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Revista Boa Vida 6 2015-1

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Editorial<br />

Falar sobre saúde é sempre um privilégio. O<br />

dia a dia nos reserva incontáveis informações acerca<br />

desse assunto. Em cada pesquisa realizada ou em cada<br />

linha escrita, existe a certeza de um mundo fascinante.<br />

O corpo humano é uma máquina surpreendente,<br />

repleta de beleza e de sofisticação. A possibilidade de<br />

levar às pessoas informações importantes sobre a vida<br />

é extremamente prazeroso.<br />

Mas, pensar saúde também significa conhecer<br />

os males que afligem o ser humano. É preciso<br />

reconhecer que temos desaprendido a viver de forma<br />

saudável. Com a vida cada vez mais tumultuada, nos<br />

esquecemos de tirar o pé do acelerador e deixamos de<br />

olhar para nós mesmos. Esse pode ser um erro fatal.<br />

Não de imediato, mas em longo prazo. Cuidar do corpo<br />

e da mente – de dentro para fora – é fundamental. No<br />

entanto, temos sempre “pouco tempo” para cumprir<br />

essa tarefa tão importante. Criamos desculpas e<br />

distorcemos a expressão “aproveitar a vida”. Essa<br />

edição pretende mostrar que há sim, maneiras de<br />

vivenciar a nossa existência de forma plena e natural,<br />

retirando da terra, o alimento que certamente<br />

influencia no corpo e na alma.<br />

Não podemos perder a oportunidade de<br />

dizer que o grupo <strong>Boa</strong> <strong>Vida</strong> tem diversificado sua<br />

abordagem em mídias, dando lugar a uma vertente que<br />

cresce a cada dia: os veículos digitais. Além da revista,<br />

do site próprio e da coluna no Diário da Manhã, em<br />

jornal impresso, nós também estamos pensando<br />

estrategicamente no marketing digital empresarial.<br />

Garantir visibilidade por meio de uma assessoria de<br />

imagem eficaz é nossa nova especialidade. <strong>Boa</strong> <strong>Vida</strong><br />

Comunicação para desenvolver o conteúdo de sites<br />

e redes sociais, garantindo o máximo de visibilidade<br />

profissional e empresarial. Junte-se a nós!<br />

Expediente<br />

Editora e Jornalista responsável<br />

Aurélia Guilherme – 877/04/145 GO<br />

Reportagem<br />

Iure Queiroz<br />

Aurélia Guilherme<br />

Departamento comercial<br />

Nívia Guilherme - 62 8582 2233<br />

Design, Diagramação e Projeto Gráfico<br />

Innovart Publicidade<br />

A proposta desta edição é esclarecer aos leitores sobre a necessidade<br />

de se informar sobre saúde, aproximando pacientes e especialistas<br />

na busca de uma vida saudável, preventiva e curativa.<br />

Editora Aquarius<br />

aureliaguilherme@gmail.com<br />

www.boavidaonline.com.br<br />

62 3249 7015<br />

62 8100 9086<br />

Tiragem: 10.000 exemplares


Índice<br />

Sparaizzo<br />

7<br />

10<br />

12<br />

14<br />

16<br />

18<br />

21<br />

26<br />

28<br />

32<br />

34<br />

36<br />

40<br />

42<br />

44<br />

Câncer e seus fatores de risco - Marcus Magnus Sampaio<br />

Transformação no HGG: modernidade, qualidade e humanização<br />

A Síndrome do Tunel Carpal (STC) - Ricardo Pereira<br />

Lentes de contato dentais - Rildo Lasmar<br />

Endometriose Profunda - Corival Castro<br />

Degeneração Macular - Ericka Campos Freitas<br />

Síndrome do Pânico - Adelman Soares Asevêdo Filho<br />

Preenchimento Facial - Aline Reis<br />

Cateterismo Cardíaco - Silvio S. Pontes Câmara<br />

Arritmias Cardíacas - Patrícia da Fonseca Zarate<br />

Autismo - Fábio Borges Pessoa<br />

Cirurgia Plástica Responsável - Thiago Machado Pinto<br />

Cirurgia da Base do Crânio - Gustavo Jorge Magalhães<br />

Cuidados com o Couro Cabeludo - Lorena Dourado


Sparaizzo<br />

o primeiro passo para interagir com<br />

um mundo natural e orgânico, livre<br />

de produtos químicos e artificiais,<br />

em meio à natureza. Um lugar para<br />

reaprender a comer,relaxar e se<br />

afastar dos problemas. Assim é o<br />

Sparaizzo, um SPA Vegano fora da<br />

cidade, mas perto de você.<br />

Por Aurélia Guilherme


Há muito tempo procurava por um lugar que me<br />

desse motivos para ampliar meu entendimento da<br />

vida e do mundo. Sequer imaginei que bem pertinho<br />

de nós, nos arredores do Campus II,da UFG, existe<br />

um local mágico e de grande força energética, onde pude sair<br />

da rotina agitada, nervosa e inevitável que toda grande cidade<br />

nos impõe, para conhecer o conceito Vegano cru, praticado<br />

no Sparaizzo. O spa foi idealizado pela médica Homeopata<br />

Unicista, Pediatra, Infectologista e graduada em Nutrologia,<br />

aguardando para prestar a prova de título, Amélia Fortunato,<br />

profunda estudiosa da cura, baseada no entendimento da<br />

essência de cada um.<br />

Mas o que é a alimentação Vegana e como isso pode<br />

mudar a qualidade energética de um indivíduo?<br />

O Vegano é aquele indivíduo que não consome<br />

carnes e produtos derivados de animais, como ovos, leite,<br />

queijo, manteiga ou qualquer outro dessa fonte de origem.O<br />

Vegano cru vai um pouco mais além e não come nada que não<br />

seja comestível cru, nem mesmo se for cozido ou refogado.<br />

Segundo a doutora Amélia, com a filosofia implantada pelo<br />

Sparaizzo, os hóspedes adquirem o perfeito entendimento<br />

dos processos causadores da doença, inclusive as doenças<br />

de ordem emocional. Isso tem uma direta ligação com o tipo<br />

de alimento que costumamos ingerir. A maioria das pessoas<br />

tem uma alimentação desvitalizada, carregada de venenos e<br />

artificialidades, associada a um estilo de vida pouco saudável.<br />

A experiência que o Sparaizzo proporciona,nos abre a<br />

consciência do poder que o alimento in natura e livre de toda<br />

essa intoxicação tem, e tudo muda. A energia do alimento<br />

impulsiona nossa energia vital e é a base para a cura integral.<br />

O cardápio das refeições é uma deliciosa surpresa.<br />

Jamais imaginei sentir tanto sabor em um espaguete de<br />

abobrinha com tofu; em uma salada verde com um mix de<br />

grãos e um molho exótico e muito saboroso; na sobremesa,<br />

incríveis trufas com frutas secas. A diversidade do cardápio<br />

nos deixa seguros de que esse caminho natural, livre do açúcar,<br />

do adoçante, da farinha branca e de qualquer derivado animal<br />

é criativo, extremamente saboroso e, o que é melhor, altera<br />

positivamente todo o funcionamento do organismo.<br />

Alimentos da dieta crudívora Vegana são variados,<br />

orgânicos e nutritivos e incluem todas as frutas e vegetais crus;<br />

castanhas, sementes e grãos germinados; brotos, ervas frescas<br />

e especiarias cruas; algas. O fato é que é possível combinar<br />

centenas de receitas Veganas com todos esses produtos e<br />

desmistificar o clichê de que Vegano só come salada. Algumas<br />

preparações culinárias admitem alimentos amornados a um<br />

aquecimento menor do que 42 graus (temperatura que a mão<br />

suporta), óleo prensado a frio; leites e cremes crus feitos de<br />

castanhas; alimentos fermentados (missô, kimchee e chucrute,<br />

7


Amplo salão de convivência integrativa<br />

para socialização e para atividades lúdicas e<br />

dinâmicas, como jogos e vídeos educativos,<br />

práticas de yoga, tai chi chuan, liang gong.<br />

8<br />

rejuvelac); frutas e legumes secos; cacau cru, e tantos<br />

outros.<br />

Encantada com o aprendizado de um fim de<br />

semana, senti que o caminho da alimentação natural e<br />

crua não tem volta, mesmo vivendo em um agitado selva<br />

de concreto. Mas, esse “portal” para o mundo natural está<br />

ao nosso alcance. É possível manter contato permanente<br />

com a equipe e o local. Além disso, a doutora Amélia nos<br />

orienta a ler, pesquisar, frequentar cursos e palestras para<br />

uma transição gradual, tranquila, com acompanhamento<br />

de um profissional da área.<br />

O pavão, que é a<br />

ave do Paraíso, o<br />

“animal de cem olhos”,<br />

símbolo da visão de<br />

Deus pela alma, ave<br />

associada à beleza e à<br />

perfeição. Representa<br />

a primavera, o<br />

nascimento, a<br />

longevidade e o amor.<br />

Por isso, o pavão é o<br />

símbolo do Sparaizzo,<br />

um local para se dar<br />

o primeiro passo para<br />

alcançar a saúde<br />

integral.<br />

Somado a todos os benefícios físicos e mentais,<br />

saber que esse tipo de alimentação livra os animais da<br />

crueldade e do sacrifício, nos abre as janelas e as portas da<br />

evolução espiritual e nos motiva ainda mais a contribuir<br />

ativamente com o veganismo, que é totalmente ecológico.<br />

Infraestrutura<br />

O Sparaizzo é mais do que um simples spa. Em<br />

meio ao gostoso abraço verde previsto pelo projeto de<br />

paisagismo atencioso e intimista, é possível vivenciar<br />

cada traço de uma filosofia inigualável que propõe um<br />

novo estilo de vida. O funcionamento integrado das<br />

várias nuances do spa, o cuidado multidisciplinar e uma<br />

infraestrutura de tirar o fôlego, fazem com que o local<br />

proporcione uma verdadeira imersão de vida saudável em<br />

quem está acostumado a viver freneticamente.<br />

As acomodações do spa são semelhantes as de<br />

um hotel cinco estrelas, com a vantagem de oferecer um<br />

clima naturalmente aconchegante, que respira saúde e<br />

bem-estar. Cada detalhe foi pensado para fazer com que<br />

o hóspede se desligue do corre-corre da cidade grande<br />

e aproveite sua estadia de fim de semana, de temporada


ou permanente colocando mente e corpo em<br />

perfeita sintonia. Os ambientes climatizados<br />

abusam do conforto e nos levam a um alto grau de<br />

tranquilidade.<br />

O caminho de pedras energéticas e água<br />

corrente não é apenas relaxante, ele também atrai<br />

energias positivas e inúmeros benefícios para o<br />

organismo. Na diversificada programação do spa,<br />

massagens terapêuticas no rosto, nos pés, nos<br />

ombros e em todo o corpo com óleos orgânicos<br />

(massagem ayurvédica) dão a pitada de sossego<br />

que a vida agitada necessita. A grande quantidade<br />

de pontos positivos não para por aí: os diferentes<br />

cursos de alimentação saudável, os banhos<br />

repousantes de ofurô, as insubstituíveis dicas e as<br />

infinitas informações sobre a alimentação Vegana<br />

fazem parte do melhor que a equipe Sparaizzo tem<br />

a oferecer.<br />

O conforto e a preocupação nos serviços<br />

de qualidade estão aliados a uma enorme<br />

responsabilidade socioambiental e a uma<br />

inegável característica sustentável do local. A<br />

própria cultura Vegana está intimamente ligada à<br />

sustentabilidade. A natureza é uma companheira<br />

a ser respeitada e sempre valorizada. E assim a<br />

vida se renova. Visite o site: www.sparaizzo.com.<br />

br e conheça melhor o projeto que pode dar novo<br />

sentido à vida natural e plena de saúde!<br />

A Homeopata Unicista Amélia Fortunato, em sua<br />

recente visita à Índia ao lado de uma das maiores<br />

autoridades mundiais em homeopatia, o Professor<br />

Doutor Prafull Vijyakar, criador do Predictive<br />

Homeopathie, o tratamento que se utiliza do<br />

conhecimento das modernas ciências médicas<br />

(especialmente a genética, a fisiologia, a psicologia e a<br />

bioquímica), combinando-as com a homeopatia clássica,<br />

para uma nova perspectiva da doença. A doutora Amélia<br />

é sua discípula e uma de suas fiéis seguidoras.<br />

O SPA oferece apartamentos confortáveis e acolhedores para<br />

hospedagem diária, semanal ou mensal, dependendo do interesse<br />

e da necessidade da pessoa. Já está em desenvolvimento a criação<br />

de programas para o atendimento de grupos, empresas, executivos,<br />

adolescentes, (acompanhados dos pais ou de responsáveis) e, os<br />

de melhor idade em caráter transitório ou permanente, para as<br />

famílias que não dispõem de tempo para cuidar dos idosos que não<br />

dependam de enfermeiras e com condições de se locomoverem<br />

sozinhos e que busquem por uma mudança no seu estilo de vida.<br />

9


Câncer e seus fatores de risco<br />

Marcus Magnus Sampaio<br />

Oncologia clínica – CRM-GO 7378<br />

O atual envelhecimento da população é um fator que deve ser considerado quando o<br />

assunto é o surgimento do câncer. Se a vida reprodutiva humana chega ao fim, o organismo<br />

perde gradualmente seus mecanismos de defesa e se torna mais vulnerável aos fatores<br />

externos que podem causar a doença. O Oncologista Clínico Marcus Sampaio explica, em<br />

