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m a g a z i n e<br />
PUBLICAÇÃO YEMNI – BRANDING, DESIGN & COMM SET . 2011 Nº 07 – ANO II<br />
Cine Tela<br />
Marca de projeção<br />
04 Marcas e patrocínio cultural // 10 Cartazes de cinema<br />
12 Entrevista: Luiz Bolognesi // 14 Notas<br />
# 07
ah!<br />
Caro leitor,<br />
A Buriti Filmes vem desenvolvendo um importante papel para a cultura brasileira.<br />
Por meio de seu projeto Cine Tela Brasil, a produtora cinematográfica tem exibido<br />
filmes nacionais gratuitamente para centenas de milhares de pessoas de comunidades<br />
carentes. Muitas delas sequer tinham entrado antes numa sala de cinema.<br />
Isso nos toca diretamente. Primeiro, por vermos na prática um projeto cultural<br />
com resultados muito concretos viabilizado por meio de patrocínio empresarial em<br />
troca da valorização das marcas das empresas envolvidas.<br />
Depois, porque a Yemni desenvolveu as marcas da Buriti e do Cine Tela no<br />
momento em que intensificaram sua profissionalização. Por isso, escolhemos esse<br />
tema para nossa matéria de capa e também como referência para outras seções<br />
desta Yemni Magazine.<br />
Em yexpression, nossas páginas de entrevistas, conversamos com Luiz Bolognesi,<br />
criador e gestor, junto com Laís Bodansky, da produtora e do projeto. E em yestrategy,<br />
continuamos no tema, discutindo a relação entre patrocínio de projetos culturais e<br />
suas consequências sobre o valor das marcas.<br />
Para terminar, fizemos uma breve visita ao universo dos cartazes de cinema.<br />
Outro motivo de satisfação para nós é o primeiro aniversário da Yemni Magazine.<br />
Pode parecer pouco, afinal foram apenas seis edições. Mas para nós significa<br />
um marco importante.<br />
É que, quando decidimos criar a “revista da Yemni”, como a chamávamos<br />
em seu período de gestação, não podíamos imaginar que produzi-la seria tão<br />
gratificante. Desde a primeira edição, o retorno de nossos leitores tem sido cada<br />
vez mais frequente.<br />
Isso quer dizer que nosso objetivo de compartilhar conteúdo de interesse comum<br />
com nossos clientes e amigos está sendo alcançado.<br />
magazine 03<br />
Espero que aproveite!<br />
Vitor Patoh<br />
Publicação da Yemni – Branding, Design & Comm<br />
Produção e Execução: Yemni – Branding, Design & Comm Diretor Executivo: Vitor Patoh Editor: Henrique<br />
Ostronoff (Jornalista responsável - MTb. 14.856) Redação: Priscila Silva Designer: Pauliana Caetano<br />
Revisora: Eleonora B. Rantigueri Foto de Capa: Istockphoto Impressão e Acabamento: Atrativa Gráfica<br />
Tiragem: 1.000 exemplares<br />
© 2011 Yemni – Branding, Design & Comm Todos os direitos reservados – www.yemni.com.br<br />
Esta revista é impressa em papel. O papel é biodegradável, renovável e provém de florestas plantadas. Essas florestas são lavouras que dão emprego a<br />
milhares de brasileiros e as árvores plantadas amenizam o efeito estufa, pois absorvem o gás carbônico durante seu crescimento. Imprimir é dar vida!<br />
Fale Conosco redação@yemni.com.br<br />
www.yemni.com.br/blog Yemni – Branding, Design & Comm twitter.com/yemni
strategy<br />
A marca<br />
magazine 04<br />
patrocinadora<br />
POR Henrique Ostronoff<br />
Apoio a projetos culturais agrega valor às empresas além do óbvio<br />
Associar marcas a projetos culturais é uma arma usada frequentemente pelas<br />
empresas para obter exposição na mídia. Essa frase, que já pode ser considerada um<br />
lugar-comum, é a primeira constatação de qualquer observador sobre a relação existente<br />
entre uma corporação e o projeto cultural sob seu patrocínio.<br />
Afinal, ao se deparar com o material de divulgação de um evento, obra, produção<br />
etc., o observador vai perceber, a marca da empresa patrocinadora.
