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yemag #03

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m a g a z i n e<br />

PUBLICAÇÃO YEMNI – BRANDING, DESIGN & COMM JAN . 2011 Nº 03 – ANO I<br />

magazine 01.<br />

America<br />

estratégia e solidariedade<br />

04 Sustentabilidade // 10 Biomimética<br />

12 Entrevista: Flávia Moraes // 14 Notas<br />

<strong>#03</strong>


ah!<br />

Caro leitor,<br />

Há um bom tempo, o tema sustentabilidade tem estado presente na vida das pessoas,<br />

das corporações, dos governos, enfim, em praticamente todos os setores. E não é para menos.<br />

A sociedade tem tomado consciência da necessidade de agir de maneira a não esgotar<br />

os recursos dos quais depende sua sobrevivência.<br />

Dentro desse movimento, o setro empresarial tem sido um dos setores mais cobrados.<br />

Mas temos de tomar cuidado para não pensar em sustentabilidade como um fim em si,<br />

como se, a partir da ação empresarial, todos os nossos problemas fossem resolvidos num<br />

passe de mágica. Equilíbrio é a palavra-chave.<br />

Sabemos que uma empresa só sobrevive se constrói uma relação amigável com o<br />

meio ambiente e a sociedade. Se desperdiça matéria-prima e polui sem preocupações, não<br />

funciona. E se fica distante, sem investir em desenvolvimento social e cidadania, morre<br />

isolada diante do mercado.<br />

Um empreendimento só se mantém quando há equlíbrio entre lucro, crescimento e<br />

sustentabilidade. Sem lucro não cresce e, em consequência, não se sustenta.<br />

A permanência no mercado depende da visibilidade que as empresas conseguem<br />

para a sua marca. E ações que mostrem a capacidade da empresa de contribuir para a sustentabilidade<br />

social e ambiental representam uma forma de ampliar sua visibilidade.<br />

Nesta Yemni Magazine falamos sobre isso. Mostramos uma ação de apoio dos restaurantes<br />

America à Casa Hope, envolvendo uma rede de solidariedade que, para se efetivar,<br />

contou com a participação de seus clientes. Numa progressão geométrica, a marca circulou<br />

de mão em mão e a instituição, que atende crianças e jovens com câncer, saiu ganhando.<br />

Entrevistamos uma grande especialista, Flávia Moraes, ex-executiva na área de sustentabilidade<br />

de uma multinacional e, hoje consultora, palestrante e professora da Fundação<br />

Getúlio Vargas. Tratamos, também, da importância da comunicação e das ações<br />

sustentáveis reais das empresas. E, para completar, abordamos o assunto por um ângulo<br />

estético: falamos sobre o aproveitamento das sábias soluções da natureza no design.<br />

magazine 03<br />

Espero que aproveite!<br />

Vitor Patoh<br />

Publicação da Yemni – Branding, Design & Comm<br />

Produção e Execução: Yemni – Branding, Design & Comm Diretor Executivo: Vitor Patoh Edição: Henrique<br />

Ostronoff (Jornalista responsável - MTb. 14.856) Editora Assistente: Luiza Medeiros Design e Diagramação: Pauliana<br />

Caetano Revisão: Eleonora B. Rantigueri Foto de Capa: Ian McKinnell/Getty Images Impressão e Acabamento:<br />

Atrativa Gráfica Tiragem: 1.000 exemplares<br />

© 2010 Yemni – Branding, Design & Comm Todos os direitos reservados – www.yemni.com.br<br />

Esta revista é impressa em papel. O papel é biodegradável, renovável e provém de florestas plantadas. Essas florestas são lavouras que dão emprego a milhares de brasileiros<br />

e as árvores plantadas amenizam o efeito estufa, pois absorvem o gás carbônico durante o seu crescimento. Imprimir é dar vida!<br />

Fale Conosco redação@yemni.com.br<br />

www.yemni.com.br/blog Yemni – Branding, Design & Comm twitter.com/yemni


strategy<br />

Agir e<br />

comunicar<br />

POR Luiza Medeiros<br />

magazine 04<br />

A comunicação é essencial para o reconhecimento da marca sustentável<br />

A sustentabilidade não é uma responsabilidade<br />

só das empresas. É também dos governos, de, elaborado pelo CEBDS especificamente para<br />

