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Ano 11 Ed 129 Fev 2011.pdf - Colégio Pena Branca

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Página -2 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong><br />

Durante o período em que estava<br />

organizando material e escrevendo<br />

o livro “História da Umbanda”,<br />

foi chegando muita coisa em minhas<br />

mãos, além do que já dispunha<br />

por meio de anos garimpando em sebos<br />

e sites de busca, sobre registros antigos<br />

de nossa religião.<br />

De tudo o que consegui coletar, sem<br />

dúvida, um dos materiais que mais me<br />

impressionou foram as gravações feitas<br />

com Zélio de Moraes e o Caboclo das<br />

Sete Encruzilhadas, por Lilia Ribeiro da<br />

TULEF. Uma cópia das entrevistas, feitas<br />

por ela para o Jornal Macaia, me<br />

foram entregues por Mãe Maria de<br />

Omulu, da Casa <strong>Branca</strong> de Oxalá. Duas<br />

destas gravações foram colocadas na<br />

íntegra no livro “História da Umbanda”<br />

junto com mais dois fragmentos de<br />

outras gravações.<br />

Tive a oportunidade de ouvir estes<br />

áudios junto de Lygia Cunha e Leonardo<br />

Cunha dos Santos (neta e bisneto de<br />

Zélio de Moraes), atuais dirigentes da<br />

Tenda Espirita Nossa Senhora da Piedade,<br />

o que foi uma grande emoção.<br />

Os textos são longos, e mesclam<br />

ora a voz de Zélio e ora a voz do Caboclo<br />

das Sete Encruzilhadas. Zélio já estava<br />

com uma idade avançada e ainda assim<br />

é possível perceber, no timbre de sua<br />

voz e na pronúncia, determinação, convicção<br />

e fé em cada palavra, além de<br />

muita emoção.<br />

Para publicar aqui, foram editadas<br />

algumas partes do texto original, para<br />

adequar a este espaço físico, o que não<br />

quebra nem muda seu contexto ou mensagem<br />

original, que fala por si mesma e<br />

não deixa dúvidas com relação ao conteúdo<br />

que se faz expressar nas palavras<br />

do “Pai da Umbanda” – como bem<br />

coloca Pai Ronaldo Linares.<br />

A gravação que transcrevo abaixo<br />

(Fita 52) foi realizada em Novembro<br />

de 1971, no 63º aniversário da Tenda<br />

EXPEDIENTE:<br />

Diretor Responsável:<br />

Alexandre Cumino<br />

Tel.: (<strong>11</strong>) 3441-9637<br />

E-Mail: alexandrecumino@uol.com.br<br />

Endereço: Av. Irerê, 292 - Apto 13 -<br />

Planalto Paulista São Paulo - SP<br />

<strong>Ed</strong>itoração e Arte:<br />

Laura Carreta<br />

Tel.: (<strong>11</strong>) 7215-9486<br />

Diretor Fundador: Rodrigo Queiróz<br />

Tel.: (14) 3019-4155 /8<strong>11</strong>4-8184<br />

E-mail: rodrigo@ica.org.br<br />

Consultora Jurídica:<br />

Dra. Mirian Soares de Lima<br />

Tel.: (<strong>11</strong>) 2796-9059<br />

Jornalistas Responsáveis:<br />

Marcio Pugliesi - MTB: 33888<br />

Wagner Veneziani Costa - MTB:35032<br />

Alessandro S. de Andrade - MTB: 37401<br />

Nossa Senhora da Piedade e da<br />

Religião de Umbanda no Brasil. O texto<br />

começa com Zélio de Moraes dizendo<br />

“ao meu lado está o Caboclo das Sete<br />

Encruzilhadas”. A impressão que dá<br />

é que ele está ouvindo e repetindo<br />

as palavras do “Chefe”, para, logo<br />

em seguida, este lhe tomar a frente<br />

na comunicação. O que se lê é um<br />

dos poucos registros que, de forma<br />

direta e incisiva, é abordada a criação<br />

e o nascimento da Religião de Umbanda:<br />

Queridos irmãos, ao meu lado<br />

está o Caboclo das 7 Encruzilhadas<br />

para dizer a vocês que esta Umbanda<br />

tão querida de todos nós, fez ontem<br />

63 anos, que na Federação Kardecista<br />

do estado do Rio, presidida por<br />

José de Souza, conhecido por Zeca<br />

e rodeado de gente velha, homens de<br />

cabelos grisalhos. Um enviado de Santo<br />

Agostinho chamou meu aparelho, me<br />

chamou, para sentar a sua cabeceira.<br />

Trazia uma ordem, fora jesuíta até<br />

aquele momento, chamava-se Gabriel<br />

Malagrida, daquele instante ele<br />

ia criar a Lei da Umbanda, onde o<br />

preto e o caboclo pudessem manifes-<br />

É uma obra filantrópica, cuja missão é contribuir<br />

para o engrandecimento da religião,<br />

divulgando material teológico e unificando<br />

a comunidade Umbandista.<br />

Os artigos assinados são de inteira<br />

responsabilidade dos autores, não<br />

refletindo necessariamente a opinião<br />

deste jornal.<br />

As matérias e artigos deste jornal podem e<br />

devem ser reproduzidas em qualquer<br />

veículo de comunicação. Favor citar o<br />

autor e a fonte (J.U.S.).<br />

tar. Porque ele não estava de acordo<br />

com a Federação Kardecista, que não<br />

recebia pretos nem caboclos.<br />

Pois se o Brasil - o que existia no<br />

Brasil eram caboclos, eram nativos -<br />

se no Brasil, quem veio explorar o Brasil,<br />

trouxe para trabalhar, para engrandecer<br />

este país, eram os pretos da<br />

costa da África, como é que uma Federação<br />

Espírita não recebia caboclo<br />

nem preto?<br />

Então disse eu, disse o espírito,<br />

amanhã na casa de meu aparelho na<br />

Rua Floriano Peixoto 30, será inaugurado<br />

uma Tenda Espírita com o nome<br />

de Nossa Senhora da Piedade, que se<br />

chamará Tenda de Umbanda, onde o<br />

preto e o caboclo pudessem trabalhar.<br />

Houve balbúrdia embora eles<br />

reconhecessem a mediunidade que eu<br />

trazia, mas eu era muito moço pois<br />

tinha feito 17 anos e por doença fui<br />

levado a federação, porque os médicos<br />

não me davam jeito.<br />

Então este espírito que nós chamamos,<br />

O Chefe, o Caboclo das 7 Encruzilhadas,<br />

implantou na federação,<br />

chamando aqueles senhores, todos de<br />

cabelos grisalhos, senhores de responsabilidade,<br />

para assistirem a sessão<br />

na rua Floriano Peixoto nº 30. E o<br />

presidente da federação perguntou:<br />

- E o meu irmão vai acreditar<br />

que lá tenha alguém amanhã?<br />

A minha resposta, a resposta do<br />

caboclo:<br />

“- Botarei no cume de cada montanha<br />

que circula Neves, uma trombeta<br />

tocando, anunciando a existência de<br />

uma tenda espírita onde o preto e o<br />

caboclo pudessem trabalhar”<br />

Foi a 15 de Novembro de<br />

1908, no dia 16 de novembro a nossa<br />

casa ficou cheia, e eu posso dizer aos<br />

A PALAVRA DO EDITOR<br />

meus irmãos, só fiz levado por este<br />

espírito que é o nosso guia porque eu<br />

não queria aceitar, eu estava sem saber,<br />

achando uma coisa extraordinária.<br />

Eu ia assumir uma responsabilidade de<br />

ter uma Tenda Espírita, de receber um<br />

guia pra fazer que os doutos, doutores<br />

fossem lá, buscar a cura de seus entes<br />

queridos. Pois meu irmão, tudo isto fiz<br />

eu, o meu anunciar da tenda foi tomar<br />

o meu aparelho e começar a produzir,<br />

a curar aqueles que estavam lá, ou<br />

fosse por isso, ou fosse por aquilo,<br />

mas Deus que é sumamente misericordioso<br />

levou um cego e outras pessoas,<br />

como também paralíticos,<br />

na Tenda da Piedade, na minha frente,<br />

eu disse à vista de todos:<br />

“Se tem fé levanta e caminha,<br />

porque quando chegar<br />

perto de mim estarás<br />

curado”. (Aqui é possível perceber<br />

grande emoção na voz de<br />

Zélio)...<br />

[...] Por isso meus irmãos,<br />

criei 7 tendas na Capital da República<br />

no Distrito Federal, a 1ª foi<br />

criada e entregue a nossa irmã Gabriela,<br />

mais tarde 2 anos ou 3 anos depois<br />

passei para José Meireles, que foi<br />

também, que era um deputado federal,<br />

que foi em busca de cura de sua filha...<br />

enfim, criei 7 Tendas.<br />

[...] Depois delas funcionarem, depois<br />

de tirar os médiuns dessa tenda<br />

(Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade)<br />

para que os médiuns pudessem<br />

trabalhar em outras tendas, formadas<br />

estas tendas vamos criar a Federação<br />

de Umbanda no Brasil. Chamei Idelfonso<br />

Monteiro, Maurício Marcos<br />

de Lisboa, Major Alfredo Marinho<br />

Ravache, hoje General, era major naquele<br />

tempo, enfim, botei 5 pessoas<br />

para se fazer a Federação de Umbanda<br />

no Brasil ( FEUB - Federação<br />

Espírita de Umbanda do Brasil, que seria<br />

mais tarde UEUB – União Espírita de<br />

Umbanda do Brasil).<br />

[...] Mais tarde a Tenda da Piedade<br />

continuou a trabalhar contando com a<br />

assistência deste aparelho que falo,<br />

continuou a produzir, a curar, porque a<br />

cura de loucos nestes 63 anos, trabalhando<br />

para uma casa de saúde, que<br />

os médicos nos procuravam, iam a nossa<br />

casa, a casa do meu aparelho para<br />

pedir, para saber quais os loucos que<br />

tinham cura, dando os nomes e apontando:<br />

“- Esse, esse, esse e esse tem<br />

cura, os outros não, porque esses são<br />

atuados por espíritos e nós vamos afastar<br />

estes espíritos e a maluquice passa.”<br />

Veio então mais tarde a formação<br />

de um jornal de propaganda para a<br />

nossa Umbanda (Jornal de Umbanda),<br />

aí contamos com o secretário da<br />

tenda, Luiz Marinho da Cunha, contamos<br />

com Leal de Souza e outros...<br />

E meus irmãos, a Umbanda continua,<br />

nasceu em 1908 na Federação Kardecista<br />

de Niterói...<br />

Hoje, a Umbanda está em todos os<br />

estados porque médiuns daqui saíram<br />

para o Rio Grande porque não pude levar<br />

o meu aparelho lá, mas levei ao estado<br />

do Rio, levei a São Paulo onde criei mais<br />

de 20 tendas, em Minas, enfim, no<br />

Espirito Santo também tem, de curas<br />

que fez lá e foi necessário se fazer tendas<br />

espíritas da nossa Umbanda querida<br />

nestes estados.<br />

Porquê havia necessidade, não vim<br />

por acaso não, eu trouxe uma ordem<br />

uma missão, porque venho a muito<br />

tempo dizendo aquilo que ia acontecer,<br />

desde o terremoto de Lisboa em 1755 [1]<br />

até este momento e tudo aquilo que<br />

eu dizia que ia acontecer acontecia.<br />

Pois bem sejam humildes tragam<br />

amor no coração, mas amor de irmão<br />

para irmão porque as vossas mediunidades<br />

ficarão muito mais limpas e<br />

puras, útil a qualquer espírito superior<br />

que possa baixar...<br />

[...] Meus irmãos, este aparelho<br />

está velho já com 80 anos<br />

a fazer, mas começou antes dos<br />

18... fui procurar as mediunidades que<br />

ele tinha para fazer a nossa Umbanda<br />

no Brasil, e todos estes, a<br />

maior parte ou todos estes que trabalham<br />

em Umbanda se não passaram<br />

por esta tenda, passaram<br />

por filhos saídos desta tenda que<br />

criaram outros terreiros.<br />

[...] Eu meu irmão, como o menor<br />

espírito que baixou nesta terra, mas<br />

amigo de todos, numa concentração<br />

perfeita de espíritos que me rodeiam<br />

neste momento, que eles sintam a<br />

necessidade de cada um e ao saírem<br />

deste templo de caridade, que vocês<br />

encontrem os caminhos abertos, os<br />

vossos enfermos melhorados e curados<br />

e a saúde para sempre nas vossas<br />

matérias. Com paz saúde e felicidade,<br />

com humildade amor e caridade, sou<br />

e serei sempre o humilde Caboclo<br />

das 7 Encruzilhadas.<br />

Aqui no final do ultimo parágrafo é<br />

possível ouvir a emoção nas palavras<br />

do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que<br />

ao término parece como que a emoção<br />

de Zélio de Moraes, nos dando a impressão<br />

de que fala e ouve o que está<br />

sendo dito por seu intermédio. Temos<br />

a sensação nas ultimas palavras de que<br />

o médium se encontra em lágrimas, algo<br />

que realmente emociona.<br />

[1] Aqui são palavras do Caboclo das<br />

Sete Encruzilhadas que em vida foi o<br />

Jesuíta, Frei Gabriel de Malagrida, que<br />

previu este terremoto, perseguido pelo<br />

Marques de Pombal, foi vitima de intrigas<br />

que o levaram á fogueira da “Santa<br />

Inquisição”, tendo por acusação maior ter<br />

previsto este terremoto.<br />

Contatos: alexandrecumino@uol.com.br


JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong> Página -3<br />

R<br />

ubens Saraceni escreveu/psicografou<br />

seu primeiro livro doutrinário<br />

em 1990, publicando-o em<br />

1995, com o título de Umbanda: O<br />

Ritual do Culto à Natureza, mais<br />

tarde este mesmo livro foi revisado,<br />

ampliado, e reeditado pela <strong>Ed</strong>. Madras,<br />

com o título de Umbanda<br />

Sagrada: Ciência,<br />

religião e magia.<br />

Relendo este titulo é<br />

possível encontrar as sementes<br />

da Teologia de<br />

Umbanda Sagrada,<br />

bem como muitos dos<br />

conceitos que revolucionariam<br />

a forma de pensar<br />

Umbanda na atualidade.<br />

Vejamos, pois, passagens<br />

únicas deste título<br />

de 1990:<br />

APRESENTAÇÃO<br />

Neste caso, parecenos<br />

que este livro guarda uma coerência<br />

bastante grande com todos os outros<br />

livros inspirados pelos mestres da Luz:<br />

o de trilhar num meio termo entre<br />

o popular e o iniciático, ou entre o<br />

