Estudos para o desenvolvimento do mercado de capitais
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Índice<br />
Resumo Executivo 5<br />
Negociações internacionais em serviços financeiros 13<br />
1. Experiência internacional 13<br />
1.1. Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações (Bolsas <strong>de</strong> Valores) 13<br />
1.2. Sistema <strong>de</strong> pagamento, liquidação e custódia 15<br />
1.3. Regulamentação 17<br />
1.4. Conclusão 20<br />
2. Diagnóstico <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações brasileiro à luz da experiência internacional 21<br />
2.1. Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário brasileiro nos anos 90: expansão e <strong>de</strong>clínio 21<br />
2.2. Balanço com<strong>para</strong>tivo com outros países 28<br />
2.3. A poupança institucionalizada no Brasil 36<br />
2.4. Conclusão 40<br />
3. Avaliação da situação das corretoras brasileiras 41<br />
3.1 Panorama atual das corretoras brasileiras 41<br />
3.2. Perspectivas 44<br />
4. Balanço da situação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia <strong>de</strong> ações 45<br />
5. O Brasil diante das negociações internacionais <strong>de</strong> serviços 54<br />
5.1. O Acor<strong>do</strong> Geral sobre Comércio <strong>de</strong> Serviços na OMC 54<br />
5.2. O Merca<strong>do</strong> Comum <strong>do</strong> Cone Sul 59<br />
5.3. O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> negociação na Área <strong>de</strong> Livre-Comércio das Américas 60<br />
5.4. Conclusão 63<br />
6. O <strong>de</strong>sequilíbrio externo brasileiro e a inserção financeira externa 64<br />
6.1. Situação <strong>do</strong> Balanço <strong>de</strong> Pagamento <strong>do</strong> Brasil e seu financiamento<br />
6.2. Avaliação da presença <strong>de</strong> capital estrangeiro no sistema financeiro brasileiro e a<br />
64<br />
mobilida<strong>de</strong> da poupança financeira 65<br />
6.2.1. A presença <strong>do</strong>s bancos no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico 65<br />
6.2.2. A presença <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r estrangeiro mediante aplicação em fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento 69<br />
6.2.3. A mobilida<strong>de</strong> da poupança financeira <strong>do</strong>méstica 70<br />
6.3. Conclusão 73<br />
7. Perspectivas e elementos gerais <strong>para</strong> um posicionamento <strong>do</strong> Brasil na área <strong>de</strong> serviços financeiros 74<br />
7.1. A <strong>de</strong>manda e a oferta brasileira por abertura financeira 74<br />
7.2. Perspectivas macroeconômicas <strong>para</strong> o Brasil 75<br />
8. Conclusões 77<br />
9. Referências Bibliográficas 86<br />
Anexo Estatístico 89<br />
Anexo I – Lista <strong>de</strong> Oferta <strong>do</strong> Brasil em Serviços Financeiros GATS/OMC (1999) 103<br />
Anexo II – Listas <strong>de</strong> Demandas na Nova Rodada <strong>de</strong> Negociações no GATS/OMC (01/07/2002) 109<br />
Anexo III – Proposta Brasileira sobre Modalida<strong>de</strong>s e Procedimentos Negocia<strong>do</strong>res na Alca 110<br />
Anexo IV – Resumo Público da Posição <strong>do</strong>s EUA no Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços na Alca 112<br />
Índice <strong>de</strong> Tabela<br />
Tabela 1– Merca<strong>do</strong> Primário <strong>de</strong> Valores Mobiliários (número <strong>de</strong> emissões) 23<br />
Tabela 2 – Merca<strong>do</strong> Primário <strong>de</strong> Valores Mobiliários (valor emiti<strong>do</strong>) 23<br />
Tabela 3 –Volumes Médios Mensais <strong>de</strong> Ações Negociadas no Brasil e nos EUA 26<br />
Tabela 4 – Importância <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ações na Economia Nacional 28<br />
Tabela 5 – Número <strong>de</strong> Companhias listadas (merca<strong>do</strong> principal e <strong>para</strong>lelo) 29<br />
Tabela 6 – Volume <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ações (merca<strong>do</strong> principal e <strong>para</strong>lelo) 30<br />
Tabela 7 – Negociação <strong>de</strong> ADRs na New York Stock Exchange (NYSE) por país 30<br />
Tabela 8 – Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Circulação <strong>de</strong> Ações <strong>de</strong> Companhias Domésticas (Turnover) 31<br />
Tabela 9 – Concentração <strong>de</strong> 5% das Empresas mais Capitalizadas e mais Negociadas 32<br />
Tabela 10 – Montante Bruto <strong>de</strong> Capital Novo Levanta<strong>do</strong> por Companhias Domésticas 33<br />
Tabela 11 – Emissões Primárias no Brasil (1980-1998) 33<br />
Tabela 12 – Capitalização <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ações <strong>de</strong> Companhias Domésticas (merca<strong>do</strong> principal e <strong>para</strong>lelo) 34<br />
Tabela 13 – Volume Total Negocia<strong>do</strong> (Companhias Domésticas e Estrangeiras, inclusive Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento) 34<br />
(US$ bilhões)
Tabela 14 – Número <strong>de</strong> Companhias com Ações Negociadas em Novos Merca<strong>do</strong>s 35<br />
Tabela 15 – Custo <strong>de</strong> Transação (Elkins/McSherry Global Universe) 36<br />
Tabela 16 – Valor Total das Carteiras <strong>de</strong> Investimentos <strong>do</strong>s Investi<strong>do</strong>res Institucionais 37<br />
Tabela 17 – Carteira Consolidada das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar, por tipo <strong>de</strong> Aplicação 38<br />
Tabela 18 – Ranking Global <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Recursos <strong>de</strong> Terceiros (por ativos) 39<br />
Tabela 19 – Principais Investi<strong>do</strong>res na Bovespa 41<br />
Tabela 20 – As Dez Maiores Corretoras em Operação no Brasil 42<br />
Tabela 21 – Principais Custodiantes <strong>de</strong> Ações (Anexo IV – Investi<strong>do</strong>res Estrangeiros) 48<br />
Tabela 22 – Ranking <strong>de</strong> Custódia <strong>de</strong> Títulos e Valores Mobiliários (por instituição custodiante) 49<br />
Tabela 23 – Contas Externas <strong>do</strong> Brasil 65<br />
Tabela 24 – Presença <strong>de</strong> Bancos Estrangeiros no País 66<br />
Tabela 25 – Participação Estrangeira em Instituições Financeiras no País (Capital Votante) 66<br />
Tabela 26 – Participação das Instituições nos Ativos da Área Bancária 67<br />
Tabela 27 – Participação das Instituições nos Depósitos da Área Bancária 68<br />
Tabela 28 – Participação das Instituições nas Operações <strong>de</strong> Crédito da Área Bancária 68<br />
Tabela 29 – Participação <strong>do</strong>s Bancos na Captação Externa na Área Bancária 68<br />
Tabela 30 – Investimentos Externos no País – Investi<strong>do</strong>res Não Resi<strong>de</strong>ntes 69<br />
Tabela 31 – Composição das Carteiras <strong>de</strong> Valores Mobiliários <strong>do</strong>s Investi<strong>do</strong>res Não Resi<strong>de</strong>ntes 70<br />
Tabela 32 – Investimentos Brasileiros no Exterior 72<br />
Tabela 33 – Possíveis Cenários <strong>para</strong> as Contas Externas <strong>do</strong> Brasil 76<br />
Tabela 34 – Programa Depository Receipts <strong>de</strong> empresas brasileiras 89<br />
Tabela 35 – Programa Brazilian Depositary Receipts (Companhias Abertas Estrangeiras) 91<br />
Tabela 36 – Carteira Consolidada das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar, por tipo <strong>de</strong> Aplicação 91<br />
Tabela 37 – Provisões Técnicas das Empresas <strong>de</strong> Seguro, Capitalização e Entida<strong>de</strong>s Abertas <strong>de</strong><br />
Previdência Complementar 91<br />
Tabela 38 – Distribuição <strong>do</strong>s Ativos Garanti<strong>do</strong>res das Provisões Técnicas das Empresas <strong>de</strong> Seguro,<br />
Entida<strong>de</strong>s Abertas <strong>de</strong> Previdência Complementar e Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Capitalização 92<br />
Tabela 39 – Ranking Global <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Recursos <strong>de</strong> Terceiros (por investi<strong>do</strong>r) (a) 93<br />
Tabela 40 – Rentabilida<strong>de</strong> das principais corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes 94<br />
Tabela 41 – Contas Externas <strong>do</strong> Brasil 95<br />
Tabela 42 – Grupos Estrangeiros no Sistema Financeiro Nacional – Filiais e Controle (a) e (b) 96<br />
Tabela 43– Investimentos Brasileiros no Exterior (principais países receptores) 101<br />
Tabela 44 – Relação <strong>do</strong>s Bancos Brasileiros com Dependências e/ou Participações no Exterior 101<br />
Índice <strong>de</strong> Gráficos<br />
Gráfico 1 – Custo <strong>de</strong> Liquidação e Custódia na Europa 17<br />
Gráfico 2 – Número <strong>de</strong> Empresas Listadas na Bovespa 22<br />
Gráfico 3 – Número <strong>de</strong> Empresas <strong>de</strong> Capital Aberto 22<br />
Gráfico 4 – Evolução <strong>do</strong> Número <strong>de</strong> Ações Negociadas no Brasil e nos EUA 25<br />
Gráfico 5 – Participação Relativa <strong>do</strong> Número <strong>de</strong> Ações Negociadas no Brasil e Nos EUA 26<br />
Gráfico 6 – Ativos das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar/PIB 38<br />
Gráfico 7 – Nível Médio <strong>de</strong> “Devolução <strong>de</strong> Corretagem” 43<br />
Gráfico 8 – Número Médio Diário <strong>de</strong> Negócios Liquida<strong>do</strong>s – CBLC 50<br />
Gráfico 9 – Valor Médio Diário <strong>de</strong> Negócios Liquida<strong>do</strong>s pela CBLC 50<br />
Gráfico 10 – Quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ações Depositadas na CBLC (em bilhões) 41<br />
Gráfico 11 – Valor das Ações Depositadas na CBLC (R$ milhões/<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001) 51<br />
Gráfico 12 – Participação <strong>do</strong>s Investi<strong>do</strong>res na Custódia <strong>de</strong> Ações – CBLC – Abril/2002 52<br />
Gráfico 13 – Número <strong>de</strong> Ações Custodiadas na CBLC no Programa <strong>de</strong> ADRs 52<br />
Gráfico 14 – Patrimônio Líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento (em R$ e US$ 92<br />
Gráfico 15 – Evolução <strong>do</strong> Número <strong>de</strong> Administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Recursos 93<br />
Gráfico 16 – Participação das 10 Maiores Administra<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> Recursos no Total 93<br />
Gráfico 17 – Número <strong>de</strong> Investi<strong>do</strong>res com Negociações On Line nos EUA 94<br />
Gráfico 18 – Participação <strong>do</strong> Capital Estrangeiro no Prêmio Total <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> Segura<strong>do</strong>r 95<br />
Índice <strong>de</strong> Quadros<br />
Quadro 1 – Sistemas <strong>de</strong> Negociação e Liquidação nos Principais Países Desenvolvi<strong>do</strong>s 16<br />
Quadro 2 – Legislação sobre Investimentos Brasileiros no Exterior 98<br />
Quadro 3 – Cronograma Oficial das Reuniões <strong>do</strong> Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços na Alca 111
Resumo Executivo<br />
1. Globalização financeira<br />
A forma da expansão e integração <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações em âmbito internacional nos<br />
anos 90 revelou que a globalização <strong>de</strong>ste segmento não ocorreu na direção <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong><br />
único. Na realida<strong>de</strong>, aconteceu um intenso processo <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> alguns importantes merca<strong>do</strong>s<br />
locais e <strong>de</strong> crescente integração entre eles. Essa fase <strong>de</strong> intensa expansão teve um impulso<br />
inicial com as privatizações <strong>de</strong> alguns importantes serviços públicos na Europa, mas<br />
ancorou-se, posteriormente, em um amplo ciclo <strong>de</strong> crescimento <strong>do</strong>s investimentos e sua<br />
internacionalização, via aquisições e fusões.<br />
Os principais agentes envolvi<strong>do</strong>s nesse processo foram as gran<strong>de</strong>s empresas e/ou empresas<br />
na fronteira <strong>do</strong> <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> tecnológico (telecomunicações, informática, biotecnologia,<br />
farmaco-química etc.), que expandiram seus investimentos e, conseqüentemente, <strong>de</strong>mandaram<br />
gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> capital. Na área financeira, por sua vez, os gran<strong>de</strong>s bancos múltiplos,<br />
com forte especialização em carteira <strong>de</strong> investimentos, operavam nas duas pontas. De um<br />
la<strong>do</strong>, atuavam como intermediários entre os investi<strong>do</strong>res e as bolsas, concentran<strong>do</strong> um crescente<br />
volume da negociação das ações e reforçavam suas posições como negocia<strong>do</strong>res, com<br />
pesquisas permanentes sobre as empresas e fornecimento <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>para</strong> os investi<strong>do</strong>res.<br />
De outro la<strong>do</strong>, assessoravam os emissores das ações, fazem a subscrição <strong>de</strong> ações<br />
(un<strong>de</strong>rwriting), a abertura <strong>de</strong> capital (Initial Public Offering – IPO) <strong>de</strong> novas empresas, financian<strong>do</strong><br />
posições e promoven<strong>do</strong> fusões e aquisições.<br />
Esse movimento <strong>de</strong> expansão financeira foi potencializa<strong>do</strong> pelos avanços tecnológicos da<br />
informática e das telecomunicações, que permitiram o rápi<strong>do</strong> processamento <strong>de</strong> um volume<br />
imenso <strong>de</strong> informações, além <strong>de</strong> possibilitar a intercomunicabilida<strong>de</strong> entre os diferentes merca<strong>do</strong>s.<br />
Essa tecnologia, <strong>de</strong> fato, viabilizou a operação <strong>de</strong> maneira globalizada <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
acionário, ou seja, a negociação <strong>de</strong> ações em diferentes merca<strong>do</strong>s, por diversos agentes. Mas<br />
significou, também, eleva<strong>do</strong>s investimentos tecnológicos e a<strong>de</strong>quações <strong>do</strong>s procedimentos<br />
em toda a infra-estrutura <strong>de</strong> negociação – nos sistemas <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia<br />
– e nos back-offices <strong>do</strong>s vários participantes <strong>do</strong>s sistemas.<br />
Cabe <strong>de</strong>stacar, no entanto, que apesar <strong>de</strong>sse intenso movimento <strong>de</strong> internacionalização,<br />
na sua gran<strong>de</strong> maioria, o potencial <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações ainda está ancora<strong>do</strong>, em essência,<br />
no peso e na importância das ações negociadas das empresas locais. De acor<strong>do</strong> com os<br />
da<strong>do</strong>s divulga<strong>do</strong>s pela Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsa <strong>de</strong> Valores, mais <strong>de</strong> 90% <strong>do</strong> volume<br />
negocia<strong>do</strong> nos diferentes merca<strong>do</strong>s acionários provêm <strong>de</strong> empresas <strong>do</strong>mésticas, exceto<br />
no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Londres.<br />
Então, <strong>para</strong> participar ativamente <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> globalização financeira, é necessário<br />
ter um merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações local <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> e dinâmico, ancora<strong>do</strong> em gran<strong>de</strong>s empresas <strong>do</strong>mésticas<br />
e operan<strong>do</strong> em padrões <strong>do</strong>s principais merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. São esses padrões<br />
tecnológicos e <strong>de</strong> regulamentação que vão facilitar, agilizar e baratear tanto a listagem <strong>de</strong> em-<br />
5<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
presas estrangeiras no merca<strong>do</strong> local, como a simultânea negociação das ações locais em merca<strong>do</strong>s<br />
estrangeiros.<br />
2. Diagnóstico <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro <strong>de</strong> ações nos anos 90<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> apoio tecnológico e operacional, tu<strong>do</strong> indica que o merca<strong>do</strong> brasileiro<br />
não enfrentou maiores problemas <strong>para</strong> criar a infra-estrutura necessária. Com disponibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> recursos humanos e tecnológicos, e investimentos em infra-estrutura, foi relativamente<br />
fácil à Bovespa adaptar-se aos padrões operacionais mais avança<strong>do</strong>s em âmbito mundial. Nesse<br />
senti<strong>do</strong>, a própria Bovespa criou, a partir <strong>de</strong> 1998, a Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e<br />
Custódia (CBLC), que a<strong>do</strong>tou os padrões mais avança<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> compensação, liquidação<br />
e custódia. Todas as avaliações realizadas – por diferentes agentes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> – i<strong>de</strong>ntificam<br />
que os sistemas <strong>de</strong> negociação, liquidação e custódia <strong>de</strong> ações funcionam perfeitamente.<br />
Isto é, não apresentam maiores problemas ou riscos, pelo menos não insuperáveis <strong>do</strong> ponto<br />
<strong>de</strong> vista operacional.<br />
Quanto à regulamentação, a avaliação já não é tão positiva. A regulamentação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>capitais</strong> não foi priorida<strong>de</strong> na regulamentação <strong>do</strong> sistema financeiro brasileiro. Diante das<br />
dificulda<strong>de</strong>s <strong>para</strong> se alterar padrões consolida<strong>do</strong>s, via modificações na Lei das Socieda<strong>de</strong>s Anônimas,<br />
optou-se pela criação <strong>de</strong> um “Novo Merca<strong>do</strong>”, com novas regras <strong>de</strong> operação. Formouse,<br />
então, um merca<strong>do</strong> específico, regula<strong>do</strong> por contratos priva<strong>do</strong>s, com maior volume <strong>de</strong><br />
ações com direito a voto no merca<strong>do</strong> e maior proteção aos investi<strong>do</strong>res minoritários.<br />
De fato, não houve uma melhora na regulamentação das empresas listadas e <strong>do</strong> relacionamento<br />
entre a administração <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s e as tesourarias <strong>do</strong>s bancos. Entretanto, a introdução<br />
das regras <strong>do</strong> “Novo Merca<strong>do</strong>” está ten<strong>do</strong> um impacto positivo, pois as melhores empresas<br />
estão a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> seu padrão, migran<strong>do</strong> <strong>do</strong> velho <strong>para</strong> o “Novo Merca<strong>do</strong>”.<br />
As <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> regulamentação, por si só, não explicam o relativamente curto ciclo <strong>de</strong><br />
expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> acionário brasileiro nos anos 90. Ao contrário da experiência internacional,<br />
o movimento positivo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações no Brasil (1991-1998) não se baseou em<br />
um ciclo <strong>de</strong> expansão econômica e <strong>de</strong> investimentos, mas esteve essencialmente associa<strong>do</strong> ao<br />
processo <strong>de</strong> privatização <strong>de</strong> algumas importantes empresas públicas e à atração <strong>de</strong> <strong>capitais</strong><br />
estrangeiros com o programa <strong>de</strong> estabilização instituí<strong>do</strong> pelo Plano Real, que gerou um surto<br />
especulativo. Os limites <strong>de</strong>sse movimento apareceram tão logo ficaram evi<strong>de</strong>ntes as dificulda<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> sustentação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo cambial brasileiro, quan<strong>do</strong> a crise <strong>do</strong>s países asiáticos e, principalmente,<br />
a da Rússia afetaram as condições <strong>de</strong> financiamento externo da economia brasileira.<br />
Com a saída <strong>do</strong> capital estrangeiro <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações brasileiro e a nova etapa <strong>de</strong><br />
internacionalização das gran<strong>de</strong>s empresas brasileiras, mediante a colocação <strong>de</strong> ADRs, esse<br />
merca<strong>do</strong> per<strong>de</strong>u fôlego.<br />
Assim, se evi<strong>de</strong>ncia no caso brasileiro, que a dinâmica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações nos anos 90<br />
esteve <strong>de</strong>terminada basicamente por <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos da gestão macroeconômica levada a<br />
cabo no contexto <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> estabilização. Por um la<strong>do</strong>, <strong>para</strong> financiar um déficit crescente<br />
em conta corrente e reestruturar o setor público, o governo promoveu uma política <strong>de</strong><br />
atração <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> estrangeiros, seja via investimento direto – privatização <strong>de</strong> empresas e instituições<br />
financeiras públicas –, seja via fluxos <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>. Esses foram canaliza<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong><br />
<strong>para</strong> a Bovespa e explicaram gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> boom especulativo. Paralelamente, promoveu-se<br />
o financiamento externo das gran<strong>de</strong>s empresas locais. Foi nesse contexto, que elas começaram<br />
a lançar ADRs, que as qualificavam <strong>para</strong> captar recursos diretamente ou <strong>para</strong> obter melhores<br />
condições no lançamento <strong>de</strong> bônus e/ou commercial papers no exterior. Ou seja, a partir<br />
<strong>de</strong> uma crescente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiamento externo promoveu-se uma significativa<br />
integração <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> financeiro <strong>do</strong>méstico com os merca<strong>do</strong>s externos, viabilizan<strong>do</strong> uma<br />
6<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
gran<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> capital entre os <strong>do</strong>is merca<strong>do</strong>s.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, essa mesma política promoveu <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sequilíbrios na economia<br />
brasileira e que, <strong>de</strong> fato, constrangeram o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações local. Primeiro,<br />
o agravamento <strong>do</strong> déficit em transações correntes, diante <strong>de</strong> restrições no merca<strong>do</strong> financeiro<br />
internacional, impôs limites a uma trajetória <strong>de</strong> crescimento sustenta<strong>do</strong>. Cada vez que<br />
houve turbulências no cenário financeiro internacional, foi necessário conter o crescimento.<br />
Essa política <strong>de</strong> stop and go implicou baixas taxas <strong>de</strong> crescimento e, conseqüentemente, baixas<br />
taxas <strong>de</strong> investimento. Nesse contexto, a <strong>de</strong>manda por fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> longo prazo foi baixa e,<br />
assim, faltaram empresas que necessitassem abrir o capital e/ou lançar ações <strong>para</strong> investir, com<br />
perspectivas <strong>de</strong> lucros, o que daria soli<strong>de</strong>z à expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações brasileiro.<br />
O segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio macroeconômico importante que inibiu o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>de</strong> um sóli<strong>do</strong><br />
merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações local se encontra na área fiscal. A política <strong>de</strong> estabilização, baseada na sustentação <strong>de</strong><br />
uma taxa <strong>de</strong> juros interna muito elevada, fez a dívida pública interna crescer vertiginosamente. Com<br />
títulos públicos, que apresentam elevada liqui<strong>de</strong>z e remuneração, e menor risco <strong>do</strong> que o setor priva<strong>do</strong><br />
(dada a instabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>), os títulos <strong>de</strong> renda variável, como as ações, tiveram dificulda<strong>de</strong>s<br />
<strong>para</strong> competir. Em suma, o curto surto <strong>de</strong> expansão da Bovespa nos anos 90 foi coerente com as<br />
necessida<strong>de</strong>s e dificulda<strong>de</strong>s da política macroeconômica promovida nesse perío<strong>do</strong>. Questões operacionais<br />
po<strong>de</strong>m ser, na melhor das hipóteses, coadjuvantes marginais.<br />
O fato concreto é que esses <strong>do</strong>is importantes <strong>de</strong>sequilíbrios macroeconômicos continuam<br />
presentes. Sem a superação paulatina <strong>de</strong>ssas duas restrições, dificilmente haverá o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong><br />
sóli<strong>do</strong> <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> local, que faça com que se possa vislumbrar uma<br />
participação ativa <strong>do</strong>s agentes <strong>de</strong>ste merca<strong>do</strong> no cenário internacional. Pior, enquanto o risco<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização da moeda local for recorrente, dada a mobilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> capital, <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong><br />
poupança financeira po<strong>de</strong>m querer aplicar seus recursos em ativos no exterior, aumentan<strong>do</strong> o<br />
potencial <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> câmbio.<br />
Assim, é condição necessária que o país implemente uma estratégia <strong>de</strong> política econômica<br />
que comece a superar a restrição externa, trazen<strong>do</strong> as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento<br />
<strong>para</strong> um nível sustentável, mesmo em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z internacional mais restrita.<br />
No caso brasileiro, diante das obrigações financeiras já contraídas – juros, lucros e divi<strong>de</strong>n<strong>do</strong>s<br />
– isso supõe ampliar a produção <strong>de</strong> bens e serviços comerciáveis internacionalmente (tra<strong>de</strong>bles),<br />
reforçan<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> exporta<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> país.<br />
Quanto ao segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio macroeconômico, o fiscal, é necessário estabilizar a dívida<br />
pública como proporção <strong>do</strong> PIB. Taxas <strong>de</strong> juros menores e uma taxa <strong>de</strong> câmbio estável<br />
diminuiriam a pressão financeira sobre a dívida pública. Manten<strong>do</strong>-se o controle das contas<br />
primárias, juros e risco cambial menores <strong>de</strong>veriam abrir o caminho <strong>para</strong> um perfil melhor da<br />
dívida pública, alongan<strong>do</strong> os prazos <strong>do</strong>s títulos públicos.<br />
Nesse cenário <strong>de</strong> retomada <strong>de</strong> crescimento econômico sustenta<strong>do</strong>, em que os gran<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>sequilíbrios macroeconômicos seriam encaminha<strong>do</strong>s, criar-se-ia o espaço <strong>para</strong> o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong><br />
<strong>de</strong> um sóli<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações. Haveria, na margem, uma crescente transferência<br />
<strong>do</strong>s investimentos em títulos públicos <strong>para</strong> títulos <strong>de</strong> renda variável e, mais especificamente,<br />
ações. Do la<strong>do</strong> da oferta, em um cenário <strong>de</strong> crescimento e com a<strong>de</strong>quações no marco<br />
regulatório, o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações po<strong>de</strong>r-se-ia transformar na principal fonte <strong>de</strong> financiamento<br />
das empreses com projetos <strong>de</strong> investimentos.<br />
Em suma, diante da internacionalização <strong>do</strong>s principais merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações, o Brasil<br />
somente po<strong>de</strong>ria participar ativamente <strong>de</strong>sse processo se fortalecesse o merca<strong>do</strong> local, o<br />
que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> encaminhamento das principais restrições macroeconômicas da economia<br />
brasileira ao crescimento.<br />
7<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
3. Adaptação <strong>do</strong>s agentes financeiros à globalização<br />
Frente à integração e internacionalização que ocorreu nos anos 90, o estu<strong>do</strong> mostrou que os<br />
principais agentes locais <strong>do</strong> sistema financeiro não tiveram maiores problemas em se adaptar a<br />
uma maior presença <strong>de</strong> agentes externos. No âmbito <strong>do</strong>s bancos múltiplos, que se ancoraram<br />
em uma posição estratégica da carteira comercial, os agentes brasileiros se sentiram perfeitamente<br />
aptos <strong>para</strong> enfrentar a concorrência com os agentes estrangeiros no merca<strong>do</strong> local. Essa<br />
posição segura também <strong>de</strong>correu <strong>de</strong> uma nova fase <strong>de</strong> concentração que aconteceu ao longo<br />
<strong>do</strong>s últimos anos, e na qual partici<strong>para</strong>m ativamente os maiores agentes financeiros brasileiros,<br />
fortalecen<strong>do</strong> suas posições estratégicas. Na realida<strong>de</strong>, os agentes estrangeiros que entraram no<br />
merca<strong>do</strong> brasileiro passaram a ocupar a parcela <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> que pertencia às instituições públicas<br />
estaduais. Na intermediação <strong>de</strong> recursos externos, os agentes estrangeiros levaram vantagem<br />
em relação aos brasileiros, dada a posição estabelecida nas principais praças financeiras.<br />
A maior concentração <strong>do</strong>s agentes financeiros se refletiu também no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações e nos sistemas<br />
<strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia. Semelhante ao que aconteceu nos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações <strong>do</strong>s<br />
países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, as corretoras vinculadas aos bancos foram assumin<strong>do</strong> um papel crescente, em<br />
<strong>de</strong>trimento das in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, nas transações com ações. No caso brasileiro, a situação se agravou por<br />
fatores adicionais. Primeiro, além da queda significativa no volume <strong>de</strong> ações negociadas, reduziram-se as<br />
transações no merca<strong>do</strong> secundário <strong>de</strong> títulos públicos, a partir <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> estabilização. Segun<strong>do</strong>,<br />
houve uma forte concentração entre os administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> recursos, garantin<strong>do</strong> enorme po<strong>de</strong>r <strong>para</strong><br />
essas instituições pressionarem por taxas <strong>de</strong> corretagem muito baixas, tornan<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negociação<br />
das corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes praticamente nula. Por último, a introdução <strong>do</strong> novo Sistema <strong>de</strong><br />
Pagamentos Brasileiro ampliou as exigências <strong>de</strong> capital e liqui<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> novas dificulda<strong>de</strong>s<br />
<strong>para</strong> as corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes no curtíssimo prazo. É muito provável que haja um processo <strong>de</strong><br />
concentração, sobretu<strong>do</strong> se não ocorrer uma rápida reativação das operações na Bovespa numa escala<br />
que comporte um mínimo <strong>de</strong> corretoras <strong>para</strong> garantir concorrência e dispersão das informações, fundamentais<br />
<strong>para</strong> o bom funcionamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.<br />
Também no sistema <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia <strong>de</strong> ações, houve um crescente<br />
envolvimento das instituições financeiras múltiplas, atuan<strong>do</strong> na maioria <strong>do</strong>s serviços específicos<br />
envolvi<strong>do</strong>s. Ao concentrar todas as etapas <strong>do</strong> processo em uma única instituição financeira, <strong>de</strong><br />
confiança e com retaguarda <strong>de</strong> capital e liqui<strong>de</strong>z, reduzem-se os custos <strong>de</strong> transação e ganha-se<br />
sinergia. Portanto, entre os participantes com os quais a CBLC interatua na dinâmica <strong>do</strong> sistema<br />
<strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia <strong>de</strong> ações, observa-se um importante processo <strong>de</strong> concentração.<br />
As maiores instituições financeiras múltiplas brasileiras, tais como o Banco Itaú e<br />
Bra<strong>de</strong>sco, e algumas instituições financeiras estrangeiras, têm presença <strong>de</strong>stacada nesses sistemas.<br />
A atuação das instituições estrangeiras nessa área <strong>de</strong>riva principalmente <strong>de</strong> uma estreita<br />
relação com investi<strong>do</strong>res externos, como exemplifica<strong>do</strong> pelo Citibank e pelo BankBoston, ou<br />
pelas ativida<strong>de</strong>s herdadas quan<strong>do</strong> a instituição financeira foi comprada por um banco estrangeiro,<br />
como no caso <strong>do</strong> Santan<strong>de</strong>r/Banespa e ABN-Amro/Real.<br />
4. Os serviços financeiros nas negociações internacionais<br />
O Acor<strong>do</strong> Geral sobre o Comércio <strong>de</strong> Serviços (General Agreement on Tra<strong>de</strong> in Services –<br />
GATS), concluí<strong>do</strong> em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1993, na Organização Mundial <strong>de</strong> Comércio (OMC), estabeleceu<br />
um conjunto <strong>de</strong> princípios gerais e específicos <strong>para</strong> regular o comércio internacional<br />
<strong>de</strong> serviços. O acor<strong>do</strong> é constituí<strong>do</strong> por três partes: a primeira com normas abrangentes; a<br />
segunda integrada por anexos, com regras específicas <strong>para</strong> alguns setores (transportes aéreos<br />
e marítimos, serviços financeiros e telecomunicações); a terceira formada por listas <strong>de</strong> compromissos<br />
<strong>de</strong>linea<strong>do</strong>s pelos países.<br />
8<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Os “mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação” são classifica<strong>do</strong>s em quatro tipos: 1) trans-fronteiriço, em que o<br />
serviço presta<strong>do</strong> cruza a fronteira; 2) consumo no exterior, envolve o movimento <strong>do</strong> usuário<br />
(e não <strong>do</strong> serviço) <strong>para</strong> o exterior; 3) presença comercial, que requer investimento estrangeiro<br />
direto no país consumi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> serviço; 4) presença <strong>de</strong> pessoas físicas <strong>para</strong> prestar o serviço<br />
no exterior.<br />
Os compromissos específicos assumi<strong>do</strong>s pelo governo brasileiro, no V Protocolo sobre os<br />
Serviços Financeiros <strong>do</strong> GATS (1997), asseguraram somente acesso estrangeiro maior através<br />
da presença comercial no país, ou seja, mediante o investimento direto no sistema financeiro.<br />
Manteve-se uma restrição quase total aos serviços trans-fronteiras, em função das dificulda<strong>de</strong>s<br />
<strong>do</strong> balanço <strong>de</strong> pagamentos. Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1997, o governo brasileiro assinou também o<br />
Protocolo <strong>de</strong> Montevidéu sobre o Comércio <strong>de</strong> Serviços <strong>do</strong> Mercosul, que toma como base os<br />
princípios <strong>do</strong> GATS/OMC.<br />
Esses <strong>do</strong>is acor<strong>do</strong>s se baseiam no princípio das “listas positivas”, o que significa discriminar<br />
setores ou sub-setores sujeitos à liberalização durante a negociação <strong>de</strong> acesso a merca<strong>do</strong>. Nas<br />
negociações <strong>para</strong> a formação da Área <strong>de</strong> Livre-Comércio das Américas (Alca), os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />
preten<strong>de</strong>m praticar “listas negativas”. Listar negativamente significa enumerar setores ou<br />
sub-setores isentos <strong>de</strong> qualquer obrigação <strong>de</strong> abertura. Além disso, esse país tem exerci<strong>do</strong><br />
pressões <strong>para</strong> ampliar a liberalização nos serviços trans-fronteiras e tratar os investimentos em<br />
serviços no Capítulo sobre Investimento, e não no Capítulo <strong>de</strong> Serviços. Por outro la<strong>do</strong>, na<br />
negociação <strong>de</strong> serviços financeiros, os EUA mostram disposição <strong>para</strong> aceitar e negociar cláusulas<br />
e regulação específicas.<br />
5. Proposições <strong>para</strong> um posicionamento estratégico <strong>do</strong> Brasil na área <strong>de</strong><br />
serviços financeiros<br />
Uma nova fase <strong>de</strong> abertura financeira <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro po<strong>de</strong> estar pela frente, uma<br />
vez que o Brasil participa das principais negociações multilaterais: GATS/OMC, Alca, Mercosul<br />
– União Européia. O posicionamento <strong>do</strong> país nessas negociações envolve questões estratégicas<br />
quanto ao mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> negociação, aos condicionantes macroeconômicos que interferem<br />
diretamente nos fluxos financeiros e aos aspectos específicos <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s serviços em<br />
discussão. A partir <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> feito e a análise específica <strong>do</strong>s serviços vincula<strong>do</strong>s ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
ações, as principais sugestões, <strong>para</strong> um posicionamento nas futuras negociações, são as seguintes:<br />
9<br />
a. Estratégia <strong>de</strong> negociação: O Brasil <strong>de</strong>veria persistir em todas as negociações na manutenção<br />
da proposta negocia<strong>do</strong>ra já a<strong>do</strong>ta no GATS, através <strong>de</strong> listas positivas. A “lista negativa”<br />
exigiria que os países conhecessem a fun<strong>do</strong> seus regimes regulatórios e tivessem capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> discernir entre as medidas que necessitam manter e as que po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fora<br />
e, assim, submeter automaticamente ao processo <strong>de</strong> liberalização. Além disso, “as listas<br />
negativas” exigiriam uma enorme capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> antecipar tendências futuras, o que é quase<br />
impossível em um mun<strong>do</strong> em permanente revolução tecnológica (nos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
<strong>capitais</strong> e bancários as inovações financeiras são quase diárias). Como a regulação <strong>do</strong> Brasil<br />
está em plena fase <strong>de</strong> mutação, inclusive <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às privatizações, concessões <strong>de</strong> serviços<br />
públicos e à entrada <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> investimento estrangeiro direto, as “listas positivas”<br />
seriam mais a<strong>de</strong>quadas. O país manteria margem <strong>de</strong> ação em setores não incluí<strong>do</strong>s na<br />
lista, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aumentar a lista gradativamente, à medida que a situação regulatória <strong>de</strong><br />
cada setor evoluísse e se tornasse mais clara e <strong>de</strong>finida.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
10<br />
b. Condicionamentos Macroeconômicos: Enquanto a economia brasileira incorrer nos <strong>do</strong>is<br />
gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sajustes estruturais acima aponta<strong>do</strong>s – eleva<strong>do</strong> déficit externo e alta relação<br />
dívida pública/PIB – é absolutamente necessário que se mantenha um arcabouço regulatório<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>para</strong> monitorar todas as operações <strong>de</strong> câmbio, <strong>para</strong> tentar proteger-se da<br />
vulnerabilida<strong>de</strong> externa. Nesse senti<strong>do</strong>, é fundamental que se mantenha a não conversibilida<strong>de</strong><br />
da moeda e o conjunto <strong>de</strong> procedimentos e regulamentações, autorizações e registros,<br />
no Banco Central, <strong>de</strong> todas as operações que envolvem moeda estrangeira.<br />
Além disso, há exceções aos princípios gerais <strong>de</strong> negociação que um país po<strong>de</strong> a<strong>do</strong>tar. O<br />
Brasil <strong>de</strong>veria explorar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas exceções, não visan<strong>do</strong> proteger seus serviços<br />
financeiros da competição internacional, mas com o objetivo <strong>de</strong> garantir condições <strong>para</strong><br />
um maior <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>de</strong>ste setor, caso isso se faça necessário. À luz <strong>de</strong>ssa mesma<br />
preocupação, os potenciais impactos <strong>de</strong> uma eventual abertura <strong>do</strong>s serviços trans-fronteira<br />
precisariam ser cuida<strong>do</strong>samente avalia<strong>do</strong>s e, sua liberalização só implementada, se não<br />
comprometesse o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>de</strong>sses serviços financeiros no país.<br />
c. Aspectos específicos relaciona<strong>do</strong>s a alguns serviços financeiros: Nessa primeira aproximação,<br />
que avaliou o merca<strong>do</strong> financeiro brasileiro nos anos 90 e, mais especificamente o<br />
merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações e seus sistemas <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia, algumas consi<strong>de</strong>rações<br />
preliminares sobre serviços específicos po<strong>de</strong>m ser feitas:<br />
1. Quanto aos bancos múltiplos e os serviços que prestam no merca<strong>do</strong> local, os próprios<br />
agentes brasileiros <strong>do</strong> setor avaliam que não haveria maiores problemas <strong>para</strong><br />
enfrentar uma nova etapa <strong>de</strong> liberalização. De fato, uma vez instala<strong>do</strong> no país e subordina<strong>do</strong><br />
à regulamentação local, praticamente não há restrições aos bancos estrangeiros<br />
e, como já foi indica<strong>do</strong>, as instituições brasileiras se sentem bastante aptas<br />
<strong>para</strong> competir em to<strong>do</strong>s os segmentos.<br />
Já <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> uma maior atuação <strong>do</strong>s agentes brasileiros no exterior, o<br />
movimento é muito incipiente. Há indicações que a estratégia se limita a acompanhar<br />
o movimento <strong>de</strong> internacionalização <strong>do</strong>s clientes locais, sejam pessoas físicas,<br />
sejam pessoas jurídicas. Nesse caso, a ativida<strong>de</strong> ainda se concentraria essencialmente<br />
em crédito comercial. À medida que os agentes brasileiros não apresentem uma estratégia<br />
mais ampla <strong>de</strong> operação em âmbito internacional, as dificulda<strong>de</strong>s e restrições<br />
que lhes eventualmente serão impostas em outros merca<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ainda ser<br />
<strong>de</strong>sconhecidas. Somente uma gran<strong>de</strong> instituição financeira brasileira (o Banco Itaú)<br />
já está habilitada, ten<strong>do</strong> cumpri<strong>do</strong> todas as exigências legais, <strong>para</strong> operar como banco<br />
múltiplo (banking holding company) nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />
2. A situação crítica vivida por um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, diante<br />
da forte contração <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário e <strong>de</strong> renda fixa, faz com que uma nova<br />
etapa <strong>de</strong> abertura financeira seja vista com certo receio, principalmente se isso ocorrer<br />
mediante a prestação trans-fronteira. Nesse senti<strong>do</strong>, uma preocupação especial<br />
<strong>de</strong>riva <strong>de</strong> uma possível competição direta com a transação <strong>de</strong> ações via internet, a<br />
um custo muito reduzi<strong>do</strong>. A corretagem, via internet, <strong>de</strong> fato cresceu nos últimos<br />
anos, sobretu<strong>do</strong> nos EUA e na Alemanha. Todavia, mesmo nesses países, a maioria<br />
das operações via internet origina-se <strong>de</strong> pessoas especializadas e/ou que sabem exatamente<br />
as ações que preten<strong>de</strong>m adquirir. As experiências <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> ações e fun<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> investimento diretamente pela internet, como forma <strong>de</strong> conquistar novos<br />
merca<strong>do</strong> e novos clientes (primeira abordagem), foram relativamente mal sucedidas.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
11<br />
A frustração <strong>de</strong> venda direta também ocorreu em perío<strong>do</strong> recente no Brasil. A título<br />
<strong>de</strong> ilustração, po<strong>de</strong>-se citar o malogro <strong>do</strong> Banco Santan<strong>de</strong>r com a empresa <strong>de</strong> negociação<br />
eletrônica Patagón, que no início <strong>de</strong> 2002 foi <strong>de</strong>volvida aos seus antigos proprietários<br />
argentinos. Avaliações <strong>de</strong> analistas experientes nessa área indicam que a<br />
venda <strong>de</strong> ações e fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações <strong>do</strong> exterior <strong>de</strong>verá ser feita mediante uma instituição<br />
sediada no país, que sirva <strong>de</strong> elo <strong>de</strong> confiança <strong>para</strong> o investi<strong>do</strong>r local. A administra<strong>do</strong>ra<br />
<strong>de</strong> recursos Schro<strong>de</strong>rs, por exemplo, começou a oferecer, no merca<strong>do</strong> local,<br />
seus fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento globais mediante acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> distribuição com instituições<br />
brasileiras.<br />
3. Quanto ao serviço <strong>de</strong> liquidação, como ele envolve sempre o pagamento em moeda<br />
local, não tem como ser internacionaliza<strong>do</strong> ou <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong> da operação local. No mesmo<br />
senti<strong>do</strong>, o serviço <strong>de</strong> central <strong>de</strong>positária, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pela regulamentação <strong>do</strong> país,<br />
tampouco está sujeito a uma maior liberalização. Por sua vez, o serviço <strong>de</strong> agente<br />
custodiante é uma ativida<strong>de</strong> muito específica e envolve um alto grau <strong>de</strong> confiança.<br />
Isso faz com que essa ativida<strong>de</strong> seja crescentemente concentrada em poucas instituições,<br />
inclusive em âmbito mundial. Diante da forma como esse serviço vem se<br />
estruturan<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> indica que uma maior liberalização não afetará significativamente<br />
o rumo que o processo já tomou. Ou seja, no que tange às ativida<strong>de</strong>s básicas nas<br />
quais a CBLC está envolvida ou com os quais ela interage, em princípio, não se vislumbra<br />
que sejam profundamente afetadas por um processo <strong>de</strong> liberalização.<br />
Entretanto, a CBLC opera através <strong>de</strong> netting multilateral e garante as operações, o<br />
que exige a manutenção um sistema <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> risco. Ou seja, ela também<br />
é uma Contraparte Central Garanti<strong>do</strong>ra (Central Counterparty – CCP). As duas ativida<strong>de</strong>s,<br />
tanto o netting multilateral como o gerenciamento <strong>de</strong> risco, representam serviços<br />
mais complexos, que não necessariamente são <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s por empresas <strong>de</strong><br />
liquidação <strong>de</strong> ativos. Avaliar em que medida esses serviços específicos po<strong>de</strong>riam vir a<br />
ser atingi<strong>do</strong>s por uma maior liberalização <strong>de</strong> serviços financeiros exigiria um entendimento<br />
mais profun<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s específicas e como elas se <strong>de</strong>senvolveriam<br />
em um contexto mais globaliza<strong>do</strong>.<br />
6. Aperfeiçoamentos na regulamentação<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> andamento das negociações internacionais em serviços financeiros,<br />
<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> se conclui que, em qualquer circunstância, há um trabalho bastante gran<strong>de</strong> a<br />
ser feito na área da regulamentação. To<strong>do</strong>s os analistas financeiros e opera<strong>do</strong>res entrevista<strong>do</strong>s<br />
apontaram <strong>para</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma revisão <strong>de</strong>talhada <strong>do</strong> marco regulatório brasileiro. Essa<br />
revisão <strong>de</strong>veria ter como priorida<strong>de</strong> a transparência e a proteção ao investi<strong>do</strong>r, e uma maior<br />
compatibilida<strong>de</strong> da regulação com padrões internacionais <strong>de</strong> referência, como o inglês e/ou o<br />
americano.<br />
Com o colapso <strong>de</strong> gigantes e símbolos da economia americana como a Enron, a WorldCom<br />
e a Xerox, as próprias normas contábeis e os sistemas <strong>de</strong> auditoria nos merca<strong>do</strong>s financeiros<br />
mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão sofrer profundas modificações. Diante da crise <strong>de</strong> confiança nos<br />
principais padrões <strong>de</strong> referência, abrem-se oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> discutir mais amplamente os<br />
padrões <strong>de</strong> regulamentação a serem implementa<strong>do</strong>s.<br />
A regulamentação também <strong>de</strong>veria ampliar seu escopo, <strong>para</strong> incluir ativida<strong>de</strong>s, que já estão,<br />
<strong>de</strong> fato, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas, ainda que não formalmente reconhecidas. A presença <strong>de</strong><br />
pessoas estrangeiras ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> serviços financeiros tornou-se rotineira, embora a ativida<strong>de</strong><br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
nem seja reconhecida como tal. No mesmo senti<strong>do</strong>, vários especialistas entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram<br />
que a regulamentação brasileira <strong>de</strong>veria preocupar-se com a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> “produto<br />
financeiro” a ser vendi<strong>do</strong> ao investi<strong>do</strong>r local. Por exemplo, à medida que se possibilite a venda<br />
<strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento estrangeiros no merca<strong>do</strong> local, cabe às autorida<strong>de</strong>s brasileiras atestar<br />
a serieda<strong>de</strong> da administração <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> e exigir todas as advertências que <strong>de</strong>vem ser feitas<br />
ao investi<strong>do</strong>r local, <strong>para</strong> protegê-lo <strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s e adverti-lo <strong>do</strong>s riscos.<br />
Com relação às Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar, que representam a<br />
maior parte da poupança financeira institucionalizada no país, existe uma preocupação específica.<br />
Essa poupança tem si<strong>do</strong> fundamental no financiamento da dívida pública interna e continuará<br />
sen<strong>do</strong> indispensável <strong>para</strong> alavancar o crescimento futuro. Os fatores <strong>de</strong>terminantes<br />
<strong>para</strong> a manutenção <strong>de</strong>sses recursos no merca<strong>do</strong> local têm si<strong>do</strong>, por um la<strong>do</strong>, o enquadramento<br />
<strong>de</strong>ssas instituições como entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência social, e conseqüentemente, imunes à tributação<br />
e, por outro, a elevada taxa <strong>de</strong> juro <strong>do</strong>méstica. Com a edição da Medida Provisória n o<br />
2.222/2001 e a posterior a<strong>de</strong>são <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão ao Regime Especial <strong>de</strong> Tributação, as<br />
entida<strong>de</strong>s per<strong>de</strong>ram o status <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência social, estan<strong>do</strong>, em princípio, livres<br />
<strong>para</strong> aplicarem seus recursos on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejarem. Por outro la<strong>do</strong>, em um cenário <strong>de</strong> trajetória <strong>de</strong><br />
queda das taxas <strong>de</strong> juros internas, os estímulos <strong>para</strong> essas entida<strong>de</strong>s diversificar os investimentos<br />
no exterior po<strong>de</strong>m aumentar.<br />
Dada a importância da manutenção <strong>de</strong>ssa poupança institucional no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico,<br />
cabe verificar se as regulamentações vigentes <strong>para</strong> estas entida<strong>de</strong>s são efetivamente suficientes<br />
<strong>para</strong> garantir o máximo <strong>de</strong> suas aplicações no merca<strong>do</strong> local. Em várias entrevistas houve<br />
avaliações <strong>de</strong> que não haveria mais gran<strong>de</strong>s impedimentos <strong>para</strong> realizarem investimentos no<br />
exterior.<br />
Em suma, da pesquisa se conclui que há uma necessida<strong>de</strong> premente <strong>de</strong> revisão <strong>do</strong> marco<br />
regulatório, <strong>para</strong> a<strong>de</strong>quá-lo ao que já está <strong>de</strong> fato acontecen<strong>do</strong>, melhorar sua qualida<strong>de</strong>, <strong>para</strong><br />
dar maior proteção ao investi<strong>do</strong>r, e trazê-lo mais próximo aos padrões <strong>de</strong> referência internacionais,<br />
já levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração as mudanças que estes sofrerão. Além <strong>de</strong>sses aspectos, o<br />
aperfeiçoamento <strong>de</strong>sse marco também <strong>de</strong>ve fazer-se com vistas às melhores condições <strong>para</strong> o<br />
<strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> financeiro local e à retenção da poupança no país, aspectos<br />
imprescindíveis <strong>para</strong> uma trajetória sustentada <strong>de</strong> crescimento econômico.<br />
12<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Negociações internacionais em<br />
serviços financeiros<br />
Este relatório <strong>de</strong> pesquisa objetiva elaborar um diagnóstico da situação contemporânea e<br />
da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação <strong>do</strong> sistema financeiro brasileiro frente aos <strong>de</strong>safios impostos pelas<br />
negociações internacionais na área <strong>de</strong> serviços financeiros. O Brasil está envolvi<strong>do</strong> em rodadas<br />
multilaterais <strong>de</strong> negociação na Organização Mundial Comércio (OMC), na criação <strong>de</strong> uma Área<br />
<strong>de</strong> Livre-Comércio das Américas (Alca), integran<strong>do</strong> os 34 países <strong>do</strong> continente, e um acor<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> livre-comércio entre a Comunida<strong>de</strong> Européia e os países <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> Comum <strong>do</strong> Cone Sul<br />
(Mercosul). O foco principal <strong>do</strong> relatório está direciona<strong>do</strong> <strong>para</strong> as áreas <strong>de</strong> intermediação <strong>de</strong><br />
valores mobiliários, compensação, liquidação e custódia, portanto, <strong>para</strong> as áreas <strong>de</strong> atuação da<br />
Bolsa <strong>de</strong> Valores <strong>de</strong> São Paulo (Bovespa) e da Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia<br />
(CBLC).<br />
A partir <strong>de</strong>sse diagnóstico procura-se articular uma possível proposta <strong>para</strong> um<br />
posicionamento estratégico <strong>do</strong>s agentes brasileiros diante das negociações na área <strong>de</strong> serviços<br />
financeiros, especialmente daqueles serviços vincula<strong>do</strong>s ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>.<br />
1. Experiência internacional<br />
1.1. Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações (Bolsas <strong>de</strong> Valores)<br />
Houve uma forte expansão <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s acionários <strong>do</strong>s países industrializa<strong>do</strong>s, durante<br />
os anos 90, mesmo naqueles países on<strong>de</strong> não havia uma tradição <strong>de</strong> financiamento corporativo<br />
ancorada nos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, tais como Alemanha, França, Itália, Espanha etc. De mo<strong>do</strong><br />
geral, esse impulso foi <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>, pela expansão das empresas <strong>de</strong> novas tecnologias (telecomunicações,<br />
informática, biotecnologia, fármaco-química etc), associadas com um intenso<br />
ciclo <strong>de</strong> novos investimentos produtivos, mas também pelo avanço <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> privatização<br />
<strong>de</strong> alguns serviços públicos (telecomunicações, ferrovias, transporte aéreo etc.).<br />
A experiência internacional mostra que a eficiência <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações esteve ancorada<br />
em um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> ações negociadas e em permanente liqui<strong>de</strong>z das ações 1 . Procurou-se,<br />
então, construir merca<strong>do</strong>s amplos, líqui<strong>do</strong>s e, simultaneamente, reduzir os custos <strong>de</strong><br />
transação. Nesse senti<strong>do</strong>, o número <strong>de</strong> empresas listadas tornou-se extremamente relevante.<br />
Entre <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1990 e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001, o número <strong>de</strong> companhias listadas na Bolsa <strong>de</strong><br />
Londres cresceu <strong>de</strong> 2.559 <strong>para</strong> 2.891; na New York Stock Exchange (NYSE), <strong>de</strong> 1.774 <strong>para</strong><br />
2.400; em Tóquio, <strong>de</strong> 1.752 <strong>para</strong> 2.141; na Euronext Paris 2 <strong>de</strong> 804 <strong>para</strong> 1.345. Na National<br />
Association of Securities Dealers Automated Quotations System (Nasdaq), o número <strong>de</strong> companhias<br />
listadas caiu ligeiramente, <strong>de</strong> 4.132 <strong>para</strong> 4.128, no mesmo perío<strong>do</strong>. Todavia, a Nasdaq<br />
chegou a listar 5.556 empresas em 1996.<br />
A internacionalização <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações se apoiou na expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico,<br />
que ao crescer, atraiu novas companhias. Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 80, pouco mais <strong>de</strong> 100<br />
13<br />
1 A liqui<strong>de</strong>z das ações nada mais é <strong>do</strong> que a existência <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>manda potencial, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a criar a expectativa, nos diferentes investi<strong>do</strong>res, <strong>de</strong> que<br />
esta ação po<strong>de</strong>rá ser transferida a terceiros se assim for <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>. Entre os muitos requisitos <strong>para</strong> que isso aconteça, o mais importante é a existência<br />
<strong>de</strong> compra<strong>do</strong>res potenciais <strong>de</strong> ações operan<strong>do</strong> permanentemente no merca<strong>do</strong>.<br />
2 Em setembro <strong>de</strong> 2000, a Bolsa <strong>de</strong> Paris fundiu-se com as Bolsas <strong>de</strong> Bruxelas e <strong>de</strong> Amsterdã <strong>para</strong> a formar a Euronext. Todavia, os da<strong>do</strong>s<br />
apresenta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a Euronext Paris somente incluem as informações referentes à Bolsa <strong>de</strong> Paris.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
companhias estrangeiras estavam listadas na NYSE, enquanto no final <strong>de</strong> 2001, eram 461. A<br />
maioria das empresas estrangeiras listadas era na forma <strong>de</strong> American Depositary Receipts<br />
(ADRs), com as ações emitidas fora <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> americano. Como será visto em <strong>de</strong>talhes na<br />
seção 2.2, mesmo nos merca<strong>do</strong>s mais globaliza<strong>do</strong>s que listam e negociam muitas empresas<br />
estrangeiras, gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong> ainda está ancorada nas empresas <strong>do</strong>mésticas.<br />
De acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s divulga<strong>do</strong>s pela Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsa <strong>de</strong> Valores,<br />
mais <strong>de</strong> 90% <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong> nos diferentes merca<strong>do</strong>s acionários provêm <strong>de</strong> empresas<br />
<strong>do</strong>mésticas, exceto no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Londres.<br />
Os principais agentes <strong>de</strong>sses merca<strong>do</strong>s são os gran<strong>de</strong>s bancos <strong>de</strong> investimento, tais como<br />
Merrill Lynch, Morgan Stanley e Goldman Sachs. Eles são os maiores membros das bolsas.<br />
Atuam como intermediários entre os investi<strong>do</strong>res e as bolsas, executan<strong>do</strong> as principais or<strong>de</strong>ns<br />
<strong>de</strong> negociação (trading) das ações. Realizam permanentemente pesquisas sobre as perspectivas<br />
das corporações e, conseqüentemente, sobre o potencial <strong>de</strong> valorização/<strong>de</strong>svalorização<br />
das ações e títulos <strong>de</strong> dívida. Obtêm comissões com a subscrição <strong>de</strong> ações (un<strong>de</strong>rwriting) e a<br />
abertura <strong>de</strong> capital (Initial Public Offering – IPO) <strong>de</strong> novas empresas. Promovem gran<strong>de</strong>s<br />
operações <strong>de</strong> fusões e aquisições <strong>de</strong> corporações, que envolvem trocas <strong>de</strong> ações etc.<br />
Para tornar as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, mais rápidas, ágeis, seguras e baratas,<br />
houve eleva<strong>do</strong>s investimentos em tecnologia <strong>de</strong> telecomunicações e processamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />
nos anos 90. Mais <strong>de</strong> 90% <strong>do</strong> número <strong>de</strong> negócios na NYSE passaram a ser realiza<strong>do</strong>s eletronicamente,<br />
sen<strong>do</strong> que <strong>do</strong>s negócios são realiza<strong>do</strong>s diretamente por ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res e compra<strong>do</strong>res,<br />
sem o pagamento <strong>de</strong> um spread <strong>para</strong> o especialista (The Economist, 2001: p. 11) 3 . Os custos<br />
<strong>de</strong>sses eleva<strong>do</strong>s investimentos foram absorvi<strong>do</strong>s pelo crescimento das escalas <strong>de</strong> operação<br />
das bolsas <strong>de</strong> valores.<br />
Assim, a real batalha das bolsas <strong>de</strong> valores não é a informatização (eletronic communication<br />
network), pois realizaram a mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> suas plataformas <strong>de</strong> negociação, mas a garantia<br />
da liqui<strong>de</strong>z e a redução <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> transação. Uma vez instala<strong>do</strong> um sistema eletrônico <strong>de</strong><br />
negociação, o custo marginal <strong>de</strong> uma transação adicional ten<strong>de</strong> a zero. Um eleva<strong>do</strong> volume <strong>de</strong><br />
negociações com ações po<strong>de</strong> proporcionar economias <strong>de</strong> escala que possibilitam a redução<br />
<strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> transação e, conseqüentemente, a atração das empresas e <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res. O<br />
relativamente menor custo <strong>de</strong> negociação da NYSE reflete o fato <strong>de</strong> seu eleva<strong>do</strong> custo ser<br />
ratea<strong>do</strong> por um gigantesco volume <strong>de</strong> negócios. Portanto, as operações nos merca<strong>do</strong>s acionários<br />
são marcadas por enormes economias <strong>de</strong> escala, que po<strong>de</strong>m inviabilizar <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s,<br />
se não atingirem patamares mínimos <strong>de</strong> operação (break-even point).<br />
As novas tecnologias po<strong>de</strong>m possibilitar também a interligação <strong>de</strong> diferentes pontos <strong>de</strong><br />
negociação e <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z. Existe a expectativa, quase um mito, <strong>de</strong> se formar uma plataforma<br />
global <strong>de</strong> negociações <strong>de</strong> ações (Global Equity Market) 4 ou duas/três plataformas interligadas<br />
(linkages), da<strong>do</strong> que se ampliou a globalização <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, mediante a<br />
internacionalização <strong>do</strong>s intermediários, das bolsas e <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res em ações. A gran<strong>de</strong> vantagem<br />
seria a formação <strong>de</strong> uma infra-estrutura <strong>de</strong> negociação integrada, permitin<strong>do</strong> a distribuição<br />
globalizada das ações, sobretu<strong>do</strong> das ações <strong>de</strong> primeira linha (blue chips). Enfim, a<br />
partir <strong>de</strong> uma estrutura homogênea <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> retaguarda (back-office), po<strong>de</strong>r-se-ia negociar<br />
e distribuir ações e produtos financeiros <strong>de</strong> maneira integrada e, reduzir os custos das<br />
transações, uma vez que ainda não existem sistemas supra-nacionais <strong>de</strong> negociação, compensação<br />
e liquidação <strong>de</strong> ações. No mesmo senti<strong>do</strong>, existe a expectativa <strong>de</strong> se construir gran<strong>de</strong>s<br />
14<br />
3 Vale lembrar que sem o especialista po<strong>de</strong>m ser executadas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> até 1.099 ações, ou seja, pequenas or<strong>de</strong>ns.<br />
4 A Bovespa e a CBLC participam ativamente das negociações <strong>de</strong>sse Merca<strong>do</strong> Global <strong>de</strong> Ações, cujo objetivo é conectar várias bolsas internacionais<br />
num sistema <strong>de</strong> negociação transparente, auto-regula<strong>do</strong> e dirigi<strong>do</strong> por or<strong>de</strong>ns. As bolsas participantes representariam os maiores merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações<br />
<strong>do</strong>s três principais fusos horários (Ásia-Pacífico, Europa-Oriente Médio-África e Américas), com capitalização <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> US$ 20<br />
trilhões, 60% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> mundial. A implementação <strong>de</strong>sse merca<strong>do</strong> exigiria a uniformização <strong>do</strong> tratamento fiscal, liberalização <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>,<br />
coor<strong>de</strong>nação entre as instituições regula<strong>do</strong>ras e outros pré-requisitos. Em hipótese, ofereceria liqui<strong>de</strong>z às empresas, dispensan<strong>do</strong> registros múltiplos<br />
(inclusive Depository Receipts), custódia e liquidação comandada a partir <strong>de</strong> clearings locais, preços em moeda local e as bolsas dividiriam a receita<br />
