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Formalismos Lagrangiano e Hamiltoniano Wilson Hugo C. Freire

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR Á<br />

Campus Cariri<br />

Coordenação de Engenharia Civil<br />

Pontos Temáticos de Física<br />

<strong>Formalismos</strong> <strong>Lagrangiano</strong> e <strong>Hamiltoniano</strong><br />

<strong>Wilson</strong> <strong>Hugo</strong> C. <strong>Freire</strong><br />

————–<br />

Juazeiro do Norte - CE<br />

Fevereiro de 2008


Conteúdo<br />

1 Introdução 3<br />

2 Cálculo Variacional 4<br />

3 O Formalismo <strong>Lagrangiano</strong> 10<br />

4 O Formalismo <strong>Hamiltoniano</strong> 13<br />

5 Exemplos 18<br />

6 Parênteses de Poisson 23<br />

2


1 Introdução<br />

Vamos apresentar as formulações lagrangiana e hamiltoniana da Mecânica Clássica, as<br />

quais são concisamente fundamentadas em um princípio variacional, designado como<br />

princípio de Hamilton. Estas formulações são de grande importância pois possibili-<br />

tam uma transição natural da Mecânica Clássica para Mecânica Quântica. Além do<br />

mais quando estendidas para o contínuo, onde surgem os campos, estas formulações<br />

oferecem a linguagem básica e unificadora para a construção das teorias físicas como<br />

o eletromagnetismo, a relatividade geral, teoria de campos etc.<br />

3


2 Cálculo Variacional<br />

Inicialmente vamos apresentar de forma breve as noções matemáticas apropriadas para<br />

desenvolver o formalismo lagrangiano. Estas noções fazem parte do chamado Cálculo<br />

Variacional que, a grosso modo, é o Cálculo Diferencial de funcionais. Dessa forma<br />

enquanto o Cálculo Diferencial usual trata, por exemplo, do problema de determinar<br />

pontos de máximo ou de mínimo local (ou, em geral, pontos críticos) de uma função de<br />

várias variáveis g : D ⊂ R m −→ R, o Cálculo Variacional permite determinar pontos<br />

de máximo ou de mínimo (ou, em geral, pontos estacionários) de um dado funcional<br />

A : F −→ R, onde F é um espaço vetorial de funções suficientemente comportadas.<br />

Assim os “pontos”(elementos) de F são funções, como por exemplo q : [t1; t2] −→ R n<br />

que a cada t ∈ [t1; t2] associa q(t) ≡ (q1(t), ..., qn(t)) ∈ R n .<br />

Na formalismo lagrangiano, como veremos, a dinâmica de um sistema físico é de-<br />

scrita em termos de um funcional A, chamado ação do sistema, o qual está definido<br />

sobre funções q que representam as possíveis trajetórias deste sistema no espaço de<br />

configurações.<br />

Funcionais<br />

Neste contexto os funcionais de interesse são usualmente dados por integrais. Por<br />

exemplo: considere um espaço de funções suficientemente diferenciáveis, digamos<br />

e defina o funcional A : F −→ R por<br />

F = {q : [t1; t2] −→ R n | q diferenciável C k },<br />

A[q] =<br />

t2<br />

t1<br />

n<br />

qi(t)[ ˙qi(t)] 2 dt<br />

i=1<br />

4


onde ˙q = dq/dt é a derivada de q. Note que para cada q no espaço F temos que A[q]<br />

é um número real bem definido e, então, A é de fato um funcional. Note que o valor<br />

do funcional A no “ponto”(função ou curva de R n ) q, denotado por A[q], depende em<br />

geral não apenas de um valor específico q(t) (de q em um certo t) mas de todos os<br />

valores da função q.<br />

Especificamente os funcionais que descrevem os sistemas mecânicos são da forma<br />

A[q] =<br />

t2<br />

t1<br />

L(q(t), ˙q(t), t) · dt (2-1)<br />

onde L(q, ˙q, t) ≡ L(q1, ...qn, ˙q1, ... ˙qn, t) é uma função diferenciável a valores numéricos<br />

(em R). No contexto da mecânica, como veremos mais adiante, L é a lagrangiana do<br />

sistema em consideração.<br />

Derivada Funcional<br />

O conceito chave no Cálculo Diferencial de funções é o de derivada; no contexto das<br />

funções de várias variáveis surgem as derivadas parciais e, em geral, as derivadas dire-<br />

cionais ou derivadas de Gateaux (as derivadas parciais são derivadas direcionais par-<br />

ticulares) além do conceito mais forte de diferenciabilidade (de Frechet). No Cálculo<br />

