Círculos de Leitura - Resultados 2010.pdf - Tributo ao Futuro
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<strong>Círculos</strong> <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong>
02<br />
Pelas Letras, a Reinvenção <strong>de</strong> Tempo e Espaço<br />
Mario Vargas Llosa<br />
Aprendi a ler <strong>ao</strong>s 5 anos, na classe<br />
do irmão Justiniano, no Colégio<br />
<strong>de</strong> La Salle, em Cochabamba, na<br />
Bolívia. Foi a coisa mais importante<br />
da minha vida. Quase 70 anos<br />
<strong>de</strong>pois, lembro-me com niti<strong>de</strong>z<br />
como essa magia, transformar as<br />
palavras dos livros em imagens,<br />
enriqueceu a minha vida, quebrando<br />
as barreiras do tempo e do espaço e<br />
permitindo-me viajar com o capitão<br />
Nemo 20 mil léguas abaixo do nível<br />
do mar, lutar junto com D’ Artagnan,<br />
Athos, Portos e Aramis contra as<br />
intrigas que ameaçavam a rainha<br />
nos tempos do sinuoso Richelieu,<br />
ou arrastar-me pelas entranhas <strong>de</strong><br />
Paris com o corpo inerte <strong>de</strong> Marius<br />
às costas.<br />
A leitura convertia o sonho em<br />
vida e a vida em sonho e punha <strong>ao</strong><br />
alcance do pedacinho <strong>de</strong> homem<br />
que eu era o universo da literatura.<br />
Minha mãe me disse que as<br />
primeiras coisas que escrevi foram<br />
continuações das histórias que lia<br />
(...). E talvez seja isso que acabei<br />
fazendo na vida sem perceber: prolongar<br />
no tempo, enquanto crescia,<br />
amadurecia e envelhecia, as histórias<br />
que encheram minha infância<br />
<strong>de</strong> exaltação e <strong>de</strong> aventuras.<br />
Gostaria que minha mãe estivesse<br />
aqui, e também meu avô Pedro e<br />
o tio Lucho, que tanto me animou<br />
a <strong>de</strong>dicar-me <strong>de</strong> corpo e alma a<br />
escrever (...). Toda a vida tive <strong>ao</strong><br />
meu lado gente assim, que gostava<br />
<strong>de</strong> mim e me animava e contagiava<br />
com a sua fé quando eu duvidava.<br />
Graças a eles e, sem dúvida,<br />
também à minha insistência e um<br />
pouco <strong>de</strong> sorte, pu<strong>de</strong> <strong>de</strong>dicar boa<br />
parte do meu tempo a essa paixão,<br />
vício e maravilha que é escrever,<br />
criar uma vida paralela on<strong>de</strong> nos<br />
refugiamos contra a adversida<strong>de</strong>,<br />
que torna natural o extr<strong>ao</strong>rdinário e<br />
o extr<strong>ao</strong>rdinário natural, que dissipa<br />
o c<strong>ao</strong>s, embeleza o feio, eterniza o<br />
instante e torna a morte um espetáculo<br />
passageiro.<br />
Não era fácil escrever histórias. Ao<br />
se transformarem em palavras, os<br />
projetos passeavam pelo papel e<br />
as i<strong>de</strong>ias e imagens morriam. (...)<br />
Por sorte, ali estavam os mestres<br />
para que eu apren<strong>de</strong>sse com eles<br />
e seguisse seu exemplo. Flaubert<br />
me ensinou que o talento é<br />
uma disciplina tenaz e uma longa<br />
paciência. FaulKner, que é a forma<br />
que engran<strong>de</strong>ce ou empobrece os<br />
temas. Martorell, Cervantes, Dickens,<br />
Balzac, Tolstoi, Conrad, Thomas<br />
Mann, que o número e a ambição<br />
são tão importantes numa novela<br />
quanto a <strong>de</strong>streza estilística e a<br />
estratégia narrativa. Sartre, que as<br />
palavras são atos e que uma novela,<br />
uma peça <strong>de</strong> teatro, um ensaio,<br />
comprometidos com a atualida<strong>de</strong> e<br />
as melhores opções, po<strong>de</strong>m mudar<br />
o curso da História. Camus e Orwell,<br />
que uma literatura <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong>
moral é <strong>de</strong>sumana, e Malraux que<br />
o heroísmo e o épico cabiam na<br />
atualida<strong>de</strong> tanto quanto no tempo<br />
dos argonautas, da Odisseia e da<br />
Ilíada. (...)<br />
Algumas vezes me perguntei se em<br />
países como o meu, com poucos<br />
leitores e tantos pobres, analfabetos<br />
e injustiças, on<strong>de</strong> a cultura era<br />
privilégio <strong>de</strong> tão poucos, escrever<br />
não era um luxo escapista. Mas<br />
essas dúvidas nunca asfixiariam<br />
minha vocação (...). Acho que fiz a<br />
coisa certa, pois, se para a literatura<br />
florescer numa socieda<strong>de</strong><br />
fosse preciso lançar primeiro a alta<br />
cultura, a liberda<strong>de</strong>, a prosperida<strong>de</strong><br />
e a justiça, isso não teria existido<br />
nunca. Ao contrário, graças à<br />
literatura, às consciências que ela<br />
formou, <strong>ao</strong>s <strong>de</strong>sejos e anseios que<br />
inspirou, <strong>ao</strong> <strong>de</strong>sencanto do real com<br />
que retornamos da viagem a uma<br />
bela fantasia, a civilização é agora<br />
menos cruel do que quando os<br />
contadores <strong>de</strong> contos começaram<br />
