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Dramaturgia da luz

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A DRAMATURGIA DA LUZ


FOTOS

Alberto Mauricio

Ale Catan

Alice Bravo

Aline Macedo

André Hawk

Arthur Galvão

Babi Furtado

Bernardo Schlegel

Beti Niemeyer

Beto Roma

Caio Gallucci

Carlos Cabéra

Chico Lima

Cláudia Ribeiro

Dalton Valerio

Dan Coelho

Daniel Barboza

Flavio Salgado

Gabi Castro

Guga Melgar

Guilherme Reis

Gustavo Paso

Irene Nobrega

Jardel Maia

Jorge Marcílio

Julia Bezerra

Junior Mandriola

Karla Kalife

Lenise Pinheiro

Leo Aversa

Livio Campos

Luciana Mesquita

Luis Teixeira Mendes

Luiz Kerche

Marcello Lipiani

Márcio Vianna

Marcus Gullo

Marcos Mesquita

Marian Starosta

Mauricio Maia

Nádia Mathias

Nina Vettá

Paula Kossatz

Paulo Severo

Pedro Molinos

Priscila Prade

Renato Mangolin

Robert Schwenck

Roberto Cardoso Junior

Rogerio Faissal

Sabrina da Paz

Silvio Pozatto

Sonia Moraes

Studio Prime

Theo Melgar

Vicente de Mello

Victor Hugo Cecatto

Wilian Aguiar

A DRAMATURGIA DA LUZ

Paulo Cesar Medeiros

Realização

Patrocínio

Correalização

Produção



PREFÁCIO

O primeiro artista a ressaltar a importância da iluminação

teatral num espetáculo no Brasil foi Ziembinski,

nos idos dos anos 1940, com a montagem de Vestido de

noiva. Passaram-se muitos anos até que, na década de

1970, surgisse Jorginho de Carvalho “causando” com a

montagem de A gaivota no Teatro Municipal. No final

dos anos 1980, tínhamos em plena atividade no teatro

carioca o Jorginho, o Maneco Quinderé e a dupla Aurélio

De Simoni & Luiz Paulo Neném. Eram a quem a gente

recorria se quisesse uma luz bacana.

Estávamos em 1988. A pedido do meu querido e saudoso

amigo Paulo César Coutinho, meti-me na direção

de um infantil, A Bela Aborrecida, com a impagável

Cláudia Jimenez. Jorginho, Maneco, Aurélio, Neném,

todos ocupados. E eu queria uma luz bacana. Mas estava

perdido. A produtora Bianca de Felippes — do alto da sua

sabedoria e de seus oito meses de gravidez — olhou bem

para minha cara e, sem ainda me conhecer direito, disse

com inacreditável segurança: “Trabalha com o Paulinho

Cesar Medeiros. É novo. Você vai adorar. Nunca mais

vai largar ele.” Paulinho who? Bem, não tinha outro. Vamos

encarar esse tal de Paulinho que a Bianca inventou.

Eu fazia duzentas coisas ao mesmo tempo, não tinha



tempo de pensar em luz, muito menos de orientar iluminador. Só disse a ele

que era uma luz difícil porque a peça se passava em uma casa de vampiros —

onde quase não há luz —, mas o espetáculo tinha que ser claro, porque era um

musical infantil. Como ele ia fazer isso? Não sei. “Deixa comigo”, foi o que eu

ouvi de Paulinho who. Bem... não sei que jeito ele deu — usou muito refletor

de chão, muita sombra —, só sei que o espetáculo realmente ficou, ao mesmo

tempo, claro e sombrio. Não preciso dizer que nunca mais larguei o Paulinho

— que virou meu mais constante parceiro em comédias, musicais e shows.

Bianca estava coberta de razão.

Mas a primeira luz do Paulinho a chamar atenção de classe, crítica e público

não foi para nada da minha autoria. Convenci meu amigo Wolf Maya a

trabalhar com ele na versão musical da peça Blue jeans no extinto Teatro da

Galeria. Ali, Paulinho se excedeu. Tirava um coelho da cartola a cada minuto

como um verdadeiro mago da luz, ajudando, de forma definitiva, a tornar

o espetáculo tão vibrante e cheio de efeitos como queria a direção. Naquele

momento, nascia aquele que é, sem dúvida, o nosso maior e melhor iluminador

de musicais — um gênero que costuma derrubar muita gente boa.

Se ele era bom de musical, também devia ser de show. Então, quando

fui convidado por Valéria Macedo e Jackson Bezerra para dirigir o primeiro

show de Edson Cordeiro no Rio, no Teatro Rival, não pensei duas vezes:

“Chama o Paulinho”. E ele pintou o sete. Cada música virou um número musical,

cada momento abrigava um achado de luz, num show de criatividade

que arrebatava o público e criava o clima perfeito para o “divo” Cordeiro brilhar.

Era para ser uma temporada de três dias. Durou três meses.

Logo depois, já no início dos anos 1990, cometi, pela primeira vez, a loucura

de escrever, dirigir e produzir um espetáculo. Os 7 brotinhos tinha um

pé no besteirol musical e outro em uma adaptação maluca de A chorus line. O

micropatrocínio da Company não dava chance a muita coisa. Decidi que não

haveria cenário, mas não poderia economizar na luz. Dei corda pro Paulinho.

E ele soltou a franga. O resultado foi um frenesi de ribalta, canhão, luz de torre,

lampadinha emoldurando o palco e tudo o mais que você puder imaginar.

Ninguém sentiu falta de cenário.

Bom de show, ótimo de musical, mas como ele se sairia numa comédia dramática?

Noite feliz — a primeira peça do chamado teatro comercial brasileiro

a tocar no espinhoso tema da AIDS — seria um belo teste. E não preciso dizer

que ele se saiu surpreendentemente bem. Surpreendentemente porque, afinal,

tudo se passava numa sala de estar — ainda que noturnamente recriada

por outro mago, Helio Eichbauer —, um cenário que não costuma dar muito

espaço para qualquer tipo de plasticidade. Mas Paulinho deu as mãos à noite

azulada instalada e proposta por Eichbauer e ajudou a criar uma cena poética,

estilizada e linda. Foi indicado a todos os prêmios do ano. Perdeu. Mas, a

partir daí, passou a vencer em quase todas as indicações que recebeu.

Mas, sem dúvida, o musical continuou sendo um carro-chefe. Seu desenho

de luz para a montagem original de O despertar da primavera, da dupla

Moeller & Botelho, era inesquecível. O cenário era uma estrutura tubular

que abrigava áreas de representação para os diversos espaços em que tomava

parte a ação da peça. Mas sem a luz do Paulinho, parecia um canteiro de obra.

Ele revestiu cênica e cenograficamente o espetáculo de tal forma que, ouso

dizer, sem a sua luz a montagem despencaria de interesse. Um trabalho autoral,

quase de codireção. Um golpe de mestre.

É claro que ali existia muito material à sua disposição. “Fazer luz assim

até eu”, dirão alguns. Mentira. Um iluminador pode ter 900 refletores à sua

disposição e pôr tudo a perder. Cansei de ver o Paulinho pegar um limão e

fazer uma caipivodka. Um desses casos foi no último show da amada e saudosa

Selma Reis cantando Gonzaguinha. Não havia patrocínio. O show estava

sendo montado com recursos próprios no Teatro Rival. “Não tem material

suficiente, Flávio. Vamos ter que alugar”, disse-me ele, olhando para o urdimento

do histórico teatro. Expliquei que não tinha grana e ele ia ter que

se virar com o que existia ali. E fui cuidar de outros detalhes do espetáculo.

Chegou a hora da primeira passada de luz e som. E eu não acreditei no que

estava vendo. “Você alugou algum refletor?” Diante da negativa e do deslumbramento

diante dos meus olhos, fiz a pergunta óbvia: “Isso é um pedido de

casamento, Paulinho?” E a resposta veio rápida e tranquila do hétero sem

problemas com sua sexualidade: “Nós já somos casados, Flávio.” O baixinho

ainda é chique pra cacete.

Nada disso, porém, me faria prever a luz que ele criou para um dos meus

mais recentes espetáculos, Irmãozinho querido. Nele, um irmão invadia o ensaio

do outro para um ajuste de contas, sob o olhar atento da diretora. O palco

do Teatro Ginástico é enorme, ótimo para um musical. Mas para uma peça

de três, apenas com uma discreta ambientação cenográfica, o mesmo palco

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pode ficar gigantesco. Paulinho se esbaldou. Espalhou escadas, brincou com

sombras, foi o figurino do palco. No dia da estreia, o querido e talentoso cenógrafo

José Dias olhou pra minha cara e disse: “O Paulinho agora também

faz cenário, é?”

Acho que ele pode fazer qualquer coisa, do teatro mais comercial ao mais

alternativo. Já vi peça que ele iluminou brilhantemente na qual o cenário era

só um colchão; em outra, ele projetava luzes no prédio ao lado, que iluminavam

a cena. É um homem de teatro completo. Tem veia de diretor (alguns

palpites seus são preciosos), tem ótimo olho para ator (conheci Kelzy Ecard

por recomendação dele) e é um amador no melhor sentido da palavra: fazer

um ensaio para ele, é um prazer. O Paulinho ri, chora, comenta, interage com

o espetáculo numa adesão contagiante. Hoje, é muito mais que o meu iluminador

favorito. É meu amigão, parceiro de todas as horas, na alegria e na tristeza,

com patrocínio ou sem patrocínio — como pede um casamento feliz. Se

eu fosse cair no chavão, diria que ele é uma luz na minha vida. Mas, evitando

a frase feita, eu diria que ele é um farol que me ajuda nessa difícil caminhada

teatral. Que os deuses do teatro te abençoem e te iluminem, Paulinho.

Flávio Marinho

Dedico esse livro a minha companheira, meu benzinho, Elisa Pinheiro,

que mil vezes me ouviu falar “agora acabei mesmo o livro”.

Nunca era verdade.

Agora é, amor.

A meu irmão de sangue e de sonhos, Julio Medeiros,

que está em cada página, em cada memória gravada.

Ao meu irmão de vida, Luiz Marcelo Guimarães,

que construiu cada passo dessa estrada comigo.

Aos meus três filhos: Gabriel, Antonio e Helena.

Tudo que faço tem vocês dentro.

Esse livro é para vocês saberem o que o papai estava

fazendo quando demorava para voltar para casa.

Era só amor.

Era só luz.

Ao Seu Dario e Dona Néa.

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CARTA A UM JOVEM ILUMINADOR

Querido jovem companheiro de ofício, preparado pra

iluminar? Então vamos juntos.

Durante muito tempo, me perguntei porque escolhi a

luz. Claro, ainda não sei. Mas, descobri uma coisinha ou

outra que gostaria de dividir com você.

Sinto a luz como uma extensão natural e indissociável

do corpo e da presença dos atores em cena. Aprendi

que o iluminador cênico não é um artista criando um

material em que a sua percepção ou capacidade criativa

atue de forma solitária. Tudo o que criamos está

constantemente em relação. Uma cena, uma fala, os

atores, o cenário, os figurinos, tudo já contém luz própria.

Com o tempo, aprendemos a perceber essa luz,

a concretizá-la por meio do nosso trabalho. Lidamos

com um elemento extremamente subjetivo e delicado,

mas de grande força.

Eu nunca me penso sozinho no processo criativo, não

só porque dependo das outras criações para atuar, mas,

principalmente, porque a arte do teatro é baseada no

diálogo entre as artes. Nesse sentido, vejo a luz como um

elemento de ligação entre as diversas partes de um espetáculo.

