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TOMO I - VOL. 1 - Diagnóstico - Governo do Estado de Pernambuco

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PLANO HIDROAMBIENTAL DA<br />

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IPOJUCA<br />

<strong>TOMO</strong> I - DIAGNÓSTICO HIDROAMBIENTAL<br />

Volume 01/03 - Recursos Hídricos<br />

SECRETARIA<br />

DE RECURSOS HÍDRICOS


PLANO HIDROAMBIENTAL DA<br />

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IPOJUCA<br />

<strong>TOMO</strong> I - DIAGNÓSTICO HIDROAMBIENTAL<br />

Volume 01/03 - Recursos Hídricos


Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

Eduar<strong>do</strong> Henrique Accioly Campos<br />

Secretário <strong>de</strong> Recursos Hídricos<br />

João Bosco <strong>de</strong> Almeida<br />

Secretário Executivo<br />

José Almir Cirilo<br />

Gerente <strong>do</strong> Contrato<br />

Marcelo Cauás Asfora<br />

Diretor Presi<strong>de</strong>nte - APAC<br />

Proágua Nacional<br />

José Mázio Cezário Bezerra<br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r da UEGP/PE


GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO<br />

SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS<br />

PLANO HIDROAMBIENTAL DA<br />

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IPOJUCA<br />

<strong>TOMO</strong> I - DIAGNÓSTICO HIDROAMBIENTAL<br />

Volume 01/03 - Recursos Hídricos<br />

Recife-PE<br />

2010


© Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos - SRH<br />

FICHA TÉCNICA<br />

SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS<br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra Geral<br />

Terezinha Matil<strong>de</strong> <strong>de</strong> Menezes Uchôa<br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Técnico<br />

Antônio Ferreira <strong>de</strong> Oliveira Neto<br />

Equipe Técnica<br />

Adriana Paula Ferreira E. da Hora<br />

Andrea Lira Cartaxo<br />

Audrey Oliveira Lima<br />

Antonio Lins Rolim Junior<br />

Clenio <strong>de</strong> Oliveira Torres<br />

Clenio <strong>de</strong> Oliveira Torres Filho<br />

Fabianny Joanny Bezerra C. da Silva<br />

Gileno Feitosa Barbosa<br />

Jacilene Soares Cezar<br />

José Liberato <strong>de</strong> Oliveira<br />

Patrícia Antas Barbosa<br />

Normalização e Ficha Catalográfica<br />

Rosimeri Gomes Couto<br />

Equipe <strong>de</strong> Apoio<br />

Auridan Marinho Coutinho<br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra Adjunta da UEGP/PE<br />

PROÁGUA Nacional<br />

Joana Aureliano<br />

Analista da CPRH<br />

José Roberto Gonçalves <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong><br />

Gerente <strong>de</strong> Planos e Sistema <strong>de</strong> Informações<br />

APAC<br />

Manoel Sylvio Carneiro Campello Netto<br />

Consultor – SRH<br />

Maria Lúcia Ferreira da Costa Lima<br />

Assessora <strong>de</strong> Mobilização – APAC<br />

Marisa Simões Lapenda Figueiroa<br />

Diretora <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Recursos Hídricos<br />

APAC<br />

Suzana Maria Gico Lima Montenegro<br />

Diretora <strong>de</strong> Regulação e Monitoramento<br />

APAC<br />

To<strong>do</strong>s os direitos reserva<strong>do</strong>s<br />

É permitida a reprodução <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> informações contidas nesta publicação, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

citada a fonte.<br />

FICHA CATALOGRÁFICA<br />

P963p Projetec - BRLi<br />

Plano hidroambiental da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca: Tomo I -<br />

<strong>Diagnóstico</strong> Hidroambiental – Volume 01/03 / Projetos Técnicos. Recife, 2010.<br />

339p. : il.<br />

1. Bacia hidrográfica. 2. Plano hidroambiental. 3. Rio Ipojuca – Plano<br />

hidroambiental. I. Título.<br />

CDU 556.51<br />

Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

Av. Cruz Cabugá, 1111 – Santo Amaro, Recife-PE CEP: 50.040-000<br />

En<strong>de</strong>reço eletrônico: http://www.srh.pe.gov.br<br />

Correio eletrônico: c<strong>do</strong>c@srh.pe.gov.br<br />

PABX. (81) 3184 2500<br />

i


PROJETEC – BRLi<br />

Diretor Responsável<br />

João Joaquim Guimarães Recena<br />

Coor<strong>de</strong>nação Geral<br />

André Luiz da Silva Leitão<br />

Equipe Chave<br />

Fernan<strong>do</strong> Antônio <strong>de</strong> Barros Correia<br />

Rui Santos<br />

Margareth Grillo Teixeira<br />

Edilton Carneiro Feitosa<br />

Gabriel Tenório Katter<br />

Coor<strong>de</strong>nação Adjunta<br />

Roberta <strong>de</strong> Melo Gue<strong>de</strong>s Alcofora<strong>do</strong><br />

Marcelo Casiuch<br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra Técnica<br />

Margareth Mascarenhas Alheiros<br />

Gerente da Qualida<strong>de</strong><br />

Ivan Ulisses Carneiro <strong>de</strong> Arcanjo<br />

Assessoria <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />

Tatiana Grillo Teixeira<br />

Leonar<strong>do</strong> Fontes Amaorim<br />

Equipe Técnica<br />

Alessandra Maciel<br />

Alessandra Firmo<br />

Antonin Mazoyer<br />

Benoit Peeters<br />

Bruno Marcionilo<br />

Bruno Voron<br />

Camila Solano<br />

Catherine Abibon<br />

Cecília Lins<br />

Cristiane Ribeiro<br />

Eduarda Motta<br />

Fernandha Batista<br />

Gilles Rocquelain<br />

Gustavo Grillo<br />

Gustavo Sobral<br />

Isabelle Meunier<br />

Jaílton Carvalho<br />

João Cavalcanti<br />

Johana Mouco<br />

Leonar<strong>do</strong> Fontes<br />

Marcela Guerra<br />

Murielle Bene<strong>de</strong>tti<br />

Nise Souto<br />

Patrícia Oliveira da Silva<br />

Roberto Salomão<br />

Sandra Ferraz<br />

Sandro Figueira<br />

Sérgio Catunda<br />

Simone Rosa da Silva<br />

Tatiana Grillo<br />

Tayane Rodrigues<br />

Walter Lucena<br />

Colabora<strong>do</strong>res<br />

Alfre<strong>do</strong> Ribeiro Neto<br />

Carlos Vaz<br />

Daniella Kyrillos<br />

Lúcio <strong>do</strong>s Santos<br />

Estagiários<br />

Cristina Oliveira<br />

Marcelo Leal<br />

Marcos Barbosa<br />

PARCEIROS INSTITUCIONAIS<br />

Comitê da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio<br />

Ipojuca<br />

Aarão Lins <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Netto<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> COBH Ipojuca<br />

Membros <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>do</strong> COBH<br />

Ipojuca<br />

Aarão Lins <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Netto – Prefeitura <strong>de</strong><br />

Gravatá<br />

José Edson Lopes Piaba – Prefeitura <strong>de</strong><br />

Sanharó<br />

Juscelino Montesquiel da Silva – CEMA<br />

Bezerros<br />

Marcos Luiz <strong>de</strong> A. Lima – Secretaria <strong>de</strong> Meio<br />

Ambiente da Prefeitura <strong>de</strong> Ipojuca<br />

Marcelo Pereira – ASPESCAE<br />

Silvia Sueli Gonçalves – AMA Gravatá<br />

João Luiz Aleixo – Prefeitura <strong>de</strong> Caruaru<br />

Colabora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> COBH Ipojuca<br />

José Cavalcanti - ASPESCAE<br />

Matheus José Ribeiro Pessoa - ASPESCAE<br />

Fernan<strong>do</strong> Sales da Silva - ASPESCAE<br />

ii


APRESENTAÇÃO DO PLANO HIDROAMBIENTAL<br />

O Plano Hidroambiental (PHA) da Bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca reflete o interesse<br />

<strong>do</strong> governo <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> <strong>de</strong> prover a gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos, com<br />

instrumentos atualiza<strong>do</strong>s e foca<strong>do</strong>s na solução <strong>do</strong>s sérios problemas que afetam a<br />

área da bacia, sejam <strong>de</strong> natureza hídrica, ambiental ou socioeconômica.<br />

O PHA Ipojuca a<strong>do</strong>tou como base o Plano diretor <strong>de</strong> recursos hídricos da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca (PDRH Ipojuca) concluí<strong>do</strong> em 2002, ten<strong>do</strong> como<br />

referência o Plano <strong>de</strong> Aproveitamento <strong>do</strong>s Recursos Hídricos da Região<br />

metropolitana <strong>do</strong> Recife, zona da mata e agreste pernambucano(PARH) elabora<strong>do</strong><br />

em 2005, além <strong>de</strong> outros Planos <strong>de</strong> âmbito estadual e fe<strong>de</strong>ral, concernentes ao<br />

tema, com vistas a atualizar e complementar informações hídricas e ambientais. O<br />

PDRH Ipojuca foi elabora<strong>do</strong> em atendimento a exigências legais, como instrumento<br />

básico <strong>de</strong> planejamento, da Bacia Hidrográfica, para fundamentar e orientar a<br />

implementação da Política Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos (Lei Nº 9.433/97) e a<br />

Política Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> (Lei Nº 11.426/97<br />

e Decreto Nº 20.423/98).<br />

Para a viabilização <strong>do</strong> PHA, foi firma<strong>do</strong> o contrato <strong>de</strong> número 005/2009 entre o<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, através da Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos (SRH-PE), e o<br />

Consórcio Projetec – Projetos Técnicos Ltda e BRL Ingénierie, com recursos <strong>do</strong><br />

PRO-Água Nacional / Banco Mundial.<br />

Os cinco produtos previstos neste Contrato consistem <strong>de</strong> Relatórios Técnicos e da<br />

construção <strong>de</strong> uma Base <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s Informacional, assim distribuí<strong>do</strong>s:<br />

Tomo I – <strong>Diagnóstico</strong> Hidroambiental<br />

• Volume 01/03 – Recursos Hídricos<br />

• Volume 02/03 – O Ambiente Natural<br />

• Volume 03/03 – Socioeconomia e Legislação<br />

Tomo II – Cenários Ten<strong>de</strong>nciais e Sustentáveis<br />

Tomo III – Planos <strong>de</strong> Investimentos<br />

Tomo IV – Resumo Executivo<br />

Tomo V – Mapas<br />

iii


APRESENTAÇÃO DO DIAGNÓSTICO HIDROAMBIENTAL – <strong>VOL</strong>UME 01/03<br />

O Volume 01/03 <strong>do</strong> <strong>Diagnóstico</strong> Hidroambiental da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

contém as informações sobre os recursos hídricos nos seus varia<strong>do</strong>s aspectos,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as consi<strong>de</strong>rações sobre a água produzida e utilizada na bacia, até os<br />

instrumentos <strong>de</strong> gestão para a regulação <strong>de</strong>sse importante insumo natural.<br />

No Capítulo 1 é feita uma caracterização geral da bacia e a apresentação da<br />

meto<strong>do</strong>logia geral a<strong>do</strong>tada neste trabalho. O Capítulo 2 apresenta os antece<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>do</strong> PHA, especialmente quanto ao contexto estabeleci<strong>do</strong> pelos <strong>do</strong>is planos mais<br />

importantes para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca: o Plano Diretor <strong>de</strong> Recursos<br />

Hídricos da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca – PDRH e o Plano <strong>de</strong> Aproveitamento<br />

<strong>do</strong>s Recursos Hídricos da região metropolitana <strong>do</strong> Recife, zona da mata e agreste<br />

pernambucano – PARH.<br />

O Capítulo 3 aborda os aspectos climáticos na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca no<br />

que se refere à estrutura das precipitações e ao tratamento <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> aos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

chuvas, atualizan<strong>do</strong> e consistin<strong>do</strong> séries históricas, para a atualização <strong>do</strong>s<br />

parâmetros hidroclimatológicos e <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los probabilísticos para os da<strong>do</strong>s<br />

hidrológicos; inclui consi<strong>de</strong>rações sobre as mudanças climáticas globais e seus<br />

impactos na bacia.<br />

O Capítulo 4 analisa o potencial e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água na bacia, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as<br />

águas superficiais e subterrâneas, com base no mo<strong>de</strong>lo MODHAC, enquanto o<br />

Capítulo 5 aborda os usos consuntivos e não consuntivos da água e o capítulo 6<br />

atualiza e analisa as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> água para consumo humano, irrigação, indústria<br />

e outros usos na bacia<br />

A partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, o Capítulo 7 faz o balanço <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong>manda <strong>de</strong><br />

água na bacia, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s para cada Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise – UA, que<br />

será utiliza<strong>do</strong> na elaboração <strong>do</strong>s Cenários Ten<strong>de</strong>nciais e Sustentáveis que fazem<br />

parte <strong>de</strong> relatório in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> PHA.<br />

O Capítulo 8 trata <strong>do</strong>s instrumentos da política <strong>de</strong> recursos hídricos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, analisan<strong>do</strong> as questões legais e institucionais nas quais se<br />

fundamenta a gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos e o papel <strong>do</strong> Comitê da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca – COBH Ipojuca.<br />

iv


RESUMO<br />

O Volume 01/03 <strong>do</strong> <strong>Diagnóstico</strong> Hidroambiental aborda os recursos hídricos na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, ten<strong>do</strong> como objetivo primordial oferecer da<strong>do</strong>s<br />

atualiza<strong>do</strong>s sobre a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água. Os da<strong>do</strong>s hidrológicos utiliza<strong>do</strong>s no<br />

item referente ao aspecto climático foram extraí<strong>do</strong>s da base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> INMET -<br />

Normais Climatológicas (1961 a 1990) e <strong>do</strong> IPA – Estações Experimentais (1952 a<br />

1993). Tais da<strong>do</strong>s apresentaram resulta<strong>do</strong>s semelhantes com os postos da ANA e<br />

os estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PERH. Para obtenção das potencialida<strong>de</strong>s e disponibilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s<br />

recursos hídricos da bacia, os da<strong>do</strong>s pluviométricos foram atualiza<strong>do</strong>s, partin<strong>do</strong>-se<br />

<strong>do</strong> banco <strong>de</strong> informações <strong>do</strong> Atlas Nor<strong>de</strong>ste e <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s das estações selecionadas<br />

fornecidas pelo LAMEPE. Como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> simulação hidrológica foi utiliza<strong>do</strong> o<br />

MODHAC. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s para potencialida<strong>de</strong>s e disponibilida<strong>de</strong>s mostraramse<br />

diferentes daqueles <strong>do</strong> PERH e <strong>do</strong> PARH, uma vez que a base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

entrada e os mo<strong>de</strong>los hidrológicos utiliza<strong>do</strong>s são distintos entre os estu<strong>do</strong>s<br />

compara<strong>do</strong>s. Quanto às águas subterrâneas, os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PDRH foram atualiza<strong>do</strong>s<br />

a partir <strong>do</strong>s cadastros <strong>do</strong> IPA. Foram observa<strong>do</strong>s na bacia aquíferos fissurais e<br />

aluviais em praticamente toda a sua extensão e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> muito restrito, aquíferos<br />

intersticiais no limite leste da bacia. A avaliação das reservas, potencialida<strong>de</strong>s,<br />

disponibilida<strong>de</strong>s e recursos explotáveis foi efetuada por UA, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> a<br />

seguinte disponibilida<strong>de</strong> efetiva para os aquíferos fissurais e aluviais: UA1 – 420 mil<br />

m 3 /ano; UA2 – 140 mil m 3 /ano; UA3 –1.05 milhão m 3 /ano; UA4 - 50 mil m 3 /ano; o<br />

aquífero intersticial, embora restrito em área, contribui com 76 mil m 3 /ano. As águas<br />

subterrâneas apresentam-se salinizadas nas UA1, UA2 e UA3, com valores <strong>de</strong><br />

sóli<strong>do</strong>s totais dissolvi<strong>do</strong>s sempre acima <strong>de</strong> 3.000 mg/L em contraposição à UA4 que<br />

tem valores <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> limite <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> (abaixo <strong>de</strong> 1.000mg/L). Quanto aos usos<br />

da água, os mais expressivos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s reservatórios em toda a bacia e<br />

também <strong>do</strong> próprio curso <strong>do</strong> rio, no seu baixo curso, on<strong>de</strong> é perene. Os déficits<br />

hídricos limitam a expansão da agricultura irrigada na região, embora atendam a<br />

<strong>de</strong>mandas para irrigação <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar das Usinas Salga<strong>do</strong> e Ipojuca. Os<br />

principais usos são no abastecimento e agropecuária, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se as ativida<strong>de</strong>s<br />

industriais (APL); os conflitos pelo uso da água ocorrem principalmente no<br />

reservatório Bituri utiliza<strong>do</strong> para abastecimento público, abastecimento industrial e<br />

por pequenos irrigantes e também no reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar, por usuários <strong>de</strong><br />

montante e <strong>de</strong> jusante. As <strong>de</strong>mandas totais <strong>de</strong> água na bacia são: UA3 e UA2 (37<br />

milhões m³/ano), UA4 (32 milhões m³/ano) e UA1 (17 milhões m³/ano). Os resulta<strong>do</strong>s<br />

apresenta<strong>do</strong>s para os sal<strong>do</strong>s <strong>do</strong> balanço hídrico indicaram valores negativos para<br />

to<strong>do</strong>s os sal<strong>do</strong>s (S1 e S2, S3 e S4), quan<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>s na totalida<strong>de</strong> da bacia. Tais<br />

resulta<strong>do</strong>s se aproximam <strong>do</strong>s valores encontra<strong>do</strong>s no PERH/PE, para o cenário<br />

ten<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 2010. A UA2 não apresenta condições para ampliação <strong>de</strong> sua<br />

disponibilida<strong>de</strong> efetiva para suprir sua <strong>de</strong>manda, acarretan<strong>do</strong> na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

importação da água. Por outro la<strong>do</strong>, a UA3 dispõe <strong>de</strong> um adicional explorável <strong>de</strong> 52<br />

x 10 6 m³/ano, valor este capaz <strong>de</strong> anular os déficits hídricos.<br />

Palavras-Chave: Bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. <strong>Diagnóstico</strong> hidroambiental.<br />

Recursos hídricos.<br />

v


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 - Localização da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca...................... 20<br />

Figura 2 - Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca......... 22<br />

Figura 3 - Localização <strong>do</strong>s postos pluviométricos..................................... 31<br />

Figura 4 - Precipitação anual média <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s..................... 32<br />

Figura 5 - Precipitação mensal média <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s................... 32<br />

Figura 6 - Isoietas anuais médias (mm)................................................... 35<br />

Figura 7 - Distribuição mensal média das temperaturas mínimas............ 40<br />

Figura 8 - Distribuição mensal média das temperaturas médias.............. 40<br />

Figura 9 - Distribuição mensal média das temperaturas máximas............ 41<br />

Figura 10 - Isotermas anuais mínimas (ºC)................................................. 42<br />

Figura 11 - Isotermas anuais médias (ºC).................................................. 43<br />

Figura 12 - Isotermas anuais máximas (ºC)................................................ 44<br />

Figura 13 - Localização <strong>do</strong>s postos <strong>de</strong> outros parâmetros climatológicos.. 47<br />

Figura 14 - Distribuição mensal média da umida<strong>de</strong> relativa........................ 48<br />

Figura 15 - Isoumida<strong>de</strong>s relativas anuais médias (%)................................. 49<br />

Figura 16 - Distribuição da mensal média da evapotranspiração............... 52<br />

Figura 17 - Isolinhas anuais médias <strong>de</strong> evapotranspiração potencial <strong>de</strong><br />

Hargreaves (mm)......................................................................<br />

Figura 18 - Isorendimentos <strong>de</strong> TURC anuais médios (%)........................... 58<br />

Figura 19 - Isovazões específicas anuais médias (L/s/km²)........................ 61<br />

Figura 20 - Estações pluviométricas utilizadas na calibração e validação<br />

<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo hidrológico...............................................................<br />

Figura 21 - Estações pluviométricas utilizadas na simulação <strong>de</strong> vazões<br />

nas UA’s....................................................................................<br />

Figura 22 - Gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos sobre a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

para o cálculo da precipitação média........................................<br />

Figura 23 - Estações fluviométricas utilizadas na calibração <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />

hidrológico.................................................................................<br />

Figura 24 - Esquema <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> MODHAC (Lanna, 1997)........ 83<br />

Figura 25 - Hidrogramas da calibração em Caruaru................................... 85<br />

Figura 26 - Hidrogramas <strong>de</strong> validação em Caruaru.................................. 85<br />

55<br />

77<br />

79<br />

80<br />

81<br />

vi


Figura 27 - Hidrogramas <strong>de</strong> calibração em Engenho Tabocas................... 86<br />

Figura 28 - Hidrogramas <strong>de</strong> validação em Engenho Tabocas.................... 86<br />

Figura 29 - Vazão mensal média em Caruaru (a) Calibração e (b)<br />

Verificação............................................................................<br />

Figura 30 - Vazão mensal média em Engenho Tabocas (a) Calibração e<br />

(b) Verificação.......................................................................<br />

Figura 31 - Vazão mensal mínima em Caruaru. (a) Calibração e (b)<br />

Verificação ..........................................................................<br />

Figura 32 - Vazão mensal mínima em Engenho Tabocas (a) Calibração e<br />

(b) Verificação......................................................................<br />

Figura 33 - Vazão mensal máxima em Caruaru (a) Calibração e (b)<br />

Verificação..........................................................................<br />

Figura 34 - Vazão mensal máxima em Engenho Tabocas (a) Calibração<br />

e (b) Verificação........................................................................<br />

Figura 35 - Hidrogramas <strong>de</strong> validação em Caruaru para perío<strong>do</strong> seco...... 90<br />

Figura 36 - Hidrogramas <strong>de</strong> validação em Engenho Tabocas para<br />

perío<strong>do</strong> seco.............................................................................<br />

Figura 37 - Vazão simulada nas UAs (recorte para a década <strong>de</strong> 2000)..... 92<br />

Figura 38 - Representação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> reservatórios da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.........................................................<br />

Figura 39 - Distribuição porcentual <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong><br />

bombeamento na UA1.............................................................. 121<br />

Figura 40 - Distribuição porcentual <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong><br />

bombeamento na UA2.............................................................. 121<br />

Figura 41 - Distribuição porcentual <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong><br />

bombeamento na UA3.............................................................. 123<br />

Figura 42 - Usos da água na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca................... 125<br />

Figura 43 - Captação da COMPESA no rio Ipojuca.................................... 128<br />

Figura 44 - Captações <strong>de</strong> água para irrigação no reservatório Bituri,<br />

em Belo Jardim......................................................................... 129<br />

Figura 45 - Irrigação no entorno <strong>do</strong> reservatório Bituri, em Belo Jardim..... 129<br />

Figura 46 - Irrigação no entorno <strong>do</strong> reservatório Bituri, em Belo Jardim..... 130<br />

Figura 47 - Irrigação a jusante <strong>do</strong> reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar, em<br />

Pesqueira.................................................................................. 130<br />

Figura 48 - Usina Salga<strong>do</strong>........................................................................... 132<br />

Figura 49 - Usina Ipojuca............................................................................ 132<br />

Figura 50 - Cachoeira <strong>do</strong> Urubu.................................................................. 133<br />

87<br />

87<br />

87<br />

88<br />

88<br />

88<br />

90<br />

96<br />

vii


Figura 51 - Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesca no rio Ipojuca, município <strong>de</strong> Ipojuca.......... 135<br />

Figura 52 - Empreendimento <strong>de</strong> piscicultura no reservatório Pedro Moura<br />

Júnior........................................................................................<br />

Figura 53 - Tanque-re<strong>de</strong> instala<strong>do</strong> no reservatório Pedro Moura Júnior..... 136<br />

Figura 54 - Tilápia produzida em tanque-re<strong>de</strong> no reservatório Pedro<br />

Moura Júnior............................................................................. 137<br />

Figura 55 - Inter<strong>de</strong>pendência e complementarida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong><br />

gestão.......................................................................................<br />

Figura 56 - Distribuição espacial das outorgas na bacia hidrográfica <strong>do</strong><br />

rio Ipojuca.................................................................................. 168<br />

Figura 57 - Outorgas <strong>de</strong> águas superficiais na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca, por finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso da água..................................... 169<br />

Figura 58 - Outorgas <strong>de</strong> águas subterrâneas na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca, por finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso da água..................................... 171<br />

136<br />

162<br />

viii


LISTA DE QUADROS<br />

Quadro 1 - Municípios que integram a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. ................................<br />

20<br />

Quadro 2 - Da<strong>do</strong>s das estações climatológicas utilizadas no estu<strong>do</strong>. ................................<br />

28<br />

Quadro 3 - Precipitação mensal média <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s (mm).......... 33<br />

Quadro 4 - Temperatura mensal mínima <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s (°C)......... 37<br />

Quadro 5 - Temperatura mensal média <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s (°C)........... 38<br />

Quadro 6 - Temperatura mensal máxima <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s (°C)........ 39<br />

Quadro 7 - Umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar calculada para os postos estuda<strong>do</strong>s<br />

(%)............................................................................................. 46<br />

Quadro 8 - Fator <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hargreaves................................................ 51<br />

Quadro 9 - Evapotranspiração potencial <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s (mm)....... 54<br />

Quadro 10 - Rendimento <strong>de</strong> TURC das estações estudadas (%)................ 57<br />

Quadro 11 - Vazões específicas das estações estudadas........................... 62<br />

Quadro 12 - Valores das relações entre durações propostos pela CETESB<br />

e os que foram utiliza<strong>do</strong>s para os postos pluviométricos.......... 64<br />

Quadro 13 - Lista <strong>do</strong>s postos seleciona<strong>do</strong>s.................................................. 65<br />

Quadro 14 - Parâmetros da equação <strong>de</strong> chuva intensa <strong>de</strong>terminadas para<br />

bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca............................................... 68<br />

Quadro 15 - Critérios para validação <strong>do</strong>s parâmetros.................................. 68<br />

Quadro 16 - Ocorrências <strong>de</strong> secas em <strong>Pernambuco</strong>.................................... 71<br />

Quadro 17 - Postos pluviométricos preenchi<strong>do</strong>s e consisti<strong>do</strong>s..................... 75<br />

Quadro 18 - Características das estações fluviométricas............................. 80<br />

Quadro 19 - Evapotranspiração potencial utilizada no mo<strong>de</strong>lo hidrológico.. 82<br />

Quadro 20 - Informações relativas à calibração e validação em Caruaru.. 84<br />

Quadro 21 - Informações relativas à calibração e validação em Engenho<br />

Tabocas.................................................................................... 84<br />

Quadro 22 - Informações relativas à calibração e validação em Caruaru<br />

no perío<strong>do</strong> seco........................................................................ 89<br />

Quadro 23 - Informações relativas à calibração e validação em Engenho<br />

Tabocas no perío<strong>do</strong> seco.......................................................... 89<br />

Quadro 24 - Resumo das vazões geradas pelo MODHAC........................... 91<br />

Quadro 25 - Parâmetros <strong>de</strong> calibração <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo....................................... 92<br />

Quadro 26 - Vazões regularizadas <strong>do</strong>s reservatórios para 90, 95 e 100%<br />

<strong>de</strong> garantia................................................................................ 94<br />

ix


Quadro 27 - Resumo das disponibilida<strong>de</strong>s virtuais e efetivas por unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> análise (10 6 m³/ano)............................................................. 95<br />

Quadro 28 - Características gerais <strong>do</strong>s reservatórios................................... 95<br />

Quadro 29 - Características técnicas <strong>do</strong> reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar.......... 97<br />

Quadro 30 - Características técnicas <strong>do</strong> reservatório Belo Jardim............... 98<br />

Quadro 31 - Características técnicas <strong>do</strong> reservatório Bituri.......................... 99<br />

Quadro 32 - Análises efetuadas em águas retiradas <strong>de</strong> poços rasos ou<br />

escavações no leito aluvial....................................................... 103<br />

Quadro 33 - Resumo <strong>do</strong>s parâmetros quantitativos <strong>do</strong>s diversos aquíferos<br />

nas unida<strong>de</strong>s análise da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca....... 117<br />

Quadro 34 - Análise estatística <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> STD em mg/L nas diversas<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca......... 118<br />

Quadro 35 - Parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> poços na UA1.............. 119<br />

Quadro 36 - Parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> poços na UA2.............. 121<br />

Quadro 37 - Parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> poços na UA3.............. 122<br />

Quadro 38 - Parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> poços na UA4.............. 123<br />

Quadro 39 - Mananciais da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca utiliza<strong>do</strong>s<br />

para abastecimento público...................................................... 126<br />

Quadro 40 - Pequenas centrais hidrelétricas existentes na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.........................................................<br />

Quadro 41 - Número <strong>de</strong> pesca<strong>do</strong>res registra<strong>do</strong>s em municípios da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca......................................................... 135<br />

Quadro 42 - Demandas consuntivas e não consuntivas............................... 138<br />

Quadro 43 - População urbana da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca............ 139<br />

Quadro 44 - Evolução <strong>de</strong>mográfica na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca...... 139<br />

Quadro 45 - Projeção da população urbana para 2010................................ 140<br />

Quadro 46 - Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para população urbana................... 140<br />

Quadro 47 - Demanda e consumo população urbana – cenário atual......... 141<br />

Quadro 48 - População rural da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca................ 141<br />

Quadro 49 - Evolução <strong>de</strong>mográfica na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca...... 142<br />

Quadro 50 - Projeção da população rural para 2010.................................... 142<br />

Quadro 51 - Demanda e consumo da população rural - cenário atual......... 143<br />

Quadro 52 - Rebanho por UA entre 2005 e 2008......................................... 144<br />

Quadro 53 - Taxa anual <strong>de</strong> crescimento....................................................... 145<br />

134<br />

x


Quadro 54 - Rebanho projeta<strong>do</strong> para o ano <strong>de</strong> 2010................................... 145<br />

Quadro 55 - Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntação animal............ 146<br />

Quadro 56 - Demanda e consumo <strong>do</strong> segmento pecuário - cenário atual... 146<br />

Quadro 57 - Área irrigada da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, em 2006..... 147<br />

Quadro 58 - Taxa <strong>de</strong> crescimento anual <strong>de</strong> irrigação................................... 148<br />

Quadro 59 - Eficiência <strong>de</strong> cada méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> irrigação.................................... 148<br />

Quadro 60 - Demanda e consumo para irrigação, em 2010......................... 149<br />

Quadro 61 - Produção <strong>de</strong> cana <strong>de</strong> açúcar entre os anos <strong>de</strong> 2003 e 2006... 150<br />

Quadro 62 - Produção por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise e taxa anual <strong>de</strong><br />

crescimento............................................................................... 150<br />

Quadro 63 - Projeção da produção para 2010 – cenário atual.................... 150<br />

Quadro 64 - Número <strong>de</strong> indústrias por ramo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> e número <strong>de</strong><br />

emprega<strong>do</strong>s.......................................................................... 151<br />

Quadro 65 - Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para a indústria................................ 152<br />

Quadro 66 - Demanda e consumo <strong>de</strong> água por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise............. 152<br />

Quadro 67 - Demanda por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise............................................. 153<br />

Quadro 68 - Síntese da <strong>de</strong>manda total <strong>de</strong> água da bacia hidrográfica <strong>do</strong><br />

rio Ipojuca (m³/ano)................................................................... 153<br />

Quadro 69 - Disponibilida<strong>de</strong>s atuais próprias (efetivas) por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

análise....................................................................................... 157<br />

Quadro 70 - Balanço das disponibilida<strong>de</strong>s atuais......................................... 157<br />

Quadro 71 - Disponibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água subterrânea...................................... 157<br />

Quadro 72 - Disponibilida<strong>de</strong>s efetivas atuais................................................ 158<br />

Quadro 73 - Balanço hídrico para o cenário atual (2010)............................. 160<br />

Quadro 74 - Planos <strong>de</strong> recursos hídricos existentes na área da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca......................................................... 163<br />

Quadro 75 - Número <strong>de</strong> outorgas em vigência na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca em águas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>......................... 166<br />

Quadro 76 - Vazões outorgadas na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca em<br />

águas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>........................................... 169<br />

Quadro 77 - Outorgas <strong>de</strong> águas superficiais na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca....................................................................................... 170<br />

Quadro 78 - Outorgas <strong>de</strong> águas subterrâneas na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca....................................................................................... 172<br />

xi


Quadro 79 - Número <strong>de</strong> vistorias realizadas e autos emiti<strong>do</strong>s em<br />

<strong>Pernambuco</strong>.............................................................................. 175<br />

Quadro 80 - Monitoramento quantitativo <strong>do</strong>s reservatórios na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca...................................................... 178<br />

Quadro 81 - Estações <strong>de</strong> monitoramento para controle <strong>de</strong> cheias na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca......................................................... 179<br />

Quadro 82 - Estações <strong>de</strong> monitoramento da qualida<strong>de</strong> da água da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca......................................................... 181<br />

xii


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS<br />

ANA Agência Nacional <strong>de</strong> Águas<br />

ANEEL Agência Nacional <strong>de</strong> Energia Elétrica<br />

APL Arranjos Produtivos Locais<br />

ART Anotação <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Técnica<br />

CNRH Conselho Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos<br />

CETESB Companhia <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Saneamento Ambiental<br />

COBH Comitê da Bacia Hidrográfica<br />

CODECIPE Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Defesa Civil <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

COMPESA Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento<br />

CONAMA Conselho Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente<br />

CONDEMA Conselho Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente<br />

CPRH Agência Estadual <strong>de</strong> Meio Ambiente<br />

CPRM Companhia <strong>de</strong> Pesquisa <strong>de</strong> Recursos Minerais<br />

CPTEC Centro <strong>de</strong> Previsão <strong>de</strong> Tempo e Estu<strong>do</strong>s Climáticos<br />

CRH Conselho Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos<br />

CTCOB Câmara Técnica <strong>de</strong> Cobrança<br />

DNOCS Departamento Nacional <strong>de</strong> Obras Contras as Secas<br />

EIA Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Impacto Ambiental<br />

EPE Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Energética<br />

FADE<br />

Fundação <strong>de</strong> Apoio ao Desenvolvimento da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação<br />

FIDEM Fundação <strong>de</strong> Desenvolvimento Municipal<br />

GI Grupo <strong>de</strong> Pequenos Rios Interioranos<br />

GL Grupos <strong>de</strong> Pequenos Rios Litorâneos<br />

IBGE Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />

IDH Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano<br />

INPE Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais<br />

IPA Instituo Agronômico <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas<br />

LAMEPE Laboratório <strong>de</strong> Meteorologia <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

MMA Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

MPA Ministério da Pesca<br />

PARH Plano <strong>de</strong> Aproveitamento <strong>do</strong>s Recursos Hídricos<br />

xiii


PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas<br />

PDRH Plano Diretor <strong>de</strong> Recursos Hídricos<br />

PERH Plano Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos<br />

PHA Plano Hidroambiental<br />

PIB Produto Interno Bruto<br />

PLIRHINE Plano <strong>de</strong> Aproveitamento Integra<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Recursos Hídricos <strong>do</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste<br />

PREV Plano <strong>de</strong> Revegetação ou Enriquecimento da Vegetação Nativa<br />

PROÁGUA Projeto Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>do</strong>s Recursos Hídricos<br />

PROMATA<br />

Programa <strong>de</strong> Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da zona da<br />

mata <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

PRORURAL Programa Estadual <strong>de</strong> Apoio ao Pequeno Produtor Rural<br />

RAL Refinaria Abreu e Lima<br />

RD Região <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

RIMA Relatório <strong>de</strong> Impacto Ambiental<br />

RMR Região Metropolitana <strong>do</strong> Recife<br />

RPPN Reserva Particular <strong>do</strong> Patrimônio Natural<br />

SECTMA Secretaria Estadual <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente<br />

SEPLAG Secretaria Municipal <strong>de</strong> Planejamento, Tecnologia e Gestão.<br />

SIG Sistema <strong>de</strong> Informação Geográfica<br />

SINGREH Sistema Nacional <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>de</strong> Recursos Hídricos<br />

SISNAMA Sistema Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente<br />

SRH - PE Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

SUDESA Subsecretaria <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Solo e da Água<br />

UA Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Análise<br />

UC Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação;<br />

UFPE Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

UFRPE Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

UP Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Planejamento<br />

<strong>VOL</strong>. Volume<br />

xiv


SUMÁRIO GERAL<br />

<strong>VOL</strong>UME 01/03 – RECURSOS HÍDRICOS<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PLANO HIDROAMBIENTAL<br />

3 ASPECTOS CLIMÁTICOS<br />

4 POTENCIALIDADES E DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NA BACIA HIDROGRÁFICA<br />

DO RIO IPOJUCA<br />

5 USOS DA ÁGUA<br />

6 DEMANDAS DE ÁGUA NA BACIA DO RIO IPOJUCA<br />

7 BALANÇO DOS RECURSOS HÍDRICOS NAS UNIDADES DE ANÁLISE<br />

8 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS<br />

<strong>VOL</strong>UME 02/03 – O AMBIENTE NATURAL<br />

1 O AMBIENTE NATURAL<br />

2 SANEAMENTO AMBIENTAL<br />

3 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO<br />

<strong>VOL</strong>UME 03/03 – SOCIOECONOMIA E LEGISLAÇÃO<br />

1 SOCIOECONOMIA<br />

2 LEGISLAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E AMBIENTAL<br />

3 ARRANJO INSTITUCIONAL<br />

xv


SUMÁRIO<br />

APRESENTAÇÃO DO PLANO HIDROAMBIENTAL.......................................... iii<br />

APRESENTAÇÃO DO DIAGNÓSTICO HIDROAMBIENTAL – <strong>VOL</strong>UME<br />

01/03.....................................................................................................................<br />

RESUMO............................................................................................................... v<br />

LISTA DE FIGURAS............................................................................................. vi<br />

LISTA DE QUADROS........................................................................................... ix<br />

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS............................................................... xiii<br />

SUMÁRIO GERAL............................................................................................. xv<br />

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 20<br />

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO<br />

IPOJUCA............................................................................................................... 20<br />

1.2 METODOLOGIA GERAL DO TRABALHO..................................................... 24<br />

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PLANO HIDROAMBIENTAL.............................. 26<br />

2.1 PLANO DIRETOR DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA<br />

HIDROGRÁFICA DO RIO IPOJUCA.................................................................... 26<br />

2.2 PLANO DE APROVEITAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DA<br />

REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, ZONA DA MATA E AGRESTE<br />

PERNAMBUCANO................................................................................................ 27<br />

3 ASPECTOS CLIMÁTICOS................................................................................ 27<br />

3.1 SISTEMAS METEOROLÓGICOS ATUANTES NA BACIA............................ 28<br />

3.2 FENÔMENOS DO SISTEMA OCEANO-ATMOSFERA.................................. 29<br />

3.3 PRECIPITAÇÕES MENSAIS.......................................................................... 30<br />

3.4 TEMPERATURAS MÁXIMAS, MÉDIAS E MÍNIMAS MENSAIS.................... 36<br />

3.5 UMIDADES RELATIVAS MENSAIS MÉDIAS................................................ 45<br />

3.6 EVAPOTRANSPIRAÇÕES POTENCIAIS MENSAIS MÉDIAS...................... 50<br />

3.7 RENDIMENTOS ANUAIS MÉDIOS DE TURC............................................... 56<br />

3.8 VAZÕES ESPECÍFICAS ANUAIS MÉDIAS.................................................... 59<br />

xvi<br />

iv


3.9 EQUAÇÕES DE CHUVAS INTENSAS........................................................... 63<br />

3.9.1 Relação entre chuvas <strong>de</strong> diferentes durações............................................ 63<br />

3.9.2 Tipos <strong>de</strong> séries para análise <strong>de</strong> frequência das séries históricas............... 65<br />

3.9.3 Mo<strong>de</strong>los probabilísticos para da<strong>do</strong>s hidrológicos........................................ 66<br />

3.9.4 Determinação <strong>do</strong>s parâmetros da equação <strong>de</strong> chuva intensa.................... 66<br />

3.10 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS<br />

GLOBAIS..............................................................................................................<br />

4 POTENCIALIDADES E DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NA BACIA<br />

HIDROGRÁFICA DO RIO IPOJUCA.................................................................. 72<br />

4.1 ÁGUAS SUPERFICIAIS.................................................................................. 72<br />

4.1.1 Potencialida<strong>de</strong>s........................................................................................... 72<br />

4.1.2 Disponibilida<strong>de</strong>s.......................................................................................... 92<br />

4.2 OPERAÇÃO DOS PRINCIPAIS RESERVATÓRIOS NA BACIA<br />

HIDROGRÁFICA DO RIO IPOJUCA.................................................................... 95<br />

4.2.1 Reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar........................................................................ 96<br />

4.2.2 Reservatório Pedro Moura Júnior (Belo Jardim)......................................... 97<br />

4.2.3 Reservatório Eng. Severino Guerra (Bituri)................................................. 98<br />

4.3 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS............................................................................. 99<br />

4.3.1 O aquífero fissural....................................................................................... 100<br />

4.3.2 O aquífero aluvial ........................................................................................ 101<br />

4.3.3 Avaliação das reservas, potencialida<strong>de</strong>s e disponibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água<br />

subterrânea na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.................................................. 104<br />

4.3.4 Consi<strong>de</strong>rações sobre as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise............................................. 109<br />

4.3.5 Hidroquímica............................................................................................... 118<br />

4.3.6 Situação <strong>do</strong>s poços..................................................................................... 119<br />

5 USOS DA ÁGUA............................................................................................... 124<br />

5.1 ABASTECIMENTO HUMANO......................................................................... 126<br />

5.2 AGROPECUÁRIA........................................................................................... 128<br />

5.3 ABASTECIMENTO INDUSTRIAL.................................................................. 131<br />

xvii<br />

69


5.4 NAVEGAÇÃO................................................................................................. 133<br />

5.5 TURISMO E LAZER........................................................................................ 133<br />

5.6 GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA............................................................ 134<br />

5.7 PESCA E AQUICULTURA.............................................................................. 134<br />

5.8 CONFLITOS PELO USO DA ÁGUA............................................................... 137<br />

6 IDENTIFICAÇÃO DAS DEMANDAS DE ÁGUA............................................... 138<br />

6.1 CENÁRIO ATUAL........................................................................................... 139<br />

6.1.1 Demanda <strong>de</strong> água para a população urbana.............................................. 139<br />

6.1.2 Demanda <strong>de</strong> água para a população rural.................................................. 141<br />

6.1.3 Desse<strong>de</strong>ntação animal................................................................................ 143<br />

6.1.4 Irrigação....................................................................................................... 146<br />

6.1.5 Indústria....................................................................................................... 149<br />

6.1.6 Usos não consuntivos................................................................................. 153<br />

6.1.7 Síntese das <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> água para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca... 153<br />

7 BALANÇO DOS RECURSOS HÍDRICOS NAS UNIDADES DE ANÁLISE.... 154<br />

7.1 DEFINIÇÕES.................................................................................................. 154<br />

7.2 SALDOS HÍDRICOS....................................................................................... 155<br />

7.3 DADOS DAS DISPONIBILIDADES................................................................ 156<br />

7.3.1 Águas superficiais..................................................................................... 156<br />

7.3.2 Águas subterrâneas.................................................................................... 157<br />

7.3.3 Resumo das disponibilida<strong>de</strong>s...................................................................... 157<br />

7.4 RESULTADO DO BALANÇO HÍDRICO......................................................... 158<br />

8 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS........................ 161<br />

8.1 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS............................................................ 162<br />

8.2 ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES DE USO..... 164<br />

8.3 OUTORGA DE DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS.................... 165<br />

8.4 COBRANÇA PELO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS................................ 173<br />

xviii


8.5 FISCALIZAÇÃO DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS................................. 175<br />

8.6 MONITORAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS...................................... 176<br />

8.6.1 Monitoramento quantitativo........................................................................ 176<br />

8.6.2 Monitoramento qualitativo.......................................................................... 179<br />

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 183<br />

ANEXOS............................................................................................................... 196<br />

xix


1 INTRODUÇÃO<br />

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO<br />

IPOJUCA<br />

A bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, situada no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, pertence à<br />

região hidrográfica <strong>do</strong> Atlântico Nor<strong>de</strong>ste Oriental e faz parte das Regiões <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento - RD <strong>do</strong> sertão <strong>do</strong> moxotó, agreste meridional, agreste central, mata<br />

sul e metropolitana (Figura 1). Abrange territórios parciais <strong>de</strong> 25 municípios, <strong>do</strong>s<br />

quais, 12 possuem se<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da Bacia Hidrográfica (Quadro 1).<br />

Figura 1 - Localização da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Fonte: Projetec, 2009.<br />

No referi<strong>do</strong> quadro, apresenta-se o percentual da área da bacia pertencente ao<br />

município.<br />

Quadro 1 - Municípios que integram a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Município Área na bacia (%) Município Área na bacia (%)<br />

Agrestina 0,04 Pesqueira 17,42<br />

Alagoinha 1,77 Poção * 5,34<br />

Altinho 0,08 Pombos 1,95<br />

Amaraji 1,76 Primavera * 2,60<br />

Arcover<strong>de</strong> 2,80 Riacho das Almas 0,24<br />

Belo Jardim * 6,83 Sairé 2,25<br />

Bezerros * 6,02 Sanharó * 7,12<br />

Cachoeirinha 0,05 São Bento <strong>do</strong> Una 2,06<br />

Caruaru * 11,31 São Caetano * 7,49<br />

20


Continuação<br />

Quadro 1 - Municípios que integram a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Município Área na bacia (%) Município Área na bacia (%)<br />

Chã Gran<strong>de</strong> * 1,79 Tacaimbó * 4,10<br />

Escada * 5,68 Venturosa 0,05<br />

Gravatá * 5,55 Vitória <strong>de</strong> Santo Antão 1,14<br />

Ipojuca * 4,45<br />

Fonte: Projetec, 2009.<br />

*Municípios com se<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da bacia.<br />

O Plano Diretor da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, elabora<strong>do</strong> em 2002, estabeleceu<br />

a divisão da bacia em quatro unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise (UA), que foram inicialmente<br />

a<strong>do</strong>tadas no âmbito <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> (Figura 2).<br />

21


Figura 2 – Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

22


Fica localizada entre os paralelos 08º09’50” e 08º40’20” <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> sul e os<br />

meridianos 34º57’52” e 37º02’48” <strong>de</strong> longitu<strong>de</strong> oeste <strong>de</strong> Greenwich e cobre uma<br />

superfície total <strong>de</strong> 3.435,34km², ou seja, 3,49% <strong>do</strong> território <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>. O rio<br />

Ipojuca apresenta extensão <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 320km, cortan<strong>do</strong> as regiões fisiográficas <strong>do</strong><br />

agreste, mata sul e metropolitana <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, ten<strong>do</strong> suas nascentes na Serra <strong>do</strong><br />

Pau D’arco, município <strong>de</strong> Arcover<strong>de</strong>. É intermitente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua nascente até as<br />

proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Caruaru e daí em diante torna-se perene.<br />

Sua re<strong>de</strong> hídrica tem como afluentes pela margem direita: riacho Liberal, riacho<br />

Papagaio, riacho Tacaimbó, riacho Taquara, riacho Cipó, riacho <strong>do</strong> Vasco, riacho<br />

Pau Santo, riacho Mocó, riacho das Pedras, riacho Ver<strong>de</strong>, riacho Caruá, riacho<br />

Barriguda, riacho Macha<strong>do</strong>, riacho <strong>do</strong> Mel, riacho Continente, riacho Titara, riacho<br />

Vertentes, riacho Macaco Gran<strong>de</strong>, riacho Rocha Gran<strong>de</strong>, riacho Prata, riacho<br />

Cotegi, riacho Pieda<strong>de</strong> e riacho Minas e pela margem esquerda: riacho Poção,<br />

riacho Mutuca, riacho Taboquinha, riacho Maniçoba, riacho Bituri, riacho Coutinho,<br />

riacho <strong>do</strong> Mocós, riacho Salga<strong>do</strong>, riacho Várzea <strong>do</strong> Cedro, riacho Jacaré, riacho<br />

Sotero, riacho Cacimba <strong>de</strong> Ga<strong>do</strong>, riacho da Queimada, riacho Manuino, riacho <strong>do</strong><br />

Serrote, riacho Bichinho, riacho Muxoxo, riacho São João Novo, riacho Cueiro <strong>de</strong><br />

Suassuna, riacho Pata Choca, riacho Cabromena, riacho Sapocaji e riacho Urubu.<br />

Os principais reservatórios são Pão <strong>de</strong> Açúcar, Eng. Severino Guerra (Bituri),<br />

Manuino, Taquara, Pintada, Belo Jardim, Brejão, Menino Cipó, Serra <strong>do</strong>s Cavalos,<br />

Guilherme <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>, Caroá, Poção, Jenipapo, Boa Vista e São Caetano.<br />

Dentro da área da bacia hidrográfica existem áreas <strong>de</strong> proteção ambiental que são:<br />

• Parque Ecológico João Vasconcelos Sobrinho, com área <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong><br />

355ha, representa o ecossistema “brejo <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>”;<br />

• RPPN (Reserva Particular <strong>do</strong> Patrimônio Natural) Pedra <strong>do</strong> Cachorro, com<br />

área <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> 18ha;<br />

• unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação municipal da Serra Negra <strong>de</strong> Bezerros, com área <strong>de</strong><br />

3,4ha, tem como ecossistema a “Caatinga”;<br />

• área <strong>de</strong> preservação municipal parque ecoturístico da Cachoeira <strong>do</strong> Urubu,<br />

com área <strong>de</strong> 30ha; e<br />

• área <strong>de</strong> proteção <strong>do</strong>s mananciais instituída pela Lei 9.860/86.<br />

As ativida<strong>de</strong>s industriais na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca estão associadas a<br />

produtos alimentares, minerais não-metálicos, indústria sucroalcooleira, química,<br />

têxtil, metalúrgica, vestuário, artefatos, teci<strong>do</strong>s, couros, bebidas, produtos<br />

farmacêuticos e veterinários, perfumes, sabões, velas, material elétrico e <strong>de</strong><br />

comunicação, calça<strong>do</strong>s, matéria plástica, agropecuária e borracha.<br />

O uso <strong>do</strong> solo se dá pre<strong>do</strong>minantemente pelo cultivo da cana-<strong>de</strong>-açúcar, pela<br />

ocupação urbana e industrial, pela policultura e pecuária e ainda possui áreas<br />

significativas com mata atlântica (florestas e manguezal). O uso <strong>do</strong> solo e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento urbano são processos marca<strong>do</strong>s pela falta <strong>de</strong> planejamento e<br />

or<strong>de</strong>namento. Isso tem gera<strong>do</strong> graves problemas ambientais e sociais. Dentre as<br />

principais fontes <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental está a poluição advinda <strong>do</strong> lixo urbano e<br />

23


industrial, que se inicia no solo atingin<strong>do</strong> as águas superficiais e infiltra-se com o<br />

chorume, contaminan<strong>do</strong> também as águas subterrâneas.<br />

Os conflitos <strong>de</strong> uso e os impactos ambientais significativos ao longo <strong>de</strong> toda a bacia<br />

hidrográfica exigem especial atenção, para compatibilizar as <strong>de</strong>mandas atuais e<br />

futuras. Seus vários tributários levam além <strong>de</strong> suas contribuições hídricas, o suporte a<br />

diversos níveis <strong>de</strong> ocupação em ca<strong>de</strong>ias produtivas na agropecuária, na indústria e no<br />

setor <strong>de</strong> serviços. Em áreas com maior intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso, ocorrem <strong>de</strong>sequilíbrios<br />

ambientais que precisam ser reverti<strong>do</strong>s.<br />

O Ipojuca encontra-se hoje poluí<strong>do</strong> por resíduos sóli<strong>do</strong>s e líqui<strong>do</strong>s, orgânicos e<br />

inorgânicos, apresenta altas taxas <strong>de</strong> assoreamento, embora ainda apresente<br />

potencial para usos diversos, como agricultura, pesca, abastecimento <strong>de</strong> água, entre<br />

outras ativida<strong>de</strong>s industriais e <strong>de</strong> serviços.<br />

1.2 METODOLOGIA GERAL DO TRABALHO<br />

Os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s para o <strong>Diagnóstico</strong> Hidroambiental a<strong>do</strong>taram os<br />

procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> projeto,<br />

inician<strong>do</strong>-se com o planejamento <strong>do</strong> trabalho e o nivelamento da equipe técnica para<br />

a sintonia necessária para com os propósitos <strong>do</strong> projeto e a i<strong>de</strong>ntificação, obtenção e<br />

análise crítica da base <strong>de</strong> informações bibliográficas e cartográficas.<br />

De posse da base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s disponível e aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às exigências <strong>do</strong> contratante, foi<br />

discuti<strong>do</strong> e estabeleci<strong>do</strong> em conjunto o conteú<strong>do</strong> geral <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento sob a forma <strong>de</strong><br />

uma itemização geral, que após os ajustes consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s necessários, ao longo <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s temas veio a constituir-se na estrutura (sumário geral) <strong>do</strong><br />

conteú<strong>do</strong> técnico, envia<strong>do</strong> para a consi<strong>de</strong>ração da Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos<br />

– SRH-PE.<br />

A partir <strong>de</strong>ssa estrutura, os temas foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s por especialistas com os<br />

enfoques próprios <strong>de</strong> cada conteú<strong>do</strong> trata<strong>do</strong>, em cujos textos são apresentadas as<br />

meto<strong>do</strong>logias específicas a<strong>do</strong>tadas para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tais temáticas.<br />

O roteiro meto<strong>do</strong>lógico geral para o <strong>Diagnóstico</strong> Hidroambiental da bacia hidrográfica<br />

<strong>do</strong> rio Ipojuca compreen<strong>de</strong>u:<br />

a. Levantamento bibliográfico (ANEXOS 1 e 2) e cartográfico junto à SRH-PE e<br />

outros órgãos públicos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, além <strong>de</strong> trabalhos científicos e<br />

pesquisas produzidas no âmbito acadêmico e técnico;<br />

b. Preparação da base cartográfica planialtimétrica e <strong>do</strong>s mapas temáticos<br />

necessários para fundamentar os estu<strong>do</strong>s temáticos nas escalas 1:100.000 e<br />

1:250.000, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> informação analisada;<br />

c. Reuniões com o contratante para o acompanhamento <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

produção <strong>do</strong> <strong>Diagnóstico</strong>, discussão das meto<strong>do</strong>logias, seleção das imagens <strong>de</strong><br />

satélite, formatação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> informações para apropriação a<strong>de</strong>quada pelo setor<br />

<strong>de</strong> informática da SRH-PE, formatação <strong>do</strong>s produtos cartográficos, entre outros<br />

encaminhamentos necessários;<br />

d. Obtenção e tratamento <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélites para apoiar os estu<strong>do</strong>s<br />

temáticos e, para a produção <strong>do</strong> mapa <strong>de</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo;<br />

