SOCIOLOGIA.
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FANESE<br />
Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe<br />
Diretor Geral<br />
M.Sc. Ionaldo Vieira Carvalho<br />
Diretor Financeiro<br />
André Monteiro Freitas<br />
Presidente do Conselho<br />
Bárbara Monteiro Freitas<br />
Coordenador Acadêmico<br />
José Albérico Gonçalves Ferreira<br />
Autor<br />
M.Sc. José Paulo de Andrade<br />
Revisor de Educação a Distância<br />
M.Sc. Mário Vasconcelos Andrade<br />
Ilustrações e Editoração Eletrônica<br />
TECNED - Tecnologias Educacionais<br />
© 2014 TECNED - Tecnologias Educacionais Ltda.<br />
Av. Mário Jorge Menezes Vieira, 3074A - CEP 49035-660 - Coroa do Meio - Aracaju - Sergipe<br />
e-mail: atendimento@tecned.com.br - Site: www.tecned.com.br - Tel.: (79) 3255-3391
Apresentação<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
ORIENTAÇÕES GERAIS PARA O ALUNO<br />
Caro aluno (a),<br />
Com o desenvolvimento da tecnologia das comunicações, o mundo moderno<br />
está cada vez mais conectado ao tempo, e neste sentido, a Educação não pode ficar<br />
de fora. Prova disso são nossas disciplinas on-line, as quais possibilitam a você,<br />
aluno(a), estudar com o maior conforto e comodidade possível, sem perder de vista<br />
a qualidade do conteúdo.<br />
Cursar uma disciplina à distância, exige do(a) aluno(a), autonomia, disciplina,<br />
comprometimento e dedicação. Estabeleça seu horário de estudo e dedique-se, pois<br />
embora pareça fácil, esta nova metodologia de ensino, é hoje uma realidade no país,<br />
exige uma autodisciplina e determinação. Nós, professores, estaremos à disposição<br />
de você, aluno(a), para dirimir as possíveis dúvidas.<br />
Sucesso em mais uma caminhada.<br />
3
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Apresentação<br />
EMENTA PROGRAMÁTICA<br />
Sociologia das Organizações:<br />
Uma Visão Geral da Sociologia aplicada às organizações. A Evolução Sociológica<br />
do Homem e do Trabalho. Durkheim e a Teoria Sociológica. A Sociologia do Trabalho.<br />
Introdução ao Estudo Sociológico das Organizações.<br />
Sociologia e Administração: Cultura das Organizações. Processo Social e Controle.<br />
A Organização Social.<br />
As Organizações na Sociedade: As Organizações Formais. Teoria e Estruturas<br />
das Organizações Formais. Os Elementos das Organizações Formais. A Teoria da<br />
Autoridade.<br />
Objetivos:<br />
• Possibilitar ao aluno(a), entender os comportamentos dos grupos sociais<br />
que formam as organizações, sugerindo formas de administrá-los com<br />
eficiência e eficácia.<br />
• Proporcionar aos alunos(as), orientar os grupos sociais permitindo que os<br />
participantes alcancem suas metas no ambiente de trabalho.<br />
• Desenvolver a percepção do aluno(a), através de conceitos básicos da<br />
Sociologia Aplicada à Administração, para a obtenção de resultados que<br />
satisfaçam às necessidades dos clientes.<br />
• Contribuir para que o aluno(a) aproprie-se do ensino-aprendizagem aplicando<br />
seus conhecimentos, em empresas privadas, públicas e organizações<br />
sem fins lucrativos.<br />
4
Apresentação<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
SÍNTESE DO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO<br />
Unidade I<br />
TEMA 1: UMA VISÃO GERAL DA <strong>SOCIOLOGIA</strong> APLICADA<br />
ÀS ORGANIZAÇÕES<br />
TÓPICOS:<br />
A Evolução Sociológica do Homem e do Trabalho. Augusto Conte e o<br />
desenvolvimento da Sociologia. Durkheim e a Teoria Sociológica. Teoria da<br />
Ação Social. Marx e as Relações: Capital e Trabalho. A Sociologia do Trabalho:<br />
Max Weber e a Burocracia. Elton Mayo e o Estudo Científico da Organização<br />
do Trabalho. Aspectos Sociológicos da Nova Ordem Mundial. Introdução ao<br />
Estudo Sociológico das Organizações. O Surgimento da Sociologia. O Estudo das<br />
Organizações. A Sociedade e as Organizações. A Consolidação da Organização<br />
Industrial. Cases e Estudo Dirigido.<br />
Unidade II<br />
TEMA 2: <strong>SOCIOLOGIA</strong> E ADMINISTRAÇÃO<br />
TÓPICOS:<br />
As Organizações e as Empresas. Cultura das Organizações – A organização<br />
e suas partes primeiro pilar. Culturas das Organizações – segundo pilar. Processo<br />
Social e Controle. O Indivíduo Trabalha como foi Socializado. A Interação de<br />
Metas Grupais e o Conflito. Forma e Processos de Controle Social. Grupos<br />
Sociais. A Pressão Social nos Grupos. Cases e Estudo Dirigido.<br />
Unidade III<br />
TEMA 3: A ORGANIZAÇÃO FORMAL<br />
TÓPICOS:<br />
A Teoria da Organização Formal. Estruturas das Organizações Formais. Os<br />
Elementos das Organizações Formais. A Teoria da Autoridade. Cases e Estudo<br />
Dirigido.<br />
5
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Apresentação<br />
SUMÁRIO<br />
UNIDADE I...............................................................................................................7<br />
Tema 1: Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações..................................7<br />
Introdução ................................................................................................................7<br />
1. Augusto Conte e o Desenvolvimento da Sociologia.............................................9<br />
2. Émile Durkheim e a Teoria Sociológica...............................................................12<br />
2.1. Teoria da Ação Social ......................................................................................15<br />
3. Karl Marx e as Relações: Capital e Trabalho......................................................15<br />
4. A Sociologia do Trabalho....................................................................................17<br />
4.1 Max Weber e a Burorcracia..............................................................................17<br />
4.2 O Conceito de Poder........................................................................................19<br />
5. Elton Mayo e o Estudo Científico da Organização do Trabalho..........................23<br />
5.1 Elton Mayo na Universidade de Harvard..........................................................24<br />
6. Aspectos Sociológicos da Nova Ordem Mundial................................................26<br />
7. Introdução ao Estudo Sociológico das Organizações.........................................28<br />
7.1 Surgimento da Sociologia.................................................................................29<br />
7.2 O Estudo das Organizações.............................................................................29<br />
7.3 A Sociedade e as Organizações.......................................................................31<br />
7.4 A Consolidação da Organização Industrial.......................................................32<br />
Unidade II...............................................................................................................36<br />
Tema 2: Sociologia e Administração.......................................................................36<br />
2. As Organizações e as Empresas ........................................................................36<br />
2.1 Cultura das Organizações - A Organização e suas Partes: Primeiro Pilar .......37<br />
2.2 Culturas das Organizações - Segundo Pilar.....................................................39<br />
3. Processo Social e Controle ................................................................................41<br />
3.1 O Indivíduo Trabalha como Foi Socializado.......................................................42<br />
4. A Interação de Metas Grupais e o Conflito........................................................45<br />
4.1 Metas são os Meios de Alcançar Objetivos.....................................................45<br />
4.2 Conflito nas Organizações ...............................................................................47<br />
5. Forma e Processos de Controle Social...............................................................49<br />
5.1 As Formas de Controle Dependem dos Tipos de Interação de Metas..............50<br />
6. Grupos Sociais...................................................................................................55<br />
6.1 Definindo e Classificando Grupos Sociais........................................................56<br />
UNIDADE III...........................................................................................................61<br />
Tema 3: A Organização Formal...............................................................................61<br />
3. A Teoria da Organização Formal.........................................................................61<br />
3.1 Grupos Formais................................................................................................62<br />
4. Estruturas Das Organizações Formais ...............................................................65<br />
5. Os Elementos Das Organizações Formais..........................................................66<br />
6. A Teoria Da Autoridade.......................................................................................68<br />
Conclusão...............................................................................................................70<br />
REFERÊNCIAS:......................................................................................................71<br />
6
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
INTRODUÇÃO<br />
Este trabalho compõe mais uma das obras que será utilizada no programa de<br />
Educação on-line da Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe – FANESE,<br />
uma instituição de Direito Privado com mais de 15 anos de ensino superior e técnico,<br />
que vem gerando conhecimento por meio da formação acadêmica, e da pesquisa<br />
despertando habilidades em seus alunos(as) para o aperfeiçoamento e/ ou ingresso<br />
no mercado de trabalho, contribuindo desta forma, para um Sergipe mais sustentável<br />
e competitivo no cenário nacional.<br />
Esta apostilha é focada na Sociologia das Organizações como fator de melhoria<br />
nas relações interpessoais, na qualidade de vida das organizações, em relação à<br />
concorrência e no aumento da competitividade. Revelando assim, em suas diferentes<br />
aplicações e práticas, que ao final de sua leitura o aluno(a)/profissional, pode gerar:<br />
um estilo de liderança mais competente, uma organização mais competitiva, eficaz e<br />
mais humana, e desenvolver pessoas mais criativas e felizes.<br />
Ao escrever o texto não tive a pretensão de esgotar todos os temas e assuntos<br />
ligados à Sociologia das Organizações, mesmo porque, este trabalho não pretende<br />
ser um tratado, e sim, apenas busca desenvolver a capacidade do aluno(a) de pensar<br />
e experimentar esses temas na vivência diária seja em casa, na empresa e/ou em sua<br />
vida. Nosso intuito é apenas buscar ser inspirador e mostrar caminhos possíveis de<br />
serem percorridos em diversas situações, principalmente para aqueles que pretendem<br />
conhecer melhor o assunto. Assim, nos propomos aceitar sugestões de alterações<br />
visando à melhoria do material apresentado. Neste sentido, devem ser direcionadas<br />
sugestões que contemple a estrutura do texto, que enfatize a necessidade de que<br />
ele seja mais bem dividido ou que os títulos ou temas sejam mais compreensíveis,<br />
aumentando assim sua visibilidade ao que se deseja expor. Outra forma de sugestão,<br />
no sentido de apontar melhorias pontuais, quais sejam inclusões, supressões ou<br />
alterações de partes mais específicas do conteúdo, visando ao entendimento mais<br />
rápido e fácil para o aluno(a).<br />
Este trabalho representa mais um esforço do autor, em socializar seu conhecimento<br />
e suas conquistas. Ele foi escrito com base em vários autores de renome nacional e<br />
internacional, que são profissionais de reconhecida competência acadêmica e prática,<br />
que visa atender as demandas dos nossos alunos(as), tornado-se possível sua inserção<br />
no mercado de trabalho. Tendo, portanto, como suporte uma fundamentação teórica<br />
sólida e aplicável.<br />
Espera-se, assim, com mais essa iniciativa que tenhamos em mãos um texto mais<br />
adequado à que se destina, visando oferecer aos alunos(as), técnicos e profissionais<br />
da área, enfim, a todos que tem internalizado o conceito de Educação continuada,<br />
para que possa contribuir em sua especialização, atualização e aperfeiçoamento.<br />
Desta forma, acreditamos que, estamos contribuindo para a melhoria da qualidade<br />
do ensino voltado para os estudos organizacionais.<br />
7
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
UNIDADE I<br />
Tema 1: Visão Geral da Sociologia Aplicada às<br />
Organizações<br />
A Evolução Sociológica do Homem e do Trabalho. Augusto Conte e o<br />
desenvolvimento da Sociologia. Durkheim e a Teoria Sociológica. Teoria da Ação<br />
Social. Marx e as Relações: Capital e Trabalho. A Sociologia do Trabalho: Max<br />
Weber e a Burocracia. Elton Mayo e o Estudo Científico da Organização do Trabalho.<br />
Aspectos Sociológicos da Nova Ordem Mundial. Introdução ao Estudo Sociológico<br />
das Organizações. O Surgimento da Sociologia. O Estudo das Organizações. A<br />
Sociedade e as Organizações. A Consolidação da Organização Industrial. Cases e<br />
Estudo Dirigido.<br />
Ao final do Módulo I, você será capaz de entender as principais transformações<br />
nas sociedades ocidentais a partir do século XIX, provocada pela Revolução Industrial<br />
que teve seu início na Inglaterra, e pela Revolução Francesa de 1789. Fazendo uma<br />
reflexão sobre a condição humana e seus comportamentos nas organizações, irá<br />
compreender a necessidade de se encontrar alternativas que sirvam como modelo a<br />
um novo tipo de organização social.<br />
Optamos aqui por trabalhar e apresentar a você uma abordagem da Sociologia das<br />
Organizações que tomou como base os vários autores, BERNARDES & MARCONDES<br />
(2003), CASTRO (2003); DIAS (2008); OLIVEIRA (2002), entre outros, além de sites<br />
com credibilidade no assunto.<br />
A Evolução Sociológica do Homem e do Trabalho<br />
A Sociologia surgiu no século XIX como decorrência das profundas transformações<br />
nas sociedades ocidentais, provocadas pela Revolução Industrial e pela Revolução<br />
Francesa em 1789 (DIAS, 2008). Assim, as mudanças que emergiram no decorrer<br />
do tempo, provocaram nas sociedades da época, a necessidade de se encontrar<br />
alternativas que dessem um novo modelo a outro tipo de organização social que surgia.<br />
Foi a partir dessas mudanças, que o estudo da Sociologia começou a despontar<br />
nas universidades tentando compreender as culturas “primitivas” e as desenvolvidas<br />
nos aspectos particulares e universais, fazendo uma reflexão sobre a condição humana<br />
e seus comportamentos (OLIVEIRA, 1999). Desta forma, os primeiros sociólogos<br />
vislumbravam como centro dessa nova sociedade a forma de organização trazida pela<br />
indústria, onde se destacava o papel dos empresários e da racionalidade científica,<br />
como novos elementos de articulação dessa nova ordem.<br />
Neste sentido, as organizações passaram a ocupar lugar de destaque na<br />
sociedade, em especial por que, possibilitou o aumento de produtividade, e permitiu<br />
atender um número maior de consumidores de seus produtos, fato que no passado,<br />
somente as classes mais abastadas tinham acesso.<br />
8<br />
Desse modo, surge a necessidade de se estudar os novos fenômenos sociais<br />
trazidos pela industrialização, assim, a indústria por si mesma torna-se objeto de
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
estudo das ciências sociais. Portanto, ao longo do século XX, a disciplina Sociologia<br />
das Organizações nasce juntamente com a Teoria das Organizações. O que se pode<br />
afirmar que os estudos sociológicos das organizações se confundem com aquele<br />
realizado em torno da Teoria das Organizações (DIAS, 2008).<br />
Do ponto de vista dos primeiros sociólogos, a empresa torna-se a instituição<br />
básica e modelar da nova sociedade, é o eixo central de articulação de uma sociedade<br />
dinâmica baseada na produtividade. Os industriais e os novos trabalhadores<br />
assalariados, unidos por vínculos recíprocos de direitos e obrigações, formam o núcleo<br />
desta nova instituição na qual se incorporam gradativamente novas posições sociais,<br />
tais como: técnicos, funcionários administrativos, gerentes etc.<br />
A expansão desta nova forma de organização durante os séculos XIX e XX é<br />
tanto espacial com o surgimento de fábricas nos mais diversos lugares, pelo fato de<br />
que outras instituições adaptam suas estruturas às formas empresariais: o exército,<br />
as igrejas e os partidos políticos (DIAS, 2008, p.3).<br />
1. Augusto Conte e o Desenvolvimento da Sociologia<br />
Figura 1: Augusto Conte (1798-1857)<br />
Fonte: http://vejasociologia.blogspot.com.br/p/o-poder-nas-organizacoes_1210.html<br />
Isidore Marie Auguste François Xavier Comte é considerado o criador do<br />
Positivismo e da Sociologia. Nasceu em Montpellier, França. Com a idade de 16 anos,<br />
em 1814, ingressou na Escola Politécnica de Paris.<br />
A disciplina por ele criada teve continuidade com Herbert Spencer, Émile Durkheim<br />
e Max Weber, entre outros, que foram estabelecendo os limites de atuação da<br />
Sociologia. O estudo das interações humanas e da sociedade vai se tornando cada<br />
vez mais o ponto central de referência para as ciências sociais.<br />
Auguste Comte é considerado o pai da Sociologia, estabeleceu claramente o<br />
campo de pesquisa da nova ciência como sendo a sociedade. Criador da Sociologia e<br />
do Positivismo, após seus estudos para explicar os fenômenos sociais, acreditava ser<br />
possível criar uma sociedade-modelo, tendo o amor como princípio, a ordem como<br />
base e o progresso como fim.<br />
9
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
Para Conte, a Sociologia compreende todo um<br />
contexto que se relaciona com o comportamento<br />
prático do homem em sociedade, onde o aspecto ético<br />
ficaria absorvido pelo social, e ele acreditava que a<br />
sociedade humana só poderia ser convenientemente<br />
organizada a partir de certa ordem. (OLIVEIRA, 1999,<br />
p. 19).<br />
Quando Augusto Conte criou um novo sistema filosófico, o Positivismo demonstrou<br />
que a humanidade teria passado por três estados de concepção do mundo e da vida.<br />
Primeiro estado se divide em três etapas:<br />
Primeira etapa, teológica – que corresponderia num primeiro momento, ao<br />
fetichismo, onde os processos e as leis naturais passariam a ter consequências na<br />
sociedade, em virtude da ação e da vontade de seres misteriosos sobre a sociedade.<br />
O que representava para a sociedade da época, divindades e demônios agindo<br />
sobre o ser humano. É o momento místico da humanidade. Como exemplo: a cultura<br />
dos maias, dos astecas, dos incas, dos índios de uma forma geral.<br />
Segunda etapa, politeísmo – com a presença de várias divindades ou deuses<br />
agindo sobre os seres humanos, como aconteceu na Grécia antiga, Roma e Egito e<br />
outros povos que viveram a experiência da mitologia.<br />
Terceira etapa, monoteísmo – onde se exclui a fase fetichista e politeísta, com a<br />
adoção de um único Deus, como criador do universo e de todas as coisas (OLIVEIRA,<br />
1999).<br />
Segundo estado:<br />
Metafísico – que serve como ponte ou instrumento de transição entre o primeiro<br />
estado que é o teológico e o positivo. Neste estado, Conte mostra a tentativa de se<br />
descobrir a natureza última das coisas e da realidade.<br />
Terceiro estado:<br />
Positivo – que procura explicar de forma científica a realidade, abandonando<br />
as explicações anteriores dos estados teológicos e metafísicos que passam a ser<br />
substituídos por hipóteses e leis científicas, comprovadas através da experimentação<br />
e da observação.<br />
Nesse estado, não se deve buscar leis gerais, além do que é possibilitado pela<br />
experimentação e pela dedução ou raciocínio matemático. O que ficar para além<br />
desse domínio de explicações, volta para a metafísica, ou seja, nesse estado aquilo<br />
que não tem comprovação científica e/ou não se consegue explicação, volta ao campo<br />
da metafísica (natureza).<br />
Comte, como discípulo de Saint-Simon, via a sociedade moldada de acordo com<br />
a organização industrial.<br />
10<br />
A fábrica, como sistema de produção, destacavase<br />
como uma organização fundamental no novo
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
tipo de sociedade que se vai instaurando rápida<br />
e progressivamente ao longo do século XVIII na<br />
Inglaterra, e no século XIX no restante da Europa<br />
e Estados Unidos da América (EUA), substituindo<br />
as sociedades tradicionais baseadas na produção<br />
agrícola. (DIAS, 2008).<br />
A partir da Revolução Industrial, as organizações passaram a exercer um papel<br />
fundamental na vida humana, a tal ponto que hoje seria inconcebível pensar o cotidiano<br />
sem elas. De fato, estão presentes ao longo de toda nossa vida e nos relacionamos com<br />
diversas organizações ao longo de um único dia. Constituem exemplos: as empresas,<br />
os sindicatos, as cooperativas, os clubes esportivos, os bancos, os partidos políticos,<br />
as escolas, as organizações não governamentais, as penitenciárias, os hospitais,<br />
entre outras.<br />
Dessa forma, Conte conclui que o poder material pertence aos industriais e o<br />
poder espiritual aos sábios, sendo que a eles (os industriais) pesa a responsabilidade<br />
de reorganizar e desenvolver a sociedade.<br />
O centro da Filosofia positivista de Conte parte da ideia de que a sociedade só<br />
pode ser reorganizada através de uma completa reforma intelectual das pessoas.<br />
No Brasil, Conte influenciou movimentos no Exército e abriu espaço para<br />
seguidores como Teixeira Mendes, Miguel Lemos e Benjamin Constant (1836-1891).<br />
Do Positivismo é que vem o lema da nossa bandeira Ordem e Progresso. (OLIVEIRA,<br />
1999, p.22).<br />
Figura 2: Henry de Saint-Simon (1760 -1825)<br />
Fonte: http://vejasociologia.blogspot.com.br/p/o-poder-nas-organizacoes_1210.html<br />
Claude-Henry de Rouvroy, Conde de Saint-Simon. Filósofo e teórico social francês.<br />
Nasceu em Paris, e pode ser considerado como o primeiro teórico da sociedade<br />
industrial.<br />
Aristocrata, suas simpatias por ideias liberais e republicanas o salvaram da<br />
guilhotina durante a Revolução Francesa, e depois da restauração desenvolveu um<br />
sistema de ideias sobre o progresso social. É um dos que mais contribuíram para o<br />
11
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
estudo da sociedade em seu tempo, sendo considerado por muitos como um dos<br />
iniciadores da Sociologia. Lutou na Guerra da Independência dos Estados Unidos,<br />
contra os ingleses.<br />
Desenvolveu o que ficou conhecido como “as características ideológicas do<br />
industrialismo”: onde afirmava que todos devem trabalhar e serem premiados de<br />
acordo com o mérito, que todo progresso é baseado na ciência, e que a sociedade<br />
do futuro será pacífica, próspera e adotará estritamente os princípios científicos.<br />
Saint-Simon reuniu vários discípulos entusiastas. Exerceu grande influência sobre<br />
Auguste Comte, tendo trabalhado juntos de 1817 a 1824.<br />
2. Émile Durkheim e a Teoria Sociológica<br />
Entre os pontos em comum que tinham entre si os<br />
primeiros sociólogos (agrupados na denominada<br />
Sociologia Clássica), encontra-se a importância que é<br />
dada à “indústria como núcleo da organização social,<br />
tanto em suas possibilidades de desenvolvimento e<br />
progresso real para as condições de vida das pessoas<br />
individuais como em seu aspecto de instituição que<br />
abriga e gera conflitos nunca conhecidos em épocas<br />
anteriores”. (LUCAS MARIN, 2002, apud, DIAS,<br />
2008).<br />
Figura 03: Émile Durkheim (1858-1917)<br />
Fonte: http://www.enotes.com/topics/emile-durkheim<br />
Émile Durkheim viveu o final do século XIX e começo do século XX. Nasceu, a 15<br />
de abril de 1858, em Épinal, Departamento de Vosges, na Alsácia. Durkheim morreu<br />
em 5 de novembro de 1917. Pertencia a uma família judia, seu pai era rabino e ele<br />
próprio teve seu período de misticismo, tornando-se, porém agnóstico após a ida para<br />
Paris (ALMEIDA, et. al., 2005).<br />
12<br />
Durkheim teve sua formação intelectual influenciada por Descartes, Rousseau,<br />
Saint Simon, Augusto Conte e Gustel Coulanges, que foi seu professor. Consagrado<br />
pelo seu livro sobre a “Divisão do Trabalho”, foi o iniciador dos estudos da Sociologia<br />
do Trabalho.
