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6 23 de Fevereiro a 1 de Março de 2007 CONVERSAS DE M - - - - Otítulo, caros leitores, é mesmo esse que acabaram de imaginar. Apenas o receio de ferir algumas sensibilidades me impediu de colocar cada letra no seu devido lugar. Acreditem: há muito pensava escrever uma crónica sobre este tema, mas, por uma razão ou outra, lá vinha ao de cima um acesso de pruridos que me travava a mão. Desta vez, acabei por ganhar coragem e tenho a certeza de que muitos de vós já passaram por situações idênticas. Só não tiveram coragem de as expor publicamente, porque receiam o labéu de parolos, provincianos ou mais uns quantos adjectivos que nos remetem para o rol dos que não estão habituados a conviver com a civilização. Comecemos pela Finlândia e finais da década de oitenta. A localização no tempo é importante, porque quando saí do país, acabara de fazer uma casa por administração directa. Significa isto que, desde o saco de cimento até ao prego - cujas medidas na época dominava na perfeição - passando pela escolha e compra dos restantes materiais, tudo me passava pelas mãos. Cumpri repetidas romarias às casas da especialidade e conheci bem a relação existente entre os produtos e os preços do que na época era considerado mais na moda. Não fora o tecto estabelecido pelo empréstimo e que, de modo algum, podia ultrapassar, garanto-vos que estudei vários orçamentos para depois optar pelo que se encaixava na minha estreita capacidade de endividamento. Este intróito serviu apenas para vos explicar que, nessa altura, eu não era propriamente uma leiga naquilo que dizia respeito ao vocabulário e práticas ligadas à construção civil. No entanto, no primeiro confronto com uma nova realidade, de nada me serviu. Na minha primeira noite em Helsínquia, por dificuldades de contacto com o chefe do departamento de Línguas Românicas, vi-me obrigada a aceitar a hospitalidade de uma colega do Departamento de Inglês. Por mero acaso, nessa noite ela havia já agendado uma saída com amigos. Deixou-me em sua casa, sem que antes me tivesse mostrado o quarto onde eu iria ficar, a cozinha com o frigorífico à minha disposição e, por último, a casa de banho. Chegada a hora de fazer a minha higiene pessoal, senti enormes dificuldades em accionar qualquer das torneiras. Habituada que estava apenas às que rodam para a direita ou para a esquerda, concluí que tinha de resolver aquele quebra-cabeças sozinha. Depois de muitas voltas e tentativas, lá percebi que tinham um sistema de alavanca que, depois de levantada, se rodava para um lado ou PROGRAMAS DE BOLSAS DO INSTITUTO CAMÕES ano lectivo 2007/2008 Informa-se que as candidaturas aos Programas de Bolsas do Instituto Camões para o ano lectivo de 2007/2008, irão decorrer entre os dias 5 e 31 de Março de 2007, nos termos definidos no respectivo regulamento, o qual poderá ser consultado em : www.instituto-camoes.pt/bolsas/htm. Estes programas destinam-se a apoiar e promover o aperfeiçoamento da competência na área da Língua e da Cultura Portuguesas e da formação científica e/ou profissional na área do ensino do Português, Língua Estrangeira. Para os programas a seguir enunciados, será fixada uma dotação global de mensalidades, que serão distribuídas em adequação com as prioridades da política de cooperação externa portuguesa: • Programa para a frequência do Curso Anual de Língua e Cultura Portuguesa; • Programa de Investigação na área da Língua e Cultura Portuguesa e • Programa Pessoa. para o outro, até se conseguir a temperatura desejada. Findos os meus rituais, que terminam sempre com a aplicação do creme na cara, um movimento mais desastrado esguichou-me completamente o pijama imaculadamente branco e de seda. Forçada a trocá-lo por um enxuto, escondi o molhado no fundo da mala e, até hoje, a vergonha do que acontecera nunca me deixou contar este episódio à minha anfitriã. De então para cá, a globalização encarregou-se de nos familiarizar com tudo o que há de mais moderno, dentro e fora de portas. Embaraços, no entanto, existirão sempre. Passemos das torneiras para as sanitas que, no mais puro vernáculo, dão pelo nome de retretes. Aqui, o caso torna-se mais complicado e os exemplos bastante mais caricatos, tivesse eu espaço para os contar todos. Acabadinha de chegar ao Canadá, fiquei também em casa de uma amiga só que, dessa vez, uma noite prolongouse por seis semanas. Acasos do destino, também ela tinha programa para essa noite e como, por força do seu horário saía bastante cedo de casa, fiquei, na manhã seguinte entregue a toda a informação que me havia sido fornecida. Depois de, como é hábito quando me levanto, satisfazer as minhas necessidades fisiológicas, pressionei a alavanca do autoclismo para fazer a