exotérico e o esotérico. [...]Na<br />

corrente iniciática observam-se citações<br />

como: “Eu descobri o véu dos mistérios<br />

da Umbanda Sagrada, portanto sou o<br />

detentor dos conhecimentos ocultos!”<br />

Ledo engano de quem assim procede,<br />

pois Umbanda é Lei, mas também é Luz!<br />

E por ser lei e ser luz, não pode<br />

ser contida ou apreendida no seu<br />

todo por quem quer que seja. O<br />

mais que alguém poderá conseguir será<br />

captar partes desse todo, e quem sabe<br />

vislumbrar, através de seus raios luminosos,<br />

alguns dos seus mistérios.<br />

Umbanda traz em si energia<br />

divina viva e atuante, à qual nos<br />

sintonizamos a partir de nossas<br />

vibrações mentais, racionais e<br />

emocionais. Energias estas que se<br />

amoldam segundo nosso entendimento<br />

do mundo.<br />

Se dizemos isto é porque os mestres<br />

nos ensinam que o “Verbo”<br />

não está contido numa só língua<br />

ou grafia iniciática, mas que, quando<br />

verdadeira é a língua ou grafia, através<br />

dela o “Verbo” se manifesta.<br />

Logo, se um irmão de fé num grau<br />

não iniciático, mas instruído pelo seu<br />

mentor, riscar um ponto análogo às<br />

forças do seu regente , ativará forças<br />

análogas àquelas ativadas pelo mais<br />

profundo dos conhecedores da Lei de<br />

Pemba, ainda que não tenha conhecimento<br />

desta, pois não se deu ao<br />

trabalho de conhecê-la, ou de buscar<br />

níveis conscienciais mais sutis.<br />

Isto é assim porque todo médium<br />

de Umbanda, não importando seu grau,<br />

é o aparelho incorporado pelos guias,<br />

mentores e orixás, e esta incorporação<br />

se processa tanto no médium que está<br />

se iniciando no Ritual, quanto no médium<br />

já iniciado em seus mistérios mais<br />

profundos. E neste ponto reside e<br />

se manifesta toda a grandeza da<br />

Umbanda: os orixás<br />

não olham o grau de<br />

ninguém, apenas<br />

esperam que cada<br />

um contribua com<br />

seu corpo, sua boa<br />

vontade, sua fé, e<br />

também com o que<br />

de melhor temos a<br />

oferecer-lhes: nosso<br />

amor!<br />

“Tanto já foi<br />

escrito, e muito mais<br />

está para ser<br />

escrito. A Umbanda<br />

é um Ritual Religioso<br />

tão grande que nem que mil mãos<br />

escrevessem por mil anos ininterruptos,<br />

esgotariam seus mistérios”.<br />

[...] Ali está uma boa parte dos<br />

fundamentos da Umbanda, seu ritual<br />

é aberto ao aperfeiçoamento<br />

constante...<br />

Outros sacerdotes que estudam<br />

leis religiosas, que cursaram<br />

escolas especializadas e adquiriram<br />

grau hierárquico perante a<br />

sociedade civil e religiosa, não<br />

compreendem como pessoas<br />

com pouca escolaridade, que trabalham<br />

duro o dia todo ganhando<br />

o seu abençoado pão, podem,<br />

após um banho de descarga,<br />

serem portadores de espíritos de<br />

luz.<br />

O movimento espiritual que existe<br />

por trás de cada tenda de Umbanda<br />

não permite uma expansão vertical...<br />

O crescimento deve ser horizontal,<br />

nunca vertical. O crescimento<br />

vertical das religiões levou os homens a<br />

se matarem usando o nome de Deus<br />

como desculpa...<br />

Guardaram Deus dentro de templos<br />

suntuosos, e quem quiser ser aceito na<br />

sociedade dos homens deve se<br />

submeter a seus ditames. O Tesouro<br />

Divino estaria sendo comercializado<br />

como algo profano! A isso tudo a<br />

Umbanda tem confrontado, através da<br />

sua simplicidade de culto.<br />

Todo o umbandista praticante<br />

tem sua Linha de Lei a acompanhá-lo.<br />

Ela não depende de ninguém<br />

para existir. Existe unicamente<br />

porque o adepto existe. Se<br />

ele não cultuar essa força, ela deixa<br />

de ser atuante, e fica passiva.<br />

O adepto é seu ativador, seu<br />

cultuador, e seu beneficiário, em<br />

primeiro lugar. Aqueles que vivem à<br />

sua volta são beneficiários, mas<br />

apenas se ele for atuante, nuca se for<br />

passivo.<br />

Esta é a essência da Umbanda:<br />

cada umbandista é um templo do<br />

seu culto.<br />

O dom natural, em relação a<br />

qualquer religião, não é algo que<br />

se adquire numa escola. O máximo<br />

que uma escola pode ensinar é o<br />

ordenamento das forças desse dom, e<br />

o aprendizado de seu uso em beneficio<br />

dos que praticam aquela religião.<br />

Quando alguém tem um dom natural<br />

muito evidente, os menos dotados<br />

começam a bloqueá-lo por simples<br />

inveja... O templo onde se pratica<br />

o Ritual de Umbanda é na verdade<br />

uma escola... Os primeiros mistérios<br />

lhes são revelados de uma forma<br />

simples e compreensível...<br />

Mentes complicadas não estão<br />

aptas a entender que o Criador<br />

se manifesta em nós da forma mais<br />

simples: a forma que estamos aptos a<br />

absorve-lo...<br />

Os espíritos de alta hierarquia são<br />

simples e nobres, e gostam da<br />

simplicidade do ritual.<br />

No título Orixás – Teogonia de<br />

Umbanda, Rubens Saraceni registra<br />

algumas palavras que Pai Benedito de<br />

Aruanda vinha lhe falando a alguns<br />

anos:<br />

Filhos, a Umbanda é maior que<br />

todos os Umbandistas juntos...<br />

Pai Benedito também nos alertava<br />

sempre sobre o fato de que, caso<br />

alguém quisesse se arvorar em “papa”<br />

da Umbanda ou chamasse para si a<br />

posse dela, dos seus conceitos e da<br />

sua doutrina, logo se veria tão<br />

assoberbado que se calaria e se<br />

recolheria ao silêncio sepulcral do seu<br />

intimo, já que a Umbanda não tem<br />

um dono ou papa. “Filhos, a<br />

Umbanda é uma religião mediúnica<br />

e,como tal, dispensa templos<br />

suntuosos, pois onde houver um<br />

médium lá estará um dos seus<br />

‘templos vivos’, através do qual a<br />

religião fluirá em todo seu esplendor.<br />

Portanto, sejam bons e bem<br />

esclarecidos médiuns, porque serão a<br />

religião”...<br />

Logo, caso lhes digam: Esta é a<br />

verdade final sobre Deus e sobre seus<br />

mistérios – fiquem alertas porque ali<br />

estará alguém fazendo proselitismo em<br />

causa própria ou é mero especulador....<br />

Ele não poupava ninguém quando<br />

o assunto era os Orixás e até nos dizia:<br />

“Filhos, hoje estão surgindo<br />

pessoas, cheias de soberba e<br />

sapiência, arvorando-se em<br />

arautos do saber sobre os orixás...”<br />

“Lembrem-se”, alertava-nos Pai<br />

Benedito, “que orixá é mistério de<br />

Deus! E, como tal, assume as<br />

feições humanas que lhe dermos.<br />

“Na ciência divina existe uma<br />

ciência dos entrecruzamentos<br />

que nos explica cada orixá<br />

cultuado nas religiões africanas<br />

puras ou afro-brasileiras.”<br />

Pai Benedito sabia das coisas que<br />

nós não conhecíamos, mas que o tempo<br />

se encarregou de nos mostrar.<br />

Contatos: www.colegiodeumbanda.com.br


Página -4 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong><br />

A<br />

jornalista Lilia Ribeiro foi dirigente<br />

da Tenda de Umbanda Luz, Esperança<br />

e Fraternidade (TULEF) e<br />

teve um papel de destaque na divulgação<br />

da História da Tenda Nossa Senhora<br />

da Piedade. Jota Alves de Oliveira,<br />

na obra Umbanda Cristã e Brasileira,<br />

cita:<br />

Ainda na fase de nossa pesquisa<br />

em torno do Caboclo das Sete<br />

Encruzilhadas e seu médium Zélio<br />

Fernandino de Moraes, buscamos<br />

a colaboração da diretora do Culto<br />

da TULEF, e médium do Caboclo<br />

da Mata Virgem, a fim de conseguirmos<br />

nosso intento, a<br />

senhora Lilia Ribeiro, que em<br />

tempo fez jornalismo pelo Diário<br />

de Noticias, de parceria com o<br />

escritor e médico Dr. Cavalcanti<br />

Bandeira, autor do livro O que é a<br />

Umbanda. Lilia Ribeiro nos prestou<br />

muita colaboração: graças a ela<br />

existe uma breve História da<br />

Umbanda Brasileira.<br />

Lilia Ribeiro realizou diversas entrevistas<br />

com Zélio de Moraes, Caboclo<br />

das Sete Encruzilhadas e Pai Antonio.<br />

Em 1985, Jota Alves de Oliveira publicou<br />

a obra Umbanda Cristã e Brasileira,<br />

que traz um primeiro ensaio sobre<br />

a História da Umbanda, contando as<br />

origens da religião com o médium Zélio<br />

Fernandino de Moraes e o Caboclo das<br />

Sete Encruzilhadas. Para tanto, o autor<br />

fundamentou-se nas importantes pesquisas<br />

de Lilia Ribeiro. Relata ainda os<br />

trabalhos de algumas tendas importantes<br />

como a Tenda de Umbanda Luz,<br />

Esperança e Caridade (TULEF), a Tenda<br />

Mirim, o Templo Oxóssi Rompe Mato, a<br />

Seara de Umbanda Tupinambá e o<br />

Centro Espírita Caminheiros da Verdade.<br />

Desde a publicação desta obra<br />

muito pouco se escreveu sobre a História<br />

da Umbanda. A partir da primeira<br />

visita de Ronaldo Antonio Linares à Zélio<br />

de Moraes, algumas matérias importantes<br />

foram publicadas em jornais de<br />

São Paulo pelo Presidente da Federação<br />

Umbandista do Grande ABC. Logo<br />

nas primeiras aulas do Curso de Formação<br />

de Sacerdotes desta instituição,<br />

os brilhantes relatos de Ronaldo despertaram<br />

minha atenção sobre o assunto.<br />

Com o material fornecido no curso<br />

e os relatos já citados, iniciei minha<br />

caminhada como escritor da Umbanda<br />

com a monografia Aspectos Históricos<br />

e Sociais da Umbanda no Brasil,<br />

apresentada como trabalho final de<br />

conclusão do Curso de Pós-Graduação<br />

em Estudos Brasileiros, na Universidade<br />

Presbiteriana Mackenzie, em 1983.<br />

No período de 1984 a 1990 fiz,<br />

acompanhado de <strong>Ed</strong>ison Cardoso de<br />

Oliveira, quatro visitas à Tenda Nossa<br />

Senhora da Piedade, instalada na<br />

época à Rua Dom Gerardo, 51, na cidade<br />

do Rio de Janeiro, e duas visitas à<br />

Cabana de Pai Antonio, em Boca do<br />

Mato, Cachoeiras de Macacu – RJ.<br />

Na primeira visita, em 1984, o meu<br />

Pai Espiritual Ronaldo Antonio Linares,<br />

recebeu das mãos de Dona Zilméia de<br />

Moraes uma cópia do livro O Espiritismo,<br />

a Magia e as Sete Linhas de Umbanda,<br />

de Leal de Souza, publicado em 1933.<br />

Pai Ronaldo cedeu-me, então, uma<br />

cópia deste precioso material que para<br />

nós, durante muito tempo, era o<br />

primeiro livro que falava de Umbanda.<br />

Em agosto de 2008, quando estava<br />

terminando de escrever o livro Umbanda<br />

Brasileira: um século de história<br />

consegui um raro exemplar da obra No<br />

Mundo dos Espíritos, publicado em<br />

1925, do mesmo autor. Este sim é o<br />

primeiro livro que trata da Umbanda.<br />

Fundamentado na monografia já<br />

citada e muitos relatos de Dona Zélia<br />

de Moraes, Dona Zilméia de Moraes e<br />

Ronaldo Linares, publiquei, pela Ícone<br />

<strong>Ed</strong>itora, em 1986, o livro Iniciação à<br />

Umbanda. Nesta obra fiz a primeira<br />

abordagem sobre a História da Umbanda.<br />

No segundo volume, junto com meu<br />

Pai espiritual Ronaldo Antonio Linares,<br />

continuamos a pesquisa histórica da<br />

nossa religião. A obra foi relançada em<br />

2008 pela Madras <strong>Ed</strong>itora.<br />

Em 1991, munido de mais dados e<br />

documentos, escrevi e publiquei, Umbanda<br />

e sua História. A sequência<br />

deste trabalho foi a publicação, em<br />

1993, da obra Umbanda: um ensaio de<br />

ecletismo. Em 2008, publiquei o livro<br />

Umbanda Brasileira: um século de<br />

história, um livro de fôlego com aprofundamentos<br />

baseados em relatos e<br />

documentos originais conseguidos<br />

durante 25 anos de pesquisa.<br />

Diferentemente dos dois volumes<br />

anteriores, onde fizemos uma abordagem<br />

sobre o caráter milenar da Umbanda,<br />

mais precisamente o Aumbandhan,<br />

neste livro o enfoque recaiu sobre a<br />

restauração da Umbanda em solo<br />

brasileiro a partir do final do século XIX.<br />

Alguns temas foram aprofundados em<br />

virtude da coleta de documentos escritos<br />

e gravados que não tínhamos no<br />

início dos anos 1990. O objetivo foi resgatar<br />

a memória dos pioneiros, Entidades<br />

Espirituais, médiuns, escritores,<br />

tendas, terreiros e outras instituições,<br />

que trouxeram até nós a Umbanda<br />

ou, como preferem alguns, o<br />

Movimento Umbandista. Nomes como<br />

Caboclo das Sete Encruzilhadas, Pai<br />

Antonio, Zélio Fernandino de Moraes,<br />

Caboclo Mirim, Benjamim Figueiredo,<br />

W.W. da Matta e Silva, Pai Guiné,<br />

Ronaldo Antonio Linares e outros.<br />

Em 2009, sustentado por uma ampla<br />

bibliografia, publiquei pela <strong>Ed</strong>itora<br />

do Conhecimento a obra Leal de Souza:<br />

o primeiro escritor da Umbanda, onde<br />

recuperei dados importantes sobre este<br />

importante autor. A mesma editora<br />

publicou também os dois primeiros livros<br />

que tratam da Umbanda: O Espiritismo,<br />

a Magia e as Sete Linhas da Umbanda e<br />

No Mundo dos Espíritos, de Leal de Souza,<br />

