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Umberto Eco e O Nome da Rosa - Portal da História do Ceará

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U tnberto lco recusa-se a exercitar seu rnister de<br />

crítico na análise de obras de arte como um "cristal", ga­<br />

nhan<strong>do</strong> assin1 a excotnunhão, etn tertnos poli<strong>da</strong>tnente<br />

polênlicos, de (Jaude Lévi-Strauss, à luz <strong>da</strong> "orto<strong>do</strong>xia"<br />

estruturalista. <strong>Eco</strong>., na reali<strong>da</strong>de, sustenta um "modelo te­<br />

órico" de obra aberta, que não reproduza uma presumi­<br />

<strong>da</strong> estrutura objetiva de certas obras, mas represente an­<br />

tes a estr11111ra de unJa relação jr11itiva, isto independentemen­<br />

te <strong>da</strong> existência prática, factual, de obras caracterizáveis<br />

cotno "abertas". Ele não nos oferece o "modelo" de<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong> grupo de obras, mas sim, de um grupo de relações<br />

de fruição entre estas e seus receptores. Trata-se, portan­<br />

to, <strong>da</strong> tentativa de estatuir nova ordem de valores que<br />

extraia seus próprios elementos de juízo e seus próprios<br />

parâtnetros <strong>da</strong> análise <strong>do</strong> contexto no qual a obra de arte<br />

se coloca, moven<strong>do</strong>-se em suas in<strong>da</strong>gações para antes e<br />

depois dela, a fim de individuar aquilo que na ver<strong>da</strong>de<br />

interessa: não a obra-definição, não o mun<strong>do</strong> de relações de<br />

que esta se origina; não a obra-re.rulta<strong>do</strong>, mas o processo que<br />

preside à sua formação; não a obra-evento, mas as caracte­<br />

rísticas <strong>do</strong> campo de probabili<strong>da</strong>des que a compreende. Este,<br />

segun<strong>do</strong> <strong>Eco</strong>, é <strong>do</strong>s aspectos fun<strong>da</strong>mentais <strong>do</strong> discurso<br />

aberto, que é típico <strong>da</strong> arte, e <strong>da</strong> arte de vanguar<strong>da</strong> em<br />

particular. O outro é constituí<strong>do</strong> pela ambigiii<strong>da</strong>de, <strong>da</strong><strong>do</strong><br />

que a abertura elide a univoci<strong>da</strong>de. Ambas as coisas, no<br />

fun<strong>do</strong>, estão em íntima correlação: uma vez que o fulcro<br />

de nossa atenção se põe na análise e no estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s estru­<br />

turas, e que se admite que estas são governa<strong>da</strong>s pelas leis<br />

de probabili<strong>da</strong>de, a ambigüi<strong>da</strong>de então não é mais <strong>do</strong><br />

que utn corolário deriva<strong>do</strong> desta assunção de base. A obra­<br />

eJ)ento, portanto, é a manifestação a11Jbígua de uma arte cujos<br />

limites são fixa<strong>do</strong>s por leis matemáticas, as leis que regen1<br />

a teoria <strong>da</strong> probabili<strong>da</strong>de.<br />

A perícia e a extretna desenvoltura cotn que U.<br />

<strong>Eco</strong> enfrenta tais problen1as, propon<strong>do</strong> c experin1entan­<br />

<strong>do</strong> diversas aplicnções a diferentes carnpos artisticos [lite-<br />

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