(base, origem <strong>de</strong> compra ou origem <strong>de</strong> venda). A Globex já negocia <strong>de</strong>rivativos ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
centros <strong>de</strong> operação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt Operations Center, IOC), geri<strong>do</strong>s pelos<br />
principais atores <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, quais sejam, os bancos <strong>de</strong> investimento, <strong>para</strong> facilitar<br />
as operações internacionais e promover a interligação das diferentes plataformas <strong>de</strong> negociação,<br />
compensação, liquidação e custódia (Chiesa, s/d: p. 14).<br />
1.2. Sistema <strong>de</strong> pagamento, liquidação e custódia<br />
A construção <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s eficientes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da infra-estrutura, ou seja, da base <strong>de</strong> sustentação<br />
da operação <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, minimizan<strong>do</strong> suas perturbações ou controlan<strong>do</strong><br />
suas conseqüências, quan<strong>do</strong> inevitáveis. Dentre os principais elementos <strong>de</strong>ssa infra-estrutura,<br />
<strong>de</strong>stacam-se a <strong>de</strong>finição das regras jurídicas, os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> provisão <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z, a operação<br />
<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> pagamento, liquidação e custódia, o arcabouço <strong>de</strong> regulação e eventual<br />
provisão <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> segurança (sistemas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> risco e garantia). De mo<strong>do</strong> geral,<br />
esses sistemas foram construí<strong>do</strong>s <strong>para</strong> compensar e liquidar or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> negociação em âmbito<br />
nacional, não <strong>de</strong> âmbito internacional.<br />
A fim <strong>de</strong> aperfeiçoar os sistemas <strong>de</strong> negociação e reduzir os custos <strong>de</strong> transação (custos <strong>de</strong><br />
execução <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> compra e venda <strong>de</strong> ações, mais custos <strong>de</strong> compensação, liquidação e<br />
custódia), os países europeus foram gradualmente consolidan<strong>do</strong> seus sistemas <strong>de</strong> negociação,<br />
liquidação e custódia. No início <strong>do</strong>s anos 90, as diferentes bolsas <strong>de</strong> valores em um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />
país europeu foram consolidadas em uma bolsa nacional. Em mea<strong>do</strong>s da década, as<br />
bolsas <strong>de</strong> valores e <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivativos fundiram-se, ainda <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> país. No final<br />
<strong>do</strong>s anos 90, houve fusões trans-fronteiras entre bolsas e sistemas <strong>de</strong> liquidação. Isso resultou<br />
na emergência <strong>de</strong> três gran<strong>de</strong>s plataformas <strong>de</strong> negociação, compensação e liquidação <strong>de</strong> ações<br />
na Europa, quais sejam, a Euronext, unifican<strong>do</strong> as bolsas <strong>de</strong> Paris, Bruxelas e Amsterdã; a<br />
Deutsche Boerse, cujo sistema <strong>de</strong> negociações realiza as transações <strong>para</strong> as bolsas da Áustria,<br />
Irlanda, Finlândia e África <strong>do</strong> Sul e; a Lon<strong>do</strong>n Stock Exchange, que se unificou com a bolsa da<br />
Suíça (ver Quadro 1). Entre essas três plataformas <strong>de</strong> negociação está em curso um movimento<br />
que procura centralizar os serviços <strong>de</strong> custódia, forman<strong>do</strong> uma central <strong>de</strong>positária, bem<br />
como os serviços <strong>de</strong> garantia das operações, consolidan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Contraparte<br />
Central Garanti<strong>do</strong>ra 5 . Nesse senti<strong>do</strong>, estão tentan<strong>do</strong> seguir o padrão <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, que<br />
centralizou esses serviços <strong>de</strong> back-office na Depositary Trust & Clearing Corporation (DTCC),<br />
bem como o <strong>do</strong> Japão, forman<strong>do</strong> uma única plataforma <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia<br />
<strong>de</strong> ações (a single clearing & settlement organization), inclusive fornecen<strong>do</strong> garantias e<br />
controle <strong>de</strong> risco 6 .<br />
Todavia, essas plataformas européias <strong>de</strong> negociação e liquidação <strong>de</strong> ações ainda não se<br />
relacionam com facilida<strong>de</strong>, nem entre si, nem com as outras plataformas existentes na Europa.<br />
Segun<strong>do</strong> The Economist (2001: p. 19), o continente europeu ainda possui pelo menos trinta<br />
sistemas <strong>de</strong> compensação e liquidação (as datas <strong>de</strong> liquidação das transações com ações foram<br />
uniformizadas em D+3). As tentativas <strong>de</strong> integrar plenamente os sistemas <strong>para</strong> realizar operações<br />
trans-fronteiras até o momento soçobraram.<br />
De to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, a competição acirrada entre as bolsas <strong>de</strong> valores <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou um processo<br />
<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e investimento em tecnologia, sobretu<strong>do</strong> na Europa, consolidan<strong>do</strong> sóli<strong>do</strong>s<br />
sistemas eletrônicos <strong>de</strong> negociação. Isso resultou em gigantescas plataformas européias<br />
<strong>de</strong> negociação que repatriaram <strong>para</strong> seus países <strong>de</strong> origem gran<strong>de</strong> parte das ações que estavam<br />
sen<strong>do</strong> negociadas na Bolsa <strong>de</strong> Londres (inclusive a Lon<strong>do</strong>n International Financial Futures<br />
Exchange, Liffe, per<strong>de</strong>u o monopólio <strong>de</strong> contratos futuros <strong>de</strong> títulos alemães).<br />
15<br />
5 A exceção, até o momento, é a Deutsche Boerse, que vem efetuan<strong>do</strong> negociações com a Eurex, a maior bolsa alemã <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivativos, <strong>para</strong> que esta<br />
forneça o serviço <strong>de</strong> Contraparte Central Garanti<strong>do</strong>ra <strong>para</strong> as transações com ações.<br />
6 Entretanto, a base <strong>para</strong> as negociações <strong>de</strong> títulos públicos, em geral, mantém-se à parte <strong>de</strong>sse movimento <strong>de</strong> centralização.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
16<br />
Quadro 1 – Sistemas <strong>de</strong> Negociação e Liquidação nos<br />
Principais Países Desenvolvi<strong>do</strong>s<br />
Europa (a)<br />
Bélgica, França e<br />
Holanda Alemanha Reino Uni<strong>do</strong> (f) EUA Japão<br />
Bolsa Euronext Deutsche Bourse Lon<strong>do</strong>n Stock NYSE, Amex, Tokyo Stock<br />
Contraparte<br />
Exchange Nasdaq Exchange (g)<br />
Central Clearnet (b) Eurex Clearing AG (d) Lon<strong>do</strong>n Clearing Depository Japan Securities<br />
Garanti<strong>do</strong>ra House Trust & Clearing<br />
Clearing<br />
Corporation<br />
(DTCC)<br />
Corporation<br />
Central Japan Securities<br />
Depositária Euroclear (c) Clearstream (e) Crest DTCC Depositary Center<br />
Fonte: Goldberg et.al. (2002: p.3).<br />
Notas:<br />
(a) Outros pequenos sistemas <strong>de</strong> negociação e liquidação <strong>de</strong> ações representam em torno <strong>de</strong> 35% da capitalização total das<br />
bolsas européias no fim <strong>de</strong> 2001;<br />
(b) Contraparte Central Garanti<strong>do</strong>ra da França, que passou a esten<strong>de</strong>r seus serviços aos outros membros;<br />
(c) Resultou da fusão da central <strong>de</strong>positária da França, Holanda e Bélgica, <strong>do</strong>minada pelos gran<strong>de</strong>s bancos;<br />
(d) A Deutsche Boerse e a Eurex, a maior bolsa alemã <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivativos, negociam um acor<strong>do</strong> em que a Eurex fornecerá o<br />
serviço <strong>de</strong> Contraparte Central Garanti<strong>do</strong>ra <strong>para</strong> as transações com ações;<br />
(e) Resultou da fusão da <strong>de</strong>positária alemã, Deutsche Boerse Clearing, com outra <strong>de</strong>positária internacional, Ce<strong>de</strong>l, tornan<strong>do</strong>-se<br />
Clearstream, também <strong>do</strong>minada pelos gran<strong>de</strong>s bancos;<br />
(f) As três instituições mantêm estruturas gerenciais e patrimoniais distintas;<br />
(g) A bolsa <strong>de</strong> Tóquio procura atrair companhias asiáticas e formar um merca<strong>do</strong> regional, envolven<strong>do</strong> Hong Kong, Cingapura<br />
e Xangai.<br />
A <strong>de</strong>speito da consolidação ocorrida nas plataformas européias <strong>de</strong> negociação e liquidação,<br />
os custos <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia ainda são relativamente eleva<strong>do</strong>s. Os<br />
custos relaciona<strong>do</strong>s com as comissões <strong>de</strong> transação (fees) e <strong>de</strong> custodia (guarda das ações em<br />
uma central <strong>de</strong>positária e/ou em uma Contraparte Central Garanti<strong>do</strong>ra) po<strong>de</strong>m alcançar 30%<br />
<strong>do</strong>s gastos após a negociação (ver Gráfico 1). Outros custos envolvem os corretores (brokers<strong>de</strong>alers)<br />
e a utilização <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> compensação e liquidação. Isso requer os serviços <strong>de</strong><br />
um banco custodiante internacional, a manutenção <strong>de</strong> conexões e garantias em vários sistemas<br />
<strong>de</strong> liquidação, bem como liquidar operações em diferentes datas <strong>de</strong> processamento das<br />
operações <strong>de</strong> câmbio (Goldberg et. al., 2002: p. 3). Assim, dada a existência <strong>de</strong> várias plataformas<br />
<strong>de</strong> negociação, os custos <strong>de</strong> transação na Europa po<strong>de</strong>m ser em média <strong>de</strong>z vezes maiores<br />
<strong>do</strong> que os das bolsas americanas (Chiesa, s/d: p. 12).<br />
Todavia, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que os diferentes sistemas <strong>de</strong> compensação e liquidação estão<br />
integra<strong>do</strong>s aos respectivos sistemas nacionais <strong>de</strong> pagamento. Dessa maneira, po<strong>de</strong>-se concluir<br />
que, enquanto houver inúmeras moedas nacionais, a liquidação das transações <strong>de</strong>verá ocorrer<br />
na moeda local e, portanto, haverá a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários sistemas. Isso reforça a expectativa<br />
<strong>de</strong> os bancos <strong>de</strong> investimento formarem gran<strong>de</strong>s centros <strong>de</strong> operação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (IOC),<br />
<strong>para</strong> promover a interligação <strong>do</strong>s diferentes sistemas existentes.<br />
Obviamente, em uma região integrada monetariamente, como a zona <strong>do</strong> Euro, em princípio,<br />
po<strong>de</strong>-se avançar na direção <strong>de</strong> uma plataforma <strong>de</strong> compensação e liquidação mais centralizada.<br />
Todavia, nem na Europa, essa consolidação parece simples, uma vez que os sistemas <strong>de</strong><br />
compensação e liquidação foram <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s <strong>para</strong> uso <strong>do</strong>méstico e não internacional. Estão,<br />
portanto, ancora<strong>do</strong>s em interesses e práticas <strong>do</strong>mésticas, que dificultam enormemente a<br />
internacionalização.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
17<br />
Gráfico 1 – Custo <strong>de</strong> Liquidação e Custódia na Europa<br />
Fonte: Clearstream (Securities Industry News, September 10, 2001), apud Goldberg et.al. (2002: p. 4).<br />
Em suma, os principais problemas envolvi<strong>do</strong>s numa possível consolidação <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong><br />
compensação, liquidação e custódia são:<br />
a) A regulamentação diferenciada entre os países dificulta a liquidação globalizada das operações;<br />
b) As plataformas <strong>de</strong> negociação e os sistemas <strong>de</strong> liquidação e custódia não têm<br />
comunicabilida<strong>de</strong> entre si;<br />
c) Não há pleno acesso <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res e intermediários às diferentes bolsas e sistemas <strong>de</strong><br />
liquidação e custódia.<br />
Isso dificulta a consolidação <strong>de</strong> uma única infra-estrutura <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> negociação, compensação,<br />
liquidação e custódia. Se fosse possível integrar a infra-estrutura haveria uma redução<br />
significativa <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> transação. Nesse senti<strong>do</strong>, aumentam-se as pressões <strong>para</strong>:<br />
a) Homogeneizar a regulamentação;<br />
b) Garantir a comunicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> compensação e liquidação; e<br />
c) Permitir o pleno acesso <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res e intermediários.<br />
Portanto, <strong>para</strong> ampliar a escala <strong>de</strong> operação (o que reduz custos), o i<strong>de</strong>al seria alcançar a<br />
formação <strong>de</strong> um único padrão <strong>de</strong> operação. Mas, dificilmente se chegará a uma única plataforma<br />
<strong>de</strong> negociação. Quanto à padronização <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> operação parece que há espaço<br />
<strong>para</strong> avançar.<br />
1.3. Regulamentação<br />
Na regulamentação <strong>do</strong>s sistemas, as peculiarida<strong>de</strong>s próprias <strong>de</strong> cada país aparecem com<br />
mais evidência. Uma das questões institucionais mais complexas refere-se à forma fragmentada<br />
da regulamentação <strong>do</strong> sistema bancário e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua crescente<br />
integração, mediante a formação <strong>do</strong>s megabancos universais. O Citigroup, por exemplo,<br />
passou a atuar como banco comercial, banco <strong>de</strong> investimento, opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivativos e <strong>de</strong><br />
seguros, em uma escala planetária sem prece<strong>de</strong>ntes. A fim <strong>de</strong> solucionar esse conflito, a<br />
Financial Services Authority <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong> passou a centralizar a supervisão <strong>do</strong> sistema<br />
bancário, <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> seguros, mas na maioria <strong>do</strong>s países a super-<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
visão <strong>do</strong>s diferentes segmentos permanece fragmentada.<br />
Além disso, <strong>de</strong>ve-se ter claro que estão envolvi<strong>do</strong>s objetivos distintos nas regulamentações<br />
<strong>do</strong>s diferentes merca<strong>do</strong>s:<br />
18<br />
a) Nas bolsas <strong>de</strong> valores pre<strong>do</strong>mina a regulamentação que visa fornecer maior proteção ao<br />
investi<strong>do</strong>r individual, a fim <strong>de</strong> fomentar o investimento no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> renda variável;<br />
b) No sistema financeiro prevalece a regulamentação <strong>para</strong> combater o risco sistêmico (a instabilida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> sistema), seja em âmbito <strong>do</strong>méstico, seja em âmbito internacional. Nesse último,<br />
o Bank for International Settlements (BIS) avançou na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> capital mínimo<br />
<strong>para</strong> o sistema bancário, que foram amplamente a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pelos bancos centrais <strong>do</strong>mésticos.<br />
Ainda não há um sistema semelhante <strong>para</strong> as instituições que operam nos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
<strong>capitais</strong>, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> inúmeras tentativas da International Organization of Securities<br />
Commissions (IOSCO). A<strong>de</strong>mais, a função <strong>de</strong> empresta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> última instância, exercida pelos<br />
respectivos bancos centrais, continua em âmbito <strong>do</strong>méstico, o que implica em uma área<br />
crítica <strong>para</strong> as operações globalizadas, à medida que interferem no sistema local.<br />
No que se refere ao <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, parece consensual entre<br />
diferentes analistas, que está correlaciona<strong>do</strong> com a proteção ao investi<strong>do</strong>r. Essa proteção ao<br />
acionista minoritário po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>composta em três elementos fundamentais:<br />
a) Um conjunto <strong>de</strong> mecanismos e regras <strong>de</strong> conduta das empresas (governança corporativa);<br />
b) Um amplo sistema <strong>de</strong> informação, portanto, transparência (disclosure), disponibilida<strong>de</strong> e<br />
publicação <strong>de</strong> um fluxo contínuo <strong>de</strong> informações relevantes, que permita aos investi<strong>do</strong>res<br />
minoritários e cre<strong>do</strong>res avaliar seus direitos e seus investimentos. A qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> disclosure<br />
está em gran<strong>de</strong> parte associada aos padrões contábeis utiliza<strong>do</strong>s e à a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> auditores<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes 7 ;<br />
c) Arranjos institucionais que garantam a aplicação das regras e das leis (tough enforcement),<br />
reforçan<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reivindicação <strong>do</strong>s agentes <strong>para</strong> fazer com que seus direitos<br />
legais sejam <strong>de</strong> fato respeita<strong>do</strong>s. A experiência internacional <strong>de</strong>monstra que não basta a<br />
existência <strong>de</strong> um conjunto a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> leis (no caso brasileiro, Comissão <strong>de</strong> Valores Mobiliários,<br />
Banco Central e Po<strong>de</strong>r Judiciário). A <strong>de</strong>vida aplicação da lei (enforcement), garantin<strong>do</strong><br />
sua correta aplicação e execução <strong>do</strong>s contratos, é consi<strong>de</strong>rada um atributo essencial<br />
<strong>para</strong> a operação eficiente e o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>. A boa qualida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> enforcement <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não somente <strong>de</strong> que o julgamento <strong>de</strong> mérito seja justo, mas<br />
também da rapi<strong>de</strong>z com a qual as causas são solucionadas. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agilida<strong>de</strong><br />
tem motiva<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> tribunais arbitrais como alternativa à morosida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s tribunais<br />
tradicionais.<br />
7 O Securities Exchange Act <strong>de</strong> 1934 <strong>de</strong>finiu que os interesses <strong>do</strong>s acionistas eram prepon<strong>de</strong>rantes tanto nos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> quanto na gestão<br />
das empresas americanas. Com essa finalida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>senvolvida a “<strong>do</strong>utrina da transparência”. A Securities and Exchange Commission (SEC) passou<br />
a exigir o registro <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os valores mobiliários negocia<strong>do</strong>s em bolsas <strong>de</strong> valores; a divulgação (disclosure) periódica, pelas emitentes, <strong>de</strong><br />
informações sobre suas situações financeiras e variações patrimoniais; e a proteção aos investi<strong>do</strong>res. Isto é, buscou promover a divulgação regular<br />
<strong>de</strong> informações a respeito das empresas, <strong>do</strong>s títulos negocia<strong>do</strong>s publicamente e das operações <strong>de</strong> pessoas com acesso a informações privilegiadas<br />
(insi<strong>de</strong>rs) – funcionários e diretores <strong>de</strong> uma companhia e os que controlam pelo menos 10% <strong>do</strong> capital. Para isso, a SEC estabeleceu padrões <strong>para</strong><br />
apresentação <strong>de</strong> balanços e informações financeiras, bem como o monitoramento <strong>do</strong>s ativos <strong>do</strong>s agentes emissores no merca<strong>do</strong> primário e <strong>do</strong>s<br />
títulos e ações negociadas nos merca<strong>do</strong>s secundários. Assim, o princípio da transparência <strong>de</strong>termina que informações confiáveis – sobre as<br />
condições financeiras das corporações e <strong>do</strong>s agentes financeiros que operam nos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> –, sejam <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio público. Esse princípio<br />
é necessário <strong>para</strong> se operacionalizar um sistema financeiro funda<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> (a market-rather than an institution-based financial system), uma vez<br />
que a confiança num merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> dívidas e <strong>de</strong> ações requer alguma visibilida<strong>de</strong> sobre a gestão das corporações e <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s financeiros (Cintra,<br />
1997).<br />
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CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Entretanto, <strong>do</strong>is fatos recentes <strong>de</strong>verão impulsionar as <strong>de</strong>cisões na regulamentação <strong>do</strong>s<br />
merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>. Trata-se <strong>do</strong> colapso da gigante <strong>de</strong> energia, Enron, e da segunda maior<br />
empresa <strong>de</strong> telefonia <strong>de</strong> longa distância <strong>do</strong>s EUA, WorldCom, que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram uma crise<br />
<strong>de</strong> confiança nas normas contábeis e nos sistemas <strong>de</strong> auditoria característicos <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> <strong>capitais</strong> <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s; e <strong>do</strong> conflito <strong>de</strong> interesse envolven<strong>do</strong> analistas financeiros e<br />
gran<strong>de</strong>s bancos <strong>de</strong> investimento.<br />
Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001, soube-se que os executivos da Enron haviam utiliza<strong>do</strong> artifícios<br />
contábeis <strong>para</strong> disfarçar pesa<strong>do</strong>s prejuízos, difundin<strong>do</strong> análises otimistas sobre a empresa e<br />
recomendan<strong>do</strong> a compra das ações ao fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensão <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s da empresa. Um <strong>do</strong>s<br />
artifícios utiliza<strong>do</strong>s foi a transferência <strong>do</strong>s prejuízos e dívidas <strong>para</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pequenas<br />
empresas <strong>de</strong> capital fecha<strong>do</strong> que a Enron tinha cria<strong>do</strong>, adquiri<strong>do</strong> ou com as quais<br />
estabelecera associação e que estavam dispensadas <strong>de</strong> apresentar balanços públicos (Farhi &<br />
Cintra, 2002a). A WorldCom anunciou uma maquiagem <strong>do</strong>s balanços em torno <strong>de</strong> US$ 7,1<br />
bilhões.<br />
Supostamente, a empresa <strong>de</strong> auditoria Arthur An<strong>de</strong>rsen, que afiançava os balanços da gigante<br />
<strong>de</strong> energia, não tinha <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> os registros contábeis questionáveis que vinham constan<strong>do</strong><br />
nas <strong>de</strong>monstrações financeiras da Enron <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997. O sistema <strong>de</strong> auto-regulação <strong>do</strong><br />
setor, existente nos EUA, leva a que empresas <strong>de</strong> auditoria tenham seus serviços avalia<strong>do</strong>s<br />
pelas outras empresas <strong>do</strong> mesmo ramo. A Arthur An<strong>de</strong>rsen tinha se submeti<strong>do</strong>, em <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 2001, a uma avaliação feita por sua concorrente, a Deloitte & Touche, que concluiu pela<br />
qualida<strong>de</strong> e padrões profissionais da empresa. A<strong>de</strong>mais, num claro conflito <strong>de</strong> interesses, o<br />
sistema <strong>de</strong> auto-regulação permitia que as empresas <strong>de</strong> auditoria prestassem serviços <strong>de</strong><br />
consultoria às mesmas empresas. Em 2000, a Arthur An<strong>de</strong>rsen tinha recebi<strong>do</strong> da Enron US$ 27<br />
milhões por serviços <strong>de</strong> consultoria e US$ 25 milhões pelos <strong>de</strong> auditoria. Esse mesmo conflito<br />
<strong>de</strong> interesse ficou evi<strong>de</strong>nte na frau<strong>de</strong> contábil da WorldCom. Ela havia <strong>de</strong>sembolsa<strong>do</strong> US$ 12,4<br />
milhões <strong>para</strong> a Arthur An<strong>de</strong>rsen por consultoria e US$ 4,4 milhões por auditoria em 2001.<br />
Devi<strong>do</strong> à <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos relativos à empresa Enron, após o início das investigações,<br />
Arthur An<strong>de</strong>rsen ficou sob forte suspeita <strong>de</strong> ter fecha<strong>do</strong> os olhos <strong>para</strong> as práticas contábeis<br />
pouco orto<strong>do</strong>xas da Enron, a fim <strong>de</strong> manter importante fonte <strong>de</strong> renda <strong>de</strong> seus serviços <strong>de</strong><br />
consultoria. Em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> caso Enron, e <strong>para</strong> evitar a imposição <strong>de</strong> medidas mais estritas<br />
<strong>de</strong> regulamentação, quatro das cinco gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> auditoria 8 <strong>de</strong>cidiram <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> prestar<br />
certos serviços <strong>de</strong> consultoria a clientes <strong>de</strong> cuja auditoria estão encarregadas, bem como realizar<br />
simultaneamente auditoria interna e externa <strong>para</strong> uma mesma empresa.<br />
Quase mil empresas – entre as quais AOL Time Warner, Bristol-Myers, Cisco Systems,<br />
Computer Associates, Global Crossing, Lucent Technologies, Qwest, Tyco International, Vivendi/<br />
Universal, Xerox etc. – já admitiram que vinham publican<strong>do</strong> números incorretos sobre seus<br />
lucros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997. Isso levantou sérias dúvidas sobre as fontes consi<strong>de</strong>radas básicas <strong>para</strong> a<br />
informação <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res: as práticas contábeis e a veracida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s balanços das empresas<br />
<strong>de</strong> capital aberto. A<strong>de</strong>mais, as evi<strong>de</strong>ntes falhas <strong>de</strong> auditoria da Arthur An<strong>de</strong>rsen provocaram<br />
uma crise <strong>de</strong> confiança sem prece<strong>de</strong>ntes nos agentes financeiros. Os investi<strong>do</strong>res passaram a<br />
ven<strong>de</strong>r as ações <strong>de</strong> todas as empresas suspeitas <strong>de</strong>, mesmo remotamente, ter algum problema<br />
<strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> e, levaram as bolsas <strong>de</strong> valores americanas a um novo ciclo baixista. Esse<br />
comportamento, caso se consubstancie em uma crise <strong>de</strong> confiança mais profunda, po<strong>de</strong> comprometer<br />
a retomada e o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />
19<br />
8 As cinco gran<strong>de</strong>s eram: Arthur An<strong>de</strong>rsen, Price Waterhouse & Coopers, Deloitte & Touche, KPMG e Ernest & Young. Após a crise <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança,<br />
a Arthur An<strong>de</strong>rsen foi <strong>de</strong>smembrada e seus fragmentos adquiri<strong>do</strong>s pelas empresas concorrentes. Registra-se também que a PriceWaterhourse &<br />
Coopers aju<strong>do</strong>u a encobrir os problemas da energética privatizada Gazprom, na Rússia.<br />
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O presi<strong>de</strong>nte George W. Bush anunciou um conjunto <strong>de</strong> propostas a fim <strong>de</strong> moralizar a<br />
gestão das corporações e acalmar os investi<strong>do</strong>res. Todavia, a Lei Sarbanes-Oxley (2002) aprovada<br />
no Congresso <strong>para</strong> reformar o setor <strong>de</strong> auditoria e coibir a “<strong>de</strong>linqüência corporativa” foi<br />
além das propostas <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte que se viu obriga<strong>do</strong> a sancioná-lo 9 . A resposta regulatória<br />
proibiu a prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> auditoria e consultoria, simultaneamente; <strong>de</strong>terminou o<br />
rodízio obrigatório <strong>de</strong> auditores; a criação <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> oficial <strong>de</strong> fiscalização, aumentou<br />
os recursos orçamentários da SEC e quadruplicou as penas previstas <strong>para</strong> os crimes <strong>de</strong> “colarinho<br />
branco” 10 .<br />
A tendência <strong>de</strong> baixa nas cotações das ações – em particular, o <strong>de</strong>sinflar da bolha especulativa<br />
das ações das empresas <strong>de</strong> alta tecnologia nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s – revelou também conflitos <strong>de</strong><br />
interesses entre os analistas financeiros e os bancos <strong>de</strong> investimento. A principal queixa era<br />
que os analistas não haviam alerta<strong>do</strong> <strong>para</strong> a formação e a proximida<strong>de</strong> <strong>do</strong> esvaziamento <strong>de</strong><br />
uma bolha especulativa. Ao contrário, mantiveram recomendações entusiastas <strong>de</strong> compra,<br />
mesmo quan<strong>do</strong> os preços sinalizavam potencial <strong>de</strong> queda. I<strong>de</strong>ntificou-se, posteriormente, que<br />
esses analistas não podiam emitir recomendações negativas <strong>para</strong> ações <strong>de</strong> empresas clientes<br />
da instituição financeira em que trabalhavam. Explicitaram-se ainda motivações pessoais <strong>do</strong>s<br />
analistas na recomendação <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> ações que possuíam, no intuito <strong>de</strong> vendê-las a um<br />
preço melhor no futuro (Farhi & Cintra, 2002b).<br />
Em abril <strong>de</strong> 2002, a Procura<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nova York abriu um processo contra a Merrill Lynch e<br />
outros bancos <strong>de</strong> investimentos, como Crédit Suisse First Boston, Morgan Stanley, Goldman<br />
Sachs e Salomon Smith Barney. Foram acusa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> manipular os preços das ações durante a<br />
formação da bolha especulativa na Nasdaq e, mesmo após seu <strong>de</strong>sinflar, <strong>para</strong> favorecer empresas<br />
clientes, fomentar valorização das ações <strong>de</strong>tidas pelas tesourarias ou atrair operações <strong>de</strong><br />
abertura <strong>de</strong> capital e promover fusões e aquisições. A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> mensagens eletrônicas da<br />
Merrill Lynch, em que analistas <strong>de</strong>screviam como “lixo” (shit) ações que tinham si<strong>do</strong> recomendadas<br />
como boas compras, fez com que a SEC se juntasse à Procura<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nova York. A<br />
Merrill Lynch concor<strong>do</strong>u em pagar a multa <strong>de</strong> US$ 100 milhões <strong>para</strong> encerrar o processo. As<br />
repetidas queixas <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res levaram a SEC a aprovar novas regras <strong>de</strong> atuação <strong>para</strong> os<br />
analistas <strong>de</strong> valores e as instituições que os empregam. Essas regras tentam introduzir transparência<br />
e estabelecer barreiras entre a atuação <strong>do</strong>s analistas e a área <strong>de</strong> investimentos da instituição<br />
financeira que os empregam.<br />
1.4. Conclusão<br />
Nos anos 90, houve uma célere expansão <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> na maior parte <strong>do</strong>s<br />
países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, com um processo concomitante <strong>de</strong> internacionalização, que vem fomentan<strong>do</strong><br />
uma maior padronização das operações em âmbito mundial <strong>para</strong> facilitar a<br />
interconexão <strong>do</strong>s sistemas e reduzir os custos. Entretanto, também fica claro que a promoção<br />
20<br />
9 A SEC e o Financial Accounting Standards Board (FASB), organismo encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir as normas contábeis nos EUA, também propuseram<br />
uma série <strong>de</strong> medidas e normas <strong>para</strong> evitar novas frau<strong>de</strong>s nas contabilida<strong>de</strong>s. As medidas e normas propostas incluem a criação <strong>de</strong> um órgão <strong>de</strong><br />
supervisão <strong>para</strong> os conta<strong>do</strong>res, a alteração <strong>do</strong>s padrões contábeis, a exigência da aprovação <strong>do</strong>s acionistas <strong>para</strong> a concessão <strong>de</strong> opções <strong>de</strong> ações aos<br />
executivos, a autonomia <strong>para</strong> contratação e <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> auditoria e a comunicação pública das vendas <strong>de</strong> ações <strong>para</strong> funcionários das<br />
empresas ou seus fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão. As normas <strong>de</strong>finidas pelo FASB, as generally accepted accounting principles, não se aplicam somente às<br />
empresas americanas, mas a todas as empresas <strong>de</strong>sejosas <strong>de</strong> ter ações negociadas nas bolsas <strong>de</strong> valores <strong>do</strong>s EUA, sob a forma <strong>de</strong> American<br />
Depositary Receipts (ADR).<br />
10 A título <strong>de</strong> ilustração, <strong>de</strong>staca-se que uma Instrução <strong>de</strong> 1999 da Comissão <strong>de</strong> Valores Mobiliários (CVM), autarquia fe<strong>de</strong>ral que regula o merca<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>capitais</strong> brasileiro, estabeleceu o rodízio <strong>de</strong> auditores a cada cinco anos e a se<strong>para</strong>ção <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> consultoria e auditoria. A CVM estuda<br />
também a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medidas que obriguem as empresas a apresentarem balanços consolida<strong>do</strong>s a cada três meses e, não apenas no final <strong>do</strong> ano.<br />
Além disso, tramita no Congresso o Projeto <strong>de</strong> Lei no. 3.741/2000, que atualiza a parte contábil da Lei das Socieda<strong>de</strong>s Anônimas (Lei no. 6.404/<br />
1976). O projeto procura harmonizar as regras contábeis brasileiras com as práticas internacionais, a fim <strong>de</strong> conferir transparência <strong>de</strong> informações e<br />
credibilida<strong>de</strong> aos balanços. Propõe também a criação <strong>do</strong> Comitê <strong>de</strong> Padrões Contábeis, inspira<strong>do</strong> no Financial Accounting Standarts Board<br />
americano, órgão priva<strong>do</strong> com autorida<strong>de</strong> <strong>para</strong> fazer pronunciamentos que viram “princípios contábeis geralmente aceitos”, garantin<strong>do</strong> a flexibilida<strong>de</strong><br />
das regras instituídas em lei.<br />
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<strong>de</strong>ssa forte expansão <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> um relativamente longo ciclo <strong>de</strong> expansão econômica, com<br />
eleva<strong>do</strong>s investimentos, que potencializaram a captação <strong>de</strong> recursos via os merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>,<br />
principalmente pelas empresas <strong>de</strong> novas tecnologias. As inovações surgidas com a<br />
informática e as telecomunicações viabilizaram escalas <strong>de</strong> operações muito maiores e mundialmente<br />
integradas. Mas, o dinamismo ainda provém, <strong>de</strong> fato, da expansão econômica <strong>do</strong>méstica:<br />
empresas se financian<strong>do</strong>, crescimento da renda e da poupança institucionalizada, perspectivas<br />
positivas <strong>de</strong> lucros. A pulverização das ações das empresas privatizadas também contribuiu<br />
<strong>para</strong> fomentar o merca<strong>do</strong> acionário.<br />
Apreen<strong>de</strong>-se, portanto, que há um viés geográfico nos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações, seja no número<br />
<strong>de</strong> companhias <strong>do</strong>mésticas listadas, seja nos sistemas <strong>de</strong> compensação e custódia, seja na<br />
realização <strong>do</strong>s investimentos. Praticamente, 95% <strong>do</strong>s investimentos em ações nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s são efetua<strong>do</strong>s em ações <strong>de</strong> companhias <strong>do</strong>mésticas, embora o crescimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> ADRs esteja amplian<strong>do</strong> a opção <strong>de</strong> companhias estrangeiras no portfólio <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res<br />
americanos (JP Morgan, 2002 e The Economist, 2001: p. 21).<br />
2. Diagnóstico <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações brasileiro à luz da experiência<br />
internacional<br />
2.1. Evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário brasileiro nos anos 90: expansão e <strong>de</strong>clínio<br />
Durante os anos 90, o merca<strong>do</strong> acionário brasileiro 11 foi marca<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is momentos: uma<br />
expansão e uma retração, sobretu<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> secundário. A entrada <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> estrangeiros<br />
nas bolsas, a estabilização da economia e o processo <strong>de</strong> privatização <strong>de</strong> algumas empresas<br />
públicas importantes ampliaram o merca<strong>do</strong> secundário <strong>de</strong> ações. A média <strong>de</strong> capitalização 12<br />
<strong>de</strong> merca<strong>do</strong> sobre o Produto Interno Bruto (PIB) no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1993 a 1999 foi <strong>de</strong> 27%,<br />
superior ao padrão histórico (raramente ultrapassou 10% <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980). Entretanto, esse indica<strong>do</strong>r<br />
mostrou sinais <strong>de</strong> estagnação no fim da década. O volume transaciona<strong>do</strong>, que havia<br />
cresci<strong>do</strong> acentuadamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992, atingin<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 22% <strong>do</strong> PIB em 1998, reduziu <strong>para</strong><br />
apenas 16% em 2000. Enfim, a partir da crise <strong>do</strong>s países emergentes, iniciada com a crise nos<br />
países <strong>do</strong> Su<strong>de</strong>ste Asiático, passan<strong>do</strong> pela Rússia e culminan<strong>do</strong> com a <strong>de</strong>svalorização da moeda<br />
brasileira em janeiro <strong>de</strong> 1999, houve um persistente <strong>de</strong>clínio nos volumes negocia<strong>do</strong>s na<br />
Bovespa 13 . Nesse perío<strong>do</strong>, ocorreu também uma relativa transferência <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z das ações<br />
brasileiras <strong>para</strong> as bolsas internacionais e, mais especificamente, <strong>para</strong> a Bolsa <strong>de</strong> Valores <strong>de</strong><br />
Nova York (NYSE).<br />
O <strong>de</strong>clínio <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações fica evi<strong>de</strong>nte na queda <strong>do</strong> número <strong>de</strong> companhias listadas<br />
na Bovespa. Em 1991, a Bovespa tinha 570 companhias listadas. Em fevereiro <strong>de</strong> 2002, o número<br />
<strong>de</strong> companhias listadas caiu <strong>para</strong> 423 (ver Gráfico 2). Nesse perío<strong>do</strong>, 147 empresas (mais <strong>de</strong><br />
25%) fecharam o capital, inclusive algumas relevantes, como a White Martins e a Cofap. Além<br />
21<br />
11 Gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s argumentos e conclusões <strong>de</strong>ste trabalho po<strong>de</strong> ser generalizada <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> brasileiro. Todavia, <strong>de</strong>ve-se salientar<br />
que o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> dívida privada possui algumas particularida<strong>de</strong>s em relação ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações, seja na forma <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> secundário<br />
(fundamentalmente merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão <strong>para</strong> os títulos <strong>de</strong> dívida e negociação em bolsa <strong>para</strong> as ações), seja nas características e motivações <strong>do</strong>s<br />
emissores e investi<strong>do</strong>res (Silva, 2001).<br />
12 Capitalização <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> correspon<strong>de</strong> ao número <strong>de</strong> ações multiplica<strong>do</strong> pelo preço <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> das ações (cotações). Os investi<strong>do</strong>res examinam a<br />
capitalização <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> em relação ao valor contábil das empresas a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar as perspectivas <strong>de</strong> valorização das ações e, portanto, das<br />
companhias.<br />
13 Há indicações <strong>de</strong> que os fluxos <strong>de</strong> recursos estrangeiros direciona<strong>do</strong>s <strong>para</strong> os países emergentes passaram por três fases bem características<br />
durante os anos 90. Na primeira fase, generalizou-se a formação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s especializa<strong>do</strong>s em ativos <strong>de</strong> diferentes países emergentes (country funds),<br />
com gran<strong>de</strong>s volumes sen<strong>do</strong> direciona<strong>do</strong>s <strong>para</strong> inúmeros merca<strong>do</strong>s. Na segunda fase, a<strong>do</strong>tou-se a estratégia <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s especializa<strong>do</strong>s em regiões<br />
(regional funds), tais como América Latina, Ásia e Pacífico, Europa Oriental, etc. Na terceira fase, consoli<strong>do</strong>u-se a constituição <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s globais<br />
(global funds). O portfólio <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s globais aceita tão-somente ações e títulos <strong>de</strong> dívidas <strong>de</strong> empresas com porte e atuação global, seja <strong>de</strong> países<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, seja <strong>de</strong> países emergentes. Nessa última estratégia, os recursos direciona<strong>do</strong>s às empresas <strong>do</strong>s países emergentes tornaram-se<br />
marginal (em torno <strong>de</strong> 10% da carteira). Parece evi<strong>de</strong>nte, portanto, que ao longo da década, em cada uma <strong>de</strong>ssas fases, ocorreu um aumento da<br />
aversão ao risco <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res e uma queda no volume <strong>de</strong> recursos direciona<strong>do</strong>s aos países emergentes.<br />
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disso, algumas empresas privatizadas promoveram o chama<strong>do</strong> “fechamento branco”. Vale dizer,<br />
recompraram gran<strong>de</strong> parte das ações em mãos <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res minoritários, mas mantiveram<br />
a companhia listada na bolsa por exigência legal. Por exigência <strong>do</strong>s “Editais <strong>de</strong><br />
Desestatização”, os novos controla<strong>do</strong>res <strong>de</strong>veriam manter as empresas abertas por cinco ou<br />
mais anos.<br />
22<br />
Fonte: CVM (htp://www.cvm.gov.br).<br />
Gráfico 2 – Número <strong>de</strong> Empresas Listadas na Bovespa<br />
A tendência <strong>de</strong> queda não se restringiu apenas às empresas listadas, mas atingiu to<strong>do</strong> o<br />
segmento <strong>de</strong> empresas abertas. Essas incluem as companhias que emitem apenas títulos <strong>de</strong><br />
dívida, consórcios registra<strong>do</strong>s com o objetivo exclusivo <strong>de</strong> participar <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />
privatização, empresas que abrem o capital <strong>para</strong> emitir ADRs, empresas <strong>de</strong> securitização e <strong>de</strong><br />
arrendamento mercantil (leasing). O Gráfico 3 mostra o número <strong>de</strong> empresas com registro na<br />
Comissão <strong>de</strong> Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável pela supervisão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>capitais</strong> brasileiro. Observa-se que o número <strong>de</strong> empresas abertas cresceu <strong>de</strong> 865 em 1991<br />
<strong>para</strong> 1.047 em 1998, mas caiu <strong>para</strong> 975 em fevereiro <strong>de</strong> 2002. Houve, portanto, fechamento <strong>de</strong><br />
capital <strong>de</strong> 72 empresas, após o auge.<br />
Fonte: CVM (htp://www.cvm.gov.br).<br />
Gráfico 3 – Número <strong>de</strong> Empresas <strong>de</strong> Capital Aberto<br />
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O florescimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> secundário <strong>de</strong> ações não foi acompanha<strong>do</strong>, em nenhum<br />
momento, por um movimento semelhante no merca<strong>do</strong> primário. A Tabela 1 evi<strong>de</strong>ncia que o<br />
número <strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> ações caiu <strong>de</strong> 30 <strong>para</strong> 6, entre 1995 e 2001. A contínua queda também<br />
po<strong>de</strong> ser observada no número <strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> <strong>de</strong>bêntures conversíveis em ações e em bônus<br />
<strong>de</strong> subscrição em ações. Em termos <strong>do</strong> valor emiti<strong>do</strong>, observa-se que houve um momento <strong>de</strong><br />
auge em 1997 e 1998, com as emissões <strong>de</strong> ações atingin<strong>do</strong> R$ 4 bilhões (ver Tabela 2). Todavia,<br />
o valor total das emissões no merca<strong>do</strong> acionário <strong>de</strong>clinou persistentemente nos anos seguintes.<br />
Em 2001, a obtenção <strong>de</strong> recursos mediante o merca<strong>do</strong> primário <strong>de</strong> ações foi <strong>de</strong> apenas R$<br />
1,3 bilhão. Essa fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> emissões primárias não apenas compromete o crescimento<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário, como também limita o espaço <strong>para</strong> o crescimento <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> capital <strong>de</strong> risco (venture capital). Merece <strong>de</strong>staque o crescimento nas emissões <strong>de</strong> <strong>de</strong>bêntures<br />
simples, como fonte <strong>de</strong> capital <strong>para</strong> as empresas que não têm acesso ao merca<strong>do</strong> internacional<br />
ou que <strong>de</strong>sejam fugir <strong>do</strong> risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização <strong>do</strong> câmbio. Em 2001, foram emiti<strong>do</strong>s<br />
R$ 14,5 bilhões em <strong>de</strong>bêntures simples.<br />
23<br />
Tabela 1– Merca<strong>do</strong> Primário <strong>de</strong> Valores Mobiliários (número <strong>de</strong> emissões)<br />
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002<br />
(Jan-Fev)<br />
1.Ações 30 24 23 20 10 6 6 1<br />
2.Debêntures Conversíveis 36 16 17 20 9 4 4 1<br />
3.Bônus <strong>de</strong> Subscrição 13 19 14 22 3 1 0 0<br />
4. Sub-total (1+2+3) 79 59 54 62 22 11 10 2<br />
5.Debêntures Simples 112 83 40 41 29 38 37 5<br />
6.Quotas <strong>de</strong> Fun<strong>do</strong> Imobiliário 15 46 44 28 15 31 22 2<br />
7.Certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Invest. Audiovisuais 54 106 219 171 107 93 110 6<br />
8.Notas Promissórias Comerciais 22 13 28 69 65 44 31 3<br />
9.Contrato <strong>de</strong> Investimento Coletivo - - - - 4 3 4 0<br />
Total (4+5+6+7+8+9) 282 307 385 371 242 220 214 18<br />
Fonte: CVM (http://www.cvm.gov.br).<br />
Tabela 2 – Merca<strong>do</strong> Primário <strong>de</strong> Va-lores Mobiliários (valor emiti<strong>do</strong>)<br />
R$ milhões<br />
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002<br />
(Jan-Fev)<br />
1.Ações 1.920,0 1.178,0 3.965,2 4.112,1 2.749,5 1.410,2 1.353,3 351,1<br />
2.Debêntures Conversíveis 911,2 1.333,0 1.477,0 3.360,7 1.592,0 1.435,0 586,8 19,6<br />
3.Bônus <strong>de</strong> Subscrição 10,6 8,4 0,2 1,9 0,3 0,0 0,0 0,0<br />
4.Sub-total (1+2+3) 2.841,8 2.519,4 5.442,4 7.474,7 4.341,8 2.845,2 1.940,1 370,7<br />
5.Debêntures Simples 5.963,7 7.211,4 6.040,7 6.296,6 5.084,4 7.313,0 14.575,3 1.870,0<br />
6.Quotas <strong>de</strong> Fun<strong>do</strong> Imobiliário 352,3 537,4 460,2 615,3 232,3 129,5 511,7 28,5<br />
7.Certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Invest. Audiovisuais 38,2 177,3 280,3 245,5 141,9 111,5 131,8 6,9<br />
8.Notas Promissórias Comerciais 1.116,6 499,3 5.147,0 12.903,5 8.044,0 7.590,7 5.266,2 51,4<br />
9.Contrato <strong>de</strong> Investimento Coletivo - - - - 34,9 455,6 262,3 0,0<br />
Total (4+5+6+7+8+9) 10.312,6 10.944,8 17.370,6 27.535,6 17.879,2 18.445,4 22.687,5 2.327,6<br />
Fonte: CVM (http://www.cvm.gov.br).<br />
A concorrência com ativos <strong>de</strong> renda fixa com elevada remuneração e baixo risco (sobretu<strong>do</strong>,<br />
títulos da dívida pública) e as condições <strong>de</strong> volatilida<strong>de</strong>, baixa transparência e insuficiente<br />
proteção aos investi<strong>do</strong>res minoritários, que caracterizam o merca<strong>do</strong> acionário brasileiro, também<br />
contribuíram <strong>para</strong> inviabilizar um movimento <strong>de</strong> popularização <strong>do</strong> investimento em ações,<br />
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como ocorreu nos EUA e em alguns países europeus nos anos 90. O investimento em ações<br />
permaneceu restrito a uma parcela muito pequena da população. Além disso, a implementação<br />
<strong>do</strong> programa <strong>de</strong> privatização não utilizou mecanismos que estimulassem a pulverização das<br />
ações e sua disseminação como alternativa <strong>de</strong> investimento. A distribuição <strong>de</strong> ações da Petrobrás<br />
(2001) e da Companhia Vale <strong>do</strong> Rio Doce (2002), facultan<strong>do</strong> a sua aquisição com recursos <strong>do</strong><br />
Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Garantia por Tempo <strong>de</strong> Serviços (FGTS), po<strong>de</strong> sinalizar uma saudável mudança <strong>de</strong><br />
posicionamento.<br />
Enfim, a expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário brasileiro nos anos 90 não esteve associada à<br />
captação <strong>de</strong> novos recursos pelas empresas, mas à estabilização, à entrada <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> estrangeiros<br />
e, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, à privatização. Inclusive, <strong>para</strong> aproveitar a onda ascen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
secundário <strong>de</strong> ações, houve a entrada <strong>de</strong> algumas distribui<strong>do</strong>ras e corretoras <strong>de</strong> valores<br />
mobiliários estrangeiras no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico (ver Tabela 42 no Anexo Estatístico). Após as<br />
crises financeiras e cambiais <strong>do</strong>s países asiáticos, da Rússia e a <strong>de</strong>svalorização da moeda brasileira,<br />
ocorreu uma redução <strong>do</strong>s volumes <strong>de</strong> capital direciona<strong>do</strong>s aos merca<strong>do</strong>s emergentes. Á<br />
contração <strong>do</strong>s recursos estrangeiros <strong>de</strong>ve ser agregada a relativa <strong>para</strong>lisia <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />
privatização (a última gran<strong>de</strong> privatização brasileira ocorreu em 1998, no setor <strong>de</strong> telecomunicações)<br />
e a baixa taxa <strong>de</strong> crescimento econômico, que não gerou um aumento expressivo na<br />
<strong>de</strong>manda das empresas <strong>para</strong> financiar novos empreendimentos. Tu<strong>do</strong> isso soma<strong>do</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou<br />
a retração <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e o fechamento <strong>do</strong> capital <strong>de</strong> inúmeras empresas.<br />
Simultaneamente à entrada <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> estrangeiros no merca<strong>do</strong> acionário <strong>do</strong>méstico ocorreu<br />
um processo <strong>de</strong> internacionalização das empresas brasileiras. Gran<strong>de</strong>s empresas, tais como<br />
Embratel, Gerdau, Aracruz, Pão <strong>de</strong> Açúcar, Petrobrás, Bra<strong>de</strong>sco, Itaú e Unibanco, passaram a<br />
lançar programas <strong>de</strong> ADRs. Esses recibos são negocia<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> americano (sobretu<strong>do</strong>,<br />
NYSE), <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> uma migração da liqui<strong>de</strong>z <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário <strong>do</strong>méstico <strong>para</strong> os<br />
EUA 14 . Entre 1994 e 1998, o número <strong>de</strong> empresas que implementou programas <strong>de</strong> ADRs é<br />
maior <strong>do</strong> que o número <strong>de</strong> emissões primárias no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico. Foram implementa<strong>do</strong>s<br />
57 programas <strong>de</strong> ADRs e apenas 41 emissões primárias no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico, sen<strong>do</strong> 24 em<br />
bolsa e 17 no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão (Rocca, 2001: p. 63). Houve também algumas operações <strong>de</strong><br />
Brazilian Depositary Receipts (BDRs), a mais importante foi organizada pela Telefônica, que<br />
resultou em redução <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> ações disponível no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico, <strong>de</strong> uma das principais<br />
empresas listadas 15 .<br />
Todavia, é preciso assinalar que a maior parte das empresas brasileiras, que lançaram ADRs,<br />
não captou recursos novos. Ocorreram apenas algumas colocações secundárias relevantes,<br />
nas quais uma parcela das ações <strong>do</strong> controla<strong>do</strong>r ou <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> acionista foi vendida, sem a<br />
captação <strong>de</strong> recursos novos (como aconteceu com a distribuição secundária das ações da<br />
Petrobrás <strong>de</strong> posse <strong>do</strong> Tesouro). Isso significa que a estagnação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> primário <strong>do</strong>méstico<br />
não se <strong>de</strong>ve à preferência das empresas pela captação <strong>de</strong> recursos no exterior mediante a<br />
emissão <strong>de</strong> ADRs. A opção por lançar ADRs não visou o merca<strong>do</strong> acionário propriamente dito,<br />
mas expor a empresa no exterior (inclusive adaptan<strong>do</strong>-se às regras contábeis <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s)<br />
e prepará-la <strong>para</strong> colocações <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> dívidas no merca<strong>do</strong> internacional.<br />
24<br />
14 A partir da criação <strong>do</strong> Anexo V à Resolução 1.289/1987, <strong>do</strong> CMN, pelas Resoluções 1.848/1991 e 1.927/1991, instituiu-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
aquisição <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> empresas brasileiras por investi<strong>do</strong>res estrangeiros no merca<strong>do</strong> internacional, sob a forma <strong>de</strong> recibos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos (Depositary<br />
Receipts), que constituem certifica<strong>do</strong>s representativos <strong>de</strong> ações ou outros valores mobiliários emiti<strong>do</strong>s e negocia<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong><br />
americano (ADRs) ou em diferentes merca<strong>do</strong>s (Global Depositary Receipts, GDRs). Para implementar um programa <strong>de</strong> ADRs, a SEC exige a abertura<br />
<strong>de</strong> informações (disclosure) sobre as operações comerciais da empresa.<br />
15 As empresas que lançaram programas <strong>de</strong> ADRs e BDRs estão arroladas nas Tabelas 34 e 35 <strong>do</strong> Anexo Estatístico.<br />
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Mais que um problema <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> poupança e liqui<strong>de</strong>z no merca<strong>do</strong> brasileiro, esse tipo <strong>de</strong><br />
internacionalização parece estar associa<strong>do</strong> às exigências crescentes por parte <strong>do</strong>s agentes financeiros<br />
<strong>de</strong> apresentar-se em padrões <strong>do</strong>s principais merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. Negociar suas<br />
ações (mediante ADRs) na NYSE é, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, um selo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, que melhora a qualificação<br />
das empresas frente aos cre<strong>do</strong>res. Essa melhor qualificação propicia condições mais<br />
a<strong>de</strong>quadas <strong>para</strong> a empresa captar recursos via lançamentos <strong>de</strong> bonds, commercial papers ou<br />
mesmo empréstimos sindicaliza<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> financeiro internacional. Em um contexto<br />
interno da economia brasileira, em que continuam prevalecen<strong>do</strong> taxas <strong>de</strong> juros muito mais<br />
elevadas <strong>do</strong> que no merca<strong>do</strong> internacional, isso faz com que crescentemente a liqui<strong>de</strong>z <strong>de</strong>ssas<br />
gran<strong>de</strong>s empresas passa a ser ditada pelas condições <strong>de</strong> financiamento no merca<strong>do</strong> externo,<br />
sua principal fonte <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> recursos.<br />
Entretanto, à medida que se forma um estoque relevante <strong>de</strong> ações no exterior e, portanto,<br />
consolida-se um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> nível <strong>de</strong> preços, torna-se cada vez mais difícil retomar a liqui<strong>de</strong>z<br />
<strong>de</strong>ssas ações no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico 16 . Inclusive, já se po<strong>de</strong> observar que nos momentos <strong>de</strong><br />
elevada instabilida<strong>de</strong>, em que se aumenta o risco cambial, ocorre uma elevação na participação<br />
relativa <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong> no exterior. Num contexto <strong>de</strong> forte instabilida<strong>de</strong>, dada a<br />
forte flutuação da taxa <strong>de</strong> câmbio, mesmo num curto espaço <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> três dias (D+3,<br />
liquidação <strong>do</strong>s contratos <strong>de</strong> câmbio), privilegia-se a negociação em ADRs. Isso porque os ADRs<br />
permitem que o investi<strong>do</strong>r não precise retirar os recursos <strong>do</strong>s EUA <strong>para</strong> realizar o câmbio e<br />
comprar ações na Bovespa. As compras e vendas são realizadas no próprio merca<strong>do</strong> americano.<br />
Os Gráficos 4 e 5 representam uma tentativa <strong>de</strong> captar a migração da liqui<strong>de</strong>z <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>méstico <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong> americano, a partir <strong>de</strong> uma amostra representativa <strong>de</strong> empresas<br />
listadas nos <strong>do</strong>is merca<strong>do</strong>s. I<strong>de</strong>ntifica-se que o número <strong>de</strong> ações transferidas, mediante o programa<br />
<strong>de</strong> ADRs, <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong> americano foi crescente entre 1994 e 1999, quan<strong>do</strong> atingiu<br />
mais <strong>de</strong> 3 trilhões <strong>de</strong> ações. Nos anos seguintes, permaneceu nesse patamar. Em 1999, praticamente<br />
meta<strong>de</strong> das ações <strong>de</strong>ssas empresas estava sen<strong>do</strong> negociada nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (ver<br />
Gráfico 5).<br />
25<br />
Gráfico 4 – Evolução <strong>do</strong> Número <strong>de</strong> Ações Negociadas no Brasil e nos EUA.<br />
Fonte: Da<strong>do</strong>s Bloomberg. Elaboração Eric Cunha (Bovespa).<br />
16 Estu<strong>do</strong> da Bovespa <strong>de</strong>monstrou que, entre janeiro e abril <strong>de</strong> 2001, mais <strong>de</strong> 60% das ações da Petrobrás PN e Telesp PN foram negociadas no<br />
exterior. Isso implicou que a formação <strong>do</strong> preço esteve mais atrelada ao merca<strong>do</strong> internacional <strong>do</strong> que ao merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico. O estu<strong>do</strong> conclui que<br />
“po<strong>de</strong> existir um movimento <strong>de</strong> redução <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> preço <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> local, a partir <strong>do</strong> momento em que <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o centro<br />
principal <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z” (Bovespa, 2001: p. 4).<br />
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26<br />
Gráfico 5 – Participação Relativa <strong>do</strong> Número <strong>de</strong> Ações Negociadas no Brasil e Nos EUA.<br />
Fonte: Da<strong>do</strong>s Bloomberg. Elaboração Eric Cunha (Bovespa).<br />
Em termos <strong>de</strong> volume, observa-se que o volume negocia<strong>do</strong> em Nova York cresceu até o<br />
ano 2000, quan<strong>do</strong> absorveu 40% <strong>do</strong> volume total das ações das empresas com programas <strong>de</strong><br />
ADRs (negociadas nos <strong>do</strong>is merca<strong>do</strong>s). Nos anos seguintes, o volume em Nova York se estabilizou<br />
em torno <strong>de</strong> 35% (ver Tabela 3). Assim, o merca<strong>do</strong> local continua sen<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
referência <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong> preços. Porém, à medida que a quantida<strong>de</strong> negociada passa a se<br />
concentrar no merca<strong>do</strong> internacional, menor é a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> local formar o preço<br />
das ações. A ineficiência na formação <strong>de</strong> preço, ocasionada pela fragmentação da negociação<br />
nos <strong>do</strong>is merca<strong>do</strong>s, promove as operações <strong>de</strong> arbitragem, compra-se no merca<strong>do</strong> mais barato<br />
e ven<strong>de</strong>-se no merca<strong>do</strong> mais caro (Bovespa, 2001: p. 5).<br />
Tabela 3 –Volumes Médios Mensais <strong>de</strong> Ações Negociadas<br />
no Brasil e nos EUA<br />
ADRs NYSE (US$ milhões) Bovespa (US$ milhões) Participação ADRs/Total<br />
1999 4.401,83 7.124,98 38,19<br />
2000 5.780,03 8.477,48 40,54<br />
2001 3.029,35 5.438,43 35,78<br />
2002 2.690,18 4.932,29 35,29<br />
Fonte: NYSE (da<strong>do</strong>s ADRs) e Bovespa. Elaboração: Bovespa.<br />
Enfim, a experiência <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> ADRs parece indicar lições relevantes:<br />
a) além da colocação <strong>de</strong> seus papéis à disposição <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res em outros merca<strong>do</strong>s, a<br />
conformida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas empresas com regras <strong>de</strong> governança e disclosure mais exigentes <strong>do</strong><br />
que as <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico tem produzi<strong>do</strong> impacto significativo sobre a atrativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
suas ações, geran<strong>do</strong> aumento <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z (ampliação da base <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res) e menor<br />
custo <strong>de</strong> capital (melhor avaliação <strong>de</strong> risco);<br />
b) a visibilida<strong>de</strong> internacional <strong>de</strong>ssas empresas possibilita melhores condições <strong>para</strong> a captação<br />
<strong>de</strong> recursos (bônus, commercial papers, notes etc.);<br />
c) a negociação <strong>do</strong>s papéis <strong>de</strong>ssas companhias por intermédio <strong>de</strong> ADRs provoca um processo<br />
<strong>de</strong> arbitragem, com reflexos no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico.<br />
Em suma, a experiência com os programas <strong>de</strong> ADRs parece <strong>de</strong>monstrar que as empresas<br />
brasileiras vão se convencen<strong>do</strong> da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprimir maior transparência na gestão <strong>do</strong>s<br />
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negócios. Esse parece ser um meio eficaz <strong>para</strong> auferir benefícios concretos e substanciais em<br />
termos <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z (volume negocia<strong>do</strong> e menor volatilida<strong>de</strong>) e redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> capital.<br />
Se essa hipótese for correta, são bastante positivas as perspectivas <strong>de</strong> <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong><br />
“Novo Merca<strong>do</strong>” da Bovespa (além <strong>do</strong>s Níveis I e II <strong>de</strong> governança corporativa), que procura<br />
ampliar as regras <strong>de</strong> governança corporativa e <strong>de</strong> proteção aos investi<strong>do</strong>res minoritários. O<br />
“Novo Merca<strong>do</strong>” representa um merca<strong>do</strong> específico, regula<strong>do</strong> por contratos priva<strong>do</strong>s, com<br />
maior número <strong>de</strong> ações com direito a voto no merca<strong>do</strong> e maior proteção aos investi<strong>do</strong>res<br />
minoritários (Barros et al., 2000: p. 11 e 12). Ele apoiou-se no conceito <strong>de</strong> “merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> acesso”,<br />
que procura atrair novas empresas, principalmente <strong>de</strong> médio porte e com projetos <strong>de</strong><br />
investimento.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista operacional, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 80 ocorreram importantes investimentos em<br />
tecnologia no sistema financeiro <strong>do</strong>méstico, inclusive por exigência <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> alta inflação.<br />
Houve gran<strong>de</strong>s avanços na automação bancária brasileira, promoven<strong>do</strong> o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong><br />
<strong>de</strong> sistemas e software 17 . O mesmo ocorreu na Bovespa, que não encontrou problemas <strong>para</strong><br />
adaptar-se às novas exigências tecnológicas e operacionais nos processos <strong>de</strong> negociação <strong>de</strong><br />
ações. O problema surgiu, quan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> se retraiu, porque apareceu um problema <strong>de</strong><br />
escala: um volume <strong>de</strong> negócios diário menor <strong>do</strong> que R$ 400 milhões implica prejuízos <strong>para</strong> a<br />
