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Edição 29 - Revista Algomais

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Arquivo pessoal<br />

n O Rei da Chanchada protagonizando uma de suas peças de revista no Teatro Marrocos, que marcou época no Recife<br />

concluído e o público poderá conhecer melhor<br />

“O Rei da Chanchada”.<br />

Viva a comédia<br />

Nascido em 1903, no Cabo de Santo Agostinho,<br />

e falecido no Recife, em 1983, José do<br />

Rego Barreto Júnior figura entre os principais<br />

nomes da dramaturgia brasileira.<br />

Na década de 1920, o ator aventurou-se<br />

pela sétima arte. Protagonizou, em 1923, “Retribuição”,<br />

filme inaugural do movimento do cinema<br />

mudo Ciclo do Recife. Atuou, ainda, em<br />

algumas outras produções do período. Por fim,<br />

regressou ao seu verdadeiro habitat: o palco.<br />

Durante os mais de 50 anos de sua trajetória<br />

profissional, Barreto Júnior transpôs o patamar<br />

das 200 peças encenadas. A comédia<br />

foi o seu carro-chefe, como define Marcelo<br />

Barreto: “O objetivo da vida dele era fazer as<br />

pessoas rirem. Achava que a vida já era muito<br />

complicada para que, no teatro, se fizesse<br />

drama. A função do teatro era divertir”. Segundo<br />

Marcelo, os depoimentos comprovam<br />

a facilidade do ator para a comédia: “Ele era<br />

engraçado pela cara, falava pouco, mas tinha<br />

o tempo certo e uma habilidade enorme para<br />

fazer as pessoas rirem”.<br />

Entre os seus trabalhos destacou-se “Carlota<br />

Joaquina”, uma grande produção teatral,<br />

também apresentada nos primórdios da televisão<br />

pernambucana. Em cada apresentação,<br />

Barreto Junior, interpretando o rei Dom João,<br />

comia dois frangos inteiros, como relata, aos<br />

risos, Marcelo Barreto.<br />

Lúcio Mauro dá um<br />

depoimento emocionado<br />

no filme que está<br />

sendo produzido sobre<br />

a carreira do artista<br />

pernambucano, que<br />

nasceu no Cabo de<br />

Santo Agostinho, e diz<br />

que Barreto Júnior foi o<br />

melhor comediante<br />

do Brasil<br />

Dono da Companhia de Comédia Barreto<br />

Júnior, o “Rondon do teatro brasileiro” – como<br />

é conhecido, em alusão ao famoso marechal -<br />

apresentou-se em diversos Estados, da Bahia<br />

ao Acre. Além das casas mais tradicionais,<br />

como os teatros da Paz (Pará), Amazonas e<br />

José de Alencar (Ceará), suas peças foram encenadas<br />

em locações modestas, propiciando<br />

o maior acesso da população à dramaturgia.<br />

A preocupação com as classes menos favorecidas<br />

é marcante na trajetória de Barreto Júnior.<br />

Os teatros Almare e Marrocos - que fundou<br />

e manteve, no Recife – promoveram uma<br />

verdadeira revolução na platéia e no conteúdo<br />

das produções. Pela primeira vez no Brasil, o<br />

público assistia, com traje esportivo, às produções,<br />

contrariando a tradição do teatro, para<br />

o qual as roupas clássicas eram imprescindíveis.<br />

Quanto a esse novo comportamento,<br />

Marcelo Barreto revela: “O Teatro Marrocos<br />

– de chanchadas, teatro de rebolado e de revista<br />

- ficava defronte do Santa Isabel, onde<br />

se reproduziam os clássicos europeus. Houve,<br />

aí, um choque muito grande para a sociedade.<br />

Era comum as pessoas irem disfarçadas para<br />

o Teatro Marrocos, tentando se esconder da<br />

opinião pública”.<br />

Marcelo destaca, também, o caráter bem<br />

humorado de Barreto Júnior, mesmo fora de<br />

cena. Entre as curiosidades, está o costume<br />

de alterar os nomes das peças, de modo que<br />

fossem apresentadas, algum tempo depois,<br />

como inéditas, atraindo novamente os espectadores.<br />

Procópio Ferreira, Bibi Ferreira e Arlete Sales<br />

são exemplos dos grandes artistas que<br />

dividiram os palcos com Barreto Júnior. No<br />

mesmo time, está o ator Lúcio Mauro, um<br />

dos orgulhos da produção. Em sua entrevista,<br />

relata que deve toda a vida profissional ao<br />

pernambucano, seu amigo pessoal, a quem<br />

intitula “o melhor comediante do Brasil”. No<br />

emocionado depoimento, lamenta: “É uma<br />

pena que, hoje, eu tenha - por causa da televisão<br />

– um certo nome na comédia, mas<br />

que o país não conheça, ainda, o verdadeiro<br />

mestre”.<br />

Esse (re)conhecimento é o que pretende<br />

“O Rei da Chanchada. É justo que, embora<br />

tardiamente, o público aprenda a chorar essa<br />

saudade. Ou, talvez, a sorrir. n<br />

agosto ><br />

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