24


e. Visitas <strong>de</strong> campo para a atualização <strong>de</strong> informações (com tomada <strong>de</strong> fotos),<br />

especialmente quanto a novas fontes polui<strong>do</strong>ras, uso <strong>do</strong> solo, potencial paisagístico e<br />

também coleta <strong>de</strong> informações produzidas no âmbito municipal, em especial Planos<br />

Diretores e projetos socioambientais;<br />

f. Realização <strong>de</strong> oficina participativa com órgãos gestores, membros <strong>do</strong> Comitê<br />

da Bacia e socieda<strong>de</strong> civil;<br />

g. Realização da primeira oficina <strong>de</strong> participação social <strong>do</strong> projeto, para coleta<br />

<strong>de</strong> informações e discussão <strong>do</strong> diagnóstico hidroambiental;<br />

h. Elaboração <strong>do</strong> diagnóstico preliminar e discussão geral com o grupo <strong>de</strong><br />

consultores técnicos para a consolidação <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento final;<br />

i. Elaboração <strong>do</strong>s mapas temáticos e anexos;<br />

Espacialmente os estu<strong>do</strong>s abrangem toda a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, no<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> com ênfase nas áreas urbanas para as questões ligadas à<br />

poluição <strong>do</strong>s mananciais e nas áreas rurais para as questões relacionadas aos<br />

sistemas produtivos.<br />

Para a abrangência temporal procurou-se retratar a situação atual da bacia, nas suas<br />

diferentes realida<strong>de</strong>s, potencialida<strong>de</strong>s e fragilida<strong>de</strong>s, tanto sobre o uso das suas<br />

águas, como sobre a ocupação <strong>do</strong> seu solo e os fenômenos socioeconômicos que<br />

expressam o ritmo com que seus recursos naturais vêm sen<strong>do</strong> apropria<strong>do</strong>s. Esses<br />

elementos são um importante subsídio para a formulação <strong>do</strong>s cenários ten<strong>de</strong>nciais<br />

(2010 - 2015 - 2025) e Sustentável, que farão parte <strong>de</strong> etapa posterior <strong>do</strong> trabalho,<br />

como parte <strong>do</strong> plano hidroambiental da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

O rio Ipojuca segue a direção geral oeste-leste, da nascente até a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gravatá,<br />

on<strong>de</strong> inflete para su<strong>de</strong>ste, manten<strong>do</strong>-se nessa direção até a <strong>de</strong>sembocadura ao sul<br />

<strong>do</strong> porto <strong>de</strong> Suape e é fortemente controla<strong>do</strong> pelo sistema <strong>de</strong> falha, <strong>de</strong> direção E-W<br />

<strong>do</strong> Lineamento <strong>Pernambuco</strong>.<br />

Nesse percurso, o Ipojuca banha várias cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntre as quais se <strong>de</strong>stacam<br />

Pesqueira, Belo Jardim, São Caetano, Caruaru, Bezerros e Gravatá (no agreste),<br />

Escada e Ipojuca (na zona da mata), receben<strong>do</strong> das mesmas um volume eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

poluentes ao qual se acresce a carga polui<strong>do</strong>ra da ativida<strong>de</strong> agroindustrial (usinas,<br />

<strong>de</strong>stilarias e canaviais) localizada em sua bacia. Toda este carga <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos<br />

industriais e <strong>do</strong>mésticos faz com que o rio Ipojuca seja o terceiro rio mais poluí<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Brasil.<br />

Na maior parte <strong>de</strong> seu trajeto, o Ipojuca é um rio <strong>de</strong> regime temporário, tornan<strong>do</strong>-se<br />

perene apenas na zona da mata on<strong>de</strong> se encontra cerca <strong>de</strong> 1/6 <strong>de</strong> seu curso. No<br />

trecho que se segue à usina Ipojuca, apresenta ampla planície fluvial, na quase<br />

totalida<strong>de</strong> ocupada com cana-<strong>de</strong>-açúcar até a altura da usina Salga<strong>do</strong> aon<strong>de</strong>, aos<br />

poucos, o canavial vai ce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> lugar ao manguezal que se expan<strong>de</strong> para o norte e<br />

para o sul, interligan<strong>do</strong>-se aos rios Tatuoca e Merepe, com os quais forma um amplo<br />

estuário afoga<strong>do</strong>.<br />

A bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca está localizada entre as latitu<strong>de</strong>s 8º 09’ e 8º 40’ sul,<br />

e as longitu<strong>de</strong>s 34º 58’ e 37º 03’ oeste <strong>de</strong> Gr, constituin<strong>do</strong> a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento<br />

hídrico UP3 <strong>do</strong> Plano Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> - PERH/PE.<br />

25


Limita-se ao norte com a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Capibaribe; ao sul com as bacias<br />

hidrográficas <strong>do</strong>s rios Una e Sirinhaém; a leste, com o segun<strong>do</strong> (GL-2) e terceiro (GL-<br />

3) grupos <strong>de</strong> bacias hidrográficas <strong>de</strong> pequenos rios litorâneos e o oceano Atlântico e;<br />

a oeste com a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipanema e o esta<strong>do</strong> da Paraíba.<br />

Segun<strong>do</strong> o Plano Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos, a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

apresenta gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> climática e hidrológica, o que constitui um <strong>de</strong>safio <strong>do</strong><br />

ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> gerenciamento <strong>do</strong>s recursos hídricos.<br />

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PLANO HIDROAMBIENTAL<br />

A bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca foi objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> recursos<br />

hídricos pelo <strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se, entre os estu<strong>do</strong>s mais recentes, o<br />

Plano Diretor <strong>de</strong> Recursos Hídricos da Bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca – PDRH e o<br />

Plano <strong>de</strong> Aproveitamento <strong>do</strong>s Recursos Hídricos da RMR, Zona da Mata e Agreste<br />

Pernambucano– PARH.<br />

2.1 PLANO DIRETOR DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO<br />

RIO IPOJUCA<br />

O Plano Diretor da Bacia, realiza<strong>do</strong> em 2002 através da COTEC Consultoria Técnica<br />

LTDA, é composto <strong>de</strong> diagnóstico e estu<strong>do</strong>s básicos, plano diretor e mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

gerenciamento integra<strong>do</strong>. O PDRH Ipojuca apresentou um diagnóstico da bacia,<br />

contempla<strong>do</strong> os itens: meto<strong>do</strong>logia integra<strong>do</strong>ra e meio físico; socioeconomia e<br />

<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água; e recursos hídricos. Neste âmbito, foram enfatizadas as ações que<br />

visam o aproveitamento integra<strong>do</strong>, o controle, a preservação e o gerenciamento <strong>do</strong>s<br />

recursos hídricos da bacia.<br />

As ações propostas <strong>do</strong> PDRH foram apoiadas em diretrizes gerais e em fundamentos<br />

legais e <strong>de</strong> mobilização social, <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s nos encontros<br />

que contaram com a participação da população, representada por diversas categorias<br />

<strong>de</strong> usuários, sindicatos, órgãos governamentais e a consultora. Foram propostos<br />

conjuntos <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> apoio e implementação.<br />

Vale salientar que a Lei Fe<strong>de</strong>ral N o 9.433/97 e a Lei Estadual N o 12.984/05, <strong>de</strong>finem<br />

como competência <strong>do</strong>s comitês <strong>de</strong> bacia hidrográfica a aprovação <strong>do</strong>s respectivos<br />

planos <strong>de</strong> bacia, bem como o acompanhamento <strong>de</strong> sua execução. Após a instalação<br />

<strong>do</strong> comitê da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, no ano <strong>de</strong> 2002, a Secretaria <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos envi<strong>do</strong>u esforços para cumprir tal dispositivo legal, submeten<strong>do</strong> um<br />

resumo executivo <strong>do</strong> Plano Diretor <strong>de</strong> Recursos Hídricos à apreciação <strong>do</strong> Comitê da<br />

Bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. Porém não houve a formalização da aprovação <strong>do</strong><br />

referi<strong>do</strong> Plano pelo respectivo Comitê. Portanto, a rigor, o Plano diretor <strong>de</strong> recursos<br />

hídricos da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como um plano<br />

<strong>de</strong> recursos hídricos na forma da Lei Fe<strong>de</strong>ral N o 9.433/97, pois foi realiza<strong>do</strong> sem a<br />

participação <strong>do</strong> comitê da bacia, que ainda não havia si<strong>do</strong> instala<strong>do</strong>, embora tenham<br />

si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s eventos <strong>de</strong> mobilização social com os atores locais. É necessário que<br />

haja a validação <strong>do</strong> plano da bacia pelo respectivo Comitê.<br />

26


2.2 PLANO DE APROVEITAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DA REGIÃO<br />

METROPOLITANA DO RECIFE, ZONA DA MATA E AGRESTE PERNAMBUCANO<br />

O Plano <strong>de</strong> Aproveitamento <strong>do</strong>s Recursos Hídricos da RMR, zona da mata e agreste<br />

pernambucano– PARH é um plano cuja área <strong>de</strong> abrangência compreen<strong>de</strong> todas as<br />

bacias hidrográficas <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> que drenam para o oceano Atlântico, incluin<strong>do</strong> a<br />

bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, e também os Grupos <strong>de</strong> Pequenos Rios Litorâneos<br />

(GL-1 a GL-6), além da bacia <strong>do</strong> rio Ipanema e <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Pequenos Rios<br />

Interioranos (GI-1).<br />

A parte relativa ao diagnóstico <strong>do</strong> PARH abrange estu<strong>do</strong>s hidroclimatológicos,<br />

estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda hídrica, operação integrada <strong>de</strong> reservatórios e balanço hídrico. É<br />

apresentada uma i<strong>de</strong>ntificação e pré-avaliação das obras hidráulicas necessárias para<br />

o suprimento <strong>de</strong> água da região estudada.<br />

O diagnóstico <strong>do</strong>s recursos hídricos indicou déficits hídricos relevantes e para<br />

suprimí-los foram apresentadas alternativas <strong>de</strong> infraestrutura hídrica para um<br />

horizonte <strong>de</strong> longo prazo (2035), quais sejam: implantação <strong>de</strong> novas barragens e<br />

sistemas adutores. Registra-se que, entre os novos reservatórios propostos pelo<br />

PARH, não houve nenhum previsto para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Apesar <strong>do</strong> PARH ter si<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> aos comitês <strong>de</strong> bacia existentes durante a sua<br />

elaboração, não foi submeti<strong>do</strong> à aprovação formal <strong>do</strong>s mesmos.<br />

3. ASPECTOS CLIMÁTICOS<br />

A abordagem inicial utilizada nesse estu<strong>do</strong> procurou espacializar e temporalizar, em<br />

bases mensais médias, algumas variáveis indica<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> clima e da disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> recursos hídricos para locais seleciona<strong>do</strong>s na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca com<br />

observações efetivas.<br />

Para montagem <strong>de</strong>ssa base foram utiliza<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s das Normais Climatológicas <strong>do</strong><br />

Brasil (1961-1990), <strong>do</strong> Ministério <strong>de</strong> Agricultura e Reforma Agrária e os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IPA<br />

– Instituto Agronômico <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> (1952-1993). São três estações das Normais<br />

Climatológicas e cinco estações <strong>do</strong> IPA.<br />

Como um instrumento <strong>de</strong> trabalho para dar suporte à avaliação da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

recursos hídricos na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, o presente diagnóstico<br />

estabeleceu uma base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s e gera<strong>do</strong>s para as seguintes variáveis,<br />

em termos <strong>de</strong> suas mensais médias:<br />

• Precipitações;<br />

• temperaturas mensais médias, máximas e mínimas “médias”;<br />

• umida<strong>de</strong> relativa; e<br />

• evapotranspiração potencial <strong>de</strong> Hargreaves.<br />

O Quadro 2 apresenta a relação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s nos estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> precipitações,<br />

temperaturas, umida<strong>de</strong> relativa e evapotranspiração potencial <strong>de</strong> Hargreaves, com<br />

suas coor<strong>de</strong>nadas e perío<strong>do</strong> disponível da série.<br />

27


A partir <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong>ssas variáveis em bases mensais médias<br />

foram inferi<strong>do</strong>s os seguintes parâmetros:<br />

• Rendimentos médios anuais <strong>de</strong> TURC (REMELIERAS, 1974); e<br />

• vazões específicas médias anuais.<br />

O produto <strong>de</strong>ssa fase inicial <strong>do</strong> diagnóstico foram mapas <strong>de</strong> isolinhas anuais <strong>de</strong><br />

isoietas (mm), <strong>de</strong> isotermas (ºC), <strong>de</strong> isoumida<strong>de</strong>s (%), <strong>de</strong> isoevaporações <strong>de</strong><br />

Hargreaves (mm), <strong>de</strong> isorendimentos <strong>de</strong> TURC (%) e <strong>de</strong> isovazões específicas<br />

(L/s/km²).<br />

O alinhamento das isolinhas <strong>de</strong> diferentes parâmetros po<strong>de</strong> mostrar diferenças em<br />

relação ao encontra<strong>do</strong> em outros estu<strong>do</strong>s já realiza<strong>do</strong>s pelo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

(PERH, PARH, etc), consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a possível utilização <strong>de</strong> diferentes bases <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s,<br />

<strong>de</strong> diferentes softwares <strong>de</strong> traça<strong>do</strong> <strong>de</strong> isolinhas e <strong>de</strong> diferentes abordagens utilizadas<br />

na inferência <strong>de</strong> parâmetros a serem apresenta<strong>do</strong>s.<br />

Quadro 2 – Da<strong>do</strong>s das estações climatológicas utilizadas no estu<strong>do</strong>.<br />

CÓDIGO ESTAÇÃO FONTE<br />

PERÍODO DE<br />

DADOS<br />

LONGITUDE LATITUDE ALTITUDE<br />

(m)<br />

82893 Garanhuns NORMAIS 1961-1990 -36,52 -8,88 823,00<br />

82900 Recife NORMAIS 1961-1990 -34,92 -8,05 10,00<br />

82797 Surubim NORMAIS 1961-1990 -35,72 -7,83 418,00<br />

016 Arcover<strong>de</strong> IPA 1952-1991 -37,06 -8,43 644,00<br />

021 São Bento <strong>do</strong> Una IPA 1966-1993 -36,46 -8,53 650,00<br />

026 Vitória <strong>de</strong> Santo Antão IPA 1957-1993 -35,30 -8,13 146,00<br />

029 Ipojuca IPA 1956-1993 -35,01 -8,51 45,00<br />

024 Caruaru IPA 1953-1993 -35,92 -8,24 530,00<br />

Os resulta<strong>do</strong>s, contu<strong>do</strong>, como po<strong>de</strong> ser verifica<strong>do</strong> adiante na base completa <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

mensais médios produzida para esse diagnóstico, apresentam-se consistentes com o<br />

que se conhece da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca e também com as indicações<br />

obtidas <strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s anteriores.<br />

3.1 SISTEMAS METEOROLÓGICOS ATUANTES NA BACIA<br />

Existem pelo menos seis sistemas meteorológicos <strong>de</strong> circulação atmosférica que<br />

produzem chuvas e atuam na Região Nor<strong>de</strong>ste e no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> a Sectma (1998) esses sistemas atuantes po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s como:<br />

• A zona <strong>de</strong> convergência intertropical (ZCIT);<br />

• frentes frias;<br />

• ondas <strong>de</strong> leste;<br />

• os ciclones na média e alta troposfera <strong>do</strong> tipo baixas frias (conheci<strong>do</strong>s como<br />

vórtices ciclônicos <strong>de</strong> ar superior - VCAS);<br />

• as brisas terrestre e marítima; e<br />

28


• as oscilações <strong>de</strong> 30-60 dias.<br />

Esses sistemas atuam em sub-regiões distintas e, também, se superpõem em<br />

algumas sub-regiões, nas mesmas épocas ou em épocas diferentes.<br />

Dentre esses seis sistemas, os três primeiros são, basicamente, os principais<br />

responsáveis pelas precipitações <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da região <strong>do</strong> nor<strong>de</strong>ste,<br />

começam a ocorrer por volta <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> um ano, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se até cerca <strong>de</strong><br />

agosto <strong>do</strong> ano seguinte. Porém, apenas a zona <strong>de</strong> convergência intertropical e as<br />

ondas <strong>de</strong> leste atuam na região da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Zona <strong>de</strong> convergência intertropical – ZCIT – formada pela convergência <strong>do</strong>s ventos<br />

alísios <strong>do</strong> hemisfério norte (alísios <strong>de</strong> nor<strong>de</strong>ste) e os <strong>do</strong> hemisfério sul (alísio <strong>de</strong><br />

su<strong>de</strong>ste), que sopram <strong>do</strong>s trópicos para a linha <strong>do</strong> equa<strong>do</strong>r, da maior pressão para a<br />

menor pressão. É facilmente i<strong>de</strong>ntificada pela presença constante <strong>de</strong> nebulosida<strong>de</strong>,<br />

com alta taxa <strong>de</strong> precipitação, e atua sobre uma região qualquer por perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

tempo superior a <strong>do</strong>is meses. É o principal sistema <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> chuva no sertão e<br />

agreste <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>. No sertão, caracteriza um perío<strong>do</strong> chuvoso que vai <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro a maio, com máximas precipitações durante fevereiro e março, e no<br />

Agreste, um perío<strong>do</strong> chuvoso <strong>de</strong> fevereiro a julho com as máximas precipitações<br />

durante abril e maio. Em anos muito chuvosos po<strong>de</strong> causar inundações,<br />

principalmente na Região Metropolitana <strong>do</strong> Recife - RMR e zona da mata. Por outro<br />

la<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> não atua nos meses <strong>de</strong> março e/ou abril produz secas, principalmente<br />

no semi-ári<strong>do</strong>.<br />

Ondas <strong>de</strong> Leste - perturbações <strong>de</strong> pequena amplitu<strong>de</strong> geralmente observadas nos<br />

ventos alísios que atuam no leste <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, principalmente no<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> maio a agosto. O <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong>ssas ondas se dá <strong>de</strong> leste para oeste a<br />

partir <strong>do</strong> Oceano Atlântico até atingir o litoral da região. Apesar da sua pequena<br />

amplitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m produzir chuvas intensas e inundações e, em alguns casos,<br />

penetrar até 300km <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> continente.<br />

3.2 FENÔMENOS DO SISTEMA OCEANO-ATMOSFERA<br />

A variação interanual da precipitação no nor<strong>de</strong>ste e em <strong>Pernambuco</strong> é muito gran<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, principalmente, <strong>de</strong> <strong>do</strong>is fenômenos <strong>do</strong> sistema oceano-atmosfera, o El<br />

Niño/Oscilação <strong>do</strong> sul (ou anti-El Niño/Oscilação <strong>do</strong> Sul) e o Dipolo <strong>do</strong> Atlântico.<br />

O El Niño é o aquecimento da água <strong>do</strong> mar no Pacífico Tropical da costa <strong>do</strong><br />

Peru/Equa<strong>do</strong>r até o oeste <strong>do</strong> Pacífico. O anti-El Niño ou La Niña é o oposto, ou seja, o<br />

resfriamento da água <strong>do</strong> mar no Pacífico Tropical <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a costa da América <strong>do</strong> Sul<br />

até o oeste <strong>do</strong> Pacífico.<br />

A Oscilação <strong>do</strong> Sul é a variação anômala da pressão atmosférica tropical, sen<strong>do</strong> uma<br />

resposta aérea ao El Niño ou anti-El Niño (La Niña), associada a mudanças na<br />

circulação geral da atmosfera.<br />

Nos anos <strong>de</strong> El Niño/Oscilação <strong>do</strong> Sul, a pressão atmosférica ten<strong>de</strong> a valores mais<br />

baixos no Pacífico e aumenta no restante da região tropical. Os movimentos<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, causa<strong>do</strong>s por movimentos ascen<strong>de</strong>ntes (função <strong>de</strong> baixas pressões,<br />

aumento da evaporação no Pacífico e a mudança <strong>do</strong>s ventos alísios), inibem a<br />

formação <strong>de</strong> nuvens e reduzem a precipitação, provocan<strong>do</strong> secas no Nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong><br />

29


Brasil. já o La Niña/Oscilação <strong>do</strong> Sul, é o oposto <strong>do</strong> El Niño/Oscilação <strong>do</strong> Sul e causa<br />

anomalias opostas.<br />

O Dipolo <strong>do</strong> Atlântico é uma mudança anômala na temperatura da água <strong>do</strong> mar no<br />

Oceano Atlântico Tropical. Esse fenômeno muda a circulação meridional da atmosfera<br />

(Hadley) e inibe ou aumenta a formação <strong>de</strong> nuvens sobre o Nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil e<br />

alguns países da África, diminuin<strong>do</strong> ou aumentan<strong>do</strong> a precipitação.<br />

3.3 PRECIPITAÇÕES MENSAIS<br />

A chuva é um <strong>do</strong>s mais importantes condicionantes, senão o maior, <strong>do</strong> clima na<br />

região semi-árida <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro, que se esten<strong>de</strong> ainda pelo norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Os da<strong>do</strong>s mensais <strong>de</strong> chuva, que compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong> médio <strong>de</strong> trinta e<br />

quatro anos <strong>de</strong> série, estão distribuí<strong>do</strong>s na área em foco. Além das informações<br />

<strong>de</strong>ntro da bacia, objetivan<strong>do</strong> uma melhor análise <strong>do</strong> comportamento da precipitação,<br />

foram acrescentadas as mensais médias <strong>de</strong> localizadas na região fronteiriça das<br />

bacias <strong>do</strong> Una, Mundaú, Moxotó e Capibaribe (Figura 3).<br />

O clima da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca é caracteriza<strong>do</strong> como tropical chuvoso <strong>de</strong><br />

monção com o verão seco. De acor<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s, os totais anuais<br />

precipita<strong>do</strong>s apresentaram uma média <strong>de</strong> 1133,59mm. Nas nascentes a precipitação<br />

gira em torno <strong>do</strong>s 640mm, passan<strong>do</strong> para uma média <strong>de</strong> 794,73mm, no seu curso<br />

médio, chegan<strong>do</strong> a 2267,05mm próximo ao litoral (Figura 4 e Quadro 3).<br />

O posto <strong>de</strong> São Bento <strong>do</strong> Una, representativo para a UA1, com 644m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>,<br />

po<strong>de</strong> representar as condições climáticas <strong>do</strong>s brejos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>s que cercam a bacia.<br />

Na sua parte média, entre as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Gravatá e Sanharó, o clima toma formas <strong>de</strong><br />

semiari<strong>de</strong>z, com chuvas escassas, <strong>de</strong> baixa intensida<strong>de</strong> e prolongada duração no<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> maio a agosto.<br />

Conforme os da<strong>do</strong>s da Figura 5 e <strong>do</strong> Quadro 3, em Pesqueira o perío<strong>do</strong> chuvoso vai<br />

<strong>de</strong> fevereiro a agosto, on<strong>de</strong> ocorre cerca <strong>de</strong> 81% da precipitação anual média. O<br />

perío<strong>do</strong> seco compreen<strong>de</strong> os meses <strong>de</strong> setembro a janeiro, com precipitações<br />

mensais médias abaixo <strong>do</strong>s 46mm.<br />

Representan<strong>do</strong> a região da UA2 e UA3, a estação <strong>de</strong> Caruaru, situada no platô entre<br />

Gravatá e Pesqueira, revela algumas características <strong>de</strong>ssa região <strong>de</strong> agreste seco,<br />

diferentemente <strong>do</strong>s brejos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>s representa<strong>do</strong>s pelo observa<strong>do</strong> em São Bento<br />

<strong>do</strong> Una. De certa maneira, <strong>de</strong>monstra o baixo potencial <strong>de</strong> chuvas intensas na área e,<br />

consequentemente, também o <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> enchentes. O perío<strong>do</strong> chuvoso vai <strong>de</strong><br />

fevereiro a agosto, on<strong>de</strong> ocorre cerca <strong>de</strong> 82% da precipitação média anual. O perío<strong>do</strong><br />

seco compreen<strong>de</strong> os meses <strong>de</strong> setembro a janeiro.<br />

A região da mata, leste <strong>de</strong> Gravatá, nos contrafortes da Borborema, inicia-se com um<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>snível <strong>do</strong> rio que, em um trecho relativamente pequeno, sofre uma queda<br />

da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> duzentos metros, comportan<strong>do</strong> muitas corre<strong>de</strong>iras e pequenas<br />

cachoeiras. Nessa transição, pelas condições <strong>do</strong> relevo, ocorrem chuvas abundantes<br />

<strong>de</strong> origem orográfica que atingem valores eleva<strong>do</strong>s, com média em torno <strong>do</strong>s<br />

1500mm.<br />

30


Figura 3 – Localização <strong>do</strong>s postos pluviométricos.<br />

31


Figura 4 – Precipitação anual média <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s.<br />

Figura 5 – Precipitação mensal média <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s.<br />

32


Quadro 3 – Precipitação mensal média <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s (mm).<br />

Nº Nome Altitu<strong>de</strong> (m) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Média<br />

Anual<br />

1 Arcover<strong>de</strong> 644,00 45,2 63,8 110,1 97,5 76,6 71,9 81 33,9 18,8 9,4 17,7 23,8 649,70<br />

2 São Bento <strong>do</strong> Una 650,00 45,4 52,5 123,1 108,7 70,2 65,2 65,1 28,1 16,8 13,7 14,1 27,4 630,30<br />

3 Garanhuns 823,00 45 57,5 99,8 115,4 104,3 122,2 132,7 73,7 47,4 32,5 18 21,9 870,40<br />

4 Caruaru 530,00 41,3 52,3 98,2 95,8 82,3 80,6 89,9 44,2 25,7 13,5 11,6 26 661,40<br />

5 Surubim 418,00 32,6 37,7 89,9 112 92 97,2 113,3 44 29,9 16,5 12,5 27,5 705,10<br />

6 Vitória <strong>de</strong> Santo Antão 146,00 46,7 61,2 120,2 137,3 150,4 151,3 151,1 71,6 44 24,2 25,9 33,8 1017,70<br />

7 Ipojuca 45,00 85,5 128,1 225,7 287,6 321,6 329,4 289,6 180 105,3 44,5 36,3 42,6 2076,20<br />

8 Recife 10,00 103,4 144,2 264,9 326,4 328,9 389,6 385,6 213,5 122,5 66,1 47,8 65 2457,90<br />

Média 55,64 74,66 141,49 160,09 153,29 163,42 163,54 86,12 51,30 27,55 22,99 33,50 1133,587<br />

Mediana 45,30 59,35 115,15 113,70 98,15 109,70 123,00 57,90 36,95 20,35 17,85 27,45<br />

Desvio 24,83 38,99 65,87 92,15 108,99 125,25 113,87 70,74 40,38 19,46 12,94 14,31<br />

CV 0,45 0,52 0,47 0,58 0,71 0,77 0,70 0,82 0,79 0,71 0,56 0,43<br />

Assimetria 1,45 1,31 1,43 1,42 1,24 1,31 1,40 1,29 1,20 1,28 1,23 1,86<br />

Máx 103,40 144,20 264,90 326,40 328,90 389,60 385,60 213,50 122,50 66,10 47,80 65,00<br />

Mín 32,60 37,70 89,90 95,80 70,20 65,20 65,10 28,10 16,80 9,40 11,60 21,90<br />

Ampl <strong>de</strong>svios 2,85 2,73 2,66 2,50 2,37 2,59 2,81 2,62 2,62 2,91 2,80 3,01<br />

33


A Figura 6 apresenta as isoietas anuais médias para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o posicionamento das isolinhas das médias anuais<br />

<strong>de</strong>terminadas para precipitações da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. De acor<strong>do</strong> com a figura, é<br />

possível notar a alta variabilida<strong>de</strong> da precipitação a qual a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca está submetida, com valores que vão <strong>de</strong> 600 a 2100mm ao ano. Tal<br />

variabilida<strong>de</strong> espacial <strong>de</strong> chuvas confirma a influência <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is principais sistemas<br />

atmosféricos que ocorrem na região estudada: Zona <strong>de</strong> Convergência Intertropical e<br />

Ondas <strong>de</strong> Leste.<br />

34


Figura 6 – Isoietas anuais médias (mm).<br />

35


3.4 TEMPERATURAS MENSAIS MÁXIMAS, MÉDIAS E MÍNIMAS<br />

A variável climática <strong>de</strong> temperatura é analisada para a região em termos <strong>de</strong> valores<br />

mínimos, médios e máximos. Os Quadros 4, 5 e 6 apresentam os da<strong>do</strong>s<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> da temperatura mínima, média e máxima, respectivamente,<br />

juntamente com as estatísticas <strong>do</strong>s valores mensais médios das séries observadas.<br />

Na região em estu<strong>do</strong>, a maior oscilação <strong>de</strong> temperatura mensal <strong>do</strong>s postos é<br />

observada com relação aos valores mínimos, estan<strong>do</strong> esses valores entre 16,90ºC e<br />

23,27 ºC. Dentre os pontos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> da variável <strong>de</strong> temperatura<br />

mínima, Garanhuns é aquela localizada <strong>de</strong>ntro da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

com menor valor observa<strong>do</strong>, não superan<strong>do</strong> os 16,90ºC médios anuais. Já a estação<br />

<strong>de</strong> Ipojuca é aquela que apresenta a maior temperatura mínima <strong>de</strong>ntre as estações<br />

em questão com cerca <strong>de</strong> 23,25°C anuais médios.<br />

A temperatura anual média oscila entre 20,46°C e 26 ,14°C, enquanto a temperatura<br />

máxima oscila entre 25,50°C e 29,92°C. As estações <strong>de</strong> Garanhuns e Ipojuca são<br />

aquelas que apresentam, respectivamente, as menores e maiores temperaturas<br />

médias. Já as estações <strong>de</strong> Garanhuns e Vitória <strong>de</strong> Santo Antão são aquelas com<br />

menores e maiores temperaturas máximas, respectivamente.<br />

As Figuras 7, 8 e 9 apresentam a variação mensal média ao longo <strong>do</strong> ano nas<br />

estações relacionadas na análise das variáveis <strong>de</strong> temperaturas mínimas, médias e<br />

máximas, respectivamente.<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> ano, as temperaturas na região apresentam um comportamento<br />

mensal médio semelhante, no qual é possível distinguir-se <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s: um<br />

perío<strong>do</strong> aproxima<strong>do</strong> entre os meses <strong>de</strong> abril e setembro, on<strong>de</strong> são observadas as<br />

menores mensais médias térmicas, e o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> outubro a março, no qual essas<br />

médias térmicas elevam-se, atingin<strong>do</strong> uma amplitu<strong>de</strong> entre os menores e maiores<br />

valores observa<strong>do</strong>s em torno <strong>do</strong>s 7,5ºC para as temperaturas mínimas, <strong>do</strong>s 7,00°C<br />

para as temperaturas médias e <strong>do</strong>s 6,60°C para as te mperaturas máximas.<br />

36


Quadro 4 – Temperatura mensal mínima <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s (°C).<br />

Nº Nome Altitu<strong>de</strong> (m) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Média<br />

Anual<br />

1 Arcover<strong>de</strong> 644,00 19,4 19,4 19,6 19,2 18,5 17,5 16,7 16,4 17,1 18,1 18,9 19,4 18,35<br />

2 São Bento <strong>do</strong> Una 650,00 19,7 19,7 19,8 19,8 18,7 17,8 16,9 16,5 17,5 18,5 19,1 19,4 18,62<br />

3 Garanhuns 823,00 17,2 17,3 18,5 16,6 17,7 16,7 16 15,7 15,4 16,8 17,2 17,7 16,90<br />

4 Caruaru 530,00 19,9 20,2 20,3 20,2 19,5 18,8 18,1 18 18,4 19 19,5 19,8 19,31<br />

5 Surubim 418,00 20,5 20,7 20,7 20,6 22,9 18,9 18,4 18,2 19,4 19,6 20,1 20,4 20,03<br />

6 Vitória <strong>de</strong> Santo Antão 146,00 22 22,2 22,2 22,2 21,6 21 20,2 19,9 20,2 20,7 21 21,7 21,24<br />

7 Ipojuca 45,00 23,9 23,9 23,6 23,4 22,7 22,3 22,4 21,8 22,9 23,9 24 24,2 23,25<br />

8 Recife 10,00 22,4 22,6 22,7 22,6 21,9 21,6 21,1 20,6 20,7 21,4 21,9 22,2 21,81<br />

Média 20,62 20,75 20,93 20,57 20,44 19,32 18,72 18,39 18,95 19,75 20,21 20,60 19,939<br />

Mediana 20,20 20,45 20,50 20,40 20,55 18,85 18,25 18,10 18,90 19,30 19,80 20,10<br />

Desvio 2,08 2,09 1,74 2,18 2,06 2,06 2,29 2,20 2,36 2,22 2,08 2,02<br />

CV 0,10 0,10 0,08 0,11 0,10 0,11 0,12 0,12 0,12 0,11 0,10 0,10<br />

Assimetria 0,00 -0,09 0,31 -0,57 -0,06 0,32 0,50 0,36 0,21 0,77 0,60 0,54<br />

Máx 23,90 23,90 23,60 23,40 22,90 22,30 22,40 21,80 22,90 23,90 24,00 24,20<br />

Mín 17,20 17,30 18,50 16,60 17,70 16,70 16,00 15,70 15,40 16,80 17,20 17,70<br />

Ampl <strong>de</strong>svios 3,22 3,16 2,93 3,12 2,52 2,71 2,80 2,78 3,18 3,20 3,26 3,21<br />

37


Quadro 5 – Temperatura mensal média <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s (°C).<br />

Nº Nome Altitu<strong>de</strong> (m) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Média<br />

Anual<br />

1 Arcover<strong>de</strong> 644,00 25,5 25,1 24,8 24 22,8 21,8 21,1 21,6 23,1 24,7 25,4 25,6 23,79<br />

2 São Bento <strong>do</strong> Una 650,00 25,4 25,3 25,1 24,5 23,2 22 21,3 21,5 22,8 24,3 25,1 25,4 23,83<br />

3 Garanhuns 823,00 21,9 21,2 22 20,3 20,4 19,1 18,5 18,8 18,5 20,9 21,7 22,2 20,46<br />

4 Caruaru 530,00 24,9 25 24,8 24,4 23 22 21,2 21,7 22,7 23,9 24,7 24,9 23,60<br />

5 Surubim 418,00 24 25,9 25,7 23,2 23,4 21,6 21,8 21 22,7 23 24,5 24,7 23,46<br />

6 Vitória <strong>de</strong> Santo Antão 146,00 26,9 27 26,7 26,4 25,4 24,5 23,7 23,9 24,6 25,6 26,2 26,7 25,63<br />

7 Ipojuca 45,00 27,1 27,2 26,8 26,4 25,7 25,2 24,6 24,6 25,5 25,7 27,3 27,6 26,14<br />

8 Recife 10,00 26,6 26,6 26,5 25,9 25,2 24,5 24 23,9 24,6 25,5 25,9 26,3 25,46<br />

Média 25,29 25,41 25,30 24,39 23,64 22,59 22,03 22,13 23,06 24,20 25,10 25,43 24,046<br />

Mediana 25,45 25,60 25,40 24,45 23,30 22,00 21,55 21,65 22,95 24,50 25,25 25,50<br />

Desvio 1,73 1,90 1,57 2,02 1,76 2,02 2,00 1,91 2,13 1,63 1,64 1,62<br />

CV 0,07 0,07 0,06 0,08 0,07 0,09 0,09 0,09 0,09 0,07 0,07 0,06<br />

Assimetria -1,05 -1,75 -1,39 -1,16 -0,59 -0,29 -0,39 -0,34 -1,44 -1,29 -1,17 -0,94<br />

Máx 27,10 27,20 26,80 26,40 25,70 25,20 24,60 24,60 25,50 25,70 27,30 27,60<br />

Mín 21,90 21,20 22,00 20,30 20,40 19,10 18,50 18,80 18,50 20,90 21,70 22,20<br />

Ampl <strong>de</strong>svios 3,01 3,15 3,06 3,01 3,01 3,02 3,06 3,03 3,28 2,95 3,41 3,33<br />

38


Quadro 6 – Temperatura mensal máxima <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s (°C).<br />

Nº Nome Altitu<strong>de</strong> (m) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Média<br />

Anual<br />

1 Arcover<strong>de</strong> 644,00 31,5 30,8 30,1 28,7 27 25,9 25,4 26,8 28,9 31,3 31,9 31,8 29,18<br />

2 São Bento <strong>do</strong> Una 650,00 31,2 30,9 30,4 29,2 27,7 26,4 25,7 26,5 28,2 30 31,1 31,2 29,04<br />

3 Garanhuns 823,00 27,5 26,7 27,6 23,9 24,6 23 21,2 23,1 23,7 27,1 28,9 28,7 25,50<br />

4 Caruaru 530,00 30,1 29,8 29,2 28,1 26,6 25,3 24,3 25,3 26,9 28,9 29,9 30 27,87<br />

5 Surubim 418,00 31,4 31,3 30,6 29,8 28,6 26,8 26,1 27 27,9 30 31 30,1 29,22<br />

6 Vitória <strong>de</strong> Santo Antão 146,00 31,8 31,7 30,3 30,5 29,3 28 27,2 27,8 28,9 30,5 31,3 31,7 29,92<br />

7 Ipojuca 45,00 30,4 30,5 30,2 29,5 28,5 28 27,2 27,3 28,3 29,5 30,3 30,7 29,20<br />

8 Recife 10,00 30,2 30,2 30 29,7 28,9 28,8 27,3 27,5 28,1 29 30,1 30,2 29,17<br />

Média 30,51 30,24 29,80 28,67 27,65 26,52 25,55 26,41 27,61 29,54 30,56 30,55 28,635<br />

Mediana 30,80 30,65 30,15 29,35 28,10 26,60 25,90 26,90 28,15 29,75 30,65 30,45<br />

Desvio 1,38 1,55 0,98 2,06 1,55 1,85 2,05 1,54 1,70 1,26 0,95 1,03<br />

CV 0,05 0,05 0,03 0,07 0,06 0,07 0,08 0,06 0,06 0,04 0,03 0,03<br />

Assimetria -1,71 -2,03 -2,00 -2,17 -1,13 -0,83 -1,55 -1,71 -2,14 -0,79 -0,44 -0,51<br />

Máx 31,80 31,70 30,60 30,50 29,30 28,80 27,30 27,80 28,90 31,30 31,90 31,80<br />

Mín 27,50 26,70 27,60 23,90 24,60 23,00 21,20 23,10 23,70 27,10 28,90 28,70<br />

Ampl <strong>de</strong>svios 3,13 3,23 3,06 3,20 3,04 3,14 2,98 3,05 3,06 3,34 3,16 3,02<br />

39


Figura 7 – Distribuição mensal média das temperaturas mínimas.<br />

Figura 8 – Distribuição mensal média das temperaturas médias.<br />

40


Figura 9 – Distribuição mensal média das temperaturas máximas.<br />

As Figuras 10, 11 e 12 e mostram, respectivamente, os mapas da distribuição<br />

espacial das isotermas médias anuais <strong>de</strong> temperatura mínima, média e máxima na<br />

região estudada.<br />

O comportamento da variável climatológica temperatura é bem caracteriza<strong>do</strong>,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se observar um <strong>de</strong>créscimo das isotermas mínimas à medida que se<br />

distancia <strong>do</strong> litoral, continente a<strong>de</strong>ntro.<br />

As isotermas médias anuais da variável climática da temperatura média apresentam<br />

os menores valores na região sul da UA1, em função da altitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> local,<br />

aumentan<strong>do</strong> em direção ao norte da UA1 e em direção ao litoral.<br />

Quanto às isotermas médias anuais <strong>de</strong> temperatura máxima, os maiores valores<br />

foram observa<strong>do</strong>s no noroeste da UA1 e em toda a UA4.<br />

41


Figura 10 – Isotermas anuais mínimas (ºC).<br />

42


Figura 11 – Isotermas anuais médias (ºC).<br />

43


Figura 12 – Isotermas anuais máximas (ºC).<br />

44


3.5 UMIDADES RELATIVAS MENSAIS MÉDIAS<br />

A umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar é uma variável climatológica que ajuda a compreen<strong>de</strong>r o<br />

comportamento evaporimétrico <strong>de</strong> uma região, apresentan<strong>do</strong> relações também, com<br />

o perío<strong>do</strong> das chuvas. Além disso, a ela apresenta gran<strong>de</strong> relevância na tomada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão em várias áreas <strong>do</strong> setor agrícola, principalmente em estu<strong>do</strong>s que<br />

consi<strong>de</strong>ram a escala macroclimática, como é o caso <strong>do</strong>s zoneamentos climáticos.<br />

Apesar <strong>de</strong>ssa importância, poucos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta variável estão disponíveis para<br />

estu<strong>do</strong>s regionais. O esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> está incluí<strong>do</strong> neste contexto.<br />

O Quadro 7 apresenta os valores <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar calcula<strong>do</strong>s em função<br />

das estações consi<strong>de</strong>radas no estu<strong>do</strong>, juntamente com as estatísticas <strong>do</strong>s valores<br />

mensais das séries obtidas.<br />

A Figura 13 apresenta a localização <strong>do</strong>s postos seleciona<strong>do</strong>s e a Figura 14 mostra<br />

o gráfico da variação mensal média da umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar, nas estações<br />

selecionadas para o estu<strong>do</strong>.<br />

Como se verifica, ao longo <strong>do</strong> ano, o perío<strong>do</strong> com maior índice <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> relativa<br />

<strong>do</strong> ar é aquele no qual se observam as menores evaporações, ou seja, os meses <strong>de</strong><br />

março e agosto. Consequentemente, os meses <strong>de</strong> setembro a fevereiro são aqueles<br />

que apresentam os menores valores <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> relativa.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os postos estuda<strong>do</strong>s, a umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar na bacia hidrográfica<br />

<strong>do</strong> rio Ipojuca apresenta uma média <strong>de</strong> 73,52 %. Ainda se po<strong>de</strong> observar que, na<br />

estação <strong>de</strong> Garanhuns, ocorre durante o mês <strong>de</strong> julho o maior índice mensal <strong>de</strong><br />

umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar entre as estações selecionadas, com cerca <strong>de</strong> 91,60 %, em<br />

média. Por outro la<strong>do</strong>, o menor índice mensal é indica<strong>do</strong> para o posto <strong>de</strong> Caruaru,<br />

no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, com uma umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar <strong>de</strong> 49,00 %, sen<strong>do</strong> este posto<br />

o que também possui a menor anual média para esta variável climatológica, com um<br />

valor correspon<strong>de</strong>nte a 59,23 % <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>.<br />

A Figura 15 mostra o mapa com a distribuição das isolinhas média anuais <strong>de</strong><br />

umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

A distribuição espacial da anual média da umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar é bem<br />

caracterizada na região em estu<strong>do</strong>, on<strong>de</strong>, através da observação das isolinhas<br />

<strong>de</strong>ssa variável climatológica, constata-se um crescimento no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Oeste para<br />

Leste, apresentan<strong>do</strong> valores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 69,50 %, no limite Sul da UA1, até cerca <strong>de</strong><br />

78,00 %, próximo ao litoral.<br />

A UA1 apresentou umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 65% a 73%, o que<br />

correspon<strong>de</strong> a uma média <strong>de</strong> 69% <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>. Essa média cai para 63% na área<br />

correspon<strong>de</strong>nte a UA2, com variação <strong>de</strong> 60% para 66%. A UA3 e a UA4<br />

apresentaram médias <strong>de</strong> 67% e 75%, com variações <strong>de</strong> 62% a 71%, para UA3, e<br />

71% a 78%, para UA4.<br />

Além disso, a amplitu<strong>de</strong> da umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar <strong>de</strong>ntro da área <strong>de</strong> cada Unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Análise é menor na UA2 e ten<strong>de</strong> a aumentar no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> litoral e da UA1. Na<br />

UA1 tal amplitu<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 8%, enquanto que na UA2 o valor é <strong>de</strong> apenas para 6%. Já<br />

nas UA3 e UA4, as amplitu<strong>de</strong>s da umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar apresentam valores <strong>de</strong> 9%<br />

e 7%, respectivamente.<br />

45


Quadro 7 – Umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar calculada para os postos estuda<strong>do</strong>s (%).<br />

Nº Nome Altitu<strong>de</strong> (m) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Média<br />

Anual<br />

1 Arcover<strong>de</strong> 644,00 63 66 69,6 73,8 78,2 80,4 79,4 74,3 66,5 59,3 58,3 69,2 69,83<br />

2 São Bento <strong>do</strong> Una 650,00 65,7 68,3 71,2 73,6 77,1 79,9 79,8 75,3 68 62,3 61,9 63,3 70,53<br />

3 Garanhuns 823,00 76,8 74,4 81 79,2 88 90,1 91,6 88,8 81,3 77,8 71,9 74,7 81,30<br />

4 Caruaru 530,00 50,3 52,5 58,8 64,1 68,1 70,6 71,1 64,1 59,2 53,4 49,6 49 59,23<br />

5 Surubim 418,00 71 71 74 77 80 85 82 88 73 73 70 71 76,25<br />

6 Vitória <strong>de</strong> Santo Antão 146,00 69,9 71,7 72,9 75 76,7 81,1 82,1 77,2 73,4 67,8 65,7 66,9 73,37<br />

7 Ipojuca 45,00 75 76,2 77 77,3 80,8 80,5 82 80,3 77 76 77,3 75,2 77,88<br />

8 Recife 10,00 73 77 80 84 85 85 85 85 78 76 74 75 79,75<br />

Média 68,09 69,64 73,06 75,50 79,24 81,57 81,62 79,13 72,05 68,20 66,09 68,04 73,519<br />

Mediana 70,45 71,35 73,45 76,00 79,10 80,80 82,00 78,75 73,20 70,40 67,85 70,10<br />

Desvio 8,52 7,88 7,03 5,71 5,97 5,63 5,74 8,24 7,18 9,02 9,16 8,79<br />

CV 0,13 0,11 0,10 0,08 0,08 0,07 0,07 0,10 0,10 0,13 0,14 0,13<br />

Assimetria -1,43 -1,67 -1,12 -0,84 -0,48 -0,67 -0,15 -0,60 -0,64 -0,57 -0,71 -1,68<br />

Máx 76,80 77,00 81,00 84,00 88,00 90,10 91,60 88,80 81,30 77,80 77,30 75,20<br />

Mín 50,30 52,50 58,80 64,10 68,10 70,60 71,10 64,10 59,20 53,40 49,60 49,00<br />

Ampl <strong>de</strong>svios 3,11 3,11 3,16 3,49 3,34 3,46 3,57 3,00 3,08 2,70 3,02 2,98<br />

46


Figura 13 – Localização <strong>do</strong>s postos <strong>de</strong> outros parâmetros climatológicos.<br />

47


Figura 14 – Distribuição mensal média da umida<strong>de</strong> relativa.<br />

48


Figura 15 – Isoumida<strong>de</strong>s relativas anuais médias (%).<br />

49


3.6 EVAPOTRANSPIRAÇÕES POTENCIAIS MENSAIS MÉDIAS<br />

Antes <strong>de</strong> iniciarmos os estu<strong>do</strong>s referentes ao cálculo da evapotranspirações<br />

potenciais, que é objeto <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> clima e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos hídricos<br />

no referi<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, é necessário fazer uma distinção entre esta variável e a<br />

evaporação.<br />

A água precipitada sobre a superfície terrestre retorna à atmosfera pelos efeitos da<br />

evaporação e transpiração. Devi<strong>do</strong> a isso, a mensuração <strong>de</strong>sses <strong>do</strong>is processos é<br />

fundamental para o hidrologista na elaboração <strong>de</strong> projetos, visto que afetam<br />

diretamente o rendimento <strong>de</strong> bacias hidrográficas, a <strong>de</strong>terminação da capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

reservatório, projetos <strong>de</strong> irrigação e disponibilida<strong>de</strong> para o abastecimento <strong>de</strong><br />

cida<strong>de</strong>s, entre outros.<br />

A evaporação ocorre quan<strong>do</strong> se inicia um processo <strong>de</strong> aquecimento da água, em<br />

função da incidência <strong>de</strong> calor, até que seja atingi<strong>do</strong> seu ponto <strong>de</strong> ebulição.<br />

Prosseguin<strong>do</strong> a cessão <strong>de</strong> calor, este não mais atua na elevação da temperatura,<br />

mas como calor latente <strong>de</strong> vaporização, converten<strong>do</strong> a água <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> para<br />

o gasoso. Este vapor d’água se liberta da massa líquida e passa a compor a<br />

atmosfera, situan<strong>do</strong>-se nas camadas mais próximas da superfície.<br />

Além da evaporação <strong>de</strong>scrita acima, existe o mecanismo <strong>de</strong> transpiração <strong>do</strong>s<br />

vegetais que para <strong>de</strong>sempenhar suas necessida<strong>de</strong>s fisiológicas, retiram a água <strong>do</strong><br />

solo através <strong>de</strong> suas raízes, retêm uma pequena fração e <strong>de</strong>volvem o restante<br />

através das superfícies folhosas, sob forma <strong>de</strong> vapor d’água, pelo processo <strong>de</strong><br />

transpiração.<br />

Em solos com cobertura vegetal é praticamente impossível separar o vapor d’água<br />

proveniente da evaporação <strong>do</strong> solo daquele origina<strong>do</strong> da transpiração. Neste caso, a<br />

análise <strong>do</strong> aumento da umida<strong>de</strong> atmosférica é feita <strong>de</strong> forma conjunta, interligan<strong>do</strong><br />

os <strong>do</strong>is processos num processo único, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> evapotranspiração.<br />

A evapotranspiração potencial <strong>de</strong> Hargreaves é um parâmetro <strong>de</strong> relativamente fácil<br />

inferência a partir <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong>, temperatura e umida<strong>de</strong> relativa<br />

(Quadro 8), sen<strong>do</strong> muito utiliza<strong>do</strong> em regiões mais úmidas em que o parâmetro <strong>de</strong><br />

umida<strong>de</strong> relativa varia mais ao longo <strong>do</strong> ano.<br />

Os valores médios mensais da evapotranspiração potencial <strong>de</strong> Hargreaves são<br />

inferi<strong>do</strong>s através da seguinte função:<br />

EVTP (i) = FL * (32 + 1.8 * TEMP) * 0.158 * (100 – HU)0.5 (1)<br />

on<strong>de</strong>:<br />

EVTP (i) = evapotranspiração potencial <strong>de</strong> Hargreaves (mm) para o mês “i”;<br />

FL = fator <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong>, calcula<strong>do</strong> através <strong>do</strong> Quadro 8;<br />

TEMP = temperatura média mensal (ºC);<br />

HU = umida<strong>de</strong> relativa média mensal (%).<br />

50


Quadro 8 – Fator <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hargreaves.<br />

Quadratic Fit: y=a+bx+cx 2 ; on<strong>de</strong> x = latitu<strong>de</strong> e y = longitu<strong>de</strong>.<br />

Coeficiente<br />

Jan Fev Mar Abr Mai<br />

Meses<br />

Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

a = 2,26099 2,10059 2,34492 2,21565 2,16819 2,02518 2,12047 2,2413 2,26371 2,34454 2,20217 2,23275<br />

b = -0,03207 -0,01898 -0,00523 0,01533 0,0286 0,03384 0,03149 0,02197 0,0044 -0,01513 -0,02963 -0,03561<br />

c = -0,00016 -0,00025 -0,0004 -0,00023 -0,00016 -0,00008 -0,00015 -0,0002 -0,00029 -0,00034 -0,00026 -0,00013<br />

51


A Figura 16 apresenta o gráfico da distribuição mensal média ao longo <strong>do</strong> ano, nas<br />

estações utilizadas na análise da evapotranspiração da região estudada.<br />

O Quadro 9 apresenta a relação das estações utilizadas no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

evapotranspirações, com resumo estatístico mensal das séries estudadas.<br />

Figura 16 – Distribuição da mensal média da evapotranspiração.<br />

Como se po<strong>de</strong> observar, a variação evaporimétrica ao longo <strong>do</strong> ano apresenta <strong>do</strong>is<br />

perío<strong>do</strong>s distintos, on<strong>de</strong> os valores mensais médios <strong>do</strong>s meses <strong>de</strong> abril a setembro<br />

compõem valores inferiores àqueles <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> subsequente, ou seja, outubro <strong>de</strong><br />

um ano a março <strong>do</strong> ano seguinte. Isso se <strong>de</strong>ve às influências <strong>do</strong>s fenômenos da<br />

Zona <strong>de</strong> Convergência Intertropical e das Ondas <strong>de</strong> Perturbações <strong>do</strong> Leste que são<br />

os principais <strong>de</strong>terminantes das ocorrências chuvosas na região, provocan<strong>do</strong> a<br />

diminuição da intensida<strong>de</strong> da evaporação, com o aumento da umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar,<br />

<strong>de</strong>ntre outros fatores climáticos (Quadro 9).<br />

O comportamento da evapotranspiração na região alvo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> é bem<br />

heterogêneo, varian<strong>do</strong> entre cerca <strong>de</strong> 1900mm ao ano, no leste da UA2, até cerca<br />

<strong>de</strong> 1550mm, ao leste da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Dentro da UA1, a evapotranspiração potencial varia <strong>de</strong> 1550 a 1800mm, no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> norte para sul. Na UA2, on<strong>de</strong> se observa o maior valor <strong>de</strong> evapotranspiração, a<br />

variação é <strong>de</strong> 1800 a 1950mm. Quanto a UA3, observa-se uma diminuição da<br />

evapotranspiração na medida em que se aproxima <strong>do</strong> litoral, atingin<strong>do</strong> um valor em<br />

torno <strong>de</strong> 1750mm. Por fim, o comportamento <strong>de</strong>sta variável climatológica <strong>de</strong>ntro da<br />

UA4 apresenta valores maiores na região su<strong>do</strong>este, em torno <strong>de</strong> 1750mm, com uma<br />

diminuição em direção a costa, on<strong>de</strong> o valor cai para 1550mm.<br />

52


A Figura 17 apresenta o comportamento médio da evapotranspiração na região<br />

estudada, através <strong>do</strong> mapa <strong>de</strong> distribuição das isolinhas médias anuais <strong>de</strong><br />

evapotranspiração potencial <strong>de</strong> Hargreaves.<br />

53


Quadro 9 – Evapotranspiração potencial <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s (mm).<br />

Nº Nome Altitu<strong>de</strong> (m) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Média<br />

Anual<br />

1 Arcover<strong>de</strong> 644,00 188,6 159,5 157,6 125,9 103,2 86,46 92,58 115,9 148,5 188,6 192,9 172,7 1732,61<br />

2 São Bento <strong>do</strong> Una 650,00 181,4 154,8 154,5 127,8 106,7 87,82 91,98 113,2 144 179,9 183,3 187,9 1713,33<br />

3 Garanhuns 823,00 137,7 126,2 116,4 101,8 71,51 56,71 54,69 70,68 98,24 127,1 145,5 145,2 1251,64<br />

4 Caruaru 530,00 215,2 187,9 183,5 149 125,8 106,7 110,2 137,6 162,3 198 208,4 218,3 2002,88<br />

5 Surubim 418,00 160,1 149,4 148,9 116,3 101,3 76,14 89,04 78,58 132,3 147,2 159,3 162,9 1521,42<br />

6 Vitória <strong>de</strong> Santo Antão 146,00 175,1 151,6 155,5 130,4 114,1 91,21 92,55 116 137,3 171,2 177,7 182,9 1695,52<br />

