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Revista Pedagógica – Língua Portuguesa 7º ano do ... - promover

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PROMOVER<br />

revista peDaGÓGiCa<br />

<strong>Língua</strong> portuguesa <strong>7º</strong> <strong>ano</strong> <strong>do</strong> ensino Fundamental<br />

ISSN 2238-0582<br />

2011


PROMOVER2011<br />

programa municipaL de avaLiação externa de desempenho de<br />

aLunos da rede municipaL de ensino de campo grande-ms<br />

revista pedagógica<br />

<strong>Língua</strong> portuguesa <strong>7º</strong> <strong>ano</strong> <strong>do</strong> ensino Fundamental<br />

ISSN 2238-0582


Prefeitura Municipal de Campo Grande<br />

Secretaria Municipal de Educação<br />

iniciativa<br />

Prefeitura Municipal de Campo Grande<br />

prefeito municipal de campo grande<br />

Dr. Nelson Trad Filho<br />

secretária municipal de educação<br />

Maria Cecilia Amen<strong>do</strong>la da Motta<br />

secretário-adjunto<br />

Cícero Rosa Vilela<br />

superintendente de gestão estratégica<br />

Soraya Regina de Hungria Cruz<br />

coordena<strong>do</strong>ra de planejamento e avaliação<br />

Márcia Regina Mortari Végas<br />

equipe técnica de avaliação<br />

André Dioney Fonseca<br />

Inez Nazira Abrahão Barbosa<br />

Luiz Carlos Tramujas de Azeve<strong>do</strong><br />

Maria Elisabete Cavalcante<br />

Maria Fernanda Borges Daniel de Alencastro<br />

Mônica Aparecida Fuzetto Paschoal<br />

Vânia Lúcia Ruas Chelotti de Moraes<br />

Rosangela de Fátima Rocha <strong>do</strong>s Reis<br />

apoio técnico<br />

Márcio Flávio Xavier da Silva


7<br />

13<br />

39<br />

71<br />

A importânciA <strong>do</strong>s<br />

resultA<strong>do</strong>s<br />

A escAlA de proficiênciA<br />

pAdrões de desempenho<br />

estudAntil<br />

o trABAlho continuA<br />

8<br />

14<br />

16<br />

40<br />

42<br />

48<br />

54<br />

58<br />

69<br />

os resulta<strong>do</strong>s da sua escola<br />

A estrutura da escala de proficiência<br />

<strong>do</strong>mínios e competências<br />

Abaixo <strong>do</strong> básico<br />

Básico<br />

proficiente<br />

Avança<strong>do</strong><br />

produção de texto<br />

com a palavra, o professor


A importânciA <strong>do</strong>s resultA<strong>do</strong>s<br />

as avaliações em larga escala realizadas pelo programa<br />

municipal de avaliação externa de desempenho<br />

de alunos da rede municipal de ensino de campo<br />

grande-ms (<strong>promover</strong>), ao oferecer medidas acerca<br />

<strong>do</strong> progresso <strong>do</strong> sistema de ensino como um to<strong>do</strong> e, em<br />

particular, de cada escola, atendem a <strong>do</strong>is propósitos<br />

principais: o de prestar contas à sociedade sobre a eficácia<br />

<strong>do</strong>s serviços educacionais ofereci<strong>do</strong>s à população,<br />

e o de fornecer subsídios para o planejamento das<br />

escolas em suas atividades de gestão e de intervenção<br />

pedagógica. para as escolas, a oportunidade de receber<br />

os seus resulta<strong>do</strong>s de forma individualizada tem<br />

como finalidade prover subsídios para o planejamento<br />

de suas ações de aprendizagem. a revista pedagógica,<br />

portanto, foi criada para atender ao objetivo de divulgar<br />

os da<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s pelo <strong>promover</strong> de maneira que eles<br />

possam ser, efetivamente, utiliza<strong>do</strong>s como subsídio para<br />

as diversas instâncias gestoras, bem como por cada<br />

unidade escolar.<br />

nesta revista pedagógica você encontrará os resulta<strong>do</strong>s<br />

desta escola em <strong>Língua</strong> portuguesa para o <strong>7º</strong> <strong>ano</strong> <strong>do</strong><br />

ensino Fundamental. para a interpretação pedagógica<br />

desses resulta<strong>do</strong>s, a escala de proficiência, com seus<br />

<strong>do</strong>mínios e competências, será fundamental. com<br />

ela, torna-se possível entender em quais pontos os<br />

estudantes estão em relação ao desenvolvimento das<br />

habilidades consideradas essenciais ao aprendiza<strong>do</strong> da<br />

<strong>Língua</strong> portuguesa. como você verá, o detalhamento <strong>do</strong>s<br />

níveis de complexidade das habilidades, apresenta<strong>do</strong> nos<br />

<strong>do</strong>mínios e competências da escala, prioriza a descrição<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento cognitivo ao longo <strong>do</strong> processo de<br />

escolarização. essas informações são muito importantes<br />

para o planejamento <strong>do</strong>s professores, bem como para<br />

as intervenções pedagógicas em sala de aula.<br />

os padrões de desempenho oferecem à escola os subsídios<br />

necessários para a elaboração de metas coletivas.<br />

assim, ao relacionar a descrição das habilidades com o<br />

percentual de estudantes em cada padrão, a escola pode<br />

elaborar o seu projeto com propostas mais concisas e<br />

eficazes, capazes de trazer modificações substanciais<br />

para o aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s estudantes com vistas à promoção<br />

da equidade.<br />

também são apresenta<strong>do</strong>s, nesta revista, alguns artigos<br />

importantes sobre o ensino de <strong>Língua</strong> portuguesa e<br />

depoimentos de professores que, como você, fazem toda<br />

a diferença nas comunidades em que atuam.<br />

7


8<br />

os resultA<strong>do</strong>s dA suA escolA<br />

os resulta<strong>do</strong>s desta escola no<br />

<strong>promover</strong> 2011 são apresenta<strong>do</strong>s<br />

sob seis aspectos, quatro deles<br />

estão impressos nesta revista. os<br />

outros <strong>do</strong>is, que se referem aos resulta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> percentual de acerto<br />

no teste, estão disponíveis no cd<br />

(anexo a esta revista) e no portal da<br />

avaliação, pelo endereço eletrônico<br />

www.<strong>promover</strong>.caedufjf.net.<br />

1. Proficiência média<br />

resultA<strong>do</strong>s impressos nestA revistA<br />

apresenta a proficiência média desta escola. você pode comparar a<br />

proficiência da escola com as médias <strong>do</strong> seu município e da sua região. o<br />

objetivo é proporcionar uma visão das proficiências médias e posicionar<br />

sua escola em relação a essas médias.<br />

2. Participação<br />

informa o número estima<strong>do</strong> de estudantes para a realização <strong>do</strong> teste e<br />

quantos, efetivamente, participaram da avaliação no seu município, na<br />

sua região e na sua escola.<br />

3. Evolução <strong>do</strong> percentual de estudantes por padrão de desempenho<br />

permite que você acompanhe a evolução <strong>do</strong> percentual de estudantes<br />

nos padrões de desempenho das avaliações realizadas pelo <strong>promover</strong>.


4. Percentual de estudantes por padrão de desempenho<br />

apresenta a distribuição <strong>do</strong>s estudantes ao longo <strong>do</strong>s intervalos de proficiência<br />

na sua região e na sua escola. os gráficos permitem que você<br />

identifique o percentual de estudantes para cada padrão de desempenho.<br />

isso será fundamental para planejar intervenções pedagógicas, voltadas<br />

à melhoria <strong>do</strong> processo de ensino e promoção da equidade escolar.<br />

resultA<strong>do</strong>s disponíveis no cd e no portAl dA AvAliAção<br />

5. Percentual de acerto por descritor 6. Resulta<strong>do</strong>s por estudante<br />

Apresenta o percentual de acerto no<br />

teste para cada uma das habilidades<br />

avaliadas. Esses resulta<strong>do</strong>s são apresenta<strong>do</strong>s<br />

por município, região, escola,<br />

turma e estudante.<br />

Cada estudante pode ter acesso aos seus<br />

resulta<strong>do</strong>s no PROMOVER. Nesse boletim,<br />

é informa<strong>do</strong> o padrão de desempenho alcança<strong>do</strong><br />

e quais habilidades ele possui desenvolvidas<br />

em <strong>Língua</strong> <strong>Portuguesa</strong> para o<br />

<strong>7º</strong> <strong>ano</strong> <strong>do</strong> Ensino Fundamental. Essas são<br />

informações importantes para o acompanhamento,<br />

pelo estudante e seus familiares,<br />

de seu desempenho escolar.<br />

11


A escAlA de proficiênciA<br />

uma escala é a expressão da medida<br />

de uma grandeza. É uma forma de<br />

apresentar resulta<strong>do</strong>s com base em<br />

uma espécie de régua em que os valores<br />

são ordena<strong>do</strong>s e categoriza<strong>do</strong>s.<br />

para as avaliações em larga escala da<br />

educação básica realizadas no Brasil,<br />

os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s estudantes em<br />

<strong>Língua</strong> portuguesa são dispostos em<br />

uma escala de proficiência definida<br />

pelo sistema nacional de avaliação da<br />

educação Básica (saeB). as escalas <strong>do</strong><br />

saeB permitem ordenar os resulta<strong>do</strong>s<br />

de desempenho em um continuum, ou<br />

seja, <strong>do</strong> nível mais baixo ao mais alto.<br />

assim, os estudantes que alcançaram<br />

um nível mais alto da escala, por exemplo,<br />

mostram que possuem o <strong>do</strong>mínio<br />

das habilidades presentes nos níveis<br />

anteriores. isso significa que o estudante<br />

<strong>do</strong> último <strong>ano</strong> <strong>do</strong> ensino médio deve,<br />

naturalmente, ser capaz de <strong>do</strong>minar<br />

habilidades em um nível mais complexo<br />

<strong>do</strong> que as de um estudante <strong>do</strong> 5º <strong>ano</strong><br />

<strong>do</strong> ensino Fundamental.<br />

as escalas apresentam, também, para<br />

cada intervalo, as habilidades presentes<br />

naquele ponto, o que é muito importante<br />

para o diagnóstico das habilidades<br />

ainda não consolidadas em cada etapa<br />

de escolaridade.<br />

a grande vantagem da a<strong>do</strong>ção de uma<br />

escala de proficiência é sua capacidade<br />

de traduzir as medidas obtidas em diagnósticos<br />

qualitativos <strong>do</strong> desempenho<br />

escolar. com isso, os educa<strong>do</strong>res têm<br />

acesso à descrição das habilidades distintivas<br />

<strong>do</strong>s intervalos correspondentes<br />

a cada nível e podem atuar com mais<br />

precisão na detecção de dificuldades de<br />

aprendizagens, bem como planejar e<br />

executar ações de correção de rumos.<br />

13


14<br />

Domínios Competências Descritores<br />

apropriação <strong>do</strong><br />

sistema da escrita<br />

estratégias de Leitura<br />

processamento <strong>do</strong> texto<br />

* as habilidades relativas a essas competências são avaliadas nas séries iniciais <strong>do</strong> ensino Fundamental.<br />

A estruturA dA escAlA de proficiênciA<br />

na primeira coluna da escala são<br />

apresenta<strong>do</strong>s os grandes <strong>do</strong>mínios<br />

<strong>do</strong> conhecimento em <strong>Língua</strong> portuguesa<br />

para toda a educação básica.<br />

esses <strong>do</strong>mínios são agrupamentos<br />

de competências que, por sua vez,<br />

agregam as habilidades presentes<br />

na matriz de referência de <strong>Língua</strong><br />

portuguesa. as colunas seguintes<br />

mostram a relação entre a escala<br />

e a matriz, para cada competência,<br />

trazen<strong>do</strong> os descritores que lhes<br />

são relaciona<strong>do</strong>s.<br />

identifica letras. *<br />

reconhece convenções gráficas. *<br />

manifesta consciência fonológica. *<br />

Lê palavras. *<br />

Localiza informação. d1<br />

identifica tema. d4<br />

realiza inferência. d2, d3, d5, d13, d14, d15, d16, d18 e d35<br />

identifica gênero, função, e<br />

destinatário de um texto.<br />

d6 e d7<br />

estabelece relações lógico-discursivas. d9, d10 e d12<br />

identifica elementos de<br />

um texto narrativo.<br />

d32<br />

estabelece relações entre textos. d8 e d31<br />

distingue posicionamentos. d20 e d23<br />

identifica marcas linguísticas. d17, d21 e d34<br />

as habilidades, representadas por diferentes<br />

cores, que vão <strong>do</strong> amarelo-claro<br />

ao vermelho, estão dispostas nas várias<br />

linhas da escala. essas cores indicam<br />

a gradação de complexidade das habilidades<br />

pertinentes a cada competência.<br />

assim, por exemplo, a cor amarelo-clara<br />

indica o primeiro nível de complexidade<br />

da habilidade, passan<strong>do</strong> pelo laranja e<br />

in<strong>do</strong> até o nível mais complexo, representa<strong>do</strong><br />

pela cor vermelha. a legenda<br />

explicativa das cores informa sobre essa<br />

gradação na própria escala.<br />

na primeira linha da escala estão dividi<strong>do</strong>s<br />

to<strong>do</strong>s os intervalos em faixas<br />

de 25 pontos, que vão <strong>do</strong> zero a 500.<br />

em tons de verde, estão agrupa<strong>do</strong>s<br />

os padrões de desempenho defini<strong>do</strong>s<br />

pela secretaria municipal de educação<br />

de campo grande para o <strong>7º</strong> <strong>ano</strong><br />

<strong>do</strong> ensino Fundamental. os limites<br />

entre os padrões transpassam a escala,<br />

no senti<strong>do</strong> vertical, da primeira<br />

à última linha.


Abaixo <strong>do</strong> básico<br />

escAlA de proficiênciA<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

Básico<br />

proficiente<br />

a gradação das cores indica a complexidade da tarefa.<br />

pAdrões de desempenho estudAntil pArA o <strong>7º</strong> Ano <strong>do</strong> ensino fundAmentAl<br />

Avança<strong>do</strong><br />

15


16<br />

<strong>do</strong>mínios e<br />

competênciAs<br />

os <strong>do</strong>mínios da escala de proficiência<br />

agrupam as competências básicas ao<br />

aprendiza<strong>do</strong> de <strong>Língua</strong> portuguesa para<br />

toda a educação básica.<br />

ao relacionar os resulta<strong>do</strong>s de sua escola<br />

a cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios da escala<br />

de proficiência e aos respectivos intervalos<br />

de gradação de complexidade da<br />

habilidade, é possível diagnosticar, com<br />

grande precisão, <strong>do</strong>is pontos principais:<br />

o primeiro se refere ao nível de desenvolvimento<br />

obti<strong>do</strong> no teste e o segun<strong>do</strong><br />

ao que é espera<strong>do</strong> <strong>do</strong>s estudantes nas<br />

etapas de escolaridade em que se encontram.<br />

com esses da<strong>do</strong>s é possível<br />

implementar ações em nível de sala de<br />

aula com vistas ao desenvolvimento das<br />

habilidades ainda não consolidadas, o<br />

que, de certo, contribuirá para a melhoria<br />

<strong>do</strong> processo educativo da escola.<br />

ApropriAção <strong>do</strong> sistemA dA escritA<br />

professor, a apropriação <strong>do</strong> sistema<br />

de escrita é condição para que o estudante<br />

leia com compreensão e de<br />

forma autônoma. essa apropriação é<br />

o foco <strong>do</strong> trabalho nos <strong>ano</strong>s iniciais<br />

<strong>do</strong> ensino Fundamental, ao longo <strong>do</strong>s<br />

quais se espera que o estudante avance<br />

em suas hipóteses sobre a língua<br />

escrita. neste <strong>do</strong>mínio, encontram-se<br />

reunidas quatro competências que envolvem<br />

percepções acerca <strong>do</strong>s sinais<br />

gráficos que utilizamos na escrita <strong>–</strong> as<br />

letras <strong>–</strong> e sua organização na página e<br />

aquelas referentes a correspondências<br />

entre som e grafia. o conjunto dessas<br />

competências permite ao alfabetizan<strong>do</strong><br />

ler com compreensão.


identificA letrAs<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

uma das primeiras hipóteses que a criança formula com relação à língua escrita é a de que escrita e desenho são uma<br />

mesma coisa. sen<strong>do</strong> assim, quan<strong>do</strong> solicitada a escrever, por exemplo, “casa”, a criança pode simplesmente desenhar uma<br />

casa. Quan<strong>do</strong> começa a ter contatos mais sistemáticos com textos escritos, observan<strong>do</strong>-os e ven<strong>do</strong>-os ser utiliza<strong>do</strong>s por<br />

outras pessoas, a criança começa a perceber que escrita e desenho são coisas diferentes, reconhecen<strong>do</strong> as letras como os<br />

sinais que se deve utilizar para escrever. para chegar a essa percepção, a criança deverá, inicialmente, diferenciar as letras<br />

de outros símbolos gráficos, como os números, por exemplo. uma vez perceben<strong>do</strong> essa diferenciação, um próximo passo será<br />

o de identificar as letras <strong>do</strong> alfabeto, nomean<strong>do</strong>-as e saben<strong>do</strong> identificá-las mesmo quan<strong>do</strong> escritas em diferentes padrões.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

estudantes que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos são capazes de diferenciar<br />

letras de outros rabiscos, desenhos e/ou outros sinais gráficos também utiliza<strong>do</strong>s na escrita. esse é<br />

um nível básico de desenvolvimento desta competência, representa<strong>do</strong> na escala pelo amarelo-claro.<br />

estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos são capazes de identificar as letras <strong>do</strong> alfabeto. este<br />

novo nível de complexidade desta competência é indica<strong>do</strong>, na escala, pelo amarelo-escuro.<br />

estudantes com nível de proficiência acima de 125 pontos diferenciam as letras de outros sinais gráficos<br />

e identificam as letras <strong>do</strong> alfabeto, mesmo quan<strong>do</strong> escritas em diferentes padrões gráficos. esse da<strong>do</strong><br />

está indica<strong>do</strong> na escala de proficiência pela cor vermelha.<br />

