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Urbanização colonial na América Latina - Universidade de Brasília

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BETINA SCHÜRMANN<br />

caracterizavam pela falta <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, refletiam o caos e uma total ausência<br />

<strong>de</strong> planejamento. A respeito das cida<strong>de</strong>s do Brasil Colônia, Smith (1956:<br />

322 -323) afirmou:<br />

As suas ruas, ironicamente chamadas direitas, eram tortas e cheias <strong>de</strong><br />

altibaixos, as suas praças <strong>de</strong> ordinário, irregulares ... Desta sorte, em 1763,<br />

quando <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser a capital do Brasil, era a Bahia (Salvador) uma cida<strong>de</strong><br />

tão medieval quanto Lisboa <strong>na</strong> véspera das gran<strong>de</strong>s reformas <strong>de</strong> Pombal.<br />

Nada inventaram os portugueses no planejamento <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s em países<br />

novos. Ao contrário dos espanhóis, que eram instruídos por lei a executar<br />

um gra<strong>de</strong>ado regular <strong>de</strong> ruas, que se entrecruzam em torno <strong>de</strong> uma<br />

praça central, os portugueses não mantinham regras, exceto a antiga <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesa através da altura.<br />

Outras afirmações alimentaram o mito da cida<strong>de</strong> <strong>colonial</strong> portuguesa<br />

não planejada, observando que essas cida<strong>de</strong>s cresceram <strong>de</strong>sor<strong>de</strong><strong>na</strong>damente<br />

em torno <strong>de</strong> igrejas, que geralmente se localizavam em áreas mais altas<br />

disponíveis (Mindlin, 1956:1), ou consi<strong>de</strong>rando que:<br />

A cida<strong>de</strong> que os portugueses construíram <strong>na</strong> <strong>América</strong> não é um produto<br />

mental, não chega a contradizer o quadro da <strong>na</strong>tureza, e sua silhueta se<br />

enlaça <strong>na</strong> linha da paisagem. Nenhum rigor, nenhum método, nenhuma<br />

previdência, sempre este significativo abandono que exprime a palavra<br />

<strong>de</strong>sleixo (Holanda, 1998:110).<br />

Seguindo essa linha <strong>de</strong> pensamento, os brasilianistas afirmaram que<br />

as vilas e as cida<strong>de</strong>s do Brasil Colonial foram fundadas "segundo .ur<strong>na</strong><br />

configuração realmente extravagante" (Morse, 1970:10), e eram recria­<br />

ções das cida<strong>de</strong>s medievais portuguesas com suas ruas tortuosas e seus<br />

bairros congestio<strong>na</strong>dos (Smith, 1953: 349). Ao lado da <strong>de</strong>squalificação das<br />

vilas e das cida<strong>de</strong>s das colônias portuguesas, "tornou-se axiomático o elo­<br />

gio das cida<strong>de</strong>s da <strong>América</strong> Espanhola, com suas ruas admiravelmente<br />

traçadas em cruz, chamando a atenção para a legislação urba<strong>na</strong> que orien­<br />

tou o planejamento <strong>de</strong>stas aglomerações urba<strong>na</strong>s" (Delson, 1997:1)'<br />

150<br />

Elaborando uma comparação entre o planejamento português e o <strong>de</strong><br />

TEXTOS DE HISTÓRIA, vol. 7, n° 1/2, 1999

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