Em termos de imagem, aliar o nome da Telefônica ao de Laís Bodanski e<br />
Luiz Bolognesi é muito positivo. A reputação dos dois cineastas e o próprio<br />
formato do projeto resultam em ótima visibilidade para nossa marca.”<br />
Gabriela Bighetti, diretora de Programas da Fundação Telefônica<br />
É evidente que a exposição da marca da empresa, mesmo<br />
que apenas por seu logo, tem consequências positivas<br />
em relação tanto ao mercado quanto aos consumidores.<br />
No entanto, uma pesquisa realizada pelo Ministério<br />
da Cultura, por meio da Fundação João Pinheiro, em 2004,<br />
mostrou 80 de 123 empresas afirmando que o principal motivo<br />
do investimento em projetos culturais é o ganho para a<br />
imagem institucional. Esse conceito é bem mais amplo do<br />
que a simples exposição pública da marca.<br />
De acordo com Cândido José Mendes de Almeida<br />
em seu livro Fundamentos do Marketing Cultural, “o<br />
projeto cultural tem a capacidade de transportar uma informação<br />
de um universo, que é o público que consome<br />
aquele produto cultural, para um outro universo, que é<br />
o público consumidor do produto ou serviço da empresa<br />
patrocinadora”. Já Eric Joachimsthaler e David AAker,<br />
autores de Como Construir Marcas Líderes, “o patrocínio<br />
pode ser muito eficaz para estender as marcas além<br />
dos atributos tangíveis, porque desenvolve associações que<br />
acrescentam profundidade, riqueza e um sentimento contemporâneo<br />
em relação à marca e ao seu relacionamento<br />
com os clientes”.<br />
Economista com pós-graduação em cinema, João<br />
Leiva Júnior, diretor do escritório de consultoria J.Leiva<br />
Cultura & Esporte, garante que o patrocínio a projetos<br />
culturais — e também ambientais, esportivos e sociais —<br />
agrega valor às marcas na medida em que “reflete o posicionamento<br />
da empresa e sua visão de mercado”.<br />
Leiva chama a atenção para o crescimento constante<br />
que as ações de patrocínio vêm experimentando, o que<br />
reflete o reconhecimento pelas empresas da necessidade<br />
de uma interface entre elas e a sociedade. “É algo mais<br />
ou menos recente e é fruto da tendência contemporânea<br />
da decisão das empresas de estarem mais inseridas socialmente”.<br />
Ainda segundo ele, essa é uma forma das corporações<br />
“não olharem apenas para o negócio”.<br />
Responsável pela indicação de projetos patrocináveis<br />
para mais de 30 empresas, Leiva afirma que investimentos<br />
dessa natureza revertem em benefício para a<br />
imagem da empresa. Mas, de qualquer forma, “o tipo<br />
de retorno alcançado depende das necessidades específicas<br />
de cada uma”, diz.<br />
Leis de incentivo têm sido a opção mais comum<br />
entre as companhias quando decidem partir para o patrocínio.<br />
O caso da espanhola Telefônica ilustra essa realidade.<br />
“Até hoje, temos utilizado a Lei Rouanet para<br />
patrocínios culturais, afirma a diretora de Programas da<br />
Fundação Telefônica, Gabriella Bighetti.<br />
A Fundação Telefônica tem entre seu patrocinados<br />
o Cine Tela Brasil, projeto apoiado desde 2008 por<br />
meio da lei de incentivo à cultura em nível federal.<br />
“O fato de o projeto acontecer nas periferias foi<br />
um fator decisivo para nosso apoio, já que a atuação da<br />
Fundação ocorre junto à população de baixa renda,”<br />
afirma a diretora da Fundação. E, com relação ao retorno<br />
resultante do patrocínio, acrescenta: “Em termos<br />
de imagem, aliar o nome da Telefônica com o de Laís<br />
Bodanski e Luiz Bolognesi é muito positivo. A reputação<br />