Bovespa. Manter uma permanente atualização tecnológica também passa a exigir um mínimo<br />
<strong>de</strong> escala, caso contrário, o custo se torna proibitivo.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista da liquidação e da custódia das ações negociadas, a Bovespa também<br />
avançou na atualização <strong>de</strong> seus sistemas. Para isso, criou a Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação<br />
e Custódia (CBLC), a partir <strong>de</strong> uma reestruturação patrimonial realizada em 1998. Com a<br />
implementação <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Pagamento Brasileiro (SPB), a CBLC teve <strong>de</strong> adaptar-se às novas<br />
exigências <strong>de</strong> liquidação diferida (D+3 <strong>para</strong> transações com ações e D+1 com títulos <strong>de</strong> renda<br />
fixa) 18 . Todas as avaliações realizadas por diferentes agentes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificam que o<br />
sistema <strong>de</strong> liquidação e custódia <strong>de</strong> ações funciona perfeitamente. Isto é, não apresenta maiores<br />
problemas ou riscos, pelo menos não insuperáveis <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista operacional.<br />
Resta, ainda, consi<strong>de</strong>rar a dimensão da regulamentação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico. O <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong><br />
recente enfocou mais os mecanismos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à redução <strong>do</strong> risco sistêmico, com<br />
forte atuação <strong>do</strong> Banco Central, mediante a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> capital <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> Basiléia<br />
e a criação <strong>do</strong> SPB e, menos a transparência e proteção <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r individual. Inclusive, diante<br />
das dificulda<strong>de</strong>s <strong>para</strong> se alterar padrões consolida<strong>do</strong>s, via modificações na Lei das Socieda<strong>de</strong>s<br />
Anônimas, optou-se pela criação <strong>do</strong> “Novo Merca<strong>do</strong>”, com novas regras <strong>de</strong> operação.<br />
Uma questão adicional que se coloca <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da regulamentação, no caso <strong>de</strong> um<br />
país como o Brasil, e que nem se apresenta nos países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, é o problema <strong>do</strong> riscopaís,<br />
a partir <strong>de</strong> uma restrição cambial-estrutural <strong>do</strong> balanço <strong>de</strong> pagamentos. Enquanto houver<br />
essa restrição externa, o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização da moeda permanece e, conseqüentemente,<br />
aumenta o potencial <strong>de</strong> fuga <strong>para</strong> aplicações em moeda forte, que po<strong>de</strong> drenar a poupança<br />
financeira <strong>para</strong> o exterior. Esse risco somente ten<strong>de</strong>ria a reduzir-se com a superação <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>sequilíbrio externo. Ou seja, à medida que os merca<strong>do</strong>s financeiros já se integraram <strong>de</strong><br />
maneira significativa, mas ainda permanece um importante risco cambial, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />
vulnerabilida<strong>de</strong> externa da economia brasileira, o <strong>de</strong>safio da regulação é re<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>, a fim <strong>de</strong><br />
27<br />
17 Os bancos são os maiores investi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> país em tecnologia, <strong>de</strong>stinan<strong>do</strong> 8,5% <strong>do</strong> patrimônio <strong>para</strong> aprimorar o parque tecnológico instala<strong>do</strong>. Cf.<br />
Fonseca (2002): “o índice <strong>de</strong> penetração da base <strong>de</strong> clientes conecta<strong>do</strong>s on line está próximo <strong>de</strong> 19%. A meta <strong>para</strong> o fim <strong>de</strong> 2002 é <strong>de</strong> 24%. As<br />
transações automatizadas já representam 74,7% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> transações, contra 25,3% das realizadas com intervenção <strong>do</strong>s funcionários nas agências ou<br />
por telefone”.<br />
18 Para uma discussão sobre o Sistema <strong>de</strong> Pagamento Brasileiro, ver Souza (2001) e Andima (2002).<br />
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impedir que esta integração não instabilize o sistema financeiro local em situação <strong>de</strong> turbulências<br />
no merca<strong>do</strong> cambial.<br />
2.2. Balanço com<strong>para</strong>tivo com outros países<br />
O merca<strong>do</strong> acionário brasileiro é pouco expressivo se com<strong>para</strong><strong>do</strong> ao <strong>de</strong> economias <strong>de</strong>senvolvidas,<br />
exceto com o alemão, que cresceu bastante no final da década <strong>de</strong> 90. O valor <strong>de</strong><br />
merca<strong>do</strong> 19 das ações brasileiras chegou a atingir 31,8% <strong>do</strong> Produto Interno Bruto – PIB em<br />
1997, mas caiu <strong>para</strong> o patamar <strong>de</strong> 20,7% em 1998 e 1999 (ver Tabela 4). São parâmetros relativamente<br />
pequenos se com<strong>para</strong><strong>do</strong>s com o valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> das ações <strong>de</strong> alguns países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s.<br />
No Reino Uni<strong>do</strong>, o valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> das ações atingiu 198% <strong>do</strong> PIB; nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s, 181% <strong>do</strong> PIB; na França, 111% <strong>do</strong> PIB em 1999.<br />
No final da década, aumentou também a distância <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário brasileiro em<br />
relação aos merca<strong>do</strong>s da Espanha e da Coréia. O valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> das ações espanholas representava<br />
54,7% <strong>do</strong> PIB em 1997, mas pulou <strong>para</strong> 77% <strong>do</strong> PIB em 1999. No caso coreano, o salto<br />
foi ainda mais espetacular, <strong>de</strong> 9,5% <strong>do</strong> PIB <strong>para</strong> 75% <strong>do</strong> PIB, no mesmo perío<strong>do</strong>. No âmbito da<br />
América Latina, o Brasil possuía o maior merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, sen<strong>do</strong> que em alguns indica<strong>do</strong>res<br />
se equi<strong>para</strong>va com o <strong>do</strong> México. Em termos <strong>do</strong> valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> das empresas em relação<br />
ao PIB, o Chile e o México estavam mais bem posiciona<strong>do</strong>s com 101% e 34% em 1999, respectivamente.<br />
28<br />
Tabela 4 – Importância <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ações na Economia Nacional<br />
US$ milhões<br />
1997 1998 1999<br />
PIB Valor <strong>do</strong> % PIB Valor <strong>do</strong> % PIB Valor <strong>do</strong> %<br />
Merca<strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> Merca<strong>do</strong><br />
R. Uni<strong>do</strong> 1.288,3 1.996,2 155,0 1.387,5 2.372,7 171,0 1.440,0 2.855,4 198,3<br />
EUA (a) 8.083,4 10.730,6 132,7 8.510,7 12.647,9 148,6 9.256,1 16.733,0 180,8<br />
França 1.394,1 676,3 48,5 1.451,8 984,9 67,8 1.347,1 1.496,9 111,1<br />
Japão 4.192,7 2.216,7 52,9 3.798,2 2.495,8 64,7 4.308,8 4.554,9 104,7<br />
Chile 77,1 72,0 93,5 72,9 51,9 71,1 67,5 68,2 101,1<br />
Espanha 531,3 290,4 54,7 553,2 399,8 72,3 560,3 431,6 77,0<br />
Coréia 442,5 41,9 9,5 320,7 114,6 35,7 406,9 306,1 75,2<br />
Alemanha 2.102,7 825,2 39,2 2.133,7 1.086,7 50,9 1.986,9 1.432,2 72,1<br />
México 402,8 156,6 38,9 414,8 91,7 22,1 446,3 154,0 34,5<br />
Brasil 803,3 255,5 31,8 777,1 160,9 20,7 777,1 160,9 20,7<br />
Argentina 297,5 59,3 19,9 298,3 45,3 15,2 282,9 55,8 19,7<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Valores, FIBV (http://www.fibv.com) e FMI (International Financial Statistics)<br />
(http://www.fibv.com).<br />
Nota:<br />
(a) Inclui a American Stock Exchange (Amex), Nasdaq e NYSE. A maioria das ações e títulos negocia<strong>do</strong>s na Amex pertence a<br />
pequenas e médias empresas, em contraste com as ações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s companhias, negociadas na NYSE.<br />
Em relação ao número <strong>de</strong> companhias listadas em bolsas <strong>de</strong> valores, apreen<strong>de</strong>-se que as<br />
empresas <strong>do</strong>mésticas pre<strong>do</strong>minam nos principais merca<strong>do</strong>s (ver Tabela 5). Nos merca<strong>do</strong>s mais<br />
internacionaliza<strong>do</strong>s a participação das empresas estrangeiras não atinge 20%, exceto na Alemanha,<br />
em que o número <strong>de</strong> companhias listadas atingiu 24% em 2001. Na NYSE as empresas<br />
estrangeiras representaram 19% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> empresas listadas; na Euronext Paris, 16%; em<br />
19 O valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> correspon<strong>de</strong> ao preço das ações (cotações) multiplica<strong>do</strong> pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações negociadas. É um <strong>do</strong>s principais<br />
indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário, pois mostra a trajetória <strong>do</strong>s preços <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada região ou bolsa. O valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>/PIB constitui outro<br />
indica<strong>do</strong>r relevante, <strong>de</strong>monstra o grau <strong>de</strong> importância das empresas negociadas em bolsa <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> país ou região.<br />
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Londres, 15%; na Nasdaq, 10%. O merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Tóquio reduziu o número <strong>de</strong> companhias estrangeiras<br />
listadas, <strong>de</strong> 43 empresas em 1999 <strong>para</strong> 38 em 2001. Já o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Madrid aumentou<br />
a participação das empresas estrangeiras, <strong>de</strong> 9 <strong>para</strong> 21 no mesmo perío<strong>do</strong> 20 . No Brasil<br />
praticamente não há emissão <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> companhias estrangeiras, o mesmo po<strong>de</strong> ser afirma<strong>do</strong><br />
<strong>para</strong> os países latino-americanos (Argentina, Chile e México) e também <strong>para</strong> a Coréia.<br />
A importância relativa das empresas <strong>do</strong>mésticas também fica evi<strong>de</strong>nte na com<strong>para</strong>ção <strong>do</strong><br />
volume <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário (ver Tabela 6). Isso significa que as empresas <strong>do</strong>mésticas ainda<br />
são a base <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s acionários, a <strong>de</strong>speito <strong>do</strong> movimento <strong>de</strong> internacionalização ocorri<strong>do</strong><br />
nos anos 90, com exceção <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> londrino. Em Londres, o volume das companhias<br />
estrangeiras é maior <strong>do</strong> que o das empresas <strong>do</strong>mésticas.<br />
Todavia, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>stacar que os programas <strong>de</strong> ADRs na NYSE cresceram muito no final da<br />
década <strong>de</strong> 90. Os merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> que mais per<strong>de</strong>ram liqui<strong>de</strong>z <strong>para</strong> a NYSE foram aqueles com<br />
menores níveis <strong>de</strong> <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong>méstico (tais como Irlanda, Brasil, Argentina e Finlândia) e/<br />
ou envolvi<strong>do</strong>s em acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> livre-comércio com os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (México e Canadá). Os programas<br />
ADRs das empresas mexicanas absorveram 43,3% <strong>do</strong> volume financeiro médio mensal<br />
<strong>de</strong>ssas ações na bolsa <strong>do</strong> México; das empresas irlan<strong>de</strong>sas, 41,4% da bolsa da Irlanda; das empresas<br />
brasileiras, 35,3% da Bovespa; das empresas argentinas, 22,8% da Bolsa <strong>de</strong> Buenos Aires; das empresas<br />
finlan<strong>de</strong>sas (sobretu<strong>do</strong> Nokia), 22,2% da bolsa da Finlândia (ver Tabela 7). Não se observou<br />
movimento semelhante <strong>de</strong> migração das ações listadas nas principais bolsas européias e asiáticas<br />
<strong>para</strong> programas <strong>de</strong> ADRs na NYSE. Os programas <strong>de</strong> ADRs das empresas listadas na Euronext<br />
(Paris, Bruxelas e Amsterdã) representaram apenas 2,4% <strong>do</strong> seu volume; 1,87% da Bolsa <strong>de</strong> Londres;<br />
1,73% da Bolsa da Alemanha; 0,55% da Bolsa <strong>de</strong> Tóquio; 2,12% da Bolsa da Coréia; 1,89% da<br />
Bolsa <strong>de</strong> Hong Kong; 3,83% da Bolsa da Austrália.<br />
29<br />
Tabela 5 – Número <strong>de</strong> Companhias listadas (merca<strong>do</strong> principal e <strong>para</strong>lelo)<br />
1999 2000 (%) 2001<br />
TOTAL Companhias Companhias TOTAL Companhias Companhias Variação TOTAL Companhias Companhias Variação<br />
Domésticas Estrangeiras Domésticas Estrangeiras 2000/1999 Domésticas Estrangeiras 2001/2000 (%)<br />
Nasdaq 4.829 4.400 429 4.734 4.246 488 -2,0 4.128 3.681 447 -12,8<br />
Londres 2.274 1.826 448 2.374 1.926 448 4,4 2.891 2.438 453 21,8<br />
NYSE 3.025 2.620 405 2.862 2.429 433 -5,4 2.400 1.939 461 -16,1<br />
Tóquio 1.935 1.892 43 2.096 2.055 41 8,3 2.141 2.103 38 2,1<br />
Madri (a) 727 718 9 1.036 1.019 17 42,5 1.482 1.461 21 43,1<br />
Euronext Paris 969 800 169 966 808 158 -0,3 1.345 1.131 214 39,2<br />
Alemanha (b) 851 617 234 989 744 245 16,2 984 749 235 -0,5<br />
Coréia 712 712 0 702 702 0 -1,4 688 688 0 -2,0<br />
São Paulo 487 486 1 467 464 3 -4,1 429 426 3 -8,1<br />
Santiago 282 282 0 261 260 1 -7,4 250 249 1 -4,2<br />
México 190 186 4 177 173 4 -6,8 172 167 5 -2,8<br />
Buenos Aires 125 124 1 125 122 3 0,0 119 116 3 -4,8<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsa <strong>de</strong> Valores – FIBV (http://www.fibv.com).<br />
Notas:<br />
(a) O crescimento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> companhias listadas na Bolsa <strong>de</strong> Madri em 2000 e 2001 <strong>de</strong>ve-se em gran<strong>de</strong> parte ao<br />
processo <strong>de</strong> fusão das bolsas regionais da Espanha;<br />
(b) Companhias listadas em pregão, exclui o segmento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> Freiverkehr (merca<strong>do</strong> regula<strong>do</strong> não oficial).<br />
20 Todavia, a Bolsa <strong>de</strong> Madrid exige apenas um convênio com a bolsa <strong>de</strong> origem <strong>para</strong> listar as empresas estrangeiras. Prescin<strong>de</strong> <strong>de</strong> balanços<br />
adapta<strong>do</strong>s à legislação espanhola e traduzi<strong>do</strong>s, bem como da taxa <strong>de</strong> negociação.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
30<br />
Tabela 6 – Volume <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ações (merca<strong>do</strong> principal e <strong>para</strong>lelo)<br />
(da<strong>do</strong>s converti<strong>do</strong>s em US$ milhões por taxas <strong>de</strong> câmbio <strong>do</strong> final <strong>do</strong> mês)<br />
1999 2000<br />
TOTAL Companhias Companhias Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> TOTAL Companhias Companhias Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Variação 2001 Variação<br />
Domésticas Estrangeiras Investimento Domésticas Estrangeiras Investimento 2000/1999 Total 2001/2000<br />
Nasdaq (REV) 10.467.369 10.114.054 349.145 4.171 19.798.799 18.950.660 844.400 3.739 89,1% 10.934.570 -45%<br />
NYSE (TSV) 8.945.205 8.223.849 686.637 34.720 11.060.046 9.885.993 1.141.896 32.157 23,6% 10.489.323 -5%<br />
Londres (REV) 3.399.381 1.425.809 1.952.033 21.539 4.558.663 1.862.589 2.669.122 26.952 34,1% 4.550.504 0%<br />
Euronext Paris (TSV) 770.076 760.702 9.373 0 1.064.866 1.054.476 10.390 0 38,3%<br />
Euronext Paris (REV) 2.892.301 2.814.494 77.808 0 3.988.737 3.962.134 26.603 0 37,9% 3.179.789 -20%<br />
Tóquio (TSV) 1.675.641 1.674.611 737 293 2.315.502 2.314.660 627 215 38,2% 1.660.525 -28%<br />
Alemanha (TSV) 1.551.467 1.375.877 175.590 0 2.119.785 1.798.462 321.323 0 36,6% 1.439.903 -32%<br />
Madri (REV) 739.670 738.223 1.447 0 985.402 983.112 2.289 0 33,2% 842.227 -15%<br />
Coréia (TSV) 733.423 732.832 0 591 556.246 555.807 0 439 -24,2% 380.586 -32%<br />
México (TSV) 35.172 34.715 0 458 45.768 45.273 0 496 30,1% 69.661 52%<br />
São Paulo (TSV) 83.772 83.772 0 0 101.537 100.670 860 7 21,2% 64.606 -36%<br />
Buenos Aires (TSV) 11.875 11.865 0 10 9.701 9.137 556 7 -18,3% 7.532 -22%<br />
Santiago (TSV) 6.859 6.859 0 0 6.083 6.070 0 13 -11,3% 4.282 -30%<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsa <strong>de</strong> Valores – FIBV (http://www.fibv.com).<br />
Notas:<br />
As bolsas <strong>de</strong> valores usam diferentes <strong>de</strong>finições e méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cálculos <strong>para</strong> compilar estatísticas <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação<br />
(turnover). Conseqüentemente, com<strong>para</strong>ções não po<strong>de</strong>m ser realizadas entre diferentes bolsas que a<strong>do</strong>tam distintos<br />
méto<strong>do</strong>s. As classificações a<strong>do</strong>tadas pela FIBV são:<br />
Trading System View (TSV) – consi<strong>de</strong>ram <strong>para</strong> calcular a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação das ações apenas aquelas transações que<br />
passaram pelos sistemas <strong>de</strong> negociação ou que aconteceram no pregão da bolsa;<br />
Regulated Environment View (REV) – inclui nos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação das ações todas as transações sujeitas à<br />
supervisão das autorida<strong>de</strong>s regula<strong>do</strong>ras (tais como transações entre empresas membros das bolsas e transações realizadas<br />
em merca<strong>do</strong>s estrangeiros, mas registradas no merca<strong>do</strong> local).<br />
Tabela 7 – Negociação <strong>de</strong> ADRs na New York Stock Exchange (NYSE) por país<br />
Posição <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2002<br />
País Classificação (a) Volume Médio Mensal (US$ milhões) Participação <strong>do</strong>s ADRs no Total (%) (b)<br />
México (c) 1 o . 2.953,09 43,28<br />
Irlanda 2 o . 1.663,89 41,37<br />
Brasil 3 o . 2.690,18 35,29<br />
Argentina 4 o . 111,50 22,81<br />
Finlândia 5 o . 4.418,97 22,19<br />
Canadá 6 o . 10.453,85 22,01<br />
Euronext (d) 7 o . 6.684,96 2,41<br />
Reino Uni<strong>do</strong> 8 o . 6.508,12 1,87<br />
Formosa 9 o . 2.381,10 3,48<br />
Alemanha 10 o . 1.901,21 1,73<br />
Suíça 11 o . 1.471,60 2,84<br />
Coréia 12 o . 1.308,35 2,12<br />
Austrália 13 o . 971,39 3,83<br />
Japão 14 o . 799,43 0,55<br />
Espanha 15 o . 427,46 1,59<br />
Hong Kong 16 o . 362,58 1,89<br />
Fonte: NYSE (da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ADRs), Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Valores (da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> volume das bolsas locais), Bolsa <strong>de</strong><br />
Madri e Bovespa. Elaboração: Bovespa.<br />
Notas:<br />
(a) Não foram incluí<strong>do</strong>s na relação os países Bermudas, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas, Ilhas Cayman e Guerney por se tratarem <strong>de</strong><br />
<strong>para</strong>ísos fiscais;<br />
(b) Refere-se à participação da negociação das ações alocadas nos programas <strong>de</strong> ADRs no total negocia<strong>do</strong> com a ação (Bolsa<br />
local + NYSE);<br />
(c) O volume negocia<strong>do</strong> no México cai em torno <strong>de</strong> 75% quan<strong>do</strong> os merca<strong>do</strong>s americanos <strong>de</strong> ações permanecem fecha<strong>do</strong>s;<br />
(d) Em setembro <strong>de</strong> 2000, as Bolsas <strong>de</strong> Amsterdã, Bruxelas e Paris fundiram-se <strong>para</strong> constituir a Euronext.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Dadas as diferenças nos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cálculos, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação (turnover) das<br />
ações das companhias <strong>do</strong>mésticas listadas em diferentes bolsas <strong>de</strong> valores somente é comparável<br />
entre aquelas que seguem o mesmo critério. O merca<strong>do</strong> brasileiro a<strong>do</strong>ta o méto<strong>do</strong> Trading<br />
System View (i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> na Tabela 8 com o número 1) e reduziu o giro <strong>de</strong> 54% em 1999 <strong>para</strong><br />
34% em 2001. No México ocorreu o contrário, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação pulou <strong>de</strong> 29,2 % em<br />
1999 <strong>para</strong> 37,8% em 2001, o que torna o merca<strong>do</strong> mexicano potencialmente mais atraente na<br />
América Latina. Em 2001, os merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Buenos Aires e <strong>de</strong> Santiago apresentaram baixíssimo<br />
giro das ações, 17,5% e 7,3%, respectivamente. Na Coréia, a rotativida<strong>de</strong> atingiu 219%; na<br />
Alemanha, 118,3%; na NYSE, 87%. Entre aquelas que a<strong>do</strong>tam o méto<strong>do</strong> Regulated Environment<br />
View (i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> na Tabela 8 com o número 2), como a Nasdaq e a Euronext Paris, a rotativida<strong>de</strong><br />
foi muito maior.<br />
A aversão ao risco <strong>do</strong> empresário brasileiro se traduz na preferência pela empresa familiar<br />
fechada e na resistência à abertura <strong>de</strong> capital. Mesmo entre as companhias com capital aberto,<br />
o que se verifica é a concentração <strong>de</strong> ações ordinárias – com direito a voto – nas mãos <strong>de</strong><br />
poucos controla<strong>do</strong>res, ao contrário <strong>do</strong> que se verifica nos países com merca<strong>do</strong>s mais pujantes,<br />
nos quais as ações são pulverizadas. Além disso, trata-se <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong> muito concentra<strong>do</strong>,<br />
tanto <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>s emissores, caracteriza<strong>do</strong>s por poucas e gran<strong>de</strong>s empresas (incluin<strong>do</strong><br />
estatais e companhias recentemente privatizadas) – entre oito e <strong>de</strong>z ações representam<br />
cerca <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> –, quanto <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res, com a presença<br />
<strong>de</strong> instituições financeiras, investi<strong>do</strong>res estrangeiros e institucionais, em particular os fun<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> pensão 21 .<br />
31<br />
Tabela 8 – Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Circulação <strong>de</strong> Ações <strong>de</strong><br />
Companhias Domésticas (Turnover)<br />
1999 2000 2001<br />
Nasdaq (2) 303,0 383,9 359,2<br />
Coréia (1) 344,9 243,0 218,7<br />
Madri (2) 196,1 228,4 175,8<br />
Euronext Paris (2) 255,5 268,8 138,4<br />
Alemanha (1) 116,9 128,6 118,3<br />
NYSE (1) 74,6 87,7 86,9<br />
Londres (2) 56,7 69,3 83,8<br />
Tóquio(1) 49,4 58,8 60,0<br />
México (1) 29,2 31,7 37,8<br />
São Paulo (1) 54,2 43,9 33,9<br />
Buenos Aires (1) 23,6 17,0 17,5<br />
Santiago (1) 11,3 9,4 7,3<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Valores, FIBV (http://www.fibv.com).<br />
Notas:<br />
As bolsas <strong>de</strong> valores usam diferentes <strong>de</strong>finições e méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cálculos <strong>para</strong> compilar estatísticas <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação<br />
(turnover). Conseqüentemente, com<strong>para</strong>ções não po<strong>de</strong>m ser realizadas entre diferentes bolsas que a<strong>do</strong>tam distintos<br />
méto<strong>do</strong>s. As classificações a<strong>do</strong>tadas pela FIBV são:<br />
(1) Trading System View (TSV) – consi<strong>de</strong>ram <strong>para</strong> calcular a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação das ações apenas aquelas transações<br />
que passaram pelos sistemas <strong>de</strong> negociação ou que aconteceram no pregão da bolsa;<br />
(2) Regulated Environment View (REV) – inclui nos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação das ações todas as transações sujeitas<br />
à supervisão das autorida<strong>de</strong>s regula<strong>do</strong>ras (tais como transações entre empresas membros das bolsas e transações realizadas<br />
em merca<strong>do</strong>s estrangeiros, mas registradas no merca<strong>do</strong> local).<br />
21 Há somente uma pequena disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações ordinárias (com direito a voto) em merca<strong>do</strong> (free float), dada a concentração em mãos <strong>do</strong>s<br />
controla<strong>do</strong>res. Estima-se que em 80% das companhias (585 num total <strong>de</strong> 723), o grupo controla<strong>do</strong>r <strong>de</strong>tém mais <strong>de</strong> 60% das ações ordinárias,<br />
sen<strong>do</strong> que em 60,3% <strong>do</strong>s casos este percentual é superior a 80% (Rocca, 2001: p. 106).<br />
(%)<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
A Tabela 9 mostra a participação relativa <strong>de</strong> 5% das empresas <strong>do</strong>mésticas mais capitalizadas<br />
e mais negociadas (índice <strong>de</strong> concentração). Em Londres, 96 companhias representam 81,5%<br />
<strong>do</strong> valor <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário e 78,3% <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong>. Na Euronext Paris, 40 companhias<br />
absorvem 79% <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário e 86,2 % <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong>. Na Nasdaq,<br />
209 companhias respon<strong>de</strong>m por 72,3% <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário e 75,9% <strong>do</strong> volume<br />
negocia<strong>do</strong>. No Brasil, 23 companhias representam 65,2% <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário e<br />
70,2% <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong>. Assim, o merca<strong>do</strong> brasileiro está relativamente concentra<strong>do</strong> em<br />
poucas companhias, porém menos que o México (9 empresas), Buenos Aires (6 empresas) e<br />
Santiago (13 empresas). Todavia, <strong>de</strong>ve-se salientar que a concentração é uma característica <strong>do</strong>s<br />
principais merca<strong>do</strong>s acionários. O que diferencia o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações brasileiro é a falta <strong>de</strong><br />
liqui<strong>de</strong>z, da<strong>do</strong> o baixo volume <strong>de</strong> negociação, mesmo das ações mais negociadas.<br />
32<br />
Tabela 9 – Concentração <strong>de</strong> 5% das Empresas mais Capitalizadas<br />
e mais Negociadas<br />
1999 2000<br />
5% Valor <strong>de</strong> 5% Valor Número <strong>de</strong> 5% Valor <strong>de</strong> 5% Valor Número <strong>de</strong><br />
Merca<strong>do</strong> (%) Negocia<strong>do</strong> (%) Companhias Merca<strong>do</strong> (%) Negocia<strong>do</strong> (%) Companhias<br />
Londres 79,3 88,8 91 81,5 78,3 96<br />
Coréia 80,0 40,2 36 80,3 64,0 35<br />
Euronext Paris 77,2 79,1 40 78,6 86,2 40<br />
Madri 76,3 93,2 36 74,8 97,8 51<br />
Alemanha 39,6 41,5 47 73,5 45,3 42<br />
Nasdaq 74,8 78,6 220 72,3 75,9 209<br />
São Paulo 64,2 71,3 24 65,3 70,2 23<br />
Tóquio 70,4 66,0 100 63,9 70,5 103<br />
NYSE 66,7 57,6 109 61,1 57,1 101<br />
México 60,0 70,6 10 60,9 66,2 9<br />
Buenos Aires 62,6 63,6 6 59,7 54,2 6<br />
Santiago 51,8 79,9 14 46,9 72,9 13<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Valores, FIBV (http://www.fibv.com).<br />
A Tabela 10 procura i<strong>de</strong>ntificar o montante bruto <strong>de</strong> capital novo levanta<strong>do</strong> pelas companhias<br />
<strong>do</strong>mésticas nos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>. A NYSE possibilitou a agregação <strong>de</strong> US$ 222,9 bilhões <strong>de</strong> <strong>capitais</strong><br />
<strong>para</strong> investimento em 2000. Foi seguida pela Nasdaq, com US$ 133,4 bilhões e, pela Espanha, com<br />
US$ 121,9 bilhões. O Brasil apresentou o maior volume <strong>de</strong> capital levanta<strong>do</strong> na América Latina, mas é<br />
irrisório se com<strong>para</strong><strong>do</strong> com os países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, exceto a Alemanha (US$ 25,8 bilhões) e o Japão<br />
(US$ 16,6 bilhões). O volume <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> levanta<strong>do</strong> no Brasil foi <strong>de</strong> apenas US$ 5,8 bilhões em 2000,<br />
incluin<strong>do</strong> <strong>de</strong>bêntures, que representam a maior parte. Isso significa que a participação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>capitais</strong> no financiamento <strong>do</strong> investimento tem si<strong>do</strong> bastante mo<strong>de</strong>sta. A emissão primária <strong>de</strong><br />
ações (e <strong>de</strong>bêntures) em relação à formação bruta <strong>de</strong> capital situou-se entre 1,7% e 8,2% no perío<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> 1990 a 1998 (ver Tabela 11).<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
33<br />
Tabela 10 – Montante Bruto <strong>de</strong> Capital Novo Levanta<strong>do</strong><br />
por Companhias Domésticas<br />
(US$ milhões, cálculo com base na taxa <strong>de</strong> câmbio anual média)<br />
1999 2000<br />
Capital Capital<br />
Capital Levanta<strong>do</strong> Capital Levanta<strong>do</strong><br />
Levanta<strong>do</strong> por por Novas Levanta<strong>do</strong> por por Novas<br />
Companhias Empresas Companhias Empresas Variação<br />
já Listadas Admitidas TOTAL já Listadas Admitidas TOTAL 2000/1999<br />
NYSE 111.165,0 63.544,6 174.709,6 149.689,4 73.283,3 222.972,7 27,6%<br />
Nasdaq 53.454,9 50.425,2 103.880,2 80.775,0 52.585,1 133.360,0 28,4%<br />
Espanha 31.011,2 26.571,3 57.582,5 60.216,5 61.684,1 121.900,6 111,7%<br />
Euronext Paris 22.016,8 7.313,9 29.330,7 27.042,4 10.653,1 37.695,5 28,5%<br />
Londres 16.032,3 7.370,7 23.402,9 21.260,6 14.473,1 35.733,6 52,7%<br />
Alemanha 3.025,7 13.696,1 16.721,8 2.490,9 23.343,1 25.833,9 54,5%<br />
Japão 89.293,0 NA 89.293,0 16.654,7 NA 16.654,7 -81,3%<br />
Brasil 6.627,4 178,1 6.805,5 5.515,2 290,5 5.805,7 -14,7%<br />
Coréia 28.140,9 2.409,4 30.550,3 5.090,7 31,4 5.122,1 -83,2%<br />
Santiago 1.582,5 32,9 1.615,3 897,5 518,7 1.416,2 -12,3%<br />
México 118,6 314,2 432,8 1.243,9 124,5 1.368,4 216,2%<br />
Buenos Aires 898,4 NA 898,4 237,1 NA 237,1 -73,6%<br />
FIBV TOTAL 753.931,0 895.973,8 18,8%<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Valores, FIBV (http://www.fibv.com).<br />
Tabela 11 – Emissões Primárias no Brasil (1980-1998)<br />
Ano Debêntures (I) Ações (II) Total (I + II)<br />
1980 1,21 0,54 1,74<br />
1981 0,48 2,86 3,34<br />
1982 0,78 2,90 3,68<br />
1983 0,68 1,89 2,56<br />
1984 1,50 0,85 2,35<br />
1985 1,55 0,30 1,85<br />
1986 2,34 0,27 2,61<br />
1987 0,59 0,04 0,64<br />
1988 0,71 4,34 5,05<br />
1989 0,68 1,34 2,02<br />
1990 0,81 0,95 1,76<br />
1991 0,82 1,37 2,18<br />
1992 1,31 0,47 1,78<br />
1993 1,00 4,55 5,54<br />
1994 1,99 2,91 4,91<br />
1995 1,46 5,24 6,70<br />
1996 0,78 5,60 6,37<br />
1997 2,18 4,31 6,49<br />
1998 2,35 5,85 8,20<br />
(% da Formação Bruta <strong>de</strong> Capital Fixo)<br />
Fonte: World Bank, World Development Indicators, 1999, Washington, D.C. e CVM apud Barros et. al. (2000: p. 30).<br />
A Tabela 12 (capitalização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>) e a Tabela 13 (volume <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>) procuram<br />
explicitar a evolução <strong>de</strong> alguns merca<strong>do</strong>s acionários entre 1990 e 2001. Nos principais países<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s a expansão <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> foi espetacular, com <strong>de</strong>staque <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong><br />
americano. A capitalização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações das companhias <strong>do</strong>mésticas listadas na<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
NYSE, por exemplo, pulou <strong>de</strong> US$ 2,7 trilhões <strong>para</strong> US$ 11 trilhões. O volume negocia<strong>do</strong> na<br />
Nasdaq saltou <strong>de</strong> US$ 452 bilhões <strong>para</strong> US$ 10,9 trilhões.<br />
34<br />
Tabela 12 – Capitalização <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ações <strong>de</strong> Companhias<br />
Domésticas (merca<strong>do</strong> principal e <strong>para</strong>lelo)<br />
(valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> exclui fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento) (US$ bilhões, da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>)<br />
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001<br />
NYSE 2.692 3.484 3.798 4.213 4.148 5.655 6.842 8.880 10.278 11.438 11.535 11.027<br />
Nasdaq 311 491 619 792 794 1.160 1.512 1.726 2.244 5.205 3.597 2.897<br />
Tóquio 2.929 3.117 2.319 2.906 3.592 3.545 3.011 2.161 2.440 4.463 3.157 2.265<br />
Londres 850 986 928 1.151 1.145 1.347 1.643 1.996 2.373 2.855 2.612 2.150<br />
Euronext Paris 312 373 350 455 452 500 587 676 985 1.497 1.447 1.844<br />
Alemanha 355 392 347 461 499 577 665 825 1.087 1.432 1.270 1.072<br />
Madri 111 127 99 119 124 151 241 290 400 432 504 468<br />
Coréia 110 96 108 140 192 182 139 42 115 306 148 194<br />
Brasil 11 32 45 97 189 148 217 255 161 228 226 186<br />
México 41 103 139 201 130 91 107 157 92 154 125 126<br />
Santiago 14 28 30 45 68 73 66 72 52 68 60 56<br />
Buenos Aires 4 19 19 44 37 38 45 59 45 56 46 33<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Valores, FIBV (http://www.fibv.com).<br />
Tabela 13 – Volume Total Negocia<strong>do</strong> (Companhias Domésticas e<br />
Estrangeiras, inclusive Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento)<br />
(US$ bilhões)<br />
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001<br />
Nasdaq (REV) 452 694 891 1.350 1.449 2.398 3.302 4.482 5.519 10.467 19.799 10.935<br />
NYSE (TSV) 1.325 1.520 1.745 2.283 2.454 3.083 4.064 5.778 7.318 8.945 11.060 10.489<br />
Londres (REV) 543 554 663 866 1.029 1.153 1.413 1.989 2.888 3.399 4.559 4.551<br />
Euronext Paris (TSV) 121 117 125 170 202 213 282 414 588 770 1.065 0<br />
Euronext Paris (REV) - - - - 629 717 982 1.414 2.053 2.892 3.989 3.180<br />
Tóquio (TSV) 1.288 823 477 793 860 884 939 896 751 1.676 2.316 1.661<br />
Alemanha (TSV) 509 405 454 564 592 594 812 1.068 1.492 1.551 2.120 1.440<br />
Madri (TSV) 36 35 35 42 55 54 80 139 - - - 0<br />
Madri (REV) - - - - - 163 238 424 640 740 985 842<br />
Coréia (TSV) 76 85 116 212 287 185 178 171 145 733 556 381<br />
México (REV) 12 40 51 64 86 35 44 55 31 35 46 70<br />
São Paulo (TSV) 4 7 15 27 66 57 98 191 140 84 102 65<br />
Buenos Aires (TSV) 1 5 16 50 113 32 31 38 26 12 10 8<br />
Santiago (TSV) 1 2 2 3 5 11 8 7 4 7 6 4<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Valores, FIBV (http://www.fibv.com).<br />
Notas:<br />
Trading System View (TSV) – consi<strong>de</strong>ram <strong>para</strong> calcular a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação das ações apenas aquelas transações que<br />
passaram pelos sistemas <strong>de</strong> negociação ou que aconteceram no pregão da bolsa;<br />
Regulated Environment View (REV) – inclui nos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação das<br />
ações todas as transações sujeitas à supervisão das autorida<strong>de</strong>s regula<strong>do</strong>ras (tais como transações<br />
entre empresas membros das bolsas e transações realizadas em merca<strong>do</strong>s estrangeiros,<br />
mas registradas no merca<strong>do</strong> local).<br />
No caso brasileiro, fica evi<strong>de</strong>nte a importante participação <strong>do</strong> capital estrangeiro na <strong>de</strong>terminação<br />
da trajetória <strong>do</strong> valor das ações e <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong>. Em termos da capitalização<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário, i<strong>de</strong>ntifica-se um primeiro gran<strong>de</strong> salto em 1991, exatamente no início<br />
<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> abertura, quan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> atingiu US$ 32 bilhões (ver Tabela 12). Depois,<br />
em 1994, ocorreu outro movimento expressivo, associa<strong>do</strong> com o plano <strong>de</strong> estabilização (Plano<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Real) e com os avanços no processo <strong>de</strong> privatização. A forte atração <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> externos elevou<br />
a capitalização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário brasileiro <strong>de</strong> US$ 189 bilhões em 1994 <strong>para</strong> US$ 255<br />
bilhões em 1997 22 . Des<strong>de</strong> então, ocorreram oscilações, sem jamais repetir o auge <strong>de</strong> 1997. Em<br />
2001, a capitalização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário brasileiro alcançou US$ 186 bilhões.<br />
Em termos <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong>, o auge também ocorreu em 1997, com a Bovespa apresentan<strong>do</strong><br />
um volume médio <strong>de</strong> negociação <strong>de</strong> US$ 190,6 bilhões. Todavia, as crises financeiras<br />
e cambiais nos países asiáticos, na Rússia e na América Latina, foram seguidas pelo <strong>de</strong>sinflar da<br />
bolha especulativa na Nasdaq (março <strong>de</strong> 2000) e pela <strong>de</strong>saceleração da economia mundial<br />
(2001), que aumentou a aversão ao risco <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res estrangeiros e reduziu o fluxo <strong>de</strong><br />
recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos países emergentes. Esses fatores contracionistas externos <strong>de</strong>vem ser<br />
agrega<strong>do</strong>s aos fatores internos. Entre os fatores internos <strong>de</strong>stacam-se a <strong>para</strong>lisação <strong>do</strong> processo<br />
<strong>de</strong> privatização, o aumento relativo nos custos <strong>de</strong> transação (elevação na alíquota da Contribuição<br />
Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF) e expansão <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> ADRs.<br />
Esse último ocasiona uma migração da liqui<strong>de</strong>z das ações das maiores empresas brasileiras<br />
<strong>para</strong> merca<strong>do</strong>s mais competitivos, sem que novas empresas ocupem a lacuna. Diante disso, a<br />
Bovespa per<strong>de</strong>u atrativida<strong>de</strong> e o volume negocia<strong>do</strong> caiu. Em 2001, alcançou apenas US$ 65<br />
bilhões (34% <strong>do</strong> valor atingi<strong>do</strong> em 1997).<br />
Deve-se enfatizar ainda o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>de</strong> novos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acesso nos países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s.<br />
A Tabela 14 mostra que o número <strong>de</strong> companhias listadas nos novos merca<strong>do</strong>s<br />
cresceu acentuadamente. No Reino Uni<strong>do</strong>, o número <strong>de</strong> companhias no AIM pulou <strong>de</strong> 347 em<br />
1999 <strong>para</strong> 524 em 2000. Na França, o Nouveau Marché saltou <strong>de</strong> 111 <strong>para</strong> 158 no mesmo<br />
perío<strong>do</strong> (o Second Marché per<strong>de</strong>u 18 empresas). Na Alemanha, o número <strong>de</strong> companhias no<br />
Neuer Markt cresceu <strong>de</strong> 201 em 1999 <strong>para</strong> 339 em 2000 23 . Destaca-se que o Neuer Markt foi<br />
cria<strong>do</strong> em 1997, como um merca<strong>do</strong> acionário seletivo com fortes regras <strong>de</strong> governança<br />
corporativa, disclosure e enforcement e que gerou um movimento acelera<strong>do</strong> <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong><br />
capital das empresas. O Neuer Markt requer que as companhias listadas tenham contabilida<strong>de</strong><br />
baseada nos padrões americanos (US General Accepted Accounting Principles) ou no<br />
International Accounting Standards (IAS) e publiquem relatórios trimestrais. Além disso, o<br />
contrato <strong>para</strong> listagem no Neuer Markt prevê que quaisquer litígios sejam resolvi<strong>do</strong>s por uma<br />
câmara arbitral. Esse dispositivo acelera a resolução <strong>de</strong> possíveis conflitos, dan<strong>do</strong> aos investi<strong>do</strong>res<br />
maior garantia <strong>de</strong> que seus direitos serão respeita<strong>do</strong>s. O mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong> Neuer Markt serviu<br />
<strong>de</strong> base <strong>para</strong> a formação <strong>do</strong> “Novo Merca<strong>do</strong>” na Bovespa (Barros et al., 2000).<br />
35<br />
Tabela 14 – Número <strong>de</strong> Companhias com Ações Negociadas<br />
em Novos Merca<strong>do</strong>s<br />
Nome <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> 1999 2000 Variação<br />
2000/1999<br />
Total Companhias Companhias Total Companhias Companhias<br />
Domésticas Estrangeiras Domésticas Estrangeiras<br />
Londres AIM (a) 347 325 22 524 496 28 51,0%<br />
Euronext Paris Second Marché 372 367 5 354 347 7 -4,8%<br />
Euronext Paris Nouveau Marché 111 104 7 158 151 7 42,3%<br />
Alemanha Neuer Markt 201 168 33 339 283 56 68,7%<br />
Tóquio Mothers 2 2 0 29 29 0 1.350,0%<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Valores, FIBV (http://www.fibv.com).<br />
Nota:<br />
(a) Empresas usuárias <strong>de</strong> tecnologia intensiva.<br />
22 Salienta-se, mais uma vez, que esse movimento expansivo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário brasileiro não significou o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>capitais</strong>, pois ficou restrito ao merca<strong>do</strong> secundário. Não houve um fluxo expressivo <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> investimento das empresas abertas, nem a<br />
atração <strong>de</strong> novas empresas ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>.<br />
23 Em 2001 e 2002, o Neuer Markt sofreu forte revés com a crise das empresas <strong>de</strong> tecnologia e também foi atingi<strong>do</strong> por frau<strong>de</strong>s contábeis.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
De mo<strong>do</strong> geral, po<strong>de</strong>-se afirmar que os novos merca<strong>do</strong>s foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s nos países<br />
industrializa<strong>do</strong>s <strong>para</strong> ampliar o acesso <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> tecnologia aos investimentos <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> capital <strong>de</strong> risco (venture capital) 24 , como ocorreu na Nasdaq nos EUA. No Brasil, o<br />
“Novo Merca<strong>do</strong>” representou uma tentativa <strong>de</strong> melhorar a governança corporativa e a proteção<br />
<strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res minoritários. No mesmo senti<strong>do</strong>, implementaram-se os níveis I e II da<br />
Bovespa, com maiores exigências <strong>de</strong> transparência e novas regras <strong>de</strong> governança corporativa.<br />
Finalmente, indica-se uma estimativa <strong>do</strong>s custos relativos <strong>de</strong> negociação <strong>de</strong> ações. De acor<strong>do</strong><br />
com a estimativa <strong>do</strong> custo total <strong>de</strong> transação, realizada por Elkins/McSherry, que soma o<br />
custo proveniente <strong>de</strong> comissões, taxas <strong>de</strong> administração e impacto no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />
uma operação, o custo da Bovespa era <strong>de</strong> 47,7 BP (pontos básicos ou basic points) no quarto<br />
trimestre <strong>de</strong> 2002, mas o preço médio das cotações era o mais baixo entre os países seleciona<strong>do</strong>s<br />
(ver Tabela 15). Os custos com emolumento e comissões eram estima<strong>do</strong>s em 26,7 BP; as<br />
taxas <strong>de</strong> administração, em 3,96 BP; os impactos no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma operação, 17 BP. Representava<br />
o menor custo relativo entre os países latino-americanos, mas também menor que o<br />
custo na Coréia (77,4 BP). Equi<strong>para</strong>va-se ao custo na Espanha (41 BP) e situava-se 19,3 BP<br />
acima <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> transação da NYSE e 11,4 BP acima <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> transação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
balcão americano.<br />
36<br />
Tabela 15 – Custo <strong>de</strong> Transação (Elkins/McSherry Global Universe)<br />
Quarto trimestre <strong>de</strong> 2000<br />
País Preço (a) Comissão (I) Taxas (II) Impacto no Merca<strong>do</strong> (III) Total (IV)<br />
Santiago $ 16,46 34,36 BP 0,85 BP 65,71 BP 100,92 BP<br />
Coréia $ 40,21 39,27 BP 8,68 BP 29,46 BP 77,41 BP<br />
Buenos Aires $ 3,46 23,91 BP 6,79 BP 22,94 BP 53,64 BP<br />
México $ 2,34 29,98 BP 1,34 BP 22,08 BP 53,40 BP<br />
Brasil (b) $ 1,16 26,69 BP 3,96 BP 17,05 BP 47,70 BP<br />
UK – BUYS $ 8,17 16,54 BP 49,09 BP 7,11 BP 72,74 BP<br />
UK – SELLS $ 7,64 15,97 BP 0,67 BP 22,17 BP 38,81 BP<br />
Espanha $ 17,61 22,96 BP 1,59 BP 16,60 BP 41,15 BP<br />
França $ 87,89 21,28 BP 1,03 BP 11,52 BP 33,83 BP<br />
Alemanha $ 71,70 20,75 BP 1,50 BP 7,03 BP 29,28 BP<br />
US – NYSE $ 39,78 13,45 BP 0,56 BP 14,44 BP 28,39 BP<br />
US – Balcão $ 49,83 2,14 BP 0,36 BP 33,84 BP 36,34 BP<br />
Japão $ 22,04 14,51 BP 0,05 BP 7,50 BP 22,06 BP<br />
Fonte: Standard & Poor´s, Emerging Stock Markets Factbook, 2001, Nova York, p. 418.<br />
Notas:<br />
(a) Trata-se <strong>do</strong> preço médio das ações negociadas em dólar no país;<br />
(I) Refere-se à comissão (commission) média paga no país;<br />
(II) Refere-se à taxa (fee) média paga no país;<br />
(III) Constitui o custo <strong>de</strong> negociação médio no país. Mais precisamente, o impacto <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> (market impact) representa<br />
o custo médio <strong>para</strong> negociar versus o preço médio. Ou ainda, refere-se à diferença entre o preço <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> uma<br />
or<strong>de</strong>m e a média das cotações (maior e menor/abertura e fechamento) durante a data da negociação.<br />
(IV) O custo total <strong>de</strong> negociação em um país é a soma das comissões, das taxas e <strong>do</strong> impacto no merca<strong>do</strong>.<br />
(b) Não inclui o custo representa<strong>do</strong> pela Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), <strong>de</strong> 0,38%.<br />
2.3. A poupança institucionalizada no Brasil<br />
Está claro que o merca<strong>do</strong> bursátil brasileiro experimentou um movimento expansivo, associa<strong>do</strong><br />
com o processo <strong>de</strong> privatização, que atraiu investi<strong>do</strong>res estrangeiros <strong>para</strong> a Bovespa,<br />
causan<strong>do</strong> um boom especulativo. Contu<strong>do</strong>, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezar o papel <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong><br />
pelos investi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos no <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> relativo e restrito <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong><br />
24 Para uma discussão <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> financiamento da pesquisa tecnológica, ver Freitas (2002).<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
asileiro. Entre os investi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos, papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque coube aos investi<strong>do</strong>res<br />
institucionais, sobretu<strong>do</strong> às Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar.<br />
O valor total das carteiras <strong>de</strong> investimento <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res institucionais brasileiros alcançou<br />
R$ 191,9 bilhões em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001 (ver Tabela 16). As Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência<br />
Complementar respon<strong>de</strong>ram por R$ 154,6 bilhões, praticamente 81% da poupança <strong>de</strong><br />
longo prazo <strong>do</strong> país. As Entida<strong>de</strong>s Abertas <strong>de</strong> Previdência Complementar – planos que recebem<br />
a<strong>de</strong>são direta das pessoas físicas, <strong>de</strong>satrela<strong>do</strong>s da participação <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>res – <strong>de</strong>tinham<br />
R$ 20,8 bilhões, o equivalente a 11% <strong>do</strong> total. As segura<strong>do</strong>ras agregaram R$ 10,2 bilhões<br />
ou 5,3% <strong>do</strong> total. Dessa poupança <strong>de</strong> longo prazo, R$ 41,2 bilhões estavam aloca<strong>do</strong>s em ações<br />
e/ou fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> renda variável, o que correspon<strong>de</strong> a 21,5% <strong>do</strong> total. O restante da poupança <strong>de</strong><br />
longo prazo estava aplica<strong>do</strong> em títulos <strong>de</strong> renda fixa (públicos e priva<strong>do</strong>s).<br />
37<br />
Tabela 16 – Valor Total das Carteiras <strong>de</strong> Investimentos<br />
<strong>do</strong>s Investi<strong>do</strong>res Institucionais<br />
Posição em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001<br />
Instituições R$ milhões<br />
Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar (EFPC) 154.578<br />
Entida<strong>de</strong>s Abertas <strong>de</strong> Previdência Complementar (EAPC) 20.783<br />
Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Segura<strong>do</strong>ras 10.194<br />
Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Capitalização 6.315<br />
Total 191.870<br />
Memorandum<br />
Total Aplica<strong>do</strong> em Ações e Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Renda Variável (a) 41.297<br />
Fonte: Abrapp – EFPC – “Carteira Consolidada, por tipo <strong>de</strong> Aplicação”; Fenaseg – EAPC, Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Capitalização e<br />
Merca<strong>do</strong> Segura<strong>do</strong>r – “Provisões Técnicas”.<br />
Observação:<br />
As carteiras <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res institucionais po<strong>de</strong>m ser observadas nas Tabela 36, 37 e 38 <strong>do</strong> Anexo Estatístico.<br />
Nos anos 90, houve um crescimento bastante expressivo <strong>do</strong>s recursos sob a guarda das<br />
Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar. O Gráfico 6 explicita que os ativos das<br />
Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar saltaram <strong>de</strong> 3,3% <strong>do</strong> PIB em 1990 <strong>para</strong><br />
14,4% <strong>do</strong> PIB em 2000 25 . Gran<strong>de</strong> parte da carteira <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong>ssas Entida<strong>de</strong>s também<br />
se encontra alocada em títulos <strong>de</strong> renda fixa. O percentual investi<strong>do</strong> em ações e fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
investimento <strong>de</strong> renda variável atingiu o máximo <strong>de</strong> 39% em 1997 e 1998, aproveitan<strong>do</strong> o auge<br />
especulativo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário (ver Tabela 17). Des<strong>de</strong> então, as Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong><br />
Previdência Complementar reduziram os investimentos em ações. Em 2001, a participação das<br />
ações no total da carteira caiu <strong>para</strong> 29%. Esse percentual situa-se abaixo <strong>do</strong>s limites – <strong>de</strong> 30% a<br />
60% <strong>do</strong> patrimônio líqui<strong>do</strong> (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> plano) –, instituí<strong>do</strong>s pela legislação <strong>para</strong> investimentos<br />
em ações ou fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> renda variável (Resolução no. 2.829, <strong>de</strong> 29/03/2001, <strong>do</strong> Conselho<br />
Monetário Nacional, CMN).<br />
25 A <strong>de</strong>speito <strong>do</strong> crescimento, em termos relativos, é bastante inferior ao Chile (40% <strong>do</strong> PIB), ao Japão (65% <strong>do</strong> PIB), aos EUA (95% <strong>do</strong> PIB) e à<br />
Holanda (120% <strong>do</strong> PIB).<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
38<br />
Gráfico 6 – Ativos das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar/PIB<br />
Fonte: SPC/IBGE e Associação Brasileira das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar, Consolida<strong>do</strong> Estatístico,<br />
Ano X, No. 30, maio <strong>de</strong> 2002, São Paulo (http://www.abrapp.org.br).<br />
Tabela 17 – Carteira Consolidada das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência<br />
Complementar, por tipo <strong>de</strong> Aplicação<br />
Discriminação Dez/94 Dez/95 Dez/96 Dez/97 Dez/98 Dez/99 Dez/00 Dez/01<br />
Ações 39,1 29,5 30,9 28,5 19,2 26,3 23,6 18,5<br />
Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimentos – RV ND ND 2,6 10,7 10,2 12,2 11,4 10,5<br />
Imóveis 14,4 14,9 12,9 10,4 10,7 8,8 8,0 6,8<br />
Depósito a prazo 11,5 14,6 9,6 7,6 9,7 4,6 3,2 3,1<br />
Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimentos – RF 12,4 11,9 16,8 19,3 22,8 31,6 36,7 40,4<br />
Empréstimos a participantes 1,9 1,9 2,2 1,9 1,9 1,6 1,8 1,8<br />
Financiamento imobiliário 4,6 5,8 5,1 4,5 4,4 3,4 2,9 2,5<br />
Debêntures 1,9 5,2 4,8 3,9 3,6 2,5 2,0 2,1<br />
Títulos públicos 3,8 4,4 5,7 3,7 6,5 6,3 6,6 11,3<br />
Outros 2,6 2,5 2,4 2,2 2,6 2,6 3,6 2,9<br />
Operações c/ patrocina<strong>do</strong>ras 7,8 9,4 6,9 7,4 8,4 0,1 0,2 0,1<br />
TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0<br />
Fonte: Associação Brasileira das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar, Consolida<strong>do</strong> Estatístico, Ano X, No.<br />
30, maio <strong>de</strong> 2002, São Paulo (http://www.abrapp.org.br). Os valores absolutos po<strong>de</strong>m ser observa<strong>do</strong>s na Tabela 36 <strong>do</strong><br />
Anexo Estatístico.<br />
Nota:<br />
ND – Não disponível.<br />
O mesmo padrão se aplica <strong>para</strong> as carteiras <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento 26 . A participação<br />
<strong>do</strong>s investimentos em renda variáveis atingiu 10%, enquanto os investimentos em renda fixa<br />
alcançaram 90%, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001 (ver Tabela 18). Vale <strong>de</strong>stacar que no total das aplicações<br />
<strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento, 75% estão aloca<strong>do</strong>s em títulos públicos, líqui<strong>do</strong>s e porta<strong>do</strong>-<br />
26 Os fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento experimentaram um amplo processo <strong>de</strong> reformulação na década <strong>de</strong> 90. Em 1995, foram cria<strong>do</strong>s os Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
Investimento Financeiro (FIF), regulamenta<strong>do</strong>s pelo Banco Central e, em sua maioria, com perfil <strong>de</strong> renda fixa. Em 1999, houve uma flexibilização das<br />
regras <strong>do</strong>s FIF e uma reestruturação <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s regulamenta<strong>do</strong>s pela CVM, crian<strong>do</strong> os Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento em Títulos e Valores Mobiliários. Os<br />
FIF substituíram a estrutura que vigorava até então, caracterizada pela multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos – com normas específicas relativas a composição<br />
<strong>de</strong> carteiras, prazos <strong>de</strong> aplicação e liqui<strong>de</strong>z <strong>de</strong> cotas – e voltada <strong>para</strong> assegurar aos investi<strong>do</strong>res níveis <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z e rentabilida<strong>de</strong> compatíveis com o<br />
perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> alta inflação e completa in<strong>de</strong>xação <strong>de</strong> preços e ativos. As únicas exceções no que diz respeito à flexibilida<strong>de</strong> da composição das carteiras<br />
<strong>do</strong>s FIF são a limitação a 20% <strong>do</strong> total <strong>do</strong> patrimônio, <strong>para</strong> aplicação em ações ou em cotas <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s regulamenta<strong>do</strong>s pela CVM, além da<br />
observação das normas <strong>de</strong> diversificação <strong>de</strong> risco. Quanto aos fun<strong>do</strong>s regulamenta<strong>do</strong>s pela CVM, a principal mudança refere-se à simplificação das<br />
regras <strong>de</strong> diversificação <strong>de</strong> risco e <strong>de</strong> composição <strong>de</strong> carteira. Tais fun<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ter a totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus investimentos representa<strong>do</strong>s por ações,<br />
valores mobiliários e <strong>de</strong>rivativos – com os ativos e operações <strong>de</strong> renda fixa, em geral, limita<strong>do</strong>s a 49% <strong>do</strong> patrimônio total –, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> também<br />
respeitar regras <strong>de</strong> diversificação <strong>de</strong> risco. O comprometimento <strong>do</strong> patrimônio em operações <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>ve ser comunica<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma clara e legível,<br />
em to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos <strong>de</strong> informação e divulgação <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> fun<strong>do</strong>.<br />
(%)<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
es <strong>de</strong> altas taxas <strong>de</strong> retorno (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> Plano Real até mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2002, a taxa real<br />
média <strong>de</strong> juros foi da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 15% a.a.) 27 . Isso revela a importância da dívida pública na<br />
gestão da poupança privada, dada sua elevada liqui<strong>de</strong>z e remuneração, mas também como<br />
lastro essencial na estabilização <strong>do</strong> Real, refletin<strong>do</strong> o custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> entre reter riqueza<br />
em moeda nacional versus em moeda forte.<br />
O volume <strong>de</strong> recursos em fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento cresceu acentuadamente nos últimos<br />
anos. Saltou <strong>de</strong> R$ 46 bilhões em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1994 <strong>para</strong> R$ 359,7 bilhões em abril <strong>de</strong> 2002<br />
(ver Gráfico 14 no Anexo Estatístico) 28 . Enfatiza-se também que a gestão <strong>de</strong>sses fun<strong>do</strong>s tornouse<br />
bastante concentrada. Em 1993, os <strong>de</strong>z maiores administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong>tinham 59% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
brasileiro; em abril <strong>de</strong> 2002, <strong>do</strong>minavam 74%. Nesse perío<strong>do</strong>, o número <strong>de</strong> administra<strong>do</strong>res<br />
caiu <strong>de</strong> 175 <strong>para</strong> 122 (ver Gráficos 15 e 16 no Anexo Estatístico). A exacerbada competição<br />
reduziu as taxas <strong>de</strong> administração. Especialistas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> administração <strong>de</strong> recursos<br />
argumentam que há <strong>do</strong>is caminhos <strong>para</strong> garantir a sobrevivência: “ser muito gran<strong>de</strong> ou muito<br />
pequeno” (Wilner, 2002). Entre os gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stacam-se os fun<strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>s pelos bancos<br />
com amplas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distribuição e por gigantes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes como a inglesa Schro<strong>de</strong>rs<br />
(que administra R$ 2,6 bilhões no Brasil, sen<strong>do</strong> R$ 2,3 bilhões em fun<strong>do</strong>s off shore e o restante<br />
em fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações local). Entre os pequenos sobressaem os fun<strong>do</strong>s hiper-especializa<strong>do</strong>s (em<br />
ações e <strong>de</strong>rivativos), que exploram nichos <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da taxa <strong>de</strong> performance<br />
<strong>do</strong>s gestores. A maioria das empresas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes terceiriza a administração da custódia,<br />
cálculo <strong>de</strong> ativos e cotas. Além <strong>de</strong> reduzir custos, evita a maquiagem <strong>do</strong>s números pelos gestores.<br />
39<br />
Tabela 18 – Ranking Global <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Recursos<br />
<strong>de</strong> Terceiros (por ativos)<br />
Posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001/ (%)<br />
Administra<strong>do</strong>r BB Itaú Bra<strong>de</strong>sco CEF HSBC Citibank Unibanco ABN Amro Real Santan<strong>de</strong>r Brasil BankBoston Total (a)<br />
Renda Fixa 87,0 93,4 88,8 93,9 95,1 92,5 93,5 96,2 94,6 96,9 90,1<br />
Tít. Pub. Fe<strong>de</strong>rais 75,7 70,2 72,7 93,7 84,8 72,8 76,5 91,7 81,6 64,3 75,2<br />
Tít. Pub. Est./Municipais 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
CDB/RDB 5,6 12,9 7,4 0,0 4,2 8,4 7,4 2,3 5,5 23,3 7,6<br />
Notas Promissórias 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 0,3 5,8 0,3<br />
Debêntures 2,8 6,6 7,8 0,0 5,5 3,6 8,9 1,9 6,0 1,2 4,4<br />
Outros 2,8 3,7 0,5 0,2 0,5 7,7 0,6 0,0 1,3 2,2 2,5<br />
Renda Variável 13,0 6,6 11,2 6,1 4,9 7,5 6,5 3,8 5,4 3,1 9,9<br />
Ações 12,5 4,9 11,1 6,1 4,9 7,4 6,3 3,8 5,4 3,1 9,5<br />
Outros 0,5 1,7 0,1 0,0 0,0 0,2 0,2 0,0 0,0 0,0 0,4<br />
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0<br />
Fonte: Associação Nacional <strong>do</strong>s Bancos <strong>de</strong> Investimento – Anbid (http://www.anbid.com.br).<br />
Nota:<br />
(a) Inclui outros administra<strong>do</strong>res.<br />
27 A <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Banco Central <strong>de</strong> impor novas regras contábeis aos fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento (chamada <strong>de</strong> “marcação a merca<strong>do</strong>”), em 31 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />
2002, tornou o rendimento <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> renda fixa, que resulta das aplicações em títulos públicos, mais instável. Isso implicou em saques líqui<strong>do</strong>s<br />
em torno <strong>de</strong> R$ 50 bilhões nos meses <strong>de</strong> junho e julho.<br />
28 Deve-se esclarecer que nesse total estão incluí<strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res institucionais (em torno <strong>de</strong> R$ 118,7 bilhões, representan<strong>do</strong> 31,6%<br />
<strong>do</strong> total), que são administra<strong>do</strong>s pelos diferentes fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento (R$ 375,7 bilhões, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001). Para a estimativa da Anbid, ver<br />
Tabela 39 no Anexo Estatístico.<br />
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2.4. Conclusão<br />
O curto movimento positivo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações no Brasil (1991-1998), ao contrário da<br />
experiência internacional, não se baseou em um importante ciclo <strong>de</strong> expansão econômica e<br />
<strong>de</strong> investimentos, mas esteve essencialmente associa<strong>do</strong> ao processo <strong>de</strong> privatização <strong>de</strong> algumas<br />
importantes empresas públicas e à atração <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> estrangeiros com a estabilização,<br />
que gerou um surto especulativo. Os limites <strong>de</strong>sse movimento apareceram tão logo ficaram<br />
evi<strong>de</strong>ntes as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sustentação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo cambial brasileiro, quan<strong>do</strong> a crise <strong>do</strong>s<br />
países asiáticos e, principalmente, a da Rússia afetaram as condições <strong>de</strong> financiamento externo<br />
da economia brasileira.<br />
Com a saída <strong>do</strong> capital estrangeiro <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações brasileiro e a nova etapa <strong>de</strong><br />
internacionalização das gran<strong>de</strong>s empresas brasileiras, mediante a colocação <strong>de</strong> ADRs, esse<br />
merca<strong>do</strong> per<strong>de</strong>u fôlego. Com taxas <strong>de</strong> juros muito elevadas e baixas taxas <strong>de</strong> crescimento<br />
econômico, o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações não tinha como recuperar o volume negocia<strong>do</strong>, nem retomar<br />
as emissões primárias.<br />
Desse diagnóstico conclui-se que não se trata <strong>de</strong> um problema <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> poupança financeira.<br />
A poupança institucionalizada não é <strong>de</strong>sprezível. Há uma poupança financeira <strong>do</strong>méstica,<br />
mas apenas uma parcela mínima e <strong>de</strong>crescente é canalizada <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>.<br />
Também fica claro que o país <strong>de</strong>sperdiçou a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> popularizar investimentos em<br />
ações ao optar, no processo <strong>de</strong> privatização, por vendas fechadas e não pulverizadas 29 .<br />
Pelo la<strong>do</strong> da <strong>de</strong>manda, não houve uma significativa necessida<strong>de</strong> por novos recursos, da<strong>do</strong><br />
que a taxa <strong>de</strong> investimento permaneceu praticamente estagnada. Parece evi<strong>de</strong>nte que sem a<br />
retomada <strong>do</strong> crescimento econômico, dificilmente ocorrerá uma ampliação da base das empresas<br />
que recorram ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> <strong>para</strong> obter financiamento. Além disso, as empresas<br />
abertas sem crescimento econômico não realizam novas emissões (“chamada <strong>de</strong> capital”).<br />
Nessas condições, o custo <strong>para</strong> manter a empresa aberta torna-se muito eleva<strong>do</strong>, por isso<br />
ocorreram fechamentos <strong>de</strong> capital.<br />
A poupança institucionalizada no Brasil ainda tem gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> expansão, se for<br />
leva<strong>do</strong> em conta que apenas começou a se alterar a previdência complementar <strong>do</strong> funcionalismo<br />
público e <strong>de</strong> outras classes trabalhistas 30 . A<strong>de</strong>mais, existe um gran<strong>de</strong> potencial <strong>para</strong> se<br />
tentar massificar os investimentos em ações. Nesse senti<strong>do</strong>, seria importante que os ativos<br />
públicos que ainda forem privatiza<strong>do</strong>s, sejam vendi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira pulverizada. As experiências<br />
<strong>de</strong> vendas pulverizadas das ações da Petrobrás e da Companhia Vale <strong>do</strong> Rio Doce <strong>de</strong>monstram<br />
que existe espaço <strong>para</strong> ampliar a cultura <strong>de</strong> aplicação em ações.<br />
40<br />
29 Além disso, uma massificação <strong>do</strong>s investimentos em ações foi dificultada pela falta <strong>de</strong> confiança <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res nas regras <strong>de</strong> governança<br />
corporativa e alguns episódios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s manipulações nas cotações.<br />
30 A Lei Complementar no. 108 <strong>de</strong> 29/05/2001 regula a relação entre entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> setor público (inclusive empresas estatais) e as entida<strong>de</strong>s fechadas<br />