Variacional há o conceito de derivada de um funcional (derivada funcional), o qual<br />

desempenha para os funcionais o mesmo papel que as derivadas direcionais desempen-<br />

ham para funções de várias variáveis (Gelfand-Fomin, Calculus of Variations, Dover<br />

inic., 2000, pg. 27). Vejamos o conceito de derivada funcional e a noção de ponto<br />

crítico (ou estacionário) de um funcional.<br />

Lembremos que no caso de uma função g : D ⊂ R m −→ R a derivada direcional de g<br />

no ponto x = (x1, ..., xm) ∈ D relativamente ao vetor v = (v1, ..., vm) ∈ R m , é denotada<br />

5


e definida por<br />

g(x + ɛv) − g(x)<br />

∂vg(x) = lim<br />

ɛ↦→0 ɛ<br />

desde que o limite exista. Equivalentemente, pondo G(ɛ) ≡ g(x + ɛv), temos<br />

G(ɛ) − G(0)<br />

∂vg(x) = lim<br />

ɛ↦→0 ɛ<br />

= dG(ɛ)<br />

dɛ<br />

<br />

<br />

<br />

ɛ=0<br />

⋆ Em resumo, a derivada direcional de g é dada por<br />

g(x + ɛv) − g(x)<br />

∂vg(x) = lim<br />

ɛ↦→0 ɛ<br />

= d<br />

<br />

<br />

[g(x + ɛv)] <br />

dɛ<br />

= d<br />

<br />

<br />

[g(x + ɛv)] <br />

dɛ<br />

ɛ=0<br />

ɛ=0<br />

.<br />

. (2-2)<br />

⋆ Um fato importante é que se x = (x1, ..., xm) ∈ D é um ponto crítico ou estacionário<br />

(por exemplo, de máximo ou de mínimo) de g então esta derivada se anula, ∂vg(x) = 0,<br />

qualquer que seja v em R m .<br />

⋆ No caso de um funcional A : F −→ R, como o da forma (2-1), vale uma definição<br />

análoga: a derivada (“direcional”) do funcional A no “ponto”q : [t1; t2] −→ R n relati-<br />

vamente ao “vetor”η : [t1; t2] −→ R n é designada por<br />

A[q + ɛη] − A[q]<br />

δηA[q] = lim<br />

ɛ↦→0 ɛ<br />

= d<br />

<br />

<br />

{A[q + ɛη]} <br />

dɛ<br />

ɛ=0<br />

. (2-3)<br />

⋆ A curva q : [t1; t2] −→ R n que torna estacionário (máximo ou mínimo, por exemplo)<br />

o valor do funcional A deve ser tal que δηA[q] = 0 para qualquer vetor admissível η<br />

(explicaremos o termo “admissível”mais adiante).<br />

O problema geral que nos interessa aqui é o seguinte: Dado um espaço de funções<br />

suficientemente diferenciáveis que descrevem curvas conectando os mesmos pontos<br />

extremos,<br />

F = {q : [t1; t2] −→ R n | q(t1), q(t2) fixos},<br />

6


considere o funcional A : F −→ R,<br />

A[q] =<br />

t2<br />

t1<br />

L(q(t), ˙q(t), t) · dt (2-4)<br />

onde L(q, ˙q, t) ≡ L(q1, ...qn, ˙q1, ... ˙qn, t) é uma função diferenciável a valores numéricos.<br />

Dentre todas as “curvas”q conectando os pontos q(t1) = (q1(t1), ..., qn(t1)) e q(t2) =<br />

(q1(t2), ..., qn(t2)) qual delas maximiza ou minimiza (ou, em geral, torna estacionário)<br />

o valor do funcional A.<br />

Para encontrar esta curva ou, pelo menos, caracteriza-la matematicamente de alguma<br />

maneira, vamos a seguir calcular a derivada funcional δηA[q] e, na sequência, fazê-la<br />

igual a zero. O resultado, como veremos a seguir, será constituído pelas chamadas<br />

equações de Euler do Cálculo Variacional.<br />

As Equações de Euler<br />

Vamos primeiramente calcular a derivada do funcional dado pela equação (2-4), usando<br />

a definição (2-3) que acabamos de apresentar:<br />

δηA[q] = d<br />

<br />

<br />

{A[q + ɛη]} <br />

dɛ<br />

ɛ=0<br />

= d<br />

t2<br />

ɛ=0<br />

L(q + ɛη, ˙q + ɛ ˙η, t) · dt .<br />

dɛ t1<br />

Tendo em vista que esta derivada é relativa a ɛ e que a integral é com respeito a t<br />

podemos derivar sob o sinal de integração e, em seguinda, aplicar a regra da cadeia.<br />

Denotando Q = q + ɛη e ˙q + ɛ ˙η = ˙ Q, temos<br />

δηA[q] =<br />

=<br />

t2<br />

t1<br />

t2<br />

t1<br />

<br />

∂L<br />

i<br />

∂Qi<br />

<br />

<br />

∂L<br />

i<br />

∂qi<br />

∂Qi<br />

∂ɛ<br />

+ ∂L<br />

∂ ˙ Qi<br />

∂ ˙ Qi<br />

∂ɛ<br />

<br />

· ηi + ∂L<br />

<br />

· ˙ηi dt<br />

∂ ˙qi<br />

ɛ=0<br />

dt =<br />

Realizando uma integração por partes e usando o teorema fundamental do cálculo<br />