dos dois cineastas e o próprio formato do projeto<br />
resultam em ótima visibilidade para nossa marca”. •<br />
magazine 05
magazine 06<br />
xperience
A força<br />
do buriti<br />
POR PRISCILA SILVA<br />
A marca que viaja PELO BRASIL<br />
magazine 07<br />
Uma palmeira no<br />
grande sertão é<br />
a certeza de que<br />
tem água, sombra,<br />
animais. Onde tem<br />
buriti, tem vida.”<br />
Laís Bodanzky, coordenadora dos<br />
projetos Tela Brasil e cofundadora da Buriti Filmes<br />
Em 1997, nascia a Buriti Filmes, com o objetivo de realizar o primeiro<br />
longa-metragem dos cineastas Laís Bodanzky e Luís Bolognesi, Bicho de Sete<br />
Cabeças. Mas montar uma produtora cinematográfica envolve muitas escolhas<br />
que exigem atenção e cuidado, do nome fantasia ao tipo de filme a ser produzido.<br />
“O nome é sempre difícil, precisa ter um significado”, comenta Laís.<br />
Numa viagem pelo interior do País, a dupla surpreendeu-se com um buritizal.<br />
Laís explica o milagre de uma grande árvore no meio árido: “Uma palmeira<br />
no sertão é a certeza de que tem água, sombra, animais. Onde tem buriti, tem<br />
vida”. E a palmeira buriti tornou-se o nome e a marca da produtora.<br />
Com o tempo, a profissionalização da empresa, necessária, inclusive, para<br />
obtenção de patrocínio, exigiu mudanças. O logo original, com a imagem realista<br />
da palmeira, ficava perdido quando colocado lado a lado com outras marcas.<br />
Diante disso, os gestores da Buriti concluíram a conveniência de reformulá-lo.<br />
O logo teria de ser recriado com o objetivo de adquirir um design moderno<br />
e comunicativo. E assim foi feito. Ao desenho do buriti, foi sobreposta<br />
a imagem de seu fruto. A composição deu forma a objetos relacionados à<br />
produção e criação cinematográfica — um olho representando o olhar do<br />
cineasta e as lentes de uma câmera. Estilizado e conceitual, pode-se dizer<br />
que o logo da produtora adquiriu personalidade e alinhou-se ao mercado. A<br />
palmeira passou a marcar presença entre os logos estampados em cartazes e<br />
em outras peças de comunicação.<br />
Com os anos, a Buriti deixou de ser apenas uma produtora dedicada aos<br />
filmes pessoais da dupla, abrindo espaço para a criação do cinema »
xperience<br />
Processo de redesenho da marca<br />
Ao desenho do buriti, foi sobreposta a imagem do fruto da palmeira. A composição<br />
deu forma a objetos relacionados à produção e criação cinematográfica — um olho<br />
representando o olhar do cineasta e as lentes de uma câmera.<br />
magazine 08.<br />
É gratificante saber que<br />
agregamos valor às marcas<br />
através da cultura brasileira".<br />
Vitor Patoh, sócio-diretor da Yemni<br />
itinerante Cine Tela Brasil. O projeto foi desenvolvido<br />
por Luiz e Laís, com o objetivo de levar cinema às populações<br />
carentes e pessoas que nunca tinham visto a filmes<br />
em tela grande.<br />
Uma sala de exibição para 225 pessoas, com ar-condicionado,<br />
projeção cinemascope 35 milímetros, som estéreo<br />
surround com leitor a laser e tela de 21 metros quadrados<br />
passou a ser transportada num caminhão. “A Buriti<br />
já estava estabelecida quando, em 2004, veio o Cine Tela.<br />
Hoje, as duas marcas estão muito ligadas”, conta Laís.<br />
Mesmo itinerante, um cinema precisa ter cara de cinema.<br />
Por isso, era fundamental que a marca Cine Tela e<br />
sua estrutura incorporassem o conceito e, principalmente,<br />
apresentassem-no para a quem o visse pela primeira vez.<br />
Marcio Gutheil, designer que, na época, integrava a<br />
