonte dá o indicativo da instituição, pesquisador ou pesquisadores responsáveis<br />
pela publicação ou fornecimento dos dados. As notas são utilizadas<br />
para algum esclarecimento sobre as informações que constam<br />
na tabela. As chamadas são utilizadas para oferecer detalhes sobre as<br />
colunas ou linhas.<br />
• Como no caso das tabelas, existem normas também para a construção<br />
de gráficos. Eles devem ter título completo e escala. O título pode estar<br />
acima ou abaixo do gráfico. As escalas devem ser crescentes. Abaixo do<br />
gráfico, deve constar a fonte dos dados.<br />
• Os gráficos mais utilizados são o histograma, o gráfico em barras (ou em<br />
colunas), o gráfico em linhas e o gráfico em setores.<br />
• O histograma é mais indicado para dados que são apresentados em tabelas<br />
de distribuição de frequências. O gráfico em barras (ou em colunas) é<br />
apropriado para dados que consistem em contagens. O gráfico em linhas<br />
é indicado para dados de séries temporais. O gráfico em setores é muito<br />
utilizado para representar a contagem do total de ocorrências dos valores<br />
de uma variável qualitativa.<br />
Informação sobre a próxima aula<br />
Na próxima aula, estudaremos alguns indicadores de saúde. Até lá!<br />
Respostas das atividades<br />
Atividade 1<br />
Total de óbitos em Joinville, segundo o sexo, de janeiro a março de 2009<br />
mês sexo freq.relativa freq.relativa (%)<br />
masc. fem. masc. fem. masc. fem.<br />
Janeiro 151 105 0,3536 0,3387 35,36 33,87<br />
Fevereiro 119 89 0,2787 0,2871 27,87 28,71<br />
Março 157 116 0,3677 0,3742 36,77 37,42<br />
Total 427 310 1,0 1,0 100 100<br />
Fonte: Central Funerária/Jlle.<br />
Aula 4 | Organização e apresentação de dados em gráficos e tabelas 79<br />
e-Tec Brasil
Atividade 2<br />
Frequência de mortes no trânsito, segundo o tipo de vítima, Bauru 2008.<br />
Tipo de vítima freqüência Absoluta freqüência relativa frequência relativa (%)<br />
Motociclista 6 0,5455 54,55<br />
Ciclista 2 0,1818 18,18<br />
Pedestre 3 0,2727 27,27<br />
Total 11 1,0 100,00<br />
Fonte: http://abrambrasil.org.br/not_08.06.07_acidente.html<br />
Atividade 3<br />
barras (dados para uma variável qualitativa, que consistem em contaa)<br />
gens).<br />
Veja como fica o gráfico.<br />
Total de ouvintes, segundo a preferência por programa<br />
de rádio, cidade X, 2008<br />
Outros<br />
Musical<br />
Esportivo<br />
Noticiário<br />
0 5 10 15 20 25 30 35<br />
Fonte: Elaboração própria com base em pesquisa realizada.<br />
Fonte: Elaboração própria com base em pesquisa realizada.<br />
e-Tec Brasil 80<br />
Gerência de Saúde
Referências bibliográficas<br />
ARANGO, H.G. Bioestatística teórica e computacional. Rio de Janeiro: Guanabara, 2001.<br />
235p.<br />
BERQUÓ, E. S., SOUZA, J. M. P., GOTLIEB, S.L.D. Bioestatística. São Paulo: E.P.U, 1981.<br />
350p.<br />
SOARES, J. F.; FARIAS, A. A. ; CESAR, C. C. Introdução à Estatística. 2. ed. Rio de Janeiro:<br />
LTC, 2003. 192p.<br />
SOUZA, M. Acidente com vítima grave sobe 39%. 2008. Disponível em Acesso em: 14 ago 2009.<br />
VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1980. 196p.<br />
Aula 4 | Organização e apresentação de dados em gráficos e tabelas 81<br />
e-Tec Brasil
Aula 5 | Indicadores de saúde<br />
Meta da aula<br />
• Apresentar alguns importantes indicadores de saúde e as formas<br />
de calculá-los e interpretá-los.<br />
Objetivos da aula<br />
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:<br />
1. calcular e interpretar indicadores relacionados à mortalidade;<br />
2. calcular e interpretar indicadores relacionados à morbidade;<br />
3. calcular e interpretar indicadores relacionados à cobertura de serviços<br />
de saúde;<br />
4. comparar indicadores de saúde entre regiões.<br />
Será que devemos nos preocupar?<br />
Vamos supor que você trabalhe em um posto de saúde em São Gabriel da Cachoeira,<br />
um pequeno município do Amazonas. Algumas pessoas de sua comunidade<br />
estão preocupadas porque há dez casos de malária confirmados. Você<br />
precisa analisar a situação, verificar se, de fato, esses casos são motivos para se<br />
preocupar. O que você diria, como Gerente de Saúde, se pedissem a sua<br />
opinião sobre essa questão? Anote sua resposta no espaço a seguir.<br />
Adam Ciesielski<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/264245<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 83<br />
e-Tec Brasil
Você pode ter respondido que há muitos ou poucos casos de pessoas com o<br />
vírus. E, dependendo da sua resposta, a comunidade poderá ficar tranquila<br />
ou preocupada com a situação. Mas como definir com precisão se os casos<br />
de vírus na comunidade são muitos ou poucos?<br />
Você sentiu falta de dados para responder à pergunta? Para uma correta<br />
avaliação da situação, você precisa de outros dados. Além de saber quantos<br />
são os casos de malária, é fundamental saber o tamanho da população da<br />
sua comunidade. Informações sobre como a doença afetou a comunidade<br />
em outros anos também são de extrema importância para que você possa<br />
fazer uma comparação. Há também outros dados que irão facilitar seu trabalho.<br />
Conhecendo os indicadores de saúde, você poderá tomar as providências<br />
necessárias.<br />
Nesta aula, você aprenderá a calcular e a analisar alguns importantes indicadores<br />
de saúde. O Técnico em Gerência de Saúde precisa utilizar estes<br />
indicadores para:<br />
• analisar a situação de saúde atual ou passada de uma população;<br />
• avaliar se houve avanços ou retrocessos nas condições de saúde;<br />
• fazer comparações entre os indicadores para determinadas regiões.<br />
Indicadores de saúde: O que são?<br />
Para que servem?<br />
Quando coletamos dados sobre saúde, como o número de casos de uma<br />
doença ou o número de óbitos na população, como analisar esses dados?<br />
Glossário<br />
Indicadores de saúde<br />
Medidas utilizadas para<br />
avaliar a situação de saúde<br />
e mortalidade de uma<br />
população. Esses indicadores<br />
fornecem subsídios para os<br />
formuladores de políticas<br />
públicas na área da saúde.<br />
Números absolutos na área da saúde, como o total de casos de doenças, de<br />
pessoas infectadas com um vírus ou de mortes não nos dão informações suficientes<br />
sobre a situação de saúde de uma população. É preciso transformar<br />
esses números em indicadores de saúde.<br />
Você já deve ter visto na televisão ou lido no jornal reportagens que abordem<br />
taxas de mortalidade infantil, de morbidade, de prevalência e de incidência.<br />
Estes são alguns exemplos de indicadores de saúde. Eles facilitam a nossa<br />
e-Tec Brasil 84<br />
Gerência de Saúde
vida! Esta é uma importante ferramenta que nos permite observar quais são<br />
os problemas na área de saúde e tomar as providências necessárias para<br />
minimizá-los. Os indicadores de saúde são expressos em taxas ou proporções<br />
e, desta forma, a comparação entre os dados se torna bem simples.<br />
Fonte: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/hanseniase/docs/Mapa_Taxa_de_prevalencia_PR2000_BRASIL.gif<br />
Figura 5.1: Casos e taxas de incidência de hanseníase, regiões brasileiras, 2000.<br />
Glossário<br />
Indicadores de saúde<br />
Em geral, os indicadores de saúde são elaborados por meio de números. Mas<br />
não por números absolutos, e sim por frequências relativas. Essas frequências<br />
relativas são expressas em forma de taxas ou proporções.<br />
Existem vários indicadores na área da saúde. Dada a grande quantidade desses<br />
índices, veremos apenas os que são mais utilizados:<br />
• indicadores de mortalidade:<br />
–– taxa de mortalidade infantil;<br />
–– taxa de mortalidade por causas;<br />
–– mortalidade proporcional por causas.<br />
Frequência relativa<br />
Corresponde à divisão do<br />
total de ocorrências de um<br />
acontecimento pelo total<br />
de ocorrências de todos os<br />
acontecimentos.<br />
Taxas<br />
Equivalem a uma medida de<br />
risco. Ou seja, expressam o<br />
risco de ocorrência de um<br />
evento. Elas são calculadas<br />
por meio de uma divisão. No<br />
numerador temos o total de<br />
ocorrências de um evento,<br />
e no denominador, todas as<br />
pessoas expostas ao risco<br />
desse evento.<br />
Proporções<br />
Mostram a relação entre<br />
o total de casos em um<br />
acontecimento e o total<br />
de casos de todos os<br />
acontecimentos. São<br />
calculadas por meio da<br />
divisão e são expressas<br />
em %.<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 85<br />
e-Tec Brasil
• indicadores de morbidade:<br />
––<br />
––<br />
––<br />
taxa de incidência;<br />
taxa de prevalência;<br />
proporção de casos existentes de uma doença.<br />
• indicadores de cobertura de serviços:<br />
––<br />
––<br />
proporção de consultas por especialidade;<br />
proporção de partos cesáreos.<br />
Alguns dos índices serão apresentados na forma de taxas e outros na forma<br />
de proporções.<br />
Indicadores de mortalidade<br />
Para entendermos os indicadores de mortalidade, antes precisamos conhecer<br />
bem dois conceitos:<br />
• mortalidade infantil: corresponde a todos os óbitos de crianças abaixo de<br />
um ano de idade.<br />
• mortalidade por causas: corresponde a todos os óbitos causados por determinada<br />
doença.<br />
Taxa de mortalidade infantil<br />
A taxa de mortalidade infantil é definida como o total de óbitos de crianças<br />
menores de um ano de idade, para cada mil crianças nascidas vivas, em um<br />
determinado ano e região. Como interpretar essa taxa? Ela corresponde ao<br />
risco de uma criança nascida viva morrer antes de completar um ano de<br />
idade.<br />
É um indicador que representa as condições gerais de vida ou saúde de<br />
uma população. Nas regiões menos desenvolvidas, esse indicador apresenta<br />
valores mais elevados (ex.: Região Nordeste do Brasil). Essa informação é<br />
importante, pois os formuladores de políticas públicas podem implementar<br />
medidas para reduzir a mortalidade infantil nessas regiões.<br />
e-Tec Brasil 86<br />
Gerência de Saúde
Você, como Técnico em Gerência de Saúde precisa saber calcular e analisar<br />
esse indicador. Vamos ver como se faz esse cálculo e análise?<br />
Taxa de mortalidade infantil =<br />
Óbitos de crianças com até 1 ano<br />
Nascidos vivos no ano<br />
x 1.000<br />
Aplicando a fórmula teremos, para cada mil nascidos vivos em um ano, o<br />
total de óbitos de menores de 1 ano de idade.<br />
Para ficar mais claro, vamos imaginar a seguinte situação: em uma pequena<br />
cidade do interior foi feito o registro de 450 nascimentos no ano passado.<br />
No mesmo ano, foram registrados óbitos de 9 crianças com menos de um<br />
ano de idade. Qual a taxa de mortalidade infantil nessa cidade, em 2008?<br />
Faça o cálculo!<br />
Confira a resposta:<br />
Óbitos de crianças com até 1 ano x 1.000<br />
Nascidos vivos no ano<br />
9<br />
Taxa de mortalidade infantil, na cidade, 2008 = 1.000 20<br />
450 x =<br />
Vamos analisar o resultado? Para cada mil crianças nascidas vivas na cidade,<br />
pode-se dizer que nove correm o risco de morrerem antes de completar um<br />
ano de idade. Veja bem: apesar de termos apenas 450 nascidos vivos, fazemos<br />
a análise considerando uma situação de 1.000 nascimentos. Devemos<br />
seguir a fórmula!<br />
Gráfico 5.1: Taxas de mortalidade infantil,<br />
estado de São Paulo, 1980-2007<br />
Casos em milhões<br />
10<br />
9<br />
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
Países desenvolvidos<br />
Países em desenvolvimento<br />
Novos casos<br />
2000<br />
Novos casos<br />
2020<br />
Óbitos 2000 Óbitos 2020<br />
Fonte: Programa Nacional de Controle de Cancêr 2002<br />
Fonte: crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.asp?...<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 87<br />
e-Tec Brasil
Como podemos observar no gráfico, tem sido significativa a redução da<br />
mortalidade infantil no estado de São Paulo, ao longo dos anos. Essa redução<br />
é decorrente de vários fatores, entre eles: a ampliação dos serviços de<br />
saúde (cobertura vacinal, pré-natal) e a melhoria das condições ambientais.<br />
Além disso, o aumento da escolaridade das mães, da utilização da terapia<br />
de reidratação oral e das taxas de aleitamento materno também colaborou<br />
para esta diminuição. A mortalidade infantil tem caído de forma significativa,<br />
também em todos os municípios brasileiros. No entanto, ela é mais<br />
elevada nas regiões mais pobres.<br />
Onde encontrar os dados?<br />
Jayanta Behera<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1054202<br />
Se você está se perguntando onde podemos ter acesso a dados<br />
para calcular indicadores de saúde, dê uma olhada neste site:<br />
www.datasus.gov.br. Lá, você verá dados sobre óbitos e nascimentos<br />
que são provenientes do Registro Civil. Nesse site, além<br />
de você ter acesso às estatísticas vitais (dados de nascimentos<br />
e óbitos), terá acesso também a diversos indicadores de saúde.<br />
Confira!<br />
e-Tec Brasil 88<br />
Gerência de Saúde
Claro que podemos evitar!<br />
Você sabia que cerca de 70% das mortes de recém-nascidos<br />
ocorrem por causas evitáveis? As principais causas são: falta de<br />
atenção adequada à mulher no período de gestação e no parto,<br />
falta de acesso aos serviços de saúde (ex.: vacinas), condições<br />
ambientais inadequadas (falta de água tratada e esgoto).<br />
Matt Tank<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/881568<br />
Atividade 1<br />
Atende ao Objetivo 1<br />
Suponha que você more em um município do interior de Minas Gerais, que<br />
registrou as seguintes estatísticas vitais, para os anos de 2000 e 2007.<br />
Estatísticas vitais, Município X, 2000 e 2007<br />
estatísticas vitais 2000 2007<br />
nascimentos vivos 6.012 5.770<br />
óbitos menores 1 ano 128 72<br />
Fonte de dados: MS<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 89<br />
e-Tec Brasil
Com base nesses dados, você é solicitado a calcular a taxa de mortalidade<br />
infantil para cada ano. Analise os resultados. A taxa aumentou ou diminuiu<br />
no período avaliado? Que fatores explicam o resultado obtido?<br />
Glossário<br />
Antes de apresentar o próximo indicador de mortalidade, vamos falar um<br />
pouco sobre a mortalidade por causas. Ou seja, sobre os óbitos causados por<br />
um determinado tipo de doença.<br />
Perfil epidemiológico<br />
A epidemiologia estuda a<br />
distribuição dos casos de<br />
doenças na população.<br />
O termo perfil<br />
epidemiológico está<br />
relacionado ao estudo<br />
quantitativo desses casos, às<br />
causas das doenças.<br />
O perfil epidemiológico das doenças e óbitos está relacionado à oferta de<br />
serviços de saúde à população e ao nível de desenvolvimento socioeconômico<br />
de uma região. Em regiões menos desenvolvidas é alta a mortalidade por<br />
doenças infecciosas e parasitárias. Você tem alguma ideia de por que isso<br />
acontece? Responda no espaço a seguir:<br />
Adam Ciesielski<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/264245<br />
Se você respondeu que é devido às condições de pobreza da população, à<br />
infraestrutura precária de serviços de abastecimento de água tratada e saneamento<br />
básico e falta de acesso aos serviços de saúde, acertou! Nas regiões<br />
mais desenvolvidas, ao contrário, a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias<br />
é pequena.. Nestes locais, as doenças crônico-degenerativas (cardiovasculares,<br />
diabetes, câncer etc.) constituem a principal causa de morte na<br />
população, além das mortes por causas externas (acidentes, homicídios etc.).<br />
e-Tec Brasil 90<br />
Gerência de Saúde
Fonte: http://stream.agenciabrasil.gov.br/media/<br />
imagens/2008/03/22/1630VC037.image_media_horizontal.JPG<br />
Figura 5.2: As doenças infecciosas e parasitárias são mais frequentes nas regiões<br />
menos desenvolvidas.<br />
Identificar as principais causas de morte em uma população é de grande<br />
importância. Fazendo essa identificação, é possível adotar medidas específicas<br />
(prevenção, controle) com o objetivo de reduzir as mortes por uma<br />
determinada causa. Os indicadores de mortalidade por causas são utilizados<br />
para essa finalidade. Eles podem ser expressos na forma de taxas ou de proporção.<br />
Vamos ver como calculá-los.<br />
Taxa de mortalidade por causas<br />
No cálculo da taxa de mortalidade por uma determinada causa em uma região,<br />