seu artigo, como ocorre esse processo.<br />

10<br />

“A escritora americana, Susan Sontag, em um de<br />

seus textos divide as pessoas em dois tipos distintos, como<br />

se fossem duas cidadanias em reinos diferentes: o reino<br />

dos sãos e o reino dos doentes. Apesar de desejarmos nos<br />

manter apenas em um lado, de vez em quando temos que<br />

visitar o outro reino. Ela mesma veio a falecer por um quadro<br />

de leucemia, que aconteceu a partir de uma mielodisplasia,<br />

uma doença da medula óssea. O ciclo de vida é realmente<br />

curioso. Um indivíduo mais jovem talvez não tenha tido<br />

contato com alguma pessoa enferma na família e pode ter<br />

dificuldade para entender as consequências futuras de seus<br />

atos no presente. Entretanto, à medida em que se somam os<br />

anos, passamos a perceber melhor esses aspectos de nossa<br />

realidade.<br />

Aparentemente, cada geração elege a doença que<br />

acaba adquirindo maior relevância dentro do contexto<br />

emocional da sociedade. Foi assim com a peste e com a<br />

tuberculose, desafios do passado que já não causam o<br />

mesmo temor, embora a tuberculose não esteja erradicada<br />

e siga causando problemas pelo mundo.<br />

Nesse contexto, o câncer é seguramente uma<br />

das doenças que hoje geram maior preocupação e, por<br />

conseguinte, inúmeras especulações sobre as causas e até<br />

seus tratamentos, muitos desses, sem uma base científica<br />

adequada.<br />

De fato, o câncer vem tendo sua frequência<br />

aumentada na população mundial. As causas para esse<br />

aumento passam pelos hábitos de vida, que levam o<br />

indivíduo à exposição de agentes capazes de gerar<br />

mutações em nossas células, sejam por agentes vivos,<br />

como bactérias e vírus, sejam por produtos químicos<br />

presentes na fumaça dos cigarros e na poluição ou<br />

ainda por outras fontes, como a radiação a que somos<br />

expostos de muitas formas diferentes.<br />

Mas, um dos fatores primordiais a ser lembrado é o<br />

envelhecimento da população. E, como o envelhecimento<br />

entra nessa equação? Hoje o ser humano tem maior<br />

expectativa de vida e, dessa forma, novos problemas vão<br />

surgindo. Muitos fatores contribuem para esse incremento<br />

na expectativa de vida, desde melhores hábitos no<br />

cotidiano, passando pelo acesso a alimentos com maior<br />

facilidade, disponibilidade de saneamento básico até<br />

melhores cuidados com a saúde. Porém, viver mais traz em<br />

si um desafio novo para a espécie humana. Como manter a<br />

máquina humana funcionando por mais tempo ou, dito de<br />

outra forma, como controlar as células normais, mantendoas<br />

ativas e funcionantes, se reproduzindo sem erros?<br />

Todo ser humano vem da união do espermatozóide<br />

e do óvulo na fecundação, que resultam em um número<br />

imenso de divisões celulares controladas, as quais fazem<br />

com que aumentemos em tamanho e, mais do que isso,<br />

tenhamos células e tecidos especialistas em cada uma das<br />

funções necessárias para sobrevivermos.<br />

O sistema de controle da reprodução celular é<br />

muito complexo e extremamente eficiente. Mas o que<br />

não estava especificado no projeto da natureza era a<br />

necessidade de mantermos esse mecanismo funcionando<br />

por muitos anos, já que a vida reprodutiva humana se


inicia a partir da adolescência e se estende por um período<br />

variável, que atualmente vai até por volta dos 40 anos nas<br />

mulheres e até cerca dos 60 anos nos homens, com as<br />

devidas exceções.<br />

A natureza e os processos evolutivos estão<br />

relacionados a uma maior probabilidade de sobreviver e de<br />

gerar filhos, sem a preocupação com o que acontece a partir<br />

do momento em que não há mais importância do ponto de<br />

vista reprodutivo. Daí que, com o tempo, os mecanismos de<br />

controle vão se deteriorando.<br />

Ao vivermos mais, ficamos mais expostos. Isso<br />

pode ser facilmente verificado pelas curvas de incidência<br />

com os casos novos de uma doença em uma determinada<br />

população. No caso do câncer, essa incidência é baixa na<br />

infância e na adolescência, mantendo-se baixa no período<br />

de adultos jovens e subindo acentuadamente a partir dos<br />

60 anos. Nessa idade, a capacidade reprodutiva cai e não há<br />

pressão evolutiva alguma para selecionar mecanismos de<br />

controle de divisão das nossas células, por mais eficientes<br />

que elas sejam. Conjugado a isso, há maior tempo de<br />

exposição a inúmeros fatores que agridem o código<br />

genético, explicando a situação.<br />

Esse comentário vem, a propósito, de um<br />

artigo interessante publicado recentemente na revista<br />

Science, que avaliou os fatores de risco associados ao<br />

câncer, concluindo que, em boa parte dos casos, o fator<br />

preponderante é o número de divisões celulares em um<br />

determinado tecido e não os fatores externos. Dessa forma,<br />

o câncer aconteceria muitas vezes de forma acidental,<br />

ou seja, ao acaso (Tomasetti e Bert Vogelstein, Variation in<br />

cancer risk among tissues can be explained by the number of<br />

stem cell divisions, Science, 02/01/<strong>2015</strong>: Vol. 347 n. 6217).<br />

Houve certa celeuma por conta das conclusões, mas os<br />

autores apontaram que, uma boa parte dos casos, está<br />

relacionada ao tempo de exposição a um risco, no caso,<br />

divisões em sequência e o surgimento eventual de mutação<br />

gênica. Evidentemente isso não invalida os cuidados com<br />

prevenção e busca por diagnósticos precoces, que, aliás, já<br />

demonstraram que realmente aumentam a chance de cura<br />

e o tempo de vida dos pacientes.<br />

A conclusão interessante é que os caminhos a<br />

seguir na prevenção podem passar pelo aprimoramento<br />

dos sistemas de controle que nós já temos disponíveis em<br />

nossas células. Descobrir como isso acontece faz parte de<br />

um campo amplo de pesquisa científica atual e futura.<br />

Tomando o câncer de mama como exemplo, já<br />

sabemos que os fatores de risco considerados clássicos,<br />

como não ter filhos ou tê-los em pequeno número, baixa<br />

amamentação, início precoce da menstruação ou menopausa<br />

tardia, entre outros, explicam menos de 50% dos casos. Já a<br />

hereditariedade responde por apenas 10%. A maioria dos<br />

casos entra no grupo em que um fator causal não pode ser<br />

isolado. Estimamos que sejam necessários vários eventos<br />

de mutação em uma mesma célula (aproximadamente<br />

seis eventos) para o desfecho do câncer ser possível. Daí,<br />

a importância do tempo, ou melhor dizendo, da idade. Vale<br />

ressaltar que, todo câncer é uma doença genética, ou seja,<br />

está relacionada ao controle genético das células, embora<br />

uma minoria (10% dos casos) seja hereditária, como no caso<br />

do câncer de mama. A questão da hereditariedade, por si só,<br />

é um assunto extenso, muito interessante e será abordado<br />

futuramente.<br />

Por fim, sabemos que o câncer tem papel<br />

preponderante no imaginário e na realidade das pessoas e<br />

está, em muito, relacionado com o aumento da expectativa<br />

de vida. A busca de um controle definitivo vem se tornando<br />

mais e mais factível à medida em que o conhecimento<br />

avança. Não é um caminho fácil mas é, sem dúvida, muito<br />

interessante.”<br />

Marcus Magnus Sampaio<br />

Oncologista clínico<br />

CRM-GO 7378<br />

E-mail: mmagsampaio@gmail.com<br />

• Graduação em Medicina pela Universidade Federal do<br />

Paraná, UFPR, PR;<br />

• Residência em Clínica Médica, Hematologia,<br />

Hemoterapia e Oncologia pela Universidade Federal<br />

do Paraná, UFPR, PR;<br />

• Mestrado em Biologia, área de concentração Genética<br />

Humana pela Universidade Federal de Goiás, UFG, GO.<br />

11


Transformação no HGG:<br />

modernidade, qualidade e<br />

humanização<br />

Gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech) há quase três<br />

anos, o Hospital Alberto Rassi – HGG oferece tratamento humanizado e de qualidade aos<br />

usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Organização social revolucionou estrutura<br />

física e implantou novos projetos na unidade<br />

A fachada do Hospital passou por revitalização arquitetônica e recebeu iluminação especial<br />

O Hospital Alberto Rassi – HGG passou por<br />

uma verdadeira transformação desde que o Instituto<br />

de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech)<br />

assumiu a gestão em 2012. Nesta época, o Hospital<br />

enfrentava graves problemas de abastecimento<br />

e estrutura, sendo estes os principais desafios<br />

encontrados pela instituição. Além disso, a organização<br />

social humanizou o atendimento e proporcionou<br />

qualidade nos serviços ofertados aos usuários do<br />

Sistema Único de Saúde (SUS).<br />

A maior obra realizada na unidade foi a<br />

construção de um novo Centro de Terapia Intensiva<br />

12<br />

(CTI), que ampliou de 10 para 40 leitos e oferece uma<br />

estrutura de ponta, com elementos de humanização,<br />

que permitem mais conforto ao paciente.<br />

Outras duas obras, também com o conceito de<br />

humanização, foram importantes nestes primeiros dois<br />

anos de gestão do Idtech: a Central Humanizada de<br />

Internação (CHI) onde os pacientes são acolhidos antes<br />

da internação com respeito e atenção que merecem<br />

e o Ambulatório de Medicina Avançada (AMA), que<br />

recebe em média 30 mil pessoas por mês, em busca de<br />

consultas especializadas com médicos ou equipe de<br />

multiprofissionais.


Climatizado, com<br />

consultórios informatizados,<br />

guichês humanizados e elevadores,<br />

o Ambulatório está bem distante<br />

da realidade que era encontrada<br />

anteriormente, de tumulto, calor e<br />

mau atendimento.<br />

Qualidade<br />

Além da transformação<br />

estrutural, a qualidade do<br />

atendimento também superou as<br />

metas. Prova disso é a conquista da<br />

acreditação hospitalar, certificação<br />

conferida às instituições de saúde<br />

que cumprem rigorosos protocolos<br />

para a segurança do paciente. O título<br />

expedido pela Organização Nacional de Acreditação<br />

hospitalar (ONA) foi o primeiro entregue a um hospital<br />

público no Centro-Oeste.<br />

Recentemente, outro reconhecimento foi<br />

conferido ao HGG. O Programa de Tratamento de<br />

Deformidades Faciais (Proface) do Hospital Alberto<br />

Rassi – HGG conquistou uma das mais importantes<br />

premiações da área da saúde no Brasil: o Prêmio<br />

Saúde, da Editora Abril. Ao todo, 427 iniciativas foram<br />

inscritas no concurso, em que 90 jurados escolheram<br />

os projetos vencedores por todo o país. O programa<br />

chamado de “Reconstrutores de sorrisos”, que realiza o<br />

tratamento facial, como a correção de lábios leporinos<br />

e de deformidades nos maxilares, conseguiu zerar a fila<br />

de cirurgias, ou seja, o paciente não precisa aguardar a<br />

sua vez pelo procedimento.<br />

Novo CTI com 40 leitos com tecnologia de ponta<br />

Humanização<br />

Um hospital de sons, cores e sorrisos. Assim é o<br />

HGG mais humano. O Sarau do HGG leva semanalmente<br />

a música para o ambiente hospitalar, com o apoio de<br />

músicos voluntários. Já as artes plásticas estão em todos<br />

os locais. A cada trimestre, uma exposição diferente dá<br />

cores e formas para as paredes da unidade e além disso,<br />

os pacientes são convidados a participar de oficinas de<br />

arte no jardim do Hospital. Há ainda o Projeto Riso no<br />

HGG, quando mensalmente humoristas são convidados<br />

a “contaminar” a todos com alegria.<br />

De acordo com o coordenador executivo do<br />

Idtech, José Cláudio Romero, a busca pela excelência<br />

é uma constante. “O Hospital Alberto Rassi passou por<br />

profundas transformações em pouco tempo de gestão.<br />

Com o trabalho em equipe e apoio da Secretaria de<br />

Estado da Saúde, conseguimos oferecer<br />

mais humanização e qualidade aos usuários.<br />

E o trabalho não para. Nosso lema é construir<br />

sempre um HGG melhor para o SUS”, explica.<br />

Em visita à unidade, o secretário de<br />

Saúde do Estado, Leonardo Vilela, ficou<br />

entusiasmado com o que viu em sua primeira<br />

semana frente à pasta. “O hospital conseguiu<br />

aliar um corpo clínico de alta competência<br />

com instalações apropriadas, com<br />

equipamentos modernos, sobretudo atingir a<br />

motivação de toda equipe e ter compromisso<br />

com o paciente. Isso é um diferencial que faz,<br />

com certeza, o HGG uma referência na saúde<br />

pública de Goiás”, disse.<br />

O Secretário Estadual de Saúde Leonardo Vilela é recebido pela diretoria do HGG e<br />