Uma linha que sublinha, envolve, amplia, escon-



de, revela... A proximidade da luz com a dança, por exemplo, e com elementos

cênicos que não são baseados no uso da palavra, é total.

A rigor, como a palavra é, principalmente para o teatro contemporâneo,

um elemento de propulsão e não de chegada, os elementos não verbais são

os grandes responsáveis pela comunicação em cena. Nesse sentido, a luz se

instaura como dramaturgia. É necessário, portanto, aprender a falar com ela,

usá-la como elemento de comunicação com todo o rigor que esse elemento

possui e necessita. “Dançar com a luz” é uma expressão que já ouvi inúmeras

vezes e que sigo ouvindo e pensando sobre.

Acho que essa expressão é a mais fina ideia de percepção da luz como espaço

em movimento, como algo que respira, vive e se comunica sem jamais

estar realmente estática, mesmo que esteja imóvel, fixada por um determinado

tempo. Uma luz, mesmo fixa, está viva, está em relação. Eu parto do

princípio de que preciso, antes de tudo, estabelecer uma relação com o espetáculo

como público, como espectador. Preciso que ele me toque e me mobilize

como cidadão e como artista.

Isso independe da questão do gosto. Isso está relacionado com a percepção

do espetáculo com a sua própria capacidade de se comunicar, de atingir

e sensibilizar. A partir desse momento, que pode acontecer em graus muito

distintos, começo um processo de entendimento artístico e técnico do que

é o espetáculo. As ideias e sentimentos de todos os criadores passam a ser

importantes e são estudados e pensados por mim.

O iluminador não faz a luz da direção, ele faz a luz de todos. Atores, cenógrafos,

figurinistas, músicos e, é claro, da direção. O diretor é o condutor, o

canalizador do processo criativo. Não há como criar no espaço cênico sem

passar pela visão de quem dirige. Isso seria um contrassenso. Podemos falar

de espetáculos sem direção, mas nunca vivi isso, então não sei dizer como

seria. Mais importante do que a relação com o diretor é saber que devemos

estar em relação com todos os elementos do palco, todos. Isso já nos aproxima

naturalmente da direção, de forma orgânica e não por uma relação hierárquica

simplesmente.

Acho que na arte, quando duas linhas de pensamento se opõem, na verdade

o que ocorre é um jogo sem fim de percepções entre suas próprias semelhanças.

Há um espaço interno em cada cena que sempre deve ser revelado.

Um espaço sobre o qual cada um terá uma percepção, por se tratar de

um elemento de presença subjetiva, mas que será sempre a base sobre a qual

caminharemos. Se não se consegue construir uma base sensitiva em relação

a um objeto de arte, não se pode andar. Se a visão sobre uma cena ou sobre um

espetáculo inteiro não passar por dentro de nós, não podemos construir nada

que se pareça com o que somos ou com o que pensamos.

Com relação aos movimentos que uma luz possa vir a ter durante uma

cena ou um show, penso que às vezes podemos falar por dias seguidos e não

dizer nada que fique. No entanto, podemos nos concentrar numa única frase

ou até mesmo numa única palavra e lá estar todo sentido que buscávamos. O

mesmo ocorre com a luz.

Às vezes, o iluminador busca desesperadamente pela melhor posição dos

refletores. Se você estiver realmente conectado com o espetáculo, você simplesmente

vai saber o que fazer, porque os refletores estarão dentro de você.

A arte — em especial, as artes cênicas — é feita da matéria dos sonhos, daquilo

que está entre. Perceber os espaços criados pelo cenário se parece muito

com perceber os espaços internos percorridos pelos atores. Os espaços não

estão dissociados. Muitas vezes, é preciso fazer a luz sumir com um elemento

cenográfico que não permite uma visão imediata do que os personagens estão

sentindo ou vivendo. Essa é mais uma capacidade delicada e sutil da luz. Fazer

desaparecer. Fazer não existir. Iluminar muitas vezes é escurecer, acho que

quase sempre é.

Certa vez, Edward Gordon Craig escreveu que “O teatro deve suscitar em

nós a nostalgia que não é desse mundo”. E Aleksandr Blok disse que “a arte é

o pressentimento da verdade”.

Uma das maiores angústias do iluminador é a busca incessante por uma

luz bonita. Acho que não se deve procurar a luz bonita e, sim, o belo. Muitas

vezes, o belo é nada, é pouco, é uma luz de serviço. Pronto, ali está o belo e

você nem tinha visto.

Prefiro lidar com a ideia de que o que existe é a humanidade e as energias

que existem dentro de uma peça e entre aqueles que a estão criando, no

momento em que criam. Dessa forma, me sinto sempre livre para misturar

gêneros e uso, na dança, luzes de teatro; na ópera, luzes de show; nos shows,

luzes de teatro contemporâneo. Assim tudo fica mais livre, orgânico e menos

acadêmico.

16 17



Aprendi a ser livre através da luz. O que eu sei é que quando um facho de

luz se acende, imediatamente algo em nós pensa em vida, em nascimento.

Isso está além de nossa capacidade de análise ou entendimento. Isso é uma

força que o próprio elemento luz possui. Nós é que devemos nos entregar e

aprender a conviver com ele. Aprender a lidar com seu poder, com sua energia

e com sua capacidade de transformação. A luz é, antes de tudo, uma força

da natureza e assim deve ser tratada, com todo respeito, estudo e cuidado.

A vida não é algo simplesmente dado a nós. A vida é uma descoberta. Como

diria Mallarmé: “Ela precisa do enfrentamento da ideia diária do suicídio da

busca de onde ela se esconde, pedindo para ser encontrada.”

Nós somos feitos de luz.

Um abraço do amigo Paulo Cesar Medeiros

Encarai o vosso tema de todos os pontos de vista,

sob todos os aspectos e não vos apresseis a começar

a vossa obra até o dia em que uma forma se imporá

ao vosso espírito e vos impelirá a realizá-la.

edward gordon craig, Da arte do teatro

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TRAÇOS



A arte é o pressentimento da verdade.

aleksandr blok







Os olhos necessitam da imaginação para ver. Nem só

sob a análise racional se vê as leis naturais. Jamais se

originou uma ciência sem uma percepção poética.

goethe











ESPAÇOS



























SOMBRAS



























SENTIDOS









A luz é, no espaço, o que os sons são no tempo:

a expressão perfeita da vida.

adolphe appia















CORES





A cor é a música dos olhos.

frederico garcia lorca



















Proponho um teatro maravilhosamente

realista da nossa imaginação.

stéphane mallarmé

















MENESTRÉIS

























O ator é uma fúria.



Do sol ao led

No decorrer da nossa história, podemos dividir a trajetória da geração

de luz até hoje em cinco fases:

1. O desejo de produzir uma chama durável: da Idade da Pedra até a

Revolução Industrial, em 1760, passando pelas chamas, pelas velas

e pela iluminação a gás.

2. Lâmpadas com controle: a partir de 1780, com as lâmpadas de azeite,

a gás e, posteriormente, as incandescentes.

3. Desenvolvimento das luzes incandescentes: de 1789 em diante.

4. Surgimento dos sistemas de luzes de descarga, dos sistemas de

controle digital e dos refletores inteligentes (moving lights e sistemas

demultiplexados).

5. Utilização de LEDs na iluminação cênica: tecnologia desenvolvida

em 1961 e utilizada em iluminação cênica a partir de 1999.

O sol e o fogo

O sol foi a primeira fonte de luz no teatro. Já o fogo foi a principal fonte

de luz sobre a qual era possível ter algum controle — isso até o surgimento

das primeiras lâmpadas de arco voltaico, no meio do século XIX. A relação

entre o ser humano e o fogo, com sua luz e calor, permeia a própria história

da evolução das civilizações e suas descobertas essenciais.

Tudo muda na evolução humana a partir da utilização e do domínio

do fogo: proteção, alimentação, luminosidade, deslocamento. O sol e a luz

passam a ser adorados, em contraposição à escuridão. Esse maniqueísmo

já se faz presente no Drama da Paixão Egípcia — uma das primeiras

danças dramáticas de que temos notícia —, onde a luz (representada por

Osíris) vive em constante combate com as trevas (representada pelo

deus Seth).

A luta do dia contra a noite, do bem contra o mal, a dualidade inerente

ao ato de iluminar, as definições de forma e volume, a noção de composição...

tudo passa pela ideia de contraste. E isso já está posto para a humanidade

desde sempre.

Com iluminação exclusivamente natural, o teatro grego era realizado

do nascer ao pôr do sol (de Leste a Oeste) e as arenas eram construídas

com base nesse deslocamento de luminosidade. A ideia de tempo na tragédia

grega está ligada, portanto, ao percurso da luz solar. A passagem do

tempo e a nossa relação com a natureza da luz estão unidas de maneira

indissociável.



Teatro grego.

Deus ex machina.

O teatro grego (aproximadamente 410 a.C.)

O teatro grego tem origem religiosa e campestre. Os ritos de fertilidade

dos sátiros dançantes cultuavam o deus Dioniso, relacionado ao vinho, ao

prazer e ao lúdico. Dessas cerimônias surgiram alguns dos principais termos

ligados à encenação teatral:

Skené (cena) — cabanas onde eram guardados os cenários e onde

os atores se preparavam para atuar. Hoje esse espaço é conhecido

como coxia (do italiano “corsia”, espaço para circulação).

Proskênion — local onde os atores representavam.

Orkestai — local onde se dançava. Termo que dá origem a “orquestra”.

Théatron — “local onde se vê”.

Thimelê — era o fogo sagrado colocado em um pedestal baixo à

frente da orquestra. Enquanto estivesse aceso, Dioniso — o deus

do entusiasmo e do teatro — estaria presente. O fogo era a própria

presença de Deus.

Neste período, efeitos especiais nos espetáculos eram criados com fogo

ou com a reflexão da luz do sol em superfícies polidas. Tochas eram usadas

para representar cenas noturnas durante o dia, já indicando o emprego de

uma linguagem cênica para a luz.

A filosofia grega via o dia e a noite como alegorias da verdade e da beleza,

como representações da perfeição divina. Sendo assim, os gregos acreditavam

que nenhuma luz artificial seria capaz de iluminar completamente.

Enquanto os romanos usavam crateras no palco, de onde saiam labaredas,

no teatro grego a luz poderia ser representada também por outros elementos,

como a pintura (de raios, por exemplo) nas paredes de alvenaria do

palco, tecidos pretos representando a noite ou efeitos de aparição divina ao

final das tragédias, por meio de reflexos luminosos (Deus ex machina).

A ideia de tornar o invisível visível e de fazer o sagrado se manifestar

através da luz esteve presente desde então. Até hoje, a luz é um símbolo de

espiritualidade. A herança desse passado milenar, essa memória atávica

que acompanha os artistas de teatro, estará sempre em cada ator em cena,

em cada luz que se acende.

A Idade Média (de 476 d.C. a 1453)

O teatro sagrado medieval surge dentro das igrejas, durante as missas

de Páscoa e Natal. Nessas celebrações há uma mistura entre a luz desenhada

pela fumaça dos incensos, as luzes do sol através dos vitrais e as próprias

chamas das velas e dos archotes.

Os vidros coloridos começam a ser usados nos vitrais das catedrais góticas

entre 1150 e 1250. Poderíamos dizer que vemos aí um primeiro sinal

de uso das cores como elemento de linguagem na luz.

Em determinado momento, porém, a Igreja decide proibir o teatro, pois

este passa a ser considerado profano, indecente e imoral. Assim sendo, durante

os séculos XIII e XIV, as representações saem das igrejas e vão para

as praças (voltando a usar a luz natural) e para os palácios, onde são usadas

velas avulsas ou em candelabros.

