Obra Completa
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REDÁÇÃO E ADMINISTRAÇÃO<br />
PROVISORIA<br />
Rua Sei da, J3 caldeira, 11,<br />
COIMBRA — PORTUGAL<br />
A' tort et á travers<br />
- Após um editorial d 'A Capital com<br />
o competente e imprescindível comentário<br />
do Mundo, surge o artigo do<br />
Século de 30 de agosto que motiva o<br />
presente.<br />
Ainda hoje não adquirimos a certêsa<br />
da sua autoria. No entanto —<br />
para que'negal-o? — logo após a sua<br />
leitura, dos nossos lábios um nome<br />
surjiu e foi como que postar-se sob<br />
aquelas linhas cuja epigrafe Os sindicalistas<br />
modaram a sua tatica, tanto<br />
•s ies» «-tára a car ;d?.1e. Parecia~nó$><br />
qa< esse nome, o mesmo que<br />
áté ali desconhecido no nosso<br />
raoió, 80*a$signaUva com a publicação<br />
duris aâifos sobre sindicalismo e!<br />
áuarirgaátáms8.^^gm são demagogos<br />
que é necèssâr»o' expa^gir?<br />
E lá divisámos np ultimas orações<br />
do período, a resposta que segue:<br />
«Ha também a contar com os elementos<br />
exaltados que pregam á In t<br />
et á travers a revolução social, sem<br />
atenderem aos condicionalismos históricos.<br />
»<br />
Foi pelo emprego, corrente no seu<br />
autor, da frase elementos exaltados que<br />
nós obtivémo3 o percebimento da<br />
autoria do artigo do Século. Compreendemos<br />
perfeitamente o bole. E,<br />
francamente, não se poderá dizer com<br />
verdade que o autor não seja, nesta j<br />
arte de esgrimir a pena, um espada-;<br />
chim de mérito. Compreendemos que !<br />
mais uma vez visava os anarquistas j<br />
que, coherentes com resoluções de ha j<br />
muito adoptadas e retificadas no con- j<br />
gresso realisado em Paris no meado<br />
do passado mez, entram nos sindicatos<br />
a semear os sentimentos revolucionários<br />
tam necessários á lula cada<br />
vez mais gigantea travada contra a<br />
opressão capitalista, a propugnar a<br />
idéia da gréve geral expropriadora.<br />
São esses que pregam á tort et à<br />
travers (é um pavôr!) a revolução social<br />
; são esses por consequência os<br />
elementos que é necessário expungirl..<br />
.<br />
Eis o que inferimos. Se estes não<br />
são, que nos diga o articulista quem e<br />
quaes são. Gostosamente receberíamos<br />
a aclaração, como também muito<br />
gratos lhe ficaríamos se nos explicasse<br />
no que cahiría o sindicalismo<br />
revolucionário expungido, como o autorisado<br />
representante o deseja, do<br />
elemento revolucionário.<br />
Poderá negar que são esses elementos<br />
que agitando constantemente<br />
a dentro dos sindicatos o problema<br />
vital da integra emancipação humana<br />
criam o ambiente revolucionário tam<br />
necessário na lula permanentemente<br />
sustentada contra os delegados do<br />
Capital ?<br />
PROPRIEDADE DA FEDERAÇÃO ANARQUISTA<br />
Dirétor e administrador — AOGOSTO QUINTAS<br />
Seria isso o mal, as fezes que infiltrando-se<br />
nas suas idéias lhe toldaram<br />
acrislalidade? Se foi,—permitido<br />
nos seja o paradoxo—bem haja o mal.<br />
E se acaso foram as ultimas resoluções<br />
da Confederação Geral do Trabalho<br />
que o fez pensar em expungir,<br />
ou talvez melhor, expurgar o seu sindicalismo<br />
dos elementos demasiadamente<br />
(!) revolucionários que adentro<br />
dos sindicatos semeiam a idéia da<br />
gréve geral, quasi posta de parte pela<br />
franceza rètificação de tiro, permitamos<br />
dizer-lhe o que sofre gréve geral<br />
disse Griffuelhes em « A Ação Sindicalista.<br />
»<br />
Mas porque è que os belgas e os suecos,<br />
que nunca se declararam, seus partidários,<br />
estão resolvidos a recorrer á<br />
gréve gerai 7 Sem duvida, porque reconhecem<br />
que ela constitua fc.* bom meio<br />
de ação l Seria pois rematada tolice<br />
pertender impedir que os anarquistas<br />
adentro dos sindicatos a^vi eassem a<br />
gréve geral, tanto mais (j^e eia foi<br />