equipe de criação da Yemni, fala sobre o desenvolvimento<br />
da marca do Cine Tela Brasil: “Nesse caso, o processo<br />
criativo acabou influenciando não só o conceito do projeto,<br />
mas também a escolha da linguagem gráfica utilizada.<br />
Começamos produzindo rascunhos tentando simplificar<br />
ao máximo a imagem de uma entrada de cinema tradicional”.<br />
Quem observa o logo do Cine Tela Brasil, percebe a<br />
palavra CINE formando um projetor.<br />
A comunicação visual do projeto foi inspirada pelos<br />
cinemas antigos e de cidades do interior que, geralmente,<br />
ostentavam letreiros grandes e muitas luzes na fachada.<br />
Na opinião de Marcio, a criação de pôsteres é um dos<br />
projetos mais empolgantes para a maioria dos designers gráficos.<br />
Especialmente no caso de um pôster do Cine Tela,<br />
que tinha como objetivo anunciar a chegada do cinema na<br />
cidade. “Criar um cartaz para uma iniciativa cultural como<br />
o Cine Tela Brasil era ainda mais gratificante, porque não<br />
só anunciaria a chegada do Cine Tela às diferentes cidades<br />
como, ao mesmo tempo, mostraria um preview dos filmes<br />
que seriam exibidos. Ou seja, seriam dois cartazes dentro de<br />
outro cartaz”, explica o designer.<br />
Para chegar onde está, a dupla de cineastas colocou<br />
a mão na massa e o pé na estrada, literalmente. Criou<br />
a Buriti e o Cine Tela. Ganhou o público. Conquistou<br />
patrocínios e parcerias importantes para a continuação do<br />
plano e, hoje, com apenas sete anos Brasil afora, reúne no<br />
currículo mais de 4 mil sessões de filmes exibidos em 350<br />
cidades para cerca de 805 mil espectadores com uma taxa<br />
de ocupação de 88% — índice superior ao de qualquer sala
O design da marca<br />
faz alusão aos cinemas<br />
de cidades do interior<br />
O processo criativo acabou<br />
influenciando não só o conceito<br />
do projeto, mas também a escolha<br />
da linguagem gráfica utilizada."<br />
Marcio Gutheil, designer gráfico<br />
de exibição comercial. É importante ressaltar que, no Brasil,<br />
87% dos cidadãos nunca foram ao cinema, algo compreensível<br />
quando se sabe que, segundo os dados do IBGE, 92% dos municípios<br />
brasileiros não têm nenhuma sala.<br />
Por oito anos, desde sua criação, o Cine Tela não teve<br />
destaque por falta de patrocínio. Laís conta que não foi fácil<br />
encontrar um patrocinador que entendesse a ideia do projeto.<br />
Com o primeiro patrocínio, houve a compra do primeiro<br />
caminhão. Dois anos depois, o apoio de mais um patrocinador<br />
permitiu que, com a compra de mais um caminhão, a<br />
estrutura fosse dobrada.<br />
“O Cine Tela é, hoje, o Projeto Cine Tela Brasil, e, dentro<br />
dele, temos outros projetos, como as Oficinas de Vídeo, que<br />
viajam o Brasil com educadores, o portal na Internet e o mais<br />
recente trabalho, o Educativo Tela Brasil, com workshops e debates<br />
para professores da rede pública, incentivando o trabalho<br />
audiovisual na sala de aula”, conta a cineasta.<br />
Laís e Luiz conseguiram alcançar o objetivo inicial. “É surpreendente<br />
encontrar alguém que nunca entrou num cinema.<br />
O mais emocionante é ver a reação dessas pessoas”, revela Laís.<br />
“Eu sabia que um dia isso ia acontecer. É tocante”.<br />
Junto com o reconhecimento desse público em especial,<br />
vem a sensação de estar no caminho certo. O Brasil precisa<br />
difundir a própria cultura, e o Cine Tela é uma das opções. “É<br />
gratificante saber que agregamos valor às marcas através da cultura<br />
brasileira", diz Vitor Patoh, sócio-diretor da Yemni. •<br />
magazine 09.