17


18<br />

reconHece convençÕes GrÁficAs<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

mesmo quan<strong>do</strong> ainda bem pequenas, muitas crianças que têm contatos frequentes com situações de leitura imitam gestos<br />

leitores <strong>do</strong>s adultos. Fazem de conta, por exemplo, que leem um livro, folhean<strong>do</strong>-o e olhan<strong>do</strong> suas páginas. esse é um primeiro<br />

indício de reconhecimento das convenções gráficas. essas convenções incluem saber que a leitura se faz da esquerda para a<br />

direita e de cima para baixo ou, ainda, que, diferentemente da fala, se apresenta num fluxo contínuo e na escrita é necessário<br />

deixar espaços entre as palavras.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

estudantes que se encontram em níveis de proficiência de 75 a 100 pontos reconhecem que o texto é<br />

organiza<strong>do</strong> na página escrita da esquerda para a direita e de cima para baixo. esse fato é representa<strong>do</strong><br />

na escala pelo amarelo-claro.<br />

estudantes com proficiência acima de 100 pontos, além de reconhecerem as direções da esquerda para<br />

a direita e de cima para baixo na organização da página escrita, também identificam os espaçamentos<br />

adequa<strong>do</strong>s entre palavras na construção <strong>do</strong> texto. na escala, este novo nível de complexidade da competência<br />

está representa<strong>do</strong> pela cor vermelha.


mAnifestA consciênciA fonolÓGicA<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

a consciência fonológica se desenvolve quan<strong>do</strong> o sujeito percebe que a palavra é composta de unidades menores que ela<br />

própria. essas unidades podem ser a sílaba ou o fonema. as habilidades relacionadas a essa competência são importantes<br />

para que o estudante seja capaz de compreender que existe correspondência entre o que se fala e o que se escreve.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

os estudantes que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos identificam rimas e<br />

sílabas que se repetem em início ou fim de palavra. ouvir e recitar poesias, além de participar de jogos<br />

e brincadeiras que explorem a sonoridade das palavras contribuem para o desenvolvimento dessas<br />

habilidades.<br />

estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos contam sílabas de uma palavra lida ou ditada. este<br />

novo nível de complexidade da competência está representa<strong>do</strong> na escala pelo amarelo-escuro.<br />

estudantes com proficiência acima de 125 pontos já consolidaram essa competência e esse fato está<br />

representa<strong>do</strong> na escala de proficiência pela cor vermelha.<br />

19


20<br />

lê pAlAvrAs<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

para ler palavras com compreensão, o alfabetizan<strong>do</strong> precisa desenvolver algumas habilidades. uma delas, bastante elementar, é<br />

a de identificar as direções da escrita: de cima para baixo e da esquerda para direita. em geral, ao iniciar o processo de alfabetização,<br />

o alfabetizan<strong>do</strong> lê com maior facilidade as palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, isso porque, quan<strong>do</strong><br />

estão se aproprian<strong>do</strong> da base alfabética, as crianças constroem uma hipótese inicial de que todas as sílabas são formadas por<br />

esse padrão. posteriormente, em função de sua exposição a um vocabulário mais amplo e a atividades nas quais são solicitadas<br />

a refletir sobre a língua escrita, tornam-se hábeis na leitura de palavras compostas por outros padrões silábicos.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

na escala de proficiência, o amarelo-claro indica que os estudantes que apresentam níveis de proficiência<br />

de entre 75 e 100 pontos são capazes de ler palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal,<br />

o mais simples, e que, geralmente, é objeto de ensino nas etapas iniciais da alfabetização.<br />

o amarelo-escuro indica, na escala, que estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos alcançaram<br />

um novo nível de complexidade da competência de ler palavras: a leitura de palavra formadas por sílabas<br />

com padrão diferente <strong>do</strong> padrão consoante/vogal.<br />

a cor vermelha indica que estudantes com proficiência acima de 125 pontos já consolidaram as habilidades<br />

que concorrem para a construção da competência de ler palavras.


22<br />

estrAtÉGiAs de leiturA<br />

a concepção de linguagem que fundamenta<br />

o trabalho com a língua materna<br />

no ensino Fundamental é a de que a<br />

linguagem é uma forma de interação<br />

entre os falantes. consequentemente,<br />

o texto deve ser o foco <strong>do</strong> ensino da<br />

língua, uma vez que as interações entre<br />

os sujeitos, mediadas pela linguagem,<br />

se materializam na forma de textos de<br />

diferentes gêneros. o <strong>do</strong>mínio “estratégias<br />

de Leitura” reúne as competências<br />

que possibilitam ao leitor utilizar recursos<br />

varia<strong>do</strong>s para ler com compreensão<br />

textos de diferentes gêneros.


locAliZA informAção<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

a competência de localizar informação explícita em textos pode ser considerada uma das mais elementares. com o seu desenvolvimento<br />

o leitor pode recorrer a textos de diversos gêneros, buscan<strong>do</strong> neles informações de que possa necessitar. essa<br />

competência pode apresentar diferentes níveis de complexidade - desde localizar informações em frases, por exemplo, até<br />

fazer essa localização em textos mais extensos - e se consolida a partir <strong>do</strong> desenvolvimento de um conjunto de habilidades<br />

que devem ser objeto de trabalho <strong>do</strong> professor em cada perío<strong>do</strong> de escolarização. isso está indica<strong>do</strong>, na escala de proficiência,<br />

pela gradação de cores.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

estudantes que se encontram em um nível de proficiência entre 100 e 125 pontos localizam informações<br />

em frases, pequenos avisos, bilhetes curtos, um verso. esta é uma habilidade importante porque mostra<br />

que o leitor consegue estabelecer nexos entre as palavras que compõem uma sentença, produzin<strong>do</strong> senti<strong>do</strong><br />

para o to<strong>do</strong> e não apenas para as palavras isoladamente. na escala de proficiência, o desenvolvimento<br />

desta habilidade está indica<strong>do</strong> pelo amarelo-claro.<br />

os estudantes, que apresentam proficiência entre 125 e 175 pontos, localizam informações em textos<br />

curtos, de gênero familiar e com poucas informações. esses leitores conseguem, por exemplo, a partir<br />

da leitura de um convite, localizar o lugar onde a festa acontecerá ou ainda, a partir da leitura de uma<br />

fábula, localizar uma informação relativa à caracterização de um <strong>do</strong>s personagens. essa habilidade está<br />

indicada, na escala, pelo amarelo-escuro.<br />

os estudantes com proficiência entre 175 e 225 pontos localizam informações em textos mais extensos,<br />

desde que o texto se apresente em gênero que lhes seja familiar. esses leitores selecionam, dentre as<br />

várias informações apresentadas pelo texto, aquela(s) que lhes interessa(m). na escala de proficiência,<br />

o laranja-claro indica o desenvolvimento dessa habilidade.<br />

os estudantes com proficiência entre 225 e 250 pontos além de localizar informações em textos mais<br />

extensos, conseguem localizá-las, mesmo quan<strong>do</strong> o gênero e o tipo textual lhe são menos familiares.<br />

isso está indica<strong>do</strong>, na escala de proficiência, pelo laranja-escuro.<br />

a partir de 250 pontos, encontram-se os estudantes que localizam informações explícitas, mesmo<br />

quan<strong>do</strong> essas se encontram sob a forma de paráfrases. esses estudantes já consolidaram a habilidade<br />

de localizar informações explícitas, o que está indica<strong>do</strong>, na escala de proficiência, pela cor vermelha.<br />

23


24<br />

identificA temA<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

a competência de identificar tema se constrói pelo desenvolvimento de um conjunto de habilidades que permitem ao leitor<br />

perceber o texto como um to<strong>do</strong> significativo pela articulação entre suas partes.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

estudantes que apresentam um nível de proficiência entre 125 e 175 pontos identificam o tema de um<br />

texto desde que esse venha indica<strong>do</strong> no título, como no caso de textos informativos curtos, notícias de<br />

jornal ou revista e textos instrucionais. esses estudantes começam a desenvolver a competência de<br />

identificar tema de um texto, fato indica<strong>do</strong>, na escala de proficiência, pelo amarelo-claro.<br />

estudantes com proficiência entre 175 e 225 pontos, fazem a identificação <strong>do</strong> tema de um texto valen<strong>do</strong>-<br />

-se de pistas textuais. na escala de proficiência, o amarelo-escuro indica este nível mais complexo de<br />

desenvolvimento da competência de identificar tema de um texto.<br />

estudantes com proficiência entre 225 e 275 pontos identificam o tema de um texto mesmo quan<strong>do</strong><br />

esse tema não está marca<strong>do</strong> apenas por pistas textuais, mas é inferi<strong>do</strong> a partir da conjugação dessas<br />

pistas com a experiência de mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> leitor. Justamente por mobilizar intensamente a experiência de<br />

mun<strong>do</strong>, estudantes com este nível de proficiência conseguem identificar o tema em textos que exijam<br />

inferências, desde que os mesmos sejam de gênero e tipo familiares. o laranja-claro indica este nível<br />

de complexidade mais eleva<strong>do</strong> da competência.<br />

Já os estudantes com nível de proficiência a partir de 275 pontos identificam o tema em textos de tipo<br />

e gênero menos familiares que exijam a realização de inferências nesse processo. esses estudantes já<br />

consolidaram a competência de identificar tema em textos, o que está indica<strong>do</strong> na escala de proficiência<br />

pela cor vermelha.


eAliZA inferênciA<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

Fazer inferências é uma competência bastante ampla e que caracteriza leitores mais experientes, que conseguem ir além<br />

daquelas informações que se encontram na superfície textual, atingin<strong>do</strong> camadas mais profundas de significação. para realizar<br />

inferências, o leitor deve conjugar, no processo de produção de senti<strong>do</strong>s para o que lê, as pistas oferecidas pelo texto aos seus<br />

conhecimentos prévios, à sua experiência de mun<strong>do</strong>. estão envolvidas na construção da competência de fazer inferências as<br />

habilidades de: inferir o senti<strong>do</strong> de uma palavra ou expressão a partir <strong>do</strong> contexto no qual ela aparece; inferir o senti<strong>do</strong> de<br />

sinais de pontuação ou outros recursos morfossintáticos; inferir uma informação a partir de outras que o texto apresenta ou,<br />

ainda, o efeito de humor ou ironia em um texto.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

o nível de complexidade desta competência também pode variar em função de alguns fatores: se o texto<br />

apresenta linguagem não verbal, verbal ou mista; se o vocabulário é mais ou menos complexo; se o<br />

gênero textual e a temática abordada são mais ou menos familiares ao leitor, dentre outros. estudantes<br />

com proficiência entre 125 e 175 pontos apresentam um nível básico de construção desta competência,<br />

poden<strong>do</strong> realizar inferências em textos não verbais como, por exemplo, tirinhas ou histórias sem<br />

texto verbal, e, ainda, inferir o senti<strong>do</strong> de palavras ou expressões a partir <strong>do</strong> contexto em que elas se<br />

apresentam. na escala de proficiência, o amarelo-claro indica essa etapa inicial de desenvolvimento da<br />

competência de realizar inferências.<br />

aqueles estudantes que apresentam proficiência entre 175 e 225 pontos inferem informações em textos<br />

não verbais e de linguagem mista desde que a temática desenvolvida e o vocabulário emprega<strong>do</strong> lhes<br />

sejam familiares. esses estudantes conseguem, ainda, inferir o efeito de senti<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> por alguns<br />

sinais de pontuação e o efeito de humor em textos como piadas e tirinhas. na escala de proficiência o<br />

desenvolvimento dessas habilidades pelos estudantes está indica<strong>do</strong> pelo amarelo-escuro.<br />

estudantes com proficiência entre 225 e 275 pontos realizam tarefas mais sofisticadas como inferir<br />

o senti<strong>do</strong> de uma expressão metafórica ou efeito de senti<strong>do</strong> de uma onomatopeia; inferir o efeito de<br />

senti<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> pelo uso de uma palavra em senti<strong>do</strong> conotativo e pelo uso de notações gráficas e,<br />

ainda, o efeito de senti<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> pelo uso de determinadas expressões em textos pouco familiares<br />

e/ou com vocabulário mais complexo. na escala de proficiência o desenvolvimento dessas habilidades<br />

está indica<strong>do</strong> pelo laranja-claro.<br />

estudantes com proficiência a partir de 275 pontos já consolidaram a habilidade de realizar inferências,<br />

pois, além das habilidades relacionadas aos níveis anteriores da escala, inferem informações em textos de<br />

vocabulário mais complexo e temática pouco familiar, valen<strong>do</strong>-se das pistas textuais, de sua experiência<br />

de mun<strong>do</strong> e de leitor e, ainda, de inferir o efeito de ironia em textos diversos, além de reconhecer o efeito<br />

<strong>do</strong> uso de recursos estilísticos. a consolidação das habilidades relacionadas a esta competência está<br />

indicada na escala de proficiência pela cor vermelha.<br />

25


26<br />

identificA Gênero, função e destinAtÁrio de teXtos de diferentes Gêneros<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

a competência de identificar gênero, função ou destinatário de um texto envolve habilidades cujo desenvolvimento permite ao<br />

leitor uma participação mais ativa em situações sociais diversas, nas quais o texto escrito é utiliza<strong>do</strong> com funções comunicativas<br />

reais. essas habilidades vão desde a identificação da finalidade com que um texto foi produzi<strong>do</strong> até a percepção de a quem ele<br />

se dirige. o nível de complexidade que esta competência pode apresentar dependerá da familiaridade <strong>do</strong> leitor com o gênero<br />

textual, portanto, quanto mais amplo for o repertório de gêneros de que o estudante dispuser, maiores suas possibilidades de<br />

perceber a finalidade <strong>do</strong>s textos que lê. É importante destacar que o repertório de gêneros textuais se amplia à medida que<br />

os estudantes têm possibilidades de participar de situações variadas, nas quais a leitura e a escrita tenham funções reais e<br />

atendam a propósitos comunicativos concretos.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

estudantes que apresentam um nível de proficiência de 100 a 175 pontos identificam a finalidade de textos<br />

de gênero familiar como receitas culinárias, bilhetes, poesias. essa identificação pode se fazer em função<br />

da forma <strong>do</strong> texto, quan<strong>do</strong> ele se apresenta na forma estável em que o gênero geralmente se encontra<br />

em situações da vida cotidiana. por exemplo, no caso da receita culinária, quan<strong>do</strong> ela traz inicialmente<br />

os ingredientes, segui<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de preparo <strong>do</strong>s mesmos. além de identificarem uma notícia. na<br />

escala de proficiência esse início de desenvolvimento da competência está indica<strong>do</strong> pelo amarelo-claro.<br />

aqueles estudantes com proficiência de 175 a 250 pontos identificam o gênero e o destinatário de textos<br />

de ampla circulação na sociedade, menos comuns no ambiente escolar, valen<strong>do</strong>-se das pistas oferecidas<br />

pelo texto, tais como: o tipo de linguagem e o apelo que faz a seus leitores em potencial. na escala de<br />

proficiência, a maior complexidade desta competência está indicada pelo amarelo-escuro.<br />

os estudantes que apresentam proficiência a partir de 250 pontos já consolidaram a competência de<br />

identificar gênero, função e destinatário de textos, ainda que estes se apresentem em gênero pouco<br />

familiar e com vocabulário mais complexo. esse fato está representa<strong>do</strong> na escala de proficiência pela<br />

cor vermelha.


