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A aprendizagem e o lúdico: uma nova práxis em sala de aula - ABPp

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A APRENDIZAGEM E O LÚDICO: UMA NOVA PRÁXIS EM SALA DE AULA<br />

Clério Cezar Batista Sena<br />

Joicy Midiã Figueiredo Macedo<br />

Matheus Soares<br />

RESUMO:<br />

Esta pesquisa consiste num estudo bibliográfico sobre o conceito da <strong>práxis</strong> <strong>em</strong> <strong>sala</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>aula</strong> <strong>em</strong> relação ao uso <strong>de</strong> jogos, dinâmicas como <strong>uma</strong> intervenção educacional.<br />

É <strong>de</strong> s<strong>uma</strong> importância a compreensão <strong>de</strong>sse trabalho, tanto no âmbito social,<br />

quanto educacional para a priorização do ensino <strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma geral e da integração<br />

e da interativida<strong>de</strong> para o suprimento das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> na escola.<br />

O jogo <strong>em</strong> si, não é apenas um brincar por brincar, mas sim <strong>uma</strong> amostrag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

que a brinca<strong>de</strong>ira facilita na <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>. É necessário focarmos no que<br />

<strong>de</strong>srespeita a busca por um ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. A ênfase <strong>de</strong> se trabalhar o jogo<br />

relacionado à ativida<strong>de</strong> curricular do aluno propõe acabar com a mesmice <strong>em</strong> <strong>sala</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>aula</strong> e também na relação interpessoal educacional entre professor - aluno. Para<br />

que o ensino melhore e os educandos <strong>de</strong>senvolvam suas habilida<strong>de</strong>s, é preciso da<br />

mobilização e reflexão da equipe pedagógica, dos gestores <strong>de</strong> escolas, dos<br />

professores, dos alunos para o <strong>de</strong>senvolvimento do projeto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> suas<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> apresentadas.<br />

PALAVRAS-CHAVE: <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>, <strong>lúdico</strong>, ensino, <strong>práxis</strong>, educação.


INTRODUÇÃO<br />

A escola é hoje além <strong>de</strong> um lugar <strong>de</strong> ensino - <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> é o espaço na<br />

qual a criança passa a maior parte do t<strong>em</strong>po. È na escola que ela <strong>de</strong>senvolve seus<br />

mecanismos <strong>de</strong> inteligência, que apren<strong>de</strong> a conviver com o outro, expressam suas<br />

<strong>em</strong>oções, enfim. E o professor faz parte <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

observando e muitas vezes atuando com suas regras, buscando s<strong>em</strong>pre um aspecto<br />

harmônico para suas <strong>aula</strong>s.<br />

Tratando do t<strong>em</strong>a: a <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> e o <strong>lúdico</strong>, o foco esta na questão da<br />

importância <strong>de</strong> se trabalhar a dinâmica interativa relacionada às ativida<strong>de</strong>s<br />

propostas no currículo escolar.<br />

Desta forma, o <strong>lúdico</strong>, não é apenas brincar por brincar, mas mostrar que<br />

através da brinca<strong>de</strong>ira também pod<strong>em</strong>os apren<strong>de</strong>r.<br />

Muitos pesquisadores <strong>de</strong>senvolveram trabalhos para que a criança por meio<br />

das ativida<strong>de</strong>s lúdicas tenha um conhecimento melhor <strong>de</strong>ntro dos conteúdos<br />

apresentados <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>.<br />

A educação é proveniente <strong>de</strong> muitas metodologias, mas <strong>de</strong> nenh<strong>uma</strong><br />

estratégia que já venha pronta, por isso, precisamos nos a<strong>de</strong>ntrar e conhecer melhor<br />

o mundo <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os para que possamos pesquisar <strong>nova</strong>s teorias para o ensino<br />

<strong>em</strong> relação ao seu <strong>de</strong>senvolvimento nas escolas.<br />

Para enten<strong>de</strong>rmos melhor este t<strong>em</strong>a, procurar<strong>em</strong>os elucidar o verda<strong>de</strong>iro<br />

significado do termo <strong>lúdico</strong>, buscando mostrar que não é apenas um novo modismo<br />

inserido no cotidiano escolar.<br />

O principal objetivo <strong>de</strong>ste estudo é proporcionar <strong>uma</strong> visão sobre o t<strong>em</strong>a<br />

abordado, visando principalmente à aplicação na nossa prática pedagógica. Desta<br />

forma busca-se a compreensão das concepções que sustentam as políticas<br />

apresentadas <strong>de</strong>ntro do âmbito educacional.<br />

1.TEORIAS DE APRENDIZAGEM E O BRINCAR<br />

1.1 CONCEITUANDO APRENDIZAGEM<br />

2


Em primeira instância <strong>de</strong>sta investigação esta é a questão: Mas, afinal o que<br />