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Ao completar 40 anos de idade, Durkheim, publicou sua obra mais conhecida na<br />
contemporaneidade, o Manifesto Sociológico composto pela “Divisão do Trabalho<br />
Social”, “As Regras do Método Sociológico” e o “Suicídio”. Para Durkheim, a Sociologia<br />
era uma disciplina rigorosamente cientifica.<br />
Ele fez objeção fortemente a todas as orientações que transformasse a<br />
investigação social numa dedução de partes particulares a partir de leis supostamente<br />
consideradas universais, como a Lei dos Três Estados de Augusto Conte (estado<br />
teológico, estado metafísico e estado positivo) (OLIVEIRA, 1999, p. 62).<br />
A Sociologia utiliza a metodologia científica para investigar as leis que regem<br />
os fenômenos sociais, analisa relações de causa e efeito, não as generalidades<br />
abstratas, e sim, expressões precisas de relações de descobertas entre os diversos<br />
grupos sociais. (op. cit.).<br />
Ou seja, Durkheim destaca uma compreensão da sociedade como um conjunto<br />
de ideias, constantemente alimentada pelos homens que fazem parte dela. Em 1895,<br />
ao escrever as Regras do Método Sociológico, dando caráter cientifico à Sociologia,<br />
Durkheim chegou à conceituação de Consciência Coletiva – vista como um sistema<br />
de representações coletivas em uma certa sociedade.<br />
Para Durkheim, representações coletivas, por exemplo, seria a linguagem de um<br />
povo ou de uma comunidade, ou de um grupo de trabalho, encontrados nas sociedades.<br />
Essas representações coletivas constituiriam fatos de natureza especifica e diferentes<br />
dos fenômenos psicológicos individuais (OLIVEIRA, 1999).<br />
A preocupação central de Durkheim era demonstrar<br />
que existe uma especificidade do social, e que<br />
era necessário emancipar a Sociologia (a qual se<br />
caracteriza como a ciência dos fenômenos sociais)<br />
das outras ciências do homem e, em especial, da<br />
Psicologia. Para ele, a Sociologia se apresenta como<br />
uma ciência independente das outras ciências, à<br />
medida que possui seu próprio objeto e método.<br />
(ALMEIDA, et. al., 2005).<br />
Isto significa dizer que a Sociologia constitui uma ciência entre as outras ciências<br />
do homem, e que tem um objeto claramente definido e um método para estudá-la.<br />
O objeto são os fatos sociais; o método é a observação e a experimentação indireta,<br />
em outros termos, o Método Comparativo. (RODRIGUES, 1998, apud, ALMEIDA,<br />
et. al., 2005).<br />
Entre suas preocupações de caráter cientifico, Durkheim desenvolveu teorias<br />
educacionais, muito importantes para a História da Pedagogia, onde relata que educar<br />
um indivíduo é a forma de prepará-lo ou forçá-lo a ser membro de um ou mais grupo. O<br />
que significa dizer, que é através da Educação (formação) que os indivíduos passaram<br />
a possuir o sentimento de pertencimento, seja de um grupo social e/ou de trabalho.<br />
Dessa forma, Durkheim acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo<br />
processo educativo. Para ele, “a Educação é uma socialização da jovem geração pela<br />
geração adulta”. E quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento<br />
da comunidade em que a indivíduo esteja inserido (FERRARI, 2008).<br />
Nessa concepção durkheimiana - também chamada de funcionalista – as<br />
consciências individuais são formadas pela sociedade. Ela é oposta ao idealismo, de<br />
acordo com o qual a sociedade é moldada pelo “espírito” ou pela consciência humana<br />
(op. cit.).<br />
13
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
A construção do ser social, é feita em boa parte pela Educação, é a assimilação<br />
pelo indivíduo de uma série de normas e princípios - sejam morais, religiosos, éticos<br />
ou de comportamento - que baliza a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais<br />
do que formador da sociedade, é um produto dela (ib. ibid. p. 1).<br />
Neste sentido, torna-se importante o conceito de Solidariedade Social que<br />
Durkheim cunhou em suas teorias, o qual levou a distinguir os principais tipos de<br />
grupos sociais; primário ou mecânica, secundária ou orgânica.<br />
Solidariedade Social – é um fato social que pode ser conhecido através dos seus<br />
efeitos sociais – desenvolvimento econômico, qualidade de vida, tecnologia e outros<br />
benefícios (OLIVEIRA, 1999, p. 62).<br />
Solidariedade Mecânica – típica das sociedades pré-capitalistas, onde os<br />
indivíduos se identificam através da família, da religião, da tradição, dos costumes.<br />
É uma sociedade que tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciam<br />
(SILVA, 2010). Reconhecem os mesmos valores, os mesmos sentimentos, os mesmos<br />
objetos sagrados, porque pertencem a uma coletividade.<br />
Como forma primitiva dessas sociedades tem os esquimós, os aborígines<br />
australianos e outras formas primitivas de vida e trabalho, como é o caso dos índios<br />
da Amazônia (OLIVEIRA, 1999, p. 61).<br />
Solidariedade Orgânica – característica das sociedades capitalistas, onde,<br />
através da divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes,<br />
garantindo, assim, a união social, mas não pelos costumes, tradições etc. Resultam da<br />
crescente divisão do trabalho, exigidas pelas estruturas econômicas mais avançadas<br />
(SILVA, 2010). Os indivíduos não se assemelham, são diferentes e necessários, como<br />
os órgãos de um ser vivo. Assim, o efeito mais importante da divisão do trabalho não<br />
é o aumento da produtividade, mas a solidariedade que gera entre os homens.<br />
O ponto central da Divisão do Trabalho é que Durkheim analisa a função do trabalho<br />
através da necessidade social e do trabalho correspondente. Para ele, a função de<br />
divisão do trabalho é integrar a sociedade moderna, determinando as causas e as<br />
consequências das quais depende (OLIVEIRA, 1999, p. 62).<br />
Nas sociedades dominadas pela solidariedade mecânica, a consciência coletiva<br />
abrange a maior parte dos membros desta sociedade. Nas sociedades dominadas<br />
pela solidariedade orgânica há uma redução desta consciência coletiva porque os<br />
indivíduos são diferenciados.<br />
Por isso, nestas últimas, em oposição as primeiras, ocorre um enfraquecimento<br />
das reações coletivas contra a violação das proibições sociais e há, especialmente,<br />
uma margem maior na interpretação individual dos imperativos sociais (SILVA, 2010).<br />
Durkheim defende também o primado da sociedade sobre o indivíduo:<br />
As sociedades têm prioridade lógica sobre os<br />
indivíduos, porque se a solidariedade mecânica<br />
precede a solidariedade orgânica, não se pode explicar<br />
a diferenciação social a partir dos indivíduos, pois a<br />
consciência de individualidade não pode existir antes<br />
da solidariedade orgânica e da divisão do trabalho<br />
social. (SILVA, 2010).<br />
14<br />
Daí que os fenômenos individuais devem ser explicados a partir da coletividade,<br />
e não a coletividade pelos fenômenos individuais.<br />
Assim, a divisão do trabalho passa a ser um fenômeno social que só pode ser
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
explicado por outro fenômeno social, como a combinação do volume, densidade<br />
material e moral de uma sociedade, sendo que o único grupo social que pode<br />
proporcionar a integração dos indivíduos na coletividade é a corporação profissional.<br />
2.1. Teoria da Ação Social<br />
A teoria da ação social de certa forma está vinculada à definição objetiva de<br />
Durkheim, de que o fato social determina a ação social a partir da coerção exercida.<br />
Outro estudioso no campo da Sociologia Aplicada à Administração, Max Weber (Teoria<br />
da Burocracia) entendia a ação humana ou social como sendo objeto da Sociologia.<br />
Neste sentido, deve-se entender a Sociologia como ciência que pretende<br />
interpretar a ação social, e seu aproveitamento ocorreria quando diversas funções<br />
sociais se tornassem muito tênues ou intermitentes (OLIVEIRA, 1999).<br />
Como as sociedades mais complexas são baseadas nas diferenciações, torna-se<br />
necessário que as tarefas individuais correspondam a seus desejos e aptidões. Como<br />
isso nem sempre acontece, os valores ficam enfraquecidos e a sociedade é ameaçada<br />
pela desintegração (op. cit.).<br />
Fato que, a partir das diferenças individuais devem tentar construir uma unidade,<br />
com o objetivo de não deixar ocorrer à desintegração dessa sociedade, isso se revela,<br />
quando trabalhadores se unem para realização de uma determinada atividade (trabalho<br />
em equipe).<br />
Preocupado com as consequencias políticas e éticas dessa desintegração,<br />
resultante da divisão do trabalho social, Durkheim abre espaço para o desenvolvimento<br />
das teorias científicas aplicadas à Administração que vieram com Max Weber, Taylor,<br />
Fayol, Amitai Etizioni e outros, que abordaram de diferentes ângulos a questão do<br />
trabalho nas organizações.<br />
3. Karl Marx e as Relações: Capital e Trabalho<br />
Figura 4: Karl Marx (1818-1883)<br />
Fonte: http://vejasociologia.blogspot.com.br/p/o-poder-nas-organizacoes_1210.html<br />
F undador do Socialismo Científico, nascido em Treves, capital da província alemã<br />
do Reno, morreu em Londres. Sua obra principal, “O Capital”, reúne as doutrinas<br />
15
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
fundamentais do socialismo. Contrário ao ponto de vista weberiano sobre a origem<br />
do capitalismo, afirma que o capitalismo é que dá origem ao protestantismo.<br />
Suas obras contribuíram enormemente para o enriquecimento do campo da<br />
Economia. Marx se tornou uma das principais figuras surgidas no século XIX, com<br />
enorme influência no cenário político-econômico do século XX, criando uma estrutura<br />
ideológica que se contrapôs ao capitalismo.<br />
Suas ideias marcaram o século XX pela Guerra Fria, onde o mundo se dividiu em<br />
dois blocos: Ocidental (capitalista) e Oriental (socialista).<br />
Em sua obra “O Capital” volume III, capítulos 1 e 2, a “Economia Política” de Marx,<br />
trata do modo pelo qual os homens procuram os bens dos quais tem necessidade para<br />
viver. Ao demonstrar a questão da mercadoria, preço e lucro, os homens procuram<br />
os bens exclusivamente pela compra e venda de mercadorias. As pessoas tomam<br />
posse delas comprando-as com dinheiro, que constitui sua renda (OLIVEIRA, 1999).<br />
Neste sentido, a análise desse aspecto social, o indivíduo satisfaz suas<br />
necessidades de adquirir os produtos e Marx mostra formas diversas de renda que<br />
classifica em três grupos:<br />
• O capital – rende a cada ano ao capitalista um lucro;<br />
• A terra – rende ao proprietário rural uma renda fundiária;<br />
• A força de trabalho em condições normais e enquanto permanece útil,<br />
rende ao operário um salário (op. cit.),<br />
Assim, para o capitalista, o capital, para o proprietário rural, a sua terra e para<br />
o operário sua força de trabalho, ou seja, Lucro, Renda fundiária e Salário. Sendo<br />
assim, essas rendas constituem-se em rendas anuais de três classes sociais:<br />
• Dos capitalistas;<br />
• Dos proprietários rurais;<br />
• Dos operários.<br />
Ainda em sua mais importante obra no capítulo 11 do volume I, Marx mostra a<br />
estrutura das organizações produtivas, a produção começa quando o capital contrata<br />
um grande número de operários, e quando o processo de trabalho se estende ao<br />
centro de ação e fornece produtos em grande quantidade.<br />
Ou seja, a massa de operários, trabalhando ao mesmo tempo e no mesmo lugar,<br />
sob as ordens do mesmo capitalista, visando à produção do mesmo produto, constituise<br />
o ponto de partida histórico e formal da produção capitalista.<br />
16<br />
• Atividade do Fórum: Você estudou alguns dos principais expoentes da<br />
Sociologia, percebeu a Evolução da Sociologia e Homem no contexto universal.<br />
Portanto, é importante que você procure entender as mudanças provocadas ao<br />
longo do tempo nas organizações. Assim, direcione sua pesquisa para complementar<br />
seus estudos, procure dá um upgrade ao seu conhecimento. Investigue<br />
mais um pouco sobre os desdobramentos dos estudos da Sociologia nas Organizações.<br />
Desse modo, apresente suas considerações no fórum da disciplina.<br />
Aguarde comentários de seus colegas e do Professor tutor.
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
4. A Sociologia do Trabalho<br />
Expressão que abrange parte da Sociologia Geral, que se ocupa em estudar o<br />
homem em suas relações de trabalho. Não somente como parte da natureza, mas<br />
como ser que cria a cultura e a sociedade. Para tanto, todo conhecimento que venha<br />
gerar uma melhor compreensão desses processos sociais e culturais, se constituem<br />
em parte dos estudos das relações do homem com o trabalho. Assim, nos assevera<br />
Oliveira:<br />
Um homem só é completo quando sente que seu<br />
trabalho não é somente útil para ele, mas também<br />
para sua família e para sociedade. Quando isso não<br />
acontece, o homem entra em processo de desinteresse<br />
e desmotivação ficando angustiado e deprimido; este<br />
processo muda completamente o comportamento do<br />
homem, marginaliza-o (OLIVEIRA, 1999, p. 27).<br />
O ser humano busca no seu trabalho não só o necessário para sobrevivência, mas,<br />
principalmente, a realização dos seus sonhos. É através do trabalho que o individuo<br />
conquista seu lugar na classe social que pertence, é do trabalho que lhe permite<br />
vestir-se, alimentar-se, educar-se e também lhe proporcionar lazer, para ele e todos<br />
que fazem parte da sua família.<br />
Desse modo, tais fatos mostram a necessidade do estudo da organização, mais<br />
precisamente do trabalho que é desenvolvido nas empresas, do comportamento do ser<br />
humano perante seus pares, e com estes, de que forma se relacionam e interagem.<br />
Assim, com o advento da Revolução Industrial se espalhando por todo mundo, os<br />
estudos das organizações tornaram-se cada vez mais necessários e desenvolveu-se,<br />
conjuntamente com a análise sociológica, uma vertente teórica, que produz vários<br />
estudos sobre as organizações, e que em seu bojo trazem estudos significativos sobre<br />
a Sociologia do Trabalho.<br />
4.1 Max Weber e a Burorcracia<br />
Figura 5: Max Weber (1864-1920)<br />
Fonte: http://vejasociologia.blogspot.com.br/p/o-poder-nas-organizacoes_1210.html<br />
17
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
Para os cientistas sociais do início do século XX, as respostas encontradas por<br />
Weber para os problemas metodológicos que ocupavam seus estudos possibilitaram<br />
lançar novos conhecimentos sobre vários problemas sociais históricos, e trazer<br />
contribuição relevantes para as Ciências Sociais.<br />
Particularmente importantes foram seus estudos sobre a Sociologia da Religião,<br />
suas interpretações sobre as relações entre as ideias e atitudes religiosas, por um<br />
lado, e as atividades e a organização econômica por outro.<br />
Um primeiro aspecto do pensamento Weberiano, sobre<br />
a questão da economia e da religião, mostrada em sua<br />
obra “A Ética Protestante e o Espírito Capitalista” é<br />
a de que para conhecer corretamente a causa ou as<br />
causas do surgimento do capitalismo, é necessário um<br />
estudo comparativo entre várias sociedades do mundo<br />
ocidental. (OLIVEIRA, 1999).<br />
Embora incompletos os estudos de Weber, foram publicados nos três volumes<br />
da sua Sociologia da Religião. A linha básica dessa obra é constituída pelo exame<br />
dos aspectos mais importantes da ordem social e econômica do mundo ocidental.<br />
Assim, pelo fato de sua obra já ter sido abordada por outros pensadores, traz em seu<br />
caráter fundamental a importância das condições éticas como fatores determinantes,<br />
e conclui que o moderno capitalismo não poderia ter surgido sem uma mudança<br />
espiritual básica, como aquela que ocorreu nos fins da Idade Média.<br />
Segundo Weber, o capitalismo não poderia ser compreendido sem uma análise de<br />
suas relações com as transformações espirituais da passagem da Idade Média para<br />
a Idade Moderna, época em que esse sistema econômico e social surgiu. (OLIVEIRA,<br />
1999, p. 40).<br />
A Sociologia das Organizações começa com o trabalho do sociólogo alemão Max<br />
Weber, que abordou a Burocracia. Embora Weber tenha estudado a Burocracia sob a<br />
perspectiva histórica e focado principalmente a mudança dos padrões da autoridade<br />
política e organizações governamentais, sua obra foi largamente difundida e discutida<br />
em todos os países. Desse modo, apresenta-se atual pela firmeza de sua coerência e<br />
poderosa perspectiva teórica, especialmente no campo da Sociologia da Burocracia.<br />
Neste sentido, as principais características de uma estrutura burocrática são as<br />
seguintes, segundo Neto (1981, p. 44-45):<br />
18<br />
1. As atividades regulares requeridas para os propósitos da organização se<br />
acham distribuídas de modo estável sob forma de deveres oficiais. A rígida<br />
divisão de trabalho só permite o emprego de pessoal especializado em cada<br />
cargo, e responsabiliza cada empregado pelo efetivo cumprimento de seus<br />
deveres.<br />
2. A organização dos cargos obedece ao principio hierárquico: quer dizer, cada<br />
cargo se acha sob controle e supervisão de um de supervisor.<br />
3. A atividade está regulamentada por um sistema de regras, e consiste em sua<br />
aplicação, tem como fim assegurar a realização uniforme de todas as tarefas.<br />
4. Para cumprir as normas racionalmente, que regem as operações sem que<br />
interfiram considerações pessoais, deve predominar, dentro da organização,<br />
um comportamento de neutralidade, especialmente em relação aos clientes.
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
5. Nas organizações burocráticas, os cargos se classificam tecnicamente,<br />
achando-se o funcionário protegido contra atos de arbítrio.<br />
De um ponto de vista estritamente técnico, a experiência demonstra, em caráter<br />
universal, que a organização administrativa do tipo burocrático puro é capaz de<br />
proporcionar o mais alto grau de eficiência (NETO, 1981, p. 45). Neste sentido, a<br />
burocracia resolve o problema tipicamente administrativo de levar ao máximo, não só<br />
a eficiência individual, como também a organização em sua totalidade.<br />
Assim, para que uma organização funcione totalmente com eficiência, é necessário<br />
que cada um de seus membros tenha a capacidade suficiente para realização de<br />
sua tarefa. Para isso, a especialização e o recrutamento baseado em qualificações<br />
técnicas, devem ser apoiados em provas objetivas. Ou seja, o efeito combinado das<br />
características da burocracia consiste em criar condições sociais que levem cada<br />
membro da organização a atuar de um modo que permita conseguir racionalmente<br />
os objetivos da organização (NETO, 1981, p. 46).<br />
Weber proporciona uma análise funcional da burocracia. Seu método de análise<br />
demonstra que uma organização social se explica apontando como cada um dos seus<br />
elementos contribui à manutenção e funcionamento.<br />
A Administração Burocrática tem o exercício da dominação, consiste em<br />
conhecimento técnico que, por si só, é suficiente para garantir uma posição de poder<br />
para a burocracia.<br />
4.2 O Conceito de Poder<br />
Um dos mais importantes processos sociais é a capacidade que possuem<br />
os indivíduos e grupos sociais, entre os quais as organizações, de modificarem o<br />
comportamento de outros grupos ou pessoas. Esse processo social, fundamental<br />
para os seres humanos, é que denominamos poder.<br />
A maior parte dos cientistas sociais compartilha da ideia de que o poder é a<br />
capacidade para afetar o comportamento dos outros. O poder pode ser considerado<br />
como um meio, que o grupo ou indivíduo tem, de fazer com que as coisas sejam<br />
realizadas por outros indivíduos ou grupos.<br />
O poder ocorre em todas as relações sociais, e está disseminado em todas as<br />
sociedades e grupos sociais. O poder é uma qualidade que um indivíduo ou grupo<br />
social possui em relação a outros indivíduos ou grupos. Constitui, portanto, um<br />
fenômeno social, e não individual. Sua característica fundamental é um componente<br />
de uma relação social.<br />
Para Max Weber, o poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade<br />
numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa<br />
probabilidade (WEBER, apud, DIAS, 1991, p.33).<br />
Para outros autores, o poder, no plano mais geral, implica sempre a possibilidade,<br />
para alguns indivíduos ou grupos, de atuar sobre outros indivíduos ou grupos. Desse<br />
modo, para esses autores, o poder é uma relação de força da qual um pode obter<br />
mais vantagem que o outro, mas na qual, por outro lado, esse depende do outro que<br />
se submete.<br />
19
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
4.2.1 Os Componentes do Poder<br />
O poder se manifesta, invariavelmente, através de pelo menos três componentes:<br />
a força, a autoridade e a influência. Levando em consideração o aspecto da<br />
legitimidade, diríamos que o poder manifesto pela autoridade é legítimo, pois aceito<br />
pela sociedade, e nesse sentido teríamos um exercício de poder legítimo, baseado em<br />
três tipos “puros” de dominação: a autoridade burocrática ou racional; a tradicional;<br />
e a carismática. Os outros componentes do poder poderiam não ser legítimos, mas<br />
da mesma forma, manifestações efetivas e que, do ponto de vista de alguns autores,<br />
constituem-se na força e na influência.<br />
A Força<br />
Denomina-se força, o uso ou ameaça de coerção física. A coerção física pode<br />
ser expressa através de armas de todo tipo — uma lança, um revólver etc. — e é um<br />
importante atributo da força.<br />
Nos primeiros agrupamentos humanos, a força provavelmente era o único<br />
componente do poder; mesmo na Idade Média permanecia com tal significado. Com<br />
o advento do capitalismo foram surgindo outros componentes que equilibram o poder<br />
manifesto pela força, muito embora, ainda permaneça sendo um dos mais importantes<br />
componentes do poder.<br />
Os Estados reservam o monopólio de todos os meios importantes de coerção<br />
física para a Polícia ou as Forças Militares (Exército, Marinha, Aeronáutica). Uma<br />
das principais características do Estado, é que este monopólio utiliza para manter a<br />
integridade e impor sua vontade sobre o conjunto do seu território.<br />
No entanto, nos Estados nacionais cada vez mais surgem grupos que disputam<br />
com o Estado este monopólio da coerção física. Um dos exemplos mais presentes<br />
é o crime organizado. Estes grupos muitas vezes tornam-se uma ameaça ao poder<br />
estatal, substituindo-o na prática em alguns pontos de seu território, onde o poder<br />
coercitivo do Estado não se faz presente, manifestando-se somente a coerção dos<br />
bandos criminosos.<br />
A Autoridade<br />
Compreende-se autoridade por direito estabelecido, tomar decisões e ordenar<br />
ações de outrem. Dito de outro modo é a legitimação do poder, através da incorporação<br />
de conteúdo jurídico e/ou moral. Essa legitimidade assenta-se sobre o consentimento<br />
durável e tendente à unanimidade entre os membros de uma sociedade ou de um<br />
grupo social.<br />
Max Weber identificou três tipos de autoridade, de acordo com a sua base<br />
de legitimidade, que já se tornaram clássicos nos estudos de ciências sociais: a<br />
burocrática (ou racional), a tradicional e a carismática.<br />
20<br />
Autoridade burocrática ou racional-legal – baseada no cargo ou posição<br />
formalmente instituída, é a autoridade investida no cargo que o indivíduo ocupa. Ele só<br />
tem essa autoridade, enquanto estiver ocupando o cargo. O exercício da autoridade é<br />
legítimo por estar de acordo com as leis ou com as regras escritas. A lei é o princípio<br />
legitimador em função de sua racionalidade, independentemente do líder ou chefe<br />
que a faça cumprir. Há um consenso, em que as pessoas aceitam serem governadas
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
através de um processo legal, evitando-se desse modo, arbitrariedades. A lei gera<br />
organizações burocráticas. Exemplo: juiz, delegado, funcionário público. É o tipo de<br />
autoridade encontrada nos modernos Estados e empresas.<br />
Autoridade tradicional – baseada na crença, normas e tradições sagradas e que<br />
as pessoas obedecem em virtude da tradição. Não há necessidade de legislação. A<br />
obediência à autoridade é devida à tradição, aos costumes, e à vontade da pessoa.<br />
Não há a relação de capacitação com as funções a serem executadas. Legitima o<br />
poder no passado e no status herdado. A autoridade se constitui pela vassalagem dos<br />
súditos. Gera organizações administrativas e funcionais. Exemplos: rei, príncipe, padre,<br />
marido, pai etc. A administração patrimonial é constituída pela autoridade tradicional,<br />
que trata os negócios de governo como se fosse uma extensão de sua própria casa.<br />
Esse tipo de administração é encontrado em Estados centralizados e despóticos.<br />
Autoridade carismática – baseada nas qualidades pessoais excepcionais do<br />
indivíduo (líder). Baseada na veneração extra cotidiana da santidade, do poder<br />
heróico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das ordens por ela reveladas ou<br />
criadas, a qual se obedece em função do carisma (imagem de notável sabedoria,<br />
invencibilidade ou santidade). Sua natureza é quase religiosa, e a organização ou<br />
sociedade permanecerá estável enquanto durar o líder. Exemplos: Cristo, Napoleão,<br />
Ghandi, Hitler, Martin Luther King, Perón etc.<br />
Há muitos casos em que a força e a autoridade estão combinadas, como no<br />
Exército, Polícia ou prisão. Os tipos de autoridade identificados por Max Weber são<br />
o que ele denomina “tipos ideais”, tipos considerados puros e que na prática são<br />
pouco comuns, pois de um modo geral aparecem combinados.<br />
A Dominação<br />
Denomina-se de Dominação ao exercício de poder legítimo, que se expressa<br />
através de qualquer um dos tipos de autoridade enunciados por Max Weber.<br />
É um conceito importante relacionado com as estruturas de poder, desenvolvido<br />
particularmente por Max Weber, e que pode ser considerado um dos mais importantes<br />
processos sociais básicos.<br />
A dominação, segundo Weber, é a probabilidade de<br />
encontrar obediência a uma ordem [...]. A situação<br />
de dominação está ligada à presença efetiva de<br />
alguém mandando eficazmente em outros, mas<br />
não necessariamente à existência de um quadro<br />
administrativo nem à de uma associação; porém<br />
certamente — pelo menos em todos os casos normais<br />
— à existência de um dos dois. (DIAS, 1991, p. 33).<br />
De acordo com Weber, a existência de um quadro administrativo configura uma<br />
forma de dominação. E qualquer que seja a associação, ela é sempre, em algum grau,<br />
associação de dominação, em virtude da existência de um quadro administrativo.<br />
Do ponto de vista de Weber toda dominação busca a legitimidade, o reconhecimento<br />
social de sua validade, e a sua institucionalização está baseada na figura da autoridade.<br />
Deste modo, os tipos de dominação podem ser: legal, tradicional e carismática.<br />
21
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
Dominação legal: é baseada em estatutos, obedece-se a ordens impessoais,<br />
objetivas e legalmente instituídas e aos superiores por ela designados, não importando<br />
a pessoa em si ocupante do cargo ou da posição. O tipo mais puro de dominação legal<br />
é aquele que se exerce por meio de um quadro administrativo burocrático.<br />
Dominação tradicional: obedece-se à pessoa nomeada pela tradição e vinculada<br />
a esta, em virtude da devoção de hábitos costumeiros. Obedece- se ao senhor em<br />
virtude da dignidade pessoal que lhe atribui a tradição. Não se obedece a estatutos,<br />
mas à pessoa indicada pela tradição ou pelo senhor tradicionalmente determinado.<br />
Há uma profunda relação de fidelidade pessoal daqueles predispostos a obedecer<br />
ao senhor.<br />
A dominação tradicional é exercida de três formas, podendo ser na presença de<br />
um quadro administrativo ou não:<br />
1. Dominação tradicional patrimonial - as pessoas serão recrutadas segundo<br />
critérios de dependência doméstica ou pessoal.<br />
2. Dominação tradicional estamental – aquela forma de dominação em<br />
que determinados poderes de mando e as correspondentes oportunidades<br />
econômicas estão apropriados pelo quadro administrativo.<br />
3. Dominação tradicional patriarcal – ocorre em situação na ausência do<br />
quadro administrativo em que, dentro de uma associação (doméstica)<br />
econômica ou familiar, a dominação é exercida por um indivíduo normalmente<br />
designado segundo regras fixas de sucessão. (DIAS, 1991, p. 152).<br />
Dominação carismática: obedece-se o líder carismaticamente qualificado como<br />
tal, em virtude de confiança pessoal em revelação, heroísmo ou exemplaridade dentro<br />
do âmbito da crença nesse seu carisma. A associação de dominação dos adeptos é<br />
uma relação comunitária de caráter emocional. (DIAS, 1991, p. 160).<br />
Desse modo, a dominação, o exercício do poder, do ponto de vista de Weber,<br />
está relacionado com a administração, é inerente à função gerencial, pois trata-se de<br />
induzir pessoas a agirem de acordo com determinadas expectativas.<br />
Visto desta maneira, quem administra o faz influenciando o comportamento de<br />
outras pessoas. Portanto, exercendo algum poder. Seja institucional, derivado do<br />
cargo que ocupa, seja motivado pela sua capacidade pessoal, ou ambos.<br />
Influência<br />
A influência tem aumentado sua importância como um componente do poder. Um<br />
aspecto que deve ser considerado é a posse de meios materiais não por parte de um<br />
grupo ou indivíduo que, utilizando de habilidade na manipulação do que possui, adquire<br />
maiores parcelas do poder, ou se constitui de fato numa fonte de poder, modificando<br />
o comportamento de outras pessoas de acordo com a sua vontade.<br />
Chama-se de influência, a habilidade para afetar as decisões e ações de outros,<br />
mesmo não possuindo autoridade ou força para assim proceder.<br />
22<br />
E influente um indivíduo que consegue modificar o comportamento dos outros sem<br />
ocupar um cargo público ou privado, e sem utilizar nenhuma forma de coerção física.
