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Rafaele Wojahn - Coleção de jóias conceituadas a partir dos ... - Furb

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS<br />

CURSO DE DESIGN – HABILITAÇÃO EM PROJETO DE PRODUTO<br />

COLEÇÃO DE JÓIAS CONCEITUADAS A PARTIR DOS SÍTIOS<br />

ARQUEOLÓGICOS LOCALIZADOS EM FLORIANÓPOLIS-SC<br />

BLUMENAU<br />

2009<br />

RAFAELE MATTE WOJAHN


RAFAELE MATTE WOJAHN<br />

COLEÇÃO DE JÓIAS CONCEITUADAS A PARTIR DOS SÍTIOS<br />

ARQUEOLÓGICOS LOCALIZADOS EM FLORIANÓPOLIS-SC<br />

Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso<br />

submetido à Universida<strong>de</strong> Regional <strong>de</strong><br />

Blumenau para a obtenção parcial <strong>dos</strong><br />

créditos na disciplina Trabalho <strong>de</strong><br />

Conclusão <strong>de</strong> Curso do curso <strong>de</strong> Design –<br />

Habilitação Projeto <strong>de</strong> Produto<br />

Prof. Roselie <strong>de</strong> Faria Lemos, M.Sc. - Orientadora<br />

BLUMENAU<br />

2009


4<br />

Aos meus pais.


AGRADECIMENTOS<br />

Aos meus pais, e principalmente a minha mãe por todo o carinho, <strong>de</strong>dicação, apoio<br />

e compreensão em to<strong>dos</strong> os momentos, por ter me ajudado sempre a encontrar o<br />

melhor caminho, <strong>de</strong>ntro das minhas limitações, e clarear meus pensamentos.<br />

As minhas amigas, “Fran” e “Su”, pelos “puxões <strong>de</strong> orelha”, pelo apoio e pelas<br />

inúmeras conversar a respeito das <strong>jóias</strong>, <strong>de</strong> percepções e, grafismos rupestres,<br />

também, pela caminhada que exercemos juntas até aqui, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do curso.<br />

Em especial, a professora M.Sc. Roselie <strong>de</strong> Faria Lemos, pela orientação, paciência<br />

e <strong>de</strong>dicação a este trabalho. E, por acreditar nesta proposta e apontar o melhor<br />

caminho, sempre, transmitindo segurança.<br />

As empresas Glaspark e Metalcomp, por permitirem que eu fizesse experimentação<br />

com os materiais – cristal e alumínio, respectivamente –, por ce<strong>de</strong>rem espaço e<br />

material para estudo e confecção das peças e por ter a acreditado na proposta<br />

<strong>de</strong>ste projeto.<br />

E a to<strong>dos</strong> aqueles que <strong>de</strong> uma forma ou outra contribuíram para o bom andamento<br />

<strong>de</strong>ste trabalho e, por todo o apoio e paciência presta<strong>dos</strong>.<br />

5


Pois vivemos na sedução mas morremos<br />

na fascinação.<br />

6<br />

Jean Baudrillard


RESUMO<br />

O presente trabalho é parte integrante para que se possibilite o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> <strong>conceituadas</strong> através da arqueologia rupestre<br />

localizada em Florianópolis – SC. Para tanto, foram utiliza<strong>dos</strong> procedimentos<br />

metodológicos através da revisão da literatura científica, nos assuntos relaciona<strong>dos</strong><br />

a joalheria e suas inspirações e aspectos arqueológicos rupestre. Elaborada também<br />

pesquisa <strong>de</strong> campo com mulheres <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s variadas para i<strong>de</strong>ntificação do por que<br />

da atração feminina pelas <strong>jóias</strong> e quais os fatores que as leva a fazer o seu uso e,<br />

pesquisa <strong>de</strong> campo a fim <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a arte rupestre e o possível significado<br />

das formas. Com o resultado da pesquisa <strong>de</strong> campo, será possível fazer a união da<br />

joalheria com os objetos <strong>de</strong> estudo da arqueologia rupestre, que, por sua vez,<br />

resultara em uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> <strong>conceituadas</strong> nesta, que aliado aos conceitos do<br />

<strong>de</strong>sign, formaram as peças <strong>de</strong>sta coleção.<br />

Palavras-chave: Joalheria. Arqueologia. Arte rupestre. Simbologia.<br />

7


ABSTRACT<br />

This work is an integral part in or<strong>de</strong>r to facilitate the <strong>de</strong>velopment of a project for<br />

collection of jewels appraised by archeology rock located in Florianópolis - SC. The<br />

methodological procedures were used through the review of scientific literature on<br />

topics related to jewelry and rock inspirations and others archaeological aspects.<br />

Developed also field research with women of different ages to i<strong>de</strong>ntify the<br />

attraction that the female by the jewels and the factors that led to its use, and<br />

field research to un<strong>de</strong>rstand the rock art and the possible significance of the forms.<br />

With the results of field research, you can make the union of jewelry with the<br />

objects of prehistory cave, which, in turn, resulted in a collection of jewelry<br />

appraised in that together the concepts of <strong>de</strong>sign, formed parts of this collection.<br />

Key words: Jewerly. Archeology. Rock art. Symbolism.<br />

8


LISTA DE ILUSTRAÇÕES<br />

Figura 1 - Jóias em aço inoxidável – bracelete freqüência ............................. 20<br />

Figura 2 - Vivara – <strong>Coleção</strong> Babilônia ...................................................... 20<br />

Figura 3 - Vivara – <strong>Coleção</strong> Taj Mahal...................................................... 21<br />

Figura 4 - Amuleto egípcio – escaravelho ................................................. 26<br />

Figura 5 - Joalheria egípcia – Máscara <strong>de</strong> Tutancâmon.................................. 28<br />

Figura 6 - Joalheria gótica – Coroa da Princesa Blanche – 1396........................ 29<br />

Figura 7 - Jóias em um contexto atual – <strong>de</strong>signer Kamila Nasser ...................... 30<br />

Figura 8 - Arte rupestre – Praia da Galheta ............................................... 35<br />

Figura 9 - Oficina lítica circular – Barra da Lagoa........................................ 37<br />

Figura 10 - Parte do painel <strong>de</strong> arte rupestre – Ilha do Arvoredo....................... 38<br />

Figura 11 - Arte rupestre – Ponta <strong>de</strong> Canas ............................................... 39<br />

Figura 12 - Arte rupestre – Praia <strong>dos</strong> Ingleses ............................................ 40<br />

Figura 13 - Arte rupestre – Praia do Santinho (sul) ...................................... 41<br />

Figura 14 - Oficina lítica – Praia do Santinho ............................................. 42<br />

Figura 15 - Arte rupestre – Ilha das Aranhas .............................................. 42<br />

Figura 16 - Arte rupestre rediforme – Prainha............................................ 43<br />

Figura 17 - Arte rupestre – Caminho <strong>dos</strong> Reis............................................. 44<br />

Figura 18 - Arte rupestre – Praia da Galheta.............................................. 45<br />

Figura 19 - Tracing Arte rupestre – Praia Mole ........................................... 45<br />

Figura 20 - Arte rupestre – Praia da Joaquina ............................................ 46<br />

Figura 21 - Tracing Arte rupestre – Ilha do Campeche .................................. 46<br />

Figura 22 - Arte rupestre – Ilha do Campeche ............................................ 47<br />

Figura 23 - Arte rupestre – Praia da Armação, hoje disponível no Museu do Homem<br />

do Sambaqui ...................................................................... 48<br />

Figura 24 - Arte rupestre – Pântano do Sul................................................ 49<br />

Figura 25 - Trancing Arte Rupestre – Praia da Solidão................................... 49<br />

Figura 26 - Arte rupestre – Praia <strong>dos</strong> Naufraga<strong>dos</strong> ....................................... 50<br />

Figura 27 - Arte rupestre – Ilha da Irmã <strong>de</strong> Fora ......................................... 51<br />

Figura 28 - Proteção arte rupestre – Praia do Santinho ................................. 55<br />

Figura 29 - Oficina lítica e estrutura da ponte pênsil – Barra da Lagoa............... 56<br />

Figura 30 - Kate Moss, mo<strong>de</strong>lo .............................................................. 64<br />

9


Figura 31 - Colar <strong>de</strong> pérolas................................................................. 67<br />

Figura 32 - Imagem da Rainha Vitória ..................................................... 68<br />

Figura 33 - Brinco <strong>de</strong> Pérola................................................................. 75<br />

Figura 34 - Brincos Gotas Deco – H.Stern.................................................. 76<br />

Figura 35 - Argola Cigana .................................................................... 76<br />

Figura 36 - Colar Givenchy .................................................................. 77<br />

Figura 37 - Colar Francesca Romana ....................................................... 78<br />

Figura 38 - Pulseira <strong>de</strong> ouro com diamantes.............................................. 79<br />

Figura 39 - Pulseira em couro e prata ..................................................... 79<br />

Figura 40 - Anel Psy<strong>de</strong>lic – Baccarat ....................................................... 81<br />

Figura 41 - Pingente coração com zircônia ............................................... 82<br />

Figura 42 - Prata bruta....................................................................... 82<br />

Figura 43 - Colar em couro, ouro e diamante ............................................ 84<br />

Figura 44 - Prata sendo fundida ............................................................ 85<br />

Figura 45 - Brincos Louis Vuitton ........................................................... 86<br />

Figura 46 - Maxi-<strong>jóias</strong> by Antonio Abinave ................................................ 87<br />

Figura 47 - Jóias indianas.................................................................... 88<br />

Figura 48 - Medidor <strong>de</strong> Anéis ................................................................ 88<br />

Figura 49 - Aneleiras ......................................................................... 89<br />

Figura 50 - Geração <strong>de</strong> Alternativas ....................................................... 91<br />

Figura 51 - Categoria B....................................................................... 92<br />

Figura 52 - Alternativa 1 ..................................................................... 93<br />

Figura 53 - Categoria F....................................................................... 93<br />

Figura 54 - Alternativa 2 ..................................................................... 94<br />

Figura 55 - Categoria F....................................................................... 95<br />

Figura 56 - Categoria J....................................................................... 95<br />

Figura 57 - Alternativa 3 ..................................................................... 96<br />

Figura 58 - Alternativa 3 ..................................................................... 97<br />

Figura 59 - Pictografos Jewelry Collection................................................ 99<br />

Figura 60 - Arte Rupestre – Praia do Santinho (sul) .................................... 100<br />

Figura 61 - Arte rupestre – Ilha das Aranhas ............................................ 100<br />

Figura 62 - Arte rupestre – Ilha da Irmã <strong>de</strong> Fora ....................................... 101<br />

Figura 63 - Detalhamento <strong>dos</strong> triângulos presentes na coleção...................... 102<br />

10


Figura 64 - Peça em cristal ................................................................ 102<br />

Figura 65 - Desenho técnico do Brinco 1 ................................................ 103<br />

Figura 66 - Desenho técnico do Brinco 2 ................................................ 104<br />

Figura 67 - Desenho técnico do Colar.................................................... 104<br />

Figura 68 - Desenho técnico do Colar – <strong>de</strong>talhes com cristal......................... 105<br />

Figura 69 - Desenho técnico da Pulseira................................................. 105<br />

Figura 70 - Ren<strong>de</strong>ring manual Brinco 1 .................................................. 106<br />

Figura 71 - Ren<strong>de</strong>ring manual Brinco 2 .................................................. 107<br />

Figura 72 - Ren<strong>de</strong>ring manual Colar...................................................... 108<br />

Figura 73 - Ren<strong>de</strong>ring manual Pulseira .................................................. 109<br />

Figura 74 - Brinco 1......................................................................... 110<br />

Figura 75 - Brinco 2......................................................................... 110<br />

Figura 76 - Colar ............................................................................ 111<br />

Figura 77 - Colar ............................................................................ 111<br />

Figura 78 - Pulseira ......................................................................... 112<br />

Figura 79 - Mol<strong>de</strong> utilizado ................................................................ 113<br />

Figura 80 - Resina epóxi cristal após ser retirada do mol<strong>de</strong>.......................... 114<br />

Figura 81 - Peças transferidas para a resina epóxi cristal ............................ 114<br />

Figura 82 - Peças cortadas e perfuradas ................................................ 115<br />

Figura 83 - Peças após serem lixadas .................................................... 116<br />

Figura 84 - Acabamento final ............................................................. 116<br />

Figura 85 - Couro utilizado na confecção das peças ................................... 117<br />

Figura 86 - Verso do couro riscado ....................................................... 117<br />

Figura 87 - Imagem <strong>de</strong> uma peça cortada............................................... 118<br />

Figura 88 - Peça colada .................................................................... 118<br />

Figura 89 - Peças em processo <strong>de</strong> acabamento <strong>de</strong> superfície ........................ 119<br />

Figura 90 - Peça com acabamento em alumínio........................................ 119<br />

Figura 91 - Embalagem para a coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> Pictografos ......................... 121<br />

Figura 92 - Mapa do estado <strong>de</strong> Santa Catarina – Localida<strong>de</strong>s com sítios arqueológicos<br />

<strong>de</strong> arte rupestre................................................................ 134<br />

11


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 – Evolução das emoções humanas, a <strong>partir</strong> do nascimento.................. 33<br />

Tabela 2 - Análise sincrônica do produto brinco ......................................... 69<br />

Tabela 3 - Análise sincrônica do produto colar........................................... 70<br />

Tabela 4 - Análise sincrônica do produto pulseira ....................................... 71<br />

Tabela 5 - Análise estrutural – tabela <strong>de</strong> aviamentos ................................... 72<br />

Tabela 6 – Tabela informativa sobre a variação das inscrições rupestres na Ilha do<br />

Campeche ....................................................................... 135<br />

12


SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO ..............................................................................17<br />

1.1 PERGUNTA DE PESQUISA .......................................................... 19<br />

1.2 ESTADO DA ARTE....................................................................... 19<br />

1.3 OBJETIVOS .............................................................................. 21<br />

1.3.1 Objetivo geral ..................................................................... 21<br />

1.3.2 Objetivos específicos............................................................. 21<br />

1.4 JUSTIFICATIVA.......................................................................... 22<br />

1.5 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................. 22<br />

1.6 ESTRUTURAÇÃO ........................................................................ 24<br />

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................25<br />

2.1 JOALHERIA .............................................................................. 25<br />

2.2 RELAÇÃO DAS JÓIAS COM A HISTÓRIA............................................... 27<br />

2.3 HOMEM X OBJETO...................................................................... 30<br />

2.3.1 Valores ............................................................................. 32<br />

2.3.2 Emoções............................................................................ 32<br />

2.4 ARQUEOLOGIA.......................................................................... 34<br />

2.4.1 Sambaqui........................................................................... 34<br />

2.4.2 Arte rupestre ...................................................................... 35<br />

2.4.3 Oficinas líticas ou brunidores rupestres ....................................... 36<br />

2.5 SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS CATARINENESES .......................................... 37<br />

2.5.1 Ilha do Arvoredo .................................................................. 38<br />

2.5.2 Ponta <strong>de</strong> Canas.................................................................... 39<br />

2.5.3 Praia <strong>dos</strong> Ingleses ................................................................. 39<br />

2.5.4 Praia do Santinho ................................................................. 40<br />

2.5.5 Ilha das Aranhas................................................................... 42<br />

2.5.6 Barra da Lagoa e Prainha ........................................................ 42<br />

2.5.7 Caminho <strong>dos</strong> Reis ................................................................. 43<br />

2.5.8 Praia da Galheta .................................................................. 44<br />

2.5.9 Praia Mole.......................................................................... 45<br />

2.5.10 Praia da Joaquina ............................................................... 45<br />

2.5.11 Ilha do Campeche ............................................................... 46<br />

13


2.5.12 Praia <strong>de</strong> Armação................................................................ 47<br />

2.5.13 Praia do Pântano do Sul ........................................................ 48<br />

2.5.14 Praia da Solidão.................................................................. 49<br />

2.5.15 Praia <strong>dos</strong> Naufraga<strong>dos</strong> .......................................................... 50<br />

2.5.16 Ilha da Irmã <strong>de</strong> Fora............................................................. 50<br />

3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO.........................................51<br />

3.1 REQUISITOS DA PESQUISA............................................................. 52<br />

3.2 REPRESENTATIVIDADE DA AMOSTRA................................................. 52<br />

3.3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA.................................................... 53<br />

3.3.1 Técnicas e ferramentas da pesquisa utilizadas............................... 53<br />

3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................ 54<br />

3.4.1 Análise Pesquisa <strong>de</strong> Campo Arte Rupestre .................................... 54<br />

3.4.2 Análise Pesquisa <strong>de</strong> Campo Usuárias <strong>de</strong> Jóias ................................ 57<br />

4 RESULTADOS OBTIDOS ....................................................................61<br />

5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO.......................................................62<br />

5.1 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................... 62<br />

5.2 ANÁLISE DAS NECESSIDADES .......................................................... 63<br />

5.3 COLETA DE DADOS ..................................................................... 64<br />

5.3.1 Análise do Público-Alvo .......................................................... 64<br />

5.3.2 Análise <strong>de</strong> uso ..................................................................... 65<br />

5.3.3 Análise diacrônica ................................................................ 66<br />

5.3.4 Análise sincrônica................................................................. 68<br />

5.3.5 Análise estrutural ................................................................. 72<br />

5.3.6 Análise funcional.................................................................. 74<br />

5.3.7 Análise morfológica............................................................... 74<br />

5.3.8 Análise <strong>dos</strong> materiais............................................................. 80<br />

5.3.9 Análises <strong>de</strong> processos ............................................................ 84<br />

5.3.10 Análise ergonômica ............................................................. 86<br />

6 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA................................................................89<br />

6.1 REQUISITOS DO PROJETO ............................................................. 89<br />

7 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ............................................................90<br />

7.1 FERRAMENTA DE PROJETO............................................................ 90<br />

7.2 ESBOÇOS DE IDÉIAS .................................................................... 90<br />

14


7.3 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS...................................................... 91<br />

7.3.1 Alternativa 1....................................................................... 92<br />

7.3.2 Alternativa 2....................................................................... 93<br />

7.3.3 Alternativa 3....................................................................... 95<br />

7.4 CONCEITO DO PRODUTO .............................................................. 97<br />

8 SOLUÇÃO ADOTADA .......................................................................98<br />

8.1 PICTOGRAFOS .......................................................................... 98<br />

8.2 JUSTIFICATIVA DA FORMA ............................................................ 99<br />

8.3 DESENHO TÉCNICO................................................................... 101<br />

8.3.1 Brinco 1........................................................................... 103<br />

8.3.2 Brinco 2........................................................................... 104<br />

8.3.3 Colar .............................................................................. 104<br />

8.3.4 Pulseira........................................................................... 105<br />

8.4 RENDERING ........................................................................... 106<br />

8.4.1 Brinco 1........................................................................... 106<br />

8.4.2 Brinco 2........................................................................... 107<br />

8.4.3 Colar .............................................................................. 107<br />

8.4.4 Pulseira........................................................................... 108<br />

8.5 MOCK-UP / PROTÓTIPO ............................................................. 109<br />

8.5.1 Brinco 1........................................................................... 109<br />

8.5.2 Brinco 2........................................................................... 110<br />

8.5.3 Colar .............................................................................. 111<br />

8.5.4 Pulseira........................................................................... 112<br />

8.6 PROCESSO DE FABRICAÇÃO E MONTAGEM DO PRODUTO ....................... 112<br />

8.6.1 Peças em cristal................................................................. 112<br />

8.6.2 Peças em couro ................................................................. 116<br />

8.6.3 Peças em Prata.................................................................. 119<br />

8.7 ESTUDO DE CORES ................................................................... 120<br />

8.7.1 Vermelho......................................................................... 120<br />

8.7.2 Amarelo .......................................................................... 121<br />

8.8 EMBALAGEM........................................................................... 121<br />

9 CONCLUSÃO ............................................................................. 122<br />

REFERÊNCIAS................................................................................ 123<br />

15


APÊNDICE A - Roteiro <strong>de</strong> entrevista com pescadores na Praia do Santinho .... 126<br />

APÊNDICE B - Roteiro <strong>de</strong> entrevista com pescadores na Barra da Lagoa........ 127<br />

APÊNDICE C – Pesquisa <strong>de</strong> campo: Questionário para usuárias <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>......... 128<br />

APÊNDICE D – Entrevista historiadora e pesquisadora Urda Alice Klueger...... 130<br />

APÊNDICE E - Ficha <strong>de</strong> campo para i<strong>de</strong>ntificação.................................... 133<br />

ANEXO I – Localida<strong>de</strong>s com sítios <strong>de</strong> arte rupestre.................................. 134<br />

ANEXO II – Variação das inscrições rupestres na Ilha do Campeche.............. 135<br />

16


1. INTRODUÇÃO<br />

As <strong>jóias</strong> fazem parte <strong>dos</strong> hábitos e da cultura <strong>de</strong> populações <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as civilizações<br />

mais antigas. Ao longo do tempo elas traduzem sensações, simulam po<strong>de</strong>r, riqueza<br />

ou status social. Mas, não é só pelo luxo ou pela simulação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e riqueza que<br />

as <strong>jóias</strong> têm importância.<br />

GOLA (2008) ressalta que para conhecer a evolução das <strong>jóias</strong> é necessário que se<br />

faça um estudo da cultura e costumes das civilizações, pois é fundamental<br />

i<strong>de</strong>ntificar suas características. Afirma também que o estudo antropológico é<br />

fundamental para que se construa a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma jóia.<br />

Justamente por serem dotadas <strong>de</strong> simbolismos e simbologias é que as <strong>jóias</strong><br />

representam sempre algo “a mais” do que um simples objeto <strong>de</strong> adorno ou pelo seu<br />

valor material.<br />

Jóias <strong>de</strong> família, <strong>jóias</strong> da realeza, recebidas ou presenteadas em relacionamentos<br />

tem um significado maior, on<strong>de</strong> as razões sentimentais e o valor das peças fazem<br />

com que elas se tornem eternas pelo sentimento.<br />

O material <strong>de</strong> confecção das peças também po<strong>de</strong> ser indicado como diferencial<br />

para uma jóia representar algo, como o valor real (material), o valor <strong>de</strong> mercado (o<br />

que o consumidor paga por ela) e o valor agregado a peça (o <strong>de</strong>sign). Cabe<br />

ressaltar, que sua durabilida<strong>de</strong> costuma reagir às ações do tempo e as mantêm<br />

materialmente valiosas.<br />

Bastian e Canêdo (2000) também fizeram uma reflexão sobre o histórico das <strong>jóias</strong> e<br />

como o <strong>de</strong>signer po<strong>de</strong> transformar matéria-prima em objetos <strong>de</strong> consumo, através<br />

<strong>de</strong> inspirações não tradicionais. Discutiram valores relaciona<strong>dos</strong> ao uso das <strong>jóias</strong>,<br />

como estas eram adotadas como peças do vestuário, e citaram o exemplo da<br />

coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> criadas por Fernando e Humberto Campana para a H. Stern.<br />

A concepção <strong>de</strong> uma jóia pressupõe um tema <strong>de</strong> inspiração que é normalmente<br />

extraído <strong>de</strong> símbolos culturais, <strong>de</strong> conceitos formais ou <strong>de</strong> referências históricas. A<br />

inspiração para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>, que é o objetivo <strong>de</strong>ssa<br />

pesquisa, surgiu do interesse pelos sítios arqueológicos e pelas manifestações<br />

17


artísticas rupestres existentes em Florianópolis, no Estado <strong>de</strong> Santa Catarina e<br />

<strong>de</strong>scobertos em variadas épocas, mas, continuamente estuda<strong>dos</strong>.<br />