respectiva descarga de água. Qual não foi a minha surpresa quando vejo a sanita encher-se quase até ao topo, ao mesmo tempo que, num movimento circular, dejectos e farrapos de papel higiénico rodopiavam à superfície sem qualquer intenção de se deixarem mergulhar nas profundezas do esgoto. Desesperada, pensava: "C'um caramba! Logo na primeira vez que uso isto, esta merda entope-se! Que azar!" Entregue ainda à minha irritação, voltei a olhar e, por artes mágicas, tudo voltara ao normal: sanita limpinha e a minha alma lavada do sentimento de culpa. A minha compreensão do fenómeno não foi imediata, não! Precisei ainda de mais umas falsas entupidelas para perceber que há diferenças entre o sistema europeu e o do lado de lá do Atlântico. Saltemos agora para os autoclismos. Ainda sou do tempo em que existia uma espécie de tanque, quase ao nível das nossas cabeças, de onde pendia uma correntinha a terminar num cabo que a gente puxava de cada vez que se aliviava. Depois, esses tanques ganharam uma forma mais estética, e desceram até ficarem mesmo por cima das sanitas. Deixaram de ter correntes que foram substituídas por um pequeno manípulo lateral ou um botão na parte superior. Estas caixas evoluíram para um outro "design", incor- Post-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! porado na parte interior da parede, escondido dos olhares dos utilizadores. A parte visível ficava reduzida a uma pequena placa metálica que se accionava com um leve toque da mão. Como a imaginação humana não tem limites, chegámos ao ponto de terem feito desaparecer todos os acessórios e criarem uns sensores que actuam sem qualquer tipo de intervenção humana. Tudo automático! Procedemos à evacuação do produto transformado, gastamos alguns segundos na limpeza da parte do corpo responsável por isso e... aguardar pela descarga de água. Simples, não é? Nem sempre! Se porventura houvesse câmaras ocultas em certos lugares, teriam tido oportunidade de fazer um registo único: sentar, levantar, voltar a sentar, tornar a levantar, rodar para a direita, a seguir para a esquerda, na esperança vã de que os sensores reagissem aos meus movimentos de dança índia à espera de chuva. Há pouco tempo, numa cidade em que intervenções arquitectónicas de bom gosto transformaram um velho mercado municipal num espaço cultural bastante interessante, necessitei, repentinamente, de utilizar os sanitários públicos. Aflita e a correr, lembro-me de ter cruzado com a senhora da limpeza. Satisfeita a emergência, olhei para todos os lados e não encontrei nenhuma pista que me indicasse onde havia de carregar. Do lado de fora, ouvia o roçar da esfregona a lamber o chão. Estava, portanto, fora de questão sair de lá deixando a prova do meu crime. Continuei no meu trabalho de inspecção até que... lá estava: uma espécie de microfone cinzento, seccionado pela parte superior e escondido na parte lateral da base da sanita. Era dos de carregar com o pé! Literalmente: situações em que metemos os pés pelas mãos! Eu que, na Finlândia, ironicamente passava a vida a gozar com os meus amigos finlandeses, por causa dos seus elevados níveis de exigência, no estilo "Vocês, quando compram um gato, levam com um livro de instruções de trezentas páginas para saberem tratar do gato", reconheço agora que, com tanta modernice que vai aparecendo, o melhor é fazermos mesmo como os gatos - cada um tapar com areia a merda que faz! É cada vez mais difícil descodificar os mecanismos postos à nossa disposição em lugares públicos. GALERIA DOS PIONEIROS VISITA DE ESTUDANTES PORTUGUESES da Escola Secundária de Santa Maria dos Anjos, 15alunos em Toronto, visitaram a Galeria dos Pioneiros, sob a vigilância da professora Ana Fernandes, tendo também sido acompanhados pelos directores da Galeria, Manuel da Costa e Bernardete Gouveia. O interesse denotado pelos alunos na história dos Pioneiros, nos Políticos envolvidos, e no crescimento da Comunidade, foi bem palpável. Como sempre acontece, esta é uma forma magnífica para os mais jovens darem mais valor à Comunidade a que pertencem, ficando mais conhecedores dos movimentos dos Pioneiros. AIDA BAPTISTA Para os jovens estudantes é fundamental saberem como a nossa Comunidade deu os primeiros passos. Foi para isso que se criou a Galeria. Para servir de utensílio de ensino para os mais jovens. Nas peças que ali se encontram perpetuadas, eles aprendem o quanto valor tem aqueles que há cinquenta e quatro anos tanto sofreram para que hoje possamos usufruir do seu trabalho. A galeria dos pioneiros foi fundada no ano 2000 e tem sido lugar de estudo, não só para estudantes luso-canadianos, mas também para muitos jovens das mais diferentes etnias, tanto a nível do ensino secundário, como mesmo colegial e universitário.
