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Caderno de formação - Acervo Digital da Unesp

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<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>formação</strong><br />

Formação <strong>de</strong> Professores<br />

Educação Infantil: Princípios e Fun<strong>da</strong>mentos<br />

volume 3<br />

São Paulo<br />

2010<br />

CADA VEZ MELHOR


2<br />

© 2010, BY UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA<br />

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO<br />

Rua Quirino <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, 215 - CEP 01049-010 - São Paulo - SP<br />

Tel.(11) 5627-0245<br />

www.unesp.br<br />

UNIVESP - UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO<br />

Secretaria <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia<br />

Rua Bela Cintra, 847 - Consolação<br />

CEP: 01014-000 - São Paulo SP<br />

Tel. (11) 3218 5784<br />

PROJETO GRÁFICO, ARTE E DIAGRAMAÇÃO<br />

Lili Lungarezi<br />

NEaD - Núcleo <strong>de</strong> Educação a Distância<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual Paulista. Pró-Reitoria <strong>de</strong> Graduação<br />

U58c <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>formação</strong>: didática dos conteúdos <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professores /<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual Paulista. Pró-Reitoria <strong>de</strong> Graduação; Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Virtual do Estado <strong>de</strong> São Paulo. – São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011.<br />

v. 1 ; 200 p. ; 28 cm. – (Curso <strong>de</strong> Pe<strong>da</strong>gogia)<br />

ISBN 978-85-7983-133-1<br />

1. Formação <strong>de</strong> professores. 2. Didática dos conteúdos. 3. Educação<br />

infantil. I. Autor. II. Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Virtual do Estado <strong>de</strong> São Paulo. III.<br />

Título.<br />

CDD 370.19


GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO<br />

Governador<br />

Geraldo Alckmin<br />

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA<br />

Secretário<br />

Guilherme Afif Domingos<br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA<br />

Reitor Afastado<br />

Herman Jacobus Cornelis Voorwald<br />

Vice-Reitor no Exercício <strong>da</strong> Reitoria<br />

Julio Cezar Durigan<br />

Chefe <strong>de</strong> Gabinete<br />

Carlos Antonio Gamero<br />

Pró-Reitora <strong>de</strong> Graduação<br />

Sheila Zambello <strong>de</strong> Pinho<br />

Pró-Reitora <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />

Marilza Vieira Cunha Rudge<br />

Pró-Reitora <strong>de</strong> Pesquisa<br />

Maria José Soares Men<strong>de</strong>s Giannini<br />

Pró-Reitora <strong>de</strong> Extensão Universitária<br />

Maria Amélia Máximo <strong>de</strong> Araújo<br />

Pró-Reitor <strong>de</strong> Administração<br />

Ricardo Samih Georges Abi Rached<br />

Secretária Geral<br />

Maria Dalva Silva Pagotto<br />

FUNDUNESP - Diretor Presi<strong>de</strong>nte<br />

Luiz Antonio Vane<br />

Cultura Acadêmica Editora<br />

Praça <strong>da</strong> Sé, 108 - Centro<br />

CEP: 01001-900 - São Paulo-SP<br />

Telefone: (11) 3242-7171<br />

3


4<br />

Pe<strong>da</strong>gogia <strong>Unesp</strong>/Univesp<br />

Sheila Zambello <strong>de</strong> Pinho<br />

Coor<strong>de</strong>nadora Geral e Pró-Reitora <strong>de</strong> Graduação<br />

Ana Maria Martins <strong>da</strong> Costa Santos<br />

Coor<strong>de</strong>nadora Pe<strong>da</strong>gógica<br />

Klaus Schlünzen Junior<br />

Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Mídias<br />

Lour<strong>de</strong>s Marcelino Machado<br />

Coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> Capacitação<br />

CONSELHO DO CURSO DE PEDAGOGIA<br />

Ana Maria Martins <strong>da</strong> Costa Santos<br />

Presi<strong>de</strong>nte<br />

Celestino Alves <strong>da</strong> Silva Júnior<br />

Célia Maria Guimarães<br />

Edson do Carmo Inforsato<br />

Gustavo Isaac Killner<br />

João Cardoso Palma Filho<br />

Rosângela <strong>de</strong> Fátima Corrêa Fileni<br />

Tereza Maria Malatian<br />

SECRETARIA<br />

Cecília Specian<br />

Fúlvia Maria Pavan An<strong>de</strong>rlini<br />

Ivonette <strong>de</strong> Matos<br />

PROGRAD/Reitoria<br />

NEaD - Núcleo <strong>de</strong> Educação a Distância / UNESP<br />

Klaus Schlünzen Junior<br />

Coor<strong>de</strong>nador Geral<br />

TECNOLOGIA E INFRAESTRUTURA<br />

Pierre Archag Isken<strong>de</strong>rian<br />

Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Grupo<br />

André Luís Rodrigues Ferreira<br />

Marcos Roberto Greiner<br />

Pedro Cássio Bissetti<br />

Rodolfo Mac Kay Martinez Parente<br />

PRODUÇÃO, VEICULAÇÃO E GESTÃO DE MATERIAL<br />

Eliane Apareci<strong>da</strong> Galvão Ribeiro Ferreira<br />

Elisandra André Maranhe<br />

Liliam Lungarezi <strong>de</strong> Oliveira<br />

Márcia Debieux <strong>de</strong> Oliveira Lima<br />

Pamela Gouveia<br />

Valter Rodrigues <strong>da</strong> Silva<br />

ADMINISTRAÇÃO<br />

Sueli Maiellaro Fernan<strong>de</strong>s<br />

Suellen Araújo


Apresentação<br />

A palavra que <strong>de</strong>fine o significado para o oferecimento <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> Pe<strong>da</strong>gogia na mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> a<br />

distância é “<strong>de</strong>safio”. Para a Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual Paulista – <strong>Unesp</strong> encarar <strong>de</strong>safios já faz parte <strong>de</strong> sua<br />

história, diante <strong>de</strong> seu compromisso com uma Educação Superior <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, com especial vocação<br />

para a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professores.<br />

Os tempos mo<strong>de</strong>rnos, entretanto, conduzem-nos a novos contextos e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, <strong>de</strong><br />

maneira justa, cobra-nos ações que venham ao encontro <strong>de</strong> um cenário que requer um repensar sobre<br />

as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> educação superior <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, diante <strong>de</strong> tantas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s a serem<br />

supera<strong>da</strong>s por um Brasil que preten<strong>de</strong> alcançar níveis <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> compatíveis com nosso potencial <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Diante do que se coloca como compromissos para a construção <strong>de</strong> um Brasil melhor, a <strong>Unesp</strong><br />

<strong>de</strong> maneira responsável e organiza<strong>da</strong> trabalha no sentido <strong>de</strong> continuar a oferecer seus serviços com fiel<br />

propósito <strong>de</strong> contribuir para a Educação brasileira. Para isso, investe <strong>de</strong> maneira intensa na tría<strong>de</strong> Ensino-<br />

Pesquisa-Extensão, sendo uma <strong>da</strong>s principais Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s brasileiras na produção do conhecimento,<br />

na <strong>formação</strong> <strong>de</strong> recursos humanos qualificados e competentes, além <strong>da</strong> ampla inserção social, por meio<br />

dos projetos <strong>de</strong> extensão, nas diversas regiões do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

A recente história <strong>da</strong> <strong>Unesp</strong> mostra a maneira como ela se organizou para chegar até o presente<br />

momento. Des<strong>de</strong> 2005 a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Unesp</strong>iana vem discutindo em to<strong>da</strong>s as suas instâncias e fóruns<br />

o uso <strong>da</strong>s tecnologias no processo educacional. Em 2006 aprovou sua regulamentação interna para<br />

iniciativas <strong>de</strong> educação a distância, tornando-se uma <strong>da</strong>s primeiras universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s brasileiras a adotar<br />

uma orientação amplamente avalia<strong>da</strong> pela comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> universitária sobre o assunto. Atualmente, esta<br />

regulamentação serve como norteadora <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as iniciativas <strong>da</strong> <strong>Unesp</strong> na mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> a distância.<br />

No mesmo ano, a Pró-Reitoria <strong>de</strong> Graduação iniciou um trabalho pioneiro com um programa <strong>de</strong><br />

capacitação <strong>de</strong> seus professores por meio <strong>da</strong>s “Oficinas Pe<strong>da</strong>gógicas”, que visavam oferecer <strong>formação</strong><br />

contínua aos professores <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> que voluntariamente se apresentavam para participar. Este<br />

programa foi <strong>de</strong> tamanha relevância para a <strong>Unesp</strong> que culminou com a criação do Núcleo <strong>de</strong> Estudos<br />

e Práticas Pe<strong>da</strong>gógicas – NEPP, um reconhecimento <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> para a importância <strong>de</strong> <strong>formação</strong><br />

permanente <strong>de</strong> seus professores. A iniciativa fez com que o nosso corpo docente passasse a refletir sobre<br />

sua prática pe<strong>da</strong>gógica e buscar novas metodologias e recursos. Os reflexos do trabalho já são visíveis<br />

com os relatos <strong>de</strong> professores e alunos sobre os avanços acadêmicos, muitos <strong>de</strong>les refletidos nos próprios<br />

instrumentos oficiais <strong>de</strong> avaliação, como nossa constante melhoria <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho no ENADE e em outros<br />

instrumentos <strong>de</strong> avaliação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil.<br />

Outro aspecto a ser consi<strong>de</strong>rado é que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005, graças aos constantes investimentos <strong>da</strong><br />

Reitoria, por meio <strong>da</strong> Pró-Reitoria <strong>de</strong> Graduação, com especial <strong>de</strong>staque ao “Programa <strong>de</strong> Melhoria<br />

<strong>da</strong> Graduação”, são disponibilizados recursos financeiros para melhoria e ampliação <strong>de</strong> materiais e<br />

tecnologias para nossos docentes e alunos. Um importante indicador <strong>de</strong>ssas inovações implanta<strong>da</strong>s na<br />

<strong>Unesp</strong> é que atualmente mais <strong>de</strong> um terço <strong>de</strong> nossos alunos e professores utilizam ambientes virtuais<br />

5


6<br />

<strong>de</strong> aprendizagem como apoio às aulas presenciais. Estamos investindo na construção <strong>de</strong> um acervo<br />

digital acadêmico para enriquecer as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s didáticas, bem como, oferecer acesso público à<br />

in<strong>formação</strong> e ao conhecimento produzido pela <strong>Unesp</strong>. A produção <strong>de</strong> material didático também<br />

é apoia<strong>da</strong> pela Pró-Reitoria <strong>de</strong> Graduação, entre tantos outros exemplos que são conduzidos e<br />

oferecidos em nossas Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Universitárias.<br />

Os Núcleos <strong>de</strong> Ensino, outro significativo projeto <strong>da</strong> Pró-Reitoria <strong>de</strong> Graduação <strong>da</strong> <strong>Unesp</strong>,<br />

também colaboram <strong>de</strong> maneira direta na <strong>formação</strong> dos nossos futuros professores, além <strong>de</strong> manter<br />

uma estreita parceria com a capacitação dos professores em exercício na re<strong>de</strong> pública. São 14<br />

Núcleos distribuídos em nossos Campi em todo o Estado <strong>de</strong> São Paulo com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

pesquisas e ações <strong>de</strong> interesse do ensino básico e <strong>da</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> seus professores.<br />

Este sucinto relato <strong>de</strong> nosso recente caminhar fez-se para contextualizar um pouco o <strong>de</strong>safio<br />

que apresentamos no início, ou seja, a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecermos nosso primeiro curso <strong>de</strong><br />

graduação a distância, criado por meio <strong>da</strong> Resolução <strong>Unesp</strong> no. 77/2009. A maturi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>Unesp</strong><br />

para a concepção do curso <strong>de</strong> Pe<strong>da</strong>gogia no âmbito <strong>da</strong> Univesp já se fez presente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do<br />

projeto. Passamos muito tempo avaliando e discutindo-o, até chegarmos a uma proposta final que<br />

foi aprova<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as instâncias universitárias, possibilitando hoje implantarmos o curso <strong>de</strong><br />

Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> <strong>Unesp</strong> cuja característica principal é a <strong>de</strong> oferecer todo o conhecimento acadêmico<br />

para a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professores, articulado ao uso <strong>da</strong>s tecnologias digitais, como a Internet e a TV-<br />

<strong>Digital</strong>.<br />

Sabemos que o pioneirismo sempre traz consigo as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s na escolha dos caminhos a<br />

trilhar, entretanto, temos a plena convicção que estamos reunindo to<strong>da</strong> a experiência, competência<br />

e tradição <strong>da</strong> <strong>Unesp</strong>, juntamente com o apoio <strong>da</strong> Secretaria <strong>de</strong> Ensino Superior do Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo, para oferecermos um curso <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, contribuindo para a capacitação do professor em<br />

serviço no Estado, sem a <strong>formação</strong> superior para o exercício <strong>da</strong> profissão docente.<br />

O <strong>de</strong>safio é novo e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, porém necessário e importante para avançarmos<br />

como uma Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> volta<strong>da</strong> para aten<strong>de</strong>r aos anseios <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, para oportunizarmos a<br />

construção <strong>de</strong> novos ambientes <strong>de</strong> aprendizagem que utilizem as tecnologias contemporâneas<br />

para oferecer Educação a um país que precisa encontrar alternativas consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s para superar<br />

seus problemas sociais. A educação é, indubitavelmente, o caminho para o país que almejamos. A<br />

<strong>formação</strong> <strong>de</strong> bons professores é, sem dúvi<strong>da</strong>, o primeiro passo para realizarmos esse sonho.<br />

Bom trabalho a todos!!<br />

Sheila Zambello <strong>de</strong> Pinho


Sumário<br />

Educação Infantil: Princípios e Fun<strong>da</strong>mentos - Volume 3<br />

Educação Infantil- Diferentes formas <strong>de</strong> linguagem<br />

expressivas e comunicativas<br />

Introdução - Visão Geral <strong>da</strong> Disciplina 10<br />

Célia Maria Guimarães<br />

Educação infantil e arte: sentidos e práticas possíveis 27<br />

Luciana Esmeral<strong>da</strong> Ostetto<br />

Linguagem e mundo: ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas como construção <strong>de</strong> sentidos 40<br />

Maria Angélica Freire <strong>de</strong> Carvalho<br />

A linguagem oral e as crianças – possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho na educação infantil 52<br />

Silvana <strong>de</strong> Oliveira Augusto<br />

O movimento do corpo infantil: uma linguagem <strong>da</strong> criança 65<br />

Marynelma Camargo Garanhani<br />

Lorena <strong>de</strong> F. Nadolny<br />

Entrelaçando diferentes linguagens na educação infantil: reflexões e práticas 75<br />

Maria Cristina dos Santos Peixoto<br />

Leny Cristina Soares Souza Azevedo<br />

Grafismo infantil: leitura e <strong>de</strong>senvolvimento 91<br />

Célia Ceschin Silva Pereira<br />

Maryahn Koehler Silva<br />

Música na educação infantil: reflexões e proposta didática para professores<br />

não-especialistas 97<br />

Maria Flávia Silveira Barbosa<br />

A expressão musical e a criança <strong>de</strong> zero a cinco anos 109<br />

Monique Andries Nogueira<br />

A linguagem escrita e as crianças - superando mitos na educação infantil 121<br />

Silvana <strong>de</strong> Oliveira Augusto<br />

Literatura infantil e educação infantil: Um gran<strong>de</strong> encontro 135<br />

Gládis Elise Pereira <strong>da</strong> Silva Kaercher<br />

Pressupostos para o trabalho docente com a matemática na educação infantil 143<br />

Carmen Campoy Scriptori<br />

Agen<strong>da</strong>s e Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s 156<br />

7


eleza<br />

Educação Infantil:<br />

Diferentes formas <strong>de</strong> Linguagem<br />

Expressivas e Comunicativas<br />

Célia Maria Guimarães<br />

Professora assistente Doutora do Departamento <strong>de</strong> Educação e docente do<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Educação <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual<br />

Paulista Júlio <strong>de</strong> Mesquita Filho, campus <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte. Membro<br />

do corpo editorial <strong>da</strong> revista Nuances - estudos em educação. Desenvolve<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa na área <strong>da</strong> educação infantil sobre representações<br />

sociais, trabalho docente, <strong>formação</strong> inicial e em serviço <strong>de</strong> professores.<br />

"Educar a inteligência é dilatar o horizonte dos seus <strong>de</strong>sejos<br />

e <strong>da</strong>s suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s."<br />

James Russell Lowell<br />

Bloco1<br />

Formação Geral<br />

Módulo 3<br />

Educação Infantil: Princípios e Fun<strong>da</strong>mentos<br />

alegria<br />

Disciplina 14<br />

Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem Expressivas e Comunicativas


10<br />

Visão Geral <strong>da</strong> Disciplina<br />

Educação Infantil:<br />

Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem<br />

expressivas e comunicativas<br />

To<strong>da</strong> pessoa gran<strong>de</strong> foi criança um dia...<br />

Mas poucas se lembram disso.<br />

(Antoine <strong>de</strong> Saint-Exupéry)<br />

A presente disciplina procura congregar conteúdos formativos <strong>da</strong> Área Curricular <strong>da</strong><br />

Educação Infantil que reúne as diferentes formas <strong>de</strong> linguagem próprias <strong>da</strong> criança pequena<br />

em sua busca <strong>de</strong> estabelecer relação com seu ambiente. Essas “linguagens” serão consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s<br />

a partir <strong>da</strong> tripla função: lúdico-criativa, comunicativa e representativa na Educação<br />

Infantil.<br />

A disciplina tem a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> promover o conhecimento sobre o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>da</strong> linguagem e a compreensão <strong>da</strong>s diferentes formas <strong>de</strong> linguagem como modos <strong>de</strong> a criança<br />

pequena interagir, <strong>de</strong> se comunicar, <strong>de</strong> interpretar e expressar, bem como dimensionar o<br />

papel do professor em relação à organização do ambiente (espaço-físico e as interações que<br />

nele se estabelecem), do tempo e <strong>da</strong>s propostas/situações <strong>de</strong> aprendizagem a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s às<br />

especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> faixa etária.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que a criança pequena interage, interpreta, expressa e representa o mundo<br />

lançando mão <strong>da</strong>s mais varia<strong>da</strong>s e diferentes possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s lúdicas, expressivas e criativas,<br />

o futuro professor <strong>de</strong> crianças pequenas (e o gestor <strong>de</strong> creche, e <strong>de</strong> pré-escola) precisa<br />

compreen<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>senvolver conhecimentos teóricos, e práticos a respeito. Para ser capaz <strong>de</strong><br />

elaborar propostas educativas, ele precisa levar em conta a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> dos interesses e as<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s crianças <strong>da</strong> educação infantil, observando as diferentes faixas etárias que<br />

a compõe.<br />

A presença <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conteúdos nesta disciplina, caracterizados<br />

por muitos elementos conceituais, teóricos e práticos, exigirá dos formadores o cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong><br />

não reduzir o processo formativo ao nível meramente informativo que em na<strong>da</strong> contribuirá<br />

para revisão e superação <strong>de</strong> antigas crenças equivoca<strong>da</strong>s sobre a criança pequena e sobre o<br />

trabalho pe<strong>da</strong>gógico na educação infantil.


É importante frisar que, no espaço <strong>de</strong>ste ca<strong>de</strong>rno, não esgotaremos to<strong>da</strong>s as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalho com as várias formas <strong>de</strong> linguagem lúdico-criativas, comunicativas e<br />

representativas possíveis <strong>de</strong> serem contempla<strong>da</strong>s no trabalho pe<strong>da</strong>gógico com a criança <strong>da</strong><br />

creche e <strong>da</strong> pré-escola. Contudo, ca<strong>da</strong> conteúdo será <strong>de</strong>senvolvido utilizando várias formas<br />

<strong>de</strong> linguagem e diferentes estratégias <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> modo que você po<strong>de</strong>rá discutir, refletir e,<br />

em várias ocasiões, vivenciar a linguagem como forma <strong>de</strong> expressão, comunicação, representação<br />

e <strong>de</strong> interação social. A compreensão <strong>de</strong>stas características <strong>da</strong> linguagem será fun<strong>da</strong>mental<br />

para que, a partir <strong>da</strong>s informações e <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s disponibiliza<strong>da</strong>s, você elabore<br />

os conhecimentos que permitirão a generalização e aplicação dos mesmos na dinâmica do<br />

cotidiano <strong>da</strong> creche e <strong>da</strong> pré-escola, seja na condição <strong>de</strong> professor <strong>da</strong> educação infantil ou em<br />

funções <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong>stes espaços <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos e educação.<br />

Estu<strong>da</strong>remos os conteúdos a seguir, na or<strong>de</strong>m como se apresenta abaixo, a partir dos<br />

objetivos propostos:<br />

1. INTRODUÇÃO AO TEMA- 1ª parte<br />

Objetivos:<br />

Favorecer a compreensão do papel <strong>da</strong> educação infantil, do professor <strong>da</strong> creche e <strong>da</strong><br />

pré-escola, e dos gestores em relação ao trabalho com as diferentes formas <strong>de</strong> linguagem<br />

<strong>da</strong> criança pequena. Esta compreensão <strong>de</strong>verá ocorrer articula<strong>da</strong>mente à discussão sobre os<br />

direitos <strong>da</strong> criança pequena, à concepção <strong>de</strong> infância/criança veicula<strong>da</strong> pelos documentos<br />

oficiais e pela literatura <strong>da</strong> área, bem como a uma concepção <strong>de</strong> educação <strong>da</strong> criança pequena.<br />

Preten<strong>de</strong>-se dimensionar a organização do ambiente (espaço físico e as interações) como<br />

facilitador ou como entrave ao trabalho com as várias formas <strong>de</strong> linguagem e propiciar uma<br />

análise crítica <strong>da</strong> tendência <strong>de</strong> antecipar as rotinas e as práticas pe<strong>da</strong>gógicas dos anos iniciais<br />

do ensino fun<strong>da</strong>mental em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong> valorização <strong>da</strong>s várias formas <strong>de</strong> linguagem<br />

infantis.<br />

2. INTRODUÇÃO AO TEMA- 2ª Parte<br />

Objetivos:<br />

Promover a introdução (critica/reflexiva) ao estudo <strong>da</strong> origem <strong>da</strong> linguagem compreendi<strong>da</strong><br />

como interação e discuti-la como forma <strong>de</strong> expressão, comunicação, representação e<br />

<strong>de</strong> interação social. Conhecer o processo <strong>de</strong> construção dos sistemas <strong>de</strong> representação, tarefa<br />

11


12<br />

Visão Geral <strong>da</strong> Disciplina<br />

primordial no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança pequena, articulando conceitos teóricos ao trabalho<br />

prático com as linguagens expressivas na creche e na pré-escola sem relegar a necessária<br />

articulação <strong>da</strong>s três funções: lúdico-criativa, comunicativa e representativa.<br />

3. LINGUAGEM OR AL<br />

Objetivo:<br />

Analisar o processo <strong>da</strong> aquisição e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> linguagem oral pela criança<br />

<strong>de</strong> zero a cinco anos, dimensionar o papel do professor/gestor e as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho<br />

pe<strong>da</strong>gógico consi<strong>de</strong>rando as especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s diferentes faixas etárias.<br />

4. EXPRESSÃO CORPORAL - LINGUAGEM DA<br />

CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Objetivos:<br />

Enfocar o trabalho na educação infantil com o movimento do corpo, o espaço do brincar<br />

e as diferentes formas <strong>de</strong> expressão corporal; compreen<strong>de</strong>r o que é expressão corporal na<br />

faixa etária entre zero e cinco anos, dimensionar o papel do professor/gestor e as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalho pe<strong>da</strong>gógico.<br />

5. EXPRESSÃO E PRODUÇÃO VISUAL E PLÁSTICA<br />

NA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

ZERO A CINCO ANOS<br />

Objetivos:<br />

Discutir a expressão plástica e visual como forma <strong>de</strong> interlocução <strong>da</strong> criança na família,<br />

na educação infantil e na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>; a importância para seu <strong>de</strong>senvolvimento estético e integral,<br />

bem como para as aprendizagens próprias <strong>da</strong> faixa etária; as várias manifestações plásticas<br />

e visuais <strong>de</strong> nossa cultura, e produção <strong>de</strong> cultura pela criança, além <strong>da</strong> expressão artística<br />

no nosso cotidiano; e os traços mais importantes <strong>da</strong> comunicação artística. Compreen<strong>de</strong>r a expressão<br />

plástica e visual como experiência essencial <strong>da</strong> existência do ser humano, <strong>de</strong> tal forma<br />

que ele procura se aproximar sempre <strong>de</strong>la, como criador ou como receptor; a intervenção do<br />

professor como elemento facilitador no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> linguagem plástica e<br />

visual na educação infantil; e o gosto como pessoal, mas passível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.


6. O DESENHO INFANTIL É LINGUAGEM!<br />

Objetivos:<br />

Elaborar o entendimento sobre o <strong>de</strong>senho infantil como forma <strong>de</strong> interlocução <strong>da</strong><br />

criança na família, na escola e na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Conhecer as práticas pe<strong>da</strong>gógicas (e seus fun<strong>da</strong>mentos)<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s à criança entre zero e cinco anos. Refletir sobre a crítica fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong><br />

aos <strong>de</strong>senhos estereotipados usados para criança copiar, apenas colorir, reproduzir etc.<br />

7. A EXPRESSÃO MUSICAL E A MUSICALIZAÇÃO<br />

NA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Objetivos:<br />

Dimensionar o papel <strong>da</strong> educação infantil e do professor em relação ao trabalho com a<br />

expressão musical e a musicalização. Compreen<strong>de</strong>r a inter-relação com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

infantil e as aprendizagens próprias <strong>da</strong>s i<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Discutir a música como forma <strong>de</strong> linguagem<br />

<strong>da</strong> criança e como forma <strong>de</strong> comunicação, representação, expressão, e interação social. Debater<br />

sobre as experiências musicais que dialogam com as diversas formas <strong>de</strong> linguagem infantis<br />

(brinca<strong>de</strong>iras, lúdico, culturas infantis etc.), observando as especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s faixas<br />

etárias entre zero e cinco anos.<br />

8. A LINGUAGEM ESCRITA E O LETRAMENTO<br />

NA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Objetivos:<br />

Analisar o papel <strong>da</strong> educação infantil e do professor em relação ao processo <strong>de</strong> letramento<br />

e <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> linguagem escrita pela criança <strong>de</strong> zero a cinco anos. Dimensionar<br />

as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho pe<strong>da</strong>gógico a<strong>de</strong>quado à especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> faixa etária. Fazer<br />

análise crítica fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> a respeito <strong>da</strong> tendência <strong>de</strong> antecipação <strong>da</strong>s rotinas e <strong>da</strong>s práticas<br />

pe<strong>da</strong>gógicas dos anos iniciais do ensino fun<strong>da</strong>mental em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong> valorização<br />

<strong>da</strong> linguagem escrita e <strong>da</strong>s práticas sociais reais com a escrita. Discutir o caráter social <strong>da</strong><br />

escrita, enfocando especialmente a alfabetização, o letramento. Apren<strong>de</strong>r as semelhanças e<br />

diferenças entre alfabetização e letramento. Criticar o arremedo <strong>da</strong>s práticas dos anos iniciais<br />

do ensino fun<strong>da</strong>mental. I<strong>de</strong>ntificar procedimentos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem <strong>de</strong> escritos<br />

a<strong>de</strong>quados às crianças entre zero e cinco anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

13


14<br />

Visão Geral <strong>da</strong> Disciplina<br />

9. O LUGAR DA LITERATURA INFANTIL NA<br />

CRECHE E NA PRÉ-ESCOLA<br />

Objetivos:<br />

Compreen<strong>de</strong>r a literatura infantil como uma <strong>da</strong>s várias linguagens importantes ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e à aprendizagem <strong>da</strong> criança pequena, articulando conceitos teóricos ao trabalho<br />

prático na creche e na pré-escola. Enten<strong>de</strong>r o valor do trabalho com <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> narrativa nesta faixa etária. Apreen<strong>de</strong>r os meios <strong>de</strong> oferecer o acesso à cultura<br />

e produção <strong>de</strong> cultura na creche e na pré-escola. Verificar a importância dos contos <strong>de</strong> fa<strong>da</strong>s<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento linguístico e estético. Interagir com as diferentes manifestações<br />

literárias possíveis na educação infantil.<br />

10. LINGUAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO<br />

INFANTIL<br />

Objetivos:<br />

Caracterizar a concepção <strong>de</strong> trabalho com a linguagem matemática na educação infantil.<br />

Compreen<strong>de</strong>r a natureza <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s utiliza<strong>da</strong>s para o trabalho com a matemática na<br />

educação infantil, <strong>de</strong> modo especial, a resolução <strong>de</strong> problemas articula<strong>da</strong> ao aspecto lúdico-<br />

-criativo dos jogos. Refletir sobre como se planeja o trabalho com a resolução <strong>de</strong> problemas,<br />

como se resolve um problema e como, e por que se <strong>de</strong>ve registrar as soluções encontra<strong>da</strong>s.<br />

Dimensionar as formas <strong>de</strong> registrar soluções e como orientar a criança. Enten<strong>de</strong>r o papel e a<br />

atuação do professor ao observar e registrar, enfim interferir no processo <strong>de</strong> <strong>formação</strong>. Criticar<br />

e superar a tendência <strong>de</strong>, na educação infantil, fazer cópia <strong>de</strong> práticas pe<strong>da</strong>gógicas dos<br />

anos iniciais do ensino fun<strong>da</strong>mental, bem como o uso <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cópia e treino motor.<br />

No ca<strong>de</strong>rno “Educação Infantil: diferentes formas <strong>de</strong> linguagem”, que ora tem em mãos,<br />

onze textos básicos serão estu<strong>da</strong>dos na sequência dos conteúdos indicados anteriormente:<br />

1º Texto - Educação Infantil e arte: sentidos e práticas possíveis – professora Luciana<br />

Esmeral<strong>da</strong> Ostetto. Centro <strong>de</strong> Ciências <strong>da</strong> Educação, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />

2º Texto – Linguagem e mundo: ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas como construção <strong>de</strong> sentidos<br />

- Maria Angélica Freire <strong>de</strong> Carvalho – Professora <strong>de</strong> Língua Portuguesa e Linguística<br />

<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Piauí.


3º Texto - A linguagem oral e as crianças – possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho na educação<br />

infantil - Silvana <strong>de</strong> Oliveira Augusto - professora do ISE Vera Cruz; formadora<br />

do Instituto Avisa Lá e assessora para a Educação Infantil <strong>da</strong> Secretaria Municipal <strong>de</strong><br />

Educação <strong>de</strong> São Paulo.<br />

4º Texto - O movimento do corpo infantil: uma linguagem <strong>da</strong> criança – professora<br />

Marynelma Camargo Garanhani e Lorena <strong>de</strong> F. Nadolny – Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Paraná – Curitiba – Pr.<br />

5º Texto - Entrelaçando diferentes linguagens na educação infantil: reflexões e<br />

práticas – professora Maria Cristina dos Santos Peixoto - Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual do<br />

Norte Fluminense Darcy Ribeiro e Leny Cristina Soares Souza Azevedo - Professora<br />

Adjunta <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

6º Texto – Grafismo infantil: leitura e <strong>de</strong>senvolvimento - professora Célia Ceschin<br />

Silva Pereira, Coor<strong>de</strong>nadora do curso <strong>de</strong> Artes Visuais <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Região <strong>de</strong><br />

Joinville – UNIVILLE, e Maryahn Koehler Silva, Coor<strong>de</strong>nadora do curso <strong>de</strong> Psicologia<br />

<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Região <strong>de</strong> Joinville – UNIVILLE.<br />

7º Texto – Música na educação infantil: reflexões e proposta didática para professores<br />

não-especialistas - Maria Flávia Silveira Barbosa, Centro <strong>de</strong> Educação – UFES.<br />

8º texto – A expressão musical e a criança <strong>de</strong> o a 5 anos - Monique Andries Nogueira<br />

– UFRJ.<br />

9º Texto – A linguagem escrita e as crianças - superando mitos na educação infantil<br />

- Silvana <strong>de</strong> Oliveira Augusto - professora do ISE Vera Cruz; formadora do Instituto<br />

Avisa Lá e assessora para a Educação Infantil <strong>da</strong> Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação<br />

<strong>de</strong> São Paulo.<br />

10º Texto – Literatura Infantil e Educação Infantil: um gran<strong>de</strong> encontro - Drª Gládis<br />

Elise Pereira <strong>da</strong> Silva Kaercher - Professora Adjunta do Departamento <strong>de</strong> Estudos Especializados<br />

<strong>da</strong> Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

11º Texto – Pressupostos para o trabalho docente com a Matemática na Educação<br />

Infantil - Carmen Campoy Scriptori - Professora do Mestrado em Educação do Centro<br />

Universitário “Moura Lacer<strong>da</strong>” <strong>de</strong> Ribeirão Preto/SP e pesquisadora voluntária do<br />

LPG/FE/UNICAMP.<br />

15


16<br />

Visão Geral <strong>da</strong> Disciplina<br />

Inicialmente, ca<strong>da</strong> um dos textos apresenta um resumo com a intenção <strong>de</strong> anunciar o<br />

conteúdo com o qual entrará em contato no <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> leitura, ao final, aparece a bibliografia<br />

consulta<strong>da</strong>. Sempre que for interessante serão indica<strong>da</strong>s leituras complementares, sites,<br />

filmes, ví<strong>de</strong>os etc. que po<strong>de</strong>rão enriquecer sua <strong>formação</strong> inicial e oferecer ferramentas para<br />

futura atuação como professor e mesmo como gestor <strong>de</strong> creches e pré-escolas.<br />

As propostas <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, que ofereceremos neste ca<strong>de</strong>rno, objetivam provocar a<br />

revisão e superação <strong>de</strong> antigas crenças, pré-conceitos sobre o tema em discussão e propor<br />

ações individuais, e em parceria com seus colegas <strong>de</strong> <strong>formação</strong> inicial que favoreçam a elaboração<br />

dos conhecimentos esperados a partir dos objetivos propostos.<br />

Bibliogr afia<br />

• ABRAMOWICS, Anete; WAJSKOP, Gisela. Creches: Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s para Crianças <strong>de</strong><br />

Zero a Seis Anos. São Paulo: Editora Mo<strong>de</strong>rna, 1995.<br />

• AIMARD, P. Surgimento <strong>da</strong> linguagem na criança. Porto Alegre: Artes Médicas do<br />

Sul, 2006.<br />

• ARRIBAS, T. L. et al. Educação infantil. Desenvolvimento, currículo e organização<br />

escolar. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.<br />

• BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia <strong>da</strong> linguagem. São Paulo: Hucitec, 1979.<br />

• BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia <strong>da</strong> linguagem. São Paulo: Hucitec, 1995.<br />

• BARBOSA, M. C. S. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre:<br />

Artmed, 2006.<br />

• BARBOSA, Maria Carmem; HORN, MARIA <strong>da</strong> Graça Souza. Por uma pe<strong>da</strong>gogia <strong>de</strong><br />

projetos na Educação Infantil. Pátio Revista pe<strong>da</strong>gógica, ano 2, n. 7, nov. 1998.<br />

• BASSEDAS, Eulalia, HUGUET, Teresa, SOLÉ, Isabel. Apren<strong>de</strong>r e ensinar na educação<br />

infantil. Porto Alegre: ArtMed, 1999.<br />

• BENJAMIN, W. Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem humana. In: BEN-<br />

JAMIN, W. Sobre arte, técnica linguagem e política. Lisboa: Antropos, 1992.


• BOMTEMPO, E. A brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> faz-<strong>de</strong>-conta: lugar <strong>de</strong> simbolismo, <strong>da</strong> representação,<br />

do imaginário. In: KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brinca<strong>de</strong>ira e educação.<br />

São Paulo: Cortez, 1997. p. 57-71.<br />

• BONDIOLI, Anna; MANTOVANNI, Susanna. Manual <strong>de</strong> Educação Infantil. Porto<br />

Alegre: Artes Médicas, 1998.<br />

• BRASIL. Ministério <strong>da</strong> Educação e do Desporto. Secretaria <strong>de</strong> Educação Fun<strong>da</strong>mental.<br />

Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC, 1998.<br />

• CAGLIARI,L.C. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 1999.<br />

• CAMARGO, Luís (org.). Arte-educação: <strong>da</strong> pré-escola à universi<strong>da</strong><strong>de</strong>. São Paulo:<br />

Nobel, 1989.<br />

• CERQUETI-ABERANKE, Françoise; BERDONNEAU, Catherine. O ensino <strong>da</strong> matemática<br />

na educação infantil. Tradução Eunice Gruman. Porto Alegre: Artes Médicas,1997.<br />

• CONSELHO TÉCNICO-CIENTÍFICO (Org.). <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong>s <strong>de</strong> <strong>formação</strong>: língua portuguesa.<br />

2. ed. revista. São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica; UNESP, Próreitoria<br />

<strong>de</strong> Graduação, 2006.<br />

• CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E. (Org.). Educação infantil: pra que te quero? Porto<br />

Alegre: Artmed, 2001.<br />

• CUNHA, Susana Vieira <strong>da</strong> (org). Cor, som e movimento: a expressão plástica, musical<br />

e dramática no cotidiano <strong>da</strong> criança. Porto Alegre: Mediação, 1999. (<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong>s <strong>de</strong><br />

Educação Infantil, n. 8).<br />

• CUNHA, Susana Vieira <strong>da</strong>. Cor, som e movimento: a expressão plástica, musical e<br />

dramática no cotidiano <strong>da</strong> criança. Revista Projeto: Artes Plásticas, v. 3, n. 5, 2001.<br />

• DEVRIES, Rheta; ZAN, Betty. A ética na educação infantil. Porto Alegre: Artes<br />

Médicas, 1998.<br />

• DIAS, Karina Sperle. Formação estética: em busca do olhar sensível. In: KRAMER,<br />

Sônia et al. (orgs). Infância e educação infantil. Campinas-SP: Papirus, 1999.<br />

• EDWARDS, Carolyn et al. As cem linguagens <strong>da</strong> criança: a abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> Reggio<br />

Emilia na Educação <strong>da</strong> primeira Infância. Tradução Dayse Batista. Porto Alegre:<br />

Artmed, 1999.<br />

17


18<br />

Visão Geral <strong>da</strong> Disciplina<br />

• EDWARDS, Carolyn Pope. Ensinando as crianças através <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> linguagens.<br />

In: Revista Pátio Educação Infantil. As Múltiplas Linguagens Da Criança. Ano Iii,<br />

n. 8, Julho/Outubro. Porto Alegre: Artmed, 2005, p. 6-8.<br />

• ELKONIN, D. B. Psicologia do jogo. São Paulo: Martins Fontes, 1988.<br />

• FARIA, M. A. A criança e a imagem. Língua Portuguesa. <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong>s <strong>de</strong> <strong>formação</strong>.<br />

São Paulo: UNESP/PROGRAD, 2004. 2 v. (Coleção Pe<strong>da</strong>gogia Ci<strong>da</strong>dã).<br />

• FRANCHI, E. P. Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> alfabetização: <strong>da</strong> orali<strong>da</strong><strong>de</strong> à escrita. São Paulo: Cortez,<br />

1989.<br />

• FREIRE, M. A paixão <strong>de</strong> conhecer o mundo. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 1983.<br />

• FREIRE, Paulo. A importância do ato <strong>de</strong> ler: em três artigos que se completam. 35.<br />

ed. São Paulo: Cortez Editora, 1997.<br />

• GOULART, Cecília. Letramento e modos <strong>de</strong> ser letrado: discutindo a base teóricometodológica<br />

<strong>de</strong> um estudo. Rev. Bras. Educ., set./<strong>de</strong>z. 2006, v. 11, n. 33, p. 450-460.<br />

• HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por<br />

projetos <strong>de</strong> trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.<br />

• HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mu<strong>da</strong>nça educativa e projeto <strong>de</strong> trabalho.<br />

Porto Alegre: Artmed, 2000.<br />

• HORN, Maria <strong>da</strong> Graça Souza. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços<br />

na educação infantil. Porto alegre: Artmed, 2004.<br />

• JOBIM E SOUZA, S. Infância e linguagem: Bakhtin, Vygostsky e Benjamin. 7. Campinas:<br />

Papirus, 2006.<br />

• JORGE, L. S. Ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> Histórias: Sons, imagens e movimentos - novos modos <strong>de</strong> in<strong>formação</strong><br />

em Educação. Dissertação (Mestrado em Educação) - ECA/USP, São Paulo,<br />

1999.<br />

• KISHIMOTO, T. M.; SANTOS, M. L. R.; BASILIO, D. R. Narrativas infantis: um<br />

estudo <strong>de</strong> caso em uma instituição infantil. Educ. Pesqui. v. 33, n. 3, p. 427-444, set./<br />

<strong>de</strong>z. 2007.<br />

• KRAMER, S. et al. (Org.). Infância e educação infantil. Campinas: Papirus, 1999.


• LARROSA, Jorge. Pe<strong>da</strong>gogia profana: <strong>da</strong>nças, piruetas e mascara<strong>da</strong>s. Belo Horizonte,<br />

Autêntica, 1999.<br />

• LURIA, A. R. Pensamento e linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.<br />

• MACHADO, Maria L. (Org.) Encontros e <strong>de</strong>sencontros na educação infantil. São<br />

Paulo: Cortez, 2002.<br />

• MARTHA, A. A. P. Literatura infantil: a poesia. Língua portuguesa. In: <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>formação</strong>. São Paulo: UNESP/PROGRAD, 2004. 2 v. (Coleção Pe<strong>da</strong>gogia Ci<strong>da</strong>dã).<br />

• NICOLAU, M. L. M.; DIAS, M. C. M. (Org.). Oficinas <strong>de</strong> sonho e reali<strong>da</strong><strong>de</strong> na <strong>formação</strong><br />

do educador <strong>da</strong> infância. Campinas: Papirus, 2003.<br />

• OLIVEIRA, Z. M. (Org.). Educação Infantil: muitos olhares. São Paulo: Cortez, 1994.<br />

• OLIVEIRA, Z. R. Educação Infantil: fun<strong>da</strong>mentos e métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez,<br />

2007. (Coleção Docência em Formação).<br />

• OLIVEIRA, Zilma; FERREIRA, Clotil<strong>de</strong>; MELLO, Ana Vitória Telma. Creches:<br />

Crianças, faz <strong>de</strong> conta e Cia. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Vozes, 1992.<br />

• PEREIRA, Rita M. R.; JOBIM E SOUZA, Solange. Infância, conhecimento e contemporanei<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

In: KRAMER et al. (orgs.). Infância e produção cul tural. Campinas:<br />

Papirus, 1998.<br />

• PIAGET, J. A linguagem e o pensamento <strong>da</strong> criança. São Paulo: Martins Fontes,<br />

1986.<br />

• REIS, Silvia Marina Gue<strong>de</strong>s dos. A matemática no cotidiano infantil: Jogos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

com crianças <strong>de</strong> 3 a 6 anos para o <strong>de</strong>senvolvimento do raciocínio lógico-matemático.<br />

Campinas-SP. Papirus, 2006.<br />

• ROCHA, Maria Silvia P. <strong>de</strong> M. L. <strong>da</strong>. Não brinco mais: a (<strong>de</strong>s)construção do brincar<br />

no cotidiano educacional. Ijuí: UNIJUÍ, 2000.<br />

• ROSEMBERG, Fúlvia; CAMPOS, Maria M. (org). Creches e pré-escolas no hemisfério<br />

norte. Cortez, São Paulo, 1994.<br />

• ROSEMBERG, Fúlvia; FERREIRA, Isabel. Creches e pré-escolas no brasil. Cortês,<br />

1992.<br />

19


20<br />

Visão Geral <strong>da</strong> Disciplina<br />

• ROSSETTI-FERREIRA, M. C. et al. Os fazeres na educação infantil. 9. ed. São<br />

Paulo: Cortez, 2007.<br />

• SMOLE, Kátia Stocco et al. Era uma vez na matemática: uma conexão com a Literatura<br />

Infantil. 3. ed. São Paulo: IME-USP, 1996.<br />

• SMOLE, Kátia Stocco. Brinca<strong>de</strong>iras Infantis nas aulas <strong>de</strong> matemática. Porto Alegre:<br />

Artes Médicas, 2000.<br />

• SMOLE, Kátia Stocco. Matemática na educação infantil. Artes Médicas, 2001.<br />

• SMOLE, Kátia Stocco. Resolução <strong>de</strong> problemas. Ates Médicas, 2001.<br />

• SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez; CÂNDIDO, Patrícia. Brinca<strong>de</strong>iras matemáticas<br />

na educação infantil, Porto Alegre: Artmed, 2000, v. 1.<br />

• SMOLKA, A. L. B. A criança na fase inicial <strong>da</strong> escrita: a alfabetização como processo<br />

discursivo. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1996.<br />

• SPODEK, Bernard; SATACHO, Olívia. Ensinando crianças <strong>de</strong> três a oito anos. Porto<br />

Alegre: Artes Médicas, 1998.<br />

• TOGNOZZI. (orgs). A práxis <strong>da</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> educadores infantis. Belo Horizonte:<br />

DP&A, 2002<br />

• VIGOTSKY, L. S. A <strong>formação</strong> social <strong>da</strong> mente. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,<br />

1988.<br />

• VIGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1985.<br />

LEITUR AS COMPLEMENTARES POR ASSUNTO<br />

Artes Plásticas/Desenho<br />

• ANNING, Ângela; RING, Kathy. Os significados dos <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> crianças. Porto<br />

Alegre: ARTMED, 2009.<br />

• BARBOSA, Ana Mae (Org.). Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais.<br />

São Paulo: Cortez, 2005.


• BUORO, Anamélia Bueno. O olhar em construção: Uma experiência <strong>de</strong> ensino e<br />

aprendizagem <strong>da</strong> arte na escola. São Paulo: Cortez, 1998.<br />

• BUORO, Anamélia Bueno. Olhos que pintam: A leitura <strong>da</strong> imagem e o ensino <strong>da</strong> arte.<br />

São Paulo: Educ, 2003.<br />

• CUNHA, Susana Rangel Vieira <strong>da</strong>. Cor, som e movimento: A expressão plástica,<br />

musical e dramática no cotidiano <strong>da</strong> criança. Porto Alegre: Mediação, 1999.<br />

• DERDYK, Edith. Formas <strong>de</strong> pensar o <strong>de</strong>senho: <strong>de</strong>senvolvimento do grafismo infantil.<br />

São Paulo: Scipione, 2003.<br />

• FERREIRA, SuelI. Imaginação e linguagem no <strong>de</strong>senho <strong>da</strong> criança. Campinas, SP:<br />

Papirus, 1998.<br />

• FREINET, Celestian. O método natural II: a aprendizagem e o <strong>de</strong>senho. Lisboa:<br />

Editorial Estampa, 1977.<br />

• GOMES, Paola. “Os materiais artísticos na educação infantil”. In: CRAIDY, Carmem<br />

Maria; KAERCHER, Gládis E. Educação infantil. Pra que te quero? Porto Alegre:<br />

Artmed, 2001. p.109-121.<br />

• GREIG, Philippe. A criança e seu <strong>de</strong>senho. O nascimento <strong>da</strong> arte e <strong>da</strong> escrita. Porto<br />

Alegre: Artmed, 2004.<br />

• IAVELBERG, R. O ensino <strong>da</strong> arte na pré-escola: o <strong>de</strong>senho como construção. Idéias.<br />

n. 7, FDE, São Paulo, 1990.<br />

• LEITE, Maria Isabel Ferraz Pereira. Desenho infantil: questões práticas e polêmicas.<br />

In: KRAMER, Sônia; LEITE, Maria Isabel (Coord.). Infância e produção cultural.<br />

Campina, SP: Papirus, 1998.<br />

• LOWENFELD, V.; BRITTAIN, E. L. Desenvolvimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> criadora. São<br />

Paulo: Mestre Jou, 1998.<br />

• MOREIRA, A. O espaço do <strong>de</strong>senho e a educação do educador. São Paulo: Loyola,<br />

1991.<br />

• OSTETO, Luciana; LEITE, Maria Isabel. Arte, infância e <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professores:<br />

autoria e transgressão. Campinas, SP: Papirus, 2004.<br />

21


22<br />

Visão Geral <strong>da</strong> Disciplina<br />

• PERONDI, D. Processo <strong>de</strong> alfabetização e <strong>de</strong>senvolvimento do grafismo infantil.<br />

Caxias do Sul: EDUCS, 2001.<br />

• PILLAR, Analice Dutra. Desenho e escrita como sistemas <strong>de</strong> representação. Porto<br />

Alegre: Artes Médicas, 1996.<br />

• PILLAR, Analice Dutra (org.) A educação do olhar no ensino <strong>da</strong>s artes. Porto Alegre:<br />

Mediação, 1999.<br />

• PILLAR, Analice Dutra. Desenho & escrita como sistemas <strong>de</strong> representação. Porto<br />

Alegre: Artes Médicas, 1996.<br />

• PILLAR, Analice Dutra. Fazendo artes na alfabetização. Porto Alegre: Kuarup,<br />

1986.<br />

• READ, H. A educação pela arte. Tradução Ana Maria Rabaça e Luis Filipe Silva<br />

Teixeira. São Paulo: Martins Fontes, 1958.<br />

• REDIN, Marita Martins. Experiência estética e memórias <strong>de</strong> escola -“ porque é <strong>de</strong><br />

infância...que o mundo tem precisão”!. 2008. Tese (Doutorado em Educação) – Programa<br />

<strong>de</strong> Pós-Graduação em Educação, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Vale do Rio dos Sinos - UNISI-<br />

NOS, São Leopoldo-RS, 2008.<br />

• REDIN, Marita Martins. O <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> viver a infância: cultivando materiais <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

(comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> virtual. 2009).<br />

• RICHTER, SANDRA. Criança e pintura: ação e paixão do conhecer. Porto Alegre:<br />

Mediação, 2004.<br />

• RICHTHER, Sandra. Manchando e narrando, o prazer visual <strong>de</strong> jogar com cores. In:<br />

CUNHA, Suzana Rangel Vieira. Pintando, bor<strong>da</strong>ndo, rasgando, <strong>de</strong>senhando na<br />

educação Infantil. Cor, som e movimento: a expressão plástica musical e dramática<br />

no cotidiano <strong>da</strong> criança. Porto Alegre: Mediação 1999.<br />

• ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que falam: leitura <strong>da</strong> arte na escola. Porto<br />

Alegre: Mediação, 2003.<br />

• SARMENTO, Manoel Jacinto. Infância, diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e expressão simbólica. Disponível<br />

em: . Acesso em: 1 nov. 2010.<br />

• SILVA, Silvia Maria Cintra <strong>da</strong>. A constituição social do <strong>de</strong>senho <strong>da</strong> criança. Campinas:<br />

Mercado <strong>da</strong>s Letras, 2002.


• STANT, M. Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e materiais (a criança <strong>de</strong> 2 a 5 anos). Rio <strong>de</strong> Janeiro: Francisco<br />

Alves, 1985.<br />

• WEISS, L. Brinquedos e engenhocas: Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Lúdicas com Sucata. São Paulo:<br />

Scipione, 1989.<br />

Expressão corporal-movimento/brincar/jogos<br />

• ABERASTURY, A. A Criança e seus Jogos. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Vozes, 1972.<br />

BENJAMIN, W. Reflexões: a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Summus,<br />

1984.<br />

• BROUGÈRE, G. A criança e a cultura lúdica. In: KISHIMOTO, T. O brincar e suas<br />

teorias. São Paulo: Pioneira, 1998, p. 19-32.<br />

• CONHOLATO, M. (coord.). O Jogo e a construção do conhecimento na pré-escola.<br />

FDE: São Paulo, 1992. (Série I<strong>de</strong>ias, n. 10).<br />

• EMERIQUE, P. S. Brincapren<strong>de</strong>: dicas lúdicas para pais e professores. Campinas:<br />

Papirus, 2003.<br />

• KAMII, A. Jogos em grupo na educação infantil. São Paulo: Trajetória Cultural,<br />

1991.<br />

• TELES, M. L. S. Socorro! É proibido brincar! Petrópolis: Vozes, 1999.<br />

• WAJSKOP, G. O Brincar na Educação Infantil. Cad. Pesq. São Paulo, n. 92, p.<br />

62-69, fev.1995.<br />

Literatura Infantil<br />

• ABRAMOVICH, F. Literatura infantil, gostosura e bobices. São Paulo: Scipione,<br />

1984.<br />

• ABRAMOVICH, F. O estranho mundo que se mostra às crianças. São Paulo: Summus,<br />

1983.<br />

• ABRAMOVICH, F. Literatura infantil. São Paulo: Scipione, 1997.<br />

• AMARILHA, MARLY. Estão mortas as fa<strong>da</strong>s? 6. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Vozes, 2004.<br />

23


24<br />

Visão Geral <strong>da</strong> Disciplina<br />

• ARROYO, Leonardo. Literatura infantil brasileira. São Paulo: Melhoramentos,<br />

1990.<br />

• COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil. São Paulo: Mo<strong>de</strong>rna, 2000.<br />

• COELHO, Nelly Novaes. Uma gramática <strong>da</strong> literatura infantil. In: COELHO, Nelly<br />

Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Mo<strong>de</strong>rna, 2000.<br />

• DINORAH, Maria. O livro infantil e a <strong>formação</strong> do leitor. Petrópolis: Vozes, 1995.<br />

• JOLIBERT, J. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.<br />

• LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: história e<br />

histórias. São Paulo: Ática, 2002.<br />

• MACHADO, A. M. Como e por que ler os clássicos universais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Objetiva, 2002.<br />

• OLIVEIRA, M. A. <strong>de</strong>. Dinâmicas em literatura infantil. São Paulo: Paulinas, 2001.<br />

• PERROTI, E. Confinamento cultural, Infância e leitura. São Paulo: Summus, 1990.<br />

• PIETRO, Heloísa. Quer ouvir uma história? len<strong>da</strong>s e mitos no mundo <strong>da</strong> criança. São<br />

Paulo: Angra, 1999.<br />

• REGO, L. Literatura Infantil: uma nova perspectiva <strong>da</strong> alfabetização na pré-escola.<br />

São Paulo: FDE, 1998.<br />

• RODARI, G. Gramática <strong>da</strong> fantasia. São Paulo: Summus, 1982.<br />

• SARAIVA, Juracy Assmann. Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano<br />

<strong>da</strong> ação. Porto Alegre: Artmed, 2001.<br />

• ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na escola. São Paulo: Global Editora<br />

e Distribuidora Lt<strong>da</strong>., 1998.<br />

Música<br />

• CUNHA, Susana Vieira <strong>da</strong> (org). Cor, som e movimento: a expressão plástica, musical<br />

e dramática no cotidiano <strong>da</strong> criança. Porto Alegre: Mediação, 1999. (<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong>s <strong>de</strong><br />

Educação Infantil, n. 8).


• CUNHA, Susana Vieira <strong>da</strong>. Cor, som e movimento: a expressão plástica, musical e<br />

dramática no cotidiano <strong>da</strong> criança. Revista Projeto: Artes Plásticas, v. 3, n. 5, 2001.<br />

• HOWARD, W. A Música e a Criança. São Paulo: Summus, 1984.<br />

• SCHROEDER, S. C. N.; SCHROEDER, J. L. “Conversas sobre música”: uma experiência<br />

<strong>de</strong> apreciação musical junto a educadores. In: Encontro Anual <strong>da</strong> ABEM, 13.,<br />

1994, Rio <strong>de</strong> Janeiro. Anais... Rio <strong>de</strong> Janeiro: Publicação Virtual, 2004.<br />

• SCHROEDER, S. C. N.; SCHROEDER, J. L. Música e ciências humanas. Pro-posições,<br />

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2003.<br />

25


Educação infantil e arte:<br />

sentidos e práticas possíveis<br />

Luciana Esmeral<strong>da</strong> Ostetto<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina - Centro <strong>de</strong> Ciências <strong>da</strong> Educação<br />

Resumo: Ao propor uma reflexão sobre possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> arte na educação infantil, o texto chama a atenção<br />

para a característica <strong>de</strong> um campo <strong>de</strong> conhecimento que não se <strong>de</strong>fine pela norma <strong>de</strong> pesquisar o <strong>de</strong>sconhecido<br />

ou mergulhar nele para testar novos materiais e formas. Antes, <strong>de</strong>fine-se por experimentar diferentes<br />

elementos que, embora ain<strong>da</strong> não apropriados, integram o fazer artístico. Dessa maneira, como po<strong>de</strong>rá a<br />

educação infantil contemplar a arte em seu trabalho com as crianças? Para tanto, é essencial que o professor<br />

apren<strong>da</strong> a reparar no “ser poético” <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> criança, nas suas formas <strong>de</strong> conhecer, apropriar-se do mundo e<br />

expressá-lo. Construir uma prática pe<strong>da</strong>gógica que alargue as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso à riqueza <strong>da</strong> produção<br />

artístico-cultural, promovendo a aproximação <strong>da</strong>s crianças aos diferentes códigos estéticos, ampliando seus<br />

repertórios vivenciais e culturais. E mais, faz-se necessário encorajá-las à experimentação, abrindo espaço<br />

para o contato, o manuseio, a exploração, a invenção, a produção com diferentes materiais. Nesse sentido,<br />

então, po<strong>de</strong>rá o professor seguir aju<strong>da</strong>ndo meninos e meninas a <strong>da</strong>rem forma e expressão aos seus sonhos e<br />

<strong>de</strong>vaneios, às suas múltiplas linguagens. Enfim, a serem autores, criadores!<br />

Palavras-chave: Educação infantil, Arte, Educação estética, Imaginação.<br />

Crianças, arte, educação infantil...<br />

Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, em crônica publica<strong>da</strong> em 1976, afirmava que as crianças<br />

são poetas. Não é difícil concor<strong>da</strong>rmos com sua afirmação, basta que passemos alguns<br />

momentos perto <strong>de</strong> crianças para atestar isso. Elas são novi<strong>da</strong><strong>de</strong>iras, inventam mo<strong>da</strong>s, criam<br />

mundos e fundos; brincam com tudo que está a sua volta, mexem, pegam, puxam, experimentam,<br />

montam e <strong>de</strong>smontam, acham graça <strong>da</strong>s coisas; fantasiam, viajam na imaginação,<br />

elaboram formas, buscam e inventam cores; constroem enredos e... dizem ca<strong>da</strong> uma!<br />

No aeroporto o menino perguntou:<br />

- E se o avião tropicar num passarinho?<br />

O pai ficou torto e não respon<strong>de</strong>u.<br />

O menino perguntou <strong>de</strong> novo:<br />

- E se o avião tropicar num passarinho triste?<br />

27<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


28<br />

A mãe teve ternuras e pensou:<br />

Será que os absurdos não são as maiores virtu<strong>de</strong>s <strong>da</strong> poesia?<br />

Será que os <strong>de</strong>spropósitos não são mais carregados <strong>de</strong> poesia do que o bom<br />

senso?<br />

Ao sair do sufoco o pai refletiu:<br />

Com certeza, a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> e a poesia a gente apren<strong>de</strong> com as crianças.<br />

E ficou sendo. (Manoel <strong>de</strong> Barros, 1999, p. 7).<br />

Crianças fazem poesia com a palavra, com os objetos, com o corpo inteiro. Elas pensam<br />

metaforicamente e expressam seu conhecimento do mundo valendo-se <strong>da</strong>s muitas linguagens<br />

cria<strong>da</strong>s e recria<strong>da</strong>s na cultura em que estão inseri<strong>da</strong>s. As crianças são poetas, sim!<br />

Mas, que triste, lembra-nos Drummond em sua crônica: “[...] a escola não repara em seu ser<br />

poético, não o aten<strong>de</strong> em sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> viver poeticamente o conhecimento e o mundo”<br />

(ANDRADE, 1976, p. 593).<br />

A poesia, nesse caso, po<strong>de</strong> ser entendi<strong>da</strong> como todo o universo <strong>da</strong> arte, sinônimo <strong>de</strong> tudo<br />

quanto é inteiro, envolvendo pensamento e sentimento, razão e emoção. Poesia é vi<strong>da</strong> pulsando,<br />

imaginação e sonho fazendo-se cores, formas, sons, gestos, movimentos (OSTETTO, 2007).<br />

A partir <strong>de</strong> tal compreensão, vejamos algumas práticas comumente encaminha<strong>da</strong>s em<br />

creches e pré-escolas: oferecer folhas brancas (tamanho A4) para as crianças <strong>de</strong>senharem,<br />

revistas para recortarem ou rasgarem, massinha para mo<strong>de</strong>larem, tinta para pintarem e, ao<br />

final, guar<strong>da</strong>r o que foi feito na pasta <strong>de</strong> trabalhinhos; ler histórias para <strong>de</strong>pois fazer ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;<br />

ensaiar uma <strong>da</strong>ncinha ou teatrinho, para apresentação aos pais; confeccionar lembrancinhas<br />

para <strong>da</strong>tas comemorativas.<br />

Estaria a arte presente nessas práticas? Qual o sentido <strong>de</strong> tais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s? Quem está<br />

em evidência nas propostas enumera<strong>da</strong>s acima: o produto ou o produtor; a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou<br />

aquele que a realiza? Elas possibilitam às crianças “[...] condições <strong>de</strong> expressar sua maneira<br />

<strong>de</strong> ver e curtir a relação poética entre o ser e as coisas” (ANDRADE, 1976, p. 594), <strong>da</strong>ndo<br />

espaço para o cultivo <strong>de</strong> seu ser poético? Buscar respostas a essas questões po<strong>de</strong> ser o início<br />

<strong>de</strong> uma conversa sobre os sentidos <strong>da</strong> arte na educação infantil.<br />

Acolher o ser poético<br />

Para a criança, a arte interessa enquanto processo vivido e marcado na experiência,<br />

corpo inteiro, conforme Moreira (2002). Nessa mesma direção, a dinamarquesa Anna Marie


Holm afirma que:<br />

Quando se trabalha com a primeira infância, arte não é algo que ocorra<br />

isola<strong>da</strong>mente. Ela engloba: controle corporal coor<strong>de</strong>nação equilíbrio motrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

sentir ver ouvir pensar falar ter segurança. E ter confiança, para<br />

que a criança possa se movimentar e experimentar. E que ela retorne ao<br />

adulto, tenha contato e crie junto. O importante é ter um adulto por perto,<br />

co-participando e não controlando. (HOLM, 2007, p.12).<br />

Essa artista e educadora <strong>de</strong>senvolve oficinas <strong>de</strong> arte com crianças <strong>de</strong> diferentes i<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e<br />

com ela po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar pressupostos que nos aju<strong>da</strong>m a pensar nos significados e nas implicações<br />

<strong>da</strong> presença <strong>da</strong> arte na Educação Infantil. Do seu encontro com as crianças, <strong>de</strong>staca-<br />

-se uma visão <strong>da</strong> arte como um processo contínuo e cotidiano, que envolve pesquisa (duvi<strong>da</strong>r,<br />

fazer perguntas, buscar, experimentar, explorar materiais, i<strong>de</strong>ias e possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s), conquista <strong>de</strong><br />

autoconfiança (a crença pessoal na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer e apren<strong>de</strong>r, ensaiando autoria), coragem<br />

<strong>de</strong> ir aon<strong>de</strong> não se conhece, lá on<strong>de</strong> o oculto do mistério se escon<strong>de</strong>. Para Holm:<br />

As crianças <strong>de</strong>veriam apren<strong>de</strong>r a pesquisar, a ter confiança em si mesmas<br />

e a ter coragem <strong>de</strong> se pôr a trabalhar em coisas novas. (...) Apren<strong>de</strong>ndo<br />

que uma tarefa po<strong>de</strong> ter várias soluções, adquirimos força e coragem. As<br />

crianças adquirem isso na oficina <strong>de</strong> arte. Eu lhes apresento um <strong>de</strong>safio,<br />

que nunca tem uma resposta <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>. (HOLM, 2004, p. 84).<br />

Apresentar <strong>de</strong>safios para os quais não se espera uma única resposta é algo distinto <strong>de</strong><br />

oferecer uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> “para fazer assim”, para chegar naquilo que o professor <strong>de</strong>terminou<br />

que seria o produto final. Implica em consi<strong>de</strong>rar especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> um campo <strong>de</strong> conhecimento<br />

que não se <strong>de</strong>fine pela norma, pois não há regras fixas no modo <strong>de</strong> produção <strong>da</strong> arte,<br />

suas linguagens são territórios sem fronteiras. Pesquisar, mergulhar no <strong>de</strong>sconhecido para<br />

testar novos materiais e formas, experimentar diferentes elementos ain<strong>da</strong> não apropriados,<br />

integram o fazer artístico. É o que testemunha o artista contemporâneo Olafur Eliasson:<br />

Eu encaro o meu processo artístico como um projeto <strong>de</strong> pesquisa. Atualmente,<br />

os artistas têm liber<strong>da</strong><strong>de</strong> para pesquisar coisas <strong>da</strong>s quais não têm nenhum<br />

conhecimento. É isso o que estou fazendo. E percebo que essa forma <strong>de</strong><br />

trabalhar – testando coisas, fazendo experiências – está aperfeiçoando meu<br />

trabalho, quer eu faça exposições ou não. (apud HOLM, 2004, p. 83).<br />

A forma <strong>de</strong> conhecer dos artistas é inspiradora, pois eles veem o mundo com olhar<br />

<strong>de</strong> espanto, buscam o novo, admitem o estranho, entregam-se à vertigem do <strong>de</strong>sconhecido;<br />

colocam-se em posição <strong>de</strong> escuta, <strong>de</strong> atenção às coisas, aos objetos, aos outros, cultivando o<br />

abismo <strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong>, <strong>da</strong> ambigui<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

29<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


30<br />

De modo geral, no campo educacional, tomamos rumo diverso: caminhamos amparados<br />

por certezas pe<strong>da</strong>gógicas, um porto seguro <strong>da</strong>s regras e modos <strong>de</strong> fazer, e então temos<br />

medo do <strong>de</strong>sconhecido, do que não po<strong>de</strong>mos controlar, do campo do afeto, <strong>da</strong> fantasia e <strong>da</strong><br />

sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, por exemplo. É evi<strong>de</strong>nte a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> escola (creches e pré-escolas também!)<br />

em li<strong>da</strong>r com a arte, com a poética <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> – que pressupõe espaço para a imaginação,<br />

a experimentação, a criação e, como parte do processo, espaço para a dúvi<strong>da</strong> e para o erro.<br />

Mas, a tranquili<strong>da</strong><strong>de</strong> que po<strong>de</strong> nos trazer o domínio do já estabelecido (um mo<strong>de</strong>lo, um<br />

manual, uma técnica) e a segurança que po<strong>de</strong> nos oferecer a rota conheci<strong>da</strong> (como aquela<br />

pasta com mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> “trabalhinhos” para passar para as crianças, ain<strong>da</strong> tão comum entre os<br />

educadores!), caminha passo a passo com a impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> criação (OSTETTO, 2007).<br />

A essa altura, é fun<strong>da</strong>mental que façamos a pergunta: nossos roteiros educativos arriscam-se<br />

por lugares e territórios que não conhecemos? Ou ficam presos aos limites <strong>da</strong><br />

“pasta”?<br />

Educação estética: ampliar repertórios e<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> expressão<br />

Nossa história é trama<strong>da</strong> nos tempos e espaços marcados pelas experiências compartilha<strong>da</strong>s<br />

com nosso grupo <strong>de</strong> convívio, inclusive familiar, assim como pelas referências<br />

culturais mais amplas. Pelas características <strong>de</strong> um tempo histórico, vamos elaborando sentidos<br />

e significados sobre o mundo, apropriando-nos <strong>de</strong> modos <strong>de</strong> ser, pensar e sentir. Assim,<br />

constituímos um repertório, um “[...] arquivo dinâmico <strong>de</strong> experiências reais e simbólicas”,<br />

acervo pessoal <strong>de</strong> valores, concepções e sentimentos que <strong>de</strong> certa forma orientam a atribuição<br />

<strong>de</strong> significados e sentidos ao vivido (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998, p. 21).<br />

Como seres sócio-históricos que somos, interagimos com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que nos cerca,<br />

somos afetados por relações, imagens, situações, acontecimentos, emoções. Então, nossos<br />

repertórios constituídos ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, são acionados a ca<strong>da</strong> encontro com o outro –<br />

pessoas, lugares, paisagens, obras, objetos, conceitos. É com eles que vamos significando o<br />

mundo, fazendo a leitura do que nos ro<strong>de</strong>ia e nos acontece. Quanto maior o repertório, maior<br />

a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer diálogo com as “coisas do mundo”, com o mistério <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Assim é para a arte como para todos os campos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana.<br />

No âmbito <strong>da</strong> Educação Infantil, falamos em ampliação dos repertórios vivenciais e<br />

culturais <strong>da</strong>s crianças como um dos objetivos a serem conquistados, assim como na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um trabalho que consi<strong>de</strong>re as múltiplas linguagens <strong>da</strong> infância. Porém, o que temos<br />

presenciado é a simplificação e o empobrecimento <strong>da</strong> “arte” em uma versão escolariza<strong>da</strong>,<br />

encerra<strong>da</strong> no fazer e visando a um produto, colocando em ação “o mesmo para todos”, “si-


gam o mo<strong>de</strong>lo”, “é assim que se faz”. Na Educação Infantil, frequentemente, a arte mostra-se<br />

com a roupagem <strong>de</strong> um conteúdo a ser ensinado em <strong>de</strong>terminados momentos ou um conjunto<br />

<strong>de</strong> técnicas e instruções para o exercício <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s específicas (os “trabalhinhos” e as<br />

“ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s artísticas” vão por esse caminho).<br />

Arte, na educação, não se resume a momentos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s isolados. E, se estamos<br />

preten<strong>de</strong>ndo a educação do “ser poético”, implicado na totali<strong>da</strong><strong>de</strong> do olhar, <strong>da</strong> escuta, do movimento,<br />

que se expressa mobilizando todos os sentidos, será importante vermos tais ações<br />

como educação estética (mais do que o ensino <strong>de</strong> arte) que se realiza no dia a dia. Afirmamos,<br />

<strong>de</strong>ssa maneira, um princípio que <strong>de</strong>ve atravessar todo o cotidiano, pois tem a ver com<br />

atitu<strong>de</strong> e, como disse a atelierista italiana, Vea Vecchi, a dimensão estética <strong>de</strong> uma proposta<br />

educativa “[...] pressupõe um olhar que <strong>de</strong>scobre, que admira e se emociona. É o contrário<br />

<strong>da</strong> indiferença, <strong>da</strong> negligência e do conformismo” (VECCHI, 2006, p.16, tradução nossa).<br />

Trata-se, enfim, <strong>de</strong> um olhar que dá atenção ao mundo. A presença <strong>da</strong> arte na educação infantil<br />

será tanto mais importante, quanto pu<strong>de</strong>r contribuir para ampliar o olhar <strong>da</strong> criança<br />

sobre o mundo, a natureza e a cultura, diversificando e enriquecendo suas experiências sensíveis<br />

– estéticas, por isso, vitais.<br />

Mas, para garantir oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para a expressão viva <strong>da</strong> criança, precisamos consi<strong>de</strong>rar<br />

que “Expressar não é respon<strong>de</strong>r a uma solicitação <strong>de</strong> alguém, mas mobilizar os sentidos<br />

em torno <strong>de</strong> algo significativo, <strong>da</strong>ndo uma outra forma ao percebido e vivido” (CUNHA,<br />

1999, p. 25), o que também é diferente <strong>de</strong> simplesmente “<strong>de</strong>ixar fazer”, acreditando na chama<strong>da</strong><br />

“livre expressão”. Para mobilizar os sentidos, é essencial o enriquecimento <strong>de</strong> experiências,<br />

promovendo encontros com diferentes linguagens, alimentando a imaginação para<br />

que meninos e meninas possam aventurar-se a ir além do habitual, à procura <strong>da</strong> própria voz,<br />

<strong>da</strong> sua poesia.<br />

Nesse sentido, o professor <strong>de</strong>ve se colocar como um interlocutor privilegiado, <strong>da</strong>ndo<br />

suporte às crianças em sua criação. Muitas vezes, com medo <strong>de</strong> ser impositivo, autoritário<br />

ou com receio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar o acervo cultural <strong>da</strong>s crianças, com o intuito <strong>de</strong> respeitar<br />

“o gosto que trazem <strong>de</strong> casa”, o professor abre mão <strong>de</strong> seu papel que é, também, permitir<br />

a circulação <strong>de</strong> diferentes significados, <strong>de</strong> socialização dos bens culturais produzidos pela<br />

humani<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Respeitar o gosto do outro é uma aprendizagem, necessária e difícil, pois vivemos<br />

em uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que nega as diferenças e impõe padrões, pela massificação <strong>de</strong> “produtos<br />

culturais”. Gosto não se discute? Po<strong>de</strong>mos pensar sobre essa questão a partir <strong>de</strong> um belo e<br />

enigmático filme francês: “O gosto dos outros” (2000). Seu enredo suscita a reflexão sobre<br />

o universo <strong>da</strong>s “preferências” e <strong>da</strong>s “experiências estéticas” que vivem e se permitem viver<br />

31<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


32<br />

diferentes sujeitos, homens e mulheres. Na história <strong>de</strong> seus personagens po<strong>de</strong>mos perceber,<br />

com clareza, que “apren<strong>de</strong>mos a gostar” pela cultura, pela reali<strong>da</strong><strong>de</strong> vivi<strong>da</strong> e experimenta<strong>da</strong>.<br />

Se, como diz o provérbio popular, o gosto não se discute, vamos compreen<strong>de</strong>r que o gosto<br />

po<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r, sim, <strong>de</strong> acordo com as interações a que um sujeito vier a ser exposto, pressupondo<br />

trocas, diálogo, sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e afeto (OSTETTO, 2004). O gosto po<strong>de</strong> ser refinado.<br />

Apren<strong>de</strong>-se a gostar, a ver e ouvir, assim como a combinar materiais, a inventar formas,<br />

por isso um dos papéis do professor é abrir canais para o olhar e a escuta sensíveis,<br />

disponibilizando repertórios (imagéticos, musicais, literários, cênicos, fílmicos), não apenas<br />

para a realização <strong>de</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas, inclusive, cui<strong>da</strong>ndo do visual <strong>da</strong>s salas e dos <strong>de</strong>mais<br />

espaços <strong>da</strong> instituição. Como afirma Susana Vieira <strong>da</strong> Cunha (2005), as imagens disponibiliza<strong>da</strong>s<br />

nos espaços educativos são textos visuais, impregnados <strong>de</strong> significados que direcionam<br />

e educam o olhar, oferecem referenciais para o repertório imagético e o pensamento <strong>da</strong>s<br />

crianças. Não são simples <strong>de</strong>coração...<br />

O que está à disposição do olhar <strong>da</strong>s crianças, o que aparece na sala? Desenhos elaborados<br />

pelo professor, reproduções <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> arte, fotografias, figuras <strong>da</strong> mídia, produção<br />

<strong>da</strong>s crianças, objetos <strong>de</strong> culturas diversas?<br />

Ampliar o repertório <strong>da</strong>s imagens e objetos também implica abastecer as<br />

crianças <strong>de</strong> outros elementos produzidos em outros contextos e épocas,<br />

como, por exemplo, as imagens <strong>da</strong> história <strong>da</strong> arte, fotografias e ví<strong>de</strong>os,<br />

objetos artesanais produzidos por culturas diversas, brinquedos, a<strong>de</strong>reços,<br />

vestimentas, utensílios domésticos, etc. (CUNHA, 1999, p. 14).<br />

Para contribuir com os processos expressivos, além <strong>de</strong> alargar as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

acesso à riqueza <strong>da</strong> produção humana, promovendo a aproximação aos diferentes códigos<br />

estéticos, é preciso também promover encontros e buscas, encorajando as crianças à experimentação.<br />

Afinal, para construir, <strong>da</strong>r forma, inventar, compor, produzir com diferentes<br />

materiais é fun<strong>da</strong>mental conhecer e conquistar certa intimi<strong>da</strong><strong>de</strong> com esses materiais. Um<br />

exemplo clássico: as crianças nunca haviam trabalhado com tinta, assim, na primeira vez,<br />

que bagunça! – exclama o professor. Elas não <strong>de</strong>senhavam com o pincel, como previsto no<br />

planejamento, apenas experimentavam as tintas, sobrepondo cama<strong>da</strong>s e cama<strong>da</strong>s até rasgar<br />

o papel ou <strong>de</strong>ixar tudo cinza; ou então, não pintavam o papel oferecido, mas a si mesmas. As<br />

crianças estariam <strong>de</strong>monstrando, assim, que “não sabiam trabalhar com tintas...” O professor,<br />

então, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> oferecer oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> contato com esse tipo <strong>de</strong> material. Ora, como<br />

po<strong>de</strong>rão dominar esse código, a pintura com tinta e pincel, se não passarem pela constante<br />

experimentação?


