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M. Polette e F. Lins-de-Barros<br />
Quadro 2 - Análise comparativa entre indicadores de enfoque sistêmico e comensuralista<br />
Enfoque Sistêmico<br />
Procura englobar as modalidades de representação<br />
do fenômeno mediante a apresentação conjunta de<br />
uma lista de indicadores, eleitos mediante algum<br />
marco conceitual, sem que haja, no entanto, nenhuma<br />
iniciativa de congregá-los numa única cifra.<br />
Enfoque Comensuralista<br />
Procura resumir os diversos indicadores a um<br />
número único seja através da conversão destes<br />
indicadores em moeda através de algum processo<br />
de valoração, denominados indicadores monetizados,<br />
seja pela agregação em índices ponderados<br />
das variáveis.<br />
Fonte: Quiroga (2001) apud Scandar Neto (2006). Organização: Polette (2006).<br />
nação dos indicadores individuais, que pudesse ser<br />
comparada no tempo e no espaço, denotando o estágio<br />
do desenvolvimento da região em análise.<br />
Ainda nesta discussão, o autor identifica os pontos<br />
favoráveis e negativos quanto a utilização de dos indicadores<br />
sintéticos (Quadro 3).<br />
Jannuzzi (2002) destaca a ocorrência de um excesso<br />
na aplicação dos indicadores de natureza sintética.<br />
Seria o caso de tomar o Índice de Desenvolvimento<br />
Humano - IDH, como uma medida imperfeita, pois<br />
leva em conta somente poucos aspectos da vida social,<br />
como suficiente para dar conta de toda complexidade<br />
que envolve o conceito de desenvolvimento<br />
humano.<br />
Em geral, os indicadores incidem sobre o curto e o<br />
médio prazos, a escala preferencial é o plano nacional<br />
e todos se defrontam com dificuldades relativas<br />
à obtenção de dados. A carência de informações sistemáticas<br />
e a dificuldade de comparação de dados<br />
produzidos com base em diferentes fontes/metodologias<br />
são um problema sempre presente para aqueles<br />
que trabalham com indicadores ambientais.<br />
O que se busca alcançar com um indicador sintético<br />
e sua representação é aumentar o conhecimento<br />
sobre a realidade levando em consideração uma diversidade<br />
grande de indicadores que avaliam o estado<br />
de desenvolvimento de um determinado território<br />
sob o paradigma do desenvolvimento sustentável<br />
(Scandar Neto, 2006).<br />
Chevalier et al, (1992) apud Van Bellen (2002) destacam<br />
o indicador como uma variável que está hipoteticamente<br />
relacionada com uma outra variável<br />
estudada. Concepção semelhante à de Gallopín,<br />
(1996) apud Ribeiro (2002), pela qual os indicadores<br />
são variáveis, sendo fundamental distinguir quatro<br />
aspectos dos indicadores: i) uma variável é a<br />
representação operacional de determinado atributo<br />
Quadro 3 - Pontos favoráveis e desfavoráveis da utilização de indicadores sintéticos.<br />
Pontos Favoráveis<br />
• Indicadores sintéticos podem ser usados para sumarizar<br />
questões complexas ou multidimensionais, com o intento de<br />
apoiar tomadores de decisão.<br />
• Indicadores sintéticos fornecem uma grande representação.<br />
Podem ser mais fáceis de interpretar do que tentar<br />
encontrar uma tendência em muitos indicadores separados.<br />
Eles facilitam a tarefa de ordenar países segundo questões<br />
complexas.<br />
• Indicadores sintéticos podem ajudar a atrair a atenção do<br />
público, fornecendo um número sumarizado com o qual se<br />
pode comparar a performance entre países e seus progressos<br />
do decorrer do tempo.<br />
• Indicadores sintéticos podem ajudar a reduzir o tamanho de<br />
uma lista de indicadores ou incluir mais informação acerca<br />
de uma lista com um dado tamanho.<br />
Pontos Desfavoráveis<br />
• Indicadores sintéticos podem emitir mensagens políticas na<br />
direção equivocada ou não robusta, se forem pobremente<br />
construídos ou mal interpretados. Análises de sensibilidade<br />
podem ser usadas para testar a robustez de indicadores<br />
sintéticos.<br />
• A grande representação mostrada como resultado de um<br />
indicador sintético pode convidar políticos a tomar decisões<br />
simplistas.<br />
• Indicadores sintéticos poderiam ser usados em combinação<br />
com os sub-indicadores para propiciar conclusões políticas<br />
mais sofisticadas.<br />
• A construção de indicadores sintéticos envolve estágios nos<br />
quais julgamentos devem ser feitos: a seleção dos sub-indicadores,<br />
escolha do modelo, ponderações dos indicadores<br />
e tratamento de valores faltantes. Estes julgamentos devem<br />
ser transparentes e baseados em princípios estatísticos<br />
claros.<br />
• Pode existir maior discordância entre ‘Estados<br />
Membros’[referindo-se aos membros da União Européia] com<br />
relação a indicadores sintéticos do que a indicadores individuais.<br />
A escolha dos indicadores individuais e de seus pesos<br />
pode se tornar alvo de disputa política.<br />
• Indicadores sintéticos fazem crescer a quantidade necessária<br />
de dados porque são requeridos dados para cada um dos<br />
sub-indicadores e para uma análise estatística significante.<br />
Fonte: Saltelli et al, 2004 apud Scandar Neto, 2006. Organização: Polette, 2010.<br />
174 <strong>Costas</strong> - <strong>Vol</strong>. 1 - Nº.1 - Julio 2012