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Publicação mensal | Edição 73 Ano X | FEV/2012<br />
Faça a coisa certa,<br />
você está sendo filmado.<br />
O Ex-Presidente<br />
e hoje Senador<br />
<strong>da</strong> República<br />
por Alagoas,<br />
Fernando Collor<br />
de Mello alerta<br />
sobre a PEC dos<br />
jornalistas,<br />
o risco a liber<strong>da</strong>de<br />
de expressão.<br />
Página 24<br />
Trinta e sete novas cãmeras estão instala<strong>da</strong>s em pontos<br />
estratégicos do Plano Piloto de Brasília, monitora<strong>da</strong>s por 135<br />
funcionários atentos aos movimentos do ci<strong>da</strong>dão. Policiais,<br />
Bombeiros e servidores do Detran estão espiando você 24<br />
horas. Big Brother Brasília, fique esperto. Página 17<br />
A jornalista Márcia Zarur,<br />
que nasceu em Brasília, e<br />
adora a ci<strong>da</strong>de, defende<br />
a manutenção do nome<br />
de Mané Garrincha<br />
ao Estádio de Brasília.<br />
Homenagem certa ao<br />
craque <strong>da</strong>s pernas<br />
tortas. Página 5
Quem somos nós<br />
Nemércio Nogueira<br />
Consultor de empresas e diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog<br />
Brasileiro<br />
é tão bonzinho...<br />
Chamou minha atenção o resultado<br />
<strong>da</strong> pesquisa feita pelo instituto<br />
GfK, divulga<strong>da</strong> em junho pela Folha<br />
de S.Paulo. Isso porque talvez aí esteja<br />
uma explicação concreta para<br />
o conformismo e a índole cor<strong>da</strong>ta<br />
atribuídos ao nosso povo, do qual<br />
frequentemente se critica a insuficiente<br />
cobrança de melhores serviços<br />
públicos, maior transparência e<br />
eficácia dos gastos governamentais,<br />
fornecimento de produtos e serviços<br />
de melhor quali<strong>da</strong>de pelas empresas<br />
e comportamento ético por parte de<br />
políticos, companhias e organizações<br />
de todo tipo.<br />
Contrastando com o ceticismo <strong>da</strong>queles<br />
outros povos, os brasileiros confiam<br />
mais que eles em quase todos os<br />
profissionais, com exceção dos policiais<br />
(única categoria em que nós acreditamos<br />
menos). Até nos políticos, unanimemente<br />
os últimos colocados na tabela, nós cremos<br />
mais que eles (19% contra 17%).<br />
Nessa pesquisa que entrevistou mil<br />
pessoas no Brasil e 17.295 em países <strong>da</strong><br />
Europa e nos Estados Unidos, os bombeiros,<br />
os mais críveis de todos (97% a 94%),<br />
são seguidos pelos carteiros, professores<br />
do ensino fun<strong>da</strong>mental e médio, médicos<br />
e pelos militares. Em to<strong>da</strong>s essas categorias<br />
nós acreditamos mais que os euro-<br />
O<br />
brasileiro é muito mais crédulo do<br />
que o americano e o europeu em<br />
relação às profissões.<br />
peus e americanos, mas estamos próximos,<br />
sempre acima de 80%.<br />
As maiores discrepâncias aparecem<br />
quando se fala nos publicitários e nos<br />
profissionais de marketing. Enquanto,<br />
nos primeiros, nós acreditamos 43% mais<br />
que os outros povos, os marqueteiros gozam,<br />
no Brasil, de 38 pontos a mais de<br />
credibili<strong>da</strong>de que na Europa e EUA.<br />
Os jornalistas vêm a seguir na tabela<br />
<strong>da</strong> creduli<strong>da</strong>de nacional. Nossa confiança<br />
neles é 35 pontos percentuais superior à<br />
que eles possuem entre os outros povos<br />
pesquisados (79% a 44%).<br />
Em segui<strong>da</strong>, nessa relação de discrepâncias,<br />
aparecem os diretores de grandes<br />
empresas. Essa menor confiança de<br />
europeus e americanos nos executivos se<br />
deve, sem dúvi<strong>da</strong>, à crise financeira que<br />
atingiu o mundo em 2008 e que até hoje<br />
nos assombra, flagrantemente causa<strong>da</strong><br />
pelos desmandos e abusos que partiram<br />
de Wall Street e contaminaram to<strong>da</strong>s as<br />
economias do mundo — mas <strong>da</strong> qual nós<br />
sofremos apenas a tal “marolinha”, graças<br />
a melhor controle do sistema financeiro e<br />
à pujança <strong>da</strong> economia brasileira.<br />
Depois dos executivos, na lista de<br />
nossa maior creduli<strong>da</strong>de, surgem os pesquisadores<br />
de mercado: no Brasil 81%<br />
acreditamos neles, enquanto Europa e Estados<br />
Unidos lhes atribuem apenas 54%<br />
de confiabili<strong>da</strong>de. E as ONGs ambientais<br />
vêm depois, com 82% dos brasileiros confiando<br />
nelas, enquanto só 65% de europeus<br />
e americanos lhes dão crédito.<br />
Os policiais é que an<strong>da</strong>m mal no<br />
Brasil, em comparação com o mundo desenvolvido.<br />
Única categoria em que nós<br />
acreditamos menos, 76% dos europeus e<br />
americanos confiam na polícia, enquanto<br />
sua credibili<strong>da</strong>de junto aos brasileiros só<br />
alcança 59%.<br />
Uma conclusão que se pode tirar de<br />
tudo isso, claro, é que somos todos uns<br />
trouxas facilmente engazopáveis. Mas<br />
me parece que o lado positivo dessa nossa<br />
tendência a confiar no outro e <strong>da</strong> nossa<br />
ausência de irredentismo é que possuímos<br />
um poderoso potencial para unir a<br />
socie<strong>da</strong>de civil em movimentos construtivos<br />
para melhorar a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> população.<br />
Temos moral, por sermos crédulos e<br />
por termos fé nos conci<strong>da</strong>dãos, para nos<br />
unirmos eficazmente em iniciativas em<br />
prol <strong>da</strong> ética, <strong>da</strong> conservação ambiental,<br />
<strong>da</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de<br />
empresarial, governamental e política, <strong>da</strong><br />
sustentabili<strong>da</strong>de. Polianismo? Utopismo?<br />
Idealismo? Pode ser, mas isso é mau?<br />
Diretora Responsável: Kátia Maia; Impressão: Gráfica e Editora Ideal; Fotos: Macroproduções;<br />
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2 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012
Bebericando por aí<br />
Josi Pieri<br />
Sommelière - josipieri@brancotinto.com.br<br />
Montalcino, um<br />
lugar memorável<br />
Há poucos dias visitei Montalcino,<br />
pequenina ci<strong>da</strong>de italiana de civilização<br />
etrusca, situa<strong>da</strong> numa colina intacta<br />
e selvagem. Apesar de estar relativamente<br />
próxima a capital, cerca de 220<br />
km de Roma, a primeira sensação que<br />
se tem em Montalcino é de que o tempo<br />
parou para eternizar a simplici<strong>da</strong>de. O<br />
lugar de rara beleza conserva sua história<br />
e beleza original.<br />
O centro de Montalcino reflete o seu<br />
passado valioso, o Forte é de 1361. Na praça<br />
principal - Piazza Del Popolo, fica a Torre <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de construí<strong>da</strong> em 1200. As fun<strong>da</strong>ções<br />
de algumas <strong>da</strong>s igrejas como Santa Restituta<br />
e Sesta, remontam às invasões bárbaras.<br />
A Abadia de Sant’Antimo foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> por<br />
Carlos Magno no final do século VIII.<br />
Os vinhedos, ciprestes e oliveiras cercam<br />
as edificações medievais, intercala<strong>da</strong>s<br />
por construções em tons de areia com telhados<br />
terracota. Os restaurantes, os cafés<br />
e lojinhas minuciosamente decora<strong>da</strong>s completam<br />
o cenário cinematográfico. Há muita<br />
história em Montalcino, em 2004 a ci<strong>da</strong>de<br />
foi reconheci<strong>da</strong> como Patrimônio <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong>de.<br />
A Itália é um país com geografia propícia<br />
para cultivar inúmeras varie<strong>da</strong>de de<br />
uvas e elaborar diversificados tipos e estilos<br />
de vinhos. Não é a toa que os gregos a chamavam<br />
de Enotria – Terra do Vinho. Junto<br />
com a França, a Itália é o maior produtor<br />
de vinhos do mundo. Mas nem todos os vinhos<br />
italianos são de quali<strong>da</strong>de. A maioria<br />
dos vinhos conhecidos não convence: Valpolicella,<br />
Bardolino, Frascati, Chiantis em<br />
garrafas boju<strong>da</strong>s envolta em palha, dentre<br />
tantos outros. Esses são medíocres e ácidos<br />
demais para o pala<strong>da</strong>r brasileiro. É claro que<br />
se você reclamar com um italiano ele discor<strong>da</strong>rá<br />
de você. Mas nem tudo está perdido,<br />
na Itália há excelentes vinhos, complexos e<br />
memoráveis.<br />
Montalcino tem algumas vantagens<br />
peculiares, clima quente e seco no verão, invernos<br />
rigorosos, solos rochosos, medianamente<br />
argilosos, ricos em calcário, tuffeau<br />
e pouco férteis. Chove pouco, cerca de 700<br />
mm ano. Para que se tenha uma ideia, no<br />
T odo<br />
Brunello segue um alto padrão<br />
garantido por lei. Obrigatoriamente<br />
precisa ser feito 100% de uvas<br />
Sangiovese Grosso, cultiva<strong>da</strong>s com um<br />
rendimento máximo de oito tonela<strong>da</strong>s,<br />
possuir um teor alcoólico mínimo de<br />
12,5% (embora a maioria tenha entre<br />
13% e 14%), e amadurecer pelo menos<br />
50 meses antes de chegar ao mercado.<br />
Vale dos Vinhedos, região sul do Brasil, as<br />
chuvas são superiores a 1700 mm ano.<br />
Distante apenas 50 km do mar Mediterrâneo<br />
e 560 metros acima do nível do<br />
mar, recebe influência <strong>da</strong>s brisas e dos ventos<br />
marítimos. 50% <strong>da</strong> vegetação é forma<strong>da</strong><br />
por bosques e encostas, 10% por oliveiras<br />
e 18% por vinhedos. Metade desses vinhedos<br />
é de plantio de Sangiovese, cepa destina<strong>da</strong><br />
à elaboração dos famosos Brunellos di<br />
Montalcino. Nessas condições as videiras se<br />
desenvolvem, mantem-se concentra<strong>da</strong>s e<br />
geram vinhos longevos.<br />
É interessante que Montalcino até a<br />
déca<strong>da</strong> de 70 era pobre e uma <strong>da</strong>s vilas mais<br />
esqueci<strong>da</strong>s do sul <strong>da</strong> Toscana. O reconhecimento<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de ocorreu a partir dos vinhos<br />
especiais de Ferruccio Biondi Santi, resultado<br />
de uma seleção de um clone particular<br />
de Sangiovese. Os vinhos acabaram virando<br />
modelo para o mais precioso produto <strong>da</strong> Itália:<br />
Brunello di Montalcino.<br />
Há registros de que a família Biondi-<br />
-Santi elabora vinhos desde 1800. Mas foi<br />
a partir de 1970 que os vinhos começaram<br />
a causar impacto, resultado <strong>da</strong> lenta fermentação<br />
e do envelhecimento por longos<br />
anos em antigos e grandes tonéis de carvalho<br />
eslavo e muitas déca<strong>da</strong>s em garrafas.<br />
A partir <strong>da</strong>í Montalcino atraiu interesses<br />
internacionais e hoje o vinho é vendido no<br />
mundo todo. Este fato fez com que a zona<br />
de produção se expandisse e permitiu a chega<strong>da</strong><br />
de novos produtores. Em 1960 eram<br />
60 hectares, hoje são 2000 hectares e mais<br />
de 200 produtores.<br />
A sucessão familiar chega aos dias<br />
de hoje com Franco Biondi-Santi, neto de<br />
Ferruccio, que tive o imenso prazer em conhecer.<br />
O herdeiro <strong>da</strong> “Tenuta Il Greppo”,<br />
um senhor sábio, de fala mansa, recor<strong>da</strong> e<br />
compartilha muitas histórias <strong>da</strong> família. “A<br />
nossa terra tem uma extraordinária vocação<br />
vitícola, sobretudo para a uva Sangiovese, especialmente<br />
a que faz parte <strong>da</strong> minha proprie<strong>da</strong>de,<br />
que produz vinhos com vi<strong>da</strong> longa, como<br />
se expressa o Brunello de Montalcino Biondi-<br />
-Santi do Greppo” conta orgulhoso. Apesar<br />
<strong>da</strong> avança<strong>da</strong> i<strong>da</strong>de, é Dr. Franco quem faz<br />
os vinhos e coman<strong>da</strong> os negócios. É também<br />
ele quem prova e dá a palavra final se<br />
naquele ano será engarrafado o Brunello<br />
Riserva ou Annata. Porque ao contrario de<br />
outros produtores do novo mundo, que definem<br />
no vinhedo se o vinho será um reserva<br />
ou não, o Dr. Franco define a categoria<br />
do seu Brunelo no tonel de carvalho. ”Aqui<br />
no Greppo não estamos guar<strong>da</strong>ndo o tempo,<br />
estamos guar<strong>da</strong>ndo a evolução do vinho”,<br />
confessa o homem que produz brunellos<br />
há mais de 80 anos.<br />
Em 1994, dezesseis jornalistas de oito<br />
<strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012 | 3
países degustaram diversas safras de Brunellos<br />
Riservas Biondi Santi. O primeiro<br />
lugar com nota máxima de 100/100 coube<br />
ao <strong>da</strong> safra de 1891. Isso mesmo, um vinho<br />
centenário, único.<br />
Todo Brunello segue um alto padrão<br />
garantido por lei. Obrigatoriamente precisa<br />
ser feito 100% de uvas Sangiovese Grosso,<br />
cultiva<strong>da</strong>s com um rendimento máximo de<br />
Artistas <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de<br />
4 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012<br />
oito tonela<strong>da</strong>s, possuir um teor alcoólico<br />
mínimo de 12,5% (embora a maioria tenha<br />
entre 13% e 14%), e amadurecer pelo menos<br />
50 meses antes de chegar ao mercado.<br />
Desse período, ao menos dois anos do vinho<br />
precisam ser em barris de carvalho, sendo o<br />
restante em garrafa. Para os que ostentam a<br />
qualificação Riserva, o período mínimo em<br />
barricas aumenta para 62 meses. Geralmen-<br />
Chiquinho Dornas<br />
Hosana Bezerra, chegou, viu e venceu<br />
Hosana Bezerra nasceu em 1957 na<br />
ci<strong>da</strong>de de Recife, onde cresceu levando<br />
uma vi<strong>da</strong> modesta. Mudou-se para Brasília<br />
há 20 anos em busca de melhores<br />
perspectivas.<br />
Convivendo na “Brasília real”, Hosana<br />
mostra em suas telas uma Brasília imaginária<br />
que enxergamos ca<strong>da</strong> qual a sua maneira.<br />
Brasília geométrica, concreta. Contraponto<br />
ao cerrado orgânico, vegetal que nos rodeia.<br />
A geometria de Hosana tem suas raízes<br />
em seu trabalho com tecelagem e como<br />
auxiliar de desenhista, ain<strong>da</strong> em Recife, sua<br />
terra natal, e também com a jardinagem que<br />
exerceu para ganhar o pão de ca<strong>da</strong> dia nos<br />
difíceis tempos de sua chega<strong>da</strong> à capital federal.<br />
Apesar de to<strong>da</strong>s as dificul<strong>da</strong>des, Hosana<br />
não deixava de observar atentamente as<br />
exposições que se realizavam nos corredores<br />
<strong>da</strong> casa do povo. Aproveitou a oportuni<strong>da</strong>de<br />
para admirar obras de importantes<br />
artistas que imprimiriam doravante grande<br />
influência em sua obra: Athos Bulcão e Rubem<br />
Valentim.<br />
Esse árduo período que o compeliu<br />
a vagar ao relento, serviu para que ele observasse<br />
atentamente as estrelas do imenso<br />
céu do planalto. “Vi no céu as estrelas<br />
compondo infinitos triângulos, retângulos,<br />
planos geométricos e linhas. A minha arte,<br />
hoje, é reconheci<strong>da</strong> pela geometria. A imensidão<br />
do cerrado modificado pela ci<strong>da</strong>de<br />
agora transformado em telas.”<br />
Brasília, portanto, “lhe deu régua e<br />
compasso”. As mesmas ferramentas utiliza<strong>da</strong>s<br />
por arquitetos, engenheiros, astrônomos<br />
e matemáticos nas tarefas de compreender<br />
o mundo em que vivemos e que também<br />
as crianças intuitivamente utilizam<br />
em seus brinquedos de encaixes e em seus<br />
Jornalista<br />
te utilizam barris eslovenos, maiores do que<br />
os tradicionais barris de 225 litros.<br />
Por lei os Brunellos só podem chegar<br />
ao mercado a partir do dia 1º de janeiro de<br />
seu 5º ano. Ou seja, as garrafas de 2007<br />
só puderam desembarcar no Brasil após<br />
1/1/2012. Enquanto a categoria Riserva<br />
2007 desembarcará após 1/1/2013. Sendo<br />
assim, o vinho já chega ao mercado com boa<br />
evolução, geralmente apresenta cor grana<strong>da</strong><br />
vivaz, aromas de musgo, couro, frutas secas<br />
e cristaliza<strong>da</strong>s, defumados, pimenta preta,<br />
alcaçuz e baunilha. Na boca é equilibrado,<br />
tem final longo e elegante.<br />
Para mim, e certamente para os montalcineses,<br />
o Brunello é o melhor vinho do<br />
mundo. Mas para muitos italianos, o melhor<br />
vinho é o <strong>da</strong> casa, o simples, o rude, feito<br />
pelo pai que aprendeu com o avô... Porque<br />
para eles o fun<strong>da</strong>mental é o festejar, e a<br />
família reuni<strong>da</strong> à mesa. E o vinho? Ahhh...<br />
“è una questione di abitudine”.<br />
lúdicos desenhos. Nas formas geométricas<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, Hosana imprimiu sua própria<br />
geometria. Inversamente a Lúcio Costa que<br />
partiu do papel e criou o volume de Brasília,<br />
Hosana partiu do volume de Brasília para<br />
criar telas surpreendentes.<br />
As pinturas acrílicas de Hosana Bezerra<br />
são vibrantes e contemplativas. Seu<br />
estilo único de arte é um reflexo do mundo<br />
moderno, com referencias à natureza<br />
e obras-primas <strong>da</strong> arquitetura de artistas<br />
mundialmente renomados, como Le Corbusier,<br />
Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Em<br />
sua arte, formas geométricas, imagens espelha<strong>da</strong>s,<br />
linhas perfeitas e cores balancea<strong>da</strong>s<br />
brincam com os olhos. Suas pinturas<br />
instigam a imaginação, permitindo que as<br />
pessoas encontrem significados naturais<br />
e monumentos construídos pelo homem<br />
dentro de suas obras.<br />
Recentemente, Hosana participou<br />
de uma lindíssima exposição na Fun<strong>da</strong>ção<br />
Assis Chateaubriand, Espaço Chatô, com o<br />
tema ‘Geometria Abstrata’, retratando sua<br />
atenção para a “harmonia <strong>da</strong>s coisas”.