28<br />

processAmento <strong>do</strong> teXto<br />

neste <strong>do</strong>mínio estão agrupadas competências<br />

cujo desenvolvimento tem<br />

início nas séries iniciais <strong>do</strong> ensino<br />

Fundamental, progredin<strong>do</strong> em grau<br />

de complexidade até o final <strong>do</strong> ensino<br />

médio. para melhor compreendermos o<br />

desenvolvimento destas competências,<br />

precisamos lembrar que a avaliação<br />

tem como foco a leitura, não se fixan<strong>do</strong><br />

em nenhum conteú<strong>do</strong> específico. na<br />

verdade, diversos conteú<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>s<br />

no decorrer de to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong><br />

de escolarização contribuem para o<br />

desenvolvimento das competências e<br />

habilidades associadas a este <strong>do</strong>mínio.<br />

chamamos de processamento <strong>do</strong><br />

texto as estratégias utilizadas na sua<br />

constituição e sua utilização na e para<br />

a construção <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> texto. neste<br />

<strong>do</strong>mínio, encontramos cinco competências,<br />

as quais serão detalhadas<br />

a seguir, consideran<strong>do</strong> que as cores<br />

apresentadas na escala indicam o início<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento da habilidade, as<br />

gradações de dificuldade e sua consequente<br />

consolidação.


estABelece relAçÕes lÓGico-discursivAs entre pArtes de um teXto<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

a competência de estabelecer relações lógico-discursivas envolve habilidades necessárias para que o leitor estabeleça relações<br />

que contribuem para a continuidade, progressão <strong>do</strong> texto, garantin<strong>do</strong> sua coesão e coerência. essas habilidades relacionam-se,<br />

por exemplo, ao reconhecimento de relações semânticas indicadas por conjunções, preposições, advérbios ou verbos. ainda<br />

podemos indicar a capacidade de o estudante reconhecer as relações anafóricas marcadas pelos diversos tipos de pronome.<br />

o grau de complexidade das habilidades associadas a essa competência está diretamente associa<strong>do</strong> a <strong>do</strong>is fatores: a presença<br />

<strong>do</strong>s elementos linguísticos que estabelecem a relação e o posicionamento desses elementos dentro <strong>do</strong> texto, por exemplo, se<br />

um pronome está mais próximo ou mais distante <strong>do</strong> termo a que ele se refere.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

os estudantes que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 150 a 200, começam a desenvolver a<br />

habilidade de perceber relações de causa e consequência em texto não verbal e em texto com linguagem<br />

mista, além de perceberem aquelas relações expressas por meio de advérbios ou locuções adverbiais<br />

como, por exemplo, de tempo, lugar e mo<strong>do</strong>.<br />

no intervalo de 200 a 250, indica<strong>do</strong> pelo amarelo-escuro, os estudantes já conseguem realizar tarefas<br />

mais complexas como estabelecer relações anafóricas por meio <strong>do</strong> uso de pronomes pessoais retos, e<br />

por meio de substituições lexicais. acrescente-se que já começam a estabelecer relações semânticas<br />

pelo uso de conjunções, como as comparativas.<br />

no laranja-claro, intervalo de 250 a 300 pontos na escala, os estudantes atingem um nível maior de<br />

abstração na construção <strong>do</strong>s elos que dão continuidade ao texto, pois reconhecem relações de causa e<br />

consequência sem que haja marcas textuais explícitas indican<strong>do</strong> essa relação semântica. esses estudantes<br />

também reconhecem, na estrutura textual, os termos retoma<strong>do</strong>s por pronomes pessoais oblíquos, por<br />

pronomes demonstrativos e possessivos.<br />

os estudantes com proficiência acima de 300 pontos na escala estabelecem relações lógico-semânticas<br />

mais complexas, pelo uso de conectivos menos comuns ou mesmo pela ausência de conectores. a cor<br />

vermelha indica a consolidação das habilidades associadas a essa competência. É importante ressaltar<br />

que o trabalho com elementos de coesão e coerência <strong>do</strong> texto deve ser algo que promova a compreensão<br />

de que os elementos linguísticos que constroem uma estrutura sintática estabelecem entre si uma rede<br />

de senti<strong>do</strong>, o qual deve ser construí<strong>do</strong> pelo leitor.<br />

29


30<br />

identificA elementos de um teXto nArrAtivo<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

os textos com sequências narrativas são os primeiros com os quais to<strong>do</strong>s nós entramos em contato e com os quais mantemos<br />

maior contato, tanto na oralidade quanto na escrita. daí, observarmos a consolidação das habilidades associadas a essa<br />

competência em níveis mais baixos da escala de proficiência, ao contrário <strong>do</strong> que foi visto na competência anterior. identificar<br />

os elementos estrutura<strong>do</strong>res de uma narrativa significa conseguir dizer onde, quan<strong>do</strong> e com quem os fatos ocorrem, bem<br />

como sob que ponto de vista a história é narrada. essa competência envolve, ainda, a habilidade de reconhecer o fato que deu<br />

origem à história (conflito ou fato gera<strong>do</strong>r), o clímax e o desfecho da narrativa. esses elementos dizem respeito tanto às narrativas<br />

literárias (contos, fábulas, crônicas, romances...) como às narrativas de caráter não literário, uma notícia, por exemplo.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra entre 150 e 175 pontos na escala, nível marca<strong>do</strong> pelo amarelo-<br />

-claro, estão começan<strong>do</strong> a desenvolver essa competência. esses estudantes identificam o fato gera<strong>do</strong>r de<br />

uma narrativa curta e simples, bem como reconhecem o espaço em que transcorrem os fatos narra<strong>do</strong>s.<br />

entre 175 e 200 pontos na escala, há um segun<strong>do</strong> nível de complexidade, marca<strong>do</strong> pelo amarelo-escuro.<br />

nesse nível, os estudantes reconhecem, por exemplo, a ordem em que os fatos são narra<strong>do</strong>s.<br />

a partir de 200 pontos, os estudantes agregam a essa competência mais duas habilidades: o reconhecimento<br />

da solução de conflitos e <strong>do</strong> tempo em que os fatos ocorrem. nessa última habilidade, isso<br />

pode ocorrer sem que haja marcas explícitas, ou seja, pode ser necessário fazer uma inferência. a faixa<br />

vermelha indica a consolidação das habilidades envolvidas nesta competência.


estABelece relAçÕes entre teXtos<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

esta competência diz respeito ao estabelecimento de relações intertextuais, as quais podem ocorrer dentro de um texto ou<br />

entre textos diferentes. É importante lembrar, também, que a intertextualidade é um fator importante para o estabelecimento<br />

<strong>do</strong>s tipos e <strong>do</strong>s gêneros, na medida em que os relaciona e os distingue. as habilidades envolvidas nessa competência começam<br />

a ser desenvolvidas em níveis mais altos da escala de proficiência, revelan<strong>do</strong>, portanto, tratar-se de habilidades mais<br />

complexas, que exigem <strong>do</strong> leitor uma maior experiência de leitura.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 225 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

os estudantes que se encontram entre 225 e 275 pontos na escala, marca<strong>do</strong> pelo amarelo-claro, começam<br />

a desenvolver as habilidades desta competência. esses estudantes reconhecem diferenças e<br />

semelhanças no tratamento da<strong>do</strong> ao mesmo tema em textos distintos, além de identificar um tema<br />

comum na comparação entre diferentes textos informativos.<br />

o amarelo-escuro, 275 a 325 pontos, indica que os estudantes com uma proficiência que se encontra<br />

neste intervalo já conseguem realizar tarefas mais complexas ao comparar textos, como, por exemplo,<br />

reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determina<strong>do</strong> assunto.<br />

a partir de 325 pontos, temos o vermelho que indica a consolidação das habilidades relacionadas a esta<br />

competência. os estudantes que ultrapassam esse nível na escala de proficiência são considera<strong>do</strong>s<br />

leitores proficientes.<br />

31


32<br />

distinGue posicionAmentos<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

distinguir posicionamentos está diretamente associa<strong>do</strong> a uma relação mais dinâmica entre o leitor e o texto.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 200 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

esta competência começa a se desenvolver entre 200 e 225 pontos na escala de proficiência. os estudantes<br />

que se encontram no nível indica<strong>do</strong> pelo amarelo-claro, distinguem fato de opinião em um texto<br />

narrativo, por exemplo.<br />

no amarelo-escuro, de 225 a 275 pontos, encontram-se os estudantes que já se relacionam com o texto<br />

de mo<strong>do</strong> mais avança<strong>do</strong>. neste nível de proficiência, encontram-se as habilidades de identificar trechos<br />

de textos em que está expressa uma opinião e a tese de um texto.<br />

o laranja-claro, 275 a 325 pontos, indica uma nova gradação de complexidade das habilidades associadas<br />

a esta competência. os estudantes cujo desempenho se localiza neste intervalo da escala de proficiência<br />

conseguem reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determina<strong>do</strong> assunto.<br />

o vermelho, acima <strong>do</strong> nível 325, indica a consolidação das habilidades envolvidas nesta competência.


identificA mArcAs linGuísticAs<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500<br />

esta competência relaciona-se ao reconhecimento de que a língua não é imutável e faz parte <strong>do</strong> patrimônio social e cultural<br />

de uma sociedade. assim, identificar marcas linguísticas significa reconhecer as variações que uma língua apresenta, de<br />

acor<strong>do</strong> com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. esta competência envolve as habilidades<br />

de reconhecer, por exemplo, marcas de coloquialidade ou formalidade de uma forma linguística e identificar o locutor ou<br />

interlocutor por meio de marcas linguísticas.<br />

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram<br />

as habilidades relacionadas a esta competência.<br />

os estudantes que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 125 a 175 pontos na escala, começam<br />

a desenvolver esta competência ao reconhecer expressões próprias da oralidade.<br />

no intervalo de 175 a 225, amarelo-escuro, os estudantes já conseguem identificar marcas linguísticas<br />

que diferenciam o estilo de linguagem em textos de gêneros distintos.<br />

no intervalo de 225 a 275, laranja-claro, os estudantes apresentam a habilidade de reconhecer marcas<br />

de formalidade ou de regionalismos e aquelas que evidenciam o locutor de um texto expositivo.<br />

os estudantes que apresentam uma proficiência de 275 a 325 pontos, laranja-escuro, identificam marcas<br />

de coloquialidade que evidenciam o locutor e o interlocutor, as quais são indicadas por expressões<br />

idiomáticas.<br />

a faixa vermelha, a partir <strong>do</strong> nível 325 da escala de proficiência, indica a consolidação das habilidades<br />

associadas a essa competência. o desenvolvimento dessas habilidades é muito importante, pois implica<br />

a capacidade de realizar uma reflexão metalinguística.<br />

33


34<br />

Ler é uma<br />

atividade<br />

cognitiva, que<br />

exige operações<br />

mentais que<br />

vão além da<br />

decodificação.<br />

Para compreender<br />

um texto,<br />

é preciso<br />

associar várias<br />

informações, ou<br />

seja, ter uma<br />

postura de leitor<br />

ativo, capaz<br />

de mobilizar<br />

conhecimentos<br />

para construir<br />

o senti<strong>do</strong>.<br />

como formAr um leitor proficiente?<br />

os resulta<strong>do</strong>s das avaliações externas<br />

em <strong>Língua</strong> portuguesa<br />

apontam que, apesar da melhoria <strong>do</strong><br />

desempenho <strong>do</strong>s estudantes em leitura<br />

ao longo da última década, uma das<br />

dificuldades da escola brasileira que<br />

persiste é desenvolver habilidades de<br />

leitura para a plena participação social<br />

<strong>do</strong>s estudantes. segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> sistema nacional de avaliação da<br />

educação Básica (saeB), em 2009, da<br />

amostra <strong>do</strong>s estudantes avalia<strong>do</strong>s em<br />

<strong>Língua</strong> portuguesa, apenas 34,2% e<br />

26,3% apresentaram aprendiza<strong>do</strong> adequa<strong>do</strong>,<br />

respectivamente, ao 5° e 9° <strong>ano</strong>s<br />

<strong>do</strong> ensino Fundamental.<br />

apesar <strong>do</strong>s avanços, parcelas significativas<br />

<strong>do</strong> aluna<strong>do</strong> permanecem em níveis<br />

de proficiência aquém <strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s<br />

para a série/<strong>ano</strong> ou idade. mas como as<br />

habilidades de leitura podem ser desenvolvidas?<br />

o que pode ser feito, no âmbito<br />

da escola e da sala de aula? essa reflexão<br />

exige, antes de tu<strong>do</strong>, que <strong>do</strong>centes e<br />

demais atores que estão envolvi<strong>do</strong>s no<br />

processo educacional na escola tenham<br />

clareza <strong>do</strong> que é a leitura. assim, cabe<br />

perguntar: o que é ler?<br />

ao contrário <strong>do</strong> que se imagina, o ato<br />

de ler e compreender não se resume<br />

a passar os olhos pelas páginas de um<br />

livro ou um jornal. Ler, no senti<strong>do</strong> amplo,<br />

significa construir senti<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> construímos<br />

senti<strong>do</strong> para o que lemos, então<br />

compreendemos. mais <strong>do</strong> que isso, é<br />

preciso ter em mente que ler é uma<br />

atividade complexa, pois o senti<strong>do</strong> não<br />

está nas palavras e frases; não está da<strong>do</strong><br />

no texto. só é possível ler e compreender<br />

quan<strong>do</strong> os leitores relacionam as informações<br />

dadas com os conhecimentos<br />

que já têm armazena<strong>do</strong>s, fruto de suas<br />

vivências sociais, culturais e afetivas, resultantes<br />

de sua interação com o mun<strong>do</strong>.<br />

sen<strong>do</strong> assim, ler é uma atividade cognitiva,<br />

que exige operações mentais que vão<br />

além da decodificação. para compreender<br />

um texto, é preciso associar várias<br />

informações, ou seja, ter uma postura<br />

de leitor ativo, capaz de mobilizar conhecimentos<br />

para construir o senti<strong>do</strong>.<br />

Mais além da superfície<br />

em qualquer tipo de texto, numa propaganda,<br />

por exemplo, sempre há várias<br />

pistas que nos conduzem ao senti<strong>do</strong>: o<br />

local onde ele é publica<strong>do</strong> ou veicula<strong>do</strong><br />

(revista, tv, rádio etc.); a existência <strong>do</strong><br />

nome ou da logomarca da empresa responsável<br />

pelo serviço ou produto oferta<strong>do</strong>.<br />

se a empresa atua na região onde a<br />

propaganda é veiculada, a familiaridade<br />

das pessoas com seu nome ajuda na<br />

compreensão de que se trata de um


anúncio <strong>–</strong> e não de uma matéria jornalística,<br />

por exemplo. além disso, em anúncios<br />

impressos é comum se relacionar<br />

o texto verbal a imagens, amplian<strong>do</strong> os<br />

senti<strong>do</strong>s <strong>–</strong> desde que o leitor <strong>do</strong> anúncio<br />

tenha familiaridade com o repertório de<br />

imagens e situações apresentadas. ou<br />

seja, para compreender a mensagem,<br />

é preciso associar uma série de informações,<br />

nem sempre apresentadas de<br />

maneira explícita no texto.<br />

a compreensão de um texto como um<br />

to<strong>do</strong>, muitas vezes, ocorre rapidamente,<br />

assentan<strong>do</strong>-se não apenas na dimensão<br />

linguística (palavras e frases), mas<br />

na dimensão discursiva (os interlocutores,<br />

o meio de circulação e o objetivo <strong>do</strong><br />

texto). esse é o movimento: associar o<br />

que o texto traz na sua superfície ao que<br />

já temos de conhecimento acumula<strong>do</strong>.<br />

essa associação é que produz o senti<strong>do</strong>.<br />

por isso, a linguista inge<strong>do</strong>re grunfeld<br />

villaça Koch afirma que a leitura é uma<br />

interação entre autor-texto-leitor.<br />

sempre que se lê com compreensão<br />

<strong>–</strong> seja o texto verbal ou não <strong>–</strong>, se<br />

está associan<strong>do</strong> informações dadas<br />

na superfície <strong>do</strong> texto com outras já<br />

armazenadas, oriundas das interações<br />

sociais: as pessoas conhecem dita<strong>do</strong>s<br />

populares, palavras e frases, músicas,<br />

poemas, conhecem diversos tipos de<br />

textos, estão ligadas a informações <strong>do</strong><br />

cotidi<strong>ano</strong>, conhecem ações típicas realizadas<br />

no dia a dia (pegar um ônibus,<br />

abrir a porta, encontrar com pessoas<br />

no eleva<strong>do</strong>r, pedir uma bebida num<br />

bar, chegar atrasa<strong>do</strong> a uma palestra).<br />

enfim, uma infinidade de conhecimentos<br />

científicos e vivências sociais, culturais,<br />

interpessoais acumula<strong>do</strong>s na memória<br />

e que são ativa<strong>do</strong>s pela leitura de um<br />

texto. por isso, alguns autores, muito<br />

apropriadamente, estabelecem uma<br />

metáfora para o texto: a metáfora <strong>do</strong><br />

iceberg. um iceberg tem na superfície<br />

da água apenas uma pequena porcentagem<br />

de seu corpo, fican<strong>do</strong> imersa uma<br />

grande quantidade de massa de gelo.<br />

a parte de cima representa o texto, ou<br />

seja, as informações “dadas”. a parte<br />

“submersa” representa to<strong>do</strong> o conhecimento<br />

prévio acumula<strong>do</strong> na memória.<br />

a compreensão é fruto das relações<br />

estabelecidas entre as duas partes: a<br />

que emerge da superfície e a submersa.<br />

É importante que a escola amplie o<br />

conhecimento <strong>do</strong> estudante, colocan<strong>do</strong>-<br />

-o em contato com diversos tipos de<br />

textos e materiais de comunicação, a<br />

fim de que ele amplie, cada vez mais,<br />

suas possibilidades de compreensão de<br />

textos e, como consequência, <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

que o cerca. cabe ao professor atuar<br />

em sala de aula no senti<strong>do</strong> de desenvolver,<br />

em seus estudantes, habilidades de<br />

caráter inferencial, e não meramente<br />

de identificação de informações. dessa<br />

maneira, a escola enfoca os aspectos<br />

discursivos <strong>do</strong> texto, propician<strong>do</strong> ao<br />

estudante uma relação direta com a<br />

sociedade. para isso, é preciso que o<br />

trabalho escolar com a língua materna<br />

relacione o conhecimento discursivo,<br />

textual e linguístico, associan<strong>do</strong>-os às<br />

atividades de compreensão.<br />

esse tipo de trabalho, contu<strong>do</strong>, só é<br />

possível se houver uma preocupação e<br />

uma ênfase no letramento <strong>do</strong> professor:<br />

também ele deve ampliar seu conhecimento<br />

geral e especifico da área de<br />

conhecimento na qual atua. ademais,<br />

é fundamental que saibamos, com clareza,<br />

as estratégias necessárias para<br />

ensinar a ler.<br />

Caminhos para ensinar a ler<br />

existem alguns procedimentos, aponta<strong>do</strong>s<br />

em pesquisas, úteis para ampliar<br />

e fortalecer a capacidade de leitura <strong>do</strong>s<br />

estudantes no contexto de um trabalho<br />

pedagógico sério e sistemático de<br />

investigação, análise e ação na escola,<br />

apresenta<strong>do</strong>s a seguir:<br />

1. como o conhecimento prévio é uma<br />

condição para que haja a compreensão,<br />

o ponto de partida é, justamente,<br />

expandir a visão de mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s estudantes,<br />