O Guia de Comunicação e Sustentabilida-<br />

das ONGs e de outros atores sociais. Em suma, é o contexto corporativo nacional, divide o processo<br />

função da sociedade promovê-la. Porém, as empresas<br />

têm um papel fundamental na mudança para público a respeito das posturas e práticas em sus-<br />

dessa comunicação em três dimensões: informar o<br />

o cenário sustentável, por conta do poder econômico<br />

que detêm. É uma questão de incorporar comunicação da sustentabilidade; promover a edutentabilidade<br />

da empresa, o que o guia chama de<br />

novos interesses aos objetivos empresariais além cação sobre o tema e incentivar a participação de<br />

do mercado. Nesse malabares de prioridades, a novos atores, comunicação para a sustentabilidade;<br />

comunicação é uma peça fundamental para valorizar<br />

empresas e marcas sustentáveis e para manter de táticas e processos responsáveis, verdadeiros, éti-<br />

executar as estratégias de comunicação por meio<br />

o equilíbrio do sistema empresarial.<br />

cos e capazes de deixar a menor pegada ecológica<br />

O Triple Bottom Line, conceito criado em possível, sustentabilidade da comunicação. O guia<br />

1994 pelo inglês John Elkington, considera que, está disponível para download gratuito em http://<br />

na perspectiva empresarial, a sustentabilidade www.cebds.org.br.<br />

deve basear-se em três fatores: econômico, humano<br />

e ambiental. Em outubro de 2008, uma pesquiselho,<br />

Fernando Almeida, a comunicação sustentá-<br />

De acordo com o presidente executivo do Consa<br />

realizada pelo Conselho Empresarial Brasileiro vel gera valor agregado para a empresa, pois torna-se<br />

para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) um fator a mais de reconhecimento e valorização perante<br />

seus públicos de relacionamento. Essa possibi-<br />

entre cerca de 25 empresas associadas revelou que<br />

100% delas utilizavam esse conceito em suas ações lidade de agregar valor às marcas por meio da sustentabilidade<br />

está provocando mudanças substanciais<br />

de sustentabilidade e tinham no mínimo uma área<br />

responsável pela comunicação dessas ações. no mercado. Se as empresas não viam vantagens no


Comunicar a sustentabilidade em três dimensões<br />

Intrinsecamente relacionadas durante todo o processo de comunicação, as três dimensões ajudam a entender<br />

que o mais importante é a coerência entre a realidade da empresa e aquilo que ela comunica.<br />

Comunicação DA<br />

sustentabilidade<br />

Comunicação PARA<br />

sustentabilidade<br />

Comunicação sobre o que a empresa faz, como faz e por que<br />

faz – busca criar empatia com os públicos de relacionamento.<br />

Comunicação com o objetivo de atrair, mobilizar e<br />

educar os diversos públicos de relacionamento.<br />

sustentabilidade DA Comunicação<br />

Incorporação da sustentabilidade aos processos e às práticas de comunicação corporativa.<br />