coordenação do Idtech 13


A Síndrome do Tunel Carpal (STC)<br />

Ricardo Pereira da Silva<br />

Cirurgia de Mãos - CRM-GO 7679<br />

Nossas mãos são requisitadas e<br />

repetem os mesmos movimentos<br />

na maior parte do tempo,<br />

principalmente agora que<br />

estamos em plena era digital.<br />

Só quando aparecem os sinais<br />

de dor, inchaço e travamento<br />

é que nos damos conta do<br />

quanto elas nos fazem falta.<br />

Duas doenças muito frequentes<br />

são o assunto do Cirurgião de Mãos<br />

Ricardo Pereira: A Síndrome do<br />

Túnel Carpal e o Dedo em Gatilho.<br />

14<br />

O Túnel do Carpo se trata de um canal localizado<br />

no punho e é por onde passam o nervo mediano e os<br />

nove tendões responsáveis pela flexão dos dedos. Na<br />

anatomia desse túnel rígido ainda existem pequenos<br />

ossos e um ligamento transverso. Portanto, nervos,<br />

tendões, ligamentos e ossos passam por esse canal.<br />

Qualquer situação que faça gerar aumento da pressão<br />

local vai comprimir o nervo mediano e provocar a<br />

sensação de dormência, principalmente durante a<br />

noite, pela maior retenção de líquido que ocorre no<br />

corpo. Com o passar do tempo, a tendência é que<br />

ocorram também dores, perda da sensibilidade e uma<br />

crescente dificuldade de segurar objetos e de executar<br />

tarefas simples do cotidiano. É que o diâmetro desse<br />

canal só tem espaço para suas estruturas anatômicas.<br />

Inflamações causadas por algumas doenças, como<br />

artrite reumatóide, diabetes, hipotireoidismo. As<br />

oscilações hormonais (por isso o problema é frequente<br />

nas mulheres na fase do climatério) também são<br />

responsáveis por boa parte dos casos. E os traumas<br />

ou fraturas ou mesmo os movimentos repetitivos<br />

da era digital podem gerar um espessamento do<br />

tecido sinovial (responsável por revestir e nutrir os<br />

tendões). Isso vai aumentar a pressão dentro do túnel<br />

e gerar uma compressão sobre o nervo mediano. Os<br />

sintomas aparecem em seguida, inicialmente em uma<br />

das mãos , 50% dos casos podem comprometer as<br />

duas mãos. Ouvindo as queixas dos pacientes e com<br />

alguns testes de compressão do nervo é possível dar o<br />

diagnóstico clínico, que é comprovado com um exame<br />

complementar, a eletroneuromiografia, que é capaz de<br />

medir a condução sensitiva e motora do nervo dentro<br />

do túnel.<br />

O tratamento se diferencia de acordo com o<br />

grau da pressão. Para os casos leves, a colocação de uma<br />

órtese, isto é, de um aparelho que mantém o punho em<br />

posição de extensão por cerca de duas semanas e o uso<br />

de anti-inflamatórios via oral podem ser suficientes.<br />

Em casos moderados, o tratamento é mais<br />

agressivo e criterioso. Aplica-se corticóide dentro<br />

do canal, para diminuir a inflamação das estruturas<br />

anatômicas, aliviando a pressão sobre nervo mediano.<br />

Em casos graves, quando o tratamento clínico<br />

não resolve, podemos optar pela cirurgia, que promove<br />

a abertura do ligamento transverso do carpo. É muito<br />

importante que essa abertura seja feita de forma<br />

cuidadosa e por profissional habilitado. Os resultados<br />

da cirurgia são bastante animadores, pois melhoram<br />

muito a qualidade de vida desses pacientes. Depois<br />

da cirurgia, nas primeiras semanas, já se observa uma


melhora da dormência e da dor desses pacientes que<br />

passam a dormir sem interrupções, além disso, há um<br />

aumento da forca.<br />

As recidivas podem acontecer quando os<br />

pacientes não recebem tratamento adequado. Por<br />

isso, é preciso evitar as doenças de base e ter um estilo<br />

saudável de vida”.<br />

Dedo em Gatilho<br />

“Outro problema muito freqüente da mão<br />

é o Dedo em Gatilho , cientificamente chamado de<br />

Tenossinovite Estenosante. O paciente sofre um<br />

processo inflamatório crônico do tendão que mantém o<br />

dedo dobrado, mesmo quando se tenta abri-lo. O nome<br />

‘Gatilho’, é em razão do surgimento de um nódulo na base<br />

do dedo afetado, que produz um estalido semelhante<br />

ao ruído de um gatilho. Isso dá a sensação de solavanco<br />

durante o deslizamento do tendão, quando o dedo<br />

se movimenta e quando o paciente força a abertura<br />

ou o fechamento da mão. Em consultório, os relatos<br />

são de que o “engatilhamento” acontece com maior<br />

freqüência ao acordar; devido ao aumento do inchaço<br />

e da inatividade durante a noite. A base do dedo e da<br />

palma da mão podem se tornar doloridas e o dedo pode<br />

ficar inchado e endurecido. O polegar, o dedo médio e<br />

o anelar são os mais vulneráveis, principalmente nas<br />

mulheres de meia idade. Mas, qualquer pessoa, até<br />

mesmo as crianças podem desenvolver o Dedo em<br />

Gatilho. Suas causas nem sempre são identificadas,<br />

mas sabe-se que atividades repetitivas, Diabetes e a<br />

herança genética deixam as pessoas mais propensas<br />

à doença. O diagnóstico é clínico e o tratamento para<br />

os casos leves e moderados consiste em manter o dedo<br />

afetado estendido e em repouso articular, durante<br />

a noite, por cerca de uma semana, com o uso de uma<br />

órtese (tala). Nos casos severos, a infiltração com<br />

cortisona diretamente sobre a polia A1 melhoram os<br />

sintomas, principalmente se houver dor. Embora este<br />

procedimento seja simples e rápido, deve-se evitar a<br />

repetição da infiltração para evitar alguma infecção e<br />

o enfraquecimento do tendão com riscos de ruptura<br />

. A cirurgia é reservada quando todos os métodos<br />

anteriores falham ou quando o travamento do dedo se<br />

torna permanente. Em centro cirúrgico, um pequeno<br />

corte é feito na palma da mão para que a polia que<br />

envolve o tendão seja liberada. A anestesia é local com<br />

ou sem sedação e o paciente volta para a casa no mesmo<br />

dia. Os resultados são muito positivos e a cirurgia<br />

tem baixíssimo índice de complicação. Aos poucos, o<br />

paciente vai voltando a utilizar a mão.Inicialmente de<br />

forma mais contida, mas em poucas semanas vai estar<br />

completamente recuperado.<br />

Ricardo Pereira da Silva<br />

Cirurgião de Mãos<br />

CRM-GO 7679<br />

E-mail: rps1108@ig.com.br<br />

• Graduação em medicina pela Universidade Federal de<br />

Goiás, UFG, GO;<br />

• Residência médica em Ortopedia e Traumatologia<br />

realizada no Hospital das Clínicas, UFG, GO;<br />

• Especialização em Cirurgia da Mão e Microcirurgia<br />

Reconstrutiva no IOT da Faculdade de Medicina da<br />

Universidade de São Paulo , FMUSP, SP;<br />

• Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia<br />

e Traumatologia;<br />

• Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia da<br />

Mão;<br />

• Membro Titular da Sociedade Brasileira de<br />

Microcirurgia reconstrutiva;<br />

• Médico assistente do grupo de Cirurgia da Mão e<br />

Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital das Clínicas,<br />

UFG.<br />

15


INFORME PUBLICITÁRIO


Endometriose Profunda<br />

Corival Castro<br />

Ginecologia e Obstetrícia<br />

CRM-GO 4786<br />

Milhões de brasileiras em idade fértil sofrem com dores intensas todos os meses ao final de<br />

cada ciclo menstrual. Não bastasse isso, o sexo também é doloroso e engravidar se torna<br />

um desafio. Nove perguntas esclarecedoras sobre a Endometriose Profunda, a forma mais<br />

grave da doença para o Ginecologista e Obstetra, especialista em Reprodução Assistida<br />