Da mesma forma com outras linguagens, seja a música ou a literatura: se não for disponibilizado<br />

um repertório diversificado, com constância, permitindo o contato, chamando<br />

ao encontro, à aproximação com aquela sonori<strong>da</strong><strong>de</strong> muitas vezes estranha, àquele enredo ou<br />

imagem incomum, à primeira vista, as crianças po<strong>de</strong>rão negar a recepção, a fruição <strong>da</strong>queles<br />

materiais novos. Em outras oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, é provável que nem mesmo solicitarão para ver,<br />

ouvir, cantar ou manusear. Para que a escolha se faça, é imprescindível disponibilizar acervos<br />

que, como dizíamos, ampliem as relações <strong>da</strong>s crianças com o universo artístico-cultural<br />

e, com isso, ampliem suas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> criação.<br />

Alimentar o universo imaginário <strong>da</strong>s crianças, provocando o <strong>de</strong>sejo que faz mover<br />

a busca, implica tempo <strong>de</strong> espera. Não se dá instantaneamente. O tempo linear, que passa<br />

controlado pelo adulto, na rotina do trabalho educacional-pe<strong>da</strong>gógico, em regra, não foi e<br />

nem está pensado e planejado para acolher a arte, que obe<strong>de</strong>ce à espécie <strong>de</strong> tempo-espera. É<br />

preciso tempo para <strong>de</strong>ixar as coisas acontecerem. Sem isso, invariavelmente, haverá a imposição<br />

<strong>de</strong> ritmos, estabelecendo a força <strong>da</strong> <strong>de</strong>terminação cronológica, limitando experiências<br />

(OSTETTO, 2006).<br />

Quantas vezes na creche/pré-escola, o professor chega submetido ao tempo, seguindo<br />

em direção contrária à calma que acolhe a imaginação, o sonho, a criação? Ah! O tempo<br />

do tic-tac-tic-tac que passa apressado, rouba o momento do <strong>de</strong>vaneio, <strong>da</strong> entrega, impe<strong>de</strong> a<br />

construção do olhar sensível.<br />

O <strong>de</strong>safio para o educador está no exercício <strong>de</strong> um planejamento transformador do<br />

tempo que corre e nos escraviza (em busca <strong>de</strong> um produto final), em um tempo suspenso,<br />

pausado (entregue ao processo), que permite às crianças o pensar e fazer. A arte requer essa<br />

outra quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo. E uma outra quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espaço também.<br />

Além do espaço físico: educação do olhar<br />

Pensemos no espaço não só em sua dimensão física – um lugar que permite ou dificulta<br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s ações –, como também em seu aspecto simbólico – como ambiente que<br />

comunica valores e concepções, <strong>de</strong>finido por uma estética e visuali<strong>da</strong><strong>de</strong> que contribuem<br />

<strong>de</strong>cisivamente para a construção cultural do olhar e, portanto, <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O espaço congrega uma linguagem muito potente, pois atua sobre todos os sentidos<br />

<strong>de</strong> seus usuários, objetiva e subjetivamente. Visão, audição, tato, olfato e até pala<strong>da</strong>r são<br />

condicionados por uma <strong>da</strong><strong>da</strong> configuração espacial (HOYUELOS, 2006). Os espaços não<br />

são simples arranjos físicos, mas também conceituais, constituem-se em campos semânticos<br />

nos quais e com os quais aqueles que o habitam estabelecem <strong>de</strong>terminados tipos <strong>de</strong> relações,<br />

33<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


34<br />

emoções, atitu<strong>de</strong>s. Como qualquer outra linguagem, o espaço é um elemento constitutivo<br />

do pensamento e, portanto, converte-se em ação pe<strong>da</strong>gógica indireta à qual requer atenção.<br />

As imagens prega<strong>da</strong>s nas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> creches e pré-escolas não são neutras, portam um<br />

discurso, contam histórias e, tal qual um texto visual, “[...] <strong>de</strong>nota leituras e modulam nossos<br />

modos <strong>de</strong> ver”:<br />

(...) as imagens que compõem os espaços educativos estão nos ensinando<br />

sobre as crianças, como são, do que gostam e como <strong>de</strong>vem ser educa<strong>da</strong>s.<br />

Assim, muito além <strong>de</strong> uma ‘inocente <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> ambiente’, estas ambiências<br />

são construções sócio-culturais-educativas que funcionam, também,<br />

como ‘máquinas <strong>de</strong> ensinar’. (CUNHA, 2005, p. 135).<br />

Nesse sentido, os repertórios visuais disponibilizados atuam na <strong>formação</strong> do gosto<br />

e, <strong>de</strong> certo modo, funcionam como “mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> agir”, principalmente porque<br />

foram vali<strong>da</strong>dos pela autori<strong>da</strong><strong>de</strong> responsável, no caso, pelos educadores. Um exemplo, ao<br />

recorrerem a personagens midiáticos (Barbie, figuras <strong>da</strong> Disney, Garfield, Piu-piu, Mônica,<br />

Cebolinha, Hello Kitty, a lista é gran<strong>de</strong>!), instituem uma visuali<strong>da</strong><strong>de</strong> dominante reduzindo<br />

as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ampliação <strong>de</strong> repertórios imagéticos, uma vez que acompanham<br />

o arquivo <strong>de</strong> imagens com as quais as crianças convivem cotidianamente também fora do<br />

espaço escolar. A experiência <strong>de</strong> ver o já conhecido, repeti<strong>da</strong>mente, formata e <strong>de</strong>termina a<br />

percepção e a apreciação sobre o mundo, “[...] servindo como referência, dizendo o que é ser<br />

bonita/o, meiga/o, forte/fraco, queri<strong>da</strong>/o, amiga/o ou zangado/a, ranzinza/o, mudo/a, inteligente”<br />

(CUNHA, 2005, p.144).<br />

Importante é assinalarmos que tais imagens não ocupam apenas o espaço físico, mas<br />

também o imaginário e, como consequência, ocasionam empobrecimento <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> produção <strong>da</strong>s crianças, revelado na forma como tentam transferir para seus <strong>de</strong>senhos,<br />

pinturas, construções aqueles mo<strong>de</strong>los, por meio <strong>da</strong> cópia ou <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar porque<br />

não “sabem fazer” <strong>da</strong>quela maneira, reproduzindo o mo<strong>de</strong>lo disponível...<br />

Cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> estética dos espaços educativos é, portanto, matéria <strong>de</strong> primeira gran<strong>de</strong>za e<br />

não simples <strong>de</strong>coração, dirigi<strong>da</strong> pelo gosto <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um. Cabe aos educadores refletir sobre<br />

seus “modos <strong>de</strong> ver” e seus “gostos” que direcionam suas escolhas sobre o que colocar ou<br />

não nas pare<strong>de</strong>s.<br />

Outro aspecto a ser <strong>de</strong>stacado é sobre certa uniformização nos modos <strong>de</strong> expor as<br />

produções <strong>da</strong>s crianças. Por que tanto painel com babados <strong>de</strong> papel crepom ao redor? Por<br />

que folhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos e pinturas soltas, afixa<strong>da</strong>s à pare<strong>de</strong>? Por que não vemos tridimensionais,<br />

pendurados no teto ou outros suportes que não o papel, a cartolina, o EVA?


Por outro lado, por que encher to<strong>da</strong>s as pare<strong>de</strong>s com uma “<strong>de</strong>coração” ou mesmo<br />

com as produções <strong>da</strong>s crianças? O excesso <strong>de</strong> estímulo visual acaba escon<strong>de</strong>ndo o que<br />

preten<strong>de</strong> mostrar, causando o que chamamos <strong>de</strong> poluição visual. É preciso também permitir<br />

o “silêncio <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> vazia”, como uma forma <strong>de</strong> convi<strong>da</strong>r novos protagonistas a <strong>de</strong>ixarem<br />

suas marcas, para que novos discursos possam ser vistos/ouvidos por meio <strong>de</strong> renovas imagens<br />

(HOYUELOS, 2006, tradução nossa).<br />

Temos muito que apren<strong>de</strong>r no diálogo com a arte, com os artistas e as suas obras, com<br />

os museus e espaços culturais. Você já reparou na diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> formas <strong>da</strong>s exposições realiza<strong>da</strong>s<br />

nos espaços museais? Na multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cenários que são constituídos para expor<br />

diferentes obras? Por que a instituição educativa persiste em di<strong>da</strong>tizar, em escolarizar<br />

as formas <strong>de</strong> expressão, inclusive nos visuais <strong>de</strong> suas salas? Por que a pobreza <strong>da</strong> mesmice,<br />

do simplificado, formatado, pe<strong>da</strong>gogicamente arrumado?<br />

E a sujeira ocasiona<strong>da</strong> por uma sessão <strong>de</strong> arte? Cui<strong>da</strong>do para não sujar o chão!<br />

Quantas vezes vocês já ouviram ou pronunciaram essa expressão? O que fazer diante <strong>da</strong><br />

possível (e inevitável) sujeira? Ora! Em geral, as crianças sentem imenso prazer em se melecar,<br />

se “misturar” com os elementos e ingredientes que estão disponíveis ao seu redor ou<br />

que encontram por aí, na natureza. Pedrinhas, caquinhos, barro, areia, uma poça <strong>de</strong> água <strong>da</strong><br />

última chuva, tudo é matéria <strong>de</strong> encantamento, quando po<strong>de</strong>m se entregar inteiras à exploração.<br />

Nessas horas, não têm medo <strong>de</strong> fazer sujeira e <strong>de</strong> sujar a si mesmas.<br />

Parece óbvio: como experimentar, explorar materiais, construir, sem sujar, sem <strong>de</strong>sarrumar,<br />

sem sair do lugar? Sobretudo quando se trata <strong>de</strong> materiais úmidos, líquidos e<br />

viscosos, como as tintas. Parece que não há como escapar <strong>da</strong> fatídica advertência: Cui<strong>da</strong>do<br />

para não sujar o chão! Não sujem a roupa! Como pontuou Sandra Richter (1999), para que<br />

possam propor às crianças situações favoráveis à ação <strong>de</strong> pintar, é necessário que os educadores<br />

repensem suas concepções sobre sujeira (que muitas vezes estão condiciona<strong>da</strong>s às<br />

concepções e práticas <strong>da</strong> instituição...).<br />

A experiência estética é, também, uma experiência <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

escolha. Des<strong>de</strong> a localização/ocupação espacial para a realização <strong>de</strong> um projeto, até a seleção<br />

<strong>de</strong> materiais, escolhas <strong>de</strong> cores, formas, tamanho <strong>de</strong> papéis etc. Quantas vezes disponibilizamos<br />

às crianças diferentes tipos <strong>de</strong> papéis como base para suas produções gráfico-pictóricas?<br />

Costumamos oferecer papéis em diferentes tamanhos para escolherem quais são mais<br />

a<strong>de</strong>quados ao que preten<strong>de</strong>m fazer/dizer/expressar? Quantas vezes lhes perguntamos quais<br />

são suas preferências?<br />

35<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


36<br />

O <strong>de</strong>senho é linguagem? Então não precisa<br />

<strong>de</strong> legen<strong>da</strong>...<br />

Para compreen<strong>de</strong>r e, principalmente, respeitar o <strong>de</strong>senho infantil, não basta apenas<br />

saber sobre as teorias do <strong>de</strong>senho, as fases <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento ou significações psicológicas<br />

sobre o grafismo infantil; o educador precisa saber <strong>da</strong> sua própria produção, <strong>da</strong> sua<br />

expressão, <strong>da</strong> sua linguagem. On<strong>de</strong> está o seu <strong>de</strong>senho? Ain<strong>da</strong> o leva consigo ou foi <strong>de</strong>ixado<br />

no meio do caminho, entre a casa e a escola, entre a infância e a juventu<strong>de</strong>?<br />

To<strong>da</strong> criança <strong>de</strong>senha, mas ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, influencia<strong>da</strong> sobretudo pelos processos<br />

escolares, vai abandonando sua produção e então chega à vi<strong>da</strong> adulta sem saber qual é o seu<br />

traço, qual é a sua marca. Vai per<strong>de</strong>ndo a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>signar, <strong>de</strong> afirmar-se produtora<br />

<strong>de</strong> sentidos, sujeito criador <strong>de</strong> mundos, pois o <strong>de</strong>senho é uma espécie <strong>de</strong> projeto, uma “[...]<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lançar-se para frente” (MOREIRA, 2002, p. 15).<br />

Quem já não ouviu dizer que o <strong>de</strong>senho é linguagem, assim como o gesto e a fala?<br />

Afirmar que <strong>de</strong>senho é linguagem, é compreendê-lo como produção carrega<strong>da</strong> <strong>de</strong> significado.<br />

Ao <strong>de</strong>senhar, a criança diz <strong>de</strong> si e do mundo que está conhecendo, <strong>de</strong>scobrindo, <strong>de</strong>sven<strong>da</strong>ndo:<br />

“O <strong>de</strong>senho é a manifestação <strong>de</strong> uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> vital <strong>da</strong> criança: agir sobre o<br />

mundo que a cerca; intercambiar, comunicar” (DERDYK,1989, p. 51).<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento gráfico <strong>da</strong> criança não é linear. É repleto <strong>de</strong> i<strong>da</strong>s e vin<strong>da</strong>s, avanços<br />

e recuos, porque é justamente um processo. Desenhando, vai <strong>de</strong>ixando suas marcas no papel<br />

ou em qualquer superfície disponível (as pare<strong>de</strong>s, o chão) e, <strong>de</strong>sta forma, a criança vai contando<br />

sua história, passando por um intenso processo existencial, <strong>de</strong> transformações, em que<br />

cognição e sentimento estão juntos, intimamente ligados. Segundo Derdyk:<br />

A criança enquanto <strong>de</strong>senha canta, <strong>da</strong>nça, conta histórias, teatraliza, imagina<br />

ou até silencia... O ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar impulsiona outras manifestações,<br />

que acontecem juntas, numa uni<strong>da</strong><strong>de</strong> indissolúvel, possibilitando uma<br />

gran<strong>de</strong> caminha<strong>da</strong> pelo quintal do imaginário. (DERDYK, 1989, p.19).<br />

Se o educador não compreen<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senho <strong>da</strong> criança como um processo <strong>de</strong> criação,<br />

como linguagem que é, po<strong>de</strong> reforçar equívocos em sua prática, tais como a utilização do<br />

<strong>de</strong>senho pronto para colorir (antigamente mimeografado, hoje, xerocado ou impresso) e <strong>da</strong><br />

cópia. Afinal, se “[...] a arte se <strong>de</strong>fine justamente pela diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, por propor algo que é<br />

pessoal e único (...) temos que <strong>de</strong>scartar to<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que tenha como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> a<br />

uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong>” (MOREIRA, 2002, p. 84).<br />

Outro equívoco, muito comum na educação infantil, revela-se nas intervenções do<br />

professor sobre o <strong>de</strong>senho <strong>da</strong> criança, seja escrevendo/nomeando com sua letra “o que” a


criança <strong>de</strong>senhou, seja <strong>da</strong>ndo aquela “ajeitadinha”, o “retoque final”, para a exposição, para<br />

colocar na pasta, para mostrar aos pais... Equívoco, sim, pois na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> temos aí a negação<br />

do <strong>de</strong>senho como linguagem. Por quê? Ora, se o <strong>de</strong>senho é linguagem se constituindo que<br />

expressa, comunica e diz <strong>de</strong> um processo vivido, <strong>de</strong>ve valer por si mesmo e não pela “legen<strong>da</strong>”<br />

que o professor coloca! A escrita sobreposta ao <strong>de</strong>senho, explicando o que é, correspon<strong>de</strong><br />

à linguagem e ao <strong>de</strong>sejo do adulto, não <strong>da</strong>s crianças; principalmente quando são pequeninas,<br />

rabiscando, garatujando, experimentando o prazer do gesto, encantando-se com a mágica<br />

<strong>da</strong>s marcas produzi<strong>da</strong>s com seu corpo no papel.<br />

O adulto se esforça tremen<strong>da</strong>mente para conseguir enxergar figuras nos<br />

<strong>de</strong>senhos <strong>da</strong>s crianças: ele tem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> permanecer “em suspensão”.<br />

Sente uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> imperiosa <strong>de</strong> nomear figuras, como se a figuração<br />

fosse sinônimo <strong>de</strong> maturi<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual e habili<strong>da</strong><strong>de</strong> motora.<br />

(DERDIK, 1989, p. 141).<br />

Parece que o adulto “não aguenta” o processo <strong>da</strong> criança, suas experimentações, seu<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>namento, seus rabiscos... Em tudo, o adulto quer colocar or<strong>de</strong>m – a sua or<strong>de</strong>m –<br />

nomear, enquadrar e, então, acaba por interferir in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente na produção <strong>da</strong>s crianças.<br />

Acaba por silenciar a voz <strong>da</strong> criança, restringindo seu processo <strong>de</strong> criação.<br />

Se as crianças contam histórias ao <strong>de</strong>senhar, o adulto interessado por suas aventuras<br />

po<strong>de</strong>rá escrever (por exemplo, no verso do papel <strong>de</strong>senhado) a história do <strong>de</strong>senho, e não<br />

palavras soltas, que buscam apenas i<strong>de</strong>ntificar “as figuras”. Se a criança assim o <strong>de</strong>sejar e<br />

permitir, esse momento po<strong>de</strong> ser uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> rica para o diálogo contribuindo, inclusive,<br />

para a estruturação do discurso oral <strong>da</strong> criança. A pergunta, “qual é a história do seu<br />

<strong>de</strong>senho?”, po<strong>de</strong> remeter o seu produtor a pensar sobre o processo e organizar o pensamento<br />

para expressá-lo. Porém, que isso não se transforme em mais uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> didática!<br />

Como nos indica Edith Derdik (1989) há uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> entre a criança e seu <strong>de</strong>senho,<br />

no qual produção e produtor se fun<strong>de</strong>m. Ao <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rarmos o <strong>de</strong>senho em processo,<br />

estaremos igualmente <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando a criança, sua história, seus sentimentos, seus<br />

sonhos, suas experiências. Mais do que um exercício, o <strong>de</strong>senho como produto é sua vi<strong>da</strong>,<br />

portanto, esta não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>svaloriza<strong>da</strong>. Não é mesmo espantoso e radical mergulhar nessa<br />

concepção? O que pareceria um simples <strong>de</strong>senho, um rabisco apenas, bolinhas esparsas,<br />

indícios <strong>de</strong> esquemas, é to<strong>da</strong> uma vi<strong>da</strong>! É preciso ter muito cui<strong>da</strong>do para não negarmos aos<br />

meninos e meninas esse espaço vital <strong>de</strong> criação e construção <strong>de</strong> pensamento.<br />

Pensemos, agora, na organização dos tempos e espaços no cotidiano educativo: <strong>de</strong>senha-se<br />

quando sobra tempo, não po<strong>de</strong> sujar a sala, acabou o tempo, recolhe a produção, só<br />

37<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


38<br />

tem lápis <strong>de</strong> cor e giz <strong>de</strong> cera, folha A4 <strong>de</strong> papel branco... E, <strong>de</strong>pois disso, preten<strong>de</strong>-se que<br />

as crianças “saibam <strong>de</strong>senhar” assim, <strong>de</strong> uma hora para outra.<br />

Para apren<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>senhar, é preciso <strong>de</strong>senhar muito, sempre! A constância no fazer é<br />

que vai consoli<strong>da</strong>r novas aquisições nas formas <strong>da</strong> produção gráfica. Com diferentes materiais,<br />

em diferentes suportes, com tamanhos diversos. A ca<strong>da</strong> material, tamanho <strong>de</strong> papel,<br />

por exemplo, será aciona<strong>da</strong> uma nova experiência, colocando novas perguntas, propostas <strong>de</strong><br />

exploração, busca <strong>de</strong> respostas e soluções para essa produção.<br />

O professor como parceiro <strong>de</strong> aventuras<br />

poéticas<br />

No meio <strong>de</strong> to<strong>da</strong> essa história, estamos nós, adultos-professores, que também fomos<br />

interditados na nossa ação <strong>de</strong> sonhar, <strong>de</strong> jogar e inventar mundos. Também fomos reprimidos<br />

em nossas linguagens e possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s expressivas. E então, o que acontece? Não raro,<br />

temos dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em respeitar e valorizar o jogo <strong>da</strong>s crianças, seus modos <strong>de</strong> criar e inventar<br />

mo<strong>da</strong>s, seus jeitos <strong>de</strong> dizer e representar o real.<br />

Resulta que, se não recuperarmos nossa dimensão inventiva e <strong>de</strong>scobridora, dificilmente,<br />

po<strong>de</strong>remos oferecer instrumentos que nutram e ampliem a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, cognição e<br />

afeto, no jogo metafórico que engendra os universos infantis. Para seguirmos alimentando<br />

processos criativos e criadores, é preciso reconquistar a beleza, retirando a repressão que a<br />

impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> se manifestar.<br />

O professor precisa alimentar sua expressão e conectar-se com ela, precisa reconquistar<br />

o seu po<strong>de</strong>r imaginativo, se preten<strong>de</strong> e <strong>de</strong>seja garantir a criação, a expressão <strong>da</strong>s crianças.<br />

A educação do educador é essencial e, no que diz respeito à arte, passa necessariamente pelo<br />

reencontro do espaço lúdico <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si, pela re<strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong>s suas linguagens (perdi<strong>da</strong>s,<br />

esqueci<strong>da</strong>s, on<strong>de</strong> estão?), do seu modo <strong>de</strong> dizer e expressar o mundo.<br />

Vejo o educador como essa pessoa-chave para mediar os caminhos <strong>da</strong> criança no mundo<br />

simbólico <strong>da</strong> cultura, <strong>da</strong> arte. E nesse caminhar, na experiência compartilha<strong>da</strong>, ele vai<br />

apren<strong>de</strong>ndo a reparar em seu ser poético (OSTETTO, 2007). Seguindo <strong>de</strong> mãos <strong>da</strong><strong>da</strong>s com<br />

as crianças e comprometido com o resgate <strong>de</strong> seu próprio eu-criador, o professor amplia sua<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> compreendê-las, <strong>de</strong> reconhecer seus “<strong>de</strong>spropósitos” e apoiar suas buscas e<br />

escolhas. Converte-se, então, em parceiro privilegiado <strong>de</strong> novas e infinitas aventuras poéticas!


Referências<br />

ALBANO MOREIRA, A. A. O espaço do <strong>de</strong>senho: a educação do educador. 9. ed. São Paulo: Loyola, 2002.<br />

ANDRADE, C. D. <strong>de</strong>. A educação do ser poético. Revista Brasileira <strong>de</strong> Estudos Pe<strong>da</strong>gógicos. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

v. 61, n. 140, p. 593-594, out. 1976.<br />

BARROS, Manoel <strong>de</strong>. Exercícios <strong>de</strong> ser criança. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Salamandra, 1999.<br />

CUNHA, S. R. V. Pintando, bor<strong>da</strong>ndo, rasgando, <strong>de</strong>senhando e melecando na educação infantil. In: CUNHA,<br />

S. R. V. <strong>da</strong> (Org.). Cor, som e movimento. Porto Alegre: Mediação, 1999. p. 7-36.<br />

CUNHA, S. R. V. <strong>da</strong>. Um pouco além <strong>da</strong>s <strong>de</strong>corações <strong>da</strong>s salas <strong>de</strong> aula. Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul,<br />

v. 13, n. 1, p. 133-149, jan./jun., 2005.<br />

DERDYK, E. Formas <strong>de</strong> pensar o <strong>de</strong>senho: <strong>de</strong>senvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione,<br />

1989.<br />

HOLM, A. M. A energia criativa natural. Pro-Posições. Campinas, SP, v. 15, n. 1 (43), p. 83-95, jan./abr. 2004.<br />

HOLM, A. M. Baby - Art: os primeiros passos com a arte. São Paulo: Museu <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> São Paulo,<br />

2007.<br />

HOYUELOS, A. La estética en el pensamiento y obra pe<strong>da</strong>gógica <strong>de</strong> Loris Malaguzzi. Barcelona: Octaedro<br />

- Rosa Sensat, 2006.<br />

MARTINS, M.C.; PICOSQUE, G.; GUERRA, M. T. T. Didática do ensino <strong>de</strong> arte. São Paulo: FTD, 1998.<br />

OSTETTO, L. E. “Mas as crianças gostam!” Ou sobre gostos e repertórios musicais. In: OSTETTO, L. E.;<br />

LEITE, M. I. Arte, infância e <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professores. Campinas: Papirus, 2004 (p. 41-60)<br />

OSTETTO, L. E. A arte no itinerário <strong>da</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professores: acen<strong>de</strong>r coisas por <strong>de</strong>ntro. Reflexão e Ação,<br />

Santa Cruz do Sul, v. 14, n. 1, p. 29-43, jan./jun, 2006.<br />

OSTETTO, L. E. Entre a prosa e a poesia: fazeres, saberes e conhecimento na educação infantil. In: Pillotto,<br />

S. (org.). Linguagens <strong>da</strong> arte na infância. Joinville/SC: Editora UNIVILLE, 2007 (p. 30-45).<br />

RICHTER, S. Manchando e narrando: o prazer visual <strong>de</strong> jogar com cores. In: CUNHA, S. R. V. <strong>da</strong> (Org.).<br />

Cor, som e movimento. Porto Alegre: Mediação 1999 (p. 37-58).<br />

VECHI, V. Estética y aprendizaje. In: HOYUELOS, A. (2006). La estética en el pensamiento y obra pe<strong>da</strong>gógica<br />

<strong>de</strong> Loris Malaguzzi. Barcelona: Octaedro - Rosa Sensat, 2006.<br />

Saiba Mais<br />

39<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


40<br />

Linguagem e mundo:<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas<br />

como construção <strong>de</strong><br />

sentidos<br />

Maria Angélica Freire <strong>de</strong> Carvalho<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Piauí<br />

Resumo: Apresentamos nesse texto reflexões sobre o ato <strong>de</strong> nomear, buscando verificar a forma como interagimos<br />

com o mundo por meio <strong>da</strong> linguagem, como interpretamos e construímos “nossos mundos” na interação<br />

com o entorno físico, social e cultural. A partir <strong>de</strong> diálogos com perspectivas teóricas, i<strong>de</strong>ntificamos que<br />

há um processo <strong>de</strong> construção discursiva dialógica quando apresentamos uma “versão” do mundo por meio <strong>da</strong><br />

língua. Assim, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas compreen<strong>de</strong>m não somente o modo como o ser humano vê o mundo e<br />

como ele <strong>de</strong>signa as coisas que se encontram nesse mundo, mas também as ações construí<strong>da</strong>s conjuntamente<br />

por sujeitos capazes não só <strong>de</strong> nomear, mas <strong>de</strong> criar e recriar, em interação com outros sujeitos <strong>de</strong> linguagem,<br />

imersos em um <strong>da</strong>do contexto social e discursivo, consi<strong>de</strong>rando a (inter)subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: Linguagem e cognição, Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas, Construção <strong>de</strong> sentidos, Interação, Subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A inserção cognitiva no mundo media<strong>da</strong><br />

pela linguagem<br />

Neste texto trataremos <strong>de</strong> uma in<strong>da</strong>gação que se esten<strong>de</strong> nos estudos sobre a linguagem<br />

e que não tem respostas claras ou bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s: “Como se constitui e se caracteriza<br />

nossa inserção cognitiva no mundo media<strong>da</strong> pela linguagem?” Uma hipótese que partilhamos<br />

nessa breve discussão é a <strong>de</strong> que há uma integração cognitivo-social: a mente humana<br />

como geradora <strong>de</strong> conhecimentos, envolvendo a cultura, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a experiência dos<br />

indivíduos.<br />

Realizamos processos complexos na passagem <strong>de</strong> representações (mentais) para expressões<br />

linguísticas, mas não temos clareza <strong>de</strong> como esse processo interno acontece, embora<br />

haja hipóteses sobre esse processamento, elas não explicam tudo o que fazemos ao<br />

falar ou escrever, ao produzirmos eventos comunicativos usando a língua e outros recursos<br />

<strong>de</strong> significação. Uma <strong>da</strong>s questões principais é “Como partir <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia e chegar a sua


explicitação?” Um trecho do conto “Menino a bico <strong>de</strong> pena”, <strong>de</strong> Clarice Lispector, leva-nos<br />

a essa reflexão. Esse texto tem sido mote <strong>de</strong> apontamentos teóricos <strong>de</strong> autores cognitivistas,<br />

mas aqui só o apresentaremos como exemplo para nossas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> estudo no que diz<br />

respeito à forma como a linguagem perpassa o homem para chegar ao mundo:<br />

Não sei como <strong>de</strong>senhar o menino. Sei que é impossível <strong>de</strong>senhá-lo a carvão,<br />

pois até o bico <strong>de</strong> pena mancha o papel para além <strong>da</strong> finíssima linha<br />

<strong>de</strong> extrema atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> em que ele vive. Um dia o domesticaremos em humano,<br />

e po<strong>de</strong>remos <strong>de</strong>senhá-lo. Pois assim fizemos conosco e com Deus. O<br />

próprio menino aju<strong>da</strong>rá sua domesticação: ele é esforçado e coopera. Coopera<br />

sem saber que essa aju<strong>da</strong> que lhe pedimos é para o seu auto-sacrifício.<br />

Ultimamente ele até tem treinado muito. E assim continuará progredindo<br />

até que, pouco a pouco --- pela bon<strong>da</strong><strong>de</strong> necessária com que nos salvamos<br />

– ele passará do tempo atual ao tempo cotidiano, <strong>da</strong> meditação à expressão,<br />

<strong>da</strong> existência à vi<strong>da</strong> [...] (LISPECTOR, C. 1998, 136-137).<br />

Reafirmamos, assim, que é certo reconhecer o conhecimento como regulado por uma<br />

interação contínua entre práxis, percepção e linguagem, argumento utilizado por Blikstein<br />

(1985, p. 65-66), para sustentar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> é fabrica<strong>da</strong> por estereótipos culturais<br />

reticulados. Estes, por sua vez, regularizam as percepções do sujeito, garantindo-se<br />

e reforçando-se na e pela linguagem. Isso equivale dizer que a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> se transforma em<br />

um <strong>de</strong>terminado estímulo linguístico (oral ou escrito) por meio <strong>da</strong> percepção/cognição ou <strong>da</strong><br />

interpretação humana. E, ain<strong>da</strong>, pela construção conjunta e colaborativa com outro sujeito<br />

em interação.<br />

A práxis opera em nosso sistema perceptual, ensinando-nos a “ver” o mundo com os<br />

“óculos sociais” ou estereótipos e gerando conteúdos visuais, tácteis, olfativos, gustativos,<br />

na dimensão cinésica e proxêmica (gestos, movimentos, espaços, distâncias, tempo etc.),<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> ação e do recorte <strong>da</strong> linguagem linear.<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> prosseguir na ilustração dos argumentos, conjuntamente,<br />

refletiremos sobre um trecho do livro O pequeno príncipe (EXUPÉRY,<br />

1994, p. 7-16) em que o narrador se interessa “por uma imponente gravura<br />

[...] uma jibóia que engolia uma fera” (p.7) vista num livro sobre ‘Floresta<br />

Virgem’ cujo nome era “Histórias Vivi<strong>da</strong>s” e, a partir <strong>de</strong>sse interesse e<br />

“reflexão” fez o seu primeiro <strong>de</strong>senho, segundo ele “obra-prima”: representava<br />

a “imponente gravura”. (BLIKSTEIN, 1985, p. 65-66).<br />

41<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


42<br />

Ao mostrar “às pessoas gran<strong>de</strong>s” e perguntar se o <strong>de</strong>senho lhes fazia medo e receber<br />

como resposta “Por que é que um chapéu faria medo?” (EXUPÉRY, 1994, p. 8), o narrador<br />

insiste afirmando tratar-se <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senho, sem <strong>de</strong>fini-lo. “Desenhei então o interior <strong>da</strong> jibóia,<br />

a fim <strong>de</strong> que as pessoas gran<strong>de</strong>s pu<strong>de</strong>ssem compreen<strong>de</strong>r. Elas tem sempre necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> explicações” (EXUPÉRY, 1994, p. 8). E nesses argumentos segue o capítulo a que se<br />

refere o exemplo, uma visão firme <strong>de</strong> que a compreensão do narrador era uma experiência<br />

acerta<strong>da</strong>, apesar dos <strong>de</strong>sencontros <strong>de</strong> visões. Para ele, seu interlocutor, no caso “as pessoas<br />

gran<strong>de</strong>s,” precisava <strong>de</strong> muita indulgência por parte <strong>da</strong>s crianças.<br />

Nesse exemplo, para O pequeno príncipe, ao apresentar “a gravura que representava<br />

uma jibóia engolindo uma fera” como “<strong>de</strong>senho”, levava ao interagente a sua percepção, <strong>de</strong><br />

acordo com a ação colaborativa <strong>de</strong> experiência leitora. Ele enquanto narrador, <strong>de</strong> certo modo,<br />

<strong>de</strong>ixou vaga a elaboração mental <strong>de</strong> um referencial linguístico, pois não havia conhecimento<br />

partilhado sobre o mesmo contexto. Assim, para o interlocutor com quem se comunicava<br />

(interagente) tratava-se apenas <strong>de</strong> um “<strong>de</strong>senho”, pois o elemento linguístico escolhido pelo<br />

Pequeno Príncipe, para sua construção discursiva, permitia uma interpretação “aberta”, vali<strong>da</strong>ndo<br />

uma aposta na busca <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> sentidos.<br />

Por isso, a visão/percepção ficou referencialmente dupla; permitindo, no caso, caminhos<br />

<strong>de</strong> interpretação à luz do olhar do sujeito leitor, segundo um ponto <strong>de</strong> vista específico,<br />

<strong>de</strong> acordo com sua subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Isso explica o quanto é importante para a interação o<br />

contexto, como ele se constitui na construção <strong>da</strong>s significações e compreensão <strong>de</strong> um real<br />

possível e (re)apresentado pelos sujeitos em ação, conjuntamente, no uso <strong>da</strong> linguagem em<br />

práticas comunicativas. E, ao mesmo tempo, como é importante saber fazer as escolhas mais<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s ao construir discursivamente nosso olhar sobre o mundo criado ou existente.<br />

Esse exemplo nos leva a pensar, também, sobre a importância <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem que <strong>de</strong>vemos<br />

questionar em relação ao tratamento que se dá, muitas vezes, à perspectiva <strong>da</strong> construção<br />

<strong>de</strong> significação pela criança – repensando a tendência comum <strong>de</strong> subestimar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

sobre os níveis <strong>de</strong> compreensão que po<strong>de</strong>m assumir, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> suas experiências<br />

individuais e <strong>de</strong>senvolvimento cognitivo, mesmo reconhecendo as limitações <strong>de</strong> acordo com<br />

os estágios evolutivos. Os sujeitos, em geral, são dotados <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> cognitiva, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

não haja impedimentos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m diversa; seja por uma implicação neurobiológica, seja pelo<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> aprendizagem, <strong>de</strong> amadurecimento e <strong>de</strong> compreensão <strong>da</strong><br />

linguagem:<br />

Eu não lia direito, mas, arfando penosamente [...] Fala pouco e bem: ter-te-<br />

-ão por alguém.<br />

Esse Terteão para mim era um homem, e não pu<strong>de</strong> saber que fazia ele na


página final <strong>da</strong> carta. As outras folhas se <strong>de</strong>sprendiam, restavam-me as<br />

linhas em negrita, resumo <strong>da</strong> ciência anuncia<strong>da</strong> por meu pai.<br />

- Mocinha, quem é Terteão?<br />

Mocinha estranhou a pergunta. Não havia pensado que Terteão fosse homem.<br />

Talvez fosse. “Fala pouco e bem: ter-te-ão por alguém”.<br />

- Mocinha, que quer dizer isso?<br />

Mocinha confessou honestamente que não conhecia Terteão. E eu fiquei<br />

triste, remoendo a promessa <strong>de</strong> meu pai, aguar<strong>da</strong>ndo novas <strong>de</strong>cepções<br />

(RAMOS, 1995, p. 99).<br />

É necessário um olhar mais crítico ao referir-se à capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> cognitiva <strong>da</strong> criança cuja<br />

aquisição <strong>de</strong> conhecimento, como <strong>de</strong> qualquer sujeito, se dá em constante <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

isto é, numa interação contínua e ininterrupta nos mais variados contextos. Para tanto, ela<br />

vivencia diversas experiências (repeti<strong>da</strong>s ou não) que lhes exigem comportamentos novos<br />

e/ou ressignificados, perpassa fases até atingir a adulta que, por sua vez, se prolonga em<br />

aprendizagens: “As pessoas gran<strong>de</strong>s não compreen<strong>de</strong>m na<strong>da</strong> sozinhas, e é cansativo, para as<br />

crianças, estar to<strong>da</strong> hora explicando” (EXUPÉRY, 1994, p. 8).<br />

Ao compreen<strong>de</strong>r que um indivíduo, quando utiliza a língua, constrói sobre o mundo<br />

uma (re)apresentação, enten<strong>de</strong>-se que ele age sobre o outro, interagindo, e sobre o mundo,<br />

constituindo-se como sujeito do discurso, formando o enlace entre o social e o cognitivo.<br />

Essa perspectiva teórica, <strong>da</strong> qual partilhamos, é <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> como sociocognitiva 1 . Sob<br />

este enfoque, avaliaremos como tal abor<strong>da</strong>gem sustenta a tese do dizer/interpretar discursivo,<br />

ou seja, como é possível a partir <strong>de</strong> um<br />

contexto comunicativo, que implica aspectos<br />

cognitivos, linguísticos, discursivos, sociais,<br />

históricos e culturais, constituir-se o sujeito<br />

nas interações sociais. Conforme Vygotsky<br />

(1984), as apropriações <strong>de</strong> conhecimentos e<br />

<strong>da</strong> linguagem ocorrem interativamente, assim,<br />

aprendizagem e <strong>de</strong>senvolvimento se<br />

constituem mutuamente e, ain<strong>da</strong>, pensamento<br />

e linguagem caminham juntos, influenciando-se<br />

mutuamente:<br />

1. É importante salientar que o termo Sociocognitivismo assinala<br />

uma gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gens, nas quais a separação<br />

entre individual/social ou interno/externo é questiona<strong>da</strong>.<br />

Destacam-se, por exemplo, estudos <strong>de</strong>senvolvidos por Fauconnier<br />

(1994), Bronckart (1999), Mon<strong>da</strong><strong>da</strong>, além <strong>de</strong> autores<br />

como Hutchins (1995). Do mesmo modo, os trabalhos <strong>de</strong> Clark<br />

(1996); Tomasello (1998 2003); Salomão (1997, 1999) entre<br />

outros citados no corpo do trabalho, que são arrimos para os<br />

argumentos trazidos na tese. Estudos mais recentes postulam<br />

os processos cognitivos como fenômenos situados, dinâmicos<br />

que surgem e se organizam em interação.<br />

43<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


44<br />

A primeira palavra soletra<strong>da</strong>, inteirinha, foi morfina. A dor <strong>de</strong> minha mãe<br />

aumentava sempre e muito. [...] Pedir uma penitência <strong>de</strong> três terços por ter<br />

ido longe <strong>de</strong>mais, ter invadido o mundo, sem a professora. A palavra morfina<br />

me levou a muitos lugares e a outros exílios (QUEIRÓS, 1997, p. 35).<br />

O exemplo em <strong>de</strong>staque evi<strong>de</strong>ncia que a interação e a aquisição <strong>de</strong> práticas simbólicas<br />

ocorrem em interações diversas, conforme se <strong>de</strong>stacou, e essa aquisição é fun<strong>da</strong>mental,<br />

porque a partir <strong>de</strong>la se supõe a organização do processamento perceptivo sensorial como um<br />

todo. Destacar esse trecho torna-se relevante para <strong>de</strong>monstrar que o <strong>de</strong>senvolvimento intelectual<br />

do sujeito, sob diferentes perspectivas – crítico, criativa, expressiva e participativa –,<br />

presentifica-se ao longo <strong>de</strong> sua evolução, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua mais tenra i<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Por outro lado, consi<strong>de</strong>ramos os argumentos <strong>de</strong> Morato (2002) sob uma concepção <strong>de</strong><br />

que a língua não se restringe a um entremeio do nosso pensamento e o mundo; as construções<br />

<strong>de</strong> sentidos fixa<strong>da</strong>s nas interações contam com outros elementos: proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s biológicas<br />

psíquicas; o modo <strong>de</strong> ocorrência <strong>da</strong>s interações; a intersubjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> na linguagem; as<br />

contingências discursivas; enfim, há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar que, nas práticas discursivas, a linguagem<br />

é um eixo norteador, mas não limitador.<br />

A autora Morato (2000) complementa “[...] se as funções cognitivas também estão na<br />

<strong>de</strong>pendência dos diversos processos em jogo na significação, elas não são comportamentos<br />

previsíveis ou apriorísticos. Se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>da</strong> significação, são também atos <strong>de</strong> linguagem”.<br />

Morato realça que<br />

[...] a linguagem não é apenas transmissão <strong>de</strong> pensamento, não é apenas<br />

código lingüístico, não é apenas comunicação interpessoal, mas é, sobretudo,<br />

um processo <strong>de</strong> produção <strong>da</strong> significação; nesse sentido, a linguagem<br />

é percebi<strong>da</strong>, também, como lugar <strong>de</strong> ação, caracteriza<strong>da</strong> por uma dinamici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

(MORATO, 2000, p. 5).<br />

Conhecer e <strong>da</strong>r a conhecer por meio <strong>da</strong><br />

linguagem<br />

Ao pensarmos sobre a relação entre as palavras e aquilo que elas <strong>de</strong>signam, diante <strong>de</strong><br />

tantos pontos <strong>de</strong> vistas, uma pon<strong>de</strong>ração a ser feita é ter como fun<strong>da</strong>mento comum o fato<br />

<strong>de</strong> que cognição se refere ao conhecimento, suas formas <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> processamento.<br />

Desse modo, as operações mentais que se realizam no ato <strong>de</strong> conhecer ou <strong>de</strong> <strong>da</strong>r a conhecer<br />

efetivam-se por meio <strong>de</strong> “troca”, ou seja, para conhecer o mundo faz-se necessário torná-lo<br />

significativo por meio <strong>da</strong> linguagem. Isto significa pensar a relação linguagem e cognição <strong>de</strong>


forma a harmonizar o cognitivo, o linguístico, o social e o histórico, em uma perspectiva do<br />

funcionamento do sistema na sua relação com o contexto situacional, social.<br />

Os rumos teóricos que se estabeleceram no intuito <strong>de</strong> investigar a relação entre uma<br />

representação simbólica e o seu objeto <strong>de</strong> representação ou, em outras palavras, a construção<br />

<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> por meio <strong>da</strong> linguagem foram (e são) muitos, partindo <strong>de</strong> diferentes áreas<br />

do saber 2 . Por esta razão, é importante ressalvar que as<br />

discussões trazi<strong>da</strong>s neste texto se constituem num rastreamento<br />

tímido sobre um estudo complexo do cognitivo e<br />

do linguístico.<br />

O discurso <strong>da</strong>s ciências experimentais ou naturais postulava uma condição referencial<br />

<strong>da</strong> linguagem, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em uma ligação direta entre as palavras e as coisas. Nessa abor<strong>da</strong>gem,<br />

o signo <strong>de</strong>ve se referir sempre a algo que lhe é exterior. O ato mental era abstraído <strong>da</strong><br />

relação, a fim <strong>de</strong> se conceber uma transparência entre as palavras e as coisas, havia uma<br />

relação <strong>de</strong> correspondência entre representações simbólicas e mundo ou universo discursivo.<br />

Essa visão pressupôs, portanto, a existência <strong>de</strong> um mundo autônomo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> existência <strong>de</strong> um sujeito que a ele se referia. Assim, as representações linguísticas<br />

eram vistas como “enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s” que se acomo<strong>da</strong>vam a este mundo objetivo e preexistente ao<br />

discurso. Dessa maneira, há uma estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s tanto no mundo, quanto na<br />

língua. Um estudo que tenha como base tais postulados enfatiza a segmentação do discurso<br />

em nomes e a organização do mundo em enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s objetivas, observando como se efetiva a<br />

correspondência entre uma e outra relação. Mas esta i<strong>de</strong>ia, mesmo entre seus propagadores,<br />

era motivo <strong>de</strong> controvérsia, pois eles se in<strong>da</strong>gavam: “como conceber o objeto <strong>da</strong> linguagem<br />

(pensamento) fora <strong>da</strong> linguagem (pensamento)?”.<br />

Os argumentos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m uma correlação<br />

entre linguagem e mundo, media<strong>da</strong> pelo simbólico,<br />

não esclarecem o modo como a correspondência se<br />

realiza. Por isso, outros caminhos foram seguidos,<br />

objetivando sanar essa e outras falhas 3 teórico-metodológicas,<br />

entre eles, sobretudo, os que postulavam a<br />

hipótese internalista sobre a significação.<br />

2. Por exemplo, nas ciências sociais <strong>de</strong>ve<br />

ser consi<strong>de</strong>rado o trabalho <strong>de</strong> autores como<br />

BERGER, P.; LUCKMAN, T. A construção<br />

social <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, Petrópolis, Vozes, 1978.<br />

3. Consi<strong>de</strong>rar a existência <strong>de</strong> falhas numa abor<strong>da</strong>gem<br />

teórica por não enfatizar <strong>de</strong>terminados aspectos<br />

que se consi<strong>de</strong>rem, à luz <strong>de</strong> alguns outros<br />

princípios teóricos, relevantes é algo que <strong>de</strong>ve ser<br />

relativizado; pois, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, trata-se <strong>de</strong> uma<br />

questão <strong>de</strong> escolha no direcionamento dos argumentos<br />

teóricos, isto é, o que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado<br />

relevante para uma perspectiva não o é, muitas<br />

vezes, em outras.<br />

A abor<strong>da</strong>gem <strong>da</strong>s ciências cognitivas clássicas surgiu marca<strong>da</strong>mente a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> 1950, para se sobrepor à visão dominante <strong>de</strong> estudo que se propunha consi<strong>de</strong>rar o ser<br />

humano a partir <strong>de</strong> um enfoque comportamentalista, behaviorista. As explicações sobre a<br />

relação entre linguagem e cognição se <strong>da</strong>vam sob o ponto <strong>de</strong> vista externo, não recorriam<br />

a explicações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m subjetiva, isto é, não faziam referências aos estados mentais, às intenções,<br />

enfim, não observavam o ser humano sob um ponto <strong>de</strong> vista interno ou subjetivo.<br />

45<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


46<br />

O advento <strong>da</strong>s ciências cognitivas influenciou as <strong>de</strong>mais ciências em diferentes aspectos.<br />

Apesar disso, nem sempre um diálogo entre essa “nova” ciência e as ciências sociais,<br />

por exemplo, ocorria. Embora as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s cognitivas que interessavam aos cognitivistas<br />

clássicos tivessem uma dimensão social, na maioria <strong>da</strong>s vezes, os aspectos sociais e cognitivos<br />

<strong>da</strong> linguagem foram colocados em lados opostos, gerando pontos <strong>de</strong> vista diferentes.<br />

Isto não significa que os aspectos sociais <strong>da</strong> linguagem e <strong>da</strong> cognição fossem ignorados,<br />

pois se reconhecia o caráter social <strong>da</strong> linguagem, mas isto não interferia na explicação<br />

dos fenômenos <strong>de</strong> linguagem. Apesar <strong>de</strong> ser incontestável para os cognitivistas clássicos que<br />

a vi<strong>da</strong> social existia, eles <strong>de</strong>senvolveram seus argumentos sem consi<strong>de</strong>rá-la relevante para<br />

suas fun<strong>da</strong>mentações teóricas.<br />

Para os cognitivistas clássicos, as reflexões se conduziam a partir <strong>de</strong> in<strong>da</strong>gações do<br />

tipo: Como a memória se organiza? Como o conhecimento está organizado na mente? etc.<br />

Ao elegerem tais focos <strong>de</strong> estudo, eles se distanciaram <strong>da</strong>s abor<strong>da</strong>gens anteriores, não só<br />

pelos questionamentos, mas, principalmente, pelo método <strong>de</strong> investigação. Houve uma ampliação<br />

do enfoque: não era examina<strong>da</strong> apenas a linguagem entre as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s cognitivas,<br />

outras capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s eram observa<strong>da</strong>s: o fato <strong>de</strong> o homem ser apto para locomover-se nos<br />

diferentes espaços, tal como passar em um local sem esbarrar nos móveis que ali se encontram,<br />

<strong>de</strong> estabelecer cálculos na i<strong>de</strong>ntificação, por exemplo, <strong>da</strong> variação do conteúdo <strong>de</strong> um<br />

recipiente ao segurá-lo etc.<br />

Essa posição teórica <strong>de</strong>finiu a mente como separa<strong>da</strong> do corpo e a cognição, portanto,<br />

como capaz <strong>de</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> autônoma. O cognitivismo se fun<strong>da</strong>mentava em mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

in<strong>formação</strong> que se podiam representar por símbolos passíveis <strong>de</strong> manipulação e a mente se<br />

assemelhava a um computador.<br />

Para esses cognitivistas, as coisas do mundo eram representa<strong>da</strong>s internamente por<br />

símbolos e as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s mentais resultariam em operações sobre esses símbolos. Com este<br />

pressuposto, eles procuraram explicar as regras pelas quais os símbolos se combinavam,<br />

apagavam-se e se transformavam, por meio <strong>de</strong> um mecanismo inato que permitia ao homem<br />

<strong>de</strong>senvolver a linguagem. Concebia-se o conteúdo <strong>da</strong> mente, portanto, como uma representação<br />

simbólica. O objetivo maior era o <strong>de</strong> explicar como os conhecimentos se estruturam na<br />

mente e como eles são requeridos para solucionar o que o entorno apresenta como problema.<br />

O entorno engloba, segundo tal perspectiva, a cultura e a vi<strong>da</strong> social, o que exigiria <strong>da</strong><br />

mente uma representação <strong>de</strong> conhecimentos especificamente culturais. Assim, procurava-se<br />

saber que conhecimentos o indivíduo <strong>de</strong>veria ter para agir <strong>de</strong> modo satisfatório na sua vi<strong>da</strong><br />

cultural. Os conhecimentos apreendidos, armazenados, seriam tomados como “cultura”.<br />

Logo, a cultura se comporia do conjunto <strong>de</strong> conhecimentos alocados nas mentes e seria algo<br />

passivo, sobre o qual a mente humana agiria.


Críticas são feitas a esse conceito <strong>de</strong> cultura, uma <strong>de</strong>las resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> que os fenômenos<br />

culturais são processos que emergem <strong>da</strong> práxis social e <strong>da</strong> linguagem em permanente<br />

interação. Por essa razão, são instáveis e estão sempre se constituindo, fato que não combina<br />

com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> coleção <strong>de</strong> informações ou conjunto <strong>de</strong> conhecimentos estáticos, <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong><br />

pelos cognitivistas clássicos. Outra crítica se baseia no fato <strong>de</strong> que não se tem uma separação<br />

radical entre externo/interno em se tratando do “<strong>de</strong>ntro” e do “fora” <strong>da</strong>s mentes, o que há é<br />

uma inter-relação complexa. Voltar-se só para o “<strong>de</strong>ntro” ou só para o “fora” <strong>da</strong> mente gera<br />

equívocos para uma noção <strong>de</strong> cognição.<br />

Em uma fase inicial <strong>da</strong> ciência cognitiva, portanto, consi<strong>de</strong>rava-se que a mente se achava<br />

presa ao corpo por contingência <strong>da</strong> matéria. O que se encontrava no mundo exterior era representado<br />

por meio <strong>de</strong> imagens, miniaturas dos objetos que se instalavam no cérebro e a partir<br />

<strong>da</strong>s quais i<strong>de</strong>ntificaríamos as coisas do mundo; tinha-se, portanto, o dualismo corpo/mente.<br />

A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que mente e corpo são enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s estanques preteriu questionamentos sobre<br />

os meios pelos quais os estímulos dos sentidos são traduzidos em símbolos. Entretanto, em<br />

uma tentativa <strong>de</strong> respostas mais satisfatórias à apreensão do mundo, começou-se a postular<br />

que as experiências eram o centro <strong>de</strong> aquisição do conhecimento. Logo, a cognição ocorria<br />

por meio <strong>de</strong> um processamento <strong>de</strong> informações vin<strong>da</strong>s pelos sentidos e a mente era um<br />

construto <strong>da</strong>s interações físicas, corpóreas com o meio ambiente no qual viviam os sujeitos.<br />

Sob este ponto <strong>de</strong> vista, os significados seriam <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> esquemas sensório-motores<br />

que se adquirem a partir <strong>da</strong>s ações dos sujeitos no mundo. Por essa razão, o significado<br />

se encontraria no corpo vivo do locutor/interlocutor que está em várias relações com o meio,<br />

e não na correspondência entre palavras e coisas.<br />

Uma releitura <strong>da</strong> relação entre o cognitivo<br />

e o linguístico: o foco nos processos<br />

interativos<br />

Des<strong>de</strong> o final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1980, um diálogo entre essas perspectivas tem se tornado<br />

possível, pois têm surgido espaços <strong>de</strong> compreensão do fenômeno cognitivo, em geral, e <strong>da</strong><br />

linguagem, em particular, como ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s situa<strong>da</strong>s. Isso se <strong>de</strong>veu pelo fato <strong>de</strong> haver uma<br />

insatisfação com o conceito <strong>de</strong> mente até então adotado.<br />

Por esse enfoque, o sujeito não é visto apenas como possuidor <strong>de</strong> uma inteligência, <strong>de</strong><br />

estruturas cognitivas, especialmente memoriais, que o fazem representar o mundo que lhe é<br />

exterior. Não é somente o sujeito biológico, mas, também, o sujeito social que, em conjunto,<br />

constrói os referentes, <strong>da</strong>ndo uma estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> a seu mundo, produzi<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> processos<br />

simbólicos complexos, os quais criam um efeito <strong>de</strong> objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

47<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


48<br />

Assim como muitos pesquisadores oriundos do Cognitivismo clássico reavaliaram<br />

seus posicionamentos, outros estudiosos, com a <strong>formação</strong> predominantemente nas ciências<br />

sociais, oportunizaram novos olhares, ou melhor, permitiram-se um olhar subjetivo, passando<br />

a se preocupar com a dimensão sociocognitiva nas suas construções teóricas, levando em<br />

conta, também, o processamento linguístico, a situacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e a sua suscetibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao<br />

contexto sócio-histórico.<br />

Essa visão mescla<strong>da</strong> permitia compreen<strong>de</strong>r a linguagem como forma <strong>de</strong> ação no mundo,<br />

uma ação conjunta, produto <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> outras ações mais simples, também em conjunto,<br />

e que se organizam hierarquicamente, formando etapas <strong>de</strong> uma ação central. Os falantes se<br />

organizam para atuarem conjuntamente, utilizando-se, para tal, tanto <strong>de</strong> recursos linguísticos,<br />

quanto <strong>de</strong> extralinguísticos/sociais e, ain<strong>da</strong>, individuais, subjetivos, cognitivos. Assim, a linguagem<br />

tem tanto uma dimensão individual, subjetiva, quanto pública e historiciza<strong>da</strong>.<br />

Atualmente, apesar dos enfoques heterogêneos, po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar, no campo do Cognitivismo,<br />

a posição <strong>de</strong> que não é possível estu<strong>da</strong>r a mente <strong>de</strong> forma separa<strong>da</strong> do organismo<br />

em que se situa (corpo), nem do meio on<strong>de</strong> os processos comunicativos acontecem. Por isso,<br />

não se po<strong>de</strong> avaliar os fenômenos cognitivos somente sob uma perspectiva interna, já que<br />

muitos <strong>de</strong>sses fenômenos acontecem socialmente.<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Há muito a ser consi<strong>de</strong>rado sobre o assunto abor<strong>da</strong>do, entretanto, apresentamos brevemente<br />

algumas i<strong>de</strong>ias que apontam reflexões fun<strong>da</strong>mentais para o educador compreen<strong>de</strong>r<br />

a importância <strong>de</strong> sua atuação como mediador nas práticas colaborativas em diferentes experiências<br />

socioculturais <strong>da</strong>s crianças com quem interage. Entre outros aspectos a se ressaltar,<br />

é importante tomar o conhecimento <strong>de</strong> que a relação que se estabelece nessas práticas sociointerativas<br />

não é <strong>de</strong> representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> (enquanto espelhamento), mas <strong>de</strong> apresentação e<br />

reapresentação à luz <strong>da</strong>s experiências que as crianças têm do real que a elas é exposto e ao<br />

modo como lhes é exposto.<br />

Assim, há uma textualização do mundo, a qual se fun<strong>da</strong> em escolhas do sujeito em<br />

função <strong>de</strong> um querer-dizer, por meio <strong>de</strong> uma operacionalização comunicativa que envolve<br />

processos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> sentido(s) entendi<strong>da</strong> como algo que se dá <strong>de</strong>ntro e fora <strong>da</strong>s mentes,<br />

requerendo constante negociação, não só a partir do lugar e do momento <strong>da</strong> enunciação,<br />

mas também dos participantes, dos meios <strong>de</strong> interação <strong>de</strong> que se utilizam, dos recursos extralinguísticos<br />

– gestos, olhares etc. Enfim, <strong>da</strong> noção <strong>de</strong> contexto que se amplia e abarca os<br />

aspectos cognitivos em funcionamento na interação.


Portanto, ao se consi<strong>de</strong>rarem as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas como sendo <strong>de</strong> construção,<br />

enten<strong>de</strong>-se que, quando são observa<strong>da</strong>s tais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, é possível perceber proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>da</strong> cognição. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, começa-se a observar o dinamismo <strong>de</strong> processos que dão origem<br />

às estruturas conceituais como, por exemplo: metáforas, metonímias, polissemias, in<strong>de</strong>terminação<br />

referencial, anáforas etc. É importante consi<strong>de</strong>rar que tais processos se realizam<br />

em contextos <strong>de</strong> natureza não só social, mas também cognitiva. Desse modo, percebemos<br />

que o conhecimento é um produto <strong>de</strong>ssas interações sociais e não <strong>de</strong> uma mente isola<strong>da</strong> ou<br />

individual. Em outras palavras, a cognição não é apenas um processo mental, ela po<strong>de</strong> ser<br />

entendi<strong>da</strong> também como uma construção social e não individual.<br />

Usar os símbolos, portanto, para dizer as “coisas” do mundo ou para se fazer compreen<strong>de</strong>r,<br />

por meio <strong>da</strong> linguagem, é um modo <strong>de</strong> construção. Por essa razão, é importante saber<br />

que não se <strong>de</strong>ve tratar <strong>da</strong> relação linguagem e mundo sem pensá-la como ação interativa,<br />

criativa, discursiva, o que confirma que não há algo específico que regule as significações,<br />

pois elas são produto <strong>da</strong>s interações sociais que se dão imersas em uma cultura e uma história.<br />

Assim, po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r que o conhecimento é um projeto cultural e não um <strong>da</strong>do cultural<br />

ou fruto <strong>de</strong> relações <strong>da</strong> correspondência sujeito-objeto, e que os processos cognitivos se<br />

organizam socialmente e não são apenas inatos ou alheios ao envolvimento social.<br />

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49<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

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VYGOTSKY, L. S. A <strong>formação</strong> social <strong>da</strong> mente. São Paulo, Martins Fontes, 1984.<br />

51<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


52<br />

A linguagem oral e as<br />

crianças – possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalho na educação<br />

infantil<br />

Silvana <strong>de</strong> Oliveira Augusto<br />

ISE Vera Cruz - Instituto Avisa lá - Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> São Paulo<br />

Resumo: O texto questiona a i<strong>de</strong>ia natural <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> fala em contraposição a autores que assumem<br />

o papel do outro na produção <strong>de</strong> discursos. Para compreen<strong>de</strong>r a dimensão do trabalho a ser feito<br />

com a linguagem oral na escola, é importante ao professor conhecer como as crianças apren<strong>de</strong>m a falar e a<br />

se comunicar, e qual é o papel do outro tanto na aquisição <strong>de</strong> linguagem pela criança pequena, quanto na<br />

construção dos diferentes discursos em processo na organização do pensamento infantil, bem como quais<br />

são as implicações pe<strong>da</strong>gógicas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>sse conhecimento. Defen<strong>de</strong>-se neste texto uma maior intencionali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

pe<strong>da</strong>gógica no trabalho com a linguagem oral no cotidiano <strong>da</strong> educação infantil, por meio do<br />

planejamento <strong>de</strong> algumas práticas, como conversar, narrar, brincar e comunicar-se. Tais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m<br />

se constituir como eixos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> organização do trabalho com a linguagem oral na escola, pois, em<br />

todos os casos, não faltam oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para apren<strong>de</strong>r e elas contribuem para a construção <strong>de</strong> um ambiente<br />

mais falante na escola.<br />

Palavras-chave: Educação infantil, Linguagem oral, Aquisição <strong>de</strong> linguagem, Desenvolvimento infantil.<br />

Embora a linguagem oral esteja presente no cotidiano <strong>da</strong>s instituições <strong>de</strong> educação<br />

infantil, nem sempre é trata<strong>da</strong> como algo a ser intencionalmente trabalhado com as crianças.<br />

É muito comum que se pense que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> fala é natural, portanto, não exige<br />

do professor uma atenção especial. Mas, não é isso o que ocorre. Embora, <strong>de</strong> fato, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

orgânico do aparelho fonador cumpra um papel importante na conquista <strong>da</strong> fala,<br />

isso não é tudo, pois as formas <strong>de</strong> comunicação são sempre culturais.<br />

Para compreen<strong>de</strong>r a dimensão do trabalho a ser feito com a linguagem oral na escola,<br />

é importante conhecer um pouco mais sobre como as crianças apren<strong>de</strong>m a falar e a se<br />

comunicar, o papel do outro tanto na aquisição <strong>de</strong> linguagem pela criança pequena, quanto<br />

na construção dos diferentes discursos e quais são as implicações pe<strong>da</strong>gógicas <strong>de</strong>correntes<br />

<strong>de</strong>sse conhecimento.


O papel do outro na aquisição <strong>da</strong> linguagem<br />

pela criança<br />

Todo contato que a criança estabelece com o mundo é sempre mediado pela linguagem<br />

(VYGOTSKY, 1985; 2002). A relação <strong>da</strong> criança com a linguagem supõe uma relação com<br />

o outro, no caso <strong>da</strong> creche ou <strong>da</strong> escola, é o professor que representa esse outro por meio <strong>da</strong><br />

língua que apresenta às crianças. Então, faz-se necessário refletir sobre o modo, por meio do<br />

qual se efetiva essa interação.<br />

Diferente do que muitos pensam, a aprendizagem <strong>de</strong> uma língua não é apenas natural.<br />

Embora haja, <strong>de</strong> fato, um <strong>de</strong>senvolvimento orgânico do aparelho fonador, isso não é tudo!<br />

Para falar, é preciso compreen<strong>de</strong>r como funciona a linguagem e como se expressar nesse sistema.<br />

Isso só é possível para a criança pequena, pela mediação do adulto. É a interpretação<br />

do adulto que constitui significação à fala e, <strong>de</strong>sse modo, sustenta a produção <strong>de</strong> discurso <strong>da</strong><br />

criança. Nesse sentido, po<strong>de</strong>-se dizer que o adulto é a “[...] instância <strong>da</strong> língua constituí<strong>da</strong>”<br />

(LEMOS, 1998).<br />

Por exemplo, to<strong>da</strong>s as crianças do mundo pronunciam mais ou menos as mesmas vocalizações,<br />

provenientes <strong>de</strong> movimentos dos músculos <strong>da</strong> boca e <strong>da</strong> projeção do som. Esses<br />

balbucios, <strong>de</strong>sse modo como são pronunciados, não significam na<strong>da</strong>. Mas, quando a mãe<br />

escuta seu bebê e respon<strong>de</strong> a ele amistosamente, institui com a sua atitu<strong>de</strong> o sentido <strong>de</strong>sse<br />

primeiro balbucio: mamãe. Ao expressar-se diretamente com a criança, o adulto empresta<br />

palavras à criança, atribui sentido aos seus balbucios e, com isso, explicita para ela como<br />

funciona o discurso em nossa língua. “Captura” seus gestos e expressões, entretecendo-os<br />

com as suas próprias palavras, criando assim um lugar para a criança como sujeito falante<br />

no mundo.<br />

O papel do outro na construção dos<br />

diferentes discursos infantis<br />

O papel do outro em sua atitu<strong>de</strong> responsiva (BAKTHIN, 1997) é fun<strong>da</strong>mental ao<br />

longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>, pois to<strong>da</strong> a comunicação se faz na interação. Bakthin questiona a proposição<br />

tradicional <strong>da</strong> linguística <strong>de</strong> seu tempo que concebia o papel do emissor <strong>de</strong> modo<br />

distinto do receptor. Para ele, é impossível pensar a palavra senão na interação. Não se trata<br />

mais <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r como a mensagem sai <strong>de</strong> um emissor e chega a um interlocutor, mas, sim,<br />

compreen<strong>de</strong>r como se dá o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> significado na interlocução:<br />

O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> tornar seu discurso inteligível é apenas um elemento abstrato<br />

<strong>da</strong> intenção discursiva em seu todo. O próprio locutor como tal é, em<br />

53<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


54<br />

certo grau, um respon<strong>de</strong>nte, pois não é o primeiro locutor, que rompe pela<br />

primeira vez o eterno silêncio <strong>de</strong> um mundo mudo, e pressupõe não só a<br />

existência do sistema <strong>da</strong> língua que utiliza, mas também a existência dos<br />

enunciados anteriores – emanentes <strong>de</strong>le mesmo ou do outro – aos quais seu<br />

próprio enunciado está vinculado por algum tipo <strong>de</strong> relação (fun<strong>da</strong>menta-<br />

-se nele, polemiza com eles), pura e simplesmente ele já os supõe conhecidos<br />

do ouvinte. Ca<strong>da</strong> enunciado é um elo <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia muito complexa<br />

<strong>de</strong> outros enunciados. (BAKTHIN, 1997, p. 291)<br />

Muitos fatores estão em jogo nessa construção, além <strong>da</strong> atitu<strong>de</strong> responsiva, também<br />

se consi<strong>de</strong>ra o grau <strong>de</strong> opaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s palavras. As palavras, embora tenham seus significados<br />

socialmente aceitos e compartilhados por todos os falantes <strong>de</strong> uma <strong>da</strong><strong>da</strong> língua, não<br />

são transparentes porque não possuem o mesmo sentido para to<strong>da</strong>s as pessoas. O sentido é<br />

construído pela interação do sujeito com seu interlocutor e tantos outros cujas vozes que se<br />

apresentam nos diferentes discursos que nos cercam. Para Bakthin, a linguagem é produto<br />

<strong>da</strong> interação <strong>de</strong> sujeitos históricos, portanto, todo discurso é interdiscursivo, atravessado por<br />

outras vozes. Nessa perspectiva, produzir discurso pressupõe a apropriação dos discursos<br />

sociais (BAKTHIN, 1997). Esse conhecimento é fun<strong>da</strong>mental ao professor que <strong>de</strong>ve ver na<br />

sua atitu<strong>de</strong> responsiva, as condições necessárias à comunicação <strong>da</strong>s crianças.<br />

As características do pensamento<br />

sincrético<br />

O papel do adulto na mediação dos discursos é fun<strong>da</strong>mental, como vimos. No entanto,<br />

ao comunicar-se com o outro, o professor encontra ali um sujeito cujo pensamento tem características<br />

próprias e não segue a mesma or<strong>de</strong>m <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> do mundo adulto. Nesse<br />

encontro vemos, por um lado, o professor tentando se fazer enten<strong>de</strong>r e, do outro, as crianças,<br />

pensando o mundo com os recursos que lhes são próprios. O pensamento <strong>da</strong> criança, diferente<br />

do adulto, é fortemente marcado pelo sincretismo:<br />

Wallon i<strong>de</strong>ntifica o sincretismo como a principal característica do pensamento<br />

infantil. Usual na psicologia, o adjetivo sincrético (grifo do autor)<br />

costuma <strong>de</strong>signar o caráter confuso e global do pensamento e percepções<br />

infantis. Segundo nosso autor, esta globali<strong>da</strong><strong>de</strong> está presente em vários aspectos<br />

<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> mental, que percebe e representa a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> forma<br />

indiferencia<strong>da</strong>. No pensamento sincrético encontram-se misturados aspectos<br />

fun<strong>da</strong>mentais, como o sujeito e o objeto pensado, os objetos entre si, os<br />

vários planos do conhecimento, ou seja, noções e processos fun<strong>da</strong>mentais


<strong>de</strong> suja diferenciação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m os progressos <strong>da</strong> inteligência. No sincretismo<br />

tudo po<strong>de</strong> se ligara tudo, as representações do real (idéias, imagens)<br />

se combinam <strong>da</strong>s formas mais varia<strong>da</strong>s e inusita<strong>da</strong>s, numa dinâmica que<br />

mais se aproxima <strong>da</strong>s associações livres <strong>da</strong> poesia do que <strong>da</strong> lógica formal.<br />

Fabulação, contradição, tautologia e elisão são alguns dos fenômenos<br />

típicos do pensamento sincrético, minuciosamente <strong>de</strong>scritos na análise<br />

walloniana. (GALVÃO, 1995, p. 82, grifo do autor)<br />

Assim, vemos que muitas <strong>da</strong>s expectativas <strong>de</strong> organização <strong>da</strong> linguagem e do pensamento,<br />

pautados pela lógica dos adultos, não po<strong>de</strong>m ser atendi<strong>da</strong>s pelas crianças. Saber sobre<br />

os aspectos teóricos <strong>da</strong> questão, o papel do outro na aquisição <strong>da</strong> linguagem pela criança e<br />

na construção dos diferentes discursos infantis, além do reconhecimento <strong>da</strong>s características<br />

sincréticas do pensamento infantil, permitem ao professor melhor orientar algumas situações<br />

comunicativas que <strong>de</strong>vem estar presentes entre as práticas <strong>da</strong> educação infantil. Vamos<br />

conhecer algumas <strong>de</strong>las?<br />

Comunicar-se no cotidiano<br />

A comunicação oral, nas mais diversas formas <strong>de</strong> expressão, formal ou informal, oportuniza<br />

às crianças uma imersão na expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua língua. Des<strong>de</strong> muito cedo, antes<br />

mesmo <strong>de</strong> entrar na creche ou na escola, as crianças <strong>de</strong>monstram interesse em compreen<strong>de</strong>r os<br />

atos dos adultos nas práticas comunicativas. Um bebê, por exemplo, já distingue, por meio <strong>da</strong>s<br />

expressões e <strong>da</strong> entonação, quando os adultos conversam entre si ou com ele, quando contam<br />

ou quando leem uma história. As palavras, seus significados e os modos <strong>de</strong> dizer são fonte <strong>da</strong><br />

curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> criança pequena que inicia aí sua entra<strong>da</strong> no mundo <strong>da</strong> representação.<br />

Sabe-se, hoje, que o bebê nasce com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para ser um sujeito falante em qualquer<br />

língua e que po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> um modo próprio, o que se passa ao seu redor antes<br />

mesmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a fala. Por isso, não precisamos esperar que os bebês se tornem maiores<br />

para conversar com eles, apresentar-lhes o mundo. Pelo contrário, as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

ouvir e participar <strong>de</strong> situações comunicativas no cotidiano ampliam as referências para que<br />

apren<strong>da</strong>m os usos <strong>da</strong> linguagem. Os bebês observam muito como falamos com eles, nossas<br />

expressões e gestos quando estamos bravos ou felizes, oferecendo algo ou pedindo, perguntando<br />

ou respon<strong>de</strong>ndo etc. E <strong>de</strong> tanto nos observar, passam a nos imitar e, também, uns aos<br />

outros na tentativa <strong>de</strong> se comunicar.<br />

É muito importante observar o modo como nos relacionamos com os bebês e como<br />

eles respon<strong>de</strong>m as nossas ações. Olhar nos olhos, por exemplo, é uma condição <strong>da</strong> comuni-<br />

55<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


56<br />

cação do bebê. Todos os momentos são propícios para isso: na hora <strong>de</strong> recebê-los no colo, ao<br />

início do dia; durante as refeições; ao longo <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s; nas brinca<strong>de</strong>iras etc. Observar<br />

as crianças, ouvir seus balbucios, assumindo uma atitu<strong>de</strong> responsiva <strong>de</strong>vem ser práticas <strong>da</strong><br />

comunicação cotidiana dos professores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os berçários. Nessa comunicação, que ain<strong>da</strong><br />

não é estabeleci<strong>da</strong> por meio <strong>de</strong> palavras, é preciso <strong>de</strong>codificar outros sinais: balbucios, gestos,<br />

expressões faciais, entonação e modulação <strong>da</strong> voz. Isso é um cui<strong>da</strong>do que o professor<br />

<strong>de</strong>ve ter ao se comunicar com a criança. Tal atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve estar presente em to<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>mais<br />

práticas cotidianas <strong>de</strong> linguagem <strong>da</strong> educação infantil, como se vê a seguir.<br />

Brincar com os textos orais<br />

A língua também oferece às crianças experiências nas quais brincar com as palavras é<br />

a função prioritariamente exerci<strong>da</strong> pelo falante. Por trás <strong>da</strong>s letras <strong>da</strong>s tradicionais cantigas<br />

e brinca<strong>de</strong>iras, expressam-se vozes antigas, que séculos já acalentaram, ninaram, encantaram.<br />

Em seu uso cotidiano, o papel comunicativo <strong>de</strong>sses textos é menos importante do que<br />

a ludici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s rimas que tanto entretêm os pequenos. Brincar com as palavras é motivo<br />

<strong>de</strong> diversão para as crianças, não é por acaso que as crianças, na educação infantil, entram<br />

em contato com esse ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro acervo popular. Repetir as parlen<strong>da</strong>s, ciran<strong>da</strong>r ao som <strong>da</strong>s<br />

cantigas <strong>de</strong> ro<strong>da</strong>, <strong>de</strong>safiar os amigos com as adivinhas e a si próprio com os trava-línguas<br />

são apenas exemplos do uso que as crianças tradicionalmente fazem <strong>de</strong>sse imenso repertório<br />

oral. Nesses jogos, elas brincam com as rimas, a cadência <strong>da</strong>s palavras, associações <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias<br />

em um processo <strong>de</strong> significação <strong>de</strong> sentidos do qual o adulto, mais uma vez, é peça-chave.<br />

Possuir um bom repertório <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>iras tem para a criança o peso <strong>de</strong> uma importante<br />

bagagem que ela carregará ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a passagem pela educação infantil, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>rá sempre sacar a garantia <strong>de</strong> bons momentos para compartilhar. Por esses motivos, o<br />

trabalho com o repertório <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>iras e textos orais po<strong>de</strong> ser um ótimo começo para as<br />

crianças que ingressam na creche ou na escola.<br />

O professor interessado em <strong>de</strong>senvolver projetos com essa temática não encontrará<br />

muitas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, pois a tradição oral brasileira é privilegia<strong>da</strong> pelo seu vasto repertório<br />

<strong>de</strong> textos orais e brinca<strong>de</strong>iras canta<strong>da</strong>s, tão conheci<strong>da</strong>s por todos nós que já brincamos na<br />

infância e, quem sabe por isso mesmo, po<strong>de</strong>mos ensinar às crianças. Mais tar<strong>de</strong>, esses textos<br />

sabidos <strong>de</strong> cor, constituirão mais uma fonte <strong>de</strong> in<strong>formação</strong> para a criança que busca compreen<strong>de</strong>r<br />

como a fala se relaciona com a escrita, principal dúvi<strong>da</strong> <strong>de</strong> quem começa a ler por<br />

conta própria.


