VJ setembro 61.p65 - Visão Judaica
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14<br />
O mufti de Jerusalém,<br />
Haj Amin al Husseini,<br />
líder da Solução Final de<br />
Hitler para os judeus e<br />
pai do 'Movimento<br />
Palestino'<br />
VISÃO JUDAICA • <strong>setembro</strong> de 2007 • Tishrei / Chesvan 5768<br />
Heitor De Paola *<br />
erminada a Primeira Guerra<br />
Mundial, com a derrota<br />
do Império Otomano,<br />
a Turquia ficou reduzida<br />
à Anatólia e ao enclave<br />
europeu. O resto do Oriente<br />
Médio foi dividido entre mandados<br />
e protetorados ingleses e franceses<br />
de forma arbitrária e seguindo normas<br />
geográficas que não refletiam<br />
divisões efetivas de povos diferentes.<br />
T.E. Lawrence, o da Arábia, havia<br />
reunido diversas tribos beduínas<br />
que viviam em luta constante<br />
entre si. Na hora da divisão foram<br />
criadas “dinastias” baseadas nos<br />
principais chefes beduínos. Posteriormente<br />
Síria e Iraque estabeleceram<br />
ditaduras baseadas no mesmo<br />
Partido, o Baath, só que de facções<br />
diferentes e inimigas entre si. Outros<br />
territórios foram sendo criados<br />
para “acomodarem” outros aliados:<br />
o Reino Hachemita do Jordão (Jordânia),<br />
Kwait, Emirados, Qatar, etc.<br />
Na Arábia Saudita, onde predomina<br />
a tribo sunita wahabita, toda<br />
religião que não a islâmica é proibida,<br />
os aviões que sobrevoam seu<br />
território tem que suspender o serviço<br />
de bebidas alcoólicas, existe<br />
uma polícia religiosa que tudo pode,<br />
até mesmo levantar a roupa das mulheres<br />
para ver se estão usando lingerie<br />
ocidental ou perfumes. A pena<br />
pode ser o apedrejamento, as mulheres<br />
não podem trabalhar, estudar,<br />
nem sair à rua sem a companhia<br />
do marido ou irmãos. Ainda<br />
existe a prática da ablação do clitóris<br />
para impedir o orgasmo feminino.<br />
Em recente declaração o Ministro<br />
da Defesa, Príncipe Sultan,<br />
disse que estão proibidos templos<br />
de quaisquer outras religiões.<br />
A atitude em relação à religião<br />
pode ser resumida nas palavras do<br />
Mufti Al-Tayyeb: “A civilização Ocidental<br />
é diferente da Oriental primeiramente<br />
por sua atitude em relação<br />
à religião, que é de inspiração<br />
divina. Para nós, no Oriente, a religião<br />
é sagrada e é o ápice da honra.<br />
No Ocidente (...) a sociedade não<br />
está interessada na religião. Mesmo<br />
que haja pessoas religiosas, é um sociedade<br />
que não se posiciona em relação<br />
à religião, é uma sociedade secular.<br />
(...) Respeitamos os costumes<br />
ocidentais nos seus territórios, mas<br />
nos nossos Países não aceitamos que<br />
os ocidentais disseminem idéias contrárias<br />
à religião, em nome de direitos<br />
humanos.” Ou então, como disse<br />
o ex-Embaixador iraniano na ONU<br />
Sa’id Raja-i-Khorassani: “a idéia de<br />
direitos humanos é uma invenção<br />
Judaico-Cristã, estranha ao Islã”.<br />
Pode-se usar a Turquia como<br />
contraste. Lá, o fim da Primeira Guerra<br />
Mundial um grupo de oficiais, os<br />
Islã: a conexão nazista<br />
Jovens Turcos, comandados<br />
por Mustapha<br />
Kemal, posteriormente<br />
cognominado<br />
Ataturk (Pai dos Turcos),<br />
derrubou o Império<br />
e impôs leis que<br />
restringem ao máximo<br />
o alcance da religião:<br />
o cha’dor é<br />
proibido, assim<br />
como, para os homens,<br />
o uso de bigodes<br />
ou o fez (chapeuzinho<br />