Coisa nossa<br />
Marcia Zarur<br />
Jornalista<br />
Mané Garrincha,<br />
esse é o nome “Nem<br />
Como boa can<strong>da</strong>nga, tenho raízes<br />
profun<strong>da</strong>s finca<strong>da</strong>s em Brasília. Costumo<br />
brincar que não há ninguém mais<br />
brasiliense do que quem nasce no hospital<br />
<strong>da</strong> L-2 Sul. Pois bem, amo a ci<strong>da</strong>de<br />
e não a troco por nenhum lugar do<br />
mundo... Brasília conjuga vantagens<br />
dos grandes centros<br />
com pita<strong>da</strong>s <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do<br />
interior, estas ca<strong>da</strong> vez<br />
mais escassas, é ver<strong>da</strong>de.<br />
Mas para quem se<br />
apressar em citar as mazelas<br />
do trânsito, a violência<br />
crescente e o caos<br />
<strong>da</strong> saúde, eu rebato chamando<br />
a atenção para o<br />
nosso céu, o nosso verde<br />
e a nossa arquitetura<br />
inigualável.<br />
O Céu, dizem, é o Mar<br />
de Brasília e a escala sabiamente<br />
determina<strong>da</strong> por<br />
Lúcio Costa nos garante<br />
um horizonte sem fim. O<br />
verde está por to<strong>da</strong> parte,<br />
e temos a honra de abrigar<br />
um dos maiores parques<br />
urbanos do mundo.<br />
E a arquitetura?! Bem, esta<br />
dispensa comentários pois<br />
continua sendo o auge <strong>da</strong><br />
vanguar<strong>da</strong>, mesmo meio século depois!<br />
No aniversário de 50 anos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
mergulhei em suas histórias para uma série<br />
de reportagens para o DFTV. Pude sentir a<br />
aridez do cerrado e a poeira vermelha dos<br />
primeiros tempos, passeei pelo campus de<br />
uma UnB idealiza<strong>da</strong> por Darcy, tomei um<br />
café com JK no Catetinho e surpreendi a<br />
retina com a originali<strong>da</strong>de dos prédios de<br />
Niemeyer. Uma viagem guia<strong>da</strong> pelas lembranças<br />
de pioneiros...<br />
E o que seria de nós sem memória? Minhas<br />
lembranças de infância me trazem a<br />
ci<strong>da</strong>de tranqüila, com passeios pela Esplana<strong>da</strong><br />
onde a maior diversão era escalar a cú-<br />
pula do Senado. E observando as construções<br />
do Eixo Monumental me chamavam a<br />
atenção os cabos do Centro de Convenções<br />
e a grande arquibanca<strong>da</strong> em concreto do<br />
Mané Garrincha.<br />
Pela falta de tradição futebolística de<br />
Brasília, o estádio passou a fazer parte <strong>da</strong><br />
minha vi<strong>da</strong> adolescente no último show <strong>da</strong><br />
Legião Urbana na ci<strong>da</strong>de no fim <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />
de 80. Mas a figura do grande craque Mané<br />
Garrincha me foi apresenta<strong>da</strong> bem antes,<br />
e não pelos lances inesquecíveis, mas pela<br />
imensa arquibanca<strong>da</strong> de concreto contrastando<br />
com o céu azul.<br />
Hoje a arquibanca<strong>da</strong> não existe mais.<br />
Foi destruí<strong>da</strong> para <strong>da</strong>r lugar ao imponente<br />
Estádio Nacional. É certo que para abrigar<br />
um mundial precisávamos desta mu<strong>da</strong>nça.<br />
Mas era mesmo necessário mu<strong>da</strong>r o nome<br />
do estádio e deixar o Mané lá no fim, como<br />
se fosse um acessório dispensável?<br />
Em maio de 2011, <strong>da</strong>ta marca<strong>da</strong> para a<br />
tudo<br />
que é torto<br />
é errado.<br />
Veja as pernas<br />
do Garrincha<br />
e as árvores<br />
do cerrado.”<br />
Nicolas Behr<br />
demolição do antigo estádio, duas tentativas<br />
de implosão com tonela<strong>da</strong>s de dinamite<br />
falharam e a arquibanca<strong>da</strong> seguiu de pé.<br />
Um fiasco televisionado para o mundo todo.<br />
Não deixei de pensar que talvez Garrincha<br />
tivesse feito mais um dos seus desconcertantes<br />
dribles, deixando os adversários sem<br />
chão.<br />
O novo estádio já é quase uma reali<strong>da</strong>de.<br />
Tudo indica que deve ficar pronto a<br />
tempo, deve ficar belo e deve ser uma construção<br />
verde. Brasília, sem dúvi<strong>da</strong>, marcou<br />
muitos gols. Mas o gênio <strong>da</strong>s pernas tortas,<br />
que encheu o país de alegrias, merecia<br />
continuar sendo reverenciado – pelo menos<br />
no nome do estádio <strong>da</strong> capital do país.<br />
<strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012 | 5
O nosso país<br />
6 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012<br />
Pedro Valls Feu Rosa<br />
Presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo<br />
O brasileiro tem<br />
que ser um forte<br />
Você sabe o que é benzeno? Segundo<br />
uma enciclopédia que consultei, trata-se<br />
de um líquido tóxico cujos vapores,<br />
se inalados, causam tontura, dores<br />
de cabeça e até mesmo inconsciência. A<br />
longo prazo seus vapores causam sérios<br />
problemas sanguíneos, tal como a leucopenia.<br />
O benzeno é uma substância utiliza<strong>da</strong><br />
como solvente de iodo, enxofre, graxas etc.,<br />
sendo ain<strong>da</strong> matéria-prima na produção de<br />
compostos como plásticos, gasolina, borracha<br />
sintética e tintas. Trata-se, finalmente,<br />
de uma substância comprova<strong>da</strong>mente carcinogênica.<br />
Você sabe o que é uma substância<br />
carcinogênica? Segundo um dicionário de<br />
termos médicos que consultei, “trata-se de<br />
uma substância com potencial cancerígeno,<br />
isto é, que tem como proprie<strong>da</strong>de o potencial<br />
de desenvolvimento de câncer, como a<br />
nicotina, o benzeno e as radiações”.<br />
Há poucos dias li uma séria e muito<br />
bem produzi<strong>da</strong> reportagem sobre a presença<br />
do benzeno em alguns refrigerantes.<br />
Sim, em alguns <strong>da</strong>queles refrigerantes que<br />
consumimos todos os dias. Foram comprova<strong>da</strong>s,<br />
nestes, quanti<strong>da</strong>des de benzeno até<br />
quatro vezes superior ao limite máximo<br />
permitido pela lei.<br />
Cito um pequeno trecho <strong>da</strong> longa reportagem:<br />
“Uma análise desenvolvi<strong>da</strong> pela<br />
Associação Brasileira de Defesa do Consumidor<br />
Pro Test, e publica<strong>da</strong> pela Folha de<br />
São Paulo, descobriu em sete <strong>da</strong>s 24 marcas<br />
de refrigerantes investiga<strong>da</strong>s substância<br />
cancerígena, o benzeno. Os outros 17 rótulos<br />
apresentam compostos que causam osteoporose,<br />
alergia, diabetes e hipertensão”.<br />
Em alguns outros países isto <strong>da</strong>ria<br />
margem a um escân<strong>da</strong>lo de graves proporções,<br />
a exames complementares<br />
imediatos com resultados<br />
amplamente divulgados<br />
e ao eventual recolhimento<br />
dos produtos<br />
que podem induzir<br />
câncer <strong>da</strong>s<br />
gôndolas dos<br />
supermercados,<br />
dos bares<br />
e dos restaurantes.<br />
Seguir-se-ia<br />
uma apuração<br />
rigorosa<br />
e, constata<strong>da</strong><br />
a falta, a responsabilização<br />
impiedosa dos<br />
eventuais culpados.<br />
Afinal, o cenário<br />
é gravíssimo: tra-<br />
ta-se de bebi<strong>da</strong> servi<strong>da</strong> a to<strong>da</strong> a população,<br />
inclusive às nossas crianças.<br />
Vamos a alguns exemplos. Lá no Japão,<br />
há poucos meses a empresa Fujiya viu-<br />
-se obriga<strong>da</strong> a retirar do mercado e a não<br />
mais vender os bolos que produzia – a fiscalização<br />
sanitária japonesa descobriu que<br />
estavam sendo utilizados alguns ingredientes<br />
com o prazo de vali<strong>da</strong>de esgotado. Não<br />
adiantou a empresa sustentar que todos os<br />
seus produtos estavam próprios para consumo,<br />
conforme comprovado por testes de<br />
laboratório. Não, não é esta a questão: nestes<br />
assuntos, o que importa é uma palavra<br />
denomina<strong>da</strong> “confiança” – afinal, falamos<br />
dos alimentos que consumimos.<br />
Na Inglaterra, há um ano, a presença<br />
de salmonela em algumas barras de chocolate<br />
fabrica<strong>da</strong>s pela empresa Cadbury causou<br />
a pronta retira<strong>da</strong> de to<strong>da</strong>s as uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />
marca expostas em lojas e supermercados –<br />
um volume de produtos avaliado em torno<br />
de US$ 50 milhões. Nos Estados Unidos,<br />
no ano de 2003, a empresa Phillip Morris<br />
foi multa<strong>da</strong> em US$ 10 bilhões. O motivo:<br />
vendeu cigarros light como sendo menos<br />
nocivos. Ain<strong>da</strong> naquele país, em 1999, autorizou-se<br />
a ven<strong>da</strong> de um <strong>da</strong>do medicamento<br />
contra inflamações chamado Vioxx. Um ano<br />
depois, esta droga foi associa<strong>da</strong> à elevação<br />
do risco de ataques cardíacos. No ano de<br />
2002, a viúva de uma <strong>da</strong>s vítimas processou<br />
a empresa, e foi indeniza<strong>da</strong> em US$ 26 milhões.<br />
Pouco depois, após sucessivas derrotas<br />
no Judiciário, o laboratório ofereceu a<br />
47 mil outros parentes de vítimas, identifica<strong>da</strong>s<br />
em cerca de 6,4 mil processos, um<br />
valor total de US$ 4,85 bilhões. Enquanto<br />
isso, no Brasil, até onde sei, e decorri<strong>da</strong>s já<br />
algumas semanas, continuam os refrigerantes<br />
objeto de tão detalha<strong>da</strong> denúncia,<br />
basea<strong>da</strong> em exames de laboratório, absolutamente<br />
impávidos e à ven<strong>da</strong> em qualquer<br />
esquina. Aqui, na dúvi<strong>da</strong>, que continuem as<br />
ven<strong>da</strong>s!<br />
Diante de tal quadro fico a pensar, parodiando<br />
Euclides <strong>da</strong> Cunha, que o brasileiro<br />
tem mesmo que ser um forte!