Já na época — assim como seria posteriormente no Renascimento —

os palcos eram construídos para serem desmontados e as tochas, que serviam

para criar luz nos palcos itinerantes, eram encharcadas com piche

para se manterem acessas.

Mesmo fora das igrejas, os temas religiosos seguem predominando nas

representações teatrais. Os “Mistérios”, como eram chamados os espetáculos

litúrgicos, são grandes ciclos bíblicos que contam a Paixão de Cristo,

histórias do Velho Testamento, dos apóstolos e dos santos. São realizados

a partir do século XII pelas guildas — corporações de comércio ou de ofícios

— e confrarias.

Ao final do século XIV e início do século XV, essas representações,

cada vez mais elaboradas, começam a se fundir com as festas, as feiras

e o comércio. Figurantes da cidade, chamados de dillettantis, participam

das encenações e há várias formas de palco simultâneo: o público

seguindo em procissão, o público parado e os atores se movimentando,

um palco comprido com vários cenários ou um cenário para cada trecho

da encenação.

Os efeitos de explosões, fogo e raios flamejantes passam a ser fundamentais

para os momentos de êxtase e dos milagres. O fogo, que na Grécia

significava a presença de um deus do entusiasmo, ganha nos Mistérios a

função de representar o inferno e seus terrores.

Teatro profano

Aos poucos, o teatro da época vai ganhando outras vertentes e se distanciando

dos temas sacros. Durante a Idade Média, multiplicam-se

toda sorte de grupos e artistas solitários — normalmente ambulantes ou

em carroças — como mensageiros e criadores de uma nova linguagem

teatral.

Mimos, mascaradas, autos de carnaval, jograis, farsas e bufonarias ganham

espaço e caráter popular. Improvisadores, menestréis, saltimbancos

e acrobatas assumem a função de expandir ideias, de fomentar críticas sociais

e de discutir técnicas teatrais. Formam uma cultura subcutânea durante

o rígido período medieval.

O mistério da paixão, de

Valenciennes, 1547.

Representação de teatro medieval.

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O Renascimento (de meados do século XIV

ao final do século XVI)

e ampliando as noções de perspectiva, grande paixão da Renascença. A

perspectiva coloca o homem, a consciência humana — e não mais os deuses

—, no centro do universo.

A Poética, de Aristóteles.

Candelabro.

Em 1492, a tomada de Constantinopla pelos turcos expulsa para o Ocidente

uma multidão, que leva consigo documentos e textos fundamentais

da cultura greco-romana. É o período de transição do feudalismo para o

capitalismo.

Aliado ao mecenato, esse fato contribui decisivamente para o desenvolvimento

das ciências e das artes, em especial a arte teatral. No final do

século XV, ocorre uma revolução nos costumes, no estudo e nas relações

entre o comércio e as artes em geral. Inicia-se o Renascimento.

Esse período é marcado por uma série de eventos significativos:

• Em 1456, com a publicação da bíblia de Gutemberg, a técnica da tipografia

passa a possibilitar a multiplicação dos textos escritos.

• O teatro renascentista estabelece a Poética de Aristóteles como

ponto de referência para a teoria dramática.

• A partir do século XV e, principalmente, do século XVI, começam a

ser construídos os primeiros teatros fechados, destinados somente

a apresentações cênicas e musicais. No final do século XVI, são

construídos os primeiros palcos elisabetanos, reservados exclusivamente

às encenações.

• Do século XVI até o fim do século XIX, as diferentes formas de utilização

do fogo (velas, candelabros, combustão de óleos vegetais ou

minerais, lâmpadas de azeite e controle de chama por gás) se tornam

as principais fontes de luz.

• Na França, os salões dos hotéis e dos palácios funcionam como espaços

de representação, utilizando grande quantidade de velas e

candelabros. (A luz também estava relacionada ao luxo dos eventos.

Quanto mais velas, mais luxuosa seria a representação).

• Na Espanha, os corrales (pátios) dos hospitais das irmandades

são os primeiros palcos do “Ciclo de Ouro Espanhol” e abrigam

apresentações de artistas mambembes. Em 1486, é lançada na

Itália uma edição de De Architectura Libri Decem (Dez livros sobre

arquitetura) de Vitrúvio — arquiteto e engenheiro romano do

século I a.C. —, que dá contribuição essencial para a criação dos

palcos renascentistas de acordo com o modelo dos palcos da Antiguidade.

Essa seria uma boa data para marcar o início da Renascença

no teatro.

A luz cênica na Renascença

É justamente nesta época de ebulição cultural e artística que começa a

ser desenvolvida a cenotécnica, união de técnicas navais, de arquitetura,

geometria, matemática e ótica para criação de cenários ou outros elementos

cênicos. Esses arquitetos, cenógrafos e inventores da caixa teatral se

tornam também os primeiros iluminadores teatrais e desenvolvem o pensamento

e a técnica em diferentes áreas da luz cênica:

• Visibilidade (iluminar sem ofuscar).

• Perspectiva (posicionamento das fontes de luz).

• Efeitos especiais (sol, raios, lua, trovões...).

• Relação entre palco e plateia (menos velas na plateia e candelabros

instalados atrás dela, para não ofuscar a visão. Também firmam a

luz de ribalta como linha divisória).

• Atmosfera (variação de intensidade e cores através de maquinarias

e efeitos de luz).

• Pesquisa e documentação (são os primeiros a escrever sobre iluminação

em seus tratados de arquitetura).

Por volta de 1640, os teatros passam a ser construídos com duas fossas,

uma na frente e uma no fundo do palco, para efeitos “mágicos”. Nessas

fossas concentravam-se todos os aparelhos de iluminação, em sua maioria

compostos por lâmpadas de azeite.

Cenógrafos e arquitetos compreendem que elementos técnicos e artísticos

devem se unir definitivamente no palco. Arte e ciência começam a

virar uma coisa só. Desta forma, estudos sobre óptica, matemática e geometria,

análise de posições das fontes de luz, de harmonia entre as luzes,

de quantidades de pontos... tudo isso se estabelece como essencial para a

criação teatral, em especial na área da iluminação.

É neste momento que os primeiros mestres e operadores de velas, de

lamparinas — e, mais adiante, de mesas de controle de gás — aparecem nas

salas de espetáculo. Surgem também os primeiros teóricos sobre a arte da

cena. Entre eles destacam-se:

Sebastiano Serlio (1475-1554)

Acendedor das luzes da ribalta.

Lampião de azeite.

Neste período, os teatros são construídos de forma a aproveitar a luz

do dia, através de claraboias no centro da construção, e de janelas situadas

atrás da plateia. Ao mesmo tempo, os cenógrafos começam a criar cenários

que unem telões pintados com elementos cenográficos reais, criando

Considerado o primeiro teórico teatral, o arquiteto italiano elabora um

sistema de filtros de cor usando vidros coloridos ou garrafas coloridas com

velas por trás. Desenvolve ainda estudos e práticas sobre a iluminação,

como:

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Mecanismo de Sabbatini.

• Posições e ângulos diferentes com funções diferentes (ver, criar

profundidade, luzes de atmosfera e efeitos especiais).

• Utilização de velas, lâmpadas de azeite de baleia, bacia com óleos

vegetais no chão e espelhos reflexivos para não ofuscar a plateia.

• Preocupação em esconder ao máximo as fontes de luz.

• Utilização de vidros com cores.

Nicola Sabbatini (1574-1654)

Arquiteto, engenheiro e cenógrafo, Sabbatini escreve Prática de fabricar

cenários e máquinas no teatro, contendo técnicas de iluminação,

cenografia e efeitos especiais. Desenvolve ainda um sistema mecânico

de abaixar, através de cordas, cilindros de metal que diminuíam a intensidade

das velas, criando assim o que seria o primeiro sistema de dimerização.

Jacopo Barozzi da Vignola (1507-1573)

O arquiteto e artista plástico italiano prova, através da geometria, que o

melhor ângulo de incidência da luz é em diagonal (pois permite revelar por

igual duas ou três dimensões do objeto iluminado).

Leone de’Sommi (1525-1590)

Dramaturgo, poeta e encenador, de’Sommi escreve pela primeira vez

sobre as funções dramáticas da luz. Tanto na teoria quanto na prática, ele

estuda a possibilidade de apagar ou acender determinada quantidade de

pontos de luz para influenciar na atmosfera do espetáculo e a importância

de diminuir a quantidade de luzes na plateia e aumentar as do palco.

Ângelo Ingegneri (1550-1613)

Em 1593, o poeta e dramaturgo faz uma tentativa de apagar totalmente

a sala, mas acaba não tendo êxito. Por um lado, pela dificuldade técnica de

apagar e ter que acender as luzes entre os atos. Por outro lado, porque a

resistência da sociedade em não ser vista na plateia ainda era grande.

Até o início do século XX, os assuntos retratados são ligados ao naturalismo

e à reprodução da realidade, com temas clássicos ou românticos.

Em particular, o movimento desafiou o racionalismo exasperado da

Idade da Razão, exaltando a liberdade, o indivíduo e a criatividade. Além

disso, encontrou na natureza o refúgio ideal para escapar da realidade

cotidiana.

Na Europa, tornou-se um amplo movimento de protesto contra a cultura

aristocrática e contra a estética neoclássica na qual essa cultura se

baseava. Victor Hugo, Alfred de Musset e Alfred de Vigny, na França; Percy

Bysshe Shelley, na Inglaterra; Francisco Zorilla, na Espanha; Wolfgang

von Goethe, Friedrich Schiller e Heinrich von Kleist, na Alemanha; são os

principais dramaturgos da época.

A luz cênica no Romantismo

Na passagem do século XVII para o XVIII, as fontes de luz e os ângulos

usados já são muitos: ribaltas, luzes laterais, candelabros, luzes de efeito,

luzes penduradas ou no fundo do palco, efeitos de sombras em tecidos ou

transparências. O palco vira a “grande caixa mágica de ilusões”.

A grande mudança técnica é a substituição das velas por lâmpadas ou

lampiões a gás e com sistemas de controle da chama. Surgem também os

refletores polidos em metal (brocal, mica ou cobre polido).

No final do século XVIII, o físico suíço Ami Argand desenvolve melhorias

nos lampiões a óleo — com a criação da lâmpada de Argand — e instala

vidros protetores que permitiam maior durabilidade e melhor controle da

luz, além de colaborar para a segurança dos teatros. Essas cúpulas também

podiam ser pintadas com anilina transparente, criando luzes coloridas. Já

o cenógrafo francês Phillip de Loutherbourg utiliza tecidos de seda colorida

para criar efeitos de cor.

Durante esses quatro séculos (XV a XVIII), a luz busca basicamente um

aperfeiçoamento no intuito de imitar a natureza. Com a Revolução Industrial,

o teatro vira um grande investimento, lucrativo e caro.

O século XIX e a luz a gás

Lâmpada de Argand.

O Romantismo (da década de 1770 até meados do século XIX)

As peças românticas caracterizam-se por forte gosto pelo fantástico

e pelo exótico, pelo predomínio da emoção sobre a razão e por um nacionalismo

profundo. É o período de ascensão da burguesia e declínio do

absolutismo.

Na primeira metade do século XIX, a grande novidade é o surgimento

da luz com chama a gás. Os teatros instalam seus próprios sistemas de

tubulação e eles mesmos cuidam do abastecimento, pois ainda não havia

nenhuma empresa fornecedora até então.

O gás é usado pela primeira vez em 1816, pelo iluminador F. A. Winstzler,

no Lyceum Theatre, em Londres, mas o processo de utilização da substância

era tão dispendioso que só foi realmente difundido a partir de 1850.