reconhecida como nm bom rácio de<br />
O que é pois isso quo aí está<br />
« elementos exaltados qa€ pregam ú<br />
tort et á travers a revolaç&b social » f<br />
Nada 1... ou simplesmeule a con-<br />
tinuação do fraseado estupidamente<br />
sectário e agressivo usado em dois ce<br />
lebres artigos d 'O Sindicalista.<br />
Ha depois uma tirada sobre tálica<br />
parlamentar onde se diz:<br />
« Quantos deputados podíamos nós<br />
eleger? Um? Dois? O que é que nós<br />
alcançaríamos com uma tal representação<br />
?<br />
... tirada que muito gosto tínhamos<br />
em analisar se o espaço nos não<br />
faltasse tanto. Deixa-se ali uma acentuação<br />
tal que ficamos a perguntar se<br />
o que se condena é o Parlamento,<br />
maquina infernal geradora de todos<br />
os grilhões que nos acorrentam, nos<br />
manteem enleados á escravidão e nos<br />
conservam sem podermos dizer algo,<br />
sem podermos escrever uma linha,<br />
sem poder enfim dar um passo, ensaiar<br />
um gésto, que as leis brutaes<br />
saídas dali nos não afoguem a liberdade<br />
de ação; ou se apenas se considera<br />
esletil a tática parlamentar, pelo<br />
facto da força se encontrar insuficientemente<br />
expressa na miniatura ridícula<br />
de um deputado, dando margem a que<br />
se pergunte se a aceitariam no caso<br />
dessa força se encontrar forte e suficientemente<br />
representada.<br />
Mas... não percamos tempo que<br />
ainda falta o melhor... do peor.<br />
Eil-o:<br />
« Se é, porem, o anarquismo demagogico,<br />
individualista e insurrecionalista,<br />
forjando atentados e complots,<br />
de que muitos egoístas se reclamam,<br />
declaro-lhe redondamente que nenhum<br />
militante consciente o advoga.<br />
De resto, estes elementos estão cada<br />
vez mais desacreditados. No recente<br />
congresso anarquista de Paris deu-se<br />
a cisão radical.»<br />
Se o articulista nos não trouxesse<br />
á téla da discussão com a frase os<br />
que pregam a revolução social sem<br />
atender aos condicionalismos historias,<br />
não nos preocuparíamos em tentar desemmaranhar<br />
a embrulhada que está<br />
aí nesse período do seu artigo-entrevista.<br />
Deixaríamos esse trabalho aos<br />
raríssimos anarquistas que em Portugal<br />
seguem a escola individualista.<br />
Podia ser que alguém aparecesse a<br />
levantar a luva, se importancia ligasse<br />
ao assunto.<br />
Mas nós que estamos aqui tentando<br />
aclarar embrulhadas, lançamo-nos a<br />
este trabalho. E se soubermos ler n^s<br />
entrelinhas tiraremos deste período<br />
a ilação que segue: Não sendo ao<br />
anarquismo individualista que o autor<br />
do artigo denomina demagogico, pois<br />
que ele não colaborando nos sindi-<br />
P r e ç o 1 ce:aíavo A<br />
Editor —José d'Azevedo<br />
— CISA MINERVA—Cotatra<br />
catos não pode ter sido -- ,usr.c,<br />
(muitíssimo bem achada!) infiltração<br />
demagógica, verifica-se (|ue aquele<br />
individu lista ali foi colccado para<br />
evitar que lhe pedissem m responsa<br />
bilidades pelo seguimento da sua expurgatoria<br />
vérborreia.<br />
Compreendemos que não sendo conhecida<br />
nem sendo nome-da em Portugal<br />
a escola individualista a nussa<br />
ignara facilmente aceitarí a sua reacionaria<br />
frase, « anarquismo demag. -<br />
gico e insurrecionalista, foc ando -tentados<br />
e complots... não tardando<br />
que ela comece a nossa lapidação,<br />
atirada que foi pela mão do articulista,<br />
a primeira pedra.<br />
Para clarificação das ideias começou<br />
bem não haja duvida...<br />
Infamia Demoeratica<br />
ti-rsmra<br />
Apesar dos protestos dos homens iívres<br />
e da imprensa que se não curva<br />
perante a prepotencía do governo, este<br />
continua a manter presos operários honrados.<br />
chefes de família exemplarissimos<br />
só porque albergam em seus cerebros<br />
princípios de Justiça e de Liberdade.<br />
Em face da Constituição politica do<br />