Pegar um bronze Ariane Urbanetto<br />
ariane@amaralcarvalho.org.br<br />
Proteja-se dos raios solares<br />
Quem mora em Brasília, principalmente nos Lagos Sul e Norte e também<br />
nos condomínios, onde o banho de sol é mais comun e intenso nos fins de<br />
semana sabe bem que o sol de verão em Brasília é mesmo de rachar. Tudo<br />
bem, viva o sol e o calor, na<strong>da</strong> melhor que um bronze pra mostrar saúde<br />
e simpatia. Mas os médicos alertam; o sol pode ser perigoso para muita<br />
gente, se cuide.<br />
Essa é uma <strong>da</strong>s frases mais ouvi<strong>da</strong>s,<br />
especialmente no verão, quando o assunto<br />
é câncer de pele. Mas, se você acha<br />
que aplicar protetor solar uma vez e somente<br />
em dias ensolarados é sinônimo<br />
de proteção, está enganado. A dermatologista<br />
do Hospital Amaral Carvalho,<br />
Ana Gabriela Salvio — responsável pelo<br />
Programa de Prevenção do Melanoma,<br />
um dos cânceres de pele mais agressivos<br />
— elencou alguns dos mitos e ver<strong>da</strong>des<br />
sobre o uso de protetor solar e outros<br />
artifícios para não prejudicar a pele com<br />
os raios do sol. Protetor solar, chapéus,<br />
bonés, óculos escuros e roupas são aliados<br />
fortíssimos, quando utilizados adequa<strong>da</strong>mente.<br />
Acompanhe:<br />
VÁ PELA SOMBRA<br />
Você certamente já ouviu dizer que é<br />
preciso evitar a exposição ao sol entre<br />
as 10 e 16 horas (no horário de verão entre<br />
11 e 17h), o que é ver<strong>da</strong>de. “Nesse intervalo<br />
há grande incidência de raios ultravioleta<br />
B, principais responsáveis pelo surgimento<br />
do câncer de pele”, afirma Ana Gabriela. Por<br />
isso, deve-se evitar também a exposição ao<br />
sol por períodos muito longos e repeti<strong>da</strong>s<br />
vezes, pois as queimaduras solares predispõem<br />
esse tipo de câncer.<br />
BLOqUEIO<br />
É importante o uso de chapéus, bonés<br />
e óculos de sol com proteção UVB para bloquear<br />
os raios solares. Ao ar livre também<br />
podem ser utiliza<strong>da</strong>s barracas e roupas<br />
adequa<strong>da</strong>s que evitem a exposição direta <strong>da</strong><br />
pele com o sol.<br />
NãO é BRINCADEIRA<br />
Os cui<strong>da</strong>dos com crianças e bebês devem<br />
ser redobrados: menores de 6 meses<br />
devem ficar na sombra. “Coloque sombri-<br />
nha no carrinho do bebê, vista-o com roupas<br />
que cubram todo o corpo e chapéus.<br />
Lembrando que não se pode aplicar protetor<br />
solar em recém-nascidos”, explica a dermatologista.<br />
Bebês acima de 6 meses já podem usar<br />
protetor solar infantil com Fator de Proteção<br />
Solar (FPS) para os raios UVB de, no mínimo,<br />
30 e com proteção UVA.<br />
Ana Gabriela salienta que deve ser<br />
aplicado em crianças protetor solar de amplo<br />
espectro, hipoalergênico, que não irrita<br />
a pele e é fácil de passar.<br />
ATENçãO<br />
A simples aplicação de protetor solar<br />
não justifica a exposição de crianças por<br />
muito tempo ao sol. E a médica enfatiza<br />
que o exemplo dos pais e familiares é fun<strong>da</strong>mental<br />
para as crianças adquirirem o hábito<br />
<strong>da</strong> fotoproteção. “A proteção dos raios<br />
solares desde a infância diminui o risco de<br />
câncer de pele no adulto.”<br />
FILTRO SOLAR<br />
Muitas pessoas só se lembram de usar<br />
protetor solar quando vão à piscina ou praia,<br />
mas ele deve ser utilizado mesmo nos dias<br />
nublados. De acordo com a profissional, os<br />
raios ultravioleta conseguem atravessar as<br />
nuvens e queimar nossa pele sem nos <strong>da</strong>r<br />
a sensação no momento de ardor. “O uso<br />
do protetor solar deveria ser um hábito de<br />
todos. Mesmo em dias nublados ou no inverno,<br />
quando aparentemente a incidência<br />
dos raios solares não é tão intensa, os raios<br />
UVA e UVB alcançam a su perfície <strong>da</strong> terra.<br />
Além disso, outros fatores como a radiação<br />
<strong>da</strong> tela de computador e televisão ou luzes<br />
fluorescentes, podem resultar em manchas<br />
e envelhecimento precoce <strong>da</strong> pele. Por isso a<br />
proteção é necessária”, orienta.<br />
APLIqUE... REAPLIqUE<br />
A aplicação do protetor solar, portanto,<br />
deve ser um hábito diário. “Devemos<br />
passar o protetor no mínimo 30 minutos<br />
antes de sair de casa, para que o produto<br />
seja bem absorvido pela pele”, explica Ana<br />
Gabriela.<br />
A reaplicação, segundo a médica, deve<br />
ocorrer a ca<strong>da</strong> 3 horas. “Porém o suor e a<br />
água retiram o protetor <strong>da</strong> pele, então,<br />
sempre que houver transpiração ou contato<br />
com a água, deve ser repetido o processo de<br />
aplicação”.<br />
qUALIDADE<br />
Fique atento ao comprar protetores<br />
solares. A dermatologista comenta que nem<br />
todos os produtos protegem contra os raios<br />
UVA e UVB. “Procure por produtos que declaram<br />
sua ampla proteção na embalagem.<br />
Os mais eficientes possuem as siglas PPD<br />
e FPS. Além disso, é importante escolher<br />
produtos de marcas confiáveis ou conforme<br />
indicação médica, para garantir que tenham<br />
os elementos que permitam uma proteção<br />
eficaz e completa”, alerta.<br />
SAIBA MAIS<br />
O que é melanoma?<br />
Uma alteração <strong>da</strong>s células <strong>da</strong> pele<br />
que passam a crescer sem controle e<br />
podem se espalhar pelo corpo. As causas<br />
dessa alteração são os raios do sol<br />
(UVA e UVB) e herança genética.<br />
Maior incidência<br />
Pessoas com pele clara, que se<br />
queimam facilmente, que possuem<br />
muitas sar<strong>da</strong>s ou pintas, que têm familiares<br />
com câncer de pele ou que trabalham<br />
expostas ao sol por longo período.<br />
Alerta<br />
Examine sempre a pele. Se encontrar<br />
pintas diferentes ou lesões suspeitas,<br />
procure um médico.<br />
<strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012 | 7
As margens do Lago<br />
Na Hora, e agora<br />
TAí, AS AUTORIDADES se queixam que a imprensa só fala mal<br />
do Governo, só faz críticas. Não é ver<strong>da</strong>de. A imprensa fala mal<br />
quando tem que falar mal. Por exemplo, não há como não elogiar o<br />
trabalho dessa equipe do Na Hora, enti<strong>da</strong>de cria<strong>da</strong> pelo GDF para<br />
atender a comuni<strong>da</strong>de em várias questões fun<strong>da</strong>mentais para o dia<br />
a dia do ci<strong>da</strong>dão. Sem burocracia e , pasmem, com atenção e gentileza<br />
as equipes atendem a todos com muita presteza.<br />
Valeu, chefia<br />
O GOVERNADOR AGNELO acertou em cheio, man<strong>da</strong>ndo instalar<br />
cãmeras em vários pontos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. A medi<strong>da</strong> vai aju<strong>da</strong>r a policia a<br />
fiscalizar , aumenta a segurança. Os lagos, Sul e Norte, tidos como<br />
áreas nobres e teoricamente mais seguros também precisam desse<br />
olho vivo, cui<strong>da</strong>ndo <strong>da</strong> situação. As atuais administrações carecem<br />
de mais agili<strong>da</strong>de, interesse, atenção e cui<strong>da</strong>do com os dois bairros.<br />
Faltam limpeza, iluminação, segurança e transporte coletivo.<br />
Política & políticos<br />
HÁ UMA EXPECTATIVA enorme em torno <strong>da</strong> sucessão do atual<br />
Governador de Brasília, Agnelo Queiroz. Claro, o que mais se comenta<br />
é que ele se candi<strong>da</strong>ta e a reeleição, com chances de ganhar.<br />
Agora, caso Agnelo desista quem vai se habilitar a entrar no Buriti?<br />
Um analista politico, timi<strong>da</strong>manete, arrisca citar os nomes de Reguffe,<br />
Rodrigo Rolemberg, Álváro Dias e Tadeu Felipelli. De fato,<br />
análise pra lá de tími<strong>da</strong>.<br />
Saúde, vexame nacional<br />
NO DIA 14 desse mês de fevereiro mais uma tragédia envolvendo<br />
médicos e um hospital de Brasília. Marcelo Dino, uma criança de 13<br />
anos, asmática, morre após ser atendi<strong>da</strong> no Santa Lúcia. O garoto,<br />
filho do Presidente <strong>da</strong> Embratur, foi levado ao hospital pela família,<br />
que explicou os problemas que ele enfrentava com a doença e tinha<br />
que receber cui<strong>da</strong>dos especiais. Morreu e deixou a família em desespero.<br />
Tempos atrás Brasília tinha seguinte fama; o melhor hospital<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de é a ponte aérea. Será que era apenas fama?<br />
8 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012<br />
Cão <strong>da</strong>nado<br />
José Natal<br />
TODO DONO DE cachorro que passeia com o bicho, sem focinheira,<br />
na certa deveria usar ferradura nos pés. Sim, por que não há ato<br />
mais insano e absurdo do que expor terceiros a um risco que pode<br />
ser totalmente evitado. Os que cometem essa asneira tem sempre a<br />
mesma explicação; o cão é manso, adestrado e não ataca ninguém.<br />
Pois sim, as estatísticas provam o contrário. Não há cão confiável a<br />
esse ponto, não há cão que possua atestado de bom comportamento<br />
com o aval <strong>da</strong> natureza animal. O cachorro é o melhor amigo do<br />
homem. O homem deveria preservar essa amizade, passeando com<br />
seu cão devi<strong>da</strong>mente amor<strong>da</strong>çado.<br />
W/3 pede socorro<br />
BRASíLIA TALVEZ SEJA a única ci<strong>da</strong>de brasileira que não tem nem<br />
esquinas nem aveni<strong>da</strong>s. As equinas ain<strong>da</strong> podem ser cria<strong>da</strong>s, talvez<br />
nas ci<strong>da</strong>des satélites elas existam, não tão caracteriza<strong>da</strong>s como nas<br />
outras ci<strong>da</strong>des do Pais. A única aveni<strong>da</strong> que temos no Plano Piloto é a<br />
W/3, local onde nasceram algumas <strong>da</strong>s mais tradicionas lojas comercias<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Hoje está em frangalhos. Comércio ruim, mal ilumina<strong>da</strong>,<br />
abandona<strong>da</strong>, sem atrativos, sem agências bancárias e esqueci<strong>da</strong>.<br />
Deveria ser revigora<strong>da</strong>, a comuni<strong>da</strong>de ia gostar. Sau<strong>da</strong>des <strong>da</strong> W/3<br />
dos tempos do Cine Cultura, Casa do Barata, Lojas Paranoá, Bi-Ba-<br />
-Bo, Armazem Serve Bem, Banco Nacional, Casa Thomas Jefferson,<br />
Restaurante GTB e os desfiles <strong>da</strong>s Escolas de Samba. Aquela W/3 era<br />
uma aveni<strong>da</strong>. Hoje é um corredor, sujo.