O significado das inscrições rupestres ainda não foi totalmente <strong>de</strong>svendado pelos<br />

arqueólogos, historiadores e pesquisadores <strong>de</strong>dica<strong>dos</strong> a esses estu<strong>dos</strong>. Mesmo<br />

assim, essas imagens serão usadas no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong><br />

pela sua característica <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com a região catarinense e pela sua beleza<br />

rústica.<br />

Há relatos antropológicos <strong>de</strong> culturas que só foram i<strong>de</strong>ntificadas pelos a<strong>de</strong>reços<br />

encontra<strong>dos</strong> junto a corpos sepulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong>scobertos em escavações realizadas por<br />

equipes e missões arqueológicas. Nestes casos, foi possível a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

costumes e características <strong>dos</strong> povos, compreen<strong>de</strong>ndo então, que tais objetos se<br />

caracterizavam por serem mais do que simples a<strong>de</strong>reços.<br />

Po<strong>de</strong>-se também observar <strong>de</strong>ntre as diversas escavações arqueológicas, que além<br />

<strong>de</strong> objetos como pedras polidas, sambaquis e pinturas rupestres, a relação que tais<br />

objetos que faziam parte do o cotidiano e do modo <strong>de</strong> vida daquele povo com os<br />

grafismos rupestres, sendo que, tais imagens querem representar algo e tem por<br />

intuito transmitir uma mensagem. No litoral catarinense, ocorreram fatos<br />

semelhantes, mas, os primeiros habitantes pu<strong>de</strong>ram ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> também<br />

através das artes rupestres.<br />

As <strong>jóias</strong> mudam sua estrutura <strong>de</strong> acordo com as características <strong>de</strong> cada civilização<br />

e <strong>de</strong> cada era. As <strong>jóias</strong> da pré-história são diferentes das <strong>jóias</strong> Greco-Romanas ou<br />

das <strong>jóias</strong> da Renascença. As primeiras são montadas com pedras comuns e tiras<br />

rústicas <strong>de</strong> couro, enquanto as outras refletem riqueza e po<strong>de</strong>r confeccionadas em<br />

ouro e pedras preciosas.<br />

Não há dúvidas que os estu<strong>dos</strong> arqueológicos possibilitam que vários mistérios<br />

sejam <strong>de</strong>svenda<strong>dos</strong>, mobilizando o interesse da comunida<strong>de</strong> em geral. A cada dia<br />

estu<strong>dos</strong> e pesquisas são elaboradas para que se conheça um pouco mais <strong>dos</strong> nossos<br />

antepassa<strong>dos</strong>.<br />

[...] as figuras, os <strong>de</strong>senhos e os objetos que ao mesmo tempo em que<br />

po<strong>de</strong> ser exótico, <strong>de</strong>sperta também nas pessoas um impacto e admiração<br />

por perceber o grau <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong>stes povos, <strong>de</strong>monstrado através<br />

<strong>de</strong> sua arte rupestre. (ROSA, 2006)<br />

18


As pinturas rupestres são cercadas <strong>de</strong> misticismo, e, na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina,<br />

possuem <strong>de</strong>senhos e inscrições variadas. Na Praia do Santinho, havia uma rocha<br />

com uma espécie <strong>de</strong> “santo” <strong>de</strong>senhado, chamada pelos moradores do local <strong>de</strong><br />

“Santinho”, por muitos anos, sinônimo <strong>de</strong> proteção.<br />

Rosa (2006) ainda afirma que Florianópolis está marcada por inscrições rupestres,<br />

e, infelizmente, alguns sítios arqueológicos estão em constante <strong>de</strong>gradação. Afirma<br />

também que ainda há dúvidas sobre o período <strong>de</strong> ocupação da região, com a<br />

hipótese <strong>de</strong> data mais antiga que 7 mil anos.<br />

As civilizações que viveram em Santa Catarina, conforme consta na revisão<br />

bibliográfica, sobreviveram da caça e da pesca, alimentavam-se <strong>de</strong> moluscos, cujos<br />

restos geraram os amontoa<strong>dos</strong> <strong>de</strong> conchas chama<strong>dos</strong> <strong>de</strong> sambaquis.<br />

A pesquisa que se preten<strong>de</strong> fazer se relaciona as <strong>de</strong>scobertas arqueológicas <strong>de</strong><br />

sítios muito antigos localiza<strong>dos</strong> na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina, cujo estudo será voltado<br />

para uma i<strong>de</strong>ntificação com a cultura regional do estado.<br />

1.1 PERGUNTA DE PESQUISA<br />

Como aplicar os conceitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign na criação <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> a <strong>partir</strong> da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

formas, <strong>de</strong>senhos, escritas e símbolos arqueológicos <strong>de</strong>scobertos na Ilha <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina.<br />

1.2 ESTADO DA ARTE<br />

Assim como a história, a tendência <strong>de</strong> uma jóia revela os sinais transmiti<strong>dos</strong> pela<br />

socieda<strong>de</strong> naquele período, e juntamente com a moda tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> transmitir e<br />

revelar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, costumes do tempo e personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem as usa (Siqueira,<br />

2007)<br />

FAGGIANI (2006), discute a história e o valor <strong>dos</strong> objetos. Faz um apanhado sobre o<br />

po<strong>de</strong>r simbólico, o que os adornos po<strong>de</strong>m significar e como o <strong>de</strong>signer po<strong>de</strong> utilizar<br />

esses valores simbólicos como valor <strong>de</strong> resgate para aplicação em coleções.<br />

19


Sobre os materiais e processos <strong>de</strong> fabricação, Rosa (2006), apresenta uma proposta<br />

<strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> artesanal em aço inoxidável (imagem 03).<br />

Figura 1 - Jóias em aço inoxidável – bracelete freqüência<br />

Fonte: ROSA (2006, p. 87)<br />

O contexto histórico e sócio-cultural <strong>de</strong> um país ou região também é conceituado<br />

como inspiração para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> peças da joalheria. Ambas as peças<br />

fazem parte da coleção da Vivara (conceituada ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> lojas <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>) e trazem<br />

consigo signos que i<strong>de</strong>ntificam a sua fonte <strong>de</strong> inspiração.<br />

Figura 2 - Vivara – <strong>Coleção</strong> Babilônia<br />

Fonte: www.vivara.com.br<br />

20


1.3 OBJETIVOS<br />

Figura 3 - Vivara – <strong>Coleção</strong> Taj Mahal<br />

Fonte: www.vivara.com.br<br />

Nos subtítulos que seguem, <strong>de</strong>screvem-se os objetivos da presente pesquisa.<br />

1.3.1 Objetivo geral<br />

Esta pesquisa tem por objetivo <strong>de</strong>senvolver uma linha <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> com <strong>de</strong>sign<br />

conceituado a <strong>partir</strong> peças e outras referências arqueológicas encontra<strong>dos</strong> no<br />

estado Santa Catarina.<br />

1.3.2 Objetivos específicos<br />

Estudar a arqueologia catarinense e suas <strong>de</strong>scobertas para servir <strong>de</strong><br />

inspiração na elaboração <strong>de</strong> uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>;<br />

Compreen<strong>de</strong>r as relações antropológicas com a cultura catarinense e o seu<br />

simbolismo;<br />

21


Estudar formalmente os objetos arqueológicos encontra<strong>dos</strong> em SC e seu<br />

significado;<br />

Buscar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional própria, aliando-a aos conceitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign;<br />

Desenvolver uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> com base nos objetos arqueológicos<br />

encontra<strong>dos</strong> em sítios catarinenses.<br />

1.4 JUSTIFICATIVA<br />

O interesse em <strong>de</strong>senvolver uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> baseadas na arqueologia<br />

catarinense com uma abordagem sobre o homem, cultura e seus hábitos justifica a<br />

originalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta pesquisa. Preten<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar as características das<br />

representações gráficas e <strong>de</strong> objetos do grupo social que habitou a Ilha <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina há 7 mil anos e fazer com que esses símbolos se transformem em conceito<br />

para a criação <strong>de</strong> uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> preservando assim a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse povo.<br />

O tema será <strong>de</strong>limitado ao aspecto da criação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional,<br />

transformada em linguagem visual e i<strong>de</strong>ntificada com o povo do Estado <strong>de</strong> SC.<br />

Preten<strong>de</strong>-se também marcar a importância da economia criativa no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sócio econômico da região, já que essa ativida<strong>de</strong> possui um<br />

potencial econômico i<strong>de</strong>ntificado no Relatório <strong>de</strong> Economia Criativa, editado pela<br />

UNCTAD 2008, que ultrapassa a casa <strong>dos</strong> 424 bilhões <strong>de</strong> US$. Nesse universo está o<br />

artesanato, a arte e o <strong>de</strong>sign. No Brasil, o artesanato movimenta perto <strong>de</strong> 28<br />

bilhões por ano, o que correspon<strong>de</strong> a 2,8% do PIB, superando indústrias tradicionais<br />

(FERREIRA, 2005). As <strong>jóias</strong> são classificadas como um indústria semi-artesanal e<br />

essa ativida<strong>de</strong> também gera riqueza e renda para comunida<strong>de</strong>s inteiras.<br />

Desenvolvendo i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional através <strong>de</strong> uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> será<br />

preservada a diversida<strong>de</strong> do povo brasileiro em suas manifestações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign.<br />

1.5 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS<br />

22


A metodologia da pesquisa serve <strong>de</strong> base para que os objetivos do trabalho sejam<br />

atingi<strong>dos</strong> <strong>de</strong> forma significativa. Além <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver os processos que serão<br />

utiliza<strong>dos</strong> para atingir tais resulta<strong>dos</strong>, ela atua na <strong>de</strong>scrição <strong>dos</strong> méto<strong>dos</strong> e<br />

processos, bem como, ajuda nos instrumentos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> e na compilação<br />

<strong>dos</strong> mesmos. O primeiro passo <strong>de</strong>sta metodologia é uma abordagem geral do<br />

problema e a <strong>de</strong>finição <strong>dos</strong> objetivos.<br />

Para a primeira etapa <strong>de</strong>sta pesquisa está prevista a revisão <strong>de</strong> literatura sobre a<br />

joalheria e sua relação com o <strong>de</strong>sign. Esta etapa da fundamentação teórica abrange<br />

também noções gerais sobre valores e as percepções estéticas. Será feito também<br />

um apanhado teórico da antropologia e da arqueologia catarinense, que dará<br />

aporte teórico para a estruturação da pesquisa <strong>de</strong> campo e para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> que envolva este tema.<br />

Após a etapa <strong>de</strong> revisão bibliográfica, o próximo passo será a ida a campo em<br />

Florianópolis para verificar os sítios arqueológicos, observar as pinturas rupestres,<br />

os sambaquis e os <strong>de</strong>mais traços que os habitantes primitivos do local nos<br />

<strong>de</strong>ixaram. Para esta etapa, além da observação visual no local, nas superfícies e<br />

registros fotográficos do todo e <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes. Também será realizada entrevista com<br />

Urda Alice Klueger, historiadora e pesquisadora da linha <strong>de</strong> pesquisa da arte<br />

rupestre e população pré-indígena catarinense. E pesquisa <strong>de</strong> campo com mulheres<br />

<strong>de</strong> diferentes faixas etárias e classes sociais, observando a percepção das mesmas<br />

em relação as <strong>jóias</strong> e as inscrições rupestres.<br />

A etapa <strong>de</strong> análise <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> será feita através <strong>dos</strong> registros fotográficos e do<br />

tracing das imagens, juntamente com a percepção do público feminino selecionado<br />

para esta amostragem que, permitira a i<strong>de</strong>ntificação <strong>dos</strong> principais signos e<br />

sensações que possam i<strong>de</strong>ntificar a coleção a ser <strong>de</strong>senvolvida.<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento do produto, será usada a metodologia proposta pelo<br />

<strong>de</strong>signer Gui Bonsiepe e que é usada pelo Curso <strong>de</strong> Design da <strong>Furb</strong>. Esta<br />

metodologia segue as etapas <strong>de</strong> problematização; análises; <strong>de</strong>finição do problema;<br />

geração <strong>de</strong> alternativas; solução adotada e; etapas projetuais. As etapas do<br />

trabalho serão seguidas por uma conclusão.<br />

23


1.6 ESTRUTURAÇÃO<br />

Esta pesquisa é estruturada em 9 capítulos e organiza-se da seguinte forma:<br />

Capítulo I: Compreen<strong>de</strong> a introdução do trabalho, com a apresentação do tema e<br />

to<strong>dos</strong> os argumentos que motivaram esta pesquisa. Constam nesta etapa o foco, os<br />

objetivos, a metodologia e os procedimentos metodológicos.<br />

Capítulo 2: Fundamentação teórica. Este capítulo compreen<strong>de</strong> a joalheria,<br />

conceitos histórico e é introduzido na pesquisa o tema- <strong>jóias</strong>- sua relação cultural,<br />

valores e percepções que uma jóia po<strong>de</strong> possuir. Também trata das questões<br />

antropológicas e arqueológicas catarinenses, que darão aporte para que<br />

futuramente uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> possa ser <strong>de</strong>senvolvida através das referencias<br />

<strong>de</strong>ixadas pelos habitantes pré-indígenas na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />

Capítulo 3: Esta etapa se caracteriza pela pesquisa <strong>de</strong> campo em locais<br />

estratégicos <strong>de</strong> Florianópolis com intuito <strong>de</strong> verificar os sítios arqueológicos,<br />

observando pinturas rupestres, sambaquis e <strong>de</strong>mais traços <strong>dos</strong> povos que habitaram<br />

aquele local na antiguida<strong>de</strong>. Nesta etapa estão contidas observações diretas,<br />

registros fotográficos e entrevistas com pescadores e moradores <strong>dos</strong> locais<br />

visita<strong>dos</strong>, como também a entrevista com a pesquisadora e historiadora Urda Alice<br />

Klueger que se <strong>de</strong>dica a esta linha <strong>de</strong> pesquisa e, entrevistas com mulheres <strong>de</strong><br />

diversas faixas etárias e classes distintas.<br />

Capítulo 4: Resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> com a pesquisa teórica, bem como, pesquisa <strong>de</strong><br />

campo.<br />

Capítulo 5: Etapas iniciais do <strong>de</strong>senvolvimento do projeto, fase <strong>de</strong><br />

problematização, compreen<strong>de</strong>ndo as análises propostas por Gui Bonsiepe, para<br />

auxiliar no <strong>de</strong>senvolvimento projetual.<br />

Capítulo 6: Definição do problema<br />

Capítulo 7: Etapa <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> alternativas e análise das três melhores<br />

alternativas concebidas.<br />

Capítulo 8: Capítulo correspon<strong>de</strong>nte a solução projetual adotada, compreen<strong>de</strong>ndo<br />

as especificações técnicas, justificativa da forma, bem como, imagens das<br />

soluções.<br />

24


Capítulo 9: Conclusão.<br />

Ao final, serão apresentadas as referências, e anexa<strong>dos</strong> os questionários usa<strong>dos</strong> nas<br />

entrevistas.<br />

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA<br />

Nesta etapa será abordada a importância que as <strong>de</strong>scobertas arqueológicas tiveram<br />

nas socieda<strong>de</strong>s, seu valor histórico, as tendências que representam, a relação que o<br />

<strong>de</strong>sign po<strong>de</strong> ter com esses objetos e os materiais, usando aporte teórico <strong>de</strong><br />

varia<strong>dos</strong> autores.<br />

2.1 JOALHERIA<br />

A primeira característica <strong>de</strong> uma jóia é puramente <strong>de</strong> adorno, acompanhada <strong>de</strong> um<br />

alto valor estético, po<strong>de</strong>ndo ser atribuída para a mesma, qualida<strong>de</strong>s como<br />

representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, conhecimento <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m mística ou esoterismo e<br />

magia. Mas, nota-se que tais categorias <strong>de</strong> significa<strong>dos</strong> variam <strong>de</strong> acordo com a<br />

cultura local e, <strong>de</strong> acordo com o conhecimento que o observador do acessório<br />

possui.<br />

Junto ao misticismo que se atribui as <strong>jóias</strong>, costuma-se também relacionar as<br />

pedras preciosas empregadas nas mesmas a po<strong>de</strong>res. Isso po<strong>de</strong> ser observado,<br />

atualmente, nos anéis com uma cor <strong>de</strong> pedra que correspon<strong>de</strong>, por sua vez, a uma<br />

<strong>de</strong>terminada profissão. Nestes termos, esta observação também po<strong>de</strong> ser feita para<br />

com os amuletos (imagem 04), que traduzem, além disso, proteção e sorte.<br />

25


Figura 4 - Amuleto egípcio – escaravelho 1<br />

Fonte: http://www.discoverybrasil.com/egito/religiao/amuletos/in<strong>de</strong>x.shtml<br />

Ainda sobre amuletos, GOLA (2008, p. 17) diz que “seu significado é o <strong>de</strong> ser<br />

expressão simbólica da possibilida<strong>de</strong> da intervenção <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res sobrenaturais e<br />

singulares na vida humana” e complementa, “originalmente, o uso <strong>de</strong> adornos<br />

esteve ligado a essa função <strong>de</strong> amuletos”.<br />

O homem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios, produziu elementos artísticos associa<strong>dos</strong> a<br />

ornamentos, revelando a sua criativida<strong>de</strong> e, aliando-as às representações<br />

simbólicas <strong>de</strong> cada época, pôs em <strong>de</strong>staque a dimensão estética do mundo<br />

material, ou mesmo das formas naturais. (GOLA, 2008, p. 19)<br />

Tais objetos <strong>de</strong>stacam-se também pela gran<strong>de</strong> parcela antropológica inclusa<br />

nestes, revelando muito da personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem faz o uso do mesmo, ou seja,<br />

i<strong>de</strong>ntificando um usuário em relação a seu meio. Ajudam também a compor uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sociocultural, já que possui inúmeros valores simbólicos e, funcionam<br />

também como uma forma <strong>de</strong> linguagem.<br />

Sobre a etimologia da palavra jóia, po<strong>de</strong>mos observar:<br />

(...) ao elencarmos os senti<strong>dos</strong> da palavra jóia, em ‘prazer’, ‘objeto <strong>de</strong><br />

amor’ e ‘alegria’ e, talvez por evolução semântica causada pela<br />

proximida<strong>de</strong> com a expressão ‘radiante, brilhante <strong>de</strong> alegria’, chegar ao<br />

significado tal como conhecemos hoje. (GOLA, 2008, p.21)<br />

Sendo assim, além da função primária das <strong>jóias</strong> <strong>de</strong> adorno – enfeitar, agradar e<br />

seduzir, esses objetos relacionam o homem com os seus <strong>de</strong>sejos e <strong>de</strong>monstram<br />

1 O amuleto mais importante no Antigo Egito era o <strong>de</strong> escaravelho.<br />

26


muito <strong>de</strong> quem faz o uso <strong>dos</strong> mesmos. Ressaltando também, que fazem parte <strong>de</strong><br />

um jogo, comportando-se como uma espécie <strong>de</strong> enigma tanto para quem as<br />

projeta, quanto quem as usa ou observa.<br />

2.2 RELAÇÃO DAS JÓIAS COM A HISTÓRIA<br />

Consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> objetos que i<strong>de</strong>ntificam características <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>, as <strong>jóias</strong>,<br />

possuem forte ligação com os costumes e com a geografia local, pois representam<br />

temas regionais e empregam materiais específicos na sua concepção.<br />

São perceptíveis as mudanças ocorridas na joalheria em relação à evolução<br />

histórica. Conforme GOLA (2008, p. 23) “(...) a história inicia-se em 4000 AC, com<br />

a invenção da escrita, que permitiu ao homem <strong>de</strong>ixar relatos em pedra, ma<strong>de</strong>ira,<br />

argila e vários outros materiais disponíveis como suporte”. Entretanto, são<br />

relata<strong>dos</strong> pela arqueologia alguns apontamentos sobre fontes <strong>de</strong> informações,<br />

<strong>de</strong>stacando aqui os adornos, <strong>de</strong>mais objetos e pinturas rupestres. Há relatos<br />

antropológicos que retratam que algumas civilizações só foram i<strong>de</strong>ntificadas pelos<br />

utensílios <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> junto aos ossos encontra<strong>dos</strong> nas escavações.<br />

Acredita-se também que pela maleabilida<strong>de</strong> e resistência do ouro, este po<strong>de</strong> ser o<br />

primeiro metal a ser trabalhado como jóia. O ouro também era associado ao Sol,<br />

pela cor, pelo brilho, e o alto valor ornamental. (GOLA, 2008)<br />

Nestes termos, po<strong>de</strong>-se observar no Antigo Egito – a mais qualificada das antigas<br />

civilizações – o predomínio do uso do ouro. Destacam-se também nas <strong>jóias</strong> a função<br />

<strong>de</strong>corativa e o uso <strong>de</strong> simbolismos. Além <strong>dos</strong> amuletos produzi<strong>dos</strong> nesta época, a<br />

máscara <strong>de</strong> Tutancâmon 2 aparece como a jóia mais famosa produzida naquele<br />

tempo (imagem 05).<br />

2 “A sensacional <strong>de</strong>scoberta da tumba do faraó Tutankamon - 18ª Dinastia, revelou os fabulosos<br />

tesouros que acompanhavam o soberano egípcio durante sua vida e após sua morte, assim como o<br />

alto grau <strong>de</strong> excelência <strong>dos</strong> ourives egípcios. (...) Representa a maior coleção em objetos <strong>de</strong> ouro e<br />

<strong>jóias</strong> do mundo.” (PEDROSA, disponível em http://www.joiabr.com.br/artigos/ag03.html).<br />

27


Figura 5 - Joalheria egípcia – Máscara <strong>de</strong> Tutancâmon<br />

Fonte: http://www.joiabr.com.br/artigos/ag03.html<br />

Assim, é importante ressaltar que a simbologia religiosa faz-se presente na cultura<br />

<strong>de</strong>ste as antigas civilizações e, que as técnicas da ourivesaria e o uso das gemas<br />

também se aprimoravam e continuavam em uma evolução constante ao longo do<br />

tempo.<br />

(...) os Etruscos atingiram uma perfeição nunca antes igualada nas técnicas<br />

<strong>de</strong> filigrana e granulação em ouro assim como os gregos, durante o período<br />

Helenístico, na arte <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar figuras humanas para compor brincos,<br />

colares e braceletes. Os luxuosos ornamentos romanos em ouro,<br />

esmeraldas, safiras e pérolas brancas marcam um gran<strong>de</strong> contraste com as<br />

<strong>jóias</strong> policrômicas da Ida<strong>de</strong> Média, que expressavam os i<strong>de</strong>ais do<br />

cristianismo e do amor i<strong>de</strong>alizado (...). (PEDROSA, disponível em<br />

http://www.joiabr.com.br/artigos/hist.html)<br />

A joalheria gótica tem <strong>de</strong>staque pelo <strong>de</strong>senvolvimento da técnica da lapidação,<br />

pelas pedras preciosas usadas – safira, rubi, esmeralda e diamante – (imagem 06) e<br />

o uso <strong>de</strong> pérolas. O misticismo religioso esteve presente nesta época também e,<br />

além das <strong>jóias</strong> com motivos “espiritualiza<strong>dos</strong>”, a cor das pedras era escolhida <strong>de</strong><br />

acordo com os seus po<strong>de</strong>res espirituais. (COSTA, disponível em<br />

http://www.joiabr.com.br/hoje/0806.html)<br />

28


Figura 6 - Joalheria gótica – Coroa da Princesa Blanche – 1396<br />

Fonte: http://www.joiabr.com.br/hoje/0806.html<br />

Já o Renascimento surgiu com novas idéias e a super valorização do lado humano e<br />

a produção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> po<strong>de</strong>m ser comparadas as esculturas daquele período. Por sua<br />

vez, o Barroco – contorcido, irregular -, com o pensamento sistemático, possibilitou<br />

um símbolo <strong>de</strong> status aos usuários <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>. No período neoclássico é observada a<br />

inspiração no estilo Greco-romano e na simplificação.<br />

O crescente gosto pelo luxo, encorajado por um período <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>,<br />

baixos impostos e uma socieda<strong>de</strong> elitizada surgida com o boom da<br />