7 Ipojuca 45,00 161,4 140,2 143,5 123,6 103,2 93,01 93,75 108,8 130 148,5 149,1 162,9 1558,01<br />

8 Recife 10,00 164,5 135,4 133 103,2 91,24 81,39 85,47 94,17 124,9 147,4 153,5 157,4 1471,59<br />

Média 173,01 150,62 149,11 122,27 102,13 84,93 88,78 104,37 134,69 163,47 171,22 173,77 1618,376<br />

Mediana 169,79 150,53 151,70 124,75 103,23 87,14 92,26 111,01 134,80 159,81 168,47 167,80<br />

Desvio 23,07 18,60 19,60 15,32 15,95 14,52 15,57 21,96 18,89 24,57 22,82 22,66<br />

CV 0,13 0,12 0,13 0,13 0,16 0,17 0,18 0,21 0,14 0,15 0,13 0,13<br />

Assimetria 0,49 0,98 0,06 0,22 -0,70 -0,75 -1,49 -0,29 -0,71 0,02 0,46 1,01<br />

Máx 215,25 187,87 183,52 149,00 125,76 106,71 110,21 137,60 162,32 197,96 208,38 218,30<br />

Mín 137,68 126,16 116,38 101,82 71,51 56,71 54,69 70,68 98,24 127,09 145,50 145,17<br />

Ampl <strong>de</strong>svios 3,36 3,32 3,43 3,08 3,40 3,44 3,57 3,05 3,39 2,88 2,75 3,23<br />

54


Figura 17 – Isolinhas anuais médias <strong>de</strong> evapotranspiração potencial <strong>de</strong> Hargreaves (mm).<br />

55


3.7 RENDIMENTOS ANUAIS MÉDIOS DE TURC<br />

Um indica<strong>do</strong>r da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água superficial em um local ou região po<strong>de</strong> ser<br />

o rendimento anual médio <strong>do</strong> processo chuva x vazão.<br />

Várias fórmulas empíricas foram <strong>de</strong>senvolvidas para a inferência <strong>de</strong>sse parâmetro,<br />

com o objetivo <strong>de</strong> estabelecer funções <strong>de</strong> uso local e funções <strong>de</strong> uso regional ou<br />

mundial.<br />

A fórmula <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> rendimento anual médio <strong>de</strong> TURC é uma função <strong>de</strong> uso<br />

mundial, ajustada a partir <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> 254 bacias situadas em to<strong>do</strong>s os climas <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>.<br />

Parte inicialmente para o cálculo <strong>do</strong> déficit <strong>de</strong> escoamento<br />

D=P/(0,9+P²/L²) (2)<br />

on<strong>de</strong>:<br />

P = precipitação anual média, em mm;<br />

L=300+25T+0,05T² (3)<br />

T= temperatura anual média em ºC.<br />

O rendimento anual médio, em percentual, é da<strong>do</strong> pela relação:<br />

R(%)=(P-D)/P*100 (4)<br />

Tem-se observa<strong>do</strong> em alguns estu<strong>do</strong>s específicos para a zona da mata em<br />

<strong>Pernambuco</strong>, que a fórmula <strong>de</strong> TURC po<strong>de</strong> subestimar o rendimento em locais com<br />

altas precipitações pluviométricas médias anuais; entretanto, os seus resulta<strong>do</strong>s são<br />

bastante coerentes com as observações em locais efetivamente medi<strong>do</strong>s na maior<br />

parte da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca e das bacias pernambucanas que drenam<br />

diretamente para o Atlântico, nas suas parcelas em que as precipitações médias<br />

anuais situam-se abaixo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1400 mm/ano.<br />

De acor<strong>do</strong> com o Quadro 10, observa-se que o rendimento anual médio <strong>de</strong> TURC<br />

variou <strong>de</strong> 2,91% em São Bento <strong>do</strong> Una, uma localida<strong>de</strong> com baixa precipitação, a<br />

32,02 % na estação <strong>de</strong> Ipojuca, que apresentou altas precipitações. E possível<br />

notar, através da Figura 18, que o rendimento <strong>de</strong> TURC aumenta na medida em que<br />

se aproxima da costa, on<strong>de</strong> se verifica as maiores precipitações e menores<br />

temperaturas, chegan<strong>do</strong> 32% no litoral.<br />

56


Quadro 10 – Rendimento <strong>de</strong> TURC das estações estudadas (%).<br />

Nº Nome Latitu<strong>de</strong> Longitu<strong>de</strong> Altitu<strong>de</strong> (m) L Turc D Turc Rend Turc<br />

1 Arcover<strong>de</strong> -8,42 -37,07 644,00 1568,15 627,60 3,40<br />

2 São Bento <strong>do</strong> Una -8,52 -36,37 650,00 1571,81 611,97 2,91<br />

3 Garanhuns -8,88 -36,52 823,00 1239,59 737,40 15,27<br />

4 Caruaru -8,28 -35,97 530,00 1547,21 635,63 3,90<br />

5 Surubim -7,83 -35,72 418,00 1531,91 668,69 5,16<br />

6<br />

Vitória <strong>de</strong> Santo<br />

Antão -8,13 -35,32 146,00 1782,98 919,20 9,68<br />

7 Ipojuca -8,40 -35,07 45,00 1846,79 1411,41 32,02<br />

8 Recife -8,05 -34,92 10,00 1761,47 1456,69 40,73<br />

Média 1606,24 883,57 14,13<br />

Mediana 1569,98 703,05 7,42<br />

Desvio 192,45 353,89 14,52<br />

CV 0,12 0,40 1,03<br />

Assimetria -0,72 1,16 1,25<br />

Máx 1846,79 1456,69 40,73<br />

Mín 1239,59 611,97 2,91<br />

Ampl <strong>de</strong>svios 3,16 2,39 2,61<br />

57


Figura 18 – Isorendimentos <strong>de</strong> TURC anuais médios (%).<br />

58


3.8 VAZÕES ESPECÍFICAS ANUAIS MÉDIAS<br />

A partir das indicações da precipitação anual média e <strong>do</strong> rendimento anual médio <strong>de</strong><br />

TURC foram inferidas as vazões específicas anuais médias (L/s/km²). Esse indica<strong>do</strong>r<br />

aponta, <strong>de</strong> uma forma simples, mas bem intuitiva, as regiões “produtoras <strong>de</strong> água”<br />

na bacia e fornece, também, uma visualização qualitativa sobre a perenida<strong>de</strong> ou não<br />

<strong>de</strong> cursos d’água em pequenas bacias tributárias <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

A experiência e os da<strong>do</strong>s têm mostra<strong>do</strong> que precipitações médias anuais baixas,<br />

associadas e altas temperaturas produzem rendimentos significativamente baixos; a<br />

partir <strong>de</strong> valores mínimos <strong>de</strong> rendimento e, consequentemente, <strong>de</strong> vazões<br />

específicas baixas, os cursos d’água no cristalino não têm suporte <strong>de</strong> vazão <strong>de</strong> base<br />

nem <strong>de</strong> superfície o ano to<strong>do</strong> para se manterem perenes e “cortam” algum perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>pois <strong>do</strong> fim <strong>do</strong>s meses <strong>de</strong> chuvas.<br />

Tem-se observa<strong>do</strong> que regiões com rendimentos médios anuais abaixo <strong>de</strong> 4 a 5% e<br />

com vazões específicas médias anuais abaixo <strong>de</strong> 3 a 4L/s/km² dificilmente, em geral,<br />

suportam cursos d’água perenes nas bacias da região.<br />

O aproveitamento <strong>do</strong>s recursos hídricos nessas condições <strong>de</strong> não perenida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

cursos <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>do</strong> através da regularização <strong>de</strong> vazões com<br />

reservatórios gran<strong>de</strong>s e construí<strong>do</strong>s em locais que minimizem a evaporação.<br />

De uma maneira geral, esses reservatórios vertem com pouca frequência e<br />

praticamente cortam os cursos da água a jusante <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> novos inícios <strong>de</strong><br />

área <strong>de</strong> contribuição efetiva para aproveitamentos a jusante.<br />

Os parâmetros <strong>de</strong> rendimento <strong>de</strong> TURC e <strong>de</strong> vazão específica são importantes<br />

subsídios no balisamento <strong>de</strong> objetivos a atingir quan<strong>do</strong> da a<strong>do</strong>ção arbitrária <strong>de</strong><br />

parâmetros <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> simulação mensal chuva x vazão para bacias em que<br />

não se dispõe <strong>de</strong> registros <strong>de</strong> vazões observadas, o que é geralmente a regra nos<br />

estu<strong>do</strong>s preliminares <strong>de</strong> aproveitamento <strong>de</strong> recursos hídricos na região.<br />

A Figura 19 ilustra o comportamento das isolinhas <strong>de</strong> vazões específicas médias<br />

anuais. Observa-se que da UA1 até a meta<strong>de</strong> da UA3, no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> litoral, os<br />

valores das vazões específicas são baixos, varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 0 a 2L/s/km². A partir da<br />

UA3, em direção ao litoral, as isolinhas <strong>de</strong> vazões específicas apresentam valores<br />

acima <strong>de</strong> 2L/s/km², indican<strong>do</strong> características <strong>de</strong> maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perenida<strong>de</strong><br />

natural <strong>de</strong> riachos, em função principalmente da pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> solos<br />

mais estrutura<strong>do</strong>s, profun<strong>do</strong>s e impermeáveis, que são capazes <strong>de</strong> reter por mais<br />

tempo a água precipitada.<br />

De acor<strong>do</strong> com o Quadro 11 e com os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> rendimento <strong>de</strong> TURC, observase<br />

que a estação <strong>de</strong> São Bento <strong>do</strong> Una apresentou o menor valor <strong>de</strong> vazão<br />

específica, sen<strong>do</strong> este igual a 0,58 L/s/km², enquanto que o posto <strong>de</strong> Recife<br />

apresentou o maior valor, atingin<strong>do</strong> 31,75 L/s/km², segui<strong>do</strong> da estação <strong>de</strong> Ipojuca<br />

com 21,08 L/s/km².<br />

A regularização confiável <strong>de</strong> vazões superficiais, para os diversos usos fora da zona<br />

da mata e <strong>de</strong> bolsões <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, só se torna viável através <strong>do</strong> armazenamento <strong>de</strong><br />

exce<strong>de</strong>ntes da água no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> chuvas em reservatórios plurianuais. Sen<strong>do</strong> tais<br />

reservatórios dimensiona<strong>do</strong>s, monitora<strong>do</strong>s e opera<strong>do</strong>s criteriosamente para que não<br />

59


sejam super explora<strong>do</strong>s pela agregação <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas não previstas nos seus<br />

projetos, ou pela construção <strong>de</strong> outros aproveitamentos a montante sem<br />

consi<strong>de</strong>rações <strong>do</strong>s efeitos nas obras já existentes a jusante.<br />

60


Figura 19 - Isovazões específicas anuais médias (L/s/km²).<br />

61


Quadro 11 – Vazões específicas das estações estudadas.<br />

Nº Nome Latitu<strong>de</strong> Longitu<strong>de</strong> Altitu<strong>de</strong> (m) L/s/km²<br />

1 Arcover<strong>de</strong> -8,42 -37,07 644,00 0,70<br />

2 São Bento <strong>do</strong> Una -8,52 -36,37 650,00 0,58<br />

3 Garanhuns -8,88 -36,52 823,00 4,21<br />

4 Caruaru -8,28 -35,97 530,00 0,82<br />

5 Surubim -7,83 -35,72 418,00 1,15<br />

6 Vitória <strong>de</strong> Santo Antão -8,13 -35,32 146,00 3,12<br />

7 Ipojuca -8,40 -35,07 45,00 21,08<br />

8 Recife -8,05 -34,92 10,00 31,75<br />

Média 7,93<br />

Mediana 2,14<br />

Desvio 11,83<br />

CV 1,49<br />

Assimetria 1,63<br />

Máx 31,75<br />

Mín 0,58<br />

Ampl <strong>de</strong>svios 2,63<br />

62


3.9 EQUAÇÕES DE CHUVAS INTENSAS<br />

O conhecimento da equação que relaciona intensida<strong>de</strong>, duração e frequência (IDF)<br />

da precipitação pluvial é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para os projetos <strong>de</strong> obras<br />

hidráulicas, tais como galerias <strong>de</strong> águas pluviais, bueiros, sarjetas, reservatórios <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tenção em áreas urbanas, verte<strong>do</strong>res <strong>de</strong> barragens e sistemas <strong>de</strong> drenagem<br />

agrícola em áreas rurais, que necessitam <strong>de</strong>finir a chuva <strong>de</strong> projeto para estimar a<br />

vazão <strong>de</strong> projeto <strong>do</strong>s mesmos. Como geralmente não se dispõe <strong>de</strong> registros<br />

fluviométricos em pequenas e médias bacias, para os projetos <strong>de</strong> drenagem é<br />

necessário estimar as vazões <strong>de</strong> projeto com base na série histórica <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

chuvas <strong>de</strong> pequena duração e intensida<strong>de</strong> elevada, também conhecidas como<br />

chuvas intensas.<br />

Além disso, no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> é comum a existência <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>stinadas à<br />

agricultura que possuem condições <strong>de</strong>sfavoráveis <strong>de</strong> drenagem natural e que<br />

necessitam <strong>de</strong> um controle <strong>de</strong> irrigação e <strong>de</strong> drenagem eficientes. Portanto, a<br />

<strong>de</strong>terminação da equação <strong>de</strong> chuvas intensas é <strong>de</strong> fundamental importância para os<br />

engenheiros projetistas <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> drenagem.<br />

A equação <strong>de</strong> chuvas intensas também é um instrumento importante para uma<br />

Política <strong>de</strong> Drenagem Urbana e Rural, na visão da sociologia, quanto aos aspectos<br />

socioeconômicos <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> (custo da obra relaciona<strong>do</strong> com o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

retorno escolhi<strong>do</strong> para um projeto), e da hidrologia estatística no que diz respeito ao<br />

risco hidrológico (escolha <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> recorrência) e na <strong>de</strong>terminação das chuvas<br />

<strong>de</strong> projeto. O tempo <strong>de</strong> recorrência e a chuva <strong>de</strong> projeto fazem parte <strong>do</strong>s objetivos<br />

<strong>de</strong> um plano diretor <strong>de</strong> drenagem urbana, sen<strong>do</strong> uma peça técnica importante e um<br />

<strong>do</strong>cumento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor político.<br />

Em função <strong>do</strong> exposto acima, foram <strong>de</strong>terminadas, nesse estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> diagnóstico<br />

hidroambiental da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, as equações <strong>de</strong> chuvas intensas<br />

para diferentes localida<strong>de</strong>s.<br />

3.9.1 Relação entre chuvas <strong>de</strong> diferentes durações<br />

Em regiões on<strong>de</strong> há escassez <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estações pluviográficas e torna-se<br />

necessário <strong>de</strong>terminar equações <strong>de</strong> chuvas intensas, po<strong>de</strong>-se utilizar a meto<strong>do</strong>logia<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregação da chuva <strong>de</strong> um dia (precipitação registrada por pluviômetros, isto<br />

é, medida realizada em uma <strong>de</strong>terminada hora <strong>do</strong> dia e que correspon<strong>de</strong> ao total<br />

diário) em chuvas <strong>de</strong> menor duração, a partir <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pluviômetros, como a<br />

proposta pelo Méto<strong>do</strong> das Relações como em CETESB (1986).<br />

No trabalho da CETESB (1986) foi <strong>de</strong>senvolvida uma tabela com razões entre as<br />

precipitações para 24h, 12h 10h, 8h, 6h, 1h, 30min, 25min, 20min, 15min, 10min,<br />

5min; relacionadas a diferentes tempos <strong>de</strong> retorno. Tais razões pu<strong>de</strong>ram ser<br />

validadas segun<strong>do</strong> a relação <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s pluviométricos e pluviográficos coleta<strong>do</strong>s em<br />

98 postos da região (Pfafstetter, 1982).<br />

A partir <strong>de</strong> tabelas <strong>de</strong> “altura pluviométrica-duração-frequência” <strong>do</strong>s postos<br />

pluviográficos processa<strong>do</strong>s pelo DNOCS, e que são apresentadas por CETESB<br />

(1986), essas relações po<strong>de</strong>m ser calculadas para cada posto em particular. Tais<br />

relações in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> retorno e os erros médios variam <strong>de</strong> 5 a 8%,<br />

que são da mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za <strong>do</strong>s erros <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s a <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong><br />

63


amostragem, significan<strong>do</strong> que tais relações po<strong>de</strong>m ser aplicadas com relativa<br />

confiança.<br />

Como neste trabalho foram utiliza<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s das estações pluviométricas<br />

disponíveis pela Agência Nacional <strong>de</strong> Águas – ANA, que possui registros diários <strong>de</strong><br />

precipitação, utilizou-se a meto<strong>do</strong>logia citada acima para <strong>de</strong>sagregar as chuvas em<br />

diferentes durações.<br />

Conforme o Quadro 12 e, objetivan<strong>do</strong> obter resulta<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>terminadas faixas <strong>de</strong><br />

duração, foram realiza<strong>do</strong>s ajustes das relações propostas por CETESB (1986). Tais<br />

ajustes referem-se à retirada <strong>de</strong> alguns intervalos e o acréscimo <strong>de</strong> outros, por meio<br />

<strong>de</strong> interpolação linear. Além disso, para converter a chuva <strong>de</strong> 1 dia para chuva <strong>de</strong> 24<br />

horas, ao invés <strong>de</strong> utilizar o valor <strong>de</strong> 1,14 proposto em CETESB (1986) e que<br />

correspon<strong>de</strong> à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, optou-se por usar o valor <strong>de</strong> 1,10 obti<strong>do</strong> por<br />

Torrico (1974) para o Brasil, que além <strong>de</strong> ser um fator <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m nacional, apresenta<br />

uma proximida<strong>de</strong> mais realista com o clima <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, por ser<br />

menor que o parâmetro da CETESB. Esses valores representam a relação entre as<br />

alturas pluviométricas registradas nos aparelhos pluviográficos e pluviômetros,<br />

sen<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> equipamento menor que o <strong>do</strong> primeiro.<br />

Quadro 12 - Valores das relações entre durações propostos pela CETESB e os que<br />

foram utiliza<strong>do</strong>s para os postos pluviométricos.<br />

Relação entre durações CETESB Proposta para os postos <strong>de</strong> PE<br />

5min/30min 0,34 0,34<br />

10min/30min 0,54 0,54<br />

15min/30min 0,7 -<br />

20min/30min 0,81 0,81<br />

25min/30min 0,91 -<br />

30min/1h 0,74 0,74<br />

1h/24h 0,42 0,42<br />

2h/24h - 0,48<br />

3h/24h - 0,54<br />

6h/24h 0,72 0,72<br />

8h/24h 0,78 -<br />

10h/24h 0,82 -<br />

12h/24h 0,85 0,85<br />

24h/1dia 1,14 1,10<br />

O Quadro 13, a seguir, apresenta a relação <strong>do</strong>s postos seleciona<strong>do</strong>s na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca para <strong>de</strong>terminação das equações <strong>de</strong> chuvas intensas.<br />

64


Quadro 13 - Lista <strong>do</strong>s postos seleciona<strong>do</strong>s.<br />

CÓDIGO NOME MUNICÍPIO LAT. LONG.<br />

836004 Belo Jardim Belo Jardim -8,33 -36,45<br />

835007 Bezerros Bezerros -8,23 -35,75<br />

835009 Caruaru Caruaru -8,28 -35,97<br />

836011 Cimbres Pesqueira -8,35 -36,85<br />

835030 Gravatá Gravatá -8,22 -35,57<br />

836031 Pesqueira Pesqueira -8,40 -36,77<br />

836034 Poção Poção -8,18 -36,70<br />

836093 Poção Poção -8,19 -36,71<br />

836042 Salobro Pesqueira -8,62 -36,70<br />

836043 Sanharó Sanharó -8,37 -36,56<br />

836039 São Caetano São Caetano -8,32 -36,15<br />

836044 Sapo Queima<strong>do</strong> Pesqueira -8,48 -36,53<br />

836052 Tacaimbó Tacaimbó -8,32 -36,30<br />

836002 Alagoinha Alagoinha -8,48 -36,82<br />

836003 Altinho Altinho -8,48 -36,08<br />

835000 Amaraji Amaraji -8,38 -35,45<br />

837003 Arcover<strong>de</strong> (Rio Branco) Arcover<strong>de</strong> -8,43 -37,07<br />

836007 Cachoeirinha Cachoeirinha -8,48 -36,23<br />

835020 Engenho Tabatinga Ipojuca -8,35 -35,05<br />

835022 Escada Escada -8,37 -35,23<br />

835023 Escada (RFN) Escada -8,37 -35,23<br />

836037 São Bento <strong>do</strong> Una São Bento <strong>do</strong> Una -8,52 -36,37<br />

835060 Usina Ipojuca (IAA) Ipojuca -8,40 -35,07<br />

3.9.2 Tipos <strong>de</strong> séries para análise <strong>de</strong> frequência das séries históricas<br />

Os projetos <strong>de</strong> drenagem urbana são concebi<strong>do</strong>s com a expectativa <strong>de</strong> que os<br />

condutos tenham suas capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> esgotamento superadas pelo menos uma<br />

vez em 5, 10 ou mais anos, em média. Para este fim, é necessário o conhecimento<br />

da frequência com que os eventos extremos ocorrem.<br />

As relações entre intensida<strong>de</strong>, duração e frequência das chuvas intensas, são<br />

<strong>de</strong>duzidas das observações <strong>de</strong> chuvas durante um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo longo, para<br />

que seja possível aceitar as frequências como probabilida<strong>de</strong>s. Tais relações se<br />

traduzirão por curvas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>-duração, uma para cada frequência, todas com<br />

caráter <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> Wilken (1978).<br />

Dois tipos <strong>de</strong> séries po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s nas análises <strong>de</strong> frequência <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

chuva: as séries anuais que incluem a altura pluviométrica máxima <strong>de</strong> cada ano, e<br />

as séries parciais constituídas por alturas pluviométricas acima <strong>de</strong> um certo valorbase,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> ano em que possam ocorrer.<br />

65


A escolha <strong>do</strong> tipo da série <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> tamanho da mesma e <strong>do</strong> objetivo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

As séries parciais fornecem resulta<strong>do</strong>s mais consistentes para perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> retorno<br />

inferiores a 5 anos, e número <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s menores que 12 anos (Tucci, 2004).<br />

Além disso, as duas séries contemplam, praticamente, os mesmos resulta<strong>do</strong>s para<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> retorno superiores a 10 anos (CETESB, 1986).<br />

O critério a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, no diagnóstico hidroambiental da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca, para o estabelecimento das séries foi o <strong>de</strong> séries anuais. A análise <strong>de</strong><br />

frequência das séries anuais, para uma dada duração, será realizada aplican<strong>do</strong>-se<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> extremos.<br />

3.9.3 Mo<strong>de</strong>los probabilísticos para da<strong>do</strong>s hidrológicos<br />

A formulação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los é um processo iterativo on<strong>de</strong> se inicia com um mo<strong>de</strong>lo<br />

escolhi<strong>do</strong> que, por inspeção gráfica <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong> representar razoavelmente<br />

suas características principais. A seguir, <strong>de</strong>termina-se on<strong>de</strong> o mo<strong>de</strong>lo falha,<br />

plotan<strong>do</strong>-se os valores ajusta<strong>do</strong>s pelo mo<strong>de</strong>lo e comparan<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s<br />

observa<strong>do</strong>s. As discrepâncias entre os valores <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo e os observa<strong>do</strong>s darão<br />

idéia <strong>de</strong> como o mo<strong>de</strong>lo escolhi<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser modifica<strong>do</strong> (Tucci, 2004). Portanto, a<br />

função <strong>de</strong> utilizar mo<strong>de</strong>los teóricos <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>, em estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

chuvas intensas é <strong>de</strong> fazer uma ponte entre as distribuições empíricas (amostra<br />

conhecida) e as distribuições populacionais (amostra completa), procuran<strong>do</strong> manter<br />

as características das séries históricas e gerar extrapolações <strong>de</strong> uma população.<br />

Para efeito <strong>do</strong> diagnóstico hidroambiental da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, foram<br />

empregadas as distribuições <strong>de</strong> Gumbel e <strong>de</strong> Weibull. Tais mo<strong>de</strong>los foram<br />

escolhi<strong>do</strong>s em função <strong>de</strong> sua aplicabilida<strong>de</strong> em outros trabalhos sobre chuvas<br />

intensas realiza<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> o território nacional, principalmente o Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Gumbel que na gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s é o que melhor se ajusta<br />

aos da<strong>do</strong>s das séries obtidas, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com outras distribuições.<br />

CRUCIANI (1980) afirma que a distribuição <strong>de</strong> Gumbel é a mais apropriada para<br />

essas análises, segun<strong>do</strong> a opinião da literatura especializada.<br />

3.9.4 Determinação <strong>do</strong>s parâmetros da equação <strong>de</strong> chuva intensa<br />

Conforme TUCCI (2004), para fins <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> obras hidráulicas, os estu<strong>do</strong>s das<br />

ocorrências <strong>de</strong> chuvas têm como finalida<strong>de</strong> o conhecimento <strong>de</strong> três gran<strong>de</strong>zas que<br />

caracterizam as precipitações máximas e que são parâmetros <strong>de</strong> uma equação <strong>de</strong><br />

chuvas intensas, sen<strong>do</strong> eles: intensida<strong>de</strong>, duração e frequência.<br />

A equação utilizada para relacionar intensida<strong>de</strong>, duração e frequência da<br />

precipitação pluvial apresenta a seguinte forma geral (Villela e Mattos, 1975). É por<br />

meio <strong>de</strong> tais equações que são geradas as curvas IDF.<br />

a<br />

K × Tr<br />

i = (5)<br />

c<br />

( t + b)<br />

Em que:<br />

i - intensida<strong>de</strong> máxima média <strong>de</strong> chuva, mm/h;<br />

66


Tr - perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> retorno, anos;<br />

t - duração da chuva, min;<br />

k, a, b, c - parâmetros empíricos que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da estação pluviográfica.<br />

Os parâmetros das equações IDF <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong> foram <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s por meio <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> regressão não-linear, utilizan<strong>do</strong>-se para tal o software LAB-FIT Ajuste <strong>de</strong><br />

Curvas V7.2.19 <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong> –<br />

UFCG.<br />

Para validação das equações foram utiliza<strong>do</strong>s o coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação (R²) e o<br />

Erro Padrão da Estimativa (EPE) para cada perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> retorno e para cada<br />

localida<strong>de</strong>, conforme equações <strong>de</strong>scritas abaixo. O R² fornece a proporção da<br />

variância nos valores experimenta<strong>do</strong>s que po<strong>de</strong>m ser atribuí<strong>do</strong>s aos observa<strong>do</strong>s. Já<br />

o EPE indica o grau <strong>de</strong> precisão <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los utiliza<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>terminação da<br />

equação <strong>de</strong> chuvas intensas por meio da comparação entre valores <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong><br />

forneci<strong>do</strong>s pelo melhor ajuste <strong>de</strong> distribuição (Gumbel ou Weibull) e os valores<br />

obti<strong>do</strong>s por meio <strong>do</strong>s parâmetros <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> Regressão Não-Linear.<br />

R<br />

2<br />

[ n(<br />

∑ Mi ⋅Ti)<br />

− ∑ Mi.<br />

∑Ti]<br />

=<br />

2 2 2<br />

2<br />

[ n ∑Ti<br />

− ( ∑Ti)<br />

][ n ∑ Mi − ( ∑ Mi)<br />

]<br />

on<strong>de</strong>: Mi = valores calcula<strong>do</strong>s por meio <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los;<br />

Ti = valores observa<strong>do</strong>s das séries históricas;<br />

n = número <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s das séries.<br />

EPE =<br />

N<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

(( Ic − Io)<br />

/ Io)<br />

N<br />

2<br />

on<strong>de</strong>: Ic = intensida<strong>de</strong> (mm/h) calculada por meio da equação IDF <strong>de</strong>terminada;<br />

Io = intensida<strong>de</strong> (mm/h) extraída <strong>do</strong> melhor ajuste <strong>de</strong> distribuição;<br />

N= número <strong>de</strong> durações.<br />

2<br />

O Quadro 14 apresenta o resumo <strong>do</strong>s parâmetros valida<strong>do</strong>s para cada estação<br />

estudada.<br />

(6)<br />

67<br />

(7)


Quadro 14 - Parâmetros da equação <strong>de</strong> chuva intensa <strong>de</strong>terminadas para bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

CÓDIGO NOME a K b c<br />

836004 Belo Jardim 0,15 928,51 10,52 0,75<br />

835007 Bezerros 0,20 750,67 10,52 0,75<br />

835009 Caruaru 0,17 805,19 10,53 0,75<br />

836011 Cimbres 0,17 937,85 10,53 0,75<br />

835030 Gravatá 0,11 826,89 10,52 0,75<br />

836031 Pesqueira 0,20 736,91 10,53 0,75<br />

836034 Poção 0,18 892,14 10,52 0,75<br />

836093 Poção 0,18 1030,06 10,53 0,75<br />

836042 Salobro 0,19 849,30 10,54 0,75<br />

836043 Sanharó 0,13 854,98 10,58 0,75<br />

836039 São Caetano 0,13 842,57 10,72 0,76<br />

836044 Sapo Queima<strong>do</strong> 0,07 918,56 10,54 0,75<br />

836052 Tacaimbó 0,21 881,80 10,52 0,75<br />

836002 Alagoinha 0,16 1037,98 16,60 0,78<br />

836003 Altinho 0,11 879,99 10,53 0,75<br />

835000 Amaraji 0,17 904,74 10,52 0,75<br />

837003 Arcover<strong>de</strong> (Rio Branco) 0,20 896,64 10,54 0,75<br />

836007 Cachoeirinha 0,21 1278,64 15,55 0,82<br />

835020 Engenho Tabatinga 0,15 1114,56 10,52 0,75<br />

835022 Escada 0,16 943,89 9,65 0,74<br />

835023 Escada (RFN) 0,07 795,24 10,48 0,75<br />

836037 São Bento <strong>do</strong> Una 0,17 772,28 10,52 0,75<br />

835060 Usina Ipojuca (IAA) 0,24 975,74 10,54 0,75<br />

Conforme o Quadro 15 abaixo, verifica-se que os parâmetros das equações<br />

apresentaram bons ajustes aos da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s postos pluviométricos, com coeficiente <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminação varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 99,3% a 99,9% e EPE mínimo e máximo <strong>de</strong> 1,612 e 6,642<br />

respectivamente.<br />

Quadro 15 - Critérios para validação <strong>do</strong>s parâmetros.<br />

CÓDIGO NOME EPE R²<br />

836004 Belo Jardim 2,65 0,998<br />

835007 Bezerros 2,68 0,998<br />

835009 Caruaru 3,98 0,993<br />

836011 Cimbres 3,49 0,997<br />

835030 Gravatá 2,651 0,998<br />

836031 Pesqueira 2,680 0,998<br />

836034 Poção 3,979 0,996<br />

836093 Poção 3,489 0,997<br />

836042 Salobro 1,996 0,997<br />

68


Continuação<br />

Quadro 15 - Critérios para validação <strong>do</strong>s parâmetros.<br />

CÓDIGO NOME EPE R²<br />

836043 Sanharó 2,378 0,999<br />

836039 São Caetano 3,840 0,999<br />

836044 Sapo Queima<strong>do</strong> 4,048 0,998<br />

836052 Tacaimbó 3,450 0,996<br />

836002 Alagoinha 1,904 0,995<br />

836003 Altinho 1,871 0,997<br />

835000 Amaraji 2,067 0,998<br />

837003 Arcover<strong>de</strong> (Rio Branco) 4,642 0,996<br />

836007 Cachoeirinha 4,168 0,996<br />

835020 Engenho Tabatinga 2,590 0,998<br />

835022 Escada 3,153 0,993<br />

835023 Escada (RFN) 4,167 0,998<br />

836037 São Bento <strong>do</strong> Una 4,164 0,998<br />

835060 Usina Ipojuca (IAA) 3,179 0,994<br />

Média = 3,340 0,997<br />

Máxima= 6,642 0,999<br />

Mínima= 1,612 0,993<br />

Os parâmetros para equação <strong>de</strong> chuva intensa para cada estação, constam no<br />

ANEXO 3 estão apresentadas as tabelas com os valores <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>s das<br />

diferentes durações para cada perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> retorno <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os postos estuda<strong>do</strong>s.<br />

Além disso, no mesmo anexo estão apresentadas as séries <strong>de</strong> chuvas <strong>de</strong> 24h com<br />

as frequências associadas a cada precipitação, para cada estação estudada e com<br />

indicação <strong>do</strong> melhor mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> distribuição ajusta<strong>do</strong> na fase <strong>de</strong> análise <strong>de</strong><br />

frequência.<br />

3.10 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS<br />

As Mudanças Climáticas Globais não são um problema para se resolver no futuro;<br />

suas consequências já são reconhecidas há várias décadas e os processos <strong>de</strong><br />

anomalias climáticas vêm se acentuan<strong>do</strong> com o tempo, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> registros in<strong>de</strong>léveis<br />

em muitos municípios <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, seja em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> secas prolongadas<br />

ou <strong>de</strong> inundações <strong>de</strong> ampla abrangência, como também <strong>de</strong> outros fenômenos<br />

hidrometeorológicos e geológicos <strong>de</strong> menor alcance geográfico.<br />

Este tema, universalmente reconheci<strong>do</strong> como estratégico ao <strong>de</strong>senvolvimento, não<br />

po<strong>de</strong>ria ficar à margem das consi<strong>de</strong>rações <strong>do</strong> Plano Hidroambiental da Bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, cujos objetivos incluem a análise e contextualização atual<br />

e futura (2010 – 2015 - 2025) <strong>do</strong>s elementos hídricos e ambientais que servirão <strong>de</strong><br />

suporte ao planejamento regional, foca<strong>do</strong>s em Planos <strong>de</strong> Investimentos para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico da região.<br />

As análises apresentadas pelo relatório <strong>do</strong> Painel Internacional das Mudanças<br />

Climáticas (IPCC), no que se refere ao território brasileiro, são <strong>de</strong> caráter geral e<br />

trazem como contribuição a análise <strong>de</strong> tendências quanto aos problemas<br />

hidrometeorológicos que mais afetam o nosso Esta<strong>do</strong>: as secas, mais fortemente<br />

69


concentradas na região semiárida e as inundações, nos centros urbanos,<br />

especialmente na região metropolitana, quase sempre associadas a erosão e<br />

<strong>de</strong>slizamento em encostas ocupadas, nos perío<strong>do</strong>s chuvosos.<br />

As expectativas <strong>de</strong> elevação da temperatura na superfície <strong>do</strong> planeta, baseadas nas<br />

tendências <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s registra<strong>do</strong>s em alguns países, constam <strong>do</strong> relatório <strong>do</strong> INPE<br />

para o MMA (Marengo, 2007):<br />

“A década <strong>de</strong> 1990 foi a mais quente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as primeiras medições, no fim <strong>do</strong><br />

século XIX, foram efetuadas. Este aumento nas décadas recentes correspon<strong>de</strong> ao<br />

aumento no uso <strong>de</strong> combustível fóssil durante este perío<strong>do</strong>. Até finais <strong>do</strong> século XX,<br />

o ano <strong>de</strong> 1998 foi o mais quente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início das observações meteorológicas em<br />

1861, com +0.54ºC acima da média histórica <strong>de</strong> 1961-90. Os últimos 11 anos, 1995-<br />

2004 (com exceção <strong>de</strong> 1996) estão entre os mais quentes no perío<strong>do</strong> instrumental.<br />

Já no século XXI, a temperatura <strong>do</strong> ar a nível global em 2005 foi <strong>de</strong> +0.48ºC acima<br />

da média, sen<strong>do</strong> este o segun<strong>do</strong> ano mais quente <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> observacional.”<br />

Historicamente a região semiárida sempre foi afetada por gran<strong>de</strong>s secas com relatos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVII, quan<strong>do</strong> os portugueses chegaram à região. Estatisticamente,<br />

acontecem <strong>de</strong> 18 a 20 anos <strong>de</strong> seca a cada 100 anos e apenas 12 <strong>do</strong>s 29 anos <strong>de</strong><br />

El Niño, (durante 137 anos, no perío<strong>do</strong> 1849-1985) foram associa<strong>do</strong>s a secas na<br />

região (Kane, 1989, in: Marengo, 2007).<br />

O semiári<strong>do</strong> nor<strong>de</strong>stino é também suscetível a enchentes, a exemplo das fortes<br />

chuvas <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2004, com mais <strong>de</strong> 1.000mm <strong>de</strong> água em apenas um mês,<br />

quan<strong>do</strong> a média histórica anual é <strong>de</strong> 550mm a 600mm anuais. Comunida<strong>de</strong>s ficaram<br />

isoladas, casas, barragens e reservatórios foram <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s, houve morte <strong>de</strong><br />

pessoas e <strong>de</strong> animais e perda na produção. De acor<strong>do</strong> com o CPTEC/INPE, as<br />

causas <strong>de</strong>stas chuvas intensas <strong>de</strong>vem-se possivelmente ao transporte <strong>de</strong> umida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Atlântico tropical e da bacia Amazônica até o Nor<strong>de</strong>ste.<br />

Em setembro <strong>de</strong> 2009, 28 municípios <strong>do</strong> agreste e <strong>do</strong> Sertão <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

<strong>de</strong>cretaram esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> emergência. As previsões meteorológicas para a região<br />

agreste eram <strong>de</strong> pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> tempo seco e quente e, embora tenha chovi<strong>do</strong><br />

acima <strong>do</strong> normal, a taxa <strong>de</strong> evaporação foi elevada (>5mm/dia).<br />

Um indica<strong>do</strong>r importante para a caracterização <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> é o índice <strong>de</strong><br />

vulnerabilida<strong>de</strong> climática, referente ao número <strong>de</strong> dias com déficit hídrico (dias secos<br />

consecutivos); no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1999 até 2003, áreas da região agreste apresentaram<br />

déficit hídrico superior a 30 dias, no trimestre chuvoso.<br />

A partir da década <strong>de</strong> 1970, o volume <strong>de</strong> chuvas na região semiárida tem si<strong>do</strong> menor<br />

em relação aos anos anteriores, embora o ano <strong>de</strong> 1985, tenha si<strong>do</strong> muito úmi<strong>do</strong>.<br />

Esta variabilida<strong>de</strong> também foi observada nas vazões <strong>do</strong> rio São Francisco em<br />

Sobradinho, on<strong>de</strong> a tendência relativamente positiva <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1931, contrasta com a<br />

tendência negativa observada a partir <strong>de</strong> 1979, embora neste caso, a redução na<br />

vazão possa ter si<strong>do</strong> também <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> uso mais intenso da água, nos projetos<br />

<strong>de</strong> agricultura irrigada.<br />

Embora não se disponham <strong>de</strong> monitoramentos <strong>de</strong> longo prazo para a bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, os registros <strong>de</strong> secas e enchentes com a recorrência<br />

70


<strong>de</strong>sses processos ao longo da história <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, po<strong>de</strong>m também expressar o<br />

comportamento da bacia (Quadro 16).<br />

A <strong>de</strong>finição das áreas susceptíveis à <strong>de</strong>sertificação no Brasil, tomou por base a<br />

classificação climática <strong>de</strong> Thornthwaite (1941), estabelecen<strong>do</strong> o Índice <strong>de</strong> Ari<strong>de</strong>z<br />

entre 0,21 e 0,65 (MMA, 2004).<br />

Para <strong>de</strong>terminar o futuro das áreas susceptíveis à <strong>de</strong>sertificação, com respeito à<br />

conservação <strong>do</strong>s recursos naturais, produtivida<strong>de</strong> agrícola e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da<br />

população, o Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente, em seu Programa <strong>de</strong> Ação Nacional <strong>de</strong><br />

Combate à Desertificação e Mitigação <strong>do</strong>s Efeitos da Seca, MMA (2004), recomenda<br />

que as políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento estejam sintonizadas com as tendências<br />

climáticas <strong>de</strong>ssa região, em função <strong>do</strong>s prognósticos sobre a influência que as<br />

mudanças climáticas po<strong>de</strong>m ter sobre o clima <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste.<br />

O impacto da variabilida<strong>de</strong> climática sobre os recursos hídricos <strong>de</strong>verá ser mais<br />

evi<strong>de</strong>nte no Nor<strong>de</strong>ste, on<strong>de</strong> a escassez <strong>de</strong> água, já é um problema. Atualmente, a<br />

disponibilida<strong>de</strong> hídrica per capita já é insuficiente nos municípios <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>.<br />

Quadro 16 – Ocorrências <strong>de</strong> secas em <strong>Pernambuco</strong>.<br />

Século Anos com registro <strong>de</strong> secas<br />

XVII 1603 – 1606 – 1614/1615 – 1652 – 1692<br />

XVIII<br />

XIX<br />

XX (*)<br />

1709 – 1711 – 1720/1721 – 1723/1724 1736/1737 – 1744/1746 – 1748 – 1754 –<br />

1760 – 1772 – 1776/1777 – 1782 – 1784 – 1790/1794<br />

1804 – 1808/1810 – 1816/1817 – 1824/1825 – 1830/1833 – 1844/1845 – 1877/1879 –<br />

1888/1889 – 1891 – 1898<br />

1902/1903 – 1907/1908<br />

1910 – 1914/1915 – 1919<br />

década <strong>de</strong> 20 sem registro<br />

1932/1933<br />

1945<br />

1951 – 1953 – 1956/1958<br />

1966<br />

1970 – 1979/1980<br />

19811983 – 1984 – 1986/1987<br />

1991/1993 – 1997/1998<br />

XXI 2001<br />

(*) registro por década<br />

Fonte: Portal <strong>Pernambuco</strong> <strong>de</strong> A a Z; Marengo (2007)<br />

71


4 POTENCIALIDADES E DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NA BACIA<br />

HIDROGRÁFICA DO RIO IPOJUCA<br />

4.1 ÁGUAS SUPERFICIAIS<br />

Na avaliação <strong>do</strong>s recursos hídricos superficiais, a potencialida<strong>de</strong>, a disponibilida<strong>de</strong><br />

virtual e a disponibilida<strong>de</strong> efetiva foram assim conceituadas:<br />

• Potencialida<strong>de</strong> hídrica: Volume anual médio escoa<strong>do</strong> na bacia hidrográfica;<br />

• Disponibilida<strong>de</strong> virtual (aproveitável): Parcela máxima da potencialida<strong>de</strong> que<br />

po<strong>de</strong>rá ser aproveitada, em função das condições físicas da bacia e <strong>do</strong> progresso<br />

tecnológico; correspon<strong>de</strong> ao valor máximo que po<strong>de</strong>rá alcançar a disponibilida<strong>de</strong><br />

efetiva;<br />

• Disponibilida<strong>de</strong> efetiva (atual própria): Volume anual <strong>de</strong> água que se encontra<br />

efetivamente à disposição <strong>do</strong>s usuários.<br />

4.1.1 Potencialida<strong>de</strong>s<br />

A potencialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> recurso hídrico <strong>de</strong> uma bacia hidrográfica está relacionada com<br />

o aproveitamento integral <strong>de</strong> sua água, sen<strong>do</strong> esse recurso a vazão média <strong>de</strong> um<br />

longo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo.<br />

Em função da precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s hidrométricos no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e<br />

<strong>de</strong>ntro da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, a simples observação <strong>do</strong>s postos<br />

fluviométricos existentes na área não é suficiente para o conhecimento das vazões<br />

médias (potencialida<strong>de</strong>s). Com isso, faz-se necessário a elaboração <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s<br />

mais extensos, como esse, para se obter tais informações.<br />

A precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s está relacionada com a insuficiência <strong>de</strong> estações que<br />

possuem da<strong>do</strong>s contínuos <strong>de</strong> longos perío<strong>do</strong>s e que estejam com suas falhas<br />

preenchidas e, além disso, tenha passa<strong>do</strong> por uma análise <strong>de</strong> consistência <strong>de</strong> suas<br />

séries. Sem isso, suas observações serão consi<strong>de</strong>radas duvi<strong>do</strong>sas.<br />

Diante <strong>do</strong> exposto, foram realiza<strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong> preenchimento <strong>de</strong> falhas <strong>de</strong> postos<br />

pluviométricos, análise <strong>de</strong> consistência <strong>do</strong>s mesmos da<strong>do</strong>s e utilização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />

hidrológicos para da <strong>de</strong>terminação das potencialida<strong>de</strong>s.<br />

Preenchimento <strong>de</strong> falhas e análise <strong>de</strong> consistência<br />

Foram realiza<strong>do</strong>s o preenchimento <strong>de</strong> falhas e a análise <strong>de</strong> consistência <strong>do</strong>s 17<br />

postos pluviométricos disponibiliza<strong>do</strong>s pelo LAMEPE, conforme Quadro 17.<br />

A etapa <strong>de</strong> preenchimento <strong>de</strong> falhas está baseada na análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s<br />

através das séries históricas registra<strong>do</strong>s pelos postos pluviométricos situa<strong>do</strong>s ao<br />

longo da bacia. O objetivo <strong>de</strong> um posto <strong>de</strong> medição <strong>de</strong> chuvas é obter uma série<br />

ininterrupta <strong>de</strong> precipitações ao longo <strong>do</strong>s anos (ou o estu<strong>do</strong> da variação das<br />

intensida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> chuva ao longo das tormentas). Os da<strong>do</strong>s provenientes das<br />

estações pluviométricas normalmente apresentam erros <strong>de</strong> leitura, <strong>de</strong> transcrições e<br />

digitação e <strong>de</strong>fasagem <strong>de</strong> horários <strong>de</strong> leituras, ausência <strong>de</strong> informações, entre<br />

outros, tornan<strong>do</strong> as séries impróprias para uso imediato pelos técnicos <strong>do</strong> setor,<br />

exigin<strong>do</strong> a <strong>de</strong>puração prévia <strong>de</strong>stes erros e preenchimento das falhas. Com estas<br />

72


providências, os da<strong>do</strong>s passam a merecer um grau <strong>de</strong> confiabilida<strong>de</strong> bem mais<br />

eleva<strong>do</strong>, propician<strong>do</strong> a utilização imediata pelos inúmeros usuários. As causas mais<br />

comuns <strong>de</strong> erros grosseiros nas observações são:<br />

• Preenchimento erra<strong>do</strong> <strong>do</strong> valor na ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> campo;<br />

• soma errada <strong>do</strong> numero <strong>de</strong> provetas, quan<strong>do</strong> a precipitação é alta;<br />

• valor estima<strong>do</strong> pelo observa<strong>do</strong>r, por não se encontrar no local no dia da<br />

amostragem;<br />

• crescimento <strong>de</strong> vegetação ou outra obstrução próxima ao posto <strong>de</strong><br />

observação;<br />

• danificação <strong>do</strong> aparelho; e<br />

• problemas mecânicos no registra<strong>do</strong>r gráfico.<br />

O aproveitamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>do</strong>s recursos hídricos requer o uso <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong><br />

planejamento que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> estimativas confiáveis das probabilida<strong>de</strong>s<br />

associadas a certas variáveis hidrológicas. As estimativas mais importantes estão<br />

relacionadas com os valores extremos <strong>de</strong> precipitação, enchentes e perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

seca. O <strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong>sses valores po<strong>de</strong> resultar no dimensionamento e<br />

manejo ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> construção civil (barragens, obras <strong>de</strong> proteção<br />

contra enchentes, entre outros) e <strong>de</strong> engenharia <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> água e solos.<br />

Logo como há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se trabalhar com séries contínuas, essas falhas<br />

<strong>de</strong>vem ser preenchidas. Para o preenchimento das falhas encontradas nas séries<br />

históricas <strong>de</strong> precipitação <strong>do</strong>s postos pluviométricos da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca, foram utiliza<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>s abaixo:<br />

Regressão Linear: De forma alternativa, também foi utilizada para o preenchimento<br />

<strong>de</strong> falhas a regressão linear múltipla, on<strong>de</strong> o valor a ser estima<strong>do</strong> para<br />

preenchimento da falha e <strong>de</strong>finida como variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e os valores<br />

observa<strong>do</strong>s nos postos auxiliares são as variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Nesse caso:<br />

PX = a + bAPA + bBPB + bCPC (8)<br />

On<strong>de</strong>: a, bA, bB e bC são coeficientes <strong>de</strong> ajuste da regressão linear.<br />

Regressão com Pon<strong>de</strong>ração Regional: A utilização <strong>de</strong>ste méto<strong>do</strong> consistiu na<br />

combinação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> regressão linear e pon<strong>de</strong>ração regional com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer regressões lineares entre os postos com da<strong>do</strong>s a serem<br />

preenchi<strong>do</strong>s, Y, e cada um <strong>do</strong>s postos vizinhos, X1, X2, ... , Xn. De cada uma das<br />

regressões lineares efetuadas obtém-se o coeficiente <strong>de</strong> correlação r, e<br />

estabelecem-se fatores <strong>de</strong> peso para cada posto. A expressão fica:<br />

Wxj = ryxj/(ryx1 + ryx2 + ... + ryxn) (9)<br />

Sen<strong>do</strong> Wxj = o fator <strong>de</strong> peso entre os postos Y e Xj, ryxj = o coeficiente <strong>de</strong><br />

correlação entre os postos cita<strong>do</strong>s e n = o número total <strong>de</strong> postos vizinhos<br />

73


consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s. A soma <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os fatores <strong>de</strong> peso <strong>de</strong>ve ser a unida<strong>de</strong>. Finalmente,<br />

o valor a preencher no posto Y é obti<strong>do</strong> por:<br />

Yc = x1Wx1 + x2Wx2 + ... + xnWxn (10)<br />

On<strong>de</strong>, para simplificar a notação, foi suprimi<strong>do</strong> o subíndice i nas observações <strong>do</strong>s<br />

postos vizinhos e no correspon<strong>de</strong>nte valor calcula<strong>do</strong>.<br />

Após o preenchimento das falhas <strong>do</strong>s postos estuda<strong>do</strong>s, iniciou-se a etapa <strong>de</strong><br />

consistência <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma visão regional, ou seja, comparar o grau <strong>de</strong><br />

homogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s disponíveis num posto, com relação às observações<br />

registradas em postos vizinhos.<br />

Os da<strong>do</strong>s pluviométricos submeti<strong>do</strong>s a processos <strong>de</strong> consistência e<br />

homogeneização são fundamentais em estu<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s a aproveitamentos<br />

hidroenergéticos, à gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos, ao planejamento e manejo<br />

integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> bacias hidrográficas, ao saneamento básico, ao abastecimento público<br />

e industrial, à navegação, à irrigação, à pecuária e à previsão hidrológica, entre<br />

outros estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância científica e socioeconômica, bem como <strong>de</strong><br />

impacto ambiental, fornecen<strong>do</strong> subsídios ao a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> cumprimento da Política<br />

Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos, instituída pela Lei N° 9.433 <strong>de</strong> 08/01/1997.<br />

Esse tipo <strong>de</strong> análise é utiliza<strong>do</strong> para verificar a homogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, isto é, se<br />

houve alguma anormalida<strong>de</strong> na estação pluviométrica, tal como mudança <strong>de</strong> local<br />

ou das condições <strong>do</strong> aparelho ou modificação no méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> observação.<br />

Para a verificação da consistência <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> precipitação, foi utiliza<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> dupla massa que consiste em: selecionar os postos <strong>de</strong> uma região (que <strong>de</strong>ve ser<br />

consi<strong>de</strong>rada homogênea <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista hidrometeorológico); acumular para cada<br />

um <strong>de</strong>les os valores (mensais ou anuais conforme a análise); e plotar em um gráfico<br />

cartesiano os valores acumula<strong>do</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes ao vários pontos da região (eixo<br />

das abcissas) que servirá como base para comparação.Se os valores <strong>do</strong>s postos a<br />

consistir forem proporcionais aos observa<strong>do</strong>s na base <strong>de</strong> comparação, os pontos<br />

<strong>de</strong>vem se alinhar segun<strong>do</strong> uma única reta.<br />

O Quadro 17 apresenta o resumo <strong>do</strong>s postos forneci<strong>do</strong>s pelo LAMEPE que foram<br />

preenchi<strong>do</strong>s e consisti<strong>do</strong>s neste trabalho, a fim <strong>de</strong> completarem as séries <strong>de</strong> chuvas<br />

que foram tomadas como base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para o cálculo da chuva média.<br />

74


Quadro 17 – Postos pluviométricos preenchi<strong>do</strong>s e consisti<strong>do</strong>s.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise Código Posto Latitu<strong>de</strong> Longitu<strong>de</strong> Perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s Perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s Consisti<strong>do</strong><br />

UA1<br />

UA2<br />

UA3<br />

UA4<br />

20 Belo Jardim -8,336667 -36,42528 1963-1977; 1979-1986; 1989-2009 1963-2009<br />

76 Poção -8,183611 -36,70528 1963-2008 1963-2008<br />

435 Pesqueira (Salobro) -8,616667 -36,7 1963-1998 1963-1998<br />

24 Caruaru (IPA) -8,238333 -35,91583 1980; 1990-2004 1964-2004; 1990-2004; 1999-2004<br />

85 Caruaru -8,295 -35,98806 1964-2004 1990-2004<br />

126 São Caetano -8,328333 -36,1375 1913-2007 1964-2004; 1990-2004<br />

211 Caruaru -8,279444 -35,96778 1980; 1996; 1999-2009 1999-2004<br />

237 Tacaimbó -8,313333 -36,29278 1962-2004 1964-2004; 1990-2004<br />

484 Caruaru - PCD -8,238333 -35,91583 1997-2009 1999-2004<br />

58 Gravatá -8,200556 -35,54306 1933-2007 1993-2007<br />

67 Bezerros -8,243333 -35,75278 1963-2001 1993-2001<br />

108 Primavera -8,348333 -35,3475 1993-2009 1993-2009<br />

117 Chã Gran<strong>de</strong> -8,242222 -35,45917 1993-2007 1993-2007<br />

58 Gravatá -8,200556 -35,54306 1933-2007 1993-2007<br />

67 Bezerros -8,243333 -35,75278 1963-2001 1993-2001<br />

108 Primavera -8,348333 -35,3475 1993-2009 1993-2009<br />

117 Chã Gran<strong>de</strong> -8,242222 -35,45917 1993-2007 1993-2007<br />

75


Calibração <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo hidrológico<br />

Esta seção apresenta a calibração e validação <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo Hidrológico Autocalibrável<br />