Fonte: CEBDS<br />

magazine 05<br />

investimento em projetos sociais ou ambientais, a relação<br />

positiva estabelecida entre a marca sustentável<br />

e o consumidor foi o incentivo que elas precisavam<br />

para começar a agir nesse sentido.<br />

O diretor executivo da Plastivida - Instituto<br />

Sócio-Ambiental dos Plásticos, Miguel Bahiense,<br />

lembra que há, inclusive, investimentos específicos<br />

na bolsa de valores em empresas com sustentabilidade<br />

bem definida em suas atividades. “O resultado<br />

é positivo: se, por um lado, a sociedade e o<br />

meio ambiente se beneficiam das ações, a empresa<br />

também – além do ganho financeiro, ela tem o<br />

reconhecimento de sua marca atrelada a ações de<br />

responsabilidade socioambiental”, diz ele.<br />

Exemplo de reconhecimento pelo Índice<br />

Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), da bolsa<br />

de valores de Nova Iorque, a Petrobras recebeu<br />

por cinco anos consecutivos o direito de participar<br />

da composição do índice. A coordenadora do<br />

Relatório de Sustentabilidade da empresa, Ana<br />

Paula Grether, reforça que a sustentabilidade<br />

deve fazer parte da estratégia das empresas e suas<br />

Se a sociedade e o meio ambiente<br />

se beneficiam, a empresa também<br />

– além do ganho financeiro,<br />

ela tem o reconhecimento de<br />

sua marca atrelada a ações de<br />

responsabilidade socioambiental”<br />

Miguel Bahiense, diretor executivo da Plastivida<br />

atividades devem estar em sintonia com o tema.<br />

“A área de Comunicação Institucional está sempre<br />

alinhada ao plano estratégico da empresa no<br />

que diz respeito a atender as diversas demandas<br />

de divulgação das ações e projetos, criar soluções<br />

que contribuam para um desenvolvimento sustentável<br />

e orientar o investimento em produtos<br />

e serviços cada vez mais adequados, considerando<br />

as expectativas da sociedade em relação a sua<br />

atuação”, explica ela. •


xperience<br />

magazine 06<br />

A construção<br />

de uma estratégia<br />

solidária<br />

POR Luiza Medeiros<br />

Rede de cooperaçÃo incentiva<br />

doações à casa hope e<br />

fortalece a marca america<br />

Espalhar solidariedade foi a missão da campanha<br />

de final de ano promovida pelo restaurante America. A ação<br />

de marketing teve como objetivo aumentar as doações para a<br />

Casa Hope, que cuida de crianças e adolescentes com câncer,<br />

por meio de uma corrente de cooperação. Além de ajudar a<br />

instituição todos os anos, com donativos e venda de produtos<br />

exclusivos, o America promoveu sua divulgação entre seus<br />

clientes e parceiros e incentivou as doações. Tudo começou<br />

com uma dinâmica de grupo da qual participaram crianças<br />

da Casa e funcionários voluntários do restaurante.<br />

A capilaridade da ação foi planejada de modo a beneficiar<br />

a instituição e fortalecer a marca da rede de restaurantes.<br />

“Ao mesmo tempo em que a corrente incentiva<br />

doações, a marca América fica associada ao gesto de solidariedade”,<br />

explica Vitor Patoh, sócio diretor da Yemni, sobre<br />

a elaboração da estratégia de marketing.<br />

O America elegeu as crianças como foco de suas ações<br />

de sustentabilidade. Essa decisão vai ao encontro da própria


magazine 07<br />

identidade da marca, que oferece cardápio especial para<br />

crianças, distribui brindes e promove eventos voltados ao<br />

público infantil. Um exemplo de evento, já consolidado<br />

no calendário das lojas, acontece no Dia das Crianças.<br />

Há 10 anos, a data é comemorada com a doação à Casa<br />

Hope da renda obtida com a venda de sobremesas. A rede<br />

de restaurantes também fomenta a arrecadação de recursos<br />

para a Hope por meio da comercialização do material<br />

promocional durante o mês de outubro. O nome America<br />

já está fortemente aliado à instituição filantrópica, tanto<br />

que a parceria rendeu o desenvolvimento de uma linha de<br />

produtos exclusivos, que unem os personagens-símbolo Fogofino<br />

e Hopinho.<br />

A campanha America Solidário partiu da percepção<br />

de que a rede precisava aprofundar suas ações de cooperação<br />

com a sociedade. A partir da mobilização de alguns de<br />

seus colaboradores, que se apresentaram voluntariamente,<br />

a empresa promoveu uma tarde de atividades para as<br />

Sabemos que as empresas<br />

precisam fazer mais pela<br />

sociedade, e o América só<br />

ganhou ao se associar a uma<br />

instituição como a Casa Hope”<br />

Mirella Scorza, gerente de Marketing do America<br />

crianças da Casa Hope. “Reunimos um grupo de crianças,<br />

seus acompanhantes e nossos colaboradores em um emocionante<br />

encontro em agosto do ano passado”, conta Mirella<br />

Scorza, gerente de Marketing do America. Durante o<br />

evento, cada participante pintou um dos 70 desenhos de<br />

um painel. O resultado foi a formação de um belo mosaico,<br />

símbolo da campanha e da mensagem principal da<br />

ação. “Queríamos mostrar que, juntos, podemos fazer muito<br />

mais por quem precisa”, explica Mirella. »