a humanizar a vida com as suas<br />
fábulas. Seríamos piores do que somos<br />
sem os bons livros que lemos,<br />
mais conformistas, menos inquietos<br />
e insubmissos, e o espírito crítico,<br />
o motor do progresso, nem sequer<br />
existiria. A exemplo <strong>de</strong> escrever, ler<br />
é protestar contra as insuficiências<br />
da vida. (...)<br />
Sem as ficções seríamos menos<br />
conscientes da importância da<br />
liberda<strong>de</strong> para que a vida seja<br />
suportável e do inferno em que<br />
ela se converte quando dominada<br />
por um tirano, uma i<strong>de</strong>ologia ou<br />
uma religião. Quem duvida que<br />
a literatura, além <strong>de</strong> nos levar <strong>ao</strong><br />
sonho da beleza e da felicida<strong>de</strong>,<br />
nos alerta contra toda forma <strong>de</strong><br />
opressão, pergunte por que todos os<br />
regimes empenhados em controlar<br />
a conduta dos cidadãos, do berço<br />
<strong>ao</strong> túmulo, a temem tanto a ponto<br />
<strong>de</strong> estabelecerem regras <strong>de</strong> censura<br />
para reprimí-la (...). Fazem isso<br />
porque sabem o risco que correm<br />
<strong>ao</strong> <strong>de</strong>ixarem que a imaginação flua<br />
pelos livros (...). Queiram ou não,<br />
saibam disso ou não, os criadores<br />
<strong>de</strong> fábulas, <strong>ao</strong> inventar histórias,<br />
propagam a insatisfação, mostrando<br />
que o mundo é mal feito, que a vida<br />
da fantasia é mais rica que a rotina<br />
cotidiana. Essa constatação cria raízes<br />
na sensibilida<strong>de</strong> e na consciência,<br />
torna os cidadãos mais difíceis<br />
<strong>de</strong> manipular (...). A boa literatura<br />
cria pontes entre pessoas diferentes,<br />
(...) nos une sobre as barreiras<br />
das línguas, crenças, usos, costumes<br />
e preconceitos que nos separam.<br />
Quando a gran<strong>de</strong> baleia branca<br />
sepulta o capitão Ahab no mar, o<br />
coração dos leitores se oprime do<br />
mesmo modo em Tóquio, Lima ou<br />
Tombuctu. (...) A literatura cria uma<br />
fraternida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da diversida<strong>de</strong><br />
humana e apaga as fronteiras que<br />
erguem entre os homens e mulheres<br />
a ignorância, as i<strong>de</strong>ologias, as religiões,<br />
os idiomas e a estupi<strong>de</strong>z. (...)<br />
Fonte: O Estado <strong>de</strong> São Paulo, em<br />
09.12.2010<br />
03
04<br />
Jovens Brasileiros Continuam Lendo Mal<br />
O Programa Internacional <strong>de</strong> Avaliação<br />
<strong>de</strong> Alunos (PISA), coor<strong>de</strong>nado<br />
pela Organização para a Cooperação<br />
e o Desenvolvimento Econômico<br />
(OCDE), analisa, a cada três anos,<br />
a educação em 65 países, verificando<br />
o nível <strong>de</strong> competência dos<br />
estudantes <strong>de</strong> 15 anos, com relação<br />
à matemática, leitura e ciências.<br />
No levantamento realizado em<br />
2010, foi dada maior ênfase à leitura.<br />
Pelos dados divulgados, o Brasil,<br />
embora apresente melhoras, continua<br />
figurando entre os países mais<br />
atrasados do mundo, ocupando o<br />
53º lugar, entre os 65 avaliados.<br />
O PISA <strong>de</strong>monstra que o conhecimento<br />
médio do aluno brasileiro<br />
Ranking Internacional:<br />
possibilita o entendimento <strong>de</strong> textos<br />
simples, mas não permite que<br />
ele localize informações implícitas,<br />
contextualize o texto ou o associe a<br />
outros conteúdos.<br />
Para a OCDE, com este nível <strong>de</strong><br />
aprendizado, os jovens terão extrema<br />
dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> inserção produtiva,<br />
face às necessida<strong>de</strong>s do mundo<br />
atual.<br />
Aluno passa a odiar o escritor<br />
Em recente entrevista para o Folha<br />
<strong>de</strong> São Paulo, o escritor Marçal<br />
Aquino, ganhador do Prêmio Jabuti<br />
em 2000, <strong>de</strong>clarou: “Eu sempre<br />
achei que persiste no Brasil um<br />
mo<strong>de</strong>lo equivocado <strong>de</strong> aproximação<br />
“A educação é o ponto em que<br />
<strong>de</strong>cidimos se amamos o mundo o<br />
bastante para assumirmos a responsabilida<strong>de</strong><br />
por ele e, com tal gesto,<br />
salvá-lo da ruína que seria inevitável<br />
não fosse a renovação e a vinda<br />
dos novos e dos jovens. A educação<br />
é também on<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidimos se<br />
amamos nossas crianças o bastante<br />
para não expulsá-las <strong>de</strong> nosso<br />
da leitura, em que o professor dá<br />
o livro e dá uma prova em seguida.<br />
É raro o professor fazer uma<br />
leitura na classe com os alunos.<br />
Para o aluno que está começando<br />
a ler, é necessária a contextualização,<br />
apren<strong>de</strong>r que o livro tem um<br />