é <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>?<br />

A <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> é um processo que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> forma sintética<br />

como o modo como os seres adquir<strong>em</strong> novos conhecimentos, <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong><br />

competências e mudam o comportamento. Contudo, a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse processo<br />

dificilmente po<strong>de</strong> ser explicada apenas através <strong>de</strong> recortes do todo. Por outro lado,<br />

qualquer <strong>de</strong>finição está, invariavelmente, impregnada <strong>de</strong> pressupostos político-<br />

i<strong>de</strong>ológicos, relacionados com a visão <strong>de</strong> hom<strong>em</strong>, socieda<strong>de</strong> e saber.<br />

Segundo alguns estudiosos, a <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> é um processo integrado que<br />

provoca <strong>uma</strong> transformação qualitativa na estrutura mental daquele que apren<strong>de</strong>.<br />

Essa transformação se dá através da alteração <strong>de</strong> conduta <strong>de</strong> um indivíduo, seja por<br />

condicionamento operante, experiência ou ambos, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma razoavelmente<br />

permanente. As informações pod<strong>em</strong> ser absorvidas através <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> ensino ou<br />

até pela simples aquisição <strong>de</strong> hábitos. O ato ou vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r é <strong>uma</strong><br />

característica essencial do psiquismo h<strong>uma</strong>no, pois somente este possui o caráter<br />

intencional, ou a intenção <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r; dinâmico, por estar s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> mutação e<br />

procurar informações para a <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>; criador, por buscar novos métodos<br />

visando à melhora da própria <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>, por ex<strong>em</strong>plo, pela tentativa e erro.<br />

Um outro conceito <strong>de</strong> <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> é <strong>uma</strong> mudança relativamente durável<br />

do comportamento, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma mais ou menos sist<strong>em</strong>ática, ou não, adquirida pela<br />

experiência, pela observação e pela prática motivada.<br />

O ser h<strong>uma</strong>no nasce potencialmente inclinado a apren<strong>de</strong>r, necessitando <strong>de</strong><br />

estímulos externos e internos (motivação, necessida<strong>de</strong>) para o aprendizado. Há<br />

aprendizados que pod<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados inatos, como o ato <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a falar, a<br />

andar, necessitando que ele passe pelo processo <strong>de</strong> maturação física, psicológica e<br />

social. Na maioria dos casos a <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> se dá no meio social e t<strong>em</strong>poral <strong>em</strong><br />

que o indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses fatores, e por<br />

predisposições genéticas.<br />

Partindo do contexto <strong>de</strong> que a educação escolar é <strong>uma</strong> mediação neste<br />

seguimento, compreen<strong>de</strong>-se que a socialização primária se dá no momento familiar,<br />

isto é, a criança adquire como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>: o pai, a mãe, pois é on<strong>de</strong><br />

realiza suas primeiras falas, é o contato mais próximo do sujeito (criança) ao objeto<br />

(<strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>). Depois ela transfere esse conhecimento com o outro ser, ou seja, o<br />

apren<strong>de</strong>nte.<br />

3


Em relação a esta teoria, Vygotsky (1991, p.101), afirma que “a<br />

<strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> é um processo que se dá por meio da fala e do pensamento, mais não<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma inata, isto é, ela é adquirida e t<strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s e leis específicas”.<br />

relacionam-se.<br />

As pessoas se apropriam da linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância e <strong>de</strong>ssa forma<br />

Seguindo esta abordag<strong>em</strong>, a criança ao apren<strong>de</strong>r a linguag<strong>em</strong> falada, já<br />

verbalizada, o pensamento torna as suscetíveis à repetição e a análise e ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po lançando mão <strong>de</strong> suas construções intelectuais, intelectualizada a fala.<br />

A <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> é a conversão entre estímulo e resposta no mesmo eixo do<br />

conhecimento. Ela requer esforço <strong>de</strong>liberado do aprendiz. O professor utiliza seus<br />

conhecimentos prévios para que o aluno <strong>de</strong>senvolva suas habilida<strong>de</strong>s e<br />

consequent<strong>em</strong>ente adquira <strong>nova</strong>s competências.<br />

N<strong>uma</strong> abordag<strong>em</strong> piagetiana, compreen<strong>de</strong> - se que o processo <strong>de</strong><br />

<strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> se dá <strong>de</strong> acordo com os estágios do <strong>de</strong>senvolvimento. Trata-se <strong>de</strong><br />

encontrar o ponto <strong>de</strong> equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Conforme<br />

