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Fevereiro de 2004

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PT<br />

BOLETIM MENSAL 02I <strong>2004</strong><br />

BANCO CENTRAL EUROPEU<br />

011<strong>2004</strong><br />

021<strong>2004</strong><br />

031<strong>2004</strong><br />

041<strong>2004</strong><br />

051<strong>2004</strong><br />

061<strong>2004</strong><br />

071<strong>2004</strong><br />

081<strong>2004</strong><br />

091<strong>2004</strong><br />

101<strong>2004</strong><br />

111<strong>2004</strong><br />

121<strong>2004</strong><br />

BOLETIM MENSAL<br />

FEVEREIRO


Em <strong>2004</strong>, todas as<br />

publicações do BCE<br />

passarão a apresentar<br />

um motivo retirado<br />

da nota <strong>de</strong> €100.<br />

BOLETIM MENSAL<br />

FEVEREIRO <strong>2004</strong>


© Banco Central Europeu, <strong>2004</strong><br />

Morada<br />

Kaiserstrasse 29<br />

60311 Frankfurt am Main<br />

Alemanha<br />

En<strong>de</strong>reço postal<br />

Postfach 16 03 19<br />

60066 Frankfurt am Main<br />

Alemanha<br />

Telefone<br />

+49 69 1344 0<br />

Internet<br />

http://www.ecb.int<br />

Fax<br />

+49 69 1344 6000<br />

Telex<br />

411 144 ecb d<br />

Este Boletim foi preparado sob a<br />

responsabilida<strong>de</strong> da Comissão Executiva<br />

do BCE. As traduções são elaboradas e<br />

publicadas pelos bancos centrais<br />

nacionais.<br />

Todos os direitos reservados. É permitida<br />

a fotocópia para fins pedagógicos e não<br />

comerciais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a fonte esteja<br />

i<strong>de</strong>ntificada.<br />

A data limite das estatísticas incluídas<br />

nesta publicação foi 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>.<br />

Depósito legal n.º 131609/99<br />

ISSN 1561-0284 (impresso)<br />

ISSN 1725-3012 (online)<br />

Execução Gráfica<br />

Tipografia Peres, SA


ÍNDICE<br />

EDITORIAL 5<br />

EVOLUÇÃO ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA 7<br />

Conjuntura externa da área do euro 7<br />

Evolução monetária e financeira 10<br />

Preços e custos 28<br />

Produto, procura<br />

e mercado <strong>de</strong> trabalho 35<br />

Evolução cambial e da balança<br />

<strong>de</strong> pagamentos 42<br />

Caixas:<br />

1 Resultados do inquérito aos bancos<br />

sobre o mercado <strong>de</strong> crédito na área do<br />

euro <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> 13<br />

2 Condições <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z e operações <strong>de</strong><br />

política monetária <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> Novembro<br />

<strong>de</strong> 2003 a 23 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> 19<br />

3 Expectativas do sector privado para a<br />

inflação e activida<strong>de</strong> económica na<br />

área do euro: resultados do Inquérito<br />

aos Analistas Profissionais (IAP)<br />

relativo ao primeiro trimestre <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

e outros indicadores disponíveis 32<br />

4 Avaliação das condições económicas<br />

actuais e esperadas <strong>de</strong> acordo com os<br />

inquéritos da Comissão Europeia 40<br />

ARTIGOS<br />

As economias dos países a<strong>de</strong>rentes<br />

no limiar da UniãoEuropeia 47<br />

Evolução dos balanços do sector<br />

privado na área do euro e nos<br />

Estados Unidos 61<br />

O impacto da contabilização<br />

pelo justo valor sobre o sector<br />

bancário europeu – uma perspectiva<br />

<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> financeira 73<br />

ESTATÍSTICAS DA ÁREA DO EURO E1<br />

Cronologia das medidas <strong>de</strong> política<br />

monetária do Eurosistema I<br />

Documentos publicados pelo<br />

Banco Central Europeu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003 V<br />

GLOSSÁRIO IX<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

3


4<br />

ABREVIATURAS<br />

PAÍSES<br />

BE Bélgica<br />

DK Dinamarca<br />

DE Alemanha<br />

GR Grécia<br />

ES Espanha<br />

FR França<br />

IE Irlanda<br />

IT Itália<br />

LU Luxemburgo<br />

NL Países Baixos<br />

AT Áustria<br />

PT Portugal<br />

FI Finlândia<br />

SE Suécia<br />

UK Reino Unido<br />

JP Japão<br />

EUA Estados Unidos<br />

OUTRAS<br />

BCE Banco Central Europeu<br />

BdP balança <strong>de</strong> pagamentos<br />

BCN bancos centrais nacionais<br />

BIS Bank for International Settlements<br />

CD certificados <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />

c.i.f. cost, insurance and freight at the importer’s bor<strong>de</strong>r<br />

CTCI 3.ª Rev. Classificação Tipo do Comércio Internacional (3.ª revisão)<br />

CUTCE Custos unitários do trabalho no conjunto da economia<br />

CUTIT Custos unitários do trabalho na indústria transformadora<br />

EUR euro<br />

FMI Fundo Monetário Internacional<br />

f.o.b. free on board at the exporter’s bor<strong>de</strong>r<br />

IFM Instituições Financeiras Monetárias<br />

IHPC Índice Harmonizado <strong>de</strong> Preços no Consumidor<br />

IME Instituto Monetário Europeu<br />

IPC Índice <strong>de</strong> Preços no Consumidor<br />

IPP Índice <strong>de</strong> Preços no Produtor<br />

MBP5 Manual da Balança <strong>de</strong> Pagamentos do FMI (5.ª edição)<br />

NACE Rev. 1 Classificação estatística das activida<strong>de</strong>s económicas na Comunida<strong>de</strong> Europeia<br />

OIT Organização Internacional do Trabalho<br />

PIB Produto Interno Bruto<br />

SEBC Sistema Europeu <strong>de</strong> Bancos Centrais<br />

SEC 95 Sistema Europeu <strong>de</strong> Contas 1995<br />

TCE taxa <strong>de</strong> câmbio efectiva<br />

UE União Europeia<br />

UEM União Económica e Monetária<br />

De acordo com a prática corrente na Comunida<strong>de</strong>, a listagem dos países da UE constantes no<br />

presente Boletim é feita segundo a or<strong>de</strong>m alfabética dos nomes dos países nas línguas nacionais.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong>


EDITORIAL<br />

Na reunião <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, o Conselho<br />

do BCE <strong>de</strong>cidiu <strong>de</strong>ixar inalterada, em 2.0%, a taxa<br />

mínima <strong>de</strong> proposta aplicável às operações principais<br />

<strong>de</strong> refinanciamento do Eurosistema. As taxas <strong>de</strong> juro<br />

aplicáveis à facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> cedência <strong>de</strong><br />

liqui<strong>de</strong>z e à facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito foram<br />

igualmente mantidas sem alterações, em 3.0% e<br />

1.0%, respectivamente.<br />

A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> manter as taxas <strong>de</strong> juro directoras do<br />

BCE nos seus níveis baixos reflecte a avaliação do<br />

Conselho do BCE <strong>de</strong> que não existem alterações<br />

fundamentais nas perspectivas para a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

preços a médio prazo. Assim, a orientação da política<br />

monetária permanece apropriada. O Conselho do<br />

BCE concluiu que os riscos inflacionistas <strong>de</strong>verão<br />

ser contidos pela evolução um pouco mais favorável<br />

dos preços das importações, ao passo que a<br />

recuperação económica na área do euro <strong>de</strong>verá evoluir<br />

em conformida<strong>de</strong> com as expectativas anteriores.<br />

O Conselho do BCE continuará a acompanhar<br />

atentamente todos os <strong>de</strong>senvolvimentos passíveis <strong>de</strong><br />

afectar a sua avaliação dos riscos para a estabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> preços a médio prazo. Em relação às taxas <strong>de</strong><br />

câmbio, o Conselho do BCE colocou <strong>de</strong> novo a<br />

ênfase especialmente na estabilida<strong>de</strong> e continua<br />

preocupado com as excessivas variações cambiais.<br />

Começando pela análise económica, os dados mais<br />

recentes relativos à produção na área do euro, bem<br />

como a evidência fornecida pelos inquéritos sobre<br />

a confiança das empresas, permanecem em<br />

consonância com o crescimento económico observado<br />

a partir do fim do ano passado, tanto no sector da<br />

indústria transformadora como dos serviços.<br />

Numa análise prospectiva, a conjuntura externa da<br />

área do euro <strong>de</strong>verá continuar a evoluir<br />

favoravelmente. Em particular, é <strong>de</strong> esperar que o<br />

crescimento robusto do PIB real das economias dos<br />

principais parceiros comerciais da área do euro apoie<br />

a procura externa <strong>de</strong> produtos e serviços da área do<br />

euro, embora o crescimento das exportações possa<br />

ser um pouco amortecido pela perda <strong>de</strong><br />

competitivida<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> preços.<br />

As condições para uma melhoria da procura interna<br />

são igualmente favoráveis. A activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento<br />

<strong>de</strong>verá beneficiar não só com as tendências mundiais<br />

da procura, como também com os esforços das empresas<br />

para melhorarem a produtivida<strong>de</strong> e a rentabilida<strong>de</strong>,<br />

com o nível baixo das taxas <strong>de</strong> juro e com as condições<br />

<strong>de</strong> financiamento geralmente favoráveis. É <strong>de</strong> esperar<br />

também que o crescimento do consumo privado, que<br />

até ao momento tem permanecido bastante mo<strong>de</strong>rado,<br />

recupere em consonância com um aumento do<br />

rendimento disponível real. Esta panorâmica global<br />

<strong>de</strong> uma recuperação económica gradual encontra-se<br />

reflectida em todas as previsões disponíveis <strong>de</strong> fontes<br />

oficiais e privadas e parece ser confirmada pela<br />

evolução dos mercados financeiros.<br />

No mais curto prazo, os riscos para este cenário principal<br />

permanecem equilibrados. Para horizontes mais longos,<br />

as incertezas continuam a estar relacionadas com a<br />

persistência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrios em algumas regiões do<br />

mundo e as suas potenciais repercussões na<br />

sustentabilida<strong>de</strong> do crescimento económico mundial.<br />

No que respeita à evolução dos preços, a taxa<br />

homóloga da inflação medida pelo IHPC <strong>de</strong>sceu<br />

para 2.0% em Dezembro <strong>de</strong> 2003, tendo o Eurostat<br />

estimado a mesma taxa para Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>. No<br />

<strong>de</strong>curso do corrente ano, as taxas <strong>de</strong> inflação <strong>de</strong>verão<br />

baixar para valores inferiores a 2%, permanecendo<br />

<strong>de</strong>pois em conformida<strong>de</strong> com a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preços.<br />

Embora os preços mundiais das matérias-primas,<br />

<strong>de</strong>nominados em dólares dos Estados Unidos, tenham<br />

vindo a registar uma tendência ascen<strong>de</strong>nte nos últimos<br />

meses, a anterior apreciação do euro está a atenuar<br />

os seus efeitos sobre os preços internos. Além disso,<br />

espera-se que a evolução dos salários continue a ser<br />

mo<strong>de</strong>rada no contexto <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego<br />

elevadas e <strong>de</strong> uma recuperação económica gradual.<br />

Os dados recentes relativos aos custos unitários do<br />

trabalho parecem, em geral, confirmar uma avaliação<br />

no sentido <strong>de</strong> uma estabilização dos aumentos<br />

salariais. No seu conjunto, as pressões inflacionistas<br />

permanecem limitadas, sendo esta avaliação partilhada<br />

por todas as previsões disponíveis. Tendo em conta<br />

o carácter condicional <strong>de</strong> qualquer avaliação<br />

prospectiva, é obviamente importante não esquecer<br />

nenhum dos elementos <strong>de</strong> risco para as perspectivas<br />

da estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preços. Além disso, é necessário<br />

acompanhar atentamente as expectativas <strong>de</strong> inflação.<br />

Quanto à análise monetária, o crescimento homólogo<br />

do M3 continuou a registar apenas uma ligeira<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

5


6<br />

mo<strong>de</strong>ração ao longo dos últimos meses. Tal aponta<br />

para uma alteração bastante gradual das carteiras <strong>de</strong><br />

activos monetários para activos financeiros <strong>de</strong> mais<br />

longo prazo não incluídos no M3. Além disso, o nível<br />

baixo das taxas <strong>de</strong> juro está a contribuir para a<br />

continuação do forte crescimento <strong>de</strong> activos muito<br />

líquidos. Simultaneamente, o crescimento dos<br />

empréstimos aos sector privado reflecte os efeitos<br />

das taxas <strong>de</strong> juro baixas, bem como <strong>de</strong> uma melhoria<br />

da conjuntura económica.<br />

O forte crescimento monetário nos últimos anos<br />

indica que a liqui<strong>de</strong>z disponível na área do euro é<br />

significativamente superior à necessária para financiar<br />

um crescimento não inflacionista. A possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> o excesso <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z acumulado se vir a traduzir<br />

em pressões inflacionistas no médio prazo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

do grau <strong>de</strong> inversão das anteriores alterações <strong>de</strong><br />

carteira e da força do crescimento económico no<br />

futuro. Se o excesso <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z persistir, po<strong>de</strong>rá gerar<br />

pressões inflacionistas no médio prazo.<br />

Resumindo, a análise económica continua a indicar<br />

que o cenário principal para a evolução dos preços<br />

no médio prazo está em consonância com a<br />

estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preços. A verificação cruzada com<br />

a análise monetária não altera este cenário.<br />

Em relação às políticas orçamentais, são várias as<br />

questões importantes que requerem um<br />

acompanhamento atento. Primeiro, a implementação<br />

das políticas orçamentais <strong>de</strong>ve estar em conformida<strong>de</strong><br />

com os compromissos assumidos pelos governos no<br />

ano passado. Quanto a este aspecto, está a ser realizada<br />

uma análise aprofundada dos novos Programas <strong>de</strong><br />

Estabilida<strong>de</strong> dos Estados-Membros. São necessárias<br />

finanças públicas sólidas para apoiar um quadro<br />

macroeconómico estável, que, por seu lado, melhora<br />

a confiança e promove o investimento, o crescimento<br />

e o emprego na área do euro.<br />

Segundo, no que diz respeito ao quadro institucional<br />

das políticas orçamentais, o Conselho do BCE partilha<br />

das preocupações da Comissão Europeia relativamente<br />

às conclusões do Conselho ECOFIN, em Novembro<br />

do ano passado. A Comissão é a guardiã do Tratado<br />

e do Pacto <strong>de</strong> Estabilida<strong>de</strong> e Crescimento. O BCE<br />

respeita a <strong>de</strong>cisão da Comissão <strong>de</strong> procurar obter<br />

clareza jurídica quanto à implementação do Pacto.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Além disso, o BCE não vê necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterar o<br />

Tratado e consi<strong>de</strong>ra a<strong>de</strong>quado o actual quadro do Pacto<br />

<strong>de</strong> Estabilida<strong>de</strong> e Crescimento. O Conselho do BCE<br />

concorda com a Comissão em que a implementação<br />

do Pacto <strong>de</strong> Estabilida<strong>de</strong> e Crescimento po<strong>de</strong>ria ser<br />

melhorada, sobretudo no que diz respeito à análise<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrios estruturais e ao reforço dos incentivos<br />

a políticas orçamentais sólidas durante períodos<br />

economicamente favoráveis. A clareza e exigibilida<strong>de</strong><br />

do quadro orçamental <strong>de</strong>vem ser melhoradas.<br />

É necessário um quadro macroeconómico estável para<br />

melhorar o potencial <strong>de</strong> crescimento da área do euro,<br />

mas que, por si só, não é suficiente. A promoção do<br />

emprego, o fomento da produtivida<strong>de</strong> do trabalho e<br />

uma melhor exploração dos progressos científicos e<br />

tecnológicos no contexto <strong>de</strong> um envelhecimento da<br />

população exigem reformas estruturais – no domínio<br />

orçamental, bem como nos mercados financeiros, do<br />

produto e <strong>de</strong> trabalho. A Estratégia <strong>de</strong> Lisboa<br />

proporciona o plano a<strong>de</strong>quado para a realização<br />

<strong>de</strong> progressos. A responsabilida<strong>de</strong> pela sua<br />

implementação cabe, porém, aos governos,<br />

parlamentos e parceiros sociais. O Conselho do BCE<br />

apoia fortemente os actuais esforços envidados em<br />

vários países no sentido <strong>de</strong> avançarem com reformas<br />

estruturais. Ao mesmo tempo, partilha na íntegra da<br />

opinião <strong>de</strong> que são necessárias medidas adicionais,<br />

como recentemente reiterado pela Comissão no seu<br />

relatório sobre os progressos na implementação da<br />

Estratégia <strong>de</strong> Lisboa e as priorida<strong>de</strong>s para <strong>2004</strong>.<br />

Todos os intervenientes têm <strong>de</strong> mostrar ao gran<strong>de</strong><br />

público que todos beneficiariam – em termos <strong>de</strong><br />

crescimento, mais emprego e rendimentos mais<br />

elevados – com tais reformas estruturais.<br />

O presente número do Boletim Mensal inclui três<br />

artigos. O primeiro analisa algumas das principais<br />

características macroeconómicas e estruturais das<br />

economias dos países a<strong>de</strong>rentes à União Europeia.<br />

O segundo compara os principais <strong>de</strong>senvolvimentos<br />

na poupança, financiamento e investimento, bem<br />

como as tendências resultantes na dívida e riqueza<br />

financeira, das socieda<strong>de</strong>s não financeiras e das<br />

famílias na área do euro e nos Estados Unidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

meados dos anos noventa. O terceiro fornece uma<br />

visão global do actual <strong>de</strong>bate e do impacto <strong>de</strong> uma<br />

aplicação mais ampla da contabilização pelo justo<br />

valor no sector bancário.


EVOLUÇÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA<br />

1 CONJUNTURA EXTERNA DA ÁREA DO EURO<br />

A activida<strong>de</strong> económica e o comércio mundiais continuaram a acelerar e as perspectivas para a<br />

conjuntura externa <strong>de</strong>verão continuar a evoluir <strong>de</strong> forma favorável. A recuperação da procura<br />

mundial e do comércio mundial alargou-se e fortaleceu-se, apoiada por condições <strong>de</strong> financiamento<br />

favoráveis. Os preços das matérias-primas continuaram a aumentar, em particular os preços das<br />

matérias-primas não petrolíferas.<br />

EVOLUÇÃO DA ECONOMIA MUNDIAL<br />

As recentes publicações <strong>de</strong> dados mostram uma<br />

nova melhoria das condições económicas a nível<br />

mundial e sugerem que a recuperação se expandiu<br />

na maioria das regiões.<br />

Nos Estados Unidos, a activida<strong>de</strong> económica<br />

manteve-se dinâmica, com o crescimento do PIB<br />

real no quarto trimestre a situar-se em 4.0% (em<br />

termos trimestrais em ca<strong>de</strong>ia anualizados), face<br />

a 8.2% no terceiro trimestre <strong>de</strong> 2003. Contudo,<br />

o crescimento do emprego estagnou nos últimos<br />

meses, embora tal não pareça ter afectado, até<br />

ao momento, o dinamismo económico global.<br />

Aconfiança dos consumidores manteve-se elevada<br />

e a evidência disponível sugere que a recuperação<br />

das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital das empresas é ainda<br />

forte. Em particular, posições <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z interna<br />

fortes das empresas dos EUA, juntamente com<br />

condições <strong>de</strong> financiamento favoráveis, continuam<br />

a apoiar o investimento privado das empresas.<br />

Ainflação estabilizou em termos globais. A inflação<br />

homóloga medida pelo IPC foi <strong>de</strong> 1.9% em<br />

Dezembro, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> se ter situado em 1.8% em<br />

Novembro, enquanto o <strong>de</strong>flator das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong><br />

consumo pessoal excluindo produtos alimentares<br />

e energéticos se situou em aproximadamente 1%<br />

nos últimos três meses <strong>de</strong> 2003. Na reunião <strong>de</strong> 28<br />

<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, o Comité <strong>de</strong> Operações <strong>de</strong><br />

Mercado Aberto <strong>de</strong>cidiu manter o objectivo para<br />

a taxa dos fundos fe<strong>de</strong>rais em 1%.<br />

A economia japonesa continua a registar uma<br />

recuperação gradual. Apesar <strong>de</strong> um fortalecimento<br />

do iene, o crescimento foi apoiado sobretudo<br />

pelo aumento das exportações, em reflexo da<br />

expansão robusta da procura mundial. A forte<br />

procura externa tem-se transmitido gradualmente<br />

ao sector doméstico, com a produção industrial<br />

a aumentar 1.0% (em termos mensais em ca<strong>de</strong>ia)<br />

em Novembro. No entanto, as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong><br />

consumo permaneceram fracas. No que respeita<br />

Gráfico 1 Principais <strong>de</strong>senvolvimentos<br />

nas maiores economias industrializadas<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

Crescimento do produto 1)<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%); dados trimestrais)<br />

área do euro<br />

Estados Unidos<br />

Japão<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

Taxas <strong>de</strong> inflação 2)<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%); dados mensais)<br />

área do euro<br />

Estados Unidos<br />

Japão<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

Fontes: Dados nacionais, BIS, Eurostat e cálculos do BCE.<br />

1) Os dados do Eurostat são utilizados para a área do euro; para<br />

os Estados Unidos e Japão são utilizados dados nacionais. Para<br />

todos os países, os valores do PIB foram corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>.<br />

2) Com base no IHPC.<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

7<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Conjuntura<br />

externa da<br />

área do euro


8<br />

à evolução dos preços, continuou a verificar-se<br />

uma ligeira <strong>de</strong>flação, tendo o IPC registado uma<br />

<strong>de</strong>scida <strong>de</strong> 0.4% (em termos homólogos) em<br />

Dezembro, enquanto o IPC excluindo produtos<br />

alimentares frescos diminuiu 0.1%. Em 20 <strong>de</strong><br />

Janeiro, o Banco do Japão aumentou o objectivo<br />

para o saldo da balança corrente para JPY30 –<br />

JPY35 biliões, face a JPY27 – JPY32 biliões.<br />

No Reino Unido, a activida<strong>de</strong> económica<br />

continuou a melhorar no quarto trimestre <strong>de</strong> 2003,<br />

com o crescimento do PIB real a acelerar para<br />

uma taxa trimestral <strong>de</strong> 0.9%, resultando numa taxa<br />

<strong>de</strong> crescimento homóloga <strong>de</strong> 2.5%. O sector dos<br />

serviços terá sido a principal força impulsionadora<br />

subjacente ao crescimento do produto, enquanto<br />

a produção industrial não registou alterações.<br />

A robustez das vendas a retalho durante o quarto<br />

trimestre <strong>de</strong> 2003 sugere que as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong><br />

consumo se mantêm elevadas, reflectindo o<br />

dinamismo do endividamento das famílias e um<br />

forte mercado da habitação. A inflação medida pelo IHPC foi estável, a uma taxa anual <strong>de</strong> 1.3%<br />

em Dezembro, muito abaixo do objectivo <strong>de</strong> 2%.<br />

Nos países da Ásia excepto o Japão, continuou a forte expansão da activida<strong>de</strong> económica. Impulsionada<br />

pelo investimento em imobilizado, a taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga do PIB na China em 2003 foi<br />

<strong>de</strong> 9.1%, o nível mais elevado dos últimos sete anos, enquanto a inflação medida pelo IPC aumentou<br />

acentuadamente para 3.2% (em termos homólogos) em Dezembro. A activida<strong>de</strong> económica também<br />

continuou a melhorar nos países a<strong>de</strong>rentes e na América Latina, embora a um ritmo mais lento do<br />

que nos países da Ásia excepto o Japão.<br />

MERCADOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS<br />

Em Janeiro, os preços do petróleo subiram para o nível mais elevado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2003. O preço<br />

do petróleo bruto Brent atingiu USD 29.6 (€23.7) em 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong>. Os preços do petróleo foram<br />

suportados pela forte procura nos Estados Unidos e na Ásia e por níveis historicamente baixos das<br />

existências comerciais nos Estados Unidos. A Organização dos Países Exportadores <strong>de</strong> Petróleo<br />

(OPEP) permitiu que os preços do petróleo ultrapassassem o limite superior do preço do cabaz da<br />

OPEP <strong>de</strong> USD 28. Além disso, o aumento relativamente acentuado (em termos <strong>de</strong> dólares) dos<br />

preços <strong>de</strong> outras matérias-primas observado na segunda meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2003 continuou em Janeiro <strong>de</strong><br />

<strong>2004</strong>, apoiado sobretudo por uma procura mundial mais forte (ver Gráfico 2). Os preços das matériasprimas<br />

não petrolíferas aumentaram 22% <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> Julho.<br />

PERSPECTIVAS PARA A CONJUNTURA EXTERNA<br />

A conjuntura externa da área do euro <strong>de</strong>verá continuar a evoluir <strong>de</strong> forma favorável. A recuperação<br />

da activida<strong>de</strong> económica e do comércio mundiais alargou-se e fortaleceu-se, apoiada nomeadamente<br />

por condições <strong>de</strong> financiamento favoráveis e por uma revitalização da procura interna na maioria<br />

das regiões.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 2 Principais <strong>de</strong>senvolvimentos<br />

nos mercados das matérias-primas<br />

36<br />

34<br />

32<br />

30<br />

28<br />

26<br />

24<br />

22<br />

20<br />

petróleo bruto Brent (USD/barril; escala da esquerda)<br />

matérias-primas não petrolíferas (USD;<br />

Índice: 2000 = 100; escala da direita)<br />

T1 T2 T3 T4<br />

2003 <strong>2004</strong><br />

130<br />

120<br />

110<br />

100<br />

Fontes: Datastream e Instituto <strong>de</strong> Pesquisa Económica <strong>de</strong><br />

Hamburgo.<br />

90


Os riscos para as perspectivas económicas mundiais parecem estar globalmente equilibrados. Em<br />

termos ascen<strong>de</strong>ntes, a activida<strong>de</strong> económica mundial po<strong>de</strong> acelerar se o crescimento da produtivida<strong>de</strong>,<br />

em particular nos Estados Unidos, mantiver o forte <strong>de</strong>sempenho dos últimos meses. Em termos<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, os principais riscos pren<strong>de</strong>m-se com a persistência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrios externos nas<br />

regiões mais importantes da economia mundial e as suas potenciais implicações para a sustentabilida<strong>de</strong><br />

do crescimento mundial.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

9<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Conjuntura<br />

externa da<br />

área do euro


10 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

2 EVOLUÇÃO MONETÁRIA E FINANCEIRA<br />

2.1 EVOLUÇÃO MONETÁRIA<br />

A evidência <strong>de</strong> uma mo<strong>de</strong>ração do crescimento homólogo do M3 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Verão <strong>de</strong> 2003 foi<br />

confirmada pelos dados <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003. Com as melhorias nas condições dos mercados<br />

financeiros e uma menor incerteza quanto às perspectivas económicas, os agentes económicos terão<br />

gradualmente ajustado a estrutura da sua carteira <strong>de</strong> activos, substituindo activos monetários por<br />

activos financeiros <strong>de</strong> mais longo prazo fora do M3. Ao mesmo tempo, a mo<strong>de</strong>ração do crescimento<br />

do M3 está a prosseguir <strong>de</strong> forma relativamente lenta, o que po<strong>de</strong> ser explicado, pelo menos em<br />

parte, pelo nível baixo das taxas <strong>de</strong> juro. Nesta conjuntura, a taxa homóloga dos empréstimos das<br />

IFM ao sector privado subiu no último trimestre <strong>de</strong> 2003. Esta subida foi em larga medida motivada<br />

pelo crescimento dos empréstimos às famílias. Em termos gerais, apesar da mo<strong>de</strong>ração do crescimento<br />

do M3, existe um nível <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z na área do euro significativamente acima do necessário para<br />

financiar um crescimento económico não inflacionista.<br />

O AGREGADO MONETÁRIO LARGO M3<br />

O agregado monetário largo M3 expandiu-se a um ritmo lento entre Novembro e Dezembro <strong>de</strong> 2003.<br />

A sua taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga <strong>de</strong>sceu para 7.1% em Dezembro, face a 7.4% em Novembro<br />

e a um pico <strong>de</strong> 8.7% em Julho (ver Gráfico 3). Os valores <strong>de</strong> Dezembro confirmam, assim, a tendência<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte do crescimento do M3, que teve início no Verão <strong>de</strong> 2003. A subida dos preços das<br />

acções, o aumento da inclinação da curva <strong>de</strong> rendimentos, a diminuição da incerteza nos mercados<br />

financeiros e a melhoria das perspectivas económicas terão levado os investidores a restruturar <strong>de</strong><br />

modo cauteloso as carteiras a favor <strong>de</strong> activos financeiros <strong>de</strong> mais longo prazo. Paralelamente, os<br />

reduzidos custos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção <strong>de</strong><br />

moeda continuaram a fomentar o crescimento<br />

monetário, o que po<strong>de</strong>, em parte, explicar por que<br />

motivo a normalização do crescimento do M3 está<br />

a prosseguir <strong>de</strong> modo relativamente lento.<br />

Apesar da mo<strong>de</strong>ração da dinâmica do M3 <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o Verão, em Dezembro havia ainda um nível <strong>de</strong><br />

liqui<strong>de</strong>z na área do euro significativamente acima<br />

do necessário para financiar um crescimento<br />

económico não inflacionista. Se o excesso <strong>de</strong><br />

liqui<strong>de</strong>z acumulada se traduzirá ou não em pressões<br />

inflacionistas a médio prazo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> crucialmente<br />

do grau em que alterações passadas na composição<br />

das carteiras forem invertidas e da evolução futura<br />

da economia. Caso a liqui<strong>de</strong>z excessiva persista,<br />

po<strong>de</strong>rá gerar pressões inflacionistas a médio prazo,<br />

em particular se acompanhada <strong>de</strong> um crescimento<br />

económico sustentado.<br />

PRINCIPAIS COMPONENTES DO M3<br />

A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga do agregado<br />

monetário estreito M1 permaneceu forte em<br />

Dezembro <strong>de</strong> 2003 (ver Quadro 1), o que se<br />

pren<strong>de</strong>, em parte, com a reconstituição contínua<br />

Gráfico 3 Crescimento do M3 e valor<br />

<strong>de</strong> referência<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%), dados corrigidos <strong>de</strong> efeitos<br />

<strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> calendário)<br />

10.0<br />

9.0<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

Fonte: BCE.<br />

M3 (média móvel <strong>de</strong> três meses centrada da taxa<br />

<strong>de</strong> crescimento homóloga)<br />

M3 (taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga)<br />

valor <strong>de</strong> referência (4 1 /2%)<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

10.0<br />

9.0<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0


Quadro 1 Quadro síntese <strong>de</strong> variáveis monetárias para a área do euro<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%); os valores trimestrais são médias; dados corrigidos <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> calendário)<br />

M1<br />

Circulação monetária<br />

Depósitos à or<strong>de</strong>m<br />

M2 - M1 (= outros <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> curto prazo)<br />

Depósitos a prazo até dois anos, inclusive<br />

Depósitos com pré-aviso até três meses, inclusive<br />

M2<br />

M3 - M2 (= instrumentos negociáveis)<br />

M3<br />

Crédito a resi<strong>de</strong>ntes na área do euro<br />

Crédito às administrações públicas<br />

Empréstimos às administrações públicas<br />

Crédito ao sector privado<br />

Empréstimos ao sector privado<br />

Responsabilida<strong>de</strong>s financeiras a mais longo prazo<br />

(excluindo capital e reservas)<br />

Saldo em<br />

percentagem do<br />

M3 1)<br />

Taxas <strong>de</strong> crescimento homólogas<br />

2003 2003 2003 2003 2003 2003<br />

T1 T2 T3 T4 Nov. Dez.<br />

43.1 10.1 11.4 11.5 11.3 10.7 10.6<br />

6.3 39.1 35.7 29.6 26.2 26.3 25.0<br />

36.8 6.6 8.2 9.0 9.1 8.4 8.4<br />

42.0 4.3 5.4 5.7 4.7 4.7 4.6<br />

17.0 0.4 0.0 -1.5 -3.2 -3.0 -2.5<br />

25.0 7.5 9.8 11.4 10.8 10.7 10.1<br />

85.1 7.1 8.3 8.5 7.9 7.6 7.5<br />

14.9 10.5 9.8 7.4 6.1 6.1 4.8<br />

100.0 7.6 8.5 8.3 7.6 7.4 7.1<br />

169.0 4.2 4.8 5.4 5.9 6.3 5.9<br />

36.4 2.1 3.5 4.8 6.6 7.1 6.6<br />

13.6 -1.2 -0.4 1.0 1.5 1.5 1.9<br />

132.7 4.8 5.1 5.5 5.7 6.0 5.7<br />

115.5 5.0 4.6 4.9 5.3 5.6 5.4<br />

51.1 5.1 5.2 5.6 6.4 6.7 6.7<br />

Fonte: BCE.<br />

1) No final do último mês disponível. Os valores po<strong>de</strong>m não correspon<strong>de</strong>r à soma das parcelas <strong>de</strong>vido a arredondamentos.<br />

e significativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenções <strong>de</strong> moeda <strong>de</strong>ntro e fora da área do euro. O crescimento da moeda não<br />

mostra ainda quaisquer sinais <strong>de</strong> abrandamento, embora a circulação monetária esteja agora próximo<br />

dos níveis em linha com as tendências existentes antes da transição para o euro fiduciário. Além<br />

disso, os reduzidos custos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos à or<strong>de</strong>m continuaram a fomentar<br />

a procura <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos.<br />

A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga do total dos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> curto prazo, excepto <strong>de</strong>pósitos à or<strong>de</strong>m,<br />

manteve-se globalmente estável em Dezembro, em 4.6%. A substituição pelos agentes económicos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> curto prazo (<strong>de</strong>pósitos a prazo até dois anos, inclusive) por <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> poupança <strong>de</strong><br />

curto prazo (<strong>de</strong>pósitos com pré-aviso até três meses, inclusive) observada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados <strong>de</strong> 2002, terá<br />

abrandado consi<strong>de</strong>ravelmente. O abrandamento do processo <strong>de</strong> substituição, visível nas taxas <strong>de</strong><br />

crescimento <strong>de</strong> mais curto prazo, está provavelmente associado a uma estabilização registada <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Agosto <strong>de</strong> 2003 no diferencial entre as taxas <strong>de</strong> juro a retalho pagas pelas IFM sobre estes <strong>de</strong>pósitos.<br />

A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga dos instrumentos negociáveis incluídos no M3 voltou a <strong>de</strong>scer em Dezembro,<br />

para 4.8%, face a 6.1% em Novembro e a um pico <strong>de</strong> 12.5% em Abril. Esta <strong>de</strong>scida está em linha com<br />

um cenário em que os agentes económicos reconstituem as carteiras <strong>de</strong> modo cauteloso no sentido <strong>de</strong><br />

activos <strong>de</strong> maior risco fora do M3, ligados a condições mais favoráveis nos mercados financeiros.<br />

PRINCIPAIS CONTRAPARTIDAS DO M3<br />

No que se refere às principais contrapartidas do M3 no balanço consolidado do sector das IFM, a taxa<br />

<strong>de</strong> crescimento homóloga dos empréstimos das IFM ao sector privado <strong>de</strong>sceu ligeiramente em Dezembro<br />

<strong>de</strong> 2003 (ver Quadro 1). Contudo, os dados para o conjunto do último trimestre <strong>de</strong> 2003 revelam uma<br />

clara recuperação da dinâmica dos empréstimos. O reforço da procura <strong>de</strong> empréstimos por parte do<br />

sector privado perto do final do ano esteve provavelmente associado à melhoria das perspectivas<br />

económicas, tendo sido apoiado pela continuação do nível baixo das taxas activas dos bancos na área<br />

do euro.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

11<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

monetária e<br />

financeira


A <strong>de</strong>sagregação dos empréstimos das IFM por sector mutuário (ver Quadro 2) revela que a<br />

recuperação do dinamismo dos empréstimos foi motivada, em larga medida, pelos empréstimos às<br />

famílias. A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga dos empréstimos para aquisição <strong>de</strong> habitação voltou a<br />

aumentar no quarto trimestre, para 7.8%, face a 7.5% no terceiro trimestre. O crescimento sustentado<br />

nesta categoria <strong>de</strong> empréstimos reflectiu provavelmente quer a continuação do nível baixo das<br />

taxas <strong>de</strong> juro das hipotecas, quer os fortes aumentos dos preços da habitação em alguns países da<br />

área do euro. A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga do crédito ao consumo e <strong>de</strong> outro crédito às famílias<br />

também aumentou no quarto trimestre.<br />

Em contraste, a taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga dos empréstimos das IFM a socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

manteve-se globalmente inalterada no último trimestre <strong>de</strong> 2003 (em 3.5%, comparativamente a<br />

3.6% no trimestre anterior). Manteve-se, assim, <strong>de</strong>ntro do intervalo – 3 1 ⁄2 % a 4% – em que<br />

principalmente flutuou durante mais <strong>de</strong> um ano. Na interpretação <strong>de</strong>stes valores <strong>de</strong>ver-se-á<br />

reconhecer que o aumento significativo da taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga dos empréstimos a<br />

intermediários financeiros não monetários em Dezembro po<strong>de</strong>, em parte, reflectir o aumento dos<br />

empréstimos a socieda<strong>de</strong>s não financeiras através <strong>de</strong> outros intermediários financeiros (por exemplo,<br />

veículos <strong>de</strong> titularização).<br />

Os resultados do inquérito do Eurosistema aos bancos sobre o mercado <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong><br />

<strong>2004</strong> mostram uma <strong>de</strong>scida continuada da percentagem líquida dos bancos que indicam uma maior<br />

restritivida<strong>de</strong> dos critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos a empresas durante os três meses<br />

anteriores. Além disso, a percentagem líquida dos bancos que apresentam uma maior restritivida<strong>de</strong><br />

dos critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos a particulares manteve-se baixa (ver Caixa 1).<br />

A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga do crédito agregado alargado das IFM ao sector privado (incluindo,<br />

para além <strong>de</strong> empréstimos, <strong>de</strong>tenções <strong>de</strong> IFM <strong>de</strong> acções e outras participações, bem como <strong>de</strong> títulos<br />

excepto acções emitidos pelo sector privado) situou-se em 5.7% em Dezembro <strong>de</strong> 2003, face a<br />

6.0% em Novembro. A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga do crédito das IFM às administrações<br />

públicas manteve-se relativamente elevada, em 6.6%.<br />

12 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Quadro 2 Empréstimos <strong>de</strong> IFM ao sector privado<br />

(fim <strong>de</strong> trimestre; dados não corrigidos <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> calendário)<br />

Socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

Até um ano<br />

Entre um e cinco anos<br />

Superiores a cinco anos<br />

Famílias 2)<br />

Crédito ao consumo 3)<br />

Crédito para aquisição <strong>de</strong> habitação 3)<br />

Outro crédito<br />

Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seguros e fundos <strong>de</strong> pensões<br />

Outros intermediários financeiros não monetários<br />

Saldo em<br />

percentagem<br />

do total 1)<br />

Taxas <strong>de</strong> crescimento homólogas<br />

2002 2002 2003 2003 2003 2003<br />

T3 T4 T1 T2 T3 T4<br />

42.9 3.5 3.4 3.7 3.6 3.6 3.5<br />

31.6 -2.6 -2.6 -1.0 0.5 -0.9 -1.0<br />

17.4 8.9 6.3 5.8 2.4 4.4 3.8<br />

51.1 6.2 6.8 6.4 6.2 6.4 6.3<br />

49.5 5.9 5.9 5.9 5.5 5.8 6.3<br />

13.8 4.2 3.9 3.1 3.3 2.3 3.1<br />

67.0 7.4 7.7 7.5 7.3 7.5 7.8<br />

19.2 2.2 1.4 2.5 1.3 2.7 3.6<br />

0.5 5.9 -11.1 7.2 4.7 10.4 13.9<br />

7.1 11.4 5.9 1.9 3.8 6.0 10.9<br />

Fonte: Estatísticas monetárias e bancárias do BCE.<br />

Nota: Para mais pormenores, ver as notas ao Quadro 2.4 na secção “Estatísticas da área do euro” e as respectivas notas técnicas.<br />

1) No final do último trimestre disponível. Empréstimos por sector em percentagem do total dos empréstimos <strong>de</strong> IFM ao sector privado;<br />

<strong>de</strong>sagregação por prazo e <strong>de</strong>sagregação por objectivo em percentagem dos empréstimos <strong>de</strong> IFM ao sector respectivo.<br />

Os totais po<strong>de</strong>m não correspon<strong>de</strong>r à soma das parcelas <strong>de</strong>vido a arredondamentos.<br />

2) Como <strong>de</strong>finido no SEC 95.<br />

3) As <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> crédito ao consumo e empréstimos para aquisição <strong>de</strong> habitação não são totalmente consistentes em toda a área do<br />

euro.


Os agentes económicos continuaram a investir consi<strong>de</strong>ravelmente em <strong>de</strong>pósitos a mais longo prazo<br />

e em obrigações bancárias <strong>de</strong> mais longo prazo em Dezembro. A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga<br />

das responsabilida<strong>de</strong>s financeiras a mais longo prazo das IFM (excluindo capital e reservas)<br />

manteve-se inalterada em 6.7% em Dezembro. Analisando a evolução <strong>de</strong> mais curto prazo, a taxa<br />

<strong>de</strong> crescimento a seis meses anualizada <strong>de</strong>sta rubrica aumentou para 8.6% em Dezembro, o nível<br />

mais elevado registado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1998 – o início da série <strong>de</strong> dados. A inclinação relativamente<br />

acentuada da curva <strong>de</strong> rendimentos e a diminuição da volatilida<strong>de</strong> do mercado obrigacionista<br />

po<strong>de</strong>rão ter contribuído para a robustez da procura <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos a mais longo prazo e obrigações<br />

bancárias.<br />

O aumento anual da posição das disponibilida<strong>de</strong>s<br />

líquidas sobre o exterior do sector das IFM da<br />

área do euro diminuiu <strong>de</strong> novo em Dezembro <strong>de</strong><br />

2003, para €92 mil milhões, ou seja, €155 mil<br />

milhões abaixo do pico registado em Junho. As<br />

variações nas disponibilida<strong>de</strong>s líquidas sobre o<br />

exterior das IFM reflectem, em larga medida,<br />

transacções que ocorrem entre agentes da área<br />

do euro excepto IFM e não resi<strong>de</strong>ntes na área<br />

do euro e que são liquidadas pelo sector das IFM<br />

da área do euro. De acordo com os dados da<br />

balança <strong>de</strong> pagamentos (disponíveis apenas até<br />

Novembro), o menor aumento homólogo das<br />

disponibilida<strong>de</strong>s líquidas sobre o exterior das<br />

IFM a partir <strong>de</strong> Junho reflectiu principalmente<br />

a compra por parte <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes na área do euro<br />

<strong>de</strong> mais obrigações e acções estrangeiras.<br />

Sintetizando a informação das contrapartidas do<br />

M3, existem indicações, sobretudo provenientes<br />

da evolução das disponibilida<strong>de</strong>s líquidas sobre<br />

o exterior e das responsabilida<strong>de</strong>s financeiras a<br />

mais longo prazo das IFM, que os <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong><br />

Caixa 1<br />

Gráfico 4 Movimentos no M3 e<br />

contrapartidas<br />

(fluxos anuais; fim <strong>de</strong> período; EUR mil milhões; dados<br />

corrigidos <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> calendário)<br />

moeda ajustaram as carteiras <strong>de</strong> activos a favor <strong>de</strong> activos fora do M3. Ao mesmo tempo, a<br />

recuperação da taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga do crédito <strong>de</strong> IFM a resi<strong>de</strong>ntes na área do euro no<br />

quarto trimestre <strong>de</strong> 2003 continuou a fomentar o crescimento do M3 (ver Gráfico 4).<br />

RESULTADOS DO INQUÉRITO AOS BANCOS SOBRE O MERCADO DE CRÉDITO NA ÁREA<br />

DO EURO DE JANEIRO DE <strong>2004</strong><br />

O Eurosistema realizou o quinto inquérito aos bancos sobre o mercado <strong>de</strong> crédito no início<br />

<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>. O inquérito fornece informações sobre as condições <strong>de</strong> oferta e procura<br />

nos mercados <strong>de</strong> crédito da área do euro e <strong>de</strong>stina-se a complementar as estatísticas existentes<br />

sobre crédito e taxas <strong>de</strong> juro dos bancos. A presente caixa contém os principais resultados<br />

para o quarto trimestre <strong>de</strong> 2003 e as expectativas para o primeiro trimestre <strong>de</strong> <strong>2004</strong>,<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

-100<br />

-200<br />

T2 2003<br />

T3 2003<br />

T4 2003<br />

M3 Crédito ao<br />

sector<br />

privado<br />

(1)<br />

Fonte: BCE.<br />

M3 = 1 + 2 + 3 - 4 + 5<br />

Crédito às<br />

administrações<br />

públicas<br />

(2)<br />

Disponibilida<strong>de</strong>s<br />

líquidas<br />

sobre<br />

o exterior<br />

(3)<br />

Responsabilida<strong>de</strong>s<br />

financeiras<br />

a mais<br />

longo<br />

prazo<br />

(excluindo<br />

capital<br />

e reservas)<br />

(4)<br />

Outras<br />

contrapartidas<br />

(incluindo<br />

capital e<br />

reservas)<br />

(5)<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

-100<br />

-200<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

13<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

monetária e<br />

financeira


14 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Quadro A Alterações nos créditos aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos a empresas<br />

e na procura <strong>de</strong> empréstimos ou linhas <strong>de</strong> crédito a empresas<br />

(percentagens líquidas)<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2003<br />

Abril <strong>de</strong> 2003<br />

Julho <strong>de</strong> 2003<br />

Outubro <strong>de</strong> 2003<br />

Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

comparando-os com os do inquérito <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2003 1 . Neste contexto, convém ter em<br />

conta que as questões são formuladas em termos <strong>de</strong> alterações ao longo dos três meses<br />

anteriores e expectativas <strong>de</strong> alterações ao longo dos três meses seguintes. As respostas a estas<br />

questões são então geralmente analisadas dando especial importância à diferença (“percentagem<br />

líquida”) entre a percentagem <strong>de</strong> bancos que referiram, por exemplo, que os critérios aplicados<br />

à concessão <strong>de</strong> crédito estão mais restritivos e a percentagem <strong>de</strong> bancos que referiram que<br />

estes critérios estão menos restritivos. Assim, tem-se em atenção quer o nível <strong>de</strong>stas percentagens<br />

líquidas, quer as alterações ao longo do tempo.<br />

Os resultados do inquérito aos bancos sobre o mercado <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, que<br />

têm por base as respostas <strong>de</strong> todos os 86 bancos incluídos na amostra, apontam para a<br />

continuação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>créscimo da percentagem líquida dos bancos que referiram uma maior<br />

restritivida<strong>de</strong> dos critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos a empresas no quarto<br />

trimestre <strong>de</strong> 2003. Ao mesmo tempo, a percentagem líquida dos bancos que indicaram uma<br />

maior restritivida<strong>de</strong> dos critérios aplicados à aprovação <strong>de</strong> empréstimos aos particulares manteve-<br />

-se baixa.<br />

Empresas<br />

Apreciação geral<br />

Critérios<br />

aplicados<br />

à concessão<br />

<strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três<br />

meses<br />

Próximos<br />

três<br />

meses<br />

Procura<br />

<strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três<br />

meses<br />

Empréstimos a<br />

pequenas e médias<br />

empresas<br />

Critérios<br />

aplicados<br />

à concessão<br />

<strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três<br />

meses<br />

Próximos<br />

três<br />

meses<br />

Procura<br />

<strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três<br />

meses<br />

Empréstimos a<br />

gran<strong>de</strong>s empresas<br />

Critérios<br />

aplicados<br />

à concessão<br />

<strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três<br />

meses<br />

Próximos<br />

três<br />

meses<br />

Procura<br />

<strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

65 46 -31 59 40 -29 67 48 -24 47 31 -19 59 50 -22<br />

46 39 -31 31 35 -19 51 36 -26 32 29 -4 43 39 -14<br />

27 19 -25 30 14 -17 25 24 -15 19 5 -6 28 21 -30<br />

23 13 -17 20 11 -9 17 16 -20 16 14 -13 25 19 -11<br />

17 22 3 20 12 12 15 26 -5 10 11 2 17 26 7<br />

Notas: Para os critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos, a percentagem líquida refere-se à diferença entre a soma das percentagens<br />