suas vivências culturais, sociais<br />

e científicas. cabe à escola atuar em<br />

prol da ampliação <strong>do</strong> contato com as<br />

mais diversas formas de interação<br />

por meio da linguagem, estimulan<strong>do</strong><br />

a interação das crianças e jovens com<br />

diversos textos e mídias.<br />

os gêneros geralmente possuem um<br />

certo formato; então, quanto mais familiariza<strong>do</strong><br />

com a diversidade deles, mais<br />

o estudante é capaz de reconhecer as<br />

regularidades textuais, auxilian<strong>do</strong>-o na<br />

É importante que<br />

a escola amplie<br />

o conhecimento<br />

<strong>do</strong> estudante,<br />

colocan<strong>do</strong>-o<br />

em contato com<br />

diversos tipos de<br />

textos e materiais<br />

de comunicação,<br />

a fim de que ele<br />

amplie, cada<br />

vez mais, suas<br />

possibilidades de<br />

compreensão de<br />

textos e, como<br />

consequência,<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que<br />

o cerca.<br />

35


36<br />

o professor<br />

desempenha um<br />

papel central ao<br />

<strong>promover</strong> a circulação<br />

<strong>do</strong> saber, conduzin<strong>do</strong><br />

o trabalho de mo<strong>do</strong><br />

a aguçar o interesse<br />

e a curiosidade<br />

<strong>do</strong>s estudantes.<br />

compreensão. alargan<strong>do</strong> esse conhecimento,<br />

ampliam-se as possibilidades<br />

de compreensão. nessa direção, as<br />

vivências extraescolares contribuirão<br />

sobremaneira para isso. ademais, a<br />

valorização da cultura da comunidade<br />

<strong>do</strong>s estudantes é uma forma de aproximar<br />

a escola da realidade e vice-versa.<br />

2. cabe ao professor ativar to<strong>do</strong> conhecimento<br />

prévio <strong>do</strong> estudante sobre<br />

determina<strong>do</strong> tema, antes mesmo da leitura<br />

<strong>do</strong> texto. ou seja, é preciso fazer<br />

uma contextualização. há algumas<br />

sugestões para ajudar nesse processo:<br />

apresentar, aos poucos, o título, a<br />

seção <strong>do</strong> jornal ou revista, o subtítulo.<br />

neste momento, o professor pode, inclusive,<br />

antecipar o gênero textual que<br />

será li<strong>do</strong>, para que sejam lembradas<br />

também suas características.<br />

esse procedimento permite que o<br />

estudante mobilize uma série de conhecimentos,<br />

abrin<strong>do</strong>-se o caminho da<br />

compreensão: nessa antecipação são<br />

relembra<strong>do</strong>s vários acontecimentos e<br />

ocorrências, palavras, vivências, enfim,<br />

fundamentais no momento da leitura.<br />

3. outra dimensão é o acesso a materiais<br />

diversos e de qualidade <strong>–</strong> fundamental<br />

para que o estudante desenvolva<br />

seu senso crítico, sua capacidade de<br />

compreensão e abstração, além de<br />

habilidades mais sofisticadas. no entanto,<br />

de pouco vale o acesso a materiais<br />

de qualidade sem uma orientação<br />

adequada para as atividades. ou seja,<br />

o professor desempenha um papel<br />

central ao <strong>promover</strong> a circulação <strong>do</strong><br />

saber, conduzin<strong>do</strong> o trabalho de mo<strong>do</strong> a<br />

aguçar o interesse e a curiosidade <strong>do</strong>s<br />

estudantes, fazen<strong>do</strong>-os sanar suas próprias<br />

dúvidas. ele faz a mediação entre<br />

o estudante e o texto de forma experiente:<br />

ao mesmo tempo em que “conduz”a<br />

leitura, deixa que o estudante faça suas<br />

próprias descobertas, abrin<strong>do</strong> espaço<br />

para que o estudante dialogue com o<br />

texto de forma cada vez mais autônoma.<br />

essa tarefa não é fácil, mas como leitor<br />

maduro, o professor saberá interferir<br />

apenas quan<strong>do</strong> necessário.<br />

4. o professor pode, antes de ler o texto,<br />

pedir que os estudantes formulem hipóteses.<br />

deve-se, nesse momento, ficar<br />

atento às pistas que emergem <strong>do</strong> texto.<br />

para exemplificar, numa experiência realizada<br />

em sala de aula, foi solicita<strong>do</strong> aos<br />

estudantes que formulassem algumas<br />

hipóteses a partir <strong>do</strong> título “Barbárie e<br />

cidadania”. inicialmente, os estudantes<br />

disseram que poderiam aparecer palavras<br />

como sociedade, violência, convivência,<br />

polícia, escola, aprendizagem,<br />

dentre outras.<br />

como num jogo de adivinhação, foi dito<br />

à turma que o texto estava aloca<strong>do</strong> na<br />

seção esportiva de um jornal, o que<br />

levou à modificação <strong>do</strong> escopo das<br />

sugestões: os estudantes passaram a<br />

mencionar palavras relacionadas a esportes<br />

- futebol, violência entre torcidas,<br />

punições etc. em seguida, foi informa<strong>do</strong><br />

que se tratava de texto <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong><br />

argumentar, o que levou a formulação<br />

de hipóteses como: o autor vai defender<br />

a extinção das torcidas organizadas ou<br />

o autor vai sugerir formas de punir os<br />

torce<strong>do</strong>res que geram violência, dentre<br />

outras bastante plausíveis para o texto.<br />

essa capacidade de formular hipóteses<br />

facilita a leitura, pois ajuda a prever que<br />

tipo de informação pode aparecer no<br />

texto. desse mo<strong>do</strong>, o leitor processa a<br />

informação mais rapidamente, não se<br />

aten<strong>do</strong> ao visual, mas ao senti<strong>do</strong>.<br />

diante <strong>do</strong> texto, então, à medida que<br />

o estudante lê, vai testan<strong>do</strong>, aos poucos,<br />

suas hipóteses. não é necessário<br />

“acertá-las”. contu<strong>do</strong>, o leitor maduro<br />

tem mais possibilidades de acertá-las,<br />

tamanho é o conhecimento que tem<br />

sobre o tema. sua capacidade de prever<br />

é maior quan<strong>do</strong> já conhece o gênero, o<br />

jornal, a posição política de um autor, o<br />

objetivo <strong>do</strong> texto etc. ao longo da leitura,<br />

é interessante que o leitor monitore<br />

sua compreensão, confirman<strong>do</strong> suas<br />

hipóteses ou reformulan<strong>do</strong>-as a cada<br />

momento em que encontra informações<br />

inusitadas, não previamente reconhecidas.<br />

5. outro aspecto a se levar em conta<br />

é o fato de que a leitura torna-se mais<br />

proveitosa quan<strong>do</strong> o professor traça<br />

objetivos para ela.<br />

ao se estabelecer um objetivo, é possível<br />

focar determina<strong>do</strong>s aspectos de<br />

interesse para a atividade que realizada


em sala de aula, ou para um projeto<br />

pedagógico em andamento na escola.<br />

a a<strong>do</strong>ção dessas estratégias favorece a<br />

leitura fluente e compreensão integral<br />

<strong>do</strong> texto. após a leitura propriamente<br />

dita, há duas estratégias que podem ser<br />

a<strong>do</strong>tadas: a construção de esquemas<br />

e a “reação” aos textos.<br />

1. a construção de esquemas envolve a<br />

percepção e a organização <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong><br />

apresenta<strong>do</strong>. assim, é possível elaborar<br />

uma lista <strong>do</strong>s tópicos e subtópicos<br />

cita<strong>do</strong>s no texto. no exemplo cita<strong>do</strong><br />

anteriormente (o texto argumentativo<br />

sobre esportes), os estudantes perceberam<br />

que o autor apresentou um<br />

fato <strong>do</strong> cotidi<strong>ano</strong> (um confronto entre<br />

torce<strong>do</strong>res); em seguida, apresentaram<br />

algumas soluções propostas pelo senso<br />

comum para resolver o problema enfoca<strong>do</strong>.<br />

mais à frente, apresentaram sua<br />

própria solução para o problema (sua<br />

tese). em seguida, sustentaram sua<br />

proposta com comentários plausíveis<br />

em relação à sugestão feita. a utilização<br />

desse esquema favorece a internalização<br />

ao mesmo tempo em que tem uma<br />

compreensão global <strong>do</strong> texto.<br />

2. outra estratégia para a formação<br />

<strong>do</strong> leitor proficiente é o momento de<br />

reação frente ao texto. são inúmeras<br />

as reações que um texto pode provocar,<br />

fazen<strong>do</strong> com que as pessoas exercitem<br />

o senso de humor, a capacidade<br />

de argumentar, contra-argumentar, de<br />

propor soluções, de comparar fatos.<br />

todas essas atividades fazem com que<br />

o estudante cresça intelectualmente.<br />

um gênero textual que focaliza essas<br />

reações e tem o objetivo de registrá-las<br />

é o chama<strong>do</strong> “diário de leitura”, pouco<br />

conheci<strong>do</strong> em escolas e universidades,<br />

mas bastante útil para que o leitor<br />

tenha uma atitude ativa e analítica diante<br />

da leitura. os exercícios de escrita<br />

no diário (<strong>ano</strong>tações que se faz durante<br />

e depois da leitura) proporcionam um<br />

movimento contínuo de reflexão, o que<br />

colabora para a formação <strong>do</strong> cidadão<br />

crítico e participativo que tanto enfatizamos<br />

na educação.<br />

em outras palavras, não basta escrever<br />

sobre o que foi li<strong>do</strong>: o estudante precisa,<br />

para além de descrever, analisar<br />

e avaliar o texto. de fato, é um instrumento<br />

que propicia ao estudante uma<br />

conscientização sobre seus processos<br />

de compreensão e de aprendizagem.<br />

ademais, permite que os professores<br />

detectem o esta<strong>do</strong> real de cada estudante<br />

em relação a esses processos,<br />

poden<strong>do</strong>, então, interferir de maneira<br />

mais eficaz no seu desenvolvimento.<br />

esse conjunto de estratégias evidencia<br />

que há uma constante necessidade de<br />

se retomar alguns princípios centrais e<br />

basilares sobre a leitura, referendan<strong>do</strong><br />

alguns conceitos talvez difusos em virtude<br />

<strong>do</strong> uso corrente no cotidi<strong>ano</strong> escolar.<br />

Da sala de aula para toda a escola<br />

em termos <strong>do</strong> processo pedagógico,<br />

a organização <strong>do</strong> currículo, somada à<br />

formação e qualificação <strong>do</strong>cente, são<br />

aspectos relevantes para a formação <strong>do</strong><br />

leitor. afinal, a maneira como o currículo<br />

se estrutura pode favorecer uma<br />

percepção mais ampla <strong>do</strong>s processos<br />

sociais inerentes à leitura, favorecen<strong>do</strong><br />

a aprendizagem. nessa linha, o desenvolvimento<br />

de projetos pode dar bons<br />

resulta<strong>do</strong>s, na medida em que são<br />

desenvolvidas atividades socialmente<br />

relevantes e engajadas.<br />

ainda nessa direção, a interdisciplinaridade<br />

também contribui, pois promove<br />

uma integração temática e meto<strong>do</strong>lógica<br />

entre áreas <strong>do</strong> conhecimento, por<br />

meio de atividades conjuntas <strong>do</strong> corpo<br />

<strong>do</strong>cente, já que a leitura permeia todas<br />

as áreas <strong>do</strong> conhecimento.<br />

outro aspecto decorre da constatação<br />

que o desenvolvimento das habilidades<br />

de leitura é progressivo. assim, as<br />

crianças com dificuldades podem ser<br />

agrupadas em atividades extraclasse,<br />

a partir da verificação das habilidades<br />

não desenvolvidas, para um trabalho<br />

complementar a fim de avançar na<br />

direção <strong>do</strong> leitor proficiente.<br />

como se constata, muito já foi produzi<strong>do</strong><br />

no campo <strong>do</strong> ensino de língua e<br />

já existe um corpo de conhecimento,<br />

produzi<strong>do</strong> inclusive a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

das avaliações, que pode colaborar<br />

fortemente para a construção de uma<br />

escola de qualidade.<br />

37


pAdrÕes de desempenHo estudAntil<br />

para uma escola ser considera eficaz,<br />

ou seja, para fazer a diferença na<br />

vida de seus usuários, ela deve proporcionar<br />

altos padrões de aprendizagem a<br />

to<strong>do</strong>s, independente de suas características<br />

individuais, familiares e sociais. se<br />

apenas um grupo privilegia<strong>do</strong> consegue<br />

aprender com suficiente qualidade o<br />

que é ensina<strong>do</strong>, aumentam-se as desigualdades<br />

intraescolares e, como consequência,<br />

elevam-se os indica<strong>do</strong>res de<br />

repetência, evasão e aban<strong>do</strong>no escolar.<br />

na verdade, criam-se mais injustiças.<br />

esse é um cenário que, certamente,<br />

nenhum professor gostaria de ver em<br />

nenhuma escola.<br />

o desempenho escolar de qualidade<br />

implica, necessariamente, a realização<br />

<strong>do</strong>s objetivos de ensino propostos. os<br />

padrões de desempenho estudantil,<br />

nesse senti<strong>do</strong>, são baliza<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s<br />

diferentes graus de realização educacional<br />

alcança<strong>do</strong>s pela escola. por meio<br />

deles é possível analisar a distância de<br />

aprendizagem entre o percentual de<br />

estudantes que se encontra nos níveis<br />

mais altos de desempenho e aqueles<br />

que estão nos níveis mais baixos. a<br />

distância entre esses extremos representa,<br />

ainda que de forma alegórica, o<br />

abismo existente entre aqueles que têm<br />

grandes chances de sucesso escolar e,<br />

consequentemente, maiores possibilidades<br />

de acesso aos bens materiais,<br />

culturais e sociais; e aqueles para os<br />

quais o fracasso escolar e a exclusão<br />

social podem ser mera questão de<br />

tempo, caso a escola não reaja e promova<br />

ações com vistas à promoção da<br />

equidade. para cada padrão, são apresenta<strong>do</strong>s<br />

exemplos de item* <strong>do</strong> teste<br />

<strong>do</strong> <strong>promover</strong>.<br />

*o percentual de brancos e nulos não está<br />

contempla<strong>do</strong> nesses exemplos.<br />

39


40<br />

ABAiXo <strong>do</strong> BÁsico<br />

os estudantes cujas médias de proficiência<br />

estão situadas neste padrão de<br />

desempenho ampliam suas habilidades<br />

de leitura, sen<strong>do</strong> capazes de interagir<br />

com textos de temática menos familiar<br />

e de estrutura um pouco mais complexa.<br />

no que diz respeito à percepção de<br />

posicionamentos no texto, esses estudantes<br />

conseguem distinguir fato<br />

de opinião e identificar a tese e os<br />

argumentos que a defende.<br />

na apropriação de elementos que estruturam<br />

o texto, manifestam-se operações<br />

de retomada de informações por<br />

meio de pronomes pessoais e, também,<br />

de indefini<strong>do</strong>s, por substituição lexical e<br />

por reconhecimento de relações lógico-<br />

-discursivas no texto, marcadas por<br />

advérbios e locuções adverbiais e por<br />

marca<strong>do</strong>res de causa e consequência.<br />

no que diz respeito ao tratamento das<br />

informações globais, esses estudantes<br />

inferem o assunto de textos de temática<br />

<strong>do</strong> cotidi<strong>ano</strong>. revelam a capacidade de<br />

selecionar informações <strong>do</strong> texto, distinguin<strong>do</strong><br />

a principal das secundárias.<br />

no campo da variação linguística,<br />

identificam interlocutores por meio<br />

das marcas linguísticas.<br />

com relação às operações inferenciais,<br />

eles depreendem informações<br />

implícitas, o senti<strong>do</strong> de palavras ou<br />

expressões, o efeito <strong>do</strong> uso pontuação<br />

e de situações de humor. além disso,<br />

reconhecem o efeito de senti<strong>do</strong> de notações<br />

em um texto de linguagem mista.


Até 180 POntOs<br />

41


42<br />

BÁsico<br />

neste padrão de desempenho, os estudantes<br />

se limitam a realizar operações<br />

básicas de leitura, interagin<strong>do</strong> apenas<br />

com textos <strong>do</strong> cotidi<strong>ano</strong>, de estrutura<br />

simples e de temáticas que lhes são<br />

familiares.<br />

eles localizam informações explícitas.<br />

além disso, realizam inferências<br />

de informações, de efeito de senti<strong>do</strong><br />

de palavra ou expressão, de efeito <strong>do</strong><br />

emprego de pontuação e de efeitos de<br />

humor. identificam, também, a finalidade<br />

desses textos.<br />

Quanto aos textos de estrutura narrativa,<br />

identificam personagem, cenário<br />

e tempo.<br />

na apropriação de elementos que estruturam<br />

o texto, manifestam-se operações<br />

de retomada de informações<br />

por meio de pronomes pessoais retos,<br />

por substituição lexical e por reconhecimento<br />

de relações lógico-discursivas<br />

no texto, marcadas por advérbios e locuções<br />

adverbiais e por marca<strong>do</strong>res de<br />

causa e consequência.<br />

no campo da variação lingüística reconhecem<br />

expressões representativas da<br />

linguagem coloquial.<br />

consideran<strong>do</strong> as habilidades descritas,<br />

constata-se que esses estudantes, após<br />

sete <strong>ano</strong>s de escolaridade apresentam<br />

lacunas no processo de desenvolvimento<br />

da competência leitora.