Post-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! Ano Novo Chinês O ANO DO PORCO DO FOGO AComunidade Chinesa festejou a entrada de mais um Novo Ano. O Porco é o símbolo do novo ano, o qual significa Prosperidade e Paz. Uma das salas que acolheu parte das comemorações, encontrava-se repleta de pessoas, que saborearam as celebrações com muito entretenimento, o qual principiou com as palestras dos organizadores, dando as boas vindas ao novo ano e desejando a todos quantos estavam presentes um feliz Ano Novo. Depois, o tradicional corte da fita vermelha que, só por si, também significa prosperidade, sendo que a mesma foi cortada por cada um dos organizadores. Entre os responsáveis, um amigo que fez questão que o jornal Post Milénio estivesse presente. O Senhor Afonso Chan que foi agraciado como sócio Honorário, há alguns anos foi director e Presidente da Associação de Macau. Afonso Chan tem 88 anos de idade, sempre activo e, pelos vistos, fez uma palestra muito bonita e bem significativa para a comunidade chinesa, como é lógico na sua própria língua, mas logo a seguir agradeceu a todos os presentes em inglês. Seguiu-se o convívio, que foi muito do agrado de todos quantos enchiam o salão por completo. Salão esse que nas paredes apresentava uma exposição de pinturas muito bonitas. E, num movimento muito original, a presença de um pintor Chinês, que ao vivo mostrou aos mais curiosos como se pinta uma linda paisagem. Realmente fascinante. Parabéns à Comunidade Chinesa e ao se entrar no Ano do Porco do Fogo, que o façam com muita Paz e Prosperidade. ANO NOVO CHINÊS Diz a lenda mais antiga da China que Buda, antes do Nirvana, chamou todos os animais para uma grande festa de despedida. No entanto, e apesar do aliciante, apenas vieram 12. Então, o Senhor, decidiu agraciar esses apoiantes e deu o nome de cada um, pela sua ordem de chegada, aos 12 anos que se seguiriam. Rato, Boi, Tigre, Coelho, Dragão, Serpente, Cavalo, Cabra, Macaco, Galo, Cão e Porco foram os contemplados. Tudo começou assim. Mas, as coisas não ficaram por aqui. Além destes animais, que estão na base dos signos do Zodíaco Chinês, consideram os asiáticos que, para se complementar os horóscopos há que juntarlhes cinco elementos da Natureza: Metal, Água, Madeira, Fogo e Terra. Enquanto o animal "regente" muda todos os anos, o elemento muda apenas de dois em dois. Logo, ciclos de 60 anos que se foram sucedendo até aos nossos dias. Em 18 de Fevereiro de 2007 iniciou-se, assim, o ano do Porco do Fogo. É a maior festa chinesa, o ano novo lunar. As comemorações transbordam para as ruas; os punções, o fogo-de-artifício, os pratos especiais, as bebidas mais refinadas, a alegria mais eufórica pintada a vermelho enfim, são, 23 de Fevereiro a 1 de Março de 2007 7 mais que obrigatórias, imprescindíveis. E, desde logo, não apenas no antigo Império do Centro. Veja-se a quantidade de chineses que se dispersaram pelo Mundo em diáspora imensa. Daí que se preveja que 2007 seja um ano fértil em eventos para comemorar. Este Ano do Porco do Fogo será tempo para assinalar os 200 anos da 1ª invasão francesa, de Junot, os 100 anos da criação dos escuteiros, os 50 do Tratado de Roma que criou a CEE e do aparecimento da televisão em Portugal, ou ainda os 50 anos do Sputnik e da criação da piña colada. Os dados estão lançados. 2007 para nós começou a 1 de Janeiro. A 18 de Fevereiro, para os chineses entrou-se no ano do Porco do Fogo. B.G
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