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
São inúmeros os elementos que podem se constituir em fonte de poder. Dentre<br />
os vários, podemos considerar a posse de conhecimentos como dos mais importantes.<br />
Com a democratização do acesso a um número enorme de informações, depende<br />
da habilidade de cada um influir sobre o comportamento de outras pessoas. A posse<br />
pura e simples do conhecimento não dá ao possuidor poder, ou seja, capacidade de<br />
influir em outrem. Só através da habilidade na manipulação desse conteúdo é que o<br />
indivíduo poderá transformá-lo em fonte efetiva de poder.<br />
O mesmo ocorre com a posse de meios materiais (aqui não se incluem os meios<br />
materiais de destruição, como as armas, que são instrumentos de coerção, de força),<br />
sejam eles quais forem e, dependendo do lugar (do espaço) e do tempo, podem ou<br />
não transformar-se em fonte de poder. A posse de telefone celular está bastante<br />
disseminada hoje em dia, mas há regiões do planeta onde ainda é fonte de poder<br />
para quem o possui (ou seja, o poder depende do lugar). (op. cit.).<br />
5. Elton Mayo e o Estudo Científico da Organização do Trabalho<br />
Figura 06: Elton Mayo (1880 – 1949)<br />
N asceu em Adelaide, na Austrália. Psicólogo, trabalhou a maior parte de sua<br />
vida na Harvard Business School.<br />
Realizou estudos importantes com relação ao comportamento e aos resultados<br />
da produtividade no trabalho entre 1923 e 1944.<br />
Em 1923, estudou as causas do alto índice de turnover em uma indústria de<br />
confecções na cidade de Filadélfia. Em 1943, no sul da Califórnia estudou sobre o<br />
absenteísmo e o turnover em uma indústria de construção aeronáutica.<br />
Responsável pela coordenação e realização da Experiência ou Inquérito de<br />
Hawthorne entre 1924 e 1939.<br />
Os trabalhos de Elton Mayo estão situados em uma perspectiva oposta aos de<br />
Max Weber, isto é, valorizando os fatores não formais na organização da empresa,<br />
especialmente a importância das relações humanas. (NETO, 1981, p. 52).<br />
23
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
São os elementos psicossociais que predominam em seu esforço de<br />
reinterpretação, sempre tendendo à observação dos comportamentos das pessoas/<br />
organização/direção/pessoas.<br />
Elton Mayo realizou vários estudos sobre o comportamento humano nas<br />
organizações, dentre eles pode ser destacado como o de maior importância, a<br />
Experiência ou Inquérito de Hawthorne. Outros, porém, não de menor relevância foi<br />
o estudo do absenteísmo e do turnover, na Indústria Aeronáutica e de Confecções,<br />
no sul da Califórnia e no Estado da Pensilvânia, na cidade de Filadélfia.<br />
5.1 Elton Mayo na Universidade de Harvard<br />
As atividades científicas de Elton Mayo se desenvolveram na Universidade de<br />
Harvard, no Departamento de Pesquisa Industrial da Harvard School of Business<br />
Administration. Nesta instituição ele realizou pesquisas no campo das relações<br />
humanas. (NETO, 1981, p. 52).<br />
Seu primeiro trabalho foi em 1923, quando foi convidado para estudar as causas do<br />
alto índice de turnover, em uma indústria de confecção na Filadélfia, no departamento<br />
de fiação. Essa pesquisa foi realizada entre outubro de 1923 e setembro de 1924,<br />
período que foram feitos vários estudos no ambiente de trabalho através de mudanças<br />
experimentais, nas quais os pesquisadores e a direção da fábrica conseguiram fixar<br />
uma solução para o problema do turnover.<br />
A solução encontrada foi a criação de um sistema de períodos alternativos de<br />
descanso em que se dava a cada grupo de três trabalhadores a decisão de determinar o<br />
método e alternação dos períodos de descanso, de modo que cada um deles tivessem,<br />
quatro períodos de repouso por dia. (NETO, 1981).<br />
Assim, dessa maneira, desapareceram as queixas, a melancolia e a preocupação.<br />
A produção teve uma elevação significativa, e a redução da taxa anual de turnover<br />
ficou em 6%. Na época, os resultados obtidos foram atribuídos a razões puramente<br />
psicológicas e fisiológicas. Porém, em 1945, Mayo faz uma nova interpretação dos<br />
resultados, dizem que estes foram alcançados também, pela presença de fatores<br />
sociais.<br />
Desta forma, Elton Mayo reputa a solução encontrada ao fato das pausas<br />
para descanso terem permitido transformar um grupo social, em uma reunião de<br />
trabalhadores. O que agregou ao grupo informal eliminar o caráter de solidão.<br />
Em 1943, Elton Mayo realiza outra pesquisa, desta vez no sul da Califórnia, sobre<br />
o absenteísmo e o turnover numa empresa de Construção Aeronáutica. Nesse ano, a<br />
guerra havia perturbado o mercado de trabalho, de tal forma que se estimava, que em<br />
cada mês, aproximadamente 25 mil pessoas entravam no sul da Califórnia e cerca de<br />
12 a 14 mil deixavam a região. Neste período, a rotatividade na empresa aeronáutica<br />
oscilava a uma taxa de 70 a 80%, aproximadamente. Assim, os pesquisadores<br />
passaram a investigar pequenos grupos de operários na empresa.<br />
Foram identificados 71 grupos destas categorias, sendo 100% satisfatórios do<br />
ponto de vista da frequência, e, outras, categorias, insatisfatórios.<br />
24<br />
Um dos grupos, liderado por um chefe compreensivo e composto por operários<br />
psicologicamente solidários uns com os outros, apresentava índice menor de
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
absenteísmo do que o da empresa no total, e uma excelente taxa de preferência ao<br />
serviço (OLIVEIRA, 1999, p. 59).<br />
Os resultados foram obtidos através da habilidade do chefe do grupo, de assegurar<br />
para cada trabalhador uma relação efetiva e agradável com seus colegas. (op. cit.).<br />
Tais relações são mais decisivas no ajustamento do homem ao trabalho do que<br />
instalações, períodos de descanso, música, pavilhões de dança e outros procedimentos<br />
semelhantes (NETO, 1981, p. 54).<br />
Neste sentido, a grande contribuição de Elton Mayo, ficou comprovada nos<br />
resultados das pesquisas de campo, que as relações humanas são fatores decisivos<br />
na produção, cuja tratamento estava fora do alcance da tecnologia e da técnica de<br />
organização formal.<br />
Assim, abriu-se uma nova perspectiva na forma de agir nas empresas, cujo o<br />
objetivo é levar ao máximo a cooperação espontânea entre os trabalhadores. (NETO,<br />
1981, p. 54).<br />
5.1.2 O Inquérito ou a Experiência de Hawthorne<br />
Trata-se da mais importante pesquisa realizada por Elton Mayo, que teve seu início<br />
em 1924 e foi concluída em 1939, na Companhia Western Eletric, em Hawthorne,<br />
próximo de Chicago.<br />
Essa pesquisa foi dividida em quatro fases. Na primeira fase, estudou-se os<br />
efeitos da iluminação sobre a produtividade dos trabalhadores; na segunda fase, os<br />
estudos da sala de montagem de relés; na terceira fase, o programa de entrevistas;<br />
na quarta e última fase, a sala de montagem de terminais.<br />
Embora tenha sido um estudo de alto custo, os resultados do Inquérito<br />
revolucionaram a concepção de gerenciamento e direção dentro das empresas. Estas<br />
passaram a ter atitudes, tanto no campo psicológico como no sociológico de que o<br />
empregado, e a natureza do grupo social de que ele participa, são fatores decisivos<br />
de produtividade (OLIVEIRA, 1999, p. 52).<br />
A partir dessa pesquisa, Elton Mayo concluiu que toda direção se defronta com<br />
três tipos de problemas:<br />
1. O de aplicação da Ciência e da habilidade técnica;<br />
2. O de sistematização das operações;<br />
3. O de organização de cooperação permanente. (op. cit.).<br />
Diante das pesquisas realizadas, à luz dos benefícios trazidos para os executivos<br />
e dirigentes das empresas, os investimentos feitos nessa área, não devem ser<br />
considerados despesas. Tendo em vista, a aplicação dos métodos e processos das<br />
Ciências do conhecimento: Psicologia, Sociologia e a Política na organização social<br />
da empresa.<br />
Os estudos feitos em Hawthorne demonstraram que a eficiência no trabalho está<br />
condicionada pelos fatores de natureza não apenas econômicos, mas também, por<br />
questões de ordem política, moral, social e de qualidade de vida no trabalho. Elton<br />
Mayo e sua equipe concentraram a maior parte de seus esforços na investigação de<br />
relações pessoais e de grupo.<br />
25
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
Mostra também, a necessidade de elevação dos papéis e do status do indivíduo<br />
na empresa, e a forte influência dos grupos informais no ajustamento psicológico dos<br />
empregados, além do aumento nas taxas de produtividade e diminuição das faltas ao<br />
serviço e de abandono do emprego (OLIVEIRA, 1999).<br />
Elton Mayo e sua equipe, através de uma série de provas e alternativas, definiram<br />
o núcleo do seu problema de investigação ao relacionar a estrutura social com a<br />
personalidade, situou firmemente o estudo das relações de trabalho num contexto<br />
sociológico. Mayo chegou a escrever em 1945, que:<br />
“Não se tinha dado conta plenamente, em 1923, da<br />
forma tão profunda pela qual a estrutura social da<br />
civilização se tornou alterada pelo desenvolvimento<br />
científico da engenharia e da indústria. Esta mudança<br />
radical – passagem de uma ordem estabelecida a uma<br />
ordem adaptável – originou uma série de problemas<br />
novos e imprevistos para a direção e o trabalhador<br />
individual. O problema da direção surge de uma forma<br />
mais aguda nas tarefas de comando. A direção já não<br />
trabalha com uma equipe de pessoas que conhece<br />
durante muito anos ou quiçá durante uma vida inteira:<br />
trata-se de um líder de um grupo de indivíduos que se<br />
forma e desaparece quase ao mesmo tempo em que<br />
o contempla”. (NETO, 1981, p. 60).<br />
Todos esses problemas atingiram qualquer tipo de organização formal, e<br />
acentuaram-se depois da 2ª Guerra Mundial. Uma série de pesquisas se estendeu<br />
pelo mundo afora, todas foram marcadas pela influência metodológica de Elton Mayo,<br />
que veio enriquecer a moderna Sociologia das Organizações de novos instrumentos<br />
de abordagem psicossociológica.<br />
6. Aspectos Sociológicos da Nova Ordem Mundial<br />
As rápidas transformações que vem ocorrendo no mundo provocado pelas<br />
mudanças econômicas, tecnológicas e sociais, desde o final do século XX, e no<br />
decorrer do século XXI, dentre as quais: o impacto dos sistemas econômicos, como<br />
aconteceu com a quebradeira dos Tigres Asiáticos em 1997, e mais recentemente,<br />
a com a Bolsa Imobiliária dos Estados Unidos em 2008, que provocaram o chamado<br />
Efeito Borboleta no contexto mundial.<br />
Também ocorreu com o grande desenvolvimento e acessibilidade das tecnologias<br />
de comunicação e informação, com a popularidade do computador que facilitou o<br />
armazenamento de dados e informações de milhares de obras, e o acesso à internet,<br />
que evoluiu a tal ponto que, permitindo na atualidade o ensino à distância, realidade<br />
que poderá levar o ensino tradicional à uma tendência de desaparecimento.<br />
26<br />
Neste sentido, as mudanças sociais provocadas pelas telecomunicações, que hoje<br />
dita o comportamento do mundo contemporâneo, através das redes sociais. Essa é a<br />
realidade nas grandes, médias e até pequenas empresas, mundo afora. As relações<br />
de trabalho também passaram a ser facilitadas pelas telecomunicações.
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Desta forma, as empresas estão valorizando o funcionário criativo, flexível, capaz<br />
de se adaptar rapidamente às mudanças, isto porque, reproduzir mecanicamente as<br />
informações, o computador faz melhor e mais rápido. Portanto, é preciso que esse<br />
funcionário adquira algumas habilidades como raciocinar logicamente, domínio de<br />
um ou mais idiomas e da informática. Somente assim, é que estará preparado para<br />
ingressar no mercado de trabalho cada vez mais competitivo.<br />
Por outro lado, exige-se daquele que deseja galgar cargo hierarquicamente mais<br />
elevado (futuro administrador) que possua a capacidade de planejar, organizar e dirigir<br />
recursos que as empresas dispõem, em sua grande maioria, muitas vezes inferiores<br />
aos que os executivos gostariam de administrar.<br />
Porém, diferentemente de outras épocas, as empresas do século XXI, motivadas<br />
pela globalização, estão buscando nos jovens profissionais outros valores sociais,<br />
psicológicos e culturais, tais como:<br />
1. Atitudes – a questão da postura tem sido um ponto crucial entre aqueles<br />
que buscam uma vaga no mercado de trabalho e o comportamento esperado<br />
por parte da empresa. Não é de se estranhar que jovens profissionais não<br />
saibam se comportar numa entrevista de emprego. Certos vícios adquiridos<br />
no decorrer da vida (acadêmica e pessoal), como apatia, a maneira desleixada<br />
de se vestir, fumar na hora da entrevista, se comportar de forma arrogante e<br />
esquecer as convenções sociais, postura na hora de sentar, falar gíria, todos<br />
esses comportamentos são valores negativos que devem ser esquecidos. As<br />
empresas em sua maioria são organizações conservadoras.<br />
2. Idiomas – falar um ou dois idiomas (inglês e/ou espanhol), são muito necessários,<br />
mas, não imprescindíveis.<br />
3. Informática – muito necessário, senão imprescindível. As empresas estão<br />
buscando jovens profissionais que tenham habilidade e familiaridade com<br />
processadores de texto como o Word e planilha Excel. No tocante à internet,<br />
é necessário saber trocar mensagens ou buscar sites e saber o que fazer com<br />
as informações. Isto é, separar as informações boas das informações ruins.<br />
4. Cultura Geral – existe a necessidade de ler os clássicos da literatura, revistas<br />
especializadas, jornais diariamente, em fim, está atualizado.<br />
5. Trabalho em Equipe – as empresas buscam jovens profissionais com capacidade<br />
de trabalhar em equipe e com criatividade dando um fim ao individualismo.<br />
6. Empatia – a capacidade que deve ter os jovens profissionais de se envolver<br />
totalmente com a empresa, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do<br />
outro.<br />
7. Curiosidade Intelectual – as empresas estão a procura de pessoas que<br />
aprendam a aprender, interessadas em descobrir coisas novas e antigas que<br />
possam aumentar o seu conhecimento, e com isso, aprimorar a sua intelectualidade.<br />
8. Planejamento – as empresas têm prestigiado aqueles que se preocupam em<br />
alcançar objetivos a médio e longo prazo, em saber o que precisam saber<br />
em tempo de futuro e quais as novas habilidades que pretende desenvolver.<br />
9. Além do Diploma – um novo tipo de comportamento das empresas frente<br />
as técnicas de recrutamento e seleção. O diploma, mesmo das melhores<br />
faculdades, deixou de ser a coisa mais importante, para muitas empresas, há<br />
pelo menos 10 anos. Nos dias de hoje, não é incomum encontrar profissionais<br />
27
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
recém-formados e com experiência, desempregados, embora formados por<br />
instituições de renome nacional.<br />
Assim, pela análise sociológica que envolve esses novos fenômenos sociais,<br />
as empresas perceberam que é exatamente isso que está faltando nos jovens<br />
profissionais (alunos bem nascidos das melhores universidades), que chegam de salto<br />
alto para disputar um jogo que é bastante duro. E que muitas vezes acaba em decepção<br />
(OLIVEIRA, 1999). O resultado está aí. Alunos frustrados e pouco preparados para<br />
o mercado de trabalho tão competitivo.<br />
• Atividade do Fórum: Agora que você já percebe a Sociologia do Trabalho,<br />
que tal identificar qual é o método de pesquisa usado pelos cientistas do<br />
comportamento e sua aplicabilidade nas empresas!!! Aqui vai uma dica – faça<br />
uma pesquisa na obra “Sociologia das Organizações” de Sílvio Luiz de Oliveira.<br />
Apresente suas considerações no fórum da disciplina. Aguarde comentários de<br />
seus colegas e do Professor tutor.<br />
7. Introdução ao Estudo Sociológico das Organizações<br />
A desestruturação da sociedade tradicional, com a<br />
perda de suas principais referências, que garantia<br />
um mínimo de estabilidade, como a organização<br />
econômica baseada na agricultura, e a existência de<br />
um claro domínio político da nobreza provocaram a<br />
necessidade de encontrar alternativas que servissem<br />
como modelo a um novo tipo de organização social.<br />
(DIAS, 2008).<br />
E, para tanto, era necessário surgir uma ciência que estudasse os fenômenos que<br />
estavam ocorrendo, visando entendê-los, interpretá-los e propor alternativas viáveis.<br />
Os estudos dos novos fenômenos sociais trazidos pela industrialização tornaram<br />
objeto de estudo das ciências sociais. Esse fato demonstra a necessidade de estudo<br />
da organização industrial, a qual caminha paralelamente com o desenvolvimento da<br />
nova ciência, a Sociologia. (op. cit.).<br />
O início dos estudos nas indústrias coube a uma área de estudo denominada<br />
Sociologia Industrial, considerada a precursora da disciplina Sociologia das<br />
Organizações.<br />
No final do século XIX, com a Revolução Industrial se<br />
espalhando por todo o globo, os estudos organizacionais<br />
tornaram-se cada vez mais necessários e desenvolvese,<br />
concomitantemente com a análise sociológica,<br />
uma vertente de teóricos, em sua maioria engenheiros<br />
e gerentes, que produzem uma literatura sobre as<br />
organizações e que no seu conjunto constituem a<br />
denominada Escola Clássica ou Tradicional. (DIAS,<br />
2008, p. 2).<br />
28
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Assim, a disciplina Sociologia das Organizações nasce juntamente com a Teoria<br />
das Organizações, e torna-se muito difícil desvencilhar uma da outra, sendo que ao<br />
longo de todo o século XX podemos afirmar que o estudo sociológico das organizações<br />
confunde-se com aquele realizado em torno da Teoria das Organizações. (id. ibid).<br />
7.1 Surgimento da Sociologia<br />
A Sociologia surgiu no século XIX num momento em que se consolidava a primeira<br />
fase da Revolução Industrial.<br />
Suas abordagens iniciais buscavam compreender o contexto da industrialização e o<br />
papel desempenhado na sociedade pelas novas e dinâmicas organizações empresariais<br />
e os seus principais agentes: o empresário capitalista e o operário.<br />
Desenvolveu-se essa nova disciplina primeiramente com o objetivo de compreender<br />
as mudanças que estavam ocorrendo na nova sociedade que se erguia sob a influência<br />
da indústria; em seguida, passou para uma abordagem analítica e crítica.<br />
O surgimento da Sociologia ao longo do século XIX é possível porque há uma<br />
crescente tomada de consciência da existência de uma sociedade complexa e dinâmica,<br />
geradora de novos problemas sociais, que gradativamente vai sendo considerada<br />
como objeto de análise, em cujo estudo se pode adotar o método científico. (id. ibid).<br />
Do ponto de vista dos primeiros sociólogos, a empresa torna-se a instituição<br />
básica e modelar da nova sociedade, é o eixo central de articulação de uma sociedade<br />
dinâmica baseada na produtividade.<br />
Os industriais e os novos trabalhadores assalariados, unidos por vínculos<br />
recíprocos de direitos e obrigações, formam o núcleo desta nova instituição na qual<br />
se incorporam gradativamente novas posições sociais.<br />
7.2 O Estudo das Organizações<br />
Motivados pelas mudanças na estrutura social, que estavam associadas com a<br />
industrialização e a crescente burocratização, intelectuais das mais diversas disciplinas<br />
começaram a prestar mais atenção às organizações e seus efeitos na vida social<br />
(DIAS, 2008, p. 5).<br />
O conceito de organização tem como ponto de<br />
partida a Sociologia, mas tem vínculos com outras<br />
disciplinas, tanto em termos de estudo quanto<br />
aplicação, que correspondem basicamente às<br />
ciências sociais e do comportamento (Sociologia,<br />
Antropologia e Psicologia) e ao econômico empresarial<br />
(Administração, Economia). (DIAS, 2008, p. 5.)<br />
As primeiras abordagens tiveram como foco principal, a racionalização do processo<br />
de trabalho, deixando num segundo plano (e até ignorando) o ambiente externo da<br />
organização e o papel dos grupos informais no processo de trabalho, destacando-se<br />
nesse período os trabalhos de Taylor e Fayol. (id. ibid. p.5).<br />
As análises e conclusões de Weber sobre as transformações no sistema<br />
administrativo das administrações governamentais, e a importância que deu ao<br />
29
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
sistema administrativo racional-legal, contribuíram para reforçar as proposições desse<br />
conjunto de autores reunidos no que denominamos de Escola Clássica. (id. ibid. p.5).<br />
Desse modo, o enfoque especificamente sociológico do estudo das organizações<br />
está concentrado nas estruturas de funções sociais e no comportamento dos<br />
indivíduos, com base nos papéis que lhe são atribuídos.<br />
Isto quer dizer, que a Sociologia se diferencia das demais ciências, por ir ao<br />
cerne da questão do estudo das organizações. Ou seja, ela se detem em estudar as<br />
várias formas de comportamentos dos indivíduos e a técnica, o indivíduo e a produção<br />
mecanizada, o trabalhador e a máquina. (NETO, 1981).<br />
Neste sentido, as primeiras pesquisas sobre a sociologia do trabalho nas<br />
organizações foram realizadas por Max Weber, cujo objetivo era a seleção e adaptação<br />
dos trabalhadores, onde várias questões foram levantadas junto aos trabalhadores<br />
da indústria da época.<br />
Assim, alguns resultados colhidos pelo sociólogo, dão conta de que a seleção dos<br />
trabalhadores se desloca do problema de volume no mercado industrial ao problema<br />
mais específico da sua estrutura, ou seja, relacionam-se com os problemas de<br />
mobilidade geográfica e social, e ainda da mobilidade industrial e profissional; isto é,<br />
de mudança de um lugar para outro, de uma classe social para outra, como também,<br />
mudanças de indústria ou de profissão (NETO, 1981).<br />
Outros estudiosos como Elton Mayo e Karl Popper, em seus estudos referemse<br />
sempre a sociedades “abertas” e sociedades “fechadas”, que são sociedades<br />
obrigadas a uma readaptação constante em oposição a sociedades fixas. (op. cit.).<br />
Os estudos em vários países revelaram que a grande maioria dos filhos dos<br />
trabalhadores industriais (mais de 70%) são direcionados ao trabalho industrial,<br />
seguindo assim, a mesma profissão de seus pais. Também se comprovou que a<br />
mobilidade geográfica da classe operária se mantinha dentro do limite relativamente<br />
angustioso.<br />
Desse modo, em prosseguimento aos estudos sociológicos nas organizações, e<br />
como uma reação adversa as versões tecnocráticas dos resultados de estudos de<br />
alguns sociólogos da época, os cientistas sociais da década de 1930 e 1940 passaram<br />
a se contrapor a essas concepções racional-instrumental da organização (DIAS, 2008).<br />
Entre esses pesquisadores, os psicólogos descobriram motivos individuais mais<br />
complexos, e os estudos de antropólogos e sociólogos revelaram a existência não<br />
oficial de padrões informais de cooperação, normas compartilhadas e conflitos dentro<br />
de cada grupo e entre gerentes e trabalhadores.<br />
Destacaram-se nesse período os trabalhos de Elton Mayo sobre o comportamento<br />
das trabalhadoras de uma fábrica da Western Electric (A Experiência de Hawthorne),<br />
que constituem o marco inicial da Teoria das Relações Humanas. (op. cit.).<br />
30<br />
Nessas abordagens iniciais tanto da Escola Clássica quanto da Teoria das Relações<br />
Humanas o que estava ausente era a análise da organização como uma unidade social,<br />
um agente diferenciado da sociedade.