180 Até 240 POntOs<br />

43


44<br />

Leia o texto abaixo.<br />

AS MÃOS<br />

“Que semelhança mais perfeita existe entre nossas duas mãos! E, no entanto, que impressionante<br />

desigualdade! Para a mão direita vão as honras, as designações lisonjeiras, as prerrogativas: ela<br />

age, ordena e toma. A mão esquerda, ao contrário, é desprezada e reduzida ao papel de uma<br />

humilde auxiliar: sozinha nada pode fazer; ela ajuda, ela apoia, ela segura.<br />

A mão direita é o símbolo e o modelo de toda a aristocracia; a mão esquerda, de todas as pessoas<br />

comuns. Quais são os títulos de nobreza da mão direita? De onde vem a servidão da esquerda?”<br />

HERTZ, Robert. *Adapta<strong>do</strong>: Reforma Ortográfica. (P07009CG_SUP)<br />

(P07009CG) De acor<strong>do</strong> com o texto, é feita uma atribuição à mão esquerda, quan<strong>do</strong> se diz que ela<br />

A) age.<br />

B) ordena.<br />

C) toma.<br />

D) apoia.<br />

esse item avalia a habilidade de localizar<br />

informações explícitas em um<br />

texto. para realizar a tarefa solicitada<br />

pelo item, é preciso que já tenham si<strong>do</strong><br />

desenvolvidas as habilidades relativas à<br />

apropriação da escrita e já consigam se<br />

relacionar de mo<strong>do</strong> um pouco mais autônomo<br />

com textos de gêneros diversos.<br />

nesse caso, a tarefa solicitada é relativamente<br />

simples, pois o texto não<br />

apresenta muitas informações, a linguagem<br />

e a temática são acessíveis<br />

aos estudantes após sete <strong>ano</strong>s de<br />

escolarização.<br />

observa-se que 66,3% <strong>do</strong>s estudantes<br />

foram capazes de encontrar a informação<br />

solicitada no coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> item<br />

(“apoia”). as demais alternativas (a <strong>–</strong><br />

18,3%, B <strong>–</strong> 10,1% e c <strong>–</strong> 4,9%) trazem<br />

informações relativas à mão direita,<br />

assim a escolha de qualquer uma delas<br />

sugere uma leitura pouco atenta <strong>do</strong><br />

texto e certa dificuldade para acompanhar<br />

a progressão das informações<br />

que constituem o conjunto <strong>do</strong> texto.<br />

A 18,3%<br />

B 10,1%<br />

C 4,9%<br />

D 66,3%


Leia o texto abaixo.<br />

5<br />

10<br />

15<br />

Sau<strong>do</strong>sa maloca<br />

Se o senhô num tá lembra<strong>do</strong>,<br />

dá licença de contá,<br />

é que onde agora está<br />

esse edifício arto,<br />

era uma casa veia,<br />

um palacete assobrada<strong>do</strong>.<br />

Foi aqui, seu moço,<br />

que eu, Mato Grosso e o Joca<br />

construímo nossa maloca.<br />

Mas um dia, nóis nem pode se alembrá,<br />

veio os home co’ as ferramenta:<br />

o <strong>do</strong>no man<strong>do</strong> derrubá.<br />

Peguemo toda as nossas coisas<br />

e fumos pro meio da rua apreciá a demolição...<br />

Que tristeza que nóis sentia,<br />

cada tauba que caía [...]<br />

Barbosa, A. Disco A<strong>do</strong>niran Barbosa. Odeon, 1974. (P9972_SUP)<br />

06) (P07010CG) Os versos “Peguemo toda as nossas coisa/ e fumos pro meio da rua/ apreciá a demolição...”,<br />

na linguagem formal, estariam adequa<strong>do</strong>s se fossem escritos:<br />

A) “Peguemos toda as nossas coisas e fumos pro meio da rua apreciá a demolição...”.<br />

B) “Peguemos toda as nossas coisa e fumos para o meio da rua apreciá a demolição...”.<br />

C) “Pegamos todas as nossas coisas e fomos para o meio da rua apreciar a demolição...”.<br />

D) “Pegamos toda as nossas coisa e fomos pro meio da rua apreciá a demolição...”.<br />

este item avalia a habilidade de identificar<br />

níveis de linguagem formal e informal,<br />

mais especificamente, ele avalia se os<br />

estudantes são capazes de reconhecer<br />

a adequação de uma dada estrutura às<br />

convenções sintáticas, fonéticas e ortográficas<br />

da norma padrão. a realização<br />

dessa tarefa pressupõe não apenas conhecimentos<br />

epilinguísticos, mas principalmente,<br />

conhecimentos linguísticos e<br />

metalinguísticos, desenvolvi<strong>do</strong>s ao longo<br />

de sete <strong>ano</strong>s de escolarização.<br />

o suporte apresenta uma letra de música<br />

popular que traz o registro da fala<br />

de operários sobre a desapropriação de<br />

suas habitações e, por isso, assume<br />

características narrativas.<br />

os versos toma<strong>do</strong>s como motiva<strong>do</strong>res<br />

para a realização da tarefa apresentam<br />

a representação da oralidade de um sujeito<br />

com baixa escolaridade, inferência<br />

realizada a partir <strong>do</strong>s desvios presentes<br />

no decorrer <strong>do</strong> texto. 69,2% (alternativa<br />

c) <strong>do</strong>s estudantes avalia<strong>do</strong>s demonstraram<br />

que já conseguem perceber os<br />

elementos convencionais da norma<br />

padrão ao compará-la com estruturas<br />

que rompem com a convenção.<br />

os estudantes que marcaram a alternativa<br />

d (12,2%) estão mais próximos<br />

de consolidar a habilidade avaliada,<br />

apesar de ainda não terem consegui<strong>do</strong><br />

perceber que “pro” é uma contração,<br />

típica da oralidade informal de “para<br />

o”, além de ainda não terem percebi<strong>do</strong><br />

que “apreciá” é um mo<strong>do</strong> informal, não<br />

monitora<strong>do</strong> da oralidade, trazen<strong>do</strong> a supressão<br />

<strong>do</strong> “r” final, marca de infinitivo.<br />

aqueles que optaram pelas alternativas<br />

a (10%) e B (8,4%), provavelmente, não<br />

conseguem reconhecer ou utilizar as<br />

marcas linguísticas de formalidade e<br />

por esse motivo não identificaram a<br />

reescrita <strong>do</strong>s versos nessa variante.<br />

A 10,0%<br />

B 8,4%<br />

C 69,2%<br />

D 12,2%<br />

45


46<br />

Leia o texto abaixo.<br />

5<br />

10<br />

15<br />

Pássaro contra a vidraça<br />

Engraça<strong>do</strong>, de repente eu comecei a ver a tia Zilah com outros olhos. Ela não era só <strong>do</strong> bem,<br />

a tia viúva e sozinha que tinha fica<strong>do</strong> cuidan<strong>do</strong> de mim. Ela era legal, uma super-mais-velha!<br />

Nossa, eu deixei ela quase louca! Em vez <strong>do</strong>s coroas, foi ela quem me contou toda a sua<br />

viagem pela Europa... Eu fazia uma ideia tão errada, diferente: ela contan<strong>do</strong>, ficou tu<strong>do</strong><br />

tão legal, um barato mesmo.<br />

Só pra dar uma ideia, fiquei vidra<strong>do</strong> no museu de cera da Madame Tussaud, que era<br />

uma francesa que viveu na época da Revolução. Ela aprendeu a fazer imagens de cera,<br />

e se inspirava em personagens célebres que eram leva<strong>do</strong>s para a guilhotina em praça<br />

pública. Depois ela mu<strong>do</strong>u para a Inglaterra, e ficou famosa por lá. E hoje existe em Londres<br />

um museu de cera com o seu nome, que tem imagens de personagens famosos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

inteiro em tamanho natural.<br />

Foi tão goza<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a tia Zilah também contou que, quan<strong>do</strong> ela ia sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> museu,<br />

perguntou pra uma mulher fardada onde era a saída. E to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> caiu na gargalhada,<br />

porque tinha pergunta<strong>do</strong> pra uma figura de cera que era sensacional de tão perfeita, parecia<br />

mesmo uma policial.<br />

NICOLELIS, Laporta Nicolelis. Pássaro contra a vidraça. São Paulo: Moderna, 1992. (P090409B1_SUP)<br />

01) (P090411B1) No trecho “E hoje existe em Londres um museu de cera com o seu nome,...” ( . 9-10), a<br />

expressão destacada refere-se ao termo<br />

A) tia Zilah.<br />

B) Madame Tussaud.<br />

C) mulher fardada.<br />

D) policial.<br />

este item avalia a habilidade de estabelecer<br />

relações entre partes de<br />

um texto, identifican<strong>do</strong> repetições ou<br />

substituições que contribuem para a<br />

continuidade de um texto. de mo<strong>do</strong> bem<br />

específico, avalia a capacidade de realizar<br />

operações de coesão referencial<br />

por meio da utilização de expressões<br />

estruturadas com pronome possessivo.<br />

esta habilidade relaciona-se diretamente<br />

com a realização de anáforas,<br />

identificação de uma marca linguística<br />

que retoma um termo cita<strong>do</strong> anteriormente<br />

no discurso.<br />

o suporte traz um fragmento de um<br />

romance volta<strong>do</strong> para o público infanto-<br />

-juvenil, portanto a linguagem e, mesmo<br />

o gênero textual, facilitam o monitoramento<br />

da leitura desses estudantes.<br />

observa-se que 57,9% (alternativa B)<br />

<strong>do</strong>s estudantes conseguiram realizar<br />

a tarefa solicitada, revelan<strong>do</strong> que de-<br />

senvolveram uma habilidade de compreensão<br />

de textos mais elaborada, a<br />

qual se relaciona com a construção<br />

da representação mental coerente <strong>do</strong><br />

texto li<strong>do</strong>, por meio dessa retomada<br />

pronominal.<br />

a alternativa a foi escolhida por 33,1<br />

% <strong>do</strong>s estudantes. essa escolha sugere<br />

que esses estudantes ainda têm<br />

dificuldade na realização de anáforas e<br />

tomaram como referente da expressão<br />

“seu nome”, a personagem principal da<br />

narrativa que é a “tia Zilah”.<br />

os estudantes que escolheram as<br />

alternativas c (5%) e d (3,8%), possivelmente,<br />

não conseguiram produzir<br />

senti<strong>do</strong> à leitura desse texto ou mesmo<br />

não conseguiram proceder à sua leitura,<br />

pois assinalaram alternativas que<br />

indicam termos pontuais <strong>do</strong> texto que<br />

se relacionam minimamente com a<br />

expressão em destaque.<br />

A 33,1%<br />

B 57,9%<br />

C 5,0%<br />

D 3,8%


48<br />

neste padrão de desempenho encontram-se<br />

habilidades mais elaboradas,<br />

exigin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s estudantes uma autonomia<br />

de leitura em face das atividades cognitivas<br />

que lhes são exigidas e, também,<br />

<strong>do</strong>s textos com os quais irão interagir.<br />

esses estudantes já interagem com textos<br />

expositivos e argumentativos com<br />

temáticas conhecidas e são capazes de<br />

identificar informações parafraseadas<br />

e distinguir a informação principal das<br />

secundárias.<br />

em relação ao conhecimento das relações<br />

que conjunções, preposições,<br />

pronomes e advérbios estabelecem<br />

para que o texto se construa coeso<br />

e coerente, produzin<strong>do</strong> os efeitos<br />

de senti<strong>do</strong> pretendi<strong>do</strong>s pelo autor,<br />

os estudantes reconhecem essas<br />

relações estabelecidas no texto,<br />

expressas por advérbios e por conjunções,<br />

inclusive as de causa e de<br />

conseqüência. também recuperam<br />

informações em textos por meio de<br />

referência pronominal (além <strong>do</strong>s<br />

pronomes pessoais e <strong>do</strong>s indefini<strong>do</strong>s,<br />

acrescentem-se os pronomes<br />

demonstrativos e os possessivos.<br />

recuperam, ainda, informações referenciais<br />

baseadas na omissão de<br />

um item, elipse de uma palavra, um<br />

sintagma ou uma frase.<br />

proficiente<br />

Quanto à variação linguística, os estudantes,<br />

identificam expressões próprias<br />

de linguagem técnica e científica.<br />

no que se refere à intertextualidade,<br />

fazem a leitura comparativa de textos<br />

que tratam <strong>do</strong> mesmo tema, revelan<strong>do</strong><br />

um avanço no tratamento das informações<br />

presentes no texto. o processo<br />

inferencial, durante a leitura, é feito<br />

por esses estudantes pelo reconhecimento<br />

<strong>do</strong> tema <strong>do</strong> texto; <strong>do</strong> senti<strong>do</strong><br />

de expressões complexas; <strong>do</strong> efeito de<br />

senti<strong>do</strong> decorrente <strong>do</strong> uso de notações<br />

em textos que conjugam duas ou mais<br />

linguagens; <strong>do</strong> efeito de senti<strong>do</strong> decorrente<br />

<strong>do</strong> uso de recursos morfossintáticos.<br />

observa-se, assim, uma ampliação<br />

das ações inferenciais realizadas pelos<br />

estudantes que apresentam um desempenho<br />

que os posiciona neste padrão.<br />

com relação à leitura global de textos,<br />

os estudantes, conseguem identificar a<br />

tese e os argumentos que a sustentam;<br />

reconhecem a função social de textos<br />

fabulares e de outros com temática científica,<br />

identifican<strong>do</strong>, ainda, sua finalidade.<br />

percebe-se, pois, que os estudantes<br />

que se localizam neste padrão de desempenho<br />

já desenvolveram habilidades<br />

a uma leitura autônoma.


dE 240 Até 300 POntOs<br />

49


50<br />

Leia o texto abaixo.<br />

O CÉREBRO CONHECE BEM O BÊ-A-BÁ<br />

Não é só nos livros de ortografia que há distinção entre vogais e consoantes. Uma pesquisa<br />

da Universidade Harvard, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, mostrou que a diferença entre esses <strong>do</strong>is tipos<br />

de letra está gravada no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> cérebro, que os processa em áreas separadas. Os cientistas<br />

perceberam isso graças a uma infelicidade, pois testaram <strong>do</strong>is pacientes com lesões em duas<br />

regiões cerebrais. O resulta<strong>do</strong> foi surpreendente <strong>–</strong> enquanto um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes trocava uma vogal<br />

pela outra, mas não confundia as consoantes, o outro falhava nas consoantes, acertan<strong>do</strong> as<br />

vogais. Ficou claro que esses <strong>do</strong>is tipos de letra são processa<strong>do</strong>s em lugares diferentes. “É mais<br />

uma peça que se coloca no quebra-cabeça da linguagem humana”, disse o neurologista Alfonso<br />

Caramazza, um <strong>do</strong>s autores da experiência.<br />

(P07001CG) O tema trata<strong>do</strong> no texto é<br />

A) o processamento das vogais e das consoantes no cérebro.<br />

B) diferentes partes que compõem o cérebro hum<strong>ano</strong>.<br />

C) dificuldades de pacientes com lesões cerebrais.<br />

D) a distinção fonética e ortográfica entre vogal e consoante<br />

Superinteressante, <strong>ano</strong> 14, n. 3, mar. 2000. p. 21. (P07001CG_SUP)<br />

este item avalia a habilidade de identificar<br />

o tema de um texto, a qual se<br />

relaciona com a capacidade de articular<br />

as informações apresentadas e realizar<br />

uma síntese <strong>do</strong> assunto aborda<strong>do</strong>.<br />

a identificação <strong>do</strong> tema/assunto de um<br />

texto pode apresentar vários níveis de<br />

complexidade os quais se relacionam,<br />

por exemplo, com a familiaridade com o<br />

tema e a da linguagem utilizada no texto,<br />

além da complexidade das estruturas<br />

que compõem o texto - isto é se as frases<br />

são curtas ou não, se há o pre<strong>do</strong>mínio<br />

de coordenação ou subordinação.<br />

neste caso, o texto, veicula<strong>do</strong> em revista<br />

voltada para o público jovem e<br />

utiliza<strong>do</strong> como suporte para aferição<br />

desta habilidade, pode ser considera<strong>do</strong><br />

simples e com temática e linguagem<br />

familiar aos estudantes que foram<br />

avalia<strong>do</strong>s. constata-se que 55,8% <strong>do</strong>s<br />

estudantes conseguiram ler o texto,<br />

articular as informações e fazer uma<br />

síntese mental, chegan<strong>do</strong> à resposta<br />

esperada, letra a.<br />

em seguida, há uma dispersão equânime<br />

pelas demais alternativas (B<br />

<strong>–</strong> 14,9%, c <strong>–</strong> 14,3% e d <strong>–</strong> 14,6%), que<br />

trazem informações que contribuem<br />

para a construção <strong>do</strong> texto, mas que<br />

não o sintetizam.<br />

A 55,8%<br />

B 14,9%<br />

C 14,3%<br />

D 14,6%


Leia o texto abaixo.<br />

Disponível em: . Acesso em: 12 dez. 2010. (P100067C2_SUP)<br />

(P100067C2) Nesse texto, a linguagem utilizada pelos personagens é<br />

A) coloquial.<br />

B) culta.<br />

C) literária.<br />

D) regional.<br />

E) técnica.<br />

este item avalia a habilidade de o estudante<br />

reconhecer a variedade/registro<br />

de língua utilizada (o) pelos personagens<br />

em determinada situação de comunicação.<br />

a realização desta tarefa<br />

pressupõe conhecimentos linguísticos<br />

e metalinguísticos, desenvolvi<strong>do</strong>s ao<br />

longo de sete <strong>ano</strong>s de escolarização.<br />

o suporte apresenta uma tirinha de um<br />

personagem bastante conheci<strong>do</strong> <strong>do</strong> público<br />

infanto-juvenil, trazen<strong>do</strong> marcas<br />

da oralidade e de informalidade.<br />

observa-se um percentual de acerto<br />

bastante baixo, apenas 17,8% (alternativa<br />

a) <strong>do</strong>s estudantes avalia<strong>do</strong>s<br />

conseguiram chegar à resposta correta,<br />

e uma dispersão quase equânime<br />

(B <strong>–</strong> 22,2%, c <strong>–</strong> 16,3%, d <strong>–</strong> 23,8% e e<br />