182 183



Limelight.

A luz da chama vinda do gás era mais potente, mais constante, menos

amarela e permitia uma melhor visibilidade, além da ampliação dos efeitos

já desenvolvidos durante os séculos anteriores.

Em 1816, o político e engenheiro civil escocês Thomas Drummond

inventa a limelight, que consiste em dois cilindros tubulares de gás comprimido

que conduzem, respectivamente, oxigênio e hidrogênio, indo em

direção a um tubo de carbureto (lime) que incandesce. Essa luz será usada

pela primeira vez em 1830, no Convent Garden. Mesmo depois do surgimento

da luz elétrica, o termo limelight se tornará sinônimo de “luzes da

ribalta” (como no filme de Chaplin).

Em relação à luminosidade, até meados do século XIX, as pesquisas se

concentram basicamente na reprodução da luz natural e dos efeitos naturais

(como nuvens, raios, anoitecer, etc.). Em 1849, a primeira lâmpada de

arco voltaico é acesa durante a ópera O Profeta, de Giacomo Meyerbeer,

imitando o sol nascendo.

Surgem, assim, os mestres dos fenômenos físicos do teatro, os chefes

eletricistas e os especialistas em óptica. São os cientistas-iluminadores,

como Jules Duboscq e Hugo Bahr, criadores de efeitos especiais para as

óperas de seu tempo:

Jules Duboscq (1817-1886)

A utilização da luz a gás dura cerca de 50 anos, até começar a ser substituída

pela luz elétrica. Grandes nomes da dramaturgia, da música e da

cena se destacam nesse período. Entre eles:

Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)

O poeta e dramaturgo alemão foi também diretor e pioneiro no estudo

das cores no teatro. Em sua montagem de Fausto, usa pela primeira vez

projeções com funções expressivas. Se interessa muito pelos experimentos

de Isaac Newton, em especial no que se refere ao estudo da luz, e sustenta

que a combinação entre ciência e arte é essencial para a formação do

ser humano.

Henry Irving (1838-1905)

O ator e diretor inglês também desenvolve a utilização da luz a gás em

seu teatro, o Lyceum Theatre, em Londres. Cria sistemas de controle e distribuição

das chamas e introduz a ideia de setorizar a ribalta e criar chamas

coloridas nela. Era tão apaixonado pela luz a gás que seguiu usando-a

mesmo após o surgimento da luz elétrica, pois a considerava mais viva e

menos dura.

Mesa de controle de luz a gás.

Colorímetro de Duboscq, 1870.

Óptico e chefe do serviço de iluminação elétrica da Ópera de Paris, cria

refletores com parabólicos e produz o Catálogo dos aparelhos utilizados na

produção de fenômenos físicos no teatro, em 1864. Entre esses aparelhos

estão o primeiro modelo de canhão seguidor, efeito de arco íris, nascer do

sol, lâmpada de arco voltaico e lanternas mágicas para projeção de imagens

fotográficas.

Hugo Bähr

É considerado pelos alemães o “pai da luz”, criou centenas de traquitanas

eletro-ópticas para projeção de efeitos, inclusive para as óperas de

Wagner (nuvens negras, inundações, incêndios, chuva, neve, aparições de

feiticeiras, de deuses...).

Adolphe Appia foi estagiário de Hugo Bähr e, por conta disso, muito influenciado

em suas concepções cênicas e na utilização de projeções. Foi o

primeiro a usar sombras no palco de forma intencional.

Entre diversas experiências feitas à época, a mistura de outros componentes

químicos ao gás podia modificar a coloração da chama (outra forma

de criar cor, além dos vidros coloridos). Mas a grande novidade era a possibilidade

de um controle central para regular as intensidades de diferentes

circuitos da tubulação. Era o início do conceito de mesa de controle da luz.

Richard Wagner (1813-1883)

Em 1849, o compositor, ensaísta, poeta, dramaturgo e diretor alemão

escreve o livro A obra de arte do futuro, no qual explora as várias possibilidades

de arte, criando as bases para o conceito de GESAMTKUNSTWERK

(obra de arte total ou integral). No livro, Wagner fala sobre a necessidade

de as três artes irmãs (dança, música e poesia) abrirem mão de seus egoísmos

e vaidades para permitir o nascimento da “obra de arte do futuro”:

uma obra realmente coletiva e integral.

Ele aborda ainda a construção de uma percepção através dos sentidos, e

não da razão, para a compreensão da obra pela plateia. Fala da importância

do drama a ser apresentado, do assunto da obra como ponto de interseção

entre todos os elementos, e cria a ideia de “desejo coletivo” para a criação

teatral.

Em 1876, Wagner estreia em um teatro (o Festspielhaus), tecnicamente

construído para criar ilusões através dos sentidos. É nesse espetáculo —

O anel — que Wagner, pela primeira vez na história teatral, apaga a plateia.

Difícil imaginar o efeito que causou à época. Todas as atenções se voltam

para o espetáculo teatral.

Nessa montagem revolucionária, Wagner desenvolve um enorme avanço

técnico. Usa refletores de arco voltaico, com a orquestra totalmente escondida

em um fosso; a plateia inclinada, para melhorar a visão de todos; e

Richard-Wagner- Festspielhaus.

184 185



Primeira lâmpada

incandescente, patenteada

por Thomas Edison.

a ribalta coberta, para não ofuscar a plateia. Também utiliza projeções feitas

por Hugo Bahr em um aparelho elétrico com vidros pintados na frente

da lente de um projetor de imagens.

A luz elétrica

Em 1879, com a invenção da primeira lâmpada elétrica incandescente

a vácuo, por Thomas Alva Edison (1847-1931) — e seu rápido desenvolvimento

pela própria Edison Eletric and Company —, o uso da iluminação

elétrica se expande, sobretudo nos espaços teatrais. No mesmo ano, o teatro

da Califórnia já utiliza as lâmpadas produzidas por Edison e, dois anos

depois, o teatro Savoy, de Londres, já está totalmente iluminado por lâmpadas

incandescentes.

Enquanto a instalação dos sistemas a gás demorou 50 anos, a luz elétrica

foi consolidada em dez anos (de 1880 a 1890). O período entre o fim do

século XIX e o início do século XX é marcado por mudanças fundamentais

na técnica teatral, que caminham em paralelo com novos pensamentos

e realizações de novos encenadores em diferentes países. Nesse período

surgem as primeiras resistências voltadas para o controle dessas novas

lâmpadas.

No teatro, a luz elétrica reinventou o escuro, o corte, as mínimas intensidades,

o controle total das fontes e intensidades e o blackout. Aqui

se inicia a relação entre a luz e seu oposto complementar: as trevas. Agora

seria possível apagar as luzes por completo. Isso tem um poder revolucionário

para a cena teatral. O poder de escolher o que mostrar, de

encerrar uma cena e começar outra, o uso de agrupamento de luzes por

resistência. Estavam postas as primeiras condições técnicas que permitiriam

o surgimento dos grandes estetas do século XX. O teatro agora se

aproximava definitivamente do conceito de Grande Arte. A linguagem

teatral passa a andar de mãos dadas com o surgimento de uma nova língua,

a da luz.

O fim do século XIX e o início do século XX

Nesse período de transição, em que o mundo inteiro se modifica, dois

movimentos são fundamentais para a arte teatral e seus novos pensadores.

Expressionismo

O expressionismo vê a arte como expressão de uma subjetividade em

estado de desespero e de êxtase, ao contrário da objetividade da realidade

exterior, base do naturalismo. No teatro, esse movimento aparece representado

por personagens heroicos em constante luta contra a sociedade

e com o poder instituído. É uma revolução em busca de um novo homem e

uma nova arte, em contraposição ao velho mundo. O espaço pode ser onde

o herói está ou mesmo dentro da sua cabeça, no seu inconsciente.

A luz no expressionismo se vale de fortes contrastes entre claro e escuro,

sombras que criam duplos dos personagens, destaque de partes do

cenário e uso de focos e zonas de luz, criando novos significados para o uso

do espaço.

Simbolismo

Nada mais seria como antes! O desenvolvimento do simbolismo no teatro

se pauta em não mais buscar a imitação da realidade, mas sim a poesia,

os sentidos, a musicalidade da cena. Durante todo século XX, essas premissas

vão se desenvolver no trabalho de diversos encenadores, cenógrafos,

iluminadores e toda gente da cena.

Na pintura simbolista e na encenação teatral, as cores ganham papel

fundamental e saem da esfera de representatividade da realidade, de uma

busca naturalista, para ganhar status de abstração, de busca poética de estados

de espírito e de criação, de códigos de linguagem. O simbolismo traz

para o teatro a ideia do aspecto visual como prioridade.

Durante toda a primeira metade do século XX, esse novo elemento — a

luz — vai criando uma linguagem própria. E temos na experiência de diferentes

profissionais visões diferentes sobre sua utilização.

Entre tantos encenadores, cenógrafos e iluminadores, alguns se destacam

como representantes da virada do século e de todo o século XX — período

que acelerou a história da humanidade e foi marcado por inúmeras

guerras, mas também por uma evolução técnica e artisticamente nunca

vista antes.

Paul Fort (1872-1960) e Lugné-Poe (1869-1940)

Em 1890, o poeta simbolista Paul Fort cria o Théâtre d’Art, um libelo

antinaturalista. A ideia era colocar em cena o pensamento simbolista, devolvendo

a poesia ao teatro. Fort se une ao ator e diretor Lugné-Poe, vindo

do Théâtre Libre, de Antoine, e juntos fazem diversas experiências teatrais,

rompendo definitivamente com o cenário naturalista. A intenção era

buscar sugestões para a imaginação no lugar de descrição para o entendimento.

Nesta época, Paul Fort convida pintores simbolistas para produzirem

telões abstratos para os cenários. Entre esses pintores estão Paul Sérusier,

Pierre Bonnard, Henri-Gabriel Ibels, Édouard Vuillard, Odilon Redon e

Maurice Denis. O Théâtre d’Art reinventa o cenário pictórico e inaugura

Desenho de Edward Gordon Craig

para Macbeth.

186 187



a contribuição da pintura moderna com o teatro — união que atravessa o

século XX. A ideia era de que uma cenografia fixa reduziria a capacidade de

imaginação. É o que a poesia faz com suas metáforas.

Em 1891, Paul Fort encena O Cântico dos Cânticos, de Salomão, usando

luzes monocromáticas aliadas a cada tema musical e a cada parte do texto.

Um espetáculo sinestésico durante o qual até perfume era jogado sobre a

plateia. União de verbo, música, luz e aroma.

Em 1893, Lugné-Poe dirige Pelléas et Mélisande, de Maurice Maeterlinck.

Essa montagem é considerada o ponto alto dos conceitos simbolistas

do Théâtre d’Art. Usando apenas dois telões, ele se vale das trocas de

cor para criar os dezenove ambientes diferentes onde se passa a ação.

Ainda em 1893, Lugné-Poe, junto com Camille Mauclair e o pintor Vuillard,

fundam o Théâtre de l’Oeuvre, formando uma parceria com o movimento

de pintores Les Nabis (Toulouse Lautrec, Sérusier, Bonnard, Denis,

Munch). Este movimento inicia a pintura de obras abstratas, e não figurativas.

Cria-se uma relação direta entre o palco, a cenografia e as artes plásticas.

Nesse sentido a poesia e a pintura sufocaram, em parte, a liberdade do teatro.

Com a montagem de Ubu Rei de Alfred Jarry, em 1896, Lugné-Poe retoma

o teatro e suas convenções, mas de forma cínica, brincando com ele, trazendo

o público para dentro do jogo, revelando os truques do próprio teatro.