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Considerando este aspecto, entre os primeiros que estudaram a organização<br />
como uma unidade de interesse estava Chester Barnard (As Funções do Executivo)<br />
e Philip Selznick (Fundamentos da Teoria de Organização), que observaram que as<br />
organizações não eram somente sistemas de produção técnica, mas também sistemas<br />
sociais adaptáveis que buscavam sobreviver em seu meio ambiente.<br />
Foi a partir dos estudos de Barnard e Selznick, na década de 1950, que estudiosos<br />
criaram duas visões da organização, identificando-as com um sistema racional e um<br />
sistema natural.<br />
Na perspectiva do sistema racional considera as organizações como instrumento<br />
que podem ser conscientemente manipulados e moldados para realizar determinados<br />
fins Na perspectiva do sistema natural vê a organização como um sistema orgânico<br />
buscando sua sobrevivência, como coletividade que envolve espontaneamente<br />
processos indeterminados. (DIAS, 2008).<br />
As críticas à racionalização mecanicista se intensificaram nesse período com a<br />
utilização da abordagem sistêmica e o desenvolvimento do estrutural-funcionalismo<br />
na sociologia dos anos 50. No início da década de 1960, o sociólogo francês Michel<br />
Crozier, em sua obra “O Fenômeno Burocrático” de 1963, concluiu que é inevitável<br />
que as organizações se adaptem às mudanças do meio ambiente. (op. cit.).<br />
Desse modo, as críticas à Escola Clássica da Administração pautaram o estudo<br />
das organizações no início do século XX, entre os anos de 1950 e 1960. E nos dias<br />
atuais, o grande gargalo dos estudos das organizações continua não sendo diferente,<br />
ou seja, ainda se busca uma solução para entender a interdependência das estruturas<br />
formais e informais, e administrar o que se constitui sistemas cooperativos e estruturas<br />
sociais adaptáveis.<br />
7.3 A Sociedade e as Organizações<br />
Sem as organizações o ser humano não conseguiria reverter a sua vantagem<br />
física em relação a outras espécies e não conseguiria atender às necessidades de<br />
milhões de seus membros, entre outras realizações que só se tornaram possíveis com<br />
a sua existência (DIAS, 2008, p. 16). Ou seja, no sentido de que as organizações,<br />
sejam elas quais forem, somente podem ser compreendidas se consideradas como<br />
integrantes de uma estrutura social maior (a sociedade).<br />
Neste sentido, a sociedade as condiciona em seus fins, estrutura e processos e<br />
por sua vez pode torná-las importantes protagonistas de transformações, seja como<br />
obstáculos ou propulsoras de fins coletivos de diferentes grupos sociais.<br />
O princípio fundamental de qualquer organização é uma divisão de trabalho,<br />
possibilitando uma multiplicação das capacidades individuais. Desta forma, surge<br />
assim, um ser social que apresenta um nível de produtividade que não é a soma das<br />
produtividades individuais que o compõem, é muito maior. Isto devido à percepção<br />
holística, a qual a soma das partes não é maior do que o todo.<br />
Desta forma, considera-se que as organizações sempre estão em contínua<br />
interação com o seu meio (a sociedade), e são condicionadas por este. Assim, em<br />
uma análise mais acurada pode-se encontrar diversos tipos de organizações em vários<br />
momentos da História.<br />
31
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
O que demonstra que as organizações sofreram a<br />
influência dos complexos processos que surgiram com<br />
a Revolução Industrial. É nesse período, histórica e<br />
geograficamente determinado, final do século XVIII na<br />
Inglaterra e século XIX no restante da Europa e Estados<br />
Unidos, que surge um tipo de organização econômica<br />
dos mais importantes: a empresa, que no seu início<br />
era identificada exclusivamente com a fábrica. (DIAS,<br />
2008, p. 18).<br />
Nos países sul-americanos, chegou no final do século XIX e início do XX, ainda<br />
em sua fase inicial, quando os Estados Unidos da América e Europa entravam na fase<br />
da segunda Revolução Industrial.<br />
Em decorrência, nos países sul-americanos, as organizações tiveram diferenças<br />
na criação de culturas organizacionais, nas relações sociais internas, na concepção<br />
e papel das empresas na sociedade etc. (DIAS, 2001).<br />
Os fundadores de muitas empresas nacionais na primeira metade do século XX<br />
tiveram formação baseada num tipo de estrutura que Weber denominou de tradicional,<br />
patrimonialista em sua essência, onde se praticava o nepotismo e relações informais<br />
de subordinação.<br />
A empresa quando surgiu, era uma instituição que pertencia a uma pessoa ou<br />
a um pequeno grupo, que possuía o capital necessário, as máquinas para produzir<br />
mercadorias, e estas eram produzidas para um mercado cada vez mais crescente e<br />
competitivo.<br />
Para as organizações produzir essas mercadorias, era necessário o emprego de<br />
trabalhadores, para manusearem as máquinas, e outros empregados que mantivessem<br />
o controle dos operários, capatazes, por exemplo, de forma mais simples, eram as<br />
fábricas que assumiam rapidamente a posição de frente das atividades econômicas.<br />
Assim, os empresários ou patrões, ou industriais, e os operários (proletários) formam o<br />
núcleo desta organização (a fábrica) à qual vão se incorporando gradativamente outras<br />
posições sociais, como técnicos e empregados administrativos. (DIAS, 2008, p. 19).<br />
Essa forma de organização se espalhou por toda parte do mundo durante o<br />
século XIX e XX, tendo em vista seu sucesso, e em função disso, fez com que outras<br />
organizações adotassem formas empresariais. O que permitiu que o modelo fosse<br />
copiado para outras áreas não empresariais, como as organizações governamentais,<br />
religiosas, militares, não governamentais etc.<br />
7.4 A Consolidação da Organização Industrial<br />
A organização industrial não surgiu por acaso de um momento para outro, essas<br />
organizações são fruto de vários acúmulos de vivências e experiências que ocorreram<br />
em épocas anteriores à Revolução Industrial. Neste período, surgiram as corporações<br />
de ofício, sendo as mais importantes a manufatura, e as companhias de comércio.<br />
32<br />
Ao longo do tempo e com o desenrolar do progresso da época, ocorreu um processo<br />
de incremento industrial em que foi necessária uma adaptação das organizações às<br />
novas concepções, e às novas necessidades da industrialização.
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Desse modo, houve um período de amadurecimento dessas novas estruturas<br />
industriais, que coincide com o período denominado de primeira Revolução Industrial,<br />
sendo que a, maturidade ocorreu com a segunda Revolução Industrial (DIAS, 2008,<br />
p. 45). Com o decorrer do tempo, foram surgindo propostas que levariam a uma<br />
adequação das organizações industriais, às novas necessidades de produção. Ao<br />
mesmo tempo, foi crescendo a resistência operária à nova cultura que nascia no<br />
interior das fábricas, principalmente a baseada na disciplina.<br />
No final do século XIX, surgiram teorias que tinham como objetivo aumentar a<br />
produtividade, o controle e a submissão do ser humano, que é o único fator imprevisível<br />
na produção. Neste sentido, é que a Teoria da Administração Científica de Frederick<br />
Winston Taylor, trouxe como cerne a questão da busca da eliminação desse fator de<br />
imprevisibilidade, do fator humano. (DIAS, 2008).<br />
7.4.1 Organizações Econômicas Pré-Industriais<br />
Antes da Revolução Industrial existiam organizações econômicas que constituíam<br />
estruturas que precederam as indústrias. Dentre estas, as mais importantes são:<br />
as guildas ou corporações de ofícios, as manufaturas e as grandes companhias de<br />
comércio.<br />
As Corporações de Ofício ou Guildas: ofereciam proteção a seus membros de<br />
duas formas: do mestre a todos aqueles que trabalhavam com ele e da corporação<br />
ao mestre.<br />
Também chamada de guildas ou grêmios, eram<br />
associações que reuniam artesãos ou comerciantes<br />
e que surgiram na Europa durante a Idade Média, a<br />
partir do século XII. Tinham caráter voluntário e seus<br />
principais objetivos eram: garantir o monopólio do<br />
exercício da profissão ou do ramo de comércio; o<br />
controle da qualidade; e da quantidade de mercadorias<br />
produzidas; o treinamento dos aprendizes e a<br />
assistência a seus membros. (DIAS, 2008, p. 46).<br />
Características básicas das Corporações de Ofício: eram constituídas por três<br />
categorias de trabalhadores – o Mestre, os Oficiais (também chamados jornaleiros<br />
ou companheiros) e os Aprendizes.<br />
O Aprendiz – iniciava seu trabalho entre os 12 e os 15 anos de idade, morava<br />
na oficina ou na residência do Mestre. Era submetido à vigilância, à disciplina e aos<br />
castigos físicos pelo mestre.<br />
A corporação estabelecia a contribuição que o pai do aprendiz deveria pagar<br />
ao mestre. Os aprendizes não recebiam qualquer pagamento pelo seu trabalho, e o<br />
tempo de seu aprendizado variava de acordo com o ofício, podendo variar de 01 a<br />
12 anos; após terminar seu aprendizado, tronava-se oficial e depois podiam chegar<br />
a mestre. (op. cit.).<br />
Os mestres eram os donos da oficina, e acolhiam os oficiais e aprendizes. Os<br />
mestres de cada ofício detinham as ferramentas e forneciam a matéria-prima. O oficial<br />
passava a ser mestre através de um exame julgado por membros da corporação.<br />
(idem).<br />
33
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
Unidade I<br />
Para se tornar mestre, o oficial deveria apresentar uma obra prima, ou seja, a<br />
primeira obra por ele executada. A corporação determinava o número de mestres e<br />
de oficinas nas cidades. O tamanho da oficina e o número de oficinas e aprendizes<br />
também eram regulados pela corporação. (idem, ibidem).<br />
As corporações de ofícios se mantiveram legalmente<br />
até o ano de 1824, quando foi promulgada a primeira<br />
Constituição do Império, que as aboliu. Porém, o auge<br />
de suas atividades ocorreu na primeira metade do<br />
século XVIII. Neste período, os ofícios e ocupações<br />
em atividades eram: carcereiro, escrivão, mestre<br />
de capela, cirurgião, rendeiro dos dízimos, lacrador,<br />
mercador tratante, peruleiro, purgador, tanoeiro,<br />
caldeireiro, serralheiro, carreiro, barqueiro, pedreiro,<br />
calceteiro, telheiro, tecedeira, lavandeiro, barbeiro,<br />
sapateiro, ferreiro, alfaiate e carpinteiro. (DIAS, 2008).<br />
As Manufaturas – a fase de produção mecanizada foi uma etapa importante que<br />
sucedeu a corporação de ofícios. Neste período, houve um aumento da produção de<br />
mercadorias, o trabalho conheceu a divisão de suas atividades e, a produção doméstica<br />
no campo controlada pelos mercadores, causou a decadência das corporações de<br />
ofícios. (DIAS, 2008, p.47).<br />
No período da manufatura, o capitalista (empresário) fornecia as ferramentas<br />
e a matéria-prima para que os artesões realizassem o trabalho, ele se encarregava<br />
da venda dos produtos. A manufatura é uma forma de cooperação que predominou<br />
durante o período do capitalismo comercial na Europa, que antecede a Revolução<br />
Industrial, e que de modo geral vai de meados do século XVI até o século XVIII. (op.<br />
cit.).<br />
Para o estudioso do capitalismo Karl Marx, a manufatura pode se originar de<br />
dois modos:<br />
Primeiro: quando os trabalhadores de ofícios diversos e independentes são<br />
concentrados numa mesma oficina, sob o comando de um mesmo empresário, pelos<br />
quais deverá passar o produto até o seu acabamento final.<br />
Segundo: é oposta a anterior, quando os trabalhadores que fazem uma coisa ou<br />
um mesmo tipo de trabalho. Essa forma de trabalho é mais simples, com cada artífice<br />
produzindo a mercadoria por inteiro (DIAS, 2008).<br />
No entendimento de Marx (apud, Dias, 2008, p. 50),<br />
“O período manufatureiro simplifica, aperfeiçoa e<br />
diversifica as ferramentas, adaptando-as às funções<br />
exclusivas especiais do trabalhador parcial. Com isso,<br />
cria uma das condições materiais para a existência<br />
da maquinaria, que consiste numa combinação de<br />
instrumentos simples”.<br />
Em outras palavras: o processo manufatureiro criou as condições para a introdução<br />
das máquinas no processo produtivo que caracterizam o período industrial. (op. cit.).<br />
34<br />
As Companhias de Comércio – constituíram-se na expressão mais forte do<br />
mercantilismo do século XVII. Eram sociedades que detinham cartas especiais
Unidade I<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Uma Visão Geral da Sociologia Aplicada às Organizações<br />
outorgadas pelos Estados concedendo-lhes privilégios, em sua maior parte<br />
monopolísticos, e tinham funções colonizadoras e administrativas nas regiões em<br />
que lhes fosse concedida a exploração, (Idem).<br />
Essas corporações enfrentaram grandes problemas que mais tarde vieram<br />
contribuir para as organizações industriais. Foram problemas com logística,<br />
estocagem de mercadorias, gestão de pessoas, estrutura de poder, conflitos internos<br />
e externos, etc. tais problemas mereceram maiores estudos para as organizações,<br />
pois desempenharam um papel muito importante no processo do desenvolvimento<br />
nos séculos que antecederam a Revolução Industrial.<br />
Essas companhias de comércio eram constituídas por mercadores que se uniam<br />
com o objetivo de explorar novas terras e possibilitar as expedições, instalação de<br />
feitorias etc., o que demandava muito dinheiro. (Idem, Ibidem).<br />
A Companhia Britânica das Índias Orientais foi a<br />
mais famosa companhia inglesa, formada por 101<br />
mercadores, com carta de privilégio concedida pela<br />
Rainha Elizabete, tinha exclusividade para comercializar<br />
com as Índias por 15 anos, dando-lhe o direito de<br />
manter força armada no mar e em terra, fundar feitorias<br />
e fortalezas e nomear administradores. A companhia<br />
recebeu do Estado o monopólio comercial das Índias<br />
Orientais pela rota do Cabo. (DIAS, 2008, p. 51).<br />
No Brasil, como parte da política mercantilista, foram formadas algumas<br />
sociedades por ações que detinham o monopólio de exploração num determinado<br />
território. Foram as seguintes: Companhia Geral do Comércio do Brasil, Companhia<br />
Geral do Grão-Pará e Maranhão, Companhia do Comércio do Estado do Maranhão<br />
e a Companhia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba.<br />
Desta forma, as mudanças iniciadas na Europa nos séculos XVII e XVIII, deram o<br />
ponta pé inicial para um novo processo histórico, marcado pela expansão do capitalismo<br />
mundo afora.<br />
• Atividade do Fórum: Como parte desse tema estudamos a Introdução aos<br />
Estudos Sociológico das Organizações. Assim, para maior aprofundamento em<br />
seus estudos, faça uma pesquisa sobre as Companhias de Comércio que surgiram<br />
no Brasil durante os séculos XVI e XVII. Apresente suas considerações no<br />
fórum da disciplina. Aguarde comentários de seus colegas e do Professor tutor.<br />
• Atividade do Complementar: Caro aluno, a partir deste momento, você<br />
passou a adquirir um novo conhecimento e agregar valor à sua vida profissional,<br />
que poderá levar a melhorar sua posição na empresa que você trabalha. Faça<br />
a atividade proposta para ampliar seus conhecimentos.<br />
Com base nos estudos realizados na disciplina, você, futuro profissional da<br />
Administração, como percebe a relevância da Sociologia na Administração?<br />
Destaque suas contribuições para a Administração na contemporaneidade.<br />
35
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
UNIDADE II<br />
TEMA 2: Sociologia e Administração<br />
Tópicos<br />
As Organizações e as Empresas. Cultura das Organizações – A organização e<br />
suas partes - primeiro pilar. Culturas das Organizações – segundo pilar. Processo<br />
Social e Controle. O Indivíduo Trabalha como foi Socializado. A Interação de Metas<br />
Grupais e o Conflito. Forma e Processos de Controle Social. Grupos Sociais. Cases<br />
e Estudo Dirigido.<br />
Ao Final do Módulo II, o aluno(a) será capaz de entender os conhecimentos da<br />
Sociologia aplicada à Administração, contribuindo no seu dia-a-dia para compreender<br />
os comportamentos dos grupos sociais que formam as organizações. Assim, sugerindo<br />
prescrições para administrá-los com eficiência e eficácia, permitindo que todos os<br />
participantes alcancem com maior facilidade suas metas organizacionais.<br />
Neste tema serão apresentadas abordagens, que, levam o administrador a<br />
compreensão do comportamento e atitudes dos seus colaboradores. Assim sendo,<br />
retratará assuntos ligados à cultura organizacional, o indivíduo, os grupos sociais, os<br />
grupos cooperativos e o controle social.<br />
Neste sentido, encontrar o equilíbrio entre os elementos racionais e não racionais<br />
do comportamento humano constitui um ponto principal da vida, da sociedade e do<br />
pensamento moderno. Assim, constitui-se também o problema central da organização.<br />
(ETZIONI, 1961).<br />
2. As Organizações e as Empresas<br />
“O instrumento mais poderoso que possui a administração é a Organização,<br />
considerada como estrutura e como dinâmica. Por meio da organização, a administração<br />
faz o melhor uso de seus recursos disponíveis, conduzindo assim a empresa à realização<br />
de seus objetivos”. (NETO, 1981, p. 18). Desta forma, percebendo a empresa do<br />
ponto de vista administrativo, a organização representa um meio de garantir e manter<br />
a empresa em posição de destaque no contexto socioeconômico local, regional,<br />
nacional e mundial.<br />
36<br />
Neste sentido, o conceito de Organização é uma<br />
unidade social artificialmente criada e estruturada,<br />
continuadamente alterada para se manter no tempo,<br />
e com a função de atingir resultados específicos que<br />
satisfaçam às necessidades de clientes existentes<br />
na sociedade e, também, às de suas participantes.<br />
(BERNARDES, 2003, p. 14, apud, ETIZIONI, 1967).
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Com isso, passamos agora a entender com maior clareza o significado da<br />
organização. A organização necessita ser vista com particularidade em tipos, de acordo<br />
com as mais diversas necessidades e exigências de seus clientes e/ou consumidores,<br />
e de seus participantes, nos mais variados segmentos de mercados. Assim, pelo fato<br />
de toda organização ser formada por um conjunto de pessoas, ela incorpora vários<br />
aspectos que são característicos de sociedades modernas. Por isto, as organizações<br />
existem para satisfazer às necessidades dos clientes e/ou consumidores.<br />
Portanto, “a Organização é um ente abstrato que só existe enquanto, seus<br />
participantes estiverem emocional ou fisicamente presentes”. (BERNARDES, 2003,<br />
p. 15). Porém, alguns autores não concordam com tal afirmação, argumentam que<br />
contraria a crença das pessoas, que costumam ver na organização, especialmente<br />
na que trabalha ou participam, uma entidade concreta tendo personalidade e até<br />
objetivos.<br />
O tipo de organização mais conhecido são as Empresas, que tem como<br />
característica vender algo, e por isso destaca-se das demais organizações. Ou seja,<br />
“a empresa é um tipo de organização cujos clientes e/ou consumidores trocam seu<br />
dinheiro pelos bens ou serviços que ela produz”. (op. cit). Para Castro (2003, p.<br />
160), “empresa é um grupo organizado, contando com recursos materiais e humanos,<br />
visando à consecução de objetivos determinados e definidos”.<br />
Para atender aos seus propósitos, a organização precisa que alguém planeje,<br />
estruture e coordene o trabalho que seus membros realizam para alcançar os<br />
resultados desejados, ou seja, que alguém administre. Para isso, deve ser contratado<br />
profissional conhecido como Administrador, que “são especialistas em organizações,<br />
cujo sucesso depende de conhecimentos específicos dos processos físicos que<br />
ocorrem nas empresas e, principalmente, das habilidades e experiências em gerenciar<br />
pessoas”. (BERNARDES, 2003).<br />
Portanto, para que o profissional consiga chegar ao nível de Administrador, deverá<br />
obter conhecimentos específicos, ao passo que as habilidades e experiências, somente<br />
serão alcançadas pela vivência da prática de lidar com pessoas e grupos de pessoas.<br />
Fato que, em uma economia globalizada, as exigências são mais contundentes, e<br />
por isso, este profissional necessita de formação acadêmica em Administração. Que<br />
segundo Bernardes (2003, p. 16), “é a aplicação de técnicas com fim de estabelecer<br />
metas e operacionalizar seu atingimento pelos participantes das organizações a fim<br />
de que obtenham resultados que satisfaçam a suas próprias necessidades e às de<br />
seus clientes”. Neste sentido, é perceptível que a Administração visa, que os seus<br />
serviços e/ou produtos, alcance e ao mesmo tempo, satisfaça as necessidades de<br />
seus clientes e/ou consumidores.<br />
Assim, diferentemente de outras práticas que se alteram na proporção que<br />
a tecnologia se modifica, a Administração tem uma particularidade, ou seja, suas<br />
técnicas mudam conforme a cultura da sociedade também muda. Por isso, muitos<br />
princípios de gerenciar grupos de pessoas aceitos no século XX, não podem e não<br />
devem ser mais utilizados nos dias atuais.<br />
2.1 Cultura das Organizações - A Organização e suas Partes: Primeiro Pilar.<br />
A Administração é hoje realidade indispensável ao desenvolvimento. Sem ela, não<br />
se pode explicar o ritmo do progresso da sociedade contemporânea. A Administração<br />
37
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
compreendida como sistema, encontra-se em permanente mudança, pelas forças<br />
dinâmicas de relações com o seu ambiente interno e externo, e pelas suas interações<br />
diversas com os sistemas. Desta forma, as organizações também são complexas pelo<br />
fato de serem compostas por muitas partes. Por isso, é necessário se fazer análise<br />
dessas partes, para uma melhor compreensão e possíveis ajustes na direção que<br />
esta tomará.<br />
As organizações são constituídas de departamentos (por exemplo: de produção,<br />
marketing, finanças e recursos humanos, etc.), cada qual com uma função administrativa<br />
diferenciada e específica. Esses departamentos são formados por grupos de pessoas,<br />
que se constituem em seções, e, portanto, dividem o trabalho e se intitulam como<br />
participantes da organização. É que esses participantes se convertem em elementos<br />
essenciais da estrutura dessa sociedade chamada organização, em busca de meios<br />
de prover tal estrutura, quando sua cultura não consegue modificá-la.<br />
O seu desenvolvimento se caracteriza tanto por sua difusão e/ou por sua<br />
interdependência, como pela mudança de sua estrutura na direção de uma organização<br />
moderna. (NETO, 1981). O crescimento administrativo se manifesta pela forma<br />
como os seus funcionários são recrutados e selecionados, e por sua relação com os<br />
respectivos cargos. Assim, o provimento de cargos mediante contrato e baseado na<br />
aptidão profissional da atividade a ser desempenhada, possibilita a promoção por<br />
mérito e/ou por tempo de serviço.<br />
Desta forma, Max Weber considera também a chamada<br />
configuração interna, que inclui em sua hierarquia, um<br />
forma de subordinação, de controle e de fiscalização,<br />
e ainda a competência dos cargos, a fixação de<br />
obrigações específicas, e as sanções permitidas para<br />
cada empregado; e o fato decisivo de que as atividades<br />
administrativas se exercem segundo um sistema de<br />
regras impessoais e fixas. (NETO, 1981).<br />
Estas formações sociais ainda se distinguem por uma estrutura diferenciada,<br />
horizontal e vertical, que representa um sistema de papéis individualmente assimilados,<br />
e que não estão ligados pessoalmente aos membros que a integram em um determinado<br />
momento. (op. cit.). É neste momento que se percebe a característica racional de uma<br />
organização, ou seja, é a maneira como a organização busca atingir seus objetivos.<br />
Assim, entre os pressupostos importantes do desenvolvimento das organizações<br />
administrativas, destacam-se os fatores técnicos, legais, estruturais e individuais.<br />
Um dos pressupostos estruturais mais importantes do progresso das organizações<br />
é o ordenamento político de uma sociedade. Neste sentido, a harmonização dos<br />
princípios políticos estruturais da centralização e da democratização, contribuiu para<br />
o desenvolvimento das organizações dependendo do predomínio da vida urbana ou<br />
rural, portanto, da espécie da atividade econômica dominante. (idem).<br />
38<br />
Dentre os pressupostos administrativos, outro muito importante é o individual.<br />
Ele vai dimensionar o comportamento racional do indivíduo, ou seja, significa que<br />
o indivíduo está orientado para interesses específicos, e que trata de atendê-los<br />
mediante ponderação dos meios, ajuizado de sua idoneidade. (idem. Ibidem.). Outros<br />
entendem que significa a capacidade de dominar sentimentos, para disciplinar a<br />
satisfação de necessidades em favor da atuação para alcançar objetivos.