<strong>–</strong> 19,6%) de estudantes por todas as<br />

alternativas, o que sugere uma possível<br />

falta de <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> vocabulário utiliza<strong>do</strong><br />

para denominar os níveis e tipos de<br />

linguagem.<br />

A 17,8%<br />

B 22,2%<br />

C 16,3%<br />

D 23,8%<br />

E 19,6%<br />

51


52<br />

Leia o texto abaixo.<br />

AS NUVENS<br />

As nuvens são cabelos<br />

crescen<strong>do</strong> como rios;<br />

são os gestos brancos<br />

da cantora muda;<br />

são estátuas em voo<br />

à beira de um mar;<br />

a flora e a fauna leves<br />

de países de vento;<br />

São os olhos pinta<strong>do</strong>s<br />

escorren<strong>do</strong> imóvel;<br />

a mulher que se debruça<br />

nas varandas <strong>do</strong> sono;<br />

são a morte (a espera da)<br />

atrás <strong>do</strong>s olhos fecha<strong>do</strong>s;<br />

a medicina branca!<br />

nossos dias brancos.<br />

MELO NETO, João Cabral de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975. p. 34. *Adapta<strong>do</strong>: Reforma Ortográfica. (P07016CG_SUP)<br />

(P07016CG) No 1º verso <strong>do</strong> poema: “As nuvens são cabelos”, o efeito de senti<strong>do</strong> pretendi<strong>do</strong> pelo autor foi<br />

A) destacar o senti<strong>do</strong> real das palavras.<br />

B) ressaltar as cores das coisas reais.<br />

C) estabelecer uma associação simbólica.<br />

D) tornar a informação menos significativa.<br />

este item avalia a habilidade de identificar<br />

o efeito de senti<strong>do</strong> decorrente <strong>do</strong><br />

uso de uma metáfora. a tarefa solicitada<br />

pelo item exige o processamento de<br />

habilidades denominadas de alto nível,<br />

pois residem na capacidade de realizar<br />

inferências, construin<strong>do</strong>, assim, uma<br />

representação mental <strong>do</strong> texto de mo<strong>do</strong><br />

a construir seus senti<strong>do</strong>s. nesse caso,<br />

mais <strong>do</strong> que dizer o significa<strong>do</strong> da metáfora,<br />

verifica-se se os estudantes<br />

compreendem o efeito deseja<strong>do</strong> ao<br />

utilizar esse recurso estilístico.<br />

observa-se que apenas 27,3% (alternativa<br />

c) <strong>do</strong>s estudantes avalia<strong>do</strong>s<br />

conseguiram perceber que ao se lançar<br />

mão de uma metáfora, busca-se “estabelecer<br />

uma associação simbólica”<br />

entre os termos/ideias que foram associa<strong>do</strong>s.<br />

chama a atenção o fato de<br />

41,6% <strong>do</strong>s estudantes terem marca<strong>do</strong><br />

a letra a, que traz uma informação que<br />

se posiciona de mo<strong>do</strong> oposto ao que<br />

se deseja alcançar com o uso de uma<br />

metáfora.<br />

a escolha desta e <strong>do</strong>s demais distratores<br />

(B <strong>–</strong> 17% e d <strong>–</strong> 13,8%) revela,<br />

provavelmente, pouca familiaridade<br />

com esse recurso típico da linguagem<br />

poética.<br />

A 41,6%<br />

B 17,0%<br />

C 27,3%<br />

D 13,8%


Leia o texto abaixo.<br />

5<br />

10<br />

Menina apaixonada oferece<br />

um coração cheio de vento<br />

onde quem quiser pode soprar<br />

três sementes de sonho.<br />

O coração da menina<br />

ilumina as noites escuras<br />

como se fosse um farol.<br />

É um coração como to<strong>do</strong>s os outros:<br />

às vezes diz sim<br />

às vezes diz não<br />

às vezes diz sim<br />

às vezes diz não<br />

e tem sempre uma enorme<br />

fome de sol.<br />

MURRAY, Roseana. Classifica<strong>do</strong>s poéticos. Miguilim. (P070018CG_SUP)<br />

(P070018CG) A repetição <strong>do</strong>s versos “às vezes diz sim / às vezes diz não” pretende provocar no leitor a<br />

sensação de<br />

A) desarmonia em relação à estrutura <strong>do</strong>s versos.<br />

B) humor em relação a algo sugeri<strong>do</strong> a respeito da menina.<br />

C) oposição em relação aos versos anteriores.<br />

D) movimento e ritmo em relação às batidas <strong>do</strong> coração da menina.<br />

este item avalia a capacidade de identificar<br />

o efeito de senti<strong>do</strong> decorrente<br />

<strong>do</strong> uso de uma anáfora, recurso estilístico<br />

que se constitui na repetição de<br />

uma dada estrutura. assim como no<br />

item anterior, a habilidade associada<br />

a este item pressupõe o acesso a procedimentos<br />

de compreensão de texto<br />

considera<strong>do</strong>s sofistica<strong>do</strong>s, pois envolve<br />

a produção de inferência.<br />

neste item, 54,1% (alternativa d) <strong>do</strong>s<br />

estudantes conseguiram realizar a contento<br />

a tarefa que lhes foi solicitada,<br />

conseguin<strong>do</strong> perceber o efeito estilís-<br />

tico de remissão ao ritmo <strong>do</strong> batimento<br />

cardíaco.<br />

os estudantes que marcaram a alternativa<br />

c (11,2%) guiaram-se pela<br />

presença de “sim” e “não” nos versos<br />

que se repetem, revelan<strong>do</strong> que ainda<br />

não conseguem realizar atividades inferenciais<br />

mais sofisticadas.<br />

a opção pelas alternativas a (9%) e B<br />

(24,9%) pode revelar que esses estudantes<br />

ainda não possuem habilidade<br />

para lidar com textos literários, tampouco<br />

identificar os recursos que o<br />

compõem.<br />

A 9,0%<br />

B 24,9%<br />

C 11,2%<br />

D 54,1%<br />

53


54<br />

analisan<strong>do</strong> as habilidades encontradas<br />

neste padrão, conclui-se que os estudantes<br />

que nele se encontram são capazes<br />

de interagir com textos de tema e<br />

vocabulário complexos e não familiares.<br />

os estudantes reconhecem os efeitos de<br />

senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> uso de recursos morfossintáticos<br />

diversos, de notações, de repetições,<br />

de escolha lexical, em gêneros de várias<br />

naturezas e temáticas, ou seja, demonstram<br />

maior conhecimento lingüístico associa<strong>do</strong><br />

aos aspectos discursivos <strong>do</strong>s textos.<br />

eles ainda realizam operações de retomadas<br />

com alta complexidade (usan<strong>do</strong><br />

pronomes demonstrativos e indefini<strong>do</strong>s,<br />

retos, incluin<strong>do</strong> também elipses).<br />

são capazes de analisar, com maior<br />

profundidade, uma maior gama de<br />

textos argumentativos, narrativos,<br />

expositivos, instrucionais e de relato,<br />

observan<strong>do</strong> diversas categorias ainda<br />

não atingidas anteriormente, tanto no<br />

interior <strong>do</strong> texto quanto na comparação<br />

AVAnçA<strong>do</strong><br />

entre eles. na comparação, inferem<br />

diferentes posicionamentos em relação<br />

ao mesmo assunto em textos de<br />

tipologias diferentes.<br />

no tocante à análise de textos que<br />

conjugam diversas tipologias, são capazes<br />

de identificá-las e analisá-las,<br />

reconhecen<strong>do</strong> seus objetivos separada<br />

ou conjuntamente. analisam gêneros<br />

textuais híbri<strong>do</strong>s, consideran<strong>do</strong> as<br />

condições de produção e os efeitos de<br />

senti<strong>do</strong> pretendi<strong>do</strong>s.<br />

em textos literários complexos, inferem<br />

o significa<strong>do</strong> da metáfora e o efeito de<br />

senti<strong>do</strong> pretendi<strong>do</strong> com seu uso. assim,<br />

os estudantes que se posicionam acima<br />

de 300 pontos na escala de proficiência,<br />

estão próximos da manifestação de<br />

habilidades de leitura que os tornarão,<br />

efetivamente, leitores proficientes, ou<br />

seja, leitores que de mo<strong>do</strong> consciente<br />

ou não consegue perceber o ritmo <strong>do</strong><br />

texto, firman<strong>do</strong> o pacto pretendi<strong>do</strong> pelo<br />

autor ou crian<strong>do</strong> um ritmo to<strong>do</strong> seu.


ACIMA dE 300 POntOs<br />

55


56<br />

Leia o texto abaixo.<br />

TRÁGICO ACIDENTE DE LEITURA<br />

Tão comodamente que eu estava len<strong>do</strong>, como quem viaja num raio de lua, num tapete<br />

mágico, num trenó, num sonho. Nem lia: deslizava. Quan<strong>do</strong> de súbito a terrível palavra<br />

apareceu, apareceu e ficou, plantada ali diante de mim, focan<strong>do</strong>-me: ABSCÔNDITO. Que<br />

momento passei! ... O momento de imobilidade e apreensão de quan<strong>do</strong> o fotógrafo se<br />

posta atrás da máquina, envolvi<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>is no mesmo p<strong>ano</strong> preto, como um duplo monstro<br />

misterioso e corcunda... O terrível silêncio <strong>do</strong> condena<strong>do</strong> ante o pelotão de fuzilamento,<br />

quan<strong>do</strong> os solda<strong>do</strong>s <strong>do</strong>rmem na pontaria e o capitão vai gritar: Fogo!<br />

(P07005CG) O conteú<strong>do</strong> central <strong>do</strong> texto aborda<br />

A) a emoção <strong>do</strong> autor ao encontrar uma palavra desconhecida.<br />

B) o prazer da leitura, ao mesmo tempo, cômica e trágica.<br />

C) o desejo <strong>do</strong> autor de se entregar aos prazeres da leitura.<br />

D) a admiração <strong>do</strong> autor pelas belezas da arte <strong>do</strong> fotógrafo.<br />

este item avalia a habilidade de identificar<br />

o tema de um texto, a qual se<br />

relaciona com a capacidade de articular<br />

as informações apresentadas e realizar<br />

uma síntese <strong>do</strong> assunto aborda<strong>do</strong>.<br />

a identificação <strong>do</strong> tema/assunto de um<br />

texto pode apresentar vários níveis de<br />

complexidade os quais se relacionam,<br />

por exemplo, com a familiaridade com<br />

o tema e a da linguagem utilizada no<br />

texto, além da complexidade das estruturas<br />

que compõem o texto.<br />

neste caso, o fato de se tratar de um<br />

texto de caráter poético e sua linguagem<br />

ser metafórica e subjetiva colocam-se<br />

como elementos que tornam<br />

a tarefa mais complexa.<br />

QUINTANA, Mário. Nova Antologia Poética. 5ª ed. São Paulo: Globo, 1995. (P07005CG_SUP)<br />

essa complexidade se reflete no percentual<br />

de acerto <strong>do</strong> item, apenas<br />

31,3% (alternativa a) <strong>do</strong>s estudantes<br />

conseguiram articular as informações<br />

(deten<strong>do</strong>-se, principalmente, no trecho<br />

“Quan<strong>do</strong> de súbito a terrível palavra<br />

apareceu, apareceu e ficou, plantada<br />

ali diante de mim, focan<strong>do</strong>-me: aBscÔndito”)<br />

e fazer uma síntese e inferir<br />

o assunto aborda<strong>do</strong> no texto.<br />

a opção pelas alternativas B (34,8%), c<br />

(17,6%) e d (16%) pode indicar que esses<br />

estudantes não conseguiram integrar<br />

as informações constituintes <strong>do</strong> texto,<br />

focan<strong>do</strong> em da<strong>do</strong>s pontuais da leitura.<br />

A 31,3%<br />

B 34,8%<br />

C 17,6%<br />

D 16,0%


Leia o texto abaixo.<br />

(P070019CG) O emprego de “ZZZZZ” no último quadrinho revela<br />

A) cansaço.<br />

B) curiosidade.<br />

C) observação.<br />

D) tédio.<br />

este item avalia a habilidade de reconhecer<br />

o efeito de senti<strong>do</strong> decorrente<br />

da escolha de uma determinada palavra<br />

ou expressão.<br />

o suporte apresenta uma história em<br />

quadrinhos, gênero bastante conheci<strong>do</strong><br />

pelos estudantes desta faixa etária,<br />

entretanto o elemento que dificulta o<br />

entendimento da narrativa é o emprego<br />

de expressões menos comuns para<br />

esses estudantes, como “reprise” e<br />

“entediantes” e, ainda, o conhecimento<br />

prévio, também exigi<strong>do</strong> <strong>do</strong> estudante,<br />

para compreender o papel da vidente<br />

nessa história.<br />

a realização dessa tarefa pressupõe a<br />

capacidade de ler textos não lineares<br />

e a conjugação <strong>do</strong>s elementos verbais<br />

e não verbais. observa-se que apenas<br />

37,3% (alternativa d) <strong>do</strong>s estudantes<br />

conseguiram articular as duas linguagens<br />

e chegar à resposta “tédio”.<br />

os estudantes que optaram pela letra a<br />

(55,6%) se apoiaram muito mais em um<br />

conhecimento prévio que nos aspectos<br />

textuais, consideran<strong>do</strong> que pelo fato de<br />

a mulher ter a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>, ela estava<br />

cansada.<br />

a escolha <strong>do</strong>s demais distratores B<br />

(3,3%) e c (3,4%) aponta para um distanciamento<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento da<br />

habilidade aferida pelo item.<br />

(P070019CG_SUP)<br />

A 55,6%<br />

B 3,3%<br />

C 3,4%<br />

D 37,3%<br />

57


58<br />

ponto de partida é o ato de escrever,<br />

o associa<strong>do</strong> a práticas de oralidade e<br />

leitura e uma pergunta: por que avaliar<br />

o processo cognitivo implementa<strong>do</strong><br />

pelos estudantes desde a fase inicial da<br />

escrita? o desafio é o de pensar essa<br />

dimensão tríade a partir de seus usos,<br />

suas funções e seus efeitos para o indivíduo<br />

e para a sociedade em situações<br />

de interação.<br />

o objetivo deste texto é o de identificar e<br />

problematizar o processo de apreensão<br />

da escrita <strong>do</strong>s estudantes <strong>do</strong> <strong>7º</strong> <strong>ano</strong> <strong>do</strong><br />

ensino Fundamental da rede de ensino<br />

de campo grande/ms, com base nas<br />

competências elencadas pela matriz<br />

de referência <strong>do</strong> centro de políticas<br />

públicas e avaliação da educação, da<br />

universidade Federal de Juiz de Fora<br />

(caed/uFJF), e nos resulta<strong>do</strong>s aferi<strong>do</strong>s<br />

nas produções de texto realizadas no<br />

<strong>ano</strong> de 2011.<br />

em um primeiro momento apresenta-<br />

-se ao leitor deste boletim a concepção<br />

de escrita com a qual os textos produzi<strong>do</strong>s<br />

pelos estudantes foram considera<strong>do</strong>s<br />

para fins de análise. na sequência,<br />

a proposta de produção de textos que foi<br />

apresentada aos estudantes na ocasião<br />

da avaliação, a matriz de referência e<br />

os resulta<strong>do</strong>s aferi<strong>do</strong>s.<br />

PROduçãO dE tExtO<br />

aprender a escrever diz respeito ao <strong>do</strong>mínio<br />

de uma determinada linguagem<br />

escrita e, portanto, de uma determinada<br />

cultura ou de diversas culturas,<br />

que podem ser bastante diferentes das<br />

que são aprendidas com a linguagem<br />

falada, no grupo familiar, mas que subsidiam<br />

o ato de escrever. as culturas<br />

são construídas nas interações <strong>do</strong> dia<br />

a dia <strong>do</strong>s grupos hum<strong>ano</strong>s e, portanto,<br />

também nas salas de aulas.<br />

a compreensão da situação comunicacional<br />

pode ser mediada com vistas<br />

a esclarecer as representações <strong>do</strong>s<br />

estudantes por meio da leitura <strong>do</strong><br />

gênero a ser produzi<strong>do</strong> por escrito ou<br />

trabalha<strong>do</strong> no campo da oralidade. essa<br />

construção pauta-se na possibilidade<br />

de observar a multiplicidade de destinatários,<br />

a forma que a produção assume<br />

em virtude <strong>do</strong> porta<strong>do</strong>r de texto que a<br />

abriga socialmente, dentre outras especificidades<br />

relacionadas às esferas<br />

de uso. essas situações de escrita assinalam<br />

a necessidade de uma análise<br />

cuida<strong>do</strong>sa <strong>do</strong> percurso empreendi<strong>do</strong><br />

pelos estudantes, objetivan<strong>do</strong> aferir<br />

avanços cognitivos e ou percursos ainda<br />

em processo a partir das informações<br />

que emergirem <strong>do</strong> gênero escolhi<strong>do</strong><br />

para subsidiar a avaliação.