Produzir narrativas<br />

Além do trabalho com as quadrinhas, parlen<strong>da</strong>s e brinca<strong>de</strong>iras canta<strong>da</strong>s, a educação<br />

infantil também <strong>de</strong>ve zelar pela expressão oral <strong>da</strong>s narrativas infantis <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo, utilizando-se<br />

para tanto <strong>de</strong> um momento privilegiado <strong>da</strong> jorna<strong>da</strong> diária que é a ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> histórias.<br />

A ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> histórias talvez seja a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> mais comum nas rotinas <strong>de</strong> educação infantil<br />

e isso tem um sentido. De fato, as histórias estão liga<strong>da</strong>s às crianças há muito tempo. O<br />

ato <strong>de</strong> ouvir histórias é, em si, carregado <strong>de</strong> significados antigos, vindos <strong>de</strong> muitas gerações<br />

passa<strong>da</strong>s. No Brasil, por exemplo, o hábito <strong>de</strong> contar histórias às crianças sempre existiu na<br />

tradição <strong>de</strong> muitos povos indígenas. Os mitos e len<strong>da</strong>s contados pelos mais velhos serviam<br />

para educar as crianças e explicar os mistérios <strong>da</strong> natureza, <strong>da</strong> origem dos homens e do<br />

mundo. Além dos índios, também os negros que chegaram ao Brasil nos transmitiram um<br />

rico repertório <strong>de</strong> histórias. Essas histórias que, hoje, também são nossas, porque nos foram<br />

conta<strong>da</strong>s, estão registra<strong>da</strong>s nos livros como um patrimônio para as futuras gerações.<br />

As narrativas conta<strong>da</strong>s pelo professor, na educação infantil, são a base para a construção<br />

<strong>da</strong>s histórias <strong>da</strong>s próprias crianças. Essa construção se dá pela interação com o mundo,<br />

representado pelo adulto, mediado pelo uso <strong>da</strong> linguagem. Em estudo sobre o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

narrativo na criança, Perroni (1992) assume o papel prepon<strong>de</strong>rante <strong>da</strong> interlocução<br />

na constituição <strong>da</strong> criança como narradora. Ela aponta três fases do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse<br />

discurso, partindo <strong>de</strong> uma produção bastante apoia<strong>da</strong> no discurso do adulto até chegar a uma<br />

produção mais autônoma.<br />

Na primeira fase do percurso narrativo, a presença do adulto é fun<strong>da</strong>mental em duas<br />

situações: no momento <strong>de</strong> contar histórias e no jogo <strong>de</strong> contar. Na primeira situação, a criança<br />

pequena assume o papel <strong>de</strong> ouvinte, apenas. Na segun<strong>da</strong>, ela se apóia no discurso do<br />

adulto que, por meio <strong>de</strong> suas perguntas, vai sustentando a costura <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias <strong>da</strong>s falas, compondo<br />

uma protonarrativa. Até os três anos, na segun<strong>da</strong> fase, a criança se emancipa <strong>da</strong> fala<br />

do adulto, passando a utilizar recursos como a colagem <strong>de</strong> trechos <strong>de</strong> histórias <strong>de</strong> ficção<br />

conheci<strong>da</strong>s ou memoriza<strong>da</strong>s, e combinações livres <strong>de</strong> relatos <strong>de</strong> experiência pessoal. Tais<br />

produções também são típicas do pensamento sincrético que marca o pensamento <strong>da</strong> criança<br />

nessa i<strong>da</strong><strong>de</strong>. E, finalmente, na terceira fase, a criança narra autonomamente, reconhecendo-<br />

-se a si própria como locutora e o papel do outro. (PERRONI, 1992).<br />

Pelo exposto, po<strong>de</strong>mos inferir que o papel do professor é fun<strong>da</strong>mental para assegurar<br />

a construção <strong>da</strong> narrativa. Ain<strong>da</strong> que os bebês não possam falar com suas próprias palavras,<br />

é importante que o professor conte a eles as mais belas histórias. Além disso, <strong>de</strong>ve também<br />

organizar situações que promovam a progressiva apropriação <strong>da</strong>s primeiras protonarrativas.<br />

Com apoio em livros, fantoches ou caixa <strong>de</strong> histórias, o professor po<strong>de</strong> iniciar uma história e<br />

57<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


58<br />

compartilhá-la com a criança, propondo perguntas que lhe sirvam como roteiro para contar<br />

um trecho a mais, completando assim a narrativa do professor. Promover ro<strong>da</strong>s <strong>de</strong> contadores<br />

<strong>de</strong> histórias entre diferentes turmas po<strong>de</strong> ser interessante para as crianças maiores que encontrarão<br />

em seus novos interlocutores o <strong>de</strong>safio necessário para contar sozinha uma história<br />

inteira, do início ao fim.<br />

Além <strong>da</strong> ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> história, também os momentos <strong>de</strong> brincar <strong>de</strong> faz <strong>de</strong> conta são importantes<br />

contextos para a construção <strong>de</strong> narrativas, e esse é mais um dos motivos pelos quais os<br />

professores precisam alimentar o repertório <strong>de</strong> possíveis para as brinca<strong>de</strong>iras <strong>da</strong>s crianças,<br />

propondo enredos que vão além <strong>da</strong>s mais típicas brinca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> casinha ou escritório, por<br />

exemplo. Brincar <strong>de</strong> princesa, <strong>de</strong> viver aventuras no <strong>de</strong>serto <strong>da</strong>s mil e uma noites, <strong>de</strong> astronauta,<br />

entre outros, são apenas alguns dos exemplos que po<strong>de</strong>m ser explorados nos parques<br />

<strong>da</strong>s creches ou escolas.<br />

Parte <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> narrativa <strong>da</strong>s crianças também acontece em outro momento do<br />

dia que é a ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversa.<br />

Conversar<br />

Conversar com as crianças <strong>de</strong>veria ser uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> diária. Mas, nem sempre isso<br />

ocorre. Muitas vezes, os professores utilizam a ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma artificial, <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong> dos propósitos<br />

sociais <strong>de</strong> uma real situação <strong>de</strong> comunicação, pois conduz ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s como: <strong>da</strong>r recados,<br />

informações etc. Nas salas dos menores, é comum imperar o silêncio ou falas muito<br />

estereotipa<strong>da</strong>s e infantiliza<strong>da</strong>s, afastando os bebês do contato com a linguagem em to<strong>da</strong> a<br />

sua complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>. A ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversa é usa<strong>da</strong>, muitas vezes, como meio <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong><br />

assuntos, <strong>de</strong> instrução do professor para uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou para as etapas <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> um<br />

projeto, mas a comunicação quase sempre fica centra<strong>da</strong> na fala do adulto, restando à criança<br />

o lugar <strong>de</strong> ouvinte, tantas vezes respon<strong>de</strong>ndo em coro.<br />

A dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> dos professores em aju<strong>da</strong>r as crianças na participação ativa <strong>de</strong> uma conversa<br />

se explica, em parte, pelo <strong>de</strong>sconhecimento do modo próprio como a criança pensa e<br />

<strong>da</strong> própria conversa como algo a ser aprendido na cultura, já que ninguém nasce sabendo<br />

conversar. As análises <strong>de</strong> alguns exemplos a seguir mostram o quanto as crianças po<strong>de</strong>m<br />

apren<strong>de</strong>r, conversando entre elas, com a aju<strong>da</strong> do professor.<br />

O trecho <strong>de</strong>scrito a seguir se passa entre crianças <strong>de</strong> dois anos e meio em uma creche<br />

<strong>de</strong> São Paulo:


- O peixe an<strong>da</strong>? Na<strong>da</strong>? – perguntou a professora.<br />

- Assim, ó, disse a Evelin, mexendo o bumbum pra frente, pra trás, com os<br />

braços ao lado do corpo, simulando os movimentos do nado.<br />

- Peixe tem braço? – perguntou outra criança.<br />

- Não, tem uma asinha, assim ó – disse Carol Lacer<strong>da</strong> com as mãozinhas<br />

abanando - ele faz assim – imitou <strong>de</strong> novo o jeito <strong>de</strong> respirar, com a boca<br />

em biquinho.<br />

- Tem que tirá to<strong>da</strong> a água agora, pra eles comê. – disse Lorraine.<br />

- Olha lá, tá saindo linha! – disse Carol, apontando para as fezes do peixinho.<br />

- Eles voam na água – disse Renan.<br />

- Eles vão sair! Fecha! Fecha! – gritou Evelyn, assusta<strong>da</strong>.<br />

- Olha, a planta abre, por que ela abre? – retoma Carol Lacer<strong>da</strong> - Tá embaixo,<br />

no chão. Vai dormir?<br />

- Olha o olho, ele fecha o olho? – pergunta Aline. (AUGUSTO, registro<br />

pessoal <strong>de</strong> trabalho).<br />

Essa é uma conversa típica <strong>de</strong> crianças pequenas. Vemos o papel do movimento e <strong>da</strong><br />

gestuali<strong>da</strong><strong>de</strong> apoiando a construção <strong>de</strong> sentido quando, por exemplo, as crianças simulam<br />

os movimentos do nado. Também é característico o sincretismo que se nota nas associações<br />

entre as manifestações do peixinho e os próprios modos <strong>de</strong> ser <strong>da</strong>s crianças pequenas: elas<br />

querem saber se eles dormem, se fecham os olhos, se comem. É com base nessa associação<br />

que Lorraine infere um procedimento: ora, se eles comem, <strong>de</strong>ve ser necessário tirar to<strong>da</strong> a<br />

água do aquário, como seria possível ser diferente?<br />

Na ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversa, além do assunto que se está tratando, a própria conversa é conteúdo<br />

<strong>de</strong> aprendizagem. Assim, conversamos com crianças para que elas possam apren<strong>de</strong>r<br />

a conversar. Ouvir o outro atentamente voltando o olhar para quem está falando, aguar<strong>da</strong>r a<br />

troca <strong>de</strong> turnos <strong>da</strong> fala, saber ocupar seu lugar na interação são alguns dos exemplos. Além<br />

dos comportamentos para conversar em grupos, as crianças também <strong>de</strong>senvolvem sofistica<strong>da</strong>s<br />

estratégias <strong>de</strong> pensamento, como mostra o exemplo a seguir.<br />

Crianças <strong>de</strong> quatro anos discutem em ro<strong>da</strong> tudo o que já sabem sobre museus, mas,<br />

<strong>de</strong> repente, o assunto parece mu<strong>da</strong>r quando a professora apresenta a reprodução <strong>de</strong> um quadro,<br />

A negra, <strong>de</strong> Tarsila do Amaral:<br />

59<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


60<br />

- Quadro <strong>de</strong> pessoa famosa! – disse Nina, reconhecendo a obra.<br />

- Esse quadro po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> museu? – provocou a professora.<br />

- Po<strong>de</strong>, porque, é claro, no museu tudo é maluco. – argumenta Arthur.<br />

- E aqueles? – continua a professora, apontando para o painel <strong>da</strong>s pinturas<br />

<strong>da</strong>s crianças.<br />

- Não, porque foi a gente que fez. – explica Laura.<br />

- Po<strong>de</strong> sim, sabe por quê? Lá só po<strong>de</strong> pintura <strong>de</strong> tinta! – Respon<strong>de</strong> Neil,<br />

trazendo uma nova in<strong>formação</strong> para a construção do conceito.<br />

- A moça pela<strong>da</strong> – diz Nina nomeando o pôster.<br />

- Ela tá com uma teta pendura<strong>da</strong>, - observa Arthur.<br />

- É um homem, ele tá com a boca fecha<strong>da</strong>. – discute Victor.<br />

- Eu não sei. – diz Caio, em dúvi<strong>da</strong> sobre a representação que ora parece<br />

mulher, ora homem.<br />

- É um homem porque tá careca. – disse Victor.<br />

- Mulher também é careca. – contesta Neil.<br />

- É, mulher também é careca. – acrescenta Laura.<br />

- Quero falar. – pe<strong>de</strong> Larissa – Ontem eu tava no parquinho com meu pai e<br />

vi uma mulher careca e era pequena, e era uma filha. (exemplo <strong>de</strong> elisão).<br />

- Viu como tem mulher careca, Victor? – rapi<strong>da</strong>mente conclui Laura, a<br />

partir <strong>da</strong> explanação <strong>de</strong> Larissa.<br />

- Sabe que minha avó é careca? – reforçou Neil. (AUGUSTO, registro pessoal<br />

<strong>de</strong> trabalho).<br />

Esse exemplo mostra claramente o papel <strong>da</strong> interação na construção dos discursos, por<br />

exemplo, sobre “pintura <strong>de</strong> museu” ou “ser careca” que tem um sentido diferente para ca<strong>da</strong><br />

um, além <strong>de</strong> significados construídos conjuntamente na trama do <strong>de</strong>bate que se organiza entre<br />

as crianças. Mas, para que a discussão <strong>de</strong> fato ocorra, é preciso que o professor alimente<br />

as trocas entre as crianças com vistas à interdiscursivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e ofereça bons disparadores <strong>de</strong><br />

conversa. Ao planejar a ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversa nem sempre o professor tem condições <strong>de</strong> antecipar<br />

todos os assuntos que serão tratados, afinal, um certo grau <strong>de</strong> imprevisto é esperado nesse


tipo <strong>de</strong> comunicação, bastante informal. Mas, planejar o disparador <strong>da</strong> conversa é fun<strong>da</strong>mental<br />

para <strong>da</strong>r às crianças a posição <strong>de</strong> falantes. Os assuntos completamente <strong>de</strong>sconhecidos<br />

do grupo ou as perguntas simples pouco aju<strong>da</strong>m as crianças, diferente <strong>da</strong>s questões que<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong>m <strong>de</strong>las a elaboração <strong>de</strong> um relato ou uma explicação do ocorrido, como vemos no<br />

exemplo a seguir, em uma ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversa <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> cinco anos:<br />

Professora: – O que os bebês fazem na barriga <strong>da</strong> mãe?<br />

Caio: – Eles ficam chutando.<br />

Professora: – Por que os bebês chutam?<br />

Samantha: – Eles querem nascer logo.<br />

Caio: – Eles ficam chutando porque quer sair.<br />

Victor: – É mentira, eles ficam na<strong>da</strong>ndo, como na piscina.<br />

Neil: – Não, não, não é na<strong>da</strong> disso. Na barriga <strong>da</strong> mãe não dá para na<strong>da</strong>r<br />

porque a costela é pequena. – Daí a gente bate a cabeça na costela.<br />

Professora: – O que você fazia na barriga <strong>da</strong> sua mãe?<br />

Victor: – Eu ficava assoprando.<br />

Maria Eugênia: – Eu também. A minha mãe também ficava com uma coceguinha.<br />

Victor: – Eu bebia água e na<strong>da</strong>va.<br />

Samantha: – Os bebês ficam <strong>da</strong>nçando na barriga <strong>da</strong>s mães.<br />

Pedro: – Eu ficava mor<strong>de</strong>ndo... eu ficava quietinho.<br />

Gabriela: – Eu também ficava quieta.<br />

Professora: – Era gostoso ou ruim ficar na barriga <strong>da</strong> mãe?<br />

Daniela: – Eu gostei.<br />

Victor: – Eu não gostei porque a gente não respirava.<br />

Professora: – E não morre?<br />

Victor: – Não, não morre porque tinha oxigênio. Eu bebia água um pouquinho<br />

por dia para não alagar.<br />

61<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


62<br />

Philipe: – Sabe, quando eu saí <strong>da</strong> barriga <strong>da</strong> minha mãe, o nenê fica sujo<br />

<strong>de</strong> sangue.<br />

Professora: – Ué, o Neil falou que fica tomando banho. Não tinha que sair<br />

limpinho?<br />

Neil: – É mentira do Philipe. Não sai <strong>de</strong> sangue não. Lá a gente toma banho<br />

só <strong>de</strong> água.<br />

Samantha: – Sai sim, porque na barriga tem sangue.<br />

Victor: – É mentira, tem água, eu vi num livro.<br />

Samantha: – Quando eu era pequena, com três aninhos, aí tinha uma pare<strong>de</strong><br />

perigosa, aí eu ralei o <strong>de</strong>do e vi que tinha sanguinho. Tem sangue sim.<br />

Philipe: – Eu saí com sangue e é o médico que leva para tomar banho. Só<br />

aí ele fica limpinho. Neil: – A gente toma banho na barriga, com água, aí<br />

sai com sangue.<br />

Victor: – Na barriga <strong>da</strong> mãe água vira sangue.<br />

Neil: – Tem dois buraquinhos no bumbum, aí a gente sai.<br />

Samantha: – Não, eu não saio assim.<br />

Neil: – É mentira <strong>de</strong>la.<br />

Samatha: – Não dá para sair assim porque a gente sai gordinho.<br />

Neil: – Tem dois buracos: um on<strong>de</strong> põe a semente, aí o outro o nenê sai.<br />

Samantha: – Mas o buraquinho...<br />

Neil: – É porque têm dois buraquinhos no bumbum.<br />

Caio: – É mentira, é mentira do Neil.<br />

Samantha: – A nossa cabeça que é gordinha, o buraquinho que é pequeno,<br />

não dá para sair a cabeça.<br />

Neil: – A cabeça passa sim.<br />

Caio: – É mentira, sai pelo bigo.<br />

Victor: – No bumbum tem cocô.


Neil: – Tem um buraquinho para o cocô, tem um buraquinho do lado do<br />

buraco que faz cocô.<br />

Caio: – É pelo nariz que passa o bebê.<br />

Neil: – Não é pelo nariz. A cabeça do nenê é gran<strong>de</strong> e não passa pelo nariz.<br />

Victor: – Sai <strong>da</strong> barriga.<br />

(AUGUSTO, registro pessoal <strong>de</strong> trabalho)<br />

Ao final <strong>de</strong>ssa conversa, todos saíram transformados, crianças e também a professora.<br />

Muitos são os motivos para isso, a começar pelo disparador: a pergunta “<strong>de</strong> on<strong>de</strong> você veio”,<br />

provavelmente não surtiria tanto efeito quanto a pergunta “o que você fazia na barriga <strong>da</strong> sua<br />

mãe” que dá à criança a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> fabulação. Além disso, a presença <strong>da</strong> interdiscursivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

foi fator <strong>de</strong>terminante, muitas vozes aparecem nessa ro<strong>da</strong>: a voz <strong>da</strong>s mães que relatam<br />

aos filhos o episódio do nascimento; dos meios <strong>de</strong> comunicação que divulgam imagens que<br />

enchem a imaginação <strong>da</strong>s crianças; dos discursos científicos amplamente divulgados nas<br />

revistas e livros temáticos para crianças entre outros. E, por fim, o papel <strong>da</strong> professora provocando<br />

o confronto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias.<br />

Conversar, narrar, brincar e comunicar-se po<strong>de</strong>m se constituir como eixos fun<strong>da</strong>mentais<br />

<strong>da</strong> organização do trabalho com a linguagem oral na escola, pois, em todos os casos, não<br />

faltam oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para apren<strong>de</strong>r. E tudo vale a pena para tornar o cotidiano <strong>da</strong>s crianças<br />

ca<strong>da</strong> vez mais falante.<br />

Referências<br />

AUGUSTO, S. O. A fala <strong>da</strong>s crianças e a nossa fala com as crianças. ADI Magistério, Rotas <strong>de</strong> aprendizagem:<br />

orientação <strong>da</strong> prática educativa. São Paulo: Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação Infantil <strong>de</strong> São Paulo,<br />

2003.<br />

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. Estética <strong>da</strong> criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.<br />

GALVÃO, I. Henri Wallon, uma concepção dialética do <strong>de</strong>senvolvimento infantil. 17. ed. Petrópolis, RJ:<br />

Vozes, 1995.<br />

LEMOS, C. T. G. Língua e discurso na teorização sobre aquisição <strong>de</strong> linguagem. Letras <strong>de</strong> Hoje, Porto Alegre:<br />

PUCRS, v. 30, n° 4, p. 9-28. 1995.<br />

LEMOS, C. T. G. Os processos metafóricos e metonímicos como mecanismos <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça. Substractum:<br />

temas fun<strong>da</strong>mentais em psicologia e educação. Porto Alegre: Artmed, v. 1, n. 3, p. 151-172, 1998.<br />

63<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


64<br />

OLIVEIRA, Z. M. (Org.). Educação Infantil: muitos olhares. São Paulo: Cortez, 1994.<br />

PERRONI, M. C. Desenvolvimento do discurso narrativo. São Paulo: Martins Fontes, 1992.<br />

PIAGET, J. A linguagem e o pensamento <strong>da</strong> criança. São Paulo: Martins Fontes, 1986.<br />

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1985.<br />

VYGOTSKY, L. S. A <strong>formação</strong> social <strong>da</strong> mente. São Paulo: Martins Fontes, 2002.<br />

WALLON, H. Origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1989.<br />

Bibliogr afia<br />

JAKOBSON, Roman. Linguagem e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1989.<br />

LEMOS, M. T. (2002). A língua que me falta: Uma análise dos estudos <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> linguagem. Campinas,<br />

SP: Mercado <strong>de</strong> Letras.<br />

OLIVEIRA, Z. R. Educação Infantil: fun<strong>da</strong>mentos e métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2007. (Docência<br />

em Formação).<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


O movimento do corpo<br />

infantil: uma linguagem<br />

<strong>da</strong> criança<br />

Marynelma Camargo Garanhani<br />

Lorena <strong>de</strong> F. Nadolny<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – Curitib<br />

Resumo: Educadores e professores encontram-se em um processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s como<br />

Profissionais <strong>da</strong> Educação Infantil. Nesse processo, a <strong>formação</strong> continua<strong>da</strong> tem papel fun<strong>da</strong>mental como<br />

meio <strong>de</strong> reflexão sobre a prática. Os saberes dos profissionais que atuam na Educação Infantil <strong>de</strong>vem estar<br />

direcionados para um trabalho pe<strong>da</strong>gógico que consi<strong>de</strong>re e valorize as diferentes linguagens utiliza<strong>da</strong>s pela<br />

criança na sua expressão e comunicação com o meio em que está inseri<strong>da</strong>, entre elas, <strong>de</strong>stacamos o movimento.<br />

O movimento corporal possibilita o conhecimento do mundo e expressa o pensamento <strong>da</strong> criança, suas<br />

ações e relações com pessoas e objetos. Assim, os saberes sobre a movimentação do corpo – como uma linguagem<br />

<strong>da</strong> criança – são fun<strong>da</strong>mentais para os profissionais que atuam na Educação Infantil. Assim, apoia<strong>da</strong>s<br />

nessas consi<strong>de</strong>rações, apresentamos uma proposta <strong>de</strong> trabalho educativo com o movimento <strong>da</strong> criança para<br />

<strong>formação</strong> <strong>de</strong> profissionais <strong>da</strong> Educação Infantil.<br />

Palavras-chave: Movimento, Linguagem, Educação Infantil, Formação <strong>de</strong> Professores.<br />

Para iniciar a conversa...<br />

A escola <strong>da</strong> pequena infância, ao proporcionar o <strong>de</strong>senvolvimento infantil na suas<br />

diversas dimensões, realiza a mediação entre a criança e o conhecimento culturalmente<br />

construído e traduzido em diferentes formas <strong>de</strong> linguagem (oral, corporal, musical, gráfico-<br />

-pictórica e plástica). Ao mesmo tempo, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s nesse tipo <strong>de</strong> escola<br />

<strong>de</strong>senvolvem na criança habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s para a expressão e comunicação.<br />

A criança, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nasce, entra em contato com o mundo simbólico <strong>da</strong> cultura, sendo<br />

que a apropriação <strong>de</strong> conhecimentos e, consequentemente, o seu <strong>de</strong>senvolvimento, se dão<br />

a partir <strong>da</strong>s interações que ela estabelece com as pessoas e com o meio cultural em que está<br />

inseri<strong>da</strong>. Assim, as diferentes linguagens, a interação e o brincar são elementos articuladores<br />

que favorecem o <strong>de</strong>senvolvimento infantil e a apropriação <strong>de</strong> conhecimentos.<br />

Na pequena infância, o brincar favorece o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança e propicia uma<br />

relação com os símbolos que configuram as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do seu cotidiano. Portanto, o brincar<br />

65<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


66<br />

oferece à criança condições <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver e se apropriar <strong>de</strong> elementos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> por<br />

meio <strong>da</strong> compreensão dos seus significados.<br />

A brinca<strong>de</strong>ira constitui o recurso privilegiado <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança em<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> pré-escolar. Nela, afeto, motrici<strong>da</strong><strong>de</strong>, linguagem e percepção, representa-<br />

ção, memória e outras funções cognitivas são aspectos profun<strong>da</strong>mente interli-<br />

gados. A brinca<strong>de</strong>ira favorece o equilíbrio afetivo <strong>da</strong> criança e contribui para o<br />

processo <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong> signos sociais. Ela cria condições para uma transfor-<br />

mação significativa <strong>da</strong> consciência infantil, por exigir <strong>da</strong>s crianças formas mais<br />

complexas <strong>de</strong> relacionamento com o mundo. Através do brincar, a criança passa<br />

a compreen<strong>de</strong>r as características dos objetos, seu funcionamento, os elementos<br />

<strong>da</strong> natureza e os acontecimentos sociais. Ao mesmo tempo, ao tomar o papel do<br />

outro na brinca<strong>de</strong>ira, ela começa a perceber as diferentes perspectivas <strong>de</strong> uma<br />

situação, o que lhe facilita a elaboração do diálogo interior característico <strong>de</strong> seu<br />

pensamento verbal (OLIVEIRA,1996, p.144).<br />

Por meio do brincar, a criança manifesta e se apropria <strong>de</strong> linguagens. Ela confere<br />

significados à sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong> por meio <strong>da</strong> imaginação e <strong>da</strong> fantasia. Desse modo, estabelece<br />

relações e apren<strong>de</strong> sobre os papéis sociais do mundo em que está inseri<strong>da</strong>. Além disso, <strong>de</strong>senvolve<br />

a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar ações conjuntas com outras crianças, <strong>de</strong> expressar i<strong>de</strong>ias e<br />

opiniões, controlar e ajustar o próprio comportamento com o <strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais crianças.<br />

Partindo <strong>de</strong>ssas consi<strong>de</strong>rações, po<strong>de</strong>mos perceber que, no fazer pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong> Educação<br />

Infantil, <strong>de</strong>vem ser contempla<strong>da</strong>s as diferentes linguagens que a criança utiliza para<br />

a apropriação e construção <strong>de</strong> conhecimentos, por meio <strong>da</strong> ação <strong>de</strong> brincar. Entre essas linguagens,<br />

<strong>de</strong>stacamos o movimento do seu corpo.<br />

A movimentação do corpo: uma linguagem<br />

<strong>da</strong> criança...<br />

Des<strong>de</strong> que nascem, as crianças se movimentam e, progressivamente, apropriam-se <strong>de</strong><br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s corporais para a interação com o mundo. Por meio do movimento, apren<strong>de</strong>m<br />

sobre si mesmas, relacionam-se com o outro e com os objetos, <strong>de</strong>senvolvem suas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

e apren<strong>de</strong>m habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Portanto, o movimento é um recurso utilizado pela criança, para<br />

o seu conhecimento e do meio em que se insere, para expressar seu pensamento e também<br />

experimentar relações com pessoas e objetos.<br />

O movimento corporal se apresenta na Educação Infantil como uma linguagem, pois<br />

to<strong>da</strong> a movimentação <strong>da</strong> criança tem um significado e uma intenção.


Palomo (2001) explica que linguagem é um sistema complexo <strong>de</strong> significação e comunicação,<br />

e po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> dois tipos: a verbal, cujos sinais são as palavras e a não-verbal,<br />

que emprega outros sinais, como as imagens, os sons, os gestos. Com base nesse conceito,<br />

enten<strong>de</strong>mos o movimento como uma linguagem não-verbal que permite à criança agir no<br />

meio em que está inseri<strong>da</strong>, através <strong>da</strong> expressão <strong>de</strong> suas intenções e construção <strong>de</strong> relações<br />

<strong>de</strong> comunicação. Portanto, o movimento é uma importante dimensão do <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

<strong>da</strong> cultura humana (BRASIL, 1998), e o corpo em movimento constitui a matriz básica <strong>da</strong><br />

aprendizagem infantil (GARANHANI; NALDONY, 2008).<br />

A justificativa para essa afirmação é que a criança necessita agir para compreen<strong>de</strong>r<br />

e expressar significados presentes no contexto histórico-cultural em que se encontra, ou<br />

seja, ao transformar em símbolo aquilo que po<strong>de</strong> experimentar corporalmente, a criança<br />

constrói o seu pensamento primeiramente sob a forma <strong>de</strong> ação. Por isso, a criança necessita<br />

agir, se movimentar para conhecer e compreen<strong>de</strong>r os significados presentes no seu meio<br />

(GARANHANI, 2004). Nesse cenário, a criança utiliza a movimentação do seu corpo como<br />

linguagem para compreen<strong>de</strong>r, expressar e comunicar suas i<strong>de</strong>ias, entendimentos, <strong>de</strong>sejos etc.<br />

e, este fato, nos faz (re)pensar uma concepção <strong>de</strong> Educação Infantil que valorize a movimentação<br />

<strong>da</strong> criança, não somente como uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> físico-motora do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

infantil, mas também como uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> expressiva e intencional.<br />

Assim, é necessário estar atento ao fazer pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong> Educação Infantil que contemple<br />

o conhecimento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> diferentes linguagens, entre elas, o movimento<br />

corporal. Mas essa condição está diretamente atrela<strong>da</strong> à <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professores responsáveis<br />

pela escolarização <strong>da</strong> pequena infância.<br />

A docência na educação infantil: qual é a<br />

especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

As atuais pesquisas e propostas pe<strong>da</strong>gógicas para a Educação Infantil reforçam o entendimento<br />

<strong>de</strong> que a criança pequena, além <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos, necessita estar inseri<strong>da</strong> em situações<br />

educativas que promovam seu <strong>de</strong>senvolvimento intelectual, social, emocional e corporal.<br />

Portanto, enfatizam qual é a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Educação Infantil: vincular a condição <strong>de</strong><br />

educar ao cui<strong>da</strong>r.<br />

O cui<strong>da</strong>r e o educar são ações indissociáveis no processo educacional <strong>da</strong> criança pequena<br />

e ambas têm igual importância no cotidiano <strong>da</strong> Educação Infantil. Entretanto, Cerisara<br />

(2000) lembra que a Educação Infantil, ain<strong>da</strong>, está enfrentando o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> organizar um<br />

trabalho que não separe as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>do <strong>da</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s pe<strong>da</strong>gógicas e, ao mesmo<br />

tempo, mostre a intencionali<strong>da</strong><strong>de</strong> educativa <strong>de</strong>las. Assim, o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio é estruturar um<br />

67<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


68<br />

fazer pe<strong>da</strong>gógico que contemple tanto os cui<strong>da</strong>dos necessários ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança,<br />

quanto os conhecimentos a serem por ela apropriados.<br />

Segundo Oliveira-Formosinho (2002), essa especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Educação Infantil exige<br />

uma <strong>formação</strong> diferencia<strong>da</strong> <strong>da</strong> qual é <strong>da</strong><strong>da</strong> a outros níveis <strong>de</strong> ensino. Portanto, o papel dos<br />

professores <strong>de</strong> crianças pequenas difere, em alguns aspectos, dos <strong>de</strong>mais professores, o que<br />

configura uma profissionali<strong>da</strong><strong>de</strong> específica do trabalho docente na educação infantil. Essa<br />

singulari<strong>da</strong><strong>de</strong> docente <strong>de</strong>riva <strong>da</strong>s próprias características <strong>da</strong> criança, <strong>da</strong>s características dos<br />

contextos <strong>de</strong> trabalho <strong>da</strong>s educadoras e <strong>da</strong>s características do processo e <strong>da</strong>s tarefas <strong>de</strong>sempenha<strong>da</strong>s<br />

por elas.<br />

Segundo a autora, a criança pequena possui características específicas <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s do seu<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, no qual pensamento, sentimento e movimento caracterizam<br />

uma globali<strong>da</strong><strong>de</strong> em sua educação. Ao mesmo tempo, apresenta vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas,<br />

emocionais e sociais, o que acarreta uma <strong>de</strong>pendência em relação ao adulto nas rotinas <strong>de</strong><br />

cui<strong>da</strong>do. Essas características <strong>da</strong> criança acarretam uma interligação profun<strong>da</strong> entre educação<br />

e cui<strong>da</strong>dos, e exige do profissional que atua na Educação Infantil uma amplitu<strong>de</strong> e<br />

singulari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ações em sua prática educativa.<br />

Esse contexto <strong>de</strong> educação e cui<strong>da</strong>dos requer que se pense em propostas pe<strong>da</strong>gógicas<br />

capazes <strong>de</strong> contemplar além <strong>da</strong>s dimensões <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>do, as outras formas <strong>de</strong> manifestação<br />

e inserção social próprias <strong>da</strong>s crianças nesse momento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Desse modo, as propostas<br />

pe<strong>da</strong>gógicas precisam consi<strong>de</strong>rar as especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> atuação profissional e orientar para<br />

um trabalho educativo que consi<strong>de</strong>re, e valorize as diferentes linguagens utiliza<strong>da</strong>s pela<br />

criança na sua expressão e comunicação com o meio a qual se insere. Diante do exposto,<br />

perguntamos:<br />

Como <strong>de</strong>senvolver um<br />

trabalho educativo com a<br />

linguagem movimento?<br />

Como vimos, o movimento na educação <strong>da</strong> criança<br />

não é somente uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento infantil,<br />

mas também uma linguagem que contribui para a<br />

sua constituição como sujeito 1 cultural.<br />

1. Neste texto a compreensão <strong>de</strong> sujeito se<br />

apóia nas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Charlot (2000)<br />

que afirma: “o sujeito é um ser humano social<br />

e singular, que se produz ele mesmo e<br />

é produzido através <strong>da</strong> educação.” Para esta<br />

compreensão é necessário consi<strong>de</strong>rar que<br />

to<strong>da</strong> relação <strong>de</strong> mim comigo mesmo passa<br />

pela minha relação com o outro, ou seja, o<br />

que é preciso compreen<strong>de</strong>r a forma social <strong>de</strong><br />

ser singular e a forma singular <strong>de</strong> ser social.<br />

No trabalho educativo com o movimento, a instituição <strong>de</strong> Educação Infantil e os profissionais<br />

que atuam com a criança pequena possuem um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque e, segundo Garanhani<br />

(2004), a prática pe<strong>da</strong>gógica <strong>de</strong>ve ser nortea<strong>da</strong> por três eixos, nos quais há aprendizagens<br />

que:


Para Garanhani:<br />

1. envolvem movimentações corporais para o <strong>de</strong>senvolvimento físico e<br />

motor, proporcionando assim o conhecimento, o domínio e a consciência<br />

do corpo, condições necessárias para a autonomia e i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

corporal infantil;<br />

2. conduzam à compreensão dos movimentos do corpo como uma linguagem<br />

utiliza<strong>da</strong> na interação com o meio pela socialização;<br />

3. levem à ampliação do conhecimento <strong>de</strong> práticas corporais historicamente<br />

produzi<strong>da</strong>s na e pela cultura em que a criança se encontra.<br />

Esses eixos <strong>de</strong>verão se apresentar integrados no fazer pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong> Educação<br />

Infantil, embora na elaboração <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s possa ocorrer a predominância<br />

<strong>de</strong> um sobre o outro conforme as características e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> cui<strong>da</strong>do/educação presentes em ca<strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> criança pequena. É<br />

necessário ressaltar que um não exclui o outro, eles se complementam...<br />

(GARANHANI, 2004, p. 27-28).<br />

A figura, na sequência, propõe uma representação gráfica <strong>da</strong> integração <strong>de</strong>sses eixos<br />

no trabalho educativo com o movimento:<br />

Autonomia e<br />

I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> Corporal<br />

Socialização<br />

Movimento<br />

Ampliação do<br />

conhecimento<br />

<strong>de</strong> práticas<br />

corporais infantis<br />

69<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


70<br />

Po<strong>de</strong>mos traduzi-la <strong>da</strong> seguinte forma: na busca <strong>da</strong> autonomia <strong>de</strong> movimentação do<br />

seu corpo, a criança constrói sua i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> corporal. Mas este processo só ocorre na relação<br />

com o outro que se encontra em um <strong>de</strong>terminado contexto histórico-cultural, ou seja, ocorre<br />

na socialização. Nesse cenário, as crianças se aproximam e se apropriam <strong>de</strong> elementos <strong>da</strong><br />

cultura que se traduzem em conhecimentos, atitu<strong>de</strong>s, práticas, valores e normas. Ao ingressar<br />

na escola, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> em que se encontra, a criança traz consigo conhecimentos<br />

sobre sua movimentação corporal, apropriados e construídos nos diferentes espaços e<br />

relações em que vive. A educação escolar <strong>de</strong>ve sistematizar e ampliar esses conhecimentos,<br />

não se esquecendo <strong>da</strong>s características e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>do/educação corporais que<br />

ca<strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> apresenta. (GARANHANI, 2010).<br />

A integração <strong>de</strong>sses eixos se faz pelo brincar, pois por meio <strong>de</strong>le a criança consegue<br />

experimentar, explorar e compreen<strong>de</strong>r os significados culturais presentes no seu meio e, consequentemente,<br />

elaborar e/ou ressignificar o seu pensamento.<br />

Assim, brincando em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> intensa movimentação corporal, a criança <strong>de</strong>senvolverá<br />

os seus diferentes aspectos, inclusive físico e motores e, ao mesmo tempo, po<strong>de</strong>rá ser<br />

leva<strong>da</strong> a enten<strong>de</strong>r que esses movimentos têm significados, pois se manifestam com o objetivo<br />

<strong>de</strong> expressão e comunicação. Po<strong>de</strong>rá enten<strong>de</strong>r, também, que os movimentos corporais se<br />

manifestam em diversas práticas, como: os jogos e as brinca<strong>de</strong>iras, as ginásticas, as <strong>da</strong>nças.<br />

O quadro a seguir mostra sugestões <strong>de</strong> objetivos que po<strong>de</strong>rão ser <strong>de</strong>senvolvidos na<br />

integração <strong>de</strong>stes eixos:<br />

Eixos norteadores Objetivos<br />

Autonomia e I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Corporal<br />

Socialização<br />

Ampliação do conhecimento<br />

<strong>da</strong>s práticas corporais<br />

infantis<br />

• a exploração e o conhecimento <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimento do próprio<br />

corpo e suas limitações;<br />

• a a<strong>da</strong>ptação corporal progressivamente autônoma para a satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

básicas e às situações cotidianas;<br />

• a observação <strong>da</strong>s diferenças e semelhanças <strong>de</strong> sua movimentação corporal em<br />

relação aos outros;<br />

• a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e coor<strong>de</strong>nação corporal na execução <strong>de</strong> diversas formas <strong>de</strong><br />

movimentos que envolvam <strong>de</strong>slocamentos, equilíbrios e manipulações <strong>de</strong> diferentes<br />

objetos;<br />

•<br />

•<br />

• o esforço para vencer as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s superáveis;<br />

• a aceitação <strong>da</strong>s diferenças corporais;<br />

• a colaboração e a iniciativa com o grupo;<br />

• a expressão e interpretação <strong>de</strong> sensações, sentimentos e intenções;<br />

• a discriminação <strong>de</strong> posturas e atitu<strong>de</strong>s corporais etc.<br />

• conhecimento e/ou reconhecimento, apropriação e apreciação, construção<br />

e (re)organização <strong>da</strong>s diversas práticas corporais infantis presentes no meio<br />

sócio-cultural para a sistematização e ampliação do conhecimento <strong>da</strong> criança<br />

em relação às possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e maneiras <strong>de</strong> se movimentar.<br />

Fonte: GARANHANI, 2004.


Uma proposta pe<strong>da</strong>gógica com base nos eixos apresentados nos faz <strong>da</strong>r atenção para a<br />

seleção e organização <strong>de</strong> espaços e materiais que favoreçam o trabalho educativo com o movimento.<br />

Esse procedimento é necessário para que a criança tenha oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> diversas<br />

vivências e explorações <strong>de</strong> seu movimentar. Assim, a organização pe<strong>da</strong>gógica do espaço o<br />

torna um ambiente <strong>de</strong> aprendizagens e, consequentemente, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Para isso,<br />

<strong>de</strong>ve ser planejado <strong>de</strong> forma cui<strong>da</strong>dosa pelo profissional responsável pela educação <strong>da</strong> pequena<br />

infância.<br />

No trabalho educativo com a linguagem, para assegurar a linguagem movimento faz-<br />

-se necessário:<br />

• organizar um ambiente rico em situações que proporcione uma varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> experiências<br />

<strong>de</strong> movimento em diferentes espaços como pátio, areia, gramado, parquinho,<br />

sala <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e espaços e recursos naturais disponíveis na comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

• propiciar a autonomia <strong>da</strong> criança na exploração do ambiente e do próprio corpo;<br />

• planejar o uso <strong>de</strong> equipamentos e materiais que favoreçam a exploração, a vivência<br />

e a criação <strong>de</strong> movimentos, proporcionando diferentes situações lúdicas nos equipamentos<br />

do parquinho, com bolas, arcos, colchões, cor<strong>da</strong>s, triciclos, entre outros;<br />

• favorecer a utilização do movimento como uma forma <strong>de</strong> linguagem, propiciando<br />

à criança a expressão, a comunicação e a socialização;<br />

• oportunizar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s individuais e em grupo com construção <strong>de</strong> regras, favorecendo<br />

a interação <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> mesma i<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> diferentes faixas etárias;<br />

• selecionar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que permitam à criança a exploração e a <strong>de</strong>scoberta pessoal,<br />

oportunizando <strong>de</strong>safios a<strong>da</strong>ptados às suas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s;<br />

• planejar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>safiadoras que consi<strong>de</strong>rem o interesse <strong>da</strong> criança e seus conhecimentos<br />

prévios;<br />

Com relação à avaliação, é necessário consi<strong>de</strong>rar a criança em seu processo <strong>de</strong> domínio<br />

e <strong>de</strong> reconhecimento do corpo, as múltiplas relações <strong>de</strong> interação e <strong>de</strong> comunicação que<br />

ela estabelece por meio do movimento, e a ampliação do conhecimento acerca <strong>da</strong>s diferentes<br />

práticas que constituem a sua cultura infantil. Desse modo, cabe aos profissionais que atuam<br />

na Educação Infantil observar e registrar as ações <strong>da</strong>s crianças e reconhecer os avanços e<br />

conquistas <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> criança em seu processo <strong>de</strong> aprendizagem. Para tanto, o professor <strong>de</strong>verá<br />

buscar práticas avaliativas <strong>de</strong>scritivas que permitem a análise e interpretação do processo <strong>de</strong><br />

ensino/aprendizagem <strong>da</strong> criança. Essas práticas po<strong>de</strong>rão utilizar como instrumentos registros<br />

escritos e <strong>de</strong> imagens (fotos e ví<strong>de</strong>os). (GARANHANI, 2010).<br />

71<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


72<br />

O professor po<strong>de</strong>rá fazer anotações frequentes sobre os limites e avanços <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

criança, <strong>da</strong>s relações criança-criança, criança-professor, criança-conteúdo e, também, <strong>da</strong>s<br />

aproximações e distanciamentos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> criança com as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propostas (SILVA, 2005).<br />

Mas, é importante ressaltar que esses registros <strong>de</strong>verão ser norteados pelos objetivos <strong>de</strong>finidos<br />

na proposta pe<strong>da</strong>gógica.<br />

Ao finalizar...<br />

Ressaltamos que nessa nova concepção <strong>de</strong> educação <strong>da</strong> criança pequena, é possível<br />

i<strong>de</strong>ntificar que o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para Educação Infantil foi – e ain<strong>da</strong> está sendo – o <strong>de</strong> estruturar<br />

um fazer pe<strong>da</strong>gógico que contemple tanto os cui<strong>da</strong>dos necessários ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>da</strong> criança, quanto aos conhecimentos a serem por ela apropriados.<br />

Nesse contexto <strong>de</strong> proposições, <strong>de</strong>stacamos o movimento do corpo e, em tese, a forma<br />

como se apresenta po<strong>de</strong> ser um reflexo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças nas interpretações realiza<strong>da</strong>s sobre o<br />

movimento do corpo infantil nas concepções <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento – proce<strong>de</strong>ntes dos estudos<br />

<strong>da</strong> psicologia e <strong>da</strong> educação –, que norteiam, teoricamente, a construção <strong>da</strong>s propostas e<br />

orientações curriculares para a Educação Infantil (GARANHANI, 2004).<br />

Ao enten<strong>de</strong>rmos que a instituição <strong>de</strong> Educação Infantil é o meio em que a criança pequena<br />

extrai, experimenta, ajusta e constrói movimentos corporais provenientes <strong>da</strong> inserção<br />

e interação em um grupo diferente do seu meio familiar, concluímos que a escola é um meio<br />

privilegiado para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> autonomia corporal e vivências <strong>de</strong> diversos mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> movimentos corporais provenientes <strong>da</strong> cultura em que se encontra.<br />

Nesse cenário, as ações sistematiza<strong>da</strong>s e intencionais po<strong>de</strong>rão proporcionar à criança<br />

pequena o conhecimento e domínio <strong>de</strong> sua movimentação corporal, consequentemente, mobilizar<br />

e aprimorar a sua expressão e comunicação.<br />

Referências<br />

BRASIL. Ministério <strong>da</strong> Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.<br />

Brasília: MEC / SEF, 1998. 3. v., il.<br />

CERISARA, A. B. A educação infantil e as implicações pe<strong>da</strong>gógicas do mo<strong>de</strong>lo histórico-cultural. <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong>s<br />

Ce<strong>de</strong>s. Campinas: Unicamp, n. 35, jul. 2000.<br />

GARANHANI, M. C. Concepções e práticas pe<strong>da</strong>gógicas <strong>de</strong> educadoras <strong>da</strong> pequena infância: os saberes<br />

sobre o movimento corporal <strong>da</strong> criança. São Paulo, 2004. Tese (Doutorado em Psicologia <strong>da</strong> Educação) – Pontifícia<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> São Paulo, 2004.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


GARANHANI, M. C. Educação Física. In: AMARAL, A. C. T.; CASAGRANDE, R. C. B.; CHULEK,<br />

V. Ensino Fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> nove anos: orientações pe<strong>da</strong>gógicas para os anos iniciais. Paraná:<br />

Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>da</strong> Educação, 2010.<br />

GARANHANI, M. C.; NADOLNY, L. F. Os saberes do movimento na <strong>formação</strong> <strong>de</strong> profissionais <strong>da</strong> Educação<br />

Infantil: uma proposta <strong>da</strong> re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Curitiba - Brasil. In: CONGRESSO INTER-<br />

NACIONAL EM ESTUDOS DA CRIANÇA: INFÂNCIAS POSSÍVEIS, MUNDOS REAIS, 1., 2008, Porto.<br />

Anais... Porto: Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Minho, 2008.<br />

OLIVEIRA, Z. R. <strong>de</strong>. A Brinca<strong>de</strong>ira e o <strong>de</strong>senvolvimento infantil: implicações para a educação em creches e<br />

pré-escolas. Motrivivência. Florianópolis, Ano VIII, n. 9, p. 136-145, <strong>de</strong>z. 1996.<br />

OLIVEIRA-FORMOSINHO, J. O <strong>de</strong>senvolvimento profissional <strong>da</strong>s educadoras <strong>de</strong> infância: entre os saberes<br />

e os afectos, entre a sala e o mundo. In: MACHADO, A. L. <strong>de</strong> A. (org.). Encontros e <strong>de</strong>sencontros em Educação<br />

Infantil. São Paulo: Cortez, 2002.<br />

PALOMO, Sandra Maria Silva. Linguagem e linguagens. Eccos Revista Científica. São Paulo: Centro Universitário<br />

Nove <strong>de</strong> Julho, v.3, n.2, p.9-15, <strong>de</strong>z.,2001.<br />

SILVA, E. J. S. <strong>da</strong>. A Educação Física como componente curricular na Educação Infantil: elementos para uma<br />

proposta <strong>de</strong> ensino. Revista Brasileira <strong>de</strong> Ciências do Esporte. Campinas, v. 6, n. 3, p. 127-142, maio 2005.<br />

Bibliogr afia<br />

CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 2000.<br />

GARANHANI, M. C. Concepções e práticas pe<strong>da</strong>gógicas <strong>de</strong> educadoras <strong>da</strong> pequena infância: os saberes<br />

sobre o movimento corporal <strong>da</strong> criança. In: ENDIPE ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA<br />

DE ENSINO CONHECIMENTO LOCAL E CONHECIMENTO UNIVERSAL, 12., 2006, Curitiba. Anais...<br />

Curitiba: Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica do Paraná, 2006, p. 246-261.<br />

GARANHANI, M. C. A Educação Física na Educação Infantil: uma proposta em construção. In: ANDRADE<br />

FILHO, N. F. <strong>de</strong>; SCHNEIDER, Omar. Educação Física para a Educação Infantil: conhecimento e especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

São Cristóvão: UFS, 2008.<br />

Site para pesquisa <strong>de</strong> jogos e brinca<strong>de</strong>iras:<br />

FOLHA ONLINE. Mapa do brincar. Disponível em: .<br />

Acesso em: 29 ago. 2010.<br />

O Mapa do Brincar é uma iniciativa <strong>da</strong> Folhinha, suplemento infantil do jornal Folha <strong>de</strong> São Paulo. Esse<br />

projeto foi lançado em maio <strong>de</strong> 2009 e convidou crianças <strong>de</strong> todo o país a contar quais são suas brinca<strong>de</strong>iras<br />

<strong>de</strong> hoje. Do conjunto <strong>de</strong> textos, <strong>de</strong>senhos, fotos e até ví<strong>de</strong>os enviados pelas crianças, 550 brinca<strong>de</strong>iras foram<br />

seleciona<strong>da</strong>s para este site.<br />

73<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


74<br />

Sugestões <strong>de</strong> livros e artigos<br />

FILGUEIRAS, I. P.; FREYBERGER, A. Brinca<strong>de</strong>iras e jogos no parque. Revista Avisa Lá, São Paulo, Crecheplan,<br />

n.11, jul., p. 11-19, 2002.<br />

FRIEDMANN, Adriana. A arte <strong>de</strong> brincar: brinca<strong>de</strong>iras e jogos tradicionais. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Vozes, 2004.<br />

PRUDDEN, Suzy; SUSSMAN, Jefrey. Tradução Mônica Mattar Oliva. Ginástica para crianças. São Paulo:<br />

Martins Fontes Editora, 1982.<br />

SANSON, S. Brinque Book: Canta e Dança. São Paulo: FNLIJ, 2003.<br />

SOLER, R. Jogos cooperativos para a Educação Infantil. 2. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Sprint, 2006.<br />

Saiba Mais


Entrelaçando diferentes<br />

linguagens na educação<br />

infantil: reflexões e<br />

pr áticas<br />

Maria Cristina dos Santos Peixoto<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro<br />

Leny Cristina Soares Souza Azevedo<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Resumo: Este texto tem como objetivo refletir sobre a Arte na Educação Infantil, enten<strong>de</strong>ndo que as diferentes<br />

linguagens <strong>da</strong> Arte representam um dispositivo para uma aprendizagem totalizadora/integradora que possibilite<br />

um <strong>de</strong>senvolvimento não fragmentado do conhecimento e <strong>da</strong> criança ao potencializar os seus canais criativos.<br />

Enfatiza-se neste texto a importância <strong>de</strong> se proporcionar espaços nos quais diferentes linguagens expressivas<br />

sejam vivencia<strong>da</strong>s, quando corpo, mente e emoção possibilitem ao educando(a) construir sua própria forma <strong>de</strong><br />

expressão <strong>de</strong> linguagem, <strong>da</strong>ndo sentido a si mesmo(a) e a tudo que possa vir a criar, ampliando assim sua leitura<br />

do mundo. Não se preten<strong>de</strong> neste indicar receitas, mas provocar reflexões que levem, criativamente, educadores<br />

a buscarem caminhos para as suas inquietações sobre as diferentes linguagens <strong>da</strong> Arte.<br />

Palavras-chave: Educação Infantil; Arte; Vivências criativas; Linguagens expressivas<br />

Ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para a conversa sobre arte<br />

Você já notou o lugar importante que ocupam as cores, os sons e os sonhos<br />

na linguagem e nos escritos <strong>da</strong>s crianças? Tudo é luminoso, aéreo,<br />

livre e fresco como a água que corre... É provável que nos digam que não<br />

temos <strong>de</strong> formar sonhadores mas homens práticos, capazes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo <strong>de</strong><br />

cavar a terra ou fixar uma cavilha; mas sabemos também que temos mais<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> homens que saibam esquecer à beira do caminho<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, a maçã que tinham nas mãos, para partirem como pesquisadores<br />

<strong>de</strong>sinteressados em busca do i<strong>de</strong>al. Tenha cui<strong>da</strong>do para não <strong>de</strong>sperdiçar, na<br />

criança, os bens inestimáveis cujo esplendo nunca mais conhecerá (FREI-<br />

NET, 1988, p. 20-21).<br />

75<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


76<br />

A epígrafe <strong>de</strong> Celestin Freinet, educador francês (1896-1966), instiga-nos a refletir sobre<br />

que caminhos pe<strong>da</strong>gógicos são necessários, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, para que possamos construir<br />

novos rumos para a Educação, especialmente, a Infantil. Sabemos que tais caminhos <strong>de</strong>verão<br />

aten<strong>de</strong>r às expectativas por uma aprendizagem mais plena <strong>de</strong> educandos do ponto <strong>de</strong> vista<br />

corporal, cognitivo, estético e afetivo. Almeja-se uma aprendizagem pauta<strong>da</strong> em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

investigativas que possibilitem aliar o pensar ao sentir, comprometendo-se com um ensino<br />

<strong>de</strong> Arte que vise à <strong>de</strong>mocratização <strong>da</strong> cultura.<br />

Viver o tempo/espaço do(s) cotidiano(s) na Educação Infantil como professoras/pesquisadoras<br />

do nosso fazer pe<strong>da</strong>gógico, exige <strong>de</strong> nós, o compromisso/<strong>de</strong>safio com as mu<strong>da</strong>nças<br />

substanciais ocorri<strong>da</strong>s com a Educação <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> zero a cinco anos, após a promulgação<br />

<strong>da</strong> Nova Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases <strong>da</strong> Educação Nacional, <strong>de</strong> 1988, e do Referencial<br />

Curricular Nacional para a Educação Infantil <strong>de</strong> 1998.<br />

A concepção <strong>da</strong> criança como ci<strong>da</strong>dão e sujeito histórico, que tem seus direitos garantidos,<br />

exige novas práticas pe<strong>da</strong>gógicas que garantam o <strong>de</strong>senvolvimento integral do(a)<br />

educando(a), por meio <strong>de</strong> aprendizagens mais totalizadoras/integradoras, capazes <strong>de</strong> ressignificar<br />

a prática pe<strong>da</strong>gógica. E sabemos que isso acontece pelas diferentes formas <strong>de</strong><br />

linguagem.<br />

Nesse sentido, proponho reflexões que nos levem a avaliar as concepções <strong>de</strong> Arte na<br />

Educação nos últimos vinte anos. O olhar atento nas trajetórias que vimos construindo,<br />

faz-nos enten<strong>de</strong>r a Arte enquanto forma <strong>de</strong> conhecimento/expressão/linguagem, como um<br />

dispositivo <strong>de</strong> uma aprendizagem criativa/inventiva capaz <strong>de</strong> trazer sentidos/significados na<br />

produção do conhecimento construído pela criança.<br />

Em um breve percurso histórico, a Arte na Educação tem sido marca<strong>da</strong> por opções<br />

teóricas e práticas situa<strong>da</strong>s em um <strong>de</strong>terminado tempo específico. Anteriormente a Lei 5692<br />

<strong>de</strong> 1972, a ênfase do ensino pautava-se nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Trabalhos Manuais, Desenho Geométrico<br />

e Música. Entretanto, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em Arte, com o uso<br />

<strong>de</strong> diversas linguagens, só foi possível, normativamente, com a lei 5692, sem ser, entretanto,<br />

garanti<strong>da</strong> na prática.<br />

Atualmente, a Lei 9394, <strong>de</strong> 1996, substituiu a disciplina Educação Artística por “Ensino<br />

<strong>de</strong> Arte”, ampliando ain<strong>da</strong> mais o âmbito <strong>da</strong>s linguagens <strong>da</strong> Arte, principalmente, quando<br />

as Artes Plásticas passam a ser <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Artes Visuais, agregando o Cinema, a<br />

fotografia, o ví<strong>de</strong>o.<br />

Apesar dos avanços <strong>da</strong> legislação em vigor, ain<strong>da</strong> é possível perceber a distância entre<br />

o proclamado e o real com relação ao ensino <strong>de</strong> Arte no Brasil, pois, observamos, na prática


cotidiana, as lacunas existentes quanto às vivências <strong>da</strong>s diversas linguagens <strong>da</strong> Arte, como<br />

preconizado por teóricos e pelas normas vigentes.<br />

Tal fato é constatado por pesquisas que apontam os <strong>de</strong>safios frente à falta <strong>de</strong> recursos<br />

materiais e físicos para a realização <strong>de</strong> um trabalho com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e, principalmente, a frágil<br />

<strong>formação</strong> dos profissionais que ministram as aulas <strong>de</strong> Arte, somados à falta <strong>de</strong> profissionais<br />

para aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s <strong>da</strong> área.<br />

A Arte é a linguagem natural <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> e representa um caminho <strong>de</strong> conhecimento<br />

<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> humana, como afirma a artista plástica Ostrower (1998).<br />

Ao percorrermos a história, percebemos que somos criadores, tendo esse po<strong>de</strong>r gerador<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós, pronto para ser acessado e, assim, fecun<strong>da</strong>r nosso tempo segundo as nossas<br />

próprias potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s criativas (PEIXOTO, 2008). Assim, o fazer criativo representa a<br />

expressão <strong>de</strong> uma cultura e <strong>de</strong> sentimentos, uma interpretação, um conhecimento do mundo,<br />

resultando em expressões imaginativas, provenientes <strong>de</strong> sínteses emocionais e cognitivas.<br />

Ain<strong>da</strong> para Ostrower (1998), a Arte é uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> espiritual do ser humano. A<br />

prova disso, é o fato irrefutável <strong>de</strong> que to<strong>da</strong>s as culturas na história <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

os tempos mais longínquos até a atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, terem criado obras <strong>de</strong> arte, em pintura, em escultura,<br />

em música, em <strong>da</strong>nça como forma <strong>de</strong> expressão <strong>da</strong> essencial reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seu viver.<br />

As formas <strong>de</strong> arte representam a única via <strong>de</strong> acesso a este mundo interior<br />

<strong>de</strong> sentimentos, reflexões e valores <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, a única maneira <strong>de</strong> expressá-<br />

-los e também <strong>de</strong> comunicá-los aos outros. E sempre as pessoas enten<strong>de</strong>ram<br />

perfeitamente o que lhes fora comunicado através <strong>da</strong> arte. (OSTRO-<br />

WER,1998, p. 25).<br />

Por sua vez, a Arte nasce <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> orgânica, psíquica e social, fornecendo<br />

condições mais seguras em sua atuação no mundo. É pela manifestação artística que,<br />

universalmente, se interpreta melhor o ser humano, uma vez que a Arte possibilita os meios<br />

necessários para que o homem possa expressar seus impulsos estéticos.<br />

Sabemos que não existe apenas uma <strong>de</strong>finição sobre o que é Arte, sendo construí<strong>da</strong><br />

socialmente, com base em referências históricas, por meio <strong>de</strong> teorias e outras referências<br />

coloca<strong>da</strong>s pela <strong>formação</strong> escolar e pelos contextos sócio-culturais. Alguns teóricos enten<strong>de</strong>m<br />

a Arte sendo ao mesmo tempo uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma forma <strong>de</strong> expressão e um campo <strong>de</strong><br />

conhecimento.<br />

De acordo com Lev Vygotsky (1986-1934), teórico russo, estudioso <strong>da</strong> Psicologia e<br />

criador <strong>da</strong> Teoria Sócio-histórica, a Arte é uma forma <strong>de</strong> expressão <strong>da</strong> linguagem 1 , fazendo<br />

77<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


78<br />

a mediação do homem com o mundo e servindo como instrumento<br />

<strong>de</strong> trans<strong>formação</strong> e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento dos processos psicológicos<br />

superiores. A Arte po<strong>de</strong> clarear o pensamento, reorganizando internamente<br />

o ser humano, pois na construção <strong>de</strong> seu espaço interno, é<br />

possível a criação <strong>de</strong> uma consciência <strong>de</strong> si.<br />

Po<strong>de</strong>mos pensar que a Arte sempre se apresentou na história<br />

<strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> como algo transformador e se, hoje, vivemos mergulhados<br />

em uma gran<strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>, como assinala Edgar Morin 2<br />

(2000), ela po<strong>de</strong> oferecer sentido à própria vi<strong>da</strong>, instrumentalizando<br />

a criança para os enfrentamentos no <strong>de</strong>safio do novo e nas intervenções<br />

necessárias no seu entorno.<br />

No entanto, por que ain<strong>da</strong> existe tanto <strong>de</strong>scompasso entre os estudos teóricos sobre a<br />

Arte, a legislação em vigor e as práticas pe<strong>da</strong>gógicas existentes? Por que ain<strong>da</strong> é recorrente<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a existência <strong>da</strong> Arte na Educação? É possível a Arte instrumentalizar a criança<br />

para os <strong>de</strong>safios do mundo? Você em algum momento <strong>de</strong> sua <strong>formação</strong> se fez estas perguntas?<br />

Convido-o (a) a compreen<strong>de</strong>r como se processa a construção do potencial criador.<br />

Desenvolvendo o potencial criador<br />

1. Vygotsky enten<strong>de</strong> a linguagem<br />

enquanto um signo<br />

mediador e transformador por<br />

excelência.<br />

2. Sociólogo francês que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />

o paradigma <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Autor <strong>de</strong> vários livros,<br />

entre eles: Os sete saberes<br />

necessários à educação do<br />

futuro; Cabeça bem feita; Ciência<br />

com consciência.<br />

Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, quanto mais se ‘embrutece’ a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> inventiva e criadora<br />

do educando, tanto mais ele é apenas disciplinado para receber ‘respostas’<br />

a perguntas que não foram feitas (FREIRE, 1985, p. 53).<br />

Que reflexões a epígrafe <strong>de</strong> Paulo Freire lhe sugere? Temos <strong>de</strong>ixado que as nossas<br />

crianças sejam inventivas e façam perguntas ou estamos disciplinando-as a <strong>da</strong>rem as respostas<br />

que <strong>de</strong>sejamos? Afinal, já dizia a reportagem do canal futura “São as perguntas que<br />

movem o mundo”.<br />

É indiscutível que o ser humano é uma fonte inesgotável <strong>de</strong> criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a vi<strong>da</strong> sem<br />

esta dimensão torna-se limita<strong>da</strong> e estéril, <strong>da</strong>í a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se oferecer à criança as condições<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s ao seu pleno potencial expressivo a fim <strong>de</strong> que conserve, quando adulta, o<br />

suprimento <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> capaz <strong>de</strong> conferir a todos os seus atos e percepções a dimensão<br />

criadora.<br />

A linguagem expressiva na criança quer se trate <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho, do jogo simbólico, <strong>da</strong> dramatização<br />

espontânea e <strong>da</strong> música, é condição indispensável ao processo <strong>de</strong> estruturação <strong>de</strong><br />

sua vi<strong>da</strong> psíquica. Sabemos que a criança é um ser humano competente, capaz <strong>de</strong> múltiplas<br />

relações, portador <strong>de</strong> histórias, produzindo cultura e, assim, é sujeito <strong>de</strong> direitos. Como nos


ensinam exemplos <strong>de</strong> outros países, seria recomendável uma política plural para essa etapa<br />

<strong>da</strong> educação (FARIA, 2005).<br />

Pensando <strong>de</strong>ssa forma, os processos <strong>de</strong> criação representam tentativas <strong>de</strong> estruturação,<br />

<strong>de</strong> experimentação e <strong>de</strong> controle, ou seja, são processos produtivos nos quais o homem vai<br />

se <strong>de</strong>scobrindo e reafirmando a sua própria i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois na busca <strong>de</strong> <strong>da</strong>r forma o ser humano<br />

integra as suas formas <strong>de</strong> ser.<br />

Outro estudioso que trouxe contribuições para esta área foi Jean Piaget (1986-1980).<br />

Ele dizia que não po<strong>de</strong>mos impedir que a criança invente e <strong>de</strong>scubra, cabendo ao professor<br />

se utilizar <strong>de</strong> todos os mecanismos que permitam que o educando construa o conhecimento<br />

socialmente elaborado, pois argumentava que a inteligência consiste basicamente em compreen<strong>de</strong>r<br />

e em inventar.<br />

Assim, o processo <strong>de</strong> compreensão po<strong>de</strong> ser visto como uma criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> interna <strong>da</strong><br />

mente frente ao mundo, ele representa o esforço <strong>da</strong> inteligência para assimilar o meio. A invenção<br />

na<strong>da</strong> mais é que a criação <strong>de</strong> novos comportamentos, a partir <strong>da</strong>s aquisições anteriores<br />

do sujeito, face aos <strong>de</strong>safios que lhes são apresentados pela reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nessa perspectiva,<br />

a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> pressupõe sempre a produção, a originali<strong>da</strong><strong>de</strong> a partir dos conhecimentos que<br />

já possuímos. Criar, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, consiste em combinar e recombinar <strong>de</strong> maneira nova os<br />

<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>: é construir ou reconstruir o real.<br />

Logo, se enten<strong>de</strong>mos que a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> exige conhecimentos anteriores que serão recombinados<br />

para <strong>da</strong>r origem a uma nova construção, veremos que quanto mais complexa<br />

for a vi<strong>da</strong> mental, quanto mais experiências/vivências a criança tiver e mais estímulos ela<br />

receber, maior será seu po<strong>de</strong>r criativo e melhor será sua preparação intelectual, e emocional<br />

para uma afirmação autônoma e rica <strong>de</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, <strong>de</strong> acordo com Vygotsky:<br />

Quanto mais veja, ouça e experimente, quanto mais apren<strong>da</strong> e assimile,<br />

quanto mais elementos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> disponha em sua experiência, tanto<br />

mais consi<strong>de</strong>rável e produtiva será, como as outras circunstâncias, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sua imaginação (VYGOTSKY, 2009, p. 18).<br />

Fazendo uma breve pausa em nossas reflexões, observem o ano que Freinet, Piaget,<br />

Vygotsky nasceram? Interessante não?<br />

Continuando a nossa conversa.<br />

É possível perceber que a criança <strong>de</strong>monstra espontaneamente sua curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> sem<br />

constrangimentos, <strong>de</strong>nunciando, muitas vezes, o linearismo que os adultos procuram escon<strong>de</strong>r.<br />

Assim, o jogo simbólico que a criança cria é a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> inocente a que os artistas res-<br />

79<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


80<br />

pon<strong>de</strong>rão com a arte intelectualiza<strong>da</strong>. Enquanto isso, a maioria dos adultos sufoca ou sepulta<br />

sua possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> criativa para não serem consi<strong>de</strong>rados diferentes ou até loucos pelo grupo<br />

social rígido que teme as mu<strong>da</strong>nças, pois não sabe como agir frente a elas.<br />

Nessa ótica, poucos são os seres humanos que têm a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atingir sua plena<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> criativa, <strong>de</strong>vido ao massacre <strong>de</strong> formas padroniza<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los que lhes são<br />

impostos pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> escolar, pelo <strong>de</strong>scaso quanto às formas educativas<br />

<strong>de</strong> intervenção capazes <strong>de</strong> estimular o aprendiz em direção a novas etapas <strong>de</strong> construções<br />

expressivas, assim como se faz com o conhecimento cognitivo.<br />

Perceber, por exemplo, que quando estamos criando somos instigados a ir além, a<br />

transgredirmos, pois ao <strong>da</strong>rmos forma, buscamos o novo, construímos soluções criativas<br />

frente aos <strong>de</strong>safios, sejam eles cognitivos ou afetivos, é fun<strong>da</strong>mental para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>da</strong> criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Enfim, para tanto, precisamos experimentar o novo, construir e <strong>de</strong>sconstruir<br />

formas, i<strong>de</strong>ias e sentimentos, reafirmando a nossa i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, a nossa cultura, ou melhor, a<br />

nossa força enquanto seres humanos.<br />

A partir <strong>de</strong>ssas reflexões, lanço uma pergunta: Você é capaz <strong>de</strong> redigir algumas linhas<br />

sobre a importância do processo <strong>de</strong> criação para o ser humano?<br />

Agora é sua vez. Caso <strong>de</strong>seje, tome as nossas palavras empresta<strong>da</strong>s, mas procure ir<br />

além e redija <strong>de</strong> forma crítica e criativamente um pequeno texto.<br />

O espaço escolar na educação infantil<br />

A escola tenta explicar o mundo à criança no quadro- negro. O mundo cheio<br />

<strong>de</strong> interesse vai ficando reduzido a um círculo <strong>de</strong> giz. Ensina-se a criança a<br />

<strong>de</strong>senhar um cavalo como se ela não soubesse. Sendo assim, a escola tem<br />

provocado o <strong>de</strong>sencanto do homem consigo mesmo. (RODRIGUES, 1970).<br />

A epígrafe é <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Augusto Rodrigues 3 (1913-<br />

1993), artista e educador brasileiro que, em 1948, criou a Escolinha<br />

<strong>de</strong> Arte do Brasil, um espaço <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental importância<br />

para a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> arte-educadores brasileiros.<br />

3. I<strong>de</strong>ia apresenta<strong>da</strong> por Augusto<br />

Rodrigues no 4º Congresso<br />

Educacional <strong>de</strong> Professores, realizado<br />

em Recife em 1970.<br />

A partir <strong>de</strong> sua experiência, in<strong>da</strong>gamos: Como foram os seus primeiros contatos com o seu<br />

fazer criativo no espaço escolar? Que lembranças você traz <strong>de</strong> sua aprendizagem com a Arte?<br />

Trazendo sua reflexão para o momento presente, enquanto futuro(a) educador(a), ain<strong>da</strong><br />

perguntamos: Que i<strong>de</strong>ias sobre a Arte, Educação e Criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> dirigem o seu olhar? Como<br />

a Arte tem sido vivencia<strong>da</strong> no espaço escolar? Que linguagens têm priori<strong>da</strong><strong>de</strong> na escola?