Corival Castro.<br />

1 - O que caracteriza a Endometriose Profunda? Por que<br />

ela é considerada a forma mais grave da doença?<br />

A endometriose ocorre quando o tecido que<br />

reveste internamente o útero (o endométrio) cresce e/<br />

ou se desloca para outras partes do corpo da mulher, Esse<br />

tecido deslocado é chamado de implante.<br />

Na sua forma superficial, os implantes se<br />

espalham pelos órgãos pélvicos, mas não há formação<br />

de tumorações e não há penetração profunda nos outros<br />

órgãos do abdome. Em geral, há uma boa resposta ao<br />

tratamento clínico.<br />

Porém, na sua forma profunda, ocorre uma<br />

penetração grave dos implantes, com formação de<br />

tumorações pélvicas, cistos ovarianos e acometimento<br />

de órgãos como intestino, bexiga, vias urinárias e de<br />

nervos pélvicos. Nestes casos o tratamento clínico tem<br />

pouca eficácia e o sofrimento crônico passa a fazer parte<br />

do cotidiano dessas mulheres. A cirurgia, então, se faz<br />

necessária.<br />

2 - Quais são os sintomas da Endometriose Profunda?<br />

Cólica menstrual progressiva e intensa, dor<br />

pélvica crônica persistente de variados graus, não<br />

raramente incapacitante. Além disso, há muita dor<br />

durante as relações, impedindo uma vida sexual normal. O<br />

acometimento profundo do intestino e da bexiga provoca<br />

dor e sangramento à evacuação e à micção, além de outras<br />

anormalidades no funcionamento intestinal e urinário.<br />

18


3 - Como é feito o diagnóstico da endometriose profunda?<br />

Há algum tempo, a endometriose profunda<br />

era de difícil diagnóstico. Exames comuns, como a<br />

ultrassonografia e mesmo a laparoscopia, “padrão-ouro”<br />

para a endometriose superficial, não eram suficientes<br />

para evidenciar o acometimento profundo. Por isso, o<br />

tratamento dessas pacientes era marcado por vários<br />

procedimentos cirúrgicos incompletos e sem sucesso no<br />

efetivo controle da doença, justamente por não haver como<br />

estabelecer sua correta localização durante a cirurgia. No<br />

entanto, nos últimos anos, a ressonância magnética e a<br />

ultrassonografia endovaginal, com preparo (esvaziamento)<br />

intestinal prévio, tem conseguido evidenciar a doença<br />

com precisão, de forma a direcionar o tratamento.<br />

Além disso, a abordagem cirúrgica especializada para<br />

endometriose, através da videolaparoscopia, vem sendo<br />

paulatinamente difundida no meio médico como a forma<br />

mais eficaz de tratamento. A cirurgia convencional por<br />

laparotomia,“barriga aberta”, não é a forma ideal de<br />

tratamento. O conceito atual de cirurgia minimamente<br />

invasiva, com equipe multidisciplinar de ginecologistas,<br />

proctologistas, urologistas e cirurgiões gerais, com estudo<br />

específico desta patologia vem trazendo finalmente, alívio<br />

e controle da doença, com procedimentos eficazes e que<br />

preservam, e até recuperam, a parte reprodutiva. Assim,<br />

estas mulheres, antes presas à dor e ao sofrimento de não<br />

poder engravidar, agora já podem ter, em muitos casos, a<br />

fertilidade restaurada e a dor resolvida.<br />

4 - Essa forma da doença pode interferir no sucesso de<br />

uma gravidez mesmo quando são utilizadas as técnicas<br />

de Reprodução Assistida?<br />

Sim, de várias formas. Por exemplo, o acometimento<br />

dos ovários por tumorações ou seu encarceramento por<br />

aderências pode impedir a obtenção e a coleta de óvulos<br />

para o processo de fertilização in vitro. Assim, pode ser<br />

necessário realizar uma videolaparoscopia para se corrigir<br />

as anormalidades para que se possa, depois, realizar a<br />

inseminação ou a fertilização in vitro. É verdade também<br />

que as taxas de gravidez diminuem em alguns casos de<br />

endometriose.<br />

5 - Essa é uma doença que, até pouco tempo, estava<br />

cercada de mistérios e, nem sempre os medicamentos<br />

se mostravam eficazes. O que mudou no tratamento da<br />

Endometriose Profunda?<br />

O comportamento da endometriose e a forma com<br />

que ela invade e afeta os órgãos pélvicos é imprevisível<br />

e não obedecem a qualquer tipo de padrão. É realmente<br />

O ginecologista e obstetra Corival Castro foi escolhido entre poucos<br />

especialistas do país para um curso de imersão em cirurgia para<br />

Endometriose Profunda. À direita, os professores responsáveis pelo curso<br />

de vídeo cirurgia, os médicos Paulo Ayrosa e Helizabet Salomão.<br />

misterioso o fato de pacientes apresentarem sintomas<br />

em uma doença pouco evidente e também apresentarem<br />

a pelve totalmente tomada por tumorações, aderências e<br />

implantes com muito poucas queixas de dor. A resposta<br />

ao tratamento também é muito variável, muitas vezes<br />

a paciente tenta vários tipos de tratamentos até que se<br />

possa controlar os sintomas. A própria evolução da doença<br />

também pode variar muito, com casos de cura espontânea<br />

e de piora sem um motivo aparente.<br />

O que mudou no tratamento da endometriose<br />

profunda é o conceito, que antes havia, de que a<br />

paciente tinha que se submeter a várias cirurgias, seja<br />

por videolaparoscopia ou por laparotomia. Na primeira,<br />

se diagnosticava a doença. Na segunda, se realizava<br />

uma tentativa quase sempre incompleta de tratamento<br />

das lesões, por não haver uma correta localização dos<br />

implantes. As tentativas, quase sempre paliativas de<br />

redução das dores, se limitavam a resultados superficiais<br />

e de pouca eficácia. O conceito atual é que o primeiro<br />

procedimento cirúrgico deve ser o mais completo ao<br />

retirar todos os focos superficiais e profundos da doença.<br />

Para isso, é feito um completo e eficiente mapeamento<br />

pré-operatório da mesma. O outro conceito atual é que<br />

esta cirurgia seja minimamente invasiva, realizada por<br />

videolaparoscopia de alta resolução, com instrumentos<br />

que permitam retirar as lesões, com mínimo dano às<br />

estruturas sadias, preservando ao máximo a função desses<br />

órgãos para recuperar seu funcionamento, com a precisão<br />

e a minuciosidade de um relojoeiro.<br />

19


7 - Como é o procedimento?<br />

O procedimento é realizado por videolaparoscopia<br />

que permite total visualização do abdome por uma câmera<br />

de alta resolução. Utilizam-se instrumentos que geram<br />

energia elétrica bipolar, ultrassônica, laser ou plasma,<br />

todos com objetivo de proporcionar corte e coagulação<br />

de tecidos da forma mais precisa possível. Primeiramente<br />

são desfeitas as aderências e se individualizam os órgãos<br />

pélvicos, depois se retiram os tumores ou nódulos<br />

endometrióticos, bem como os órgãos ou partes de órgãos<br />

destruídos pela doença. O ato cirúrgico requer anestesia<br />

geral, o tempo de internação pode variar de um a cinco<br />

dias dependendo se a cirurgia se estender até o intestino.<br />

A primeira cirurgia de endometriose profunda realizada no Hospital<br />

Materno Infantil, pelo ginecologista e obstetra Corival Castro e equipe.<br />

Foram mais de dez horas de trabalho árduo, com o apoio da diretoria,<br />

dos funcionários e da enfermagem. Ao final, todos comemoraram o<br />

sucesso do procedimento e o início desse serviço adequado e definitivo<br />

em pacientes do SUS.<br />

8 - Como é o pós operatório?<br />

O pós-operatório é tranquilo pelo fato de a cirurgia<br />

ser minimamente invasiva e não envolver a abertura e<br />

fechamento do abdome. Há muito menos dor e o retorno às<br />

atividades normais varia de 15 a 30 dias enquanto que, na<br />

cirurgia convencional, o retorno acontece de 45 a 60 dias.<br />

20<br />

6 - A cirurgia pode ser considerada de alta complexidade?<br />

Sim, é uma cirurgia de alta complexidade. O<br />

cirurgião e toda a sua equipe precisam ter um intenso<br />

treinamento e estudo dessa doença em todas as suas<br />

peculiaridades, uma vez que se trata de um problema de<br />

comportamento especial e exclusivo, bem diferente das<br />

outras patologias. É complexa por acometer vários órgãos<br />

ao mesmo tempo e requerer cirurgiões de mais de uma<br />

especialidade; por ser de longa duração; por requerer<br />

assistência de terapia intensiva pós-operatória e, algumas<br />

vezes, transfusões sanguíneas. Finalmente, por requerer<br />

equipamentos e instrumentos especiais e de alto custo,<br />

não disponíveis em hospitais de nível primário ou mesmo<br />

intermediário.<br />

9 - O que as mulheres podem esperar dessa cirurgia?<br />

Elas podem contar com uma grande probabilidade<br />

de retirada de todas as lesões com apenas uma cirurgia.<br />

A endometriose é uma doença que atinge a alma<br />

da mulher. Ela é a manifestação física degrande sofrimento<br />

interno, de origem profunda e que envolve o que a mulher<br />

tem de mais exclusivo e precioso na sua existência: a<br />

mãe, a mulher, a companheira e a esposa. Nunca haverá<br />

uma cirurgia ou um remédio suficiente que dispensem<br />

o cuidado especial e um olhar profundo para dentro<br />

de cada mulher com esse problema. Todas as mulheres<br />

com Endometriose Profunda precisam também de um<br />

tratamento psicológico feito por profissional qualificado,<br />

em todas as etapas da abordagem dessa doença.<br />

Corival Castro<br />

Ginecologista e Obstetra - CRM-GO 4786<br />

E-mail: secretariadrcorival@hotmail.com<br />

• Graduação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ,<br />

RJ;<br />

• Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia;<br />

• Pós-graduado em Reprodução Humana<br />

• Membro da American Society for Reproductive Medicine, ASRM;<br />

• Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, SBRH;<br />

• Coordenador da Residência Médica em Endoscopia Ginecológica<br />

do Hospital Materno Infantil;<br />

• Membro da Sociedade Brasileira de Endometriose, SBE;<br />

• Membro da American Association of Gynecologic Laparoscopists,<br />

AAGL.


Degeneração Macular<br />

Ericka Campos Freitas<br />

Oftalmologia<br />

CRM-GO 7565<br />

A mácula, área responsável por cuidar de pequenos detalhes da visão quando olhamos para<br />

frente, sofre desgaste natural e gradual a partir dos 50 anos de idade. Pelo menos 27 por<br />

cento da população com mais de 75 anos vai desenvolver a doença. A oftalmologista Ericka<br />

Campos Freitas responde algumas questões sobre Degeneração Macular Relacionada à<br />

Idade (DMRI), a principal causa de cegueira depois da Catarata.<br />

1 – O que é a Degeneração Macular e quais as formas da<br />

doença?<br />

A Degeneração Macular Relacionada à Idade<br />

(DMRI), é uma doença degenerativa da retina central,<br />

conhecida por mácula, caracterizada pelo aparecimento<br />

de lesões amareladas, chamadas drusas, causadas por um<br />

acúmulo de lixo celular que acontece com o envelhecimento.<br />

As drusas vão aumentando em número e tamanho, o que<br />

promove a perda da visão central.<br />

A doença pode se apresentar de duas formas:<br />

exsudativa (úmida) e não exsudativa (seca). A forma seca<br />

representa 90% dos casos, sua evolução é lenta, sendo<br />

responsável por apenas 10% dos casos de cegueira legal<br />

(visão bastante comprometida) pela DMRI. A forma<br />

úmida representa 10% dos casos, tem evolução rápida,<br />

com crescimento de membrana neovascular subretiniana,<br />

edema e hemorragia, sendo responsável por 90% dos casos<br />

de cegueira legal causada pela doença.<br />

Retina central com drusas<br />

Drusa ampliada (material de depósito ou lixo celular)<br />

DMRI ÚMIDA – Tecido Neovascular Subretiniano<br />

2 – Como se faz o diagnóstico?<br />

O diagnóstico é feito através do exame<br />

oftalmológico de rotina. Para o diagnóstico precoce, é<br />

recomendado o exame oftalmológico anual a partir dos 50<br />

anos de idade.<br />

Exames como o mapeamento de retina, que<br />

evidencia o aparecimento das lesões maculares,<br />

complementando com a Angiofluoresceinografia (exame<br />

de contraste) para localização e extensão das lesões ativas,<br />

21


“Todos querem<br />

viver muito, mas<br />

ninguém quer<br />

ficar velho”<br />

assim como a Tomografia<br />

de Coerência Óptica da<br />

retina (OCT), que estuda<br />

a espessura da mácula<br />

e as características da<br />

membrana, são essenciais<br />

para o diagnóstico e o acompanhamento das lesões<br />

maculares.<br />

3 – O que o estilo de vida tem a ver com o desgaste da<br />

mácula?<br />

O estilo de vida tem tudo a ver com o desgaste da<br />

mácula. São fatores de risco: alimentação industrializada,<br />

estresse, alcoolismo e tabagismo, todos esses relacionados<br />

com a oxidação dos tecidos e envelhecimento mais precoce.<br />

Hábitos saudáveis de alimentação e atividades físicas<br />

são importantes na prevenção. Vivemos em um país com<br />

intensa exposição solar ao longo da vida (aproximadamente<br />

3600 horas por ano). A luz ultravioleta e a radiação azul<br />

também promovem o envelhecimento da mácula. Portanto,<br />

óculos solares e lentes filtrantes de boa qualidade devem<br />

ser utilizados para a nossa proteção desde a infância.<br />

Porém, o fator mais importante para o aumento dos casos<br />

da doença está relacionado ao crescimento significativo<br />

da expectativa de vida em nosso país nas últimas décadas.<br />

Hoje, vivemos muitos anos, com estimativa de 74 anos<br />

(IBGE, 2010). Em Goiás, a expectativa é de 78 anos. O<br />

número de centenários triplicou na última década.<br />

4 – Como enxerga um paciente, na medida em que a<br />

mácula se deteriora?<br />

O paciente nota a diminuição da acuidade visual<br />

central (metamorfopsia - imagem tortuosa); ocorre uma<br />

desorganização da imagem, que hora está menor, hora está<br />

Escotoma Central: Mancha escura no campo visual central<br />

22<br />

maior. Esse quadro evolui para a perda da visão central,<br />

com aparecimento de mancha (escotoma) no campo visual<br />

central, impedindo a visão de detalhes na fisionomia das<br />

pessoas, por exemplo.<br />

Visão normal<br />

Escotoma Central: Mancha escura no campo visual central<br />

5 – Há como recuperar a acuidade visual?<br />

O problema promove baixa da visão, que se torna<br />

irreversível nos estágios finais da doença. Portanto, a<br />

prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado<br />

são muito importantes para a manutenção da visão.<br />

6 – Qual o tratamento para a forma seca da doença? E para<br />

a forma úmida?<br />

O único tratamento para a forma seca da doença<br />

consiste no uso de vitaminas e antioxidantes.<br />

O tratamento mais eficaz para a forma úmida<br />

é através das injeções intra-vítreas (intra-oculares) de<br />

medicamentos anti-angiogênicos, que são drogas antiproliferação<br />

neovascular. Essas substâncias vão atuar<br />

diminuindo o edema, os neovasos e as hemorragias. São<br />

realizadas aplicações seriadas para estabilização da doença.<br />

A terapia com base em células-tronco<br />

embrionárias estará presente em um futuro próximo, na<br />

tentativa de repor células novas e repopularizar a retina,<br />

que foi danificada.


7 – Como a visão é reabilitada?<br />

Apesar de todas essas<br />

terapias, a doença pode<br />

evoluir para a perda irreversível<br />

da visão central. Nesses<br />

casos, há de se recorrer<br />

à uma especialidade dentro<br />

da Oftalmologia, chamada<br />

de Visão Subnormal, responsável<br />

pela reabilitação dos<br />

pacientes com deficiência visual.<br />

Através de recursos ópticos<br />

e não-ópticos, a Visão<br />

Subnormal vai magnificar a<br />

visão residual dos pacientes<br />

para que eles se adaptem<br />

às atividades da vida diária,<br />

promovendo um estilo de<br />

vida independente. Recursos<br />

como lentes magnificadoras,<br />

aparelhos eletrônicos e treinamento<br />

podem desenvolver<br />

a independência do indivíduo<br />

em suas atividades,<br />

possibilitando um novo despertar<br />

da alegria de viver.<br />

Recursos de visão subnormal<br />

“Os maiores objetivos futuros da medicina para o idoso são<br />

a redução na morbidade e na incapacidade, principalmente<br />

na manutenção da visão, o mais importante dos sentidos na<br />

comunicação com o mundo.”<br />

Ericka Campos Freitas<br />

Oftalmologista - CRM-GO 7565<br />

E-mail: draericka@brturbo.com.br<br />

• Graduação pela Faculdade de Medicina Souza Marquez, RJ;<br />

• Internato no Hospital da Força Aérea do Galeão, HFAG, RJ;<br />

• Especialização em Retina e Vítreo, Visão Subnormal e Catarata;<br />

• Residência Médica no Hospital de Olhos de Santa Beatriz, em Niterói, RJ;<br />

• Título de Especialização, pelo Conselho Brasileiro de Cirurgia de Olhos<br />

(CBCO) e Universidade Federal de Goiás, GO;<br />

• Fellowship em Visão Subnormal, no Schepens Eye Research Institute,<br />

Boston, Estados Unidos, EUA;<br />

• Mestrado em Ciências da Saúde, na área de baixa visão por Degeneração<br />

Macular Relacionada à Idade, pela Universidade Federal de Goiás, GO;<br />

• Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, CBO;<br />

• Membro da Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares,<br />

SBCII;<br />

• Membro da Sociedade Brasileira de Glaucoma, SBG;<br />

• Membro da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e<br />

Refratometria, SOBLEC;<br />

• Membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, SBRV;<br />

• Membro da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal, SBVSN.<br />

23


Síndrome do Pânico<br />

Adelman Soares Asevêdo Filho<br />

Psiquiatria – CRM-GO 11959<br />

A Síndrome do Pânico é um tipo de transtorno da ansiedade em que o indivíduo passa<br />

por crises de intenso medo e desespero, mesmo sem motivos aparentes. O Psiquiatra<br />

Adelman Soares Asevêdo Filho é autor do livro “Libertar”, uma coletânea de textos que<br />

nos leva a fazer uma leitura esclarecedora de problemas psiquiátricos muito frequentes<br />

na atualidade. <strong>Boa</strong> <strong>Vida</strong> reproduz parte do capítulo sobre a Síndrome do Pânico, um dos<br />