Loie Fuller (1862-1928)

A bailarina americana estreia em 1891, no Folies Bergère, e revoluciona

o cenário teatral com suas técnicas de dança e iluminação. Em suas performances,

Fuller concretiza o ideal simbolista de unir sensações e espírito

ao contracenar e dançar com jogos de luzes, de espelhos, projeções e

mudanças de cor. Os figurinos são parte fundamental na cenografia. Ela

usa véus de tecido presos a tubos de madeira para ampliar as experiências

com a luz, criando o que foi chamado de Serpentine Dance. Com seu teatro

de luz, Fuller influencia toda a relação entre arte e tecnologia que se desenvolve

por todo século XX.

Adolphe Appia (1862-1928)

O arquiteto e encenador suíço volta a figurar na lista de nomes de destaque

na cena teatral, desta vez também como teórico. Entre o final do século

XIX e o início do século XX, ele escreve três livros fundamentais: La mise

en scène du drame wagnérien (1892), La Musique et la mise en scène (1897)

e L’oeuvre d’art vivant (1911). Para ele, a forma como as encenações das

obras de Wagner (em que a vida interior era o fundamental) eram realizadas

estavam em desacordo com o potencial simbólico que tinham. A estrutura

seguia muito realista e com elementos que emperravam a percepção

da poesia contida na música. Ele queria desenvolver a síntese e a sugestão.

Appia cria uma hierarquia para a cena, onde o ator está acima de tudo.

Ele é o centro da encenação. O corpo do ator é visto por ele como móvel,

plástico. Ou seja, tem três dimensões, assim como o espaço. Logo, o espaço

também deve ser construído em três dimensões para se relacionar com

essa nova visão sobre o ator. O espaço é o segundo elemento nessa hierarquia.

A luz ocupa o terceiro lugar.

Assim, ele vai contra as cenografias de telões pintados, mesmo os usados

pelos simbolistas. A ideia é de que a tela pintada deixa sem sentido os

elementos tridimensionais, já que expõe a mentira dada pelas duas dimensões

da pintura, onde até a luz é pintada, enfraquecendo as luzes reais usadas

no resto do espaço. Propõe uma cenografia arquitetural, com ângulos,

escadas, portas, colunas, planos inclinados... O espaço perde a função de

representar o local real da ação e passa a ser um símbolo do espaço interior.

Pura potencialidade.

Nesse contexto, Appia cria o conceito de luz ativa, usado agora definitivamente

para interferir nas relações emocionais da cena e nas relações

e variações entre os atores e o espaço. No livro A música e a encenação,

Appia estuda a técnica da luz para concretizar sua função de entendimento

metafísico do drama. Em seu segundo livro, A música e a mise em scène,

lembra que Apolo era o deus tanto da música quanto da luz e estuda a relação

entre esses dois elementos.

Com origem no idealismo platônico, o desafio de Appia era encontrar

meios técnicos que concretizassem as sensações e sugestões da obra sem

o realismo das montagens de Wagner, mas sem serem transcendentes e

inalcançáveis como propunham os simbolistas franceses. Ele cria uma

linguagem própria entre a alma e o corpo, entre a estética e a técnica.

No livro de 1892 — Compêndio das técnicas de iluminação cênica — o

autor dedica cinco páginas especificamente ao estudo da luz, dividindo-

-as em luzes “difusas” e “ativas”. As primeiras com função de mostrar e as

segundas com função de criar a linguagem e a qualidade da luz.

Apesar de conhecer de perto os aparelhos e de ter criado alguns para

suas encenações, Appia não era um técnico. Mesmo assim, ele já divide

claramente os equipamentos disponíveis na época por função:

• Fontes fixas e ribaltas das coxias laterais para os telões.

• Ribaltas na frente do palco para os atores (consideradas um horror

por ele).

• Refletores móveis para fazer raios e focos.

• Iluminação por transparência atrás de tecidos.

Appia indica claramente a necessidade de trabalhar as intensidades

para a convivência das luzes difusas, ativas e de recorte. Para o desenvolvimento

do conceito da luz ativa ele se utiliza de projeções — sombras, recortes,

efeitos de transparência, movimentos de objetos na frente das fontes

Desenhos de Adolphe Appia.

188 189



Cenário de Adolphe Appia.

Edward Gordon Craig, 1910.

de luz ou cores jogadas nas telas de fundo —, sintetizando e concretizando

as ideias simbolistas.

Em 1906, ele conhece Jaques Dalcroze e a “rítmica”, trabalho corporal

artístico e didático que muito o influencia, dando origem aos desenhos

chamados de “espaços rítmicos”. Esses desenhos não eram feitos

para serem montados nem se referiam a nenhuma peça em especial.

Eram estudos de espaço, nos quais não há mais resquício de representação

realista. A ideia era pensar a relação do espaço com os corpos “sob

a ordem da música”. A maioria de seus desenhos e projetos, porém, não

saiu do papel, principalmente pela falta de condições técnicas para serem

executados.

Na Suíça, Appia é responsável pela construção da Sala de Apresentações

do Instituto Jacques Dalcroze. Essa sala tem o teto e as paredes revestidas

de tecido difusor e as fontes luminosas ficam por trás desses tecidos.

A ideia era criar não uma sala iluminada, mas uma “sala iluminante”.

A luz ganha enorme importância no sentido de criar várias possibilidades

ao mesmo espaço fixo. Entre 1920 e 1925, ele cria o projeto de encenação,

cenografia e luz de diversos espetáculos.

No livro A obra de arte viva, o autor separa as artes da encenação em

“artes do espaço” (pintura, arquitetura e escultura) e “artes do tempo”

(poesia e música). As tensões entre elas (imobilidade em relação ao tempo

e ao espaço) são reduzidas pelo movimento. O ator é o representante do

movimento no espaço e a luz viva é aquela que age em consonância com o

ator, tornando-se, assim, outro elemento de movimento. A luz passa a ser o

elemento de fusão entre todas as artes.

Edward Gordon Craig (1872-1966)

Ator, encenador, figurinista, cenógrafo, iluminador, gravurista e arquiteto

inglês, Craig escreve, entre 1905 e 1911, o livro Da arte do teatro, que

traz o diálogo entre um encenador e um amador. Também dirige, de 1908 a

1929, a revista The Mask, que desenvolve artigos e pensamentos sobre teatro.

Buscando desenvolver um trabalho sobre as convenções de linguagem

próprias da área teatral, ele estuda mascaradas, rituais de dança da Grécia,

teatro medieval cristão, marionetes, etc.

Craig considera impossível pensar o teatro como uma arte de junção de

outras artes. Quer fazer dele uma arte autônoma, independente da pintura

ou mesmo da literatura, e recusa absolutamente qualquer realismo em todas

as áreas do teatro.

Para Craig, gestos, palavras, cores, linhas, luzes, ritmo (os signos presentes

nos elementos teatrais) devem formar uma unidade. Assim, não

existe cenário sem luz e os dois devem ser uma só expressão cênica. A criação

dessa unidade é a função do “novo encenador”. Sendo assim, ele deve

dominar todas as linguagens que compõem a cena.

Craig acredita que a principal ação do espetáculo se dá em nossos sentidos,

e não em nosso entendimento. Entende como cenário tudo aquilo

que se vê: luz, cenografia, figurino, atores, objetos... Ele busca na essência

do texto uma ideia que a sintetize. Seus cenários buscam essa síntese: um

trono representa um castelo, um vitral representa uma igreja, uma escada

pode representar uma metáfora da vida.

Ele vê as cores como símbolos. A partir daí, utiliza-as para compor uma

gama de sínteses da essência da peça, dando às cores sentidos e funções

simbólicas. Como nas pinturas simbolistas, o contraste nas cores é dado

pelo corte seco entre cores complementares, sem a ideia de esfumato ou

de sombras em busca de perspectivas. Para ele, a luz é a revelação e o símbolo

da vida. As sombras, o símbolo da morte. A representação do drama é

baseada nessa coexistência.

Influenciado pelo diretor Henry Irving (o grande iluminador a gás),

Craig tem também influências de Herkomer (professor nascido na Baviera,

mas radicado em Londres), de Max Reinhardt, do professor Littmann

(na Alemanha), e do Teatro de Arte de Moscou, de Stanislavski.

Pela primeira vez, os equipamentos de iluminação são instalados de

acordo com um pensamento sobre funções, ângulos e relações com o cenário.

Esses primeiros projetos de luz são batizados por Craig de “dispositivos

de luz”. Ele também suprime totalmente a ribalta e, já em 1900,

na sua primeira montagem, Dido e Eneias, de Purcell, usa as “caixas com

lâmpadas” — operadas manualmente — no fundo da plateia e nas laterais

do palco. Já em sua montagem de Bethlehem, usa apenas luz em um berço

para representar a figura de Jesus bebê.

Por conta de sua trajetória, Craig é nomeado por Margot Berthold —

historiadora alemã contemporânea — como “o simbolista da luz”, “O Iluminador”.

Seguem algumas de suas contribuições à iluminação cênica:

• Usa o efeito de iluminar o ciclorama com uma luz e um tecido de

gaze na frente, iluminado com outra luz, criando “aparições”. Esse

efeito, que já era experimentado desde o século XVIII, agora ganha

refinamento técnico.

• Trabalha os contrastes das cores, como na pintura simbolista.

• Utiliza discos giratórios perfurados para produzir sombras e movimentos.

• Utiliza também o tecido de gaze na frente do palco, fazendo surgir e

sumir figuras por trás.

• Através dos efeitos de sombras projetadas por discos, ou por estruturas

em arame que provocam sombras, ele substitui o elemento

realista por sua sensação, pelo reflexo que causa.

• Cria o conceito de “supermarionete”: o ator como um ser divino, ritualístico,

um realizador de uma cerimônia em louvor da criação.

• A partir de 1905, desenvolve os steps, desenhos em que pesquisa os

movimentos da luz e do espaço.

Steps de Gordon Craig.

190 191



• Imagina a criação de um dispositivo cenográfico móvel, que fosse

formado de cubos móveis que poderiam surgir do piso do palco e

se modificarem de acordo com o desejo do encenador, como uma

“dança das formas”.

• Em 1907, sem possibilidade de executar várias de suas ideias, produz

uma nova série de desenhos chamados de scenes.

• Usa os planos convexos produzidos desde 1910. Cria os screens, painéis

retangulares móveis e translúcidos que podem receber cores,

luzes, sombras, criar transparências e serem modificados de acordo

com o espetáculo.

Para experimentar as possibilidades dos screens com luz, Craig cria

maquetes. A primeira vez que ele se utiliza essa ideia na prática é na montagem

de “Hamlet” no Teatro de Arte de Moscou, em 1912. É neste momento

que ele conhece Stanislavski e os dois trocam ideias sobre suas concepções

de teatro totalmente diferentes.

Nesse momento da história, os simbolistas veem os olhos como as janelas

da alma e a iluminação como uma manifestação visível da ideia.

Vsévolod Meyerhold e Constantin Stanislavski

A relação entre os dois grandes encenadores russos do início do século

XX resume de forma emblemática duas visões distintas sobre o teatro e

suas possibilidades de encenação.

Enquanto o ator, diretor e pedagogo Constantin Stanislavski (1863-

-1938) busca — em seu teatro de Arte de Moscou — uma nova dimensão

para o realismo, Vsévolod Meyerhold (1874-1940), seu discípulo, se contrapõe

ao mestre buscando, através de sua biomecânica, uma nova forma

de atuação baseada em movimentos e ações não naturalistas.

