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UMA LEITURA DE GÊNERO A PARTIR DAS RELAÇÕES ... - Ceeduc

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32<br />

Izabel Cristina Veiga Mello<br />

CONCLUSÃO<br />

Como bem observa Chartier, onde, justamente, a concentração religiosa<br />

das mulheres em espaços específicos e controlados é muito significativa,<br />

a invenção espiritual feminina transborda os limites impostos,<br />

embaralha os papéis e desloca as convenções. 71 É exatamente isto o que<br />

vem ocorrendo no pentecostalismo desde a sua gênese no Brasil. Portanto,<br />

um diálogo acerca do ministério feminino se apresenta, além de oportuno,<br />

necessário e urgente.<br />

Um bom começo seria pensar a partir da própria identidade do pentecostalismo.<br />

Sua riqueza histórica, bem como, os textos bíblicos que<br />

lhe servem de base, deve permitir converter-se em poder transformador<br />

que logre abrir futuro para as mulheres no movimento pentecostal. Isto<br />

inexoravelmente passaria pela visão e práxis das mulheres pentecostais<br />

do passado, que ouviram o apelo ao discipulado de co-iguais e agiram<br />

no poder do Espírito Santo. A partir de então, construir uma reflexão que<br />

tenha como ponto de partida o entendimento de que ministério é serviço,<br />

não senhorio. Pois vocação é um chamado de Deus a homens e mulheres<br />

e todas as pessoas vocacionadas podem fazer e exercer serviço.<br />

Definir a submissão imposta às mulheres no pentecostalismo como<br />

uma violência simbólica também ajuda a compreender como a relação<br />

de dominação, que é uma relação histórica, cultural e linguisticamente<br />

construída, é sempre afirmada como uma diferença de natureza, radical,<br />

irredutível, universal. Os dispositivos que asseguram a eficácia desta<br />

violência simbólica que, como observou Pierre Bourdieu, só chegam a<br />

triunfar se aquele que a sofre contribui para a sua eficácia. Ela só o sub-<br />

71 CHARTIER, Roger. Diferenças entre os sexos e dominação simbólica. Disponível<br />

em: http://www.pagu.unicamp.br/files/cadpagu/Cad04/pagu04.04.pdf. Acesso em: 30<br />

mar. 2010.

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