onde fiz a apresentação das obras.<br />

Em 2010, publiquei, pela <strong>Ed</strong>itora do<br />

Conhecimento, a obra A Construção<br />

Histórica da Literatura Umbandista que<br />

mostra as principais obras e autores<br />

que fazem parte da construção histórica<br />

da literatura umbandista ao longo<br />

de mais de oitenta anos.<br />

Até então me sentia solitário nesta<br />

tarefa de historiador da Umbanda. Porém,<br />

Alexandre Cumino retomou, com<br />

maestria, o encargo de resgatar a memória<br />

da nossa religião e publicou, pela<br />

Madras <strong>Ed</strong>itora, ainda em 2010, a importante<br />

obra História da Umbanda:<br />

uma religião brasileira, que apresenta<br />

um novo olhar sobre os aspectos históricos<br />

da nossa querida religião. Diversos<br />

temas são tratados com uma forte fundamentação<br />

e metodologia. Recorreu,<br />

cientificamente, à pesquisa primária,<br />

utilizando documentos originais escritos<br />

e também à história oral, resgatando,<br />

de forma brilhante, essa história, mos-<br />

trando as origens, a etimologia da palavra,<br />

a trajetória e a literatura da Umbanda.<br />

Dezenas de sites da Internet, artigos,<br />

jornais e livros abordam a História<br />

da Umbanda utilizando-se da pesquisa<br />

secundária e terciária. Poucos utilizam<br />

a pesquisa primária, afastando-se assim<br />

da realidade histórica. É impossível ao<br />

historiador a imparcialidade. Desde a<br />

escolha de documentos até a redação<br />

do trabalho são feitas escolhas, que<br />

não são causais. Qualquer tentativa<br />

de escrever sobre um fato ou período<br />

histórico envolve seleção, julgamento<br />

e pressupostos metodológicos. A História<br />

não pode ser nunca puramente<br />

descritiva, pois sempre haverá elementos<br />

de avaliação em qualquer relato.<br />

Sendo assim, o máximo que um historiador<br />

pode fazer no seu trabalho é<br />

alcançar uma face da verdade, que não<br />

é absoluta e sim variável de acordo com<br />

as condições que se apresentam no<br />

momento da escrita.<br />

Está previsto para o final de fevereiro<br />

de 20<strong>11</strong> o lançamento do livro Memórias<br />

da Umbanda do Brasil, de Ronaldo<br />

Antonio Linares e Diamantino Fernandes<br />

Trindade. Nesta obra estamos<br />

resgatando alguns desses documentos<br />

e abordando alguns temas que, ao<br />

longo da história, tem sido motivo de<br />

muitos estudos e polêmicas. Contamos<br />

com as preciosas colaborações dos<br />

nossos irmãos Alex de Oxóssi, Gilberto<br />

Angelotti e Renato Henrique Guimarães<br />

Dias. Por dever de oficio, e com muita<br />

alegria, damos voz a importantes figuras<br />

do Movimento Umbandista, através<br />

de textos e mensagens de Jota Alves<br />

de Oliveira, Vovó Benta, Lilia Ribeiro,<br />

Atamã, W. W. da Matta e Silva, Dr. Adalberto<br />

Pernambuco, Carlos de Azevedo,<br />

General Nelson Braga Moreira, João de<br />

Freitas, Deputado Atila Nunes Filho,<br />

Eurico Lagden Moerbeck, Demétrio<br />

Domingues, Zélio de Moraes, Caboclo<br />

das Sete Encruzilhadas, Martinho<br />

Mendes Ferreira, Floriano Manoel da<br />

Fonseca e Leal de Souza.<br />

Historiador é aquele que escreve a<br />

História segundo a sua ótica em função<br />

de documentos originais orais e escritos.<br />

História da Umbanda é para quem<br />

conhece a Umbanda e não para pesquisadores<br />

superficiais.<br />

Contatos: hanamatan@yahoo.com.br<br />

http://mandaladosorixas.blogspot.com/


JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong> Página -5<br />

U<br />

ma vez recebi a ligação de uma pessoa<br />

dizendo que estava sob algum<br />

tipo de influência ruim e necessitava<br />

de um trabalho (a pessoa estava na Espanha).<br />

Disse a ela que à distância não poderia<br />

auxiliá-la e ela insistiu em dizer que<br />

pagaria para fazer algo para ela. Eu disse<br />

que não se tratava de dinheiro, pois não<br />

trabalhamos cobrando nada, apenas para<br />

auxiliar as pessoas e que, novamente, à<br />

distância nada poderia se fazer.<br />

A pessoa resmungou, perguntou se<br />

eu tinha conta no Banco do Brasil, insistiu<br />

novamente em pagar por um trabalho e<br />

eu, com um pouco mais de rudeza, disselhe<br />

que não trabalhava por dinheiro dentro<br />

da espiritualidade e não poderia fazer<br />

devido a distância.<br />

Meu espanto, ao terminar de falar, foi<br />

que a pessoa perguntou se eu conhecia<br />

alguém que fizesse algum tipo de trabalho<br />

que pudesse ajudá-la não importando o<br />

valor. Eu disse que não conhecia e a pessoa<br />

desligou o telefone sem qualquer despedida.<br />

Toda fez que pego o jornal para ler, é<br />

inevitável, sempre acabo nos anúncios de:<br />

“trago fulano em tantos dias ...”, “Pai<br />

fulano do Diabo, faz e desfaz”, “Mãe X da<br />

Molambo, trabalhos de amarração ...”, “Pai<br />

Y do Ogum, trabalhos garantidos ...<br />

trabalhamos pela caridade”, “Vovó X,<br />

trabalhamos 24h por dia ...”, “Exu ABC,<br />

joga búzios, traz amor, amança patrão ...”.<br />

E acabo me lembrando da tal ligação.<br />

Esse tipo de anúncio é algo me constrange,<br />

mas, por outro lado, se essas pessoas<br />

gastam tanto em anúncios, as vezes<br />

de uma página inteira em encartes de<br />

jornais de grande circulação, é porque<br />

existe um retorno financeiro, através de<br />

uma clientela que procura e paga pelos<br />

“trabalhos”.<br />

Também existem os “Pais de Poste”,<br />

espalhados por todo o Rio de Janeiro, que<br />

colocam seus anúncios, e, assim como nos<br />

jornais, estão a procura de clientes dispostos<br />

a pagar por seus serviços.<br />

Essas são as propagandas mais expostas,<br />

mas existem também as de “boca<br />

miúda”, dentro dos próprios terreiros, onde<br />

médiuns mistificadores “incorporados” por<br />

suas entidades, fazem seu público e seus<br />

trabalhinhos para sua assistência. Muitas<br />

vezes não são valores grandes ou fortu-<br />

nas, mas acabam instigando a uma troca<br />

financeira e uma procura que não tem uma<br />

perspectiva ou uma causa espiritual, como:<br />

homens querendo mulheres, mulheres querendo<br />

homens, homem querendo homem,<br />

mulher querendo mulher, marido traído,<br />

mulher traída, conflitos com chefes, conflitos<br />

com colegas de trabalho, demandas<br />

judiciais, procura de emprego, dívidas ...<br />

Na sua grande maioria, são problemas<br />

materiais que são jogados nas costas dos<br />

guias e, por vezes, são pedidos trabalhos<br />

com uma contrapartida financeira alegando<br />

que isso é para ajudar a manter a casa e<br />

suas despesas.<br />

É claro que existem casos e casos. Algumas<br />

vezes uma demanda, um trabalho<br />

jogado na pessoa, uma boa “macumba”,<br />

realmente arrebenta a vida de uma pessoa<br />

e pode chegar até a materialidade e a perdas<br />

materiais diversas, mas não se pode<br />

confundir uma magia negra, um trabalho<br />

de trevosos com os problemas materiais<br />

do cotidiano e colocar tudo no mesmo balaio,<br />

fazendo trabalhinhos disso ou daquilo,<br />

só para ganhar dinheiro; seja para explorar<br />

o desespero do outro, ou porque a pessoa<br />

acha que só daquela maneira seu problema<br />

será resolvido.<br />

Existem casos e problemas que realmente<br />

necessitam de certos trabalhos antifeitiços.<br />

Mas os mesmos têm função e não<br />

devem ser vistos ou praticados levianamente,<br />

seja como fonte de renda ou simplesmente<br />

porque a pessoa está acostumada<br />

aquilo ali (vira vício, dependência, bengala).<br />

É o mesmo que ir ao médico e pedir a ele<br />

que receite esse ou aquele remédio que<br />

você acha que irá curá-lo, ou tomar um<br />

remédio sem a necessidade do mesmo.<br />

Esse tipo de comportamento acaba<br />

atingindo quem realmente trabalha em prol<br />

da espiritualidade, sem cobrar nada, tendo<br />

em conta a elevação espiritual, a melhora<br />

do ser humano, a preocupação com a moral,<br />

com a dignidade, com uma forma de<br />

educação espiritual dentro da Umbanda.<br />

Esse público mal acostumado, mal educado<br />

e, porque não, muitas vezes viciado<br />

em trabalhos para resolver qualquer coisa,<br />

quando estão sem dinheiro ou lhes “arrancaram<br />

as calças”, acabam procurando locais<br />

que não cobram e que trabalham para a<br />

espiritualidade. Só que nesses locais, não<br />

se pega homem, não se amarra, não se<br />

traz a mulher ou o homem em tantas horas<br />

... São locais onde se presa a espiritualidade<br />

e a dignidade humana, mas essas<br />

pessoas acabam pedindo as entidades tudo<br />

e qualquer coisa, e o pior, acham que as<br />

entidades têm a obrigação de fazer o que<br />

elas querem.<br />

O interessante é que ao negar ou mostrar<br />

uma outra perspectiva a pessoa dentro<br />

de uma solução material, essa se mostra<br />

ofendida e, algumas vezes se retira indignada<br />

porque não foi atendida em seus pedidos,<br />

ou reclamando que ali não tem força,<br />

ou os guias são fracos. Por vezes, dizem<br />

que não se cobra porque nada é feito,<br />

como se o cobrar lhes desse a imposição<br />

de um serviço a fazer.<br />

Quem mais sofre são os Exus e Pombagiras<br />

que querem fazer um trabalho sério<br />

e digno, mas são assolados pelos pedidos<br />

mais mais bizarros, envolvendo, por parte<br />

dos consulentes, uma visão de sexualidade<br />

amoral ou deturpada.<br />

Quando os Exus e Pombagiras dizem<br />

que não, quando dizem que não podem<br />

trazer o homem, fazer a mulher se apaixonar,<br />

dar um corretivo no chefe ou que não<br />

podem matar aquele fulano ou beltrano<br />

que a pessoa diz estar lhe ameaçando,<br />

são tachados de fracos, ou mesmo que<br />

nem serem Exus ou Pombagiras.<br />

As casas sérias e que fazem um trabalho<br />

sério, sem nada cobrar, acabam sofrendo<br />

porque não fazem o que as pessoas<br />

querem, fazem o que é necessário, simplesmente<br />

por saber que muito do que é<br />

pedido não tem função espiritual, mas sim<br />

material. Sabem que certos consulentes<br />

acabam confundindo fé com mercado da<br />

fé, comercialização da espiritualidade, necessidades<br />

materiais e até sexuais.<br />

Parece que existe uma falta de entendimento<br />

do que é caridade no sentido de<br />

ajudar as pessoas (aquilo que a casa pode<br />

oferecer); e no sentido de achar que a<br />

casa e seus Guias (como gênios da lâmpada)<br />

têm que dar tudo, principalmente por dinheiro.<br />

Penso que é necessário um trabalho<br />

muito sério direcionado as assistências e<br />

até ao corpo mediúnico das Casas de Umbanda,<br />

para lembrar o que é oferecido<br />

por essas Casas e o que não é oferecido.<br />

Além disso, é preciso dar a essas assistências<br />

um mínimo de orientação espiritual,<br />

assim como aos próprios médiuns, para<br />

que elas possam entender que uma Casa<br />

de Umbanda não é um local de barganhas,<br />

de trocas financeiras, onde rola dinheiro<br />

para tudo; um trabalho de conscientização<br />

de que os Guias estão ali para ajudar na<br />

espiritualidade e em seus reflexos materiais;<br />

que Orixá não é uma Barriga Vazia e<br />

nem uma Boca Faminta que sempre é<br />

necessário fazer alguma coisa para aplacar<br />

a sua fome; que Exus e Pombagiras,<br />

por terem uma ligação com a sexualidade,<br />

não estão ali para fazer e desfazer qualquer<br />

coisa nas vias do sexo ou do amor,<br />

mas fazer sim, um trabalho digno e sério<br />

pela harmonia desse amor e pelo equilíbrio<br />

sexual das pessoas.<br />

Uma Casa de Umbanda não é uma<br />

praça de trocas, uma agência de empregos<br />

ou um escritório para encontros íntimos,<br />

mas um local de respeito, de fé, que se<br />

pode dar e visualizar alternativas viáveis<br />

e dignas para os problemas materiais<br />

(quando existem vinculações com a espiritualidade)<br />

e a ajuda para os espirituais,<br />

mas que tudo isso também depende da fé<br />

da pessoa, de seu esforço pessoal e do<br />

seu merecimento.<br />

S<br />

e o terreiro é perfeito e não tem problemas, muitos dirão: “isso é<br />

coisa da espiritualidade”; “nossa como os Orixás e os Guias desta<br />

casa são fortes”; essas pessoas devem se lembrar que para que<br />

a espiritualidade possa se expressar e se manifestar de maneira plena,<br />

se faz necessário ter médiuns atentos as suas instruções e orientações.<br />

Se a Casa prima pelo conhecimento e não permite que seus médiuns<br />

entrem de cabeça no mundo espiritual sem saber exatamente o<br />

que vão encontrar e os porquês das coisas, isso não tem nada haver<br />

com espíritos fortes, destemidos e afins e sim com a proposta do<br />

Sacerdote da casa e das orientações espirituais. Se, todos sabem que<br />

a limpeza do ambiente físico espiritual faz parte do desenvolvimento,<br />

ninguém irá reclamar em limpar aquele chão sagrado.<br />