<strong>de</strong> “tornaram-se consi<strong>de</strong>ravelmente mais restritivos” e “tornaram-se ligeiramente mais restritivos” e a soma das percentagens <strong>de</strong> “tornaram-se<br />

ligeiramente menos restritivos” e “tornaram-se consi<strong>de</strong>ravelmente menos restritivos”. Para a procura <strong>de</strong> empréstimos refere-se à diferença<br />

entre a soma das percentagens <strong>de</strong> “aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente” e “aumentou ligeiramente” e a soma das percentagens <strong>de</strong> “diminuiu<br />

ligeiramente” e “diminuiu consi<strong>de</strong>ravelmente”.<br />

Os resultados da área do euro são a agregação dos resultados nacionais pon<strong>de</strong>rados pela percentagem dos saldos totais do crédito nacional<br />

no saldo total do crédito da área do euro a resi<strong>de</strong>ntes na área do euro.<br />

Analisando com mais pormenor o crédito concedido a empresas, a percentagem líquida dos bancos<br />

que reportaram uma maior restritivida<strong>de</strong> dos critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos a<br />

empresas continuou a <strong>de</strong>scer, caindo <strong>de</strong> 23% em Outubro <strong>de</strong> 2003 para 17% em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

(ver Quadro A). Tal esteve globalmente <strong>de</strong> acordo com as expectativas dos bancos em Outubro<br />

<strong>de</strong> 2003 para o quarto trimestre (ver painel da esquerda do gráfico). A <strong>de</strong>scida da percentagem<br />

líquida dos bancos que em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> referiram uma maior restritivida<strong>de</strong> dos critérios<br />

aplicados à concessão <strong>de</strong> crédito foi observada para todas as categorias <strong>de</strong> empréstimo, à excepção<br />

dos empréstimos a pequenas e médias empresas.<br />

1 Um relatório mais completo encontra-se publicado na página do BCE na Internet.<br />

Últimos<br />

três<br />

meses<br />

Empréstimos <strong>de</strong><br />

curto prazo<br />

Critérios<br />

aplicados<br />

à concessão<br />

<strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três<br />

meses<br />

Próximos<br />

três<br />

meses<br />

Procura<br />

<strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três<br />

meses<br />

Empréstimos <strong>de</strong><br />

longo prazo<br />

Critérios<br />

aplicados<br />

à concessão<br />

<strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três<br />

meses<br />

Próximos<br />

três<br />

meses<br />

Procura<br />

<strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três<br />

meses


Gráfico Critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos ou linhas <strong>de</strong> crédito<br />

(percentagens líquidas)<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

-10<br />

concedidos<br />

previstos<br />

CRÉDITO A EMPRESAS<br />

CRÉDITO À HABITAÇÃO<br />

A PARTICULARES<br />

CRÉDITO AO CONSUMO<br />

A PARTICULARES<br />

T4 T1 T2 T3 T4 T1 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T4 T1 T2 T3 T4 T1<br />

2002 2003 <strong>2004</strong> 2002 2003 <strong>2004</strong> 2002 2003<br />

<strong>2004</strong><br />

Notas: As percentagens líquidas referem-se à diferença entre a soma das percentagens <strong>de</strong> “tornaram-se consi<strong>de</strong>ravelmente mais restritivos”<br />

e “tornaram-se ligeiramente mais restritivos” e a soma das percentagens <strong>de</strong> “tornaram-se ligeiramente menos restritivos” e “tornaram-se<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente menos restritivos”.<br />

Os valores “concedidos” referem-se ao período em que o inquérito foi realizado. os valores “previstos” correspon<strong>de</strong>m às percentagens<br />

líquidas calculadas a partir das respostas dadas pelos bancos no inquérito anterior. Por exemplo, os valores “previstos” para o primeiro<br />

trimestre <strong>de</strong> <strong>2004</strong> foram apresentados pelos bancos no inquérito <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>.<br />

Os resultados da área do euro são a agregação dos resultados nacionais pon<strong>de</strong>rados pela percentagem dos saldos totais do crédito nacional<br />

no saldo total do crédito da área do euro a resi<strong>de</strong>ntes na área do euro.<br />

Os factores citados como os que mais contribuíram para a diminuição continuada da restritivida<strong>de</strong><br />

líquida dos critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos a empresas no quarto trimestre <strong>de</strong> 2003<br />

foram quedas significativas nas percepções do risco relacionadas com a activida<strong>de</strong> económica geral<br />

e com as perspectivas específicas dos sectores ou das empresas. Os termos e condições aplicados<br />

à aprovação <strong>de</strong> empréstimos ou linhas <strong>de</strong> crédito a empresas que registaram a queda mais acentuada<br />

em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> face a Outubro <strong>de</strong> 2003 foram as margens <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> juro tanto dos empréstimos<br />

<strong>de</strong> maior risco como dos empréstimos médios e a dimensão do empréstimo ou da linha <strong>de</strong> crédito.<br />

No que se refere às expectativas dos critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos a empresas<br />

para o primeiro trimestre <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, a percentagem líquida <strong>de</strong> bancos que prevêem uma maior<br />

restritivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes critérios aumentou (ver Quadro A). Este resultado é algo surpreen<strong>de</strong>nte,<br />

dado a melhoria geral do sentimento económico na área do euro.<br />

A nível da procura <strong>de</strong> empréstimos ou linhas <strong>de</strong> crédito a empresas, um valor líquido <strong>de</strong> 3% dos<br />

bancos indicou em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> que estes tinham registado uma procura mais forte durante<br />

os últimos três meses, enquanto em Outubro <strong>de</strong> 2003 um valor líquido <strong>de</strong> 17% dos inquiridos<br />

tinha indicado uma procura mais fraca (ver Quadro A). As principais razões apontadas para o<br />

aumento da procura <strong>de</strong> empréstimos a empresas foram necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento relacionadas<br />

com investimento fixo, existências e necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tesouraria, bem como a restruturação<br />

empresarial e a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fusões e aquisições. A subida da procura terá sido particularmente<br />

pronunciada para as pequenas e médias empresas.<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

-10<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

15<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

monetária e<br />

financeira


Particulares<br />

16 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Quadro B Alterações nos critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos a<br />

particulares e na procura <strong>de</strong> empréstimos a particulraes<br />

(percentagens líquidas)<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2003<br />

Abril <strong>de</strong> 2003<br />

Julho <strong>de</strong> 2003<br />

Outubro <strong>de</strong> 2003<br />

Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

Crédito à habitação Crédito ao consumo e outros empréstimos<br />

Critérios aplicados<br />

à concessão <strong>de</strong> empréstimos<br />

Últimos<br />

três meses<br />

Próximos<br />

três meses<br />

Procura <strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três meses<br />

Critérios aplicados<br />

à concessão <strong>de</strong> empréstimos<br />

Últimos<br />

três meses<br />

Próximos<br />

três meses<br />

Procura <strong>de</strong><br />

empréstimos<br />

Últimos<br />

três meses<br />

20 12 29 22 23 -8<br />

14 8 19 15 14 -2<br />

3 14 29 8 12 5<br />

9 13 31 14 -1 -7<br />

11 25 23 2 8 -14<br />

Notas: Para os critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos, a percentagem líquida refere-se à diferença entre a soma das percentagens<br />

<strong>de</strong> “tornaram-se consi<strong>de</strong>ravelmente mais restritivos” e “tornaram-se ligeiramente mais restritivos” e a soma das percentagens <strong>de</strong> “tornaram-se<br />

ligeiramente menos restritivos” e “tornaram-se consi<strong>de</strong>ravelmente menos restritivos”. Para a procura <strong>de</strong> empréstimos refere-se à diferença<br />

entre a soma das percentagens <strong>de</strong> “aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente” e “aumentou ligeiramente” e a soma das percentagens <strong>de</strong> “diminuiu<br />

ligeiramente” e “diminuiu consi<strong>de</strong>ravelmente”.<br />

Os resultados da área do euro são a agregação dos resultados nacionais pon<strong>de</strong>rados pela percentagem dos saldos totais do crédito nacional<br />

no saldo total do crédito da área do euro a resi<strong>de</strong>ntes na área do euro.<br />

Relativamente aos particulares, um valor líquido <strong>de</strong> 11% dos bancos reportou uma maior<br />

restritivida<strong>de</strong> dos critérios aplicados à aprovação <strong>de</strong> empréstimos para aquisição <strong>de</strong> habitação<br />

no quarto trimestre <strong>de</strong> 2003 (ver Quadro B), ou seja, não se verificaram alterações face a<br />

Outubro <strong>de</strong> 2003, o que está <strong>de</strong> acordo com as expectativas para o quarto trimestre <strong>de</strong> 2003,<br />

como apresentado no inquérito <strong>de</strong> Outubro (ver painel direito do gráfico). No que respeita aos<br />

critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> crédito ao consumo e outros empréstimos aos particulares,<br />

numa base líquida, 2% dos bancos inquiridos apresentaram em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> uma maior<br />

restritivida<strong>de</strong> durante o quarto trimestre <strong>de</strong> 2003 (face a 14% em Outubro <strong>de</strong> 2003), o que está<br />

em conformida<strong>de</strong> com as expectativas para o quarto trimestre no inquérito anterior (ver painel<br />

da esquerda do gráfico).<br />

A maior restritivida<strong>de</strong> líquida globalmente inalterada dos critérios aplicados à concessão <strong>de</strong><br />

empréstimos para aquisição <strong>de</strong> habitação no quarto trimestre <strong>de</strong> 2003 reflectiu, por um lado, uma<br />

percepção ligeiramente maior do risco, relacionada com os mercados da habitação e, por outro<br />

lado, uma melhoria das expectativas relacionadas com a activida<strong>de</strong> económica geral. Para além<br />

do último factor, uma redução da percepção do risco relacionada com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> endividamento<br />

dos consumidores contribuiu para a diminuição da restritivida<strong>de</strong> líquida dos critérios aplicados<br />

à concessão <strong>de</strong> crédito ao consumo.<br />

Analisando as expectativas para o primeiro trimestre <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, os bancos apresentaram um ligeiro<br />

aumento antecipado da restritivida<strong>de</strong> líquida para os critérios aplicados à concessão <strong>de</strong> empréstimos<br />

para aquisição <strong>de</strong> habitação e <strong>de</strong> crédito ao consumo (ver Quadro B).<br />

No que respeita à procura <strong>de</strong> empréstimos pelos particulares, o inquérito <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

mostrou que, numa base líquida, os bancos reportaram um aumento ligeiramente menor da<br />

procura <strong>de</strong> empréstimos para aquisição <strong>de</strong> habitação (23%, face a 31% em Outubro <strong>de</strong> 2003)<br />

(ver Quadro B). Os bancos apresentaram, numa base líquida, uma maior diminuição da procura<br />

<strong>de</strong> crédito ao consumo e outros empréstimos a particulares em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> em comparação<br />

com o mês <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2003.


2.2 EMISSÃO DE TÍTULOS<br />

Em Novembro <strong>de</strong> 2003, a taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga dos títulos <strong>de</strong> dívida emitidos por resi<strong>de</strong>ntes<br />

na área do euro <strong>de</strong>sceu ligeiramente. A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga das acções cotadas emitidas<br />

por resi<strong>de</strong>ntes na área do euro manteve-se relativamente mo<strong>de</strong>rada, num nível que praticamente<br />

não sofreu alterações <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2003.<br />

TÍTULOS DE DÍVIDA<br />

A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga dos títulos <strong>de</strong> dívida emitidos por resi<strong>de</strong>ntes na área do euro <strong>de</strong>sceu<br />

ligeiramente para 6.9% em Novembro <strong>de</strong> 2003, face a 7.2% em Outubro (ver Gráfico 5). Esta <strong>de</strong>scida<br />

reflectiu uma diminuição <strong>de</strong> 3.0 pontos percentuais da taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga da emissão<br />

<strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> dívida <strong>de</strong> curto prazo para 7.3% em Novembro. A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga da<br />

emissão <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> dívida <strong>de</strong> longo prazo manteve-se, em termos gerais, inalterada em Novembro,<br />

em 6.9%.<br />

Em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregação por sector, a taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga dos títulos <strong>de</strong> dívida emitidos<br />

por IFM foi <strong>de</strong> 5.3% em Novembro <strong>de</strong> 2003, ligeiramente abaixo do valor registado em Outubro (ver<br />

Quadro 3). No sector empresarial não monetário, que inclui socieda<strong>de</strong>s financeiras não monetárias e<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras, a taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga da emissão <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> dívida <strong>de</strong>sceu 0.6<br />

pontos percentuais entre Outubro e Novembro <strong>de</strong> 2003, para 18.4%. Esta <strong>de</strong>scida ficou a <strong>de</strong>ver-se, em<br />

Gráfico 5 Desagregação por sector<br />

<strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> dívida emitidos por<br />

resi<strong>de</strong>ntes na área do euro<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%))<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

total<br />

instituições financeiras monetárias<br />

socieda<strong>de</strong>s financeiras não monetárias<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

administrações públicas<br />

2000 2001 2002 2003<br />

Fonte: BCE.<br />

Nota: As taxas <strong>de</strong> crescimento baseiam-se em transacções<br />

financeiras, não incluindo, por conseguinte, reclassificações,<br />

reavaliações, variações cambiais e quaisquer outras alterações<br />

que não sejam <strong>de</strong>vidas a transacções.<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Gráfico 6 Desagregação por sector<br />

<strong>de</strong> acções cotadas emitidas por<br />

resi<strong>de</strong>ntes na área do euro<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%))<br />

5.0<br />

4.5<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

total<br />

instituições financeiras monetárias<br />

socieda<strong>de</strong>s financeiras não monetárias<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

2000 2001 2002 2003<br />

Fonte: BCE.<br />

Nota: As taxas <strong>de</strong> crescimento baseiam-se em transacções<br />

financeiras, não incluindo, por conseguinte, reavaliações e quaisquer<br />

outras alterações que não sejam <strong>de</strong>vidas a transacções.<br />

5.0<br />

4.5<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

17<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

monetária e<br />

financeira


parte, a uma diminuição da taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga dos títulos <strong>de</strong> dívida emitidos por socieda<strong>de</strong>s<br />

financeiras não monetárias para 27.8% em Novembro, face a 29.0% em Outubro. As taxas <strong>de</strong><br />

crescimento homólogas continuamente elevadas neste sector concentraram-se em alguns países,<br />

reflectindo, em parte, a utilização <strong>de</strong> sucursais <strong>de</strong> financiamento especializado por socieda<strong>de</strong>s não<br />

financeiras e IFM para a mobilização <strong>de</strong> fundos nos mercados obrigacionistas. A taxa <strong>de</strong> crescimento<br />

homóloga dos títulos <strong>de</strong> dívida emitidos directamente por socieda<strong>de</strong>s não financeiras caiu também<br />

ligeiramente, para 9.3% em Novembro. Não obstante a <strong>de</strong>scida em Novembro, as taxas <strong>de</strong> crescimento<br />

homólogas da emissão <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> dívida pelo sector empresarial não monetário mantiveram-se<br />

relativamente elevadas, reflectindo, nomeadamente, o nível relativamente baixo das taxas <strong>de</strong><br />

rendibilida<strong>de</strong> das obrigações <strong>de</strong> empresas.<br />

No sector público, a taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga dos títulos <strong>de</strong> dívida emitidos pelo sector da<br />

administração central <strong>de</strong>sceu para 4.4% em Novembro, face a 4.6% no mês anterior. O sector das<br />

outras administrações públicas, composto sobretudo pelas administrações estadual e local, continuou<br />

a emitir títulos <strong>de</strong> dívida a uma taxa elevada em Novembro. A forte expansão em curso da activida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> emissão neste sector reflecte as elevadas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento das autorida<strong>de</strong>s locais<br />

<strong>de</strong> alguns países da área do euro.<br />

ACÇÕES COTADAS<br />

A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga das acções cotadas emitidas por resi<strong>de</strong>ntes na área do euro situou-<br />

-se em 1.1% em Novembro, tendo-se mantido a este nível relativamente baixo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados <strong>de</strong><br />

Julho <strong>de</strong> 2003 (ver Gráfico 6 e Quadro 3).<br />

Em termos da <strong>de</strong>sagregação sectorial, a taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga das acções cotadas emitidas<br />

por socieda<strong>de</strong>s não financeiras, que no geral representam três quartos dos saldos totais <strong>de</strong> acções<br />

cotadas, <strong>de</strong>sceu para 0.7% em Novembro, face a 1.0% no mês anterior. Em particular, o volume <strong>de</strong><br />

ofertas públicas iniciais nos mercados accionistas da área do euro manteve-se baixo em 2003,<br />

enquanto as ofertas públicas secundárias foram utilizadas mais activamente por socieda<strong>de</strong>s não<br />

18 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Quadro 3 Emissão <strong>de</strong> títulos por resi<strong>de</strong>ntes na área do euro<br />

Saldos, Taxas <strong>de</strong> crescimento homólogas<br />

(EUR mil milhões) (variações homólogas em percentagem 1) )<br />

2003 2002 2003 2003 2003 2003 2003<br />

Sector emitente T3 T4 T1 T2 T3 Out. Nov.<br />

Emissão <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> dívida:<br />

8 662 6.9 6.7 6.8 6.9 7.2 6.9<br />

IFM<br />

Socieda<strong>de</strong>s financeiras não monetárias<br />

Socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

Administrações públicas<br />

das quais:<br />

Administração central<br />

Outras administrações públicas<br />

Emissão <strong>de</strong> acções cotadas:<br />

IFM<br />

Socieda<strong>de</strong>s financeiras não monetárias<br />

Socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

3 264 6.1 5.4 4.7 4.8 5.5 5.3<br />

646 25.7 26.1 26.6 28.5 29.0 27.8<br />

577 4.0 6.3 10.2 10.0 9.5 9.3<br />

4 173 5.7 5.4 5.7 5.4 5.4 5.2<br />

3 964 4.8 4.4 4.7 4.7 4.6 4.4<br />

209 28.4 31.4 28.8 22.0 21.3 22.8<br />

3 286 1.0 0.7 1.1 1.1 1.1 1.1<br />

494 0.8 0.6 0.7 1.0 1.0 1.6<br />

307 0.5 0.3 2.0 2.1 1.9 2.9<br />

2 484 1.1 0.8 1.1 1.0 1.0 0.7<br />

Fonte: BCE.<br />

1) Média trimestral das taxas <strong>de</strong> crescimento homólogas mensais das acções cotadas e títulos <strong>de</strong> dívida.


financeiras da área do euro. Em termos prospectivos, mais socieda<strong>de</strong>s não financeiras manifestaram<br />

as suas intenções <strong>de</strong> emitir acções em <strong>2004</strong>, indicando uma provável recuperação da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

emissão nos mercados accionistas da área do euro. A taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga das acções<br />

cotadas emitidas por IFM subiu para 1.6% em Novembro, face a 1.0% no mês anterior, reflectindo<br />

provavelmente os esforços das IFM para fortalecer os seus balanços. Quanto às socieda<strong>de</strong>s financeiras<br />

não monetárias, a taxa <strong>de</strong> crescimento homóloga aumentou também para 2.9% em Novembro, face<br />

a 1.9% no mês anterior.<br />

2.3 TAXAS DE JURO DO MERCADO MONETÁRIO<br />

As taxas <strong>de</strong> juro do mercado monetário <strong>de</strong>sceram ligeiramente ao longo <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>,<br />

principalmente nos prazos mais longos. Como consequência, a inclinação da curva <strong>de</strong> rendimentos<br />

do mercado monetário passou a ser menos inclinada.<br />

Ao longo da maior parte do período entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, a<br />

taxa <strong>de</strong> juro overnight, medida pela EONIA, oscilou ligeiramente acima da taxa mínima <strong>de</strong> proposta<br />

<strong>de</strong> 2% nas operações principais <strong>de</strong> refinanciamento do Eurosistema. Verificou-se alguma flutuação<br />

na taxa overnight no final do período <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> reservas em 23 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, reflectindo<br />

alterações na percepção <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z (ver Gráfico 7 e Caixa 2).<br />

Caixa 2<br />

CONDIÇÕES DE LIQUIDEZ E OPERAÇÕES DE POLÍTICA MONETÁRIA<br />

DE 24 DE NOVEMBRO DE 2003 A 23 DE JANEIRO DE <strong>2004</strong><br />

Esta caixa analisa a gestão <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z do BCE durante os períodos <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> reservas<br />

terminados em 23 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 23 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>. O Gráfico A resume a evolução<br />

dos factores <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z durante o período em análise.<br />

Necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z do sistema bancário<br />

As necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z dos bancos aumentaram significativamente ao longo do período em<br />

resultado <strong>de</strong> um aumento sazonal das notas em circulação. As notas, que são o maior “factor<br />

autónomo” (isto é, um factor que normalmente não tem origem na utilização <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong><br />

política monetária), atingiram um máximo histórico <strong>de</strong> € 439.2 mil milhões em 26 <strong>de</strong> Dezembro<br />

<strong>de</strong> 2003. Numa média diária, os factores autónomos absorveram €146.3 mil milhões <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />

no período em análise, atingindo níveis mais elevados do que em qualquer outro período <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a introdução do euro. Pelo contrário, as reservas mínimas, que constituem a outra fonte principal<br />

das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z dos bancos, mantiveram-se estáveis, em cerca <strong>de</strong> €132.3 mil milhões.<br />

As reservas exce<strong>de</strong>ntárias (ou seja, as <strong>de</strong>tenções em conta corrente no Eurosistema que ultrapassam<br />

as reservas mínimas) foram mais elevadas do que o normal (€0.79 mil milhões no primeiro período<br />

<strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> reservas e €0.88 mil milhões no segundo). Tal provavelmente esteve relacionado<br />

com o nível baixo das taxas <strong>de</strong> juro directoras do BCE (implicando baixos custos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção <strong>de</strong> reservas exce<strong>de</strong>ntárias) e uma maior procura <strong>de</strong> amortecedores <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z em<br />

redor do período das festivida<strong>de</strong>s natalícias no sentido <strong>de</strong> fazer face a choques inesperados sobre<br />

os pagamentos.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

19<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

monetária e<br />

financeira


20 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico A Necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z do<br />

sistema bancário e cedência <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />

(EUR mil milhões; médias diárias para o conjunto do periodo<br />

são mostradas junto a cada rubrica)<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

-200<br />

-250<br />

-300<br />

24 Nov.<br />

2003<br />

operações principais <strong>de</strong> refinanciamento:<br />

EUR 234.07 mil milhões<br />

operações <strong>de</strong> refinancimento <strong>de</strong> prazo<br />

alargado: EUR 45.00 mil milhões<br />

<strong>de</strong>tenções em conta corrente: EUR 133.11 mil milhões<br />

nível <strong>de</strong> reservas mínimas: EUR 132.27 mil milhões<br />

factores autónomos: EUR 146.29 mil milhões<br />

24 Dez.<br />

2003<br />

Cedência <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z e taxas <strong>de</strong> juro<br />

300<br />

100<br />

50<br />

0<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

-200<br />

-250<br />

-300<br />

24 Jan.<br />

<strong>2004</strong><br />

250<br />

Cedência<br />

200 <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />

150<br />

Necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />

Gráfico B A EONIA e o recurso às<br />

facilida<strong>de</strong>s permanentes<br />

(escala da esquerda: taxas <strong>de</strong> juro diárias (%); escala da direita:<br />

utilização diária das facilida<strong>de</strong>s permamnentes em EUR mil milhões)<br />

1.00<br />

24 Nov.<br />

2003<br />

facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />

facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> cedência <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />

EONIA<br />

taxa marginal da OPR<br />

Taxa mínima <strong>de</strong> proposta da OPR<br />

corredor <strong>de</strong>terminado pelas taxas <strong>de</strong> juro das facilida<strong>de</strong>s<br />

permanentes <strong>de</strong> cedência <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z e <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />

Na primeira operação principal <strong>de</strong> refinanciamento (OPR) do período em análise, liquidada em<br />

26 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2003, registou-se uma situação <strong>de</strong> ligeira sublicitação, isto é, os bancos<br />

participantes pediram ligeiramente menos liqui<strong>de</strong>z do que a que o conjunto do sistema bancário<br />

necessitava para um cumprimento regular das reservas mínimas. A EONIA (índice overnight<br />

médio do euro) subiu temporariamente após o episódio <strong>de</strong> sublicitação mas regressou rapidamente<br />

a um nível ligeiramente acima da taxa mínima <strong>de</strong> proposta (ver Gráfico B). Nas três OPR<br />

seguintes, as propostas mantiveram-se mo<strong>de</strong>radas e a taxa marginal foi igual à taxa mínima <strong>de</strong><br />

proposta nas três ocasiões.<br />

Em meados <strong>de</strong> Dezembro, a EONIA caiu abaixo da taxa mínima <strong>de</strong> proposta, dado que os<br />

participantes no mercado pareceram prever condições <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z amplas no final do período <strong>de</strong><br />

manutenção não obstante o facto <strong>de</strong> que uma OPR ainda seria liquidada em 23 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong><br />

2003. Porém, nesta operação, o BCE procurou assegurar condições <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z neutras no final<br />

do período <strong>de</strong> manutenção. De facto, em resultado da evolução inesperada dos factores autónomos<br />

e da procura <strong>de</strong> reservas exce<strong>de</strong>ntárias nos últimos dois dias do período <strong>de</strong> manutenção, registou-<br />

-se um recurso líquido à facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> cedência <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>de</strong> EUR 11.1 mil milhões<br />

em 23 <strong>de</strong> Dezembro e a EONIA subiu para 2.46% nesse dia.<br />

À semelhança <strong>de</strong> anos anteriores, as propostas foram relativamente elevadas nas duas OPR que<br />

se prolongaram pela viragem do ano em resultado da maior procura <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z. Na OPR liquidada<br />

3.00<br />

2.75<br />

2.50<br />

2.25<br />

2.00<br />

1.75<br />

1.50<br />

1.25<br />

24 Dez.<br />

2003<br />

12.0 Facilida<strong>de</strong><br />

permanente<br />

<strong>de</strong> cedência<br />

8.0 <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />

4.0<br />

0.0<br />

-4.0<br />

-8.0<br />

Facilida<strong>de</strong><br />

permanente<br />

-12.0 <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />

24 Jan.<br />

<strong>2004</strong>


em 23 <strong>de</strong> Dezembro, o rácio entre as propostas apresentadas e as propostas satisfeitas (o rácio<br />

montantes propostos/colocados) aumentou significativamente para 1.43. A dispersão <strong>de</strong> propostas<br />

também aumentou, sendo que a taxa marginal subiu para 2.05% e a taxa média pon<strong>de</strong>rada subiu<br />

para 2.08%. As propostas sofreram uma dispersão ainda maior na primeira OPR do período <strong>de</strong><br />

manutenção seguinte, liquidada em 30 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003, resultando numa taxa marginal <strong>de</strong><br />

2.02% e numa taxa média pon<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> 2.09%. Como é habitual, a EONIA também era relativamente<br />

elevada no final <strong>de</strong> Dezembro, reflectindo o <strong>de</strong>sejo dos bancos <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z adicional para os seus<br />

balanços <strong>de</strong> final do ano.<br />

No restante período <strong>de</strong> manutenção terminado em 23 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, a dispersão das taxas<br />

<strong>de</strong> proposta <strong>de</strong>sceu novamente e as taxas marginais regressaram a 2.00% e 2.01%. Após o Ano<br />

Novo, a EONIA regressou a níveis em redor <strong>de</strong> 2.04%. Na última semana do período <strong>de</strong><br />

manutenção, situou-se ligeiramente abaixo da taxa mínima <strong>de</strong> proposta, dado que os participantes<br />

no mercado pareceram novamente prever condições <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z amplas no final do período. Porém,<br />

o BCE procurou condições <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z neutras na colocação da última OPR do período <strong>de</strong><br />

manutenção, que foi liquidada em 21 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>. O facto <strong>de</strong> o período ter terminado<br />

com um recurso líquido à facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> cedência <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>de</strong> EUR 5.2 mil milhões<br />

ficou a <strong>de</strong>ver-se quase exclusivamente a <strong>de</strong>senvolvimentos inesperados nos factores autónomos<br />

após a última OPR. Dado que os participantes no mercado não consi<strong>de</strong>raram as condições <strong>de</strong><br />

liqui<strong>de</strong>z restritivas até ao final da tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> Janeiro, a EONIA (que é uma média diária)<br />

situou-se apenas em 1.92% nesse dia.<br />

Depois <strong>de</strong> terem <strong>de</strong>scido significativamente em Dezembro <strong>de</strong> 2003, as taxas <strong>de</strong> juro EURIBOR<br />

<strong>de</strong>sceram ligeiramente entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>. A EURIBOR<br />

a doze meses <strong>de</strong>sceu 11 pontos base para 2.20% em 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong>. As taxas <strong>de</strong> juro dos prazos<br />

mais curtos tiveram uma <strong>de</strong>scida menor, mantendo-se em níveis relativamente próximo <strong>de</strong> 2%. Como<br />

resultado, a inclinação da curva <strong>de</strong> rendimentos do mercado monetário tornou-se ligeiramente mais<br />

horizontal. A diferença entre a EURIBOR a doze meses e a um mês era <strong>de</strong> apenas 13 pontos base<br />

em 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, que compara com 21 pontos base no final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003<br />

(ver Gráfico 8).<br />

Ao longo <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, os participantes no mercado reduziram ligeiramente as expectativas<br />

quanto às taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> curto prazo no futuro, como sugere a <strong>de</strong>scida das taxas EURIBOR a três<br />

meses implícitas nos contratos <strong>de</strong> futuros. Por exemplo, a taxa implícita nos contratos <strong>de</strong> futuros<br />

para Setembro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> <strong>de</strong>sceu 20 pontos base entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>2004</strong>, situando-se em 2.24% nesta última data.<br />

As taxas <strong>de</strong> colocação das operações principais <strong>de</strong> refinanciamento do Eurosistema, em Janeiro <strong>de</strong><br />

<strong>2004</strong>, situaram-se num nível relativamente próximo da taxa mínima <strong>de</strong> proposta. Entre o final <strong>de</strong><br />

Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, as taxas marginal e média situaram-se, em média,<br />

1e2 pontos base, respectivamente, acima da taxa mínima <strong>de</strong> proposta. Na operação <strong>de</strong> refinanciamento<br />

<strong>de</strong> prazo alargado liquidada 28 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, a taxa média era <strong>de</strong> 2.03%, ou seja, ligeiramente<br />

inferior à taxa EURIBOR a três meses prevalecente nessa data e à taxa média da operação anterior<br />

<strong>de</strong> refinanciamento <strong>de</strong> prazo alargado liquidada em 18 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

21<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

monetária e<br />

financeira


2.4 MERCADOS OBRIGACIONISTAS<br />

Num contexto muito volátil, as taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações <strong>de</strong> dívida pública <strong>de</strong> longo<br />

prazo na área do euro e nos Estados Unidos <strong>de</strong>sceram ligeiramente em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>.<br />

A volatilida<strong>de</strong> implícita no mercado obrigacionista, um indicador da incerteza dos participantes<br />

no mercado quanto à futura evolução da taxa <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações, manteve-se<br />

relativamente estável nos principais mercados obrigacionistas nas últimas semanas.<br />

ESTADOS UNIDOS<br />

Nos Estados Unidos, as taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações <strong>de</strong> dívida pública a <strong>de</strong>z anos<br />

<strong>de</strong>sceram cerca <strong>de</strong> 15 pontos base entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

para um nível <strong>de</strong> 4.2% (ver Gráfico 9). Observaram-se algumas flutuações significativas nas taxas<br />

<strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações durante este período. Vários factores <strong>de</strong>sempenharam um papel<br />

na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>sta evolução do mercado obrigacionista. Nas primeiras semanas <strong>de</strong> Janeiro,<br />

os participantes no mercado reviram inicialmente em baixa as suas expectativas quanto à futura<br />

evolução <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte das taxas da política monetária, o que levou a uma <strong>de</strong>scida das taxas <strong>de</strong><br />

rendibilida<strong>de</strong> das obrigações em todo o espectro <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong>s. Esta evolução inverteu-se, pelo<br />

menos parcialmente, <strong>de</strong>pois do Comité <strong>de</strong> Operações <strong>de</strong> Mercado Aberto da Reserva Fe<strong>de</strong>ral ter<br />

emitido uma <strong>de</strong>claração após a sua reunião em 28 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, que foi interpretada pelos<br />

participantes no mercado como um sinal <strong>de</strong> que a Reserva Fe<strong>de</strong>ral po<strong>de</strong>ria temporariamente<br />

22 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 7 Taxas <strong>de</strong> juro do BCE e taxa<br />

<strong>de</strong> juro overnight<br />

(percentagens por ano; dados diários)<br />

4.5<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

taxa da facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> cedência <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />

taxa da facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />

taxa mínima <strong>de</strong> proposta nas operações principais<br />

<strong>de</strong> refinanciamento<br />

taxa <strong>de</strong> juro overnight (EONIA)<br />

taxa marginal nas operações principais <strong>de</strong> refinanciamento<br />

0.5<br />

T1 T2<br />

2003<br />

T3 T4<br />

<strong>2004</strong><br />

Fontes: BCE e Reuters.<br />

4.5<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

Gráfico 8 Taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> curto prazo<br />

e inclinação da curva <strong>de</strong> rendimentos<br />

do mercado monetário<br />

(percentagens por ano; pontos percentuais; dados diários)<br />

3.4<br />

3.0<br />

2.6<br />

2.2<br />

1.8<br />

Fonte: Reuters.<br />

EURIBOR a um mês (escala da esquerda)<br />

EURIBOR a três meses (escala da esquerda)<br />

EURIBOR a doze meses (escala da esquerda)<br />

diferencial entre a EURIBOR a doze meses<br />

e a um mês (escala da direita)<br />

T1 T2 T3 T4<br />

2003 <strong>2004</strong><br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6


Gráfico 9 Taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das<br />

obrigações <strong>de</strong> dívida pública <strong>de</strong> longo<br />

prazo<br />

(percentagens por ano; dados diários)<br />

4.7<br />

4.5<br />

4.3<br />

4.1<br />

3.9<br />

área do euro<br />

Estados Unidos<br />

Japão (escala da direita)<br />

Nov. Dez. Jan.<br />

2003<br />

<strong>2004</strong><br />

Fonte: Reuters.<br />

Nota: As taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações <strong>de</strong> dívida pública<br />

<strong>de</strong> longo prazo referem-se a obrigações a <strong>de</strong>z anos ou à maturida<strong>de</strong><br />

disponível mais próxima.<br />

1.6<br />

1.4<br />

1.2<br />

Gráfico 10 Volatilida<strong>de</strong> implícita no<br />

mercado obrigacionista<br />

(percentagens por ano; média móvel <strong>de</strong> <strong>de</strong>z dias <strong>de</strong> dados diários)<br />

aumentar as taxas <strong>de</strong> política monetária mais cedo e mais rapidamente do que anteriormente previsto.<br />

Os dados macroeconómicos publicados durante o mês <strong>de</strong> Janeiro sustentaram, em geral, perspectivas<br />

mais optimistas para o crescimento económico. Porém, as correspon<strong>de</strong>ntes pressões ascen<strong>de</strong>ntes<br />

sobre as taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações foram contrariadas por factores técnicos, nomeadamente<br />

compras avultadas no estrangeiro <strong>de</strong> títulos do Tesouro americano, em particular por bancos centrais<br />

estrangeiros. A volatilida<strong>de</strong> implícita no mercado obrigacionista, no geral, diminuiu ligeiramente<br />

nos Estados Unidos em Janeiro e no início <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong>, situando-se no final <strong>de</strong>ste período num<br />

nível ligeiramente acima à sua média <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999 (ver Gráfico 10).<br />

JAPÃO<br />

No Japão, as taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações <strong>de</strong> dívida pública <strong>de</strong> longo prazo diminuíram<br />

ligeiramente, 10 pontos base, entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, situando-se<br />

em 1.3% nesta última data. Embora os investidores, em geral, se tenham revelado optimistas quanto<br />

às perspectivas económicas, uma nova menor restritivida<strong>de</strong> quantitativa da política monetária<br />

<strong>de</strong>cidida pelo Banco do Japão em 20 <strong>de</strong> Janeiro exerceu pressões <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes sobre as taxas <strong>de</strong><br />

rendibilida<strong>de</strong> das obrigações. A incerteza dos participantes no mercado quanto à evolução futura<br />

das taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações, medidas pela volatilida<strong>de</strong> implícita no mercado obrigacionista,<br />

diminuiu ligeiramente entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, mantendo-se<br />

num nível ligeiramente inferior à volatilida<strong>de</strong> implícita média <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1999.<br />

10.0<br />

9.0<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

Alemanha<br />

Estados Unidos<br />

Japão<br />

Nov. Dez. Jan.<br />

2003 <strong>2004</strong><br />

10.0<br />

Fonte: Bloomberg.<br />

Nota: A série sobre a volatilida<strong>de</strong> implícita representa a volatilida<strong>de</strong><br />

implícita mais próxima sobre o contrato <strong>de</strong> futuros genérico mais<br />

próximo, renovado durante 20 dias antes <strong>de</strong> expirar, segundo a<br />

<strong>de</strong>finição da Bloomberg. Isto significa que 20 dias antes <strong>de</strong><br />

expirarem os contratos é efectuada uma alteração na escolha dos<br />

contratos utilizados para obter a volatilida<strong>de</strong> implícita a partir do<br />

contrato que se encontra mais próximo do vencimento do próximo<br />

contrato.<br />

9.0<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

23<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

monetária e<br />

financeira


ÁREA DO EURO<br />

Na área do euro, as taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das<br />

obrigações <strong>de</strong> dívida pública <strong>de</strong> longo prazo<br />

flutuaram significativamente em Janeiro e no<br />

início <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong>, acompanhando as taxas <strong>de</strong><br />

rendibilida<strong>de</strong> das obrigações <strong>de</strong> dívida pública<br />

nos EUA. No geral, as taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das<br />

obrigações <strong>de</strong> dívida pública a <strong>de</strong>z anos na área<br />

do euro tiveram uma ligeira <strong>de</strong>scida <strong>de</strong> 5 pontos<br />

base entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong><br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, situando-se no final <strong>de</strong>ste<br />

período em 4.3%. Esta estabilida<strong>de</strong> generalizada<br />

das taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações <strong>de</strong><br />

dívida pública <strong>de</strong> longo prazo pareceu reflectir<br />

a compensação do impacto <strong>de</strong> diversos factores.<br />

Por um lado, verificaram-se pressões <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

resultantes das expectativas entre os participantes<br />

no mercado <strong>de</strong> que as taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> curto prazo<br />

na área do euro se po<strong>de</strong>riam manter nos actuais<br />

níveis baixos durante um período mais longo do<br />

que o previsto (ver Gráfico 11). Por outro lado,<br />

publicações <strong>de</strong> dados macroeconómicos, que, no<br />

geral, apoiam o cenário <strong>de</strong> uma recuperação em<br />

curso da economia na área do euro, exerceram<br />

pressões ascen<strong>de</strong>ntes sobre as taxas <strong>de</strong><br />

rendibilida<strong>de</strong> das obrigações da área do euro.<br />

As taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações in<strong>de</strong>xadas<br />

a <strong>de</strong>z anos (in<strong>de</strong>xadas ao IHPC da área do euro,<br />

excluindo o tabaco) <strong>de</strong>sceram cerca <strong>de</strong> 5 pontos<br />

base entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>. A taxa <strong>de</strong> inflação implícita<br />

(break-even inflation rate) a <strong>de</strong>z anos – calculada como a diferença entre as taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong><br />

das obrigações <strong>de</strong> dívida pública in<strong>de</strong>xadas e nominais a <strong>de</strong>z anos – <strong>de</strong>sceu também cerca <strong>de</strong> 5<br />

pontos base durante o mesmo período. O grau <strong>de</strong> incerteza prevalecente nos mercados obrigacionistas<br />

da área do euro, medido pela volatilida<strong>de</strong> implícita do mercado obrigacionista, manteve-se estável<br />

em Janeiro, num nível que correspon<strong>de</strong>u, em geral, à média registada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1999.<br />

2.5 TAXAS DE JURO DOS EMPRÉSTIMOS E DEPÓSITOS<br />

Entre Junho e Novembro <strong>de</strong> 2003, as taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> curto prazo das IFM mantiveram-se<br />

praticamente inalteradas, enquanto as taxas <strong>de</strong> longo prazo das IFM apresentaram uma evolução<br />

diversificada.<br />

A maior parte das taxas <strong>de</strong> juro das IFM <strong>de</strong> curto prazo manteve-se praticamente inalterada em<br />

Novembro <strong>de</strong> 2003, tal como nos quatro meses anteriores, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scida durante a primeira<br />

meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2003 (ver Gráfico 12). Em geral, entre Janeiro <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2003, as taxas dos <strong>de</strong>pósitos<br />

<strong>de</strong> poupança <strong>de</strong> curto prazo das famílias (ou seja, com pré-aviso até três meses) e dos <strong>de</strong>pósitos à<br />

or<strong>de</strong>m das socieda<strong>de</strong>s não financeiras <strong>de</strong>cresceram mais <strong>de</strong> 30 pontos base, enquanto a taxa dos<br />

24 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 11 Taxas <strong>de</strong> juro overnight<br />

implícitas nas taxas a prazo para a área<br />

do euro<br />

(percentagens por ano; dados diários)<br />

6.0<br />

5.5<br />

5.0<br />

4.5<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

30 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003<br />

1.5<br />

1.5<br />

2003 <strong>2004</strong> 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013<br />

Fonte: Estimativa do BCE.<br />

Nota: A curva <strong>de</strong> rendimentos implícita nas taxas a prazo, calculada<br />

a partir da estrutura dos prazos das taxas <strong>de</strong> juro observadas no<br />

mercado, reflecte as expectativas <strong>de</strong> mercado para os níveis futuros<br />

das taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> curto prazo. O método utilizado para calcular<br />

estas curvas encontra-se <strong>de</strong>scrito nas páginas 26 e 27 da edição<br />

<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1999 do Boletim Mensal. Os dados utilizados na<br />

estimativa têm por base contratos <strong>de</strong> swap.<br />

6.0<br />

5.5<br />

5.0<br />

4.5<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0


Gráfico 12 Taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> curto prazo<br />

das IFM e uma taxa <strong>de</strong> curto prazo do<br />

mercado<br />

(percentagens por ano; taxas das novas operações)<br />

taxa a três meses do mercado monetário<br />

(escala da esquerda)<br />

empréstimos <strong>de</strong> curto prazo a socieda<strong>de</strong>s não financeiras 1)<br />

(escala da esquerda)<br />

<strong>de</strong>scobertos das famílias (escala da direita)<br />

<strong>de</strong>pósitos à or<strong>de</strong>m das socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

(escala da esquerda)<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> poupança <strong>de</strong> curto prazo das famílias 2)<br />

(escala da esquerda)<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> curto prazo das famílias 3)<br />

(escala da esquerda)<br />

4.0 8.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

1.0<br />

0.0<br />

Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov.<br />

2003<br />

11.0<br />

10.0<br />

Fonte: BCE.<br />

1) Incluindo empréstimos a socieda<strong>de</strong>s não financeiras <strong>de</strong> valor<br />

superior a EUR 1 milhão com taxa variável ou com prazo <strong>de</strong> fixação<br />

inicial <strong>de</strong> taxa até um ano.<br />

2) Incluindo <strong>de</strong>pósitos das famílias com pré-aviso até três meses.<br />

3) Incluindo <strong>de</strong>pósitos das famílias com prazo até um ano.<br />

9.0<br />

Gráfico 13 Taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> longo prazo<br />

das IFM e uma taxa <strong>de</strong> longo prazo do<br />

mercado<br />

(percentagens por ano; taxas das novas operações)<br />

Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov.<br />

2003<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> curto prazo das famílias (ou seja, a prazo até um ano) <strong>de</strong>sceu 70 pontos base. No<br />

mesmo período, as taxas dos empréstimos <strong>de</strong> curto prazo a socieda<strong>de</strong>s não financeiras (ou seja,<br />

empréstimos superiores a 1 milhão com taxa variável ou prazo <strong>de</strong> fixação inicial <strong>de</strong> taxa até um<br />

ano) e dos <strong>de</strong>scobertos bancários das famílias <strong>de</strong>sceram cerca <strong>de</strong> 65 e 25 pontos base, respectivamente.<br />

Para efeitos <strong>de</strong> comparação, entre Janeiro <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2003, a taxa do mercado monetário a<br />

três meses caiu cerca <strong>de</strong> 65 pontos base.<br />

A evolução das taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> longo prazo das IFM relativas a novas operações foi diversificada<br />

em Novembro <strong>de</strong> 2003 (ver Gráfico 13). Para as famílias, as taxas dos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> longo prazo<br />

e dos empréstimos <strong>de</strong> longo prazo para aquisição <strong>de</strong> habitação aumentaram em Novembro, enquanto<br />

para as socieda<strong>de</strong>s não financeiras a taxa dos empréstimos <strong>de</strong> longo prazo diminuiu no mesmo<br />

mês. A evolução da maioria das taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> longo prazo foi também bastante diversificada<br />

entre Junho e Novembro <strong>de</strong> 2003, um período em que, para efeitos <strong>de</strong> comparação, as taxas <strong>de</strong><br />

rendibilida<strong>de</strong> das obrigações <strong>de</strong> dívida pública a cinco anos aumentaram cerca <strong>de</strong> 90 pontos base.<br />

Durante este período, as taxas dos <strong>de</strong>pósitos a longo prazo das famílias e dos empréstimos <strong>de</strong> longo<br />

prazo a socieda<strong>de</strong>s não financeiras mantiveram-se praticamente inalteradas. Pelo contrário, durante<br />

o mesmo período, a taxa dos empréstimos <strong>de</strong> longo prazo para aquisição <strong>de</strong> habitação (ou seja,<br />

com prazo <strong>de</strong> fixação inicial <strong>de</strong> taxa superior a cinco anos e até <strong>de</strong>z anos) aumentou cerca <strong>de</strong> 15<br />

pontos base.<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

taxa <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações <strong>de</strong> dívida pública<br />

a cinco anos<br />

empréstimos <strong>de</strong> longo prazo a socieda<strong>de</strong>s não financeiras 1)<br />

empréstimos <strong>de</strong> longo prazo para aquisição <strong>de</strong> habitação 2)<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> longo prazo das famílias 3)<br />

Fonte: BCE.<br />

1) Incluindo empréstimos a socieda<strong>de</strong>s não financeiras <strong>de</strong> valor<br />

superior a EUR 1 milhão com prazo <strong>de</strong> fixação inicial <strong>de</strong> taxa superior<br />

a cinco anos.<br />

2) Incluindo empréstimos às famílias com prazo <strong>de</strong> fixação inicial<br />

<strong>de</strong> taxa entre cinco e <strong>de</strong>z anos.<br />

3) Incluindo <strong>de</strong>pósitos das famílias com prazo superior a dois anos.<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

25<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

monetária e<br />

financeira


2.6 MERCADOS DE TÍTULOS<br />

Os preços das acções na área do euro e nos Estados Unidos aumentaram <strong>de</strong> novo em Janeiro <strong>de</strong><br />

<strong>2004</strong>, reflectindo, em parte, novos indícios <strong>de</strong> melhor rentabilida<strong>de</strong> empresarial. A incerteza do<br />

mercado accionista, medida pela volatilida<strong>de</strong> implícita do mercado accionista, manteve-se estável<br />

ao longo <strong>de</strong>ste período.<br />

ESTADOS UNIDOS<br />

Nos Estados Unidos, os preços das acções, medidas pelo índice Standard & Poor’s 500, subiram<br />

cerca <strong>de</strong> 1% entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong> (ver Gráfico 14). Em certa<br />

medida, esta subida reflectiu a divulgação <strong>de</strong> lucros das empresas geralmente melhores do que o<br />

esperado para o quarto trimestre <strong>de</strong> 2003. Além disso, os preços das acções pareceram ser apoiados<br />

por uma nova redução da incerteza no mercado accionista e, possivelmente, também por um menor<br />

grau <strong>de</strong> aversão ao risco por parte dos investidores. Tal é sugerido, nomeadamente, pelo facto <strong>de</strong><br />

as acções do sector da tecnologia, que no geral são consi<strong>de</strong>radas como investimentos <strong>de</strong> maior risco,<br />

terem sido as que mais contribuíram para a subida do índice global. A incerteza do mercado<br />

accionista, medida pela volatilida<strong>de</strong> implícita, calculada a partir das opções do índice Standard &<br />

Poor’s 500, foi estável em Janeiro e no início <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> (ver Gráfico 15) e manteve-se<br />

significativamente abaixo da sua média <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999.<br />

26 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 14 Índices <strong>de</strong> cotações<br />

<strong>de</strong> acções<br />

(índice: 1 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2003 = 100; dados diários)<br />

110<br />

108<br />

106<br />

104<br />

102<br />

100<br />

98<br />

96<br />

94<br />

92<br />

90<br />

área do euro<br />

Estados Unidos<br />

Japão<br />

Nov. Dez. Jan.<br />

2003 <strong>2004</strong><br />

110<br />

108<br />

106<br />

104<br />

102<br />

100<br />

Fonte: Reuters.<br />

Nota: Índice Dow Jones EURO STOXX alargado para a área do<br />

euro, índice Standard & Poor’s 500 para os Estados Unidos e<br />

índice Nikkei 225 para o Japão.<br />

98<br />

96<br />

94<br />

92<br />

90<br />

Gráfico 15 Volatilida<strong>de</strong> implícita<br />

no mercado bolsista<br />

(percentagens por ano; média móvel <strong>de</strong> <strong>de</strong>z dias <strong>de</strong> dados diários)<br />

30.0<br />

25.0<br />

20.0<br />

15.0<br />

10.0<br />

área do euro<br />

Estados Unidos<br />

Japão<br />

Nov. Dez. Jan.<br />

2003 <strong>2004</strong><br />

30.0<br />

25.0<br />

20.0<br />

15.0<br />

10.0<br />

Fonte: Bloomberg.<br />

Nota: As séries sobre a volatilida<strong>de</strong> implícita reflectem o <strong>de</strong>svio<br />

padrão esperado das variações em percentagem dos preços das<br />

acções ao longo <strong>de</strong> um período até três meses, como implícito<br />

nos preços <strong>de</strong> opções <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> cotações <strong>de</strong> acções. Os índices<br />

<strong>de</strong> acções, a que as volatilida<strong>de</strong>s implícitas se referem, são o Dow<br />

Jones EURO STOXX para a área do euro, o Standard & Poor’s<br />

500 para os Estados Unidos e o Nikkei 225 para o Japão.