males da vida moderna.<br />

“Vivemos em um mundo tumultuado. Acordamos<br />

cedo, levamos os filhos à escola ou nos aprontamos<br />

rapidamente para a rotina diária. Trabalhamos<br />

incessantemente. Almoçamos correndo, voltamos ao<br />

trabalho e retornamos para casa, à noite, já cansados.<br />

Colocamo-nos em frente à televisão, comemos alguma<br />

coisa, mal conversamos com o parceiro ou filhos e<br />

vamos dormir. Ao final do mês, temos todas as contas<br />

para pagar, escola das crianças, financiamento do carro,<br />

cartão de crédito, água, luz, etc. O dinheiro quase sempre<br />

é insuficiente para pagar todas as despesas, o tempo não<br />

nos permite cumprir todas as obrigações no trabalho e,<br />

muito menos, em casa.<br />

Imaginemos anos e anos de incessante estresse<br />

bombardeando as nossas vidas. Passamos a nos sentir<br />

sufocados, ansiosos, nervosos e irritados demais.<br />

Ingredientes suficientes para o desenvolvimento de<br />

transtornos, como a ansiedade, a depressão e o pânico<br />

que, em sua grande maioria, têm início de forma lenta e<br />

gradual.<br />

Durante os primeiros meses, ou até anos, é<br />

possível perceber que a concentração e a memória não<br />

são as mesmas. Nos esquecemos onde colocamos as<br />

chaves do carro, de pagar uma conta ou outra, mas ainda<br />

nos sentimos razoavelmente bem.<br />

Com o passar do tempo, o incômodo se intensifica<br />

ao ponto de nos deixar com palpitações no peito. O<br />

coração parece explodir. A primeira suspeita é de alguma<br />

doença cardíaca, mas o médico faz o diagnóstico de um<br />

estresse. Uma conclusão que não nos espanta. Até nos<br />

deixa tranquilos; afinal, estresse não mata!<br />

Saímos do consultório com uma orientação de<br />

mudança de estilo de vida. Alimentação mais saudável,<br />

atividade física e uma vida menos frenética.<br />

Tudo lindo! Tentamos seguir essas orientações<br />

por certo tempo, mas a correria da rotina diária nos leva<br />

novamente ao velho estilo de vida. Até que, surge uma<br />

nova crise. Dessa vez, o coração não é mais sentido só<br />

no peito. Quer sair pela boca! Uma sudorese intensa nos<br />

consome! Uma sensação de dormência nos braços e dor<br />

no peito! Será um infarto? Pronto socorro, soro na veia,<br />

novos exames. Em poucos minutos, o médico retorna e<br />

diz que os exames cardíacos estão normais! Mas, dá o<br />

diagnóstico de uma crise de pânico. É necessário procurar<br />

um psiquiatra.<br />

No caminho da consulta, imaginamos o psiquiatra,<br />

como uma pessoa de cabelos totalmente bagunçados,<br />

com olhar assustador, trajes nada convencionais. Na<br />

sala de espera, já nos sentimos mais calmos. As pessoas<br />

que estão aguardando atendimento são normais. Estão<br />

tranquilas. Saem do consultório sorridentes. Mesmo as<br />

mais preocupadas deixam a sala com um ar de esperança,<br />

um fôlego a mais, uma confiança que não demonstravam<br />

enquanto aguardavam.<br />

Chega a nossa vez. O médico não tem jeito de<br />

maluco, não é esquisito e se veste como um médico, ou<br />

como qualquer outra pessoa no exercício do seu trabalho.<br />

Perdemos o medo, e a consulta transcorre normalmente.<br />

26


Somos informados de que a nossa doença é comum,<br />

principalmente nos dias atuais tão tumultuados. O<br />

tratamento é devidamente explicado, assim como o<br />

tempo para a melhora e dicas importantes para abortar<br />

possíveis crises futuras. Ficamos tão mais calmos que<br />

falamos mais coisas, esclarecemos dúvidas, aliviamos<br />

angústias.<br />

Esse pequeno relato mostra o que de fato se passa<br />

com a maioria das pessoas que padecem de um transtorno<br />

de ansiedade. O medo de procurar o psiquiatra é comum,<br />

mas, não é o que mais impede o tratamento logo no início<br />

dos sintomas. O que acontece é que os sintomas iniciais<br />

são tão subjetivos – ansiedade, irritação preocupação<br />

– que realmente não acreditamos que possamos estar<br />

doentes.<br />

Fica a seguinte dúvida: até que ponto eu consigo<br />

controlar o que estou sentindo sozinho e a partir de que<br />

ponto eu preciso de ajuda médica?<br />

Como médico, penso que a procura por<br />

tratamento deve vir precocemente. Pois, nesse<br />

momento as orientações dadas são capazes de impedir<br />

o prosseguimento dos sintomas, não deixando que se<br />

transformem em algo mais sério, com sofrimento mais<br />

intenso.<br />

Sintomas leves podem ser controlados com<br />

mudanças de hábitos – alimentação, esporte, diminuição<br />

da carga de trabalho, relaxamentos e yoga. Sintomas<br />

mais graves indicam a necessidade de uso de medicações<br />

apropriadas. Em ambos os casos, a psicoterapia é útil e<br />

promove uma melhora incrível.<br />

É de fundamental importância analisarmos<br />

como estava a nossa vida antes do evento agudo da<br />

crise do pânico. Percebendo se estávamos funcionando<br />

– trabalhando e vivendo – de uma forma mais acelerada<br />

do que o normal. Se estávamos exigindo demais de nós<br />

mesmos.<br />

Acontece que no dia a dia, não notamos o mal<br />

que o trabalho excessivo, a vida maçante, automatizada,<br />

a ausência de lazer pessoal e com a família podem nos<br />

causar. O estresse e outros problemas de saúde como<br />

a hipertensão arterial – decorrente do pouco caso com<br />

a nossa saúde física – vão se instalando aos poucos e só<br />

percebemos quando a bomba estoura.<br />

É necessário refletir sobre isso e dosar todas as<br />

coisas em nossa vida. Tudo que é demais não é benéfico.<br />

Trabalho demais, lazer demais, comida demais, atividade<br />

física demais, fazem mal.<br />

Quando realizamos algo em excesso, deixamos<br />

de cuidar de outras áreas da nossa vida. E precisamos<br />

ser saudáveis em cada uma delas, caso contrário,<br />

adoeceremos. Os nossos “corpos” mentais, físicos,<br />

espirituais, sociais – relacionados ao trabalho e vivências<br />

sociais – necessitam estar em equilíbrio. O excesso ou<br />

falta de atenção dada pode provocar desequilíbrio e,<br />

consequentemente, doença.<br />

O mais importante, então, é encontrar o equilíbrio<br />

antes que se manifeste o problema, mas caso ele já tenha<br />

se instalado, nada de pânico! É só reajustar a vida e tudo se<br />

encaixa direitinho!<br />

Muitas vezes – para falar a verdade, quase<br />

sempre – é preciso que a tribulação chegue até nós<br />

para que tomemos consciência da necessidade de<br />

mudança.<br />

Quem sabe, então, esse aparente problema seja<br />

o início de algo maravilhoso de que ainda não nos demos<br />

conta!”<br />

Adelman Soares Asevêdo<br />

Filho<br />

Psiquiatra<br />

CRM-GO 11959<br />

E-mail: adelmanasevedo@gmail.com<br />

• Graduação em Medicina pela Universidade<br />

de Uberaba, MG;<br />

• Especialista em psiquiatria pela Associação<br />

Brasileira de Psiquiatria e Associação<br />

Médica Brasileira;<br />

• Membro titular da Associação Brasileira de<br />

Psiquiatria.<br />

27


Preenchimento Facial<br />

Aline Reis<br />

CRM-GO 9055<br />

Cuidar da pele é essencial para manter aparência rejuvenescida e quando vamos ficando<br />

mais velhos, perdemos volume em certas áreas da face e ganhamos vincos e rugas. O ácido<br />

hialurônico, em sua versão sintética, atua preenchendo os espaços perdidos. Veja nesse<br />

artigo da médica pós graduada em Dermatologia, Aline Reis. Preenchimento facial com<br />

ácido hialurônico, o ativo da vez:<br />

“A pele lisa e elástica da juventude possui grande<br />

quantidade de ácido hialurônico natural, uma substância<br />

produzida pelo organismo humano, que tem uma<br />

enorme capacidade de reter a água nas células cutâneas,<br />

garantindo hidratação e por consequência, o viço e a<br />

beleza da pele. Mas, o avanço da idade diminui de forma<br />

gradativa a produção natural de ácido hialurônico. Como<br />

consequência, ocorre a desidratação e a perda do viço e da<br />

gordura da pele. Aparecem os sinais de envelhecimento na<br />

forma de vincos, rugas, perda de gordura em determinadas<br />

áreas, exatamente onde há a falta do ácido hialurônico.<br />

Depois de décadas de estudos e de pesquisas,<br />

chegaram a uma substância, de origem não<br />

animal,sintetizada em laboratório, idêntica à produzida<br />

pelo nosso corpo e que vem sendo amplamente utilizada<br />

nos consultórios dermatológicos, no combate aos<br />

sinais de envelhecimento. O ácido hialurônico sintético<br />

tem o mesmo propósito de atrair e de reter água e dar<br />

sustentação para as células. As células da face passam<br />

a receber mais nutrientes, como oxigênio e hormônios<br />

e, com isso, passam a ser estimuladas a se proliferar e a<br />

ocupar os espaços vagos, onde se formaram as rugas. O<br />

resultado é imediato. Os vincos, as rugas e as depressões<br />

desaparecem imediatamente após o procedimento, já que<br />

a substância vai ocupar o volume de colágeno e de gordura<br />

perdidos.Ou seja, ao usar um preenchedor sintético, como<br />

o ácido hialurônico, a pele renova a sua capacidade de<br />

hidratação. Mas, seu efeito é temporário, dura de oito<br />

meses a um ano. Depois disso, o produto é naturalmente<br />

absorvido pelo corpo, sem qualquer prejuízo à saúde. O<br />

tratamento pode ser repetido sem problema algum, já<br />

que essa substância se integra perfeitamente bem com os<br />

tecidos, com riscos de rejeição praticamente nulos.<br />

Sua aplicação deve ser gradual, com pequenos<br />

retoques, até que se chegue ao ponto de equilíbrio.<br />

Existem diferentes tipos de ácido hialurônico, alguns mais<br />

densos, indicados para vincos profundos, outros fininhos,<br />

28<br />

que aumentam os lábios com sutileza. Sua aplicação é bem<br />

tolerada, mesmo porque, uma pomada anestésica atenua<br />

o incômodo das picadas, mas a região pode ficar sensível e<br />

inchada por até dois dias. A aplicação dura em torno de 15<br />

minutos.<br />

Além das marcas do tempo, o ácido hialurônico<br />

sintético também está indicado para tratar as cicatrizes<br />

deprimidas pela acne e as marcas na pele resultantes de<br />

algum outro trauma.<br />

E ainda, quando injetado em microdoses, pode ser<br />

utilizado para promover uma profunda hidratação da pele.<br />

Associado a procedimentos, como microagulhamento,<br />

toxina botulínica, peelings, radiofrequência, lasers e<br />

outros, tem a sua eficácia aumentada, promovendo um<br />

rejuvenescimento seguro e eficaz.<br />

O resultado é natural e a pele ganha um aspecto<br />

saudável e mais rejuvenescido. O ácido hialurônico faz o<br />

papel de restaurar principalmente as ruguinhas que se<br />

formam ao redor da boca, chamadas popularmente de<br />

‘código de barras’; ou o vinco nasogeniano, aquela marca,<br />

muitas vezes profunda que vai da narina ao canto da boca;<br />

nas rugas ao redor dos olhos (pés de galinha), entre as<br />

sobrancelhas, para melhorar o contorno da mandíbula e<br />

até o nariz, para levantar a ponta caída, nas bochechas e<br />

no queixo.<br />

Quanto ao volume perdido, a boca é um bom<br />

exemplo. Com a idade, os lábios ficam mais finos, mas<br />

podem ter a consistência recuperada, basta ter bom<br />

senso. Exagerar na dose de preenchedores deforma o<br />

semblante e projeta os lábios para frente, denunciando o<br />

procedimento.<br />

Um bom profissional entende a limitação das<br />

substâncias preenchedoras e não arrisca a saúde e a beleza<br />

do paciente. Sem mudanças drásticas, apenas camuflando<br />

e atenuando as marcas do tempo.”