xperience<br />

magazine 08<br />

Além de incentivar as doações, o América divulgou o<br />

nome de nossa instituição para milhares de pessoas.<br />

Inclusive, outras empresas já começaram a entrar em<br />

contato conosco para saber como fazer parcerias assim”<br />

Cláudia Bonfiglioli, presidente da Casa Hope<br />

O evento serviu para aproximar os funcionários do<br />

restaurante às crianças da Casa Hope. “O bonito da ação<br />

foi, também, fazer com que as crianças saíssem da rotina<br />

e tivessem uma tarde de atividades diferente”, conta<br />

Bettina Melsohn, diretora de Atendimento da Yemni, que<br />

acompanhou o evento. Ao longo da tarde, as crianças participaram<br />

de diversas atividades recreativas e receberam<br />

lanches e brinquedos oferecidos pelo America.<br />

O próximo passo foi a elaboração de mil caixas de<br />

madeira para embalar os brindes de final de ano que seriam<br />

distribuídos entre os parceiros, clientes e fornecedores<br />

do America. Tanto a tampa das caixas como as peças<br />

foram estampadas com o mosaico-símbolo da ação. O kit<br />

incluiu também um bloco de Cupons Solidários, com a<br />

sugestão de que parte deles fosse distribuída entre amigos<br />

e conhecidos. Cada cupom, acompanhado do comprovante<br />

de depósito de uma doação mínima de R$ 20 para a<br />

Casa Hope, dava direito a um frozen yogurt em qualquer<br />

loja do America.