é preciso ter dados sobre o total de óbitos por essa causa e o total da<br />
população.<br />
Taxa de mortalidade pela causa i =<br />
x 100.000<br />
Óbitos decorrentes da causa i<br />
Total da população<br />
Esse indicador estima o risco que uma pessoa tem de morrer por uma determinada<br />
doença, em cada 100 mil habitantes.<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 91<br />
e-Tec Brasil
Mortalidade proporcional por causas<br />
Calcularemos a proporção de óbitos por uma determinada causa, em uma<br />
região e em um período. Para isso, precisamos ter dados dos óbitos associados<br />
a essa causa e dos óbitos associados a todas as outras causas na região<br />
e no período.<br />
Proporção de óbitos pela causa i =<br />
Óbitos decorrentes da causa i<br />
Total de óbitos<br />
x 100<br />
Esse indicador mostra a proporção que uma determinada causa de morte<br />
tem em relação às demais causas de morte ocorridas no período e região<br />
analisados.<br />
Vamos ver um exemplo.<br />
Em um vilarejo de uma cidade, 100 pessoas morreram nos últimos cinco<br />
anos. Essas pessoas morreram de diversas doenças. Mas sabe-se que destas<br />
100, 20 morreram de doenças cardiovasculares. Vamos calcular a proporção<br />
de óbitos por esse tipo de doença?<br />
Proporção de óbitos por doenças cardiovasculares, no vilarejo =<br />
20<br />
100 20%<br />
100 x =<br />
A análise do resultado pode ser feita da seguinte forma: das 100 pessoas<br />
que morreram no vilarejo nos últimos cinco anos, 20% morreram devido a<br />
doenças cardiovasculares.<br />
Você viu o símbolo %? Sempre que calcularmos uma proporção,<br />
o resultado é acompanhado por esse símbolo. Ele indica<br />
porcentagem. Como multiplicamos o resultado da divisão por<br />
100, devemos acrescentar o % ao resultado obtido.<br />
e-Tec Brasil 92<br />
Gerência de Saúde
Atividade 2<br />
Atende aos Objetivos 1 e 4<br />
Imagine que você, como Técnico em Gerência de Saúde, foi encarregado de<br />
realizar um diagnóstico sobre as condições de saúde da população de alguns<br />
estados da Região Sudeste. Inicialmente, foi feita a solicitação de um relatório<br />
sobre a mortalidade por AIDS em dois estados da região, Minas Gerais e<br />
Rio de Janeiro. Foram coletados os seguintes dados:<br />
Dados sobre população, óbitos totais e óbitos por AIDS, Minas Gerais e Rio<br />
de Janeiro, 2000.<br />
Local População Óbitos % Taxa<br />
Total<br />
AIDS<br />
Minas Gerais 17.891.494 96.161 783<br />
Rio de Janeiro 14.391.282 111.196 1.644<br />
Fonte: MS<br />
Para que seja feito um bom relatório, você sabe que é preciso estimar o risco<br />
de morte por AIDS na população e a proporção de mortes por essa doença.<br />
Para responder essa questão, preencha a tabela com a porcentagem de óbitos<br />
e com a taxa de mortalidade por AIDS. Após o preenchimento, discuta:<br />
Onde o risco de morte por AIDS foi maior, no ano 2000? O que você propõe,<br />
diante do resultado?<br />
Indicadores de morbidade<br />
A morbidade corresponde ao total de casos de uma determinada doença,<br />
em um determinado local e determinado momento.<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 93<br />
e-Tec Brasil
Melodi T<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/543797.<br />
Figura 5.3: A morbidade está relacionada ao conjunto de indivíduos portadores de<br />
uma doença em uma população, em um dado período.<br />
Para entendermos os indicadores de morbidade, precisamos conhecer dois<br />
conceitos importantes:<br />
• incidência;<br />
Glossário<br />
• prevalência.<br />
Frequência de uma<br />
doença<br />
A frequência é determinada<br />
por meio da simples<br />
contagem das pessoas<br />
afetadas.<br />
Esses conceitos estão relacionados à frequência das doenças, numa população.<br />
Vamos ver a diferença entre eles e quais os indicadores relacionados?<br />
Frequência de uma doença<br />
A freqüência é determinada por meio da simples contagem das pessoas afetadas.<br />
Incidência<br />
A incidência de uma determinada doença refere-se aos casos novos dessa<br />
doença. Para quantificar essa incidência, é preciso especificar o período de<br />
tempo de observação do aparecimento de novos casos.<br />
Taxa de incidência<br />
Taxa de incidência da doença i =<br />
Número casos novos da doença i num local e período<br />
População total no período<br />
x 100.000<br />
e-Tec Brasil 94<br />
Gerência de Saúde
Ao calcular essa taxa, você saberá qual é o risco de uma pessoa contrair uma<br />
determinada doença, em cada 100 mil habitantes, em um determinado local<br />
e período.<br />
Vamos ver um exemplo? As estatísticas mostram que nos últimos anos tem<br />
crescido de forma significativa o total de pessoas com câncer, em diversos<br />
países, principalmente nos menos desenvolvidos. Veja o gráfico a seguir:<br />
Gráfico 5.2: Número de óbitos por câncer e<br />
novos casos de câncer no mundo<br />
Estimativas de 2000 e previsão para 2020<br />
Casos em milhões<br />
10<br />
9<br />
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
Países desenvolvidos<br />
Países em desenvolvimento<br />
Novos casos<br />
2000<br />
Novos casos<br />
2020<br />
Óbitos 2000 Óbitos 2020<br />
Fonte: Fonte: Programa Programa Nacional de de Controle de de Cancêr Câncer 2002<br />
Fonte: http://www.opas.org.br/publicmo.cfm?codigo=66 (Programa Nacional de Controle de Câncer 2002).<br />
Diante dessas evidências, pode ser que um profissional da área da saúde<br />
queira determinar a incidência de casos de câncer de mama feminino no ano<br />
de 2009, em um determinado município.<br />
Aplicando a fórmula aos dados, o profissional terá a taxa de incidência de<br />
câncer de mama em 2009. De uma forma geral, essa taxa representa o risco<br />
de ocorrência (novos casos) de uma doença na população, em um determinado<br />
período.<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 95<br />
e-Tec Brasil
Atividade 3<br />
Atende aos Objetivos 2 e 4<br />
Você continua realizando o diagnóstico sobre as condições de saúde da população<br />
dos estados do Sudeste. O próximo passo é analisar a incidência de<br />
casos de dengue em Minas Gerais e São Paulo. Você tem em mãos os dados<br />
de 2005, listados a seguir:<br />
Casos de dengue e população, Minas Gerais e São Paulo, 2005<br />
Estado Novos casos População<br />
Minas Gerais 11.503 19.237.450<br />
São Paulo 7.721 40.442.795<br />
Fonte: MS/SVS-SINAM<br />
Em qual dos estados a taxa de incidência foi menor? Comente o resultado.<br />
Prevalência<br />
A prevalência de uma determinada doença, em uma população, corresponde<br />
ao total de casos existentes dessa doença (casos novos + casos antigos).<br />
• Taxa de prevalência<br />
Taxa de prevalência doença i =<br />
Total casos existentes da doença i num local e tempo t<br />
População total do local no tempo t<br />
x 100.000<br />
Ao aplicar a fórmula, encontraremos o risco de existência de uma doença em<br />
uma população, a cada 100 mil habitantes, em um determinado ano.<br />
e-Tec Brasil 96<br />
Gerência de Saúde
magicmarie<br />
Lembre-se: o conceito de prevalência<br />
está associado à ideia de<br />
estoque, pois envolve todos os casos<br />
(novos e antigos) existentes de<br />
uma doença.<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/963913<br />
• Proporção de casos existentes de uma doença<br />
Outro indicador relacionado à morbidade é a proporção de casos existentes<br />
de uma doença em uma determinada população e região. Esse indicador<br />
mostra a proporção de casos existentes de uma doença em relação aos casos<br />
existentes de todas as outras doenças, em um determinado ano ou período.<br />
Proporção de casos existentes da doença i =<br />
Número casos existentes da doença i<br />
Total de casos existentes de todas as doenças<br />
x 100<br />
O valor encontrado corresponde à porcentagem de casos de uma doença<br />
em relação ao total de casos de todas as doenças que existem em uma região.<br />
Acrescentamos o símbolo % a esse valor.<br />
Atividade 4<br />
Atende aos Objetivos 2 e 4<br />
Suponha que o Governo Federal destinará uma verba aos hospitais da Região<br />
Sudeste para a aquisição de novos equipamentos de hemodiálise. Porém,<br />
por insuficiência de recursos, a distribuição dessa verba não ocorrerá de<br />
forma homogênea, entre os estados. Os estados com maior prevalência de<br />
influência renal crônica serão os que receberão um maior volume de recursos.<br />
Vamos supor que o total de pessoas realizando hemodiálise corresponde<br />
ao total aproximado de pessoas com problemas renais crônicos. Com base<br />
nos dados da tabela seguinte, calcule as taxas de prevalência da doença e<br />
determine, em ordem sequencial, as regiões que deverão ser mais beneficiadas<br />
com os recursos.<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 97<br />
e-Tec Brasil
Pacientes em diálise (SUS), segundo a população dos estados da Região<br />
Sudeste, 2006<br />
UF Casos existentes População<br />
São Paulo 21.806 41.055.735<br />
Minas Gerais 11.008 19.479.355<br />
Rio de Janeiro 9.964 15.561.721<br />
Espírito Santo 1.676 3.464.284<br />
Fonte: MS/SE/DATASUS<br />
Indicadores de cobertura<br />
Entre os indicadores de cobertura, apresentaremos um relacionado às<br />
consultas realizadas por especialidade clínica e outro aos partos cesáreos<br />
realizados.<br />
Proporção de consultas por especialidade<br />
Esse indicador de cobertura também está relacionado à morbidade. Ele pode<br />
ser visto como uma medida complementar na avaliação de programas de<br />
saúde. No seu cálculo, consideram-se as consultas por especialidades ocorridas<br />
em uma localidade, em um ano considerado. Veja a seguir como fazer<br />
o cálculo:<br />
Proporção de consultas pela especialidade i=<br />
i=<br />
Consultas atendidas na especialidade i<br />
Total de consultas<br />
x 100<br />
Aplicando a fórmula, vamos ter a porcentagem de consultas atendidas por<br />
uma especialidade em relação às consultas atendidas de todas as especialidades.<br />
O resultado é expresso em %.<br />
• Proporção de partos cesáreos<br />
O indicador mostra a proporção de partos cesáreos no total de partos hospitalares.<br />
Esse indicador é calculado considerando a população de uma região,<br />
no ano considerado. O resultado do cálculo é expresso em %.<br />
e-Tec Brasil 98<br />
Gerência de Saúde
Proporção de partos cesáreos =<br />
Total de nascidos vivos de parto cesáreo<br />
Total de nascidos vivos de partos hospitalares<br />
x 100<br />
Fernando Audibert<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/845207<br />
Figura 5.4: Informações sobre o tipo de parto realizado contribuem para avaliar algumas<br />
medidas voltadas à saúde da mulher e da criança.<br />
Os indicadores de prestação de consultas e partos cesáreos especificam o<br />
fluxo de atendimento prestado à população.<br />
Atividade 5<br />
Atende ao Objetivo 3<br />
Um diretor de uma clínica privada quer contratar mais um médico para o<br />
seu quadro de funcionários. O diretor fará a contratação de acordo com<br />
a demanda da população local por serviços de saúde. Suponha que você<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 99<br />
e-Tec Brasil
trabalhe nessa clínica e foi encarregado de solucionar a questão. O diretor<br />
passa a você as informações que constam na tabela seguinte. Você proporá<br />
a contratação de um profissional de qual área? Justifique.<br />
T<br />
Total de consultas Clínica BH, segundo especialidades, abril 2009<br />
Especialidades<br />
Total de consultas<br />
Ortopedia 15<br />
Dermatologia 22<br />
Neurologia 07<br />
Psiquiatria 13<br />
Reumatologia 28<br />
Total 85<br />
Fonte: Dados fictícios.<br />
Conclusão<br />
Os indicadores de saúde são medidas bastante úteis, que permitem analisar<br />
a situação de saúde de uma população. Eles permitem inferir se houve<br />
melhorias ou não nas condições de saúde, em um determinado período de<br />
tempo. Além disso, possibilitam fazer comparações entre populações de diferentes<br />
regiões, com relação ao estado de saúde.<br />
Resumo<br />
• Os indicadores de saúde permitem a análise da situação de saúde atual<br />
ou passada de uma população; avaliar se houve avanços ou retrocessos<br />
nas condições de saúde e fazer comparações entre os indicadores para<br />
determinadas regiões.<br />
• Entre os indicadores de mortalidade, destacam-se a taxa de mortalidade<br />
infantil, que representa o risco de um nascido vivo morrer antes de completar<br />
um ano de idade, e a taxa de mortalidade por causas, que indica o<br />
risco de morte de uma pessoa, por um determinado tipo de doença. Há<br />
também a mortalidade proporcional por causas, que mostra a proporção<br />
e-Tec Brasil 100<br />
Gerência de Saúde
que uma determinada causa de morte tem em relação às demais causas<br />
de morte ocorridas no período e região analisados.<br />
• A morbidade corresponde ao conjunto de indivíduos portadores de uma<br />
determinada doença, em um local e período determinado.<br />
• Incidência e prevalência são dois conceitos importantes relacionados à<br />
morbidade. Enquanto o primeiro refere-se aos casos novos de uma doença,<br />
o segundo corresponde aos casos existentes (antigos e novos).<br />
• Entre os indicadores de morbidade, destacam-se a taxa de incidência,<br />
que representa o risco de ocorrência de novos casos de uma doença na<br />
população, em um determinado período; a taxa de prevalência, que informa<br />
o total de casos existentes de uma doença, em um local e período<br />
determinados; e a proporção de casos existentes de uma doença.<br />
• Dentre os indicadores de cobertura de serviços de saúde, a proporção de<br />
consultas por especialidade e a proporção de partos cesáreos especificam<br />
o fluxo de atendimento prestado à população.<br />
Informação sobre a próxima aula<br />
Na próxima aula, estudaremos alguns aspectos relacionados à qualidade dos<br />
dados da área da saúde. Até lá!<br />
Respostas das atividades<br />
Atividade 1<br />
128<br />
Taxa de mortalidade infantil, ano 2000 = 1000 21,29<br />
6.012 x =<br />
72<br />
Taxa de mortalidade infantil, ano 2007 = 1000 12,48<br />
5.770 x =<br />
A taxa de mortalidade infantil diminuiu de forma significativa entre 2000 e<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 101<br />
e-Tec Brasil
2007, no município analisado. Entre outros fatores, essa redução pode estar<br />
associada à ampliação dos serviços de saúde no município, à melhoria das<br />
condições ambientais, ao aumento da escolaridade das mães, da utilização<br />
da terapia de reidratação oral e das taxas de aleitamento materno. Em 2000,<br />
para cada mil crianças nascidas vivas, cerca de 21 morriam antes de completar<br />
um ano de idade. Em 2007, esse número passou para aproximadamente<br />
12,5.<br />
Atividade 2<br />
Dados sobre população, óbitos totais e óbitos por AIDS, Minas Gerais e Rio<br />
de Janeiro, 2000.<br />
Local População Óbitos % Taxa<br />
total<br />
Minas Gerais 17.891.494 96.161 783 0,81 4,37<br />
Rio de Janeiro 14.391.282 111.196 1.644 1,47 11,42<br />
AIDS<br />
Taxa de mortalidade por AIDS, Minas Gerais, 2000 =<br />
783<br />
100.000 4,37<br />
17.891.494 x =<br />
Taxa de mortalidade por AIDS, Rio de Janeiro, 2000 =<br />
1.644<br />
100.000 11,42<br />
14.391.282 x =<br />
783<br />
Proporção de óbitos por AIDS, Minas Gerais, 2000 = 100 0,81<br />
96.161 x =<br />
1.644<br />
Proporção de óbitos por AIDS, Rio de Janeiro, 2000 =<br />
100 1,47<br />
111.196 x =<br />
O risco de uma pessoa morrer por AIDS é maior no Rio de Janeiro, em que<br />
a taxa de mortalidade por essa doença foi quase o triplo da verificada para<br />
Minas Gerais. Diante desse resultado, é preciso adotar medidas de conscientização<br />
à população do Estado, para a prevenção da doença.<br />
Atividade 3<br />
Taxa de incidência da dengue, Minas Gerais, 2005 =<br />
11.503<br />
x 100.000 = 59,79<br />
19.237.450<br />
Taxa de incidência da dengue, São Paulo, 2005 =<br />
7.721<br />
x 100.000 = 19,09<br />
40.442.795<br />
e-Tec Brasil 102<br />
Gerência de Saúde
A taxa de incidência de dengue em São Paulo foi bem menor, correspondendo<br />
a cerca de 1/3 da taxa estimada para Minas Gerais. Esse resultado mostra<br />
a necessidade da adoção de medidas preventivas em relação à doença, principalmente<br />
em Minas Gerais.<br />
Atividade 4<br />
Taxas de prevalência de pacientes em diálise, segundo estados da Região<br />
Sudeste, 2005<br />
UF Casos existentes População Taxa<br />