Piaget (1975) postula:<br />

Que todo esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> assimilação ten<strong>de</strong> a alimentar-se, isto é, a incorporar<br />

el<strong>em</strong>entos que lhe são exteriores e compatíveis com a sua natureza. E<br />

postula também que todo esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> assimilação é obrigado a se acomodar<br />

aos el<strong>em</strong>entos que assimila, isto é, a se modificar <strong>em</strong> função <strong>de</strong> suas<br />

particularida<strong>de</strong>s, mas, s<strong>em</strong> com isso, per<strong>de</strong>r sua continuida<strong>de</strong> (portanto, seu<br />

fechamento enquanto ciclo <strong>de</strong> processos inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes), n<strong>em</strong> seus<br />

po<strong>de</strong>res anteriores <strong>de</strong> assimilação. ( PIAGET,1975, p. 14)<br />

Compl<strong>em</strong>entando esta abordag<strong>em</strong>, Paín (1985, p.23) afirma que: “a<br />

<strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> é o resultado da articulação <strong>de</strong> fatores internos e externos do próprio<br />

sujeito, do organismo, do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, das estruturas cognitivas e do<br />

comportamento <strong>em</strong> geral”. Ainda segundo Paín (1985), <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> possui alg<strong>uma</strong>s<br />

funções contraditórias, <strong>de</strong>ntre elas <strong>de</strong>staca-se a função socializadora, repressora e a<br />

função transformadora.<br />

• Na função socializadora: a escola trabalha <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um projeto social, <strong>em</strong><br />

que o ser h<strong>uma</strong>no atua para que este seja integrado no seu ambiente. Isto<br />

é, viver <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>, apren<strong>de</strong>ndo a conhecer e a conviver com <strong>nova</strong>s<br />

4


culturas, adquirir novos conhecimentos e também a convivência com o<br />

outro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma natural seguida por regras <strong>de</strong> conduta, <strong>de</strong> acordo com<br />

seus diretos e <strong>de</strong>veres.<br />

• Na função repressiva: conforme a visão da autora <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> possui<br />

essa função, já que o professor trabalha com limites claros e a escola é<br />

um espaço permeado <strong>de</strong> limites (o uso <strong>de</strong> uniformes, horários,<br />

programação <strong>de</strong> tarefas pedagógicas etc.) Além disso, não há espaço<br />

para a expressão plena do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r porque, na maioria das<br />

vezes, as ativida<strong>de</strong>s são coletivas e um sujeito representa o limite do<br />

outro.<br />

• Na função transformadora: eis aqui o el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> dicotomia das funções<br />

da <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>, pois, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que ela possui a função da<br />

manutenção da cultura (função socializadora) e <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar o sujeito<br />

(função repressora), a <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> t<strong>em</strong> a função <strong>de</strong> libertar o hom<strong>em</strong> a<br />

partir do conhecimento e, por conseqüência, transformar a socieda<strong>de</strong>.<br />

Estas funções <strong>de</strong>terminadas pela autora mostram como funciona o processo<br />

<strong>de</strong> <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> e que a ausência <strong>de</strong> <strong>uma</strong> das funções po<strong>de</strong> afetar no que<br />

<strong>de</strong>terminamos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>.<br />

É retratando esta importância que se enfatiza a proposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do conhecimento e articulação do mesmo para a <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> por meio <strong>de</strong> jogos e<br />

brinca<strong>de</strong>iras.<br />

1.2 AS TEORIAS E O BRINCAR<br />

O brincar na <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> não é <strong>uma</strong> metodologia, mas <strong>uma</strong> estratégia para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento do ensino. Muitos pesquisadores acreditam que a brinca<strong>de</strong>ira, ou<br />

seja, a interação po<strong>de</strong> ren<strong>de</strong>r bons frutos. A estimulação nasce por meio dos jogos e<br />

do contato interpessoal entre “professor e aluno”. Esta estrutura pedagógica<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia a formação <strong>de</strong> conceitos construtivistas, pois a<strong>de</strong>r<strong>em</strong> às i<strong>de</strong>ologias<br />

piagetiana.<br />

5


De acordo com os estágios do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>em</strong> relação a proposição do<br />

brincar como proposta na ativida<strong>de</strong> escolar Piaget afirma:<br />

O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais <strong>de</strong> exercício sensóriomotor<br />

e <strong>de</strong> simbolismo, <strong>uma</strong> assimilação da real à ativida<strong>de</strong> própria,<br />

fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real <strong>em</strong> função<br />

das necessida<strong>de</strong>s múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos <strong>de</strong> educação<br />

das crianças exig<strong>em</strong> todos que se forneça às crianças um material<br />

conveniente, a fim <strong>de</strong> que, jogando, elas chegu<strong>em</strong> a assimilar as realida<strong>de</strong>s<br />

intelectuais que, s<strong>em</strong> isso, permanec<strong>em</strong> exteriores à inteligência infantil.<br />