“tEMPO dE MudAR”¹<br />

percursos de encontro com A escritA como prÁticA sociAl<br />

a proposta de produção textual da<br />

avaliação externa da rede municipal<br />

de ensino de campo grande/ms 2011<br />

para os estudantes <strong>do</strong> <strong>7º</strong> <strong>ano</strong> <strong>do</strong> ensino<br />

Fundamental foi elaborada de mo<strong>do</strong> a<br />

oferecer aos estudantes elementos<br />

para realizarem uma reflexão acerca<br />

de uma temática de ordem social.<br />

no processo de correção <strong>do</strong>s textos<br />

produzi<strong>do</strong>s pelos estudantes de campo<br />

grande, orienta<strong>do</strong> pela matriz de competências<br />

<strong>do</strong> caed, os corretores/<br />

avalia<strong>do</strong>res partiram <strong>do</strong> princípio que<br />

o texto constitui-se por uma unidade<br />

estruturada a partir de fatores que<br />

garantem sua textualidade, ou seja,<br />

os aspectos semânticos, formais e<br />

pragmáticos.<br />

a avaliação da escrita por meio de<br />

uma produção textual temática, como<br />

no caso dessa avaliação municipal,<br />

permite aferir a proficiência <strong>do</strong>s estudantes<br />

quanto ao uso da língua escrita,<br />

desde a leitura da proposta de produção<br />

textual até a elaboração <strong>do</strong> texto, uma<br />

vez que ao produzir um texto que atenda<br />

ao solicita<strong>do</strong> pela avaliação, o estudante<br />

está demonstran<strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio entre os<br />

processos de leitura e escrita que irão<br />

conduzi-lo até a sua produção final.<br />

por ser direcionada a estudantes que<br />

se encontram no 3º ciclo <strong>do</strong> ensino<br />

Fundamental, etapa na qual <strong>do</strong>minam<br />

o código linguístico, escrevem e leem<br />

com autonomia, a temática possui uma<br />

dimensão de diálogo com diferentes<br />

esferas sociais, permitin<strong>do</strong> aos estudantes<br />

clareza seu pensamento.<br />

para realizar a tarefa de produção de<br />

texto, esses estudantes precisam observar<br />

as informações que aparecem nas<br />

imagens, atentos aos elementos que imprimem<br />

senti<strong>do</strong> narrativo na sequência<br />

imagética, identifican<strong>do</strong>, na articulação<br />

entre título, cenas e proposta apresentada,<br />

o tema que subsidiará a escrita:<br />

a preservação <strong>do</strong> meio ambiente. essa<br />

proposta pode ser verificada na imagem<br />

apresentada a seguir.<br />

1título atribuí<strong>do</strong> por um estudante <strong>do</strong> <strong>7º</strong> <strong>ano</strong> <strong>do</strong> ensino Fundamental, da rede municipal de campo grande, a partir da proposta de avaliação que subsidiou as<br />

análises aqui apresentadas.<br />

59


60<br />

em linhas gerais, pode-se dizer que,<br />

diante das perspectivas oferecidas<br />

pelo texto em diálogo com o conhecimento<br />

individual de cada avalian<strong>do</strong>,<br />

os estudantes conduziram seus textos<br />

principalmente em torno de uma exposição-argumentativa<br />

de ações que cada<br />

pessoa pode fazer para não degradar<br />

o meio ambiente.<br />

PRODUÇÃO DE TEXTO<br />

INSTRUÇÕES:<br />

• Leia ATENTAMENTE o texto abaixo.<br />

• PRESTE MUITA ATENÇÃO no que está sen<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong>: tipo de texto, estruturação, número de<br />

linhas, título, linguagem e as normas gramaticais.<br />

• UTILIZE, primeiramente, A FOLHA de RASCUNHO para escrever.<br />

• O RASCUNHO poderá ser feito a LÁPIS.<br />

• RELEIA, COM MUITA ATENÇÃO, O TEXTO QUE PRODUZIR, verifique os possíveis erros e<br />

faça as devidas correções.<br />

• TRANSCREVA A PRODUÇÃO PARA A FOLHA OFICIAL, A CANETA PRETA OU AZUL, evite<br />

rasuras e não use corretivo.<br />

Leia o texto motiva<strong>do</strong>r abaixo e, em seguida, faça uma produção textual de acor<strong>do</strong> com a proposta<br />

de redação.<br />

Disponível em: .<br />

Com base em seus conhecimentos e na leitura da história em quadrinhos acima, elabore um texto sobre<br />

a preservação <strong>do</strong> meio ambiente. Dê um título sugestivo à sua produção.<br />

essa modalidade de avaliação é aqui<br />

concebida para fins de análise como<br />

uma atividade verbal interacional, que<br />

vem como resulta<strong>do</strong> de operações e<br />

estratégias cognitivas a serviço de fins<br />

sociais, que, nesse caso, apresenta-se<br />

através da escolha de gêneros textuais,<br />

ancorada em tipologias descritas<br />

na matriz de competências sob uma<br />

concepção holística, ou seja, sem a<br />

definição de um único gênero para a<br />

elaboração <strong>do</strong> texto. concepção que<br />

aproxima os textos produzi<strong>do</strong>s na e pela<br />

escola <strong>do</strong>s contextos, o que acaba por<br />

gerar diálogos com o conhecimento<br />

de mun<strong>do</strong> desses estudantes, poden<strong>do</strong><br />

proporcionar, dessa forma, uma<br />

ampliação significativa <strong>do</strong> vocabulário.


Avaliação das produções textuais: o que<br />

mostraram os estudantes?<br />

os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s pelos estudantes<br />

na produção de texto não foram<br />

considera<strong>do</strong>s para efeito <strong>do</strong> cálculo da<br />

proficiência em leitura. entretanto, o<br />

desempenho <strong>do</strong>s estudantes nessa<br />

avaliação pode oferecer subsídios para<br />

analisarmos o processo de consolidação<br />

<strong>do</strong> código escrito no que concerne a<br />

hipóteses que puderam ser inferidas, a<br />

partir da correção, sobre o processo de<br />

significação dessa escrita.<br />

notou-se que, diante das perspectivas<br />

oferecida pelos texto e o conhecimento<br />

individual de cada avalian<strong>do</strong>, os estudantes<br />

conduziram seus textos principalmente<br />

em torno da exposição de ações de<br />

combate à degradação <strong>do</strong> meio ambiente,<br />

difundidas em diferentes práticas sociais,<br />

principalmente em campanhas educativas<br />

promovidas pelos professores e<br />

gestores das escolas nas quais estudam.<br />

os textos produzi<strong>do</strong>s pelos estudantes<br />

foram avalia<strong>do</strong>s sobre 2 (duas) perspectivas<br />

<strong>–</strong>situação de texto e competências<br />

SITuAção DE TEXTo ESSE CRITÉRIo FoI APLICADo quANDo...<br />

Imagem com defeito<br />

linguísticas e textuais <strong>–</strong>, observan<strong>do</strong> as<br />

especificidades teóricas que subsidiam<br />

cada um desses eixos, consideran<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong>,<br />

os pontos de entrelaçamento de<br />

forma simultânea, atentos as informações<br />

que permitiram compreender o processo<br />

de escrita numa perspectiva ampliada.<br />

para analisar os indícios <strong>do</strong>s registros escritos<br />

pelos estudantes na dimensão avaliativa<br />

relativa à situação de texto, foram<br />

verifica<strong>do</strong>s, num primeiro momento, se as<br />

produções textuais estavam aptas para a<br />

correção, ou seja, se não apresentavam:<br />

a imagem <strong>do</strong> Cartão de Respostas não pode ser visualizada pelo corretor. Ao marcar essa opção,<br />

a imagem retornou para os opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sistema para que eles verificassem retornan<strong>do</strong><br />

a imagem ao corretor/avalia<strong>do</strong>r, pois nenhum texto poderia ser excluí<strong>do</strong> da correção.<br />

Página em branco o estudante entregou o Cartão de Respostas em branco, absten<strong>do</strong>-se de fazer o texto.<br />

Insuficiente o estudante escreveu um texto com até 6 (seis) linhas, incluin<strong>do</strong> o título.<br />

Desconsidera<strong>do</strong><br />

Anula<strong>do</strong><br />

o estudante fez cópia de um <strong>do</strong>s textos <strong>do</strong> Caderno de Teste, fugiu ao tema<br />

proposto ou não atendeu a nenhuma das tipologias textuais avaliadas.<br />

o estudante fez uso de palavras de baixo calão ou apresentou uma escrita que<br />

não se enquadrava em nenhuma das situações de texto previstas.<br />

Ilegível o texto não foi totalmente legível ou se ele estava escrito em outra língua que não fosse a portuguesa.<br />

Quadro 1 <strong>–</strong> Situações de texto: aspectos técnicos<br />

61


62<br />

os estudantes que demonstram ter<br />

consolida<strong>do</strong> o processo de escrita (ou<br />

não apresentaram nenhum motivo que<br />

anulasse ou desconsiderasse a produ-<br />

ção) tiveram seus textos classifica<strong>do</strong>s<br />

como sem proBLema, pois os eventuais<br />

desvios apresenta<strong>do</strong>s representam<br />

elementos da norma culta previstos e<br />

Texto 1<br />

aceitáveis para essa etapa de escolaridade,<br />

devidamente pontua<strong>do</strong>s na segunda<br />

etapa da correção. veja exemplos de textos<br />

classifica<strong>do</strong>s nesse nível.


Texto 2<br />

63


64<br />

Texto 3


o percentual de estudantes aloca<strong>do</strong>s nos diferentes níveis de escrita, aqui caracteriza<strong>do</strong> na dimensão de situação de texto, pode ser<br />

acompanha<strong>do</strong> pela observação das informações <strong>do</strong> Quadro 2, apresenta<strong>do</strong> a seguir.<br />

os números que estruturam esse<br />

quadro apontam para o fato de que<br />

a maioria <strong>do</strong>s estudantes campo-<br />

-grandenses, 96,2%, teve seu texto<br />

avalia<strong>do</strong> sem restrições. cabe destacar<br />

que nos textos desconsidera<strong>do</strong>s a<br />

maioria das ocorrências diz respeito<br />

à fuga ao tema ou à tipologia textual.<br />

NíVEL DE ESCRITA<br />

a avaliação das competências linguísticas<br />

e textuais, que se consolida aqui como segun<strong>do</strong><br />

ponto de análise, fora estruturada,<br />

conforme descrito na matriz de competências<br />

para produção de texto apresentada<br />

na revista <strong>do</strong> sistema. essa avaliação não<br />

considerou apenas os aspectos formais de<br />

um texto, buscou, especialmente, captar<br />

PERCENTuAL DE<br />

ESTuDANTES PoR NíVEL<br />

Página em branco 0,0<br />

Anula<strong>do</strong> 0,0<br />

Desconsidera<strong>do</strong> 2,8<br />

Insuficiente 0,7<br />

Ilegível 0,2<br />

Sem problema 96,2<br />

Total 100<br />

Quadro 2 <strong>–</strong> Percentual de estudantes de<br />

acor<strong>do</strong> com a situação de texto<br />

os senti<strong>do</strong>s atribuí<strong>do</strong>s por cada estudante<br />

ao escrever, ven<strong>do</strong>-a como uma unidade<br />

repleta de significação.<br />

ao considerar essas competências linguísticas<br />

e textuais, aferiu-se, de acor<strong>do</strong><br />

com as informações apresentadas no<br />

Quadro 3, o seguinte resulta<strong>do</strong> geral:<br />

NíVEIS (% de estudantes)<br />

CoMPETÊNCIAS Rudimentar Insuficiente Básico Regular Bom Excelente ToTAL<br />

(Nível 0) (Nível I) (Nível II) (Nível III) (Nível IV) (Nível V)<br />

Registro<br />

(Competência I)<br />

0,0 0,7 13,9 57,0 26,2 2,2 100%<br />

Tema<br />

(Competência II)<br />

0,1 0,9 11,4 45,1 37,3 5,3 100%<br />

Tipologia textual<br />

(Competência III)<br />

0,0 0,8 13,3 50,9 31,5 3,4 100%<br />

Coesão / coerência<br />

(Competência IV)<br />

0,1 1,1 15,8 58,8 22,0 2,3 100%<br />

Quadro 3 <strong>–</strong> Resulta<strong>do</strong> geral <strong>do</strong>s estudantes de acor<strong>do</strong> com as competências linguístico-textuais aferidas<br />

65


66<br />

em linhas gerais, pode-se dizer que a<br />

análise desses resulta<strong>do</strong>s evidencia um<br />

percurso de encontros significativos de<br />

alguns estudantes <strong>do</strong> <strong>7º</strong> <strong>ano</strong> <strong>do</strong> ensino<br />

Fundamental dessa rede de ensino com<br />

o processo de apreensão da escrita.<br />

observa-se, no entanto, que as habilidades<br />

de registro e de coesão/coerência<br />

apontam para um número significativo<br />

de estudantes aloca<strong>do</strong>s no nível iii, aqui<br />

chama<strong>do</strong> de regular, evidencian<strong>do</strong> falta de<br />

familiaridade e <strong>do</strong>mínio da norma culta<br />

escrita, no primeiro caso, e pouco uso de<br />

elementos que imprimem progressão ao<br />

texto, no segun<strong>do</strong>.<br />

a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s relativos à competência<br />

I <strong>–</strong> Registro <strong>–</strong>, aponta para o fato de que<br />

a maioria <strong>do</strong>s estudantes <strong>–</strong> 57,0% <strong>–</strong> ainda<br />

apresenta muitos desvios gramaticais,<br />

principalmente no que concerne à escolha<br />

<strong>do</strong> registro (vocábulos emprega<strong>do</strong>s fora <strong>do</strong><br />

contexto semântico permiti<strong>do</strong> pelo termo),<br />

pontuação (destaque para o uso incorreto<br />

das vírgulas), incorreções na aplicação das<br />

regras básicas de concordância verbal/nominal,<br />

ortografia de palavras com sílabas<br />

complexas, supressão de desinências de<br />

número (economia linguística) e eventuais<br />

casos de escrita alfabética (omissão de<br />

letras ou sílabas). em relação às formais<br />

verbais, pode ser detecta<strong>do</strong> que os jovens<br />

avalia<strong>do</strong>s ainda estão consolidan<strong>do</strong> os<br />

tempos verbais mais complexos, como os<br />

<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> subjuntivo e a as variações <strong>do</strong><br />

pretérito (imperfeito e mais-que-perfeito)<br />

no mo<strong>do</strong> indicativo.<br />

sobre a competência II <strong>–</strong> Tema <strong>–</strong>, é<br />

possível dizer que os estudantes ainda<br />

se apóiam no senso comum e em paráfrases<br />

ou cópias de fragmentos <strong>do</strong> texto<br />

motiva<strong>do</strong>r para desenvolver um texto,<br />

contu<strong>do</strong> já conseguem expor seu ponto<br />

de vista pessoal e narrar suas próprias<br />

experiências, só que de maneira muito<br />

superficial. no entanto, conseguiram<br />

compreender a proposta e elaboraram<br />

textos que atenderam de forma aceitável<br />

às tipologias textuais possíveis, principalmente<br />

a narrativa, porque a própria<br />

proposta apresentava mais subsídios para<br />

a construção de textos narrativos.<br />

pensar no tema implica em pensar, de<br />

forma articulada nas especificidades <strong>do</strong>s<br />

gêneros escolhi<strong>do</strong> pelo estudante para<br />

sustentar sua produção. noutras palavras,<br />

torna-se relevante destacar ao leitor desse<br />

boletim que há um entrelaçamento das<br />

competências II <strong>–</strong> Tema <strong>–</strong> e III <strong>–</strong> Tipologia<br />

Textual <strong>–</strong>, que foi considera<strong>do</strong> para fins de<br />

análise. no caso das produções textuais<br />

<strong>do</strong> <strong>7º</strong> <strong>ano</strong>, nota-se que mesmo discretamente,<br />

os estudantes apresentaram maior<br />

manejo quanto à construção <strong>do</strong>s tipos textuais,<br />

especialmente <strong>do</strong> narrativo que se<br />

materializou por meio <strong>do</strong> gênero relato,<br />

pre<strong>do</strong>minante entre os textos elabora<strong>do</strong>s.<br />

Quanto ao tema, cabe destacar sua relevância<br />

social e contemporaneidade, fatos<br />

que possibilitaram uma boa fluência argumentativa,<br />

mesmo haven<strong>do</strong> produções nas<br />

quais os estudantes apenas transpuseram<br />

para prosa a narrativa motiva<strong>do</strong>ra ou se<br />

limitaram a relatar campanhas de preservação<br />

ambiental desenvolvidas pelas<br />

escolas. isso porque o desenvolvimento da<br />

temática esteve diretamente relaciona<strong>do</strong><br />

à tipologia textual selecionada.<br />

para que a avaliação abrangesse a maior<br />

parcela de textos (e, por conseguinte, de<br />

estudantes), se constituiu como referência<br />

aceitável que as produções fossem realizadas<br />

dentro de qualquer manifestação da<br />

tipologia narrativa (relato, conto, fábula,<br />

crônica...), argumentativa (dissertação,<br />

artigo, ensaio, manifesto) ou expositiva<br />

(texto expositivo, resumo de ideias...). nesse<br />

percurso, os critérios de avaliação consideraram,<br />

inclusive, o caráter híbri<strong>do</strong> que<br />

alguns gêneros apresentam quan<strong>do</strong> em<br />

diálogo com contextos socioculturais, desde<br />

que a produção apresentasse sequências<br />

tipológicas que pudessem ser compreen-<br />

didas a partir de características discursivas<br />

que tornassem o texto compreensivo.<br />

no caso <strong>do</strong>s estudantes que participaram<br />

da avaliação, as produções se materializaram,<br />

em sua maioria, por meio <strong>do</strong> gênero<br />

relato, que se aloca no tipo textual<br />

narrativo, como já foi levanta<strong>do</strong> anteriormente.<br />

outra presença significativa foi a<br />

escolha de gêneros que dialogaram com<br />

textos expositivo-argumentativos com<br />

forte teor persuasivo, algo que já começa<br />

a ser explora<strong>do</strong> nas práticas pedagógicas<br />

desse ciclo <strong>do</strong> ensino Fundamental.<br />

observou-se, entretanto, a presença de<br />

produções que não dialogaram com as<br />

especificidades de nenhuma das tipologias,<br />

evidencian<strong>do</strong>, dessa forma, a necessidade<br />

de que gêneros que as compõem<br />

circulem de forma mais efetiva na esfera<br />

escolar para que esses estudantes possam<br />

ampliar as possibilidades de diálogo com<br />

contextos de uso.<br />

a competência IV <strong>–</strong> Coesão/Coerência <strong>–</strong>,<br />

conforme sinaliza<strong>do</strong> na introdução desta<br />

análise, representou um ponto de entrave<br />

que influenciou diretamente nos resulta<strong>do</strong>s<br />

ora apresenta<strong>do</strong>s. Foi evidencia<strong>do</strong> que os<br />

estudantes <strong>do</strong> <strong>7º</strong> <strong>ano</strong> demonstram ainda<br />

possuir dificuldade para utilizar os elementos<br />

coesivos, mesmo já ten<strong>do</strong> acesso<br />

a uma gama maior de conectivos. Quanto<br />

às demais habilidades que compõem essa<br />

competência, foi constata<strong>do</strong> que 58,8% <strong>do</strong>s<br />

jovens avalia<strong>do</strong>s já fazem uso adequa<strong>do</strong> das<br />

conjunções aditivas, explicativas e adversativas,<br />

mas ainda não conseguem empregar<br />

corretamente as locuções verbais e as vírgulas,<br />

quan<strong>do</strong> as mesmas servem como<br />

elemento coesivo. com isso, o encadeamento<br />

das ideias (coerência) acaba sen<strong>do</strong><br />

afeta<strong>do</strong>, uma vez que as suas colocações<br />

não conseguem se interligar de forma<br />

plena, contu<strong>do</strong> a coerência acaba sen<strong>do</strong><br />

o elemento que ameniza o conhecimento<br />

básico <strong>do</strong>s articula<strong>do</strong>res.