Se nas giras todos sabem de antemão qual é a sua função, o que<br />

pode e o que não pode fazer, como se portar, como bater a cabeça,<br />

porque bater a cabeça, porque usar o branco, entre tantas outras<br />

coisas, isso é o Sacerdote quem explica. É responsabilidade do Sacerdote,<br />

determinar como será o funcionamento de tudo e qual a<br />

ordem das coisas. Se necessário for ele irá delegar funções ou corrigir<br />

situações para manter o bom andamento das coisas.<br />

Se a Casa não tem problemas com médiuns vaidosos; desequilibrados,<br />

que mesmo com a casa cheia vive dando espetáculos, se<br />

jogando no chão e se estrebuchando para chamar a atenção; com<br />

atrasos injustificados de pagamentos das mensalidades; com o uso<br />

de roupas e adereços inadequados; isso, mais uma vez, tem haver<br />

com a proposta da Casa e com a orientação do Sacerdote.<br />

Se, não é permitido qualquer tipo de fofoca, “diz que me disse”,<br />

preocupação com a vida pessoal do seu companheiro, pois o terreiro<br />

é para fazer o bem e não e funciona como encontro social, tudo<br />

funcionará perfeitamente.<br />

Enfim, a Casa é boa quando: tem regras, disciplina, hierarquia e<br />

respeito, além de um Sacerdote que não peca pela falta de informação.<br />

A Casa é especial, pois seus médiuns cumprem à risca as determinações<br />

do Sacerdote, desde o desenvolvimento até o momento do atendimento<br />

a consulência. Tudo é dito, tudo é explicado, até as coisas mais<br />

óbvias são esclarecidas de maneira clara e objetiva, para que não<br />

haja nenhuma dúvida de qual a proposta da Casa e do Sacerdote.<br />

Hoje é inaceitável freqüentar um ambiente espiritual com bagunça,<br />

desordem e fofocas. O templo é sagrado e deve ser respeitado como<br />

tal, cada médium deve cumprir o seu papel amando e respeitando<br />

esse local que é o chão onde receberemos os nossos amados Orixás<br />

e Guias de trabalho e não um local de encontro social.<br />

contatos: micabarbosa@gmail.com


Página -6 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong><br />

E<br />

m minha caminhada espiritual como<br />

sacerdotisa de Umbanda, tenho<br />

presenciado muitas pessoas que<br />

procuram meu templo, para saberem<br />

quem é seu Pai/Mãe de cabeça, dizem<br />

que já foram em vários locais, às vezes<br />

já jogaram búzios várias vezes com pessoas<br />

diferentes, foram em vários terreiros,<br />

leituras de cartas e etc, e que<br />

cada local identificou cada um com Orixá<br />

diferente, então chega a mim querendo<br />

que com essa busca frenética esse desespero<br />

eu possa identificar e simplesmente<br />

como se o Pai/Mãe Orixá fosse<br />

um santinho de gesso para ele comprar<br />

na casa de Umbanda, ou uma guia,<br />

colocar adesivo da imagem no carro,<br />

saber a cor, a pedra, para continuar a<br />

viver sem que nada estivesse acontecido.<br />

A leitura do Orixá de cabeça é um<br />

ponto de renascimento, é o AXÉ primordial<br />

na vida deste filho (a) dali em<br />

diante, é um descobrimento de onde<br />

vêm suas características, sua forma de<br />

pensar, seu jeito, seus gostos, sua forma<br />

de encarar a vida o seu íntimo, seu<br />

mundo interior.<br />

Saber só por curiosidade, em minha<br />

opinião, não vale de nada, pois como<br />

mãe de santo não concordo com essas<br />

atitudes das pessoas, seria como se<br />

eu estivesse afrontando e faltando com<br />

o respeito e o compromisso que assumi<br />

perante o Pai Olorum, uma total de falta<br />

de responsabilidade com aos Pais e<br />

Mães Orixás, uma afronta para com a<br />

Lei Maior e a Justiça Divina, e não respeitando<br />

os guias espirituais que jurei<br />

honrar e ser submissa aos poderes Divinos<br />

que me cercam.<br />

Muitos vestem a roupa branca,<br />

entram no terreiro para fazerem troca,<br />

ou barganha com a espiritualidade,<br />

parece até brincadeira, vai ao terreiro<br />

na segunda, incorpora e na sexta já<br />

quer saber quem é seu Orixá de<br />

Cabeça como se estivesse a venda,<br />

como se a Divindade estivesse em<br />

liquidação, como se fosse algo<br />

material que se compra.<br />

O Orixá é na vida do filho a sua<br />

fonte de energia, seu combustível<br />

cósmico, suas realizações íntimas,<br />

seu eu, o âmago do ser.<br />

Tudo na vida precisa de tempo,<br />

e com espiritualidade tudo leva<br />

tempo também, não da para correr<br />

ou ter pressa, ou ansiedade para<br />

com ele é algo que não combina.<br />

Vejo em minha casa, muitos entram<br />

no desenvolvimento, sem querer assumir<br />

nada de compromisso, ficam em cima<br />

do muro, fazem cursos e não praticam<br />

o que aprende, não leva á sério, têm<br />

pessoas que me perguntam quanto<br />

tempo demora o desenvolvimento<br />

mediúnico,quando falo que não existe<br />

tempo e que o desenvolvimento é para<br />

a vida toda,ele desconversa e quando<br />

menos espero desaparece do templo.<br />

Antes eu achava que a culpa era<br />

minha, perguntava aos pés dos Orixás<br />

onde estava a minha falha, e vinha a<br />

resposta através dos guias,<br />

¨filha você fez sua parte cabe a<br />

ele, agora começar a sua caminhada<br />

evolutiva, pois cada um<br />

é um templo vivo, e a reforma<br />

íntima é só dele.<br />

Passei a ensinar os meus filhos<br />

espirituais, a amar e aprender<br />

sobre todos os Pais e Mães<br />

Orixás, primeiro, a cultuar, louvar,<br />

respeitar e reverenciar, pois só o<br />

tempo mais a transformação íntima<br />

se dão o verdadeiro momento<br />

certo para que este filho possa<br />

realmente conhecer quem são<br />

seus Pais e Mães de cabeça.<br />

As oferendas, firmezas e os assentamentos<br />

são como tesouro na vida do<br />

médium, por isso recomendo estudar,<br />

ler muito, procurar pessoas sérias, locais<br />

respeitosos, pessoas do bem, para<br />

você dedicar sua espiritualidade.<br />

Recomendo começar do zero e ir<br />

acrescentando através dos estudos,<br />

bem como a prática em um local de comprometimento<br />

para com Deus.<br />

Tenha muito cuidado em quem coloca<br />

a mão em sua coroa (cabeça), seja<br />

criterioso, tenha bom senso, visite o<br />

local algumas vezes, assista um trabalho,<br />

observe a organização, o comportamento<br />

das pessoas, a recepção, enfim,<br />

para depois você decidir se vai<br />

entrar na casa.<br />

Existem pessoas inescrupulosas,<br />

que vestem a roupagem de Mãe ou Pai<br />

de Santo, abrem casa, e usam como<br />

fonte comercial, comercializando a fé,<br />

e usando de pessoas desequilibradas<br />

para saciar seu ego negativo.<br />

Não seja ingênuo, não aja movido<br />

por emotividade, tenha calma, peça<br />

orientação para seus mentores<br />

espirituais, que com certeza eles saberão<br />

te conduzir em um local bom.<br />

Tenha certeza de que você irá encontrar<br />

um terreiro, para você trabalhar,<br />

nem que para isso você continue<br />

procurando, não desista de você<br />

nunca, pois Deus não desistirá.<br />

Recomendo ler o livro Gênese Divina<br />

de Umbanda Sagrada, para saber<br />

as características dos filhos dos Orixás;<br />

e Rituais Umbandistas, para saber<br />

sobre oferendas, firmezas e assentamento,<br />

ambos de Rubens Saraceni, da<br />

<strong>Ed</strong>itora Madras. Que Pai Olorum<br />

abençoe sua caminhada evolutiva.<br />

Contatos: monica@luzdourada.org.br


JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong> Página -7<br />

por DANILO LOPES GUEDES<br />

Q<br />

uem nunca passou por esta fase?<br />

Quem nunca achou que está sendo<br />

perseguido? Acho que todos ou pe-<br />

lo menos a grande maioria acha que existe<br />

uma perseguição, que existem inúmeros<br />

trabalhos negativos contra si, que o universo<br />

pode estar conspirando contra você.<br />

Legal, mas chega! Acho que já deu a<br />

paranóia. Vamos lá, agora é hora de respirar<br />

fundo, olhar para o céu e observar<br />

que ele existe, olhar para baixo e ver que<br />

os seus pés estão colados no solo. Então<br />

vamos mantê-los exatamente onde estão<br />

e vamos parar de achar.<br />

Isso é um assunto comum nos terreiros,<br />

e digo que de cada dez atendimentos<br />

pelo menos a metade tem este teor. A<br />

pessoa não agüenta mais as “macumbas”<br />

que são feitas contra ela, porque a vizinha<br />

não gosta dela e fez um trabalho para<br />

destruí-la, e que o chefe dela não vai com<br />

a cara, etc..<br />

Os motivos são vários e os trabalhos<br />

são inúmeros e os mais variados possíveis.<br />

Tem o trabalho para afastar o marido, o<br />

trabalho para perder o emprego, o trabalho<br />

para destruir a família, e o trabalho<br />

mais importante o de auto-destruição, onde<br />

todos os demais trabalhos tem apenas<br />

uma origem, nós mesmos!<br />

Todos os demais “trabalhos” ou “macumbas”<br />

(como dito popular, utilizado indevidamente)<br />

têm uma única origem, o nosso<br />

próprio trabalho, nossa demanda mental.<br />

Sempre procuramos “trabalhos” para<br />

tentar justificar nossas deficiências, ou<br />

nossas incapacidades. E o problema está<br />

no vizinho, no chefe, no desconhecido que<br />

te viu apenas uma vez atravessando a<br />

rua e já lhe fez uma “macumba”.<br />

ONDE ESTÁ A VERDADE<br />

DOS FATOS?<br />

Está dentro de nós mesmos quando<br />

iniciamos, achando que estamos sofrendo<br />

ataques de trabalhos negativos através<br />

de nossa mania de perseguição. Vamos<br />

colocar a mão na consciência e visualizar<br />

um pouco melhor, será que somos tão importantes<br />

assim para que uma pessoa disponha<br />

de uma quantia razoável de dinheiro<br />

para fazer algo assim? Será que<br />

vale deixar de fazer a compra do mês para<br />

fazer um trabalho negativo contra você?<br />

Nossa, será que és tão importante assim<br />

para que todas estas pessoas atuem<br />

negativamente contra ti? Acredite, NÃO.<br />

Existem trabalhos negativos? Sim,<br />

existem, não posso negar, mas nem tudo<br />

que acontece em nossas vidas é fruto de<br />

trabalho negativo contra nós.<br />

Muitas vezes, nós mesmos que construímos<br />

nossos próprios trabalhos e demandas<br />

com uma série de hipóteses sem<br />

fundamentos e iniciamos uma guerra,<br />

onde quem apanha é o mesmo que bate:<br />

nós mesmos!<br />

Já parou e pensou que em alguns cenários<br />

você pode estar colhendo o que<br />

plantou? Que isso é apenas um reflexo de<br />

suas ações do seu passado? Que existe<br />

um processo kármico, onde existem cenários<br />

e situações pelos quais precisamos<br />

passar, para dar continuidade ao nosso<br />

processo de evolução ou missão?<br />

Claro que não, é mais fácil dizer que<br />

existem inúmeros trabalhos sendo feitos<br />

a todo instante, assim me “isento”.<br />

Estas são questões que devem ser<br />

respondidas antes de chegarmos aos<br />

terreiros convictos de que estamos sofrendo<br />

uma atuação negativa.<br />

Além disso, podemos ver pessoas fazendo<br />

coisas piores, como suas próprias<br />

“macumbinhas” contra os outros (aprendidas<br />

em livros ou porque um vizinho comentou,<br />

etc.), pelo simples fato do “achar que<br />

existe um trabalho”.<br />

Então eu pergunto: ao invés de acender<br />

uma vela preta contra alguém (sim,<br />

porque isso é o que a maioria faz, ou seja,<br />

na dúvida vou descer o braço e depois eu<br />

vejo o que pode ser mesmo); por que não<br />

acendemos uma vela branca, desejando<br />

que esta pessoa, que estamos julgando,<br />

tenha mais luz, paz e tranqüilidade no caminho?<br />

Seria uma atitude muito mais nobre e<br />

muito mais inteligente. Sim inteligente:<br />

Lembrem-se de que tudo que desejamos<br />

e demandamos ao próximo acontece primeiro<br />

em nossa vida.<br />

Então meu irmão e minha irmã, quando<br />

for ao terreiro pense em tudo que lhe<br />

falei, pense nas sementes que plantou.<br />

Pare com a mania de perseguição achando<br />

que todas as pessoas estão fazendo trabalhos<br />

contra você.<br />

Deixe o Guia espiritual trabalhar em<br />

seu benefício (conforme as suas reais necessidades<br />

e merecimentos), peça ao astral<br />

que cuide de seus caminhos. Vá ao terreiro<br />

com o intuito de um passe energético<br />

(renovação e revitalização de energias),<br />

com o intuito de uma orientação, com o<br />

intuito da busca de um caminho melhor,<br />

como diz a letra da música, cantada por<br />

Zeca Pagodinho: “...quem anda na boa<br />

estrada, no fim desta caminhada, encontra<br />

em Deus perdão”.<br />

Faça a sua boa caminhada, sem achar<br />

que está sendo perseguido por todos,<br />

porque enquanto você caminha poderá<br />

olhar para trás e encontrar diversos espelhos<br />

com o seu reflexo e neles visualizará<br />

a imagem de quem mais lhe persegue:<br />

você mesmo.<br />

Contatos: dlg.guedes@gmail.com<br />

Ofereço aos irmãos umbandistas algumas histórias e ditos do magnífico Pajé João (Seu<br />