Revolução Industrial, foi expresso pelas inúmeras <strong>jóias</strong> guarnecidas<br />

somente com diamantes, principalmente <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>scoberta das minas<br />

da África do Sul na década <strong>de</strong> 60. Esta <strong>de</strong>scoberta transformou o caráter<br />

da joalheria, que por várias décadas se concentrou no brilho em<br />

<strong>de</strong>trimento da cor, do <strong>de</strong>senho e da expressão <strong>de</strong> idéias. (PEDROSA,<br />

disponível em http://www.joiabr.com.br/artigos/hist.html)<br />

No século XX, a joalheria <strong>de</strong>senvolvida pelo movimento Art Nouveau inspirar-se na<br />

natureza, com função <strong>de</strong> ornar e satisfazer a vaida<strong>de</strong> e, nesta época o <strong>de</strong>staque<br />

era para a qualida<strong>de</strong> estética e não ao valor propriamente dito. Anos <strong>de</strong>pois,<br />

apareceria o Art Deco, com motivos simétricos e geométricos inspira<strong>dos</strong> no<br />

Cubismo. (GOLA, 2008)<br />

A segunda meta<strong>de</strong> do século XX trouxe novas idéias, conceitos e inovações com<br />

relação aos materiais. Nos anos 60, os padrões foram rompi<strong>dos</strong> e os i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong>ssa<br />

época conduziram a mudanças sociais e morais. As <strong>jóias</strong> eram produzidas com<br />

materiais alternativos, entre eles o plástico e inspiradas na nova personalida<strong>de</strong> das<br />

mulheres. Os anos 70 tiveram novamente a natureza como inspiração, entretanto,<br />

29


não seguia regras estabelecidas, surgindo neste período um novo estilo, o punk,<br />

com <strong>jóias</strong> um tanto agressivas.<br />

Figura 7 - Jóias em um contexto atual – <strong>de</strong>signer Kamila Nasser<br />

Fonte: www.uva.br<br />

O parâmetro atual da joalheria, além da disseminação da cultura, inspirações no<br />

passado e na criação <strong>de</strong> novos estilos, baseia-se no <strong>de</strong>sign, fundamental nas novas<br />

tecnologias e inovações como em um mercado em constante crescimento a cada<br />

dia. Busca expressão através <strong>de</strong> estilo, traduzindo qualida<strong>de</strong> e a<strong>de</strong>quando-se nas<br />

exigências <strong>dos</strong> gostos <strong>dos</strong> consumidores finais.<br />

2.3 HOMEM X OBJETO<br />

A essência do ser humano parte <strong>de</strong> uma cultura <strong>de</strong>terminante que o caracteriza, e<br />

é ligada e associada a signos. Tais signos são emprega<strong>dos</strong> nos objetos como<br />

referencia para tradução <strong>de</strong> uma mensagem, através <strong>de</strong> uma linguagem empregada<br />

estrategicamente. Então, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar um produto que transmite uma<br />

mensagem, representa uma cultura 3 .<br />

3 BEALS e HOIJER apud MELLO “(...) este conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças,<br />

arte, moral, lei, costumes e quaisquer outras capacida<strong>de</strong>s e hábitos adquiri<strong>dos</strong> pelo homem<br />

enquanto membro da socieda<strong>de</strong>.”<br />

30


Ressalta-se aqui que tais objetos não surgem por acaso, surgem a <strong>partir</strong> <strong>de</strong> uma<br />

necessida<strong>de</strong> humana i<strong>de</strong>ntificada e, pelos valores que tal objeto po<strong>de</strong> representar,<br />

sejam eles estéticos ou simbólicos.<br />

O produto também tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar quem os usa. Objetos <strong>de</strong> valores<br />

estéticos e simbólicos, como neste caso, as <strong>jóias</strong>, têm alto valor representativo<br />

para quem as usa e quem as observa. Com isso, Dichter apud Faggiani (2006)<br />

ressalta que “os produtos que nos ro<strong>de</strong>iam não apresentam apenas características<br />

utilitárias. Estes são em especial, espelhos que retratam nossa imagem.<br />

‘Numerosos são os aspectos que estes objetos nos fazem <strong>de</strong>scobrir.” (DICHTER<br />

apud FAGGIANI,2006)<br />

Por muitas vezes uma jóia significa po<strong>de</strong>r para o seu usuário, tanto por ser<br />

consi<strong>de</strong>rado um adorno <strong>de</strong> valor, bem como, pela matéria-prima usada na sua<br />

concepção, incluindo metais e pedras preciosas. A representação do po<strong>de</strong>r se dá<br />

por uma razão histórico-social, on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o período paleolítico, adornos eram<br />

ofereci<strong>dos</strong> aos melhores homens, com intuito <strong>de</strong> diferenciá-los <strong>dos</strong> <strong>de</strong>mais, muitas<br />

vezes caracterizando-os como lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo, guerreiros ou caçadores.<br />

Nestes termos, é interessante ressaltar que o uso <strong>de</strong> objetos da joalheria sempre<br />

esteve relacionado com o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> atrair a atenção e admiração <strong>de</strong> outras<br />

pessoas. Entretanto, esses objetos estão relaciona<strong>dos</strong> mais a estética e o<br />

simbolismo <strong>dos</strong> objetos perante a socieda<strong>de</strong>. A idéia <strong>de</strong> adorno também está ligada<br />

com as necessida<strong>de</strong>s e carências do seres humanos. (NETO, disponível em<br />

http://www.joiabr.com.br/artigos/ebneto.html)<br />

Dentre os aspectos relaciona<strong>dos</strong> ao uso <strong>dos</strong> objetos, é possível observar <strong>de</strong> maneira<br />

geral as crenças, costumes e tradições <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>, uma vez<br />

que, tais objetos <strong>de</strong> adornos sempre estiveram liga<strong>dos</strong> com as inseguranças da<br />

humanida<strong>de</strong>. Destaca-se aqui, a superstição, o que justifica a produção e<br />

confecção <strong>de</strong> amuletos.<br />

O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar riqueza material diante das outras pessoas também está<br />

altamente ligado com o uso e a simbologia <strong>de</strong> uma jóia. Esse conceito <strong>de</strong> riqueza<br />

está altamente ligado com os bens, necessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sejos pessoais.<br />

É fundamental ressaltar que o uso <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> sempre teve ligação com algo que<br />

envolvesse a socieda<strong>de</strong>, bem como, ligação com a simbologia que uma jóia<br />

31


epresentou em <strong>de</strong>terminada época ou po<strong>de</strong> representar nos dias atuais. Uma jóia<br />

nunca é usada fora <strong>de</strong> um contexto e sempre irá representar algo.<br />

2.3.1 Valores<br />

Na joalheria e na concepção <strong>dos</strong> produtos, apresentam-se valores significativos,<br />

que são percebi<strong>dos</strong> e assimila<strong>dos</strong> pelos usuários, sendo atraído ou não por uma<br />

peça. Esse conjunto <strong>de</strong> valores faz parte <strong>de</strong> um conceito agregado a cada peça.<br />

Seguem:<br />

Valor intrínseco: é o valor real do produto, é o que o produto levará consigo<br />

sempre e não é possível <strong>de</strong> separação.<br />

Valor <strong>de</strong> uso: parte do princípio <strong>de</strong> uma relação quantitativa do valor <strong>de</strong> uso com o<br />

objeto, já que faz parte da relação do custo para a aquisição do produto com o<br />

benefício que tal produto proporcionará ao seu usuário.<br />

Valor simbólico: é o valor que se refere à dimensão cultural do produto, ou seja, o<br />

valor agregado. Fazem parte do favor simbólico os atributos que i<strong>de</strong>ntificam e<br />

caracterizam o produto para “x” pessoas, é o que o diferencia <strong>dos</strong> <strong>de</strong>mais no<br />

âmbito em que se refere ao social.<br />

Valor afetivo: tem forte relação com as emoções, são as lembranças e as<br />

qualida<strong>de</strong>s relacionadas as isso que o produto é capaz <strong>de</strong> transmitir ou<br />

proporcionar.<br />

2.3.2 Emoções<br />

Emoção é uma reação global do organismo a certa situações externas ou<br />

internas. É global porque mobiliza o ser inteiro, envolvendo o corpo e a<br />

mente. As situações que provocam emoções po<strong>de</strong>m ser externas, como o<br />

som <strong>de</strong> uma buzina, ou internas, quando se lembra <strong>de</strong> uma pessoa amada.<br />

(MARTINS apud IIDA e MÜHLENBERG, 2006, p. 9)<br />

As emoções apresentadas aos seres humanos, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidas como proto-<br />

emoções; emoções básicas (e primárias, consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e apego) e;<br />

combinadas (emoções secundárias, <strong>de</strong>correntes da junção das emoções primárias,<br />

32


geralmente associadas por simbolização e fantasia), também apresentam valência<br />

positiva ou negativa (vi<strong>de</strong> tabela 01). (IIDA e MÜHLENBERG, 2006)<br />

Tabela 1 – Evolução das emoções humanas, a <strong>partir</strong> do nascimento<br />

Valência Proto-emoções Emoções básicas Emoções<br />

Negativas<br />

Positivas<br />

Desprazer<br />

Susto<br />

Incomodo<br />

Inquietação<br />

Prazer<br />

Contentamento<br />

Deleite<br />

Ódio<br />

Medo<br />

Nojo<br />

Vergonha<br />

Tristeza<br />

Alegria<br />

Fonte: MARTINS (2004) apud IIDA e MÜHLENBERG (2006)<br />

Curiosida<strong>de</strong><br />

Interesse<br />

Surpresa<br />

combinadas<br />

Timi<strong>de</strong>z<br />

Culpa<br />

Ciúme<br />

Afeição<br />

Amor<br />

Orgulho<br />

Desta forma, a emoção esta intimamente associada à memória; ou seja, ao<br />

contexto em que a mesma é adquirida na experiência individual.<br />

A <strong>partir</strong> disso, ressalta-se que todo produto evoca emoções mais ou menos intensas<br />

(DAMÁSIO, 1996). As emoções provocadas pelas <strong>jóias</strong> nas pessoas vem a<br />

complementar a razão da escolha por tal produto, acrescentando a ela o<br />

significado <strong>de</strong> seu valor e transmitindo essa mensagem para quem as observa.<br />

Nestes termos, é importante <strong>de</strong>stacar que, essas emoções, transmitidas pelo objeto<br />

são as responsáveis por sua escolha pelo usuário.<br />

Cabe ressaltar ainda que antes <strong>de</strong> analisar qual a sensação que um produto remete<br />

ao seu observador, <strong>de</strong>ve ser analisado o meio em que o observador se encontra e a<br />

cultura na qual está inserido. A diversida<strong>de</strong> cultural influencia o significado e serve<br />

<strong>de</strong> estimulo para a percepção do observador.<br />

33


Os fatores emocionais relaciona<strong>dos</strong> aos produtos, <strong>de</strong>staca-se a observação das<br />

funções simbólica e estética são primeiramente percebi<strong>dos</strong> e têm ligação com as<br />

sensações que o produto provoca no seu usuário. (IIDA e MÜHLENBERG, 2006)<br />

2.4 ARQUEOLOGIA<br />

De modo geral, o estudo arqueológico tem por objetivo pesquisar como se<br />

organizavam as populações primitivas <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado local, tanto do período<br />

pré-colonial, tanto <strong>dos</strong> perío<strong>dos</strong> anteriores a este.<br />

É fundamental <strong>de</strong>stacar que a Arqueologia, <strong>de</strong> um modo geral, po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>finida como o estudo da cultura material <strong>de</strong> populações do passado, uma<br />

vez que são seus vestígios que se preservam nos sítios arqueológicos. O<br />

estudo da Arqueologia parte <strong>dos</strong> sítios arqueológicos, lugares on<strong>de</strong> são<br />

encontra<strong>dos</strong> vestígios <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s humanas <strong>de</strong>senvolvidas num<br />

<strong>de</strong>terminado espaço e tempo e que foram <strong>de</strong>ixa<strong>dos</strong> para trás quando seus<br />

ocupantes se mudaram para outro local. (GONÇALVES, 2003, p. 4)<br />

Nestes termos, esta ciência busca estudar o passado e sua cultura, através <strong>dos</strong><br />

vestígios materiais e símbolos <strong>de</strong>ixa<strong>dos</strong> pelas civilizações que já viveram em um<br />

<strong>de</strong>terminado local e em uma <strong>de</strong>terminada época.<br />

2.4.1 Sambaqui<br />

Sucintamente, é proposto por Klueger (2004, p. 19) como “amontoado <strong>de</strong> conchas<br />

marinhas, medindo até 30m <strong>de</strong> altura e até alguns quilômetros <strong>de</strong> comprimento”.<br />

São os mais ricos <strong>dos</strong> vestígios que compõem o patrimônio arqueológico<br />

catarinense.<br />

Geralmente, esses montes <strong>de</strong> conchas eram <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> próximos a locais que<br />

continham água, pela facilida<strong>de</strong>, entre outras coisas, da captura <strong>de</strong> alimento. O<br />

<strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> “lixo” que formaram os sambaquis, também significa que, <strong>de</strong>ntre isso<br />

se po<strong>de</strong> encontrar os <strong>de</strong>mais vestígios e informações privilegiadas sobre os povos<br />

pré-coloniais. Eram <strong>de</strong> ampla utilização, pois toda a vida acontecia em torno<br />

<strong>de</strong>stes, incluindo sepultamentos. (GONÇALVES, 2003)<br />

34


2.4.2 Arte rupestre<br />

As artes rupestres i<strong>de</strong>ntificam <strong>de</strong>terminado lugar e, sempre preten<strong>de</strong>m comunicar<br />

alguma informação. Embora haja indícios que as inscrições rupestres têm cunho<br />

místico, não há afirmações concretas sobre o real significado das formas<br />

<strong>de</strong>senhadas.<br />

O imaterial, ou seja, seu conhecimento, sua filosofia <strong>de</strong> vida, suas leis,<br />

suas crenças, seu saber científico, sua capacida<strong>de</strong> mental, com certeza<br />

estão espalha<strong>dos</strong> pelos inúmeros sítios <strong>de</strong> arte rupestre ainda existentes e<br />

<strong>de</strong> outras que já <strong>de</strong>sapareceram. (LUCAS, 199?, p. 15)<br />

Há diversas inscrições que foram feitas em locais <strong>de</strong> difícil acesso, incluindo<br />

inscrições em paredões altos e, predominam nas inscrições formas <strong>de</strong> caráter<br />

geométrico relativos a motivos abstratos, mas, também são encontradas inscrições<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m naturalista. Ainda é possível observar inscrições consi<strong>de</strong>radas livres (vi<strong>de</strong><br />

imagem 08).<br />

Figura 8 - Arte rupestre – Praia da Galheta<br />

Fonte: LUCAS, 199?, p. 68<br />

Há dois tipos <strong>de</strong> arte rupestre, os pictoglifos e os petroglifos, ambos executa<strong>dos</strong> em<br />

cima <strong>de</strong> uma rocha suporte. O primeiro são as pinturas rupestres propriamente<br />

ditas, on<strong>de</strong> as tintas eram extraídas da matéria orgânica. Neste caso, havia três<br />

35


tipos <strong>de</strong> aplicação da tinta, o primeiro era com espécies <strong>de</strong> “pincéis” 4 ; por meio <strong>de</strong><br />

um “carimbo” e; por meio <strong>de</strong> aspersão 5 . Já os petroglifos consistem em grafismos<br />

sobre as pedras com movimentos <strong>de</strong> abrasão. Há duas técnicas, a <strong>de</strong> picoteamento 6<br />

e; a <strong>de</strong> polimento 7 . (AGUIAR, 2002)<br />

Aguiar (2002, p. 75) observa que “não há um padrão <strong>de</strong> distribuição espacial das<br />

inscrições, po<strong>de</strong>ndo estar tanto em blocos horizontais, como verticais. Não há,<br />

também, qualquer relação da orientação <strong>dos</strong> petroglifos com os pontos car<strong>de</strong>ais.”<br />

2.4.3 Oficinas líticas ou brunidores rupestres<br />

Da mesma forma como as inscrições rupestres, as oficinas líticas também servem<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação e testemunho que tal local foi ocupado pelos habitantes pré-<br />

indígenas.<br />

As oficinas líticas, também conhecidas como brunidores rupestres, fazem parte da<br />

arqueologia e, acredita-se que nestes locais eram produzi<strong>dos</strong> os objetos para<br />

confecção das embarcações e outros artefatos. É importante ressaltar aqui, que<br />

por meio das oficinas líticas po<strong>de</strong>m-se i<strong>de</strong>ntificar melhor as ativida<strong>de</strong>s cotidianas e<br />

o comportamento e organização <strong>dos</strong> primeiros habitantes. (GONÇALVES, 2003)<br />

4<br />

Algum objeto que representasse um pincel, incluindo pinturas com as mãos, ou espécies <strong>de</strong><br />

espátulas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou pedras. (AGUIAR, 2002)<br />

5<br />

Pulverização. Acredita-se que a tinta era posta na boca e “cuspida” na rocha (supra)<br />

6<br />

Consiste em bater um instrumento sobre a rocha suporte, fazendo com que isso forme o grafismo<br />

(supra)<br />

7<br />

Geralmente tem formato <strong>de</strong> “U”. Consiste em atritar um instrumento na rocha suporte.<br />

36


Figura 9 - Oficina lítica circular – Barra da Lagoa<br />

Fonte: acervo pessoal 8<br />

Os brunidores rupestres geralmente localizam-se próximos ao mar e foram feitos<br />

em pedras <strong>de</strong> diabásico. Os mais comuns são os circulares (polidor) e os<br />

longitudinais (afiador), forma<strong>dos</strong> por sulcos. Acredita-se que os brunidores em<br />

forma <strong>de</strong> sulcos também po<strong>de</strong>m representar algo ou indicar direções e, não se<br />

<strong>de</strong>scarta a hipótese <strong>de</strong> arte (LUCAS, 1994).<br />

2.5 SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS CATARINENESES<br />

Segundo Aguiar (2002), há três grupos distintos – socieda<strong>de</strong>s pré-coloniais - que<br />

habitaram Florianópolis em três perío<strong>dos</strong> diferentes e, não se <strong>de</strong>scarta a hipótese<br />

<strong>de</strong> as três terem confeccionado as inscrições.<br />

O primeiro grupo a habitar a Ilha foi o <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> caçadores e coletores<br />

(Homens do Sambaqui), os quais foram responsáveis pela construção <strong>dos</strong><br />

sambaquis 9 . Junto a esses sambaquis foram encontra<strong>dos</strong> objetos da cultura da<br />

época – objetos <strong>de</strong> ossos e pedras - e sepultamentos.<br />

Os habitantes seguintes foram chama<strong>dos</strong> <strong>de</strong> Itararé e também sobreviviam <strong>de</strong> caça<br />

e <strong>de</strong> coleta, mas, o gran<strong>de</strong> diferencial em relação ao Homem do Sambaqui era a<br />

aptidão para confeccionar objetos em cerâmica. Os últimos habitantes, que<br />

tiveram contato com os europeus foram os Guaranis, além da caça e da coleta,<br />

tinham também práticas agrícolase confeccionavam cerâmica.<br />

É importante ressaltar que Santa Catarina possui um <strong>dos</strong> maiores patrimônios <strong>de</strong><br />

arqueológicos do Brasil. A arte rupestre, as oficinas líticas e os sambaquis<br />

constituem as maiores fontes <strong>de</strong> informações sobre os primeiros habitantes do<br />

continente. Dentre a Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina tem-se o conhecimento <strong>de</strong> 32 sítios<br />

arqueológicos <strong>de</strong> arte rupestre 10 e, difundidas em 16 locais, sendo que, este<br />

8 Foto feita em 24/05/2009 durante visita ao local.<br />

9 Santa Catarina possuía os maiores sambaquis do mundo, mas, alguns foram <strong>de</strong>struí<strong>dos</strong> para usar as<br />

conchas na confecção do cal ou na pavimentação <strong>de</strong> estradas. Destaca-se também que, como na<br />

Barra da Lagoa, casas foram construídas sobre sambaquis. (AGUIAR, 2002)<br />

10 Até o momento, não foram encontra<strong>dos</strong> vestígios ou propriamente pinturas rupestres.<br />

37


número po<strong>de</strong> variar com a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> novas inscrições (vi<strong>de</strong> anexo I). Também,<br />

é observado que todas as inscrições em Santa Catarina foram feitas somente sobre<br />

as rochas diabásicas. (AGUIAR, 2002; LUCAS, 199?)<br />

Na maioria <strong>dos</strong> sítios arqueológicos é possível observar sinais níti<strong>dos</strong> <strong>de</strong> vandalismo.<br />

Os sinais <strong>de</strong> vandalismos po<strong>de</strong>m aparecer pela danificação das inscrições com riscos<br />

com pedras sobre os motivos representa<strong>dos</strong>, com pichações com tinta a óleo sobre<br />

a pedra. Os caçadores <strong>de</strong> tesouro também acreditavam que os grafismos po<strong>de</strong>riam<br />

significar algo, ou um possível caminho ou, o local que estaria escondido o tesouro,<br />

com isso, alguns paredões foram explodi<strong>dos</strong>. As ações do tempo também<br />

danificaram os grafismos.<br />

2.5.1 Ilha do Arvoredo<br />

É a maior das Ilhas adjacentes <strong>de</strong> Santa Catarina. A Ilha do Arvoredo se caracteriza<br />

por uma reserva biológica, proporcionando proteção as pinturas rupestres. O sítio<br />

rupestre é localizado no norte da ilha e é <strong>de</strong> difícil acesso. Uma das artes é<br />

facilmente vista do mar, conhecida por Letreiro (figura 10).<br />

Figura 10 - Parte do painel <strong>de</strong> arte rupestre – Ilha do Arvoredo<br />

Fonte: www.keler.lucas.nom.br<br />

38


2.5.2 Ponta <strong>de</strong> Canas<br />

É o único sítio arqueológico <strong>de</strong> arte rupestre que é localizado distante da praia.<br />

Trabalha-se com a hipótese <strong>de</strong>ste sítio ter sido povoado, primeiramente, pelos<br />

caçadores e coletores e, posteriormente pelos Itararé.<br />

Há dois sítios <strong>de</strong> arte rupestre no local, os dois, contendo formas circulares<br />

(imagem 11) e um apresentando, além <strong>de</strong>stas, um ziguezague.<br />

2.5.3 Praia <strong>dos</strong> Ingleses<br />

Figura 11 - Arte rupestre – Ponta <strong>de</strong> Canas<br />

Fonte: www.keler.lucas.non.br<br />

A Praia <strong>dos</strong> Ingleses apresenta somente um sítio <strong>de</strong> arte rupestre, localizado ao<br />

norte. Próximo a esse sítio é possível encontrar um conjunto <strong>de</strong> oficinas líticas.<br />

Os petroglifos compõem-se <strong>de</strong> losangos e linhas onduladas (vi<strong>de</strong> imagem 12).<br />

39


2.5.4 Praia do Santinho<br />

Figura 12 - Arte rupestre – Praia <strong>dos</strong> Ingleses<br />

Fonte: www.keler.lucas.non.br<br />

A Praia do Santinho é um <strong>dos</strong> locais que contêm várias informações <strong>de</strong> caráter<br />

arqueológico, incluindo oficinas líticas e pinturas rupestres na extensão norte e<br />

sul.<br />

O nome “Praia do Santinho” se <strong>de</strong>ve a uma pedra que continha uma inscrição<br />

rupestre 11 i<strong>de</strong>ntificada pelos pescadores locais como um “santo”. Tais pescadores<br />

também costumavam cultuar a inscrição, pedindo, entre outras coisas, proteção.<br />