7


temos<br />

δηA[q] =<br />

t2<br />

t1<br />

<br />

<br />

∂L<br />

−<br />

∂qi<br />

d<br />

<br />

∂L<br />

ηi · dt +<br />

dt ∂ ˙qi<br />

<br />

<br />

∂L<br />

∂ ˙qi<br />

i<br />

i<br />

<br />

<br />

<br />

ηi<br />

t2<br />

− ∂L<br />

∂ ˙qi<br />

<br />

<br />

<br />

ηi<br />

t1<br />

Lembremos que a definição de derivada do funcional envolve a expressão A[q + ɛη], de<br />

modo que, por consistência, q +ɛη deve residir no espaço F das funções que descrevem<br />

curvas conectando os extremos fixos q(t1) e q(t2); logo<br />

q(t1) + ɛη(t1) = q(t1) =⇒ η(t1) = 0,<br />

q(t2) + ɛη(t2) = q(t2) =⇒ η(t2) = 0.<br />

Aí estão os η’s admissíveis: eles devem ser tais que η(t1) = η(t2) = 0. Assim<br />

δηA[q] =<br />

t2<br />

t1<br />

<br />

<br />

∂L<br />

−<br />

∂qi<br />

d<br />

<br />

∂L<br />

ηi · dt.<br />

dt ∂ ˙qi<br />

i<br />

Se “a curva q(t)”que liga q(t1) à q(t2) torna estacionário o valor de A então<br />

δηA[q] =<br />

t2<br />

t1<br />

<br />

<br />

∂L<br />

−<br />

∂qi<br />

d<br />

<br />

∂L<br />

ηi · dt = 0,<br />

dt ∂ ˙qi<br />

i<br />

para todo vetor admissível η (tal que η(t1) = η(t2) = 0). Mas como η é bastante<br />

arbitrário isto nos leva a suspeitar que<br />

d<br />

dt<br />

<br />

∂L<br />

∂ ˙qi<br />

− ∂L<br />

∂qi<br />

= 0, i = 1, ..., n;<br />

esta conclusão é na verdade consequência do lema mostrado a seguir.<br />

Lema: Se f : [t1; t2] −→ R é contínua e<br />

t2<br />

t1<br />

f(t)η(t)dt = 0<br />

para qualquer η : [t1; t2] −→ R contínua satisfazendo η(t1) = η(t2) = 0 então f(t) = 0<br />

para todo t ∈ [t1; t2].<br />

8<br />

<br />

.


Prova do Lema: Suponha que f é não nula, digamos f(ξ) > 0 em um certo ξ ∈ [t1; t2]<br />

(o caso “f(ξ) < 0”é provado de forma inteiramente análoga). Então, pela continuidade<br />

de f, esta função é extritamente positiva nalgum intervalo [a; b] ⊂ [t1; t2] tal que<br />

ξ ∈ [a; b]. Vamos tomar η : [t1; t2] −→ R definida para todo t ∈ [t1; t2] da seguinte<br />

maneira: η(t) = (t − a)(b − t) se t ∈ [a; b] e η(t) = 0 se t /∈ [a; b]. Esta função η é<br />

contínua e η(t1) = η(t2) = 0. Para ela temos<br />

t2<br />

t1<br />

f(t)η(t)dt =<br />

b<br />

a<br />

f(t)(t − a)(b − t)dt > 0,<br />

que contradiz a hipótese. Logo f(t) = 0 para todo t ∈ [t1; t2]. <br />

A conclusão é que se q minimiza ou maximiza ou, em geral, torna estacionário o valor<br />

do funcional A então q deve ser solução das equações<br />

d<br />

dt<br />

<br />

∂L<br />

∂ ˙qi<br />

− ∂L<br />

∂qi<br />

= 0, i = 1, ..., n, (2-5)<br />

que são chamadas de equações de Euler e constituem um sistema de n equações difer-<br />

enciais de segunda ordem em geral acopladas. Para que a solução q seja bem definida<br />

consideramos usualmente 2n condições de contorno que fixam q(t1) e q(t2).<br />

9


3 O Formalismo <strong>Lagrangiano</strong><br />

Coordenadas Generalizadas<br />

Em geral, os sistemas físicos estão sujeitos a condições denominadas vínculos os quais<br />

restringem o número de coordenadas necessárias para descrever o movimento destes<br />

sistemas. Se considerarmos um sistema de N partículas cujo movimento é descrito por<br />

{ra}a=1,...,N e se este sistema está submetido a K vínculos, K < 3N, equacionados por<br />

ψβ(r, t) = 0, β = 1, ..., K,<br />

os quais são chamados vínculos holonômicos, podemos notar que das 3N coordenadas<br />