JAPÃO<br />

No Japão, os preços das acções aumentara, em geral, 2%, entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong><br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, num contexto bastante volátil. A maior parte das flutuações nos preços das acções<br />

japonesas ao longo do mês pareceu estar relacionada com os movimentos da taxa <strong>de</strong> câmbio do<br />

iene, em particular face ao dólar dos EUA. Neste contexto, a percepção dos participantes no mercado<br />

quanto às perspectivas <strong>de</strong> lucros para alguns sectores, nomeadamente no sector das exportações,<br />

pareceu ter estado fluida. A volatilida<strong>de</strong> implícita obtida a partir das opções do índice Nikkei 225,<br />

uma medida <strong>de</strong> incerteza no mercado <strong>de</strong> acções japonês, diminuiu ligeiramente entre o final <strong>de</strong><br />

Dezembro <strong>de</strong> 2003 e o início <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong> (ver Gráfico 15), mantendo-se num nível<br />

ligeiramente inferior à sua média <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999.<br />

ÁREA DO EURO<br />

Na área do euro, os preços das acções, medidos pelo índice Dow Jones EURO STOXX, subiram<br />

cerca <strong>de</strong> 2% entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, o que po<strong>de</strong>rá ter em parte<br />

reflectido a continuação da melhoria dos lucros observados e esperados a curto prazo nas empresas<br />

que constituem o índice em Janeiro. A volatilida<strong>de</strong> implícita no mercado <strong>de</strong> acções, uma medida<br />

da incerteza dos participantes no mercado quanto à futura evolução dos preços das acções, não se<br />

alterou, em geral, entre o final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2003 e 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter atingido<br />

no final <strong>de</strong> Janeiro os níveis mais baixos observados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a introdução do euro, em Janeiro <strong>de</strong><br />

1999 (ver Gráfico 15). Em termos sectoriais, o contributo mais forte para os recentes aumentos dos<br />

preços das acções foi dado pelo sector da tecnologia, que pareceu beneficiar <strong>de</strong> um aumento da<br />

apetência dos investidores mundiais pelo risco.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

27<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

monetária e<br />

financeira


3 PREÇOS E CUSTOS<br />

Menores subidas dos preços dos serviços, produtos alimentares e produtos energéticos conduziram<br />

à <strong>de</strong>scida da inflação da área do euro para 2.0% em Dezembro <strong>de</strong> 2003, o que compara com 2.2%<br />

no mês anterior. A inflação medida pelo IHPC manteve-se inalterada em 2.0% em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>,<br />

<strong>de</strong> acordo com as estimativas provisórias do Eurostat. Para além do <strong>de</strong>saparecimento do choque<br />

sobre os preços dos produtos alimentares frescos registado no último Verão, parte da <strong>de</strong>scida da<br />

inflação registada em Dezembro <strong>de</strong> 2003 po<strong>de</strong>rá ser atribuída à apreciação do euro. Este último<br />

efeito é mais acentuado nas fases iniciais da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção, sendo que a subida dos preços<br />

no produtor se processou com taxas relativamente baixas. Os indicadores disponíveis dos custos<br />

<strong>de</strong> trabalho confirmam a estabilização da evolução salarial. Se não se registarem novos choques<br />

sobre os preços, a inflação medida pelo IHPC <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>scer abaixo <strong>de</strong> 2% ao longo do presente<br />

ano e posteriormente permanecer em níveis em linha com a estabilida<strong>de</strong> dos preços.<br />

3.1 PREÇOS NO CONSUMIDOR<br />

ESTIMATIVA PROVISÓRIA PARA JANEIRO DE <strong>2004</strong><br />

De acordo com as estimativas provisórias do Eurostat, a inflação medida pelo IHPC na área do euro<br />

<strong>de</strong>verá ter permanecido inalterada em 2.0% em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> (ver Quadro 4). Embora ainda não<br />

estejam disponíveis informações pormenorizadas, a menor inflação dos preços dos produtos<br />

energéticos (principalmente <strong>de</strong>vido a um efeito <strong>de</strong> base) <strong>de</strong>verá ter compensado o impacto ascen<strong>de</strong>nte<br />

sobre os preços da reforma dos cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na Alemanha. Esta estimativa está ro<strong>de</strong>ada por<br />

um grau mais elevado <strong>de</strong> incerteza do que o normal, visto que <strong>de</strong>ve ter em conta a aplicação <strong>de</strong><br />

medidas orçamentais no início <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> e a actualização anual dos pesos das rubricas e<br />

dos países no IHPC (que é sempre efectuada na viragem do ano).<br />

INFLAÇÃO MEDIDA PELO IHPC EM DEZEMBRO DE 2003<br />

A inflação medida pelo IHPC na área do euro <strong>de</strong>sceu para 2.0% em Dezembro <strong>de</strong> 2003, face a 2.2% no<br />

mês anterior (ver Gráfico 16), reflectindo principalmente menores subidas homólogas dos preços dos<br />

serviços e das componentes mais voláteis do IHPC (isto é, os preços dos produtos energéticos e dos<br />

produtos alimentares não transformados). O valor registado em Dezembro foi ligeiramente mais baixo<br />

do que as estimativas provisórias do Eurostat, que foram divulgadas no início <strong>de</strong> Janeiro. A taxa <strong>de</strong><br />

28 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Quadro 4 Evolução <strong>de</strong> preços<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)<br />

IHPC e suas componentes<br />

Índice global 1)<br />

Produtos energéticos<br />

Produtos alimentares não transformados<br />

Produtos alimentares transformados<br />

Produtos industriais não energéticos<br />

Serviços<br />

Outros indicadores <strong>de</strong> preços<br />

Preços da produção industrial<br />

Preços do petróleo (EUR por barril)<br />

Preços das matérias-primas não petrolíferas<br />

Fontes: Eurostat, (Thomson Financial) Datastream e HWWA.<br />

1) A inflação medida pelo IHPC em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> refere-se à estimativa provisória do Eurostat.<br />

2002 2003 2003 2003 2003 2003 2003 <strong>2004</strong><br />

Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan.<br />

2.3 2.1 2.1 2.2 2.0 2.2 2.0 2.0<br />

-0.6 3.0 2.7 1.6 0.7 2.2 1.8 .<br />

3.1 2.2 3.3 4.2 3.9 4.0 3.2 .<br />

3.1 3.3 3.0 3.2 3.5 3.9 3.8 .<br />

1.5 0.8 0.6 0.8 0.8 0.7 0.7 .<br />

3.1 2.5 2.5 2.5 2.5 2.4 2.3 .<br />

-0.1 1.6 1.3 1.1 0.9 1.4 1.0 .<br />

26.5 25.1 26.5 23.9 24.7 24.6 24.0 24.2<br />

-0.9 -4.5 -5.2 -4.7 -3.7 0.2 -0.2 5.1


Gráfico 16 Desagregação da inflação<br />

medida pelo IHPC: principais<br />

subcomponentes<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%); dados mensais)<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

-2<br />

5<br />

4<br />

3<br />

IHPC global (escala da esquerda)<br />

produtos alimentares não transformados (escala da direita)<br />

produtos energéticos (escala da direita)<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

IHPC global excl. produtos energéticos e<br />

produtos alimentares não transformados<br />

produtos alimentares transformados<br />

produtos industriais não energéticos<br />

serviços<br />

variação homóloga do IHPC excluindo os produtos<br />

alimentares não transformados e os produtos<br />

energéticos registou uma <strong>de</strong>scida <strong>de</strong> 0.1 pontos<br />

percentuais, situando-se em 1.9% em Dezembro.<br />

Os valores para Dezembro <strong>de</strong> 2003 significam que<br />

as taxas médias <strong>de</strong> crescimento do IHPC e do IHPC<br />

excluindo os produtos alimentares não transformados<br />

e os produtos energéticos para o conjunto <strong>de</strong> 2003<br />

se situaram em 2.1% e 2.0%, respectivamente.<br />

As taxas <strong>de</strong> variação homólogas das subcomponentes<br />

mais voláteis do IHPC <strong>de</strong>sceram em<br />

Dezembro <strong>de</strong> 2003 face ao mês anterior. A inflação<br />

dos preços dos produtos energéticos <strong>de</strong>sceu para<br />

1.8% (isto é, registou uma <strong>de</strong>scida <strong>de</strong> 0.4 pontos<br />

percentuais), principalmente em resultado <strong>de</strong> um<br />

efeito <strong>de</strong> base mas também reflectindo a apreciação<br />

do euro face ao dólar dos EUA. Além disso, o<br />

impacto do choque sobre os preços dos produtos<br />

alimentares registado no último Verão continuou<br />

a esbater-se, sendo que a taxa <strong>de</strong> crescimento<br />

homóloga dos preços dos produtos alimentares<br />

não transformados <strong>de</strong>sceu <strong>de</strong> 4.0% em Novembro<br />

para 3.2% em Dezembro <strong>de</strong> 2003.<br />

2<br />

2 A <strong>de</strong>scida da taxa <strong>de</strong> variação homóloga do IHPC<br />

excluindo os produtos alimentares não<br />

1<br />

1<br />

transformados e os produtos energéticos em<br />

0<br />

0 Dezembro <strong>de</strong> 2003 ficou a <strong>de</strong>ver-se a menores<br />

subidas homólogas dos preços dos produtos<br />

-1<br />

1999 2000<br />

Fonte: Eurostat.<br />

2001 2002 2003<br />

-1<br />

alimentares transformados e dos serviços. Ao<br />

mesmo tempo, a taxa <strong>de</strong> variação homóloga dos<br />

preços dos produtos industriais não energéticos<br />

manteve-se inalterada entre Novembro e Dezembro<br />

<strong>de</strong> 2003. Des<strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2003, a taxa <strong>de</strong> variação homóloga dos preços dos serviços <strong>de</strong>sceu 0.2<br />

pontos percentuais, principalmente em resultado <strong>de</strong> menores subidas dos preços dos pacotes <strong>de</strong> férias,<br />

alojamento e transportes. Não obstante os padrões sazonais muito fortes e irregulares <strong>de</strong>stas componentes,<br />

as menores subidas dos preços dos pacotes <strong>de</strong> férias e dos serviços <strong>de</strong> transporte po<strong>de</strong>rão em parte<br />

estar relacionadas com o impacto favorável do fortalecimento do euro. Mais em geral, apesar <strong>de</strong> pressões<br />

ascen<strong>de</strong>ntes sobre os preços dos produtos alimentares transformados, impulsionadas por aumentos<br />

dos impostos sobre o tabaco, os aumentos <strong>de</strong> curto prazo do IHPC excluindo os produtos alimentares<br />

não transformados e os produtos energéticos (calculado como a variação ao longo <strong>de</strong> três meses, utilizando<br />

dados corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>) apresentaram uma tendência para uma mo<strong>de</strong>ração.<br />

3.2 PREÇOS DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL<br />

18<br />

15<br />

12<br />

9<br />

6<br />

3<br />

0<br />

-3<br />

-6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

As pressões sobre os preços nas fases iniciais da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção mantiveram-se relativamente<br />

mo<strong>de</strong>radas ao longo do ano transacto (ver Gráfico 17). Entre Novembro e Dezembro <strong>de</strong> 2003,<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

29<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Preços<br />

e custos


a taxa <strong>de</strong> variação homóloga do Índice <strong>de</strong> Preços na Produção (IPP) excluindo a construção<br />

<strong>de</strong>sceu <strong>de</strong> 1.4% para 1.0%, principalmente <strong>de</strong>vido aos preços dos produtos energéticos. A <strong>de</strong>scida<br />

da taxa <strong>de</strong> variação homóloga da componente energética, <strong>de</strong> 3.6% em Novembro para 2.1% em<br />

Dezembro <strong>de</strong> 2003, ficou a <strong>de</strong>ver-se principalmente a um efeito <strong>de</strong> base, mas também reflectiu<br />

uma queda dos preços do petróleo <strong>de</strong>nominados em euros. Nas indústrias dos bens <strong>de</strong> consumo,<br />

a taxa <strong>de</strong> crescimento dos preços no produtor abrandaram <strong>de</strong> 1.1% em termos homólogos em<br />

Novembro para 0.7% em Dezembro <strong>de</strong> 2003. Esta mo<strong>de</strong>ração reflecte inteiramente a evolução<br />

dos preços dos bens <strong>de</strong> consumo não duradouros, a qual foi por sua vez impulsionada pela <strong>de</strong>scida<br />

dos preços dos produtos alimentares em conjunto com um efeito <strong>de</strong> base. Entretanto, as taxas<br />

<strong>de</strong> variação homólogas dos preços dos bens intermédios e <strong>de</strong> investimento mantiveram-se<br />

inalteradas. No conjunto <strong>de</strong> 2003, os preços no produtor registaram um aumento médio <strong>de</strong> 1.6%,<br />

o que compara com uma <strong>de</strong>scida <strong>de</strong> 0.1% em 2002. Os preços dos produtos energéticos foram<br />

o principal factor que contribuiu para o aumento da inflação dos preços no produtor. Deste modo,<br />

o aumento médio do IPP excluindo produtos energéticos subiu apenas 0.4 pontos percentuais<br />

para 0.8% em 2003.<br />

Em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, o Índice <strong>de</strong> Preços da Área do Euro (IPAE) para a indústria transformadora<br />

do Inquérito aos Gestores <strong>de</strong> Compras registou uma nova subida, assinalando o maior aumento<br />

dos preços dos factores <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2003. De acordo com os inquiridos, tal foi<br />

principalmente o resultado da subida dos preços das principais matérias-primas <strong>de</strong>vido a um novo<br />

fortalecimento da procura. Porém, enquanto os preços das matérias-primas mundiais <strong>de</strong>nominados<br />

em dólares dos EUA têm registado uma tendência ascen<strong>de</strong>nte nos últimos meses, a anterior<br />

apreciação do euro está a atenuar os seus efeitos sobre os preços internos.<br />

30 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 17 Desagregação dos preços da<br />

produção industrial<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%); dados mensais)<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

indústria excluindo construção (escala da direita)<br />

bens intermédios (escala da direita)<br />

bens <strong>de</strong> investimento (escala da direita)<br />

bens <strong>de</strong> consumo (escala da direita)<br />

produtos energéticos (escala da esquerda)<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

Fonte: Eurostat.<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

Gráfico 18 Indicadores seleccionados <strong>de</strong><br />

custos do trabalho<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%))<br />

4.5<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

remuneração por trabalhador<br />

acordos salariais<br />

rendimentos mensais brutos<br />

custos horários <strong>de</strong> trabalho<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

Fontes: Eurostat, dados nacionais e cálculos do BCE.<br />

4.5<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0


Quadro 5 Indicadores <strong>de</strong> custos do trabalho<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)<br />

Acordos salariais<br />

Custos horários totais do trabalho<br />

Rendimentos mensais brutos<br />

Remuneração por trabalhador<br />

Por memória:<br />

Produtivida<strong>de</strong> do trabalho<br />

Custos unitários do trabalho<br />

Fontes: Eurostat, dados nacionais e cálculos do BCE.<br />

3.3 INDICADORES DOS CUSTOS DE TRABALHO<br />

Os dados disponíveis sobre a maior parte dos indicadores dos custos <strong>de</strong> trabalho para o terceiro<br />

trimestre <strong>de</strong> 2003 suportam a avaliação <strong>de</strong> que o crescimento salarial estabilizou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong><br />

2002 (ver Gráfico 18). As taxas <strong>de</strong> variação homólogas das remunerações por trabalhador na área<br />

do euro, dos custos horários totais do trabalho (no sector empresarial não agrícola) e dos rendimentos<br />

mensais brutos <strong>de</strong>sceram face ao segundo trimestre, enquanto o indicador dos acordos salariais<br />

apresentou uma ligeira subida (ver Quadro 5). Uma comparação <strong>de</strong> mais longo prazo, como por<br />

exemplo as taxas <strong>de</strong> crescimento médias durante os primeiros três trimestres <strong>de</strong> 2003 relativamente<br />

às subidas médias em 2002, também confirma a estabilização da evolução salarial.<br />

Em resultado do aumento do crescimento da produtivida<strong>de</strong> e da <strong>de</strong>scida do crescimento das remunerações<br />

por trabalhador entre o segundo e terceiro trimestres <strong>de</strong> 2003, a taxa <strong>de</strong> variação homóloga dos custos<br />

unitários <strong>de</strong> trabalho registou uma queda. Esta foi a primeira <strong>de</strong>scida do crescimento dos custos unitários<br />

<strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final <strong>de</strong> 2002, quando começou a aumentar em resultado <strong>de</strong> um abrandamento cíclico<br />

do crescimento da produtivida<strong>de</strong>. Não obstante esta <strong>de</strong>scida, o crescimento dos custos unitários <strong>de</strong> trabalho<br />

ainda era relativamente elevado em comparação com a sua média <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados da década <strong>de</strong> 90.<br />

3.4 PERSPECTIVAS PARA A INFLAÇÃO<br />

2001 2002 2002 2002 2003 2003 2003<br />

T3 T4 T1 T2 T3<br />

2.6 2.7 2.6 2.7 2.7 2.4 2.5<br />

3.3 3.5 3.2 3.5 3.1 3.2 2.9<br />

2.9 3.0 3.1 3.1 2.9 2.8 2.6<br />

2.8 2.6 2.5 2.5 2.6 2.7 2.6<br />

0.2 0.4 0.6 0.9 0.6 0.0 0.2<br />

2.5 2.1 1.9 1.5 2.0 2.7 2.4<br />

Tendo em conta estes últimos <strong>de</strong>senvolvimentos e partindo do princípio <strong>de</strong> que não se registarão<br />

novos choques sobre os preços, a inflação medida pelo IHPC na área do euro <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>scer abaixo<br />

<strong>de</strong> 2% ao longo <strong>de</strong> <strong>2004</strong> e posteriormente manter-se em níveis em linha com a estabilida<strong>de</strong> dos<br />

preços. Porém, no curto prazo, subsiste uma incerteza significativa, em parte <strong>de</strong>vido ao impacto<br />

sobre os preços das medidas orçamentais que <strong>de</strong>verão ser aplicadas no início <strong>de</strong> <strong>2004</strong>. Ao longo <strong>de</strong><br />

um horizonte ligeiramente mais alargado, as pressões inflacionistas <strong>de</strong>verão permanecer limitadas.<br />

Esta avaliação baseia-se no pressuposto <strong>de</strong> que serão observados aumentos salariais mo<strong>de</strong>rados e<br />

uma transmissão da evolução mo<strong>de</strong>rada dos preços das importações aos preços no consumidor.<br />

Informações mais recentes sobre as expectativas <strong>de</strong> inflação por parte <strong>de</strong> outras instituições parecem<br />

suportam a perspectiva <strong>de</strong> que as pressões sobre os preços diminuirão ao longo dos próximos dois<br />

anos. Por exemplo, o Inquérito aos Analistas Profissionais (IAP) mais recente, realizado no final<br />

<strong>de</strong> Janeiro, coloca a inflação medida pelo IHPC em 1.8% e 1.7% em <strong>2004</strong> e 2005, respectivamente<br />

(ver Caixa 3). Além disso, os resultados da Consensus Forecasts e do Barómetro da Zona Euro <strong>de</strong><br />

Janeiro mostram que a inflação na área do euro <strong>de</strong>verá situar-se em 1.7% em <strong>2004</strong> e 2005.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

31<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Preços<br />

e custos


Caixa 3<br />

32 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

EXPECTATIVAS DO SECTOR PRIVADO PARA A INFLAÇÃO E ACTIVIDADE ECONÓMICA<br />

NA ÁREA DO EURO: RESULTADOS DO INQUÉRITO AOS ANALISTAS PROFISSIONAIS (IAP)<br />

RELATIVO AO PRIMEIRO TRIMESTRE DE <strong>2004</strong> E OUTROS INDICADORES DISPONÍVEIS<br />

Esta caixa apresenta os resultados do 22.º Inquérito aos Analistas Profissionais (IAP) realizado<br />

pelo BCE entre 21 e 28 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>. O IAP recolhe as expectativas sobre a inflação, a<br />

activida<strong>de</strong> económica e o <strong>de</strong>semprego na área do euro <strong>de</strong> especialistas associados a instituições<br />

financeiras e não financeiras localizadas na União Europeia. É importante ter em consi<strong>de</strong>ração<br />

que, dada a diversida<strong>de</strong> do painel <strong>de</strong> participantes, os resultados agregados do IAP po<strong>de</strong>m reflectir<br />

um conjunto relativamente heterogéneo <strong>de</strong> opiniões e pressupostos subjectivos. Sempre que<br />

possível, os resultados do IAP são comparados com outros indicadores disponíveis das expectativas<br />

do sector privado para os mesmos horizontes 1 .<br />

Expectativas <strong>de</strong> inflação para <strong>2004</strong> e 2005<br />

Os participantes no inquérito ajustaram em alta as expectativas <strong>de</strong> inflação medida pelo IHPC,<br />

em relação ao IAP anterior (quarto trimestre <strong>de</strong> 2003). Prevê-se actualmente que a inflação<br />

medida pelo IHPC se situe em 1.8% em <strong>2004</strong>, ou seja, uma revisão em alta <strong>de</strong> 0.2% pontos<br />

percentuais face ao IAP anterior. As expectativas <strong>de</strong> inflação medida pelo IHPC para 2005 forem<br />

revistas ligeiramente em baixa, em comparação com o IAP anterior, situando-se agora em 1.7%,<br />

ou seja, uma revisão em baixa <strong>de</strong> 0.1 pontos percentuais. A revisão em alta para <strong>2004</strong>, apesar<br />

da apreciação do euro, é principalmente motivada por alterações na tributação indirecta e nos<br />

Resultados do IAP do T1 <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, do IAP do T4 <strong>de</strong> 2003 e da Consensus Economics<br />

(Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>)<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)<br />

Inflação medida pelo IHPC<br />

IAP do T1 <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

IAP anterior (T4 <strong>de</strong> 2003)<br />

Consensus (Jan. <strong>2004</strong>)<br />

Crescimento real do PIB<br />

IAP do T1 <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

IAP anterior (T4 <strong>de</strong> 2003)<br />

Consensus (Jan. <strong>2004</strong>)<br />

Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego 1)<br />

IAP do T1 <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

IAP anterior (T4 <strong>de</strong> 2003)<br />

Horizonte temporal do inquérito<br />

Dez. <strong>2004</strong> <strong>2004</strong> Dez. 2005 2005 A mais longo prazo 2)<br />

1.7 1.8 1.8 1.7 1.9<br />

- 1.6 - 1.8 1.9<br />

- 1.7 - 1.7 1.8<br />

T3 <strong>2004</strong> <strong>2004</strong> T3 2005 2005 A mais longo prazo 2)<br />

2.0 1.8 2.3 2.2 2.3<br />

- 1.7 - 2.3 2.4<br />

- 1.8 - 2.1 2.1<br />

Nov. <strong>2004</strong> <strong>2004</strong> Nov. 2005 2005 A mais longo prazo2) 8.7 8.8 8.4 8.5 7.4<br />

- 8.9 - 8.5 7.4<br />

1) Em percentagem da população activa.<br />

2) No IAP as expectativas para a inflação a mais longo prazo referem-se a 2008. As previsões da Consensus Economics referem-se ao<br />

período <strong>de</strong> 2009 a 2013 (dados publicados no Inquérito da Consensus Economics <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2003).<br />

1 Estes horizontes são os anos <strong>de</strong> calendário <strong>2004</strong>, 2005 e “com uma antecedência <strong>de</strong> cinco anos, ou seja, 2008”. Além disso, também<br />

se apresentam as expectativas <strong>de</strong> dois “horizontes <strong>de</strong>slizantes” adicionais solicitadas no IAP. Estes horizontes <strong>de</strong>slizantes são<br />

estabelecidos com uma antecedência <strong>de</strong> um e dois anos face ao período para o qual se encontram disponíveis os dados mais recentes<br />

para cada variável particular, na data em que o inquérito é realizado. No IAP do primeiro trimestre <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, estes horizontes <strong>de</strong>slizantes<br />

foram Dezembro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> e <strong>de</strong> 2005 para a taxa <strong>de</strong> inflação medida pelo IHPC, os terceiros trimestres <strong>de</strong> <strong>2004</strong> e 2005 para a taxa <strong>de</strong><br />

crescimento real do PIB e Novembro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> <strong>de</strong> 2005 para a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego da área do euro. Estes horizontes <strong>de</strong>slizantes po<strong>de</strong>m<br />

ser úteis na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> padrões dinâmicos difíceis <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar a partir <strong>de</strong> médias <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> calendário.


Gráfico A Distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong><br />

para a inflação média em <strong>2004</strong> nas duas<br />

últimas rondas do IAP<br />

(percentagens)<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

IAP – T1 <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

IAP – T4 <strong>de</strong> 2003<br />

IAP – T3 <strong>de</strong> 2003<br />

< 0.0 0.0-0.4 0.5-0.9 1.0-1.4 1.5-1.9 2.0-2.4 2.5-2.9 3.0-3.4 ≥ 3.5<br />

preços administrados. Estas foram, na sua maioria, incorporadas apenas como riscos na ronda<br />

do inquérito anterior. Em termos dos factores subjacentes à evolução da inflação, a apreciação<br />

do euro e as pressões baixas sobre os preços internos são os principais factores que terão<br />

exercido pressões <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. As medidas do Governo, quer através da tributação indirecta<br />

quer dos preços administrados, e a evolução dos preços das matérias-primas são os principais<br />

factores que parecem ter exercido um impacto ascen<strong>de</strong>nte sobre os preços. Em termos gerais,<br />

as expectativas do IAP estão amplamente <strong>de</strong> acordo com os valores apresentados nas edições<br />

<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> da Consensus Economics (ver quadro) e no Barómetro da Zona Euro (também<br />

1.7% para <strong>2004</strong> e 2005).<br />

É também pedido aos participantes no IAP que atribuam uma distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> às<br />

respectivas previsões. Esta distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> é expressa em percentagens <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

intervalos específicos. A distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> resultante da agregação <strong>de</strong> respostas<br />

contribui para avaliar <strong>de</strong> que forma, em média, os participantes no inquérito avaliam o risco do<br />

resultado observado se situar acima ou abaixo do intervalo mais provável. O Gráfico A mostra a<br />

distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s agregada para as taxas homólogas médias <strong>de</strong> inflação medida pelo<br />

IHPC esperada em <strong>2004</strong> nas três últimas rondas do inquérito. Ainda que a maior parte da distribuição<br />

continue centrada no intervalo 1.5-1.9% para a inflação medida pelo IHPC em <strong>2004</strong>, observou-<br />

-se uma clara viragem para a direita na última ronda do inquérito. Esta mudança reflecte o aumento<br />

da taxa esperada média que, como se salientou acima, foi impulsionada pela incorporação gradual<br />

da evolução da tributação indirecta e dos preços administrados nas opiniões dos analistas.<br />

Indicadores das expectativas <strong>de</strong> inflação a mais longo prazo<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Gráfico B Indicadores das expectativas<br />

para a inflação a longo prazo<br />

(taxas <strong>de</strong> variação anual média (%))<br />

Consensus Economics<br />

IAP com uma antecedência <strong>de</strong> cinco anos<br />

taxa <strong>de</strong> inflação implícita a <strong>de</strong>z anos para a área do euro<br />

taxa <strong>de</strong> inflação implícita a <strong>de</strong>z anos para a França<br />

0.5<br />

0.5<br />

Jan. Abr. Jul. Out. Jan. Abr. Jul. Out. Jan. Abr. Jul. Out. Jan. Abr. Jul. Out. Jan. Abr. Jul. Out. Jan.<br />

1999 2000 2001 2002 2003 <strong>2004</strong><br />

As expectativas <strong>de</strong> inflação a mais longo prazo (isto é, com uma antecedência <strong>de</strong> cinco anos)<br />

apresentadas pelos participantes no IAP mantiveram-se estáveis em 1.9%, continuando inalteradas<br />

pelo nono IAP consecutivo (ver Gráfico B). Esta situação é amplamente consistente com outras<br />

medidas disponíveis das expectativas <strong>de</strong> inflação a mais longo prazo. Em Outubro <strong>de</strong> 2003, o<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

Fontes: Tesouro francês, Reuters, Consensus Economics e cálculos<br />

do BCE.<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

33<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Preços<br />

e custos


34 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Barómetro da Zona Euro previa uma taxa <strong>de</strong> inflação média <strong>de</strong> 1.9% em 2007 e a Consensus<br />

Economics publicava uma taxa <strong>de</strong> inflação média <strong>de</strong> 1.8% para o período 2009-13. Além disso,<br />

nos mercados financeiros, verificou-se alguma inversão do aumento observado na segunda meta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 2003 nas taxas <strong>de</strong> inflação implícitas (break-even) a <strong>de</strong>z anos, extraídas das obrigações <strong>de</strong><br />

dívida pública francesas in<strong>de</strong>xadas ao IHPC da área do euro (excluindo o tabaco) 2 . É <strong>de</strong> salientar,<br />

no entanto, que estas taxas <strong>de</strong> inflação implícitas não são medidas simples das expectativas <strong>de</strong><br />

inflação a longo prazo dos participantes no mercado. Estas medidas são também afectadas por<br />

uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> prémios <strong>de</strong> risco (incluindo um prémio <strong>de</strong> incerteza da inflação e um prémio<br />

<strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z). Assim, embora se tenham observado algumas oscilações na taxa <strong>de</strong> inflação implícita,<br />

as expectativas <strong>de</strong> inflação a longo prazo do IAP não se alteraram. No entanto, verificou-se uma<br />

ligeira <strong>de</strong>slocação para cima da distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> das expectativas <strong>de</strong> inflação a longo<br />

prazo na ronda do inquérito no quarto trimestre <strong>de</strong> 2003, que se inverteu na actual ronda do<br />

inquérito 3 . Estes movimentos <strong>de</strong>correm em paralelo com a evolução da taxa <strong>de</strong> inflação implícita.<br />

Expectativas para o crescimento real do PIB e <strong>de</strong>semprego na área do euro<br />

As expectativas para o crescimento do PIB em <strong>2004</strong> foram revistas ligeiramente em alta em 0.1<br />

pontos percentuais, em comparação com o último IAP, situando-se agora em 1.8%. Para 2005,<br />

o crescimento esperado foi revisto ligeiramente em baixa em 0.1 pontos percentuais, em relação<br />

à anterior ronda do inquérito, para 2.2%. Com base nas respostas qualitativas dos inquiridos, as<br />

expectativas <strong>de</strong> uma recuperação da activida<strong>de</strong> mundial em <strong>2004</strong> são motivadas, em larga medida,<br />

pela recuperação da economia mundial, apesar da anterior evolução cambial, seguida <strong>de</strong> uma<br />

recuperação da procura interna. As previsões do IAP para <strong>2004</strong> e 2005 são semelhantes às<br />

publicadas nas edições <strong>de</strong> Janeiro da Consensus Economics e do Barómetro da Zona Euro, ambos<br />

prevendo um crescimento do PIB <strong>de</strong> 1.8% em <strong>2004</strong> e 2.1% em 2005. Por último, a taxa <strong>de</strong> crescimento<br />

a longo prazo esperada, com uma antecedência <strong>de</strong> cinco anos (ou seja, em 2008), situa-se em<br />

2.3%, 0.1 pontos percentuais abaixo das previsões na anterior ronda do IAP.<br />

A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego na área do euro <strong>de</strong>verá situar-se em 8.8% em <strong>2004</strong>, uma ligeira revisão<br />

em baixa em comparação a última ronda do IAP. Esta revisão reflecte que o <strong>de</strong>semprego não<br />

aumentou tanto como o esperado durante o último abrandamento e que as expectativas <strong>de</strong><br />

crescimento do PIB foram revistas ligeiramente em alta. Porém, não se prevê que a recuperação<br />

em <strong>2004</strong> seja suficientemente forte para dar origem a uma melhoria significativa da taxa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>semprego na área do euro até 2005, quando se espera que esta taxa diminua para 8.5%.<br />

O optimismo revelado pelos inquiridos relativamente à evolução a longo prazo, ou seja, uma<br />

<strong>de</strong>scida da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego para 7.4% em 2008, está explicitamente relacionado com a<br />

adopção <strong>de</strong> novas reformas no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />

2 Convém salientar que a taxa <strong>de</strong> inflação implícita reflecte o valor médio das expectativas para a inflação durante o prazo da obrigação<br />

in<strong>de</strong>xada em consi<strong>de</strong>ração, não sendo uma estimativa pontual para um <strong>de</strong>terminado ano (como é o caso do indicador das expectativas<br />

a longo prazo para a inflação). Para uma <strong>de</strong>scrição pormenorizada da natureza conceptual da taxa <strong>de</strong> inflação implícita, ver a caixa<br />

intitulada “Cálculo <strong>de</strong> expectativas <strong>de</strong> inflação a longo prazo na área do euro a partir das obrigações in<strong>de</strong>xadas francesas emitidas pelo<br />

Tesouro francês”, na página 16, da edição <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> 2002, do Boletim Mensal do BCE.<br />

3 Dados mais pormenorizados coligidos como parte do inquérito encontram-se disponíveis na página do BCE na Internet<br />

(http://www.ecb.int/stats/spf/spf.html).


4 PRODUTO, PROCURA E MERCADO<br />

DE TRABALHO<br />

O PIB real da área do euro subiu no terceiro trimestre <strong>de</strong> 2003, <strong>de</strong>vido a um aumento particularmente<br />

forte do total das exportações. O crescimento foi generalizado nos sectores industrial e dos serviços.<br />

Os dados dos inquéritos para Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> apontam para um crescimento económico em curso<br />

na viragem do ano. Os indicadores da <strong>de</strong>spesa das famílias continuam a transmitir sinais contraditórios<br />

relativamente ao crescimento do consumo privado, enquanto a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego se manteve<br />

inalterada. Para além do curto prazo, a recuperação gradual <strong>de</strong>verá prosseguir, apoiada pelas<br />

exportações e pela procura interna.<br />

4.1 PRODUTO E PROCURA<br />

COMPONENTES DO PIB REAL E DA DESPESA<br />

Os dados do PIB real da área do euro para o terceiro trimestre <strong>de</strong> 2003 confirmam a opinião <strong>de</strong> que<br />

a recuperação teve início no segundo semestre <strong>de</strong> 2003. De acordo com a segunda estimativa das<br />

contas nacionais, o PIB real da área do euro registou um crescimento trimestral em ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> 0.4%,<br />

no terceiro trimestre <strong>de</strong> 2003 (ver Gráfico 19).<br />

O aumento do PIB real da área do euro no terceiro trimestre oculta evoluções contrárias das<br />

componentes individuais da <strong>de</strong>spesa. Enquanto as exportações líquidas contribuíram <strong>de</strong> forma<br />

particularmente forte para o crescimento do PIB, o contributo da procura interna foi negativo.<br />

Ocontributo das exportações líquidas, <strong>de</strong> 0.8 pontos percentuais, ficou a <strong>de</strong>ver-se quer à forte<br />

retoma das exportações quer a nova <strong>de</strong>scida das importações. O forte crescimento das exportações<br />

reflectiu a recuperação dos mercados <strong>de</strong> exportações da área do euro, enquanto a <strong>de</strong>scida das<br />

importações resultou da fraca procura interna na área do euro. O contributo negativo da procura<br />

interna ficou sobretudo a <strong>de</strong>ver-se a um amplo<br />

impacto negativo das variações <strong>de</strong> existências.<br />

Tal resultou provavelmente do <strong>de</strong>svanecimento<br />

da reconstituição <strong>de</strong> existências observada no<br />

primeiro semestre <strong>de</strong> 2003. Pelo contrário, a<br />

procura interna final (excluindo as existências)<br />

<strong>de</strong>u um pequeno contributo positivo para o<br />

crescimento do PIB, resultante <strong>de</strong> aumentos do<br />

consumo privado e público acompanhados por<br />

uma <strong>de</strong>scida da formação bruta <strong>de</strong> capital fixo.<br />

PRODUTO SECTORIAL E PRODUÇÃO<br />

INDUSTRIAL<br />

O crescimento foi generalizado a todos os sectores<br />

no terceiro trimestre <strong>de</strong> 2003. Em termos <strong>de</strong> valor<br />

acrescentado real, os sectores industrial e dos<br />

serviços expandiram-se, respectivamente, 0.5%<br />

e 0.4%, em termos trimestrais em ca<strong>de</strong>ia, no<br />

terceiro trimestre.<br />

Os dados recentes sugerem que a produção<br />

industrial (excluindo a construção) permaneceu<br />

robusta no quarto trimestre, embora o valor <strong>de</strong><br />

Novembro tenha permanecido inalterado em<br />

Gráfico 19 Contributos para o<br />

crescimento do PIB real<br />

(contributos em pontos percentuais; dados trimestrais; corrigidos<br />

<strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>)<br />

1.2<br />

0.8<br />

0.4<br />

0.0<br />

-0.4<br />

-0.8<br />

procura interna (excl. existências)<br />

variações <strong>de</strong> existências<br />

exportações líquidas<br />

PIB total (taxa <strong>de</strong> variação trimestral em ca<strong>de</strong>ia (%))<br />

T3 T4 T1 T2 T3<br />

2002 2003<br />

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.<br />

1.2<br />

0.8<br />

0.4<br />

0.0<br />

-0.4<br />

-0.8<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

35<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Produto,<br />

procura e<br />

mercado <strong>de</strong><br />

trabalho


termos mensais em ca<strong>de</strong>ia. O crescimento zero em Novembro, que se seguiu a um forte crescimento<br />

em Outubro, ficou a <strong>de</strong>ver-se a uma contracção consi<strong>de</strong>rável da produção industrial <strong>de</strong> produtos<br />

energéticos. Os outros gran<strong>de</strong>s agrupamentos industriais evi<strong>de</strong>nciaram taxas <strong>de</strong> crescimento positivas.<br />

Excluindo os produtos energéticos e a construção, a produção industrial registou um aumento mais<br />

forte, <strong>de</strong> 0.6%, em Novembro. Além disso, incluindo os valores <strong>de</strong> Novembro, os dados relativos<br />

a novas encomendas são consistentes com um novo fortalecimento da produção industrial no quarto<br />

trimestre.<br />

Numa análise um pouco mais <strong>de</strong> longo prazo, a evolução da produção industrial melhorou ainda<br />

mais. Nos últimos meses, as indústrias produtoras <strong>de</strong> bens intermédios e <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong>ram<br />

contributos positivos para o crescimento da produção industrial (excluindo a construção e os produtos<br />

energéticos) (ver Gráfico 20).<br />

De acordo com o inquérito às empresas da Comissão Europeia, a utilização da capacida<strong>de</strong> produtiva<br />

na indústria transformadora diminuiu em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, em comparação com o nível registado<br />

três meses antes. O resultado <strong>de</strong> Janeiro, contudo, não é totalmente comparável com os dados<br />

anteriores, <strong>de</strong>vido a alterações na cobertura dos países. O valor <strong>de</strong> Janeiro refere-se à área do<br />

euro excluindo a França, dado que as modificações nos questionários dos inquéritos franceses<br />

provocaram quebras estruturais significativas nos resultados da França. A evolução mais recente<br />

<strong>de</strong>ste indicador terá, portanto, <strong>de</strong> ser interpretada com particular precaução. Tendo em conta a<br />

exclusão da França, a utilização da capacida<strong>de</strong> produtiva não <strong>de</strong>verá ter <strong>de</strong>scido em Janeiro <strong>de</strong><br />

<strong>2004</strong>.<br />

36 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 20 Contributos para o<br />

crescimento da produção industrial<br />

(contributos em pontos percentuais; dados corrigidos<br />

<strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>)<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

-0.5<br />

-1.0<br />

-1.5<br />

-2.0<br />

-2.5<br />

bens <strong>de</strong> investimento<br />

bens <strong>de</strong> consumo<br />

bens intermédios<br />

total excl. construção e produtos energéticos (%)<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

-0.5<br />

-1.0<br />

-1.5<br />

-2.0<br />

-2.5<br />

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.<br />

Nota: Os dados apresentados são calculados como médias móveis<br />

<strong>de</strong> três meses centradas face à média correspon<strong>de</strong>nte três meses<br />

antes.<br />

Gráfico 21 Produção industrial,<br />

confiança na indústria e IGC<br />

(dados mensais; corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>)<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

-3<br />

produção industrial 1) (escala da esquerda)<br />

confiança na indústria 2) (escala da direita)<br />

IGC 3) (escala da direita)<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

Fontes: Eurostat, Inquéritos da Comissão Europeia às Empresas<br />

e Consumidores, Reuters e cálculos do BCE.<br />

1) Indústria transformadora: taxas <strong>de</strong> variação (%) trimestrais em<br />

ca<strong>de</strong>ia.<br />

2) Saldos <strong>de</strong> respostas extremas; variações face a três meses antes.<br />

3) Índice <strong>de</strong> Gestores <strong>de</strong> Compras; <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> um valor <strong>de</strong> índice<br />

<strong>de</strong> 50.<br />

12<br />

8<br />

4<br />

0<br />

-4<br />

-8<br />

-12


DADOS DOS INQUÉRITOS PARA OS SECTORES DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA<br />

E DOS SERVIÇOS<br />

Os indicadores dos inquéritos até Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> apontam para um crescimento em curso nos sectores<br />

da indústria transformadora e dos serviços. Relativamente ao sector da indústria transformadora,<br />

oindicador <strong>de</strong> confiança na indústria da Comissão Europeia aumentou em Janeiro, invertendo<br />

parcialmente a <strong>de</strong>scida observada em Dezembro <strong>de</strong> 2003. Com excepção <strong>de</strong> Dezembro, a confiança<br />

na indústria tem vindo a melhorar continuamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados <strong>de</strong> 2003, tendo agora atingido um<br />

nível correspon<strong>de</strong>nte à sua média <strong>de</strong> longo prazo. No entanto, medidas em termos das alterações<br />

em comparação com três meses antes, as melhorias diminuíram no <strong>de</strong>curso do quarto trimestre (ver<br />

Gráfico 21). A subida da confiança na indústria em Janeiro foi o resultado <strong>de</strong> um aumento significativo<br />

das expectativas para a produção, enquanto a avaliação das carteiras <strong>de</strong> encomendas e dos stocks<br />

se manteve inalterada. Quanto aos gran<strong>de</strong>s agrupamentos industriais, a melhoria da confiança na<br />

indústria reflectiu aumentos nas indústrias dos bens intermédios e, em particular, dos bens <strong>de</strong><br />

investimento. Pelo contrário, a confiança nas indústrias dos bens <strong>de</strong> consumo manteve-se inalterada.<br />

O Índice dos Gestores <strong>de</strong> Compras (IGC) para o sector da indústria transformadora também continuou<br />

a aumentar em Janeiro. No entanto, tal como em Dezembro, este aumento foi relativamente reduzido.<br />

Não obstante, a evolução global do IGC nos últimos meses continua em geral comparável com a<br />

<strong>de</strong> retomas anteriores. A subida do IGC em Janeiro foi generalizada a todas as componentes.<br />

Verificaram-se ligeiras melhorias nos índices do produto, novas encomendas, stocks <strong>de</strong> produtos<br />

adquiridos e prazos <strong>de</strong> entrega dos fornecedores, enquanto o índice do emprego se manteve inalterado.<br />

Quanto ao sector dos serviços, o indicador <strong>de</strong><br />

confiança nos serviços da Comissão Europeia<br />

<strong>de</strong>teriorou-se em Janeiro. O nível do indicador<br />

continua actualmente bastante abaixo dos picos<br />

anteriores. Não obstante, face aos aumentos<br />

relativamente fortes nos últimos nove meses, a<br />

<strong>de</strong>scida recente não altera actualmente o cenário<br />

<strong>de</strong> uma retoma no sector dos serviços. Analisando<br />

as componentes individuais, a avaliação do clima<br />

empresarial e, em particular, da procura nos últimos<br />

meses contribuiu para a <strong>de</strong>scida, enquanto as<br />

expectativas para a procura melhoraram. O índice<br />

<strong>de</strong> activida<strong>de</strong> empresarial do Inquérito aos Gestores<br />

<strong>de</strong> Compras para o sector dos serviços aumentou<br />

em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, após ter <strong>de</strong>scido em Dezembro<br />

<strong>de</strong> 2003. Todas as componentes do inquérito,<br />

excepto o índice <strong>de</strong> emprego, melhoraram em<br />

Janeiro. Em geral, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Primavera <strong>de</strong> 2003,<br />

verificou-se uma melhoria significativa no índice<br />

da activida<strong>de</strong> empresarial para o sector dos<br />

serviços.<br />

INDICADORES DA DESPESA DAS FAMÍLIAS<br />

Os indicadores <strong>de</strong> curto prazo sugerem que o<br />

consumo privado permaneceu mo<strong>de</strong>rado no quarto<br />

trimestre <strong>de</strong> 2003. Além disso, os indicadores<br />

Gráfico 22 Vendas a retalho e confiança<br />

nos sectores do comércio a retalho e<br />

das famílias<br />

(dados mensais)<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

-0.5<br />

-1.0<br />

vendas a retalho 1) (escala da esquerda)<br />

confiança dos consumidores 2) (escala da direita)<br />

confiança no com. a retalho 2) (escala da direita)<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

Fontes: Inquéritos da Comissão Europeia às Empresas e<br />

Consumidores e Eurostat.<br />

1) Taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%); médias móveis <strong>de</strong> três<br />

meses centradas; dados corrigidos <strong>de</strong> dias úteis.<br />

2) Saldos <strong>de</strong> respostas extremas; corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong> e da<br />

média. Os resultados da confiança dos consumidores da área do<br />

euro referentes a Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> não abrangem a França, <strong>de</strong>vido<br />

a alterações nos questionários dos inquéritos franceses. Os<br />

resultados não são portanto totalmente comparáveis com resultados<br />

anteriores.<br />

20<br />

16<br />

12<br />

8<br />

4<br />

0<br />

-4<br />

-8<br />

-12<br />

-16<br />

-20<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

37<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Produto,<br />

procura e<br />

mercado <strong>de</strong><br />

trabalho


<strong>de</strong> confiança em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> continuam a transmitir sinais bastante contraditórios em relação<br />

à evolução do consumo privado (ver Gráfico 22).<br />

As vendas a retalho registaram um aumento mensal em ca<strong>de</strong>ia em Outubro, mas os dados nacionais<br />

disponíveis <strong>de</strong> Novembro não apontam para vendas a retalho mais fortes no conjunto do quarto trimestre.<br />

Adicionalmente, as matrículas <strong>de</strong> automóveis novos ligeiros <strong>de</strong> passageiros <strong>de</strong>sceram no quarto trimestre,<br />

apontando para um impacto atenuador sobre o crescimento do consumo privado nesse período.<br />

O indicador <strong>de</strong> confiança dos consumidores da Comissão Europeia manteve-se inalterado em Janeiro.<br />

Os resultados do inquérito aos consumidores para Janeiro, no entanto, tal como os da utilização da<br />

capacida<strong>de</strong> produtiva acima referidos, não são totalmente comparáveis com os resultados anteriores.<br />