(PIAGET,1976, p.160).<br />

1.2.1 A visão winnicottiana sobre o brincar.<br />

Donald Woods Winnicott, pediatra e psicanalista britânico (1896-1971),<br />

trabalhou durante 40 anos como pediatra, tornando-se <strong>em</strong> 1935 m<strong>em</strong>bro da<br />

Socieda<strong>de</strong> Britânica <strong>de</strong> Psicanálise, a qual presidiu. Em seus trabalhos, preocupa-se<br />

com a latente e com o cuidado materno. Teoriza sobre o brincar. Para ele, a orig<strong>em</strong><br />

do simbolismo po<strong>de</strong> estar no caminho que passa do subjetivo para o objetivo,<br />

traduzido pelo objeto transacional, o primeiro brinquedo.<br />

Conce<strong>de</strong>-se, portanto que o ato <strong>de</strong> brincar é <strong>uma</strong> vastíssima dimensão no<br />

domínio h<strong>uma</strong>no. Relacionando a saú<strong>de</strong> mental, a Psicanálise e brinca<strong>de</strong>ira,<br />

afirmando que brincar é, além <strong>de</strong> <strong>uma</strong> busca <strong>de</strong> prazer, <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> lidar com a<br />

angústia.<br />

Segundo Winnicott (1975, p.312), afirma que “É <strong>uma</strong> necessida<strong>de</strong> para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> personalida<strong>de</strong> sadia”. Em sua citação na Socieda<strong>de</strong><br />

Britânica <strong>de</strong> Psicanálise <strong>em</strong> outubro <strong>de</strong> 1966, Winnicott disse:<br />

Freud, <strong>em</strong> sua topografia da mente, não encontrou lugar para a experiência<br />

das coisas culturais, <strong>de</strong>u um novo valor a realida<strong>de</strong> psíquica interna e disso<br />

proveio um novo valor para as coisas que são reais e verda<strong>de</strong>iramente<br />

externas. Freud utilizou a palavra sublimação para apontar o caminho a um<br />

lugar <strong>em</strong> que a experiência cultural é significativa, mas talvez não tenha<br />

chegado a ponto <strong>de</strong> nos dizer <strong>em</strong> que lugar na mente se acha a experiência<br />

cultural. (WINNICOTT, 1958, p.325)<br />

Em consi<strong>de</strong>ração ao termo sobre experiência cultural, Winnicott encontra<br />

ressonância a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Vygotsky sobre o significado do brinquedo, dando<br />

6


ênfase à experiência cultural como <strong>uma</strong> representação do mundo simbólico e da<br />

subjetivida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na apresentando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rupturas com alg<strong>uma</strong>s<br />

dicotomias, incluindo a da experiência <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes como o psíquico e<br />

o social, o objetivo e o subjetivo.<br />

1.2.2 O olhar vygotskyano <strong>em</strong> relação ao brincar<br />

Levy S<strong>em</strong>inovich Vygotsky (1896-1934), psicólogo soviético, apresentava<br />

interesses <strong>em</strong> diversos campos do conhecimento. Foi advogado, psicólogo,<br />

s<strong>em</strong>iólogo. Desenvolveu interessantes estudos sobre o papel da cultura na<br />

constituição do sujeito h<strong>uma</strong>no.<br />

Na sua concepção entre o biológico e o cultural constitui-se como <strong>uma</strong><br />

interação permanente <strong>em</strong> que os aspectos que chamaríamos psíquicos ou subjetivos<br />

exerc<strong>em</strong> influencia sobre o ambiente, recebendo <strong>de</strong>stes seus el<strong>em</strong>entos<br />

constitutivos.<br />

Vygotsky restringe a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> brinquedo como algo que somente da<br />

prazer à criança.<br />

Ela satisfaz certas necessida<strong>de</strong>s através do brinquedo e essas necessida<strong>de</strong>s<br />

passam por um processo <strong>de</strong> maturação. Ex<strong>em</strong>plifica essa situação com o<br />

inicio da fase pré-escolar. No inicio a criança t<strong>em</strong> seus <strong>de</strong>sejos como algo que<br />

não pod<strong>em</strong> ser imediatamente satisfeitos, permanecendo num estagio<br />

prece<strong>de</strong>nte, isto é <strong>uma</strong> tendência para a satisfação imediata dos <strong>de</strong>sejos.<br />