(xa, ya, za), a = 1, ..., N, podemos selecionar 3N−K ≡ n coordenadas independentes (o<br />

número n é chamado número de graus de liberdade). Mais ainda, o uso de coordenadas<br />

cartesianas não é obrigatório: Podemos escolher n = 3N − K coordenadas, digamos<br />

{q ≡ (q1, ..., qn)},<br />

que possibilite descrever completamente o movimento do sistema. Tais coordenadas<br />

são englobadas sob o nome de coordenadas generalizadas e uma escolha conveniente<br />

de tais coordenadas depende de cada problema específico.<br />

Princípio de Hamilton e Equações de Euler-Lagrange<br />

Uma configuração (ou estado) do sistema é definido por um conjunto de valores que<br />

suas coordenadas generalizadas (q1, ..., qn) podem assumir. Uma tal configuração é<br />

imaginada como sendo representada por um ponto q = (q1, ..., qn) no chamado espaço<br />

de configurações do sistema. A medida que o tempo t vai passando o sistema pode<br />

10


“evoluir”ou “se mover”de uma configuração q(t1) = (q1(t1), ..., qn(t1)) para outra con-<br />

figuração q(t2) = (q1(t2), ..., qn(t2)).<br />

♣ O problema geral da mecânica passa ser formulado nos seguintes termos: dentre<br />

todas as trajetórias ligando q(t1) à q(t2) no espaço de configurações do sistema, qual<br />

é aquela que o sistema segue. O guia para resposta é o Princípio de Hamilton:<br />

♣ Princípio de Hamilton: A trajetória q(t) = (q1(t), ..., qn(t)) que descreve o movi-<br />

mento do sistema da configuração q(t1) para a configuração q(t2) é tal que o funcional<br />

ação do sistema,<br />

A[q] =<br />

t2<br />

t1<br />

L(q, ˙q, t)dt,<br />

assume um valor mínimo (mais geralmente, estacionário). Aqui a função L(q, ˙q, t) é<br />

uma função que caracteriza o sistema, chamada lagrangiana deste sistema, a qual é<br />

usualmente dada por<br />

L = T − V<br />

onde T é a energia cinética e V é a energia potencial do sistema em consideração.<br />

Estamos nos referindo a um sistema que admitam uma função energia potencial V ,<br />

por exemplo um sistema conservativo.<br />

Pelo que vimos anteriormente, a “trajetória q(t)”que “mapeia”o movimento do sistema<br />

no espaço das configurações, a qual torna estacionário o valor do funcional ação deste<br />

sistema, deve ser solução das equações de Euler,<br />

d<br />

dt<br />

<br />

∂L<br />

∂ ˙qi<br />

− ∂L<br />

∂qi<br />

= 0, i = 1, ..., n, (3-6)<br />

com as condições de contorno que fixam os pontos extremos q(t1) e q(t2). Estas<br />

equações passaram então a se chamar equações de Euler-Lagrange (o nome Euler está<br />

11


ligado ao Cálculo Variacional e o nome Lagrange ao problema geral correspondente<br />

na Mecânica que ora estamos tratando, de onde se originou o formalismo lagrangiano<br />

aqui apresentado).<br />

Conexão com o Formalismo Newtoniano<br />

Considere uma partícula de massa m sujeita a uma força derivada de um potencial,<br />

F = −∇V . Adotando (q1, q2, q3) ≡ (x, y, z) ≡ (x1, x2, x3) temos<br />

L(x1, x2) = 1<br />

· m<br />

2<br />

3<br />

˙xi − V (x1, x2, x3).<br />

Pelas equações de Euler-Lagrange temos, para cada j = 1, 2, 3,<br />

<br />

d ∂L<br />

−<br />

dt ∂ ˙xj<br />

∂L<br />

∂xj<br />

i=1<br />

= d<br />

dt (m ˙xj) + ∂V<br />

∂xj<br />

∴ m ¨ r = −∇V = F<br />

que é a equação de movimento newtoniana.<br />

12<br />

= 0 ∴


4 O Formalismo <strong>Hamiltoniano</strong><br />

Preliminares. O Momento Canônico e a Hamiltoniana<br />

Ainda no contexto do formalismo lagrangiano, temos que para um sistema mecânico<br />

com n graus de liberdade descrito pela lagrangiana L(q, ˙q, t) as equações de movimento<br />

são as equações de Euler-Lagrange (3-6):<br />

d<br />

dt<br />

<br />

∂L<br />

∂ ˙qi<br />

− ∂L<br />

∂qi<br />

= 0, i = 1, ..., n.<br />

Note que se a lagrangiana L não depender explicitamente de uma coordenada qj<br />

(chamada coordenada cíclica), embora dependa de ˙qj para não modificar o número<br />

de graus de liberdade, então a correspondente equação de movimento nos fornece uma<br />

quantidade conservada durante o movimento do sistema:<br />

d<br />

dt<br />

<br />

∂L<br />

∂ ˙qj<br />

= 0 =⇒ ∂L<br />

∂ ˙qj<br />

= const. de movim.<br />

A quantidade ∂L/∂ ˙qi recebe uma denominação especial, mesmo que não se conserve,<br />

ou seja, mesmo que qi esteja explicita em L (ou, que qi não seja cíclica). Tal quantidade<br />

