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A representação feminina nos lendários gaúcho e quebequense

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obtido se pretende com validez objetiva. Assim, é preciso que haja um esforço do reflexo na<br />

captação do objeto ligado à subjetividade humana em geral (universal) e, ao mesmo tempo,<br />

observar como acontece a apresentação desse todo, como ele se manifesta na imediaticidade<br />

histórica (singular). Em outros termos, um reflexo da realidade que seja capaz de impor as<br />

impressões e vivências da cotidianidade e, simultaneamente, estar impregnado de subjetividade<br />

como elemento insuperável de seu ser-assim. A realidade apresenta-se ao homem na sua forma<br />

particular; as coisas têm sempre ontologicamente uma característica que as torna, ao mesmo tempo,<br />

universais e singulares, e por isso, particulares. Para que haja apreensão do real pela subjetividade,<br />

há necessidade de, a partir da particularidade, captar a singularidade e a universalidade.<br />

Bakhtin (2006, p. 32), no estudo da relação entre subjetividade e objetividade, afirma:<br />

“Um signo não existe apenas como parte de uma realidade; ele também reflete e refrata uma outra.<br />

Ele pode distorcer essa realidade, ser-lhe fiel, ou apreendê-la de um ponto de vista específico, etc.<br />

Todo signo está sujeito aos critérios de avaliação ideológica.<br />

Partindo daí, podemos entender que o diálogo, tanto exterior – na relação com outro –,<br />

como no interior da consciência (ou escrito), realiza-se na linguagem. E a lenda é, assim, uma<br />

realização dialógica, já que ela existe tanto no exterior, no ato de narrar os fatos dentro de uma<br />

comunidade, quanto no interior da consciência – do escritor –, no momento em que passa da<br />

oralidade para uma narrativa literária; refere-se a qualquer forma de discurso, sejam as relações<br />

dialógicas que ocorrem no cotidiano, sejam textos artísticos ou literários. Bakhtin considera o<br />

diálogo como as relações que ocorrem entre interlocutores, em uma ação histórica compartilhada<br />

socialmente, que se realiza em um tempo e local específicos, mas sempre mutável, em decorrência<br />

das variações do contexto. Por todas essas considerações, pode-se observar por que o dialogismo é<br />

vital para a compreensão dos estudos de Bakhtin e das questões referentes à linguagem como<br />

constitutiva da experiência humana e seu papel ativo no pensamento e no conhecimento. Do ponto<br />

de vista comunicacional, a importância desse conceito reside no fato de ratificar o conceito de<br />

comunicação como interação verbal e não apenas como transmissão de informação. A contribuição<br />

à complexidade desse conceito também acaba por implicar outros: interação verbal,<br />

intertextualidade e polifonia.<br />

Tais termos parecem designar um mesmo fenômeno com pequenas variações entre si.<br />

Tratam das especificidades que estabelecerão as diferenças entre eles, aproximando-os ou<br />

distanciando-os em graus diferenciados. O mais importante é verificar que todos eles,<br />

independentemente de suas particularidades, rompem com a arrogância e a onipotência do<br />

discurso monológico. O ser social nasce com o exercício de sua linguagem. O dialogismo,<br />

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