- MODHAC para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. O objetivo é encontrar<br />

parâmetros que possam ser utiliza<strong>do</strong>s para a extensão e geração <strong>de</strong> série <strong>de</strong> vazões<br />

nas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Análise (UA) da bacia. A geração da vazão com os parâmetros<br />

obti<strong>do</strong>s foi satisfatória e aten<strong>de</strong>rá às análises que serão realizadas no<br />

prosseguimento <strong>do</strong> Plano Hidroambiental.<br />

a) Obtenção e tratamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

Para a utilização <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo hidrológico, foram utilizadas séries <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

precipitação e vazão da re<strong>de</strong> hidrometeorológica da Agência Nacional <strong>de</strong> Águas<br />

(ANA). Utilizou-se, também, o vetor <strong>de</strong> evapotranspiração potencial <strong>de</strong> estações<br />

localizadas na região.<br />

Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> precipitação<br />

No total, foram utilizadas 66 estações com da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> chuva na bacia hidrográfica <strong>do</strong><br />

rio Ipojuca cuja relação é apresentada no ANEXO 4. Na calibração e validação <strong>do</strong><br />

mo<strong>de</strong>lo hidrológico, foram utilizadas 47 estações pluviométricas (Figura 20).<br />

76


Figura 20 – Estações pluviométricas utilizadas na calibração e validação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo hidrológico.<br />

77


Após a calibração e validação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo, o conjunto <strong>de</strong> parâmetros foi utiliza<strong>do</strong> na<br />

simulação <strong>de</strong> vazões em cada uma das quatro Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Análise (UA) em que foi<br />

dividida a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. Foram utiliza<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> chuva<br />

consisti<strong>do</strong>s no âmbito <strong>do</strong> Projeto Proágua Semiári<strong>do</strong> (Atlas <strong>de</strong> Obras Prioritárias<br />

para a Região Semiárida) (Atlas, 2005). A série consistida possui passo <strong>de</strong> tempo<br />

mensal. Além <strong>do</strong>s postos <strong>do</strong> Projeto Atlas, utilizaram-se, também, estações<br />

operadas pelo Laboratório <strong>de</strong> Meteorologia <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> (LAMEPE). A Figura 21<br />

mostra as 47 estações utilizadas nas simulações que geraram vazão nas UAs.<br />

78


Figura 21 – Estações pluviométricas utilizadas na simulação <strong>de</strong> vazões nas UAs.<br />

79


A precipitação média na bacia foi calculada utilizan<strong>do</strong>-se o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> inverso <strong>do</strong><br />

quadra<strong>do</strong> da distância. O méto<strong>do</strong> toma como base uma gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos on<strong>de</strong> será<br />

feito o cálculo da precipitação. Foi construída uma gra<strong>de</strong> com espaçamento <strong>de</strong><br />

2,2km conforme mostra<strong>do</strong> na Figura 22. A precipitação em cada ponto é calculada<br />

pela equação:<br />

P<br />

P ⋅1<br />

d + P ⋅1<br />

d + ... + P ⋅1<br />

d<br />

2<br />

2<br />

2<br />

m = 1 1 2 2<br />

n<br />

2 2<br />

2<br />

1 d1<br />

+ 1 d2<br />

+ ... + 1 dn<br />

n<br />

(11)<br />

on<strong>de</strong>:<br />

Pm é a precipitação média no ponto m da gra<strong>de</strong>;<br />

P1, P2 ... Pn são os valores <strong>de</strong> precipitação das n estações mais próximas <strong>do</strong> ponto<br />

m da gra<strong>de</strong>;<br />

d1, d2 ... dn são as distâncias das estações até o ponto m da gra<strong>de</strong>.<br />

A precipitação média na área <strong>de</strong> interesse é dada pela média aritmética <strong>do</strong>s valores<br />

<strong>de</strong> precipitação <strong>do</strong>s pontos da gra<strong>de</strong>.<br />

Figura 22 – Gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos sobre a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca para o cálculo da precipitação<br />

média.<br />

Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vazão<br />

Foram utilizadas duas estações fluviométricas para a calibração <strong>do</strong>s parâmetros <strong>do</strong><br />

mo<strong>de</strong>lo hidrológico. O Quadro 18 relaciona as características e a Figura 23 mostra a<br />

localização das estações.<br />

Quadro 18 – Características das estações fluviométricas.<br />

Código Nome Área (km 2 ) Longitu<strong>de</strong> Latitu<strong>de</strong><br />

39340000 Caruaru 1.974,87 -35,995 -8,299<br />

39360000 Engenho Tabocas 2.960,87 -35,365 -7,282<br />

80


Figura 23 – Estações fluviométricas utilizadas na calibração <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo hidrológico.<br />

81


Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> evapotranspiração<br />

O Mo<strong>de</strong>lo hidrológico utiliza da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> evapotranspiração potencial para representar<br />

o fenômeno <strong>de</strong> evaporação que acontece na bacia. Utilizou-se o vetor<br />

evapotranspiração calcula<strong>do</strong> com informação <strong>de</strong> Tanque Classe A para cada mês <strong>do</strong><br />

ano no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1975 a 1989 para a estação climatológica <strong>de</strong> Belo Jardim<br />

pertencente à re<strong>de</strong> <strong>do</strong> DNOCS conforme apresenta<strong>do</strong> no Plano Estadual <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> (PERH, 1998). O Quadro 19 mostra os valores<br />

da evapotranspiração potencial em Belo Jardim.<br />

Quadro 19 – Evapotranspiração potencial utilizada no mo<strong>de</strong>lo hidrológico.<br />

Nome Belo Jardim<br />

b) Descrição <strong>do</strong> MODHAC<br />

Mês Valor (mm)<br />

1 202,8<br />

2 161,6<br />

3 148,9<br />

4 132,6<br />

5 107,4<br />

6 90,9<br />

7 94,0<br />

8 116,1<br />

9 131,1<br />

10 189,9<br />

11 205,5<br />

12 201,8<br />

Total 1.782,6<br />

O Mo<strong>de</strong>lo Hidrológico Autocalibrável - MODHAC (Lanna, 1997), é um mo<strong>de</strong>lo chuvavazão<br />

<strong>do</strong> tipo concentra<strong>do</strong>, que tem como variáveis <strong>de</strong> entrada a precipitação média<br />

na bacia, a vazão observada para calibração <strong>do</strong>s parâmetros e a evapotranspiração<br />

potencial. A bacia é representada por três reservatórios fictícios que representam os<br />

principais fenômenos responsáveis pelo processo <strong>de</strong> transformação da chuva em<br />

vazão: interceptação, evapotranspiração e separação <strong>do</strong> escoamento. A Figura 24<br />

mostra o esquema que representa o MODHAC.<br />

82


Figura 24 – Esquema <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> MODHAC (Lanna, 1997).<br />

Os principais parâmetros <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo são a capacida<strong>de</strong> máxima <strong>do</strong> reservatório<br />

superficial (RSPX), capacida<strong>de</strong> máxima <strong>do</strong> reservatório sub-superficial (RSSX),<br />

capacida<strong>de</strong> máxima <strong>do</strong> reservatório subterrâneo (RSBX), infiltração mínima (IMIN),<br />

coeficiente <strong>de</strong> infiltração (IDEC), expoente da lei <strong>de</strong> esvaziamento <strong>do</strong> reservatório<br />

subterrâneo (ASBX), fração da evapotranspiração potencial (CHOM).<br />

c) Calibração e validação <strong>do</strong> MODHAC.<br />

O MODHAC foi calibra<strong>do</strong> com simulações utilizan<strong>do</strong> passo <strong>de</strong> tempo mensal. Optouse,<br />

prioritariamente, por utilizar as séries <strong>de</strong> vazão até o ano <strong>de</strong> 1990. Na calibração<br />

da estação <strong>de</strong> Engenho Tabocas, fez-se a subtração da vazão entre Engenho<br />

Tabocas e Caruaru com o objetivo <strong>de</strong> se obter os parâmetros <strong>do</strong> MODHAC<br />

correspon<strong>de</strong>nte á área <strong>de</strong> drenagem incremental entre as duas estações.<br />

Para a avaliação das simulações <strong>de</strong> calibração e validação, foram utiliza<strong>do</strong>s os<br />

seguintes critérios:<br />

83


Coeficiente <strong>de</strong> Nash<br />

∑<br />

∑<br />

( Q − Q )<br />

2<br />

=<br />

Obs Cal<br />

2<br />

2<br />

R (12)<br />

( Q − Q )<br />

Obs<br />

Erro <strong>de</strong> volume<br />

ΔV<br />

( % )<br />

on<strong>de</strong>:<br />

Obs<br />

( Q − Q )<br />

∑ Obs Cal<br />

=<br />

⋅100<br />

(13)<br />

∑<br />

( Q )<br />

Obs<br />

QObs é a vazão observada em cada passo <strong>de</strong> tempo;<br />

QCal é a vazão calculada em cada passo <strong>de</strong> tempo;<br />

QObs é a vazão observada em cada passo <strong>de</strong> tempo.<br />

Os Quadros 20 e 21 mostram os valores <strong>do</strong>s critérios para as duas estações<br />

calibradas. As Figuras 25 e 26 apresentam os hidrogramas observa<strong>do</strong> e calcula<strong>do</strong>,<br />

respectivamente, nas fases <strong>de</strong> calibração e validação na estação <strong>de</strong> Caruaru. Os<br />

resulta<strong>do</strong>s em Engenho Tabocas são mostra<strong>do</strong>s nas Figuras 27 e 28.<br />

Quadro 20 – Informações relativas à calibração e validação em Caruaru.<br />

Informações Calibração Validação<br />

Rio Ipojuca Ipojuca<br />

Seção Caruaru Caruaru<br />

Área (km 2 ) 1.974,87 1974,87<br />

Perío<strong>do</strong> jan/1973 - <strong>de</strong>z/1982 jan/1983 - <strong>de</strong>z/1992<br />

Qméd obs. 3,11 2,6<br />

Qméd calc. 2,81 2,03<br />

R 2 0,6667 0,7689<br />

∆V 10,59 21,90<br />

Coef. Correlação 0,8358 0,8809<br />

Quadro 21 – Informações relativas à calibração e validação em Engenho Tabocas.<br />

Informações Calibração Validação<br />

Rio Ipojuca Ipojuca<br />

Seção Engenho Tabocas Engenho Tabocas<br />

Área (km 2 ) 986,00 986<br />

Perío<strong>do</strong> jan/1973 - <strong>de</strong>z/1982 jan/1983 - <strong>de</strong>z/1992<br />

Qméd obs. 6,21 6,56<br />

Qméd calc. 5,48 5,30<br />

R 2 0,5624 0,5469<br />

∆V 13,42 19,29<br />

Coef. Correlação 0,7705 0,7749<br />

84


Vazão (m3/s)<br />

70,00<br />

60,00<br />

50,00<br />

40,00<br />

30,00<br />

20,00<br />

10,00<br />

0,00<br />

01/01/73 01/01/75 01/01/77 01/01/79 01/01/81<br />

Tempo (mês)<br />

Figura 25 – Hidrogramas da calibração em Caruaru.<br />

Vazão (m3/s)<br />

80,00<br />

70,00<br />

60,00<br />

50,00<br />

40,00<br />

30,00<br />

20,00<br />

10,00<br />

0,00<br />

Qcal (m3/s)<br />

Qobs (m3/s)<br />

01/01/83 01/01/85 01/01/87 01/01/89 01/01/91<br />

Figura 26 – Hidrogramas <strong>de</strong> validação em Caruaru.<br />

Tempo (mês)<br />

Qcal 02(m3/s)<br />

Qobs (m3/s)<br />

85


Vazão (m3/s)<br />

50,00<br />

45,00<br />

40,00<br />

35,00<br />

30,00<br />

25,00<br />

20,00<br />

15,00<br />

10,00<br />

5,00<br />

0,00<br />

01/01/73 01/01/75 01/01/77 01/01/79 01/01/81<br />

Tempo (mês)<br />

Figura 27 – Hidrogramas <strong>de</strong> calibração em Engenho Tabocas.<br />

Vazão (m3/s)<br />

35,00<br />

30,00<br />

25,00<br />

20,00<br />

15,00<br />

10,00<br />

5,00<br />

0,00<br />

Qcal (m3/s)<br />

Qobs (m3/s)<br />

01/01/83 01/01/85 01/01/87 01/01/89 01/01/91<br />

Tempo (mês)<br />

Figura 28 – Hidrogramas <strong>de</strong> validação em Engenho Tabocas.<br />

Qcal (m3/s)<br />

Qobs (m3/s)<br />

As Figuras 29 e 30 mostram os hidrogramas das vazões média observada e<br />

calculada nas duas estações utilizadas. Nesse caso, os hidrogramas apresentam a<br />

vazão média mensal <strong>de</strong> cada mês <strong>de</strong>terminada com as séries correspon<strong>de</strong>ntes à<br />

calibração e validação.<br />

86


Vazão (m3/s)<br />

10<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Calibração Caruaru<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

(a)<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

Vazão (m3/s)<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Verificação Caruaru<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

Figura 29 – Vazão mensal média em Caruaru. (a) Calibração e (b) Verificação.<br />

Vazão (m (m3/s)<br />

3 /s)<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Calibração Engenho Tabocas<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

(a)<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

Vazão (m(m3/s) 3 /s)<br />

20<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

(b)<br />

Verificação Engenho Tabocas<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

Figura 30 – Vazão mensal média em Engenho Tabocas. (a) Calibração e (b) Verificação.<br />

Da mesma forma, as Figuras 31 e 32 mostram os hidrogramas das vazões mínimas<br />

mensais observada e calculada e as Figuras 33 e 34 mostram os hidrogramas das<br />

vazões máximas mensais observada e calculada nas três estações utilizadas.<br />

Vazão (m 3 /s)<br />

0,20<br />

0,15<br />

)<br />

/s<br />

3<br />

(m<br />

o0,10<br />

z<br />

ã<br />

a<br />

V<br />

0,05<br />

0,00<br />

Calibração Caruaru<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

(a)<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

0,20<br />

0,15<br />

)<br />

/s<br />

3<br />

(m<br />

o<br />

0,10<br />

z<br />

ã<br />

a<br />

V<br />

0,05<br />

0,00<br />

(b)<br />

Verificação Caruaru<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

Figura 31 – Vazão mensal mínima em Caruaru. (a) Calibração e (b) Verificação.<br />

Vazão (m 3 /s)<br />

(b)<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

87


)<br />

/s<br />

3<br />

(m<br />

o<br />

z<br />

ã<br />

a<br />

V<br />

Vazão (m 3 /s)<br />

5<br />

4<br />

4<br />

3<br />

3<br />

2<br />

2<br />

1<br />

1<br />

0<br />

Calibração Engenho Tabocas<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

(a)<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

)<br />

/s<br />

3<br />

(m<br />

o<br />

z<br />

ã<br />

a<br />

V<br />

5<br />

5<br />

4<br />

4<br />

3<br />

3<br />

2<br />

2<br />

1<br />

1<br />

0<br />

Verificação Engenho Tabocas<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

Figura 32 – Vazão mensal mínima em Engenho Tabocas. (a) Calibração e (b) Verificação.<br />

80<br />

70<br />

60<br />

)<br />

/s 50<br />

3<br />

(m<br />

o 40<br />

z<br />

ã<br />

a<br />

V 30<br />

Vazão (m 3 /s)<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Calibração Caruaru<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

(a)<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

80<br />

70<br />

60<br />

)<br />

/s 50<br />

3<br />

(m<br />

o<br />

40<br />

z<br />

ã<br />

a<br />

V 30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

(b)<br />

Verificação Caruaru<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

Figura 33 – Vazão mensal máxima em Caruaru. (a) Calibração e (b) Verificação.<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

)<br />

/s<br />

3<br />

30<br />

(m<br />

o<br />

25<br />

z<br />

ã<br />

a 20<br />

V<br />

15<br />

Vazão (m 3 /s)<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Calibração Engenho Tabocas<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

(a)<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

35<br />

30<br />

25<br />

/s<br />

3 20<br />

(m<br />

o<br />

z<br />

ã<br />

15<br />

a<br />

V<br />

)<br />

10<br />

5<br />

0<br />

(b)<br />

Verificação Engenho Tabocas<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Tempo (mês)<br />

Figura 34 – Vazão mensal máxima em Engenho Tabocas. (a) Calibração e (b) Verificação.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s mostram que o mo<strong>de</strong>lo reproduziu bem a forma <strong>do</strong>s hidrogramas<br />

observa<strong>do</strong>s nas duas estações, ou seja, as fases <strong>de</strong> subida <strong>do</strong> hidrograma seguidas<br />

pela recessão e vazão <strong>de</strong> base foram bem representadas. Entretanto, houve<br />

discrepâncias nos valores <strong>de</strong> vazão <strong>de</strong> pico, com o mo<strong>de</strong>lo calculan<strong>do</strong> valores<br />

Vazão (m 3 /s)<br />

Vazão (m 3 /s)<br />

Vazão (m 3 /s)<br />

(b)<br />

Qobs<br />

Qcalc<br />

88


inferiores aos observa<strong>do</strong>s. Por esse motivo, o erro <strong>de</strong> volume ficou em torno <strong>de</strong> 10%<br />

na estação <strong>de</strong> Caruaru e entre 13% e 18% em Engenho Tabocas.<br />

Apesar da subestimação da vazão calculada, verifica-se que o ajuste <strong>do</strong>s<br />

hidrogramas foi satisfatório, principalmente, belo bom <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo nos<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> validação da calibração em ambas as estações.<br />

Após estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> calibração e validação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo, para to<strong>do</strong>s os meses, realizou-se<br />

uma nova análise consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> apenas os perío<strong>do</strong>s secos (setembro a fevereiro)<br />

para cada uma das estações consi<strong>de</strong>radas no estu<strong>do</strong>, objetivan<strong>do</strong> verificar o<br />

comportamento das vazões calculadas nos casos <strong>de</strong> escoamentos observa<strong>do</strong>s<br />

mínimos.<br />

Na avaliação, utilizaram-se os mesmos critérios da calibração e validação<br />

(coeficiente <strong>de</strong> Nash e erro <strong>de</strong> volume). Os Quadros 22 e 23 apresentam, além <strong>de</strong><br />

outras informações, os valores <strong>do</strong>s critérios nas três estações utilizadas no rio<br />

Ipojuca.<br />

Quadro 22 – Informações relativas à calibração e validação em Caruaru no perío<strong>do</strong><br />

seco<br />

Informações Calibração Validação<br />

Rio Ipojuca Ipojuca<br />

Seção Caruaru Caruaru<br />

Área (km 2 ) 1.974,87 1.974,87<br />

Perío<strong>do</strong> jan/1973 - <strong>de</strong>z/1982 jan/1983 - <strong>de</strong>z/1992<br />

Qmed obs. 0,28 0,312<br />

Qmed calc. 0,166 0,181<br />

R 2 0,163 0,138<br />

∆V 40,527 41,992<br />

Coef. Correlação 0,519 Ipojuca<br />

Quadro 23 – Informações relativas à calibração e validação em Engenho Tabocas<br />

no perío<strong>do</strong> seco<br />

Informações Calibração Validação<br />

Rio Ipojuca Ipojuca<br />

Seção Engenho Tabocas Engenho Tabocas<br />

Área (km 2 ) 986,00 986,00<br />

Perío<strong>do</strong> jan/1973 - <strong>de</strong>z/1982 jan/1983 - <strong>de</strong>z/1992<br />

Qmed obs. 3,371 3,4685<br />

Qmed calc. 3,038 3,294<br />

R 2 0,512 0,540<br />

∆V 9,885 5,045<br />

Coef. Correlação 0,739 Ipojuca<br />

Os resulta<strong>do</strong>s mostraram um baixo <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo na estação fluviométrica<br />

<strong>de</strong> Caruaru. Na estação <strong>de</strong> Engenho Tabocas, o <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo foi<br />

sensivelmente melhor. Nessa estação, o erro <strong>de</strong> volume foi inferior a 10% tanto na<br />

calibração como na validação e o coeficiente R 2 apresentou valor acima <strong>de</strong> 0,50.<br />

Os comentários feitos a respeito <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estiagem<br />

no texto da simulação <strong>do</strong> MODHAC na bacia <strong>do</strong> rio Capibaribe são váli<strong>do</strong>s, também,<br />

89


para as simulações na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, principalmente, para a<br />

estação <strong>de</strong> Caruaru.<br />

As Figuras 35 e 36 apresentam os hidrogramas observa<strong>do</strong> e calcula<strong>do</strong>,<br />

respectivamente, nas fases <strong>de</strong> calibração e validação nas estações <strong>de</strong> Caruaru e<br />

Engenho Tabocas no perío<strong>do</strong> seco (setembro a fevereiro).<br />

Figura 35 – Hidrogramas <strong>de</strong> validação em Caruaru para perío<strong>do</strong> seco.<br />

Figura 36 – Hidrogramas <strong>de</strong> validação em Engenho Tabocas para perío<strong>do</strong> seco.<br />

90


d) Simulação com o MODHAC<br />

Após a calibração e validação <strong>do</strong> MODHAC, realizaram-se as simulações para<br />

geração <strong>de</strong> vazão nas UAs para o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> jan/1933 a <strong>de</strong>z/2009. O Quadro 24<br />

mostra o resumo das simulações com o conjunto <strong>de</strong> parâmetros utiliza<strong>do</strong> em cada<br />

UA e a respectiva vazão gerada. A Figura 37 mostra a série <strong>de</strong> vazões geradas para<br />

o perío<strong>do</strong> correspon<strong>de</strong>nte à década <strong>do</strong>s anos 2000.<br />

O ANEXO 5 apresenta a série completa das vazões médias mensais geradas para o<br />

perío<strong>do</strong> calibra<strong>do</strong>. Além disso o mesmo anexo informa valores estatísticos em<br />

termos anuais para a referida série.<br />

Foram realizadas, também, simulações para os Açu<strong>de</strong>s Anuais e interanuais, que<br />

fazem parte da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, objetivan<strong>do</strong> subsidiar a<br />

<strong>de</strong>terminação das vazões regularizadas com garantias <strong>de</strong> 90, 95 e 100%. As vazões<br />

com 90% <strong>de</strong> garantia são base para obtenção das disponibilida<strong>de</strong>s efetivas que<br />

foram utilizadas nos estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> balanço hídrico, <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento. No ANEXO<br />

6, estão apresentadas as simulações <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os reservatórios, para o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

jan/1933 a <strong>de</strong>z/2009, com suas respectivas: vazões médias, vazões específicas,<br />

rendimento e volume médio anual.<br />

Para o cálculo da precipitação média na bacia <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> cada reservatório<br />

estuda<strong>do</strong> foi utiliza<strong>do</strong> o mesmo méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> inverso <strong>do</strong> quadra<strong>do</strong> da distância,<br />

<strong>de</strong>scrito anteriormente, on<strong>de</strong> tal precipitação média na área <strong>de</strong> interesse é dada pela<br />

média aritmética <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> precipitação <strong>do</strong>s pontos da gra<strong>de</strong>. Isso significa que<br />

foram utiliza<strong>do</strong>s todas as estações pluviométricas <strong>do</strong> ANEXO 4, que estão na área<br />

<strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> cada reservatório.<br />

No ANEXO 7, estão os gráficos <strong>de</strong> distribuição mensal das vazões médias, máximas<br />

e mínimas por UA. Por meio <strong>do</strong> mesmo, é possível observar que as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Análise 2 e 3 apresentam pouco potencial <strong>de</strong> escoamento, fato este explica<strong>do</strong> por<br />

fatores climáticos da região e principalmente pelo tipo <strong>de</strong> solo pre<strong>do</strong>minante, como já<br />

menciona<strong>do</strong> anteriormente. Percebe-se também, que o rendimento da bacia, em<br />

termos <strong>de</strong> vazão, são mais expressivos nas UA 1 e UA 4.<br />

Quadro 24 – Resumo das vazões geradas pelo MODHAC.<br />

UA Parâmetros<br />

Vazão média<br />

(m 3 /s)<br />

Vazão específica<br />

(L/s/km 2 )<br />

Potencialida<strong>de</strong><br />

(10 6 m 3 /ano)<br />

1 Caruaru 2,33 1,56 73,57<br />

2 Caruaru 0,66 0,87 20,71<br />

3 Engenho Tabocas 2,82 4,92 88,91<br />

4 Engenho Tabocas 10,22 16,68 322,26<br />

91


Vazão (m3/s)<br />

160,00<br />

140,00<br />

120,00<br />

100,00<br />

80,00<br />

60,00<br />

40,00<br />

20,00<br />

0,00<br />

UA1<br />

UA2<br />

UA3<br />

UA4<br />

01/01/00 01/01/02 01/01/04 01/01/06 01/01/08<br />

Tempo (mês)<br />

Figura 37 – Vazão simulada nas UAs (recorte para a década <strong>de</strong> 2000).<br />

Por fim, o Quadro 25 apresenta os valores <strong>do</strong>s parâmetros <strong>de</strong> calibração<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s para cada estação fluviométrica estudada.<br />

Quadro 25 – Parâmetros <strong>de</strong> calibração <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo.<br />

Parâmetros Estação Caruaru Estação Engenho Tabocas<br />

RSPX 5,0000 63,8700<br />

RSSX 60,0000 287,6000<br />

RSBX 0,0000 130,8000<br />

RSBY 0,0000 50,0000<br />

IMAX 30,0000 91,4600<br />

IMIN 5,0000 8,3830<br />

IDEC 0,9000 0,2425<br />

ASP 0,0010 0,9172<br />

ASS 0,0010 0,3000<br />

ASBX 0,0000 0,1456<br />

ASBY 0,0000 0,1997<br />

CEVA 0,4000 0,04758<br />

CHET 0,7000 0,5000<br />

4.1.2 Disponibilida<strong>de</strong>s<br />

As disponibilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s recursos hídricos são conceituadas, como aquelas que, para<br />

uma <strong>de</strong>terminada situação <strong>de</strong> infraestrutura hidráulica, corresponda a uma utilização<br />

possível da água com uma dada garantia <strong>de</strong> fornecimento.<br />

92


Foram <strong>de</strong>finidas as disponibilida<strong>de</strong>s virtuais e as disponibilida<strong>de</strong>s efetivas por<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise. A disponibilida<strong>de</strong> virtual é uma avaliação <strong>do</strong>s recursos hídricos<br />

utilizáveis, parcela máxima <strong>do</strong>s recursos potenciais, que se po<strong>de</strong> utilizar <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às<br />

restrições físicas e econômicas. A disponibilida<strong>de</strong> efetiva será a disponibilida<strong>de</strong><br />

existente no momento.<br />

Em relação às disponibilida<strong>de</strong>s hídricas virtuais, isto é, o valor máximo que as<br />

disponibilida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>rão alcançar mediante a ativação das potencialida<strong>de</strong>s, são<br />

avaliadas e apresentadas por Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise, levan<strong>do</strong>-se em conta o coeficiente<br />

<strong>de</strong> variação das séries <strong>de</strong> vazões médias anuais obtidas em cada UA.<br />

Nas UA com os menores coeficientes <strong>de</strong> variação, será consi<strong>de</strong>rada a<br />

disponibilida<strong>de</strong> virtual em torno <strong>de</strong> 80% da potencialida<strong>de</strong>; nas UA com os maiores<br />

coeficientes <strong>de</strong> variação, será consi<strong>de</strong>rada a disponibilida<strong>de</strong> virtual em torno <strong>de</strong> 60%<br />

da potencialida<strong>de</strong>.<br />

Para <strong>de</strong>terminação da disponibilida<strong>de</strong> efetiva, foi necessário inicialmente obter<br />

informações da infraestrutura hidráulica existente, por meio <strong>de</strong> diversas fontes, tais<br />

como: SRH/PE, CPRM, FAO, ANA, PERH/PE, Atlas Nor<strong>de</strong>ste e COMPESA. Tais<br />

informações referem-se a da<strong>do</strong>s como: séries <strong>de</strong> postos pluviométricos e<br />

fluviométricos; da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> evaporação; e fichas técnicas <strong>do</strong>s reservatórios.<br />

A série <strong>de</strong> postos pluviométricos utilizada para calcular as vazões regularizadas com<br />

garantia <strong>de</strong> 90% são oriundas <strong>de</strong> duas fontes: para o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1933 a 2001 foram<br />

utilizadas as estações consistidas <strong>do</strong> Atlas Nor<strong>de</strong>ste, e para o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2002 a<br />

2009 foram extraídas as informações <strong>do</strong>s postos forneci<strong>do</strong>s pelo LAMEPE e que<br />

foram consisti<strong>do</strong>s.<br />

Quanto aos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vazão, foram utiliza<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s simula<strong>do</strong>s das vazões<br />

médias mensais geradas para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca <strong>do</strong>s postos<br />

fluviométricos calibra<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>, conforme Quadro 24.<br />

Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> evaporação são oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PDRH da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca e as fichas técnicas <strong>do</strong>s reservatórios são produtos da<br />

COMPESA e da SRH/PE.<br />

Dispon<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas informações, as disponibilida<strong>de</strong>s foram estimadas na simulação <strong>de</strong><br />

operação <strong>do</strong>s reservatórios, para a garantia <strong>de</strong> 90% <strong>do</strong> tempo.<br />

Para unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise UA2, foram consi<strong>de</strong>radas as vazões regularizadas pelos<br />

reservatórios que abastecem Caruaru e o Complexo industrial (Taquara,<br />

Desenvolvimento e outros), totalizan<strong>do</strong> 151,3L/s ou 4,77x106m³/ano, conforme<br />

PDRH da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca (2002).<br />

Quanto à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise UA4, foram consi<strong>de</strong>radas as disponibilida<strong>de</strong>s a fio<br />

d’água, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> como perene, a bacia compreendida entre o posto <strong>de</strong> Tabocas e a<br />

foz, com área <strong>de</strong> 505km 2 e uma vazão específica <strong>de</strong> 3L/s/km 2 , conforme PERH/PE<br />

(1998).<br />

93


Definições <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s<br />

a) Açu<strong>de</strong>s interanuais<br />

Foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s açu<strong>de</strong>s interanuais aqueles com volumes superiores a 100.000<br />

m³. Foram feitas simulações <strong>de</strong> operação em to<strong>do</strong>s aqueles com volumes acima <strong>de</strong><br />

10.000.000 m 3 e em alguns com volumes menores, em função das características <strong>de</strong><br />

cada bacia e da existência <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s contínuos.<br />

b) Açu<strong>de</strong>s anuais<br />

Os açu<strong>de</strong>s anuais são reservatórios <strong>de</strong> pouca profundida<strong>de</strong>, em sua maioria<br />

apresentan<strong>do</strong> profundida<strong>de</strong>s médias inferiores a 3,00m, o que na região semi-árida,<br />

acarretaria o seu esvaziamento, somente com a evaporação. Para tanto, foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>,<br />

o valor <strong>de</strong> 100.000m 3 , como limite <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> acumulação para esses<br />

reservatórios.<br />

Conforme o PERH/PE, as disponibilida<strong>de</strong>s estimadas para os açu<strong>de</strong>s anuais, estão<br />

baseadas em simulações <strong>de</strong> operação efetuadas em amostras <strong>de</strong> reservatórios<br />

<strong>de</strong>sse porte. Para os rios <strong>de</strong> bacias litorâneas, perenes, com reservatórios <strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong> inferior a 500.000m 3 , as disponibilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s mesmos serão<br />

consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> regularização interanual.<br />

Os Quadros 26 e 27 apresentam a lista e o resumo <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das vazões<br />

calculadas para os Açu<strong>de</strong>s interanuais e anuais utiliza<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>, para a<br />

<strong>de</strong>terminação da disponibilida<strong>de</strong> efetiva por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise, <strong>de</strong>ntro da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Quadro 26 – Vazões regularizadas <strong>do</strong>s reservatórios para 90, 95 e 100% <strong>de</strong><br />

garantia.<br />

Reservatório UA Lat. Long.<br />

Interanuais e Anuais* (L/s)<br />

Interanuais e Anuais*<br />

(10 6 m³/ano)<br />

90% 95% 100% 90% 95% 100%<br />

Pão <strong>de</strong> Açúcar 1 -8,27 -36,71 521,31 395,74 273,97 16,44 12,48 8,64<br />

Pedro Moura Júnior<br />

(Belo Jardim)<br />

1 -8,33 -36,37 384,32 285,39 136,99 12,12 9,00 4,32<br />

Eng. Severino Guerra<br />

(Bituri)<br />

1 -8,31 -36,42 69,63 55,18 27,40 2,20 1,74 0,86<br />

Duas Serras 1 -8,22 -36,72 20,17* 14,46* 6,09* 0,64* 0,46* 0,19*<br />

Manuíno 3 -8,19 -35,74 36,91* 32,72* 24,73* 1,16* 1,03* 0,78*<br />

Taquara 2 -8,30 -36,04 7,61* 5,33* 1,90 0,24* 0,17* 0,06*<br />

Guilherme <strong>de</strong><br />

Azeve<strong>do</strong><br />

2 -8,22 -36,02 0,19* 0,00* 0,00* 0,01* 0,00* 0,00*<br />

Total 1.039,95 788,81 471,08 32,80 24,88 14,86<br />

*Açu<strong>de</strong>s anuais.<br />

94


Quadro 27 – Resumo das disponibilida<strong>de</strong>s virtuais e efetivas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

(10 6 m³/ano).<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

Disponibilida<strong>de</strong><br />

Virtual*<br />

Disponibilida<strong>de</strong> Efetiva (90% <strong>de</strong> garantia)<br />

Interanuais Anuais SOMA<br />

UA1 44,14 30,76 0,64 31,39<br />

UA2 12,43 4,59** 0,25** 4,84<br />

UA3 53,35 - 1,16 1,16<br />

UA4 257,81 - 47,78*** 47,78<br />

Total 367,72 35,35 49,83 85,18<br />

* 80% da potencialida<strong>de</strong> para UA4 e 60% para as <strong>de</strong>mais UA’s<br />

** Vazões regularizadas pelos reservatórios que abastecem Caruaru e o Complexo Industrial.<br />

*** Disponibilida<strong>de</strong>s a fio d’água.<br />

4.2 OPERAÇÃO DOS PRINCIPAIS RESERVATÓRIOS NA BACIA HIDROGRÁFICA<br />

DO RIO IPOJUCA<br />

O sistema <strong>de</strong> reservatórios da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, em toda a sua<br />

extensão, é composto por sessenta e seis reservatórios, <strong>de</strong>sse total, trinta e três<br />

possuem capacida<strong>de</strong> abaixo <strong>de</strong> 100.000 metros cúbicos, apenas seis têm<br />

capacida<strong>de</strong> máxima acima <strong>de</strong> 1.000.000 <strong>de</strong> metros cúbicos e <strong>de</strong>sses, apenas três<br />

reservatórios têm capacida<strong>de</strong> máxima superior a 10.000.00 metros cúbicos. Em<br />

média o volume armazena<strong>do</strong> nos Açu<strong>de</strong>s interanuais da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 76,36 milhões <strong>de</strong> m 3 .<br />

Os principais reservatórios da bacia estão relaciona<strong>do</strong>s no Quadro 28, que<br />

caracteriza estes reservatórios quanto localização (município), capacida<strong>de</strong> máxima,<br />

finalida<strong>de</strong>.<br />

Quadro 28 – Características gerais <strong>do</strong>s reservatórios.<br />

Nome Município Capacida<strong>de</strong><br />

máxima (m³)<br />

Finalida<strong>de</strong><br />

Pão <strong>de</strong> Açúcar Pesqueira 54.696.500 Abastecimento / Irrigação<br />

Pedro Moura Júnior (Belo Jardim) Belo Jardim 30.000.000 Abastecimento<br />

Eng. Severino Guerra (Bituri) Belo Jardim 17.776.470 Abastecimento<br />

Manuíno Bezerros 2.021.000 Abastecimento<br />

Brejão Sairé 1.625.000 Abastecimento<br />

Taquara Caruaru 1.100.000 Abastecimento<br />

Guilherme <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> Caruaru 786.000 Abastecimento<br />

Serra <strong>do</strong>s Cavalos Caruaru 761.000 Abastecimento<br />

Jaime Nejaim Caruaru 600.000 Abastecimento<br />

Antônio Menino Caruaru 538.740 Abastecimento<br />

Fonte: SECTMA (2006).<br />

O conjunto <strong>de</strong> reservatórios da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca tem basicamente a<br />

função <strong>de</strong> abastecimento urbano e principalmente agropecuário. O sistema <strong>de</strong><br />

reservatórios da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca é <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> na Figura 38.<br />

95


Figura 38 – Representação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> reservatórios da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

O <strong>de</strong>talhamento das características, finalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso e potencial da regularização<br />

<strong>de</strong> vazões <strong>de</strong>sses reservatórios, bem como sua contribuição e importância no<br />

abastecimento <strong>de</strong> água será apresenta<strong>do</strong> em seguida.<br />

É importante salientar que os reservatórios toma<strong>do</strong>s para o estu<strong>do</strong>, possuem<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação maior <strong>do</strong> que 10 milhões <strong>de</strong> m³ e po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>,<br />

teoricamente, exercer uma eventual regularização plurianual <strong>de</strong> vazões.<br />

4.2.1 Reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar<br />

Projeta<strong>do</strong><br />

Proposto<br />

Localiza<strong>do</strong> no município pernambucano <strong>de</strong> Pesqueira, o reservatório tem<br />

capacida<strong>de</strong> para armazenar 41.140.000m³ <strong>de</strong> água e <strong>de</strong>stina-se ao abastecimento<br />

das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pesqueira e Sanharó, além <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> irrigação e<br />

pesca.<br />

O reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar, construí<strong>do</strong> como regula<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong><br />

perenização <strong>do</strong> rio com barragens sucessivas, teve sua finalida<strong>de</strong> original<br />

modificada, passan<strong>do</strong> a ser utilizada como manancial para o abastecimento público.<br />

A bacia hidrográfica, <strong>de</strong>limitada a partir <strong>do</strong> barramento, tem área em torno <strong>de</strong><br />

403,50km², situada em uma região com índices pluviométricos em torno <strong>de</strong> 800mm<br />

anuais. O coeficiente <strong>de</strong> escoamento é <strong>de</strong> 3,9% e o <strong>de</strong>flúvio médio anual <strong>de</strong> 30mm.<br />

O reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar possui uma gran<strong>de</strong> retirada <strong>de</strong> água, já que a vazão<br />

<strong>de</strong> efluência é <strong>de</strong> 2,83m 3 /s caracterizan<strong>do</strong> uma vazão <strong>de</strong> saída relativamente alta<br />

para a região.<br />

No Quadro 29 abaixo, são apresentadas as principais características técnicas <strong>do</strong><br />

reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar.<br />

96


Quadro 29 – Características técnicas <strong>do</strong> reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar.<br />

Reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar<br />

Área da bacia hidrográfica 438km 2<br />

Volume total <strong>do</strong> reservatório 55,00 x 10 6 m 3<br />

Volume útil 54,70 x 10 6 m 3<br />

Vazão afluente média (100%) 433,10L/s<br />

Evaporação média 56,80L/s<br />

Vertimento médio 134,30L/s<br />

Vazões regularizadas: ---com<br />

100% <strong>de</strong> garantia 233,00L/s<br />

com 90% <strong>de</strong> garantia 270,50L/s<br />

com 80% <strong>de</strong> garantia 288,30L/s<br />

Volume anual médio (90%) 8,53 x 10 6 m 3<br />

Cota <strong>do</strong> coroamento 741m<br />

Extensão <strong>do</strong> coroamento 640m<br />

Cota <strong>do</strong> sangra<strong>do</strong>uro 736m<br />

Extensão <strong>do</strong> sangra<strong>do</strong>uro 175m<br />

Cota da tomada d’água 710m<br />

Diâmetro da tomada d’água<br />

Fonte: PERH, 1998; COMPESA.<br />

-----<br />

4.2.2 Reservatório Pedro Moura Júnior (Belo Jardim)<br />

Este reservatório encontra-se no rio Ipojuca, localiza<strong>do</strong> a cerca <strong>de</strong> 4km a Su<strong>de</strong>ste da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Jardim. Esse local permite que o reservatório receba afluxos <strong>do</strong><br />

riacho Liberal – afluente <strong>do</strong> rio Ipojuca pela margem direita.<br />

A bacia hidrográfica, <strong>de</strong>limitada a partir da seção <strong>de</strong> barramento, possui área total <strong>de</strong><br />

aproximadamente 1.317,16km², entretanto, <strong>de</strong>sse total, apenas 913,66km²<br />

configuram-se em área não controlada, pois a montante <strong>do</strong> reservatório Belo Jardim<br />

localiza-se o reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar.<br />

A capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> armazenamento <strong>do</strong> reservatório Belo Jardim é <strong>de</strong><br />

22,06hm³, o que correspon<strong>de</strong> a uma área hidráulica <strong>de</strong> aproximadamente 320ha.<br />

Sua principal finalida<strong>de</strong> é o abastecimento urbano <strong>do</strong> sistema adutor Bituri, que<br />

supre várias cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Agreste.<br />

A pluviometria média na bacia hidrográfica está a cerca <strong>de</strong> 650mm, sen<strong>do</strong> os meses<br />

<strong>de</strong> março e abril responsáveis por cerca <strong>de</strong> 38% <strong>do</strong> total médio anual. Seu<br />

coeficiente <strong>de</strong> escoamento é <strong>de</strong> 3,1% e o <strong>de</strong>flúvio médio anual <strong>de</strong> 20mm.<br />

No Quadro 30 abaixo, são apresentadas as principais características técnicas <strong>do</strong><br />

reservatório Belo Jardim.<br />

97


Quadro 30 – Características técnicas <strong>do</strong> reservatório Belo Jardim.<br />

Reservatório Belo Jardim<br />

Área da bacia hidrográfica 1250km 2<br />

Volume total <strong>do</strong> reservatório 31,00 x 10 6 m 3<br />

Vertimento médio 134,30L/s<br />

Cota <strong>de</strong> coroamento 602m<br />

Extensão <strong>do</strong> coroamento 347m<br />

Cota <strong>do</strong> sangra<strong>do</strong>uro 599m<br />

Extensão <strong>do</strong> sangra<strong>do</strong>uro<br />

Fonte: PERH, 1998; COMPESA.<br />

170m<br />

4.2.3 Reservatório Eng. Severino Guerra (Bituri)<br />

O reservatório Eng. Severino Guerra (Bituri) está localiza<strong>do</strong> no município <strong>de</strong> Belo<br />

Jardim, agreste Setentrional <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>. Foi construí<strong>do</strong> no início da década <strong>de</strong><br />

60, pelo DNOCS - Departamento Nacional <strong>de</strong> Obras Contra a Seca, sen<strong>do</strong> projeta<strong>do</strong><br />

para aten<strong>de</strong>r apenas ao abastecimento <strong>de</strong> água <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Belo Jardim. O<br />

reservatório cujo nome oficial é Eng. Severino Guerra, está inseri<strong>do</strong> na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. Os rios Bituri, Tabocas e Taboquinhas, além <strong>de</strong><br />

pequenos riachos, contribuem para alimentar o volume <strong>de</strong> água armazenada no<br />

reservatório.<br />

A bacia hidrográfica, <strong>de</strong>limitada a partir da seção <strong>de</strong> barramento, possui uma área<br />

total <strong>de</strong> aproximadamente 68,57km², em uma região com índices pluviométricos em<br />

torno <strong>de</strong> 600mm.<br />

O reservatório tem capacida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> 17 milhões <strong>de</strong> metros<br />

cúbicos, porém está com sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento reduzida em 20%,<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao assoreamento da sua bacia hidráulica. Com o passar <strong>do</strong> tempo o<br />

reservatório Bituri tornou-se responsável pelo abastecimento público <strong>de</strong> água <strong>de</strong><br />

mais 6 (seis) municípios através <strong>do</strong> sistema adutor Bituri. Além <strong>de</strong> Belo Jardim, são<br />

atendi<strong>do</strong>s pelo sistema <strong>de</strong> abastecimento os municípios <strong>de</strong>: Laje<strong>do</strong>, Cachoeirinha,<br />

Pesqueira, Sanharó, São Bento <strong>do</strong> Una e Tacaimbó; também passou a aten<strong>de</strong>r à<br />

<strong>de</strong>manda <strong>do</strong> parque industrial da região com indústrias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> e médio porte.<br />

Esse acréscimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda foi feito sem ter havi<strong>do</strong> nenhum aumento da sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação. São beneficia<strong>do</strong>s com suas águas cerca <strong>de</strong> 400.000<br />

habitantes, entre eles 810 famílias que vivem da ativida<strong>de</strong> agropecuária.<br />

As terras, às margens <strong>do</strong> reservatório, estão sen<strong>do</strong> irrigadas com captação direta <strong>do</strong><br />

reservatório, para culturas <strong>de</strong> ciclo curto <strong>de</strong> tomate, couve, repolho, hortaliças em<br />

geral, bananeiras e outras fruteiras. O inconveniente <strong>de</strong>sta prática é o retorno para o<br />

reservatório das águas já utilizadas na agricultura, carrean<strong>do</strong> adubos químicos ou<br />

agrotóxicos. Além disso, existe também a jusante <strong>do</strong> barramento, a ocorrência <strong>de</strong><br />

áreas irrigadas intensivamente.<br />

As encostas das serras estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>smatadas para dar lugar à agricultura<br />

irrigada, trazen<strong>do</strong> problemas erosão, carreamento <strong>do</strong>s solos e assoreamento <strong>do</strong><br />

reservatório.<br />

As águas <strong>do</strong> rio ao se aproximarem da cida<strong>de</strong>, ainda com aspecto límpi<strong>do</strong>, começam<br />

a receber lixo, esgotos, chorumes <strong>de</strong> criatórios e efluentes diversos, alcançan<strong>do</strong> a<br />

ponte Nova já com uma condição sanitária <strong>de</strong>plorável.<br />

98


No Quadro 31 abaixo, são apresentadas as principais características técnicas <strong>do</strong><br />

reservatório Eng. Severino Guerra (Bituri).<br />

Quadro 31 – Características técnicas <strong>do</strong> reservatório Bituri.<br />

Reservatório Eng. Severino Guerra (Bituri)<br />

Área da bacia hidrográfica 69km 2<br />

Volume total <strong>do</strong> reservatório 15,60 x 10 6 m 3<br />

Volume útil 15,60 x 10 6 m 3<br />

Vazão afluente média (100%) 166,00L/s<br />

Evaporação média 68,50L/s<br />

Vertimento médio 37,00L/s<br />

Vazões regularizadas: ----<br />

Com 100% <strong>de</strong> garantia 61,00L/s<br />

Com 90% <strong>de</strong> garantia 85,40L/s<br />

Com 80% <strong>de</strong> garantia 104,40L/s<br />

Volume anual médio (90%) 2,69 x 10 6 m 3<br />

Cota <strong>de</strong> coroamento 98,7m<br />

Extensão <strong>do</strong> coroamento 354m<br />

Cota <strong>do</strong> sangra<strong>do</strong>uro 95,20m<br />

Extensão <strong>do</strong> sangra<strong>do</strong>uro 68m<br />

Cota da tomada d’água 81,20m<br />

Diâmetro da tomada d’água<br />

Fonte: PERH, 1998; COMPESA.<br />

400m<br />

4.3 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS<br />

Os estu<strong>do</strong>s hidrogeológicos e hidroquímicos foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s a partir da<br />

bibliografia existente sen<strong>do</strong>, todavia, atualiza<strong>do</strong>s no que se refere às<br />

disponibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água subterrânea e qualida<strong>de</strong> da água, com a inserção <strong>do</strong>s<br />

novos poços perfura<strong>do</strong>s, que aumentaram consi<strong>de</strong>ravelmente o total das<br />

disponibilida<strong>de</strong>s calculadas durante os estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Plano Diretor da Bacia <strong>do</strong> Rio<br />

Beberibe e Plano Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

O cadastro <strong>de</strong> poços utiliza<strong>do</strong> foi o <strong>do</strong> IPA (ANEXO 8) que mantém da<strong>do</strong>s mais<br />

atualiza<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong> nos poços <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Na década atual até 2005,<br />

em to<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> foram cadastra<strong>do</strong>s 2.088 por aquela entida<strong>de</strong> o que bem<br />

<strong>de</strong>monstra sua eficaz atuação. Embora esse cadastro seja o que apresente um<br />

maior número <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar no que se refere a informações sobre o uso<br />

da água.<br />

A caracterização <strong>do</strong>s poços assim como a avaliação das reservas, potencialida<strong>de</strong>s,<br />

disponibilida<strong>de</strong>s e recursos explotáveis serão efetuadas por Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Análise –<br />

UA, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Plano Diretor <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>do</strong> Rio Ipojuca.<br />

A bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca é relativamente pobre em recursos hídricos<br />

subterrâneos, <strong>de</strong> vez que inexistem <strong>de</strong>pósitos sedimentares em forma <strong>de</strong> bacias que<br />

possam armazenar gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> água, como ocorre, por exemplo, na Região<br />

Metropolitana (norte) <strong>do</strong> Recife, na bacia <strong>do</strong> Jatobá (<strong>de</strong> Ibimirim a Petrolândia) e em<br />

outras áreas no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

A água subterrânea nessa bacia hidrográfica ocorre principalmente em <strong>do</strong>is meios<br />

<strong>de</strong> características hidrogeológicas totalmente distintas: o meio fissural, representa<strong>do</strong><br />

99


pelas rochas cristalinas, que apresentam uma gran<strong>de</strong> distribuição geográfica<br />

(praticamente toda a bacia), embora possua péssimas condições <strong>de</strong> armazenamento<br />

d’água, e o meio aluvial, ao longo das calhas fluviais, que apesar <strong>de</strong> possuir boas<br />

porosida<strong>de</strong> e permeabilida<strong>de</strong>, é constituí<strong>do</strong> por <strong>de</strong>pósitos limita<strong>do</strong>s, tanto em área<br />

superficial como em profundida<strong>de</strong>. Ocorre também, <strong>de</strong> forma restrita o aquífero<br />

intersticial, no limite leste da bacia.<br />

O maciço rochoso (cristalino) po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como um meio aquífero, se ele<br />

possui fraturas ou fissuras que possibilitem uma acumulação <strong>de</strong> água na<br />

subsuperfície; nesse caso, tem-se o aquífero fissural, em contraposição ao aquífero<br />

intersticial no meio poroso, <strong>do</strong> qual o aquífero aluvial constitui um caso particular.<br />

4.3.1 O aquífero fissural<br />

As rochas duras fraturadas se comportam, hidrogeologicamente, em função das<br />

suas características físicas, como coesão, ângulo <strong>de</strong> atrito, módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> e<br />

energia <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação. Assim, em função <strong>de</strong>ssas características, numa rocha que<br />

possui maior módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>, ou seja, as mais resistentes, as tensões <strong>de</strong><br />

tração, geradas pelo esforço compressivo, são maiores, proporcionan<strong>do</strong> fraturas<br />

mais abertas; enquanto isso, a energia <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, que é função inversa <strong>do</strong><br />

módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>, atua <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> inverso, ou seja, a frequência <strong>de</strong> planos <strong>de</strong><br />

fratura será maior nas rochas menos resistentes <strong>do</strong> que nas rochas mais resistentes.<br />

Na região em estu<strong>do</strong>, pre<strong>do</strong>minam as rochas <strong>de</strong> maior resistência à <strong>de</strong>formação<br />

ruptural, representada por granitos e migmatitos. Nelas ocorrem, portanto, fraturas<br />

mais abertas, porém com menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planos. Nessas rochas a<br />

permeabilida<strong>de</strong> fissural é maior porém a transmissivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> meio é menor; o que<br />

não ocorre em rochas xistosas, on<strong>de</strong> a permeabilida<strong>de</strong> fissural é menor porém a<br />

transmissivida<strong>de</strong> é maior. Em outras palavras, nas rochas mais resistentes, por<br />

possuírem fraturas mais abertas, o fluxo é maior porém o volume <strong>de</strong> água por<br />

unida<strong>de</strong> cúbica <strong>do</strong> meio é menor, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à baixa intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fraturas; nas rochas<br />

menos resistentes a percolação é lenta, embora possam ter maior volume <strong>de</strong> água<br />

armazenada.<br />

Esta é a razão pela qual, em geral, os poços perfura<strong>do</strong>s nas rochas mais resistentes,<br />

tipo migmatito, possuem menor vazão <strong>do</strong> que as rochas xistosas, porém a qualida<strong>de</strong><br />

da água é melhor naquelas <strong>do</strong> que nestas.<br />

A alimentação ou recarga <strong>do</strong> aquífero fissural, embora possa ocorrer ao longo <strong>de</strong><br />

toda a superfície <strong>do</strong> terreno on<strong>de</strong> as rochas apresentam fraturas aflorantes, sua<br />

maior afluência verifica-se nos vales fluviais, principalmente nos trechos em que a<br />

drenagem superficial coinci<strong>de</strong> com as direções <strong>de</strong> fraturas, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> na<br />

hidrogeologia <strong>de</strong> “riacho-fenda”.<br />

A locação <strong>de</strong> um poço, quan<strong>do</strong> tecnicamente loca<strong>do</strong>, procura justamente encontrar<br />

essas situações, em que existam fraturas abertas nas rochas e estas estejam<br />

alinhadas com trechos <strong>de</strong> rios ou riachos que propiciam a sua alimentação hídrica.<br />

A circulação no aquífero fissural é pre<strong>do</strong>minantemente segun<strong>do</strong> a vertical, haven<strong>do</strong><br />

pouca circulação no senti<strong>do</strong> horizontal, como ocorre no meio poroso. As suas<br />

velocida<strong>de</strong>s são baixas e ten<strong>de</strong>m a diminuir com a profundida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> em vista que<br />

as fraturas na crosta são mais abertas próximo à superfície, fechan<strong>do</strong>-se em<br />

100


profundida<strong>de</strong>.<br />

Na região Nor<strong>de</strong>ste, esse limite <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> fraturas é relativamente baixo, se<br />

compara<strong>do</strong> com as regiões no sul <strong>do</strong> país. O condicionamento geo-estrutural <strong>do</strong><br />

embasamento cristalino, na região Nor<strong>de</strong>ste, não apresenta condições <strong>de</strong><br />

armazenamento d’água a partir <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>s superiores a 60m (em média). Os<br />

estu<strong>do</strong>s já realiza<strong>do</strong>s e a própria experiência com a perfuração <strong>de</strong> poços têm<br />

mostra<strong>do</strong> que, a partir <strong>de</strong> 50m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, as chances <strong>de</strong> se obter água em<br />

fraturas são da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> apenas 5%.<br />

Alem <strong>de</strong> se tornar mais difícil a obtenção <strong>de</strong> água a partir <strong>de</strong> maiores profundida<strong>de</strong>s,<br />

a qualida<strong>de</strong> da água em teor salino é bem pior, ten<strong>do</strong> em vista a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

renovação <strong>de</strong>ssas águas profundas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à precária circulação nas fraturas semifechadas.<br />

O exutório <strong>do</strong> aquífero fissural é, na maior parte, procedi<strong>do</strong> artificialmente, através<br />

<strong>de</strong> poços perfura<strong>do</strong>s, pois a posição da superfície hidrostática em relação às zonas<br />

<strong>de</strong> drenagem superficial e a reduzida percolação horizontal impe<strong>de</strong>m a ressurgência<br />