<strong>de</strong> previdência complementar existentes ou que venham a ser criadas, visan<strong>do</strong> o funcionalismo público. Limita em 50% a participação <strong>do</strong><br />
patrocina<strong>do</strong>r sobre a contribuição total. Estabelece ainda requisitos <strong>de</strong> preservação <strong>do</strong> equilíbrio atuarial e padrões mais exigentes <strong>de</strong> governança<br />
corporativa <strong>para</strong> essas entida<strong>de</strong>s.<br />
A Lei Complementar no. 109 <strong>de</strong> 29/05/2001 institui as bases legais <strong>para</strong> o regime <strong>de</strong> previdência complementar organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma autônoma em<br />
relação ao regime <strong>de</strong> previdência social. É, portanto, facultativo, basea<strong>do</strong> na constituição <strong>de</strong> reservas que garantam o benefício contrata<strong>do</strong> e<br />
funcionan<strong>do</strong> sob duas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s, fechadas e abertas. Entre outras inovações, cria a figura <strong>do</strong> institui<strong>do</strong>r <strong>de</strong> planos fecha<strong>do</strong>s<br />
(associações, clubes, sindicatos), figura antes restrita a empresas patrocina<strong>do</strong>ras; regulamenta a portabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos e; estabelece novos<br />
padrões <strong>de</strong> governança e transparência.<br />
O Projeto <strong>de</strong> Lei Complementar no. 09, ainda em tramitação no Congresso Nacional, estabelece as normas gerais <strong>para</strong> a instituição <strong>de</strong> regime <strong>de</strong><br />
previdência complementar <strong>para</strong> os servi<strong>do</strong>res públicos pertencentes à União, Esta<strong>do</strong>s, Distrito Fe<strong>de</strong>ral e Municípios. Nesse contexto, os novos<br />
funcionários que ingressarem no setor público terão um “teto” <strong>para</strong> seus benefícios previ<strong>de</strong>nciários, da<strong>do</strong> pelo benefício máximo pago pelo Instituto<br />
Nacional <strong>de</strong> Segurida<strong>de</strong> Social (INSS) aos trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong>. Os benefícios adicionais <strong>de</strong>verão advir <strong>do</strong> sistema complementar. Nesse<br />
caso, o novo servi<strong>do</strong>r público terá o direito <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rir aos planos da nova instituição complementar mantida pelo ente público ao qual pertence ou<br />
escolher outra instituição <strong>de</strong> previdência complementar no merca<strong>do</strong>. Porém, nesse último caso, o servi<strong>do</strong>r per<strong>de</strong>rá o direito às contribuições <strong>do</strong><br />
patrocina<strong>do</strong>r, que estarão limitadas a, no máximo, a contribuição <strong>do</strong> segura<strong>do</strong>. O funcionamento <strong>de</strong>sses fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verá se dar, exclusivamente, com<br />
planos em regime <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong>finida, <strong>para</strong> garantir o equilíbrio atuarial sem a geração <strong>de</strong> passivos contingentes <strong>para</strong> o Esta<strong>do</strong> (Reis et al.,<br />
2002).<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Todavia, se não houver possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar o portfólio <strong>de</strong>sses investi<strong>do</strong>res institucionais<br />
no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico, as pressões <strong>para</strong> uma maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentos no exterior<br />
(diversificação <strong>de</strong> risco e redução <strong>do</strong> risco cambial) ten<strong>de</strong>rão a aumentar. Principalmente,<br />
se as taxas <strong>de</strong> juros <strong>do</strong>mésticas caírem e os investimentos em renda variável se tornarem com<strong>para</strong>tivamente<br />
mais rentáveis (e, portanto, se tornarem uma necessida<strong>de</strong>).<br />
3. Avaliação da situação das corretoras brasileiras<br />
3.1 Panorama atual das corretoras brasileiras<br />
Em linhas gerais, o volume <strong>de</strong> operações no merca<strong>do</strong> acionário brasileiro está concentra<strong>do</strong><br />
nos seguintes agentes: 34% originam-se na tesouraria <strong>do</strong>s bancos (que utilizam suas próprias<br />
corretoras e/ou as corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>para</strong> executar suas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> compra e venda);<br />
28% provêm <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res estrangeiros; 20% <strong>de</strong>correm das operações <strong>de</strong> pessoas físicas;<br />
17% originam-se das transações efetuadas pelos investi<strong>do</strong>res institucionais, sobretu<strong>do</strong><br />
fun<strong>do</strong>s mútuos <strong>de</strong> investimento (ver Tabela 19).<br />
Todavia, a queda <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong> na Bovespa diminuiu o espaço <strong>de</strong> operação das<br />
corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Entre as <strong>de</strong>z maiores corretoras, somente duas não estão vinculadas<br />
a bancos, quais sejam, a Ágora Sênior, <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (sobretu<strong>do</strong>, porque executa or<strong>de</strong>ns<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s investi<strong>do</strong>res estrangeiros, pois a Ágora fez um acor<strong>do</strong> operacional com a<br />
Charles Schwab, <strong>do</strong>s EUA); e a Hedging-Griffo, <strong>de</strong> São Paulo. Todas as outras pertencem a<br />
bancos nacionais, como as corretoras <strong>do</strong> Banco Itaú e <strong>do</strong> Bra<strong>de</strong>sco, ou a conglomera<strong>do</strong>s estrangeiros,<br />
com a Merrill Lynch e o Morgan Stanley (ver Tabela 20). Entre as vinte maiores,<br />
nada menos que 14 corretoras são vinculadas a bancos.<br />
41<br />
Tabela 19 – Principais Investi<strong>do</strong>res na Bovespa<br />
Posição em Abril <strong>de</strong> 2002<br />
Investi<strong>do</strong>res Em percentagem <strong>do</strong> volume total negocia<strong>do</strong> (a)<br />
Instituições Financeiras 33,7<br />
Bancos Comerciais/Múltiplos 14,7<br />
Corretoras 10,8<br />
Distribui<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> Títulos e Valores Mobiliários 4,9<br />
Bancos <strong>de</strong> Investimento 3,3<br />
Estrangeiros 27,5<br />
Pessoas Físicas 19,9<br />
Investi<strong>do</strong>res Institucionais 16,8<br />
Fun<strong>do</strong>s Mútuos 12,3<br />
Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Pensão 3,1<br />
Clubes <strong>de</strong> Investimento 0,9<br />
Segura<strong>do</strong>ras 0,5<br />
Empresas 2,0<br />
Outros 0,1<br />
Total 100,0<br />
Fonte: Bovespa, Relatório Mensal Corretora, Gerência Técnica <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong>, Abril <strong>de</strong> 2002, p. 8.<br />
Nota:<br />
(a) Trata-se <strong>do</strong> volume total no merca<strong>do</strong> à vista e no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> opções.<br />
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42<br />
Tabela 20 – As Dez Maiores Corretoras em Operação no Brasil<br />
Volume (a) % no total <strong>de</strong> vendas<br />
Agora 824.412 7,58<br />
Chase Fleming 727.326 7,25<br />
UBS Warburg 681.076 6,00<br />
Hedging-Griffo 679.831 4,39<br />
Itaú 654.916 6,41<br />
Fator-Dória 527.648 4,72<br />
Garantia 482.318 4,84<br />
Merrill Lynch 432.893 3,38<br />
Bra<strong>de</strong>sco 416.289 2,87<br />
Morgan Stanley 400.139 3,59<br />
Fonte: Merca<strong>do</strong>, apud Silva Jr. (2002).<br />
Nota:<br />
(a) Em compras e vendas, em R$ milhões.<br />
A<strong>de</strong>mais, as <strong>de</strong>z maiores corretoras concentram 60% <strong>do</strong> volume diário da Bovespa. Contu<strong>do</strong>,<br />
a Bovespa tem 130 instituições associadas. Geralmente, as que mais movimentam recursos<br />
são as corretoras <strong>de</strong> bancos com gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> administração <strong>de</strong> recursos. Esse movimento<br />
tem-se intensifica<strong>do</strong> porque está haven<strong>do</strong> uma concentração muito rápida e forte na gestão <strong>de</strong><br />
recursos, como foi assinala<strong>do</strong> na seção 2.3. Esse processo <strong>de</strong> concentração é muito mais intenso<br />
<strong>do</strong> que o da concentração bancária, inclusive relaciona<strong>do</strong> a essa última. O Bra<strong>de</strong>sco, por<br />
exemplo, administra em torno <strong>de</strong> R$ 50 bilhões <strong>de</strong> recursos e sua corretora movimentou num<br />
único pregão, R$ 80 milhões (primeira semana <strong>de</strong> maio). As corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, então,<br />
realizam gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> chama<strong>do</strong> day tra<strong>de</strong>, operações especulativas e/ou <strong>de</strong> arbitragens <strong>de</strong><br />
preços durante o pregão da Bovespa. Efetuam também a arbitragem entre o preço das ações<br />
no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico e das ações negociadas em Nova York, mediante os programas <strong>de</strong><br />
ADRs. Estima-se que entre 35% e 40% <strong>do</strong> volume da Bovespa seja proveniente <strong>de</strong>ssas operações<br />
day tra<strong>de</strong>, inclusive fornecen<strong>do</strong> uma espécie <strong>de</strong> parâmetro (market maker) <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong>.<br />
Aparentemente, não há uma corretagem média preestabelecida no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> compra e<br />
venda <strong>de</strong> ações. Havia a Instrução no. 102, <strong>de</strong> 18.07.1989, da CVM (revogada pela Instrução no.<br />
217/1994), recomendan<strong>do</strong> uma taxa <strong>de</strong> corretagem máxima <strong>de</strong> 0,5% <strong>do</strong> valor da transação,<br />
mas as instituições podiam cobrar o valor que preferissem. Todavia, essa Instrução, na prática,<br />
continua servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> parâmetro <strong>de</strong> referência <strong>para</strong> a taxa <strong>de</strong> corretagem e, também <strong>para</strong> os<br />
<strong>de</strong>scontos efetua<strong>do</strong>s.<br />
Constata-se também que a divulgação <strong>do</strong> ranking <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> negócios das corretoras,<br />
a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> importante <strong>para</strong> dar transparência ao merca<strong>do</strong>, tem crescentemente contribuí<strong>do</strong><br />
<strong>para</strong> a guerra <strong>de</strong> corretagem, pois tornou-se o principal critério <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> corretoras<br />
por parte <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res institucionais. Assim, oferecer <strong>de</strong>sconto na taxa <strong>de</strong> corretagem tornou-se<br />
importante, <strong>para</strong> gerar volume <strong>de</strong> negócios e aparecer no ranking. De acor<strong>do</strong> com<br />
Ancor (2002), a maior parte das corretoras <strong>de</strong>volve mais <strong>de</strong> 70% da taxa <strong>de</strong> corretagem paga<br />
pelos investi<strong>do</strong>res em operações <strong>de</strong> compra e venda <strong>de</strong> ações, exceto operações <strong>de</strong> varejo e<br />
<strong>para</strong> pessoas jurídicas não financeiras (ver Gráfico 7). O <strong>de</strong>sconto é o principal instrumento<br />
<strong>para</strong> atrair e manter clientes. Todavia, dificulta a sobrevivência <strong>de</strong> muitas instituições, principalmente<br />
das in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (não vinculadas a bancos), que operam em escala menor e têm<br />
custos maiores. As corretoras vinculadas aos bancos po<strong>de</strong>m reduzir as taxas <strong>de</strong> corretagem,<br />
porque diluem seus custos por toda a estrutura <strong>do</strong> banco, mediante outras receitas (serviços).<br />
Nos bancos, as corretoras são mais um <strong>de</strong>partamento. Portanto, a conjuntura adversa – redu-<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
zin<strong>do</strong> o volume <strong>de</strong> negociação – e a elevada <strong>de</strong>volução da taxa <strong>de</strong> corretagem são apontadas<br />
como principais problemas das corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />
43<br />
Fonte: Ancor (2002).<br />
Gráfico 7 – Nível Médio <strong>de</strong> “Devolução <strong>de</strong> Corretagem”<br />
Além da queda <strong>de</strong> receita <strong>de</strong> corretagem no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações, as corretoras e distribui<strong>do</strong>ras<br />
pa<strong>de</strong>cem da redução no volume <strong>de</strong> títulos públicos negocia<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> secundário.<br />
Entre 1994 e 2000, a relação entre o giro e o estoque da dívida pública caiu <strong>de</strong> 149% <strong>para</strong><br />
28,3%, num contexto em que ocorreu uma gran<strong>de</strong> elevação no estoque (<strong>de</strong> R$ 61,7 bilhões<br />
<strong>para</strong> R$ 516,1 bilhões). A menor negociação <strong>do</strong>s títulos da dívida pública no merca<strong>do</strong> secundário<br />
esteve associada com três fatores. Em primeiro lugar, <strong>de</strong>correu da alta participação <strong>de</strong>sses<br />
papéis na carteira <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> renda fixa, superior a 70%, volume que<br />
correspon<strong>de</strong> a quase 35% <strong>do</strong> estoque total da dívida pública. Em segun<strong>do</strong> lugar, <strong>de</strong>corre <strong>do</strong><br />
próprio perfil da dívida, composta, em sua maioria (52%), por papéis pós-fixa<strong>do</strong>s, atrela<strong>do</strong>s à<br />
taxa <strong>de</strong> juros básica (Selic), e que prescin<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua negociação no merca<strong>do</strong> secundário. Em<br />
terceiro lugar, o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> ofertas primárias <strong>de</strong> títulos públicos e o relativamente<br />
curto prazo <strong>do</strong>s títulos reduzem a necessida<strong>de</strong> das instituições financeiras recorrerem ao merca<strong>do</strong><br />
secundário, o que também prejudica a formação <strong>de</strong> preços e diminui a liqui<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s<br />
papéis (Boechat Filho; Melo & Carvalho, 2001: p. 35). Tu<strong>do</strong> isso conjuga<strong>do</strong> explica o menor<br />
movimento <strong>de</strong> operações das corretoras e distribui<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> títulos públicos.<br />
Por falta <strong>de</strong> escala e impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compartilhamento <strong>de</strong> estruturas com os bancos, os<br />
custos <strong>de</strong> back-office são muito altos <strong>para</strong> as corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. A manutenção <strong>de</strong><br />
cadastro (bolsas, bancos, Banco Central, Serasa e outros) constitui a ativida<strong>de</strong> mais onerosa e<br />
também aquela que, na visão das corretoras, requer maiores alterações.<br />
A diversificação <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> receitas tem si<strong>do</strong> uma das alternativas encontradas pelas<br />
corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>para</strong> sobreviver. A<strong>do</strong>taram principalmente quatro estratégias: ações<br />
<strong>de</strong> primeira linha da Bovespa, aplicações em renda fixa, operações <strong>de</strong> intermediação <strong>de</strong> câmbio<br />
e <strong>de</strong>rivativos financeiros na Bolsa <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong>rias & Futuros (BM&F). Assim, muitas<br />
corretoras <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r exclusivamente da Bovespa e buscaram outros nichos <strong>de</strong><br />
merca<strong>do</strong>. Outras <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> operar com os investi<strong>do</strong>res institucionais e passaram a focalizar<br />
as transações <strong>de</strong> pessoas físicas e jurídicas, <strong>de</strong> quem po<strong>de</strong>m cobrar taxas maiores. O investi<strong>do</strong>r<br />
<strong>de</strong> varejo e os fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento tornaram-se as maiores fontes <strong>de</strong> receita das corretoras<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Na Ágora, por exemplo, 30% <strong>do</strong> faturamento bruto vêm da taxa <strong>de</strong> corretagem<br />
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em operações com pessoa física. Nesse movimento somente no primeiro semestre <strong>de</strong> 2002,<br />
<strong>de</strong>z instituições reven<strong>de</strong>ram seus títulos <strong>para</strong> a Bovespa, algumas <strong>de</strong>las <strong>para</strong> se capitalizar.<br />
Um serviço que po<strong>de</strong>ria potencializar o crescimento das corretoras é o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong><br />
<strong>de</strong> análises <strong>de</strong> investimento. Apreen<strong>de</strong>-se que uma corretora com <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> análise<br />
das empresas listadas e <strong>do</strong> potencial <strong>de</strong> ganho no movimento das cotações, possui maior<br />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar sua rentabilida<strong>de</strong> com a corretagem. Contu<strong>do</strong>, num merca<strong>do</strong> pequeno,<br />
com redução <strong>do</strong> volume negocia<strong>do</strong> e pouco líqui<strong>do</strong> como o brasileiro, a valorização<br />
<strong>de</strong>sse serviço <strong>de</strong> análise é pequena, e poucos pagam por ele. Por outro la<strong>do</strong>, os bancos<br />
internalizam esse serviço, sen<strong>do</strong> este mais um fator <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> competitiva das<br />
corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes frente às gran<strong>de</strong>s instituições financeiras. Pela pesquisa Ancor (2002)<br />
fica evi<strong>de</strong>nte que a maioria das corretoras disponibiliza pesquisa <strong>de</strong> investimento terceirizada<br />
(55%), uma menor proporção disponibiliza pesquisa própria (42%).<br />
Tu<strong>do</strong> isso soma<strong>do</strong> tem resulta<strong>do</strong> numa persistente queda nas margens <strong>de</strong> lucro das<br />
corretoras. De acor<strong>do</strong> com a pesquisa Ancor (2002), nos últimos quatro meses, 62% das<br />
corretoras apresentaram pelo menos um resulta<strong>do</strong> negativo. Apenas 18% das corretoras projetaram<br />
boa lucrativida<strong>de</strong> <strong>para</strong> o primeiro semestre <strong>de</strong> 2002; 66% previram lucros baixos ou<br />
nulos e 16% esperam prejuízos 31 . Esse fraco <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>corre da elevada <strong>de</strong>volução da<br />
corretagem, da tendência <strong>de</strong> migração <strong>do</strong>s negócios da Bovespa <strong>para</strong> gran<strong>de</strong>s centros internacionais<br />
<strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z (sobretu<strong>do</strong> Nova York) e da excessiva volatilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> interno, que<br />
afasta o pequeno investi<strong>do</strong>r. Decorre também da redução no volume <strong>de</strong> títulos públicos negocia<strong>do</strong>s<br />
no merca<strong>do</strong> secundário.<br />
Porém, ao contrário <strong>do</strong> que aconteceu no setor bancário, não houve ainda um forte processo<br />
<strong>de</strong> concentração entre as corretoras. Segun<strong>do</strong> Ancor (2002), apenas 8% das corretoras<br />
realizaram aquisição ou fusão nos últimos sete anos e somente 6% foram alvo <strong>de</strong> aquisições<br />
efetuadas por gran<strong>de</strong>s conglomera<strong>do</strong>s internacionais. As fusões e aquisições resultaram em<br />
ganho <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> e participação no merca<strong>do</strong> (market share), fortalecimento financeiro<br />
e melhoria na rentabilida<strong>de</strong>, e reestruturação operacional/administrativa 32 . Isso po<strong>de</strong> ter<br />
ocasiona<strong>do</strong> a forte percepção entre as corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
reestruturação societária <strong>para</strong> o fortalecimento da categoria (revenda <strong>do</strong>s títulos à Bovespa).<br />
3.2. Perspectivas<br />
Semelhante ao que está acontecen<strong>do</strong> nos merca<strong>do</strong>s acionários <strong>do</strong>s países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s,<br />
as corretoras vinculadas aos bancos vão assumin<strong>do</strong> um papel crescente, em <strong>de</strong>trimento das<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, no processo <strong>de</strong> transação <strong>de</strong> ações no merca<strong>do</strong> brasileiro. Todavia, a situação<br />
brasileira se agrava por fatores adicionais. Em primeiro lugar, além da queda significativa no<br />
volume <strong>de</strong> ações negociadas, reduziram-se as transações no merca<strong>do</strong> secundário <strong>de</strong> títulos<br />
públicos, a partir <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> controle inflacionário. Em segun<strong>do</strong> lugar, houve uma forte<br />
concentração entre os administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> recursos, garantin<strong>do</strong> enorme po<strong>de</strong>r <strong>para</strong> essas instituições<br />
pressionarem por taxas <strong>de</strong> corretagem cada vez menores, tornan<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
negociação das corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes praticamente nula. Em terceiro lugar, a introdução<br />
<strong>do</strong> novo Sistema <strong>de</strong> Pagamentos Brasileiro ampliou as exigências <strong>de</strong> capital e liqui<strong>de</strong>z, levan<strong>do</strong><br />
a maior parte das corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes a uma situação insustentável no curtíssimo prazo.<br />
É muito provável que haja um processo <strong>de</strong> concentração, sobretu<strong>do</strong> se não acontecer uma<br />
44<br />
31 Outros da<strong>do</strong>s sobre rentabilida<strong>de</strong> das corretoras brasileiras po<strong>de</strong>m ser observa<strong>do</strong>s na Tabela 40 <strong>do</strong> Anexo Estatístico.<br />
32 De acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s divulga<strong>do</strong>s na página eletrônica <strong>do</strong> Banco Central, a partir <strong>de</strong> 1999, i<strong>de</strong>ntifica-se uma pequena queda no número das<br />
Socieda<strong>de</strong>s Corretoras <strong>de</strong> Títulos e Valores Mobiliários. Havia 192 corretoras em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998; 192 em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1999; 186 em <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 2000; 177 em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001 e; 172 em abril <strong>de</strong> 2002. Portanto, houve o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> 20 corretoras. O movimento é um pouco mais<br />
acentua<strong>do</strong> nos números das Socieda<strong>de</strong>s Distribui<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> Títulos e Valores Mobiliários, quais sejam, 207, 186, 173, 156 e 151, respectivamente<br />
(com o encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 56 distribui<strong>do</strong>ras).<br />
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ápida reativação das operações na Bovespa numa escala que comporte um mínimo <strong>de</strong><br />
corretoras <strong>para</strong> garantir concorrência e dispersão das informações, fundamentais <strong>para</strong> o bom<br />
funcionamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.<br />
Há indicações <strong>de</strong> que as corretoras apoiariam uma possível fusão da Bovespa com a BM&F<br />
a partir <strong>de</strong> <strong>do</strong>is argumentos: a fusão resultaria em capitalização das corretoras, pois o capital<br />
<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>las seria parcialmente <strong>de</strong>volvi<strong>do</strong>; o processo <strong>de</strong> liquidação seria unifica<strong>do</strong>, o que<br />
resultaria em maior escala e menor custo. A maior parte das corretoras <strong>de</strong>manda a flexibilização<br />
das normas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o porte e a especialização da instituição (sobretu<strong>do</strong> obrigações<br />
estatutárias, assembléias, procurações, publicação <strong>de</strong> balanços etc. que elevam os custos das<br />
empresas). Outra <strong>de</strong>manda expressa pelas corretoras diz respeito à revisão da proibição <strong>de</strong><br />
contraírem empréstimos junto a bancos ou que os concedam a seus clientes (Ancor, 2002).<br />
Diante <strong>de</strong>ssa situação, parece natural que haja uma preocupação não trivial com relação a<br />
uma possível nova etapa <strong>de</strong> abertura financeira. Gran<strong>de</strong>s corretoras estrangeiras já estão presentes<br />
no merca<strong>do</strong> brasileiro. A preocupação agora se concentra em uma eventual abertura da<br />
corretagem direta <strong>do</strong> exterior via internet.<br />
Os países on<strong>de</strong> a corretagem via internet mais avançou foram os EUA e a Alemanha. Todavia,<br />
mesmo nesses países, a maioria das operações via internet origina-se <strong>de</strong> pessoas<br />
especializadas e/ou que sabem exatamente as ações que preten<strong>de</strong>m adquirir (ações da General<br />
Electric ou da Microsoft, por exemplo) 33 . As experiências <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> ações e <strong>de</strong> cotas <strong>de</strong><br />
fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento diretamente pela internet, como forma <strong>de</strong> conquistar novos merca<strong>do</strong><br />
e novos clientes (primeira abordagem), foram relativamente mal sucedidas. Essa frustração <strong>de</strong><br />
venda direta também ocorreu em perío<strong>do</strong> recente no Brasil. A título <strong>de</strong> ilustração, po<strong>de</strong>-se<br />
citar o malogro <strong>do</strong> Banco Santan<strong>de</strong>r com a empresa <strong>de</strong> negociação eletrônica Patagón (no<br />
início <strong>de</strong> 2002, foi <strong>de</strong>volvida aos seus antigos proprietários argentinos). Avaliações <strong>de</strong> analistas<br />
experientes nessa área indicam que a venda <strong>de</strong> ações e fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações <strong>do</strong> exterior <strong>de</strong>verá ser<br />
feita mediante uma instituição sediada no país, que sirva <strong>de</strong> elo <strong>de</strong> confiança <strong>para</strong> o investi<strong>do</strong>r<br />
local. A administra<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> recursos Schro<strong>de</strong>rs, por exemplo, começou a oferecer seus fun<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> investimento mediante acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> distribuição com instituições brasileiras.<br />
4. Balanço da situação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia<br />
<strong>de</strong> ações<br />
No diagrama seguinte, ilustram-se as principais ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> sistema brasileiro <strong>de</strong> compensação,<br />
liquidação e custódia 34 <strong>de</strong> ações e como elas interagem.<br />
45<br />
Escrituração<br />
e Custódia<br />
Empresas - Emissão<br />
<strong>de</strong> Ações<br />
Escritura<strong>do</strong>res<br />
“Livros <strong>de</strong> Ações“<br />
Escritura<strong>do</strong>res<br />
“Livros <strong>de</strong> Ações“<br />
Depositária e Câmara<br />
<strong>de</strong> Compensação<br />
CBLC<br />
Compensação e<br />
Liquidação<br />
Agentes <strong>de</strong><br />
Compensação<br />
Corretoras<br />
Investi<strong>do</strong>res<br />
33 A Secutities Industry Association divulga regularmente uma pesquisa sobre o número <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res que utilizam a internet <strong>para</strong> realizar<br />
negociações, isto é, comprar ou ven<strong>de</strong>r ações, bônus, fun<strong>do</strong>s mútuos ou outros investimentos (Securities, 2001). Observa-se que a participação <strong>do</strong>s<br />
investi<strong>do</strong>res com negociações on line cresceu <strong>de</strong> 7% em 1996 <strong>para</strong> 22% em 2001 (ver Gráfico 17 no Anexo Estatístico). Entre esses pre<strong>do</strong>minam<br />
aqueles maiores <strong>de</strong> 46 anos e com alguma experiência acumulada em merca<strong>do</strong> financeiro.<br />
34 No Brasil, o termo <strong>de</strong> custódia é usa<strong>do</strong>, inclusive na legislação, indiscriminadamente <strong>para</strong> <strong>de</strong>nominar o serviço <strong>de</strong> “<strong>de</strong>positária” e <strong>de</strong> “agente <strong>de</strong><br />
custódia”.<br />
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Apreen<strong>de</strong>-se que o núcleo <strong>de</strong>sse sistema <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia <strong>de</strong> ações<br />
é forma<strong>do</strong> pela Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia (CBLC), criada em 1998, como<br />
uma empresa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da Bolsa <strong>de</strong> Valores <strong>de</strong> São Paulo. Com a criação da CBLC, o<br />
sistema brasileiro avançou na direção <strong>do</strong>s padrões internacionais <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> liquidação<br />
<strong>de</strong> ativos, nos quais se procura, <strong>para</strong> maior segurança, se<strong>para</strong>r o gerenciamento <strong>de</strong> risco da<br />
negociação <strong>do</strong>s ativos.<br />
A CBLC exerce basicamente três funções:<br />
46<br />
a) Central <strong>de</strong>positária (chamada <strong>de</strong> custódia): por regulamento, todas as ações<br />
disponibilizadas <strong>para</strong> transações têm <strong>de</strong>, obrigatoriamente, estar <strong>de</strong>positadas na CBLC,<br />
que mantém o controle das posições <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os agentes <strong>de</strong> custódia e seus clientes 35 ;<br />
b)Liquidação <strong>de</strong> todas as transações, que consiste na transferência <strong>do</strong>s títulos (ou ações)<br />
em troca <strong>do</strong> respectivo pagamento;<br />
c)Câmara <strong>de</strong> compensação (clearing house), a CBLC opera através <strong>de</strong> netting multilateral 36<br />
e com garantia das operações, o que exige um sistema <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> risco. Ou seja,<br />
a CBLC é uma Contraparte Central Garanti<strong>do</strong>ra (Central Counterparty – CCP) 37 . O netting<br />
multilateral e o gerenciamento <strong>de</strong> risco são ativida<strong>de</strong>s mais complexas, que não necessariamente<br />
são <strong>de</strong>senvolvidas por empresas <strong>de</strong> liquidação <strong>de</strong> ativos.<br />
No exercício <strong>de</strong> suas funções, a CBLC interage basicamente com <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> agentes e<br />
que são seus participantes diretos: agentes <strong>de</strong> compensação, que compensam todas as or<strong>de</strong>ns<br />
<strong>de</strong> compra e venda <strong>de</strong> ações emitidas pelas corretoras; e os agentes <strong>de</strong> custódia das ações.<br />
Entre os agentes <strong>de</strong> compensação, distinguem-se duas categorias:<br />
1) Agentes <strong>de</strong> Compensação Plenos: po<strong>de</strong>m exercer as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compensação <strong>para</strong><br />
carteira própria e <strong>de</strong> seus clientes, bem como <strong>para</strong> contas <strong>de</strong> outras corretoras e investi<strong>do</strong>res<br />
institucionais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s Clientes Qualifica<strong>do</strong>s, a exemplo <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> pensão, investi<strong>do</strong>res estrangeiros, gestores <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s e companhias segura<strong>do</strong>ras;<br />
2) Agentes <strong>de</strong> Compensação Próprios: exercem as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compensação <strong>para</strong> carteira<br />
própria e <strong>de</strong> seus clientes. Apenas as instituições funda<strong>do</strong>ras da CBLC, que também atuam<br />
como corretoras da Bolsa <strong>de</strong> Valores <strong>de</strong> São Paulo, po<strong>de</strong>m se enquadrar nesta categoria <strong>de</strong><br />
Agente <strong>de</strong> Compensação Próprios.<br />
Na verda<strong>de</strong>, como a CBLC nasceu <strong>de</strong> um <strong>de</strong>smembramento patrimonial da própria Bovespa,<br />
seus membros funda<strong>do</strong>res são exatamente as corretoras que agem como agentes <strong>de</strong> compensação.<br />
À medida que as corretoras <strong>de</strong> bancos foram assumin<strong>do</strong> um papel cada vez mais relevante,<br />
a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compensação passou a ser crescentemente exercida por bancos.<br />
Atualmente, existem 33 agentes <strong>de</strong> compensação plenos e 44 agentes <strong>de</strong> compensação<br />
próprios, perfazen<strong>do</strong> 77 no total. Como Agentes <strong>de</strong> Compensação <strong>para</strong> seus clientes, <strong>de</strong>stacam-se<br />
o Banco Santan<strong>de</strong>r, o Banco <strong>do</strong> Brasil, o Banco Itaú e o Bra<strong>de</strong>sco. Para terceiros, so-<br />
35 Quan<strong>do</strong> as ações são entregues à instituição <strong>de</strong>positária (CBLC), no livro <strong>de</strong> acionistas será dada “baixa” nas ações <strong>do</strong> acionista que solicita a transferência<br />
e é feito um crédito em nome da <strong>de</strong>positária, que passará a <strong>de</strong>ter, legalmente, a proprieda<strong>de</strong> fiduciária das ações. A <strong>de</strong>positária (CBLC) registrará essas ações<br />
em nome <strong>do</strong> agente <strong>de</strong> custódia e <strong>de</strong> seus clientes. As ações que não estão disponíveis <strong>para</strong> negociação são guardadas pelo próprio emissor, ou po<strong>de</strong>m ser,<br />
voluntariamente, colocadas em <strong>de</strong>pósito na CBLC, através <strong>do</strong> agente <strong>de</strong> custódia.<br />
36 O netting multilateral caracteriza-se pela execução <strong>de</strong> posições líquidas por agente <strong>de</strong> compensação, que resulta da diferença entre todas suas operações <strong>de</strong><br />
compra e venda. Portanto, não é um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> liquidação que se executa transação a transação.<br />
37 A fim <strong>de</strong> gerenciar o risco <strong>de</strong> crédito das operações, a CBLC fixa limites operacionais <strong>para</strong> os Agentes <strong>de</strong> Compensação. Esses limites são monitora<strong>do</strong>s em<br />
tempo real.<br />
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essaem-se o BCN e o Sudameris. Dessa forma, fica evi<strong>de</strong>nte, que ocorreu uma crescente<br />
concentração <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> compensação em gran<strong>de</strong>s instituições financeiras locais.<br />
Os agentes <strong>de</strong> custódia, por sua vez, garantem a titularida<strong>de</strong> das ações e, conseqüentemente,<br />
to<strong>do</strong>s os benefícios e obrigações que <strong>de</strong>la <strong>de</strong>rivam: divi<strong>de</strong>n<strong>do</strong>s, novas subscrições,<br />
<strong>de</strong>smembramentos, etc. Entre os agentes <strong>de</strong> custódia, que se relacionam com a CBLC, também<br />
distinguem-se duas categorias:<br />
47<br />
1) Os Agentes <strong>de</strong> Custódia estão autoriza<strong>do</strong>s a prestar serviços <strong>de</strong> custódia a contrapartes e<br />
a gerenciar a estrutura <strong>de</strong> sub-contas <strong>de</strong> clientes na CBLC. Somente instituições financeiras<br />
– tais como corretoras <strong>de</strong> valores, distribui<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> valores, bancos comerciais, múltiplos<br />
ou <strong>de</strong> investimento – estão autorizadas a atuar como Agentes <strong>de</strong> Custódia;<br />
2) Os Agentes Especiais <strong>de</strong> Custódia estão autoriza<strong>do</strong>s a custodiar somente as ações <strong>de</strong> sua<br />
própria carteira <strong>de</strong> ativos, e não po<strong>de</strong>m prestar serviços a contrapartes e a gerenciar a<br />
estrutura <strong>de</strong> sub-contas <strong>de</strong> clientes. Classificam-se como Agentes Especiais <strong>de</strong> Custódia da<br />
CBLC os seguintes tipos <strong>de</strong> instituições: companhias segura<strong>do</strong>ras, fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão e<br />
companhias abertas.<br />
Atualmente, existem 263 Agentes <strong>de</strong> Custódia e 98 Agentes Especiais <strong>de</strong> Custódia, perfazen<strong>do</strong><br />
361 agentes no total.<br />
O serviço <strong>de</strong> custódia envolve um eleva<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> confiança, pois é a garantia <strong>de</strong> que o<br />
ativo financeiro <strong>de</strong> fato existe. Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 90, como foi mostra<strong>do</strong> na seção 2.1, o<br />
merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações brasileiro se expandiu rapidamente com a entrada <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res estrangeiros.<br />
Dois gran<strong>de</strong>s bancos estrangeiros aqui localiza<strong>do</strong>s se tornaram os principais agentes <strong>de</strong><br />
custódia <strong>para</strong> esses investi<strong>do</strong>res: o Citibank e o BankBoston. Des<strong>de</strong> então, essas duas instituições<br />
continuam prestan<strong>do</strong> o serviço <strong>de</strong> custódia <strong>de</strong> ações aos investi<strong>do</strong>res estrangeiros, sen<strong>do</strong><br />
que o Citibank concentra praticamente 58% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e o BankBoston, 19%, em abril <strong>de</strong><br />
2002 (ver Tabela 21). Ambos absorvem 76% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> custódia <strong>de</strong> ações <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res<br />
estrangeiros.<br />
Por ser um serviço que envolve um eleva<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> confiança, o preço po<strong>de</strong> não ser o fator<br />
<strong>de</strong>terminante na escolha <strong>do</strong> custodiante. Tu<strong>do</strong> indica que o preço da custódia cobra<strong>do</strong> pelos<br />
bancos estrangeiros é superior ao cobra<strong>do</strong> por instituições financeiras locais. Mas, nem por<br />
isso, elas têm si<strong>do</strong> capazes <strong>de</strong> aumentar sua participação na custódia <strong>de</strong> ações <strong>para</strong> investi<strong>do</strong>res<br />
estrangeiros. Isso porque os investi<strong>do</strong>res estrangeiros, que operam em vários merca<strong>do</strong>s,<br />
necessitam <strong>de</strong> um custodiante <strong>para</strong> o conjunto <strong>do</strong>s seus investimentos. Portanto, as <strong>de</strong>cisões<br />
<strong>de</strong> custódia ten<strong>de</strong>m a seguir uma estratégia global, inclusive <strong>para</strong> facilitar o controle e a execução<br />
das operações. Caso a instituição custodiante não esteja presente em algum país em que o<br />
investi<strong>do</strong>r esteja operan<strong>do</strong>, o agente <strong>de</strong> custódia será uma instituição que tenha convênio com<br />
o custodiante global, que, em última instância, é o garanti<strong>do</strong>r.<br />
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48<br />
Tabela 21 – Principais Custodiantes <strong>de</strong> Ações<br />
(Anexo IV – Investi<strong>do</strong>res Estrangeiros)<br />
Posição em abril <strong>de</strong> 2002<br />
Em percentagem<br />
Citibank DTVM 57,28<br />
BankBoston Banco Múltiplo AS 18,76<br />
Banco <strong>de</strong> Investimentos Credit Suisse First Boston 4,99<br />
ABN Amro Real 2,46<br />
Bank of America SA CCVM 2,26<br />
BNP Paribas Brasil 2,01<br />
Pactual 1,97<br />
Itaú 1,27<br />
Hedging-Griffo 0,96<br />
Deutsch Bank 0,91<br />
Outros 7,11<br />
Fonte: CVM (Resolução no. 1.832/1991 <strong>do</strong> CMN, que criou o Anexo IV à Resolução no. 1.289/1987).<br />
À medida que o merca<strong>do</strong> acionário brasileiro foi se expandin<strong>do</strong>, o Banco Itaú <strong>de</strong>senvolveu<br />
a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> custódia <strong>para</strong> os investi<strong>do</strong>res locais, tornan<strong>do</strong>-se a instituição mais importante<br />
nesta área. No ranking <strong>de</strong> custódia <strong>de</strong> títulos e valores mobiliários da Associação Nacional <strong>do</strong>s<br />
Bancos <strong>de</strong> Investimento (Anbid), o Banco Itaú aparece em primeiro lugar, com 30% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
e R$ 136,6 bilhões em ativos custodia<strong>do</strong>s (ver Tabela 22). O Banco <strong>do</strong> Brasil surge em<br />
segun<strong>do</strong> lugar, com 13,3% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e R$ 59,4 bilhões em ativos custodia<strong>do</strong>s. Por sua vez, os<br />
bancos Bra<strong>de</strong>sco (quarto lugar), Unibanco (oitavo lugar), ABN Amro Bank/Real (nona posição)<br />
e o Banco Santan<strong>de</strong>r/Banespa também estão amplian<strong>do</strong> esse serviço <strong>para</strong> investi<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong>mésticos.<br />
Em suma, a custódia, pela questão da confiança, representa uma ativida<strong>de</strong> que tem duas<br />
características importantes a ser levadas em consi<strong>de</strong>ração ao se pensar em uma maior integração<br />
financeira internacional:<br />
a) Há uma relação <strong>de</strong> confiança no país <strong>de</strong> origem, que se <strong>de</strong>senvolve entre o cliente e o<br />
custodiante, que se preserva no processo <strong>de</strong> internacionalização. Esse fator condiciona a<br />
competição no merca<strong>do</strong> local e global;<br />
b) Pela mesma questão da confiança, a concentração da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> custódia ten<strong>de</strong> a ocorrer<br />
em gran<strong>de</strong>s instituições financeiras. A experiência brasileira recente só confirma essa<br />
tendência e segue exatamente os padrões internacionais.<br />
Ainda vincula<strong>do</strong> com as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> custódia, há o serviço <strong>de</strong> registro e escrituração das<br />
ações, que po<strong>de</strong> ser exerci<strong>do</strong> diretamente pela empresa emissora das ações ou po<strong>de</strong> ser<br />
terceiriza<strong>do</strong>. O escritura<strong>do</strong>r, como é <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>, torna-se responsável pelo “livro <strong>de</strong> ações”,<br />
mediante o qual controla a proprieda<strong>de</strong> das ações emitidas e to<strong>do</strong>s os pagamentos que <strong>de</strong>rivam<br />
<strong>de</strong>ssa proprieda<strong>de</strong>. A CBLC se relaciona diretamente com o escritura<strong>do</strong>r ou emissor,<br />
intermedian<strong>do</strong> as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> pagamento relacionadas aos proventos das ações (juros, divi<strong>de</strong>n<strong>do</strong>s<br />
etc.) da qual é <strong>de</strong>positária, repassan<strong>do</strong> essas or<strong>de</strong>ns aos agentes <strong>de</strong> custódia, que são os<br />
responsáveis, em última instância, pelos pagamentos aos acionistas 38 . Crescentemente, alguns<br />
38 No caso das ações não <strong>de</strong>positadas na CBLC, conseqüentemente não disponíveis <strong>para</strong> negociação, a relação é direta entre o escritura<strong>do</strong>r e o<br />
emissor e/ou o <strong>de</strong>tentor da ação.<br />
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gran<strong>de</strong>s bancos locais têm se envolvi<strong>do</strong> na prestação <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> registro e escrituração,<br />
principalmente o Banco Itaú e Bra<strong>de</strong>sco, mas também o Banco <strong>do</strong> Brasil e ABN-Amro/Real.<br />
49<br />
Tabela 22 – Ranking <strong>de</strong> Custódia <strong>de</strong> Títulos e Valores Mobiliários<br />
(por instituição custodiante)<br />
R$ milhões/Posição em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001<br />
Instituição Valor total Merca<strong>do</strong> Interno Merca<strong>do</strong> Externo Part.<br />
Custodiante <strong>do</strong>s ativos<br />
custodia<strong>do</strong>s<br />
Relativa (b)<br />
Total Carteira Carteira <strong>de</strong> Resolução<br />
Própria Terceiros Total ADRs 2.689/00 (a)<br />
1 Itaú 136.606 106.165 49.432 56.734 30.440 29.734 705 30,5<br />
2 Banco <strong>do</strong> Brasil 59.361 59.350 59.350 - 11 - 9 13,3<br />
3 Citibank 56.620 33.551 17.284 16.267 23.070 1.072 21.998 12,7<br />
4 Bra<strong>de</strong>sco 53.139 49.424 47.355 2.069 3.715 3.715 - 11,9<br />
5 BankBoston 23.727 17.269 14.659 2.611 6.458 - 6.458 5,3<br />
6 HSBC 21.823 21.809 17.932 3.877 14 - 14 4,9<br />
7 Santan<strong>de</strong>r Brasil 21.109 19.890 6.355 13.535 1.219 - 1.219 4,7<br />
8 Unibanco 20.186 19.771 17.821 1.950 415 - 415 4,5<br />
9 ABN Amro Real 15.795 14.649 12.848 1.801 1.146 - 1.056 3,5<br />
10 Safra 11.890 11.512 11.512 - 378 - 378 2,7<br />
Total (c) 447.653 378.349 277.452 100.898 69.304 34.632 34.459 100,0<br />
Fonte: Associação Nacional <strong>do</strong>s Bancos <strong>de</strong> Investimento – Anbid (http://www.anbid.com.br).<br />
Notas:<br />
(a) Investi<strong>do</strong>r estrangeiro no merca<strong>do</strong> local;<br />
(b) Em relação ao valor total <strong>do</strong>s ativos custodia<strong>do</strong>s;<br />
(c) Inclui outros custodiantes.<br />
Em resumo, em toda a ca<strong>de</strong>ia das negociações <strong>de</strong> ações e a operacionalização <strong>de</strong> seu sistema<br />
<strong>de</strong> apoio, há um crescente envolvimento <strong>de</strong> instituições financeiras múltiplas, atuan<strong>do</strong> na<br />
maioria <strong>do</strong>s serviços específicos envolvi<strong>do</strong>s. Ao concentrar todas as etapas <strong>do</strong> processo em<br />
uma única instituição financeira, <strong>de</strong> confiança e com retaguarda <strong>de</strong> capital e liqui<strong>de</strong>z, reduzem-se<br />
os custos <strong>de</strong> transação e ganha-se sinergia. Portanto, entre os participantes com os<br />
quais a CBLC interatua na dinâmica <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia <strong>de</strong><br />
ações, observa-se um importante processo <strong>de</strong> concentração, no qual têm presença <strong>de</strong>stacada<br />
as maiores instituições financeiras múltiplas brasileiras, tais como o Banco Itaú e Bra<strong>de</strong>sco, e<br />
algumas instituições financeiras estrangeiras. Entre essas últimas, a atuação nessa área <strong>de</strong>riva<br />
principalmente <strong>de</strong> uma estreita relação com investi<strong>do</strong>res estrangeiros, como exemplifica<strong>do</strong><br />
pelo Citibank e pelo BankBoston, ou pelas ativida<strong>de</strong>s herdadas quan<strong>do</strong> a instituição financeira<br />
foi comprada por um banco estrangeiro, como no caso <strong>do</strong> Santan<strong>de</strong>r/Banespa e ABN-Amro/<br />
Real.<br />
A CBLC, embora tenha si<strong>do</strong> concebida como eixo <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> liquidação <strong>de</strong> ativos<br />
em geral, sua atuação nasceu no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações e acabou fican<strong>do</strong> concentrada neste merca<strong>do</strong>.<br />
Em função <strong>de</strong>sse foco, suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>positária e liquidação se retraíram junto com<br />
a queda <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> negócios na Bovespa. O Gráfico 8 mostra o número médio diário <strong>de</strong><br />
negócios (com ações e títulos priva<strong>do</strong>s) liquida<strong>do</strong>s pela CBLC. Po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar que o número<br />
<strong>de</strong> negócios mais que duplicou entre <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1997 e abril <strong>de</strong> 2002, <strong>de</strong> 12,8 mil <strong>para</strong><br />
28,1 mil. Todavia, o volume médio diário <strong>de</strong> negócios liquida<strong>do</strong> pela CBLC reduziu-se quase à<br />
meta<strong>de</strong> no mesmo perío<strong>do</strong>, <strong>de</strong> R$ 1 bilhão <strong>para</strong> R$ 572,8 milhões, em valores constantes <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001 (ver Gráfico 9).<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
50<br />
Gráfico 8 – Número Médio Diário <strong>de</strong> Negócios Liquida<strong>do</strong>s – CBLC<br />
Fonte: CBLC (http://www.cblc.com.br).<br />
Gráfico 9 – Valor Médio Diário <strong>de</strong> Negócios Liquida<strong>do</strong>s pela CBLC<br />
Fonte: CBLC (http://www.cblc.com.br).<br />
O mesmo padrão po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> na custódia <strong>de</strong> ações. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações <strong>de</strong>positadas<br />
na CBLC foi quase multiplicada por cinco: <strong>de</strong> 2,7 trilhões em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1997 <strong>para</strong><br />
12,7 trilhões em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001 (ver Gráfico 10). Já o valor das ações <strong>de</strong>positadas na CBLC<br />
foi apenas multiplica<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is: <strong>de</strong> R$ 91 bilhões <strong>para</strong> R$ 204,4 bilhões no mesmo perío<strong>do</strong>,<br />
em valores constantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001 (ver Gráfico 11). Vale <strong>de</strong>stacar que o gran<strong>de</strong> salto<br />
ocorri<strong>do</strong> entre 1999 e 2000 originou-se da incorporação da Câmara <strong>de</strong> Liquidação e Custódia<br />
(CLC) da Bolsa <strong>de</strong> Valores <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro pela CBLC.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
51<br />
Gráfico 10 – Quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ações Depositadas na CBLC (em bilhões)<br />
Fonte: CBLC (http://www.cblc.com.br).<br />
Gráfico 11 – Valor das Ações Depositadas na CBLC (R$ milhões/<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001)<br />
Fonte: CBLC (http://www.cblc.com.br).<br />
O papel <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pelos investi<strong>do</strong>res estrangeiros no merca<strong>do</strong> acionário brasileiro<br />
fica evi<strong>de</strong>nte quan<strong>do</strong> se observa a participação <strong>de</strong>sses investi<strong>do</strong>res na custódia <strong>de</strong> ações na<br />
CBLC. Praticamente, a meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> ações das empresas brasileiras em merca<strong>do</strong> está<br />
comprometida com o investi<strong>do</strong>r estrangeiro, sen<strong>do</strong> 16% mediante investimento estrangeiro<br />
no merca<strong>do</strong> local e 32% mediante o programa <strong>de</strong> ADRs, em abril <strong>de</strong> 2002 (ver Gráfico 12). Por<br />
sua vez, entre os investi<strong>do</strong>res nacionais, as empresas e os investi<strong>do</strong>res institucionais <strong>de</strong>têm,<br />
juntos, a custódia <strong>de</strong> 45% das ações em merca<strong>do</strong> e <strong>de</strong>positadas na CBLC.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
52<br />
Gráfico 12 – Participação <strong>do</strong>s Investi<strong>do</strong>res na Custódia <strong>de</strong> Ações – CBLC – Abril/2002<br />
Fonte: Bovespa, Relatório Mensal Corretora, Gerência Técnica <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong>, Abril <strong>de</strong> 2002, p. 11.<br />
A transferência <strong>de</strong> ações e, portanto, <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>para</strong> o exterior também fica explícita no<br />
número crescente <strong>de</strong> ações <strong>de</strong>positadas na CBLC e relacionadas com o programa <strong>de</strong> ADRs<br />
(ver Gráfico 13). O primeiro gran<strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> migração ocorreu entre agosto e novembro<br />
<strong>de</strong> 1998, quan<strong>do</strong> ficou evi<strong>de</strong>nte a insustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> regime <strong>de</strong> câmbio administra<strong>do</strong><br />
pelo Banco Central. No primeiro semestre <strong>de</strong> 2000 ocorreu o segun<strong>do</strong> salto. Des<strong>de</strong> então, o<br />
número <strong>de</strong> ações custodiadas na CBLC e comprometidas com o programa <strong>de</strong> ADRs tem se<br />
estabiliza<strong>do</strong> em torno <strong>de</strong> 2,5 trilhões.<br />
Gráfico 13 – Número <strong>de</strong> Ações Custodiadas na CBLC no Programa <strong>de</strong> ADRs<br />
Fonte: CBLC (http://www.cblc.com.br).<br />
A retração das operações com ações no merca<strong>do</strong> brasileiro e a concepção da CBLC, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
sua origem, <strong>de</strong> atuar na liquidação <strong>de</strong> ativos em geral, fizeram com que a empresa se lançasse<br />
no <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>de</strong> outros serviços, que inclusive lhe permitissem maximizar a utilização<br />
<strong>de</strong> sua infra-estrutura e ganhar sinergia. Nesse senti<strong>do</strong>, a CBLC passou a operar a liquidação e<br />
prover serviços <strong>de</strong> contraparte central garanti<strong>do</strong>ra no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> títulos públicos da Bolsa <strong>de</strong><br />
Valores <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, simultaneamente ao lançamento <strong>do</strong> sistema eletrônico <strong>de</strong> negociação<br />
secundária, chama<strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Negociação <strong>de</strong> Títulos Públicos e outros Ativos (Sisbex) 39 .<br />
39 A compra da Bolsa <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e a aquisição <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> liquidação <strong>de</strong> títulos públicos da CBLC pela Bolsa <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong>rias & Futuros<br />
(BM&F) transferiu essa ativida<strong>de</strong> <strong>para</strong> o sistema <strong>de</strong> liquidação <strong>de</strong>sta última.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Começou também a compensar e liquidar as transações no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> renda fixa <strong>de</strong><br />
emissão privada, administra<strong>do</strong> pela Bovespa e, chama<strong>do</strong> Bovespa Fix. No merca<strong>do</strong> secundário<br />
<strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> renda fixa <strong>de</strong> emissão privada, também atua como contraparte central garanti<strong>do</strong>ra<br />
das liquidações <strong>do</strong>s negócios realiza<strong>do</strong>s.<br />
Além disso, <strong>de</strong>senvolveu o CBLC Back Office que toma conta <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os ativos <strong>de</strong> uma<br />
carteira <strong>de</strong> investimento – ações, títulos públicos, títulos corporativos – e efetua a movimentação<br />
financeira quan<strong>do</strong> eles são compra<strong>do</strong>s ou vendi<strong>do</strong>s. A CBLC atualiza diariamente o valor<br />
<strong>do</strong>s ativos da carteira, segun<strong>do</strong> critérios previamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com procedimentos<br />
aceitos pelo merca<strong>do</strong>. Além disso, o CBLC Back Office fornece da<strong>do</strong>s contábeis, balancetes<br />
e balanços <strong>para</strong> informações <strong>de</strong> caráter legal e prévia análise <strong>do</strong>s gestores e/ou administra<strong>do</strong>res,<br />
exigidas pelo Banco Central, CVM e Receita Fe<strong>de</strong>ral. De mo<strong>do</strong> geral, o CBLC Back Office é<br />
ofereci<strong>do</strong> <strong>para</strong> administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> clubes <strong>de</strong> investimento e administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s mútuos<br />
<strong>de</strong> investimento, tais como corretoras e distribui<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> valores e asset managers em<br />
geral. Os fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento, utilizan<strong>do</strong> o serviço da CBLC, estarão aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às disposições<br />
da Instrução nº 302, da CVM. As entida<strong>de</strong>s fechadas <strong>de</strong> previdência privada, utilizan<strong>do</strong> o<br />
serviço da CBLC, estarão em consonância com as disposições da Resolução nº 2.829/2001, <strong>do</strong><br />
CMN.<br />
Por fim, a CBLC instituiu o Banco <strong>de</strong> Títulos CBLC – BTC. Trata-se <strong>de</strong> um serviço por meio<br />
<strong>do</strong> qual investi<strong>do</strong>res disponibilizam títulos <strong>para</strong> empréstimos e os interessa<strong>do</strong>s os tomam<br />
mediante aporte <strong>de</strong> garantias. A CBLC atua como contraparte no processo e garante as operações.<br />
O acesso ao serviço se dá por meio <strong>de</strong> um sistema eletrônico, e o toma<strong>do</strong>r paga uma taxa<br />
ao <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r, acrescida <strong>do</strong> emolumento da CBLC. A taxa é livremente pactuada entre as partes. O<br />
serviço <strong>de</strong>stina-se aos <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> carteiras <strong>de</strong> investimento em geral, que po<strong>de</strong>m atuar<br />
como <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res <strong>de</strong> papéis (ações emitidas por companhias abertas admitidas em negociação<br />
na Bovespa), entre eles, os fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão e os fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento. Investi<strong>do</strong>res, pessoas<br />
físicas e jurídicas, inclusive instituições financeiras, po<strong>de</strong>m tomar papéis empresta<strong>do</strong>s,<br />
existin<strong>do</strong> apenas restrições legais <strong>para</strong> alguns segmentos <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res institucionais.<br />
Assim, a CBLC lançou-se num processo <strong>de</strong> ampliação <strong>do</strong>s seus serviços, seja na diversificação<br />
<strong>do</strong>s ativos que liquida e custodia, seja no <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>de</strong> outros serviços com maior<br />
valor agrega<strong>do</strong> e associa<strong>do</strong>s a essas ativida<strong>de</strong>s. Mas, como o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> brasileiro se<br />
retraiu, seja no que tange ao volume <strong>de</strong> ações negociadas, seja no que tange ao volume <strong>de</strong><br />
títulos priva<strong>do</strong>s, há uma sub-utilização <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> operacional. Isso fica ainda mais<br />
explícito quan<strong>do</strong> se pensa na enorme retração das operações com ações, que continuam sen<strong>do</strong><br />
o pilar básico das ativida<strong>de</strong>s da CBLC.<br />
A <strong>de</strong>speito da questão <strong>de</strong> escala anteriormente colocada, isso não tem implica<strong>do</strong> problemas<br />
<strong>para</strong> o exercício <strong>de</strong> suas funções básicas <strong>de</strong> liquidação e como central <strong>de</strong>positária <strong>de</strong><br />
ações. Mas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à estrutura <strong>de</strong> tarifas praticada pela CBLC, a sua receita também se vê<br />
afetada negativamente pela retração das operações <strong>de</strong> liquidação. Em âmbito internacional,<br />
segue-se basicamente o seguinte padrão:<br />
53<br />
1) Uma taxa (fee) <strong>de</strong> <strong>de</strong>positária relativamente cara (uma taxa fixa sobre o valor custodia<strong>do</strong>,<br />
essa taxa se reduz conforme o valor custodia<strong>do</strong> se eleva); e<br />
2) Uma taxa <strong>de</strong> liquidação relativamente pequena, porque o volume <strong>de</strong> operações é eleva<strong>do</strong>.<br />
A CBLC, aparentemente, não segue esse padrão. No caso da tarifa como <strong>de</strong>positária, cobra<br />
um valor fixo <strong>de</strong> R$ 5,40 ao mês por conta custodiada, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> valor, o que faz com<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
que a receita <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> não cresça 40 . Quanto às receitas <strong>de</strong>rivadas das taxas <strong>de</strong><br />
liquidação (0,008% sobre o volume financeiro) ocorre uma queda acentuada, uma vez que<br />
esta ativida<strong>de</strong> tem se retraí<strong>do</strong> fortemente com a redução <strong>do</strong> valor das ações negociadas 41 . As<br />
principais fontes <strong>de</strong> receita da CBLC vêm, portanto, cain<strong>do</strong>.<br />
Conclui-se que, apesar da forte retração <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações nos últimos anos e <strong>de</strong> todas<br />
as adversida<strong>de</strong>s, o sistema <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia <strong>de</strong> ações tem se <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />
e aperfeiçoa<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s anos, cumprin<strong>do</strong> normas e padrões <strong>de</strong> excelência internacionais.<br />
Também fica muito evi<strong>de</strong>nte que as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compensação e custódia estão concentradas<br />
em gran<strong>de</strong>s instituições financeiras brasileiras, e que não têm <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> dificulda<strong>de</strong>s<br />
em competir nesses serviços com bancos estrangeiros no merca<strong>do</strong> local.<br />
Por sua vez, a CBLC, como núcleo <strong>de</strong>sse sistema, através das suas funções intrínsecas <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>positária, câmara <strong>de</strong> compensação e <strong>de</strong> liquidação, tem si<strong>do</strong> capaz <strong>de</strong> implementar e<br />
operacionalizar um sistema mo<strong>de</strong>rno e eficiente <strong>de</strong> liquidação <strong>de</strong> ativos (em geral). Entretanto,<br />
após a aquisição <strong>de</strong> seu sistema <strong>de</strong> liquidação <strong>de</strong> títulos públicos pela BM&F, o seu escopo<br />
<strong>de</strong> atuação restringiu-se a títulos <strong>de</strong> emissão privada (ações e renda fixa), limitan<strong>do</strong> ainda mais<br />
a otimização <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> sua infra-estrutura, que permanece sub-utilizada.<br />
5. O Brasil diante das negociações internacionais <strong>de</strong> serviços<br />
5.1. O Acor<strong>do</strong> Geral sobre Comércio <strong>de</strong> Serviços na OMC<br />
O Acor<strong>do</strong> Geral sobre o Comércio <strong>de</strong> Serviços (GATS) representa um conjunto <strong>de</strong> regras<br />
multilaterais <strong>para</strong> o comércio internacional <strong>de</strong> serviços e um arcabouço legal <strong>para</strong> a efetivação<br />
das negociações 42 . No interior <strong>do</strong> GATS, as negociações sobre serviços financeiros divi<strong>de</strong>m-se<br />
em <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s blocos:<br />
54<br />
a) as envolven<strong>do</strong> seguros e serviços relaciona<strong>do</strong>s (abrangen<strong>do</strong> as várias formas <strong>de</strong> seguros –<br />
<strong>de</strong> vida, marítimo, <strong>de</strong> trabalho etc. – operações <strong>de</strong> resseguros, intermediações <strong>de</strong> seguros,<br />
serviços <strong>de</strong> consultoria atuarial);<br />
b) as relativas à discussão <strong>de</strong> serviços bancários (<strong>de</strong>pósitos e empréstimos, custódia, serviços<br />
<strong>de</strong> pagamentos e transmissão <strong>de</strong> recursos monetários) e <strong>de</strong>mais serviços financeiros<br />
(operações cambiais, lançamentos, subscrição e divulgação <strong>de</strong> títulos, administração <strong>de</strong><br />
ativos, serviços <strong>de</strong> liquidação, tesouraria e compensação, fornecimento <strong>de</strong> informações<br />
financeiras, consultoria, e outros).<br />
Parte-se <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> que há quatro modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comércio internacional <strong>de</strong> serviços:<br />
O Mo<strong>do</strong> 1 refere-se ao comércio trans-fronteiriço, no caso <strong>do</strong>s serviços financeiros, a<br />
tomada <strong>de</strong> um empréstimo ou a aquisição <strong>de</strong> um contrato <strong>de</strong> seguro, por parte <strong>de</strong> uma pessoa,<br />
<strong>de</strong> uma instituição financeira localizada no exterior. O Mo<strong>do</strong> 2 é efetua<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong><br />
consumo no exterior, que exige a movimentação <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> serviço ao território <strong>do</strong><br />
ofertante – por exemplo, a compra <strong>de</strong> um serviço financeiro por parte <strong>de</strong> um viajante, enquanto<br />
se encontra no exterior. O Mo<strong>do</strong> 3 envolve a presença comercial <strong>de</strong> um ofertante <strong>de</strong> um<br />
40 De acor<strong>do</strong> com as “Demonstrações <strong>do</strong> Resulta<strong>do</strong> <strong>para</strong> os Exercícios <strong>de</strong> 2000 e 2001”, as receitas provenientes <strong>de</strong> “Registros <strong>de</strong> operações e<br />
outras” foram <strong>de</strong> R$ 22,5 milhões em 2000 e R$ 23,5 milhões em 2001 (Disponível na página eletrônica da CBLC – http://www.cblc.com.br).<br />
41 As receitas provenientes <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> liquidação caíram <strong>de</strong> R$ 26,1 milhões em 2000 <strong>para</strong> R$ 20,4 milhões em 2001 (Disponível na página<br />
eletrônica da CBLC – http://www.cblc.com.br).<br />
42 O Artigo I, parágrafo 3, inciso b, <strong>do</strong> GATS estipula que o “Acor<strong>do</strong> se aplica às medidas a<strong>do</strong>tadas pelos Membros que afetem o comércio <strong>de</strong><br />
serviços” e <strong>de</strong>fine que o termo “‘serviços’ inclui qualquer serviço em qualquer setor exceto aqueles presta<strong>do</strong>s no exercício da autorida<strong>de</strong><br />
governamental”. Portanto, não há qualquer exclusão setorial e o Acor<strong>do</strong> se aplica a to<strong>do</strong>s os setores <strong>de</strong> serviços, exceto os governamentais.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
país membro <strong>do</strong> GATS em outro país membro – por exemplo, quan<strong>do</strong> uma instituição financeira<br />
estabelece uma subsidiária ou um posto <strong>de</strong> atendimento no território <strong>de</strong> outro país, com<br />
o intuito <strong>de</strong> nele fornecer serviços financeiros 43 . Finalmente, o Mo<strong>do</strong> 4 cobre o fornecimento<br />
<strong>de</strong> serviços por meio da presença <strong>de</strong> pessoas físicas no território <strong>de</strong> outro país membro – por<br />
exemplo, <strong>de</strong> consultores financeiros, gerentes <strong>de</strong> banco, administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ativos <strong>de</strong> terceiros,<br />
etc. – ou seja, uma presença física que po<strong>de</strong>, ou não, estar conectada à presença <strong>de</strong> uma<br />