Entretanto, a rocha foi removida do sítio arqueológico e foi perdida.<br />

Nesta praia é possível i<strong>de</strong>ntificar três sítios arqueológicos <strong>de</strong> arte rupestre, dois<br />

localiza<strong>dos</strong> no norte da praia, sendo um <strong>de</strong> fácil acesso, e outra com acesso<br />

complicado e ainda um outro no sul da praia. (imagem 13) Dois <strong>dos</strong> sítios correm<br />

risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer, tanto pelas ações do tempo, tanto pelos atos <strong>de</strong> vandalismo<br />

no local. (LUCAS, 199?)<br />

Aguiar (2002, p. 44) explica “quanto à tipologia, o elemento predominante é a<br />

variação <strong>de</strong> círculos, seguidas pelos triângulos em série, séries <strong>de</strong> pontos, linhas<br />

11 A sinalização localizava-se no sítio nº1 da Praia do Santinho - norte.<br />

40


paralelas onduladas ou em zigue-zague e figuras antropomórficas,<br />

respectivamente”.<br />

Figura 13 - Arte rupestre – Praia do Santinho (sul)<br />

Fonte: acervo pessoal 12<br />

(...) a maioria absoluta das sinalizações estão gravadas em pedras isoladas<br />

e paredões verticais e horizontais <strong>de</strong> diabásio, que é uma rocha negra, e<br />

estão direcionadas aos pontos car<strong>de</strong>ais e suas subdivisões. A pedra negra é<br />

consi<strong>de</strong>rada sagrada por várias religiões primitivas do mundo. (LUCAS,<br />

199?, p. 8)<br />

Uma das oficinas líticas da Praia do Santinho é possível <strong>de</strong> observação somente nos<br />

dias <strong>de</strong> maré baixa, pois em dias <strong>de</strong> maré alta, ficam completamente submersas<br />

(vi<strong>de</strong> figura 14).<br />

12 Foto feita em 23/05/2009 durante visita ao local.<br />

41


2.5.5 Ilha das Aranhas<br />

Figura 14 - Oficina lítica – Praia do Santinho<br />

Fonte: GONÇALVES, 2003, p. 29<br />

É uma das Ilhas próximas a <strong>de</strong> Santa Catarina. Há dois lugares com sinalizações<br />

explodi<strong>dos</strong> nesta ilha.<br />

Em uma das rupestres restantes da Ilha das Aranhas (vi<strong>de</strong> figura 15), há dois<br />

triângulos uni<strong>dos</strong> pelos vértices e, na parte superior possui prontos com a seguinte<br />

sequência <strong>de</strong> números 7, 4, 3 e 1. Para diversas culturas antigas, estes números são<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> sagra<strong>dos</strong> (Lucas, 199?).<br />

2.5.6 Barra da Lagoa e Prainha<br />

Figura 15 - Arte rupestre – Ilha das Aranhas<br />

Fonte: www.keler.lucas.nom.br<br />

A região que compreen<strong>de</strong> o canal da Barra da Lagoa é <strong>de</strong>stacada das <strong>de</strong>mais praias<br />

e regiões <strong>de</strong> Florianópolis, por ser a que melhor guarda a cultura e as tradições<br />

açorianas.<br />

42


Nesta localida<strong>de</strong> também po<strong>de</strong> se observar vestígios arqueológicos e pinturas<br />

rupestres, bem como, brunidores rupestres 13 .<br />

As inscrições rupestres localizadas na Prainha foram gravadas em blocos isola<strong>dos</strong>,<br />

e, alguns estão em bom estado <strong>de</strong> conservação. Já <strong>de</strong> outros, restam apenas<br />

vestígios. É possível observar o padrão geométrico <strong>dos</strong> grafismos, como nas <strong>de</strong>mais<br />

localida<strong>de</strong>s da Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina (linhas paralelas angulares, ziguezague e o<br />

sistema rediforme – imagem 16).<br />

2.5.7 Caminho <strong>dos</strong> Reis<br />

Figura 16 - Arte rupestre rediforme – Prainha<br />

Fonte: www.keler.lucas.non.br<br />

É a única representação da arte rupestre que é localizada afastada da área<br />

litorânea (imagem 17). O Caminho <strong>dos</strong> Reis se caracteriza por uma trilha que liga a<br />

Praia da Galheta com a Barra da Lagoa.<br />

13 Enseada localizada na Barra da Lagoa. Seu acesso se dá atravessando a ponte pênsil e percorrendo<br />

um pequeno acesso que atravessa um conjunto <strong>de</strong> casas. Estas casas foram construídas sobre um<br />

sambaqui, que nunca fui estudado. (AGUIAR, 2002, p. 50)<br />

43


2.5.8 Praia da Galheta<br />

Figura 17 - Arte rupestre – Caminho <strong>dos</strong> Reis<br />

Fonte: www.keler.lucas.non.br<br />

O sítio arqueológico da Praia da Galheta é um <strong>dos</strong> sítios que corre risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>saparecer, pelas explosões causadas no mesmo, restando apenas vestígios <strong>de</strong><br />

artes rupestres. Já os brunidores rupestres, encontram-se ainda preserva<strong>dos</strong>.<br />

O primeiro painel é caracterizado por motivos geométricos (imagem 18),<br />

semelhantes aos que são apresenta<strong>dos</strong> nos outros sítios <strong>de</strong> arte rupestre <strong>de</strong><br />

Florianópolis. Já o segundo painel apresenta características próprias, <strong>de</strong> estilo<br />

livre 14 .<br />

14 Vi<strong>de</strong> imagem 08 no título 2.4.2 – Arte rupestre<br />

44


2.5.9 Praia Mole<br />

Figura 18 - Arte rupestre – Praia da Galheta<br />

Fonte: www.keler.lucas.non.br<br />

A Praia Mole é muito popular pela prática do surf. Localizada ao lado da Praia da<br />

Galheta, há indícios que as artes rupestres <strong>de</strong> ambas as praias foram efetuadas<br />

pelos mesmos autores. Os dois conjuntos <strong>de</strong> arte rupestre da Praia Mole foram<br />

<strong>de</strong>preda<strong>dos</strong>, restando hoje, apenas vestígios das inscrições.<br />

No primeiro conjunto <strong>de</strong> arte rupestre é possível observar linhas retas, linhas em<br />

ziguezague e formas ovais. Já o segundo conjunto (imagem 19) é composto por<br />

linhas em ziguezague e séries <strong>de</strong> triângulos.<br />

2.5.10 Praia da Joaquina<br />

Figura 19 - Tracing 15 Arte rupestre – Praia Mole<br />

Fonte: AGUIAR, 2002, p. 54<br />

Este é um <strong>dos</strong> sítios arqueológicos <strong>de</strong> arte rupestre completamente <strong>de</strong>struído.<br />

Restam no local somente oficinas líticas conservadas. O único vestígio <strong>de</strong> arte<br />

rupestre (vi<strong>de</strong> imagem 20) é este petroglífo que se encontra em acervo particular.<br />

15 Trancing: Consiste em colocar uma folha sobre a inscrição e traçar as linhas do petroglifo, ou<br />

seja, uma cópia fiel da inscrição em tamanho natural. (AGUIAR, 2002)<br />

45


2.5.11 Ilha do Campeche<br />

Figura 20 - Arte rupestre – Praia da Joaquina<br />

Fonte: AGUIAR, 2002, p. 55<br />

A Ilha do Campeche é on<strong>de</strong> existe maior concentração <strong>de</strong> arte rupestre e com<br />

maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> símbolos 16 . Totalizando oito sítio,s ainda é possível observar<br />

algumas inscrições próprias. (AGUIAR, 2002)<br />

No primeiro sítio há predominância <strong>de</strong> formas circulares e em ziguezague. No<br />

segundo, ainda predominam as formas circulares, existindo ainda uma inscrição<br />

com traços bem particulares (vi<strong>de</strong> imagem 21). No terceiro e no quarto sítio é<br />

possível encontrar inscrições antropomorfas e linhas onduladas, e ainda no quarto<br />

sítio, há uma imagem zoomorfa e linhas em ângulo obtuso – máscara –.<br />

Figura 21 - Tracing Arte rupestre – Ilha do Campeche<br />

16 Para maiores informações sobre a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> símbolos <strong>de</strong>ste sítio, no Anexo III do presente<br />

trabalho é possível observar uma tabela com <strong>de</strong>scrição e quantida<strong>de</strong>s.<br />

46


Fonte: AGUIAR, 2002, p. 57<br />

O quinto sítio da Ilha do Campeche é conhecido como letreiro. Este sítio se<br />

caracteriza por um grupamento <strong>de</strong> motivos, variando entre os ziguezagues, os<br />

círculos e os pontos. Segundo Aguiar (2002, p. 61) “neste mesmo sítio, aparecem as<br />

representações rediformes, com círculos e pontos grava<strong>dos</strong> entre as suas malhas,<br />

talvez uma representação da pesca, ativida<strong>de</strong> importante para o grupo que ali<br />

vivia” (vi<strong>de</strong> imagem 22).<br />

Figura 22 - Arte rupestre – Ilha do Campeche<br />

Fonte: AGUIAR, 2002, p. 64<br />

No sexto e no sétimo sítio há marcas claras <strong>de</strong> vandalismo, com <strong>de</strong>staque para as<br />

linhas onduladas e os motivos antropomorfos. Uma curiosida<strong>de</strong> do sexto sítio é que<br />

existe uma série <strong>de</strong> quadriláteros semelhantes aos da Praia do Santinho. E no<br />

oitavo sítio a predominância também é antropomorfa e ziguezagues.<br />

2.5.12 Praia <strong>de</strong> Armação<br />

47


O sítio arqueológico localizado na Praia da Armação foi totalmente extinto e,<br />

a única inscrição rupestre (imagem 23) está atualmente no Museu do Homem<br />

do Sambaqui. A arte rupestre <strong>de</strong>ste sítio assemelha-se com a arte <strong>dos</strong> sítios<br />

do Pântano Sul e <strong>de</strong> Naufraga<strong>dos</strong> e, são associadas à confecção pelos<br />

caçadores e coletores 17 . Segundo Lucas (199?, p. 78) esta representação<br />

“trata-se <strong>de</strong> mais uma das máscaras existentes em nosso litoral.”<br />

Figura 23 - Arte rupestre – Praia da Armação, hoje disponível no Museu do Homem do<br />

Sambaqui<br />

2.5.13 Praia do Pântano do Sul<br />

Fonte: www.keler.lucas.non.br<br />

Consi<strong>de</strong>rado um <strong>dos</strong> mais antigos sítios arqueológicos existentes, as inscrições<br />

rupestres assemelham-se as encontradas na Armação e em Naufraga<strong>dos</strong>. O sítio<br />

arqueológico localiza-se no início do costão e, as inscrições rupestres estão mais<br />

<strong>de</strong>sgastadas, fator que confirmaria a antiguida<strong>de</strong> do sítio. É importante ressaltar<br />

que as rupestres <strong>de</strong>ste sítio são associadas aos caçadores e coletores.<br />

Em relação as artes, na primeira inscrição é encontrado antropomorfos (imagem<br />

24) e linhas em ziguezague e, no segundo, linhas <strong>de</strong> angulação obtusa que se<br />

encontram em forma <strong>de</strong> “x”.<br />

17 Primeiros povos a habitar o litoral catarinense. Vi<strong>de</strong> título 3.4<br />

48


2.5.14 Praia da Solidão<br />

Figura 24 - Arte rupestre – Pântano do Sul<br />

Fonte: www.keler.lucas.non.br<br />

Na Praia da Solidão é possível encontrar apenas uma inscrição, <strong>de</strong>sgastada. A<br />

composição da arte sugere a representação <strong>de</strong> uma habitação.<br />

Figura 25 - Trancing Arte Rupestre – Praia da Solidão<br />

Fonte: AGUIAR, 2002, p. 68<br />

49


2.5.15 Praia <strong>dos</strong> Naufraga<strong>dos</strong><br />

Esse sítio arqueológico rupestre localiza-se no extremo sul da Ilha <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina. Na extensão da praia é possível encontrar dois sítios com inscrições<br />

rupestres. Ao norte são basicamente motivos com linhas onduladas e, ao sul é<br />

possível encontrar linhas angulares, com motivos semelhantes aos encontra<strong>dos</strong> no<br />

Pântano do Sul e na Armação (imagem 26).<br />

2.5.16 Ilha da Irmã <strong>de</strong> Fora<br />

Figura 26 - Arte rupestre – Praia <strong>dos</strong> Naufraga<strong>dos</strong><br />

Fonte: AGUIAR, 2002, p. 69<br />

O sítio <strong>de</strong> arte rupestre da Ilha da Irmã <strong>de</strong> Fora é composto por duas inscrições. A<br />

primeira inscrição é em formato <strong>de</strong> “máscara”, semelhante as <strong>de</strong>mais encontradas<br />

na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina. A segundo inscrição, segundo Lucas 18 , seria a “máscara”<br />

completa, com o terceiro olho e simbolizaria o rosto <strong>de</strong> Deus.<br />

18 Disponível em acessado em maio/2009.<br />

50


Figura 27 - Arte rupestre – Ilha da Irmã <strong>de</strong> Fora<br />

Fonte: www.keler.lucas.non.br<br />

3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO<br />

Este capítulo compreen<strong>de</strong> a parte do trabalho referente à pesquisa <strong>de</strong> campo e<br />

aborda a pesquisa em si, os méto<strong>dos</strong> utiliza<strong>dos</strong>, o procedimento da coleta <strong>de</strong><br />

da<strong>dos</strong>, bem como, a análise e comparação <strong>de</strong>stes da<strong>dos</strong>. Apresenta-se aqui também<br />

a metodologia usada e as ferramentas que possibilitaram a sua realização.<br />

Primeiramente, foi estruturada a revisão da literatura, pois através <strong>de</strong>la foi<br />

possível i<strong>de</strong>ntificar quais as questões que seriam levantadas na pesquisa <strong>de</strong> campo<br />

a fim a <strong>de</strong> auxiliar na resolução <strong>dos</strong> problemas.<br />

(...) a pesquisa qualitativa geralmente oferece <strong>de</strong>scrições ricas e bem<br />

fundamentadas, além <strong>de</strong> explicações sobre processos em contextos locais<br />

i<strong>de</strong>ntificáveis. Além disso, ela ajuda o pesquisador a avançar em relação às<br />

concepções iniciais ou a revisar a sua estrutura teórica. (VIEIRA, 2004, p.<br />

18)<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> pesquisa aplicada foi o da pesquisa qualitativa, por ser <strong>de</strong> natureza<br />

subjetiva e permitir flexibilida<strong>de</strong> nas respostas e análise <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> com a<strong>de</strong>quação<br />

a estrutura teórica do trabalho. Foram elabora<strong>dos</strong> roteiros <strong>de</strong> entrevista 19 aplica<strong>dos</strong><br />

com os pescadores e moradores nativos <strong>dos</strong> locais da Praia do Santinho e da Barra<br />

da Lagoa, on<strong>de</strong> foi realizada também a pesquisa <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> aspecto visual, a fim<br />

19 Os roteiros das entrevistas estão disponíveis no Apêndice A, B, C e D <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

51


<strong>de</strong> conhecer e tatear as rochas, artes rupestres e brunidores rupestres. E entrevista<br />

com a pesquisadora e historiadora Urda Alice Klueger.<br />

Colhidas informações também, através <strong>de</strong> questionário com usuárias <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>, para<br />

i<strong>de</strong>ntificação da relação homem x objeto, ou seja, mulheres x <strong>jóias</strong>, bem como, a<br />

percepção das mulheres em relação às formas existentes nas artes rupestres.<br />

3.1 REQUISITOS DA PESQUISA<br />

A presente pesquisa <strong>de</strong> campo procura i<strong>de</strong>ntificar <strong>de</strong>mais informações sobre a<br />

percepção das pessoas com relação às inscrições rupestres presentes em<br />

Florianópolis – SC. Para isso, foram utiliza<strong>dos</strong> questionários, entrevistas e registros<br />

fotográficos.<br />

A entrevista com pescadores e nativos do local foi realizada na Praia do Santinho e<br />

na Barra da Lagoa, ambas localizadas em Florianópolis – SC, por meio <strong>de</strong> conversa<br />

investigatória sobre o tema <strong>de</strong> pesquisa. A amostragem foi realizada com<br />

aproximadamente 10 pessoas, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s distintas, mas, to<strong>dos</strong> pescadores e/ou<br />

nativos da região, resi<strong>de</strong>ntes naquele local ou nas proximida<strong>de</strong>s. A entrevista com a<br />

pesquisadora e historiadora, <strong>de</strong>sta linha <strong>de</strong> pesquisa, Urda Alice Klueger foi<br />

realizada por meio <strong>de</strong> entrevista.<br />

A amostragem do público feminino usuário <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> foi realizada com 20 pessoas,<br />

todas do sexo feminino, <strong>de</strong> faixas etárias variadas. Realizado por meio <strong>de</strong><br />

entrevista.<br />

3.2 REPRESENTATIVIDADE DA AMOSTRA<br />

Na pesquisa <strong>de</strong> campo aplicada nos moradores da Praia do Santinho e da Barra da<br />

Lagoa, as respostas foram muito semelhantes durante a amostragem, no que diz<br />

respeito à preservação e a história. A amostragem foi realizada com<br />

aproximadamente 10 pessoas escolhidas aleatoriamente no local, porém, to<strong>dos</strong><br />

com vinculo ativo com a praia, como moradores e/ou pescadores.<br />

52


A importância da visitação na Praia do Santinho é dada pela preservação e<br />

simbolismo que a inscrição localizada no sul da praia representa em Florianópolis e<br />

nas proximida<strong>de</strong>s. Esta inscrição é a mais famosa <strong>de</strong>las e, uma das que se encontra<br />

mais protegida para sua preservação.<br />

Ainda foi realizada entrevista aplicada em diversas mulheres, com ida<strong>de</strong>s, classes<br />

sociais e percepções <strong>de</strong> mundo diferenciadas, para análise e visão geral do público<br />

feminino sobre a joalheria e os símbolos rupestres.<br />

3.3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA<br />

3.3.1 Técnicas e ferramentas da pesquisa utilizadas<br />

Para elaboração da pesquisa <strong>de</strong> campo foram utilizadas algumas técnicas e<br />

ferramentas para facilitar o trabalho e que tornasse possível alcançar os resulta<strong>dos</strong><br />

do problema proposto.<br />

A primeira coleta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> foi realizada através <strong>de</strong> diálogos (entrevista com roteiro<br />

pré-<strong>de</strong>finido) com pescadores e moradores nativos locais da Praia do Santinho e da<br />

Barra da Lagoa, aplica<strong>dos</strong> pela autora. Nesta etapa, o instrumento usado foi<br />

ca<strong>de</strong>rno para anotações <strong>dos</strong> pontos principais da conversa.<br />

Em paralelo a esta coleta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong>, foi realizado o registro fotográficos <strong>de</strong> algumas<br />

das inscrições rupestres – as localizadas na Praia do Santinho – e <strong>de</strong> alguns<br />

brunidores rupestres, estes localiza<strong>dos</strong> na Barra da Lagoa. Todas as fotos foram<br />

executadas pela autora, nos dias 23/05/2009 e 24/05/2009.<br />

A entrevista com a pesquisadora e historiadora Urda Alice Klueger foi realizada<br />

através <strong>de</strong> contato pessoal com a mesma com roteiro <strong>de</strong>finido e i<strong>de</strong>ntificou<br />

principalmente a sua percepção sobre os grafismos rupestres.<br />

A amostragem realizada com o público feminino, usuárias <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>, i<strong>de</strong>ntificou a<br />

relação que as mulheres têm com as <strong>jóias</strong>, bem como, a percepção <strong>de</strong>ssas mulheres<br />

sobre os objetos e o que as inscrições rupestres po<strong>de</strong>m remeter as pessoas. A<br />

amostragem foi realizada por meio <strong>de</strong> entrevista.<br />

53


3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Aqui serão abordadas e analisadas as discussões <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> das pesquisas <strong>de</strong><br />

campo realizadas na Praia do Santinho e na Barra da Lagoa (Prainha); com usuárias<br />

<strong>de</strong> <strong>jóias</strong> e com a escritora e historiadora Urda Alice Klueger.<br />

3.4.1 Análise Pesquisa <strong>de</strong> Campo Arte Rupestre<br />

Não é <strong>de</strong> hoje que a Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina é carregada <strong>de</strong> misticismo, mistérios e<br />

“histórias <strong>de</strong> pescadores”. Muito antes da inserção da cultura européia em nosso<br />

estado, quando as primeiras civilizações habitaram Florianópolis, <strong>de</strong>ixando seus<br />

vestígios nos paredões rochosos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já guardam as lendas que atravessam o<br />

tempo e, <strong>de</strong> certa forma, apagam-se pela <strong>de</strong>struição das marcas nas rochas.<br />

Outra forma <strong>de</strong> registro <strong>de</strong>ssas populações no nosso litoral foi por meio <strong>dos</strong><br />

objetos, <strong>de</strong>ntre eles <strong>jóias</strong>, encontra<strong>dos</strong> junto aos sambaquis em escavações<br />

arqueológicas e, conforme explica Urda Alice Klueger, em pesquisa <strong>de</strong> campo<br />

“havia (há) objetos <strong>de</strong> arte, em pedra, ossos, concha, <strong>de</strong>ntes. Havia adornos [...]<br />

nos materiais já cita<strong>dos</strong>. Imagina-se que <strong>de</strong>veria haver muitos outros em ma<strong>de</strong>ira,<br />

penas, plumas, etc.. materiais que se <strong>de</strong>sintegram com o passar do tempo”.<br />

A primeira função das imagens rupestres foi a documentação. Hoje esse simbolismo<br />

serve como a maior forma <strong>de</strong> representação e informação sobre as pessoas que ali<br />

habitaram. A arte rupestre já vinha apresentando formas interessantes na sua<br />

confecção. Os <strong>de</strong>senhos nos paredões rochosos apresentam em sua maioria padrões<br />

<strong>de</strong> repetição e formas e linhas que já sugeriam um ritmo e movimento.<br />

Sobre o possível significado das imagens, Urda Alice Klueger, diz – como a<br />

fundamentação teórica – que não se po<strong>de</strong> ter certeza <strong>de</strong> nada quanto ao seu real<br />

significado, mas, complementa que há suposições que imagens antropomorfas<br />

po<strong>de</strong>m representar famílias e que, talvez possam significar que aquele local já<br />

possuía dono, como uma <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> território.<br />

Ressalta também que, em <strong>de</strong>corrência das ações climáticas e ações do homem,<br />

estas artes rupestres estão sendo danificadas e correm o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer por<br />

completo. Mas, na Praia do Santinho, no sítio arqueológico rupestre que se localiza<br />

54


na parte sul da praia, a inscrição mais famosa – a que <strong>de</strong>u origem a marca do<br />

Resort Costão do Santinho – está preservada e existe uma trilha ecológica<br />

construída pelo resort para preservar a inscrição e tornar-se uma atração turística.<br />

A trilha apresenta placas explicativas sobre o Homem do Sambaqui, sobre artes<br />

rupestres e sobre a Praia do Santinho. Ao final <strong>de</strong>la é possível ver o grafismo que<br />

serviu <strong>de</strong> inspiração para a logomarca do hotel. Sobre este grafismo, foi construído<br />

uma proteção a fim <strong>de</strong> prorrogar a preservação da arte (vi<strong>de</strong> imagem 28).<br />

Figura 28 - Proteção arte rupestre – Praia do Santinho<br />

Fonte: acervo pessoal<br />

Embora ninguém tenha conseguido <strong>de</strong>cifrar o significado real da imagem, os<br />

moradores os têm como uma espécie <strong>de</strong> proteção, fazendo com que a imagem se<br />

torne uma crença para quem freqüenta a praia. Era consi<strong>de</strong>rada como proteção a<br />

imagem do “santo” que foi retirada da praia e perdida no transporte para o Museu<br />

do Homem do Sambaqui.<br />

Em outros lugares, como na Ilha do Campeche, há painéis com imagens mais ricas e<br />

mais representativas 20 . Ainda em pesquisa <strong>de</strong> campo, segundo a percepção <strong>de</strong> Urda<br />