<strong>de</strong>ssas águas na superfície. Eventualmente, nas bordas <strong>de</strong> altiplanos, ocorrem<br />

ressurgências na forma <strong>de</strong> fontes, em geral drenantes apenas durante alguns<br />

meses, após o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> chuvas, situação não encontrada na bacia hidrográfica <strong>do</strong><br />

rio Ipojuca.<br />

4.3.2 O aquífero aluvial<br />

A análise que será procedida para esse aquífero tomará por base o estu<strong>do</strong><br />

hidrogeológico executa<strong>do</strong> na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca pela COTEC em l984,<br />

para a SUDESA/SAG, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o alto e médio cursos <strong>do</strong> rio, até o município<br />

<strong>de</strong> Gravatá, o que correspon<strong>de</strong> a cerca <strong>de</strong> 75% da área representada pelo estu<strong>do</strong><br />

atual.<br />

Um <strong>de</strong>pósito aluvial tem por características hidrogeológicas a heterogeneida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>corrente das interdigitações lenticulares <strong>de</strong> distintas composições<br />

granulométricas; a anisotropia, que resulta da variação <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> das<br />

frações pelíticas e psamíticas <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito e a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>, proporcionada pela<br />

interrupção ou forte limitação <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito em vários trechos <strong>do</strong> rio, <strong>de</strong>corrente da<br />

ondulação <strong>do</strong> substrato rochoso e <strong>de</strong> processos erosivos.<br />

Assim, o aquífero aluvial é bastante irregular, pela própria geometria, on<strong>de</strong> as três<br />

dimensões são completamente <strong>de</strong>sproporcionais, sen<strong>do</strong> o comprimento (extensão)<br />

muito maior que a largura e esta, por sua vez, bem superior à espessura, ou<br />

seja: C>L>E. Numa situação normal, po<strong>de</strong>-se traduzir, por exemplo, a extensão <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>pósito na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> centenas a milhares <strong>de</strong> metros, a largura <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>pósito na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas a centenas <strong>de</strong> metros e a espessura na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

alguns metros.<br />

Na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, foram estuda<strong>do</strong>s pela COTEC os <strong>de</strong>pósitos<br />

aluviais em 8 (oito) locais distintos ao longo <strong>do</strong> vale, nos pontos seguintes: Cacimba<br />

Velha, Sitio Cal<strong>de</strong>irão, Sitio da Moça, Cajueiro, Vila Raizes, Fazenda Santa Isabel,<br />

Fazendinha e Bom Jesus. As três primeiras situam-se no trecho a montante <strong>de</strong><br />

Sanharó, até o município <strong>de</strong> Poção; a quarta fica no rio Liberal, principal afluente <strong>do</strong><br />

Ipojuca pela margem direita; a quinta situa-se próximo a Belo Jardim; a sexta<br />

101


próximo a São Caetano; a sétima localiza-se nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Bezerros e a<br />

última entre Bezerros e Gravatá.<br />

Nessas oito localida<strong>de</strong>s, foram efetuadas 75 sondagens dispostas em seções<br />

transversais e longitudinais ao rio, executa<strong>do</strong> um ensaio <strong>de</strong> bombeamento em poço<br />

tubular perfura<strong>do</strong> para esse fim e coletadas águas para posterior realização <strong>de</strong><br />

análises físico-químicas.<br />

Do resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong> po<strong>de</strong>m ser apresenta<strong>do</strong>s, em resumo, os seguintes<br />

elementos:<br />

a) Os <strong>de</strong>pósitos aluviais, incluin<strong>do</strong> os sedimentos da calha atual e os terraços,<br />

<strong>de</strong>senvolvem-se em alguns locais com consi<strong>de</strong>ráveis larguras, chegan<strong>do</strong> a<br />

ultrapassar os 500m, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser consi<strong>de</strong>rada a média representativa como 200m,<br />

obtida através <strong>do</strong> mapeamento da área aluvial total <strong>de</strong> 60 km², numa extensão <strong>de</strong><br />

300 km;<br />

b) esses <strong>de</strong>pósitos apresentam-se ora sob a forma <strong>de</strong> terraços integra<strong>do</strong>s à calha,<br />

ora como terraços suspensos; no primeiro caso, além <strong>de</strong> se prestarem a cultura,<br />

po<strong>de</strong>m captar o nível <strong>do</strong> “un<strong>de</strong>rflow” subjacente, enquanto no segun<strong>do</strong> são, em<br />

geral, <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> águas subterrâneas;<br />

c) as espessuras po<strong>de</strong>m alcançar eventualmente mais <strong>de</strong> 5,0m porém, em geral,<br />

possuem menos <strong>de</strong> 3,0m, sen<strong>do</strong> a média representativa <strong>de</strong> 2,5m;<br />

d) os níveis d’água eram, na época <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, já <strong>de</strong>corri<strong>do</strong>s mais <strong>de</strong> quatro meses<br />

<strong>do</strong> final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> chuvoso, relativamente profun<strong>do</strong>s, em média, com 2,0m <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>;<br />

e) as espessuras saturadas, em função <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> observação, foram reduzidas,<br />

com média <strong>de</strong> 1,5m e raramente ultrapassan<strong>do</strong> os 2,0m;<br />

f) a distribuição média das diversas frações granulométricas, nas oito localida<strong>de</strong>s,<br />

acusou os seguintes percentuais:<br />

• Fração argila/silte: 0,75%;<br />

• fração argila síltico-arenosa: 19,20%;<br />

• fração areia síltico-argilosa: 49,40%;<br />

• fração areia/cascalho: 30,60%.<br />

g) não ocorrem variações granulométricas gradativas <strong>de</strong> montante para jusante; as<br />

mudanças <strong>de</strong> percentuais das diversas frações são muito aleatórias, ora<br />

aumentan<strong>do</strong>, ora diminuin<strong>do</strong>; a fração arenosa a conglomerática situa-se, em geral,<br />

na base da sequência, seguida preferencialmente no senti<strong>do</strong> vertical, da fração<br />

arenosa síltico-argilosa; ocorrem, algumas vezes, alternâncias das frações<br />

granulométricas, parecen<strong>do</strong> indicar mudanças faciológicas interdigitadas;<br />

h) a porosida<strong>de</strong> total média <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito arenoso foi admitida como 30%, enquanto a<br />

porosida<strong>de</strong> eficaz calculada, ficou em l9%;<br />

i) os parâmetros hidrodinâmicos <strong>do</strong> aquífero aluvial , obti<strong>do</strong>s no único ensaio <strong>de</strong><br />

102


ombeamento realiza<strong>do</strong> em poço com piezômetro, foram os seguintes:<br />

• transmissivida<strong>de</strong>: T = 2,4.10 -3 m²/s ou 8,6m²/h;<br />

• permeabilida<strong>de</strong>: K = 6.10 -4 m/s ou 2,17m/h;<br />

• armazenamento ou porosida<strong>de</strong> eficaz: S = 0,19 ou 19%.<br />

j) a qualida<strong>de</strong> da água, retida nesses aluviões, é semelhante à das águas<br />

superficiais encontradas nesse mesmo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estiagem sen<strong>do</strong>, na maior parte,<br />

<strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong> para consumo humano; as cinco análises efetuadas em águas<br />

retiradas <strong>de</strong> poços rasos ou escavações no leito aluvial, apresentaram os seguintes<br />

valores <strong>de</strong> resíduo seco, condutivida<strong>de</strong> elétrica, cloretos e sódio (em mg/L)<br />

apresenta<strong>do</strong>s no Quadro 32.<br />

Quadro 32 - Análises efetuadas em águas retiradas <strong>de</strong> poços rasos ou escavações<br />

no leito aluvial.<br />

Local<br />

Cond. Elet.<br />

(μmho/cm)<br />

Res. Seco<br />

(mg/L)<br />

Cloretos (mg/L) Sódio (mg/L)<br />

Faz. Bom Jesus 8.415,00 5.720,00 2.740,00 1.139,00<br />

Riacho Papagaio 10.797,00 6.400,00 3.650,00 1.340,00<br />

Fazenda São João 310,00 220,00 57,00 51,10<br />

Sanharó 1.600,00 1.050,00 462,00 235,00<br />

Riacho Liberal 7.795,00 5.120,00 2.575,00 1.062,00<br />

Média 5.783,40 3.702,00 1.897,20 765,40<br />

Como comentário principal, <strong>de</strong>ve ser lembra<strong>do</strong> que a má qualida<strong>de</strong> apresentada<br />

pelas águas analisadas, em que apenas duas, ou 40% das amostras estudadas,<br />

po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas aceitáveis, não reflete bem o comportamento geral durante<br />

to<strong>do</strong> o ano, em virtu<strong>de</strong> da época - estação seca - em que foram coletadas as<br />

amostras d’água, já submetidas a um contínuo processo <strong>de</strong> evaporação e<br />

concentração salina. No capítulo específico <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água, será melhor<br />

aborda<strong>do</strong> esse problema.<br />

A alimentação ou recarga <strong>do</strong> aquífero aluvial é processada <strong>de</strong> maneira eficaz e<br />

contínua, pois to<strong>do</strong>s os anos chove e o próprio escoamento fluvial se encarrega <strong>de</strong><br />

saturar o <strong>de</strong>pósito aluvial.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> uma área aluvial <strong>de</strong> 80km², ou seja, 25% maior <strong>do</strong> que a área<br />

estudada, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> esse acréscimo ao trecho <strong>de</strong> Gravatá a Ipojuca, uma<br />

precipitação média na bacia da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 700mm, e ainda uma taxa <strong>de</strong> infiltração <strong>de</strong><br />

l5% (valor comumente a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no Nor<strong>de</strong>ste, para <strong>de</strong>pósitos arenosos), ter-se-ia um<br />

volume <strong>de</strong> água infiltrada da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 8,4 milhões <strong>de</strong> metros cúbicos por ano.<br />

A circulação da água no aquífero aluvial processa-se <strong>de</strong> forma relativamente rápida<br />

pois, com uma permeabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2,17m/hora, em apenas 20 dias, a água percorre<br />

1km.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista o gradiente calcula<strong>do</strong> em 1,2m/km, a percolação ao longo <strong>de</strong> uma<br />

seção <strong>de</strong> 200m <strong>de</strong> largura por 2,5m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, com permeabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

18.912m/ano, seria da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 11.347m³/ano.<br />

O exutório <strong>do</strong> aquífero aluvial po<strong>de</strong> ser representa<strong>do</strong> por:<br />

103


• perdas por ressurgência superficial após o perío<strong>do</strong> chuvoso (recessão);<br />

• perdas por percolação subterrânea até o nível <strong>de</strong> drenagem no ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga<br />

(<strong>de</strong>sembocadura <strong>do</strong> rio);<br />

• perdas por evaporação e evapotranspiração;<br />

• retirada artificial por bombeamento em captações manuais ou mesmo para<br />

consumo pelos animais em escavações no leito <strong>do</strong> rio.<br />

O cálculo <strong>de</strong>ssas perdas não é <strong>de</strong> fácil execução, pois envolve o conhecimento <strong>de</strong><br />

variáveis <strong>de</strong>sconhecidas, como a infiltração no embasamento, volumes restituí<strong>do</strong>s,<br />

retiradas artificiais, volumes evapotranspira<strong>do</strong>s, etc.<br />

A perda por evaporação se faz sentir apenas nos primeiros 0,5m a partir da<br />

superfície , o que implicaria num total aproxima<strong>do</strong>, ao longo da bacia, <strong>de</strong>:<br />

Perda = 80.10 6 m² x 0,5 x 0,19 (porosida<strong>de</strong> eficaz) x 0,6 (percentual satura<strong>do</strong>) =<br />

4,56.10 6 m³/ano<br />

As <strong>de</strong>mais formas <strong>de</strong> perdas não po<strong>de</strong>m ser quantificadas ao nível <strong>de</strong> conhecimento<br />

atual.<br />

4.3.3 Avaliação das reservas, potencialida<strong>de</strong>s e disponibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água<br />

subterrânea na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

Neste capítulo foi efetuada uma análise por UA em que foi subdividida a bacia no<br />

seu Plano Diretor.<br />

Na avaliação <strong>do</strong>s parâmetros quantitativos <strong>do</strong>s aquíferos serão a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s os mesmos<br />

critérios utiliza<strong>do</strong>s por COSTA (1998), no Plano estadual <strong>de</strong> recursos hídricos <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, capítulo <strong>do</strong>s mananciais hídricos subterrâneos. Serão a<br />

seguir apresentadas as equações para avaliação <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s parâmetros<br />

quantitativos:<br />

A) Reserva permanente<br />

A1 – aquíferos intersticiais <strong>de</strong> bacias sedimentares<br />

1 para aquíferos livres em que se conhece os parâmetros dimensionais e<br />

hidrodinâmicos a partir <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> bombeamento com piezômetro:<br />

Rp1 = A1 x b x μ (m³) (14)<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

Rp1 - reserva permanente no aquífero intersticial <strong>de</strong> bacia sedimentar (m 3 )<br />

A1 - área <strong>de</strong> ocorrência <strong>do</strong> aquífero (m 2 )<br />

b - espessura saturada <strong>do</strong> aquífero livre ou confina<strong>do</strong> (m)<br />

• porosida<strong>de</strong> eficaz <strong>do</strong> aquífero (adimensional)<br />

• para aquíferos confina<strong>do</strong>s ou semi-confina<strong>do</strong>s, com idêntico nível <strong>de</strong><br />

104


conhecimentos:<br />

Rp1 = (A1 x h x S) + (A1 x b x μ) (m³) (15)<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

Rp1 - reserva permanente no aquífero intersticial <strong>de</strong> bacia sedimentar (m 3 )<br />

h - carga potenciométrica <strong>do</strong> aquífero confina<strong>do</strong> (m)<br />

S - coeficiente <strong>de</strong> armazenamento <strong>do</strong> aquífero confina<strong>do</strong> (adm)<br />

A2 - aquíferos intersticiais aluviais<br />

• conhecen<strong>do</strong>-se os parâmetros dimensionais e hidrodinâmicos <strong>do</strong> aquífero (caso<br />

tenha realiza<strong>do</strong> ensaio <strong>de</strong> bombeamento com piezômetro) recorre-se a mesma<br />

equação (14);<br />

• conhecen<strong>do</strong>-se os parâmetros dimensionais <strong>do</strong> aquífero ( A1 e b), po<strong>de</strong>-se utilizar<br />

a equação (14), a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se para μ o valor <strong>de</strong> 10% (média da porosida<strong>de</strong> eficaz<br />

nesses tipos <strong>de</strong> aquíferos). Assim:<br />

Rp2 = A1 x b x 0,1 (16)<br />

• quan<strong>do</strong> não se conhece o valor <strong>de</strong> b, po<strong>de</strong>-se admitir, como igual a 0,5m, ten<strong>do</strong><br />

em vista que quase toda a água <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito aluvial é percolada ou evaporada.<br />

Assim:<br />

Rp2 = A1 x 05, x 0,1 = A1 x 0,05 (17)<br />

• para estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> bacias hidrográficas, não se conhecen<strong>do</strong> os parâmetros<br />

dimensionais <strong>do</strong> aquífero, a<strong>do</strong>ta-se um percentual <strong>de</strong> 2% da área da bacia<br />

hidrográfica, com espessura saturada média (b) <strong>de</strong> 0,5m e porosida<strong>de</strong> efetiva <strong>de</strong><br />

10%:<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

Rp2 = A2 x 0,02 x 0,5 x 0,1m = A2 x 0,001 (18)<br />

A3 – aquífero fissural<br />

A2 - área da bacia hidrográfica (m 2 )<br />

• em geral não é avaliada, ten<strong>do</strong> em vista a gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> da<br />

zona fraturada, da heterogeneida<strong>de</strong> na distribuição das fraturas e <strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />

conhecimentos existente na atualida<strong>de</strong>; consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se, todavia, a faixa <strong>de</strong><br />

variação sazonal média <strong>de</strong>sse aquífero na região nor<strong>de</strong>ste, em torno <strong>de</strong> 5m e a<br />

profundida<strong>de</strong> média utilizável - da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 50m, admite-se que as reservas<br />

permanentes sejam <strong>de</strong> pelo menos 10(<strong>de</strong>z) vezes as recargas anuais.<br />

105


B) Reserva regula<strong>do</strong>ra<br />

B1 - Aquífero intersticial em bacias sedimentares<br />

• quan<strong>do</strong> se dispõe <strong>de</strong> mapa potenciométrico e se conhece a condutivida<strong>de</strong><br />

hidráulica <strong>do</strong> aquífero, calcula-se a vazão <strong>de</strong> escoamento natural - VEN:<br />

Rr1 = VEN = k x b x l x i (m³/ano) (19)<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

Rr1 - reserva regula<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> aquífero (m 3 /ano)<br />

k - condutivida<strong>de</strong> hidráulica <strong>do</strong> aquífero (m/ano)<br />

b - espessura saturada <strong>do</strong> aquífero (m)<br />

l - largura da frente <strong>de</strong> escoamento (m)<br />

i - gradiente hidráulico medi<strong>do</strong> entre curvas potenciométricas (adimensional)<br />

• a partir da variação da superfície potenciométrica, quan<strong>do</strong> se tem medidas interanuais<br />

da variação <strong>do</strong> nível estático da água nos poços da região:<br />

Rr1 = A3 x Δs x μ (m 3 /ano) (20)<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

A3 - área <strong>de</strong> recarga <strong>do</strong> aquífero (m 2 )<br />

Δs - rebaixamento médio anual da água no poço (m)<br />

• porosida<strong>de</strong> efetiva <strong>do</strong> aquífero, que em camadas arenosas po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada<br />

igual a 0,1 quan<strong>do</strong> não se dispõe <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> bombeamento<br />

• quan<strong>do</strong> se dispõe <strong>de</strong> infiltrômetros instala<strong>do</strong>s na área, calcula-se por:<br />

Rr1 = A4 x h’ (m 3 /ano) (22)<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

A4 - área <strong>do</strong> infiltrômetro (m 2 )<br />

h’ - altura da coluna d’água medida no infiltrômetro (m)<br />

• quan<strong>do</strong> se conhece a taxa <strong>de</strong> infiltração, calcula-se por:<br />

Rr1 = A1 x P x I (m 3 /ano) (22)<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

P - precipitação pluviométrica média anual na área (m/ano)<br />

I - taxa <strong>de</strong> infiltração<br />

106


B2 - Aquífero intersticial aluvial<br />

• conhecen<strong>do</strong>-se os valores <strong>do</strong> escoamento <strong>de</strong> base <strong>do</strong> rio na curva <strong>de</strong> recessão -<br />

hidrograma - a contribuição <strong>de</strong> água subterrânea correspon<strong>de</strong> à reserva regula<strong>do</strong>ra;<br />

• conhecen<strong>do</strong>-se a variação <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> poços rasos no <strong>de</strong>pósito aluvial e da área<br />

aluvial, encontra-se a reserva regula<strong>do</strong>ra pela equação (20), ou seja:<br />

Rr2 = Rr1 (m 3 /ano) (23)<br />

quan<strong>do</strong> não se conhece o valor <strong>de</strong> b em (14), admite-se como igual a 1,0m , com<br />

porosida<strong>de</strong> eficaz <strong>de</strong> 10%, para um aproveitamento <strong>de</strong> 60%, isto é:<br />

Rr2 = A1 x 1,0 x 0,1 x 0,6 = A1 x 0,06 (m 3 /ano) (24)<br />

• para estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> bacias hidrográficas, não se conhecen<strong>do</strong> os parâmetros<br />

dimensionais <strong>do</strong> aquífero, a<strong>do</strong>ta-se um percentual <strong>de</strong> 2% da área da bacia<br />

hidrográfica, com espessura saturada média (b) <strong>de</strong> 1 m e porosida<strong>de</strong> eficaz <strong>de</strong> 10%,<br />

com aproveitamento <strong>de</strong> 60%, isto é:<br />

B3 - Aquífero fissural<br />

Rr2 = A2 x 0,02 x 0,1 x 0,6 = A2 x 0,012 (m 3 /ano) (25)<br />

• admitin<strong>do</strong>-se uma taxa <strong>de</strong> infiltração mínima <strong>de</strong> 0,15% da precipitação, calcula-se<br />

a reserva regula<strong>do</strong>ra pelo produto <strong>de</strong>ssa lâmina d’água infiltrada pela área da bacia<br />

hidrográfica; essa taxa é compatível com as avaliações realizadas pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

“balanço <strong>de</strong> cloretos” na região <strong>do</strong> Pajeu (valor calcula<strong>do</strong> <strong>de</strong> 0,12%).<br />

Rr3 = P x 0,0015 x A2 (m 3 /ano) (26)<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

P - precipitação pluviométrica média anual na área (m/ano)<br />

C) - Potencialida<strong>de</strong><br />

C1 - Aquífero intersticial em bacia sedimentar<br />

• a potencialida<strong>de</strong> representa o somatório das reservas regula<strong>do</strong>ras com a parcela<br />

das reservas permanentes que po<strong>de</strong> vir a ser explotada;<br />

• apesar <strong>de</strong> o limite <strong>de</strong> explotação convencionalmente a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> ser <strong>de</strong> 30% da<br />

reserva permanente em 50 anos, foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> neste trabalho o percentual <strong>de</strong> 10%<br />

<strong>de</strong>ssas reservas no mesmo perío<strong>do</strong>, como margem <strong>de</strong> segurança, o que equivale a<br />

0,2% ao ano, durante 50 anos consecutivos. Assim, vem;<br />

Po1 = (Rp1 x 0,002) + Rr1 (m 3 /ano) (27)<br />

C2 - Aquífero intersticial aluvial<br />

• no Projeto ARIDAS/PE, foi a<strong>do</strong>tada como potencialida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>pósitos recentes<br />

eluvio-colúvio-aluvionar, área aluvial , com média <strong>de</strong> 2m <strong>de</strong> espessura, 8% <strong>de</strong> índice<br />

<strong>de</strong> vazios e aproveitamento <strong>de</strong> 60% <strong>do</strong> volume armazena<strong>do</strong>; no âmbito <strong>de</strong>ste<br />

trabalho, os valores médios para a espessura e índice <strong>de</strong> vazios (porosida<strong>de</strong> efetiva)<br />

107


foram modifica<strong>do</strong>s para 1,5m e 10% respectivamente, para melhor se adaptarem<br />

aos parâmetros médios <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s em trabalhos regionais e locais.<br />

Po2 = A1 x 0,02 x 1,5 x 0,1 x 0,6 =<br />

Po2 = A1 x 0,09 (m 3 /ano) (28)<br />

• quan<strong>do</strong> não se conhecer A1, será admiti<strong>do</strong>, como no Projeto ARIDAS/PE, o<br />

percentual <strong>de</strong> 2% da área da bacia hidrográfica, e a potencialida<strong>de</strong> será calculada<br />

por:<br />

C3 - Aquífero fissural<br />

Po2 = A2 x 0,02 x 1,5 x 0,1 x 0,6 = A2 x 0,0018 (29)<br />

• na ausência <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s confiáveis sobre as reservas permanentes nesse tipo <strong>de</strong><br />

aquífero a potencialida<strong>de</strong> será consi<strong>de</strong>rada como a reserva regula<strong>do</strong>ra acrescida <strong>de</strong><br />

15%; esse percentual equivale aos 0,2% ao ano da reserva permanente,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que Rp ≥ 10.Rr.<br />

Po3 = Rr3 x 1,15 (m 3 /ano) (30)<br />

Disponibilida<strong>de</strong> instalada<br />

• para to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> aquífero, nos poços ou <strong>de</strong>mais obras <strong>de</strong> captação em que<br />

foram realiza<strong>do</strong>s testes <strong>de</strong> vazão, consi<strong>de</strong>ra-se a disponibilida<strong>de</strong> instalada <strong>do</strong><br />

aquífero ou sistema aquífero, o número total <strong>de</strong> captações multiplicadas pelas<br />

respectivas vazões horárias e pelo número <strong>de</strong> horas durante o ano (8.760) ; para<br />

facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cálculos, consi<strong>de</strong>ra-se a vazão média horária <strong>do</strong>s poços; Assim:<br />

Dai = n x Qm x 8.760 (m 3 /ano) (31)<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

n - número <strong>de</strong> poços ou outras captações existentes no aquífero (adimensional)<br />

E) Disponibilida<strong>de</strong> efetiva<br />

Qm - vazão média horária (m 3 /h)<br />

• a disponibilida<strong>de</strong> efetiva é geralmente inferior à disponibilida<strong>de</strong> instalada, pois, em<br />

geral, sobretu<strong>do</strong> em obras privadas, as vazões captadas são inferiores à vazão<br />

ótima e o regime <strong>de</strong> bombeamento, dificilmente ultrapassa 8h/24h, sen<strong>do</strong> até mesmo<br />

comum, o uso em dias <strong>de</strong>scontínuos; além <strong>do</strong> mais, muitos <strong>do</strong>s poços existentes se<br />

acham <strong>de</strong>sativa<strong>do</strong>s ou aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s;<br />

• na inexistência <strong>de</strong>sses da<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>-se a<strong>do</strong>tar a mesma vazão <strong>do</strong> teste <strong>do</strong> poço e<br />

um regime <strong>de</strong> explotação <strong>de</strong> 8/24 horas para poços no aquífero intersticial em bacias<br />

sedimentares e <strong>de</strong> 4/24 horas para poços em aquífero intersticial aluvial ou em<br />

aquífero fissural; eventualmente o regime <strong>de</strong> bombeamento atinge a 20/24 horas,<br />

principalmente nos casos <strong>de</strong> poços para abastecimento público;<br />

E1 – aquífero intersticial em bacias sedimentares<br />

108


E2 – aquífero aluvial<br />

E3 – aquífero fissural<br />

De1 = n x Qm x 2.920 (32)<br />

De2 = n x Qm x 1.460 (33)<br />

De3 = n x Qm x 1.460 (34)<br />

4.3.4 Consi<strong>de</strong>rações sobre as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Análise<br />

UA1<br />

A) Reserva permanente<br />

A UA1 é a maior unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise da bacia, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao seu alto curso,<br />

com uma área total <strong>de</strong> 1.495,12km 2 e incluin<strong>do</strong> parcialmente áreas <strong>de</strong> 10 municípios.<br />

Nessa área não ocorre nenhuma bacia sedimentar, fican<strong>do</strong> restrito geologicamente<br />

aos aquíferos fissural e aluvial.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que, para o aquífero fissural não se avalia as reservas permanentes<br />

como já cita<strong>do</strong> na meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong>ssas reservas, será aqui apenas<br />

avaliada a reserva permanente <strong>do</strong> aquifero aluvial, através da equação (18), ou seja:<br />

Rp2 = A2 x 0,001, sen<strong>do</strong> Rp2 a reserva total e A2 a área total da bacia, no caso, da<br />

UA1. Substituin<strong>do</strong> os valores, vem:<br />

Rp2 = 1.495,12 x 10 6 x 0,001 = 1,5 x 10 6 m 3<br />

B) Reserva regula<strong>do</strong>ra<br />

B1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise esse tipo <strong>de</strong> aquífero<br />

B2) Aquífero aluvial<br />

Para avaliação <strong>de</strong>ssa reserva utiliza-se a equação (25) em que:<br />

Rr2 = A2 x 0,012. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a área <strong>de</strong> 1.495,12km 2 , vem:<br />

Rr2 = 1.495,12 x 0,0012 = 1,79 x 10 6 m 3 /ano<br />

B3) Aquífero fissural<br />

Para o aquífero fissural emprega-se a equação (26),<br />

Rr3 = P x 0,0015 x A2,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> uma precipitação (P) média na área <strong>de</strong> 700mm/ano. Assim, vem:<br />

Rr3 = 0,7 x 0,0015 x 1.495,12 x 10 6 = 1,57 x 10 6 m 3 /ano<br />

109


C) Potencialida<strong>de</strong><br />

C1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

C2) Aquífero aluvial<br />

Emprega-se a equação (29): Po2 = A2 x 0,0018, para a área total <strong>de</strong> 1.495,12km 2 ,<br />

resultan<strong>do</strong> em:<br />

Po2 = 1.495,12 x 10 6 x 0,0018 = 2,69 x 10 6 m 3 /ano<br />

C3) Aquífero fissural<br />

Empregan<strong>do</strong> a equação (30):<br />

Po3 = Rr3 x 1,15, vem:<br />

Po3 = 1,57 x 10 6 x 1,15 = 1,81 x 10 6 m 3 /ano<br />

D) Disponibilida<strong>de</strong> instalada<br />

D1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

D2) Aquífero aluvial<br />

Emprega-se a equação (31) :<br />

Di = n x Qm x 8.760,<br />

para um total <strong>de</strong> 9 poços amazonas, com uma vazão média <strong>de</strong> 2,58m 3 /h, resultan<strong>do</strong><br />

em:<br />

Di2 = 9 x 2,58 x 8.760 = 0,203 x 10 6 m 3 /ano<br />

D3) Aquífero fissural<br />

Para avaliação da disponibilida<strong>de</strong> instalada serão consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s apenas os poços<br />

que possuem vazão <strong>de</strong>clarada superior a 0,2m 3 /h, que correspon<strong>de</strong> a apenas 162<br />

<strong>do</strong>s 246 poços cadastra<strong>do</strong>s com da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vazão.<br />

Empregan<strong>do</strong> a equação (34) para um total <strong>de</strong> 162 poços com vazão média <strong>de</strong><br />

1,66m 3 /h, vem:<br />

E) Disponibilida<strong>de</strong> efetiva<br />

E1) Aquífero intersticial<br />

Di3 = 162 x 1,66 x 8.760 = 2,36 x 10 6 m 3 /ano<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

E2) Aquífero aluvial<br />

110


Emprega-se a equação (33): De2 = n x Qm x 1.460, para um total <strong>de</strong> 9 poços<br />

amazonas, com uma vazão média <strong>de</strong> 2,53m 3 /h, resultan<strong>do</strong> em:<br />

E3) Aquífero fissural<br />

Di2 = 9 x 2,58 x 1.460 = 0,034 x 10 6 m 3 /ano<br />

Empregan<strong>do</strong> a mesma equação (34): De3 = n x Qm x 1.460 para um total <strong>de</strong> 162<br />

poços com vazão média <strong>de</strong> 1,66m 3 /h , vem:<br />

UA2<br />

A) Reserva permanente<br />

Di3 = 162 x 1,66 x 1.460 = 0,39 x 10 6 m 3 /ano<br />

A UA2 possui a segunda maior área, com 752,67km 2 , com seis municípios em suas<br />

áreas parciais e, igualmente a anterior, é representada totalmente por rochas<br />

cristalinas, sen<strong>do</strong>, portanto a sua representação hidrogeológica restrita aos<br />

aquíferos fissural e aluvial.<br />

Igualmente aqui, será avaliada apenas a reserva permanente <strong>do</strong> aquífero aluvial ,<br />

através da mesma equação (18), como se segue:<br />

Rp2 = 752,67 x 10 6 x 0,001 = 0,75 x 10 6 m 3<br />

B) Reserva regula<strong>do</strong>ra<br />

B1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise esse tipo <strong>de</strong> aquífero<br />

B2) Aquífero aluvial<br />

Para avaliação <strong>de</strong>ssa reserva utiliza-se a equação (25) em que:<br />

Rr2 = A2 x 0,012. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a área <strong>de</strong> 752,67km 2 , vem:<br />

Rr2 = 752,67 x 0,0012 = 0,90 x 10 6 m 3 /ano<br />

B3) Aquífero fissural<br />

Para o aquífero fissural emprega-se a equação (26),<br />

Rr3 = P x 0,0015 x A2,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> uma precipitação (P) média na área <strong>de</strong> 500mm/ano. Assim, vem:<br />

Rr3 = 0,5 x 0,0015 x 752,67 x 10 6 = 0,56 x 10 6 m 3 /ano<br />

C) Potencialida<strong>de</strong><br />

C1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

C2) aquífero aluvial<br />

111


Emprega-se a equação (29):<br />

Po2 = A2 x 0,0018,<br />

para a área total <strong>de</strong> 752,67km 2 , resultan<strong>do</strong> em:<br />

Po2 = 752,67 x 10 6 x 0,0018 = 1,35 x 10 6 m 3 /ano<br />

C3) Aquífero fissural<br />

Empregan<strong>do</strong> a equação (30):<br />

Po3 = Rr3 x 1,15, vem:<br />

Po3 = 0,56 x 10 6 x 1,15 = 0,64 x 10 6 m 3 /ano<br />

D) Disponibilida<strong>de</strong> instalada<br />

D1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

D2) Aquífero aluvial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

D3) Aquífero fissural<br />

Para avaliação da disponibilida<strong>de</strong> instalada serão consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s apenas os poços<br />

que possuem vazão <strong>de</strong>clarada superior a 0,2m 3 /h, que correspon<strong>de</strong> a apenas 65 <strong>do</strong>s<br />

120 poços cadastra<strong>do</strong>s com da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vazão.<br />

Empregan<strong>do</strong> a mesma equação (31) para um total <strong>de</strong> 65 poços com vazão média <strong>de</strong><br />

1,43m 3 /h, vem:<br />

Di3 = 65 x 1,43 x 8.760 = 0,81 x 10 6 m 3 /ano<br />

E) Disponibilida<strong>de</strong> efetiva<br />

E1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

E2) Aquífero aluvial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

E3) Aquífero fissural<br />

Empregan<strong>do</strong> a mesma equação (34):<br />

De3 = n x Qm x 1.460<br />

para um total <strong>de</strong> 65 poços com vazão média <strong>de</strong> 1,43m 3 /h , vem:<br />

Di3 = 65 x 1,43 x 1.460 = 0,14 x 10 6 m 3 /ano<br />

112


UA3<br />

A) Reserva permanente<br />

A UA3, que abrange parcialmente sete municípios, possui a menor área, com<br />

apenas 573,10 km 2 e, da mesma forma que as duas anteriores, não possui nenhuma<br />

bacia sedimentar, apenas o aquífero fissural parcialmente recoberto pelo aquífero<br />

aluvial .<br />

A avaliação das reservas permanentes <strong>do</strong> aquífero aluvial po<strong>de</strong> ser feita pela<br />

equação (5) como se segue:<br />

Rp2 = 573,10 x 10 6 x 0,001 = 0,57 x 10 6 m 3<br />

B) Reserva regula<strong>do</strong>ra<br />

B1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise esse tipo <strong>de</strong> aquífero<br />

B2) Aquífero aluvial<br />

Para avaliação <strong>de</strong>ssa reserva utiliza-se a equação (25) em que:<br />

Rr2 = A2 x 0,012. consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a área <strong>de</strong> 573,10km 2 , vem:<br />

Rr2 = 573,1 x 0,0012 = 0,69 x 10 6 m 3 /ano<br />

B3) Aquífero fissural<br />

Para o aquífero fissural emprega-se a equação (26),<br />

Rr3 = P x 0,0015 x A2,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> uma precipitação (P) média na área <strong>de</strong> 580mm/ano. Assim, vem:<br />

Rr3 = 0,58 x 0,0015 x 573,1 x 10 6 = 0,5 x 10 6 m 3 /ano<br />

C) Potencialida<strong>de</strong><br />

C1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

C2) aquífero aluvial<br />

Emprega-se a equação (29):<br />

Po2 = A2 x 0,0018, para a área total <strong>de</strong> 573,10km 2 , resultan<strong>do</strong> em:<br />

Po2 = 573,1 x 10 6 x 0,0018 = 1,03 x 10 6 m 3 /ano<br />

C3) Aquífero fissural<br />

Empregan<strong>do</strong> a equação (30):<br />

113


Po3 = Rr3 x 1,15, vem:<br />

Po3 = 0,5 x 10 6 x 1,15 = 0,58 x 10 6 m 3 /ano<br />

D) Disponibilida<strong>de</strong> instalada<br />

D1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

D2) Aquífero aluvial<br />

São registra<strong>do</strong>s apenas <strong>do</strong>is poços com vazões <strong>de</strong>sprezíveis<br />

D3) Aquífero fissural<br />

Para avaliação da disponibilida<strong>de</strong> instalada serão consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s apenas os poços<br />

que possuem vazão <strong>de</strong>clarada superior a 0,2m 3 /h, que correspon<strong>de</strong> a apenas 154<br />

<strong>do</strong>s 248 poços cadastra<strong>do</strong>s com da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vazão.<br />

Empregan<strong>do</strong> a mesma equação (31) para um total <strong>de</strong> 154 poços com vazão média<br />

<strong>de</strong> 1,32m 3 /h, vem:<br />

Di3 = 154 x 1,32 x 8.760 = 1,78 x 10 6 m 3 /ano<br />

E) Disponibilida<strong>de</strong> efetiva<br />

E1) Aquífero intersticial<br />

Não ocorre nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

E2) Aquífero aluvial<br />

São registra<strong>do</strong>s apenas <strong>do</strong>is poços com vazões <strong>de</strong>sprezíveis<br />

E3) Aquífero fissural<br />

Empregan<strong>do</strong> a mesma equação (34):<br />

De3 = n x Qm x 1.460<br />

para um total <strong>de</strong> 154 poços com vazão média <strong>de</strong> 1,32m 3 /h , vem:<br />

UA4<br />

Di3 = 154 x 1,32 x 1.460 = 0,296 x 10 6 m 3 /ano<br />

A) Reserva permanente<br />

Essa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise possui uma área <strong>de</strong> 612,69km 2 e abrange parcialmente oito<br />

municípios das zonas agrestes e mata <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />

Apesar <strong>do</strong> pre<strong>do</strong>mínio absoluto <strong>de</strong> rochas cristalinas que representam 94,7% da<br />

área, registra-se uma reduzida ocorrência <strong>de</strong> rochas sedimentares, numa restrita<br />

área <strong>de</strong> 32km 2 , representada pela bacia Vulcano-Sedimentar <strong>do</strong> Cabo, on<strong>de</strong><br />

ocorrem pre<strong>do</strong>minantemente conglomera<strong>do</strong>s e eventuais camadas areníticas<br />

intercaladas com siltitos e argilitos o que confere ao conjunto uma reduzida<br />

114


potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> água.<br />

Assim, será procedida a avaliação das reservas permanentes <strong>do</strong>s aquíferos<br />

intersticial e aluvial, como se segue:<br />

A1) Aquífero intersticial<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a área <strong>de</strong> 32,25km 2 , uma espessura média <strong>do</strong> aquífero <strong>de</strong> 30m e uma<br />

porosida<strong>de</strong> eficaz <strong>de</strong> 5%, a reserva permanente po<strong>de</strong> ser calculada pela equação<br />

(14), como se segue:<br />

Rp1 = 32,25 x 10 6 x 30 x 0,05 = 48,37 x 10 6 m 3 .<br />

A2) Aquífero aluvial<br />

Ocorren<strong>do</strong> numa área <strong>de</strong> 92,07km 2 a reserva permanente <strong>de</strong>sse aquífero po<strong>de</strong> ser<br />

avaliada utilizan<strong>do</strong>-se a equação (17), ou seja:<br />

Rp2 = 92,07 x 10 6 x 0,05 = 4,60 x 10 6 m 3<br />

B) Reserva regula<strong>do</strong>ra<br />

B1) Aquífero intersticial<br />

Utilizan<strong>do</strong>-se a equação (14) para uma precipitação média na área, <strong>de</strong> 1.763mm/ano<br />

e uma taxa <strong>de</strong> infiltração <strong>de</strong> 5%, obtêm-se:<br />

Rr1 = 32,25 x 10 6 x 1,76 x 0,05 = 2,84 x 10 6 m 3 /ano<br />

B2) Aquífero aluvial<br />

Para avaliação <strong>de</strong>ssa reserva utiliza-se a equação (25) em que:<br />

Rr2 = A2 x 0,0012. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a área <strong>de</strong> 612,69km 2 , vem:<br />

Rr2 = 612,69 x 0,0012 = 0,74 x 10 6 m 3 /ano<br />

B3) Aquífero fissural<br />

Para o aquífero fissural emprega-se a equação (26), Rr3 = P x 0,0015 x A2,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> uma precipitação (P) média na área <strong>de</strong> 1.400mm/ano. Assim, vem:<br />

Rr3 = 1,4 x 0,0015 x 612,69 x 10 6 = 1,29 x 10 6 m 3 /ano<br />

C) Potencialida<strong>de</strong><br />

C1) Aquífero intersticial<br />

Emprega-se a equação (27), consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os valores já calcula<strong>do</strong>s para as reservas<br />

permanentes e regula<strong>do</strong>ras, como seja:<br />

Po1 = (48,37 x 10 6 x 0,002) + 2,84 x 10 6 = 2,94 x 10 6 m 3 /ano<br />

C2) aquífero aluvial<br />

Emprega-se a equação (29): Po2 = A2 x 0,0018, para a área total <strong>de</strong> 612,69km 2 ,<br />

resultan<strong>do</strong> em:<br />

115


Po2 = 612,69 x 10 6 x 0,0018 = 1,1 x 10 6 m 3 /ano<br />

C3) Aquífero fissural<br />

Empregan<strong>do</strong> a equação (30):<br />

Po3 = Rr3 x 1,15, vem:<br />

Po3 = 1,29 x 10 6 x 1,15 = 1,48 x 10 6 m 3 /ano<br />

D) Disponibilida<strong>de</strong> instalada<br />

D1) Aquífero intersticial<br />

Apenas 13 poços constam <strong>do</strong> cadastro, com uma vazão média <strong>de</strong> 20m 3 /h.<br />

Utilizan<strong>do</strong> a equação (31), obtêm-se:<br />

Di1 = 13 x 20 x 8760 = 2,28 x 10 6 m 3 /ano<br />

D2) Aquífero aluvial<br />

Não são registra<strong>do</strong>s poços<br />

D3) Aquífero fissural<br />

Empregan<strong>do</strong> a mesma equação (34) para um total <strong>de</strong> 11 poços com vazão média <strong>de</strong><br />

3,0 m 3 /h, vem:<br />

Di3 = 11 x 3,0 x 8.760 = 0,19 x 10 6 m 3 /ano<br />

E) Disponibilida<strong>de</strong> efetiva<br />

E1) Aquífero intersticial<br />

Empregan<strong>do</strong> a equação (32): De1 = n x Qm x 2.920, para os 13 poços com vazão <strong>de</strong><br />

20 m 3 /h, vem:<br />

De1 = 13 x 20 x 2.920 = 0,76 x 10 6 m 3 /ano<br />

E2) Aquífero aluvial<br />

Não são registra<strong>do</strong>s poços<br />

E3) Aquífero fissural<br />

Empregan<strong>do</strong> a mesma equação (34): De3 = n x Qm x 1.460 para um total <strong>de</strong> 11<br />

poços com vazão média <strong>de</strong> 3,0 m 3 /h , vem:<br />

Di3 = 11 x 3 x 1.460 = 0,048 x 10 6 m 3 /ano<br />

No Quadro 33 a seguir, é apresenta<strong>do</strong> um resumo <strong>do</strong>s parâmetros quantitativos <strong>do</strong>s<br />

aquíferos nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise.<br />

116


Quadro 33 – Resumo <strong>do</strong>s parâmetros quantitativos <strong>do</strong>s diversos aquíferos nas unida<strong>de</strong>s análise da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca.<br />

UNIDADE DE<br />

ANÁLISE<br />

UA1<br />

UA2<br />

UA3<br />

UA4<br />

TIPO DE<br />

AQUÍFERO<br />

RESERVA<br />

PERMANENTE<br />

RESERVA<br />

REGULADORA<br />

POTENCIALIDADE<br />

DISPONIBILIDADE<br />

INSTALADA<br />

DISPONIBILIDADE<br />

EFETIVA<br />

ALUVIAL 1,50*10 6 m 3 1,79*10 6 m 3 /ano 2,69*10 6 m 3 /ano 0,20*10 6 m 3 /ano 0,03*10 6 m 3 /ano<br />

FISSURAL xxx 1,57*10 6 m 3 /ano 1,81*10 6 m 3 /ano 2,36*10 6 m 3 /ano 0,39*10 6 m 3 /ano<br />

ALUVIAL 0,75*10 6 m 3 0,90*10 6 m 3 /ano 1,35*10 6 m 3 /ano xxx xxx<br />

FISSURAL xxx 0,56*10 6 m 3 /ano 0,64*10 6 m 3 /ano 0,81*10 6 m 3 /ano 0,14*10 6 m 3 /ano<br />

ALUVIAL 0,57*10 6 m 3 0,69*10 6 m 3 /ano 1,03*10 6 m 3 /ano xxx xxx<br />

FISSURAL xxx 0,50*10 6 m 3 /ano 0,58*10 6 m 3 /ano 1,78*10 6 m 3 /ano 0,29*10 6 m 3 /ano<br />

INTERSTICIAL 48,37*10 6 m 3 2,84*10 6 m 3 /ano 2,94*10 6 m 3 /ano 2,28*10 6 m 3 /ano 0,76*10 6 m 3 /ano<br />

ALUVIAL 4,6*10 6 m 3 0,74*10 6 m 3 /ano 1,10*10 6 m 3 /ano xxx xxx<br />

FISSURAL xxx 1,29*10 6 m 3 /ano 1,48*10 6 m 3 /ano 0,19*10 6 m 3 /ano 0,05*10 6 m 3 /ano<br />

117


4.3.5 Hidroquímica<br />

Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> análise físico-química constantes no cadastro <strong>do</strong> IPA referem-se aos<br />

sóli<strong>do</strong>s totais dissolvi<strong>do</strong>s – STD, que são apresenta<strong>do</strong>s no Quadro 34 a seguir, por<br />

unida<strong>de</strong> análise.<br />

Quadro 34 – Análise estatística <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> STD em mg/L nas diversas unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> análise da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

UA1 UA2 UA3 UA4<br />

Média 4.470,56 6.249,06 4.705,19 753,00<br />

Mediana 3.449,00 4.672,00 3.451,50 425,00<br />

Desvio Padrão 3862,24 4556,67 3933,47 820,81<br />

Coeficiente <strong>de</strong> variação 86,39 72,92 83,60 109,01<br />

Valor máximo 20.700,00 18.191,00 19.534,00 2.184,00<br />

Valor mínimo 258,00 339,20 174,00 96,00<br />

Número <strong>de</strong> valores 123 58 102 9<br />

Inicialmente constata-se a gran<strong>de</strong> diferença entre as três primeiras UAs e a UA4,<br />

on<strong>de</strong> aparece o conjunto das três com valores médios <strong>de</strong> STD sempre acima <strong>de</strong><br />

3.000mg/L ou seja acima <strong>do</strong> limite <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> para consumo humano que é <strong>de</strong><br />

1.000mg/L e a UA4 com valores <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse limite.<br />

A razão <strong>de</strong>sse comportamento está liga<strong>do</strong> à situação pluviométrica uma vez que as<br />

três primeiras UAs se situam na zona agreste com taxas pluviométricas sempre<br />

inferiores a 1.000mm/ano enquanto a UA4 localiza-se na zona da mata com<br />

precipitações pluviométricas acima <strong>de</strong> 1.000mm/ano po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ultrapassar os<br />

2.000mm/ano.<br />

Na UA1 o comportamento em termos <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> variação <strong>do</strong>s STD é o seguinte:<br />

100 < STD ≤ 1.000 = 11,8%<br />

1.000 < STD ≤ 5.000 = 53,6%<br />

5.000 < STD = 34,5%<br />

Constata-se que apenas 11,8% das águas são consi<strong>de</strong>radas como águas <strong>do</strong>ces,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> limite <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> para consumo humano; 53,6% são águas salobras e<br />

34,5% correspon<strong>de</strong>m a águas salgadas.<br />

Na UA2 o comportamento em termos <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> variação <strong>do</strong>s STD é o seguinte:<br />

100 < STD ≤ 1.000 = 6,1%<br />

1.000 < STD ≤ 5.000 = 46,9%<br />

5.000 < STD = 46,9%<br />

Verifica-se que apenas 6,1% das águas são consi<strong>de</strong>radas como águas <strong>do</strong>ces,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> limite <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> para consumo humano; 46,9% são águas salobras e<br />

46,9% correspon<strong>de</strong>m a águas salgadas.<br />

Na UA3 o comportamento em termos <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> variação <strong>do</strong>s STD é o seguinte:<br />

118


100 < STD ≤ 1.000 = 17,9%<br />

1.000 < STD ≤ 5.000 = 45,2%<br />

5.000 < STD = 36,9%<br />

Verifica-se que apenas 17,9% das águas são consi<strong>de</strong>radas como águas <strong>do</strong>ces,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> limite <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> para consumo humano; 45,2% são águas salobras e<br />

36,9% correspon<strong>de</strong>m a águas salgadas.<br />

Na UA4 o comportamento em termos <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> variação <strong>do</strong>s STD é o seguinte:<br />

a) No aquífero fissural<br />

100 < STD ≤ 1.000 = 60%<br />

1.000 < STD ≤ 5.000 = 40%<br />

5.000 < STD = 0%<br />

Verifica-se que 60% das águas são consi<strong>de</strong>radas como águas <strong>do</strong>ces, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

limite <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> para consumo humano e que 40% são águas salobras.<br />

b) No aquífero intersticial<br />

Todas as águas são consi<strong>de</strong>radas <strong>do</strong>ces, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> limite <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> para o<br />

consumo humano.<br />

4.3.6 Situação <strong>do</strong>s poços<br />

A seguir serão analisa<strong>do</strong>s os parâmetros <strong>do</strong>s poços distribuí<strong>do</strong>s por UA na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

UA1<br />

No Quadro 35 são mostra<strong>do</strong>s os parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>, nível estático, nível dinâmico e vazão <strong>do</strong>s poços.<br />

Quadro 35 – Parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> poços na UA1.<br />

Profundida<strong>de</strong> Nível estático Nível dinâmico Vazão<br />

(m)<br />

(m)<br />

(m)<br />

(L/h)<br />

Média 46,63 5,46 26,56 1.235,22<br />

Mediana 38,75 11,45 37,87 1.092,00<br />

Desvio Padrão 13,48 6,87 11,51 1827,48<br />

Coeficiente <strong>de</strong> variação 28,91 125,83 43,34 147,95<br />

Valor máximo 95,00 54,00 54,00 13.423,00<br />

Valor mínimo 1,40 0,00 0,13 0,00<br />

Número <strong>de</strong> valores 247 171 166 246<br />

A profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s poços se apresentou muito homogênea com reduzida dispersão<br />

em torno da média, com coeficiente <strong>de</strong> variação inferior a 30%, pelo que o valor da<br />

média <strong>de</strong> 46,63 po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como representativo <strong>de</strong>sse aquífero fissural.<br />

Deve ser leva<strong>do</strong> em conta que <strong>do</strong>s 247 poços com da<strong>do</strong>s disponíveis, seis poços<br />

correspon<strong>de</strong>m a poços rasos em aluviões, com profundida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> apenas 3m.<br />

Os níveis estáticos apresentaram uma gran<strong>de</strong> variação em relação à média,<br />

119


acusan<strong>do</strong> um coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> 125%. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que 63% <strong>do</strong>s poços<br />

tiveram N.E. inferior a 5m, <strong>de</strong>verá ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como mais representativo <strong>de</strong>sse<br />

parâmetro o valor da média <strong>de</strong> 5,46m.<br />

Os níveis dinâmicos apresentaram uma baixa dispersão <strong>de</strong> valores em torno da<br />

média que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como representativa para os poços <strong>de</strong>ssa UA.<br />

A vazão foi o elemento <strong>de</strong> maior variação <strong>de</strong>ntre os 246 poços com informações,<br />

mostran<strong>do</strong> um coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> 148%. Consi<strong>de</strong>ra-se em poços tubulares<br />

uma vazão inferior a 200L/h como “poço seco”. Dessa maneira, cerca <strong>de</strong> 34% <strong>do</strong>s<br />

poços po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como secos, pois além <strong>do</strong>s 58 totalmente secos,<br />

outros 26 apresentaram vazão inferior aos 200L/h. O valor mais representativo para<br />

a vazão é, pois a mediana <strong>de</strong> 1.092L/h que fica abaixo <strong>do</strong> patamar médio para o<br />

aquífero fissural na região semi-árida <strong>do</strong> nor<strong>de</strong>ste brasileiro que se situa em torno<br />

<strong>do</strong>s 1.500L/h.<br />

Dos poços cadastra<strong>do</strong>s nessa UA cerca <strong>de</strong> 25% foram perfura<strong>do</strong>s na década atual<br />

enquanto a maioria correspon<strong>de</strong> a poços <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 10 anos, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1967 o poço<br />

mais antigo.<br />

Quanto à instalação <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> bombeamento no poço o cadastro é muito<br />

<strong>de</strong>ficiente <strong>de</strong> informações, haja vista que apenas 29% <strong>do</strong>s poços dispõem <strong>de</strong>sse<br />

da<strong>do</strong>. A partir <strong>do</strong>s 73 poços com informação foi realizada uma análise <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong><br />

equipamento, mostrada na Figura 39, on<strong>de</strong> se vê que o cata-vento é a modalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> captação mais utilizada, em quase 50% <strong>do</strong>s poços.<br />

14%<br />

25%<br />

15%<br />

Cata-vento Bomba injetora Bomba submersa Manual<br />

Figura 39 – Distribuição porcentual <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> bombeamento na UA1.<br />

UA2<br />

No Quadro 36 são mostra<strong>do</strong>s os parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>, nível estático, nível dinâmico e vazão <strong>do</strong>s poços.<br />

46%<br />

120


Quadro 36 – Parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> poços na UA2.<br />

Profundida<strong>de</strong> Nível estático Nível dinâmico Vazão<br />

(m)<br />

(m)<br />

(m)<br />

(L/h)<br />

Média 48,63 5,66 27,55 1.140,09<br />

Mediana 43,00 12,00 36,10 775,00<br />

Desvio Padrão 10,46 7,24 12,41 2.202,27<br />

Coeficiente <strong>de</strong> variação 21,52 128,05 45,04 193,17<br />

Valor máximo 72,00 40,00 60,00 12.000,00<br />

Valor mínimo 19,00 0,00 1,50 0,00<br />

Número <strong>de</strong> valores 127 80 81 120<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a dispersão <strong>de</strong> valores em torno da média foi muito reduzi<strong>do</strong> –<br />

coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> 21% - o valor representativo para esse parâmetro será a<br />

média <strong>de</strong> 48,6m que muito se aproxima da média geral <strong>do</strong>s 50m consi<strong>de</strong>rada para<br />

os poços no aquífero fissural na região semi-árida <strong>do</strong> nor<strong>de</strong>ste brasileiro.<br />

O nível estático apresentou uma gran<strong>de</strong> variação nos poços <strong>de</strong>ssa UA, com um<br />

coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> 128% o que <strong>de</strong>veria sugerir a mediana como valor<br />

representativo <strong>de</strong>sse parâmetro, todavia, levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração que 66,2% <strong>do</strong>s<br />

poços tiveram N.E. inferior a 5m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e apenas 11,7% apresentaram<br />

N.E. superior a 10m, será a<strong>do</strong>tada a média <strong>de</strong> 5,66m como a mais representativa.<br />

Quanto ao nível dinâmico, a baixa dispersão e a coerência com o nível estático<br />

conduzem à escolha da média <strong>de</strong> 27,5m como a mais representativa.<br />

