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universidade federal da bahia escola de administração núcleo

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vigorava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Grécia antiga, foi inverti<strong>da</strong> por esse “olhar cristão” (p. 18), porquanto<br />

concebia o comportamento moral <strong>de</strong> um indivíduo, seus vícios particulares, como <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância para a harmonia social. “Nessa visão moralista, a corrupção, mesmo quando<br />

pratica<strong>da</strong> por agente público, é analisa<strong>da</strong> e julga<strong>da</strong> em relação à individuali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Portanto, no<br />

limite, não há corrupção política, mas <strong>de</strong> indivíduos que são políticos” (MARTINS, 2008:21).<br />

Martins (2008) leciona que somente a partir <strong>da</strong> compreensão <strong>de</strong> que o mundo político<br />

possui regras próprias é que a acepção política do termo corrupção emerge. Nesse pensamento<br />

mo<strong>de</strong>rno, política e morali<strong>da</strong><strong>de</strong> individual não se misturam. A corrupção política passa a ser<br />

compreendi<strong>da</strong> como resultado <strong>da</strong>s regras do mundo político, estando liga<strong>da</strong> à fraqueza <strong>de</strong> suas<br />

leis e instituições políticas (MARTINS, 2008; ADVERSE, 2008). Essa nova concepção está<br />

liga<strong>da</strong> diretamente ao Renascimento italiano e, <strong>de</strong>ntre os diversos autores <strong>de</strong>sse período,<br />

Nicolau Maquiavel costuma ser apontado como o seu principal teórico, haja vista a sua busca<br />

pela distinção entre as coisas próprias <strong>da</strong> política e o campo <strong>da</strong> ética ou morali<strong>da</strong><strong>de</strong> individual<br />

(MARTINS, 2008; ADVERSE, 2008). Nesse ponto, po<strong>de</strong>-se apresentar um quadro que<br />

resume as fases que marcam a origem e a ampliação do significado do termo corrupção:<br />

Quadro 1 - Significados do Termo Corrupção<br />

Período Acepção Autores <strong>de</strong> Referência Obras<br />

Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Medieval<br />

A partir <strong>da</strong><br />

Renascença<br />

Elaboração própria.<br />

Biológica<br />

Política<br />

Moral<br />

Aristóteles;<br />

Aristóteles<br />

Platão<br />

Santo Agostinho<br />

Da Geração e <strong>da</strong> Corrupção;<br />

A Política;<br />

A República<br />

Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus<br />

Política Maquiavel Discursos sobre a Primeira Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

Tito Lívio<br />

Vê-se, portanto, que, embora a corrupção se constitua em objeto <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

antigui<strong>da</strong><strong>de</strong>, a acepção política do termo somente emerge a partir do renascimento. Para<br />

Martins (2008), para explicar o fenômeno <strong>da</strong> corrupção no ambiente político essa<br />

compreensão é a mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> do que a moralista, pois permite i<strong>de</strong>ntificar melhor suas<br />

causas. Infere-se ain<strong>da</strong> que parte <strong>da</strong> idéia conti<strong>da</strong> no que hoje se <strong>de</strong>nomina por accountability,<br />

especificamente no que concerne à importância atribuí<strong>da</strong> às instituições para o combate e o<br />

controle <strong>da</strong> corrupção, já po<strong>de</strong> ser localiza<strong>da</strong> em escritos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

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