Ordem na casa<br />
Região dos lagos<br />
regulamenta<strong>da</strong><br />
Está no Diário Oficial do DF: novas normas para uso e ocupação<br />
<strong>da</strong> Área de Proteção Ambiental, de acordo com a Secretaria do<br />
Meio ambiente ,representam a chancela <strong>da</strong> preservação.<br />
A Área de Proteção Ambiental<br />
(APA) do Lago Paranoá ganhou novas<br />
regras para o uso e a preservação. O<br />
Decreto nº 33.537, publicado no Diário<br />
Oficial do Distrito Federal aprova<br />
o zoneamento ambiental e vai permitir<br />
uma melhor organização <strong>da</strong> APA,<br />
que existe desde 1989. De acordo com<br />
a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos<br />
Hídricos e o Instituto de Meio<br />
Ambiente e Recursos Hídricos , essa<br />
é apenas a primeira fase. A segun<strong>da</strong><br />
será o Plano de Manejo, que servirá<br />
como um detalhamento do decreto.<br />
Pelo documento, a área, que tem aproxima<strong>da</strong>mente<br />
16 mil hectares, fica dividi<strong>da</strong><br />
em quatro setores: Zona de Vi<strong>da</strong><br />
Silvestre; Zona de Ocupação Especial;<br />
Zona de Ocupação Consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>; e Zona<br />
do Espelho d’Água do Lago. Ca<strong>da</strong> uma<br />
delas tem subzonas.<br />
AçãO CONJUNTA<br />
Segundo o secretário do Meio Ambiente<br />
e Recursos Hídricos, Eduardo Brandão, esse<br />
zoneamento é obrigatório para as APAs. “Ele<br />
define setores em uma Uni<strong>da</strong>de de Conservação<br />
com o objetivo de se constituir planos<br />
de manejo e regras específicas, oferecendo<br />
tratamento diferenciado para a especifici<strong>da</strong>de<br />
de ca<strong>da</strong> zona”, explicou o secretário.<br />
Elaborado em conjunto com v órgãos do Governo<br />
do DF e custeado por meio de compensação<br />
ambiental pela Companhia Imobiliária<br />
de Brasília (Terracap), o Plano de<br />
Manejo já está pronto. Segundo Brandão,<br />
falta apenas a publicação para se tornar oficial.<br />
“A Semarh garantirá a publici<strong>da</strong>de do<br />
documento por meio de instrução normativa.<br />
O plano discorre sobre os diversos subprogramas<br />
de monitoramento, vigilância,<br />
educação ambiental e outras ações <strong>da</strong> APA”,<br />
afirma<br />
Segundo o secretário, o decreto vai garantir<br />
a convivência harmoniosa entre a ocu-<br />
pação urbana e o meio ambiente. “As novas<br />
regras em na<strong>da</strong> irão afetar os moradores dos<br />
lagos Sul e Norte. Pelo contrário, garantem<br />
e legalizam essas ocupações, já que em APAs<br />
são permiti<strong>da</strong>s ocupações urbanas de forma<br />
sustentável. O uso desordenado <strong>da</strong> orla é<br />
uma questão urbanística, o zoneamento<br />
ambiental não trata dessa questão”, disse<br />
Brandão. Explica ain<strong>da</strong> que esta é apenas a<br />
primeira etapa do processo. “Falta a aplicação<br />
do Plano de Manejo. O zoneamento de<br />
qualquer APA é obrigatório e a do Lago Paranoá<br />
ain<strong>da</strong> não tinha essa regra. A APA é<br />
forma<strong>da</strong> de 16 mil hectares. Um avanço para<br />
o meio ambiente, pois agora chancelamos a<br />
preservação do Lago”, avaliou.<br />
PRESERVAçãO<br />
Para a criação <strong>da</strong>s quatro zonas, foram<br />
adotados os limites de sensibili<strong>da</strong>de ambien-<br />
Ações proibi<strong>da</strong>s<br />
Estão veta<strong>da</strong>s na APA:<br />
• A caça<br />
• A coleta de espécimes <strong>da</strong> fauna e <strong>da</strong> flora,<br />
em to<strong>da</strong>s as zonas de manejo, ressalva<strong>da</strong>s<br />
aquelas com finali<strong>da</strong>de científica;<br />
• A prática de queima<strong>da</strong>, exceto para proteção<br />
<strong>da</strong> biota e mediante autorização do<br />
órgão competente;<br />
• A deposição de efluentes não tratados,<br />
resíduos sólidos, resíduos <strong>da</strong> construção<br />
civil, agrotóxicos e fertilizantes em nascentes<br />
e cursos d’água;<br />
• A deposição de resíduos de construção<br />
civil;<br />
• As intervenções de terraplanagem, aterro,<br />
dragagem e escavação, exceto com<br />
autorização ou licença concedi<strong>da</strong> pelo<br />
órgão ambiental competente;<br />
• A implantação e a operação de indústrias<br />
poluentes.<br />
O Pontão do Lago Sul , área preserva<strong>da</strong><br />
tal, geográficos e físicos. Para isso, alguns<br />
princípios serviram como base. São eles:<br />
preservar a integri<strong>da</strong>de dos ecossistemas<br />
existentes; resgatar e qualificar os espaços<br />
de acesso ao Lago Paranoá; manter e melhorar<br />
a quali<strong>da</strong>de ambiental do lago; promover<br />
a dinamização e a popularização do reservatório<br />
como espaço de lazer; preservar<br />
a fauna e a flora à margem; disponibilizar o<br />
lago para o uso <strong>da</strong> população; criar espaços<br />
de lazer, áreas verdes, ciclovias e passeios<br />
públicos que promovam a integração urbana<br />
e incentivem a sociabili<strong>da</strong>de e o desenvolvimento<br />
econômico local; entre outros.<br />
A ocupação pública em áreas só deverá ocorrer<br />
após a criação de um projeto específico<br />
na orla do Lago Paranoá, com diretrizes<br />
que abranjam os interesses <strong>da</strong> população. O<br />
mesmo vale para a construção de pontes no<br />
Lago Norte.<br />
Vigilância<br />
As Áreas de Interesse Turístico e de<br />
Lazer serão monitora<strong>da</strong>s pelos órgãos<br />
ambientais, para evitar <strong>da</strong>nos<br />
ambientais no uso e ocupação. Entre<br />
elas, estão: » Anfiteatro do Lago Sul<br />
» Parque <strong>da</strong> Ermi<strong>da</strong> Dom Bosco »<br />
Parque <strong>da</strong> Península Sul » Parque<br />
<strong>da</strong>s Garças » Parque do Mirante »<br />
Pier 21 » Piscinão do Lago Norte<br />
» Pontão do Lago Sul » Ponte JK<br />
» QL 13 do Lago Norte » Setor de<br />
Hotéis e Turismo Norte » Orla do<br />
Lago Paranoá, com excessão <strong>da</strong>s<br />
áreas particulares localiza<strong>da</strong>s no<br />
Setor de Clubes Sul e Norte, no<br />
Setor de Mansões do Lago Norte<br />
e nas Estações de Tratamento Sul<br />
e Norte.<br />
<strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012 | 9
No Ceará tem disso sim<br />
Há quem diga que em todos os países do mundo há pelo menos dois os três<br />
cearenses, fazendo alguma coisa. Criativo, espirituoso e bem humorado<br />
o cearense não perde tempo, ocupa seu espaço com facili<strong>da</strong>de, astúcia e<br />
boa vontade. O que muita gente não sabia, ou não acreditava, era que o<br />
cearense também é bom na cozinha, entende dio riscado. Será ?<br />
Estamos acostumaodos com<br />
garçons cearenses. O que pouca<br />
gente sabe é que os cearenses<br />
estão,também, por aí dominando as<br />
cozinhas dos principais restaurantes<br />
do Rio, São Paulo e aqui de Brasília. E<br />
são respeitados. Um dos mais ba<strong>da</strong>lados<br />
restaurantes do Rio, o Antonio’,<br />
tinha um cearense na cozinha. Ficava<br />
no Leblon e era ponto de encontro de<br />
intelectuais e artistas nos anos 80. O<br />
jornalista Armando Nogueira em homenagem<br />
ao cearense cozinheiro Antônio<br />
foi quem batizou o restaurante<br />
como Antonio’s.<br />
O jornalista João Bosco Serra Gurgel,<br />
que tem casa em em Cabo Frio, conta<br />
que quatro bons restaurantes <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
são de cearenses. O melhor deles o Picolino<br />
tem uma família inteira de São Benedito.<br />
A dona mora em Ipanema e entregou<br />
o restaurante aos cabras que o mantem<br />
em alto nível. A truta é incomparável, diz<br />
o Serra com a boca cheia dágua. O Hipocampos,<br />
a Toca do Assis e a Churrascaria<br />
Encantado são de cearenses <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong><br />
Ibiapiaba.<br />
O Piantela, que fica na 202 Sul, é o<br />
mais tradicional restaurante de Brasília,<br />
frequentado por autori<strong>da</strong>des do governo,<br />
artistas, empresários, diplomatas, políticos<br />
e jornalistas. Os cearenses Gerardo<br />
“Palito”Maciel, de Santa Quitéria e Agenor<br />
Gomes, de Viçosa do Ceará, são os<br />
responsáveis pela quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comi<strong>da</strong><br />
servi<strong>da</strong> ali há mais de 30 anos.<br />
O austriáco Fred criou o Freds na<br />
405. Foi-se e o restaurante não acabou.<br />
Bem diferente do que aconteceu com o Le<br />
Français, que morreu depois de duas tentativas<br />
de salvação. O bom do Freds é o<br />
12 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012<br />
Wilson Ibiapina<br />
Jornalista<br />
Os chefs cearenses<br />
picadinho. Todos os cozinheiros e alguns<br />
garçons são cearenses.Viçosa e São Benedito<br />
são grandes fornecedores de profissionais<br />
de cozinha.<br />
Lá na Serra <strong>da</strong> Ibiapaba, entre Ibiapina<br />
e São Benedito, no Ceará, tem um<br />
hotel escola, fun<strong>da</strong>do por seu Chico para<br />
preparar cearenses como cozinheiros e<br />
garçons. Ele não quer que seus conterrâneos<br />
passem pelo que ele passou. Chegou<br />
ao Rio, sem profissão e foi ralar nos restaurantes<br />
como servente, depois lavando<br />
pratos. Ele teve sorte.<br />
Foi trabalhar com o italiano Domenico<br />
Magliano na Sorveteria e Pizzaria La<br />
Mole, no Leblon. Quatro anos depois,<br />
o cearense Francisco Rego, conhecido<br />
como seu Chico, aquele mesmo<br />
que chegou lavando prato,<br />
assumiu a administração do La<br />
Mole que começou a ganhar<br />
filiais e a se transformar na<br />
primeira grande rede de restaurantes<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Chico<br />
virou dono e hoje tem até fábrica<br />
de macarrão para abastecer<br />
suas casas. Estes<br />
são apenas alguns exemplos de cearenses<br />
que preparam a alimentação e servem nos<br />
restaurantes Brasil a fora, conquistando,<br />
inclusive a admiração do jornalista Roberto<br />
Marinho de Azevedo Neto, que foi<br />
o papa <strong>da</strong> crônica gastronômico no país.<br />
Por mais de 30 anos assinou uma coluna<br />
no Jornal do Brasil, sob o pseudônimo de<br />
Apicius. Ele avaliava as cozinhas dos restaurantes<br />
como ruim, razoável, boa, muito<br />
boa excelente – ele conseguiu <strong>da</strong>r alma<br />
à gastronomia em forma de crônicas, Apicius<br />
se declarava um admirador dos cozinheiros<br />
cearenses a quem considerava os<br />
melhores chefs. E explicava: “os cearenses<br />
são geniais e um cearense bem ensinado é<br />
um grande cozinheiro. Talvez eles sejam<br />
como os japoneses, que nunca inventaram<br />
na<strong>da</strong>, mas na hora de reproduzir o fazem<br />
com tal competência que fica melhor<br />
que o original”. E dizia: “Os cearenses são<br />
os japoneses <strong>da</strong> cozinha”.
Comportamento Ariane Urbanetto<br />
As dificul<strong>da</strong>des para conciliar a carreira<br />
e a materni<strong>da</strong>de podem afetar decisivamente<br />
a fertili<strong>da</strong>de feminina, no futuro? As<br />
respostas para este questionamento foram<br />
reuni<strong>da</strong>s por pesquisadores <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />
do Estado <strong>da</strong> Pensilvânia e divulga<strong>da</strong>s<br />
num artigo publicado recentemente no<br />
Family Relations Journal.Quando falamos<br />
em materni<strong>da</strong>de e carreira, primeiro, é preciso<br />
lembrar que homens bem-sucedidos<br />
não têm de li<strong>da</strong>r com nenhum tipo de opção<br />
muito difícil no âmbito pessoal. Geralmente,<br />
homens no mundo todo, que exercem<br />
qualquer profissão, inclusive os cargos diretivos,<br />
expressam livremente o desejo de ter<br />
filhos e os têm. Na ver<strong>da</strong>de, “quanto mais<br />
realizado o homem”, maior é a probabili<strong>da</strong>de<br />
de que ele se case e tenha filhos.<br />
Com as mulheres ocorre o inverso…<br />
Elas enfrentam os mesmos desafios que os<br />
homens em longos expedientes e sofrem<br />
as mesmas pressões de quem ocupa cargos<br />
importantes. Contudo, há desafios que são<br />
próprios de ca<strong>da</strong> sexo.<br />
“A história <strong>da</strong> mulher no mercado de<br />
trabalho está sendo escrita com base em<br />
dois quesitos: a que<strong>da</strong> <strong>da</strong> taxa de fecundi<strong>da</strong>de<br />
e o aumento do nível de instrução<br />
<strong>da</strong> população feminina. Estes fatores vêm<br />
acompanhando, passo a passo, a crescente<br />
inserção <strong>da</strong> mulher no mercado de trabalho<br />
e a elevação de sua ren<strong>da</strong>”, explica o ginecologista<br />
Jonathas Borges Soares, diretor do<br />
Projeto ALFA, Aliança de Laboratórios<br />
de Fertilização Assisti<strong>da</strong>.<br />
UM UNIVERSO MASCULINO...<br />
E quando falamos em mercado de trabalho<br />
e igual<strong>da</strong>de de oportuni<strong>da</strong>des entre<br />
homens e mulheres, precisamos mencionar<br />
que as emprega<strong>da</strong>s enfrentam uma mesma<br />
dificul<strong>da</strong>de global: o preconceito contra a<br />
www.marciawirt.com.br<br />
Dia Internacional <strong>da</strong> Mulher: dificul<strong>da</strong>des<br />
para li<strong>da</strong>r com a carreira e a materni<strong>da</strong>de<br />
afetam a fertili<strong>da</strong>de<br />
Por que as mulheres ain<strong>da</strong> se<br />
sentem forçados a escolher entre<br />
filhos e carreira, ain<strong>da</strong> hoje, em<br />
2012?<br />
materni<strong>da</strong>de. O ambiente de trabalho ain<strong>da</strong><br />
não contempla as necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> mulher.<br />
São necessárias muitas mu<strong>da</strong>nças para que<br />
a materni<strong>da</strong>de e o sucesso profissional possam<br />
caminhar lado a lado: jorna<strong>da</strong>s flexíveis,<br />
possibili<strong>da</strong>de de trabalhar à distância, oferta<br />
dissemina<strong>da</strong> de benefícios, como creches.<br />
“O abismo salarial que ain<strong>da</strong> persiste<br />
entre homens e mulheres é fruto principalmente<br />
<strong>da</strong>s penali<strong>da</strong>des impostas à mulher<br />
no momento em que ela interrompe a<br />
carreira para ter filhos. De acordo com estudos<br />
recentes, uma fração ca<strong>da</strong> vez maior<br />
do abismo salarial se deve à materni<strong>da</strong>de e<br />
à educação dos filhos, que acabam por interferir<br />
na carreira <strong>da</strong>s mulheres – e não na<br />
dos homens –, afetando permanentemente<br />
seu salário potencial”, destaca o médico.A<br />
ideia de que as mulheres deveriam imitar,<br />
com o mesmo grau de sucesso, o modelo<br />
competitivo masculino é um complicador<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> moderna porque os maridos ain<strong>da</strong><br />
não assumiram uma fatia significativa <strong>da</strong>s<br />
responsabili<strong>da</strong>des tradicionalmente atribuí<strong>da</strong>s<br />
a elas no plano doméstico.<br />
“Mesmo mulheres casa<strong>da</strong>s, com salários<br />
superiores aos dos maridos, se vêem<br />
obriga<strong>da</strong>s a li<strong>da</strong>r com a maior parte <strong>da</strong>s responsabili<strong>da</strong>des<br />
domésticas. Poucos são os<br />
maridos que se ocupam do próprio trabalho<br />
e assumem a responsabili<strong>da</strong>de pela preparação<br />
<strong>da</strong>s refeições, os cui<strong>da</strong>dos com a roupa<br />
suja e/ou a limpeza <strong>da</strong> casa. No tocante aos<br />
filhos, o desempenho deles também não é<br />
melhor”, observa Jonathas Soares.<br />
MATERNIDADE ADIADA<br />
De acordo com <strong>da</strong>dos de uma pesquisa<br />
do Center for Work-Life Policy, que reuniu<br />
<strong>da</strong>dos de americanas e britânicas, quase<br />
metade, 43% <strong>da</strong>s mulheres <strong>da</strong> Geração X<br />
com nível universitário – aquelas que atualmente<br />
estão entre as i<strong>da</strong>des de 33 a 46<br />
anos – não têm filhos. Três quartos dessas<br />
mulheres sem filhos estão em relações estáveis,<br />