SP 21.806 41.055.735 (21.806/41.055.735)<br />
x 100.000=53,11<br />
MG 11.008 19.479.355 (11.008/19.479.355)<br />
x 100.000=56,51<br />
RJ 9.964 15.561.721 (9.964/15.561.721)<br />
x 100.000=64,02<br />
ES 1.676 3.464.284 (1.676/3.464.284)<br />
x 100.000=48,37<br />
Fonte: Elaboração própria. Dados básicos: MS/SE/DATASUS<br />
De acordo com a suposição feita, os estados que deverão ser mais beneficiados<br />
com recursos destinados à realização de diálise são, respectivamente,<br />
Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.<br />
Atividade 5<br />
Proporção de consultas Ortopedia = 15 100 17,64<br />
85 x =<br />
Proporção de consultas Dermatologia = 22 100 25,88<br />
85 x =<br />
Proporção de consultas Neurologia = 07 100 8,24<br />
85 x =<br />
Proporção de consultas Psiquiatria = 13 100 15,29<br />
85 x =<br />
Proporção de consultas Reumatologia = 28 100 32,95<br />
85 x =<br />
A sugestão é contratar um reumatologista, pois a demanda por essa especialidade<br />
foi mais elevada. Em relação às demais especialidades, a proporção<br />
de consultas na área de Reumatologia foi maior.<br />
Aula 5 | Indicadores de saúde 103<br />
e-Tec Brasil
Referências bibliográficas<br />
CARVALHO, J. A. M.; SAWYER, D. O.; RODRIGUES, R. N. Introdução a alguns<br />
conceitos básicos e medidas em demografia. 2. ed. São Paulo: ABEP, 1994.<br />
64p.<br />
INDICADORES básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. Rede<br />
Interagencial de Informações para a Saúde. Ripsa. 2. ed. Brasília: Organização<br />
Pan-Americana da Saúde, 2008. 349p.<br />
JANNUZZI, P M. Indicadores sociais no Brasil: Conceitos, Fontes de Dados e<br />
Aplicações. 3. ed. Campinas: Editora Alínea, 2004. 141p.<br />
e-Tec Brasil 104<br />
Gerência de Saúde
Aula 6 | Fontes e limitações dos<br />
dados de saúde<br />
Meta da aula<br />
• Apresentar as principais fontes de dados da área da saúde e as<br />
limitações relacionadas aos dados de mortalidade e morbidade.<br />
Objetivos da aula<br />
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:<br />
1. identificar as principais fontes de dados utilizadas na área da<br />
saúde;<br />
2. analisar como as limitações dos dados de saúde comprometem<br />
as informações sobre mortalidade e morbidade.<br />
Pré-requisito<br />
Para que você tenha um bom aproveitamento desta aula, é importante<br />
que reveja o cálculo e a definição dos indicadores de saúde,<br />
assunto da Aula 5.<br />
Dados sobre saúde: onde coletar? Quais os<br />
problemas relacionados a esses dados?<br />
Nos estudos da situação de saúde de uma população é importante ter dados<br />
fidedignos, isto é, que refletem a realidade dessa população. Esses dados é<br />
que vão gerar informações sobre o quadro de saúde e doença dos indivíduos<br />
de uma localidade. Que informações são essas?<br />
Aula 6 | Fontes e limitações dos dados de saúde 105<br />
e-Tec Brasil
arte RAM<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/960692<br />
Figura 6.1: Muitas questões podem ser levantadas na área da saúde. A resposta depende<br />
dos dados existentes.<br />
Podemos listar:<br />
• O risco de uma criança morrer antes de completar o seu primeiro ano de<br />
vida, em uma região, em um determinado ano.<br />
• A proporção de mortes por neoplasias em relação a todas as outras mortes,<br />
em um município.<br />
• A proporção de partos cesáreos em uma região, em relação a todos os<br />
partos hospitalares.<br />
• O risco de um trabalhador contrair uma doença relacionada ao seu trabalho,<br />
em uma localidade.<br />
Como você vê, todas essas informações são muito importantes. Elas ajudam<br />
a retratar a situação de saúde em uma região; além disso, permitem implementar<br />
políticas públicas que melhorem essa situação.<br />
Para gerar essas informações, é preciso ter dados sobre nascimentos, mortes,<br />
morbidade e população. Nesta aula vamos ver onde coletar esses dados. Vamos<br />
também identificar as limitações dos dados de mortalidade e morbidade.<br />
e-Tec Brasil 106<br />
Gerência de Saúde
Fontes de dados de saúde no Brasil<br />
Quando vamos analisar a situação de saúde de uma população, precisamos ter<br />
dados que caracterizam essa população, como dados sobre eventos vitais, morbidade,<br />
recursos e cobertura. A primeira pergunta é: onde coletar esses dados?<br />
No Brasil, os dados populacionais podem ser acessados no site do IBGE (Instituto<br />
Brasileiro de Geografia e Estatística: http://www.ibge.gov.br/home/).<br />
São dados coletados pelo próprio IBGE, por meio dos censos demográficos<br />
ou das PNADs. O Censo demográfico é uma pesquisa que coleta várias informações<br />
sobre a população (tamanho, sexo, idade, escolaridade, condições<br />
de moradia etc.). Ele é realizado a cada 10 anos. Sua cobertura é nacional,<br />
ou seja, toda a população do país é coberta. A PNAD (Pesquisa Nacional<br />
de Amostragem por Domicílio) é realizada anualmente, exceto nos anos de<br />
realização dos censos. Nela são coletadas as mesmas informações que o<br />
Censo; porém sua aplicação não compreende todo o universo pesquisado<br />
(Brasil). Ela se refere a uma amostragem dentro desse universo. São coletadas<br />
informações para as regiões metropolitanas, para os estados e para as<br />
grandes regiões brasileiras (Norte, Sul, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste).<br />
A pesquisa não é feita nos municípios.<br />
Laura Leavell<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1209081<br />
Figura 6.2: O IBGE publica dados sobre o tamanho da população brasileira. Esses<br />
dados são utilizados no cálculo de alguns indicadores de saúde.<br />
Aula 6 | Fontes e limitações dos dados de saúde 107<br />
e-Tec Brasil
Os dados sobre eventos vitais (nascimentos e mortes) e morbidade (doenças)<br />
são gerados pelo setor de saúde de cada localidade. Eles podem ser acessados<br />
no site do DATASUS: http://w3.datasus.gov.br/datasus/index.php. Nesse<br />
site, existem também dados relacionados a recursos (total de profissionais<br />
na área da saúde, total de leitos hospitalares etc.) e à cobertura (total de<br />
consultas médicas, internações etc.).<br />
O DATASUS é o Departamento de Informática do SUS (Sistema Único de<br />
Saúde). Neste site você encontra os seguintes bancos de dados:<br />
Glossário<br />
Informações<br />
ambulatoriais<br />
Informações sobre<br />
atendimento e<br />
procedimentos feitos em<br />
unidades de saúde públicas<br />
e privadas.<br />
Informações hospitalares<br />
Informações sobre<br />
internações.<br />
Agravos de Notificação<br />
Agravo é um termo mais<br />
abrangente que doença.<br />
É um problema de saúde<br />
pública. Os agravos devem<br />
ser notificados oficialmente.<br />
• SIM: Sistema de Informação sobre Mortalidade (dados: total de óbitos;<br />
taxa de mortalidade por causas).<br />
• SINASC: Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (dados: nascimentos<br />
vivos).<br />
• SIA/SUS: Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de<br />
Saúde (dados sobre consultas).<br />
• SIH/SUS: Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde<br />
(dados sobre internações) e<br />
• SINAN: Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação (dados: notificação<br />
de casos de dengue, sífilis, AIDS, hanseníase, cólera, peste etc.).<br />
Essas bases são continuamente atualizadas. Acesse o site. Confira as bases!<br />
Ariel da Silva Parreira<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1208426<br />
Figura 6.3: Dados sobre população, nascimentos, óbitos e morbidade podem ser<br />
acessados através de sites de agências governamentais.<br />
e-Tec Brasil 108<br />
Gerência de Saúde
Os dados coletados de óbitos e morbidades são utilizados para elaborar os<br />
indicadores de saúde (assunto visto na Aula 5). Esses indicadores são importantes<br />
para analisar as condições de saúde da população de uma região.<br />
Podemos levantar uma nova pergunta: quais as limitações desses dados?<br />
Vamos discutir essa questão a seguir.<br />
Atividade 1<br />
Atende ao Objetivo 1<br />
Suponha que o diretor do seu setor pediu para você checar algumas informações<br />
na área da saúde. Você precisa confirmar se duas informações estão<br />
corretas. Para fazer isso, imagine que você precisará acessar as bases de<br />
dados e conferir os números. A seguir, estão as informações.<br />
a)<br />
A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso tem, até a presente<br />
data (19/08), notificação de 35.784 casos de Dengue. Desse total, 1.103<br />
casos foram notificados como casos graves de Dengue.<br />
Assinale a fonte de dados que gerou essa informação:<br />
( ) SIM ( ) SIH/SUS ( ) SINAM ( ) IBGE<br />
b)<br />
“Dos cerca de 650 municípios do estado de São Paulo, 261 já têm taxa de<br />
mortalidade infantil abaixo de dez, de um dígito, índice típico de países<br />
desenvolvidos. É um dado a comemorar. A mortalidade infantil é o principal<br />
indicador mundial de desenvolvimento social”, afirmou Serra.<br />
Fonte: Diário da Saúde. Taxa de mortalidade infantil em São Paulo é a menor da história.<br />
Disponível em: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=taxa-mortalidadeinfantil-paulo-menor-historia&id=4318.<br />
Acesso em 31 ago 2009.<br />
Assinale as fontes de dados que geraram essa informação:<br />
( ) PNAD ( ) SIA/SUS ( ) SINASC ( ) SIH/SUS ( ) SIM<br />
Aula 6 | Fontes e limitações dos dados de saúde 109<br />
e-Tec Brasil
Limitações dos dados sobre mortalidade e<br />
morbidade<br />
As informações geradas de dados sobre mortalidade e morbidade têm algumas<br />
limitações.<br />
• Limitações dos dados sobre mortalidade:<br />
––<br />
––<br />
––<br />
––<br />
––<br />
falsa estimativa da mortalidade infantil;<br />
registro de uma única causa da morte;<br />
registro incorreto da causa da morte;<br />
falta de recursos para um diagnóstico preciso da causa da morte;<br />
óbitos não registrados.<br />
• Limitações dos dados de morbidade<br />
––<br />
––<br />
––<br />
––<br />
Pessoas doentes sem sintomas;<br />
Pessoas com sintomas que não procuram o serviço de saúde;<br />
Pessoas sem diagnóstico correto da doença;<br />
Pessoas com diagnóstico, mas sem registro da doença.<br />
Limitações dos dados sobre mortalidade<br />
Glossário<br />
a)<br />
Falsa estimativa da mortalidade infantil<br />
Óbito fetal<br />
Óbito ocorrido antes da<br />
expulsão ou extração do<br />
feto do útero materno.<br />
Vamos considerar os dados de mortes de crianças menores de um ano de<br />
idade. Parte dessas crianças nasce viva e morre logo a seguir. Algumas vezes,<br />
os óbitos dessas crianças são classificados como óbito fetal. Por essa classificação,<br />
eles deixam de constar no cálculo da taxa de mortalidade infantil.<br />
Outras vezes acontece o contrário: um óbito fetal é classificado como nascimento<br />
vivo. Com isso, a taxa de mortalidade infantil é estimada com dados<br />
que não correspondem à realidade.<br />
b)<br />
Registro de uma única causa da morte<br />
Muitas vezes, nos registros de mortalidade só é considerada uma única causa<br />
de morte. Mas a morte é causada por vários fatores. Por exemplo, vamos<br />
pensar na hipertensão arterial. Alguém com hipertensão pode desenvolver<br />
muitas complicações cardiovasculares: derrame cerebral, angina do peito,<br />
insuficiência cardíaca, além de insuficiência renal. E esse alguém pode vir<br />
e-Tec Brasil 110<br />
Gerência de Saúde
a morrer devido a alguma dessas complicações. No registro das causas de<br />
morte poderá constar apenas a causa hipertensão arterial.<br />
c)<br />
Registro incorreto da causa da morte<br />
Há também outro problema relacionado ao registro da causa de morte. Se<br />
essa causa for anotada incorretamente pelo médico, o profissional que faz a<br />
classificação e codificação vai registrar uma informação que não vai refletir<br />
a verdadeira causa de morte. Como resultado, as bases do DATASUS vão<br />
apresentar dados imprecisos.<br />
d)<br />
Falta de recursos para um diagnóstico preciso da causa da morte<br />
Além desses problemas, podemos apontar outro: nem sempre existem recursos<br />
nos hospitais dos municípios para que seja feito um diagnóstico preciso da<br />
causa de morte. Nesse caso, as mortes são classificadas como mal definidas.<br />
Como registrar a causa de morte?<br />
hvaldez1<br />
Você sabe como é feito o registro<br />
da causa de morte? Por meio da<br />
Declaração de Óbito (DO). A DO<br />
é um documento preenchido pelo<br />
médico, onde consta a causa de<br />
morte de um indivíduo.<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1126728<br />
Depois, profissionais especializados classificam e codificam a causa<br />
de morte, utilizando um código do CID-10 (Classificação Internacional<br />
das Doenças).<br />
e)<br />
Óbitos não registrados<br />
Nem todos os óbitos ocorridos são registrados. É o que se chama de subregistro<br />
de óbitos. Com isso, os óbitos oficialmente registrados não correspondem<br />
à realidade. Por que ocorre o sub-registro desse evento?<br />
Aula 6 | Fontes e limitações dos dados de saúde 111<br />
e-Tec Brasil
Você já ouviu falar sobre os cemitérios clandestinos existentes nas favelas, que<br />
são descobertos pela polícia? Como em geral as pessoas enterradas nesses<br />
cemitérios foram assassinadas, não há nenhum registro sobre esses óbitos.<br />
Em alguns municípios também existem muitos cemitérios clandestinos. Neles,<br />
não há livros de registro dos indivíduos sepultados. Muitas vezes, o sepultamento<br />
é feito por familiares e conhecidos, e sem o atestado de óbito.<br />
Esses casos não registrados não constam na base do Sistema de Informação<br />
sobre Mortalidade (SIM). Isso acaba comprometendo os estudos que são<br />
baseados nesses dados.<br />
Fonte: www.saude.al.gov.br/estudodasesaurevelaque43d<br />
Figura 6.4: Um estudo feito em 2008 revelou que 43% dos cemitérios de Alagoas são<br />
clandestinos.<br />
Limitações dos dados de morbidade<br />
Os dados de morbidade refletem a realidade somente de uma parte da população:<br />
a parte que procura o serviço de saúde e tem um diagnóstico correto<br />
da sua enfermidade.<br />
Mas... e as pessoas que estão doentes mas não apresentam nenhum sintoma?<br />
E aquelas que têm os sintomas mas não procuram o serviço de saúde?<br />
E as pessoas que procuram o serviço de saúde mas não têm um diagnóstico<br />
correto? E aquelas que são diagnosticadas mas o registro não é feito?<br />
e-Tec Brasil 112<br />
Gerência de Saúde
Diego Medrano<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1084673<br />
Figura 6.5: Há muitas limitações nos dados sobre morbidade!<br />
Podemos dizer que as limitações dos dados de morbidade são maiores que<br />
as de mortalidade. Apesar de ocorrer o sub-registro dos óbitos, a lei brasileira<br />
determina que o seu registro seja obrigatório. Não fosse a lei, o problema<br />
do sub-registro seria maior. Além disso, esse evento (o óbito) ocorre uma<br />
única vez, ao contrário das doenças, que podem se repetir ao longo da vida.<br />
E muitas vezes não são corretamente diagnosticadas.<br />
Todas essas limitações devem ser consideradas quando vamos analisar os<br />
indicadores de saúde, pois elas afetam os resultados obtidos.<br />
Atividade 2<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
Imagine que você more em uma pequena cidade do interior. Acessando o<br />
site do DATASUS você viu que na sua cidade houve 1.100 nascidos vivos em<br />
2008 e que nesse mesmo ano foram registradas 35 mortes de crianças menores<br />
de um ano de idade. Para desenvolver um estudo mais aprofundado<br />
sobre mortalidade infantil, você resolveu conferir esses dados.<br />
Examinando atentamente a documentação existente nos hospitais da cidade,<br />
você descobriu que cinco óbitos que tinham sido registrados como sen-<br />
Aula 6 | Fontes e limitações dos dados de saúde 113<br />
e-Tec Brasil
do de nascidos vivos, na realidade eram óbitos fetais. Como você já aprendeu<br />
a calcular a taxa de mortalidade infantil, faça o cálculo dessa taxa com<br />
base nos dados registrados no DATASUS. Depois refaça o exercício. Não se<br />
esqueça de alterar, também, o total de nascimentos vivos (no denominador).<br />
O que você conclui?<br />
Atividade 3<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
Vamos supor que sua cidade tem 60.000 habitantes e que em julho 15 pessoas<br />
procuraram o hospital com sintomas de Influenza A subtipo H1N1. No<br />