empresa <strong>de</strong> serviços em um país estrangeiro 44 .<br />
Embora haja liberda<strong>de</strong> <strong>para</strong> os países negocia<strong>do</strong>res no GATS estabelecerem os seus<br />
cronogramas <strong>de</strong> compromissos, os quais po<strong>de</strong>m ser diferencia<strong>do</strong>s <strong>para</strong> os vários setores, estes<br />
<strong>de</strong>vem ficar submeti<strong>do</strong>s aos princípios básicos que regem o acor<strong>do</strong>. O mais importante <strong>de</strong>les<br />
é o princípio da “nação mais favorecida” (NMF), conforme estabeleci<strong>do</strong> no Artigo II <strong>do</strong> GATS,<br />
através <strong>do</strong> qual, procura-se evitar que um país dê concessões comerciais a outro, não as esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />
aos <strong>de</strong>mais países membros, discriminan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa maneira, alguns <strong>de</strong> seus parceiros<br />
no comércio <strong>de</strong> serviços financeiros.<br />
No entanto, o princípio da nação mais favorecida é qualifica<strong>do</strong>. É permiti<strong>do</strong> a um membro<br />
manter uma medida inconsistente com este requerimento geral <strong>de</strong> NMF se ele estabeleceu<br />
uma exceção <strong>para</strong> esta inconsistência 45 . Essa provisão fornece justificativa <strong>para</strong> dar tratamento<br />
mais favorável ao país ou a países especifica<strong>do</strong>s. Durante a Rodada Uruguai, ficou claro que<br />
uma liberalização não qualificada em alguns setores <strong>de</strong> serviços não po<strong>de</strong>ria ser alcançada, e<br />
que uma liberalização sujeita a algumas exceções temporárias <strong>de</strong> NMF seria preferível a nenhuma<br />
liberalização. O resulta<strong>do</strong> foi que mais <strong>de</strong> 70 países membros da OMC fizeram suas escalas<br />
<strong>de</strong> comprometimentos <strong>de</strong> serviços sujeitas a uma lista adicional <strong>de</strong> exceções <strong>para</strong> com o Artigo<br />
II. Essas exceções são reguladas por condições estabelecidas em um Anexo se<strong>para</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
GATS. Dessa forma, qualquer exceção adicional só po<strong>de</strong> ser concedida por uma dispensa da<br />
própria OMC, sen<strong>do</strong> algumas <strong>de</strong>las por um tempo <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> e as outras, em princípio, não<br />
<strong>de</strong>vem durar além <strong>de</strong> 2004; ambas fican<strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> futuras rodadas <strong>de</strong> negociação.<br />
Por fim, é necessário mencionar que exceções legais, permitidas pelas regras <strong>do</strong> GATS,<br />
po<strong>de</strong>m ser concedidas a países que façam parte <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> comércio regionais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
a formação e/ou o aprofundamento <strong>de</strong>stes acor<strong>do</strong>s regionais não prejudiquem as condições<br />
<strong>de</strong> fornecimento já garantidas <strong>para</strong> países não membros, a não ser que possam ser compensadas<br />
apropriadamente (Artigo V).<br />
Alegações <strong>de</strong> regulamentação pru<strong>de</strong>ncial também têm si<strong>do</strong> utilizadas por alguns países <strong>para</strong><br />
não se submeterem integralmente ao princípio <strong>de</strong> NMF. É preciso ainda <strong>de</strong>stacar a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> novas exceções <strong>para</strong> países com sérios problemas <strong>de</strong> balanço <strong>de</strong> pagamentos, <strong>para</strong> compras<br />
<strong>de</strong> governo (as quais <strong>de</strong>vem ser objeto <strong>de</strong> novas negociações multilaterais), assim como exceções<br />
ligadas à segurança nacional, militar, proteção à saú<strong>de</strong> pública, preocupações ecológicas,<br />
privacida<strong>de</strong> privada etc. (Artigos XI a XIV). É possível ainda, por um tempo limita<strong>do</strong> – em princí-<br />
55<br />
43 Por <strong>de</strong>finir o comércio através <strong>de</strong> presença comercial, o GATS inclui no seu <strong>do</strong>mínio o investimento estrangeiro direto, o qual representa uma<br />
parcela importante <strong>de</strong> todas as transações <strong>de</strong> serviços, particularmente em serviços financeiros.<br />
44 Um anexo <strong>do</strong> GATS, contu<strong>do</strong>, torna explícito que esses aspectos <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> não estão absolutamente relaciona<strong>do</strong>s com a procura <strong>de</strong> emprego no<br />
exterior ou com requerimentos <strong>de</strong> cidadania ou residência em outro país. Vale dizer, mesmo que os países membros concordarem com<br />
comprometimentos <strong>do</strong> Mo<strong>do</strong> 4 <strong>para</strong> permitir que pessoas forneçam serviços nos seus territórios, eles ainda po<strong>de</strong>m regular a entrada e a permanência<br />
das pessoas, por exemplo, através da requisição <strong>de</strong> vistos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que eles não impeçam os comprometimentos <strong>de</strong> serem realiza<strong>do</strong>s. Para maiores<br />
informações, ver Vasconcelos & Strachman (2000).<br />
45 Uma vez estabeleci<strong>do</strong> o tratamento <strong>de</strong> nação mais favorecida como princípio básico, o Artigo XVI especifica seis restrições ao acesso a merca<strong>do</strong>s<br />
que não po<strong>de</strong>rão ser estabelecidas, a menos que a lista <strong>de</strong> compromissos <strong>do</strong> país <strong>de</strong>termine o contrário. As medidas são <strong>de</strong>finidas da seguinte forma:<br />
a) limitação sobre o número <strong>de</strong> presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços; b) limitações sobre o valor total <strong>do</strong>s ativos ou das transações <strong>de</strong> serviços; c) limitação sobre<br />
o número total <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> serviços ou da quantida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> serviços produzi<strong>do</strong>s; d) limitações sobre o número total <strong>de</strong> pessoas físicas que<br />
possam ser empregadas; e) medidas que exijam ou restrinjam tipos específicos <strong>de</strong> pessoa jurídica ou <strong>de</strong> joint ventures; f) limitações sobre a<br />
participação <strong>do</strong> capital estrangeiro. Dessa forma, cada país listou as restrições <strong>de</strong> acesso ao seu merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> serviços.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
pio, enquanto o GATS se encontrar em suas fases iniciais <strong>de</strong> implementação –, um país em<br />
<strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> conce<strong>de</strong>r subsídios a certos setores <strong>de</strong> serviços, ten<strong>do</strong> como racionalida<strong>de</strong> os<br />
potenciais impactos positivos sobre a competitivida<strong>de</strong> e sua evolução (Artigos XV).<br />
Apesar <strong>do</strong>s princípios gerais <strong>do</strong> GATS serem favoráveis à liberalização financeira, por meio<br />
<strong>do</strong> princípio da liberalização progressiva, alcançada através <strong>de</strong> sucessivas rodadas <strong>de</strong> negociação<br />
(Artigo XIX), reconhece-se que esta <strong>de</strong>va ser atingida gradualmente, dan<strong>do</strong> tempo aos<br />
países e suas instituições financeiras <strong>para</strong> adaptarem-se a um ambiente econômico mais aberto.<br />
Daí a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada país escolher os setores <strong>de</strong> serviços financeiros sobre os quais<br />
aceita negociar no GATS, inclusive estabelecen<strong>do</strong> os limites <strong>para</strong> esta negociação. Assim, é<br />
faculta<strong>do</strong>, a cada país, <strong>de</strong>finir as suas listas <strong>de</strong> compromissos junto ao Acor<strong>do</strong>.<br />
Uma vez assumida uma lista <strong>de</strong> compromissos, estes <strong>de</strong> alguma forma estarão relaciona<strong>do</strong>s<br />
a uma das três linhas básicas <strong>de</strong> negociação:<br />
56<br />
a) acesso ao merca<strong>do</strong>, respeitan<strong>do</strong> o princípio <strong>de</strong> nação mais favorecida (Artigo XVI), em<br />
que cada país membro <strong>de</strong>ve conce<strong>de</strong>r “aos serviços e presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> qualquer<br />
outro país membro, tratamento não menos favorável <strong>do</strong> que aquele concedi<strong>do</strong> a serviços<br />
e presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços similares <strong>de</strong> qualquer outro país”;<br />
b) acesso ao merca<strong>do</strong> respeitan<strong>do</strong> o tratamento nacional (Artigo XVII), <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como “tratamento<br />
não menos favorável <strong>do</strong> que aquele que dispensa a seus próprios serviços similares<br />
e presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços similares”, isto é, assegura a não-discriminação entre os países<br />
signatários nacionais e estrangeiros. Enfim, cada país <strong>de</strong>ve conce<strong>de</strong>r tratamento aos<br />
serviços estrangeiros e aos fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços não menos favorável <strong>do</strong> que ele conce<strong>de</strong><br />
aos seus próprios serviços e fornece<strong>do</strong>res nacionais; e<br />
c) compromissos adicionais <strong>de</strong> acesso a merca<strong>do</strong> e tratamento nacional (Artigo XVIII), em<br />
relação a medidas, tais como qualificações, padrões, normas técnicas e licenciamentos<br />
necessários.<br />
Os países po<strong>de</strong>m utilizar o Protocolo sobre os Serviços Financeiros <strong>para</strong> <strong>de</strong>finir e expor<br />
suas listas <strong>de</strong> compromissos, agregan<strong>do</strong> suas exceções. Os países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s utilizaram o<br />
“princípio <strong>de</strong> permanência” (standstill principle), pelo qual seus comprometimentos <strong>de</strong>veriam<br />
ser pelo menos iguais aos que já seguiam na prática. A<strong>de</strong>mais, esses países concordaram<br />
em liberalizar, entre eles, o comércio trans-fronteiriço sem a necessida<strong>de</strong> da presença comercial,<br />
em várias modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seguros e serviços correlatos, assim como em informações<br />
financeiras e serviços auxiliares. Tomaram medidas liberais a partir <strong>de</strong>sse Protocolo, também<br />
no que tange à presença comercial, à provisão <strong>de</strong> novos serviços por fornece<strong>do</strong>res já estabeleci<strong>do</strong>s,<br />
à transferência <strong>de</strong> informações, à entrada temporária <strong>de</strong> pessoal, à não discriminação e,<br />
por fim, ao tratamento nacional.<br />
O acor<strong>do</strong> sobre serviços na OMC é, portanto, constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> três partes: a primeira, com<br />
normas abrangentes <strong>para</strong> o conjunto <strong>de</strong> serviços (GATS); e a segunda integrada por anexos,<br />
com regras específicas <strong>para</strong> alguns setores, tais como transportes aéreos e marítimos, serviços<br />
financeiros e telecomunicações (Protocolos); a terceira formada por listas <strong>de</strong> compromissos<br />
<strong>de</strong>linea<strong>do</strong>s pelos países. Dessa forma, o GATS estabeleceu uma estrutura normativa e um<br />
mecanismo multilateral <strong>para</strong> o comércio <strong>de</strong> serviços, ao mesmo tempo em que procurou<br />
compatibilizar essas regras com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os diferentes Esta<strong>do</strong>s preservarem as condições<br />
regulatórias <strong>de</strong> seus merca<strong>do</strong>s internos.<br />
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O Protocolo sobre os Serviços Financeiros foi concluí<strong>do</strong> em 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1997. Os<br />
compromissos específicos <strong>de</strong> cada país em relação às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> serviços financeiros estão<br />
estabeleci<strong>do</strong>s no Anexo sobre Serviços Financeiros <strong>do</strong> GATS. Esse Anexo apresenta a lista <strong>do</strong>s<br />
serviços financeiros cobertos pelo GATS e complementa as <strong>de</strong>finições e regras básicas <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong>,<br />
<strong>de</strong> forma a permitir que as características específicas <strong>do</strong> setor sejam levadas em consi<strong>de</strong>ração<br />
46 . Entre as disposições incluídas no Anexo, a mais importante diz respeito às medidas<br />
cautelares na legislação nacional. Um país membro não será impedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> a<strong>do</strong>tar medidas <strong>para</strong><br />
a proteção <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res, <strong>de</strong>positantes, <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> valores mobiliários, ou <strong>para</strong> preservar<br />
a estabilida<strong>de</strong> e integrida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu sistema financeiro. Essas medidas não precisam ser incluídas<br />
nas listas <strong>de</strong> compromissos específicos <strong>do</strong>s países, estan<strong>do</strong> ou não em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com os<br />
Artigos que tratam <strong>do</strong> acesso a merca<strong>do</strong>s e tratamento nacional <strong>do</strong> GATS.<br />
A participação <strong>do</strong> Brasil nessas negociações se baseia na noção <strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendência crescente<br />
<strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s mundiais, sobretu<strong>do</strong> os financeiros. Trata-se, então, <strong>de</strong> viabilizar um conjunto<br />
<strong>de</strong> regras e princípios que discipline e torne minimamente previsível a inserção financeira<br />
externa <strong>do</strong> país, bem como estabelecer instâncias jurídicas e institucionais <strong>para</strong> se recorrer,<br />
em caso <strong>de</strong> litígio nas relações internacionais.<br />
No Anexo ao Protocolo <strong>de</strong> Serviços Financeiros, o Brasil listou as restrições e discriminações<br />
com relação a tratamento nacional, acesso a merca<strong>do</strong>s e exceções à cláusula <strong>de</strong> nação<br />
mais favorecida. Essa lista representa os compromissos que o Brasil assumiu no Acor<strong>do</strong>,<br />
e que também é chamada <strong>de</strong> lista <strong>de</strong> oferta (ver Anexo I). Nas negociações <strong>de</strong> acesso ao<br />
merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico, no âmbito <strong>do</strong> GATS, o Brasil comprometeu-se a regulamentar a entrada<br />
<strong>de</strong> capital estrangeiro no setor, até <strong>do</strong>is anos após a regulamentação <strong>do</strong> Artigo 192 da Constituição<br />
Fe<strong>de</strong>ral 47 , da<strong>do</strong> o Artigo 52 <strong>do</strong> “Ato das Disposições Constitucionais Transitórias” 48 .<br />
Por outro la<strong>do</strong>, manteve-se uma restrição quase total aos serviços presta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fora <strong>do</strong> país,<br />
em função das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> balanço <strong>de</strong> pagamentos que os mesmos po<strong>de</strong>riam gerar<br />
(Pellegrini, 1997, p. 2).<br />
Quanto aos bancos e outros serviços financeiros, a oferta brasileira se baseou na realida<strong>de</strong><br />
praticada internamente. As instituições estrangeiras po<strong>de</strong>riam estabelecer novas filiais e subsidiárias,<br />
assumir o controle acionário, assim como aumentar a participação no capital das instituições<br />
existentes no País, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que autorizadas caso a caso pelo Presi<strong>de</strong>nte da República, a<br />
57<br />
46 O Anexo sobre Serviços Financeiros <strong>do</strong> GATS, parágrafo 5, <strong>de</strong>fine “serviços financeiros” como to<strong>do</strong>s aqueles relaciona<strong>do</strong>s aos merca<strong>do</strong>s<br />
bancários, <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> e <strong>de</strong> seguros. Estão incluí<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>pósitos e fun<strong>do</strong>s reembolsáveis <strong>do</strong> público, os empréstimos (crédito pessoal, hipotecário,<br />
factoring e financiamentos comerciais), o leasing, os serviços <strong>de</strong> pagamento e transferências monetárias (cheques <strong>de</strong> viagem, cartões <strong>de</strong> crédito e<br />
similares), os serviços <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> garantias e compromissos, as operações comerciais por conta própria ou <strong>para</strong> clientes (em bolsa ou em<br />
merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão), os serviços relativos à participação em emissões <strong>de</strong> valores mobiliários, a corretagem <strong>de</strong> câmbio, os serviços <strong>de</strong> administração,<br />
pagamento e compensação <strong>de</strong> ativos, as provisões, transferências e processamento <strong>de</strong> informações financeiras, os serviços <strong>de</strong> consultoria e<br />
intermediação, os serviços <strong>de</strong> seguros e as operações auxiliares (avaliação <strong>de</strong> riscos e in<strong>de</strong>nização <strong>de</strong> sinistros), os resseguros e a intermediação <strong>de</strong><br />
seguros. Dessa forma, engloba uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, exceto as que envolvem funções governamentais, como aquelas típicas <strong>de</strong> bancos<br />
centrais ou as exercidas por entida<strong>de</strong>s públicas com recursos oficiais.<br />
47 O Artigo 192 da Constituição, que trata Do Sistema Financeiro Nacional, estabelece que “o sistema financeiro nacional, estrutura<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma a<br />
promover o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> equilibra<strong>do</strong> <strong>do</strong> País e a servir aos interesses da coletivida<strong>de</strong>, será regula<strong>do</strong> em lei complementar, que disporá, inclusive,<br />
sobre: I – a autorização <strong>para</strong> o funcionamento das instituições financeiras, assegura<strong>do</strong> às instituições bancárias oficiais e privadas acesso a to<strong>do</strong>s os<br />
instrumentos <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> financeiro bancário, sen<strong>do</strong> vedada a essas instituições a participação em ativida<strong>de</strong>s não previstas na autorização <strong>de</strong> que<br />
trata este inciso; II – autorização e funcionamento <strong>do</strong>s estabelecimentos <strong>de</strong> seguro, previdência e capitalização, bem como <strong>do</strong> órgão oficial<br />
fiscaliza<strong>do</strong>r e <strong>do</strong> órgão oficial ressegura<strong>do</strong>r; III – as condições <strong>para</strong> a participação <strong>do</strong> capital estrangeiro nas instituições a que se referem os incisos<br />
anteriores, ten<strong>do</strong> em vista, especialmente: a) os interesses nacionais; b) os acor<strong>do</strong>s internacionais;” etc.<br />
48 O Artigo 52 <strong>do</strong> Ato das Disposições Constitucionais Transitórias estipula que “até que sejam fixadas as condições a que se refere o Artigo 192, III,<br />
são veda<strong>do</strong>s: I – a instalação, no País, <strong>de</strong> novas agências <strong>de</strong> instituições financeiras <strong>do</strong>miciliadas no exterior; II – o aumento <strong>do</strong> percentual <strong>de</strong><br />
participação, no capital <strong>de</strong> instituições financeiras com se<strong>de</strong> no País, <strong>de</strong> pessoas físicas ou jurídicas resi<strong>de</strong>ntes ou <strong>do</strong>miciliadas no exterior. Parágrafo<br />
único. A vedação a que se refere este artigo não se aplica às autorizações resultantes <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>s internacionais, <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong><br />
Governo brasileiro.”<br />
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partir <strong>de</strong> proposta <strong>do</strong> Banco Central (Exposição <strong>de</strong> Motivos, No. 311) 49 . Ou seja, a presença<br />
comercial foi admitida, embora condicionada à autorização caso a caso, pelo po<strong>de</strong>r Executivo.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, associou a abertura financeira ao processo <strong>de</strong> saneamento <strong>do</strong> sistema financeiro<br />
<strong>do</strong>méstico, respeitan<strong>do</strong> sempre as limitações constitucionais (Artigo 192 da Constituição<br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988).<br />
No âmbito <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, a oferta brasileira autorizou a presença comercial estrangeira<br />
<strong>para</strong> fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alguns serviços não caracteriza<strong>do</strong>s como instituições financeiras<br />
pela lei brasileira. Foram eles: negociação por conta própria ou <strong>de</strong> terceiros <strong>de</strong> títulos<br />
sujeitos ao regime da Lei no. 6.385/1976 50 e <strong>do</strong>s <strong>de</strong>rivativos, exceto swaps e opções <strong>de</strong> swaps;<br />
liquidação <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> qualquer espécie e <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivativos; serviços <strong>de</strong> assessoramento e <strong>de</strong><br />
classificação, pesquisa <strong>de</strong> investimento e portfólio e análise <strong>de</strong> crédito; administração <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> títulos regula<strong>do</strong>s pela CVM; e oferta pública <strong>de</strong> títulos regula<strong>do</strong>s pela<br />
Lei no. 6.385/1976 no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão. A oferta brasileira se comprometeu também com a<br />
presença comercial estrangeira em novas ativida<strong>de</strong>s financeiras – factoring e cartão <strong>de</strong> crédito<br />
– <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong>finidas como serviços financeiros, o que não é o caso atual.<br />
Por sua vez, a oferta brasileira sobre o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> seguros, apresentada ao Comitê <strong>de</strong><br />
Serviços Financeiros da OMC, incorporou avanços consi<strong>de</strong>ráveis. O Brasil assumiu o compromisso<br />
<strong>de</strong> garantir que as segura<strong>do</strong>ras estrangeiras po<strong>de</strong>riam ter presença comercial no merca<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>méstico com controle total <strong>do</strong> capital em vários merca<strong>do</strong>s, tais como vida, fretes, proprieda<strong>de</strong>,<br />
responsabilida<strong>de</strong> e saú<strong>de</strong>, condiciona<strong>do</strong>s à presença comercial, consagran<strong>do</strong> <strong>de</strong>finitivamente<br />
a realida<strong>de</strong> atual 51 . Assim, as segura<strong>do</strong>ras ficaram autorizadas a entrar no merca<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>méstico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que cumprissem os pré-requisitos fixa<strong>do</strong>s pela Superintendência <strong>de</strong> Seguros<br />
Priva<strong>do</strong>s (Susep).<br />
A oferta brasileira incluiu ainda <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> seguro: o seguro <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> embarcações<br />
cadastradas no Registro <strong>de</strong> Embarcações Brasileiras (REB), inclusive no caso <strong>de</strong> operações<br />
trans-fronteiriças; e o seguro <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho, apenas <strong>para</strong> mencionar que essa ativida<strong>de</strong><br />
constitui monopólio <strong>do</strong> Instituto Nacional <strong>de</strong> Segurida<strong>de</strong> Social. Nesse último caso, assumiu<br />
novos compromissos relaciona<strong>do</strong>s à presença comercial estrangeira em <strong>do</strong>is anos a partir<br />
da aprovação da regulamentação da ativida<strong>de</strong> privada.<br />
Finalmente, flexibilizou a oferta em resseguros, citan<strong>do</strong> o monopólio <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Resseguro<br />
<strong>do</strong> Brasil (IRB) como temporário, à espera da regulamentação da ativida<strong>de</strong> privada <strong>do</strong><br />
setor 52 . Nesse caso, também se comprometeu com novos compromissos relaciona<strong>do</strong>s à presença<br />
comercial estrangeira no setor durante <strong>do</strong>is anos a partir da aprovação da regulamentação<br />
da ativida<strong>de</strong> privada no país.<br />
O Protocolo <strong>de</strong> Serviços Financeiros e seu Anexo <strong>de</strong>veriam entrar em vigor em março <strong>de</strong><br />
58<br />
49 A Exposição <strong>de</strong> Motivos no. 311, <strong>de</strong> 24.8.1995, estabelece as “diretrizes <strong>para</strong> melhor disciplinamento <strong>do</strong>s pleitos relativos ao aporte <strong>de</strong> capital<br />
externo, necessários ao <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong> Sistema Financeiro Nacional. (...) Diante da nova conjuntura <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> econômica que ora se faz<br />
presente e verificada a incapacida<strong>de</strong> das instituições financeiras nacionais em arcar com os encargos <strong>do</strong>s respectivos processos <strong>de</strong> atualização<br />
tecnológica e <strong>de</strong> crescimento, com suporte exclusivo na poupança interna, imprescindível se torna o reforço <strong>de</strong> suas estruturas <strong>de</strong> capital, via<br />
participação <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> exterior. (...) Por to<strong>do</strong> o exposto, proponho a Vossa Excelência o uso da prerrogativa que lhe confere o parágrafo único<br />
<strong>do</strong> art. 52 <strong>do</strong> Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, <strong>para</strong> reconhecer como <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong> Governo Brasileiro a participação ou o<br />
aumento <strong>do</strong> percentual <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> pessoas físicas ou jurídicas, resi<strong>de</strong>ntes ou <strong>do</strong>miciliadas no exterior, no capital das instituições financeiras<br />
nacionais. Para permitir o exame criterioso e individualiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s casos em que esteja presente o interesse <strong>de</strong> aporte <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> externos, cada<br />
instituição financeira apresentará sua proposta ao Banco Central <strong>do</strong> Brasil que, após exame, a submeterá à <strong>de</strong>liberação <strong>do</strong> Conselho Monetário<br />
Nacional, como requisito prévio a <strong>de</strong>cisão final <strong>de</strong> Vossa Excelência.”<br />
50 A Lei no. 6.385, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1976, dispõe sobre o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> valores mobiliários (sistema <strong>de</strong> distribuição, negociação na bolsa e no<br />
merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão, administração <strong>de</strong> carteiras e custódias <strong>de</strong> valores mobiliários, auditores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, consultores e analistas <strong>de</strong> valores<br />
mobiliários) e cria a Comissão <strong>de</strong> Valores Mobiliários.<br />
51 Para a participação das empresas estrangeiras nos prêmios <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> segura<strong>do</strong>r brasileiro, ver Gráfico 18 no Anexo Estatístico.<br />
52 Em junho <strong>de</strong> 1996, uma emenda ao Artigo 192 da Constituição foi aprovada em segun<strong>do</strong> turno no Sena<strong>do</strong>, retiran<strong>do</strong> <strong>do</strong> IRB o caráter <strong>de</strong> órgão<br />
ressegura<strong>do</strong>r oficial. Essa Emenda Constitucional representa na prática a quebra <strong>do</strong> monopólio <strong>do</strong> IRB no setor <strong>de</strong> resseguros.<br />
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1999, prazo da<strong>do</strong> <strong>para</strong> os países ratificarem o Acor<strong>do</strong> em seus respectivos Parlamentos. De<br />
to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, os países signatários se comprometeram a não recuar nos compromissos assumi<strong>do</strong>s.<br />
Após aquela data, qualquer <strong>de</strong>srespeito estaria sujeito às regras e sanções, tais como painel<br />
<strong>de</strong> negociação, multas, compensações e anulações <strong>de</strong> medidas restritivas que fossem<br />
a<strong>do</strong>tadas pelos países signatários (como no comércio internacional <strong>de</strong> bens). O Congresso<br />
brasileiro ainda não ratificou o Acor<strong>do</strong>. Entretanto, isso não impediu a continuida<strong>de</strong> das negociações<br />
na OMC, uma vez que o GATS (1997) previa uma nova rodada após cinco anos. Em 1 o .<br />
<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2002, as primeiras listas <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong>ssa nova fase <strong>de</strong> negociações foram entregues<br />
(Ver resumo preliminar no Anexo II).<br />
5.2. O Merca<strong>do</strong> Comum <strong>do</strong> Cone Sul<br />
Em 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1997, o governo brasileiro assinou o Protocolo <strong>de</strong> Montevidéu<br />
sobre o Comércio <strong>de</strong> Serviços <strong>do</strong> Mercosul, que estabelece princípios e disciplinas <strong>para</strong> promover<br />
o livre-comércio <strong>de</strong> serviços entre os países membros, toman<strong>do</strong> como base o GATS.<br />
Assim, os princípios básicos que nortearam o GATS foram incorpora<strong>do</strong>s ao Protocolo <strong>de</strong> Montevidéu,<br />
quais sejam, a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> serviços mediante os quatro mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação,<br />
bem como uma cobertura setorial universal; o conceito <strong>de</strong> não-discriminação, apoia<strong>do</strong><br />
nos princípios <strong>de</strong> nação mais favorecida, acesso a merca<strong>do</strong>s e tratamento nacional; mecanismo<br />
<strong>de</strong> liberalização flexível, por meio <strong>de</strong> “listas positivas” <strong>de</strong> setores negociáveis, etc (Marconini,<br />
1997). O projeto prevê um prazo <strong>de</strong> liberalização <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, conta<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> sua entrada<br />
em vigor.<br />
Como assinala<strong>do</strong> anteriormente, o Artigo V <strong>do</strong> GATS reconhece os benefícios que representam<br />
acor<strong>do</strong>s “parciais” <strong>de</strong> integração e livre-comércio <strong>para</strong> a liberalização <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s<br />
mundiais. Porém, estipula uma série <strong>de</strong> condicionamentos e requisitos que <strong>de</strong>verão ser cumpri<strong>do</strong>s<br />
<strong>para</strong> que tais acor<strong>do</strong>s possam ser excetua<strong>do</strong>s da aplicação da cláusula <strong>de</strong> nação mais<br />
favorecida. De mo<strong>do</strong> geral, tais condicionamentos implicam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que instrumentos<br />
regionais se traduzam, <strong>de</strong> fato, em abertura <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s países signatários e não<br />
constituam instrumentos <strong>de</strong> proteção comum <strong>de</strong>sses países <strong>para</strong> com terceiros. Também é<br />
necessário que se estabeleça a ausência ou eliminação, quase total, <strong>de</strong> toda discriminação<br />
entre as partes nos setores compreendi<strong>do</strong>s pelo acor<strong>do</strong>.<br />
Assim, o acor<strong>do</strong> em serviços no Mercosul, <strong>de</strong>ve assumir um caráter “GATS-plus” (ou GATS+).<br />
Isto é, ao basear o nível <strong>de</strong> compromisso <strong>de</strong> abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> sub-regional no GATS, <strong>de</strong>ve<br />
negociar um instrumento que aprofun<strong>de</strong> o acor<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong> em âmbito multilateral. Não<br />
faz senti<strong>do</strong> efetuar um acor<strong>do</strong> regional que não vá além <strong>do</strong> já acorda<strong>do</strong> no plano multilateral.<br />
Se os compromissos assumi<strong>do</strong>s pelos quatro países não forem maiores <strong>do</strong> que aqueles perante<br />
a OMC, fica difícil <strong>de</strong>monstrar que o protocolo cumpre, <strong>de</strong> fato, o requisito <strong>de</strong> eliminar<br />
substancialmente as barreiras ao comércio <strong>de</strong> serviços no Mercosul.<br />
Além <strong>do</strong>s princípios <strong>do</strong> GATS, no Protocolo <strong>de</strong> Montevidéu acor<strong>do</strong>u-se:<br />
59<br />
a) Compromisso, por parte <strong>do</strong>s governos, <strong>de</strong> incentivar entida<strong>de</strong>s públicas ou privadas <strong>do</strong>s<br />
países membros a buscar acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> reconhecimento mútuo e <strong>de</strong> critérios e normas <strong>para</strong><br />
o exercício <strong>de</strong> profissões nos respectivos países membros;<br />
b) Obrigação <strong>de</strong> evitar abusos burocráticos na concessão <strong>de</strong> licenças ou certifica<strong>do</strong>s <strong>para</strong><br />
profissionais;<br />
c) Cumprimento <strong>de</strong> anexos setoriais que esclarecem a aplicação <strong>de</strong> instrumentos já existentes,<br />
tais como os referentes ao setor <strong>de</strong> transportes terrestres e marítimos;<br />
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60<br />
d) Reiteração <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> sobre Serviços Aéreos Sub-regionais, firma<strong>do</strong> em 17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 1997, que prevê o livre-comércio <strong>para</strong> o tráfego sub-regional. Um <strong>do</strong>s mais ambiciosos<br />
acor<strong>do</strong>s já negocia<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o setor <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> transporte aéreos no mun<strong>do</strong> (Marconini,<br />
2001: p. 13).<br />
Dessa forma, o Protocolo <strong>de</strong> Montevidéu representa um amplo acervo <strong>de</strong> normas, estruturas<br />
e mecanismos. Todavia, sua implementação não tem avança<strong>do</strong>. Até o momento, o processo<br />
<strong>de</strong> liberalização <strong>de</strong> serviços tem si<strong>do</strong> mínimo entre os países membros <strong>do</strong> Mercosul.<br />
No âmbito <strong>do</strong>s serviços financeiros, a liberalização no Brasil se encontra em um estágio<br />
menos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> <strong>do</strong> que nos outros países <strong>do</strong> Mercosul. Essa assimetria está refletida nos<br />
compromissos assumi<strong>do</strong>s pelos países <strong>do</strong> Mercosul nas negociações sobre serviços financeiros<br />
no âmbito <strong>do</strong> GATS.<br />
A Argentina, por exemplo, até o fim <strong>de</strong> 2001 tinha conta <strong>de</strong> capital aberta e plena conversibilida<strong>de</strong><br />
da moeda. O processo <strong>de</strong> liberalização financeira foi mais intenso e bastante abrangente,<br />
sobretu<strong>do</strong> nos serviços bancários. Assim, esse país assumiu compromissos específicos que<br />
não prevêem nenhuma limitação <strong>de</strong> acesso ao merca<strong>do</strong> no que diz respeito ao estabelecimento<br />
<strong>de</strong> presença comercial nos serviços financeiros, exceto seguros. Além disso, o consumo <strong>de</strong><br />
serviços bancários no exterior, que não é permiti<strong>do</strong> no caso brasileiro, não tem nenhum tipo<br />
<strong>de</strong> restrição no caso argentino. O merca<strong>do</strong> argentino <strong>de</strong> seguros está fecha<strong>do</strong> a novas segura<strong>do</strong>ras,<br />
embora a compra <strong>de</strong> empresas por estrangeiros seja permitida.<br />
O Uruguai também tem conta <strong>de</strong> capital aberta, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 70 53 . Dada essa<br />
assimetria no grau <strong>de</strong> liberalização financeira, uma abertura <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> por parte <strong>do</strong> Brasil no<br />
âmbito <strong>do</strong> Mercosul, especialmente no setor <strong>de</strong> serviços bancários, seria equivalente a uma<br />
liberalização multilateral. Mas, a liberalização financeira em âmbito regional está em gran<strong>de</strong><br />
parte condicionada pelas posições brasileiras no contexto da OMC.<br />
5.3. O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> negociação na Área <strong>de</strong> Livre-Comércio das Américas<br />
De acor<strong>do</strong> com as <strong>de</strong>cisões da III Cúpula da Américas, realizada em 21 e 22 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong><br />
2001, em Québec, as negociações <strong>para</strong> a formação da Área <strong>de</strong> Livre-Comércio das Américas<br />
(Alca) <strong>de</strong>veriam encerrar-se em janeiro <strong>de</strong> 2005. Após a aprovação <strong>do</strong>s parlamentos nacionais,<br />
a Alca começaria a ser implementada em janeiro <strong>de</strong> 2006. No âmbito das negociações sobre<br />
serviços, o Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços ainda discute as “modalida<strong>de</strong>s e procedimentos<br />
negocia<strong>do</strong>res” 54 . Na última reunião da Alca, realizada no Panamá em mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2002,<br />
não se chegou a um acor<strong>do</strong> quanto ao mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> negociação.<br />
Uma das diferenças entre as negociações sobre o comércio <strong>de</strong> serviços no hemisfério americano<br />
em relação às negociações na OMC, diz respeito ao mecanismo <strong>de</strong> liberalização. Vale<br />
dizer, a forma como cada acor<strong>do</strong> dispõe sobre o processo <strong>de</strong> abertura. Essencialmente, o<br />
<strong>de</strong>bate centra-se na distinção entre mecanismos basea<strong>do</strong>s em “listas positivas” ou “listas negativas”<br />
<strong>de</strong> setores, sub-setores ou medidas relacionadas ao comércio <strong>de</strong> serviços. São, afinal,<br />
essas listas que <strong>de</strong>terminam em que as disciplinas <strong>de</strong> liberalização, “acesso a merca<strong>do</strong>s” e<br />
“tratamento nacional” serão, ou não, aplicadas.<br />
Uma “lista positiva” representa uma lista que contém setores, sub-setores ou medida que<br />
um país lista positivamente. Listar positivamente significa arrolar setores ou sub-setores em<br />
que inci<strong>de</strong> um princípio ou uma obrigação <strong>de</strong> liberalização. Inversamente, listar negativamen-<br />
53 A fuga <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos e a queda nas reservas internacionais em julho <strong>de</strong> 2002 po<strong>de</strong>m reverter esse processo. Todavia, os empréstimos <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z<br />
<strong>do</strong>s organismos multilaterais po<strong>de</strong>m dar sobrevida ao mo<strong>de</strong>lo.<br />
54 A posição <strong>do</strong> governo brasileiro no Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços da Alça e o cronograma oficial das reuniões po<strong>de</strong>m ser analisa<strong>do</strong>s no Anexo III.<br />
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te significa indicar setores ou sub-setores em que não inci<strong>de</strong> nenhum princípio ou obrigação.<br />
Assim, se um país inclui o setor <strong>de</strong> serviços financeiros em uma “lista positiva”, estará se comprometen<strong>do</strong><br />
a submeter este setor ao processo <strong>de</strong> liberalização implícito nas disposições <strong>do</strong><br />
acor<strong>do</strong> em questão. Inversamente, se um país inclui o setor <strong>de</strong> telecomunicações em uma<br />
“lista negativa”, estará indican<strong>do</strong> que este setor permanecerá fora <strong>do</strong> âmbito das disposições<br />
<strong>de</strong> liberalização <strong>do</strong> acor<strong>do</strong>. Uma “lista positiva”, portanto, i<strong>de</strong>ntifica setores ou sub-setores<br />
sujeitos à liberalização, enquanto uma “lista negativa” indica setores ou sub-setores isentos <strong>de</strong><br />
qualquer obrigação <strong>de</strong> abertura (Marconini, 2001: p.16).<br />
A proposta <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s é seguir o padrão a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no North-American Free Tra<strong>de</strong><br />
Agreement (Nafta), que promoveu sua integração com o Canadá e o México. O acor<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Nafta, ao contrário <strong>do</strong> GATS e <strong>do</strong> Protocolo <strong>de</strong> Montevidéu, dispõe sobre um processo <strong>de</strong><br />
liberalização através <strong>de</strong> “listas negativas” <strong>de</strong> setores. Vale dizer, a liberalização não incidirá sobre<br />
os setores ou sub-setores incluí<strong>do</strong>s na lista; qualquer outro setor não menciona<strong>do</strong> estará<br />
plenamente sujeito à liberalização 55 .<br />
De mo<strong>do</strong> geral, a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> “listas negativas” implica dificulda<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ráveis <strong>para</strong> os<br />
países cujo regime regulatório ainda está incompleto ou encontra-se em pleno processo <strong>de</strong><br />
transformação. A obrigação <strong>de</strong> listar to<strong>do</strong>s os setores ou sub-setores que <strong>de</strong>veriam ficar fora<br />
<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> liberalização (“lista negativa”) significa que:<br />
61<br />
a) É difícil saber <strong>de</strong> antemão quais são as medidas que <strong>de</strong>vam permanecer no sistema<br />
regulatório, mesmo uma vez liberaliza<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>; assim, ao não listar alguma medida,<br />
setor ou sub-setor, o país já se compromete a uma abertura menos criteriosa <strong>do</strong> que po<strong>de</strong>ria<br />
ser, caso não houvesse essa obrigação;<br />
b) No caso <strong>de</strong> países em <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong>, a obrigação <strong>de</strong> listar tu<strong>do</strong> o que <strong>de</strong>ve ser “preserva<strong>do</strong>”<br />
<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> liberalização representa uma enorme tarefa; se o sistema regulatório<br />
em um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> setor é pouco <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> e não foi ainda submeti<strong>do</strong> às exigências<br />
regulatórias inerentes ao processo <strong>de</strong> abertura, a inclusão <strong>de</strong>sse setor numa lista negativa<br />
implicaria que o país não tem mais o direito <strong>de</strong> regulamentar o setor no futuro, mesmo<br />
que a própria liberalização exija um novo conjunto <strong>de</strong> medidas <strong>para</strong> adaptar o setor às<br />
novas condições <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> (Marconini, 2001: p. 16).<br />
A “lista negativa”, portanto, exige que os países conheçam a fun<strong>do</strong> seus regimes regulatórios<br />
e tenham a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discernir entre as medidas que necessitam manter, por objetivos <strong>de</strong><br />
política nacional, e as que po<strong>de</strong>m ou <strong>de</strong>sejam <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fora e, assim, submeter automaticamente<br />
ao processo <strong>de</strong> liberalização. Como os regimes regulatórios <strong>do</strong> Brasil estão em plena<br />
fase <strong>de</strong> mutação, inclusive por razões <strong>de</strong> re-regulamentação no contexto da abertura resultante<br />
<strong>de</strong> privatizações, concessões <strong>de</strong> serviços públicos e a entrada <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> investimento<br />
direto estrangeiro, as “listas positivas” seriam mais a<strong>de</strong>quadas. O país manteria margem<br />
<strong>de</strong> ação em setores não incluí<strong>do</strong>s na lista, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aumentar a lista gradativamente, à medida<br />
que a situação regulatória <strong>de</strong> cada setor fosse evoluin<strong>do</strong> e se tornasse mais clara e <strong>de</strong>finida<br />
(Marconini, 2001: p. 17). É por essa razão que a posição a<strong>do</strong>tada pelo Brasil na negociação da<br />
Alca é <strong>de</strong> “lista positiva” (ver Anexo III).<br />
55 O méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> negociação proposto pela Comunida<strong>de</strong> Européia é mediante lista <strong>de</strong> compromissos com reservas estipuladas, o que se enquadra<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> “lista positiva”. A proposta também inclui a proibição <strong>de</strong> medidas que limitem o número <strong>de</strong> prove<strong>do</strong>res, o valor <strong>do</strong> serviço, o<br />
número <strong>de</strong> operações, o número <strong>de</strong> pessoas físicas, bem como limitação <strong>do</strong> capital estrangeiro ou a forma da empresa (Thorstensen, 2001: p. 7).<br />
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Outro aspecto diferencia<strong>do</strong>r no enfoque <strong>de</strong> negociação a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no Nafta, e que se transpõe<br />
<strong>para</strong> a negociação <strong>do</strong> Alca, diz respeito ao tratamento <strong>do</strong> investimento estrangeiro direto.<br />
No Nafta existe um capítulo específico <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a investimentos, tanto em bens quanto em<br />
serviços. No Mercosul, investimentos em serviços são trata<strong>do</strong>s se<strong>para</strong>damente <strong>de</strong> investimento<br />
em bens. No Protocolo <strong>de</strong> Montevidéu, um <strong>do</strong>s quatro mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação refere-se à<br />
presença comercial <strong>de</strong> presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços, o que correspon<strong>de</strong> à questão <strong>do</strong> investimento<br />
estrangeiro direto no setor.<br />
Também com relação ao tratamento <strong>do</strong>s investimentos, a questão que se coloca é em que<br />
medida uma maior regulamentação internacional nessa área po<strong>de</strong>, ou não, representar obstáculos<br />
ao <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong>, à medida que economias emergentes, como a brasileira, têm estruturas<br />
<strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> serviços muito heterogêneas.<br />
Está claro que os EUA procuram na Alca um nível <strong>de</strong> liberalização maior que o da OMC 56 .<br />
Por isso, a ênfase na menor regulamentação possível, que eles tentam impor via escolha <strong>do</strong><br />
mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> negociação “lista negativa”. Também parece bastante evi<strong>de</strong>nte que os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />
preten<strong>de</strong>m alcançar regras internacionais <strong>para</strong> os investimentos estrangeiros e a liberalização<br />
financeira mediante permissão <strong>de</strong> realizar operações e serviços trans-fronteiras.<br />
Embora ainda não esteja claro como essas <strong>de</strong>mandas se concretizarão, no que se refere aos<br />
serviços financeiros coloca-se, em princípio, as seguintes questões:<br />
a) A dúvida que se coloca é se, ao Brasil, é factível assumir compromissos <strong>de</strong> “listas negativas”<br />
em investimentos e em outros mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> serviços, saben<strong>do</strong> todas as reservas e exceções<br />
legais que se tem. Também resta <strong>de</strong>monstrar se haveria conhecimento suficiente da<br />
evolução futura <strong>do</strong> sistema <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r armar essa “lista negativa”?;<br />
62<br />
b) Em relação aos investimentos, o investimento em portfólio será trata<strong>do</strong> como Investimento,<br />
ou este abarcará apenas o conceito enterprise-based investment (Investimento<br />
Estrangeiro Direto)?;<br />
c) Dada a volatilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fluxos <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, países em <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> com restrição externa,<br />
como o Brasil, ampliam sua fragilida<strong>de</strong> frente à instabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fluxos <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>. Caso<br />
se a<strong>do</strong>te um conceito mais amplo <strong>de</strong> investimento, essa mobilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> interferir fortemente<br />
na política monetária. Haverá algum espaço <strong>de</strong> segurança preserva<strong>do</strong> aos países com<br />
moedas mais frágeis e restrições externas, caso se opte pelo conceito mais amplo?;<br />
d) Mesmo que se chegue a um código internacional no tratamento <strong>do</strong> investimento, no caso<br />
das instituições financeiras, as regras <strong>de</strong>sse código não po<strong>de</strong>rão colocar em cheque o papel<br />
<strong>de</strong> regulação e controle no que se refere à segurança <strong>do</strong> sistema financeiro <strong>do</strong>méstico.<br />
Pois, essa garantia no limite abarca a função <strong>de</strong> empresta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> última instância, própria<br />
<strong>do</strong>s bancos centrais nacionais.<br />
Os contornos específicos das negociações em torno da Alca <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da posição <strong>do</strong>s<br />
negocia<strong>do</strong>res americanos, mediante o mandato negocia<strong>do</strong>r – Tra<strong>de</strong> Promotion Authority (Autorida<strong>de</strong><br />
<strong>para</strong> Promoção Comercial) – atribuí<strong>do</strong> pelo Congresso ao Executivo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />
no início <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2002. Na opinião <strong>de</strong> analistas experientes, existe o risco <strong>de</strong> que o<br />
Legislativo e os negocia<strong>do</strong>res americanos tendam a ver a construção da Alca como “mero<br />
resulta<strong>do</strong> da <strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong> barreiras latino-americanas aos produtos e serviços <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />
56 A amplitu<strong>de</strong> da Alca não se limita, como sugere o nome, à formação <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> livre-comércio, mas representa um acor<strong>do</strong> global que preten<strong>de</strong><br />
abranger os serviços, as compras governamentais, os investimentos, os direitos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> intelectual etc. Para um resumo público da posição<br />
<strong>do</strong>s EUA no Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços na Alca, ver Anexo IV.<br />
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Uni<strong>do</strong>s, caben<strong>do</strong>-lhes muito pouco a fazer em termos <strong>de</strong> suas próprias barreiras, senão a eliminação<br />
geral, com as exceções <strong>de</strong> praxe, das tarifas normalmente baixas aplicadas na importação<br />
<strong>de</strong> produtos” (Almeida, 2001: p. 58) 57 .<br />
Essa, entretanto, não parece ser a visão da diplomacia brasileira nas negociações da Alca. Os<br />
representantes brasileiros vêm buscan<strong>do</strong> colocar na mesa <strong>de</strong> negociações outros elementos<br />
importantes, visan<strong>do</strong> lograr um acor<strong>do</strong> final mais equilibra<strong>do</strong>, não apenas em termos <strong>de</strong> acesso<br />
a merca<strong>do</strong> – em que são evi<strong>de</strong>ntes diversos focos setoriais <strong>de</strong> protecionismo americano –, mas<br />
também no que se refere a normas e disciplinas <strong>de</strong> política comercial, terreno no qual são igualmente<br />
claras as restrições aplicadas a produtos estrangeiros no merca<strong>do</strong> americano 58 . Enfim, a<br />
diplomacia brasileira procura lograr a melhor situação possível <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong> no processo <strong>de</strong><br />
abertura comercial, administran<strong>do</strong> áreas <strong>de</strong> liberalização progressiva em função das vantagens<br />
percebidas ou aparentes.<br />
5.4. Conclusão<br />
O nível <strong>de</strong> compromisso assumi<strong>do</strong> pelo Brasil nos acor<strong>do</strong>s da OMC/GATS ou <strong>do</strong> Mercosul<br />
sobre serviços, conforme refleti<strong>do</strong> em listas específicas <strong>de</strong> compromissos, é claramente inferior<br />
à realida<strong>de</strong> da abertura ocorrida nos últimos anos, confirman<strong>do</strong> que a liberalização foi resulta<strong>do</strong><br />
das próprias iniciativas autônomas <strong>do</strong> governo brasileiro, associadas com a expansão<br />
transnacional das instituições financeiras, e não <strong>de</strong> alguma pressão sofrida em negociações <strong>de</strong><br />
acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> comércio (Marconini, 2001: p. 9). O que houve foi uma expressiva abertura e<br />
liberalização no mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> prestação “presença comercial”. Na área bancária, ao mesmo tempo<br />
em que ocorreu um processo profun<strong>do</strong> <strong>de</strong> reestruturação interna, entida<strong>de</strong>s estrangeiras tiveram<br />
acesso ao merca<strong>do</strong> brasileiro tanto no contexto das privatizações quanto na própria compra<br />
<strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s financeiras <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>. Em seguros, a presença<br />
comercial já estava aberta há algum tempo, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma interpretação bastante liberal dada a<br />
uma disposição transitória constitucional.<br />
Entretanto, no setor financeiro ainda existe uma falta <strong>de</strong> “sintonia” entre a regulamentação<br />
e a aplicação que se dá às normas relativas à entrada <strong>de</strong> presta<strong>do</strong>res estrangeiros. A regulamentação,<br />
inclusive consolidada no GATS e no Protocolo <strong>de</strong> Montevidéu, reflete um nível <strong>de</strong> restrição<br />
que não condiz com a verda<strong>de</strong>ira realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> existente no Brasil. De fato, não há<br />
mais restrição <strong>de</strong> acesso ao merca<strong>do</strong> brasileiro por parte <strong>de</strong> instituições financeiras estrangeiras.<br />
A atuação <strong>de</strong> profissionais estrangeiros, no merca<strong>do</strong> local, ocorre com bastante liberalida<strong>de</strong>,<br />
a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> que os limites <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>sses profissionais não tenham si<strong>do</strong>, em muitos<br />
casos, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s 59 .<br />
Em suma, a regulamentação no setor <strong>de</strong> serviços no Brasil é bastante heterogênea. No<br />
entanto, o aspecto regulatório é central <strong>para</strong> as negociações sobre serviços. Não só o comércio<br />
63<br />
57 Para contrastar a estrutura <strong>de</strong> proteção tarifária <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> hemisfério com os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, ver Dias (2001: p. 117). Po<strong>de</strong>-se verificar que<br />
apenas El Salva<strong>do</strong>r (5,6%), Canadá (4,6%) e Nicarágua (4,1%) apresentavam tarifas médias inferiores às <strong>do</strong>s EUA (5,7%) em 1999. A tarifa média <strong>do</strong><br />
Brasil era 13,7%; <strong>do</strong> Mercosul, 12,8%; <strong>do</strong> México, 16,2% (a mais elevada <strong>do</strong> hemisfério). Ver também, Coutinho & Furta<strong>do</strong> (1998).<br />
58 Os EUA também já <strong>de</strong>clararam que preten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar intocada, no processo <strong>de</strong> negociação da Alca, as medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa comercial, numa postura<br />
contraditória com o espírito <strong>de</strong> qualquer negociação multilateral, na qual to<strong>do</strong>s os elementos que possuem incidência nos fluxos <strong>de</strong> comércio <strong>de</strong>vem<br />
ser honestamente objeto <strong>de</strong> exame e eventual discussão quanto a sua a<strong>de</strong>quação ao novo espaço econômico integra<strong>do</strong> (Almeida, 2001: p. 66).<br />
59 O CMN e a CVM regulamentaram a profissão <strong>do</strong> agente autônomo <strong>de</strong> investimentos (financial advisor), sem fazer referência aos estrangeiros.A<br />
Resolução no. 2.838, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2001, <strong>do</strong> CMN, estabelece que agente autônomo <strong>de</strong> investimento é a pessoa natural ou jurídica<br />
uniprofissional, que tenha como ativida<strong>de</strong> a distribuição e mediação <strong>de</strong> títulos, valores mobiliários, quotas <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento e <strong>de</strong>rivativos,<br />
sempre sob a responsabilida<strong>de</strong> e como preposto das instituições integrantes <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> valores mobiliários. Para o exercício da<br />
sua ativida<strong>de</strong>, o agente autônomo <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong>ve: I – ser julga<strong>do</strong> apto em exame <strong>de</strong> certificação organiza<strong>do</strong> por entida<strong>de</strong> autorizada pela CVM;<br />
II – obter a autorização da CVM; III – manter contrato <strong>para</strong> distribuição e mediação com uma ou mais instituições autorizadas; IV – realizar a sua<br />
ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição e mediação exclusivamente como preposto das instituições autorizadas.<br />
A Instrução no. 355, <strong>de</strong> 1 o . <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2001, da CVM, com as alterações introduzidas pela Instrução no. 366/2002 regulamenta a ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
agente autônomo <strong>de</strong> investimento no Brasil.<br />
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<strong>de</strong> serviços entre países não é sujeito a tarifas <strong>de</strong> importação ou barreiras na fronteira (isso<br />
simplesmente não é factível), como as verda<strong>de</strong>iras limitações a esse comércio se dão na regulamentação<br />
específica <strong>de</strong> cada setor, com freqüência inclusive <strong>de</strong> forma não discriminatória<br />
entre serviços ou presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços nacionais e estrangeiros.<br />
Além disso, a regulamentação brasileira, em muitos casos, não está a<strong>de</strong>quada aos padrões<br />
internacionais e isso necessita ser corrigi<strong>do</strong>. Essa correção não <strong>de</strong>ve ser entendida como uma<br />
<strong>de</strong>sculpa <strong>para</strong> restringir o acesso <strong>de</strong> empresas ou presta<strong>do</strong>res estrangeiros. A falta <strong>de</strong> regulamentação<br />
resulta em situações excessivamente permissivas, que acabam afetan<strong>do</strong> a qualida<strong>de</strong><br />
e previsibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço presta<strong>do</strong>. Regulamentar, nesse caso, não significa restringir e, sim,<br />
introduzir or<strong>de</strong>m, que resulte em eficiência e qualida<strong>de</strong>.<br />
6. O <strong>de</strong>sequilíbrio externo brasileiro e a inserção financeira externa<br />
6.1. Situação <strong>do</strong> Balanço <strong>de</strong> Pagamento <strong>do</strong> Brasil e seu financiamento<br />
As contas externas brasileiras sofreram uma profunda alteração a partir da implementação<br />
<strong>do</strong> Plano Real (1994). Nos primeiros anos da década o país acumulava superávit em transações<br />
correntes <strong>de</strong> US$ 1,4 bilhão em termos médios (ver Tabela 23). A balança comercial era positiva<br />
em US$ 13 bilhões. Na primeira fase <strong>do</strong> Plano Real (1995-1998), sob o regime <strong>de</strong> câmbio<br />
administra<strong>do</strong>, os sinais se inverteram. A balança comercial tornou-se negativa em US$ 5,6 bilhões<br />
e; as transações correntes, em US$ 26,4 bilhões ou 3,4% <strong>do</strong> PIB. Na segunda fase <strong>do</strong><br />
Plano Real (1999-2001), sob o regime <strong>de</strong> câmbio flutuante, o sal<strong>do</strong> da balança comercial tornou-se<br />
levemente positivo, com a redução nas importações em maior proporção <strong>do</strong> que a<br />
expansão nas exportações. Assim, o déficit em transações correntes parou <strong>de</strong> se <strong>de</strong>teriorar.<br />
Mas, o déficit médio em transações correntes no perío<strong>do</strong> ainda foi <strong>de</strong> US$ 24,3 bilhões, o<br />
equivalente a 4,5% <strong>do</strong> PIB 60 .<br />
Na primeira fase, a entrada <strong>de</strong> investimentos em carteira foi fundamental <strong>para</strong> financiar o<br />
déficit em transações correntes. Em 1994, ocorreu a entrada <strong>de</strong> US$ 50,6 bilhões em investimento<br />
<strong>de</strong> portfólio, sen<strong>do</strong> US$ 6,9 bilhões direciona<strong>do</strong>s ao merca<strong>do</strong> acionário; e US$ 43,6<br />
bilhões, ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> renda fixa. Entre 1995 e 1998, o sal<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> anual caiu <strong>para</strong> US$ 15,4<br />
bilhões, em termos médios. Na segunda fase, o investimento <strong>de</strong> portfólio reduziu-se brutalmente<br />
e o investimento estrangeiro direto assumiu papel prepon<strong>de</strong>rante. Entre 1999 e 2001, a<br />
entrada média <strong>de</strong> investimento estrangeiro direto atingiu US$ 27,4 bilhões. O financiamento<br />
líqui<strong>do</strong> médio em operações <strong>de</strong> bônus, commercial papers e empréstimos bancários pouco<br />
contribuiu <strong>para</strong> consolidar as contas externas brasileiras. Apenas em 1995, 1996 e 2001 apresentou<br />
sinais positivos. Em termos médios, houve saída líquida <strong>de</strong> capital durante toda a década,<br />
com <strong>de</strong>staque <strong>para</strong> o sal<strong>do</strong> negativo <strong>de</strong> US$ 43,6 bilhões em 1994. Todavia, a dívida externa<br />
total cresceu praticamente US$ 100 bilhões na década, <strong>de</strong> US$ 135,2 bilhões em 1991/1993<br />
<strong>para</strong> US$ 234,6 bilhões em 1999/2001. Isso porque houve uma mudança no padrão <strong>de</strong> financiamento<br />
<strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong>. Entre 1990 e 1998, a captação externa líquida <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong> acumulou<br />
um sal<strong>do</strong> positivo <strong>de</strong> US$ 120 bilhões. A maior parte <strong>de</strong>sses recursos em moeda estrangeira,<br />
exatamente US$ 73 bilhões, foi capta<strong>do</strong> durante a política <strong>de</strong> âncora cambial, no triênio<br />
1996/1998. Em 1999 e 2001, com a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> regime <strong>de</strong> câmbio flutuante, a elevação <strong>do</strong> risco<br />
<strong>do</strong> país, o fluxo líqui<strong>do</strong> <strong>de</strong> recursos em moeda estrangeira <strong>para</strong> o setor priva<strong>do</strong> tornou-se<br />
negativo.<br />
64<br />
60 A maior proporção em relação ao PIB se <strong>de</strong>ve à queda <strong>do</strong> PIB em dólares, em função da <strong>de</strong>svalorização cambial.<br />
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65<br />
Tabela 23 – Contas Externas <strong>do</strong> Brasil<br />
Médias anuais e anos seleciona<strong>do</strong>s/US$ bilhões<br />
1991-1993 1994 1995-1998 1999-2001<br />
1. Balança Comercial 13,0 10,5 -5,6 0,2<br />
2. Balança <strong>de</strong> Serviços -13,5 -14,7 -23,2 -26,1<br />
3. Transações Correntes 1,4 -1,7 -26,4 -24,3<br />
4. Investimento Direto (Líqui<strong>do</strong>) (a) 0,9 1,5 14,6 27,4<br />
5. Investimento em Carteira (Líqui<strong>do</strong>) 10,2 50,6 15,4 3,6<br />
5.1. Ações 2,8 6,9 4,1 1,4<br />
5.2. Renda Fixa e <strong>de</strong>mais 7,4 43,7 11,3 2,2<br />
6. Financiamento (Líqui<strong>do</strong>) (b) -4,3 -43,6 -0,7 -9,6<br />
7. Reservas Internacionais 21,8 38,8 52,2 35,1<br />
Memorandum<br />
Dívida Externa Total (c) 135,2 148,3 195,2 234,6<br />
Transações Correntes (% <strong>do</strong> PIB) 0,4 -0,3 -3,4 -4,5<br />
Dívida Externa Total (% <strong>do</strong> PIB) 32,8 27,2 25,3 43,4<br />
Fonte: Banco Central (Séries Temporais), Brasília, D.F. (http://www.bancocentral.gov.br). A série completa po<strong>de</strong> ser<br />
observada na Tabela 41 <strong>do</strong> Anexo Estatístico.<br />
Notas:<br />
(a) Inclui empréstimos intercompanhias;<br />
(b) Inclui outros investimentos mais <strong>de</strong>rivativos;<br />
(c) Inclui empréstimos intercompanhias. Série revista em março <strong>de</strong> 2001, quan<strong>do</strong> o Banco Central excluiu US$ 16,9 bilhões<br />
<strong>do</strong> estoque da dívida externa.<br />
Em resumo, a forma <strong>de</strong> financiar o crescente déficit em transações correntes foi a atração<br />
<strong>de</strong> investimento estrangeiro direto e fluxos <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> externos <strong>para</strong> a Bovespa e <strong>para</strong> o sistema<br />
financeiro <strong>do</strong>méstico. No investimento direto incluiu-se a maior presença física <strong>de</strong> bancos<br />
estrangeiros no merca<strong>do</strong> local.<br />
6.2. Avaliação da presença <strong>de</strong> capital estrangeiro no sistema financeiro brasileiro<br />
e a mobilida<strong>de</strong> da poupança financeira<br />
Na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 90, houve a atração direta <strong>de</strong> capital, na forma <strong>de</strong> investimento<br />
estrangeiro direto e mediante fluxos <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento, mas também houve<br />
flexibilização nos fluxos <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> <strong>do</strong>mésticos (a captação <strong>de</strong> recursos no merca<strong>do</strong><br />
internacional <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, mediante a emissão <strong>de</strong> bônus, commercial papers, notas não será<br />
consi<strong>de</strong>rada).<br />
6.2.1. A presença <strong>do</strong>s bancos no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico<br />
O governo brasileiro passou a estimular o ingresso <strong>de</strong> instituições estrangeiras, que compraram<br />
bancos <strong>do</strong>mésticos. Como foi explicita<strong>do</strong> acima, legalmente, a entrada <strong>de</strong> bancos estrangeiros<br />
estaria vedada (ver seção 5.1). Entretanto, o Executivo passou a utilizar brechas<br />
<strong>de</strong>ssa mesma legislação <strong>para</strong> reconhecer como <strong>de</strong> “interesse <strong>do</strong> governo brasileiro” o aumento<br />
da participação estrangeira no capital <strong>de</strong> instituições financeiras específicas. Mediante a<br />
Resolução no. 2.815, <strong>de</strong> 24/01/2001, <strong>do</strong> CMN, foi flexibilizada a interpretação da vedação constitucional<br />
existente em relação à instalação, no país, <strong>de</strong> novas agências <strong>de</strong> instituições financeiras<br />