Devido a alterações no inquérito ao consumo francês, que causaram uma quebra estrutural significativa<br />

nos resultados, o agregado da área do euro em Janeiro exclui a França. Tendo isso em conta, a<br />

confiança dos consumidores po<strong>de</strong>rá ter diminuído um pouco. A confiança no sector do comércio a<br />

retalho, que não é afectada por este factor, melhorou em Janeiro. O aumento <strong>de</strong> Janeiro inverteu<br />

parcialmente a <strong>de</strong>scida do mês anterior. Em geral, a confiança no comércio a retalho parece ter<br />

continuado a tendência volátil, embora ascen<strong>de</strong>nte, observada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> 2003. O aumento<br />

em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> resultou da forte melhoria na situação comercial esperada, enquanto a avaliação<br />

da actual situação comercial e dos stocks se manteve inalterada.<br />

38 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

4.2 MERCADO DE TRABALHO<br />

DESEMPREGO<br />

Continua a não haver sinais claros <strong>de</strong> uma melhoria<br />

dos mercados <strong>de</strong> trabalho em Dezembro. A taxa<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego harmonizada para Dezembro<br />

situou-se em 8.8%, inalterada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Março <strong>de</strong><br />

2003 (ver Gráfico 23). A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego<br />

também se manteve inalterada em relação aos<br />

grupos por sexo. Em termos da <strong>de</strong>sagregação por<br />

grupo etário, a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego dos indivíduos<br />

com ida<strong>de</strong> inferior a 25 anos <strong>de</strong>sceu ligeiramente<br />

em Dezembro, para 16.6%, enquanto a dos<br />

indivíduos com ida<strong>de</strong> igual ou superior a 25 anos<br />

se manteve inalterada. O número <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempregados<br />

corrigido <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong> registou uma <strong>de</strong>scida<br />

mensal em ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> aproximadamente 15 000<br />

pessoas em Dezembro, mas observou um aumento<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 270 000 pessoas em comparação com<br />

Dezembro <strong>de</strong> 2002.<br />

EMPREGO<br />

O crescimento do emprego foi zero no terceiro<br />

trimestre <strong>de</strong> 2003, implicando um nível <strong>de</strong><br />

emprego globalmente estável <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados <strong>de</strong><br />

2002 (ver Quadro 6). No entanto, a evolução do<br />

emprego difere <strong>de</strong> sector para sector. O emprego<br />

Gráfico 23 Desemprego<br />

(dados mensais; corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>)<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

Fonte: Eurostat.<br />

variação homóloga em milhares (escala da esquerda)<br />

% da população activa (escala da direita)<br />

10.5<br />

10.0<br />

9.5<br />

9.0<br />

8.5<br />

8.0<br />

7.5


Quadro 6 Crescimento do emprego<br />

(variações em percentagem face ao período anterior; dados corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>)<br />

Conjunto da economia<br />

do qual:<br />

Agricultura e pescas<br />

Indústria<br />

Excluindo construção<br />

Construção<br />

Serviços<br />

Comércio e transportes<br />

Financeiros e comerciais<br />

Administração pública<br />

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.<br />

na indústria registou uma nova contracção, <strong>de</strong> 0.6% em termos mensais em ca<strong>de</strong>ia no terceiro trimestre<br />

<strong>de</strong> 2003, e em particular no sector da construção, enquanto no sector dos serviços continuou a expandir-<br />

-se a uma taxa <strong>de</strong> 0.2%.<br />

Não obstante algumas melhorias mo<strong>de</strong>stas, os dados dos inquéritos continuam a sugerir que a<br />

evolução do mercado <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>verá permanecer mo<strong>de</strong>rada. Relativamente ao sector da indústria<br />

transformadora, quer o indicador das expectativas para o emprego da Comissão Europeia quer o<br />

índice do emprego no IGC melhoraram ligeiramente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados <strong>de</strong> 2003, mas permaneceram em<br />

níveis relativamente baixos. O índice do emprego no IGC, em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, continuou abaixo<br />

do limite <strong>de</strong> 50 que indica crescimento do emprego zero. No sector dos serviços, o indicador das<br />

expectativas para o emprego da Comissão Europeia e o índice do emprego no IGC também subiram<br />

apenas <strong>de</strong> forma mo<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados <strong>de</strong> 2003, tendo chegado a <strong>de</strong>scer um pouco recentemente.<br />

4.3 PERSPECTIVAS PARA A ACTIVIDADE ECONÓMICA<br />

Taxas homólogas Taxas trimestrais<br />

2001 2002 2002 2002 2003 2003 2003<br />

T3 T4 T1 T2 T3<br />

1.4 0.4 0.0 0.0 0.0 0.1 0.0<br />

-0.6 -2.2 -0.6 -0.4 -0.7 -0.2 -0.3<br />

0.4 -1.2 -0.4 -0.5 -0.3 -0.2 -0.6<br />

0.3 -1.4 -0.4 -0.6 -0.4 -0.5 -0.5<br />

0.5 -0.7 -0.3 -0.1 0.0 0.4 -0.9<br />

1.9 1.3 0.2 0.2 0.2 0.2 0.2<br />

1.6 0.4 0.0 0.0 0.2 0.2 0.3<br />

3.9 2.3 0.2 0.4 0.1 0.3 0.3<br />

1.3 1.5 0.3 0.3 0.2 0.2 0.1<br />

Os últimos dados e indicadores <strong>de</strong> inquérito estão em linha com o crescimento em curso na viragem<br />

do ano. Os inquéritos às empresas e aos consumidores da Comissão Europeia, por exemplo,<br />

evi<strong>de</strong>nciam uma melhoria generalizada na avaliação das condições económicas actuais e esperadas<br />

(ver Caixa 4 sobre a avaliação das condições económicas actuais e esperadas, <strong>de</strong> acordo com os<br />

inquéritos da Comissão Europeia).<br />

Numa análise prospectiva, em face da forte procura externa, as exportações <strong>de</strong>verão continuar a crescer,<br />

apesar da <strong>de</strong>scida da competitivida<strong>de</strong> relativa dos preços na área do euro, resultante da apreciação do<br />

euro. A procura interna, que até ao momento permaneceu mo<strong>de</strong>rada, também <strong>de</strong>verá recuperar.<br />

Ocrescimento do investimento irá beneficiar do nível baixo das taxas <strong>de</strong> juro, das condições <strong>de</strong><br />

financiamento globalmente favoráveis e das melhorias no enquadramento económico mundial.<br />

Adicionalmente, os esforços <strong>de</strong> ajustamento em curso no sector empresarial para melhorar a produtivida<strong>de</strong><br />

e a rendibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verão contribuir para a recuperação do investimento. Além disso, a subida do rendimento<br />

disponível real, <strong>de</strong>vido a efeitos favoráveis dos termos <strong>de</strong> troca, <strong>de</strong>verá apoiar o crescimento do consumo<br />

privado. Esta perspectiva reflecte-se nas previsões disponíveis, as quais sugerem que a recuperação<br />

gradual <strong>de</strong>verá ter lugar no <strong>de</strong>curso do corrente ano e subsistir posteriormente (ver Caixa 3 sobre os<br />

resultados do Inquérito aos Analistas Profissionais do T1 <strong>de</strong> <strong>2004</strong>).<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

39<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Produto,<br />

procura e<br />

mercado <strong>de</strong><br />

trabalho


Caixa 4<br />

40 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES ECONÓMICAS ACTUAIS E ESPERADAS DE ACORDO COM<br />

OS INQUÉRITOS DA COMISSÃO EUROPEIA<br />

Os inquéritos <strong>de</strong> opinião, como os realizados pela Comissão Europeia todos os meses, são<br />

indicadores úteis para a análise das variáveis económicas fundamentais 1 . Por exemplo, o indicador<br />

<strong>de</strong> confiança na indústria está estreitamente relacionado com a produção industrial, e a confiança<br />

dos consumidores dá algumas indicações da evolução do consumo privado. Além disso, os<br />

inquéritos reúnem informação sobre a avaliação da evolução futura e actual da indústria<br />

transformadora e da situação económica futura e actual, <strong>de</strong> acordo com os consumidores. Se as<br />

avaliações da evolução futura e actual dos sectores da indústria transformadora e dos consumidores<br />

evi<strong>de</strong>nciarem discrepâncias significativas, estes po<strong>de</strong>rão prestar informação útil em termos <strong>de</strong><br />

acompanhamento da evolução económica.<br />

As discrepâncias entre os indicadores relacionados com a evolução actual e a situação futura po<strong>de</strong>m<br />

ser analisadas usando várias medidas. A presente caixa analisa duas medidas em particular.<br />

Primeiro, usando a estrutura <strong>de</strong> correlação cruzada histórica entre estes dois indicadores como<br />

referencial, é possível i<strong>de</strong>ntificar discrepâncias em períodos específicos. Para o sector da indústria<br />

transformadora, as expectativas para a produção tipicamente antecipam um mês a avaliação das<br />

tendências <strong>de</strong> produção recentes. Para os consumidores, as expectativas em relação à situação<br />

económica futura antecipam cerca <strong>de</strong> dois meses a avaliação da situação económica actual.<br />

Segundo, as discrepâncias também po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificadas comparando o <strong>de</strong>svio entre os dois<br />

indicadores com o <strong>de</strong>svio médio.<br />

Gráfico A Produção recente e esperada<br />

na indústria transformadora<br />

(saldos <strong>de</strong> respostas extremas; médias móveis <strong>de</strong> três meses;<br />

séries normalizadas)<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

-0.5<br />

-1.0<br />

-1.5<br />

-2.0<br />

tendência <strong>de</strong> produção recente<br />

expectativas <strong>de</strong> produção<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

-0.5<br />

-1.0<br />

-1.5<br />

-2.0<br />

Fontes: Comissão Europeia e cálculos do BCE.<br />

Nota: Reflectindo o adiantamento médio, as expectativas são<br />

avançadas um mês.<br />

Gráfico B Situação económica actual e<br />

futura <strong>de</strong> acordo com os consumidores<br />

(saldos <strong>de</strong> respostas extremas; médias móveis <strong>de</strong> três meses;<br />

séries normalizadas)<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

-0.5<br />

-1.0<br />

-1.5<br />

-2.0<br />

situação económica actual<br />

situação económica esperada<br />

1999 2000 2001 2002 2003<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

-0.5<br />

-1.0<br />

-1.5<br />

-2.0<br />

Fontes: Comissão Europeia e cálculos do BCE.<br />

Nota: Reflectindo o adiantamento médio, as expectativas são<br />

avançadas dois meses.<br />

1 Para uma apresentação mais pormenorizada dos vários modos <strong>de</strong> utilização para a análise económica dos inquéritos <strong>de</strong> opinião<br />

disponíveis para a área do euro, ver o artigo “Inquéritos <strong>de</strong> opinião sobre a evolução da activida<strong>de</strong>, dos preços e do mercado <strong>de</strong><br />

trabalho na área do euro: características e utilizações”, publicado na edição <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong> do Boletim Mensal.


A este respeito, é <strong>de</strong> notar que no final <strong>de</strong> 2001 e início <strong>de</strong> 2002 os indicadores da evolução<br />

actual e futura para os sectores da indústria transformadora e dos consumidores <strong>de</strong>ram sinais<br />

diversificados. Na realida<strong>de</strong>, uma melhoria rápida das expectativas dos industriais e dos<br />

consumidores não estava reflectida na avaliação das condições actuais, o que acabou por levar<br />

a uma correcção em baixa das expectativas (ver Gráficos A e B). Foi ainda observado um padrão<br />

semelhante nos inquéritos relativos aos serviços e ao comércio a retalho.<br />

Mais especificamente, no sector da indústria transformadora, as expectativas para a produção<br />

começaram a melhorar consi<strong>de</strong>ravelmente em Novembro <strong>de</strong> 2001, apesar <strong>de</strong> a avaliação da<br />

produção actual se estar ainda a <strong>de</strong>teriorar e só ter começado a melhorar quatro meses mais tar<strong>de</strong>,<br />

em Março <strong>de</strong> 2002. Em comparação com o padrão observado no período anterior, verificou-se<br />

um <strong>de</strong>svio significativo entre as duas séries durante a maior parte <strong>de</strong> 2002. Para o sector das<br />

famílias, embora as expectativas relativas às condições económicas tenham melhorado marcadamente<br />

entre Dezembro <strong>de</strong> 2001 e Maio <strong>de</strong> 2002, a avaliação das condições económicas actuais continuou<br />

a <strong>de</strong>scer ao longo <strong>de</strong>ste período. Em linha com esta evolução, o <strong>de</strong>svio entre as duas séries cresceu<br />

substancialmente entre Julho <strong>de</strong> 2002 e Janeiro <strong>de</strong> 2003, tendo sido estreitado posteriormente<br />

apenas por uma <strong>de</strong>scida significativa da avaliação das expectativas.<br />

A evolução recente indica que presentemente a situação é bastante diferente da observada em<br />

2001-02. Para a indústria transformadora, o <strong>de</strong>svio actual é menor do que o verificado em 2001-<br />

02. Acima <strong>de</strong> tudo, as expectativas para a produção e a evolução actual estão em linha com o<br />

<strong>de</strong>sfasamento habitual. De facto, ambas as séries começaram a evi<strong>de</strong>nciar uma melhoria em Julho<br />

<strong>de</strong> 2003, apesar <strong>de</strong> esta ter sido mais marcada no caso das expectativas. Quanto às opiniões dos<br />

consumidores, a evolução recente indica que as avaliações da situação económica futura e actual<br />

estão a movimentar-se em conjunto no sentido ascen<strong>de</strong>nte, embora menos rapidamente do que<br />

nas recuperações anteriores. Além disso, apesar <strong>de</strong> as expectativas estarem a melhorar mais<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente do que a avaliação da situação económica actual, não existe um <strong>de</strong>svio<br />

significativo entre as duas séries.<br />

Em geral, os resultados dos inquéritos <strong>de</strong> opinião em 2003 parecem reflectir uma visão mais<br />

equilibrada em relação à avaliação da evolução actual e futura do que em 2001-02, o que po<strong>de</strong>rá<br />

ser interpretado como um sinal positivo relativamente às perspectivas quer para o sector da indústria<br />

transformadora quer para o consumo.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

41<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Produto,<br />

procura e<br />

mercado <strong>de</strong><br />

trabalho


5 EVOLUÇÃO CAMBIAL E DA BALANÇA<br />

DE PAGAMENTOS<br />

5.1 TAXAS DE CÂMBIO<br />

Depois <strong>de</strong> ter registado um fortalecimento sustentado em Novembro e Dezembro <strong>de</strong> 2003, o euro<br />

<strong>de</strong>preciou-se, em termos efectivos nominais, em Janeiro e no início <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2004</strong>. A <strong>de</strong>preciação<br />

do euro nesse período foi particularmente acentuada face à libra esterlina e ao iene japonês, enquanto<br />

o euro enfraqueceu ligeiramente face ao dólar dos EUA.<br />

DÓLAR DOS EUA/EURO<br />

Após fortalecer-se ligeiramente no início <strong>de</strong><br />

Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, o euro <strong>de</strong>sceu face ao dólar dos<br />

EUA no final do mês (ver Gráfico 24). Evidência<br />

adicional dada pela publicação <strong>de</strong> vários<br />

indicadores dos inquéritos e <strong>de</strong> confiança esteve<br />

na base <strong>de</strong> perspectivas económicas positivas nos<br />

Estados Unidos e suportou o dólar dos EUA face<br />

ao euro. Além disso, os participantes no mercado<br />

parecem ter colocado alguma ênfase na <strong>de</strong>scida<br />

do défice comercial dos EUA registada em<br />

Novembro em conjunto com fortes entradas<br />

líquidas <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> carteira registadas no<br />

mesmo mês. O dólar dos EUA recebeu apoio<br />

adicional no final do período <strong>de</strong> referência na<br />

sequência <strong>de</strong> uma avaliação do mercado mais<br />

positiva das perspectivas económicas nos Estados<br />

Unidos após a reunião do Comité <strong>de</strong> Operações<br />

<strong>de</strong> Mercado Aberto da Reserva Fe<strong>de</strong>ral em 28 <strong>de</strong><br />

Janeiro. Posteriormente, porém, este factor<br />

positivo foi parcialmente compensado pela<br />

divulgação <strong>de</strong> dados sobre o crescimento do PIB<br />

mais fracos do que o previsto, embora robustos,<br />

relativos ao quarto trimestre <strong>de</strong> 2003 nos Estados<br />

Unidos. No geral, em 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong>, o euro era<br />

cotado a USD 1.25, menos <strong>de</strong> 1% abaixo do seu<br />

nível no final <strong>de</strong> Dezembro e 10.7% acima da<br />

média registada em 2003.<br />

IENE JAPONÊS/EURO<br />

Em Janeiro e no início <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong>, o euro<br />

<strong>de</strong>preciou-se face ao iene japonês (ver Gráfico<br />

24). O iene japonês também se apreciou face ao<br />

dólar dos EUA, principalmente em resposta a<br />

uma melhoria global das perspectivas económicas<br />

no Japão em conjunto com um crescimento das<br />

exportações robusto. Contudo, as pressões<br />

ascen<strong>de</strong>ntes sobre o iene foram parcialmente<br />

compensadas pelas intervenções das autorida<strong>de</strong>s<br />

japonesas no sentido <strong>de</strong> conter a subida do iene<br />

42 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 24 Evolução das taxas<br />

<strong>de</strong> câmbio<br />

(dados diários <strong>de</strong> 3 Nov. 2003 a 4 Fev. <strong>2004</strong>)<br />

1.30<br />

1.28<br />

1.26<br />

1.24<br />

1.22<br />

1.20<br />

1.18<br />

1.16<br />

1.14<br />

1.12<br />

139<br />

137<br />

135<br />

133<br />

132<br />

130<br />

128<br />

126<br />

124<br />

0.74<br />

0.73<br />

0.72<br />

0.71<br />

0.70<br />

0.69<br />

0.68<br />

0.67<br />

0.66<br />

Fonte: BCE.<br />

USD/EUR<br />

Nov. Dez. Jan.<br />

2003 <strong>2004</strong><br />

JPY/EUR (escala da esquerda)<br />

JPY/USD (escala da direita)<br />

Nov. Dez. Jan.<br />

2003 <strong>2004</strong><br />

GBP/EUR (escala da esquerda)<br />

GBP/USD (escala da direita)<br />

Nov. Dez. Jan.<br />

2003 <strong>2004</strong><br />

1.30<br />

1.28<br />

1.26<br />

1.24<br />

1.22<br />

1.20<br />

1.18<br />

1.16<br />

1.14<br />

1.12<br />

114<br />

112<br />

111<br />

109<br />

108<br />

106<br />

104<br />

103<br />

101<br />

0.61<br />

0.60<br />

0.59<br />

0.58<br />

0.57<br />

0.56<br />

0.55<br />

0.54<br />

0.53


Gráfico 25 Evolução das taxas<br />

<strong>de</strong> câmbio no MTC II<br />

(dados diários <strong>de</strong> 3 Nov. 2003 a 4 Fev. <strong>2004</strong>)<br />

7.70<br />

7.60<br />

7.50<br />

7.40<br />

7.30<br />

7.20<br />

DKK/EUR<br />

Nov. Dez. Jan.<br />

2003 <strong>2004</strong><br />

7.70<br />

7.60<br />

7.50<br />

7.40<br />

7.30<br />

7.20<br />

Fonte: BCE.<br />

Nota: As linhas horizontais indicam a parida<strong>de</strong> central (DKK<br />

7.46) e a banda <strong>de</strong> flutuação (± 2.25% para a DKK).<br />

face à moeda norte-americana. Além disso, as<br />

expectativas <strong>de</strong> mercado quanto a novas<br />

intervenções parecem ter-se fortalecido na<br />

sequência da <strong>de</strong>cisão do Banco do Japão <strong>de</strong> 20<br />

<strong>de</strong> Janeiro no sentido <strong>de</strong> tornar as condições <strong>de</strong><br />

liqui<strong>de</strong>z menos restritivas ao aumentar os<br />

objectivos para o saldo da balança corrente. O<br />

Banco do Japão indicou que esta medida tinha<br />

por objectivo reafirmar a sua orientação <strong>de</strong> política<br />

no sentido <strong>de</strong> ultrapassar a <strong>de</strong>flação e assegurar<br />

uma recuperação económica contínua. Em 4 <strong>de</strong><br />

<strong>Fevereiro</strong>, o euro era cotado a JPY 132.04, isto<br />

é, 2.2% abaixo do seu nível no final <strong>de</strong> Dezembro<br />

e quase 1% acima da média registada em 2003.<br />

Gráfico 26 Taxa <strong>de</strong> câmbio efectiva<br />

do euro e respectiva <strong>de</strong>composição 1)<br />

(dados diários <strong>de</strong> 3 Nov. 2003 a 4 Fev. <strong>2004</strong>)<br />

LIBRA ESTERLINA/EURO<br />

O euro também <strong>de</strong>sceu face à libra esterlina em Janeiro e no início <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong> (ver Gráfico 24).<br />

O fortalecimento significativo da libra esterlina esteve principalmente associado a dados fortes que<br />

apontavam para um crescimento económico robusto no Reino Unido. Em 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong>, o euro foi<br />

transaccionado a GBP 0.68 face à libra esterlina, isto é, 3.2% abaixo do seu nível no final <strong>de</strong> Dezembro<br />

e 1.5% abaixo da média registada em 2003.<br />

OUTRAS MOEDAS EUROPEIAS<br />

No MTC II, a coroa dinamarquesa continuou a flutuar num intervalo muito estreito, próximo da<br />

sua parida<strong>de</strong> central (ver Gráfico 25). Quanto às restantes moedas europeias, o euro apreciou-se<br />

significativamente face à coroa norueguesa e mais mo<strong>de</strong>radamente face ao franco suíço e à coroa<br />

sueca ao longo <strong>de</strong> Janeiro e no início <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong>.<br />

107<br />

106<br />

105<br />

104<br />

103<br />

102<br />

101<br />

100<br />

99<br />

0.2<br />

-0.0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

-1.0<br />

Índice: 1999 T1 = 100<br />

Nov. Dez. Jan.<br />

2003 <strong>2004</strong><br />

Contribuições para as variações da TCE 2)<br />

De 31 Dez. 2003 a 4 Fev. <strong>2004</strong><br />

(em pontos percentuais)<br />

AUD CHF GBP KRW SEK USD<br />

CAD DKK JPY NOK SGD HKD<br />

107<br />

106<br />

105<br />

104<br />

103<br />

102<br />

101<br />

100<br />

99<br />

0.2<br />

-0.0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

-1.0<br />

Fonte: BCE.<br />

1) Um movimento do índice no sentido ascen<strong>de</strong>nte representa uma<br />

apreciação da taxa <strong>de</strong> câmbio efectiva face às moedas dos 12 países<br />

parceiros.<br />

2) As variações são calculadas utilizando pesos do comércio face<br />

aos 12 principais parceiros comerciais.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

43<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

cambial e da<br />

balança <strong>de</strong><br />

pagamentos


TAXA DE CÂMBIO EFECTIVA DO EURO<br />

Em 4 <strong>de</strong> <strong>Fevereiro</strong>, a taxa <strong>de</strong> câmbio efectiva nominal do euro, medida face às moedas dos 12<br />

principais parceiros comerciais da área do euro, situava-se 1.3% abaixo do seu nível do final <strong>de</strong><br />

Dezembro e 4.0% acima do nível médio registado em 2003 (ver Gráfico 26). O enfraquecimento<br />

do euro em termos efectivos reflectiu principalmente a sua <strong>de</strong>scida face à libra esterlina e ao iene<br />

japonês.<br />

44 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

5.2 BALANÇA DE PAGAMENTOS<br />

Em Novembro, o forte crescimento das exportações <strong>de</strong> bens registado nos meses anteriores não<br />

continuou, enquanto as importações <strong>de</strong> bens aumentaram. Tal contribuiu para uma queda do<br />

exce<strong>de</strong>nte da balança corrente corrigido <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong> nesse mês. Os dados sobre a média <strong>de</strong><br />

três meses até Novembro indicam uma pequena subida das exportações da área do euro, em linha<br />

com a melhoria da conjuntura externa da área do euro e do aumento das encomendas <strong>de</strong> exportações.<br />

Numa perspectiva <strong>de</strong> mais longo prazo, o exce<strong>de</strong>nte acumulado <strong>de</strong> doze meses <strong>de</strong> bens da área do<br />

euro, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter registado uma <strong>de</strong>scida no primeiro semestre <strong>de</strong> 2003, começou a estabilizar a<br />

partir do terceiro trimestre <strong>de</strong> 2003. Na balança financeira, o investimento directo e <strong>de</strong> carteira,<br />

no seu conjunto, esteve próximo do equilíbrio em Novembro.<br />

BALANÇA CORRENTE E COMÉRCIO<br />

Em termos corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>, a balança corrente da área do euro registou um exce<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> €1.7 mil milhões em Novembro <strong>de</strong> 2003 (o que correspon<strong>de</strong> a um exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> €4.4 mil milhões<br />

em termos não corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>). Tal reflectiu exce<strong>de</strong>ntes nas balanças quer <strong>de</strong> bens quer<br />

<strong>de</strong> serviços, que foram parcialmente compensados pelos défices das balanças <strong>de</strong> rendimentos e <strong>de</strong><br />

transferências correntes. Em comparação com os dados revistos para Outubro <strong>de</strong> 2003, o exce<strong>de</strong>nte<br />

da balança corrente corrigido <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong> registou uma queda <strong>de</strong> €6.3 mil milhões. Esta <strong>de</strong>scida<br />

ficou a <strong>de</strong>ver-se principalmente a uma queda nos exce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> bens (<strong>de</strong> €3.2 mil milhões) e <strong>de</strong><br />

serviços (<strong>de</strong> €1.9 mil milhões), em conjunto com um aumento do défice das transferências correntes<br />

(<strong>de</strong> €4.2 milhões). A <strong>de</strong>scida do défice <strong>de</strong> rendimentos no valor <strong>de</strong> €3 mil milhões contrabalançou<br />

apenas parcialmente estes <strong>de</strong>senvolvimentos.<br />

Numa perspectiva <strong>de</strong> mais longo prazo, o exce<strong>de</strong>nte acumulado <strong>de</strong> doze meses da balança corrente<br />

<strong>de</strong>sceu no primeiro semestre <strong>de</strong> 2003 antes <strong>de</strong> estabilizar (ver Gráfico 27). Este padrão foi<br />

principalmente motivado por variações no exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> bens. No terceiro trimestre <strong>de</strong> 2003, o exce<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> bens aumentou <strong>de</strong>vido quer a uma subida das exportações quer a uma <strong>de</strong>scida das importações.<br />

As exportações <strong>de</strong> bens parecem ter acompanhado esta tendência até Outubro, antes <strong>de</strong> registarem<br />

uma <strong>de</strong>scida em Novembro. Porém, a queda mais recente nas exportações <strong>de</strong>ve ser interpretada com<br />

alguma cautela, <strong>de</strong>vido à volatilida<strong>de</strong> dos valores mensais. Recorrendo a uma média <strong>de</strong> três meses,<br />

é visível uma pequena subida das exportações da área do euro (ver Gráficos G29 e G30 no Quadro<br />

7.1 na secção “Estatísticas da área do euro”), em linha com a melhoria registada na conjuntura<br />

externa da área do euro e com o aumento das encomendas <strong>de</strong> exportações.<br />

Uma <strong>de</strong>composição dos dados do comércio em volumes e preços – com base nas Estatísticas do<br />

Comércio Externo disponíveis até Outubro <strong>de</strong> 2003 – dá uma melhor percepção da evolução recente<br />

do exce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> bens. Neste período, os movimentos nos valores das exportações e importações<br />

ficaram a <strong>de</strong>ver-se principalmente a variações nos volumes, dado que nem os preços das exportações<br />

nem os preços das importações registaram variações significativas. No terceiro trimestre, em


Gráfico 27 Saldos da balança corrente e<br />

<strong>de</strong> bens na área do euro<br />

(Eur mil milhões; dados mensais; corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>;<br />

valores acumulados <strong>de</strong> 12 meses)<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

-50<br />

-100<br />

Fontes: BCE.<br />

saldo <strong>de</strong> balança corrente<br />

saldo <strong>de</strong> bens<br />

2000 2001 2002 2003<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

-50<br />

-100<br />

Gráfico 28 Volumes <strong>de</strong> comércio<br />

extra-área do euro 1)<br />

(índice: 2000 = 100; dados corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>; média<br />

móvel <strong>de</strong> três meses)<br />

importações extra-área do euro<br />

exportações extra-área do euro<br />

2002 2003<br />

particular, os volumes das exportações aumentaram quase 2% (em termos trimestrais em ca<strong>de</strong>ia),<br />

em contraste com as <strong>de</strong>scidas registadas nos três trimestres anteriores (ver Gráfico 28). O aumento<br />

da procura externa neste período parece ser um dos principais factores subjacentes à recuperação<br />

dos volumes das exportações. A procura externa teve origem principalmente nos países da Ásia<br />

excepto o Japão – em linha com as fortes taxas <strong>de</strong> crescimento registadas nesta região – e nos países<br />

da Europa Central e <strong>de</strong> Leste. Entretanto, o crescimento das exportações para os Estados Unidos<br />

permaneceu mo<strong>de</strong>rado no terceiro trimestre. Quanto às importações, os volumes das importações<br />

extra-área do euro <strong>de</strong>sceram cerca <strong>de</strong> 1.5% no terceiro trimestre. Uma possível explicação para esta<br />

<strong>de</strong>scida é a queda da procura interna da área do euro ao longo <strong>de</strong>ste período, em particular nas<br />

categorias intensivas em importações tais como o investimento e as existências.<br />

No geral, os níveis acumulados <strong>de</strong> doze meses da balança corrente da área do euro até Novembro <strong>de</strong><br />

2003 situavam-se sensivelmente €35.0 mil milhões abaixo do nível atingido em Novembro <strong>de</strong> 2002<br />

(ver Gráfico 27), reflectindo principalmente uma <strong>de</strong>scida do exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> bens e um aumento do<br />

défice <strong>de</strong> rendimentos. A queda do valor das exportações <strong>de</strong> bens (<strong>de</strong> €23.4 mil milhões) é o<br />

principal elemento subjacente à <strong>de</strong>scida do exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> bens acumulado <strong>de</strong> doze meses. Tal parece<br />

<strong>de</strong>ver-se quer à fragilida<strong>de</strong> da procura externa no primeiro semestre <strong>de</strong> 2003 quer ao efeito da apreciação<br />

do euro. A apreciação do euro também po<strong>de</strong> fornecer uma explicação parcial para a <strong>de</strong>scida dos<br />

créditos da balança <strong>de</strong> rendimentos – e o associado aumento do défice <strong>de</strong> rendimentos – ao longo<br />

do mesmo período. Tal reflecte o facto <strong>de</strong> que os rendimentos recebidos em moeda estrangeira do<br />

resto do mundo, quando expressos em euros, têm um valor inferior.<br />

BALANÇA FINANCEIRA<br />

Na balança financeira, o investimento directo e <strong>de</strong> carteira, no seu conjunto, esteve próximo do<br />

equilíbrio – registando entradas líquidas <strong>de</strong> €2.2 mil milhões – em Novembro <strong>de</strong> 2003. Tal reflectiu<br />

principalmente entradas líquidas <strong>de</strong> investimento directo (€6.5 mil milhões), enquanto as entradas<br />

110<br />

105<br />

100<br />

95<br />

110<br />

105<br />

100<br />

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE com base em dados do Eurostat.<br />

1) As últimas observações extra-área do euro referem-se a Outubro<br />

<strong>de</strong> 2003.<br />

95<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

45<br />

EVOLUÇÃO<br />

ECONÓMICA<br />

E MONETÁRIA<br />

Evolução<br />

cambial e da<br />

balança <strong>de</strong><br />

pagamentos


líquidas <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> carteira em títulos<br />

<strong>de</strong> participação (€8.8 mil milhões) foram mais<br />

do que compensadas por saídas líquidas <strong>de</strong> títulos<br />

<strong>de</strong> dívida (€13.1 mil milhões).<br />

Em Novembro, a evolução observada no<br />

investimento directo líquido ficou a <strong>de</strong>ver-se em<br />

gran<strong>de</strong> medida ao investimento por parte <strong>de</strong> não<br />

resi<strong>de</strong>ntes em títulos <strong>de</strong> participação no capital<br />

na área do euro, enquanto os resi<strong>de</strong>ntes na área<br />

do euro <strong>de</strong>sinvestiram no estrangeiro.<br />

No que se refere ao investimento <strong>de</strong> carteira, as<br />

expectativas <strong>de</strong> mercado quanto a uma nova<br />

apreciação do euro po<strong>de</strong>rão ter estado associadas<br />

a entradas líquidas registadas nos títulos <strong>de</strong><br />

participação no capital em Novembro. Em<br />

contrapartida, as saídas líquidas <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong><br />

dívida da área do euro não parecem ficar a <strong>de</strong>ver-se totalmente a consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong><br />

rendibilida<strong>de</strong> por parte dos investidores.<br />

Numa perspectiva <strong>de</strong> mais longo prazo, os valores acumulados <strong>de</strong> doze meses até Novembro <strong>de</strong><br />

2003 mostram que os fluxos <strong>de</strong> investimento directo e <strong>de</strong> carteira, no seu conjunto, foram globalmente<br />

equilibrados (ver Gráfico 29). As saídas líquidas ascen<strong>de</strong>ram a €2.4 mil milhões em Novembro, o<br />

que compara com entradas líquidas acumuladas <strong>de</strong> €58.5 mil milhões um ano antes. Tal ficou a<br />

<strong>de</strong>ver-se principalmente à <strong>de</strong>scida das entradas líquidas <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> carteira, <strong>de</strong>vido<br />

principalmente a um aumento do investimento dos resi<strong>de</strong>ntes na área do euro em títulos <strong>de</strong> dívida<br />

estrangeiros e, em menor medida, em títulos <strong>de</strong> participação no capital. No que se refere às activida<strong>de</strong>s<br />

transfronteiras nos títulos <strong>de</strong> participação no capital, quer o lado do activo quer o lado do passivo<br />

nesta categoria registaram uma estabilização generalizada após o segundo trimestre <strong>de</strong> 2003.<br />

46 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 29 Fluxos <strong>de</strong> investimento<br />

líquido directo e <strong>de</strong> carteira<br />

(EUR mil milhões, dados acumulados <strong>de</strong> 12 meses)<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

investimento líquido directo e <strong>de</strong> carteira em conjunto<br />

investimento líquido directo<br />

investimento líquido <strong>de</strong> carteira<br />

2002 2003<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

-50<br />

-100<br />

-150<br />

Fontes: BCE.<br />

Nota: Um sinal positivo (negativo) indica uma entrada (saída) líquida<br />

para a (da) área do euro.


ARTIGOS<br />

AS ECONOMIAS DOS PAÍSES ADERENTES<br />

NO LIMIAR DA UNIÃO EUROPEIA<br />

Em 1 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, <strong>de</strong>z países da Europa Central e <strong>de</strong> Leste e do Mediterrâneo vão a<strong>de</strong>rir à<br />

União Europeia (UE). Em termos do número <strong>de</strong> países a a<strong>de</strong>rir, este alargamento é o maior na<br />

história da UE. É ainda assinalável pelo facto <strong>de</strong> a maioria dos prospectivos novos Estados-<br />

Membros terem estado envolvidos num processo <strong>de</strong> transição, concretizando a mudança <strong>de</strong> uma<br />

economia <strong>de</strong> planeamento para uma economia <strong>de</strong> mercado, que implicou alterações institucionais<br />

e estruturais fundamentais nas respectivas economias. Os novos Estados-Membros participarão na<br />

União Económica e Monetária (UEM), beneficiando <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>rrogação. Tal significa que, embora<br />

não adoptem o euro <strong>de</strong> imediato, se comprometem a a<strong>de</strong>rir à moeda única numa fase mais avançada,<br />

quando cumprirem os critérios <strong>de</strong> convergência <strong>de</strong>finidos no Tratado.<br />

O presente artigo analisa algumas das características macroeconómicas e estruturais principais<br />

<strong>de</strong>stas economias, dado que os países a<strong>de</strong>rentes se situam no limiar da a<strong>de</strong>são à UE. Apresenta<br />

alguns indicadores económicos básicos, analisa a evolução económica recente nos países a<strong>de</strong>rentes,<br />

incidindo <strong>de</strong> seguida um pouco mais pormenorizadamente sobre alguns indicadores que ilustram<br />

as respectivas inter-relações económicas com os actuais 15 membros da União Europeia.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A União Europeia está prestes a empreen<strong>de</strong>r o<br />

seu maior alargamento <strong>de</strong> sempre, quer em<br />

termos do número <strong>de</strong> novos países quer na sua<br />

diversida<strong>de</strong>. Dez países da Europa Central e <strong>de</strong><br />

Leste e do Mediterrâneo – Chipre, República<br />

Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta,<br />

Polónia, Eslováquia e Eslovénia – estão<br />

preparados para a<strong>de</strong>rir à UE em 1 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong><br />

<strong>2004</strong>. O âmbito do alargamento é <strong>de</strong>finido<br />

sobretudo em termos do elevado número <strong>de</strong> países<br />

que vão a<strong>de</strong>rir. O aumento da diversida<strong>de</strong> em<br />

termos económicos, por sua vez, resulta sobretudo<br />

do facto <strong>de</strong> todos os prospectivos novos Estados-<br />

Membros, com a excepção <strong>de</strong> dois países<br />

Mediterrânicos, terem sido envolvidos num<br />

processo <strong>de</strong> transição <strong>de</strong> economias <strong>de</strong><br />

planeamento para economias <strong>de</strong> mercado ao<br />

longo dos últimos 15 anos. Durante este processo,<br />

os países a<strong>de</strong>rentes estabeleceram novos quadros<br />

institucionais e jurídicos, abriram as respectivas<br />

economias ao comércio internacional e aos fluxos<br />

<strong>de</strong> capital e reorganizaram as respectivas<br />

estruturas <strong>de</strong> produção. Como parte integrante<br />

<strong>de</strong>sse processo, proce<strong>de</strong>u-se à consolidação dos<br />

sectores bancários e ao estabelecimento dos<br />

mercados financeiros. Consequentemente, os<br />

países a<strong>de</strong>rentes reorientaram o respectivo<br />

comércio externo mais para os países da UE,<br />

começando a atrair gran<strong>de</strong>s entradas <strong>de</strong><br />

investimento directo estrangeiro (IDE). Nas<br />

vésperas da sua a<strong>de</strong>são à UE, estes países<br />

atingiram uma fase avançada neste processo <strong>de</strong><br />

transição. A perspectiva <strong>de</strong> alargamento da UE<br />

proporciona uma oportunida<strong>de</strong> atempada <strong>de</strong><br />

analisar a evolução recente, bem como as<br />

principais características estruturais das<br />

respectivas economias.<br />

1 FACTOS E VALORES BÁSICOS<br />

Os <strong>de</strong>z países a<strong>de</strong>rentes têm uma população<br />

conjunta <strong>de</strong> 75 milhões, cerca <strong>de</strong> um quinto da<br />

actual população da UE. Existe uma gran<strong>de</strong><br />

dispersão em termos <strong>de</strong> dimensão da população<br />

entre os países: a Polónia representa cerca <strong>de</strong> um<br />

quarto da população total dos países a<strong>de</strong>rentes,<br />

seguida da Hungria e da República Checa, com<br />

cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z milhões <strong>de</strong> cidadãos cada. Os<br />

restantes países têm populações <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> cinco<br />

milhões ou menos, enquanto as populações dos<br />

dois países Mediterrânicos são inferiores a um<br />

milhão. Assim, a maioria dos novos Estados-<br />

-Membros é relativamente pequena em<br />

comparação com os países que compõem<br />

actualmente a UE.<br />

O peso económico dos prospectivos novos países<br />

em termos <strong>de</strong> PIB na União alargada <strong>de</strong> 25 Estados-<br />

-Membros (UE-25), <strong>de</strong> 5%, será muito menor do<br />

que a sua percentagem na população. O PIB total<br />

a preços <strong>de</strong> mercado actuais <strong>de</strong>sses países totaliza<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

47


cerca <strong>de</strong> €440 mil milhões, o que compara<br />

com €9 200 mil milhões na actual União <strong>de</strong> 15<br />

(UE-15). Esta assimetria resulta <strong>de</strong> um <strong>de</strong>svio<br />

ainda relativamente gran<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> níveis<br />

<strong>de</strong> rendimento per capita entre os actuais e os<br />

novos Estados-Membros da UE (os diferenciais<br />

dos rendimentos per capita e as implicações para<br />

a dinâmica do crescimento são analisados mais<br />

pormenorizadamente na Secção III).<br />

2 EVOLUÇÃO MACROECONÓMICA RECENTE<br />

A evolução macroeconómica nos países a<strong>de</strong>rentes<br />

tem sido globalmente favorável nos últimos anos,<br />

e 2003 não foi excepção. Os países no seu conjunto<br />

atingiram uma taxa <strong>de</strong> crescimento económico<br />

sólida, não obstante um enquadramento mundial<br />

difícil, tendo ainda conseguido manter a inflação<br />

controlada. Deste modo, realizaram progressos no<br />

processo quer <strong>de</strong> aproximação quer <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinflação,<br />

ou seja, na convergência real e nominal. Os dois<br />

principais pontos fracos na conjuntura actual estão<br />

relacionados com os défices orçamentais e da<br />

balança corrente, que se mantiveram elevados ou<br />

aumentaram em vários países.<br />

Relativamente à evolução mais pormenorizada,<br />

nos últimos anos assistiu-se a um significativo<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinflação na maioria dos países<br />

a<strong>de</strong>rentes. Em 2003, a média pon<strong>de</strong>rada das taxas<br />

<strong>de</strong> inflação medida pelo IHPC no conjunto dos<br />

países situou-se em 2.0%, face a 2.7% em 2002<br />

48 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Quadro I População e PIB nominal dos países a<strong>de</strong>rentes (2002)<br />

População (milhões) PIB nominal (EUR mil milhões)<br />

1. Polónia 38.6 1. Polónia 200<br />

2. República Checa 10,2 2. República Checa 78<br />

3. Hungria 10.2 3. Hungria 69<br />

4. Eslováquia 5.4 4. Eslováquia 25<br />

5. Lituânia 3.5 5. Eslovénia 23<br />

6. Letónia 2.3 6. Lituânia 15<br />

7. Eslovénia 2.0 7. Chipre 11<br />

8. Estónia 1.4 8. Letónia 9<br />

9. Chipre 0.7 9. Estónia 7<br />

10. Malta 0.4 10. Malta 4<br />

PA-10 74.7 PA-10 441<br />

UE-15 381.7 UE-15 9 170<br />

PA-10/UE-15 (%) 20% PA-10/UE-15 (%) 5%<br />

Fontes: Comissão Europeia e Eurostat.<br />

e 5.7% em 2001 (ver Quadro 2). Não obstante,<br />

este processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinflação tem sido heterogéneo<br />

ao longo do tempo e entre os países.<br />

Adicionalmente, enquanto as taxas <strong>de</strong> inflação<br />

actualmente baixas no conjunto da região<br />

beneficiaram claramente <strong>de</strong> enquadramentos <strong>de</strong><br />

política com forte incidência no combate à<br />

inflação, outros factores, que po<strong>de</strong>rão revelar-se<br />

apenas temporários, como a evolução dos preços<br />

dos produtos alimentares, as taxas <strong>de</strong> câmbio e<br />

a activida<strong>de</strong> económica, também <strong>de</strong>sempenharam<br />

papéis importantes.<br />

Em 2003, cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dos países a<strong>de</strong>rentes<br />

registaram taxas <strong>de</strong> inflação inferiores à média<br />

da UE, tendo alguns <strong>de</strong>les chegado a registar<br />

recentemente taxas <strong>de</strong> inflação próximas <strong>de</strong> zero<br />

ou negativas (nomeadamente República Checa,<br />

Lituânia e Polónia). Por outro lado, em vários<br />

países a inflação ainda é elevada. Na Hungria,<br />

Eslováquia e Eslovénia, a inflacção situou-se no<br />

intervalo entre 4.7% e 8.8%, em 2003. Na<br />

Eslováquia, por exemplo, os ajustamentos <strong>de</strong><br />

alguns preços administrados conduziram a uma<br />

subida da inflação global <strong>de</strong> 5 pontos percentuais<br />

em 2003. Em geral, a liberalização dos preços<br />

para níveis compatíveis com uma economia <strong>de</strong><br />

mercado po<strong>de</strong>rá continuar a gerar pressões<br />

ascen<strong>de</strong>ntes sobre os níveis dos preços em alguns<br />

países. Além disso, a subjacente convergência<br />

estrutural dos preços, resultante da aproximação<br />

dos níveis <strong>de</strong> rendimento (o chamado efeito<br />

Balassa-Samuelson) também continuará a


Quadro 2 Indicadores macroeconómicos seleccionados nos países a<strong>de</strong>rentes<br />

Chipre<br />

República Checa<br />

Estónia<br />

Hungria<br />

Letónia<br />

Lituânia<br />

Malta 2)<br />

Polónia<br />

Eslováquia<br />

Eslovénia<br />

PA-10<br />

UE-15<br />

Inflação medida pelo IHPC<br />

(variação anual em<br />

percentagem)<br />

PIB real<br />

(variação anual em<br />

percentagem)<br />

2001 2002 2003 2001 2002 2003 1) 2001 2002 2003 1) 2001 2002 2003 1)<br />

2.0 2.8 4.0 4.0 2.0 2.0 -3.0 -3.5 -5.4 -4.3 -5.3 -4.4<br />

4.5 1.4 -0.1 3.1 2.0 2.2 -5.0 -6.7 -7.6 -5.4 -6.0 -6.6<br />

5.6 3.6 1.4 6.5 6.0 4.4 0.2 1.3 0.4 -6.0 -12.2 -15.2<br />

9.1 5.2 4.7 3.8 3.5 2.9 -4.1 -9.2 -4.8 -3.4 -4.0 -6.2<br />

2.5 2.0 2.9 7.9 6.1 6.0 -1.6 -3.0 -2.9 -9.6 -7.6 -8.6<br />

1.3 0.4 -1.0 6.5 6.8 6.6 -1.9 -1.7 -2.4 -4.8 -5.3 -5.7<br />

2.9 2.2 1.6 -1.2 1.7 0.8 -7.0 -6.2 -7.4 -4.4 -1.3 -6.6<br />

5.3 1.9 0.7 1.0 1.3 3.3 -3.5 -3.8 -4.1 -2.9 -2.6 -2.9<br />

7.0 3.3 8.8 3.8 4.4 3.8 -5.4 -7.2 -5.0 -8.4 -8.0 -3.8<br />

8.6 7.5 5.7 2.9 2.9 2.1 -2.5 -2.4 -2.0 0.2 1.4 0.5<br />

5.7 2.7 2.0 2.5 2.4 3.1 -3.8 -5.1 -4.7 -3.9 -3.9 -4.4<br />

2.2 2.1 2.0 1.7 1.1 0.8 -0.9 -1.9 -2.7 0.3 1.0 0.5<br />

Fontes: Eurostat, Comissão Europeia, Programas Económicos <strong>de</strong> Pré-A<strong>de</strong>são (PEP).<br />

Nota: Os agregados são pon<strong>de</strong>rados pelo PIB nominal em 2002.<br />

1) Estimativas.<br />

2) Para Malta, os dados da inflação referem-se ao IPC. O valor para 2003 é a estimativa do PEP <strong>de</strong> 2003 para Malta.<br />

<strong>de</strong>sempenhar o seu papel. Consequentemente,<br />

uma subida das taxas <strong>de</strong> inflação no médio prazo<br />

permanece como uma possibilida<strong>de</strong> a ter em<br />

conta, subsistindo o <strong>de</strong>safio da <strong>de</strong>sinflação e da<br />

consolidação <strong>de</strong> um enquadramento <strong>de</strong> inflação<br />

baixa nos países a<strong>de</strong>rentes.<br />

As taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> política caíram em linha com<br />

os progressos realizados em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinflação<br />

e a melhoria das perspectivas para a inflação nos<br />

últimos anos. Este processo conduziu à <strong>de</strong>scida<br />

das taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> longo prazo no conjunto da<br />

região. Não obstante, as taxas <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> política<br />

são ainda mais elevadas do que as da área do<br />

euro em quase todos os países a<strong>de</strong>rentes.<br />

Adicionalmente, a tendência <strong>de</strong>crescente das taxas<br />

<strong>de</strong> juro <strong>de</strong> política <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> se verificar <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

meados <strong>de</strong> 2003. Na Hungria, assistiu-se a uma<br />

inversão significativa, uma vez que as taxas <strong>de</strong><br />

política foram substancialmente aumentadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Junho <strong>de</strong> 2003. Enquanto as taxas <strong>de</strong> juro na<br />