atendimento aos pacientes, não foi realizado nenhum exame. O diagnóstico<br />
foi feito apenas com base nos sintomas declarados. Do total de casos<br />
suspeitos, três receberam um diagnóstico positivo. Você, aluno do Curso<br />
Técnico em Gerência de Saúde, sabendo dos riscos da doença, convenceu o<br />
grupo das 15 pessoas a procurar outro hospital na região. Você explicou que<br />
esse outro hospital tinha recursos para diagnosticar de forma mais precisa<br />
a doença. Nesse hospital, todos os pacientes foram submetidos a exames<br />
e descobriu-se que na verdade cinco estavam infectados com o vírus da Influenza<br />
A H1N1. As outras pessoas estavam com gripe tradicional. Calcule a<br />
taxa de incidência da doença, para as duas situações: diagnóstico correto e<br />
incorreto. Analise os resultados.<br />
e-Tec Brasil 114<br />
Gerência de Saúde
Conclusão<br />
Nesta aula, vimos as principais fontes de dados utilizados na área da saúde.<br />
Vimos também quais as limitações dos dados sobre mortalidade e morbidade.<br />
Essa é uma questão importante, pois essas limitações podem distorcer os<br />
resultados dos indicadores de saúde construídos com base nesses dados.<br />
Resumo<br />
• Nos estudos das condições de saúde de uma população é importante<br />
ter dados fidedignos. Esses dados é que vão gerar informações sobre o<br />
quadro de saúde e doença dos indivíduos de uma localidade.<br />
• Essas informações são geradas com base em dados sobre a população,<br />
nascimentos, mortes, morbidade.<br />
• No Brasil, os dados populacionais podem ser acessados no site do IBGE.<br />
• Os dados sobre eventos vitais e morbidade podem ser acessados no site<br />
do DATASUS, Departamento de Informática do SUS. Nele, são encontrados<br />
os seguintes bancos de dados: SIM; SINASC; SIA/SUS; SIH/SUS e<br />
SINAM. Esses bancos são continuamente atualizados.<br />
• As informações geradas de dados sobre mortalidade têm algumas limitações,<br />
dentre elas registro incorreto da causa de morte; registro de óbitos<br />
apresentando apenas uma causa de morte; diagnóstico incorreto da causa<br />
de morte; sub-registro de óbitos.<br />
• As informações sobre morbidade também têm limitações: elas refletem a<br />
realidade apenas da parcela da população que procura o serviço de saúde<br />
e tem um diagnóstico correto da sua enfermidade. Não há informações sobre<br />
as pessoas doentes mas sem sintomas ou sobre as pessoas que têm os<br />
sintomas mas não procuram o serviço de saúde. O mesmo acontece com<br />
as pessoas que procuram o serviço de saúde mas não têm um diagnóstico<br />
correto e com as que são diagnosticadas mas o registro não é feito.<br />
• As limitações dos dados de mortalidade e morbidade podem levar a conclusões<br />
equivocadas nas análises dos indicadores calculados com base<br />
nesses dados.<br />
Aula 6 | Fontes e limitações dos dados de saúde 115<br />
e-Tec Brasil
Informações sobre a próxima aula<br />
Na próxima aula, veremos as limitações dos dados de nascimentos e algumas<br />
questões sobre a qualidade dos dados de saúde. Até lá!<br />
Respostas das atividades<br />
Atividade 1<br />
a)<br />
b)<br />
SINAM – Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação.<br />
SINASC – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos.<br />
SIM – Sistema de Informação sobre Mortalidade.<br />
Atividade 2<br />
Taxa de mortalidade infantil =<br />
Óbitos de crianças com até 1 (um) ano x 1.000<br />
Nascidos vivos no ano<br />
Taxa de mortalidade infantil, na sua cidade, dados DATASUS =<br />
35<br />
1000 31,81<br />
1.100 ´ =<br />
Taxa de mortalidade infantil, na sua cidade, dados DATASUS – óbitos fetais<br />
=<br />
35- 5 30<br />
´ 1000 = ´ 1000 = 27,40<br />
1.100 -5 1095<br />
Com base nos dados do DATASUS, para cada 1.000 crianças nascidas vivas<br />
na sua cidade cerca de 32 morrem antes de completar um ano de idade.<br />
Quando se exclui os óbitos fetais do numerador, esse número é de cerca de<br />
27. Você conclui que a taxa de mortalidade infantil oficial está bem maior do<br />
que seria na verdade caso todos os óbitos tivessem sido classificados corretamente.<br />
As cinco crianças que eram óbitos fetais, quando foram classificadas<br />
como nascidas vivas, foram contadas nas mortes de crianças de menos de<br />
um ano. Com isso, a taxa de mortalidade infantil aparenta ser maior do que<br />
é na realidade.<br />
e-Tec Brasil 116<br />
Gerência de Saúde
Atividade 3<br />
Taxa de incidência Influenza A = Nº casos novos, na sua cidade, julho 2008<br />
x 100.000<br />
População total no período<br />
Taxa de incidência Influenza A (diagnóstico incorreto) =<br />
3<br />
100.000 5<br />
60.000 ´ =<br />
Taxa de incidência Influenza A (diagnóstico correto) =<br />
5<br />
100.000 8,33<br />
60.000 ´ =<br />
Com o diagnóstico correto, a taxa de incidência de Influenza A na cidade foi<br />
maior que a taxa baseada no diagnóstico incorreto. Veja que essa limitação<br />
nos dados (diagnóstico incorreto de uma doença) tem sérias conseqüências<br />
sobre a população. Com uma taxa de incidência mais elevada da doença,<br />
mais medidas preventivas devem ser tomadas pela população. Se for apresentada<br />
equivocadamente uma menor taxa de incidência, as autoridades de<br />
saúde e a população irão ignorar a gravidade da doença. E com isso mais<br />
casos podem surgir, devido à falta de cuidado das pessoas para evitar contrair<br />
a doença.<br />
Referências bibliográficas<br />
DIÁRIO da Saúde. Taxa de mortalidade infantil em São Paulo é a menor da história.<br />
Disponível em: <br />
Acesso em 31 ago 2009.<br />
INDICADORES básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. Rede Interagencial<br />
de Informações para a Saúde. Ripsa. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde,<br />
2008. 349p.<br />
SECRETARIA de Estado da Saúde - AL. Estudo da Sesau revela que 43% dos cemitérios de<br />
Alagoas são clandestinos. Disponível em: Acesso em: 30 ago 2009.<br />
Aula 6 | Fontes e limitações dos dados de saúde 117<br />
e-Tec Brasil
SILVEIRA, Maria Helena; SOBOLL, Maria Lucia. Sub-registro de nascimento: aspectos<br />
educativos visando à sua diminuição. Revista Saúde Pública. São Paulo, v.7, n.2, jun.1973.<br />
Disponível em Acesso<br />
em 30 ago 2009.<br />
SOARES, D. A.; ANDRADE, S. M.; CAMPOS, J. J. B. Epidemiologia e indicadores de saúde.<br />
Disponível em: Acesso em: 29 ago 2009.<br />
e-Tec Brasil 118<br />
Gerência de Saúde
Aula 7 | Limitações e qualidade<br />
dos dados de saúde<br />
Meta da aula<br />
• Apresentar uma importante limitação dos dados de nascimentos<br />
e avaliar como a qualidade dos dados de estatísticas vitais<br />
(nascimentos e óbitos) compromete os indicadores de mortalidade<br />
e de morbidade.<br />
Objetivos da aula<br />
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:<br />
1. avaliar como o problema do sub-registro de nascimentos compromete<br />
os indicadores que utilizam os dados de nascimentos;<br />
2. analisar criticamente a qualidade dos dados de mortalidade e<br />
morbidade.<br />
Pré-requisitos<br />
Para um bom aproveitamento desta aula, você precisa rever a definição<br />
e o cálculo dos indicadores de saúde (assunto da Aula 5).<br />
Dá para fazer comparações?<br />
Nos estudos sobre saúde, é muito comum fazermos comparações de uma<br />
variável entre duas ou mais regiões, em um determinado ano. Essa variável<br />
pode ser comparada, também, em uma mesma região, em dois ou mais anos.<br />
Por exemplo, podemos comparar a prevalência de dengue nos municípios de<br />
Porteirinha e Bocaiúva em 2005 ou a prevalência dessa doença no município<br />
de Porteirinha nos anos de 1995 e 2007. Muitas vezes, essas comparações são<br />
feitas para identificar qual região precisa de mais investimentos para melhorar<br />
a situação de saúde da sua população. Vamos ver uma informação?<br />
Aula 7 | Limitações e qualidade dos dados de saúde 119<br />
e-Tec Brasil
“O Brasil sofreu importantes surtos epidêmicos de dengue,<br />
assim como vários países tropicais do mundo. O número<br />
de municípios infestados pelo mosquito Aedes aegypti,<br />
vetor da doença, chegou a 3.529 em 2001, com um<br />
número de 358 mil casos notificados entre janeiro e junho<br />
daquele ano.”<br />
Fonte: Instituto Brasileiro de Saúde.Prevenção e controle de<br />
doenças transmissíveis.Disponível em http://www.ibsonline.org.br/website/artigo.asp?cod=1880&idi=1&id=4573.<br />
Acesso em 04.set.2009.<br />
Fonte: portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/visua<br />
Figura 7.1: Muitas vezes não podemos informar qual município tem mais casos de<br />
dengue, pois diversos casos não são registrados.<br />
Com essa informação, pode ser que alguém queira comparar o número de<br />
casos da doença entre os municípios para saber qual deles foi mais afetado,<br />
mas nem sempre teremos uma resposta correta ao fazer essa comparação.<br />
E por que isso acontece? Já aprendemos que nem todos os casos de uma<br />
doença são notificados.<br />
Como nos casos de morbidade, temos que ter cuidado também quando<br />
comparamos indicadores que envolvem o total de nascimentos ocorridos<br />
entre as regiões em um determinado ano. Isso porque nem todos os nascimentos<br />
são registrados.<br />
Nesta aula, vamos ver uma importante limitação dos dados sobre nascimentos<br />
(o sub-registro). Também veremos como a má qualidade dos dados de<br />
e-Tec Brasil 120<br />
Gerência de Saúde
nascimentos, óbitos e morbidade afetam os indicadores calculados. Devemos<br />
estar atentos à qualidade dos dados ao fazermos as análises das informações<br />
baseadas nesses indicadores.<br />
Limitação dos dados de nascimentos<br />
O registro de nascimento é um meio de garantir a cidadania e os direitos do<br />
ser humano. Além disso, ele também é uma importante fonte de dados para<br />
a estimação de alguns indicadores de saúde.<br />
Vimos, na Aula 6, o problema do sub-registro de óbitos. Esse problema<br />
também ocorre nos dados de nascimentos. O sub-registro dos nascimentos<br />
é mais frequente em regiões mais pobres, na população de rua, entre os<br />
indígenas e entre os filhos ilegítimos (filhos cujos pais não assumiram sua<br />
paternidade).<br />
Fonte: http://www.agenciaalagoas.al.gov.br/<br />
imagem.kmf?img=8726281m.jpg&tipo=1&s=1<br />
Figura 7.2: O registro de nascimento é fundamental para garantir a cidadania e os<br />
direitos do ser humano e para estimar alguns indicadores de saúde.<br />
Por que ocorre o sub-registro de nascimentos? Muitos fatores podem colaborar<br />
para a ocorrência de sub-registro, como, por exemplo:<br />
• ignorância da necessidade do registro pelos pais;<br />
• ignorância do fato de que o registro não é cobrado, se for comprovada<br />
situação de pobreza;<br />
Aula 7 | Limitações e qualidade dos dados de saúde 121<br />
e-Tec Brasil
• desconhecimento de que na certidão de nascimento não consta a informa-<br />
ção de que o filho é ilegítimo;<br />
• distância do domicílio ao cartório etc.<br />
Devido aos sub-registros, o total de nascimentos que consta na base SINASC<br />
(Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos) não reflete a verdadeira quantidade<br />
de nascidos vivos de uma região. E isso compromete os indicadores<br />
que fazem uso desses dados.<br />
Em quais regiões o sub-registro de nascimentos é maior?<br />
No ano de 2007, o IBGE divulgou que o sub-registro de nascimentos<br />
no Brasil correspondia a aproximadamente 12%.<br />
O IBGE chama de sub-registro de nascimento o total de nascimentos<br />
não registrados no próprio ano de ocorrência ou até o final do<br />
primeiro trimestre do ano seguinte. Nas regiões mais pobres do<br />
Brasil, esse problema é maior. Em 2007, esse índice foi de 21,9%<br />
na região Nordeste e de 18% na região Norte. Em seguida, vêm<br />
as regiões Centro-Oeste (10,6%), Sudeste (5,5%) e a Sul, com o<br />
menor índice do País (1,4%).<br />
Melbia<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1208090<br />
e-Tec Brasil 122<br />
Gerência de Saúde
Atividade 1<br />
Atende ao Objetivo 1<br />
Vamos supor que você more em uma pequena cidade do interior. Acessando<br />
o site do DATASUS, você viu que na sua cidade houve 1.100 nascidos vivos<br />
em 2006, e que nesse mesmo ano foram registradas 35 mortes de crianças<br />
menores de um ano de idade.<br />
Depois, fazendo uma pesquisa no cartório da cidade, você descobriu que<br />
120 crianças nascidas em 2006 só tiveram a certidão de nascimento emitida<br />
dois anos depois. É o que se define como sub-registro de nascimentos, certo?<br />
Como você já aprendeu a calcular a taxa de mortalidade infantil, faça o<br />
cálculo dessa taxa com base nos dados registrados no DATASUS, em 2006.<br />
Depois refaça o exercício, incluindo os dados não registrados nesse ano. O<br />
que você conclui?<br />
Avaliando a qualidade dos dados...<br />
Assim como a qualidade dos dados de eventos vitais é afetada pelo subregistro<br />
de nascimentos e de óbitos, a qualidade dos dados de morbidade<br />
e mortalidade também é afetada pelas limitações desses dados (assunto<br />
da Aula 6).<br />
Para ilustrar a importância da qualidade dos dados, vamos imaginar algumas<br />
situações. Vamos considerar dois municípios:<br />
Município 1: município com população de alto nível socioeconômico e com<br />
alto acesso aos serviços de saúde. Os equipamentos existentes nas clínicas<br />
e hospitais são modernos, permitindo um diagnóstico mais preciso das doenças.<br />
Nesses hospitais, os médicos e demais profissionais são altamente<br />
especializados.<br />
Aula 7 | Limitações e qualidade dos dados de saúde 123<br />
e-Tec Brasil
Fonte: www.sxc.hu/photo/1060191<br />
Figura 7.3: Município urbano, com população com grande acesso aos serviços de saúde.<br />
Município 2: município em que grande parte da população vive na zona<br />
rural, com pequeno acesso aos serviços de saúde. Os hospitais têm uma<br />
infra-estrutura precária, com poucos profissionais especializados. Seus equipamentos<br />
para a realização de exames são poucos e antigos.<br />
Cristian Popescu<br />
David Lat<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1141090<br />
Figura 7.4: Município rural, com população com baixo acesso aos serviços de saúde.<br />
Situação A: Imagine que iremos analisar a taxa de mortalidade por uma determinada<br />
doença, nesses dois municípios. A doença a ser analisada é o câncer<br />
de mama. Em qual dos municípios a taxa de mortalidade registrada para<br />
essa doença tende a ser maior? Por quê? Responda no espaço a seguir:<br />
e-Tec Brasil 124<br />
Gerência de Saúde
Ivan Prole<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1223589<br />
Se você respondeu que a taxa de mortalidade por câncer de mama poderá<br />
ser maior no Município 1, acertou! A alta cobertura no acesso à saúde, o<br />
diagnóstico preciso da doença e o registro correto da causa de morte na declaração<br />
de óbito (DO) pode levar a um valor mais elevado dessa taxa, nesse<br />
município.<br />
Mas, atenção! Talvez, na realidade, essa taxa seja maior no Município 2.<br />
Nesse município a doença não é diagnosticada corretamente, e talvez o preenchimento<br />
da DO seja feito incorretamente, ou nem seja feito. Ele apresentará<br />
uma taxa de mortalidade pela doença menor, mas que talvez não<br />
corresponda à realidade. Com dados incorretos, algumas doenças podem<br />
apresentar um número menor do que o real. Como consequência, a mortalidade<br />
por essa doença também será estimada num valor menor.<br />
Situação B: Agora vamos pensar nos dados de nascimentos e óbitos infantis.<br />
Esses dois tipos de dados são empregados no cálculo de um importante<br />
indicador de saúde: a taxa de mortalidade infantil. Em qual dos dois municípios<br />
o resultado desse indicador será mais confiável? Por quê? Novamente,<br />
coloque sua resposta no espaço a seguir.<br />
Ivan Prole<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1223589<br />
Aula 7 | Limitações e qualidade dos dados de saúde 125<br />
e-Tec Brasil
Você deve ter respondido que o valor da taxa de mortalidade infantil será<br />
mais confiável no Município 1. Sua resposta é justificada com base no subregistro.<br />
É de se esperar que o sub-registro de nascimentos e óbitos seja<br />
maior no município 2. Em contrapartida, os indicadores de saúde baseados<br />
nesses dados serão mais confiáveis no Município 1.<br />
O problema da qualidade dos dados afeta também as informações sobre incidência<br />
