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banana economia

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50 anos de dedicação à bananicultura nacional<br />

Raul Soares Moreira é engenheiro agrônomo e doutor em Bananicultura, pela<br />

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/Universidade de São Paulo<br />

(Esalq/USP), em Piracicaba. Pesquisador aposentado do Instituto Agronômico<br />

de Campinas (IAC) e produtor de <strong>banana</strong>s tem-se dedicado ao estudo dessa<br />

cultura nos últimos 50 anos. Autor de Banana - Teoria e Prática de Cultivo, em<br />

CD-ROM, primeira publicação nesse formato sobre <strong>banana</strong>, no mundo, onde<br />

apresenta os problemas de cultivo de A a Z. Em seu currículo destacam-se<br />

diversos trabalhos e tecnologias, como os da fosfatagem e da calagem, dos<br />

micronutrientes, do plantio usando o sulcador de cana, do hipoclorito de sódio<br />

na limpeza das mudas, criador do desbastador “lurdinha”, da metodologia<br />

de introduzir defensivos e micronutrientes no pseudocaule da bananeira, selecionador<br />

da Nanicão IAC 2001, tolerante à sigatoka-negra. Sócio-fundador<br />

da Sociedade Brasileira de Fruticultura (raulmoreira@mpc.com.br)<br />

IA - Qual a sua avaliação sobre o desenvolvimento<br />

da bananicultura nacional<br />

nessas últimas décadas?<br />

Raul Moreira - Até o final da década<br />

de 1950, a bananicultura brasileira<br />

conservou as mesmas características da<br />

época do Brasil Império, mantendo-se<br />

nômade e extrativista. Foi na década<br />

de 1960, que houve grande evolução<br />

tecnológica, iniciada no estado de São<br />

Paulo, com a utilização de fertilizantes<br />

químicos, dos corretivos de solo, do<br />

controle da sigatoka-amarela e do combate<br />

ao moleque-das-bananeiras e aos<br />

nematóides. A cultivar Nanica, que<br />

era praticamente a única plantada, foi<br />

rapidamente substituída pela cultivar<br />

Nanicão, que já existia em muitas propriedades.<br />

Esta é uma mutante da ‘Nanica’,<br />

surgida no litoral de Santos, ainda<br />

no século 19, que é instável, podendo-se<br />

identificar diferenças morfológicas entre<br />

as duas. No final dessa década, houve a<br />

introdução da ‘Grande Naine’ e também<br />

a difusão da ‘Enxerto’, originada em<br />

Santa Catarina (hoje mais conhecida por<br />

‘Prata-anã’). Estas evoluções decorreram<br />

principalmente do aparecimento da sigatoka-amarela<br />

e dos novos conceitos de<br />

comercialização dos mercados internos<br />

e platinos, que passaram a receber a<br />

<strong>banana</strong> em pencas e em caixas. Simultaneamente,<br />

com essa nova apresentação<br />

da <strong>banana</strong>, as rodovias melhoraram e a<br />

exportação passou a ser feita em jamantas<br />

frigorificadas. No mercado interno,<br />

foram construídas as primeiras câmaras<br />

de climatização para o processamento<br />

das <strong>banana</strong>s. Este desenvolvimento<br />

tecnológico somente foi possível com<br />

a formação de pesquisadores e técnicos<br />

em <strong>banana</strong>. Já na década de 1970, estas<br />

evoluções tecnológicas foram difundidas.<br />

Inicialmente, para a Região Sul e<br />

depois para o Nordeste. Atualmente,<br />

há vários pólos de produção em todo<br />

o País, onde se aplicam as mais sofisticadas<br />

técnicas bananícolas conhecidas,<br />

graças à formação de elevado número<br />

de pesquisadores voltados para esse<br />

cultivo.<br />

IA - De que forma o produto nacional<br />

se coloca no mercado interno e<br />

externo? Temos qualidade e competitividade?<br />

Raul Moreira - Nos maiores mercados<br />

internos, principalmente os das<br />

capitais, a <strong>banana</strong> comercializada tem<br />

qualidades satisfatórias e proporciona<br />

boa lucratividade aos produtores. No<br />

mercado externo sulino, apenas os<br />

bons produtores têm feito exportações<br />

e obtido boa remuneração. Deve-se<br />

ressaltar que no Nordeste, o cultivo<br />

da <strong>banana</strong> tem-se expandido com alta<br />

tecnologia de produção, com vistas aos<br />

mercados externos, pois nessa região, as<br />

condições climáticas são desfavoráveis<br />

ao desenvolvimento da sigatoka-negra.<br />

Essa produção é melhor aceita pelos<br />

importadores, em face do menor uso<br />

de defensivos agrícolas, em relação<br />

aos tradicionais abastecedores desses<br />

mercados.<br />

IA - Houve uma expectativa de prejuízos<br />

e mudanças na bananicultura<br />

brasileira a partir da entrada da<br />

sigatoka-negra no País. Qual a sua<br />

opinião sobre a presença dessa<br />

enfermidade e sua previsão para os<br />

próximos anos?<br />

Raul Moreira - A sigatoka-negra<br />

fez com que os produtores, das regiões<br />

onde ela encontra condições climáticas<br />

favoráveis ao seu desenvolvimento, se<br />

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 9 , n . 2 4 5 , j u l . / a g o . 2 0 0 8

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