O bonito da ação foi, também, fazer<br />

com que as crianças saíssem da rotina e<br />

tivessem uma tarde de atividades diferente”<br />

Bettina Melsohn, diretora de Atendimento da Yemni<br />

magazine 09<br />

Cada pessoa que ganhou o kit<br />

recebeu 10 cupons para incentivar<br />

doações e, em retribuição, o America<br />

ofereceu um frozen yogurt.<br />

Para a presidente da Casa Hope, Cláudia Bonfiglioli, a iniciativa<br />

do restaurante vai além dos donativos. “Além de incentivar<br />

as doações, o America divulgou o nome de nossa instituição para<br />

milhares de pessoas. Inclusive, algumas empresas entraram em<br />

contato conosco para saber como fazer parcerias assim”, diz ela.<br />

Da mesma forma, a diretora de Marketing da rede, Mirella Scorza<br />

só vê vantagens na ação: “Sabemos que as empresas precisam<br />

fazer mais pela sociedade e o América só ganhou ao se associar a<br />

uma instituição como a Casa Hope”. •


xplore<br />

Imitando<br />

BY Rebecca Asquith<br />

Existe um certo exagero na afirmação “A biomimética<br />

será a terceira revolução humana, depois da descoberta<br />

do fogo e da revolução industrial”, feita durante uma<br />

conferência de imprensa em Barcelona, em 2008. Mas levando-se<br />

em consideração que ela foi feita pela pesquisadora<br />

e maior divulgadora do biomimetismo, a norte-americana<br />

Janine Benyus, e pelo empresário belga Gunter Pauli, fundador<br />

da Zero Emissions Research and Initiatives, entidade<br />

internacional que busca soluções sustentáveis para o planeta,<br />

há que se pensar.<br />

A palavra Biomimética deriva da composição de duas<br />

palavras gregas: bio/vida e mimesis/imitação. Tem como<br />

base a observação e aplicação de soluções que a natureza<br />

vem desenvolvendo há 4 bilhões de anos para sobreviver e<br />

tirar proveito dos recursos, sempre com o objetivo primário<br />

de nunca desaparecer.<br />

A ideia básica da biomimética é a de que animais, plantas<br />

e microorganismos desenvolveram mecanismos e proces-<br />

neublack.coM<br />

a vida<br />

magazine 10<br />

POR Henrique Ostronoff<br />

Biomimética copia a natureza para criar soluções inovadoras<br />

Análises biomiméticas do livro<br />

Sementes do Cerrado e Design Contemporâneo


“A sustentabilidade está<br />

também na inovação<br />

fundamentada e no processo<br />

que promove o estímulo ao<br />

trabalho criativo”.<br />

Tai Hsuan-an, designer, artista plástico, arquiteto e<br />

professor da Universidade Católica de Goiás<br />

sos perfeitos. “A natureza, imaginativa por necessidade, já<br />

resolveu muitos dos problemas com os quais ainda nos<br />

debatemos: energia, produção de alimentos, controle do<br />

clima, química não-tóxica, transporte, embalagens e muitos<br />

outros”, afirma o site do Biomimicry Institute, de Janine<br />

Benyus, a papisa mundial do tema. A biomimética analisa<br />

“os organismos e ecossistemas e aplica seus princípios básicos<br />

de design às nossas inovações”.<br />

O exemplo clássico é o velcro — o inventor inspirouse<br />

nos picões que ficaram grudados na roupa de seu filho<br />

durante um passeio no campo. Mas tem também o prédio<br />

residencial, em Zimbábue, que economizou US$ 3,5 milhões<br />

na construção ao mimetizar as casas de cupim, cuja<br />

refrigeração interna é mantida por meio de túneis e passagens<br />

de ar. No site AskNature, ligado ao instituto da pesquisadora<br />

Benyus, são oferecidas mais de 1.200 estratégias<br />

usadas pela natureza para vencer desafios e que poderiam<br />

inspirar soluções para alguns dos problemas globais.<br />

O Biomimicry Institute considera que essa abordagem<br />

chama a atenção para a importância da conservação da biodiversidade<br />

no planeta. Mas é também uma nova e promissora<br />

área de negócios que estimula designs inovadores.<br />

Não apenas o design, mas ainda outras áreas de criação,<br />

como a engenharia, a arquitetura e as artes aplicadas,<br />

têm a possibilidade de empregar esses princípios. “O design<br />

de produto, principalmente, deve, como nunca, envolver<br />

a biomimética, tirando proveito não só das ‘dicas’ e<br />

‘segredos’ revelados pelos elementos da natureza, como<br />

também do próprio processo criativo da biomimética para<br />

Estudos desenvolvidos por meio da análise<br />

biomimética de autoria de Tai Hsuan-an<br />

descobrir novas idéias e produzir obras inovadoras, esteticamente<br />

atraentes, funcionalmente justificáveis”, explica<br />

Tai Hsuan-an, designer, artista plástico e arquiteto. Em<br />

áreas como o design gráfico, porém, “uma porção de fantasia<br />

poderia ser acrescentada durante o processo”, defende<br />

o professor da Universidade Católica de Goiás e autor<br />

de Sementes do Cerrado e Design Contemporâneo, onde<br />

desenvolve métodos de análises biomiméticas.<br />

Tai afirma que a sustentabilidade também está presente<br />

no processo, uma vez que a aplicação no design das<br />

características de adaptação e otimização produzidas pela<br />

natureza leva à “questão da economia de recursos em termos<br />

de quantidade”. E conclui: “A sustentabilidade está<br />

também na inovação fundamentada e no processo que<br />

promove o estímulo ao trabalho criativo”. •<br />

magazine 11


xpression<br />

O valor da<br />

sustentabilidade<br />

POR Luiza Medeiros<br />

magazine 12<br />

Preparar a caminhada rumo à sustentabilidade<br />

é o desafio dos novos agentes empresariais<br />

Se não soubermos fazer<br />

projeções mais longas,<br />

como poderemos prever o<br />

fim dos recursos naturais?”<br />

Há dez anos, quando Flávia Moraes dizia que era gerente geral de<br />

Sustentabilidade da Philips da América Latina, era comum que seus interlocutores<br />

perguntassem: “Sustenta o quê?”. Com o passar do tempo, Flávia<br />

acompanhou a trajetória de seu objeto de trabalho e estudo, que ganhou espaço<br />

na mídia, nas agendas das empresas e na vida das pessoas rapidamente.<br />

Hoje, ela é sócia-diretora da FCM Consultoria em Sustentabilidade<br />

e professora do curso Princípios e Práticas da Responsabilidade Social<br />

nas Empresas, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Dá palestras sobre<br />

sustentabilidade e é membro de comitês e conselhos de sustentabilidade<br />

no Brasil e no exterior.<br />

A visão crítica de modelos de desenvolvimento agressivos se disseminou<br />

e a demanda por informações sobre sustentabilidade continua crescendo.<br />

Isso não quer dizer, contudo, que o problema esteja próximo de ser resolvido.<br />