República Checa estão próximo das da área do<br />

euro ao longo <strong>de</strong> toda a curva <strong>de</strong> rendimentos, o<br />

mesmo não se verifica para os outros países<br />

a<strong>de</strong>rentes (ver Gráfico 1). Na Hungria, e em<br />

menor grau na Eslováquia, a curva <strong>de</strong> rendimentos<br />

está actualmente invertida, reflectindo uma<br />

orientação da política monetária mais restritiva<br />

nos prazos mais curtos da curva e expectativas<br />

<strong>de</strong> inflação mais baixa nos prazos mais longos.<br />

Saldo das administrações<br />

públicas<br />

(em percentagem do PIB)<br />

Saldo da<br />

balança corrente<br />

(em percentagem do PIB)<br />

As taxas <strong>de</strong> câmbio evoluíram <strong>de</strong> diferentes formas<br />

nos vários países da região. Nos países com<br />

ligações cambiais ou regimes cambiais geridos<br />

com rigi<strong>de</strong>z, as taxas <strong>de</strong> câmbio nominais face<br />

ao euro permaneceram estáveis. Pelo contrário,<br />

nos países com regimes mais flexíveis verificou-<br />

-se uma significativa variação da taxa <strong>de</strong> câmbio.<br />

Na Polónia, o zloti evi<strong>de</strong>nciou uma volatilida<strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>rável, tendo-se <strong>de</strong>preciado 14.5% face ao<br />

euro em 2003. A volatilida<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> câmbio<br />

também aumentou na Hungria, on<strong>de</strong> o forint ficou<br />

Gráfico 1 Curvas <strong>de</strong> rendimentos em países<br />

a<strong>de</strong>rentes seleccionados em Janeiro <strong>de</strong> <strong>2004</strong><br />

(em percentagem do PIB)<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

3<br />

meses<br />

área do euro<br />

República Checa<br />

Hungria<br />

Polónia<br />

Eslováquia<br />

6<br />

meses<br />

1<br />

ano<br />

2<br />

anos<br />

3<br />

anos<br />

4<br />

anos<br />

5<br />

anos<br />

Fontes: Bloomberg e cálculos do BCE.<br />

6<br />

anos<br />

7<br />

anos<br />

8<br />

anos<br />

9<br />

anos<br />

10<br />

anos<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

49<br />

ARTIGOS<br />

As economias dos<br />

países a<strong>de</strong>rentes<br />

no limiar da<br />

União Europeia


110<br />

100<br />

90<br />

80<br />

sob pressão em 2003, <strong>de</strong>preciando-se 10% face<br />

ao euro, <strong>de</strong>vendo a recente <strong>de</strong>preciação estar em<br />

gran<strong>de</strong> parte relacionada com as preocupações<br />

acerca das perspectivas para a consolidação<br />

orçamental e para a inflação.<br />

Em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho do produto, o<br />

crescimento real do PIB permaneceu resistente<br />

no ano passado, situando-se numa taxa estimada<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3.1% para o conjunto dos países<br />

a<strong>de</strong>rentes. Esta taxa <strong>de</strong> expansão é relativamente<br />

rápida, em especial dado o difícil enquadramento<br />

mundial e o baixo crescimento na UE. É <strong>de</strong> notar<br />

que em muitos dos países a<strong>de</strong>rentes a composição<br />

do crescimento se alterou no ano passado, com<br />

maiores contributos do consumo privado e da<br />

<strong>de</strong>spesa pública, enquanto a formação bruta <strong>de</strong><br />

capital fixo e, acima <strong>de</strong> tudo, as exportações<br />

líquidas não <strong>de</strong>sempenharam um papel tão<br />

importante na expansão económica.<br />

Relativamente à política orçamental, o<br />

<strong>de</strong>sempenho tem sido fraco em vários países<br />

a<strong>de</strong>rentes nos últimos anos e o défice orçamental<br />

global em todos os países <strong>de</strong>verá ter-se mantido<br />

praticamente inalterado, em cerca <strong>de</strong> 5% do PIB,<br />

em 2003. Deste modo, o aumento dos défices <strong>de</strong><br />

50 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 2 Taxas <strong>de</strong> câmbio nominais<br />

face ao euro<br />

(movimento ascen<strong>de</strong>nte = apreciação da moeda nacional; índice<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2002 = 100 )<br />

70<br />

Jan. Abr. Jul.<br />

2002<br />

Fonte: BCE.<br />

Coroa da Eslováquia<br />

Coroa Checa<br />

Forint da Hungria<br />

Tolar da Eslovénia<br />

Zloti da Polónia<br />

Out. Jan. Abr. Jul.<br />

2003<br />

110<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

Out. Jan.<br />

<strong>2004</strong><br />

Gráfico 3 Saldos orçamentais das<br />

administrações públicas<br />

(em percentagem do PIB)<br />

2<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

-10<br />

<strong>2004</strong><br />

2003<br />

2002<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

1 Hungria<br />

2 Eslováquia<br />

3 República Checa<br />

4 Malta<br />

5 Polónia<br />

6 Chipre<br />

7 Letónia<br />

8 Eslovénia<br />

9 Lituânia<br />

10 Estónia<br />

Fonte: Programas Económicos <strong>de</strong> Pré-A<strong>de</strong>são <strong>de</strong> 2003.<br />

Nota: Os valores <strong>de</strong> 2002 <strong>de</strong>notam resultados, os valores para 2003<br />

e <strong>2004</strong> são objectivos. Or<strong>de</strong>nados por valores <strong>de</strong> 2002. Para <strong>2004</strong>,<br />

as autorida<strong>de</strong>s da Estónia prevêem um orçamento equilibrado.<br />

A linha horizontal indica o nível do défice <strong>de</strong> 3% do PIB.<br />

3.8% do PIB, em 2001, para 5.1% do PIB, em<br />

2002, não se inverteu, não obstante a aceleração<br />

das taxas <strong>de</strong> crescimento. Além disso, na maioria<br />

dos países a<strong>de</strong>rentes, os actuais défices<br />

orçamentais parecem ser essencialmente <strong>de</strong><br />

natureza estrutural, enquanto a dimensão dos<br />

estabilizadores automáticos parece limitada.<br />

Assim, para estabilizar a situação orçamental, os<br />

países a<strong>de</strong>rentes terão <strong>de</strong> introduzir novas reformas<br />

nas estruturas da <strong>de</strong>spesa pública e da receita<br />

pública <strong>de</strong> forma sustentada e prospectiva. A<br />

nível <strong>de</strong> cada país, os <strong>de</strong>sequilíbrios orçamentais<br />

em 2003 foram mais assinaláveis no Chipre,<br />

República Checa, Hungria, Malta e Eslováquia.<br />

Para este grupo <strong>de</strong> países, o défice público <strong>de</strong>verá<br />

situar-se em 6.1% do PIB. De acordo com os<br />

Programas Económicos <strong>de</strong> Pré-A<strong>de</strong>são <strong>de</strong> 2003<br />

(PEP), a maioria dos países a<strong>de</strong>rentes também<br />

relaxou as respectivas estratégias orçamentais <strong>de</strong><br />

médio prazo, em comparação com os respectivos<br />

planos para o ano anterior, adiando <strong>de</strong> novo a<br />

necessária consolidação orçamental. Consequentemente,<br />

o nível <strong>de</strong> dívida pública está a crescer<br />

em vários países, apesar <strong>de</strong> a média do grupo ser<br />

muito mais baixa do que a actual média da UE.<br />

O nível da dívida em relação ao PIB varia <strong>de</strong> 5.4%<br />

na Estónia para 66.4% em Malta (ver Quadro 3).<br />

2<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

-10


Quadro 3 Dívidas das administrações<br />

públicas em 2003<br />

(em percentagem do PIB)<br />

Chipre 60.3<br />

República Checa 30.7<br />

Estónia 5.4<br />

Hungria 57.9<br />

Letónia 16.7<br />

Lituânia 23.3<br />

Malta 66.4<br />

Polónia 45.1<br />

Eslováquia 45.1<br />

Eslovénia 27.4<br />

PA-10 42.4<br />

UE-15 64.1<br />

Fonte: Comissão Europeia, previsões do Outono <strong>de</strong> 2003.<br />

Os défices da balança corrente aumentaram <strong>de</strong><br />

novo em 2003, para 4.4% do PIB, no conjunto<br />

dos <strong>de</strong>z países. Estes défices foram<br />

particularmente elevados nos Estados Bálticos,<br />

on<strong>de</strong> aumentaram para perto <strong>de</strong> 9% do PIB. Numa<br />

análise prospectiva, po<strong>de</strong> ser expectável que os<br />

países a<strong>de</strong>rentes tenham défices da balança<br />

corrente, dados os lucros do investimento mais<br />

elevados. No entanto, se os défices da balança<br />

corrente forem tão elevados que criem uma<br />

dinâmica <strong>de</strong>sfavorável <strong>de</strong> dívida externa, então<br />

a sustentabilida<strong>de</strong> a médio e longo prazo po<strong>de</strong>rá<br />

ser posta em causa. Dadas as respectivas<br />

perspectivas <strong>de</strong> crescimento elevadas, os países<br />

a<strong>de</strong>rentes atraem entradas <strong>de</strong> capital significativas.<br />

Neste contexto, é importante notar que a maior<br />

parte dos fluxos <strong>de</strong> entrada parece estar ainda<br />

relacionada com investimento fomentador da<br />

produtivida<strong>de</strong>. Contudo, a composição das<br />

entradas <strong>de</strong> capitais mudou recentemente <strong>de</strong> IDE<br />

para uma maior percentagem <strong>de</strong> entradas geradoras<br />

<strong>de</strong> dívida, incluindo a dívida pública. Enquanto<br />

em anos anteriores quase todo o défice da balança<br />

corrente era coberto por entradas <strong>de</strong> IDE, estas<br />

caíram em 2003, surgindo um <strong>de</strong>svio significativo<br />

entre os montantes <strong>de</strong> IDE e os défices globais<br />

(ver Gráfico 4). Tal <strong>de</strong>ve-se em parte à conclusão<br />

do processo <strong>de</strong> privatizações e ao facto <strong>de</strong> os<br />

défices orçamentais crescentes terem conduzido<br />

à emissão <strong>de</strong> mais obrigações, as quais, por sua<br />

vez, foram em larga medida adquiridas por<br />

investidores estrangeiros.<br />

Gráfico 4 Défices da balança corrente e<br />

entradas <strong>de</strong> IDE<br />

(em percentagem do PIB)<br />

ECL-5<br />

10.0<br />

9.0<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

1.0<br />

0.0<br />

PA-10<br />

10.0<br />

défice da balança corrente<br />

entradas líquidas <strong>de</strong> IDE<br />

2001 2002 2003 1)<br />

Estados Bálticos<br />

10.0<br />

9.0<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

1.0<br />

0.0<br />

2001 2002 20031) 9.0<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

1.0<br />

0.0<br />

2001 2002 2003 1)<br />

10.0<br />

9.0<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

1.0<br />

0.0<br />

10.0<br />

9.0<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

1.0<br />

0.0<br />

10.0<br />

Fontes: Comissão Europeia, Programas Económicos <strong>de</strong> Pré-A<strong>de</strong>são<br />

e FMI.<br />

Nota: Os cinco países da Europa Central e <strong>de</strong> Leste (ECL-5):<br />

República Checa, Hungria, Polónia, Eslováquia e Eslovénia; os<br />

Estados Bálticos: Estónia, Letónia e Lituânia. Os valores são<br />

pon<strong>de</strong>rados pelo PIB nominal em 2002.<br />

1) Projecções.<br />

9.0<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

1.0<br />

0.0<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

51<br />

ARTIGOS<br />

As economias dos<br />

países a<strong>de</strong>rentes<br />

no limiar da<br />

União Europeia


52 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Quadro 4 Dimensão económica e distribuição do emprego por sectores (2002)<br />

Chipre<br />

República Checa<br />

Estónia<br />

Hungria<br />

Letónia<br />

Lituânia<br />

Malta<br />

Polónia<br />

Eslováquia<br />

Eslovénia<br />

PA-10<br />

Grécia<br />

Portugal<br />

Espanha<br />

UE-15<br />

Fontes: Comissão Europeia e Eurostat.<br />

Dimensão económica<br />

(em percentagem do PIB)<br />

Agricultura Indústria e<br />

construção<br />

4.1 20.3 75.6 5.1 23.4 71.4<br />

3.2 37.3 59.5 4.8 40.0 55.3<br />

5.4 29.3 65.3 6.9 31.2 62.0<br />

3.7 30.7 65.6 6.2 34.1 59.7<br />

4.7 24.7 70.6 15.1 24.4 60.5<br />

7.1 30.5 62.4 17.4 27.4 55.2<br />

2.8 28.1 69.1 2.0 31.7 66.3<br />

3.1 30.3 66.5 26.3 26.2 47.5<br />

4.4 31.1 64.5 6.2 38.5 55.3<br />

3.3 36.0 60.7 11.0 37.0 52.0<br />

3.5 31.6 64.9 15.8 31.2 53.0<br />

7.0 22.3 70.8 15.3 24.2 60.4<br />

3.5 28.0 68.5 12.0 34.0 54.0<br />

3.2 28.5 68.2 5.9 29.4 64.7<br />

2.0 27.0 71.0 3.9 28.2 67.8<br />

3 CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DAS<br />

ECONOMIAS DOS PAÍSES ADERENTES<br />

Esta secção explora algumas das principais<br />

características estruturais dos países a<strong>de</strong>rentes,<br />

no sentido <strong>de</strong> melhor clarificar o conhecimento<br />

das respectivas economias nas vésperas da<br />

a<strong>de</strong>são à UE, com incidência sobre as estruturas<br />

sectoriais, as características principais da<br />

dinâmica económica, os mercados do produto<br />

e <strong>de</strong> trabalho, os padrões <strong>de</strong> comércio, a<br />

concorrência externa e a evolução do sector<br />

financeiro.<br />

ESTRUTURAS SECTORIAIS GERAIS<br />

A transformação económica implicou alterações<br />

substanciais das estruturas dos países a<strong>de</strong>rentes<br />

da Europa Central e <strong>de</strong> Leste, aproximando as<br />

respectivas estruturas sectoriais das da UE.<br />

A alteração estrutural tem sido menos<br />

pronunciada em Chipre e Malta, uma vez que as<br />

duas economias a<strong>de</strong>rentes não foram sujeitas a<br />

uma transição. Em geral, a dimensão económica<br />

dos três sectores principais – agricultura, indústria<br />

e serviços – e a distribuição do emprego entre<br />

estes sectores moveu-se gradualmente no sentido<br />

das médias da UE. No entanto, em 2002, as<br />

Distribuição do emprego<br />

(em percentagem total)<br />

Serviços Agricultura Indústria e<br />

construção<br />

Serviços<br />

percentagens dos sectores da agricultura e da<br />

indústria no PIB continuavam mais elevadas nos<br />

países a<strong>de</strong>rentes do que na UE, enquanto o sector<br />

dos serviços é um pouco menor (ver Quadro 4).<br />

As diferenças sectoriais face à UE ten<strong>de</strong>m a ser<br />

mais pronunciadas em termos da distribuição do<br />

emprego entre os três sectores principais.<br />

Adicionalmente, os países individuais apresentam<br />

diferenças assinaláveis com respeito às<br />

percentagens dos sectores e à distribuição do<br />

emprego. Em particular, a Letónia e a Lituânia<br />

têm um sector agrícola consi<strong>de</strong>ravelmente maior<br />

do que a média da UE, em termos quer do PIB<br />

quer da percentagem do emprego total. Na<br />

Polónia, a percentagem <strong>de</strong> emprego no sector<br />

agrícola é mais <strong>de</strong> seis vezes superior à média<br />

da UE, enquanto a dimensão económica do sector<br />

agrícola é bastante semelhante à da UE, apontando<br />

para um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>. Dada<br />

a estrutura etária da comunida<strong>de</strong> agrícola dos<br />

países a<strong>de</strong>rentes, com muitos agricultores próximo<br />

da reforma, será provável uma redução rápida<br />

do emprego nos sectores agrícolas dos países<br />

a<strong>de</strong>rentes nos anos vindouros. Na República<br />

Checa e na Eslovénia, a dimensão económica dos<br />

sectores industriais é consi<strong>de</strong>ravelmente superior<br />

à média da UE, enquanto os sectores dos serviços<br />

ainda são significativamente menores.


Gráfico 5 PIB per capita em termos <strong>de</strong><br />

PPC<br />

(em percentagem da média da UE)<br />

1 Portugal<br />

2 Grécia<br />

3 Eslovénia<br />

2002<br />

1993<br />

PA-10 média pon<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> 2002 1)<br />

PA-10 média pon<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> 1993 1)<br />

90<br />

90<br />

80<br />

80<br />

70<br />

70<br />

60<br />

60<br />

50<br />

50<br />

40<br />

40<br />

30<br />

30<br />

20<br />

20<br />

10<br />

10<br />

0<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />

0<br />

4 Chipre<br />

5 República Checa<br />

6 Hungria<br />

Fonte: Comissão Europeia.<br />

1) Pon<strong>de</strong>rada pelo PIB nominal em 2002.<br />

7 Malta<br />

8 Eslováquia<br />

9 Estónia<br />

10 Lituânia<br />

11 Polónia<br />

12 Letónia<br />

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS<br />

DA DINÂMICA ECONÓMICA<br />

O crescimento económico na maioria dos países<br />

a<strong>de</strong>rentes evoluiu <strong>de</strong> maneira bastante diferente<br />

do da UE ao longo do processo <strong>de</strong> transição da<br />

última década e meia. Na sequência das recessões<br />

verificadas na fase inicial <strong>de</strong> transformação no<br />

início da década <strong>de</strong> 90, as economias da maioria<br />

dos países a<strong>de</strong>rentes expandiram-se mais<br />

rapidamente do que as economias da UE. Além<br />

disso, muitos países a<strong>de</strong>rentes registaram<br />

flutuações cíclicas mais acentuadas do que os<br />

Estados-Membros da UE e estiveram sujeitos a<br />

vários choques idiossincráticos, incluindo<br />

episódios <strong>de</strong> estabilização associados a períodos<br />

<strong>de</strong> crescimento do PIB mais lento ou negativo<br />

(ver Caixa 1).<br />

Os países a<strong>de</strong>rentes registaram uma taxa <strong>de</strong><br />

crescimento média do PIB <strong>de</strong> 3.6% durante 1996-<br />

2002, em comparação com 2.3% na UE. No grupo<br />

dos países a<strong>de</strong>rentes, a República Checa constitui<br />

uma excepção, tendo o PIB real registado uma<br />

expansão <strong>de</strong> apenas 1.6%, em resultado da crise<br />

<strong>de</strong> estabilização em 1997-99. As taxas <strong>de</strong><br />

crescimento mais elevadas nos países a<strong>de</strong>rentes<br />

po<strong>de</strong>m ser essencialmente explicadas pela<br />

melhoria da estabilida<strong>de</strong> macroeconómica e, em<br />

meados e finais da década <strong>de</strong> 90, também pela<br />

correcção dos níveis <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> muito baixos<br />

após a recessão na fase inicial <strong>de</strong> transição. Como<br />

ilustrado no Gráfico 5, os níveis do PIB per capita<br />

do conjunto dos países a<strong>de</strong>rentes aumentaram <strong>de</strong><br />

42% da média da UE em termos <strong>de</strong> parida<strong>de</strong> do<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra (PPC), em 1993, para 49%, em<br />

2002. As diferenças nos níveis entre os diferentes<br />

países são consi<strong>de</strong>ráveis, oscilando entre 35%<br />

na Letónia e 74% na Eslovénia e em Chipre, em<br />

2002. Enquanto alguns países não atingiram as<br />

médias da UE, ou só o fizeram marginalmente,<br />

outros – em particular a Polónia, Lituânia, Estónia,<br />

Hungria e Eslovénia – fizeram progressos<br />

consi<strong>de</strong>ráveis. Dadas as diferenças nos níveis <strong>de</strong><br />

rendimento, diminuir o <strong>de</strong>svio face à UE em<br />

termos <strong>de</strong> PIB per capita real po<strong>de</strong> implicar<br />

períodos <strong>de</strong> tempo significativamente diferentes<br />

<strong>de</strong> país para país. Além disso, <strong>de</strong> acordo com a<br />

evidência histórica <strong>de</strong>ntro e fora da UE, o sucesso<br />

da convergência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas económicas<br />

sólidas e <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> outros factores que<br />

<strong>de</strong>terminam o crescimento económico. Partindo<br />

do princípio que o crescimento real do PIB<br />

permanece próximo do potencial na UE e que os<br />

países a<strong>de</strong>rentes registarão diferenciais <strong>de</strong><br />

crescimento positivos com a UE <strong>de</strong> 2 pontos<br />

percentuais, os países a<strong>de</strong>rentes mais avançados<br />

(o Chipre e a Eslovénia) po<strong>de</strong>rão atingir a média<br />

da UE cerca <strong>de</strong> meados da próxima década. No<br />

caso da República Checa, a convergência do<br />

rendimento real verificar-se-ia na década <strong>de</strong> 2020;<br />

e para a Hungria, Malta e a Eslováquia, três<br />

décadas a partir <strong>de</strong> agora. Finalmente, os países<br />

<strong>de</strong> menores rendimentos atingiriam a convergência<br />

do rendimento por volta <strong>de</strong> meados do século. A<br />

convergência para a posição relativa <strong>de</strong> Portugal<br />

e da Grécia, que são actualmente os dois países<br />

da UE com níveis <strong>de</strong> PIB per capita próximos<br />

<strong>de</strong> 70% da média da UE, já foi atingida pelo<br />

Chipre e pela Eslovénia, embora tal requisesse<br />

– com base nos pressupostos – entre seis e 35<br />

anos para os outros países.<br />

O <strong>de</strong>svio padrão médio do crescimento real do<br />

PIB situou-se em 2.4 pontos percentuais nos<br />

países da Europa Central e <strong>de</strong> Leste entre 1996<br />

e meados <strong>de</strong> 2003, sendo portanto muito mais<br />

elevado do que nas cinco maiores economias da<br />

área do euro, on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>svio se situou no intervalo<br />

entre 1.1 e 1.8 pontos percentuais. Os <strong>de</strong>svios<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

53<br />

ARTIGOS<br />

As economias dos<br />

países a<strong>de</strong>rentes<br />

no limiar da<br />

União Europeia


Caixa<br />

54 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

COEFICIENTE DE DESIGUALDADE DE THEIL PARA A MEDIÇÃO DAS DIFERENÇAS<br />

NA DINÂMICA DO CRESCIMENTO<br />

O coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> “U” <strong>de</strong> Theil, introduzido por Henri Theil em 1967, constitui um<br />

modo conveniente <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsar as diferenças da dinâmica económica num único indicador. Tem<br />

sido amplamente usado na área da distribuição <strong>de</strong> rendimentos na economia do bem-estar social<br />

e, mais recentemente, tem sido ainda aplicado às séries temporais. Formalmente, o coeficiente<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre duas séries temporais é <strong>de</strong>finido como a respectiva raíz da média dos quadrados<br />

das diferenças normalizada 1 . Quando aplicado à dinâmica do crescimento nos países a<strong>de</strong>rentes,<br />

o índice revela que existe ainda um grau significativo <strong>de</strong> diferença entre estes países e os da UE.<br />

Tal <strong>de</strong>ve-se a diferenças nas taxas <strong>de</strong> crescimento médias, a oscilações do produto um pouco<br />

maiores e a diferenças na ocorrência <strong>de</strong> valores mínimos e máximos.<br />

O valor da estatística U situa-se entre zero e a unida<strong>de</strong>. Para duas séries que são iguais, U é zero e<br />

quanto mais elevado for U, maior é a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. O coeficiente po<strong>de</strong> ser adicionalmente <strong>de</strong>composto<br />

em três componentes, que indicam o contributo relativo <strong>de</strong> três fontes específicas para a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

total entre as duas séries. Estas incluem (i) a diferença nas médias das séries, (ii) a diferença na<br />

variação respectiva das séries e (iii) a falta <strong>de</strong> sincronia ou co-variação entre as séries. Esta <strong>de</strong>composição<br />

é particularmente interessante, na medida em que mostra como a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> nos padrões <strong>de</strong><br />

Diferenças no crescimento do PIB entre<br />

grupos seleccionados <strong>de</strong> países e as cinco<br />

maiores economias na área do euro 1)<br />

(coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Theil e componentes,<br />

1996-2003T2, com base nas taxas <strong>de</strong> crescimento homólogas)<br />

0.6<br />

0.5<br />

0.4<br />

0.3<br />

0.2<br />

0.1<br />

<strong>de</strong>vidas a diferenças <strong>de</strong> co-variância<br />

<strong>de</strong>vidas a diferenças <strong>de</strong> variância<br />

<strong>de</strong>vidas a diferenças <strong>de</strong> média<br />

0.0 0.0<br />

PA-8<br />

(Países a<strong>de</strong>rentes<br />

excluindo<br />

Chipre e Malta)<br />

Grécia<br />

e Portugal<br />

Dinamarca,<br />

Suécia<br />

e Reino Unido<br />

Fonte: Eurostat e cálculos do BCE.<br />

1) Agregado da Alemanha, França, Itália, Espanha e Países Baixos.<br />

0.6<br />

0.5<br />

0.4<br />

0.3<br />

0.2<br />

0.1<br />

crescimento está relacionada com três origens<br />

diferentes, nomeadamente médias diferentes<br />

(diferenças no nível do crescimento ten<strong>de</strong>ncial),<br />

variâncias diferentes (diferenças na volatilida<strong>de</strong><br />

do produto) e a falta <strong>de</strong> tendência da co-variância<br />

(assincronia do ciclo e diferente dinâmica da<br />

tendência do crescimento). O gráfico ilustra as<br />

diferenças na dinâmica do crescimento e as<br />

respectivas componentes entre os oito países<br />

a<strong>de</strong>rentes em “transição” (PA-8) e as cinco maiores<br />

economias na área do euro, usando dados<br />

trimestrais para o período <strong>de</strong> 1996 a meados <strong>de</strong><br />

2003 2 . O gráfico mostra que a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> foi,<br />

em média, mais elevada para os países a<strong>de</strong>rentes<br />

do que para a Grécia e Portugal, por um lado, e<br />

para a Dinamarca, Suécia e Reino Unido, por<br />

outro. É <strong>de</strong> notar que a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida à<br />

diferença <strong>de</strong> co-variância foi <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong><br />

semelhante entre estes três grupos <strong>de</strong> países,<br />

enquanto as diferenças <strong>de</strong> médias foram um pouco<br />

mais pronunciadas no caso dos países a<strong>de</strong>rentes<br />

do que na Grécia e Portugal. Também existem diferenças entre os países a<strong>de</strong>rentes e os outros dois<br />

grupos <strong>de</strong> países em termos <strong>de</strong> diferença <strong>de</strong> variância, i.e. volatilida<strong>de</strong> do produto. Além disso, convém<br />

referir a existência <strong>de</strong> uma divergência consi<strong>de</strong>rável na <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre os vários países a<strong>de</strong>rentes.<br />

1 Ver R. Pindyck e D. Rubinfeld (1997), Econometric mo<strong>de</strong>ls e econometric forecasts, 4ª Edição, pp. 210-211.<br />

2 Ver também R. Süppel (2003), “Comparing economic dynamics in the EU and CEE accession countries”, Documento <strong>de</strong> Trabalho do<br />

BCE, N.º 267.


padrão dos países a<strong>de</strong>rentes estavam distribuídos<br />

por um conjunto alargado. As cinco economias<br />

da Europa Central e <strong>de</strong> Leste registaram em média<br />

um <strong>de</strong>svio padrão muito menor do que os países<br />

Bálticos, reflectindo em parte a recessão na<br />

sequência da crise na Rússia em 1998 e a<br />

subsequente recuperação, mas que também po<strong>de</strong>m<br />

ter a ver com a pequena dimensão dos países.<br />

No geral, po<strong>de</strong> concluir-se que os padrões <strong>de</strong><br />

crescimento diferem em certa medida dos da UE,<br />

o que po<strong>de</strong> colocar <strong>de</strong>safios aos <strong>de</strong>cisores <strong>de</strong><br />

política. No entanto, a continuação da integração<br />

do comércio, a especialização intra-industrial e a<br />

estabilização macroeconómica, se convenientemente<br />

geridas, conduzirão a uma maior<br />

sincronização com a actual UE nos anos vindouros.<br />

MERCADOS DE TRABALHO E DO PRODUTO<br />

No conjunto dos países a<strong>de</strong>rentes, as taxas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>semprego são elevadas (13.6%, em média, para<br />

todos os países em 2002). Contudo, existem<br />

gran<strong>de</strong>s diferenças entre os países, com as taxas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego a oscilar entre 3.9% em Chipre e<br />

19.9% na Polónia. A percentagem do <strong>de</strong>semprego<br />

<strong>de</strong> longo prazo (superior a um ano) nos países<br />

a<strong>de</strong>rentes é substancial – em 2001 situou-se em<br />

média acima <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>sempregados<br />

– e, portanto, semelhante às percentagens<br />

observadas em muitos países da UE (média da<br />

UE em 2001: 45%). Em alguns países a<strong>de</strong>rentes,<br />

o crescimento económico não tem estado (ou<br />

esteve só muito recentemente) associado a uma<br />

diminuição do <strong>de</strong>semprego. Em conjunção com<br />

o elevado nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego <strong>de</strong> longo prazo,<br />

tal sugere que, em larga medida, o <strong>de</strong>semprego<br />

é um fenómeno mais estrutural do que cíclico.<br />

As fontes prováveis das taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego<br />

persistentemente elevadas são <strong>de</strong>sajustamentos <strong>de</strong><br />

competência e níveis baixos <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> laboral<br />

inter-regional. De facto, as regiões <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego<br />

elevado são muito mais comuns entre os países<br />

a<strong>de</strong>rentes do que no seio da UE.<br />

A mobilida<strong>de</strong> entre postos <strong>de</strong> trabalho e a criação<br />

<strong>de</strong> novos postos <strong>de</strong> trabalho, medida pela taxa <strong>de</strong><br />

rotação dos postos <strong>de</strong> trabalho, diminuiu<br />

significativamente na maioria dos países a<strong>de</strong>rentes<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da década <strong>de</strong> 90, quando as fases<br />

iniciais <strong>de</strong> transição conduziram a uma elevada<br />

taxa <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho. Nos anos<br />

mais recentes, as taxas <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong> postos <strong>de</strong><br />

trabalhos na maioria dos países a<strong>de</strong>rentes situaram-<br />

-se em níveis semelhantes aos da UE. Quando<br />

disponíveis, outros indicadores da flexibilida<strong>de</strong><br />

do mercado <strong>de</strong> trabalho, como a legislação <strong>de</strong><br />

protecção ao emprego, reflectem um factor<br />

positivo nos países a<strong>de</strong>rentes. De facto, a<br />

legislação <strong>de</strong> protecção ao emprego po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada menos restritiva do que na UE.<br />

O crescimento salarial nominal nos países<br />

a<strong>de</strong>rentes mo<strong>de</strong>rou-se bastante, em paralelo com<br />

a <strong>de</strong>sinflação, o que parece sugerir que na maioria<br />

dos países a<strong>de</strong>rentes a dinâmica salarial nominal<br />

reage a variações das taxas <strong>de</strong> inflação. Nos países<br />

a<strong>de</strong>rentes, até ao momento, quase não houve<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> no sentido<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte dos salários nominais, graças ao<br />

processo <strong>de</strong> convergência, por um lado, e até<br />

recentemente à inflação média mais elevada do<br />

que na UE, por outro. A experiência <strong>de</strong> certos<br />

sectores nos países Bálticos, atingidos <strong>de</strong> forma<br />

particularmente forte pela crise na Rússia, e on<strong>de</strong><br />

os salários nominais parecem ser flexíveis no<br />

sentido <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, constituiu uma excepção.<br />

No entanto, em parte <strong>de</strong>vido aos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>svios<br />

salariais entre o sector privado e o sector público,<br />

verificaram-se recentemente correcções salariais<br />

extraordinárias dos salários do sector público em<br />

alguns países a<strong>de</strong>rentes, um <strong>de</strong>senvolvimento que<br />

po<strong>de</strong> ter efeitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração para os salários<br />

do sector privado, aumentando as reivindicações<br />

salariais globais. Além disso, alguns dos países<br />

a<strong>de</strong>rentes po<strong>de</strong>m enfrentar pressões salariais<br />

resultantes dos regulamentos relativos a salários<br />

mínimos e correcções no sentido ascen<strong>de</strong>nte dos<br />

preços regulamentados. Aumentos substanciais<br />

dos salários mínimos, como os verificados<br />

recentemente em alguns países, po<strong>de</strong>m facilmente<br />

repercutir-se nos escalões salariais mais elevados,<br />

aumentando <strong>de</strong>ste modo o crescimento salarial<br />

global crescimento com algum <strong>de</strong>sfasamento<br />

temporal.<br />

Os contratos salariais nominais nos países<br />

a<strong>de</strong>rentes são tipicamente <strong>de</strong> uma duração<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

55<br />

ARTIGOS<br />

As economias dos<br />

países a<strong>de</strong>rentes<br />

no limiar da<br />

União Europeia


elativamente curta. Os quadros para <strong>de</strong>terminação<br />

dos salários e o papel dos sindicatos na formação<br />

salarial diferem <strong>de</strong> país para país. Quando as<br />

negociações salariais <strong>de</strong>correm nos países<br />

a<strong>de</strong>rentes, verificam-se sobretudo a nível das<br />

empresas. Com excepção da Eslováquia e <strong>de</strong><br />

Chipre, on<strong>de</strong> as negociações salariais sectoriais<br />

são dominantes, e da Eslovénia, on<strong>de</strong> a formação<br />

salarial se efectua num quadro centralizado, o<br />

processo <strong>de</strong> negociação salarial nos países<br />

a<strong>de</strong>rentes é altamente <strong>de</strong>scentralizado.<br />

A rigi<strong>de</strong>z nominal não é apenas uma questão<br />

potencial para os mercados <strong>de</strong> trabalho, mas<br />

também para os mercados do produto. A<br />

flexibilida<strong>de</strong> dos preços nominais está tipicamente<br />

estreitamente ligada ao grau <strong>de</strong> regulamentação<br />

dos mercados do produto. O países a<strong>de</strong>rentes<br />

avançaram bastante rapidamente com a<br />

<strong>de</strong>sregulamentação dos mercados do produto. A<br />

adopção do acervo do mercado único revelou-se<br />

primordial no avanço <strong>de</strong>ste processo. Apesar <strong>de</strong><br />

os países a<strong>de</strong>rentes terem em geral liberalizado<br />

os preços <strong>de</strong> todas as mercadorias há alguns anos<br />

atrás, os preços da água, energia, aquecimento<br />

e outros serviços básicos permaneceram<br />

regulamentados na maioria dos casos.<br />

Consequentemente, os preços regulamentados<br />

representam ainda uma parcela relativamente<br />

elevada no cabaz do consumidor <strong>de</strong> alguns países.<br />

De acordo com o Transition Report (Relatório<br />

<strong>de</strong> Transição) do BERD <strong>de</strong> 2003, a percentagem<br />

dos preços administrados no cabaz do consumidor<br />

dos países da Europa Central e <strong>de</strong> Leste situou-<br />

-se, em média, em torno <strong>de</strong> 16% em 2003, com<br />

variações consi<strong>de</strong>ráveis <strong>de</strong> país para país.<br />

Adicionalmente, o BERD informou que alguns<br />

países tiveram dificulda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>slocar os preços<br />

dos serviços básicos para níveis que cobrissem<br />

totalmente os custos.<br />

Na avaliação do BERD, a política <strong>de</strong> concorrência<br />

nos países a<strong>de</strong>rentes caracteriza-se por “algumas<br />

iniciativas <strong>de</strong> aplicação visando a redução do<br />

abuso do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mercado e a promoção <strong>de</strong> um<br />

contexto concorrencial, incluindo a <strong>de</strong>sagregação<br />

<strong>de</strong> conglomerados dominantes, e uma redução<br />

substancial das restrições à entrada”. De acordo<br />

com o BERD, foi removida uma parcela<br />

56 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

substancial das restrições à entrada no mercado.<br />

Além disso, o elevado grau <strong>de</strong> abertura que<br />

caracteriza a maioria dos países a<strong>de</strong>rentes indica<br />

um nível <strong>de</strong> concorrência relativamente elevado<br />

nos sectores dos transaccionáveis.<br />

ABERTURA E PADRÕES DO COMÉRCIO<br />

Os países a<strong>de</strong>rentes, com a excepção da Polónia,<br />

são economias pequenas e muito abertas, com o<br />

nível médio <strong>de</strong> abertura para o conjunto dos países<br />

a<strong>de</strong>rentes representando 99.3% do PIB, em<br />

comparação com 69%, para a média pon<strong>de</strong>rada<br />

dos países da UE se o comércio intra-UE for<br />

incluído. Os países mais abertos entre os países<br />

a<strong>de</strong>rentes são Estónia, Malta e Eslováquia.<br />

Curiosamente, os países que apresentam as quotas<br />

<strong>de</strong> comércio mais elevadas com a UE-15, como<br />

a República Checa, Hungria, Polónia e Eslovénia,<br />

não são os que têm o grau <strong>de</strong> abertura mais<br />

elevado, enquanto as economias mais abertas,<br />

como Estónia e Malta, estão ligeiramente menos<br />

integradas com a UE. Para os Estados Bálticos,<br />

o comércio com a Rússia continua a ser<br />

relativamente mais importante, enquanto Malta<br />

efectua bastantes transacções comerciais com a<br />

Ásia <strong>de</strong>vido ao investimento estrangeiro daquela<br />

região.<br />

Gráfico 6 Comércio no seio da UE<br />

alargada<br />

(comércio com a futura UE-25 em percentagem do comércio total)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

2002<br />

Média da UE-151)<br />

Média dos PA-10 1)<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415 16171819202122232425<br />

1 Luxemburgo<br />

2 Portugal<br />

3 Áustria<br />

4 Bélgica<br />

5 Dinamarca<br />

6 Espanha<br />

7 Países Baixos<br />

8 França<br />

9 Irlanda<br />

10 Suécia<br />

11 Alemanha<br />

12 Finlândia<br />

13 Itália<br />

14 Reino Unido<br />

15 Grécia<br />

16 República Checa<br />

17 Letónia<br />

18 Eslováquia<br />

19 Polónia<br />

20 Hungria<br />

21 Eslovénia<br />

22 Estónia<br />

23 Lituânia<br />

24 Malta<br />

25 Chipre<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Fontes: FMI, DOTS e Eurostat para os pesos.<br />

Nota: Dados para 1997, em vez <strong>de</strong> 1995, para a Bélgica e Luxemburgo.<br />

1) Pon<strong>de</strong>rados pelo PIB nominal em 2002.


Gráfico 7 Quota nas importações da UE<br />

(percentagem do total das importações da UE)<br />

1.4<br />

1.2<br />

1.0<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

2002<br />

1996<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

1 Chipre<br />

2 República Checa<br />

3 Estónia<br />

Fontes: FMI.<br />

4 Hungria<br />

5 Letónia<br />

6 Lituânia<br />

7 Malta<br />

8 Polónia<br />

9 Eslováquia<br />

10 Eslovénia<br />

Como ilustrado no Gráfico 6, o comércio externo<br />

dos países a<strong>de</strong>rentes com outros países da UE<br />

alargada é, em média, mais elevado do que o dos<br />

actuais Estados-Membros da UE. A este respeito,<br />

todos os países a<strong>de</strong>rentes – excepto Chipre, Lituânia<br />

e Malta – se situam acima da média da UE.<br />

Apesar <strong>de</strong> a maioria dos países a<strong>de</strong>rentes ter<br />

registado défices da balança corrente relativamente<br />

elevados no <strong>de</strong>curso do processo <strong>de</strong> transição, e<br />

até ao momento, estes têm conseguido <strong>de</strong>senvolver<br />

mercados externos, como evi<strong>de</strong>nciado pelo aumento<br />

das respectivas quotas das exportações mundiais<br />

totais <strong>de</strong> 1.6%, em 1996, para 2.4%, em 2002.<br />

A evolução das quotas <strong>de</strong> mercado dos países<br />

a<strong>de</strong>rentes nas importações da UE mostra um quadro<br />

igualmente (ou talvez ainda mais) encorajador<br />

(ver Gráfico 7). A quota total dos <strong>de</strong>z países nas<br />

importações da UE subiu <strong>de</strong> 2.8%, em 1996,<br />

para 4.4%, em 2002. Tal sugere que os países<br />

a<strong>de</strong>rentes preservaram com sucesso a respectiva<br />

competitivida<strong>de</strong> externa. Para a manutenção <strong>de</strong>sta<br />

posição, os países a<strong>de</strong>rentes <strong>de</strong>verão assegurar<br />

que os preços relativos e a evolução salarial<br />

progridam em sintonia com a redução gradual do<br />

<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> em relação à UE.<br />

EVOLUÇÃO DO SECTOR FINANCEIRO<br />

Uma característica central dos sectores financeiros<br />

dos países a<strong>de</strong>rentes consiste no domínio do<br />

1.4<br />

1.2<br />

1.0<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

Gráfico 8 Dimensão do sector bancário<br />

(2002)<br />

(activos bancários em percentagem do PIB)<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Média da UE<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

1 Lituânia<br />

2 Polónia<br />

3 Hungria<br />

4 Estónia<br />

5 Letónia<br />

6 Eslovénia<br />

Fontes: FMI e bancos centrais nacionais.<br />

7 Eslováquia<br />

8 República Checa<br />

9 Chipre<br />

10 Malta<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

sector bancário, enquanto o papel dos mercados<br />

<strong>de</strong> capitais na intermediação financeira é<br />

geralmente limitado. Os países a<strong>de</strong>rentes estão a<br />

a<strong>de</strong>rir à UE com sectores bancários que, embora<br />

pequenos, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados consolidados<br />

e sólidos. A soli<strong>de</strong>z do sector bancário melhorou<br />

substancialmente nos últimos anos, dado que a<br />

capitalização, a rendibilida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> dos<br />

activos se fortaleceram consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

A Polónia constitui uma excepção, contudo, uma<br />

vez que a rendibilida<strong>de</strong> é menor e a percentagem<br />

dos empréstimos improdutivos é maior (o que<br />

resulta, em parte, <strong>de</strong> diferenças nas regras <strong>de</strong><br />

classificação dos empréstimos). O nível <strong>de</strong><br />

intermediação financeira permanece reduzido na<br />

maioria dos países a<strong>de</strong>rentes, embora tenha<br />

começado a aumentar nos últimos anos. O Gráfico 8<br />

mostra o rácio do total dos activos dos sistemas<br />

bancários em relação ao PIB nos países a<strong>de</strong>rentes<br />

em 2002, em comparação com o nível prevalecente<br />

na UE. Apenas Chipre e Malta atingiram níveis<br />

comparáveis com a média da UE, pelo facto<br />

<strong>de</strong> as respectivas economias não terem sido<br />

sujeitas à transição e os bancos offshore terem<br />

<strong>de</strong>sempenhado um papel importante no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento dos respectivos sectores<br />

financeiros. Para os outros países a<strong>de</strong>rentes, o nível<br />

dos activos do sector bancário em relação ao PIB<br />

é consi<strong>de</strong>ravelmente mais baixo do que o dos<br />

países da UE com o grau mais baixo <strong>de</strong><br />

intermediação financeira.<br />

50<br />

0<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

57<br />

ARTIGOS<br />

As economias dos<br />

países a<strong>de</strong>rentes<br />

no limiar da<br />

União Europeia


Uma análise mais pormenorizada dos segmentos<br />

do mercado financeiro nos países a<strong>de</strong>rentes mostra<br />

que os mercados <strong>de</strong> títulos e obrigações <strong>de</strong> dívida<br />

pública são relativamente líquidos na República<br />

Checa, Hungria, Polónia e Eslováquia. Os<br />

mercados das obrigações <strong>de</strong> empresas nos países<br />

a<strong>de</strong>rentes, contudo, são pouco <strong>de</strong>senvolvidos,<br />

enquanto os mercados <strong>de</strong> acções, que atraem<br />

também investidores estrangeiros, praticamente<br />

só existem na República Checa, Hungria e Polónia.<br />

Desenvolveram-se mercados cambiais líquidos em<br />

quatro países a<strong>de</strong>rentes, nomeadamente na<br />

República Checa, Hungria e Polónia (mercados<br />

à vista e a prazo) e na Eslováquia (mercado à<br />

vista).<br />

Uma outra característica dos sistemas financeiros<br />

nos países a<strong>de</strong>rentes consiste no nível substancial<br />

<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> estrangeira, observável em<br />

todos os segmentos <strong>de</strong> mercado, mas sendo<br />

particularmente forte no sector bancário. Entida<strong>de</strong>s<br />

estrangeiras, principalmente da UE, possuem a<br />

maioria do total dos activos dos bancos comerciais<br />

dos países a<strong>de</strong>rentes, o que correspon<strong>de</strong> a uma<br />

quota significativamente mais elevada do que a<br />

da proprieda<strong>de</strong> transfronteiras na UE. A Estónia,<br />

Hungria, Letónia e Polónia têm a quota mais<br />

elevada <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> estrangeira do total dos<br />

activos, enquanto o Chipre e a Eslovénia têm as<br />

menores. A variação dos níveis <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

estrangeira entre os países a<strong>de</strong>rentes da Europa<br />

Central e <strong>de</strong> Leste po<strong>de</strong> ser explicada pelas<br />

diferenças na privatização do sector bancário e<br />

nas estratégias <strong>de</strong> reabilitação. A forte presença<br />

<strong>de</strong> bancos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> estrangeira tem sido<br />

primordial na melhoria global do <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong><br />

todos os bancos nos países a<strong>de</strong>rentes. As entida<strong>de</strong>s<br />

estrangeiras, e as entida<strong>de</strong>s da UE em particular,<br />

também <strong>de</strong>sempenham um papel significativo<br />

nos mercados bolsistas e <strong>de</strong> rendimento fixo na<br />

maioria dos países a<strong>de</strong>rentes.<br />

A evolução do sector financeiro fortaleceu a<br />

transmissão monetária através dos canais <strong>de</strong> juros<br />

e <strong>de</strong> crédito na maioria dos países a<strong>de</strong>rentes,<br />

apesar <strong>de</strong> a eficácia <strong>de</strong>sses canais, em comparação<br />

com o canal da taxa <strong>de</strong> câmbio, continuar<br />

condicionada, em consequência da mo<strong>de</strong>sta<br />

profundida<strong>de</strong> da intermediação financeira.<br />

58 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Verificou-se uma convergência significativa das<br />

taxas <strong>de</strong> juro bancárias para os níveis prevalecentes<br />

na UE, e os diferenciais entre as taxas passivas<br />

e activas <strong>de</strong>sceram nos últimos anos para próximo<br />

do intervalo observado nos países da UE, embora<br />

com diferenças significativas e bastante<br />

persistentes entre os países.<br />

Nos últimos tempos, foi observada em muitos<br />

países a<strong>de</strong>rentes uma dinâmica consi<strong>de</strong>rável das<br />

taxas <strong>de</strong> expansão do crédito ao sector privado.<br />

Por exemplo, os empréstimos a particulares em<br />

2002 registaram uma subida <strong>de</strong> 74% na Hungria<br />

e <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 40% na Estónia e Letónia. Apesar<br />

<strong>de</strong> o stock <strong>de</strong> crédito permanecer baixo, e a maior<br />

parte ser garantido através <strong>de</strong> hipotecas, esta<br />

evolução coloca <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> intermediação e<br />

supervisão crescentes, apontando para a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rever a regulamentação e a<br />

supervisão pru<strong>de</strong>nciais, em linha com os esforços<br />

actuais em muitos dos futuros Estados-Membros.<br />

4 CONCLUSÃO<br />

Os <strong>de</strong>z países a<strong>de</strong>rentes vão a<strong>de</strong>rir à UE tendo<br />

já realizado avanços económicos consi<strong>de</strong>ráveis.<br />

Atingiram a estabilização macroeconómica<br />

generalizada, com progressos acentuados em<br />

matéria <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinflação e melhorias sustentadas<br />

consi<strong>de</strong>ráveis para os respectivos fundamentos<br />

económicos e políticas estruturais.<br />

As estruturas económicas dos países a<strong>de</strong>rentes<br />

tornaram-se mais semelhantes às dos actuais<br />

Estados-Membros da UE, o grau <strong>de</strong> abertura é<br />

elevado e o comércio, bem como a integração<br />

financeira com a UE, está bastante avançado na<br />

maioria dos casos. Foram também alcançados<br />

progressos em relação à estabilida<strong>de</strong> financeira.<br />

A expectativa <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são à UE serviu <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rosa<br />

âncora para a alteração da política neste processo,<br />

bastante tempo antes da efectiva a<strong>de</strong>são. No<br />

entanto, existem diferenças significativas entre<br />

os países a<strong>de</strong>rentes, em termos <strong>de</strong> um conjunto<br />