Para resolver essa tensão, a criança (4 a 6 anos) envolve-se num mundo<br />

ilusório e imaginário, na qual seus <strong>de</strong>sejos não realizáveis pod<strong>em</strong> ser<br />

realizados nesse mundo, é o que chamado <strong>de</strong> “brinquedo”. (WINNICOTT,<br />

1975, p.210).<br />

Com todas as funções da consciência, a imaginação surge da ação. A<br />

imaginação é o brinquedo <strong>em</strong> ação. Enfatizar o brinquedo apenas como <strong>uma</strong><br />

ativida<strong>de</strong> simbólica e/ ou cognitiva é arriscar-se a negligenciar a motivação e as<br />

circunstancias da ativida<strong>de</strong> da criança. O brinquedo que envolve <strong>uma</strong> situação<br />

imaginária é um brinquedo com regras. É no brinquedo que a criança apren<strong>de</strong> a agir<br />

n<strong>uma</strong> esfera cognitiva, ao invés <strong>de</strong> n<strong>uma</strong> esfera visual externa, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das<br />

motivações e tendências internas e não dos incentivos fornecidos pelos objetos<br />

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externos. No brinquedo, os objetos perd<strong>em</strong> a sua força <strong>de</strong>terminadora. A criança vê<br />

um objeto, mas age <strong>de</strong> maneira diferente <strong>em</strong> relação aquilo que ela vê. A ação<br />

imaginaria ensina a criança a dirigir seu comportamento não só pela percepção<br />

imediata dos objetos, mas pelo significado <strong>de</strong>ssa situação.<br />

A essência do brinquedo é a criação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> relação entre o campo do<br />

significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre situações no pensamento<br />

e situações dos objetos e as ações surg<strong>em</strong> das idéias e não das coisas. Por<br />

ex<strong>em</strong>plo: Um cabo <strong>de</strong> vassoura é um cavalinho e passa-se a agir com ele conforme<br />

as regras sociais foram mostrando ao sujeito. Entretanto, é por meio <strong>de</strong>ssas<br />

interações do sujeito com a cultura que se reconhece a construção mediadora <strong>de</strong>ssa<br />

forma <strong>de</strong> ação.<br />

2. EDUCAÇÃO E O BRINCAR<br />

2.1 A APRENDIZAGEM E O LÚDICO<br />

Muito se fala <strong>em</strong> o “brincar para educar”, mas quais as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>uma</strong> intervenção psicopedagógica n<strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura ou <strong>de</strong> escrita, ou seja,<br />

trabalhar <strong>uma</strong> dinâmica interativa para que <strong>de</strong>senvolva estas habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> modo<br />

que se aprenda a importância da leitura, s<strong>em</strong> que se torne <strong>uma</strong> <strong>de</strong>sord<strong>em</strong> escolar.<br />

O processo <strong>de</strong> <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> po<strong>de</strong> ser visto como <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira<br />

<strong>de</strong> escon<strong>de</strong> – escon<strong>de</strong> ou caça ao tesouro: tanto <strong>uma</strong> criança da pré-escola<br />

brincando n<strong>uma</strong> caixa <strong>de</strong> areia quanto um cientista estudando num laboratório, está<br />

lidando com sua curiosida<strong>de</strong>, com o <strong>de</strong>sejo da <strong>de</strong>scoberta, com a superação do não<br />

saber, com a busca do novo, que sustentam a construção <strong>de</strong> novos saberes.<br />

Os jogos, porém, precisam ser pensados, organizados previamente a fim <strong>de</strong><br />

atingir seus objetivos. Pod<strong>em</strong> partir <strong>de</strong> materiais que o professor tenha disponível <strong>em</strong><br />

<strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>, mas s<strong>em</strong>pre se atentando para a forma como são trabalhados. Antunes<br />

(2003, p.21), afirma que “Brincar é o mais eficiente meio estimulador das<br />

inteligências, impõe <strong>de</strong>safios, e gera tensões necessárias para a construção do<br />

aprendizado que se propõe obter com tais ativida<strong>de</strong>s”.<br />

O professor t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser um eterno pesquisador e indagador. O indivíduo que<br />

chega a <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> hoje, na maioria das vezes, d<strong>em</strong>onstra ser <strong>uma</strong> pessoa ansiosa,<br />

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dispersa, agitada, irritada, esquecida, com déficit <strong>de</strong> concentração, aversão à rotina e,<br />

muitas das vezes, com sintomas psicossomáticos, como dor <strong>de</strong> cabeça, gastrite,<br />