João da Casa Nova), também conhecido como o ‘Pajé Branco do Sertão’. Que os<br />

iluminados pajés e caboclos da Umbanda, sempre nos guiem no caminho da verdade,<br />

justiça e caridade!<br />

O CACHIMBO DO PAJÉ<br />

Pajé João não tirava<br />

o cachimbo da boca.<br />

Por que, pajé? Todo<br />

mundo perguntava.<br />

- Moisés não largava<br />

o bastão, Salomão<br />

não tirava a coroa, João<br />

Batista sempre vestia<br />

pele de camelo e o Senhor<br />

Jesus não cortava o cabelo.<br />

Este é o mistério. Cada qual com seu costume e<br />

cada costume com seu segredo!<br />

A CURA DE TODOS<br />

OS MALES<br />

O Pajé João caminhava pela floresta e avistou<br />

uma magnífica árvore. Ela tinha uma grande fenda e<br />

dentro dela estava uma mulher acocorada.<br />

Quando a mulher percebeu<br />

a chegada do pajé,<br />

ela emitiu um estranho<br />

som: xssss, xssss! João<br />

imediatamente parou e<br />

perguntou:<br />

- Quem é você?<br />

Sou “Aquela que Cura<br />

Todos os Males”. Escondome<br />

na floresta longe dos<br />

homens e quero permanecer<br />

sozinha.<br />

O Pajé João argumentou:<br />

- Minha mãe! Você deveria<br />

andar livremente entre os homens, caminhar pelas<br />

cidades, vilas e aldeias. Por que fica aqui escondida?<br />

Isto parece contra a vontade de Deus!<br />

A misteriosa mulher colocou seu rosto entre as<br />

pernas e com uma voz rouca e triste disse:<br />

- Passei de casa em casa, bati em cada porta.<br />

Estive em todas as aldeias e em cada pedaço de vila.<br />

Ninguém se aproximou de mim, não recebi abrigo ou<br />

alimento. Fui uma sombra ao redor dos vivos e nem<br />

os mortos me reconheceram...<br />

Surpreendido, o velho pajé perguntou:<br />

- Impossível. Que forma tinha você?<br />

A mulher da árvore elevou a voz majestosamente<br />

e falou: - Um sonho!<br />

ANTES DO MUNDO EXISTIR<br />

Certa noite o Pajé João disse:<br />

- Cada palavra da Bíblia foi criada antes do mundo. Tudo o que existe já<br />

existiu antes. Você, eu, nós todos somos repetições! Já viemos, fomos e agora<br />

estamos.<br />

Se você lê a Palavra de Deus com esta certeza na mente, com<br />

minha promessa vai aprender muito. Mas não é comigo não! É com o<br />

Dom. Quem é o Dom? É “Aquele” que estava aqui antes de existir a noite<br />

e o dia.<br />

A FORÇA ESPIRITUAL<br />

O compadre Atahualpa de Aquino foi o primeiro<br />

a compilar os ditos e mensagens do Pajé João. Certa<br />

vez, depois de uma caminhada pela mata, Aquino<br />

perguntou:<br />

- Mestre João, de onde vem a força espiritual?<br />

Falou o Mestre:<br />

- A força espiritual vem de dentro, sabe? Lá no<br />

coração da alma mora um bicho muito grande.<br />

Grande e cabeludo! Ele vive dentro da gente e a<br />

gente vive dentro dele... Duelamos com ele, brigamos<br />

o tempo todo. Perdemos tempo com isso e<br />

gastamos a vida.<br />

Temos que montar na fera. Nós não matamos o<br />

dragão. Apenas montamos. Então descobrimos que<br />

o bicho era a gente e a gente era o bicho!<br />

A VIDA ESPIRITUAL<br />

Em que consiste a vida espiritual?<br />

O Pajé João disse:<br />

- Viver entre dois mundos, morrer para um e<br />

nascer em três. Um é o Mundo da Escuridão, dois são<br />

os Mundos dos Ancestrais e três são os Mundos<br />

Espirituais.<br />

Os relatos aqui apresentados são parte<br />

da tradição da Pajelança do Jurá, que foi<br />

criada pelo Pajé João, e foram retiradas do<br />

manual “Histórias do Pajé João - Caderno do<br />

Centro Candeia da Anunciação”.<br />

contatos:ilhasanta@hotmail.com


Página -8 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong><br />

E<br />

ssa noite, ou em qualquer<br />

outra, quando você deitar seu<br />

corpo físico para dormir, eleve<br />

os pensamentos ao altíssimo,<br />

agradeça pela oportunidade de<br />

evoluir e, nesse momento, transborde<br />

- se de sentimentos legais,<br />

aumente sua consciência, ligue - a<br />

ao Todo...<br />

Então feche os olhos da carne<br />

e abra os olhos do espírito. Pense<br />

firmemente nas possibilidades infinitas<br />

de trabalho que se abrem para<br />

você nos planos além da matéria,<br />

nas muitas dimensões desse infinito<br />

universo. Integre-se a uma enorme<br />

corrente de Luz e Amor, que há<br />

milênios faz do sono físico a porta<br />

de saída para o trabalho e o aprendizado<br />

espiritual.<br />

Mas isso demanda estudo sério,<br />

discernimento, muito amor e<br />

força de vontade.<br />

Isso requer caráter, honra e<br />

retidão de valores. Exige uma mente<br />

aberta, uma alma criativa e um<br />

coração generoso. Depende dos<br />

chacras bem desenvolvidos e principalmente,<br />

de um sorriso no rosto<br />

e um sentimento universalista que<br />

lhe permita abraçar o mundo.<br />

Pode parecer pouco mais é muito.<br />

Voar não é para todos, apenas<br />

para aqueles que desenvolveram<br />

asas. Valendo-se de uma antiga expressão<br />

dos mestres taoístas: “A<br />

serenidade de espírito faz a consciência<br />

criar asas, e acaba com o<br />

sofrimento do coração...”<br />

Busque a serenidade e suas<br />

asas brilharão, permitindo que você<br />

voe em direção ao Sol, quebrando<br />

o mito de Ícaro, provando sua divindade<br />

própria. Abra suas asas de<br />

luz e viaje nas ondas da paz e do<br />

trabalho assistencial. Visite sua<br />

verdadeira família espiritual, que<br />

tanto te amam. Voe, voe, voe...<br />

E quando pousar, como diria<br />

Hermes, pouse suave, afinal, os<br />

mestres orientam.<br />

Eleve os pensamentos e agradeça<br />

ao Criador, Todo, Brahman,<br />

Olorum pelo vôo. Feche os olhos da<br />

alma e abra os do corpo físico.<br />

Acorde, levante e seja feliz!<br />

Mais textos em:<br />

http://blog.orunananda.zip.net<br />

De Vovô Florentino de Agodô<br />

recebida por DOUGLAS O ELIAS<br />

Contatos:doug.dedic@ig.com.br<br />

“Recebe de Olorum o ser humano a<br />

graça de uma nova morada do espírito,<br />

um corpo, de novo, para seu aprendizado<br />

Humano. Durante a sua jornada em vida,<br />

assediado pela fascinação do mundo carnal,<br />

tem como objetivo vencê-la para realizar<br />

na Verdade da Vida, a Realidade que<br />

ele é: Um Ser Divino em eterna evolução.<br />

Aprendiz, fadado ao acerto, esquece-se<br />

deste e vicia erros, transformando<br />

bons relacionamentos com Olorum, Orixás,<br />

Seres Divinos, seus irmãos, seus mentores<br />

e as coisas em gigantesco emaranhado<br />

de situações negativas difíceis<br />

de explicar.<br />

As ações dos obsessores sedentos<br />

de energia filtram facilmente suas auras<br />

de luz, transformando elas também em<br />

antros negros da promiscuidade dos mais<br />

sagrados fundamentos que é o Amor a<br />

Olorum, a si e ao irmão.<br />

Já não há mais como diferenciar os<br />

seres humanos, em sua maioria, dos desencarnados<br />

em negativação, exceto pela<br />

contextura material, porém, até elas, experimentam<br />

variações manipuladas pelas<br />

técnicas médicas, orgânicas e mentais,<br />

num triste estado de troca de interesses<br />

mundanos, no comércio medonho da<br />

vampirização programada em receitas e<br />

insistentes informações mentais negativas<br />

incentivando mais.<br />

Evoluindo as ciências físicas e as nomeadas<br />

psicológicas, usa-se de programas<br />

em máquinas e outros instrumentos<br />

de comunicação invertendo as ações que<br />

libertam na ficção da prosperidade e a<br />

promessa falsa do bom padrão de vida.<br />

Os que estão encarnados aprendem<br />

as mesmas técnicas de vampirismo que<br />

as usadas nas trevas e, com elas formam<br />

escalas imensas de forças negativas,<br />

apresentadas das mais variadas formas<br />

e dos mais vertidos processos.<br />

Já não há mais moral; já não mais se<br />

edifica a vida; o respeito e consideração<br />

viraram interesses comerciais sempre<br />

objetivando um maior consumo saciando<br />

as necessidades básicas das vontades<br />

mais primárias.<br />

Inverteu-se o homem. Vosso mundo<br />

está obsedado. Os homens estão auto-<br />

obsediando-se quando obsedado e obsessor<br />

trocam às vezes na retaliação errônea<br />

de pagar o mal com o mal maior.<br />

Quer no mundo físico, o pensamento<br />

desequilibrado, alcança o irmão provocando-lhe<br />

baixas energéticas e uma grande<br />

janela para os seres das sombras;<br />

quando não, utilizam-se das técnicas dos<br />

processos, do convencimento, dos recursos<br />

limitando ações do ser objetivado,<br />

tentando e, por vezes, conseguindo sua<br />

ação. Suas cidades estão sob nuvens negras<br />

de irradiações negativas e viciadas<br />

que também as alimentam.<br />

Pois, então, irmãos Divinos e Filhos<br />

de Olorum, Nosso Pai, no tempo certo, os<br />

Sagrados Orixás de Olorum vêm para<br />

colocar as coisas em cada lugar.<br />

Por se a Verdade simples em sua<br />

essência e complexa na sua Universalidade<br />

é também através da Umbanda e em Seus<br />

Mecanismos Gerenciadores e Gerenciados<br />

pelos Orixás de Olorum que mais facilmente<br />

chegam a Claridade da Luz para libertação<br />

e direcionamento, pelos ensinamentos<br />

e esclarecimentos.<br />

Gradativamente, os reflexos destas<br />

mudanças projetam-se eliminando egrégoras<br />

falsas, corrigindo caminhos, protegendo<br />

a luz do mental de cada um e<br />

ativando os instrumentos de cada ser espiritual,<br />

imantando-o novamente aos seus<br />

Protetores, Guardiões, e Guias que mais<br />

ainda potencializarão ações benéficas.<br />

Pelo objetivo Divino que por Olorum<br />

foi criada que é a bandeira da Caridade,<br />

do Amor e da Fé, a Sagrada Umbanda é<br />

realmente e integralmente Caridade,<br />

Amor e Fé, sendo que cada uma destas<br />

Divinas nomeações (que é para que compreendam),<br />

traz um Universo de Olorum<br />

sempre à disposição de todos. Seus fundamentos,<br />

mecanismos e ativações universalmente<br />

são revelados à medida que<br />

nos esforçamos nestes mesmos sentimentos.<br />

Pois, nessas horas de grandes transformações<br />

necessárias para as suas felicidades<br />

verdadeiras, é através dos homens<br />

de bom coração às coisas Divinas e<br />

da Vida que o poder Divino se manifesta.<br />

Sim: são os médiuns os portadores<br />

dos equipamentos imponderáveis de comunicação<br />

com os Seres da Luz para seu<br />

mundo e as condições em que se encontram.<br />

São os soldados de Olorum à frente<br />

de batalha sendo que nunca estão sós,<br />

pois através Deles podemos manifestar<br />

a cura, direcionar novo caminho, libertar,<br />

enfim, o ser humano da confusão mental<br />

que ele criou desaprisionando-os da erraticidade.<br />

Assim, e por este motivo, são<br />

constantemente assediados e isso é<br />

permitido, pois filtram as intenções de<br />

quem já está pronto para o Acima<br />

acessar.<br />

É o que vemos daqui, pois muitos<br />

sofrendo perseguições, muitas vezes<br />

invertem instrumentos da Luz<br />

provocando retaliações numa<br />

perversa guerra e terminam se<br />

negativando também, fascinado pelo<br />

falso gozo do prazer da devolução no<br />

mesmo peso e medida que fere e<br />

prova uma força que não é a da Luz.<br />

A estes, precisam utilizar do poder<br />

do conhecimento que têm, vibrando<br />

sempre em oração, canal de<br />

comunicação com Olorum e suas<br />

Forças Espirituais que os assistem, sob<br />

pena de mudar seu padrão mental do<br />

positivo para o negativo e assim, também<br />

ser escravizado pelas sombras, trocando<br />

seu progresso pelo sofrimento e a dor,<br />

ao invés da felicidade e amor.<br />

Deveis combater a obsessão de que<br />

são alvos, pelo mecanismo do perdão e<br />

esclarecimento. Buscando a libertação do<br />

vínculo que no passado foi criado, quando<br />

devedores (e todos os encarnados o<br />

são), e, até mesmo aqueles que pela<br />

ignorância pratica o mal em suas perseguições,<br />

a estes todos devemos ao invés<br />

da imposição pelo castigo, a libertação<br />

pelo perdão.<br />

Este sentimento de amor potente nos<br />

médiuns da Umbanda nos municia de ferramentas<br />

e autorizações para que possamos<br />

nos manifestar e fazer a graça pelo<br />

merecimento e iluminar um novo caminho<br />

de liberdade para todos.<br />

Já tentaram perceber o quanto sofre<br />

quem persegue? O quanto é difícil viver<br />

com sentimento de raiva, de ódio, de<br />

mágoas?<br />

Quando assim, os mecanismos do<br />

medo criam forças terríveis transformando<br />

tudo à volta desse ser em insaciáveis degenerações<br />

da sua essência.<br />

Estranhamente, sacia o prazer de criar<br />

mais sofrimentos justificando obsedar as<br />

trevas quem os prejudicou, pois, viciado e<br />

cego, não perdoou também, transformando<br />

este labirinto de negatividades<br />

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JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong> Página -9<br />