<strong>de</strong> condições nominais, reais e estruturais, e, em<br />

particular, das características dos mercados <strong>de</strong><br />

trabalho, convergência das taxas <strong>de</strong> juro, posições<br />

externas e <strong>de</strong>sempenho orçamental. O grau <strong>de</strong>


integração também difere consi<strong>de</strong>ravelmente <strong>de</strong><br />

país para país. Além disso, os níveis <strong>de</strong> rendimento<br />

per capita ten<strong>de</strong>m a ser baixos em relação à média<br />

da UE, sublinhando a importância crucial <strong>de</strong><br />

políticas que aumentem a taxa <strong>de</strong> crescimento<br />

potencial dos países a<strong>de</strong>rentes.<br />

A a<strong>de</strong>são à UE é um marco importante para os<br />

países a<strong>de</strong>rentes, mas o processo <strong>de</strong> transição<br />

não terminará com a a<strong>de</strong>são, e as reformas terão<br />

<strong>de</strong> prosseguir <strong>de</strong> acordo com o planeado. As<br />

políticas macroeconómicas dos países a<strong>de</strong>rentes<br />

terão <strong>de</strong> ser orientadas no sentido <strong>de</strong> preservar<br />

os progressos atingidos durante o processo <strong>de</strong><br />

convergência e <strong>de</strong> enfrentar os <strong>de</strong>safios que<br />

surgirão, resultantes sobretudo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrios<br />

externos e orçamentais.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

59<br />

ARTIGOS<br />

As economias dos<br />

países a<strong>de</strong>rentes<br />

no limiar da<br />

União Europeia


EVOLUÇÃO DOS BALANÇOS DO SECTOR<br />

PRIVADO NA ÁREA DO EURO E NOS<br />

ESTADOS UNIDOS<br />

O presente artigo compara os principais <strong>de</strong>senvolvimentos na poupança, financiamento e investimento<br />

e as tendências resultantes na dívida e riqueza financeira das socieda<strong>de</strong>s não financeiras e das<br />

famílias na área do euro e nos Estados Unidos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados da década <strong>de</strong> 90. São consi<strong>de</strong>radas,<br />

tanto quanto possível, as diferenças metodológicas que afectam este tipo <strong>de</strong> comparação entre a<br />

área do euro e os Estados Unidos.<br />

Em relação ao PIB, as socieda<strong>de</strong>s não financeiras em ambas os áreas económicas aumentaram <strong>de</strong><br />

modo significativo o investimento real e financeiro na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 90, enquanto<br />

a sua poupança registou uma tendência <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte. Uma parte consi<strong>de</strong>rável do investimento foi<br />

financiado por dívida adicional, originando o aumento dos rácios da dívida das empresas em relação<br />

ao PIB. Des<strong>de</strong> o final da gran<strong>de</strong> expansão do mercado bolsista em 2000 e durante o período posterior<br />

<strong>de</strong> fraco crescimento económico, as socieda<strong>de</strong>s não financeiras fizeram progressos na contenção do<br />

crescimento do endividamento. Durante este período, os rácios da dívida em relação ao PIB das<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras em ambas as áreas económicas foram globalmente semelhantes, quando<br />

se têm em consi<strong>de</strong>ração as diferenças metodológicas na compilação e contabilização <strong>de</strong> dados.<br />

Embora apresentando continuamente diferenças substanciais nos níveis, os rácios <strong>de</strong> poupança das<br />

famílias tanto na área do euro como nos Estados Unidos também registaram uma <strong>de</strong>scida na segunda<br />

meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 90, no contexto <strong>de</strong> um maior crescimento económico, <strong>de</strong> expectativas <strong>de</strong> um elevado<br />

crescimento do rendimento das pessoas singulares e <strong>de</strong> queda do <strong>de</strong>semprego. Além disso, em ambas<br />

as áreas económicas, o forte crescimento dos empréstimos à habitação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a segunda meta<strong>de</strong> dos<br />

anos 90 levou a um aumento dos rácios da dívida em relação ao rendimento das famílias. A partir <strong>de</strong><br />

2001, a tendência da poupança foi invertida no contexto do abrandamento económico. Ao longo <strong>de</strong> todo<br />

o período em análise, o rácio <strong>de</strong> poupança das famílias da área do euro foi consi<strong>de</strong>ravelmente superior<br />

ao das famílias norte-americanas, o que possivelmente se pren<strong>de</strong> com as expectativas mais optimistas<br />

<strong>de</strong>stas últimas quanto ao crescimento dos rendimentos. Em conformida<strong>de</strong>, os rácios da dívida em relação<br />

aos rendimentos das famílias aumentaram mais fortemente, situando-se num nível consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

mais elevado nos Estados Unidos do que na área do euro.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Nos últimos anos, o aumento do endividamento<br />

dos sectores privados não financeiros (isto é, as<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras e as famílias) nos<br />

principais países industrializados levou a que se<br />

preste uma maior atenção à estrutura dos balanços<br />

do sector privado. A evolução dos preços dos<br />

activos (em particular as oscilações dos preços<br />

das acções e da habitação) influenciaram <strong>de</strong><br />

forma consi<strong>de</strong>rável não só o comportamento <strong>de</strong><br />

investimento das socieda<strong>de</strong>s não financeiras e<br />

das famílias, mas também a evolução do<br />

endividamento. Neste contexto, o presente artigo<br />

analisa a evolução da poupança, do financiamento<br />

e do investimento dos sectores privados e compara<br />

a resultante evolução do balanço das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras e famílias na área do euro e<br />

Estados Unidos. A comparação centra-se no<br />

período <strong>de</strong> 1995 a 2002, para o qual se encontram<br />

disponíveis dados das contas financeiras anuais<br />

para a área do euro. A Secção 2 compara a<br />

evolução das socieda<strong>de</strong>s não financeiras, enquanto<br />

a Secção 3 inci<strong>de</strong> sobre o sector das famílias.<br />

Uma caixa explica algumas das principais<br />

diferenças metodológicas entre as contas<br />

nacionais e financeiras da área do euro e dos<br />

Estados Unidos e <strong>de</strong>screve a forma como estas<br />

diferenças foram consi<strong>de</strong>radas na comparação<br />

apresentada neste artigo. A Secção 4 apresenta<br />

as conclusões.<br />

2 EVOLUÇÃO DO BALANÇO DAS<br />

SOCIEDADES NÃO FINANCEIRAS<br />

Des<strong>de</strong> o final da década <strong>de</strong> 90, registaram-se, em<br />

termos gerais, duas fases distintas na evolução<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

61


dos lucros das socieda<strong>de</strong>s não financeiras tanto<br />

na área do euro como nos Estados Unidos. Entre<br />

1997 e 2000 (para os Estados Unidos) e entre 1998<br />

e 2001 (para a área do euro), as socieda<strong>de</strong>s não<br />

financeiras registaram uma diminuição da<br />

poupança bruta (correspon<strong>de</strong>nte, em termos gerais,<br />

aos seus lucros não distribuídos, mais <strong>de</strong>duções<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>preciações) em percentagem do PIB, em<br />

parte relacionada com uma subida dos custos<br />

unitários do trabalho (ver Quadro 1). Des<strong>de</strong> então,<br />

a poupança das empresas tem recuperado<br />

ligeiramente em ambas as áreas económicas, em<br />

resultado <strong>de</strong> esforços para restabelecer a<br />

rentabilida<strong>de</strong> através da contenção dos custos.<br />

Contudo, este aumento dos lucros foi mais marcado<br />

nos Estados Unidos do que na área do euro.<br />

As <strong>de</strong>scidas da poupança das empresas foram<br />

acompanhadas por aumentos do investimento não<br />

financeiro. As socieda<strong>de</strong>s não financeiras em<br />

ambas as áreas económicas aumentaram<br />

significativamente a formação bruta <strong>de</strong> capital fixo<br />

entre 1995 e 2000. Nos Estados Unidos, a taxa<br />

<strong>de</strong> crescimento do investimento não financeiro<br />

foi mais forte do que na área do euro até 2000<br />

(com taxas <strong>de</strong> crescimento homólogas médias <strong>de</strong><br />

8.7% e 6.2%, respectivamente), <strong>de</strong>vido, em<br />

particular, ao maior investimento nos sectores da<br />

“Nova Economia” (por exemplo, os sectores <strong>de</strong><br />

equipamento <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> dados e<br />

telecomunicações). Este facto contribuiu<br />

62 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Quadro I Poupança e formação <strong>de</strong> capital das socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

(em percentagem do PIB)<br />

Área do euro Estados Unidos<br />

(2) Outras (3) Formação (1)+(2)-(3) (2) Outras (3) Formação (1)+(2)-(3)<br />

transacções bruta Financiamento transacções bruta Financiamento<br />

líquidas <strong>de</strong> líquido (+)/ líquidas <strong>de</strong> líquido (+)/<br />

(1) Poupança da balança capital endividamento (1) Poupança da balança capital endividamento<br />

bruta <strong>de</strong> capital fixo líquido (-) bruta <strong>de</strong> capital fixo líquido (-)<br />

1995 9.5 2.9 10.3 2.1 9.9 -0.5 9.9 -0.5<br />

1996 9.3 0.7 10.2 -0.2 10.3 -0.5 10.0 -0.2<br />

1997 9.2 0.6 10.6 -0.8 10.4 -1.0 9.9 -0.4<br />

1998 9.7 0.8 11.2 -0.8 9.6 -0.9 9.9 -1.2<br />

1999 8.9 0.7 11.4 -1.7 9.8 -0.7 10.9 -1.8<br />

2000 8.7 -0.1 12.0 -3.5 9.3 -0.6 11.3 -2.6<br />

2001 8.5 0.8 11.2 -1.9 9.4 0.4 10.5 -0.7<br />

2002 8.9 0.8 10.6 -0.8 10.0 -0.1 9.3 0.6<br />

Fontes: BCE, Eurostat e Contas Nacionais do Rendimento e Produto dos EUA.<br />

Nota: Os totais po<strong>de</strong>m não correspon<strong>de</strong>r exactamente à soma das parcelas <strong>de</strong>vido a arredondamentos. As outras transacções líquidas da<br />

balança <strong>de</strong> capital incluem transferências <strong>de</strong> capital, variações <strong>de</strong> existências e aquisições líquidas <strong>de</strong> cessões <strong>de</strong> objectos <strong>de</strong> valor e <strong>de</strong><br />

activos não financeiros não produzidos (como terrenos e licenças UMTS).<br />

possivelmente para um excesso <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong><br />

mais significativo nos Estados Unidos do que na<br />

área do euro, e po<strong>de</strong> explicar a <strong>de</strong>scida mais<br />

acentuada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001 das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital<br />

das socieda<strong>de</strong>s não financeiras dos EUA em<br />

comparação com as da área do euro.<br />

Em resultado quer da diminuição da poupança<br />

bruta, quer do aumento das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital<br />

(incluindo a aquisição <strong>de</strong> licenças UMTS na área<br />

do euro), o défice <strong>de</strong> financiamento das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras – em termos globais, o saldo da<br />

poupança bruta e da formação bruta <strong>de</strong> capital<br />

em relação ao PIB – aumentou substancialmente<br />

em ambas as áreas económicas durante o período<br />

<strong>de</strong> 1996 a 2000 (ver o endividamento líquido no<br />

Quadro 1). A posterior redução do défice <strong>de</strong><br />

financiamento reflectiu os esforços das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras no sentido <strong>de</strong> restabelecer<br />

a rentabilida<strong>de</strong> e conter o aumento do<br />

endividamento, em parte através da redução do<br />

investimento não financeiro.<br />

Para além do aumento das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital,<br />

as socieda<strong>de</strong>s não financeiras em ambas as<br />

economias aumentaram consi<strong>de</strong>ravelmente as<br />

aquisições <strong>de</strong> activos financeiros, principalmente<br />

no período <strong>de</strong> 1999 a 2001. Este aumento<br />

relacionou-se com a activida<strong>de</strong> significativa <strong>de</strong><br />

fusões e aquisições. O investimento financeiro<br />

das socieda<strong>de</strong>s não financeiras durante este


Gráfico 1 Poupança bruta menos<br />

investimento financeiro e não financeiro<br />

das socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

(em percentagem do PIB)<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

-10<br />

-12<br />

-14<br />

-16<br />

-18<br />

-20<br />

área do euro<br />

Estados Unidos<br />

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002<br />

Fontes: BCE, Eurostat e Contas Nacionais do Rendimento e<br />

Produto dos EUA.<br />

Nota: Os dados dos EUA foram corrigidos, para permitir uma<br />

comparação com os dados da área do euro. Para mais pormenores,<br />

ver a caixa neste artigo.<br />

período atingiu 10.3% do PIB, em média, na<br />

área do euro, face a 7.5% nos Estados Unidos 1 .<br />

Embora o nível global das fusões e aquisições<br />

tenha sido mais elevado nos Estados Unidos do<br />

que na área do euro, o aumento da activida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> fusões e aquisições foi mais forte nesta<br />

última, o que po<strong>de</strong>rá estar relacionado com a<br />

crescente activida<strong>de</strong> transfronteiras das empresas<br />

da área do euro durante esse período.<br />

As necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras da área do euro aumentaram <strong>de</strong><br />

modo mais significativo no período <strong>de</strong> 1995 a<br />

2002 do que as das socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

dos EUA, o que em parte se relacionou com a<br />

menor poupança das empresas e o maior<br />

investimento financeiro na área do euro. Como<br />

exemplo, o rácio da poupança bruta menos<br />

investimento financeiro e não financeiro em<br />

relação ao PIB (que po<strong>de</strong> ser visto como uma<br />

medida alargada do défice <strong>de</strong> financiamento) caiu<br />

<strong>de</strong> modo mais significativo na área do euro do<br />

que nos Estados Unidos, até 2000 (ver Gráfico 1).<br />

A sua posterior retoma foi ligeiramente mais forte<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

-10<br />

-12<br />

-14<br />

-16<br />

-18<br />

-20<br />

Gráfico 2 Financiamento das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras nos Estados Unidos<br />

(em percentagem do PIB)<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

títulos <strong>de</strong> dívida<br />

empréstimos<br />

acções<br />

-2 -2<br />

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002<br />

Fonte: Contas <strong>de</strong> Fluxo <strong>de</strong> Fundos dos EUA.<br />

Nota: A emissão <strong>de</strong> acções nos Estados Unidos é <strong>de</strong>finida como<br />

a soma das acções <strong>de</strong> empresas emitidas por socieda<strong>de</strong>s não<br />

financeiras com o investimento directo em socieda<strong>de</strong>s não<br />

financeiras dos EUA (excluindo responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contas entre<br />

empresas <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes nos EUA face a não resi<strong>de</strong>ntes).<br />

nos Estados Unidos <strong>de</strong>vido à recuperação mais<br />

significativa dos lucros e ao corte mais acentuado<br />

do investimento não financeiro neste país, em<br />

comparação com a área do euro.<br />

A principal diferença entre o financiamento das<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras nos Estados Unidos<br />

e na área do euro durante o período em análise<br />

diz respeito à emissão <strong>de</strong> acções. Nos Estados<br />

Unidos, uma característica surpreen<strong>de</strong>nte do<br />

financiamento das empresas na segunda meta<strong>de</strong><br />

da década <strong>de</strong> 90 foi o facto <strong>de</strong> a emissão <strong>de</strong><br />

acções <strong>de</strong> empresas ter sido, globalmente<br />

negativa, em reflexo <strong>de</strong> resgates <strong>de</strong> acções<br />

significativos pelas socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

dos EUA, associadas à activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fusões e<br />

1 O maior investimento financeiro em relação ao PIB das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras da área do euro po<strong>de</strong>rá estar relacionado,<br />

nomeadamente, com diferenças no tratamento contabilístico das<br />

fusões e aquisições nas contas financeiras. Em particular, as fusões<br />

transfronteiras (por exemplo, entre entida<strong>de</strong>s em diferentes países<br />

da área do euro) normalmente não originam o registo <strong>de</strong> resgates<br />

<strong>de</strong> acções (isto é, a retirada <strong>de</strong> acções após uma fusão completa),<br />

embora tal possa acontecer em fusões <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um único país (por<br />

exemplo, os Estados Unidos).<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

63<br />

ARTIGOS<br />

Evolução dos<br />

balanços do<br />

sector privado<br />

na área do euro<br />

e nos<br />

Estados Unidos


aquisições e <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s recompras<br />

<strong>de</strong> acções 2 (ver Gráfico 2). Os programas <strong>de</strong><br />

recompra <strong>de</strong> acções po<strong>de</strong>m ter reflectido a<br />

intenção das empresas norte-americanas <strong>de</strong><br />

impulsionar os preços das suas acções, <strong>de</strong> modo<br />

a atenuar o risco <strong>de</strong> tomadas <strong>de</strong> participação. Além<br />

disso, <strong>de</strong>vido ao impacto geralmente favorável<br />

que têm sobre os preços das acções, estes<br />

programas aumentaram a atractivida<strong>de</strong> dos<br />

esquemas <strong>de</strong> opções <strong>de</strong> acções para a remuneração<br />

dos executivos. As razões fiscais po<strong>de</strong>m também<br />

ter estado subjacentes à criação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong><br />

recompra <strong>de</strong> acções, dado que as mais-valias<br />

obtidas através <strong>de</strong> transacções <strong>de</strong> recompra <strong>de</strong><br />

acções estão normalmente sujeitas a uma menor<br />

tributação do que os divi<strong>de</strong>ndos 3 .<br />

Em contraste, na área do euro, os programas <strong>de</strong><br />

resgate e recompra <strong>de</strong> acções não <strong>de</strong>sempenharam<br />

um papel significativo, em parte por razões legais 4 .<br />

Consequentemente, a emissão <strong>de</strong> acções <strong>de</strong><br />

empresas permaneceu, no seu conjunto, uma<br />

importante fonte <strong>de</strong> financiamento para as<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras, em linha com o<br />

aumento dos preços das acções até 2000 e swaps<br />

<strong>de</strong> índices <strong>de</strong> acções consi<strong>de</strong>ráveis no contexto<br />

da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fusões e aquisições. A emissão<br />

<strong>de</strong> acções em 2001 e 2002 manteve-se positiva,<br />

mas em níveis mais baixos <strong>de</strong>vido à queda dos<br />

preços das acções e à subida resultante dos custos<br />

dos títulos <strong>de</strong> participação.<br />

O crescimento do financiamento da dívida na<br />

área do euro foi sustentado pela tendência<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte das taxas <strong>de</strong> juro ao longo do<br />

período. A maior parte do financiamento da<br />

dívida das socieda<strong>de</strong>s não financeiras na área<br />

do euro no período entre 1995 e 2002 foi sob<br />

a forma <strong>de</strong> empréstimos (ver Gráfico 3) 5 .<br />

Embora o mercado <strong>de</strong> obrigações <strong>de</strong> empresas<br />

da área do euro se tenha <strong>de</strong>senvolvido<br />

significativamente após a introdução do euro e<br />

no contexto <strong>de</strong> uma forte activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fusões<br />

e aquisições, a percentagem <strong>de</strong> obrigações <strong>de</strong><br />

empresas no financiamento total da dívida das<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras da área do euro<br />

manteve-se reduzida. Nos Estados Unidos, as<br />

contribuições dos empréstimos (54% do<br />

financiamento da dívida no período entre 1995<br />

64 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 3 Financiamento das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras na área do euro<br />

(em percentagem do PIB)<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

-1 0<br />

títulos <strong>de</strong> dívida<br />

empréstimos<br />

acções<br />

-1 0<br />

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002<br />

Fontes: BCE e Eurostat.<br />

Nota: As provisões <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> pensões do lado do passivo das<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras da área do euro não são apresentadas,<br />

dado que os fluxos relacionados são negligenciáveis em relação<br />

ao PIB.<br />

e 2002) e dos títulos <strong>de</strong> dívida (46%) foram mais<br />

equilibradas (ver Gráfico 2).<br />

Em termos gerais, se se consi<strong>de</strong>rar esta evolução<br />

do financiamento e os efeitos <strong>de</strong> valorização, a<br />

percentagem dos empréstimos no total das<br />

responsabilida<strong>de</strong>s na área do euro foi <strong>de</strong> 38% em<br />

2002 (ligeiramente abaixo do nível <strong>de</strong> 1995),<br />

enquanto a percentagem das acções aumentou um<br />

pouco, para 55%. A percentagem dos títulos <strong>de</strong><br />

dívida situou-se em níveis semelhantes em 1995 e<br />

2002 (4%) e a das provisões <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> pensões<br />

<strong>de</strong>sceu ligeiramente, para 2%. Nos Estados Unidos,<br />

as acções permaneceram a maior fonte <strong>de</strong><br />

2 “Recompra <strong>de</strong> acções” refere-se à aquisição por uma empresa das<br />

suas próprias acções no mercado bolsista, enquanto “resgate <strong>de</strong><br />

acções” é <strong>de</strong>finido como a retirada legal <strong>de</strong> acções, após uma fusão<br />

(o resultado normal <strong>de</strong> uma fusão completa nos Estados Unidos).<br />

Ver também o artigo intitulado “The U.S. Flow of Funds Accounts<br />

and Their Uses” na edição <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2001 do Boletim da Reserva<br />

Fe<strong>de</strong>ral.<br />

3 A redução do imposto sobre as mais-valias em 1996 po<strong>de</strong> ter sido<br />

um factor subjacente aos programas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s recompras <strong>de</strong> acções,<br />

que tiveram lugar nos Estados Unidos na segunda meta<strong>de</strong> da década<br />

<strong>de</strong> 90.<br />

4 As recompras <strong>de</strong> acções por empresas estão limitadas em diversos<br />

países da área do euro, ao contrário da situação prevalecente nos<br />

Estados Unidos.<br />

5 Ver o artigo intitulado “Evolução recente das estruturas financeiras<br />

da área do euro” na edição <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2003 do Boletim Mensal<br />

do BCE.<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2


Gráfico 4 Rácios da dívida em relação<br />

ao PIB das socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

(percentagens)<br />

80<br />

75<br />

70<br />

65<br />

60<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

área do euro 1)<br />

área do euro 2)<br />

Estados Unidos<br />

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003<br />

Fontes: BCE, Eurostat e Contas <strong>de</strong> Fluxo <strong>de</strong> Fundos dos EUA.<br />

Nota: A dívida inclui empréstimos, títulos <strong>de</strong> dívida e, para a área<br />

do euro, provisões <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> pensões. Última observação: T3<br />

<strong>de</strong> 2003 (estimada para a área do euro).<br />

1) Rácio da dívida em relação ao PIB calculado utilizando as contas<br />

financeiras anuais.<br />

2) Rácio da dívida em relação ao PIB estimado utilizando as<br />

contas financeiras trimestrais e a balança <strong>de</strong> pagamentos da área<br />

do euro (ver a caixa metodológica neste artigo).<br />

financiamento das empresas norte-americanas, com<br />

uma percentagem <strong>de</strong> 56% do passivo total, contra<br />

25% dos empréstimos e 19% dos títulos <strong>de</strong> dívida 6 .<br />

No que respeita às posições financeiras das<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras, os rácios da dívida<br />

das empresas em ambas as áreas económicas<br />

aumentaram substancialmente durante a segunda<br />

meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 90. Em resultado quer do<br />

crescimento mais elevado do financiamento da<br />

dívida, quer do crescimento ligeiramente mais<br />

fraco do PIB, o rácio da dívida das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras da área do euro em relação ao<br />

PIB aumentou <strong>de</strong> forma mais significativa do<br />

que o das socieda<strong>de</strong>s não financeiras norte-<br />

-americanas durante a segunda meta<strong>de</strong> dos anos<br />

90. Não obstante, quando se consi<strong>de</strong>ram as<br />

diferenças metodológicas (ver caixa), os rácios<br />

da dívida em relação ao PIB situaram-se em níveis<br />

globalmente comparáveis nas duas áreas<br />

económicas em 2003 (ver Gráfico 4).<br />

As medidas <strong>de</strong> endividamento, tais como os rácios<br />

da dívida em relação ao capital, que reflectem o<br />

80<br />

75<br />

70<br />

65<br />

60<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

Gráfico 5 Rácios da dívida em relação<br />

ao capital das socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

(percentagens)<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

área do euro<br />

Estados Unidos<br />

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003<br />

120<br />

100<br />

Fontes: BCE, Eurostat e Contas <strong>de</strong> Fluxo <strong>de</strong> Fundos dos EUA.<br />

Notas: A dívida inclui empréstimos, títulos <strong>de</strong> dívida e, para a<br />

área do euro, provisões <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> pensões. O rácio da dívida<br />

em relação ao capital para a área do euro foi calculado incluindo<br />

empréstimos entre empresas na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> dívida (ver a caixa<br />

metodológica neste artigo). Os valores <strong>de</strong> 2003 referem-se ao T2<br />

<strong>de</strong> 2003 (estimados para a área do euro).<br />

endividamento <strong>de</strong> uma empresa relativamente ao<br />

seu valor <strong>de</strong> mercado, aumentaram <strong>de</strong> forma<br />

acentuada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000 <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>scida dos preços<br />

das acções em ambas as áreas, após um período<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scida significativa durante a gran<strong>de</strong> expansão<br />

dos mercados accionistas (ver Gráfico 5). No<br />

primeiro semestre <strong>de</strong> 2003, estima-se que este<br />

rácio <strong>de</strong> endividamento tenha estabilizado na área<br />

do euro, enquanto registou uma ligeira <strong>de</strong>scida<br />

nos Estados Unidos.<br />

De modo a avaliar a sustentabilida<strong>de</strong> dos níveis<br />

actuais da dívida, os encargos com os pagamentos<br />

<strong>de</strong> juros terão também <strong>de</strong> ser tidos em<br />

consi<strong>de</strong>ração. De facto, os pagamentos <strong>de</strong> juros<br />

em relação ao PIB das socieda<strong>de</strong>s não financeiras<br />

6 Quando se compara o passivo das socieda<strong>de</strong>s não financeiras na<br />

área do euro e nos Estados Unidos, <strong>de</strong>ver-se-á ter em conta algumas<br />

diferenças metodológicas na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> dívida (ver a caixa <strong>de</strong>ste<br />

artigo). Além disso, o passivo em acções é consolidado nos Estados<br />

Unidos (ou seja, as <strong>de</strong>tenções entre empresas são compensadas),<br />

enquanto o passivo em acções nas contas financeiras da área do<br />

euro não é, em princípio, consolidado a nível sectorial. Estes<br />

diferentes tratamentos contabilísticos também afectam os níveis<br />

relativos dos rácios da dívida em relação ao capital nas duas áreas<br />

económicas.<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

65<br />

ARTIGOS<br />

Evolução dos<br />

balanços do<br />

sector privado<br />

na área do euro<br />

e nos<br />

Estados Unidos


Caixa<br />

66 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

COMPARABILIDADE DOS DADOS DAS CONTAS NACIONAIS DOS ESTADOS UNIDOS<br />

E DA ÁREA DO EURO<br />

A comparabilida<strong>de</strong> internacional dos dados das contas nacionais beneficia consi<strong>de</strong>ravelmente do<br />

Sistema <strong>de</strong> Contas Nacionais (SCN 93). Os países da área do euro compilam dados das contas<br />

nacionais em conformida<strong>de</strong> com o Sistema Europeu <strong>de</strong> Contas (SEC 95), o qual é amplamente<br />

consistente com o SCN 93. Os Estados Unidos não adoptaram na íntegra o SCN 93, <strong>de</strong>ixando<br />

algumas diferenças entre os conceitos estatísticos utilizados neste país e os utilizados na área do<br />

euro. Nos casos em que foi possível estabelecer uma ligação entre estas diferenças utilizando<br />

informação estatística adicional, foram feitas correcções aos dados dos EUA, <strong>de</strong> modo a facilitar<br />

as comparações efectuadas neste artigo 1 . Contudo, por vezes não foi possível conciliar totalmente<br />

as diferenças, o que <strong>de</strong>verá ser tido em consi<strong>de</strong>ração na análise dos dados.<br />

1. Delimitação <strong>de</strong> famílias e empresas<br />

Com base no SEC 95, as activida<strong>de</strong>s económicas dos empresários sem personalida<strong>de</strong> jurídica, a não<br />

ser que operem na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empresas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, não po<strong>de</strong>m ser artificialmente separadas<br />

das activida<strong>de</strong>s económicas das famílias. Empresas individuais e a maioria das socieda<strong>de</strong>s sem<br />

personalida<strong>de</strong> jurídica são, por isso, abrangidas pelo sector das famílias da área do euro, o que explica,<br />

nomeadamente, a inclusão <strong>de</strong> algum investimento não resi<strong>de</strong>ncial e o respectivo financiamento no<br />

sector das famílias. Nas National Income and Product Accounts – NIPA (Contas Nacionais do<br />

Rendimento e do Produto), as empresas individuais e todas as socieda<strong>de</strong>s, com ou sem personalida<strong>de</strong><br />

jurídica, são excluídas do sector das famílias e incluídas no sector não empresarial. Além disso, nos<br />

Estados Unidos, os particulares na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> receptores <strong>de</strong> rendimentos provenientes <strong>de</strong> rendas<br />

também são excluídos do sector das famílias e classificados no sector não empresarial. Estas exclusões<br />

têm um efeito <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte sobre os activos e passivos das famílias norte-americanas, em comparação<br />

com os das famílias da área do euro. A diferença não é facilmente quantificável, não po<strong>de</strong>ndo, por<br />

isso, ser corrigida neste exercício. Contudo, estas exclusões não têm um efeito significativo sobre<br />

a poupança, porque os rendimentos gerados por estas unida<strong>de</strong>s são atribuídos às famílias.<br />

2. Cálculo do rendimento pessoal disponível<br />

No SEC 95, os juros são tratados como rendimento. Em conformida<strong>de</strong>, os juros recebidos aumentam<br />

o rendimento e os juros pagos reduzem o rendimento. Nas contas das famílias norte-americanas,<br />

apenas os juros recebidos são tratados como rendimento; os juros pagos são tratados como uma utilização<br />

<strong>de</strong> rendimentos (à semelhança do consumo e da poupança). Para que se aumente a comparabilida<strong>de</strong><br />

entre as duas áreas económicas, os juros pagos foram <strong>de</strong>duzidos do rendimento pessoal disponível<br />

publicado para os EUA, <strong>de</strong> modo a obter um “rendimento pessoal disponível corrigido” que corresponda<br />

mais exactamente aos rendimentos disponíveis das famílias da área do euro.<br />

3. Cálculo da poupança bruta e da formação bruta <strong>de</strong> capital<br />

No SEC 95, as compras <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo duradouros (como automóveis ou máquinas <strong>de</strong> lavar)<br />

pelas famílias são tratadas como consumo, enquanto as Contas <strong>de</strong> Fluxo <strong>de</strong> Fundos (Flow of<br />

1 Ao mesmo tempo, para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> dívida das socieda<strong>de</strong>s não financeiras (ver rubrica 4), os valores da área do euro foram corrigidos<br />

<strong>de</strong> modo a torná-los mais consistentes com a <strong>de</strong>finição dos EUA.


Funds Accounts) dos EUA tratam os bens <strong>de</strong> consumo duradouros como investimento. Contudo,<br />

as NIPA dos EUA fornecem dados sobre poupança líquida sem bens <strong>de</strong> consumo duradouros.<br />

Estes dados, juntamente com informação adicional das Contas <strong>de</strong> Fluxos <strong>de</strong> Fundos dos EUA<br />

sobre formação bruta <strong>de</strong> capital e consumo <strong>de</strong> capital fixo (que também exclui bens <strong>de</strong> consumo<br />

duradouros), são utilizados para calcular a poupança bruta e a formação bruta <strong>de</strong> capital fixo.<br />

4. Definição <strong>de</strong> dívida das empresas<br />

A dívida das empresas inclui montantes <strong>de</strong> empréstimos, títulos excepto acções e provisões <strong>de</strong><br />

fundos <strong>de</strong> pensões não autónomos <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s não financeiras (estes últimos não existem nos<br />

Estados Unidos). Não po<strong>de</strong>m ser calculados valores totalmente comparáveis da dívida das<br />

empresas para ambas as áreas económicas, <strong>de</strong>vido às diferenças na cobertura sectorial acima<br />

referidas, mas também a diferenças na avaliação <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> dívida nas respectivas contas<br />

financeiras: nos valores da área do euro, os títulos <strong>de</strong> dívida são apresentados ao valor <strong>de</strong> mercado,<br />

em conformida<strong>de</strong> com as normas do SEC 95, enquanto nas Contas <strong>de</strong> Fluxos <strong>de</strong> Fundos dos EUA<br />

são apresentados ao valor nominal corrigido <strong>de</strong> juros <strong>de</strong>vidos. Os empréstimos entre empresas<br />

não são incluídos na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> dívida dos EUA, sendo, no entanto, parcialmente incluídos nas<br />

contas financeiras anuais para a área do euro, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes estatísticas.<br />

No entanto, quando relevantes para efeitos <strong>de</strong> comparabilida<strong>de</strong>, os valores da dívida da área do<br />

euro sem empréstimos entre empresas foram estimados utilizando os dados das contas financeiras<br />

trimestrais sobre responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dívida face a resi<strong>de</strong>ntes na área do euro (que não incluem<br />

empréstimos entre empresas) e adicionando estimativas <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dívida (à excepção<br />

<strong>de</strong> empréstimos entre empresas) face a não resi<strong>de</strong>ntes na área do euro, com base na balança <strong>de</strong><br />

pagamentos da área do euro.<br />

registaram realmente uma estabilização global<br />

na área do euro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>scida das<br />

taxas <strong>de</strong> juro no período em análise. Nos Estados<br />

Unidos, on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>scida das taxas <strong>de</strong> juro foi<br />

menos pronunciada durante o mesmo período, o<br />

rácio correspon<strong>de</strong>nte aumentou ligeiramente.<br />

No geral, a evolução recente indica que após o<br />

período <strong>de</strong> alternância entre uma gran<strong>de</strong> expansão<br />

e recessão nos mercados bolsistas, as socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras conseguiram, gradualmente,<br />

estabilizar a sua posição <strong>de</strong> balanço global nas<br />

duas áreas económicas.<br />

3 EVOLUÇÃO DO BALANÇO DAS FAMÍLIAS<br />

A poupança bruta em relação ao rendimento<br />

disponível das famílias diminuiu consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

durante a segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong><br />

90, tanto na área do euro como nos Estados Unidos<br />

(ver Quadro 2). Este facto esteve relacionado<br />

com diversos factores. O crescimento económico<br />

mais forte e a <strong>de</strong>scida do <strong>de</strong>semprego, em<br />

combinação com expectativas <strong>de</strong> um crescimento<br />

mais elevado da produtivida<strong>de</strong>, impulsionou as<br />

expectativas <strong>de</strong> um crescimento permanentemente<br />

mais elevado do rendimento, em particular nos<br />

Estados Unidos. Além disso, o aumento da riqueza<br />

financeira e não financeira ao longo <strong>de</strong>sse período,<br />

sobretudo <strong>de</strong>vido à evolução favorável dos preços<br />

das acções e da habitação, po<strong>de</strong> ter aumentado a<br />

propensão das famílias para o consumo. Além<br />

disso, na área do euro, a tendência <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />

das taxas <strong>de</strong> juro na segunda meta<strong>de</strong> dos anos 90<br />

até à Terceira Fase da UEM também <strong>de</strong>sempenhou<br />

um papel importante na <strong>de</strong>scida do rácio <strong>de</strong><br />

poupança, <strong>de</strong>vido ao menor custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />

do consumo. Posteriormente, em resultado do<br />

abrandamento económico e do agravamento da<br />

situação do mercado <strong>de</strong> trabalho após 2000, os<br />

rácios <strong>de</strong> poupança das famílias quer na área do<br />

euro (em 2001 e particularmente em 2002), quer<br />

nos Estados Unidos (em 2002) registaram uma<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

67<br />

ARTIGOS<br />

Evolução dos<br />

balanços do<br />

sector privado<br />

na área do euro<br />

e nos<br />

Estados Unidos


Quadro 2 Poupança e formação <strong>de</strong> capital das famílias<br />

(em percentagem do rendimento disponível)<br />

ligeira subida, embora tenham permanecido<br />

bastante abaixo dos níveis <strong>de</strong> 1995. Ao mesmo<br />

tempo, a formação bruta <strong>de</strong> capital fixo das<br />

famílias, constituída sobretudo por investimento<br />

em habitação, manteve-se robusta ao longo <strong>de</strong> todo<br />

o período em ambas as regiões económicas,<br />

sobretudo <strong>de</strong>vido a taxas hipotecárias baixas e a<br />

aumentos dos preços da habitação.<br />

No período <strong>de</strong> 1995 a 2002, a poupança bruta das<br />

famílias da área do euro e a respectiva formação<br />

bruta <strong>de</strong> capital fixo em relação ao rendimento<br />

disponível foram consi<strong>de</strong>ravelmente superiores<br />

às das famílias norte-americanas. Em termos<br />

globais, o financiamento líquido das famílias da<br />

área do euro (no geral, igual à poupança bruta<br />

menos a formação bruta <strong>de</strong> capital) foi<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente superior ao das famílias norte-<br />

-americanas, que inclusivamente se tornaram<br />

mutuárias líquidas entre 1997 e 2002.<br />

Associado ao forte crescimento do investimento<br />

em habitação, o crescimento do financiamento<br />

da dívida real das famílias foi relativamente<br />

elevado na área do euro no final da década <strong>de</strong><br />

90, tendo vindo a crescer nos Estados Unidos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados <strong>de</strong>sta década (ver Gráfico 6).<br />

Em ambas as regiões económicas, subidas<br />

consi<strong>de</strong>ráveis dos preços da habitação,<br />

conducentes a ganhos <strong>de</strong> riqueza dos proprietários<br />

68 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Área do euro Estados Unidos<br />

(2) Outras (3) Formação (1)+(2)-(3) (2) Outras (3) Formação (1)+(2)-(3)<br />

transacções bruta Financiamento transacções bruta Financiamento<br />

líquidas <strong>de</strong> líquido (+)/ líquidas <strong>de</strong> líquido (+)/<br />

(1) Poupança da balança capital endividamento (1) Poupança da balança capital endividamento<br />

bruta <strong>de</strong> capital fixo líquido (-) bruta <strong>de</strong> capital fixo líquido (-)<br />

1995 17.5 0.1 10.3 7.2 6.9 -0.3 5.6 1.0<br />

1996 17.1 0.4 10.2 7.3 6.2 -0.4 5.8 0.0<br />

1997 16.2 0.5 9.9 6.7 5.9 -0.4 5.9 -0.5<br />

1998 15.1 0.7 9.9 5.9 6.6 -0.5 6.2 -0.1<br />

1999 14.2 1.0 10.2 5.0 4.6 -0.5 6.4 -2.3<br />

2000 14.0 1.0 10.3 4.6 4.6 -0.5 6.3 -2.3<br />

2001 14.3 0.8 10.0 5.1 4.0 -0.5 6.4 -2.9<br />

2002 14.9 0.7 9.8 5.9 4.5 -0.5 6.4 -2.3<br />

Fontes: BCE, Eurostat, Contas Nacionais do Rendimento e Produto dos EUA e Contas <strong>de</strong> Fluxo <strong>de</strong> Fundos dos EUA.<br />

Notas: Os totais po<strong>de</strong>m não correspon<strong>de</strong>r exactamente à soma das parcelas <strong>de</strong>vido a arredondamentos. Os dados dos EUA foram corrigidos,<br />

para permitir uma comparação com os dados da área do euro. Para as famílias dos EUA, tal foi feito excluindo o investimento líquido<br />

em bens <strong>de</strong> consumo duradouros da poupança e da formação bruta <strong>de</strong> capital fixo, e excluindo os juros pagos do rendimento disponível.<br />

As outras transacções líquidas da balança <strong>de</strong> capital incluem transferências <strong>de</strong> capital, variações <strong>de</strong> existências e aquisições líquidas <strong>de</strong><br />

cessões <strong>de</strong> objectos <strong>de</strong> valor e <strong>de</strong> activos não financeiros não produzidos (como terrenos).<br />

e valores crescentes <strong>de</strong> garantias disponíveis para<br />

empréstimos, bem como condições <strong>de</strong><br />

financiamento favoráveis, fomentaram a procura<br />

<strong>de</strong> empréstimos à habitação. Na área do euro, o<br />

crescimento do financiamento da dívida real<br />

aumentou em 1999 para o nível mais elevado<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da década <strong>de</strong> 80 7 . Des<strong>de</strong> 2000,<br />

registou uma mo<strong>de</strong>ração, embora tenha<br />

permanecido em torno da sua média <strong>de</strong> longo<br />

prazo, apesar do fraco crescimento económico.<br />

Nos Estados Unidos, o crescimento do<br />

financiamento da dívida real das famílias<br />

continuou a aumentar apesar do abrandamento<br />

na activida<strong>de</strong> económica em 2001 e 2002.<br />

Nos últimos anos, as famílias norte-americanas têm<br />

frequentemente utilizado parte dos novos<br />

empréstimos hipotecários contraídos com base em<br />

ganhos <strong>de</strong> activos imobiliários (o que é conhecido<br />

como resgate <strong>de</strong> títulos hipotecários) para consumo<br />

adicional ou compras <strong>de</strong> activos financeiros.<br />

Oaumento súbito dos empréstimos com garantias<br />

hipotecárias nos EUA (consi<strong>de</strong>rados no presente<br />

artigo como crédito ao consumo) atenuou, por<br />

conseguinte, a diminuição do crescimento do<br />

crédito ao consumo nos Estados Unidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2001 e sustentou o consumo privado neste país.<br />

7 Ver o artigo intitulado “Evolução do financiamento da dívida do<br />

sector privado da área do euro” na edição <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2003<br />

do Boletim Mensal do BCE.


Gráfico 6 Financiamento da dívida real<br />

das famílias<br />

(variação homóloga em percentagem, <strong>de</strong>flacionada pelo <strong>de</strong>flator<br />

do consumo privado)<br />

12.0<br />

10.0<br />

8.0<br />

6.0<br />

4.0<br />

2.0<br />

0.0<br />

-2.0<br />

área do euro<br />

Estados Unidos<br />

12.0<br />

10.0<br />

-2.0<br />

-4.0<br />

1982 1986 1990 1994 1998 2002 -4.0<br />

Fontes: BCE, Eurostat e Contas Nacionais do Rendimento e<br />

Produto dos EUA.<br />

Nota: Os dados dos EUA foram corrigidos, para permitir uma<br />

comparação com os dados da área do euro. Para mais pormenores,<br />

ver a caixa neste artigo. Última observação: T3 <strong>de</strong> 2003 (estimada<br />

para a área do euro).<br />

Porém, no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> 2003, o crescimento anual<br />

dos empréstimos com garantias hipotecárias<br />

estabilizou, ainda que a níveis elevados,<br />

provavelmente associado à recuperação das taxas<br />

<strong>de</strong> juro <strong>de</strong> mais longo prazo a partir do final <strong>de</strong><br />

Junho. Em contraste, na área do euro, o resgate<br />

<strong>de</strong> títulos hipotecários parece ter pouca importância,<br />

excepto em alguns países, como os Países Baixos 8 .<br />

A evolução do investimento financeiro das<br />

famílias em ambas as regiões económicas, mas<br />

em particular na área do euro, po<strong>de</strong> ser dividida<br />

em dois períodos distintos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados da<br />

década <strong>de</strong> 90.<br />

Primeiro, na segunda meta<strong>de</strong> dos anos 90,<br />

as famílias da área do euro investiram<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente em participações em fundos<br />

<strong>de</strong> investimento (excluindo participações em<br />

fundos do mercado monetário) (ver Gráfico 7) 9 .<br />

Esta tendência esteve relacionada com a forte<br />

subida dos preços das acções. O investimento<br />

líquido das famílias norte-americanas em<br />

participações em fundos <strong>de</strong> investimento<br />

(excluindo participações em fundos do mercado<br />

8.0<br />

6.0<br />

4.0<br />

2.0<br />

0.0<br />

monetário) foi também relativamente forte durante<br />

este período, embora tenha sido, em geral, mais<br />

estável em relação ao respectivo investimento<br />

financeiro global (ver Gráfico 7). Uma diferença<br />

marcada entre o comportamento <strong>de</strong> investimento<br />

das famílias nas duas economias surgiu a respeito<br />

do seu investimento directo em acções. Enquanto<br />

as famílias da área do euro compraram acções<br />

entre 1995 e 2000, as famílias norte-americanas<br />

ven<strong>de</strong>ram, em larga medida, <strong>de</strong>tenções directas<br />

<strong>de</strong> participações ao longo do mesmo período.<br />

O último <strong>de</strong>senvolvimento foi a contrapartida <strong>de</strong><br />

resgates substanciais <strong>de</strong> acções por empresas<br />

norte-americanas (ver a Secção 2) 10 .<br />

Segundo, em reacção à queda dos preços das<br />

acções a partir <strong>de</strong> 2000 e à maior incerteza<br />

económica, as famílias em ambas as economias<br />

aumentaram a percentagem <strong>de</strong> investimento em<br />

numerário e <strong>de</strong>pósitos durante 2001 e 2002, em<br />

particular em <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> curto prazo. Este facto<br />

reflectiu a preferência geral por activos seguros<br />

e líquidos durante esse período.<br />

Uma característica comum ao longo <strong>de</strong> todo o<br />

período <strong>de</strong> 1995 a 2002 foi que as famílias em<br />

ambas as economias aplicaram uma percentagem<br />

significativa e estável do seu investimento<br />

financeiro em produtos <strong>de</strong> seguros e <strong>de</strong> pensões,<br />

reflectindo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poupança privada<br />

relacionada com pensões.<br />

Não obstante as vendas líquidas das participações<br />

<strong>de</strong>tidas pelas famílias norte-americanas, tanto a<br />

percentagem das participações das famílias da área<br />

do euro como dos Estados Unidos (incluindo<br />

participações em fundos <strong>de</strong> investimento à<br />

excepção <strong>de</strong> participações em fundos do mercado<br />

8 Ver “Structural factors in the EU housing markets”, BCE, Março<br />

<strong>de</strong> 2003. Para o conjunto da área do euro, os resgates <strong>de</strong> títulos<br />

hipotecários não po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificados em separado nos<br />

empréstimos das famílias.<br />

9 Ver “Report on financial structures”, BCE, Outubro <strong>de</strong> 2002, e o<br />

artigo intitulado “Evolução recente das estruturas financeiras da<br />

área do euro” na edição <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2003 do Boletim Mensal<br />

do BCE.<br />

10 As transacções das famílias norte-americanas incluem transacções<br />

em acções <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s não financeiras dos EUA, que não po<strong>de</strong>m<br />

ser i<strong>de</strong>ntificadas em separado no fluxo <strong>de</strong> fundos dos EUA, ao<br />

contrário da situação das transacções das famílias nas contas<br />

financeiras da área do euro.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

69<br />

ARTIGOS<br />

Evolução dos<br />

balanços do<br />

sector privado<br />

na área do euro<br />

e nos<br />

Estados Unidos


monetário) no total dos activos financeiros<br />

aumentou, no período <strong>de</strong> 1995 a 1999, cerca <strong>de</strong><br />

14 pontos percentuais e 7 pontos percentuais,<br />

respectivamente, sobretudo em resultado <strong>de</strong><br />

ganhos por <strong>de</strong>tenções <strong>de</strong> títulos. Em contraste,<br />

as respectivas percentagens <strong>de</strong> activos financeiros<br />

remunerados (principalmente <strong>de</strong>pósitos e títulos<br />

<strong>de</strong> dívida) no total dos activos financeiros<br />

<strong>de</strong>sceram ao longo <strong>de</strong>sse período. Entre 2000 e<br />

2002, a <strong>de</strong>scida dos preços das acções levou ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento oposto.<br />

No período <strong>de</strong> 1995 a 2002, as famílias da área<br />

do euro aumentaram ligeiramente a percentagem<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>tenções <strong>de</strong> participações (incluindo<br />

participações em fundos <strong>de</strong> investimento à<br />

excepção <strong>de</strong> participações em fundos do mercado<br />

monetário) nos seus activos financeiros, para<br />

25%, enquanto esta percentagem se manteve<br />

globalmente estável, pouco acima <strong>de</strong> 40%, para<br />

as famílias norte-americanas. A percentagem<br />

<strong>de</strong>stas últimas em participações líquidas em<br />

produtos <strong>de</strong> seguros <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> pensões<br />

aumentou ligeiramente neste período, para 25%,<br />

embora tenha permanecido abaixo da percentagem<br />

70 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Gráfico 7 Composição do investimento financeiro das famílias<br />

(em percentagem da aquisição líquida <strong>de</strong> activos financeiros)<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

-20<br />

-40<br />

numerário e <strong>de</strong>pósitos<br />

títulos excepto acções<br />

acções e outras participações excluindo participações<br />

em fundos <strong>de</strong> investimento<br />

participações em fundos do mercado monetário<br />

Área do euro Estados Unidos<br />

140<br />

120<br />

100<br />

-20<br />

-40<br />

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

280<br />

240<br />

200<br />

160<br />

120<br />

80<br />

40<br />

-40<br />

-80<br />

-120<br />

-160<br />

participações em fundos <strong>de</strong> investimento excluindo<br />

participações em fundos do mercado monetário<br />

participação líquida das famílias nas provisões<br />

<strong>de</strong> seguros <strong>de</strong> vida e nos fundos <strong>de</strong> pensões<br />

outros<br />

0 0<br />

-120<br />

-160<br />

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002<br />

Fontes: BCE e Contas <strong>de</strong> Fluxo <strong>de</strong> Fundos dos EUA.<br />

