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Boias-frias e suas máquinas sonhadoras - Agenciawad.com.br

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A cana-de-açúcar surgia <strong>com</strong> todo o <strong>br</strong>ilho não apenas de um produto “moderno” exigindo<<strong>br</strong> />

altos investimentos de capital industrial, mas de um produto que, por ser uma fonte de<<strong>br</strong> />

energia renovável, poderia dar sustentação aos projetos de desenvolvimento e sonhos de<<strong>br</strong> />

progresso nascidos e elaborados na época do “milagre econômico <strong>br</strong>asileiro”, e<<strong>br</strong> />

parcialmente interrompidos pela “crise do petróleo” em 1973. Sob a perspectiva da<<strong>br</strong> />

“industrialização da agricultura”, a produção canavieira, porém, apresentava um problema:<<strong>br</strong> />

o ciclo da safra não havia sido totalmente mecanizado. Daí, a necessidade de<<strong>br</strong> />

aproveitamento sazonal de uma imensa quantidade de cortadores de cana, os “bóias-<strong>frias</strong>”.<<strong>br</strong> />

Durante a safra, as <strong>máquinas</strong> colheitadeiras permaneciam nas “vitrines” das usinas,<<strong>br</strong> />

rondando os “bóias-<strong>frias</strong>” <strong>com</strong> o espectro de um desemprego realmente avassalador.<<strong>br</strong> />

Enquanto isso, a evolução tecnológica das carregadeiras de cana provocava desgastes<<strong>br</strong> />

maiores entre “bóias-<strong>frias</strong>”. O tamanho do “eito” a ser cortado por cada “bóia-fria” passaria<<strong>br</strong> />

de tres “ruas” (fileiras) de cana, em princípios dos anos 70, para cinco “ruas” no final da<<strong>br</strong> />

década. Nos anos 80, “bóias-<strong>frias</strong>” temiam que experiências <strong>com</strong> sete “ruas”, que vinham<<strong>br</strong> />

sendo feitas em algumas usinas, se espalhassem pelo estado. O aumento do número de<<strong>br</strong> />

“ruas” em cada “eito”, que provocava um esforço maior dos “bóias-<strong>frias</strong>” no manejo da<<strong>br</strong> />

cana e na formação das pilhas de cana cortada, facilitava a passagem e o trabalho das<<strong>br</strong> />

carregadeiras. As usinas também faziam uso de <strong>máquinas</strong> que detectavam a quantidade de<<strong>br</strong> />

“palha” nos carregamentos de cana que vinham dos canaviais. Máquinas desse tipo eram<<strong>br</strong> />

chamadas de “dedo-duro” pelos “bóias-<strong>frias</strong>”. A detecção de material “estranho” nos<<strong>br</strong> />

carregamentos tinha consequências: descontos de pagamentos de turmas infratoras e<<strong>br</strong> />

incentivos à substituição de turmas reincidentes.<<strong>br</strong> />

Enfim, substituídos por <strong>máquinas</strong> no campo, muitos construiram as empresas que faziam as<<strong>br</strong> />

<strong>máquinas</strong> por quais estavam sendo substituídos. Sendo, em seguida, despedidos das o<strong>br</strong>as,<<strong>br</strong> />

passaram a cortar a cana-de-açúcar que tomava conta das terras onde não podiam mais<<strong>br</strong> />

morar. Máquinas “em vitrines” ameaçavam substituí-los nos canaviais também. Máquinas<<strong>br</strong> />

carregadeiras fizeram aumentar o desgaste de <strong>suas</strong> energias; outras “vigiaram” a sua<<strong>br</strong> />

produção. O esforço do seu trabalho serviu para fornecer energia para <strong>máquinas</strong> que<<strong>br</strong> />

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