significado. Na maioria da vezes, o<br />
aluno acha a leitura um troço chato<br />
e não compreen<strong>de</strong> a dimensão do<br />
que <strong>de</strong>ve ser a leitura. Cria-se um<br />
inimigo da leitura. O cara passa<br />
a odiar o escritor, porque que ele<br />
não enten<strong>de</strong> o que o escritor está<br />
propondo”.<br />
Fonte: Folha <strong>de</strong> São Paulo, 08.12.2010<br />
mundo e abandoná-las a seus próprios<br />
recursos, e tampouco arrancar<br />
<strong>de</strong> suas mãos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
empreen<strong>de</strong>r alguma coisa nova e<br />
imprevista para nós, preparando-<br />
-as em vez disso com antecedência<br />
para a tarefa <strong>de</strong> renovar um mundo<br />
comum.”<br />
Hannah Arendt
Conexões Cerebrais:<br />
A <strong>Leitura</strong> altera o Funcionamento do Cérebro<br />
Estudo realizado pelo Centro <strong>de</strong><br />
Neurociências da Re<strong>de</strong> Sarah, com a<br />
participação <strong>de</strong> neurocientistas <strong>de</strong><br />
Portugal, França e Bélgica, concluiu<br />
que apren<strong>de</strong>r a ler e escrever transforma<br />
o funcionamento do cérebro.<br />
Uma área <strong>de</strong>dicada, inicialmente,<br />
<strong>ao</strong> reconhecimento facial se torna<br />
especialista na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />
palavras.<br />
Exames realizados em 63 voluntários,<br />
mapearam a ativida<strong>de</strong> cerebral<br />
enquanto eram submetidos a<br />
estímulos, como ouvir frases, ver<br />
palavras, rostos e imagens diversas.<br />
10 pessoas eram analfabetas, 22<br />
haviam sido alfabetizadas na ida<strong>de</strong><br />
adulta e outras 31 apren<strong>de</strong>ram a ler<br />
e escrever na infância.<br />
Os testes revelaram que as pessoas<br />
alfabetizadas tiveram uma ativida<strong>de</strong><br />
mais acentuada nas áreas do<br />
córtex associadas à visão, e houve<br />
um aumento das respostas do<br />
cérebro relacionadas à i<strong>de</strong>ntificação<br />
<strong>de</strong> fonemas.<br />
De acordo com Lúcia Braga, Presi<strong>de</strong>nte<br />
da Re<strong>de</strong> Sarah e Coor<strong>de</strong>nadora<br />
da Pesquisa, “a escrita é algo<br />
relativamente novo na história da<br />
humanida<strong>de</strong> para ter influenciado<br />
uma mudança genética”. Por isso, o<br />
cérebro precisou se adaptar a essa<br />
nova realida<strong>de</strong>, modificando áreas<br />
que eram, originalmente, reservadas<br />
para outras ativida<strong>de</strong>s. Quanto<br />
mais lemos, pesquisamos, estudamos,<br />
mais conexões cerebrais são<br />
criadas. A leitura, portanto, é como<br />
se fosse uma “musculação” para o<br />
cérebro.<br />
Fonte: O Estado <strong>de</strong> São Paulo, 11.01.2011<br />
05
06<br />
<strong>Resultados</strong> Alcançados<br />
Des<strong>de</strong> 2008, o projeto <strong>Círculos</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Leitura</strong> tem sido conduzido no<br />
Baixo Sul da Bahia, on<strong>de</strong> 60 jovens<br />
foram qualificados no Curso <strong>de</strong> Formação<br />
<strong>de</strong> Multiplicadores e outros<br />
12 estão sendo capacitados como<br />
supervisores, atuando como mentores<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos<br />
multiplicadores. Nesses três anos, o<br />
projeto foi implementado nas Casas<br />
Familiares e na Re<strong>de</strong> Pública <strong>de</strong> ensino<br />
dos municípios <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte<br />
Tancredo Neves, Nilo Peçanha, Cairu<br />
e Igrapiúna. Mais <strong>de</strong> três mil jovens<br />
conheceram e participaram dos<br />
<strong>Círculos</strong> <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong> na região.<br />
A experiência do Baixo Sul tem nos<br />
permitido testemunhar uma gran<strong>de</strong><br />
transformação. Jovens da zona rural<br />
estão apren<strong>de</strong>ndo a amar a leitura,<br />
<strong>de</strong>scortinando as gran<strong>de</strong>s lições<br />
contidas nos clássicos da literatura<br />
universal. Ao <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> concentração, análise, reflexão<br />
e contextualização, os jovens da<br />
região <strong>de</strong>scobrem o potencial que<br />
possuem e colocam-se a serviço<br />
<strong>de</strong> suas comunida<strong>de</strong>s. Os talentos<br />
i<strong>de</strong>ntificados são preparados, para<br />
Evolução do número <strong>de</strong> Participantes:<br />
150<br />
584<br />
922<br />
1.531<br />
assumir novos e maiores <strong>de</strong>safios.<br />
“Participar do <strong>Círculos</strong> <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong><br />
como multiplicadora foi <strong>de</strong> extrema<br />
relevância na minha formação. Tive<br />
a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enxergar a leitura<br />