Notas: Para os <strong>de</strong>rivados financeiros e outras contas a receber/a pagar, as transacções líquidas são apresentadas do lado do activo. “Outros”<br />

inclui <strong>de</strong>rivados financeiros líquidos, empréstimos, provisões para prémios não adquiridos e provisões para sinistros e outras contas líquidas<br />

a receber/a pagar. Para a área do euro, a percentagem <strong>de</strong> participações em fundos do mercado monetário foi estimada com base nas contas<br />

financeiras trimestrais.<br />

280<br />

240<br />

200<br />

160<br />

120<br />

globalmente estável dos Estados Unidos, próximo<br />

<strong>de</strong> 30%. Por último, a poupança tradicional das<br />

famílias sob a forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos bancários<br />

tornou-se menos importante na área do euro.<br />

A percentagem <strong>de</strong> numerário e <strong>de</strong>pósitos na riqueza<br />

financeira das famílias da área do euro, <strong>de</strong> 35%,<br />

foi menor em 2002 do que em 1995, altura em<br />

que se situava em 40%, apesar <strong>de</strong> ter aumentado<br />

perto do final do período. A percentagem<br />

correspon<strong>de</strong>nte para as famílias norte-americanas<br />

situou-se num nível consi<strong>de</strong>ravelmente inferior<br />

(13%, em 1995 e 2002).<br />

No que respeita às posições financeiras das famílias,<br />

o seu endividamento em relação ao PIB aumentou<br />

substancialmente na área do euro e Estados Unidos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da década <strong>de</strong> 90 (ver Gráfico 8).<br />

Contudo, o rácio da dívida das famílias na área<br />

do euro manteve-se consi<strong>de</strong>ravelmente abaixo do<br />

registado nos Estados Unidos, tendo aumentando<br />

menos. No terceiro trimestre <strong>de</strong> 2003, estima-se<br />

que a dívida das famílias da área do euro tenha<br />

sido <strong>de</strong> 52% em relação ao PIB, enquanto a dívida<br />

das famílias norte-americanas se situou em 86%<br />

em relação ao PIB.<br />

80<br />

40<br />

-40<br />

-80


No entanto, em ambas as áreas económicas, o nível<br />

baixo das taxas <strong>de</strong> juro levou a uma mo<strong>de</strong>ração<br />

dos encargos das famílias com pagamentos <strong>de</strong><br />

juros em relação ao rendimento disponível, o<br />

qual em 2002 se situou em torno do nível registado<br />

em meados da década <strong>de</strong> 90. Além disso, uma<br />

parte substancial da dívida hipotecária, que<br />

representa a maior parte da dívida das famílias<br />

tanto na área do euro como nos Estados Unidos,<br />

é financiada a taxas <strong>de</strong> juro fixas baixas.<br />

Paralelamente, para avaliar as potenciais<br />

restrições <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z enfrentadas pelas famílias,<br />

convém analisar também indicadores mais<br />

alargados do serviço da dívida, incluindo também,<br />

para além dos pagamentos <strong>de</strong> juros, fluxos <strong>de</strong><br />

amortização da dívida, os quais aumentaram em<br />

consequência <strong>de</strong> níveis mais elevados da dívida.<br />

Embora este tipo <strong>de</strong> medida não se encontre<br />

disponível para a área do euro, o Rácio do Serviço<br />

da Dívida recentemente calculado (Conselho <strong>de</strong><br />

Governadores do Sistema da Reserva Fe<strong>de</strong>ral)<br />

para as famílias norte-americanas atingiu o nível<br />

máximo histórico no final <strong>de</strong> 2001, tendo<br />

posteriormente estabilizado, em termos gerais,<br />

num nível ligeiramente mais baixo 11 .<br />

Em reflexo da evolução nos mercados financeiros,<br />

a riqueza financeira em relação ao rendimento<br />

disponível das famílias aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

em ambas as áreas económicas entre 1995<br />

e 1999, embora tenha diminuído <strong>de</strong> modo<br />

substancial posteriormente. Ao longo <strong>de</strong> todo o<br />

período <strong>de</strong> 1995 a 2002, a riqueza financeira em<br />

relação ao rendimento disponível das famílias da<br />

área do euro apesar <strong>de</strong> tudo aumentou (<strong>de</strong> 234%<br />

em 1995 para 265% em 2002), enquanto diminuiu<br />

ligeiramente para as famílias norte-americanas<br />

(<strong>de</strong> 406% em 1995 para 392% em 2002).<br />

Os rácios da dívida em relação aos activos<br />

financeiros po<strong>de</strong>m também ser informativos na<br />

avaliação da sustentabilida<strong>de</strong> das posições<br />

financeiras das famílias. Após as quedas entre<br />

1995 e 1999, os rácios da dívida em relação aos<br />

activos financeiros das famílias da área do euro<br />

e Estados Unidos aumentaram entre 2000 e 2002<br />

para níveis ligeiramente superiores aos <strong>de</strong> 1995.<br />

Embora a dívida das famílias norte-americanas<br />

Gráfico 8 Rácios da dívida das famílias<br />

(em percentagem do PIB)<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

área do euro<br />

Estados Unidos<br />

20<br />

20<br />

1981 1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002<br />

Fontes: BCE, Contas Nacionais do Rendimento e Produto dos EUA<br />

e Contas <strong>de</strong> Fluxo <strong>de</strong> Fundos dos EUA.<br />

Nota: Os dados dos EUA foram corrigidos, para permitir uma<br />

comparação com os dados da área do euro. Para mais pormenores,<br />

ver a caixa neste artigo. Última observação: T3 <strong>de</strong> 2003 (estimada<br />

para a área do euro).<br />

seja consi<strong>de</strong>ravelmente superior à dívida das<br />

famílias da área do euro, os rácios da dívida em<br />

relação aos activos financeiros foram, no geral,<br />

semelhantes nas duas regiões económicas em<br />

2002, <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>tenções mais elevadas <strong>de</strong> activos<br />

financeiros pelas famílias norte-americanas.<br />

O aumento <strong>de</strong>ste rácio entre 2000 e 2002 <strong>de</strong>verá<br />

ser avaliado à luz <strong>de</strong> uma maior riqueza em<br />

habitação <strong>de</strong>vido à subida relativamente forte<br />

dos preços da habitação em ambas as áreas<br />

económicas nos últimos anos. No entanto, <strong>de</strong>vido<br />

a uma falta <strong>de</strong> dados sobre a riqueza em habitação<br />

na área do euro, não é possível comparar o nível<br />

da dívida das famílias com a riqueza total das<br />

famílias nas duas áreas económicas.<br />

4 CONCLUSÃO<br />

No período <strong>de</strong> 1995 a 2002, as evoluções dos<br />

balanços do sector privado na área do euro e nos<br />

Estados Unidos apresentaram algumas<br />

características comuns. O forte investimento e as<br />

<strong>de</strong>scidas dos rácios <strong>de</strong> poupança das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras e das famílias em ambas as<br />

11 Ver o artigo intitulado “Recent Changes to a Measure of U.S.<br />

Household Debt Service” na edição <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2003 do Boletim<br />

da Reserva Fe<strong>de</strong>ral.<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

71<br />

ARTIGOS<br />

Evolução dos<br />

balanços do<br />

sector privado<br />

na área do euro<br />

e nos<br />

Estados Unidos


economias na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 90<br />

levaram a aumentos consi<strong>de</strong>ráveis dos respectivos<br />

rácios da dívida. Após uma certa <strong>de</strong>terioração das<br />

suas posições financeiras a partir <strong>de</strong> 1999,<br />

resultante da <strong>de</strong>scida dos preços das acções e <strong>de</strong><br />

um abrandamento nos lucros empresariais, as<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras começaram a restruturar<br />

os respectivos balanços <strong>de</strong> modo a conter ou<br />

mesmo reduzir os rácios <strong>de</strong> endividamento.<br />

Ao mesmo tempo, registaram-se importantes<br />

diferenças entre a evolução do balanço das<br />

socieda<strong>de</strong>s não financeiras e das famílias na área<br />

do euro e nos Estados Unidos.<br />

No que respeita às socieda<strong>de</strong>s não financeiras, a<br />

acumulação <strong>de</strong> dívida foi mais significativa na área<br />

do euro do que nos Estados Unidos na segunda<br />

meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 90, em conformida<strong>de</strong> com<br />

a tendência <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte das taxas <strong>de</strong> juro na área<br />

do euro no período que <strong>de</strong>correu até à Terceira<br />

Fase da UEM, que provavelmente terá aumentado<br />

os níveis <strong>de</strong> dívida sustentáveis. Em 2003, os<br />

rácios da dívida em relação ao PIB das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras situaram-se em níveis comparáveis<br />

na área do euro e nos Estados Unidos. Além disso,<br />

o comportamento <strong>de</strong> financiamento das socieda<strong>de</strong>s<br />

não financeiras norte-americanas foi caracterizado<br />

por consi<strong>de</strong>ráveis resgates <strong>de</strong> acções no período<br />

em análise, não tendo este sido um fenómeno<br />

relevante na área do euro.<br />

As famílias da área do euro registam um rácio<br />

<strong>de</strong> poupança substancialmente superior às famílias<br />

norte-americanas, sendo mutuantes líquidas, ao<br />

contrário das famílias norte-americanas, que<br />

foram mutuárias líquidas entre 1997 e 2002. Além<br />

disso, o rácio da dívida em relação aos rendimentos<br />

aumentou <strong>de</strong> modo mais forte, situando-se num<br />

nível consi<strong>de</strong>ravelmente mais elevado nos Estados<br />

Unidos do que na área do euro. Por último, as<br />

famílias da área do euro alteraram a composição<br />

das suas carteiras <strong>de</strong> modo significativo no período<br />

<strong>de</strong> 1995 a 2002, aumentando as <strong>de</strong>tenções <strong>de</strong><br />

participações (incluindo participações em fundos<br />

<strong>de</strong> investimento) e reduzindo os <strong>de</strong>pósitos<br />

bancários tradicionais, enquanto a composição das<br />

carteiras das famílias norte-americanas foi mais<br />

estável.<br />

72 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong>


O IMPACTO DA CONTABILIZAÇÃO<br />

PELO JUSTO VALOR SOBRE O SECTOR<br />

BANCÁRIO EUROPEU – UMA PERSPECTIVA<br />

DE ESTABILIDADE FINANCEIRA<br />

A partir <strong>de</strong> 2005, as empresas cotadas em bolsa (incluindo bancos) na Europa terão <strong>de</strong> adoptar as<br />

Normas Internacionais <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong> (IAS) para a apresentação das suas <strong>de</strong>monstrações<br />

financeiras consolidadas. Prevê-se que estas normas <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong>, e em particular as normas<br />

<strong>de</strong> valorização propostas para os instrumentos financeiros, terão um impacto significativo sobre<br />

o sector bancário europeu. Este artigo apresenta uma visão global do actual <strong>de</strong>bate e do impacto<br />

<strong>de</strong> uma aplicação mais ampla da contabilização pelo justo valor no sector bancário. Investiga<br />

ainda as possíveis consequências para a estabilida<strong>de</strong> financeira ao analisar o modo como os<br />

choques exógenos para o sector bancário se <strong>de</strong>verão manifestar nas <strong>de</strong>monstrações financeiras<br />

dos bancos ao abrigo das novas normas. A introdução das IAS po<strong>de</strong>rá, por sua vez, conduzir a<br />

alterações no comportamento dos bancos, por exemplo em termos <strong>de</strong> relações com os clientes, tipos<br />

<strong>de</strong> produtos oferecidos ou práticas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> risco. Mais em geral, o novo regime contabilístico<br />

po<strong>de</strong>rá afectar o papel dos bancos enquanto intermediários financeiros e a distribuição <strong>de</strong> riscos<br />

financeiros pelos agentes económicos.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Actualmente, os organismos internacionais <strong>de</strong><br />

normalização contabilística estão a aperfeiçoar<br />

as suas propostas para a utilização mais<br />

generalizada da contabilização pelo justo valor<br />

(CJV). O BCE tem um forte interesse neste<br />

<strong>de</strong>senvolvimento por várias razões. Em primeiro<br />

lugar, as reformas contabilísticas <strong>de</strong>verão ter um<br />

profundo impacto sobre o sector bancário europeu<br />

e, através <strong>de</strong>ste canal, também sobre a estabilida<strong>de</strong><br />

do sistema financeiro. Em segundo lugar, normas<br />

<strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> harmonizadas e <strong>de</strong> elevada<br />

qualida<strong>de</strong> dão um contributo significativo para<br />

a integração e eficiência dos mercados financeiros.<br />

Em terceiro lugar, a consistência entre o quadro<br />

contabilístico e os regimes <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong><br />

informação para fins estatísticos e <strong>de</strong> supervisão<br />

também é uma área digna <strong>de</strong> atenção.<br />

Este artigo centra-se no potencial impacto da CJV<br />

sobre o sector bancário, principalmente na<br />

perspectiva da sua estabilida<strong>de</strong>. A Secção 2<br />

apresenta os antece<strong>de</strong>ntes do <strong>de</strong>bate sobre a CJV<br />

e as iniciativas tomadas recentemente pelos<br />

organismos internacionais <strong>de</strong> normalização<br />

contabilística. A Secção 3 discute os prós e os<br />

contras <strong>de</strong> uma aplicação mais ampla da CJV.<br />

A Secção 4 <strong>de</strong>screve o modo como vários choques<br />

exógenos sobre o sector bancário <strong>de</strong>verão<br />

manifestar-se ao abrigo das novas normas <strong>de</strong><br />

contabilida<strong>de</strong> e o modo como tal po<strong>de</strong>rá conduzir<br />

a alterações no comportamento dos bancos. Por<br />

último, a Secção 5 retira algumas conclusões gerais.<br />

2 O DEBATE SOBRE A CJV<br />

OS ANTECEDENTES DO DEBATE<br />

Com a evolução dos mercados financeiros, em<br />

particular o forte crescimento dos <strong>de</strong>rivados, e o<br />

maior envolvimento dos bancos na negociação<br />

<strong>de</strong> instrumentos financeiros, o actual quadro<br />

contabilístico tem vindo a sofrer uma maior<br />

pressão dado que não reflecte <strong>de</strong> modo a<strong>de</strong>quado<br />

a realida<strong>de</strong> económica. A crescente procura, por<br />

parte da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investidores, <strong>de</strong><br />

transparência e da criação <strong>de</strong> benefícios para os<br />

accionistas exige que as empresas forneçam<br />

informações que melhor reflictam o impacto das<br />

condições económicas prevalecentes sobre a sua<br />

posição financeira.<br />

O quadro contabilístico tradicional baseia-se em<br />

gran<strong>de</strong> medida na chamada “contabilização pelo<br />

custo histórico” (CCH), isto é, as rubricas<br />

individuais do balanço são em princípio<br />

reconhecidas com base no seu preço <strong>de</strong> compra ou<br />

no seu custo à data da sua aquisição. A partir daqui,<br />

a actual abordagem contabilística (AAC) 1 afastou-<br />

-se do quadro original da CCH no sentido <strong>de</strong> um<br />

mo<strong>de</strong>lo misto, segundo o qual diferentes normas<br />

<strong>de</strong> avaliação são aplicadas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das intenções<br />

dos órgãos <strong>de</strong> gestão relativamente à <strong>de</strong>tenção<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados activos e responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

1 Na União Europeia, o actual quadro <strong>de</strong> avaliação a ser aplicado às<br />

<strong>de</strong>monstrações financeiras anuais dos bancos encontra-se estabelecido<br />

na Directiva 86/635/CEE. Entretanto, foram introduzidas alterações<br />

nesta Directiva no sentido <strong>de</strong> retirar inconsistências relativamente<br />

às IAS e <strong>de</strong> as colocar em linha com os <strong>de</strong>senvolvimentos na<br />

mo<strong>de</strong>rna contabilida<strong>de</strong>.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

73


Relativamente a esta última questão, os<br />

instrumentos financeiros (tais como empréstimos,<br />

obrigações, <strong>de</strong>pósitos ou <strong>de</strong>rivados financeiros)<br />

são divididos pelo banco em duas carteiras<br />

principais ou “livros contabilísticos”. Os<br />

instrumentos que <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>tidos até ao<br />

vencimento ou para fins <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> mais<br />

longo prazo são colocados na “carteira bancária”.<br />

Continuam a ser contabilizados pelo custo <strong>de</strong><br />

aquisição ou, em alternativa, <strong>de</strong> acordo com o<br />

método do custo <strong>de</strong> aquisição ou valor <strong>de</strong><br />

mercado, consoante o valor que for mais baixo<br />

(“lower of cost or market” – LOCOM). Em<br />

termos gerais, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar o LOCOM<br />

como uma variante mais conservadora da<br />

avaliação pelo custo histórico, sendo assim um<br />

exemplo do princípio da prudência, ao qual,<br />

tradicionalmente, a contabilida<strong>de</strong> atribui uma<br />

gran<strong>de</strong> importância. Tal acontece uma vez que,<br />

segundo o LOCOM, o activo é avaliado pelo seu<br />

preço <strong>de</strong> mercado quando este é inferior ao seu<br />

custo <strong>de</strong> aquisição, o que significa que as perdas<br />

não realizadas são efectivamente reconhecidas<br />

na conta <strong>de</strong> resultados do banco, enquanto os<br />

ganhos não realizados não são. Pelo contrário,<br />

os instrumentos na “carteira <strong>de</strong> negociação” são<br />

em princípio <strong>de</strong>tidos para fins <strong>de</strong> negociação <strong>de</strong><br />

curto prazo. São contabilizados pelo preço <strong>de</strong><br />

mercado (isto é, são “cotados a preços <strong>de</strong><br />

mercado”), sendo os lucros ou perdas resultantes<br />

reconhecidos directamente.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> avaliação misto da AAC acima<br />

<strong>de</strong>scrito seria a<strong>de</strong>quado se os bancos gerissem as<br />

suas carteiras <strong>de</strong> negociação e bancária <strong>de</strong> forma<br />

totalmente separada. Porém, tal não acontece.<br />

Segundo as actuais práticas <strong>de</strong> gestão, as rubricas<br />

da carteira <strong>de</strong> negociação são frequentemente<br />

utilizadas para cobrir as exposições na carteira<br />

bancária. Devido ao diferente tratamento<br />

contabilístico das rubricas nas diferentes carteiras,<br />

os organismos <strong>de</strong> normalização contabilística<br />

<strong>de</strong>senvolveram contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura para<br />

reflectir <strong>de</strong> modo a<strong>de</strong>quado nas <strong>de</strong>monstrações o<br />

risco paralelo originado por uma posição coberta<br />

(ver Caixa 1). Além disso, a maior utilização dos<br />

<strong>de</strong>rivados financeiros tais como operações a prazo<br />

(forwards), contratos <strong>de</strong> futuros, swaps e opções,<br />

também tornou mais evi<strong>de</strong>nte o facto <strong>de</strong> a<br />

74 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

exposição a estes instrumentos financeiros estar<br />

reflectida <strong>de</strong> modo ina<strong>de</strong>quado no actual quadro<br />

contabilístico. Por ocasião da sua emissão, esses<br />

instrumentos tipicamente têm um custo <strong>de</strong><br />

aquisição nulo ou muito baixo. Ao longo do tempo,<br />

porém, o seu valor económico po<strong>de</strong> alterar-se<br />

significativamente, tendo assim um gran<strong>de</strong> impacto<br />

sobre o perfil <strong>de</strong> risco e a posição financeira <strong>de</strong><br />

um banco. Porém, dado que estes instrumentos<br />

tipicamente não são registados no balanço, o seu<br />

impacto apenas será observado na conta <strong>de</strong><br />

resultados quando são realmente liquidados.<br />

INICIATIVAS RECENTES POR PARTE<br />

DOS ORGANISMOS INTERNACIONAIS<br />

DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA<br />

Consi<strong>de</strong>rou-se que o crescente <strong>de</strong>salinhamento<br />

entre a informação contida nas <strong>de</strong>monstrações<br />

financeiras e o verda<strong>de</strong>iro perfil <strong>de</strong> risco das<br />

empresas é significativo e <strong>de</strong>ve ser corrigido. Em<br />

consequência, os organismos internacionais <strong>de</strong><br />

normalização contabilística começaram a avançar<br />

no sentido <strong>de</strong> uma maior utilização da CJV. A<br />

base da CJV assenta, em princípio, nos valores<br />

<strong>de</strong> mercado das diferentes rubricas. Se não estiver<br />

disponível qualquer preço <strong>de</strong> mercado relevante,<br />

estimar-se-á o justo valor através <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo<br />

(por exemplo, o mo<strong>de</strong>lo do valor actualizado do<br />

fluxo financeiro) que tenha em conta todos os<br />

factores <strong>de</strong> valorização relevantes, tais como as<br />

características do instrumento e as condições <strong>de</strong><br />

mercado prevalecentes.<br />

Em 1999, o International Accounting Standards<br />

Committee (IASC), que entretanto foi substituído<br />

pelo International Accounting Standards Board<br />

(IASB), emitiu uma norma <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> (IAS<br />

39) que exigiu a utilização <strong>de</strong> justos valores para<br />

<strong>de</strong>terminados instrumentos financeiros, em<br />

particular os <strong>de</strong>rivados e os títulos <strong>de</strong> dívida e<br />

títulos <strong>de</strong> participação no capital <strong>de</strong>tidos para<br />

efeitos <strong>de</strong> negociação ou disponíveis para venda 2 .<br />

2 As IAS distinguem entre quatro categorias <strong>de</strong> activos financeiros:<br />

(i) activos <strong>de</strong>tidos para efeitos <strong>de</strong> negociação; (ii) investimentos<br />

<strong>de</strong>tidos até ao vencimento; (iii) empréstimos e créditos concedidos<br />

pela própria socieda<strong>de</strong>; e (iv) activos disponíveis para venda. A<br />

última categoria inclui activos financeiros que não pertencem a<br />

nenhuma das três categorias anteriores.


Caixa 1<br />

CONTABILIDADE DE COBERTURA<br />

O objectivo da cobertura <strong>de</strong> riscos é reduzir o risco para um instrumento coberto (por exemplo,<br />

uma obrigação, empréstimo ou <strong>de</strong>pósito) ao combiná-lo com um instrumento <strong>de</strong> cobertura (por<br />

exemplo, uma operação a prazo (forward), contrato <strong>de</strong> futuros ou swap), <strong>de</strong> modo a que as variações<br />

no valor <strong>de</strong> um instrumento sejam compensadas por variações no valor do outro instrumento.<br />

Porém, se forem utilizados diferentes métodos <strong>de</strong> avaliação contabilística para os variados<br />

instrumentos, por exemplo o custo histórico para a rubrica coberta e o valor <strong>de</strong> mercado para a<br />

rubrica <strong>de</strong> cobertura, tal dará origem a uma volatilida<strong>de</strong> na conta <strong>de</strong> resultados que não correspon<strong>de</strong><br />

à realida<strong>de</strong> económica <strong>de</strong> uma posição <strong>de</strong> risco muito reduzida. É então necessário um tratamento<br />

contabilístico específico, a chamada “contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura”. A contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura<br />

adia o reconhecimento <strong>de</strong> perdas ou antecipa o reconhecimento <strong>de</strong> ganhos na conta <strong>de</strong> resultados,<br />

<strong>de</strong> modo que o ganho ou perda do instrumento coberto é simultaneamente reconhecido como o<br />

ganho ou perda compensatória do instrumento <strong>de</strong> cobertura. Por conseguinte, segundo o regime<br />

total <strong>de</strong> CJV, em que o mesmo método <strong>de</strong> avaliação é aplicado a todos os instrumentos financeiros,<br />

não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura.<br />

Por forma a evitar situações em que as relações <strong>de</strong> cobertura sejam i<strong>de</strong>ntificadas ex post, por<br />

exemplo, <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>liberadamente <strong>de</strong>finir os lucros e perdas, o International Accounting Standards<br />

Board (IASB) estabeleceu vários requisitos específicos <strong>de</strong> modo a reunir condições para a<br />

contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura. Os principais requisitos assentam no princípio <strong>de</strong> que a relação <strong>de</strong><br />

cobertura <strong>de</strong>ve ser:<br />

• claramente i<strong>de</strong>ntificada e documentada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início;<br />

• medida <strong>de</strong> modo fi<strong>de</strong>digno;<br />

• eficiente; e<br />

• altamente provável, se se tratar <strong>de</strong> uma transacção prevista.<br />

Uma cobertura <strong>de</strong> riscos apenas po<strong>de</strong> reunir condições para uma contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura se<br />

passar um “teste <strong>de</strong> eficiência”, isto é, as variações no valor da rubrica coberta e no instrumento<br />

<strong>de</strong> cobertura <strong>de</strong>vem compensar-se quase na totalida<strong>de</strong>. As coberturas <strong>de</strong> riscos <strong>de</strong>vem ser altamente<br />

eficientes quando invocadas. Além disso, os resultados efectivos realizados durante o prazo da<br />

cobertura <strong>de</strong>vem permanecer num intervalo estreito <strong>de</strong> modo a que esta continue a ser consi<strong>de</strong>rada<br />

eficiente e para que se continue a aplicar a contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura.<br />

No início, previa-se que a contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura seria aplicada apenas ao nível micro (isto<br />

é, instrumento a instrumento). Porém, o IASB está actualmente a pon<strong>de</strong>rar se <strong>de</strong>verá permitir<br />

que a contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura também se aplique a uma carteira <strong>de</strong> instrumentos (as chamadas<br />

“coberturas <strong>de</strong> riscos macro”), o que a aproximaria das práticas <strong>de</strong> gestão do risco aplicadas<br />

pelos bancos 1 .<br />

1 Ver “Exposure Draft on Fair Value Hedge Accounting for a Portfolio Hedge of Interest Rate Risk”, IASB, Agosto <strong>de</strong> 2003.<br />

Esta norma, que teria um impacto particularmente<br />

importante sobre as empresas financeiras, como<br />

por exemplo os bancos, foi muito criticada e<br />

consi<strong>de</strong>rada prematuramente finalizada.<br />

Em Dezembro <strong>de</strong> 2000, foi avançada uma norma<br />

integrada e harmonizada para utilizar a CJV para<br />

todos os instrumentos financeiros, incluindo<br />

empréstimos e <strong>de</strong>pósitos e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

75<br />

ARTIGOS<br />

O impacto da<br />

contabilização<br />

pelo justo valor<br />

sobre o sector<br />

bancário europeu<br />

– uma perspectiva<br />

<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong><br />

financeira


da intenção para serem <strong>de</strong>tidos, pelo Joint Working<br />

Group of Standard Setters (JWG), no qual o IASB<br />

e os organismos nacionais <strong>de</strong> normalização<br />

contabilística estão representados. Esta proposta<br />

<strong>de</strong> um regime total <strong>de</strong> CJV, que se aplicaria aos<br />

instrumentos da carteira <strong>de</strong> negociação e da<br />

carteira bancária, foi recebida com cepticismo pelo<br />

sector bancário e pela comunida<strong>de</strong> responsável<br />

pela supervisão 3 . O principal argumento contra<br />

a proposta teve por base o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

ina<strong>de</strong>quado dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> crédito e<br />

métodos <strong>de</strong> avaliação para instrumentos não<br />

negociáveis que seriam utilizados para calcular<br />

justos valores. O potencial impacto sobre a<br />

estabilida<strong>de</strong> financeira da maior volatilida<strong>de</strong> nas<br />

<strong>de</strong>monstrações financeiras também foi i<strong>de</strong>ntificado<br />

como uma questão <strong>de</strong> preocupação. A norma não<br />

foi adoptada, mas a passagem para uma utilização<br />

mais alargada do justo valor não foi abandonada.<br />

Em Agosto <strong>de</strong> 2001, o IASB anunciou que daria<br />

início a um projecto para alterar a IAS 39. Em<br />

2002, foi publicado um Exposure Draft (isto é,<br />

um projecto <strong>de</strong> normas) com propostas <strong>de</strong><br />

alterações e as partes interessadas foram<br />

convidadas a enviar comentários. O projecto <strong>de</strong><br />

normas inclui uma proposta no sentido <strong>de</strong> dar às<br />

empresas a opção (irrevogável) <strong>de</strong> aplicar a CJV<br />

a qualquer instrumento financeiro caso a empresa<br />

o prefira quando efectuar a transacção. Na<br />

sequência <strong>de</strong> críticas quanto ao tratamento da<br />

cobertura <strong>de</strong> riscos <strong>de</strong> carteira, foi emitido um<br />

novo projecto <strong>de</strong> normas sobre a cobertura macro<br />

em Agosto <strong>de</strong> 2003 para efeitos <strong>de</strong> uma consulta<br />

pública. Em Dezembro <strong>de</strong> 2003, o IASB publicou<br />

as versões revistas das suas normas IAS 32 e<br />

IAS 39. As revisões beneficiaram <strong>de</strong> uma ampla<br />

consulta, embora algumas questões estejam ainda<br />

sujeitas a contestação, tais como a opção do justo<br />

valor e da cobertura macro. No que se refere à<br />

última questão, serão emitidas novas alterações<br />

à IAS 39 no início <strong>de</strong> <strong>2004</strong>.<br />

O QUADRO CONTABILÍSTICO DA UE<br />

No contexto da União Europeia, o ímpeto para<br />

uma reforma contabilística tem origem<br />

principalmente no objectivo <strong>de</strong> criar um verda<strong>de</strong>iro<br />

mercado único. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ultrapassar as<br />

76 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

diferenças nas normas <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> entre<br />

os Estados-Membros e <strong>de</strong> ter um quadro<br />

contabilístico harmonizado é consi<strong>de</strong>rada um<br />

passo fundamental no sentido da integração dos<br />

mercados financeiros na área do euro e na União<br />

Europeia. De facto, normas <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong><br />

harmonizadas po<strong>de</strong>riam aumentar a transparência<br />

e a comparabilida<strong>de</strong>, tornando assim mais fácil<br />

uma afectação <strong>de</strong> capital e potencialmente<br />

reduzindo o custo do capital. Recentemente,<br />

vários escândalos contabilísticos importantes nos<br />

Estados Unidos e na Europa sublinharam<br />

novamente a importância <strong>de</strong> um reporte financeiro<br />

transparente e <strong>de</strong> elevada qualida<strong>de</strong>.<br />

Em Julho <strong>de</strong> 2002, o Parlamento Europeu e o<br />

Conselho Europeu adoptaram um Regulamento 4<br />

que obriga as empresas cotadas em bolsa,<br />

incluindo bancos, a preparar <strong>de</strong>monstrações<br />

financeiras consolidadas <strong>de</strong> acordo com as IAS<br />

a partir <strong>de</strong> 2005. Além disso, os Estados-Membros<br />

dispõem da opção <strong>de</strong> alargar os requisitos do<br />

Regulamento às empresas não cotadas e às<br />

<strong>de</strong>monstrações não consolidadas. Embora um<br />

regulamento seja juridicamente vinculativo mesmo<br />

que não seja transposto para a legislação nacional,<br />

foi previsto um processo <strong>de</strong> aprovação no sentido<br />

<strong>de</strong> adoptar as normas internacionais <strong>de</strong><br />

contabilida<strong>de</strong> para aplicação na União Europeia<br />

(ver Caixa 2). A Comissão Europeia expressou<br />

o seu compromisso <strong>de</strong> aprovar todas as normas<br />

emitidas pelo IASB.<br />

De acordo com este processo, o Comité <strong>de</strong><br />

Regulamentação Contabilística aprovou em Julho<br />

<strong>de</strong> 2003 o conjunto existente <strong>de</strong> IAS, com excepção<br />

da IAS 32 (que trata da apresentação e divulgação<br />

<strong>de</strong> instrumentos financeiros) e da IAS 39 (que<br />

trata do reconhecimento e medição <strong>de</strong>sses<br />

instrumentos). Posteriormente, a Comissão aprovou<br />

formalmente as mesmas IAS através da adopção<br />

<strong>de</strong> um Regulamento 5 . Nessa altura, as normas IAS<br />

32 e IAS 39 ainda estavam a ser analisadas pelo<br />

3 O BCE também transmitiu as suas preocupações ao JWG. Ver<br />

“Fair value accounting in the banking sector: ECB comments on<br />

the ‘Draft standard and basis for conclusions – financial instruments<br />

and similar items’ issued by the Financial Instruments Joint Working<br />

Group of Standard Setters”, 8 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2001 (www.ecb.int).<br />

4 Regulamento (CE) n.º 1606/2002.<br />

5 Regulamento (CE) n.º 1725/2003.


Caixa 2<br />

O PROCESSO DE APROVAÇÃO DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE<br />

PELA UE<br />

É necessária a criação <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> aprovação formal das normas <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> na União<br />

Europeia por motivos políticos e jurídicos. Em primeiro lugar, consi<strong>de</strong>ra-se ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>legar<br />

as normas <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> em organizações privadas, como por exemplo o IASB, sobre as quais<br />

a União Europeia não tem influência. Em segundo lugar, é importante criar certeza jurídica através<br />

da i<strong>de</strong>ntificação das normas que <strong>de</strong>vem ser cumpridas pelas empresas cotadas em bolsa no futuro.<br />

O mecanismo <strong>de</strong> aprovação também examina se as normas adoptadas pelo IASB são consistentes<br />

com as preocupações relacionadas com políticas públicas da UE. O processo <strong>de</strong> aprovação implica<br />

a intervenção <strong>de</strong> um comité regulador, o Comité <strong>de</strong> Regulamentação Contabilística (Accounting<br />

Regulatory Committee (ARC)), presidido pela Comissão Europeia e composto por representantes<br />

dos Estados-Membros. O BCE participa no Comité na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observador. O ARC adopta<br />

ou rejeita a IAS com base numa proposta feita pela Comissão. O processo <strong>de</strong> aprovação po<strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong>scrito da seguinte forma:<br />

Passo 1:<br />

A Comissão submete a sua proposta para aprovação ou rejeição da norma <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> ao<br />

ARC, em conjunto com um relatório que i<strong>de</strong>ntifica a IAS específica em questão, examinando a<br />

sua conformida<strong>de</strong> com as directivas relativas à contabilida<strong>de</strong> existentes e a sua a<strong>de</strong>quação<br />

enquanto base para o reporte financeiro na Europa.<br />

Passo 2:<br />

O ARC tem dois meses para apresentar o seu parecer sobre a proposta. O Comité recebe<br />

recomendações técnicas relativamente à utilização da IAS no contexto legal europeu <strong>de</strong> um grupo<br />

técnico contabilístico <strong>de</strong>nominado European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG), que<br />

é um fórum do sector privado composto pelas principais partes interessadas no reporte financeiro<br />

na Europa, em particular os utilizadores e os responsáveis pela elaboração das contas e contabilistas<br />

(apoiados pelos organismos nacionais <strong>de</strong> normalização contabilística). O EFRAG tem um mês<br />

para apresentar recomendações técnicas.<br />

Passo 3:<br />

Se o ARC concordar com a proposta, a Comissão toma as medidas necessárias para assegurar<br />

que a norma é adoptada no contexto legal da UE. Caso o Comité não apresente qualquer parecer<br />

ou apresente um parecer negativo, a Comissão po<strong>de</strong> <strong>de</strong>volver a questão ao EFRAG ou recorrer<br />

ao Conselho.<br />

De acordo com os procedimentos normais da UE para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões pelos comités<br />

reguladores, o Parlamento Europeu é informado do trabalho do ARC. O Parlamento Europeu<br />

também po<strong>de</strong> intervir se consi<strong>de</strong>rar que a Comissão exce<strong>de</strong>u os seus po<strong>de</strong>res.<br />

IASB, dado que o sector financeiro e os reguladores<br />

financeiros tinham pedido uma nova discussão no<br />

sentido <strong>de</strong> avaliar e fazer face às preocupações<br />

relativamente à aplicação das duas normas. À luz<br />

dos comentários recebidos, o IASB reviu estas<br />

normas em Dezembro <strong>de</strong> 2003, com excepção das<br />

questões relativas à “cobertura macro”, que <strong>de</strong>verão<br />

ser finalizadas no primeiro trimestre <strong>de</strong> <strong>2004</strong>.<br />

Posteriormente, a Comissão analisá-las-á para<br />

aprovação no segundo semestre <strong>de</strong> <strong>2004</strong>.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

77<br />

ARTIGOS<br />

O impacto da<br />

contabilização<br />

pelo justo valor<br />

sobre o sector<br />

bancário europeu<br />

– uma perspectiva<br />

<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong><br />

financeira


78 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

3 OS PRÓS E OS CONTRAS DO REGIME<br />

TOTAL DE CJV<br />

A maior utilização do justo valor prevista pelo<br />

IASB tem muitos benefícios associados, mas<br />

também suscita preocupações significativas por<br />

parte das instituições financeiras. Um dos<br />

principais benefícios consiste indubitavelmente no<br />

facto <strong>de</strong> o valor <strong>de</strong> mercado ou justo valor dos<br />

<strong>de</strong>rivados financeiros constar do balanço. Dado<br />

que os instrumentos <strong>de</strong>rivados se tornaram um<br />

instrumento <strong>de</strong> gestão importante para os bancos<br />

e visto que o seu montante nocional (que é agora<br />

registado em contas extrapatrimoniais) é<br />

frequentemente muito significativo relativamente<br />

ao balanço total, o utilizador das <strong>de</strong>monstrações<br />

financeiras terá uma melhor visão da verda<strong>de</strong>ira<br />

posição financeira <strong>de</strong> um banco. Além disso, será<br />

mais fácil avaliar em que medida as práticas <strong>de</strong><br />

gestão <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> um banco, por exemplo através<br />

da utilização <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados, são realmente eficientes.<br />

A aplicação mais ampla da CJV também <strong>de</strong>ve<br />

conduzir a um quadro <strong>de</strong> valorização mais coerente<br />

e comparável, dado que os instrumentos seriam<br />

então valorizados na mesma ocasião <strong>de</strong> acordo<br />

com o mesmo princípio. Um dos efeitos <strong>de</strong>sta<br />

maior transparência e da melhor qualida<strong>de</strong> da<br />

informação é que po<strong>de</strong>rão conduzir mais cedo a<br />

uma acção correctiva por parte dos órgãos <strong>de</strong><br />

gestão, accionistas ou autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> supervisão<br />

caso um banco incorra em riscos excessivos.<br />

Outro benefício é que o incentivo para a “escolha<br />

selectiva” diminuiu. Ao abrigo do actual quadro<br />

contabilístico, as variações no valor económico<br />

dos instrumentos, em regra, apenas são<br />

reconhecidos no momento em que são<br />

verda<strong>de</strong>iramente realizados; por conseguinte, um<br />

banco po<strong>de</strong>rá ter um incentivo para efectuar<br />

<strong>de</strong>terminadas transacções apenas para impulsionar<br />

os seus lucros contabilísticos. Por exemplo, os<br />

activos que apresentem exce<strong>de</strong>ntes latentes<br />

significativos (reservas ocultas) po<strong>de</strong>m ser<br />

vendidos <strong>de</strong> modo a compensar resultados fracos<br />

nas activida<strong>de</strong>s económicas essenciais.<br />

Mas a CJV também suscita preocupações<br />

significativas. Em primeiro lugar, dado que as<br />

alterações na conjuntura económica e no perfil <strong>de</strong><br />

risco são melhor reflectidas, a CJV <strong>de</strong>verá aumentar<br />

a volatilida<strong>de</strong> nas <strong>de</strong>monstrações financeiras.<br />

Po<strong>de</strong>r-se-á argumentar que se existe volatilida<strong>de</strong>,<br />

então as <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong>vem reflectir este facto<br />

e, ao fazê-lo, dão ao utilizador informações<br />

financeiras mais relevantes. Porém, para os<br />

instrumentos na carteira bancária que em princípio<br />

são <strong>de</strong>tidos até ao vencimento, como por exemplo<br />

a maior parte dos empréstimos, o valor na<br />

maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve necessariamente ser equivalente<br />

ao valor nominal ou ao par in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das<br />

oscilações no valor económico ao longo do período<br />

<strong>de</strong> vida do instrumento. A volatilida<strong>de</strong> na conta<br />

<strong>de</strong> resultados que surge ao longo do período <strong>de</strong><br />

vida <strong>de</strong>sses instrumentos <strong>de</strong>corrente da utilização<br />

da CJV po<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ste modo, não fornecer informações<br />

muito relevantes e po<strong>de</strong> até ser enganosa (ver<br />

Caixa 3). Uma outra complicação é a ligação<br />

existente em alguns países entre as <strong>de</strong>monstrações<br />

financeiras e a tributação. Existe assim o risco,<br />

usando a CJV, <strong>de</strong> que os lucros não realizados sejam<br />

tributados, constituindo um custo que po<strong>de</strong> não<br />

ser compensado pela <strong>de</strong>dutibilida<strong>de</strong> fiscal das<br />

perdas não realizadas.<br />

Em segundo lugar, po<strong>de</strong> ser difícil <strong>de</strong>terminar o<br />

justo valor <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados instrumentos, em<br />

particular quando não existe um preço <strong>de</strong> mercado<br />

relevante. Nesses casos, <strong>de</strong>verá ser calculado um<br />

justo valor com base em mo<strong>de</strong>los (“cotação <strong>de</strong><br />

acordo com o mo<strong>de</strong>lo”) e tal po<strong>de</strong>rá dar origem a<br />

resultados muito diferentes para instrumentos com<br />

características <strong>de</strong> risco comparáveis. O valor<br />

resultante <strong>de</strong>ste procedimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da qualida<strong>de</strong><br />

do mo<strong>de</strong>lo e dos dados utilizados. Frequentemente<br />

é utilizada uma perspectiva <strong>de</strong> prazo <strong>de</strong>masiado<br />

curto para o cálculo dos parâmetros do mo<strong>de</strong>lo, e<br />

quer os profissionais <strong>de</strong> mercado quer as<br />

autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> supervisão concordam que os actuais<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> avaliação ainda <strong>de</strong>vem ser melhorados.<br />

Além disso, tendo em conta que as instituições<br />

po<strong>de</strong>m utilizar diferentes mo<strong>de</strong>los com pressupostos<br />

significativamente diferentes, os justos valores e<br />

os efeitos resultantes sobre a conta <strong>de</strong> resultados<br />

po<strong>de</strong>m não ser comparáveis entre bancos diferentes,<br />

o que está em <strong>de</strong>sacordo com um dos objectivos<br />

da CJV. No que se refere à auditoria externa,<br />

constituirá um particular <strong>de</strong>safio verificar se os


Caixa 3<br />

ILUSTRAÇÃO DO MODO COM A CJV PODE CONDUZIR À VOLATILIDADE ADICIONAL<br />

NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DE UM BANCO<br />

Caso um banco <strong>de</strong>tenha instrumentos que vençam juros (por exemplo, empréstimos, obrigações)<br />

no seu balanço até ao vencimento, a CJV po<strong>de</strong> dar origem a uma volatilida<strong>de</strong> adicional significativa<br />

na conta <strong>de</strong> resultados ao longo do período <strong>de</strong> vida dos instrumentos, o que está em <strong>de</strong>sacordo<br />

com a intenção pela qual são <strong>de</strong>tidos. Tal po<strong>de</strong> ser ilustrado ao observar o balanço <strong>de</strong> um banco<br />

europeu médio no caso <strong>de</strong> um choque na taxa <strong>de</strong> juro externa. São utilizadas <strong>de</strong>terminadas<br />

hipóteses simplificadoras na construção <strong>de</strong>ste balanço (por exemplo, a ausência <strong>de</strong> cobertura,<br />

uma maturida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos para os instrumentos).<br />

Na ausência <strong>de</strong> um preço <strong>de</strong> mercado observável ou relevante, o justo valor das obrigações e<br />

empréstimos po<strong>de</strong> ser aproximado calculando o valor actualizado líquido dos seus fluxos <strong>de</strong> caixa<br />

esperados. Este cálculo consiste em <strong>de</strong>scontar os fluxos <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>ste instrumento ao longo do<br />

restante período <strong>de</strong> vida a uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto que reflicta a taxa sem risco e um prémio <strong>de</strong><br />

risco. O efeito <strong>de</strong> um choque na taxa <strong>de</strong> juro sobre o justo valor dos instrumentos po<strong>de</strong> assim<br />

ser simulado variando a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto.<br />

Por ocasião da sua emissão, o valor calculado <strong>de</strong>stes instrumentos normalmente será equivalente<br />

ao seu valor nominal, evi<strong>de</strong>nciando o facto <strong>de</strong> que o seu preço foi fixado <strong>de</strong> acordo com as<br />

condições <strong>de</strong> mercado prevalecentes. À medida que o tempo avança e as condições <strong>de</strong> mercado<br />

se alteram, o valor calculado também se modificará (diminuirá no caso <strong>de</strong> um aumento das taxas<br />

<strong>de</strong> juro ou aumentará no caso <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scida das taxas <strong>de</strong> juro) e já não será equivalente ao<br />

valor nominal. Porém, por ocasião do seu vencimento, o valor calculado <strong>de</strong>verá novamente ser<br />

idêntico ao valor nominal, reflectindo o facto <strong>de</strong> que nesta altura o activo do banco sobre o<br />

emitente da obrigação ou o <strong>de</strong>vedor do empréstimo é imediatamente reembolsável ao valor<br />

nominal (par). Esta evolução do valor <strong>de</strong> uma obrigação/empréstimo ao longo do seu período <strong>de</strong><br />

vida também é conhecida como o movimento “pull to par” (aproximação ao valor nominal).<br />

Estes princípios são ilustrados no gráfico abaixo, que mostra os efeitos <strong>de</strong> um movimento<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 100 pontos base da curva <strong>de</strong> rendimentos sobre a conta <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> um banco<br />

CJV–AAC em percentagem do capital<br />

e reservas. Movimento <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

100 pontos base na curva <strong>de</strong> rendimentos<br />

12.0<br />

10.0<br />

8.0<br />

6.0<br />

4.0<br />

2.0<br />

0.0<br />

-2.0<br />

-4.0<br />

-6.0<br />

CJV-AAC<br />

0 1 2 3 4 5<br />

anos<br />

6 7 8 9 10<br />

12.0<br />

10.0<br />

8.0<br />

6.0<br />

4.0<br />

2.0<br />

0.0<br />

-2.0<br />

-4.0<br />

-6.0<br />

ao longo do tempo, expressos em percentagem<br />

do capital e reservas do banco. O efeito é<br />

mostrado numa base incremental, o que significa<br />

que na conta <strong>de</strong> resultados apenas é ilustrada a<br />

diferença entre a CJV e a AAC. É <strong>de</strong> sublinhar<br />

que <strong>de</strong>vido à avaliação do LOCOM da AAC<br />

aplicada aos títulos na carteira bancária, o<br />

gráfico, no caso <strong>de</strong> um aumento das taxas <strong>de</strong><br />

juro, não é apenas o reverso do que suce<strong>de</strong><br />

aquando <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scida das taxas <strong>de</strong> juro.<br />

O gráfico mostra que à medida que a curva <strong>de</strong><br />

rendimentos registasse um movimento<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 100 pontos base, o justo valor<br />

da carteira <strong>de</strong> obrigações e empréstimos<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

79<br />

ARTIGOS<br />

O impacto da<br />

contabilização<br />

pelo justo valor<br />

sobre o sector<br />

bancário europeu –<br />

uma perspectiva <strong>de</strong><br />

estabilida<strong>de</strong><br />

financeira


justos valores obtidos através <strong>de</strong> valorizações do<br />

mo<strong>de</strong>lo são fi<strong>de</strong>dignos 6 .<br />

Por último, <strong>de</strong>ve ser referida a questão do risco<br />

<strong>de</strong> crédito próprio ou do risco <strong>de</strong>corrente das<br />

obrigações emitidas <strong>de</strong> um banco. Segundo a<br />

CJV, a <strong>de</strong>terioração do risco <strong>de</strong> crédito próprio<br />

<strong>de</strong> um banco resultaria numa redução do valor<br />

das suas próprias obrigações, reduzindo assim o<br />

justo valor das suas responsabilida<strong>de</strong>s. Se o valor<br />

dos activos se mantivesse inalterado, tal resultaria<br />

simultaneamente num aumento dos fundos dos<br />

accionistas, que são calculados como a diferença<br />

entre o justo valor dos activos e responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

Esta melhoria da posição <strong>de</strong> solvência resultante<br />

<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terioração do risco <strong>de</strong> crédito próprio<br />

é contra intuitiva e muito controversa,<br />

especialmente do ponto <strong>de</strong> vista da supervisão.<br />

Po<strong>de</strong> ser uma razão importante para que as<br />

autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> supervisão não aceitem que as<br />