xplore<br />
O filme em cartaz<br />
POR Henrique Ostronoff<br />
desde seu nascimento, Não dá para<br />
separar o cinema de seus pôsteres<br />
magazine 10<br />
Épraticamente impossível estabelecer a origem<br />
do cartaz. Um impresso de apenas um lado destinado a<br />
comunicar qualquer coisa pode ser definido como cartaz.<br />
Mas foi a partir do século 19, pelo menos no mundo<br />
ocidental, que o pôster começou a ser produzido com<br />
criatividade e a adquirir mesmo status de arte. A primeira<br />
exposição dedicada ao cartaz foi organizada na França, em<br />
1884, e reuniu artistas famosos na época, ou que viriam<br />
a se tornar famosos. Foi o período em que as litografias<br />
começavam a reproduzir cartazes em grande volume.<br />
É dessa época o pintor francês Toulouse-Lautrec,<br />
um dos mais conhecidos cartazistas de todos os tempos.<br />
Suas peças anunciando as dançarinas do Moulin Rouge<br />
foram reproduzidas à exaustão. E de outros grandes<br />
artistas, como o também francês Grasset, o belga Privat-<br />
Livemont e o checo Mucha, estes bastante dedicados aos<br />
pôsteres de divulgação de produtos como bebidas, chocolates,<br />
cassinos e lojas de varejo.<br />
Desses primeiros passos, surgiu uma infinidade de<br />
escolas de design de cartazes sob a influência de estilos<br />
predominantes em épocas e países.<br />
Com os pôsteres de filmes, não foi diferente. No<br />
começo do século 20, ir ao cinema tornou-se um divertimento<br />
público. E foi nesse período que os cartazes<br />
divulgando as exibições cinematográficas começaram<br />
a ser produzidos. Viagem à Lua, de 1902, filme com<br />
Alphonse Mucha<br />
14 minutos dirigido pelo francês Georges Méliès, já<br />
foi anunciado por um cartaz.<br />
O casamento entre filme e pôster nunca mais foi<br />
desfeito e estimulou a produção de verdadeiras obrasprimas<br />
do design gráfico. Alguns cartazes tornaram-se<br />
ícones e fazem parte da memória cultural do Ocidente.<br />
Da época em que o cinema transformava-se em<br />
grande business, principalmente nos Estados Unidos,<br />
não se pode deixar de citar os de filmes de grande sucesso,<br />
como The Kid (O Garoto), por Charles Chaplin (1921);<br />
Metropolis, de Fritz Lang (1927) e The Jazz Singer (O
Cantor de Jazz), de Alan Crosland (1927). E<br />
do período dos grandes clássicos dos anos 40,<br />
os de filmes como Casablanca e Gilda.<br />
A partir dos anos 50, os cartazes de filmes<br />
começaram a ganhar um design mais<br />
elaborado, acompanhando a sofisticação<br />
das produções. Um dos grandes designers<br />
do período foi o norte-americano Sal Bass.<br />
São dele os cartazes de filmes de Hitchcock,<br />
como Vertigo (Um Corpo que Cai), assim<br />
como o de Anatomy of a Murder (Anatomia<br />
de um Crime), de Otto Preminger.<br />
Na década de 60, a filosofia de paz e<br />
amor influenciou o design gráfico. Por isso,<br />
Yellow Submarine (Submarino Amarelo), dos<br />
Beatles, é um marco. E também foram lançados<br />
os primeiros James Bond, cujos pôsteres<br />
imortalizaram a marca 007. O belo cartaz de<br />
Rosemary's Baby (O Bebê de Rosemary), revela<br />
o clima tenso do enredo. No Brasil, destaque<br />
para o de Deus e o Diabo na Terra do Sol,<br />
de Glauber Rocha.<br />
E, nos anos 70, surgiram grandes ícones<br />
cinematográficos, identificados até hoje: The<br />
Godfather (O Poderoso Chefão), Star Wars<br />
(Guerra nas Estrelas) e Saturday Night Fever<br />
(Os Embalos de Sábado à Noite).<br />
A seguir, o design se aproximou das novas<br />
tecnologias aplicadas ao cinema. O cartaz de<br />
ET, de 1982, foi um dos mais emblemáticos,<br />
assim como Matrix, de 1999. Mas destacam-se<br />
também Platoon, de 1986, Pink Floyd – The<br />
Wall, de 1982, e Silence of the Lambs (Silêncio<br />
dos Inocentes), de 1991.<br />
O século 21 começa com as histórias<br />
de Harry Porter. Kill Bill, assim como outros<br />
filmes de Tarantino, também tiveram belos<br />
cartazes. E antigas personagens e produções,<br />
como Batman, Alice no País das Maravilhas,<br />
Capitão América e Homem de Ferro, ganharam<br />
nova identidade •<br />
Estilos, tendências e<br />
tecnologias de cada época<br />
influenciaram fortemente o<br />