nessa obsessão gigante que está negativando<br />

o seu mundo e, indo além, até<br />

nas esferas positivas, mais próximas à<br />

Terra, também há desequilíbrios. Aqui,<br />

permanecemos em Guerra para os proteger,<br />

médiuns de Umbanda.<br />

Para protegê-los, Médiuns da Umbanda,<br />

nossas armas são com as<br />

espadas da Luz, o perdão incondicional<br />

e o esclarecimento utilizando dos<br />

elementos que nos fornecem do seu<br />

mundo, mas doados com amor, com<br />

gratidão, fé e esperança no Amor.<br />

Aqueles que pensam e acionam sua<br />

coroa sem estes requisitos, que é o<br />

perdão, cegos também, imantam e alimentam<br />

as sombras, muitas vezes<br />

sendo guiados pelas inteligências<br />

trevosas que usam dos recursos da<br />

FASCINAÇÃO, indicando caminhos e até<br />

premiando, verdadeiro truque que hoje,<br />

no Tempo certo, espelham em vossas<br />

vidas, em vosso mundo, em vosso ser.<br />

Seus Guias e Protetores os protegem<br />

desses negativos acessos, mas,<br />

por vezes, vocês os limitam pelo conteúdo<br />

que grassam no íntimo e que assim,<br />

os deixam sofrer para que aprendam a<br />

não mais colaborar com sentimentos<br />

contrários ao Amor, a Fé e a Bondade.<br />

M<br />

uitos me questionam que preparações<br />

são necessárias para<br />

desdobrar.<br />

Sempre lembro a todos que para<br />

desdobrar temos que ter os mesmos<br />

cuidados que todo o ser humano tem<br />

que ter quando está lidando com a espiritualidade.<br />

O primeiro e o mais<br />

importante cuidado que<br />

devemos ter chama-se<br />

REFORMA ÍNTIMA!<br />

Devemos manter<br />

nossos sentimentos,<br />

pensamentos e ações<br />

ordenadas, equilibradas<br />

e focadas nos ensinamentos do Astral<br />

Superior sobre perdão, compaixão e<br />

paz.<br />

Eu aqui, já começo a escutar milhões<br />

de vozes-pensamentos questionando:<br />

“Ih, lá vem ele com esse papo<br />

de reforma íntima, o que eu quero é<br />

minha fórmula mágica, etc.”.<br />

Pois essa é a fórmula mágica!<br />

Claro que ter fé, não ter medo,<br />

acreditar que realmente estamos amparados<br />

pelo astral superior, rezar,<br />

Seus atos desde a oração, aos firmamentos<br />

conforme seus Orixás, Guias<br />

e Protetores, Seus instrumentos, e todos<br />

os mecanismos Divinos que acessam,<br />

devem estar além do equilíbrio entre<br />

a razão e a emoção, eivado com a<br />

Fé e o Amor.<br />

Não há motivos para temer e nem<br />

acionar mecanismos de devolução, pois<br />

quem assim faz, na oportunidade de<br />

pagar o mal com o bem, não há outro<br />

jeito, há de sofrer também.<br />

É, portanto, a obsessão, a perseguição<br />

a maior causa de sofrimento dos<br />

seres, tanto encarnados quanto nas<br />

trevas. Ao médium Umbandista é dada<br />

a oportunidade de colaborar com a Luz<br />

para extirpar de vez com esse mal.<br />

Vosso mundo vai se equilibrar, mas<br />

é através das dedicações dos Filhos de<br />

Fé. E um mundo Maior se descortinará<br />

com o Sol absoluto Universal grassando<br />

em todas as freqüências, em todos os<br />

matizes, em todas as cores, em todos<br />

os seres. E Aruanda estará então<br />

firmada para sempre nos corações e<br />

nas mentes dos Filhos de Olorum.<br />

Criem coragem. Façam a coisa<br />

certa. Benditos os Médiuns de Umbanda<br />

de bom coração. Saravá à Umbanda<br />

acender as firmezas de esquerda, do<br />

guia chefe, dos Orixás de coroa, fazer<br />

banhos de ervas, oferenda, etc., vão<br />

ajudar no processo mediúnico em si,<br />

assim como ajudam o médium de incorporação,<br />

preparando-o vibratoriamente<br />

do externo para o interno.<br />

Mas a verdadeira<br />

vibração que devemos<br />

ter para o<br />

desdobramento é a<br />

vibração interna.<br />

Então não podemos<br />

desdobrar se<br />

estivermos com a<br />

nossa vibração interna<br />

desequilibrada?<br />

Claro que podemos. Conseguimos<br />

desdobrar mesmo tendo brigado com o<br />

chefe, chutado o cachorro, pensado<br />

besteira o dia todo e bebido demasiadamente.<br />

A diferença será a consciência/lucidez<br />

que teremos durante o<br />

desdobramento, a região do astral que<br />

vamos visitar e os espíritos que poderemos<br />

encontrar.<br />

Por que se você estiver com suas<br />

vibrações negativadas, densas, você<br />

Infinita.<br />

As Bênçãos de Olorum São Infindas<br />

e Abençoe-nos também Nossos Orixás,<br />

Nossos Guias e nossos protetores que<br />

nos dão a força, o amparo e determinação<br />

para que firmemos o Sagrado<br />

Coração da Umbanda nas mentes e nos<br />

corações de quem sofre, procura e<br />

encontra ajuda no amor, caridade e fé<br />

nos milhares de Tendas e Terreiros<br />

nesse imenso país.<br />

Estejamos sempre preparados.<br />

Esta uma função Divina, além das coisas<br />

prosaicas da matéria.<br />

Alegrem-se, pois e agradeçam<br />

firmando em seus corações a clássica<br />

do Rabi, pois:<br />

“Vovô na Engira, é Jeje, é Nagô<br />

Os pretos-vellhos,<br />

são sábios no Amor<br />

Se for para sofrer? Cuidado Sinhô<br />

Só entra na Engira<br />

quem é bom Trabalhador<br />

Seu sucesso na vida está<br />

na cartilha do Nosso Senhor<br />

Perdoa o mal que por<br />

desventura seu irmão firmou<br />

Oxalá sete vezes setenta<br />

também perdoou”<br />

visitará regiões do astral compatíveis<br />

com sua vibração. É a chamada Lei da<br />

Afinidade.<br />

Por isso, transforme-se internamente,<br />

dia após dia, lembrando-se que<br />

Deus e o Astral Superior estão “de olho”<br />

em nós a todo o momento, 24 horas<br />

por dia, sete dias por semana e não<br />

somente na hora que nos ajoelhamos<br />

para rezar, que estamos em um templo<br />

ou que pretendemos desdobrar.<br />

Além do fato do médium manter<br />

sua vibração positiva, através de seus<br />

atos, pensamentos e sentimentos (a<br />

REFORMA ÍNTIMA), aconselho que<br />

antes de deitar-se, faça suas orações<br />

costumeiras, não se esquecendo de<br />

pedir para que seja amparado pelo Astral<br />

Superior em sua experiência de<br />

desdobramento. E, ao deitar-se, imagine<br />

em seu coração e em seu chacra<br />

frontal (aquele que fica entre os olhos),<br />

uma luz branca pulsante, enquanto repete<br />

mentalmente a palavra LUZ, como<br />

um mantra, até adormecer.<br />

RECADO DO CABOCLO: “Para uma<br />

águia voar ela precisa ter as asas limpas!”


Página -10 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong><br />

T<br />

odo aquele que nasce num corpo<br />

sadio, traz consigo cinco sentidos<br />

sensoriais que chamamos de<br />

básicos: audição, visão, tato, olfato e<br />

paladar. É natural ao ser humano e muitas<br />

vezes não se dá tanta atenção sobre a<br />

complexidade que estes sensores apresentam,<br />

talvez porque estes são comuns<br />

a todos e são estimulados e vivenciados<br />

desde que nascemos.<br />

A CRIANÇA<br />

Aos pais mais atentos, é possível<br />

perceber o processo de maturação<br />

destes sensores no indivíduo. A criança<br />

nasce com a visão muito turva que vai<br />

“clareando” ou “amadurecendo” num<br />

prazo de até seis meses, após este período<br />

é que a criança realmente enxerga<br />

o mundo a sua volta. O tato é mais<br />

sensível pela boca, por isso é que a<br />

criança até seus dois anos terá o hábito<br />

de levar tudo à boca, pois é a partir da<br />

sensibilidade oral que a criança percebe,<br />

diferencia e processa texturas, formatos,<br />

consistências, bem como o paladar.<br />

O ADULTO<br />

Bem, para nós já adultos, andar e<br />

correr é algo “automático”, não precisamos<br />

de esforços e cálculos, entretanto<br />

observe uma criança no inicio da aprendizagem,<br />

há medo, calcula-se bem um<br />

ou dois passos, é preciso ter algumas<br />

certezas de segurança, algo a se apegar<br />

para não cair, dar três ou quatro<br />

passos, por algum período é um desafio<br />

incrível e a sensação de satisfação e<br />

superação ao atingir o objetivo que<br />

normalmente é sair do braço da mãe e<br />

andar quatro passos aos braços do pai<br />

é impagável.<br />

O ASSUNTO<br />

Toda esta introdução é para que<br />

possamos refletir sobre a mediunidade<br />

como mais um sentido sensorial que todos<br />

nascem, reservando suas particularidades<br />

e especificidades, a mediunidade<br />

está para todos e é um sensor como<br />

os acima citados, porém este “sexto<br />

sentido” vem à luz do indivíduo mais tardiamente,<br />

comumente na adolescencia,<br />

sem regras, pode acontecer já na<br />

maturidade bem como em tenra infância.<br />

Já superamos o período histórico em<br />

que a mediunidade fora tratada como<br />

histeria, loucura ou possessão demoníaca.<br />

Quando a mediunidade se apresenta<br />

num meio familiar em que o ambiente<br />

é de espiritualistas, tudo será<br />

mais fácil, entretanto cabe algumas considerações<br />

em todas as circunstâncias.<br />

Vemos a mediunidade ser tratada<br />

ao longo dos tempos como um “dom supremo”<br />

coisa de gente “super dotada<br />

espiritualmente”, fantástico, seres superiores<br />

e coisa do tipo, há também<br />

aqueles que tratam a mediunidade como<br />

uma castigo, uma penitência, um karma,<br />

uma dívida...<br />

A FANTASIA...<br />

Respeito a credulidade alheia, mas<br />

desculpe... Mediunidade não é nenhuma<br />

das opções acima, tampouco se<br />

trata de coisa de mutantes, X-men,<br />

super herói, nada disso. Todavia, justamente<br />

por estas proposições acerca da<br />

mediunidade é que quando ela desabrocha<br />

num ambiente sem estudo e<br />

condução coerente acaba por dar vazão<br />

à uma fértil criatividade ilusória perigosa<br />

para a vida social e espiritual do indivíduo.<br />

É assim que vemos “incorporações”<br />

do cavalo de Ogum relinchando<br />

no meio do terreiro, vemos o corcunda<br />

de notre dame na linha de exus, caboclo<br />

cego, preto velho paralítico e tantas<br />

outras aberrações comportamentais ...<br />

MEDIUNIDADE ENFIM...<br />

Retomando a idéia da mediunidade<br />

como um sentido sensorial como os<br />

demais básicos, a mediunidade deve ser<br />

observada com seriedade e bom senso.<br />

Desenvolver a mediunidade é um<br />

processo natural, importante e necessário<br />

à todos. Entenda o sentido de<br />

desenvolver a mediunidade como um<br />

processo de conhecimento, aceitação,<br />

exercício e maturação do sentido.<br />

ILUSTRANDO O CONCEITO...<br />

Sempre costumo comparar o seguinte:<br />

eu tenho minha audição em perfeito<br />

funcionamento, também tenho um paladar<br />

funcionando etc. Mas meu ouvido<br />

não é como a de um músico estudioso,<br />

Na dúvida, consultemos o coração, a voz íntima que não nos desampara. Ela é a Voz de Deus,<br />

a nos intuir e alertar nos momentos de crise.<br />

Não importa o barulho lá de fora, dentro de nós mora o Silêncio da Verdade Eterna. Neste<br />

Silêncio estão todas as respostas.<br />

A Verdade habita em nós, amiga e orientadora para todas as horas. Ela não Se engana porque<br />

sabe todas as respostas, e nem deixa que sejamos enganados pelas aparências das coisas. Ela<br />

esclarece e liberta quaisquer amarras que a nossa mente possa ter criado. Ela dissolve os conflitos<br />

e as dores. Ela nos faz sentir no Colo Sagrado do Eterno, outra vez.<br />

A Verdade nos lembra que viemos dos Braços dos Amados Pais e Mães Orixás, que no Berço<br />

da Criação nos doaram Suas Qualidades Divinas, preparando-nos para o caminho a seguir. Ela nos<br />

consola, nos revigora e nos desperta. Ela nos mostra que existem Caminhos e que estamos a<br />

caminho, sempre amparados e protegidos.<br />

O Silêncio de Deus nos pede o silêncio da mente, para a comunhão com o Divino. Quem nos<br />

põe a caminho não é o corpo físico. O corpo de agora é vestimenta útil e abençoada que nos<br />

permite seguir, acumulando experiências que ficarão armazenadas em nossa Essência. Mas o que<br />

