palcos #3 - Federação Portuguesa de Teatro
palcos #3 - Federação Portuguesa de Teatro
palcos #3 - Federação Portuguesa de Teatro
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
PPR: Gosto <strong>de</strong> tirar fotografias. O digital veio permitir máquinas pequenas que são<br />
cómodas para levar para todo o lado e po<strong>de</strong>mos estar sempre a tirar fotos, porque é<br />
muitíssimo mais barato que a película.<br />
MRC: Fora da tua profissão, quais são os elos mais importantes que te pren<strong>de</strong>m à vida?<br />
PPR: Estar com a família, <strong>de</strong> preferência na natureza. Adoro caminhadas, piqueniques<br />
e acampar. Quando nos privamos dos nossos confortos diários dos livros, e-mail,<br />
televisão, telemóvel, po<strong>de</strong>mos nos concentrar <strong>de</strong>vidamente naquilo que levamos<br />
connosco: a família.<br />
MRC: Olhando-te, hoje, ao espelho, o que vês?<br />
PPR: Sinto que ainda tenho muito para fazer e que tenho cada vez menos tempo. Até<br />
aos trinta e poucos achamos que temos tempo <strong>de</strong> realizar todos os nossos projetos. A<br />
partir dos quarenta ganhamos a consciência que já passámos meta<strong>de</strong> da nossa vida e<br />
que o tempo urge. Sinto pressa ao olhar-me ao espelho.<br />
MRC: Diz-me três coisas <strong>de</strong> que gostas muito.<br />
PPR: A família, o trabalho e estudar. Sou muito feliz. Tenho essas três coisas.<br />
MRC: E três <strong>de</strong> que não gostas mesmo nada.<br />
PPR: O mundo como é hoje, em que há uma absoluta inversão <strong>de</strong> valores, em que a<br />
economia conduz os estados e as escolhas políticas, em que há governos europeus<br />
não legitimados pelo voto, em que instituições não sufragadas como as agências <strong>de</strong><br />
rating condicionam o nosso futuro. É o fim da <strong>de</strong>mocracia. É apenas uma coisa que não<br />
gosto mas que vale por três! (Ou mais.)<br />
MRC: Como cidadão, achas que para Portugal, há atualmente luz ao fundo to túnel?<br />
PPR: O que quero ser. Ainda não sei respon<strong>de</strong>r.<br />
Em consciência e na verda<strong>de</strong>, um bom mestre diria o mesmo. Não me surpreen<strong>de</strong>.<br />
Todavia, uma só coisa me preocupa saber: é que pessoas assim como o Paulo<br />
Prata Ramos se contem pelos <strong>de</strong>dos num universo <strong>de</strong> milhões. Exagero? Penso que<br />
não.<br />
Faça-se luz!<br />
PPR: Acho que não. O túnel é muito longo e<br />
tortuoso. Não se vê nada. Mas nenhum túnel é<br />
infinito e havemos <strong>de</strong> chegar ao outro lado, é<br />
tudo uma questão <strong>de</strong> tempo. Entretanto temos<br />
que ir caminhando às escuras e sem per<strong>de</strong>r a<br />
e s p e r a n ç a . S e m e s p e r a n ç a n u n c a<br />
chegaremos a lado nenhum.<br />
MRC: Que pergunta gostarias que nunca te<br />
fizessem?<br />
Revista<br />
# <strong>palcos</strong> 03<br />
07<br />
março ‘12