como uma ativida<strong>de</strong> rica, que<br />
nos leva a um conhecimento maior,<br />
construindo sentidos para o que<br />
lemos, associando sempre os temas<br />
com o nosso cotidiano”, afirma Fernanda<br />
Silva, Diretora Executiva da<br />
Casa Familiar Rural <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte<br />
Tancredo Neves (CFR-PTN).<br />
Em 2010, tivemos avanços significativos<br />
na execução do <strong>Círculos</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Leitura</strong> no Baixo Sul. Nossa meta<br />
inicial era atingir um público <strong>de</strong><br />
1.680 crianças e adolescentes, mas<br />
contabilizamos 2.121 participantes.<br />
Em 2011, o Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />
da Educação Básica (IDEB),<br />
<strong>de</strong> cada escola parceira, será<br />
acompanhado, sendo um importante<br />
indicador para verificação<br />
da eficácia <strong>de</strong>sta proposta, que<br />
<strong>de</strong>verá ser percebida, sobretudo, no<br />
aumento das notas das disciplinas<br />
<strong>de</strong> português e matemática.<br />
1.680<br />
2.121<br />
3.000<br />
“O projeto tem contribuído para<br />
a melhoria da leitura, escrita e<br />
interpretação. Em qualquer lugar<br />
que chegue, sempre vou falar da<br />
sua contribuição para o Colégio.<br />
Busco propostas para melhorar a<br />
qualida<strong>de</strong> da educação e enxergo<br />
no <strong>Círculos</strong> a ação que chegou para<br />
somar. Enquanto estiver na direção<br />
do Colégio, vou precisar do projeto.<br />
Um fato interessante é que os<br />
alunos que passaram pela iniciativa<br />
são elogiados pelos professores do<br />
Colégio Estadual.”<br />
Janete Vilas Boas - Diretora do<br />
Colégio Municipal Aécio Neves, <strong>de</strong><br />
Presi<strong>de</strong>nte Tancredo Neves
Retrospectiva das Principais Ações em 2010<br />
Com o propósito <strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong><br />
<strong>ao</strong> processo <strong>de</strong> formação dos<br />
multiplicadores e supervisores do<br />
projeto <strong>Círculos</strong> <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong> no Baixo<br />
Sul, realizamos este ano duas formações<br />
com a equipe do Instituto<br />
Fernand Brau<strong>de</strong>l (IFB) no Baixo<br />
Sul da Bahia. Tendo em vista que<br />
para os multiplicadores <strong>de</strong>senvolverem<br />
as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> condução é<br />
necessária uma preparação, ou seja,<br />
conhecer o método e se apropriar<br />
das obras do repertório.<br />
A semana <strong>de</strong> formação é um momento<br />
<strong>de</strong> troca <strong>de</strong> experiências, em<br />
que todos po<strong>de</strong>m se expressar e,<br />
principalmente, conhecer gran<strong>de</strong>s<br />
obras literárias. Isso possibilita<br />
que o grupo reflita sobre os temas<br />
universais presentes nas mesmas, e<br />
que po<strong>de</strong>m ser facilmente traduzidos<br />
para a realida<strong>de</strong> da região em<br />
que estão inseridos.<br />
No <strong>Círculos</strong> <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong>, o conhecimento<br />
se dá na convivência da lei-<br />
Semana <strong>de</strong> Formação com os multiplicadores do Baixo Sul da Bahia<br />
tura em grupo. Os jovens escolhidos<br />
para atuar como multiplicadores,<br />
coor<strong>de</strong>nando grupos nas escolas<br />
parceiras, são aqueles que gostam<br />
<strong>de</strong> trabalhar com outras pessoas<br />
e que sentem que a coisa mais<br />
importante do mundo é a relação<br />
humana. Eles sabem que os livros<br />
os apoiam na <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> quem<br />
eles são. Costuma-se dizer que os<br />
jovens multiplicadores não são<br />
professores, são amantes da leitura,<br />
ávidos por <strong>de</strong>spertar o interesse<br />
entre outros jovens e crianças, que<br />
percebem que <strong>ao</strong> provocar o saber<br />
dos outros, o <strong>de</strong>les se intensifica.<br />
As semanas <strong>de</strong> formação foram<br />
marcadas por intensas discussões<br />
acerca das obras que já foram<br />
trabalhadas em outros momentos.<br />
Vale ressaltar que mesmo já<br />
tendo trabalhado com tais obras,<br />
a discussão é renovada. Sempre<br />
surgem pontos <strong>de</strong> vista diferentes.<br />
Na construção coletiva das i<strong>de</strong>ias é<br />
possível aprofundar mais a essência<br />
dos livros. Neste sentido percebemos<br />
na prática o que nos diz Mario<br />
Quintana, quando ressalta na sua<br />
Quem conheceu Geiane Macedo,<br />
uma menina quieta, tímida e <strong>de</strong><br />
poucas palavras, se surpreen<strong>de</strong> com<br />
sua transformação. Hoje, dona <strong>de</strong><br />
uma personalida<strong>de</strong> forte e <strong>de</strong>terminada,<br />