nos impulsiona é esta Essência, o Corpo de Luz que nos distingue, desde a<br />

origem, como filhos de Deus. Mesmo não podendo tocá-lo com as mãos,<br />

o nosso Corpo de Luz existe na Eternidade do Pai e nos sintoniza com<br />

Ele, a todo o instante.<br />

Ter essa certeza nos ajuda a caminhar. Estamos a caminho.<br />

Estamos nos preparando para o caminho da volta ao Criador.<br />

Estamos guiados pela Luz, somos parte d’Ela. E muitos Seres<br />

que já Se fizeram Luz amparam amorosamente o nosso<br />

caminhar.<br />

Que venha a Luz! Que despertemos, a cada dia, afastando<br />

as dúvidas, ansiedades e receios.<br />

No instante de dúvida, podemos recitar este pequeno<br />

mantra de proteção que nos sugere o Sr. Zé Pelintra: “Quem<br />

é maior que Deus? Maior que Deus não há!”<br />

N<br />

treinado e disciplinado. Quando ouço<br />

uma música, simplesmente ouço o conjunto<br />

dos instrumentos que embalam minha<br />

audição, entretanto um músico percebe<br />

as notas musicais, os vários instrumentos<br />

e até pode indicar o que está<br />

ou não afinado ou no compasso ideal.<br />

Eu não sei tocar instrumento algum e<br />

portanto jamais, nesta condição, poderei<br />

escutar uma música e reproduzi-la<br />

em qualquer instrumento. Posso mudar<br />

isso, estudando música e instrumento,<br />

me dedicando, exercitando e praticando<br />

muito, daqui alguns anos poderei estar<br />

apto a isso, mas já que me coloquei como<br />

exemplo, neste caso me falta também<br />

talento. O que quero dizer é que audição<br />

todos temos, porém alguns exercitam<br />

mais este sentido, apuram a capacidade<br />

de ouvir e lidar com os sons.<br />

NEM MELHOR, NEM PIOR...<br />

Por isso não existe mediunidade<br />

melhor ou pior, superior ou inferior. Existe<br />

sim a mediunidade no indivíduo, este<br />

pode ou não amadurecê-la, pode ou<br />

não entendê-la e pode ou não praticála<br />

conscientemente. Tirar a mediunidade<br />

do foco da sobrenaturalidade, penso<br />

que é o principal caminho para iniciar<br />

um relacionamento maduro a este sentido<br />

que precisa de cuidados importantes.<br />

arrou-nos Chico [Xavier] que um dia<br />

foi procurado por um médico, seu<br />

particular amigo de muitos anos,<br />

espírita militante e colaborador em suas<br />

obras psicografadas.<br />

Ele queria saber o que fazer com um<br />

velho mendigo, que insistia em dormir no<br />

alpendre de sua casa. Não estava preocupado<br />

em tê-lo como hóspede em tão precário<br />

lugar mas, sim, com a má acomodação e a<br />

friagem da noite. Já o havia alertado de<br />

que se permanecesse ali acabaria por ficar<br />

doente.<br />

Contudo, vendo que seus avisos eram<br />

ignorados, dedicou-se a arrumar um lugar<br />

onde o mendigo pudesse pernoitar. Depois<br />

de conseguir um quartinho na vizinhança,<br />

levou-o para lá.<br />

Qual não fora sua surpresa ao dar com<br />

ele em sua varanda no dia seguinte!<br />

Pensando que talvez não tivesse<br />

gostado do lugar, procurou um albergue que<br />

o tratasse melhor. De nada adiantara. O<br />

velho voltou a passar as noites no seu<br />

alpendre.<br />

O médium então falou-nos:<br />

— O que o médico amigo não sabia era<br />

Faz parte do nosso organismo.<br />

EXERCITE...<br />

Se os músculos não forem exercitados,<br />

poderão atrofiar e gerar graves<br />

doenças e limitações ao corpo. Com a<br />

mediunidade também, se não for exercitada<br />

no mínimo se mantém estacionada.<br />

Há quem diga “Faz trinta anos que<br />

sou médium”, no entanto fazem vinte<br />

anos que não pratico!?! Trinta anos de<br />

mediunidade mal praticada, não valem<br />

cinco anos de uma mediunidade ativa,<br />

praticada com estudo e bom senso.<br />

O tempo determina muita coisa na<br />

mediunidade, como o músculo, você não<br />

define um músculo indo à academia uma<br />

vez por mês por meia hora. Se não houver<br />

disciplina, rotina e cuidados, esqueça<br />

braços, peitorais e abdômem definidos.<br />

De modo que a vivência disciplinada<br />

e exercício rotineiro da mediunidade,<br />

permite que a cada dia de prática mediúnica<br />

este sentido se fortalece, amadurece,<br />

amplia e alinha. É com o tempo<br />

também que o médium vai criando<br />

estabilidade vibratória, confiança e<br />

autonomia mediúnica.<br />

AFINAL DE CONTAS...<br />

A mediunidade é algo mais natural<br />

do que pensamos, são muitos os tipos<br />

de mediunidade, você não terá a mediunidade<br />

que quer, mas a que te pertence,<br />

então procure conhecê-la e faça<br />

dela o melhor uso possível.<br />

PENSE NISSO:<br />

Mediunidade não é angelical e nem<br />

maligna, o uso que você fará dela é<br />

que determinará sua utilidade!<br />

Grande abraço!<br />

Contatos:<br />

www.rodrigoqueiroz.blog.br<br />

que aquele espírito carregava consigo um<br />

grande complexo de culpa. Passei então a<br />

narrar-lhe as cenas que os amigos espirituais<br />

me haviam mostrado.<br />

Aquele mendigo, doutor, na existência<br />

anterior havia sido um cruel fazendeiro que<br />

expulsara impiedosamente muitas famílias de<br />

suas terras, deixando-as ao relento, sem<br />

rumo...<br />

Depois que desencarnou, a partir<br />

daquelas lembranças formara-se o complexo<br />

de culpa. E o sofrimento perdura até os dias<br />

atuais, não permitindo que ele permaneça<br />

alojado em lugar nenhum.<br />

Chico concluiu:<br />

— Então eu disse ao amigo: Não adianta<br />

tentar melhorar sua situação, deixe-o dormir<br />

no seu alpendre. Mais uns dias e ele procurará<br />

outro lugar para deitar-se ao relento.<br />

Essa situação perdurará até que o complexo<br />

de culpa deixe de atormentá-lo.<br />

Em nossas cogitações, vem-nos à mente a<br />

lição: para exercer a caridade é necessário<br />

usarmos do bom senso e não insistirmos quando<br />

o necessitado se nega a receber o benefício.<br />

Sempre haverá uma razão que justifique<br />

situações como a que nos foi narrada.


JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong> Página -<strong>11</strong>


Página -12 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong><br />

por EMILCE SHRIVIDYA<br />

A<br />

ESCOLA DE BARALHO CIGANO<br />

Carmem Romani Sunacai<br />

<br />

s escrituras do yoga dizem que uma<br />

pessoa evoluída conserva sua<br />

raiva por um minuto; uma pessoa<br />

comum conserva-a por meia hora e uma<br />

pessoa ainda não evoluída conserva<br />

sua raiva por um dia e uma noite. Mas<br />

uma pessoa cheia de mágoas lembrase<br />

da sua raiva até morrer.<br />

É humano sentir raiva, faz parte de<br />

nossa evolução, mas devemos esquecê-la<br />

rapidamente. Não devemos alimentá-la<br />

nos lembrando dela, nem remoendo<br />

acontecimentos passados, porque<br />

a raiva causa uma grande inquietude<br />

interior. Somos as primeiras vítimas de<br />

nossa própria raiva. Ela nos queima por<br />

dentro, tirando nossa paz; obscurece<br />

nossos pensamentos, distorce nossas<br />

percepções.<br />

A raiva acumulada, guardada um<br />

pouco aqui e ali, nos prejudica muito e<br />

nos afasta de Deus, de nossa verdadeira<br />

essência divina, de nossa bondade e<br />

compaixão. As pessoas pensam que<br />

alguém ou algo lhes provoca raiva, mas<br />

essa raiva já existe dentro delas, é<br />

criada e mantida por elas. Se você<br />

sente raiva, não pode culpar a ninguém<br />

a não ser você mesmo.<br />

SEIS TIPOS DE<br />

PESSOAS SÃO TRISTES<br />

No grande poema épico indiano,<br />

Mahabharata é dito:<br />

“Seis tipos de pessoas são tristes:<br />

- Aquelas que têm inveja dos outros<br />

- Aquelas que odeiam os outros<br />

- Aquelas que estão descontentes<br />

- Aquelas que vivem da fortuna dos<br />

outros<br />

- Aquelas que são desconfiadas<br />

- Aquelas que têm raiva”<br />

Verdadeiramente, é a raiva que produz<br />

as outras cinco condições que causam<br />

a tristeza. E esta raiva assume muitas<br />

formas, muitas facetas como: aflição,<br />

ressentimento, contrariedade, mau<br />

Prof.Rose de Souza<br />

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humor, aspereza, animosidade, explosões<br />

de raiva, ira, rancor, crises de<br />

choro e soluço. Muitas vezes, as lágrimas<br />

não são sinais de fraqueza, mas a<br />

força da raiva.<br />

A RAIVA ENVENENA<br />

CORPO E MENTE.<br />

Ataques de raiva e de mau humor<br />

produzem danos sérios nas células do<br />

cérebro, envenenam o sangue, causam<br />

insônia, depressão e pânico; suprimem<br />

a secreção dos sucos gástricos e da<br />

bílis nos canais digestivos, criando gastrites<br />

e úlceras, esgotam a energia e<br />

vitalidade, causam problemas cardíacos,<br />

provocam velhice prematura e encurtam<br />

a vida.<br />

Quando você se zanga sua mente<br />

fica perturbada e isto reflete em seu<br />

corpo que sente distúrbios. Todo o sistema<br />

nervoso se agita e você se enerva,<br />

perdendo a harmonia, a eficiência<br />

de agir, o vigor e o entusiasmo.<br />

A raiva é uma energia poderosa que<br />

precisa ser dissolvida para que você<br />

possa ser mais livre e saudável.<br />

Colocar a raiva para fora apenas<br />

agrava esta emoção negativa e a faz<br />

crescer ainda mais. Se deixarmos isto<br />

sem controle, expressando nossa raiva<br />

cada vez mais, ela não vai se reduzir e<br />

sim aumentar, gerando mais dor e<br />

inquietude para nós.<br />

APRENDA A LIDAR COM A RAIVA<br />

É necessário aprender a lidar com<br />

a raiva e nos livrar de seus efeitos negativos<br />

tanto físicos, mentais e espirituais.<br />

Como o desejo está muito ligado à<br />

raiva, é importante quando sentimos<br />

raiva perguntar a nós mesmos o que<br />

queremos desta situação que não<br />

estamos conseguindo. Isto cria uma<br />

mudança em nosso foco. E em vez de<br />

ficarmos presos na raiva, nós a observamos.<br />

E logo depois, podemos perguntar<br />

a nós mesmos de que outra maneira<br />

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podemos conseguir o que queremos. E<br />

podemos perceber que idéias alternativas<br />

surgem na mente e isto melhora<br />

nossa frustração e diminui a raiva.<br />

Existem pessoas que gostam de<br />

ficar com raiva. Sentem satisfação, poder<br />

e liberdade quando têm explosões<br />

de raiva. Acham que até aliviam as<br />

tensões, mas depois se culpam e lutam<br />

para controlar isso. Ajudaria muito se<br />

elas entendessem que mesmo que possam<br />

sentir alívio no momento, isto não<br />

funciona. A raiva apenas escraviza, e<br />

é prejudicial tanto fisicamente, psicologicamente<br />

e espiritualmente.<br />

Porém existem momentos que a<br />

raiva é incontrolável e nem temos tempo<br />

de nos fazer perguntas sobre o que queremos.<br />

Nesses momentos, não é possível<br />

sentir desapego, ficamos presos<br />

completamente. O que podemos fazer?<br />

A MELHOR SAÍDA<br />

A melhor saída é sair da situação,<br />

dar uma volta, se afastar do ambiente<br />

ou da pessoa, tomar um copo de água,<br />

respirar algumas vezes profundamente,<br />

lembrar-se de Deus, do mantra.<br />

Depois quando nos acalmarmos, podemos<br />

voltar e lidar com o assunto de<br />

uma maneira mais equilibrada, sem<br />

ofender e magoar os outros; sem nos<br />

desequilibrar.<br />

Quando falamos de uma maneira<br />

tranquila sem raiva, o outro pode até<br />

nos entender e ouvir melhor, mas quan-<br />

do falamos com raiva só criamos mais<br />

conflitos e desarmonia.<br />

Para se afastar no momento da discussão<br />

ou apenas ficar calado até se<br />

acalmar é necessário humildade. Quando<br />

estamos com muita raiva, queremos<br />

que a outra pessoa admita que está<br />

errada e isto é orgulho. Esse orgulho<br />

impede que nos acalmemos. Mas se<br />

você admitir que dissolver a raiva é mais<br />

importante do que provar que o outro<br />

está errado, você sente a humildade<br />

que lhe liberta da tirania da raiva.<br />

Todos os inimigos internos alimentam<br />

uns aos outros e se estamos presos<br />

no orgulho é mais difícil lidar com a raiva.<br />

A humildade nos ajuda a testemunhar<br />

o que está acontecendo dentro de nós.<br />

Em vez de guardamos raiva por horas,<br />

ou dias, podemos largá-la logo e<br />

evitar assim muitos momentos de sofrimento.<br />

Basta não alimentarmos essa<br />

raiva, não remoendo e lembrando acontecimentos<br />

passados. Se voltarmos nossa<br />

atenção para outras coisas e para o<br />

momento presente, ficamos livres da<br />

raiva e podemos ter momentos felizes.<br />

A raiva acumulada desde a infância<br />

gera a depressão que tira a alegria de<br />

viver. Hoje em dia muitos médicos receitam<br />

remédios para depressão que podem<br />

até aliviar um pouco os sintomas,<br />

mas enquanto a pessoa não for na causa<br />

verdadeira da depressão, ela vai ficar<br />

sempre dependente e triste, pois<br />

depressão é uma doença da alma.<br />

Como diz a Bhagavad Gita, uma escritura<br />

do Yoga: Aquele que é capaz de<br />

suportar, aqui na terra, a agitação que<br />

resulta do desejo e da raiva, é disciplinado;<br />

ele é verdadeiramente um homem<br />

feliz.[5:23]<br />

CULTIVE EMOÇÕES POSITIVAS<br />

Porém não podemos nos libertar<br />

da raiva simplesmente suprimindo-a. É<br />

necessário cultivar com constância os<br />

antídotos da raiva: a tolerância e a paciência.<br />

Perceba em sua vida os efeitos<br />

benéficos da tolerância e da paciência<br />

e perceba também os efeitos destrutivos<br />

e negativos da raiva, dos ressentimentos<br />

e mágoas.<br />

Contemplação e conscientização<br />

vão lhe motivar a desenvolver esses<br />

sentimentos de tolerância, paciência e<br />

aceitação além de fazer com que você<br />

tenha mais cuidado em não alimentar<br />

pensamentos de raiva.<br />

Para ficarmos livres desse inimigo<br />

interno tão destrutivo que surge de uma<br />

mente insatisfeita e descontente, é<br />

essencial gerar o contentamento interior,<br />

a gratidão e o entusiasmo; cultivar<br />

a bondade, a benevolência e a compaixão.<br />

Isto vai produzindo serenidade<br />

mental que impede a raiva de se manifestar.<br />

A prática regular da meditação nos<br />

ajuda muito a dissolver a raiva e transformá-la<br />

em paciência, aceitação, e o<br />

perdão surgirá espontaneamente.<br />

Com o perdão podemos abandonar<br />

os sentimentos negativos associados<br />

aos acontecimentos passados nos<br />

livrando das sensações de raiva e<br />

ressentimentos.<br />

Baba Muktananda, em seu livro<br />

Encontrei a vida, nos conta que certa<br />

vez perguntaram à grande santa Rabi’a:<br />

- Você alguma vez sente raiva?<br />

-Sim - replicou ela, mas só quando<br />

me esqueço de Deus.”Contemple essas<br />

palavras e compreenda que ao lembrarse<br />

de Deus, ao desenvolver virtudes<br />

divinas, não haverá espaço para a raiva<br />

em seu interior e assim, você poderá<br />

ser mais livre e feliz. Fique em paz!<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<br />

Encontrei a Vida- Muktananda,<br />

Swami- <strong>Ed</strong>. Vozes. Lama, Dalai-A arte da<br />

Felicidade-<strong>Ed</strong>. Martins Fontes. Meu Senhor<br />

ama um coração puro-Chidvilasananda,<br />

Swami- <strong>Ed</strong>. Siddha Yoga Dham Brasil<br />

Emilce Shrividya é professora de<br />

Hatha Yoga.


JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong> Página -13<br />

N<br />

ossa dita caridade, premissa básica<br />

da religião Umbandista não é nova,<br />

nem criativa. Afinal qualquer religião<br />

que busca o contato com o divino, a união<br />

com o sagrado, caminha na prática do bem<br />

e, consequentemente da caridade.<br />

O Papa Bento XVI em sua primeira carta<br />

encíclica, abordando exatamente o tema<br />

amor, em dado momento nos diz:<br />

“ a) A natureza íntima da Igreja exprime-se<br />

num tríplice dever: anúncio da Palavra<br />

de Deus (kerygma-martyria), celebração<br />

dos Sacramentos (liturgia), serviço<br />

da caridade (diakonia). São deveres que<br />

se reclamam mutuamente, não podendo um<br />

ser separado dos outros. Para a Igreja, a<br />

caridade não é uma espécie de atividade<br />

de assistência social que se poderia mesmo<br />

deixar a outros, mas pertence à sua<br />

natureza, é expressão irrenunciável da sua<br />

própria essência. [17]<br />

b) A Igreja é a família de Deus no mundo.<br />

Nesta família, não deve haver ninguém que<br />

sofra por falta do necessário. Ao mesmo<br />

tempo, porém, a caritas-agape estende-se<br />

para além das fronteiras da Igreja; a parábola<br />

do bom Samaritano permanece como<br />

critério de medida, impondo a universalidade<br />

do amor que se inclina para o necessitado<br />

encontrado « por acaso » (cf. Lc 10, 31),<br />

seja ele quem for. Mas, ressalvada esta<br />

universalidade do mandamento do amor,<br />

existe também uma exigência especifica-<br />

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mente eclesial — precisamente a exigência<br />

de que, na própria Igreja enquanto família,<br />

nenhum membro sofra porque passa necessidade.<br />

Neste sentido se pronuncia a Carta aos<br />

Gálatas: «Portanto, enquanto temos tempo,<br />

pratiquemos o bem para com todos, mas<br />

principalmente para com os irmãos na fé »<br />

(6, 10).”<br />

Como é percebido, em sua última frase,<br />

nos é lembrada da necessidade de sermos<br />

coerentes com nossos aprendizados. Se<br />

somos ensinados a ser caridosos com os caboclos<br />

e velhos, devemos sê-los continuamente<br />

, dentro e fora do terreiro. Mas como<br />

diz o Papa Bento XVI, “principalmente para<br />

com os irmãos de fé.”<br />

Não devemos deturpar a verdade e fugir<br />

daquilo que nos cabe. A fé nos dá base,<br />

suporte espiritual, força, motivação. Mas<br />

fé não paga água, luz, IPTU. Isto é pago<br />

com nosso suor e esforço. É preciso trabalho<br />

para dignificar a obra. É preciso comprometer-se<br />

além da palavra. É preciso agir.<br />

Se quando lhe cobram atitudes e esta<br />

cobrança lhe causa indignação, lembre-se<br />

que enquanto você reclama outros trabalham<br />

para lhe dar condições de ser o que<br />

você é.<br />

Se você não está contribuindo para o<br />

todo, em todas as suas necessidades, e da<br />

maneira que lhe for possível, você não está<br />

sendo caridoso, está apenas usurfruindo da<br />

caridade alheia, sem nada contribuir.<br />

Espera que outros façam aquilo que não<br />

lhe convém fazer.<br />

Como costuma se dizer que a cada dez<br />

médiuns só se pode contar com dois, isso<br />

significa que estes dois carregam, sustentam<br />

e são explorados por oito médiuns, que sem<br />

pudores, se arvoram como caridosos e sabem<br />

todos os seus direitos, mas desconhecem<br />

seus deveres, não possuem compromisso<br />

com a casa, respeito para com o<br />

sacerdote ou mesmo ao seus irmãos de fé.<br />

Caridoso? Senhor livrai-me destes parasitas<br />

caridosos, que me sugam a energia,<br />

aproveitam-se da “notoriedade” dos guias<br />

e nada podem fazer.<br />

São pessoas desprovidas de ética e<br />

respeito ao próximo. Que desconhecem seu<br />

limite e mesmo o limite do próximo. Para tais,<br />

assistenciados são troféus de sua magnanimidade.<br />

É óbvio que não falo de todos, e não<br />

generalizo. Pois se assim o fosse não estaria<br />

dentro deste grupo religioso. Mas infelizmente<br />

ainda falo de maioria. “A cada dez<br />

podemos contar com dois?”<br />

Se sou Umbandista é por que acredito<br />

ser possível unir, de dois em dois, e construir<br />

algo real, sólido. Que tenha a união perfeita<br />

entre o obra divina e o trabalho humano.<br />

Verônica Oliveira é cambone na<br />

Tenda dos Pretos-Velhos - TPV)<br />

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Página -14 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong>


JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong> Página -15<br />

O<br />

ano de 2.0<strong>11</strong> nos reservou um problema<br />

de difícil solução para a organização do<br />

calendário de festividades religiosas<br />

umbandistas, ou seja, como comemorar OGUM no<br />

dia da Páscoa???<br />

A Umbanda, instituição religiosa com raízes<br />

profundas no cristianismo do período colonial<br />

brasileiro, sempre seguiu o calendário católico<br />

romano e, por isso, suas datas mais importantes<br />

são as mesmas respeitadas pelos católicos.<br />

Desta forma, aos festejos de origem pagã do<br />

Carnaval seguem-se o período de recolhimento<br />

da Quaresma: quarenta dias de luto iniciados na<br />

quarta-feira de Cinzas - após a terça-feira do<br />

Carnaval, terminando no Sábado de Aleluia - após<br />

a Sexta-feira Santa (quando ocorria com muita<br />

freqüência a malhação do boneco Judas) e o<br />

Domingo de Páscoa.<br />

Mas, o que isso tem a ver com OGUM, já que<br />

seu ponto cantado diz:<br />

“Dia 23 de Abril<br />

Do meu Santo Protetor<br />

Vai ter Festa na Aruanda<br />

Cambono e Babalaô...”<br />

De fato, OGUM (um dos Orixás mais populares<br />

da Umbanda) é sempre festejado no dia 23 de<br />

abril. Todavia, como esta data não é feriado<br />

religioso em nosso país, os dirigentes umbandistas<br />

MARÇO / 2.0<strong>11</strong><br />

S T Q Q S S D<br />

1 2 3 4 5 6<br />

7 8 9 10 <strong>11</strong> 12 13<br />

14 15 16 17 18 19 20<br />

21 22 23 24 25 26 27<br />

28 29 30 31<br />

ABRIL / 2.0<strong>11</strong><br />

S T Q Q S S D<br />

1 2 3<br />

4 5 6 7 8 9 10<br />

<strong>11</strong> 12 13 14 15 16 17<br />

18 19 20 21 22 23 24<br />

25 26 27 28 29 30<br />

Como bem conhecemos os hábitos paulistanos<br />

de aproveitar os feriados prolongados, a<br />

FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE “ABC”<br />

tomou a seguinte decisão:<br />

1. O SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA<br />

estará FECHADO no período do Carnaval, ou seja,<br />

dias 05, 06, 07 e 08 de fevereiro de 2.0<strong>11</strong>;<br />

2. O SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA<br />

estará FECHADO no período da Páscoa, ou seja,<br />

nos dias 21, 22, 23, 24 e 25 de abril de 2.0<strong>11</strong><br />

(feriado prolongadíssimo);<br />

3. Portanto, transferimos excepcionalmente os<br />

Nossa<br />

capa:<br />

A imagem<br />

publicada na<br />

capa desta<br />

edição,<br />

é uma<br />

adaptação<br />

de imagem original<br />

com aplicação de filtros de edição<br />

de imagens editada<br />

livremente por Laura Carreta.<br />

(leia-se SOUESP) decidiram, na década de 70, que<br />

essa festa seria sempre realizada no primeiro<br />

domingo anterior ou posterior a essa data,<br />

escolhendo-se a que estivesse mais próxima do<br />

dia 23 de abril. Posteriormente, passou-se a<br />

comemorar todos os Orixás cujas datas estivessem<br />

no meio da semana (como OGUM, OXOSSE ou<br />

IEMANJÁ) da mesma forma, ou seja, os festejos<br />

se iniciam no primeiro sábado anterior à data e<br />

terminam no primeiro domingo posterior a essa<br />

mesma data.<br />

Assim sendo, a semana de OGUM deveria<br />

começar no dia 16 de abril de 2.0<strong>11</strong> e terminaria<br />

no dia 24 de abril de 2.0<strong>11</strong> (dia mais concorrido).<br />

Só que este ano esse calendário terá que ser<br />

alterado por que o Carnaval será na segunda<br />

semana de março (do dia 05 de março até 08 de<br />

março de 2.0<strong>11</strong>); Dia 09 de março<br />

será a quarta-feira de Cinzas e se<br />

inicia a Quaresma que só terminará<br />

dia 17 de abril; Três dias depois<br />

teremos a Quinta-feira Santa<br />

(também feriado por que se<br />

comemora o dia de Tiradentes); Dia<br />

22 de abril, é também feriado, pois<br />

será Sexta-Feira da Paixão; O dia<br />

23 de abril (Dia de OGUM) será<br />

sábado de Aleluia; No dia 24 de abril<br />

será Páscoa, festividade voltada para<br />

a família.<br />

Veja os calendários:<br />

• 05, 06, 07, 08/03 - CARNAVAL;<br />

• 09/03 - até 17/04 -QUARESMA;<br />

• 21/04 - TIRANDENTES;<br />

• 22/04 - SEXTA-FEIRA SANTA;<br />

• 23/04 - DIA DE OGUM<br />

• 24/04 - PÁSCOA<br />

festejos em homenagem a OGUM para o final<br />

de semana de 30 de abril (sábado) e 01 de maio<br />

de 2.0<strong>11</strong> (Dia do Trabalho), quando estaremos<br />

esperando no SANTUÁRIO por toda a família<br />

umbandista.<br />

Contamos com a compreensão de todos e<br />

aguardamos toda a comunidade para festejarmos<br />

OGUM.<br />

Pai Ronaldo Linares – irmão-presidente da<br />

FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE “ABC”,<br />

mantenedora do SANTUÁRIO NACIONAL DA<br />

UMBANDA<br />

ADRIANO<br />

CAMARGO<br />

O<br />

s hábitos vão nos moldando no<br />

tempo. Nós os desenvolvemos<br />

de forma que nem sempre conseguimos<br />

decifrar quando começaram,<br />

ou como surgiram, a partir de que os<br />

adquirimos.<br />

Você conhece sete ervas? Sabe tomar<br />

banho de ervas e tem usado sempre<br />

o numero sete para seus preparos?<br />

Claro que sim. Mas, porque? Como começamos<br />

usa-las e nesse número?<br />

Quando você pensa em erva para<br />

banho qual a que pensa primeiro? E se<br />

tiver que fazer uma defumação, qual<br />

vem logo à memória?<br />

Pois é. Desconstruir esse significado<br />

é difícil, pois nem sabemos como ele foi<br />

desenhado pela primeira vez.<br />

Fato é que as sete ervas, nesse número mítico,<br />

tem efeito sim se considerado o seu campo de<br />

ação e a pluralidade do seu efeito, buscando<br />

fatores em cada um dos sete campos elementais e<br />

em cada um dos sentidos divinos. Diga os campos<br />

de Magia Divina aberto ao plano material, que se<br />

servem do numero sete para associar os campos<br />

de manifestação do nosso Divino Criador, tanto<br />

em essência como em elementos.<br />

É importante que tenhamos ervas sempre à<br />

nossa mão, mas acostumamos com determinados<br />

banhos e demoramos para usarmos algo diferente.<br />

Os banhos de limpeza estão na ponta da<br />

língua: arruda, guiné, casca de alho, etc...<br />

Já tentou tomar banho com algo que esteja<br />

em seu jardim? Nessa época de chuvas fartas,<br />

nossos jardins, vasos, praças publicas, parques<br />

estão repletos de diversas ervas fantásticas para<br />

o uso ritualístico. Se você procurar, tenho certeza<br />

que vai encontrar perto da sua casa algum lugar<br />

onde pode colher ervas frescas. O que é mato<br />

para alguns, são ervas para nós outros.<br />

Florindo nessa época temos a quaresmeira,<br />

uma bela árvore cujas folhas e flores são excelentes<br />

para limpeza astral.<br />

Na ornamentação da cidade encontramos o<br />

peregun roxo (dracena), o urucum, a aroeira e a<br />

aroeirinha branca. Nas praças encontramos a<br />

tiririca e o quebra pedra. Em terrenos baldios há<br />

mamonas e erva de bicho.<br />

Uma dica, antes de usar para banhos, selecione<br />

visualmente e lave essas ervas e coloqueas<br />

de molho num balde com de 2 a 3 litros de água<br />

com 5 gotas de água sanitária (cândida) e deixe<br />

por 10 minutos para higienizar. Em seguida<br />

enxágüe e pode usá-las nos banhos, ou preparar<br />

para secagem.<br />

Encontramos também muitas ervas equilibradoras<br />

por aí. Muitas frutíferas e ornamentais como<br />

a amoreira, o sabugueiro, a maria pretinha, trapoerabas<br />

diversas, flores de cor clara, etc.<br />

Como disse, se você procurar vai achar muitas<br />

coisas interessantes. Olhe na sua geladeira também.<br />

Se encontrar miolo de alface, folhas de beterraba<br />

e cenoura, casca de alho e cebola, tenha<br />

certeza que tem ervas para uso ritualístico em<br />

casa, e nem desconfiava disso.<br />

Podemos nos servir do que a natureza pode<br />

nos oferecer, com critério e bom senso. Cuidado<br />

para não usar ervas tóxicas. Na dúvida não use o<br />

que não conhece.<br />

Em algumas regiões de São Paulo, as concessionárias<br />

de energia elétrica (Eletropaulo por<br />

exemplo) tem terrenos embaixo das torres de<br />

transmissão onde são locados para plantio de<br />

hortas. Normalmente, junto a uma horta você vai<br />

encontrar manjericão, alecrim, louro.<br />

Muito temperos também podem ser usados<br />

para banhos, como citei acima.<br />

Se você precisar de um bom banho de limpeza<br />

imediata, e não tiver nada à mão, coloque 1/3 de<br />

um copo de vinagre tinto em dois litros de água do<br />

próprio chuveiro, consagre, tome seu banho da<br />

cabeça aos pés e veja o resultado.<br />

Pode consagrar seu banho de forma simples.<br />

Após o banho normal, encha o recipiente (imagine<br />

aquele pote de dois litros de sorvete, vazio, que<br />

normalmente não serve para nada) já com o<br />

vinagre, com água do próprio chuveiro.<br />

Levante-o a cima da cabeça, eleve seu<br />

pensamento ao Pai Criador, Mãe Natureza, força<br />

viva das ervas, sagrado espírito vegetal, nossos<br />

Pais e Mães Orixás, pedindo que abençoem esse<br />

banho e ele seja força curadora do seu espírito,<br />

limpando de todas as mazelas espirituais e<br />

materiais, anulando todas as cargas negativas e<br />

curando todos os eventuais espíritos sofredores<br />

ou obsessores que estiverem alojados no seu<br />

campo astral. Derrame esse banho no alto da<br />

cabeça e por todo o corpo em círculos.<br />

Respire profundamente algumas vezes, se<br />

preferir use o numero sete mais uma vez. Sete<br />

respirações profundas mentalizando a ação<br />

desejada.<br />

AÍ VEM A PERGUNTA:<br />

Quais e quantas ervas eu posso usar?<br />

Tem que ser número ímpar?<br />

Use os critérios de ervas quentes e mornas<br />

que tanto falamos aqui nesse espaço. Use as<br />

ervas que tem à mão. Use a intuição principalmente,<br />

mas não deixe que sua mente te engane,<br />

criando dogmas inúteis, achando que o numero<br />

de ervas é mais importante do que a iniciativa de<br />

tomar um banho de ervas.<br />

Aprenda a respeito, mas não ache que pode<br />

fazer um preparo ritualístico somente se tiver<br />

conhecimento profundo do assunto. Você é livre,<br />

então liberte-se dos dogmas e sinta-se<br />

verdadeiramente livre.<br />

Pra não perder o costume, recomendo um bom<br />

banho e defumação com o caráter libertador, para<br />

nos colocar em vibração adequada aos novos<br />

conhecimentos, e a toda orientação que nossos<br />

amados guias e protetores nos intuem a cada<br />

instante: cipó prata, cipó caboclo, cipó cravo,<br />

alfavaca, folhas de cana, folhas de mamona. É<br />

isso mesmo, seis ervas num banho. Experimentem<br />

e vejam o resultado. Foquem na ação libertadora<br />

do preparo e não no numero das ervas.<br />

Sucesso, saúde e muita energia libertadora a<br />

todos.<br />

Adriano Camargo - Erveiro da Jurema<br />

www.erveiro.com.br / www.erveiro.blogspot.com.br


Página -16 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - FEVEREIRO/20<strong>11</strong>

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