Um episódio que retrata bem essa relação está direcionada diretamente

à questão da luz. Em sua rápida passagem, como diretor convidado, pelo

estúdio de teatro de Stanislavski, Meyerhold inicia a montagem de A morte

de Tintagiles, texto do simbolista Maeterlinck. Após seis meses de experimentações,

Stanislavski pede para assistir a um ensaio. Depois de alguns

minutos de espetáculo, ele interrompe a ação e grita da plateia: “Mais luz,

mais luz!”.

Apesar das diferenças, esses dois mestres mantiveram-se amigos e fervorosos

pesquisadores da cena contemporânea. Cada um com sua visão.

Peter Behrens, Max Littmann, Fritz Erler e Georg Fuchs:

a revolução alemã na luz

A construção do Kunstler Theater, em Munique, 1907, por um grupo

formado por Peter Behrens, Max Littmann, Fritz Erler e Georg Fuchs,

sintetiza as ideias revolucionárias desses reformadores do teatro alemão.

Esse grupo influenciou diretamente Max Reinhardt e Meyerhold, entre

outros. E seu legado foi registrado em livros.

Em Festa da vida e da arte, de 1900, Peter Behrens coloca o expectador

como parte fundamental da ação teatral. Para isso, cria um proscênio

avançado pela plateia. Em 1905 e 1909, respectivamente, Georg Fuchs escreve

O teatro do futuro e A revolução no teatro. Nos seus estudos, se aproxima

do teatro da antiguidade e do teatro oriental e afirma que o ato teatral

deveria ser uma festa pública.

Fuchs propõe um “palco em camadas” e Max Littmann constrói o

Kunstler Theater dividido em três partes: o proscênio avançado (principal

lugar da ação), uma cena média (com elementos móveis) e uma cena

na parte posterior (com uma tela iluminada de formas variadas). O mais

importante desse novo espaço é a recusa do ilusionismo. Esses encenadores

propõem que os elementos cenográficos e a disposição das luzes sejam

assumidamente teatrais (uma espécie de “reteatralização” do teatro). Na

verdade, há uma teia de referências entre Fuchs, Meyerhold, Appia, Craig

e Reinhardt. Todos se influenciam mutuamente e buscam uma cena não

naturalista.

Berthold Brecht (1898-1956)

O dramaturgo, poeta e encenador alemão traz para o debate teatral uma

série de questões que vão de encontro à utilização dos recursos teatrais

para iludir o expectador. Nesse aspecto, a luz era vista como elemento de

fortíssimo impacto para criar essa ilusão, para conduzir a plateia para esse

ou aquele entendimento ou sentimento.

Em sua concepção, as luzes deveriam ficar todas aparentes, revelando

“os truques”. Deveriam ser claras para que se pudesse ver e opinar sobre o

que se via sem interferência exagerada da direção. Ao contrário de expressar

neutralidade, a utilização de luzes brancas (muitas vezes gerais), ou até

de luzes de serviço sem grandes requintes, buscava a nitidez de um pensamento,

de uma postura para lidar com os materiais e elementos de cena.

“Precisamos do espectador desperto, atento”, dizia ele, enquanto criava

seu teatro épico e buscava posicionamento e reflexão tanto de seus atores

quanto da plateia.

Erwin Piscator (1893-1966)

Dramaturgo, diretor e produtor teatral alemão, Piscator é, junto com

Brecht, um dos expoentes do teatro épico, gênero que privilegia o contexto

sociopolítico do drama. Trabalha com uma tríade de pesquisas em suas

encenações: o teatro atualidade/documental, o teatro épico e o teatro de

luz. Cria o teatro documentário e se torna pioneiro da multimídia ao usar

projeções de imagens em cena.

192 193



Desenho de Robert Edmond

Jones, 1928.

Em uma frase sua, podemos entender perfeitamente a visão do dramaturgo

sobre as mudanças na relação da criação teatral com a sociedade e com

a responsabilidade do artista enquanto cidadão e agente transformador:

Em vez de temas privados tínhamos generalização, em vez do que

era o especial tínhamos o típico, em vez do acidente tínhamos a

causalidade. O decorativismo deu lugar ao construtivismo. A razão

foi colocada em pé de igualdade com a emoção, enquanto a

sensualidade foi substituída pelo didático e a fantasia pela realidade

documentária.

A técnica sempre esteve para Piscator a serviço de sua busca por uma sociedade

mais informada e consciente de sua capacidade de transformação.

Robert Edmond Jones (1887-1954)

Cenógrafo, desenhista e figurinista norte-americano, Jones estudou em

Berlim com Max Reinhardt, no Deutsches Theater, e é apontado como o responsável

por incorporar a nova encenação europeia ao drama americano.

Seus projetos buscavam integrar os elementos cênicos à narrativa,

em vez de mantê-los separados e indiferentes à ação da peça. Seu estilo

visual, muitas vezes referido como realismo simplificado, combinava o

uso de cores ousadas e vivas com uma iluminação simples, mas dramática.

Foi um dos primeiros desenhistas dos filmes em technicolor em três

cores.

Escreveu, entre outros livros, Desenhos para o teatro (1925) e The Dramatic

Imagination (1941), considerada uma obra definitiva sobre o design

moderno para o palco na primeira metade do século XX.

Matthias Langhoff (1941)

Diretor alemão radicado em Paris, Langhoff trabalhou no Berliner

Ensamble, com peças de Brecht, e se destaca por usar uma mistura de

técnicas como fotografia, projeção e cenários móveis, tudo aparente ao

público.

“Aprendi fotografia para compreender o século XX. A luz é diferente

numa paisagem destruída”. Nessa frase percebemos um pouco do universo

de um encenador que desconfia das belas imagens. Um artista plástico que

começou sua carreira como iluminador e que usa camadas de imagens (de

diferentes técnicas) para atingir diferentes camadas de história. É como

se, em suas montagens, ele quisesse acumular, nesses diferentes estratos,

todos os estágios da história do nosso olhar.

Ele busca, de alguma forma, a impulsão cinematográfica da escrita, tanto

em obras clássicas quanto em textos modernos. O filme se torna vídeo, a

foto se torna pintura, o quadro se torna filme. A interação e a transformação

das linguagens visuais constroem sua linguagem e sua forma de reinterpretar

o mundo e seu teatro.

Bob Wilson (1941)

Encenador, coreógrafo, escultor, pintor e dramaturgo norte-americano,

trabalhou também como iluminador e sonoplasta. Suas peças são conhecidas

mundialmente como experiências inovadoras e de vanguarda.

Fundou e segue como diretor artístico do The Watermill Center, um laboratório

para as artes em Nova York. “Quero dar ao espectador o tempo

e a liberdade de perder-se na obra ao longo da duração de sua experiência

como espectador”, afirma Wilson. Essa frase sintetiza muito de sua pesquisa

sobre o tempo e a liberdade para penetrar nas imagens do teatro. A

lentidão é a condição para a meditação, para a contemplação.

Wilson dá vida à luz como um ator em cena, como um elemento de expressão

dramatúrgica, usada em um modelo de encenação que traduz uma

espécie de “ditadura da imagem” em contraponto com a “ditadura da palavra”,

que foi elemento estético e de posicionamento para diversos encenadores

durante a primeira metade do século XX.

Seus cicloramas lindamente iluminados e setorizados, os canhões seguidores

fechados e desfocados no rosto dos atores, recortes precisos de

luz na cenografia, a utilização de elementos cenográficos leves, mas de grande

beleza estética... todas essas são características que marcam suas luzes

e criações como elementos de linguagem absolutamente únicos.

Josef Svoboda (1920-2002)

Arquiteto e cenógrafo tcheco, assina mais de 700 cenários e revoluciona

a cena de seu tempo com experimentos e invenções como a Lanterna

Magika — sistema de projeções que tem relação com os atores —, o

polyecran (estrutura gigante de cubos móveis que trocam de aparência de

acordo com imagens projetadas por trás em cada cubo), e um pilar de luz

tridimensional.

Svoboda rompe com o design tradicional e cria decorações e estruturas

estáticas que imitam a realidade. Usa projeções fotográficas e de

filmes com projetores de cinema contracenando com os atores e cantores,

além de adotar elementos de hidráulica, plástico e lasers em seus

projetos.

Para suas experiências com a luz e o espaço, cria grandes maquetes. Em

muitos de seus projetos, inclusive, consegue realizar ideias desenhadas e

não concretizadas por Appia. A partir de 1992, assume a direção artística

do teatro Lanterna Magika, em Praga.

194 195



Robert Lepage (1957)

Ator, diretor e roteirista canadense, Lepage se estabelece como ícone

do chamado “teatro pós-dramático”, que se caracteriza pela ruptura com a

lei da síntese na organização da obra.

Ele rompe ainda com a relação entre o teatro e o drama e, consequentemente,

abandona o compromisso de narrativa acerca de uma intriga. Neste

sentido, apresenta uma herança do teatro épico de Bertold Brecht, fundado

na autonomia narrativa das cenas. O teatro de Lepage foi chamado de

“teatro lúdico” e “teatro da imagem”.

“A diferença entre arte e morte é só uma questão de rapidez”. Essa frase,

dita por um dos personagens de seu espetáculo Vince, traz uma das muitas

questões levantadas por Lepage no questionamento constante das relações

entre a arte e a vida.

A estrutura multimídia de seus espetáculos traz para o universo da

iluminação a riqueza das imagens de vídeo aliada a uma construção pós-

-moderna de encenação onde tudo é dramaturgia, tudo serve à construção

e desconstrução do drama.

Max Keller (1945)

Grande referência na iluminação teatral, Max Keller introduz a profissão

de lighting designer na Alemanha em 1975, quando trabalhava no departamento

de iluminação do Staatliche Schauspielbühnen de Berlim.

Em 1984, ele publica o seu primeiro texto sobre iluminação cênica em

língua alemã (traduzido para o inglês como stage lighting). Seu trabalho

mais definitivo, porém, é o livro Faszination licht (1999), publicado nos Estados

Unidos em 2004 sob o título de Light fantastic — The art and design

of stage lighting, no qual traça um percurso desde as origens da luz no teatro

até o conceito de cor, aspectos de óptica, tipos de luminárias, refletores,

técnicas de projeção e modelos para a elaboração de design. O volume

contém mais de quinhentas ilustrações não só de teatro, mas também de

óperas, balés e concertos de rock.

Jean Rosenthal (1912-1969)

Nascida em Nova York, filha de imigrantes judeus romenos, Jean

Rosenthal (Eugenia Rosenthal) é considerada uma pioneira no campo do

design de iluminação teatral. Ela é a primeira a empregar luz lateral, projeção

em ângulo baixo e contraluz para efeitos de silhueta dos bailarinos. E

tem papel fundamental para tornar o designer de iluminação um membro

integrante da equipe de design nas artes cênicas.

Em 1929, Rosenthal é apresentada a Martha Graham, na Neighborhood

Playhouse School of the Theatre. Ela se torna assistente técnica de

Graham, com quem mantém uma colaboração vitalícia, totalizando 36

produções.

De 1931 a 1934, estuda design de iluminação na Yale School of Drama,

com Stanley McCandless. Em 1935 volta à cidade de Nova York, onde ingressa

no Federal Theatre Project. Essa trajetória resulta em colaborações

com Orson Welles e John Houseman, entre outros. Mais tarde, Rosenthal

acompanha Welles ao Mercury Theatre, onde se torna membro do conselho,

além de gerente de produção e iluminação — embora não atue como

designer de iluminação.

Algumas de suas principais contribuições para a cena teatral foram a

eliminação de sombras, usando volumes maciços de luz no palco, e o controle

de ângulos e massa de iluminação para criar contrastes sem sombras.