é denominada momento generalizado canônico conjugado à coordenada qi e denotada<br />

como<br />

pi = ∂L<br />

. (4-7)<br />

∂ ˙qi<br />

Por outro lado se L não depender explicitamente do tempo (tempo cíclico!) temos<br />

∂L/∂t = 0 e, então, levando em conta as equações de Euler-Lagrange,<br />

dL<br />

dt<br />

<br />

<br />

∂L<br />

=<br />

j<br />

∂qj<br />

˙qj + ∂L<br />

<br />

¨qj =<br />

∂ ˙qj<br />

<br />

<br />

d<br />

dt<br />

j<br />

<br />

∂L<br />

13<br />

∂ ˙qj<br />

˙qj + ∂L<br />

<br />

¨qj =<br />

∂ ˙qj<br />

<br />

<br />

d ∂L<br />

˙qj ,<br />

dt ∂ ˙qj<br />

j


de modo que, considerando a definição de momento canônico,<br />

=⇒ <br />

j<br />

∂L<br />

∂ ˙qj<br />

<br />

d ∂L<br />

˙qj − L = 0 =⇒<br />

dt ∂ ˙qj j<br />

˙qj − L = <br />

pj ˙qj − L = const. de movim.<br />

j<br />

A quantidade <br />

j pj ˙qj − L, independente de se conservar ou não (L sem dependência<br />

ou com dependência explícita de t ), é chamada hamiltoniana do sistema:<br />

H = <br />

pj ˙qj − L. (4-8)<br />

j<br />

A hamiltoniana se identifica com a energia total do sistema se supormos que a energia<br />

cinética é quadrática nas velocidades generalizadas e o potencial depende apenas das<br />

coordenadas generalizadas:<br />

De fato<br />

L = 1<br />

2<br />

<br />

i<br />

H = <br />

i<br />

j<br />

aij(q) ˙qi ˙qj − V (q) ≡ 1<br />

2<br />

∂L<br />

˙qi − L =<br />

∂ ˙qi<br />

<br />

i<br />

= 1 <br />

˙qi<br />

2<br />

i<br />

= <br />

aij ˙qi ˙qj −<br />

ij<br />

∴ H = 1<br />

2<br />

que é a energia total do sistema.<br />

<br />

aij ˙qi ˙qj − V (q).<br />

1 ∂<br />

˙qi ajl ( ˙qj ˙ql) − L =<br />

2 ∂qi ˙<br />

jl<br />

<br />

<br />

ail ˙ql + <br />

<br />

aji ˙qj − L =<br />

l<br />

<br />

1<br />

2<br />

j<br />

ij<br />

<br />

<br />

aij ˙qi ˙qj − V<br />

ij<br />

<br />

aij ˙qi ˙qj + V = T + V,<br />

ij<br />

14<br />


As Equações de Hamilton<br />

Retomemos a hamiltoniana de um sistema<br />

onde<br />

H = <br />

pj ˙qj − L, (4-9)<br />

j<br />

pj = ∂L<br />

∂ ˙qj<br />

≡ fj(q, ˙q, t).<br />

Se admitirmos que as funções fj podem ser invertidas para fornecer os ˙qj como funções<br />

de (q, p, t) então a hamiltoniana passa a ter q, p e t como variáveis independentes ao<br />

invés de q, ˙q e t:<br />

H(p, q, t) = <br />

pj ˙qj(q, p, t) − L(q, ˙q(q, p, t), t).<br />

j<br />

Isto pode ser verificado também tomando diretamente a diferencial de H na expressão<br />

(4-9):<br />

dH = <br />

( ˙qjdpj + pjd ˙qj) − dL =<br />

j<br />

= <br />

<br />

˙qjdpj + pjd ˙qj −<br />

j<br />

∂L<br />

dqj −<br />

∂qj<br />

∂L<br />

<br />

d ˙qj −<br />

∂ ˙qj<br />

∂L<br />

dt =<br />

∂t<br />

= <br />

<br />

˙qjdpj + pj − ∂L<br />

<br />

d ˙qj −<br />

∂ ˙qj<br />

∂L<br />

<br />

dqj −<br />

∂qj<br />

∂L<br />

∂t dt<br />

j<br />

e com a definição de momento canônico (4-7) obtemos<br />

o que nos indica que H = H(p, q, t).<br />

dH = <br />

˙qjdpj − ∂L<br />

j<br />

j<br />

∂qj<br />

dq j − ∂L<br />

∂t dt<br />

Vale salientar que para se chegar a este resultado não se usou as equações de movi-<br />

mento (3-6) mas apenas a definição de momento pj de modo que H é função de (p, q, t)<br />

independentemente do princípio de Hamilton e, portanto, está definida como função<br />