ou seja, o fato delas ain<strong>da</strong> não serem<br />
mães, provavelmente não é por falta de um<br />
parceiro. Será culpa <strong>da</strong> carreira?<br />
As mulheres pagam um preço maior<br />
pela ascensão profissional porque os primeiros<br />
anos “de batalha” se sobrepõem,<br />
quase que exatamente, aos anos mais<br />
apropriados para a materni<strong>da</strong>de. É difícil<br />
diminuir o ritmo nos estágios iniciais, acreditando<br />
que mais tarde será possível compensar<br />
o atraso. “As mulheres jovens aprendem<br />
que as pessoas bem-sucedi<strong>da</strong>s devem<br />
se dedicar à carreira na faixa dos 20 anos e<br />
canalizar to<strong>da</strong> a sua energia para o trabalho,<br />
durante pelo menos dez anos, se quiserem<br />
ter sucesso. Acontece que, seguindo esta recomen<strong>da</strong>ção,<br />
é bem provável que as mulheres<br />
se vejam com 35 anos ou mais e ain<strong>da</strong><br />
sem tempo para pensar na possibili<strong>da</strong>de de<br />
ter filhos. É exatamente nesta etapa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
que a infertili<strong>da</strong>de pode se tornar um problema,<br />
conforme provam inúmeros casos.<br />
E mesmo com o emprego <strong>da</strong>s técnicas de<br />
reprodução humana assisti<strong>da</strong>, é bom saber<br />
que as chances de gravidez até 35 anos de<br />
i<strong>da</strong>de são de 40% a 50%. Acima de 40 anos,<br />
a taxa de sucesso é de 10% , diz o diretor do<br />
Projeto ALFA.<br />
CARREIRA X MATERNIDADE<br />
A maior pressão senti<strong>da</strong> hoje pela mulher<br />
não é a de provar sua competência, mas<br />
sim o próprio desejo de conciliar o trabalho<br />
com a família. O difícil balanço entre a vi<strong>da</strong><br />
profissional e a pessoal está na raiz de grande<br />
parte <strong>da</strong> insatisfação manifesta<strong>da</strong> pelas<br />
mulheres no mercado de trabalho.<br />
“O fato de que tantas profissionais sejam<br />
força<strong>da</strong>s a descartar a materni<strong>da</strong>de é<br />
uma injustiça flagrante, além de afetar significativamente<br />
os negócios em todo o mundo.<br />
Se grande parte <strong>da</strong>s mulheres que insiste em<br />
seguir carreira fica impedi<strong>da</strong> de constituir família,<br />
outra parte igualmente grande e que<br />
opta pela família é obriga<strong>da</strong> a encerrar a carreira”,<br />
informa Jonathas Soares.<br />
Diversas pesquisas no campo dos recursos<br />
humanos já apontaram que as mulheres<br />
se sentem mais felizes quando têm<br />
uma carreira e uma família ao mesmo tempo.<br />
“Precisamos fazer esta notícia ecoar,<br />
transpondo as barreiras corporativas, culturais<br />
e sociais”, defende o ginecologista.<br />
<strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012 | 13
Política<br />
A era do<br />
oportunismo<br />
As últimas semanas trazem acontecimentos<br />
reveladores de um aspecto<br />
peculiar <strong>da</strong> “luta política” no Brasil,<br />
como a entendem o PT e o governo que<br />
ele lidera. Poderia ser resumido em dois<br />
conceitos: o relativismo como ideologia<br />
e a tática de recolher dividendos políticos<br />
sem se envolver diretamente, tirando,<br />
como se diz, a castanha do fogo com<br />
a mão do gato.<br />
A moral <strong>da</strong> fábula do macaco esperto,<br />
que, faminto, man<strong>da</strong>va o bichano recolher<br />
as castanhas <strong>da</strong>s brasas, esteve visível nos<br />
sucessivos movimentos na USP. A chama<strong>da</strong><br />
extrema esquer<strong>da</strong> desencadeou ações violentas,<br />
e o petismo saiu a criticar a “falta de<br />
diálogo” e a “falta de democracia”, que supostamente<br />
estariam na raiz dos distúrbios.<br />
De olho no voto moderado, o PT não<br />
quer para si os ônus do radicalismo ultraminoritário,<br />
mas pretende sempre recolher os<br />
bônus de apresentar-se como a solução ideal<br />
para evitar essa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de movimento<br />
político. Como se, em algum lugar do mundo<br />
ou momento <strong>da</strong> história, o extremismo,<br />
de direita ou de esquer<strong>da</strong>, tivesse sido contido<br />
apenas com diálogo e negociação. É<br />
um discurso conveniente, pois se apresenta<br />
como alternativa “racional” de poder. Uma<br />
vez lá, os tais movimentos serão cooptados<br />
na base <strong>da</strong> fisiologia e, se necessário, <strong>da</strong> repressão.<br />
Os críticos exigirão “coerência”, e o<br />
partido fará ouvidos moucos.<br />
Mas a vi<strong>da</strong> é mais complica<strong>da</strong> do que<br />
esses esquemas espertos. À medi<strong>da</strong> que vai<br />
acumulando força, o PT precisa li<strong>da</strong>r com<br />
desafios concretos, e aí surge a utili<strong>da</strong>de do<br />
relativismo. Querem um exemplo? Quando<br />
um governante adversário cui<strong>da</strong> de garantir<br />
o cumprimento <strong>da</strong> lei e de manter a ordem<br />
pública, o aparato de comunicação sustentado<br />
com verbas públicas sai a campo para<br />
denunciá-lo, atacá-lo, desgastá-lo a qualquer<br />
custo. Quando, no entanto, esse governante<br />
é do PT ou aliado próximo, a posição<br />
inverte-se.<br />
Se o adversário cumpre a lei, é acusado<br />
de “criminalizar os movimentos sociais”;<br />
quando um deles cumpre a mesma lei, então<br />
14 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012<br />
José Serra<br />
Ex-governador de Saõ Paulo<br />
são eles a criminalizar. Assim, os PMs em<br />
greve na Bahia governa<strong>da</strong> pelo PT são chamados<br />
de “bandidos”. Cadê o exercício do<br />
entendimento, a tolerância? Em São Paulo,<br />
em 2008, o PT ajudou na organização de<br />
uma marcha de policiais civis grevistas em<br />
direção ao Palácio dos Bandeirantes — marcha<br />
que, felizmente, não atingiu os objetivos<br />
sangrentos almejados.<br />
Em estados governados pelo petismo<br />
e aliados, são rotineiras as reintegrações<br />
de posse, mas quando precisa acontecer em<br />
São Paulo, por exemplo, a mando <strong>da</strong> Justiça<br />
e sempre sob a sua supervisão, o PT – e eis<br />
de novo a história <strong>da</strong>s castanhas – cavalga<br />
o extremismo alheio para denunciar inexistentes<br />
violações sistemáticas dos direitos<br />
humanos. Nunca ofereceu uma possível<br />
solução ao problema social específico, mas<br />
apresenta-se incontinenti quando sente a<br />
possibili<strong>da</strong>de de sangue humano ser vertido<br />
e transformado em ativo político.<br />
Vivemos uma era em que o oportunismo<br />
político do PT acabou ganhando o status<br />
de virtude. Perde-se qualquer referência<br />
universal ou moral de certo e errado, e essa<br />
separação é substituí<strong>da</strong> por outra. Se é o<br />
partido quem faz, tudo será sempre correto<br />
— os fins justificam os meios, seja lá quais<br />
forem esses fins. Se é o adversário, tudo<br />
estará sempre errado, pois suas intenções<br />
sempre seriam viciosas. A política torna-se<br />
definitivamente amoral.<br />
É uma lógica que acaba derivando para<br />
o cômico em algumas situações. No atual<br />
governo, os ministros foram divididos em<br />
duas classes. Alguns são blin<strong>da</strong>dos, podem<br />
<strong>da</strong>r de ombros quando são alvos de acusações;<br />
outros são lançados ao mar sem muita<br />
cerimônia. Quando é do PT, especialmente<br />
se for do grupo próximo, a proteção é altíssima.<br />
Mas, se tiver a sorte menor de ser apenas<br />
um “aliado” — conceito que embute a<br />
possibili<strong>da</strong>de de se tornar futuramente um<br />
adversário —, logo aparecem os vazamentos<br />
<strong>da</strong>ndo conta de que “o Palácio” mandou<br />
o infeliz explicar-se no Congresso, a senha<br />
para informar aos leões que há carne fresca<br />
na arena.<br />
POLíTICAS PúBLICAS<br />
Essa amorali<strong>da</strong>de essencial estende-<br />
-se às políticas públicas. Em 2007, quando<br />
governador de São Paulo, aflito com o congestionamento<br />
aeroportuário, propus ao<br />
presidente Lula e sua equipe a concessão à<br />
iniciativa priva<strong>da</strong> de Viracopos, cujo potencial<br />
de expansão é imenso. Na<strong>da</strong> aconteceu.<br />
Na campanha eleitoral de 2010, a proposta<br />
de concessões foi sataniza<strong>da</strong>. Pois o novo<br />
governo petista adotou-a em segui<strong>da</strong>! Perdemos<br />
cinco anos! E adotou-a privatizando<br />
também o capital estatal: o governo torna-<br />
-se sócio minoritário (49% <strong>da</strong>s ações) e oferece<br />
crédito subsidiado (pelos contribuintes,<br />
é lógico) do BNDES. Tudo o que era pra<br />
lá de execrado passou a ser “pragmatismo”,<br />
“privatização de esquer<strong>da</strong>”.<br />
O ridículo comparece também à internet,<br />
onde a tropa de choque remunera<strong>da</strong>,<br />
direta ou indiretamente, com dinheiro público<br />
e treina<strong>da</strong> para atacar a reputação alheia<br />
desperta ou se recolhe em ordem uni<strong>da</strong>, não<br />
conforme o tema, mas segundo os atores.<br />
São os indignados profissionais e seletivos.<br />
Como aquelas antigas claques de auditório,<br />
seguindo disciplina<strong>da</strong>mente as placas que alternam<br />
“aplaudir”, “silenciar” e “vaiar”.<br />
Vivemos tempos complicados, um<br />
tanto obscuros, algo assim como “se Deus<br />
está morto tudo é permitido” — e chamam<br />
de “pragmatismo” o oportunismo<br />
deslavado. A oposição, a despeito de notáveis<br />
destaques individuais, confunde-se<br />
no jogo, <strong>da</strong>do o seu modesto tamanho,<br />
mas também porque alguns são sensíveis<br />
aos eventuais salamaleques e piscadelas<br />
dos donos do poder. Um adesismo<br />
travestido de “sabedoria”. A política real<br />
vai se reduzindo a expedientes necessários<br />
à manutenção do poder e à mitigação<br />
do apetite dos aliados. A conservação do<br />
statu quo supõe uma oposição não mais<br />
do que administrativa e burocrática. Parece<br />
que a nova clivagem <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> pública é<br />
esta: estar ou não na base alia<strong>da</strong>, de sorte<br />
que a política se definiria entre os que são<br />
governo e os que um dia serão.<br />
Não sou o único que pensa assim, mas<br />
sou um deles: política também se faz com<br />
princípios, programa e coerência. E disso não<br />
se pode abrir mão, no poder ou fora dele.
A vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> gente<br />
Fracasso não<br />
é acidente!<br />
A vi<strong>da</strong> dá sinais. É preciso estar atento<br />
a eles para não se achar surpreendido por<br />
um resultado aparentemente óbvio. Essa<br />
percepção é o seu leme. Pode levá-lo a navegar<br />
por belas costas marítimas, longínquos<br />
oceanos, atracar em um ribeiro ou nem sair<br />
do porto, com medo <strong>da</strong> maré.<br />
Saber que você é que está no leme é<br />
tanto uma boa, quanto uma má notícia. A<br />
má é que a carga está no seu barco. A boa,<br />
que a escolha é sua.<br />
Quando decidi conquistar o tetracampeonato<br />
mundial de karate, sabia exatamente<br />
o que tinha que superar. É ingênuo<br />
negar que existem reações fisiológicas relevantes<br />
para ca<strong>da</strong> pensamento. Especialmente<br />
quando deixamos esses pensamen-<br />
<strong>Carla</strong> <strong>Ribeiro</strong><br />
Advoga<strong>da</strong>, Mestre em Sociologia, Tetracampeã Mundial de Karatê<br />
tos serem mais forte<br />
do que queremos.<br />
Por essa razão, dominar<br />
meus pensamentos<br />
sempre foi<br />
uma estratégia de<br />
combate para mim.<br />
A determinação de<br />
vencer, me fazia, literalmente,<br />
escolher<br />
os pensamentos que teriam lugar na minha<br />
mente. É claro que as queixas sequer tinham<br />
lugar. Não importa se a dor era forte,<br />
se o árbitro um insano, se a organização do<br />
evento exigia fôlego de maratonista; minha<br />
mente determinava meu comportamento.<br />
Nessa experiência de vi<strong>da</strong>, minhas ações só<br />
tinham um foco: o 1º lugar no pódium. O 2º<br />
lugar estava reservado ao primeiro perdedor,<br />
não para mim. Lutas invictas, técnicas<br />
aplica<strong>da</strong>s, me<strong>da</strong>lhas doura<strong>da</strong>s no peito e a<br />
certeza de missão cumpri<strong>da</strong>.<br />
Quando refletimos sobre algumas situações<br />
de vi<strong>da</strong>, percebemos que ela não<br />
poderia estar diferente! Basta perguntar a<br />
si mesmo “por que com os pensamentos,<br />
comportamentos e escolhas que tenho, te-<br />
ria uma vi<strong>da</strong> diferente?” Afinal, eles se refletem<br />
nas nossas ações!<br />
Se assimilarmos essa percepção, entenderemos<br />
nossa história de vi<strong>da</strong>. Porém,<br />
proponho mais que compreender: mu<strong>da</strong>r.<br />
Se conseguirmos dominar essas percepções,<br />
isso se refletirá nas nossas opções. Dessa<br />
forma, não haverá questionamentos sobre<br />
porque a situação é essa, mas porque ela seria<br />
diferente.<br />
Esses sinais de vi<strong>da</strong> que anunciam um<br />
fracasso são aqueles que você não deu bola<br />
quando percebeu, no namoro, que aquela<br />
pessoa não te faria feliz no casamento, mas<br />
casou assim mesmo. Ou quando sentiu que<br />
aquele negócio era muito confuso, não <strong>da</strong>ria<br />
certo, mas assim mesmo assinou os papéis.<br />
Que bom! A vi<strong>da</strong> dá sinais. A dica é<br />
considerar atentamente a todos, antes de<br />
ca<strong>da</strong> escolha. Seja feliz!<br />
<strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012 | 15
Advertência<br />
A intervenção<br />
necessária<br />
é fun<strong>da</strong>mental o interesse do Ministério<br />
<strong>da</strong> Saúde no sentido de desven<strong>da</strong>r<br />
o que realmente aconteceu no<br />
atendimento dos hospitais privados do<br />
DF, Santa Lúcia, Santa Luzia e Planalto,<br />
que resultou na morte do Secretário de<br />
Recursos Humanos do Min. do Planejamento,<br />
dia 19 de janeiro. A investigação<br />
que está sendo feita pela competente<br />
Policia Civil do DF, deve revelar o<br />
que muitos usuários nos hospitais particulares<br />
já conhecem e sofrem antecipa<strong>da</strong>mente<br />
no atendimento por ter de<br />
oferecer, principalmente, uma caução<br />
financeira, geralmente exorbitante.<br />
16 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012<br />
Carlos Campbell<br />
Jornalista<br />
Realmente, há um descaso <strong>da</strong> rede priva<strong>da</strong><br />
de hospitais e uma lógica perversa onde<br />
o fator econômico é primeiro avaliado quando<br />
o paciente é quem deveria ser examinado<br />
e, só depois, é que se veria se este paciente<br />
tem um plano de saúde ou como pode pagar<br />
e se quer pagar pelos serviços de saúde<br />
de que necessita. Caso contrário, o próprio<br />
hospital particular deveria ter a obrigação de<br />
remover o paciente para o hospital público,<br />
já com as indicações do exame feito.<br />
Nas urgências dos pronto-socorros dos<br />
hospitais particulares está a perspectiva humanitária<br />
aos pacientes que deles se socorrem<br />
e que podem evitar tragédias como a de<br />
Duvanier Paiva e de tantas outras pessoas<br />
que morrem por falta de atendimento ante<br />
uma situação já conheci<strong>da</strong> nos hospitais particulares<br />
mas escancara<strong>da</strong> como a deste fato<br />
que interessou ao governo federal por se tratar<br />
de um funcionário público graduado.<br />
Duvanier passa, mas sua morte deveria<br />
servir para modificar o sistema privado<br />
de saúde no Brasil, através de leis que contemplem<br />
sanções severas inclusive de descredenciamento<br />
e até de impedimento do<br />
exercício como hospital. O médico, como<br />
sabemos, é o profissional que cui<strong>da</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
de pessoas e, como tal, tem compromissos<br />
sociais. Quando seu compromisso passa a<br />
ser econômico, a vi<strong>da</strong> é relega<strong>da</strong> a outros<br />
planos e corre os riscos <strong>da</strong> sorte.