Alice Klueger “[...] algumas pinturas que significam ondas do mar, ou re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

pescaria, mas há tal varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> símbolos, que fica difícil achar muito. As<br />

pinturas <strong>de</strong> família, no entanto, não há como confundi-las com outros símbolos”.<br />

20 Observado pela autora durante a fundamentação teórica, como também, mencionado pela<br />

historiadora Urda Alice Klueger em entrevista na pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

55


Cabe ressaltar que, to<strong>dos</strong> os entrevista<strong>dos</strong> <strong>de</strong>sta amostragem estão cientes da<br />

importância do local e, da importância da imagem para com o turismo local, já que<br />

é um <strong>dos</strong> atrativos regionais.<br />

Quanto aos brunidores rupestres observa<strong>dos</strong>, localiza<strong>dos</strong> na Barra da Lagoa,<br />

também apresentam sinais <strong>de</strong> vandalismo. Entretanto, as ações do tempo também<br />

contribuem para que esta parte da história seja danificada. Na Barra da Lagoa,<br />

po<strong>de</strong>-se observar o pilar da ponte pênsil fixado em cima <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong><br />

brunidores rupestres (imagem 29). Há também um conjunto <strong>de</strong> casas construídas<br />

em cima <strong>de</strong> um sambaqui, que, segundo Aguiar (2002) nunca foi estudado.<br />

Figura 29 - Oficina lítica e estrutura da ponte pênsil – Barra da Lagoa 21<br />

Fonte: acervo pessoal<br />

Da mesma forma que na Praia do Santinho, não há muito interesse da população<br />

para com a preservação, mas, intervenções e vandalismos são rejeita<strong>dos</strong> pelos<br />

moradores locais. Neste local, há alguns moradores que não sabem e não<br />

<strong>de</strong>monstram interesse em saber o que são e on<strong>de</strong> se localizam as oficinas líticas e<br />

não tem conhecimento da arte rupestre local.<br />

Entretanto, estas pessoas convivem com esses marcos arqueológicos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

nascimento, afirmam que foram feitas para confeccionar as ferramentas utilizadas<br />

na época pré-indígena e, que, esse conhecimento é repassado sem muita didática.<br />

O mais representativo mesmo, nesta região, é a cultura açoriana, preservada até<br />

hoje.<br />

21 Foto feita em 24/05/2009 durante visita ao local.<br />

56


Para se transformar em atração turística teria que haver um investimento na região<br />

e nas oficinas líticas também. Em relação às artes rupestres, também não há<br />

conhecimento específico por parte da população e, diferente da arte rupestres da<br />

Praia do Santinho, não tem representativida<strong>de</strong> turística.<br />

A observação <strong>de</strong>sses sítios foi auxiliada pelo registro fotográfico e pela observação<br />

da textura da rocha.<br />

3.4.2 Análise Pesquisa <strong>de</strong> Campo Usuárias <strong>de</strong> Jóias<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta sessão, serão discutidas algumas relações que as <strong>jóias</strong><br />

estabelecem em relação com quem as usa. Serão abordadas três percepções:<br />

glamour, po<strong>de</strong>r e sentimentalismo, conforme resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> na amostragem<br />

<strong>de</strong>sta pesquisa.<br />

A relação entre homem x objeto está altamente relacionada com os aspectos<br />

culturais, tanto do objeto, quanto do homem. Um objeto sempre significará e terá<br />

um valor simbólico, <strong>de</strong> uso, intrínseco e afetivo, mas, sobressaindo um ou mais<br />

valores. Um objeto sempre terá um porque e a sua relação com o homem é<br />

baseada na percepção do mesmo em relação ao objeto e, nos aspectos emocionais<br />

<strong>de</strong> quem o contempla.<br />

A <strong>partir</strong> <strong>de</strong>ssa junção <strong>de</strong> aspectos simbólicos e significativos, estéticos e <strong>de</strong>sses<br />

valores que fazem com que um objeto seja atraente ou não para um <strong>de</strong>terminado<br />

grupo e, fazem com que as pessoas percebam “<strong>de</strong>talhes” no objeto que as atrai ao<br />

uso.<br />

No caso das <strong>jóias</strong>, ressalta-se que elas proporcionam prazer quando usadas ou<br />

apreciadas por mulheres e que, significaram po<strong>de</strong>r e outros significa<strong>dos</strong> implícitos<br />

conti<strong>dos</strong> em cada peça usada. Há também na essência do objeto os aspectos<br />

emocionais, associa<strong>dos</strong> aos <strong>de</strong>leites que as <strong>jóias</strong> proporcionam.<br />

Glamour: Definido também como charme, encanto ou magnetismo. O glamour trás<br />

consigo simbologias. Nestes termos, os aspectos formais da jóia são <strong>de</strong>staca<strong>dos</strong>,<br />

como cores (material e pedraria), textura. Faz parte do estético, da investigação<br />

57


através do belo e é consi<strong>de</strong>rado um toque especial, no que diz respeito a beleza e<br />

as suas relações.<br />

É o alto po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> atração que uma jóia po<strong>de</strong> proporcionar quando em uso ou em<br />

relação a observação da peça. Neste caso, os valores simbólicos aparecem alia<strong>dos</strong><br />

aos valores estéticos que regem a socieda<strong>de</strong>, proporcionando encantamento<br />

múltiplo por parte <strong>de</strong> quem observa. Essa relação <strong>de</strong> glamour parte <strong>de</strong> um caráter<br />

antropológico, pela relação <strong>de</strong> encanto que a jóia tem com a mulher. Relaciona-se<br />

também ao status social, pela representativida<strong>de</strong> das peças perante a socieda<strong>de</strong>,<br />

muitas vezes <strong>de</strong> caráter exótico e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

Po<strong>de</strong>r: Aqui entendido como o toque a mais que a jóia exerce na socieda<strong>de</strong>,<br />

significa a autorida<strong>de</strong> e a soberania do usuário da mesma, também po<strong>de</strong>ndo<br />

significar domínio, li<strong>de</strong>rança e influencia. Um exemplo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r é a jóia máxima,<br />

ou seja, a coroa, elemento <strong>de</strong> forma circular como a cabeça, que lembra proteção.<br />

O uso <strong>de</strong> uma jóia propõe valores intrínsecos (o que não se po<strong>de</strong> tirar) ; simbólico<br />

(ligado aos aspectos formais; e <strong>de</strong> uso ( relação da jóia com a sua usuária).<br />

Essa <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r através da joalheria faz parte <strong>de</strong> uma tradição<br />

histórico-social, on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a pré-história, os melhores homens eram<br />

con<strong>de</strong>cora<strong>dos</strong> por seus feitos. Nas monarquias, a jóia máxima – a coroa – significa o<br />

po<strong>de</strong>r maior, e só uma pessoa a possui, o Rei. Isso se esten<strong>de</strong> as <strong>jóias</strong> <strong>de</strong> família,<br />

que representam algo concreto, o po<strong>de</strong>r da família, do nome da família contido no<br />

brasão.<br />

Nestes termos, a relação da mulher com a joalheria, é ostensiva, isto é, baseada no<br />

luxo e na riqueza. A ligação com os aspectos formais do objeto ainda po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>stacada, aspectos estes que simbolizam simplesmente o melhor.<br />

Sentimento: São informações <strong>de</strong> caráter sensitivo contidas nas situações<br />

vivenciadas pelas pessoas. Representa sempre algo a mais e faz com que o objeto<br />

seja especial <strong>de</strong> alguma forma. Uma jóia com valor sentimental carrega consigo<br />

uma carga <strong>de</strong> informação enorme, traduzindo em situações <strong>de</strong> uso o que realmente<br />

a jóia representa.<br />

Sentimento é um valor intrínseco, pois não se po<strong>de</strong> separar o sentimento da jóia;<br />

simbólicos pelo que ela representa; <strong>de</strong> uso por ser especial e; afetivo por estar<br />

58


ligada diretamente as emoções, representando algo e o que ela é capaz <strong>de</strong><br />

representar.<br />

As imagens apresentadas as respon<strong>de</strong>ntes da pesquisa foram agrupadas <strong>de</strong> acordo<br />

com semelhança em 12 categorias e a percepção das mulheres sobre as categorias<br />

está <strong>de</strong>scrita abaixo.<br />

A, E, F, H: Essas formas forma julgadas <strong>de</strong> importância intermediária pela<br />

amostragem. A diferença <strong>dos</strong> espaços fez com que as formas se tornem<br />

interessante, e a repetição das formas criou uma estampa, sugerindo um jogo <strong>de</strong><br />

figura e fundo. Representam algo concreto, estático, que remete a força e po<strong>de</strong>r.<br />

B: Essas formas foram julgadas interessantes por todas as mulheres entrevistadas<br />

nesta amostragem. Transmitem sensação <strong>de</strong> movimento, flui<strong>de</strong>z e leveza quanto as<br />

formas. Embora não tenha um significado concreto, as percepções são relacionadas<br />

a proteção e caminho que <strong>de</strong>ve ser seguido, para as formas em espiral. Já para os<br />

círculos as sensações ressaltadas forma <strong>de</strong> proteção e sugestão <strong>de</strong> um ciclo<br />

fechado, concreto.<br />

C, L: As formas não são <strong>de</strong>finidas e não seguem uma or<strong>de</strong>m, embora mantenham os<br />

padrões geométricos. Tais categorias não tiveram muita atenção do público<br />

feminino selecionado para esta amostragem, por não apresentarem um padrão e<br />

não representarem algo concreto. Foi observado que essas formas provocaram<br />

confusão junto ao público feminino quando se diz respeito a interpretação e a<br />

percepção das mesmas.<br />

D: As formas contidas nesta categoria também tiveram boa apreciação por parte<br />

das mulheres entrevistas nesta amostragem. A análise das respostas, <strong>de</strong>monstrou<br />

que tais formas sugerem movimento e transmitem sensação <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> e que<br />

a percepção da forma como um ciclo, não tendo fim, mas fluindo sempre.<br />

G, I, J: O ângulo sugerido no encontro das formas transmitiu as entrevistadas uma<br />

sensação <strong>de</strong> que algo foi concluído, tendo uma aceitação também, principalmente<br />

as formas disposta na categoria J. A maioria das formas dispostas chamou a<br />

atenção pelo jogo que as linhas fazem formando a figura, tanto por representar um<br />

circuito fechado, quanto para representar algo concreto,transmitindo a sensação<br />

<strong>de</strong> movimento.<br />

59


K: Tais formas dispostas nesta categoria não obtiveram a atenção geral das<br />

entrevistadas, entretanto, as respostas positivas para esta categoria ressaltaram<br />

que o mais representativo foi o movimento das formas, que sugerem alegria,<br />

felicida<strong>de</strong> e diversão.<br />

Fazendo um apanhado geral da representativida<strong>de</strong> e percepção <strong>de</strong>stas formas, as<br />

categorias que obtiveram maior aceitação foram B, D, F e J. Entretanto, cabe<br />

ressaltar aqui que estas quatro categorias que mais agradaram ao público feminino,<br />

apresentam grafismos distintos umas das outras, mesmo que sempre mantenham o<br />

padrão geométrico.<br />

Para a categoria B, o que teve a maior representativida<strong>de</strong>, foi observado que o<br />

ponto principal foi a sensação <strong>de</strong> proteção que estas figuras sugeriram. Contudo,<br />

há duas formas <strong>de</strong> grafismos circulares dispostas e, os círculos fecha<strong>dos</strong> foram os<br />

mais escolhi<strong>dos</strong>.<br />

As formas dispostas na categoria D se sobressaíram pela sensação <strong>de</strong> movimento<br />

por elas transmitida as mulheres participantes da amostragem. Todas as mulheres<br />

comentaram sobre as formas como um todo e apontaram o ritmo que estas impõem<br />

como um diferencial.<br />

Para a F, o jogo das formas semelhantes a um tabuleiro <strong>de</strong> xadrez foi o que obteve<br />

maior representativida<strong>de</strong> nas respostas. Tais formas, embora criem uma espécie <strong>de</strong><br />

estampa e confun<strong>de</strong>m a figura com o fundo, também passam a sensação <strong>de</strong> algo<br />

concreto e transmitem continuida<strong>de</strong> das marcações.<br />

No caso da categoria J, o que faz com que sejam interessantes as formas, é o jogo<br />

que as linhas em diagonal, formando ângulos obtusos que mostram, que, parte <strong>de</strong><br />

algo começado e sugere um fim on<strong>de</strong> as linhas se encontram.<br />

Sendo assim, <strong>de</strong>duz-se que tanto os grafismos como as <strong>jóias</strong> sempre representaram<br />

algo e estão inseri<strong>dos</strong> em um contexto histórico-social.<br />

Esses dois conceitos vão se fundir formando uma nova coleção <strong>de</strong> peças <strong>de</strong><br />

joalheria.<br />

60


4 RESULTADOS OBTIDOS<br />

Em relação aos objetivos propostos neste trabalho, foram estuda<strong>dos</strong> e<br />

fundamenta<strong>dos</strong> os aspectos da joalheria, bem como, os aspectos relaciona<strong>dos</strong> aos<br />

estu<strong>dos</strong> arqueológicos realiza<strong>dos</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis – SC.<br />

Desta forma, foi possível a i<strong>de</strong>ntificação <strong>dos</strong> aspectos simbólicos <strong>dos</strong> diversos<br />

perío<strong>dos</strong> históricos, presentes nos objetos da joalheria e a evolução histórica das<br />

técnicas e materiais emprega<strong>dos</strong> na confecção, bem como, a inspiração e as formas<br />

mais utilizadas.<br />

Esta etapa da pesquisa possibilitou o estudo das artes rupestre presentes na Ilha <strong>de</strong><br />

Santa Catarina, para a compreensão do significado das formas para nos seus<br />

aspectos formais e po<strong>de</strong>r empregá-las em uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>.<br />

A pesquisa também forneceu base teórica para a compreensão <strong>de</strong> uso das <strong>jóias</strong><br />

pelas mulheres e por que o público feminino sente-se atraído por esse objeto, seja<br />

pelo <strong>de</strong>sejo estético ou representativo na socieda<strong>de</strong>. Nestes termos, a razão pela<br />

qual as mulheres fazem o uso <strong>dos</strong> objetos da joalheria alterna-se entre o glamour<br />

das peças, a representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que uma peça carrega e o sentimento<br />

<strong>de</strong>positado na própria peça.<br />

A pesquisa realizada na Praia do Santinho e na Barra da Lagoa proporcionou melhor<br />

conhecimento <strong>dos</strong> aspectos das artes rupestre, incluindo fatores táteis e visuais. As<br />

entrevistas com nativos locais mediram a percepção das pessoas para com os<br />

grafismos e um possível significado da mais famosa relíquia antropológica <strong>de</strong><br />

Florianópolis localizada na Praia do Santinho.<br />

Assim, o ajustamento entre os da<strong>dos</strong>, o simbolismo compreendido nas artes, bem<br />

como, os valores que po<strong>de</strong>m ser emprega<strong>dos</strong> em uma jóia, os motivos pelo qual as<br />

mulheres fazem seu uso, serão mescla<strong>dos</strong> e adapta<strong>dos</strong> para que possa se<br />

<strong>de</strong>senvolver uma coleção conceituada no conhecimento arqueológico.<br />

As contribuições do <strong>de</strong>sign, para criar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria, serão empregadas<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento das peças, relacionando-as com as tendências <strong>de</strong> que segue a<br />

atualida<strong>de</strong>, bem como, ao apelo estético e a percepção das formas pelo público<br />

feminino.<br />

61


As próximas etapas <strong>de</strong>scritas referem-se ao <strong>de</strong>senvolvimento da coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>,<br />

proposta para a realização <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />

5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento do projeto, foi utilizada a metodologia <strong>de</strong> Gui Bonsiepe<br />

que auxilia a criação <strong>de</strong> objetos e artefatos com soluções <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign.<br />

5.1 PROBLEMATIZAÇÃO<br />

A <strong>partir</strong> do trabalho <strong>de</strong> pesquisa realizado, tanto da revisão bibliográfica quanto da<br />

pesquisa <strong>de</strong> campo, e baseada na sua análise e resulta<strong>dos</strong> alcança<strong>dos</strong>, po<strong>de</strong>-se<br />

elencar alguns <strong>dos</strong> subsídios necessários para o início do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma<br />

coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>. Além da observação <strong>dos</strong> aspectos históricos e das características<br />

da joalheria, foram realiza<strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong> sobre a arte rupestre catarinense a fim <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r alguns <strong>de</strong> seus aspectos formais e seus significa<strong>dos</strong> incluindo<br />

observações táteis e visuais e, empregá-las em uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>.<br />

A importância em se produzir uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> <strong>conceituadas</strong> a <strong>partir</strong> <strong>dos</strong><br />

acha<strong>dos</strong> em sítios arqueológicos, é a pesquisa <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local e regional<br />

do estado <strong>de</strong> Santa Catarina, que transforma essas representações em uma<br />

linguagem visual <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign i<strong>de</strong>ntificando a cultura catarinense.<br />

A <strong>partir</strong> das formas propostas com a pesquisa <strong>de</strong> campo realizada com as usuárias<br />

<strong>de</strong> <strong>jóias</strong>, criou-se um padrão <strong>de</strong> base visual criada sobre as representações gráficas<br />

<strong>dos</strong> povos que viveram na Ilha <strong>de</strong> santa Catarina. A coleção se propõe a seguir<br />

tendências da joalheria atual, usando o apelo estético relacionado com as formas<br />

propostas pela arte rupestre.<br />

Além <strong>de</strong>ste conceito, também se preten<strong>de</strong> utilizar materiais que se relacionem com<br />

a economia regional catarinense, com intuito <strong>de</strong> reforçar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional<br />

catarinense.<br />

62


O problema aqui i<strong>de</strong>ntificado, se refere a aplicação <strong>de</strong> grafismos <strong>de</strong> origem<br />

antropológica pesquisa<strong>dos</strong> na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina para conceituar e <strong>de</strong>senvolver<br />

uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> que possuam apelo estético e cultural a mulheres <strong>de</strong> qualquer<br />

ida<strong>de</strong> ou classe social. Jóias são a<strong>de</strong>reços consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> pelo público feminino como<br />

componente essencial do vestuário e possuem significa<strong>dos</strong> que também foram<br />

pesquisa<strong>dos</strong> neste estudo.<br />

Assim sendo, o problema proposto é justamente realizar esse conceito pesquisado<br />

nas origens da Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina para representar esteticamente todo o po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> sedução <strong>de</strong> uma mulher.<br />

5.2 ANÁLISE DAS NECESSIDADES<br />

Foram i<strong>de</strong>ntificadas duas necessida<strong>de</strong>s principais para esse projeto. A primeira se<br />

relaciona com a criação <strong>de</strong> uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> que possua um apelo estético e<br />

características inovadoras, e, para isso foi realizada a pesquisa na busca <strong>de</strong> uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional. A outra diz respeito a utilização do <strong>de</strong>sign auxiliando o<br />

processo <strong>de</strong> criação das peças, i<strong>de</strong>ntificado com as atuais tendências da joalheria e<br />

os materiais para a confecção <strong>de</strong>ssas <strong>jóias</strong>.<br />

Um <strong>dos</strong> materiais utiliza<strong>dos</strong> neste projeto foi escolhido por ter sido trazido por<br />

emigrantes estabeleci<strong>dos</strong> em Santa Catarina, o cristal. 22 Esse material está<br />

presente na economia do estado, com reconhecimento nacional e internacional 23 .<br />

Foi observado que, uma das tendências – a étnica 24 – trata <strong>de</strong> difundir novas<br />

culturas popularizando seus valores, fazendo uma fusão entre a história e a<br />

realida<strong>de</strong>, e proporcionando as pessoas visualizarem a história <strong>de</strong> maneira mais<br />

interessante.<br />

22<br />

Informações sobre esse material po<strong>de</strong> ser encontrado na análise <strong>dos</strong> materiais, neste capítulo, da<br />

presente pesquisa.<br />

23<br />

Informações da Secretaria <strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> Blumenau.<br />

24<br />

Mais informações po<strong>de</strong>m ser encontradas em<br />

http://www.infojoia.com.br/news_portal/noticia_5885<br />

63


5.3 COLETA DE DADOS<br />

Foram coleta<strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> pesquisa antropológica e da<strong>dos</strong> relativos ao estado da<br />

arte, já <strong>de</strong>scritos anteriormente nos capítulos.<br />

5.3.1 Análise do Público-Alvo<br />

Mulheres, pertencentes às classes A e B, com ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 25 anos, que possuem<br />

características fortes, tais como segurança e ousadia. Que participem <strong>de</strong> ocasiões<br />

on<strong>de</strong> se permite o uso <strong>de</strong> maxi <strong>jóias</strong> e que, sigam as tendências da joalheria<br />

mo<strong>de</strong>rna.<br />

Figura 30 - Kate Moss, mo<strong>de</strong>lo<br />

Fonte: http://www.garotasmo<strong>de</strong>rnas.com/2009/03/kate-moss-faz-campanha-<strong>de</strong>-joias.html<br />

Porém, como observado durante pesquisa <strong>de</strong> campo, as maioria das mulheres<br />

gostam <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> e fazem o uso das mesmas diariamente. Então, esta coleção <strong>de</strong><br />

64


<strong>jóias</strong> também po<strong>de</strong>rá ser usada por mulheres que não se enquadram neste perfil <strong>de</strong><br />

público-alvo.<br />

5.3.2 Análise <strong>de</strong> uso<br />

Uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r várias peças para serem usadas, como<br />

anéis, colares, braceletes, brincos, gargantilhas, pulseiras, tornozeleiras, broches,<br />

presilhas <strong>de</strong> cabelo, etc. A principal função das <strong>jóias</strong> sempre foi adornar homens e<br />

mulheres. No entanto, <strong>de</strong> acordo com a época em que elas foram concebidas e<br />

utilizadas várias outras funções po<strong>de</strong>m ser atribuídas.<br />

Conhecimento e abstração das imagens <strong>de</strong> inspiração, estudo <strong>de</strong> público-alvo e<br />

materiais para fabricação, entre outras são <strong>de</strong> extrema importância quando se cria<br />

uma coleção <strong>de</strong> joalheria. No entanto, todas as peças sempre farão parte <strong>de</strong> um<br />

contexto social, aliadas ao uso <strong>de</strong> materiais mais usa<strong>dos</strong> em cada época.<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta coleção, os materiais usa<strong>dos</strong> foram escolhi<strong>dos</strong> entre<br />

os que agregam valor ao produto e lhe dão características originais: couro, prata e<br />

cristal.<br />

Cabe ressaltar também que existem diversos tipos <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>, com tamanhos e<br />

formatos diferentes, cujo uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>stina a diversas ocasiões diferentes; <strong>jóias</strong> para<br />

uso diário; uso <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> para ocasiões especiais; <strong>jóias</strong> para a noite; e <strong>jóias</strong> <strong>de</strong> uso<br />

conceitual.<br />

Observa-se que <strong>jóias</strong> confeccionadas para uso diário possuem menos a<strong>de</strong>reços e são<br />

menores, quando comparadas as <strong>jóias</strong> produzidas para uso em eventos ou ocasiões<br />

especiais.<br />

65


5.3.3 Análise diacrônica<br />

Nesta análise será apresentado um breve histórico <strong>de</strong> cada peça da joalheria que<br />

será <strong>de</strong>senvolvida nesta pesquisa.<br />

5.3.3.1 Brinco<br />

Não há uma data <strong>de</strong>finitiva, nem uma civilização antiga e, nem uma tribo indígena<br />

que tenha se caracterizado por ser pioneira no uso <strong>de</strong>ste acessório. O que po<strong>de</strong> ser<br />

observado é que, nas obras e pinturas que retratam o Antigo Egito 25 era comum o<br />

uso <strong>de</strong> brincos, inclusive em homens.<br />

Nas <strong>de</strong>mais civilizações, como na Pérsia e na Grécia Antiga, também é comum<br />

observar o uso <strong>de</strong>ste acessório. Entre piratas, era um acessório bem comum. Índios<br />

