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Untitled - Universidade do Minho

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Em 1766, o francês Charles François Dumouriez esteve em Portugal no intuito de<br />

apontar a maior quantidade de informações a respeito <strong>do</strong> reino. Envia<strong>do</strong> pelo rei de França, o<br />

agente secreto, visitou a Península Ibérica registran<strong>do</strong> suas observações. Uma das regiões<br />

visitadas foi o <strong>Minho</strong>, receben<strong>do</strong> Braga a atenção <strong>do</strong> estrangeiro. De acor<strong>do</strong> com Dumouriez<br />

“Braga, diz-se, fundada pelos gregos depois da destruição de Tróia; está situada numa planície<br />

muito agradável, a cinco léguas <strong>do</strong> mar, banhada por <strong>do</strong>is rios, o Cáva<strong>do</strong>, a norte, e o rio Este, a<br />

sul.” 1 A importância da história da cidade, manifestada pelas suas antigas origens, a localização<br />

aprazível e seus rios foram os elementos destaca<strong>do</strong>s pelo observa<strong>do</strong>r. Além dessas informações,<br />

também a sua importância religiosa, como “mais antigo bispa<strong>do</strong>” da península, ganhou<br />

relevância entre as anotações <strong>do</strong> agente secreto francês.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, Braga, como sede da Província, destacava-se <strong>do</strong>s outros aglomera<strong>do</strong>s<br />

urbanos da região, sen<strong>do</strong> conhecida pela sua história e, principalmente, pelo seu<br />

enquadramento na divisão administrativa eclesiástica.<br />

Enquanto sede <strong>do</strong> arcebispa<strong>do</strong>, atraía as populações circundantes, pois detinha a<br />

centralidade político-administrativa regional. Como um senhorio eclesiástico, a cidade obteve,<br />

desde o século XV, da Coroa o direito aos seus arcebispos de promover a justiça, de escolher<br />

autoridades civis e militares para a cidade, o termo e seus coutos. 2<br />

Para apoiar o arcebispo em suas tarefas administrativas e pastorais foi cria<strong>do</strong> o cabi<strong>do</strong>,<br />

em 1071. Auxiliar no governo da diocese e desempenhar funções sacer<strong>do</strong>tais (celebrar missas,<br />

cantar nos ofícios divinos, participar de procissões, entre outros) fazia parte das obrigações <strong>do</strong>s<br />

clérigos pertencentes a este órgão. A amplitude dessa instituição alterou-se no decorrer <strong>do</strong>s<br />

séculos, contu<strong>do</strong>, em 1741, havia 13 dignidades, 29 cônegos e 12 tercenários. 3<br />

Como centro administrativo e religioso, Braga possuía elevada concentração<br />

demográfica, agregan<strong>do</strong>, no início <strong>do</strong> século XVIII, pelo menos 14 mil pessoas. Durante esse<br />

1 DUMOURIEZ, Charles – O Reino de Portugal em 1766. Casal de Cambra: Calei<strong>do</strong>scópio, 2007. p. 25.<br />

2 Sobre o processo de elevação de Braga a senhorio eclesiástico e os atritos entre a Coroa e os arcebispos bracarenses,<br />

consultar MARQUES, José – O senhorio de Braga, no século XV. Principais <strong>do</strong>cumentos para o seu estu<strong>do</strong>. Bracara<br />

Augusta. Nº 98/99 (1995). 14-19.<br />

3 MARQUES, José – Braga. In AZEVEDO, Carlos Moreira (Dir.) – Dicionário de História Religiosa de Portugal. vol. 1.<br />

Lisboa: Círculo de Leitores, 2000. pp. 221-253. Sobre as dignidades eclesiásticas ler RODRIGUES, Ana Maria S. A. –<br />

Dignidades eclesiásticas. In AZEVEDO, Carlos Moreira (Dir.) - Dicionário de História Religiosa de Portugal. vol. 2…, pp.<br />

67-68.<br />

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