<strong>de</strong>ntre outros. É importante fazer com que os alunos pens<strong>em</strong>, porém,<br />

exageradamente é prejudicial.<br />

Na afirmativa <strong>de</strong>ste conceito, Freire (1996, p.28), conclui que “saber ensinar<br />

não é transferir conhecimento, mas criar as possibilida<strong>de</strong>s para sua própria produção<br />

ou sua construção”.<br />

O professor <strong>de</strong>ve conhecer seus alunos, saber a hora certa para <strong>uma</strong><br />

dinâmica e a hora certa para <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> mais cognitiva.<br />

A ativida<strong>de</strong> dinâmica s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong> um propósito para ser trabalhada, <strong>em</strong><br />

muitos casos, ela t<strong>em</strong> finalida<strong>de</strong> n<strong>uma</strong> interação com os outros colegas e até mesmo<br />

com o professor, ou seja, a questão <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> positiva, aquilo que afeta <strong>de</strong><br />

algum modo no ser e o transforma seu comportamento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma relativa.<br />

Brincar é um veiculo que resgata a h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> para entrar <strong>em</strong> contato com<br />

a sensibilida<strong>de</strong> e a criativida<strong>de</strong> esquecida.<br />

Em psicanálise, o brincar é fundamental para a realida<strong>de</strong> psíquica ou<br />

subjetiva, pois permite a construção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> fantasia que parte da realida<strong>de</strong><br />

transpondo num novo olhar, o que é indispensável à sauda<strong>de</strong> mental.<br />

A brinca<strong>de</strong>ira é <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> interação entre professor e aluno, <strong>de</strong>ssa<br />

forma pod<strong>em</strong>os construir no ambiente escolar <strong>uma</strong> imag<strong>em</strong> diferente, <strong>de</strong> um lugar<br />

que pod<strong>em</strong>os sonhar, imaginar e acreditar <strong>em</strong> nossas capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> criar.<br />

O professor t<strong>em</strong> sofrido com a questão <strong>de</strong> ensinag<strong>em</strong>, pois não consegue<br />

seguir os mesmos estímulos <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> seus alunos, ou seja, é como se cada<br />

um estivesse num patamar diferente, tornando-se seres tão distantes, sendo incapaz<br />

<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o outro como seu s<strong>em</strong>elhante.<br />

Acabando na mesmice que já conhec<strong>em</strong>os o professor <strong>de</strong>smotivado com<br />

sua <strong>práxis</strong> e os alunos <strong>de</strong>sinteressados com os estudos, buscando na escola um<br />

refúgio para seus probl<strong>em</strong>as familiares agindo <strong>de</strong> forma arrogante <strong>de</strong>ntre muitos<br />

aspectos.<br />

Pensando no professor como auxiliar no processo <strong>de</strong> <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do aluno·, o uso <strong>de</strong> dinâmicas ou brinca<strong>de</strong>iras t<strong>em</strong> sido<br />

fundamental para o ensino, mas há aqueles que criticam, pois seu uso exagerado<br />

po<strong>de</strong> transformar a <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> num complexo caótico, prejudicando na ensinag<strong>em</strong><br />

e na <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>.<br />

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É pelo fato <strong>de</strong> o jogo ser um meio tão valioso e eficiente na <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>,<br />

que <strong>em</strong> todo lugar <strong>em</strong> que se consegue transformar leitura, cálculo, ortografia <strong>em</strong><br />

brinca<strong>de</strong>ira, observa-se que os alunos se apaixonam por essas ocupações tidas<br />

comumente como maçantes.<br />

Em consi<strong>de</strong>rações a ludicida<strong>de</strong> no ensino, Machado (1998, p.39), afirma que<br />

“n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre jogo significa ativida<strong>de</strong> lúdica. O jogo, para ser <strong>lúdico</strong>, é preciso gerar<br />

<strong>uma</strong> tensão positiva suficiente para não prejudicar o aprendizado do aluno, t<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

levar à ação e não à frustração”.<br />

A ativida<strong>de</strong> lúdica é o resultado do sujeito com o objeto para a construção do<br />

conhecimento produzindo habilida<strong>de</strong>s e competências que compl<strong>em</strong>entam a junção<br />

<strong>de</strong> um ensino mais dinâmico e atrativo na visão psicopedagógica.<br />

A criança que brinca t<strong>em</strong> mais facilida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>senvolver a sua inteligência<br />

e também consegue se socializar melhor além <strong>de</strong> assimilar tudo que apren<strong>de</strong>u e<br />

transmitir esse conhecimento para os outros com muita simplicida<strong>de</strong>.<br />