e prevalência de doenças. Por exemplo, na falta de um diagnóstico<br />
correto, como saber quais os novos casos de uma doença em um município?<br />
Como saber quantas pessoas de uma localidade são portadoras de uma<br />
determinada doença?<br />
Esses problemas nos mostram o cuidado que devemos ter ao analisar os indicadores<br />
de saúde que envolvem dados de morbidade, óbitos e nascimentos.<br />
Esse cuidado deve ser ainda maior quando vamos fazer comparações desses<br />
indicadores entre diferentes regiões.<br />
Em geral, nas regiões mais desenvolvidas, os equipamentos (para realização<br />
de exames e diagnóstico de doenças) são mais modernos e os recursos humanos<br />
(médicos, enfermeiros etc.) mais qualificados. Esses fatores favorecem<br />
a identificação de doenças e das causas reais de morte dos indivíduos.<br />
Além disso, a qualidade dos dados de nascimentos e óbitos nessas regiões é<br />
melhor em relação às regiões menos desenvolvidas.<br />
Ao longo dos anos, a tendência é de melhora nesses recursos e na qualidade<br />
dos indicadores de saúde, nas diversas regiões. O Governo tem procurado<br />
reduzir as diferenças regionais na área da saúde, promovendo investimentos<br />
no setor (construção de mais hospitais, aquisição de novos equipamentos,<br />
investimentos na formação de profissionais de saúde etc.).<br />
Atividade 2<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
Imagine que você está fazendo um estudo sobre a mortalidade por causas<br />
mal definidas, no Brasil. Acessando o site do Ministério da Saúde, você descobriu<br />
a seguinte tabela:<br />
e-Tec Brasil 126<br />
Gerência de Saúde
Tabela 1: Mortalidade proporcional por causas mal definidas, Brasil<br />
e grandes regiões, 1996, 2000 e 2004.<br />
Regiões<br />
Proporção de causas mal definidas<br />
1996 2000 2004<br />
Brasil 15,1 14,3 12,4<br />
Norte 24,2 24,0 20,8<br />
Nordeste 32,4 28,4 23,7<br />
Sudeste 9,2 9,8 8,5<br />
Sul 8,9 6,3 6,2<br />
Centro-Oeste 10,8 8,5 5,8<br />
Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)<br />
Analisando os dados, você percebe que houve uma queda na proporção de<br />
mortes por causas mal definidas entre 1996 e 2004, tanto em nível nacional<br />
como em nível regional, e que a diferença nas proporções entre as regiões é<br />
bastante significativa. Questões:<br />
a)<br />
Como você explica essa queda e essas diferenças interregionais?<br />
b)<br />
Explique como uma alta proporção de mortes por causas mal definidas<br />
afeta a taxa de prevalência das doenças e como afeta a comparação,<br />
entre as regiões, da prevalência por uma doença específica.<br />
Aula 7 | Limitações e qualidade dos dados de saúde 127<br />
e-Tec Brasil
Conclusão<br />
A má qualidade dos dados relacionados à saúde pode levar a conclusões<br />
bastante equivocadas. É preciso muita cautela na análise das informações<br />
que são geradas por esses dados. Essas informações é que direcionam as<br />
medidas de saúde que são implementadas numa região.<br />
Resumo<br />
• O registro de nascimento é uma importante fonte de dados para a estimativa<br />
de alguns indicadores de saúde.<br />
• Uma importante limitação relacionada aos dados de nascimentos é o<br />
sub-registro. Esse problema ocorre principalmente nas regiões mais pobres,<br />
entre a população de rua, entre os indígenas e entre os filhos ilegítimos<br />
(cujos pais não assumiram sua paternidade).<br />
• O sub-registro de nascimentos ocorre devido a muitos fatores. Podemos<br />
citar: a ignorância dos pais sobre a necessidade do registro, o desconhecimento<br />
do fato de que o registro não é cobrado em situação de pobreza,<br />
a distância do domicílio ao cartório etc.<br />
• Devido ao problema do sub-registro, o total de nascimentos que consta<br />
na base SINASC (Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos) não reflete<br />
a verdadeira quantidade de nascidos vivos. Os indicadores que fazem uso<br />
dessa informação ficam comprometidos.<br />
• A qualidade dos dados de saúde é afetada por vários fatores. Entre eles:<br />
o sub-registro de nascimentos, as limitações dos dados de mortalidade e<br />
as limitações dos dados de morbidade.<br />
• A má qualidade dos dados de mortalidade, morbidade e nascimentos<br />
pode levar a conclusões equivocadas nas análises dos indicadores calculados<br />
com base nesses dados.<br />
Informação sobre a próxima aula<br />
Na próxima aula veremos alguns conceitos básicos da Demografia. Até lá!<br />
e-Tec Brasil 128<br />
Gerência de Saúde
Respostas das atividades<br />
Atividade 1<br />
Óbitos de crianças com até 1ano<br />
Taxa de mortalidade infantil = x 1.000<br />
Nascidos vivos no ano<br />
Taxa de mortalidade infantil, na sua cidade, dados DATASUS =<br />
35 ×1.000 = 31,81<br />
1.100<br />
Taxa de mortalidade infantil, na sua cidade, dados DATASUS + nascimentos<br />
35<br />
não registrados =<br />
⋅1.000 = 28,69<br />
1.100 +120<br />
Com base nos dados do DATASUS, para cada 1.000 crianças nascidas vivas<br />
na sua cidade, cerca de 32 morrem antes de completar um ano de idade.<br />
Quando foram considerados os 120 nascimentos que não foram registrados<br />
no ano de ocorrência, esse número foi de cerca de 29. Você pode concluir<br />
que a taxa de mortalidade infantil oficial está maior do que seria na verdade,<br />
caso todos os nascimentos fossem registrados. Esse exercício mostra como<br />
que o indicador é afetado pela má qualidade dos dados.<br />
Atividade 2<br />
a)<br />
De acordo com a tabela, no Brasil, a proporção de mortes por causas mal<br />
definidas passou de 15,1%, em 1996, para 12,4%, em 2004. A divisão<br />
por grandes regiões também revela uma queda no indicador no período.<br />
O que explica essa queda? Nos últimos anos tem aumentado a cobertura<br />
dos serviços de saúde no país. Tem havido também um maior investimento<br />
em equipamentos (para diagnóstico de doenças) e em recursos<br />
humanos nas unidades hospitalares. Esses fatores são importantes para<br />
identificar as doenças e as causas reais de morte dos indivíduos. Com<br />
isso, há uma diminuição no registro de mortes por causas não definidas.<br />
Com a melhora dos dados, temos um melhor diagnóstico das condições<br />
de saúde da população. Apesar dessa melhoria, as desigualdades entre<br />
as regiões permanecem. Nas regiões mais pobres do país (Nordeste e<br />
Norte), a proporção de mortes por causas mal definidas é bem maior em<br />
relação às regiões mais desenvolvidas. As regiões mais desenvolvidas têm<br />
mais e melhores recursos (físicos e humanos), o que favorece a identificação<br />
da verdadeira causa de morte.<br />
Aula 7 | Limitações e qualidade dos dados de saúde 129<br />
e-Tec Brasil
)<br />
Uma grande proporção de mortes por causas mal definidas significa que<br />
muitas doenças não têm sua causa identificada. Com isso, os dados de<br />
prevalência existentes não medem o total de casos reais de uma determinada<br />
doença. As taxas de prevalência das doenças ficam subestimadas,<br />
isto é, têm seu valor menor que o verdadeiro. Com esse problema de alta<br />
proporção de mortes por causas mal definidas, não é possível afirmar em<br />
qual região a prevalência por um tipo de doença é maior ou menor, pois<br />
parte dos casos dessa doença está classificada como mal definida. Uma<br />
região pode ter menos casos diagnosticados de uma doença do que outra,<br />
mas talvez tenha muitos casos entre os mal definidos. Então, qualquer<br />
comparação tem que ser acompanhada de bastante cautela.<br />
Referências bibliográficas<br />
BRASIL. Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais. Estado de São Paulo<br />
erradica o sub-registro de nascimento. Disponível em: Acesso em: 29 ago 2009.<br />
INDICADORES básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. In: Rede Interagencial<br />
de Informações para a Saúde. Ripsa. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde,<br />
2008. 349p.<br />
SECRETARIA de Estado de Saúde, MT. Estado divulga dados da Dengue referente à terceira<br />
semana de agosto de 2009. Disponível em: Acesso em: 30 ago 2009.<br />
SILVEIRA, Maria Helena; SOBOLL, Maria Lucia. Sub-registro de nascimento: aspectos<br />
educativos visando à sua diminuição. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.7, n.2, jun.1973.<br />
Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034. Acesso em<br />
30 ago 2009.<br />
SOARES, D. A.; ANDRADE, S. M.; CAMPOS, J. J. B. Epidemiologia e indicadores de saúde.<br />
Disponível em: Acesso em: 29 ago 2009.<br />
e-Tec Brasil 130<br />
Gerência de Saúde
Aula 8 | Indicadores básicos de<br />
demografia<br />
Meta da aula<br />
• Apresentar alguns indicadores básicos da demografia.<br />
Objetivos da aula<br />
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:<br />
1. calcular e analisar a Taxa Bruta de Mortalidade (TBM);<br />
2. calcular e analisar indicadores de fecundidade.<br />
Pré-requisito<br />
Para que você tenha um bom aproveitamento desta aula, é importante<br />
que reveja os indicadores de mortalidade, assunto apresentado<br />
na Aula 5.<br />
Tamanho das famílias: qual o número ideal<br />
de filhos?<br />
Atualmente se fala muito na diminuição do número de filhos. Também é<br />
comum ouvirmos falar do aumento de idosos na população. Essa realidade<br />
tem ocorrido em todos os países, sejam eles ricos ou pobres.<br />
Vejamos alguns dados: no Brasil, a proporção de idosos passou de 4,15%<br />
em 1940 para 8,6% em 2000. Ou seja, a parcela de idosos na população<br />
brasileira aumentou mais que o dobro. No mesmo período, a proporção de<br />
crianças de 0 a 14 anos passou de 42,9% para 29,6%. Na sua opinião, qual<br />
pode ser o motivo da mudança nesses dados? O que explica esse aumento<br />
da parcela de idosos e a diminuição da parcela de crianças? Pense e escreva<br />
no espaço a seguir.<br />
Aula 8 | Indicadores básicos de demografia 131<br />
e-Tec Brasil
Michal Zacharzewski<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1191114<br />
Em que você pensou? Se você disse que agora temos mais recursos (em<br />
relação à saúde, higiene e outros) e que os casais têm tido menos filhos,<br />
acertou! Os dois fatores que explicam essas mudanças são a diminuição da<br />
mortalidade (principalmente a infantil) e da fecundidade.<br />
Essa realidade está presente em todas as famílias. Se você conversar com<br />
os seus avós ou com os avós de alguns amigos seus descobrirá que muitos<br />
tiveram filhos que morreram logo depois do nascimento ou durante seus<br />
primeiros meses de vida. Hoje, sabemos que a taxa de mortalidade infantil<br />
no Brasil tem caído bastante nos últimos anos.<br />
Pense no tamanho das famílias: você tem quantos irmãos? E seus pais? E seus<br />
avós? É bastante provável que você tenha bem menos irmãos que seus pais e<br />
seus avós. Certo? As famílias estão se tornando cada vez menores. Em geral,<br />
se conversamos com um jovem casal e perguntamos quantos filhos têm ou<br />
terão, eles responderão que pensam em ter ou têm no máximo dois filhos.<br />
Simona Balint<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1155909<br />
Figura 8.1: Nos dias atuais, as famílias estão se tornando cada vez menores.<br />
e-Tec Brasil 132<br />
Gerência de Saúde
Com a queda da mortalidade e da fecundidade, ocorre uma diminuição da<br />
parcela de crianças e jovens e um aumento da parcela de idosos em uma população.<br />
A mortalidade e a fecundidade são duas variáveis muito importantes<br />
para se entender a dinâmica populacional. Nesta aula, vamos abordar essas<br />
duas variáveis. Antes, porém, você vai conhecer o conceito de demografia.<br />
Demografia<br />
Vamos ver o significado do termo demografia? Esse termo origina-se do<br />
grego: demos = população; graphein = estudo. A demografia estuda a população<br />
humana e sua evolução ao longo do tempo.<br />
Na estatística, a população é definida como um conjunto de elementos com<br />
uma característica em comum. Na demografia, a população é um conjunto<br />
de pessoas com uma característica comum. Ex.: conjunto de pessoas de uma<br />
determinada região.<br />
Fonte: www.aleac.ac.gov.br/aleac/moisesdiniz/<br />
Figura 8.2: A demografia estuda a população humana e sua evolução no tempo.<br />
Existem muitas variáveis demográficas. Nesta aula, vamos apresentar duas: a<br />
mortalidade e a fecundidade.<br />
Mortalidade<br />
A mortalidade é um dos componentes centrais da dinâmica demográfica. Existem<br />
vários indicadores de mortalidade. Como já vimos alguns desses indicadores<br />
na Aula 5, veremos aqui apenas um: a Taxa Bruta de Mortalidade (TBM).<br />
Glossário<br />
Dinâmica demográfica<br />
Dinâmica da população.<br />
Envolve os componentes<br />
mortalidade, fecundidade e<br />
migrações.<br />
Aula 8 | Indicadores básicos de demografia 133<br />
e-Tec Brasil
• Taxa Bruta de Mortalidade (TBM)<br />
Esse indicador é calculado dividindo-se o total de óbitos ocorridos em um<br />
determinado ano pela população total de uma região nesse mesmo ano.<br />
O<br />
j<br />
TBM = x 1.000<br />
Sendo:<br />
P<br />
j<br />
O j<br />
= total de óbitos no ano j;<br />
P j<br />
= população total no ano j.<br />
O resultado do cálculo nos dá o risco que uma pessoa tem de morrer no<br />
decorrer de um determinado ano, em uma região. Ao multiplicar o resultado<br />
por 1.000, temos a Taxa Bruta de Mortalidade (TBM) em número de óbitos<br />
por mil habitantes nessa região e ano.<br />
A Taxa Bruta de Mortalidade (TMB) é uma medida de risco. No denominador<br />
devem estar todas as pessoas expostas ao risco de morte<br />
no decorrer de um determinado ano. Sabemos que a população<br />
total muda a cada instante. Assim, qual população considerar no<br />
denominador?<br />
Sigurd Decroos<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1124847<br />
Utilizamos uma estimativa da população total existente no meio<br />
do ano. Quando fazemos isso, supomos que os nascimentos e óbitos<br />
na população ocorrem uniformemente no decorrer do ano.<br />
Geralmente, o IBGE disponibiliza essas estimativas populacionais<br />
para o meio do ano.<br />
e-Tec Brasil 134<br />
Gerência de Saúde
Veja o gráfico a seguir:<br />
Gráfico 8.1: Taxas brutas de mortalidade no Brasil,<br />
por mil habitantes, 1990 a 2008.<br />
Milhares Hab.<br />
8,0<br />
7,5<br />
7,0<br />
6,5<br />
6,0<br />
5,5<br />
5,0<br />
1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008<br />
Fonte: www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/populacao08.htm (IBGE, 2008)<br />
De acordo com o gráfico, a TBM no Brasil estava em torno de 7,0 no início<br />
da década de 1990, estabilizando-se em torno de 6,2 a partir de 2003.<br />
Assim, para cada mil pessoas da população nacional, o total de óbitos nos<br />
últimos anos é de cerca de 6,2.<br />
Atividade 1<br />
Atende ao Objetivo 1<br />
Vamos supor que você está realizando um estudo sobre a dinâmica demográfica<br />
em Belo Horizonte, utilizando dados de 2007. Acessando o site do<br />
DATASUS, você coleta os seguintes dados:<br />
Tabela 8.1: Total da população e óbitos, Belo Horizonte, 2007.<br />
População<br />
Óbitos<br />
2.424.292 14.059<br />
Calcule a Taxa Bruta de Mortalidade (TBM). O que significa este resultado?<br />
Aula 8 | Indicadores básicos de demografia 135<br />
e-Tec Brasil
Natalidade e Fecundidade<br />
Vamos ver a diferença entre natalidade e fecundidade? A natalidade corresponde<br />
à relação entre os nascimentos vivos e a população total. A fecundidade<br />
corresponde à relação entre os nascimentos vivos e as mulheres em<br />
idade reprodutiva. Essas variáveis também são essenciais para entender a<br />
dinâmica demográfica. Veremos agora os seguintes indicadores:<br />
• Taxa Bruta de Natalidade (TBN);<br />
• Taxa de Fecundidade Geral (TFG);<br />
• Taxa Específica de Fecundidade (TEF) e;<br />
• Taxa de Fecundidade Total (TFT).<br />
Não confunda fecundidade com fertilidade! Enquanto a fertilidade<br />
refere-se ao potencial reprodutivo das mulheres, a fecundidade é o<br />
resultado concreto da capacidade reprodutiva.<br />
Sabemos que muitas mulheres controlam o tamanho da sua prole:<br />
quanto maior for esse controle, maior a distância entre a fertilidade<br />
e a fecundidade. Ainda que as mulheres não façam esse controle,<br />
o nível de fecundidade de uma população será sempre menor do<br />
que o nível da fertilidade. O que explica essa diferença nos níveis?<br />
Podemos citar três fatores que fazem com que o nível da fecundidade<br />