15


até em pontos que não constituem a trajetória seguida pelo sistema. Mas se consider-<br />

armos somente os pontos da trajetória seguida pelo sistema então, pelas equações de<br />

Euler-Lagrange (3-6), temos<br />

dH = <br />

˙qjdpj − <br />

<br />

d ∂L<br />

dqj −<br />

dt ∂ ˙qj<br />

∂L<br />

dt ∴<br />

∂t<br />

j<br />

∴ dH = <br />

˙qjdpj − <br />

Por outro lado, sendo H(p, q, t), temos<br />

j<br />

dH = ∂H<br />

dpj +<br />

∂pj<br />

∂H<br />

∂qj<br />

Comparando estas duas últimas equações<br />

j<br />

j<br />

j<br />

j<br />

˙pjdq j − ∂L<br />

∂t dt.<br />

dq j + ∂H<br />

∂t dt.<br />

˙qj = ∂H<br />

, (4-10)<br />

∂pj<br />

˙pj = ∂H<br />

, (4-11)<br />

∂qj<br />

− ∂L<br />

∂t<br />

∂H<br />

= . (4-12)<br />

∂t<br />

A terceira destas equações é uma consequência da definição de H:<br />

∂H<br />

∂t<br />

<br />

∂ <br />

= pj ˙qj(q, ˙q, t) − L(q, ˙q(p, q, t), t) =<br />

∂t<br />

j<br />

= <br />

<br />

j<br />

pj<br />

∂ ˙q<br />

∂t<br />

− ∂L<br />

∂ ˙qj<br />

<br />

∂ ˙qj<br />

−<br />

∂t<br />

∂L<br />

∂t ;<br />

tendo em vista a definição de momento canônico (4-7), obtemos portanto<br />

∂H<br />

∂t<br />

As duas outras equações, (4-10) e (4-11),<br />

= −∂L<br />

∂t .<br />

˙qj = ∂H<br />

,<br />

∂pj<br />

16


˙pj = ∂H<br />

, j = 1, ..., n,<br />

∂qj<br />

são as equações de Hamilton que correspondem as equações de movimento no formal-<br />

ismo hamiltoniano para o sistema em consideração. Neste formalismo os estados do<br />

sistema são representados por pontos (p, q) no chamado espaço de fases deste sistema.<br />

Note que as equações hamiltonianas formam um sistema de 2n equações diferenciais<br />

de primeira ordem em (p, q) de modo que sua solução geral, digamos<br />

pj = pj(t; C1, ..., Cn),<br />

qj = qj(t; D1, ..., Dn),<br />

envolve 2n constantes de integração, as quais podem ser determinadas univocamente<br />

mediante condições iniciais, como p(t0) = P e q(t0) = Q.<br />

O quadro abaixo compara paralelamente os formalismos lagrangiano e hamiltoniano:<br />

(figura)<br />

17


5 Exemplos<br />

Partícula Livre Relativística<br />

Vamos construir a lagrangiana de uma partícula livre relativística. Uma quantidade<br />

invariante de Lorentz envolvendo diretamente as coordenadas do espaço-tempo (de<br />

Minkowiski, sem gravidade) é a métrica descrita pelo elemento de linha<br />

ds 2 = c 2 dt 2 − dr 2 .<br />

em que c é a velocidade da luz no vacuo. A ação da partícula livre relativística pode<br />

ser proporcional a integral de qualquer potência de ds. Vamos, por simplicidade,<br />

considerar a ação na forma<br />

<br />

A = α<br />

<br />

√c<br />

<br />

ds = α 2dt2 − dr 2 = α 1 − v2<br />

dt,<br />

c2 onde α é uma constante a ser determinada e v = dr/dt. Aqui podemos identificar a<br />

lagrangiana da partícula por<br />

No limite não-relativístico, v ≪ c, temos<br />

<br />

L ≈ αc<br />

<br />

L = αc 1 − v2<br />

c2 1/2 .<br />

1 − 1<br />

2<br />

v2 c2 <br />

= αc − 1 α<br />

2 c v2 .<br />

O primeiro termo desta equação é uma constante, que não altera as equações de<br />

movimento pois estas são obtidas por derivação de L. O segundo termo −(1/2)(α/c)v 2<br />

deve deve ser identificado com a energia cinética não relativística +(1/2)mv 2 (m é a<br />

massa de repouso da partícula); então α = −mc. Logo<br />

L = αc<br />

<br />

1 − v2<br />

= −mc2<br />

c2 18<br />

<br />

1 − v2<br />

.<br />

c2


Daqui podemos obter quantidades importantes como o momento relativístico e a en-<br />

ergia relativística da partícula. Vejamos primeiro o momento relativístico. Notando<br />