Aline Reis<br />

CRM-GO 9055<br />

E-mail: alinecsr@uol.com.br<br />

• Graduação em pelo Centro<br />

Universitário de Volta Redonda,<br />

UNIFOA, RJ;<br />

• Pós-Graduação em Dermatologia<br />

pelo Instituto de Pós-Graduação<br />

Souza Marques, RJ;<br />

• Fellow em Dermatologia pelo<br />

Hospital Universitaire Strasbourg,<br />

França;<br />

• Membro da Sociedade Brasileira<br />

de Dermatologia.<br />

29


Cateterismo Cardíaco<br />

Silvio S. Pontes Câmara<br />

Cardiologia – CRM-GO 12474<br />

programado o tratamento adequado. As doenças das<br />

Valvas Cardíacas podem ser diagnosticadas e avaliadas<br />

através do Cateterismo Cardíaco onde as alterações da<br />

função são classificadas e mensuradas com exatidão.<br />

As miocardiopatias, ou seja, as doenças do músculo<br />

do coração, também podem ser identificadas pelo<br />

cateterismo bem como as doenças congênitas, presentes<br />

ao nascimento que, muitas vezes, são complexas e<br />

necessitam de um diagnóstico mais preciso.<br />

32<br />

Há poucas décadas a medicina chegou ao<br />

Cateterismo Cardíaco, um exame que se<br />

utiliza de uma técnica incrível, que permite<br />

avaliar o funcionamento das válvulas e<br />

do músculo cardíaco, bem como, salvar<br />

vidas, em situação de emergência, ao<br />

desobstruir artérias em um infarto agudo<br />

do miocárdio. Cateterismo Cardíaco é o<br />

assunto da entrevista com o Cardiologista<br />

Hemodinamicista Silvio Pontes Câmara.<br />

1- O que é o cateterismo cardíaco?<br />

O Cateterismo Cardíaco, também conhecido<br />

como Cinecoronariografia, Angiografia Coronária ou<br />

Estudo Hemodinâmico, é um exame cardiológico invasivo<br />

que permite o diagnóstico de obstruções das artérias<br />

coronárias, avaliação do funcionamento das valvas<br />

cardíacas e do músculo do coração.<br />

2- Quais os problemas cardíacos capazes de ser<br />

identificados com o Cateterismo?<br />

O Cateterismo Cardíaco é extremamente útil e<br />

em alguns casos essencial para o diagnóstico de muitas<br />

doenças. No caso das obstruções das coronárias o exame<br />

permite identificar com precisão a artéria envolvida,<br />

a localização e o grau de obstrução, para que seja<br />

3- Onde e como é realizado o exame?<br />

O Cateterismo Cardíaco é realizado no laboratório<br />

de Hemodinâmica que conta com equipamento de alta<br />

tecnologia capaz de gerar imagem em tempo real, através<br />

de raio X e injeção de contraste iodado. Essas imagens<br />

são digitalizadas e podem ser repetidas, gravadas e<br />

armazenadas. O laudo do exame é entregue ao paciente<br />

contendo as imagens na forma de fotos ou vídeos gravados<br />

em CD.<br />

O exame é realizado por médicos Cardiologistas<br />

treinados especificamente em Cardiologia Intervencionista<br />

e Hemodinâmica. O procedimento se faz pela<br />

inserção de cateteres nos vasos sanguíneos das pernas ou<br />

dos braços que são guiados até o coração para obtenção<br />

das imagens. Na quase totalidade das vezes não há necessidade<br />

de cortes cirúrgicos ou pontos sendo o exame<br />

feito sob anestesia local, sedação e punção na pele e vaso<br />

sanguíneo.<br />

O preparo para o procedimento é simples e<br />

envolve entrevista com atenção a presença de outras<br />

doenças, alergias, uso de medicamentos e orientações.<br />

além de jejum de 4 horas.<br />

4- Qual o papel do Cateterismo Cardíaco no tratamento<br />

das doenças do coração?<br />

O Cateterismo Cardíaco tem um papel<br />

decisório no tratamento das doenças cardíacas. Nos<br />

casos eletivos, quando ele faz parte da investigação ou<br />

reavaliação de uma doença conhecida, o procedimento<br />

irá definir a programação, seja o tratamento apenas com<br />

medicamentos, seja através de Angioplastia com implante<br />

de Stents ou por cirurgia.<br />

No caso específico do Infarto Agudo do Miocárdio,


o Cateterismo Cardíaco é realizado<br />

de urgência e permite que se<br />

identifique a artéria “culpada” e se<br />

realize a Angioplastia com implante<br />

de Stent de imediato e altos índices<br />

de sucesso.<br />

5- Qual o papel do Cateterismo<br />

Cardíaco na colocação de Stents<br />

Coronários.<br />

O Cateterismo Cardíaco<br />

teve um grande papel no desenvolvimento<br />

das técnicas de Angioplastia<br />

e de implante de Stents<br />

Coronários passando de um procedimento<br />

meramente diagnóstico<br />

para opção de tratamento na<br />

década de 70 e chegando aos dias<br />

de hoje como o método terapêutico<br />

de eleição para grande maioria<br />

das doenças cardíacas.<br />

As Angioplastias Coronárias com implante de<br />

Stents permitem a desobstrução das artérias de forma<br />

minimamente invasiva e com índices de sucesso acima<br />

de 98%. O desenvolvimento tecnológico e os grandes<br />

investimentos das industrias do setor permitiram<br />

que se criassem Stents cada vez mais seguros, de fácil<br />

manipulação e com melhores resultados tanto imediatos<br />

quanto a médio e longo prazos, diminuindo os índices de<br />

reobstrução (reestenose). Hoje, temos disponíveis Stents<br />

Farmacológicos ou recobertos que liberam medicamentos<br />

no local da obstrução, Stents Bioabsorvíveis, etc.<br />

6- Muitas pessoas ainda tem certo receio de se submeter<br />

a esse exame. Por que isso acontece?<br />

O desenvolvimento das técnicas de Cateterismo<br />

Cardíaco datam do início da década de 70. Naquela<br />

época os profissionais médicos eram verdadeiros heróis,<br />

pois trabalhavam com material rudimentar, muitas vezes<br />

experimentais e, mesmo assim, conseguiam salvar muitas<br />

vidas. Porém, as complicações não eram pouco frequentes<br />

o que acabou por gerar certo receio em relação ao<br />

procedimento. Nesses mais de 40 anos os materiais foram<br />

aperfeiçoados, tornaram-se mais seguros e eficazes. As<br />

complicações são raras, com taxas menores que 1% e<br />

os benefícios são imensos trazendo alívio e sobrevida a<br />

milhares de pacientes.<br />

Dr. Silvio S. Pontes Câmara<br />

Cardiologista<br />

CRM – GO 12474<br />

E-mail: silviopontes@hotmail.com<br />

• Graduação em Medicina pela Universidade Estadual<br />

de Londrina-UEL, PR;<br />

• Residência em Clínica Médica, Cardiologia e<br />

Cardiologia Intervencionista/Hemodinâmica pela<br />

Universidade de São Paulo, USP, Ribeirão Preto, SP;<br />

• Membro Titular da Sociedade Brasileira de<br />

Cardiologia;<br />

• Membro Titular da Sociedade brasileira de<br />

Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.<br />

33


Arritmias Cardíacas<br />

Patrícia da<br />

Fonseca Zarate<br />

Cardiologia – CRM-GO 13949<br />

Arritmias cardíacas alteram o ritmo das batidas do coração e se não tratadas<br />

corretamente,podem provocar doenças no coração e morte súbita (parada cardíaca).<br />