Segurança<br />
Ponto para o governador Agnelo<br />
queiroz com a implantação do sistema<br />
de vigilância e monitoramento de<br />
Brasília, que agora está reforçado com<br />
37 câmeras instala<strong>da</strong>s na área central<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. As câmeras foram coloca<strong>da</strong>s<br />
pela Secretaria de Segurança Pública<br />
em pontos como os setores hoteleiros<br />
Sul e Norte, setores de Diversões Sul<br />
e Norte e Eixo Monumental. O GDF<br />
investiu R$ 785 mil no sistema, e<br />
a espectativa é que essa medi<strong>da</strong> se<br />
esten<strong>da</strong> a outras áreas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de nos<br />
próximos meses. Os lagos Sul e Norte<br />
também serão beneficiados no futuro,<br />
segundo a Secretaria.<br />
“A instalação faz parte do sistema<br />
de monitoramento inteligente do DF.<br />
Em função do seu alcance, as câmeras<br />
representam importante instrumento de<br />
combate à criminali<strong>da</strong>de, já que com elas<br />
será possível traçar políticas de prevenção<br />
mais eficazes, além de facilitar a resolução<br />
de crimes”, explicou o governador Agnelo<br />
Queiroz. “Iniciamos o sistema pela área<br />
central porque, além de ser uma região de<br />
grande circulação bancária, é onde temos<br />
Faça a coisa<br />
certa, você está<br />
sendo filmado<br />
registra<strong>da</strong>s as maiores incidências de<br />
delitos”, destacou.<br />
O governador ressaltou também<br />
que a medi<strong>da</strong> adota<strong>da</strong> agora “ é uma<br />
pequena amostra do que vamos fazer. Com<br />
as câmeras, teremos condições de ver a<br />
placa de determinado carro ou identificar<br />
uma pessoa em alguma atitude suspeita”,<br />
exemplificou.<br />
EM TEMPO REAL<br />
As 37 câmeras serão monitora<strong>da</strong>s<br />
por 135 funcionários <strong>da</strong> Ciade. Policiais<br />
civis e militares, bombeiros militares e<br />
servidores do Departamento de Trânsito do<br />
DF (Detran) estarão conectados 24 horas<br />
por dia, sete dias por semana, às imagens<br />
transmiti<strong>da</strong>s pelas câmeras.<br />
Para uma maior eficiência do serviço,<br />
foram instala<strong>da</strong>s câmeras móveis e fixas.<br />
As fixas vão captar imagens sempre de um<br />
mesmo ângulo. Já as móveis vão permitir<br />
ajustar o ângulo de acordo com a necessi<strong>da</strong>de<br />
de monitoramento. To<strong>da</strong>s contam com<br />
sistema infravermelho, que permite<br />
capturar imagens com boa visibili<strong>da</strong>de,<br />
mesmo em locais com iluminação deficiente<br />
ou na falta dela. As<br />
câmeras móveis<br />
permitem a<br />
ampliação <strong>da</strong><br />
imagem em até<br />
18 vezes.<br />
As câmeras<br />
<strong>da</strong> área central<br />
de Brasília são<br />
as primeiras que<br />
entraram em funcionamento.<br />
O governador Agnelo informou que 900<br />
câmeras serão instala<strong>da</strong>s em todo o Distrito<br />
Federal até a Copa do Mundo de 2014.<br />
As próximas serão nas áreas centrais de<br />
Taguatinga e Ceilândia.<br />
O processo de aquisição <strong>da</strong>s câmeras<br />
que vão monitorar as duas ci<strong>da</strong>des está<br />
em fase de licitação. A compra do material<br />
deve acontecer ain<strong>da</strong> no primeiro semestre,<br />
e previsão é de que o sistema e steja em<br />
funcionamento até o final deste ano.<br />
“Até a Copa <strong>da</strong>s Confederações, em 2013,<br />
quase a totali<strong>da</strong>de dessas câmeras estará<br />
em funcionamento”, afirma o governador.<br />
“Deixaremos um legado importante para<br />
a população na área de segurança pública.<br />
O monitoramento não contará somente<br />
com a participação <strong>da</strong>s forças de segurança,<br />
ser´pa feito de forma integra<strong>da</strong> com<br />
outros órgãos do governo responsáveis por<br />
áreas como saúde, energia, saneamento e<br />
transporte”, afirma o governador.<br />
O trabalho articulado já é colocado<br />
em prática. De acordo com o secretário<br />
de Segurança Pública, Sandro Avelar, a<br />
Companhia Energética de Brasília (CEB),<br />
em conjunto com setores <strong>da</strong> área de<br />
segurança, mapeou pontos críticos do DF<br />
onde há grande incidência de crimes para<br />
promover a melhoria <strong>da</strong> iluminação nesses<br />
locais. “São 240 áreas que serão prioriza<strong>da</strong>s<br />
pelo governo no combate à criminali<strong>da</strong>de”,<br />
afirma o secretário.<br />
REDE PRIVADA<br />
Agnelo Queiroz destacou também que<br />
o GDF estu<strong>da</strong>, ain<strong>da</strong>, a utilização de câmeras<br />
priva<strong>da</strong>s, de estabelecimentos comerciais<br />
ou hotéis, por exemplo, no sistema de<br />
monitoramento coordenado pela Ciade. O<br />
compartilhamento de imagens de câmeras<br />
de outros órgãos públicos, como as do<br />
Departamento de Estra<strong>da</strong>s de Ro<strong>da</strong>gem<br />
do DF (DER-DF) que monitoram os eixos<br />
Rodoviários Sul e Norte, também está<br />
sendo avaliado pelo GDF. Outra negociação<br />
em vigor é o repasse <strong>da</strong>s imagens feitas<br />
pelas câmeras instala<strong>da</strong>s em algumas áreas<br />
do DF pelo Programa Nacional de Segurança<br />
Pública com Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia (Pronasci), do<br />
governo federal.<br />
<strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012 | 17
O amor é lindo<br />
Os kits para o Dia <strong>da</strong>s<br />
Mulheres estão sendo<br />
comercializados a preços<br />
que variam de<br />
R$ 39,95 a R$ 79,95.<br />
Há descontos para<br />
compras efetua<strong>da</strong>s em<br />
quanti<strong>da</strong>de.<br />
Kits especiais que combinam os três<br />
presentes que agra<strong>da</strong>m a to<strong>da</strong>s as mulheres<br />
- flores, chocolates e produtos de<br />
beleza – já estão sendo preparados para<br />
a comemoração do Dia Internacional <strong>da</strong><br />
Mulher, em 8 de março.<br />
Para alavancar as ven<strong>da</strong>s de flores no<br />
Dia Internacional <strong>da</strong> Mulher, comemorado<br />
em 8 de março, a Flores4all, única online do<br />
Brasil que entrega flores frescas em todo o<br />
país diretamente dos produtores de Holambra<br />
decidiu criar kits com os três presentes<br />
que agra<strong>da</strong>m a maior parte <strong>da</strong>s mulheres:<br />
flores frescas, produtos de beleza e chocolates.<br />
A expectativa de Jerry van der Spek,<br />
proprietário <strong>da</strong> Flores4all, é um incremento<br />
de aproxima<strong>da</strong>mente 30% nas ven<strong>da</strong>s, motivado<br />
pela pratici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> compra dos presentes<br />
pela internet, já com a possibili<strong>da</strong>de<br />
de agen<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> entrega.<br />
“Recebemos solicitações de empresas<br />
que pretendem homenagear suas funcio-<br />
Kit para o Dia <strong>da</strong> Mulher<br />
pode conter flores e<br />
maquiagem<br />
Bombons<br />
também acompanham<br />
flores no Dia <strong>da</strong> Mulher<br />
Orquídeas, chocolates e cosméticos.<br />
Presentes para o Dia <strong>da</strong> Mulher<br />
As encomen<strong>da</strong>s são feitas por meio do<br />
site www.flores4all.com.br<br />
ou pelo e-mail<br />
contato@flores4all.com.br.Informações.<br />
18 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012<br />
nárias no Dia Internacional <strong>da</strong> Mulher com<br />
flores, mas querem agregar valor ao presente.<br />
Por isso criamos os kits que reúnem<br />
flores e chocolates ou fores e cosméticos, seguramente<br />
os presentes que agra<strong>da</strong>m praticamente<br />
to<strong>da</strong>s as mulheres”, explica Jerry.<br />
“Apesar <strong>da</strong> agili<strong>da</strong>de assegura<strong>da</strong> pela<br />
internet, as empresas melhor organiza<strong>da</strong>s<br />
já estão realizando a pesquisa de presentes<br />
e solicitando orçamentos para garantir a<br />
disponibili<strong>da</strong>de dos produtos na <strong>da</strong>ta deseja<strong>da</strong>”,<br />
diz.<br />
As flores escolhi<strong>da</strong>s pela Flores4All<br />
para compor os kits para o Dia <strong>da</strong> Mulher<br />
é a orquidea Phaleanopsis branca, além<br />
<strong>da</strong>s tradicionais rosas e outras buquês.<br />
“Essas flores possuem um singulari<strong>da</strong>de<br />
em suas pétalas e uma plurali<strong>da</strong>de de cores<br />
que agra<strong>da</strong> quem as recebe e deixa o<br />
ambiente festivo”, justifica. Junto com as<br />
flores e o presente, estão incluídos no kit<br />
um vaso decorativo e o cartão, que pode<br />
ser personalizado.
Meio ambiente<br />
Irajá Abreu incentiva a<br />
silvicultura no Tocantins<br />
O deputado federal Irajá Abreu<br />
(PSD) apresentou, em abril de 2011,<br />
sugestão ao Governo do Estado do Tocantins<br />
para elaboração de uma lei<br />
visando à implantação <strong>da</strong> Licença Ambiental<br />
única (LAU).<br />
A Lei Nº 2.476, sugeri<strong>da</strong> pelo deputado<br />
Irajá Abreu, foi aprova<strong>da</strong> pela Assembléia<br />
Legislativa do Tocantins e sanciona<strong>da</strong> em 8<br />
de julho de 2011, pelo governador Siqueira<br />
Campos.<br />
Irajá Abreu considera que a aprovação<br />
<strong>da</strong> Lei <strong>da</strong> Licença Ambiental Única é significativa<br />
para modernização e adequação <strong>da</strong><br />
legislação e já apresenta resultados práticos<br />
expressivos.<br />
“A Lei que dispõe sobre a Licença Ambiental<br />
Única (LAU) é uma conquista relevante<br />
para os produtores rurais do Tocantins.<br />
Um exemplo dos efeitos práticos <strong>da</strong><br />
desburocratização <strong>da</strong>s licenças ambientais<br />
para as proprie<strong>da</strong>des rurais e para as ativi<strong>da</strong>des<br />
agrossilvipastoris. Tenho certeza que<br />
a conquista significativa de ampliação em<br />
Lei Federal<br />
40% <strong>da</strong> área de silvicultura no Estado já é<br />
resultado <strong>da</strong> implantação <strong>da</strong> LAU”, enfatiza<br />
o deputado.<br />
Levantamento realizado pela Subsecretaria<br />
de Produção de Energias Limpas <strong>da</strong><br />
Secretaria <strong>da</strong> Agricultura, <strong>da</strong> Pecuária e do<br />
Desenvolvimento Agrário, divulgado no dia<br />
19 de janeiro, aponta que em 2011 a área de<br />
florestas planta<strong>da</strong>s no Tocantins passou de<br />
58 mil para 82 mil hectares, contabilizando<br />
o percentual de crescimento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de<br />
silvicultura no Estado.<br />
O deputado Irajá Abreu também aponta<br />
como fatores decisivos para o crescimento<br />
<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des agrossilvipastoris no Tocantins<br />
a gestão responsável e empreendedora<br />
do governador Siqueira Campos que<br />
está implantando o Plano Florestal<br />
do Tocantins e o Programa de Adequação<br />
Ambiental de Proprie<strong>da</strong>de<br />
e Ativi<strong>da</strong>de Rural –TO LEGAL.<br />
O parlamentar afirma que o<br />
Plano Florestal do Tocantins prevê<br />
várias ações: a realização de<br />
A exemplo <strong>da</strong> lei que foi sanciona<strong>da</strong> pelo governador Siqueira<br />
Campos e já está em vigor no Tocantins, o deputado federal Irajá<br />
Abreu apresentou o projeto de lei 2163/2011 na Câmara<br />
dos Deputados que dispõe sobre o licenciamento ambiental<br />
para a instalação, a ampliação e o funcionamento de<br />
empreendimentos agropecuários, florestais ou agrossilvipastoris.<br />
O projeto de lei foi aprovado na Comissão de<br />
Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento<br />
e Desenvolvimento Rural (CAPADR),<br />
está em análise na Comissão de Meio Ambiente e<br />
Desenvolvimento Sustentável (CMADS), e tem<br />
como objetivo possibilitar que os benefícios<br />
práticos para a economia, a geração de emprego<br />
e ren<strong>da</strong> e o setor produtivo, que estão<br />
sendo registrados no Tocantins, possam<br />
ser estendidos para todo o Brasil.<br />
amplos estudos de zoneamento econômico-<br />
-ecológico; a implantação de políticas de incentivo<br />
fiscal; de infraestrutura logística; o<br />
oferecimento de linhas de crédito específicas<br />
de incentivo à ativi<strong>da</strong>de; a realização de<br />
ações para a desburocratização de licenças<br />
ambientais e regularização fundiária; qualificação<br />
<strong>da</strong> mão de obra e o oferecimento de<br />
apoio técnico.<br />
“Acredito, portanto, que com os avanços<br />
na gestão e na legislação vamos ampliar<br />
a nossa área de florestas planta<strong>da</strong>s para 300<br />
mil hectares e elevar o Tocantins ao 7º lugar<br />
no ranking brasileiro. Desta forma, reafirmamos<br />
a vocação do Estado para a implantação<br />
de ativi<strong>da</strong>des econômicas condizentes<br />
com o desenvolvimento sustentável,<br />
com as perspectivas<br />
<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des ambientalmente<br />
responsáveis e<br />
com o moderno conceito<br />
de economia verde”, afirma<br />
Irajá Abreu.<br />
<strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012 | 19
Acabou, mas foi bom<br />
No carnaval do Rio, sempre lindo<br />
Foi lindo. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião,<br />
nordestino arretado, sanfoneiro campeão dos<br />
oitobaixos brilhou na Sapucaí nas alegorias,<br />
no samba enrredo e na criativi<strong>da</strong>de ousa<strong>da</strong> de<br />
Paulo Barros, o carnavalesco que mais uma vez<br />
encantou a aveni<strong>da</strong>. Barros deu a Unidos <strong>da</strong> Tijuca<br />
o terceiro título no carnaval carioca, provando<br />
mais uma vez que na maior festa popular<br />
do planeta vence quem inova, cria e desafia. O<br />
carnavalesco, que desde 2004 faz o desfile <strong>da</strong><br />
Tijuca, e nunca ficou longe <strong>da</strong>s primeiras posições<br />
- dois titulos e dois vice-campeonatos<br />
- mais uma vez encantou o público, e teve seu<br />
trabalho reconhecido pelo Pais. O Salgueiro,<br />
muitas vezes campeão, ficou em segundo lugar,<br />
um décimo de pontos atrás <strong>da</strong> campeã. A Vila<br />
Isabel, tradicional e vitoriosa ficou em teceiro<br />
lugar, tamb ém faz endo um belo carnaval.<br />
A homenagem <strong>da</strong> Unidos <strong>da</strong> Tijuca aos 100<br />
anos a Luiz Gonzaga venceu por que foi mais competente,<br />
inovou a encantou . Mas o carnaval carioca,<br />
mais uma vez, <strong>da</strong>ndo provas de superação e<br />
disciplina leviou milhões de pessoas as ruas, fez a<br />
alegria de turistas do mundo inteiro e provou que<br />
apesar de crises, de ameaça de greve de policiais,<br />