que v 2 = 3<br />

j=1 ˙x2 j temos<br />

pi = ∂L<br />

∂ ˙xi<br />

2 ∂<br />

= −mc<br />

∂ ˙xi<br />

∴ pi =<br />

<br />

1 −<br />

m ˙xi<br />

1 − v 2 /c 2<br />

<br />

j ˙x2 j<br />

c2 1/2 <br />

2 1<br />

j<br />

= −mc 1 −<br />

2<br />

˙x2 j<br />

c2 −1/2 i = 1, 2, 3 =⇒ p =<br />

m<br />

1 − v 2 /c 2 v.<br />

(−2xi) ˙<br />

c2 A energia desta partícula é identificada com a sua hamiltoniana (note que a lagrangiana<br />

desta partícula não depende explicitamente do tempo e, então, a sua hamiltoniana é<br />

uma constante de movimento). Temos:<br />

H = p v − L =<br />

∴ H =<br />

mv2 <br />

+ mc 1 −<br />

1 − v2 /c2 v2<br />

c2 mc 2<br />

1 − v 2 /c 2<br />

Partícula Carregada num Campo Eletromagnético<br />

Vamos encontrar a lagrangiana e a hamiltoniana para uma partícula com carga e<br />

movendo-se em uma região onde há um campo eletromagnético, descrito pelos vetores<br />

E e B. Para isto precisamos saber qual a função energia potencial V que fornece a<br />

força de Lorentz sobre a partícula,<br />

<br />

F = e E + v<br />

c × <br />

B<br />

.<br />

(unidades gaussianas),<br />

que é uma força dependente da velocidade! No formalismo lagrangiano este potencial<br />

é obtido de forma natural da maneira descrita a seguir. Pondo L = T −V nas equações<br />

de Euler -Lagrange (3-6), temos<br />

<br />

d ∂T<br />

−<br />

dt ∂ ˙qj<br />

∂T<br />

∂qj<br />

= d<br />

<br />

∂V<br />

−<br />

dt ∂ ˙qj<br />

∂V<br />

,<br />

∂qj<br />

19<br />

∴<br />


em que a expressão do lado direito define a força generalizada:<br />

Qi = d<br />

<br />

∂V<br />

−<br />

dt ∂ ˙qj<br />

∂V<br />

. (5-13)<br />

∂qj<br />

A idéia é a seguinte: escrever a expressão da força de Lorentz F em termos dos<br />

potenciais eletromagnéticos, mediante<br />

E = − ∇Φ − 1 ∂<br />

c<br />

A<br />

∂t ,<br />

B = ∇ × A,<br />

e então colocar F numa forma que permita compara-la com a expressão da força gen-<br />

eralizada Qj e daí identificar o potencial V . Vamos proceder desta forma. Inicialmente<br />

temos:<br />

<br />

F = e E + v<br />

c × <br />

B = e<br />

− ∇Φ − 1<br />

c<br />

∂ A<br />

∂t<br />

v<br />

+<br />

c × ( ∇ × <br />

A) .<br />

Vamos manipular o termo v × ( ∇ × A) usando a identidade vetorial<br />

∇(a b) = (a ∇) b + ( b ∇)a + a × ( ∇ × b) + b × ( ∇ × a)<br />

pondo a = A e b = v e tendo em vista que r e v representam variáveis independentes,<br />

temos<br />

Com isto temos<br />

F = e<br />

<br />

∇( A v) = ( A ∇)v + (v ∇) A + A × ( ∇ × v) + v × ( ∇ × A) =⇒<br />

− ∇Φ − 1<br />

c<br />

∂ A<br />

∂t<br />

=⇒ ∇( A v) = (v ∇) A + v × ( ∇ × A) ∴<br />

∴ v × ( ∇ × A) = ∇( A v) − (v ∇) A.<br />

v<br />

+<br />

c × ( ∇ × <br />

A) = e<br />

20<br />

− ∇Φ − 1<br />

c<br />

∂ A<br />

∂t<br />

1<br />

+<br />

c [ ∇( A v) − (v ∇) <br />

A]


=⇒ F = e<br />

<br />

= e<br />

− ∇<br />

<br />

<br />

Φ − 1<br />

c <br />

A v − 1<br />

<br />

(v <br />

c<br />

∇) A + ∂ A<br />

∂t<br />

− ∇<br />

<br />

Φ − 1<br />

c <br />

A v<br />

<br />

= e − <br />

∇ Φ − 1<br />

c A v<br />

Mas ∇vΦ = 0 pois Φ = Φ(r, t), daí<br />

ou seja,<br />

<br />

− 1<br />

c<br />

− 1<br />

c<br />

d <br />

A<br />

=<br />

dt<br />

d<br />

dt [ ∇v( <br />

A v)] .<br />

<br />

<br />

F = e − <br />

∇ Φ − 1<br />

c <br />

A v + d<br />

<br />

∇v Φ −<br />

dt<br />

1<br />

c <br />

A v ,<br />

F =<br />

<br />

d<br />

dt <br />

∇v eΦ − e<br />

c <br />

A v − <br />

∇ eΦ − e<br />

c <br />

A v<br />

<br />

. (5-14)<br />

Finalmente comparando esta expressão com a da força generalizada (5-13), podemos<br />

identificar<br />

isto é,<br />

V (r, v, t) = eΦ(r, t) − e<br />

c A(r, t) v,<br />

V (r, ˙ r, t) = eΦ(r, t) − e<br />

c A(r, t) ˙ r.<br />

Dessa forma a lagrangiana da partícula em consideração (não relativística) é<br />