<strong>do</strong>miciliadas no exterior, torna<strong>do</strong> possível tal procedimento nos casos <strong>de</strong> instituições nacionais<br />
com participação ou controle estrangeiros, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autorização por <strong>de</strong>creto<br />
presi<strong>de</strong>ncial. Essa alteração ganha relevância quan<strong>do</strong> se verifica que tais instituições representam<br />
cerca <strong>de</strong> 84% <strong>do</strong> total das “estrangeiras” radicadas no país. Ou seja, na prática, não<br />
houve restrições à entrada e à expansão <strong>de</strong> instituições financeiras com presença comercial no<br />
Brasil.<br />
De acor<strong>do</strong> com o Banco Central, a entrada <strong>do</strong> capital estrangeiro no sistema financeiro nacional<br />
se <strong>de</strong>u, principalmente, pelo segmento <strong>do</strong>s bancos que enfrentavam problemas<br />
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patrimoniais 61 . De to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, entre 1994 e 2001, ocorreu uma mudança significativa na estrutura<br />
<strong>do</strong> sistema financeiro nacional. O número <strong>de</strong> instituições bancárias diminuiu cerca <strong>de</strong> 26%, <strong>de</strong><br />
244 <strong>para</strong> 181. Nesse processo, houve um aumento da participação das instituições estrangeiras e<br />
uma redução das instituições públicas, especialmente das estaduais. A preferência <strong>do</strong>s bancos<br />
estrangeiros no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico foi pela formação <strong>de</strong> bancos múltiplos e com controle <strong>do</strong><br />
capital votante. Em janeiro <strong>de</strong> 2001, havia 82 bancos estrangeiros no país, sen<strong>do</strong> que 53 eram<br />
classifica<strong>do</strong>s como “Banco Múltiplo Nacional com Controle Estrangeiro” (ver Tabela 24).<br />
66<br />
Tabela 24 – Presença <strong>de</strong> Bancos Estrangeiros no País<br />
Tipo <strong>de</strong> Instituição Jan/94 Jan/95 Jan/96 Jan/97 Jan/98 Jan/99 Jan/00 2001 (a)<br />
Banco Comercial Priva<strong>do</strong><br />
Nacional com Controle<br />
Estrangeiro 1 1 1 1 1 1 2 3<br />
Banco Comercial Estrangeiro<br />
– Filiais no País 19 17 17 17 16 16 15 13<br />
Banco Comercial Priva<strong>do</strong> com<br />
Participação Estrangeira 2 2 2 2 2 2 - -<br />
Banco Múltiplo Nacional com<br />
Controle Estrangeiro 18 20 20 23 29 42 50 53<br />
Banco Múltiplo Nacional com<br />
Participação Estrangeira 30 28 29 26 23 21 12 13<br />
Total 70 68 69 69 71 82 79 82<br />
Fonte: Banco Central, Elaboração: Andima (http://www.andima.com.br).<br />
Nota:<br />
(a) Da<strong>do</strong>s até 11 <strong>de</strong> janeiro.<br />
O número <strong>de</strong> bancos (comerciais e múltiplos), com controle estrangeiro, aumentou <strong>de</strong> 19 <strong>para</strong><br />
56; com participação estrangeira caiu <strong>de</strong> 32 <strong>para</strong> 13 entre janeiro <strong>de</strong> 1994 e janeiro <strong>de</strong> 2001 (ver<br />
Tabela 24). No total das instituições financeiras com participação estrangeira no país, apreen<strong>de</strong>-se o<br />
mesmo padrão. Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001, havia 255 instituições estrangeiras, sen<strong>do</strong> que 163 (que<br />
correspon<strong>de</strong> a 64% <strong>do</strong> total) controlavam mais <strong>de</strong> 90% <strong>do</strong> capital votante (ver Tabela 25) 62 .<br />
Tabela 25 – Participação Estrangeira em Instituições Financeiras no País<br />
(Capital Votante)<br />
Posição em 31.12.2001<br />
Percentual <strong>de</strong> Participação Tipo <strong>de</strong> instituição (a) Total<br />
BC BM BI SCTVM SDTVM SAM SCFI SCI CH Filiais<br />
00………….…20% 1 15 5 6 11 7 2 47<br />
20…………….30% 7 2 5 5 1 1 21<br />
30…….........…40% 3 4 1 1 1 10<br />
40….................50% 1 1<br />
50.....................60% 4 2 2 8<br />
60.....................70%<br />
70.....................80% 1 1 2<br />
80......................90% 2 1 3<br />
90...................100% 4 50 2 27 27 33 6 3 11 163<br />
Total 5 82 9 41 44 48 11 4 11 255<br />
Fonte: Banco Central/DECAD-DEORF/COPEC (http://www.bancocentral.gov.br).<br />
Observação:<br />
(a) BC – Banco Comercial; BM – Banco Múltiplo; BI – Banco <strong>de</strong> Investimento; SCTVM – Socieda<strong>de</strong> Corretora <strong>de</strong> Títulos e<br />
Valores Mobiliários; SDTVM – Socieda<strong>de</strong> Distribui<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Títulos e Valores Mobiliários; SAM – Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arredamento<br />
Mercantil – Leasing; SCFI – Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Crédito, Financiamento e Investimento; SCI – Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Crédito Imobiliário;<br />
CH – Companhia Hipotecárias.<br />
61 Para diferentes avaliações sobre os impactos da entrada <strong>do</strong>s bancos estrangeiros no merca<strong>do</strong> financeiro <strong>do</strong>méstico, ver Freitas (1999); Andima<br />
(2001); Vi<strong>do</strong>to (2002) e Carvalho, Studart & Alves Jr. (2002).<br />
62 Merece <strong>de</strong>staque que, entre os 56 bancos múltiplos com controle estrangeiro, 13 estão vincula<strong>do</strong>s a grupos industriais, principalmente, da<br />
indústria automobilística (ver Tabela 41 <strong>do</strong> Anexo Estatístico).<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
O aumento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> bancos estrangeiros refletiu-se na maior participação <strong>de</strong>ste segmento<br />
no total <strong>de</strong> ativos <strong>do</strong> setor, que passou <strong>de</strong> 8,4% em 1995 <strong>para</strong> 27,4% em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />
2000 (ver Tabela 26). Aparece também na captação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>pósitos bancários, que subiram <strong>de</strong><br />
5,4% <strong>para</strong> 21,1% e, na oferta <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> créditos, que cresceram <strong>de</strong> 5,7% <strong>para</strong> 25,2%, no<br />
mesmo perío<strong>do</strong> (ver Tabelas 27 e 28). O significativo crescimento observa<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
cinco anos, sem dúvida, originou-se na aquisição e/ou incorporação <strong>de</strong> instituições financeiras<br />
nacionais, públicas e privadas.<br />
67<br />
Tabela 26 – Participação das Instituições nos Ativos da Área Bancária<br />
Instituição<br />
Bancos com Controle<br />
1995 1996 1997 1998 1999 Jun/00 Dez/00<br />
Estrangeiro 8,39 9,79 12,82 18,38 23,19 25,40 27,41<br />
Bancos Priva<strong>do</strong>s<br />
Bancos Públicos<br />
39,16 39,00 36,76 35,29 33,11 32,18 35,23<br />
(+ Caixa Estadual)<br />
Caixa Econômica<br />
21,9 21,92 19,06 11,37 10,23 9,39 5,62<br />
Fe<strong>de</strong>ral 16,4 16,47 16,57 17,02 17,06 15,59 15,35<br />
Banco <strong>do</strong> Brasil<br />
Cooperativas <strong>de</strong><br />
13,91 12,52 14,42 17,44 15,75 16,76 15,63<br />
Crédito 0,24 0,30 0,37 0,50 0,66 0,68 0,76<br />
Área Bancária 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00<br />
Fonte: COSIF – DEORG/COPEC (http://www.bancocentral.gov.br).<br />
Nota:<br />
(*) Na data da coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>z/2000, 38 instituições não haviam forneci<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s ao Banco Central, o que representa<br />
cerca <strong>de</strong> 1% <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s ativos da área bancária.<br />
A expansão <strong>do</strong>s bancos estrangeiros foi acompanhada por um relativo encolhimento <strong>do</strong><br />
segmento priva<strong>do</strong> nacional, mas em maior proporção <strong>do</strong> segmento público (que inclui as<br />
Caixas Estaduais, mas exclui o Banco <strong>do</strong> Brasil, a Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral e o Banco Nacional<br />
<strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES). A participação <strong>do</strong>s bancos priva<strong>do</strong>s nacionais<br />
no total <strong>de</strong> ativos <strong>do</strong> sistema recuou <strong>de</strong> 39,2% <strong>para</strong> 35,2%; a participação <strong>do</strong>s bancos<br />
públicos, <strong>de</strong> 21,9% <strong>para</strong> 5,6%, entre 1995 e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000 (ver Tabela 26). Ainda no que se<br />
refere aos bancos públicos, a participação no total <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos caiu <strong>de</strong> 16% <strong>para</strong> 7,4%; no<br />
total <strong>de</strong> créditos, <strong>de</strong> 23,5% <strong>para</strong> 5,1% no perío<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> (ver Tabelas 27 e 87). A <strong>de</strong>speito<br />
<strong>de</strong>ssa queda, permaneceu relevante o papel das instituições públicas no setor bancário – especialmente,<br />
no volume <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos, cuja parcela atingiu 44% em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000 –, em<br />
razão da forte presença <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Brasil e da Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral, que representam<br />
31% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> ativos <strong>do</strong> setor bancário.<br />
(%)<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
68<br />
Tabela 27 – Participação das Instituições nos Depósitos da Área Bancária<br />
1995 1996 1997 1998 1999 Jun/00 Dez/00<br />
Bancos com Controle<br />
Estrangeiro 5,40 4,36 7,54 15,14 16,80 17,46 21,14<br />
Bancos Priva<strong>do</strong>s<br />
Bancos Públicos<br />
36,4 34,06 32,85 33,08 31,82 31,98 33,93<br />
(+ Caixa Estadual) 16,07 18,66 17,09 13,26 11,54 11,90 7,36<br />
Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral 24,33 26,58 24,05 20,52 19,91 20,46 19,49<br />
Banco <strong>do</strong> Brasil 17,59 16,00 18,00 17,41 19,14 17,20 17,05<br />
Cooperativas <strong>de</strong> Crédito 0,21 0,34 0,47 0,59 0,79 1,00 1,03<br />
Área Bancária 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00<br />
Fonte: COSIF – DEORG/COPEC (http://www.bancocentral.gov.br).<br />
Nota:<br />
(*) Na data da coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>z/2000, 38 instituições não haviam forneci<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s ao Banco Central, o que representa<br />
cerca <strong>de</strong> 1% <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s ativos da área bancária.<br />
Tabela 28 – Participação das Instituições nas Operações <strong>de</strong><br />
Crédito da Área Bancária<br />
1995 1996 1997 1998 1999 Jun/00 Dez/00<br />
Bancos com Controle<br />
Estrangeiro 5,72 8,64 11,71 14,88 19,75 21,98 25,16<br />
Bancos Priva<strong>do</strong>s<br />
Bancos Públicos<br />
31,79 32,74 35,35 30,97 31,66 30,81 34,53<br />
(+ Caixa Estadual) 23,46 23,47 10,30 8,86 8,13 7,65 5,12<br />
Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral 22,63 24,00 30,93 32,31 28,74 27,95 23,00<br />
Banco <strong>do</strong> Brasil 15,96 10,62 10,97 12,05 10,58 10,43 10,95<br />
Cooperativas <strong>de</strong> Crédito 0,44 0,53 0,74 0,93 1,14 1,18 1,24<br />
Área Bancária 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00<br />
Fonte: COSIF – DEORG/COPEC (http://www.bancocentral.gov.br).<br />
Nota:<br />
(*) Na data da coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>z/2000, 38 instituições não haviam forneci<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s ao Banco Central, o que representa<br />
cerca <strong>de</strong> 1% <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s ativos da área bancária.<br />
As instituições estrangeiras, por suas relações com as matrizes, ganharam terreno na<br />
intermediação <strong>de</strong> recursos externos. Em 1995, os bancos estrangeiros respondiam por 31%<br />
<strong>do</strong>s recursos externos capta<strong>do</strong>s pelo setor bancário; em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000, por 54,5%. Os<br />
bancos nacionais per<strong>de</strong>ram participação <strong>de</strong> 69,1% <strong>para</strong> 45,5%, no mesmo perío<strong>do</strong> (ver Tabela<br />
29).<br />
Tabela 29 – Participação <strong>do</strong>s Bancos na Captação<br />
Externa na Área Bancária<br />
Instituição 1995 1996 1997 1998 1999 Jun/00 Dez/00<br />
Bancos nacionais<br />
Bancos com controle<br />
69,14 68,23 57,99 53,70 45,23 44,08 45,52<br />
estrangeiro<br />
Bancos com participação<br />
22,79 25,13 26,50 27,25 38,93 41,68 42,41<br />
estrangeira 8,07 6,64 15,51 19,05 15,84 14,24 12,07<br />
Fonte: COSIF – DEORG/COPEC (http://www.bancocentral.gov.br).<br />
Nota:<br />
(*) Na data da coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>z/2000, 38 instituições não haviam forneci<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s ao Banco Central, o que representa<br />
cerca <strong>de</strong> 1% <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s ativos da área bancária.<br />
(%)<br />
(%)<br />
(%)<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
6.2.2. A presença <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r estrangeiro mediante aplicação em fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
investimento<br />
Como se sabe, na década <strong>de</strong> 90, ocorreu uma intensa diversificação no portfólio <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />
investi<strong>do</strong>res internacionais (sobretu<strong>do</strong>, fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão, fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento e companhias<br />
segura<strong>do</strong>ras). No plano <strong>do</strong>méstico, houve mudanças favoráveis no quadro<br />
macroeconômico e regulatório, que juntamente com o processo <strong>de</strong> privatização, tornaram o<br />
merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> brasileiro mais atraente e mais acessível aos investi<strong>do</strong>res estrangeiros.<br />
Conseqüentemente, ocorreu uma entrada significativa <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> externos no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>capitais</strong> (inicialmente, via Resolução no. 1.289/1987, <strong>do</strong> CMN, a qual disciplinava os investimentos<br />
estrangeiros em títulos e valores mobiliários <strong>de</strong> companhias abertas 63 ; <strong>de</strong>pois mediante<br />
à Resolução no. 1.832/1991 <strong>do</strong> CMN, que criou o Anexo IV à Resolução no. 1.289/1987; em<br />
seguida, via Resolução no. 2.689, <strong>de</strong> 26/01/2000, <strong>do</strong> CMN, que regulamentou as aplicações <strong>de</strong><br />
investi<strong>do</strong>r não resi<strong>de</strong>nte nos merca<strong>do</strong>s financeiro e <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>).<br />
A Tabela 30 mostra o fluxo <strong>de</strong> investimento <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res estrangeiros. Observa-se que<br />
o sal<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> partiu <strong>de</strong> US$ 386 milhões em 1991 <strong>para</strong> alcançar uma média <strong>de</strong> US$ 3,3 bilhões<br />
entre 1993 e 1996. O sal<strong>do</strong> tornou-se negativo em 1998 (US$ 2,4 bilhões) como reflexo<br />
da ameaça <strong>de</strong> crise cambial que se confirmou no início <strong>de</strong> 1999. Durante esse ano, houve uma<br />
recuperação, com entrada líquida <strong>de</strong> US$ 1,1 bilhão, mas menor <strong>do</strong> que a média anterior. Em<br />
2000 e 2001, o sal<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> voltou a ficar negativo, US$ 1,8 bilhão e US$ 728,8 milhões, respectivamente.<br />
Os maiores volumes <strong>de</strong> entrada e saída <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> estrangeiros foram registra<strong>do</strong>s<br />
no ano <strong>de</strong> 1997, US$ 32,2 bilhões e US$ 30 bilhões, respectivamente.<br />
69<br />
Tabela 30 – Investimentos Externos no País – Investi<strong>do</strong>res Não Resi<strong>de</strong>ntes<br />
US$ milhões<br />
Perío<strong>do</strong> Ingresso Retorno Sal<strong>do</strong><br />
1991 482,40 96,10 386,30<br />
1992 2.966,82 1.652,44 1.314,38<br />
1993 14.614,09 9.136,46 5.477,63<br />
1994 20.532,41 16.778,24 3.754,17<br />
1995 22.026,62 21.498,34 528,28<br />
1996 22.935,63 19.341,88 3.593,75<br />
1997 32.191,92 30.576,78 1.615,14<br />
1998 21.886,73 24.349,01 -2.462,28<br />
1999 12.396,09 11.296,03 1.100,06<br />
2000 10.831,26 12.665,86 -1.834,59<br />
2001 9.347,61 10.076,41 -728,80<br />
2002/Fev 843,93 686,16 157,77<br />
Total (1991/2002 Fev.) 171.055,52 158.153,71 12.901,8<br />
Fonte: Comissão <strong>de</strong> Valores Mobiliários (http://www.cvm.gov.br).<br />
Observação:<br />
Inclui até setembro/2000 os valores relativos ao antigo Anexo IV (Resolução no. 1.832/1991 <strong>do</strong> CMN, que criou o Anexo IV à<br />
Resolução no. 1.289/1987).<br />
63 A Resolução no. 1.289/1987, <strong>do</strong> CMN, instituiu as “Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Investimento Capital Estrangeiro” (Anexo I), os “Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento –<br />
Capital Estrangeiro” (Anexo II) e as “Carteiras <strong>de</strong> Investimento – Capital Estrangeiro” (Anexo III). Ao contrário <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais Anexos <strong>de</strong>ssa Resolução,<br />
que exigem a constituição <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> ou fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> investimento <strong>para</strong> o ingresso no país, o Anexo IV não está sujeito a critérios <strong>de</strong> composição,<br />
capital mínimo inicial e perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> permanência, e permite a entrada direta <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res institucionais estrangeiros no merca<strong>do</strong> acionário<br />
<strong>do</strong>méstico. Esses foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão, companhias <strong>de</strong> seguro, instituições financeiras estrangeiras, fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento<br />
constituí<strong>do</strong>s no exterior etc. Para uma análise <strong>do</strong>s investimentos <strong>de</strong> portfólio no merca<strong>do</strong> brasileiro, ver Prates (1999).<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Inicialmente, os investi<strong>do</strong>res estrangeiros ficaram restritos ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>, o que<br />
resultou em um expressivo crescimento na capitalização das ações e nos volumes negocia<strong>do</strong>s<br />
na Bovespa, como evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> anteriormente (seção 2.2) 64 . Entre <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1997 e <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 1999, mais <strong>de</strong> 95% da carteira <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res estrangeiros estavam aloca<strong>do</strong>s em ações<br />
(ver Tabela 31). Todavia, as aplicações em instrumentos <strong>de</strong>rivativos (opções e futuros) garantiam<br />
aos investi<strong>do</strong>res estrangeiros a mesma estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos aloca<strong>do</strong>s em renda fixa. A<br />
partir <strong>de</strong> 2000, os investimentos em renda fixa foram autoriza<strong>do</strong>s. Diante disso, em fevereiro<br />
<strong>de</strong> 2002, o portfólio <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res estrangeiros estava composto por 90% <strong>de</strong> ações, 2% <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>rivativos e 8% <strong>de</strong> renda fixa.<br />
70<br />
Tabela 31 – Composição das Carteiras <strong>de</strong> Valores Mobiliários <strong>do</strong>s<br />
Investi<strong>do</strong>res Não Resi<strong>de</strong>ntes<br />
Perío<strong>do</strong> Participação (%) Valor Total<br />
US$ bilhões<br />
Ações Derivativos Debêntures Outros Renda Fixa (a)<br />
Dez 1997 96,5 1,4 2,1 0,0 0,0 32,05<br />
Dez 1998 94,8 4,2 1,0 0,0 0,0 17,37<br />
Dez 1999 99,0 0,0 0,8 0,1 0,0 23,11<br />
Dez 2000 91,9 0,1 0,9 0,1 7,0 18,50<br />
Dez 2001 88,5 0,3 0,7 1,2 9,3 15,50<br />
Fev 2002 89,1 2,0 0,3 0,2 8,4 16,60<br />
Fonte: Comissão <strong>de</strong> Valores Mobiliários (http://www.cvm.gov.br). Inclui até setembro/2000 os valores relativos ao antigo<br />
Anexo IV (Resolução no. 1.832/1991 <strong>do</strong> CMN, que criou o Anexo IV à Resolução no. 1.289/1987).<br />
Nota:<br />
(a) De acor<strong>do</strong> com a Resolução CMN nº 2.689 <strong>de</strong> 26.01.00.<br />
6.2.3. A mobilida<strong>de</strong> da poupança financeira <strong>do</strong>méstica<br />
Na década <strong>de</strong> 90, à medida que foi aumentan<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong> capital estrangeiro no sistema<br />
financeiro brasileiro, ainda que o Brasil não tenha livre conversibilida<strong>de</strong> da moeda, a mobilida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> capital, inclusive da poupança financeira <strong>do</strong>méstica, foi amplian<strong>do</strong>. Na opinião da<br />
maioria <strong>do</strong>s analistas, praticamente não há mais barreiras à saída <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> locais <strong>do</strong> país.<br />
Mais <strong>do</strong> que o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> negociações internacionais, esse movimento respon<strong>de</strong>u essencialmente<br />
às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> capital (inclusive <strong>de</strong> uma parcela <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> brasileiro no<br />
exterior). Esses <strong>capitais</strong> somente voltariam se houvesse garantia <strong>de</strong> saída. Dessa maneira, foram<br />
sen<strong>do</strong> elimina<strong>do</strong>s os entraves à saída <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>. O que ainda permanece é um conjunto<br />
<strong>de</strong> procedimentos e regulamentações, autorizações e registros no Banco Central <strong>de</strong> todas as<br />
operações com o exterior, ou seja, que envolvem operações <strong>de</strong> câmbio. Inclusive, mediante a<br />
Circular no. 3.071, <strong>de</strong> 7.12.2001, o Banco Central estabeleceu forma, limites e condições <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> bens e valores <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>s no exterior por pessoas físicas e jurídicas resi<strong>de</strong>ntes,<br />
<strong>do</strong>miciliadas ou com se<strong>de</strong> no país. Vale dizer, a partir <strong>de</strong> 2002, os investi<strong>do</strong>res brasileiros <strong>de</strong>vem<br />
informar, anualmente, ao Banco Central os valores <strong>de</strong> qualquer natureza, os ativos em<br />
moeda e os bens e direitos <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>s fora <strong>do</strong> território nacional, por meio da <strong>de</strong>claração <strong>de</strong><br />
“Capitais Brasileiros no Exterior” 65 .<br />
Esse arcabouço regulatório se ancora no fato <strong>de</strong> o Brasil não ter assina<strong>do</strong> o Artigo I que<br />
trata da conversibilida<strong>de</strong> da moeda (conta <strong>de</strong> capital <strong>do</strong> balanço <strong>de</strong> pagamento) e o Artigo VIII<br />
relaciona<strong>do</strong> à conta corrente <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Monetário Internacional (FMI). Isso porque<br />
64 A Resolução no. 2.013/1993, <strong>do</strong> CMN, proibiu aplicações <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res estrangeiros em fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> commodities e títulos <strong>de</strong> renda fixa.<br />
65 A legislação que regulamenta as diferentes modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimentos brasileiros no exterior po<strong>de</strong> ser encontrada no Quadro 2 <strong>do</strong> Anexo<br />
Estatístico.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
não é possível assumir esses compromissos enquanto o país continuar incorren<strong>do</strong> em um<br />
déficit estrutural <strong>do</strong> seu balanço <strong>de</strong> pagamentos.<br />
Um <strong>do</strong>s principais mecanismos utiliza<strong>do</strong>s pelos investi<strong>do</strong>res brasileiros <strong>para</strong> remeter recursos<br />
<strong>para</strong> o exterior era a Circular no. 5, <strong>de</strong> 27/02/1969, <strong>do</strong> Banco Central, que regulamentava<br />
as contas CC-5 (regras <strong>para</strong> um investi<strong>do</strong>r estrangeiro manter no Brasil contas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />
em moeda nacional). Em mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1996, o Banco Central, através da Circular no. 2.677, <strong>de</strong><br />
10 <strong>de</strong> abril, estabeleceu procedimentos e condições <strong>para</strong> abertura, movimentação e<br />
cadastramento, no Sistema <strong>de</strong> Informações <strong>do</strong> Banco Central (Sisbacen), <strong>de</strong> contas em moeda<br />
nacional tituladas por pessoas físicas ou jurídicas <strong>do</strong>miciliadas ou com se<strong>de</strong> no exterior, e<br />
sobre as transferências internacionais em reais. Tornou-se, portanto, obrigatório registrar no<br />
Banco Central todas as contas <strong>de</strong> não resi<strong>de</strong>ntes (CC-5), inclusive as antigas.<br />
O Artigo 12 da Circular no. 2.677/1996 permite aos resi<strong>de</strong>ntes no país efetuar transferências<br />
internacionais em moeda nacional (em reais) <strong>para</strong> o exterior, a título <strong>de</strong> “Capitais Brasileiros<br />
a Curto Prazo – Disponibilida<strong>de</strong> no Exterior”, mediante as contas <strong>de</strong> não resi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> sistema<br />
bancário <strong>do</strong>méstico. Portanto, os reais são transferi<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o banco, que possui uma conta <strong>de</strong><br />
não resi<strong>de</strong>nte. O banco realiza a conversão <strong>do</strong>s reais <strong>para</strong> a moeda estrangeira <strong>de</strong>sejada e<br />
efetua a transferência <strong>para</strong> o exterior. O remetente <strong>de</strong>ve ser o titular <strong>do</strong>s recursos transferi<strong>do</strong>s<br />
ao exterior (<strong>de</strong>ve ter uma conta em algum banco no exterior). Bancos instala<strong>do</strong>s no país, com<br />
filiais, matrizes ou coligadas em Nova York, Luxemburgo ou Ilhas Cayman po<strong>de</strong>m abrir a conta<br />
<strong>para</strong> o cliente.<br />
As transferências internacionais em moeda nacional, <strong>de</strong> valor igual ou superior a R$ 10 mil,<br />
ficam sujeitas à comprovação <strong>do</strong>cumental, a ser prestada pelo banco no qual é movimentada a<br />
conta <strong>de</strong> <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s no exterior (dada a preocupação <strong>do</strong> Banco Central com a lavagem <strong>de</strong><br />
dinheiro). Assim, os bancos exigem uma série <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos <strong>para</strong> comprovar que o dinheiro<br />
a ser <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> no exterior tem origem legal. Os comprovantes po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Declaração<br />
<strong>de</strong> Imposto <strong>de</strong> Renda até a ata <strong>de</strong> uma assembléia <strong>de</strong> acionistas que <strong>de</strong>monstre o recebimento<br />
<strong>de</strong> divi<strong>de</strong>n<strong>do</strong>s, ou o contrato <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> um imóvel.<br />
A partir <strong>de</strong>ssa regulamentação, os bancos aproveitaram o aumento da <strong>de</strong>manda <strong>do</strong>s clientes<br />
por novas alternativas <strong>de</strong> aplicação e passaram a oferecer investimentos no exterior. Os<br />
limites mínimos <strong>de</strong> aplicação foram significativamente reduzi<strong>do</strong>s. Normalmente, os recursos<br />
remeti<strong>do</strong>s são aplica<strong>do</strong>s em Certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> Depósito Bancário (CDB) <strong>do</strong> próprio banco, títulos<br />
<strong>do</strong> governo americano ou <strong>de</strong> empresas privadas da Europa ou <strong>do</strong>s EUA. De acor<strong>do</strong> com os<br />
gerentes <strong>de</strong> private banking, trata-se <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong> a ser mais explora<strong>do</strong> no futuro, quan<strong>do</strong><br />
os juros brasileiros caírem e as aplicações <strong>do</strong>mésticas ficarem menos atrativas.<br />
De acor<strong>do</strong> com levantamento realiza<strong>do</strong> pelo Banco Central, mediante a “Declaração <strong>de</strong><br />
<strong>capitais</strong> brasileiros no exterior – 2001” (Circular no. 3.071, <strong>de</strong> 7.12.2001, <strong>do</strong> Banco Central), os<br />
investimentos brasileiros no exterior atingiram US$ 69,7 bilhões em 2000. Os investimentos<br />
diretos (incluin<strong>do</strong> empréstimos intercompanhias) em 106 países representaram 73%, US$ 50,7<br />
bilhões; os investimentos em carteira, US$ 5,1 bilhões e; os <strong>de</strong>pósitos no exterior, US$ 9,4<br />
bilhões (ver Tabela 32).<br />
71<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
72<br />
Tabela 32 – Investimentos Brasileiros no Exterior<br />
Tipo <strong>de</strong> aplicação US$ milhões<br />
Empréstimo em Moeda 411<br />
Investimento Direto Brasileiro no Exterior 50.746<br />
Participação no Capital 43.641<br />
Empréstimos Intercompanhia 7.104<br />
Investimento em Carteira 5.163<br />
Investimentos em Ações 2.517<br />
Títulos <strong>de</strong> Renda Fixa 837<br />
Bônus e Notas 577<br />
Títulos <strong>de</strong> Curto Prazo 260<br />
Brazilian Depositary Receipts 483<br />
Outras Aplicações 1.326<br />
Outros Investimentos 3.412<br />
Derivativos Opção 42<br />
Derivativos Futuro/Termo/Swap -<br />
Leasing/Arrendamento Financeiro 1<br />
Financiamento 439<br />
Depósito no Exterior 9.442<br />
Total 69.657<br />
Fonte: Banco Central (Declaração <strong>de</strong> Capitais Brasileiros no Exterior – http://www.bancocentral.gov.br). Os investimentos<br />
brasileiros no exterior por <strong>de</strong>stino po<strong>de</strong>m ser observa<strong>do</strong>s na Tabela 43 <strong>do</strong> Anexo Estatístico.<br />
A livre mobilida<strong>de</strong> não é tão clara (ou pelo menos há dúvidas) quanto à parte da poupança<br />
<strong>de</strong> longo prazo, gerida pelos investi<strong>do</strong>res institucionais. Aparentemente, não há proibição legal<br />
explícita sobre os investimentos no exterior das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar,<br />
que administram a maior parte da poupança brasileira <strong>de</strong> longo prazo. Há sim, na<br />
regulamentação da administração <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s, especificações que limitam as aplicações <strong>do</strong>s<br />
recursos no exterior.<br />
Des<strong>de</strong> a edição da Resolução CMN nº 2.829, <strong>de</strong> 29/03/2001, as Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência<br />
Complementar (EFPCs) passaram a ter a prerrogativa <strong>de</strong> aplicar parte <strong>de</strong> seus recursos<br />
no exterior, via quotas <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento no exterior (FIEX). Tais investimentos<br />
enquadram-se no segmento <strong>de</strong> Renda Fixa com baixo risco <strong>de</strong> crédito (Artigo 10, parágrafo<br />
VI), estan<strong>do</strong> sujeitos a um limite <strong>de</strong> até 10% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> recursos das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong><br />
Previdência Complementar (Artigo 16, parágrafo III). Uma segunda alternativa <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong><br />
recursos no exterior se constitui na compra <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> companhias sediadas em países signatários<br />
<strong>do</strong> Mercosul, investimentos enquadra<strong>do</strong>s no segmento <strong>de</strong> Renda Variável – outros ativos<br />
(Artigo 22, parágrafo II), estan<strong>do</strong> sujeitos a um limite <strong>de</strong> até 3% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> recursos das<br />
Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar (Artigo 25, parágrafo IV).<br />
No entanto, como as Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar <strong>de</strong>fendiam o seu<br />
enquadramento como entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência social e, portanto, eram imunes à tributação,<br />
elas não utilizavam a prerrogativa <strong>de</strong> investimentos no exterior. Isso porque há restrições <strong>para</strong><br />
que entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência social apliquem recursos no exterior. Com a edição da Medida<br />
Provisória no. 2.222, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001 e, a posterior a<strong>de</strong>são <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão ao<br />
Regime Especial <strong>de</strong> Tributação cria<strong>do</strong>, acabou, <strong>de</strong> fato, uma das principais restrições à aplicação<br />
<strong>de</strong> recursos no exterior pelas Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar.<br />
A imprensa especializada já vem notician<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento no exterior<br />
volta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar. Espera-se que as Entida<strong>de</strong>s<br />
Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar efetivamente passem a alocar gradualmente pequenas<br />
parcelas <strong>de</strong> seus investimentos em quotas <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento no exterior, bus-<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
can<strong>do</strong> maior diversificação <strong>de</strong> seu portfólio e o acesso a um instrumento financeiro referencia<strong>do</strong><br />
à taxa <strong>de</strong> câmbio.<br />
6.3. Conclusão<br />
É muito clara a maior presença <strong>do</strong> capital estrangeiro no sistema financeiro <strong>do</strong>méstico,<br />
seja pela maior presença física <strong>de</strong> instituições estrangeiras no merca<strong>do</strong> interno, seja pela maior<br />
participação relativa na intermediação <strong>de</strong> recursos financeiros externos. Tu<strong>do</strong> indica que<br />
esse processo está muito mais associa<strong>do</strong> às necessida<strong>de</strong>s concretas da economia brasileira <strong>de</strong><br />
atrair <strong>capitais</strong> estrangeiros a partir da sua estratégia <strong>de</strong> estabilização, <strong>do</strong> que <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />
maiores pressões externas por liberalização. Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong><br />
serviços (como <strong>de</strong>finida pelo GATS), o país tem uma abertura relativamente limitada em serviços<br />
financeiros (apenas presença comercial e em menor proporções <strong>do</strong> que em outros países<br />
latino-americanos).<br />
A maior participação <strong>de</strong> instituições financeiras estrangeiras no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico não implicou<br />
uma redução ameaça<strong>do</strong>ra da participação <strong>do</strong>s bancos locais. Houve uma concentração<br />
bancária, <strong>de</strong>saparecen<strong>do</strong> pequenos bancos priva<strong>do</strong>s e, principalmente, bancos públicos regionais.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista da concorrência no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico, os agentes financeiros brasileiros<br />
se sentem bastante seguros na competição com os estrangeiros. Há uma posição consolidada<br />
<strong>de</strong> divisão da participação no merca<strong>do</strong>. Os bancos estrangeiros levam vantagem no que tange<br />
à intermediação <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o exterior. Nessa área, os bancos locais estão mais tolhi<strong>do</strong>s à<br />
medida que seus movimentos <strong>de</strong> internacionalização são relativamente tími<strong>do</strong>s.<br />
Muito além da presença comercial <strong>de</strong> instituições financeiras estrangeiras no merca<strong>do</strong> brasileiro,<br />
<strong>de</strong> fato, a inserção financeira internacional consolidada já é muito significativa no que<br />
tange aos fluxos <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>. O que diferencia o Brasil <strong>de</strong> outros países latino-americanos é:<br />
73<br />
a) registro e monitoramento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os movimentos <strong>de</strong> entrada e saída <strong>de</strong> capital pelo<br />
Banco Central; e<br />
b) não foi, formalmente, instituída a livre conversibilida<strong>de</strong> da moeda.<br />
Todavia, as empresas brasileiras têm um limite bastante amplo <strong>para</strong> realizar investimentos<br />
no exterior (US$ 5 milhões anuais, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Circular no. 2.472, <strong>de</strong> 31.8.1994, <strong>do</strong> Banco<br />
Central). Esse movimento vai se acentuar com a expansão <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas brasileiras no<br />
exterior (inclusive apoia<strong>do</strong> por linha <strong>de</strong> financiamento <strong>do</strong> BNDES) 66 .<br />
Apreen<strong>de</strong>-se também que os gran<strong>de</strong>s bancos brasileiros, principalmente Itaú, Bra<strong>de</strong>sco e<br />
Unibanco, têm interesse crescente em seguir seus clientes no exterior e estão se posicionan<strong>do</strong><br />
<strong>para</strong> isso (ver Tabela 44 no Anexo Estatístico). Procuram oferecer uma série <strong>de</strong> produtos financeiros<br />
ao setor produtivo nos principais países em que <strong>de</strong>senvolvem seus negócios, bem como<br />
às empresas envolvidas no comércio internacional 67 . Vale <strong>de</strong>stacar o interesse que algumas<br />
instituições tiveram em consolidar posição na Argentina, como forma <strong>de</strong> aproveitar o comércio<br />
no interior <strong>do</strong> Mercosul.<br />
66 O BNDES anunciou um programa <strong>de</strong> apoio à internacionalização das empresas brasileiras. O Banco financiará as companhias interessadas em<br />
instalar fábricas no exterior, bem como estruturas <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> seus produtos. O aperfeiçoamento das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distribuição no exterior <strong>de</strong>ve<br />
contribuir <strong>para</strong> a expansão das exportações, inclusive <strong>para</strong> a obtenção <strong>de</strong> melhores preços, o que teria impactos positivos na balança comercial. De<br />
acor<strong>do</strong> com estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> BNDES, até o momento, apenas 17% das empresas <strong>de</strong> capital nacional teriam algum tipo <strong>de</strong> investimento produtivo fora <strong>do</strong><br />
país. Desse total, 85% estariam concentra<strong>do</strong>s em bases <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> produtos. A maior parte das empresas brasileiras no exterior atua nos EUA<br />
e na Argentina (Soares, 2002).<br />
67 A Resolução no. 2.302, <strong>de</strong> 25.7.1996, <strong>do</strong> CMN, estabelece normas e procedimentos <strong>para</strong> a instalação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendências e <strong>para</strong> a participação societária,<br />
direta ou indireta, no exterior, <strong>de</strong> instituições financeiras e <strong>de</strong>mais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central. Além <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a limites <strong>de</strong> capital<br />
e patrimônio líqui<strong>do</strong>, a instituição <strong>de</strong>ve apresentar duas <strong>de</strong>clarações: da autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> supervisão estrangeira, garantin<strong>do</strong> o acesso <strong>do</strong> Banco Central, <strong>para</strong> fins<br />
<strong>de</strong> supervisão global consolidada, a informações, da<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>cumentos referentes às operações e aos registros contábeis da <strong>de</strong>pendência ou da instituição<br />
financeira no exterior; e <strong>do</strong>s próprios representantes legais da instituição, asseguran<strong>do</strong> o fornecimento, sempre que solicita<strong>do</strong> pelo Banco Central, <strong>de</strong><br />
informações referentes às operações e aos registros contábeis <strong>de</strong> instituições não financeiras <strong>de</strong> que eventualmente participe no exterior.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Mas, no movimento <strong>de</strong> internacionalização que ocorreu até o momento, também chama à<br />
atenção que as instituições financeiras locais procuraram se instalar em economias tradicionalmente<br />
marcadas por oferecer facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> regulação aos <strong>de</strong>positantes. Quase 70% <strong>do</strong>s ativos<br />
das agências <strong>de</strong> instituições brasileiras no exterior estão concentra<strong>do</strong>s nas praças que mantêm<br />
flexibilida<strong>de</strong> na legislação fiscal e preservação <strong>do</strong> sigilo bancário (Boechat Filho; Melo & Carvalho,<br />
2001: p. 60). Esse movimento iniciou-se pela <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res brasileiros por<br />
aplicações que os resguardassem <strong>do</strong> risco cambial e lhes permitissem mobilida<strong>de</strong> sem maiores<br />
custos.<br />
É o gran<strong>de</strong> poupa<strong>do</strong>r – pessoa física (private banking) – ou a gran<strong>de</strong> empresa brasileira<br />
que diversifica seus investimentos, com aplicação no exterior, inclusive como proteção (hedge)<br />
cambial. Essa mobilida<strong>de</strong> ganhou força na segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s anos 90 e per<strong>de</strong>u intensida<strong>de</strong><br />
com a flutuação da taxa cambial. Entretanto, revela também uma lógica mais globalizada <strong>do</strong><br />
comportamento da própria poupança brasileira, que se explicita em um ambiente <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong><br />
risco cambial.<br />
Finalmente, mas não menos importante, <strong>de</strong>ve-se ficar atento ao comportamento da poupança<br />
institucionalizada, principalmente das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar.<br />
Elas não têm mais a amarra <strong>do</strong> privilégio fiscal que, no passa<strong>do</strong> tinha si<strong>do</strong> o principal<br />
constrangimento <strong>para</strong> a maior internacionalização. Embora haja limites <strong>de</strong> saída <strong>de</strong>ssa poupança<br />
financeira mediante as regulamentações <strong>de</strong> suas aplicações, seria importante rever com<br />
cuida<strong>do</strong> estas regulamentações <strong>para</strong> garantir que o máximo da poupança financeira permaneça<br />
no país. A poupança interna, que inclusive precisa crescer, é indispensável <strong>para</strong> alavancar o<br />
crescimento da economia brasileira. À medida que houver uma queda na taxa <strong>de</strong> juros, o<br />
interesse <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão em diversificar seu portfólio no exterior <strong>de</strong>verá aumentar.<br />
7. Perspectivas e elementos gerais <strong>para</strong> um posicionamento <strong>do</strong> Brasil na<br />
área <strong>de</strong> serviços financeiros<br />
7.1. A <strong>de</strong>manda e a oferta brasileira por abertura financeira<br />
No GATS, a meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada foi a negociação <strong>de</strong> listas <strong>de</strong> compromissos, em que os<br />
membros negociaram os segmentos que queriam liberalizar e as condições <strong>para</strong> tal liberalização,<br />
méto<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> como “lista positiva”. À medida que nesse fórum se mantenha o atual méto<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> negociação, via “listas positivas”, o Brasil po<strong>de</strong> apresentar suas ofertas, com controle<br />
sobre o processo <strong>de</strong> liberalização. Além disso, como a abertura financeira, <strong>de</strong> fato, tem si<strong>do</strong><br />
relativamente maior <strong>do</strong> que a consolidada nas listas apresentadas até o momento, há espaço<br />
<strong>para</strong> negociação.<br />
Nos serviços atualmente pratica<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> local, os agentes brasileiros têm <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong><br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concorrer em condições <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> com investi<strong>do</strong>res estrangeiros. Assim,<br />
a construção da posição brasileira <strong>de</strong>ve-se basear em <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s eixos:<br />
74<br />
a) Manter graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>para</strong> aperfeiçoar o marco regulatório, <strong>para</strong> serviços existentes e<br />
futuros;<br />
b) Explorar melhor a perspectiva <strong>de</strong> internacionalização das próprias instituições brasileiras,<br />
a partir da qual se fundamentariam as possíveis listas <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas.<br />
Na Alca, como os EUA tentam avançar no processo <strong>de</strong> abertura <strong>para</strong> além <strong>do</strong> GATS, e se<br />
pre<strong>do</strong>minar o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> “lista negativa”, o controle sobre o processo <strong>de</strong> abertura financeira<br />
será muito mais difícil. Isso exigiria um esforço interno re<strong>do</strong>bra<strong>do</strong> quanto à atualização da<br />
regulamentação, <strong>para</strong> aproximá-la aos melhores padrões internacionais e ter uma estratégia<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
clara quanto à internacionalização <strong>do</strong>s <strong>capitais</strong> brasileiros.<br />
Ainda no âmbito da negociação da Alca, outro tema da maior importância é a proposta <strong>do</strong>s<br />
EUA <strong>de</strong> tirar o mo<strong>do</strong> três <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços – presença comercial – <strong>do</strong> escopo da negociação<br />
<strong>de</strong> serviços. Ao incluí-lo no Capítulo sobre Investimento, as regras sobre o estabelecimento<br />
<strong>de</strong> sucursais e filiais <strong>de</strong> instituições financeiras estrangeiras po<strong>de</strong>riam ser enquadradas<br />
no âmbito <strong>do</strong> tema “Investimento”. No caso <strong>do</strong>s investimentos em serviços financeiros <strong>de</strong>ve<br />
sempre estar presente o espaço <strong>de</strong> regulamentação <strong>do</strong> Banco Central <strong>de</strong> cada país, que exerce<br />
o papel <strong>de</strong> empresta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> última instância. Entretanto, diante das recentes crises financeiras<br />
e das perdas <strong>de</strong>las <strong>de</strong>correntes (ex., Argentina), é <strong>de</strong> se esperar a tentativa <strong>de</strong> alcançar compromissos<br />
internacionais muito mais rígi<strong>do</strong>s nesta área.<br />
Em suma, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação e adaptação <strong>do</strong>s agentes financeiros<br />
e <strong>do</strong> sistema financeiro local como um to<strong>do</strong> a uma nova fase <strong>de</strong> abertura financeira, tu<strong>do</strong><br />
indica que há condições operacionais a<strong>de</strong>quadas <strong>para</strong> enfrentá-la e manter como objetivo central<br />
o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong> sistema financeiro local. Para fundamentar melhor a posição brasileira,<br />
é preciso aperfeiçoar os padrões regulatórios e ter maior clareza quanto aos interesses<br />
das instituições brasileiras em se internacionalizarem.<br />
7.2. Perspectivas macroeconômicas <strong>para</strong> o Brasil<br />
A questão <strong>de</strong> uma nova etapa na abertura financeira brasileira po<strong>de</strong> ser vislumbrada estritamente<br />
<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da questão operacional <strong>do</strong> sistema e da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação<br />
<strong>do</strong>s agentes a esse novo contexto. No entanto, à medida que a economia brasileira ainda incorre<br />
em alguns profun<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sajustes macroeconômicos – uma restrição externa não trivial e<br />
<strong>de</strong>sajustes estruturais no âmbito das finanças públicas –, que estão intimamente imbrica<strong>do</strong>s na<br />
atual dinâmica <strong>do</strong> sistema financeiro brasileiro, o processo <strong>de</strong> abertura financeira <strong>de</strong>ve estar<br />
em plena harmonia com a paulatina superação <strong>de</strong>ssas restrições. Caso contrário, corre-se o<br />
risco <strong>de</strong> ampliar a instabilida<strong>de</strong> financeira, interna e externa, <strong>do</strong> país.<br />
Com relação à restrição externa, po<strong>de</strong>-se trabalhar basicamente com <strong>do</strong>is cenários <strong>para</strong> o<br />
balanço <strong>de</strong> pagamentos nos próximos anos. Os <strong>do</strong>is cenários se diferenciam por hipóteses<br />
quanto ao <strong>de</strong>sempenho da balança comercial 68 . Como se po<strong>de</strong> observar na Tabela 33, no primeiro,<br />
que seria o cenário pessimista, o país não conseguiria melhorar a performance da balança<br />
comercial, manten<strong>do</strong>-se o sal<strong>do</strong> na faixa <strong>de</strong> US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões. Nesse cenário,<br />
o déficit em transações correntes manter-se-ia no patamar <strong>de</strong> 4% a 4,5% <strong>do</strong> PIB e haveria ainda<br />
um aumento da dívida externa. Mesmo que não ocorresse uma maior restrição da liqui<strong>de</strong>z<br />
internacional, esse seria um quadro <strong>de</strong> extrema fragilida<strong>de</strong> externa e <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> risco cambial<br />
<strong>para</strong> o país.<br />
Em um contexto <strong>de</strong>ssa natureza, diante da própria volatilida<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> câmbio e prováveis<br />
pressões <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização, a sustentação <strong>do</strong> financiamento externo se tornaria mais difícil<br />
e aumentaria a saída <strong>de</strong> poupança financeira em busca <strong>de</strong> proteção cambial. Como se mostrou<br />
acima, essa lógica já está incorporada pelos agentes e os caminhos <strong>para</strong> essa mobilida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> capital estão, em princípio, abertos.<br />
Entretanto, uma saída maior da poupança financeira brasileira traz sérios riscos. Primeiro,<br />
reforça a pressão sobre a taxa cambial, com todas as conseqüências internas em termos <strong>de</strong><br />
pressões inflacionárias e sobre a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pagamento <strong>do</strong>s agentes endivida<strong>do</strong>s em dólar<br />
ou in<strong>de</strong>xa<strong>do</strong>s à variação cambial. Como em torno <strong>de</strong> 30% da dívida pública interna são in<strong>de</strong>xa<strong>do</strong>s<br />
75<br />
68 Para os <strong>do</strong>is casos, supõe-se as seguintes hipóteses: a) um crescimento da economia brasileira em torno <strong>de</strong> 3.5% a.a. entre 2003-2006; b) uma<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio, em termos reais, no patamar <strong>de</strong> R$ 2,5/US$; c) um fluxo <strong>de</strong> investimento direto que alcançaria US$ 21 bilhões em 2003, mas que se<br />
reduziria gradativamente até US$ 13 bilhões em 2006; d) remessas <strong>de</strong> lucro e divi<strong>de</strong>n<strong>do</strong>s entre US$ 5 a US$ 6 bilhões/ano; e) to<strong>do</strong> o déficit em<br />
transações correntes não financia<strong>do</strong> por IED, seria coberto com variação no endividamento externo.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
à variação cambial, uma pressão sobre a taxa <strong>de</strong> câmbio potencializa o crescimento da dívida<br />
pública e, conseqüentemente, gera crescentes dúvidas quanto à capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> honrar<br />
seus compromissos 69 .<br />
A<strong>de</strong>mais, à medida que a pressão cambial leva o governo a subir a taxa <strong>de</strong> juros <strong>para</strong> conter<br />
o crescimento, as pressões inflacionárias e assegurar o financiamento externo da economia, a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> honrar a dívida pública também é posta em cheque. Como praticamente 52%<br />
da dívida mobiliária brasileira são contrata<strong>do</strong>s a taxas <strong>de</strong> juros flutuantes, o serviço da dívida<br />
eleva-se, enquanto as receitas tributárias se retraem com a queda <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, com<br />
claros limites <strong>para</strong> comprimir os gastos.<br />
Ou seja, em um cenário em que o Brasil não reduz a vulnerabilida<strong>de</strong> externa e é incapaz <strong>de</strong><br />
entrar em uma trajetória <strong>de</strong> crescimento sustenta<strong>do</strong>, o risco cambial e o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>fault aumentam<br />
tremendamente. Já com o nível <strong>de</strong> abertura financeira existente, uma fuga da poupança<br />
financeira interna <strong>para</strong> ativos mais seguros e em moeda estrangeira ten<strong>de</strong>ria a <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar<br />
uma crise <strong>de</strong> balanço <strong>de</strong> pagamentos, financeira e <strong>do</strong> setor público, simultaneamente.<br />
76<br />
Tabela 33 – Possíveis Cenários <strong>para</strong> as Contas Externas <strong>do</strong> Brasil<br />
Cenário 1<br />
US$ bilhões<br />
Contas 2002 2003 2004 2005 2006<br />
Balança Comercial 5.000 4.790 4.532 4.220 3.848<br />
Transações Correntes -21.391 -22.267 -23.782 -25.026 -27.121<br />
Investimento Estrangeiro Direto 15.000 21.000 18.000 16.000 13.000<br />
Dívida Externa Total 238.550 242.910 251.830 264.180 281.580<br />
Memorandum<br />
Transações Correntes (% <strong>do</strong> PIB) -4,1 -4,1 -4,2 -4,3 -4,5<br />
Dívida Externa Total (% <strong>do</strong> PIB) 45,9 44,7 44,9 45,4 46,6<br />
Cenário 2<br />
Contas 2002 2003 2004 2005 2006<br />
Balança Comercial 5.000 7.030 9.916 12.932 13.708<br />
Transações Correntes -21.391 -19.945 -17.908 -15.173 -15.238<br />
Investimento Estrangeiro Direto 15.000 21.000 18.000 16.000 13.000<br />
Dívida Externa Total 238.550 240.370 243.370 245.270 250.270<br />
Memorandum<br />
Transações Correntes (% <strong>do</strong> PIB) -4,1 -3,7 -3,2 -2,6 -2,5<br />
Dívida Externa Total (% <strong>do</strong> PIB) 45,9 44,2 43,4 42,1 41,4<br />
Fonte: MB Associa<strong>do</strong>s<br />
É por essa razão que o Brasil enfrenta o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio, no próximo governo, <strong>de</strong> reduzir<br />
sua vulnerabilida<strong>de</strong> externa. Como se tenta ilustrar no Cenário 2 (ver Tabela 33), se o país for<br />
capaz <strong>de</strong> gerar superávits crescentes, atingin<strong>do</strong> US$ 13,7 bilhões em 2006, será possível reduzir<br />
a vulnerabilida<strong>de</strong> externa e, conseqüentemente , diminuir o risco cambial.<br />
Cabe <strong>de</strong>stacar que, tanto o FMI como o Banco Mundial, que na década <strong>de</strong> 70 pregavam a<br />
abertura financeira a qualquer preço, <strong>de</strong>pois das crises nos anos 80, têm revisa<strong>do</strong> seu pensamento<br />
quanto ao timing <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> abertura financeira. Na década <strong>de</strong> 90, há uma clara<br />
<strong>de</strong>fesa da estratégia na qual a abertura da conta <strong>de</strong> capital só <strong>de</strong>ve ocorrer após a estabilização<br />
estrutural da conta corrente, mediante a abertura comercial.<br />
Enfim, enquanto não se equaciona o déficit em transações correntes, a abertura <strong>de</strong> capital<br />
69 Nos meses <strong>de</strong> junho e julho <strong>de</strong> 2002, houve uma ameaça <strong>de</strong> crise <strong>de</strong> confiança na sustentabilida<strong>de</strong> da trajetória da dívida pública <strong>do</strong>méstica e<br />
aumento da <strong>de</strong>manda por dólar.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
e a livre mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capital ten<strong>de</strong>m a representar um agravamento das pressões sobre a<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio e em sua volatilida<strong>de</strong>. No regime <strong>de</strong> câmbio flutuante, com <strong>de</strong>sequilíbrio externo,<br />
isso dificulta o controle inflacionário, inclusive com o aprofundamento da instabilida<strong>de</strong><br />
das expectativas. Ambos são obstáculos a uma trajetória <strong>de</strong> crescimento sustentável.<br />
O país tem um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio pela frente: sair da fase <strong>de</strong> controle <strong>do</strong> processo inflacionário<br />
<strong>para</strong> uma fase <strong>de</strong> crescimento sustenta<strong>do</strong>, com estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preços. Para isso, é preciso<br />
acelerar a redução da taxa <strong>de</strong> juros, pois nesse patamar <strong>de</strong> juros é impossível crescimento<br />
sustenta<strong>do</strong>. Mas <strong>para</strong> reduzir a taxa <strong>de</strong> juros, é necessário gerar um superávit crescente na<br />
balança comercial, da<strong>do</strong>s os compromissos financeiros externos já assumi<strong>do</strong>s. Da mesma maneira,<br />
é necessário manter um estrito controle das contas primárias públicas até diminuir o<br />
peso da relação dívida pública/PIB. Tu<strong>do</strong> isso exige também manutenção da poupança<br />
institucionalizada no país e ampliação da poupança financeira <strong>do</strong>méstica. Essa última <strong>de</strong>corre<br />
<strong>do</strong> próprio crescimento econômico sustenta<strong>do</strong> (acumulação <strong>de</strong> lucros corporativos).<br />
Toda a estratégia <strong>de</strong> negociação na área <strong>de</strong> serviços financeiros <strong>de</strong>ve-se subordinar ao seguinte<br />
pressuposto: diante das restrições macroeconômicas existentes e <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> o país já<br />
apresentar um eleva<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> abertura financeira em termos <strong>de</strong> fluxos, novas negociações<br />
<strong>para</strong> liberalizar ainda mais a conta <strong>de</strong> capital e a a<strong>do</strong>ção da livre conversibilida<strong>de</strong> da moeda<br />
seriam extremamente temerárias. Mais ainda, é necessário manter e aperfeiçoar o marco<br />
regulatório e to<strong>do</strong>s os mecanismos <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong>s fluxos com o exterior <strong>para</strong>, diante<br />
<strong>do</strong> nível <strong>de</strong> abertura já implementa<strong>do</strong>, minimizar os riscos <strong>de</strong> uma crise financeira <strong>do</strong> setor<br />
público e <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong>, enquanto não se reduzir a vulnerabilida<strong>de</strong> externa.<br />
77<br />
8. Conclusões<br />
2. A forma da expansão e integração <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações em âmbito internacional nos<br />
anos 90 revelou que a globalização <strong>de</strong>ste segmento não ocorreu na direção <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong><br />
único. Na realida<strong>de</strong>, aconteceu um intenso processo <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> alguns importantes<br />
merca<strong>do</strong>s locais e <strong>de</strong> crescente integração entre eles. Essa fase <strong>de</strong> intensa expansão foi<br />
ancorada em um amplo ciclo <strong>de</strong> crescimento <strong>do</strong>s investimentos e sua internacionalização,<br />
via aquisições e fusões.<br />
Foi impulsionada também pelo processo <strong>de</strong> privatização nos países europeus.<br />
Os principais agentes envolvi<strong>do</strong>s nesse processo foram as gran<strong>de</strong>s empresas e/ou empresas<br />
na fronteira <strong>do</strong> <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> tecnológico (telecomunicações, informática, biotecnologia,<br />
farmaco-química etc.), que expandiram seus investimentos e, conseqüentemente, <strong>de</strong>mandaram<br />
gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> capital. Na área financeira, por sua vez, os gran<strong>de</strong>s bancos múltiplos,<br />
com forte especialização em carteira <strong>de</strong> investimentos, operavam nas duas pontas. De<br />
um la<strong>do</strong>, atuavam como intermediários entre os investi<strong>do</strong>res e as bolsas, concentran<strong>do</strong> um<br />
crescente volume da negociação das ações e reforçavam suas posições como negocia<strong>do</strong>res,<br />
com pesquisas permanentes sobre as empresas e fornecimento <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>para</strong> os investi<strong>do</strong>res.<br />
De outro la<strong>do</strong>, assessoravam os emissores das ações, executan<strong>do</strong> a subscrição <strong>de</strong><br />
ações (un<strong>de</strong>rwriting), a abertura <strong>de</strong> capital (Initial Public Offering – IPO) <strong>de</strong> novas empresas,<br />
financian<strong>do</strong> posições e promoven<strong>do</strong> fusões e aquisições.<br />
Esse movimento <strong>de</strong> expansão financeira foi potencializa<strong>do</strong> pelos avanços tecnológicos da<br />
informática e das telecomunicações, que permitiram o rápi<strong>do</strong> processamento <strong>de</strong> um volume<br />
imenso <strong>de</strong> informações, além <strong>de</strong> possibilitar a intercomunicabilida<strong>de</strong> entre os diferentes<br />
merca<strong>do</strong>s. Essa tecnologia, <strong>de</strong> fato, viabilizou a operação <strong>de</strong> maneira globalizada <strong>do</strong><br />
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CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
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merca<strong>do</strong> acionário, ou seja, a negociação <strong>de</strong> ações em diferentes merca<strong>do</strong>s, por diversos<br />
agentes. Mas significou, também, eleva<strong>do</strong>s investimentos tecnológicos e a<strong>de</strong>quações <strong>do</strong>s<br />
procedimentos em toda a infra-estrutura <strong>de</strong> negociação – nos sistemas <strong>de</strong> compensação,<br />
liquidação e custódia – e nos back-offices <strong>do</strong>s vários participantes <strong>do</strong>s sistemas.<br />
Cabe <strong>de</strong>stacar, no entanto, que apesar <strong>de</strong>sse intenso movimento <strong>de</strong> internacionalização,<br />
na sua gran<strong>de</strong> maioria, o potencial <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações ainda está apoia<strong>do</strong>, em essência,<br />
no peso e na importância das ações negociadas das empresas locais. De acor<strong>do</strong> com os<br />
da<strong>do</strong>s divulga<strong>do</strong>s pela Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Bolsa <strong>de</strong> Valores, mais <strong>de</strong> 90% <strong>do</strong> volume<br />
negocia<strong>do</strong> nos diferentes merca<strong>do</strong>s acionários provêm <strong>de</strong> empresas <strong>do</strong>mésticas, exceto<br />
no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Londres.<br />
3. A partir <strong>de</strong>ssa evolução <strong>do</strong>s principais merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações em âmbito internacional nos<br />
anos 90, duas condições parecem apresentar-se como indispensáveis <strong>para</strong> participar <strong>de</strong>sse<br />
processo <strong>de</strong> globalização financeira. Em primeiro lugar, parece necessário ter um merca<strong>do</strong><br />
local <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> e dinâmico, ancora<strong>do</strong> em gran<strong>de</strong>s empresas <strong>do</strong>mésticas, <strong>para</strong> apresentar-se<br />
como um participe ativo <strong>do</strong> processo. Ou seja, somente com um merca<strong>do</strong> local<br />
dinâmico e com liqui<strong>de</strong>z, seria possível atrair empresas estrangeiras <strong>para</strong> listar suas ações e<br />
ampliar as opções <strong>de</strong> investimento <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res. Em segun<strong>do</strong> lugar, <strong>para</strong> viabilizar essa<br />
interação com outros merca<strong>do</strong>s, se torna necessário que o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações local opere<br />
com padrões operacionais internacionais, equivalentes aos <strong>do</strong>s outros merca<strong>do</strong>s. São esses<br />
padrões tecnológicos e <strong>de</strong> regulamentação que vão facilitar, agilizar e baratear tanto a<br />
listagem <strong>de</strong> empresas estrangeiras no merca<strong>do</strong> local, como a simultânea negociação das<br />
ações locais em merca<strong>do</strong>s estrangeiros.<br />
4. A análise da evolução <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações no Brasil, na década <strong>de</strong> 90, explicita alguns<br />
aspectos distintos da experiência internacional. Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> apoio tecnológico e<br />
operacional, tu<strong>do</strong> indica que o merca<strong>do</strong> brasileiro não enfrentou maiores problemas <strong>para</strong><br />
criar a infra-estrutura necessária. A inflação crônica, vivida pelo país por um perío<strong>do</strong> relativamente<br />
longo (praticamente durante toda a década <strong>de</strong> 80 e meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s anos 90), já havia<br />
promovi<strong>do</strong> um profun<strong>do</strong> e abrangente processo <strong>de</strong> automação bancária. Com disponibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> recursos humanos e tecnológicos, e investimentos em infra-estrutura, foi relativamente<br />
fácil à Bovespa adaptar-se aos padrões operacionais mais avança<strong>do</strong>s em âmbito<br />
mundial. Nesse senti<strong>do</strong>, a própria Bovespa criou, a partir <strong>de</strong> 1998, a Companhia Brasileira<br />
<strong>de</strong> Liquidação e Custódia (CBLC), que se a<strong>do</strong>tou aos padrões mais avança<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s sistemas<br />
<strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia. Todas as avaliações realizadas por diferentes agentes<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificam que os sistemas <strong>de</strong> negociação, liquidação e custódia <strong>de</strong> ações<br />
funcionam perfeitamente. Isto é, não apresenta maiores problemas ou riscos, pelo menos<br />
não insuperáveis <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista operacional.<br />
5. Quanto à regulamentação, a avaliação já não é tão positiva. A regulamentação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>capitais</strong> não foi priorida<strong>de</strong> na regulamentação <strong>do</strong> sistema financeiro brasileiro. Enfocou<br />
mais os mecanismos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à redução <strong>do</strong> risco sistêmico, com forte atuação <strong>do</strong> Banco<br />
Central, mediante a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> capital <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> Basiléia e a criação <strong>do</strong><br />
Sistema <strong>de</strong> Pagamentos Brasileiro e, menos a transparência e proteção <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r individual.<br />
Inclusive, diante das dificulda<strong>de</strong>s <strong>para</strong> se alterar padrões consolida<strong>do</strong>s, via modificações<br />
na Lei das Socieda<strong>de</strong>s Anônimas, optou-se pela criação <strong>de</strong> um “Novo Merca<strong>do</strong>”,<br />
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79<br />