Nas escolas, po<strong>de</strong>-se observar algumas concepções sobre a função <strong>da</strong> Arte no processo<br />

<strong>de</strong> aprendizagem que, por sua vez, orientam esse fazer. Uma <strong>de</strong>ssas concepções enten<strong>de</strong> Arte<br />

como necessária para a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e atitu<strong>de</strong>s na aquisição do conhecimento,<br />

uma vez que o processo <strong>de</strong> conhecimento é visto em etapas lineares para se atingir a maturi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Outra vê na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> criar uma forma <strong>de</strong> catarse ou relaxamento <strong>de</strong> sentimentos/<br />

emoções/tensões, nessa manifestação o processo <strong>de</strong> criação é i<strong>de</strong>ntificado como pura emoção<br />

e prazer, distanciado <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Por trás <strong>de</strong>ssas concepções, existem diferentes entendimentos a respeito do conhecimento.<br />

Por um lado, a Arte é concebi<strong>da</strong> enquanto conhecimento instrumental/servil/acabado,<br />

mo<strong>de</strong>lador e a<strong>da</strong>ptador <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s e habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s necessárias para o a<strong>de</strong>stramento do ser<br />

humano; por outro, há a i<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> arte/emoção, divorcia<strong>da</strong> <strong>da</strong> razão, reforçando uma visão<br />

psicologizante do conhecimento, centra<strong>da</strong> nas questões do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança.<br />

O que ain<strong>da</strong> é muito comum é enten<strong>de</strong>r as manifestações <strong>da</strong> criança como algo espontâneo<br />

e <strong>de</strong> autoexpressão que po<strong>de</strong>rá ser uma visão equivoca<strong>da</strong> e limita<strong>da</strong>. Aceitar o fazer livre<br />

<strong>da</strong> criança sem a participação efetiva do educador, por meio <strong>de</strong> intervenções que lhes sejam<br />

úteis, po<strong>de</strong>rá não estar colaborando para um real processo <strong>de</strong> construção do conhecimento.<br />

Constatamos, assim, que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a escola têm separado a razão <strong>da</strong> emoção, a<br />

razão <strong>da</strong> imaginação, incentivando a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> indivíduos que se <strong>de</strong>dicam ou à Arte ou à<br />

Ciência e que só utilizam a razão, pelo domínio <strong>da</strong> técnica, legitimando o paradigma positivista<br />

<strong>de</strong> conhecimento que tem fragmentado o saber e o próprio ser humano, impossibilitando<br />

materializar a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> criativa em novas formas <strong>de</strong> expressão e afirmação, como<br />

sujeito histórico construtor/autor do seu tempo/espaço.<br />

Dessa forma, o ato <strong>de</strong> conhecimento ocorre fragmentado, acreditando-se que, ao brincar,<br />

o homem utiliza apenas o prazer e a emoção, e que, ao apren<strong>de</strong>r, utiliza somente a razão,<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando, muitas vezes, as condições sociais do educando.<br />

Vale a pena refletir, enquanto educadores-pesquisadores <strong>de</strong> nossa prática, qual tem<br />

sido tem sido o nosso olhar frente ao processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> nossos alunos (as) no contexto<br />

<strong>da</strong> Educação Infantil? Como se apren<strong>de</strong> Arte?<br />

Ilustrando nossas in<strong>da</strong>gações, quando <strong>da</strong>mos um <strong>de</strong>senho pronto para a criança colorir,<br />

não estaríamos <strong>de</strong>srespeitando a sua subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>? Sabemos que, para a educação, o<br />

que vale é aquilo que se <strong>de</strong>scobre, já nos alertava Piaget.<br />

Um exemplo prático <strong>da</strong> diferença <strong>de</strong> visão do adulto para a criança é a resposta <strong>da</strong><strong>da</strong><br />

por uma criança ao lhe perguntarem: “Você sabe o que é cor-<strong>de</strong>-rosa?“ e ela respon<strong>de</strong>r: “é<br />

um vermelho <strong>de</strong>vagar”. A resposta poética <strong>da</strong> criança está vincula<strong>da</strong> à sua percepção sin-<br />

81<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


82<br />

crética <strong>da</strong>s coisas. O adulto, geralmente, analisa a Arte para compreen<strong>de</strong>r o todo. A criança<br />

percebe simultaneamente o todo e as partes.<br />

Não estamos acostumados à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> movimento <strong>da</strong> cor, <strong>da</strong>í nosso espanto ante a afirmação<br />

<strong>da</strong> criança. É importante, pois conscientizarmo-nos <strong>de</strong> que não existe um limite para<br />

ca<strong>da</strong> Arte, entre elas não há fronteiras. Enten<strong>de</strong>mos que o processo educativo <strong>de</strong>verá incluir<br />

a construção <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> perceptual, pois quanto maior for a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para <strong>de</strong>senvolver<br />

uma crescente sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, maior será a conscientização <strong>de</strong> todos sentidos, logo a<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem será amplia<strong>da</strong>.<br />

A socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a escola têm agido <strong>de</strong> forma a engessar os sentidos e nossos(as)<br />

alunos(as), por meio <strong>da</strong>s próprias “gra<strong>de</strong>s curriculares”. Isso ocorre porque os alunos permanecem<br />

imobilizados em ca<strong>de</strong>iras, escutando, muitas vezes, falar <strong>de</strong> conteúdos que não<br />

po<strong>de</strong>m ver, ouvir, pegar, cheirar, <strong>de</strong>gustar, amar ou odiar, muito menos, relacionar.<br />

Por exemplo, percebemos que, no contexto <strong>da</strong> Educação Infantil – espaço <strong>de</strong> construção<br />

on<strong>de</strong> diferentes linguagens expressivas verbais e não-verbais <strong>de</strong>veriam ser estimula<strong>da</strong>s<br />

–, linguagens como o <strong>de</strong>senho, a pintura, a dramatização, a mo<strong>de</strong>lagem com massa plástica/<br />

argila e a música são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s brinca<strong>de</strong>iras, cheias <strong>de</strong> emoção, sem estarem, em sua<br />

maioria, alicerça<strong>da</strong>s em projetos pe<strong>da</strong>gógicos. Acredita-se que essas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são totalmente<br />

incontroláveis, <strong>da</strong>í, consi<strong>de</strong>rar-se que a Arte é um dom e não <strong>de</strong>verá ser ensina<strong>da</strong>.<br />

Tais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são realiza<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma mecânica/ fragmenta<strong>da</strong>, sem compromisso com o<br />

processo <strong>de</strong> criação e, sobretudo, com o consumo do material disponível (GOMES, 1997).<br />

Também, é possível verificar, a partir <strong>de</strong>sta lógica utilitarista, que as propostas pe<strong>da</strong>gógicas<br />

que envolvem a Arte são, em sua maioria, utiliza<strong>da</strong>s como uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> periférica<br />

ou quando sobra tempo na dinâmica escolar. Ain<strong>da</strong> são entendi<strong>da</strong>s como passatempo, por<br />

exemplo, nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> cartazes para ornamentar festas ou no preparo <strong>de</strong><br />

peças teatrais para as comemorações, ou na memorização <strong>de</strong> músicas que disciplinem.<br />

Ressaltamos que esta é uma questão epistemológica, ou seja, uma questão que nos<br />

remete como enten<strong>de</strong>mos a construção do conhecimento.<br />

Acredito que você, com um olhar <strong>de</strong> professor(a) pesquisador(a), possa investigar essas<br />

observações no cotidiano <strong>da</strong> Educação Infantil e, provavelmente, constatar a existência <strong>de</strong>ssa<br />

visão equivoca<strong>da</strong> que vem negar o direito <strong>da</strong> Arte ter a mesma importância que as outras<br />

áreas do conhecimento, no que diz respeito às propostas curriculares. Para você aprofun<strong>da</strong>r<br />

o seu pensar e o seu olhar sobre estas questões, sugiro que leia o texto: O Menininho 4 , <strong>de</strong><br />

Helen Buckley, e reflita sobre essa lógica, ain<strong>da</strong> presente em nossos contextos educativos,<br />

que vem impedindo a construção <strong>da</strong> autonomia e<br />

4. http://www.<strong>de</strong>jovu.com/mensagens/ver/?2854.<br />

<strong>da</strong> criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos educandos(as).


Vamos pensar, por exemplo, na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> musical, hoje, <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> por teóricos e por<br />

dispositivos legais que ressaltam a sua importância na construção do conhecimento. Como<br />

ela tem sido vivencia<strong>da</strong>? Se formos observar com espírito crítico, é fácil perceber que a<br />

música, quase sempre, é vivencia<strong>da</strong> na escola <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>stradora, <strong>de</strong>scompromissa<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

reflexões e <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser um instrumento <strong>de</strong> criação.<br />

É lamentável que os espaços escolares que aten<strong>de</strong>m crianças <strong>de</strong> zero a cinco anos, em<br />

sua maioria, <strong>de</strong> forma consciente, não priorizem a articulação <strong>da</strong>s diferentes linguagens,<br />

ficando, muitas vezes, ca<strong>da</strong> linguagem separa<strong>da</strong> uma <strong>da</strong> outra. Não se articula a escrita com<br />

a colagem, o corpo com a escrita, a mo<strong>de</strong>lagem com a pintura, o jogo simbólico/dramático<br />

com o <strong>de</strong>senho, a música com a escrita, além, <strong>de</strong> não convocar o corpo todo à aprendizagem.<br />

Por exemplo, vale ressaltar a importância dos brinquedos e <strong>da</strong>s brinca<strong>de</strong>iras, no espaço<br />

infantil, sugerindo a criação <strong>de</strong> ambientes que incorporem a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> vivência <strong>de</strong> jogos<br />

simbólicos. Compreen<strong>de</strong>r o que a criança pequena faz, aponta para a forte presença, <strong>de</strong> varia<strong>da</strong>s<br />

linguagens plásticas, musicais, corporais, entre outras, com cenários que aju<strong>de</strong>m as crianças<br />

a <strong>de</strong>senvolverem habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, estratégias, linguagem oral e a compreensão <strong>da</strong> expressão<br />

oral e escrita. Um ambiente que oferece liber<strong>da</strong><strong>de</strong> e ao mesmo tempo orienta, leva a criança a<br />

apren<strong>de</strong>r positivamente e a posicionar-se sobre sua aprendizagem (KISHIMOTO, 2001).<br />

Em busca <strong>de</strong> novos caminhos, educadores e arte-educadores apontam percursos, dizendo<br />

não aos trilhos dogmáticos que ain<strong>da</strong> teimam em <strong>da</strong>r espaços a um tipo <strong>de</strong> educação<br />

para o conformismo e para a repetição e, como tal, não têm favorecido a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> seres<br />

criativos em todo o seu potencial, esmagando, muitas vezes, as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um.<br />

O processo <strong>de</strong> massificação <strong>de</strong> imagens pré-fabrica<strong>da</strong>s em função <strong>de</strong> interesses diversos,<br />

como a indústria cultural, perturba a visão <strong>da</strong> criança e sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se apropriar<br />

do dispositivo <strong>da</strong> <strong>de</strong>scoberta e <strong>da</strong> invenção, tão necessários aos enfrentamentos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

pessoal/estética/social/histórica.<br />

Apesar <strong>da</strong> visão sincrética e direta que permite a criança <strong>de</strong>scobrir o essencial nas<br />

coisas, é doloroso saber que ela acaba per<strong>de</strong>ndo esta quali<strong>da</strong><strong>de</strong> porque a escola tenta substituir<br />

essa forma simples <strong>de</strong> agir, ao trocar a experiência viva por um complexo sistema <strong>de</strong><br />

conceitos pré-fabricados.<br />

No trabalho pe<strong>da</strong>gógico com as crianças, percebemos que elas, sabiamente, resistem<br />

às intervenções estereotipa<strong>da</strong>s do mundo e são capazes <strong>de</strong> encontrar saí<strong>da</strong>s criativas aos engessamentos<br />

vivenciados. Por exemplo, em uma turma <strong>de</strong> cinco anos, uma criança coloriu o<br />

céu <strong>de</strong> preto e ao observar o <strong>de</strong>senho <strong>da</strong> criança, a professora perguntou:<br />

83<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


84<br />

- Você já viu céu preto?<br />

E a criança calmamente respon<strong>de</strong>u:<br />

- Professora, você nunca olhou o céu à noite?<br />

A busca incessante do real faz com que a criança, diante <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios artísticos em que<br />

se encontra, procure soluções no conhecimento vivido, levando-a <strong>de</strong>senhar o que sabe existir<br />

e não o que está vendo, como por exemplo, a cueca por baixo do short do menino.<br />

Essa questão vem ilustrar que, frente ao processo <strong>de</strong> criação <strong>da</strong> criança, o professor<br />

seja capaz <strong>de</strong> ampliar a ca<strong>da</strong> dia o seu entendimento sobre a Arte, enquanto ato <strong>de</strong> conhecimento<br />

e <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> si e <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, buscando novos olhares e referências sobre o<br />

processo dos educandos.<br />

Reafirmamos que a Arte <strong>de</strong>ve ser compreendi<strong>da</strong> enquanto um instrumento pe<strong>da</strong>gógico,<br />

um dispositivo <strong>de</strong> aprendizagem crítica, criativa e inventiva <strong>de</strong> si mesmo e do mundo,<br />

capaz <strong>de</strong> trazer sentidos/significados na produção do conhecimento construído pela criança.<br />

A Arte é uma forma <strong>de</strong> conhecimento/expressão/linguagem e como tal <strong>de</strong>verá ser trata<strong>da</strong><br />

por nós educadores.<br />

Lembre-se <strong>de</strong> que a criança ao ser estimula<strong>da</strong> na utilização <strong>de</strong> diferentes materiais, <strong>de</strong><br />

maneira articula<strong>da</strong>/contextualiza<strong>da</strong> e, portanto, significativa, estará ampliando seu contato<br />

com várias linguagens expressivas. Dessa forma, ela potencializa sua criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> no sentido<br />

<strong>de</strong> agir com ousadia, <strong>de</strong> correr riscos, <strong>de</strong> inventar, <strong>de</strong> ampliar seus referenciais <strong>de</strong> mundo,<br />

pois, assim, suas estruturas cognitivas tornam-se mais ricas, permitindo uma maior compreensão<br />

<strong>de</strong> si e do mundo em seu entorno.<br />

Tal possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> somente se materializará quando a escola se assumir enquanto espaço<br />

<strong>de</strong> vivências/experiências totalizadoras em que a Arte venha favorecer a compreensão<br />

mais amplia<strong>da</strong> do real, enfim, possibilitando ao(a) aluno(a) fazer uma leitura do mundo <strong>de</strong><br />

forma mais abrangente. Para isso, o educador <strong>de</strong>verá ter um olhar atento ao processo <strong>da</strong><br />

criança, não <strong>de</strong>ixando o seu fazer criativo ser meramente espontâneo, instigando-a a pensar<br />

sobre o que faz, para que possa ir além na construção <strong>de</strong> novos conhecimentos.<br />

Um dos nossos <strong>de</strong>safios enquanto educadores é construir práticas pe<strong>da</strong>gógicas capazes<br />

<strong>de</strong> entrelaçar linguagens que tragam sentido ao processo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, buscando, para isso,<br />

caminhos on<strong>de</strong> bata bem mais forte o nosso coração, no dizer do poeta Gonzaguinha. E que<br />

caminhos po<strong>de</strong>rão ser estes?<br />

Vamos abrir criativamente as nossas mentes e os nossos corações!<br />

(GONZAGUINHA, 1982)


Cenários possíveis para as diferentes<br />

linguagens<br />

O homem é uma ilha cerca<strong>da</strong> <strong>de</strong> linguagens por todos os lados<br />

(CEREJA,1994).<br />

Pensar na questão <strong>da</strong>s linguagens, como sugere Cereja, remete-nos ao espaço/tempo<br />

escolar, enquanto um lugar on<strong>de</strong> “passeiam linguagens”. Revendo o que refletimos anteriormente,<br />

reafirmamos que, <strong>de</strong> acordo com Vygotsky, o ser humano se constitui pela linguagem.<br />

Assim, importa notar que a cultura, ou melhor, as ferramentas culturais, enquanto<br />

linguagens, também, constituem o sujeito.<br />

Por sua vez, as diferentes linguagens transitam no nosso dia a dia e a escola, enquanto<br />

um espaço formador, muitas vezes, utiliza-se <strong>da</strong>s linguagens ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma domesticadora e<br />

disciplinadora, dificultando o contato dos educandos com as suas linguagens primeiras, aquelas<br />

que os caracterizam e os tornam únicos, permitindo a construção <strong>de</strong> sua consciência.<br />

As práticas pe<strong>da</strong>gógicas que os aprisionam, como os <strong>de</strong>senhos prontos para colorir, as<br />

músicas a<strong>de</strong>stradoras <strong>de</strong> comportamentos, as peças <strong>de</strong> teatro para as festivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s na escola,<br />

os ricos poemas a serem memorizados e não recriados, e os famosos ditados ain<strong>da</strong> existem.<br />

Além disso, há a massificação diária <strong>de</strong> imagens, muitas vezes, compostas por ilustrações<br />

estrangeiras que são absorvi<strong>da</strong>s sem nenhum senso crítico.<br />

Assim, ca<strong>da</strong> prática escolar, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa concepção tradicional, distancia o educando<br />

<strong>de</strong>le próprio e <strong>da</strong> sua força criativa <strong>de</strong> construção/recriação/trans<strong>formação</strong> <strong>de</strong> si e <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

a sua volta. E é na contramão <strong>de</strong> tais práticas que precisamos caminhar. Para tanto, enten<strong>de</strong>mos<br />

que múltiplas linguagens precisam ser VIVENCIADAS, <strong>da</strong>í se tornar necessário que<br />

criemos AMBIÊNCIAS para que as linguagens circulem <strong>de</strong> forma articula<strong>da</strong>, para que elas<br />

ofereçam um sentido, <strong>de</strong> forma crítica, à aprendizagem do educando.<br />

Enten<strong>de</strong>ndo que o espaço <strong>de</strong> vivências possibilita uma aprendizagem mais integradora<br />

e que as diferentes linguagens expressivas, se vivencia<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma articula<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>m atuar<br />

como instrumentos que ressignifiquem a aprendizagem <strong>da</strong> criança, potencializando-a para<br />

uma leitura do mundo mais rica e ampla, temos realizado trabalhos em cursos <strong>de</strong> professores,<br />

oferecendo uma contribuição efetiva para a <strong>formação</strong> inicial <strong>de</strong> educadores no campo <strong>da</strong><br />

Arte e Educação.<br />

Mas, como nosso fazer-pesquisador atinge também a prática pe<strong>da</strong>gógica com crianças,<br />

apresentamos, neste texto, como recurso explicativo, uma vivência que realizamos com um<br />

grupo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z crianças <strong>de</strong> cinco anos, na Creche Comunitária Meimei, em Piratininga, Niterói/Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. Trata-se <strong>de</strong> uma vivência com Arte que procurou articular linguagens:<br />

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EDUCAÇÃO INFANTIL


86<br />

corporal, plástica, poética e musical, por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos construídos com a utilização <strong>da</strong>s<br />

próprias fotos <strong>da</strong>s crianças.<br />

A partir <strong>de</strong> uma ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversa, buscando conhecer a sua própria prática cultural,<br />

buscamos <strong>de</strong>tectar do que gostam, surgiu, então, o tema animais. Em segui<strong>da</strong>, trabalhamos<br />

com a temática amplia<strong>da</strong>: Soltando nossos bichos. Criamos um clima <strong>de</strong> surpresa, curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e encantamento necessário ao trabalho com as linguagens expressivas, primeiramente,<br />

dialogando sobre os animais que as crianças possuíam, os <strong>de</strong> que mais gostavam, utilizamos<br />

alguns livros <strong>de</strong> imagens. Neste momento, entramos no mundo <strong>da</strong>s histórias, contando-lhes<br />

algumas relaciona<strong>da</strong>s a animais.<br />

Percebemos o po<strong>de</strong>r e a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> que a linguagem oral oferece para a interação,<br />

pois, ao contarmos histórias, tivemos a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> observar um diálogo enriquecido<br />

por uma polifonia <strong>de</strong> vozes que, capazes <strong>de</strong> romper com os silêncios escolares, <strong>de</strong>ram lugar<br />

à PALAVRA AUTÊNTICA, vibrante, no caso <strong>da</strong>s crianças, manifesta como a palavra-brinquedo<br />

que estimula a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a imaginação.<br />

Também, as histórias são capazes <strong>de</strong> contribuir para o autoconhecimento <strong>da</strong>s crianças,<br />

uma vez que estimulam a intuição, a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a imaginação, filha <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

a autopercepção e a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>, além <strong>de</strong> colaborar no sentido <strong>de</strong> estimular as<br />

funções psíquicas intelectuais, aju<strong>da</strong>ndo a clarear as emoções, harmonizando-as e sugerindo<br />

soluções simbólicas frente às vivências infantis.<br />

Com uma escuta atenta e sensível, ouvimos as suas histórias, os seus casos com animais,<br />

os seus medos. Depois, fizemos um relaxamento, com uma música <strong>de</strong> fundo, para que<br />

pu<strong>de</strong>ssem entrar em contato com algum animal <strong>de</strong> sua preferência, ou que lhe trouxessem<br />

algum sentimento (aconchego/medo), explorando sua percepção a respeito <strong>de</strong> cheiros, textura<br />

<strong>da</strong> pele, sons. Após, esse momento, o corpo, com to<strong>da</strong> a sua plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, entrou em<br />

cena, pois sugerimos que, por um jogo dramático, representassem a imagem do seu animal,<br />

com suas características mais evi<strong>de</strong>ntes. Surgiu, assim, uma escultura corporal. Sobre essa<br />

questão corporal, Vygotsky (2001) já afirmava que: “tudo o que a arte realiza, ela o faz no<br />

nosso corpo e através <strong>de</strong>le” (p. 320). Depois, as crianças foram fotografa<strong>da</strong>s separa<strong>da</strong>mente,<br />

no exercício <strong>de</strong> expressar em seus rostos, o animal escolhido.<br />

Em outro dia, recortaram os seus rostos nas fotos e, com lápis cera e/ou hidrocor,<br />

<strong>de</strong>senharam os seus animais. Construíram histórias individuais e coletivas, criaram sons,<br />

ouviram músicas e, finalmente, um livro com suas histórias. Esta vivência vem reafirmar a<br />

concepção sobre o <strong>de</strong>senho, não como base diagnóstica, mas enquanto expressão e possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> interlocução com outras crianças e com os adultos.


Sobre a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> plástica do <strong>de</strong>senho, <strong>de</strong>stacamos a sua importância no fazer artístico<br />

<strong>da</strong> criança, merecendo profundos estudos por parte do professores, pois, através <strong>de</strong>le, a<br />

criança vai construindo símbolos, sendo fácil perceber, em seus rostos, expressões <strong>de</strong> prazer<br />

quando ela própria vai saboreando os efeitos visuais que o ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar lhe produz,<br />

permitindo-lhe o reconhecimento dos seus próprios registros.<br />

Por sua vez, o <strong>de</strong>senho e a pintura do animal escolhido foi um caminho encontrado<br />

para que imagem e emoção pu<strong>de</strong>ssem emergir, estabelecendo uma conexão com o mundo<br />

interior que está, <strong>de</strong> fato, vivo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um, favorecendo o experimentar <strong>de</strong> afetos e<br />

o <strong>de</strong>scobrir-se a si mesmo, <strong>de</strong>ntro dos limites <strong>de</strong> suas i<strong>da</strong><strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> estimular a parceria e<br />

soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> expressiva <strong>da</strong>s crianças é fruto <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> solicitações e experiências.<br />

Ao propor vivências utilizando diferentes linguagens e suportes, estamos oferecendo<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, encorajando-as a se soltarem e transcen<strong>de</strong>rem a si mesmas, explorando diferentes<br />

materiais/recursos, alicerçando-se na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> pesquisa, na busca <strong>de</strong> soluções frente<br />

aos problemas artísticos, vivendo o processo criativo como produto <strong>da</strong> interlocução <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>/emoção<br />

com a cognição.<br />

Acredito que, <strong>de</strong>ssa forma, foi possível trabalhar com a Arte no seu potencial <strong>de</strong> prazer<br />

e <strong>de</strong> <strong>de</strong>safio, e, ao mesmo tempo, <strong>de</strong> criador/transformador, contribuindo na <strong>formação</strong> <strong>de</strong><br />

crianças que sejam capazes <strong>de</strong> fazer diferentes leituras do seu mundo e <strong>de</strong> atuar sobre ele <strong>de</strong><br />

forma sensível, criativa e consciente.<br />

Ao invés <strong>de</strong> submeter a criança à linguagem, pelas cópias e repetições, faz-se necessário<br />

criar um espaço vivencial. Este po<strong>de</strong>rá favorecer a criança o reconhecimento <strong>da</strong><br />

potência <strong>da</strong> própria linguagem que lhe permite resgatar sua condição <strong>de</strong> ser humano que vai<br />

além <strong>da</strong>s formas padroniza<strong>da</strong>s e <strong>da</strong> mera autoexpressão para uma consciente construção do<br />

conhecimento.<br />

Dessa forma, possibilitamos a inclusão <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> individual e coletiva, do corpo,<br />

<strong>da</strong> razão e emoção, <strong>da</strong> percepção, <strong>da</strong> imaginação, <strong>da</strong> intuição, <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Com<br />

isso, tecemos um cotidiano na Educação Infantil que entrelaça mentes e corações sensíveis/<br />

criativos, a fim <strong>de</strong> facultar às crianças a autoria <strong>de</strong> suas próprias histórias <strong>de</strong> forma criativa e<br />

crítica, ampliando, assim, seu interesse pelas manifestações culturais <strong>de</strong> sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong> social.<br />

Habitar um território vivencial marcou a presença do entrelaçamento <strong>de</strong> diferentes<br />

linguagens, como foi a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> exemplifica<strong>da</strong>, propondo além <strong>da</strong> experiência<br />

<strong>da</strong> Arte, através <strong>de</strong> um corpo vivo, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>formação</strong> estética <strong>de</strong> educandos<br />

capazes <strong>de</strong> forjar uma construção vivencial, necessária para uma aprendizagem significativa.<br />

87<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


88<br />

E você futuro professor, que reflexões este texto trouxe a sua mente? Sabemos que o<br />

<strong>de</strong>safio é gran<strong>de</strong>, pois só po<strong>de</strong>mos trabalhar com o outro o que acumulamos <strong>de</strong> saberes e<br />

fazeres. Também, trabalhar com a Arte, através <strong>de</strong> diferentes linguagens, <strong>de</strong> forma contextualiza<strong>da</strong><br />

e articula<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>rá permitir que, na Educação Infantil, nossas crianças se instrumentalizem<br />

para vivenciar, em etapas posteriores no Ensino Fun<strong>da</strong>mental, novos parâmetros<br />

direcionados para uma construção <strong>da</strong> Arte pauta<strong>da</strong>, por exemplo, em uma metodologia<br />

triangular, como sugere Ana Mae Barbosa (1991; 2002), que incluiu a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção<br />

e criação; a leitura <strong>da</strong> obra <strong>de</strong> Arte e a história <strong>da</strong> Arte.<br />

Este texto preten<strong>de</strong>u trazer os <strong>de</strong>safios e os possíveis caminhos sobre a Arte na Educação<br />

Infantil, e o uso <strong>da</strong>s diferentes linguagens expressivas. Também <strong>de</strong>seja ser um convite<br />

para que você vivencie várias linguagens, expressando-se através <strong>de</strong>las, buscando suas formas<br />

únicas e singulares <strong>de</strong> ser, investindo em ser autor(a)/criador(a), e não apenas leitor(a)/<br />

reprodutor(a).<br />

“Arremate e alinhavos” com novas e<br />

colori<strong>da</strong>s criações...<br />

A você que compartilhou <strong>de</strong>sta leitura, buscando compreen<strong>de</strong>r as minhas pincela<strong>da</strong>s.<br />

A você que entrelaçou as nossas palavras nas suas, unindo os fios do seu silêncio no<br />

abraço/laço entre texto e leitor.<br />

A você que, conosco, foi capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>sven<strong>da</strong>r algumas “ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s” sobre a Arte Educação,<br />

convi<strong>da</strong>mos, neste momento, a não trancar os seus sentidos para um repouso e, sim,<br />

tomar <strong>da</strong> palavra, <strong>da</strong> tinta e <strong>da</strong>s cores.<br />

É hora <strong>de</strong> entrar em cena, pois, enfim, é a sua vez <strong>de</strong> criar.<br />

Mãos à obra, pois, os seus educandos esperam encontrar em você um profissional<br />

consciente e criativo.<br />

Boa caminha<strong>da</strong>!<br />

Acredito que este é apenas um começo.<br />

E não se esqueça <strong>de</strong> que, conforme Toquinho e Vinícius:<br />

E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está<br />

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar<br />

Não tem tempo, nem pie<strong>da</strong><strong>de</strong>, nem tem hora <strong>de</strong> chegar


Referências<br />

Sem pedir licença mu<strong>da</strong> a nossa vi<strong>da</strong><br />

Nessa estra<strong>da</strong>, não nos cabe conhecer ou ver o que virá<br />

O fim <strong>de</strong>la ninguém sabe ao certo on<strong>de</strong> vai <strong>da</strong>r<br />

Vamos todos juntos numa passarela <strong>de</strong> uma aquarela<br />

Que um dia enfim <strong>de</strong>scolorirá (TOQUINHO, 1983).<br />

BARBOSA, Ana Mae. A imagem do ensino <strong>de</strong> Arte. São Paulo: Perspectiva,1991.<br />

BARBOSA, Ana Mae. Arte – Educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1997.<br />

BARBOSA, Ana Mae. Inquietações e mu<strong>da</strong>nças no Ensino <strong>de</strong> arte no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002.<br />

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDA-<br />

MENTAL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.<br />

CEREJA, Willian Roberto, COCHAR, Thereza. Português: linguagens. São Paulo: Atual, 1994.<br />

FARIA, Ana Lúcia. Políticas <strong>de</strong> regulação, pesquisa e pe<strong>da</strong>gogia na Educação Infantil: primeira etapa <strong>da</strong><br />

Educação Básica. Educação e Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Campinas, v. 26, n. 92. p. 1013-1038, 2005.<br />

FREIRE, Paulo. Por uma pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> pergunta. São Paulo: Paz e Terra,1985.<br />

FREINET, Celestin. Pe<strong>da</strong>gogia do Bom Senso. São Paulo: Martins Fontes,1988.<br />

GOMES, Denise Barata. Caminhando com arte na pré-escola. In: GARCIA, Regina Leite (Org). Revisitando<br />

a pré-escola. São Paulo: Cortez, 1997.<br />

GONZAGUINHA. Caminhos do coração. In: GONZAGUNHA, Caminhos do coração. [S.l.]EMI-O<strong>de</strong>on,<br />

p1982. 1 disco sonoro.<br />

KISHIMOTO, Tizuko. A LDB e as instituições <strong>de</strong> educação infantil: <strong>de</strong>safios e perspectivas. Revista Paulista<br />

<strong>de</strong> Educação Física. São Paulo, p. 7-14, 2001. Suplemento 4.<br />

MORIN, EDGAR. Ciência com consciência. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.<br />

OSTROWER, Fayga. Criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e processos <strong>de</strong> criação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Vozes, 1998.<br />

PEIXOTO, M. C. dos S. Cenários <strong>de</strong> educação através <strong>da</strong> arte: bor<strong>da</strong>ndo linguagens criativas na <strong>formação</strong><br />

<strong>de</strong> educadores (as). Intertexto: Niterói, 2008.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

89<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


90<br />

RODRIGUEZ, AUGUSTO. Palestra apresenta<strong>da</strong> no 4º Congresso Educacional <strong>de</strong> professores. Recife, 1970.<br />

TOQUINHO; MORAES, Vinícius <strong>de</strong>. Aquarela. In: TOQUINHO. Aquarela. [S.l.]: Ariola, p1983. 1 disco<br />

sonoro.<br />

VYGOTSKY, L. S. A psicologia <strong>da</strong> arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.<br />

VYGOTSKY, L. S. A imaginação e a arte na infância. São Paulo: Ática, 2009.<br />

Sugestões <strong>de</strong> leituras complementares<br />

BARBOSA, ANA MAE. Ensino <strong>de</strong> arte: memória e história. São Paulo: Perspectiva, 2008.<br />

DUARTE JÚNIOR, J. F. Por que arte-educação? Campinas: São Paulo: Papirus, 1991.<br />

FUSARI, M. F. REZENDE; FERRAZ, M. H. Metodologia do ensino <strong>de</strong> arte. São Paulo: Cortez, 1993.<br />

FUSARI, M. F. REZENDE; FERRAZ, M. H. Arte na educação. São Paulo: Cortez, 2006.<br />

GARCIA, Regina Leite (Org.). Múltiplas linguagens na escola. Rio <strong>de</strong> Janeiro: DP&A, 2000.<br />

MARTINS, MIRIAN CELESTE (Org). Didática do ensino <strong>de</strong> arte: A língua do mundo, poetizar, fruir e<br />

conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


Grafismo infantil: leitura<br />

e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

Célia Ceschin Silva Pereira<br />

UNIVILLE - Curso <strong>de</strong> Artes Visuais<br />

Maryahn Koehler Silva<br />

UNIVILLE - Curso <strong>de</strong> Psicologia<br />

Resumo: Este trabalho tem como objetivo i<strong>de</strong>ntificar nos <strong>de</strong>senhos, elaborados por crianças <strong>de</strong> dois a cinco<br />

anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, características comuns, visando associá-los com o discurso <strong>de</strong> autores que já aprofun<strong>da</strong>ram<br />

o assunto na área <strong>de</strong> arte gráfica. Após o estudo teórico, foi feita a classificação do material gráfico por faixa<br />

etária para verificar pontos comuns existentes nos mesmos. As categorias observa<strong>da</strong>s têm como elementos<br />

visuais: cor, linha, textura, planos, pontos; e as temáticas como: figura humana, moradias, árvores; juntamente<br />

a símbolos, ícones, signos, sinais e percepção espacial. Os símbolos representam o mundo a partir <strong>da</strong>s<br />

relações que a criança estabelece com as pessoas que fazem parte do seu contexto social, cultural e consigo<br />

mesma. Através dos signos externalizados, por meio <strong>da</strong> linguagem gráfica e verbal, tem-se a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r a evolução <strong>da</strong> arte gráfica e o que eles representam para a criança. Com o resultado <strong>de</strong>ste trabalho<br />

obteve-se a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> elencar conceitos <strong>de</strong> diferentes autores sobre o tema proposto, assim como<br />

verificar a similari<strong>da</strong><strong>de</strong> existente entre as crianças no que diz respeito ao <strong>de</strong>senvolvimento gráfico. Constatou-<br />

-se também que as diferenças pessoais estão presentes uma vez que o <strong>de</strong>senho registra os pensamentos <strong>da</strong><br />

criança e o educador <strong>de</strong>ve estar muito atento às produções <strong>de</strong> seus alunos para acompanhar o ritmo pessoal e<br />

ca<strong>da</strong> faixa etária.<br />

Palavras-chave: Grafismo infantil, Leitura, Desenvolvimento.<br />

Introdução<br />

O estudo do grafismo infantil não é, simplesmente, uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>scomprometi<strong>da</strong>,<br />

antes ela envolve o <strong>de</strong>senvolvimento físico e psicológico <strong>da</strong> criança. Através dos <strong>de</strong>senhos<br />

elaborados por ela, po<strong>de</strong>m ser observados seus movimentos corporais, a coor<strong>de</strong>nação do seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento visual e sua percepção do meio ambiente.<br />

Neste texto apresenta-se uma investigação que se compõe <strong>de</strong> dois momentos: o primeiro<br />

<strong>de</strong> cunho bibliográfico e o segundo comparativo entre as falas dos diversos autores com os<br />

<strong>de</strong>senhos elaborados por crianças entre dois e cinco anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. As categorias observa<strong>da</strong>s<br />

foram os elementos visuais: cor, linha, textura, planos, pontos, e as temáticas como: figura<br />

humana, moradia, árvores; juntamente a símbolos, signos, sinais e percepção espacial.<br />

91<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


92<br />

O material gráfico foi coletado no Colégio <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Região <strong>de</strong> Joinville -<br />

UNIVILLE, no contexto <strong>da</strong> Educação Infantil. Foram coleta<strong>da</strong>s 90 produções, durante o<br />

ano <strong>de</strong> 2006, abrangendo alunos do Maternal, Jardim I e Jardim II. Dez trabalhos gráficos <strong>de</strong><br />

três crianças <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> faixa etária foram escolhidos aleatoriamente. Diferentes teóricos, que<br />

<strong>de</strong>senvolveram pesquisas referentes ao assunto abor<strong>da</strong>do, foram estu<strong>da</strong>dos com o fito <strong>de</strong> se<br />

obter sustentação teórica para a análise e interpretação dos <strong>da</strong>dos coletados.<br />

Grafismo infantil: abor<strong>da</strong>gem teórica<br />

Rabiscar, <strong>de</strong>senhar e escrever são expressões construí<strong>da</strong>s pelo ser humano. Por meio<br />

<strong>de</strong>las, um sujeito estabelece sua relação com o grupo do qual faz parte. Enfim, através <strong>de</strong><br />

movimentos gráficos, o homem materializa um ato, tanto objetivo, quanto subjetivo.<br />

Por meio do <strong>de</strong>senho, a criança representa o seu universo interno, <strong>de</strong>sempenha personagens<br />

e inventa regras, mantendo uma relação <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> com os seus <strong>de</strong>senhos.<br />

Segundo Derdyk:<br />

Seus rabiscos provêm <strong>de</strong> uma intensa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do imaginário. O corpo<br />

inteiro está presente na ação, concentrado na pontinha do lápis. Esta funciona<br />

como ponte <strong>de</strong> comunicação entre o corpo e o papel. (DERDYK,<br />

1989, p. 63).<br />

O autor salienta que os traços colocados no papel escon<strong>de</strong>m uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> psíquica<br />

não acessível <strong>de</strong> forma imediata, mas <strong>de</strong>nota a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> inconsciente presente. Acrescenta,<br />

também, que além <strong>da</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>da</strong> representação, existe a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trazer à tona <strong>de</strong>sejos<br />

internos, impulsos, emoções e sentimentos.<br />

Bè<strong>da</strong>rd (1998) enfatiza que, para se interpretar um <strong>de</strong>senho, <strong>de</strong>ve-se levar em consi<strong>de</strong>ração<br />

o simbolismo e as mensagens que estão postas no mesmo e não a sua perfeição estética.<br />

Ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com Bè<strong>da</strong>rd:<br />

[...] o <strong>de</strong>senho representa, em parte, a mente consciente, mas também, e <strong>de</strong><br />

maneira mais importante, faz referência ao inconsciente. Não <strong>de</strong>vemos esquecer-nos<br />

<strong>de</strong> que o que nos interessa é o simbolismo e as mensagens que o<br />

<strong>de</strong>senho transmite-nos, não a sua perfeição estética. (BÈDARD,1998, p. 6).<br />

A referi<strong>da</strong> autora afirma que a criança tem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se expressar e utiliza o<br />

<strong>de</strong>senho como forma <strong>de</strong> comunicação. Ela se realiza quando, por meio <strong>de</strong> seus traços, rabiscos<br />

e garatujas, expressa seu imaginário infantil e complementa que”[...] a criança projeta no<br />

<strong>de</strong>senho o seu esquema corporal, <strong>de</strong>seja ver a sua própria imagem refleti<strong>da</strong> no espelho do<br />

papel”. (DERDYK, 1989, p. 51).


Para compreen<strong>de</strong>r melhor a expressão <strong>da</strong> criança, através dos <strong>de</strong>senhos, é necessário<br />

saber que esta, ao entrar em contato com materiais específicos, <strong>de</strong>senvolve a habili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

física, social, intelectual e afetivo-emocional. Este <strong>de</strong>senvolvimento ocorre <strong>de</strong> maneiras diversas.<br />

Elas, ao verem alguém utilizando materiais como lápis, tinta, papel, entre outros,<br />

po<strong>de</strong>rão tentar repetir o movimento que o outro está fazendo ou então po<strong>de</strong>rão ter alguém<br />

que as oriente na utilização dos mesmos.<br />

Lowenfeld (1977, p. 96) <strong>de</strong>staca que a criança apren<strong>de</strong> a imitar os traços que viu alguém<br />

fazendo e, para ajudá-la a aumentar a confiança nas suas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, os pais e<br />

professores <strong>de</strong>vem incentivar esse ato, objetivando o aumento <strong>de</strong> sua autoconfiança. Silva,<br />

Pillotto e Mognol (2004, p. 196) escrevem que “[...] os símbolos representam o mundo a<br />

partir <strong>da</strong>s relações que a criança estabelece com as pessoas que fazem parte do seu contexto<br />

social, cultural e consigo mesm”.<br />

Outro ponto que merece <strong>de</strong>staque é o consenso entre vários autores ao mencionarem<br />

o material colocado à disposição <strong>da</strong> criança para que esta possa se manifestar por meio <strong>de</strong><br />

suas criações, e que este seja pertinente à i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mesma. Ferreira (2005, p.33) <strong>de</strong>staca que<br />

a criança <strong>de</strong>ve ser incentiva<strong>da</strong> através <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> criação, o material <strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>quado<br />

e o espaço a ser utilizado <strong>de</strong>ve ser compatível com as suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s motoras. A referi<strong>da</strong><br />

autora faz menção à fase na qual a criança ensaia os seus rabiscos, alertando que, caso ela<br />

rasgue, fure ou amasse os papéis, não <strong>de</strong>verá ser repreendi<strong>da</strong>, uma vez que esta <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong><br />

energia é natural e o ato <strong>de</strong> repreen<strong>de</strong>r po<strong>de</strong>rá intervir na sua evolução natural.<br />

Novaes (1975) consi<strong>de</strong>ra que to<strong>da</strong>s as crianças são únicas nas suas formas <strong>de</strong> percepção,<br />

nas suas experiências <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e nas suas fantasias. A variação do potencial criador irá<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s que lhe são ofereci<strong>da</strong>s para po<strong>de</strong>rem se expressar e do estímulo<br />

oferecido pelo contexto. Destaca que todo ser humano é capaz <strong>de</strong> criar, basta <strong>da</strong>r-lhe oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

para que isto aconteça. A liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ação no que concerne à busca <strong>da</strong> expressão<br />

através do <strong>de</strong>senho favorece os processos <strong>de</strong> criação do ser humano.<br />

A capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> simbólica potencializa a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> criança <strong>de</strong> criar. A internalização<br />

<strong>de</strong> símbolos permite-lhe a transposição <strong>de</strong> uma situação a outra, <strong>de</strong> um objeto a outro,<br />

permite-lhe imaginar em uma situação diferente <strong>da</strong> qual se encontra para resolver algum<br />

problema.<br />

Crianças entre dois e quatro anos <strong>de</strong>vem usar materiais a<strong>de</strong>quados a sua faixa etária,<br />

tornando-se confortáveis ao seu manuseio. Como exemplo, Lowenfeld e Brittain (1977) cita<br />

papel, giz <strong>de</strong> cera, caneta hidrográfica, entre outros materiais, como sendo compatíveis às<br />

crianças <strong>de</strong>ssa i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Acima <strong>de</strong> quatro anos é indicado usar folhas colori<strong>da</strong>s, lápis-<strong>de</strong>-cor<br />

com a ponta mais grossa, canetas hidrográficas e no trabalho tridimensional oferecer argila<br />

93<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


94<br />

e massa <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar. Esses materiais po<strong>de</strong>m contribuir no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

perceptivas.<br />

Para o profissional que trabalha com a criança na função <strong>de</strong> educador será necessário<br />

conhecer ca<strong>da</strong> etapa do <strong>de</strong>senvolvimento gráfico-infantil, para ajudá-la a superar fases <strong>de</strong>safiadoras<br />

e estimulantes. Essas etapas do grafismo infantil terão como base os períodos que<br />

caracterizam o <strong>de</strong>senvolvimento psicográfico <strong>da</strong> criança.<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que a fase <strong>da</strong> garatuja vai dos dois aos quatro anos, quando as crianças<br />

passam <strong>de</strong> rabiscos aos traços mais controlados. A seguinte etapa é <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>”O Estágio<br />

Pré-Esquemático” e vai dos quatro aos sete anos, nesta fase a criança <strong>de</strong>senha homem com<br />

cabeça e pés e também objetos com os quais teve contato (LOWENFELD; BRITTAIN,<br />

1977).<br />

Greig (2004) relata que, por volta dos dois anos, observa-se maturação nos rabiscos,<br />

havendo uma distribuição equilibra<strong>da</strong> entre eles, o que <strong>de</strong>nota segurança e afirmação nos<br />

<strong>de</strong>senhos: “A evolução harmônica passa, portanto, pelos rabiscos <strong>de</strong> base aos dois anos,<br />

com um relativo equilíbrio do círculo e do vaivém que, <strong>de</strong> resto é o caso mais frequente”.<br />

(GREIG, 2004, p. 24).<br />

Quando a criança escolhe uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> cor para expressar uma imagem, muitas<br />

vezes não é exatamente a cor do objeto ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro, tornando-se necessário o questionamento<br />

por parte do educador para que este possa compreen<strong>de</strong>r o significado atribuído às garatujas.<br />

O trabalho com cores é encarado como uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> diverti<strong>da</strong>, porém é mais importante<br />

que a criança <strong>de</strong>senvolva formas e linhas do que estabeleça relações pictóricas com o meio<br />

circun<strong>da</strong>nte.<br />

Outro ponto salientado por Greig (2004) resi<strong>de</strong> nos aspectos perceptíveis <strong>da</strong> passagem<br />

<strong>da</strong>s garatujas às figuras-girino. O referido autor <strong>de</strong>screve dois rabiscos <strong>de</strong> base <strong>de</strong>nominados<br />

<strong>de</strong> movimento circulatório e movimento <strong>de</strong> vaivém, característicos por volta dos dois anos <strong>de</strong><br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>, período <strong>da</strong>s garatujas. A figura-girino, por sua vez, apresenta aspectos irradiantes <strong>de</strong><br />

seus membros, continentes <strong>de</strong> seu rosto e nele se reconhecem seus dois olhos, uma vez que é<br />

a combinação mental <strong>de</strong>sses três elementos que marcam a entra<strong>da</strong> na figuração.<br />

A fase pré-esquemática, <strong>de</strong> quatro a sete anos, caracteriza-se pelo fato <strong>de</strong> a criança<br />

conseguir <strong>da</strong>r forma a seus <strong>de</strong>senhos, criando mo<strong>de</strong>los que têm a ver com o mundo a sua<br />

volta. Trata-se, agora, do início <strong>da</strong> compreensão gráfica; os traços <strong>da</strong>s garatujas per<strong>de</strong>m,<br />

continuamente, suas relações com os movimentos corporais e passam a ser controlados,<br />

relacionando-se com objetos visuais (LOWENFELD; BRITTAIN, 1977).


Greig (2004, p. 47), ao referir-se a essa faixa etária, relata que “[...] por volta dos quatro<br />

anos, o domínio recém-adquirido do quadrado é aplicado usualmente a casa e, <strong>de</strong> forma ca<strong>da</strong><br />

vez mais clara os pequenos círculos ou as pequenas cruzes ocupam seu papel <strong>de</strong> porta e janela”.<br />

Nesta segun<strong>da</strong> etapa, existe uma importância real dos pais e dos professores, pois estes<br />

po<strong>de</strong>m acompanhar o progresso evolutivo nos <strong>de</strong>senhos <strong>da</strong> criança, compreen<strong>de</strong>ndo o que<br />

é importante na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>la e como organizou suas relações com o meio em que vive. Nessa<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>, os <strong>de</strong>senhos formam um conjunto <strong>de</strong> linhas, a princípio in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s, mas aos poucos<br />

passam a ser reconheci<strong>da</strong>s pelo grupo do qual a criança faz parte.<br />

Greig (2004, p. 63) acrescenta: “[...] para fixar as referências cronológicas, se 3 anos e<br />

meio é a i<strong>da</strong><strong>de</strong> que marca o acesso à figura-girino, sua verticalização opera-se aos 4 anos,<br />

e aos 4 anos e meio anuncia-se a passagem à personagem como cabeça e corpo”. Ferreira<br />

(2005) afirma que esse período é a <strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong> relação entre <strong>de</strong>senho, pensamento e reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Nesta fase, as garatujas se tornam reconhecíveis e possuem um significado <strong>de</strong>finido.<br />

A criança faz a representação do seu mundo, o qual é concebido por meio <strong>de</strong> linhas, curvas,<br />

pontos, formas ovais que, por sua vez, po<strong>de</strong>m ser representações simbólicas, sugerindo a<br />

figura humana e os objetos.<br />

O <strong>de</strong>senho para a criança é o momento on<strong>de</strong> se concretizam pensamentos e <strong>de</strong>senvolvem-se<br />

relações com o seu meio ambiente. Enten<strong>de</strong>r o conceito <strong>de</strong> arte e as suas relações com<br />

a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> aju<strong>da</strong>-nos a compreen<strong>de</strong>r o processo mental infantil.<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Este estudo contribuiu significativamente para compreen<strong>de</strong>r a criança como um ser<br />

sensível e que, por meio <strong>da</strong>s representações gráficas, externaliza aquilo que faz parte <strong>da</strong> sua<br />

vi<strong>da</strong>, seja real ou imaginário.<br />

Por meio <strong>da</strong> contribuição dos diversos autores que serviram <strong>de</strong> guias para sustentar a<br />

pesquisa e dos trabalhos gráficos criados pelas crianças, pô<strong>de</strong>-se perceber gran<strong>de</strong> relevância<br />

no que concerne à <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong>s características pertinentes às faixas etárias e que ca<strong>da</strong> ser<br />

humano é único, dotado <strong>de</strong> especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s que o fazem igual e diferente ao mesmo tempo.<br />

Neste caso, o espaço escolar foi o palco <strong>da</strong> efetivação dos <strong>de</strong>senhos e, neste contexto, as<br />

crianças pu<strong>de</strong>ram, pelas suas produções, externalizar os seus <strong>de</strong>sejos, assim como os fatos<br />

reais ocorridos na sua vi<strong>da</strong>, colocando-os concretamente no papel.<br />

Ca<strong>da</strong> criança, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> sua faixa etária e <strong>da</strong>s suas vivências como construtor e criador,<br />

manifesta características próprias. Os <strong>de</strong>senhos coletados foram elaborados a partir <strong>da</strong>s<br />

mais diversas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, entre elas: histórias conta<strong>da</strong>s pelas educadoras, <strong>de</strong>senhos livres,<br />

releitura <strong>de</strong> obra <strong>de</strong> arte, representação <strong>de</strong> alguma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro ou fora <strong>da</strong> escola que lhe<br />

95<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


96<br />

fora prazerosa. Os resultados obtidos são representações com características semelhantes à<br />

sua i<strong>da</strong><strong>de</strong>, embora estas não sejam iguais, prevalece a expressão particular <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um em<br />

todos os momentos.<br />

E como afirma Derdyk:<br />

O mundo para criança é continuamente reinventado. Ela constrói suas hipóteses<br />

e <strong>de</strong>senvolve a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectiva e projetiva, principalmente<br />

quando existem possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e condições físicas, emocionais e<br />

intelectuais para elaborar estas “teorias” sob forma <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s expressivas.<br />

(DERDYK, 1989, p. 54).<br />

Este estudo contribuiu também para a leitura e interpretação do registro gráfico infantil,<br />

auxiliando profissionais <strong>da</strong> área <strong>de</strong> Arte, Educação e Psicologia, entre outras áreas afins,<br />

a partir do olhar <strong>da</strong> criança no ambiente que a cerca. Em síntese, concluiu-se que o <strong>de</strong>senho<br />

<strong>da</strong> criança registra seus pensamentos e o educador <strong>de</strong>ve estar muito atento às produções <strong>de</strong><br />

seus alunos para acompanhar ca<strong>da</strong> ritmo pessoal e ca<strong>da</strong> fase. Estimular com novos materiais<br />

e novas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s resultará em avanços singulares no que diz respeito à apropriação e à colaboração<br />

do sistema <strong>de</strong> representação dos <strong>de</strong>senhos.<br />

Referências<br />

BÈDARD, Nicole. Como interpretar os <strong>de</strong>senhos <strong>da</strong>s crianças. 2. ed. São Paulo: Ed. ISIS, 1988.<br />

DERDYK, Edith. Formas <strong>de</strong> pensar o <strong>de</strong>senho: <strong>de</strong>senvolvimento do grafismo infantil. São Paulo:<br />

Scipione, 1989.<br />

FERREIRA, Aurora. A criança e a arte o dia-a-dia na sala <strong>de</strong> aula. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Walk, 2005.<br />

GREIG, Philippe. A criança e seu <strong>de</strong>senho. Porto Alegre: Artmed, 2004.<br />

LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte: Um guia para os pais. 2. ed. Tradução Miguel Maillet.<br />

São Paulo: Mestre Jou, 1977.<br />

LOWENFELD, V.; BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> criadora. São Paulo: Mestre<br />

Jou, 1977.<br />

NOVAES, Maria Helena. Psicologia <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. 2. ed. Petrópolis, Rio <strong>de</strong> Janeiro: Vozes,<br />

1975.<br />

SILVA M. K., PILLOTTO S. S. D.; MOGNOL L. T. A leitura do texto não-verbal na produção gráfica<br />

infantil. In: ORMEZZANO, G. (Org) Questões <strong>de</strong> Artes Visuais. Passo Fundo: UFF, 2004.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


Música na educação<br />

infantil: reflexões<br />

e proposta didática<br />

para professores<br />

não-especialistas*<br />

Maria Flávia Silveira Barbosa<br />

Centro <strong>de</strong> Educação - UFES<br />

Resumo: Este trabalho é resultado parcial <strong>de</strong> estudos que vêm sendo realizados <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte com<br />

o objetivo <strong>de</strong> contribuir para a fun<strong>da</strong>mentação teórica e prática <strong>de</strong> uma pe<strong>da</strong>gogia musical diferente <strong>da</strong> que<br />

tem sido comumente adota<strong>da</strong> no ensino regular, especialmente, nas escolas <strong>de</strong> Educação Infantil, nas quais<br />

as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s musicais geralmente ficam a cargo <strong>de</strong> professores não especialistas. A intenção aqui é, então,<br />

oferecer a professores <strong>de</strong> Educação Infantil um ferramental teórico e prático que lhes permita realizar um<br />

trabalho significativo com música, mesmo sem ter tido uma <strong>formação</strong> musical sistematiza<strong>da</strong>. Parte-se <strong>da</strong><br />

análise crítica <strong>de</strong> algumas concepções veicula<strong>da</strong>s nos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação<br />

Infantil (BRASIL, 1998 – Volume 3: Música) e <strong>da</strong>s orientações didáticas propostas no referido documento.<br />

Mesmo consi<strong>de</strong>rando o avanço que representa, não só para a área <strong>de</strong> Música, mas também para as outras linguagens<br />

artísticas, a elaboração <strong>de</strong>sse documento oficial – como, por exemplo, apontar as lacunas <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong>s<br />

pelas práticas usuais em música nas escolas <strong>de</strong> Educação Infantil e afirmar uma concepção <strong>de</strong> música como<br />

linguagem –, i<strong>de</strong>ntificam-se dois problemas fun<strong>da</strong>mentais: primeiro, conquanto bastante rica e <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>, não<br />

é uma proposta que po<strong>de</strong> ser facilmente leva<strong>da</strong> a cabo por professores que não tenham uma <strong>formação</strong> especializa<strong>da</strong><br />

em música, entre outras coisas, por trabalhar, tanto em seus objetivos e conteúdos, como em suas<br />

orientações didáticas, com conceitos específicos <strong>da</strong> área; segundo, não logra superar concepções românticas<br />

sobre a música e seu aprendizado que minam as reais condições <strong>de</strong> uma universalização no ensino <strong>da</strong> música.<br />

Fun<strong>da</strong>menta-se na perspectiva histórico-cultural do conhecimento – sobretudo na concepção <strong>de</strong> linguagem<br />

<strong>de</strong> Lev Vygotski e Mikhail Bakhtin – para apresentar uma proposta didática alternativa. Na elaboração <strong>de</strong>ssa<br />

proposta, baseia-se também em autores brasileiros <strong>de</strong> Educação Musical.<br />

Palavras-chave: Educação Musical, Proposta didática, RCNEI, Perspectiva Histórico-cultural.<br />

Minha intenção, neste texto, é a <strong>de</strong> oferecer a professores <strong>de</strong> Educação Infantil um<br />

ferramental teórico e prático que possibilite, mesmo àqueles que não tenham <strong>formação</strong> específica<br />

na área, realizar um trabalho significativo com música junto a crianças pequenas.<br />

A proposta é refletir sobre música, o modo como frequentemente acontece nas escolas <strong>de</strong><br />

ensino regular (sobretudo na Educação Infantil), o modo como se enten<strong>de</strong> que <strong>de</strong>va aconte-<br />

97<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


98<br />

cer, a partir <strong>da</strong>s indicações <strong>de</strong> um documento oficial – a saber, os Referenciais Curriculares<br />

Nacionais para a Educação Infantil – e, também, apresentar algumas propostas práticas<br />

possíveis <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s mesmo por professores que não tenham uma <strong>formação</strong><br />

musical especializa<strong>da</strong>.<br />

Começarei, justamente, com a análise <strong>de</strong> certas concepções e <strong>da</strong>s indicações didáticas<br />

veicula<strong>da</strong>s nos RCNEI (BRASIL, 1998), mais precisamente vou comentar dois aspectos positivos<br />

e dois negativos do capítulo “Música” (Volume 3, p. 43-82).<br />

Primeiro aspecto positivo: os RCNEI apontam os problemas ou as lacunas <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong>s pelas<br />

práticas musicais que são comumente observa<strong>da</strong>s nas escolas <strong>de</strong> Educação Infantil, quando<br />

dizem, no item “Presença <strong>da</strong> música na Educação Infantil: i<strong>de</strong>ias e práticas correntes”:<br />

A música no contexto <strong>da</strong> educação infantil vem, ao longo <strong>de</strong> sua história,<br />

aten<strong>de</strong>ndo a vários objetivos, alguns dos quais alheios às questões próprias<br />

<strong>de</strong>ssa linguagem. Tem sido, em muitos casos, suporte para aten<strong>de</strong>r a vários<br />

propósitos, como a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> hábitos, atitu<strong>de</strong>s e comportamentos:<br />

lavar as mãos antes do lanche, escovar os <strong>de</strong>ntes, respeitar o farol etc.;<br />

a realização <strong>de</strong> comemorações relativas ao calendário <strong>de</strong> eventos do ano<br />

letivo simbolizados no dia <strong>da</strong> árvore, dia do sol<strong>da</strong>do, dia <strong>da</strong>s mães etc.; a<br />

memorização <strong>de</strong> conteúdos relativos a números, letras do alfabeto, cores<br />

etc., traduzidos em canções. Essas canções costumam ser acompanha<strong>da</strong>s<br />

por gestos corporais, imitados pelas crianças <strong>de</strong> forma mecânica e estereotipa<strong>da</strong><br />

(BRASIL, 1998, p. 47).<br />

Qual é o problema com essas práticas tão comuns, não só na Educação Infantil como<br />

também nos outros níveis do ensino regular? Segundo o trecho acima, tais práticas aten<strong>de</strong>m<br />

a objetivos alheios àqueles <strong>da</strong> própria linguagem musical; mas o que isso quer dizer?<br />

Quando se toma a música apenas como instrumento para aprendizagem ou memorização<br />

<strong>de</strong> outros conteúdos (não-musicais) ou quando to<strong>da</strong> a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> musical é volta<strong>da</strong> para<br />

o preparo <strong>de</strong> “apresentações” em <strong>da</strong>tas comemorativas, o conteúdo propriamente musical<br />

(conteúdo relativo à linguagem musical) é <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> lado; não se dá à música o <strong>de</strong>vido valor<br />

na <strong>formação</strong> do indivíduo e, consequentemente, não se contribui para a sua efetivação no<br />

currículo <strong>da</strong>s escolas regulares.<br />

Ora, a música não é somente um instrumento em favor <strong>de</strong> outros conteúdos e nem <strong>de</strong>ve<br />

estar somente a serviço <strong>de</strong> animar festivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. De acordo com Georg Lukács (KONDER,<br />

1996, p. 29), a arte proporciona ao homem um “[...] conhecimento sensível insubstituível” <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong><strong>de</strong>; a arte é, portanto, uma forma <strong>de</strong> conhecer a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. E o seu papel na <strong>formação</strong>


do indivíduo é, segundo o filósofo húngaro, formar as convicções, <strong>de</strong>senvolver a percepção<br />

e a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>slocar as fantasias e os <strong>de</strong>sejos que moverão os homens a transformar<br />

a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a si mesmos. Entretanto, para que haja a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a música cumprir<br />

esse papel na <strong>formação</strong> dos indivíduos, é necessário que os conteúdos próprios <strong>da</strong> linguagem<br />

musical sejam trabalhados.<br />

Mas quais são esses os conteúdos que, na Educação Infantil, <strong>da</strong>rão à música o seu<br />

real valor na <strong>formação</strong> dos indivíduos? Na minha opinião, a proposta dos Referenciais não<br />

é clara o suficiente, apesar <strong>de</strong> trazer vários exemplos, quer dizer, o modo como organiza os<br />

conteúdos em dois blocos: “o fazer musical” e “apreciação musical”, ignora que esses blocos<br />

<strong>de</strong>vem abarcar também a reflexão sobre música. Mais adiante, veremos uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> resposta para essa questão, quando eu apresentar a proposta didático-metodológica a cujo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e divulgação venho me <strong>de</strong>dicando há alguns anos.<br />

Primeiro aspecto negativo: conquanto bastante rica e <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>, a proposta que os<br />

Referenciais apresentam não po<strong>de</strong> ser facilmente coloca<strong>da</strong> em prática por um professor generalista,<br />

sobretudo, se ele não teve, anteriormente, um contato sistematizado com música.<br />

Por exemplo, o documento estabelece que os objetivos para o trabalho com música<br />

para crianças <strong>de</strong> zero a três anos <strong>de</strong>vem ser o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>: “[...] ouvir,<br />

perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais;<br />

brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir criações musicais”. E para crianças <strong>de</strong><br />

quatro a seis anos: “[...] explorar e i<strong>de</strong>ntificar elementos <strong>da</strong> música para se expressar, interagir<br />

com os outros e ampliar seu conhecimento do mundo; perceber e expressar sensações, sentimentos<br />

e pensamentos, por meio <strong>de</strong> improvisações, composições e interpretações musicais”<br />

(BRASIL, 1998, p. 55). Aqui, não me parece que se leva em conta a <strong>formação</strong> do professor<br />

que, em geral, atua junto a crianças pequenas. Não é tarefa corriqueira “[...] ouvir, perceber<br />

e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais”; e nem, tampouco,<br />

“[...] perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos por meio <strong>de</strong> improvisações,<br />

composições e interpretações musicais”. Como contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>ssas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s na criança, sem o <strong>de</strong>vido preparo?<br />

Suponhamos um professor especialista que trabalhe com o ensino musical há muitos<br />

anos, po<strong>de</strong> ser que mesmo esse professor não se sinta à vonta<strong>de</strong>, por exemplo, para orientar<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> improvisação e composição, pois são conhecimentos bastante específicos <strong>da</strong><br />

área e que exigem alguns anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação para serem adquiridos com certa fluência. Assim,<br />

po<strong>de</strong>-se notar o quanto uma proposta, como a veicula<strong>da</strong> pelos RCNEI, exige em termos<br />

<strong>de</strong> <strong>formação</strong> do professor.<br />

99<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


100<br />

Mesmo nos itens <strong>de</strong>dicados às “Orientações didáticas”, o que se diz não é o bastante,<br />

nem profundo e suficiente, para que um professor sem <strong>formação</strong> sistematiza<strong>da</strong> em música<br />

possa realizar a contento a proposta. Sobre o canto, por exemplo, referido na página 59, convém<br />

lembrar que não é tão fácil cantar afinado e em altura a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> às diferentes i<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Consi<strong>de</strong>rando, sobretudo, que a música esteve fora <strong>da</strong> escola, no mínimo por três déca<strong>da</strong>s,<br />

não se po<strong>de</strong> inferir diretamente que a maioria <strong>da</strong>s pessoas saiba cantar afinado, <strong>de</strong> modo que<br />

possa contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> audição (musical) <strong>da</strong>s crianças.<br />

Lemos nos Referenciais a seguinte orientação:<br />

Importa que todos os conteúdos sejam trabalhados em situações expressivas<br />

e significativas para as crianças, tendo-se o cui<strong>da</strong>do fun<strong>da</strong>mental<br />

<strong>de</strong> não tomá-los como fins em si mesmos. Um trabalho com diferentes<br />

alturas, por exemplo, só se justifica se realizado num contexto musical que<br />

po<strong>de</strong> ser uma proposta <strong>de</strong> improvisação que valorize o contraste entre sons<br />

graves e agudos ou <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong> canções que enfatizem o movimento<br />

sonoro, entre outras possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Ouvir e classificar os sons quanto<br />

às alturas valendo-se <strong>da</strong>s vozes dos animais, dos objetos e máquinas, dos<br />

instrumentos musicais, comparando, estabelecendo relações e, principalmente,<br />

li<strong>da</strong>ndo com essas informações em contextos <strong>de</strong> realizações musicais<br />

po<strong>de</strong> acrescentar, enriquecer e transformar a experiência musical <strong>da</strong>s<br />

crianças. A simples discriminação auditiva <strong>de</strong> sons graves e agudos, curtos<br />

ou longos, fracos ou fortes, em situações <strong>de</strong>scontextualiza<strong>da</strong>s do ponto<br />

<strong>de</strong> vista musical, pouco acrescenta à experiência <strong>da</strong>s crianças. Exercícios<br />

com instruções como, por exemplo, transformar-se em passarinhos ao ouvir<br />

sons agudos e em elefante em resposta aos sons graves ilustram o uso<br />

ina<strong>de</strong>quado e sem sentido <strong>de</strong> conteúdos musicais (BRASIL, 1998, p. 60).<br />

Conquanto a importância fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> orientação – trabalhar os conteúdos musicais<br />

em contextos musicais –, a meu ver, fica claro o que não se <strong>de</strong>ve fazer; já o que e como<br />

se <strong>de</strong>ve fazer não fica tanto.<br />

Segundo aspecto positivo: os RCNEI procuram afirmar uma concepção <strong>de</strong> música<br />

como linguagem e forma <strong>de</strong> conhecimento. Não vou tratar aqui <strong>da</strong> problemática que, a meu<br />

ver, gira em torno <strong>da</strong> concepção <strong>de</strong> conhecimento como construção individual, veicula<strong>da</strong><br />

pelo documento; apenas vou consi<strong>de</strong>rar que essa concepção procura se contrapor a uma<br />

concepção <strong>de</strong> conhecimento como algo totalmente acabado que <strong>de</strong>ve ser transmitido pelo<br />

professor e assimilado pelo aluno, em uma relação mecânica e acrítica, enten<strong>de</strong>ndo, então, a<br />

concepção <strong>de</strong> conhecimento que fun<strong>da</strong>menta os RCNEI como tendo algo <strong>de</strong> positivo.