típico), e o<br />
sapato de bico retorcido<br />
que eram características<br />
dos turcos.<br />
Desde então os militares<br />
detém um poder supra constitucional<br />
que impede a volta dos velhos<br />
costumes.<br />
Também o Egito luta desesperadamente<br />
para manter a ordem política<br />
separada da religião. Em discurso<br />
na Universidade do Cairo o<br />
Professor de Teologia e Religião<br />
Aghajari argumentou que “existe um<br />
batalhão de clérigos que se desenvolveu<br />
no Islã, que pretende se colocar<br />
entre Allah e os crentes – algo<br />
que vai completamente contra a natureza<br />
do Islã, no qual difere do Cristianismo.<br />
(Criticou duramente) estes<br />
clérigos que estão no poder no<br />
Irã por seu conservadorismo e petrificação,<br />
por bloquearem o desenvolvimento<br />
da Sociedade e por explorarem<br />
o nome de Allah”.<br />
Pontos de identificação<br />
“Nada tenho contra o Islã porque<br />
ele educa os homens destas divisões<br />
(SS) para mim e promete a<br />
eles o Paraíso se lutarem e morrem<br />
em ação. É uma religião muito prática<br />
para soldados”<br />
Reichsfüehrer-SS Heirinch Himmler<br />
Sendo o Islã visceralmente autocrático<br />
e antidemocrático é inevitável<br />
sua ligação umbilical com<br />
outros movimentos socialistas ditatoriais<br />
e tirânicos, principalmente<br />
com o nazismo, com quem tem em<br />
comum o anti-semitismo [1], mas<br />
também com o comunismo. Já desde<br />
o início do século passado a versão<br />
em língua árabe da farsa denominada<br />
Os Protocolos dos Sábios do<br />
Sião era amplamente divulgada com<br />
o total apoio das autoridades muçulmanas<br />
religiosas e laicas. Os princípios<br />
que guiam as duas ideologias<br />
são similares: a visão de um povo<br />
unido frente à dominação estrangeira<br />
– principalmente Ocidental – que<br />
traz “deterioração moral e cultural.<br />
Ambas são ligadas, de forma bastante<br />
semelhante, à morte pelo martírio<br />
como instrumento de depuração sacrificial.<br />
A morte é vista como o su-<br />
Haj Amin al Husseini (no centro, de casaco negro e chapéu<br />
branco) faz a saudação nazista ao inspecionar suas tropas<br />
muçulmanas nazistas da SS na Bósnia<br />
premo bem. Enquanto Hitler se baseava<br />
nas velhas lendas inspiradas<br />
nas sagas dos Nibelungen, do Valhalla<br />
como campo dos heróis nacionais<br />
mortos em combate, das Valkírias,<br />
e da superioridade do Homem<br />
Nórdico, o Islã se baseia nas lendas<br />
de Sinbad, nos Cavaleiros Árabes e<br />
do Rubayyat de Omar Kahyyam, povoadas<br />
de guerreiros e mortais que<br />
desafiam os deuses pela glória da<br />
morte pelo martírio.<br />
Entre 1920 e 1948 a Palestina<br />
foi governada pela Inglaterra sob<br />
mandato internacional que estipulava<br />
que aquela região deveria<br />
se tornar um Lar para os Judeus.<br />
No início deste mandato um professor<br />
e jornalista palestino extremamente<br />
nacionalista, Haj Amin<br />
el-Husseini, instigou um progrom<br />
em Jerusalém e foi condenado a<br />
10 anos de prisão, da qual escapou.<br />
Ironicamente, o primeiro Alto<br />
Comissário Britânico na Palestina,<br />
Sir Herbert Samuel, um judeu que<br />
não queria parecer demasiadamente<br />
pró-judeu, nomeou-o em março<br />
de 1921 Mufti de Jerusalém,<br />
título que ele pessoalmente autopromoveu<br />
a Grão Mufti.<br />
Em maio de 1930, Mohammed<br />
Nafi Tschelebi, estudante sírio estudante<br />