com novas regras <strong>de</strong> operação. Formou-se, então, um merca<strong>do</strong> específico, regula<strong>do</strong> por<br />
contratos priva<strong>do</strong>s, com maior volume <strong>de</strong> ações com direito a voto disponível no merca<strong>do</strong>,<br />
e maior proteção aos investi<strong>do</strong>res minoritários. O “Novo Merca<strong>do</strong>” apoiou-se no conceito<br />
<strong>de</strong> “merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> acesso”, que procura atrair novas empresas, principalmente <strong>de</strong> médio<br />
porte e com projetos <strong>de</strong> investimento.<br />
De fato, não houve uma melhora na regulamentação das empresas já listadas e <strong>do</strong> relacionamento<br />
entre a administração <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s e as tesourarias <strong>do</strong>s bancos. Entretanto, a introdução<br />
das regras <strong>do</strong> “Novo Merca<strong>do</strong>” está ten<strong>do</strong> um impacto positivo, pois as melhores<br />
empresas estão a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> seu padrão, migran<strong>do</strong> <strong>do</strong> velho <strong>para</strong> o “Novo Merca<strong>do</strong>”.<br />
Entretanto, as <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> regulamentação, por si só, não explicam o relativamente<br />
curto ciclo <strong>de</strong> expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário brasileiro nos anos 90. Ao contrário da<br />
experiência internacional, o movimento positivo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações no Brasil (1991-<br />
1998) não se baseou em um ciclo <strong>de</strong> expansão econômica e <strong>de</strong> investimentos, mas esteve<br />
essencialmente associa<strong>do</strong> ao processo <strong>de</strong> privatização <strong>de</strong> algumas importantes empresas<br />
públicas e à atração <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> estrangeiros com o programa <strong>de</strong> estabilização instituí<strong>do</strong><br />
pelo Plano Real, que gerou um surto especulativo. Os limites <strong>de</strong>sse movimento apareceram<br />
tão logo ficaram evi<strong>de</strong>ntes as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sustentação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo cambial brasileiro,<br />
quan<strong>do</strong> a crise <strong>do</strong>s países asiáticos e, principalmente, a da Rússia afetaram as condições<br />
<strong>de</strong> financiamento externo da economia brasileira. Com a saída <strong>do</strong> capital estrangeiro <strong>do</strong><br />
merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações brasileiro e a nova etapa <strong>de</strong> internacionalização das gran<strong>de</strong>s empresas<br />
brasileiras, mediante a colocação <strong>de</strong> ADRs, esse merca<strong>do</strong> per<strong>de</strong>u fôlego.<br />
Assim, se evi<strong>de</strong>ncia no caso brasileiro, que a dinâmica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações nos anos 90<br />
esteve <strong>de</strong>terminada basicamente por <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos da gestão macroeconômica levada a<br />
cabo no contexto <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> estabilização. Por um la<strong>do</strong>, <strong>para</strong> financiar um déficit crescente<br />
em conta corrente e reestruturar o setor público, o governo promoveu uma política <strong>de</strong><br />
atração <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> estrangeiros, seja via investimento direto – privatização <strong>de</strong> empresas e<br />
instituições financeiras públicas –, seja via fluxos <strong>de</strong> <strong>capitais</strong>. Esses foram canaliza<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong><br />
<strong>para</strong> a Bovespa e explicaram gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> boom especulativo. Promoveu-se também<br />
o financiamento externo das empresas locais. Foi nesse contexto, que as gran<strong>de</strong>s empresas<br />
brasileiras começaram a lançar ADRs, que as qualificavam <strong>para</strong> captar recursos diretamente<br />
ou <strong>para</strong> obter melhores condições no lançamento <strong>de</strong> bônus e/ou commercial papers no<br />
exterior. Ou seja, a partir <strong>de</strong> uma crescente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiamento externo promoveu-se<br />
uma significativa integração <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> financeiro <strong>do</strong>méstico com os merca<strong>do</strong>s externos,<br />
viabilizan<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> capital entre os <strong>do</strong>is merca<strong>do</strong>s.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, essa mesma política promoveu <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sequilíbrios na economia<br />
brasileira e que, <strong>de</strong> fato, constrangeram o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações local.<br />
Primeiro, o agravamento <strong>do</strong> déficit em transações correntes, diante <strong>de</strong> restrições no merca<strong>do</strong><br />
financeiro internacional, impôs limites a uma trajetória <strong>de</strong> crescimento sustenta<strong>do</strong>.<br />
Cada vez que houve turbulências no cenário financeiro internacional, foi necessário conter<br />
o crescimento. Essa política <strong>de</strong> stop and go implicou baixas taxas <strong>de</strong> crescimento e, conseqüentemente,<br />
baixas taxas <strong>de</strong> investimento. Nesse contexto, a <strong>de</strong>manda por fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
longo prazo foi pequena e, assim, faltaram empresas que necessitassem abrir o capital e/ou<br />
lançar ações <strong>para</strong> investir, com perspectivas <strong>de</strong> lucros, o que daria soli<strong>de</strong>z à expansão <strong>do</strong><br />
merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações brasileiro.<br />
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80<br />
O segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio macroeconômico importante que inibiu o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>de</strong><br />
um sóli<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações local se encontra na área fiscal. A política <strong>de</strong> estabilização,<br />
baseada na sustentação <strong>de</strong> uma taxa <strong>de</strong> juros interna muito elevada, fez a dívida pública<br />
interna crescer vertiginosamente. Com títulos públicos, que apresentam elevada liqui<strong>de</strong>z<br />
e remuneração, e menor risco <strong>do</strong> que o setor priva<strong>do</strong> (dada a instabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />
ativida<strong>de</strong>), os títulos <strong>de</strong> renda variável, como as ações, tiveram dificulda<strong>de</strong>s <strong>para</strong> competir.<br />
Em suma, o curto surto <strong>de</strong> expansão da Bovespa nos anos 90 foi coerente com as necessida<strong>de</strong>s<br />
e dificulda<strong>de</strong>s da política macroeconômica promovida nesse perío<strong>do</strong>. Essa trajetória<br />
se explica integralmente por fundamentos econômicos. Questões operacionais po<strong>de</strong>m<br />
ser, na melhor das hipóteses, coadjuvantes marginais.<br />
6. O fato concreto é que esses <strong>do</strong>is importantes <strong>de</strong>sequilíbrios macroeconômicos continuam<br />
presentes. Sem a superação paulatina <strong>de</strong>ssas duas restrições, dificilmente haverá o<br />
<strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> sóli<strong>do</strong> <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> local, que faça com que se possa vislumbrar<br />
uma participação ativa <strong>do</strong>s agentes <strong>de</strong>ste merca<strong>do</strong> no cenário internacional. Pior,<br />
enquanto o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização da moeda local for recorrente, dada a mobilida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
capital, <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> poupança financeira po<strong>de</strong>m querer aplicar seus recursos em ativos<br />
no exterior, aumentan<strong>do</strong> o potencial <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> câmbio.<br />
Assim, é condição necessária que o país implemente uma estratégia <strong>de</strong> política econômica<br />
que comece a superar a restrição externa, trazen<strong>do</strong> as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento <strong>para</strong><br />
um nível sustentável, mesmo em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z internacional mais restrita. No caso<br />
brasileiro, diante das obrigações financeiras já contraídas – juros, lucros e divi<strong>de</strong>n<strong>do</strong>s – isso<br />
supõe ampliar a produção <strong>de</strong> bens e serviços comerciáveis internacionalmente (tra<strong>de</strong>bles),<br />
reforçan<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> exporta<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> país. A menor pressão sobre a taxa <strong>de</strong> câmbio<br />
ajudaria em <strong>do</strong>is senti<strong>do</strong>s. Por um la<strong>do</strong>, potencializaria a manutenção da poupança financeira<br />
no merca<strong>do</strong> local, pois diminuiria a saída por conta da cobertura <strong>do</strong> risco cambial.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, reduziria a pressão sobre a dívida pública, que em parte não <strong>de</strong>sprezível<br />
está in<strong>de</strong>xada à variação cambial.<br />
Quanto ao segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio macroeconômico, o fiscal, é necessário estabilizar a dívida<br />
pública como proporção <strong>do</strong> PIB. Taxas <strong>de</strong> juros menores e taxa <strong>de</strong> câmbio estável diminuem<br />
a pressão financeira sobre a dívida pública. Manten<strong>do</strong>-se o controle das contas primárias,<br />
juros e risco cambial menores <strong>de</strong>veriam abrir o caminho <strong>para</strong> um perfil melhor da<br />
dívida pública, alongan<strong>do</strong> os prazos <strong>do</strong>s títulos públicos.<br />
Nesse cenário <strong>de</strong> retomada <strong>de</strong> crescimento econômico sustenta<strong>do</strong>, em que os gran<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>sequilíbrios macroeconômicos seriam encaminha<strong>do</strong>s, criar-se-ia o espaço <strong>para</strong> o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong><br />
<strong>de</strong> um sóli<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações. Haveria, na margem, uma crescente transferência<br />
<strong>do</strong>s investimentos em títulos públicos <strong>para</strong> títulos <strong>de</strong> renda variável e, mais especificamente,<br />
ações. Do la<strong>do</strong> da oferta, em um cenário <strong>de</strong> crescimento e com a<strong>de</strong>quações no<br />
marco regulatório, o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações po<strong>de</strong>r-se-ia transformar em uma fonte <strong>de</strong> financiamento<br />
relevante <strong>para</strong> as empreses com projetos <strong>de</strong> investimentos.<br />
Em suma, diante da internacionalização <strong>do</strong>s principais merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações, o Brasil somente<br />
po<strong>de</strong>ria participar ativamente <strong>de</strong>sse processo se fortalecesse o seu merca<strong>do</strong> local, o que<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> encaminhamento das principais restrições macroeconômicas da economia<br />
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brasileira ao crescimento. Mesmo <strong>para</strong> que a Bovespa se torne mais atrativa <strong>para</strong> as empresas<br />
da região latino-americana, on<strong>de</strong> ela po<strong>de</strong>ria exercer um papel <strong>de</strong> bolsa <strong>de</strong> acesso, ela<br />
precisaria estar mais ativa e com perspectivas <strong>de</strong> expansão. Essa hipótese pressupõe que a<br />
atual crise <strong>de</strong> confiança vivida nos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações <strong>do</strong>s países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s e, mais<br />
especificamente nos EUA, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada pelos casos Enron e WorldCom (<strong>para</strong> citar apenas<br />
as mais emblemáticas), não se aprofun<strong>de</strong> a ponto <strong>de</strong> comprometer a retomada e o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong><br />
<strong>de</strong>sses merca<strong>do</strong>s nos países emergentes.<br />
7. Frente à integração e internacionalização que já ocorreu nos anos 90, o estu<strong>do</strong> mostrou<br />
que os principais agentes locais <strong>do</strong> sistema financeiro não tiveram maiores problemas em<br />
se adaptar a uma maior presença <strong>de</strong> agentes externos. No âmbito <strong>do</strong>s bancos múltiplos,<br />
que se ancoraram em uma posição estratégica da carteira comercial, os agentes brasileiros<br />
se sentiram perfeitamente aptos <strong>para</strong> enfrentar a concorrência com os agentes estrangeiros<br />
no merca<strong>do</strong> local. Essa posição segura também <strong>de</strong>correu <strong>de</strong> uma nova fase <strong>de</strong> concentração<br />
ao longo <strong>do</strong>s últimos anos, e na qual partici<strong>para</strong>m ativamente os maiores agentes<br />
financeiros brasileiros, fortalecen<strong>do</strong> suas posições estratégicas. Na realida<strong>de</strong>, os agentes<br />
estrangeiros que entraram no merca<strong>do</strong> brasileiro passaram a ocupar a parcela <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
que pertencia às instituições públicas estaduais. Na intermediação <strong>de</strong> recursos externos,<br />
os agentes estrangeiros levaram vantagem em relação aos brasileiros, dada a posição<br />
estabelecida nas principais praças financeiras.<br />
A maior concentração <strong>do</strong>s agentes financeiros se reflete também no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações e nos<br />
sistemas <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia. Semelhante ao que está acontecen<strong>do</strong> nos<br />
merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações <strong>do</strong>s países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, as corretoras vinculadas aos bancos vão assumin<strong>do</strong><br />
um papel crescente, em <strong>de</strong>trimento das in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, nas transações com ações.<br />
No caso brasileiro, a situação se agrava por fatores adicionais. Em primeiro lugar, além da<br />
queda significativa no volume <strong>de</strong> ações negociadas, reduziram-se as transações no merca<strong>do</strong><br />
secundário <strong>de</strong> títulos públicos, a partir <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> controle inflacionário. Em segun<strong>do</strong><br />
lugar, houve uma forte concentração entre os administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> recursos, garantin<strong>do</strong> enorme<br />
po<strong>de</strong>r <strong>para</strong> essas instituições pressionarem por taxas <strong>de</strong> corretagem cada vez menores,<br />
tornan<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negociação das corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes praticamente nula. Em<br />
terceiro lugar, a introdução <strong>do</strong> novo Sistema <strong>de</strong> Pagamentos Brasileiro ampliou as exigências<br />
<strong>de</strong> capital e liqui<strong>de</strong>z, levan<strong>do</strong> a maior parte das corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes a uma situação<br />
insustentável no curtíssimo prazo. É muito provável que haja um processo <strong>de</strong> concentração,<br />
sobretu<strong>do</strong> se não acontecer uma rápida reativação das operações na Bovespa numa escala<br />
que comporte um mínimo <strong>de</strong> corretoras <strong>para</strong> garantir concorrência e dispersão das informações,<br />
fundamentais <strong>para</strong> o bom funcionamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.<br />
Também no sistema <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia <strong>de</strong> ações, há um crescente<br />
envolvimento das instituições financeiras múltiplas, atuan<strong>do</strong> na maioria <strong>do</strong>s serviços específicos<br />
envolvi<strong>do</strong>s. Ao concentrar todas as etapas <strong>do</strong> processo em uma única instituição<br />
financeira, <strong>de</strong> confiança e com retaguarda <strong>de</strong> capital e liqui<strong>de</strong>z, reduzem-se os custos <strong>de</strong><br />
transação e ganha-se sinergia. Portanto, entre os participantes com os quais a CBLC interatua<br />
na dinâmica <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia <strong>de</strong> ações, observa-se um<br />
importante processo <strong>de</strong> concentração. As maiores instituições financeiras múltiplas brasileiras,<br />
tais como o Banco Itaú e Bra<strong>de</strong>sco, e algumas instituições financeiras estrangeiras,<br />
têm presença <strong>de</strong>stacada nesses sistemas. A atuação das instituições estrangeiras nessa área<br />
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<strong>de</strong>riva principalmente <strong>de</strong> uma estreita relação com investi<strong>do</strong>res externos, como<br />
exemplifica<strong>do</strong> pelo Citibank e pelo BankBoston, ou pelas ativida<strong>de</strong>s herdadas quan<strong>do</strong> a<br />
instituição financeira foi comprada por um banco estrangeiro, como no caso <strong>do</strong> Santan<strong>de</strong>r/<br />
Banespa e ABN-Amro/Real.<br />
8. Uma nova fase <strong>de</strong> abertura financeira <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro po<strong>de</strong> estar pela frente, uma<br />
vez que o Brasil participa das principais negociações multilaterais: OMC/GATS, Alca, Mercosul<br />
– União Européia. O posicionamento <strong>do</strong> país nessas negociações envolve questões estratégicas<br />
quanto ao mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> negociação, aos condicionantes macroeconômicos que interferem<br />
diretamente nos fluxos financeiros e aos aspectos específicos <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s serviços<br />
em discussão. A partir <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> e da análise específica <strong>do</strong>s serviços vincula<strong>do</strong>s<br />
ao merca<strong>do</strong> acionário, as principais sugestões diante das futuras negociações são:<br />
a. Estratégia <strong>de</strong> negociação: O Brasil <strong>de</strong>veria persistir em todas as negociações na manutenção<br />
da proposta negocia<strong>do</strong>ra já a<strong>do</strong>ta no GATS, através <strong>de</strong> listas positivas, nas quais<br />
se especificam os setores e sub-setores em que inci<strong>de</strong> um princípio ou uma obrigação<br />
<strong>de</strong> liberalização. No caso das listas negativas, ao contrário, a liberalização só não incidirá<br />
sobre os setores ou sub-setores incluí<strong>do</strong>s na lista. Nesse último méto<strong>do</strong>, qualquer setor<br />
não menciona<strong>do</strong> na lista <strong>do</strong> país estará plenamente sujeito à liberalização.<br />
A “lista negativa” exigiria que o país conhecesse a fun<strong>do</strong> seus regimes regulatórios e<br />
tivesse capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discernir entre as medidas que necessitam manter, por objetivos<br />
<strong>de</strong> política nacional, e as que po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fora e, assim, submeter automaticamente<br />
ao processo <strong>de</strong> liberalização. Como a regulação <strong>do</strong> Brasil está em plena<br />
fase <strong>de</strong> mutação, inclusive <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às privatizações, concessões <strong>de</strong> serviços públicos e<br />
a entrada <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> investimento estrangeiro direto, as “listas positivas”<br />
seriam mais a<strong>de</strong>quadas. O país manteria margem <strong>de</strong> manobra em setores não incluí<strong>do</strong>s<br />
na lista, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aumentar a lista gradativamente, à medida que a situação<br />
regulatória <strong>de</strong> cada setor evoluísse e se tornasse mais clara e <strong>de</strong>finida.<br />
b. Condicionamentos macroeconômicos: Enquanto a economia brasileira incorrer<br />
nos <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sajustes estruturais acima aponta<strong>do</strong>s – eleva<strong>do</strong> déficit externo e<br />
alta relação dívida pública/PIB – é absolutamente necessário que se mantenha um<br />
arcabouço regulatório a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>para</strong> monitorar todas as operações <strong>de</strong> câmbio, <strong>para</strong><br />
tentar proteger-se da vulnerabilida<strong>de</strong> externa. Nesse senti<strong>do</strong>, é fundamental que se<br />
mantenha a não conversibilida<strong>de</strong> da moeda e o conjunto <strong>de</strong> procedimentos e regulamentações,<br />
autorizações e registros, no Banco Central, <strong>de</strong> todas as operações que<br />
envolvem moeda estrangeira.<br />
Além disso, como foi analisa<strong>do</strong> na seção sobre o GATS, há exceções aos princípios<br />
gerais <strong>de</strong> negociação que um país po<strong>de</strong> a<strong>do</strong>tar. O Brasil <strong>de</strong>veria explorar a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ssas exceções, não visan<strong>do</strong> proteger seus serviços financeiros da competição<br />
internacional, mas com o objetivo <strong>de</strong> garantir condições <strong>para</strong> um maior <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong><br />
<strong>de</strong>ste setor, caso isso se faça necessário. À luz <strong>de</strong>ssa mesma preocupação, os<br />
potenciais impactos <strong>de</strong> uma eventual abertura <strong>do</strong>s serviços trans-fronteira precisariam<br />
ser cuida<strong>do</strong>samente avalia<strong>do</strong>s e, sua liberalização só implementada, se não comprometesse<br />
o <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>de</strong>sses serviços financeiros no país.<br />
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c. Aspectos específicos relaciona<strong>do</strong>s a alguns serviços financeiros: Nessa primeira<br />
aproximação, que avaliou o merca<strong>do</strong> financeiro brasileiro nos anos 90 e, mais especificamente<br />
o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações e seus sistemas <strong>de</strong> compensação, liquidação e custódia,<br />
algumas consi<strong>de</strong>rações preliminares sobre serviços específicos po<strong>de</strong>m ser feitas,<br />
sujeitas a um maior aprofundamento e confirmação posterior.<br />
1. Quanto aos bancos múltiplos e os serviços que prestam no merca<strong>do</strong> local, os<br />
próprios agentes <strong>do</strong> setor avaliam que não há maiores problemas <strong>para</strong> enfrentar<br />
uma nova etapa <strong>de</strong> liberalização. De fato, uma vez instala<strong>do</strong> no país e subordina<strong>do</strong><br />
à regulamentação local, praticamente não há restrições a operar e, como já foi indica<strong>do</strong>,<br />
os agentes locais se sentem aptos <strong>para</strong> competir em to<strong>do</strong>s os segmentos.<br />
Já <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> uma maior atuação <strong>do</strong>s agentes brasileiros no exterior, o<br />
movimento é muito incipiente. Dá a impressão <strong>de</strong> que a estratégia se limita a acompanhar<br />
o movimento <strong>de</strong> internacionalização <strong>do</strong>s clientes locais, sejam pessoas físicas,<br />
sejam pessoas jurídicas. Nesse caso, a ativida<strong>de</strong> ainda se concentraria essencialmente<br />
em crédito comercial. À medida que os agentes brasileiros não apresentem<br />
uma estratégia mais ampla <strong>de</strong> operação em âmbito internacional, as dificulda<strong>de</strong>s<br />
e restrições que lhes eventualmente serão impostas em outros merca<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m<br />
ainda ser <strong>de</strong>sconhecidas. Somente uma gran<strong>de</strong> instituição financeira brasileira<br />
(o Banco Itaú) já está habilitada, ten<strong>do</strong> cumpri<strong>do</strong> todas as exigências legais, <strong>para</strong><br />
operar como banco múltiplo nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (holding company).<br />
2. A situação crítica vivida por um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />
diante da forte contração <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário e <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> negociação <strong>de</strong><br />
títulos públicos no merca<strong>do</strong> secundário, faz com que uma nova etapa <strong>de</strong> abertura<br />
financeira seja vista com certo receio, principalmente se isso ocorrer mediante prestação<br />
trans-fronteira. Nesse senti<strong>do</strong>, uma preocupação especial <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> uma possível<br />
competição direta com a transação <strong>de</strong> ações via internet, a um custo muito<br />
reduzi<strong>do</strong>. A corretagem, via internet, <strong>de</strong> fato cresceu nos últimos anos, sobretu<strong>do</strong><br />
nos EUA e na Alemanha. Todavia, mesmo nesses países, a maioria das operações via<br />
internet origina-se <strong>de</strong> pessoas especializadas e/ou que sabem exatamente as ações<br />
que preten<strong>de</strong>m adquirir. As experiências <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> ações e fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento<br />
diretamente pela internet, como forma <strong>de</strong> conquistar novos merca<strong>do</strong> e novos<br />
clientes (primeira abordagem), foram relativamente mal sucedidas.<br />
A frustração <strong>de</strong> venda direta também ocorreu em perío<strong>do</strong> recente no Brasil. A título<br />
<strong>de</strong> ilustração, po<strong>de</strong>-se citar o malogro <strong>do</strong> Banco Santan<strong>de</strong>r com a empresa <strong>de</strong><br />
negociação eletrônica Patagón, que no início <strong>de</strong> 2002 foi <strong>de</strong>volvida aos seus antigos<br />
proprietários argentinos. Avaliações <strong>de</strong> analistas experientes nessa área indicam<br />
que a venda <strong>de</strong> ações e fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ações <strong>do</strong> exterior <strong>de</strong>verá ser feita mediante uma<br />
instituição sediada no país, que sirva <strong>de</strong> elo <strong>de</strong> confiança <strong>para</strong> o investi<strong>do</strong>r local. A<br />
administra<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> recursos Schro<strong>de</strong>rs, por exemplo, começou a oferecer seus fun<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> investimento globais, no merca<strong>do</strong> local, mediante acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> distribuição<br />
com instituições brasileiras.<br />
3. Quanto ao serviço <strong>de</strong> liquidação, como ele envolve sempre o pagamento em moeda<br />
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local, não tem como ser internacionaliza<strong>do</strong> ou <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong> da operação local. No mesmo<br />
senti<strong>do</strong>, o serviço <strong>de</strong> central <strong>de</strong>positária, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pela regulamentação <strong>do</strong> país,<br />
tampouco está sujeito a uma maior liberalização. Por sua vez, o serviço <strong>de</strong> agente<br />
custodiante, como se mostrou na seção 4 <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>, é uma ativida<strong>de</strong> muito específica<br />
e envolve um alto grau <strong>de</strong> confiança. Isso faz com que essa ativida<strong>de</strong> seja<br />
crescentemente concentrada em poucas instituições, inclusive em âmbito mundial.<br />
Diante da forma como esse serviço vem se estruturan<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> indica que uma maior<br />
liberalização não afetará significativamente o rumo que o processo já tomou. Ou seja,<br />
no que tange às ativida<strong>de</strong>s básicas nas quais a CBLC está envolvida ou com os quais<br />
ela interage, em princípio, não se vislumbra que sejam profundamente afetadas por<br />
um processo <strong>de</strong> liberalização.<br />
Entretanto, a CBLC opera através <strong>de</strong> netting multilateral e garante as operações, o<br />
que exige a manutenção <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> risco. Ou seja, ela<br />
também é uma Contraparte Central Garanti<strong>do</strong>ra (Central Counterparty – CCP). O<br />
netting multilateral e o gerenciamento <strong>de</strong> risco são ativida<strong>de</strong>s mais complexas, que<br />
não necessariamente são <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s por empresas <strong>de</strong> liquidação <strong>de</strong> ativos. Avaliar<br />
em que medida esses serviços específicos po<strong>de</strong>riam vir a ser atingi<strong>do</strong>s por uma<br />
maior liberalização <strong>de</strong> serviços financeiros exigiria um entendimento mais profun<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s específicas e como elas se <strong>de</strong>senvolveriam em um contexto<br />
mais globaliza<strong>do</strong>.<br />
9. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> andamento das negociações internacionais em serviços financeiros,<br />
<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> se conclui que, em qualquer circunstância, há um trabalho bastante gran<strong>de</strong><br />
a ser feito na área da regulamentação. To<strong>do</strong>s os analistas financeiros e opera<strong>do</strong>res entrevista<strong>do</strong>s<br />
apontaram <strong>para</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma revisão <strong>de</strong>talhada <strong>do</strong> marco regulatório brasileiro<br />
70 . Essa revisão <strong>de</strong>veria ter como priorida<strong>de</strong> a transparência e a proteção ao investi<strong>do</strong>r,<br />
e uma maior compatibilida<strong>de</strong> da regulação com padrões internacionais <strong>de</strong> referência, como<br />
o inglês e/ou o americano.<br />
Com o colapso <strong>de</strong> gigantes e símbolos da economia americana como a Enron e a WorldCom,<br />
as próprias normas contábeis e os sistemas <strong>de</strong> auditoria nos merca<strong>do</strong>s financeiros mais<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão sofrer profundas modificações. Diante da crise <strong>de</strong> confiança nos<br />
principais padrões <strong>de</strong> referência, abrem-se oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> discutir mais amplamente<br />
os padrões <strong>de</strong> regulamentação a serem implementa<strong>do</strong>s.<br />
A regulamentação também <strong>de</strong>veria abranger seu escopo, <strong>para</strong> incluir ativida<strong>de</strong>s, que já<br />
estão, <strong>de</strong> fato, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas, ainda que não formalmente reconhecidas. A presença<br />
<strong>de</strong> pessoas estrangeiras ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> serviços financeiros tornou-se uma rotina, embora a<br />
ativida<strong>de</strong> nem seja reconhecida como tal. No mesmo senti<strong>do</strong>, vários especialistas entrevista<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram que a regulamentação brasileira <strong>de</strong>veria preocupar-se com a qualida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> “produto financeiro” a ser vendi<strong>do</strong> ao investi<strong>do</strong>r local. Por exemplo, à medida que se<br />
possibilite a venda <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento estrangeiros no merca<strong>do</strong> local, cabe às autorida<strong>de</strong>s<br />
brasileiras atestar a serieda<strong>de</strong> da administração <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> e exigir todas as adver-<br />
70 Um conjunto <strong>de</strong> propostas e sugestões <strong>para</strong> superar os obstáculos ao <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> brasileiro po<strong>de</strong> ser encontra<strong>do</strong> em<br />
Rocca (2001) e Abamec (2002). No mesmo senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>staca-se que a CVM lançou em mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> junho a Cartilha <strong>de</strong> Governança ou<br />
Recomendações da CVM sobre Governança Corporativa. São quatro os princípios da cartilha: transparência, eqüida<strong>de</strong> no tratamento aos acionistas,<br />
proteção aos minoritários e clareza nas <strong>de</strong>monstrações financeiras (http://www.cvm.gov.br).<br />
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tências que <strong>de</strong>vem ser feitas ao investi<strong>do</strong>r local, <strong>para</strong> protegê-lo <strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s e adverti-lo <strong>do</strong>s<br />
riscos.<br />
Em suma, da pesquisa se conclui que há uma necessida<strong>de</strong> premente <strong>de</strong> revisão <strong>do</strong> marco<br />
regulatório, <strong>para</strong> a<strong>de</strong>quá-lo ao que já está <strong>de</strong> fato acontecen<strong>do</strong>, melhorar sua qualida<strong>de</strong><br />
com vistas a uma maior proteção ao investi<strong>do</strong>r e trazê-lo mais próximo aos padrões <strong>de</strong><br />
referência internacionais, já levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração as mudanças que estes sofrerão.<br />
10. Com relação às Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar, que representam a<br />
maior parte da poupança financeira institucionalizada no país, existe uma preocupação<br />
específica. Essa poupança tem si<strong>do</strong> fundamental, e continuará sen<strong>do</strong>, no financiamento da<br />
dívida pública interna. Os fatores <strong>de</strong>terminantes <strong>para</strong> a manutenção <strong>de</strong>sses recursos no<br />
merca<strong>do</strong> local têm si<strong>do</strong>, por um la<strong>do</strong>, o enquadramento <strong>de</strong>ssas instituições como entida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> assistência social, e conseqüentemente, imunes à tributação e, por outro, a elevada<br />
taxa <strong>de</strong> juros <strong>do</strong>méstica. Com a edição da Medida Provisória no. 2.222/2001 e a posterior<br />
a<strong>de</strong>são <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão ao Regime Especial <strong>de</strong> Tributação cria<strong>do</strong>, as entida<strong>de</strong>s per<strong>de</strong>ram<br />
o status <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência social, estan<strong>do</strong>, em princípio, livres <strong>para</strong> aplicar<br />
seus recursos on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejarem. Por outro la<strong>do</strong>, em um cenário <strong>de</strong> trajetória <strong>de</strong> queda das<br />
taxas <strong>de</strong> juros internas, os estímulos <strong>para</strong> diversificar os investimentos no exterior po<strong>de</strong>m<br />
aumentar.<br />
A importância da manutenção <strong>de</strong>ssa poupança institucional no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico, cabe<br />
verificar se as regulamentações vigentes <strong>para</strong> estas entida<strong>de</strong>s são efetivamente suficientes<br />
<strong>para</strong> garantir o máximo <strong>de</strong> suas aplicações no merca<strong>do</strong> local. Em várias entrevistas houve<br />
avaliações <strong>de</strong> que não haveria mais gran<strong>de</strong>s impedimentos <strong>para</strong> realizarem investimentos<br />
no exterior.<br />
11. Apesar <strong>de</strong> vários esforços, não foi possível obter informações <strong>para</strong> com<strong>para</strong>r os custos<br />
operacionais nas transações com ações no Brasil e em outros merca<strong>do</strong>s. Há indícios <strong>de</strong><br />
distorções que apontam <strong>para</strong> uma avaliação das corretoras e <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> compensação,<br />
liquidação e custódia. Essa ainda é uma informação pen<strong>de</strong>nte, que seria interessante obter.<br />
Uma avaliação com<strong>para</strong>tiva <strong>do</strong>s custos operacionais <strong>de</strong>veria ser feita e se as distorções<br />
se confirmarem, correções po<strong>de</strong>riam ser sugeridas. Mas, nas entrevistas realizadas, em<br />
nenhum momento apareceu o custo operacional como um obstáculo <strong>para</strong> se operar no<br />
merca<strong>do</strong> acionário brasileiro (exceto o custo da CPMF, que foi removida das transações<br />
com ações na sua prorrogação, em mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002).<br />
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D.C.: World Bank, p. 157-195.<br />
WORLD Tra<strong>de</strong> Organization (1997) Communication from Brazil. Revised conditional offer on financial services World Tra<strong>de</strong><br />
Organization/Committee on Tra<strong>de</strong> in Financial Services, 12 December 1997, Geneva: World Tra<strong>de</strong> Organization (Oferta brasileira<br />
ao Acor<strong>do</strong> sobre Serviços Financeiros).<br />
88<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Anexos Estatístico<br />
89<br />
Tabela 34 – Programa Depository Receipts <strong>de</strong> empresas brasileiras<br />
Companhia Data <strong>de</strong> Nível (a) (b) Ações no Ações no Valor <strong>de</strong><br />
Início programa Programa (em mil) Programa/Capital Merca<strong>do</strong><br />
Social (%) Programa<br />
(US$ mil) (c)<br />
1 Acesita 21/7/94 I 12.634.124 1,69 3.503,08<br />
2 Alpargatas 7/4/94 I 9.735 0,50 497,12<br />
3 Aracruz 26/5/92 III e ND 330.251 30,64 689.137,20<br />
4 Bahia Sul 21/12/94 I 75 0,00 8,46<br />
5 Bombril 24/5/94 I 522.489 1,28 1.958,05<br />
6 BR Distribui<strong>do</strong>ra 10/10/95 I 412.623 0,96 6.817,89<br />
7 Bra<strong>de</strong>sco 9/6/97 I e ND 48.152.926 3,33 282.987,13<br />
8 Bra<strong>de</strong>spar 10/7/01 ND 40.000 0,00 12,78<br />
9 Ambev 23/7/96 II 8.863.941 22,60 1.805.535,33<br />
10 Brasil Realty 21/10/96 I e 144-A 17.258 20,92 16.168,62<br />
11 Celesc 12/9/94 I, Reg S e 144-A 6.278 0,81 1.523,92<br />
12 Cemig 15/7/94 I, Reg S e 144-A 19.808.067 12,46 308.736,59<br />
13 Cesp 23/2/94 I 337.613 0,36 2.242,90<br />
14 Cia Transm. Energia<br />
Elétrica Paulista 3/9/99 I 180.079 0,19 553<br />
15 Cia. Ger. Energia E. Tietê 3/9/99 I 182.896 0,20 1.180,49<br />
16 Cia. Ger. Energia Elétrica<br />
Paranapanema 3/9/99 I 134.572 0,14 560,54<br />
17 Ceval 22/9/94 I 210.320 0,18 537,40<br />
18 Cofap 23/7/96 I 10 0,04 4,13<br />
19 Copel 23/7/96 I e III 49.031.427 17,92 375.595,86<br />
20 Copene 12/1/93 II 114.629 6,40 25.676,96<br />
21 Coteminas 12/11/97 144-A e Reg S 2.555 0,05 139,29<br />
22 CSN 16/11/93 II 5.915.296 8,25 110.763,80<br />
23 CTM Citrus 14/6/94 I 400 0,03 0,68<br />
24 Dixie Toga 24/6/97 Reg D 29.949 9,45 5.611,77<br />
25 Eletrobras 21/12/94 I, ND e 144-A 63.014.044 11,72 1.110.528,86<br />
26 Embraer 25/10/96 III 161.946 26,23 891.728,28<br />
27 Eucatex 11/1/94 I 65.258 7,61 3.751,73<br />
28 Gerasul 8/6/98 I e 144-A 10.221.925 1,69 16.305,63<br />
29 Gerdau 7/11/97 II 4.510.513 3,97 50.325,97<br />
30 Globex 20/2/97 I 104 0,16 598,19<br />
31 Iochpe-Maxion 17/5/94 I 20.974 0,77 300,11<br />
32 Itaú 17/4/98 I 801.468 0,69 68.262,32<br />
33 Iven S.A. 5/7/99 Reg S 400.547 66,76 76.657,34<br />
34 Latasa 14/5/97 144-A e Reg S 480 1,01 2.659,40<br />
35 Lojas Americanas 21/6/95 I 65.012 0,09 168,88<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
90<br />
Companhia Data <strong>de</strong> Nível (a) (b) Ações no Ações no Valor <strong>de</strong><br />
Início programa Programa (em mil) Programa/Capital Merca<strong>do</strong><br />
Social (%) Programa<br />
(US$ mil) (c)<br />
36 Lojas Arapuã 9/10/95 144-A e Reg. S 2.389.144 7,73 356,10<br />
37 Makro 6/3/97 I e 144-A 335 0,17 249,55<br />
38 Marcopolo 24/9/96 I 19 0,02 29,74<br />
39 Globocabo (Multicanal) 31/10/96 III e ND 111.994 3,98 32.908,45<br />
40 Pão-<strong>de</strong>-açúcar (CBD) 22/9/95 III 18.144.482 16,27 431.860,62<br />
41 Perdigão 17/10/96 II 520 1,16 3.454,89<br />
42 Petrobrás 12/11/96 I e III 302.000 27,81 7.344.983,81<br />
43 Electrolux (Refripar) 14/7/94 I 11.750 0,01 3,75<br />
44 Rossi Resi<strong>de</strong>ncial 15/7/97 I 3.985 3,09 712,67<br />
45 Rhodia-Ster 21/12/94 144-A 2.221 0,11 122,94<br />
46 Sadia 19/4/01 II 5.467 0,80 2.980,05<br />
47 Suzano 22/11/93 I e ND 47 0,02 138,48<br />
48 RCTB4 21/9/98 II 8.958 0,00 334,18<br />
49 Telebrás 21/10/92 II 16.577.042 2,98 211,78<br />
50 Telefônica Data Brasil 8/5/01 II 223.728.050 45,32 83.843,23<br />
51 Telemar (Tele Norte Leste) 21/9/98 II 105.240.025 27,82 2.460.022,56<br />
52 Tele Centro Sul 21/9/98 II 120.626.963 34,63 973.974,63<br />
53 Telesp Part. S/A 21/9/98 II 224.252.175 45,36 3.140.982,04<br />
54 Embratel Part. S/a 21/9/98 II 101.427.501 30,33 377.945,08<br />
55 Nor<strong>de</strong>ste Celular 21/9/98 II 119.199.452 35,29 152.793,78<br />
56 Norte Celular 21/9/98 II 157.866.582 47,11 53.783,01<br />
57 Leste Celular 21/9/98 II 154.040.632 32,13 55.103,54<br />
58 Su<strong>de</strong>ste Celular 9/21/98 II 181.166.252 45,71 470.621,81<br />
59 Celular Sul 9/21/98 II 115.818.412 34,35 160.297,18<br />
60 Centro-Oeste Celular 21/9/98 II 147.663.244 40,29 305.614,24<br />
61 Telesp Celular 21/9/98 II 109.536.760 23,90 350.319,85<br />
62 Telemig Celular 21/9/98 II 125.784.772 37,37 195.517,60<br />
63 Tubarão 4/7/94 I 380.764 0,75 3.794,34<br />
64 Ultrapar 28/9/99 III 4.781.546 9,02 42.150,58<br />
65 Units – Unibanco Holds.<br />
E Unibanco S.ª 19/5/97 III 28.240.564 18,38 1.384.968,64<br />
66 Usiminas 27/9/94 144-A e Reg S 2.824 1,25 9.633,01<br />
67 Vale 17/2/94 II e ND 58.793 15,13 1.502.248,53<br />
68 Vicom 29/9/98 Reg D 1.935 16,68 28.658,13<br />
69 Votorantim Celulose 30/11/92 II 4.912.136 12,82 183.038,86<br />
Total 25.614.697,36<br />
Fonte: Custodiantes/CVM (http://www.cvm.gov.br).<br />
Observações:<br />
(a) American Depositary Receipts (ADRs) no Nível I permite apenas negociação no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão; ADRs Nível II, o<br />
papel é lista<strong>do</strong> na New York Stock Exchange e na Nasdaq; ADRs Nível 3, possibilita a realização <strong>de</strong> oferta pública nos<br />
EUA;<br />
(b) A Regra 144-A permite a colocação privada (private placement) <strong>de</strong> ADRs junto aos investi<strong>do</strong>res institucionais qualifica<strong>do</strong>s<br />
(qualified institutional buyer), representa<strong>do</strong>s por empresas, instituição financeira ou investi<strong>do</strong>r institucional, que<br />
po<strong>de</strong>m negociar papéis sem o registro na SEC;<br />
(c) Deflator: dólar – cotação <strong>de</strong> venda – valores converti<strong>do</strong>s pela taxa <strong>do</strong> dólar <strong>do</strong> fim <strong>do</strong> mês, Banco Central.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
91<br />
Tabela 35 – Programa Brazilian Depositary Receipts<br />
(Companhias Abertas Estrangeiras)<br />
Companhia Data <strong>de</strong> Início <strong>do</strong> Programa Nível Ações no Programa (em mil)<br />
1. Telefônica S/A 24/05/2000 III 540.257<br />
2. Brazil Fast Food Corporation 10/07/2000 II 1.200<br />
3. Rhodia S/A I 100<br />
4. Accor S/A I 120<br />
5. Acentis (França) I 300<br />
Fonte: CVM (http://www.cvm.gov.br).<br />
Tabela 36 – Carteira Consolidada das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência<br />
Complementar, por tipo <strong>de</strong> Aplicação<br />
R$ milhões<br />
Discriminação Dez/94 Dez/95 Dez/96 Dez/97 Dez/98 Dez/99 Dez/00 Dez/01<br />
Ações 18.177 16.923 22.162 24.724 17.465 30.259 30.669 28.614<br />
Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimentos – RV ND ND 1.832 9.302 9.214 14.066 14.881 16.232<br />
Imóveis 6.692 8.548 9.225 9.038 9.684 10.110 10.460 10.554<br />
Depósito a prazo 5.334 8.367 6.891 6.623 8.818 5.313 4.145 4.822<br />
Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimentos – RF 5.779 6.826 12.064 16.729 20.648 36.423 47.710 62.411<br />
Empréstimos a participantes 887 1.067 1.592 1.623 1.740 1.805 2.279 2.742<br />
Financiamento imobiliário 2.145 3.328 3.688 3.923 4.021 3.868 3.797 3.848<br />
Debêntures 862 2.992 3.446 3.384 3.229 2.892 2.660 3.201<br />
Títulos públicos 1.771 2.557 4.115 3.240 5.918 7.307 8.588 17.513<br />
Outros 1.201 1.445 1.704 1.878 2.382 3.011 4.687 4.496<br />
Operações c/ patrocina<strong>do</strong>ras 3.642 5.408 4.954 6.396 7.637 70 201 144<br />
Total 46.488 57.461 71.672 86.861 90.757 115.124 130.077 154.578<br />
Fonte: Associação Brasileira das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar, Consolida<strong>do</strong> Estatístico, Ano X, No.<br />
30, maio <strong>de</strong> 2002, São Paulo (http://www.abrapp.org.br).<br />
Observação:<br />
ND – Não disponível.<br />
Tabela 37 – Provisões Técnicas das Empresas <strong>de</strong> Seguro, Capitalização e<br />
Entida<strong>de</strong>s Abertas <strong>de</strong> Previdência Complementar<br />
R$ milhões<br />
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002/Abril<br />
Seguro 4.436 4.797 5.154 6.322 7.295 8.790 10.569 10.194 10.771<br />
Capitalização<br />
Entida<strong>de</strong>s Abertas <strong>de</strong><br />
Previdência<br />
683 1.789 3.343 3.701 4.087 4.579 5.535 6.315 6.355<br />
Complementar 1.231 2.179 3.190 4.616 6.769 9.917 13.665 20.783 22.462<br />
Total 6.350 8.765 11.687 14.639 18.151 23.286 29.769 37.292 39.588<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Empresas <strong>de</strong> Seguros Priva<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> Capitalização (http://www.fenaseg.org.br) – Estatística/<br />
Merca<strong>do</strong>/Provisões Técnicas.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
92<br />
Tabela 38 – Distribuição <strong>do</strong>s Ativos Garanti<strong>do</strong>res das Provisões Técnicas<br />
das Empresas <strong>de</strong> Seguro, Entida<strong>de</strong>s Abertas <strong>de</strong> Previdência<br />
Complementar e Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Capitalização<br />
Empresas Entida<strong>de</strong>s Abertas <strong>de</strong><br />
Abril <strong>de</strong> 2001<br />
Empresas <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Seguro Previdência Complementar Capitalização<br />
R$ milhões % Total R$ mil % Total R$ mil %<br />
Renda Fixa (a) 12.903,1 55,1 1.016,3 33,0 3.557,5 53,6<br />
Renda Variável 1.432,3 6,1 10,6 0,3 448,2 6,8<br />
Ações – Capital Aberto Priva<strong>do</strong> Nacional 1.114,6 4,8 4,4 0,1 309,6 4,7<br />
Ações – Outras Empresas <strong>de</strong> Cap. Aberto 111,3 0,5 2,6 0,0 77,7 1,1<br />
Fun<strong>do</strong> Aplic. Quotas Fun<strong>do</strong> Inv. – RV 14,0 0,0 - 0,0 19,2 0,3<br />
Quotas <strong>de</strong> Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Invest. no Exterior 52,2 0,2 - 0,0 19,5 0,3<br />
Quotas <strong>de</strong> Fun<strong>do</strong>s Mútuos <strong>de</strong> Inv em Ações 106,2 0,5 2,2 0,0 11,6 0,2<br />
Quotas Fun<strong>do</strong> Invest. Financeiro – RV 10,4 0,0 1,3 0,0 - 0,0<br />
Quotas <strong>de</strong> Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Invest. Imobiliários 23,5 0,1 - 0,0 10,6 0,1<br />
Imóvel 426,9 1,9 60,0 2,0 54,0 0,8<br />
Títulos Públicos (b) 8.645,4 36,9 1.984,9 64,6 2.582,6 38,9<br />
Total 23.407,7 100,0 3.071,9 100,0 6.642,3 100,0<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Empresas <strong>de</strong> Seguros Priva<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> Capitalização (http://www.fenaseg.org.br) – Estatística/<br />
Merca<strong>do</strong>/Ativos Garanti<strong>do</strong>res.<br />
Notas:<br />
(a) Inclui Certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> Depósito Bancário, Certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> Recibo Imobiliário, Debêntures, Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Aplic. em Quota<br />
Fun<strong>do</strong> Investimento – Renda Fixa, Outras Aplicações, Letras Hipotecárias, Notas Promissórias, Títulos da Dívida Agrária;<br />
Quotas Fun<strong>do</strong>s Invest. Financeiro – Renda Fixa, Recibo <strong>de</strong> Depósito Bancário, Letras <strong>de</strong> Câmbio, Empréstimos Assiten.<br />
Planos Prev. Privada, Cédulas Hipotecárias, Letras Hipotecárias – CEF, Crédito Securitiza<strong>do</strong>;<br />
(b) Inclui Bônus <strong>do</strong> Tesouro Nacional, Letras <strong>do</strong> Tesouro Nacional, Letras Financeiras <strong>do</strong> Tesouro, Notas <strong>do</strong> Banco Central e<br />
Notas <strong>do</strong> Tesouro Nacional.<br />
Gráfico 14 – Patrimônio Líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento (em R$ e US$)<br />
Fonte: Anbid e CVM (http://www.cvm.gov.br).<br />
Notas:<br />
(a) Até abril <strong>de</strong> 2001, foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento Financeiro em Renda Fixa, DI, Cambial e Carteira Livre.<br />
A partir <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2001, foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s também os Fun<strong>do</strong>s Multimerca<strong>do</strong>s com ou sem Renda Variável e<br />
alavancagem, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com nova <strong>de</strong>nominação da Anbid;<br />
(b) A partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000, há informações sobre o sal<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> nos fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento em renda variável: US$<br />
11,6 bilhões em Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento em Títulos e Valores Mobiliários e US$ 1,2 bilhão em Fun<strong>do</strong> Mútuo <strong>de</strong> Privatização<br />
FGTS. No fim <strong>do</strong> ano seguinte os sal<strong>do</strong>s caíram <strong>para</strong> US$ 9,7 bilhões e US$ 1,0 bilhão, respectivamente.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
93<br />
Gráfico 15 – Evolução <strong>do</strong> Número <strong>de</strong> Administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Recursos<br />
Fonte: Thomson Financial Brasil/Anbid (Wilner, 2002, p. 39).<br />
Gráfico 16 – Participação das 10 Maiores Administra<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> Recursos no Total<br />
Fonte: Thomson Financial Brasil/Anbid (Wilner, 2002, p. 39).<br />
Tabela 39 – Ranking Global <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Recursos <strong>de</strong> Terceiros<br />
(por investi<strong>do</strong>r) (a)<br />
Posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001/R$ milhões<br />
Administra<strong>do</strong>r BB Itaú Bra<strong>de</strong>sco CEF HSBC Citibank Unibanco ABN Santan<strong>de</strong>r Bank Total (b)<br />
Amro Real Brasil Boston<br />
EFPC Emp. Públicas 20.963 3.366 1.551 1.350 1.944 1.205 944 2.069 2.368 1.650 48.587<br />
EFPC Emp. Privadas - 9.653 2.649 4 3.393 3.764 5.028 649 1.385 488 37.409<br />
Segura<strong>do</strong>ras 772 1.555 1.968 1.185 908 194 1.190 - 228 329 12.396<br />
EAPComplementar 2.487 2.251 8.358 1 178 23 927 - - 34 14.980<br />
Capitalização 1.016 416 1.284 531 147 - 111 411 386 117 5.375<br />
Corporate 7.244 4.198 4.507 2.365 1.030 1.434 1.430 2.876 943 2.435 44.796<br />
Middle Market 7.913 2.280 - - 776 - - 276 88 - 13.407<br />
Private 157 6.894 993 - 2.762 1.775 637 1.518 407 1.663 29.628<br />
Varejo 20.263 19.961 23.267 15.544 7.826 6.809 7.553 7.965 9.647 8.559 137.365<br />
Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento - - 4.457 11 - 3.630 - - - - 14.626<br />
Estrangeiros 41 759 - 463 209 142 - 29 - 10.176<br />
Outros - 314 231 - - - - - - - 6.904<br />
Total Global 60.857 51.648 49.267 20.993 19.428 19.043 17.963 15.765 15.482 15.275 375.649<br />
Fonte: Associação Nacional <strong>do</strong>s Bancos <strong>de</strong> Investimento – Anbid (http://www.anbid.com.br).<br />
Notas:<br />
(a) Medi<strong>do</strong> pelo valor <strong>do</strong>s ativos em portfólio (exceto cotas <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimentos);<br />
(b) Inclui outros bancos, administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> recursos.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
94<br />
Tabela 40 – Rentabilida<strong>de</strong> das principais corretoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />
Corretoras Patrimônio Líqui<strong>do</strong> Rentabilida<strong>de</strong> sobre<br />
Valores em mil R$ Patrimônio Líqui<strong>do</strong> (%)<br />
Dez/2000 Dez/2001 Dez/2000 Dez/2001<br />
1 Hedging-Griffo 30.697 33.165 9,4 12,3<br />
2 Concórdia 30.216 32.359 19,5 13,7<br />
3 Fator Doria Atherino 20.753 18.488 2,7 -17,9<br />
4 Spinelli 17.673 18.358 7,0 0,2<br />
5 Souza Barros 17.336 18.034 3,6 -1,7<br />
6 Novação 16.337 17.343 8,1 1,6<br />
7 Isoldi 14.691 14.526 2,5 -6,6<br />
8 Talarico 13.132 13.301 7,8 -0,9<br />
9 Planibanc 14.878 12.565 -5,4 -24,5<br />
10 Magliano 12.973 12.458 13,1 7,5<br />
11 Título 11.839 12.242 17,2 8,2<br />
12 Ativa 10.177 11.048 10,9 8,2<br />
13 RMC 13.882 10.813 6,4 2,4<br />
14 Ipanema 7.307 10.570 44,9 53,8<br />
15 Coinvalores 10.340 9.819 9,6 2,2<br />
Total 242.231 245.089 8,1 (a) 2,2 (a)<br />
Fonte: Austin Asis, apud Wilner (2002:p. 49).<br />
Nota:<br />
(a) Mediana.<br />
Gráfico 17 – Número <strong>de</strong> Investi<strong>do</strong>res com Negociações On Line nos EUA<br />
Fonte: Securities Industry Association (2001: p. 41).<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
95<br />
Gráfico 18 – Participação <strong>do</strong> Capital Estrangeiro no Prêmio Total <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> Segura<strong>do</strong>r<br />
Fonte: Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Empresas <strong>de</strong> Seguros Priva<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> Capitalização (http://www.fenaseg.org.br) – Merca<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Seguros – Participação Estrangeira.<br />
Tabela 41 – Contas Externas <strong>do</strong> Brasil<br />
US$ bilhões<br />
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001<br />
1. Balança Comercial 10,6 15,2 13,3 10,5 -3,5 -5,6 -6,8 -6,6 -1,2 -0,7 2,6<br />
2. Balança <strong>de</strong> Serviços -13,5 -11,3 -15,6 -14,7 -18,5 -20,4 -25,5 -28,3 -25,8 -25,0 -27,5<br />
3. Transações Correntes -1,4 6,1 -0,6 -1,7 -18,4 -23,5 -30,5 -33,4 -25,3 -24,2 -23,2<br />
4. Inv. Direto (Líqui<strong>do</strong>) (a) 0,1 1,9 0,8 1,5 3,3 11,3 17,9 26,0 26,9 30,5 24,7<br />
5. Inv. Em Carteira (Líqui<strong>do</strong>) 3,8 14,5 12,3 50,6 9,2 21,6 12,6 18,1 3,8 7,0 0,1<br />
5.1. Ações 0,6 1,7 6,0 6,9 3,0 5,9 6,5 1,0 1,7 1,1 1,4<br />
5.2. Renda Fixa e <strong>de</strong>mais 3,2 12,8 6,3 43,7 6,2 15,7 6,1 17,1 2,1 5,8 -1,3<br />
6. Financiamento (Líqui<strong>do</strong>) (b) -3,7 -6,5 -2,7 -43,6 16,2 0,6 -5,1 -14,7 -13,7 -18,4 3,2<br />
7. Reservas Internacionais<br />
Memorandum<br />
9,4 23,8 32,2 38,8 51,8 60,1 52,2 44,6 36,3 33,0 35,9<br />
Dívida Externa Total (c) 123,9 135,9 145,7 148,3 159,3 179,9 200,0 241,6 241,5 236,2 226,0<br />
Trans. Correntes (% <strong>do</strong> PIB) -0,3 1,6 -0,1 -0,3 -2,6 -3,0 -3,8 -4,2 -4,8 -4,1 -4,6<br />
Dívida Ext. Total (% <strong>do</strong> PIB) 30,4 34,8 33,2 27,2 22,6 23,2 24,8 30,7 45,6 39,7 44,8<br />
Fonte: Banco Central (Séries Temporais).<br />
Notas:<br />
(a) Inclui empréstimos intercompanhias;<br />
(b) Inclui outros investimentos mais <strong>de</strong>rivativos;<br />
(c) Inclui empréstimos intercompanhias. Série revista em março <strong>de</strong> 2001, quan<strong>do</strong> o Banco Central excluiu US$ 16,9 bilhões<br />
<strong>do</strong> estoque da dívida externa.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
96<br />
Tabela 42 – Grupos Estrangeiros no Sistema Financeiro<br />
Nacional – Filiais e Controle (a) e (b)<br />
Posição em 31.12.2001<br />
Instituição Origem BM Filial BC BI SCFI CTVM DTVM SAM CH TOT<br />
1 ABB Suíça 1 1 1<br />
2 ABC Brasil (Arab Banking) Baharaim 1 1 2<br />
3 ABN Amro Real (1) Holanda 3 1 2 1 7<br />
4 AGF (Grupo Allianz) Alemanha 1 1<br />
5 American Express (2) EUA 2 1 1 4<br />
6 Banif Primus Portugal 1 1 2<br />
7 BankBoston EUA 1 1 1 1 1 1 6<br />
8 Bank of America-Liberal (3) EUA 2 1 3<br />
9 Barclays e Galicia Inglaterra 1 1 2<br />
10 BBV Argentaria Brasil (4) Espanha 1 1 1 1 1 1 1 7<br />
11 BNL <strong>do</strong> Brasil Luxemburgo 1 1 2<br />
12 BNP Paribas Brasil<br />
13 Brascan (Gr. Brascan/Gr.<br />
França 1 1 2<br />
Mellon) Canadá/EUA 1 1 1 1 4<br />
14 Cargill EUA 1 1<br />
15 Citibank EUA 1 1 1 1 1 1 6<br />
16 Comercial <strong>do</strong> Uruguay Uruguai 1 1<br />
17 Credit Lyonnais França 1 1 2<br />
18 Credit Suisse First Boston Suíça 1 1 1 1 4<br />
19 Daimler Chrysler<br />
20 Deutsche Bank – Banco<br />
Alemanha 1 1 2<br />
Alemão<br />
21 Dresdner Bank<br />
Alemanha 1 1 2 4<br />
Lateinamerika Alemanha 1 1 1 1 4<br />
22 Fiat (5) Itália 2 1 3<br />
23 Ford EUA 1 1 2<br />
24 GE Capital EUA 1 1<br />
25 General Motors EUA 1 1 2<br />
26 Goldman Sachs Brasil EUA 1 1<br />
27 Honda Japão 1 1 2<br />
28 HSBC Bank Brasil (6) Inglaterra 2 1 2 1 2 8<br />
29 Ibibank Holanda 1 1<br />
30 John Deere EUA 1 1 2<br />
31 J P Morgan (7) EUA 2 1 2 1 6<br />
32 Lloyds TSB Inglaterra 1 1 1 3<br />
33 Merrill Lynch<br />
34 Morgan Stanley<br />
EUA 1 1 2<br />
Dean Witter EUA 1 1 2<br />
35 PSA Finance Brasil França 1 1 2<br />
36 Santan<strong>de</strong>r (8) Espanha 5 4 2 4 15<br />
37 Societe Generale Brasil França 1 1 1 3<br />
38 Sudameris Brasil (9) Itália 2 1 1 1 1 6<br />
39 Sumitomo Mitsui Brasil Japão 1 1<br />
40 Tokyo-Mitsubishi Brasil Japão 1 1 2<br />
41 Toyota <strong>do</strong> Brasil Japão 1 1 2<br />
42 UBS Warburg Suíça 1 1 2<br />
43 Volkswagen Alemanha 1 1 2<br />
44 Volvo (Brasil) Suécia 1 1 2<br />
45 Wachovia EUA 1 1<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
97<br />
Instituição Origem BM Filial BC BI SCFI CTVM DTVM SAM CH TOT<br />
46 Beal<br />
47 Financial Português<br />
Bélgica 1 1 2<br />
(Grupo Caixa Geral) Portugal 1 1<br />
48 ING Bank N.V Holanda 1 1 1 3<br />
49 Nación Argentina Argentina 1 1<br />
50 Província <strong>de</strong> Buenos Aires Argentina 1 1<br />
51 República Oriental Uruguay Uruguai 1 1<br />
52 KEB <strong>do</strong> Brasil Korea 1 1<br />
53 Union C.A Venezuela 1 1<br />
54 Rabobank <strong>do</strong> Brasil Holanda 1 1<br />
55 BES<br />
56 BMW <strong>do</strong> Brasil<br />
Portugal 1 1 2<br />
Leasing S.A. – AM Alemanha 1 1 2<br />
57 Caterpilar Financial EUA 1 1 2<br />
58 CIT Brasil AM – S.A. EUA 1 1<br />
59 CM Capital Markets Espanha 1 1 2<br />
60 CLSA-BCN CTVM S.A.<br />
61 Distrib. Hispanobrasileira<br />
França 1 1<br />
<strong>de</strong> TVM (Grupo Mapfre) Espanha 1 1<br />
62 El Camino Resources AM<br />
63 Eurolease AM<br />
EUA 1 1<br />
(Gr. Brascan/Gr.Eurocredit) Canadá 1 1<br />
64 Hewlett Packard AM EUA 1 1<br />
65 IBM Brasil Leasing AM<br />
66 In<strong>do</strong>ssuez W.I Carr<br />
EUA 1 1<br />
Securities (Brasil) DTVM Holanda 1 1<br />
67 Investshop Corretora (10) Cayman 1 1<br />
68 Japan Leasing <strong>do</strong> Brasil AM<br />
69 Norchem (Gr. Chase<br />
Japão 1 1<br />
Manhattan/Gr. Santan<strong>de</strong>r)<br />
70 Renault <strong>do</strong> Brasil<br />
(Grupo Renault/<br />
EUA/ Espanha. 1 1<br />
Gr. Sudameris)<br />
71 Schro<strong>de</strong>r Investment<br />
França 1 1 2<br />
Management DTVM S.A Bermudas 1 1<br />
72 Souza Cruz DTVM Inglaterra 1 1<br />
73 Standard DTVM Luxemburgo 1 1<br />
Total Geral 57 11 4 4 7 29 27 34 3 176<br />
Fonte: Banco Central/DEORF/COPEC.<br />
Notas:<br />
(a) As instituições <strong>de</strong> 1 a 55 pertencem a grupos bancários. As instituições <strong>de</strong> 56 a 73 não são ligadas a bancos ou têm<br />
controle compartilha<strong>do</strong> entre um ou mais banco;<br />
(b) Controle estrangeiro é entendi<strong>do</strong> como participação estrangeira superior a 50% <strong>do</strong> capital votante;<br />
(1) Inclui o Banco <strong>de</strong> Pernambuco S.A. – Ban<strong>de</strong>pe e o Banco da Paraíba S.A. – Paraiban;<br />
(2) Inclui o Banco Inter American Express S. A., no qual o Grupo American Express participa <strong>do</strong> controle por meio <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> acionistas;<br />
(3) Inclui o Bank América Brasil S.A. Banco Múltiplo (ex-Multi Banco);<br />
(4) Inclui o Banco UNO-E Brasil S.A.;<br />
(5) Inclui o Banco CNH Capital S.A.;<br />
(6) Inclui o HSBC Investiment Bank Brasil (ex-CCF Brasil) e controladas;<br />
(7) Inclui todas as instituições <strong>do</strong>s Grupos JP Morgan e Chase Manhattan <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> fusão ocorrida no exterior;<br />
(8) Inclui o Banco Santan<strong>de</strong>r (ex-Bosano, Simonsen), o Banco Santan<strong>de</strong>r Meridional e controladas e o Banespa e suas<br />
controladas. Inclui também o Grupo Patagon, subsidário <strong>do</strong> Grupo Santan<strong>de</strong>r (1 banco e 1 corretora);<br />
(9) Inclui o Banco América <strong>do</strong> Sul S.A. e controladas. O controla<strong>do</strong>r final é Banca Comerciale <strong>de</strong> Italia;<br />
(10) A instituição é controlada pelo Grupo Gol<strong>de</strong>ner Inc., com se<strong>de</strong> em Grand Cayman, cujo controla<strong>do</strong>r final é brasileiro.<br />
Observação:<br />
(a) BC – Banco Comercial; BM – Banco Múltiplo; BI – Banco <strong>de</strong> Investimento; SCTVM – Socieda<strong>de</strong> Corretora <strong>de</strong> Títulos e<br />
Valores Mobiliários; SDTVM – Socieda<strong>de</strong> Distribui<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Títulos e Valores Mobiliários; SAM – Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arredamento<br />
Mercantil – Leasing; SCFI – Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Crédito, Financiamento e Investimento; SCI – Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Crédito Imobiliário;<br />
CH – Companhia Hipotecárias.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
98<br />
Quadro 2 – Legislação sobre Investimentos Brasileiros no Exterior<br />
Participação no capital social <strong>de</strong> instituições financeiras e instalação <strong>de</strong> novas agências<br />
Resolução no. 2.302, <strong>de</strong> 25.7.1996, <strong>do</strong> CMN, estabelece normas e procedimentos <strong>para</strong> a<br />
instalação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendências e <strong>para</strong> a participação societária, direta ou indireta, no exterior,<br />
<strong>de</strong> instituições financeiras e <strong>de</strong>mais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco<br />
Central <strong>do</strong> Brasil. Além <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a limites <strong>de</strong> capital e patrimônio líqui<strong>do</strong>, a instituição<br />
<strong>de</strong>ve apresentar duas <strong>de</strong>clarações: da autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> supervisão estrangeira, garantin<strong>do</strong> o<br />
acesso <strong>do</strong> Banco Central <strong>do</strong> Brasil, <strong>para</strong> fins <strong>de</strong> supervisão global consolidada, a informações,<br />
da<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>cumentos referentes às operações e aos registros contábeis da <strong>de</strong>pendência<br />
ou da instituição financeira no exterior; e <strong>do</strong>s próprios representantes legais da<br />
instituição, asseguran<strong>do</strong> o fornecimento, sempre que solicita<strong>do</strong> pelo BC, <strong>de</strong> informações<br />
referentes às operações e aos registros contábeis <strong>de</strong> instituições não financeiras <strong>de</strong> que<br />
eventualmente participe no exterior.<br />
Operações cursadas no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> taxas flutuantes<br />
a) investimentos no âmbito <strong>do</strong> Mercosul<br />
Resolução no. 1.968, <strong>de</strong> 30.9.1992, <strong>do</strong> CMN, faculta a realização <strong>de</strong> investimentos <strong>de</strong> <strong>capitais</strong><br />
entre os países signatários <strong>do</strong> Mercosul, através <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Valores, <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong>rias<br />
e <strong>de</strong> Futuros. São permiti<strong>do</strong>s investimentos <strong>de</strong> pessoas físicas e jurídicas brasileiras nos<br />
países signatários <strong>do</strong> Mercosul em ações e outros valores mobiliários nos merca<strong>do</strong>s à<br />
vista das Bolsas <strong>de</strong> Valores, e em posições nos segmentos <strong>de</strong> opções e <strong>de</strong> futuros<br />
referencia<strong>do</strong>s em valores mobiliários, taxas <strong>de</strong> juros e <strong>de</strong> câmbio, manti<strong>do</strong>s por Bolsas <strong>de</strong><br />
Valores, <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong>rias e <strong>de</strong> Futuros, com o objetivo exclusivo <strong>de</strong> praticar operações <strong>de</strong><br />
hedge pra as respectivas carteiras <strong>de</strong> títulos e valores mobiliários.<br />
b) investi<strong>do</strong>res institucionais: socieda<strong>de</strong>s segura<strong>do</strong>ras, <strong>de</strong> capitalização e entida<strong>de</strong>s abertas<br />
<strong>de</strong> previdência privada<br />
Resolução no. 2.286, <strong>de</strong> 5.6.1996, <strong>do</strong> CMN, altera e consolida as normas que regulamentam<br />
as aplicações <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong>ssas instituições. Os recursos garanti<strong>do</strong>res das reservas<br />
técnicas não comprometidas <strong>de</strong>ssas instituições po<strong>de</strong>m ser aplica<strong>do</strong>s em, no máximo,<br />
50%, isolada ou cumulativamente, em ativos <strong>de</strong> renda variável. Dentre esses, em ações <strong>de</strong><br />
emissão <strong>de</strong> companhias abertas, bônus <strong>de</strong> subscrição <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> companhias<br />
abertas e certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> ações emitidas por companhias com se<strong>de</strong> nos<br />
países membros <strong>do</strong> Mercosul. As aplicações em certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> ações emitidas<br />
por companhias com se<strong>de</strong> nos países integrantes <strong>do</strong> Mercosul não po<strong>de</strong>m exce<strong>de</strong>r a<br />
10% <strong>do</strong> montante <strong>do</strong> total <strong>do</strong>s recursos garanti<strong>do</strong>res.<br />
c) investi<strong>do</strong>r institucional: entida<strong>de</strong>s fechadas <strong>de</strong> previdência complementar<br />
Resolução nº 2.829, <strong>de</strong> 29/03/2001, <strong>do</strong> CMN, <strong>de</strong>termina que as Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong><br />
Previdência Complementar têm a prerrogativa <strong>de</strong> aplicar parte <strong>de</strong> seus recursos no exterior,<br />
via quotas <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento no exterior (FIEX). Tais investimentos enquadram-se<br />
no segmento <strong>de</strong> Renda Fixa com baixo risco <strong>de</strong> crédito (Artigo 10, VI) estan<strong>do</strong><br />
sujeitos a um limite <strong>de</strong> até 10% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> seus recursos (Artigo 16, III). Uma segunda<br />
alternativa <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> recursos no exterior se constitui na compra <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> companhias<br />
sediadas em países signatários <strong>do</strong> Mercosul, investimentos enquadra<strong>do</strong>s no segmento<br />
<strong>de</strong> Renda Variável – outros ativos (Artigo 22, II) estan<strong>do</strong> sujeitos a um limite <strong>de</strong> até<br />
3% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> recursos das Entida<strong>de</strong>s Fechadas <strong>de</strong> Previdência Complementar (Artigo<br />
25, IV).<br />
d) fun<strong>do</strong>s mútuos <strong>de</strong> investimento em ações – carteira livre<br />
Instrução no. 215, <strong>de</strong> 8.6.1994, da CVM, dispõe sobre constituição, funcionamento e administração<br />