Segundo muitos pesquisadores, o brincar t<strong>em</strong> sido hoje um gran<strong>de</strong> aliado na<br />

construção do conhecimento e auxiliador no <strong>de</strong>senvolvimento infantil, partindo do<br />

sensório motor para as seguintes etapas <strong>de</strong>terminadas conforme as teorias<br />

propostas por Piaget:<br />

O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais <strong>de</strong> exercício sensóriomotor<br />

e <strong>de</strong> simbolismo, <strong>uma</strong> assimilação da real à ativida<strong>de</strong> própria,<br />

fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real <strong>em</strong> função<br />

das necessida<strong>de</strong>s múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos <strong>de</strong> educação<br />

das crianças exig<strong>em</strong> todos que se forneça às crianças um material<br />

conveniente, a fim <strong>de</strong> que, jogando, elas chegu<strong>em</strong> a assimilar as realida<strong>de</strong>s<br />

intelectuais que, s<strong>em</strong> isso, permanec<strong>em</strong> exteriores à inteligência infantil.<br />

(PIAGET 1976, p.160).<br />

Em relação ao processo <strong>de</strong> ensino – <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>, o <strong>lúdico</strong> é categorizado<br />

<strong>em</strong> cinco aspectos que diferenciação sua ação que favorece na vida acadêmica das<br />

crianças e tend<strong>em</strong> a contribuir firm<strong>em</strong>ente para a elevação da auto- estima. Dentre<br />

quais se <strong>de</strong>stacam alg<strong>uma</strong>s dimensões e seus fenômenos:<br />

• Cognição: conscientização, percepção, linguag<strong>em</strong>, abstração, conceituação,<br />

resolução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, inteligência, elaboração do pensamento lógico.<br />

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• Afeição: afetivida<strong>de</strong>, sensibilida<strong>de</strong>, estima amiza<strong>de</strong>.<br />

• Motivação: estímulo, interesse, alegria, ânimo, entusiasmo.<br />

• Criativida<strong>de</strong>: imaginação, criação.<br />

• Socialização: cooperação, auto-expressão, interação, integração.<br />

Segundo Winnicott (1975, p.25) afirma que “a brinca<strong>de</strong>ira fornece <strong>uma</strong><br />

organização para a iniciação <strong>de</strong> relações <strong>em</strong>ocionais e assim propicia o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> contatos sociais”.<br />

Ao usar a brinca<strong>de</strong>ira o professor consegue ter <strong>uma</strong> relação interativa com o<br />

aluno, po<strong>de</strong>ndo conhecê-lo melhor, acompanhando <strong>de</strong> perto o processo <strong>de</strong><br />

<strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong>sta criança, observando suas características sociais, culturais e<br />

psicológicas; pois a escola não <strong>de</strong>ve apenas “educar” a cognição dos alunos, mas<br />

fornecer subsídios para que os sujeitos experiment<strong>em</strong> vivencias significativas para<br />

que se eduqu<strong>em</strong> socialmente.<br />

Através da brinca<strong>de</strong>ira e dos jogos as crianças terão maior facilida<strong>de</strong> para<br />

compreen<strong>de</strong>r<strong>em</strong> o mundo à sua volta e a sua realida<strong>de</strong>; pois brincando, a criança<br />

apren<strong>de</strong>, elabora e assimila princípios morais e mo<strong>de</strong>los sociais. A partir das<br />

brinca<strong>de</strong>iras ela irá reproduzir diversas possibilida<strong>de</strong>s para viver e terá maior<br />

segurança para <strong>de</strong>cidir sobre seu futuro.<br />

Segundo Almeida (1998, p.123) "o bom êxito <strong>de</strong> toda ativida<strong>de</strong> <strong>lúdico</strong><br />

pedagógica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> exclusivamente do bom preparo e li<strong>de</strong>rança do professor".<br />

De acordo com esse contexto <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os buscar <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> proposta e<br />

aproveitar <strong>de</strong> forma consciente o <strong>lúdico</strong> como instrumento metodológico durante as<br />

<strong>aula</strong>s, possibilitando um bom <strong>de</strong>senvolvimento tanto da criança quanto do<br />

adolescente. Apren<strong>de</strong>r com alegria é fundamental, assim o uso das técnicas lúdicas<br />

faz com que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo<br />

relevante ressaltar que a educação lúdica está distante da concepção ingênua <strong>de</strong><br />

passat<strong>em</strong>po, brinca<strong>de</strong>ira e diversão, conceituando <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> por meio do <strong>lúdico</strong><br />

como <strong>uma</strong> metodologia pedagógica e psicopedagógica no que <strong>de</strong>srespeita a<br />

educação através do brincar. Na visão <strong>de</strong> Chalita (2001 p. 11) “A interação professor<br />