paiz, é um crime o que o governo está<br />
pralicando. Passa de 4 mezes que um<br />
punhado de homens estão presos sem<br />
que lhe tenham qualificado qual a qualidade<br />
do crime. Umas vezes dizem lhe<br />
que são vadios; provasse-lhe o contrario,<br />
passam a ser instigadores do atentado<br />
de 10 de Junho; como isto ainda não<br />
péga, incriminam os agora perturbadores<br />
da ordem, instigadores á guerra<br />
civil e inimigos da Republica. E nem<br />
mesmo assim vai, porque todos sabem<br />
ser refalsada mentira todos esses palões<br />
inventados para conservarem presos os<br />
nossos queridos camaradas de luta.<br />
O que chega a tocar as raias da desfaçatez<br />
e do cinismo é vêr como estes<br />
homens que ha tres anos prégavam ainda<br />
a guerra ás instituições politicas do paiz,<br />
aconselhando o povo a não pagar impostos<br />
e a resistir á força publica, glorificando<br />
a bomba de dinamite, hoj8 lançarem<br />
para os nossos hombros a carga de<br />
que só eles têem a responsabilidade.<br />
Hoje a bomba é uma arma infame,<br />
portanto quem foram os indivíduos que<br />
na monarquia as fabricaram ?<br />
0 João Borges, o José do Vale e muitos<br />
outros de quem lhe não queremos<br />
mencionar os nomes e que as fizeram<br />
com o dinheiro dos republicanos! Como<br />
se atrevem pois em dizer que são os<br />
anarquistas e sindicalistas os seus autores<br />
?<br />
Tudo isto sérve para que o povo se<br />
convença de que raça são os taes políticos<br />
; quando em lula com a monarquia<br />
aceitavam, e aconselhavam à rebelião, a<br />
resistencia á policia e até pagavam o fabrico<br />
da bomba para agora justamente<br />
quererem passar por pessoas honêstas e<br />
ordeiras, quando foram eles que fomentaram<br />
todo o mal estar que presenciamos,<br />
Nunca os anarquistas praticaram atentados<br />
como a carbonaria para chegar ao<br />
seu fim almejado; portanto senhores do<br />
oiilr<br />
governo atendei ao vos. o pissado e teíieti<br />
que parte dos íac.os ".m sç lêem<br />
dado são o reflexo da *os?.. obra', fazei<br />
justiça apurando respoes Mlijaaes, que<br />
já tiveslbis teuipo para isso, : pondo contra os princt. ios que esses<br />
homens defendem. E. é ;ontra «ssa<br />
perseguição infamante e miserável que<br />
se revolta todo o homem insto e iad-spendente;<br />
indo jà pelo mundo além o<br />
protesto como ondas revoltas que. hão<br />
fazer sossobrar a desconjuntada aau do<br />
Estado.<br />
O governo tem é certo gt to imeaso<br />
dinheiro para fazer por intermedio dos<br />
seus delegados com que a imprensa estrangeira<br />
defenda os seus sbuzos e os<br />
seus crimes, mas essa impreisa é ;omo<br />
a de cá que só faz Justiça ? tauto por<br />
linha.<br />
Em compensação a impreisa independente<br />
e a operaria que em toda a parle<br />
do mundo já faz ecoar o giito de protesto<br />
contra a tirania republicar)<br />
Veja-se o cinismo com que O Século<br />
publica o elogio dum ou outro jornal da<br />
sua igualha, pelo seu artigo contra os<br />
operários que sem quererei, instrumentos<br />
dos monárquicos.<br />
Farçantes 1<br />
Como se o povo que sabe lêr, cio<br />
conheça os trues destes cfga ios da imprensa<br />
!<br />
Fadistas de navalha de ponta & mola,<br />
que nesses papeis imundos esfaqueiam a<br />
reputação alheia só porque lfces paguem<br />
essas infamias, sem repulsão fcor tão ínfimo<br />
rebaixamento moral.<br />
Jornalistas assalariados, qua peor de<br />
que as Messalinas, vendem a pêr a, deixando<br />
S3m protesto toda esta porcaria<br />
que sentetisa a politica nacional.<br />
A imprensa extrangeira couticua a<br />
ocupar-se dos acontecimentos em Portugal:<br />
La Tierra folha libertaria de Cuba,<br />
publica um extenso artigo so! e a tirani '<br />
entre nós, artigo do qual traiscre emos<br />
os seguintes períodos:<br />
« PóJeporém continuar est. fi$;>jir.a da<br />
terror, em Portugal, ontí: os - nos ea-