seja diferente do nível da fertilidade: o início da vida sexual, a<br />
frequência das relações sexuais e as perdas fetais.<br />
Simona Balint<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/963183<br />
e-Tec Brasil 136<br />
Gerência de Saúde
A – Taxa Bruta de Natalidade (TBN)<br />
A natalidade pode ser medida por meio da TBN, calculada da seguinte forma:<br />
N<br />
j<br />
TBNj<br />
= x 1.000<br />
Pj<br />
Sendo:<br />
N j<br />
= o total de nascidos vivos durante o ano j.<br />
P j<br />
= a população total no meio do ano.<br />
Como analisar a TBN? Esse indicador nos dá o número de nascidos vivos<br />
para cada mil habitantes de uma população.<br />
Essa taxa depende da proporção de mulheres em idade fértil em relação à<br />
população total e também da distribuição etária das mulheres que estão no<br />
período reprodutivo. Ou seja, quanto mais mulheres em idade fértil e quanto<br />
mais jovens forem essas mulheres, maior a probabilidade de uma Taxa Bruta<br />
de Natalidade (TBN) mais elevada.<br />
Observe que a TBN não é uma medida de risco. Por quê? Nem todas as<br />
pessoas incluídas no denominador estão sob o risco de se tornarem pais ou<br />
mães no ano analisado. No denominador, além da população em idade fértil,<br />
temos crianças e idosos, já que estamos considerando toda a população.<br />
B – Taxa de Fecundidade Geral (TFG)<br />
A TFG refere-se à divisão, em um determinado ano j, do total de nascidos<br />
vivos pela população feminina que está no período reprodutivo ou em idade<br />
fértil. Em geral, considera-se idade fértil para as mulheres a faixa etária entre<br />
15 e 49 anos. Como na atualidade muitas meninas estão se tornando mães<br />
antes dos 15 anos, certamente essa definição logo mudará.<br />
TFG =<br />
j<br />
N<br />
j<br />
M<br />
35 15,j<br />
Sendo:<br />
N j<br />
= total de nascidos vivos durante o ano j.<br />
M = total de mulheres de 15 a 49 anos. O número 15 corresponde ao<br />
35 15,j<br />
limite inferior do intervalo de idade e 35 a amplitude do intervalo.<br />
Aula 8 | Indicadores básicos de demografia 137<br />
e-Tec Brasil
Como resultado, temos o número médio de filhos das mulheres que estão<br />
no período reprodutivo (15 a 49 anos) em um determinado ano. Se multiplicarmos<br />
o resultado por 1.000, teremos o número médio de filhos para cada<br />
mil mulheres dentro do período reprodutivo.<br />
Esta taxa depende da intensidade (risco) com que as mulheres têm filhos em<br />
cada idade e da distribuição etária das mulheres dentro do período reprodutivo.<br />
Assim, se em um município a maioria das mulheres tiver idade entre<br />
40-49 anos é de se esperar uma menor Taxa de Fecundidade Geral (TFG)<br />
para um determinado ano.<br />
Clix<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/916142<br />
Figura 8.3: A Taxa de Fecundidade Geral (TFG) será menor quando, em um determinado<br />
local, a maioria das mulheres tiver idade mais avançada (Ex.: 40-49 anos).<br />
Podemos utilizar a TBN e a TFG para comparar níveis de<br />
fecundidade?<br />
Tanto a Taxa Bruta de Natalidade (TBN) como a Taxa de Fecundidade<br />
Geral (TFG) dependem da distribuição etária das mulheres em<br />
idade fértil. Vamos supor duas regiões: uma com mulheres relativamente<br />
mais velhas e outra com mulheres mais jovens. Onde se<br />
espera uma natalidade ou uma fecundidade mais elevada em um<br />
determinado ano?<br />
e-Tec Brasil 138<br />
Gerência de Saúde
Benjamin Earwicker<br />
Marek Bernat<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/821915<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/788438<br />
Esperamos um maior número de nascimentos, em um certo ano,<br />
na região com mulheres mais jovens. Devido ao fato de duas ou<br />
mais regiões terem diferentes distribuições etárias da sua população<br />
feminina em idade fértil, a TBN e a TFG não são boas medidas<br />
para se comparar níveis de fecundidade. Para fazer essa comparação,<br />
utilizamos a Taxa de Fecundidade Total (TFT).<br />
C – Taxa Específica de Fecundidade (TEF)<br />
A TEF corresponde à divisão do total de nascimentos vivos de mães de uma<br />
determinada idade ou grupo etário pelo total de mulheres dessa idade ou<br />
grupo etário em um determinado ano.<br />
n<br />
TEF<br />
Sendo:<br />
N<br />
n x,j<br />
x,j<br />
=<br />
n M<br />
x,j<br />
n N x,j<br />
= Total de nascidos vivos das mulheres do grupo etário x a n, no ano j.<br />
M = Total de mulheres do grupo etário x a n, no ano j.<br />
n x,j<br />
Esse indicador nos dá o número médio de filhos nascidos vivos tidos por uma<br />
mulher, em uma faixa etária específica, em um determinado ano e lugar.<br />
Quando multiplicamos o resultado da fórmula por 1.000, temos a taxa por<br />
grupo de mil mulheres em cada faixa etária.<br />
Ao contrário da Taxa Bruta de Natalidade (TBN) e da Taxa de Fecundidade<br />
Geral (TFG), a Taxa Específica de Fecundidade (TEF) não é afetada pela estrutura<br />
etária das mulheres de uma região. Isso acontece porque a fecundidade<br />
é calculada considerando cada grupo etário específico. Assim, podemos<br />
comparar a TEF das mulheres de 20 a 24 anos de uma região A com a TEF<br />
Aula 8 | Indicadores básicos de demografia 139<br />
e-Tec Brasil
das mulheres de 20 a 24 anos de uma região B. Usando esse indicador, podemos<br />
comparar níveis de fecundidade por grupos etários específicos.<br />
Vejamos um exemplo de cálculo da Taxa Específica de Fecundidade (TEF): Em<br />
Belo Horizonte foram registrados 8.168 nascimentos entre as mulheres do<br />
grupo etário de 25 a 29 anos, em 2007. No município, as estimativas apontam<br />
124.319 mulheres nessa faixa etária nesse ano. Vamos calcular a TEF a<br />
partir desses dados?<br />
N 8.168<br />
5 25,2007<br />
5TEF 25,2007<br />
= = = 0,0657<br />
5M25,2007<br />
124.319<br />
No ano de 2007, em Belo Horizonte, o número médio de crianças nascidas,<br />
para cada mulher da faixa etária de 25 a 29 anos, foi igual a 0,0657. Veja<br />
que é um número bem pequeno. Isso porque há muitas mulheres dentro<br />
dessa faixa etária. Se multiplicarmos esse resultado por 1.000, teremos o valor<br />
65,70. Ou seja, para cada mil mulheres de 25 a 29 anos o número médio<br />
de crianças nascidas vivas corresponde a aproximadamente 66.<br />
D – Taxa de Fecundidade Total (TFT)<br />
Glossário<br />
Quinquenal<br />
Período de cinco anos.<br />
Em geral, nossa intenção é comparar níveis de fecundidade em algumas<br />
regiões, mas é trabalhoso calcular e analisar separadamente cada Taxa Específica<br />
de Fecundidade (TEF) quinquenal para cada população. Para fazer essa<br />
comparação, utilizamos a Taxa de Fecundidade Total (TFT).<br />
TFT J<br />
= n<br />
∑ n<br />
TEF x,j<br />
Sendo:<br />
n = amplitude do intervalo de idades;<br />
∑ = n x somatório e;<br />
n<br />
TEF = taxa específica de fecundidade para as mulheres do grupo etário<br />
n x,j<br />
x a n, no ano j.<br />
Note que o somatório das TEFs em um determinado ano é multiplicado por<br />
n (amplitude do intervalo de idades). Essa multiplicação é feita porque a Taxa<br />
Específica de Fecundidade (TEF) corresponde ao número médio de filhos nas-<br />
e-Tec Brasil 140<br />
Gerência de Saúde
cidos vivos para cada mulher dentro de um intervalo de idades durante 1 ano.<br />
Cada mulher vive dentro de cada intervalo n anos.<br />
Por exemplo, vamos considerar a fecundidade de uma mulher dentro do grupo<br />
etário de 25 a 29 anos em 2007. Nesse ano, vamos ter o número médio de<br />
filhos nascidos vivos dessa mulher. Mas essa mulher fica dentro desse intervalo<br />
de idade por 5 anos. Se a mulher tem 25 anos, ela ficará nesse intervalo<br />
até os seus 29 anos. Se ela tem 29 anos, ela ficou nesse intervalo desde os 25<br />
anos. Por isso, devemos multiplicar o total das TEFs por n, pois cada mulher<br />
fica, em média, n anos em cada intervalo de idades. Em geral, n = 5, pois os<br />
cálculos são feitos considerando-se grupos quinquenais de idade.<br />
Assim, após somar as TEFs, o resultado obtido é multiplicado por 5, obtendo-se<br />
a TFT. Esse indicador equivale ao número médio de filhos nascidos vivos tidos<br />
por uma mulher ao fim do seu período reprodutivo.<br />
Atividade 2<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
Em uma edição da revista Veja do ano de 2008 foi feita uma reportagem na<br />
área de demografia. A seguir, um pequeno trecho desta reportagem:<br />
“Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde mostra que a taxa de fecundidade<br />
do país, ou seja, a quantidade de filhos que cada brasileira gera, em<br />
média, chegou a 1,8 – contra 6,3 nos anos 60”.<br />
Como você está estudando a dinâmica demográfica de Belo Horizonte, você<br />
resolve calcular a Taxa de Fecundidade Total (TFT) para essa cidade. Desta<br />
forma, poderá verificar se o resultado é similar ao estimado para o país. No<br />
DATASUS, você coleta dados sobre nascimentos e mulheres em idade reprodutiva<br />
para o ano de 2007 (você não conseguiu dados para 2008). Para chegar<br />
à resposta, preencha os espaços em branco da tabela seguinte. Note que<br />
a Taxa Específica de Fecundidade (TEF) para o grupo etário de 25 – 29 anos já<br />
foi calculada anteriormente (Tópico Natalidade e Fecundidade, letra C).<br />
Aula 8 | Indicadores básicos de demografia 141<br />
e-Tec Brasil
Atenção: Não multiplique os resultados por 1.000, pois a TFT indica o número<br />
médio de filhos nascidos vivos tidos por uma mulher ao término do seu<br />
período reprodutivo. Nesse exercício, o que interessa é a fecundidade por<br />
mulher, e não por grupo de mil mulheres.<br />
Obs.: A taxa de fecundidade citada para o Brasil (1,8) é a TFT.<br />
Taxas Específicas de Fecundidade (TEF), Taxa de Fecundidade Geral<br />
(TFG) e Taxa de Fecundidade Total (TFT), Belo Horizonte, 2007.<br />
Grupo etário População feminina Nascidos vivos TEF TFG<br />
15 – 19 97.874 4.004 –<br />
20 – 24 113.696 6.966 –<br />
25 – 29 124.319 8.168 0,0657 –<br />
30 – 34 109.845 6.604 –<br />
35 – 39 95.106 3.668 –<br />
40 – 44 93.455 959 –<br />
45 – 49 87.846 43 –<br />
15 – 49 722.141 30.412 –<br />
TFT – – –<br />
Conclusão<br />
Os indicadores demográficos permitem a compreensão da dinâmica demográfica.<br />
Entre esses indicadores, podemos destacar os relacionados à mortalidade<br />
e à fecundidade, assuntos discutidos nesta aula.<br />
Resumo<br />
• A demografia estuda a população humana e sua evolução no tempo.<br />
• Para se entender a dinâmica demográfica é importante compreender os<br />
indicadores de mortalidade e de fecundidade.<br />
• Entre os indicadores de mortalidade temos a Taxa Bruta de Mortalidade<br />
(TBM). A TBM mede o risco que uma pessoa tem de morrer no decorrer<br />
de um determinado ano em um uma região.<br />
e-Tec Brasil 142<br />
Gerência de Saúde
• Entre os indicadores relacionados à fecundidade, podemos destacar: a<br />
Taxa Bruta de Natalidade (TBN), a Taxa de Fecundidade Geral (TFG), a Taxa<br />
Específica de Fecundidade (TEF) e a Taxa de Fecundidade Total (TFT).<br />
• Enquanto a natalidade corresponde à relação entre os nascimentos vivos<br />
e a população total, a fecundidade corresponde à relação entre os nascimentos<br />
vivos e as mulheres em idade reprodutiva.<br />
• A TBN indica o número de nascidos vivos para cada mil habitantes.<br />
• A TFG indica o número médio de filhos das mulheres que estão no período<br />
reprodutivo (15 a 49 anos) em um determinado ano.<br />
• A TEF indica o número médio de filhos nascidos vivos tidos por uma mulher,<br />
em uma faixa etária específica, em um determinado ano e lugar.<br />
• A TFT corresponde ao número médio de filhos nascidos vivos tidos por<br />
uma mulher ao fim do seu período reprodutivo.<br />
Informação sobre a próxima aula<br />
Na próxima aula, estudaremos algumas importantes variáveis demográficas.<br />
Até lá!<br />
Respostas das atividades<br />
Atividade 1<br />
TBM Belo Horizonte,<br />
14.059<br />
2007 = =1.000 = 5,8<br />
2.424.292<br />
Em 2007, a TBM estimada para Belo Horizonte correspondeu a 5,8. Esse<br />
resultado indica um total de aproximadamente seis óbitos para cada mil<br />
pessoas do município.<br />
Aula 8 | Indicadores básicos de demografia 143<br />
e-Tec Brasil
Atividade 2<br />
Taxas Específicas de Fecundidade (TEF), Taxa de Fecundidade Geral<br />
(TFG) e Taxa de Fecundidade Total (TFT), Belo Horizonte, 2007.<br />
Grupo etário População feminina Nascidos vivos TEF TFG<br />
15 – 19 97.874 4.004 0,0409 –<br />
20 – 24 113.696 6.966 0,0613 –<br />
25 – 29 124.319 8.168 0,0657 –<br />
30 – 34 109.845 6.604 0,0601 –<br />
35 – 39 95.106 3.668 0,0386 –<br />
40 – 44 93.455 959 0,0103 –<br />
45 – 49 87.846 43 0,0004 –<br />
15 – 49 722.141 30.412 – 0,0421<br />
TFT – – 1,3865 –<br />
Resolução: Cada TEF foi obtida dividindo-se o total de nascidos vivos pelas<br />
mulheres da respectiva faixa etária. Abaixo, o cálculo da 5<br />
TEF 15<br />
N 4.004<br />
5 15,2007<br />
5TEF 15,2007<br />
= = = 0,0409<br />
5M15,2007<br />
97.874<br />
As demais TEFs foram calculadas por meio da mesma fórmula.<br />
Lembrete: Nos cálculos, as TEFs não devem ser multiplicadas por 1.000, pois<br />
o interesse é na fecundidade de cada mulher.<br />
Se você multiplicar esse resultado por 1.000, você chegará à seguinte informação:<br />
em Belo Horizonte, no ano de 2007, para cada mil mulheres do grupo<br />
etário de 15 a 19 anos, houve aproximadamente 41 nascimentos vivos.<br />
A TFG foi obtida dividindo-se o total de nascidos vivos das mulheres de 15 a<br />
49 anos pelo total de mulheres dessas faixas etárias.<br />
N 30.412<br />
j<br />
TFG<br />
j<br />
= = = 0,0421<br />
35M15,j<br />
722.141<br />
Multiplicando-se esse resultado por 1.000, a TFG = 42,1. Podemos fazer a<br />
seguinte análise: para cada mil mulheres em idade reprodutiva, nasceram<br />
42,1 crianças no ano de 2007, em Belo Horizonte.<br />
e-Tec Brasil 144<br />
Gerência de Saúde
A TFT j<br />
foi obtida por meio da fórmula n<br />
∑ n<br />
TEF x,j<br />
. O somatório das TEFs equivaleu<br />
a 0,2773. Esse valor foi multiplicado por 5 (intervalo de cada grupo de<br />
idade), obtendo-se o valor 1,3865.<br />
Podemos afirmar que a TFT de Belo Horizonte, em 2007, foi equivalente a<br />
aproximadamente 1,39. Este valor corresponde ao número médio de filhos<br />
nascidos vivos, tidos por uma mulher desse município, ao fim do seu período<br />
reprodutivo. Podemos verificar que essa TFT está abaixo da estimada para o<br />
Brasil em 2008 (1,8). O Brasil tem regiões onde a fecundidade ainda é alta<br />
(ex. Nordeste). Essas regiões contribuem para se ter uma TFT, no país, mais<br />
alta em relação à TFT de alguns municípios.<br />
Referências bibliográficas<br />
CARVALHO, J. A. M; SAWYER, D. O. ; RODRIGUES, R.N. Introdução a alguns conceitos<br />
básicos e medidas em Demografia. 2 ed. São Paulo: ABEP, 1998.<br />
Veja.com. Especial: Demografia. Poucos e bons. Disponível em: Acesso em 10.set.2009.<br />
Aula 8 | Indicadores básicos de demografia 145<br />
e-Tec Brasil
Aula 9 | Variáveis básicas da<br />
demografia<br />
Meta da aula<br />
• Apresentar algumas variáveis básicas da demografia.<br />
Objetivos da aula<br />
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:<br />
1. identificar as variáveis demográficas relacionadas ao crescimento<br />
populacional;<br />
2. interpretar pirâmides etárias, identificando os efeitos da mortalidade<br />
e da fecundidade na composição etária da população.<br />
Pré-requisito<br />
Para que tenha um bom aproveitamento desta aula é importante<br />
que você reveja os indicadores de mortalidade (TBM) e de fecundidade<br />
(TBN e TFT), assuntos apresentados na Aula 8.<br />
Como é a população do seu município?<br />
Na maioria dos estudos estatísticos e demográficos que realizamos, precisamos<br />
caracterizar a população de uma região, determinando o seu tamanho.<br />
Nos estudos da área da saúde, não é diferente. Grande parte das políticas<br />
públicas de saúde que são adotadas depende do perfil da população das<br />
regiões. Vamos pensar, por exemplo, no combate à mortalidade infantil em<br />
uma região.<br />
Vejamos esta notícia: “Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)<br />
e a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciam a segunda etapa de<br />
uma campanha para reduzir a mortalidade infantil na Somália. Mais de um<br />
milhão de crianças somalianas de menos de cinco anos foram vacinadas<br />