<strong>de</strong> voz e gestos meigos, consegue<br />
encantar uma plateia inteira,<br />
entoando e interpretando gran<strong>de</strong>s<br />
clássicos da literatura brasileira e<br />
universal.<br />
Faz parte do <strong>Círculos</strong> <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong><br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008, quando o projeto passou<br />
a ser executado no Baixo Sul.<br />
No início <strong>de</strong> 2010, Geiane assumiu<br />
um novo <strong>de</strong>safio no <strong>Círculos</strong>, passou<br />
a ser supervisora e mentora no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> novos multiplicadores.<br />
Sob a orientação do Instituto<br />
Fernand Brau<strong>de</strong>l, acompanhou o<br />
<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> outros jovens. Ao<br />
longo do segundo semestre, seu<br />
processo <strong>de</strong> formação foi intensificado<br />
pelo Instituto Direito e<br />
Cidadania, Fundação O<strong>de</strong>brecht e<br />
IFB, para que, em 2011, assuma a<br />
coor<strong>de</strong>nação geral do projeto no<br />
Baixo Sul.<br />
07
08<br />
poesia “As Coisas”: a importância do<br />
segundo olhar para que seja possível<br />
ver a beleza que está escondida<br />
nas coisas. Por isso fazer uma releitura<br />
das obras nos permite dar um<br />
novo significado a elas, tornando-as<br />
cada vez mais um instrumento para<br />
busca do conhecimento e, principalmente,<br />
uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> traduzir<br />
a essência das mesmas para<br />
a realida<strong>de</strong>, utilizando os exemplos<br />
para lidar com as adversida<strong>de</strong>s<br />
presentes em nosso cotidiano.<br />
É importante <strong>de</strong>stacar a participação<br />
dos parceiros locais do projeto.<br />
Durante as formações, foram oportunizadas<br />
também vivências com<br />
monitores das Casas Familiares,<br />
professores e diretores das escolas<br />
parceiras da iniciativa. É muito importante<br />
a presença dos professores<br />
nas semanas <strong>de</strong> formação, para<br />
que possam ter um contato mais<br />
próximo com o método do projeto,<br />
e assim contribuir <strong>de</strong> fato com o<br />
trabalho dos multiplicadores em<br />
sala <strong>de</strong> aula.<br />
O Projeto no Baixo Sul:<br />
Para Dionê Duarte, professora do<br />
Escola Municipal Nair Lopes Jenkins,<br />
<strong>de</strong> Nilo Peçanha, “O projeto contribui<br />
para melhorar a <strong>de</strong>senvoltura<br />
dos alunos, eles estão lendo melhor,<br />
e os mais tímidos estão cada vez<br />
mais <strong>de</strong>sinibidos. As capacida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> interpretar e dar significado <strong>ao</strong>s<br />
textos estão sendo importantes<br />
para melhorar o aprendizado em<br />
todas as disciplinas. Gostei tanto<br />
da proposta e dos resultados que<br />
replico o método em outras turmas,<br />
usando os livros da escola”.<br />
Em 2010, aconteceram também<br />
quatro formações em São Paulo.<br />
Os jovens do Baixo Sul participaram<br />
<strong>de</strong> <strong>Círculos</strong> <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong> com outros<br />
multiplicadores, po<strong>de</strong>ndo assim<br />
<strong>de</strong>bater sobre assuntos diversos,<br />
compartilhando i<strong>de</strong>ias sobre a forma<br />
<strong>de</strong> atuação do projeto em suas<br />
ambiências locais. Durante toda a<br />
semana, além do contato com os<br />
multiplicadores <strong>de</strong> São Paulo, tiveram<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interagir com<br />
profissionais parceiros do Instituto<br />
Fernand Brau<strong>de</strong>l, que enriqueceram<br />
ainda mais as discussões do grupo,<br />
além <strong>de</strong> terem a constante presença<br />
da equipe do IFB, disponibilizando<br />
todo o suporte necessário.<br />
A semana <strong>de</strong> formação permite que<br />
aqueles multiplicadores com maior<br />
potencial <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança passem<br />
por uma capacitação avançada e<br />
convivam com mais multiplicadores.<br />
O propósito é investir em jovens<br />
que possam, gradualmente, assumir<br />
mais responsabilida<strong>de</strong>s no acompanhamento<br />
<strong>de</strong> novos multiplicadores.<br />
Sete jovens atuaram como supervisores<br />
do projeto no Baixo Sul. Sob<br />
a orientação do IFB, se aprofundaram<br />
cada vez mais no repertório<br />
<strong>de</strong> obras selecionadas pelo projeto.<br />
Assumiram mais responsabilida<strong>de</strong>s,<br />
a partir <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sempenho, maturida<strong>de</strong><br />
e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuar como<br />
formadores <strong>de</strong> novos participantes.