[no que se refere ao resulta<strong>do</strong> geral,<br />

aproximadamente <strong>do</strong>is terços <strong>do</strong>s estudantes<br />

avalia<strong>do</strong>s obtiveram notas entre<br />

3 (três) e 5 (cinco) pontos e média de 4<br />

(quatro) pontos, sen<strong>do</strong> que, a maioria <strong>do</strong>s<br />

estudantes ficou alocada no nível iii. em<br />

síntese, pode-se aferir que esses números<br />

apontam para o fato de que os estudantes<br />

campo-grandenses já interagem discursivamente<br />

com situações-problema de seu<br />

cotidi<strong>ano</strong>, conseguin<strong>do</strong> expor seu ponto<br />

de vista, mesmo que ele apresente pouco<br />

embasamento, já que é necessário que<br />

estabeleçam relações mais objetivas com<br />

múltiplos eventos de letramento. destaca-<br />

-se, sobretu<strong>do</strong>, que esses estudantes<br />

ainda precisam assimilar a estrutura<br />

linguística e lexical da modalidade escrita,<br />

que devem ser inseridas no trabalho com<br />

os gêneros textuais e produção de texto.<br />

Algumas considerações<br />

após a observação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s da avaliação<br />

de escrita e sua consecutiva interpretação<br />

pedagógica, pode-se concluir que os estudantes<br />

que se encontram nessa etapa de<br />

escolaridade na rede municipal de ensino<br />

de campo grande já conseguem estabelecer<br />

comunicação de forma adequada<br />

através <strong>do</strong> código linguístico escrito, mas<br />

ainda estão no meio de uma caminhada<br />

cujo principal condutor é o professor, por<br />

ser o agente educacional que está diretamente<br />

liga<strong>do</strong> ao universo aqui considera<strong>do</strong>.<br />

no entanto, essa caminhada nem sempre<br />

é fácil, uma vez que inúmeras são as variáveis<br />

que perpassam o cotidi<strong>ano</strong> escolar<br />

e que interferem de maneira contundente<br />

nas práticas cotidianas. a iniciativa da secretaria<br />

municipal de educação (semed)<br />

de avaliar a escrita <strong>do</strong>s estudantes deve<br />

ser aqui considerada, por oportunizar<br />

que discussões sobre acertos e desvios<br />

possam ser sistematizadas e discutidas<br />

coletivamente com o objetivo de encontrar<br />

caminhos outros para alfabetizar letran<strong>do</strong>.<br />

após essa análise, concluiu-se que a<br />

implantação de uma avaliação de escrita<br />

vem destacar a importância da formação <strong>do</strong><br />

indivíduo como cidadão integrante de uma<br />

sociedade questiona<strong>do</strong>ra e em constante<br />

movimento.<br />

destaca-se como ação fundamental <strong>do</strong>s<br />

professores criar ocasiões nas quais o<br />

estudante possa conhecer e <strong>do</strong>minar<br />

práticas de linguagens reais, ligadas à<br />

esfera social, interagin<strong>do</strong> com o saber<br />

linguístico intuitivo, refletin<strong>do</strong> criticamente<br />

sobre práticas linguísticas de controle<br />

social, como as que circulam na mídia<br />

impressa e oral e oportunizar aos gestores<br />

as condições de realização dessas ações.<br />

a possibilidade de refletir sobre essas<br />

situações de ensino, evidenciadas pelas<br />

informações aferidas nas avaliações desses<br />

estudantes, assinalam para a necessidade<br />

de uma sistematização cuida<strong>do</strong>sa, que<br />

ofereça aos estudantes, ao mesmo tempo,<br />

autonomia de pensamento e avanços cognitivos.<br />

trata-se de atividades mediadas por<br />

situações de desafio para pensar a temática<br />

<strong>do</strong>s textos, a forma composicional como<br />

são apresenta<strong>do</strong>s e o estilo caracteriza<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong>s gêneros. através de uma familiarização<br />

com gêneros formais e informais,<br />

exploran<strong>do</strong>-se as diferentes linguagens e<br />

consideran<strong>do</strong> aspectos como a intencionalidade<br />

e especificidades das esferas sociais,<br />

constituin<strong>do</strong>, dessa forma, senti<strong>do</strong>s outros<br />

aos eventos de letramento.<br />

nessa perspectiva de compreensão, torna-se<br />

fundamental pensar num professor<br />

que não apenas conheça os gêneros que<br />

circulam na sala de aula como usuário,<br />

mas que estude as funções e características<br />

formais de alguns modelos desses<br />

gêneros e se abra para possibilidades<br />

cria<strong>do</strong>ras que emanem das interações<br />

cotidianas, consideran<strong>do</strong> seu caráter híbri<strong>do</strong>.<br />

noutras palavras, não é a a<strong>do</strong>ção<br />

de uma meto<strong>do</strong>logia fixa de trabalho que<br />

vai garantir que o ensino de um determina<strong>do</strong><br />

gênero seja bem sucedi<strong>do</strong> na sala de<br />

aula, mas, sobretu<strong>do</strong>, o encaminhamento<br />

escolhi<strong>do</strong> pelo profissional da educação<br />

que ocupa um lugar estratégico na sociedade:<br />

o de forma<strong>do</strong>r de opiniões.<br />

À guisa de conclusão, pode-se afirmar que<br />

o papel <strong>do</strong> trabalho com os gêneros textuais<br />

na escola é o de consolidar o ensino<br />

da <strong>Língua</strong> portuguesa, instituin<strong>do</strong> práticas<br />

pedagógicas voltadas para pensar o uso<br />

contextualiza<strong>do</strong> <strong>do</strong> léxico, assim como <strong>do</strong>s<br />

elementos de coerência e coesão que dão<br />

senti<strong>do</strong> ao texto, numa perspectiva de observação,<br />

análise, realização, discussão e<br />

reflexão. de forma concomitante, para implementar<br />

as ações descritas, é fundamental<br />

que o ambiente escolar esteja receptivo<br />

aos discursos que circulam nas diferentes<br />

esferas sociais, em diálogo com o espaço de<br />

experiências e o horizonte de expectativa <strong>do</strong><br />

sujeito leitor/escritor.<br />

torna-se importante refletir, sobretu<strong>do</strong>,<br />

que problematizar relações temáticas e<br />

estruturais com a escrita implica pensar<br />

nos acertos e nos desvios como potências<br />

gerativas de pistas riquíssimas para<br />

o espaço educacional. É esse o papel de<br />

uma avaliação como a que se propõe o<br />

caed e a semed: pensar coletivamente<br />

processos cognitivos instituí<strong>do</strong>s em<br />

dimensões plurais, atento a singularidades<br />

que possam emergir da relação<br />

com práticas sociais que consolidem<br />

percursos de escrita.<br />

retomam-se aqui as palavras introdutórias,<br />

que destacam que o ponto de partida<br />

se fixa na possibilidade de pensar na<br />

relação tríade entre oralidade, leitura e<br />

escrita, para dizer que o ponto de chegada<br />

se encontra, então, aberto a reinícios.<br />

67


COM A PAlAVRA, O PROfEssOR<br />

um ideAl reAlizA<strong>do</strong><br />

A professora que fez <strong>do</strong> sonho de infância sua profissão<br />

Milsa duarte<br />

professora de língua portuguesa<br />

m sonho de infância”. assim,<br />

“umilsa duarte explica como escolheu<br />

sua profissão. há 26 <strong>ano</strong>s lecionan<strong>do</strong>,<br />

ela possui formação em Letras<br />

e pós-graduação em meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong><br />

ensino superior e produção de textos<br />

nos <strong>ano</strong>s Finais <strong>do</strong> ensino médio.<br />

em 2011, milsa deu aulas para quatro<br />

turmas diferentes. uma delas, <strong>do</strong> 9º<br />

<strong>ano</strong>, contava com 23 estudantes da<br />

zona rural. ela revela que eram bons<br />

estudantes, porém enfrentavam algumas<br />

dificuldades, “principalmente na<br />

ortografia e na coerência/coesão textual.<br />

isso se justifica por serem provenientes<br />

de diversas regiões rurais”.<br />

outra turma, de primeiro <strong>ano</strong> técnico,<br />

com estudantes da zona rural e urbana<br />

que, segun<strong>do</strong> ela, são responsáveis e<br />

tem autonomia para estudar. “outros<br />

precisam de orientações diárias para<br />

perceber a importância <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> para<br />

a vida e para ser um cidadão consciente<br />

de seus direitos e deveres”, afirma. e<br />

mais duas turmas, segun<strong>do</strong> e terceiro<br />

<strong>ano</strong>s técnicos, que, de acor<strong>do</strong> com<br />

milsa, eram “estudantes comprometi<strong>do</strong>s<br />

com o aprender, autônomos e<br />

<strong>do</strong>minantes das tecnologias”.<br />

a professora defende que, hoje, é<br />

fundamental que a escola propicie o<br />

conhecimento através das tics e que<br />

vislumbre uma educação de qualidade<br />

voltada à pesquisa. ela revela que o<br />

maior desafio encontra<strong>do</strong> na profissão,<br />

nessas quase três décadas, é conseguir<br />

ensinar e, principalmente, fazer com<br />

que seus estudantes aprendam a viver,<br />

sen<strong>do</strong> estudantes autônomos.<br />

uso pedagógico <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

a semed trabalha com descritores<br />

volta<strong>do</strong>s aos conhecimentos que o es-<br />

tudante deve <strong>do</strong>minar desde o ensino<br />

Fundamental inicial até o final. por isso,<br />

a experiente professora conta que os<br />

resulta<strong>do</strong>s deixam visíveis o que o estudante<br />

<strong>do</strong>mina e o que não <strong>do</strong>mina:<br />

“assim posso ver o que o estudante<br />

acertou e o que não acertou e, a partir<br />

daí, reorganizar meu planejamento”.<br />

milsa acredita que é preciso trabalhar<br />

muito com a pesquisa e fazer com que o<br />

estudante entenda os conceitos primordiais<br />

para o entendimento linguístico,<br />

o que é, para ela, o grande desafio enfrenta<strong>do</strong><br />

para aprendizagem da <strong>Língua</strong><br />

portuguesa. porém, ela também acredita<br />

que os resulta<strong>do</strong>s das avaliações<br />

externas podem contribuir para sanar<br />

ou, pelo menos, minimizá-lo. a partir<br />

<strong>do</strong>s conhecimentos prévios é importante<br />

“saber o que o estudante <strong>do</strong>mina,<br />

norte para que o professor trabalhe<br />

eficazmente”, declara.<br />

ela acredita que questões de múltipla<br />

escolha são muitos úteis em sala de<br />

aula. “É pertinente mostrar aos estudantes<br />

que os conceitos podem estar<br />

embuti<strong>do</strong>s tanto no enuncia<strong>do</strong> de uma<br />

questão quanto nas suas opções de<br />

resposta”. de acor<strong>do</strong> com milsa, os<br />

padrões oportunizam ao educa<strong>do</strong>r repensar<br />

seu fazer diário e sempre estar<br />

atento ao que pode ser solicita<strong>do</strong> em<br />

uma avaliação externa.<br />

a professora também contou que as<br />

revistas pedagógicas possibilitam “ler,<br />

refletir e verificar sobre o que é realmente<br />

pertinente no trabalho diário”.<br />

encerran<strong>do</strong> a conversa, perguntamos a<br />

utilidade de uma escala de proficiência:<br />

“acredito que seja para observar o que<br />

os estudantes sabem e são capazes de<br />

realizar em relação aos conteú<strong>do</strong>s, habilidades<br />

e competências avalia<strong>do</strong>s”.<br />

69


A consolidação de uma escola de qualidade<br />

é uma exigência social. A aprendizagem<br />

de to<strong>do</strong>s no tempo e idade certos é um<br />

dever <strong>do</strong>s governos democráticos.<br />

Para tanto, as unidades escolares devem ser<br />

autônomas, capazes de planejar e executar<br />

seus projetos com o objetivo de garantir a<br />

aprendizagem <strong>do</strong>s estudantes. Tanto mais<br />

eficazes serão as ações desenvolvidas pelas<br />

escolas quanto mais informações acerca<br />

de si próprias elas tiveram à disposição.<br />

Nesse contexto, a avaliação se insere<br />

como forte instrumento prove<strong>do</strong>r de da<strong>do</strong>s<br />

sobre a realidade educacional. Portanto,<br />

os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s nesta revista,<br />

para atingir o fim a que se destinam, devem<br />

ser socializa<strong>do</strong>s, estuda<strong>do</strong>s, analisa<strong>do</strong>s e<br />

debati<strong>do</strong>s à exaustão em suas múltiplas<br />

possibilidades de uso pedagógico. Temos<br />

certeza que isso já está acontecen<strong>do</strong> em<br />

todas as escolas de Campo Grande.


Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora<br />

Henrique Duque de Miranda Chaves Filho<br />

Coordenação Geral <strong>do</strong> CAEd<br />

Lina Kátia Mesquita oliveira<br />

Coordenação Técnica <strong>do</strong> Projeto<br />

Manuel Fernan<strong>do</strong> Palácios da Cunha Melo<br />

Coordenação da Unidade de Pesquisa<br />

Tufi Macha<strong>do</strong> Soares<br />

Coordenação de Análises e Publicações<br />

Wagner Silveira Rezende<br />

Coordenação de Instrumentos de Avaliação<br />

Verônica Mendes Vieira<br />

Coordenação de Medidas Educacionais<br />

Wellington Silva<br />

Coordenação de Operações de Avaliação<br />

Rafael de oliveira<br />

Coordenação de Processamento de Documentos<br />

Benito Delage<br />

Coordenação de Produção Visual<br />

Hamilton Ferreira<br />

Responsável pelo Projeto Gráfico<br />

Edna Rezende S. de Alcântara


Ficha Catalográfica<br />

VOLUME 3 <strong>–</strong> PORTUGUÊS <strong>–</strong> <strong>7º</strong> <strong>ano</strong> Ensino Fundamental<br />

CAMPO GRANDE. Secretaria Municipal da Educação.<br />

PROMOVER <strong>–</strong> 2011 / Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd. v. 3 (jan/dez. 2011), Juiz de Fora, 2011 <strong>–</strong> Anual<br />

ANDRADE, Adriana de Lourdes Ferreira de; FINAMORE, Rachel Garcia; FULCO, Roberta; MACHADO, Maika Som; MARTINS, Leila Márcia<br />

Mafra; MICARELLO, Hilda Aparecida Linhares da Silva; OLIVEIRA, Camila Fonseca de; PIFANO, Higor Evérson de Araújo; SILVA, Josiane<br />

Tole<strong>do</strong> Ferreira (coord.); SILVA, Maria Diomara da; TAVARES, Ana Letícia Duin.<br />

Conteú<strong>do</strong>: <strong>7º</strong> <strong>ano</strong> <strong>do</strong> Ensino Fundamental <strong>–</strong> <strong>Língua</strong> <strong>Portuguesa</strong><br />

ISSN ISSN 2238-0582<br />

CDU 373.3+373.5:371.26(05)


SeçõeS<br />

Importância <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

A escala de proficiência<br />

Padrões de desempenho estudantil<br />

E o trabalho continua

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