design dos cartazes de filme<br />
magazine 11
xpression<br />
Se quisermos um<br />
país melhor, o<br />
cinema precisa estar<br />
ao alcance de todos.”<br />
magazine 12<br />
Realidade<br />
paralela<br />
PARA O CINEASTA LUIZ BOLOGNESI, POR MAIS QUE O CINEMA SEJA TRANSFORMADOR ,<br />
O TALENTO ARTÍSTICO É UMA ILUSÃO. A ÚNICA GARANTIA QUE TEMOS É O TRABALHO.<br />
POR PRISCILA SILVA<br />
Luiz Bolognesi, coordenador<br />
dos projetos Tela Brasil e<br />
cofundador da Buriti Filmes<br />
Ele começou pela linha do jornalismo – uma pitada de ficção da realidade – e<br />
rumou para o cinema – a ficção em sua totalidade (e, às vezes, com uma pequena<br />
dose de puro realismo). Esse mix poderia render um conjunto de realidade e sonhos.<br />
E foi o que aconteceu. A realidade é um sonho alcançado.<br />
Luiz Bolognesi é um dos responsáveis pela primeira sala de cinema itinerante do<br />
País, o Cine Tela Brasil, que leva produções nacionais a localidades onde o cinema é<br />
privilégio de poucos. Ou seja, se o público não vai ao cinema, o cinema vai até ele.<br />
Mas Bolognesi foi ainda mais longe. Com uma câmera por perto, várias ideias na<br />
cabeça e o apoio de Laís Bodanzky (veja na página 06), dirige filmes desde 1990, como<br />
o curta “Pedro e o Senhor”, o documentário “Cine Mambembe, o cinema descobre o<br />
Brasil” e a animação “Lutas, o filme”. Também escreveu e montou o roteiro dos longas<br />
“Bicho de sete cabeças” (2001), “O mundo em duas voltas” (2006), “Chega de saudade”<br />
(2007), “Terra vermelha” (2008) e “As melhores coisas do mundo” (2010).<br />
São diferentes atividades, mas o objetivo permanece o mesmo: interferir na sociedade<br />
estimulando a educação e a produção audiovisual brasileira em regiões de baixa renda.
: Você passou do jornalismo ao cinema. O que<br />
levou você a fazer essa opção?<br />
Luiz: Depois de trabalhar alguns anos na área, descobri<br />
que jornalismo é um tipo de ficção. Uma construção da<br />
realidade, geralmente conservadora. Acabei migrando<br />
para a ficção plena. Com mais possibilidades de transformar.<br />
Acho que o cinema tem essa vantagem.<br />
Além de fazer cinema, você exibe cinema por meio<br />
do Cine Tela Brasil e ensina cinema nas Oficinas.<br />
Qual a relação entre essas atividades?<br />
O cinema foi transformador em várias fases de minha<br />
vida: infância, adolescência, época da faculdade... E<br />
ainda hoje é assim. Se quisermos um país melhor, o<br />
cinema precisa estar ao alcance de todos. Por isso, me<br />
tornei um militante na área de cinema e educação.<br />
Precisamos de um cinema com sintaxe que exija formas<br />
de pensamento e reflexão mais complexas que a<br />
telenovela. Isso é imprescindível para o País. Sem isso,<br />
jamais seremos um país que agrega valor. Limitados ao<br />
pensamento raso da telenovela, nunca vamos deixar de<br />
ser exportadores de matéria-prima. O trabalho de abertura<br />
e libertação começa na escola.<br />
Quando vocês criaram a empresa Buriti, fazer, exibir<br />
e ensinar cinema faziam parte dos valores da<br />
produtora?<br />
Totalmente. A Buriti surgiu do desejo de fazer filmes<br />
com liberdade. Obras autorais que falassem com o<br />
grande público. O nome Buriti surgiu quando projetávamos<br />
curtas para comunidades no cerrado do Piauí<br />
e Maranhão, há quinze anos. Os buritizais enfeitavam<br />
a paisagem e aprendemos com os moradores da região<br />
que onde há buritizal existe uma nascente de água. Por<br />
isso, as civilizações indígenas da região viviam dos buritizais.<br />
Daí nasceu a Buriti Filmes.<br />
O que move pessoas com talento artístico a agregar<br />
projetos sociais como o Cine e o Oficinas Tela Brasil<br />
a seu dia a dia profissional?<br />
O talento artístico é uma ilusão. O que nós temos garantido<br />
é o trabalho. Todos nós, cidadãos do século 21,<br />
trabalhamos a maior parte do dia, da semana, dos anos<br />
de nossas vidas. Por isso, o trabalho precisa fazer sentido.<br />
Ou seremos tomados por frustração e melancolia.<br />
O core business da Buriti é cinema, e cinema é uma<br />
ferramenta de poder e transformação. Não quero que<br />
ela fique nas mãos de poucos.<br />
Como é lidar com um projeto social junto à iniciativa<br />