- aluno só é positiva quando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos é atendida, quando há <strong>uma</strong><br />

cumplicida<strong>de</strong>, quando os interlocutores são parceiros <strong>de</strong> um jogo; o jogo da<br />

linguag<strong>em</strong>, do diálogo, que é algo fundamental. É casar interação com conversação”.<br />

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O brincar <strong>em</strong> relação à <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong> compõe - se <strong>de</strong> formas diferenciadas<br />

para ensinar, isto é, propor técnicas, estilos que <strong>de</strong>senvolvam a inteligência por meio<br />

das brinca<strong>de</strong>iras e assim fazer com que a criança seja estimulada ao aprendizado,<br />

mas <strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma lúdica.<br />

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

De acordo com Cunha (2007) as brinquedotecas são espaços coletivos que<br />

pod<strong>em</strong> estar vinculados a diversas instituições, como escolas, universida<strong>de</strong>s,<br />

hospitais e associações, ou permanecer como entida<strong>de</strong>s autônomas <strong>em</strong> contextos<br />

públicos ou particulares, nos quais disponibilizam diversos brinquedos as crianças<br />

como suporte para suas brinca<strong>de</strong>iras.<br />

Com um olhar psicopedagógico, observamos que as interações entre as<br />

crianças <strong>em</strong> relação às ativida<strong>de</strong>s lúdicas compreend<strong>em</strong> <strong>em</strong> um fator <strong>de</strong>terminante<br />

para a proposta <strong>de</strong>sta pesquisa, ou seja, a importância do brincar como um<br />

articulador para o <strong>de</strong>senvolvimento do ser h<strong>uma</strong>no, <strong>de</strong> suas habilida<strong>de</strong>s,<br />

capacida<strong>de</strong>s, físico-motora, psicológica e sócio-cultural.<br />

Em relação à epist<strong>em</strong>ologia pedagógica, compreen<strong>de</strong>-se que o brincar t<strong>em</strong><br />

suas funcionalida<strong>de</strong>s com o meio educacional. Principalmente na Educação Infantil.<br />

Pois é na escola que a criança começa a <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar suas potencialida<strong>de</strong>s, suas<br />

vonta<strong>de</strong>s, e também sua <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>. E se tratando do t<strong>em</strong>a proposto, a<br />

intervenção psicopedagógica engaja neste caminho; promovendo um trabalho <strong>de</strong><br />

significação e ressignificação dos conhecimentos, possibilitando a sua apropriação,<br />

a elaboração <strong>de</strong> sentimentos e pensamentos e o resgate do prazer <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r,<br />

<strong>de</strong>scobrir, pesquisar, explorar, agir, construir, compartilhar.<br />

De acordo com a pesquisa proposta, mostramos um pouco da importância<br />

do <strong>lúdico</strong> <strong>em</strong> relação a <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>, seus pontos fundamentais no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento infantil, sua situação vivencial no que esclarece b<strong>em</strong> a questão<br />

sócio - interativa da criança com o seu meio e <strong>de</strong> como nós educadores pod<strong>em</strong>os<br />

auxiliar nesse processo tão <strong>de</strong>licado e que exige tanta atenção, não só do fator<br />

educacional, mas também do fator cultural, social e familiar para que a criança<br />

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compreenda melhor o mundo <strong>em</strong> que vive e saiba enfrentar todas as situações<br />

probl<strong>em</strong>as que venha aparecer futuramente.<br />

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALMEIDA, Paulo N. <strong>de</strong>. Educação lúdica. São Paulo: Loyola, 1998<br />

ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. 12. ed.<br />

Petrópolis: Vozes, 2003.<br />

CHALITA,Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.<br />

CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. 4. ed. São<br />

Paulo: Aquariana, 2007.<br />

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a pratica educativa,<br />

São Paulo, Paz e Terra, 1996<br />

MACHADO, Luiz. Manual do professor. 4. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rodrigo da Cunha<br />

Lima e Paulo Américo Gomes e Magalhães, 1998.<br />

PAIN, Sara. Trad. Ana Maria Netto Machado. Diagnóstico e tratamento dos<br />

probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> <strong>aprendizag<strong>em</strong></strong>. 2.ed. Porto Alegre : Artes Médicas, 1985<br />

PIAGET, Jean. A Formação do Símbolo na Criança. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Zahar<br />

Editores, 1975.<br />

PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Rio <strong>de</strong> janeiro: Forense Universitária,<br />

1976.<br />

VYGOSTKY, Levy S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,<br />

1991.<br />

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WINNICOTT, Donald W. O Brincar e a realida<strong>de</strong>, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Imago,1975<br />

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