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Desse modo, o desenvolvimento do progresso das organizações, exige um<br />
profissional com conhecimentos teóricos e práticos para administrá-los. Portanto,<br />
não basta ser um especialista em planejamento, estruturação e desenvolvimento<br />
organizacional, pois, é necessário também, entender os comportamentos da<br />
coletividade de pessoas (seus funcionários), que é a organização.<br />
2.2 Culturas das Organizações - Segundo Pilar<br />
A Sociologia Aplicada à Administração é a ligação entre<br />
a ciência e a uma prática. Esta fica completa tendo por<br />
base, a cultura organizacional. Neste sentido, os dois<br />
pilares podem ser reunidos para compor um quadro<br />
de referência, cuja finalidade é integrar a Sociologia<br />
com a prática da Administração. (BERNARDES, 2003).<br />
O significado da palavra Cultura em termos do nível do indivíduo qualifica o saber,<br />
a instrução, o desenvolvimento intelectual, ao ponto de se dizer que alguém é culto,<br />
por conhecer música, pintura, literatura, etc. Porém, “em termos do nível social, a<br />
palavra cultura indica um conjunto de comportamentos, crenças e valores espirituais e<br />
materiais partilhados pelos membros de uma sociedade”. (BERNARDES, 2003, p. 20).<br />
Da mesma forma, outros estudiosos conceituaram cultura como sendo: para<br />
Edward Burnett Taylor (apud, Castro, 2003, p. 45), cultura “é aquele todo complexo<br />
que compreende o saber, a arte, a moral, o direito, o costume e quaisquer outras<br />
qualidades e hábitos adquiridos pelo homem na sociedade”.<br />
Nota-se que tal conceito, traz em seu bojo, uma junção dos conceitos anteriores<br />
o tornado mais abrangente em termos civilizatório e humanístico, o que representa<br />
uma base de complexidade de valores e modelos comum a uma sociedade.<br />
Neste sentido, Ralph Linton (apud, Castro, 2003, p. 45), assevera que o conceito<br />
de cultura “compreende três ordens de fenômenos: material (produtos de indústria),<br />
psicológica (conhecimento, atitudes, valores partilhados pelos os membros da<br />
sociedade) e cinética (conduta pública)”. Percebe-se, no conceito acima a possibilidade<br />
de integração dos seus componentes culturais, como sendo a ligação entre a sociedade<br />
e as organizações.<br />
Assim, fica um questionamento: afinal o que é Cultura? Para Bernardes (2003),<br />
o termo possui uma quantidade enorme de definições, já que cada sociólogo ou<br />
antropólogo tem seu ponto de vista que, evidentemente, difere dos demais.<br />
Toda sociedade é composta por uma enorme heterogeneidade, seja por suas<br />
diferenças entre posição social, ou ocupação e renda, seja pela diversidade de habitat.<br />
Esses fatores fazem emergir a existência de grupos sociais, que se comportam como<br />
os demais, porém, com particularidades que lhes são próprias, caracterizando a<br />
formação de Subculturas.<br />
As subculturas são, pois, ramificações da cultura mais ampla da sociedade.<br />
(BERNADES, 2006, p. 57). Podem até existir diferenças entre as subculturas, e/<br />
ou ramificações que dão origem a sub subculturas. O quadro abaixo exemplifica e<br />
demonstra a dicotomia da crença sobre o trabalho, o que gera nas classes sociais<br />
uma percepção muito particular.<br />
39
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
Quadro 1: Exemplos de ramificações da cultura e das subculturas<br />
Fonte: Bernardes, (2006, p. 57).<br />
Um exemplo é a cultura de um país, a brasileira, e as subculturas de suas regiões,<br />
como a do Nordeste e a do Sudeste, ou a cultura de uma localidade e, dentro dela,<br />
a subcultura do campo e a subcultura da cidade.<br />
Outro caso é a negação dos valores do grupo maior por um grupo menor em uma<br />
mesma sociedade, é o que se chama de Contracultura. Para Castro (2003, p. 46), “a<br />
contracultura é um desvio dos padrões vigentes e, mais ainda, constitui uma negação<br />
da cultura, tendo por base outros valores e outras ideologias”. Como exemplo, podese<br />
citar: os punks, sikinheads, rapers e os gangsters.<br />
A essa negação soma-se a apresentação de uma cultura alternativa, que cria<br />
valores, padrões de conduta e modelos que se contrapõem à estrutura, e, por esses<br />
motivos, são rejeitados pela sociedade. Dessa oposição, como resultado pode surgir<br />
o fortalecimento da cultura dominante ou seu enfraquecimento e desestruturação<br />
da mesma.<br />
Conseguindo impor-se, a contracultura transforma-se em cultura dominante.<br />
Como por exemplo, a ascensão e queda do comunismo no Leste Europeu, ilustra dois<br />
momentos em que a contracultura triunfou. (CASTRO, 2003).<br />
2.2.1 Cultura Organizacional<br />
Enfatizando a cultura em suas particularidades organizacionais, pode-se dizer<br />
que “a cultura reflete as visões comuns sobre o modo como as coisas são feitas na<br />
organização”. (DIAS, 2008, p. 384). É assim chamada Cultura Organizacional, por<br />
refletir o ambiente interno e particular de cada organização, e deve ser gerenciado<br />
por trata-se de elemento crítico de sustentação estratégica da organização.<br />
40<br />
A cultura organizacional repousa sobre um sistema de crenças e valores, tradições<br />
e hábitos, numa forma aceitável de interações e relacionamentos sociais típicos de<br />
cada organização. (CHIAVENATO, 2000). Neste sentido, alguns aspectos da cultura<br />
organizacional são percebidos mais facilmente, enquanto outros são mais difíceis de<br />
percepção.
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Assim, comparando a cultura organizacional com um iceberg, os aspectos<br />
mais formais como as políticas e as diretrizes da organização, os métodos e os<br />
procedimentos, os objetivos, a estrutura organizacional e a tecnologia, ficam na parte<br />
de cima ou superior, mais fácil de serem visualizados. Ao passo que os aspectos mais<br />
informais como percepções, sentimentos, atitudes, valores, interações informais<br />
e normas grupais, ficam na parte de baixo ou inferior do iceberg, dificultando sua<br />
visualização.<br />
Desta forma, essas percepções podem contribuir com a cultura organizacional,<br />
quando ela apóia as metas provocando um impacto positivo na eficácia das ações.<br />
Para que isso ocorra, necessário se faz, ela ser amplamente divulgada, compartilhada<br />
e internalizada pelos membros da organização. (DIAS, 2008). Porém, do mesmo modo,<br />
a cultura pode causar impactos negativos na organização. Para que isso ocorra, basta<br />
que sua divulgação, compartilhamento e internalização, influenciem comportamentos<br />
em direção contrária que não sejam das metas organizacionais.<br />
A análise da cultura organizacional é uma tarefa complexa, porque nem todos os<br />
seus componentes são observáveis. “Para melhor entender a cultura organizacional,<br />
é preciso distinguir os componentes que são observáveis diretamente daqueles que<br />
requerem exame aprofundado”. (MAXIMIANO, 2008, p.441). A cultura organizacional<br />
define a maneira como os membros da organização devem interagir entre si e com<br />
o mundo externo.<br />
Uma das principais funções da cultura é regular as relações entre os membros<br />
da organização: como devem interagir, que tratamento devem se dá e como resolvem<br />
conflitos.<br />
1. A cultura define os critérios para avaliação de resultados e do desempenho<br />
dos indivíduos, bem como as ações corretivas a serem implantadas no caso<br />
de erros e problemas.<br />
2. A cultura define o comportamento em relação à autoridade, a forma como<br />
devem se relacionar pessoas de diferentes classes sociais, a estratificação<br />
social e o status das pessoas e dos subgrupos.<br />
3. A cultura define a tendência à solidariedade e ao associativismo em contraposição<br />
ao individualismo. (MAXIMIANO, 2008, p. 445).<br />
A segunda função importante que a cultura desempenha é regular as relações<br />
com outros grupos e com o ambiente externo à organização: a forma como o mundo<br />
exterior deve ser encarado, e como os membros de outros grupos devem ser tratados.<br />
1. A cultura define a missão da organização e seu papel em relação ao meio<br />
ambiente, projetando uma imagem para os clientes, fornecedores e outras<br />
partes interessadas.<br />
2. A cultura define as fronteiras dos grupos; quem é “de dentro” e “de fora”,<br />
bem como o tempo e as condições para os recém-chegados serem aceitos.<br />
3. A cultura define a posição relativa do grupo em relação a outros grupos:<br />
igualdade, superioridade ou inferioridade. (MAXIMIANO, 2008, p. 446).<br />
3. Processo Social e Controle<br />
As decisões de uma empresa são tomadas de acordo com um quadro de<br />
referências (processo social) determinado pela sua cultura. “É fato conhecido que as<br />
41
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
prioridades dos valores variam de uma empresa para outra, dando origem à cultura<br />
organizacional”. (LACOMBE, 2005, p. 229).<br />
Uma cultura bem definida garante consistência e coerência nas ações e decisões,<br />
proporcionando um bom controle social, e em média, melhores condições para se<br />
alcançar as metas organizacionais. As organizações podem ensinar sua cultura por<br />
meio de documentos escritos, nos quais ela estará explicitada, ou por meio de reuniões,<br />
seminários e palestras para seus empregados, o que facilitará sua socialização.<br />
(LACOMBE, 2005).<br />
“Conforme as características dessa socialização, o indivíduo tem por objetivo a<br />
realização ou a afiliação. No primeiro momento, ele funda empresa própria e o mesmo<br />
trabalha na organização. No segundo momento, ele busca amizades e proteção dos<br />
amigos e companheiros”. (BERNARDES, 2006).<br />
3.1 O Indivíduo Trabalha como Foi Socializado.<br />
Ao longo do tempo os sociólogos deram importância a alguns fenômenos sociais,<br />
como cooperação, competição, conflito, acomodação e a muitos outros os quais<br />
chamavam de Processos Sociais. (BERNARDES, 2003). Para se tornar um bom<br />
administrador é muito importante conhecer esses fenômenos, porque eles influenciam<br />
a produtividade, auxiliam nas mudanças organizacionais, sejam elas internas e/ou<br />
externas.<br />
Portanto, a Sociologia denominou esses processos sociais de Socialização.<br />
Isto porque, o indivíduo sofre grande influência desde sua infância em seus<br />
comportamentos, sejam estes coletivos e/ou individuais. Por conta desses processos<br />
de socialização, os objetivos pessoais levam os indivíduos a satisfazê-los, participando<br />
de organizações, sejam estas familiares e/ou da sociedade. (op. cit.). Esses processos<br />
devem ser entendidos pelo administrador por estes desempenharem a função de<br />
alcançar resultados que satisfaçam seus clientes, e que possam dar condições aos<br />
seus colaboradores de trabalharem motivados e satisfeitos, para alcançarem na<br />
organização tudo àquilo que pretendem, porém, desde que eles sejam produtivos.<br />
Assim, dependendo da cultura vigente na sociedade,<br />
e interiorizada por toda uma vida por meio da<br />
socialização, o indivíduo aceita: engrossar as fileiras<br />
da mão-de-obra mal paga por não ser qualificado;<br />
tornar-se um artífice em busca da perfeição; ou ser<br />
um administrador objetivando prestígio e realização.<br />
(BERNARDES, 2003, p. 31).<br />
Neste sentido, como definir socialização? Segundo Bernardes (2003, p. 32),<br />
como um dos componentes de aprendizagem a qual os indivíduos são submetidos,<br />
ou mais precisamente:<br />
42<br />
“é um processo pelo qual, ao longo da vida, a pessoa<br />
aprende e interioriza os elementos socioculturais<br />
de seu meio, integrando-os na estrutura de sua<br />
personalidade sob a influência de experiências e<br />
agentes sociais significativos, e adaptando-os assim<br />
ao ambiente social em que vive”. (ROCHER apud<br />
LAKATOS, p. 86).
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Desse modo, do conceito acima se pode tirar várias deduções, tais como:<br />
1. Em razão das diferenças culturais de um país para outro, a socialização<br />
determina tipos diversos de indivíduos. Por exemplo: os muitos fracassos<br />
nas tentativas de transferir para o Brasil, técnicas visando ao aumento da<br />
produtividade, como no caso da administração por objetivos dos americanos<br />
e do kanban dos japoneses.<br />
2. A cultura ramifica-se em sucessivas subculturas, o que sugere diferenças na<br />
socialização das várias classes sociais e profissionais. Por exemplo: o gerente<br />
de classe média não entende as razões de a mão-de-obra não especializada<br />
desinteressar-se por cursos profissionalizantes com o fim de melhorar o<br />
padrão de vida.<br />
3. Embora a socialização ocorra durante toda vida, seu núcleo é fixado na infância,<br />
após a qual pode, no máximo, mudar nos aspectos mais superficiais.<br />
Por exemplo: o burocrata incompetente e de meia idade que, por injunções<br />
políticas, é fantasiado em diretor ou presidente de empresa estatal, nunca se<br />
transformará em empresário. Isto por lhe faltar experiência administrativa e,<br />
sobretudo, por não ter motivação para negócios, pois, caso a possuísse, já<br />
teria se destacado como dirigente em algum ramo econômico. (BERNARDES,<br />
2003, p. 32).<br />
Portanto, a socialização condiciona quais serão os objetivos pessoais que o<br />
individuo tentará satisfazer nas organizações, seja tentando ser admitido como<br />
empregado, seja criando sua própria empresa. (op. cit.). Assim, o elenco de objetivos<br />
pessoais buscados nas organizações vai além do recebimento de salário. Tais objetivos<br />
decorrentes do trabalho se materializam em três tipos, a saber:<br />
• Tecnologias – terminar a tarefa começada; ter reconhecido o serviço<br />
executado; ter responsabilidade e autonomia; aprender a desenvolver-se<br />
profissionalmente.<br />
• Preceitos – organização ser bem administrada; trabalhar sob chefia<br />
competente; ter oportunidade de promoção; ganhar salário condizente;<br />
ter estabilidade no emprego; desfrutar de prestígio e usufruir de poder.<br />
• Sentimentos – gozar da amizade da chefia e ter bons relacionamentos<br />
com os companheiros. (idem).<br />
Desse modo, decorre que os indivíduos que atuam em organizações passam a<br />
sofrer Pressões Técnicas para alcançarem os objetivos organizacionais, que para<br />
o Bernardes (2003), ”é a exigência que o participante da organização sente para<br />
executar ou não determinado trabalho, independente da chefia ou companheiros”.<br />
Neste sentido, a pressão técnica compõe alguns aspectos que influencia mais ou<br />
menos o desempenho do individuo.<br />
Aspectos da Pressão Técnica:<br />
• A pressão técnica é variável.<br />
• Depende da personalidade.<br />
• Pode ser pressão formal (vindo da chefia).<br />
43
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
• Pode ser pressão social (vindo do grupo de trabalho e suas metas).<br />
Pressão Técnica Efetiva:<br />
Nível do indivíduo – adequação de métodos e processos à realidade cultural;<br />
cobrança por metas individuais e incentivos por meio de bonificação e plano de carreira.<br />
Nível do agrupamento – incentivar a cultura do trabalho em equipe; cobrança<br />
por metas coletivas e incentivos por meio de bonificação e reconhecimento.<br />
Em razão dessa variedade de objetivos, deve-se manter um olhar com viés voltado<br />
para a administração, enfatizando a socialização dos grupos e/ou dos indivíduos<br />
organizacionais. Por isso, a organização precisa ajudá-los a se adaptar às convicções<br />
e aos costumes vigentes. A esse processo chama-se de socialização.<br />
Durante o processo de socialização organizacional, é preciso ter em mente que a<br />
fase mais crítica do processo consiste na entrada da organização, momento em que<br />
a empresa tenta moldar o profissional com o intuito de transformá-lo em funcionário<br />
“bem posicionado”. (ROBBINS, 2009, p. 230).<br />
Neste sentido, a socialização pode ser classificada em três estágios, a saber:<br />
pré-chegada; encontro e metamorfose.<br />
• Pré-chegada: se refere a todo o aprendizado ocorrido antes que o novo<br />
membro se junte à organização, de maneira que ele chega trazendo um<br />
conjunto de valores, atitudes e expectativas. Isso diz respeito tanto ao<br />
trabalho a ser executado quanto à organização. (op. cit.).<br />
• Encontro: momento em que ele vê o que a empresa é de verdade, e confronta<br />
a possibilidade de divergência entre as expectativas e a realidade.<br />
É quando ele confronta a possível discrepância entre suas expectativas<br />
– sobre o trabalho, os colegas, o chefe e a empresa de maneira geral – e<br />
a realidade.<br />
Quando as expectativas são mais ou menos atendidas, esse estágio apenas<br />
reafirma as percepções preexistentes. Quando há divergências, o novo funcionário<br />
precisa passar pela socialização para substituir as impressões anteriores por um novo<br />
conjunto de premissas consideradas desejáveis. (idem)<br />
Em casos extremos, o novo membro pode ficar totalmente desiludido com a<br />
realidade de seu trabalho e desistir do emprego. Um processo adequado de seleção<br />
pode reduzir essa probabilidade.<br />
• Metamorfose: as mudanças relativamente duradouras acontecem. O novato<br />
domina as habilidades necessárias para o trabalho, desempenha com<br />
êxito os papéis que lhe cabem e faz os devidos ajustes para se adaptar<br />
aos valores e às normas do grupo.<br />
44<br />
Pode-se dizer que a metamorfose e o processo de socialização estão completos<br />
quando o novo membro sente-se totalmente confortável com seu trabalho, e com a<br />
organização. Ele introjetou as normas da empresa e do grupo de trabalho, as quais<br />
compreendem e as aceitam.
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Sente-se aceito pelos colegas como indivíduo de valor e confiável, e está seguro<br />
de que tem competência para executar o trabalho com sucesso. Também, compreende<br />
o sistema – não apenas em relação às próprias tarefas, mas quanto às regras,<br />
procedimentos e práticas informalmente seguidas. A metamorfose bem sucedida<br />
deve ter impacto sobre a produtividade e o comprometimento com a organização e<br />
reduzir a propensão do funcionário a desistir do emprego. (idem, ibidem).<br />
Por fim, para que as organizações não demandem muito tempo com os seus<br />
funcionários que tem dificuldades de adaptação, devem buscar a ressocialização de<br />
seus membros através da mudança cultural que valorize o trabalho em grupos, e não<br />
dê ênfase ao trabalho individual.<br />
4. A Interação de Metas Grupais e o Conflito<br />
Os objetivos dos empresários e de seus empregados são muitos diferentes,<br />
porém, podem ser alcançados ao mesmo tempo? Sim, desde que certas condições<br />
permitam que todos alcancem suas metas. (BERNARDES, 2003, p. 41). Portanto,<br />
além de conhecer os objetivos dos empregados, o administrador deve saber o meio<br />
de fazer com que eles sejam concretizados. Ou seja, as metas são conflitantes em<br />
alguns casos, e em outros não. Neste sentido, o administrador precisa entender que<br />
as metas de um indivíduo interferem nas metas de outros.<br />
Assim, o resultado da interação de metas gera sempre o conflito. Desta forma,<br />
embora o conflito seja visto como uma forma de mudanças organizacionais e<br />
comportamentais é sempre recomendável que se tente reduzi-lo através da cooperação.<br />
Mas, para que isso possa acontecer é preciso que haja uma ressocialização do indivíduo<br />
com seu meio, já que, culturalmente a sociedade ocidental ver a competição como<br />
um bem social.<br />
4.1 Metas são os Meios de Alcançar Objetivos<br />
O comportamento do indivíduo não é dirigido para o alcance de objetivos, e sim<br />
da obtenção de coisas mais próximas e concretas, isto se chama de metas que podem<br />
ser conceituadas segundo Bernardes (2003, apud, Ackoff, 1974, p. 7), “são os meios<br />
qualificáveis e às vezes, também, quantificáveis para, dentro de determinado período<br />
de tempo alcançar o objetivo pessoal”.<br />
Acontece que a meta ao ser atingida deixa de existir. Assim sendo, o conceito<br />
de meta que ao ser alcançada se extingue, o torna mais operacional para aplicações<br />
práticas que o objetivo, por razões, a saber:<br />
• O objetivo pode ser mantido e a meta alterada.<br />
• Pelo fato da organização não ter objetivos – somente poder-se-á definir<br />
metas para serem concretizadas. A organização sendo um ente abstrato,<br />
não pode estabelecer metas próprias e sim seus participantes, com<br />
a particularidade de serem por eles alcançadas com fim de satisfazer<br />
objetivos próprios.<br />
• Imposta ou nascida do consenso, a meta se tornará coletiva, caso todos<br />
se esforcem para que ela seja alcançada. Ex. clube de futebol<br />
• Toda meta é constituída por submetas. É preciso que todas as submetas<br />
sejam alcançadas para que a meta final possa ser concretizada.<br />
45
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
• A meta é o resultado concreto a ser obtido. É importante para o administrador,<br />
porque ele deve planejar suas ações e especificar metas e, também<br />
com vai realizar seu controle, e as medidas para que possa alcançá-las. É<br />
necessário também, que o planejamento se estenda as submetas, como<br />
etapas para que as metas sejam alcançadas. (BERNARDES, 2003).<br />
Assim, quando a meta de um indivíduo, participante da organização, é idêntica<br />
a de outro, ocorrem três situações, a competição, a co-orientação e a cooperação.<br />
Nelas, os valores indicam intensidade, direção, e sentido de esforço das pessoas para<br />
atingirem a própria meta, que neste caso é idêntica à dos demais. (op. cit.).<br />
• Competição: é a luta para obtenção de recursos escassos, no sentido de<br />
não serem suficientes para atender todos os postulantes. Por ex: a meta<br />
do candidato de emprego em uma organização é a mesma de outros que<br />
disputam a única vaga, um competindo com os demais porque o lugar vai<br />
ser de um só.<br />
• Co-orientação: caracteriza-se pelo fato de a meta ser comum a todos,<br />
mas cada qual poderá alcançá-la sem prejudicar os demais e, também,<br />
sem precisar de auxílio dos companheiros. Ex.: salário de um operário no<br />
fim do mês. Ser aprovado.<br />
• Cooperação: ocorre quando uma pessoa atinge sua meta somente<br />
quando as demais alcançam as delas. Ela caracteriza-se por ser a meta<br />
comum, mas sua consecução depende do trabalho de todos, significando<br />
que os esforços são no mesmo sentido. Por ex: um time de futebol. Na<br />
organização, corresponde à situação da equipe engajada na execução de<br />
determinado projeto ou tarefa, na qual o fracasso no desempenho de um<br />
prejudica o resultado final pretendido por todos. (BERNARDES, 2003).<br />
4.1.1 As Metas dos Participantes são Diferentes<br />
Assim, quando as metas dos participantes são diferentes ocorrem três situações,<br />
a primeira é divergência, a segunda é paralelismo e a terceira é convergência. Quando<br />
tais situações ocorrem, há sempre o aparecimento de conflitos de interesses. Portanto,<br />
só ocorrerá Divergência, quando as metas individuais dos membros do grupo forem<br />
diferentes e incompatíveis entre si.<br />
O Paralelismo ocorre quando as metas dos indivíduos são diferentes, e estas metas<br />
não interferem uma na do outro. Nas organizações, esta situação deve ser restrita<br />
a alguns casos, pois, como associações de pessoas com finalidades determinadas<br />
são inadmissíveis comportamentos de multidão que não tem direção e nem sentido<br />
definidos. (BERNARDES, 2003).<br />
46<br />
A Convergência ocorre quando as metas são diferentes, porém, indissociáveis,<br />
isto é, só podem coexistir juntas, a exemplo do “ensino e a aprendizagem”. (op. cit).<br />
Portanto, como as metas são diversificadas, para satisfazer seus desejos, as pessoas<br />
necessitam encontrar formas de reduzir os conflitos através da aprendizagem da<br />
cooperação, assim, criando equipes que trabalhem coletivamente. Porém, é verdade<br />
que nem sempre os coletivos são convergentes e eficazes, principalmente em situações<br />
de emergência, quando não há tempo para que o consenso seja alcançado.