Assunto para a cardiologista Patrícia da Fonseca Zarate.<br />

“O coração é formado por duas bombas<br />

com sistema elétrico próprio, que permitem que as<br />

contrações aconteçam de forma organizada, garantindo<br />

um bombeamento de sangue adequado, conforme um<br />

ritmo e uma frequência, que variam ao longo do dia. Esse<br />

sistema elétrico possui uma espécie de bateria, capaz de<br />

gerar estímulo espontaneamente para uma frequência de<br />

batimento cardíaco de 60 a 100 vezes por minuto, oscilando<br />

um pouco para cima ou para baixo, dependendo da<br />

situação e do grau de condicionamento físico do paciente.A<br />

frequência cardíaca considerada normal é aquela que<br />

gera um fluxo sanguíneo necessário e sem necessidade de<br />

grande esforço.<br />

Qualquer alteração nesse sistema, pode ser<br />

considerada uma Arritmia Cardíaca. Se trata de uma<br />

Bradicardia, quando a frequência é menor do que 60<br />

batimentos por minuto; e, quando a frequência acelera<br />

para mais de 100 batimentos por minuto, chamamos de<br />

Taquicardia. As Arritmias também podem ser classificadas,<br />

como:<br />

• Benignas, quando não alteram a função e o<br />

desempenho do coração e não trazem riscos<br />

maiores ao paciente. Podem ser controladas com<br />

medicações e melhoram com a atividade física.<br />

• Malignas são perigosas e pioram quando há<br />

algum tipo de estresse (físico, mental etc.).<br />

Essas, precisam ser monitoradas e controladas,<br />

pois oferecem risco de parada cardíaca, choque<br />

cardiogênico ou modificação na estrutura e<br />

na função do coração. Além disso, esse tipo de<br />

34<br />

arritmia pode favorecer a formação de coágulos<br />

sanguíneos dentro do coração que podem se<br />

desprender e chegar ao cérebro, através da<br />

corrente sanguínea, com risco de gerar um<br />

acidente vascular cerebral isquêmico (AVC).<br />

Todas essas possibilidades de risco para o paciente<br />

com arritmia, seja ela benigna ou maligna, são minimizadas<br />

quando o paciente é devidamente tratado.<br />

O descompasso cardíaco provoca uma série de<br />

sintomas no paciente, que se queixa de palpitação e de<br />

pulso acelerado; sensação de nó na garganta,de fraqueza,<br />

de tontura, de desmaio, de cansaço fácil, de dor no peito, de<br />

falta de ar e de mal-estar geral.<br />

Mas, muitas vezes, as arritmias cardíacas não<br />

provocam sintomas e , assim como uma doença silenciosa,<br />

podem levar o paciente a uma morte súbita. A doença só<br />

é descoberta com exames específicos (holter 24h, teste<br />

ergométrico, estudo eletrofisiológico, entre outros) e com<br />

a avaliação de um especialista.<br />

As arritmias são mais frequentes em pessoas<br />

que já possuem problemas cardíacos; história familiar<br />

de cardiopatia, idosos (em quem podemos encontrar a<br />

fibrilação atrial, caracterizada pelo ritmo de batimento<br />

rápido e irregular dos átrios, câmaras superiores do<br />

coração). Mas, pessoas de qualquer faixa etária não estão<br />

livres de ter o problema, até mesmo os bebês têm esse risco.<br />

O correto é mudar os hábitos alimentares, reduzir<br />

o colesterol e abandonar o sedentarismo. A recomendação<br />

médica é que ninguém inicie um programa de exercícios<br />

físicos sem realizar um eletrocardiograma ou passar por


uma avaliação específica com cardiologista.<br />

Quando a atividade física exige um<br />

esforço desproporcional, a avaliação deve<br />

ser ainda mais cuidadosa, com a realização<br />

de check-ups constantes, sobretudo<br />

antes do início das atividades, sejam essas<br />

motivadas por treinamento extensivo<br />

(atletas de todas as modalidades) ou por<br />

lazer. Esta é a premissa que os cardiologistas<br />

e, mais especificamente, os arritmologistas<br />

reforçam tanto para os atletas de fim de<br />

semana, quanto para os chamados atletas de<br />

alto desempenho.<br />

Seja qual for o tipo de arritmia, suas<br />

causas devem ser tratadas, utilizando-se de<br />

medicações específicas, ablação (através de<br />

um cateter), implante de marca-passo ou<br />

cardiodesfibrilador implantável.<br />

A prevenção das arritmias<br />

cardíacas se inicia com hábitos saudáveis.<br />

Por vezes, basta adotar uma alimentação<br />

balanceada, evitar o tabagismo, excesso<br />

de bebidas alcoólicas e os energéticos,<br />

praticar atividades físicas, dar atenção à<br />

saúde emocional, controlar fatores, como<br />

hipertensão arterial, diabetes, colesterol<br />

elevado, obesidade e pelo menos uma<br />

vez por ano, consultar-se com um<br />

cardiologista para a realização de exames<br />

preventivos.”<br />

Doenças Cardíacas adquiridas durante a<br />

gravidez<br />

Mesmo com um coração saudável, é possível que<br />

surjam problemas cardíacos durante a gravidez:<br />

Os sopros cardíacos – No pré-natal, o obstetra pode<br />

ouvir algum sopro, devido ao sangue extra que flui através<br />

do seu coração. Mas, isso não é motivo de preocupação.<br />

Alguns sinais e sintomas podem indicar problemas com<br />

alguma válvula cardíaca;<br />

Arritmias cardíacas – Algumas mulheres de<br />

coração saudável podem desenvolver arritmias, pela<br />

primeira vez durante a gravidez. O especialista pode<br />

perceber isso,durante o exame físico. Na maioria das vezes<br />

não há sintomas e nenhum tratamento é necessário. Mas,<br />

só depois de uma investigação específica, é que se tem<br />

certeza de que a mãe e o bebê estarão bem;<br />

A pressão arterial elevada – A hipertensão é uma<br />

complicação séria na gravidez. Normalmente, por volta da<br />

20ª semana de gestação, cerca de 8% das mulheres grávidas<br />

desenvolvem hipertensão arterial. Por isso, é importante<br />

verificar com frequência a pressão arterial durante a<br />

gravidez. Essa desordem pode evoluir para “pré-eclampsia,<br />

uma complicação séria, que exige interferência médica<br />

imediata para evitar que evolua para a Eclâmpsia, uma<br />

condição de risco de vida para a paciente, caracterizada<br />

por convulsões, seguidas do estado de coma.<br />

Patrícia da Fonseca<br />

Zarate<br />

Cardiologista<br />

CRM – GO 13949<br />

E-mail: pfzmed@hotmail.com<br />

pfzmed@cardiol.br<br />

• Graduação de Medicina pela<br />

Universidade Estário de Sá,<br />

UNESA, RJ;<br />

• Residência Clinica Médica no<br />

Hospital Souza Aguiar, RJ;<br />

• Residência em Cardiologia pelo<br />

da Hospital de Força Aérea do<br />

Galeão, RJ.<br />

35


Autismo<br />

Fábio Borges Pessoa<br />

Pediatria – CRM–GO 9861<br />

Há uma realidade bem particular que<br />

define os portadores de Autismo e que<br />

os distancia do mundo que os rodeia. O<br />

autista geralmente sofre forte tendência<br />

ao isolamento e costuma bastar-se a si<br />

mesmo. São indivíduos que encontram<br />

sérias dificuldades de interatividade social<br />

e de comunicação. O médico pediatra<br />

Fábio Pessoa fala desse transtorno e<br />

nos dá a boa notícia de que tratamentos<br />

precoces e estímulos adequados melhoram<br />

as habilidades sociais do paciente autista e<br />

o insere de vez em nossa sociedade.<br />

A evidência de um atraso de linguagem não<br />

se faz necessária para a elaboração do diagnóstico,<br />

visto que alguns indivíduos autistas possuem com<br />

desenvolvimento apropriado de tal capacidade.<br />

Uma vez que os quadros clínicos são extremamente<br />

variados, a orientação recente da Academia Americana<br />

de Psiquiatria é definir o diagnóstico por gravidade em<br />

relação a interação social e a comunicação e não mais<br />

estabelecer subtipos do transtorno.<br />

Sabe-se que o Transtorno do Espectro do Autismo<br />

tem origem em variações genéticas de diversos<br />

genes, os quais interagem entre si e sofrem influência<br />

epigenética (memória celular) e de fatores ambientais.<br />

1- O autismo é um transtorno que afeta o<br />

desenvolvimento normal da linguagem, a sociabilidade<br />

e as habilidades de comunicação. Quais são as variantes<br />

do autismo e por que algumas pessoas desenvolvem o<br />

problema?<br />

Consensualmente, o termo empregado para o<br />

diagnóstico de indivíduos que apresentam prejuízo<br />

quanto a socialização e a comunicação, além da<br />

presença de interesses restritos e de comportamentos<br />

repetitivos, é o de Transtorno do Espectro do Autismo.<br />

2- Quais são os sinais clássicos de autismo?<br />

Os sinais do autismo devem ser percebidos antes<br />

dos três anos de idade e, em alguns casos, antes dos 18<br />

meses.<br />

O diagnóstico é eminentemente clínico, baseado<br />

na observação do paciente e em uma entrevista bem<br />

elaborada com os pais ou responsáveis.<br />

Assim, para o diagnóstico, é necessária a presença<br />

dos seguintes sinais:<br />

• Déficit social persistente: dificuldade em iniciar<br />

36


ou manter um diálogo; não responder quando é<br />

chamado pelo nome ou em uma conversa direta;<br />

não demonstrar prazer em interações sociais e<br />

mostrar indiferença ou aversão ao contato físico,<br />

por exemplo.<br />

• Déficit na comunicação: pouco contato visual,<br />

dificuldade em expressar emoções; apontar para<br />

algum objeto como forma de mostrar interesse<br />

pelo mesmo; apresentar a fala muitas vezes com<br />

entonação, volume e ritmos anormais.<br />

• Déficit na manutenção e no desenvolvimento de<br />

relacionamentos: não perceber o desinteresse de<br />

outros em seu discurso; não expressar emoções<br />

corretamente, como rir em situações inapropriadas<br />

e fazer questionamentos socialmente inadequados;<br />

preferir ficar só e evitar atividades em grupo.<br />

• Interesses restritos e de comportamentos<br />

repetitivos: abrir e fechar portas ou janelas<br />

várias vezes; realizar movimentos repetitivos<br />

com as mãos ou pescoço; repetir a última palavra<br />

ouvida; referir-se a si mesmo pelo nome ao invés<br />

de usar o pronome “eu”; dependência exagerada<br />

de rotinas, pensamento rígido e obsessão<br />

ou excessiva preocupação com determinados<br />

assuntos; grande tolerância à dor.<br />

Reconhecendo os<br />

sinais do autismo<br />

É importante lembrar que cada paciente apresenta<br />

um determinado número de características, não se<br />

exigindo a presença de todas para se configurar o<br />

diagnóstico. Os autistas são muito diferentes entre si.<br />

3- Em qual período da vida o transtorno se<br />

manifesta?<br />

O Transtorno do Espectro do Autismo deve<br />

ser diagnosticado antes dos três anos de idade. Mas<br />

ainda lactente, um bebê que ao ser amamentado não<br />

estabelece contato com a mãe pela exploração tátil ou<br />

pelo contato visual, deve ser melhor observado.<br />

Como o autismo representa uma alteração<br />

qualitativa do desenvolvimento do indivíduo, há adultos<br />

e idosos com o diagnóstico, independentemente<br />

do grau de gravidade. Portanto, o transtorno<br />

manifesta-se em todas as etapas da vida.<br />

4- O que significa estar dentro do espectro?<br />

Estar dentro do espectro é apresentar<br />

padrões de comportamento específicos, que<br />

acarretam prejuízo, em quantidade suficiente para<br />

a elaboração do diagnóstico do autismo. Estar dentro<br />

do espectro é ser autista.<br />

5- O que é a síndrome de Asperger?<br />

A Síndrome de Asperger representa uma forma<br />

37


leve do Espectro do Autismo.<br />

O diagnóstico normalmente é feito na fase escolar,<br />

uma vez que as crianças portadoras da Síndrome<br />

de Asperger desenvolvem a linguagem na época<br />

certa, porém a mesma mostra-se muito correta, com<br />

vocabulário amplo e sofisticado. Como muitos desses<br />

indivíduos têm inteligência acima da média, muitos pais<br />

tendem a caracterizar essa peculiaridade da linguagem<br />

como algo próprio da personalidade da criança.<br />

Além dessa característica da linguagem, outro<br />

comportamento presente é a fixação ou interesse<br />

muito específico por algum tema, como por exemplo:<br />

dinossauros, carros, aviões ou robôs. Uma criança<br />

Asperger é capaz de falar exaustivamente de um mesmo<br />

assunto, com enorme riqueza de detalhes, de tal forma<br />

que quem a escuta não consegue, muitas vezes, mudar<br />

o foco do diálogo e, mesmo demonstrando desinteresse<br />

evidente através de sua expressão facial, não faz com<br />

que a criança perceba a exaustão em ouvi-la.<br />

Há, por parte dos portadores da Síndrome de<br />

Asperger, prejuízo social com excesso de formalidade<br />

e inflexibilidade frente às convenções sociais. Magoam<br />

sem perceber, já que desconsideram muitas vezes,<br />

o ponto de vista da outra pessoa. São ingênuos e lhes<br />

falta empatia. Não entendem piadas ou metáforas,<br />

agem de forma literal e concreta. São em sua maioria<br />

desajeitados, com nítido prejuízo em sua coordenação<br />

motora. Mas, há pontos positivos: os autistas são<br />

verdadeiros, honestos, confiáveis e determinados.<br />

Enfim, eles são diferentes e merecem compreensão e<br />

auxílio.<br />

6-Quais são os médicos que devem acompanhar um<br />

autista?<br />

Devido à importância do diagnóstico precoce<br />

do autismo, o pediatra tem grande importância no<br />

que tange a percepção dos primeiros sintomas e na<br />

orientação aos pais.<br />

Neuropediatras e psiquiatras da infância estão<br />

preparados para confirmar o diagnóstico e também<br />

acompanhar tais pacientes.<br />

7- Como é o tratamento? Há cura para o autismo?<br />

O tratamento do autismo é multiprofissional.<br />

O médico é quem deve fazer o diagnóstico, mas o<br />

trabalho em equipe enriquece todo o processo de<br />

conceituação e definição de prioridades de trabalho<br />

relacionadas à característica individual de cada<br />

autista.<br />

Profissionais das áreas de psicologia,<br />

psicopedagogia, fonoaudiologia, terapia<br />

ocupacional, fisioterapia, musicoterapia, entre<br />

outros são importantes para trabalhar as limitações<br />

sociais, os aspectos de linguagem, o processo de<br />

aprendizagem formal, as dificuldades referentes<br />

à coordenação motora e à organização e assim<br />

possibilitar um melhor convívio por parte do autista<br />

em nossa sociedade.<br />

O tratamento e a estimulação devem ocorrer a<br />

longo prazo e devem ser adequados de acordo com<br />

a evolução do paciente. Não há remédio específico<br />

para o transtorno e ainda não há cura.<br />

Fábio Borges Pessoa<br />

Pediatra<br />

CRM–GO 9861<br />

E-mail: fabiopessoa@fillium.com.br<br />

www.fillium.com.br<br />

• Graduação em Medicina pela<br />

Universidade Federal de Goiás, UFG,<br />

GO;<br />

• Residência medica em Pediatria e<br />

Neonatologia pela Faculdade de<br />

Medicina da Universidade Federal de<br />

Goiás, UFG, GO;<br />

• Pós graduação em Neuropsiquiatria<br />

da Infância e da Adolescência pelo<br />

Departamento de Saúde Mental da<br />

Faculdade de Medicina da Universidade<br />

Federal de Goiás, UFG, GO;<br />

• Membro da Associação Brasileira<br />

de Neurologia, Psiquiatria Infantil e<br />

Profissões Afins, ABENEPI .<br />

38


Cirurgia Plástica Responsável<br />

Dr. Thiago Machado Pinto<br />

Cirurgia Plástica – CRM-GO 9386<br />

Um procedimento cirúrgico<br />

espontâneo deve ser encarado<br />

com muita responsabilidade,<br />

principalmente em se tratando de<br />

uma cirurgia plástica. É preciso<br />

refletir sobre riscos, expectativas,<br />

escolha do especialista e todos<br />

os outros aspectos que envolvem<br />

essa decisão. O cirurgião plástico<br />

Thiago Machado destaca os pontos<br />

fundamentais e que devem ser<br />

levados em consideração em quem<br />

decide encarar o bisturi em nome<br />

da beleza.<br />

“O conceito de beleza passa longe da idéia de<br />

perfeição. Características faciais ou corporais que não<br />

se encaixam na ditadura estética imposta pelos padrões<br />

atuais, como um nariz de traços fortes ou seios pouco<br />

volumosos, muitas vezes podem ser harmônicos e<br />

belos. Assim, na primeira consulta, é importante “ler”<br />

o paciente, entender qual seu objetivo e explicar de<br />

forma clara o que a Cirurgia Plástica pode oferecer. Para<br />

tanto, esse primeiro momento não deve ser apressado; a<br />

consulta deve ser calma e detalhada em que o paciente<br />

tem oportunidade de expressar sua ambição estética e<br />

o cirurgião explicar as possibilidades existentes de um<br />

provável resultado. O exame físico, em minha opinião,<br />

deve ser feito em frente ao espelho, para que ambos<br />

estejam olhando juntos para cada característica passível<br />

de ser melhorada. É de fundamental importância que<br />

cirurgião e paciente partam para o próximo passo com a<br />

mesma clareza do que pretendem alcançar.<br />

Existem pessoas que procuram o consultório<br />

com idéias equivocadas quanto a cirurgia plástica. Elas<br />

enxergam na própria aparência, características que não<br />

condizem com a realidade (dismorfofobia), como alguém<br />

que possua um nariz bonito e harmônico, enxergá-lo<br />

enorme e feio. Os limites do bom senso estético, bem<br />

como o potencial de resultado, têm que ser esclarecidos a<br />

esses pacientes. Caso insistam em realizar procedimentos<br />

descabíveis ou buscarem incessantemente se parecer<br />

com algum modelo de beleza intangível, a cirurgia deve<br />

ser desaconselhada.<br />

No pré-operatório se faz o preparo para cirurgia<br />

de forma personalizada, pois cada pessoa tem suas<br />

particularidades. O paciente precisa revelar sobre sua<br />

saúde, se possui algum problema cardíaco, diabetes ou<br />

qualquer outra doença crônica ou hereditária. Essas<br />

doenças não impedem a realização do procedimento,<br />

mas exigem o consentimento de outro especialista. Nessa<br />