“Compreen<strong>de</strong>-se a música como linguagem e forma <strong>de</strong> conhecimento” (BRASIL,<br />

1998, p. 48), afirma claramente o documento. Essa abor<strong>da</strong>gem está afina<strong>da</strong> com i<strong>de</strong>ias que<br />

têm sido veicula<strong>da</strong>s no campo <strong>da</strong> Arte nos últimos anos e que visam resgatar os conteúdos<br />

específicos, não só <strong>da</strong> área <strong>de</strong> música, mas <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as linguagens artísticas. Os conteúdos<br />

próprios <strong>da</strong>s diferentes linguagens se viram enfraquecidos, levados a níveis muito elementares<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> <strong>formação</strong> e atuação polivalente do professor <strong>de</strong> Educação Artística,<br />

conforme dispunha a antiga Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases <strong>da</strong> Educação Nacional, a lei 5 692/ 71.<br />

Assim, o movimento agora é pela recuperação <strong>de</strong>sses conteúdos tanto com a referência na<br />

nova LDBEN (lei 9 394/ 96) ao ensino <strong>de</strong> Arte, ao invés <strong>de</strong> Educação Artística, e a proposta<br />

<strong>da</strong>s quatro áreas (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro) trazi<strong>da</strong> pelos Parâmetros Curriculares<br />

Nacionais – Arte, como com a <strong>formação</strong> do professor em cursos <strong>de</strong> licenciatura em<br />

Educação Musical, Artes Visuais etc.<br />

Segundo aspecto negativo: mesmo afirmando uma concepção <strong>de</strong> música como linguagem<br />

e forma <strong>de</strong> conhecimento, os RCNEI não logram superar a concepção <strong>de</strong> música como<br />

meio <strong>de</strong> comunicação e expressão (visão romântica que mantém intactos certos mitos acerca<br />

do aprendizado musical, como a questão do “gênio” artístico – dom, talento inato etc. –, que<br />

impe<strong>de</strong>m o fortalecimento <strong>da</strong> música como conteúdo a ser trabalhado com to<strong>da</strong>s as crianças,<br />

em escolas <strong>de</strong> currículo regular).<br />

Logo na “Introdução” <strong>da</strong> parte que estamos analisando, lê-se: “[...] a música é a linguagem<br />

que se traduz em formas sonoras capazes <strong>de</strong> expressar e comunicar sensações, sentimentos<br />

e pensamentos, por meio <strong>da</strong> organização e relacionamento expressivo entre o som e<br />

o silêncio” (BRASIL, 1998, p. 45). Mais adiante, no item “Conteúdos”, temos: “[...] os conteúdos<br />

<strong>de</strong>verão priorizar a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a comunicação e expressão por meio<br />

<strong>de</strong>ssa linguagem” (BRASIL, 1998, p. 57). Afirma-se, ain<strong>da</strong>, no subitem “O fazer musical”,<br />

um dos blocos que organizam os conteúdos musicais, segundo a proposta dos Referenciais:<br />

“[...] o fazer musical é uma forma <strong>de</strong> comunicação e expressão que acontece por meio <strong>da</strong><br />

improvisação, <strong>da</strong> composição e <strong>da</strong> interpretação” (BRASIL, 1998, p. 57).<br />

Ao analisar a concepção <strong>de</strong> arte que fun<strong>da</strong>menta os Parâmetros Curriculares Nacionais<br />

– Arte (1ª. a 8ª. séries), Penna e Alves (2001) apontam essa contradição: o documento<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o resgate dos conteúdos que se revela nas afirmações <strong>da</strong> arte como forma <strong>de</strong> conhecimento<br />

e forma <strong>de</strong> linguagem, “[...] entretanto, tais proposições acabam por se per<strong>de</strong>r, ao<br />

longo dos PCN – Arte, na medi<strong>da</strong> em que estes são permeados por uma visão romântica <strong>de</strong><br />

arte, com base nos pressupostos <strong>da</strong> arte como expressão e comunicação, com forte ênfase na<br />

transmissão e recepção <strong>de</strong> emoções” (PENNA; ALVES, 2001, p. 60). Sendo assim,<br />

101<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


102<br />

[...] a intenção <strong>de</strong> resgate dos conhecimentos e conteúdos próprios <strong>da</strong> arte<br />

– numa perspectiva <strong>de</strong> trabalho que articula a criação, a fruição e a reflexão –<br />

torna-se frágil, confusa e mesmo contraditória, na medi<strong>da</strong> em que predominam<br />

noções românticas sobre a arte, sua produção e sua apreciação. (PENNA; AL-<br />

VES, 2001, p. 61).<br />

Do meu ponto <strong>de</strong> vista, é possível fazer a mesma reflexão acerca <strong>da</strong> proposta para a<br />

música dos RCNEI. A visão romântica <strong>da</strong> arte como (meio <strong>de</strong>) comunicação e expressão<br />

– que surge no final do século XVIII e início do século XIX, e prioriza a emoção, a imaginação<br />

e a assimetria, e postula que “[...] antes <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r é preciso sentir” (PENNA;<br />

ALVES, 2001, p. 62) – não é compatível com uma concepção <strong>de</strong> arte como linguagem. Naquela,<br />

a criação é “pura espontanei<strong>da</strong><strong>de</strong>”, em oposição à qualquer convenção. Já as formas<br />

<strong>de</strong> linguagem têm, como uma <strong>de</strong> suas características, as normas e convenções. A ban<strong>de</strong>ira<br />

<strong>da</strong> arte como comunicação e expressão, já presente no documento para a educação <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> 1970, foi responsável pela implantação <strong>da</strong> polivalência nos cursos <strong>de</strong> Educação Artística<br />

e, consequentemente, pelo esvaziamento dos conteúdos no ensino/aprendizado <strong>da</strong>s diferentes<br />

linguagens artísticas (PENNA; ALVES, 2001). Não po<strong>de</strong>, agora, essa mesma concepção<br />

respal<strong>da</strong>r uma proposta <strong>de</strong> recuperação dos conteúdos específicos <strong>da</strong>s diferentes linguagens.<br />

Pois bem, até aqui eu vim questionando as orientações para a área <strong>de</strong> Música dos RC-<br />

NEI em algumas <strong>de</strong> suas concepções fun<strong>da</strong>mentais (música, linguagem, conhecimento) e na<br />

proposta prática que apresentam. Cabe, agora, apresentar outras concepções e uma proposta<br />

metodológica alternativa que dê conta, então, <strong>de</strong> superar os problemas apontados e que possa<br />

nortear um trabalho significativo com música em escolas <strong>de</strong> ensino regular.<br />

Meu ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> é, também, a concepção <strong>de</strong> música como uma forma <strong>de</strong> linguagem,<br />

mas uma concepção <strong>de</strong> linguagem muito diferente <strong>da</strong>quela que a enten<strong>de</strong> como meio <strong>de</strong><br />

comunicação e expressão. Assumo, com Lev S. Vygotski (psicólogo) e Mikhail M. Bakhtin<br />

(filósofo <strong>da</strong> linguagem), a natureza sócio-histórica e semiótica do psiquismo humano. Isso<br />

significa assumir também a função organizadora e estruturante <strong>da</strong> linguagem (<strong>da</strong> palavra,<br />

dos signos) na constituição <strong>da</strong>s funções psicológicas superiores (como diria Vygotski) ou <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> mental (como diria Bakhtin). Outra característica importante <strong>da</strong> linguagem, segundo<br />

esses autores, é que ela não surge espontânea e naturalmente no indivíduo, mas somente<br />

em um sistema <strong>de</strong> relações e significações sociais: relações interindividuais, discursivas,<br />

dialógicas.<br />

Em uma perspectiva histórico-cultural, a linguagem não é nem meramente um sistema<br />

<strong>de</strong> códigos (um objeto exterior, fixo e imutável) a ser assimilado, <strong>de</strong>cifrado pelo indivíduo<br />

em uma relação quase solitária (visão liga<strong>da</strong> ao racionalismo); nem algo que se origina no


próprio interior (psiquismo) do indivíduo, sendo exteriorizado posteriormente <strong>de</strong> alguma<br />

forma, para si ou para os outros (visão liga<strong>da</strong> ao romantismo). Pelo contrário, tal sistema só<br />

po<strong>de</strong> ser apreendido (apropriado/ internalizado), compreendido e significado, no âmbito <strong>da</strong>s<br />

relações que se estabelecem entre os indivíduos, na vi<strong>da</strong> social organiza<strong>da</strong>.<br />

Mas como se <strong>da</strong>ria tal processo? Vygotski postula a natureza semiótica dos processos<br />

<strong>de</strong> apropriação: não é o próprio objeto (coisa, pessoa, relação, acontecimento) em sua<br />

materiali<strong>da</strong><strong>de</strong> que será apropriado pelo indivíduo, mas a sua significação, que é <strong>da</strong><strong>da</strong>, inicialmente,<br />

pelo outro. A significação perpassa to<strong>da</strong>s as formas <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana (linguística,<br />

técnica, científica, artística e social) e é justamente o território comum partilhado<br />

pelo indivíduo, e pelo outro que permite a apropriação pela criança dos sistemas <strong>de</strong> signos<br />

criados pela humani<strong>da</strong><strong>de</strong> ao longo <strong>de</strong> sua história – esse processo caracteriza o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

cultural do homem, <strong>de</strong> acordo com a perspectiva assumi<strong>da</strong> (VIGOTSKI, 2000a;<br />

VYGOTSKI, 2000b).<br />

Fun<strong>da</strong>mentar-me nessa concepção <strong>de</strong> linguagem, para compreen<strong>de</strong>r a música e seus<br />

processos <strong>de</strong> ensino-aprendizado, significa, então, tomá-la como um sistema simbólico (ou<br />

um sistema <strong>de</strong> signos), cuja apropriação só é possível pela conquista <strong>da</strong> significação; sendo<br />

que esse processo <strong>de</strong> apropriação é, primordialmente, inter-relacional. A apreensão do sistema<br />

musical só po<strong>de</strong> ocorrer por meio <strong>de</strong> uma profun<strong>da</strong> e bem orienta<strong>da</strong> imersão nos mais<br />

diversos gêneros e estilos <strong>de</strong> música, dos vários períodos <strong>da</strong> história, dos diferentes países,<br />

grupos étnicos, culturais etc., buscando <strong>de</strong>svelar-lhes, compreen<strong>de</strong>r-lhes os sentidos musicais<br />

em sua realização sonora concreta.<br />

Po<strong>de</strong>-se, agora, voltar àquela questão que foi <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong> em aberto a respeito dos conteúdos<br />

a serem trabalhados com crianças <strong>de</strong> zero a seis anos: uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta é<br />

<strong>de</strong>scobrir/produzir sentidos, a partir <strong>de</strong> uma realização musical concreta. Como? Cantando,<br />

movimentando-se ao som <strong>de</strong> músicas, ouvindo atentamente, tentando perceber em peças musicais<br />

quais recursos sonoros o compositor utilizou para produzir/representar essa ou aquela<br />

i<strong>de</strong>ia, pesquisando sons para elaborar acompanhamentos sonoros para histórias ou poemas,<br />

realizando acompanhamentos rítmicos etc. A essa altura, po<strong>de</strong>-se argumentar que algumas<br />

<strong>de</strong>ssas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s já são realiza<strong>da</strong>s nas escolas <strong>de</strong> Educação Infantil. Mas creio que não são<br />

realiza<strong>da</strong>s <strong>de</strong> modo sistemático e intencional: o cantar e o <strong>da</strong>nçar, por exemplo, como vimos<br />

anteriormente, estão quase sempre a serviço <strong>de</strong> outros objetivos, em geral, muito distantes<br />

<strong>da</strong>queles relativos à linguagem musical.<br />

Duas i<strong>de</strong>ias são fun<strong>da</strong>mentais na proposta que apresento: 1) familiarização e 2) produção<br />

<strong>de</strong> sentidos. Familiarização quer dizer, em poucas palavras, contato com (boas) músicas.<br />

Mas não um contato aleatório ou sem objetivos <strong>de</strong>finidos. Em uma aula <strong>de</strong> música, esse<br />

103<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


104<br />

contato <strong>de</strong>ve ser previsto, organizado, orientado pelo professor, com o objetivo <strong>de</strong> promover<br />

a apreensão e compreensão dos sentidos musicais.<br />

Gran<strong>de</strong> parte dos educadores musicais enten<strong>de</strong> que a produção <strong>de</strong> sentidos se dá a<br />

partir do (re)conhecimento dos elementos constitutivos (material formador) <strong>da</strong> linguagem<br />

musical – som e silêncio, sons graves e agudos, sons fortes e fracos, sons rápidos ou lentos,<br />

por exemplo, no caso <strong>de</strong> crianças pequenas. Baseando-me em M. Bakhtin, vejo, entretanto,<br />

uma outra possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> entendimento. O filósofo russo, contrapondo-se aos formalistas<br />

que estu<strong>da</strong>m (analisam) a obra <strong>de</strong> arte a partir <strong>da</strong> or<strong>de</strong>nação exterior <strong>de</strong> seus elementos<br />

formadores (<strong>de</strong> seu material), propõe “[...] compreen<strong>de</strong>r e estu<strong>da</strong>r a obra <strong>de</strong> arte como um<br />

todo, na sua singulari<strong>da</strong><strong>de</strong> e significação estéticas” (BAKHTIN, 1990, p. 19), buscando nela<br />

as relações valorativas, emocionais e volitivas que expressa. Para Bakhtin, compreen<strong>de</strong>r a<br />

obra <strong>de</strong> arte não é reconhecer seus elementos formadores; é antes compreen<strong>de</strong>r a reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

cognitiva e ética que se concretiza, que se formaliza, que encontra acabamento nela. Assim,<br />

no caso <strong>da</strong> música, sobretudo na Educação Infantil, proponho tomar como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong><br />

– ao invés dos elementos formadores <strong>da</strong> linguagem musical –, as diferentes possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> resposta (produção <strong>de</strong> sentido/entendimento/compreensão) às diversas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s musicais,<br />

fazendo uso <strong>da</strong> linguagem verbal, <strong>de</strong> metáforas, <strong>de</strong> imagens visuais, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos, <strong>de</strong><br />

histórias, <strong>de</strong> movimentação corporal etc., para promover a apropriação do sistema musical.<br />

A título <strong>de</strong> sistematizar as propostas <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, com base nesse fun<strong>da</strong>mento teórico,<br />

tenho procurado estabelecer algumas categorias que refletem os modos <strong>de</strong> trabalhar com<br />

a música e outras linguagens para promover a compreensão musical. Como afirma Bakhtin,<br />

“[...] o enunciado é um elo na ca<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> comunicação verbal e não po<strong>de</strong> ser separado dos<br />

elos anteriores que o <strong>de</strong>terminam, por fora e por <strong>de</strong>ntro, e provocam nele reações-respostas<br />

imediatas e uma ressonância dialógica” (1997, p. 320). Assim, na elaboração <strong>de</strong>ssas categorias<br />

me apropriei dialeticamente <strong>da</strong>s contribuições <strong>de</strong> educadores musicais, entre eles: Brito,<br />

2003; Penna, 1990; Schroe<strong>de</strong>r e Schroe<strong>de</strong>r, 2002, 2004 e 2004a; Queiroz e Marinho, 2007;<br />

Parejo, 2007; e França, 2006 e 2008.<br />

Como se verá as categorias se sobrepõem, inter-relacionam, complementam, não se<br />

fecham em si mesmas e nem excluem umas às outras.<br />

A) corpo e movimento:<br />

Nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>s a essa categoria, a intenção é explorar as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

uso <strong>da</strong> movimentação corporal na compreensão/apreensão <strong>de</strong> aspectos musicais, sobretudo,<br />

rítmicos e melódicos. Já há alguns anos, educadores musicais (por exemplo, Emile-Jacques<br />

Dalcroze e seus seguidores) apontam essa vivência corporal (“concreta”) como etapa fun-


<strong>da</strong>mental no processo <strong>de</strong> apreensão <strong>da</strong> linguagem musical. Incluo entre as propostas <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

as <strong>da</strong>nças – evi<strong>de</strong>ntemente, sem compromisso com os conteúdos específicos <strong>de</strong>ssa<br />

linguagem artística, mas apenas buscando “significar” com o corpo algumas quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

sonoras <strong>de</strong> peças musicais diversas – e os brinquedos <strong>de</strong> ro<strong>da</strong>.<br />

B) gesto e palavra:<br />

Envolve ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s através <strong>da</strong>s quais se procura relacionar música, gesto e palavra.<br />

Po<strong>de</strong>mos citar as parlen<strong>da</strong>s, os brinquedos cantados (para os quais se po<strong>de</strong> criar acompanhamentos<br />

simples, utilizando, por exemplo, diferentes sons corporais – bati<strong>da</strong>s <strong>de</strong> mãos, <strong>de</strong> pés<br />

ou bati<strong>da</strong>s em outras partes do corpo, explorando as diferentes possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção<br />

sonora – ou também, se po<strong>de</strong> elaborar ritmos simples para execução com copos ou instrumentos<br />

<strong>de</strong> percussão) e a sonorização <strong>de</strong> histórias, e poemas, utilizando a voz e outros sons<br />

corporais – palmas, estalos, bati<strong>da</strong>s <strong>de</strong> pés etc. –, instrumentos musicais e outros objetos.<br />

Sugere Brito:<br />

C) <strong>de</strong>senho:<br />

[...] <strong>de</strong>scobrir que materiais usar (sons vocais, corporais, <strong>de</strong> objetos) é tarefa<br />

a ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> em conjunto [...], por meio <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> materiais<br />

disponíveis na sala <strong>de</strong> aula ou que se encontre no pátio <strong>da</strong> escola etc. Sementes,<br />

folhas secas, pedrinhas, areia, água, bacias, diferentes tipos <strong>de</strong><br />

papel, caixas <strong>de</strong> papelão, plásticos, enfim, tudo o que produz som po<strong>de</strong> ser<br />

transformado em material para sonorização <strong>de</strong> histórias, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tenhamos<br />

disposição para pesquisar, experimentar, ouvir e transformar. (BRI-<br />

TO, 2003, p. 164).<br />

Nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que integram essa categoria, a proposta será que a criança <strong>de</strong>senhe a<br />

partir <strong>de</strong> uma escuta musical com, no mínimo, dois objetivos – e esses objetivos não são<br />

necessariamente exclu<strong>de</strong>ntes: o primeiro, como forma <strong>de</strong> “traduzir” impressões/percepções<br />

musicais para uma outra linguagem – <strong>de</strong> certa forma, mais próxima <strong>da</strong> criança – e a segun<strong>da</strong>,<br />

como registro <strong>de</strong> escutas musicais. Nos dois casos, o <strong>de</strong>senho é um meio <strong>de</strong> elaborar/produzir<br />

sentidos a partir <strong>de</strong> peças musicais. A proposta po<strong>de</strong> ser, tanto que se <strong>de</strong>senhe livremente a<br />

partir <strong>de</strong> uma peça musical ouvi<strong>da</strong>, como que o professor crie uma história para <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

peça, conte às crianças, para <strong>de</strong>pois ouvi-las e, finalmente, elaborar <strong>de</strong>senhos para registrar.<br />

105<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


106<br />

D) contrastes<br />

Um passo importante e elementar na apreensão <strong>da</strong> linguagem musical é a percepção<br />

<strong>de</strong> contrastes – grosso modo, percepção <strong>da</strong> forma. Envolve a escuta atenta <strong>de</strong> peças musicais,<br />

cuja forma seja “visivelmente” <strong>de</strong>limita<strong>da</strong> por contrastes marcantes em termos <strong>de</strong> ritmo,<br />

<strong>de</strong> melodia, <strong>de</strong> an<strong>da</strong>mento (diferentes veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s), <strong>de</strong> textura (diferentes arranjos instrumentais)<br />

etc. Como eu disse anteriormente, as categorias não são fecha<strong>da</strong>s em si mesmas,<br />

portanto, aqui, é possível propor, por exemplo, uma história ou personagens que vivenciam<br />

situações diferentes em ca<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> peça a ser ouvi<strong>da</strong> (no caso <strong>de</strong> não ser uma música com<br />

letra) para tentar estabelecer relações significativas e perceber os contrastes.<br />

E) rítmica<br />

Como a proposta que vem sendo apresenta<strong>da</strong> visa às possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s do professor não-<br />

-especialista, o trabalho rítmico é bastante elementar, mas ain<strong>da</strong> assim indispensável. A sugestão<br />

é que se parta <strong>de</strong> canções folclóricas ou brinquedos cantados para os quais se propõe<br />

acompanhar com palmas, bati<strong>da</strong>s <strong>de</strong> pés, outros sons produzidos com o corpo ou instrumentos<br />

<strong>de</strong> percussão (que po<strong>de</strong>m ser construídos com sucata, como chocalhos <strong>de</strong> garrafinhas pet,<br />

tambores <strong>de</strong> lata ou <strong>de</strong> potes plásticos etc.), marcando, por exemplo, ca<strong>da</strong> sílaba <strong>da</strong>s palavras<br />

canta<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>pois somente as sílabas fortes e, posteriormente, talvez, dividindo o grupo em<br />

dois, a fim <strong>de</strong> executar os dois acompanhamentos ao mesmo tempo.<br />

F) relaxamento<br />

Longe <strong>de</strong> respal<strong>da</strong>r a i<strong>de</strong>ia muito presente no senso comum <strong>de</strong> que a música, sobretudo<br />

na escola, serve para relaxar, acalmar as crianças, não posso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> incluir o relaxamento<br />

entre as categorias <strong>de</strong> trabalho com a música. Entretanto, o relaxamento é entendido aqui<br />

como o momento especial <strong>de</strong> ouvir. Quer dizer, o relaxamento envolve uma proposta <strong>de</strong> escuta,<br />

direciona<strong>da</strong> pelo professor – ouvir com o objetivo <strong>de</strong> perceber esse ou aquele aspecto<br />

musical –, e acompanha<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma solicitação muito importante: nesse momento, só os ouvidos<br />

trabalham; as outras partes do corpo relaxam.<br />

Essa proposta que apresentei aqui está ain<strong>da</strong> em estágio embrionário, mas acredito<br />

já ser possível vislumbrar o quanto ela é bastante diferente <strong>da</strong>quelas que postulam que é<br />

preciso “sentir antes <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r” e que estão afina<strong>da</strong>s com a visão romântica <strong>da</strong> arte<br />

entendi<strong>da</strong> como meio <strong>de</strong> expressão individual, quer dizer, que enten<strong>de</strong>m a arte como algo<br />

que aflora do indivíduo a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong> sua sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> (leia-se, talento inato, dom). Essa é<br />

uma proposta para to<strong>da</strong>s as crianças. E reflete o meu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> contribuir para o <strong>de</strong>finitivo


posicionamento <strong>da</strong> música como parte do “[...] conjunto <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nucleares distribuí<strong>da</strong>s<br />

no espaço e tempo escolares”, conforme a concepção <strong>de</strong> currículo formula<strong>da</strong> por Dermeval<br />

Saviani (2003, p. 18). Para isso, é urgente a elaboração <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mentos teóricos e práticos<br />

que possam orientar um trabalho significativo com música nas escolas regulares.<br />

Referências<br />

BAKHTIN, Mikhail M. Questões <strong>de</strong> literatura e estética: a teoria do romance. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1990.<br />

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BRITO, Teça Alencar <strong>de</strong>. Música na Educação Infantil: propostas para a <strong>formação</strong> integral do indivíduo.<br />

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PENNA, Maura. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Loyola, 1990.<br />

PENNA, Maura; ALVES, Erinaldo. Marcas do Romantismo: o impasse <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mentação dos PCN-Arte. In:<br />

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SAVIANI, Dermeval. Pe<strong>da</strong>gogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 8. ed. rev e amp. Campinas:<br />

Autores Associados, 2003, p. 11-22.<br />

SCHROEDER, Sílvia Cor<strong>de</strong>iro N.; SCHROEDER, Jorge L. Música e Ciências Humanas. Pro-posições, Campinas,<br />

v. 15, n. 1(43), p. 1-9, jan./abr., 2004a.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

107<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


108<br />

SCHROEDER, Sílvia Cor<strong>de</strong>iro N.; SCHROEDER, Jorge L. “Conversas sobre música”: Uma experiência <strong>de</strong><br />

apreciação musical junto a educadores. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO<br />

MUSICAL, 13, 2004, Rio <strong>de</strong> Janeiro. Anais... Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2004b.<br />

SCHROEDER, Sílvia Cor<strong>de</strong>iro N.; SCHROEDER, Jorge L. Os perigos <strong>da</strong>s metodologias <strong>de</strong> pesquisa. <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong>s<br />

<strong>da</strong> Pós-graduação, Campinas, v. 6, n. 2, p. 118-123, 2002.<br />

VIGOTSKI, Lev S. Manuscritos <strong>de</strong> 1929. Educação e Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, ano XXI, n. 71, p. 23-44, 2000a.<br />

VYGOTSKI, Lev S. Historia <strong>de</strong>l <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> las funciones psíquicas superiores. In: VYGOTSKI, Lev S.<br />

Obras Escogi<strong>da</strong>s. 2. ed., t. 3. Madrid: Visor, 2000b, p. 11-340.<br />

* Versão revista <strong>de</strong> comunicação apresenta<strong>da</strong> no XV Encontro Nacional <strong>de</strong> Didática e Prática <strong>de</strong> Ensino, na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Minas Gerais (Belo Horizonte – MG), em abril <strong>de</strong> 2010.


A expressão musical e a<br />

criança <strong>de</strong> zero<br />

a cinco anos<br />

Monique Andries Nogueira<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Resumo: O presente texto trata <strong>da</strong> importância do trabalho pe<strong>da</strong>gógico a ser realizado nas instituições <strong>de</strong><br />

educação infantil, tendo em vista a musicalização <strong>da</strong>s crianças <strong>de</strong> zero a cinco anos. Para tanto, discorreu-se<br />

sobre o papel <strong>da</strong> música no <strong>de</strong>senvolvimento infantil, assim como no papel <strong>de</strong> professores e gestores na garantia<br />

<strong>da</strong> promoção <strong>de</strong> uma abor<strong>da</strong>gem integral <strong>da</strong> criança que perceba a música como uma <strong>de</strong> suas expressões e<br />

sobre a contribuição dos documentos oficiais para esse processo. Por fim, sugere-se uma listagem <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong><br />

livros e CDs que possam auxiliar o professor no planejamento do trabalho com a linguagem musical.<br />

Palavras-chave: Educação musical, Expressão musical, Formação <strong>de</strong> ouvintes.<br />

Introdução<br />

A música está junto à humani<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais remotos tempos e longínquos espaços.<br />

E, sem sombra <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>, é <strong>da</strong>s linguagens artísticas mais presentes na nossa vi<strong>da</strong> cotidiana.<br />

Quem seria capaz <strong>de</strong> se lembrar <strong>de</strong> algum indivíduo que não seja um “consumidor”<br />

<strong>de</strong> música? Seja <strong>de</strong> forma mais ativa, como a <strong>de</strong> um frequentador <strong>de</strong> concertos ou shows, ou<br />

<strong>de</strong> forma mais passiva, como aquele que ouve música no rádio do carro enquanto dirige, seja<br />

ouvindo música no sistema <strong>de</strong> som do ônibus, na praça <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> um shopping, praticando<br />

corri<strong>da</strong> com o fone no ouvido, o fato é que, hoje, é praticamente impossível encontrar<br />

um ser humano que seja indiferente à música.<br />

Trata-se, então, <strong>de</strong> linguagem fun<strong>da</strong>mental na vi<strong>da</strong> humana, presente tanto em momentos<br />

marcantes, como nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais corriqueiras. Sendo assim, concor<strong>da</strong>mos com<br />

Sny<strong>de</strong>rs (1992): a escola não po<strong>de</strong> abrir mão <strong>de</strong>ssa linguagem na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> seus alunos. Tratando-se<br />

<strong>da</strong> Educação Infantil, parafraseamos: como as instituições po<strong>de</strong>m abrir mão <strong>de</strong> fazer<br />

uso <strong>de</strong>ssa linguagem tão importante na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s crianças pequenas?<br />

Para discorrer sobre essa importante linguagem artística e suas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho<br />

pe<strong>da</strong>gógico na educação <strong>de</strong> crianças, <strong>de</strong>senvolveremos o texto abor<strong>da</strong>ndo diferentes<br />

aspectos tais como: seu papel primordial no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança, o papel dos professores<br />

e gestores e, por fim, o que trazem os documentos oficiais a respeito.<br />

109<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


110<br />

1. A música e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança<br />

Inicialmente, é preciso esclarecer nosso conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Segundo o dicionário<br />

Houaiss, este é um termo que apresenta muitas acepções. Escolhemos algumas<br />

<strong>de</strong>las: “[...] aumento <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s morais, psicológicas, intelectuais etc., [...] crescimento,<br />

progresso, adiantamento” (HOUAISS, 2002, p. 989). No entanto, há uma tendência, em nossa<br />

civilização, <strong>de</strong> se concentrar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança nos aspectos cognitivos,<br />

isto é, no que diz respeito ao aprendizado intelectual. É uma tendência natural em uma<br />

civilização tão competitiva e tecnicista. Em função disso, muito se tem falado a respeito do<br />

papel <strong>da</strong> música na melhoria do rendimento acadêmico <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>ntes.<br />

Nossa opção, contudo, vai pela contramão <strong>de</strong>sta tendência. Enten<strong>de</strong>mos que o processo<br />

<strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> uma criança está muito além apenas <strong>de</strong> seus aspectos físicos ou<br />

intelectuais, pois envolve outras questões, certamente tão complexas quanto às <strong>da</strong> maturação<br />

biológica. Dessa forma, optamos por trabalhar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento infantil a partir <strong>de</strong><br />

uma abor<strong>da</strong>gem mais ampla, abarcando também seus aspectos <strong>de</strong> amadurecimento afetivo e<br />

social, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado, obviamente, o aspecto cognitivo.<br />

É importante ressalvar que to<strong>da</strong> criança está imersa em um caldo cultural que é formado<br />

não só pela sua família, como também por todo o grupo social no qual ela cresce.<br />

Nesse sentido, a forma como a música influencia o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma criança carajá,<br />

por exemplo, é muito diferente <strong>da</strong> forma como isso se dá com uma criança branca; <strong>da</strong> mesma<br />

forma, uma criança <strong>de</strong> classe média alta, que frequenta ambientes nos quais a música é<br />

pratica<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma intensa, apresenta características bem diversas <strong>de</strong> uma criança que se vê<br />

vítima <strong>da</strong> exploração do trabalho infantil.<br />

Obviamente nosso foco não será o <strong>de</strong> uma criança especial, <strong>de</strong> algum grupo social<br />

específico. Nossas observações levarão em consi<strong>de</strong>ração as pesquisas feitas na área que, na<br />

sua gran<strong>de</strong> maioria, tiverem como sujeitos crianças oci<strong>de</strong>ntais, escolariza<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> inteligência<br />

dita normal. Ain<strong>da</strong> que não concor<strong>de</strong>mos com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> criança universal,<br />

enten<strong>de</strong>mos que estas pesquisas, guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s as <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s proporções, po<strong>de</strong>m nos eluci<strong>da</strong>r muitos<br />

aspectos.<br />

Nesse sentido, enten<strong>de</strong>mos que as reflexões a serem apresenta<strong>da</strong>s neste artigo, a partir<br />

<strong>de</strong> um referencial específico, po<strong>de</strong>m nos auxiliar a compreen<strong>de</strong>rmos melhor a relação<br />

criança-música-<strong>de</strong>senvolvimento, ressaltando que as particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> grupo social<br />

merecem ser investiga<strong>da</strong>s com afinco, em outros momentos, por outros autores.


1.1 A música e o <strong>de</strong>senvolvimento cognitivo<br />

<strong>da</strong> criança<br />

Inúmeras pesquisas, <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s em diferentes países e em diferentes épocas, particularmente<br />

nas déca<strong>da</strong>s finais do século XX, confirmam que a influência <strong>da</strong> música no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança é incontestável. Algumas <strong>de</strong>las <strong>de</strong>monstraram que o bebê, ain<strong>da</strong><br />

no útero materno, <strong>de</strong>senvolve reações a estímulos sonoros.<br />

Schlaug, <strong>da</strong> Escola <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Harvard (EUA), e Gaser, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Jena<br />

(Alemanha), revelaram que, ao comparar cérebros <strong>de</strong> músicos e não músicos, os do primeiro<br />

grupo apresentavam maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> massa cinzenta, particularmente nas regiões<br />

responsáveis pela audição, visão e controle motor (apud SHARON, 2000). Segundo esses<br />

autores, tocar um instrumento exige muito <strong>da</strong> audição e <strong>da</strong> motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> fina <strong>da</strong>s pessoas.<br />

Os autores perceberam que a prática musical faz com que o cérebro funcione “em re<strong>de</strong>”: o<br />

indivíduo, ao ler <strong>de</strong>terminado sinal na partitura, necessita passar essa in<strong>formação</strong> (visual) ao<br />

cérebro; este, por sua vez, transmitirá à mão o movimento necessário (tato); ao final disso,<br />

o ouvido acusará se o movimento feito foi o correto (audição). Além disso, os instrumentistas<br />

apresentam mais coor<strong>de</strong>nação na mão não dominante do que pessoas comuns. Segundo<br />

Gaser, o efeito do treinamento musical no cérebro é semelhante ao <strong>da</strong> prática <strong>de</strong> um esporte<br />

nos músculos. Será por isso que Platão já afirmava, há tantos séculos, que a música é a<br />

ginástica <strong>da</strong> alma?<br />

Outros estudos apontam também que, mesmo se o contato com a música for feito por<br />

apreciação, isto é, não tocando um instrumento, mas simplesmente ouvindo com atenção e<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> (percebendo as nuances, enten<strong>de</strong>ndo a forma <strong>da</strong> composição), os estímulos cerebrais<br />

também são bastante intensos.<br />

Ao mesmo tempo que a música possibilita essa diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estímulos, ela, por seu<br />

caráter relaxante, po<strong>de</strong> estimular a absorção <strong>de</strong> informações, isto é, a aprendizagem. Losavov,<br />

cientista búlgaro, <strong>de</strong>senvolveu uma pesquisa na qual observou grupos <strong>de</strong> crianças em<br />

situação <strong>de</strong> aprendizagem, e a um <strong>de</strong>les foi ofereci<strong>da</strong> música clássica, em an<strong>da</strong>mento lento,<br />

enquanto estavam tendo aulas. O resultado foi uma gran<strong>de</strong> diferença, favorável ao grupo que<br />

ouviu música. A explicação do pesquisador é que ouvindo música clássica, lenta, a pessoa<br />

passa do nível alfa (alerta) para o nível beta (relaxados, mas atentos); baixando a ciclagem<br />

cerebral, aumentam as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos neurônios e as sinapses tornam-se mais rápi<strong>da</strong>s, facilitando<br />

a concentração e a aprendizagem (apud OSTRANDER; SCHOEDER, 1978).<br />

Outra linha <strong>de</strong> estudos aponta a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> entre a música e o raciocínio lógico-matemático.<br />

Segundo Schaw, Irvine e Rauscher (apud CAVALCANTE, 2004), pesquisadores<br />

<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Wisconsin, alunos que receberam aulas <strong>de</strong> música apresentavam resulta-<br />

111<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


112<br />

dos <strong>de</strong> 15 a 41% superiores em testes <strong>de</strong> proporções e frações do que os <strong>de</strong> outras crianças.<br />

Em outra investigação, Schaw verificou que alunos <strong>de</strong> 2a série que faziam aulas <strong>de</strong> piano<br />

duas vezes por semana, apresentaram <strong>de</strong>sempenho superior em matemática aos alunos <strong>de</strong> 4ª<br />

série que não estu<strong>da</strong>vam música.<br />

Enfim, o que se po<strong>de</strong> concluir a esse respeito é que efetivamente a prática <strong>de</strong> música,<br />

seja pelo aprendizado <strong>de</strong> um instrumento, seja pela apreciação ativa, potencializa a aprendizagem<br />

cognitiva, particularmente no campo do raciocínio lógico, <strong>da</strong> memória, do espaço e<br />

do raciocínio abstrato.<br />

1.2 A música e o <strong>de</strong>senvolvimento afetiva<br />

Um outro campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento é o que li<strong>da</strong> com a afetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana. Muitas<br />

vezes menosprezado por nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> tecnicista, é nele que os efeitos <strong>da</strong> prática musical<br />

se mostram mais claros, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> pesquisas e experimentos. Todos nós que li<strong>da</strong>mos<br />

com crianças percebemos isso. O que tem mu<strong>da</strong>do é que agora estes efeitos têm sido estu<strong>da</strong>dos<br />

cientificamente também.<br />

Em pesquisa realiza<strong>da</strong> na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Toronto, Sandra Trehub (apud CAVAL-<br />

CANTE, 2004) comprovou algo que muitos pais e educadores já imaginavam: os bebês<br />

ten<strong>de</strong>m a permanecer mais calmos quando expostos a uma melodia serena e, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong><br />

aceleração do an<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> música, ficam mais alertas.<br />

Nossas avós também já sabiam que colocar um bebê do lado esquerdo, junto ao peito, o<br />

<strong>de</strong>ixa mais calmo. A explicação científica é que nessa posição ele sente as bati<strong>da</strong>s do coração<br />

<strong>de</strong> quem o está segurando, o que remete ao que ele ouvia ain<strong>da</strong> no útero, isto é, o coração <strong>da</strong><br />

mãe. Além disso, a eficácia <strong>da</strong>s canções <strong>de</strong> ninar é prova <strong>de</strong> que música e afeto se unem em<br />

uma mágica alquimia para a criança. Muitas vezes, mesmo já adultos, nossas melhores lembranças<br />

<strong>de</strong> situação <strong>de</strong> acolhimento e carinho dizem respeito às nossas memórias musicais.<br />

Já presenciamos vivências em grupos <strong>de</strong> professores que, a princípio, não apresentavam memórias<br />

<strong>de</strong> sua primeira infância. Ao ouvirem certos acalantos, contudo, emocionaram-se e<br />

passaram a relatar situações aconteci<strong>da</strong>s há muito tempo, <strong>de</strong>pois confirma<strong>da</strong>s por suas mães.<br />

Por to<strong>da</strong>s essas razões, a linguagem musical tem sido aponta<strong>da</strong> como uma <strong>da</strong>s áreas<br />

<strong>de</strong> conhecimentos mais importantes a serem trabalha<strong>da</strong>s na Educação Infantil, ao lado <strong>da</strong><br />

linguagem oral e escrita, do movimento, <strong>da</strong>s artes visuais, <strong>da</strong> matemática e <strong>da</strong>s ciências<br />

humanas e naturais. Em países com mais tradição que o Brasil no campo <strong>da</strong> educação <strong>da</strong><br />

criança pequena, a música recebe <strong>de</strong>staque nos currículos, como é o caso do Japão e dos países<br />

nórdicos. Nesses países, o educador tem, na sua graduação profissional, um espaço con-


si<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>dicado à sua <strong>formação</strong> musical, inclusive com a prática <strong>de</strong> um instrumento, além<br />

do aprendizado <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> canções. Este é, por sinal, um gran<strong>de</strong> entrave para<br />

nós: o espaço <strong>de</strong>stinado à música em gran<strong>de</strong> parte dos currículos <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professores<br />

é ain<strong>da</strong> incipiente, quando existe. É preciso investir significativamente na <strong>formação</strong> estética<br />

(e musical, particularmente) <strong>de</strong> nossos professores, se realmente quisermos obter melhores<br />

resultados na educação básica.<br />

Ain<strong>da</strong> abor<strong>da</strong>ndo os efeitos <strong>da</strong> música no campo afetivo, estudos recentes ampliam<br />

ain<strong>da</strong> mais nosso conhecimento a respeito. Zatore, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> McGill (Canadá), e<br />

Blood, do Massachusetts General Hospital (EUA), <strong>de</strong>senvolveram uma pesquisa que buscou<br />

analisar os efeitos no cérebro <strong>de</strong> pessoas que ouviam músicas, as quais segundo as mesmas<br />

lhes causavam profun<strong>da</strong> emoção. Verificou-se que ao ouvir essas músicas, as pessoas acionaram<br />

exatamente as mesmas partes do cérebro que têm relação com estados <strong>de</strong> euforia. Segundo<br />

esses autores, isso confere à música uma gran<strong>de</strong> relevância biológica, relacionando-a<br />

aos circuitos cerebrais ligados ao prazer (2001).<br />

Há também inúmeras experiências na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, trabalhos em hospitais que utilizam<br />

a música como elemento fun<strong>da</strong>mental para o controle <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos pacientes. A origem<br />

<strong>de</strong>ste trabalho remonta à 2a Guerra Mundial, quando músicos foram contratados para auxiliar<br />

na recuperação <strong>de</strong> veteranos <strong>de</strong> guerra por hospitais norte-americanos. Po<strong>de</strong>-se afirmar que<br />

esse foi um gran<strong>de</strong> impulso para a área <strong>de</strong> musicoterapia, hoje com reconhecimento acadêmico<br />

consoli<strong>da</strong>do. É ca<strong>da</strong> vez mais comum a presença <strong>da</strong> música nestes locais, seja para diminuir a<br />

sensação <strong>de</strong> dor em pacientes <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma cirurgia, junto a mulheres em trabalho <strong>de</strong> parto<br />

(para estimular as contrações) ou na estimulação <strong>de</strong> pacientes com <strong>da</strong>no cerebral. Nesse sentido,<br />

não é exagero afirmar que os efeitos <strong>da</strong> música sobre os sentimentos humanos estão, ca<strong>da</strong><br />

vez mais, migrando <strong>da</strong> sabedoria popular para o reconhecimento científico.<br />

1.3 A música e o <strong>de</strong>senvolvimento social <strong>da</strong><br />

criança<br />

A música também traz efeitos muito significativos no campo <strong>da</strong> maturação social <strong>da</strong><br />

criança. É por meio do repertório musical que nos iniciamos como membros <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado<br />

grupo social. Por exemplo, os acalantos ouvidos por um bebê no Brasil não são os mesmos<br />

ouvidos por um bebê nascido na Islândia; <strong>da</strong> mesma forma, as brinca<strong>de</strong>iras, as adivinhas,<br />

as canções, as parlen<strong>da</strong>s que dizem respeito à nossa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> nos inserem na nossa cultura.<br />

Além disso, a música também é importante do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> maturação individual,<br />

isto é, do aprendizado <strong>da</strong>s regras sociais por parte <strong>da</strong> criança. Quando uma criança brinca<br />

<strong>de</strong> ro<strong>da</strong>, por exemplo, ela tem a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vivenciar, <strong>de</strong> forma lúdica, situações <strong>de</strong><br />

113<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


114<br />

per<strong>da</strong>, <strong>de</strong> escolha, <strong>de</strong> <strong>de</strong>cepção, <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>, <strong>de</strong> afirmação. Fanny Abramovich, em memorável<br />

artigo, afirma:<br />

Ò ciran<strong>da</strong> –cirandinha, vamos todos ciran<strong>da</strong>r, uma volta, meia volta, volta<br />

e meia vamos <strong>da</strong>r, quem não se lembra <strong>de</strong> quando era pequenino, <strong>de</strong> ter<br />

<strong>da</strong>dos as mãos pra muitas outras crianças, ter formado uma imensa ro<strong>da</strong><br />

e ter brincado, cantado e <strong>da</strong>nçado por horas? Quem po<strong>de</strong> esquecer a hora<br />

do recreio na escola, do chamado <strong>da</strong> turma <strong>da</strong> rua ou do prédio, pra cantarolar<br />

a Teresinha <strong>de</strong> Jesus, aquela que <strong>de</strong> uma que<strong>da</strong> foi ao chão e que<br />

acudiram três cavalheiros, todos eles com chapéu na mão? E a briga pra<br />

saber quem seria o pai, o irmão e o terceiro, aquele pra quem a disputa<strong>da</strong><br />

e ama<strong>da</strong> Teresinha <strong>da</strong>ria, afinal, a sua mão? E aquela emoção gostosa,<br />

aquele arrepio que <strong>da</strong>va em todos, quando no centro <strong>da</strong> ro<strong>da</strong>, a menina<br />

cantava: “sozinha eu não fico, nem hei <strong>de</strong> ficar, porque quero o ...(Sérgio?<br />

Paulo? Fernando? Alfredo?) para ser meu par”. E aí, apontando o eleito, ele<br />

vinha ao meio pra <strong>da</strong>nçar junto com aquela que o havia escolhido... Quanta<br />

<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> amor, quanto ciuminho, quanta inveja, passava na cabeça <strong>de</strong><br />

todos (ABRAMOVICH,1985, p. 59).<br />

Essas cantigas e muitas outras que nos foram transmiti<strong>da</strong>s oralmente, por inúmeras gerações,<br />

são formas inteligentes inventa<strong>da</strong>s pela sabedoria humana para nos prepararmos para<br />

a vi<strong>da</strong> adulta. Tratam <strong>de</strong> temas tão complexos e belos, falam <strong>de</strong> amor, <strong>de</strong> disputa, <strong>de</strong> trabalho,<br />

<strong>de</strong> tristezas e <strong>de</strong> tudo que a criança enfrentará no futuro, queiram seus pais ou não. São experiências<br />

<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> que nem o mais sofisticado brinquedo eletrônico po<strong>de</strong> proporcionar.<br />

2. O papel dos professores e gestores<br />

Muitas vezes, os professores <strong>da</strong> Educação Infantil manifestam seus temores em relação<br />

ao ensino <strong>da</strong>s linguagens artísticas, em especial ao <strong>da</strong> música. Afirmam que não tiveram<br />

<strong>formação</strong> suficiente e, por isso, <strong>de</strong>slocam essa tarefa para um professor especialista que, raramente,<br />

a instituição dispõe. Obviamente, concor<strong>da</strong>mos com a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>formação</strong><br />

sóli<strong>da</strong> nas diferentes linguagens artísticas para todo pe<strong>da</strong>gogo. Em especial, para o futuro<br />

educador infantil, por se tratar <strong>da</strong>quele que terá contato com a criança justamente em um<br />

momento ímpar para o <strong>de</strong>senvolvimento integral e plural <strong>de</strong>sse pequeno ci<strong>da</strong>dão. Também<br />

reafirmamos a importância <strong>da</strong> instituição escolar contar com a presença <strong>de</strong> licenciados em<br />

Música (e nas <strong>de</strong>mais linguagens artísticas), não necessariamente para atuarem diretamente<br />

em to<strong>da</strong>s as turmas, mas certamente para <strong>de</strong>senvolver um trabalho <strong>de</strong> parceria fun<strong>da</strong>mental<br />

no planejamento dos pe<strong>da</strong>gogos. No entanto, é preciso problematizar esta questão e tentar<br />

fazer a “leitura a contrapelo” <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>man<strong>da</strong>.


Alguns educadores afirmam que não sabem música porque não tocam instrumento<br />

algum, não sabem ler partituras e, sendo assim, não estariam aptos a fazer uso <strong>de</strong>ssa linguagem.<br />

Percebe-se aqui uma visão equivoca<strong>da</strong> do que seria “saber música”. O genial Cartola<br />

também não sabia ler partituras e nem por isso <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser reconhecido com um dos maiores<br />

compositores <strong>da</strong> Música Popular Brasileira; muitos não são extremamente afinados, nem<br />

por isso <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> vivenciar os prazeres <strong>de</strong> cantar a plenos pulmões suas canções preferi<strong>da</strong>s<br />

em um show... Sem <strong>de</strong>sprezar a importância do <strong>de</strong>senvolvimento técnico, tentamos <strong>de</strong>slocar<br />

essa visão para pensar a respeito do que seria efetivamente o papel do pe<strong>da</strong>gogo em relação<br />

à educação musical <strong>da</strong> criança <strong>de</strong> zero a cinco anos.<br />

Em primeiro lugar, é preciso ter claro que não se preten<strong>de</strong> formar músicos na Educação<br />

Infantil, nem mesmo na Educação Básica como um todo. A tarefa <strong>de</strong> formar profissionais é<br />

<strong>da</strong> escola especializa<strong>da</strong>, dos conservatórios, dos outros músicos. O objetivo primordial <strong>da</strong><br />

educação musical na infância é formar bons ouvintes, bons apreciadores <strong>de</strong> música. É contribuir<br />

para que esses pequenos ci<strong>da</strong>dãos possam usufruir <strong>de</strong> todo um patrimônio musical<br />

produzido pela humani<strong>da</strong><strong>de</strong> ao longo dos tempos. Vivenciar música é uma <strong>da</strong>s mais po<strong>de</strong>rosas<br />

formas <strong>de</strong> se constituir parte <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong>! Todos os <strong>de</strong>mais benefícios já citados <strong>da</strong><br />

prática musical para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança apenas são facetas <strong>de</strong>ssa gran<strong>de</strong> tarefa<br />

que é a <strong>de</strong> educar esteticamente, isto é, preparar as crianças para a fruição plena do prazer <strong>da</strong><br />

experiência estética por meio <strong>da</strong> música.<br />

Diante disso, po<strong>de</strong>-se perceber que não é necessário que o educador infantil saiba tocar<br />

um instrumento musical ou ler partituras (embora tais habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s possam ser-lhe muito<br />

úteis). Mas é extremamente necessário que ele veja a música como uma linguagem primordial<br />

que <strong>de</strong>ve fazer parte do dia a dia <strong>de</strong> seus alunos, priorizando as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção<br />

e apreciação musical ativa. Para tanto, precisa, antes <strong>de</strong> tudo, cercar-se <strong>de</strong> repertório musical<br />

<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros e artistas que promova o crescimento do potencial<br />

apreciador <strong>da</strong>s crianças.<br />

Não temos receio <strong>de</strong> enfrentar essa polêmica, sempre presente quando utilizamos<br />

a expressão música <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Afirmamos que é preciso exercitar nossa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

julgamento e fugir <strong>de</strong> uma posição falsamente <strong>de</strong>mocrática que iguala a tudo e todos. Em outros<br />

campos do conhecimento, não se tem tanto temor em fazer tais classificações: afirma-se,<br />

com razão, que a obra <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis é superior, em termos literários, a livros <strong>de</strong> bolso<br />

presentes em bancas <strong>de</strong> jornal <strong>de</strong> rodoviárias. Ain<strong>da</strong> que se reconheça a função social <strong>de</strong> tais<br />

publicações (como para a distração <strong>de</strong> um viajante), ninguém seria acusado <strong>de</strong> “elitista” por<br />

reconhecer que o domínio <strong>da</strong> técnica literária por parte do autor <strong>de</strong> Dom Casmurro o torna<br />

imprescindível, mais importante para a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> um leitor crítico do que a revista <strong>da</strong> banca.<br />

Da mesma forma, enten<strong>de</strong>mos que há características estéticas que tornam <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />

115<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


116<br />

produções musicais mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s ao trabalho pe<strong>da</strong>gógico com a infância, e que po<strong>de</strong>mos,<br />

sem medo, <strong>de</strong>nominar música <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Para tornar mais claro o que seria essa música,<br />

po<strong>de</strong>mos elencar algumas <strong>de</strong> suas características, <strong>da</strong>ndo alguns exemplos.<br />

Em termos globais, po<strong>de</strong>ríamos dizer que um repertório <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o trabalho<br />

pe<strong>da</strong>gógico é aquele que promove um crescimento do ouvinte, ampliando seus parâmetros<br />

estético-musicais, por meio <strong>de</strong> uma diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ritmos, gêneros, arranjos. É aquele repertório<br />

diversificado, que transita entre o popular e o erudito, com <strong>de</strong>staque para as produções<br />

folclóricas que auxiliam a criança na construção <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional.<br />

Além <strong>de</strong>sses aspectos específicos <strong>da</strong> linguagem musical, é também importante atentar<br />

para as letras, nos casos <strong>da</strong>s canções. Dentro <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a música <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ve<br />

promover o crescimento integral <strong>da</strong> criança, as letras <strong>da</strong>s canções <strong>de</strong>vem estar <strong>de</strong> acordo<br />

com os valores que o educador preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver. A obra <strong>da</strong> cantora e compositora Bia<br />

Bedran, assim como as produções do Grupo Palavra Canta<strong>da</strong>, são bons exemplos <strong>de</strong>sse recorte.<br />

Tratam <strong>de</strong> temáticas importantes como respeito à diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, cultura africana, cultura<br />

indígena, pacifismo, ética, ecologia, amor aos livros; tudo isso aparece em suas letras, sem<br />

<strong>de</strong>scui<strong>da</strong>r <strong>de</strong> arranjos primorosos, ricos, diferenciados que aumentam em muito o repertório<br />

<strong>da</strong>s crianças e professores.<br />

É preciso muito cui<strong>da</strong>do com a coerência, pois a criança apren<strong>de</strong> mais pelo exemplo<br />

do que pelo discurso. Desse modo, não adianta o professor falar que todos têm os mesmos<br />

direitos, mas utilizar na apresentação festiva uma canção que reforça o preconceito <strong>de</strong> cor;<br />

não se po<strong>de</strong> afirmar no projeto político pe<strong>da</strong>gógico que se trabalha em uma perspectiva não<br />

sexista, mas optar por uma produção musical midiática que reforça a erotização precoce <strong>da</strong>s<br />

meninas. Os exemplos <strong>de</strong>sse tipo são, infelizmente, em gran<strong>de</strong> número.<br />

Nesse nosso mundo administrado, é muito difícil na<strong>da</strong>r contra a corrente <strong>da</strong> chama<strong>da</strong><br />

indústria cultural. Por isso, os educadores estão sempre sendo seduzidos pelas on<strong>da</strong>s<br />

fonográficas para fazerem uso <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> música midiática nos espaços escolares. Muitos<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a instituição escolar fica ”fora do mundo” quando opta por trabalhar<br />

exclusivamente com o chamado repertório <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> (a música folclórica, a música<br />

popular <strong>de</strong> compositores comprometidos com a educação <strong>da</strong> infância, os gran<strong>de</strong>s clássicos);<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a escola, e mesmo a instituição <strong>de</strong> educação infantil, <strong>de</strong>ve se ren<strong>de</strong>r<br />

àquilo que as “crianças gostam”. Discor<strong>da</strong>mos radicalmente <strong>de</strong>ssa posição que, para nós, é<br />

falsamente <strong>de</strong>mocrática, pois com isso apenas reforça o fosso que já separa aqueles que nasceram<br />

em famílias com maior capital cultural e po<strong>de</strong>m dispor <strong>de</strong> produções mais elabora<strong>da</strong>s<br />

e aqueles <strong>de</strong> origem popular que, se não tiverem na escola contato com tais produções, ficarão<br />

para sempre relegados ao lixo que a indústria cultural lhes reserva.


Enten<strong>de</strong>mos que o educador tem como tarefa primordial a ampliação dos parâmetros<br />

estéticos <strong>de</strong> seus alunos. Se for para reproduzir o que os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa já<br />

fazem à exaustão, para que serve a instituição escolar? Se for para ouvir, no espaço <strong>da</strong> instituição<br />

escolar, as produções massifica<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> baixo valor estético, que inun<strong>da</strong>m os espaços<br />

sociais, que contribuição terá <strong>da</strong>do o professor ao crescimento integral <strong>de</strong> seus alunos?<br />

Optar pelas produções já consagra<strong>da</strong>s pelos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa – os<br />

chamados sucessos <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>gem – certamente é mais fácil, principalmente se o que se tem<br />

como prioritário é o resultado final. É muito mais provável que uma apresentação para as<br />

mães tenha o resultado esperado ao se optar por utilizar uma canção já conheci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s crianças<br />

por fazer parte <strong>da</strong> trilha sonora <strong>da</strong> telenovela ou por estar no CD <strong>da</strong> apresentadora que,<br />

por meio <strong>de</strong> agressiva estratégia <strong>de</strong> marketing, inundou nossos ouvidos ao ser executado<br />

ininterruptamente nas lojas. Menos ensaios serão necessários, provavelmente as mães cantarão<br />

junto, baterão palmas: sucesso garantido.<br />

Mais difícil seria optar por uma produção não conheci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s crianças, <strong>de</strong>scoberta<br />

após um eficiente trabalho <strong>de</strong> busca por gêneros pouco presentes nas mídias ou mesmo um<br />

clássico revisitado. Para tanto, o professor precisaria dispor <strong>de</strong> mais tempo para envolver as<br />

crianças com aquela produção, familiarizá-las com aquele gênero, apresentar outras obras<br />

similares para apreciação, promover ensaios. Talvez o resultado final não fosse tão calorosamente<br />

recebido pela plateia, mas certamente teria sido mais rico, do ponto <strong>de</strong> vista do processo<br />

criador <strong>da</strong>s crianças. Cabe, portanto, ao professor se perguntar: qual é o meu papel? O <strong>de</strong><br />

educador – aquele que promove o encontro com o conhecimento, que amplia o universo <strong>de</strong><br />

seus alunos – ou o <strong>de</strong> animador <strong>de</strong> festinhas – aquele que tem como único objetivo entreter<br />

as crianças e seus pais por pouco tempo e por isso opta por fazer sempre o mesmo?<br />

Os gestores também têm papel fun<strong>da</strong>mental na consoli<strong>da</strong>ção do trabalho pe<strong>da</strong>gógico<br />

com a linguagem musical. Primeiramente, é preciso que tenham uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> abertura,<br />

sem exigir dos professores um planejamento que hierarquize as diferentes linguagens, priorizando<br />

um processo <strong>de</strong> alfabetização precoce que restringe em muito o tempo e o espaço <strong>da</strong>s<br />

linguagens expressivas, em especial, <strong>da</strong> música. Cabe aos gestores apoiar as iniciativas do<br />

professor que busca a <strong>formação</strong> musical dos alunos, assim como garantir que possa complementar<br />

sua própria <strong>formação</strong> por meio <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> educação continua<strong>da</strong> na área musical.<br />

Além disso, os gestores são fun<strong>da</strong>mentais na garantia <strong>de</strong> espaço e material a<strong>de</strong>quado<br />

para o trabalho musical. Aparelhos <strong>de</strong> som <strong>de</strong>vem estar acessíveis aos professores: não se<br />

po<strong>de</strong> admitir que as instituições <strong>de</strong> educação infantil mantenham seus aparelhos <strong>de</strong> som fechados<br />

nos almoxarifados e que professores precisem negociar o seu uso. A música <strong>de</strong>ve permear<br />

o dia a dia <strong>da</strong> instituição e, para tanto, o aparelho <strong>de</strong> som <strong>de</strong>ve fazer parte do mobiliário<br />

117<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


118<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> sala <strong>de</strong> aula. Além disso, uma discoteca com razoável acervo <strong>de</strong>ve estar disponível;<br />

<strong>da</strong> mesma forma que se busca garantir, com justiça, o acesso aos livros literários por meio<br />

<strong>de</strong> uma biblioteca infantil bem equipa<strong>da</strong>, <strong>de</strong>ve-se garantir o acesso a um repertório mais rico<br />

por meio <strong>de</strong> um amplo acervo <strong>de</strong> discos.<br />

3. O que trazem os documentos oficiais<br />

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) apresenta,<br />

em seu volume terceiro, seis áreas <strong>de</strong> conhecimento que <strong>de</strong>vem fazer parte do currículo<br />

<strong>da</strong> Educação Infantil. São elas: Música, Movimento, Artes Visuais, Linguagem oral e escrita,<br />

Conhecimento matemático e Natureza e socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Como se po<strong>de</strong> notar, três <strong>de</strong>las dizem<br />

respeito diretamente a linguagens artísticas (Música, Artes Visuais e Movimento). Isso<br />

equivale dizer que para o órgão máximo <strong>da</strong> educação brasileira, a Arte, nas suas diferentes<br />

expressões, <strong>de</strong>ve fazer parte <strong>de</strong> 50% do currículo <strong>da</strong> educação infantil. Portanto, promover a<br />

musicalização <strong>da</strong>s crianças <strong>de</strong> zero a cinco anos não é mero passatempo: é parte integrante<br />

do trabalho pe<strong>da</strong>gógico.<br />

O documento do RCNEI/MEC referente à Música apresenta importantes consi<strong>de</strong>rações<br />

acerca do trabalho musical. Constitui-se, como o nome já diz, em um referencial para<br />

o professor: não o único, certamente, mas um a<strong>de</strong>quado parâmetro. Apresenta uma crítica<br />

sobre as concepções <strong>de</strong> música mais comuns na escola (musiquinhas para controle disciplinar,<br />

movimentos estereotipados, trilha sonora para um imutável calendário cívico) e oferece<br />

outras sugestões <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s musicais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s a essa faixa etária. Ao final, elenca 55<br />

discos a<strong>de</strong>quados ao trabalho com a criança. Como to<strong>da</strong> lista, é provisória, outras sugestões<br />

po<strong>de</strong>riam ser acrescenta<strong>da</strong>s hoje em dia. No entanto, trata-se <strong>de</strong> iniciativa louvável por indicar<br />

ao professor um recorte específico, pois é <strong>de</strong> se notar que tal listagem contém apenas títulos<br />

que se encaixam na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> música <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> apresenta<strong>da</strong> anteriormente: na<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> CDs <strong>de</strong> sucesso fácil, produções midiáticas mais preocupa<strong>da</strong>s com o sucesso econômico<br />

do que com valores estéticos. Os títulos variam <strong>de</strong> gênero, passando do folclórico ao erudito,<br />

contemplando produções <strong>de</strong> MPB, mas apresentando o <strong>de</strong>nominador comum <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e a<strong>de</strong>quação ao trabalho com a criança. Trata-se <strong>de</strong> um rico manancial <strong>de</strong> sugestões para o<br />

professor.<br />

Conclusão<br />

Garantir o direito <strong>da</strong> criança pequena a uma Educação musical não é tarefa consoli<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

em nosso país. Déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> uma educação musical sistematiza<strong>da</strong> na escola básica<br />

trouxe muitos prejuízos que talvez possam ser minimizados com a promulgação <strong>da</strong> Lei


11769/2008, a qual torna obrigatório o ensino <strong>de</strong> conteúdos musicais. Além dos prejuízos que<br />

po<strong>de</strong>m ser percebidos diretamente, há também os que só se percebem em médio prazo: entre<br />

esses, seguramente está o receio sentido pelos educadores <strong>de</strong> hoje quanto às possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalhar com a linguagem musical. Obviamente, uma <strong>formação</strong> musical sóli<strong>da</strong> é importante;<br />

no entanto, não se po<strong>de</strong> cair no imobilismo e esperar que todos os professores generalistas<br />

tenham essa <strong>formação</strong> esmera<strong>da</strong> ou que todos os músicos se encantem pela docência.<br />

O que é possível fazer já, para benefício <strong>de</strong> inúmeras crianças que hoje se encontram nas<br />

instituições <strong>de</strong> Educação Infantil, é permear esses ambientes com música, por meio <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

relaciona<strong>da</strong>s tanto à produção musical como o canto, a exploração sonora, a sonorização<br />

<strong>de</strong> histórias, a criação <strong>de</strong> coreografias, quanto à apreciação e reflexão sobre um repertório<br />

rico e diversificado. Com essa disposição, certamente, o professor <strong>da</strong> Educação Infantil estará<br />

cumprindo o seu papel quanto ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> expressão <strong>de</strong> seus alunos, assim como<br />

garantindo a eles a fruição <strong>de</strong>ssa po<strong>de</strong>rosa manifestação humana que é a música.<br />

Referências Bibliográficas<br />

ABRAMOVICH, F. Quem educa quem? 5. ed. São Paulo: Summus, 1985. p. 59.<br />

BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília:<br />

MEC/SEF, 1998.<br />

CAVALCANTE, R. Música na cabeça. Disponível em: . Acesso em: 10 fev. 2004.<br />

HOUAISS. Dicionário Houaiss <strong>de</strong> língua portuguesa. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Objetiva, 2002. p. 989.<br />

OSTRANDER, L.; SCHOEDER, L. Super-aprendizagem pela sugestologia. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Record, 1978.<br />

SHARON, B. A música na mente. Revista Newsweek, 24/07/2000.<br />

SNYDERS, G. A escola po<strong>de</strong> ensinar as alegrias <strong>da</strong> música? São Paulo: Cortez, 1992.<br />

ZATORE; BLOOD. Música tem o mesmo en<strong>de</strong>reço que sexo e comi<strong>da</strong> em nosso cérebro. Disponível em:<br />

. Acesso em: 1 out. 2001.<br />

Bibliogr afia:<br />

ADORNO, T. W. A indústria cultural. In: COHN, G. (org).Theodor W. Adorno. 2. ed.. São Paulo: Ática,<br />

1994. (Gran<strong>de</strong>s cientistas sociais, n. 54).<br />

ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão <strong>da</strong> audição. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.<br />

(Os pensadores).<br />

119<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


120<br />

BRASIL, Ministério <strong>da</strong> Educação. Parâmetros curriculares nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997. v. 6.<br />

BRITO, Teca Alencar <strong>de</strong>. Música na educação infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003.<br />

CUNHA, S. (org.). Cor, som e movimento. Porto Alegre: Mediação, 1999. (<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong>s Educação Infantil, v. 8).<br />

NOGUEIRA, Monique Andries. A <strong>formação</strong> do ouvinte crítico: um direito do ci<strong>da</strong>dão (propostas para a<br />

educação musical no ensino Fun<strong>da</strong>mental). Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. FE/UFG. Goiânia, 1994.<br />

NOGUEIRA, Monique Andries. Repertório para a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> bons ouvintes. Revista Inter-ação, v. 22, n.<br />

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NOGUEIRA, Monique Andries. Música, consumo e escola: reflexões possíveis e necessárias. In: PUCCI, B.<br />

et al. (orgs.). Teoria crítica, estética e educação. Campinas/Piracicaba: Autores Associados/Unimep, 2001.<br />

NOGUEIRA, Monique Andries. A música e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança. Revista UFG, ano VI, v. 2, Goiânia:<br />

UFG, 2004.<br />

NOGUEIRA, Monique Andries. A <strong>formação</strong> cultural do professor ou a arte <strong>da</strong> fuga. Goiânia: UFG, 2008.<br />

SCHAFFER, Murray. O ouvido pensante. São Paulo: <strong>Unesp</strong>, 1991.<br />

DISCOGR AFIA SUGERIDA:<br />

BEDRAN, Bia. Coletânea <strong>de</strong> canções infantis. Ângelus produções artísticas, 1997.<br />

BEDRAN, Bia. A caixa <strong>de</strong> música <strong>de</strong> Bia. Ângelus produções artísticas, 1996.<br />

BEDRAN, Bia. Bia canta e conta. Volumes 1 e 2. Ângelus produções artísticas.<br />

BEDRAN, Bia. Brinquedos cantados. Ângelus produções artísticas, 2003.<br />

BEDRAN, Bia. Fazer um bem. Ângelus produções artísticas.<br />

COLEÇÃO DISQUINHO. Continental, 2002. (remasterização em CD).<br />

CHAN, Thelma. Dos pés à cabeça. Ed. Fermata do Brasil.<br />

CRUZ, Juraíl<strong>de</strong>s <strong>da</strong>. Meninos. Secretaria <strong>de</strong> Cultura <strong>de</strong> Goiânia.<br />

VALE, Rubinho do. Enrola-bola. 1996.<br />

ZISKIND, Hélio. Meu pé, meu querido pé. Velas, 1997.<br />

* A esses, <strong>de</strong>vem ser acrescentados os 55 títulos sugeridos no RCNEI/MEC.<br />

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A linguagem escrita e as<br />

crianças - superando<br />

mitos na educação<br />

infantil<br />

Silvana <strong>de</strong> Oliveira Augusto<br />

ISE Vera Cruz - Instituto Avisa lá - Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> São Paulo<br />

Resumo: O texto preten<strong>de</strong> enfrentar alguns mitos e mal entendidos sobre o trabalho com a linguagem escrita<br />

na educação infantil, discutindo a a<strong>de</strong>quação do uso dos termos alfabetização e letramento para a compreensão<br />

<strong>da</strong>s especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s do trabalho pe<strong>da</strong>gógico direcionado à linguagem escrita com crianças <strong>de</strong> zero a cinco<br />

anos. Defen<strong>de</strong>-se neste texto a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a escrita é um complexo sistema <strong>de</strong> representação e não simples<br />

codificação <strong>da</strong> fala e regula os reais propósitos <strong>da</strong> educação infantil. Não se espera que as crianças dominem o<br />

sistema alfabético <strong>da</strong> escrita, mas, sim, que apren<strong>da</strong>m a pensar sobre ele, se aventurem com gosto a escrever e<br />

encontrem recursos suficientes para fazê-lo. Por fim, assume o direito <strong>da</strong> criança <strong>de</strong> pensar sobre a escrita nas<br />

mais diversas práticas sociais – além <strong>de</strong> brincar, <strong>de</strong> ser cui<strong>da</strong><strong>da</strong>, <strong>de</strong> conviver e interagir em ambientes seguros<br />

e <strong>de</strong>safiadores – sendo a educação infantil espaço privilegiado para isso, por meio <strong>de</strong> um trabalho planejado<br />

que assegure oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> se comunicar, ler diariamente, em ro<strong>da</strong>; envolver-se em processos <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong> textos e utilizar a escrita, e a leitura na organização do cotidiano e no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos, e <strong>de</strong><br />

iniciativas pessoais e coletivas <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r e apren<strong>de</strong>r. Ao assegurar to<strong>da</strong>s essas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a escola ou a<br />

creche colaboram para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s infantis <strong>de</strong> pensar, <strong>de</strong> analisar e sintetizar, processos<br />

que se justapõem no exercício <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita, e que ampliam o <strong>de</strong>senvolvimento infantil.<br />

Palavras-chave: Educação infantil, Linguagem escrita, Letramento, Alfabetização.<br />

Um encontro com um livro abre portas para a compreensão do mundo real e <strong>de</strong> fantasia,<br />

<strong>de</strong> pai e mãe, fa<strong>da</strong>s encanta<strong>da</strong>s e seres misteriosos, <strong>de</strong> informações, atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, notícias,<br />

receitas, <strong>de</strong> palavras que encantam, assustam, fazem sorrir ou trazem uma dúvi<strong>da</strong>. O mundo<br />

escrito em textos po<strong>de</strong> ser relido através dos tempos, pela voz <strong>de</strong> quem recita um poema ou<br />

<strong>de</strong> quem conta um conto. Tudo isso po<strong>de</strong> ser acessado por um bom leitor e é pelo prazer, e<br />

pelo direito <strong>de</strong> conhecer esse mundo, entre outros motivos, que se discute a relevância do<br />

trabalho com a linguagem escrita na educação infantil.<br />

Parece um bom convite, uma questão simples <strong>de</strong> se compreen<strong>de</strong>r. Mas, não é bem<br />

assim. O trabalho sobre a escrita na educação infantil é cercado <strong>de</strong> tendências i<strong>de</strong>ológicas e,<br />

muitas vezes, reforçam mitos e mal entendidos que não colaboram para o avanço <strong>da</strong> educa-<br />

121<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


122<br />

ção infantil. A presença <strong>da</strong> escrita na escola ou na creche, embora seja assunto em pauta há<br />

anos, ain<strong>da</strong> é vista com temor e cautela. Muito se discute sobre o tema e as opiniões frequentemente<br />

se polarizaram. Há os que são contra e os que são a favor <strong>da</strong> escrita entre as práticas<br />

<strong>de</strong> educação infantil. Infelizmente, esse é o primeiro passo para o fortalecimento do mito.<br />

Felizmente, é possível <strong>de</strong>sfazê-lo, para tanto, é preciso refletir sobre o sentido dos termos<br />

que estão em questão e, quem sabe, recolocar a questão principal do <strong>de</strong>bate. Vamos tentar?<br />

A alfabetização na educação infantil:<br />

Uma ameaça?<br />

O termo alfabetização ain<strong>da</strong> assusta muitos educadores porque traz consigo inúmeras<br />

representações sobre o que significa alfabetizar, i<strong>de</strong>ias que se constituíram em torno <strong>da</strong> mecânica<br />

<strong>da</strong> escrita, como bem aponta Vygotsky:<br />

Até agora, a escrita ocupou um lugar muito estreito na prática escolar,<br />

em relação ao papel fun<strong>da</strong>mental que ela <strong>de</strong>sempenha no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

cultural <strong>da</strong> criança. Ensinam-se as crianças a <strong>de</strong>senhar letras e construir<br />

palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-se <strong>de</strong><br />

tal modo a mecânica <strong>de</strong> ler o que está escrito, que se acaba obscurecendo a<br />

linguagem escrita como tal. (VYGOTSKY, 2002, p.139).<br />

Desse ponto <strong>de</strong> vista, o medo dos educadores parece proce<strong>de</strong>r. Os antigos métodos <strong>de</strong><br />

alfabetização baseados em práticas exclusivamente escolares, em exercícios repetitivos <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>nação motora e outros <strong>de</strong>stinados à prontidão para a escrita afastam as crianças <strong>de</strong> um<br />

contato mais significativo com as manifestações escritas <strong>de</strong> sua própria língua. Tais métodos<br />

centram a atenção sobre as práticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação do escrito, mas, não no reconhecimento,<br />

na compreensão e fruição <strong>da</strong> linguagem que se usa para escrever, como também aponta<br />

Vygotsky:<br />

Esse entusiasmo unilateral pela mecânica <strong>da</strong> escrita causou im pacto não<br />

só no ensino como na própria abor<strong>da</strong>gem teórica do proble ma. Até agora a<br />

psicologia tem consi<strong>de</strong>rado a escrita simplesmente como uma complica<strong>da</strong><br />

habili<strong>da</strong><strong>de</strong> motora. Notavelmente, ela tem <strong>da</strong>do muito pouca atenção à linguagem<br />

escrita como tal, isto é, um sistema particular <strong>de</strong> símbolos e signos<br />

cuja dominação prenuncia um ponto crítico em todo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

cultural <strong>da</strong> criança. (VYGOTSKY, 2002, p.139).<br />

Nesse <strong>de</strong>bate, passa a ganhar terreno uma outra i<strong>de</strong>ia, a <strong>de</strong> letramento que, no discurso<br />

do senso comum, vem ocupando a posição contrária à alfabetização. A palavra letramento


tem sua origem em um outro termo inglês, literacy, um nome <strong>da</strong>do àquele que além <strong>de</strong> saber<br />

ler e escrever, também é usuário <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> leitura e escrita (SOARES, 1998). Desse modo,<br />

restou ao termo alfabetização, carregar consigo o sentido <strong>da</strong> técnica <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita e o<br />

termo letramento, o uso social <strong>da</strong> escrita, nos mais diversos contextos em que se apresenta no<br />

mundo. Este último acabou sendo adotado amplamente no Brasil em substituição ao outro que,<br />

em seu uso mais popular, frequentemente toma a escrita como <strong>de</strong>codificação ou transcrição <strong>da</strong><br />

fala e não como complexo sistema <strong>de</strong> representação (GOULART, 2006, p. 452).<br />

Mas, isso não é um consenso. Muitos pensam que o sistema <strong>de</strong> representação alfabético<br />

po<strong>de</strong> ser visto como um sistema <strong>de</strong> codificação. No entanto, estudos sobre a psicogênese<br />

<strong>da</strong> língua escrita (FERREIRO, 2006) mostram que as crianças enfrentam questões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

conceitual e não apenas <strong>de</strong> transcrição dos sons, <strong>de</strong> memorização <strong>de</strong> letras, <strong>de</strong> percepção<br />

sonora <strong>da</strong>s palavras ou <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> grafia. É fun<strong>da</strong>mental saber que para as crianças se<br />

apropriarem do nosso sistema <strong>de</strong> escrita, elas precisam compreen<strong>de</strong>r seu processo <strong>de</strong> construção<br />

e suas regras <strong>de</strong> produção. A não compreensão <strong>de</strong>sse ponto causa os mais terríveis<br />

equívocos do ensino na educação infantil. Ora, se o professor toma a escrita como um código<br />

<strong>de</strong> transcrição <strong>da</strong> fala, seu ensino é direcionado para a percepção visual e auditiva. Vem <strong>da</strong>í<br />

a forte crença que muitos têm nos abecedários com as imagens dos objetos que são escritas<br />

com as respectivas iniciais (A <strong>de</strong> anel, B <strong>de</strong> bola etc.). Também é o caso <strong>da</strong>s intervenções<br />

que muitos professores fazem na tentativa <strong>de</strong> aproximar a criança <strong>da</strong> percepção correta<br />

dos sons, quando, por exemplo, eles dizem à criança: “Martelo, como se escreve? Como se<br />

escreve MA?” Nesse caso, o professor enten<strong>de</strong> que o problema que a criança enfrenta é <strong>de</strong><br />

conversão <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s sonoras (os sons que pronunciamos em MAR – TE – LO) em uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

gráficas (a escrita <strong>de</strong> MAR – TE – LO). Tais exemplos mostram claramente a intenção<br />

do ensino em investir no exercício <strong>da</strong> discriminação <strong>da</strong>s partes, mas <strong>de</strong>spreza a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

linguagem. Essas não seriam, então, boas práticas <strong>de</strong> alfabetização.<br />

Bem se vê que o <strong>de</strong>bate em torno dos termos alfabetização e letramento não é um consenso,<br />

não se tem <strong>de</strong>finições que agra<strong>de</strong>m a to<strong>da</strong>s as correntes <strong>de</strong> pensamento que, hoje, produzem<br />

pesquisas na área. O consenso sobre o conceito <strong>de</strong> letramento é, atualmente, cercado<br />

por um contexto i<strong>de</strong>ológico que importa, sobretudo, aos que se preocupam com a avaliação<br />

<strong>da</strong> alfabetização, com a medição dos níveis <strong>de</strong> letramento <strong>de</strong> uma população (SOARES, p.<br />

82). E esses, certamente, não são propósitos finais <strong>da</strong> educação infantil.<br />

Para a educação infantil, a questão <strong>da</strong> alfabetização ou do letramento tem importância<br />

porque é ali, na escola ou na creche, que a criança se aproximará <strong>da</strong> escrita na companhia <strong>de</strong><br />

um adulto que enten<strong>de</strong> profun<strong>da</strong>mente seu papel como linguagem no <strong>de</strong>senvolvimento intelectual<br />

e afetivo <strong>de</strong>ssa criança. Não se trata <strong>de</strong> um encontro inaugural posto que, estando imersas<br />

em um mundo cercado <strong>de</strong> escrita, as crianças pensam sobre ela muito antes <strong>de</strong> chegarem à<br />

123<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


124<br />

escola, sem pedir licença aos adultos. Trata-se, antes, <strong>de</strong> criar as melhores condições para a<br />

construção <strong>de</strong> significações a partir <strong>da</strong>s diferentes práticas sociais <strong>da</strong> escrita, em síntese, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r como nós, professores, esperamos que as crianças ingressem na língua escrita.<br />

Há crianças que ingressam na língua escrita pela magia (uma mágica cognitivamente<br />

<strong>de</strong>safiante) e crianças que entram na língua escrita pelo treino<br />

<strong>de</strong> “habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s básicas”. Em geral, as primeiras se tornam leitoras; as outras,<br />

têm um <strong>de</strong>stino incerto. (FERREIRO, 2009, p. 27).<br />

Esse modo <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a aprendizagem <strong>da</strong> escrita, mais aberta e abrangente, po<strong>de</strong> ter<br />

início antes mesmo do ingresso <strong>da</strong> criança na escola ou na creche e seu fim, é in<strong>de</strong>terminado.<br />

Mas, assim como não existe indício <strong>de</strong> que a humani<strong>da</strong><strong>de</strong> chegou ao estágio<br />

final <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> representação, não há como <strong>de</strong>terminar o momento<br />

final <strong>da</strong> aprendizagem, limitando a alfabetização ao puro conhecimento<br />

<strong>da</strong>s letras, na primeira série do primeiro grau. Muito pelo contrário, aquele<br />

que escreve <strong>de</strong>ve estar sempre <strong>de</strong>scobrindo novas formas <strong>de</strong> manifestação<br />

e, nesse sentido, a conquista <strong>da</strong> escrita pressupõe o aproveitamento <strong>de</strong> todo<br />

repertório linguístico (a linguagem total) numa aprendizagem permanente,<br />

que nunca se conclui porque traz em si a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong><br />

manifestação. A escrita, em qualquer estágio <strong>de</strong> produção, faz parte <strong>de</strong> um<br />

processo essencialmente criativo. (COLELLO, 1995, p. 14).<br />

De Vygotsky a Ferreiro, muito se tem discutido sobre o que é o processo <strong>de</strong> alfabetizar<br />

e qual é a sua importância na <strong>formação</strong> <strong>de</strong> uma criança. Para a educação infantil, não convém<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r qualquer alfabetização, aquela associa<strong>da</strong> à mecânica e ao treino <strong>da</strong> técnica <strong>de</strong><br />

grafar corretamente as palavras. Mas, sim, assumir aquilo que representa o ponto crucial no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento cultural <strong>da</strong> criança, o que permite compreen<strong>de</strong>r a linguagem escrita, mais<br />

do que a <strong>de</strong>codificação <strong>de</strong> sinais simples, como aponta Smolka:<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> psicologia dialética <strong>de</strong> Vygotsky, então, a colocação<br />

<strong>da</strong> questão mu<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mentalmente: a linguagem é uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> criadora<br />

e constitutiva <strong>de</strong> conhecimento e, por isso mesmo, transformadora.<br />

Nesse sentido, a aquisição e o domínio <strong>da</strong> escrita como forma <strong>de</strong> linguagem<br />

acarretam uma crítica mu<strong>da</strong>nça em todo o <strong>de</strong>senvolvimento cultura<br />

<strong>da</strong> criança. (SMOLKA, 1988, p. 57).