O que nos Ensinam os Herois<br />
Catalina Pagés e Patrícia Gue<strong>de</strong>s<br />
Dois herois marcaram, em 2010,<br />
nossos encontros <strong>de</strong> formação:<br />
Teseu, da peça Kouros, uma releitura<br />
<strong>de</strong> Kazantzakis a partir do mito<br />
grego, e Fabiano, em Vidas Secas,<br />
<strong>de</strong> Graciliano Ramos. Em Kouros<br />
vimos a jornada do jovem heroi<br />
que parte <strong>de</strong>terminado a resolver<br />
o problema que afligia o seu país.<br />
Essa tarefa faz parte do que Teseu<br />
chama sua “luta incessante para se<br />
tornar aquele homem” que <strong>de</strong>seja<br />
ser: um homem liberto da tirania<br />
imposta pelo reino inimigo. Teseu<br />
tem foco e clareza sobre sua tarefa,<br />
<strong>ao</strong> mesmo tempo em que está aberto<br />
para apren<strong>de</strong>r <strong>ao</strong> longo da sua<br />
trajetória. Consegue reconhecer e<br />
construir alianças com aqueles que<br />
a princípio eram seus adversários:<br />
a princesa Ariadne e o rei Minos.<br />
Na leitura do diálogo entre Teseu<br />
e Minos, em que este o chama <strong>de</strong><br />
seu her<strong>de</strong>iro, nos perguntamos: <strong>de</strong><br />
quem somos her<strong>de</strong>iros? Teseu não<br />
era filho <strong>de</strong> Minos, mas se tornou<br />
seu her<strong>de</strong>iro <strong>ao</strong> realizar a tarefa<br />
que Minos não havia conseguido<br />
terminar. Soube se curvar “diante<br />
da velha árvore que <strong>de</strong>u frutos”, e<br />
apren<strong>de</strong>r com o rei que havia outra<br />
solução além <strong>de</strong> matar ou morrer:<br />
transformar.<br />
Em Fabiano, <strong>de</strong> Vidas Secas, encontramos<br />
a inteligência prática, mobilizada<br />
por sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver,<br />
apesar das circunstâncias adversas<br />
na caatinga. Encontrava apoio na<br />
família, <strong>ao</strong> lado da sua mulher, sinhá<br />
Vitória. Na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imaginar,<br />
<strong>de</strong> acreditar que a vida po<strong>de</strong>ria ser<br />
melhor, encontravam forças para<br />
agir e transformar sua realida<strong>de</strong>.<br />
Além das intempéries da natureza,<br />
nosso heroi foi testado diversas<br />
vezes, vítima <strong>de</strong> brutalida<strong>de</strong> e injustiças.<br />
Quando surge a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se vingar, tem um diálogo interno,<br />
<strong>de</strong>cidindo guardar suas forças,<br />
cuidar <strong>de</strong> si e <strong>de</strong> sua família.<br />
Em outras obras que lemos, encontramos<br />
pessoas que ficaram<br />
isoladas do mundo, pelo medo do<br />
contato humano. Quantas pessoas<br />
ficariam excluídas da socieda<strong>de</strong><br />
se não tivessem encontrado um<br />
amigo, um mestre, que as reconciliasse<br />
consigo mesmas... O jovem<br />
sonhador em Noites Brancas, <strong>de</strong><br />
Dostoievski, Scrooge em O Conto<br />
<strong>de</strong> Natal, <strong>de</strong> Dickens, são exemplos<br />
<strong>de</strong> pessoas que viviam fechadas<br />
no seu próprio mundo. Por alguma<br />
razão não conseguiram superar<br />
as dificulda<strong>de</strong>s e se recolheram.<br />
Scrooge, com a influência do clima<br />
contagiante <strong>de</strong> Natal e as visitas<br />
que recebeu, conseguiu dormir e<br />
ter um sonho em que pô<strong>de</strong> voltar<br />
<strong>ao</strong> tempo da infância e recuperar<br />
o seu passado. Em Noites Brancas,<br />
o jovem sonhador encontrou<br />
uma jovem <strong>de</strong>sesperada na ponte,<br />
Nastenka, que <strong>de</strong>spertou nele uma<br />
vonta<strong>de</strong> profunda <strong>de</strong> ajudar. Os dois<br />
conseguiram conversar, se conhecer,<br />
se relacionar, se ajudaram mutuamente.<br />
A experiência <strong>de</strong> encontrar uma<br />
pessoa, que aparece em nossas vidas<br />
e nos ajuda, é um acontecimento<br />
que, por tocar nossa alma, passa<br />
a fazer parte <strong>de</strong> nosso ser e marca<br />
nosso inconsciente, voltando como<br />
sonho ou como lembrança quando<br />
<strong>de</strong>la precisamos.<br />
Faz parte do nosso método, saber o<br />
momento <strong>de</strong> falar e também saber<br />
o momento <strong>de</strong> dar espaço para<br />
que o outro possa fazer colocações.<br />
Isso é o que tornam os <strong>Círculos</strong><br />
uma experiência prazerosa, on<strong>de</strong><br />