Hoje, temos quase 7 bilhões de pessoas consumindo recursos finitos sem considerar<br />

a capacidade de suporte dos ecossistemas. Para reverter esse quadro, as<br />

empresas devem se preparar para uma longa caminhada.


: O que é uma empresa sustentável?<br />

Flávia: A verdadeira empresa sustentável é aquela capaz de equilibrar<br />

três fatores: viabilidade econômica, justiça social e preservação<br />

ambiental. Esse conjunto é chamado de tripé da sustentabilidade.<br />

Porém, hoje, não existe uma empresa cem por cento<br />

sustentável, pois isso significaria que ela não causa impactos ambientais<br />

ou sociais no meio em que está inserida. Toda empresa<br />

causa impactos. Hoje ou no futuro, alguém pagará a conta. O<br />

que precisamos é planejar uma longa caminhada em direção à<br />

sustentabilidade dos negócios. As empresas que mais se destacam<br />

em suas ações trabalham com projeções para 2050.<br />

Por onde começar para realizar ações sustentáveis?<br />

Para saber em qual direção deve ser dado o primeiro passo, cada<br />

empresa deve fazer um diagnóstico dos pontos a serem melhorados.<br />

Após identificar as questões críticas, elaborar metas para resolver<br />

cada problema e procurar fazer o projeto ter mais aderência<br />

na empresa. É essencial para o sucesso da ação que haja um<br />

envolvimento do maior número possível de pessoas da empresa.<br />

E não são apenas empresas muito grandes que podem fazer tudo<br />

isso. Qualquer atividade econômica pode ser mais sustentável.<br />

Uma padaria, por exemplo, pode doar e aproveitar alimentos,<br />

promover ações voluntárias, recuperar praças a sua volta e incentivar<br />

a educação dos seus funcionários.<br />

Sustentabilidade pode gerar lucro para a empresa?<br />

Ainda que as empresas devam buscar outros objetivos além dos lucros<br />

financeiros, da micro empresa à grande corporação, as ações<br />

de sustentabilidade nunca devem deixar de visar o crescimento do<br />

negócio. A sustentabilidade oferece possibilidades de crescimento<br />

tangíveis, entre elas o lucro financeiro, e, sobretudo, crescimento de<br />

valores intangíveis. O orgulho que o funcionário tem de trabalhar na<br />

empresa, a relação de confiança que o consumidor tem com a marca,<br />

são exemplos de valores intangíveis. A grandeza de uma marca é<br />

formada, sobretudo, por esses valores.<br />

Quais são os desafios da empresa sustentável?<br />

Educar os novos agentes empresariais para a realidade atual. Essa é<br />

uma tarefa complexa, pois nem a forma de avaliar resultados é efetiva<br />

nesse contexto. Os resultados trimestrais, por exemplo, não servem<br />

O que precisamos é planejar uma<br />

longa caminhada em direção à<br />

sustentabilidade dos negócios”<br />

para a área de sustentabilidade. Se não soubermos fazer projeções<br />

mais longas, como poderemos prever o fim dos recursos naturais?<br />

Quais os erros cometidos?<br />

Um dos maiores erros é acreditar que a sustentabilidade é simples.<br />

O planejamento requer tempo, investimento, profissionais competentes<br />

dedicados exclusivamente ao projeto, envolvimento do maior<br />

número possível de pessoas, seriedade e apoio da alta direção. Costumo<br />

dizer sempre: o problema é do tamanho do globo, e não será<br />

resolvido por uma empresa sozinha. Abraçar o mundo também não<br />

é a saída. O ideal é ter noção clara do foco da ação e, aí sim, escolher<br />

como decorrer, definir os objetivos e traçar metas.<br />

Outro erro é fazer uma campanha de comunicação contando que é<br />

sustável sem ser realmente, o chamado greenwashing. A mensagem<br />