privada?<br />
É sensacional por dois motivos. Primeiro, nós do terceiro<br />
setor temos muito a aprender com as empresas<br />
sobre planejamento, organização, metas e aferimento<br />
de resultados. Não precisamos apenas de patrocinadores,<br />
mas de parceiros realmente envolvidos com os<br />
objetivos culturais e sociais dos projetos. Em segundo<br />
lugar, o Estado sozinho não é capaz de realizar a<br />
transformação que o País precisa. A iniciativa privada<br />
também deve assumir um papel diante do déficit social<br />
brasileiro.<br />
Trabalhamos a maior parte do<br />
dia, da semana, dos anos de<br />
nossas vidas. Por isso, o trabalho<br />
precisa fazer sentido.”<br />
Como você alia os projetos pessoais com as necessidades<br />
dos patrocinadores?<br />
Ouvindo os patrocinadores. Temos de saber o que eles<br />
desejam e do que precisam e entender a cultura de<br />
cada um para que possamos aliar às conquistas dos projetos<br />
a satisfação das empresas patrocinadoras. Caso<br />
contrário, não haverá continuidade. É fundamental<br />
que as empresas entendam e sintam-se motivadas a dar<br />
continuidade a seus projetos de qualidade, em vez de<br />
trocá-los pela primeira novidade. •<br />
magazine 13
tc...<br />
O filme em cartaz<br />
From Poland<br />
magazine 14<br />
Os amantes de pôsteres e cinema<br />
encontram um bom lugar para se<br />
divertir em movieposter.com (www.<br />
movieposter.com). O site dessa loja<br />
oferece um enorme acervo: mais de<br />
18 mil cartazes de filmes. A maioria<br />
é cópia, mas há exemplares originais,<br />
inclusive raridades.<br />
Quase todos são de produções norteamericanas,<br />
de filmes B a grandes<br />
sucessos, desde as primeiras décadas do<br />
século passado. Existem coisas muito<br />
interessantes para se observar, como<br />
a mudança no design dos cartazes ao<br />
longo do tempo — veja, por exemplo<br />
os de War of the Worlds (A Guerra dos<br />
Mundos) nas versões de 1953 e 2005. E<br />
as diversas versões do cartaz oficial de<br />
divulgação de um mesmo filme, como<br />
2001, A Space Odissey (2001, Uma<br />
Odisseia no Espaço).<br />
Além dos cartazes há, entre outros itens,<br />
fotos de cenas e de artistas, pôsteres<br />
de música, seriados de TV, turismo e<br />
propaganda antiga.<br />
Na Polônia, produzem-se muitos cartazes<br />
de divulgação de filmes norte-americanos e<br />
europeus. Os designers poloneses de pôsteres<br />
são herdeiros de uma tradição iniciada no<br />
começo do século XX e que teve seu período<br />
áureo entre os anos 1940 e 1960.<br />
Os cartazes são extremamente criativos.<br />
Muitos desses cartazes estão em A Gray<br />
Space Poster Gallery (www.agrayspace.com/<br />
posters). Em Polish Poster Gallery (www.<br />
poster.com.pl/movie-us1.htm) também são<br />
vendidas cópias.<br />
Receitas e mapas<br />
Pôster de Leszek Zebrowski para o<br />
filme O Touro Indomável, de1980<br />
Os irmãos designers Nate Padavick e Salli Swindell são donos do Studio<br />
SSS, localizado em Hudson, Ohio. Num dia de férias, Net estava na<br />
cozinha preparando uma receita, quando Salli começou a desenhar um dos<br />
ingredientes, no caso, figos. Então, pegaram gosto pela coisa e resolveram criar<br />
um livro de culinária ilustrado para parentes e amigos.<br />
O livro não aconteceu, mas a ideia gerou o site They Draw & Cook (www.<br />
theydrawandcook.com), recheado de receitas ilustradas por artistas. E,<br />
percebendo que, como eles, o pessoal gosta de viajar, criaram também o They<br />
Draw & Travel (www.theydrawandtravel.com), uma divertida coleção de mapas<br />
turísticos produzidos por artistas de diversos cantos do planeta.
Sua marca não vai ficar<br />
só na primeira impressão<br />
Para a Yemni, a qualidade não termina na<br />
prancheta. E, para que a qualidade esteja<br />
presente do começo ao fim do processo,<br />
criou sua própria unidade gráfica e uma<br />
rede integrada de fornecedores<br />
gabaritados, o que garante mais agilidade e<br />
controle na produção com menores custos.<br />
Assim, não importa o tamanho das peças<br />
ou a quantidade a ser produzida, o padrão<br />
de qualidade Yemni não vai ficar só na<br />
primeira impressão.