O direito <strong>da</strong> criança <strong>de</strong> pensar sobre a<br />

escrita<br />

Ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rmos o contato <strong>da</strong> criança com a escrita <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a educação infantil, além <strong>de</strong><br />

nos envolvermos diretamente com seu <strong>de</strong>senvolvimento infantil em to<strong>da</strong> a sua potenciali<strong>da</strong>-<br />

<strong>de</strong>, também garantimos seu direito.<br />

O currículo <strong>da</strong> Educação Infantil é concebido como um conjunto <strong>de</strong> prá-<br />

ticas que buscam articular as experiências e os saberes <strong>da</strong>s crianças com<br />

os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural (grifo meu),<br />

artístico, ambiental, científico e tecnológico, <strong>de</strong> modo a promover o <strong>de</strong>sen-<br />

volvimento integral <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 0 a 5 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> (BRASIL, 2009).<br />

A escrita e a sua cultura são importantes patrimônios <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, portanto, direi-<br />

tos <strong>da</strong> criança. Quando cui<strong>da</strong>mos do contato <strong>da</strong>s crianças com a escrita, tratamos <strong>de</strong> incluí-<br />

-las na cultura escrita, acolhendo suas diferentes práticas sociais e o sentido que isso tem<br />

para elas. Cui<strong>da</strong>mos para que tenham acesso à complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> linguagem verbal, por meio<br />

<strong>de</strong> um processo criativo, tomando para si uma <strong>da</strong>s mais importantes heranças culturais,<br />

responsável por mu<strong>da</strong>nças no modo como as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s se organizaram, com reflexos no<br />

próprio modo <strong>de</strong> pensar <strong>da</strong>s pessoas.<br />

No Brasil, em especial, essa <strong>de</strong>fesa é ain<strong>da</strong> mais contun<strong>de</strong>nte, <strong>da</strong><strong>da</strong> à dura reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

gran<strong>de</strong> maioria <strong>da</strong>s crianças que frequentam instituições públicas <strong>de</strong> educação e, em muitos<br />

casos, encontram ali a única oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> obter informações que há muito circulam entre<br />

as famílias mais escolariza<strong>da</strong>s.<br />

É, portanto, papel <strong>da</strong> educação infantil disponibilizar a to<strong>da</strong>s as crianças as informa-<br />

ções necessárias para que possam pensar sobre sua própria língua. E isso não <strong>de</strong>ve significar,<br />

<strong>de</strong> modo algum, apressar a escolarização, pelo contrário. O contato com a leitura e a escrita<br />

não tem o objetivo <strong>de</strong> garantir que to<strong>da</strong>s as crianças leiam e escrevam autonomamente ao<br />

final <strong>da</strong> educação infantil – e nem é uma expectativa que se <strong>de</strong>va ter – mas, assegura a elas o<br />

direito <strong>de</strong> pensar sobre o assunto, <strong>de</strong> explorar i<strong>de</strong>ias sobre o que se escreve e como se escreve.<br />

Cabe agora perguntar: como as crianças po<strong>de</strong>m se relacionar com a linguagem es-<br />

crita nas práticas comunicativas orais e escritas <strong>de</strong> sua língua <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a educação infantil?<br />

125<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


126<br />

As práticas <strong>de</strong> linguagem na educação<br />

infantil<br />

Na educação infantil, o professor tem um papel fun<strong>da</strong>mental, pois é por meio <strong>de</strong> suas<br />

ações que as crianças po<strong>de</strong>m usufruir a leitura e a escrita. Observando e imitando o adulto<br />

leitor, as crianças vão se apropriando <strong>da</strong>s várias manifestações <strong>de</strong> sua língua no próprio uso<br />

que fazem <strong>de</strong>la, nas mais diferentes oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ofereci<strong>da</strong>s na educação infantil. Assim,<br />

são aprendizagens <strong>de</strong>ssa fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>:<br />

• comunicar-se nas mais diferentes situações;<br />

• recontar as histórias tradicionais <strong>de</strong> sua cultura e outras, preservando as características<br />

<strong>da</strong> linguagem escrita;<br />

• utilizar textos <strong>de</strong> diferentes tipos e gêneros em suas iniciativas <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r e apren<strong>de</strong>r;<br />

• apreciar bons textos e <strong>de</strong>senvolver gosto e preferências leitoras;<br />

• <strong>de</strong>senvolver comportamentos leitores diversos, <strong>de</strong> acordo com as diferentes práticas<br />

sociais <strong>da</strong> escrita;<br />

• compreen<strong>de</strong>r os usos e funções <strong>da</strong> escrita e utilizá-los quando necessário;<br />

• refletir sobre como se escreve a partir <strong>de</strong> suas hipóteses e conhecimentos sobre a<br />

escrita, entre eles, a grafia <strong>de</strong> seu próprio nome;<br />

• ditar textos ao professor, utilizando conhecimentos sobre a linguagem escrita.<br />

Um bom professor planeja um trabalho <strong>de</strong> aproximação e familiarização com essa<br />

linguagem em um ambiente próprio para isso. Não se trata <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>r do aspecto físico do<br />

espaço, como, por exemplo, fixar nas pare<strong>de</strong>s <strong>da</strong> sala cartazes com textos e outros recursos.<br />

Mas, sim, <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r a criança a conviver em um ambiente cercado <strong>de</strong> práticas promotoras <strong>da</strong><br />

aprendizagem <strong>da</strong> linguagem escrita, nos mais variados usos e funções, atravessa<strong>da</strong>s pelas<br />

múltiplas significações infantis possíveis em algumas práticas, como se vê a seguir.<br />

Ouvir a leitura <strong>de</strong> histórias diariamente, na<br />

ro<strong>da</strong><br />

Como dito anteriormente, o trabalho a partir <strong>da</strong> linguagem escrita se inicia muito cedo,<br />

com a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos bebês que notam, na entonação do adulto, quando é hora <strong>de</strong> conversar,<br />

<strong>de</strong> brincar e <strong>de</strong> ouvir histórias. É certo que um bebê muito pequeno, não po<strong>de</strong>rá compreen<strong>de</strong>r


o significado <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as passagens do texto lido pelo seu professor, mas ler histórias para<br />

um pequeno grupo <strong>de</strong> bebês, também é um jeito <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> imaginação, <strong>da</strong> inteligência e<br />

dos afetos <strong>da</strong>s crianças. Quando organizamos uma ro<strong>da</strong>, nos sentamos com as crianças ou<br />

as fazemos ninar ao som do “era uma vez”, estamos aju<strong>da</strong>ndo-as a constituir a memória, o<br />

sentido <strong>de</strong> ouvir histórias pelas palavras <strong>de</strong> um adulto afetivo. É um bom jeito <strong>de</strong> reconhecer,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sentidos que estão guar<strong>da</strong>dos nos livros que os adultos lhes<br />

apresentam.<br />

Na ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> histórias, os professores têm dois momentos a compartilhar: contar e ler<br />

histórias. Embora a atuação do professor contador <strong>de</strong> histórias, com todos os seus recursos<br />

expressivos, seja fun<strong>da</strong>mental para o grupo <strong>de</strong> crianças, ain<strong>da</strong> assim, não <strong>de</strong>ve substituir a<br />

leitura. E isso vale para to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong><strong>de</strong>s: para os bebês que se aninham em torno do professor<br />

para observar e tocar as figuras que saltam dos livros e também para as crianças maiores que<br />

escutam e recontam, ao mesmo tempo.<br />

Contar histórias não é a mesma coisa que ler porque não se apren<strong>de</strong> as mesmas coisas<br />

nas duas situações. As histórias conta<strong>da</strong>s reportam a criança à expressão oral do adulto, ao<br />

canto, à entonação, à atmosfera que cerca a memória <strong>da</strong>quele que conta, olhando nos olhos<br />

<strong>de</strong> seu ávido público. As histórias li<strong>da</strong>s remetem aos textos estáveis ditos por outras vozes.<br />

Mas, o que há, afinal, <strong>de</strong> tão especial a ser aprendido na leitura feita pelo professor?<br />

Ferreiro (2006) afirma que a leitura po<strong>de</strong> ser entendi<strong>da</strong> como um gran<strong>de</strong> palco, on<strong>de</strong><br />

é preciso <strong>de</strong>scobrir os atores e os autores. As crianças que não conseguem ler sozinhas, po<strong>de</strong>m,<br />

ain<strong>da</strong> assim, conhecer a beleza e a magia <strong>da</strong>s palavras por meio dos adultos que leem<br />

para ela, que lhes emprestam vozes. Estes atuam como um interpretantes para a criança que,<br />

ao escutar suas palavras, imagina tudo o que se passa nessa narrativa e interpreta os acontecimentos<br />

<strong>de</strong> um modo próprio.<br />

O interpretante informa à criança, ao efetuar esse ato aparentemente banal<br />

que chamamos <strong>de</strong> um ato <strong>de</strong> leitura, que essas marcas têm po<strong>de</strong>res<br />

especiais: basta olhá-las para produzir linguagem. O ato <strong>de</strong> leitura é um<br />

ato mágico. O que existe por trás <strong>de</strong>ssas marcas para que o olho incite a<br />

boca a produzir linguagem? Certamente é uma linguagem peculiar, bem<br />

diferente <strong>da</strong> comunicação face a face. Quem lê não olha para o outro, mas<br />

para a página (ou qualquer outra superfície sobre a qual as marcas foram<br />

realiza<strong>da</strong>s). Quem lê parece falar para o outro, porém o que diz não é a<br />

sua própria palavra, mas a palavra <strong>de</strong> um Outro que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sdobra<strong>da</strong><br />

em muitos Outros saídos não se sabe <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, também escondidos atrás<br />

<strong>da</strong>s marcas. De fato, o leitor é um ator: empresta sua voz para o texto ser<br />

127<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


128<br />

re-presentado (o sentido etimológico <strong>de</strong> ‘tornar-se a apresentar’). Portanto,<br />

o interpretante fala mas não é ele quem fala; o interpretante diz, porém o<br />

dito não é seu próprio dizer mas o <strong>de</strong> fantasmas que se realizam através <strong>da</strong><br />

sua boca. [...]<br />

O interpretante-leitor é um ilusionista que tira <strong>de</strong>ssa cartola mágica que<br />

é a sua boca os mais insuspeitos objetos-palavras, em um <strong>de</strong>senrolar <strong>de</strong><br />

surpresas que parece infinito.<br />

Parte <strong>da</strong> magia consiste em que o mesmo texto (ou seja, as mesmas palavras,<br />

na mesma or<strong>de</strong>m) torne a re-presentar-se diversas vezes, diante <strong>da</strong>s<br />

mesmas marcas. Que existe nessas marcas que permite não só eliciar linguagem,<br />

mas também provocar o mesmo texto oral, uma e outra vez? O<br />

fascínio <strong>da</strong>s crianças pela leitura e releitura <strong>da</strong> mesma estória tem a ver<br />

com esta <strong>de</strong>scoberta fun<strong>da</strong>mental: a escrita fixa <strong>da</strong> língua, controla-a <strong>de</strong><br />

tal maneira que as palavras não se dispersam, não se <strong>de</strong>svanecem nem<br />

são substituí<strong>da</strong>s umas pelas outras. As mesmas palavras, uma e outra vez;<br />

gran<strong>de</strong> parte do mistério resi<strong>de</strong> nesta possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> repetição, <strong>de</strong> representação.<br />

(FERREIRO, 2006, p. 165-166).<br />

As palavras li<strong>da</strong>s não são mais importantes do que as ditas, conta<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> memória<br />

do professor e <strong>de</strong> todos os seus recursos expressivos. São, apenas, diferentes e, certamente,<br />

insubstituíveis. Ao ler para as crianças, estamos incluindo-as na tradição <strong>de</strong> nossa cultura<br />

que, teoricamente, seria inacessível para elas que ain<strong>da</strong> não sabem ler convencionalmente.<br />

Por esse motivo, o momento <strong>da</strong> leitura para crianças <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong><strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ve ser o mais próximo<br />

possível <strong>da</strong>s práticas reais dos leitores.<br />

Ao ler histórias todos os dias, os professores dão voz aos autores para que eles possam<br />

falar às crianças, uma vez que elas ain<strong>da</strong> não po<strong>de</strong>m fazer isso sozinhas. A experiência contínua,<br />

organiza<strong>da</strong> e intencional <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> contos e <strong>de</strong> outros textos possibilita às crianças<br />

a ampliação do seu repertório <strong>de</strong> narrativas que servirão <strong>de</strong> base para a produção <strong>de</strong> seus<br />

textos <strong>de</strong> autoria.<br />

Além disso, a ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> leitura permite a elas observar atitu<strong>de</strong>s essenciais para a construção<br />

dos comportamentos leitores (LERNER, 2002) e do hábito <strong>de</strong> ler. Nós, adultos, nem<br />

sempre temos consciência dos nossos próprios comportamentos diante dos textos, mas, quando<br />

lemos em voz alta, eles saltam aos olhos <strong>da</strong>s crianças que, atentamente, observam como<br />

o professor comenta ou recomen<strong>da</strong> algo que leu, como discute as diferentes interpretações.


As crianças observam como os adultos se encantam, gostam <strong>de</strong> ler e reler os mesmos<br />

trechos, como eles conhecem e se interessam pelos autores. Tais atos revelam comportamentos<br />

típicos <strong>de</strong> leitores e que po<strong>de</strong>m ser pouco a pouco <strong>de</strong>senvolvidos pelas crianças nas ro<strong>da</strong>s<br />

em que os professores leem para elas.<br />

Sugestões para organizar o trabalho <strong>de</strong><br />

leitura na educação infantil 1<br />

Ler um livro para crianças requer <strong>de</strong>cisões e escolhas muito<br />

importantes. Anote algumas dicas úteis para o planejamento:<br />

1. A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> (AUGUSTO, 2003).<br />

• A primeira coisa a pensar é a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do texto. Ao contrário do que muitos pensam,<br />

as crianças se encantam, sim, com a leitura. E, com o convívio, <strong>de</strong>senvolvem<br />

gostos e preferências pela linguagem <strong>de</strong> algumas histórias e seus autores. Historinhas<br />

muito curtas, <strong>de</strong> frases simplifica<strong>da</strong>s, infantiliza<strong>da</strong>s e moralizantes minimizam<br />

o potencial <strong>da</strong>s crianças que po<strong>de</strong>m apren<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>dicar-se a ouvir uma longa e<br />

bela história li<strong>da</strong> pelo adulto. Ao escolher bons livros, cui<strong>da</strong>mos <strong>da</strong> imaginação e<br />

respeitamos a inteligência própria <strong>da</strong>s crianças.<br />

• Nessa escolha também se <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar o cui<strong>da</strong>do ético: que valores se quer<br />

transmitir com <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s histórias? Como as personagens femininas, por<br />

exemplo, aparecem? São sempre secundárias, obedientes aos homens, ou também<br />

aparecem como heroínas, <strong>de</strong>stacando-se também pela inteligência além <strong>da</strong> beleza?<br />

E os personagens negros? São sempre escravos ou subalternos ou também são<br />

<strong>de</strong>staques importantes, centrais <strong>da</strong> trama? É importante criar oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para<br />

que to<strong>da</strong>s as crianças possam, por meio <strong>da</strong>s histórias, se espelhar e se i<strong>de</strong>ntificar,<br />

positivamente, com tais personagens. Vá á biblioteca, pesquise o acervo <strong>de</strong> sua<br />

creche ou escola e procure esses personagens, talvez <strong>de</strong>sconhecidos <strong>da</strong>s crianças.<br />

Você certamente também vai se surpreen<strong>de</strong>r.<br />

• Cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> <strong>formação</strong> ética nesse contexto não significa, no entanto, usar a história<br />

para <strong>da</strong>r lição <strong>de</strong> moral. A leitura <strong>de</strong>ve valer por si, pelo po<strong>de</strong>r mágico que as palavras<br />

carregam e quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> o que se apren<strong>de</strong> com aquilo é sempre a criança.<br />

Deixe que ela mesma tire suas conclusões, lógicas ou fantásticas, porque mais importante<br />

do que apren<strong>de</strong>r uma possível lição, é apren<strong>de</strong>r a ser leitor.<br />

• O planejamento <strong>da</strong> ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> leitura pressupõe alguns cui<strong>da</strong>dos que po<strong>de</strong>m ser marcados<br />

em seus três momentos: antes, durante e <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> leitura. Antes é importante<br />

escolher muito bem o que será lido, conhecer o texto em seus <strong>de</strong>talhes, preparar-<br />

129<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


130<br />

-se para ler. Durante a ro<strong>da</strong>, apresentar o livro às crianças, falar um pouco sobre o<br />

autor e a obra, compartilhar os motivos <strong>de</strong> sua escolha são cui<strong>da</strong>dos que permitem<br />

às crianças reconhecer os comportamentos leitores <strong>de</strong> seu professor. Não interromper<br />

a leitura sempre que uma palavra nova ocorrer é cui<strong>da</strong>do básico para que a<br />

criança construa a sua própria interpretação do texto. E, ao final, para fechar bem<br />

esse momento, vale a pena compartilhar impressões sobre a leitura: <strong>de</strong> que ca<strong>da</strong><br />

um gostou mais, chamar a atenção para alguns <strong>de</strong>talhes e, eventualmente, reler os<br />

trechos favoritos são orientações que aju<strong>da</strong>m a criança a ampliar seus conhecimentos<br />

sobre a linguagem escrita.<br />

Recontar histórias<br />

A presença dos contos tradicionais <strong>de</strong> fa<strong>da</strong>s nas ro<strong>da</strong>s <strong>de</strong> leitura é fun<strong>da</strong>mental porque<br />

além <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> temas e questões essenciais para o homem, por isso presentes na<br />

literatura universal, os contos tradicionais possuem uma estrutura bastante estável, características<br />

linguísticas importantes que facilitaram sua transmissão ao longo <strong>de</strong> séculos e, pelo<br />

mesmo motivo, também são úteis ao reconto <strong>da</strong>s crianças.<br />

A leitura diária <strong>de</strong> contos tradicionais <strong>de</strong> fa<strong>da</strong>s é umas <strong>da</strong>s mais importantes fontes<br />

para a criança se apropriar <strong>da</strong> linguagem escrita. O domínio <strong>de</strong> um vasto repertório <strong>de</strong><br />

contos permite a elas abstraírem a estrutura estável <strong>da</strong> narrativa. Repare bem como ela está<br />

presente na maioria <strong>da</strong>s histórias que você conhece: todos os contos <strong>de</strong> fa<strong>da</strong>s sempre se iniciam<br />

com “era uma vez ...”; o tempo é in<strong>de</strong>finido, fantasioso; geralmente há lados distintos<br />

<strong>da</strong> trama, representados pelo bem e o mal; o mal ameaça o bem, normalmente três vezes,<br />

até conseguiu seu intento. Mas, há um episódio mágico que <strong>de</strong>sfecha a história, aplacando o<br />

mal e garantindo que todos sejam “felizes para sempre”.<br />

A criança que conhece muitos contos tradicionais se apropria <strong>de</strong>ssa estrutura e a utiliza<br />

para recontá-las. Ao contar uma história tal como o autor a escreveu, a criança coloca em<br />

uso elementos <strong>da</strong> linguagem escrita muito diferentes dos recursos utilizados para falar. Essa<br />

diferenciação entre as diferentes linguagens e discursos po<strong>de</strong> ser feita nessa ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> história<br />

em que as crianças ocupam lugar privilegiado ao recontar uma história <strong>de</strong> um livro para os<br />

<strong>de</strong>mais amigos <strong>da</strong> sala. A professora po<strong>de</strong> apoiá-las em suas iniciativas <strong>de</strong> várias maneiras:<br />

promovendo o empréstimo do livro para ser lido em casa, com os pais e os irmãos; organizando<br />

momentos em sala <strong>de</strong> aula em que duplas ou pequenos grupos se constituem para a<br />

troca <strong>de</strong> histórias, até o momento em que uma criança por vez assuma o lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque e<br />

apresente seu livro favorito aos colegas, recontando-os.


Produzir textos ditando-os ao professor<br />

Tradicionalmente, pensava-se que para produzir um texto era necessário apren<strong>de</strong>r a<br />

grafar corretamente to<strong>da</strong>s as palavras. No entanto, hoje, se reconhece que é possível escrever,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que um escriba se ofereça para grafar o texto ditado pelas crianças. Ao se oferecer<br />

como escriba, o professor dá voz a elas, assegura-lhes a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e as condições para<br />

que produzam seus textos, aventurando-se, mais uma vez, a usar a linguagem que se escreve.<br />

O trabalho com a reescrita <strong>de</strong> contos clássicos é apenas um exemplo. Além <strong>de</strong>sses textos,<br />

as crianças po<strong>de</strong>m conhecer outros nas práticas que envolvem <strong>de</strong>mais funções <strong>da</strong> escrita<br />

e suas finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s comunicativas, e expressivas. O importante é que essa situação didática<br />

seja conduzi<strong>da</strong> pelo professor <strong>de</strong> modo a mostrar às crianças, por meio <strong>de</strong> seus próprios atos,<br />

todo o processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> texto: levantamento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias sobre o assunto; discussão em<br />

grupo; organização <strong>de</strong> roteiros em função <strong>de</strong> um propósito comunicativo; o ditado pausado,<br />

regulado ao ritmo <strong>da</strong> grafia do escriba; a leitura e a revisão final, <strong>da</strong>ndo <strong>de</strong>staque à dimensão<br />

discursiva do texto.<br />

Pensa sobre como se escreve, escrevendo<br />

Como se viu, as crianças se encantam e <strong>de</strong>sejam saber como os adultos conseguem ler<br />

por trás <strong>da</strong>s mesmas letras, as mesmas palavras e expressões. Na tentativa <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r,<br />

elas elaboram i<strong>de</strong>ias, pensamentos e hipóteses sobre a escrita enquanto escrevem. Por isso,<br />

escrever por conta própria é uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> tão intrigante e <strong>de</strong>safiadora para elas que buscam<br />

aprendê-la exercitando.<br />

Muitas são as i<strong>de</strong>ias <strong>da</strong>s crianças sobre o assunto. Inicialmente, costumam pensar que,<br />

para escrever, basta juntar várias letras, indiscrimina<strong>da</strong>mente. Às vezes, associam o tamanho<br />

<strong>da</strong> palavra ao tamanho do objeto: algo bem pequeno, como uma formiga, por exemplo,<br />

<strong>de</strong>ve ser escrito com poucas letras, mas lobo, certamente com muitas letras. Também é<br />

comum encontrar crianças que pensam que não é possível escrever na<strong>da</strong> com menos <strong>de</strong> três<br />

letras e que nunca se repetem letras em uma mesma palavra. Depois, na tentativa <strong>de</strong> ler o<br />

que escreveram, <strong>de</strong>senvolvem outros conceitos e critérios <strong>de</strong> seleção mais rigorosos, levando<br />

em conta a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> letras, o que caracteriza o nível silábico <strong>de</strong> escrita.<br />

Fazem relações entre uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> falas e sílabas que po<strong>de</strong>m ser representa<strong>da</strong>s por uma ou<br />

mais letras, com ou sem valor sonoro. (FERREIRO, 2006).<br />

É importante lembrar, entretanto, que essa elaboração está a serviço <strong>da</strong> produção discursiva<br />

<strong>da</strong> criança. Por isso, é importante que as propostas <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> escritas estejam<br />

contextualiza<strong>da</strong>s nos projetos <strong>de</strong>senvolvidos em sala, que tenham sentido para as crianças<br />

131<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


132<br />

e promovam muitas interações, afinal, as crianças não apren<strong>de</strong>m sozinhas, mas, sim, em<br />

interação social, com seus pares, no cotidiano <strong>da</strong> escola (SMOLKA 1988), imersas em suas<br />

práticas culturais <strong>de</strong> escrita.<br />

Essas i<strong>de</strong>ias iniciais <strong>da</strong>s crianças não representam erros como tradicionalmente se pensou,<br />

mas, sim, etapas <strong>de</strong> um longo e complexo processo <strong>de</strong> construção conceitual <strong>da</strong> escrita.<br />

A partir <strong>da</strong>í, elas se arriscam a escrever sem saber escrever, pensando e testando suas hipóteses.<br />

Como já foi dito anteriormente, na educação infantil, não é esperado que elas dominem o<br />

sistema alfabético <strong>da</strong> escrita, mas, sim, que apren<strong>da</strong>m a pensar sobre ele, se aventurem com<br />

gosto a escrever e encontrem recursos suficientes para isso. O primeiro passo é a conquista<br />

<strong>da</strong> escrita do nome próprio.<br />

O nome <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> criança é carregado <strong>de</strong> significados, motivo <strong>de</strong> curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e investigação,<br />

e não é à toa que uma criança pequena se enche <strong>de</strong> vai<strong>da</strong><strong>de</strong> e satisfação quando já<br />

consegue ler ou escrever o próprio nome. Po<strong>de</strong>-se dizer que a história <strong>de</strong> uma criança começa,<br />

muitas vezes, pela escolha do nome que carrega consigo as representações e <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> seus<br />

pais. Saber o que esse nome significa para uma família, diz algo também sobre as crianças. Conhecer<br />

a origem dos nomes e as histórias <strong>de</strong> batismos são informações que compõem a história<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um. É por isso que se <strong>de</strong>ve evitar o uso <strong>de</strong> apelidos que, muitas vezes, são pejorativos e<br />

<strong>de</strong>preciam a autoimagem <strong>da</strong>s crianças e a força simbólica que o nome próprio carrega.<br />

Além do papel fun<strong>da</strong>mental na construção <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, o nome próprio também<br />

possui características linguísticas que muito favorecem a reflexão <strong>da</strong> criança sobre como se<br />

escreve. O nome é uma escrita clara, objetiva, estável e sempre presente no cotidiano: nas<br />

etiquetas dos próprios pertences, no mural <strong>da</strong> sala, abaixo dos <strong>de</strong>senhos expostos, na lista<br />

dos aju<strong>da</strong>ntes no dia, dos aniversariantes etc.<br />

A escrita do nome próprio, bem como o conhecimento <strong>da</strong> lista <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> sua turma,<br />

são conhecimentos fun<strong>da</strong>mentais a que to<strong>da</strong>s as crianças têm direito. Esta será a base que<br />

ela utilizará mais tar<strong>de</strong> para compor outras grafias, <strong>de</strong> tantas outras i<strong>de</strong>ias. É o mais importante<br />

recurso para que possa seguir pensando, por conta própria, sobre como funciona esse<br />

complexo mundo <strong>da</strong> escrita.<br />

Sugestões <strong>de</strong> trabalho a partir <strong>da</strong> lista <strong>de</strong><br />

nomes <strong>da</strong> sala 2<br />

A seguir, veja algumas sugestões <strong>de</strong> trabalho que po<strong>de</strong>m ser a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s para crianças<br />

<strong>de</strong> diferentes i<strong>da</strong><strong>de</strong>s:<br />

2. A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> (AUGUSTO, 2003).


1. Tire alguns dias <strong>da</strong> semana para i<strong>de</strong>ntificar os pertences <strong>de</strong> todos, com a aju<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s crianças do grupo. Elas po<strong>de</strong>m escrever o nome, em diferentes etiquetas, para<br />

organizar e i<strong>de</strong>ntificar seus pertences.<br />

2. Tenha sempre à disposição, na sala, a lista completa <strong>de</strong> todos os nomes, para que<br />

as crianças possam consultá-la sempre que preciso. As salas <strong>da</strong>s crianças maiores<br />

po<strong>de</strong>m ganhar um cartaz <strong>de</strong> pregas com espaço para tarjetas móveis com os nomes<br />

<strong>de</strong> sua turma. Os berçários e minigrupos po<strong>de</strong>m também ganhar painéis com fotos.<br />

3. Pesquise, com os pais e as crianças, a história dos nomes <strong>de</strong> seus nomes e promova<br />

conversas sobre esse assunto para que to<strong>da</strong>s as crianças possam contar suas histórias<br />

e ouvir a <strong>de</strong> seus colegas. As pesquisas tanto po<strong>de</strong>m ser feitas oralmente, por<br />

meio <strong>de</strong> relatos que as crianças escutam em casa e recontam na ro<strong>da</strong>; <strong>de</strong> bilhete<br />

escrito ou, ain<strong>da</strong>; <strong>de</strong> entrevista grava<strong>da</strong>.<br />

4. Aju<strong>de</strong> as crianças na organização <strong>de</strong> seus álbuns pessoais, contanto a história dos<br />

nomes <strong>de</strong> sua família, ilustrando-os com fotos, quando possível ou <strong>de</strong>senhos. Convi<strong>de</strong><br />

os pais para participarem <strong>de</strong>ssa produção, nos momentos em que eles tiverem<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vir à escola ou à creche por alguns instantes.<br />

5. Aproveite as tarjetas <strong>de</strong> nomes <strong>da</strong> sala nas mais diferentes situações do cotidiano<br />

como, por exemplo, verificar os presentes e os ausentes, separar os nomes dos<br />

aju<strong>da</strong>ntes ou os aniversariantes, brincar <strong>de</strong> adivinha <strong>de</strong> nomes, <strong>de</strong> modo que as<br />

crianças possam buscar pistas nas escritas para saber quais são os nomes sorteados,<br />

brincar <strong>de</strong> bingo <strong>de</strong> nomes etc.<br />

Ao assegurar to<strong>da</strong>s essas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s – <strong>de</strong> refletir sobre o sistema alfabético e <strong>de</strong><br />

conhecer, e usar a linguagem escrita nas suas diferentes funções – o professor amplia as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

infantis <strong>de</strong> pensar, <strong>de</strong> analisar e sintetizar, processos que se justapõem no exercício<br />

<strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita e contribuem para ampliar o <strong>de</strong>senvolvimento infantil. Por esses motivos,<br />

ler e escrever são importantes propósitos <strong>de</strong> uma boa instituição <strong>de</strong> educação infantil,<br />

sobretudo, <strong>da</strong>quela que tanto sonhamos para to<strong>da</strong>s as crianças brasileiras.<br />

Referências<br />

AUGUSTO, S. O. Educar cui<strong>da</strong>ndo: uma história para contar. ADI Magistério, Rotas <strong>de</strong> aprendizagem:<br />

orientação <strong>da</strong> prática educativa. São Paulo: Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação Infantil <strong>de</strong> São Paulo, 2003.<br />

BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília: MEC, 2009.<br />

COLELLO, S. Alfabetização em questão. São Paulo: Graal, 1995.<br />

133<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


134<br />

FERREIRO. E. Sobre a necessária coor<strong>de</strong>nação entre semelhanças e diferenças. In: CASTORINA, J. Piaget<br />

– Vygotsky: novas contribuições para o <strong>de</strong>bate. 6ª ed. São Paulo: Ática, 2006, p. 167-175.<br />

FERREIRO. E. Passado e presente dos verbos ler e escrever. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009.<br />

GOULART, C. Letramento e modos <strong>de</strong> ser letrado: discutindo a base teórico-metodológica <strong>de</strong> um estudo.<br />

Rev. Bras. Educ., v. 11, n. 33, p. 450-460, set. 2006.<br />

LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. São Paulo: Artmed, 2002.<br />

SMOLKA, A. L. B. A criança na fase inicial <strong>da</strong> escrita: a alfabetização como processo discursivo. 7. ed.<br />

São Paulo: Cortez, 1988.<br />

VYGOTSKY, L. S. A Formação social <strong>da</strong> mente. São Paulo: Martins Fontes, 2002.<br />

Bibliogr afia<br />

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia <strong>da</strong> linguagem. São Paulo: Hucitec, 1995.<br />

FERREIRO. E. Psicogênese <strong>da</strong> língua escrita. São Paulo: Artmed, 1999.<br />

FERREIRO. E. Com to<strong>da</strong>s as letras. 10. ed. São Paulo: Cortez, 1992.<br />

FERREIRO. E. Cultura escrita e educação. São Paulo: Artmed, 2001.<br />

OLIVEIRA, Z. M. (Org.). Educação Infantil: muitos olhares. São Paulo: Cortez, 1994.<br />

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Docência em Formação).<br />

PIAGET, J. A linguagem e o pensamento <strong>da</strong> criança. São Paulo: Martins Fontes, 1986.<br />

SOARES, M. Letramento, um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.<br />

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1985.<br />

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2003.<br />

WEISZ, T. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2002.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


Literatura infantil e<br />

educação infantil:<br />

Um gran<strong>de</strong> encontro<br />

Gládis Elise Pereira <strong>da</strong> Silva Kaercher<br />

Professora Adjunta do Departamento <strong>de</strong> Estudos Especializados<br />

Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação - Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

Resumo: Neste texto, pretendo discutir como pensar a Literatura na Educação Infantil, como compreendê-la<br />

e organizar as escolas, e as ações pe<strong>da</strong>gógicas, para inseri-la <strong>de</strong> modo prazeroso e eficaz no cotidiano <strong>da</strong>s<br />

crianças.<br />

Palavras-chave: Literatura Infantil. Educação Infantil. Ações Pe<strong>da</strong>gógicas.<br />

Enobrecer os sentimentos do homem, enriquecer-lhe a vi<strong>da</strong>, proporcionar-lhe<br />

alegria e sentido, é a missão <strong>da</strong> arte.<br />

(MOKITI OKADA)<br />

A Literatura Infantil é arte que usa a palavra como linguagem expressiva e como tal <strong>de</strong>ve<br />

ser trabalha<strong>da</strong>. Mais do que um modo <strong>de</strong> cognição, a Literatura é um alimento para alma.<br />

Como então pensar essa forma <strong>de</strong> arte para as crianças pequenas? Como pensar a<br />

ação pe<strong>da</strong>gógica junto às turmas <strong>de</strong> berçário, maternal e nível A e B?<br />

Primeiro, precisamos levar a sério a tarefa <strong>de</strong> trabalhar com a Literatura Infantil, enten<strong>de</strong>r<br />

que sua presença no cotidiano <strong>de</strong>ve visar à <strong>formação</strong> <strong>de</strong> leitores literários (conforme<br />

aponta Teresa Colomer) e, portanto, mais do que uma tarefa dos professores ela é uma tarefa<br />

institucional que <strong>de</strong>ve envolver professores, auxiliares, equipe diretiva, pais e crianças, tomados<br />

como parceiros <strong>de</strong>ssa caminha<strong>da</strong>s. Há, portanto, compromissos a serem assumidos<br />

por to<strong>da</strong>s as partes.<br />

As escolas precisam assumir a <strong>formação</strong> do leitor literário como um compromisso<br />

institucional. Portanto, prever como <strong>de</strong>verá ser a organização do espaço e do tempo <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>da</strong> instituição, para alcançar esse objetivo. Isso inclui organização <strong>de</strong> bibliotecas, equipagem<br />

<strong>da</strong>s salas <strong>de</strong> aula (com tapetes, almofa<strong>da</strong>s, estantes a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s etc.). Implica pensar o que<br />

ca<strong>da</strong> instituição já dispõe e o que falta conseguir para ter os espaços a<strong>de</strong>quados. Não signifi-<br />

135<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


136<br />

ca parar e esperar ter tudo para começar, mas traçar o percurso que será trilhado para chegar<br />

lá (previsão <strong>de</strong> recursos, busca <strong>de</strong> parcerias, inclusão em programas públicos <strong>de</strong> fornecimento<br />

<strong>de</strong> acervo – como o PNBE, por exemplo).<br />

Devem, ain<strong>da</strong>, assumir o compromisso <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> acervo e <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong><br />

uma política <strong>de</strong> <strong>formação</strong> em serviço dos educadores para a promoção <strong>da</strong> <strong>formação</strong> do leitor<br />

literário. Significa promover leituras e discussões com os educadores, permitir que eles se<br />

capacitem em cursos para contadores <strong>de</strong> histórias, jogos dramáticos, teatro, entre outros.<br />

É necessário, ain<strong>da</strong>, assumir o compromisso <strong>de</strong> formular, com a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> escolar<br />

– educadores, pais e alunos –, um projeto <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> leitores a médio e longo prazo. Portanto,<br />

sair do imediatismo <strong>da</strong>s <strong>da</strong>tas comemorativas (quando, no geral, são pensados jograis,<br />

<strong>de</strong>clamações etc.) para pensar em como garantir que as crianças, ao longo dos anos que passarão<br />

na escola <strong>de</strong> EI, possam, por exemplo, ter contato com gêneros literários diversificados<br />

(e não trabalhem apenas narrativas, mas poesias, parlen<strong>da</strong>s, peças teatrais, entre outras).<br />

Também os educadores precisam assumir compromissos. O primeiro e mais relevante<br />

talvez seja o <strong>de</strong> tomarem a <strong>de</strong>cisão político-pe<strong>da</strong>gógica <strong>de</strong> implementarem a <strong>formação</strong> do<br />

leitor literário. Portanto, é preciso parar <strong>de</strong> usar as questões estruturais (falta <strong>de</strong> bibliotecas,<br />

<strong>de</strong> acervo, <strong>de</strong> condições materiais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s etc.) como <strong>de</strong>sculpa para não começar a fazer<br />

esse trabalho. Para tanto, os educadores (portanto, professores e auxiliares) <strong>de</strong>vem planejar,<br />

implementar e avaliar – constantemente – uma ação pe<strong>da</strong>gógica volta<strong>da</strong> para a <strong>formação</strong> do<br />

leitor literário. Ou seja, <strong>de</strong>vem promover contações <strong>de</strong> história, com recursos diversificados,<br />

mas não necessariamente “caros”. Para tanto, po<strong>de</strong>m promover sessões <strong>de</strong> leitura em voz<br />

alta, <strong>de</strong>bates com as crianças, discussões sobre as histórias, procurando ouvi-las, sobretudo,<br />

o que elas dizem sobre as histórias que escutam, como as interpretam, sem procurar direcionar<br />

os comentários e posições. Antes <strong>de</strong> in<strong>da</strong>gar as crianças sobre “o que o autor quis dizer”,<br />

<strong>de</strong>ve-se buscar ouvir o que as elas querem/precisam dizer.<br />

Também é preciso que os educadores participem ativamente do seu processo <strong>de</strong> <strong>formação</strong><br />

como “formadores <strong>de</strong> leitores”. Portanto, faz-se necessário que eles busquem se atrever<br />

como contadores: larguem o medo e se aventurem a fazer com as crianças práticas <strong>de</strong> leitura<br />

diferencia<strong>da</strong>s, ricas, <strong>de</strong>safiadoras e instigantes. Para isso, os educadores <strong>de</strong>vem promover<br />

a inserção dos alunos em ambiências <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> leitores (feiras, bibliotecas públicas,<br />

livrarias etc.), levando-os a perceber que a Literatura está em suas vi<strong>da</strong>s, nos mais variados<br />

espaços, para ser usufruí<strong>da</strong>, cumprindo <strong>de</strong> algum modo a epígrafe <strong>de</strong>ste texto.<br />

Por fim, as famílias <strong>de</strong>vem se sentir integrantes <strong>de</strong>sse processo, assumindo o compromisso<br />

<strong>de</strong> estabelecerem parceria com a instituição no projeto <strong>de</strong> <strong>formação</strong> do leitor literário,<br />

envolvendo-se nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propostas pela instituição (rifas, passeios, contações, visitas


etc.). Penso que também as famílias <strong>de</strong>vem cobrar <strong>da</strong> instituição e dos educadores o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do projeto <strong>de</strong> <strong>formação</strong> (para tanto, o projeto <strong>de</strong>ve ser explicitado e <strong>de</strong> conhecimento<br />

<strong>de</strong> todos). Isso implica em conversar com os educadores para saber o que ocorre na<br />

escola: quais preferências seus filhos manifestam, quais histórias apreciam, como gostam <strong>de</strong><br />

ouvi-las, para que, em casa, também possam implementar práticas <strong>de</strong> leitura significativas<br />

para as crianças. As famílias precisam, ain<strong>da</strong>, promover a inserção dos filhos/as em ambiências<br />

<strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> leitores (feiras, bibliotecas públicas, livrarias etc.): precisam colocar a<br />

leitura no seu cotidiano, mostrando que a <strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong>s histórias po<strong>de</strong> ser uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

prazer e alegria compartilha<strong>da</strong> por todos na casa.<br />

Afinando o foco: a sala <strong>de</strong> aula e a ação<br />

pe<strong>da</strong>gógica na <strong>formação</strong> <strong>de</strong> leitores<br />

Como é possível <strong>de</strong>senvolver uma ação pe<strong>da</strong>gógica que contemple os aspectos salientados<br />

acima?<br />

Bem, penso que esta questão po<strong>de</strong> ser respondi<strong>da</strong> <strong>de</strong> inúmeros modos. O que procurarei<br />

fazer aqui é <strong>da</strong>r pistas, sugestões que po<strong>de</strong>m ser aproveita<strong>da</strong>s pelos educadores e transforma<strong>da</strong>s,<br />

sempre levando em consi<strong>de</strong>ração: os contextos nos quais as crianças estão inseri<strong>da</strong>s,<br />

suas histórias <strong>de</strong> leitores, as práticas já vivencia<strong>da</strong>s nas famílias e em anos anteriores nas<br />

escolas. Assim, penso que as i<strong>de</strong>ias que lancei só fazem sentido se pensa<strong>da</strong>s em um contexto<br />

maior <strong>de</strong> inter-relação entre a literatura infantil e os <strong>de</strong>mais saberes trabalhados na escola.<br />

Ou seja, a Literatura Infantil só po<strong>de</strong> ser pensa<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> Cultura Infantil<br />

que lhe serve como base. Por conseguinte, a Literatura Infantil no Brasil está imersa em<br />

um contexto, uma cultura que tem <strong>de</strong>terminados entendimentos do que é a infância, quais<br />

interesses ela tem, como a criança <strong>de</strong>ve ser educa<strong>da</strong> e, ain<strong>da</strong>, como a Literatura “entra” nessa<br />

<strong>formação</strong>. Assim, não existe Cultura Infantil fora <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> cultura, mais ampla,<br />

que a engloba. Desse modo, a Cultura Infantil e a Literatura Infantil, que nela se insere, refletem<br />

a concepção <strong>de</strong> infância <strong>de</strong> um <strong>da</strong>do período, englobando as Artes, a Mídia, o consumo,<br />

as pe<strong>da</strong>gogias etc.<br />

Portanto, qualquer ação pe<strong>da</strong>gógica que envolva a Literatura infantil está li<strong>da</strong>ndo com<br />

a Cultura Infantil: o que a criança vê e como ela interpreta só faz sentido <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />

repertório <strong>de</strong> significações possíveis, constituí<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

cultura (familiar, escolar, religiosa, nacional, etária etc.). Logo, ao propormos ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

contação <strong>de</strong> histórias para as crianças, necessariamente, estaremos li<strong>da</strong>ndo com as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

concretas <strong>de</strong> interpretação e criação que ca<strong>da</strong> criança <strong>de</strong>senvolve, a partir <strong>da</strong> cultura<br />

em que está inseri<strong>da</strong>.<br />

137<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


138<br />

Não se trata <strong>de</strong> um “<strong>de</strong>terminismo” cultural ou <strong>de</strong> afirmar que as crianças estão circunscritas<br />

àquilo que já conhecem sobre a literatura, mas <strong>de</strong> apontar que a cultura na qual<br />

estão inseri<strong>da</strong>s (e a cultura literária em especial) cumpre uma influência importante. Cabe<br />

à escola trabalhar a Literatura Infantil <strong>de</strong> modo a levá-la para as crianças como mais uma<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, ampliando os seus repertórios, mostrando novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, gêneros literários talvez<br />

<strong>de</strong>sconhecidos, não para apresentá-los como a “boa” literatura, mas como “mais uma forma<br />

<strong>de</strong>” literatura.<br />

Dito isso, po<strong>de</strong>mos pensar nas diferentes etapas <strong>da</strong> educação Infantil.<br />

Literatura infantil para o berçário: isso<br />

existe?<br />

A partir do berçário, po<strong>de</strong>mos pensar em um trabalho <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> leitores que se<br />

ocupe <strong>de</strong> promover a sensibilização para o objeto. Ou seja, um trabalho o qual compreen<strong>da</strong><br />

que para um bebê o livro e tudo aquilo que o cerca fazem parte <strong>de</strong> uma ampla gama <strong>de</strong><br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cognição e existem para ser explorados. Recor<strong>da</strong>ndo que, nesse período,<br />

a criança se <strong>de</strong>senvolve a partir <strong>da</strong>s interações que po<strong>de</strong> estabelecer com o meio e que estas<br />

interações passam pelo uso <strong>de</strong> seus sentidos e do movimento (Jean Piaget <strong>de</strong>nomina essa<br />

etapa <strong>de</strong> período sensório-motor) como estruturas <strong>de</strong> pensamento. Também o livro precisa<br />

estar a<strong>de</strong>quado a essas exigências. Portanto, precisamos aceitar que o livro será alvo <strong>de</strong> manipulação<br />

intensa, será cheirado, mordido, amassado, esfregado, arrastado etc. A escolha <strong>de</strong><br />

livros que tenham a<strong>de</strong>quação à faixa etária é fun<strong>da</strong>mental. Assim, o livro <strong>de</strong>ve ser feito <strong>de</strong><br />

material higienizável e resistente, preferencialmente, <strong>de</strong> pano ou borracha que possam ser<br />

lavados periodicamente e ofertados sem risco às crianças.<br />

Não <strong>de</strong>vemos nos preocupar em estabelecer uma rotina rígi<strong>da</strong> <strong>de</strong> interação entre as<br />

crianças do berçário e o livro, antes o contato <strong>de</strong>ve ser constante, mas espontâneo – em um<br />

primeiro momento. Os livros <strong>de</strong>vem ser colocados ao alcance dos bebês para que estes possam<br />

manipulá-los. To<strong>da</strong>via, esse contato espontâneo cessa, pois uma vez explorado, assimilado<br />

e acomo<strong>da</strong>do (para usar conceitos bem específicos), o livro “per<strong>de</strong> a graça”. Cabe aqui<br />

a intervenção do educador no sentido <strong>de</strong> recriar o encontro entre a criança bem pequena e o<br />

livro, para que os bebês cercados <strong>de</strong> estímulos <strong>de</strong>safiadores voltem a sentir prazer com esse<br />

encontro e “re<strong>de</strong>scoberta”.<br />

Assim, escon<strong>de</strong>r livros em locais inusitados (<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> caixas, abaixo dos móveis <strong>da</strong><br />

sala, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> brinquedos, no pátio, refeitório etc.) torna o percurso <strong>da</strong>s crianças (em geral<br />

engatinhando ou <strong>da</strong>ndo os primeiros passos) muito mais rico.


Passa<strong>da</strong> essa fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta/re<strong>de</strong>scoberta, po<strong>de</strong>mos pensar, ain<strong>da</strong>, no berçário, em<br />

agregar o trabalho com o livro e as histórias à <strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais linguagens expressivas.<br />

Por estarem em um período <strong>de</strong> intensa interação, os bebês apreciam que os livros ofereçam<br />

interações com as <strong>de</strong>mais linguagens (plástica, musical etc.). Portanto, ofertar livros que<br />

contenham guizos, velcros, fechos, plástico bolha (para ser apertado, claro), aromas, texturas,<br />

formas, padronagens, cores etc., <strong>de</strong>ve ser priorizado. No geral, essas obras mais interativas<br />

costumam ser caras. O que fazer então? Ora, promover intervenções nas obras já disponíveis,<br />

acrescentando esses elementos. Assim, acrescentar através <strong>de</strong> colagem (nas obras <strong>de</strong> papelão)<br />

ou <strong>de</strong> costuras (nas obras <strong>de</strong> pano) esses elementos po<strong>de</strong> significar <strong>da</strong>r vi<strong>da</strong> nova aos livros<br />

“já manjados”. Vale <strong>de</strong>stacar que, antes <strong>de</strong> mais na<strong>da</strong>, é preciso atentar para a segurança dos<br />

pequenos e realizar intervenções seguras (portanto na<strong>da</strong> <strong>de</strong> colas tóxicas para fixar tecidos ou<br />

papéis) que possam ser manipula<strong>da</strong>s posteriormente em abundância sem se soltarem.<br />

Aqui aparecem as primeiras contações: narrativas anima<strong>da</strong>s com pequenos personagens<br />

do cotidiano (como brinquedos <strong>da</strong> sala, pessoas conheci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> criança etc.). Frases<br />

curtas que envolvam ações simples que explorem a sonori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s palavras (outro foco<br />

<strong>de</strong> atenção nesse momento). Narrativas como “A bola, vai rolar, vai rolaaaaaaaaaaarrrrrr e<br />

...puuuuuuuuuuuuuummmmmm!!!! na barriga do nenê” (dramatizando a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> bola até<br />

a criança) oferecem oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> concentrar-se em sequências <strong>de</strong> fatos (ain<strong>da</strong> simples)<br />

e vão preparando o terreno para as audições <strong>de</strong> histórias que começarão logo em segui<strong>da</strong>.<br />

Por volta <strong>de</strong> um ano e meio, aproxima<strong>da</strong>mente, as crianças já passam a ter gran<strong>de</strong><br />

interesse em acompanhar narrativas em livros com imagens (<strong>de</strong> preferência gran<strong>de</strong>s e bem<br />

coloridos), com sequências <strong>de</strong> ações simples: histórias que se passam no mesmo lugar (espaço)<br />

e que duram pouco. Estas não envolvem noções <strong>de</strong> tempo mais complexas, tais como:<br />

dia, semana, estação, meses, anos etc., ain<strong>da</strong> não construí<strong>da</strong>s pelas crianças.<br />

Maternal: a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> um novo universo –<br />

o papel<br />

A partir do maternal os livros <strong>de</strong> papel passam a ganhar <strong>de</strong>staque: papelão compactado<br />

(<strong>da</strong>queles bem duros e resistentes) passam a ser os parceiros mais a<strong>de</strong>quados para as<br />

crianças. Nessa fase, as palavras ganham sentido: o encantamento <strong>da</strong>s pequenas narrativas,<br />

cria<strong>da</strong>s pelas crianças ou educadoras, ou mesmo a transposição <strong>da</strong>s histórias <strong>da</strong> narrativa<br />

oral também crescem em sentido.<br />

Aqui entramos no reinado dos contos <strong>de</strong> fa<strong>da</strong>s: histórias ancestrais, passa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> geração<br />

a geração, carrega<strong>da</strong>s <strong>de</strong> simbologias e mitos. Figuras importantes tão ama<strong>da</strong>s e tão<br />

temi<strong>da</strong>s, como o lobo e a bruxa, ganham <strong>de</strong>staque.<br />

139<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


140<br />

Cabe salientar que os contos <strong>de</strong>vem ser levados às crianças <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo, lidos<br />

pausa<strong>da</strong>mente, com entonação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, criando silêncios, expectativas. Devemos trabalhar<br />

as versões mais contemporâneas, nas quais lobos viram “bonzinhos” e porcos são vilões ou<br />

bruxas são amigas. Mas, sobretudo, <strong>de</strong>vemos resgatar as compilações mais clássicas, dos<br />

irmãos Grimm ou <strong>de</strong> Hans Christian An<strong>de</strong>rsen, com seus finais exemplares e castigos “cruéis”.<br />

Por quê? Ora, voltando à epígrafe <strong>de</strong>ste texto precisamos perceber que nosso trabalho<br />

alimenta a alma: a Literatura Infantil é uma valiosa ferramenta para pensar a existência,<br />

compreen<strong>de</strong>r os sentimentos, às vezes não tão nobres, que integram o “humano”. Em tempos<br />

on<strong>de</strong> as crianças pequenas partilham o hábito cultural <strong>de</strong> suas famílias com intensi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e, portanto, assistem aos telejornais “<strong>de</strong>rramando” sangue em sucessivas chacinas, como<br />

auxiliá-las a compreen<strong>de</strong>r a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> (a mal<strong>da</strong><strong>de</strong>, a cruel<strong>da</strong><strong>de</strong>, a violência)?<br />

Como auxiliar a enten<strong>de</strong>r que uma criança po<strong>de</strong> ser morta com requintes <strong>de</strong> cruel<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

esquarteja<strong>da</strong> pelas ruas <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (como foi o pequeno João Hélio morto nas ruas do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro em janeiro <strong>de</strong> 2007)?<br />

Pensar que bem e mal são separados claramente (como os contos <strong>de</strong> fa<strong>da</strong> fazem crer)<br />

e o mal será exemplarmente punido traz tranquili<strong>da</strong><strong>de</strong>: torna possível li<strong>da</strong>r com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

No maternal, também, as imagens passam a interessar em sua dimensão narrativa. Assim,<br />

as narrativas visuais presentes nos livros ou produzi<strong>da</strong>s com as crianças mostram que é<br />

possível ler e escrever com as imagens. Por isso é interessante explorar as biografias visuais,<br />

convi<strong>da</strong>r as crianças para trazerem imagens <strong>da</strong>quilo que gostam, temem, <strong>de</strong>sejam (brinquedos,<br />

lugares, pessoas etc.). Depois é só convidá-las a criar sequências com as imagens para<br />

“contar”, através <strong>de</strong> pequenos álbuns, suas histórias. Essas biografias po<strong>de</strong>m ser feitas sobre<br />

a origem <strong>da</strong>s famílias, sobre a vi<strong>da</strong> escolar, sobre os personagens – heróis – favoritos, entre<br />

tantos outros.<br />

Jardim (pré-escola, nível a): abrem-se as<br />

portas <strong>de</strong> um vasto mundo<br />

Com a chega<strong>da</strong> ao nível A, as crianças passam a intensificar seus eventos <strong>de</strong> letramento<br />

e, portanto, a se interessar ca<strong>da</strong> vez mais pela escrita, as palavras e o que elas contêm.<br />

Assim, o texto escrito, que é o modo privilegiado <strong>de</strong> expressão literária, passa a ser a gran<strong>de</strong><br />

estrela. Logo po<strong>de</strong>mos explorar mais as narrativas; promover contações <strong>de</strong> história para as<br />

crianças, com as crianças, <strong>da</strong>s crianças. Usar recursos diversificados e técnicas empolgantes,<br />

também po<strong>de</strong> ser precioso.<br />

É preciso lembrar que <strong>de</strong>vemos organizar a contação. Para tanto, precisamos ler atentamente<br />

o texto antes <strong>de</strong> contá-lo para as crianças. Não esqueça que você <strong>de</strong>ve conhecê-lo


profun<strong>da</strong>mente, a ponto <strong>de</strong> prescindir do livro para contar a história. Isso dá ao educador a<br />

mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptar as narrativas <strong>de</strong> acordo com as características e interesses do grupo:<br />

lembre-se: CONTAÇÂO NÂO É LEITURA EM VOZ ALTA. Portanto, cabe ao educador<br />

ser capaz <strong>de</strong> suprimir passagens excessivamente longas, palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s, digressões<br />

temporais (gran<strong>de</strong>s passagens <strong>de</strong> recor<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> personagens que tirem a dinamici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

narrativas ou <strong>de</strong>scrições por <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s). Enfim, o educador <strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong> tomar<br />

o texto para si e “arredondá-lo” para promoção <strong>de</strong> uma contação bem sucedi<strong>da</strong>. Depois, em<br />

um momento oportuno, ele <strong>de</strong>ve retomar a obra, mostrando os <strong>de</strong>talhes <strong>da</strong> capa, uma pequena<br />

biografia do autor/autora, falando do ilustrador, mostrando, se possível, outras obras<br />

<strong>de</strong>les. E, então, talvez, lendo as passagens que tinham sido modifica<strong>da</strong>s, explicando o porquê<br />

<strong>de</strong> contá-las assim.<br />

Outro aspecto fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> uma contação <strong>de</strong> histórias é que os educadores escolham<br />

quais serão os recursos que irão empregar com antecedência. Para isso, precisam verificar o<br />

estado dos materiais que serão empregados, tais como fantoches, imagens, retro-projetores,<br />

lanternas etc. e se você dispõe <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> suficiente <strong>de</strong>les.<br />

Os materiais precisam ser atraentes, não utilizem materiais <strong>de</strong>scolados, incompletos<br />

ou artisticamente <strong>de</strong>sinteressantes. É importante ser sensível para <strong>de</strong>ixar que o clima <strong>da</strong> história<br />

contagie a todos, inclusive os educadores.<br />

Técnicas e sugestões <strong>de</strong> contação<br />

Por fim, vale lembrar que sempre que vamos contar uma história po<strong>de</strong>mos lançar mão<br />

<strong>de</strong> técnicas e/ou recursos que nos aju<strong>de</strong>m a tornar o instante <strong>de</strong> ouvir a história algo mágico<br />

para as crianças.<br />

Listo agora algumas <strong>de</strong>ssas sugestões, apontando para o fato <strong>de</strong> que elas <strong>de</strong>ver ser toma<strong>da</strong>s<br />

como pistas, que po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser amplia<strong>da</strong>s:<br />

• Teatro <strong>de</strong> fantoches: a história é narra<strong>da</strong> através dos fantoches que po<strong>de</strong>m ser personagens<br />

<strong>da</strong>s histórias ou não. É importante apresentar fantoches feitos por pessoas<br />

que conheçam a técnica para que os mesmos apresentem bom acabamento e<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> no manuseio.<br />

• Histórias sugeri<strong>da</strong>s: a professora, com o auxílio do flanelógrafo ou do avental (vale<br />

aqui também usar um blusão <strong>de</strong> lã on<strong>de</strong> as gravuras, com lixa ou velcro atrás,<br />

possam ser “gru<strong>da</strong><strong>da</strong>s”), inicia a narrativa com uma imagem e as crianças dão<br />

continui<strong>da</strong><strong>de</strong> à história enca<strong>de</strong>ando as <strong>de</strong>mais figuras disponíveis.<br />

141<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


142<br />

• Histórias conta<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>senha<strong>da</strong>s/mo<strong>de</strong>la<strong>da</strong>s: a professora vai contando a história,<br />

fazendo pausas estratégicas em cenas importantes <strong>da</strong> narrativa, para que as<br />

crianças possam <strong>de</strong>senhar, individualmente ou em grupos, as sequências. É imprescindível<br />

que haja espaço e material suficientes para que as crianças possam<br />

<strong>de</strong>senvolver a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> sem necessitar <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos (para pedir lápis, papel<br />

etc. emprestados...).<br />

• Histórias com discos ou instrumentos: o professor vai contando e, com a turma, vai<br />

produzindo sons ritmados ou músicas para acompanhar a narrativa. É semelhante<br />

a uma peça radiofônica, on<strong>de</strong> os sons <strong>da</strong>s ações e dos personagens são produzidos,<br />

reproduzidos ou inventados pelo grupo. Aqui, vale a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> para imprimir<br />

marcas singulares em ca<strong>da</strong> personagem, tais como cacoetes, vícios <strong>de</strong> linguagem,<br />

entonação etc.<br />

• Histórias com o uso exclusivo <strong>de</strong> gravuras: não há narrativa alguma <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong><br />

pela professora; as imagens são expostas às crianças (com fotos ou no computador)<br />

que irão sozinhas enca<strong>de</strong>á-las para formar uma narrativa. Após a exposição, a professora<br />

po<strong>de</strong> pedir que as crianças recontem a história ou não.<br />

• Histórias rima<strong>da</strong>s: a professora inicia a narrativa e ca<strong>da</strong> criança vai acrescentando<br />

um verso, rimado, ao anterior. É semelhante ao repente nor<strong>de</strong>stino ou à trova gaúcha.<br />

Por fim, cabe <strong>de</strong>stacar que, na Educação Infantil, a criança começa os primeiros contatos<br />

com os livros e a Literatura Infantil. Portanto, será <strong>de</strong> nossa responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e do nosso<br />

cui<strong>da</strong>do pe<strong>da</strong>gógico que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá o êxito do percurso. Quanto mais pu<strong>de</strong>rmos perceber<br />

essa importância, mais teremos <strong>de</strong> nos comprometer em <strong>da</strong>r à Literatura Infantil, nessa etapa<br />

do ensino, o tratamento que ela merece.<br />

Priorizando a ludici<strong>da</strong><strong>de</strong>, a partilha, a escuta atenta dos interesses e curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s<br />

crianças, po<strong>de</strong>remos promover uma <strong>formação</strong> <strong>de</strong> leitores qualifica<strong>da</strong>, comprometi<strong>da</strong> e, sem<br />

dúvi<strong>da</strong>, inesquecível.<br />

Para saber mais<br />

Bibliogr afia<br />

BUSATTO, CLÉO. Contar e encantar: pequenos segredos <strong>da</strong> narrativa. Petrópolis: Vozes, 2003.<br />

DOHME, VÂNIA. Técnicas <strong>de</strong> contar histórias. Petrópolis: Vozes, 2010.<br />

KAERCHER, Gládis E. P. <strong>da</strong> Silva. Brincando com os livros na escolarização inicial. IN: DALLA ZEN, Maria<br />

Isabel H.; XAVIER, Maria Luisa M. (org.) Alfabeletrar: fun<strong>da</strong>mentos e práticas. Porto Alegre: Mediação, 2010.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


Pressupostos para o<br />

trabalho docente com a<br />

matemática na educação<br />

infantil<br />

Carmen Campoy Scriptori<br />

Centro Universitário “Moura Lacer<strong>da</strong>” – Ribeirão Preto-SP<br />

Pesquisadora LPG/FE/UNICAMP – Campinas-SP.<br />

Resumo: A criança pequena sente gran<strong>de</strong> prazer em recitar versos em que os numerais estão presentes e, por<br />

causa disso, o adulto infere que ela já sabe contar e está apren<strong>de</strong>ndo Matemática. Contudo, recitar os numerais<br />

até <strong>de</strong>z, por exemplo, em or<strong>de</strong>m e sem pular nenhum <strong>de</strong>les não garante que a criança tenha compreendido<br />

o significado <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos números em relação aos <strong>de</strong>mais. Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que ela <strong>de</strong>senvolve significa<br />

apenas que está tentando <strong>da</strong>r um sentido às verbalizações que ouve no meio em que vive. Neste texto, abor<strong>da</strong>remos<br />

alguns equívocos que pais e professores cometem ao não enten<strong>de</strong>r que o ponto <strong>de</strong> vista dos pequenos<br />

é diferente do ponto <strong>de</strong> vista dos adultos, que o sentido que eles atribuem às informações advin<strong>da</strong>s do mundo<br />

do adulto é muito diferente do que os adultos esperam que seja. A aquisição <strong>de</strong> conhecimentos matemáticos<br />

ultrapassa o nível verbal e quando a escola não compreen<strong>de</strong> isso passa a supervalorizar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s repetitivas<br />

(orais ou gráficas), julgando favorecer a aquisição <strong>de</strong> noções matemáticas.<br />

Palavras-chave: Educação infantil, Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, Educação matemática.<br />

Introdução<br />

O objetivo geral <strong>da</strong> Educação Infantil é promover o <strong>de</strong>senvolvimento global e harmonioso<br />

<strong>da</strong> criança como um todo, isto é, em todos os seus aspectos: físico, social, cognitivo,<br />

afetivo, ético e moral. Isso significa a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dãos autônomos, críticos e capazes<br />

<strong>de</strong>, progressivamente, pensar por si mesmos, reconhecendo os fatos, problemas e conflitos<br />

que a vi<strong>da</strong> em socie<strong>da</strong><strong>de</strong> impõe, buscando <strong>da</strong>r-lhes uma solução.<br />

Em uma instituição escolar <strong>de</strong>ve ter lugar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios, no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>da</strong> criança ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que lhes permitam conhecer e reconhecer sua corporei<strong>da</strong><strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntitária;<br />

explorar o meio pela sua curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> natural e ganhar confiança em suas ações, e em seus<br />

movimentos; po<strong>de</strong>r expressar honestamente seus sentimentos, <strong>de</strong>sejos e emoções, valendo-<br />

-se <strong>de</strong> diferentes formas <strong>de</strong> expressão.<br />

143<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


144<br />

Entretanto, ca<strong>da</strong> vez mais nos <strong>de</strong>paramos com propostas educacionais que, apenas,<br />

colocam seu foco <strong>de</strong> aprendizagem na antecipação <strong>de</strong> conteúdos escolares previstos no currículo<br />

<strong>da</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> obrigatória, para as escolas <strong>de</strong> Educação Infantil, objetivando que<br />

essas crianças venham a obter, no futuro, sucesso escolar. No caso <strong>da</strong> matemática, a situação<br />

é ain<strong>da</strong> mais alarmante. Hoje, não raro, se tenta ensinar os conteúdos <strong>da</strong> matemática formal<br />

para as crianças <strong>de</strong> dois a três anos, para não mencionar o que se pratica com os bebês.<br />

O que está por trás <strong>da</strong>s formas mais comuns <strong>de</strong> tentar ensinar números na Educação<br />

Infantil é a crença <strong>de</strong> que o conceito <strong>de</strong> número po<strong>de</strong> ser transmitido via oral e memorizado<br />

pela criança, por meio <strong>de</strong> exercícios gráficos. Parece que se ignora, em âmbito escolar, o que<br />

é conhecimento físico e conhecimento lógico-matemático, e o que provoca a indiferenciação<br />

entre NÚMERO e NUMERAL na mente <strong>de</strong> pais e professores. Em outro texto (SCRIPTO-<br />

RI, 2005), tivemos a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever mais longamente sobre essa questão, fazendo<br />

uma crítica ao emprego <strong>de</strong> exercícios mimeografados para crianças que estão iniciando a<br />

aprendizagem <strong>de</strong> noções matemáticas.<br />

Mas, voltemos à questão dos números e numerais. Na linguagem matemática, os numerais<br />

são as representações gráficas <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> enquanto que os números são as relações<br />

mentais (psicológicas) que se estabelecem entre as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s do mundo físico em que<br />

vivemos. Que tipos <strong>de</strong> relações são essas? São relações lógico-matemáticas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m e <strong>de</strong><br />

inclusão hierárquica <strong>de</strong> classe. Esse tipo <strong>de</strong> conhecimento não é passível <strong>de</strong> transmissão oral<br />

porque para fazer tais relações a criança precisa <strong>de</strong> estruturas mentais específicas que lhes<br />

permitam compreen<strong>de</strong>r por experimentação ativa e não apenas memorizar informações. Isto<br />

é, exige compreensão e não memorização <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.<br />

Quando uma criança repete oralmente os numerais em uma <strong>da</strong><strong>da</strong> or<strong>de</strong>m isso não significa<br />

que ela tenha compreendido o que os números significam do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> matemática,<br />

isto é, o conceito <strong>de</strong> número. Significa apenas que a criança está tentando <strong>da</strong>r um<br />

sentido às verbalizações que ouve do meio em que vive, buscando <strong>da</strong>r um sentido social aos<br />

números que permeiam sua vi<strong>da</strong>.<br />

Brinca<strong>de</strong>iras como A galinha do vizinho bota ovo amarelinho, bota um, bota dois, bota<br />

três, bota quatro, bota cinco, bota seis, bota sete, bota oito, bota nove, bota <strong>de</strong>z, <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s<br />

na Educação Infantil com objetivo <strong>de</strong> facilitar a aquisição do conceito <strong>de</strong> número, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

estará apenas incentivando a memorização <strong>de</strong> sua representação verbal, sob forma <strong>de</strong> cantilenas.<br />

Que tenhamos isso bem claro! Não estamos afirmando que tais brinca<strong>de</strong>iras são <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> valor educativo. Claro que há um valor cognitivo no sentido <strong>de</strong> satisfazer a ludici<strong>da</strong><strong>de</strong> infantil<br />

e <strong>de</strong> aproximar a criança à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> número. Contudo, este é insuficiente para a elaboração<br />

do conceito <strong>de</strong> número. É o <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos em nossa dissertação <strong>de</strong> Mestrado (SOUZA, 1988).


Sabe-se que os números naturais, que são conceitos abstratos, têm seus correspon<strong>de</strong>ntes<br />

na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> física, porém esses números são inteiramente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos termos<br />

orais e dos símbolos matemáticos que se usam para representá-los. Se uma criança não conseguir<br />

formar plenamente o conceito dos números naturais, isto é, se estes não passarem a<br />

existir em sua mente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong>s coisas, dos objetos, <strong>da</strong>s ações e <strong>da</strong>s circunstâncias<br />

físicas, os cálculos ou operações mentais que vier a realizar com números serão muito<br />

limitados. Essa criança não po<strong>de</strong>rá ir longe em seu raciocínio matemático, ain<strong>da</strong> que seja<br />

capaz <strong>de</strong> nomeá-los corretamente.<br />

Desenvolvimento<br />

Diferentemente <strong>de</strong> outras espécies animais, o ser humano precisa ser educado. A diferença<br />

essencial entre o homem e o animal está nas condições sociais que o homem teve que<br />

criar para sobreviver.<br />

Usando a linguagem, as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas, ao longo <strong>de</strong> sua história, vêm acumulando<br />

conhecimentos sobre meios técnicos <strong>de</strong> produção que possibilitam os costumes e regras<br />

que regem a vi<strong>da</strong> em grupo e <strong>de</strong> seu progresso.<br />

É essa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> adquirir uma linguagem que permite ao indivíduo o estabelecimento<br />

<strong>de</strong> relações sociais com outros seres <strong>de</strong> sua espécie. Esta capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> não vem pronta<br />

ou <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> por algum mecanismo genético completamente montado, mas vai sendo<br />

construí<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>s interações com outros seres humanos e com os objetos do mundo<br />

físico e os artefatos do mundo social. Sendo a linguagem uma construção <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong><br />

noções abstratas, fica fácil enten<strong>de</strong>r a importância <strong>da</strong> educação <strong>da</strong>s novas gerações.<br />

É por meio <strong>da</strong> educação, em função <strong>de</strong> múltiplas e varia<strong>da</strong>s interações sociais, que o<br />

ser humano adquire, <strong>de</strong> geração em geração, por transmissão cultural, as formas <strong>de</strong> comportamento<br />

que irão propiciar sua a<strong>da</strong>ptação progressiva ao meio social em que vive.<br />

A partir <strong>de</strong>ssas interações, ele vai se construindo e dominando a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> a ponto<br />

<strong>de</strong> transformá-la e ser transformado por ela, em um processo <strong>de</strong> humanização crescente. E<br />

porque po<strong>de</strong> transformar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> em que vive, utilizando sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> cognitiva, o<br />

homem é capaz <strong>de</strong> fazer história.<br />

Não se po<strong>de</strong> falar em historici<strong>da</strong><strong>de</strong> entre os <strong>de</strong>mais animais, porque somente o ser<br />

humano <strong>de</strong>monstra trazer em si essa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abstração inteligente para fazer história.<br />

Portanto, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas interações merece ser cui<strong>da</strong><strong>da</strong> pela educação, <strong>de</strong> um modo geral<br />

e, mais especificamente, pelo ensino.<br />

145<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


146<br />

Assim, o principal objetivo do ensino <strong>de</strong>verá ser o <strong>de</strong> possibilitar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

sua inteligência como um todo, como dissemos no início. É precisamente nesse campo que<br />

os estudos <strong>da</strong> Psicologia do Desenvolvimento <strong>de</strong> Jean Piaget se impõem como necessários,<br />

pela contribuição que trazem aos que trabalham na educação <strong>de</strong> crianças.<br />

Piaget <strong>de</strong>monstrou que as estruturas <strong>da</strong> inteligência não nascem pré-forma<strong>da</strong>s no indivíduo,<br />

nem são adquiri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> fora <strong>de</strong>le, mas são construí<strong>da</strong>s ao longo do <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

pela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> própria do sujeito que efetua trocas significativas sobre o mundo real. Em uma<br />

perspectiva piagetiana, as crianças não adquirem conhecimentos ou valores morais absorvendo-os<br />

<strong>de</strong> fora, como se fossem esponjas, mas vão construindo-os <strong>de</strong> forma lenta e gradual<br />

numa constante interação com o meio.<br />

Ao contrário do que se divulga, Piaget não menospreza o fator social. Na construção<br />

<strong>da</strong>s estruturas <strong>da</strong> inteligência, o meio <strong>de</strong>sempenha um importante papel pelas condições que<br />

oferece a partir do nascimento. Tais condições são essenciais não só no que diz respeito ao<br />

ritmo, como também ao acabamento <strong>da</strong>s construções intelectuais, extensão <strong>da</strong>s construções<br />

orgânicas. O meio e os fatores sociais têm gran<strong>de</strong> importância na própria <strong>formação</strong> <strong>da</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do indivíduo, sem os quais o homem não conseguiria chegar a formas a<strong>da</strong>ptativas<br />

mais elabora<strong>da</strong>s do pensamento humano. Em suas palavras:<br />

[...] o indivíduo não po<strong>de</strong>ria adquirir suas estruturas mentais mais essenciais<br />

sem uma contribuição exterior, a exigir um certo meio social <strong>de</strong> <strong>formação</strong>,<br />

e que em todos os níveis (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais elementares até os mais<br />

altos) o fator social ou educativo constitui uma condição do <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

(PIAGET 1976, p. 39).<br />

Assim, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s funções cognitivas se dá a partir <strong>da</strong>s ações e interações<br />

que a criança realiza no ambiente. As formas mais elabora<strong>da</strong>s do pensamento adulto (operações<br />

formais) são construí<strong>da</strong>s por meio <strong>de</strong> mecanismos a<strong>da</strong>ptativos, nos quais intervêm tanto<br />

<strong>de</strong>terminações genéticas, quanto do ambiente.<br />

E como é que a criança apren<strong>de</strong>? Apren<strong>de</strong> brincando. Dado que a ludici<strong>da</strong><strong>de</strong> é um traço<br />

inerente à condição humana. Embora, atualmente, ain<strong>da</strong> exista a idéia <strong>de</strong> que as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

lúdicas <strong>de</strong>vem servir apenas como distração, como passatempos que ocupem a criança,<br />

estudos e pesquisas têm mostrado a importância <strong>de</strong>stas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do ser humano, inclusive para sua saú<strong>de</strong> mental.<br />

Na Educação Infantil, <strong>de</strong> zero a cinco anos, então, <strong>de</strong>ve-se propiciar oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

vivenciar plenamente a ludici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Assim, a Matemática não po<strong>de</strong> ser vista como uma disciplina,<br />

no sentido escolar do termo, tal como ocorre no currículo formal do Ensino Fun<strong>da</strong>-


mental, mas como uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento, <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas, manifestando-se<br />

na vivência plena <strong>da</strong>s características próprias do período intuitivo, pré-operacional, <strong>da</strong> criança<br />

que frequenta a Educação Infantil.<br />

Nesse período, a criança está sob forte influência do que Piaget <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> egocentrismo,<br />

isto é, a incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar outros pontos <strong>de</strong> vista que não seja o seu próprio.<br />

Vive em um mundo mágico, centra<strong>da</strong> em si mesma e em suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais imediatas.<br />

Tem curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre tudo que a cerca, mas não adquiriu, ain<strong>da</strong>, uma disciplina para o pensar.<br />

Segundo Piaget (2), na escola tradicional, o ensino <strong>da</strong> Matemática tem consistido em<br />

oferecer aos alunos um conjunto <strong>de</strong> conhecimentos pré-elaborados e em proporcionar-lhes<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicá-los em problemas ou exercícios variados. Esta forma <strong>de</strong> ensinar<br />

preten<strong>de</strong> enriquecer o pensamento, submetendo-o a um exercício intelectual, cuja intenção<br />

na<strong>da</strong> mais é que consolidá-lo e <strong>de</strong>senvolvê-lo. Piaget se contrapõe a essa posição <strong>da</strong> escola<br />

tradicional, baseado em suas pesquisas psicogenéticas, cujos resultados evi<strong>de</strong>nciaram que a<br />

compreensão <strong>da</strong> Matemática Elementar <strong>de</strong>corre <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> estruturas lógicas elementares<br />

e, quanto mais a construção <strong>de</strong> tais estruturas for facilita<strong>da</strong>, tanto mais será favoreci<strong>da</strong><br />

a compreensão <strong>da</strong> Matemática.<br />

Ele também constatou que a compreensão <strong>da</strong> Matemática <strong>de</strong>corre <strong>da</strong> construção <strong>de</strong><br />

estruturas inicialmente lógicas antes <strong>de</strong> adquirirem caráter métrico e que a construção <strong>da</strong><br />

lógica facilita a compreensão matemática. Assim sendo, é muito importante <strong>de</strong>senvolver as<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>dutivas, principal objetivo do ensino <strong>da</strong> Matemática, e não apenas a habili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

para contar e calcular.<br />

Quando se tem o propósito <strong>de</strong> fazer uma análise crítica, à luz <strong>da</strong> teoria piagetiana, sobre<br />

os procedimentos e materiais utilizados para o ensino <strong>da</strong> Matemática, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> escola,<br />

não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer algumas consi<strong>de</strong>rações a respeito <strong>da</strong> instituição escolar, como<br />

um todo.<br />

Na medi<strong>da</strong> em que a aprendizagem escolar é altamente valoriza<strong>da</strong> pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, a<br />

instituição escolar passa a <strong>de</strong>sempenhar a função <strong>de</strong> preparar a criança para o êxito escolar no<br />

Ensino Fun<strong>da</strong>mental, transmitindo, assim, conhecimentos prontos <strong>de</strong> acordo com o currículo.<br />

A Educação Infantil que propõe um programa bem organizado, por sequências didáticas<br />

e horários pré-fixados, <strong>de</strong> tal forma que, por exemplo, às segun<strong>da</strong>s, quartas e sextas-feiras,<br />

<strong>da</strong>s 8h30min às 9h30min, a criança apren<strong>de</strong>rá Matemática e que, sempre, apren<strong>de</strong>rá antes o<br />

número 1, <strong>de</strong>pois o 2, <strong>de</strong>pois o 3, e assim por diante, não está favorecendo à construção do<br />

pensamento matemático; está, apenas ,preocupa<strong>da</strong> em seguir o programa.<br />

147<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


148<br />

Desse modo, substituir a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> concreta por livros e folhas mimeografa<strong>da</strong>s, prontas,<br />

estáticas e, muitas vezes, completamente estranhas à compreensão <strong>da</strong> criança não assegura a<br />

manutenção <strong>de</strong> seu interesse. Para ela, somente os objetos reais, concretos, possuem apelo.<br />

Por ser inteligente, a criança apren<strong>de</strong> rapi<strong>da</strong>mente que tudo aquilo que, realmente, lhe<br />

provoca curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e interesse não tem valor diante do que os adultos chamam <strong>de</strong> Matemática.<br />

Além do mais, a essas lições <strong>de</strong> Matemática, tão tediosas e aborreci<strong>da</strong>s, não resta senão<br />

suportá-las! Não é <strong>de</strong> se estranhar que quando se pergunta à criança para que serve aquilo<br />

que está apren<strong>de</strong>ndo na escola, ela po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r assim: - “Não sei, mas eu vou precisar<br />

disto um dia, mais tar<strong>de</strong>, quando eu crescer!” ou “É porque a professora man<strong>da</strong> eu fazer!”<br />

Respostas <strong>de</strong>ste tipo evi<strong>de</strong>nciam as consequências <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo pe<strong>da</strong>gógico que submete e<br />

constrange a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocínio <strong>da</strong>s crianças ao modo <strong>de</strong> pensar do adulto.<br />

Para ser aceito pela instituição escolar, a criança precisa seguir docilmente as regras dita<strong>da</strong>s<br />

pela mesma, não <strong>de</strong>ve questionar jamais sobre a a<strong>de</strong>quação ou não entre seus próprios<br />

interesses e os interesses do programa e nunca se preocupar com as razões ou não <strong>da</strong>quilo<br />

que lhe ensinamos. Sua única tarefa é reproduzir o mo<strong>de</strong>lo que a escola propõe. Esse mo<strong>de</strong>lo<br />

que consiste em estimular, valorizar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ti<strong>da</strong>s como “intelectivas” <strong>de</strong> situações artificialmente<br />

guia<strong>da</strong>s pelo adulto e em inibir e menosprezar to<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> mental espontaneamente<br />

provoca<strong>da</strong> pelos interesses surgidos <strong>da</strong> interação <strong>da</strong> criança com meio físico e social.<br />

Dessa forma, a escola promove, além <strong>da</strong> memorização <strong>de</strong> conteúdos inúteis, uma profun<strong>da</strong><br />

alienação intelectual, que leva fatalmente à alienação moral, <strong>de</strong> que todos nós pa<strong>de</strong>cemos.<br />

Se repudiamos este tipo <strong>de</strong> educação que queremos, só nos resta fazer uma opção pelo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do pensamento <strong>da</strong> criança, como uma alternativa mais váli<strong>da</strong>. Favorecer o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do pensamento na criança é apelar para sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão,<br />

memória, julgamento, raciocínio, imaginação e criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. É ajudá-la a representar mentalmente<br />

aquilo que vivenciou no concreto, a rememorar aquilo que experimentou anteriormente,<br />

a tomar consciência dos atos apresentados e dos resultados obtidos, a explorar ao máximo<br />

suas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> invenção e <strong>de</strong> criação, a se iniciar em um sistema <strong>de</strong> simbolização para<br />

o qual já está sensibiliza<strong>da</strong> pelo meio.<br />

A elaboração progressiva <strong>de</strong> diversos meios <strong>de</strong> expressão, intimamente liga<strong>da</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

cognitivo, é um outro aspecto que <strong>de</strong>ve ser motivo <strong>de</strong> preocupação <strong>da</strong> Educação<br />

Infantil. Trata-se <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r a criança a transpor a etapa <strong>da</strong> simples manipulação concreta<br />

para a etapa <strong>da</strong> expressão verbal, que só se realiza, compreensivamente, tendo por base um<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> lógica própria do período que está vivendo.<br />

Sendo primordialmente “ação”, a criança <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>senvolver a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> manifestar<br />

e traduzir seu pensamento para os <strong>de</strong>mais. Por isso, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propostas <strong>de</strong>verão


solicitar <strong>da</strong> criança que exteriorize seu pensamento e o comunique através <strong>de</strong> diversos meios,<br />

diversas linguagens. Progressivamente, ela <strong>de</strong>verá ser estimula<strong>da</strong> a exprimir-se verbalmente,<br />

relatando sua ação e reação diante <strong>de</strong> fatos, objetos e acontecimentos.<br />

Para tanto, estratégias específicas po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s pela professora ou professor,<br />

tais como:<br />

• <strong>de</strong>screver objetos, animais, pessoas etc.;<br />

• <strong>de</strong>screver suas ações;<br />

• discutir suas opiniões com a professora (professor) e/ou companheiros;<br />

• propor novas soluções para os diversos problemas do cotidiano;<br />

• sugerir, opinar diante <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s situações ;<br />

• <strong>de</strong>cidir e or<strong>de</strong>nar diretivas <strong>de</strong> ação;<br />

• explicar suas ações e opções;<br />

• formular hipóteses;<br />

• predizer ações;<br />

• justificar suas atitu<strong>de</strong>s;<br />

• avaliar.<br />

Tomando-se por base as fases do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança, tal como <strong>de</strong>scritas por<br />

Piaget, acreditamos ser prematuro <strong>de</strong>mais, na Educação Infantil, visar ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sistemático <strong>de</strong> diversas formas <strong>de</strong> linguagem matemática, como os sinais ou signos matemáticos,<br />

como =, =1= e outros, representativos <strong>da</strong>s operações aritméticas, a utilização <strong>de</strong> termos<br />

formais <strong>da</strong> teoria dos conjuntos como intersecção, união, ou linguagem gráfica como o diagrama<br />

<strong>de</strong> Vem etc.<br />

Em vez disso, propomos que ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do conhecimento lógico-matemático sejam<br />

leva<strong>da</strong>s a efeito na interação com os objetos que possam ser repartidos, classificados, or<strong>de</strong>nados,<br />

seriados, incluindo parte-todo (quebra-cabeças), além <strong>da</strong> vivência do espaço topológico,<br />

<strong>da</strong> noção <strong>de</strong> tempo, veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>, distância e <strong>de</strong> relações causais.<br />

Tais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>verão estar integra<strong>da</strong>s ao <strong>de</strong>senvolvimento e exercício <strong>da</strong> função<br />

semiótica, do jogo simbólico, <strong>da</strong>s brinca<strong>de</strong>iras, <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s perceptivo-motoras, do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

social, entre outros.<br />

149<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


150<br />

Vamos analisar uma <strong>de</strong>ssas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, por exemplo, fazer pães: quando a criança realiza<br />

a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer pães e constata a trans<strong>formação</strong> <strong>da</strong> farinha <strong>de</strong> trigo em uma massa,<br />

quando nela se mistura água, ou qualquer outro líquido, tem a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturar a<br />

noção <strong>de</strong> tempo, medi<strong>da</strong>, capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>. Quando a criança é solicita<strong>da</strong> a comparar<br />

e discriminar o “antes” e o “<strong>de</strong>pois”, i<strong>de</strong>ntificar o estado <strong>da</strong> substância (do mais líquido para<br />

o mais sólido), medir a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido que vai ser utiliza<strong>da</strong>, prever o que acontecerá<br />

se colocar mais líquido que farinha ou vice-versa, prever o que será necessário para sua<br />

trans<strong>formação</strong> em estado sólido (pão já amassado), or<strong>de</strong>nar, seriar e classificar “pãezinhos”<br />

<strong>de</strong> acordo com suas formas, espessuras e tamanhos feitos por ela, terá a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estabelecer entre eles relações <strong>de</strong> equivalência ou não-equivalência.<br />

Além disso, a função semiótica se encontra presente quando imita as ações <strong>da</strong> mamãe<br />

ou do pa<strong>de</strong>iro ao fazer pães, ou quando representa papéis específicos <strong>de</strong>ssa situação,<br />

utilizando-se ou não <strong>da</strong> imagem mental ou verbalização.<br />

Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá, ain<strong>da</strong>, propiciar a reapresentação plástica, quando a criança<br />

fizer mo<strong>de</strong>los que tenham semelhança com o objeto real. Aliado a esta, está o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

perceptivo-motor, com a utilização dos movimentos finos, tipo olho-mão-<strong>de</strong>dos.<br />

A professora ou professor po<strong>de</strong> promover ain<strong>da</strong> a interação entre os pares, gerenciando os<br />

conflitos emergentes, provocando ou não o aparecimento e discussão <strong>de</strong> regras necessárias<br />

à utilização do material pelo grupo, que favorece a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a motivação e a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

necessárias à função cognitiva e o relacionamento social.<br />

Então, o que realmente importa ao educador ou educadora não é o conceito matemático<br />

em si; é estar bem consciente <strong>de</strong> todos objetivos comprometidos com a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong><br />

explorar ao máximo a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> em si mesma, bem como promover o máximo <strong>de</strong> integração<br />

nos diversos tipos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Além disso, <strong>de</strong>verá ter o senso <strong>de</strong> saber o momento oportuno <strong>de</strong> intervir, com questões<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente coloca<strong>da</strong>s, com sugestões <strong>de</strong> transformações simples ou evi<strong>de</strong>ntes a serem<br />

efetua<strong>da</strong>s, com varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolhas que possam ser feitas por ocasião <strong>da</strong> solução <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado problema proposto, sem, contudo dirigir os resultados <strong>da</strong> ação <strong>da</strong> criança para<br />

um <strong>de</strong>terminado fim específico.<br />

Dessa forma, o trabalho com as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s matemáticas que propomos para a Educação<br />

Infantil se fundirá à aprendizagem natural e espontânea que as crianças experimentam<br />

no cotidiano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu nascimento. Assim como jamais tivemos horário fixo para apren<strong>de</strong>r<br />

a an<strong>da</strong>r, falar, ouvir, não po<strong>de</strong>mos ter, na Educação Infantil, um horário fixo para “ensinar”<br />

Matemática.


