SOBRE ALMAS E PILHAS - VERSÃO DIGITAL - Revista Engenharia
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Sobre Almas e Pilhas<br />
Mas esta não foi a última vez que o Correio “mostrou serviço” para<br />
mim. No final de 1989 eu o usei como um escudo contra a minha timidez.<br />
Com medo de ouvir um não a um convite para sair, enviei um cartão de fim<br />
de ano, apócrifo, para a “vítima”. No texto, manuscrito, além de desejar-lhe<br />
boas-festas, sugeri que gostaria de sair com ela, mas só se descobrisse quem<br />
eu era. A fórmula era simples: se ela ligasse para mim, dissesse a frase<br />
indicada e eu respondesse com outra, ambas sem maiores conseqüências, isso<br />
significaria um “sim” ao convite. Caso contrário, eu não tocaria mais no<br />
assunto.<br />
Convite semiplatônico... Timidez quase patológica!<br />
Para minha surpresa, no dia 31 de dezembro o telefone de casa tocou...<br />
Minha irmã, em tom malicioso, avisou que era uma ligação para mim.<br />
Cheio de expectativa e meio desnorteado, ouvi sua voz retribuir os<br />
votos, mas sem dizer a frase-código! Só faltou o “seu tolinho” quando ela<br />
disse que havia reconhecido minha caligrafia, comparando com outros textos<br />
que havia lido, no escritório. Esqueci de dizer que ela trabalhava comigo.<br />
Saímos a primeira vez, a segunda, a terceira... Pois é... Coloquei a<br />
timidez num SEDEX e despachei para a Cucamonga. Já meu coração:<br />
entreguei a ela, em mãos! Estamos casados desde 1990.<br />
Outro dia, enquanto conversávamos sobre lembranças e planos, num<br />
dado momento ela parou e olhou para mim por alguns instantes, silenciosa,<br />
com um misto de carinho e reprovação. Eu já estava ficando preocupado.<br />
Parecia que ia levar uma palmada, quando ela pegou minha mão e me deu um<br />
terno beijo, para depois dizer:<br />
- Ah, se o Correio falhasse...<br />
Ainda bem que não falhou! Valeu, Sr. Carteiro!<br />
Adilson Luiz Gonçalves 39