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
4.2 Conflito nas Organizações<br />
Anteriormente vimos que o conflito está diretamente ligado às metas e conduzem<br />
à competição e à divergência. Mesmo assim, ocorrendo convergências de metas,<br />
pode haver conflitos por causa do dissenso quanto aos meios para que estas sejam<br />
alcançadas. Desta forma, cabe ao administrador compreender o conflito e administrálo,<br />
já que ele é inevitável, e em alguns casos, salutar à organização.<br />
4.2.1 Conceito de Conflito e as Três Variáveis Culturais<br />
Conflito “é o processo de procurar obter recompensas pela eliminação ou<br />
enfraquecimento dos competidores.” (BERNARDES, 2003, apud, HORTON & HUNT,<br />
1980, p. 257). Neste sentido o conflito abordado pela Psicologia enfoca o conflito<br />
interno à pessoa. Ex. funcionário público – estabilidade X realização profissional e<br />
alto padrão de vida. Já o conflito abordado pela Sociologia enfoca o conflito externo<br />
e decorrente das interações de pessoas e de grupos na forma de comportamentos.<br />
Neste sentido, para administração é viável e mais adequado observar o aspecto<br />
do desacordo, que para melhor operacionalizá-lo deve-se basear nas três variáveis<br />
culturais:<br />
Tecnologia: tem relação com desentendimentos quanto a produtos, processos<br />
e insumos. Ex. o que produzir e como, uso de equipamentos, locais de trabalho e<br />
matérias-primas. Desta forma, ocorre o conflito (dissenso), quanto ao que produzir<br />
e como fabricar, assim como, as lutas para a obtenção de recursos organizacionais.<br />
Preceitos: são resultados das diferenças de crenças, normas e valores. Ex.<br />
greves, luta por cargos e prestígio dentro da hierarquia burocrática das organizações.<br />
Sentimentos: decorrem das frustrações internas que induzem à agressividade<br />
externa para com os outros, gerando ainda, sentimentos de hostilidade que desperta<br />
outro sentimento nos agredidos, o revide. (BERNARDES, 2003).<br />
A agressividade faz parte da natureza do homem, esta se agrava pelo confinamento<br />
e aprendizagem pela socialização. O primeiro caso caracteriza-se pela superpopulação<br />
das cidades, e também nos locais de trabalho. Uma forma de se observar tal fato é<br />
com relação aos animais enjaulados, seus comportamentos são diferentes quando<br />
eles estão em liberdade.<br />
O segundo caso é decorrente da aprendizagem que se traduz na frase “o não levar<br />
desaforo para casa”, que desperta instintos selvagens nos homens, remanescentes<br />
dos tempos das cavernas. Por fim, essa classificação tem grande interesse por servir<br />
de base para a administração dos conflitos.<br />
Assim, os conflitos decorrentes da tecnologia são mais<br />
fáceis de ser resolvidos. Os conflitos que provem dos<br />
preceitos tornam-se mais dificultosos já que exigem em<br />
alguns casos, mudanças culturais para se encontrar<br />
a solução. Estes são decorrentes do dissenso quanto<br />
às crenças e valores internalizados na família e na<br />
sociedade, por esses motivos, mais complicados<br />
de serem solucionados. Porém, os conflitos por<br />
47
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
sentimentos são muito mais difíceis de solução, por<br />
se tratar de fatores inatos e aprendidos na infância.<br />
(BERNARDES, 2003, p. 44).<br />
4.2.2 Administração dos Conflitos Organizacionais<br />
No inicio, a Administração percebia o conflito como uma disfunção do<br />
comportamento humano, por isso, passou a julgar como aberração que deveria ser<br />
evitado a todo custo, e até ser merecedor de punição o individuo culpado. Depois,<br />
passou-se a considerar até benéfico, e alguns estudiosos chegaram a estimulá-lo,<br />
devido ser o conflito, um propulsor das mudanças organizacionais.<br />
Na verdade trata-se de uma questão de intensidade desse fato social que é o<br />
conflito. Para melhor entendimento, devem-se transferir os efeitos do conflito dos<br />
grupos em sociedade para os das organizações. (op. cit.). Dessa forma, pode-se ter:<br />
Efeitos desagregadores do conflito:<br />
• Aumento do ressentimento pessoal e entre grupos;<br />
• Destruição dos oponentes com prejuízos recíprocos;<br />
• Inibição dos canais de cooperação;<br />
• Desvio das metas de produção para as de retaliação.<br />
Efeitos integradores do conflito:<br />
• Provocam a solução de questões pendentes;<br />
• Conduzem à resolução de questões;<br />
• Aumentam a coesão grupal;<br />
• Mantêm os grupos alertados para os interesses de seus membros. (BER-<br />
NADES, 2003 apud, HORTON & HUNT, p. 260-261).<br />
Neste sentido, esses efeitos desagregadores tornam-se um referencial para o<br />
administrador gerenciar conflitos, e, assim, manter as divergências grupais dentro<br />
dos limites dos efeitos integradores através de duas maneiras:<br />
Medidas Preventivas: deve-se fazer com que as metas sejam convergentes, o<br />
que não é fácil de conseguir devido à ênfase da variável cultural dos preceitos nas<br />
organizações. Ex.: prestígio, promoção, estrutura rígida à hierarquia.<br />
Essa situação só pode ser modificada com alterações nos aspectos básicos da<br />
subcultura organizacional, que o administrador somente poderá reduzir e/ou acabar<br />
com as resistências de seus pares, se fizer parte da cúpula e for detentor de poder<br />
(autoridade) para realizar tal mudança.<br />
48<br />
Medidas Corretivas: o primeiro passo é reconhecer a existência do conflito entre<br />
grupos e o segundo é identificar o peso de cada uma das três variáveis culturais, que<br />
dará uma ideia da dificuldade para chegar a uma solução, podendo ser alcançado de<br />
três formas: Negociação, Mediação e Arbitragem.
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Negociação: é a busca de acordo que beneficie ambos os lados, decorrente do<br />
processo entre os conflitantes. Estes devem sentar-se á mesa de negociação, a fim<br />
de entrarem em um acordo que seja bom para ambos os lados.<br />
Mediação: intervenção de um terceiro que restabelece a comunicação<br />
interrompida. Falhando a negociação, aparece a figura de uma terceira pessoa, para<br />
que intervenha fornecendo alternativas de soluções para os dois grupos em conflitos.<br />
Arbitragem: quando os dois passos anteriores falham. Daí caracteriza-se a<br />
entrega da pendência a um terceiro, que dá ganho de causa a um, e derrota o outro.<br />
Essa forma de solução de conflitos deixará sempre sequelas, o grupo perdedor não<br />
aceitará a derrota, e vai sempre está em desacordo com o ganhador.<br />
• Atividade do Fórum: Caro aluno/a, você estudou a interação das metas<br />
e os conflitos decorrentes delas, os quais podem gerar competição de maior<br />
ou menor intensidade pela disputa de recursos organizacionais. Você conhece<br />
algum caso em que as metas não foram alcançados, e que tenha gerado conflito<br />
em sua empresa? Escolha um caso para relatar a seus colegas. E comente<br />
seu desfecho. Apresente suas considerações no fórum da disciplina. Aguarde<br />
comentários de seus colegas e do Professor tutor.<br />
5. Forma e Processos de Controle Social<br />
Controle social “é a pressão coletiva para que seja exibido determinado<br />
comportamento, adquirindo formas diferentes conforme o tipo de interação de metas”.<br />
(BERNARDES, 2003, p. 51). Por exemplo: o aluno que faz parte de um grupo de<br />
estudo e não comparece as reuniões e não colabora com nada, porque, sua meta é<br />
ser aprovado sem fazer esforço e sem estudar.<br />
Então, pode-se dizer que para alcançar os resultados esperados, as organizações<br />
através dos seus administradores conseguem tal feito das seguintes formas: quando<br />
as metas são paralelas, quando são metas divergentes e quando as metas são<br />
convergentes. Assim vejamos:<br />
Os donos de empresas trocam o trabalho por dinheiro<br />
para obterem serviços de seus empregados, pois as<br />
metas são paralelas. Os guardas utilizam o poder<br />
para manter os prisioneiros confinados, por que suas<br />
metas são divergentes. Já os médicos se utilizam<br />
da autoridade para convencerem os pacientes a<br />
se submeterem aos tratamentos prescritos para<br />
as doenças porque as metas são convergentes.<br />
(BERNADES, 2003).<br />
Percebe-se desse modo, que os processos com a finalidade de se concretizar<br />
as diversas formas de controle social, também são diferentes. Assim, a maneira de<br />
ocorrência pode ser através da tradição e/ou do carisma, por ex: o cacique de uma<br />
tribo submete os índios a sua vontade, por que isso está tradicionalmente estabelecido.<br />
O milagreiro do sertão domina os beatos por que estes lhes atribuem carisma. Desta<br />
forma, as organizações ao examinar a remuneração, o poder, a autoridade, a tradição<br />
e as emoções, nota que tais variações correspondem às variáveis culturais, tecnologia,<br />
preceitos e sentimentos.<br />
49
SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO<br />
Acidentes de Trabalho<br />
Unidade II<br />
5.1 As Formas de Controle Dependem dos Tipos de Interação de Metas<br />
Para implantar o controle de metas, é necessário tornar mais evidente a diferença<br />
entre os termos poder e autoridade no controle social, pois, essas palavras denotam<br />
duas formas opostas na aplicação de controle.<br />
Essa diferenciação é importante para o administrador no exercício da sua<br />
profissão, pois passa a compreender por que às vezes as pessoas resistem a suas<br />
determinações, enquanto em outras situações além de colaborarem, produzem o que<br />
se espera delas. (BERNARDES, 2003). Neste sentido trocas, poder e autoridade são<br />
tipos diferentes de controle. Assim, para entender as diferenças desses três tipos de<br />
controle social é preciso saber o que significam.<br />
Troca – é o controle ou influência tendo por base recursos materiais ou<br />
recompensa na forma de remuneração pelo recebimento de algum tipo de contribuição.<br />
(BERNARDES, 2003, apud, ETIZIONI, 1974, p. 33). Desta forma, as metas do<br />
influenciador diferem das do influenciado, porém podem ser atingidas simultaneamente,<br />
desde que os membros participantes entrem em um acordo (paralelismo).<br />
Essa forma de controlar tem por característica, o fato de que todos os envolvidos<br />
ganham, tendo em vista, que eles alcançam as suas metas, apesar destas serem<br />
diferentes. Por exemplo: nas empresas é o caso do colaborador que troca seu esforço<br />
para produzir pelo salário que lhe é pago.<br />
Poder – é o controle ou influência sobre as ações dos outros no intuito de atingir<br />
as próprias metas, sem o consentimento desses outros, contra a vontade deles, ou<br />
sem seu conhecimento ou compreensão. (BERNARDES, 2003, apud, BUCKLEY, p.<br />
264). Nesta situação, o influenciador exerce pressão para obter um determinado<br />
comportamento por parte do influenciado, isso se concretiza utilizando-se o poder.<br />
Nas interações de metas individuais, pode-se dizer que ocorrendo divergência de<br />
orientação por parte das pessoas, haverá dissenso quanto às metas. Sendo assim,<br />
a forma mais praticada de influenciar o outro é através da coerção, seja física e/<br />
ou psicológica, com o intuito de que o influenciado venha a se comportar da forma<br />
desejada, apesar de ser contra sua vontade. (BERNARDES, 2003). Por exemplo: é<br />
o caso do prisioneiro, cuja ação é controlada pelo vigilante (guarda), para que este<br />
não venha a fugir.<br />
Neste sentido, é importante perceber que uma pessoa ou um grupo de pessoas<br />
exerce poder sobre outra pessoa ou sobre uma coletividade, desde que, induza o<br />
dominado a agir contra sua vontade, seus próprios interesses, seja porque é coagido,<br />
ou seja porque é enganado, mas sempre em benefício dos desejos do dominador.<br />
Autoridade – é o controle ou influência sobre o comportamento de outros para a<br />
promoção de metas coletivas, com base em alguma forma verificável de consentimento<br />
destes outros em razão de estarem informados da situação. (BERNARDES, 2003,<br />
apud, BUCKLEY, p. 246).<br />
50<br />
Neste sentido, essa situação é totalmente diferente das outras duas anteriores,<br />
nesse caso existirá convergência de metas, assim é quando ocorre o consenso.<br />
Portanto, o influenciado comporta-se de acordo com a sugestão do influenciador sem<br />
que este precise coagi-lo. A autoridade como controle social, é encontrada em vários<br />
tipos de organizações, sejam associações, entidades religiosas e/ou de beneficência,
Unidade II<br />
SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO<br />
Acidentes de Trabalho<br />
e ONGs.<br />
O sociólogo Max Weber classificou o poder – chamando-o de autoridade, que<br />
ficou conhecido com os subtipos: tradicional, racional-legal e carismático. Fato que,<br />
Buckley vem mostrar, que para Blau, o processo social do controle é baseado também<br />
na remuneração pelas trocas, com isso, pode-se referenciar um quadro que apresente<br />
os subtipos de poder e autoridade, em que se relacionam com as três variáveis<br />
culturais: tecnologia, preceitos e sentimentos.<br />
5.1.1 Autoridade Legitima e Poder Legal: A Variável Tecnologia<br />
Pelo fato dos empregados receberem pagamentos dos patrões, as empresas<br />
receberem incentivos governamentais, e os governos locais receberem subvenções do<br />
governo central, fazem com que essas situações criem uma dependência em função<br />
desses recebimentos. Porém, se os fornecedores de tais recursos, assim o desejarem<br />
podem exercer poder sobre aqueles que desejem ou precisem receber, isto é, obrigar<br />
agir contra suas vontades, isso pode ocorrer com uma simples ameaça, ou com a<br />
suspensão dos benefícios fornecidos. (op. cit.).<br />
Mas, em contrapartida, os empregados podem suspender seus trabalhos ou<br />
reduzir ao máximo permitido por lei, o que também dá para eles uma fonte de poder.<br />
Daí vai resultar que o poder do dominador sobre o dominado é medido pela diferença<br />
entre os valores dos benefícios que cada um fornece ao outro. Desta forma, o controle<br />
pelas trocas permite duas situações opostas, a saber:<br />
1. Autoridade racional – legítima: quando o empresário possui a meta para<br />
produzir e vender seus produtos em troca do capital que compensem os<br />
riscos do investimento, e os empregados possuem a meta de receberem um<br />
pagamento justo pelos seus esforços aplicados na produção dos bens. Tais<br />
metas são convergentes, isso porque, somente pela força do trabalho é que<br />
se produz para que se alcance as vendas, e remunere o capital.<br />
2. Poder racional – legal: em uma equipe poderá ter identidade de metas,<br />
porém, um ou mais participante da equipe divergem quanto aos meios de<br />
alcançá-las, Outro caso, um dos membros dessa mesma equipe poderá achar<br />
que seu pagamento não corresponde ao valor das suas contribuições, e isso<br />
irá levá-lo a reduzir seus esforços de produzir, afetando seu comportamento.<br />
Então, como deverá ser o controle social exercido sobre essa pessoa, para<br />
redirecionar seu comportamento?<br />
Neste sentido, as empresas passarão a exercer o poder sobre aquele que desvia<br />
sua conduta, se se utilizando de ferramentas diferenciais de trocas, como a ameaça de<br />
suspender ou reduzir os benefícios concedidos, por exemplo, punindo pela suspensão<br />
por tempo determinado ou mesmo demissão. Tais medidas têm apoio na lei, como<br />
também, podem constar no regulamento interno da empresa.<br />
5.1.2 Autoridade e Poder Tradicionais: A Variável Preceitos<br />
A autoridade tradicional decorre da tradição, como por exemplo, o chefe do clã<br />
é aceito pelo grupo porque sempre foi assim, ou seja, a substituição do chefe do<br />
clã segue a tradição da tribo. Assim, não importa quem são os vassalos ou súditos,<br />
todos obedecem ao seu “Senhor”. Desta forma, aceitam ter seus comportamentos<br />
controlados, e o seu “Senhor”, estabelece a ordem social ao seu querer, sem leis e<br />
regras, menos aquelas já consagradas pelos costumes.<br />
51
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
Em Administração, as empresa que seguem esse modelo de administrar são<br />
conhecidas como organizações pré-burocráticas. Nessas empresas, a base da<br />
promoção é realizada através do favoritismo, as normas e as regras dependem da<br />
tradição ou capricho e o tempo de mando decorre do grau de sujeição ao seu “Senhor”.<br />
(BERNARDES, 2003, apud, BASIL & COOK, 1978, p. 77-78 e 104-105)<br />
5.1.2.1 Autoridade Tradicional<br />
A autoridade tradicional não é racional, pode ser transmitida por herança e é<br />
extremamente conservador. A legitimação da autoridade tradicional provém da crença<br />
no passado eterno, na justiça e na maneira tradicional de agir. (CHIAVENATO, 2000,<br />
p. 199).<br />
O líder tradicional é o “Senhor” que comanda em virtude do seu status de herdeiro<br />
ou sucessor. Suas ordens são pessoais e arbitrárias, seus limites são fixados pelos<br />
costumes e hábitos e os seus súditos e/ou vassalos obedecem por respeito ao seu<br />
status tradicional.<br />
Segundo Chiavenato (2000), a dominação tradicional é típica da sociedade<br />
patriarcal, quando envolve grande número de pessoas e um vasto território, pode<br />
assumir duas formas administrativas para sobreviver:<br />
1. Forma patrimonial – na qual os funcionários que preservam a dominação<br />
tradicional são os servidores pessoais do “Senhor” – parentes, favoritos,<br />
empregados, etc. - e são geralmente dependentes economicamente dele.<br />
2. Forma feudal – na qual o aparato administrativo apresenta maior grau de<br />
autonomia com relação ao “Senhor”. Os funcionários – vassalos ou suseranos<br />
– são aliados do “Senhor” e lhe prestam um juramento de fidelidade. (op. cit.).<br />
Em virtude desse contrato, os vassalos exercem uma jurisdição independente,<br />
dispõem de seus próprios domínios administrativos e não dependem do “Senhor” no<br />
que tange a remuneração e subsistência.<br />
5.1.2.2 Poder Tradicional<br />
Comenta-se que tanto o poder quanto a autoridade tradicional pertence ao<br />
passado e, assim, pouca utilidade tem para o administrador. Não é verdade, em nosso<br />
país, por exemplo, muitas das organizações existentes, ainda administram na era préburocratica,<br />
pois a tradição faz parte da cultura dessas organizações. Constata-se um<br />
paradoxo na afirmação acima, pelo motivo de que na cultura nacional não dá muita<br />
importância à tradição, aos costumes, aos hábitos e as leis. No entanto, não é bem<br />
assim, pois o empregado ou funcionário obedece ao chefe por deferência a quem<br />
desfruta de prestígio, especialmente, se decorre da propriedade de bens materiais. A<br />
autoridade e o poder são uma questão de grau, ou seja, do valor assumido pela variável<br />
da tradição. Dessa maneira, “é factível identificar a tradição com a variável cultural de<br />
preceitos, pois ela se refere aos usos, costumes, leis, crenças e valores internalizados<br />
nas pessoas pela aprendizagem desde a infância, ou seja, um componente da cultura<br />
intrapsíquica”. (BERNARDES, 2003, p. 55).<br />
52<br />
Neste sentido, pode-se dizer que nas sociedades e nas organizações tradicionais<br />
a variável preceitos assume valores elevados e seu conteúdo se refere à aceitação<br />
de dependência “porque assim deve ser”. (op. cit.).
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
5.1.2.2.1 As Bases do Poder<br />
O poder, isto é, a possibilidade de encontrar obediência a uma ordem determinada,<br />
pode assentar em diferentes motivos de acatamento. Então se pode questionar: De<br />
onde emana o poder? O que leva um indivíduo ou um grupo a exercer influencia sobre<br />
os outros? A resposta para essas questões está na divisão da base ou fontes do poder<br />
em dois grupos, a saber: O poder formal e o poder pessoal, com suas subdivisões em<br />
categorias. (ROBBINS, 2009).<br />
Poder Formal<br />
Baseia-se na posição que o indivíduo ocupa na organização. Esse poder pode<br />
emanar da capacidade de coagir ou recompensar, da autoridade formal ou do controle<br />
sobre as informações. As suas categorias são: poder coercitivo, poder de recompensa,<br />
poder legitimo e poder da informação.<br />
1. Poder coercitivo – sua base é definida como dependente do medo. A pessoa<br />
reage a esse poder por medo das consequencias negativas, se não ceder. Ele<br />
emana da aplicação, efetiva ou possível, de sanções físicas como imposições<br />
de dor, frustração causada pelo impedimento de movimentação ou controle<br />
forçoso de necessidades básicas fisiológicas ou de segurança. Por exemplo:<br />
quando um superior hierárquico ordena tarefas para seu empregado que este<br />
considera constrangedora. Esse superior está exercendo o poder coercitivo.<br />
2. Poder de recompensa – é o oposto do poder coercitivo. Uma pessoa se<br />
submete à vontade ou às diretivas de outra porque isso lhe trará algum<br />
beneficio. Dessa forma, aquele capaz de prover recompensas consideradas<br />
valiosas exerce poder sobre os demais. As recompensas podem ser financeiras<br />
ou não financeiras, incluindo reconhecimento, promoções, atribuições<br />
de tarefas interessantes, etc.<br />
O poder coercitivo e poder de recompensa formam,<br />
na verdade, os dois lados de uma mesma moeda. Se<br />
você pode tirar algo de valor positivo de uma pessoa<br />
ou infligir a ela algo de valor negativo, exerce o poder<br />
coercitivo. Por outro lado, se fornecer algo de valor<br />
positivo a um a pessoa ou remover dela algo de valor<br />
negativo, exerce o poder de recompensa. (ROBBINS,<br />
2009, p. 176).<br />
3. Poder legitimo - É à base de todas as organizações, que se dá pelo cargo que<br />
o individuo ocupa na estrutura hierárquica das empresas. E é representado<br />
pela autoridade que se delega a uma pessoa como resultado de sua posição<br />
na hierarquia formal da empresa. As posições de autoridade incluem tanto o<br />
poder coercitivo como o de recompensa. O poder legitimo, contudo, é mais<br />
amplo que os anteriores. Inclui a aceitação, pelos membros da organização,<br />
da autoridade inerente ao cargo. Por exemplo: quando o diretor da empresa<br />
dá uma ordem, os gerentes e funcionários obedecem.<br />
4. Poder da informação – emana do acesso às informações e controle sobre<br />
elas. Na organização as pessoas que detem dados ou conhecimentos que<br />
são necessários para os demais podem fazer com que estes se tornem dependentes<br />
delas. (ROBINS, 2009).<br />
53
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
Poder pessoal<br />
É aquele que emana de características únicas individuais. Não é preciso ocupar<br />
uma posição formal na organização para se ter poder. O poder pessoal é constituído<br />
por três bases, a saber: talento, respeito e admiração dos outros e carisma.<br />
1. Poder do talento – consiste na influência exercida como resultado da perícia,<br />
da habilidade específica ou do conhecimento. (op. cit.). Assim, à medida que<br />
necessitamos de especialistas como os médicos, engenheiros, tributaristas,<br />
economistas, etc, ficamos mais dependentes deles para alcançar os nossos<br />
objetivos. Isso devido ao poder resultante de um talento específico que cada<br />
profissional detem.<br />
2. Poder de respeito ou referência – a base é a identificação com uma pessoa<br />
que possua recursos ou traços pessoais desejáveis. Se admiro e me identifico<br />
com alguém, esse indivíduo exerce poder sobre mim, porque desejo agradá-<br />
-lo. O poder de referência emana da admiração pelo outro e do desejo de se<br />
parecer com ele. (idem).<br />
Por exemplo: as pessoas se identificam com celebridades (atores, atrizes,<br />
grandes personalidades política, religiosa, intelectual, etc.). Assim, se você<br />
ou eu fizesse um comercial de venda de algum produto na TV, talvez nosso<br />
discurso fosse convincente tal qual o das celebridades, mas, acontece que<br />
os consumidores não se identificariam conosco.<br />
3. Poder carismático – é na verdade uma extensão do poder de referência,<br />
que emana da personalidade e do estilo de uma pessoa. (idem, ibidem). O<br />
líder carismático conquista seus seguidores porque consegue articular visão<br />
atraente, corre riscos pessoais, demonstra sensibilidade pelo ambiente e pelas<br />
pessoas, além da predisposição para adotar comportamentos considerados<br />
não convencionais.<br />
5.2.2 Autoridade e Poder Carismáticos: A Variável Sentimentos<br />
Carisma é a capacidade que o individuo tem de controlar comportamentos de<br />
outros, não pela posição social que ocupa, mas, pela devoção ao lhe atribuir qualidades<br />
excepcionais, como habilidades mágicas, heroísmos invulgar, capacidade mental ou<br />
de conhecimento. (BERNARDES, 2003).<br />
Para que isso ocorra existe uma base psicológica, que se acredita ser a<br />
permanência de estágios de desenvolvimento anteriores à idade cronológica da vida<br />
adulta, continuando como resquícios do pensamento mágico da criança. (BERNARDES,<br />
2003, apud, FOGUEL & SOUZA, 1980, p. 147-150).<br />
Desta forma, as fantasias são mantidas culturalmente pela grande quantidade de<br />
pessoas que conservam ainda esses estágios iniciais da existência. Neste aspecto,<br />
ainda pode-se dizer que tais estágios são reforçados pelo cinema, televisão e revistas,<br />
onde sempre tem um salvador da pátria, um super-herói, que é imposto aos que estes<br />
comandam e os quais lhes têm obediência cega, ao passo que, deveriam mostrar um<br />
trabalho coletivo, que lhes fossem capazes de autogerirem, sem submissão ao seu<br />
comando.<br />
54<br />
Mas, para que nas burocracias o carisma seja mantido, é preciso uma continua<br />
representação teatral, com papéis condizentes e cenários preparados com a ajuda de<br />
símbolos de alto status. (BERNARDES, 2003, apud, THOMPSON, 1967, p. 136-171).
