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Traição conjugal: um desafio para a clínica

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Na primeira entrevista com o casal, Breno mostra-se muito arrependido<br />

e culpado pelo que havia feito. Relata que não mediu as conseqüências da<br />

“brincadeira” em que se meteu. Somente com a descoberta em flagrante da<br />

esposa, foi que Breno caiu em si e percebeu que estava sonhando acordado.<br />

Diante dessa constatação, alcançada nessa sessão, percebeu que havia algo<br />

na relação <strong>conjugal</strong> que talvez não o estivesse satisfazendo como antes, o que<br />

a esposa prontamente concordou. Contudo, é colocado nele todo o peso pelo<br />

possível desmoronamento do casamento, por ele ter traído virtualmente sua<br />

esposa.<br />

Apresentamos os dois relatos clínicos acima com a finalidade de discutir<br />

a questão da traição <strong>conjugal</strong> vista sob o prisma do “virtual”, destacando sua<br />

especificidade e o debate sobre a possibilidade de ser considerada traição ou<br />

não pelos cônjuges, na medida em que não envolve <strong>um</strong> terceiro real. Contudo,<br />

a entrada de <strong>um</strong> terceiro, seja real ou ficcional pode romper a simbiose do<br />

casal e suas idealizações, gerando <strong>um</strong>a crise, <strong>um</strong> mal entendido. Enfocaremos<br />

a traição virtual como <strong>um</strong> sintoma que aponta <strong>para</strong> <strong>um</strong> desinvestimento no<br />

<strong>conjugal</strong> e a demanda pela terapia psicanalítica de casal centrada nesse tipo<br />

de queixa.<br />

A construção de <strong>um</strong> laço <strong>conjugal</strong>, em alguns casos, corresponde ao<br />

preenchimento de lacunas afetivas primitivas de cada <strong>um</strong> dos parceiros. A<br />

simbiose se mantém sob forma de amor até que <strong>um</strong> terceiro surge <strong>para</strong> romper<br />

o equilíbrio estabelecido, advindo <strong>um</strong>a crise. Esse terceiro nos romances, nos<br />

filmes, nas histórias clássicas de traições conjugais era sempre encarnado por<br />

<strong>um</strong> personagem real, concreto, geralmente mais novo e bonito, fonte de ciúme<br />

e inveja <strong>para</strong> aquele que se sentia traído. E ainda o é em varias situações<br />

vividas sejam elas da literatura, do dia a dia ou da clinica de casais. Contudo,<br />

nesse texto enfatizaremos outros tipos de traições não tão óbvias e com<br />

terceiros não reais, apenas virtuais.<br />

RELACIONAMENTOS VIRTUAIS<br />

Após duas décadas de existência da internet, os relacionamentos<br />

virtuais deixaram de ser vistos por <strong>um</strong> ângulo patológico e de receber as<br />

críticas nocivas que carregavam no início. Com o passar do tempo e a<br />

divulgação do uso da internet <strong>para</strong> múltiplos fins, observou-se <strong>um</strong>a ampliação<br />

nos seus recursos relacionais, e o surgimento de estudos e pesquisas nessa<br />

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