Além <strong>de</strong> espontâneas e naturais, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s por uma educação que se<br />

propõe a <strong>de</strong>senvolver o pensamento, <strong>de</strong>vem incluir jogos <strong>de</strong> grupo porque a construção <strong>da</strong><br />

inteligência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto <strong>da</strong> ação sobre o real como <strong>da</strong> interação com seus pares e adultos.<br />

Quando as crianças <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m jogar boliche, por exemplo, e se reúnem em um pequeno grupo<br />

para discutir as regras do funcionamento <strong>de</strong>sse jogo, aí está uma excelente oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />

a <strong>formação</strong> <strong>da</strong> base para os conceitos matemáticos. Vejamos: ao selecionar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

frascos que servirão <strong>de</strong> alvo, ao avaliar a que distância e veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> a bola <strong>de</strong>verá ser atira<strong>da</strong><br />

para <strong>de</strong>rrubar o maior número <strong>de</strong> alvos, ao registrar no chão ou no quadro os pontos obtidos,<br />

ao comparar as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> frascos <strong>de</strong>rrubados e não <strong>de</strong>rrubados, ao controlar <strong>de</strong> quem<br />

é a vez <strong>de</strong> jogar, enfim na própria organização do jogo pelas crianças, estão implicados<br />

inúmeros conceitos matemáticos. Só que, <strong>de</strong>sta forma, com a vantagem <strong>de</strong> além <strong>de</strong> serem<br />

realizados pela ação própria <strong>da</strong> criança, pressupõem a troca <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vista, na medi<strong>da</strong><br />

em que se realizam com os seus pares, através do jogo.<br />

Kamii (1984, 1991) discute longamente vários jogos <strong>de</strong> grupo e seu valor para o trabalho<br />

com a Matemática e propõe alguns princípios <strong>de</strong> “ensino”, a partir dos quais propomos<br />

orientações como:<br />

• Visar à construção do conhecimento, <strong>de</strong> forma a facilitar a aquisição <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong><br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> mais do que o número e operações aritméticas pelas crianças.<br />

• Entre a contagem <strong>de</strong> rotina e a compreensão <strong>de</strong>pura<strong>da</strong> <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> número, existe<br />

um longo caminho que a criança percorre, passando pela aquisição do conhecimento<br />

físico. Compreen<strong>de</strong>r em que ponto do caminho a criança se encontra é fun<strong>da</strong>mental<br />

para ajudá-la.<br />

• Necessário se faz que as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que propiciam a experiência lógico-matemática<br />

estejam imbrica<strong>da</strong>s em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s lúdicas.<br />

• Utilizar-se <strong>de</strong> materiais concretos e <strong>da</strong> ação pessoal <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> aluno no próprio processo<br />

<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r. Esses materiais <strong>de</strong>vem fazer parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> criança e não<br />

serem estranhos a ela.<br />

• Promover sempre ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em pequenos grupos em vez <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> coletiva. A<br />

interação entre os pares proporciona excelentes oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem,<br />

enquanto que o ensino coletivo limita essa possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

• Valer-se do jogo como instrumento <strong>de</strong> trabalho docente. O jogo <strong>de</strong>ve estar sempre<br />

presente nas propostas do professor, visto que esta é forma integradora do conhecimento<br />

e a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> típica <strong>da</strong> criança nesta fase.<br />

151<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


152<br />

• Trabalhar com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> mais do que com a contagem, pois ela é importante<br />

na construção <strong>da</strong>s estruturas matemáticas por parte <strong>da</strong>s crianças. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

medi<strong>da</strong> operacionaliza o campo <strong>da</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s contínuas, enquanto que a contagem<br />

operacionaliza o campo <strong>da</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s discretas. Para isso, o professor<br />

precisa <strong>de</strong>senvolver ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s com experiências varia<strong>da</strong>s, como balança e frascos<br />

que possam ser cheios com areia e/ou líquido, além <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s inventa<strong>da</strong>s pelos<br />

alunos (varetas, barbantes e outros).<br />

• Desafiar o pensamento <strong>da</strong> criança, provocando <strong>de</strong>sequilíbrios. As propostas do<br />

professor <strong>de</strong>vem ultrapassar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s mimeografa<strong>da</strong>s, realiza<strong>da</strong>s apenas com<br />

lápis e papel, para simples transmissão <strong>de</strong> informações.<br />

• Centralizar-se na resolução <strong>de</strong> situações-problema, a partir <strong>da</strong> vivência e <strong>da</strong> experiência<br />

pessoal <strong>da</strong>s crianças.<br />

• Propiciar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que permitam a <strong>de</strong>scoberta e invenção.<br />

• A memorização <strong>de</strong> numerais, o vocabulário matemático (verbalização <strong>de</strong> acordo<br />

com o sistema) e a resposta correta <strong>de</strong>vem ser substituídos pela construção <strong>de</strong> um<br />

sistema <strong>de</strong> registro próprio do aluno, que facilitará a compreensão por parte <strong>da</strong><br />

criança.<br />

Como se po<strong>de</strong> notar, tais orientações são coerentes com uma pe<strong>da</strong>gogia ativa e construtivista<br />

e, para que esta possa ser leva<strong>da</strong> a efeito, um certo clima escolar se faz necessário.<br />

Para se agir <strong>de</strong> forma a criar esse clima psicológico favorável às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração<br />

<strong>da</strong>s crianças, o ambiente escolar <strong>de</strong>ve ser livre <strong>de</strong> tensões e coerções por parte do adulto.<br />

Sabemos, sobejamente, sobre o papel prepon<strong>de</strong>rante que a afetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenha no<br />

processo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r. Sabemos, também, que atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extrema rigi<strong>de</strong>z por parte dos educadores<br />

po<strong>de</strong>m trazer consequências nefastas para as crianças. Por causa disso, o ambiente<br />

proposto <strong>de</strong>verá ser sustentado por um clima emotivo, equilibrado e seguro, no qual prepon<strong>de</strong>rem<br />

ralações afetivas <strong>de</strong> respeito mútuo e confiança.<br />

Partindo <strong>de</strong>ssa constante, parece essencial que o(a) educador(a) aju<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> criança a<br />

estruturar sua personali<strong>da</strong><strong>de</strong> com base na confiança, autonomia e iniciativa própria. A confiança<br />

<strong>de</strong>ve ser experimenta<strong>da</strong> nos contactos humanos que a criança faz com seu meio.<br />

To<strong>da</strong> criança tem a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser ama<strong>da</strong>, encoraja<strong>da</strong>, compreendi<strong>da</strong> e aceita incondicionalmente<br />

por um adulto atencioso, simpático e compreensivo. Também tem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ser aprecia<strong>da</strong>, tal como é, por seus pares, nessa nova socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que é a escola <strong>de</strong><br />

Educação Infantil.


Tendo isto assegurado, a criança po<strong>de</strong>rá mais facilmente <strong>de</strong>senvolver atitu<strong>de</strong>s autônomas.<br />

Ela po<strong>de</strong>rá agir com mais espontanei<strong>da</strong><strong>de</strong> e controle próprio sobre as coisas coloca<strong>da</strong>s à<br />

sua disposição, sem experimentar sentimento <strong>de</strong> opressão, inibição ou constrangimento. Ela<br />

manipulará, explorará e <strong>de</strong>senvolverá a motivação e o interesse por todo o material didático,<br />

e pelas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em si mesmas. Progressivamente, a criança <strong>de</strong>senvolverá a iniciativa que<br />

se traduz pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> fazer algo, perseverar nele e concluir seus esforços.<br />

A criança é um ser dinâmico que tem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se expandir, crescer, apren<strong>de</strong>r<br />

com harmonia. O estabelecimento <strong>de</strong> um clima afetivo propício surge como uma condição<br />

necessária, embora não suficiente, para a satisfação <strong>de</strong>ssas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Por outro lado, não po<strong>de</strong>mos nos enganar a ponto <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar o “estabelecimento <strong>de</strong><br />

um clima afetivo favorável à aprendizagem” como condição suficiente para que a criança,<br />

consequentemente, <strong>de</strong>senvolva seu raciocínio. Quando preten<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> inteligência,<br />

o professor ou professora <strong>de</strong>verá esforçar-se por propiciar condições a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para<br />

a criança <strong>de</strong>scobrir as relações entre os fatos e reinventar, por assim dizer, a Matemática. A<br />

sua ação sobre os objetos e a sua ação social são fatores fun<strong>da</strong>mentais para essas <strong>de</strong>scobertas.<br />

Conclusão<br />

Não po<strong>de</strong>ríamos encerrar este texto sem enfatizar o papel <strong>da</strong> educadora (ou educador),<br />

<strong>da</strong>do que esta(e) tem influência consi<strong>de</strong>rável sobre as crianças, na medi<strong>da</strong> em que será um<br />

dos primeiros adultos a exercer funções e ter relações típicas com elas, até então manti<strong>da</strong>s<br />

apenas com adultos do meio familiar a que pertencem.<br />

Caberá a esse adulto <strong>da</strong> Educação Infantil criar um ambiente (físico, social, afetivo e<br />

cognitivo) que facilite a consecução <strong>de</strong> objetivos referentes às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s matemáticas. Ele(a)<br />

<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sempenhar o papel <strong>de</strong> orientador(a) que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> circunstância apresenta<strong>da</strong>,<br />

será entusiasta ou discreto, aberto ou circunspecto, “presente” ou “ausente”.<br />

Para tanto, precisará:<br />

• observar, muito atentamente, as crianças;<br />

• escolher, entre as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s espontâneas <strong>da</strong>s crianças, aquelas que respon<strong>da</strong>m às<br />

suas reais necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;<br />

• colocar em pauta ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros <strong>de</strong>safios cognitivos;<br />

• encorajar os ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros esforços <strong>da</strong>s crianças;<br />

• possibilitar a expressão e sugestão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias;<br />

153<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


154<br />

• esquivar-se <strong>da</strong>s respostas prontas e soluções estereotipa<strong>da</strong>s;<br />

• propiciar a busca, a in<strong>da</strong>gação, a <strong>de</strong>scoberta;<br />

• estimular a experiência pessoal do aluno, para garantir a aprendizagem;<br />

• promover a interação entre as crianças;<br />

• incentivar e respeitar as <strong>de</strong>cisões pessoais e <strong>de</strong> grupo.<br />

As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propostas <strong>de</strong>verão passar pelo crivo <strong>de</strong> seu espírito crítico e conhecimento<br />

científico. Quer se tratem <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s matemática, linguísticas, musicais, artísticas, o<br />

essencial é que o(a) educador(a) tenha sempre em mente o nível <strong>de</strong> utilização que as crianças<br />

farão <strong>de</strong> suas propostas. O adulto <strong>de</strong>verá antever em que medi<strong>da</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que propõe<br />

contribuirão para o <strong>de</strong>senvolvimento do conhecimento, <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s infantis.<br />

No caso específico <strong>de</strong> “ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s matemáticas”, implica que o(a) educador(a) tenha,<br />

no mínimo, um conhecimento <strong>de</strong> como se processa o <strong>de</strong>senvolvimento infantil e <strong>de</strong> como as<br />

crianças formam os conceitos matemáticos. Alia<strong>da</strong> a isso vem a conscientização dos reais<br />

objetivos do “ensino” <strong>da</strong> Matemática na Educação Infantil, <strong>de</strong> forma que ele possa a<strong>de</strong>quá-<br />

-los a essa fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Os esforços <strong>de</strong>verão ser empreendidos no sentido <strong>de</strong> garantir que a criança tenha tido a<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vivenciar todo tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> sem constrangimento e não, simplesmente,<br />

<strong>de</strong> antecipar o ensino <strong>de</strong> noções matemáticas do Ensino Fun<strong>da</strong>mental para a Educação Infantil,<br />

como tem prevalecido a tendência atual.<br />

Referências<br />

KAMII, C. A criança e o Número - implicações educacionais <strong>da</strong> teoria <strong>de</strong> Piaget para a atuação junto a Escolares<br />

<strong>de</strong> 4 a 6 anos. Campinas: Papirus, 1984.<br />

KAMII, C.; DEVRIES, R. Jogos <strong>de</strong> Grupo na Educação Infantil - implicações <strong>da</strong> teoria <strong>de</strong> Piaget. São<br />

Paulo: Trajetória Cultural. 1991.<br />

PIAGET, J. Para on<strong>de</strong> vai a educação? Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livraria José Olympio, 1976.<br />

SCRIPTORI, C. C. A matemática na Educação Infantil: uma visão piagetiana. In: GUIMARÃES, C. M. (org.)<br />

Perspectivas para a Educação Infantil. Araraquara, SP: Junqueira & Marin, 2005.<br />

SOUZA, C. S. <strong>de</strong>. Um, dois... feijão com arroz. Três, quatro... feijão no prato: A matemática na Pré-Escola.<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. Campinas: UNICAMP. 1988.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


Bibliogr afia<br />

PIAGET, J.; SZEMINSKA, A. A Gênese do Número na Criança. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Zahar, 1975, p. 12.<br />

PIAGET, J. Como as crianças formam conceitos matemáticos. In: MORSE, W. C.; WINGO, G. M. (org.). Leituras<br />

<strong>de</strong> Psicologia Educacional. São Paulo: Companhia Editora Nacional, Editora <strong>da</strong> USP, 1968.<br />

Saiba Mais<br />

155<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


156<br />

Bloco1<br />

Formação Geral<br />

Módulo 3<br />

Educação Infantil: Princípios e Fun<strong>da</strong>mentos<br />

Caros alunos!<br />

Agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> primeira semana<br />

25/04/2011 a 01/05/2011<br />

A linguagem é produção humana aconteci<strong>da</strong> na história;<br />

produção que - construí<strong>da</strong> nas interações sociais, nos di-<br />

álogos vivos - permite pensar as <strong>de</strong>mais ações e a si pró-<br />

pria, constituindo a consciência. (KRAMER, 1993, p.103)<br />

Iniciamos, hoje, mais uma disciplina em nosso Curso <strong>de</strong> Pe<strong>da</strong>gogia Semipresencial, <strong>da</strong><br />

UNESP/UNIVESP, a disciplina D14 – “Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem<br />

Expressivas e Comunicativas”.<br />

As aulas e as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> primeira semana <strong>de</strong>sta Disciplina têm a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> promover<br />

a discussão e a reflexão sobre o papel <strong>da</strong> creche e <strong>da</strong> pré-escola e dos profissionais que<br />

atuam nestes espaços perante as diferentes formas <strong>de</strong> linguagem que a criança pequena<br />

lança mão para interagir com o mundo a sua volta, para elaborar as informações presen-<br />

tes na cultura e para se constituir como sujeito. Também, preten<strong>de</strong>-se que você construa a<br />

compreensão <strong>da</strong> linguagem como forma <strong>de</strong> expressão, comunicação, representação e <strong>de</strong><br />

interação social. Os conteúdos foram propostos <strong>de</strong> modo que você principie a articulação <strong>de</strong><br />

conceitos teóricos ao trabalho prático com as linguagens expressivas na creche e na pré-<br />

-escola sem relegar a necessária articulação <strong>da</strong>s três funções: lúdico-criativa, comunicativa<br />

e representativa.<br />

Na primeira aula presencial, faremos a apresentação <strong>da</strong> disciplina e trabalharemos com o<br />

papel <strong>da</strong> educação infantil e <strong>de</strong> seus profissionais em relação às diferentes formas <strong>de</strong> lingua-<br />

gem <strong>da</strong> criança pequena.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

O objetivo central <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> aula presencial é promover o estudo <strong>da</strong> origem <strong>da</strong> linguagem<br />

compreendi<strong>da</strong> como interação, discutir a linguagem como forma <strong>de</strong> expressão, comunicação,<br />

representação e <strong>de</strong> interação social e promover o seu contato com o trabalho prático, e com<br />

as linguagens expressivas na creche e na pré-escola, além <strong>de</strong> continuar a chamar sua aten-<br />

ção a necessária articulação <strong>da</strong>s três funções: lúdico-criativa, comunicativa e representativa.<br />

Para tanto, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s serão distribuí<strong>da</strong>s ao longo <strong>de</strong> encontros presen-<br />

ciais e períodos virtuais. Durante esta primeira semana, vocês po<strong>de</strong>rão entregar suas ativi<strong>da</strong>-<br />

<strong>de</strong>s, sem <strong>de</strong>scontos em nota, até domingo, dia 01 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011, às 23h55. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

entregues fora do prazo estabelecido entrarão no período <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> prazos que<br />

termina no dia 01 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011, às 23h55, e terão suas notas avalia<strong>da</strong>s com <strong>de</strong>scontos<br />

(consultem o Manual do Aluno). Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s entregues após esse prazo não serão avalia<strong>da</strong>s.<br />

Por isto, aconselhamos que não <strong>de</strong>ixem para postar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> última hora.<br />

Vejam abaixo as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s programa<strong>da</strong>s para a semana:<br />

Disciplina 14<br />

Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem Expressivas e Comunicativas


1ª Aula Presencial – 25/04/2011 – 2ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 01 – Apresentação geral <strong>da</strong> disciplina.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 02 – Assistir a entrevista <strong>de</strong> apresentação <strong>da</strong> Disciplina D14, com a Professora<br />

Célia Guimarães.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 03 – Estudo sobre o papel <strong>da</strong> educação infantil e <strong>de</strong> seus profissionais em relação<br />

às diferentes formas <strong>de</strong> expressão e <strong>de</strong> comunicação <strong>da</strong> criança pequena.<br />

1º Período Virtual – 26 e 27/04/2011 – 3ª e 4ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 04 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o complementar - “A invenção <strong>da</strong> infância” e fazer um passeio<br />

cultural virtual - “A criança na Arte”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 05 – Estudo do texto complementar - “Educação Infantil: instituições, funções e<br />

propostas”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 06 – Leitura do texto 02 – “Linguagem e mundo: ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas como<br />

construção <strong>de</strong> sentidos”.<br />

2ª Aula Presencial – 28/04/2011 – 5ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 07 – Síntese <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias-chave <strong>da</strong> primeira aula e discussão com o grupo com<br />

base no texto 02.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 08 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 01 – “Linguagem e mundo” e sistematizar as discussões.<br />

2º Período Virtual – 29 e 30/04/2011 e 01/05/2011 – 6ª feira, sábado e domingo<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 09 – Leitura e síntese <strong>de</strong> textos complementares.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 10 – Leitura do texto 03 – “A linguagem oral e as crianças – possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

trabalho na educação infantil”.<br />

Importante! Para a realização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s próximas semanas, vocês precisarão<br />

provi<strong>de</strong>nciar amostras <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos por crianças <strong>de</strong> creches e pré-escolas.<br />

Observem abaixo os temas que <strong>de</strong>verão ser coletados e as <strong>da</strong>tas em que trabalharão com<br />

esse material:<br />

Para a realização <strong>da</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 26, na aula presencial do dia 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011, vocês<br />

<strong>de</strong>verão levar amostras <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos feitos por crianças entre zero e cinco anos.<br />

Para a realização <strong>da</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 38 - aula presencial do dia 19 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011 -, vocês<br />

<strong>de</strong>verão levar um exemplo, pelo menos, <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que promova o encontro <strong>da</strong>s crianças<br />

com a linguagem escrita.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 50 - aula presencial do dia 26 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011 -, vocês <strong>de</strong>verão levar um exem-<br />

plo, pelo menos, <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que professores, geralmente, propõem para trabalhar a lingua-<br />

gem matemática. Qualquer problema, por favor, entrem em contato com seu Orientador <strong>de</strong><br />

Disciplina. Boa semana!<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Avaliativas<br />

157<br />

Saiba Ma<br />

Saiba Mai<br />

Saiba Ma<br />

Saiba Mai<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Saiba Ma<br />

Saiba Mai<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


158<br />

1ª Aula Presencial – 25/04/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> 1ª Semana<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 01 – Apresentação geral <strong>da</strong> disciplina.<br />

Antes <strong>da</strong> entrevista <strong>de</strong> apresentação <strong>da</strong> disciplina, propomos a leitura e discussão do poe-<br />

ma “As cem linguagens”:<br />

As cem linguagens<br />

”A criança é feita <strong>de</strong> cem. A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem<br />

modos <strong>de</strong> pensar, <strong>de</strong> jogar e <strong>de</strong> falar. Cem, sempre cem modos <strong>de</strong> escutar<br />

as maravilhas <strong>de</strong> amar. Cem alegrias para cantar e compreen<strong>de</strong>r. Cem mun-<br />

dos para <strong>de</strong>scobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar.<br />

A criança tem cem linguagens (e <strong>de</strong>pois, cem, cem, cem), mas roubaram-<br />

-lhe noventa e nove. A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo.<br />

Dizem-lhe: <strong>de</strong> pensar sem as mãos, <strong>de</strong> fazer sem a cabeça, <strong>de</strong> escutar e<br />

<strong>de</strong> não falar, <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r sem alegrias, <strong>de</strong> amar e maravilhar-se só na<br />

Páscoa e no Natal. Dizem-lhe: <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir o mundo que já existe e <strong>de</strong> cem,<br />

roubaram-lhe noventa e nove. Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e a fantasia, a ciência e a imaginação, o céu e a terra, a razão e o sonho, são<br />

coisas que não estão juntas. Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança<br />

diz: ao contrário, as cem existem. “<br />

(EDWARDS, Carolyn et al. As cem linguagens <strong>da</strong> criança: a abor<strong>da</strong>gem<br />

<strong>de</strong> Reggio Emilia na Educação <strong>da</strong> primeira Infância. Tradução Dayse Batista.<br />

Porto Alegre: Artmed, 1999).<br />

Durante a discussão proposta acima e sob a coor<strong>de</strong>nação do Orientador <strong>de</strong> Disciplina, o<br />

grupo verbalizará (o orientador registrará os comentários em um cartaz que <strong>de</strong>verá perma-<br />

necer em classe no <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> disciplina e será retomado na aula em que farão a revisão<br />

<strong>da</strong> disciplina antes <strong>da</strong> prova final) o que precisa apren<strong>de</strong>r sobre o tema <strong>de</strong>sta disciplina. O<br />

objetivo é explicitar hipóteses e conhecimentos prévios do grupo que servirão como conecto-<br />

res entre o conhecimento antigo e o novo a ca<strong>da</strong> tema a ser trabalhado. Por isto, no <strong>de</strong>correr<br />

<strong>de</strong>ste momento e <strong>de</strong>ste encontro, o Orientador <strong>de</strong> Disciplina fará algumas instigações que<br />

terão como objetivo conectá-lo a antigas crenças, (pré)conceitos, conhecimentos e experiên-<br />

cias que você já possui sobre o tema em estudo.<br />

Posteriormente, a professora Célia Mª Guimarães fará a apresentação geral <strong>da</strong> Disciplina,<br />

<strong>de</strong>stacando os vários aspectos que trataremos ao longo dos encontros, bem como a obser-<br />

vação <strong>da</strong>s muitas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s ofereci<strong>da</strong>s.<br />

Em segui<strong>da</strong>, o grupo fará o estudo do texto 01 – “Educação Infantil e arte: sentidos e<br />

práticas possíveis”, disponibilizado na Ferramenta Leituras ou diretamente em seu ca<strong>de</strong>r-<br />

no <strong>de</strong> <strong>formação</strong>.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 02 - Assistir à entrevista <strong>de</strong> apresentação <strong>da</strong> Disciplina D14, com a<br />

Professora Célia Guimarães.<br />

Tomando como referência o conteúdo proposto para a introdução <strong>da</strong> disciplina e os pontos<br />

indicados por seus Orientadores, vamos assistir à entrevista <strong>de</strong> apresentação <strong>da</strong> discipli-<br />

na D14 – Educação Infantil: Diferentes formas <strong>de</strong> Linguagens Expressivas e Comuni-<br />

cativas, na qual a professora Célia Guimarães apresentará a disciplina.<br />

Assistam então, às 20h, em sua TV digital, à programação <strong>da</strong> UNIVESP TV.<br />

Leiam a apresentação geral <strong>da</strong> disciplina e tirem as dúvi<strong>da</strong>s com seus Orientadores <strong>de</strong><br />

Disciplina e, se quiserem enviar uma questão à Professora Célia, peçam ao seu Orientador<br />

<strong>de</strong> Disciplina que a redirecione. Posteriormente, essa apresentação e as respostas envia<strong>da</strong>s<br />

pela Professora Célia serão disponibiliza<strong>da</strong>s no <strong>Acervo</strong> <strong>Digital</strong>. O link será disponibilizado por<br />

seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 03 - Estudo sobre o papel <strong>da</strong> educação infantil e <strong>de</strong> seus profissionais em<br />

relação às diferentes formas <strong>de</strong> expressão e comunicação <strong>da</strong> criança pequena.<br />

Discutam o conteúdo do texto 01 – “Educação Infantil e arte: sentidos e práticas pos-<br />

síveis” em grupos <strong>de</strong> quatro ou cinco alunos e discutam sobre a seguinte questão:<br />

Por que os profissionais <strong>da</strong> educação infantil repetem práticas pe<strong>da</strong>gógicas<br />

que <strong>de</strong>srespeitam o direito <strong>da</strong> criança pequena ao acesso às várias formas<br />

<strong>de</strong> linguagem na creche e na pré-escola?<br />

O estudo <strong>de</strong>verá ser realizado tomando os objetivos <strong>de</strong>sta aula como pontos norteadores<br />

dos aspectos a serem observados e trabalhados. Esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> partirá <strong>da</strong> leitura prévia indi-<br />

vidual realiza<strong>da</strong> extraclasse.<br />

Após a discussão, o Orientador <strong>de</strong> Disciplina coor<strong>de</strong>nará a organização <strong>da</strong> síntese oral e<br />

escrita sobre as principais questões explicita<strong>da</strong>s por meio <strong>da</strong>s Saiba respostas Mais <strong>da</strong><strong>da</strong>s à pergunta<br />

acima. Nesse momento, Orientador e alunos <strong>de</strong>verão retornar aos conhecimentos prévios<br />

(anotados no cartaz) e às hipóteses do grupo para verificação Saiba <strong>da</strong>quilo Mais<br />

que já foi possível<br />

resolver e, assim, pontuarão as questões que permanecerem para os estudos posteriores.<br />

Novas questões po<strong>de</strong>rão ser inclusas.<br />

1° Período Virtual – 26 e 27/04/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 04 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o complementar - “A invenção <strong>da</strong> infância” e fazer um<br />

passeio cultural virtual - “A criança na Arte”.<br />

Para assistirem ao ví<strong>de</strong>o complementar - “A invenção <strong>da</strong> infância”, com direção <strong>de</strong> Lilia-<br />

na Sulzbac, acessem: http://www.planetaeducacao.com.br. No ícone “Colunas”, cliquem em<br />

“Porta Curtas Petrobrás” e, em segui<strong>da</strong>, no título acima.<br />

A exposição virtual “A criança na Arte” preten<strong>de</strong> mostrar como a criança vem sendo retra-<br />

ta<strong>da</strong> nas obras <strong>de</strong> arte ao longo <strong>da</strong> história. O objetivo é que vocês observem a concepção <strong>de</strong><br />

159<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


160<br />

infância e <strong>de</strong> criança presente nas obras <strong>de</strong> arte, além <strong>de</strong> interagir com este tipo <strong>de</strong> linguagem.<br />

Acessem, então, http://www.culturainfancia.com.br/portal. No ícone “exposições”, cliquem em<br />

“Artes Plásticas” e, em segui<strong>da</strong>, em “Exposição” - “A criança na Arte” - “Partes I e II”.<br />

O objetivo <strong>da</strong>s tarefas é que vocês percebam a existência <strong>da</strong>s muitas infâncias e<br />

reflitam a respeito, observando as próprias concepções.<br />

Observação: Vocês po<strong>de</strong>m acessar “A invenção <strong>da</strong> infância”, também por meio dos se-<br />

guintes links:<br />

1ª parte - http://www.youtube.com/watch?v=02ziUbI7h6U<br />

2ª parte - http://www.youtube.com/watch?v=725NIeNN8I0<br />

3ª parte - http://www.youtube.com/watch?v=vQvx5VucjUs<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 05 – Estudo do texto complementar - “Educação Infantil: instituições,<br />

funções e propostas”.<br />

O texto <strong>de</strong> Maria Fernan<strong>da</strong> Rezen<strong>de</strong> Nunes, “Educação Infantil: instituições, funções e<br />

propostas”. 2006, p. 14-27, encontra-se disponível em: www.tvebrasil.com.br/salto.<br />

Para acessá-lo, sigam o link indicado e procurem o ícone “Textos”. Em segui<strong>da</strong>, cliquem em<br />

Publicações Eletrônicas - ano <strong>de</strong> 2006 e, <strong>de</strong>pois, no título “O cotidiano na educação infantil”.<br />

Leiam o texto do Programa 1 - “Educação Infantil: instituições, funções e propostas”.<br />

O objetivo é que vocês a<strong>de</strong>ntrem na temática <strong>de</strong>sta disciplina, comecem a estabele-<br />

cer contato com a discussão sobre as diferentes formas <strong>de</strong> expressão e comunicação<br />

e reflitam sobre o papel do professor/gestores <strong>da</strong> creche e <strong>da</strong> pré-scola em relação ao<br />

trabalho com as várias formas <strong>de</strong> linguagem na educação infantil.<br />

Após fazer o passeio virtual, assistir ao ví<strong>de</strong>o complementar, ler o texto e retomar<br />

as i<strong>de</strong>ias importantes do texto trabalhado na 1ª aula presencial, elaborem um texto<br />

síntese, manifestando suas reflexões com base na provocação veicula<strong>da</strong> pelo título:<br />

“Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...”<br />

Postem seus arquivos no Portfólio Individual, com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>05. Esta não é uma<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa, mas ela contribuirá para seus estudos e vocês a utilizarão na prova final.<br />

Leituras complementares:<br />

• Uma exposição virtual que mostra a arte contemporânea para o público infantil. Dis-<br />

ponível em: http://www.culturainfancia.com.br/portal – exposições - artes plásticas. Cli-<br />

quem em exposição: arte pra crianças.<br />

• O jogo “Aca<strong>de</strong>mismo: Missão Imperdível”. Acessem: http://www.itaucultural.org.<br />

br. Cliquem em enciclopédias e, <strong>de</strong>pois, em percursos educativos, e joguem.<br />

Aju<strong>de</strong>m a agente Lud K. a resgatar quadros e conheçam a pintura acadêmica do Brasil.


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 06 – Leitura do texto 02 – “Linguagem e mundo: ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas<br />

como construção <strong>de</strong> sentidos”.<br />

Leiam o texto 02 - “Linguagem e mundo: ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas como construção <strong>de</strong><br />

sentidos”, <strong>da</strong> professora Maria Angélica Freire <strong>de</strong> Carvalho, e façam anotações dos pontos<br />

que <strong>de</strong>sejarem colocar em discussão em classe. Destaquem também as i<strong>de</strong>ias centrais do<br />

texto organizando suas anotações por escrito.<br />

Texto disponibilizado na Ferramenta Leituras ou diretamente em seu ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>formação</strong>.<br />

2ª Aula Presencial – 28/04/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 07 – Síntese <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias-chave <strong>da</strong> primeira aula e discussão com a classe<br />

com base no texto 02.<br />

Seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina fará uma síntese <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias-chave <strong>da</strong> primeira aula e promo-<br />

verá uma discussão com o grupo, tomando como referência o texto 02 - “Linguagem e mun-<br />

do: ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas como construção <strong>de</strong> sentidos”. A discussão <strong>de</strong>verá resultar<br />

no registro <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias centrais <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s pelos alunos na lousa, bem como as questões<br />

propostas pelo grupo. O Orientador <strong>de</strong> Disciplina proporá que, ao discutirem, tenham como<br />

objetivo refletir sobre a linguagem como interação do homem com seu contexto, com o outro<br />

e com a cultura.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 08 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 01 - “Linguagem e mundo” e sistematizar as<br />

discussões.<br />

Assistam ao ví<strong>de</strong>o 01 – “Linguagem e mundo”, veiculado pela UNIVESP TV, que trata <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas como construção <strong>de</strong> sentidos. No ví<strong>de</strong>o, profissionais entrevistados<br />

abor<strong>da</strong>m as três funções <strong>da</strong>s diferentes formas <strong>de</strong> linguagem na infância: a lúdico-criativa,<br />

a comunicativa e a representativa. Faz-se necessário observar que esta discussão estará<br />

sempre articula<strong>da</strong> a um entendimento <strong>de</strong> infância/criança e a uma função <strong>da</strong> educação infan-<br />

til neste momento histórico que vivemos. Sendo assim, procurem fazer anotações com base<br />

nestes aspectos, além <strong>da</strong>queles que mais lhes interessarem.<br />

Ví<strong>de</strong>o disponibilizado na Ferramenta Material <strong>de</strong> Apoio – Pasta Ví<strong>de</strong>os ou pelo Portal<br />

Acadêmico, link Ví<strong>de</strong>os.<br />

Assim, para organizarem melhor seu trabalho, será fun<strong>da</strong>mental elaborarem a ori-<br />

gem <strong>da</strong> linguagem enquanto interação e entendê-la, na educação infantil, como forma <strong>de</strong><br />

expressão, comunicação, representação e interação social.<br />

A partir <strong>da</strong>s discussões anteriores e <strong>de</strong> suas anotações sobre o ví<strong>de</strong>o 01 – “Linguagem e<br />

mundo”, trabalhem em grupos <strong>de</strong> quatro alunos, façam uma breve síntese <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias princi-<br />

pais sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista as observações que fizemos anteriormente. Socializem o trabalho e<br />

discutam com a classe. Façam correções quando necessário e encerrem com uma síntese<br />

coletiva.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

161<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


162<br />

Postem a produção do grupo já corrigi<strong>da</strong>, em seus Portfólios <strong>de</strong> Grupo com o título,<br />

D14_ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>08.<br />

Observação: A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser posta<strong>da</strong> até domingo, dia 01 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011. Quere-<br />

mos enfatizar que a discussão com a classe <strong>de</strong>ve prevalecer sobre a inserção <strong>da</strong>s respostas<br />

nos Portfólios <strong>de</strong> Grupo. Mas fiquem atentos ao prazo <strong>de</strong> entrega.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação – Compartilhar com<br />

Valor <strong>da</strong> nota: 10,00 Peso: 3<br />

Tipo <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Em grupo.<br />

Objetivos:<br />

formadores – Formar grupos na plataforma.<br />

• Elaborar a origem <strong>da</strong> linguagem como interação, além <strong>de</strong> entendê-la, na educação<br />

infantil, como forma <strong>de</strong> expressão, comunicação, representação e interação social.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (Manual do Aluno).<br />

• Demonstrar a compreensão <strong>da</strong> linguagem como forma <strong>de</strong> interação social. Saiba Mais<br />

• Demonstrar a compreensão <strong>da</strong> linguagem na educação infantil como forma <strong>de</strong> expres-<br />

são, comunicação, representação.<br />

• Ser capaz <strong>de</strong> articular os conteúdos à futura atuação profissional.<br />

• Entrega <strong>de</strong>ntro do prazo estabelecido.<br />

2° Período Virtual – 29 e 30/04/2011 e 01/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 09 – Leitura e síntese <strong>de</strong> textos complementares.<br />

Vamos refletir sobre a importância <strong>da</strong> compreensão do sentido <strong>da</strong>s produções simbólicas<br />

infantis, principalmente para a elaboração <strong>de</strong> propostas pe<strong>da</strong>gógicas, lendo o texto - “As<br />

produções simbólicas <strong>da</strong>s crianças e a <strong>formação</strong> <strong>da</strong>s professoras: indicativos a partir<br />

<strong>de</strong> uma investigação”, escrito por Ângela Maria Scalabrin Coutinho, Andréa Simões Rivero<br />

e Rosa Batista, publicado na revista Zero-a-seis, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />

Acessem http://www.periodicos.ufsc.br/in<strong>de</strong>x.php/zeroseis - número 21 - janeiro/julho 2010,<br />

e abram o arquivo que contém o texto indicado acima.<br />

Leiam, também, o texto escrito pela Drª Susana Rangel Vieira <strong>da</strong> Cunha, intitulado “As ima-<br />

gens na Educação Infantil: Uma abor<strong>da</strong>gem a partir <strong>da</strong> Cultura Visual”. Acessem http://<br />

www.culturainfancia.com.br, cliquem em “arte-educação” e, em segui<strong>da</strong>, no título acima para<br />

acessar o texto.<br />

Finaliza<strong>da</strong> a leitura, levando em conta também o conteúdo do texto 02- “Linguagem e mun-<br />

do: ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas como construção <strong>de</strong> sentidos” e do ví<strong>de</strong>o 01 – “Linguagem e mun-<br />

do”, trabalhados na segun<strong>da</strong> aula presencial, <strong>de</strong>staquem as i<strong>de</strong>ias e princípios que julga-<br />

rem fun<strong>da</strong>mentais ao trabalho do professor <strong>da</strong> Educação Infantil referente às várias formas<br />

<strong>de</strong> linguagem.<br />

Saiba Mais


Postem suas sínteses no Portfólio Individual, com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>09.<br />

Valor: 10,00 Peso: 1<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação – Compartilhar com<br />

Tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Individual<br />

Objetivo:<br />

formadores<br />

• Estabelecer os princípios fun<strong>da</strong>mentais ao trabalho do professor/gestor <strong>da</strong> Educação<br />

Infantil referente à forma <strong>de</strong> linguagem estu<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (manual do aluno).<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sintetizar i<strong>de</strong>ias-chave do conteúdo estu<strong>da</strong>do.<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionar o conteúdo com a futura atuação profissional, apontando<br />

princípios fun<strong>da</strong>mentais ao trabalho dos profissionais.<br />

• Participação <strong>de</strong>ntro do prazo estipulado.<br />

Leituras complementares:<br />

• Episódio <strong>da</strong> série <strong>de</strong> animação “A Galeria <strong>de</strong> Arte <strong>de</strong> Massinha”, que apresenta as<br />

obras <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s pintores às crianças, introduzindo-as no universo artístico. Disponível<br />

em: http://tvescola.mec.gov.br. Acessem e cliquem em vi<strong>de</strong>oteca, procurem o título: Al-<br />

berto Giacometti. Cliquem sobre este título. Há outros ví<strong>de</strong>os <strong>de</strong>sta mesma série para<br />

os pequenos.<br />

• O ví<strong>de</strong>o: Cultura Infantil a luz <strong>de</strong> Loris Malaguzzi. Disponível em: http://www.youtube.<br />

com.br.<br />

• O texto: O jogo, a construção e o erro: consi<strong>de</strong>rações sobre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong><br />

linguagem na criança pré-escolar, <strong>de</strong> Ester Miriam Scarpa. Série I<strong>de</strong>ias, n. 10. São<br />

Paulo: FDE, 1992, p. 54-64. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br (clique<br />

em temas pe<strong>da</strong>gógicos – educação infantil - no título do texto).<br />

Observação: O texto “As imagens na Educação Infantil: Uma abor<strong>da</strong>gem a partir <strong>da</strong> Cultu-<br />

ra Visual” po<strong>de</strong> ser acessado também, por meio do link http://www.periodicos.ufsc.br/in<strong>de</strong>x.<br />

php/zeroseis/article/view/10896/10377.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 10 – Leitura do texto 03 – “A linguagem oral e as crianças – possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalho na educação infantil”.<br />

Leiam o texto 03 - “A linguagem oral e as crianças – possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho na<br />

educação infantil”, <strong>da</strong> professora Silvana <strong>de</strong> Oliveira Augusto, e façam anotações dos pon-<br />

tos que <strong>de</strong>sejarem discutir em classe. Destaquem, também, as i<strong>de</strong>ias centrais do texto.<br />

Texto disponibilizado na Ferramenta Leituras ou diretamente em seu ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>formação</strong>.<br />

163<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


164<br />

Bloco1<br />

Formação Geral<br />

Módulo 3<br />

Educação Infantil: Princípios e Fun<strong>da</strong>mentos<br />

Caros alunos!<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Disciplina 14<br />

Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem Expressivas e Comunicativas<br />

Agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> Segun<strong>da</strong> Semana<br />

02/05/2011 a 08/05/2011<br />

“Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira<br />

às quatro horas <strong>da</strong> tar<strong>de</strong>. Ninguém nasce educador ou<br />

marcado para ser educador. A gente se faz educador, a<br />

gente se forma, como educador, permanentemente, na<br />

prática e na reflexão sobre a prática”. (Paulo Freire, em “A<br />

educação na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>”).<br />

Na semana passa<strong>da</strong>, refletimos sobre o papel <strong>da</strong> educação infantil e dos profissionais que<br />

atuam com as crianças pequenas e dimensionamos o sentido <strong>da</strong> linguagem como forma <strong>de</strong><br />

expressão, comunicação, representação e <strong>de</strong> interação social no cotidiano <strong>da</strong>s crianças. Va-<br />

mos manter aquelas i<strong>de</strong>ias como cenário para nos <strong>de</strong>dicarmos nesta semana ao estudo do<br />

processo <strong>da</strong> aquisição e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> linguagem oral pela criança <strong>de</strong> zero a cinco<br />

anos. Também estu<strong>da</strong>remos outra forma <strong>de</strong> linguagem importante no currículo <strong>da</strong> educação<br />

infantil - a expressão corporal, enfocando especialmente o movimento. Discutiremos as<br />

experiências corporais que dialogam com as diversas formas <strong>de</strong> linguagem infantis (brinca-<br />

<strong>de</strong>iras, lúdico, culturas infantis, entre outras), observando as especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s diferentes<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s crianças que frequentam as creches e pré-escolas brasileiras.<br />

Para tanto, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s serão distribuí<strong>da</strong>s ao longo <strong>de</strong> encontros presen-<br />

ciais e períodos virtuais. Durante esta segun<strong>da</strong> semana, vocês po<strong>de</strong>rão entregar suas ativi-<br />

<strong>da</strong><strong>de</strong>s, sem <strong>de</strong>scontos em nota, até domingo, dia 08 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011, às 23h55. As ativi<strong>da</strong>-<br />

<strong>de</strong>s entregues fora do prazo estabelecido entrarão no período <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> prazos que<br />

termina no dia 01 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011, às 23h55, e terão suas notas avalia<strong>da</strong>s com <strong>de</strong>scontos<br />

(consultem o Manual do Aluno). Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s entregues após esse prazo não serão avalia<strong>da</strong>s.<br />

Por isto, aconselhamos que não <strong>de</strong>ixem para postar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> última hora.<br />

Vejam abaixo as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s programa<strong>da</strong>s para a semana:<br />

3ª Aula Presencial – 02/05/2011 – 2ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 11 – Estudo <strong>da</strong> linguagem oral como interação verbal, produtora <strong>de</strong> sentido e<br />

constituinte do sujeito.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 12 – Apresentação do ví<strong>de</strong>o 02 – “A linguagem oral e as crianças” e estudo do<br />

texto 03.<br />

3º Período Virtual – 03 e 04/05/2011 – 3ª e 4ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 13 – Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s complementares – sobre múltiplas linguagens.<br />

Saiba<br />

Saiba<br />

Saiba M<br />

Saiba M


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 14 – Estudo do texto complementar – “Linguagem na educação infantil: as brinca<strong>de</strong>iras<br />

com as palavras e as palavras como brinca<strong>de</strong>iras”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 15 – Leitura do texto 04 – “O movimento do corpo infantil: uma linguagem <strong>da</strong><br />

criança”.<br />

4ª Aula Presencial – 05/05/2011 – 5ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 16 – Discussão <strong>de</strong> encerramento do tema Linguagem Oral e início do trabalho<br />

sobre Linguagem Corporal.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 17 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 03 – “O movimento do corpo infantil” e elaborar síntese do<br />

tema estu<strong>da</strong>do.<br />

4º Período Virtual – 06, 07 e 08/05/2011 – 6ª feira, sábado e domingo.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 18 – Ler o texto complementar – “O teatro <strong>de</strong> animação e as crianças”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 19 – Estudo do texto complementar – “A brinca<strong>de</strong>ira como encontro <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as<br />

artes”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 20 – Leitura do texto 05 – “Entrelaçando diferentes linguagens na educação<br />

infantil: reflexões e práticas”.<br />

Qualquer problema, por favor, entrem em contato com seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina.<br />

Boa semana!<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Avaliativas<br />

165<br />

Saiba M<br />

Saiba M<br />

Saiba Mai<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Saiba Ma


166<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

3ª Aula Presencial – 02/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> 2ª Semana<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 11 - Estudo <strong>da</strong> linguagem oral como interação verbal, produtora <strong>de</strong> sentido<br />

e constituinte do sujeito.<br />

Seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina iniciará a aula coor<strong>de</strong>nando a retoma<strong>da</strong> pelo grupo <strong>da</strong>s<br />

i<strong>de</strong>ias-chave dos dois primeiros encontros, bem como dos dois primeiros períodos virtuais,<br />

pois eles funcionarão como pano <strong>de</strong> fundo para to<strong>da</strong>s as aulas seguintes. Será a<strong>de</strong>quado ter<br />

essas i<strong>de</strong>ias-chave anota<strong>da</strong>s e visíveis em classe.<br />

Nesta aula, nós nos <strong>de</strong>dicaremos, <strong>de</strong> modo especial, ao estudo sobre o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>-<br />

senvolvimento <strong>da</strong> linguagem oral pela criança <strong>de</strong> zero a cinco anos. Refletiremos sobre<br />

as ações que os professores po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver no dia a dia <strong>da</strong> creche e <strong>da</strong> pré-escola, e<br />

que intencionalmente favorecerão o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> linguagem como interação verbal e<br />

lugar <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> sentido, além <strong>de</strong> agir como constituinte do sujeito.<br />

Assim, finaliza<strong>da</strong> a discussão inicial, seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina <strong>de</strong>stacará os objetivos<br />

do tema abor<strong>da</strong>do e coor<strong>de</strong>nará o estudo do texto 03 - “A linguagem oral e as crianças –<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho na educação infantil”, articulado ao conteúdo veiculado pelo<br />

ví<strong>de</strong>o homônimo que assistiremos a seguir. Para organizar a audição do ví<strong>de</strong>o, propomos<br />

que ca<strong>da</strong> aluno anote os aspectos que mais lhe chamarem a atenção.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 12 - Apresentação do ví<strong>de</strong>o 02 – “A linguagem oral e as crianças” e estudo<br />

do texto 03.<br />

O ví<strong>de</strong>o 02 – “A linguagem oral e as crianças” trará mais algumas reflexões e i<strong>de</strong>ias<br />

sobre o tema <strong>da</strong> aula. Procurem assisti-lo, relacionando-o ao texto 03 – “A linguagem oral<br />

e as crianças – possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho na educação infantil” e à discussão anterior.<br />

Ví<strong>de</strong>o disponibilizado na Ferramenta Material <strong>de</strong> Apoio – Pasta Ví<strong>de</strong>os ou pelo Portal<br />

Acadêmico, link Ví<strong>de</strong>os.<br />

Após assistirem ao ví<strong>de</strong>o, divi<strong>da</strong>m-se em grupos <strong>de</strong> até cinco elementos para sistematizar<br />

as idéias, observando a seguinte proposta:<br />

“Se eu fosse diretor ou coor<strong>de</strong>nador pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong> educação infantil, quais<br />

implicações pe<strong>da</strong>gógicas eu retiraria do conteúdo tratado hoje no texto e no<br />

ví<strong>de</strong>o para apoiar o trabalho dos professores em relação à linguagem oral?”<br />

Apresentem para a classe, façam as discussões e correções necessárias. Encerrem com<br />

uma síntese coletiva.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

As consi<strong>de</strong>rações do grupo <strong>de</strong>verão ser posta<strong>da</strong>s no Portfólio <strong>de</strong> Grupo com o título D14_<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>12, até o dia 08 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011. Assim, se as discussões estiverem produtivas,<br />

<strong>de</strong>ixem a postagem para um momento posterior. Mas fiquem atentos ao prazo <strong>de</strong> entrega.


Finaliza<strong>da</strong>s as discussões, os grupos <strong>de</strong>verão apresentar suas produções para a classe.<br />

Seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina concluirá pontuando aspectos importantes dos conteúdos por-<br />

ventura esquecidos ou corrigindo eventuais equívocos. Para tanto, ele adotará como pontos<br />

norteadores os aspectos que <strong>de</strong>vem ser contemplados na discussão e os objetivos propostos<br />

para o tema<br />

Valor: 10.00 Peso: 3<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação – Compartilhar com<br />

Tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Em grupo<br />

formadores – Criar grupos na plataforma.<br />

Objetivo:<br />

• Relacionar o conteúdo tratado com o trabalho direcionado Saiba à criança Mais pequena.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (vi<strong>de</strong> Manual do Aluno). Saiba Mais<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retirar do conteúdo estu<strong>da</strong>do as implicações para o trabalho pe<strong>da</strong>gógico.<br />

• Entrega no prazo <strong>de</strong>terminado.<br />

3º Período Virtual – 03 e 04/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 13 - Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s complementares – sobre múltiplas linguagens.<br />

Assistam ao ví<strong>de</strong>o “O Lobisomem e o Coronel”, disponível em: http://www.<br />

planetaeducacao.com.br. Acessem o site, sigam para o ícone “Colunas”, cliquem em<br />

“porta curtas Petrobrás” e procure pelo título acima. O mesmo material encontra-se<br />

disponível em: http://www.portacurtas.com.br.<br />

Em segui<strong>da</strong>, leiam o texto “As múltiplas linguagens no cotidiano <strong>da</strong>s crianças”, escri-<br />

to por Cristiane Januário Gonçalves e Débora Andra<strong>de</strong> Antonio. Para tanto, acessem http://<br />

www.periodicos.ufsc.br/in<strong>de</strong>x.php/zeroseis e abram a edição <strong>da</strong> revista “Zero a Seis” <strong>da</strong> Uni-<br />

versi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina. No menu do lado direito, cliquem em “Procurar por<br />

Edição”, em segui<strong>da</strong>, selecionem a edição <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> Julho/Dezembro <strong>de</strong> 2007 e procurem<br />

pelo título acima.<br />

O objetivo é fazer com que vocês apreciem manifestações <strong>da</strong> linguagem fala<strong>da</strong> e reflitam a<br />

respeito <strong>da</strong>s perspectivas do trabalho com a criança pequena.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 14 – Estudo do texto complementar – “Linguagem na educação infantil: as<br />

brinca<strong>de</strong>iras com as palavras e as palavras como brinca<strong>de</strong>iras”.<br />

Para aprimorarmos os estudos sobre linguagem oral na infância, leiam o texto “Linguagem<br />

na educação infantil: as brinca<strong>de</strong>iras com as palavras e as palavras como brinca<strong>de</strong>i-<br />

ras”, escrito pela professora Patrícia Corsino, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Para tanto, acessem www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo. No ícone “Textos”, cliquem em “Pu-<br />

blicação Eletrônica”. Ao abrir a página, cliquem no ano <strong>de</strong> 2006 e no título “O cotidiano na<br />

educação infantil”. Logo que o arquivo abrir, sigam para a página 28 e leiam até a página 45.<br />

167<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


168<br />

Após a leitura, organizem um texto, contendo as indicações/alertas propostas pela autora,<br />

tratando <strong>da</strong> educação infantil e sua importância na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s crianças. Fun<strong>da</strong>mentem suas<br />

argumentações com base no conteúdo estu<strong>da</strong>do até o momento.<br />

Postem seus arquivos no Portfólio Individual com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>14.<br />

Valor: 10,00 Peso: 1<br />

Tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Individual<br />

Objetivo:<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação – Compartilhar<br />

com formadores<br />

• Relacionar o conteúdo tratado com o trabalho pe<strong>da</strong>gógico a ser <strong>de</strong>senvolvido na cre-<br />

che e na pré-escola.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (Manual do Aluno).<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retirar do conteúdo estu<strong>da</strong>do as implicações para o trabalho pe<strong>da</strong>gógico.<br />

• Entrega no prazo <strong>de</strong>terminado<br />

Leituras complementares:<br />

• O texto – “O trabalho com a linguagem oral na educação infantil”, escrito por Dania<br />

Monteiro Vieira Costa – UFES - está disponível em: http://www.anped.org.br. Acessem<br />

a página, procurem por reuniões, cliquem na 32ª reunião (2009) – trabalho - gt. 10:<br />

alfabetização, leitura e escrita, e procurem pelo título acima.<br />

• O texto – “O trabalho com consciência fonológica na educação infantil e o processo <strong>de</strong><br />

apropriação <strong>da</strong> escrita pelas crianças”, escrito por Socorro Aquino <strong>de</strong> Barros – re<strong>de</strong><br />

municipal do Recife – está disponível em: http://www.anped.org.br. Acessem a página;<br />

procurem por reuniões; cliquem na 32ª reunião (2009) – trabalho - gt. 10: alfabetização,<br />

leitura e escrita, e procurem pelo título acima.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 15 - Leitura do texto 04 – “O movimento do corpo infantil: uma linguagem<br />

<strong>da</strong> criança”.<br />

Leiam o texto 04 - “O movimento do corpo infantil: uma linguagem <strong>da</strong> criança”, dispo-<br />

nibilizado na Ferramenta Leituras ou diretamente em seu ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>formação</strong>.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ssa leitura é fazer com que vocês tenham uma noção <strong>de</strong> como se dá o traba-<br />

lho com o movimento do corpo <strong>da</strong> criança na educação infantil. Preten<strong>de</strong>-se, especialmente,<br />

que compreen<strong>da</strong>m esse movimento como uma <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> linguagem fun<strong>da</strong>mental para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento infantil, pois dimensiona as ações do professor e as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

trabalho pe<strong>da</strong>gógico na creche e na pré-escola.


4ª Aula Presencial – 05/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 16 - Discussão <strong>de</strong> encerramento do tema Linguagem Oral e início do<br />

trabalho sobre Linguagem Corporal.<br />

Seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina iniciará a aula fazendo uma breve síntese <strong>da</strong>s principais i<strong>de</strong>ias<br />

trata<strong>da</strong>s na aula anterior. Participem <strong>da</strong> discussão contribuindo com temas e opiniões a partir<br />

<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s realiza<strong>da</strong>s no período virtual passado.<br />

Em segui<strong>da</strong>, para <strong>da</strong>r início ao tema <strong>de</strong>ste encontro - Linguagem corporal -, vamos<br />

ler o texto “Um ‘causo’ acontecido por Uxa Xavier”, disponível em: .<br />

Uxa Xavier é pesquisadora, ministra curso <strong>de</strong> <strong>da</strong>nça para crianças e coor<strong>de</strong>na o “Na<strong>da</strong>n-<br />

ça”, projeto <strong>de</strong> <strong>da</strong>nça para crianças e adolescentes.<br />

Finaliza<strong>da</strong> a leitura, discutam, expondo sua opinião a respeito do “causo”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 17 - Assistir ao ví<strong>de</strong>o 03 – “O movimento do corpo infantil” e elaborar<br />

síntese do tema estu<strong>da</strong>do.<br />

Assistam agora ao ví<strong>de</strong>o 03 – “O movimento do corpo infantil”, veiculado pela UNIVESP<br />

TV. O ví<strong>de</strong>o encontra-se disponibilizado, também, na Ferramenta Material <strong>de</strong> Apoio – Pasta<br />

Ví<strong>de</strong>os, ou ain<strong>da</strong>, no Portal Acadêmico, link Ví<strong>de</strong>os.<br />

Após a apresentação do ví<strong>de</strong>o, formem grupos <strong>de</strong> quatro ou cinco elementos, para <strong>de</strong>sta-<br />

car os pontos que consi<strong>de</strong>ram fun<strong>da</strong>mentais ao trabalho do professor/gestor <strong>da</strong> creche e <strong>da</strong><br />

pré-escola. Em segui<strong>da</strong>, discutam com a classe os aspectos principais do tema <strong>de</strong>sta aula<br />

com base no texto 04 – “O movimento do corpo infantil: uma linguagem <strong>da</strong> criança”. O<br />

objetivo <strong>de</strong>ssa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> é estabelecer as relações entre os conteúdos do ví<strong>de</strong>o 03, do texto<br />

04 e do texto “Um ‘causo’ acontecido por Uxa Xavier”, visando promover a participação<br />

<strong>de</strong> todos, <strong>de</strong> modo que manifestem suas opiniões sobre o tema, relatem experiências vivi<strong>da</strong>s<br />

e não vivi<strong>da</strong>s com o movimento, a expressão corporal.<br />

Finaliza<strong>da</strong>s as discussões, façam uma síntese dos pontos estu<strong>da</strong>dos na aula e postem<br />

suas produções no Portfólio <strong>de</strong> Grupo, com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>17.<br />

Observação: Esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser posta<strong>da</strong> até domingo, dia 08 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011. Que-<br />

remos enfatizar que a discussão com a classe <strong>de</strong>ve prevalecer sobre a inserção <strong>da</strong>s respos-<br />

tas nos Portfólios <strong>de</strong> Grupo. Mas fiquem atentos ao prazo <strong>de</strong> entrega.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação – Compartilhar com<br />

Valor <strong>da</strong> nota: 10,00 Peso: 3<br />

Tipo <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Em grupo.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

formadores – Formar grupos na plataforma.<br />

169<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


170<br />

Objetivos:<br />

• Sistematizar os aspectos fun<strong>da</strong>mentais do tema estu<strong>da</strong>do e verificar possíveis lacunas<br />

ou equívocos em relação ao conteúdo.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (Manual do Aluno).<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sintetizar e relacionar i<strong>de</strong>ias-chave do conteúdo Saiba estu<strong>da</strong>do. Mais<br />

• Relacionar o conteúdo estu<strong>da</strong>do com a futura atuação profissional na creche e na pré-<br />

-escola.<br />

• Entrega <strong>de</strong>ntro do prazo estabelecido.<br />

• Cumprimento <strong>da</strong> proposta.<br />

4º Período Virtual – 06, 07 e 08/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 18 - Ler o texto complementar – “O teatro <strong>de</strong> animação e as crianças”.<br />

Leiam o texto - “O teatro <strong>de</strong> animação e as crianças”, escrito por Henrique Sitchin (ator,<br />

autor e diretor teatral <strong>da</strong> Cia. TRUKS - Teatro <strong>de</strong> Bonecos e coor<strong>de</strong>nador do Centro <strong>de</strong><br />

Estudos e Práticas do Teatro <strong>de</strong> Animação <strong>de</strong> São Paulo). Para tanto, acessem http://<br />

www.culturainfancia.com.br. Em segui<strong>da</strong>, no ícone “Artes”, cliquem em “Artes Cênicas” - “Te-<br />

atro <strong>de</strong> animação” e no título do texto acima.<br />

Após lerem o texto, façam um passeio cultural virtual, visitando o site http://www.<br />

sandraguinle.com.br e explorando as informações ofereci<strong>da</strong>s, observando as imagens,<br />

confrontando com outras informações já recebi<strong>da</strong>s.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 19 – Estudo do texto complementar – “A brinca<strong>de</strong>ira como encontro <strong>de</strong><br />

to<strong>da</strong>s as artes”.<br />

Para lerem o texto escrito pela professora Maria Teresa Jaguaribe <strong>de</strong> Moura, “A brinca-<br />

<strong>de</strong>ira como encontro <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as artes”, acessem: www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo.<br />

Em segui<strong>da</strong>, no ícone “Textos”, cliquem em “Publicação eletrônica”. Ao abrirem a página,<br />

cliquem no ano <strong>de</strong> 2006 e no título “O cotidiano na educação infantil”. Logo que o arquivo<br />

abrir siga para a página 55 e leia até a página 67.<br />

Retomem o texto 04, “O movimento do corpo infantil: uma linguagem <strong>da</strong> criança”.<br />

Inspirados pelas reflexões realiza<strong>da</strong>s, escrevam individualmente um protesto. Para tanto,<br />

voltem no tempo em que foram crianças e escrevam para os professores e gestores <strong>da</strong>s<br />

creches e pré-escolas brasileiras, tomando como referência e título <strong>de</strong> seu texto a coman<strong>da</strong>:<br />

“[...] as cem linguagens existem.... não separem mais meu corpo <strong>de</strong> minha<br />

cabeça!”<br />

Postem sua produção no Portfólio Individual com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>19.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação –<br />

Compartilhar com formadores<br />

Saiba Mais


Valor <strong>da</strong> nota: 10,00 Peso: 1<br />

Tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Individual<br />

Objetivo:<br />

• Relacionar o conteúdo estu<strong>da</strong>do com as práticas educativas a serem <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s<br />

com a criança pequena na creche e na pré-escola.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (Manual do Aluno).<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retirar do conteúdo estu<strong>da</strong>do reflexões críticas fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s para o<br />

trabalho pe<strong>da</strong>gógico.<br />

• Relacionar reflexões críticas ao trabalho com a criança pequena.<br />

• Criação própria.<br />

• Entrega no prazo <strong>de</strong>terminado.<br />

Leituras complementares:<br />

• Livro/DVD <strong>da</strong> Oficina Brincando na Diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> - Cultura na Infância. A Secretaria <strong>da</strong><br />

I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> Diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> Cultural do Ministério <strong>da</strong> Cultura (SID/MinC), em parceria<br />

com a Fun<strong>da</strong>ção Orsa, a Re<strong>de</strong> Cultura Infância e o Serviço Social do Comércio <strong>de</strong><br />

São Paulo (SESCSP), lançou a publicação Oficina Brincando na Diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> - Cultura<br />

na Infância. Disponível em: http://www.culturainfancia.com.br/portal (clique em eixos<br />

transversais – políticas públicas – no título acima)<br />

• O texto: “Educação e a fábrica <strong>de</strong> corpos: a <strong>da</strong>nça na escola”. Márcia Strazzacappa.<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong>s Ce<strong>de</strong>s. vol. 21. n. 53. Campinas, abr, 2001.<br />

disponível em: http://www.scielo.br. Artigo sobre a questão <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça e do movimento<br />

na educação formal.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 20 – Leitura do texto 05 – “Entrelaçando diferentes linguagens na educação<br />

infantil: reflexões e práticas”.<br />

Leiam o texto 05 – “Entrelaçando diferentes linguagens na educação infantil: refle-<br />

xões e práticas”, disponibilizado na Ferramenta Leituras ou em seu ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> for-<br />

mação e anotem os pontos que <strong>de</strong>sejarem colocar em discussão na próxima aula, além <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stacar as i<strong>de</strong>ias centrais do mesmo.<br />

171<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


172<br />

Bloco1<br />

Formação Geral<br />

Módulo 3<br />

Educação Infantil: Princípios e Fun<strong>da</strong>mentos<br />

Caros alunos!<br />

Agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> Terceira Semana<br />

09/05/2011 a 15/05/2011<br />

O <strong>de</strong>senho para a criança é o momento on<strong>de</strong> se con-<br />

cretizam pensamentos e <strong>de</strong>senvolvem-se relações com<br />

o seu meio ambiente. Enten<strong>de</strong>r o conceito <strong>de</strong> arte e as<br />

suas relações com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> aju<strong>da</strong>-nos a compreen<strong>de</strong>r<br />

o processo mental infantil. (Célia Ceschin Silva Pereira e<br />

Maryahn Koehler Silva, 2011).<br />

Nesta semana, abor<strong>da</strong>remos a expressão e produção visual e plástica na educação infantil.<br />

As propostas têm o objetivo <strong>de</strong> promover seu contato com mais um aspecto fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong><br />

Área Curricular <strong>da</strong> Educação Infantil que reúne as diferentes formas <strong>de</strong> linguagem - a ex-<br />

pressão plástica e visual como forma <strong>de</strong> interlocução <strong>da</strong> criança na família, na creche e pré-<br />

-escola, e na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>remos apren<strong>de</strong>r sobre a importância <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> linguagem<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento estético e integral <strong>da</strong> criança pequena e refletir sobre as várias ma-<br />

nifestações plásticas e visuais <strong>de</strong> nossa cultura e sobre a produção <strong>de</strong> cultura pela criança.<br />

Temos a intenção <strong>de</strong> que você compreen<strong>da</strong> a expressão e a produção visual, e plásti-<br />

ca como experiência essencial <strong>da</strong> existência do ser humano, <strong>de</strong> tal forma que ele procura<br />

se aproximar sempre <strong>de</strong>la, como criador ou como receptor. Com base neste entendimento,<br />

esperamos que você dimensione a intervenção do professor como elemento facilitador no<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> linguagem plástica e visual. A proposta para o segundo<br />

encontro <strong>da</strong> semana é a <strong>de</strong> que vocês, ao a<strong>de</strong>ntrarem o mundo do <strong>de</strong>senho infantil, com-<br />

preen<strong>da</strong>m esta linguagem como forma <strong>de</strong> interlocução <strong>da</strong> criança na família, na escola e<br />

na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e sejam capazes <strong>de</strong> elaborar a crítica fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> aos <strong>de</strong>senhos estere-<br />

otipados. Para tanto, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s serão distribuí<strong>da</strong>s ao longo <strong>de</strong> encontros<br />

presenciais e períodos virtuais.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Durante esta terceira semana, vocês po<strong>de</strong>rão entregar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, sem <strong>de</strong>scontos em<br />

nota, até domingo, dia 15 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011, às 23h55. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s entregues fora do prazo<br />

estabelecido entrarão no período <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> prazos que termina no dia 01 <strong>de</strong> junho<br />

<strong>de</strong> 2011, às 23h55, e terão suas notas avalia<strong>da</strong>s com <strong>de</strong>scontos (consultem o Manual do Alu-<br />

no). Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s entregues após esse prazo não serão avalia<strong>da</strong>s. Por isto, aconselhamos que<br />

não <strong>de</strong>ixem para postar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> última hora.<br />

Vejam abaixo as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s programa<strong>da</strong>s para a semana:<br />

5ª Aula Presencial – 09/05/2011 – 2ª feira<br />

Disciplina 14<br />

Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem Expressivas e Comunicativas<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 21 – Retoma<strong>da</strong> <strong>de</strong> conteúdos trabalhados até o momento e dinâmica sobre recor<strong>da</strong>ções.<br />

Saiba<br />

Saiba M


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 22 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 04 – “Entrelaçando diferentes linguagens”, traçando paralelos<br />

com o texto 05 - “Entrelaçando diferentes linguagens na educação infantil: reflexões<br />

e práticas”.<br />

5º Período Virtual – 10 e 11/05/2011 – 3ª e 4ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 23 – Refletindo sobre “Especial Portinari e as cores do Brasil”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 24 – Trabalho sobre expressão plástica e visual.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 25 – Leitura do texto 06 – “Grafismo infantil: leitura e <strong>de</strong>senvolvimento”.<br />

6ª Aula Presencial – 12/05/2011 – 5ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 26* – Retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s 23 e 24 e introdução do tema “<strong>de</strong>senho infantil”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 27 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 05 – “Grafismo infantil”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 28 – Trabalho sobre <strong>de</strong>senho como forma <strong>de</strong> linguagem.<br />