contra a paralisia infantil, a varíola, a difteria e o tétano na primeira etapa<br />
Aula 9 | Variáveis básicas da demografia 147<br />
e-Tec Brasil
da campanha, lançada em 2008. Também foram imunizadas 800 mil mulheres<br />
em idade de ter filhos.<br />
Além da vacinação, as mães receberam sais para fazer soros de reidratação”.<br />
Fonte: www.es.gov.br/.../show.aspx?noticiaId=99696373<br />
Figura 9.1: Quantas crianças com menos de cinco anos há em uma localidade? O conhecimento<br />
desse total é importante para se implementar algumas políticas públicas.<br />
O governo poderia, por exemplo, disponibilizar uma determinada quantidade<br />
de vacinas para atender essas crianças.<br />
Diante do exemplo dado: que informações da população foram importantes<br />
para o governo da Somália adotar essa política de combate à mortalidade<br />
infantil? Releia a notícia e escreva sua resposta abaixo.<br />
RAWKU5<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1206626<br />
Duas informações foram importantes: o total de crianças menores de cinco<br />
anos e o total de mulheres em idade de ter filhos. O conhecimento desse<br />
total é que permite disponibilizar a quantidade adequada de vacinas e sais<br />
para os soros de reidratação. Foi isso mesmo que você respondeu?<br />
De uma forma geral, quando falamos da população de uma região, imediatamente<br />
pensamos no seu tamanho: quantas pessoas existem na região?<br />
Pensamos também na sua composição: há quantas crianças, jovens, adultos<br />
e idosos? Quantas pessoas são do sexo masculino? E do sexo feminino?<br />
e-Tec Brasil 148<br />
Gerência de Saúde
Devemos considerar também os elementos que afetam o tamanho da população:<br />
Quantas pessoas nascem em um determinado ano? Quantas morrem?<br />
Quantas migram?<br />
Quando pensamos, por exemplo, nos nascimentos, podemos questionar<br />
ainda: Em uma determinada localidade, existem quantas mulheres em idade<br />
reprodutiva? Podemos pensar também como as mudanças no total de<br />
nascimentos e de mortes afetam o tamanho da população. Esse tamanho é<br />
afetado ainda pela quantidade de pessoas que migram em uma região.<br />
Como você pode ver, são muitas as questões que envolvem a população de<br />
uma localidade. Nesta aula, vamos discutir algumas destas questões.<br />
Variáveis demográficas<br />
Glossário<br />
A demografia trata dos aspectos estáticos e dos aspectos dinâmicos da população.<br />
Os aspectos estáticos referem-se:<br />
• ao tamanho da população;<br />
• à composição da população.<br />
Já os aspectos dinâmicos estão relacionados às seguintes variáveis:<br />
• mortalidade;<br />
Aspectos estáticos<br />
Características da população<br />
que, em um ponto do<br />
tempo, são fixas. Ex.:<br />
distribuição da população<br />
segundo o sexo.<br />
Aspectos dinâmicos<br />
São acontecimentos<br />
relacionados à população,<br />
que ocorrem continuamente.<br />
Ex.: nascimentos e óbitos.<br />
Os aspectos dinâmicos<br />
acabam afetando os<br />
aspectos estáticos.<br />
• fecundidade;<br />
• migração.<br />
O estudo desse conjunto de variáveis (estáticas e dinâmicas) é importante,<br />
pois nos dá informações para a implementação de muitas políticas públicas.<br />
Aula 9 | Variáveis básicas da demografia 149<br />
e-Tec Brasil
Sanja Gjenero<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1175613<br />
Figura 9.2: A demografia trata de aspectos estáticos (composição e tamanho) e dinâmicos<br />
da população (mortalidade, fecundidade e migração).<br />
A composição e o tamanho da população (aspectos estáticos) são<br />
influenciados pela mortalidade, fecundidade e migração (aspectos<br />
dinâmicos). Por exemplo: se a população de uma cidade tem mais<br />
homens do que mulheres, isto está relacionado ao número de pessoas<br />
que nascem, morrem e migram.<br />
Tamanho da população brasileira<br />
Vimos na Aula 5 que podemos acessar muitos dados da população brasileira<br />
no site do IBGE. O IBGE divulga o censo demográfico desde 1872. Veja, no<br />
gráfico a seguir, como a população do Brasil cresceu desde o primeiro até o<br />
último censo realizado. Quando realizamos o censo, todas as pessoas que<br />
participam da pesquisa são chamadas recenseadas.<br />
Gráfico 9.1: População total recenseada<br />
no Brasil, 1872-2000.<br />
Fonte: www.ibge.gov.br/.../pesquisas/demograficas.html<br />
e-Tec Brasil 150<br />
Gerência de Saúde
Apesar do grande aumento da população, as estatísticas têm mostrado que<br />
as taxas de crescimento da população brasileira têm diminuído bastante nas<br />
últimas décadas. Isso significa que a população continua aumentando, mas<br />
cresce menos a cada ano. Em outras palavras, nos últimos anos as taxas de<br />
crescimento da população de nosso país são decrescentes.<br />
Vamos acompanhar a diminuição dessas taxas ao longo do tempo no gráfico<br />
seguinte.<br />
Glossário<br />
Taxa de crescimento da<br />
população<br />
Esse indicador nos dá a<br />
porcentagem média de<br />
aumento da população. Ele<br />
mede o quanto a população<br />
cresce em um período.<br />
Geralmente, são calculadas<br />
taxas de crescimento anuais.<br />
Gráfico 9.2: Taxas de crescimento anual<br />
da população brasileira, 1872-2000.<br />
2,5<br />
Fonte: www.ibge.gov.br/.../pesquisas/demograficas.html<br />
Veja que entre 1872 e 1950 as taxas de crescimento da população variaram<br />
bastante. Isso não quer dizer exatamente que a população às vezes aumentava,<br />
às vezes diminuía. Nesse período, nem sempre os resultados divulgados<br />
sobre o tamanho da população estavam corretos. A contagem da população<br />
não acontecia como nos anos atuais, em que contamos com recursos tecnológicos<br />
que diminuem os erros relacionados a essa contagem. Então, em<br />
alguns casos, a grande variação entre um período e outro pode estar refletindo<br />
essas inconsistências. A partir de 1950 essa contagem passa a ocorrer<br />
com mais precisão. Notamos que as taxas de crescimento são decrescentes,<br />
refletindo que a população está crescendo a taxas decrescentes.<br />
Mortalidade, fecundidade, migração e crescimento<br />
populacional<br />
A taxa de crescimento da população é influenciada pela mortalidade,<br />
fecundidade e migração. Veremos como essas variáveis afetam esse indicador.<br />
Veja o gráfico a seguir:<br />
Aula 9 | Variáveis básicas da demografia 151<br />
e-Tec Brasil
Mídias<br />
integradas<br />
Gráfico 9.3: Relação entre<br />
Taxa de Bruta de Natalidade (TBN),<br />
Taxa Bruta de Mortalidade (TBM)<br />
e crescimento populacional<br />
2 Filhos de Francisco<br />
O filme 2 Filhos de<br />
Francisco conta a história da<br />
família de Zezé di Camargo<br />
e Luciano. Passado na<br />
década de 1970, você<br />
poderá observar alguns<br />
assuntos abordados nesta<br />
aula: a migração e o maior<br />
número de filhos em uma<br />
família. Mesmo que você<br />
não seja fã desta dupla<br />
sertaneja, vale a pena ver o<br />
filme. A história começa no<br />
interior de Goiás, onde dois<br />
dos nove filhos de Francisco<br />
tentam ganhar a vida como<br />
músicos.<br />
Fonte: Dados IBGE e ONU.<br />
Glossário<br />
Taxa de crescimento<br />
natural<br />
Diferença entre a TBN e<br />
a TBM. Neste caso, não<br />
se considera o efeito das<br />
migrações.<br />
No Gráfico 9.3 podemos observar que a diferença entre a Taxa Bruta de<br />
Natalidade (TBN) e a Taxa Bruta de Mortalidade (TBM) corresponde à taxa<br />
de crescimento populacional. Quanto maior o total de nascimentos e menor<br />
o total de óbitos em uma população, maior a taxa de crescimento populacional.<br />
Essa taxa está se reduzindo de forma significativa nos últimos anos.<br />
Nas projeções da população até 2050 podemos notar que a curva da TBN se<br />
encontra com a curva da TBM. Nesse ponto, a taxa de crescimento natural<br />
se iguala a zero. Ou seja, a população irá parar de crescer.<br />
A queda da fecundidade, isto é, a queda do número de filhos tidos pelas<br />
mulheres de uma região, é o principal fator que explica a redução nas taxas<br />
de crescimento populacional.<br />
Donzeladef<br />
Benjamin Earwicker<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1193711<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1078238<br />
Figura 9.3: Atualmente, as mulheres têm menos filhos. Este é o principal fator que<br />
explica a diminuição das taxas de crescimento populacional.<br />
e-Tec Brasil 152<br />
Gerência de Saúde
A queda da mortalidade contribui para aumentar as taxas de crescimento<br />
populacional. A mortalidade infantil e nas idades mais avançadas tem diminuído<br />
bastante nos últimos anos devido aos avanços da medicina. Mas<br />
o efeito da mortalidade sobre as taxas de crescimento da população é bem<br />
menor do que o efeito da fecundidade.<br />
Fonte: www.duquedecaxias.rj.gov.br/web/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2084&sid=13<br />
Figura 9.4: Com os avanços da medicina, a mortalidade tem diminuído bastante nos<br />
últimos anos.<br />
China: apenas um filho!<br />
Na China está a maior população do nosso planeta! A população<br />
de lá corresponde a mais de um quinto da população de toda a<br />
Terra. Diante disso, a China possui uma forte política de controle<br />
populacional: as mulheres só podem ter um filho. A única exceção<br />
ocorre quando as famílias moram no interior e o primeiro filho é<br />
mulher. Neste caso, elas podem ter mais um filho.<br />
Klaus Sandrini<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/792169<br />
Aula 9 | Variáveis básicas da demografia 153<br />
e-Tec Brasil
Além desses dois componentes (mortalidade e fecundidade), a migração<br />
também afeta a taxa de crescimento populacional. Muitas pessoas que vivem<br />
em regiões menos desenvolvidas saem de suas cidades em busca de<br />
melhores condições de vida, e vão para as regiões mais desenvolvidas, principalmente<br />
em busca de trabalho.<br />
Atividade 1<br />
Atende ao Objetivo 1<br />
Você tem acompanhado que a população brasileira está crescendo, mas em<br />
um ritmo cada vez menor. Muitas mudanças demográficas têm acontecido no<br />
Brasil, devido à queda nas taxas de crescimento populacional. Vamos supor<br />
que você queira entender um pouco mais sobre essas mudanças dentro do<br />
País. Você acessa o site do DATASUS e se depara com os seguintes dados:<br />
Mídias<br />
integradas<br />
Uma história de migração<br />
O filme O Caminho das<br />
Nuvens conta a história<br />
de uma família que sai<br />
do Nordeste em busca<br />
de uma vida com mais<br />
oportunidades no Rio de<br />
Janeiro. Romão, a mulher<br />
e os cinco filhos percorrem<br />
este longo caminho de<br />
bicicleta, enfrentando fome,<br />
calor, cansaço e violência.<br />
Tabela 1: Taxa de crescimento anual (%) da população residente, Brasil<br />
e grandes regiões, 1980/1991, 1991/2000 e 2001/2005.<br />
Regiões 1980/1991 1991/2000 2001/2005<br />
Brasil 1,93 1,64 1,67<br />
Norte 3,85 2,86 2,64<br />
Nordeste 1,83 1,31 1,36<br />
Sudeste 1,77 1,62 1,66<br />
Sul 1,38 1,43 1,46<br />
Centro-Oeste 3,01 2,39 2,31<br />
Fonte: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2007/a03.pdf<br />
Observando os dados, você nota que tanto no Brasil como um todo, como na<br />
maioria das suas grandes regiões, a taxa de crescimento da população caiu de<br />
forma significativa entre 1980 e 2005. Como você explica essa queda? Como<br />
essa menor taxa de crescimento afeta a composição etária da população?<br />
e-Tec Brasil 154<br />
Gerência de Saúde
Distribuição da população por idade e sexo<br />
Na demografia, a distribuição da população segundo as variáveis idade e<br />
sexo pode ser feita por meio das pirâmides etárias. Essas pirâmides mostram<br />
o total ou a proporção da população em cada grupo etário.<br />
Na base da pirâmide temos o total ou o percentual de crianças de 0 a 4 anos.<br />
Geralmente, no topo, temos o total ou o percentual de pessoas de 70 anos<br />
e mais ou 80 anos e mais. Nas pirâmides, o total de homens é apresentado<br />
de um lado e o de mulheres, do outro. Abaixo, temos a pirâmide etária do<br />
Brasil, para o ano 2000.<br />
Gráfico 9.4: Pirâmide etária do Brasil, 2000.<br />
Fonte: www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/populacao02.htm<br />
Podemos ver que na maioria dos grupos etários as barras referentes às mulheres<br />
(à direita) são maiores que as referentes aos homens. Essa diferença<br />
fica mais nítida nas idades mais avançadas. Por quê? As mulheres têm uma<br />
maior longevidade em relação aos homens. Em 2007, a esperança de vida ao<br />
nascer das mulheres correspondia a 76,5 anos. Para os homens, nesse mesmo<br />
ano, esse indicador era de 69 anos.<br />
Glossário<br />
Longevidade<br />
Vida longa. Esse termo está<br />
associado à expectativa de<br />
duração de vida de uma<br />
pessoa.<br />
Aula 9 | Variáveis básicas da demografia 155<br />
e-Tec Brasil
Atividade 2<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
A seguir, apresentamos duas pirâmides. Chamaremos a primeira pirâmide<br />
“A” e a segunda pirâmide “B”. Elas representam a estrutura etária da população<br />
de São Paulo em 1992 e 2005, respectivamente.<br />
Pirâmide A<br />
Pirâmide B<br />
Fonte: www.seade.gov.br/.../index.php?bole=15&tip=08<br />
Com base nos conhecimentos obtidos nesta aula, preencha o espaço entre<br />
parênteses com a letra correspondente (A ou B).<br />
1. A pirâmide ( ) tem uma população com maior taxa de natalidade.<br />
2. A população da pirâmide ( ) está mais envelhecida.<br />
3. A pirâmide ( ) representa melhor as regiões desenvolvidas, onde a população<br />
tem menos filhos.<br />
4. De uma forma geral, a pirâmide ( ) apresenta uma maior proporção de<br />
mulheres entre 20 e 49 anos.<br />
e-Tec Brasil 156<br />
Gerência de Saúde
Conclusão<br />
O estudo da população (tamanho, composição, mortalidade, fecundidade,<br />
migração) gera informações que favorecem uma melhor implementação de<br />
políticas públicas. Sabemos que muitas dessas políticas precisam ser focalizadas<br />
em segmentos específicos da população (crianças, mulheres, idosos etc.).<br />
Daí a importância do estudo da demografia.<br />
Resumo<br />
• A demografia trata dos aspectos estáticos (tamanho e composição) e dos<br />
aspectos dinâmicos (mortalidade, fecundidade e migração) da população.<br />
• A população brasileira tem crescido de forma significativa nos últimos<br />
anos. Mas tem sido um crescimento com taxas decrescentes.<br />
• A taxa de crescimento da população é influenciada pela mortalidade,<br />
fecundidade e migração.<br />
• A queda da fecundidade é o principal fator que explica a redução nas<br />
taxas de crescimento populacional.<br />
• O efeito da mortalidade sobre a taxa de crescimento da população é bem<br />
menor em relação ao efeito da fecundidade.<br />
• Além da mortalidade e da fecundidade, a migração também afeta a taxa<br />
de crescimento populacional: as regiões menos desenvolvidas perdem<br />
parte da sua população, principalmente em idade de trabalho; e as mais<br />
desenvolvidas recebem essas pessoas.<br />
• Na demografia, a distribuição da população de acordo com a idade e o<br />
sexo pode ser feita por meio das pirâmides etárias. Essas pirâmides mostram<br />
o total ou a proporção da população em cada grupo etário.<br />
Informações sobre a próxima aula<br />
Na próxima aula, veremos algumas questões relacionadas à dinâmica demográfica<br />
e ao desenvolvimento socioeconômico. Até lá!<br />
Aula 9 | Variáveis básicas da demografia 157<br />
e-Tec Brasil
Respostas das atividades<br />
Atividade 1<br />
A queda da taxa de crescimento populacional pode ser explicada pela redução<br />
da fecundidade nos últimos anos. Com um menor número de nascimentos<br />
em uma região, a sua população se torna relativamente mais envelhecida.<br />
Ou seja, temos a diminuição da proporção de crianças e um aumento da<br />
proporção de idosos.<br />
Atividade 2<br />
1. A pirâmide (A) tem uma população com maior taxa de natalidade.<br />
2. A população da pirâmide (B) está mais envelhecida.<br />
3. A pirâmide (B) representa mais as regiões desenvolvidas, onde a população<br />
tem menos filhos.<br />
4. De uma forma geral, a pirâmide (B) apresenta uma maior proporção de<br />
mulheres entre 20 e 49 anos.<br />
Referências bibliográficas<br />
CARVALHO, J.A.M; SAWYER, D.O; RODRIGUES, R.N. Introdução a alguns conceitos básicos<br />
e medidas em Demografia. 2. ed. São Paulo: ABEP, 1994, reimp. 1998.<br />