<strong>de</strong> diversas tribos e al<strong>de</strong>ias fazem o uso <strong>de</strong>ste objeto.<br />

Há duas lendas que contam como surgiu o hábito <strong>de</strong> usar brincos, sendo uma árabe<br />

e uma chinesa. A lenda árabe conta que a esposa <strong>de</strong> um rei era muito ciumenta em<br />

relação a qualida<strong>de</strong> do tratamento que as escravas tinham com o seu esposo. Um<br />

dia, a esposa do rei furou o lóbulo das orelhas <strong>de</strong> uma das escravas e, o rei para<br />

consolá-la <strong>de</strong>u a escrava dois fios <strong>de</strong> ouro para a mesma inserir na orelha.<br />

A lenda chinesa diz que, era comum príncipes chineses casarem-se com meninas<br />

pré-adolescentes, mas, elas ainda não possuíam ovários forma<strong>dos</strong> para gerar filhos.<br />

Acreditava-se que inserindo ouro no lóbulo da orelha das meninas, tornaria o<br />

processo reprodutivo mais avançado. E assim, <strong>de</strong>spertou a vaida<strong>de</strong> do restante das<br />

mulheres em relação a usar acessório do lóbulo das orelhas.<br />

25 Também era comum o uso <strong>de</strong> anéis e pulseiras e, maquiagem para homens e mulheres.<br />

66


5.3.3.2 Colar<br />

O colar é uma das peças mais populares que compõem a joalheria, e, não há uma<br />

data que tenha marcado o uso <strong>de</strong>ste acessório, mas, o que se sabe é que o mesmo<br />

sempre existiu e, que enfeita o pescoço e o colo <strong>de</strong> muitas mulheres.<br />

A gama <strong>de</strong> materiais usa<strong>dos</strong> na sua fabricação é a mais variada possível,<br />

a<strong>de</strong>quando-se a to<strong>dos</strong> os gostos. O colar consi<strong>de</strong>rado o mais clássico é o colar <strong>de</strong><br />

pérolas.<br />

5.3.3.3 Pulseira<br />

Figura 31 - Colar <strong>de</strong> pérolas<br />

Fonte: Internet<br />

A história <strong>dos</strong> braceletes é tão antiga quanto à história que compreen<strong>de</strong> as<br />

civilizações da Antiguida<strong>de</strong>, então, acreditasse que o hábito <strong>de</strong> usar braceletes foi<br />

herdado <strong>dos</strong> Sírios, Babilônicos ou Hititas, entre 500 ou 400 aC. Naquela época, os<br />

braceletes eram associa<strong>dos</strong> a crenças ou po<strong>de</strong>res especiais e, confecciona<strong>dos</strong> em<br />

cristais <strong>de</strong> rochas.<br />

67


Com o passar <strong>dos</strong> anos, os braceletes foram <strong>de</strong>sassocia<strong>dos</strong> a funções protetoras e se<br />

tornaram <strong>jóias</strong> nos braços <strong>de</strong> muitas mulheres. Em mea<strong>dos</strong> <strong>de</strong> 1880 a Rainha<br />

Vitória, da Inglaterra, popularizou o uso <strong>de</strong>ssa jóia, usando um bracelete com uma<br />

medalha que continha uma foto.<br />

Figura 32 - Imagem da Rainha Vitória<br />

Fonte: Internet<br />

Depois da Segunda Guerra Mundial, os braceletes também retomaram ao auge,<br />

quando foi popularizado seu uso no continente americano. E, até hoje são <strong>jóias</strong> <strong>de</strong><br />

populares entre as mulheres <strong>de</strong> várias ida<strong>de</strong>s e gostos.<br />

5.3.4 Análise sincrônica<br />

A análise sincrônica <strong>de</strong>sta pesquisa compreen<strong>de</strong> um conhecimento maior do que<br />

envolve a joalheria e as suas peças, <strong>de</strong> acordo com a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais<br />

empregado em uma peça e, o resultado que tais materiais possuem em relação as<br />

68


peças. Nesta pesquisa, não foi encontrada nenhuma jóia que compreenda os três<br />

materiais que serão usa<strong>dos</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento do projeto resultante <strong>de</strong>sta<br />

pesquisa (cristal, couro e prata).<br />

Para esta análise será levado em consi<strong>de</strong>ração outros fatores como o número <strong>de</strong><br />

materiais emprega<strong>dos</strong> na sua confecção, dando priorida<strong>de</strong> a peças que contém dois<br />

<strong>dos</strong> materiais. Outros fatores como valor, estética, funcionalida<strong>de</strong> e ergonomia não<br />

serão leva<strong>dos</strong> em conta, por que tais categorias não têm uma influência muito<br />

gran<strong>de</strong> em relação ao uso <strong>de</strong> uma jóia.<br />

Tabela 2 - Análise sincrônica do produto brinco<br />

Produto analisado: Brinco<br />

Imagem do produto Nome<br />

Marca<br />

Leather<br />

earring 1<br />

Early<br />

Jewelry<br />

69<br />

Estrutura Materiais Tamanho<br />

Flexível Couro<br />

Prata<br />

Médio


FONTE: A autora<br />

Medicis<br />

Chain<br />

Baccarat<br />

Silver<br />

Swirl<br />

Strungout<br />

<strong>de</strong>signs<br />

Tabela 3 - Análise sincrônica do produto colar<br />

Produto analisado: Colar<br />

Imagem do produto Nome<br />

Marca<br />

Pampilles<br />

Necklace<br />

Baccarat<br />

Maleável Cristal<br />

Prata<br />

Gran<strong>de</strong><br />

Rígida Prata Médio<br />

Estrutura Materiais Tamanho<br />

Rígida Prata<br />

Cristal<br />

prata<br />

Médio<br />

70


FONTE: A Autora<br />

-<br />

Burberry<br />

Fantail<br />

Necklace<br />

Fluidity<br />

Design<br />

Tabela 4 - Análise sincrônica do produto pulseira<br />

Produto analisado: Pulseira<br />

Imagem do produto Nome<br />

Marca<br />

Faccetes<br />

Bracetet<br />

Baccarat<br />

-<br />

Burberry<br />

Maleável Couro<br />

Metais<br />

Médio<br />

Rígida Prata Médio<br />

71<br />

Estrutura Materiais Tamanho<br />

Maleável Prata<br />

Cristal<br />

Flexível Couro<br />

trançado<br />

Níquel<br />

Médio<br />

Pequeno


FONTE: A Autora<br />

5.3.5 Análise estrutural<br />

-<br />

Prata fina<br />

Rígida Prata Pequeno<br />

Nesta análise serão apresenta<strong>dos</strong> os componentes que ajudam e são necessários<br />

para compor as <strong>jóias</strong>. Tais componentes auxiliam na montagem e acabamento. A<br />

seguir, serão apresenta<strong>dos</strong> alguns aviamentos (tabela 05):<br />

Tabela 5 - Análise estrutural – tabela <strong>de</strong> aviamentos<br />

Alfinetes<br />

Argolas<br />

Alfinete com<br />

cabeça<br />

Tabela <strong>de</strong> aviamentos<br />

Alfinete tipo<br />

Contra-pino<br />

Alfinete com<br />

cabeça reforçada<br />

Alfinete com<br />

strass<br />

Possui vários tamanhos, porém é mais comum encontrá-los com 50mm e<br />

22mm. Geralmente são encontra<strong>dos</strong> nas cores prata, dourado, preto e<br />

cobre.<br />

Argola circular Argola Oval Oitinho Argola gancho<br />

Possui vários tamanhos <strong>de</strong> circunferência, porém a espessura sempre se<br />

72


Base brinco<br />

Fechos<br />

Corrente<br />

Terminal<br />

mantém a mesma. As argolas (argolas circulares, oitinhos e argolas gancho)<br />

geralmente variam seu tamanho entre 6mm e 14mm; As argolas ovais têm<br />

tamanho <strong>de</strong> 4mm x 2mm.<br />

Anzol De pino para<br />

colagem<br />

Argola Formato<br />

específico<br />

As bases <strong>de</strong> brinco <strong>de</strong> formato específico compreen<strong>de</strong>m todas aquelas bases<br />

com formato pré-estabeleci<strong>dos</strong>.<br />

Fecho<br />

mosquetão<br />

Fecho bóia Fecho canoa Fecho casal<br />

Os fechos possuem variação no tamanho. Cada fecho é específico para ser<br />

usado com <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> corrente.<br />

Corrente dupla Corrente <strong>de</strong><br />

alongar<br />

Corrente bolinha Corrente com<br />

variação nas<br />

formas<br />

Existem mais mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> correntes e, essas correntes acima apresentadas<br />

se aplicam a diversos tamanhos.<br />

Terminal<br />

Os terminais servem para dar acabamento nas extremida<strong>de</strong>s das peças e,<br />

73


FONTE: A Autora<br />

neles engatar os fechamentos. Variam o tamanho.<br />

A tabela acima apresenta alguns <strong>dos</strong> principais aviamentos utiliza<strong>dos</strong> em termos <strong>de</strong><br />

confecção <strong>de</strong> peças para a joalheria e foi elaborada pela autora.<br />

5.3.6 Análise funcional<br />

A análise funcional analisa as características do uso das peças da joalheria e as<br />

funções <strong>de</strong>stas peças. Entretanto, o maior motivo pelo qual as mulheres fazem o<br />

uso <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> é pela sua função estética. Mas, cabe ressaltar que outras funções,<br />

como a simbólica, estão inseridas em cada peça da joalheria.<br />

As <strong>jóias</strong> também são objetos que são usa<strong>dos</strong> pelo que elas representam e, um<br />

exemplo disso são as <strong>jóias</strong> <strong>de</strong> família, alianças <strong>de</strong> compromisso e <strong>jóias</strong> que são<br />

presenteadas por “alguém especial”. A função estrita contida na jóia é dada por<br />

uma simbologia que a jóia tem em si, pela estética ou po<strong>de</strong>r que este objeto po<strong>de</strong><br />

representar.<br />

Uma jóia também carrega com ela o valor intrínseco, ou seja, que não é possível<br />

separação <strong>de</strong>ste valor da peça <strong>de</strong> joalheria. Neste caso, este valor refere-se ao<br />

<strong>de</strong>sign da peça. Com isso, uma jóia fabricada em processo semi-artesanal ou,<br />

fabricada para uma usuária em específico, é diferente das <strong>jóias</strong> fabricadas em uma<br />

tiragem maior e vendidas aleatoriamente.<br />

O <strong>de</strong>sign das <strong>jóias</strong> também exprime a personalida<strong>de</strong> da usuária, em relação ao<br />

tamanho, cores, formas, pedras, materiais <strong>de</strong> confecção, entre outras<br />

características.<br />

Sendo assim, a função <strong>de</strong> uma jóia po<strong>de</strong> variar, mas o fator mais importante é sem<br />

dúvida o estético.<br />

5.3.7 Análise morfológica<br />

74


O uso do couro, da prata e do cristal como matéria-prima para a confecção <strong>de</strong> uma<br />

coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> não são materiais convencionais da joalheria, tal como o ouro e as<br />

pedras preciosas. Mas, esses materiais têm um mercado em ascensão pela frente,<br />

visando a estética proposta pelas bio<strong>jóias</strong> e por confecção <strong>de</strong> peças com materiais<br />

alternativos.<br />

O couro, especificamente, é um material rústico e, junto com o ouro (que não será<br />

empregado como matéria-prima nesta coleção), é um material primitivo. Destaca-<br />

se também que o couro é empregado aqui por fazer parte <strong>de</strong> um <strong>dos</strong> materiais<br />

amplamente usado na joalheria na Antiguida<strong>de</strong>.<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste trabalho, apresenta-se uma breve análise morfológica das peças<br />

da joalheria que serão concebidas através <strong>de</strong>ste projeto, conforme se segue.<br />

5.3.7.1 Brinco<br />

Os brincos po<strong>de</strong>m apresentar os mais diversos formatos possíveis. Diversas<br />

variações e mo<strong>de</strong>los, além <strong>dos</strong> aviamentos utiliza<strong>dos</strong> para a confecção (como o<br />

suporte estilo anzol, suporte <strong>de</strong> argola e suporte <strong>de</strong> pino) po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>dos</strong>.<br />

O primeiro brinco <strong>de</strong>sta análise é o clássico brinco <strong>de</strong> pérola, consi<strong>de</strong>rado uma jóia<br />

perfeita por po<strong>de</strong>r ser usado em todas as ocasiões. Esse brinco apresenta uma<br />

pérola colada sobre uma base.<br />

Figura 33 - Brinco <strong>de</strong> Pérola<br />

Fonte: http://cloahacessorios.blogspot.com/2009/03/brinco-<strong>de</strong>-perola-gran<strong>de</strong>.html<br />

75


Bases <strong>de</strong> pino também suportam brincos que não sejam cola<strong>dos</strong>, com<br />

penduricalhos.<br />

Figura 34 - Brincos Gotas Deco – H.Stern<br />

Fonte:<br />

http://www.hstern.com.br/site/loja_virtual/<strong>de</strong>talhe.asp?pag=&codigo_produto=2668&codigo_categ<br />

oria=267&codigo_area=10<br />

E, os brincos <strong>de</strong> argola, também ícones da joalheria.<br />

Figura 35 - Argola Cigana<br />

Fonte: http://www.pratafina.com.br/prod/?p=00958&brinco-em-prata-argola-cigana<br />

76


5.3.7.2 Colar<br />

Os colares disponíveis para observação do mercado possuem em sua maioria<br />

maleabilida<strong>de</strong> e são fabrica<strong>dos</strong> em diferentes tamanhos, com variação no material,<br />

forma e espessura. Porém, há peças feitas com materiais rígi<strong>dos</strong> que se também dá<br />

estrutura a peça. O que a análise <strong>de</strong> colares apresenta também é que as <strong>jóias</strong> em<br />

tamanho GG estão sendo bem vistas pelas grifes e estilista e, em uma procura<br />

constante entre as mulheres.<br />

É comum observar também sobreposição <strong>de</strong> vários colares, formando uma peça<br />

somente. Geralmente estes colares sobrepostos se apresentam <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>spojada<br />

e <strong>de</strong> um material maleável. Na imagem abaixo (36) po<strong>de</strong>-se observar vários colares<br />

feitos <strong>de</strong> correntes <strong>de</strong> diferentes espessuras sobrepostos. Tais colares são da<br />

Givenchy e, “a La Madonna”.<br />

Figura 36 - Colar Givenchy<br />

Fonte:<br />

http://www.portaisdamoda.com.br/noticiaInt~id~18328~n~maxi+colares+ten<strong>de</strong>ncia+em+acessorios+<br />

para+2009.htm<br />

77


O colar abaixo também faz parte da gama das maxi <strong>jóias</strong> em questão, apresentadas<br />

e analisadas nesta pesquisa. Tal colar apresenta uma estrutura curta, foi fabricado<br />

com três peças rígidas, porém, o envoltório que passa ao redor do pescoço é<br />

apresentado com uma estrutura maleável. Este colar também tem como formas<br />

dominantes as geométricas e puras, com provável inspiração na Art Déco.<br />

Figura 37 - Colar Francesca Romana<br />

Fonte<br />

http://www.portaisdamoda.com.br/noticiaInt~id~18328~n~maxi+colares+ten<strong>de</strong>ncia+em+acessorios+<br />

5.3.7.3 Pulseira<br />

para+2009.htm<br />

As pulseiras em sua maioria compreen<strong>de</strong>m a forma circular (interna) que se adéqua<br />

a forma do pulso proporcionando mais conforto no uso. Algumas pulseiras<br />

apresentam estrutura rígida. Na pulseira abaixo po<strong>de</strong>mos observar essa<br />

característica.<br />

78


Figura 38 - Pulseira <strong>de</strong> ouro com diamantes<br />

Fonte: http://www.ajoalheria.com.br/produto/pulseira-diversas/pulseira-<strong>de</strong>-ouro-com-diamantes-<br />

574.mstp<br />

A imagem a baixo é uma pulseira fabricada com fios <strong>de</strong> couro e terminais e<br />

acabamentos em prata. Esta pulseira permite que se observe a maleabilida<strong>de</strong> do<br />

couro com relação ao nó feito no fechamento <strong>de</strong> argola e, a combinação do mesmo<br />

com outros materiais, no caso a prata (que também será utilizada neste projeto).<br />

Figura 39 - Pulseira em couro e prata<br />

Fonte: http://www.ajoalheria.com.br/produto/pulseiras/pulseira-<strong>de</strong>-couro-69.mstp<br />

79


5.3.8 Análise <strong>dos</strong> materiais<br />

Buscou-se explorar materiais que reforcem o foco da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional. Sendo<br />

assim, os materiais que serão utiliza<strong>dos</strong> neste projeto são o cristal, a prata e o<br />

couro que serão analisa<strong>dos</strong> individualmente a seguir.<br />

A utilização <strong>de</strong>stes três materiais em uma mesma peça requer um estudo das<br />

formas antes da confecção do produto que garanta a harmonia <strong>dos</strong> materiais e das<br />

formas.<br />

5.3.8.1 Cristal<br />

O cristal chumbo, material usado nesta pesquisa é composto <strong>de</strong> areia fundida a<br />

1500º C, com sílica, carbonato <strong>de</strong> cálcio e sódio. Para o cristal tornar-se mais<br />

limpo, adiciona-se na sua composição, arsênico e nitrato <strong>de</strong> potássio. Para <strong>de</strong>ixar o<br />

cristal mais transparente e com maior brilho adicionasse pó <strong>de</strong> chumbo, fazendo<br />

com que o cristal torne-se mais nobre em relação aos <strong>de</strong>mais tipos <strong>de</strong> vidro. O<br />

cristal permite ser colorido, e, as cores <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> quais metais serão<br />

adiciona<strong>dos</strong> na composição do cristal no momento da sua fundição.<br />

A escolha <strong>de</strong>ste material para servir como matéria-prima <strong>de</strong>sta coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>,<br />

<strong>de</strong>ve-se as questões sustentáveis e econômicas regionais. Sendo que, a economia<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Blumenau, há alguns anos atrás, girava em boa parte <strong>de</strong>vido a<br />

industria do cristal. Há várias empresas que produzem artigos <strong>de</strong> cristal em<br />

Blumenau – SC e, o cristal ainda continua sendo um material nobre e bastante<br />

procurando, embora, este setor an<strong>de</strong> bastante <strong>de</strong>fasado.<br />

Há também marcas que são especializadas em fabricar e ven<strong>de</strong>r <strong>jóias</strong> em cristal,<br />

como a Baccarat, Lalique e Tiffany. A peça a baixo (imagem 40) se caracteriza por<br />

um anel fabricado em cristal, da Baccarat.<br />

80


Figura 40 - Anel Psy<strong>de</strong>lic – Baccarat<br />

Fonte: http://www.baccarat.com/en/jewelry-fashion-accessories/bijoux/bagues/PSYDELIC-<br />

RING/product/PSYDELIC-RING-BLUE-SCARABEE-MEDIUM-SIZE-SILVER-.htm<br />

O <strong>de</strong>signer Arik Levi também trabalha com este material como matéria-prima para<br />

seus produtos.<br />

5.3.8.2 Prata<br />

A prata é um material requintado e nobre quanto o ouro, mas, com custo reduzido.<br />

O baixo custo do material permite que ele seja usado em maior profusão nas peças<br />

da joalheria (imagem 41).<br />

81


Figura 41 - Pingente coração com zircônia<br />

Fonte: http://www.pratafina.com.br/prod/?p=01253&pingente-coracao-com-zirconia<br />

A prata é um metal mole e não é possível utilizá-lo no seu estado puro (imagem<br />

42). Por esse motivo, ela é comercializada em ligas com cobre misturado. O cobre<br />

misturado a prata mantém o material com a cor original e o torna com maior<br />

resistência.<br />

Figura 42 - Prata bruta<br />

Fonte http://www.ajoalheria.blogspot.com/search/label/Prata<br />

A liga mais usada em peças artesanais é a prata 950, que significa que a<br />

liga contém 95% <strong>de</strong> prata e 5% <strong>de</strong> cobre ou liga pronta. Outra liga muito<br />

usada no Brasil é a prata 925, ou prata sterling, on<strong>de</strong> 92,5% da liga é<br />

composta <strong>de</strong> prata e 7,5% é cobre ou liga pronta. A prata 800 (80% <strong>de</strong> prata<br />

e 20% <strong>de</strong> liga) é usada para fechos ou partes da peça que precisarem<br />

conter tensão. (PEIXE, 2009)<br />

Uma das características da prata é a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxidação em contato com a<br />

umida<strong>de</strong> e com alguns materiais específicos como o enxofre e o cloro. Mas,<br />

eliminasse a oxidação com polimento ou com soluções especificas para limpeza do<br />

material. Essa limpeza <strong>de</strong>ixa o material com maior brilho. Para ter uma peça <strong>de</strong><br />

prata não oxidada, é importante que se conserve a peça em local seco. Há ligas <strong>de</strong><br />

prata que retardam o processo <strong>de</strong> oxidação.<br />

5.3.8.3 Couro<br />

O uso do couro nas peças da joalheria vem crescendo constantemente e assim<br />

como outros materiais não convencionais, vem conquistando atenção <strong>dos</strong> usuários<br />

82


<strong>de</strong> <strong>jóias</strong>. O couro é um material resistente e traduz isso nas peças on<strong>de</strong> é<br />

empregado, trazendo consigo também, beleza e sofisticação.<br />

Há várias espécies <strong>de</strong> couro que po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>dos</strong>, não só em peças <strong>de</strong><br />

joalheria, bem como, para vestuário, indústria calçadista e assessórios. As<br />

variações mais comuns utilizadas são os couros <strong>de</strong> boi, cabra, jacaré, rã e alguns<br />

tipos <strong>de</strong> peixe. A gama <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> couro no Brasil é ampla, visando a<br />

diversida<strong>de</strong> animal que o país possui. (PEIXE, 2009)<br />

No Brasil já existe uma certificação para esta matéria-prima, o couro bovino, a<br />

Indicação Geográfica concebida pelo INPI, relacionado ao couro proveniente do<br />

Vale do Rio <strong>dos</strong> Sinos, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul 26 .<br />

Existe uma preocupação ambiental relacionada a este produto, <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong><br />

animais. Mas, se consi<strong>de</strong>rarmos que o restante do animal abatido (carne) servirá<br />

para consumo e alimentação humana, utilizar este material para confecção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong><br />

não se torna uma ativida<strong>de</strong> agressiva.<br />

O uso do couro na joalheria po<strong>de</strong> ser traduzido pelas peças encontradas nas<br />

escavações arqueológicas <strong>de</strong> diversas civilizações, como observado em Artesanato<br />

em Couro, 1988:<br />

Homero conta-nos na Ilíada que Páris usava um capacete <strong>de</strong> couro com<br />

correia lindamente trabalhada e que o escudo <strong>de</strong> Ajax era lavrado, feito<br />

com sete peles <strong>de</strong> touro. Após a <strong>de</strong>scoberta do sarcófago <strong>de</strong> Tutankamon,<br />

Howard Carter escreveu que encontrara objetos <strong>de</strong> uso pessoal e móveis<br />

confecciona<strong>dos</strong> em couro com “uma arte admirável”. (ARTESANATO EM<br />

COURO, 1988, p. 08)<br />

O couro também se caracteriza por ser um material maleável, resistente e<br />

duradouro. Permite cortes, dobras, pintura, marcações com objetos pontiagu<strong>dos</strong>,<br />

colagens e recebe outros materiais para ser usado em conjunto.<br />

Na figura 43, é possível observar o uso do couro na joalheria, combinado com<br />

outros materiais, inclusive com o diamante (não serão utiliza<strong>dos</strong> no projeto). Como<br />

observado, mesmo não sendo um material consi<strong>de</strong>rado nobre em termos <strong>de</strong><br />

joalheria, o couro, empregado <strong>de</strong> forma correta consegue fazer com que a peça<br />

fique harmônica e com valor.<br />

26 INPI, extraído <strong>de</strong> http://www.inpi.gov.br/noticias/couro-do-vale-<strong>dos</strong>-sinos-ganha-certificado-<strong>de</strong>-<br />

indicacao-geografica<br />

83


Figura 43 - Colar em couro, ouro e diamante<br />

Fonte: http://www.ajoalheria.com.br/produto/colares-diversos/colar-<strong>de</strong>-ouro-e-couro-com-<br />