A vazão apresentou uma gran<strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> valores em torno da média, com<br />

coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> quase 200% e valores extremos entre 0 e 12.000L/h. A<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poços secos <strong>de</strong> 45,8% <strong>do</strong>s poços com da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vazão, a<br />

maior já registrada na região, também influiu <strong>de</strong>cisivamente para a dispersão <strong>de</strong><br />

valores. Assim, será consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como mais representativo o valor da mediana <strong>de</strong><br />

775L/h, um <strong>do</strong>s mais baixos da região cristalina <strong>do</strong> nor<strong>de</strong>ste.<br />

Dos poços cadastra<strong>do</strong>s apenas 30% foram perfura<strong>do</strong>s na década atual, ten<strong>do</strong> a<br />

maioria mais <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong> construí<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> o mais antigo data<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1965.<br />

Igualmente à UA1 as informações sobre equipamento <strong>de</strong> bombeamento instala<strong>do</strong> no<br />

poço são muito precárias, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a apenas 30% <strong>do</strong> total cadastra<strong>do</strong>. Como<br />

po<strong>de</strong> ser verifica<strong>do</strong> na Figura 40, pre<strong>do</strong>mina nessa UA a bomba injetora.<br />

15%<br />

42% 10%<br />

Cata-vento Bomba injetora Bomba submersa Manual<br />

Figura 40 – Distribuição porcentual <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> bombeamento na UA2.<br />

33%<br />

121


UA3<br />

No Quadro 37 são mostra<strong>do</strong>s os parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>, nível estático, nível dinâmico e vazão <strong>do</strong>s poços.<br />

Quadro 37 – Parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> poços na UA3.<br />

Profundida<strong>de</strong> Nível estático Nível dinâmico Vazão<br />

(m)<br />

(m)<br />

(m)<br />

(L/h)<br />

Média 49,98 5,47 28,11 1.554,69<br />

Mediana 41,50 8,50 40,00 822,50<br />

Desvio Padrão 13,62 5,49 13,33 2.506,76<br />

Coeficiente <strong>de</strong> variação 27,25 100,36 47,41 161,24<br />

Valor máximo 143,00 36,00 69,90 17.600,00<br />

Valor mínimo 4,80 0,00 1,00 0,00<br />

Número <strong>de</strong> valores 262 181 172 248<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a dispersão <strong>de</strong> valores em torno da média foi muito reduzi<strong>do</strong> –<br />

coeficiente <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> 27% - o valor representativo para esse parâmetro será a<br />

média <strong>de</strong> 50m que correspon<strong>de</strong> à média geral consi<strong>de</strong>rada para os poços no<br />

aquífero fissural na região semi-árida <strong>do</strong> nor<strong>de</strong>ste brasileiro.<br />

Os níveis estáticos também apresentaram gran<strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> valores em relação a<br />

média, com coeficiente <strong>de</strong> variação da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 100%. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que 65% <strong>do</strong>s<br />

poços acusaram um N.E inferior a 5m e apenas 8% tiveram um N.E. acima <strong>do</strong>s 10m<br />

<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, será consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como representativo o valor da média <strong>de</strong> 5,5m.<br />

Quanto ao nível dinâmico, a baixa dispersão e a coerência com o nível estático<br />

conduzem à escolha da média <strong>de</strong> 28,1m como a mais representativa.<br />

A vazão também apresentou uma gran<strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> valores em torno da média,<br />

além <strong>de</strong> também ter apresenta<strong>do</strong> um eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> poços secos (62<br />

completamente secos e 32 com menos <strong>de</strong> 200L/h), totalizan<strong>do</strong> 38% <strong>do</strong>s poços com<br />

da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vazão. Dessa maneira, será consi<strong>de</strong>rada a mediana das vazões, <strong>de</strong><br />

822L/h como a mais representativa.<br />

Apenas 22% <strong>do</strong>s poços cadastra<strong>do</strong>s no IPA se situaram na década atual, enquanto<br />

a maioria possui mais <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong> perfura<strong>do</strong>s, inclusive chegan<strong>do</strong> até o ano <strong>de</strong><br />

1965.<br />

Igualmente às outras UAs as informações sobre equipamento <strong>de</strong> bombeamento<br />

instala<strong>do</strong> no poço são muito precárias, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a apenas 27% <strong>do</strong> total<br />

cadastra<strong>do</strong>. Como po<strong>de</strong> ser verifica<strong>do</strong> na Figura 41, pre<strong>do</strong>mina nessa UA a bomba<br />

injetora.<br />

122


38%<br />

10%<br />

17%<br />

Cata-vento Bomba injetora Bomba submersa Manual<br />

35%<br />

Figura 41 – Distribuição porcentual <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> bombeamento na UA3.<br />

UA4<br />

No Quadro 38 são mostra<strong>do</strong>s os parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>, nível estático, nível dinâmico e vazão <strong>do</strong>s poços.<br />

Quadro 38 – Parâmetros estatísticos <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> poços na UA4.<br />

Profundida<strong>de</strong> Nível estático Nível dinâmico Vazão<br />

(m)<br />

(m)<br />

(m)<br />

(L/h)<br />

Média 89,33 3,55 22,72 14.014,42<br />

Mediana 25,00 8,00 40,00 3.975,00<br />

Desvio Padrão 41,94 3,34 13,04 14.946,56<br />

Coeficiente <strong>de</strong> variação 46,94 93,94 57,36 106,65<br />

Valor máximo 144,00 14,74 65,00 52.800,00<br />

Valor mínimo 20,00 0,90 3,95 0,00<br />

Número <strong>de</strong> valores 24 22 21 24<br />

Apesar da baixa dispersão <strong>de</strong> valores em torno da média das profundida<strong>de</strong>s, o valor<br />

da mediana foi muito reduzi<strong>do</strong> e muito aquém <strong>do</strong> valor da média. Dessa maneira,<br />

será consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como representativa a profundida<strong>de</strong> média em torno <strong>do</strong>s 90m.<br />

Esse aumento da profundida<strong>de</strong> em relação às outras UAs da bacia é justificada pelo<br />

fato <strong>de</strong> que na UA4 55% <strong>do</strong>s poços foram perfura<strong>do</strong>s na região <strong>de</strong> Suape, em<br />

sedimentos, com profundida<strong>de</strong>s varian<strong>do</strong> entre 102 e 144m.<br />

Os níveis estáticos apresentaram uma gran<strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> valores em torno da<br />

média, entretanto o valor mais representativo é a média <strong>de</strong> 3,55m haja visto que<br />

77,3% <strong>do</strong>s poços apresentaram níveis menores que 5m e apenas 4,5% (um único<br />

poço) apresentou um N.E. maior que 10m.<br />

Quanto ao nível dinâmico, a baixa dispersão e a coerência com o nível estático<br />

conduzem à escolha da média <strong>de</strong> 22,7m como a mais representativa.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poços no aquífero fissural (11) e no aquífero<br />

intersticial (13) <strong>de</strong>verá ser efetuada uma distinção quanto a vazão nesses <strong>do</strong>is<br />

distintos tipos <strong>de</strong> aquíferos. Assim, será consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como representativas as<br />

medianas <strong>de</strong> 3.000L/h para o aquífero fissural e <strong>de</strong> 20.000L/h para o aquífero<br />

intersticial.<br />

Apenas 10% <strong>do</strong>s poços foram perfura<strong>do</strong>s na década atual, sen<strong>do</strong> os <strong>de</strong>mais<br />

123


perfura<strong>do</strong>s há mais <strong>de</strong> 10 anos, inclusive na década <strong>de</strong> 60.<br />

Quanto à instalação <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> bombeamento, os da<strong>do</strong>s são muito<br />

precários, constan<strong>do</strong> que apenas um poço se acha instala<strong>do</strong> com bomba submersa<br />

e oito poços com bomba injetora.<br />

5 USOS DA ÁGUA<br />

O rio Ipojuca é intermitente até seu médio curso, tornan<strong>do</strong>-se perene a partir <strong>do</strong><br />

município <strong>de</strong> Gravatá. Portanto, os usos da água mais expressivos ocorrem em toda<br />

a bacia a partir <strong>do</strong>s reservatórios e no próprio Ipojuca, apenas no seu baixo curso.<br />

A Figura 42 apresenta a localização <strong>do</strong>s principais usos da água na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

124


Figura 42 – Usos da água na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

125


O rio Ipojuca é utiliza<strong>do</strong> para lançamento <strong>de</strong> efluentes <strong>do</strong>mésticos e oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

mata<strong>do</strong>uros públicos e clan<strong>de</strong>stinos, vinhaça e águas <strong>de</strong> lavagens <strong>de</strong> cana, entre<br />

outros, <strong>de</strong> empreendimentos localiza<strong>do</strong>s às margens <strong>do</strong> rio em vários municípios.<br />

Esse é um uso comum da<strong>do</strong> à água <strong>do</strong> rio, que embora irregular e ambientalmente<br />

criminoso, acontece cotidianamente.<br />

As águas subterrâneas já tratadas neste estu<strong>do</strong>, representam usos menos<br />

significativos em termos <strong>de</strong> volumes capta<strong>do</strong>s, uma vez que a bacia apresenta a<br />

maior parte <strong>de</strong> sua área sobre terrenos cristalinos e apenas uma pequena extensão<br />

no litoral da bacia situa-se sobre a bacia sedimentar <strong>do</strong> Cabo, na qual há água<br />

subterrânea <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> e com maiores vazões. Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Plano<br />

Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> (1998) o percentual <strong>de</strong> poços<br />

<strong>de</strong>sativa<strong>do</strong>s chega a 80% na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a maior parte<br />

<strong>do</strong>s poços situarem-se no cristalino, com baixas vazões e altos teores <strong>de</strong> sais.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, os usuários mais significativos das águas subterrâneas, concentram-se<br />

no município <strong>de</strong> Ipojuca, aon<strong>de</strong> as águas são <strong>de</strong>stinadas pre<strong>do</strong>minantemente ao<br />

setor hoteleiro.<br />

5.1 ABASTECIMENTO HUMANO<br />

Apresenta-se a seguir o Quadro 39 que relaciona os mananciais utiliza<strong>do</strong>s para<br />

abastecimento público na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. É importante observar<br />

que vários municípios cuja se<strong>de</strong> situa-se na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca são<br />

atendi<strong>do</strong>s por mananciais que situam-se em bacias vizinhas, caracterizan<strong>do</strong> a<br />

importação <strong>de</strong> água para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. O reservatório<br />

Jucazinho, por exemplo, situa<strong>do</strong> na bacia <strong>do</strong> rio Capibaribe abastece os municípios<br />

<strong>de</strong> Caruaru, Bezerros e Gravatá, na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Quadro 39 – Mananciais da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca utiliza<strong>do</strong>s para<br />

abastecimento público.<br />

Município Manancial Localida<strong>de</strong>s abastecidas<br />

Vazão média<br />

captação (l/s)<br />

Poção<br />

Reservatório Sítio Velho I<br />

Reservatório Sítio Velho II<br />

Poção<br />

Poção<br />

5<br />

s/i<br />

Reservatório Eng. Sev. Guerra<br />

(Bituri) Belo Jardim, Pesqueira,<br />

250<br />

Belo Jardim Reservatório Pedro Moura Jr.<br />

(Belo Jardim)<br />

Sanharó, São Bento <strong>do</strong> Una,<br />

Tacaimbó, Cachoeirinha.<br />

150<br />

Riacho Tabocas 30<br />

Caruaru Reservatório Taquara Alto <strong>do</strong> Moura e São Caetano 70<br />

Gravatá<br />

Reservatório Brejinho<br />

Riacho Clipper<br />

Gravatá<br />

Gravatá<br />

30<br />

30<br />

Chã Riacho Macacos Chã Gran<strong>de</strong> s/i<br />

Gran<strong>de</strong> Riacho Vertentes Gravatá 190<br />

Primavera Riacho Jussara Primavera s/i<br />

Escada<br />

Riacho Sapucaji<br />

Riacho Patachoca<br />

Escada<br />

Escada<br />

90<br />

60<br />

Ipojuca Reservatório Bita<br />

Suape e<br />

Agostinho<br />

Cabo <strong>de</strong> Santo<br />

400<br />

Fonte: COMPESA, 2009.<br />

O reservatório Duas Serras, situa<strong>do</strong> em Poção, ainda não está sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> para<br />

o abastecimento público, mas há previsão <strong>de</strong> início da sua utilização em breve.<br />

126


O reservatório Pedra D'Água, situa<strong>do</strong> em Pesqueira, e o reservatório Sapato, situa<strong>do</strong><br />

em Sanharó não estão sen<strong>do</strong> mais utiliza<strong>do</strong>s para o abastecimento público<br />

operacionalmente e atualmente são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s mananciais para atendimento a<br />

situações emergenciais.<br />

O Sistema Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Belo Jardim, cuja captação principal é no reservatório Eng.<br />

Severino Guerra, recebe reforço com água da captação no reservatório Pedro Moura<br />

Júnior e riacho Tabocas, processan<strong>do</strong>-se a mistura da água <strong>do</strong>s mananciais, já que<br />

a qualida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong> reservatório Pedro Moura Júnior é inferior à <strong>do</strong> reservatório<br />

Eng. Severino Guerra.<br />

Os reservatórios Serra <strong>do</strong>s Cavalos, Guilherme Azeve<strong>do</strong>, Jaime Nejaim e Antônio<br />

Menino, situa<strong>do</strong>s em Caruaru, e o reservatório Manuíno, situa<strong>do</strong> em Bezerros, não<br />

estão sen<strong>do</strong> mais utiliza<strong>do</strong>s para o abastecimento público.<br />

O município <strong>de</strong> Caruaru atualmente é abasteci<strong>do</strong> pela adutora <strong>de</strong> Jucazinho (500L/s)<br />

e pelo reservatório <strong>do</strong> Prata (400L/s), ambas transposições das bacias <strong>do</strong>s rios<br />

Capibaribe e Una, respectivamente.<br />

O abastecimento <strong>de</strong> Gravatá é feito por duas captações a fio d’água em barragens<br />

<strong>de</strong> nível (Clipper e Vertentes), pelo reservatório Brejinho e ainda recebe reforço pela<br />

adutora <strong>de</strong> Jucazinho. Vale ressaltar que o riacho Vertentes recebe uma<br />

transposição <strong>de</strong> águas <strong>do</strong> rio Amaraji, situa<strong>do</strong> na bacia <strong>do</strong> rio Sirinhaém, o que<br />

viabiliza uma captação bastante expressiva em relação aos <strong>de</strong>mais mananciais da<br />

região cujas captações são realizadas a fio d’água.<br />

O município <strong>de</strong> Escada é atendi<strong>do</strong> pelo riacho Sapucaji há muitos anos e, a partir<br />

<strong>de</strong> 2006, também pelo riacho Patachoca, cuja captação é mais distante e, portanto,<br />

mais dispendiosa. Dessa forma, há uma variação nas captações <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

mananciais em função da disponibilida<strong>de</strong> hídrica. Quan<strong>do</strong> há maior disponibilida<strong>de</strong><br />

no riacho Sapucaji realiza-se neste uma captação <strong>de</strong> 90L/s e 60L/s no riacho<br />

Patachoca. A medida que a disponibilida<strong>de</strong> hídrica diminui no riacho Sapucaji,<br />

aumenta-se a captação no riacho Patachoca, que possui maiores vazões,<br />

totalizan<strong>do</strong> sempre 150L/s para o atendimento <strong>de</strong> Escada (Figura 43).<br />

Os reservatórios Bita e Utinga abastecem o Complexo Portuário <strong>de</strong> Suape e o<br />

Distrito Industrial <strong>de</strong> Suape, além <strong>do</strong> município <strong>do</strong> Cabo <strong>de</strong> Santo Agostinho.<br />

Atualmente 500L/s aten<strong>de</strong>m o município <strong>do</strong> Cabo <strong>de</strong> Santo Agostinho e 300L/s<br />

aten<strong>de</strong>m Suape. Registra-se, porém, que a previsão da COMPESA é <strong>de</strong> que partir<br />

<strong>de</strong> 2010, com o início <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> Sistema Pirapama, haverá mudanças no<br />

sistema. A partir daí Bita e Utinga passarão a aten<strong>de</strong>r exclusivamente à Suape.<br />

127


Figura 43 – Captação da COMPESA no rio Ipojuca.<br />

Fonte: SRH, 2009.<br />

5.2 AGROPECUÁRIA<br />

A bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, por situar-se em sua maior parte no Agreste,<br />

apresenta gran<strong>de</strong>s déficits hídricos que limitam a expansão da agricultura irrigada na<br />

região. Os solos e as condições topográficas também não apresentam gran<strong>de</strong><br />

potencial para a agricultura, que não representa uma ativida<strong>de</strong> econômica<br />

significativa na bacia. Entretanto, por se tratar <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> que requer gran<strong>de</strong>s<br />

volumes <strong>de</strong> água, é importante consi<strong>de</strong>rar os usos existentes na bacia. A<br />

<strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntação animal é uma <strong>de</strong>manda rural difusa na bacia.<br />

Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Agência CONDEPE/FIDEM (2005), a pecuária bovina leiteira<br />

pre<strong>do</strong>mina nos municípios: Pesqueira, Poção, Venturosa, Alagoinha, Sanharó,<br />

Cachoeirinha, Tacaimbó, São Caetano, Sairé e Gravatá. Os municípios <strong>de</strong> Belo<br />

Jardim, São Bento <strong>do</strong> Una e Sairé possuem ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avicultura apresentan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>mandas hídricas expressivas para essa ativida<strong>de</strong>. Em Arcover<strong>de</strong> pre<strong>do</strong>mina a<br />

pecuária bovina e caprina e agricultura <strong>de</strong> subsistência.<br />

Ainda <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Agencia Con<strong>de</strong>pe Fi<strong>de</strong>m (2005), os municípios <strong>de</strong> Chã<br />

Gran<strong>de</strong> e Gravatá sobressaem-se pelas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> floricultura, fruticultura e<br />

horticultura.<br />

Verifica-se a ocorrência <strong>de</strong> áreas irrigadas próximas aos reservatórios. As Figuras<br />

44, 45 e 46 ilustram captações <strong>de</strong> água para irrigação e áreas irrigadas no entorno<br />

<strong>do</strong> reservatório Bituri. A Figura 47 ilustra áreas irrigadas a partir <strong>do</strong> reservatório Pão<br />

<strong>de</strong> Açúcar.<br />

128


Figura 44 – Captações <strong>de</strong> água para irrigação no reservatório Bituri, em Belo Jardim.<br />

Figura 45 – Irrigação no entorno <strong>do</strong> reservatório Bituri, em Belo Jardim.<br />

129


Figura 46 – Irrigação no entorno <strong>do</strong> reservatório Bituri, em Belo Jardim.<br />

Figura 47 – Irrigação a jusante <strong>do</strong> reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar, em Pesqueira.<br />

130


No baixo curso <strong>do</strong> Ipojuca <strong>de</strong>staca-se a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água para irrigação <strong>de</strong> cana<strong>de</strong>-açúcar.<br />

Conforme CONDEPE/FIDEM (2005), a área <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

ocupa 19% da área da bacia, com áreas nos municípios <strong>de</strong>: Ipojuca, Escada, Vitória<br />

<strong>de</strong> Santo Antão, Pombos, Amaraji e Primavera.<br />

Em relação aos usuários regulariza<strong>do</strong>s para captação <strong>de</strong> água para irrigação<br />

perante à SRH/PE <strong>de</strong>stacam-se gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mandas para irrigação <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>açúcar<br />

no município <strong>de</strong> Ipojuca. Verifica-se também um número expressivo <strong>de</strong><br />

usuários <strong>de</strong> menor porte organiza<strong>do</strong>s em associações e cooperativas <strong>de</strong> irrigantes<br />

nos municípios <strong>de</strong> Gravatá, Chã Gran<strong>de</strong>, Sairé, Amaraji e Primavera.<br />

5.3 ABASTECIMENTO INDUSTRIAL<br />

O rio Ipojuca, ao longo <strong>de</strong> seu curso, atravessa diversos municípios <strong>de</strong> porte médio<br />

que atuam como pólos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento locais e regionais. Entre os municípios,<br />

cujas se<strong>de</strong>s são cortadas pelo rio Ipojuca temos: Sanharó, Poção, Belo Jardim,<br />

Tacaimbó, São Caetano, Caruaru, Bezerros, Gravatá, Chã Gran<strong>de</strong>, Primavera,<br />

Escada e Ipojuca.<br />

Em Belo Jardim também verifica-se uma concentração <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s comercial e<br />

industrial, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se a indústria alimentícia e <strong>de</strong> baterias automotivas, que<br />

possuem captações próprias diretamente <strong>do</strong> reservatório Eng. Severino Guerra, bem<br />

como a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avicultura.<br />

O município <strong>de</strong> Caruaru é um pólo comercial e industrial, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se a indústria<br />

<strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> roupas. Porém, a maioria <strong>do</strong>s usuários têm suas <strong>de</strong>mandas<br />

hídricas atendidas pela COMPESA e i<strong>de</strong>ntificam-se poucas captações particulares<br />

regularizadas perante à SRH/PE, que são utilizadas para frigoríficos, lavan<strong>de</strong>rias e<br />

indústria alimentícia.<br />

As usinas <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, usina Salga<strong>do</strong> (Figura 48) e usina Ipojuca (Figura 49),<br />

situadas no município <strong>de</strong> Ipojuca, possuem captações próprias diretamente no Rio<br />

Ipojuca <strong>de</strong> vazões significativas para abastecimento industrial. Entretanto, parte da<br />

água captada, utilizada para os sistemas <strong>de</strong> resfriamento, retorna ao rio Ipojuca.<br />

Destaca-se também em Ipojuca o Complexo Industrial e Portuário <strong>de</strong> Suape, cujas<br />

<strong>de</strong>mandas principais são atendidas pela COMPESA, e registram-se poucas<br />

captações diretas das indústrias nos cursos <strong>de</strong> água.<br />

131


Figura 48 – Usina Salga<strong>do</strong>.<br />

Figura 49 – Usina Ipojuca.<br />

132


Com menor expressão, os municípios <strong>de</strong> Escada e Primavera também possuem<br />

participação no segmento industrial da bacia. Porém registra-se apenas uma<br />

indústria <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s com captação <strong>de</strong> água própria, em Escada.<br />

5.4 NAVEGAÇÃO<br />

Não existem hidrovias em funcionamento ou previstas para a bacia hidrográfica <strong>do</strong><br />

rio Ipojuca. O rio Ipojuca é utiliza<strong>do</strong> apenas por embarcações <strong>de</strong> pequeno porte, que<br />

são empregadas, principalmente na ativida<strong>de</strong> pesqueira e para transporte entre as<br />

margens.<br />

5.5 TURISMO E LAZER<br />

De acor<strong>do</strong> com o Plano Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos, a indústria <strong>do</strong> turismo é na<br />

atualida<strong>de</strong> a ativida<strong>de</strong> que apresenta os mais eleva<strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> crescimento no<br />

contexto econômico mundial, especialmente o ecoturismo.<br />

Um atrativo turístico relevante na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca situa-se no<br />

município <strong>de</strong> Primavera: a Cachoeira <strong>do</strong> Urubu, no rio Ipojuca, situada na Área <strong>de</strong><br />

Preservação Municipal Parque Ecoturístico da Cachoeira <strong>do</strong> Urubu (Figura 50), com<br />

uma área <strong>de</strong> 30ha. Há programações <strong>de</strong> passeios turísticos diretamente da Região<br />

metropolitana <strong>do</strong> Recife para o local, que refletem no <strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>do</strong><br />

município. Este é um local em que o uso contemplativo e paisagístico da água é<br />

essencial para preservação <strong>do</strong> turismo. Entretanto, a qualida<strong>de</strong> da água no rio<br />

Ipojuca é imprópria para banhos no local.<br />

Figura 50 - Cachoeira <strong>do</strong> Urubu.<br />

Fonte: Neto, 2008.<br />

O município <strong>de</strong> Gravatá, por possuir temperaturas mais amenas, concentra uma<br />

população flutuante nos meses <strong>de</strong> inverno, em função <strong>do</strong> turismo local. Porém,<br />

registra-se pouquíssimos requerimentos particulares para o uso da água em hotéis e<br />

con<strong>do</strong>mínios, cujas <strong>de</strong>mandas são atendidas quase que totalmente pela COMPESA.<br />

133


No município <strong>de</strong> Bezerros i<strong>de</strong>ntifica-se a existência <strong>de</strong> centro turístico em Serra<br />

Negra, com ativida<strong>de</strong>s mais voltadas para o ecoturismo e apreciação cênica, porém<br />

sem gran<strong>de</strong>s impactos no uso da água.<br />

Um pólo turístico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para o Esta<strong>do</strong> situa-se no litoral <strong>do</strong><br />

município <strong>de</strong> Ipojuca, nas praias <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Galinhas, Muro Alto e Maracaípe,<br />

porém já fora <strong>do</strong>s limites da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

5.6 GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA<br />

Não existem usos significativos para geração <strong>de</strong> energia hidrelétrica na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. Foi registrada a existência <strong>de</strong> duas Pequenas Centrais<br />

Hidrelétricas – PCHs no município <strong>de</strong> Primavera <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da usina União,<br />

<strong>de</strong>vidamente autorizadas pela ANEEL e outorgadas pela SRH/PE, conforme da<strong>do</strong>s<br />

apresenta<strong>do</strong>s no Quadro 40. Segun<strong>do</strong> a ANEEL, as centrais estão em operação<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1989. De acor<strong>do</strong> com a legislação em vigor, as outorgas <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> uso <strong>de</strong><br />

recursos hídricos para concessionárias e autorizadas <strong>de</strong> serviços públicos e <strong>de</strong><br />

geração <strong>de</strong> energia hidrelétrica vigorarão por prazos coinci<strong>de</strong>ntes com os <strong>do</strong>s<br />

correspon<strong>de</strong>ntes contratos <strong>de</strong> concessão ou atos administrativos <strong>de</strong> autorização.<br />

Quadro 40 – Pequenas centrais hidrelétricas existentes na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca.<br />

Titular Manancial<br />

Central<br />

Energética<br />

União Ltda.<br />

Central<br />

Energética<br />

União Ltda.<br />

Reservatório<br />

Mariquita<br />

Reservatório<br />

Pé <strong>de</strong><br />

Serra<br />

Fonte: SRH/PE e ANEEL.<br />

Vazão<br />

Outorgada<br />

(m 3 /dia)<br />

5.7 PESCA E AQUICULTURA<br />

Potência<br />

Inst.<br />

(kW)<br />

Data<br />

emissão<br />

outorga<br />

Vigência<br />

Outorga<br />

Lat. Long.<br />

84.000 880 24/04/06 24/11/15 08º21’13” 35º24’13”<br />

32.400 144 24/04/06 01/10/13 08º20’58” 35º19’58”<br />

Na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca existe uma razoável ativida<strong>de</strong> pesqueira,<br />

<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se os municípios <strong>de</strong>: Belo Jardim e Ipojuca com números <strong>de</strong> pesca<strong>do</strong>res<br />

129 e 232, respectivamente. O total <strong>de</strong> pesca<strong>do</strong>res na bacia é <strong>de</strong> 504 (Quadro 41),<br />

segun<strong>do</strong> a Superintendência <strong>do</strong> Ministério da Pesca – MPA em <strong>Pernambuco</strong>. A<br />

ativida<strong>de</strong> pesqueira na bacia é realizada em embarcações <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> canoas<br />

com média <strong>de</strong> 4m, on<strong>de</strong> são emprega<strong>do</strong>s aparelhos <strong>de</strong> pesca como re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

emalhar <strong>de</strong> superfície e <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, vara com anzol e covo para captura <strong>de</strong> camarão.<br />

Esta ativida<strong>de</strong> representa uma importante fonte <strong>de</strong> renda direta e indireta. Quanto à<br />

organização social <strong>do</strong>s pesca<strong>do</strong>res existem duas colônias em municípios da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca: Z 28 em Belo Jardim e Z24 em Venturosa, além <strong>de</strong> uma<br />

Associação <strong>de</strong> Pesca<strong>do</strong>res em riacho das Almas. A Figura 51 ilustra a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pesca no rio Ipojuca, município <strong>de</strong> Ipojuca.<br />

134


Quadro 41 – Número <strong>de</strong> pesca<strong>do</strong>res registra<strong>do</strong>s em municípios da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Localida<strong>de</strong> Nº pesca<strong>do</strong>res<br />

Arcover<strong>de</strong> 01<br />

Belo Jardim 129<br />

Cachoeirinha 15<br />

Escada 01<br />

Ipojuca 232<br />

Riacho das Almas 55<br />

Venturosa 71<br />

Total 504<br />

Fonte: MPA (2009).<br />

Figura 51 - Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesca no rio Ipojuca, município <strong>de</strong> Ipojuca.<br />

Quanto à aquicultura, foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is empreendimentos <strong>de</strong> piscicultura em<br />

tanque-re<strong>de</strong> no município <strong>de</strong> Belo Jardim, no reservatório Pedro Moura Júnior<br />

(Figura 52 a 54). Um <strong>do</strong>s empreendimentos possui quatro tanques-re<strong>de</strong> que serão<br />

retira<strong>do</strong>s em breve, segun<strong>do</strong> informações <strong>do</strong> proprietário, pois ele preten<strong>de</strong> migrar<br />

para tanques escava<strong>do</strong>s, e permanecerá captan<strong>do</strong> água <strong>do</strong> reservatório Ipojuca. O<br />

outro empreendimento possui <strong>de</strong>zesseis tanques-re<strong>de</strong> e foi implanta<strong>do</strong> há cerca <strong>de</strong><br />

quatro anos e, segun<strong>do</strong> o proprietário, produz cerca <strong>de</strong> 500kg/semana.<br />

135


Figura 52 - Empreendimento <strong>de</strong> piscicultura no reservatório Pedro Moura Júnior.<br />

Figura 53 - Tanque-re<strong>de</strong> instala<strong>do</strong> no reservatório Pedro Moura Júnior.<br />

136


Figura 54 - Tilápia produzida em tanque-re<strong>de</strong> no reservatório Pedro Moura Júnior.<br />

5.8 CONFLITOS PELO USO DA ÁGUA<br />

Os principais conflitos pelo uso da água registra<strong>do</strong>s na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca foram verifica<strong>do</strong>s nos reservatórios Engº Severino Guerra e Pão <strong>de</strong> Açúcar.<br />

O reservatório Bituri (Engº Severino Guerra) é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a região,<br />

sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> para abastecimento público, abastecimento industrial e por pequenos<br />

irrigantes. Durante as estiagens severas (1998/99) houve registro <strong>de</strong> conflitos pelo<br />

uso da água no município <strong>de</strong> Belo Jardim, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> acionada a Secretaria <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos que <strong>de</strong>tectou a existência <strong>de</strong> pequenos barramentos com sacos<br />

<strong>de</strong> areia em afluentes <strong>do</strong> reservatório Eng. Severino Guerra, construí<strong>do</strong>s por<br />

usuários clan<strong>de</strong>stinos que realizavam captações <strong>de</strong> água para carros-pipa para<br />

comercialização <strong>de</strong> água. Os referi<strong>do</strong>s barramentos impediam a afluência à bacia<br />

hidráulica <strong>do</strong> reservatório que teve seu volume acumula<strong>do</strong> <strong>de</strong> água reduzi<strong>do</strong>,<br />

impedin<strong>do</strong> o atendimento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> ao usuários <strong>do</strong> reservatório. Após a ação da<br />

SRH os barramentos foram retira<strong>do</strong>s.<br />

Também foram registra<strong>do</strong>s conflitos pelo uso da água entre usuários situa<strong>do</strong>s a<br />

montante e a jusante <strong>do</strong> reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar, situada em terras indígenas no<br />

município <strong>de</strong> Pesqueira. Os usuários situa<strong>do</strong>s á montante <strong>do</strong> reservatório<br />

danificaram sua comporta, <strong>de</strong> forma que não foi possível liberar água para jusante,<br />

durante meses, no perío<strong>do</strong> 2007/2008. Apesar <strong>do</strong> reservatório situar-se em terrenos<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio da União, a SRH/PE proce<strong>de</strong>u aos serviços necessários para o conserto<br />

da comporta <strong>do</strong> reservatório, por solicitação <strong>do</strong>s usuários.<br />

O reservatório Pedro Moura Júnior, apesar <strong>de</strong> não ter registro <strong>de</strong> conflitos pelo uso<br />

da água, <strong>de</strong>ve ser observa<strong>do</strong> com atenção no aspecto <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água, uma<br />

vez que é utiliza<strong>do</strong> para abastecimento público e possui empreendimentos <strong>de</strong><br />

piscicultura instala<strong>do</strong>s.<br />

137


6 IDENTIFICAÇÃO DAS DEMANDAS DE ÁGUA<br />

Uma série <strong>de</strong> fatores vem contribuin<strong>do</strong> para o aumento das <strong>de</strong>mandas hídricas, com<br />

<strong>de</strong>staque para o crescimento da população, o grau <strong>de</strong> urbanização e da produção <strong>de</strong><br />

alimentos e merca<strong>do</strong>rias. Nesse contexto, os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda visam conhecer<br />

as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água atuais e futuras e, juntamente com o conhecimento das<br />

potencialida<strong>de</strong>s e disponibilida<strong>de</strong>s hídricas, são um <strong>do</strong>s elementos essenciais para a<br />

realização <strong>do</strong> balanço <strong>do</strong>s recursos hídricos <strong>de</strong> uma bacia hidrográfica. Constituem<br />

também um valioso instrumento <strong>de</strong> planejamento e <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong><br />

priorida<strong>de</strong>s na formulação <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> recursos hídricos.<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água que é requerida para aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s usuários é<br />

<strong>de</strong>finida como Demanda. Já o Consumo é a parte da <strong>de</strong>manda que é efetivamente<br />

consumida pelos usuários, seja incorporada aos produtos e plantas, evaporada e<br />

evapotranspirada ou então contaminada irreversivelmente.<br />

As <strong>de</strong>mandas po<strong>de</strong>m ser consuntivas e não consuntivas, as primeiras quan<strong>do</strong> o uso<br />

da água implica em consumo, as segundas quan<strong>do</strong> a água não é consumida, mas<br />

mantida em <strong>de</strong>terminadas condições que implicam em restrições aos <strong>de</strong>mais usos. A<br />

parcela da <strong>de</strong>manda consuntiva que é <strong>de</strong>volvida aos mananciais, representan<strong>do</strong>,<br />

portanto, a diferença entre a <strong>de</strong>manda e o consumo é <strong>de</strong>nominada Retorno. O<br />

Quadro 42 reúne as categorias <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s da bacia que apresentam <strong>de</strong>mandas<br />

consuntivas e não consuntivas.<br />

Quadro 42 – Demandas consuntivas e não consuntivas.<br />

Demandas Consuntivas Demandas Não Consuntivas<br />

Abastecimento humano: Urbano e Rural<br />

Desse<strong>de</strong>ntação animal<br />

Irrigação<br />

Indústria<br />

Aquicultura<br />

Ecologia<br />

Geração <strong>de</strong> energia<br />

Navegação interior<br />

Pesca<br />

Turismo, recreação e lazer.<br />

Na avaliação das <strong>de</strong>mandas, <strong>do</strong>is grupos <strong>de</strong> elementos são essenciais para a<br />

execução <strong>do</strong> trabalho, os fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda e os coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda.<br />

Os primeiros representam os elementos forneci<strong>do</strong>s pelos estu<strong>do</strong>s socioeconômicos<br />

da situação atual e projetada, que permitem calcular as <strong>de</strong>mandas e os consumos<br />

para as diferentes categorias <strong>de</strong> usuários. São exemplos <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda:<br />

habitantes, efetivos <strong>do</strong>s rebanhos, hectares irriga<strong>do</strong>s, cana moída etc.<br />

Os coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda correspon<strong>de</strong>m aos gastos <strong>de</strong> água <strong>do</strong>s diversos<br />

usuários, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> diversos fatores, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser otimiza<strong>do</strong>s na situação<br />

<strong>de</strong>sejada. Cada categoria <strong>de</strong> usuário consuntivo tem o seu respectivo coeficiente <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>manda.<br />

Na avaliação das <strong>de</strong>mandas, serão segui<strong>do</strong>s os critérios e conceitos <strong>do</strong> Plano<br />

Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> (PERH-PE). A área objeto <strong>de</strong>ste<br />

diagnóstico se concentra no estu<strong>do</strong> avaliativo das <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> água das seguintes<br />

ativida<strong>de</strong>s presentes na bacia: Abastecimento da população urbana e rural,<br />

<strong>de</strong>ssen<strong>de</strong>ntação animal, irrigação e indústria.<br />

138


A alocação <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> cada categoria <strong>de</strong> usuário, consi<strong>de</strong>rada no<br />

presente estu<strong>do</strong>, obe<strong>de</strong>ceu à regionalização da bacia, caracterizada pelas quatro<br />

Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Análise: UA1, UA2, UA3 e UA4.<br />

6.1 CENÁRIO ATUAL<br />

A caracterização <strong>do</strong> cenário atual apresenta<strong>do</strong> a seguir correspon<strong>de</strong> ao ano <strong>de</strong><br />

2010.<br />

6.1.1 Demanda <strong>de</strong> água para a população urbana<br />

A <strong>de</strong>manda para a população urbana representa um tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda concentrada,<br />

que correspon<strong>de</strong> ao atendimento das populações urbanas das se<strong>de</strong>s municipais e<br />

distritais localizadas na área da bacia.<br />

Fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

Para a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água para abastecimento da população<br />

urbana no cenário atual foi estimada a população <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2010 com base nos<br />

da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Censo <strong>do</strong> IBGE 2000 e da Contagem da População 2007 – IBGE.<br />

Para os municípios que apresentam urbanização concentrada foi consi<strong>de</strong>rada toda a<br />

população urbana como resi<strong>de</strong>nte na se<strong>de</strong> e consequentemente na bacia e na<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise on<strong>de</strong> se localiza a mesma. Além disso, foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os<br />

distritos <strong>de</strong> cada município localiza<strong>do</strong>s nas respectivas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise (Quadro<br />

43).<br />

Quadro 43 - População urbana da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise Município População 2000 População 2007<br />

UA1<br />

UA2<br />

UA3<br />

UA4<br />

Sanharó 7.613 10.197<br />

Belo Jardim 50.392 53.285<br />

Poção 6.359 6.815<br />

Tacaimbó 5.927 6.576<br />

São Caetano 22.499 25.570<br />

Caruaru 217.407 251.514<br />

Bezerros 44.566 46.955<br />

Gravatá 55.563 61.911<br />

Chã Gran<strong>de</strong> 11.736 11.803<br />

Primavera 6.641 7.757<br />

Escada 45.596 49.474<br />

Ipojuca 11.662 14.000<br />

O Quadro 44 apresenta a população urbana total <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise bem<br />

como as respectivas taxas anuais <strong>de</strong> crescimento i<strong>de</strong>ntificadas no perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>.<br />

Quadro 44 – Evolução <strong>de</strong>mográfica na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

População Urbana<br />

2000 2007<br />

Taxa anual <strong>de</strong> crescimento (%)<br />

UA1 64.364 70.297 1,27%<br />

UA2 245.833 283.660 2,07%<br />

139


Continuação<br />

Quadro 44 – Evolução <strong>de</strong>mográfica na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

População Urbana<br />

2000 2007<br />

Taxa anual <strong>de</strong> crescimento (%)<br />

UA3 111.865 120.669 1,16%<br />

UA4 63.899 71.231 1,50%<br />

Total 485.961 545.856 1,68%<br />

Para estimativa da população urbana atual (2010), apresentada no Quadro 45,<br />

consi<strong>de</strong>rou-se um crescimento geométrico da população, a partir <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2007,<br />

com taxas anuais iguais as verificadas no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2000 a 2007 anteriormente<br />

indicadas.<br />

Quadro 45 – Projeção da população urbana para 2010.<br />

ESTIMATIVA POPULAÇÃO 2010<br />

Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise Urbana<br />

UA1 73.004<br />

UA2 301.604<br />

UA3 128.016<br />

UA4 78.489<br />

Total 581.113<br />

Os coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda apresenta<strong>do</strong>s no Quadro 46, obe<strong>de</strong>ceram em linhas<br />

gerais à meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> Plano Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos (PERH),<br />

fundamenta<strong>do</strong> nos critérios da COMPESA que estabelece 4 (quatro) categorias por<br />

estrato <strong>de</strong> população.<br />

Quadro 46 – Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para população urbana.<br />

Categoria População Urbana (habitantes)<br />

Coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

L/hab/dia<br />

I Até 2.500 150<br />

II 2.501 - 12.000 190<br />

III 12.001 - 25.000 220<br />

IV Acima <strong>de</strong> 25.000 250<br />

Cálculo das <strong>de</strong>mandas<br />

Basea<strong>do</strong> nos coeficientes anteriormente indica<strong>do</strong>s, e nas populações urbanas<br />

<strong>de</strong>finidas nos estu<strong>do</strong>s socioeconômicos, as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> água foram avaliadas por<br />

município, e consolidadas por Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise (UA), sen<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />

apresenta<strong>do</strong>s no Quadro 47.<br />

O cálculo da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água é realiza<strong>do</strong> multiplican<strong>do</strong>-se a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />

fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pelo respectivo coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda.<br />

Para o cálculo <strong>do</strong> consumo, a<strong>do</strong>tou-se a meto<strong>do</strong>logia utilizada no Plano Diretor <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca que consi<strong>de</strong>ra um coeficiente<br />

<strong>de</strong> consumo igual a 80% para um retorno <strong>de</strong> 20%. A a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong>ste critério é<br />

justificada pela ausência <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> esgotamento sanitário eficiente,<br />

pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> fossas sépticas e outros tipos que resultam enormes perdas<br />

por infiltração e evaporação.<br />

140


Quadro 47 – Demanda e consumo população urbana – cenário atual.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise Demanda (m³/ano) Consumo (m³/ano)<br />

UA 1 6.274.731 5.019.785<br />

UA 2 27.368.201 21.894.561<br />

UA 3 11.479.601 9.183.681<br />

UA 4 6.824.140 5.459.312<br />

Total 51.946.672 41.557.337<br />

6.1.2 Demanda <strong>de</strong> água para a população rural<br />

A <strong>de</strong>manda para a população rural representa uma <strong>de</strong>manda difusa, ou seja, a<br />

população se apresenta dispersa ao longo da área municipal.<br />

Fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

Para a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água para abastecimento da população<br />

rural no cenário atual foi estimada a população <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2010 com base nos da<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> Censo <strong>do</strong> IBGE 2000 e da Contagem da População 2007 – IBGE.<br />

Nos municípios cuja área abrange mais <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise, a população foi<br />

calculada proporcionalmente à superfície contida na respectiva Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Análise<br />

(Quadro 48).<br />

Quadro 48 - População rural da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

análise<br />

UA1<br />

UA2<br />

UA3<br />

Município<br />

% <strong>de</strong> área na<br />

UA<br />

População<br />

2000<br />

População<br />

2007<br />

Arcover<strong>de</strong> 27,06% 1.705 1.601<br />

Alagoinha 30,32% 1.758 1.790<br />

São Bento <strong>do</strong> Una 9,79% 2.160 2.179<br />

Cachoeirinha 0,99% 49 43<br />

Sanharó 96,71% 7.995 7.186<br />

Tacaimbó 2,94% 207 163<br />

Capoeiras 0,13% 19 19<br />

Venturosa 0,48% 27 30<br />

Belo Jardim 35,34% 6.470 6.248<br />

Poção 91,39% 4.405 3.949<br />

Pesqueira 59,36% 9.932 10.382<br />

Altinho 0,64% 74 62<br />

Tacaimbó 58,30% 4.083 3.218<br />

São Caetano 68,15% 7.447 6.269<br />

Agrestina 0,06% 5 4<br />

Caruaru 36,79% 13.329 14.891<br />

Riacho das Almas 2,59% 312 263<br />

Belo Jardim 1,06% 194 188<br />

Agrestina 0,66% 48 39<br />

Caruaru 4,88% 1.768 1.975<br />

Bezerros 42,51% 5.444 4.113<br />

Riacho das Almas 0,02% 3 2<br />

141


Continuação<br />

Quadro 48 - População rural da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

análise<br />

UA3<br />

UA4<br />

Município<br />

% <strong>de</strong> área na<br />

UA<br />

População<br />

2000<br />

População<br />

2007<br />

Amaraji 0,87% 60 40<br />

Camocim <strong>de</strong> São Félix 0,22% 9 10<br />

Sairé 39,42% 3.154 2.405<br />

Gravatá 37,25% 4.363 3.599<br />

Chã Gran<strong>de</strong> 64,34% 4.292 3.706<br />

Pombos 0,86% 81 64<br />

Amaraji 24,76% 1.716 1.133<br />

Primavera 80,60% 3.898 3.302<br />

Gravatá 0,13% 16 13<br />

Chã Gran<strong>de</strong> 17,89% 1.194 1.031<br />

Pombos 26,60% 2.494 1.977<br />

Vitória <strong>de</strong> Santo Antão 11,52% 2.104 1.993<br />

Escada 57,10% 6.707 5.926<br />

Ipojuca 28,93% 5.489 6.272<br />

O Quadro 49 apresenta a população rural total <strong>de</strong> cada Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise bem<br />

como as respectivas taxas anuais <strong>de</strong> crescimento i<strong>de</strong>ntificadas no perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>.<br />

Quadro 49 – Evolução <strong>de</strong>mográfica na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

População Rural Taxa <strong>de</strong> Crescimento<br />

(%)<br />

2000 2007<br />

UA1 34.727 33.590 -0,47%<br />

UA2 25.444 24.895 -0,31%<br />

UA3 19.222 15.953 -2,63%<br />

UA4 23.618 21.647 -1,24%<br />

Total 103.011 96.085 -0,99%<br />

Para estimativa da população rural atual (2010), apresentada no Quadro 50,<br />

consi<strong>de</strong>rou-se um crescimento geométrico da população, a partir <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2007,<br />

com taxas anuais iguais as verificadas no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2000 a 2007.<br />

Quadro 50 – Projeção da população rural para 2010.<br />

ESTIMATIVA POPULAÇÃO 2010 (hab)<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise Rural<br />

Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

UA1 33.114<br />

UA2 24.663<br />

UA3 14.728<br />

UA4 20.853<br />

Total 93.359<br />

Para este segmento <strong>de</strong> população que se encontra disperso no meio rural ou então,<br />

nuclea<strong>do</strong> em pequenos aglomera<strong>do</strong>s, vários <strong>de</strong>les com sistemas simplifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

142


abastecimento <strong>de</strong> água, a<strong>do</strong>tou-se o coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pelo<br />

PLIRHINE (Plano <strong>de</strong> Aproveitamento Integra<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Recursos Hídricos <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste),<br />

que estabelece uma <strong>do</strong>tação por pessoa <strong>de</strong> 100L/hab/dia.<br />

Cálculo das <strong>de</strong>mandas<br />

Basean<strong>do</strong>-se no coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> anteriormente, e nas populações<br />

rurais, as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> água foram avaliadas por município, e consolidadas por<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise (UA), sen<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s no Quadro 51.<br />

Como se trata <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda difusa consi<strong>de</strong>rou-se o consumo igual à<br />

<strong>de</strong>manda, não haven<strong>do</strong>, portanto, retorno.<br />

Quadro 51 – Demanda e consumo da população rural - cenário atual.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise Demanda (m³/ano) Consumo (m³/ano)<br />

UA1 1.208.668 1.208.668<br />

UA2 900.212 900.212<br />

UA3 537.576 537.576<br />

UA4 761.152 761.152<br />

Total 3.407.607 3.407.607<br />

6.1.3 Desse<strong>de</strong>ntação animal<br />

O atendimento para o abastecimento da ativida<strong>de</strong> pecuária constitui outro tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>manda rural difusa, e correspon<strong>de</strong> ao somatório <strong>do</strong>s requerimentos <strong>de</strong> água <strong>do</strong>s<br />

animais <strong>do</strong>mésticos <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte existentes na área da bacia.<br />

Fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

Na avaliação e projeção <strong>do</strong>s rebanhos para o cenário atual, a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s fatores<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda tomou como base os efetivos <strong>do</strong>s rebanhos por município, <strong>do</strong> Pesquisa<br />

Pecuária Municipal <strong>do</strong> IBGE.<br />

Com relação aos municípios cuja área está inserida apenas parcialmente na bacia<br />

hidrográfica, o procedimento usa<strong>do</strong> foi o mesmo aplica<strong>do</strong> para a população rural, ou<br />

seja, os diferentes rebanhos foram calcula<strong>do</strong>s proporcionalmente à área <strong>de</strong> cada<br />

município contida na bacia e respectiva Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise (UA). O Quadro 52<br />

apresenta os rebanhos por UA entre os anos <strong>de</strong> 2005 e 2008.<br />

143


Quadro 52 – Rebanho por UA entre 2005 e 2008.<br />

Ano UA BOVINO CAPRINO OVINO SUÍNO ASININO EQUINO MUAR BUBALINO AVES<br />

UA 1 61.093 10.132 7.934 12.767 1.061 1.711 789 4 1.097.980<br />

2005<br />

UA 2<br />

UA 3<br />

26.958<br />

27.512<br />

5.037<br />

4.614<br />

3.272<br />

2.930<br />

2.774<br />

3.277<br />

351<br />

865<br />

931<br />

1.684<br />

701<br />

751<br />

0<br />

47<br />

230.933<br />

317.482<br />

UA 4 13.494 1.271 973 1.606 115 1.421 1.826 368 183.167<br />

TOTAL 129.057 21.054 15.109 20.424 2.392 5.747 4.067 419 1.829.562<br />

UA 1 70.475 11.269 8.475 13.896 1.100 2.024 801 4 783.381<br />

2006<br />

UA 2<br />

UA 3<br />

25.030<br />

27.769<br />

5.165<br />

4.688<br />

3.521<br />

2.975<br />

2.549<br />

3.329<br />

306<br />

863<br />

793<br />

1.657<br />

599<br />

725<br />

19<br />

46<br />

155.163<br />

309.245<br />

UA 4 13.765 1.301 1.000 1.646 122 1.450 1.850 375 186.867<br />

TOTAL 137.039 22.423 15.971 21.420 2.391 5.924 3.975 444 1.434.656<br />

UA 1 72.789 11.835 10.225 13.139 1.286 2.231 849 6 1.695.347<br />

2007<br />

UA 2<br />

UA 3<br />

24.909<br />

26.244<br />

5.635<br />

5.187<br />

3.801<br />

5.454<br />

2.470<br />

2.800<br />

281<br />

687<br />

761<br />

2.392<br />

573<br />

424<br />

15<br />

100<br />

186.671<br />

308.183<br />

UA 4 10.400 1.127 1.345 1.428 67 1.184 524 351 122.265<br />

TOTAL 134.342 23.784 20.825 19.837 2.321 6.568 2.370 472 2.312.466<br />

UA 1 75.063 11.170 12.096 15.725 1.725 2.741 1.159 6 2.200.170<br />

2008<br />

UA 2<br />

UA 3<br />

24.281<br />

26.665<br />

5.286<br />

5.269<br />

3.972<br />

5.534<br />

2.453<br />

2.787<br />

257<br />

660<br />

963<br />

2.465<br />

506<br />

396<br />

8<br />

103<br />

217.548<br />

314.970<br />

UA 4 10.133 1.126 1.336 1.462 68 1.187 568 357 198.560<br />

TOTAL 136.142 22.851 22.938 22.427 2.710 7.356 2.629 474 2.931.249<br />

Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal<br />

144


A estimativa <strong>do</strong> rebanho no cenário atual (2010) foi projetada através da taxa anual<br />

<strong>de</strong> crescimento aferida entre os anos <strong>de</strong> 2005 e 2008 (Quadro 53).<br />

Quadro 53 - Taxa anual <strong>de</strong> crescimento.<br />

Rebanho UA1 UA2 UA3 UA4<br />

Bovino 7,11% -3,43% -1,04% -9,11%<br />

Caprino 3,30% 1,62% 4,52% -3,96%<br />

Ovino 15,09% 6,68% 23,61% 11,15%<br />

Suíno 7,19% -4,02% -5,26% -3,08%<br />

Asinino 17,59% -9,87% -8,62% -16,07%<br />

Equino 17,01% 1,13% 13,54% -5,82%<br />

Muar 13,68% -10,30% 29,89% -32,24%<br />

Bubalino 14,47% -35,11% 29,89% -1,01%<br />

Ave 26,07% -1,97% -0,26% 2,73%<br />

Para estimativa <strong>do</strong> rebanho atual (2010), apresentada no Quadro 54, foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

um crescimento geométrico, a partir <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2008, com taxas anuais iguais as<br />

verificadas no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2005 a 2008 anteriormente indicadas.<br />

Quadro 54 – Rebanho projeta<strong>do</strong> para o ano <strong>de</strong> 2010.<br />

Projeção estimada para o ano <strong>de</strong> 2010<br />

Rebanho UA 1 UA 2 UA 3 UA 4 Total<br />

Bovino 86.109 22.646 26.115 8.371 143.241<br />

Caprino 11.921 5.459 5.756 1.039 24.175<br />

Ovino 16.022 4.520 8.455 1.650 30.647<br />

Suino 18.069 2.260 2.501 1.373 24.203<br />

Asinino 2.384 209 551 48 3.192<br />

Equino 3.752 985 3.178 1.053 8.968<br />

Muar 1.498 407 668 261 2.834<br />

Bubalino 8 4 173 350 535<br />

Aves 3.497.016 209.059 313.307 209.535 4.228.917<br />

Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

Para a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s Coeficientes <strong>de</strong> Demanda por água para a ativida<strong>de</strong><br />

pecuária foi a<strong>do</strong>tada a meto<strong>do</strong>logia utilizada no PERH, sugerida pelo PLIRHINE. As<br />

taxas <strong>de</strong> consumo usualmente a<strong>do</strong>tadas para o abastecimento <strong>de</strong> animais<br />

<strong>do</strong>mésticos, <strong>de</strong>fine uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medida hipotética, <strong>de</strong>nominada BEDA (Bovinos<br />

Equivalentes para Demanda <strong>de</strong> Água), através da qual, po<strong>de</strong>m-se reunir os diversos<br />

tipos <strong>de</strong> rebanho, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água que cada espécie requer<br />

em comparação aos bovinos, que possuem uma <strong>de</strong>manda já pré-estabelecida, da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 50L/cab/dia. O Quadro 55 estabelece valores <strong>de</strong> taxas usualmente<br />

a<strong>do</strong>tadas para o abastecimento <strong>de</strong> animais <strong>do</strong>mésticos em regime <strong>de</strong> criação<br />

extensivo.<br />

145


Quadro 55 – Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntação animal.<br />