passada não é verdadeira, o consumidor percebe isso e acaba criando<br />

uma imagem ruim da marca. Por exemplo, quem gasta uma fortuna<br />

em comunicação e 10% no projeto em si, não está passando uma<br />

imagem boa para o público. É importante contar para as pessoas<br />

sobre as ações, até para servir de inspiração para outras empresas,<br />

desde que a comunicação seja ética e verdadeira.<br />

As ações devem estar ligadas às atividades da empresa?<br />

Não sei fazer se não for assim. Porém, minha visão é mais ampla<br />

do que simplesmente conectar as ações à parte central do<br />

negócio. Eu trabalhei em uma empresa de eletrodomésticos e<br />

uma das ações desenvolvidas foi a campanha de prevenção de<br />

DST- AIDS e gravidez precoce na adolescência. E algumas pessoas<br />

perguntavam: “Mas o que a empresa tem a ver com isso?”.<br />

A empresa tem tudo a ver, pois está inserida em uma sociedade<br />

que tem esses problemas e, se, tem como ajudar, deve.<br />

Os projetos de sustentabilidade devem estar inseridos no planejamento<br />

estratégico da empresa e, também, ligados ao que<br />

ocorre a sua volta. •<br />

magazine 13


tc...<br />

Guia : Estranhos e Maravilhosos<br />

magazine 14<br />

A série de guias de viagem The Wierd and Wonderful Books, da<br />

editora espanhola Le Cool, passa longe do típico template de<br />

publicações do gênero. A ideia é criar livros que coloquem o<br />

visitante dentro da cidade.<br />

Os guias são desenvolvidos por estúdios de design premiados<br />

em cada uma das cidades: Barcelona, Amsterdã, Londres,<br />

Lisboa e Madri. A característica mais evidente das publicações<br />

é a ausência de padrão. Cada assunto é tratado com personalidade<br />

própria e exclusiva. Editores e escritores dividem seus<br />

segredos, longe das armadilhas para turistas e revelam lugares<br />

que poucos nativos conheciam.<br />

Uma edição limitadíssima está disponível para venda online e<br />

em poucas lojas selecionadas de cada cidade. Para saber mais,<br />

acesse www.lecoolbook.com.<br />

Curta: Logorama<br />

Estrelado por astros do branding como Ronald<br />

McDonald e o boneco da Michelin, Logorama<br />

é uma animação no estilo dos filmes de ação<br />

hollywoodianos. Mas os personagens são mascotes<br />

famosos e os cenários, logos do nosso cotidiano.<br />

No total, são mais de duas mil marcas presentes<br />

no filminho de 15 minutos, fácil de achar na<br />

internet, inclusive com versão legendada.<br />

O curta foi produzido pela agência H5 francesa.<br />

Recebeu o prêmio Kodak em Cannes e circulou<br />

por diversos festivais de curtas e animações.<br />

Fotografia: A câmera<br />

de Bresson no Brasil<br />

A primeira loja latino-americana da Leica, a exclusiva marca alemã<br />

de fotografia, foi inaugurada em dezembro, no Shopping Cidade<br />

Jardim, zona sul paulistana. A câmera é cultuada por um seleto<br />

grupo de fotógrafos. Não apenas por seu design e pela qualidade e<br />

leveza de suas lentes, mas, principalmente pelo mito que a envolve.<br />

Adivinhe que câmera Cartier-Bresson usava. Os produtos da marca<br />

não são baratinhos: algumas câmeras chegam a custar R$ 90 mil.<br />

Leica M9 Titan


magazine 015.


Sua marca não vai ficar<br />

só na primeira impressão<br />

Para a Yemni, a qualidade não termina na prancheta. E, para que a<br />

garante mais agilidade e controle na produção com menores custos. Assim,<br />

não importa o tamanho das peças ou a quantidade a ser produzida, o<br />

padrão de qualidade Yemni

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