<strong>de</strong> Fun<strong>do</strong>s Mútuos <strong>de</strong> Investimentos em Ações, Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento –<br />
Carteira Livre, Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimentos em Quotas <strong>de</strong> Fun<strong>do</strong>s Mútuos <strong>de</strong> Investimentos<br />
em Ações. O FMIA-CL po<strong>de</strong> manter, no mínimo, 51% <strong>de</strong> suas aplicações em ações emiti-<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
99<br />
das por companhias com se<strong>de</strong> em países signatários <strong>do</strong> Mercosul ou certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos<br />
<strong>de</strong>ssas ações, emitidas <strong>para</strong> negociação pública no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> valores mobiliário<br />
brasileiro.<br />
e) investimentos no exterior <strong>de</strong> pessoas jurídicas privadas não financeiras<br />
Circular no. 2.472, <strong>de</strong> 31.8.1994, <strong>do</strong> Banco Central, eleva o limite relativo a investimento<br />
brasileiro no exterior por parte <strong>de</strong> pessoas jurídicas não financeiras; e permite a aquisição<br />
<strong>de</strong> imóveis, no exterior, por pessoas jurídicas sediadas no Brasil. Os investimentos no<br />
exterior <strong>de</strong> pessoas jurídicas privadas não financeiras são permiti<strong>do</strong>s até o limite <strong>de</strong> US$<br />
5 milhões, por grupo econômico e por perío<strong>do</strong> não inferior a <strong>do</strong>ze meses. Os bancos<br />
cre<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s a operem no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> taxas flutuantes po<strong>de</strong>m dar curso a<br />
transferências financeiras <strong>para</strong> o exterior, por pessoas físicas e jurídicas, relativas à aquisição<br />
<strong>de</strong> imóveis resi<strong>de</strong>nciais ou comerciais.<br />
f) investimento no exterior <strong>de</strong> pessoas físicas, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> programa <strong>de</strong> gratificação<br />
Circular no. 2.794, <strong>de</strong> 17.12.1997, <strong>do</strong> Banco Central, dispõe sobre investimento <strong>de</strong> brasileiro<br />
– pessoa física – no exterior. Os bancos cre<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m dar curso a transferências<br />
<strong>para</strong> o exterior, por parte <strong>de</strong> pessoas físicas, funcionários <strong>de</strong> empresas brasileiras<br />
pertencentes a grupos econômicos estrangeiros, com vistas à aquisição <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> emissão<br />
<strong>de</strong> empresa lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong> grupo no exterior, até o limite <strong>de</strong> US$ 20 mil, ou seu equivalente<br />
em outras moedas, por funcionário <strong>de</strong> cada empresa e por perío<strong>do</strong> não inferior a 12<br />
meses.<br />
g) investimento <strong>de</strong> recursos no exterior sem finalida<strong>de</strong> específica<br />
Circular no. 2.677, <strong>de</strong> 10.4.1996, <strong>do</strong> Banco Central, estabelece procedimentos e condições<br />
<strong>para</strong> abertura, movimentação e cadastramento, no Sisbacen, <strong>de</strong> contas em moeda<br />
nacional tituladas por pessoas físicas ou jurídicas <strong>do</strong>miciliadas ou com se<strong>de</strong> no exterior, e<br />
dispõe sobre as transferências internacionais em reais. (a) Mediante o Artigo 12 fica permiti<strong>do</strong><br />
aos resi<strong>de</strong>ntes no país efetuar transferências internacionais em moeda nacional<br />
<strong>para</strong> o exterior, a título <strong>de</strong> “Capitais Brasileiros a Curto Prazo – Disponibilida<strong>de</strong> no Exterior”,<br />
mediante as contas <strong>de</strong> não resi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> sistema bancário <strong>do</strong>méstico. O remetente<br />
<strong>de</strong>ve ser o titular das disponibilida<strong>de</strong>s transferidas ao exterior. As transferências internacionais<br />
em moeda nacional, <strong>de</strong> valor igual ou superior a R$ 10 mil, sujeitam-se à comprovação<br />
<strong>do</strong>cumental, a ser prestada pelo banco no qual é movimentada a conta <strong>de</strong> <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s<br />
no exterior (dada a preocupação <strong>do</strong> Banco Central com a lavagem <strong>de</strong> dinheiro).<br />
Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento no Exterior (Fiex)<br />
Resolução no. 2.111, <strong>de</strong> 22.9.1994, <strong>do</strong> CMN, autoriza a constituição e o funcionamento <strong>de</strong><br />
Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Investimento no Exterior. Circular no. 2.714, <strong>de</strong> 28.8.1996, <strong>do</strong> Banco Central,<br />
altera e consolida as normas que regulamentam a constituição e o funcionamento <strong>de</strong><br />
fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento no exterior. Tais fun<strong>do</strong>s são constituí<strong>do</strong>s no país sob a forma <strong>de</strong><br />
con<strong>do</strong>mínio aberto, e <strong>de</strong>les participam, exclusivamente, pessoas físicas e jurídicas, fun<strong>do</strong>s<br />
e outras entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento coletivo, resi<strong>de</strong>ntes, <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s ou com se<strong>de</strong><br />
no Brasil. Trata-se <strong>de</strong> uma comunhão <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à realização <strong>de</strong> investimentos<br />
em títulos representativos <strong>de</strong> dívida negociáveis no merca<strong>do</strong> internacional, sen<strong>do</strong><br />
60%, no mínimo, <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> da União, além <strong>de</strong> outras modalida<strong>de</strong>s.<br />
Brazilian Depositary Receipts (BDR)<br />
Resolução no. 2.318, <strong>de</strong> 26.9.1996, <strong>do</strong> CMN, dispõe sobre Certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Depósitos <strong>de</strong><br />
Valores Mobiliários (BDRs), com lastro em valores mobiliários <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> companhias<br />
abertas, ou assemelhadas, com se<strong>de</strong> no exterior. Circular no. 2.723, <strong>de</strong> 26.9.1996, <strong>do</strong> Banco<br />
Central, estabelece condições <strong>para</strong> registro <strong>de</strong> investimentos brasileiros no exterior<br />
em BDRs, com lastro em valores mobiliários <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> companhias abertas, ou assemelhadas,<br />
com se<strong>de</strong> no exterior. Instrução no. 255, <strong>de</strong> 31.10.1996, da CVM, dispõe sobre<br />
a emissão e negociação <strong>de</strong> BDRs, com lastro em valores mobiliários <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> companhias<br />
abertas, ou assemelhadas, com se<strong>de</strong> no exterior. Os BDRs são classifica<strong>do</strong>s con-<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
100<br />
forme sua negociação, que po<strong>de</strong> ser exclusivamente em merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão não-organiza<strong>do</strong><br />
(Nível I); em merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão organiza<strong>do</strong> ou em Bolsa <strong>de</strong> Valores (Nível II); e <strong>de</strong><br />
distribuição pública no merca<strong>do</strong>, admitida a negociação em merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão organiza<strong>do</strong><br />
ou em Bolsa <strong>de</strong> Valores (Nível III).<br />
Depositary Receipts (DR)<br />
Resolução no. 2.356, <strong>de</strong> 27.2.1997, <strong>do</strong> CMN, autoriza a aplicação, por parte <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res<br />
nacionais, em DR, emiti<strong>do</strong>s no exterior, com lastro em valores mobiliários <strong>de</strong> empresas<br />
com se<strong>de</strong> no país. Circular no. 2.741, <strong>de</strong> 27.2.1997, <strong>do</strong> Banco Central, estabelece condições<br />
<strong>para</strong> registro <strong>de</strong> investimentos brasileiros no exterior em DR, com lastro em valores<br />
mobiliários <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> empresas com se<strong>de</strong> no país. Pessoas físicas e jurídicas,<br />
fun<strong>do</strong>s mútuos <strong>de</strong> investimento e outras entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento coletivo resi<strong>de</strong>ntes,<br />
<strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s ou com se<strong>de</strong> no Brasil foram autoriza<strong>do</strong>s a realizar investimentos em DR,<br />
negociáveis no merca<strong>do</strong> internacional, com lastro em valores mobiliários <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong><br />
empresas brasileiras.<br />
Hedge no exterior<br />
Resolução no. 2.012, <strong>de</strong> 30.7.1993, <strong>do</strong> CMN, consolida e amplia as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> proteção<br />
(hedge) contra o risco <strong>de</strong> variações, no merca<strong>do</strong> internacional, <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> juros,<br />
parida<strong>de</strong>s entre moedas e preços <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias. Circular no. 2.348, <strong>de</strong> 30.7.1993, <strong>do</strong><br />
Banco Central, dispõe sobre as operações <strong>de</strong> proteção (hedge) contra riscos <strong>de</strong> variações<br />
<strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> juros, parida<strong>de</strong> entre moedas e preços <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias, no merca<strong>do</strong> internacional.<br />
As entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong> po<strong>de</strong>m realizar, no exterior, com instituições financeiras<br />
ou em Bolsas, operações ‘’<strong>de</strong>stinadas a proteção (hedge) contra o risco <strong>de</strong> variações<br />
<strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> juros, parida<strong>de</strong> entre moedas e preços <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias.<br />
Declaração <strong>de</strong> <strong>capitais</strong> brasileiros no exterior<br />
Circular no. 3.071, <strong>de</strong> 7.12.2001, <strong>do</strong> Banco Central, estabelece forma, limites e condições<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> bens e valores <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>s no exterior por pessoas físicas e jurídicas resi<strong>de</strong>ntes,<br />
<strong>do</strong>miciliadas ou com se<strong>de</strong> no país. Deve-se informar, anualmente, ao Banco Central<br />
os valores <strong>de</strong> qualquer natureza, os ativos em moeda e os bens e direitos <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>s fora <strong>do</strong><br />
território nacional, por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração disponibilizada na página <strong>do</strong> Banco Central<br />
na internet – Capitais Brasileiros no Exterior.<br />
Fonte: Andima (1999) e Banco Central (Consolidação das Normas Cambiais).<br />
Nota:<br />
(a) Essa Circular revogou a Circular no. 5, <strong>de</strong> 27/02/1969, <strong>do</strong> Banco Central, que regulamentava as contas CC-5 (continha as<br />
regras <strong>para</strong> um investi<strong>do</strong>r estrangeiro manter no país contas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito em moeda nacional ) e estabeleceu novas<br />
normas <strong>para</strong> a abertura e utilização <strong>de</strong>ssas contas. Mediante a nova Circular, tornou-se obrigatório registrar no Banco<br />
Central todas as contas, inclusive as antigas.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
101<br />
Tabela 43– Investimentos Brasileiros no Exterior<br />
(principais países receptores)<br />
País Investimento Direto (a) Depósitos no Exterior<br />
Ilhas Cayman 14.785 806<br />
Ilhas Virgens 8.148 16<br />
Bahamas 5.954 412<br />
Uruguai 3.121 38<br />
Espanha 1.657 36<br />
Argentina 1.625 11<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s 1.401 6.818<br />
Ilha da Ma<strong>de</strong>ira 1.048 -<br />
Bermudas 990 -<br />
Portugal 697 26<br />
Panamá 692 4<br />
Luxemburgo 584 67<br />
Canadá 405 13<br />
Reino Uni<strong>do</strong> 225 237<br />
Outros (b) 2.309 958<br />
Total 43.641 9.442<br />
Fonte: Banco Central (Declaração <strong>de</strong> Capitais Brasileiros no Exterior – http://www.bancocentral.gov.br).<br />
Notas:<br />
(a) Participação no capital;<br />
(b) Inclui 92 países.<br />
US$ milhões<br />
Tabela 44 – Relação <strong>do</strong>s Bancos Brasileiros com Dependências e/ou<br />
Participações no Exterior<br />
Bancos Agências Escritórios Participações Total<br />
1 ABC Brasil 1 1 2<br />
2 ABN Amro Real 1 1 4 6<br />
3 América <strong>do</strong> Sul 1 1 2 4<br />
4 Ban<strong>de</strong>irantes 2 4 1 7<br />
5 Banerj 3 3<br />
6 Bankboston Banco Múltiplo 1 1<br />
7 Barclays Galicia 2 2<br />
8 BBA – Creditanstalt 2 2 3 7<br />
9 BBM 1 3 4<br />
10 BCN 1 3 4<br />
11 Bemge 3 3<br />
12 Bilbao Vizcaya Argentaria Brasil 1 3 4<br />
13 BMC 1 2 3<br />
14 BMG 1 1<br />
15 Boavista Inter-Atlântico 2 3 6 11<br />
16 Bra<strong>de</strong>sco 2 1 8 11<br />
17 Brasil 39 4 13 56<br />
18 Cacique 1 1<br />
19 Cida<strong>de</strong> 2 2<br />
20 Credibanco 1 2 3<br />
21 Credit Lyonnais Brasil 1 1<br />
22 Daycoval 1 1<br />
23 Deutsche Bank – Banco Alemão 1 1<br />
24 Dibens 1 1<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
25 Dresdner Bank 2 2<br />
26 Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás 1 1<br />
27 Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo 9 1 10<br />
28 Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas 1 1<br />
29 Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espíto Santo 1 1<br />
30 Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará 1 1<br />
31 Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná 2 2<br />
32 Esta<strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul 2 2<br />
33 Fibra 1 1 2<br />
34 Francês e Brasileiro 1 1 2<br />
35 HSBC Bank Brasil 1 2 3<br />
36 HSBC Investiment Bank Brasil 1 1 1 3<br />
37 Industrial e Comercial 1 1 2<br />
38 Inter-American Express 2 2<br />
39 Investimentos Credit Suisse F B GAR 1 1<br />
40 Itaú 2 4 25 31<br />
41 Lloyds TSB 1 1<br />
42 Mercantil <strong>de</strong> São Paulo 3 1 4<br />
43 Nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil 1 1<br />
44 Pactual 5 5<br />
102<br />
Bancos Agências Escritórios Participações Total<br />
45 Rural 7 7<br />
46 Safra 3 1 4<br />
47 Santan<strong>de</strong>r 1 1 2 4<br />
48 Santan<strong>de</strong>r Brasil 1 1 2<br />
49 Santos 1 1<br />
50 Sofisa 1 1<br />
51 Sudameris <strong>do</strong> Brasil 2 2<br />
52 Sul América 1 1<br />
53 Tendência 1 1<br />
54 Unibanco 2 3 19 24<br />
55 Votorantim 1 1 2<br />
Total 89 25 151 265<br />
Fonte: Banco Central/DINOR-DEORF-COPEC (http://www.bancocentral.gov.br).<br />
Observação:<br />
Da<strong>do</strong>s não incluem <strong>de</strong>pendência e/ou participações vinculadas a bancos submeti<strong>do</strong>s a regime <strong>de</strong> liquidação.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Anexo I – Lista <strong>de</strong> Oferta <strong>do</strong> Brasil<br />
em Serviços Financeiros GATS/OMC<br />
(1999)<br />
103<br />
Lista 17 – Compromissos em Serviços <strong>de</strong> Seguros<br />
Mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação: 1) Prestação Trans-fronteiriça 2) Consumo no Exterior<br />
3) Presença Comercial 4) Presença <strong>de</strong> Pessoas Físicas<br />
SETOR OU<br />
SUB-SETOR<br />
7. Serviços Financeiros<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
ACESSO A MERCADOS<br />
A. To<strong>do</strong>s os Seguros e Serviços Relaciona<strong>do</strong>s com Seguros<br />
Seguros <strong>de</strong> vida<br />
Seguros <strong>de</strong> Transporte<br />
Seguro <strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong><br />
Seguro <strong>de</strong> Assistência Médica<br />
Seguro <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong><br />
Seguro <strong>de</strong> casco, máquinas e<br />
responsabilida<strong>de</strong> civil <strong>de</strong><br />
embarcações<br />
Seguro <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong> exceto <strong>para</strong>:<br />
- Seguro <strong>de</strong> transporte:<br />
nenhuma. No entanto,<br />
presença comercial é requerida<br />
<strong>para</strong> contratos <strong>de</strong> importação<br />
<strong>de</strong> bens, assim como <strong>para</strong><br />
qualquer obrigação <strong>de</strong>rivada<br />
da importação;<br />
- Seguro <strong>de</strong> casco, máquinas e<br />
obrigações civis po<strong>de</strong>m ser<br />
autorizadas <strong>para</strong> as<br />
embarcações registradas no<br />
Registro Especial Brasileiro<br />
(REB), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> das<br />
condições oferecidas<br />
internamente.<br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Incorporação segun<strong>do</strong> a lei<br />
brasileira, na forma <strong>de</strong><br />
socieda<strong>de</strong> anônima, e <strong>de</strong>creto<br />
presi<strong>de</strong>ncial são requeri<strong>do</strong>s.<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
TRATAMENTO<br />
NACIONAL<br />
1) Nenhuma <strong>para</strong>:<br />
- Seguro <strong>de</strong> transporte, exceto<br />
<strong>para</strong> contratos <strong>de</strong> importação<br />
<strong>de</strong> bens, assim como <strong>para</strong><br />
qualquer obrigação <strong>de</strong>rivada da<br />
importação;<br />
- Seguro <strong>de</strong> casco, máquinas e<br />
obrigações civis po<strong>de</strong>m ser<br />
autorizadas <strong>para</strong> as<br />
embarcações registradas no<br />
Registro Especial Brasileiro<br />
(REB).<br />
Não Consolida<strong>do</strong> <strong>para</strong> outros<br />
serviços.<br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Nenhuma<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Instituto Nacional <strong>de</strong> Seguro<br />
Social (INSS) é o único prove<strong>do</strong>r<br />
autoriza<strong>do</strong><br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Não Consolida<strong>do</strong><br />
4) Não Consolida<strong>do</strong><br />
COMPROMISSOS<br />
ADICIONAIS<br />
O Brasil a<strong>do</strong>tará compromissos<br />
relaciona<strong>do</strong>s com a presença<br />
comercial no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> seguros<br />
<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho em até<br />
<strong>do</strong>is anos da a<strong>do</strong>ção pelo<br />
Congresso Nacional <strong>de</strong> legislação<br />
regulan<strong>do</strong> tal participação<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
104<br />
Lista 18 – Compromissos em Serviços <strong>de</strong> Resseguros e Retrocessão<br />
Mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação: 1) Prestação Trans-fronteiriça 2) Consumo no Exterior<br />
3) Presença Comercial 4) Presença <strong>de</strong> Pessoas Físicas<br />
SETOR OU<br />
SUB-SETOR<br />
Resseguros e Retrocessão<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
ACESSO A MERCADOS<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Regulação futura permitirá o<br />
provimento por instituições<br />
privadas. Enquanto isso, é <strong>de</strong><br />
competência exclusiva <strong>do</strong><br />
Instituto <strong>de</strong> Resseguro <strong>do</strong><br />
Brasil (IRB – Brasil Resseguros<br />
S.A.) aceitar resseguros<br />
obrigatórios ou facultativos, no<br />
Brasil ou no exterior, assim<br />
como distribuir resseguros que<br />
não retém.<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
TRATAMENTO<br />
NACIONAL<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Não Consolida<strong>do</strong><br />
4) Não Consolida<strong>do</strong><br />
COMPROMISSOS<br />
ADICIONAIS<br />
O Brasil a<strong>do</strong>tará compromissos<br />
relaciona<strong>do</strong>s com a presença<br />
comercial no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
resseguros e retrocessão em até<br />
<strong>do</strong>is anos da a<strong>do</strong>ção pelo<br />
Congresso Nacional <strong>de</strong> legislação<br />
regulan<strong>do</strong> tal participação<br />
Lista 19 – Compromissos em Serviços Auxiliares <strong>de</strong> Seguros<br />
Mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação: 1) Prestação Trans-fronteiriça 2) Consumo no Exterior<br />
3) Presença Comercial 4) Presença <strong>de</strong> Pessoas Físicas<br />
SETOR OU<br />
SUB-SETOR<br />
Serviços auxiliares – agências e<br />
corretores.<br />
Serviços auxiliares – consultoria,<br />
atuariais e <strong>de</strong> inspeção<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
ACESSO A MERCADOS<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Para pessoas jurídicas,<br />
incorporação segun<strong>do</strong> a lei<br />
brasileira é requerida<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
1) Nenhuma<br />
2) Nenhuma<br />
3) Nenhuma<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
TRATAMENTO<br />
NACIONAL<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Nenhuma<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
1) Nenhuma<br />
2) Nenhuma<br />
3) Nenhuma<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
COMPROMISSOS<br />
ADICIONAIS<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
B. Ativida<strong>de</strong>s bancárias e outros serviços financeiros<br />
Para os propósitos <strong>de</strong>stes compromissos, instituições financeiras são <strong>de</strong>finidas como bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos <strong>de</strong> investimentos,<br />
socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito, financiamento e investimento, socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito imobiliário, socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrendamento mercantil, socieda<strong>de</strong>s<br />
corretoras e socieda<strong>de</strong>s distribui<strong>do</strong>ras. Cada qual po<strong>de</strong> exercer somente aquelas ativida<strong>de</strong>s permitidas pelo Conselho Monetário Nacional, Banco<br />
Central <strong>do</strong> Brasil e/ou pela Comissão <strong>de</strong> Valores Mobiliários. Instrumentos financeiros, tais como títulos e valores mobiliários, futuros e opções,<br />
quan<strong>do</strong> registra<strong>do</strong>s <strong>para</strong> negociação em bolsa, não po<strong>de</strong>m ser negocia<strong>do</strong>s em merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão. To<strong>do</strong>s os administra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> prove<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
serviços financeiros <strong>de</strong>vem ser resi<strong>de</strong>ntes permanentes no Brasil. Escritórios <strong>de</strong> representação não po<strong>de</strong>m exercer ativida<strong>de</strong>s comerciais.<br />
105<br />
Lista 20 – Compromissos em Serviços Bancários, Instituições Financeiras<br />
Mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação: 1) Prestação Trans-fronteiriça 2) Consumo no Exterior<br />
3) Presença Comercial 4) Presença <strong>de</strong> Pessoas Físicas<br />
SETOR OU<br />
SUB-SETOR<br />
Serviços provi<strong>do</strong>s por instituições<br />
financeiras<br />
Recebimento <strong>do</strong>s seguintes fun<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> público:<br />
i) <strong>de</strong>pósitos à vista<br />
ii) <strong>de</strong>pósitos a prazo;<br />
iii) <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> poupança<br />
<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a financiamento<br />
habitacional<br />
-Empréstimos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tipos,<br />
incluin<strong>do</strong>:<br />
i) crédito ao consumi<strong>do</strong>r<br />
ii) crédito hipotecário;<br />
iii) financiamento <strong>de</strong> transações<br />
comerciais<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
ACESSO A MERCADOS<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) O estabelecimento <strong>de</strong> novas<br />
agências e subsidiárias <strong>de</strong><br />
instituições financeiras<br />
estrangeiras, assim como o<br />
aumento da participação <strong>de</strong><br />
pessoas estrangeiras no capital<br />
<strong>de</strong> instituições financeiras<br />
incorporadas segun<strong>do</strong> a lei<br />
brasileiras, são somente<br />
permiti<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> sujeitos à<br />
autorização caso-a-caso pelo<br />
Po<strong>de</strong>r Executivo, por meio <strong>de</strong><br />
Decreto Presi<strong>de</strong>ncial.<br />
Condições específicas po<strong>de</strong>m<br />
ser requeridas aos investi<strong>do</strong>res<br />
interessa<strong>do</strong>s. Pessoas<br />
estrangeiras po<strong>de</strong>m participar<br />
<strong>do</strong> programa <strong>de</strong> privatização<br />
<strong>de</strong> instituições financeiras <strong>do</strong><br />
setor público e em cada caso a<br />
presença comercial será<br />
concedida, também por meio<br />
<strong>de</strong> Decreto Presi<strong>de</strong>ncial. Em<br />
outras situações, a presença<br />
comercial não é permitida.<br />
Para os bancos estabeleci<strong>do</strong>s<br />
no Brasil antes <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong><br />
outubro <strong>de</strong> 1988, o número<br />
agrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> agências é<br />
limita<strong>do</strong> ao existente naquela<br />
data. Para aqueles bancos<br />
autoriza<strong>do</strong>s a operar no Brasil<br />
<strong>de</strong>pois daquela data, o número<br />
<strong>de</strong> agências está sujeito às<br />
condições <strong>de</strong>terminadas, em<br />
cada caso, à época em que a<br />
autorização é concedida.<br />
Instituições financeiras, a<br />
menos que <strong>de</strong> outra forma<br />
especificada, serão constituídas<br />
na forma <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong><br />
anônima quan<strong>do</strong> incorporadas<br />
segun<strong>do</strong> a lei brasileira.<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
TRATAMENTO<br />
NACIONAL<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Nenhuma<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
COMPROMISSOS<br />
ADICIONAIS<br />
Para os serviços <strong>de</strong> cartão <strong>de</strong><br />
crédito e “factoring”, tratamento<br />
nacional será concedi<strong>do</strong> <strong>para</strong><br />
presença comercial, se estes<br />
serviços forem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como<br />
serviços financeiros em legislação<br />
futura a<strong>do</strong>tada pelo Congresso<br />
Nacional.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Lista 21 – Compromissos em Serviços Bancários, Instituições Financeiras II<br />
Mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação: 1) Prestação Trans-fronteiriça 2) Consumo no Exterior<br />
3) Presença Comercial 4) Presença <strong>de</strong> Pessoas Físicas<br />
SETOR OU<br />
SUB-SETOR<br />
Arrendamento Mercantil Financeiro<br />
Serviços <strong>de</strong> pagamento e <strong>de</strong><br />
transferência <strong>de</strong> dinheiro, exclusive<br />
cartões <strong>de</strong> crédito e <strong>de</strong> débito<br />
Garantias e compromissos<br />
Negociações, por conta <strong>de</strong> terceiros,<br />
em bolsa ou merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão, <strong>de</strong>:<br />
i) instrumentos <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
monetário;<br />
106<br />
ii) câmbio;<br />
iii) futuros, opções e “Swaps”<br />
referencia<strong>do</strong>s em ouro e em<br />
índices <strong>de</strong> preços;<br />
iv) instrumentos referencia<strong>do</strong>s em<br />
taxas <strong>de</strong> câmbio e <strong>de</strong> juros,<br />
incluin<strong>do</strong> “swaps”;<br />
v) títulos e valores mobiliários<br />
transferíveis;<br />
vi) outros instrumentos<br />
negociáveis e ativos financeiros,<br />
incluin<strong>do</strong> ouro.<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
ACESSO A MERCADOS<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) O estabelecimento <strong>de</strong> novas<br />
agências e subsidiárias <strong>de</strong><br />
instituições financeiras<br />
estrangeiras, assim como o<br />
aumento da participação <strong>de</strong><br />
pessoas estrangeiras no capital<br />
<strong>de</strong> instituições financeiras<br />
incorporadas segun<strong>do</strong> a lei<br />
brasileiras, são somente<br />
permiti<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> sujeitos à<br />
autorização caso-a-caso pelo<br />
Po<strong>de</strong>r Executivo, por meio <strong>de</strong><br />
Decreto Presi<strong>de</strong>ncial.<br />
Condições específicas po<strong>de</strong>m<br />
ser requeridas aos investi<strong>do</strong>res<br />
interessa<strong>do</strong>s. Pessoas<br />
estrangeiras po<strong>de</strong>m participar<br />
<strong>do</strong> programa <strong>de</strong> privatização<br />
<strong>de</strong> instituições financeiras <strong>do</strong><br />
setor público e em cada caso a<br />
presença comercial será<br />
concedida, também por meio<br />
<strong>de</strong> Decreto Presi<strong>de</strong>ncial. Em<br />
outras situações, a presença<br />
comercial não é permitida.<br />
Para os bancos estabeleci<strong>do</strong>s<br />
no Brasil antes <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong><br />
outubro <strong>de</strong> 1988, o número<br />
agrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> agências é<br />
limita<strong>do</strong> ao existente naquela<br />
data. Para aqueles bancos<br />
autoriza<strong>do</strong>s a operar no Brasil<br />
<strong>de</strong>pois daquela data, o número<br />
<strong>de</strong> agências está sujeito às<br />
condições <strong>de</strong>terminadas, em<br />
cada caso, à época em que a<br />
autorização é concedida.<br />
Instituições financeiras, a<br />
menos que <strong>de</strong> outra forma<br />
especificada, serão constituídas<br />
na forma <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong><br />
anônima quan<strong>do</strong> incorporadas<br />
segun<strong>do</strong> a lei brasileira.<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
TRATAMENTO<br />
NACIONAL<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Nenhuma<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
COMPROMISSOS<br />
ADICIONAIS<br />
Para os serviços <strong>de</strong> cartão <strong>de</strong><br />
crédito e “factoring”, tratamento<br />
nacional será concedi<strong>do</strong> <strong>para</strong><br />
presença comercial, se estes<br />
serviços forem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como<br />
serviços financeiros em legislação<br />
futura a<strong>do</strong>tada pelo Congresso<br />
Nacional.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
107<br />
Lista 22 – Compromissos em Serviços Bancários, Instituições Financeiras III<br />
Mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação: 1) Prestação Trans-fronteiriça 2) Consumo no Exterior<br />
3) Presença Comercial 4) Presença <strong>de</strong> Pessoas Físicas<br />
SETOR OU<br />
SUB-SETOR<br />
Participação em ofertas públicas <strong>de</strong><br />
títulos e valores mobiliários,<br />
incluin<strong>do</strong> “un<strong>de</strong>rwriting” e<br />
colocação, como agente, e provisão<br />
<strong>de</strong> serviços relaciona<strong>do</strong>s a estas<br />
ofertas.<br />
Intermediação <strong>de</strong> recursos<br />
monetários<br />
Administração <strong>de</strong> ativos,<br />
administração <strong>de</strong> investimentos<br />
coletivos e serviços <strong>de</strong> custódia e<br />
<strong>de</strong>pósito<br />
Serviços <strong>de</strong> liquidação e<br />
compensação <strong>de</strong> títulos e valores<br />
mobiliários e <strong>de</strong>rivativos<br />
Serviços <strong>de</strong> consultoria, pesquisa e<br />
assessoria relativos a investimentos<br />
e carteiras e análise <strong>de</strong> crédito<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
ACESSO A MERCADOS<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) O estabelecimento <strong>de</strong> novas<br />
agências e subsidiárias <strong>de</strong><br />
instituições financeiras<br />
estrangeiras, assim como o<br />
aumento da participação <strong>de</strong><br />
pessoas estrangeiras no capital<br />
<strong>de</strong> instituições financeiras<br />
incorporadas segun<strong>do</strong> a lei<br />
brasileiras, são somente<br />
permiti<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> sujeitos à<br />
autorização caso-a-caso pelo<br />
Po<strong>de</strong>r Executivo, por meio <strong>de</strong><br />
Decreto Presi<strong>de</strong>ncial.<br />
Condições específicas po<strong>de</strong>m<br />
ser requeridas aos investi<strong>do</strong>res<br />
interessa<strong>do</strong>s. Pessoas<br />
estrangeiras po<strong>de</strong>m participar<br />
<strong>do</strong> programa <strong>de</strong> privatização<br />
<strong>de</strong> instituições financeiras <strong>do</strong><br />
setor público e em cada caso a<br />
presença comercial será<br />
concedida, também por meio<br />
<strong>de</strong> Decreto Presi<strong>de</strong>ncial. Em<br />
outras situações, a presença<br />
comercial não é permitida.<br />
Para os bancos estabeleci<strong>do</strong>s<br />
no Brasil antes <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong><br />
outubro <strong>de</strong> 1988, o número<br />
agrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> agências é<br />
limita<strong>do</strong> ao existente naquela<br />
data. Para aqueles bancos<br />
autoriza<strong>do</strong>s a operar no Brasil<br />
<strong>de</strong>pois daquela data, o número<br />
<strong>de</strong> agências está sujeito às<br />
condições <strong>de</strong>terminadas, em<br />
cada caso, à época em que a<br />
autorização é concedida.<br />
Instituições financeiras, a<br />
menos que <strong>de</strong> outra forma<br />
especificada, serão constituídas<br />
na forma <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong><br />
anônima quan<strong>do</strong> incorporadas<br />
segun<strong>do</strong> a lei brasileira.<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
TRATAMENTO<br />
NACIONAL<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Nenhuma<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
COMPROMISSOS<br />
ADICIONAIS<br />
Para os serviços <strong>de</strong> cartão <strong>de</strong><br />
crédito e “factoring”, tratamento<br />
nacional será concedi<strong>do</strong> <strong>para</strong><br />
presença comercial, se estes<br />
serviços forem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como<br />
serviços financeiros em legislação<br />
futura a<strong>do</strong>tada pelo Congresso<br />
Nacional.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Serviços provi<strong>do</strong>s por instituições<br />
não-financeiras<br />
i) Negociações, por conta própria ou<br />
por conta <strong>de</strong> terceiros, em bolsa<br />
ou merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> balcão<br />
regulamenta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> valores<br />
mobiliários e <strong>de</strong>rivativos<br />
ii) Serviços <strong>de</strong> compensação e<br />
liquidação <strong>de</strong> valores mobiliários<br />
e <strong>de</strong>rivativos<br />
iii) Oferta pública <strong>de</strong> valores<br />
mobiliários em merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
balcão regulamenta<strong>do</strong><br />
(Os valores mobiliários e <strong>de</strong>rivativos<br />
<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s nos três sub-setores<br />
lista<strong>do</strong>s acima são os seguintes:<br />
ações, <strong>de</strong>bêntures e partes<br />
beneficiárias, os cupões <strong>de</strong>stes<br />
títulos e os bônus <strong>de</strong> subscrição;<br />
certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> valores<br />
mobiliários;<br />
índices representativos <strong>de</strong> carteira <strong>de</strong><br />
ações;<br />
opções <strong>de</strong> valores mobiliários<br />
contratos a termo e a futuro;<br />
nota promissória emitida por<br />
socieda<strong>de</strong> por ações <strong>de</strong>stinada à<br />
oferta pública, exceto <strong>de</strong><br />
instituições financeiras, <strong>de</strong><br />
socieda<strong>de</strong>s corretoras e<br />
distribui<strong>do</strong>ras e <strong>de</strong> companhias<br />
<strong>de</strong> “leasing”;<br />
direitos <strong>de</strong> subscrição <strong>de</strong> valores<br />
mobiliários;<br />
recibos <strong>de</strong> subscrição <strong>de</strong> valores<br />
mobiliários<br />
certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> ações;<br />
quotas <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento<br />
imobiliário;<br />
opções não padronizadas<br />
(“warrants”);<br />
108<br />
Lista 23 – Compromissos em Serviços Bancários, Instituições<br />
Não-Financeiras<br />
Mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prestação: 1) Prestação Trans-fronteiriça 2) Consumo no Exterior<br />
3) Presença Comercial 4) Presença <strong>de</strong> Pessoas Físicas<br />
SETOR OU<br />
SUB-SETOR<br />
certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento em<br />
obras audiovisuais);<br />
iv) Serviços <strong>de</strong> consultoria, pesquisa<br />
e assessoria relativos a<br />
investimentos e carteiras e<br />
análise <strong>de</strong> crédito.<br />
v) Administração <strong>de</strong> carteira <strong>de</strong><br />
fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investimento sujeitos à<br />
regulamentação da Comissão <strong>de</strong><br />
Valores Mobiliários.<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
ACESSO A MERCADOS<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Nenhuma exceto que:<br />
pessoas jurídicas <strong>de</strong>vem ser<br />
incorporadas segun<strong>do</strong> a lei<br />
brasileira;<br />
somente pessoas jurídicas<br />
po<strong>de</strong>m prover os serviços<br />
lista<strong>do</strong>s nos item ii e iii;<br />
serviços <strong>de</strong> liquidação e<br />
compensação <strong>de</strong>vem ser<br />
provi<strong>do</strong>s por socieda<strong>de</strong>s<br />
anônimas<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
LIMITAÇÕES AO<br />
TRATAMENTO<br />
NACIONAL<br />
1) Não Consolida<strong>do</strong><br />
2) Não Consolida<strong>do</strong><br />
3) Nenhuma<br />
4) Não consolida<strong>do</strong>, exceto pelo<br />
inscrito como compromissos<br />
horizontais na presente lista<br />
COMPROMISSOS<br />
ADICIONAIS<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Anexo II – Listas <strong>de</strong> Demandas na Nova<br />
Rodada <strong>de</strong> Negociações no GATS/OMC<br />
(01/07/2002)<br />
Listas <strong>de</strong> Demandas na Nova Rodada <strong>de</strong> Negociações no GATS/OMC (01/<br />
07/2002) 71<br />
Na Organização Mundial <strong>do</strong> Comércio, uma nova rodada <strong>de</strong> negociações <strong>para</strong> liberalizar o<br />
comércio internacional <strong>de</strong> serviços está relativamente avançada, uma vez que estava prevista<br />
pelo GATS (1997). Em 1 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2002, terminou o prazo <strong>para</strong> os países apresentarem seus<br />
pedi<strong>do</strong>s iniciais (Lista <strong>de</strong> Demanda) <strong>para</strong> melhorar o acesso aos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> serviços. Por um<br />
la<strong>do</strong>, os EUA, a União Européia e vários outros países apresentaram pedi<strong>do</strong>s ao Brasil que<br />
facilitem a entrada <strong>de</strong> bancos, empresas <strong>de</strong> telecomunicações, serviços ambientais, <strong>de</strong> computação<br />
e outros presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços estrangeiros. Por outro la<strong>do</strong>, o Brasil solicitou a cerca<br />
<strong>de</strong> 24 países a <strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong> barreiras <strong>para</strong> suas exportações <strong>de</strong> serviços em várias áreas, tais<br />
como distribuição, audiovisual, informática, turismo, construção civil e serviços profissionais<br />
(jurídicos, <strong>de</strong> arquitetura e engenharia).<br />
No caso <strong>do</strong> Brasil, os EUA <strong>de</strong>mandaram que os bancos americanos possam instalar filiais<br />
diretamente no merca<strong>do</strong> brasileiro, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se submeterem às exigências <strong>do</strong>mésticas,<br />
como por exemplo, o estabelecimento prévio <strong>de</strong> subsidiárias ou requisitos <strong>de</strong> capital<br />
mínimo integraliza<strong>do</strong> no país. Os EUA <strong>de</strong>mandaram também maiores facilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> a entrada<br />
<strong>de</strong> executivos e técnicos especializa<strong>do</strong>s <strong>para</strong> trabalhar nas empresas filiais americanas, bem<br />
como na entrega expressa a fim <strong>de</strong> assegurar que suas empresas <strong>de</strong> courier não sofram restrições<br />
futuras. Querem igualmente a abertura <strong>para</strong> os prove<strong>do</strong>res americanos <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />
informática, tais como o armazenamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s na internet e hospedagem <strong>de</strong> websites.<br />
Rejeitam, entretanto, <strong>de</strong>mandas idênticas, por “questões <strong>de</strong> segurança nacional”. Também<br />
não estão dispostos a facilitar a entrada temporária <strong>de</strong> executivos e técnicos estrangeiros no<br />
merca<strong>do</strong> americano. Essa constitui uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> muitos países em <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong>, inclusive<br />
o Brasil.<br />
A Suíça <strong>de</strong>man<strong>do</strong>u a liberalização trans-fronteira no setor <strong>de</strong> seguros. As segura<strong>do</strong>ras suíças<br />
pleiteiam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> captar seguros <strong>de</strong> vida via internet sem instalações físicas no<br />
Brasil. A Noruega <strong>de</strong>man<strong>do</strong>u acesso em seguros <strong>para</strong> frete marítimo. A China e o Japão sinalizaram<br />
interesse nos setores bancário, <strong>de</strong> telecomunicações e outros. A União Européia tenciona<br />
obter o direito <strong>de</strong> enviar técnicos <strong>para</strong> trabalhar no Brasil mesmo sem uma empresa subsidiária<br />
local, caso essa empresa consiga firmar contratos <strong>para</strong> serem executa<strong>do</strong>s no país.<br />
Com base nessas listas <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, as negociações entram em uma nova fase, com rodadas<br />
bilaterais. Em 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2003, termina o prazo <strong>para</strong> a <strong>de</strong>finição das ofertas iniciais <strong>de</strong><br />
abertura <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s.<br />
71 Essas informações se apóiam em Moreira (2002).<br />
109<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Anexo III – Proposta Brasileira sobre<br />
Modalida<strong>de</strong>s e Procedimentos<br />
Negocia<strong>do</strong>res na Alca<br />
Proposta Brasileira sobre Modalida<strong>de</strong>s e Procedimentos Negocia<strong>do</strong>res<br />
na Alca<br />
Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços da Alca – XII Reunião<br />
Mandato 72<br />
Nos termos <strong>do</strong> mandato estabeleci<strong>do</strong> na Reunião Ministerial <strong>de</strong> Buenos Aires, o Grupo<br />
Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços (GNSV) <strong>de</strong>verá apresentar ao Comitê <strong>de</strong> Negociações Comerciais,<br />
CNC (integra<strong>do</strong> por vice-ministros <strong>de</strong> comércio), até 1 o . <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2002, recomendações<br />
sobre modalida<strong>de</strong>s e procedimentos negocia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> acesso a merca<strong>do</strong>s em serviços. Segun<strong>do</strong><br />
o programa <strong>de</strong> trabalho aprova<strong>do</strong> no GNSV XI, seriam cinco reuniões (três das quais<br />
ad referendum <strong>do</strong> CNC) <strong>para</strong> completar a tarefa.<br />
Com respeito às “modalida<strong>de</strong>s e procedimentos negocia<strong>do</strong>res em serviços”, as propostas<br />
preliminares brasileiras são as seguintes:<br />
1. Base Negocia<strong>do</strong>ra: a negociação <strong>de</strong>verá tomar como ponto <strong>de</strong> partida as ofertas consolidadas<br />
no GATS/OMC.<br />
2. Programa <strong>de</strong> Liberalização: o Capítulo <strong>de</strong> Serviços da Alca <strong>de</strong>verá estar <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />
os princípios <strong>do</strong> GATS, contemplan<strong>do</strong> uma liberalização progressiva, através <strong>de</strong> listas positivas,<br />
com cobertura setorial substancial (compatível com o Artigo V <strong>do</strong> GATS). Nessa linha, não<br />
estaria prevista a abertura total <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s hemisféricos <strong>de</strong> serviços – haven<strong>do</strong> flexibilida<strong>de</strong><br />
<strong>para</strong> que os países possam acomodar sensibilida<strong>de</strong>s setoriais específicas. A negociação inicial<br />
entre 2002 e 2005 seria seguida <strong>de</strong> pelo menos uma rodada adicional, com intervalo mínimo<br />
<strong>de</strong> cinco anos.<br />
3. Estrutura: listas positivas, conforme meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada no GATS.<br />
4. Modalida<strong>de</strong> negocia<strong>do</strong>ra: pedi<strong>do</strong>s e ofertas setoriais (request and offer).<br />
5. Relação <strong>do</strong> Capítulo <strong>de</strong> Serviços com Outros Acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Integração Regional: a coexistência<br />
da Alca com acor<strong>do</strong>s bilaterais ou regionais mais profun<strong>do</strong>s é um princípio negocia<strong>do</strong>r<br />
geral acorda<strong>do</strong> na Alca. O Capítulo <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong>verá incluir regra capaz <strong>de</strong> impedir que<br />
preferências concedidas ao amparo <strong>de</strong> outros acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> integração compatíveis com o Artigo<br />
V <strong>do</strong> GATS sejam automaticamente estendidas aos sócios da Alca.<br />
6. Prerrogativa Regulatória: as negociações <strong>de</strong>verão respeitar o equilíbrio entre os objetivos<br />
da liberalização comercial e a prerrogativa regulatória atual e futura <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> consecução<br />
<strong>de</strong> seus objetivos <strong>de</strong> política nacional, incluin<strong>do</strong> acesso a merca<strong>do</strong> e tratamento nacional<br />
e sempre que não se afetem compromissos assumi<strong>do</strong>s.<br />
72 O Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços (GNSV) da Alca tem como mandato negociar o marco jurídico que regulará a futura liberalização <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong><br />
serviços no continente. Em princípio, o Capítulo <strong>de</strong> Serviços da Alca <strong>de</strong>verá englobar os onze setores <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na classificação setorial<br />
<strong>de</strong> serviços da OMC. Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>s interesses brasileiros e <strong>do</strong> Mercosul, é fundamental assegurar que o balanço final das negociações em<br />
serviços seja equilibra<strong>do</strong>, <strong>de</strong> maneira a que os compromissos <strong>de</strong> abertura assumi<strong>do</strong>s pelo país encontrem contrapartida nas concessões feitas pelos<br />
<strong>de</strong>mais países.<br />
110<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
7. Tratamento das Diferenças nos Níveis <strong>de</strong> Desenvolvimento: o Mercosul <strong>de</strong>verá amadurecer<br />
sua posição com relação às regras <strong>de</strong> tratamento especial pleiteadas pelas “economias<br />
menores”. Como elemento adicional, <strong>de</strong>verá explorar os conceitos <strong>de</strong> “assimetrias econômicas”<br />
(diferença nos níveis <strong>de</strong> <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> entre as economias <strong>do</strong> hemisfério), <strong>do</strong> estágio<br />
<strong>de</strong> <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> e peso econômico relativo <strong>do</strong>s setores <strong>de</strong> serviços nos distintos países <strong>do</strong><br />
hemisfério, e da “reciprocida<strong>de</strong> relativa”.<br />
8. Classificação Comum: <strong>de</strong>verá existir uma classificação comum nas ofertas <strong>do</strong>s países e<br />
este classifica<strong>do</strong>r <strong>de</strong>veria ser o W/120 da OMC, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se o <strong>de</strong>smembramento da CPC Rev. 1<br />
<strong>para</strong> casos que necessitem maior especificida<strong>de</strong>.<br />
111<br />
Quadro 3 – Cronograma Oficial das Reuniões <strong>do</strong> Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />
Serviços na Alca<br />
Entre junho e outubro <strong>de</strong> 2002<br />
Mês Segunda Terça Quarta Quinta Sexta<br />
Junho (a) 17 18 19 20 21<br />
Agosto (a) 5 6 7 8 9<br />
Setembro (a) 9 10 11 12<br />
Outubro 29/Quito (b) 30/Quito (b) 31/Quito (b)<br />
Novembro 1/Ministerial (c)<br />
Fonte: Ministério das Relações Exteriores.<br />
Notas:<br />
(a) Reuniões realizadas no Paraná, Brasil, com a participação <strong>do</strong>s 34 países que negociam a Alca;<br />
(b) Reuniões <strong>do</strong> Comitê <strong>de</strong> Negociações Comerciais (integra<strong>do</strong> por vice-ministros <strong>de</strong> comércio) em Quito, Equa<strong>do</strong>r;<br />
(c) Reunião Ministerial, Quito, Equa<strong>do</strong>r, quan<strong>do</strong> será aprova<strong>do</strong> novo cronograma <strong>de</strong> reuniões <strong>para</strong> o final <strong>de</strong> 2002 e 2003.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
Anexo IV – Resumo Público da Posição <strong>do</strong>s<br />
EUA no Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços na<br />
Alca<br />
112<br />
Resumo Público da Posição <strong>do</strong>s EUA no Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços<br />
na Alca (FTAA Negotiating Group on Services – Public Summary of U.S.<br />
Position)<br />
Escopo: Os EUA <strong>de</strong>finem o raio <strong>de</strong> ação <strong>do</strong> Capítulo sobre Serviços <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca<br />
(Free Tra<strong>de</strong> Area of the Americas – FTAA Agreement) como o fornecimento <strong>de</strong> serviços transfronteiriços,<br />
mas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que o investimento <strong>para</strong> a oferta <strong>de</strong> serviços é mais a<strong>de</strong>quadamente<br />
trata<strong>do</strong> no Capítulo <strong>de</strong> Investimentos <strong>de</strong>sse mesmo Acor<strong>do</strong>. Os EUA acham que a esfera <strong>de</strong><br />
ação e a cobertura <strong>do</strong> Capítulo sobre Serviços no Acor<strong>do</strong> da Alca <strong>de</strong>vem ser abrangentes,<br />
<strong>de</strong>ven<strong>do</strong> incluir, teoricamente, to<strong>do</strong>s os setores e fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços. A <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s<br />
EUA <strong>de</strong> serviços trans-fronteiriços abrange 3 tipos <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> serviços: <strong>do</strong> território<br />
<strong>de</strong> uma Parte <strong>para</strong> outra Parte; no território <strong>de</strong> uma Parte por uma pessoa <strong>de</strong>ssa Parte a uma<br />
pessoa <strong>de</strong> outra Parte; e por cidadão 73 estrangeiro <strong>de</strong> uma Parte no território <strong>de</strong> uma outra<br />
Parte. Os EUA propuseram uma lista com exemplos <strong>de</strong> medidas que seriam inclusas no Capítulo<br />
sobre Serviços trans-fronteiriços.<br />
Os EUA acham que os países da Alca <strong>de</strong>veriam negociar a liberalização com base em uma<br />
estratégia “<strong>de</strong> cima <strong>para</strong> baixo” (“lista negativa”), em que to<strong>do</strong>s os setores são liberaliza<strong>do</strong>s,<br />
exceto no caso <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> país da Alca negociar uma reserva <strong>para</strong> uma medida ou<br />
setor específico. Em nossa opinião, trata-se <strong>de</strong> uma estratégia ambiciosa, mas que oferece a<br />
flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s os países da Alca necessitam, inclusive os EUA, <strong>para</strong> tratar das reações<br />
internas.<br />
Nessa estrutura geral, os EUA acham que o capítulo <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>veria abranger medidas<br />
tomadas por governos e autorida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais, regionais ou municipais, assim como por órgãos<br />
não governamentais no exercício <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s por tais governos ou autorida<strong>de</strong>s,<br />
reconhecen<strong>do</strong> que vai continuar o <strong>de</strong>bate sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer cláusulas específicas<br />
<strong>para</strong> medidas sub-nacionais. Os EUA vão continuar a trocar informações e opiniões com<br />
seus governos estaduais e municipais sobre essa última questão.<br />
Os EUA excluem <strong>do</strong> Capítulo sobre Serviços <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca os serviços ofereci<strong>do</strong>s “no<br />
exercício <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> governamental” – que <strong>de</strong>finimos como qualquer serviço que não é<br />
forneci<strong>do</strong> comercialmente, nem em concorrência com um ou mais fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços.<br />
Além disso, os EUA <strong>de</strong>ixaram claro que nas áreas ligadas a serviços sociais – inclusive <strong>de</strong> educação<br />
e saú<strong>de</strong> – os EUA não estão procuran<strong>do</strong>, nem concordaríamos em utilizar as negociações<br />
<strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca, promover a privatização <strong>de</strong> tais serviços públicos. Do escopo <strong>do</strong> Capítulo<br />
sobre Serviços <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca os EUA excluem a política <strong>de</strong> imigração e o acesso a merca<strong>do</strong>s<br />
com emprego. Os EUA também excluem <strong>do</strong> Capítulo sobre Serviços <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca o<br />
73 National = pessoa, especialmente alguém no exterior, que pertence a outro país geralmente menciona<strong>do</strong>, por ex. “American nationals in England”.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
agenciamento <strong>de</strong> serviços por parte <strong>do</strong>s governos, acreditan<strong>do</strong> que esse tema é mais bem<br />
trata<strong>do</strong> no Capítulo <strong>de</strong> Compras no Setor Público nesse mesmo Acor<strong>do</strong>. Os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />
mostraram que apóiam a exclusão <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> transporte aéreo, mas que po<strong>de</strong>riam incluir<br />
alguns serviços liga<strong>do</strong>s a transporte aéreo sob o Capítulo <strong>de</strong> Serviços <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca.<br />
Os EUA mostraram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar, on<strong>de</strong> necessário, disciplinas suplementares<br />
<strong>para</strong> setores específicos e que precisam ser elaboradas cláusulas especializadas <strong>para</strong> a área<br />
<strong>de</strong> serviços financeiros. A opinião <strong>do</strong>s EUA é que tais disciplinas e cláusulas seriam mais eficazmente<br />
buscadas <strong>de</strong> uma forma conjunta tanto <strong>para</strong> o Capítulo <strong>de</strong> Serviços como <strong>para</strong> o Capítulo<br />
sobre Investimentos no Acor<strong>do</strong> da Alca.<br />
Tratamento <strong>de</strong> nação mais favorecida e tratamento nacional: A posição <strong>do</strong>s EUA sobre o<br />
tratamento <strong>de</strong> nação mais favorecida (NMF) especifica que esse tipo <strong>de</strong> tratamento significa<br />
tratamento que não é menos favorável <strong>do</strong> que o tratamento que uma Parte no Acor<strong>do</strong> da Alca<br />
dá, em circunstâncias similares, a fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> outro país, seja ou não esse país<br />
Parte <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca. A cláusula visa tratar tanto da discriminação <strong>de</strong> jure como <strong>de</strong> facto.<br />
Embora achemos que tanto a terminologia “circunstâncias similares” como a formulação <strong>do</strong><br />
Acor<strong>do</strong> Geral sobre Comércio <strong>de</strong> Serviços GATS/Organização Mundial <strong>do</strong> Comércio (OMC)<br />
sobre “serviços similares/fornece<strong>do</strong>res similares” visem tratar <strong>do</strong> mesmo problema e, na nossa<br />
opinião, não <strong>de</strong>veriam levar a um resulta<strong>do</strong> diferente no tratamento, acreditamos que a expressão<br />
“em circunstâncias similares” aborda <strong>de</strong> forma mais precisa as questões e permitiria<br />
tratamento distinto <strong>para</strong> os fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> das circunstâncias específicas<br />
relevantes.<br />
Achamos que o tratamento <strong>de</strong> NMF <strong>de</strong>ve-se aplicar, em princípio (teoricamente), a to<strong>do</strong>s<br />
os setores e fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços. Porém, admitimos que os países pertencentes ao Acor<strong>do</strong><br />
da Alca po<strong>de</strong>m precisar <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> um número limita<strong>do</strong> <strong>de</strong> setores ou medidas.<br />
Defen<strong>de</strong>mos que tal flexibilida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>veria se esten<strong>de</strong>r <strong>para</strong> preferências amplas, tal como<br />
po<strong>de</strong>ria ser consenti<strong>do</strong> em acor<strong>do</strong> bilateral ou regional <strong>de</strong> livre comércio.<br />
Os EUA <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m esses mesmos princípios com relação ao tratamento nacional. Os EUA<br />
acham que o tratamento nacional é parte integrante <strong>do</strong> <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>de</strong> um acor<strong>do</strong><br />
hemisférico <strong>de</strong> livre comércio e <strong>de</strong>veria se aplicar, em princípio, a to<strong>do</strong>s os fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
serviços. Em nossa opinião, o tratamento nacional significaria tratamento que é não menos<br />
favorável que o tratamento que um país <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca dá, em circunstâncias similares, a<br />
seus próprios fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços. As obrigações <strong>do</strong> tratamento nacional também <strong>de</strong>veriam<br />
ser interpretadas como tratan<strong>do</strong> tanto da discriminação <strong>de</strong> jure como <strong>de</strong> facto. Reconhecemos<br />
que os países <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca po<strong>de</strong>m precisar <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> uma quantida<strong>de</strong><br />
limitada <strong>de</strong> setores ou medidas.<br />
Acesso ao merca<strong>do</strong>: A opinião <strong>do</strong>s EUA é que o tratamento <strong>de</strong> NMF e o tratamento nacional<br />
são importantes, mas insuficientes por si só <strong>para</strong> garantir acesso satisfatório ao merca<strong>do</strong><br />
<strong>para</strong> os fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços. Portanto, procuramos mais cláusulas sobre “acesso ao merca<strong>do</strong>”<br />
<strong>para</strong> complementar o tratamento <strong>de</strong> nação mais favorecida e tratamento nacional, e<br />
garantir que se alcance um pacote completo <strong>de</strong> liberalização. O texto sobre o acesso ao merca<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s EUA <strong>de</strong>screve várias fontes, inclusive os acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> comércio <strong>do</strong> Hemisfério Oci<strong>de</strong>ntal<br />
e o Acor<strong>do</strong> Geral sobre Comércio em Serviços/Organização Mundial <strong>do</strong> Comércio. Incluímos<br />
materiais <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> comércio <strong>do</strong> Hemisfério Oci<strong>de</strong>ntal em que tal texto parecia mais<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> nessas circunstâncias <strong>para</strong> elaborar um Capítulo volta<strong>do</strong> exclusivamente <strong>para</strong> serviços<br />
trans-fronteiriços.<br />
A posição <strong>de</strong> acesso ao merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s EUA estabelece a obrigação <strong>para</strong> a Parte <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da<br />
Alca <strong>de</strong>:<br />
113<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
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114<br />
1. retirar restrições quantitativas não discriminatórias;<br />
2. garantir o acesso e o uso <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> telecomunicações oferecidas <strong>para</strong> o público;<br />
3. não impor exigências <strong>de</strong> presença local (por exemplo, um escritório <strong>de</strong> representação ou<br />
qualquer forma <strong>de</strong> empresa) em seu território como condição <strong>para</strong> o fornecimento <strong>de</strong><br />
serviço entre fronteiras. O compromisso <strong>de</strong> “não presença local” indica que po<strong>de</strong>m ser<br />
necessárias cláusulas específicas <strong>para</strong> os serviços financeiros. Reconhecemos que os países<br />
po<strong>de</strong>m precisar <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> uma quantida<strong>de</strong> limitada <strong>de</strong> setores ou medidas em<br />
termos <strong>de</strong> aplicação das obrigações relativas às restrições quantitativas não discriminatórias<br />
e às exigências <strong>de</strong> presença local. Continuamos a elaborar a posição <strong>do</strong>s EUA sobre a disciplina<br />
<strong>de</strong> “acesso e uso” em relação a negociações específicas na área <strong>de</strong> telecomunicações.<br />
Também admitimos que o Grupo Negocia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços da Alca po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir em data<br />
posterior que o acesso a outras re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> serviço po<strong>de</strong>m precisar receber <strong>de</strong>staque semelhante<br />
no Capítulo <strong>de</strong> Serviços <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca.<br />
Transparência: Os EUA acreditam que a transparência é o princípio básico subjacente à<br />
liberalização <strong>do</strong> comércio, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser inclusa como disciplina no Capítulo <strong>de</strong> Serviços <strong>do</strong><br />
Acor<strong>do</strong> da Alca. Os EUA mostraram que seria necessário mais tempo <strong>para</strong> análise <strong>de</strong>sse assunto,<br />
inclusive se seria suficiente tratar a transparência em cláusulas gerais <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca.<br />
Como conceito geral, os EUA acham que os países da Alca <strong>de</strong>veriam promover a mais ampla<br />
aplicação possível <strong>do</strong>s compromissos <strong>de</strong> transparência na regulamentação interna <strong>do</strong>s serviços,<br />
entre os quais se <strong>de</strong>veria incluir disciplinas sobre a notificação antecipada <strong>de</strong> regulamentações<br />
propostas e a solicitação <strong>de</strong> comentários das partes interessadas. Com relação à aplicação<br />
das regulamentações, em que é necessária licença ou qualificação <strong>para</strong> fornecer o serviço,<br />
os países da Alca <strong>de</strong>veriam abordar as obrigações <strong>para</strong> especificar e tornar públicas as medidas<br />
referentes aos critérios <strong>para</strong> obtenção <strong>de</strong> tal licença ou qualificação e os termos e condições<br />
em que é ofereci<strong>do</strong> ou revoga<strong>do</strong>. Os EUA crêem que, on<strong>de</strong> plausível, seria a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> que os<br />
governos da Alca tornassem públicos procedimentos administrativos <strong>de</strong> licença.<br />
Os EUA também consi<strong>de</strong>ram o estabelecimento e o funcionamento ativo <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong><br />
contato nacional no interior <strong>do</strong>s países da Alca partes extremamente importantes <strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres<br />
<strong>de</strong> transparência.<br />
Negação <strong>de</strong> benefícios: Os EUA propõem negar os benefícios <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> da Alca a: 1)<br />
“empresas shell 74 ”; ou 2) empresas que são <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> direta ou indireta <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong> países não pertencentes ao Acor<strong>do</strong> da Alca com os quais os EUA não mantêm relações<br />
diplomáticas ou contra os quais está aplican<strong>do</strong> sanções econômicas. Apresentamos uma <strong>de</strong>finição<br />
<strong>de</strong> “empresa” com relação a essa cláusula.<br />
Outras questões: Os EUA acham que a questão da regulamentação interna é importante e<br />
vão continuar monitoran<strong>do</strong> a a<strong>de</strong>quação das cláusulas <strong>de</strong> regulamentação interna. Isso irá<br />
envolver consulta <strong>de</strong>talhada a todas as partes interessadas <strong>do</strong>s EUA.<br />
Os EUA acham que várias outras questões também são importantes e exigirão mais estu<strong>do</strong>s<br />
<strong>para</strong> <strong>de</strong>finir que cláusulas po<strong>de</strong>riam ser a<strong>de</strong>quadas, ten<strong>do</strong> em mente que algumas questões<br />
po<strong>de</strong>riam ser tratadas em cláusulas gerais no Acor<strong>do</strong> da Alca. Tais questões transversais<br />
po<strong>de</strong>riam incluir exceções gerais, exceção sobre segurança nacional, transparência, tributação<br />
e algumas <strong>de</strong>finições.<br />
74 Empresa que foi incorporada, mas não registra ativos nem operações significativas. Essas socieda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m se formar <strong>para</strong> obter financiamento<br />
antes <strong>do</strong> início das operações, o que as torna <strong>de</strong> alto risco. O termo refere-se a socieda<strong>de</strong>s criadas por opera<strong>do</strong>res fraudulentos como veículos <strong>para</strong><br />
ocultar esquemas <strong>de</strong> evasão fiscal.<br />
BOVESPA - A Bolsa <strong>do</strong> Brasil<br />
CBLC - Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia
ATENÇÃO<br />
Este texto não é uma recomendação <strong>de</strong> investimento.<br />
Para mais esclarecimentos, sugerimos a leitura <strong>de</strong> outros folhetos edita<strong>do</strong>s pela BOVESPA/CBLC.<br />
Procure sua Corretora. Ela po<strong>de</strong> ajudá-lo a avaliar os riscos e benefícios potenciais das negociações com<br />
valores mobiliários.<br />
Publicação da Bolsa <strong>de</strong> Valores <strong>de</strong> São Paulo e da Companhia Brasileira <strong>de</strong> Liquidação e Custódia.<br />
É expressamente proibida a reprodução <strong>de</strong> parte ou da totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu conteú<strong>do</strong>, mediante qualquer<br />
forma ou meio, sem prévia e formal autorização, nos termos da Lei 9.610/98.<br />
Impresso em novembro/2004.