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Untitled - Universidade do Minho

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Independente <strong>do</strong> material ou da despesa efetuada com a elaboração das estações,<br />

rememorar a paixão de Cristo mostrava-se crucial para aqueles liga<strong>do</strong>s à religiosidade<br />

franciscana, incluin<strong>do</strong> os irmãos terceiros.<br />

Além da via-sacra privada, os seculares franciscanos poderiam utilizar também as<br />

estações públicas. O uso das estações públicas decorria entre os bracarenses, por exemplo, os<br />

quais desenvolviam essa devoção tanto na Quaresma, quanto em momentos de crise social<br />

deflagra<strong>do</strong>s por alterações climáticas, epidemias ou más colheitas (cf. Livro 2, Cap. 6). Do outro<br />

la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Atlântico, na Capitania de Minas Gerais, também os irmãos terceiros de Ouro Preto<br />

percorriam a via crucis pública em todas as quartas-feiras da Quaresma, seguin<strong>do</strong> à frente <strong>do</strong><br />

cortejo o secretário com a cruz da Ordem. 47<br />

Em São Paulo, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> estavam obriga<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os irmãos a se apresentarem<br />

para o exercício da via-sacra pública. Nesse evento, o vigário <strong>do</strong> culto divino deveria organizar os<br />

irmãos em duas filas. 48 Os homens antecediam as mulheres que seguiam ao final, fechan<strong>do</strong> o<br />

cortejo. A participação de pessoas estranhas à instituição entre as fileiras de irmãos estava<br />

vedada, sen<strong>do</strong> somente permitida a presença de fiéis ao final das filas, atrás das irmãs. Esta<br />

hierarquização refletia o lugar que ambos os gêneros ocupavam dentro da Ordem.<br />

Ao destacar o local reserva<strong>do</strong> para os que acompanhavam a via-sacra, mas não<br />

compunham o sodalício, evidencia-se a presença de fiéis estranhos à Ordem Terceira neste<br />

exercício espiritual. Portanto, quan<strong>do</strong> saíam organiza<strong>do</strong>s para visitar as estações, os irmãos<br />

terceiros contavam com a companhia de outras pessoas, demonstran<strong>do</strong> a adesão e a<br />

importância desta prática entre os paulistanos. Paralelamente, reforça o mérito da Ordem<br />

Terceira franciscana entre as outras agremiações de leigos da região durante o século XVIII, pois<br />

atraía a população para suas práticas religiosas.<br />

Além disso, observa-se que a difusão da via-sacra entre os fiéis realizada pelos seculares<br />

franciscanos, enquadrava o sodalício entre as instituições promotoras de uma vivência religiosa<br />

mais intensa, não somente para seus membros, mas também entre os mora<strong>do</strong>res de São Paulo.<br />

47 Para conhecer a configuração da visita a via-sacra realizada pelos seculares franciscanos de Ouro Preto consultar<br />

SOUSA, Cristiano Oliveira de – Os membros da Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Vila Rica: prestígio e<br />

poder nas Minas (século XVIII)..., pp. 178, 192, 194.<br />

48 AOTSP, Livro de termos e estatuto, fl. 88.<br />

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