acontece a construção coletiva das<br />
i<strong>de</strong>ias, reforçando a importância do<br />
trabalho em grupo.<br />
09
10<br />
A força do método<br />
Para os <strong>Círculos</strong> são escolhidas<br />
obras que possibilitam retomar<br />
temas universais que falam da<br />
experiência humana, atravessam os<br />
tempos e são fundamentais para a<br />
transição do jovem à vida adulta. As<br />
histórias escolhidas têm o dom do<br />
encantamento, do <strong>de</strong>slumbramento,<br />
e oferecem <strong>ao</strong>s jovens lições vividas<br />
pelos personagens que os auxiliam<br />
a enfrentar os <strong>de</strong>safios da sua própria<br />
vida. Ao ler e discutir em grupo<br />
estas obras, os jovens fazem uma<br />
viagem a um outro tempo, cheio <strong>de</strong><br />
imagens, herois, valores e formas <strong>de</strong><br />
conduta que passam a fazer parte<br />
do seu repertório, da sua formação<br />
para a vida. Como os sonhos e os<br />
mitos, estas obras pertencem a um<br />
patrimônio coletivo, à rica experiência<br />
da humanida<strong>de</strong>.<br />
É importante saber que todas as<br />
obras inseridas no repertório foram<br />
antes testadas, muitas vezes, em<br />
pequenos grupos, com multiplicadores<br />
e alunos convidados. É feito<br />
um laboratório intenso da equipe<br />
do IFB em relação <strong>ao</strong> conteúdo <strong>de</strong><br />
cada livro escolhido, permitindo<br />
avaliar como enriquecer o <strong>de</strong>bate<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias. O livro antes <strong>de</strong> ser<br />
indicado para o <strong>Círculos</strong> <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong>,<br />
passa por um processo <strong>de</strong> preparação,<br />
que <strong>de</strong>manda pelo menos seis<br />
meses <strong>de</strong> trabalho.<br />
As obras são trabalhadas sistematicamente<br />
e não são muitas, pois<br />
o objetivo é aprofundar os temas.<br />
Além disto, faz parte do método<br />
apren<strong>de</strong>r a se concentrar em uma<br />
tarefa. Só assim se po<strong>de</strong> transmitir<br />
e falar das profun<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> uma<br />
obra, <strong>de</strong> forma simples e familiar,<br />
que po<strong>de</strong> tocar aquele que está<br />
ouvindo. Deste modo, atinge-se uma<br />
das tarefas primordiais mencionadas<br />
pelo escritor Elias Canetti: “Criar<br />
mais e mais espaço <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si<br />
próprio... espaço para o saber... espaço<br />
para os seres humanos, com os<br />
quais se vivencia”. Busca-se o universo<br />
primário da obra para que os<br />
participantes sintam emoções neste<br />
contato e a partir <strong>de</strong>las possam dar<br />
significado <strong>ao</strong> mundo. O essencial<br />
é que o multiplicador acredite<br />
que as pessoas têm capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
apren<strong>de</strong>r, e possa se colocar como<br />
alguém que foi profundamente tocado<br />
por uma história, uma poesia,<br />
e está lá porque cada vez que as<br />
conta ou recita <strong>de</strong> novo, apren<strong>de</strong><br />
mais e se sente feliz. A partir da<br />
emoção suscitada, aí sim <strong>de</strong>spertos,<br />
os participantes se colocam a<br />
pensar, a refletir e a agir.<br />
A leitura transforma<br />
Parte <strong>de</strong> nossa tarefa é mostrar <strong>ao</strong>s<br />
jovens o passado, não como algo<br />
que os atrapalhe, mas como fonte<br />
<strong>de</strong> força para a sua criativida<strong>de</strong> e<br />
realização. A leitura em voz alta, em<br />
grupo, <strong>de</strong>ssas gran<strong>de</strong>s obras nos<br />
propicia um encontro verda<strong>de</strong>iro<br />
com um passado vivo, que nos ajuda<br />
a pensar e enten<strong>de</strong>r o presente.<br />
Esse olhar para o passado como<br />
continuida<strong>de</strong> viva nos permite olhar<br />
para as pessoas <strong>ao</strong> nosso redor<br />
como companheiras nessa viagem.<br />
A liberda<strong>de</strong> seria justamente po<strong>de</strong>r<br />
escolher nossos parceiros, pessoas<br />
com as quais po<strong>de</strong>mos apren<strong>de</strong>r e<br />
trabalhar juntos. Por isso Teseu e<br />
Fabiano são nossos herois. Souberam<br />
como juntar forças, encontrando<br />
aliados, companheiros, para<br />
realizar sua tarefa e seu talento por<br />
inteiro.