5.3.9 Análises <strong>de</strong> processos<br />

5.3.9.1 Cristal<br />

diamantes-523.mstp#close<br />

O cristal é primordialmente um líquido que em temperatura ambiente torna-se<br />

sólido. Po<strong>de</strong> ser utilizado na confecção <strong>de</strong> produtos, mas necessita que ele se funda<br />

a uma temperatura <strong>de</strong> 1200ºC.<br />

Depois <strong>de</strong> aquecido a esta temperatura, o cristal po<strong>de</strong> ser trabalhado manualmente<br />

ou moldado para que fique na forma <strong>de</strong>sejada. Trabalhos em cristal geralmente<br />

agregam mais valor se trabalha<strong>dos</strong> manualmente, como é o caso <strong>de</strong> algumas <strong>jóias</strong> e<br />

objetos <strong>de</strong>corativos.<br />

Após o cristal ser moldado na forma <strong>de</strong>sejada, a peça é levada para um forno <strong>de</strong><br />

têmpera on<strong>de</strong> permanece geralmente <strong>de</strong> um dia para o outro para que a peça não<br />

quebre ou danifique.<br />

5.3.9.2 Prata<br />

84


A prata é um material sólido que quando elevado a altas temperaturas torna-se<br />

líquido e possível <strong>de</strong> ser moldado e transformado em objetos ou <strong>jóias</strong> (imagem 44).<br />

A prata também é um material que permite ser reciclado se fundido novamente.<br />

Sendo assim, a transformação da matéria-prima em uma jóia <strong>de</strong>ve passar pelo<br />

processo <strong>de</strong> fundição do material. Após ser fundido, a prata po<strong>de</strong>r ser moldada ou<br />

transformada em lâminas para posteriormente serão usadas. Ainda ha opção <strong>de</strong> uso<br />

<strong>de</strong> fios <strong>de</strong> prata.<br />

5.3.9.3 Couro<br />

Figura 44 - Prata sendo fundida<br />

Fonte http://www.ajoalheria.blogspot.com/search/label/Prata<br />

O couro é um material que, além <strong>de</strong> maleável, permite que vários tipos <strong>de</strong><br />

processos sejam aplica<strong>dos</strong> a eles, tais como tintas, tinturas, corantes, pátinas,<br />

aplicações <strong>de</strong> outros materiais, colagens, costura, entre outros. Também, é um<br />

material que não é complexo <strong>de</strong> se trabalhar.<br />

Os instrumentos necessários para manuseio do couro e transformação da matéria-<br />

prima são instrumentos <strong>de</strong> corte, como tesouras, estiletes, alicates e pontas; buris<br />

<strong>de</strong> diversas dimensões, cinzéis e espátulas; ponteiro e martelo e; pincéis. E, o<br />

couro permite ser cortado, perfurado e chanfrado.<br />

85


5.3.10 Análise ergonômica<br />

O corpo humano possua proporções que <strong>de</strong>vem ser observadas e respeitadas<br />

quando se <strong>de</strong>senvolve um produto para que este não cause nenhum dano a saú<strong>de</strong> e<br />

não provoque nenhum tipo <strong>de</strong> lesão. Entretanto, isso não ocorre no que diz<br />

respeito a joalheria e, a maioria as mulheres não dá muita importância aos<br />

aspectos ergonômicos em relação ao uso das <strong>jóias</strong>. Ao contrário, quanto maiores,<br />

mais chamarão a atenção que é um <strong>dos</strong> objetivos femininos no uso <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> (vi<strong>de</strong><br />

imagem 45).<br />

Figura 45 - Brincos Louis Vuitton 27<br />

Fonte: http://www.robertacarlucci.com.br/blog/102/a-vez-<strong>dos</strong>-brincoes/<br />

Há usuárias <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os gostos e <strong>jóias</strong> <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os tipos, mas, esta análise<br />

caberá as maxi-<strong>jóias</strong>. Os brincos enormes e as <strong>de</strong>mais <strong>jóias</strong> em gran<strong>de</strong> proporção,<br />

além <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>staque no atual cenário do <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>, farão parte <strong>dos</strong><br />

produtos <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> em questão.<br />

É comum observar o uso <strong>de</strong> peças da joalheria em tamanho GG (imagem 46),<br />

<strong>de</strong>sproporcionais no tamanho em relação as medidas antropométricas. Peças com<br />

27 Semana <strong>de</strong> Moda em Paris, 2009<br />

86


um peso significativo também po<strong>de</strong>m ser observadas em uso e, mesmo assim as<br />

mulheres não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> usá-las.<br />

Figura 46 - Maxi-<strong>jóias</strong> by Antonio Abinave<br />

Fonte: http://gebrimd.wordpress.com/2009/05/31/joias-<strong>de</strong>-antonio-abinave-na-vogue/<br />

Um <strong>dos</strong> fatores que influencia no uso da joalheria e das maxi-<strong>jóias</strong> é o modismo<br />

ditado pela mídia, novelas em especial, programas <strong>de</strong> televisão (imagem 47),<br />

revistas direcionadas ao público feminino e revistas <strong>de</strong> moda e comportamento em<br />

geral.<br />

87


Figura 47 - Jóias indianas<br />

Fonte: http://giselepedrosa.blogspot.com/2009/08/viver.html<br />

O aspecto ergonômico em relação as <strong>jóias</strong> que aten<strong>de</strong> as medidas antropométricas<br />

é o medidor <strong>de</strong> anéis em sulfite, ou a aneleira. As aneleiras são mais precisas, e<br />

por este instrumento é possível padronizar o diâmetro <strong>dos</strong> <strong>de</strong><strong>dos</strong> e, confeccionar<br />

anéis conforme tal medida.<br />

No medidor <strong>de</strong> anéis cada círculo correspon<strong>de</strong> a uma medida, e é um método com<br />

gran<strong>de</strong> chances <strong>de</strong> erro, visando que se coloca um anel em cima <strong>de</strong> um <strong>dos</strong> círculos<br />

para saber qual o diâmetro correspon<strong>de</strong>nte ao anel. A utilização do medidor <strong>de</strong><br />

anéis sempre <strong>de</strong>ve estar em papel ou impressa em sulfite.<br />

Figura 48 - Medidor <strong>de</strong> Anéis<br />

Fonte: http://artesformosinhas.blogspot.com/2007/07/medidor-<strong>de</strong>-anis.html<br />

Já as aneleiras são instrumentos <strong>de</strong> maiores precisões para medições <strong>de</strong> anéis. Uma<br />

<strong>de</strong>las consiste em um bastão mais fino na ponta que vai aumentando a sua<br />

espessura. Cada aumento da espessura do bastão correspon<strong>de</strong> a um número <strong>de</strong><br />

anel. Já a outra aneleira consiste em várias circunferências, cada uma com um<br />

número e um diâmetro diferente que correspon<strong>de</strong> ao número do anel. A última é<br />

mais precisa, por que, a usuária po<strong>de</strong> experimentar como se fosse um anel e<br />

observar o diâmetro <strong>de</strong>sejado.<br />

88


Figura 49 - Aneleiras<br />

Fonte: http://www.geocities.com/FashionAvenue/Stage/1642/ferramentas.html<br />

6 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA<br />

6.1 REQUISITOS DO PROJETO<br />

Os requisitos <strong>de</strong>ste projeto referem-se ao aspecto da criação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

regional através do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>, para tanto,<br />

elencaram-se alguns requisitos. São eles:<br />

a) Uso <strong>de</strong> material que vise a economia regional;<br />

b) Uso <strong>de</strong> um material rústico para que aju<strong>de</strong> a reforçar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da pesquisa<br />

em questão;<br />

c) Uso <strong>de</strong> aspectos e características <strong>dos</strong> grafismos rupestres para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das peças da coleção;<br />

d) Uso <strong>de</strong> um metal como matéria-prima para dar característica <strong>de</strong> jóia ao produto;<br />

e) Estética mo<strong>de</strong>rna;<br />

f) Produto seguindo a tendência das maxi <strong>jóias</strong>.<br />

89


7 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS<br />

7.1 FERRAMENTA DE PROJETO<br />

“O objetivo das técnicas para geração <strong>de</strong> alternativas é facilitar a produção <strong>de</strong> um<br />

conjunto <strong>de</strong> idéias básicas, como respostas prováveis a um problema projetual”<br />

(BONSIEPE, 1984, p. 43).<br />

Porém, para o <strong>de</strong>senvolvimento das alternativas <strong>de</strong>ste projeto, a ferramenta<br />

utilizada foi o brainstorming ortodoxo, on<strong>de</strong> as idéias conceituais da coleção foram<br />

geradas livremente, sem críticas primárias ou avaliações das formas. Tais<br />

avaliações e críticas fizeram parte da próxima etapa do trabalho, que po<strong>de</strong> ser<br />

visualizada no próximo item trabalhado.<br />

7.2 ESBOÇOS DE IDÉIAS<br />

Nesta etapa da pesquisa as idéias foram geradas livremente, dando ênfase a<br />

criativida<strong>de</strong>. A <strong>partir</strong> da <strong>de</strong>limitação das idéias e das formas nos grafismos, foi<br />

possível o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> colares e gargantilhas com intuito <strong>de</strong> formar um<br />

conceito para cada coleção.<br />

Em primeiro momento, as alternativas foram geradas livremente, a <strong>partir</strong> <strong>de</strong> algum<br />

<strong>de</strong>talhe presente nos grafismos apontado pelas mulheres como formas mais<br />

interessante para uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>. Conforme segue imagem inserida a baixo.<br />

90


Figura 50 - Geração <strong>de</strong> Alternativas<br />

Fonte: A Autora<br />

Depois da geração <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong> forma livre, cada conceito <strong>de</strong> coleção foi<br />

analisado individualmente, <strong>de</strong>scartando as que não caberiam no conceito da<br />

criação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional, bem como, na a<strong>de</strong>quação as maxi <strong>jóias</strong>. Esta<br />

análise resultou em três alternativas específicas, <strong>de</strong>scritas e avaliadas no próximo<br />

item a ser trabalhado.<br />

7.3 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS<br />

Esta etapa consiste em avaliar os três melhores conceitos <strong>de</strong> coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>,<br />

partindo da forma que a originou. Ressalta-se que as peças foram analisadas pelo<br />

91


grau <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com o tema selecionado, bem como, seguindo a tendência das<br />

maxi <strong>jóias</strong> proposta pela joalheria.<br />

Ressalta-se também, que para avaliar a alternativa escolhida, foi observado a<br />

relação da mesma com o tema <strong>de</strong> inspiração <strong>de</strong>sta coleção, como, <strong>de</strong>talhes<br />

pertencentes aos grafismos ou, abstração <strong>dos</strong> mesmos presentes nas peças.<br />

7.3.1 Alternativa 1<br />

A alternativa um apresenta tem o conceito da coleção baseada nas formas<br />

circulares que foram encontradas nos paredões rochosos <strong>de</strong> arte rupestre. Em<br />

relação a inspiração quanto ao tema, esta alternativa aten<strong>de</strong> tal requisito. Na<br />

imagem a baixo (52) po<strong>de</strong>-se observar a categoria B, ou seja, a categoria que<br />

originou a inspiração do conceito da coleção da alternativa 1.<br />

Figura 51 - Categoria B<br />

Fonte: COMERLATO, 2005<br />

O material primário <strong>de</strong> sua confecção seria o cristal chumbo e, teria como material<br />

secundário a prata, para esta coleção o couro não seria utilizado. Na imagem a<br />

baixo (53), po<strong>de</strong> ser observado sketch da imagem conceito da coleção que a<br />

alternativa 01 pressupõem.<br />

92


7.3.2 Alternativa 2<br />

Figura 52 - Alternativa 1<br />

Fonte: A autora<br />

A alternativa 2 apresenta o conceito da coleção baseada nas formas retas da<br />

categoria F, sendo apresentada basicamente como formas retangulares, produzidas<br />

em cristal, com os <strong>de</strong>talhes <strong>dos</strong> grafismos em prata inseri<strong>dos</strong> <strong>de</strong>ntro do cristal e,<br />

tiras, alças e partes auxiliares da coleção confeccionadas em couro.<br />

Figura 53 - Categoria F<br />

93


Fonte: COMERLATO, 2005<br />

Esta alternativa compreen<strong>de</strong> os requisitos da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional, bem como, os<br />

requisitos <strong>dos</strong> materiais que seriam utiliza<strong>dos</strong> para confecção das peças. Porém, o<br />

conceito <strong>de</strong>sta coleção foi <strong>de</strong>scartado pelo fato <strong>de</strong> a mesma somente reproduzir os<br />

grafismos rupestres <strong>de</strong>ntro o cristal e não fazer uma reflexão e abstração <strong>dos</strong><br />

mesmos.<br />

Desta forma, escolher <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong> grafismos para reproduzi-los <strong>de</strong>ntre o cristal<br />

limitaria o conceito da coleção e não se a<strong>de</strong>quaria aos objetivos do projeto na<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> aspectos da arte rupestre, com intuito <strong>de</strong> aplicá-los em uma<br />

coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>.<br />

A imagem a baixo (55) apresenta o conceito <strong>de</strong>sta coleção.<br />

Figura 54 - Alternativa 2<br />

Fonte: A autora<br />

94


7.3.3 Alternativa 3<br />

A alternativa três consiste na junção <strong>de</strong> dois uni<strong>dos</strong> com intuito <strong>de</strong> formar apenas<br />

uma coleção. Um <strong>de</strong>les partiu das formas que seriam utilizadas e o outro partiu da<br />

disposição <strong>dos</strong> elementos da coleção e, como se posicionariam em relação ao corpo<br />

feminino.<br />

Este conceito foi baseado em duas categorias para criar a forma padrão 28 , sendo as<br />

categorias F e J.<br />

Figura 55 - Categoria F<br />

Fonte: COMERLATO, 2005<br />

Figura 56 - Categoria J<br />

Fonte: COMERLATO, 2005<br />

Os materiais utiliza<strong>dos</strong> na confecção <strong>de</strong>ssas peças foram o couro, cristal e prata,<br />

indo <strong>de</strong> encontro com a formação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional. As próximas imagens<br />

(58 e 59) mostram as duas alternativas contribuíram para que se criasse um<br />

conceito e, a coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> que será apresentada a seguir.<br />

28 Mais <strong>de</strong>talhes sobre esta forma po<strong>de</strong> ser visualizado nos próximos tópicos que consistem em<br />

<strong>de</strong>screver a solução adotada, justificativa da forma e conceito do produto.<br />

95


Figura 57 - Alternativa 3<br />

Fonte: A autora<br />

Desta alternativa (imagem 58) manteve-se o formato maxi do colar os pedaços <strong>de</strong><br />

cristais emprega<strong>dos</strong> na forma. As alterações <strong>de</strong> forma foram feitas para que se<br />

<strong>de</strong>ixasse a peça esteticamente mais agradável.<br />

A próxima imagem mostra a forma que veio integrar o conceito <strong>de</strong>sta coleção que<br />

foi baseada na categoria J (vi<strong>de</strong> imagem 57, inserida anteriormente).<br />

96


Figura 58 - Alternativa 3<br />

Fonte: A autora<br />

Cabe ressaltar que estas duas alternativas geraram o conceito da coleção, mas,<br />

pequenos ajustem foram feitos com intuito <strong>de</strong> melhorar o <strong>de</strong>senvolvimento a o<br />

resultado final do projeto, como po<strong>de</strong>rá ser observado nas próximas etapas<br />

projetuais.<br />

7.4 CONCEITO DO PRODUTO<br />

97


A <strong>Coleção</strong> <strong>de</strong> Jóias Pictografos tem por intuito criar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional<br />

catarinense, aliando os símbolos gráficos rupestres localiza<strong>dos</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Florianópolis – SC com os conceitos do <strong>de</strong>sign. Para tanto, adotou-se matérias<br />

também <strong>de</strong> esfera regional catarinense para a sua concepção, reforçando a idéia<br />

da sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Esta coleção segue as tendências do <strong>de</strong>sign atual reunindo com os elementos locais<br />

explora<strong>dos</strong>, atuando como ferramentas do <strong>de</strong>senvolvimento do produto e dando<br />

valor a coleção.<br />

A <strong>Coleção</strong> <strong>de</strong> Jóias Pictografos é <strong>de</strong>stinada ao público feminino, que busca<br />

sofisticação nos seus assessórios, e possui um apelo estético diferenciado, o <strong>de</strong> uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional.<br />

8 SOLUÇÃO ADOTADA<br />

Esta <strong>Coleção</strong> <strong>de</strong> Jóias é composta por dois brincos, uma pulseira, e, um colar,<br />

conforme segue.<br />

8.1 PICTOGRAFOS<br />

O nome na coleção, Pictografos, se constitui pela junção <strong>de</strong> duas palavras, uma faz<br />

referência à palavra imagem (picture) e a outra ao tema que inspirou a coleção, ou<br />

seja, os grafismos rupestres (grafismo).<br />

O dicionário Michaelis (inglês – português), <strong>de</strong>fine picture como:<br />

n 1 pintura, tela, cena, retrato, quadro. [...] 2 <strong>de</strong>senho, ilustração. 3<br />

fotografia. 4 <strong>de</strong>scrição. 5 imagem, semelhança, cópia. [...] 6 filme<br />

cinematográfico. 7 imagem mental. 8 exemplo, corporificação.<br />

9 fig pintura, pessoa ou coisa muito bonita. [...] 10 situação,<br />

conjuntura. 11 pictures Brit cinema. • vt 1 pintar, retratar. 2 <strong>de</strong>senhar,<br />

ilustrar. 3 <strong>de</strong>screver, narrar. 4 imaginar, conceber.<br />

98


Nestes termos, para adotar o nome <strong>de</strong>sta coleção, consi<strong>de</strong>rou-se a palavra picture<br />

traduzida como imagem e quadro, visando que a pintura rupestre, além <strong>de</strong> uma<br />

forma <strong>de</strong> expressão/comunicação e, que representa algo, também po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada como arte.<br />

A outra palavra utilizada para constituir o nome <strong>de</strong>sta coleção foi grafismo, que,<br />

também faz referencia a arte rupestre, sendo que, a arte rupestre é consi<strong>de</strong>rada<br />

toda forma <strong>de</strong> expressão confeccionada sobre uma superfície rochosa.<br />

Para a formação do nome, extraiu-se o prefixo da palavra picture – pic e uniu-se<br />

com a primeira parte da palavra grafismo, ressalvando que, a palavra grafismos foi<br />

alterada para grafos, com intuito <strong>de</strong> melhorar a pronuncia da palavra. Essas duas<br />

novas palavras juntas <strong>de</strong>ram origem ao nome da coleção, logo, Pictografos.<br />

8.2 JUSTIFICATIVA DA FORMA<br />

Figura 59 - Pictografos Jewelry Collection<br />

Fonte: A Autora<br />

A primeira forma padrão concebida para um <strong>dos</strong> brincos da coleção Pictografos é<br />

baseada na imagem da arte rupestre abaixo (vi<strong>de</strong> imagem 61). Esta imagem faz<br />

parte da categoria J, proposta por Comerlato, 2005 29 e, po<strong>de</strong> ser encontrada na<br />

Praia do Santinho, junto aos grafismos localiza<strong>dos</strong> ao sul <strong>de</strong>sta praia.<br />

29 A tabela completa <strong>dos</strong> grafismos, proposta por Comerlato, po<strong>de</strong> ser encontrada junto ao Apêndice<br />

C <strong>de</strong>ste trabalho, condizentes a pesquisa <strong>de</strong> campo realizada com as mulheres usuárias <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>.<br />

99


Figura 60 - Arte Rupestre – Praia do Santinho (sul)<br />

Fonte: acervo pessoal<br />

A <strong>partir</strong> da abstração <strong>de</strong>sta forma foi possível criar o formato da peça dispondo<br />

quadros e triângulos na peça. O número <strong>dos</strong> elementos <strong>de</strong>sta imagem foi baseado<br />

em um pictoglifo encontrado na Ilha das Aranhas.<br />

Este pictoglifo se caracteriza por uma espécie <strong>de</strong> ampulheta, encontram-se pontos<br />

com a seguinte seqüência <strong>de</strong> números 7 – 4 – 3 e 1 (vi<strong>de</strong> imagem 62). É importante<br />

ressaltar que para algumas religiões antigas estes números são consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong><br />

sagra<strong>dos</strong>. (LUCAS, 199?)<br />

Figura 61 - Arte rupestre – Ilha das Aranhas<br />

100


Fonte: www.keler.lucas.nom.br<br />

Se observado junto à forma projetada, entram-se 07 (sete) triângulos que a<br />

compreen<strong>de</strong>m e, da mesma forma, são 07 (sete) formas geométricas que compõem<br />

a forma. São 04 (quatro) os quadra<strong>dos</strong> que constam junto à forma. Ainda, a forma<br />

<strong>de</strong> origem apresenta 03 (três) tamanhos diferentes <strong>de</strong> triângulo, bem como, 03<br />

(três) formas principais que ajudam na composição da peça, sendo, os triângulos da<br />

parte inferior; o quadrado que compõem o meio da peça e, que abriga os 04<br />

(quatro) quadra<strong>dos</strong> da forma e; o quadrado menor na parte superior da forma.<br />

Em relação ao quadrado na parte superior da forma, além do mesmo representar o<br />

número 01 (um) <strong>dos</strong> pontos constantes na ampulheta, tal forma abriga 01 (um)<br />

circulo constante no centro do mesmo. O circulo representa o Terceiro Olho, que<br />

po<strong>de</strong> ser observado somente na única máscara completa, situada na Ilha da Irmã <strong>de</strong><br />

Fora (vi<strong>de</strong> imagem 63).<br />

8.3 DESENHO TÉCNICO<br />

Figura 62 - Arte rupestre – Ilha da Irmã <strong>de</strong> Fora<br />

Fonte: www.keler.lucas.non.br<br />

Nas imagens a baixo seguem o <strong>de</strong>senho técnico das peças da coleção, <strong>de</strong> acordo<br />

com a especificação do produto 30 . Na imagem a baixo (64), segue as medidas <strong>dos</strong><br />

30 As medidas serão dadas em milímetro<br />

101


cortes <strong>dos</strong> três tamanhos <strong>de</strong> triângulos recorta<strong>dos</strong> e presentes na coleção (exceto<br />

no Brinco 2).<br />

Figura 63 - Detalhamento <strong>dos</strong> triângulos presentes na coleção<br />

Fonte: A Autora<br />

Na imagem a baixo (65) segue as medidas da peça confeccionada em cristal<br />

20<br />

40<br />

Figura 64 - Peça em cristal<br />

Fonte: A Autora<br />

102


8.3.1 Brinco 1<br />

Figura 65 - Desenho técnico do Brinco 1<br />

Fonte: A Autora<br />

103


8.3.2 Brinco 2<br />

8.3.3 Colar<br />

Figura 66 - Desenho técnico do Brinco 2<br />

Fonte: A Autora<br />

Figura 67 - Desenho técnico do Colar<br />

104


8.3.4 Pulseira<br />

Fonte: A Autora<br />

Figura 68 - Desenho técnico do Colar – <strong>de</strong>talhes com cristal<br />

Fonte: A Autora<br />

158,1<br />

33,28<br />

Figura 69 - Desenho técnico da Pulseira<br />

Fonte: A Autora<br />

81,58<br />

105


8.4 RENDERING<br />

Nas imagens a baixo, segue o ren<strong>de</strong>ring das peças da coleção.<br />