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Segundo Etizioni (1974), “o carisma pode ser baseado, também, na avaliação das<br />
capacidades intrínsecas do influenciador e no reconhecimento de estas realmente<br />
excedem as do influenciado”. Portanto, o controle exercido por professores sobre os<br />
alunos e por muitos especialistas sobre seus clientes tem por base o carisma. Porque<br />
os influenciados não possuem o conhecimento técnico para julgar a veracidade e<br />
validade do conhecimento transmitido, isso os leva a acreditar em suas competências.<br />
Desta forma, o controle pelo carisma pode assumir formas distintas e opostas<br />
em seus efeitos, a saber:<br />
1. Autoridade carismática – baseia-se na devoção afetiva e pessoal dos<br />
seguidores do “senhor” e nas dádivas de sua graça (carisma). Compreendem<br />
habilidades mágicas especiais, revelações de heroísmo, poder mental e de locução.<br />
(ETIZIONI, 1971). Assim, para seus seguidores, os novos aspectos fora de rotina, e<br />
aquilo de que nunca se ouviu falar, e o arrebatamento emocional resultante, constitui<br />
fontes de devoção pessoal.<br />
A obediência de seus seguidores é devida ao seu líder, como pessoa, pelas suas<br />
qualidades fora do comum, e não devido à posição ou dignidade tradicional que este<br />
é investido. Tal obediência vigorará enquanto estas pessoas reconhecerem nele essas<br />
qualidades, ou seja, enquanto seu carisma for provado por fatos. Então, ele perderá<br />
seu poder quando não estiver mais na “graça de Deus”, ao se for lhe tirado seu poder<br />
heróico, ou ainda, se seus seguidores perderem a fé em sua capacidade de liderança.<br />
Em se tratando de organização, o pessoal administrativo é selecionado de<br />
acordo com o carisma e devoção pessoal. A seleção de pessoal não leva em conta a<br />
qualificação, nem tampouco a posição e função, ou formas domésticas ou dependência<br />
pessoal. Neste sentido, o líder carismático utiliza suas capacidades para que as metas<br />
convergentes, ou seja, suas metas e as de seus seguidores sejam alcançadas, daí se<br />
diz que esse líder emprega a autoridade carismática.<br />
2. Poder carismático – baseia-se no caso de o líder carismático utilizar a coerção<br />
psíquica, como uma espécie de força hipnótica com base no grande prestígio que<br />
conseguiu estabelecer, com o intuito de controlar pessoas, induzindo-as a fazer coisas<br />
contra seus interesses e vontades, mas em benefício próprio. (BERNADES, 2003).<br />
Por exemplo: o político que engana seu eleitorado com promessas reais e concretas,<br />
e com isso consegue se eleger, e depois, não cumpre o prometido, além de obter<br />
vantagens pessoais de toda ordem, como também, vota em leis prejudiciais para os<br />
que o elegeram.<br />
Percebe-se assim, que o “líder carismático pode ser um enganador ao se fazer<br />
acreditar que possui capacidades invulgares, mas também pode realmente desfrutar<br />
de conhecimentos e habilidades extraordinárias”. (BERNARDES, 2003, p. 56). Assim<br />
sendo, o que caracteriza o poder carismático é o controle para alcançar metas próprias<br />
que divergem daquelas dos dominados. (BERNARDES, 2003, apud, BUCKLEY, 1971,<br />
p. 276). Portanto, os tipos de classificação de controle social visto nesse tema, são<br />
mais importantes do que outros já mencionados, pelo fato de que são perfeitamente<br />
susceptíveis de integração com as variáveis culturais.<br />
6. Grupos Sociais<br />
O comportamento das pessoas dentro dos grupos sociais, não é a simples soma<br />
dos comportamentos de cada uma delas. Quando reunidas, elas agem de maneira<br />
55
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
diferente daquela de quando estão sozinhas. Desta forma, os conceitos básicos sobre<br />
os grupos sociais demonstram como a sua compreensão pode ajudar a explicar o<br />
fenômeno maior do comportamento organizacional.<br />
Tais situações quando expostas mostram que as pessoas se estruturam<br />
socialmente de formas diversas, desempenhando funções específicas para alcançarem<br />
suas metas. (BERNARDES, 2003). Estes grupos são criados com a finalidade de<br />
fornecer ao cliente interno e também ao externo, benefícios que satisfaçam suas<br />
necessidades. Assim, ocorre uma troca destinada a que se alcance as metas, tanto<br />
dos clientes internos, como dos externos.<br />
Neste contexto, é enfatizada a importância de se pensar na estrutura social<br />
dos grupos, a partir das funções e subfunções que lhes são atribuídas, para que os<br />
participantes desempenhem papéis convergentes à obtenção de resultados.<br />
6.1 Definindo e Classificando Grupos Sociais<br />
Vários autores discorrem sobre o que seria um grupo social a partir do ajuntamento<br />
de pessoas, todas em busca de um mesmo objetivo a ser alcançado. Porém,<br />
implicações maiores ocorrem dentro de um grupo social, seja este familiar, político,<br />
de trabalho, de associação, ou de amizade. Assim, vamos abordar neste tema, as<br />
diversas formas e características dos grupos sociais, para melhor compreensão e<br />
entendimento do futuro profissional de Administração.<br />
Segundo Robbins (2009, p. 101), um “grupo é definido como dois ou mais<br />
indivíduos, interdependentes e interativos, que se juntam visando à obtenção de um<br />
determinado objetivo”. Nota-se que esse grupo de pessoas e/ou indivíduos, compõe<br />
um ente estruturado que passa a existir dentro de seu ambiente, seja ele pessoal e/<br />
ou profissional, o que trará influencia direta em suas características.<br />
Porém, para Bernardes (2003, p. 84), um “grupo é a coleção de pessoas que<br />
se agregam para mais facilmente alcançarem seus objetivos pessoais, mas para<br />
isso precisam receber insumos de seu ambiente e a ele retribuir de alguma forma”.<br />
Percebe-se que os autores definem grupo de forma diferente, mas, com o mesmo<br />
fim. Ou seja, mesmo que os grupos possuam objetivos diferentes, também terão<br />
formas diferentes de se estruturarem para alcançarem os mesmos objetivos. Assim,<br />
os grupos podem ser classificados em grupos: formais e informais.<br />
Grupos formais – são aqueles definidos pela estrutura da organização, com<br />
atribuições de trabalho que estabelecem tarefas. Nesses casos, o comportamento<br />
das pessoas é direcionado em função do alcance de metas organizacionais. Assim,<br />
o grupo formal é a unidade administrativa, que segundo a hierarquia da organização<br />
obedece ao comando de realização de tarefas, com a finalidade de resultados. Para<br />
tanto, as características marcantes desses grupos, são:<br />
56<br />
1. É criado pela cúpula administrativa da organização como um sistema transformador,<br />
com finalidade de atender as necessidades dos clientes internos<br />
e externos.<br />
2. As metas individuais ficam em segundo plano, estas são alcançadas pelo<br />
pagamento de salários aos participantes em troca de seus esforços.<br />
3. As metas individuais são em geral co-orientadas ou paralelas, e às vezes<br />
convergentes.
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
4. A fronteira é determinada pela alta cúpula administrativa, sua permeabilidade<br />
é discreta, exceto para desligamentos voluntários e aposentadorias, os quais<br />
não podem ser impedidos.<br />
5. A duração do agrupamento tende a ser grande, e é garantida por um processo<br />
contínuo de substituição dos seus membros.<br />
6. A estrutura é formalmente constituída e estabelecida, e pode se apresentar<br />
por uma coordenação, por um diretor, chefe, gerente, ou supervisor, em geral<br />
nomeados, ou em alguns casos eleitos.<br />
7. A subcultura enfatiza a tecnologia, os preceitos como apoio da tecnologia, e a<br />
expressão de sentimentos fica por conta dos participantes, mesmo sofrendo<br />
a influência da cúpula administrativa.<br />
8. A ênfase na variável tecnologia resulta na importância dada à especialização<br />
de habilidades com fim de obter eficiência no desempenho do trabalho e, também,<br />
na padronização de treinamento por meio de técnicas. (BERNARDES,<br />
2003). Essas características consubstanciam os desvios das leis normais<br />
(heteronomia), ou seja, regras que provém de fora.<br />
Grupo informal – são alianças não estruturadas de modo formal nem<br />
determinadas pela organização. Ele se forma naturalmente dentro do ambiente de<br />
trabalho, em resposta à necessidade de contato social. (ROBBINS, 2009). Para tanto,<br />
as características marcantes desses grupos, são:<br />
1. É constituído por pessoas que se reúnem para atingir metas individuais em<br />
uma situação cooperativa ou convergente, às vezes como defesa a um ambiente<br />
desfavorável a formação do grupo.<br />
2. A meta é a expansão de sentimentos nos chamados psicogrupos, a qual se<br />
soma a variável tecnológica nos sociogrupos.<br />
3. As fronteiras são determinadas pelos membros, que tem na ideia de “nós”,<br />
o sentimento comum de quem pertence ao grupo, razão pela qual sua permeabilidade<br />
é pequena, a ponto de se usar a expressão grupos fechados.<br />
4. A duração é determinada pelo atingimento das metas cooperativas ou então<br />
pelo aparecimento da competição, motivo pelo qual se desfazem quando os<br />
membros deixam de se sentir ameaçados, ou quando começam a se desentender.<br />
5. A estrutura é estabelecida aos poucos pela diferenciação em especialidades<br />
e em prestígio, criando-se uma rede de comunicações caracterizadas por<br />
simpatias e antipatias.<br />
6. A subcultura desenvolvida tem sua geração em grande de forma inconsciente,<br />
como resultado de adaptações da cultura da sociedade em que pertencem<br />
os seus membros.<br />
7. Embora as variáveis expressão de sentimentos e tecnologia sejam importantes,<br />
tem lugar de destaque a dos preceitos como apoio à garantia da<br />
estabilidade e coesão do grupo, determinando quais comportamentos são<br />
obrigatórios, o apenas aceitáveis e os sujeitos a punições por serem considerados<br />
reprováveis.<br />
8. Os principais clientes do grupo informal são seus próprios membros, pois foi<br />
criado exatamente para servi-los. (BERNARDS, 2003).<br />
57
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
As características acima são geradoras do processo de grupos autônomos, isto<br />
é, de associações capazes de elas mesmas elaborarem a estrutura, as normas, as<br />
regras, e os procedimentos comportamentais. Diferenças entre estes dois tipos de<br />
grupo formal e informal, de acordo com as suas variáveis.<br />
Quadro 2: Diferença entre as variáveis do grupo formal e as do grupo informal.<br />
Fonte: Bernardes (2003, p. 87).<br />
6.1.1 Subclassificação dos Grupos Sociais<br />
A subclassificação dos grupos parte do pressuposto de que não se trata de um<br />
amontoado desorganizado e sem estrutura de pessoas. Esses grupos possuem uma<br />
estrutura que modela o comportamento de seus membros. Assim, podo-se dizer que<br />
eles estão divididos em: grupos de comando, grupos de tarefa, grupos de interesse<br />
e grupos de amizade. Estes se apresentam de forma que os grupos de comando e<br />
tarefa são criados pela organização formal, ao passo que, os grupos de interesse e<br />
amizade são respostas de alianças informais.<br />
Grupo de comando – é determinado pelo organograma organizacional. Compõese<br />
dos subordinados diretos de um gerente, como por exemplo, a diretoria de uma<br />
escola primária e seus 12 professores forma tal grupo. (ROBBINS, 2009 p. 102).<br />
Grupo de tarefa – também é determinado pela organização, compõem-se de<br />
indivíduos que se juntam para executar determinada tarefa. Entretanto, esse grupo<br />
não possui fronteiras definidas, seus membros podem ultrapassar os limites do seu<br />
chefe imediato, ou seja, podem extrapolar as ordens de comando. O exemplo abaixo<br />
ilustra com clareza esse tipo de grupo:<br />
Um trabalhador que é acusado de crime cometido dentro do trabalho, nesse<br />
processo deverá ser ouvido seus colegas de trabalho, seu chefe imediato e seu diretor.<br />
Essas pessoas formam o grupo de tarefa. Assim, pode se disser que todos os grupos<br />
de comando são também grupos de tarefa, porém, os grupos de comando não podem<br />
romper as fronteiras de comando.<br />
58<br />
Grupo de interesse – são grupos que se formam para lutar por seus interesses<br />
comuns. As pessoas têm um objetivo comum para ser atingido, não importando
Unidade II<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
tratar-se de membros de um grupo de comando e/ou de tarefa, como por exemplo,<br />
quando os funcionários de empresa se reúnem para apoiar um colega demitido, ou<br />
para reivindicar melhores condições de trabalho.<br />
Grupo de amizade – são alianças sociais que em geral ultrapassa o ambiente<br />
de trabalho. Esses grupos se formam porque seus membros possuem algumas<br />
características comuns, elas extrapolam o ambiente profissional, e podem se basear<br />
na mesma faixa etária, na mesma herança cultural, na torcida pelo mesmo time de<br />
futebol ou nas mesmas preferências políticas. Segundo Robbins (2009), os principais<br />
motivos e razões (benefícios) pelos quais as pessoas se agrupam estão expressos<br />
no quadro abaixo.<br />
Motivos<br />
Segurança<br />
Status<br />
Autoestima<br />
Poder<br />
Alcance das<br />
metas<br />
Benefícios<br />
Reunindo-se em grupos, as pessoas podem reduzir a insegurança<br />
de “se sentirem sós”. Elas se sentem mais fortes, têm menos<br />
dúvidas e se tornam mais resistentes às mudanças.<br />
A inclusão em um grupo que é visto como importante pelos<br />
outros proporciona reconhecimento e status para seus membros<br />
(pertencimento).<br />
Os grupos podem dar a seus membros uma sensação de valor<br />
próprio. Ou seja, além de demonstrar status para os outros,<br />
a filiação a um grupo também faz com que seus membros se<br />
valorizem ate os próprios olhos.<br />
As coisas que não podem ser obtidas de forma individual<br />
geralmente se tornam possível pela ação grupal. Existe poder<br />
no agrupamento.<br />
Há ocasiões em que é preciso mais de uma pessoa para realizar<br />
uma determinada tarefa – necessidades de diferentes talentos,<br />
conhecimentos ou poderes para que uma meta seja cumprida.<br />
Nessas circunstâncias, os administradores vão recorrer a um<br />
grupo informal.<br />
Quadro 3: Por que as pessoas se reúnem em grupos?<br />
Fonte: Robbins (2009, p. 103).<br />
Não existe uma única razão para as pessoas se agruparem. Como a maioria<br />
pertence a grupos diversos ao mesmo tempo, é óbvio que cada um deles oferece<br />
um tipo de benefício diferente. Assim, essas pessoas necessitam satisfazer suas<br />
necessidades, se sentirem protegidas e acima de tudo, se sentirem no direito de<br />
pertencerem ao grupo.<br />
Os grupos informais prestam um importante serviço ao satisfazer as necessidades<br />
sociais de seus membros. Isso ocorre por causa das interações resultantes da<br />
proximidade no trabalho, encontros de funcionários, por exemplo, jogando futebol,<br />
basquete ou voleibol, etc, dividindo a carona para o trabalho, almoçando juntos, ou<br />
reunidos nos momentos de folga. Percebe-se, que esse tipo de interação, ainda que<br />
informal afeta de maneira profunda o comportamento e o desempenho de cada um<br />
dentro do grupo e da organização.<br />
59
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
Sociologia e Administração<br />
Unidade II<br />
É importante que o administrador considere seu funcionário como participante<br />
de um grupo, pois o comportamento grupal é mais do que a soma do comportamento<br />
de seus elementos. O grupo, em si, traz uma dimensão adicional ao comportamento<br />
individual. (ROBBINS, 2009, p. 116). As tarefas para serem realizadas em qualquer<br />
organização necessitam de pessoas que se reúnem em grupos formais e informais.<br />
O conhecimento dos papeis que uma pessoa tenta desempenhar, ajuda-nos a<br />
compreendê-la melhor, porque nos dá indicações sobre os padrões esperados de<br />
comportamento. Desta forma, conhecer o papel de um determinado funcionário<br />
torna mais fácil para o colega trabalhar com ele, porque seu modo de agir tenderá a<br />
corresponde às expectativas. Ou seja, quando o indivíduo desempenha seus papeis<br />
como o esperado, a capacidade de prever seu comportamento melhora. (op. cit.).<br />
Os administradores devem criar grupos cujas metas sejam consistentes com as<br />
da organização. Ocorrendo isso, a coesão entre os membros do grupo será alta, e terá<br />
uma contribuição positiva para o desempenho das atividades. Porém, as injustiças em<br />
relação ao status podem gerar frustrações e influenciar negativamente a produtividade<br />
e a disposição do funcionário em manter-se na organização. Esta possibilidade passa<br />
a existir quando os administradores não determinam metas consistentes e a coesão<br />
grupal é baixa.<br />
Portanto, as normas grupais devem controlar o comportamento dos membros do<br />
grupo, ao estabelecer padrões do que é certo e do que é errado. Conhecer as normas<br />
do grupo pode ajudar o administrador a explicar o modo de agir dos seus membros,<br />
contudo, estes não podem controlá-los totalmente. Para que possam exercer alguma<br />
influência sobre os grupos, os administradores devem fazer declarações explícitas<br />
sobre os comportamentos desejáveis, reforçar esses comportamentos em bases<br />
regulares e atrelar as recompensas à aceitação das normas vigentes.<br />
Por fim, os administradores devem utilizar a tomada de decisão em grupo, devem<br />
tentar minimizar o pensamento grupal, e incentivar os membros a participar mais<br />
ativamente em discussões, e, sobretudo, evitar impor uma solução pronta e acabada<br />
antes da discussão do grupo.<br />
• Atividade do Fórum: Caro/a aluno/a, você acabou de estudar os Grupos<br />
Sociais, os quais formam a base da organização. Neste sentido, as organizações<br />
que reconhecem ou trabalham, de acordo com os princípios sociais apresentados,<br />
estão aptas para atuarem no mercado interno e externo, melhor do que as<br />
empresa que não atendem a tais princípios? Apresente suas considerações no<br />
fórum da disciplina. Aguarde comentários de seus colegas e do Professor tutor.<br />
• Atividade complementar: Com base nos estudos realizados nesse último<br />
assunto, você Administrador de Empresas, faça um relato da importância dos<br />
Grupos Sociais para as organizações.<br />
60
Unidade III<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
A Organização Formal<br />
UNIDADE III<br />
TEMA 2: A Organização Formal<br />
Tópicos<br />
A Teoria da Organização Formal. Estruturas das Organizações Formais. Os<br />
Elementos das Organizações Formais. A Teoria da Autoridade. Cases e Estudo<br />
Dirigido.<br />
Ao Final do Módulo III, você será capaz de entender os principais conceitos e<br />
variáveis que interferem na organização formal, permitindo conhecer e aplicar os<br />
processos sistêmicos nas empresas, como controle de processo, produtividade, e em<br />
especial as relações das pessoas com a estrutura formal das organizações, e será<br />
capaz de analisar holisticamente a organização.<br />
Neste tema será apresentada a Teoria da Organização Formal, sua estrutura e a<br />
influência provocada por ela, os Elementos das Organizações Formais, várias outras<br />
teorias aplicáveis à organização, como também as Funções do Executivo. Tais preceitos<br />
possuem papel importante no mundo corporativo, principalmente no que diz respeito<br />
às relações entre as pessoas e as organizações, além de demonstrar uma perspectiva<br />
entre a organização e seu meio ambiente.<br />
3. A Teoria da Organização Formal<br />
Uma organização passa a existir quando há pessoas aptas a se comunicarem<br />
entre si, que estão desejando contribuir com sua ação para realização de um propósito<br />
comum. (BARNARD, 1979). A organização é criada por um pequeno grupo formal<br />
que cresce à proporção em que é bem administrada e as condições favoráveis de<br />
mercado permitem ampliar os negócios. Se for bem sucedida, o aumento do número<br />
dos negócios exige que seja feitas admissões de pessoas, o que transforma o pequeno<br />
grupo em um grande grupo, mudando suas características.<br />
Para a existência continuada de uma organização, são necessárias, a efetividade e<br />
a eficiência. Assim, quanto mais longa vida ela tiver, mais necessidade terá de ambas. A<br />
longevidade de uma organização descansa na disposição dos indivíduos (funcionários,<br />
diretores e acionistas, etc.), contribuir com forças para o sistema cooperativo. Ou seja,<br />
é o momento que todos devem integrar e interagir com as atividades organizacionais,<br />
visando um propósito comum.<br />
A existência de uma organização depende da combinação apropriada para as<br />
condições externas do momento, sua sobrevivência depende da manutenção de<br />
um equilíbrio do sistema. Desse modo, deve-se considerar três elementos e suas<br />
interrelações, levando em conta que o sistema é um todo.<br />
1. Disposição para cooperar – por definição, não pode haver organização sem<br />
pessoas. Porém, não são as pessoas, mas os serviços, os atos, as ações, ou a<br />
influência de pessoas que devem ser tratados como constituindo organizações,<br />
61
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
A Organização Formal<br />
Unidade III<br />
o que torna claro que é indispensável à disposição de pessoas para contribuir<br />
com esforços para o sistema cooperativo. (BARNARD, 1979). Disposição,<br />
neste sentido, significa auto-renúncia, abdicar de seu controle de conduta<br />
pessoal e a despersonalização da ação pessoal. Assim, o efeito disso tudo se<br />
encerra na coesão de esforço, é um caminhar juntos, e sua causa imediata é<br />
a disposição necessária para a luta, e/ou empenho conjunto. Portanto, sem<br />
isso, não pode haver esforço pessoal sustentado, como uma combinação para<br />
a cooperação. (op. cit.).<br />
2. Propósito – a disposição para cooperar não pode se desenvolver sem um<br />
objetivo de cooperação, a isso, chama-se de propósito. É algo evidente nas<br />
organizações, embora frequentemente não seja formulado em palavras,<br />
algumas vezes, observa-se na direção, ou no efeito das atividades, nas quais<br />
o propósito pode ser inferido. (idem). Um propósito não incentiva a atividade<br />
cooperativa, isso só ocorre, quando ele é aceito por todos que irão constituir<br />
a organização. Por isso, há inicialmente alguma coisa como simultaneidade<br />
na aceitação de um propósito e na disposição de cooperar. (idem, ibidem).<br />
3. Efetividade de cooperação – uma organização depende de sua aptidão para<br />
dar continuidade ao seu propósito. Claramente isso depende do conjunto da<br />
propriedade ou conveniência de sua ação e das condições de seu ambiente.<br />
Ou seja, a efetividade é uma questão de processos tecnológicos. Fato esse<br />
que é comum quando o propósito é um objetivo físico, como por exemplo, a<br />
construção de uma ponte. Assim, quando o objetivo deixa de ser físico, esse<br />
fato não é tão comum, ou seja, sempre haverá dificuldade de se identificar o<br />
propósito, como é o caso das organizações.<br />
3.1 Grupos Formais<br />
Os que lidam com grupos formais têm que determinar quando e como o grupo pode<br />
ser utilizado com mais eficácia, para alcançar os objetivos da organização. Administrar<br />
os grupos formais para que eles tenham um alto desempenho e superar suas<br />
desvantagens, o administrador precisará ter conhecimento de certas características<br />
desses grupos, as quais podem ajudá-lo ou dificultá-lo nas suas ações.<br />
Os grupos formais são criados deliberadamente pelos administradores e<br />
encarregados de executar as tarefas específicas para ajudar as organizações a atingir<br />
seus objetivos. (STONER, 1985, p. 224). O tipo mais comum de grupo formal é o de<br />
comando, que tem na sua composição, um chefe e seus subordinados. É chamado de<br />
grupo formal permanente, além do de comando tem as comissões permanentes. Por<br />
exemplo, uma comissão de planejamento é um grupo formal permanente.<br />
Os grupos formais temporários são as forças-tarefas e as comissões temporárias<br />
criadas para tratar de determinado problema e dissolvidas assim que o problema<br />
é resolvido (comissão ad hoc). Todo grupo traz alguns pontos positivos e outros<br />
negativos para o trabalho de solucionar problemas. Desta forma, alguns fatores<br />
também acompanham o grupo, dependendo das qualificações de seus membros e<br />
de seu líder, esses fatores podem ser positivos e/ou negativos. (STONER, 1985).<br />
3.1.1 Vantagens da Solução de Problemas em Grupos<br />
62<br />
Os grupos se formam porque são úteis. Nas organizações, os grupos servem a<br />
inúmeras funções, algumas dessas, beneficiam a organização diretamente, e outras<br />
beneficiam basicamente os membros dos grupos. (BATEMAN, 2006, p. 453). A
Unidade III<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
A Organização Formal<br />
organização se beneficia, porque o grupo tem mais recursos totais, habilidades,<br />
talentos, informações e energia, mais do que um indivíduo. Assim, eles podem<br />
desempenhar funções que não podem ser executadas por um indivíduo. O grupo<br />
também tem maior diversidade de recursos, o que lhes permitem realizar tarefas<br />
mais complexas.<br />
Para que um grupo torne-se um importante catalisador de criatividade e inovação,<br />
necessário se faz, que os seus membros troquem ideias e conhecimentos. Os grupos<br />
ajudam a socializar novos membros, controlar o comportamento das pessoas e facilitar<br />
o desempenho organizacional, a inovação e a mudança. (BATEMAN, 2006).<br />
Os grupos também fornecem muitos benefícios para seus membros. Estes<br />
são bastante úteis no processo de aprendizagem, seus membros aprendem sobre<br />
a empresa e sobre si mesmos, e adquirem novas habilidades e estratégias de<br />
desempenho. (op. cit.). O grupo pode também satisfazer necessidades de afiliação e<br />
estima. Assim, o grupo pode atender outras necessidades dos seus membros, quando<br />
estes recebem recompensas da organização que são tangíveis, e que o indivíduo não<br />
poderia alcançar sozinho.<br />
Para Stoner (1985), um estudo do processo de solução de problemas em grupo,<br />
mostra que esta forma de solução possui grandes vantagens do que tentar encontrar<br />
a solução para os problemas individualmente. São elas:<br />
1. Maior conhecimento e mais informação – independentemente dos conhecimentos<br />
que alguém possa trazer para o trabalho, todas as informações<br />
de todos os membros do grupo devem ser reunidas e compartilhadas. Por<br />
exemplo: um engenheiro que projeta máquinas pode ter mais condições de<br />
desenhá-la, mas um operário da linha de montagem teria uma ideia melhor de<br />
como seus colegas de trabalho poderiam reagir à nova máquina. (STONER,<br />
1985).<br />
2. Mais maneira de encarar o problema – não há possibilidade de se saber<br />
antes que o problema ocorra qual a melhor maneira de abordá-lo, de forma a<br />
conseguir o resultado que se deseja. Ou seja, quanto mais orientações forem<br />
dadas e consideradas, maiores serão as chances de se encontrar a melhor<br />
solução para o problema.<br />
3. Maior aceitação das soluções – uma decisão somente será eficaz, se os<br />
que têm que colocar em prática a aceitarem, e fizerem com que ela funcione.<br />
Assim, quando as pessoas participam da solução de um problema, passa a<br />
ver esta solução como sua e passa a se interessar pelo seu sucesso.<br />
4. Melhor compreensão da decisão – uma decisão que é tomada somente<br />
pelo administrador, ela tem que ser transmitida para todos aqueles que a<br />
executarão. Assim, a incapacidade de colocar em prática uma decisão de<br />
maneira eficaz, pode ser atribuída a uma comunicação mal feita por parte do<br />
administrador e/ou uma má compreensão e entendimento por aqueles que<br />
irão executá-la. Porém, quando os que vão executar a decisão participam da<br />
tomada de decisão, existe uma probabilidade de que a comunicação ocorra<br />
sem distorções, e a solução escolhida seja implantada com sucesso.<br />
3.1.2 Desvantagens da Solução de Problemas em Grupos<br />
Um administrador ou membro de um grupo deve esperar que o grupo se envolva<br />
em todas as atividades discutidas em seus vários períodos. Todas essas atividades<br />
63
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
A Organização Formal<br />
Unidade III<br />
são naturais e importantes, porém, os grupos nem sempre alcançam o sucesso.<br />
(BATEMAN, 2006). Esses grupos, muitas vezes se envolvem em atividades de alto<br />
desempenho, e nem sempre conseguem se transformarem em grupos eficientes e<br />
de alto desempenho.<br />
Os grupos não necessariamente progridem, podem ficar permanentemente no<br />
nível de supervisão, ou mesmo tornarem-se mais participativos, sem nunca chegarem<br />
à verdadeira liderança. Portanto, para se conseguir almejar um grupo coeso e de<br />
sucesso, o líder do grupo e seus membros devem ter metas conscientes, e todos<br />
devem esforçar-se para atingir essas metas.<br />
Assim, para Stoner (1985), o mesmo estudo do processo de solução de problemas<br />
em grupos também revela desvantagens, a saber:<br />
1. Decisões prematuras – geralmente os grupos de solução de problemas<br />
sugerem muitas soluções, cada uma delas recebendo certo apoio e algumas<br />
críticas. Normalmente, a primeira solução que consegue um bom apoio é<br />
adotada – mesmo que este apoio seja devido mais à habilidade de apresentação<br />
do que à qualidade objetiva.<br />
2. Domínio do indivíduo – um líder formal e/ou informal pode dominar a discussão<br />
do grupo e influenciar o resultado, muito embora sua capacidade de<br />
solucionar o problema possa ser pequena. As pessoas mais extrovertidas e<br />
que são aceitas socialmente tendem a ser mais ativas e influentes do que<br />
outros participantes do grupo.<br />
3. Soluções de alternativas conflitantes – quando um grupo se dispõe a<br />
resolver um problema, todos os membros geralmente concordam com o objetivo<br />
principal: encontrar a melhor solução possível. Porém, à medida que as<br />
soluções de alternativas vão sendo sugeridas, os membros do grupo podem<br />
começar a transmitir uma expressão de desagrado, e passar a defender suas<br />
próprias soluções, partindo para um posicionamento de ganhar ou perder, ao<br />
invés de pensarem em buscar objetivamente os méritos de cada uma das<br />
soluções apresentadas.<br />
4. Compromisso prévio – os membros do grupo podem ter um compromisso<br />
anterior com determinada solução. Em vez de buscar, com a mente aberta, a<br />
melhor decisão possível, eles podem argumentar logo em favor da sua escolha<br />
e deixar de considerar alternativas outras. Isso pode acontecer em qualquer<br />
grupo, porém, ocorre com mais probabilidade nos grupos formais.<br />
Os grupos formais são grupos de comando, estes grupos são estáveis e tratam<br />
de tipos de problemas ou decisões que se repetem no dia-a-dia da empresa. Esses<br />
grupos são geralmente melhores do que um indivíduo para encontrar a solução do<br />
problema. Isso é devido os grupos trazerem mais informações e especializações<br />
relacionadas como os problemas, e geram mais alternativas de solução, descobrem<br />
erros e aumentam a probabilidade da solução ser aceita e implantada.<br />
64<br />
Porém, a solução de problemas em grupo leva mais tempo e é mais cara que a<br />
solução de problemas pelos indivíduos. Os grupos formais nas organizações simplificam<br />
a coordenação, desenvolvem o talento administrativo e evitam uma concentração<br />
excessiva de poder em um único indivíduo. (STONER, 1985, p. 237). Ocorre também, o<br />
risco de chegar às decisões prematuras, desestimulando a responsabilidade individual<br />
e às vezes dominado por pessoas que não tem competência para ser líder de um grupo.