Último segundo. Em dez anos, esperança de vida ao nascer aumentou 3,4 anos. Disponível<br />
em: ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2008/10/01/em_dez_anos_esperanca_de_vida_ao_<br />
nascer_aumentou_34_anos_1946499.html> Acesso em 13 set.2009<br />
Vida Global. ONU combate mortalidade infantil na Somália. Disponível em: nelsonfrancojobim.<br />
blogspot.com/2009/09/onu-combate-mortalidade-infantil-na.html Acesso em 20 set.2009.<br />
e-Tec Brasil 158<br />
Gerência de Saúde
Aula 10 | Dinâmica demográfica<br />
e desenvolvimento<br />
socioeconômico<br />
Meta da aula<br />
• Relacionar a dinâmica demográfica ao desenvolvimento socioeconômico.<br />
Objetivos da aula<br />
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:<br />
1. avaliar a dinâmica demográfica em uma região;<br />
2. analisar os efeitos da dinâmica demográfica sobre os setores<br />
econômicos.<br />
Pré-requisito<br />
Para que você tenha um bom aproveitamento desta aula, é importante<br />
que reveja a interpretação das pirâmides etárias, assunto da<br />
Aula 9.<br />
Envelhecimento e desenvolvimento econômico<br />
Você já prestou atenção no fato de que há uma grande quantidade de idosos<br />
nos lugares que frequentamos? Já parou para pensar como tem aumentado<br />
o número de pastorais da terceira idade nas comunidades em que vivemos?<br />
E como tem aumentado o total de pessoas se especializando nas áreas de<br />
Geriatria, Gerontologia e fazendo cursos para cuidador de idosos? Todas<br />
essas mudanças que temos acompanhado são decorrentes do processo de<br />
envelhecimento populacional.<br />
Aula 10 | Dinâmica demográfica e desenvolvimento socioeconômico 159<br />
e-Tec Brasil
Esse processo é uma consequência da queda da fecundidade e do aumento<br />
da expectativa de vida da população, e isso tem sido motivo de preocupação<br />
entre muitos demógrafos e economistas. Sabe por quê? Vamos ler um pequeno<br />
trecho de uma edição da Revista Veja:<br />
Na ordem natural da vida, cada geração deveria gerar descendentes<br />
suficientes para repor as mortes e ainda acrescentar<br />
alguns indivíduos à população. A União Europeia<br />
inverteu essa lógica da natureza. De acordo com dados<br />
divulgados pelo Instituto de Política Familiar, sediado na<br />
Espanha, pela primeira vez na história o número de europeus<br />
com mais de 65 anos ultrapassou o de menores de<br />
14 anos.<br />
Fonte: www3.uberlandia.mg.gov.br/imagem_show.php?id=537<br />
Figura 10.1: Uma grande proporção de idosos afeta o desempenho econômico de<br />
uma região.<br />
Essa é a realidade dos países desenvolvidos. Dentro de alguns anos, será a<br />
realidade dos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Esse processo<br />
tem sérias consequências sobre a economia. Vamos ler mais um pouco<br />
da reportagem?<br />
Na Alemanha, na Espanha, na Itália e no Japão, a falta de<br />
bebês e o aumento no contingente de idosos são temas<br />
discutidos em tons apocalípticos. Não é sem razão. Tamanho<br />
e perfil da população costumam ser fatores relevantes<br />
no desempenho econômico de uma nação.<br />
Pense nessa relação: tamanho e perfil da população e desempenho econômico.<br />
Como uma população menor e mais envelhecida afeta a economia?<br />
Como os empregos são afetados? Como o consumo é afetado?<br />
e-Tec Brasil 160<br />
Gerência de Saúde
Vamos refletir, agora, sobre os gastos nos setores sociais. Por exemplo, pense<br />
nos gastos da área de saúde. Onde eles são maiores: nas localidades com<br />
uma população mais jovem ou nas localidades com uma população mais<br />
envelhecida? E os gastos na área da educação? O que dizer sobre eles?<br />
Nesta aula, vamos discutir essas questões a partir da realidade brasileira.<br />
Vamos começar?<br />
Dinâmica demográfica brasileira<br />
Uma forma de expressar a dinâmica demográfica é por meio das pirâmides<br />
etárias. Esse instrumento revela como a interação entre as variáveis mortalidade<br />
e fecundidade molda o perfil da população.<br />
Quando colocamos pirâmides etárias lado a lado, para anos diferentes, é<br />
possível ver como a composição etária da população muda ao longo do<br />
tempo. A figura a seguir mostra a população do Brasil estratificada por idade<br />
e sexo, nos anos de 1950, 1980, 2000 e 2050 (projeção). As barras à direita<br />
correspondem à população feminina e as barras à esquerda correspondem<br />
à população masculina.<br />
Glossário<br />
Estratificada<br />
Disposta em estratos, em<br />
grupos. Nessa disposição,<br />
a população analisada é<br />
agrupada conforme uma<br />
característica comum, como<br />
a idade e o sexo.<br />
Brasil 1950<br />
Brasil 1980<br />
80+<br />
80+<br />
70-74<br />
70-74<br />
60-64<br />
60-64<br />
50-54<br />
50-54<br />
40-44<br />
40-44<br />
30-34<br />
30-34<br />
20-24<br />
20-24<br />
(9) (4) 1 6<br />
10-14<br />
0-4<br />
(9) (4) 1 6<br />
10-14<br />
0-4<br />
Brasil 2000<br />
Brasil 2050<br />
80+<br />
80+<br />
70-74<br />
70-74<br />
60-64<br />
60-64<br />
50-54<br />
50-54<br />
40-44<br />
40-44<br />
30-34<br />
30-34<br />
20-24<br />
20-24<br />
10-14<br />
10-14<br />
0-4<br />
0-4<br />
(9) (4) 1 6<br />
(9) (4) 1 6<br />
Fonte: Dados da ONU.<br />
Figura 10.2: Pirâmides etárias do Brasil nos anos de 1950, 1980, 2000 e 2050.<br />
Aula 10 | Dinâmica demográfica e desenvolvimento socioeconômico 161<br />
e-Tec Brasil
Glossário<br />
Por um lado, podemos notar que entre os anos de 1950 e 2000 houve uma<br />
redução muito grande nas bases das pirâmides, refletindo a expressiva queda<br />
da fecundidade no período. Por outro lado, percebemos, no mesmo período,<br />
um alargamento no topo das pirâmides, decorrente do envelhecimento<br />
da população. Em 2050 (projeção) a figura perde o formato de pirâmide,<br />
resultado do aprofundamento do processo de envelhecimento populacional.<br />
Veja que, neste ano, a proporção de crianças, jovens, adultos e idosos é<br />
quase a mesma.<br />
Migração<br />
Movimentos de entrada e<br />
saída de pessoas de uma<br />
região ou país.<br />
Emigração<br />
Corresponde à saída de<br />
pessoas de uma região para<br />
outra, dentro de um mesmo<br />
país; ou de um país para<br />
outro.<br />
Imigração<br />
Corresponde à entrada<br />
de pessoas em uma região<br />
ou país. Nos dois casos,<br />
deve haver mudança do<br />
local de residência. Alguns<br />
estudos consideram também<br />
que o tempo relacionado a<br />
essa mudança de residência<br />
deve ser de cinco anos.<br />
A migração também altera o formato das pirâmides etárias. Sabemos que,<br />
geralmente, quem migra são as pessoas em idade ativa, isto é, em idade de<br />
trabalho. A emigração diminui a proporção de pessoas nessa idade, enquanto<br />
a imigração aumenta essa proporção.<br />
No caso das pirâmides brasileiras, como é relativamente pequeno o total de<br />
emigrantes e imigrantes, a migração não afeta de forma significativa o seu<br />
formato. Agora, se considerarmos a migração entre estados e municípios,<br />
o peso dessa variável pode ser mais significativo. Sabemos que dentro do<br />
Brasil são grandes os movimentos migratórios. Muitas pessoas saem do seu<br />
município ou estado rumo a outro município ou estado em caráter permanente<br />
ou por um período de tempo.<br />
Vimos como essas três variáveis – mortalidade, fecundidade e migração –<br />
modificam a dinâmica demográfica. Veremos a seguir como a dinâmica demográfica<br />
está relacionada ao desenvolvimento econômico.<br />
Atividade 1<br />
Atende ao Objetivo 1<br />
Imagine que você more em um município do interior do Norte de Minas,<br />
cuja população pode ser representada pela pirâmide brasileira do ano 2000.<br />
Suponha que 30 anos atrás vários homens de sua cidade, da faixa etária em<br />
torno de 35 anos, migraram para São Paulo, em busca de emprego, e que<br />
no próximo mês do ano corrente, esses homens retornarão acompanhados<br />
de suas esposas (que têm aproximadamente a mesma idade). Os filhos ficarão<br />
em São Paulo, onde trabalham. Como esse fato altera a estrutura da<br />
pirâmide do seu município?<br />
e-Tec Brasil 162<br />
Gerência de Saúde
Brasil 2000<br />
80+<br />
70-74<br />
60-64<br />
50-54<br />
40-44<br />
30-34<br />
20-24<br />
10-14<br />
0-4<br />
(9) (4) 1 6<br />
Fonte: Dados da ONU.<br />
Mudanças demográficas e desenvolvimento<br />
econômico<br />
Ao mesmo tempo em que a população de crianças está reduzindo e a de<br />
idosos aumentando, está ocorrendo um aumento da população em idade<br />
ativa. O Gráfico 10.1 mostra o tamanho dessa população no Brasil, no período<br />
de 1940 a 2050 (projeção).<br />
Aula 10 | Dinâmica demográfica e desenvolvimento socioeconômico 163<br />
e-Tec Brasil
Gráfico 10.1: População brasileira em idade ativa,<br />
1940 a 2050.<br />
180.000.000<br />
160.000.000<br />
140.000.000<br />
120.000.000<br />
100.000.000<br />
80.000.000<br />
60.000.000<br />
40.000.000<br />
20.000.000<br />
0<br />
1940<br />
1950<br />
1960<br />
1970<br />
1980<br />
1990<br />
2000<br />
2010<br />
2020<br />
2030<br />
2040<br />
2050<br />
Fonte: IBGE, 1940 a 1970. IBGE/Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de<br />
Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica, 2004.<br />
Podemos notar que o tamanho da população ativa vai crescendo ao longo<br />
das décadas, estabilizando-se por volta do ano de 2040. O que dizer desses<br />
dados? Como podemos associá-los ao desempenho da economia? Se esse<br />
grande número de pessoas em idade ativa estivesse no mercado de trabalho,<br />
seria grande o desenvolvimento econômico. Você pode imaginar por quê?<br />
Pense e escreva no espaço a seguir.<br />
Cierpki<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1094969<br />
Se você respondeu que muitas pessoas empregadas significam:<br />
• mais renda gerada pelos salários pagos,<br />
• mais bens consumidos,<br />
• mais bens produzidos,<br />
• mais investimentos.<br />
e-Tec Brasil 164<br />
Gerência de Saúde
É isso mesmo!<br />
Infelizmente, o Brasil não está aproveitando essa oportunidade. O que vemos<br />
são altas taxas de desemprego e o aumento do trabalho informal. A economia<br />
não tem sido capaz de absorver as pessoas em idade ativa e gerar riqueza.<br />
Fonte: www.sxc.hu/photo/1208846<br />
Figura 10.3: Apesar de haver uma grande população ativa no Brasil, não há disponibilidade<br />
de empregos para todos. Isso dificulta o desenvolvimento econômico.<br />
E, dentro de algumas décadas, a população deixará de crescer. Chegará um<br />
ponto em que ela diminuirá. Teremos menos pessoas em idade ativa e, portanto,<br />
menos trabalhadores. Assim, o consumo será menor e, consequentemente,<br />
a produção. Com menos trabalhadores, é menor o número de<br />
pessoas para manter o Sistema de Previdência Social.<br />
Laura Leavell<br />
Glossário<br />
Trabalho informal<br />
Trabalho sem vínculo<br />
empregatício com alguma<br />
empresa. O trabalhador<br />
não tem carteira assinada,<br />
renda fixa ou outros direitos<br />
trabalhistas, como férias.<br />
Sistema de Previdência<br />
Social<br />
Seguro que tem como<br />
objetivo garantir a renda<br />
do contribuinte e da sua<br />
família, nos casos de<br />
doença, gravidez, acidente,<br />
prisão, morte e velhice. Para<br />
ter direito a esse seguro, o<br />
indivíduo precisa se inscrever<br />
no sistema de Previdência<br />
Social, para o qual tem de<br />
contribuir mensalmente<br />
com um determinado valor,<br />
geralmente calculado como<br />
um percentual do salário<br />
mínimo nacional vigente.<br />
Vimos, no gráfico, uma grande quantidade de pessoas em idade ativa, mas<br />
essas pessoas se tornarão idosas. Isso irá gerar um impacto negativo significante<br />
sobre a economia, pois serão grandes os gastos com a saúde e com<br />
a Previdência.<br />
Jorc Navarro<br />
Fonte: www.sxc.hu/735910<br />
Figura 10.4: O aumento da população idosa irá gerar grandes gastos com a saúde e<br />
com a Previdência.<br />
Aula 10 | Dinâmica demográfica e desenvolvimento socioeconômico 165<br />
e-Tec Brasil
Londrina<br />
Com base no censo demográfico de 2000 (IBGE), a projeção da<br />
população de Londrina (PR) para 2009 segue a tendência nacional<br />
de envelhecimento da população. Entretanto, proporcionalmente,<br />
esse é o município com a maior população de idosos no Brasil.<br />
Agora vamos pensar nas crianças: quando a natalidade era alta, o país tinha<br />
muitas crianças em idade escolar. A maior parte dos investimentos feitos na<br />
área da educação foi em infraestrutura: construção de mais escolas, compras<br />
de mesas, cadeiras etc. Com a queda da natalidade, temos um menor número<br />
de crianças em idade escolar. Nessa situação, é o momento oportuno para<br />
se investir na qualidade da educação, melhorando o ensino básico.<br />
Laura 00<br />
Fonte: www.sxc.hu/829482<br />
Figura 10.5: Com menos crianças em idade escolar (fruto da redução da natalidade),<br />
o país pode investir mais na qualidade do ensino.<br />
Com esse investimento, futuramente teremos recursos humanos qualificados<br />
no mercado de trabalho, com potencial de promoverem o desenvolvimento<br />
econômico.<br />
Atividade 2<br />
Atende ao Objetivo 2<br />
Retornando ao caso do seu município: lembra-se dos homens que 30 anos<br />
atrás foram para São Paulo e que agora estão retornando acompanhados de<br />
suas esposas? Como esse retorno pode afetar o setor de saúde do município?<br />
e-Tec Brasil 166<br />
Gerência de Saúde
Conclusão<br />
É importante entender a relação entre a dinâmica populacional e o desempenho<br />
econômico. Isso porque as mudanças demográficas afetam toda a<br />
economia de uma região. Assim, as políticas públicas que são condicionadas<br />
pela estrutura etária da população (ex.: as políticas de educação, saúde, previdência)<br />
devem considerar as mudanças demográficas.<br />
Resumo<br />
• As mudanças demográficas podem ser expressas por meio das pirâmides<br />
etárias.<br />
• Entre os anos de 1950 e 2000 houve grandes mudanças na composição<br />
etária da população brasileira.<br />
• Ao mesmo tempo em que a população de crianças está reduzindo e a<br />
de idosos aumentando, tem ocorrido um grande aumento da população<br />
em idade ativa.<br />
• Se esse grande contingente de pessoas em idade ativa estivesse no mercado<br />
de trabalho, teríamos um grande desenvolvimento econômico.<br />
• Quando essas pessoas envelhecerem, serão fortes as pressões sobre os<br />
gastos sociais.<br />
• Com a queda da fecundidade, temos menos crianças em idade escolar. É<br />
a hora oportuna para se investir na melhoria da qualidade da educação<br />
dessas crianças. Futuramente, teremos recursos humanos qualificados,<br />
com potencial de promoverem o desenvolvimento econômico.<br />
Aula 10 | Dinâmica demográfica e desenvolvimento socioeconômico 167<br />
e-Tec Brasil
Respostas das atividades<br />
Atividade 1<br />
Se há 30 anos esses homens que retornarão ao seu município tinham cerca<br />
de 35 anos, agora eles terão em torno de 65 anos. A migração de retorno<br />
resultará em um aumento da proporção de idosos do sexo masculino no<br />
município. Como esses idosos virão acompanhados de suas esposas, haverá<br />
também um aumento da proporção de idosas. Se fosse construída uma nova<br />
pirâmide etária, as barras do topo seriam mais largas.<br />
Atividade 2<br />
A migração afeta os vários setores da economia de uma localidade. Os seus<br />
efeitos dependem da faixa etária dos migrantes. No caso do seu município,<br />
haverá o retorno de um volume significativo de pessoas idosas. O setor de<br />
saúde será bastante afetado em função dessa imigração. Se essas pessoas<br />
que estão retornando não tiverem plano de saúde, haverá uma maior demanda<br />
pelos serviços ofertados pelo SUS e toda a população será afetada,<br />
pois nem sempre há recursos disponíveis (médicos, leitos, equipamentos<br />
hospitalares etc.) para atender a todos.<br />
Referências bibliográficas<br />
BRITO, F. A transição demográfi ca no contexto internacional. Belo Horizonte: UFMG/<br />
Cedeplar, 2007. 29p. (Texto para discussão 317).<br />
BRITO, F. A transição demográfi ca no Brasil: as possibilidades e os desafi os para a economia<br />
e a sociedade. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2007. 28p. (Texto para discussão 318).<br />
Veja.com. Poucas crianças, muitos velhos. Edição 2031. Disponível em: Acesso em 14 set 2009.<br />
e-Tec Brasil 168<br />
Gerência de Saúde