8.4.1 Brinco 1<br />

Figura 70 - Ren<strong>de</strong>ring manual Brinco 1<br />

Fonte: A Autora<br />

106


8.4.2 Brinco 2<br />

8.4.3 Colar<br />

Figura 71 - Ren<strong>de</strong>ring manual Brinco 2<br />

Fonte: A Autora<br />

107


8.4.4 Pulseira<br />

Figura 72 - Ren<strong>de</strong>ring manual Colar<br />

Fonte: A Autora<br />

108


8.5 MOCK-UP / PROTÓTIPO<br />

8.5.1 Brinco 1<br />

Figura 73 - Ren<strong>de</strong>ring manual Pulseira<br />

Fonte: A Autora<br />

109


8.5.2 Brinco 2<br />

Figura 74 - Brinco 1<br />

Fonte: A Autora<br />

Figura 75 - Brinco 2<br />

Fonte: A Autora<br />

110


8.5.3 Colar<br />

Figura 76 - Colar<br />

Fonte: A Autora<br />

Figura 77 - Colar<br />

Fonte: A Autora<br />

111


8.5.4 Pulseira<br />

Figura 78 - Pulseira<br />

Fonte: A Autora<br />

8.6 PROCESSO DE FABRICAÇÃO E MONTAGEM DO PRODUTO<br />

O processo <strong>de</strong> fabricação do produto compreen<strong>de</strong> as etapas referentes a<br />

preparação do couro, o cristal e a prata, conforme as etapas <strong>de</strong>scritas a seguir.<br />

Para representá-los foram usa<strong>dos</strong> os materiais resina epóxi (representando o<br />

cristal), couro e alumínio (representando a prata).<br />

8.6.1 Peças em cristal<br />

Antes <strong>de</strong> começar a confecção as peças em resina epóxi cristal, foi realizada uma<br />

visita na empresa Glaspark, a fim <strong>de</strong> conhecer mais sobre a matéria-prima cristal.<br />

112


Nesta visitação foi possível visualizar o processo <strong>de</strong> fabricação das peças e ter um<br />

conhecimento mais amplo e, visual <strong>de</strong> como tal matéria-prima po<strong>de</strong> ser utilizada<br />

na fabricação <strong>de</strong> objetos.<br />

Entretanto, não foi utilizada a matéria-prima original por questões <strong>de</strong> segurança, já<br />

que o cristal tem <strong>de</strong> ser manuseado a altas temperaturas (torna-se líquido em<br />

1200º C) e, bem como, por ser optado em <strong>de</strong>senvolver o produto manualmente e,<br />

não ser mandando fazer o protótipo.<br />

Para a confecção das peças do projeto que seriam em cristal, a matéria-prima<br />

utilizada foi resina epóxi cristal. Como mol<strong>de</strong> foi utilizado uma ban<strong>de</strong>ja plástica<br />

comum, <strong>de</strong> superfície plana e pouco porosa, esta ban<strong>de</strong>ja untada com óleo <strong>de</strong><br />

silicone, <strong>de</strong>ixando-a oleosa, para que a resina não a<strong>de</strong>risse ao material plástico<br />

(vi<strong>de</strong> imagem 80). Este processo durou aproximadamente 4 horas, contando da<br />

mistura da resina com o catalisador; o <strong>de</strong>spejamento da resina no mol<strong>de</strong>;<br />

endurecimento da matéria-prima e; o tempo necessário da matéria-prima resfriar<br />

e, <strong>de</strong>scansar (imagem 81).<br />

Figura 79 - Mol<strong>de</strong> utilizado<br />

Fonte: A autora<br />

113


Figura 80 - Resina epóxi cristal após ser retirada do mol<strong>de</strong><br />

Fonte: A Autora<br />

Após este processo, com auxilio <strong>de</strong> um mol<strong>de</strong> das peças 31 e riscador, as peças que<br />

seriam feitas em cristal foram transferidas para a lâmina <strong>de</strong> resina, sendo prontas<br />

para serem cortadas e perfuradas, se necessário (imagem 82).<br />

Figura 81 - Peças transferidas para a resina epóxi cristal<br />

Fonte: A Autora<br />

31 Os mol<strong>de</strong>s das peças po<strong>de</strong>m ser observa<strong>dos</strong> junto ao <strong>de</strong>senho técnico das peças, no item 8.3 <strong>de</strong>ste<br />

projeto.<br />

114


Após esta etapa do trabalho, as peças foram cortadas, conforme observado na<br />

imagem a baixo (83).<br />

Figura 82 - Peças cortadas e perfuradas<br />

Fonte: A Autora<br />

A próxima etapa do trabalho com as peças se caracterizou em lixar e perfurar as<br />

peças, para começar o acabamento das mesmas. Os furos foram feitos em fura<strong>de</strong>ira<br />

manual, com broca 1,5mm. E, para lixar as peças, foram utilizadas três tipos <strong>de</strong><br />

lixas, uma com grãos gran<strong>de</strong>s, uma média e uma fina para dar acabamento. Na<br />

imagem a baixo po<strong>de</strong> ser observada as peças já lixadas (imagem 84).<br />

115


Figura 83 - Peças após serem lixadas<br />

Fonte: A Autora<br />

O processo <strong>de</strong> transformação do líquido em resina, bem como, o processo <strong>de</strong> lixar<br />

as peças, fez com que as mesmas se tornassem foscas e não <strong>de</strong>ssem o acabamento<br />

esperado. Então, para dar o acabamento final nas peças, as mesmas foram polidas<br />

com massa <strong>de</strong> polir e lustradas (acabamento final na imagem 85).<br />

Figura 84 - Acabamento final<br />

Fonte: A Autora<br />

O processo <strong>de</strong>scrito acima foram os passos da<strong>dos</strong> para a resina epóxi se<br />

transformasse nas peças que compõem este projeto.<br />

8.6.2 Peças em couro<br />

116


Para as peças <strong>de</strong>ste projeto em couro a matéria-prima utilizada por a original<br />

proposta pelo projeto, ou seja, couro legítimo na cor vermelha 32 . Na imagem<br />

abaixo (86), po<strong>de</strong>-se observar uma amostra do material utilizado para confeccionar<br />

a coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> em questão.<br />

Figura 85 - Couro utilizado na confecção das peças<br />

Fonte: A Autora<br />

Do mesmo modo como nas peças confeccionadas em resina, com ajuda <strong>de</strong> um<br />

mol<strong>de</strong> e <strong>de</strong> um riscador, as peças que foram confeccionadas no couro foram<br />

transferidas para a matéria-prima. A imagem a baixo (87) <strong>de</strong>monstra a<br />

transferência do <strong>de</strong>senho do mol<strong>de</strong> para o verso do couro.<br />

Figura 86 - Verso do couro riscado<br />

Fonte: A Autora<br />

32 Maiores informações sobre a escolha das cores po<strong>de</strong> ser observado no próximo item <strong>de</strong>sta<br />

pesquisa.<br />

117


A próxima etapa <strong>de</strong>ste trabalho com couro foi fazer o corte das peças conforme o<br />

risco das mesmas. Este processo foi feito com auxilio <strong>de</strong> estilete e régua. A próxima<br />

imagem (88) mostra uma das peças já cortadas.<br />

Figura 87 - Imagem <strong>de</strong> uma peça cortada<br />

Fonte: A Autora<br />

Depois <strong>de</strong> todas as peças terem sido cortadas, as mesmas receberam uma camada<br />

<strong>de</strong> cola <strong>de</strong> contato com intuito <strong>de</strong> unir as mesmas. Esse processo po<strong>de</strong> ser<br />

observado na imagem a seguir (89).<br />

Figura 88 - Peça colada<br />

Fonte: A Autora<br />

118


Depois <strong>de</strong>sta etapa, as peças receberam o acabamento <strong>de</strong> superfície, com tinta<br />

acrílica e colagem <strong>de</strong> strass, também na cor vermelha, fazendo a imitação <strong>de</strong><br />

cristal com pigmentação vermelha (vi<strong>de</strong> imagem 90).<br />

8.6.3 Peças em Prata<br />

Figura 89 - Peças em processo <strong>de</strong> acabamento <strong>de</strong> superfície<br />

Fonte: A Autora<br />

Para as peças propostas em prata <strong>de</strong>ste projeto, a matéria-prima utilizada será o<br />

alumínio. O alumínio serve para dar o acabamento às peças ao redor do couro,<br />

conforme imagem a baixo (91).<br />

Figura 90 - Peça com acabamento em alumínio<br />

Fonte: A Autora<br />

119


Os aviamentos utiliza<strong>dos</strong> são em metal comum, porém, no projeto original, o<br />

material sugerido também é a prata.<br />

8.7 ESTUDO DE CORES<br />

Antes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntrar-se no por que da escolha das cores para a coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong><br />

Pictografos é importante compreen<strong>de</strong>r quais são os fatores que induzem as pessoas<br />

a gostar <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada cor, bem como o significado e simbologia das mesmas.<br />

Também, <strong>de</strong>ve-se compreen<strong>de</strong>r que as cores estão em nossa cabeça e, que os seres<br />

humanos têm o conhecimento da mesma pela visão.<br />

Cabe ressaltar que, cada cor possui um significado, representa e está associada a<br />

algo, em relação aos fatores materiais, quanto afetivos. Sendo assim, a coleção <strong>de</strong><br />

<strong>jóias</strong> Pictografos é composta pelas cores vermelho e amarelo, conforme segue este<br />

trabalho.<br />

8.7.1 Vermelho<br />

O vermelho é uma cor altamente estimulante e capaz <strong>de</strong> provocar sensações <strong>de</strong><br />

calor e algumas reações hormonais. Também é uma cor que comunica paixão e<br />

po<strong>de</strong>r.<br />

É uma cor muito energética e vibrante, quando usado em pequenas <strong>dos</strong>es, oferece<br />

glamour ou <strong>de</strong>ixa um ar exótico, em contrapartida, quando usado em excesso<br />

provoca nervosismo. (PEDROSA, 1999)<br />

Sendo assim, o vermelho é uma cor imponente e juntamente com as formas<br />

geométricas que compõem a coleção Pictografos, ajuda a <strong>de</strong>finir a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da<br />

coleção. Esta cor, juntamente com o preto e com o branco, é uma das tonalida<strong>de</strong>s<br />

mais encontradas em arte rupestre. Nesta coleção, o vermelho é aplicado em todas<br />

as peças e, o material é o couro.<br />

120


8.7.2 Amarelo<br />

O amarelo é a mais clara <strong>de</strong> todas as cores, trás luminosida<strong>de</strong>, conforto, brilho,<br />

otimismo, alegria e é jovial. Esta cor também é sinal <strong>de</strong> bom intelecto, coisas<br />

compreensivas e inspiradoras, conhecimento, razão, lógica. Estimula as funções<br />

corporais, o cérebro e a mente. Além <strong>de</strong> ativar a parte do cérebro que é<br />

responsável pela ansieda<strong>de</strong>, é a primeira cor que é i<strong>de</strong>ntificada.<br />

O amarelo foi escolhido como cor secundária <strong>de</strong>sta coleção por contrastar com o<br />

vermelho e, por ajudar a reforçar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da coleção. Destaca-se aqui como<br />

características <strong>de</strong> escolha por ser uma cor estimulante, refletir a luz e, <strong>de</strong>spertar a<br />

atenção.<br />

8.8 EMBALAGEM<br />

A embalagem da coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> Pictografos conceitua-se da mesma forma como o<br />

restante da coleção, ou seja, o <strong>de</strong>senvolvimento e a criação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

regional a <strong>partir</strong> <strong>dos</strong> resquícios arqueológicos encontra<strong>dos</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Florianópolis-SC.<br />

Para preservar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional, a embalagem <strong>de</strong>sta coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> se<br />

caracteriza por um vasilhame <strong>de</strong> cerâmica, conforme imagem abaixo (92).<br />

Figura 91 - Embalagem para a coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> Pictografos<br />

Fonte: A Autora<br />

121


9 CONCLUSÃO<br />

Aten<strong>de</strong>ndo ao objetivo principal proposto no início <strong>de</strong>ste projeto, foi criado um<br />

conceito e <strong>de</strong>senvolvida uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> baseada nos aspectos presentes na<br />

arqueologia catarinense.<br />

Com a pesquisa teórica e os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> pela fundamentação, na primeira<br />

parte <strong>de</strong>ste projeto, po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar qual seria a problemática a ser trabalhada<br />

para a criação das peças da joalheria. Assim sendo, a pesquisa <strong>de</strong> campo<br />

<strong>de</strong>senvolvida, também na primeira etapa <strong>de</strong>ste trabalho, vieram a auxiliar e<br />

i<strong>de</strong>ntificar quais seriam as formas <strong>dos</strong> grafismos rupestres a serem exploradas no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste projeto.<br />

Em resposta aos <strong>de</strong>mais objetivos <strong>de</strong>ste projeto, criou-se uma coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong><br />

baseada nos aspectos e abstração <strong>dos</strong> grafismos rupestres, com auxilio <strong>dos</strong><br />

conceitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign e, tendências que seguem as maxi-<strong>jóias</strong> e, a joalheria atual.<br />

Com isso, primeiramente foi i<strong>de</strong>ntificado quais aspectos e formas seriam abordadas<br />

e inseridas na coleção, relacionando-as e a<strong>de</strong>quando-as as peças <strong>de</strong> joalheria.<br />

Também foram estabelecidas formas que se repetiram por toda a coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong><br />

e, i<strong>de</strong>ntificadas cores para a contemplarem a coleção que iam <strong>de</strong> acordo com a<br />

proposta da mesma, com a proposta das formas concebidas e, com as atitu<strong>de</strong>s do<br />

público-alvo pré-estabelecido para estas peças.<br />

As peças da coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong> Pictografos possuem um apelo estético diferenciado,<br />

tanto pelas formas utilizadas, bem como, pelos materiais usa<strong>dos</strong> em sua<br />

concepção. Tais materiais foram utiliza<strong>dos</strong> visando reforçar o conceito da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional catarinense, como o cristal e, reformar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que se<br />

caracterizam as formas, por peças rústicas, remetendo a aspectos arqueológicos,<br />

como o couro.<br />

Sendo assim, tais contribuições <strong>de</strong> objeto <strong>de</strong> estudo, pesquisa <strong>de</strong> campo,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do produto e materiais, mesclaram-se na concepção <strong>de</strong> uma nova<br />

coleção <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>, com um conceito diferenciado, seguindo as tendências do <strong>de</strong>sign<br />

e atuais <strong>de</strong> peças joalheiras.<br />

122


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10/junho/2009.<br />

125


APÊNDICE A - Roteiro <strong>de</strong> entrevista com pescadores na Praia do Santinho<br />

Em relação aos da<strong>dos</strong> e ativida<strong>de</strong> do entrevistado:<br />

Resi<strong>de</strong> neste local ou nas proximida<strong>de</strong>s? Há quanto tempo?<br />

Qual a proporção do tempo em que passa na praia?<br />

Tem alguma ativida<strong>de</strong> que você <strong>de</strong>senvolva aqui?<br />

Em relação à arqueologia:<br />

O que aquelas marcas nos paredões rochosos representam para vocês, enquanto<br />

moradores <strong>de</strong>ste local?<br />

Há algum interesse da parte <strong>de</strong> vocês <strong>de</strong> preservação?<br />

E a manutenção da cultura, como ocorre?<br />

Há alguma curiosida<strong>de</strong> em relação a isso?<br />

Fale um pouco sobre a representativida<strong>de</strong> local disso e o que a maioria das pessoas<br />

pensa.<br />

De certa forma, a arqueologia i<strong>de</strong>ntifica este local?<br />

O público em geral que visita esta praia, como é o comportamento <strong>de</strong>stes em<br />

relação aos sítios arqueológicos?<br />

A arte rupestre que i<strong>de</strong>ntifica o Resort Costão do Santinho é a mais famosa e <strong>de</strong><br />

mais fácil acesso. As outras que estão localizadas em locais <strong>de</strong> difícil acesso, os<br />

turistas costumam fazer visitação também?<br />

126


APÊNDICE B - Roteiro <strong>de</strong> entrevista com pescadores na Barra da Lagoa<br />

Em relação aos da<strong>dos</strong> e ativida<strong>de</strong> do entrevistado:<br />

Resi<strong>de</strong> neste local ou nas proximida<strong>de</strong>s? Há quanto tempo?<br />

Qual a proporção do tempo que passa aqui?<br />

Tem alguma ativida<strong>de</strong> que você <strong>de</strong>senvolva aqui?<br />

Em relação à arqueologia:<br />

Há marcas das oficinas líticas <strong>de</strong>ixadas pelos Homens do Sambaqui neste local, qual<br />

a representativida<strong>de</strong> disso aqui na Barra da Lagoa?<br />

Há algum interesse da parte <strong>de</strong> vocês <strong>de</strong> preservação?<br />

E a manutenção da cultura, como ocorre?<br />

Há alguma curiosida<strong>de</strong> em relação a isso?<br />

Fale um pouco sobre a representativida<strong>de</strong> local disso e o que a maioria das pessoas<br />

pensa.<br />

De modo geral, você acha que estas marcas po<strong>de</strong>m i<strong>de</strong>ntificar este local?<br />

Há muitas pessoas que visitam a praia, como é a procura <strong>dos</strong> turistas pelas oficinas<br />

líticas aqui existentes?<br />

127


APÊNDICE C – Pesquisa <strong>de</strong> campo: Questionário para usuárias <strong>de</strong> <strong>jóias</strong><br />

Faixa etária:<br />

[ ] até 25 anos<br />

[ ] <strong>de</strong> 26 à 35 anos<br />

[ ] <strong>de</strong> 36 à 45 anos<br />

[ ] acima <strong>de</strong> 46 anos<br />

Por que você faz o uso <strong>de</strong> <strong>jóias</strong>?<br />

E o que mais te atrai em uma jóia? (forma, tamanho, material, pedraria, etc..)<br />

Na sua opinião, por que as mulheres usam <strong>jóias</strong>?<br />

As imagens abaixo foram divididas em 12 categorias <strong>de</strong> acordo com a semelhança.<br />

Qual a sua percepção sobre elas? (Mencionar as suas que mais te atraem)<br />

128


Fonte: COMERLATO, 2005.<br />

129


APÊNDICE D – Entrevista historiadora e pesquisadora Urda Alice Klueger<br />

Sobre os sambaquianos<br />

Qual era a média <strong>de</strong> vida da população?<br />

E por quanto tempo eles habitaram aqui?<br />

Qual o maior fator que tenha levado tal população a procurar outro lugar para<br />

habitação?<br />

O que mais te pren<strong>de</strong> a atenção em relação ao modo <strong>de</strong> vida <strong>dos</strong> sambaquianos.<br />

Sobre <strong>jóias</strong><br />

Durante as escavações arqueológicas, junto aos sambaquis, objetos utilitários<br />

foram encontra<strong>dos</strong>. Haviam adornos?<br />

Se a resposta acima foi positiva, o que esses adornos (<strong>jóias</strong>) significavam? Qual era<br />

a relação homem x objeto?<br />

Sobre as artes rupestres e as oficinas líticas<br />

As artes rupestres transmitem mensagens, a que elas se <strong>de</strong>vem? Demarcação do<br />

território, i<strong>de</strong>ntificação <strong>dos</strong> habitantes? Locais mais propícios para encontrar<br />

alimentação? Locais on<strong>de</strong> o mar era mais violento? Culto ao Deus?<br />

An<strong>de</strong>i observando que a arte rupestre da Praia do Santinho talvez seja a mais<br />

famosa, seja pelo Resort ou pela arte em si. Mas, não encontrei nenhum<br />

arqueólogo que fundamentasse com certeza sobre o seu significado. Na sua<br />

percepção, o que ela significa.<br />

A senhora acredita que algumas artes po<strong>de</strong>m ter sido <strong>de</strong>struídas por outros<br />

sambaquianos?<br />

Cada <strong>de</strong>senho tem um significado. E traduz uma sensação. Cormelato agrupou as<br />

imagens por semelhança e classificou em 12 categorias. Qual a sua percepção sobre<br />

as imagens e qual o provável significado das mesmas?<br />

130


Fonte: COMERLATO<br />

131


I<strong>de</strong>ntifiquei dois tipos <strong>de</strong> brunidores rupestres, os discos e os em formato <strong>de</strong> sulcos.<br />

Sobre os sulcos, você acha que talvez possam indicar alguma direção ou foram<br />

esculpi<strong>dos</strong> aleatoriamente?<br />

Sobre vandalismo e <strong>de</strong>struição do sítio arqueológico<br />

A Praia do Santinho recebeu esse nome por causa da inscrição que representava<br />

uma espécie <strong>de</strong> santo. Os pescadores pediam proteção à imagem além <strong>de</strong> boa<br />

pesca sempre. Mas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> retirada do sítio original ela nunca mais foi vista.<br />

Falando como historiadora e pesquisadora, qual a sua percepção a respeito.<br />

Durante a minha visitação a Barra da Lagoa, em conversa com os nativos, observei<br />

que eles preservam muito a cultura e os costumes açorianos. Entretanto, ninguém<br />

me disse algo concreto sobre os sambaquianos. Na mesma ocasião observei a ponte<br />

pênsil fixada em cima <strong>de</strong> uma oficina lítica, e há uma casa construída em cima <strong>de</strong><br />

um sambaqui. Essa espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação da história não <strong>de</strong>ve ser uma situação<br />

muito confortável para os historiadores. Qual a sua opinião referente a isso e,<br />

sobre o vandalismo aplicado nas artes rupestres.<br />

132


APÊNDICE E - Ficha <strong>de</strong> campo para i<strong>de</strong>ntificação 33<br />

Da<strong>dos</strong> do local ___________________________________________________________<br />

Data do levantamento: ___/___/___<br />

Representação: ( ) Abstrato<br />

( ) Figurativo<br />

Alterações na rocha suporte: ( ) esfoliação<br />

( ) vandalismo<br />

Situação do grafismo: ( ) bom<br />

Observações<br />

( ) <strong>de</strong>sgaste natural<br />

( ) ruim<br />

( ) vestígio<br />

________________________________________________________________________<br />

________________________________________________________________________<br />

________________________________________________________________________<br />

_____________________________________________________________________<br />

33 Descrita como uma ferramenta <strong>de</strong> pesquisa no Manual <strong>de</strong> arqueologia rupestre (AGUIAR, 2002, p.<br />

22), adaptada pela autora. “O pesquisador <strong>de</strong>ve prever uma série <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> a serem coleta<strong>dos</strong> no<br />

sítio.” (supra, p.22)<br />

133


ANEXO I – Localida<strong>de</strong>s com sítios <strong>de</strong> arte rupestre<br />

Figura 92 - Mapa do estado <strong>de</strong> Santa Catarina – Localida<strong>de</strong>s com sítios<br />

arqueológicos <strong>de</strong> arte rupestre<br />

Fonte: AGUIAR, 2002, p. 79<br />

134


ANEXO II – Variação das inscrições rupestres na Ilha do Campeche<br />

Tabela 6 – Tabela informativa sobre a variação das inscrições rupestres na Ilha do<br />

Campeche<br />

Sítio<br />

Variações<br />

<strong>de</strong><br />

círculos<br />

Variações<br />

<strong>de</strong> ângulo<br />

obtuso 34<br />

Variações<br />

<strong>de</strong> linhas<br />

onduladas<br />

ou<br />

ziguezagues<br />

Antropomorfo<br />

Variações<br />

<strong>de</strong> séries<br />

<strong>de</strong><br />

pontos<br />

1 17 4 5 3 0 0<br />

2 4 1 1 0 0 1<br />

3 0 2 3 3 0 0<br />

4 0 1 2 1 0 0<br />

5 16 6 7 1 17 2<br />

6 4 4 2 1 0 0<br />

7 3 3 3 4 2 1<br />

8 0 0 3 2 1 0<br />

Total 44 21 26 15 20 4<br />

Fonte: AGUIAR (2002, p. 63)<br />

34 “máscaras”<br />

135<br />

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