Animais<br />

Coeficientes <strong>de</strong> Demanda (L/cabeça)<br />

Diário Anual<br />

Bovinos, Bubalinos 50,0 18.250<br />

Equinos, Asininos, Muares 40,0 14.600<br />

Suínos 10,0 3.650<br />

Caprinos e Ovinos 8,0 2.920<br />

Aves<br />

Fonte: PDRH, 2002.<br />

0.2 73.0<br />

Basea<strong>do</strong> nos coeficientes da Tabela anterior, os efetivos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os rebanhos<br />

existentes na bacia (bovinos, bubalinos, equinos, asininos, muares, caprinos, ovinos,<br />

suínos e aves) foram transforma<strong>do</strong>s em unida<strong>de</strong>s BEDA, através da seguinte<br />

relação:<br />

BEDA = Bovinos + Bubalinos + ((Equinos + Muares + Asininos) / 1,25) + ((Ovinos +<br />

Caprinos) / 6,25) + Suínos / 5 + Aves / 250<br />

Vale ressaltar que para o segmento da pecuária, admitiu-se um consumo<br />

correspon<strong>de</strong>nte a 100% da <strong>de</strong>manda, logo, não se consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> retorno.<br />

Cálculo da <strong>de</strong>manda<br />

Através <strong>do</strong>s coeficientes indica<strong>do</strong>s acima, e <strong>do</strong>s efetivos <strong>do</strong>s rebanhos estabeleci<strong>do</strong>s<br />

nos estu<strong>do</strong>s socioeconômico por nível <strong>de</strong> município e respectiva Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

(UA), estimou-se a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água para a ativida<strong>de</strong> pecuária da área<br />

consi<strong>de</strong>rada, que está indica<strong>do</strong> no Quadro 56.<br />

Quadro 56 – Demanda e consumo <strong>do</strong> segmento pecuário - cenário atual.<br />

6.1.4 Irrigação<br />

Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Análise Demanda e Consumo (m³/ano)<br />

UA1 1.901.384<br />

UA2 504.494<br />

UA3 609.821<br />

UA4 224.877<br />

Total 3.240.576<br />

A agricultura irrigada não representa uma ativida<strong>de</strong> significativa na bacia hidrográfica<br />

<strong>do</strong> rio Ipojuca, seja por limitações <strong>de</strong> natureza hídrica, como também, por <strong>de</strong>ficiência<br />

<strong>do</strong>s solos e restrições topográficas. O que pre<strong>do</strong>mina são pequenas explorações<br />

nos estreitos vales e nas áreas <strong>de</strong> contorno das bacias hidráulicas das pequenas e<br />

médias barragens.<br />

A irrigação na zona da mata, on<strong>de</strong> as limitações <strong>de</strong> natureza topográfica são ainda<br />

mais acentuadas e os déficits hídricos são bem menores, apresenta caráter<br />

suplementar, e a principal cultura é a cana <strong>de</strong> açúcar.<br />

Apesar das limitações existentes e <strong>do</strong> pouco significa<strong>do</strong> da agricultura irrigada ao<br />

longo <strong>de</strong> toda a bacia, trata-se <strong>de</strong> uma categoria <strong>de</strong> usuários que, por requerer altas<br />

<strong>de</strong>mandas específicas <strong>de</strong> água, merece atenção especial.<br />

146


Fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

Para a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda em termos <strong>de</strong> área irrigada, proce<strong>de</strong>use<br />

o levantamento <strong>de</strong> informações na Base <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> – IBGE. Com<br />

relação aos municípios cuja área está inserida apenas parcialmente na bacia<br />

hidrográfica, o procedimento usa<strong>do</strong> foi o mesmo aplica<strong>do</strong> para a população rural, ou<br />

seja, as áreas irrigadas foram calculadas proporcionalmente à área <strong>de</strong> cada<br />

município contida na bacia e respectiva Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise (UA). O Quadro 57<br />

apresenta as áreas irrigadas por meto<strong>do</strong>logia utilizada em cada UA no ano <strong>de</strong> 2006:<br />

Quadro 57 – Área irrigada da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, em 2006.<br />

ÁREA IRRIGADA (ha)<br />

Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Irrigação<br />

UA1<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

UA2 UA3 UA4<br />

Inundação 103,84 1,30 1,56 309,03<br />

Sulcos 14,42 3,61 26,61 376,65<br />

Aspersão (Pivô) 0,00 0,00 263,76 567,83<br />

Aspersão (outros) 218,29 99,01 517,76 711,80<br />

Localizada 39,47 52,04 338,54 87,67<br />

Outros méto<strong>do</strong>s 148,02 215,73 791,94 938,05<br />

Total 524,03 371,68 1.940,17 2.991,02<br />

Fonte: Base <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> - IBGE, 2006.<br />

Coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

Os coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por água para o segmento irrigação foram<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração alguns fatores naturais essenciais à<br />

ativida<strong>de</strong>, <strong>do</strong>s quais, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente este segmento, tais como:<br />

• Temperatura;<br />

• umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar;<br />

• radiação solar;<br />

• características <strong>do</strong> solo<br />

• méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> irrigação;<br />

• calendários agrícolas (safras); e<br />

• tipos <strong>de</strong> culturas e rotações.<br />

No presente estu<strong>do</strong>, levam-se em consi<strong>de</strong>ração apenas os parâmetros climáticos.<br />

Entre esses fatores, a quantida<strong>de</strong> e a distribuição das chuvas, têm <strong>de</strong>staque<br />

especial, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> que os coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para irrigação sejam<br />

distintos, segun<strong>do</strong> as condições fisiográficas das áreas consi<strong>de</strong>radas.<br />

O coeficiente <strong>de</strong> cultura é um fator adimensional, que estabelece a relação entre a<br />

evapotranspiração <strong>de</strong> referência e a evapotranspiração da cultura. É um valor<br />

normalmente encontra<strong>do</strong> na literatura para as diferentes culturas e seus estágios <strong>de</strong><br />

crescimento, no entanto, neste trabalho, os coeficientes <strong>de</strong> cultura foram<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s nos cálculos como sen<strong>do</strong> 0,8 (valor que representa um coeficiente<br />

médio quan<strong>do</strong> se trata e áreas on<strong>de</strong> o elenco <strong>de</strong> culturas é bastante varia<strong>do</strong>).<br />

147


Foi calculada, para o ano <strong>de</strong> 2010, a <strong>de</strong>manda para irrigação a partir da taxa <strong>de</strong><br />

crescimento a<strong>do</strong>tada pelo PARH (Plano <strong>de</strong> Aproveitamento <strong>do</strong>s Recursos hídricos) e<br />

apresentada no Quadro 58 abaixo:<br />

Quadro 58 – Taxa <strong>de</strong> crescimento anual <strong>de</strong> irrigação.<br />

Bacia Taxa <strong>de</strong> crescimento<br />

anual da irrigação<br />

Bacia <strong>do</strong> rio Goiana, GL-1 e GL-6 0,5% a.a.<br />

Bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca 0,5% a.a.<br />

Bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca 1,0% a.a.<br />

Bacia <strong>do</strong> rio Sirinhaém e GL-3 1,0% a.a.<br />

Bacias <strong>do</strong> rio Una 1,0% a.a.<br />

GL-4 e GL-5 1,0% a.a<br />

Bacia <strong>do</strong> rio Mundaú 0,5% a.a.<br />

Bacia <strong>do</strong> rio Ipanema e GI-1 0,5% a.a.<br />

Fonte: PARH, 2005.<br />

Cálculo das <strong>de</strong>mandas<br />

Através <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> precipitações pluviométricas e da evapotranspiração<br />

potencial <strong>de</strong> Hargreaves, foi calculada a lâmina líquida por meio da seguinte fórmula:<br />

LL = EVTP x Kc – Pef (35)<br />

On<strong>de</strong>: LL = Lâmina Líquida (mm);<br />

EVTP = Evapotranspiração potencial <strong>de</strong> Hargreaves;<br />

Kc = Coeficiente <strong>de</strong> Cultura;e<br />

Pef = Precipitação Efetiva (mm).<br />

Multiplica-se o valor <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> cultura pela evapotranspiração potencial. Os<br />

valores assim encontra<strong>do</strong>s são <strong>de</strong>duzi<strong>do</strong>s da precipitação mensal confiável com<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 75%, fornecen<strong>do</strong> as necessida<strong>de</strong>s líquidas teóricas (lâmina<br />

líquida). Essa lâmina, por sua vez, é dividida pela eficiência <strong>de</strong> cada méto<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

irrigação emprega<strong>do</strong>, com valores apresenta<strong>do</strong>s no Quadro 59, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong>-se,<br />

assim, o real volume a ser aplica<strong>do</strong>. O somatório <strong>do</strong>s valores mensais representa a<br />

lâmina bruta anual, constituin<strong>do</strong> a <strong>de</strong>manda anual estimada, em milímetros. Esse<br />

último valor multiplica<strong>do</strong> por 10 fornece a <strong>de</strong>manda anual, em m³/ha/ano.<br />

Quadro 59 – Eficiência <strong>de</strong> cada méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> irrigação.<br />

Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Irrigação Eficiência<br />

Inundação 0,5<br />

Sulcos 0,5<br />

Asp. Pivô 0,85<br />

Asp. (outros) 0,8<br />

Gotejamento 0,9<br />

Outros 0,5<br />

Fonte: BERNARDO et al,2006.<br />

Além disso, foi estabeleci<strong>do</strong> um coeficiente <strong>de</strong> consumo para o segmento da<br />

irrigação, que é <strong>de</strong> 70%, haven<strong>do</strong>, portanto, um retorno ao corpo d’água <strong>de</strong> 30% <strong>do</strong><br />

volume capta<strong>do</strong>. O Quadro 60 mostra a estimativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda e consumo <strong>de</strong> água<br />

para o segmento <strong>de</strong> irrigação na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

148


Quadro 60 – Demanda e consumo para irrigação, em 2010.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

Demanda (m³/ano)<br />

2010<br />

Consumo (m³/ano)<br />

UA1 6.671.645 4.670.152<br />

UA2 5.266.564 3.686.595<br />

UA3 21.590.511 15.113.358<br />

UA4 17.556.985 12.289.889<br />

TOTAL 51.085.705 35.759.993<br />

6.1.5 Indústria<br />

Na bacia distinguem-se <strong>do</strong>is segmentos industriais principais: um representa<strong>do</strong> pelas<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transformação volta<strong>do</strong> para a produção <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo duráveis e<br />

bens <strong>de</strong> consumo imediato, com <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água pouco significativa para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s; o outro, referente ao setor sucroalcooleiro cuja<br />

importância <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>s recursos hídricos, <strong>de</strong>corre, não só <strong>do</strong> alto<br />

requerimento <strong>de</strong> água que exige,mas também, pelo seu potencial polui<strong>do</strong>r.<br />

Por esta razão, na avaliação das <strong>de</strong>mandas para a referida categoria <strong>de</strong> usuário,<br />

eles foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s separadamente, ou seja, um, correspon<strong>de</strong>nte ao “segmento<br />

sucroalcooleiro”, o outro, referente aos segmentos restantes <strong>do</strong> setor, sob a<br />

<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> “outras indústrias”.<br />

Fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

Indústrias sucroalcooleiras<br />

Como fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para a <strong>de</strong>terminação das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água para o<br />

segmento sucroalcooleiro na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, levou-se em<br />

consi<strong>de</strong>ração a quantida<strong>de</strong> produzida <strong>de</strong> cana moída por safra, excluin<strong>do</strong> as UAs 1 e<br />

2 <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a baixa produção constatada na base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE entre os anos <strong>de</strong><br />

2003 a 2006. O Quadro 61 apresenta a produção entre os anos cita<strong>do</strong>s.<br />

Com relação aos municípios cuja área está inserida apenas parcialmente na bacia<br />

hidrográfica, o procedimento usa<strong>do</strong> foi o mesmo aplica<strong>do</strong> para a população rural e<br />

para os rebanhos, ou seja, a produção foi consi<strong>de</strong>rada proporcionalmente à área <strong>de</strong><br />

cada município contida na bacia e respectiva Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise (UA).<br />

149


Quadro 61 – Produção <strong>de</strong> cana <strong>de</strong> açúcar entre os anos <strong>de</strong> 2003 e 2006.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise Município 2003 2004 2005 2006<br />

UA3<br />

UA4<br />

Agrestina 0 0 0 0<br />

Caruaru 0 0 0 0<br />

Bezerros 0 0 0 0<br />

Riacho das Almas 0 0 0 0<br />

Amaraji 425.000 353.600 318.720 312.000<br />

Camocim <strong>de</strong> São Félix 0 0 0 0<br />

Sairé 0 0 0 0<br />

Gravatá 500 660 1.400 1.400<br />

Chã Gran<strong>de</strong> 16.200 14.400 16.000 12.880<br />

Pombos 193.050 131.600 125.000 110.000<br />

Amaraji 425.000 353.600 318.720 312.000<br />

Primavera 418.000 431.970 409.800 340.000<br />

Gravatá 500 660 1.400 1.400<br />

Chã Gran<strong>de</strong> 16.200 14.400 16.000 12.880<br />

Pombos 193.050 131.600 125.000 110.000<br />

Vitória <strong>de</strong> Santo Antão 324.500 330.990 312.936 300.000<br />

Escada 690.000 520.000 485.100 384.000<br />

Ipojuca 1.050.000 1.050.000 1.050.000 504.000<br />

Fonte : IBGE – Produção Agrícola Municipal.<br />

O Quadro 62 apresenta a produção total <strong>de</strong> cada Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise bem como as<br />

respectivas taxas anuais <strong>de</strong> crescimento i<strong>de</strong>ntificadas no perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>.<br />

Quadro 62 – Produção por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise e taxa anual <strong>de</strong> crescimento.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

análise<br />

Cana produzida<br />

2003 2004 2005 2006<br />

Taxa <strong>de</strong><br />

crescimento<br />

(%)<br />

UA3 634.750 500.260 461.120 436.280 -11,75%<br />

UA4 3.117.250 2.833.220 2.718.956 1.964.280 -14,27%<br />

Total 3.752.000 3.333.480 3.180.076 2.400.560 -13,83%<br />

A estimativa da produção no cenário atual (2010) foi feita a partir da taxa anual <strong>de</strong><br />

crescimento aferida entre os anos <strong>de</strong> 2003 e 2006. O Quadro 63 apresenta a<br />

produção projetada.<br />

Quadro 63– Projeção da produção para 2010 – cenário atual.<br />

ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO 2010<br />

Outras Indústrias<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise Total<br />

UA3 264.636<br />

UA4 1.061.156<br />

Total 1.325.792<br />

Para o segmento “outras indústrias”, em virtu<strong>de</strong> das varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tipologias<br />

envolvidas, <strong>de</strong>para-se com uma gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estabelecer um critério que<br />

150


possa ser genérico para todas elas, o que aponta para que sejam simplifica<strong>do</strong>s os<br />

procedimentos.<br />

Toman<strong>do</strong> como referência o PLIRHINE o mesmo aplicou como fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

para o aludi<strong>do</strong> segmento o número <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s por estabelecimento por tipologia<br />

consi<strong>de</strong>rada.<br />

A<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se o mesmo procedimento no presente trabalho, utilizou a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estabelecimentos industriais das se<strong>de</strong>s municipais localizadas nas bacias estudadas<br />

e os respectivos números <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s oriun<strong>do</strong>s da “Base <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>” que tem como fonte o IBGE, ano 2008.<br />

Devi<strong>do</strong> à indisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações foi consi<strong>de</strong>rada como todas as indústrias<br />

<strong>do</strong>s municípios como contidas na bacia, bem como nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise, em que<br />

esta situada sua se<strong>de</strong> (Quadro 64).<br />

Quadro 64 – Número <strong>de</strong> indústrias por ramo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> e números <strong>de</strong><br />

emprega<strong>do</strong>s.<br />

Unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong><br />

Análise<br />

Tipo <strong>de</strong> Indústria<br />

Nº <strong>de</strong><br />

Indústrias<br />

Nº <strong>de</strong><br />

Emprega<strong>do</strong>s<br />

Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca 35 107<br />

Extrativa mineral 2 15<br />

UA 1<br />

Indústria <strong>de</strong> transformação 171 3.257<br />

Serviço industrial <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública 2 8<br />

Construção civil 22 91<br />

Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca 58 14<br />

Extrativa mineral 1 0<br />

UA 2<br />

Indústria <strong>de</strong> transformação 157 760<br />

Serviço industrial <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública 2 8<br />

Construção civil 33 4<br />

Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca 251 1.179<br />

Extrativa mineral 13 39<br />

UA 3<br />

Indústria <strong>de</strong> transformação 2.083 12.232<br />

Serviço industrial <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública 12 137<br />

Construção civil 272 2.369<br />

Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca 119 1.351<br />

Extrativa mineral 7 107<br />

UA 4<br />

Indústria <strong>de</strong> transformação 237 13.457<br />

Serviço industrial <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública 8 23<br />

Construção civil 112 2.398<br />

Fonte: IBGE – Base <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, 2008.<br />

Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

Indústrias sucroalcooleiras<br />

Demanda<br />

(m³/ano)<br />

677.717<br />

3.319.456<br />

2.197.366<br />

5.646.032<br />

Para o segmento sucroalcooleiro, cujo processo industrial inclui lavagem <strong>de</strong> cana,<br />

embebição, filtração, coluna barométrica, lavagem <strong>do</strong> mel e diluição <strong>do</strong> melaço, ele<br />

requer, para o sistema fecha<strong>do</strong>, uma carga inicial <strong>de</strong> 19,3m³ <strong>de</strong> água por tonelada<br />

<strong>de</strong> cana esmagada. Inicia<strong>do</strong> o processo, há uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3,0m³ <strong>de</strong> água por<br />

tonelada <strong>de</strong> cana como carga <strong>de</strong> manutenção, que foi o coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para se estimar os requerimentos <strong>de</strong> água <strong>do</strong> setor, admitin<strong>do</strong>-se um<br />

coeficiente <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> 20%, portanto, um retorno <strong>de</strong> 80%. Cabe registrar que a<br />

151


<strong>de</strong>manda para as usinas e <strong>de</strong>stilarias concentra-se no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> moagem, que<br />

esten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong> setembro a março, justamente quan<strong>do</strong> as chuvas são mais escassas.<br />

Outras Indústrias<br />

Quanto ao segmento “Outras Indústrias”, o cálculo da <strong>de</strong>manda industrial baseou-se<br />

nos coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s no PLIRHINE apud <strong>Pernambuco</strong> (2004c),<br />

além das informações obtidas no IBGE (gênero das indústrias e número <strong>de</strong> pessoal<br />

ocupa<strong>do</strong>) no ano <strong>de</strong> 2008. Os coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para os gêneros <strong>de</strong> indústria<br />

encontra<strong>do</strong>s nas bacias em estu<strong>do</strong> são apresenta<strong>do</strong>s no Quadro 65.<br />

Quadro 65 - Coeficientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para a indústria.<br />

Classes das Ativida<strong>de</strong>s Industriais<br />

Coeficiente<br />

(m³/operário X dia)<br />

A - Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 8,00<br />

C - Indústrias extrativas 0,20<br />

D - Indústrias <strong>de</strong> transformação 0,30<br />

E - Produção e distribuição <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>, gás e água 0,20<br />

F - Construção 0,26<br />

G - Comércio, reparação <strong>de</strong> veículos automotores, objetos<br />

0,30<br />

pessoais e <strong>do</strong>mésticos<br />

H - Alojamento e alimentação 5,00<br />

I - Transporte, armazenagem e comunicações 0,30<br />

K - Ativida<strong>de</strong>s imobiliárias, aluguéis e serviços presta<strong>do</strong>s às<br />

empresas<br />

Fonte: PLIRHINE apud <strong>Pernambuco</strong> (2004c).<br />

0,20<br />

No presente estu<strong>do</strong> não foram consi<strong>de</strong>radas as indústrias <strong>do</strong> J (intermediação<br />

financeira), L (administração pública, <strong>de</strong>fesa e segurida<strong>de</strong> social), M (educação), N<br />

(saú<strong>de</strong> e serviços sociais), O (organismos internacionais e outras instituições<br />

extraterritoriais), pois as mesmas não se enquadram na <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> uso industrial<br />

<strong>de</strong> água.<br />

Cálculo das <strong>de</strong>mandas<br />

Indústrias sucroalcooleiras<br />

O cálculo da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água para as indústrias sucroalcooleiras é realiza<strong>do</strong> a<br />

partir da multiplicação da cana moída por safra pelo coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, e consi<strong>de</strong>rou-se que toda cana produzida passou pelo processo <strong>de</strong><br />

moagem (Quadro 66).<br />

Quadro 66 – Demanda e consumo <strong>de</strong> água por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise Demanda (m³/safra) Consumo (m 3 /safra)<br />

Outras indústrias<br />

UA 3 793.908 158.782<br />

UA 4 3.183.467 636.693<br />

Total 3.977.375 795.475<br />

O atendimento da <strong>de</strong>manda a esse conjunto <strong>de</strong> indústrias, que exclui o segmento<br />

canavieiro, é computa<strong>do</strong> a partir da multiplicação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

cada tipologia industrial pelo seu respectivo coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, assim ao final<br />

proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com o somatório <strong>de</strong> todas as tipologias obtém-se a quantida<strong>de</strong> total <strong>de</strong><br />

152


água <strong>de</strong>mandada (Quadro 67). A <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> água para este<br />

segmento baseou-se no PDRH da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca que foi <strong>de</strong> 20%<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> um retorno <strong>de</strong> 80%.<br />

Quadro 67 - Demanda por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Análise<br />

Demanda (m³/ano) Consumo (m³ano)<br />

UA 1 727.786 145.557<br />

UA 2 3.154.878 630.976<br />

UA 3 2.621.011 524.202<br />

UA 4 7.119.492 1.423.898<br />

Total 13.623.167 2.724.633<br />

6.1.6 Usos não consuntivos<br />

Na sua totalida<strong>de</strong>, os usos não consuntivos compreen<strong>de</strong>m aqueles tipos<br />

<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s “uso no corpo d’água” e incluem, entre outros, principalmente:<br />

• Geração <strong>de</strong> energia;<br />

• navegação;<br />

• piscicultura; e<br />

• turismo, recreação e lazer.<br />

6.1.7 Síntese das <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> água para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

Finalizan<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong>, seguem no Quadro 68 os valores encontra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda,<br />

consumo e retorno das respectivas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />

finalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso da água na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Quadro 68 - Síntese da <strong>de</strong>manda total <strong>de</strong> água da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

(m³/ano).<br />

Unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> análise<br />

UA1 2010<br />

UA2 2010<br />

UA3 2010<br />

UA4 2010<br />

Ano Destino Abastecimento<br />

Humano<br />

Indústria<br />

Setor<br />

Pecuário<br />

Irrigação Total<br />

Demanda 7.483.398 727.786 2.085.919 6.671.645 16.968.750<br />

Consumo 6.228.452 145.557 2.085.919 4.670.152 13.130.081<br />

Retorno 1.254.946 582.229 0 2.001.494 3.838.669<br />

Demanda 28.268.413 3.154.878 489.386 5.266.564 37.179.241<br />

Consumo 22.794.773 630.976 489.386 3.686.595 27.601.729<br />

Retorno 5.473.640 2.523.902 0 1.579.969 9.577.511<br />

Demanda 12.017.177 2.621.011 617.448 21.590.511 36.846.147<br />

Consumo 9.721.256 524.202 617.448 15.113.358 25.976.265<br />

153<br />

Retorno 2.295.920 2.096.809 0 6.477.153 10.869.883<br />

Demanda 7.585.291 7.119.492 207.203 17.556.985 32.468.971<br />

Consumo 6.220.463 1.423.898 207.203 12.289.889 20.141.454<br />

Retorno 1.364.828 5.695.593 0 5.267.095 12.327.517


7 BALANÇO DOS RECURSOS HÍDRICOS NAS UNIDADES DE ANÁLISE<br />

O balanço hídrico é um instrumento <strong>de</strong> trabalho que estuda a relação <strong>de</strong><br />

comparação entre as disponibilida<strong>de</strong>s e as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> água em uma <strong>de</strong>terminada<br />

bacia hidrográfica, UA (unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise) ou região. Representa a base <strong>de</strong> to<strong>do</strong><br />

um processo que subsidia o estabelecimento <strong>de</strong> planos, programas e projetos <strong>de</strong><br />

aproveitamento racional <strong>do</strong>s recursos hídricos, bem como o atendimento pleno às<br />

<strong>de</strong>mandas. É um processo que retrata a situação <strong>do</strong>s fatores básicos para a tomada<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões envolven<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong>sses recursos, através <strong>de</strong> confrontações entre<br />

volumes disponíveis e <strong>de</strong>mandas, levan<strong>do</strong> em conta as necessida<strong>de</strong>s da população<br />

e o <strong>de</strong>senvolvimento econômico. Funciona como um instrumento <strong>de</strong> uso<br />

dissemina<strong>do</strong> no estabelecimento <strong>de</strong> políticas, planos, programas e projetos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento em uma região.<br />

Através <strong>do</strong> balanço hídrico, po<strong>de</strong>-se concluir se os recursos disponíveis existentes<br />

aten<strong>de</strong>m à <strong>de</strong>manda e avaliar as conveniências e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transferências<br />

<strong>de</strong> água entre unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> planejamento. Tu<strong>do</strong> isso, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os efeitos<br />

sociais, econômicos e ambientais <strong>de</strong> tais iniciativas.<br />

7.1 DEFINIÇÕES<br />

Para um a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> entendimento e explicitação <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> das parcelas <strong>do</strong><br />

Balanço hídrico, são <strong>de</strong>finidas e conceituadas, adiante, algumas variáveis utilizadas<br />

neste estu<strong>do</strong>.<br />

a) Potencialida<strong>de</strong><br />

Representa a vazão média <strong>de</strong> escoamentos anuais observadas durante um perío<strong>do</strong><br />

longo (vários anos consecutivos).<br />

b) Disponibilida<strong>de</strong><br />

É o volume <strong>de</strong> água que po<strong>de</strong> ser coloca<strong>do</strong> à disposição, com eleva<strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />

garantia <strong>de</strong> atendimento, aos vários tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas existentes, durante um<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo. Está diretamente ligada a intervenção humana no meio físico e ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico.<br />

O conceito <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> comporta a seguinte subdivisão:<br />

• Disponibilida<strong>de</strong> virtual (aproveitável)<br />

A disponibilida<strong>de</strong> virtual ou aproveitável representa, para águas superficiais, o<br />

aproveitamento máximo da potencialida<strong>de</strong> levan<strong>do</strong> em conta as restrições físicas e<br />

econômicas a este aproveitamento. No presente estu<strong>do</strong> estabeleceu-se a<br />

disponibilida<strong>de</strong> virtual em 80% da potencialida<strong>de</strong> para UA4 e 60% para as <strong>de</strong>mais<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise.<br />

A disponibilida<strong>de</strong> virtual <strong>do</strong>s recursos hídricos subterrâneos correspon<strong>de</strong> ao valor da<br />

potencialida<strong>de</strong>, conforme item 4.1 <strong>de</strong>ste <strong>do</strong>cumento.<br />

• Disponibilida<strong>de</strong> efetiva (atuais próprias)<br />

Também chamada <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> atual própria é representada, para águas<br />

superficiais, como o volume <strong>de</strong> água efetivamente à disposição <strong>do</strong>s usuários nas<br />

154


condições atuais e correspon<strong>de</strong> à disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água em Açu<strong>de</strong>s Anuais e<br />

interanuais.<br />

Neste estu<strong>do</strong>, os açu<strong>de</strong>s anuais são aqueles com volumes acumula<strong>do</strong>s inferiores a<br />

100.000m³ e supostos disponíveis a cada ano. Em contrapartida, os açu<strong>de</strong>s<br />

interanuais correspon<strong>de</strong>m a reservatórios com mais <strong>de</strong> 100.000m³ <strong>de</strong> acumulação e<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>ra disponível a vazão regularizada com 90% <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong><br />

atendimento em um mês qualquer.<br />

Para os recursos hídricos subterrâneas, a disponibilida<strong>de</strong> efetiva representará o<br />

volume atualmente explora<strong>do</strong> nas obras existentes, que correspon<strong>de</strong> aos regimes <strong>de</strong><br />

4/24h e 8/24h, respectivamente para os poços <strong>do</strong> aquífero intersticial em bacias<br />

sedimentares e para os poços <strong>do</strong> aquífero aluvial ou fissural.<br />

c) Demanda consuntiva<br />

É o volume <strong>de</strong> água necessário para aten<strong>de</strong>r anualmente o consumo das diferentes<br />

categorias <strong>de</strong> usuários: população urbana e rural, efetivo animal, irrigação, indústria,<br />

e outros.<br />

d) Demanda ecológica<br />

É a vazão a ser mantida em cursos <strong>de</strong> água para assegurar condições ambientais<br />

a<strong>de</strong>quadas em face da retirada da <strong>de</strong>manda consuntiva. Para este trabalho, a<br />

<strong>de</strong>manda ecológica correspon<strong>de</strong> a 10% da disponibilida<strong>de</strong> efetiva total hídrica da<br />

bacia.<br />

e) Consumo<br />

É a parte da <strong>de</strong>manda consuntiva que é efetivamente consumida por pessoas,<br />

animais, utilizada em produtos ou plantas, evaporada e evapotranspirada.<br />

f) Retorno<br />

É a parcela da <strong>de</strong>manda que é <strong>de</strong>volvida aos mananciais sen<strong>do</strong> representada pela<br />

diferença entre a <strong>de</strong>manda e o consumo.<br />

g) Sal<strong>do</strong> hídrico<br />

Consiste no resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> balanço quantifican<strong>do</strong> a abundância ou a escassez <strong>de</strong><br />

água.<br />

7.2 SALDOS HÍDRICOS<br />

Para a primeira etapa <strong>do</strong> balanço foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s quatro sal<strong>do</strong>s hídricos, que<br />

foram calcula<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s valores totais das disponibilida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong>mandas e consumos.<br />

• S1 = Disponibilida<strong>de</strong> - <strong>de</strong>mandas consuntivas.<br />

Para S1 positivo: abundância <strong>de</strong> água.<br />

Para S1 negativo: déficit <strong>de</strong> água.<br />

Se S1 = 0: consumo <strong>de</strong> toda disponibilida<strong>de</strong>.<br />

155


• S2 = Disponibilida<strong>de</strong> – <strong>de</strong>mandas consuntivas - <strong>de</strong>manda ecológica, ou seja, S2<br />

= S1 – <strong>de</strong>manda ecológica.<br />

Este sal<strong>do</strong> leva em consi<strong>de</strong>ração um percentual <strong>de</strong> 10% <strong>do</strong> valor total das<br />

disponibilida<strong>de</strong>s para manutenção e sustento ecológicos, representa<strong>do</strong> pela<br />

“Demanda Ecológica”. Quan<strong>do</strong> S2 é positivo, além <strong>de</strong> abundância <strong>de</strong> água para<br />

Demandas Consuntivas, há também disponibilida<strong>de</strong> para manutenção ecológica;<br />

quan<strong>do</strong> S2 for negativo, não há condições <strong>de</strong>ssa manutenção, porém, po<strong>de</strong> ainda<br />

haver sal<strong>do</strong> positivo <strong>de</strong> água para a Demanda Consuntiva.<br />

• S3 = Disponibilida<strong>de</strong> – <strong>de</strong>mandas consuntivas + 50% <strong>do</strong> retorno, ou<br />

S3 = S1 + 50% <strong>do</strong> retorno.<br />

Permite a análise <strong>do</strong>s déficits hídricos com um aproveitamento <strong>de</strong> 50% da diferença<br />

entre <strong>de</strong>manda e consumo (retorno), ten<strong>do</strong> em vista um maior controle <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sperdício na relação <strong>de</strong>manda x consumo e no tratamento <strong>do</strong>s efluentes. O<br />

Retorno é composto por duas parcelas, uma referente ao processo <strong>de</strong> utilização da<br />

água e a outra <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> perdas e <strong>de</strong>sperdícios. A primeira parcela não po<strong>de</strong><br />

ser evitada e sua reutilização <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da qualida<strong>de</strong> da água retornada, enquanto a<br />

segunda parcela po<strong>de</strong> ser evitada ou minimizada, reduzin<strong>do</strong> ao máximo as perdas.<br />

• S4 = Disponibilida<strong>de</strong> – <strong>de</strong>mandas consuntivas – <strong>de</strong>manda ecológica + 50% <strong>do</strong><br />

retorno, ou seja, S4 = S2 + 50% <strong>do</strong> retorno.<br />

Este sal<strong>do</strong> indica as situações hídricas <strong>de</strong>ficitárias levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração um<br />

aproveitamento <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong> Retorno, mediante melhor gerenciamento <strong>do</strong> uso da<br />

água e preservação das condições ecológicas.<br />

7.3 DADOS DAS DISPONIBILIDADES<br />

7.3.1. Águas superficiais<br />

Os números relativos às disponibilida<strong>de</strong>s efetivas (atuais próprias) serão utiliza<strong>do</strong>s,<br />

diretamente, na realização <strong>do</strong> balanço hídrico, sen<strong>do</strong> os <strong>de</strong>mais da<strong>do</strong>s expostos<br />

para permitir a apreciação crítica <strong>do</strong>s sal<strong>do</strong>s ou déficits nele apura<strong>do</strong>s. O Quadro 69<br />

adiante apresenta um resumo <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> águas superficiais,<br />

por Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise, resultantes <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s hidrológicos realiza<strong>do</strong>s.<br />

156


Quadro 69 – Disponibilida<strong>de</strong>s atuais próprias (efetivas) por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise.<br />

Unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Análise<br />

O Quadro 70 abaixo apresenta uma estimativa <strong>do</strong> que seria a disponibilida<strong>de</strong><br />

explorável adicional, correspon<strong>de</strong>nte à diferença entre as disponibilida<strong>de</strong>s<br />

aproveitável (virtual) e atual (efetiva), e que representará uma parcela possível <strong>de</strong><br />

mobilização mediante ampliação da infraestrutura hídrica, até o máximo permiti<strong>do</strong><br />

sem que se produzam efeitos in<strong>de</strong>sejáveis <strong>de</strong> qualquer espécie.<br />

Quadro 70 – Balanço das disponibilida<strong>de</strong>s atuais.<br />

Unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong><br />

Análise<br />

AD<br />

(km 2 )<br />

Área<br />

(km 2 )<br />

Potencialida<strong>de</strong><br />

(10 6 m 3 /ano)<br />

Disp.<br />

Aproveitável<br />

(Virtual)*<br />

(10 6 m 3 /ano)<br />

Disp. Atuais<br />

Próprias<br />

(Efetiva)<br />

(10 6 m 3 /ano)<br />

Explorável<br />

Adicional<br />

Anual<br />

(10 6 m 3 /ano)<br />

157<br />

Explorável<br />

Adicional<br />

(%)<br />

UA1 1495,12 73,57 44,14 31,39 13 28,9%<br />

UA2 752,68 20,71 12,43 4,84 8 61,0%<br />

UA3 573,09 88,91 53,35 1,16 52 97,8%<br />

UA4 612,69 322,26 257,81 47,78 210 81,5%<br />

TOTAL 3.433,58 505,45 367,72 85,178 282,546 67,3%<br />

*Percentual <strong>de</strong> 80% da potencialida<strong>de</strong> para UA4 e 60% para <strong>de</strong>mais UA.<br />

7.3.2 Águas subterrâneas<br />

Com a mesma finalida<strong>de</strong> referida com relação às águas <strong>de</strong> superfície, é exposto no<br />

Quadro 71 um resumo das disponibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> águas subterrâneas e um sumário<br />

das disponibilida<strong>de</strong>s efetivas atuais <strong>de</strong> águas <strong>de</strong> superfície e subterrâneas por<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise.<br />

Quadro 71 – Disponibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água subterrânea.<br />

Disponibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Águas Subterrâneas (hm 3 /ano)<br />

UA Virtual(*) Instalada Efetiva<br />

Explorável<br />

Adicional<br />

UA1 4,50 2,56 0,42 4,080<br />

UA2 1,99 0,81 0,14 1,850<br />

UA3 1,61 1,78 0,29 1,320<br />

UA4 5,52 2,47 0,81 4,710<br />

Total 13,620 7,620 1,660 11,960<br />

(*) Virtual = Potencialida<strong>de</strong>.<br />

7.3.3 Resumo das disponibilida<strong>de</strong>s<br />

Disp. Res.<br />

Anuais<br />

V100000m 3<br />

(10 6 m 3 )<br />

Disp. Fio<br />

d’Água<br />

(10 6 m³)<br />

Disp. Atuais<br />

Próprias<br />

(Efetiva)<br />

(10 6 m 3 )<br />

UA1 1495,12 0,64 30,76 0,000 31,392<br />

UA2 752,68 0,25 4,60 0,000 4,842<br />

UA3 573,09 1,16 0,00 0,000 1,164<br />

UA4 612,69 0,00 0,00 47,780 47,780<br />

Total 3.433,58 2,046 35,352 47,780 85,178<br />

O Quadro 72 a seguir apresenta um sumário das disponibilida<strong>de</strong>s efetivas atuais <strong>de</strong><br />

águas <strong>de</strong> superfície e subterrâneas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise.


Quadro 72 – Disponibilida<strong>de</strong>s efetivas atuais.<br />

Unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong><br />

Análise<br />

Superficial<br />

(10 6 m 3 /ano)<br />

Disponibilida<strong>de</strong>s Efetivas Atuais<br />

Subterrânea<br />

(10 6 m 3 /ano)<br />

Total<br />

(10 6 m 3 /ano)<br />

UA1 31,392 0,420 31,812<br />

UA2 4,842 0,140 4,982<br />

UA3 1,164 0,290 1,454<br />

UA4 47,780 0,810 48,59<br />

Total 85,178 1,66 86,838<br />

7.4 RESULTADO DO BALANÇO HÍDRICO<br />

A partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s relativos aos termos <strong>do</strong> balanço, apresenta<strong>do</strong>s anteriormente,<br />

foram obti<strong>do</strong>s os sal<strong>do</strong>s hídricos nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise e no total da área<br />

objetivada, para o cenário atual. Nessa quantificação, foram contempla<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os<br />

tipos <strong>de</strong> sal<strong>do</strong>s conceitua<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquele resultante <strong>do</strong> simples cotejo entre<br />

disponibilida<strong>de</strong>s e as <strong>de</strong>mandas consuntivas (S1), até o que consi<strong>de</strong>ra as variáveis<br />

relativas à <strong>de</strong>manda ecológica e ao retorno (S4). Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s estão<br />

expostos no Quadro 73.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s para os sal<strong>do</strong>s <strong>do</strong> balanço hídrico indicaram valores<br />

negativos para to<strong>do</strong>s os sal<strong>do</strong>s (S1, S2, S3 e S4), quan<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>s na totalida<strong>de</strong><br />

da bacia. Tais resulta<strong>do</strong>s se aproximam <strong>do</strong>s valores encontra<strong>do</strong>s no PERH/PE, para<br />

o cenário ten<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 2010, que na oportunida<strong>de</strong> indicada valores iguais a:<br />

S1 = -43,59; S2 = -52,11; S3 = -22,95 e S4 = -31,47.<br />

Nesta comparação com o cenário ten<strong>de</strong>ncial proposto para o ano <strong>de</strong> 2010, no<br />

PERH/PE, observa-se que os mesmos estavam com déficit acima <strong>do</strong>s valores<br />

encontra<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>, porém próximos.<br />

Além disso, os resulta<strong>do</strong>s da UA1 indicaram sal<strong>do</strong>s hídricos positivos em função <strong>do</strong>s<br />

açu<strong>de</strong>s interanuais presentes na referida unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise. Da mesma forma, a<br />

UA4 apresentou valores <strong>de</strong> superávit <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à disponibilida<strong>de</strong> a fio d’água<br />

consi<strong>de</strong>rada para esta unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise.<br />

Os déficits hídricos foram encontra<strong>do</strong>s nas UA2 e UA3 que, além <strong>de</strong> apresentar<br />

condições climáticas <strong>de</strong>sfavoráveis para produção <strong>de</strong> volumes <strong>de</strong> escoamento<br />

superficial, não dispõe <strong>de</strong> uma infraestrutura hídrica capaz <strong>de</strong> disponibilizar aos seus<br />

usuários os volumes anuais <strong>de</strong>manda<strong>do</strong>s.<br />

No cenário atual, as <strong>de</strong>mandas das UA2 e UA3 são supridas por meio <strong>de</strong> importação<br />

<strong>de</strong> água entre bacias, principalmente pelos sistemas <strong>do</strong> Jucazinho, da bacia <strong>do</strong><br />

Capibaribe e sistema Camevô, da bacia <strong>do</strong> Una.<br />

Analisan<strong>do</strong> o adicional explorável <strong>de</strong> cada UA, como apresenta<strong>do</strong> no balanço das<br />

disponibilida<strong>de</strong>s, observa-se que a UA2 não apresenta condições para ampliação <strong>de</strong><br />

sua disponibilida<strong>de</strong> efetiva que venha a suprir sua <strong>de</strong>manda, acarretan<strong>do</strong>-lhe uma<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> importação da água. Por outro la<strong>do</strong>, a UA3 dispõe <strong>de</strong> um adicional<br />

explorável <strong>de</strong> 52 x 10 6 m³/ano, valor este capaz <strong>de</strong> anular os déficits encontra<strong>do</strong>s nos<br />

quatro tipos <strong>de</strong> sal<strong>do</strong>s hídricos. Vale ressaltar que este resulta<strong>do</strong> é uma indicação da<br />

disponibilida<strong>de</strong> hídrica <strong>de</strong> cada UA e que são necessários estu<strong>do</strong>s hidrológicos e<br />

projetos hidráulicos mais <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s para se chegar a valores mais exatos das<br />

158


disponibilida<strong>de</strong>s virtuais, valores estes que estão associa<strong>do</strong>s às restrições físicas e<br />

econômicas a este aproveitamento.<br />

159


Quadro 73 - Balanço hídrico para o cenário atual (2010).<br />

Unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong><br />

Análise<br />

Disp. Efetiva<br />

Total<br />

(10 6 m 3 )<br />

Demanda<br />

Consuntiva<br />

(10 6 m 3 )<br />

Demanda<br />

Ecológica<br />

(10 6 m 3 )<br />

Retorno<br />

(10 6 m 3 )<br />

S1<br />

(10 6 m 3 )<br />

Sal<strong>do</strong>s Hídricos<br />

S2<br />

(10 6 m 3 )<br />

S3<br />

(10 6 m 3 )<br />

S4<br />

(10 6 m 3 )<br />

UA1 31,81 16,97 3,18 4,08 14,84 11,66 16,88 13,70<br />

UA2 4,98 37,18 0,50 9,76 -32,20 -32,70 -27,32 -27,82<br />

UA3 1,45 36,85 0,15 10,98 -35,39 -35,54 -29,90 -30,05<br />

UA4 48,59 32,47 4,86 12,48 16,12 11,26 22,36 17,50<br />

Total 86,84 123,46 8,68 37,30 -36,63 -45,31 -17,98 -26,66<br />

S1 = Disponibilida<strong>de</strong> efetiva - <strong>de</strong>manda consuntiva<br />

S2 = Disponibilida<strong>de</strong> efetiva - <strong>de</strong>manda consuntiva - <strong>de</strong>manda ecológica = S1 - <strong>de</strong>manda ecológica<br />

S3 = Disponibilida<strong>de</strong> efetiva - <strong>de</strong>manda consuntiva + 50% retorno = S1 + 50% retorno<br />

S4 = Disponibilida<strong>de</strong> efetiva - <strong>de</strong>manda consuntiva - <strong>de</strong>manda ecológica + 50% retorno = S2 + 50% retorno<br />

160


8 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste capítulo é <strong>de</strong>screver o estágio atual <strong>de</strong> implementação <strong>do</strong>s<br />

instrumentos legais na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. A compensação a<br />

municípios não será abordada, uma vez que to<strong>do</strong>s os dispositivos regulamentares<br />

foram veta<strong>do</strong>s na Política Nacional e, não constitui instrumento da Política Estadual<br />

em <strong>Pernambuco</strong>. O Sistema <strong>de</strong> Informações em Recursos Hídricos, no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, foi concebi<strong>do</strong> para contemplar as informações <strong>de</strong> abrangência em to<strong>do</strong><br />

o Esta<strong>do</strong>, não haven<strong>do</strong> um sistema específico para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca.<br />

A Lei Nº 9.433/97 que estabelece a Política Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos, prevê os<br />

seguintes instrumentos:<br />

• Planos <strong>de</strong> recursos hídricos;<br />

• enquadramento <strong>do</strong>s corpos <strong>de</strong> água em classes, segun<strong>do</strong> os usos<br />

prepon<strong>de</strong>rantes da água,<br />

• outorga <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> recursos hídricos;<br />

• cobrança pelo uso <strong>de</strong> recursos hídricos;<br />

• compensação a municípios; e<br />

• sistema <strong>de</strong> informações sobre recursos hídricos.<br />

A Lei Nº 12.984/05, que estabelece a Política Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, consi<strong>de</strong>ra os instrumentos previstos pela Política Nacional - com<br />

exceção da compensação a municípios - e acrescenta a fiscalização <strong>do</strong> uso <strong>de</strong><br />

recursos hídricos e o monitoramento <strong>do</strong>s recursos hídricos.<br />

O CNRH - Conselho Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos, aprovou diversas Resoluções<br />

que tratam sobre os mesmos, cumprin<strong>do</strong> seu papel <strong>de</strong> estabelecer diretrizes<br />

complementares á implantação <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong> gestão, sen<strong>do</strong> referência na<br />

gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos <strong>do</strong> Brasil.<br />

Os instrumentos <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> recursos hídricos estão portanto relaciona<strong>do</strong>s entre si<br />

e sua implementação integrada, torna-se indispensável para que haja uma<br />

a<strong>de</strong>quada gestão <strong>de</strong> recursos hídricos na bacia hidrográfica. A Figura 55 ilustra a<br />

relação entre os instrumentos previstos pela Política Nacional, que serão trata<strong>do</strong>s a<br />

seguir.<br />

161


Figura 55 – Inter<strong>de</strong>pendência e complementarida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong> gestão.<br />

Fonte: Pereira, 2003.<br />

8.1 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS<br />

Os planos <strong>de</strong> recursos hídricos são o primeiro instrumento da Política Nacional <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos (art. 5º, I), caracterizan<strong>do</strong>-os como ferramentas essenciais à<br />

gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos. Quanto à extensão geográfica, o art. 8º da Lei N°<br />

9.433/97 estabelece que os planos <strong>de</strong> recursos hídricos serão elabora<strong>do</strong>s por bacia<br />

hidrográfica, por Esta<strong>do</strong> e para o país.<br />

O conteú<strong>do</strong> mínimo <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> recursos hídricos, conforme o art. 7º da citada Lei<br />

Fe<strong>de</strong>ral, é o seguinte:<br />

Art. 7º<br />

I - diagnóstico da situação atual <strong>do</strong>s recursos hídricos;<br />

162<br />

II - análise <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>mográfico, <strong>de</strong> evolução <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s produtivas e <strong>de</strong> modificações <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> ocupação <strong>do</strong> solo;<br />

III - balanço entre disponibilida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mandas futuras <strong>do</strong>s recursos<br />

hídricos, em quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>, com i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> conflitos<br />

potenciais;<br />

IV - metas <strong>de</strong> racionalização <strong>de</strong> uso, aumento da quantida<strong>de</strong> e melhoria da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos hídricos disponíveis;<br />

V - medidas a serem tomadas, programas a serem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s e projetos<br />

a serem implanta<strong>do</strong>s, para o atendimento das metas previstas;


VI - priorida<strong>de</strong>s para outorga <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> recursos hídricos;<br />

VII - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso <strong>do</strong>s recursos hídricos;<br />

163<br />

IX - propostas para a criação <strong>de</strong> áreas sujeitas à restrição <strong>de</strong> uso, com<br />

vistas à proteção <strong>do</strong>s recursos hídricos.<br />

A Lei Estadual Nº 12.984/05 praticamente não difere da Lei Fe<strong>de</strong>ral quanto aos<br />

conteú<strong>do</strong>s mínimos <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> recursos hídricos. A Lei Fe<strong>de</strong>ral N° 9.433/97<br />

<strong>de</strong>finiu os conteú<strong>do</strong>s mínimos para os planos <strong>de</strong> recursos hídricos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

sua abrangência. Merece <strong>de</strong>staque entre os conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> recursos<br />

hídricos (art. 7º, VIII), as priorida<strong>de</strong>s para outorga <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> recursos<br />

hídricos, através das quais será direcionada a utilização prioritária <strong>de</strong> água na bacia,<br />

esta<strong>do</strong> ou país, com impactos socioeconômicos no <strong>de</strong>senvolvimento da respectiva<br />

região. O art. 13 da Lei Fe<strong>de</strong>ral respalda esse aspecto, condicionan<strong>do</strong> toda outorga<br />

<strong>de</strong> direito <strong>de</strong> uso da água às priorida<strong>de</strong>s estabelecidas nos planos <strong>de</strong> recursos<br />

hídricos.<br />

Os planos <strong>de</strong> recursos hídricos já elabora<strong>do</strong>s, que contemplam a área da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, estão relaciona<strong>do</strong>s no Quadro a seguir, com as<br />

respectivas datas <strong>de</strong> elaboração. Excetuan<strong>do</strong>-se o Plano Nacional <strong>de</strong> Recursos<br />

Hídricos, elabora<strong>do</strong> pela Secretaria Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong><br />

Meio Ambiente, os <strong>de</strong>mais planos cita<strong>do</strong>s no Quadro 74 foram elabora<strong>do</strong>s pelo<br />

órgão gestor <strong>de</strong> recursos hídricos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

Quadro 74 - Planos <strong>de</strong> recursos hídricos existentes na área da bacia hidrográfica <strong>do</strong><br />

rio Ipojuca<br />

Documento Conclusão Abrangência <strong>do</strong> plano<br />

Plano Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos 2006 Brasil<br />

Plano Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> – PERH/PE<br />

Plano Diretor <strong>de</strong> Recursos Hídricos da Bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

Plano <strong>de</strong> Aproveitamento <strong>do</strong>s Recursos Hídricos<br />

da RMR, zona da mata e agreste pernambucano–<br />

PARH<br />

1998 PE<br />

2001 Bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

2005<br />

Bacias <strong>do</strong>s rios Goiana,<br />

Capibaribe, Ipojuca, Una,<br />

Sirinhaém, Mundaú, Ipanema,<br />

GI-1 e GL1 a 6<br />

A Lei Fe<strong>de</strong>ral Nº 9.433/97 e a Lei Estadual Nº 12.984/05 <strong>de</strong>finem a competência <strong>do</strong>s<br />

comitês <strong>de</strong> bacia hidrográfica para a aprovação <strong>do</strong>s respectivos planos <strong>de</strong> bacia,<br />

bem como o acompanhamento <strong>de</strong> sua execução. Após a instalação <strong>do</strong> comitê da<br />

bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, no ano <strong>de</strong> 2002, a Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos<br />

envi<strong>do</strong>u esforços para cumprir tal dispositivo legal, submeten<strong>do</strong> um resumo<br />

executivo <strong>do</strong> Plano Diretor <strong>de</strong> Recursos Hídricos à apreciação <strong>do</strong> Comitê da Bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. Porém não houve a formalização da aprovação <strong>do</strong><br />

referi<strong>do</strong> Plano pelo respectivo Comitê. Portanto, a rigor, o Plano Diretor <strong>de</strong> Recursos<br />

Hídricos da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como um<br />

plano <strong>de</strong> recursos hídricos na forma da Lei Fe<strong>de</strong>ral N° 9.433/97, pois foi realiza<strong>do</strong><br />

sem a participação <strong>do</strong> comitê da bacia, que ainda não havia si<strong>do</strong> instala<strong>do</strong>, embora<br />

tenham si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s eventos <strong>de</strong> mobilização social com os atores locais.