boicote de bombeiros e outras restrições nao fugiu<br />
a tradição e mais uma vez foi um sucesso. E , como<br />
acontece todos os anos, termina já deixando no ar<br />
uma nova polemica que vai atravessar o ano sendo<br />
debati<strong>da</strong>. O Governador do Estado, Sergio Cabral,<br />
disse ain<strong>da</strong> no calor <strong>da</strong> festa que o carnaval carioca<br />
precisa de desvencilhar de vez do dominio do jogo<br />
do bicho, ter vi<strong>da</strong> própria e caminhar pelasa próprias<br />
pernas.<br />
Uma especie de carnaval ficha-limpa, segundo<br />
alguns criticos mais agudos. Cabral está certo, mas<br />
Folia de gente fina<br />
Na ver<strong>da</strong>de, o Rio de Janeiro sempre<br />
foi conhecido mundialmente pelo<br />
seu carnaval, a Sapucaí é ponto turístico<br />
e nessa época do ano as escolas desfilam<br />
espalhando uma energia contagiante.<br />
Só que nos últimos quatro anos,<br />
a ci<strong>da</strong>de resgatou a tradição dos blocos<br />
de rua, que com seu jeito democrático<br />
alavanca crianças, jovens, adultos e famílias,<br />
que fantasiados cedem lugar ao<br />
imaginário criativo. Tem fantasia simples,<br />
sofistica<strong>da</strong>s e aqueles que mesmo<br />
20 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012<br />
utópico. A intenção e a ideia são boas, mas dificil<br />
de ser aplicado na prática. Por incrivel que pareça,<br />
a coisa que mais se parece com desorganização nesse<br />
pais é o carnaval carioca. Mas talvez seja a única<br />
que sempre <strong>da</strong> certo. No Rio a festa foi lin<strong>da</strong>, em<br />
São Paulo um vexame. Marginais, travestidos de<br />
sambistas, invadiram o palanque, rasgaram papeis<br />
e tentaram melar um resultado que não aceitavam.<br />
Não deu certo, venceu quem tinha que vencer.<br />
NOS CAMAROTES, FESTA VIP<br />
Enquanto o samba rolava na aveni<strong>da</strong> Sapucaí,<br />
as Escolas faziam evoluções e o povo vibrava com<br />
a beleza <strong>da</strong> coreografia humana, nos camarotes <strong>da</strong><br />
folia moiçolas e famosos desfilavam charme e simpatia<br />
pra todos os gostos. A prefeitura do Rio trouxe<br />
a estonteante Jennifer Lopez, que cobrou dois milhões<br />
por algumas poucas horas nos camarotes <strong>da</strong>s<br />
cervejarias. Ficou de fato pouco tempo, mas o bastante<br />
para encantar com sorrisos, beijos e abraços<br />
centenas de pessoas que curtem a festa no ar condicionado,<br />
coquetéis abastados e muita animação.<br />
O ambiente é saudável, seguro e bem organizado.<br />
Quem frequenta, convi<strong>da</strong>do ou levado por alguma<br />
empresa, vê a festa de forma privilegia<strong>da</strong>, e curte<br />
muito. Pelos camarotes passam atores, jogadores de<br />
futebol, belas atrizes, empresários, cineastas e pessoas<br />
que todo mundo conhece. Divulgam o carnaval,<br />
ba<strong>da</strong>lam o evento e aparecem na<br />
midia mostrando o lado sofisticado<br />
de uma festa que , ca<strong>da</strong> vez mais, se<br />
tranforma no maior e mais rentável<br />
cartão de visita do Pais. Nossa<br />
festa atravessa o mundo, e mostra<br />
a alegria <strong>da</strong> nossa música e a beleza<br />
insuperável <strong>da</strong> mulher brasileira.<br />
Greicy Pessoa<br />
Nas ruas, a festa bem comporta<strong>da</strong><br />
sem fantasia alguma se divertem de<br />
manhã, de tarde e de noite.<br />
Não tem essa de bloco elitista ou popular,<br />
todo mundo junto e misturado caminham<br />
ao som <strong>da</strong>s marchinhas, <strong>da</strong> bateria<br />
que com sua bati<strong>da</strong> arrepia a alma e o coração.<br />
Sob o calor de quase 40 graus, os foliões<br />
esquecem a reali<strong>da</strong>de do dia-a-dia e durante<br />
quatro dias se entregam à animação efusiva.<br />
É um carnaval que resgata um enredo<br />
criativo e faz todo mundo <strong>da</strong>nçar <strong>da</strong> forma<br />
que sabe, com o samba no pé profissional ou<br />
Jennifer Lopez<br />
Rodrigo<br />
Santoro Deborah Secco<br />
Roberto Dinamite,<br />
Neymar e Fred<br />
Sabrina Sato e Fábio Faria<br />
Equipe <strong>da</strong> AMBEV no Camarote <strong>da</strong> Brahma<br />
Marcel Marcondes, José Victor Oliva, Jorge<br />
Mastroizze, Milton Seligman e Bruno Cosetino.<br />
Jornalista<br />
o rebolado amador.<br />
Conversando com um grupo de estrangeiros<br />
<strong>da</strong> Dinarmarca e dos Estados<br />
Unidos, eles pareciam estar familiarizados<br />
com aquele som e prometendo bis ano<br />
que vem. Mesmo com um português meio<br />
arranhado, John afirma que o carnaval<br />
do Rio de Janeiro é incomparável. “Já fui<br />
ao carnaval de Salvador, mas aqui é diferente,<br />
a ci<strong>da</strong>de tem um cenário peculiar e<br />
não tem como vir à essa festa uma vez só”,<br />
afirmou o turista.
Indo às compras<br />
Comprar em Miami é bom.<br />
Aqui, algumas dicas<br />
GULF STREAM:<br />
http://www.thevillageatgulfstreampark.<br />
com<br />
O mais novo Shopping aberto <strong>da</strong> Flóri<strong>da</strong><br />
(2 milhas acima do Aventura Mall).<br />
Além de ótimos restaurantes, o foco<br />
deste Shopping são as lojas de decoração:<br />
Potterry Barn; Crate&Barrel;<br />
Williams Sonoma; The Container Store;<br />
West elm; Z Gallerie são algumas<br />
delas. Estas lojas vendem de tudo,<br />
desde enfeites, pratos, copos, vasos<br />
até sofas, poltronas, tapetes, etc. Vale<br />
a pena conferir!<br />
POTTERy BARN (ADORO!!!)<br />
www.potterybarn.com<br />
ROTEIRO DE DECORAçãO EM MIAMI<br />
Encontramos em Miami uma<br />
enorme varie<strong>da</strong>de de lojas de decoração.<br />
Para quartinhos de bebê, objetos<br />
de decoração, utensílios para cozinha,<br />
móveis italianos, objetos de grife, enfim,<br />
quase impossível não encontrar<br />
o que deseja. Mas caso não encontre,<br />
é muito comum nos EUA comprar pela<br />
internet. é só pedir para entregar no<br />
hotel.<br />
Dicas:<br />
Eles possuem outras marcas como a<br />
Pottery Barn Kids e a Pbteen que vendem<br />
móveis de crianças e teenagers,<br />
além de roupinhas de bebê, jogos de<br />
cama e banho, brinquedos, decoração,<br />
etc. Diferente <strong>da</strong> Pottery Barn, a Pot-<br />
Marcela Passamani<br />
Estilista<br />
Sempre que falamos de decoração em<br />
Miami, remetemos para o Miami Design District,<br />
por ser uma região bem nova de Miami<br />
que foi to<strong>da</strong> redesenha<strong>da</strong> com o objetivo de<br />
ter os melhores restaurantes, lojas de mo<strong>da</strong>s,<br />
arte e decoração. Entretanto, o objetivo<br />
deste roteiro é apresentar lojas que estão<br />
espalha<strong>da</strong>s pela ci<strong>da</strong>de, facilitando sua programação<br />
de compras com enorme varie<strong>da</strong>de<br />
de produtos e marcas.<br />
tery Barn Kids só tem loja no shopping<br />
Merrick Park. Como a PBTeen ain<strong>da</strong><br />
não tem loja na Flóri<strong>da</strong>, só dá para<br />
comprar online.<br />
RESTORANTION HARDWARE:<br />
www.restorationhardware.com<br />
Um pouco mais clássica que a Pottery<br />
Barn. Dica: o site <strong>da</strong> empresa possui<br />
mais varie<strong>da</strong>de que a loja, mas se estiver<br />
na loja, não deixe de pedir o catálogo<br />
completo.<br />
SUR LA TABLE:<br />
www.surlatable.com/<br />
Essa loja possui tudo para cozinha,<br />
além de ser elegantérrima. O bacana é<br />
que vende marcas mais raras e difíceis<br />
de encontrar, como a marca Belga Demeyere.<br />
Fica no aventura Mall.<br />
ANTHROPOLOGIE:<br />
www.anthropologie.com<br />
Ja comentei sobre esta loja nas dicas<br />
de NY. Lá você encontra os melhores<br />
mimos e os detalhes mais charmosos<br />
para sua casa. Possui lojas no Merrick<br />
Park, Lincoln Road e no Aventura Mall.<br />
Caso precise, eles enviam mercadorias<br />
para o Brasil!<br />
LINCON ROAD:<br />
http://www.lincolnroad.org/<br />
Local obrigatório para quem visita<br />
Miami, esta rua, que fica entre a Alton<br />
Road e a Washington Avenue, possui<br />
vários restaurantes e lojinhas, entre<br />
elas, as lojas de decoração Pottery<br />
Barn e Williams Sonoma. Além disso,<br />
em alguns domingos do mês, acontece<br />
a feirinha de arte, que tem desde antigui<strong>da</strong>des<br />
até quiosques de sucos.<br />
BED BATH & BEyOND:<br />
www.bedbathandbeyond.com<br />
Vendem uma varie<strong>da</strong>de impressionante<br />
de mercadorias e marcas: - produtos<br />
de beleza, cremes, esmaltes, maquiagem<br />
- roupa de cama, travesseiros,<br />
cobertor- tapete de banheiro, toalhas,<br />
lixos, porta sabonete - panelas, torradeiras,<br />
liquidificador, forninhos, cafeteira,<br />
TODOS os utensílios que você<br />
possa imaginar para cozinha - ferro de<br />
passar roupa, aspirador de pó, produtos<br />
de limpeza - copos, pratos, jogos<br />
americanos, porta retratos.<br />
Dicas:<br />
Esta loja está sempre enviando cupons<br />
de descontos. PS: eles aceitam cupons<br />
vencidos.<br />
Boas compras e bom passeio!<br />
<strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012 | 21
Saúde é bom demais<br />
Acne atinge também<br />
mulheres adultas<br />
Adolescentes acometi<strong>da</strong>s pela acne<br />
são, muitas vezes, consola<strong>da</strong>s com a<br />
máxima: “quando você crescer, as espinhas<br />
sumirão”... Bem, é importante saber<br />
que as coisas não são bem assim...<br />
A acne agora se tornou “uma maldição”<br />
que aflige as mulheres ao longo <strong>da</strong>s suas<br />
vi<strong>da</strong>s. O sofrimento se estende <strong>da</strong> adolescência<br />
e entra na casa dos trinta. “Uma, em<br />
ca<strong>da</strong> cinco mulheres, fica choca<strong>da</strong> ao desenvolver<br />
a condição após os 25 anos de i<strong>da</strong>de.<br />
Mesmo as que nunca tiveram espinhas na<br />
adolescência podem apresentar o problema<br />
na fase adulta”, explica a dermatologista<br />
Cristine Carvalho, diretora do CDE – Centro<br />
de Dermatologia e Estética.<br />
E segundo algumas pesquisas feitas<br />
sobre o problema, o estresse é a razão mais<br />
comumente aponta<strong>da</strong> para o crescente número<br />
de mulheres com acne na vi<strong>da</strong> adulta.<br />
“O estresse faz as glândulas supra-renais liberarem<br />
mais hormônios masculinos, o que<br />
desencadeia a produção de mais oleosi<strong>da</strong>de<br />
pela pele, bloqueando os poros. No Reino<br />
Unido, as pesquisas indicam que 66% <strong>da</strong>s<br />
mulheres que são mães e trabalham fora ‘lutam<br />
contra as espinhas’<br />
”, observa<br />
a médica.<br />
Um estudo<br />
do Nantes University<br />
Hospital<br />
in France revela<br />
que as manchas<br />
provoca<strong>da</strong>s<br />
pela acne adulta<br />
apresentam-se<br />
de uma forma<br />
diferente <strong>da</strong>quelas<br />
que aparecem<br />
na adolescência.<br />
Ao contrário dos<br />
adolescentes,<br />
que tendem a ter<br />
erupções ao redor<br />
<strong>da</strong> zona T: testa,<br />
nariz e queixo, as<br />
mulheres, na casa<br />
dos vinte cinco<br />
22 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012<br />
anos, apresentam uma forma de acne que<br />
provoca manchas mais profun<strong>da</strong>s e mais<br />
difíceis de tratar. “As mulheres também<br />
são até três vezes mais propensas a sofrer<br />
de acne do que os homens. Esta diferença<br />
pode ser devido ao fato de a pele feminina<br />
ser mais sensível à ação dos hormônios<br />
masculinos sobre as glândulas sebáceas”,<br />
diz Cristine Carvalho.<br />
Outro fator que favorece o aparecimento<br />
<strong>da</strong> acne na vi<strong>da</strong> adulta é o tabagis-<br />
Márcia Wirth<br />
saude@marciawirth.com.br<br />
Níveis altos de estresse são<br />
responsáveis por surto de<br />
espinhas em executivas<br />
mo. Dois estudos recentes descobriram que<br />
mulheres fumantes sofrem com ataques de<br />
acne mais freqüentes e graves. “A nicotina é<br />
um fator que impulsiona a produção <strong>da</strong> oleosi<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> pele, o que destrói as fontes de<br />
vitamina E, vitais para a reparação <strong>da</strong> pele”,<br />
explica a dermatologista, que também é<br />
chefe do Departamento de Fototerapia do<br />
Curso de Pós-Graduação em Dermatologia<br />
<strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Pele Saudável, Instituto BWS.<br />
Mu<strong>da</strong>nça no enfoque do<br />
tratamento <strong>da</strong> acne<br />
“Vivemos um momento em que é preciso reavaliar o que pensamos saber sobre a<br />
acne. É preciso reconhecer o quanto a acne afeta a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mulheres adultas. Para muitas,<br />
ela ‘entra em ação na vi<strong>da</strong>’, mais tarde, quando elas têm que fazer malabarismos<br />
para <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong> família e <strong>da</strong> carreira, ao mesmo tempo. E como muitas <strong>da</strong>s pacientes<br />
do sexo feminino que sofre com acne tardia têm trabalhos estressantes, é muito importante<br />
aju<strong>da</strong>r a paciente a li<strong>da</strong>r com o estresse, além de tratar a pele”, defende Cristine<br />
Carvalho.<br />
Segundo a diretora do Centro de Dermatologia e Estética, o tratamento<br />
<strong>da</strong> acne adulta empregando a terapia de indução percutânea<br />
de colágeno tem sido de grande valia. “O tratamento pode ser feito por<br />
mulheres e homens que desejam amenizar as cicatrizes provoca<strong>da</strong>s pela<br />
acne. O estímulo mecânico à produção de colágeno realizado por meio do<br />
rolamento de um cilindro com pequenas agulhas provoca micro lesões na<br />
pele. Por meio deste procedimento, a produção de colágeno pode dobrar<br />
e o efeito pode, ain<strong>da</strong>, ser otimizado com a aplicação <strong>da</strong> vitamina C”,<br />
explica dermatologista.<br />
Cristine Carvalho esclarece que apesar do emprego <strong>da</strong>s microagulhas,<br />
o procedimento não causa dor ao paciente, pois antes de iniciar o<br />
procedimento, um creme anestésico é aplicado na pele. “O paciente poderá<br />
sentir suaves pica<strong>da</strong>s no local e ter pequenos sangramentos, não<br />
havendo per<strong>da</strong> de sangue”, informa.<br />
“No tratamento <strong>da</strong>s cicatrizes <strong>da</strong> acne adulta, após três sessões,<br />
com intervalo de dois meses entre ca<strong>da</strong> uma, já é possível visualizar os<br />
resultados. Ca<strong>da</strong> sessão pode levar, em média, uma hora e meia, pois,<br />
após a aplicação do anestésico na pele é preciso aguar<strong>da</strong>r 60 minutos.<br />
Para fazer o rolamento é necessário de 15 a 20 minutos. E ao final do<br />
procedimento, caso haja a aplicação <strong>da</strong> máscara de vitamina C, 15 minutos<br />
são suficientes”, explica Cristine Carvalho.