Seus projetos de iluminação tinham grande qualidade coreográfica,

não só criando a impressão de profundidade escultural, mas também respondendo

expressivamente à música. As iluminações que fez para George

Balanchine e o feixe de luz diagonal criado para Graham (carinhosamente

apelidado de Martha’s finger of god), se tornaram referências e são agora

amplamente utilizados por companhias de dança de todos os estilos.

A experiência profissional de Rosenthal produzindo designs para grandes

companhias durante mais de 30 anos foi transformada em livro apenas

em 1972, três anos após sua morte, com a publicação de The magic of light,

assinado em parceria com Lael Wertenbaker.

Bibliografia

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Middletown: Wesleyan University Press, 2007.

artaud, A. O teatro e seu duplo. São Paulo: Max Limonad, 1984.

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Centre National de la Recherche Scientifique, 1989.

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196 197



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theatre. Nova York: Routledge, 2004.

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York: Prestel, 1999.

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penzal, F. Theatre lighting before eletricity. Middletown: Wesleyan University

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vasques, E. Piscator e o conceito de “teatro épico” . Lisboa: Escola Superior de Teatro

e Cinema, 2007.

willet, J. O teatro de Brecht. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1967.

Agradecimentos

Quando idealizei esse livro, tive, de imediato, duas preocupaçōes: não

esquecer ninguém e buscar um sentido maior para essa aventura.

Claro que muitos artistas com quem convivi e trabalhei não entraram

no livro por não caber todo mundo aqui. Se dependesse de mim, faria mil

ediçōes. Mesmo assim, deixo aqui meu amor e gratidão a todos que passaram

debaixo de tanta luz.

Quanto ao sentido maior, digo que maior do que os encontros que esse

livro me proporcionou não há nada.

Agradeço aqui minha companheira fiel, Tenara Gabriela, produtora

maior, exemplo de dedicação, caráter e amor por tudo que faz. O livro só

existe porque você existe, Gabi.

Meu amor eterno a Ligia Barreto, amiga de muitos carnavais e agora

a designer gráfica da minha vida. Amiga, talentosa, chique. Nada é suficiente

para representar minha gratidão.

Toda turma da LS e da Ilumminatti.

Cláudia Leite e Luiz Augusto Salazar, meu casal favorito, amigos, incentivadores

e parceiros de todas as horas e projetos, meu abraço mais

apertado.

Milena Contrucci, Alcione Koritzky, Patrícia Araújo, Cris Ferreira e

toda equipe do livro, vocês foram incansáveis.

Turma da KBMK, Luiz Kerche, Karla Kalife e Thiago Piquet, obrigado

por acreditarem e pela companhia.

Meu carinho eterno a todos os fotógrafos e artistas que, gentilmente,

cederam as imagens que aqui estão. A todos os produtores, diretores e amigos

que contribuíram para essa realização.

Ao querido professor Carlos Alberto Serpa, mecenas das artes que acolheu

com tanto carinho esse projeto que lhe apresentei.

À toda equipe da Fundação Cesgranrio.

À direção e à equipe da Cetest Rio por incentivar projetos de cultura em

momentos como esse.

E, finalmente, aos meus parceiros de trabalho, minha equipe de técnicos

que me acompanhou nesses 35 anos, fazendo da luz uma linguagem

universal.

198



Sobre o autor

Paulo Cesar Medeiros, iluminador, inicia sua carreira profissional em

1985 como operador de luz do espetáculo Tá russo no açougue (Santa Joana

dos matadouros, de Bertold Brecht).

O espetáculo tinha direção de Antonio Pedro e luz de Aurélio de Simoni,

de quem foi assistente durante um ano.

Fazendo parte da terceira geração de iluminadores brasileiros — as

duas primeiras incluíam Jorginho de Carvalho, Luiz Paulo Neném, o próprio

Aurélio de Simoni e Maneco Quinderé —, assina seu primeiro projeto

de luz no show musical de Eduardo Conde com direção de Anselmo Vasconcelos.

Com enorme velocidade, torna-se um dos mais requisitados iluminadores

brasileiros criando, em 35 anos, mais de mil projetos de luz para as

mais diversas áreas (teatro, dança, shows, musicais e cinema).

Após cursar as faculdades de comunicação social e licenciatura em artes

cênicas, estuda fotografia still, direção de fotografia, eletricidade predial,

história da arte e iluminação arquitetural.

Funda, em 1990, a empresa de serviços de iluminação Art Light, onde

desenvolve, de forma autodidata, uma grade de formação para jovens técnicos

e iluminadores, colaborando assim com o surgimento de uma nova

geração de profissionais da área.

Lançando cursos on-line, realizando oficinas presencias ou por meio

do lançamento dessa edição de A dramaturgia da luz, Paulo Cesar Medeiros

segue um caminho que alia a prática diária da iluminação cênica a uma

constante busca de aperfeiçoamento didático, no intuito de inserir a luz

como linguagem maior dentro dos campos do pensamento e do palco.

Incentivador constante da criação de cursos de formação, sua luta atual

está voltada para a criação da primeira faculdade de iluminação do Brasil.

Créditos das fotos

ABERTURA

TRAÇOS

Jung e eu

Sérgio Britto

Dir.: Domingos de

Oliveira

Foto: Guga Melgar

Cabaret

Cláudia Raia

Dir.: José Possi Neto

Foto: Studio Prime

A Eva futura

Pedro Paulo Rangel

Dir.: Denise Bandeira

Foto: Cláudia Ribeiro

A olho nu

Rose Abdallah

Dir.: Duda Gorter

Foto: Cláudia Ribeiro

Billie Holiday, amargo

fruto

Lilian Valeska

Dir.: Ticiana Studart

Foto: Cláudia Ribeiro

Ícaro and the black stars

Ícaro Silva

Dir.: Pedro Brício

Foto: André Hawk

Emilinha

Stella Maria Rodrigues

Dir.: Sueli Guerra

Foto: Roberto Cardoso

Júnior

Ícaro and the black stars

Ícaro Silva

Dir.: Pedro Brício

Foto: André Hawk

O instante do aquilo

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Dir.: Pedro Pires

Coreog.: Chevi Muraday

Foto: Luiz Kerche

ESPAÇOS

Modo sleep

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Dir.: Fran Mello

Coreog.: Alex Soares

Foto: Karla Kalife

O jornal, the Rolling

Stones

Marcella Gobatti e André

Luiz Miranda

Dir.: Kiko Mascarenhas e

Lázaro Ramos

Foto: Luciana Mesquita

O jornal, the Rolling

Stones

Marcos Guian e Danilo

Ferreira

Dir.: Kiko Mascarenhas e

Lázaro Ramos

Foto: Luciana Mesquita

O inoportuno

André Junqueira, Daniel

Dantas e Well Aguiar

Dir.: Ary Coslov

Foto: Guga Melgar

Se eu fosse você

Nelson Freitas e Cláudia

Neto

Dir.: Alonso Barros

Foto: Studio Prime

Como vencer na vida sem

fazer força

Gregório Duvivier e

elenco

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Marcos Mesquita

O que terá acontecido a

Baby Jane?

Eva Wilma e Nicette

Bruno

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Marcos Mesquita

Casa de Carii

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Dir.: Pedro Pires

Coreog.: Gleidson Vigne

Foto: Pedro Molinos

Casa de Carii

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Dir.: Pedro Pires

Coreog.: Gleidson Vigne

Foto: Pedro Molinos

Doce pássaro da juventude

Vera Fischer e Pierre

Baitelli

Dir.: Gilberto Gawronski

Foto: Cláudia Ribeiro

Doce pássaro da juventude

Vera Fischer e Pierre

Baitelli

Dir.: Gilberto Gawronski

Foto: Cláudia Ribeiro

Nerium Park

Rafael Baronesi e Pri

Helena

Dir.: Rodrigo Portella

Foto: Renato Mangolin

Navalha na carne

Alex Nader e Luísa Thiré

Dir.: Gustavo Wabner

Foto: Victor Hugo Cecatto

Vênus em visom

Pierre Baitelli

Dir.: Hector Babenco

Foto: Beto Roma

Se não agora, quando?

Marcélli Oliveira

Dir.: Leonardo Hinckel

Foto: Bernardo Schlegel

A partilha

Thereza Piffer, Susana

Vieira, Arlete Salles e

Natália do Vale

Dir.: Miguel Falabella

Foto: Guga Melgar

201



SOMBRAS

Casa de Carii

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Carolina Martinelli

Dir.: Pedro Pires

Coreog.: Gleidson Vigne

Foto: Karla Kalife

O rei da glória

Anderson Cunha

Dir.: Guilherme Miranda

Foto: Guilherme Reis

O instante do aquilo

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Luiz Kerche

Dir.: Pedro Pires

Coreog.: Chevi Muraday

Foto: Karla Kalife

Adubo

Vinícius Teixeira

Dir.: Juliana Linhares

Foto: Gabi Castro

O casamento

Daniel Alvim e Vera

Bonilha

Dir.: Johana Albuquerque

Foto: Ale Catan

O casamento

Renato Borghi e Diana

Bouth

Dir.: Johana Albuquerque

Foto: Ale Catan

Cachorro!

Carolina Pismel (em

sombra: Felipe Abib e

Paulo Verlings)

Dir.: Vinícius Arneiro

Fotos: Paula Kossatz

Mojo Mickybo

Pedro Paulo Lopes e

Cirillo Luna (em

sombra)