na Universidade de Charlottenburg<br />
fundou a Associação<br />
Germano-Islâmica (Deutsch-Moslemiche<br />
Gesselshaft) com a finalidade<br />
de estimular a camaradagem<br />
(Kameradeschaft) entre os povos.<br />
Já desde 1927, junto com Abdel<br />
Jabbar Kheiri havia fundado associações<br />
estudantis denominadas<br />
“Islamyia” e “El-Arabyia”.<br />
Em 1937, mais de vinte anos antes<br />
da fundação do Estado de Israel,<br />
o Grão Mufti se encontrava com o<br />
enviado especial do führer, Adolf Eichmann.<br />
Husseini se opunha ativamente<br />
à formação de um Estado Judeu<br />
na Palestina e fomentou a revolta<br />
árabe em 1936. Em outubro de<br />
1939 o Mufti visitou o Iraque, na<br />
época submetido a Nuri el-Said, próbritânico.<br />
O Mufti exerceu enorme<br />
pressão contra este dirigente até que<br />
conseguiu substitui-lo pelo Governo<br />
pró-alemão de Rashid Ali (1 de<br />
abril de 1941). Este novo Governo<br />
durou pouco por causa da invasão<br />
britânica e, em 2 de maio de 1941,<br />
Husseini se exilou na Alemanha, empregando<br />
o resto de seus dias trabalhando<br />
para os nazistas, inclusive formando<br />
batalhões muçulmanos SS<br />
(como a Waffen-Gebirgs-Division-SS<br />
Handschar [Adaga]) – por ele considerada<br />
como a “nata do Islã” - e<br />
organizações nazistas no Egito, Palestina,<br />
Síria e Iraque.<br />
O golpe pró-nazi no Iraque contou<br />
ainda com a ajuda de Kharaillah<br />
Tilfah, por mera coincidência<br />
tio e tutor, e posteriormente sogro,<br />
de Saddam Hussein. Outra estranha<br />
coincidência é que o verdadeiro<br />
nome de Yassir Arafat é Abdul<br />
Rauf el-Codbi el-Husseini, sendo um<br />
dos sobrinhos do Grão Mufti. Arafat<br />
é um codinome retirado de uma<br />
colina próxima a Meca e significa<br />
“a culminância de uma peregrinação”<br />
(hadj), neste caso a libertação<br />
de toda a Palestina.<br />
No Oriente Médio, diferentemente<br />
de nossa civilização ocidental,<br />
a importância dos simbolismos<br />
é imensa.<br />
Em 1941 o Mufti foi enviado por<br />
Hitler para a Bósnia ocupada aonde<br />
obteve o título de “Protetor do Islã”.<br />
Lá foram exterminados 200.000 Cristãos<br />
Sérvios, 40.000 ciganos e<br />
22.000 judeus. Ele, entretanto, se<br />
intitulava “Führer der Arabischen<br />
Welt”, Líder do Mundo Árabe. Além<br />
disto foi estabelecido uma Associação<br />
de Amizade Árabe-Germânica que<br />
funcionava no Restaurante Berliner<br />
Kindl, na Kufürsterdamm além de um<br />
Instituto Islâmico em Dresden (Islamische<br />
Zentralinstitut) e o Mufti foi<br />
agraciado com um governo nazi-islâmico<br />
no exílio.<br />
A Jihad contra os judeus foi pregada<br />
inicialmente pelo Grão Mufti<br />
já em 1943, em pleno apogeu do<br />
Holocausto, aliás sugerido por ele,<br />
quando dissuadiu Hitler de mandar<br />
os judeus para a Palestina sugerindo,<br />
ao invés disto, a chamada “solução<br />
final do problema judaico na<br />
Europa” através do extermínio físico.<br />
A Jihad foi exigida por Al-Husseini<br />
numa locução na Rádio Berlin:<br />
“matem os judeus aonde os encontrarem,<br />
isto agrada a Allah” [2].<br />
Existe evidência sobre a influência<br />
direta do Mufti [3].<br />
Em 1945 ele foi colocado em prisão<br />
domiciliar de luxo, sob custódia<br />
protetora da França mas, “milagrosamente”,<br />
escapou para o Cairo em<br />
maio de 1946.<br />
Tais apelos à Jihad formaram o<br />
embrião da maioria dos grupos ter-<br />
continua na página 15