Expressão Verbal<br />
Nos dias 25 e 26 <strong>de</strong> março; e 07 e<br />
08 <strong>de</strong> outubro, o Professor Reinaldo<br />
Polito (Mestre em Ciências da<br />
Comunicação, tendo lançado 19<br />
livros abordando os mais diversos<br />
assuntos relacionados <strong>ao</strong> tema) e<br />
sua equipe, realizaram o Curso <strong>de</strong><br />
Expressão Verbal, para os supervisores<br />
e apoios do projeto <strong>Círculos</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Leitura</strong>, e participantes do Programa<br />
<strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Jovens Empresários<br />
da Fundação O<strong>de</strong>brecht.<br />
Com ativida<strong>de</strong>s variadas, os 30<br />
participantes pu<strong>de</strong>ram testar suas<br />
capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação e<br />
se <strong>de</strong>frontar com a própria imagem,<br />
após terem sido filmados em<br />
ativida<strong>de</strong>. Esses exercícios visaram<br />
melhorar o posicionamento e preparação<br />
dos jovens diante <strong>de</strong> novos<br />
<strong>de</strong>safios, como reuniões, apresentações<br />
e na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.<br />
O grupo recebeu orientações <strong>de</strong><br />
como falar com <strong>de</strong>sembaraço,<br />
eficácia, eficiência e naturalida<strong>de</strong>.<br />
Apren<strong>de</strong>ram técnicas para enfrentar<br />
seus medos e conquistar o público,<br />
passando com credibilida<strong>de</strong>, mensagens<br />
que representem <strong>de</strong> forma positiva<br />
a imagem da sua organização.<br />
Ao mesclar teoria e prática, o curso<br />
ofereceu diversas oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> interação entre os participantes,<br />
fazendo com que assimilassem e<br />
<strong>de</strong>senvolvessem os ensinamentos.<br />
Ficou clara a importância da preparação<br />
na realização <strong>de</strong> apresentações.<br />
Ao <strong>de</strong>monstrar conhecimento<br />
e domínio do que está falando é<br />
Encerramento do segundo encontro do Curso <strong>de</strong> Expressão Verbal com Reinaldo Polito<br />
que se alcança a credibilida<strong>de</strong>, objetivo<br />
<strong>de</strong> toda comunicação. Quanto<br />
mais preparado estivermos, mais<br />
natural seremos, e mais credibilida<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>remos conquistar.<br />
As técnicas e recomendações do<br />
prof. Polito abriram caminho para<br />
que os jovens <strong>de</strong>senvolvam seus<br />
projetos, sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negociar<br />
e enxergar os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> uma<br />
maneira mais lógica e objetiva.<br />
“Falar bem é um sinônimo <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>!<br />
As pessoas que se expressam<br />
são mais integradas, participativas,<br />
tolerantes, e que têm nas mãos uma<br />
‘chave’ que serve para ‘abrir’ todas as<br />
portas que <strong>de</strong>sejarem na vida. Meu<br />
trabalho junto com esses jovens<br />
do Baixo Sul foi extremamente<br />
gratificante. É impressionante o<br />
amadurecimento do grupo, a forma<br />
como projetam sua personalida<strong>de</strong>,<br />
como veem a vida. Com certeza<br />
serão Lí<strong>de</strong>res extr<strong>ao</strong>rdinários, Lí<strong>de</strong>res<br />
do bem, que vão ajudar muitas<br />
pessoas.”<br />
Professor Reinaldo Polito, especialista<br />
em Oratória<br />
11
12<br />
A Força da <strong>Leitura</strong><br />
“A parceria da Fundação O<strong>de</strong>brecht com o Instituto Fernand Brau<strong>de</strong>l, permite<br />
apresentar <strong>ao</strong>s jovens do Baixo Sul da Bahia, os gran<strong>de</strong>s pensadores,<br />
como Nietzsche, Platão, Kazantzakis, Dostoievski, Shakeaspeare, Charles<br />
Dickens, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e Machado <strong>de</strong> Assis, <strong>de</strong>ntre outros.<br />
Na leitura e reflexão em grupo, os jovens se i<strong>de</strong>ntificam profundamente<br />
com os temas e herois <strong>de</strong>ssas obras, que falam da experiência humana.<br />
Desenvolvem valores éticos <strong>ao</strong> mesmo tempo em que apren<strong>de</strong>m a pensar,<br />
contextualizar, associar i<strong>de</strong>ias, correlacionar conteúdos diversos, enca<strong>de</strong>ar<br />
<strong>de</strong> modo lógico, o pensamento.”<br />
Rubens Ricupero – Embaixador; Diretor do Instituto Fernand Brau<strong>de</strong>l;<br />
membro do Conselho da O<strong>de</strong>brecht S.A; Diretor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Economia<br />
da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP)<br />
“Como imaginar que uma ‘geração <strong>de</strong> excluídos’ pu<strong>de</strong>sse ser capaz <strong>de</strong> buscar<br />
o seu espaço e o seu tempo, construindo ousados sonhos <strong>de</strong> um futuro<br />
absolutamente distante da realida<strong>de</strong> em que seus pais viveram? Como<br />
imaginar que os jovens pu<strong>de</strong>ssem se encantar, e encantar a quem chega,<br />
com os ensinamentos aprendidos com Nietzsche, Platão, Shakeaspeare,<br />
Homero, Kazantzakis, Machado <strong>de</strong> Assis, Cecília Meireles, T.S. Eliot, <strong>de</strong>ntre<br />
outros gran<strong>de</strong>s autores?”<br />
Clovis Faleiro – Relações Institucionais da Fundação O<strong>de</strong>brecht e Coor<strong>de</strong>nador<br />
do Programa <strong>Tributo</strong> <strong>ao</strong> <strong>Futuro</strong><br />
“Percebo que o projeto tem um objetivo muito interessante, que é i<strong>de</strong>ntificar<br />
novos talentos, contribuindo para <strong>de</strong>scobrirmos nossas potencialida<strong>de</strong>s.<br />
Passei a perceber que no primeiro momento uma história po<strong>de</strong> parecer sem<br />
sentido, mas se torna grandiosa com a reflexão em grupo, pois acontece a<br />
construção coletiva das i<strong>de</strong>ias, facilitando nosso relacionamento na sala <strong>de</strong><br />
aula e no convívio social.”<br />
Leandro da Silva – 17 anos, aluno do Colégio Municipal Catarina Borges <strong>de</strong><br />
Sena, em Presi<strong>de</strong>nte Tancredo Neves