Dir.: Diego Morais

Foto: Junior Mandriola

SENTIDOS

O livro

Eduardo Moscovis

Dir.: Christiane Jatahy

Foto: Priscila Prade

A Santa Joana dos

matadouros

Gunnar Borges e elenco

Dir.: Marina Vianna e

Diogo Liberano

Foto: Carlos Cabéra

Cole Porter, ele nunca

disse que me amava

Malu Rodrigues, Gottsha,

Analu Pimenta, Stella

Maria Rodrigues, Bel

Lima e Alessandra

Verney

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Fotos: Dan Coelho

Casa de Carii

Bailarinos da Cia de

Ballet da Cidade de

Niterói

Dir.: Pedro Pires

Coreog.: Gleidson Vigne

Foto: Pedro Molinos

O jornal, the Rolling

Stones

Indira Nascimento e

Danilo Miranda

Dir.: Kiko Mascarenhas

e Lázaro Ramos

Foto: Alberto Mauricio

Ana C., um navio no

espaço

Ana Kutner

Dir.: Paulo José

Foto: Sonia Moraes

Carmen

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Lara Benevides

Dir.: Roberto Lima

Coreog.: Luis Arrieta

Foto: Alice Bravo

Navalha na carne

Ranieri Gonzales

Dir.: Gustavo Wabner

Foto: Victor Hugo

Cecatto

Cabaret

Claudia Raia

Dir.: José Possi Neto

Foto: Studio Prime

Billie Holiday, amargo

fruto

Lilian Valeska, Milton

Filho e Vilma Melo

Dir.: Ticiana Studart

Foto: Cláudia Ribeiro

O instante do aquilo

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Isa Kokay

Dir.: Pedro Pires

Coreog.: Chevi Muraday

Foto: Nádia Mathias

Delicadeza

Sueli Guerra

Dir. e Coreog.: Paulo

Marques

Foto: Mauricio Maia

Pacto — Relações podem

ser fatais

André Loddi e Gabriel

Salabert

Dir.: Ivan Sugahara

Foto: Julio Ricardo

O instante do aquilo

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Carla Moita

Dir.: Pedro Pires

Coreog.: Chevi Muraday

Foto: Karla Kalife

As crianças

Pés de Mário Borges e

Analu Prestes

Dir.: Rodrigo Portella

Foto: Victor Hugo

Cecatto

O instante do aquilo

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Dir.: Pedro Pires

Coreog.: Chevi Muraday

Foto: Sabrina da Paz

Os Saltimbancos

Trapalhões

Adriana Garambone e

Nicola Lama

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Leo aversa

O despertar da primavera

Letícia Colin e Rodrigo

Pandolfo

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Marian Starosta

A farsa da boa preguiça

Guilherme Piva, Daniela

Fontan, Flávio Pardal,

Leandro Castilho,

Francisco Salgado,

Vilma Melo, Bianca

Byington e Ernani

Moraes

Dir.: João das Neves

Foto: Alexandre Nóbrega

Cores brasileiras

Grupo de Dança DC

Dir. e Coreog.: Rodrigo

Negri e João Wlamir

Foto: Alice Bravo

Mulheres sonharam

cavalos

Saulo Rodrigues, José

Karini, Letícia Isnard,

Isaac Bernard, Elisa

Pinheiro e Analu

Prestes

Dir.: Ivan Sugahara

Foto: Dalton Valerio

Aqui jaz Henry

Renato Wiemer

Dir.: Clarissa Freire

Fotos: Wilian Aguiar

202 203

CORES

Camille Claudel

Adriana Rabello

Dir.: Ramon Botelho

Foto: Arthur Galvão

Hair

Karin Hils e elenco

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Guga Melgar

Da Vinci

Léo Thuller, Beatriz

Napolitani e Aline

Peixoto

Dir.: André Brilhante

Foto: Flavio Salgado

Cores brasileiras

Grupo de Dança DC

Priscilla Mota e Simone

Lorenzi

Dir. e Coreog.: Rodrigo

Negri e João Wlamir

Foto: Alice Bravo

7, o musical

Otávio Zobaran, Janaína

Azevedo, Rogéria e

Ivana Domenico

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Cláudia Ribeiro

Uma noite com Cole

Porter

Companhia de Ballet da

Cidade de Niterói

Lara Benevides

Dir.: Roberto Lima,

Charles Möeller e

Claudio Botelho

Coreog.: Rodrigo Negri

Foto: Alice Bravo

Ombela — A origem das

chuvas

Bárbara Sut e Renata

Vilela

Dir.: Arlindo Lopes

Foto: Renato Mangolin

Elizeth, a Divina

Izabella Bicalho

Dir.: Sueli Guerra

Foto: Aline Macedo

MENESTRÉIS

O despertar da primavera

Elenco 2019

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Dan Coelho

Nine, um musical

felliniano

Totia Meirelles e elenco

de Nine (Mira Ruiz,

Priscila Esteves e Lola

Fanucchi)

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Nina Vettá

O mágico de Oz

Malu Rodrigues

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Theo Melgar

O despertar da primavera

Tabatha Almeida e Rafael

Telles

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Dan Coelho

Josephine Baker, a vênus

negra

Aline Deluna (músicos

Christiano Sauer e

Dany Roland)

Dir.: Otávio Muller

Foto: Gabi Castro

Um e outro

Ítalo Rossi

Dir.: Miguel Falabella

Foto: Silvio Pozatto

Eu sou minha própria

mulher

Edwin Luisi

Dir.: Suzana Garcia e

Herson Capri

Foto: Livio Campos

O lado fatal

Beatriz Segall

Dir.: Márcio Vianna

Foto: Márcio Vianna



O futuro dura muito

tempo

Rubens Correia

Dir.: Márcio Vianna

Foto: Márcio Vianna

La barca d’América

Herson Capri

Dir.: Herson Capri

Foto: Livio Campos

Doce pássaro da juventude

Mário Borges

Dir.: Gilberto Gawronski

Foto: Cláudia Ribeiro

A farsa da boa preguiça

Guilherme Piva e Bianca

Byington

Dir.: João das Neves

Foto: Jorge Marcílio

Alô Dolly

Miguel Falabella

Dir.: Miguel Falabella

Foto: Caio Gallucci

Cole Porter, ele nunca

disse que me amava

Marya Bravo

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Dan Coelho

Gloriosa

Marília Pêra

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Robert Schwenck

7, o musical

Ida Gomes e Marina Ruy

Barbosa

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Cláudia Ribeiro

Meu irmãozinho querido

Marcos Breda

Dir.: Flávio Marinho

Foto: Sabrina da Paz

Maria do Caritó

Lilia Cabral

Dir.: João Fonseca

Foto: Cláudia Ribeiro

Rosa

Debora Olivieri

Dir.: Ana Paz

Foto: Dalton Valerio

Diários do abismo

Maria Padilha

Dir.: Sérgio Módena

Foto: Cláudia Ribeiro

Doce pássaro da juventude

Vera Fischer

Dir.: Gilberto Gawronski

Foto: Cláudia Ribeiro

Auto de angicos

Adriana Esteves e Marcos

Palmeira

Dir.: Amir Haddad

Foto: Rogerio Faissal

Billie Holiday, amargo

fruto

Lilian Valeska e Vilma

Melo

Dir.: Ticiana Studart

Foto: Marcus Gullo

As crianças

Stella Freitas

Dir.: Rodrigo Portella

Foto: Victor Hugo Cecatto

Isaurinha Garcia,

personalíssima

Rosa Maria Murtinho

Dir.: Jacqueline Laurence

Foto: Silvio Pozatto

O livro

Eduardo Moscovis

Dir.: Christiane Jatahy

Foto: Priscila Prade

Zeca, o musical

Gustavo Gasparani

Dir.: Gustavo Gasparani

Foto: Chico Lima

Todos os musicais de

Chico Buarque em

90 minutos

Claudio Botelho

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Leo Aversa

Makuru, um musical de

ninar

José Mauro Brant

Dir.: José Mauro Brant

Foto: Guga Melgar

Branca

Karen Coelho

Dir.: Ivan Sugahara

Foto: Renato Mangolin

Cabaret

Jarbas Homem de Melo

Dir.: José Possi Neto

Foto: Caio Gallucci

Doce pássaro da juventude

Ivone Hoffmann

Dir.: Gilberto Gawronski

Foto: Cláudia Ribeiro

Race

Gustavo Falcão

Dir.: Gustavo Paso

Foto: Gustavo Paso

Fitz Jam

Leonardo Neto

Dir.: Pedro Brício

Foto: Jardel Maia

Cole Porter, ele nunca

disse que me amava

Gottsha

Dir.: Charles Möeller e

Claudio Botelho

Foto: Dan Coelho

O jornal, Rolling Stones

Heloisa Jorge

Dir.: Kiko Mascarenhas e

Lázaro ramos

Foto: Alberto Mauricio

Lima entre nós

Leandro Santana

Dir.: Márcia do Valle

Foto: Daniel Barboza

Show Alumiou

Alan Rocha

Dir.: Alan Rocha

Foto: Babi Furtado

Vênus em visom

Bárbara Paz

Dir.: Hector Babenco

Foto: Beto Roma

Três momentos do amor

Ana Botafogo

Dir.: Ana Botafogo e Lilian

Barreto

Foto: Alice Bravo

Aos nossos filhos

Laura Castro e Maria de

Medeiros

Dir.: João das Neves

Foto: Irene Nóbrega

A vida passou por aqui

Claudia Mauro

Dir.: Alice Borges

Foto: Sabrina da Paz

Campo de provas

Guilhermina Guinle e

Leonardo Franco

Dir.: Gilberto Gawronski

Foto: Silvio Pozatto

A Santa Joana dos

matadouros

Luisa Arraes e Sávio Moll

Dir.: Marina Vianna e

Diogo Liberano

Foto: Carlos Cabéra

Um dia como os outros

Analu Prestes e Bianca

Byington

Dir.: Bianca Byington e

Leonardo Neto

Foto: Vicente de Mello

Tina Turner, quebrando

regras

Kacau Gomes

Dir.: João Fonseca

Foto: Sabrina da Paz

Entonces bailemos

Marina Vianna

Dir.: Martin Flores

Cárdenas

Luz Original: Matias

Sendón (adaptação:

Paulo Cesar Medeiros)

Foto: Julia Bezerra

A dama da noite

Gilberto Gawronski

Dir.: Hélio Dias e Gilberto

Gawronski

Foto: Silvio Pozatto

Maria

Claudio Mendes

Dir.: Inez Vianna

Foto: Cláudia Ribeiro

A vida passou por aqui

Édio Nunes

Dir.: Alice Borges

Foto: Sabrina da Paz

O diário de Bitita

Andréa Ribeiro

Dir.: Ramon Botelho

Foto: Luis Teixeira

Mendes

Imagina esse palco que se

move

Elisa Pinheiro

Dir.: Moacir Chaves

Foto: Lenise Pinheiro

Puro Ney

Soraya Ravenle e Marcos

Sacramento

Dir.: Luis Felipe de Lima

Foto: Gabi Castro

O zelador

Selton Mello

Dir.: Michel Bercovitch

Foto: Silvio Pozatto

Um dia como os outros

Kiko Mascarenhas e

Márcio Vito

Dir.: Bianca Byington e

Leonardo Neto

Foto: Vicente de Mello

Irmãozinho querido

Alice Borges

Dir.: Flávio Marinho

Foto: Beti Niemeyer

Todo mundo tem

problemas sexuais

Pedro Cardoso

Dir.: Domingos de

Oliveira

Foto: Silvio Pozatto

Rebú

Paulo Verlings e Carolina

Pismel

Dir.: Vinicius Arneiro

Foto: Paula Kossatz

Corte seco

Stella Rabello

Dir.: Christiane Jatahy

Foto: Marcello Lipiani

Um equilíbrio delicado

Tônia Carrero e Walmor

Chagas

Dir.: Eduardo Wotzik

Foto: Silvio Pozatto

Dona Rosita, a solteira

Cristina Pereira

Dir.: Cristina Pereira e

Antonio Grassi

Foto: Silvio Pozatto

Bibi in concert

Bibi Ferreira

Dir.: João Falcão

Foto: Studio Prime

Marguerite Duras

Camila Amado

Dir.: Gilberto Gawronski

Foto: Silvio Pozatto

204 205



apresentação

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura

realização

Instituto Eté

patrocínio

Cetest Rio, Fundação Cesgranrio e Ilumminatti Comunicação

curadoria

Paulo Cesar Medeiros, Ligia Barreto e Tenara Gabriela

coordenação editorial, projeto gráfico e produção gráfica

Ligia Barreto

coordenação de produção

Tenara Gabriela

produção executiva

Claudia Cardoso Leite

produção

Thiago Piquet, Milena Contrucci Jamel, Patrícia Araújo e Alcione Koritzky

assistente de produção

Cris Ferreira

tratamento de imagens

Karla Kalife

textos

Paulo Cesar Medeiros

copidesque

Diana de Medeiros

Realização

revisão

Mariana Loiola

impressão

Gráfica Santa Marta

Patrocínio

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Medeiros, Paulo Cesar

A dramaturgia da luz / Paulo Cesar Medeiros. - 1. ed. - Rio de Janeiro :

Instituto Eté, 2021.

Correalização

Produção

ISBN 978-65-993359-0-7

1. Artes cênicas 2. Dramaturgia 3. Teatro brasileiro I. Título.

20-52856 CDD-791

Índices para catálogo sistemático:

1. Artes cênicas : Artes da representação 791

Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129



Este livro foi impresso em papel cuchê fosco 115g/m 2

e offset 90g/m 2 , na Gráfica Santa Marta, para o

Instituto Eté, no Rio de Janeiro, em janeiro de 2021.

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