08.05.2013 Views

Arte e Educação - Fundação Bienal do Mercosul

Arte e Educação - Fundação Bienal do Mercosul

Arte e Educação - Fundação Bienal do Mercosul

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

84<br />

podem ser entendi<strong>do</strong>s como formações paralelas de caráter subordina<strong>do</strong><br />

ou menos representativo cujos discursos e práticas oponentes<br />

podem ser formula<strong>do</strong>s e dissemina<strong>do</strong>s. Os contrapúblicos têm muitas<br />

das características <strong>do</strong>s públicos normativos ou <strong>do</strong>minantes – existin<strong>do</strong><br />

enquanto endereçamentos imaginários, discursos específicos e/ou<br />

locais, e envolven<strong>do</strong> a circulação e a reflexividade – e por isso serão<br />

sempre mais relacionais quan<strong>do</strong> forem oposicionais. O contrapúblico é<br />

o espelho da consciência, das modalidades e instituições <strong>do</strong> público<br />

normativo, que tem a intenção de endereçar outros sujeitos e também<br />

outros imaginários.<br />

Os contrapúblicos são “contra” [apenas] na medida em que tentam<br />

fornecer diferentes formas de imaginar uma sociabilidade desconhecida<br />

e a sua reflexividade; enquanto públicos, se mantêm orienta<strong>do</strong>s por<br />

circulações desconhecidas de forma não apenas estratégica, mas também<br />

constituída pela sua noção de pertencimento e pelos seus efeitos. 3<br />

Enquanto a noção burguesa de esfera pública lutou por racionalidade<br />

e universalidade, os contrapúblicos geralmente reivindicam o oposto,<br />

e em termos concretos, isso quase sempre vincula a mudança de<br />

espaços existentes em outras identidades e práticas, um estranhamento<br />

<strong>do</strong> espaço. Essa tem si<strong>do</strong> a forma pela qual as exposições feministas<br />

contemporâneas usam a instituição de arte como espaço para uma<br />

noção diferente de espetacularização e articulação coletiva que vai<br />

contra as autoarticulações e legitimações históricas, o que Marion<br />

von Osten descreve como a “produção de exposições enquanto estratégia<br />

<strong>do</strong> contrapúblico”. 4<br />

Uma exposição, ou uma obra de arte, deve imaginar o público para<br />

que possa produzi-lo e para que possa produzir um mun<strong>do</strong>, um horizonte<br />

em torno de si. Assim, se estivermos satisfeitos com o mun<strong>do</strong><br />

que temos hoje, devemos continuar a fazer exposições de arte como<br />

sempre fizemos, repetir os seus formatos e as suas circulações. Mas<br />

se, por outro la<strong>do</strong>, não estivermos felizes com o mun<strong>do</strong> em que vive-<br />

3 Michael Warner, Publics<br />

and Counterpublics, New<br />

York: Zone Books, 2002,<br />

pp. 121-22.<br />

4 Marion von Osten, ‘A<br />

Question of Attitude –<br />

Changing Methods,<br />

Shifting Discourses,<br />

Producing Publics,<br />

Organizing Exhibitions’,<br />

Simon Sheikh (Ed.), In<br />

the Place of the Public<br />

Sphere?, Berlin: b_books,<br />

2005.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!