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Untitled - Universidade do Minho

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uma força de trabalho bastante alargada, constituin<strong>do</strong>-se a sua atuação numa forte concorrente<br />

aos proprietários locais. Paralelamente, desentendimentos entre os mora<strong>do</strong>res da proximidade e<br />

os religiosos, como, em 1633, a acusação de os jesuítas roubarem indígenas de um colono,<br />

incentivaram os habitantes locais a requererem à edilidade a expulsão <strong>do</strong>s inacianos.<br />

Finalmente, mesmo sem o auxílio da câmara, os principais proprietários daquela área<br />

expulsaram os religiosos.<br />

Estes desentendimentos decorreram da situação pouco clara <strong>do</strong> aldeamento de Barueri.<br />

A propriedade edificada por Francisco de Sousa era disputada pelos seus herdeiros e a câmara<br />

municipal de São Paulo. Para os mora<strong>do</strong>res da localidade, a presença <strong>do</strong>s jesuítas constituía-se<br />

uma situação irregular, sen<strong>do</strong> conseqüência de ordens <strong>do</strong> provincial <strong>do</strong>s religiosos e não da<br />

Coroa. As desavenças e a retirada <strong>do</strong>s religiosos daquela localidade, em 1640, determinaram a<br />

posse da propriedade pela edilidade, tornan<strong>do</strong>-a um “aldeamento real”.<br />

Os desacor<strong>do</strong>s entre proprietários e religiosos culminariam em mea<strong>do</strong>s de 1640,<br />

quan<strong>do</strong> os jesuítas iniciaram a divulgação de um Breve, elabora<strong>do</strong>, em 1639, no qual o Pontífice<br />

reforçava a liberdade <strong>do</strong>s nativos. Essa situação provocou tumultos e a organização <strong>do</strong>s<br />

principais mora<strong>do</strong>res da região que pressionaram os membros da câmara municipal. A edilidade<br />

decidiu, então, expulsar os jesuítas e confiscar suas propriedades, transferin<strong>do</strong> a “administração<br />

<strong>do</strong>s aldeamentos para o poder público”. 944<br />

A expulsão <strong>do</strong>s jesuítas, em 1640, refletia, sobretu<strong>do</strong>, a preocupação <strong>do</strong>s paulistas em<br />

garantir o acesso à mão-de-obra para o crescimento das suas lavouras, uma vez que as outras<br />

ordens religiosas <strong>do</strong> local não foram afetadas com essa situação. Franciscanos e carmelitas<br />

colocaram-se ao la<strong>do</strong> da câmara municipal contra os jesuítas, o que parece configurar também<br />

uma situação de conflituosidade entre as ordens religiosas. Somente os beneditinos, inicialmente<br />

neutros, foram favoráveis ao retorno <strong>do</strong>s inacianos à região. 945<br />

Contu<strong>do</strong>, a ausência <strong>do</strong>s jesuítas prejudicou a assistência espiritual <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res de<br />

São Paulo. Muitos solicitaram o retorno <strong>do</strong>s inacianos à vila, o que decorreu, em 1653,<br />

atestan<strong>do</strong> a preocupação <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res com o cumprimento das suas obrigações religiosas.<br />

944 MONTEIRO, John Manuel – Negros da terra. Índios e bandeirantes nas origens de São Paulo..., p. 145.<br />

945 WERNET, Agustin – Vida religiosa em São Paulo: <strong>do</strong> Colégio <strong>do</strong>s jesuítas a diversificação de cultos e crenças (1554-<br />

1954)..., p. 200.<br />

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