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Ciencias humanas, sociales y económicas - Universidad de San ...

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Daniel Magalhães Goulartda comunida<strong>de</strong> atendida e, portanto, a ação <strong>de</strong>controle carrega em si a potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> associaçãoa outras ações que estejam vinculadas auma maior autonomia da própria comunida<strong>de</strong>.As autoras, nessa argumentação, revelam comprofundida<strong>de</strong> a contradição <strong>de</strong>sse trabalho, que,entretanto, é sua condição <strong>de</strong> maior alcance.O trabalho dos ACS e o vínculo das pessoasda comunida<strong>de</strong> com os mesmos representamuma diferença qualitativa importante na dimensãodo cuidado e na concepção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<strong>de</strong> modo geral. Acredita-se que resida aí umimportante alcance do SUS e um fato para suasconquistas até então, na medida em que há umaflexibilização da atenção prestada, dando maispossibilida<strong>de</strong>s do serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ir ao encontrodas necessida<strong>de</strong>s pessoais na comunida<strong>de</strong>,potencializando recursos próprios, ainda queisso implique eventualmente na correção <strong>de</strong>alguns hábitos e no oferecimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lospara outros. Destaca-se que assumir a relevância<strong>de</strong>sse trabalho é também assumir o papelfundamental da educação –no sentido amplodo termo– implicado na saú<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>-se dizerque a lógica <strong>de</strong> trabalho do PSF, ao menos emtermos i<strong>de</strong>ais, assume um caráter <strong>de</strong> construçãodos profissionais em conjunto com a populaçãoe não em uma lógica <strong>de</strong> que os profissionais são<strong>de</strong>tentores do saber, que oferecem respostas àspessoas ignorantes.Por garantir uma função estratégica e centralno SUS, a re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> extrapola seuslimites e acaba por atuar também nos cuidadosespecializados, como por exemplo, na saú<strong>de</strong>mental; daí a importância <strong>de</strong>ssa discussão parao interesse central <strong>de</strong>ste estudo. O trabalho nãomais é preconizado somente <strong>de</strong>ntro dos serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> mental, mas prevê a articulação fundamentalcom a re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e, por consequência,com os ACS. Enten<strong>de</strong>-se, portanto, que há, noSUS, uma brecha importante para que a lógicaasilar não se faça presente, ou ao menos, não sefaça predominante. Os cuidados às pessoas comseveros transtornos mentais abre mão <strong>de</strong> sua característicahistoricamente hermética, para ganhara capilarida<strong>de</strong> social <strong>de</strong>scrita acima. Assim, seriamos recursos do próprio serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública quese responsabilizariam, também, pela promoção daautonomia das pessoas atendidas.O dispositivo “CAPS” no âmbito daReforma Psiquiátrica no BrasilNesse contexto permeado por tantas contradiçõestambém po<strong>de</strong> ser compreendido o movimentoda Reforma Psiquiátrica no país. Essemovimento consiste no gradual e progressivo <strong>de</strong>slocamentodo centro do cuidado em saú<strong>de</strong> mentalpara fora do hospital, em direção à comunida<strong>de</strong>,num processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinstitucionalização da pessoaem sofrimento psíquico (Brasil, 2010).Vale ressaltar que a <strong>de</strong>sinstitucionalização –categoriacentral <strong>de</strong>sse movimento– emerge, também,enquanto conceito fundamental <strong>de</strong>ste estudo, namedida em que representa a consi<strong>de</strong>ração pelasmúltiplas relações da pessoa, respeitando a lógicavivencial do seu contexto <strong>de</strong> vida. Não há possibilida<strong>de</strong>s,mediante esta perspectiva, <strong>de</strong> isolar oindivíduo em <strong>de</strong>terminado espaço social que nãolhe correspon<strong>de</strong>. O que está implícito é uma novaconfiguração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res, em que a pessoa é levadaem conta enquanto sujeito da relação, impossibilitandoque a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua vida seja solapada<strong>de</strong> maneira arbitrária. Tal noção parece um norteinteressante para transformações no âmbito dasaú<strong>de</strong>. Não obstante, talvez pela subversão que elaimplica, ainda permanece algo bastante difícil serconquistado, como será mais <strong>de</strong>talhado adiante.O movimento da Reforma Psiquiátrica inicia-sea partir da contestação da perspectiva medicalizantedo sofrimento psíquico, visando uma dissoluçãodas barreiras rígidas entre assistentes e assistidos,promovendo a liberda<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> mecanismosque consi<strong>de</strong>ram o usuário como sujeito <strong>de</strong> suaexistência (Teixeira Junior, Kantorski, &Olschowski,2009). Nessa perspectiva, a eclosão dosmovimentos da Reforma Psiquiátrica brasileiracolocou em <strong>de</strong>bate a dimensão epistemológicada psiquiatria, ou seja, suscitou discussões sobreo campo teórico-conceitual que fundamenta elegitima o saber/fazer médico-psiquiátrico (Ramos,Guimarães, En<strong>de</strong>rs, 2011). De acordo comAmarante (2009), o maior objetivo <strong>de</strong>sse processonão se coloca na mera transformação do mo<strong>de</strong>loassistencial, mas sim na transformação do lugarsocial da loucura, da diferença e da divergência.A re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> seria o lugar privilegiadopara a construção <strong>de</strong> uma nova lógica <strong>de</strong> atendimentoe <strong>de</strong> relação com pessoas com transtornos24 × <strong>Universidad</strong> <strong>de</strong> <strong>San</strong> Buenaventura, Cali - Colombia

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