6º Período Virtual – 13, 14 e 15/05/2011 – 6ª feira, sábado e domingo<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 29 – Retoma<strong>da</strong> <strong>de</strong> conceitos estu<strong>da</strong>dos.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 30 – Leitura <strong>de</strong> texto complementar – “O <strong>de</strong>senho na pré-escola: o olhar e as<br />

expectativas do professor”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 31 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o complementar – “Pensamento Infantil - O <strong>de</strong>senho infantil”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 32 – Leitura do texto 07 – “Música na educação infantil: reflexões e proposta didática<br />

para professores não-especialistas” e do texto 08 - “A expressão musical e a criança<br />

<strong>de</strong> zero a cinco anos”.<br />

(*) Importante! Para a realização <strong>da</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 26, na aula presencial do dia 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />

2011, vocês <strong>de</strong>verão levar amostras <strong>de</strong> propostas, geralmente, utiliza<strong>da</strong>s nas creches e pré-<br />

-escolas sob a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos feitos por crianças entre zero e cinco anos.<br />

Qualquer problema, por favor, entrem em contato com seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina.<br />

Boa semana!<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Avaliativas<br />

173<br />

Saiba M<br />

Saiba Mai<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Saiba Ma<br />

Saiba Ma<br />

Saiba Mai<br />

Saiba Mai


174<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

5ª Aula Presencial – 09/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> 3ª Semana<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 21 – Retoma<strong>da</strong> <strong>de</strong> conteúdos trabalhados até o momento e dinâmica<br />

sobre recor<strong>da</strong>ções.<br />

Seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina iniciará a aula propondo que ca<strong>da</strong> aluno escreva numa tarjeta<br />

<strong>de</strong> papel uma palavra ou frase que representa o que apren<strong>de</strong>u até o momento e cole na pa-<br />

re<strong>de</strong>. Em segui<strong>da</strong>, o Orientador <strong>de</strong> Disciplina coor<strong>de</strong>nará uma discussão na ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversa<br />

com o objetivo <strong>de</strong> sintetizar com a classe as i<strong>de</strong>ias-chave representativas do que foi traba-<br />

lhando até o momento. Finalmente, ele disponibilizará material para que vocês escolham e<br />

expressem (não po<strong>de</strong> ser por escrito) o que solicita a frase a seguir:<br />

“Um momento <strong>de</strong> minha infância que me traz recor<strong>da</strong>ções prazerosas”.<br />

Após este momento, po<strong>de</strong>rão comentar sua produção e, em conjunto com a classe, esta-<br />

belecer relação com as i<strong>de</strong>ias-chave do texto 05 – “Entrelaçando diferentes linguagens na<br />

educação infantil: reflexões e práticas”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 22 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 04 – “Entrelaçando diferentes linguagens” traçando<br />

paralelos com o texto 05 - “Entrelaçando diferentes linguagens na educação infantil:<br />

reflexões e práticas”.<br />

Assistam agora ao ví<strong>de</strong>o 04 – “Entrelaçando diferentes linguagens”-, produzido pela<br />

UNIVESP TV.<br />

O Objetivo do ví<strong>de</strong>o é complementar as reflexões propostas pelo texto 05 e chamar sua<br />

atenção para a expressão plástica e visual em relação à:<br />

Interlocução <strong>da</strong> criança na família, na educação infantil e na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />

experiência essencial <strong>da</strong> existência do ser humano, <strong>de</strong> tal forma que ele procura se<br />

aproximar sempre <strong>de</strong>la, como criador ou como receptor;<br />

importância para o <strong>de</strong>senvolvimento estético e integral <strong>da</strong> criança e para as<br />

aprendizagens próprias <strong>da</strong> faixa etária;<br />

intervenção do educador como elemento facilitador no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>da</strong> linguagem plástica e visual na educação infantil.<br />

Ao assistir ao ví<strong>de</strong>o, utilizem os objetivos acima como referência para anotarem os<br />

pontos que preten<strong>de</strong>m colocar em discussão posteriormente.<br />

Ví<strong>de</strong>o disponibilizado na Ferramenta Material <strong>de</strong> Apoio – Pasta Ví<strong>de</strong>os, ou pelo Portal<br />

Acadêmico, link Ví<strong>de</strong>os.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Em segui<strong>da</strong>, trabalhando em duplas, retomem suas anotações, os conteúdos do texto 05<br />

- “Entrelaçando diferentes linguagens na educação infantil: reflexões e práticas” e do


ví<strong>de</strong>o 04 - “Entrelaçando diferentes linguagens” e discutam sobre os aspectos que mais<br />

entraram em contato com suas antigas crenças, conhecimentos prévios e (pré)conceitos.<br />

Com base nos procedimentos anteriores, pontuem o que consi<strong>de</strong>ram fun<strong>da</strong>mental para o<br />

professor/gestor <strong>da</strong> educação infantil em seu trabalho com a expressão plástica e visual.<br />

Postem suas produções no Portfólio <strong>de</strong> Grupo, com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>22.<br />

Observação: Esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser posta<strong>da</strong> até domingo, dia 15 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011. Quere-<br />

mos enfatizar que a discussão com a classe <strong>de</strong>ve prevalecer sobre a inserção <strong>da</strong>s respostas<br />

nos Portfólios <strong>de</strong> Grupo. Mas fiquem atentos ao prazo <strong>de</strong> entrega.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação – Compartilhar com<br />

Valor <strong>da</strong> nota: 10,00 Peso: 3<br />

Tipo <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Em grupo<br />

Objetivos:<br />

formadores – Formar grupos na plataforma.<br />

• Refletir sobre a recorrente prática <strong>de</strong> usar técnicas <strong>de</strong> pintura, recorte e colagem para<br />

ocupar o tempo <strong>da</strong> criança pequena em <strong>de</strong>trimento do <strong>de</strong>senvolvimento estético, <strong>da</strong><br />

produção cultural etc.<br />

Saiba Mais<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (Manual do Aluno). Saiba Mais<br />

• Entrega <strong>de</strong>ntro do prazo estabelecido.<br />

• Cumprimento <strong>da</strong> proposta<br />

5º Período Virtual – 10 e 11/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 23 – Refletindo sobre “Especial Portinari e as cores do Brasil”.<br />

A partir dos temas estu<strong>da</strong>dos no texto 05 - “Entrelaçando diferentes linguagens na edu-<br />

cação infantil: reflexões e práticas” -, façam um passeio virtual apreciando as obras <strong>de</strong><br />

Portinari, disponibiliza<strong>da</strong>s em: http://www.portinari.org.br.<br />

Em segui<strong>da</strong>, acessem o site www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo; cliquem no ícone “Sé-<br />

ries”; <strong>de</strong>pois, em “Cronograma” e procurem pelo título: “Especial Portinari e as cores do<br />

Brasil” - Boletim 23.<br />

Leiam e observem as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho. Reflitam sobre o que viram e leram.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 24 – Trabalho sobre expressão plástica e visual.<br />

Acessem a Exposição <strong>de</strong> Fotografias: “A Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s Crianças”, seguindo o link: http://<br />

www.culturainfancia.com.br/portal/in<strong>de</strong>x.php?option=com_content&view=article&id=424:exp<br />

osicao-<strong>de</strong>-fotografias-a-ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-<strong>da</strong>s-criancas&catid=133:exposicoes&Itemid=169.<br />

Em segui<strong>da</strong>, leiam o relato <strong>de</strong> experiência “Uma experiência com arte–educação na<br />

Educação Infantil”, disponibilizado em: http://www.culturainfancia.com.br/portal/in<strong>de</strong>x.<br />

php?option=com_content&view=article&id=256:uma-experiencia-com-arteeducacao-na-<br />

175<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


176<br />

educacao-infantil-&catid=106:relato-<strong>de</strong>-experiencias&Itemid=147.<br />

Realiza<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s anteriores, respon<strong>da</strong>m à seguinte questão:<br />

“O que eu aprendi sobre a expressão plástica e visual como forma <strong>de</strong> interlo-<br />

cução <strong>da</strong> criança na família, na creche e pré-escola, e na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>”?<br />

Postem suas respostas no Portfólio Individual, com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>24.<br />

Esta não é uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa, mas que muito contribuirá para seus estudos.<br />

Leituras complementares:<br />

• Série <strong>de</strong> animação, em que três personagens - Rafael, Mona e Nabi - analisam uma<br />

obra <strong>de</strong> arte por episódio. Obras famosas e não tão famosas <strong>de</strong> museus franceses.<br />

Instiga crianças a terem a própria opinião e a apreciar uma obra <strong>de</strong> arte. Série: MINU-<br />

TO NO MUSEU. Disponível em: http://tvescola.mec.gov.br- vi<strong>de</strong>oteca. Veja também a<br />

Série: linhas, formas e cores.<br />

• Explore as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s disponiveis em: http://www.culturainfancia.com.br: Para tan-<br />

to, acessem os ícones: artes, artes visuais e exposições.<br />

• O site <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Itaú Cultural, http://www.itaucultural.org.br, oferece informações<br />

sobre a produção cultural brasileira. Destaque para a Enciclopédia <strong>de</strong> Artes Visuais<br />

que oferece buscas por palavra-chave ou por nome <strong>de</strong> artista, grupos, movimentos,<br />

obras, mostras ou museus, além <strong>de</strong> um glossário específico. O canal Educação dis-<br />

ponibiliza matérias <strong>de</strong> apoio para o educador, além <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s on-line volta<strong>da</strong>s ao<br />

público em geral.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 25 – Leitura do texto 06 – “Grafismo infantil: leitura e <strong>de</strong>senvolvimento”.<br />

Leiam o texto 06 - “Grafismo infantil: leitura e <strong>de</strong>senvolvimento”, que versa sobre o<br />

<strong>de</strong>senho infantil e nos permite compreen<strong>de</strong>r que esta forma <strong>de</strong> representação não se rela-<br />

ciona unicamente ao grafismo, antes trata-se <strong>de</strong> uma linguagem privilegia<strong>da</strong> do ser humano.<br />

O texto também apresenta uma crítica à “mania” <strong>de</strong> os professores fornecerem <strong>de</strong>senhos<br />

mimeografados/xerocados, estereotipados para crianças pintarem e consi<strong>de</strong>rarem os <strong>de</strong>se-<br />

nhos infantis “feios”, sem sentido.<br />

Texto disponibilizado na Ferramenta Leituras ou diretamente em seu ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>formação</strong>.<br />

6ª Aula Presencial – 12/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 26 – Retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s 23 e 24 e introdução do tema “<strong>de</strong>senho<br />

infantil”.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Discutam com a mediação do Orientador <strong>de</strong> Disciplina o resultado <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s 23 e 24,<br />

pontuando e trocando experiências a respeito <strong>de</strong> “o que eu aprendi sobre a expressão<br />

plástica e visual como forma <strong>de</strong> interlocução <strong>da</strong> criança na família, na creche e pré-


-escola, e na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>”? Ao final <strong>da</strong> discussão, seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina fará uma bre-<br />

ve síntese, reunindo as i<strong>de</strong>ias principais <strong>da</strong> aula anterior e <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s virtuais propostas.<br />

Em segui<strong>da</strong>, para introduzir a temática <strong>da</strong> aula <strong>de</strong> hoje, compartilhem com os colegas as<br />

amostras que vocês trouxeram <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos feitos por crianças entre zero e cinco anos e <strong>de</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que os professores propõem para a criança pintar ou <strong>de</strong>senhar. Apreciem e se ma-<br />

nifestem a respeito <strong>da</strong>s produções, tomando como referência orientadora a seguinte obser-<br />

vação: “o <strong>de</strong>senho é uma linguagem privilegia<strong>da</strong> do ser humano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito pequeno, me-<br />

nospreza<strong>da</strong> pelos professores que insistem em “<strong>da</strong>r” <strong>de</strong>senhos mimeografados/xerocados,<br />

estereotipados para crianças pintarem e consi<strong>de</strong>ram os seus <strong>de</strong>senhos “feios”, sem sentido”.<br />

Para que a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> seja otimiza<strong>da</strong>, seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina <strong>de</strong>stacará os aspectos<br />

fun<strong>da</strong>mentais propostos no texto 06 - “Grafismo infantil: leitura e <strong>de</strong>senvolvimento”. As-<br />

sim, observem as produções infantis, usando esses aspectos e a observação acima como<br />

referências.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 27 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 05 - “Grafismo infantil”.<br />

Assistam ao ví<strong>de</strong>o 05 - “Grafismo infantil”, observando com atenção as reflexões que são<br />

propostas acerca do <strong>de</strong>senho infantil e do trabalho na educação infantil. Anotem os pontos<br />

que julgarem relevantes e os discutam com os colegas, tomando como referência a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

realiza<strong>da</strong> anteriormente.<br />

Ví<strong>de</strong>o disponibilizado na Ferramenta Material <strong>de</strong> Apoio – Pasta Ví<strong>de</strong>os, ou pelo Portal<br />

Acadêmico, link Ví<strong>de</strong>os.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 28 – Trabalho sobre <strong>de</strong>senho como forma <strong>de</strong> linguagem.<br />

Em grupos <strong>de</strong> quatro alunos, acessem o en<strong>de</strong>reço http://www.youtube.com.br e busquem<br />

o ví<strong>de</strong>o: “Desenho é linguagem!”.<br />

Assistam ao ví<strong>de</strong>o e, com base nas i<strong>de</strong>ias apresenta<strong>da</strong>s por ele e pelo ví<strong>de</strong>o 05 – “Gra-<br />

fismo infantil”, discutam conceitos com seus colegas e respon<strong>da</strong>m às seguintes questões:<br />

• O que nos permite afirmar que <strong>de</strong>senho é linguagem <strong>de</strong> crianças pequenas?<br />

• Por que é recorrente a prática <strong>de</strong> o professor <strong>da</strong> educação infantil não pro-<br />

piciar muitas ocasiões para criança expressar, comunicar e representar por<br />

meio do <strong>de</strong>senho?<br />

• Quais as perspectivas que apontam para superar tal tendência?<br />

• Quais questões ain<strong>da</strong> ficaram sobre o assunto?<br />

Ao encerrarem as discussões, ca<strong>da</strong> grupo <strong>de</strong>verá expor para a classe, os pontos que julga-<br />

rem mais importantes. Finalizem a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> elaborando uma síntese geral.<br />

Postem suas respostas no Portfólio do Grupo, com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>28.<br />

Observação: Esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser posta<strong>da</strong> até domingo, dia 15 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011. Quere-<br />

177<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


178<br />

mos enfatizar que a discussão com a classe <strong>de</strong>ve prevalecer sobre a inserção <strong>da</strong>s respostas<br />

nos Portfólios <strong>de</strong> Grupo. Mas fiquem atentos ao prazo <strong>de</strong> entrega.<br />

Valor: 10.00 Peso: 1<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação – Compartilhar com<br />

Tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Em grupo<br />

Objetivo:<br />

formadores – Formar grupos na plataforma.<br />

• Dimensionar o <strong>de</strong>senho como uma linguagem privilegia<strong>da</strong> do ser humano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito<br />

pequeno.<br />

• Fazer a crítica fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> aos <strong>de</strong>senhos estereotipados.<br />

• Compreen<strong>de</strong>r o papel do professor/gestor <strong>da</strong> educação infantil em relação ao <strong>de</strong>senho<br />

Saiba Mais<br />

<strong>da</strong>s crianças como forma <strong>de</strong> linguagem.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (Manual do Aluno).<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> criticar e <strong>de</strong> apresentar propostas fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s.<br />

• Entrega no prazo <strong>de</strong>terminado.<br />

6º Período Virtual – 13, 14 e 15/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 29 – Retoma<strong>da</strong> <strong>de</strong> conceitos estu<strong>da</strong>dos.<br />

Retomem a tarefa realiza<strong>da</strong> em grupo (Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 28) e os ví<strong>de</strong>os trabalhados na aula pre-<br />

sencial do dia 12/05/2011. Consi<strong>de</strong>rem o que já sabem e as questões que ain<strong>da</strong> precisam<br />

<strong>de</strong> respostas. Organizem por escrito uma síntese com as i<strong>de</strong>ias-chave. Observem e anotem<br />

pontos que ain<strong>da</strong> precisam <strong>de</strong> aprofun<strong>da</strong>mento para buscar informações nas próximas ativi-<br />

<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Agora apreciem o Ví<strong>de</strong>o Complementar – “Aquarela”. O curta-metragem “Aquarela”,<br />

com direção <strong>de</strong> André Koogan Breitman e Andrés Lieban, encontra-se disponível em:<br />

http://www.planetaeducacao.com.br. Para apreciar o filme, cliquem no ícone “Colu-<br />

nas” e, <strong>de</strong>pois, em “Porta Curtas Petrobrás” e procurem pelo título acima.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 30 – Leitura <strong>de</strong> texto complementar – “O <strong>de</strong>senho na pré-escola: o olhar e<br />

as expectativas do professor”.<br />

Acessem o texto “O <strong>de</strong>senho na pré-escola: o olhar e as expectativas do professor”<br />

disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br<br />

Para ler, cliquem nos ícones – “Temas Pe<strong>da</strong>gógicos” – “Desenvolvimento” e “Aprendiza-<br />

gem”. Procurem o título do texto na lista <strong>de</strong> artigos. Leiam, tendo presente sua síntese e<br />

anotando suas dúvi<strong>da</strong>s.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 31 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o complementar – “Pensamento Infantil - O <strong>de</strong>senho<br />

infantil”.<br />

Saiba Mais


Assistam agora ao ví<strong>de</strong>o complementar “Pensamento Infantil - O <strong>de</strong>senho infantil”, dis-<br />

ponibilizado em: http://www.youtube.com/watch?v=AFx4ViEFjF8<br />

Esse ví<strong>de</strong>o po<strong>de</strong> ser acessado também por meio do link: http://www.youtube.com.br, colo-<br />

cando seu título no campo <strong>de</strong> busca.<br />

Para sintetizarem os conhecimentos adquiridos até aqui, organizem suas i<strong>de</strong>ias e reflexões<br />

com base na seguinte afirmativa:<br />

“Há perspectivas <strong>de</strong> superação do uso dos <strong>de</strong>senhos estereotipados na edu-<br />

cação infantil.”<br />

Postem suas reflexões no Portfólio Individual com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>31.<br />

Leituras complementares:<br />

• O Museu <strong>da</strong> Infância, disponível em: http://www.museu<strong>da</strong>infancia.unesc.net. Trata-se<br />

<strong>de</strong> um espaço que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005, preserva, promove e divulga as coisas feitas para<br />

crianças (como os brinquedos, por exemplo); a produção <strong>da</strong>s crianças (seus <strong>de</strong>senhos,<br />

pinturas etc.); e também o que é produzido sobre a infância (como filmes, livros teóri-<br />

cos, entre outros).<br />

• A Biblioteca Virtual do Estu<strong>da</strong>nte Brasileiro (www.bibvirt.futuro.usp.br), disponível em<br />

Um projeto <strong>da</strong> Escola do Futuro, <strong>da</strong> USP, oferece textos, imagens e sons sobre diferen-<br />

tes temas. Po<strong>de</strong>-se encontrar obras <strong>de</strong> literatura e textos teóricos (passíveis <strong>de</strong> serem<br />

lidos a partir <strong>de</strong> um aparelho <strong>de</strong> palm), reproduções <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> arte, ví<strong>de</strong>os, além do<br />

áudio <strong>de</strong> entrevistas, sons <strong>de</strong> instrumentos em MP3 ou canções infantis. Em Imagens,<br />

a seção <strong>de</strong> Arte traz a reprodução <strong>de</strong> pranchas (Desenhos) <strong>de</strong> Jean Baptiste Debret,<br />

relatando sua “Viagem Pitoresca e Histórica pelo Brasil”.<br />

Valor: 10.00 Peso: 1<br />

Tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Individual<br />

Objetivo:<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação –<br />

Compartilhar com formadores<br />

• Relacionar o conteúdo tratado com o trabalho com a criança pequena na creche e pré-<br />

-escola.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (Manual do Aluno).<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retirar do conteúdo estu<strong>da</strong>do reflexões críticas para atuação profissional.<br />

• Demonstração <strong>de</strong> posicionamento próprio diante do tema.<br />

• Entrega no prazo <strong>de</strong>terminado.<br />

179<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


Bloco1<br />

Formação Geral<br />

180<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 32 – Leitura do texto 07 – “Música na educação infantil: reflexões e<br />

proposta didática para professores não-especialistas” e do texto 08 - “A expressão<br />

musical e a criança <strong>de</strong> zero a cinco anos”.<br />

Leiam o texto 07 - “Música na educação infantil: reflexões e proposta didática para<br />

professores não-especialistas” e o texto 08 - “A expressão musical e a criança <strong>de</strong> zero<br />

a cinco anos”, disponibilizados na Ferramenta Leituras ou diretamente em seu ca<strong>de</strong>rno<br />

<strong>de</strong> <strong>formação</strong>. Anotem os pontos que <strong>de</strong>sejarem colocar em discussão na próxima aula pre-<br />

sencial e <strong>de</strong>staquem as i<strong>de</strong>ias centrais. A aula terá início com base nesta tarefa.<br />

Módulo 3<br />

Educação Infantil: Princípios e Fun<strong>da</strong>mentos<br />

Caros alunos!<br />

Agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> Quarta Semana<br />

16/05/2011 a 22/05/2011<br />

“Apren<strong>de</strong>mos a ler o mundo antes mesmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cifrar as<br />

letras.” (Paulo Freire)<br />

Nos encontros previstos para esta semana e por meio <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s virtuais, vocês terão<br />

acesso a outras duas formas <strong>de</strong> linguagem integrantes do currículo <strong>da</strong> educação infantil: a<br />

música e a linguagem escrita.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

No primeiro dia, vamos discutir a música como linguagem <strong>da</strong> criança, como forma <strong>de</strong> comu-<br />

nicação, representação, expressão e <strong>de</strong> interação social e enfocaremos o papel <strong>da</strong> educação<br />

infantil e do professor em relação ao trabalho com a expressão musical e a musicalização.<br />

No segundo dia <strong>de</strong> aula presencial, vamos abor<strong>da</strong>r a linguagem escrita. Preten<strong>de</strong>mos que<br />

vocês compreen<strong>da</strong>m a escrita como prática social e cultural, <strong>da</strong> qual o homem lança mão<br />

em sua participação na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> a que pertence, e enten<strong>da</strong>m que as propostas na<br />

educação infantil precisam aten<strong>de</strong>r a esta função. Também, almejamos que vocês estabele-<br />

çam as semelhanças e diferenças entre alfabetização e letramento, reconheçam o papel <strong>da</strong><br />

instituição <strong>de</strong> Educação Infantil e dos seus profissionais na <strong>formação</strong> <strong>de</strong> sujeitos letrados e<br />

compreen<strong>da</strong>m a que tipo <strong>de</strong> propostas este papel <strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r. Desejamos que vocês<br />

elaborem a crítica fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> a respeito do arremedo <strong>da</strong>s práticas do ensino fun<strong>da</strong>men-<br />

tal, enquanto dimensionam a utilização <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem <strong>de</strong> es-<br />

crita a<strong>de</strong>quados às crianças pequenas.<br />

Disciplina 14<br />

Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem Expressivas e Comunicativas<br />

Durante esta quarta semana, vocês po<strong>de</strong>rão entregar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, sem <strong>de</strong>scontos em<br />

nota, até domingo, dia 22 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011, às 23h55. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s entregues fora do prazo<br />

estabelecido entrarão no período <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> prazos que termina no dia 01 <strong>de</strong> junho<br />

<strong>de</strong> 2011, às 23h55, e terão suas notas avalia<strong>da</strong>s com <strong>de</strong>scontos (consultem o Manual do Alu-


no). Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s entregues após esse prazo não serão avalia<strong>da</strong>s. Por isto, aconselhamos que<br />

não <strong>de</strong>ixem para postar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> última hora.<br />

Observem abaixo as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s programa<strong>da</strong>s para a semana:<br />

7ª Aula Presencial – 16/05/2011 – 2ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 33 – Retoma<strong>da</strong> dos principais aspectos trabalhados na semana anterior.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 34 - Apresentação do ví<strong>de</strong>o 06 – “Música na educação infantil” e trabalho sobre<br />

musicalização na Educação Infantil.<br />

7ª Período Virtual – 17 e 18/05/2011 – 3ª e 4ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 35 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o complementar - “Tem criança em pleno movimento”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 36 – Leitura complementar dos textos – “Culturas infantis e produção <strong>de</strong> música<br />

para crianças” e “Reflexões acerca do brincar e do fazer musical na infância”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 37 – Leitura do texto 09 - “A linguagem escrita e as crianças - superando mitos<br />

na educação infantil”.<br />

8ª Aula Presencial – 19/05/2011 – 5ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 38* – Reflexão sobre formas <strong>de</strong> trabalho com a linguagem escrita presentes nas<br />

creches e pré-escolas brasileiras.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 39 - Trabalho em dupla sobre o texto 09 - “A linguagem escrita e as crianças -<br />

superando mitos na educação infantil”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 40 – Apresentação do ví<strong>de</strong>o 07 – “A linguagem escrita e as crianças” e discussão<br />

do tema “A linguagem escrita”.<br />

8ª Período Virtual – 20, 21 e 22/05/2011 – 6ª feira, sábado e domingo<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 41 - Sistematização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s 38, 39 e 40.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 42 - Trabalho sobre práticas <strong>de</strong> letramento na Educação Infantil.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 43 – Leitura do texto 10 – “Literatura Infantil e Educação Infantil: um gran<strong>de</strong><br />

encontro”.<br />

(*) Importante! Para a realização <strong>da</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 38 - aula presencial do dia 19 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />

2011 -, vocês <strong>de</strong>verão levar um exemplo, pelo menos, <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que seja proposta às<br />

crianças <strong>de</strong> creches e pré-escolas com a intenção <strong>de</strong> promover o seu encontro com a lingua-<br />

gem escrita.<br />

Qualquer problema, por favor, entrem em contato com seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina.<br />

Boa semana!<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Avaliativas<br />

181<br />

Saiba M<br />

Saiba M<br />

Saiba Mai<br />

Saiba Ma<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Saiba M<br />

Saiba Mai<br />

Saiba M<br />

Saiba Ma


182<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

7ª Aula Presencial – 16/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> 4ª Semana<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 33 – Retoma<strong>da</strong> dos principais aspectos trabalhados na semana anterior.<br />

Iniciem a aula resgatando os principais aspectos tratados na semana anterior. A revisão <strong>de</strong><br />

conteúdos é importante para que o grupo perceba o quanto as diferentes formas <strong>de</strong> lingua-<br />

gem po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem interagir entre si no cotidiano <strong>da</strong> creche e <strong>da</strong> pré-escola. Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

permite também que a classe avalie se há pontos que precisam ser retomados.<br />

Em segui<strong>da</strong>, assistam ao ví<strong>de</strong>o complementar – “A moça que <strong>da</strong>nçou <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> morta”,<br />

com direção <strong>de</strong> Ítalo Cajueiro, disponível em: http://www.planetaeducacao.com.br. Aces-<br />

sem o site, cliquem no ícone “Colunas” e, em segui<strong>da</strong>, em “Porta Curtas Petrobrás” e<br />

procurem pelo título acima.<br />

Conversem sobre o conteúdo do filme e apontem músicas que você reconheceu na tri-<br />

lha sonora, pois presentes em suas recor<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> infância. Discutam on<strong>de</strong> e com quem as<br />

apren<strong>de</strong>u, e verbalizem as situações mais significativas envolvendo a música no seu tempo<br />

<strong>de</strong> criança pequena. Cantem músicas <strong>da</strong>s quais se lembrem.<br />

Em segui<strong>da</strong>, discutam sobre aspectos do texto 07 – “Música na educação infantil: refle-<br />

xões e proposta didática para professores não-especialistas” e do texto 08 - “A expres-<br />

são musical e a criança <strong>de</strong> zero a cinco anos” que chamaram a sua atenção e/ou os quais<br />

precisam aprofun<strong>da</strong>r para que haja entendimento. Seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina também <strong>de</strong>s-<br />

tacará <strong>de</strong>terminados aspectos para instigar a abor<strong>da</strong>gem dos pontos principais do texto.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 34 – Apresentação do ví<strong>de</strong>o 06 – “Música na educação infantil” e trabalho<br />

sobre musicalização na Educação Infantil.<br />

Assistam agora ao ví<strong>de</strong>o 06 – “Música na educação infantil” –, produzido pela UNIVESP<br />

TV, que tem por objetivo ampliar o entendimento <strong>da</strong> música como linguagem expressiva, co-<br />

municativa e representativa. O ví<strong>de</strong>o preten<strong>de</strong> também expor ao professor e aos gestores <strong>da</strong><br />

educação infantil que, mesmo não sendo músicos, eles po<strong>de</strong>m, visando trabalhar a favor <strong>da</strong><br />

musicalização infantil, oferecer música <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> à faixa etária.<br />

Anotem os pontos que mais chamarem sua atenção no ví<strong>de</strong>o e busquem informações com-<br />

plementares à discussão anterior.<br />

Ví<strong>de</strong>o disponibilizado na Ferramenta Material <strong>de</strong> Apoio – Pasta Ví<strong>de</strong>os, ou pelo Portal<br />

Acadêmico, link Ví<strong>de</strong>os.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Em segui<strong>da</strong>, em grupos <strong>de</strong> até cinco elementos, escrevam um texto que tenha como fina-<br />

li<strong>da</strong><strong>de</strong> propor princípios <strong>de</strong> trabalho com a música e a musicalização na educação infantil,<br />

observando as especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s diferentes faixas etárias. Faz-se necessário ter presente<br />

que princípios neste caso se referem a um código <strong>de</strong> conduta, a preceitos, ou seja, àqueles


modos <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r que <strong>de</strong>vem estar presentes no trabalho do professor/gestor. Apresentem<br />

Saiba Mais<br />

os pontos principais para a classe, discutam e façam correções quando necessário. Encer-<br />

rem com uma síntese coletiva.<br />

Saiba Mais<br />

Postem seus arquivos no Portfólio <strong>de</strong> Grupo, com o título D14_ Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>34.<br />

Esse trabalho será utilizado por vocês durante o próximo período virtual.<br />

7ª Período Virtual – 17 e 18/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 35 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o complementar - “Tem criança em pleno movimento”.<br />

Apreciem o ví<strong>de</strong>o complementar – “Tem criança em pleno movimento”. O ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong><br />

2001 (Cód. 009 duração 16 minutos) encontra-se disponível em: http://www.youtube.com/ins-<br />

titutoavisala. Ele discute a importância <strong>da</strong> integração do movimento com a música e a cultura.<br />

Observem se há reflexões e princípios complementares que po<strong>de</strong>m ser incluídos na tarefa<br />

realiza<strong>da</strong> na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 34.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 36 – Leitura complementar dos textos – “Culturas infantis e produção <strong>de</strong><br />

música para crianças” e “Reflexões acerca do brincar e do fazer musical na infância”.<br />

Os textos “Culturas infantis e produção <strong>de</strong> música para crianças”, escrito por Viviane<br />

Beineke, e “Reflexões acerca do brincar e do fazer musical na infância”, escrito por Lilia<br />

<strong>de</strong> Oliveira Rosa, encontram-se disponíveis em: http://www.culturainfancia.com.br. Acessem<br />

o site, cliquem em: “Artes” - “Música” - “Artigos e Teses”, e leiam os textos.<br />

Agora, baseando-se em to<strong>da</strong>s as reflexões e informações recebi<strong>da</strong>s, retomem a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

34 e, a partir <strong>da</strong>quela tarefa, escrevam um breve texto individual que terá como finali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

propor princípios <strong>de</strong> trabalho com a música e a musicalização na educação infantil, obser-<br />

vando as especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s diferentes faixas etárias.<br />

Postem seus arquivos no Portfólio Individual, com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>36<br />

Valor: 10,00 Peso: 1<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação – Compartilhar com<br />

Tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Individual<br />

Objetivo:<br />

formadores<br />

• Analisar o domínio do conteúdo estu<strong>da</strong>do e a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> relacioná-lo ao trabalho<br />

pe<strong>da</strong>gógico com a criança pequena.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (manual do aluno).<br />

• Retirar do conteúdo estu<strong>da</strong>do reflexões e princípios para atuação profissional.<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> articular as discussões e reflexões grupais num texto individual comple-<br />

to e fun<strong>da</strong>mentado no conteúdo oferecido.<br />

183<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


184<br />

• Explicitar uma concepção <strong>de</strong> criança e <strong>de</strong> infância compatíveis com as reflexões pro-<br />

postas no <strong>de</strong>correr do estudo realizado.<br />

• Criação própria.<br />

• Entrega no prazo <strong>de</strong>terminado.<br />

Leitura complementar:<br />

• O texto: A expressão musical para crianças <strong>da</strong> pré-escola, <strong>de</strong> Le<strong>da</strong> Maria Giuffri<strong>da</strong><br />

Silva. Série Idéias, n. 10. São Paulo: FDE, 1992. p. 88-96. Disponível em: http://www.<br />

crmariocovas.sp.gov.br.<br />

• O texto: Culturas infantis e produção <strong>de</strong> música para crianças, escrito por Viviane<br />

Beineke. Disponível em: http://www.culturainfancia.com.br. Acessem a página e cli-<br />

quem em: “Artes” – “Música”- “Artigos e Teses” e no título do texto.<br />

• Acessem: http://iguinho.ig.com.br: jogos, animações, arte e música etc.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 37 – Leitura do texto 09 - “A linguagem escrita e as crianças - superando<br />

mitos na educação infantil”.<br />

Leiam agora o texto <strong>da</strong> Professora Dra. Silvana <strong>de</strong> Oliveira Augusto, “A linguagem escrita<br />

e as crianças - superando mitos na educação infantil,”. e <strong>de</strong>staquem suas i<strong>de</strong>ias centrais.<br />

Elaborem perguntas que preten<strong>de</strong>m colocar em discussão na próxima aula presencial. A aula<br />

terá início com base nesta tarefa.<br />

Texto disponibilizado na Ferramenta Leituras ou diretamente em seu ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>formação</strong>.<br />

8ª Aula Presencial – 19/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 38 – Reflexão sobre formas <strong>de</strong> trabalho com a linguagem escrita presentes<br />

nas creches e pré-escolas brasileiras.<br />

Tragam para sala <strong>de</strong> aula, pelo menos, um exemplo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que seja proposta às<br />

crianças <strong>de</strong> creches e pré-escolas com a intenção <strong>de</strong> promover o seu encontro com a lingua-<br />

gem escrita. Apresentem a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> aos colegas e discutam as seguintes questões:<br />

O que as crianças apren<strong>de</strong>m/<strong>de</strong>senvolvem com essa proposta?<br />

A função social <strong>da</strong> escrita está contempla<strong>da</strong>? Há algo para escrever com<br />

uma função ou finali<strong>da</strong><strong>de</strong> real?<br />

As crianças expressam algo, comunicam algo, representam algo ao execu-<br />

tarem tal tarefa?<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 39 - Trabalho em dupla sobre o texto 09 - “A linguagem escrita e as<br />

crianças - superando mitos na educação infantil”.<br />

Em duplas, compartilhem os pontos que <strong>de</strong>stacaram ao lerem o texto 09 - “A linguagem<br />

escrita e as crianças - superando mitos na educação infantil”.


Em segui<strong>da</strong>, as duplas receberão do Orientador <strong>de</strong> Disciplina uma filipeta <strong>de</strong> papel, <strong>de</strong> mais<br />

ou menos 30 cm <strong>de</strong> comprimento por 10 cm <strong>de</strong> largura, na qual anotarão, com pincel atômico,<br />

o aspecto do texto que consi<strong>de</strong>rarem fun<strong>da</strong>mental para ser tratado/aprofun<strong>da</strong>do. Essas fili-<br />

petas <strong>de</strong>verão ser afixa<strong>da</strong>s em local visível para ser possível recorrer a elas durante a etapa<br />

posterior. Os pontos elencados <strong>de</strong>verão orientar a observação do próximo ví<strong>de</strong>o.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 40 – Apresentação do ví<strong>de</strong>o 07 – “A linguagem escrita e as crianças” e<br />

discussão do tema “A linguagem escrita”.<br />

Assistam ao ví<strong>de</strong>o 07 – “A linguagem escrita e as crianças”, veiculado pela UNIVESP<br />

TV, tendo presente os pontos <strong>de</strong>stacados na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> anterior.<br />

Em segui<strong>da</strong>, discutam os pontos <strong>de</strong>stacados pelas duplas, na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> anterior, e as ques-<br />

tões sugeri<strong>da</strong>s pelo conteúdo do ví<strong>de</strong>o, traçando paralelos com o texto 09 - “A linguagem<br />

escrita e as crianças - superando mitos na educação infantil”.<br />

Saiba Mais<br />

Seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina concluirá a aula fazendo uma síntese <strong>da</strong>s principais reflexões<br />

propostas no texto e no ví<strong>de</strong>o. Anotem, se acharem pertinente.<br />

Saiba Mais<br />

Ví<strong>de</strong>o disponibilizado na Ferramenta Material <strong>de</strong> Apoio – Pasta Ví<strong>de</strong>os, ou pelo Portal<br />

Acadêmico, link Ví<strong>de</strong>os.<br />

8ª Período Virtual – 20, 21 e 22/05/2011.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 41- Sistematização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s 38, 39 e 40.<br />

Retomem o texto 09 – “A linguagem escrita e as crianças - superando mitos na edu-<br />

cação infantil”, e o ví<strong>de</strong>o 07 – “A linguagem escrita e as crianças”, trabalhados na aula<br />

presencial passa<strong>da</strong>, para aprofun<strong>da</strong>rmos a compreensão sobre seus temas. Lancem mão<br />

<strong>da</strong> síntese realiza<strong>da</strong> por seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina e elaborem a sua síntese individual,<br />

atentos aos aspectos que ain<strong>da</strong> possam estar confusos para vocês. Destaquem-nos a fim <strong>de</strong><br />

se prepararem para as outras ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 42 - Trabalho sobre práticas <strong>de</strong> letramento na Educação Infantil.<br />

Leiam o texto - “Práticas <strong>de</strong> letramento na educação infantil: o trabalho pe<strong>da</strong>gógico<br />

no contexto <strong>da</strong> cultura letra<strong>da</strong>”, escrito pela professora Cecília M. Goulart, que se encon-<br />

tra disponível em: www.periodicos.proped.pro.br (revista Teias) vol. 7, n. 13-12. A proposta<br />

é que vocês o leiam, tenham presentes as anotações realiza<strong>da</strong>s nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s anteriores e<br />

continuem a buscar respostas para:<br />

O que as crianças apren<strong>de</strong>m/<strong>de</strong>senvolvem com essas propostas?<br />

A função social <strong>da</strong> escrita está contempla<strong>da</strong> nas propostas <strong>da</strong> autora?<br />

O que as crianças expressam, comunicam, representam ao executarem as<br />

propostas veicula<strong>da</strong>s pelo texto?<br />

185<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


186<br />

E completem a síntese anteriormente esboça<strong>da</strong>, na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 41, com as i<strong>de</strong>ias encontra-<br />

<strong>da</strong>s no texto <strong>de</strong> Goulart.<br />

Em segui<strong>da</strong>, entrem no site www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/livros.asp e acessem o<br />

texto produzido pelas professoras Maria Angélica F. Carvalho e Rosa Helena Mendonça, inti-<br />

tulado “Práticas <strong>de</strong> Leitura e Escrita”. Explorem-no com o objetivo <strong>de</strong> conhecer as possibili-<br />

<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho encontra<strong>da</strong>s nessa produção. Observem que são muitas. O objetivo é que<br />

vocês tomem conhecimento <strong>da</strong>s perspectivas possíveis e resgatem, em suas lembranças, as<br />

tarefas trazi<strong>da</strong>s para a aula presencial passa<strong>da</strong>, referentes à Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 38. Reflitam sobre a<br />

concepção e as práticas pe<strong>da</strong>gógicas presentes em ambos.<br />

Agora, retomem e concluam sua síntese pessoal. Ela <strong>de</strong>ve conter reflexões e i<strong>de</strong>ias que<br />

superem as práticas pe<strong>da</strong>gógicas ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s e dimensionem o trabalho com o letramento e<br />

a escrita na creche e na pré-escola como linguagem que tem uma função social. Para aju<strong>da</strong>r,<br />

sugerimos que executem a tarefa inspirados pela afirmativa:<br />

“O papel <strong>da</strong> educação infantil e dos seus profissionais em relação ao letra-<br />

mento e à interaçao <strong>da</strong> criança pequena com a linguagem escrita”.<br />

Postem suas sínteses finaliza<strong>da</strong>s no Portfólio Individual, como título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>42.<br />

Referências:<br />

• CARVALHO, Maria Angélica F.; MENDONÇA, Rosa Helena (Org.). Práticas <strong>de</strong> Leitu-<br />

ra e Escrita. Brasília: Ministério <strong>da</strong> Educação, 2006.<br />

• GOULART, Cecília M. Práticas <strong>de</strong> letramento na educação infantil: o trabalho pe-<br />

<strong>da</strong>gógico no contexto <strong>da</strong> cultura letra<strong>da</strong>. Disponível em: www.periodicos.proped.pro.br<br />

(revista Teias) vol. 7, n. 13-12.<br />

Valor: 10,00 Peso: 1<br />

Tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Individual.<br />

Objetivo:<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação –<br />

Compartilhar com formadores<br />

• Relacionar o conteúdo tratado com o trabalho com a criança pequena. Dimensionar<br />

o papel <strong>da</strong> educação infantil e dos seus profissionais em relação à linguagem escrita<br />

e ao letramento infantil. Elaborar a compreensão <strong>da</strong> escrita como uma <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong><br />

linguagem humana.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (Manual do Aluno).<br />

• Retirar do conteúdo estu<strong>da</strong>do reflexões críticas e fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s.<br />

• Propor princípios educativos sobre o assunto a partir do conteúdo estu<strong>da</strong>do que se<br />

relacionem à futura atuação profissional.


Bloco1<br />

Formação Geral<br />

• Dimensionar o papel do professor/gestor em relação à linguagem estu<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

• Explicitar uma concepção <strong>de</strong> criança e <strong>de</strong> infância compatíveis com as reflexões pro-<br />

postas no <strong>de</strong>correr do estudo realizado.<br />

• Criação própria.<br />

• Entrega no prazo <strong>de</strong>terminado.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 43 – Leitura do texto 10 – “Literatura Infantil e Educação Infantil: um gran<strong>de</strong><br />

encontro”.<br />

Leiam o texto 10, “Literatura Infantil e Educação Infantil: um gran<strong>de</strong> encontro”, <strong>da</strong><br />

professora Drª Gládis Elise Pereira <strong>da</strong> Silva Kaercher, e <strong>de</strong>staquem as i<strong>de</strong>ias centrais. Façam<br />

anotações dos pontos que <strong>de</strong>sejarem colocar em discussão na classe.<br />

Texto disponibilizado na Ferramenta Leituras ou diretamente em seu ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>formação</strong>.<br />

Módulo 3<br />

Educação Infantil: Princípios e Fun<strong>da</strong>mentos<br />

Caros alunos!<br />

Agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> Quinta Semana<br />

23/05/2011 a 29/05/2011<br />

Arte, na educação, não se resume a momentos e ativi<strong>da</strong>-<br />

<strong>de</strong>s isolados. E, se estamos preten<strong>de</strong>ndo a educação do<br />

“ser poético”, implicado na totali<strong>da</strong><strong>de</strong> do olhar, <strong>da</strong> escu-<br />

ta, do movimento, que se expressa mobilizando todos os<br />

sentidos, será importante vermos tais ações como educa-<br />

ção estética (mais do que o ensino <strong>de</strong> arte) que se realiza<br />

no dia a dia. (OSTETO, 2011)<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta semana, estu<strong>da</strong>remos as duas últimas formas <strong>de</strong> linguagem importantes<br />

na educação <strong>da</strong>s crianças pequenas: a literatura infantil e a matemática. É importante<br />

lembrar que não esgotamos to<strong>da</strong>s as propostas aqui apresenta<strong>da</strong>s e nem to<strong>da</strong>s as possibi-<br />

li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> a criança pequena interagir com as pessoas e com os objetos presentes em seu<br />

contexto.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Durante esta quinta semana, vocês po<strong>de</strong>rão entregar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, sem <strong>de</strong>scontos em<br />

nota, até domingo, dia 29 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011, às 23h55. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s entregues fora do prazo<br />

estabelecido entrarão no período <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> prazos que termina no dia 01 <strong>de</strong> junho<br />

<strong>de</strong> 2011, às 23h55, e terão suas notas avalia<strong>da</strong>s com <strong>de</strong>scontos (consultem o Manual do Alu-<br />

no). Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s entregues após esse prazo não serão avalia<strong>da</strong>s. Por isto, aconselhamos que<br />

não <strong>de</strong>ixem para postar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> última hora.<br />

Observem abaixo as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s programa<strong>da</strong>s para a semana:<br />

Disciplina 14<br />

Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem Expressivas e Comunicativas<br />

187<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


188<br />

9ª Aula Presencial – 23/05/2011 – 2ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 44 – Retoma<strong>da</strong> dos conteúdos <strong>da</strong> semana passa<strong>da</strong> e introdução ao tema “Literatura<br />

Infantil”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 45 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 08 – “Literatura e educação infantil” e <strong>de</strong>stacar tópicos<br />

para aprofun<strong>da</strong>mento dos estudos.<br />

9ª Período Virtual – 24 e 25/05/2011 – 3ª e 4ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 46 - Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s complementares sobre Literatura Infantil.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 47 – Estudo complementar do texto - “Narrativas infantis: um estudo <strong>de</strong> caso em<br />

uma instituição infantil”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 48 – Leitura do texto 11 - “Pressupostos para o trabalho docente com a Matemática<br />

na Educação Infantil”<br />

10ª Aula Presencial – 26/05/2011 – 5ª feira<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 49 – Discussão <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s 47 e 48.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 50* – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 09 – “A Matemática na educação infantil” e trabalhar com<br />

a Matemática como forma <strong>de</strong> linguagem.<br />

10ª Período Virtual – 27, 28 e 29/05/2011 – 6ª feira, sábado e domingo<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 51 – Refletir sobre o tema “apren<strong>de</strong>r tem que ser gostoso”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 52 – Estudo <strong>de</strong> textos complementares.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 53 – Levantamento <strong>de</strong> questões para Revisão.<br />

(*) Importante! Para a realização <strong>da</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 50 - aula presencial do dia 26 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />

2011 -, vocês <strong>de</strong>verão levar um exemplo, pelo menos, <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que professores, geral-<br />

mente, propõem às crianças <strong>de</strong> creches e pré-escolas, com a intenção <strong>de</strong> trabalhar a lingua-<br />

gem matemática.<br />

Qualquer problema, por favor, entrem em contato com seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Avaliativas<br />

Saiba<br />

Saiba<br />

Saiba M<br />

Saiba M<br />

Saiba<br />

Saiba<br />

Saiba M<br />

Saiba M


Saiba Mais<br />

9ª Aula Presencial – 23/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> 5ª Semana<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 44 – Retoma<strong>da</strong> dos conteúdos <strong>da</strong> semana passa<strong>da</strong> e introdução ao tema<br />

“Literatura Infantil”.<br />

Para iniciar nosso encontro, sistematizem os conhecimentos construídos na semana ante-<br />

rior, verbalizando o que apren<strong>de</strong>ram.<br />

Seu orientador <strong>de</strong> Disciplina entregará filipetas <strong>de</strong> papel, <strong>de</strong> mais ou menos 30 cm <strong>de</strong><br />

comprimento por 10 cm, nas quais ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong> vocês <strong>de</strong>verá anotar, com pincel atômico,<br />

a i<strong>de</strong>ia relaciona<strong>da</strong> aos assuntos que gostariam que o professor <strong>da</strong> educação infantil com-<br />

preen<strong>de</strong>sse a ponto <strong>de</strong> se tornar um princípio <strong>de</strong> trabalho. As filipetas <strong>de</strong>verão ser afixa<strong>da</strong>s<br />

em local visível e li<strong>da</strong>s. Possíveis lacunas ou equívocos <strong>de</strong>verão ser trabalhados antes <strong>de</strong><br />

passarem para o tema seguinte.<br />

Na continui<strong>da</strong><strong>de</strong>, seu Orientador acessará o en<strong>de</strong>reço http://www.itaucultural.org.br/, para<br />

ouvir Ruth Rocha tratando do tema “Literatura Infantil existe, sim!”. Acessem a página,<br />

cliquem em enciclopédias - literatura brasileira- ví<strong>de</strong>os, e vejam este título. A duração é <strong>de</strong><br />

apenas 3min. e 7seg. Em segui<strong>da</strong>, vocês po<strong>de</strong>rão se manifestar sobre o teor do material<br />

apreciado, estabelecendo relações com as reflexões propostas pelo autor do texto 10 – “Li-<br />

teratura Infantil e Educação Infantil: um gran<strong>de</strong> encontro”.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 45 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 08 – “Literatura e educação infantil” e <strong>de</strong>stacar<br />

tópicos para o aprofun<strong>da</strong>mento dos estudos.<br />

Assistam ao ví<strong>de</strong>o 08 – “Literatura e educação infantil”, veiculado pela UNIVESP TV.<br />

Em segui<strong>da</strong>, reúnam-se em duplas e discutam o conteúdo do ví<strong>de</strong>o assistido e do texto 10<br />

– “Literatura Infantil e Educação Infantil: um gran<strong>de</strong> encontro”.<br />

Seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina concluirá a aula coor<strong>de</strong>nando junto à classe uma síntese.<br />

Nesta, serão <strong>de</strong>stacados em tópicos os aspectos que, ain<strong>da</strong>, merecem aprofun<strong>da</strong>mento,<br />

tomando como referência os pontos apresentados pelos grupos para a classe. As i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong><br />

Saiba Mais<br />

to<strong>da</strong>s as duplas serão reuni<strong>da</strong>s e posta<strong>da</strong>s pelo Orientador <strong>de</strong> Disciplina na Ferramenta<br />

Mural, <strong>de</strong> modo que todos os alunos possam acessá-las no momento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s virtuais.<br />

Saiba Mais<br />

Ví<strong>de</strong>o disponibilizado na Ferramenta Material <strong>de</strong> Apoio – Pasta Ví<strong>de</strong>os, ou pelo Portal<br />

Acadêmico, link Ví<strong>de</strong>os.<br />

9º Período Virtual - 24 e 25/05/2011<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 46 – Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s complementares sobre Literatura Infantil<br />

Leiam o Relato <strong>de</strong> Experiência “A presença <strong>da</strong> arte e <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> literatura infantil<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a creche”, disponível em: http://www.periodicos.ufsc.br/in<strong>de</strong>x.php/zeroseis. A revis-<br />

ta Zero a seis é uma publicação eletrônica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, <strong>de</strong><br />

Periodici<strong>da</strong><strong>de</strong> Semestral. O texto será encontrado no Número 16 - Julho/Dezembro <strong>de</strong> 2007.<br />

189<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


190<br />

Apenas para sua fruição, visite o site http://hannahcontadores<strong>de</strong>historia.blogspot.com e<br />

conheça trabalhos interessantes com a literatura infantil. Observe quantas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s têm<br />

sido nega<strong>da</strong>s as nossas crianças no cotidiano <strong>da</strong>s creches e pré-escolas.<br />

Apreciem, também, o ví<strong>de</strong>o complementar “Clan<strong>de</strong>stina Felici<strong>da</strong><strong>de</strong>”, com direção<br />

<strong>de</strong> Beto Normal e Marcelo Gomes, disponível em: http://www.planetaeducacao.com.br.<br />

Acessem a página, procurem o ícone “Colunas”, cliquem em “Porta Curtas Petrobrás”<br />

e no título acima.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 47 – Estudo complementar do texto - “Narrativas infantis: um estudo <strong>de</strong><br />

caso em uma instituição infantil”.<br />

Leiam o texto - “Narrativas infantis: um estudo <strong>de</strong> caso em uma instituição infantil”,<br />

escrito por Tizuko Morchi<strong>da</strong> Kishimoto, Maria Letícia Ribeiro dos Santos e Dorli Ribeiro Ba-<br />

sílio.<br />

O texto indicado encontra-se disponível em: http://www.culturainfancia.com.br. Acessem<br />

a página, cliquem em: “Artes” – “Artes Cênicas” – “Contação <strong>de</strong> histórias” e leiam o texto na<br />

íntegra.<br />

Para concluir este tema <strong>de</strong> estudo, sistematizem as i<strong>de</strong>ias encontra<strong>da</strong>s nos materiais pro-<br />

postos anteriormente.<br />

Elaborem o texto observando a afirmação:<br />

“Professor <strong>da</strong> educação infantil, a literatura infantil é linguagem <strong>da</strong> criança<br />

pequena! Por isso, observe as seguintes indicações que tenho a fazer...”.<br />

Postem seus arquivos no Portfólio Individual, com o título D14_ Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>47.<br />

Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> não é avaliativa, mas seu conteúdo será retomado na próxima aula presencial.<br />

Observação: O texto “Narrativas infantis: um estudo <strong>de</strong> caso em uma instituição infantil”<br />

po<strong>de</strong> ser acessado também por meio dos links: www.scielo.br/pdf/ep/v33n3/a03v33n3 e<br />

http://re<strong>da</strong>lyc.uaemex.mx/re<strong>da</strong>lyc/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=29833303<br />

Leituras complementares:<br />

• http://tvescola.mec.gov.br- vi<strong>de</strong>oteca: CÃO E O PORCO-ESPINHO. Animação <strong>da</strong> série<br />

“Pequenas Fábulas”, que introduz as crianças ao universo <strong>da</strong>s mais conheci<strong>da</strong>s e clás-<br />

sicas fábulas. Em ca<strong>da</strong> episódio, os animais levantam questões comuns do ambiente<br />

infantil, <strong>de</strong>senvolvendo questionamentos no <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> narrativa e Série: PEQUENAS<br />

FÁBULAS.<br />

• http://www.culturainfancia.com.br. Clicar em: artes – literatura (várias informações se<br />

abrem). Outra opção, entrar no ícone: poesia.


• http://caracol.imaginario.com.<br />

• http://www.dobras<strong>da</strong>leitura.com - ver sala <strong>de</strong> aula. Ver bibliografia geral com muitas<br />

referências.<br />

• www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo - ca<strong>de</strong>rno “poesia e escola”. Boletim 20, out 2007<br />

e a narrativa na literatura. 2005.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 48 – Leitura do texto 11 - “Pressupostos para o trabalho docente com a<br />

Matemática na Educação Infantil”.<br />

Leiam, agora, o texto <strong>da</strong> Professora Carmen Campoy Scriptori – “Pressupostos para o<br />

trabalho docente com a Matemática na Educação Infantil” e <strong>de</strong>staquem as i<strong>de</strong>ias cen-<br />

trais. Anotem pontos ou perguntas que querem colocar em discussão na próxima aula. A aula<br />

terá início com base nesta tarefa.<br />

Texto disponibilizado na Ferramenta Leituras ou diretamente em seu ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> <strong>formação</strong>.<br />

10ª Aula Presencial - 26/05/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 49 – Discussão <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s 47 e 48<br />

Seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina mediará uma síntese coletiva para sistematização dos conte-<br />

údos trabalhados na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 47. Assim, exponham as indicações feitas naquela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

a partir <strong>da</strong> afirmação:<br />

“professor <strong>da</strong> educação infantil, a literatura infantil é linguagem <strong>da</strong> criança<br />

pequena! Por isso, observe as seguintes indicações que tenho a fazer...”.<br />

Em segui<strong>da</strong>, seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina anotará na lousa, os aspectos do texto 11 -<br />

“Pressupostos para o trabalho docente com a Matemática na Educação Infantil”, que<br />

ca<strong>da</strong> aluno <strong>de</strong>stacou como interessante para discussão, na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 48.<br />

Seu Orientador apontará, também, aspectos importantes a serem discutidos que contem-<br />

plam o tema <strong>da</strong> aula.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 50 – Assistir ao ví<strong>de</strong>o 09 – “A Matemática na educação infantil” e trabalhar<br />

com a Matemática como forma <strong>de</strong> linguagem.<br />

Assistam ao ví<strong>de</strong>o 09 – “A Matemática na educação infantil”, veiculado pela UNIVESP<br />

TV, disponibilizado na Ferramenta Material <strong>de</strong> Apoio – Pasta Ví<strong>de</strong>os, ou pelo Portal Aca-<br />

dêmico, link ví<strong>de</strong>os e anotem suas observações.<br />

Em segui<strong>da</strong>, em grupos <strong>de</strong> até cinco alunos, retomem as amostras <strong>de</strong> trabalhos encontra-<br />

dos nas creches e pré-escolas e as analisem baseando-se nas reflexões e i<strong>de</strong>ias veicula<strong>da</strong>s<br />

pelo texto 11 - “Pressupostos para o trabalho docente com a Matemática na Educação<br />

Infantil,” e pelo ví<strong>de</strong>o 09 – “A Matemática na educação infantil”. As seguintes questões<br />

norteiam esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

191<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


192<br />

As amostras <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s:<br />

Consi<strong>de</strong>ram a matemática como uma linguagem?<br />

Respeitam a criança? Promovem o pensamento científico?<br />

Impe<strong>de</strong>m ou auxiliam a criança em seu processo <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong>sta lin-<br />

guagem?<br />

São antecipações e arremedos <strong>da</strong>s práticas pe<strong>da</strong>gógicas do ensino fun<strong>da</strong>-<br />

mental?<br />

Postem suas consi<strong>de</strong>rações no Portfólio <strong>de</strong> Grupo, com o título D14_ Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>50.<br />

Observação: Esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser posta<strong>da</strong> até domingo, dia 29 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011. Que-<br />

remos enfatizar que a discussão com a classe <strong>de</strong>ve prevalecer sobre a inserção <strong>da</strong>s respos-<br />

tas nos Portfólios <strong>de</strong> Grupo. Mas fiquem atentos ao prazo <strong>de</strong> entrega.<br />

Valor: 10,00 Peso: 3<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação – Compartilhar com<br />

Tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Em grupo.<br />

Objetivo:<br />

formadores – Formar Grupos na Plataforma<br />

• Compreen<strong>de</strong>r a matemática como uma forma <strong>de</strong> linguagem e dimensionar o trabalho<br />

dos profissionais <strong>da</strong> educação infantil a partir <strong>de</strong>sta compreensão.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

Saiba Mais<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (Manual do Aluno).<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retirar do conteúdo estu<strong>da</strong>do reflexões críticas Saiba eMais fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s.<br />

• Demonstrar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> revisar antigas crenças e concepções sobre o conteúdo.<br />

• Entrega no prazo <strong>de</strong>terminado.<br />

10º Período Virtual – 27, 28 e 29/05/2011.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 51 – Refletir sobre o tema “apren<strong>de</strong>r tem que ser gostoso”<br />

Retomem o ví<strong>de</strong>o 09 – “A Matemática na educação infantil” e o texto 11 - “Pressu-<br />

postos para o trabalho docente com a Matemática na Educação Infantil”, pontuem as<br />

principais i<strong>de</strong>ias que estes veiculam e anotem suas dúvi<strong>da</strong>s.<br />

Em segui<strong>da</strong>, acessem o ví<strong>de</strong>o “Apren<strong>de</strong>r tem que ser gostoso”, disponível em: http://<br />

www.youtube.com. Anotem as i<strong>de</strong>ias principais do ví<strong>de</strong>o e as confrontem com as elenca<strong>da</strong>s<br />

na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> anterior.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 52 – Estudo <strong>de</strong> textos complementares<br />

Leiam os textos “A matemática na educação infantil: contextos criativos <strong>de</strong> aprendizagem”;<br />

“A matemática nos tempos e espaços <strong>da</strong> educação infantil: implicações pe<strong>da</strong>gógicas” e “Tra-<br />

balhar situações-problema com crianças não-leitoras na educação infantil”.


Para lerem o texto “A matemática na educação infantil: contextos criativos <strong>de</strong> aprendi-<br />

zagem”, escrito por Mequè Edo, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>d Autònoma <strong>de</strong> Barcelona, Spain e Maria Celes-<br />

te Ribeiro <strong>da</strong> Escola Superior <strong>de</strong> Educadores <strong>de</strong> Infância Maria Ulrich, Lisboa, Portugal, aces-<br />

sem: http://scholar.google.com.br/scholar. Coloquem o título do texto no campo <strong>de</strong> busca ou<br />

diretamente pelo link: http://webs2002.uab.es/medob/textos%20per%20web/CIANEI_07.pdf.<br />

O texto “A matemática nos tempos e espaços <strong>da</strong> educação infantil: implicações pe-<br />

<strong>da</strong>gógicas”, escrito por Clarice Brutes Stadtlober e Milton Antônio Auth, po<strong>de</strong> ser acessado<br />

por meio <strong>da</strong> página: http://scholar.google.com.br/scholar. Basta colocarem seu título no cam-<br />

po <strong>de</strong> busca ou diretamente pelo link: http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/cd_egem/<br />

fscommand/RE/RE_31.pdf.<br />

O texto “Trabalhar situações - problema com crianças não - leitoras na educação<br />

infantil”, escrito por Fabiane Gomes <strong>da</strong> Silva, <strong>de</strong>verá ser acessado <strong>da</strong> mesma forma pelo<br />

en<strong>de</strong>reço www.google.com.br ou diretamente pelo link: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/<br />

acer_histedbr/jorna<strong>da</strong>/jorna<strong>da</strong>7/_GT4%20PDF/TRABALHAR%20SITUA%C7%D5ES%20-%20<br />

PROBLEMA%20COM%20CRIAN%C7AS%20N%C3O%20-%20LEITORAS%20NA.pdf.<br />

Ca<strong>da</strong> texto permitirá a vocês a ampliação do conhecimento sobre o conteúdo em estudo.<br />

Ao terminarem as leituras, retomem to<strong>da</strong>s as anotações realiza<strong>da</strong>s no <strong>de</strong>correr <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>-<br />

<strong>de</strong>s e organizem um texto que contenha informações imaginando a seguinte situação:<br />

“Se eu tivesse um filho pequeno frequentando uma creche/pré-escola brasi-<br />

leira, qual seria o trabalho pe<strong>da</strong>gógico com a linguagem matemática que eu<br />

gostaria que fosse <strong>de</strong>senvolvido? Por quê?”.<br />

Postem suas consi<strong>de</strong>rações no Portfólio Individual, com o título D14_ Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>52.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa – Associar à avaliação – Compartilhar com<br />

Valor: 10,00 Peso: 1<br />

Tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Individual<br />

Objetivo:<br />

formadores<br />

• Caracterizar a concepção <strong>de</strong> trabalho com a linguagem matemática na educação infan-<br />

til. Compreen<strong>de</strong>r a natureza <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s utiliza<strong>da</strong>s para o trabalho com matemática<br />

na educação infantil, <strong>de</strong> modo especial, a resolução <strong>de</strong> problemas articula<strong>da</strong> ao as-<br />

pecto lúdico-criativo dos jogos. Dimensionar o papel e a atuação do professor/ gestor.<br />

Criticar a tendência <strong>de</strong>, na educação infantil, os professores fazerem cópias <strong>de</strong> práticas<br />

pe<strong>da</strong>gógicas dos anos iniciais do ensino fun<strong>da</strong>mental, bem como o uso <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> cópia e treino motor.<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Critérios gerais <strong>de</strong> produção textual (Manual do Aluno).<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retirar do conteúdo estu<strong>da</strong>do reflexões críticas fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s.<br />

193<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


194<br />

• Manifestar em suas proposições e concepções a compreensão <strong>da</strong> matemática como<br />

forma <strong>de</strong> linguagem <strong>da</strong> criança pequena.<br />

• Caracterizar o papel <strong>da</strong> educação infantil e <strong>de</strong> seus profissionais.<br />

• Explicitar sua posição acerca <strong>da</strong> tendência <strong>de</strong>, na educação infantil, os professores<br />

fazerem cópias <strong>de</strong> práticas pe<strong>da</strong>gógicas dos anos iniciais do ensino fun<strong>da</strong>mental, bem<br />

como o uso <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cópia e treino motor.<br />

• Entrega no prazo <strong>de</strong>terminado.<br />

Leituras complementares:<br />

• O texto: Uma perspectiva para o ensino <strong>da</strong> matemática na pré-escola. Rosa Maria<br />

Maciel e Maria Luiza do Canto Bene<strong>de</strong>tti. Série Idéias, n. 14. São Paulo: FDE, 1992. p.<br />

33-39 http://www.crmariocovas.sp.gov.br.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 53 – Levantamento <strong>de</strong> questões para Revisão<br />

Durante esse período virtual, façam um levantamento dos conteúdos trabalhados durante<br />

esta disciplina e escrevam para seus Orientadores <strong>de</strong> Disciplina, utilizando a Ferramenta<br />

Correio, sobre os temas que, eventualmente, ain<strong>da</strong> estejam obscuros e/ou questões que<br />

gostariam <strong>de</strong> discutir mais profun<strong>da</strong>mente.<br />

Indiquem, em suas mensagens, quais são os principais temas que gostariam <strong>de</strong> discutir na<br />

próxima aula presencial do dia 30 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011.


Bloco1<br />

Formação Geral<br />

Módulo 3<br />

Educação Infantil: Princípios e Fun<strong>da</strong>mentos<br />

Caros alunos!<br />

Agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sexta Semana<br />

30/05/2011 a 05/06/2011<br />

“Como seres sócio-históricos que somos, interagimos<br />

com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que nos cerca, somos afetados por re-<br />

lações, imagens, situações, acontecimentos, emoções.<br />

Então, nossos repertórios constituídos ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>,<br />

são acionados a ca<strong>da</strong> encontro com o outro - pessoas,<br />

lugares, paisagens, obras, objetos, conceitos. É com eles<br />

que vamos significando o mundo, fazendo a leitura do<br />

que nos ro<strong>de</strong>ia e nos acontece. Quanto maior o reper-<br />

tório, maior a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer diálogo com<br />

as “coisas do mundo”, com o mistério <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Assim é<br />

para a arte como para todos os campos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana.”<br />

(OSTETTO, 2010)<br />

Chegamos à última semana <strong>da</strong> disciplina D14 – Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong><br />

Linguagem Expressivas e Comunicativas.<br />

As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propostas durante esta sexta semana, não serão avaliativas, contribuindo<br />

assim, apenas para seus estudos. Aproveitem esse período para tirar suas dúvi<strong>da</strong>s e para<br />

entregar as eventuais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s atrasa<strong>da</strong>s. Vocês <strong>de</strong>verão postá-las até quarta-feira, dia<br />

01 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011, às 23h55, <strong>da</strong>ta final, do período <strong>de</strong> revisão e recuperação <strong>de</strong> prazos.<br />

Fiquem atentos, pois as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s entregues após esse prazo não serão avalia<strong>da</strong>s.<br />

No dia 02 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011, vocês realizarão uma prova presencial. Aproveitem o momento<br />

<strong>da</strong> prova para refletir sobre os conteúdos trabalhados. A prova <strong>de</strong>ve representar, para vocês,<br />

um momento <strong>de</strong> reflexão sobre o que apren<strong>de</strong>ram e <strong>de</strong> organização <strong>da</strong>s informações e co-<br />

nhecimentos.<br />

Observem abaixo as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s programa<strong>da</strong>s para a semana:<br />

11ª Aula Presencial – 30/05/2011 – 2ª feira – Revisão e Recuperação<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 54 – Discussão <strong>da</strong>s questões levanta<strong>da</strong>s para revisão.<br />

11ª Período Virtual – 31/05/2011 e 01/06/2011 – 3ª e 4ª feira – Revisão e Recuperação<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 55 – Síntese final.<br />

12ª Aula Presencial – 02/06/2011 – 5ª feira - Avaliação<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 56 – Prova.<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Avaliativas<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Disciplina 14<br />

Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem Expressivas e Comunicativas<br />

195<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL<br />

Sa<br />

Saiba M<br />

Sai<br />

Saiba Ma<br />

Saiba Ma<br />

Saiba Mai


196<br />

12ª Período Virtual – 03, 04 e 05/06/2011 – 6ª feira, sábado e domingo<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 57 – Avaliação <strong>da</strong> D14 - Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem<br />

Expressivas e Comunicativas.<br />

Segun<strong>da</strong>-feira, dia 27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011, <strong>da</strong>remos início à D15 – Didática Geral. Fiquem<br />

atentos! Façam seus acessos por meio do Portal Acadêmico (http://www.edutec.unesp.br).<br />

Qualquer problema, por favor, Saiba entrem Mais em contato com seu Orientador <strong>de</strong> Disciplina.<br />

Saiba Mais<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> 6ª Semana<br />

11ª Aula Presencial – 30/05/2011 (Revisão e Recuperação)<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 54 – Discussão <strong>da</strong>s questões levanta<strong>da</strong>s para revisão.<br />

Discutam as questões previamente levanta<strong>da</strong>s por vocês e anteriormente envia<strong>da</strong>s aos<br />

Orientadores <strong>de</strong> Disciplina.<br />

Aproveitem esta aula para tirar to<strong>da</strong>s as dúvi<strong>da</strong>s, eventualmente ain<strong>da</strong> existentes, sobre os<br />

conteúdos trabalhados durante a D14 - Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem<br />

Expressivas e Comunicativas.<br />

Finaliza<strong>da</strong> a discussão, sistematizem as principais idéias e reflexões realiza<strong>da</strong>s no <strong>de</strong>correr<br />

dos encontros presenciais e <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s virtuais, respon<strong>de</strong>ndo à questão:<br />

“De tudo o que foi visto, qual é o papel <strong>da</strong> creche/pré-escola Saiba Mais e dos profissionais<br />

<strong>da</strong> educação infantil em relação a promoção do acesso <strong>da</strong> criança<br />

pequena as diferentes formas <strong>de</strong> linguagem?”<br />

Saiba Mais<br />

Façam suas anotações e <strong>de</strong>pois se acharem pertinente, postem em seus Portfólios Indi-<br />

viduais, com o título D14_ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>54.<br />

11ª Período Virtual – 31/05/2011 e 01/06/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 55 – Síntese final<br />

Retomem suas sínteses pessoais e grupais para complementar e produzir uma única sín-<br />

tese final contendo reflexões e aspectos centrais <strong>da</strong>s aulas e <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s virtuais. Este<br />

procedimento permitirá verificar se ain<strong>da</strong> existem aspectos com lacunas. Neste caso, voltem<br />

aos ví<strong>de</strong>os que permitirão uma abor<strong>da</strong>gem mais rápi<strong>da</strong> do conteúdo. Sugerimos também as<br />

leituras complementares se sentirem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou tiverem o interesse.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Saiba<br />

Saiba M


Vocês po<strong>de</strong>rão utilizar este material na prova final.<br />

12ª Aula Presencial – 02/06/2011 – 5ª feira - Avaliação<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 56 – Prova<br />

Chegou o momento <strong>de</strong> verificarmos suas aprendizagens!<br />

Esta prova será composta <strong>de</strong> duas questões dissertativas relativas aos estudos realizados<br />

na disciplina D14 - “Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem Expressivas e Co-<br />

municativas”.<br />

Ca<strong>da</strong> questão vale 5,0 pontos, <strong>de</strong> modo que a prova vale 10 pontos. A prova é individual e<br />

terá duração <strong>de</strong> quatro horas.<br />

Valor <strong>da</strong> nota: 10,00 Peso: 4<br />

Tipo <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Individual.<br />

Objetivos:<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avaliativa<br />

• Avaliação <strong>da</strong> aprendizagem em Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem<br />

Expressivas e Comunicativas<br />

Critérios <strong>de</strong> avaliação:<br />

• Produção textual (Manual do Aluno).<br />

• Proposição do papel <strong>da</strong> creche/pré-escola e dos profissionais <strong>da</strong> educação infantil em<br />

relação a promoção do acesso <strong>da</strong> criança pequena as diferentes formas <strong>de</strong> linguagem.<br />

• Explicitação <strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong> criança e <strong>de</strong> infância coerentes com os estudos<br />

realizados.<br />

• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> discutir as diferentes formas <strong>de</strong> linguagem estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s com base em<br />

suas três funções fun<strong>da</strong>mentais: a lúdico-criativa, a comunicativa e a representativa.<br />

• Explicitar a compreensão <strong>da</strong>s diferentes formas <strong>de</strong> linguagem como uma forma privile-<br />

gia<strong>da</strong> <strong>da</strong> criança pequena interagir e elaborar conhecimentos.<br />

• Dimensionar o papel do professor em relação à organização do ambiente (espaço-<br />

-físico e as interações que nele se estabelecem), do tempo Saiba e <strong>da</strong>sMais propostas/situações<br />

<strong>de</strong> aprendizagem a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s às especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> faixa etária.<br />

• Demonstrar a elaboração <strong>de</strong> conhecimentos teóricos e práticos Saiba consi<strong>de</strong>rando Mais<br />

a especi-<br />

fici<strong>da</strong><strong>de</strong> dos interesses e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s crianças <strong>da</strong> educação infantil, observando<br />

as diferentes faixas etárias que a compõe.<br />

12ª Período Virtual – 03, 04 e 05/06/2011<br />

Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 57 – Avaliação <strong>da</strong> D14 - Educação Infantil: Diferentes Formas <strong>de</strong> Linguagem<br />

Expressivas e Comunicativas.<br />

Saiba Mais<br />

Saiba Mais<br />

Neste momento preten<strong>de</strong>mos avaliar a disciplina D14 - “Educação Infantil: Diferentes For-<br />

mas <strong>de</strong> Linguagem Expressivas e Comunicativas” e sua aprendizagem, os textos e ví<strong>de</strong>os<br />

197<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


198<br />

disponibilizados para sua <strong>formação</strong> inicial em relação à temática proposta. Para organizar<br />

esta proposta avaliativa trataremos <strong>de</strong> três questões:<br />

1. Quais foram as experiências ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais significativas para mi-<br />

nha <strong>formação</strong> inicial em relação ao tema <strong>de</strong>sta disciplina? Por quê?<br />

2. Quais foram as experiências insatisfatórias para minha <strong>formação</strong> inicial<br />

em relação ao tema <strong>de</strong>sta disciplina? Por quê?<br />

3. O que mudou em relação a sua visão anterior a esta disciplina sobre<br />

a criança pequena e suas formas <strong>de</strong> se expressar, <strong>de</strong> comunicar e <strong>de</strong><br />

interagir com as pessoas e com o mundo?<br />

Postem seus arquivos no Portfólio Individual, com o título D14_Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>57.


199<br />

EDUCAÇÃO INFANTIL


200<br />

A diagramação <strong>de</strong>ste ca<strong>de</strong>rno ocorreu no outono <strong>de</strong> 2011<br />

Sua paginação <strong>de</strong>u-se com Adobe InDesign e a ilustração, com Adobe Illustrator,<br />

ambos em plataforma Mac OS e instalados em computadores do NEaD, no Ipiranga, São Paulo/Brasil.<br />

O corpo do texto é Times New Roman, Arial e, como vetores, Trajan e Linoscript.<br />

Seu miolo é em off-set 90 gramas e sua capa, em papel supremo 250 gramas<br />

com laminação fosca e 21 x 27.8cm <strong>de</strong> tamanho fechado.<br />

A impressão ficou a cargo <strong>da</strong> Assahi Gráfica.

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