IAS sejam totalmente reflectidas nos cálculos<br />

dos requisitos <strong>de</strong> capital regulamentar.<br />

80 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

aumentaria, o que segundo a CJV seria reconhecido na conta <strong>de</strong> resultados do banco como um<br />

lucro. Segundo a AAC, a carteira manteria o seu valor contabilístico anterior (igual ao valor<br />

nominal) e não existiria qualquer efeito sobre a conta <strong>de</strong> resultados. Se não ocorressem choques<br />

adicionais, o aumento do valor segundo a CJV seria transferido como perdas através da conta<br />

<strong>de</strong> resultados, dado que por ocasião do seu vencimento o justo valor das obrigações e empréstimos<br />

necessariamente se aproximaria do valor nominal. O gráfico mostra também que, enquanto a<br />

<strong>de</strong>scida das taxas <strong>de</strong> juro teria um impacto imediato significativo, o posterior movimento<br />

compensatório ao longo do tempo seria mais gradual. Com a CJV, todas estas variações no valor<br />

seriam totalmente reflectidas na conta <strong>de</strong> resultados, enquanto segundo a AAC, as obrigações e<br />

empréstimos manteriam o seu valor nominal.<br />

Para terminar, por ocasião da emissão e vencimento dos instrumentos, a CJV e a AAC têm o<br />

mesmo efeito sobre as <strong>de</strong>monstrações financeiras do banco, mas no período intermédio, a CJV<br />

dará origem a uma maior volatilida<strong>de</strong>, o que parece ser inconsistente com a intenção pela qual<br />

os instrumentos são <strong>de</strong>tidos.<br />

4 O IMPACTO DO QUADRO<br />

CONTABILÍSTICO SOBRE OS BANCOS<br />

O IMPACTO SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES<br />

FINANCEIRAS DOS BANCOS<br />

Os choques para a economia manifestar-se-ão <strong>de</strong><br />

modos diferentes nas <strong>de</strong>monstrações financeiras<br />

dos bancos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do quadro contabilístico<br />

utilizado. De modo a compreen<strong>de</strong>r melhor o<br />

impacto sobre a estabilida<strong>de</strong> financeira, vários<br />

cenários que são especialmente relevantes para<br />

o sector bancário são discutidos ao abrigo quer<br />

da AAC quer da CJV. Estes cenários são: uma<br />

<strong>de</strong>terioração significativa da qualida<strong>de</strong> do crédito,<br />

uma variação inesperada nas taxas <strong>de</strong> juro, uma<br />

crise no sector imobiliário e um ajustamento<br />

acentuado dos preços dos títulos <strong>de</strong> participação.<br />

O primeiro cenário analisado consiste numa<br />

<strong>de</strong>terioração da qualida<strong>de</strong> do crédito.<br />

A <strong>de</strong>terioração da qualida<strong>de</strong> do crédito <strong>de</strong> um<br />

activo financeiro, como por exemplo um<br />

empréstimo ou uma obrigação, será reflectida em<br />

fluxos <strong>de</strong> caixa mais baixos do que o previsto.<br />

Se o justo valor do instrumento fosse calculado<br />

<strong>de</strong>scontando os seus fluxos <strong>de</strong> caixa esperados,<br />

o justo valor <strong>de</strong>sceria em paralelo com a<br />

<strong>de</strong>terioração da qualida<strong>de</strong> do crédito. À luz das<br />

actuais normas <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong>, pelo contrário,<br />

o valor do activo, em regra, apenas será ajustado<br />

através da criação <strong>de</strong> uma provisão específica<br />

quando o activo estiver “em imparida<strong>de</strong>” ou for<br />

“improdutivo”. Neste caso, frequentemente tem<br />

<strong>de</strong> ocorrer um <strong>de</strong>terminado “acontecimento real”<br />

que reflicta a <strong>de</strong>terioração da qualida<strong>de</strong>, como<br />

6 Existem também questões importantes no que se refere às estatísticas,<br />

mas estas não se enquadram no âmbito <strong>de</strong>ste artigo.


por exemplo o incumprimento ou um atraso no<br />

pagamento dos juros, para que o valor seja ajustado<br />

nestas <strong>de</strong>monstrações.<br />

Deste modo, o comportamento <strong>de</strong> provisionamento<br />

do banco segundo a AAC será crucial. Se<br />

forem tomadas <strong>de</strong>cisões relativamente ao<br />

provisionamento baseadas <strong>de</strong> forma perfeita no<br />

futuro e reflectindo qualquer variação nos fluxos<br />

<strong>de</strong> caixa esperados, os efeitos contabilísticos<br />

segundo a AAC e a CJV sobre o risco <strong>de</strong> crédito<br />

serão idênticos. Porém, um obstáculo importante<br />

ao provisionamento baseado no futuro tem origem<br />

nos actuais regulamentos contabilísticos e fiscais.<br />

De modo a limitar a possibilida<strong>de</strong> dos órgãos <strong>de</strong><br />

gestão manipularem os resultados financeiros,<br />

os regulamentos na maior parte dos países ten<strong>de</strong>m<br />

a <strong>de</strong>finir estreitamente “imparida<strong>de</strong>” ou<br />

“empréstimos improdutivos”. O provisionamento<br />

apenas é permitido quando perdas específicas já<br />

se materializaram ou quando existem sinais <strong>de</strong><br />

que se materializarão em breve. Em consequência,<br />

as provisões para perdas são predominantemente<br />

retrospectivas.<br />

Um outro elemento importante no <strong>de</strong>bate da AAC<br />

versus CJV é o modo como os bancos calculam<br />

os seus fluxos <strong>de</strong> caixa futuros esperados. Um<br />

parâmetro crucial neste ponto particular é a<br />

chamada “probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incumprimento” ou<br />

a probalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong>vedor incorrer<br />

em incumprimento num <strong>de</strong>terminado intervalo <strong>de</strong><br />

tempo. Estudos sobre os sistemas <strong>de</strong> avaliação<br />

do risco <strong>de</strong> crédito dos bancos <strong>de</strong>monstraram<br />

que, em regra, as probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> incumprimento<br />

e as notações <strong>de</strong> crédito associadas são calculadas<br />

num dado momento e com um horizonte <strong>de</strong> curto<br />

prazo, geralmente um ano; muito poucos bancos<br />

utilizam um horizonte mais longo para a sua<br />

avaliação do risco, tendo em conta o <strong>de</strong>sempenho<br />

médio esperado <strong>de</strong> um mutuário ao longo <strong>de</strong> um<br />

ciclo económico. Se essas estimativas <strong>de</strong> curto<br />

prazo se reflectissem no cálculo dos fluxos <strong>de</strong><br />

caixa esperados, seriam revistas com bastante<br />

frequência, conduzindo assim a uma maior<br />

volatilida<strong>de</strong> nestas <strong>de</strong>monstrações.<br />

O segundo cenário centra-se numa variação<br />

inesperada nas taxas <strong>de</strong> juro. Se os <strong>de</strong>rivados<br />

não forem tomados em consi<strong>de</strong>ração, uma variação<br />

nas taxas <strong>de</strong> juro terá um impacto muito diferente<br />

sobre o valor contabilístico das rubricas na carteira<br />

bancária segundo a CJV em comparação com a<br />

AAC. Um aumento das taxas <strong>de</strong> juro resultaria<br />

numa <strong>de</strong>scida do valor económico <strong>de</strong>stes<br />

instrumentos, dado que diminui o valor actualizado<br />

dos fluxos <strong>de</strong> caixa futuros esperados. Em<br />

contrapartida, uma <strong>de</strong>scida das taxas <strong>de</strong> juro<br />

resultaria num aumento do valor económico.<br />

Segundo a CJV, estas variações no valor, pela<br />

própria natureza da técnica contabilística, serão<br />

sempre reconhecidas nas <strong>de</strong>monstrações. Pelo<br />

contrário, segundo a AAC, as variações no valor<br />

resultantes da volatilida<strong>de</strong> das taxas <strong>de</strong> juro não<br />

serão reconhecidas no que se refere aos<br />

empréstimos. No que respeita aos títulos na<br />

carteira bancária, o reconhecimento apenas<br />

ocorrerá no caso <strong>de</strong> uma subida das taxas <strong>de</strong> juro<br />

quando a avaliação do LOCOM for utilizada para<br />

avaliar a carteira. A avaliação do LOCOM,<br />

contudo, não reconhecerá os aumentos <strong>de</strong> valor<br />

latentes resultantes <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scida das taxas <strong>de</strong><br />

juro. Em consequência, as variações nas taxas <strong>de</strong><br />

juro são tratadas <strong>de</strong> um modo assimétrico, o que<br />

não suce<strong>de</strong> segundo a CJV. Num contexto <strong>de</strong><br />

uma forte <strong>de</strong>scida das taxas <strong>de</strong> juro, os bancos<br />

que aplicam o LOCOM <strong>de</strong>verão, <strong>de</strong>ste modo, ter<br />

reservas ocultas significativas nos seus balanços.<br />

O terceiro cenário consiste numa típica crise no<br />

sector imobiliário, a qual, em gran<strong>de</strong> medida, po<strong>de</strong><br />

ser uma combinação dos dois cenários anteriores,<br />

isto é, uma maior fragilida<strong>de</strong> dos mutuários e um<br />

aumento das taxas <strong>de</strong> juro. Esse cenário, observado<br />

por exemplo durante a crise bancária na Suécia<br />

no início da década <strong>de</strong> 90, é particularmente<br />

relevante dado que uma crise no mercado<br />

imobiliário comercial muitas vezes está ligada a<br />

uma crise bancária. Além disso, as hipotecas<br />

constituem uma parte importante da activida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> retalho dos bancos e as instituições <strong>de</strong> crédito<br />

hipotecário especializadas <strong>de</strong>sempenham um papel<br />

importante em vários países europeus.<br />

Uma crise no sector imobiliário po<strong>de</strong> afectar não<br />

apenas os fluxos <strong>de</strong> caixa esperados dos bancos<br />

provenientes dos mutuários, através <strong>de</strong> uma<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

81<br />

ARTIGOS<br />

O impacto da<br />

contabilização<br />

pelo justo valor<br />

sobre o sector<br />

bancário europeu<br />

– uma perspectiva<br />

<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong><br />

financeira


<strong>de</strong>terioração da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reembolso<br />

intrínseca, mas também através da <strong>de</strong>scida do<br />

valor das garantias imobiliárias no caso <strong>de</strong> um<br />

incumprimento dos <strong>de</strong>vedores. Neste cenário, a<br />

evolução dos fluxos <strong>de</strong> caixa futuros esperados<br />

(reflectindo o risco <strong>de</strong> crédito) e da taxa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sconto (reflectindo o risco das taxas <strong>de</strong> juro)<br />

daria origem a uma <strong>de</strong>scida do valor dos activos.<br />

Este efeito conjunto seria totalmente reflectido<br />

nas <strong>de</strong>monstrações segundo a CJV, provavelmente<br />

resultando numa erosão significativa dos fundos<br />

próprios dos bancos. Segundo a AAC, e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do comportamento <strong>de</strong><br />

provisionamento específico do banco, a<br />

<strong>de</strong>terioração da qualida<strong>de</strong> do crédito não teria<br />

qualquer impacto até que se verificasse a<br />

imparida<strong>de</strong>; mas mesmo quando a imparida<strong>de</strong><br />

realmente ocorre, o efeito será significativamente<br />

inferior do que segundo a CJV dado que o efeito<br />

das taxas <strong>de</strong> juro sobre a carteira <strong>de</strong> empréstimos<br />

não será reconhecido.<br />

O último cenário consiste num ajustamento<br />

acentuado dos preços dos títulos <strong>de</strong> participação.<br />

Em regra, a AAC aplica o LOCOM a acções na<br />

carteira bancária, enquanto segundo a CJV quer<br />

os aumentos quer as <strong>de</strong>scidas <strong>de</strong> preços se reflectem<br />

totalmente nas <strong>de</strong>monstrações. Deste modo, surgirá<br />

uma diferença importante entre a CJV e a AAC<br />

no caso <strong>de</strong> um ajustamento ascen<strong>de</strong>nte acentuado<br />

nos preços das acções. Embora para muitos bancos<br />

europeus as acções representem uma parte<br />

relativamente pequena do total do seu activo,<br />

gran<strong>de</strong>s aumentos <strong>de</strong> preços, tais como os<br />

observados durante o último período dinâmico<br />

nos mercados bolsistas, <strong>de</strong>verão, no entanto, ter<br />

um impacto significativo sobre as <strong>de</strong>monstrações<br />

ao abrigo <strong>de</strong> um regime <strong>de</strong> justo valor. Segundo<br />

a AAC, pelo contrário, esses aumentos conduziriam<br />

à formação <strong>de</strong> maiores reservas ocultas. Enquanto<br />

os preços <strong>de</strong> mercado se mantiverem acima dos<br />

preços <strong>de</strong> aquisição iniciais, qualquer posterior<br />

<strong>de</strong>scida dos preços po<strong>de</strong> ser absorvida pelas<br />

reservas ocultas, enquanto segundo a CJV as<br />

<strong>de</strong>scidas <strong>de</strong> preços seriam totalmente reflectidas<br />

na conta <strong>de</strong> resultados.<br />

Estes quatro cenários mostram que a aplicação<br />

mais ampla da CJV <strong>de</strong>verá resultar no aumento<br />

82 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

da volatilida<strong>de</strong> na conta <strong>de</strong> resultados dos bancos,<br />

dado que as condições económicas em mudança<br />

se reflectem mais rapidamente nas <strong>de</strong>monstrações<br />

financeiras. Além disso, enquanto com a AAC<br />

este processo é em gran<strong>de</strong> medida assimétrico,<br />

com os aumentos <strong>de</strong> valor resultantes das melhores<br />

condições económicas em regra a não serem<br />

reflectidos, o processo com a CJV é simétrico.<br />

A maior volatilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser significativa e po<strong>de</strong><br />

ter impacto sobre o comportamento dos bancos,<br />

o que por sua vez suscitaria várias preocupações<br />

quanto à estabilida<strong>de</strong> financeira.<br />

O IMPACTO POTENCIAL SOBRE<br />

O COMPORTAMENTO DOS BANCOS<br />

Embora num mundo caracterizado pela ausência<br />

<strong>de</strong> assimetrias em termos <strong>de</strong> informação e por<br />

mercados financeiros eficientes o regime<br />

contabilístico, em princípio, não <strong>de</strong>va ter qualquer<br />

impacto sobre o comportamento dos agentes<br />

económicos, a realida<strong>de</strong> mostra que as normas <strong>de</strong><br />

contabilida<strong>de</strong> têm o potencial para afectar o<br />

comportamento das empresas. A maior volatilida<strong>de</strong><br />

com a CJV, resultante da ligação mais próxima<br />

entre as <strong>de</strong>monstrações financeiras dos bancos,<br />

as suas posições <strong>de</strong> risco e as condições económicas<br />

prevalecentes, po<strong>de</strong>m assim conduzir a alterações<br />

no comportamento dos bancos, por exemplo<br />

influenciando as suas <strong>de</strong>cisões económicas ou<br />

práticas <strong>de</strong> gestão do risco. De um modo mais geral,<br />

po<strong>de</strong> afectar o papel dos bancos enquanto<br />

transformadores <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z e o seu contributo para<br />

o bom funcionamento das poupanças e<br />

investimentos na economia ao longo do tempo.<br />

O reconhecimento mais atempado do risco, como<br />

por exemplo uma <strong>de</strong>scida dos preços dos activos<br />

ou uma <strong>de</strong>terioração da qualida<strong>de</strong> do crédito,<br />

com a CJV, po<strong>de</strong> dar origem a uma maior<br />

transparência em comparação com a AAC. Do<br />

mesmo modo, as transacções cujo preço não é<br />

fixado <strong>de</strong> acordo com as condições <strong>de</strong> mercados<br />

prevalecentes <strong>de</strong>vem, em princípio, ser mais<br />

facilmente i<strong>de</strong>ntificadas. Os exemplos incluem<br />

a fixação <strong>de</strong> preços mais baixos do que os<br />

concorrentes por forma a conquistar quota <strong>de</strong><br />

mercado ou subsídios cruzados, através dos quais<br />

uma empresa recorre a lucros das suas várias


operações para financiar práticas abusivas noutros<br />

mercados. Uma maior transparência po<strong>de</strong>rá, por<br />

sua vez, melhorar a disciplina dos bancos, tal como<br />

a exercida pelo mercado ou pela autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

supervisão, para que os problemas sejam<br />

reconhecidos <strong>de</strong> modo atempado e rapidamente<br />

tomadas medidas correctivas.<br />

Porém, o reconhecimento antecipado do risco<br />

segundo a CJV po<strong>de</strong>rá aumentar a natureza prócíclica<br />

do comportamento em matéria <strong>de</strong><br />

empréstimos e dar origem a ciclos económicos<br />

mais acentuados. Neste ponto particular, a natureza<br />

pró-cíclica refere-se ao fenómeno da tendência<br />

da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito dos bancos para seguir<br />

o mesmo padrão que a economia real, isto é, o<br />

crescimento do crédito numa situação <strong>de</strong><br />

recuperação económica e restrições no caso <strong>de</strong><br />

um abrandamento económico. Tal suscita várias<br />

preocupações. Po<strong>de</strong> conduzir a um afectação<br />

ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> recursos e a um comportamento<br />

subóptimo em matéria <strong>de</strong> investimento porque,<br />

no caso <strong>de</strong> uma recuperação económica, os<br />

projectos não viáveis po<strong>de</strong>m conseguir<br />

financiamento, enquanto no caso <strong>de</strong> um<br />

abrandamento até mesmo projectos muito<br />

promissores po<strong>de</strong>m ser rejeitados. Além disso, o<br />

risco sistémico po<strong>de</strong>ria aumentar, um exemplo<br />

do qual seria o fomento <strong>de</strong> uma bolha especulativa<br />

nos activos aquando <strong>de</strong> recuperações económicas<br />

através <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> crédito generosas e valores<br />

<strong>de</strong> garantia mais elevados. O posterior rebentar<br />

da bolha po<strong>de</strong>rá dar origem a uma crise bancária<br />

e a condições <strong>de</strong> crédito mais limitadas (“credit<br />

crunch”).<br />

É reconhecido que <strong>de</strong>vido a diversos factores,<br />

incluindo práticas empresariais, o comportamento<br />

em matéria <strong>de</strong> empréstimos dos bancos é, por<br />

natureza, pró-cíclico. Mas é importante que a<br />

regulamentação financeira, tais como as normas<br />

<strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> ou os requisitos <strong>de</strong> capital, não<br />

acentuem in<strong>de</strong>vidamente esta característica. Com<br />

o regime da CJV, os ganhos não realizados <strong>de</strong>vido<br />

a aumentos dos preços dos activos ou à melhoria<br />

da qualida<strong>de</strong> do crédito aquando <strong>de</strong> uma<br />

recuperação económica fomentariam<br />

imediatamente a conta <strong>de</strong> resultados e os fundos<br />

próprios dos bancos, criando assim a base para<br />

uma nova expansão do crédito. No caso <strong>de</strong> um<br />

abrandamento económico, ocorreria o oposto,<br />

po<strong>de</strong>ndo assim agravar ou prolongar o<br />

abrandamento. Caso o abrandamento económico<br />

esteja associado à <strong>de</strong>scida das taxas <strong>de</strong> juro, esta<br />

evolução po<strong>de</strong>, pelo menos em parte, ser<br />

compensada por lucros mais elevados resultantes<br />

da reavaliação dos activos existentes com uma<br />

taxa <strong>de</strong> juro fixa.<br />

A CJV po<strong>de</strong> ter impacto não apenas sobre o nível<br />

da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito dos bancos, como também<br />

sobre a composição relativa dos seus balanços.<br />

De modo a reduzir a volatilida<strong>de</strong> nas<br />

<strong>de</strong>monstrações financeiras com a CJV, os bancos<br />

po<strong>de</strong>rão preferir assumir menos riscos. Tal po<strong>de</strong><br />

ser conseguido tomando menos risco aquando da<br />

emissão ou posteriormente eliminando o risco<br />

através <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s como a cobertura ou a<br />

titularização. Deste modo, o papel dos bancos<br />

enquanto intermediários financeiros po<strong>de</strong> ser<br />

alterado e os riscos que geralmente tomam po<strong>de</strong>m<br />

ser transferidos para outros agentes económicos.<br />

Em princípio, a redução da concentração <strong>de</strong> risco<br />

resultante po<strong>de</strong>rá ser benéfica em termos <strong>de</strong><br />

estabilida<strong>de</strong> financeira, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os agentes que<br />

assumem o risco o avaliem correctamente.<br />

Por outro lado, este comportamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocação<br />

do risco po<strong>de</strong>, na verda<strong>de</strong>, reduzir a escolha <strong>de</strong><br />

produtos ou a disponibilida<strong>de</strong> para os clientes,<br />

reduzindo assim o bem-estar social. Os bancos<br />

po<strong>de</strong>m, por exemplo, mostrar-se relutantes em<br />

conce<strong>de</strong>r empréstimos a taxa fixa ou <strong>de</strong> longo<br />

prazo <strong>de</strong>vido ao receio que o risco <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> juro<br />

se manifeste nas <strong>de</strong>monstrações financeiras ou<br />

<strong>de</strong>vido aos custos associados à cobertura ou<br />

transferência <strong>de</strong> riscos. Além disso, os <strong>de</strong>vedores<br />

cuja qualida<strong>de</strong> do crédito possa ser mais volátil,<br />

tais como pequenas e médias empresas ou<br />

empresas em início <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>rão achar<br />

mais difícil obter acesso aos empréstimos<br />

bancários ou po<strong>de</strong>rão apenas obter esse acesso<br />

em condições mais rigorosas.<br />

Por último, a introdução da CJV po<strong>de</strong> afectar o<br />

modo como os bancos criam amortecedores<br />

financeiros sob a forma <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> participação<br />

ou reservas. Uma maior volatilida<strong>de</strong> nas<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

83<br />

ARTIGOS<br />

O impacto da<br />

contabilização<br />

pelo justo valor<br />

sobre o sector<br />

bancário europeu<br />

– uma perspectiva<br />

<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong><br />

financeira


<strong>de</strong>monstrações financeiras aumenta a probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> os limites para <strong>de</strong>terminados rácios financeiros<br />

serem ultrapassados. Exemplos disso são os rácios<br />

<strong>de</strong> solvência mínimos ou os rácios utilizados<br />

quando se preten<strong>de</strong> tomar medidas correctivas<br />

tais como o reembolso antecipado obrigatório <strong>de</strong><br />

um empréstimo ou uma redução na notação <strong>de</strong><br />

crédito. De modo a evitar a activação <strong>de</strong>sses<br />

impulsionadores <strong>de</strong>vido a variações inesperadas<br />

no valor, o banco po<strong>de</strong>rá preferir criar<br />

amortecedores financeiros maiores segundo a<br />

CJV. Um outro aspecto importante nesta matéria<br />

é a reacção dos accionistas. Se em condições<br />

positivas o aumento do valor dos activos se reflecte<br />

imediatamente na conta <strong>de</strong> resultados, os bancos<br />

po<strong>de</strong>m ser pressionados pelos accionistas no<br />

sentido <strong>de</strong> distribuírem mais divi<strong>de</strong>ndos, o que<br />

se dificilmente seria negado em condições<br />

económicas favoráveis. Porém, a prazo, esse<br />

comportamento po<strong>de</strong>rá afectar negativamente a<br />

resistência financeira global dos bancos.<br />

5 CONCLUSÃO<br />

A mudança da AAC para a CJV po<strong>de</strong> ser<br />

verda<strong>de</strong>iramente qualificada como uma mudança<br />

paradigmática uma vez que medidas<br />

contabilísticas retrospectivas com base em<br />

conceitos <strong>de</strong> prudência e fiabilida<strong>de</strong> dão lugar a<br />

medidas com base nos valores económicos<br />

prevalecentes. Esta mudança fundamental explica<br />

o <strong>de</strong>bate frequentemente animado e disputado<br />

relativo aos prós e contras dos dois mo<strong>de</strong>los<br />

contabilísticos. A CJV po<strong>de</strong> ter consequências<br />

positivas, como por exemplo um melhor reflexo<br />

da realida<strong>de</strong> económica. Por outro lado, subsistem<br />

dúvidas consi<strong>de</strong>ráveis sobre a fiabilida<strong>de</strong> das<br />

estimativas do justo valor para os instrumentos<br />

não transaccionados num mercado activo e líquido,<br />

como é o caso da gran<strong>de</strong> maioria dos empréstimos<br />

bancários. As diferenças na fiabilida<strong>de</strong> dos<br />

métodos <strong>de</strong> avaliação entre bancos também po<strong>de</strong><br />

pôr em causa a comparabilida<strong>de</strong> e transparência<br />

das <strong>de</strong>monstrações financeiras. A comparabilida<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> ser particularmente afectada caso os bancos<br />

possam proce<strong>de</strong>r a escolhas diferentes quanto<br />

aos activos e responsabilida<strong>de</strong>s a serem medidos<br />

pelo justo valor.<br />

84 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Mais em geral, ainda não é claro o modo como<br />

uma aplicação mais ampla da CJV afectaria<br />

exactamente o comportamento dos bancos.<br />

Os diferentes cenários económicos que são<br />

particularmente relevantes para os bancos, como<br />

aqueles discutidos neste artigo, po<strong>de</strong>m ter um<br />

impacto diferente segundo a CJV, resultando<br />

essencialmente numa maior volatilida<strong>de</strong> nas<br />

<strong>de</strong>monstrações financeiras. No que se refere aos<br />

instrumentos <strong>de</strong>tidos até ao vencimento, como<br />

acontece com a maior parte dos empréstimos<br />

bancários, tal está em <strong>de</strong>sacordo com a intenção<br />

pela qual estes instrumentos são <strong>de</strong>tidos. Uma<br />

maior volatilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ter impacto sobre o modo<br />

como os bancos gerem ou estão dispostos a<br />

assumir riscos, o que por sua vez po<strong>de</strong> afectar a<br />

sua função <strong>de</strong> intermediação e o modo como os<br />

riscos tradicionalmente suportados por eles são<br />

redistribuídos por outros agentes económicos.<br />

Por último, subsistem sérias preocupações <strong>de</strong> que<br />

a CJV possa realçar a natureza pró-cíclica do<br />

comportamento em matérias <strong>de</strong> empréstimos e<br />

reduzir a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reacção dos bancos a<br />

evoluções <strong>de</strong>sfavoráveis da economia.<br />

Tendo em conta a fiabilida<strong>de</strong> ainda limitada das<br />

estimativas <strong>de</strong> justo valor e os possíveis efeitos<br />

negativos da CJV sobre a estabilida<strong>de</strong> do sistema<br />

financeiro, parece impor-se cautela e uma nova<br />

análise antes <strong>de</strong> se optar por uma utilização mais<br />

ampla da CJV por parte dos bancos.


Glossário<br />

Carteira bancária: carteira <strong>de</strong> um banco que consiste em instrumentos financeiros que, em princípio,<br />

são <strong>de</strong>tidos até ao vencimento ou para fins <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> mais longo prazo.<br />

Carteira <strong>de</strong> negociação: carteira <strong>de</strong> um banco que consiste em instrumentos financeiros <strong>de</strong>tidos<br />

para fins <strong>de</strong> negociação <strong>de</strong> curto prazo.<br />

Cobertura: tal significa <strong>de</strong>signar um ou mais instrumentos <strong>de</strong> cobertura (principalmente <strong>de</strong>rivados,<br />

tais como operações a prazo (forwards), contratos <strong>de</strong> futuros ou swaps) para que a variação no<br />

seu justo valor compense, total ou parcialmente, a variação no justo valor ou nos fluxos <strong>de</strong> caixa<br />

<strong>de</strong> uma rubrica coberta (por exemplo, obrigações, empréstimos ou <strong>de</strong>pósitos).<br />

Comité <strong>de</strong> Regulamentação Contabilística (Accounting Regulatory Committee (ARC)):<br />

comité composto por representantes dos Estados-Membros da UE e presidido pela Comissão<br />

Europeia. O comité tem uma função reguladora e emite pareceres sobre propostas da Comissão<br />

relativamente à adopção <strong>de</strong> normas internacionais <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong>.<br />

Custo histórico: para fins contabilísticos, tal significa o montante <strong>de</strong> numerário ou equivalentes <strong>de</strong><br />

numerário pagos para adquirir activos ou o justo valor da retribuição dada para os adquirir no momento<br />

da sua aquisição. Para as responsabilida<strong>de</strong>s, é o montante das receitas recebidas em troca da obrigação.<br />

European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG): grupo do sector privado composto<br />

por utilizadores e responsáveis pela elaboração das contas, contabilistas e organismos nacionais<br />

<strong>de</strong> normalização contabilística. Presta consultoria técnica sobre a utilização das IAS na Europa.<br />

Exposure Draft (ED): o texto <strong>de</strong> uma norma internacional <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> proposta, com um<br />

convite en<strong>de</strong>reçado pelo IASB para comentários e respostas a <strong>de</strong>terminadas questões.<br />

IAS 32: norma internacional <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> que trata da apresentação e divulgação <strong>de</strong> instrumentos<br />

financeiros.<br />

IAS 39: norma internacional <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> que trata do reconhecimento e medição <strong>de</strong><br />

instrumentos financeiros.<br />

Instrumento financeiro: para fins contabilísticos, tal significa qualquer contrato que origine<br />

simultaneamente um activo financeiro para uma empresa e uma responsabilida<strong>de</strong> financeira ou<br />

instrumento representativo do capital para outra empresa.<br />

International Accounting Standards Board (IASB): um organismo internacional <strong>de</strong> normalização<br />

contabilística in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e financiado a título privado.<br />

International Accounting Standards Committee (IASC): organismo que antece<strong>de</strong>u o IASB<br />

(entre 1973 e 2001).<br />

Joint Working Group of Standard Setters (JWG): grupo <strong>de</strong> trabalho composto por representantes<br />

do IASB e vários organismos nacionais <strong>de</strong> normalização contabilística com o objectivo <strong>de</strong> analisar<br />

questões <strong>de</strong> interesse comum, como por exemplo a avaliação <strong>de</strong> instrumentos financeiros.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

85<br />

ARTIGOS<br />

O impacto da<br />

contabilização<br />

pelo justo valor<br />

sobre o sector<br />

bancário europeu<br />

– uma perspectiva<br />

<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong><br />

financeira


86 BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Justo valor: o montante pelo qual um activo po<strong>de</strong> ser trocado, ou uma responsabilida<strong>de</strong> liquidada,<br />

entre partes informadas e anuentes numa transacção à distância. Na prática, o justo valor é<br />

frequentemente equivalente ao valor <strong>de</strong> mercado ou é estimado utilizando um mo<strong>de</strong>lo.<br />

Método do custo <strong>de</strong> aquisição ou valor <strong>de</strong> mercado (lower of cost or market – LOCOM):<br />

norma <strong>de</strong> avaliação, frequentemente aplicada aos títulos da careira bancária, segundo o qual o<br />

activo é avaliado ao seu custo <strong>de</strong> aquisição ou ao preço <strong>de</strong> mercado, consoante o valor que for<br />

mais baixo.<br />

Norma Internacional <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong> (International Accounting Standard (IAS)): norma<br />

<strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> adoptada pelo IASB.<br />

Reservas ocultas: a diferença positiva entre o valor económico ou o valor <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> um<br />

activo e o seu valor contabilístico, que não se reflecte nas <strong>de</strong>monstrações financeiras.


ESTATÍSTICAS DA ÁREA DO EURO<br />

E<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

E 1


ÍNDICE 1<br />

PANORÂMICA GLOBAL DA ÁREA DO EURO<br />

Síntese <strong>de</strong> indicadores económicos da área do euro E5<br />

1 ESTATÍSTICAS DE POLÍTICA MONETÁRIA<br />

1.1 Situação financeira consolidada do Eurosistema E6<br />

1.2 Taxas <strong>de</strong> juro directoras do BCE E7<br />

1.3 Operações <strong>de</strong> política monetária do Eurosistema efectuadas através <strong>de</strong> leilões E8<br />

1.4 Estatísticas <strong>de</strong> reservas mínimas e <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z E9<br />

2 MOEDA, BANCOS E FUNDOS DE INVESTIMENTO<br />

2.1 Balanço agregado das IFM da área do euro E10<br />

2.2 Balanço consolidado das IFM da área do euro E11<br />

2.3 Estatísticas monetárias E12<br />

2.4 Empréstimos <strong>de</strong> IFM, <strong>de</strong>sagregação E14<br />

2.5 Depósitos em IFM, <strong>de</strong>sagregação E17<br />

2.6 Títulos <strong>de</strong>tidos pelas IFM, <strong>de</strong>sagregação E20<br />

2.7 Reavaliação <strong>de</strong> rubricas seleccionadas do balanço das IFM E21<br />

2.8 Desagregação por moedas <strong>de</strong> rubricas seleccionadas do balanço das IFM E22<br />

2.9 Balanço agregado dos fundos <strong>de</strong> investimento da área do euro E24<br />

2.10 Activo dos fundos <strong>de</strong> investimento da área do euro <strong>de</strong>sagregados por política <strong>de</strong> investimento<br />

e tipo <strong>de</strong> investidor E25<br />

3 CONTAS FINANCEIRAS E NÃO FINANCEIRAS<br />

3.1 Principais activos financeiros dos sectores não financeiros E26<br />

3.2 Principais responsabilida<strong>de</strong>s dos sectores não financeiros E27<br />

3.3 Principais responsabilida<strong>de</strong>s e activos financeiros <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seguros e fundos <strong>de</strong> pensões E28<br />

3.4 Poupança, investimento e financiamento anuais E29<br />

4 MERCADOS FINANCEIROS<br />

4.1 Emissões <strong>de</strong> títulos excepto acções, por prazo original, residência do emitente e moeda E31<br />

4.2 Títulos excepto acções emitidos por resi<strong>de</strong>ntes na área do euro, por prazo original e sector do emitente E32<br />

4.3 Taxas <strong>de</strong> crescimento homólogas dos títulos excepto acções emitidos por resi<strong>de</strong>ntes na área do euro E34<br />

4.4 Acções cotadas emitidas por resi<strong>de</strong>ntes na área do euro E36<br />

4.5 Taxas <strong>de</strong> juro das IFM dos <strong>de</strong>pósitos e empréstimos <strong>de</strong>nominados em euros <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes na área do euro E38<br />

4.6 Taxas <strong>de</strong> juro do mercado monetário E40<br />

4.7 Taxas <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> das obrigações <strong>de</strong> dívida pública E41<br />

4.8 Índices bolsistas E42<br />

5 PREÇOS, PRODUTO, PROCURA E MERCADOS DE TRABALHO<br />

5.1 IHCP, outros preços e custos E43<br />

5.2 Produto e procura E46<br />

5.3 Mercados <strong>de</strong> trabalho E50<br />

1 Ver a página do BCE na Internet (www.ecb.int) para séries mais longas e dados mais pormenorizados.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong>E<br />

3


6 FINANÇAS PÚBLICAS<br />

6.1 Receita, <strong>de</strong>spesa e défice/exce<strong>de</strong>nte E51<br />

6.2 Dívida E52<br />

6.3 Variação da dívida E53<br />

7 TRANSACÇÕES E POSIÇÕES EXTERNAS<br />

7.1 Balança <strong>de</strong> pagamentos E54<br />

7.2 Apresentação monetária da balança <strong>de</strong> pagamentos E60<br />

7.3 Comércio <strong>de</strong> mercadorias E61<br />

7.4 Posição <strong>de</strong> investimento internacional E63<br />

7.5 Reservas internacionais E65<br />

8 TAXAS DE CÂMBIO<br />

8.1 Taxas <strong>de</strong> câmbio efectivas E66<br />

8.2 Taxas <strong>de</strong> câmbio bilaterais E67<br />

9 EVOLUÇÃO FORA DA ÁREA DO EURO<br />

9.1 Noutros países europeus E68<br />

9.2 Nos Estados Unidos e Japão E69<br />

LISTA DE GRÁFICOS E71<br />

NOTAS TÉCNICAS E73<br />

NOTAS GERAIS E77<br />

E 4<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

Sinais convencionais usados nos quadros<br />

“-” dados inexistentes/dados não aplicáveis<br />

“,” dados ainda não disponíveis<br />

“…” nulo ou irrelevante<br />

c.s. corrigido <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong><br />

“mil milhões” 10 9<br />

n.c.s. não corrigido <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong><br />

(p) provisório


PANORÂMICA GLOBAL DA ÁREA DO EURO<br />

Síntese <strong>de</strong> indicadores económicos da área do euro<br />

(taxas <strong>de</strong> variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)<br />

1. Evolução monetária e taxas <strong>de</strong> juro<br />

2002<br />

2003<br />

2003 T1<br />

T2<br />

T3<br />

T4<br />

2003 Ago.<br />

Set.<br />

Out.<br />

Nov.<br />

Dez.<br />

<strong>2004</strong> Jan.<br />

M1 1)<br />

1<br />

M2 1)<br />

2<br />

1) 2) M3<br />

3<br />

1) 2) M3<br />

Média móvel<br />

<strong>de</strong> 3 meses<br />

(centrada)<br />

4<br />

Empréstimos <strong>de</strong><br />

IFM a resi<strong>de</strong>ntes<br />

na área do euro,<br />

excluindo IFM e<br />

administrações<br />

públicas 1)<br />

5<br />

Títulos excepto<br />

acções emitidos<br />

em euros por<br />

socieda<strong>de</strong>s não<br />

financeiras e<br />

financeiras não<br />

monetárias 1)<br />

6<br />

Taxa <strong>de</strong> juro<br />

a 3 meses<br />

(EURIBOR, %<br />

por ano, médias<br />

do período)<br />

7<br />

Taxa <strong>de</strong><br />

rendibilida<strong>de</strong> das<br />

obrigações <strong>de</strong><br />

dívida pública a<br />

10 anos (% por<br />

ano, médias do<br />

período) 8<br />

7.6 6.6 7.2 - 5.3 21.2 3.32 4.92<br />

11.1 8.0 8.0 - 5.0 . 2.33 4.16<br />

10.1 7.1 7.6 - 5.0 17.3 2.69 4.16<br />

11.4 8.3 8.5 - 4.6 20.5 2.37 3.96<br />

11.5 8.5 8.3 - 4.9 22.3 2.14 4.16<br />

11.3 7.9 7.6 - 5.3 . 2.15 4.36<br />

11.8 8.6 8.3 8.2 5.0 22.5 2.14 4.20<br />

11.2 8.2 7.6 8.0 4.9 21.8 2.15 4.23<br />

12.3 8.2 8.1 7.7 5.1 22.5 2.14 4.31<br />

10.7 7.6 7.4 7.6 5.6 21.5 2.16 4.44<br />

10.6 7.5 7.1 . 5.4 . 2.15 4.36<br />

. . . . . . 2.09 4.26<br />

2. Preços, produto, procura e mercados <strong>de</strong> trabalho<br />

2002<br />

2003<br />

2003 T1<br />

T2<br />

T3<br />

T4<br />

2003 Ago.<br />

Set.<br />

Out.<br />

Nov.<br />

Dez.<br />

<strong>2004</strong> Jan.<br />

IHPC<br />

Balança corrente<br />

e balança<br />

<strong>de</strong> capital<br />

1<br />

Preços da<br />

produção<br />

industrial<br />

Custos horários<br />

do trabalho<br />

PIB real<br />

Produção<br />

industrial<br />

excluindo<br />

construção<br />

Utilização da<br />

capacida<strong>de</strong><br />

produtiva na<br />

indústria<br />

transformadora<br />

(percentagens)<br />

Emprego<br />

Desemprego<br />

(% da população<br />

activa)<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

2.3 -0.1 3.5 0.9 -0.5 81.4 0.4 8.4<br />

2.1 1.6 . . . 80.9 . 8.8<br />

2.3<br />

1.9<br />

2.4<br />

1.5<br />

3.1<br />

3.2<br />

0.7<br />

0.1<br />

0.8<br />

-0.7<br />

81.1<br />

80.8<br />

0.0<br />

0.1<br />

8.7<br />

8.8<br />

2.0 1.2 2.9 0.3 0.0 81.0 0.1 8.8<br />

2.0 1.1 . . . 81.0 . 8.8<br />

2.1<br />

2.2<br />

1.3<br />

1.1<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-0.2<br />

-0.9<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

8.8<br />

8.8<br />

2.0 0.9 - - 1.5 81.2 - 8.8<br />

2.2 1.4 - - 1.2 - - 8.8<br />

2.0 1.0 - - . - - 8.8<br />

2.0 . - - . 80.7 - .<br />

3. Balança <strong>de</strong> pagamentos, activos <strong>de</strong> reserva e taxas <strong>de</strong> câmbio<br />

(EUR mil milhões, salvo indicação em contrário)<br />

2002<br />

2003<br />

2003 T1<br />

T2<br />

T3<br />

T4<br />

2003 Ago.<br />

Set.<br />

Out.<br />

Nov.<br />

Dez.<br />

<strong>2004</strong> Jan.<br />

Balança <strong>de</strong> pagamentos (transacções líquidas)<br />

Bens<br />

Investimento<br />

directo<br />

Investimento <strong>de</strong><br />

carteira<br />

Activos<br />

<strong>de</strong> reserva<br />

(posições em<br />

fim <strong>de</strong> período)<br />

Taxa <strong>de</strong> câmbio efectiva<br />

do euro: grupo restrito<br />

(índice, 1999 T1 = 100)<br />

Taxa <strong>de</strong> câmbio<br />

USD/EUR<br />

Nominal Real (IPC)<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

77.9 130.6 -41.5 103.4 366.1 89.7 92.3 0.9456<br />

. . . . 306.9 99.9 103.6 1.1312<br />

4.4<br />

-5.4<br />

16.6<br />

23.4<br />

-0.9<br />

3.5<br />

7.0<br />

57.4<br />

339.1<br />

326.1<br />

96.6<br />

101.0<br />

99.8<br />

104.7<br />

1.0731<br />

1.1372<br />

16.2 37.3 -12.4 -68.4 332.9 100.2 103.9 1.1248<br />

. . . . 306.9 101.8 106.0 1.1890<br />

5.4<br />

6.9<br />

10.4<br />

11.5<br />

-3.4<br />

-4.8<br />

-35.3<br />

14.2<br />

346.8<br />

332.9<br />

99.9<br />

99.5<br />

103.6<br />

103.3<br />

1.1139<br />

1.1222<br />

10.4 14.5 -10.6 26.7 332.4 101.0 104.8 1.1692<br />

5.5 9.2 6.5 -4.3 321.9 100.9 104.9 1.1702<br />

. . . . 306.9 103.7 108.1 1.2286<br />

. . . . . 104.7 109.3 1.2613<br />

Fontes: BCE, Comissão Europeia (Eurostat e Direcção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros) e Reuters.<br />

Nota: Para mais informações sobre os dados, ver os quadros respectivos mais à frente nesta secção.<br />

1) As taxas <strong>de</strong> crescimento mensais referem-se ao fim do período, enquanto as taxas <strong>de</strong> crescimento homólogas e trimestrais são calculadas como médias do período. As taxas<br />

<strong>de</strong> crescimento para o M1, M2, M3 e empréstimos são calculadas com base em saldos e transacções mensais corrigidos <strong>de</strong> sazonalida<strong>de</strong>.<br />

2) O M3 e respectivas componentes excluem as <strong>de</strong>tenções por não resi<strong>de</strong>ntes na área do euro <strong>de</strong> acções/unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> participação em fundos do mercado monetário e títulos <strong>de</strong><br />

dívida com prazo até dois anos.<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong>E<br />

5


11.1<br />

Situação financeira consolidada do Eurosistema<br />

(EUR milhões)<br />

1. Activo<br />

Ouro e ouro a receber<br />

Activos sobre não resi<strong>de</strong>ntes na área do euro em moeda estrangeira<br />

Activos sobre resi<strong>de</strong>ntes na área do euro em moeda estrangeira<br />

Activos sobre não resi<strong>de</strong>ntes na área do euro em euros<br />

Crédito a instituições <strong>de</strong> crédito da área do euro em euros<br />

Operações principais <strong>de</strong> refinanciamento<br />

Operações <strong>de</strong> refinanciamento <strong>de</strong> prazo alargado<br />

Operações ocasionais <strong>de</strong> regularização sob a forma <strong>de</strong> operações reversíveis<br />

Operações estruturais sob a forma <strong>de</strong> operações reversíveis<br />

Facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> cedência <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />

Créditos relacionados com valores <strong>de</strong> cobertura adicionais<br />

Outros activos sobre instituições <strong>de</strong> crédito da área do euro em euros<br />

Títulos <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes na área do euro em euros<br />

Dívida das administrações públicas em euros<br />

Outros activos<br />

Activo total<br />

2. Passivo<br />

E 6<br />

BCE<br />

Boletim Mensal<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2004</strong><br />

ESTATÍSTICAS DE POLÍTICA MONETÁRIA<br />

Notas em circulação<br />

Responsabilida<strong>de</strong>s para com instituições <strong>de</strong> crédito da área do euro em euros<br />

Depósitos à or<strong>de</strong>m (incluindo reservas obrigatórias)<br />

Facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />

Depósitos a prazo<br />

Operações ocasionais <strong>de</strong> regularização sob a forma <strong>de</strong> operações reversíveis<br />

Depósitos relacionados com valores da cobertura adicionais<br />

Outras responsabilida<strong>de</strong>s para com instituições <strong>de</strong> crédito da área do euro em euros<br />

Certificados <strong>de</strong> dívida emitidos<br />

Responsabilida<strong>de</strong>s para com outros resi<strong>de</strong>ntes na área do euro em euros<br />

Responsabilida<strong>de</strong>s para com não resi<strong>de</strong>ntes na área do euro em euros<br />

Responsabilida<strong>de</strong>s para com resi<strong>de</strong>ntes na área do euro em moeda estrangeira<br />

Responsabilida<strong>de</strong>s para com não resi<strong>de</strong>ntes na área do euro em moeda estrangeira<br />

Atribuição <strong>de</strong> contrapartidas <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> saque especiais pelo FMI<br />

Outras responsabilida<strong>de</strong>s<br />

Contas <strong>de</strong> reavaliação<br />

Capital e reservas<br />

Passivo total<br />

Fonte: BCE.<br />

<strong>2004</strong> 9 Jan. <strong>2004</strong> 16 Jan. <strong>2004</strong> 23 Jan. <strong>2004</strong> 30 Jan.<br />

130 344 130 344 130 344 130 344<br />

176 437 177 954 176 341 178 264<br />

18 385 17 646 18 059 17 122<br />

6 532 7 507 7 693 7 588<br />

270 399 269 042 279 606 279 024<br />

225 001 224 001 229 001 224 000<br />

45 000 45 000 45 000 55 000<br />

0 0 0 0<br />

0 0 0 0<br />

366 24 5 587 5<br />

32 17 18 19<br />

954 1 150 854 1 067<br />

62 044 62 204 63 069 63 627<br />

42 687 42 672 42 673 42 674<br />

104 169 104 085 104 641 104 682<br />

811 951 812 604 823 280 824 392<br />

<strong>2004</strong> 9 Jan. <strong>2004</strong> 16 Jan. <strong>2004</strong> 23 Jan. <strong>2004</strong> 30 Jan.<br />

425 220 419 162 415 127 415 623<br />

133 708 135 107 134 694 132 129<br />

133 606 135 053 134 323 132 115<br />

102 54 371 13<br />

0 0 0 0<br />

0 0 0 0<br />

0 0 0 1<br />

256 256 256 256<br />

1 054 1 054 1 054 1 054<br />

38 761 42 872 57 443 60 077<br />

9 520 9 568 10 803 9 595<br />

481 393 411 410<br />

12 452 13 419 12 594 13 516<br />

5 757 5 757 5 757 5 757<br />

53 572 53 845 53 969 54 802<br />

69 141 69 141 69 141 69 141<br />

62 029 62 030 62 031 62 032<br />

811 951 812 604 823 280 824 392


1.2 0.0 Summary Taxas <strong>de</strong> juro balance directoras of payments1)2) do BCE<br />

(níveis (EUR mil em milhões) percentagens por ano; variações em pontos percentuais)<br />

Com efeito a<br />

partir <strong>de</strong> 1)<br />

1999 1 Jan.<br />

4 2)<br />

22<br />

9 Abr.<br />

5 Nov.<br />

2000 4 Fev.<br />

17 Mar.<br />

28 Abr.<br />

9 Jun.<br />

28 3)<br />

1 Set.<br />

6 Out.<br />

2001 11 Maio<br />

31 Ago.<br />

18 Set.<br />

9 Nov.<br />

2002 6 Dez.<br />

2003 7 Mar.<br />

6 Jun.<br />

Facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />

Nível<br />

Variação<br />

ESTATÍSTICAS<br />

DA<br />

ÁREA DO EURO<br />

Estatísticas<br />

<strong>de</strong> política<br />

monetária<br />

Operações principais <strong>de</strong> refinanciamento Facilida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong> cedência<br />

<strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />

Leilões <strong>de</strong> taxa fixa Leilões <strong>de</strong> taxa<br />

variável<br />

Taxa fixa Taxa mínima <strong>de</strong><br />

proposta<br />