O Plano <strong>de</strong> Aproveitamento <strong>do</strong>s Recursos Hídricos (PARH) é um plano cuja área <strong>de</strong><br />

abrangência compreen<strong>de</strong> todas as bacias hidrográficas <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> que drenam<br />

para o Oceano Atlântico, incluin<strong>do</strong> a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, e também os<br />

Grupos <strong>de</strong> Pequenos Rios Litorâneos (GL-1 a GL-6), além da bacia <strong>do</strong> rio Ipanema e<br />

<strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Pequenos Rios Interioranos (GL-1). Apesar <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> aos<br />

comitês <strong>de</strong> bacia durante a sua elaboração, não foi submeti<strong>do</strong> a sua aprovação.<br />

Mais <strong>de</strong>talhes sobre esta legislação serão encontra<strong>do</strong>s no item sobre legislação no<br />

Vol. 03/03.<br />

8.2 ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES DE USO<br />

O enquadramento é a <strong>de</strong>finição das metas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água a serem<br />

alcançadas nos corpos <strong>de</strong> água <strong>de</strong> uma bacia hidrográfica. Trata-se <strong>de</strong> um<br />

instrumento <strong>de</strong> planejamento e já vigorava no país antes da aprovação da Política<br />

Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos, basea<strong>do</strong> em Resolução <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>de</strong><br />

Meio Ambiente – CONAMA, Resolução Nº 20/86, revogada pela Resolução Nº<br />

357/05. Portanto, o enquadramento envolve a gestão ambiental e a gestão <strong>de</strong><br />

recursos hídricos e sua implementação <strong>de</strong>ve ser feita a partir da articulação entre os<br />

respectivos sistemas, Sistema Nacional <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>de</strong> Recursos Hídricos –<br />

SINGREH e o Sistema Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente – SISNAMA.<br />

Com a aprovação da Lei Fe<strong>de</strong>ral N° 9.433/97, que tem como um <strong>de</strong> seus<br />

fundamentos a gestão participativa e <strong>de</strong>scentralizada, o enquadramento passa a<br />

levar em conta a vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atores participantes <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong>s<br />

recursos hídricos da bacia. Conforme a Política Nacional (art. 44, XI, a) e a Política<br />

Estadual <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, (art. 55, XI, a e art. 47, VI) a proposta <strong>do</strong> enquadramento<br />

<strong>de</strong>ve ser feita pela Agência <strong>de</strong> Bacia e encaminhada ao Comitê <strong>de</strong> Bacia para sua<br />

aprovação e, após, homologada pelo respectivo Conselho <strong>de</strong> Recursos Hídricos.<br />

Entretanto, na ausência da Agência <strong>de</strong> Bacia a Lei Estadual N° 12.984/05 (art. 48,<br />

XIII) prevê como atribuição <strong>do</strong> órgão gestor a elaboração <strong>de</strong> proposta <strong>de</strong><br />

enquadramento <strong>do</strong>s corpos <strong>de</strong> água em classes <strong>de</strong> uso prepon<strong>de</strong>rante em conjunto<br />

com o órgão ambiental para aprovação <strong>do</strong> comitê da bacia, enfatizan<strong>do</strong> a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração entre os <strong>do</strong>is sistemas.<br />

As classes <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> água para o enquadramento foram <strong>de</strong>finidas pela<br />

Resolução CONAMA Nº 357/05. Os corpos <strong>de</strong> água <strong>de</strong>vem ser enquadra<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com a qualida<strong>de</strong> da água necessária para os usos da água <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s mais<br />

restritivos. Nas bacias em que a condição atual <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s corpos <strong>de</strong> água<br />

esteja em <strong>de</strong>sconformida<strong>de</strong> com os usos prepon<strong>de</strong>rantes pretendi<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>verão ser<br />

estabelecidas metas para efetivação <strong>do</strong>s respectivos enquadramentos. A referida<br />

Resolução também prevê que, enquanto não forem aprova<strong>do</strong>s os respectivos<br />

enquadramentos, as águas <strong>do</strong>ces serão consi<strong>de</strong>radas classe 2 e as águas salinas e<br />

salobras, classe 1, exceto se a condições atuais forem melhores.<br />

O Conselho Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos – CNRH aprovou norma específica<br />

sobre o enquadramento – Resolução CNRH Nº 12/00 - revisada recentemente e<br />

estan<strong>do</strong> em vigência a Resolução CNRH Nº 91/08, que dispõe sobre os<br />

procedimentos <strong>de</strong> enquadramento <strong>de</strong> águas superficiais e subterrâneas. Conforme a<br />

referida Resolução, a proposta <strong>de</strong> enquadramento <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>senvolvida em<br />

conformida<strong>de</strong> com o Plano <strong>de</strong> Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica,<br />

164


preferencialmente durante a sua elaboração, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> conter: diagnóstico,<br />

prognóstico, propostas <strong>de</strong> metas relativas às alternativas <strong>de</strong> enquadramento e<br />

programa para efetivação. Também foi estabeleci<strong>do</strong> nesta Resolução que o<br />

processo <strong>de</strong> elaboração da proposta <strong>de</strong> enquadramento <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>do</strong> com<br />

ampla participação da comunida<strong>de</strong> da bacia hidrográfica, por meio da realização <strong>de</strong><br />

consultas públicas, encontros técnicos, oficinas <strong>de</strong> trabalho e outros.<br />

A bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca não possui, atualmente, proposta <strong>de</strong><br />

enquadramento <strong>do</strong>s corpos <strong>de</strong> água em classes <strong>de</strong> usos prepon<strong>de</strong>rantes, uma vez<br />

que não existe Agência <strong>de</strong> Bacia e ainda não houve articulação entre o órgão gestor<br />

<strong>de</strong> recursos hídricos e o órgão ambiental para elaboração da proposta <strong>de</strong><br />

enquadramento. Dessa forma, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a legislação vigente, os corpos <strong>de</strong><br />

água <strong>do</strong>ce da bacia estão enquadra<strong>do</strong>s na classe 2.<br />

8.3 OUTORGA DE DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS<br />

A outorga é um instrumento <strong>de</strong> controle <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s recursos hídricos, através <strong>do</strong><br />

qual o Po<strong>de</strong>r Público emite uma autorização ou concessão para uso <strong>do</strong>s recursos<br />

hídricos por terceiros, uma vez que a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>terminou que as águas<br />

são <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio público no Brasil.<br />

As autorida<strong>de</strong>s competentes para emissão das outorgas são a Agência Nacional <strong>de</strong><br />

Águas – ANA, em águas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio da União, e a Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos<br />

<strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> – SRH-PE, em águas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>. É<br />

importante registrar que existem poucos corpos <strong>de</strong> água <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio da União na<br />

bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, uma vez que to<strong>do</strong>s os cursos <strong>de</strong> água são <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, restringin<strong>do</strong>-se ao <strong>do</strong>mínio da União os reservatórios<br />

construí<strong>do</strong>s por entida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais ou em terrenos <strong>de</strong> seu <strong>do</strong>mínio. Apesar <strong>do</strong><br />

número reduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> reservatórios <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio da União na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio<br />

Ipojuca, apenas <strong>do</strong>is, tratam-se <strong>de</strong> mananciais importantes para a bacia: o<br />

reservatório Eng. Severino Guerra, mais conheci<strong>do</strong> como Bituri, construí<strong>do</strong> pelo<br />

DNOCS na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Jardim e o reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar, construí<strong>do</strong> pelo<br />

Esta<strong>do</strong> no município <strong>de</strong> Pesqueira, porém situa<strong>do</strong> em terras indígenas.<br />

A Lei Fe<strong>de</strong>ral Nº 9.433/97 (art.12) estabelece os usos sujeitos à outorga <strong>de</strong> direito <strong>de</strong><br />

uso da água:<br />

165<br />

“I - <strong>de</strong>rivação ou captação <strong>de</strong> parcela da água existente em um corpo <strong>de</strong><br />

água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo <strong>de</strong><br />

processo produtivo;<br />

II - extração <strong>de</strong> água <strong>de</strong> aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo<br />

<strong>de</strong> processo produtivo;<br />

III - lançamento em corpo <strong>de</strong> água <strong>de</strong> esgotos e <strong>de</strong>mais resíduos líqui<strong>do</strong>s ou<br />

gasosos, trata<strong>do</strong>s ou não, com o fim <strong>de</strong> sua diluição, transporte ou<br />

disposição final;<br />

IV - aproveitamento <strong>do</strong>s potenciais hidrelétricos;<br />

V - outros usos que alterem o regime, a quantida<strong>de</strong> ou a qualida<strong>de</strong> da água<br />

existente em um corpo <strong>de</strong> água.”


O Conselho Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos – CNRH aprovou norma específica<br />

sobre a outorga – Resolução CNRH Nº16/01 - que estabelece critérios gerais para<br />

outorga <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> recursos hídricos, que é referência para os órgãos<br />

gestores <strong>de</strong> recursos hídricos. A referida Resolução introduz a outorga preventiva <strong>de</strong><br />

uso <strong>de</strong> recursos hídricos para as autorida<strong>de</strong>s outorgantes, que não confere o direito<br />

<strong>de</strong> uso, mas se <strong>de</strong>stina a reservar uma vazão passível <strong>de</strong> outorga.<br />

Em relação aos usos sujeitos à outorga, a Lei Estadual Nº 12.984/05 também não<br />

difere da Lei Fe<strong>de</strong>ral nem acrescenta <strong>de</strong>talhes. No Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> não há<br />

regulamentação da lei sobre a outorga <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> recursos hídricos.<br />

Registre-se, porém as Resoluções <strong>do</strong> Conselho Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos –<br />

CRH, que respaldam tecnicamente a análise <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> outorga <strong>de</strong> águas<br />

subterrâneas: Resolução CRH Nº 04/03, que estabelece o Mapa <strong>de</strong> Zoneamento<br />

Explotável da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Recife e a Resolução CRH Nº 01/09, que dispõe sobre a<br />

exigência <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> bombeamento. Vale ressaltar que a outorga para lançamento<br />

<strong>de</strong> efluentes ainda não foi implantada para águas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>.<br />

Existe apenas uma outorga emitida pela ANA na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca,<br />

cujo titular é a Asa Indústria e Comércio Ltda, autorizada a captar 1000m 3 /dia<br />

(69,44L/s durante 4h/dia) <strong>de</strong> água <strong>do</strong> reservatório Eng. Severino Guerra para<br />

ativida<strong>de</strong>s industriais, através da Resolução Nº341, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2006. Vale<br />

salientar que a vigência <strong>de</strong>sta outorga foi <strong>de</strong> apenas 01 ano, já ten<strong>do</strong> expira<strong>do</strong>. O<br />

titular informou que foi solicitada a renovação da outorga, porém ainda não efetivada<br />

a respectiva renovação.<br />

As outorgas emitidas pela SRH-PE na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca e atualmente<br />

em vigência totalizam 88, sen<strong>do</strong> 70 para águas superficiais e 18 para águas<br />

subterrâneas. Os da<strong>do</strong>s disponibiliza<strong>do</strong>s pela SRH-PE referem-se ao perío<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

início da implantação da outorga no Esta<strong>do</strong>, em 1998 até o mês <strong>de</strong> setembro/2008<br />

para outorgas <strong>de</strong> águas superficiais e julho/2008 para outorgas <strong>de</strong> águas<br />

subterrâneas. O Quadro 75 apresenta a distribuição das outorgas na bacia, por<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise, ilustra<strong>do</strong> pela Figura 56 verifican<strong>do</strong>-se que o maior número <strong>de</strong><br />

usuários outorga<strong>do</strong>s situa-se na UA4.<br />

Quadro 75 - Número <strong>de</strong> outorgas em vigência na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca<br />

em águas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

UA Nº outorgas <strong>de</strong> águas superficiais Nº outorgas <strong>de</strong> águas subterrâneas Total<br />

1 5 1 6<br />

2 7 3 10<br />

3 16 6 22<br />

4 42 8 50<br />

TOTAL 70 18 88<br />

A Figura 56 apresenta a distribuição <strong>do</strong>s pontos outorga<strong>do</strong>s na área da bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, plota<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as coor<strong>de</strong>nadas geográficas<br />

disponíveis no cadastro <strong>de</strong> outorga da SRH/PE e Resolução ANA. Verifica-se que<br />

alguns pontos, principalmente <strong>de</strong> águas subterrâneas, embora i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s como<br />

pertencentes a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca no cadastro da SRH, situam-se em<br />

166


acias vizinhas. Estes pontos foram <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s na análise das outorgas <strong>de</strong>ste<br />

texto, por estarem fora da bacia.<br />

Analisan<strong>do</strong>-se sob a ótica das vazões outorgadas, apresentadas no Quadro 76,<br />

verifica-se também uma concentração <strong>de</strong> valores outorga<strong>do</strong>s na UA4 em relação as<br />

<strong>de</strong>mais UAs, refletin<strong>do</strong> a localização <strong>do</strong> número <strong>de</strong> usuários outorga<strong>do</strong>s apresentada<br />

no Quadro anterior. Esta situação é perfeitamente compreensível já que as<br />

disponibilida<strong>de</strong>s hídricas são maiores na UA4, tanto <strong>de</strong> águas superficiais quanto<br />

subterrâneas, além da proximida<strong>de</strong> com a Região metropolitana <strong>do</strong> Recife que<br />

facilita o acesso as informações e aos órgãos - gestor <strong>de</strong> recursos hídricos e<br />

ambiental - para solicitação da outorga. Para as águas subterrâneas, a UA4 é a<br />

única região da bacia que possui uma boa vocação hidrogeológica, por aí situar-se<br />

parte <strong>do</strong> aquífero Cabo.<br />

167


Figura 56 – Distribuição espacial das outorgas na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

168


Quadro 76 – Vazões outorgadas na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca em águas <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

UA<br />

Outorgas <strong>de</strong> águas superficiais<br />

(m³/dia)<br />

Outorgas <strong>de</strong> águas subterrâneas<br />

(m³/dia)<br />

Total<br />

(m³/dia)<br />

1 6.638,32 70,00 6.708,32<br />

2 7.285,12 95,00 7.380,12<br />

3 32.881,78 313,80 33.195,58<br />

4 437.489,31 952,00 438.441,31<br />

TOTAL 484.294,53 1430,80 485.725,33<br />

Análise das outorgas <strong>de</strong> águas superficiais<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso da água, verifica-se que o maior número <strong>de</strong><br />

usuários outorga<strong>do</strong>s <strong>de</strong> águas superficiais utilizam a água para a irrigação (41%).<br />

Em segun<strong>do</strong> lugar temos o abastecimento público (23%) e logo a seguir o uso para<br />

abastecimento industrial (17%), conforme ilustra a Figura 57 e o Quadro 77.<br />

Registra-se também a existência <strong>de</strong> duas outorgas para geração <strong>de</strong> energia<br />

hidrelétrica, com eleva<strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> vazões outorgadas, porém tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> uso<br />

não consuntivo. Ainda existem usuários outorga<strong>do</strong>s para captação <strong>de</strong> água para<br />

obras (aterros e terraplenagem), porém com vazões e prazos <strong>de</strong> vigência reduzi<strong>do</strong>s<br />

em relação aos <strong>de</strong>mais usuários outorga<strong>do</strong>s.<br />

Existem <strong>de</strong>zessete outorgas emitidas para captação <strong>de</strong> água superficial para<br />

abastecimento público, cujo titular é a COMPESA, excetuan<strong>do</strong>-se uma para a<br />

Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Escada.<br />

Quanto aos titulares <strong>de</strong> outorga <strong>de</strong> águas superficiais <strong>de</strong>stinadas à irrigação, que<br />

totalizam vinte e sete (27), o maior usuário em número <strong>de</strong> outorgas (12) e em vazão<br />

outorgada é a usina Salga<strong>do</strong>. Existem pouquíssimos titulares <strong>de</strong> outorga para<br />

irrigação, com vazões significativas, e estes situam-se nos seguintes municípios:<br />

Bezerros (1), Chã Gran<strong>de</strong> (3) e Escada (1). Nos municípios <strong>de</strong> Amaraji, Chã Gran<strong>de</strong><br />

e Primavera constata-se a existência <strong>de</strong> pequenos irrigantes outorga<strong>do</strong>s, em geral<br />

reuni<strong>do</strong>s em associações ou cooperativas.<br />

Figura 57 – Outorgas <strong>de</strong> águas superficiais na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, por finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso<br />

da água.<br />

169


Quadro 77 - Outorgas <strong>de</strong> águas superficiais na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

SRH Requerente Município Q outorgada (m³/dia) FINALIDADE DE USO UA<br />

895-P/99 Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS Ipojuca 300 Abastecimento Industrial 0<br />

904-P/99 Pan<strong>de</strong>nor Importação e Exportação Ltda. Ipojuca 500 Abastecimento Industrial 4<br />

1044-P/99 Petrobrás Distribui<strong>do</strong>ra S/A Ipojuca 400 Irrigação 4<br />

1061-P/99 Soprano Eletrometalúrgica e Hidráulica Ltda. Escada 8 Abastecimento Industrial 4<br />

1442-P/99 Eginal<strong>do</strong> Alves Aragão Caruaru 40 Comercialização <strong>de</strong> água potável 2<br />

1499-P/00 Meira Lins Hotéis S/A Ipojuca 360 Hotelaria 0<br />

1644-P/00 Antônio Afonso <strong>de</strong> Albuquerque Filho Gravatá 25 Comercialização <strong>de</strong> água potável 3<br />

1645-P/00 Antônio Afonso <strong>de</strong> Albuquerque Filho Gravatá 25 Comercialização <strong>de</strong> água potável 3<br />

1817-P/00 João Salga<strong>do</strong> da Silva Gravatá 50 Irrigação 3<br />

1834-P/00 Paulista Praia Hotel S/A (Summerville Beach Resort) Ipojuca 60 Hotelaria 0<br />

1896-P/01 Paulista Praia Hotel S/A (Summerville Beach Resort) Ipojuca 90 Hotelaria 0<br />

2214-P/02 Cristiane Lins A. Ramos Ipojuca Abastecimento Resi<strong>de</strong>ncial 0<br />

2237-P/02 Maria da Graça Carneiro Pessoa e outros Ipojuca 3,6 Hotelaria 4<br />

2243-P/02 Consórcio OP Termope Ipojuca 756 Abastecimento Comercial 0<br />

2331-P/02 Empresa Brasileira <strong>de</strong> Hotelaria e Turismo Ltda. Ipojuca 30 Hotelaria 0<br />

2443-P/02 Cristiane Lins A. Ramos Ipojuca 8 Abastecimento Resi<strong>de</strong>ncial 0<br />

2485-P/02 Marulhos Muro Alto Resort Ipojuca 223 Abastecimento Con<strong>do</strong>minial 0<br />

2518-P/02 Agip <strong>do</strong> Brasil S/A - Novogás Ipojuca 100 Abastecimento Industrial 0<br />

2533-P/03 Meira Lins Hotéis S/A - Hotel Nannai Ipojuca 105 Hotelaria 0<br />

2539-P/03 Edf. Muro Alto Beach Resort Ipojuca 67 Hotelaria 0<br />

2569-P/03 Hotel Armação <strong>de</strong> Porto Ipojuca 6 Hotelaria 0<br />

2570-P/03 Pousada Canto <strong>do</strong> Porto Ltda. Ipojuca 10 Abastecimento Comercial 4<br />

2646-P/03 Hotel Armação <strong>do</strong> Porto Ipojuca 8,5 Hotelaria 0<br />

2733-P/03 Hotel Village Porto <strong>de</strong> Galinhas Ipojuca 25 Hotelaria 4<br />

2813-P/03 Soprano Eletrometalúrgica e Hidráulica Ltda. Escada 40 Abastecimento Humano 0<br />

3082-P/04 Luciano <strong>do</strong> Valle Ipojuca 2,5 Abastecimento Resi<strong>de</strong>ncial 0<br />

3084-P/04 Hotel Pousada Ecoporto Ltda. Ipojuca 26,5 Hotelaria 0<br />

3102-P/04 Cond. Resi<strong>de</strong>ncial Muro Alto Ipojuca 70,5 Abastecimento Con<strong>do</strong>minial 0<br />

3114-P/04 Marcos Augusto <strong>de</strong> Sá Pereira Freire Filho Ipojuca 3,5 Abastecimento Resi<strong>de</strong>ncial 0<br />

3142-P/04 Nacional Gás Butano Distribui<strong>do</strong>ra Ltda. Ipojuca 50 Abastecimento Comercial 0<br />

3225-P/05 Conj. Resid. Enseadinha Prince Ipojuca 33 Abastecimento Con<strong>do</strong>minial 0<br />

3226-P/05 Meira Lins Hotéis S/A (Hotel Nannai) Ipojuca 75 Hotelaria 0<br />

3397-P/05 Enotel - Hotels & Resorts S/A (antiga Hotéis SAD Ltda.) Ipojuca 45 Hotelaria 0<br />

3398-P/05 Enotel - Hotels & Resorts S/A (antiga Hotéis SAD Ltda.) Ipojuca 100 Hotelaria 0<br />

3399-P/05 Enotel - Hotels & Resorts S/A (antiga Hotéis SAD Ltda.) Ipojuca 80 Hotelaria 3<br />

3417-P/05 Associação <strong>do</strong> Assentamento <strong>de</strong> Retiro Sau<strong>do</strong>so Gravatá 73,8 Irrigação 3<br />

3620-P/06 Engarrafamento <strong>de</strong> Água Mineral Limeira Ltda. Gravatá 5 Comercialização <strong>de</strong> Água (Água Purificada - Adicionada <strong>de</strong> Sais) 0<br />

3639-P/06 Hotel Pousada Aconchego Ltda. Ipojuca 30 Hotelaria 2<br />

3675-P/06 Rival<strong>do</strong> R. Silva Água Adicionada <strong>de</strong> Sais - ME Caruaru 0,4 Água Purificada Adicionada <strong>de</strong> Sais 4<br />

3676-P/06 Água Ouro Branco Adicionada <strong>de</strong> Sais Ltda. - ME Chã Gran<strong>de</strong> 70 Água Purificada Adicionada <strong>de</strong> Sais 1<br />

3739-P/06 S. C. <strong>de</strong> Oliveira ME Sanharó 5 Envase <strong>de</strong> Água Purificada Adicionada <strong>de</strong> Sais 0<br />

3758-P/06 Rocha e Rangel Ltda. Caruaru 5 Água Purificada Adicionada <strong>de</strong> Sais 4<br />

3864-P/07 Consórcio CQG/CNO/AG/CBM Escada 30 Abastecimento Industrial 0<br />

4393-P/08 Lindbergue Marçal da Silva Júnior Caruaru 25 Comercialização <strong>de</strong> Água Potável Adicionada <strong>de</strong> Sais 2<br />

4429-P/09 Água Gravatá Cinco Estrelas Ltda. Gravatá 60 Comercialização <strong>de</strong> Água Adicionada <strong>de</strong> Sais 3<br />

170


Vale <strong>de</strong>stacar como gran<strong>de</strong>s usuários outorga<strong>do</strong>s para atendimento das ativida<strong>de</strong>s<br />

industriais a usina Salga<strong>do</strong> e a usina Ipojuca, ambas situadas no município <strong>de</strong><br />

Ipojuca, na UA4. Nesse contexto, registra-se a recente outorga emitida para a<br />

COMPESA para a construção <strong>do</strong> reservatório Engenho Maranhão, no rio Ipojuca à<br />

montante das citadas usinas, e que já assegura a vazão necessária para<br />

atendimento aos usuários outorga<strong>do</strong>s.<br />

A SRH-PE a<strong>do</strong>ta, em to<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, os seguintes critérios <strong>de</strong><br />

isenção <strong>de</strong> outorga: para captação <strong>de</strong> águas superficiais, valores <strong>de</strong> até 0,5L/s e<br />

para construção <strong>de</strong> barramentos em cursos <strong>de</strong> água intermitentes, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

acumulação <strong>de</strong> até 200.000m 3 . Embora não haja formalização legal <strong>de</strong>stes critérios,<br />

eles integram o material <strong>de</strong> divulgação da SRH sobre outorga. Verifica-se ainda no<br />

quadro anterior, a existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>zoito usuários <strong>de</strong> águas superficiais cadastra<strong>do</strong>s<br />

pela SRH-PE isentos <strong>de</strong> outorga, sen<strong>do</strong> seis para construção <strong>de</strong> obra hidráulica e<br />

<strong>do</strong>ze para captação <strong>de</strong> água, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à irrigação, abastecimento industrial,<br />

abastecimento comercial e piscicultura.<br />

Análise das outorgas <strong>de</strong> águas subterrâneas<br />

Entre os titulares <strong>de</strong> outorgas para captação <strong>de</strong> águas subterrâneas na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, <strong>de</strong>stacam-se os usuários para comercialização <strong>de</strong> água<br />

potável compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> 44% (8) <strong>do</strong>s usuários outorga<strong>do</strong>s, que engloba empresas<br />

que realizam transporte <strong>de</strong> água para abastecimento particular e ênfase <strong>de</strong> água<br />

purificada adicionada <strong>de</strong> sais. Em segun<strong>do</strong> lugar encontra-se o setor hoteleiro (22%)<br />

com um total <strong>de</strong> 4 outorgas. A seguir temos a irrigação com (17%), totalizan<strong>do</strong> três<br />

outorgas e o abastecimento industrial (11%), soman<strong>do</strong> sete outorgas. Em menor<br />

proporção verificam-se outros usos, tais como: abastecimento público,<br />

abastecimento con<strong>do</strong>minial e abastecimento comercial, conforme po<strong>de</strong> ser<br />

observa<strong>do</strong> na Figura 58 e no Quadro 78.<br />

Figura 58 – Outorgas <strong>de</strong> águas subterrâneas na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, por finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uso da água.<br />

171


Quadro 78 - Outorgas <strong>de</strong> águas subterrâneas na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Nº Requerente Município Finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso Q outorgada (m³/dia) UA<br />

28 Usina Ipojuca Ipojuca Abast. Industrial 70.000,00 4<br />

47 Palmeiron S/A Indústrias Alimentícias Belo Jardim Abast. Industrial ----- 1<br />

55 Companhia Industrial Pirapama Escada Abast. Industrial 50,00 4<br />

103 Notaro Alimentos S/A Belo Jardim Abast. Industrial ----- 1<br />

126 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Belo Jardim Abast. Público 5.236,00 0<br />

146 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Ipojuca Abast. Público 2.600,00 4<br />

181 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Abast. Industrial 75.000,00 4<br />

232 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Cabo <strong>de</strong> Santo Agostinho Abast. Público 40.342,75 4<br />

237 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Poção Abast. Público 1.408,32 1<br />

252 Júlio Correia Alves Chã Gran<strong>de</strong> Irrigação 720,00 3<br />

252 A Júlio Correia Alves Chã Gran<strong>de</strong> Irrigação 960,00 3<br />

253 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Gravatá Abast. Público 4.416,00 3<br />

254 João Salga<strong>do</strong> da Silva Gravatá Irrigação 100,00 3<br />

255 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Chã Gran<strong>de</strong> Abast. Público 16.584,00 3<br />

256 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Gravatá Abast. Público 3.360,00 3<br />

430 Alexandre José Corrêa Gondim Sairé Irrigação e Pecuária 420,00 3<br />

436 R.M.B. Ltda. Belo Jardim Abast. Industrial ----- 1<br />

545 Central Energética União Ltda. Primavera Geração Energia Elétrica 84.000,00 4<br />

546 Central Energética União Ltda. Primavera Geração Energia Elétrica 32.400,00 4<br />

588 Arthur Bruno Schambach Chã Gran<strong>de</strong> Abast. Humano, Animal e Irrigação 3<br />

677 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Chã Gran<strong>de</strong> Abast. Público 1.080,00 3<br />

681 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Primavera Abast. Público 604,80 4<br />

704 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Escada Abast. Público 9.936,00 4<br />

723 Salga<strong>do</strong> Agropecuária S.A Ipojuca Carcinicultura 43.200,00 4<br />

733 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Riacho das Almas Abast. Público 1.033,68 3<br />

734 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Caruaru Abast. Público 810,00 2<br />

743 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Caruaru Abast. Público 6.015,12 2<br />

772 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Sairé Abast. Público 345,60 3<br />

805 Marques e Fonte Ltda. Bezerros Irrigação 3.352,50 3<br />

826 Pólo Comercial <strong>de</strong> Caruaru Caruaru Terraplanagem 80,00 2<br />

829 Frigorífico Alta Floresta Ltda. Caruaru Abast. Industrial 130,00 2<br />

858 Frigorífico Alta Floresta Ltda. Caruaru Abast. Industrial 130,00 2<br />

905 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 1.080,00 4<br />

906 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 1.080,00 4<br />

907 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 1.080,00 4<br />

908 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 1.080,00 4<br />

912 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 1.080,00 4<br />

913 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 1.080,00 4<br />

914 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 1.080,00 4<br />

917 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 1.080,00 4<br />

918 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 1.080,00 4<br />

965 Grupo JB Açúcar e Álcool Ltda Escada Irrigação 3.600,00 4<br />

977 Inal<strong>do</strong> Bezerra <strong>de</strong> Lima ME Goiana Abast. Industrial 240,00 4<br />

1008 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Ipojuca Abast. Público 4<br />

1137 Maria <strong>do</strong> Rocio <strong>de</strong> Moura Rocha <strong>de</strong> A. Baltar Chã-Gran<strong>de</strong> Irrigação 60,00 3<br />

1144 Unilever Brasil LTDA Ipojuca 0<br />

1156 Ricar<strong>do</strong> Gonçalves Me<strong>de</strong>iros Bezerros Irrigação 60,00 3<br />

1182 Heleno Inocêncio Profírio Amaraji Irrigação 48,00 4<br />

1184 Marcos Antonio Bezzera Gurgel Amaraji Irrigação 1.250,00 4<br />

1245 Consórcio CQG/CNO/AG/CBM Escada Aterro ro<strong>do</strong>viário 30,00 4<br />

1246 Consórcio CQG/CNO/AG/CBM Escada Aterro ro<strong>do</strong>viário 30,00 4<br />

1247 Consórcio CQG/CNO/AG/CBM Escada Aterro ro<strong>do</strong>viário 30,00 4<br />

1249 Consórcio CQG/CNO/AG/CBM Escada Aterro ro<strong>do</strong>viário 120,00 4<br />

1250 Consórcio CQG/CNO/AG/CBM Escada Aterro ro<strong>do</strong>viário 120,00 4<br />

1251 Consórcio CQG/CNO/AG/CBM Escada Aterro ro<strong>do</strong>viário 30,00 4<br />

1285 COMPESA - Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Saneamento Ipojuca Abast. Público 38.880,00 4<br />

1306 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 7.776,00 4<br />

1307 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 7.776,00 4<br />

1308 Usina Salga<strong>do</strong> S/A Ipojuca Irrigação 7.776,00 4<br />

1335 Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Escada Escada Abast. Público 1.079,76 4<br />

1361 Consórcio Terraplanagem Terraplanagem 600,00 4<br />

1399 CONDRUP - Severino Ramos Alves e Kézia Rodrigues <strong>de</strong> Oliveira Alves Amaraji Irrigação 60,00 0<br />

1404 CONDRUP - Paulo Jorge Bezerra Cruz e Amílcar Alves Bezerra Cruz Amaraji Irrigação 60,00 4<br />

1405 CONDRUP - José Joseval<strong>do</strong> da Silva e Josias Rodrigues da Paz Amaraji Irrigação 60,00 4<br />

1415 CONDRUP - José Carlos da Silva Amaraji Irrigação 30,00 4<br />

1416 CONDRUP - Marcelino Bezerra <strong>de</strong> Lima Chã Gran<strong>de</strong> Irrigação 30,00 0<br />

1417 CONDRUP - Maria <strong>do</strong> Socorro Alves Primavera Irrigação 30,00 4<br />

1418 CONDRUP - Cosmo Félix <strong>do</strong>s Santos Primavera Irrigação 30,00 0<br />

1419 CONDRUP - Maria <strong>de</strong> Jesus Silva Sairé Irrigação 30,00 3<br />

1425 ASPRAG - Severino Alves <strong>de</strong> Melo Primavera Irrigação 30,00 4<br />

1444 Djalma Lopes Lima Gravatá Irrigação 10,00 0<br />

1466 Bertin S.A. Caruaru Industrial 20,00 2<br />

1505 Ricar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amaral Carrilho Gravatá Irrigação 10,00 0<br />

1541 Con<strong>do</strong>mínio Gravatá Country Sairé Abastecimento Humano 360,00 3<br />

1553 Luiz Carlos <strong>de</strong> Souza Lavan<strong>de</strong>ria -ME Caruaru Abastecimento industrial 100,00 2<br />

1616 Alusa Engenharia LTDA Ipojuca Abast. Industrial 40,00 4<br />

172


As outorgas <strong>de</strong> águas subterrâneas também se concentram na UA4, embora com o<br />

pequeno número <strong>de</strong> outorgas que efetivamente situam-se na bacia hidrográfica <strong>do</strong><br />

rio Ipojuca (18), a disparida<strong>de</strong> não seja tão gran<strong>de</strong> quanto em águas superficiais.<br />

Analisan<strong>do</strong> sob a ótica <strong>do</strong>s maiores usuários <strong>de</strong> águas subterrâneas outorga<strong>do</strong>s na<br />

bacia, em termos <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> água, temos os maiores volumes outorga<strong>do</strong>s para<br />

usuários instala<strong>do</strong>s no município <strong>de</strong> Ipojuca, para fins <strong>de</strong> abastecimento comercial e<br />

industrial e irrigação.<br />

A outorga <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> recursos hídricos ainda é um instrumento<br />

relativamente novo para a socieda<strong>de</strong>, existin<strong>do</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> usuários <strong>de</strong><br />

recursos hídricos ainda não regulariza<strong>do</strong>s perante os órgãos gestores <strong>de</strong> recursos<br />

hídricos na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca. Apesar <strong>de</strong> ser um importante<br />

instrumento <strong>de</strong> controle <strong>do</strong> uso da água, sua eficácia está condicionada à realização<br />

<strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong> regularização <strong>de</strong> usuários e uma fiscalização eficiente <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s<br />

recursos hídricos, com aplicação <strong>de</strong> sanções aos infratores.<br />

8.4 COBRANÇA PELO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS<br />

A água é reconhecida como um bem econômico, a partir <strong>do</strong>s fundamentos da Lei<br />

Fe<strong>de</strong>ral Nº 9.433/97. A cobrança pelo uso <strong>do</strong>s recursos hídricos visa dar ao usuário<br />

uma indicação <strong>de</strong> seu real valor e incentivar a racionalização <strong>do</strong> uso da água, bem<br />

como obter recursos financeiros para o financiamento <strong>do</strong>s programas e intervenções<br />

contempla<strong>do</strong>s nos planos <strong>de</strong> recursos hídricos. Portanto, a viabilida<strong>de</strong> técnica e<br />

econômica da cobrança permitirá o aporte <strong>de</strong> recursos para implementação <strong>do</strong> plano<br />

<strong>de</strong> investimentos aprova<strong>do</strong> para a bacia hidrográfica.<br />

Entre outros aspectos, a Lei Fe<strong>de</strong>ral Nº 9.433/97 <strong>de</strong>termina que: são passíveis <strong>de</strong><br />

cobrança to<strong>do</strong>s os usos <strong>de</strong> recursos hídricos sujeitos à outorga, porém na fixação<br />

<strong>do</strong>s valores a serem cobra<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ve ser observa<strong>do</strong> o volume efetivamente retira<strong>do</strong><br />

ou lança<strong>do</strong>. A aplicação <strong>do</strong>s recursos arrecada<strong>do</strong>s com a cobrança <strong>de</strong>verá ocorrer<br />

prioritariamente na bacia hidrográfica em que os recursos forem gera<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

também custear <strong>de</strong>spesas administrativas <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos, limita<strong>do</strong>s<br />

a 7,5% <strong>do</strong> total arrecada<strong>do</strong>.<br />

Compete aos Comitês <strong>de</strong> Bacias Hidrográficas estabelecerem os mecanismos <strong>de</strong><br />

cobrança, e sugerir os valores a serem cobra<strong>do</strong>s. O acompanhamento da<br />

administração financeira <strong>do</strong>s recursos arrecada<strong>do</strong>s com a cobrança pelo uso <strong>do</strong>s<br />

recursos hídricos cabe a respectiva Agência <strong>de</strong> Bacia, que também po<strong>de</strong>rá receber a<br />

<strong>de</strong>legação para efetuar a cobrança.<br />

Vale ressaltar que a Lei Fe<strong>de</strong>ral Nº 9.433/97 condiciona a criação <strong>de</strong> uma Agência<br />

<strong>de</strong> Bacia à viabilida<strong>de</strong> financeira assegurada pela cobrança <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s recursos<br />

hídricos.<br />

A Resolução CNRH Nº 48/05 estabelece critérios gerais para cobrança pelo uso <strong>do</strong>s<br />

recursos hídricos e <strong>de</strong>fine condicionantes para sua implantação, entre eles: a<br />

aprovação <strong>do</strong>s valores consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s insignificantes pelo respectivo Conselho <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos; regularização <strong>de</strong> usuários sujeitos à outorga; existência <strong>de</strong> plano<br />

<strong>de</strong> investimentos para a bacia <strong>de</strong>vidamente aprova<strong>do</strong> e a implantação da respectiva<br />

Agência <strong>de</strong> Bacia ou entida<strong>de</strong> <strong>de</strong>legatória. Dessa forma, fica clara a importância <strong>de</strong><br />

173


um sistema <strong>de</strong> outorga eficiente e da atuação <strong>do</strong> comitê <strong>de</strong> bacia para a implantação<br />

da cobrança pelo uso da água em uma bacia hidrográfica.<br />

A Política Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> - Lei Nº 12.984/05 - está<br />

em conformida<strong>de</strong> com a Política Nacional em to<strong>do</strong>s os aspectos da cobrança pelo<br />

uso da água já cita<strong>do</strong>s. Porém, a Lei Estadual prevê a regulamentação da cobrança<br />

por lei específica, o que ainda não ocorreu. Portanto, a implantação da cobrança em<br />

águas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> está condicionada a sua<br />

regulamentação. É importante registrar que no ano <strong>de</strong> 2006 foi elaborada uma<br />

minuta <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> lei sobre a cobrança pelo uso <strong>do</strong>s recursos hídricos pela<br />

Câmara Técnica <strong>de</strong> Cobrança – CTCOB <strong>do</strong> Conselho Estadual <strong>de</strong> Recursos<br />

Hídricos, apresentada e discutida na plenária <strong>do</strong> Conselho. Entretanto não houve<br />

<strong>de</strong>liberação sobre o encaminhamento <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> lei, que não tornou a ser<br />

objeto <strong>de</strong> pauta da reunião <strong>do</strong> CRH, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então.<br />

A Lei Nº 12.984/05 <strong>de</strong>termina que as receitas advindas da cobrança pelo uso <strong>do</strong>s<br />

recursos hídricos constituirão receita <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos –<br />

FEHIDRO, cujos recursos financeiros são movimenta<strong>do</strong>s na conta única <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Também <strong>de</strong>fine que os recursos <strong>de</strong>verão ser aplica<strong>do</strong>s, prioritariamente, na região<br />

ou bacia hidrográfica em que forem arrecada<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser aplica<strong>do</strong> até 30%<br />

<strong>de</strong>ste valor em outras bacias, a critério <strong>do</strong> CRH e mediante aprovação <strong>do</strong> respectivo<br />

comitê <strong>de</strong> bacia.<br />

O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> possui uma lei específica sobre águas subterrâneas - Lei<br />

Estadual Nº 11.427/97, dispõe sobre a conservação e a proteção das águas<br />

subterrâneas no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e dá outras providências – e sua<br />

regulamentação - Decreto n o 20.423/98 – isenta <strong>de</strong> cobrança pelo uso da água os<br />

usuários <strong>de</strong> águas subterrâneas para uso resi<strong>de</strong>ncial urbano ou rural. Como na<br />

bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca o uso das águas subterrâneas não é expressivo,<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à pequena extensão <strong>de</strong> áreas com boa vocação hidrogeológica, esse<br />

aspecto não será significativo para a bacia.<br />

Diante <strong>do</strong> exposto, verifica-se que o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> ainda não implementou<br />

a cobrança pelo uso <strong>do</strong>s recursos hídricos nas águas <strong>de</strong> seu <strong>do</strong>mínio, uma vez que<br />

ainda não foram cumpri<strong>do</strong>s alguns pontos fundamentais, tais como: a<br />

regulamentação da lei, a regularização/cadastramento <strong>de</strong> usuários e a aprovação<br />

<strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> investimento pelos respectivos comitês <strong>de</strong> bacias.<br />

Na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, embora o comitê tenha si<strong>do</strong> instala<strong>do</strong> no ano <strong>de</strong><br />

2002, ainda não houve a aprovação <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> investimentos pelo comitê da<br />

bacia, conforme já cita<strong>do</strong>.<br />

Conforme relata<strong>do</strong> no item referente à outorga <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> recursos<br />

hídricos, existem poucos corpos <strong>de</strong> água <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio da União na bacia hidrográfica<br />

<strong>do</strong> rio Ipojuca, portanto a arrecadação <strong>de</strong> recursos nesta bacia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

principalmente da implantação da cobrança pelo uso das águas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>.<br />

174


8.5 FISCALIZAÇÃO DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS<br />

A fiscalização <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> recursos hídricos foi incluída entre os instrumentos da<br />

Política Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> pela Lei Nº 12.984/05.<br />

A implantação efetiva da fiscalização em <strong>Pernambuco</strong> ocorreu no ano <strong>de</strong> 2001, com<br />

o início das ativida<strong>de</strong>s da equipe <strong>de</strong> fiscalização. A fiscalização foi implantada para<br />

dar suporte ao setor <strong>de</strong> outorga, supervisionan<strong>do</strong> o cumprimento das condições<br />

estabelecidas nos atos <strong>de</strong> outorga pelos usuários outorga<strong>do</strong>s e i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong><br />

usuários irregulares, bem como visan<strong>do</strong> o atendimento à <strong>de</strong>núncias.<br />

O Manual <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Recursos Hídricos, elabora<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos e aprova<strong>do</strong> pelo Conselho Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos através<br />

da Resolução Nº 01/2000, <strong>de</strong>fine os procedimentos <strong>de</strong> fiscalização, procedimentos<br />

administrativos das autuações e atendimento às <strong>de</strong>núncias. Este Manual foi altera<strong>do</strong><br />

pelas Resoluções Nº 03/2003 e Nº 05/2007. O Manual <strong>de</strong> Fiscalização estabelece<br />

como instrumentos <strong>de</strong> fiscalização: o Relatório <strong>de</strong> Vistoria, o Auto <strong>de</strong> Intimação, o<br />

Auto <strong>de</strong> Constatação, o Auto <strong>de</strong> Infração com Penalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Advertência por<br />

Escrito, o Auto <strong>de</strong> Infração com Penalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Multa, o Embargo Provisório e o<br />

Embargo Definitivo.<br />

A fiscalização preventiva e corretiva é um <strong>do</strong>s instrumentos mais importantes para o<br />

gerenciamento <strong>do</strong>s recursos hídricos. É comum o usuário ter interesse em se<br />

regularizar, mas <strong>de</strong>sconhecer os procedimentos necessários à sua regularização<br />

perante os órgãos competentes, daí a importância da fiscalização educativa. Em<br />

relação aos usuários regulariza<strong>do</strong>s, é essencial a a<strong>de</strong>quada supervisão das<br />

condições <strong>de</strong> uso <strong>do</strong>s recursos hídricos. Caso contrário, a emissão <strong>do</strong> ato <strong>de</strong><br />

outorga torna-se meramente burocrático, sem cumprir seu real objetivo.<br />

De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s forneci<strong>do</strong>s pela Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos, são<br />

apresenta<strong>do</strong>s No Quadro 79, a seguir, os da<strong>do</strong>s relativos à fiscalização <strong>de</strong> recursos<br />

hídricos em to<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>. A quase totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses números referese<br />

à fiscalização <strong>de</strong> mananciais <strong>de</strong> águas subterrâneas, uma vez que havia um uso<br />

completamente <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> <strong>do</strong>s aquíferos até a implantação da fiscalização.<br />

Quadro 79 – Número <strong>de</strong> vistorias realizadas e autos emiti<strong>do</strong>s em <strong>Pernambuco</strong>.<br />

ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009<br />

Vistorias 566 413 179 338 419 420 407 400 204<br />

Total <strong>de</strong> Autos 541 452 191 237 161 131 185 275 349<br />

A equipe <strong>de</strong> fiscalização da SRH também realiza o acompanhamento <strong>do</strong>s testes <strong>de</strong><br />

vazão escalona<strong>do</strong> e contínuo, para os poços submeti<strong>do</strong>s a esta exigência, bem<br />

como a cimentação <strong>de</strong> poços.<br />

Os da<strong>do</strong>s relativos à fiscalização <strong>de</strong> recursos hídricos não estavam disponíveis por<br />

bacia hidrográfica, não sen<strong>do</strong> possível quantificar exatamente o número <strong>de</strong> vistorias<br />

e autos realiza<strong>do</strong>s na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

A fiscalização das águas subterrâneas na Região metropolitana <strong>do</strong> Recife, aon<strong>de</strong><br />

está incluída parte da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, tornou-se especialmente<br />

importante a partir da <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> Mapa <strong>de</strong> Zoneamento Explotável <strong>do</strong>s aquíferos<br />

175


da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Recife, resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong> Hidrogeológico da Região metropolitana<br />

<strong>do</strong> Recife – Projeto HIDROREC, (Costa et al, 1998). O mapa proposto pelo Projeto<br />

HIDROREC é composto por seis áreas <strong>de</strong> restrição (A, B, C, D, E e F), <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>se<br />

uma área <strong>de</strong> restrição total à captação <strong>de</strong> águas, <strong>de</strong>nominada Zona A, situa<strong>do</strong> no<br />

bairro <strong>de</strong> Boa Viagem. Ressalta-se que o Mapa <strong>de</strong> Zoneamento Explotável não<br />

abrange áreas da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

O referi<strong>do</strong> Mapa foi aprova<strong>do</strong> pelo Conselho Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos no ano<br />

<strong>de</strong> 2000 - Resolução CRH Nº 04/2000. Em 2002 foi realizada a atualização <strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong>, com a re<strong>de</strong>finição das Zonas <strong>de</strong> Explotação. Como consequência, foi<br />

aprovada a Resolução CRH Nº 04/2003, conten<strong>do</strong> o mapa atualmente em vigência,<br />

que constitui-se em um importante instrumento <strong>de</strong> gerenciamento das águas<br />

subterrâneas, uma vez que os pleitos <strong>de</strong> outorga são avalia<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o<br />

limite estabeleci<strong>do</strong> para cada área <strong>de</strong> restrição.<br />

Cabe <strong>de</strong>stacar o importante papel da fiscalização, para supervisionar o cumprimento<br />

das condições estabelecidas nos atos <strong>de</strong> outorga, bem como a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

usuários irregulares em zonas <strong>de</strong> restrição.<br />

Destaca-se a campanha <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> recursos hídricos realizada no<br />

ano <strong>de</strong> 2005, no Complexo Portuário <strong>de</strong> Suape e municípios <strong>de</strong> Ipojuca, Cabo <strong>de</strong><br />

Santo Agostinho e Jaboatão <strong>do</strong>s Guararapes. O objetivo da campanha foi i<strong>de</strong>ntificar<br />

as formas <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água <strong>do</strong> pólo industrial, a fim <strong>de</strong> subsidiar o setor <strong>de</strong><br />

outorga na avaliação das disponibilida<strong>de</strong>s hídricas <strong>de</strong> atuais e futuros<br />

empreendimentos. Na referida campanha foram efetuadas 84 vistorias, entre as<br />

quais, 58 usuários realizavam suas próprias captações em mananciais subterrâneos<br />

e apenas 5 usuários realizavam captações em mananciais superficiais. Dos<br />

empreendimentos com captações próprias, fiscaliza<strong>do</strong>s nesta campanha, 62% <strong>do</strong>s<br />

usuários <strong>de</strong> águas subterrâneas e 100% <strong>do</strong>s usuários <strong>de</strong> águas superficiais estavam<br />

regulariza<strong>do</strong>s perante à SRH. Os <strong>de</strong>mais usuários eram atendi<strong>do</strong>s pela COMPESA.<br />

8.6 MONITORAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS<br />

O monitoramento <strong>do</strong>s recursos hídricos, como a fiscalização, também foi incluí<strong>do</strong><br />

entre os instrumentos da Política Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

pela Lei Nº 12.984/05.<br />

A Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos realiza o acompanhamento <strong>do</strong>s aspectos<br />

quantitativos e qualitativos da água, através <strong>do</strong> monitoramento <strong>do</strong>s níveis e volumes<br />

<strong>de</strong> água acumula<strong>do</strong>s nos reservatórios, vazões em cursos <strong>de</strong> água e monitoramento<br />

<strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água em rios e reservatórios, servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> suporte<br />

para as ações <strong>de</strong> gerenciamento <strong>do</strong>s recursos hídricos no Esta<strong>do</strong>.<br />

8.6.1. Monitoramento quantitativo<br />

O monitoramento <strong>do</strong>s rios e reservatórios é realiza<strong>do</strong> através <strong>de</strong> Convênio entre a<br />

SRH e o Serviço Geológico <strong>do</strong> Brasil/Companhia <strong>de</strong> Pesquisa <strong>de</strong> Recursos Minerais<br />

– CPRM. No âmbito <strong>de</strong>ste convênio a CPRM instala, opera e realiza a manutenção<br />

das estações linimétricas e fluviométricas em rios e reservatórios. Atualmente estão<br />

em operação em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> 131 estações linimétricas em reservatórios e 26<br />

estações fluviométricas em cursos <strong>de</strong> água.<br />

176


A seguir são apresenta<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monitoramento quantitativo relativo à bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Reservatórios<br />

O Quadro 80 apresenta<strong>do</strong> a seguir, relaciona as informações sobre o monitoramento<br />

<strong>do</strong>s reservatórios na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> os reservatórios<br />

monitora<strong>do</strong>s, o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> monitoramento, bem como a frequência <strong>de</strong> registro <strong>do</strong>s<br />

da<strong>do</strong>s, que po<strong>de</strong> ser diária ou semanal. O reservatório Pão <strong>de</strong> Açúcar também é<br />

equipa<strong>do</strong> com Plataforma <strong>de</strong> Coleta <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s – PCD, permitin<strong>do</strong> um monitoramento<br />

mais <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>.<br />

177


Quadro 80 – Monitoramento quantitativo <strong>do</strong>s reservatórios na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Reservatório<br />

Monitoramento<br />

Nome<br />

Cap. Máxima<br />

(m³)<br />

Curso d'Água Localida<strong>de</strong> Município<br />

Início Fim Frequência<br />

Pão <strong>de</strong> Açúcar 34.230.600 Ipojuca Pão <strong>de</strong> Açúcar Pesqueira 1975 2009 S<br />

Eng. Severino Guerra 17.776.470 Bituri Belo Jardim Belo Jardim 1995 2010 D<br />

Manuíno 2.021.000 - Sitio Manuíno Bezerros 2005 2009 S<br />

Taquara 1.347.136 Rch Taquara Alto <strong>do</strong> Moura Caruaru 1998 2009 S<br />

Serra <strong>do</strong>s Cavalos 612.635 Rch. Capoeirao Faz. Caruaru Caruaru 2004 2009 S<br />

Malhada 550.000 - - Caruaru - - -<br />

Antônio Menino-Cipó 538.740 - - Caruaru - - -<br />

Jenipapo 412.000 - - Sanharó - - -<br />

Malhada da Pedra 550.000 Rch. Malhada da Pedra - Caruaru - - -<br />

Jaime Nejaim 600.000 Rch. Olho D'Agua Caruaru Caruaru 2000 2009 S<br />

Bom Jesus 85.480 - - Sao Caetano - - -<br />

Sapato 577.770 Maniçoba - Sanharó 2004 2009 S<br />

Pão <strong>de</strong> Açúcar (PCD) 41.140.000 Ipojuca Pão <strong>de</strong> Açúcar Pesqueira 2000 2001 -<br />

Eng Pedro Moura Jr.<br />

(Belo Jardim)<br />

30.740.000 Ipojuca - Belo Jardim 2001 2010 D<br />

Guilherme Azeve<strong>do</strong> 786.000 Rch. Taquara e Olheiros Caruaru CARUARU 2002 2009 S<br />

Cipó 755.808 Rch. Cipó Caruaru Caruaru 2004 2008 S<br />

Tabocas-Piaça 1.167.924 Tabocas<br />

Sitio Piaça-Serra<br />

<strong>do</strong>s Ventos<br />

Belo Jardim 2002 2009 S<br />

Duas Serras 2.032.289 Rch. Duas Serras Serra <strong>do</strong> Ororubá Poção 2004 2009 S<br />

Quiriméia 2.592.000 - - Escada - - -<br />

Dumon<strong>de</strong> - Taquara Sitio Dumon<strong>de</strong> Altinho - - -<br />

Engenho Crauassu 36.984.532 Ipojuca - Ipojuca - - -<br />

Engenho Maranhão 52.925.350 Ipojuca<br />

Engenho<br />

Maranhão<br />

Ipojuca - - -<br />

Cafundó 5.160.000 Rch. Lateral Sitio Cafundó Alagoinha - - -<br />

Juca 1.190.970 Rch. Cocos Faz. Juca Bezerros - - -<br />

Covas 1.110.000 Rch. Papagaio - Pesqueira - - -<br />

Papagaio 1.320.000 Rch. Papagaio Sitio Papagaio Pesqueira - - -<br />

Liberal<br />

Legenda:<br />

D – diário; S – semanal.<br />

11.550.000 Rch. Liberal Sitio Liberal Sanharó - - -<br />

178


A Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos (SRH) recebe os da<strong>do</strong>s relativos aos níveis <strong>do</strong>s<br />

reservatórios semanalmente da CPRM e, através das respectivas cota-área-volume<br />

<strong>do</strong>s reservatórios, obtém os volumes armazena<strong>do</strong>s nos reservatórios. Estas<br />

informações são disponibilizadas no en<strong>de</strong>reço eletrônico da SRH.<br />

Cursos <strong>de</strong> água<br />

O monitoramento fluviométrico em cursos <strong>de</strong> água realiza<strong>do</strong> pela SRH, através da<br />

CPRM, é recente, ten<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong> em 2008. Conforme informações <strong>do</strong> setor <strong>de</strong><br />

Monitoramento da SRH, não existem estações fluviométricas instaladas e em<br />

operação na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, no âmbito <strong>do</strong> convênio SRH-<br />

PE/CPRM. Portanto, na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca apenas são disponíveis os<br />

da<strong>do</strong>s fluviométricos para as estações operadas pela ANA.<br />

Controle <strong>de</strong> cheias<br />

Além <strong>do</strong> monitoramento quantitativo convencional <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> água e<br />

reservatórios, a SRH realiza um monitoramento específico para o controle <strong>de</strong> cheias<br />

em 30 estações em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Operação Inverno. O Quadro 81,<br />

apresenta<strong>do</strong> a seguir, relaciona as estações <strong>de</strong> monitoramento na bacia hidrográfica<br />

<strong>do</strong> rio Ipojuca. Nestas estações as cotas <strong>do</strong> nível d’água são acompanhadas<br />

diariamente em perío<strong>do</strong>s críticos, a fim <strong>de</strong> viabilizar ações <strong>de</strong> emergência em tempo<br />

hábil.<br />

Quadro 81 – Estações <strong>de</strong> monitoramento para controle <strong>de</strong> cheias na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Estação Curso d’água Opera<strong>do</strong>r<br />

Caruaru Ipojuca ANA<br />

Engenho Tabocas Ipojuca ANA<br />

8.6.2. Monitoramento qualitativo<br />

O monitoramento <strong>do</strong>s rios e reservatórios é realiza<strong>do</strong> através <strong>de</strong> Convênio entre a<br />

SRH e a Agência Estadual <strong>de</strong> Meio Ambiente – CPRH. No âmbito <strong>de</strong>ste convênio a<br />

CPRH realiza o monitoramento da qualida<strong>de</strong> da água <strong>de</strong> 114 reservatórios no<br />

Esta<strong>do</strong>.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste convênio, a CPRH, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1984, realiza o monitoramento<br />

sistemático da qualida<strong>de</strong> das águas das bacias hidrográficas. De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s<br />

disponíveis pela CPRH, estão em operação em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong>, no ano <strong>de</strong> 2010, 197<br />

estações <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água em corpos hídricos.<br />

A seguir são apresenta<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monitoramento qualitativo relativo à bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Reservatórios<br />

São monitora<strong>do</strong>s 10 reservatórios na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Ipojuca, a saber: Pão<br />

<strong>de</strong> Açúcar, Duas Serras, Eng Severino Guerra (Bituri), Eng Pedro Moura Jr. (Belo<br />

179


Jardim), Serra <strong>do</strong>s Cavalos, Guilherme Azeve<strong>do</strong>, Jaime Nejaim, Taquara, Cipó e<br />

Manuíno. Os parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água estão relaciona<strong>do</strong>s a seguir:<br />

Parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong>s reservatórios monitora<strong>do</strong>s:<br />

• Temperatura da água (ºC);<br />

• pH;<br />

• OD (mg/L);<br />

• DBO (mg/L);<br />

• amônia (mg/L);<br />

• fósforo total (mg/L);<br />

• sóli<strong>do</strong>s totais (mg/L);<br />

• turbi<strong>de</strong>z (UNT);<br />

• condutivida<strong>de</strong> elétrica (S/cm);<br />

• salinida<strong>de</strong> (%);<br />

• profundida<strong>de</strong> (m);<br />

• transparência com o disco <strong>de</strong> Secchi (m);<br />

• coliformes termotolerantes (NMP/100ml);<br />

• ecotoxicida<strong>de</strong> para Daphnia;<br />

• clorofila-a (mg/L); e<br />

• <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cianobactérias (cel/ml);<br />

A frequência <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong>s parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água é semestral,<br />

sen<strong>do</strong> realizada uma coleta no perío<strong>do</strong> chuvoso e uma coleta no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

estiagem.<br />

180


Cursos <strong>de</strong> água<br />

São monitoradas 14 estações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água em rios na bacia hidrográfica <strong>do</strong><br />

rio Ipojuca, conforme relaciona<strong>do</strong> no Quadro 82, a seguir.<br />

Quadro 82 - Estações <strong>de</strong> monitoramento da qualida<strong>de</strong> da água da bacia hidrográfica<br />

<strong>do</strong> rio Ipojuca.<br />

Trecho Nr. Localização Estação<br />