conversa franca, em que nada deve ser omitido, o paciente<br />

deve contar inclusive sobre o uso de drogas lícitas ou<br />

ilícitas e suspender seu uso pelo tempo determinado<br />

pelo especialista. Portanto, o álcool, o cigarro, a cocaína<br />

e outras drogas, as medicações que contenham ácido<br />

acetil salicílico, o Gingko Biloba, a vitamina E, as pílulas<br />

40


anticoncepcionais, tratamentos hormonais e outros<br />

podem levar a possíveis complicações durante ou após<br />

a cirurgia. O protocolo pré-operatório é finalizado com<br />

exames laboratoriais, radiológicos e cardiológicos, para<br />

que tudo seja cercado da máxima segurança.<br />

Ainda nesse primeiro momento, devem<br />

ficar detalhadamente esclarecidos os cuidados pós<br />

operatórios. Limitação dos movimentos, inchaço,<br />

alteração na cor da pele, algum desconforto e outras<br />

alterações transitórias devem ser encaradas com<br />

naturalidade, pois já foram explicadas anteriormente.<br />

Os primeiros dias após um procedimento cirúrgico<br />

são geralmente mais desconfortáveis gerando algum<br />

grau de ansiedade e insegurança para o paciente. O<br />

acompanhamento da equipe especializada traz conforto,<br />

segurança e evita complicações. O homecare, do qual<br />

sou adepto, por considerar muito importante, aproxima<br />

o médico do paciente nesse delicado momento. Uma<br />

enfermeira especializada e uma fisioterapeuta, visitam o<br />

paciente em casa por três ou quatro vezes antes mesmo<br />

de seu retorno ao consultório. Hidratação, padrão<br />

respiratório, circulação dos membros, uso correto da<br />

malha cirúrgica, entre outros importantes pontos, são<br />

avaliados e o paciente é bem orientado.<br />

Saber o que esperar de um pós-operatório e ter a<br />

certeza da presença de uma equipe completa e treinada<br />

ao lado do paciente antes mesmo do procedimento é<br />

algo bastante tranqüilizador.<br />

Na primeira consulta, o paciente deve saber<br />

que o acompanhamento no consultório continua por<br />

12 a 24 meses. É muito importante trabalhar para que<br />

o potencial de resultado estético seja explorado ao<br />

máximo. Diferentes pessoas terão resultados diferentes,<br />

mas é fundamental otimizar todos os resultados<br />

individualmente, dentro das características genéticas<br />

de cada um. As cicatrizes, por exemplo, constituem<br />

aspecto importante a ser discutido com o paciente. Essas<br />

marcas serão camufladas para que fiquem minimamente<br />

evidentes. O potencial estético da cicatrização é<br />

individual e depende de fatores genéticos, mas é possível<br />

explicar a posição e o tamanho das cicatrizes. Durante o<br />

acompanhamento pós operatório atingiremos o melhor<br />

resultado que o organismo do paciente pode oferecer<br />

associando tratamentos locais para cada tipo de cicatriz.<br />

Nesse primeiro momento também será explicado<br />

sobre a anestesia que pode ser local, regional ou geral. E<br />

antes da cirurgia uma consulta é realizada com o médico<br />

anestesiologista que já trabalha e conhece os protocolos<br />

seguidos pelo cirurgião.<br />

Por fim, antes de se consultar é importante<br />

certificar que o médico tem referências e qualificação.<br />

O título de especialista é conferido pela Sociedade<br />

Brasileira de Cirurgia Plástica e registrado no Conselho<br />

Regional de Medicina. Assim é possível verificar no site<br />

(www.cirurgiaplastica.org.br) se o profissional é de fato<br />

qualificado.”<br />

Dr. Thiago Machado Pinto<br />

Cirurgião Plástico<br />

CRM–GO 9386<br />

E-mail: dr.thiagomachado@hotmail.com<br />

www.drthiagomachado.com.br<br />

• Graduação em medicina pela<br />

Universidade Federal de Goiás, UFG,<br />

GO;<br />

• Residência em Cirurgia Geral pela<br />

Universidade Federal de Uberlândia,<br />

UFU, MG;<br />

• Residência em Cirurgia Plástica, pela<br />

Universidade Federal de Uberlândia,<br />

UFU, MG;<br />

• Fellowship em Cirurgia Craniofacial na<br />

Beneficência Portuguesa de Niterói, RJ;<br />

• Membro Especialista da Sociedade<br />

Brasileira de Cirurgia Plástica.<br />

41


Cirurgia da Base do Crânio<br />

Gustavo Jorge<br />

Magalhães<br />

Otorrinolaringologia<br />

CRM-GO 10818<br />

Não faz muito tempo, lesões em<br />

algumas áreas cerebrais eram de<br />

difícil tratamento cirúrgico. Mas,<br />

com a evolução da medicina, novas<br />

vias de acesso ao cérebro foram<br />

abrindo caminho para uma nova<br />

forma minimamente invasiva de tratar<br />

a doença. O Otorrinolaringologista<br />

Gustavo Jorge se ausentou por quatro<br />

meses, em Bergamo, na Itália, para<br />

adicionar em seu currículo um fellowship<br />

em Cirurgia da Base do Crânio e suas relações com a<br />

face, ouvido, junção cranio-cervical, órbitas e cavidade<br />

nasal. O que há de novo nessa abordagem?<br />

42<br />

1-O que a Otorrinolaringologia tem a ver com a Base do<br />

Crânio?<br />

A base crânio é a zona de transição entre o nariz,<br />

o ouvido e o cérebro. Portanto, o otorrinolaringologista<br />

trabalha nas áreas vizinhas à base do crânio todo o tempo<br />

do seu dia a dia cirúrgico. As cavidades nasais estão se<br />

tornando um caminho viável para acessar diferentes<br />

regiões do cérebro e facilitar cirurgias que, antes, exigiam<br />

grandes aberturas no crânio.<br />

2- Por que a região da base do crânio e tão crítica?<br />

A base do crânio é um grande desafio por ser de<br />

difícil acesso, já que esta região está em meio a nervos<br />

cranianos, artérias e veias de grande importância ao corpo.<br />

E devido a essa anatomia ser extremamente complexa, o<br />

aprendizado também se torna um desafio. É fundamental<br />

que haja um profundo conhecimento multidisciplinar da<br />

anatomia e das técnicas microcirúrgicas, além de intenso<br />

treinamento para realizar uma cirurgia desse nível<br />

3- Quais as doenças que acometem a base do crânio?<br />

Diversas são as doenças que acometem a base do<br />

crânio. Entre elas os neurinomas do nervo auditivo, tumores<br />

das meninges, tumores de hipófise, comunicações entre o<br />

nariz e o crânio e muitas outras.<br />

4- Fale sobre os tumores do ouvido?<br />

Os tumores de ouvido mais comuns são os benignos,<br />

como os Colesteatomas,que destroem o ouvido na medida<br />

em que vão crescendo e geram muito desconforto aos<br />

pacientes, com mal cheiro e secreção abundantes. Há outros<br />

tumores, mas são menos comuns, como os Neurinomas,<br />

que acometem geralmente o nervo auditivo e necessitam<br />

de uma abordagem em base de crânio para a sua remoção.<br />

Os Neurinomas cursam com perda auditiva progressiva<br />

rápida, acompanhada de zumbidos e tonturas de acordo<br />

com o seu crescimento. Em casos raros, esses tumores<br />

também podem vir a acometer o nervo facial.<br />

5- Como começou e o que mudou na abordagem cirúrgica<br />

da base do crânio?<br />

O acesso cirurgico à base do crânio não é novidade.<br />

Entretanto, os avanços no conhecimento tridimensional<br />

do funcionamento do cérebro (neurofisiologia), os


acessos com uso dos microscópios na década de 60 e<br />

da endoscopia na década de 90, além das possibilidades<br />

modernas de neuronavegação cerebral por imagem, bem<br />

como o surgimento de novas técnicas neurocirúrgicas<br />

revolucionaram esse procedimento, que se tornou<br />

minimamente invasivo.Se antes algumas áreas cerebrais<br />

eram intocáveis, hoje dificilmente uma doença na base do<br />

crânio não pode ser debelada.Mesmo assim, como todo<br />

o procedimento cirúrgico, os riscos variam de acordo a<br />

localização , a extensão e o tipo da lesão .<br />

Mas, com toda essa evolução na abordagem<br />

cerebral, os acessos à lesão se tornaram mais simplificados,<br />

diminuímos os índices de seqüelas pós-cirurgicas, e com<br />

menor morbidades para os pacientes. Para se ter uma idéia,<br />

atualmente pode-se fazer cirurgias da hipófise por via nasal<br />

e remoção de tumores de ouvidos, sem danos ao nervo<br />

facial.<br />

Portanto, nas últimas décadas tivemos um avanço<br />

significativo na cirurgia da base do crânio, o paciente têm<br />

maior tempo de sobrevida, melhor qualidade de vida<br />

e melhor desempenho intelectual após intervenções<br />

delicadas no cérebro.<br />

6- Qual o papel do neurocirurgião e do<br />

otorrinolaringologista nessa cirurgia?<br />

O ideal é a formação de uma equipe multidisciplinar<br />

entre o Otorrino e o Neurocirurgão. Cada um atuando<br />

dentro de sua área específica. Dentro da cavidade nasal<br />

e dos ouvidos, o otorrino têm grande familiaridade e,<br />

geralmente é ele o responsável pelo acesso ao cérebro, com<br />

a abertura da via para remoção da doença. Assim, ele abre o<br />

caminho pelo nariz e pelo ouvido para resolução da doença.<br />

Quando estamos dentro do crânio, é o neurocirurgião quem<br />

assume o bisturi e a manipulação do cérebro.<br />

7- Qual a preparação que o paciente deve ter antes da<br />

cirurgia?<br />

A preparação vai depender da localização ,do<br />

tamanho e do tipo de tumor. Depois que a junta médica<br />

O Otorrinolaringologista Gustavo Jorge, com o professor doutor<br />

Giovanni Danesi, em Bergamo, na Itália, quando adicionou em<br />

seu currículo, um fellowship em Cirurgia da Base do Crânio<br />

analisa o problema através da ressonância magnética , da<br />

audiometria e da endoscopia nasal abre-se a discussão do<br />

caso entre o Otorrino e o Neurocirurgião para a decisão<br />

sobre o melhor caminho para o tratamento da lesão.<br />

8- Que tipo de anestesia é empregada?<br />

Como são procedimentos complexos e de longa<br />

duração a anestesia geral é obrigatória.<br />

9 – O paciente fica internado?<br />

A internação é obrigatória e dependendo da<br />

gravidade, uma UTI se faz necessária até a completa<br />

recuperação do paciente .<br />

10- Como é o pós operatório e o prognóstico desse<br />

tratamento?<br />

O paciente deve permanecer em repouso até a<br />

completa recuperação para evitar complicações. Quanto<br />

ao prognóstico, mais uma vez as variantes são inúmeras.<br />

Mas, pacientes bem conduzidos dentro das técnicas<br />

modernas, acompanhados de equipe qualificada,<br />

utilizando material médico de ponta e em ambiente<br />

hospitalar adequado, na grande maioria das vezes,<br />

há resolução completa da doença apresentada e sem<br />

seqüelas importantes para o paciente .<br />

Gustavo Jorge Magalhães<br />

Otorrinolaringologista - CRM-GO 10818<br />

E-mail: contato@clinicasinus.com.br<br />

www.clinicasinus.com.br<br />

• Graduação em Medicina pelo Centro Universitário Volta Redonda,<br />

no Rio de Janeiro, RJ;<br />

• Residência médica em Otorrinolaringologia no Hospital da Lagoa,<br />

no Rio de Janeiro, RJ;<br />

• Pós-graduação no Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia,<br />

PR;<br />

• Fellowship no HouseEarInstitute, em Los Angeles – Califórnia;<br />

• Fellowship em base de Crânio no Hospital Giovanni XXIII de<br />

Bérgamo - Itália.<br />

43


Cuidados com o Couro Cabeludo<br />

Lorena Dourado<br />

Dermatologia - CRM–GO 11663<br />

Ter uma cabeleira saudável faz muita diferença. Por isso, é importante ter cuidados específicos<br />

com os fios para que se mantenham resistentes e sedosos. Mas, e o couro cabeludo? Nesta<br />

edição, a Dermatologista Lorena Dourado, especialista em Tricologia(ciência que estuda<br />

os cabelos) nos alerta para os cuidados que devemos ter com o couro cabeludo.<br />

1 - Como deve ser a limpeza correta do couro cabeludo?<br />

Embora seja bem relaxante lavar os cabelos em água quente,esse é um hábito<br />

ruim para o couro cabeludo. A água quente, da mesma forma que resseca a pele,<br />

resseca o couro cabeludo. Como mecanismo compensatório, as glândulas da<br />

região são ativadas a produzir uma quantidade maior de gordura, podendo<br />

deixar o cabelo com aspecto oleoso. O ideal é que se lave os cabelos com água<br />

mais morna ou fria.<br />

Quanto à frequência, não há problema em lavar os cabelos todos os<br />

dias ou conforme a necessidade, quando a temperatura da água se mantém<br />

amena. A oleosidade ideal é aquela que se distribui pelos fios, mas que<br />

não se acumula no couro cabeludo. Este deve estar sempre limpo. Se com<br />

as lavagens, os fios se tornarem ressecados, recomenda-se usar cremes<br />

condicionantes em seguida. Quanto maior a frequência de lavagens, mais<br />

fraco deve ser o xampu.<br />

2 - Algumas pessoas se queixam de descamação do couro cabeludo. Por<br />

que isso acontece?<br />

Algumas pessoas têm maior tendência a ter a pele e o couro cabeludo<br />

secos e descamativos. Mas, este problema pode ter várias outras causas<br />

provocadas pela exposição intensa ao sol, por processos alérgicos,<br />

por doenças (dermatite seborreica, psoríase, entre outras), ou, como<br />

dissemos anteriormente, pela alta temperatura da água. Deve-se<br />

usar xampus específicos para cabelos secos ou para processos<br />

descamativos do couro cabeludo, associados ao uso de condicionador,<br />

aplicado não só nos fios, mas inclusive no couro cabeludo. Depois,<br />

enxaguar, retirando todo o excesso do condicionador.<br />

Evitar a exposição solar intensa, sem a devida fotoproteção.<br />

As lavagens devem ser mais espaçadas e em água de temperatura<br />

morna ou fria.<br />

3 - Qual a importância dos condicionadores e das máscaras<br />

hidratantes para os cabelos?<br />

Os condicionadores, tanto os com enxague, quanto os do tipo<br />

leave-in, recobrem a cutícula, desembaraçando os fios. Assim<br />

como os xampus, esses produtos penetram superficialmente nos<br />

fios, deixando resíduos entre as escamas da cutícula. Recomendase<br />

uso de xampus anti-resíduo semanalmente ou quinzenalmente<br />

para retirada desses resíduos.


As máscaras capilares penetram na cutícula do<br />

fio dando maior espessura e força ao fio. Cada um tem a<br />

sua função específica e todos têm papel importante nos<br />

cuidados com os cabelos.<br />

4 - Quais os danos do secador e da chapinha no couro<br />

cabeludo?<br />

Devido a alta temperatura, o secador e a chapinha<br />

podem provocar bolhas difusas, deixando os fios com uma<br />

pior qualidade.<br />

Já a chapinha pode causar queimaduras no couro<br />

cabeludo. Ambos devem ser evitados. Mas, se isso não for<br />

possível, mantenha o secador mais distante dos fios e do<br />

couro cabeludo e com ar mais morno ou frio.<br />

Se usar a chapinha, distribua antes um produto com<br />

efeito antitérmico e mais oleoso, como um silicone. Isso vai<br />

facilitar o movimento da chapinha e diminuir o tempo de<br />

contato com os fios. Preserve o couro cabeludo do calor da<br />

chapinha.<br />

5 - E quanto aos produtos químicos?<br />

Alisantes, permanentes, tinturas e progressivas<br />

podem provocar o desenvolvimento de alergias, que se<br />

apresentam nas formas leves, com descamação e coceira,<br />

até aquelas mais intensas e graves com forte edema<br />

(inchaço). Por isso, é fundamental um teste cutâneo do<br />

produto antes da sua utilização. Uma pequena quantidade<br />

deve ser aplicada na área atrás da orelha, por exemplo, e em<br />

pequena mecha na parte escondida do cabelo.<br />

Comprovada a alergia, suspenda o uso e procure<br />

um médico dermatologista, com título de especialista<br />

pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) para<br />

orientações e tratamento.<br />

6 - Qual a importância da alimentação na nutrição dos<br />

cabelos e do couro cabeludo?<br />

Quanto a alimentação é importante que se tenha<br />

Dermatite seborreica (caspa)<br />

A caspa é uma das manifestações da Dermatite<br />

Seborréica, um tipo extremamente frequente de<br />

inflamação do couro cabeludo que costuma se<br />

manifestar após os 30 anos de vida. Diversos fatores<br />

fazem com que as glândulas sebáceas do couro<br />

cabeludo produzam um tipo diferente de gordura.<br />

Quando acumulada, gera a proliferação exagerada de<br />

fungos e, consequentemente, a inflamação. Apesar<br />

da presença desses microorganismos, sabe-se que a<br />

doença não é contagiosa.<br />

Tensão emocional pode agravar o problema,<br />

bem como o alcoolismo e algumas doenças<br />

neurológicas.<br />

A doença não tem cura, mas pode ser controlada<br />

através do uso de xampus antisseborréicos.O problema<br />

é que muitos pacientes se queixam que esses xampus<br />

geralmente ressecam o cabelo com a frequência do uso,<br />

o que justifica a aplicação de cremes condicionantes<br />

nos fios (evitando aplica-los diretamente no couro<br />

cabeludo).<br />

Dependendo do caso, medicamentos orais<br />

de efeito anti-inflamatório também são prescritos.<br />

Procure um dermatologista para que este faça seu<br />

diagnóstico e inicie seu tratamento da forma mais<br />

adequada para as suas necessidades clínicas.<br />

uma dieta balanceada. Pessoas desnutridas têm cabelos<br />

opacos. Evite perdas de peso bruscas e dietas sem proteínas.<br />

7 - Quando é necessário procurar um dermatologista?<br />

Quando o couro cabeludo apresentar alterações,<br />

como coceira, descamação, inflamação, queda localizada<br />

ou espaçada de fios, formando falhas, ou qualquer outro<br />

problema, procure um dermatologista com título de<br />

especialista em dermatologia para que esse faça sua<br />

avaliação e inicie, se necessário, seu tratamento.<br />

Lorena Dourado<br />

Dermatologista<br />

CRM – GO 11663<br />

E-mail: dourado.lorena@gmail.com<br />

• Graduação em Medicina pela Universidade Federal de<br />

Goiás, UFG, GO;<br />

• Titular em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de<br />

Dermatologia;<br />

• Especialista em Tricologia pela Faculdade de Medicina<br />

do ABC e pela Universidade de São Paulo, USP, SP.<br />

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