Primeira página<br />
Um resgate <strong>da</strong> triste história<br />
O Instituto Vladimir Herzog lançará<br />
no próximo dia 14 de Março, em<br />
Brasilia, o livro As Capas desta história,<br />
que reúne as primeiras páginas dos jornais<br />
<strong>da</strong> imprensa alternativa, clandestina<br />
e no exílio que se opôs ao regime<br />
ditatorial.<br />
Na pesquisa realiza<strong>da</strong>, o coordenador<br />
geral, jornalista Ricardo Carvalho, encontrou<br />
ver<strong>da</strong>deiras rari<strong>da</strong>des que compõem<br />
a obra: são mais de 300 capas de jornais<br />
alternativos, clandestinos e produzidos no<br />
exílio. O livro é produto de um trabalho<br />
de 90 dias, realizado pelos coordenadores<br />
José Luiz Del Roio (contexto) e Vladimir<br />
Sacchetta (pesquisa), com a consultoria de<br />
Carlos Azevedo, além de três pesquisadores<br />
e do editor de texto José Mauricio de Oliveira.<br />
A obra reúne jornais produzidos entre<br />
1964, ano do golpe, e 1979, quando foi aprova<strong>da</strong><br />
a Lei <strong>da</strong> Anistia, trazendo ain<strong>da</strong> capas<br />
de jornais considerados precursores <strong>da</strong>s publicações<br />
dos anos de chumbo. São imagens<br />
de jornais que ro<strong>da</strong>ram no exílio, em países<br />
como Chile, México, Suécia, Itália, França,<br />
Portugal e Argélia. Na seção dos clandestinos<br />
estão publicações <strong>da</strong>s principais tendências<br />
<strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> que atuaram durante a<br />
ditadura, como a Ação Libertadora Nacional<br />
(ALN), de Carlos Marighella, que editou O<br />
Guerrilheiro, e a VAR-Palmares (Vanguar<strong>da</strong><br />
Arma<strong>da</strong> Revolucionária-Palmares), de<br />
Carlos Lamarca, que produzia o Palmares.<br />
Aparecem nesta parte jornais dos PCs (PCB<br />
e PCdoB), de organizações trotskistas e de<br />
grupos ligados à Igreja Católica.<br />
O bloco dos alternativos traz desde<br />
capas de jornais do movimento operário,<br />
estu<strong>da</strong>ntil (O Movimento), <strong>da</strong> imprensa satírica<br />
(Pif-Paf), experimentos literários, além<br />
O<br />
Ministério <strong>da</strong> Cultura, o Instituto Vladimir<br />
Herzog e a Secretaria de Direitos Humanos<br />
lançam em Brasília dia 14 de março, às 19hs,<br />
livro que resgata a imprensa que lutou contra a<br />
ditadura no Brasil<br />
A enti<strong>da</strong>de, que recebeu <strong>da</strong>s mãos <strong>da</strong><br />
presidenta Dilma Rousseff o Prêmio de<br />
Direitos Humanos, concedido pela Secretaria<br />
de Direitos Humanos <strong>da</strong> Presidência <strong>da</strong><br />
República, lança no Carpe Diem o livro As<br />
Capas desta história<br />
de publicações liga<strong>da</strong>s às causas ambiental,<br />
gay e negra. Já a parte dos precursores reúne<br />
experiências como o Correio Braziliense,<br />
que era editado em Londres, uma vez que a<br />
corte portuguesa proibia a produção de jornais<br />
no Brasil, além de outras publicações,<br />
como o Jornal Subiroff. Periódicos elaborados<br />
por exilados e até agora inéditos no Brasil<br />
se destacam ao lado de capas de jornais<br />
mais conhecidos, como Pasquim, Opinião e<br />
o Uni<strong>da</strong>de, do Sindicato dos Jornalistas de<br />
São Paulo.<br />
Além disso, o capítulo inicial Precursores<br />
desta história demonstra a tendência<br />
contestadora e questionadora <strong>da</strong> imprensa<br />
brasileira, desde seus primórdios. A <strong>Revista</strong><br />
de Antropofagia e Klaxon, liga<strong>da</strong>s ao Movimento<br />
Modernista Brasileiro <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de<br />
1920; e o jornal A Manha, diário de crítica<br />
e sátira do Barão de Itararé, são alguns que<br />
fazem parte desta seção especial.<br />
As Capas desta história integra o projeto<br />
Resistir é Preciso..., idealizado pelo Instituto<br />
Vladimir Herzog, que tem por objetivo<br />
manter viva na memória dos<br />
brasileiros a luta <strong>da</strong> imprensa<br />
durante a ditadura, momento<br />
em que centenas de profissionais<br />
do meio foram presos, torturados<br />
e assassinados. A obra<br />
junta-se à coletânea de 12 DVDs<br />
Os Protagonistas desta História,<br />
patrocina<strong>da</strong> pela Petrobras, com<br />
depoimentos de 60 jornalistas<br />
e “fazedores de jornais” que vivenciaram<br />
e enfrentaram as dificul<strong>da</strong>des<br />
<strong>da</strong> época, lança<strong>da</strong> em<br />
Junho do ano passado.<br />
Patrocinado pelo BNDES,<br />
Camargo Corrêa e Souza Cruz<br />
e com apoio do Ministério <strong>da</strong> Cultura, por<br />
meio <strong>da</strong> Lei de Incentivo à Cultura, o livro<br />
está à ven<strong>da</strong> na Livraria Cultura e no site do<br />
Instituto Vladimir Herzog (www.vladimirherzog.org).<br />
Além disso estão sendo distribuidos<br />
gratuitamente 1.350 exemplares<br />
a bibliotecas públicas do País.<br />
Também está à ven<strong>da</strong> no portal do projeto<br />
Resistir é Preciso...(www. resistirepreciso.org.br),<br />
que contém todo o material já<br />
produzido para essa iniciativa do Instituto<br />
Vladimir Herzog.<br />
PRêMIO DE DIREITOS<br />
HUMANOS<br />
Em apenas dois anos de existência,<br />
o trabalho que vem sendo desenvolvido<br />
pelo Instituto Vladimir Herzog já obteve<br />
o reconhecimento do mais alto escalão do<br />
Governo Federal. Em Dezembro de 2011 a<br />
enti<strong>da</strong>de foi vencedora, na categoria Ver<strong>da</strong>de<br />
e Memória, <strong>da</strong> 17ª edição do Prêmio de<br />
Direitos Humanos, concedido pela Secretaria<br />
de Direitos Humanos <strong>da</strong> Presidência <strong>da</strong><br />
República.<br />
Clarice, Ivo e Lucas Herzog – viúva, filho<br />
e neto de Vladimir Herzog – receberam<br />
o prêmio, pelo Instituto, na cerimônia realiza<strong>da</strong><br />
no Palácio do Planalto, lidera<strong>da</strong> pela<br />
presidenta <strong>da</strong> República Dilma Rousseff e<br />
pela ministra de Direitos Humanos, Maria<br />
do Rosário Nunes.<br />
“Este prêmio na ver<strong>da</strong>de é uma homenagem<br />
a meu pai, Vladimir Herzog e a to<strong>da</strong>s<br />
as outras pessoas que foram assassina<strong>da</strong>s,<br />
tortura<strong>da</strong>s e vitima<strong>da</strong>s de várias formas pela<br />
ditadura. E é também um grande incentivo<br />
<strong>da</strong> Presidência <strong>da</strong> República para que a nossa<br />
e outras enti<strong>da</strong>des continuemos a aju<strong>da</strong>r a<br />
recuperar a história recente do País<br />
<strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012 | 23
Política<br />
O Senado Federal está prestes a<br />
apreciar em segundo turno a PEC dos<br />
jornalistas. Trata-se de emen<strong>da</strong> à Constituição<br />
instituindo a exigência de diploma<br />
para exercer a profissão. A opção<br />
de inserir o tema no texto <strong>da</strong> Lei Maior<br />
se deu pelo posicionamento já firmado<br />
pelo Supremo Tribunal Federal de que<br />
qualquer norma nesse sentido é inconstitucional<br />
por ferir a liber<strong>da</strong>de de<br />
expressão. Acreditam os idealizadores<br />
<strong>da</strong> PEC que, ao alterar a Carta Magna,<br />
aquele princípio basilar <strong>da</strong> democracia<br />
estará atendido, o que não procede.<br />
Porém, mais do que a impertinência,<br />
a proposta poderá configurar o embrião, a<br />
gênese de futuro controle social dos meios<br />
de comunicação ou, em outras palavras, <strong>da</strong><br />
própria censura. O primeiro passo é exatamente<br />
a regulação <strong>da</strong> profissão mediante a<br />
exigência de diploma para seu exercício.<br />
O segundo passo será regulamentar a<br />
emen<strong>da</strong> por lei ordinária, já que aquela carece<br />
de sanções pelo seu descumprimento, o<br />
que a tornará inócua ou letra morta. O terceiro<br />
passo, atrelado à regulamentação <strong>da</strong><br />
emen<strong>da</strong>, será a criação do respectivo conselho<br />
profissional, nos moldes do Crea, <strong>da</strong><br />
OAB, do CFM, entre tantos outros.<br />
A justificativa será a de viabilizar a<br />
necessária fiscalização do cumprimento <strong>da</strong><br />
lei. Para tanto, necessitará do poder público<br />
concedido a essas autarquias corporativas,<br />
que detêm a prerrogativa de multar, embargar<br />
o funcionamento ou propor o fechamento<br />
de empresas do setor, além de cassar<br />
licença para o exercício <strong>da</strong> profissão.<br />
Com a criação do órgão de fiscalização,<br />
institui-se também o julgamento ético dos<br />
profissionais nele registrados, pois essa é<br />
uma <strong>da</strong>s principais funções desses conselhos.<br />
Ocorre que, quando se fala em ativi<strong>da</strong>des<br />
relaciona<strong>da</strong>s à manifestação de opinião<br />
e à liber<strong>da</strong>de de expressão, isso se torna extremamente<br />
perigoso.<br />
A reboque do poder de julgamento ético<br />
de conduta, ou mesmo de imputação de<br />
sanções às empresas, sempre haverá o risco<br />
de passar a existir o denuncismo, as ameaças<br />
24 | <strong>Revista</strong> Entre Lagos | Edição 73 | FEV/2012<br />
Fernando Collor<br />
Senador <strong>da</strong> República (PTB-AL)<br />
O embrião do controle social<br />
dos meios de comunicação<br />
Porém, mais do que a<br />
impertinência, a proposta<br />
poderá configurar o embrião, a<br />
gênese de futuro controle social<br />
dos meios de comunicação ou,<br />
em outras palavras, <strong>da</strong> própria<br />
censura. O primeiro passo é<br />
exatamente a regulação <strong>da</strong><br />
profissão mediante a exigência<br />
de diploma para seu exercício.<br />
de representação ou abertura de processo,<br />
as chantagens, as negociações e barganhas<br />
para condenar ou absolver, os conflitos de<br />
interesses e tudo mais que envolve esse universo<br />
<strong>da</strong> fiscalização e do julgamento. É um<br />
campo fértil de possibili<strong>da</strong>des que acabarão,<br />
de uma forma ou de outra, comprometendo<br />
o trabalho do profissional e <strong>da</strong>s empresas de<br />
comunicação.<br />
Em suma, é muito tênue a linha que<br />
separa o controle do exercício profissional<br />
do controle do conteúdo do trabalho desse<br />
mesmo profissional. Mais ain<strong>da</strong> quando se<br />
trata <strong>da</strong>s empresas desse setor, pois há o entendimento<br />
de que pessoas jurídicas também<br />
exercem a profissão e, portanto, são<br />
passíveis de registro no conselho e, consequentemente,<br />
submeti<strong>da</strong>s a julgamentos,<br />
multas e outras sanções.<br />
Os mecanismos e instrumentos<br />
para tanto são muitos, principalmente<br />
a depender do poder que o<br />
Estado conce<strong>da</strong> a essas autarquias<br />
ao criá-las por lei.<br />
Os conselhos de fiscalização<br />
profissional, além do poder de fiscalizar<br />
e julgar, possuem a competência<br />
para legislar por atos e resoluções<br />
naquilo que for afeto ao<br />
exercício <strong>da</strong> respectiva profissão.<br />
O desenrolar disso tudo é<br />
imprevisível, especialmente por<br />
se tratar de serviços — a notícia,<br />
a opinião, o comentário — que chegam de<br />
forma indiscrimina<strong>da</strong> a to<strong>da</strong> a população de<br />
uma só vez, diferentemente do que ocorre<br />
com as outras profissões, cujo exercício se<br />
restringe a um contrato entre profissional<br />
ou empresa e um ou poucos clientes.<br />
A presidente Dilma Roussef já se<br />
manifestou contrária ao controle dos meios,<br />
principalmente através de um conselho que,<br />
vale lembrar, pode vir revestido de qualquer<br />
nome, característica ou natureza. Porém,<br />
a Constituição pretende ser eterna, acima<br />
dos governos temporários. Que garantia<br />
teremos no futuro de que o pensamento de<br />
ocasião será o mesmo do <strong>da</strong> atual titular <strong>da</strong><br />
Presidência <strong>da</strong> República? Não por acaso, a<br />
maioria dos conselhos profissionais foi cria<strong>da</strong><br />
em períodos de exceção, como o Estado<br />
Novo e os governos militares, quando o controle<br />
e a restrição eram palavras de ordem.<br />
A própria regulamentação inicial <strong>da</strong><br />
profissão de jornalista remonta a 1938, depois<br />
a 1969 e, finalmente, a 1979. Portanto,<br />
há de pensar a longo prazo, de preferência<br />
impedindo, já de agora, o vírus que se pretende<br />
inocular para restringir ou mesmo<br />
amputar a completa liber<strong>da</strong>de de expressão.<br />
No fundo, ao final do processo, será o ressurgimento<br />
<strong>da</strong> censura no país, ain<strong>da</strong> que<br />
com outra roupagem, de forma dissimula<strong>da</strong><br />
e escamotea<strong>da</strong>.