Unidade III<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
A Organização Formal<br />
Assim, para o administrador liderar um grupo sem dominar suas atividades, é fator<br />
preponderante para se ter sucesso no trabalho de grupo. Neste sentido, as sugestões<br />
para se conseguir resultados eficazes na gestão do grupo, são os procedimentos<br />
formais para se conduzir reuniões, as normas para os lideres do grupo e as normas<br />
para seus membros, ou seja, o sucesso do grupo formal depende da disciplina às<br />
normas e aos procedimentos da organização.<br />
4. Estruturas Das Organizações Formais<br />
As organizações não se assemelham a uma aglomeração mecânica e grupos de<br />
mecanismos, nos quais as partes são relacionadas como conjunto somente através<br />
de um grupo único. Os indivíduos normalmente permanecem fora de todas as<br />
organizações e tem múltiplas relações com elas. (BARNARD, 1979)<br />
A história das organizações sugere um ponto de partida restrito, em geral todas as<br />
organizações sejam governamentais e/ou religiosas, existem na civilização ocidental<br />
por ter sua origem quer pela subdivisão como consequência do crescimento, quer<br />
por segmentação de outras organizações existentes, como resultado de cismas,<br />
rebeliões ou revoluções. Contudo, há atrás disso, uma longa história de organizações<br />
formais, que se estende pelos tempos. Assim, o que tenha ocorrido como origem real<br />
somente poderá ser deduzido daquilo que ocorre na atualidade, e o seu processo de<br />
crescimento só poderá ser atribuído ás mudanças e a complexidade do seu ambiente.<br />
Neste sentido, as organizações originaram-se por métodos diferentes, os quais<br />
foram observados e elas podem ser: organizações espontâneas; por resultado direto de<br />
um esforço individual para organizá-la; filhas nascidas de outra organização existente e<br />
resultado de segmentação de organizações existentes, causadas por cismas, rebelião,<br />
ou interposição de uma força externa.<br />
1. Organização espontânea – é de ocorrência muito frequente. Ela quando<br />
duas ou mais pessoas, juntam seus esforços, sem a liderança ou iniciativa de<br />
qualquer uma delas, para a realização de um propósito comum. (BARNARD,<br />
1979, p. 118). Por exemplo, um número considerável de organizações de<br />
família é desta origem.<br />
Certamente, essas organizações espontâneas, em muitos casos, são facilitadas<br />
pelo conhecimento da parte dos participantes, de esforços cooperativos<br />
semelhantes, surgidos deles mesmos ou de outros, em ocasiões anteriores.<br />
Também não há dúvida de que essas organizações são quase sempre de vida<br />
curta. Contudo, talvez entre os milhares de organizações espontâneas, uma<br />
poderá permanecer por um período de tempo considerável, o que bastaria<br />
para se constituir na provável existência de muitas outras organizações.<br />
2. Resultado direto de um esforço individual – uma das origens mais frequentes<br />
de organizações duradouras, provavelmente, reside na intenção de<br />
uma só pessoa. Essa pessoa tem um propósito a ser alcançado, e assim,<br />
transmite para outras pessoas, que tem a intenção de colaborar com esta<br />
primeira pessoa.<br />
3. Filhas nascidas de outra organização existente – frequentemente, é<br />
comum o nascimento de uma organização por outra (subsidiária). Assim, a<br />
organização-mãe (matriz), determina que um dos seus colaboradores organize<br />
uma nova unidade (filial). Isso está na essência da expansão das organizações.<br />
Por exemplo, uma igreja pode surgir pelo esforço individual de um missionário;<br />
65
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
A Organização Formal<br />
Unidade III<br />
ou no caso das organizações comerciais, um colaborador é enviado para um<br />
local distante para organizar uma filial.<br />
4. Resultado de segmentação – considerando a quantidade de organizações<br />
que durante muito tempo sobrevivem às mudanças ambientais torna-se<br />
provável, que muitas outras tenham nascido pelo efeito do crescimento e/ou<br />
pelas cismas provocadas pelos seus dirigentes. Já em outros casos, pode ter<br />
sido pelas forças pessoais, ou pelo desenvolvimento de objetivos conflitantes.<br />
Ou ainda, por forças externas se utilizando do princípio de dividir e governar.<br />
Assim, tanto os cimas como as forças externas, podem levar a destruição da<br />
organização original. (BARNARD, 1979).<br />
Por isso, as organizações com características complexas crescem a partir de<br />
pequenas outras organizações. Desse modo, se torna impossível para as organizações<br />
formais, o crescimento que não resulte do processo de combinação das organizações<br />
já existentes, e/ou da criação de novas unidades para serem incorporadas ao<br />
complexo organizacional. Assim, a indicação para as exigências estruturais de grades<br />
organizações complexas são as mesmas razões das limitações de tamanho das<br />
organizações simples, a comunicação entre as pessoas como elemento essencial dos<br />
sistemas cooperativos, é também, um fator limitante do tamanho, e dominante na<br />
estrutura das organizações complexas.<br />
5. Os Elementos Das Organizações Formais<br />
Os elementos das organizações formais que compõem a estrutura organizacional<br />
definem as diferentes formas de uma organização, e influenciam o comportamento<br />
e atitudes dos seus funcionários. A estrutura organizacional indica como as tarefas<br />
são formalmente distribuídas, agrupadas e coordenadas pelos diretores e gerentes<br />
da organização. Os administradores devem focar alguns elementos básicos de uma<br />
estrutura organizacional, quais sejam: divisão do trabalho e/ou especialização,<br />
funcionalização, formalização, centralização e descentralização, etc.<br />
Assim, vamos nos ater aos elementos acima, pois consideramos essenciais para<br />
formação da estrutura organizacional. Embora, autores outros, elenquem mais alguns<br />
elementos, que para estes são também de extrema importância.<br />
Desta forma, pode-se dizer que foi no início do século XX, ao demonstrar que<br />
o trabalho podia ser dividido em pequenas tarefas padronizadas, e que poderia ser<br />
repetidas muitas vezes, Henry Ford, conseguiu produzir seus carros com mais eficácia,<br />
embora empregando trabalhadores com habilidades relativamente limitadas. Assim,<br />
ficou demonstrado, que se os trabalhadores fossem especializados, a produção de<br />
carros aumentaria consideravelmente. Desse modo, atualmente usamos o termo<br />
especialização do trabalho e/ou divisão do trabalho, para descrever o grau de<br />
subdivisão das tarefas em funções diferenciadas. (ROBBINS, 2009).<br />
66<br />
1. Divisão do Trabalho e/ou Especialização – refere-se à especificação de<br />
tarefas individuais ou de grupo em toda a organização (divisão de trabalho) e<br />
à agregação destas tarefas em unidades de trabalho (departamentalização).<br />
(STONER, 1985, p. 178). Na especialização, sua essência está na execução<br />
do começo ao fim da tarefa por uma só pessoa. Isto é, a atividade é dividida<br />
em um número específico de etapas e/ou tarefas, cada qual efetuada por<br />
um indivíduo. Portanto, a especialização está na realização de parte de uma<br />
atividade, e não da atividade inteira.
Unidade III<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
A Organização Formal<br />
Neste sentido, decorrentes da especialização surgem a Padronização, Departamentalização<br />
e a Coordenação das atividades.<br />
Padronização – refere-se aos procedimentos adotados pela organização<br />
para garantir a previsibilidade de suas atividades. Padronizar é tornar a tarefa<br />
uniforme e coerente com o padrão utilizado pela organização. Desse modo, os<br />
administradores com sistemas formais de planejamento e controle procuram<br />
padronizar o que suas organizações produzem.<br />
Departamentalização – refere-se à necessidade de agrupar as tarefas comuns,<br />
para que estas possam ser coordenadas, ou seja, é a base na qual as<br />
tarefas são agrupadas. É uma das formas mais comum de agrupar atividades,<br />
que leva em conta as funções desempenhadas.<br />
Coordenação – se refere aos procedimentos que integram as funções dos<br />
departamentos da organização. Assim, os mecanismos de padronização<br />
facilitam a coordenação das atividades, segundo Henry Mintzberg (apud,<br />
Stoner, 1985, p. 179).<br />
2. Funcionalização – é usado em organizações com ênfase sobre uma espécie<br />
particular de trabalho, como função de um sistema orgânico de trabalho<br />
(BARNARD, 1979), e coloca ênfase nas pessoas ou sobre grupos de pessoas.<br />
3. Formalização – constitui o grau de padronização das tarefas executadas<br />
nas organizações. Se a tarefa é altamente formalizada, o responsável por<br />
ela detém pouca autonomia para decidir o que fazer quando e como. Assim,<br />
nas organizações que se caracterizam por alto grau de formalização, existem<br />
descrições explícitas de tarefas, muitas regras e procedimentos claramente<br />
definidos sobre o trabalho.<br />
Quando a formalização é baixa, os comportamentos são relativamente não<br />
programados e os funcionários desfrutam de liberdade para tomar decisões<br />
sobre o trabalho. O grau de formalização pode variar muito dentro de uma<br />
mesma empresa.<br />
4. Centralização e Descentralização - refere-se à localização do poder de<br />
decisão. Em uma estrutura organizacional centralizada, as decisões são<br />
tomadas em nível elevado pelos altos administradores ou mesmo por uma<br />
só pessoa. Em uma estrutura descentralizada, o poder de decisão é disperso<br />
por mais pessoas em níveis administrativos intermediários ou mais baixos.<br />
(STONER, 1985).<br />
Neste sentido, o termo centralização se refere ao grau de concentração do<br />
processo de tomada de decisão em um único ponto da organização. Ou seja, inclui<br />
apenas a autoridade formal. E os direitos inerentes de uma posição. A descentralização<br />
torna-se evidente quanto maior for à participação dos escalões inferiores no processo<br />
de tomada de decisão. Em uma organização caracterizada pela descentralização<br />
das ações, a resolução dos problemas pode ser mais rápida, porque mais pessoas<br />
participam das decisões e os funcionários sentem-se mais motivados.<br />
Elementos determinantes da estrutura organizacional – toda organização é<br />
composta por subunidades, que são condizentes com seus objetivos, seus recursos,<br />
seu ambiente interno e o externo. Desta forma, quatro elementos principais são<br />
determinantes de sucesso na formação da estrutura organizacional, a saber:<br />
estratégia, tecnologia, pessoal e tamanho da estrutura.<br />
67
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
A Organização Formal<br />
Unidade III<br />
6. A Teoria Da Autoridade<br />
Em oposição a alguns sociólogos, Chester Barnard (1985), considerava as<br />
empresas como instrumentos mais eficazes para o progresso social do que o Estado<br />
ou as igrejas. Enquanto, o Estado e as igrejas são baseados na autoridade formal, as<br />
empresas regem-se pela cooperação entre indivíduos ligados por uma causa comum,<br />
mas que têm uma vida curta.<br />
As organizações não sobrevivem por não estarem<br />
de acordo com dois critérios essências para sua<br />
sobrevivência: a efetividade e eficiência. Enquanto,<br />
sua definição de efetividade era a usual, a de eficiência<br />
em uma organização referia-se ao grau em que uma<br />
organização se encontra quanto à capacidade de<br />
satisfazer as necessidades dos indivíduos. Se uma<br />
organização atende às necessidades individuais<br />
enquanto atinge seus objetivos explícitos, a cooperação<br />
entre os membros deve perdurar. Ele analisou questões<br />
como a liderança, a cultura e os valores 30 anos<br />
antes de o mundo empresarial se aperceber da sua<br />
existência. (BARNARD, 1985).<br />
Sobre a Teoria da Autoridade, Barnard (1985, p. 169), diz que “é a característica<br />
de comunicação (ordem) numa organização formal, em virtude da qual ela é aceita<br />
por um contribuinte ou “membro” da organização, como governando a ação com que<br />
ele contribui”. Isto é, dirigindo ou determinando o que ele faz ou o que ele não deve<br />
fazer no que tange à organização.<br />
De acordo com esta definição, a autoridade envolve dois aspectos: primeiro, o<br />
subjetivo, o pessoal, a aceitação de uma comunicação como tendo autoridade. O<br />
segundo, o aspecto objetivo, a característica da comunicação em virtude da qual<br />
ela é aceita. Se uma comunicação é aceita por aquele a que é endereçada, sua<br />
autoridade, para ele, está confirmada ou estabelecida. Ela é admitida como a base<br />
da ação. (BARNARD, 1985).<br />
A desobediência a tal comunicação para ele é uma negação da autoridade.<br />
Dessa forma, diante de tal definição, a decisão sobre ter ou não essa ordem alguma<br />
autoridade recai sobre as pessoas a quem ela é endereçada, e não reside em pessoas<br />
de autoridade ou naquelas que emitem essas ordens.<br />
A teoria da autoridade é vista no contexto do sistema comunicativo e é regida<br />
por regras essências, a saber: Os canais de comunicação devem ser definidos; Todos<br />
devem conhecer os canais de comunicação; Todos devem ter acesso aos canais formais<br />
de comunicação; Linhas de comunicação devem ser mais curtas e diretas possíveis;<br />
A competência de pessoas que servem como centros de comunicação devem ser<br />
adequados; A linha de comunicação não deve ser interrompida enquanto a organização<br />
estiver funcionando; Toda comunicação deve ser autenticada.<br />
68<br />
Dessa forma, o que torna a comunicação autorizativa depende do subordinado,<br />
e não do superior. Ele dizia que os gestores devem obter autoridade tratando seus<br />
subordinados com respeito e competência. Assim, toda comunicação se relaciona com<br />
a formulação do propósito e a transmissão das prescrições coordenadoras para a ação
Unidade III<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
A Organização Formal<br />
e para os atos, e repousa na aptidão de se comunicar com os que estão dispostos a<br />
cooperar. (idem).<br />
Neste sentido, autoridade é outro nome para a disposição e capacidade dos<br />
indivíduos em se submeterem às necessidades dos sistemas cooperativos. A<br />
autoridade provém das limitações tecnológicas e sociais dos sistemas cooperativos<br />
de um lado, e dos indivíduos de outro. Por isso, numa sociedade, a situação da<br />
autoridade é a medida tanto do desenvolvimento dos indivíduos como as condições<br />
tecnológicas e sociais da sociedade.<br />
• Atividade do Fórum: Agora que você já conhece os estudos que envolvem<br />
as organizações formais, e do comportamento humano nas organizações,<br />
escolha um dos assuntos tratado nesse tema, e verifique a rotina em sua<br />
empresa do assunto escolhido, e comente com seus colegas. Apresente suas<br />
considerações no fórum da disciplina. Aguarde comentários de seus colegas e<br />
do Professor tutor.<br />
• Atividade complementar: Você futuro administrador descreva sua rotina<br />
pessoal do dia-a-dia, que está relacionada com a interação do ambiente e as<br />
atividades da organização para o alcance das metas e dos resultados.Faça uma<br />
correlação com os tópicos apresentados no módulo III.<br />
69
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
A Organização Formal<br />
Unidade III<br />
Conclusão<br />
Prezado aluno(a), nosso objetivo ao escrever este texto sobre Sociologia das<br />
Organizações, foi somente com a intenção de informar, instruir e inspirar você a<br />
aprofundar seus conhecimentos. Trazendo descrições sobre os conceitos e as práticas<br />
da Sociologia da Administração moderna, você absorverá as discussões das ideias<br />
mais relevantes, a respeito da aplicação da Sociologia Organizacional em sua prática<br />
cotidiana, agregando valor ao seu conhecimento, inspirando você, como ser um<br />
pensador e um executor, sendo ponderado, sempre buscando o equilíbrio e pensando<br />
antes de agir na hora da tomada de decisão.<br />
Caro aluno(a), neste texto, você terá a possibilidade de conhecer os nuances<br />
da moderna Administração com relação a Sociologia das Organizações e suas<br />
abordagens, as quais foram desenvolvidas conforme os enfoques apresentados,<br />
considerando a organização como um sistema aberto e complexo. Desta forma, você<br />
passa a entender a influência dos estudos sobre sistemas orgânicos da Administração,<br />
e compreender que o todo é maior que a soma das partes. Compreender também,<br />
que através dos diversos temas apresentados, existe uma relação estreita entre a<br />
Administração e seu ambiente, na busca pelo resultado organizacional.<br />
Assim, você já percebeu que a Administração consiste em um mundo de ação, esse<br />
mundo requer que as ações sejam apropriadas e no tempo certo. A Administração,<br />
não é um mundo para as pessoas passivas, a Administração é voltada para as pessoas<br />
proativas, aquelas que se comprometem com realizações positivas.<br />
Por fim, depois de entender e aprender com as explanações das ideias aplicadas<br />
neste trabalho, informe-se mais sobre Sociologia das Organizações, consulte outras<br />
fontes, continue valorizando seu cabedal de conhecimento: aprimore-se rotineiramente.<br />
Dessa forma, acreditamos veementemente que este material servirá de base teórica<br />
e conceitual para suas reflexões e conclusões em relação à ciência da Administração,<br />
na vida prática.<br />
Desejo sucesso para todos e todas que fizerem uso deste material, como forma<br />
de autodesenvolvimento em busca de um melhor posicionamento na vida profissional<br />
e pessoal. Espero assim, que os conceitos aqui estudados contribuam para seu<br />
melhoramento, no sentido de mudanças comportamentais e atitudinais ocorram.<br />
Muito Obrigado!!!<br />
Prof. Msc. José Paulo de Andrade.<br />
70
Referências<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
REFERÊNCIAS:<br />
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72
Referências<br />
<strong>SOCIOLOGIA</strong> DAS ORGANIZAÇÕES<br />
73
FANESE<br />
Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe<br />
Av. Delmiro Gouveia, 800 - CEP 49035 - 810 - Coroa do Meio - Aracaju - Sergipe<br />
e-mail: fanese@fanese.com.br - Site: www.fanese.edu.br