O momento canônico é dado por<br />

ou<br />

L(r, ˙ r, t) = 1<br />

2 m ˙ r 2 − eΦ(r, t) + e<br />

c A(r, t) ˙ r.<br />

pi = ∂L<br />

∂ ˙xi<br />

= m ˙xi + e<br />

c Ai(r, t), i = 1, 2, 3,<br />

p = mv + e<br />

c A<br />

que, como podemos ver, não é simplesmente mv: parte do momento canônico fica no<br />

potencial magnético!<br />

21<br />

=


A correspondente hamiltoniana é<br />

H = p v − L =<br />

<br />

p + e<br />

c <br />

A v − 1<br />

2 mv2 + eΦ − e<br />

c A v =<br />

= 1<br />

2 mv2 + eΦ = 1<br />

2m (mv)2 + eΦ ∴<br />

∴ H = 1<br />

<br />

p −<br />

2m<br />

e<br />

c <br />

A + eΦ.<br />

22


6 Parênteses de Poisson<br />

Uma forma conveniente de analizar a evolução temporal de uma variável dinâmica<br />

F (p, q, t) referente a um sistema é através dos chamados parênteses de Poisson, definidos<br />

a seguir. Primeiro vamos tomar a derivada total de F com respeito ao tempo, temos<br />

dF<br />

dt<br />

<br />

<br />

∂F<br />

=<br />

j<br />

∂pj<br />

˙pj + ∂F<br />

<br />

˙qj +<br />

∂qj<br />

∂F<br />

∂t .<br />

Para acompanhar como F “evolui”durante o movimento do sistema usamos as equações<br />

de movimento hamiltonianas, de modo que<br />

ou<br />

onde<br />

dF<br />

dt<br />

<br />

<br />

∂F<br />

=<br />

j<br />

∂pj<br />

= <br />

<br />

∂F ∂H<br />

∂qj ∂pj<br />

j<br />

dF<br />

dt<br />

<br />

− ∂H<br />

<br />

+<br />

∂qj<br />

∂F<br />

∂qj<br />

− ∂F<br />

∂pj<br />

<br />

∂H<br />

∂pj<br />

<br />

∂H<br />

∂qj<br />

= {F, H} + ∂F<br />

∂t<br />

{F, H} = <br />

<br />

∂F ∂H<br />

j<br />

∂qj ∂pj<br />

que é chamado parêntese de Poisson entre F e H.<br />

− ∂F<br />

∂pj<br />

+ ∂F<br />

∂t<br />

+ ∂F<br />

∂t =<br />

<br />

∂H<br />

∂qj<br />

(6-15)<br />

A equação (6-15) nos diz que a hamiltoniana do sistema “governa”a evolução da<br />

variável dinâmica F . Mais ainda, esta equação contém as equações hamiltonianas<br />

de movimento pois, como p = (p1, ..., pn) e q = (q1, ..., qn) constituem coordenadas<br />

independentes, então<br />

˙qi = {qi, H} = <br />

<br />

∂qi ∂H<br />

∂qj ∂pj<br />

j<br />

23<br />

− ∂qi<br />

∂pj<br />

<br />

∂H<br />

∂qj<br />

= ∂H<br />

,<br />

∂pi


˙pi = {pi, H} = <br />

<br />

∂pi ∂H<br />

∂qj ∂pj<br />

j<br />

− ∂pi<br />

∂pj<br />

Note que, fazendo F = H na equação (6-15), obtemos<br />

dH<br />

dt<br />

= {H, H} + ∂H<br />

∂t<br />

<br />

∂H<br />

∂qj<br />

= ∂H<br />

∂t .<br />

= − ∂H<br />

.<br />

∂qi<br />

reconfirmando que se a hamiltoniana H não depende explicitamente do tempo (o que<br />

equivale a ocorrer o mesmo com a lagrangiana, pois ∂H/∂t = −∂L/∂t) então ela é<br />

uma constante de movimento. De uma forma geral, se {F, H} = 0 e F não depende<br />

explicitamente do tempo então, pela (6-15), F é uma constante de movimento.<br />

Uma Ponte para Mecânica Quântica: Para finalizar vale salientar que o proced-<br />

imento quantização canônica, introduzido por Dirac, é inspirado nos parênteses de<br />

Poisson fazendo substituições apropriadas de variáveis dinâmicas por operadores e dos<br />

parênteses de Poisson por comutadores.<br />

24

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