13.04.2013 Views

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A instalação de portugueses, na atual região paulista, contou nos seus primeiros séculos<br />

com o convívio estreito entre europeus e indígenas. Escraviza<strong>do</strong>s, os indígenas constituíam-se na<br />

principal mão-de-obra das propriedades agrícolas, durante o século XVII. 16 Contu<strong>do</strong>, além destas<br />

relações entre proprietários e escravos, os portugueses mesclaram-se com as mulheres<br />

indígenas originan<strong>do</strong> descendência. 17<br />

Esta integração resultou, portanto, numa grande quantidade de filhos descendentes de<br />

mães indígenas e pais europeus. A população mesclada, demonstrava ainda a sua interação<br />

falan<strong>do</strong> constantemente o idioma indígena. Ainda, no início <strong>do</strong> século XVII, muitos paulistanos<br />

recebiam alcunhas, sen<strong>do</strong> essas inspiradas na “língua geral”, o tupi. Apuçá, Tamarutaca,<br />

Meciuçu e Guaçu são alguns exemplos de nomes incorpora<strong>do</strong>s aos apeli<strong>do</strong>s entre os paulistas. 18<br />

Não somente nas alcunhas, percebe-se a integração entre portugueses e indígenas, mas<br />

igualmente nas grandes jornadas ao interior da América nas quais seguiam la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong> em<br />

busca de metais preciosos e nativos para escravização. 19<br />

A interação entre europeus e indígenas realizada, no decorrer <strong>do</strong> tempo, instalara-se nas<br />

genealogias das principais famílias da região. O silêncio <strong>do</strong>s estatutos a respeito da seleção a<br />

partir da “limpeza de sangue”, destacan<strong>do</strong> somente a recusa de cristãos-novos, parece indicar<br />

uma preocupação menor com descentes de nativos da América.<br />

Contu<strong>do</strong>, se os descendentes de indígenas contavam com algumas possibilidades de<br />

inserção social, os escravos africanos eram fortemente excluí<strong>do</strong>s das instituições promotoras de<br />

status social <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. 20 O conceito de “limpeza de sangue” elabora<strong>do</strong> desde o século XVI,<br />

16 Leia-se MONTEIRO, John Manuel – Celeiro <strong>do</strong> Brasil: escravidão indígena e a agricultura paulista no século XVII.<br />

História. Nº 7 (1988). 1-12.<br />

17 De acor<strong>do</strong> com Boxer, São Paulo foi a região onde os portugueses “cruzaram-se com as mulheres ameríndias em<br />

maior extensão <strong>do</strong> que o fizeram em outros lugares, e a<strong>do</strong>ptaram muitas das artes selvagens e <strong>do</strong>s seus<br />

conhecimentos da floresta”. BOXER, Charles R. – Relações raciais no Império colonial português 1415-1825..., p. 94.<br />

18 A presença da língua indígena entre os paulistas foi analisada por VILLALTA, Luiz Carlos – O que se fala e o que se<br />

lê: língua, instrução e leitura. In NOVAIS, Fernan<strong>do</strong> A. – História da vida privada no Brasil. vol. 1. São Paulo:<br />

Companhia das Letras, 1997. pp. 339-340.<br />

19 Sobre a presença e a importância <strong>do</strong>s indígenas nas bandeiras realizadas pelos paulistas ler HOLANDA, Sérgio<br />

Buarque – Caminhos e fronteiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. pp. 21-25.<br />

20 Este afastamento <strong>do</strong>s africanos e seus descendentes das principais instituições <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> (Ordens Religiosas,<br />

Câmaras Municipais e Misericórdias) não impediu que eles se associassem em confrarias. As irmandades de africanos<br />

e seus descendentes floresceram em diferentes partes de Portugal e da América portuguesa. Sobre essas associações<br />

371

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!